natal a espera(nça) a mais sublime vibração

Transcrição

natal a espera(nça) a mais sublime vibração
ICEB - Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro
A ESPERA(NÇA)
Nadja do Couto Valle
NATAL
Emmannuel
Ano IV - no 45 - Dezembro / 2012 - R$ 4,00
A MAIS SUBLIME VIBRAÇÃO
Antonio Carlos Siqueira de Lima
Editorial
M
ais um dezembro com sua carga de consumismo,
num incrível paradoxo entre a simplicidade da vida
de Jesus e o suposto aniversário, tão complexo, com
ritos dos quais Jesus jamais participou, festas que lembram muito mais o Zeus Invictus do que o menino que
nasceu na manjedoura, do que o homem que andava
a pé pela Galileia, com suas roupas caseiras. Era gentil, amoroso, sereno, tranquilo. O que fez, e muito do
que disse, ainda não somos capazes de compreender.
Para nós Jesus é o modelo perfeito. No Natal, mais do
que nunca, devemos viver como Ele viveu, conforme
está em João 2:4 “Aquele que diz que O conhece e não
observa Seus ensinamentos, é mentiroso e a verdade
não está com ele”.
Para nós, Jesus é o construtor do planeta. Já era
um espírito puro há mais de 4 bilhões de anos e isso
é muito acima do nosso entendimento. Também é o
governador do nosso planeta. Toda a humanidade,
em relação a Ele é subordinada e serva (João, 15:15 e
20). No entanto, no corpo físico, não viveu entre aristocratas, ricos, sacerdotes ou sábios. Foi filho de carpinteiro, conversava amigavelmente com seus pequeninos servidores, comia com eles, pernoitava em suas
casas, oferecendo a todos o seu coração (Mateus,
15:30). Jamais expulsou os fracos (Mateus, 26:40), os
ignorantes (Mateus, 16:9-11 e 19:14), os ambiciosos
(Mateus, 19:27), brigões (Mateus, 20:24), vaidosos
(Marcos, 9:33), incrédulos (João, 20:27), incompreensivos (Mateus, 15:23), negadores Dele (João, 18:2527), desleais (Mateus, 26:56) e nem sequer os traidores (Mateus, 56:20).
Melhor tradutor da lei divina, como está em Mateus,
7:12, subordinou-se às leis do homem, mesmo quando
não obrigado (Mateus, 17: 26, 27). Maior autoridade
que passou pela Terra, ensinou o perdão absoluto,
total e sem limite (Mateus, 18:22).
Na comemoração do nascimento de Jesus, recordamos a lição do servidor, como está em Mateus, 20:
26-28 : “ Não é assim entre vós: quem quiser tornar-se
grande entre vós, esse será o que vos sirva e quem
quiser ser o primeiro entre vós, esse será o vosso
servo. Assim , o filho do homem não veio para SER
SERVIDO, mas para SERVIR e dar a Sua vida em resgate de muitos”.
O primeiro verbo que caracteriza o ser humano
é o TER. Tem a ver com as raízes, a sustentação da
vida, é muito instintivo. Depois o ser humano quer se
afirmar. O novo verbo agora predominante é o SER.
O homem bate no peito e diz que é forte, é doutor,
tem posses: “Eu sou o que sou”. São atitudes de
autoafirmação, mais cerebrais, carregadas de orgulho e vaidade, muitas vezes. Mas o homem cresce,
desenvolve-se, amadurece e passa a oferecer apoio
àqueles que se aproximam. É um homem autorrealizado, feliz. Então o verbo predominante em sua vida
é COMPARTILHAR. Finalmente, o homem atinge o
limite superior da sua progressão evolutiva, passa a
ser um SERVIDOR da humanidade como, por exemplo, Gandhi, Albert Schweitzer, Madame Curie, Madre
Tereza de Calcutá, Francisco de Assis, Irmã Dulce, Dr.
Bezerra de Menezes, Chico Xavier. Todos eles se colocaram longe do mundo confuso e agitado, dos costumes estranhos ao Cristo.
A Doutrina Espírita, na sua feição de Cristianismo
redivivo é um convite ao SERVIR. Gabriela Mistral,
admirável poetisa chilena, escreveu belo poema denominado A alegria de servir, que assim começa:
“Toda a Natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, servem os vales.
Onde haja uma árvore que plantar, planta-a tu;
Onde haja um erro que emendar, emenda-o tu;
Onde haja um esforço que todos evitam, aceita-o tu.”
Um feliz Natal de servir, para todos.
Referência:
CHOPRA. D - O terceiro Jesus: o Cristo que não podemos
ignorar. 3. ed. RJ: ed. ROCCO, 2009.
Revista Sabedoria. Ano 5, Nº 60 – p.311/354. RJ : Sabedoria
Livraria Editora Ltda, 1968.
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dezembro 2012 /
Cultura Espírita – 3
No 45 – ANO IV
DEZEMBRO 2012
Diretor
Cesar Reis
Coordenação Geral
Nadja do Couto Valle
ÍNDICE
Editorial
Cesar Reis ................................................................................................................................................................................ 03
Revisão
Teresa Costa
Pelos Caminhos da Educação
Jornalista Responsável
Entrevista
Marcelo José Gonçalves Sosinho
Nadja do Couto Valle ................................................................................................................................................................ 05
Luiz Cláudio da Silva – O Evangelho no Lar ............................................................................................................................ 06
Reg. RJ 22746 JP
Lar Fabiano de Cristo
Diagramação e capa
Deolindo Amorim
Rogério Mota
Rogério Mota
Nesse Natal o Papai Noel é Você ............................................................................................................................................ 08
O Evangelho e a Interpretação Espírita (4a Parte) ................................................................................................................... 09
Crônicas de Família
Ana Guimarães ......................................................................................................................................................................... 10
Colaboração
Harmonia e Espiritualidade
Glória Magalhães
Assaruhy Franco de Moraes
Anatasha Meckenna ................................................................................................................................................................11
Redação
Rua dos Inválidos, 182
Centro - Rio de Janeiro/RJ
Brasil
Cristianismo
Danilo Carvalho Villela ........................................................................................................................................................... 12
Kristianismo
ESPERANTO – Versão: Saulo Wanderley ............................................................................................................................. 14
Encontro com Jesus
Fabiano Pereira Nunes ........................................................................................................................................................... 15
As Curas de Jesus
Claudio C. Conti ...................................................................................................................................................................... 16
E-mail: [email protected]
Site: www.portaliceb.org.br
Natal
Emmanuel ................................................................................................................................................................................ 17
A Mais Sublime Vibração
Antonio Carlos Siqueira Lima ................................................................................................................................................ 18
Distribuição
Clube de Arte
www.clubedearte.org.br
Tiragem: 20 000 exemplares
Segunda — 12:00h - Despertar Espírita - Yasmin Madeira
Terça — 12:00h - Crônicas de Família - Ana Guimarães
Quarta — 12:00h - Encontro com Jesus - Yasmin Madeira
Quinta — 12:00h - Cultura Espírita - Assaruhy Franco e Cesar Reis
RÁDIO RIO DE JANEIRO — 1400 Khz - A emissora da fraternidade
Reprodução:
Gráfica e Editora Stamppa Ltda.
sintonize
www.radioriodejaneiro.am.br
"Pcflc"fq"Eqwvq"Xcnng
S
ete séculos antes de apresentar-Se
diretamente ao mundo, Sua imagem já povoava o Inconsciente Coletivo principalmente em Israel – a
única de todas as nações que não
se submetia facilmente ao controle
romano – com o anúncio da vinda
do Messias, pelo respeitado profeta
Isaías. Esperavam-No pela imagem
idealizada de um super-herói, super
-humano, acompanhado de uma escolta, com postura de rei, roupas de
púrpura e seda, e com todas as exteriorizações da riqueza e do poder
do mundo. Muitas gerações cresceram e desapareceram sem vê-Lo. A
espera intensa e longa gerou expectativas, frustrações e sonhos, em alguns casos até mesmo delírios.
Precursores e profetas anunciam a
chegada. Muitos irrequietos, ansiosos,
impacientes, abandonam a espera;
poucos a vivem, a exemplificam.
Neste sentido, transportando-nos
agora até o rio Jordão, vamos (re)
lembrar a figura daquele homem
estranho, cabelos e barba revoltos,
que vestia pele de camelo e cinto de
couro, e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3:4), de pele
ressecada pelo vento, pelo sol e pela
poeira do deserto da Judeia. Poderia
ter exercido, dada a sua ascendência, o sacerdócio no Santo Templo,
mas outra era a sua vocação, a sua
missão, como o último dos profetas.
Filho do sacerdote Zacarias e de
Isabel (Lc 1:15-25), embora fosse
aparentado, talvez primo de Jesus
(Lc 1:36), viveu sua espera por três
décadas para ver, encontrar Quem
ele não conhecia (João 1:31): “Eu
mesmo não o conhecia...”
A essa altura, Jesus estava em
Nazaré, esperando a hora marcada. Então, apresentou-Se: vestes
comuns, gentileza de movimentos,
serenidade no rosto, falava também
com a doçura dos olhos, que espe-
ICEB - Aulas e Palestras
lhavam a grandeza do Infinito; abriu
espaço por entre a multidão, que
procurava João para receber o batismo, de natureza moral, com água,
pelo arrependimento – tão “normal”
que em nada se assemelhava ao
ideal desenhado por João como a
pessoa mais poderosa da Terra. Ao
vê-Lo, estupefato, em O reconhecendo, vibratoriamente, espiritualmente, deslumbrado com Sua humildade, João redirecionou o discurso,
e poeticamente apresentou-O: “Eis
o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.”(Jo 1:29). Nada mais
chocante para os homens da época,
que queriam um salvador para livrá
-los de Roma, da soldadesca romana, da fome e da miséria, do poder
e da arrogância humana. Cheio de
esperança, ali mesmo O batizou1,
porque Ele queria “igualar-se aos
homens” (Lc 3:21). Mas para si mesmo, João reivindicava tão somente
ficar aos pés Dele, o homem que
viria resgatar a humanidade, e mudá
-la para sempre.
Em Jerusalém, Simeão (Lc 2:2535), um homem “justo e piedoso que
esperava a consolação de Israel”2,
viveu sua espera(nça) messiânica. A
cena é conhecida como “O Cântico
de Simeão”, e também como Nunc
dimittis – as duas primeiras palavras
de sua versão latina e que significam
“Agora podes despedir”. Induzido
pelos Espíritos Superiores, com
a revelação de que “não passaria
pela morte antes de ver o Cristo do
Senhor”, foi ao templo, onde tomou
o menino Jesus nos braços, louvou
a Deus e disse: “Agora, Senhor,
podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra; porque os
meus olhos já viram a tua salvação,
(...) luz para revelação aos gentios
(...).” Do que nos tem sido dado, ao
que parece, Simeão é a única figura
do Evangelho a ver Jesus-menino,
o coração que foi capaz de esperar
quase oitenta anos para ver “a Luz
do mundo” – sua tarefa foi a de nos
ensinar a esperar.
Mas lembremos com Paulo: “Se
esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos
os homens.” (I Cor, 15:19), esperando egoisticamente que Jesus nos
venha satisfazer os caprichos imediatos3.
Busquemos, portanto, esperar
em Cristo plenificados da certeza
de que Ele é a esperança para os
castigados pela fome, os enfermos
do corpo e da alma, os miseráveis e
oprimidos, os desesperados, desmotivados para a vida, os portadores de
transtornos emocionais, os ansiosos,
os abatidos e tantos, tantos outros...
Neste Natal e a cada dia, “é
imprescindível esperar em Cristo
com a noção real da eternidade”4,
com a vívida espera(nça) Nele, o
“médium de Deus”5.
Referências
1
Pessoas simples e importantes da Judeia,
Galileia e de Jerusalém iam ouvir as palavras
de João, que lhes abria as mentes; elas mergulhavam nas águas do Jordão e voltavam,
mudadas por essa experiência de expressivo
simbolismo psicológico, ligado à criação de
uma nova vida ou de um “homem novo”, pois
as águas, pelas valorações religiosas, simbolizam o reservatório das possibilidades da
existência, a partir da crença de que o gênero
humano nasceu das Águas, segundo uma
espécie de cosmogonia aquática.
2
Ideia relacionada com a esperança messiânica : Isaías 40:1-2, Mateus 5:4.
3
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 12.ed.
Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira,
1986. Cap. 123, p. 261.
4
Idem. Ibidem. p. 262.
5
KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as
predições segundo o Espiritismo. Tradução
de Guillon Ribeiro. 25.ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 1982. Cap. XV,
item 2, p. 311. Kardec afirma, sobre Jesus:
“Segundo definição dada por um Espírito, ele
era médium de Deus.”
Sábado - 13h30min às 17h15min.
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dezembro 2012 /
Cultura Espírita – 5
Entrevista
O EVANGELHO NO LAR
Luiz Cláudio da Silva (SP) – Membro do Departamento de Atendimento Espiritual da União das
Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USESP), na área do Evangelho no Lar e no Coração
RCE – Por que os espíritas consideram tão importante o
Evangelho no lar?
LCS – O Evangelho no lar é
muito importante para os espíritas, pelo fato de ser um processo
de educação familiar, contribuindo para o equilíbrio dos membros
da família.
Segundo André Luiz, no livro
Conduta Espírita, quem cultiva o
Evangelho, em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.
Aos poucos, o hábito de estudar e
orar em família vai se fortalecendo, estabelecendo uma afinidade
do Evangelho de Jesus com os
bons espíritos, cuja responsabilidade com a nossa e as demais
famílias é muito grande. Para que
a espiritualidade colabore com a
família, é necessário que a mesma faça a sua parte, procurando
melhorar seu dia a dia, mantendo
a sintonia com espíritos elevados.
esse exemplo está bem evidente
que toda criança deve participar
do Evangelho no lar, antes de
nascer, deixando muito claro a
responsabilidade dos pais.
No livro Gestação, sublime intercâmbio, cujo autor é o Dr. Ricardo Di Bernardi, consta uma lição com o título - Prece e evangelho no lar na gravidez -, explicando de forma muito clara o papel
dos pais, na educação dos filhos.
Joanna de Ângelis no livro
SOS família, no capítulo Deveres
dos pais, diz que os deveres dos
pais estão inscritos na consciência. Sugerimos aos pais estudagelho de Jesus é o código moral rem a pergunta 208 de O Livro
de todo o universo, cujas lições se dos Espíritos, assim como o cadesdobram no infinito.
pítulo XVII, Sede perfeito, de O
Evangelho segundo o Espiritismo,
RCE – A partir de que idade as O homem de bem.
crianças devem ser admitidas às
atividades do Evangelho no lar?
RCE – Como manter interesLCS – Certa vez, o Chico foi ses tão distintos, de crianças, joprocurado por uma mãe preocu- vens, adultos e idosos nas ativiRCE – Por que a campanha pada com a curiosidade do filho dades do Evangelho no lar?
que você lidera associa lar, cora- pequeno, ela queria saber se
LCS – Livros infantis podem
ção e Evangelho?
poderia falar de Evangelho, ou ser uma opção para os pais manLCS – O lar é a base funda- se o mesmo poderia participar terem o interesse das crianças
mental da sociedade, sendo as- do Evangelho no lar. Emmanuel nas reuniões de estudo do Evansim, o Evangelho no lar é o motivo estava próximo ao Chico, como gelho no lar e no coração. Com os
da família permanecer unida, via- sempre, e mandou perguntar jovens pode-se utilizar o mesmo
bilizando uma demonstração de qual a idade da criança. A mãe critério, com livros apropriados
que o conhecimento moral, além respondeu que a ela tinha três para jovens; com os adultos, prode ser conhecido no lar, deve ser anos. O mentor pediu para res- vavelmente o aprendizado seja
sentido no coração, para ser vi- ponder que ela estava atrasada mais facilitado; com os idosos,
venciado no dia a dia. O espírito três anos e nove meses, para fa- deve-se motivá-los com diálogo
André Luiz pondera que o Evan- lar do Evangelho com o filho. Com do qual eles participem de forma
Despertar Espírita na WEB - Sábado, 19h, na tv cei.com
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Cultura Espírita – 6 / dezembro 2012
“...quem cultiva o
Evangelho, em casa,
faz da própria casa um
templo do Cristo. Aos
poucos, o hábito de
estudar e orar em família
vai se fortalecendo,
estabelecendo uma
bem espontânea. Em todos os casos, a pessoa responsável deve
conduzir a reunião com a participação de todos, atribuindo funções como a prece de abertura,
encerramento, colocar os livros
na mesa, as vibrações. A casa
espírita pode orientar as famílias
como proceder nessas condições, indicando e comentando livros, esclarecendo interpretações
de textos, incentivando a participação de crianças.
afinidade do Evangelho
de Jesus com os
bons espíritos, cuja
responsabilidade com a
nossa e as demais famílias
é muito grande.”
RCE – Há notícias de pesquisas que comprovam a eficácia
do Evangelho em favor do lar?
LCS – A eficácia do Evangelho no lar é comprovada com o
depoimento das famílias com relação ao padrão vibratório do ambiente que foi sendo elevado em
função das reuniões serem realizadas regularmente. Em muitos
ambientes familiares, a presença
de espíritos inferiores é comum,
porém com o Evangelho no lar,
esses espíritos vão tendo os primeiros contatos com o Evangelho
de Jesus, deixando de influenciar
os encarnados de forma negativa.
Nas reuniões mediúnicas há
relatos de espíritos que começaram o aprendizado do Evangelho do mestre Jesus durante
a prática do Evangelho no lar e,
consequentemente, houve uma
mudança para melhor, entre esses espíritos; alguns receberam a
incumbência de prejudicar determinada pessoa da família e terminaram sensibilizados com os ensinamentos resultantes da prática
do Evangelho.
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dezembro 2012 /
Cultura Espírita – 7
LAR FABIANO DE CRISTO
NESSE NATAL
O PAPAI NOEL É VOC¯!
Família. Fraternidade. Democracia. Consciência Social. Reforma Íntima. Caridade. Autotranscedência.
Essas poderiam ser algumas das palavras para descrever
o Espírito de Natal. Mas são, na verdade, os princípios que
norteiam todo o trabalho do Lar Fabiano de Cristo. Nós temos
a missão de viver o Natal durante todos os dias do ano, e
transmitir esses valores para todos os nossos coparticipantes.
Até hoje, mais de 2 milhões de pessoas tiveram suas vidas
transformadas pelo amor da Obra de Fabiano. E atualmente
mais de 26.000 irmãos estão vivendo esse lindo processo da
reforma pelo amor.
Nós queremos fazer muito mais!
Ainda existem 16 milhões de brasileiros que vivem na miséria e extrema pobreza. Sonhamos em fazer o Lar Fabiano de Cristo crescer muito mais, e atender um número ainda maior de pessoas.
E agora você pode sonhar esse sonho junto conosco! E ajudá-lo a tornar-se realidade!
Nesse natal, torne-se um Associado Contribuinte do Lar Fabiano de Cristo e seja o Papai Noel para
mais de 12.000 crianças atendidas em nossas casas espalhadas pelo Brasil.
Com uma contribuição mensal no valor mínimo de R$5,00, você ajuda a transformar e promover a vida de milhares de pessoas, além de colaborar para o crescimento do Lar Fabiano de Cristo.
Para se tornar um Associado Contribuinte do Lar Fabiano de Cristo, você só precisa:
•
Acessar o site www.umgrao.com.br e fazer a sua doação online, pagando via boleto bancário ou cartão de
crédito;
•
Ou ligar o telefone
•
Enviar um e-mail para [email protected] e retornaremos o contato.
(21)
3506-3606, e nós faremos o seu cadastro;
O grão que você doa hoje de boa vontade, semeado por nós com amor e cuidado, com carinho, virará uma linda
árvore cheia de bons frutos a se espalhar pelo mundo. Vamos começar hoje a construir o mundo em que queremos
viver e deixar para os nossos filhos: com amor, família, fraternidade, democracia, caridade, consciência social, reforma íntima, autotranscedência, respeito e justiça.
“Melhor do que todos os presentes por baixo da árvore de natal é a presença de uma família feliz”. Então façamos
mais 6 mil famílias felizes, nesse Natal e durante todo o ano.
Crônicas de Família, com Ana Guimarães – Terça-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
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Cultura Espírita – 8 / dezembro 2012
"Fgqnkpfq"Coqtko
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(4a parte)
E
nsina Jesus: Batei, e abrir-sevos-á (Para que a porta abra, é
necessário que se tenha o trabalho
de bater. A porta não se abre sem
esforço pessoal. Logo, um ato está
condicionado ao outro).
Recomenda Jesus: Pedi, e darse-vos-á (Jesus afirma, com isto, o
valor da prece, mas é necessário
que saibamos pedir. A prece pode
ser inútil, desde que o sentimento
não seja honesto).
Ensina a Doutrina Espírita: O
trabalho constitui uma necessidade.
(O Livro dos Espíritos – questão nº
674). Tem-se, aí, a moral do trabalho, ensinada por Jesus.
Diz a Doutrina Espírita: O essencial não é orar muito, mas orar
bem. (O Livro dos Espíritos, questão nº 660). Orar bem é orar com
justiça, com sinceridade, não querer
absurdo por meio da prece. Este
preceito exprime o mesmo sentido
da sentença de Jesus, apenas por
outras palavras.
As duas passagens sugerem,
ainda, alguns comentários, especialmente porque nelas se verifica a simultaneidade dos propósitos, tanto
de uma parte como da outra: a lição
do Evangelho e a Doutrina Espírita
ressaltam, ao mesmo tempo, a qualidade da prece. O Espiritismo tem
elementos positivos para demonstrar a eficácia da prece. Convém notar, entretanto, que até nisto Jesus
estabeleceu uma CONDIÇÃO: Mas,
quando orardes, se tendes alguma
coisa contra alguém, perdoai-lha,
para que o vosso Pai, que está nos
céus, vos perdoe as vossas falhas.
(Não tomemos as frases ao pé da letra, tanto mais quanto as traduções
estão muito sujeitas a alterações de
forma; procuremos, pois, o pensamento essencial). O sentido desta
recomendação evangélica, sejam
quais forem as traduções, não é outro, senão este: se queremos ser beneficiados pela prece, que é o mais
poderoso recurso da alma humana,
sejamos sinceros, humilhemo-nos,
esqueçamos as ofensas e, assim,
purificando os nossos sentimentos, estaremos em condições de
“orar bem”, como ensina a Doutrina
Espírita em concordância com o
Evangelho. Antes de pedirmos ou
querermos que as nossas súplicas
sejam atendidas (nem sempre são
justas), devemos fazer um EXAME
DE CONSCIÊNCIA para que nos
possamos colocar espiritualmente
no plano do merecimento.
Que vem a ser tudo isto, senão
esforço íntimo, luta interior, desejo
de ascensão espiritual? É trabalho, portanto. Quanto o homem luta
consigo mesmo para se melhorar,
está trabalhando. Vejamos a questão nº675, de O Livro dos Espíritos:
“Por trabalho só se devem entender
as ocupações materiais?” “Não; o
Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.”
O conceito de trabalho é o mais
elástico possível. As promessas
do Evangelho, e são promessas
consoladoras, não nos eximem do
trabalho, não nos dispensam da
reforma moral. Coincidindo absolutamente com o Evangelho, os pontos fundamentais da Codificação de
Allan Kardec falam a mesma ênfase, com o mesmo vigor, sobre a
significação do trabalho como fator
primacial no processo do espírito.
Podemos inferir, sensatamente, que
AS RESPOSTAS DO ALTO NÃO
NOS VÊM COMO GRAÇAS OU
PRIVILÉGIOS, MAS NA MEDIDA
DE NOSSO ESFORÇO, DE
NOSSO TRABALHO, DE NOSSO
MERECIMENTO PERANTE A
JUSTIÇA DIVINA. Prometer paraísos ou anunciar a felicidade suprema sem fazer sentir a necessidade
essencial da reforma própria como
base de todas as conquistas espirituais, é mistificar em nome do
Evangelho, é desvirtuar o verdadeiro espírito da palavra de Jesus.
Não é possível, pois, interpretar
o Evangelho à luz do Espiritismo
pelas mesmas regras com que o
interpretam os crentes ortodoxos.
Não. O Evangelho, interpretado à
luz do Espiritismo, longe de nos levar à beatitude e à vida “puramente
contemplativa”, exige ação, estudo, transformação interior. Seria
também contraproducente, para o
meio espírita, imitar o sistema de
interpretação das igrejas cristãs, o
que equivaleria a pôr a doutrina de
lado e reproduzir os textos evangélicos sem as luzes da filosofia, sem
os elementos de elucidação que a
Doutrina Espírita fornece à inteligência.
Referência:
AMORIM, Deolindo. O Espiritismo e as
doutrinas espiritualistas. 3 ed. Rio de
Janeiro: CELD, 1988. Cap. II, p. 59 – 61,
4ª parte.
Encontro com Jesus, com Yasmin Madeira – Quarta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
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dezembro 2012 / Cultura Espírita – 9
"Cpc"Iwkoctçgu
L
á se vai mais um ano... Como corre o tempo! Ou
será que nós é que corremos contra ele? Não sei,
todavia parece-me que, de uns tempos para cá, tudo
caminha mais rápido, e os ponteiros do relógio não nos
dão tréguas, engolindo os minutos com incrível rapidez.
Entretanto percebo: à medida que a vida corre, as
criaturas se tornam mais ricas de experiências, sejam
elas positivas ou negativas, não importa; experiências
representam sempre aprendizado.
Logo que iniciamos nossas tarefas espíritas nesta
cidade, trazíamos uma bagagem de experiências vividas em pequena comunidade, lidando com crianças de
famílias de baixa renda. Eram crianças tímidas, medrosas, que, vagarosamente, aprendiam a confiar e a aceitar nossa proximidade. Trabalho agradável e feliz.
Agora, o desafio era outro, a casa espírita era próxima à favela da Apoteose. Logo apareceu um número
significativo de crianças, em nada semelhantes àquelas
que conhecíamos. Crianças agressivas, violentas, desdenhosas, acostumadas a enfrentamentos que desconhecíamos e a um ritmo de vida jamais imaginado.
Seria nosso primeiro Natal com aquelas crianças;
difícil encontrar um meio de controlá-las. Não aceitavam diretrizes, eram irrequietas, buliçosas e complicadas. Depois de muito pensar, resolvemos apresentar
um teatro de fantoches, quiçá conseguíssemos fazê-las
se interessar pela estória e, assim, ouvir-nos falar um
pouco sobre Jesus.
Chegou o grande dia. Era véspera de Natal e todos estavam emocionados e expectantes. Começamos
a receber nossas “ferinhas”, pois, apesar dos pesares,
eram queridas. Sentaram-se diante do palco improvisado e começou a apresentação: os pequenos bonecos
se movimentavam e falavam tentando chamar a atenção da plateia. Debalde se esforçavam os jovens. A meninada era terrível.
— Tia! — exclamou uma jovem com lágrimas nos
olhos – não dá para continuar.
— É verdade — acentuou um rapaz —, eles vão
quebrar tudo.
– Jesus! Veja se você pode fazer alguma coisa!
Fomos até o salão, onde a balbúrdia era geral, e
pedimos silêncio que, por acaso, aconteceu. Aproveitando aquele raro momento de tranquilidade, entramos,
sorrateiramente, por detrás da cortina e, pegando o boneco, iniciamos a improvisação de uma conversa com
a plateia que começava a se agitar novamente, depois
de curta trégua.
— Estou tão cansado — dizia o boneco —, preciso
da ajuda de alguém. Vivo tão sozinho, não tenho pai
nem mãe, moro na rua e passo tanta fome!
Fez-se um silêncio expectante entre a criançada
que começou a prestar atenção.
— É Natal! — continuava o boneco — Será que Jesus ouve as crianças abandonadas? Queria que Ele me
ouvisse e me mandasse um pedaço de bolo, um cachorro, um amigo e, quem sabe, uma casa para morar.
Entusiasmado com o silêncio e a atenção dos garotos, o boneco estendeu a mão e suplicou:
— Você pode me dar a sua mão e ser meu amigo?
Estabeleceu-se a maior confusão, todos queriam pegar a
mão do boneco; alguém a agarrou e começou a puxá-la.
— Por favor — gritava o fantoche —, estão machucando minha mãozinha, soltem, por favor.
Naquele momento, um adolescente que se sentava na última cadeira e permanecia sério se levantou e,
com a autoridade da força, afastou as crianças aproximando-se do palco, pegou, com extrema delicadeza, a
mão do fantoche e falou com voz emocionada e inesquecível:
— Não fica com medo. Eu vou proteger você, vou
ser seu amigo. Eu também não tenho família, vamos
ficar juntos, está bem? Eu, às vezes, sinto medo, mas
não digo para ninguém. Agora vou cuidar de você.
Desnecessário falar da emoção que a cena causou
a todos, porém vale a pena recordar que o trabalho do
bem, na casa espírita, produz frutos de suave e doce
sabor. Aproxima-nos das pessoas e faz-nos descobrir
que, por trás de máscaras de violência e agressividade,
muita vez, se escondem corações que precisam, apenas, de um pouco de afeto para desabrochar em perspectivas mais amenas.
Daquelas crianças do passado, muitas se perderam
nos meandros insondáveis das experiências malsãs,
entretanto houve uma pequena percentagem que se
esquivou para uma vida equilibrada e honesta, entre
elas, o adolescente que protegeu o boneco. No final da
festa, ele falou com um sorriso feliz: “Foi o melhor Natal
da minha vida”.
É tão pouco o que oferecemos, mas, com Jesus, o
pouco vira muito. Então, amigos e irmãos, um bom Natal para todos e, se surgir uma chance, estenda a mão
amiga a alguém que, aos seus olhos, parecer tão sozinho e triste. De repente... pode ser o Senhor Jesus.
Cultura Espírita, com Assaruhy Franco e Cesar Reis – Quinta-feira, 12h, na Rádio Rio de Janeiro 1400 AM
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Cultura Espírita – 10 / dezembro 2012
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“Toda vez que ouvimos uma bela música, selecionamos uma impressão que se entrelaçará com
a harmonia do nosso desenvolvimento”.1
F.A. Newhouse
tualmente, a humanidade anseia pela harmonia. Diante dos percalços cotidianos, das vicissitudes e tantos outros fatores, o ser tem buscado
o caminho para o equilíbrio. A respeito da harmonia
reportemos aos pensadores e seus ensinos, que
atravessam gerações, em que a harmonia é uma
conquista diária.
Através do exercício da paciência, da tolerância, do perdão e da compreensão, por exemplo,
o homem consegue viver melhor consigo e com
todos ao seu redor. É como uma paisagem representada numa tela: as cores e as formas não brigam entre si, mas se combinam, se completam e
se complementam.
Nos diversos campos da sociedade viver em
harmonia é uma questão fundamental. A harmonia estabelece uma conjuntura de qualidades que
transmitem coerência e sentimentos agradáveis ao
meio em que é implantada.
Antigamente, a harmonia era algo vago e específico a cada área de atuação do ser humano, mas
hoje, quando se fala de harmonia e espiritualidade é
possível compreender a extensão imensurável que
isso significa. A harmonia aliada à espiritualidade
consegue fazer com que o indivíduo se perceba e
tudo mais que existe e acontece à sua volta sabendo
como lidar com as mais adversas situações.
A harmonia ao passo que tranquiliza, quando
espiritualizada ela repercute atingindo um raio que
jamais poderia ser atingido a não ser pelas vias
infinitas e iluminadas da espiritualidade que é um
clarão a abrasar a Terra e a todo o espaço, num
verdadeiro efeito de contágio apenas com a ressalva de que está voltado ao Bem.
Como viver em harmonia quando tudo o que
acontece parece antagônico a esse ideal? Como
ter harmonia em meio a tantas violências, tantos
preconceitos, tantas injustiças e tantas corrupções?
A resposta cabível é de que quanto mais o
homem emprega esforços para transformar a si
próprio o coletivo sofre as consequências. É como
alguém que está cercado de pessoas em um quarto
A
completamente escuro e de repente resolve acender uma vela. A vontade é o fósforo e a chama a
consequência dessa vontade que não apenas clareia, ou seja, beneficia a quem tem a iniciativa de
acender a chama como também a todos que por
algum momento habitavam em total negritude.
Harmonia e espiritualidade caminham juntas
e se comprazem do que cada ser tem de melhor.
Por meio dessa aliança a criatura consegue discernir o certo do errado, o verdadeiro do duvidoso
e consegue galgar melhores caminhos favoráveis
ao seu aprimoramento e desenvolvimento moral e
espiritual.
Segundo Allan Kardec, Reconhece-se o verdadeiro espírita pelos esforços que emprega para
domar as más inclinações2. Isso é buscar harmonia, isso é viver a verdadeira origem: espiritual.
Nas artes, a harmonia está presente quando há
beleza na obra do artista. Em todos os campos da
vida deve ser cultivada essa beleza. A música, por
exemplo, atribui o termo harmonia à combinação
dos seus elementos constitutivos (sons) que geram
sensações agradabilíssimas aos seus ouvintes e
os tornam seus apreciadores. Na poesia há o harmônico no emprego das palavras que se combinam
e que metricamente estabelecem uma onda linear
e celeste. Na pintura, os tons e os objetos estabelecem entre si um pacífico diálogo e isso torna a tela
atraente, encantadora e por tanto, harmônica.
Por tudo isso, a criatura deve procurar as notas
suaves e criar a harmonia que preenche a alma e a
espiritualidade que somará forças e transformará as
sementes do caminho em árvores frondosas verdejantes de esperança e frutíferas em evolução porque
o ser está destinado ao progresso e para isso tem o
apoio da harmoniosa e espirituosa força de Deus.
"Anatasha Meckenna é cantora, compositora, instrumentista, graduanda do curso Bacharelado de Letras da UFRJ
Referências
1
LINGERMAN, Hal A. As energias curativas da música. São
Paulo: Cultrix, 1983. p. 17.
2
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Tradução de Guillon Ribeiro. 102.ed. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 1990. Cap. XVII, item 4, p. 288.
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dezembro 2012 / Cultura Espírita – 11
T
ivemos a oportunidade de assistir, há alguns anos, a descrição
de uma campanha promocional
destinada a fortalecer a imagem de
determinada organização, e o diretor da agência de publicidade falava
para os representantes daquele possível cliente. O trabalho, muito bem
concebido, se desdobraria ao longo
de vários meses, datas importantes
seriam pontuadas, mas impressionounos a afirmativa daquele profissional
quando chegou ao mês de dezembro:
“[...] e, naturalmente, não podemos
esquecer uma data com a importância comercial do Natal...”. Pensamos,
depois, várias vezes, naquelas palavras: “importância comercial...”
A civilização ocidental que surgiu na Europa, como herdeira da
cultura greco-romana e que constitui o suporte social do Cristianismo,
desenvolveu-se extraordinariamente
a partir dos séculos XV e XVI com
base na objetividade, no emprego da
técnica e da razão e estendeu sua
influência a todas as demais, como
se observa, por exemplo, na questão da cronologia. Embora existam
outras referências para a contagem
do tempo – calendários judaico, chinês, etc. – a noção de que estamos
no ano 2012 (após o nascimento de
Jesus) é universal, figurando em contratos, comemorações e planejamentos. Na cultura ocidental, surgiram
também o cidadão, os direitos humanos e a democracia, com a separação de poderes e a escolha periódica
de governantes pelos governados;
eminentes renovadores da educação
igualmente são filhos da civilização
que se gerou na Europa, onde surgiram ainda a imprensa e a comuni-
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Cultura Espírita – 12 / dezembro 2012
cação de massa – cujo avanço mais
recente é a internet, sem esquecermos a grande música, pois as
composições de Mozart, Beethoven,
Brahms, Chopin, entre outros, são
admiradas no mundo inteiro.
Enquanto escrevemos este breve
comentário, milhões de pessoas em
nações asiáticas e africanas, na
Índia e na Austrália, já leram jornais
ou utilizaram computadores, contando, além disso, em seus países,
com universidades e parlamentos
que são também produtos da cultura
europeia. Diante de tal expansão,
não seria impróprio indagar quanto à
dimensão espiritual dessa cultura – o
Evangelho – em termos de reconhecimento e aceitação, deparando-nos,
então, com panorama contristador
– a mensagem de Jesus é pouco
conhecida e ainda menos praticada
– mas não surpreendente, pois não
podemos esquecer que egoísmo,
violência e exploração estiveram
quase sempre associados àquela
expansão, num contraste flagrante
entre discurso e prática, frequência aos templos cristãos e conduta
diária, facilmente percebido e logo,
infelizmente, adotado nos locais
onde chegavam os “colonizadores”,
que habitualmente levavam consigo
os símbolos religiosos, até a cruz
pintada nas velas de suas embarcações, e nas mãos armas para a
dominação arbitrária.
Acrescente-se a isto o surgimento, no âmbito do pensamento
europeu, de filosofias materialistas ao
longo do século XIX (o Positivismo,
de Augusto Comte; o Comunismo,
de Marx e Engels, e o Utilitarismo,
de Bentham) que viriam favorecer,
“E o Natal é sempre
uma referência para
esse esforço, não só por
evidenciar a certeza do
Mestre quanto ao êxito de
suas propostas, mas por
mostrar, igualmente, a
forma adequada para sua
efetivação: simplicidade,
ação e fidelidade à
própria consciência.”
Danilo Carvalho Villela (RJ)
no século seguinte, o aparecimento
de regimes políticos (Comunismo
e Nazismo) baseados na exclusão
e no desvalor da pessoa humana,
período, também, em que ocorreram duas guerras mundiais, as mais
letais de toda a História, que fizeram
milhões de vítimas, causando sofrimento superlativo para outros tantos
sobreviventes.
No entanto, ao lado dessa listagem sombria, é preciso assinalar
que, periodicamente, renasceram,
entre nós, missionários do amor e
da renúncia, que exemplificaram fielmente as virtudes cristãs, aos quais
se juntaram mais tarde nobres trabalhadores da solidariedade e da cultura
que, atuando fora dos ambientes religiosos, promoveram o aparecimento
de instituições e iniciativas voltadas
para o bem, quais a Cruz Vermelha,
a Organização das Nações Unidas,
assim como organismos internacionais destinados ao combate à fome
e a determinadas doenças, à proteção do meio ambiente, de refugiados
e minorias, em número crescente
e com ação cada vez mais efetiva.
Mas, apesar disso, o quadro prossegue muito difícil com extensas
multidões dominadas pela fome e
o analfabetismo, enquanto o luxo
renteia com a miséria em inúmeras
metrópoles e multiplicam-se os consumidores de drogas cujo comércio
prossegue vigoroso. Cabe assinalar, a propósito, que esse panorama
deficitário não decorre de alguma
“falha” na mensagem cristã ou no
planejamento para sua implantação
entre nós. Essa assimilação lenta e
difícil era mesmo prevista, dadas as
nossas características espirituais,
havendo o próprio Mestre prometido
a vinda do Consolador destinado a
lembrar-nos o que Ele ensinara e
a ficar conosco, fortalecendo-nos
para a vivência daqueles ensinos.
Achamo-nos, assim, em plena aplicação desse planejamento e, além
disso, em momento crítico de sua
efetivação, quando o bem passará a
governar nosso relacionamento pessoal e coletivo com base no conhecimento da realidade espiritual e na
(auto)educação para a vivência das
Leis Divinas.
E o Natal é sempre uma referência para esse esforço, não só por evidenciar a certeza do Mestre quanto
ao êxito de suas propostas, mas por
mostrar, igualmente, a forma adequada para sua efetivação: simplicidade, ação e fidelidade à própria
consciência.
O Consolador prometido por
Jesus, ou seja, a Doutrina Espírita, é
ainda nova, pois está há pouco mais
de 150 anos entre nós, mas veio para
ficar e fazer com que os princípios
em que se baseia se tornem crença
geral, marcando uma nova era na
História da Humanidade (O Livro dos
Espíritos, questão 798).
E nós, os espíritas, nos dois planos da vida, somos testemunhas
conscientes desse processo, pois
sabemos que ele está ocorrendo,
devendo ser também seus agentes mediante a contribuição, singela
embora, que possamos oferecer ao
engrandecimento do bem comum.
Voltando às palavras daquele
publicitário, lembrado no início, realmente, para muitas pessoas, Jesus
ainda é apenas um nome, um registro que não merece atenção maior
e o Natal um período comemorativo
nas organizações e nas famílias,
mas não há dúvida de que, à medida
que os anos transcorrem, a mensagem da Boa Nova influencia cada
vez mais os homens que, mesmo
sem precisar ou perceber a fonte inicial das mudanças que nos proporcionam convivência melhor e vida
mais segura, continuam caminhando
na direção da fraternidade e da justiça que refletem o amor ensinado e
vivido, integralmente, por Jesus.
" Danilo Villela é militar reformado,
escritor e expositor espírita e Diretor do
Lar Fabiano de Cristo e da Cruzada dos
Militares Espíritas
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dezembro 2012 / Cultura Espírita – 13
GURGTCPVQ
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KRISTIANISMO
A
ntaý kelke da jaroj mi havis oportunecon
spekti la priskribon de diskoniga kampanjo
kiu celis fortigi la imagon de organizacio;
estro de la diskoniga agentejo paroladis al
reprezentantoj de tiu organizacio, ebla kliento.
La kampanjo, efektive bone konceptita, daýrus
multe da monatoj; datoj gravaj estus citotaj,
sed aserto el tiu profesiulo, pri la monato
decembro, impresis min: “[...] kaj ni, nature,
ne povas forgesi daton kiu havas la komercian
gravecon de la Kristnasko...” . Mi pensis pri tiuj
vortoj, diversfoje poste: “komercia graveco...”
La okcidenta civilizacio kiu ekaperis en
Eýropo, heredante la romo-grekan kulturon,
kaj kiu konstituas la socian apogon de
Kristanismo, disvolviøis eksterordinare ekde la
centjaroj XV kaj XVI, surbaze de objektiveco,
de tekniko-uzado kaj racio, etendante øian
influon al æiuj aliaj kulturoj, kiel videblas,
ekzemple, en la kronologio. Spite al ekzisti
aliaj referencoj por la tempo-kalkulado –
kalendaroj juda, æinia, ktp. – la nocio pri esti en
la jaro 2012 (post la naskiøo de Jesuo) estas
monda, kaj uzata en kontraktoj, memorfestoj
kaj planadoj. En la okcidenta kulturo ankaý
ekaperis la civitano/civitaneco, la homaj rajtoj
kaj la demokratio, kun separataj politikaj povoj
kaj kun regatoj elektante registaron; eminentaj
renovigintoj de edukado estas egale gefiloj
de la eýropa naskiøinta civilizacio, kie ankaý
ekaperis presarto kaj amaskomunikarto – kies
antaýenigo plej moderna estas la elektronika
reto komputila, ne forgesante la grandan
muzikon, æar la kompozicioj de Mozart,
Beethoven, Brahms, Chopin, inter aliaj, estas
tramonde admirataj.
Dum mi skribas tiujn mallongajn komentariojn, milionoj da personoj, en aziaj kaj afrikaj
nacioj, en Hindio kaj Aýstralio, legas ¼urnalojn
kaj uzas komputilojn, kaj ankaý havas en iliaj
landoj universitatojn kaj parlamentojn kiuj estas
produktoj de la eýropa kulturo. Observante tian
ekspansion, ne estus maltaýge demandi pri la
dimensio spirita de tiu kulturo – la Evangelio
– rilate al øin rekoni kaj akcepti; ni alfrontus,
bedaýrinde, post tia demando, panoramon
maløojigan - la mesaøo el Jesuo estas malbone
konata kaj ankoraý pli malbone praktikata –
sed tio ne estas surprizige, æar ni ne povas
forgesi ke egoismo, perforto kaj troprofito estis
preskaý æiam asociigataj al tiu ekspansio, kun
videbla kontrastigo inter praktiko kaj diskurso,
frekventado al kristanaj temploj kaj æiutaga
sinteno; tiaj faktoj estis facile perceptataj kaj
bedaýrinde adoptataj en la lokoj atingataj de
la koloniistoj, kiuj kunportis kun si, kutime, la
religiajn simbolojn, inkluzivante la krucon,
pentrita sur la þipveloj, kaj armiloj enmane,
celante la superregado arbitra.
Al tio oni devas adicii la ekaperon, en la
eýropa pensuniverso, de materiismaj filozofioj,
dum la XIX jarcento (Pozitivismo, de Augusto
Comte; Komunismo, de Marx kaj Engels kaj
Utilcelismo, de Bentham), filozofioj favoraj al la
ekapero, dum la sekvanta jarcento, de politikaj
reøimoj (Komunismo kaj Nazismo) kies bazoj
estis el¼eto kaj senvalorigo de homoj; dum tiu
periodo ankaý okazis du mondmilitoj, la plej
letalaj de la homa historio, kiuj faris milionojn da
viktimoj, superlative suferigante aliajn milionojn.
Tamen, spite al tiu ombra listo, estas
necese citi ke periode renaskiøis inter ni misiistoj de la amo kaj de la abnegacio, kiuj fidele
ekzempladis la kristanajn virtojn; al ili kuniøis,
poste, noblaj laborantoj de la solidareco kaj
kulturo; tiuj lastaj, agante ekster la religiaj
ambientoj, aperigis instituciojn kaj iniciatojn
celantaj la bono, kiel la Ruøa Kruco, la
Organizacio de la Unuiøintaj Nacioj, tiel kiel
internaciajn instituciojn celantaj la batalon
kontraý malsato, malsanoj, protektado al
la ambiento, al rifuøintoj kaj minoritatoj; tiaj
institucioj laýtempe numerkreskas kaj pliefektive
agas.
Sed spite al tio, la kadro estas ankoraý
tre malbona, ekzistante homamasoj suferantaj
pro malsato kaj analfabeteco, dum lukso kaj
mizero restas flanke-æe-flanke en multaj urboj,
kaj multobliøas la droguzantoj, kiuj favoras la
rilatan ombran komercon, kiu vigle daýras.
Menciinde estas ke tiu panoramo malbona ne
devenas el difekto en la kristana mesaøo aý en
la planado celante øian enplantadon inter ni.
Tiu malrapida kaj malfacila asimilado estis fakte
antaývidita de Jesuo, pro niaj spiritaj karakteroj;
pro tio, la Majstro Jesuo mem promesis al ni
ICEB – Aulas de Esperanto – Sábado, 10h30min às 12h
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Cultura Espírita – 14 / dezembro 2012
la Konsolanton (Spiritismon, kodigita de Allan
Kardec), kies celo estas rememorigi nin pri
Lia Instruado kaj resti æe ni, fortigante nin, por
la spertoj rilataj al tia Instruado. Ni, do, estas
plene en la aplikado de tiu planado kaj, krome,
trairante krizan momenton en la kadro de øia
efektivigo, kiam bono regos sur niaj personaj
kaj kolektivaj interrilatoj, kies bazo estos koni
la spiritajn realecojn kaj (mem)edukado por la
vivo sub la Diaj Leøoj.
Kaj Kristnasko estas æiam referenco por
tiu klopodo, ne nur pro evidentigi la certecon
de la Majstro Jesuo pri la sukceso de Liaj
Proponoj, sed ankaý pro egale elmontri la
adekvatan vojon al øiaj efektivigo: simpleco,
agado kaj fideleco al la propra konscienco.
La Konsolanto promesita de Kristo Jesuo,
tiel estas, la Spiritisma Doktrino, aý Spiritismo,
estas ankoraý nova, æar estas inter ni ekde
iomete pli ol 150 jaroj, sed alvenis por resti
tie æi kaj transformi øiajn bazajn principojn en
kredo øenerala, karakterizante novan eraon
de la Homa Historio (Libro de la Spiritoj, Allan
Kardec, demando 798 – Eldono brazila).
Kaj ni, la spiritismuloj, tie æi kaj en la
spirita mondo, estas konsciaj atestantoj de tiu
procedo, æar ni scias ke øi nune okazas, kaj ni
ankaý devas esti øia agantoj per kontribuo, eæ
simpla, kiun ni povas oferi al la kreskigo de la
komuna bono.
Rememorante la vortojn de tiu diskonigoagenteja estro, tie æi supre citita, Jesuo estas
ankoraý, por multaj uloj, vere, simpla nomo;
estas registro kiu ne meritas pli grandan
atenton kaj Kristnasko nur periodo por festoj
en la organizacioj kaj familioj; sed sendube, laý
la tempo-pasado, la Evangelio de Kristo Jesuo
influas pli kaj pli la homojn, kiuj eæ sen perfekte
identigi aý percepti la fonton de la þanøoj,
kiuj permesas al ni pli bonan kaj sekuran
kunvivadon, restas survoje al la frateco kaj
justeco, kiuj reflektas la amon instruatan kaj
travivata, plene, de Kristo Jesuo.
" Danilo Villela (Brazilo-RJ) estas emerita
militisto, spiritisma verkisto/prelegisto kaj direktoro de la Hejmo Fabiano de Cristo kaj de la
Kongregacio de Spiritismaj Militistoj
"Fabiano Pereira Nunes
D
efine-se autopromoção como a prática de alardear os próprios atos,
atributos ou méritos1.
Consequência natural do anseio
pelo reconhecimento público, quando
é vivenciada de forma equilibrada pode
lograr justos benefícios nas esferas pessoal e profissional, conquanto, quando
desmedida, também possa levar a resultados muito perturbadores.
E diante do desafio de se obter o salutar equilíbrio entre não ufanar-se dos
próprios atributos e labutar por um justo
prestígio, nunca será demais recordar
que temos em Jesus o tipo da perfeição
moral a que a humanidade pode pretender na Terra2.
Na narração contida em O Evangelho segundo Mateus encontraremos
singular reflexão, à propósito da passagem sobre a profissão de fé e primado
de Pedro3.
Chegando Jesus ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho
do Homem?” E eles responderam que
uns afirmavam que o Filho do Homem
era João Batista, outros que era Elias,
outros, ainda, que era Jeremias ou um
dos profetas. Em vista disso, Jesus outra vez interrogou a eles: “E vós, quem
dizeis que eu sou?” Simão Pedro, respondeu-Lhe: “Tu és o Cristo, o filho do
Deus vivo”, ao que Jesus obtemperou:
“Afortunado és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi carne ou sangue que te
revelaram isso, e sim o meu Pai que está
nos Céus. Também eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Comunidade, e as portas do Inferno
nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que
ligares na terra será ligado nos céus, e
o que desligares na terra será desligado
nos céus”.
Em seguida, Jesus - severamente
- proibiu aos discípulos de propagarem
que Ele era o Cristo. Natural indagarmos
por qual razão teria Jesus, com tanta
contundência, coibido aos Seus discípulos divulgarem ser Ele o Cristo? Insofismável, encontraremos a exegese mais
lógica, racional e inspirada para todo nó
interpretativo do Novo Testamento na
vasta literatura publicada pelo Codificador do Espiritismo, Allan Kardec.
Conforme elucida o insigne exegeta de Lyon4, Jesus anelava que o povo
descobrisse Sua condição Messiânica
não pela propaganda daqueles que O
seguiam, mas pela observação da Sua
vida e virtudes. Notaremos, claramente,
tal intenção também na passagem em
que João Batista Lhe envia seus discípulos, para perguntarem se Ele era o Cristo, ao que Jesus, de maneira surpreendente, não respondeu “Eu o sou”. Haja
vista que qualquer falso messias poderia
dessa forma intitular-se, Ele não lhes
fala nem de seus prodígios, nem de coisas extraordinárias, nada obstante, simplesmente respondeu: “Ide dizer a João:
os cegos vêem, os doentes são curados,
os surdos ouvem, e o Evangelho é anunciado aos pobres.” Allan Kardec prossegue esclarecendo que isto era o mesmo
que lhes dizer “Reconhecei-me pelas
minhas obras, julgai a árvore pelo fruto”,
visto que esse era o verdadeiro caráter
da Sua missão divina.
Segundo o ensino do Codificador5,
O Cristo não somente ensinara a Lei de
Deus, como também dera o exemplo da
prática dessa Lei, através da Sua caridade, Sua mansuetude, Sua humildade,
e Sua paciência ao sofrer, sem queixas,
os tratamentos mais ignominiosos e as
mais acerbas dores.
Interessante notar, igualmente, o
atilamento da resposta dos Bons Espíritos, publicada na questão 625 de O Livro
dos Espíritos2, acerca de qual o tipo mais
perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo:
“voyez Jésus”, isto é, “vede Jesus”, “olhe
Jesus”, ou ainda “observe Jesus”.
Historicamente, acredita-se que
Jesus falava um dialeto semítico muito específico, o aramaico da Galileia6.
Além dele, ao Seu tempo o aramaico
ainda possuiria sete subgrupos, como
o aramaico samaritano e o aramaico da
Judeia. Afora os dialetos do aramaico,
o grego era usado extensivamente nos
centros urbanos. O hebraico era a língua
culta das Sagradas Escrituras Judaicas,
não falada usualmente. Poder-se-ia concluir, pois, que haveria uma grande dificuldade do povo, não Galileu, em entender o significado das exatas palavras de
Jesus, devido ao regionalismo linguístico. Soma-se a isso o fato – bíblico – de
enormes multidões estarem sempre junto Dele, o que tornaria muito dificultoso
ouvir Suas pregações.
No entanto, toda a Sua doutrina foi
apreendida pelo povo vendo-O em ação,
pela observação direta de Sua vida - reta
e feliz, a despeito de todas as vicissitudes – plena em caridade irrestrita, abastada em amizades, usufruindo o prazer
de bem viver os valores morais e espirituais.
Não nos preocupemos, portanto, em
ter reconhecidos e divulgados nossos
méritos. Resistamos à ânsia pelos confetes mundanos. Se esses méritos – de
fato – existirem, o tempo se encarregará
de adequar-nos o justo valor. Vivamos
em prol das conquistas morais, cujo reconhecimento só ocorrerá de nós para
conosco e para com Deus, sempre convictos de que somente o desenvolvimento moral pode transformar, para melhor,
todos os setores da nossa vida.
Referências:
1
HOUAISS, Antonio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0. Editora
Objetiva Ltda. 2009.
2
KARDEC, Allan. Le Livre Des Esprits. Quatorzième Édition. Didier Et Cie Libraires-Éditeurs, Paris:
1866. Q.625. p. 268. As primeiras edições francesas de O Livro dos Espíritos, assim como as demais
obras de Allan Kardec, podem ser lidas no site “Google Livros”, através da URL http://books.google.
com.br/books?id=XC44AAAAMAAJ&dq=le%20
livre%20des%20esprits&hl=pt-br&pg=PP7#v=
onepage&q&f=false
3
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Nova
edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2002. 3 a.
Impressão: 2004. O Evangelho Segundo Mateus,
cap. 16, versículos 13 ao 20. p. 1733-4.
4
KARDEC, Allan. A gênese – Os milagres e as
predições segundo o Espiritismo. Tradução de
Albertina Escudeiro Sêco. 2. ed. Rio de Janeiro:
Leon Denis Gráfica e Editora, 2007. Cap. XV, Item
27. p. 349.
5
Idem. Ibidem. Cap. XI, Item 46. p. 254-255.
6
Aramaico. In: Wikipédia – A enciclopédia livre.
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Aramaico#Dialetos_falados_na_.C3.A9poca_de_Jesus .
Acesso em outubro de 2012.
ICEB – Curso sobre Doutrina Espírita – Sábado, 10h30min às 12h
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dezembro 2012 /
Cultura Espírita – 15
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T
ecer qualquer comentário sobre os atos de Jesus não é
simples, pois seu conhecimento está muito além do que
possamos imaginar, portanto, estamos longe de compreender
os motivos e processos. Desta forma, o conteúdo deste texto
não pretende explicar como Jesus realizava as curas, mas
apresentar uma análise com o conhecimento atual.
Tomemos como exemplo os relatos de três curas descritas
no livro A gênese1 da Codificação Espírita:
1) Perda de sangue: Uma mulher sofria de hemorragia e
tocou a roupa de Jesus sem que ele visse, porém ele
percebeu uma diferença distinta daquele toque em meio à
multidão.
2) O cego de Betsaida: Jesus colocou saliva nos olhos de
um cego de nascença e, depois, aplicou a imposição das
mãos. Necessitou repetir o procedimento.
3) Paralítico: Jesus disse ao paralítico “Levanta-te e anda!” e
assim ele o fez.
No primeiro caso, Jesus não pode ter “impregnado” o
fluido com qualidades específicas, pelo simples fato de ele não
saber quem o tocou; no segundo, Jesus necessitou de uma
ação local e outra no ser como um todo e, no terceiro, precisou
apenas verbalizar o comando.
Percebemos claramente que o procedimento não é o
mesmo, conclui-se, então, que a cura utilizando fluidos é mais
complexa do que a mera administração de um “medicamento”.
Nesta abordagem, podemos creditar certa “inteligência” ao
fluido no sentido deste atuar diferentemente: em algumas
situações teria condições de reconhecer como deve agir;
noutros casos teria ação local e, noutros, ainda, ação geral.
Diante das curas realizadas por Jesus, em que sempre
afirmava que a fé do paciente é que o havia curado, devemos
nos perguntar o quanto é ação do médium, passista ou curador,
e o quanto é ação do paciente? E, ainda, mais profundamente,
o quanto é ação das próprias células?
A ciência atual nos proporciona meios de compreender
melhor os processos envolvidos na ação dos fluidos. Os
biofótons se caracterizam por radiação eletromagnética emitida
por organismos vivos. Todavia, seu conceito vai um pouco
mais além, podendo ser compreendido como um processo
de comunicação celular, carregando consigo informação
que regularia o comportamento e a relação entre as células2.
Acreditamos, todavia, que a parte perceptível seja apenas a
“ponta do iceberg”, isto é, os biofótons seriam decorrentes de
processos variados, essenciais e imperceptíveis aos sistemas
de detecção disponíveis.
O avanço do conhecimento está proporcionando outra
forma de compreender os efeitos e comportamento dos
fluidos - a nanotecnologia, que desenvolve partículas e robôs
extremamente pequenos, na faixa de um milhão de vezes
menor quer o milímetro. A nanomedicina3 visa sua utilização
para diagnosticar e tratar doenças de forma “inteligente”, capaz
de aplicar o medicamento exatamente no local necessário,
sendo mais efetivo e, ao mesmo tempo, minimizando efeitos
colaterais. Vários testes já estão sendo realizados em humanos
com resultados satisfatórios.
Apesar dos processos de cura e os efeitos dos fluidos
serem mais complexos e mais autônomos do que possa parecer
inicialmente, o tratamento com esta terapia se torna mais fácil
para o médium e para o próprio paciente. Há, portanto, a
necessidade de se reavaliarem as práticas de passe, pois a
saúde é mais natural para o espírito do que a doença4, 5,6,7.
Em decorrência do que foi apresentado, podemos
supor que são as desarmonias geradas ao longo de várias
encarnações, devido a comportamento e mente em desalinho,
o motivo pelo qual tantas doenças se manifestam no seio da
humanidade. Diante disto podemos compreender o porquê
de Jesus, após viabilizar a cura do enfermo, dizer: “vá e não
peques mais”.
" Claudio
C. Conti é doutor em engenharia nuclear e expositor
espírita
Referências:
1
KARDEC, Allan. A gênese – Os milagres e as predições segundo o
Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
P. 316-318.
2
MELSERT, Rafael. Biofótons na Interação Entre o Espírito e o Corpo Físico.
Revista Cultura Espírita. Ano IV, n. 34, p. 16, jan. 2012.
3
WANG, Yucai; BROWN, Paige; XIA Younan. Nanomedicine: swarming
towards the target. Nature Materials 10, 2011, p. 482–483.
4
CONTI, Claudio C. O Passe Espírita; http://ccconti.com/Artigos/OPasse.pdf,
2011.
5
CONTI, Claudio C. Considerações sobre o passe; http://ccconti.com/Texto4/
textos4.htm#texto23, 2011.
6
CONTI, Claudio C. O passe nos casos de pacientes com tumor; http://ccconti.
com/Artigos/OPasseOTumor.pdf, 2012
7
CONTI Claudio C. Cuidados no passe; http://ccconti.com/Texto5/textos5.
htm#texto9, 2012.
ICEB – Revista Cultura Espírita – Fale conosco: [email protected]
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Cultura Espírita – 16 / dezembro 2012
"Emmanuel
“Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra
e boa vontade para com os homens.”
(Lucas, 2:14)
A
s legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando
o Grande Renovador, não apresentaram qualquer
palavra de violência.
Glória a Deus no Universo Divino.
Homens e animais, assombrados ante a luz nascente
na estrebaria, assinalaram júbilo inexprimível ...
Daquele inolvidável momento em diante a Terra se
renovaria.
Paz na Terra.
O algoz seria digno de piedade.
Boa vontade para com os Homens.
O inimigo converter-se-ia em irmão transviado.
O Pai Supremo, legando a nova era de segurança
e tranquilidade ao mundo, não declarava o Embaixador
Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.
Nem castigo ao rico avarento.
Nem punição ao pobre desesperado.
Nem desprezo aos fracos.
Nem condenação aos pecadores.
Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso.
Nem anátema contra o gentio inconsciente.
Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de
Jesus, para o serviço da Boa Vontade.
A justiça do “olho por olho” e do “dente por dente”
encontrara, enfim, o Amor disposto à sublime renúncia
até à cruz.
O criminoso passaria à condição de doente.
Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a
matança nos circos. Em Sídon, os escravos deixariam de
ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em
Jerusalém, os enfermos não mais seriam relegados ao
abandono nos vales de imundície.
Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira
fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do berço
de palha ao madeiro sanguinolento.
Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico
milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio até nos
para que nos amemos uns aos outros.
Natal! Boa Nova! Boa Vontade! ...
Estendamos a simpatia para com todos e comecemos
a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um
novo dia.
(In: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo
Espírito Emmanuel. 36.ed. 2ª. reimpressão. Rio de
Janeiro: FEB, 2009. Cap. 180, p. 431-432.)
ICEB – Tels.: 0XX(21) 2224-1060 / 2224-0736 – [email protected] / [email protected]
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dezembro 2012 /
Cultura Espírita – 17
"Cpvqpkq"Ectnqu"Ukswgktc"Nkoc"*TL+
O
s seres vivos encarnados ou desencarnados apresentam assinaturas energéticas. Tanto é assim que
a ciência atualmente se baseia em diversos exames em
que a resposta energética do organismo é fundamental para a identificação do estado do ser. No caso dos
desencarnados não é diferente, porém as consequências podem ser outras. Por exemplo, desencarnados
de mesmo estágio vibratório tendem a se agrupar. Os
agrupamentos sociais são a contrapartida entre encarnados desse fenômeno. Esse agrupamento acarreta uma
assinatura distinta daquele grupo. É assim que surgem
as regiões excelsas e os vales dos suicidas. Os espíritos
perfeitos, portanto, tendem a se localizar em regiões particulares do universo. Contudo, isso não quer dizer que
eles estão limitados a localizações específicas, mas apenas que eles, ao se deslocarem, “levam consigo” parte
da ambiência do local onde habitam. Não é muito diferente de quando encontramos uma pessoa com conhecimento diferenciado em que facilmente percebemos que
a simples presença dessa pessoa vem acompanhada do
conhecimento que ele obteve. É a sensação especial que
temos quando sentimos o toque de um ente querido ao
nos acordar, a mão carinhosa do ente querido vem “carregada” dos sentimentos de afeto que aquele ente sente por
nós. É o abraço invisível de nossos companheiros do além
que em momentos inesperados vêm nos visitar e enche
o nosso coração e mente de sensações e pensamentos
agradáveis. Imaginemos agora que ao invés desse nosso
ente querido a visita seja de um espírito de escol. A visita
agora, não é apenas ao nosso lar, mas às residências
de todos os habitantes do planeta. A esse fenômeno que
acontece todo o final de ano chamamos de Natal.
Muito embora a sociedade atual venha desvirtuando
um pouco o verdadeiro significado do Natal, o Mestre
t g x k u v c
Cultura Espírita – 18 / dezembro 2012
Jesus não tem desistido de nós. A cada final de ano vem
renovar-nos o ideal, trazendo a sua presença e sua vibração capaz de trazer paz e transformar a psicosfera. Ao se
aproximar do orbe de forma ostensiva, não são poucos os
que percebem a mudança no ar, uma pequena revolução
em nossos corações e mentes. Infelizmente, a nossa
imperfeição faz com o que o verdadeiro espírito de Natal
dure apenas poucas horas. Para fazer essa vibração se
propagar e perdurar é necessário que mudemos a nós
mesmos. É como se fossemos uma mola destinada a
empurrar uma grande massa, sendo o ideal cristão a
força que move essa mola. Para tanto é interessante que
seja reduzido o atrito entre a massa e a mola. A vibração
do Mestre Jesus é o agente que reduz esse atrito. Todo
ano se aproxima de forma mais expressiva para nos lembrar da importância do nosso ideal.
Somos todos elementos de uma orquestra desafinada,
em que o regente é paciente e nos espera pelo verdadeiro
interesse em executar a música Divina que o Criador nos
preparou e nos legou como objetivo final. Devemos buscar um novo diapasão, onde um sentimento rico, comum
a todos, perdure todo o ano. Há de chegar o dia em que
em todo o planeta, durante todo o ano, será Natal. Não o
Natal das compras, mas o Natal da Solidariedade Cristã.
O mestre Jesus estará mais próximo de nós e a sua vibração não será um evento único, continuará especial, mas
será diário. O mundo não mudará sem nós, a Reforma
Íntima que prega a nossa querida Doutrina Espírita é um
elemento crucial para mudarmos a psicosfera e sua assinatura energética. Vamos mudar o mundo, começando
por mudar a nós mesmos.
"Antonio Carlos Siqueira Lima é doutor em engenharia
elétrica e expositor espírita (RJ).

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