Ribeira Quente

Transcrição

Ribeira Quente
Vol.5 Nº1
OUTUBRO DE 2009
Director: Mario Carvalho
Ribeira Quente
EDITORIAL
O Açoriano
EDIÇÕES MAR
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REDACÇÃO:
Sandy Martins
COLABORADORES:
Debby Martins
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CORRESPONDENTES:
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Jorge Rocha
Roberto Medeiros
FOTOGRAFIA:
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Ricardo Santos
José Rodrigues
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Humberto Tibúrcio
INFOGRAFIA:
Sylvio Martins
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O Açoriano
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Homens da minha Terra
Com o apoio da Associação Quebequente, O
Açoriano leva, nesta edição, os seus leitores a visitarem a Ribeira Quente, freguesia do concelho
da povoação, Ilha de São Miguel.
Os Homens da Terra têm sido muitos que pela
sua braveza têm vencido os ventos e temporais,
têm navegado o mar do Oceano Atlântico, por virem duma terra virada para o mar aonde a maioria
dos homens dedicam-se à pesca.
Muitos deixaram a aldeia pequenina e o imenso
mar, rumando a outras terras, envergando por outros caminhos e destinos.
O professor Linhares Furtado, cirurgião açoriano pioneiro dos transplantes em Portugal (nos
anos sessenta), é de pais eram naturais desta freguesia.
O deputado açoriano Noé Venceslau Pereira Rodrigues, nasceu na freguesia da Ribeira Quente a
14 de Fevereiro de 1956.
João Vieira Jerónimo Grande, impulsionador do
folclore Açoriano, director e ensaiador do Grupo
Folclórico de Santa Cecília (Fajã de Cima), foi de
uma tal importância para o povo da Fajã de Cima
que o homenagearam dando o seu nome a uma
das ruas da freguesia.
Mas as gentes da Ribeira Quente, talvez por causa do isolamento que viveram ao longo de muitos
anos, foram sempre um povo muito alegre e divertido.
O livro “Cantigas do povo dos Açores” faz questão de mencionar que aos domingos e nas festas
familiares tais como a matança do porco bailhavam em sítios combinados por rapazes e raparigas, rodeados pelos mais idosos pais, mães, vizinhos que aproveitam uma “brechazinha” para
um mata saudades do tempo da juventude. O livro
também menciona que um destes lugares em São
Miguel é a Ribeira Quente para além da Ponta
Garça, Lomba da Maia, Salga e Agua Retorta.
Os homens e mulheres desta terra quando emigraram levaram consigo esta paixão pela música,
e alegria de viver, muitos deles cantando e alegrando as festas das comunidades aonde residem.
Alguns até ultrapassaram as fronteiras do país
aonde residem.
O Açoriano
Nos Estados Unidos, Eduardo é um exemplo disto, mas é na região de Toronto no Canada onde
esta vocação de cantar, mais se manifestou.
Os irmãos Lino Rego e o Mário Marinho, o Grupo de Amizade, o improvisador de cantigas ao
desafio Gil Rita são exemplos, mas aqueles que
foram mais longe foram os membros do Conjunto
Starlight que este ano festeja 25 anos de carreira.
É o melhor grupo musical luso da actualidade.
Foi em Setembro de 1984 que actuaram pela primeira vez em Toronto, a maioria dos membros são
naturais da Ribeira Quente, Luís Furtado, baixo,
Danny Vieira, bateria, Francisco Furtado, teclas e
Tony Melo, voz.
Só o Francisco desistiu do conjunto, os outros
continuam a actuar juntos já lá vão 25 anos.
Sem duvida alguma o grande responsável por
grande parte do sucesso do grupo é o cantor e
compositor Tony Melo, pelo seu profissionalismo,
veia poética e uma voz carismática.
E uma das grandes características do conjunto é
alegria das suas cantigas que contagia as assistências por aonde têm actuado e as musicas que têm
gravado no decorrer da sua existência.
Rara é a família portuguesa que nunca ouviu
ou não tenha em casa música do Starlight, e entre as numerosas canções, há sempre uma homenagem aos Açores e a Portugal, sem esquecerem a sua terra de origem Ribeira Quente,
como nas canções que o Tony compôs: Ruas da
Minha Aldeia, Ribeira Quente, Se o céu existe a
minha terra é o céu e Festa do Chicharro.
O conjunto Starlight, actuou pela primeira vez
em Montreal no dia 16 de Setembro de 1995 no
casamento de Debby e João. Depois, têm vindo a
Montreal todos os anos. Para além das actuações
na América do Norte, já actuaram em algumas
ilhas dos Açores, no Continente a recentemente na
Africa do Sul. Hoje o Starlight não são homens da
nossa terra mas de todas as terras do mundo aonde
vive um português.
Foi esta alegria de cantar que muitas vezes
venceu a tristeza da saudade daqueles que partiram, com vontade de ficar.
GENTE DA TERRA
Haja Saúde para não perder!
Mario Carvalho
Chove lá fora, as árvores estão despidas, folhas pelo chão, o frio já chegou, e
em Montreal já se viu neve a cair e gelo
no para brisas, já não há flores no jardim,
nem crianças a brincarem na rua, deixaram de brincar ao ar livre, refugiaramse no interior da casa, instalaram-se em
frente ao televisor e do computador. Os idosos abandonaram
os bancos do jardim, instalaram-se por detrás da janela para
verem o Inverno chegar.
Queria partir, para não ver chegar o Inverno, amigos pediram-me para não abandonar ‘’O Açoriano’’ hoje faz parte
das nossas vidas, muitos o adoptaram, e esperam todos os
meses como antigamente, uma mãe
esperava a carta do filho que estava
emigrado, na expectativa de saber
novidades, para muitos idosos é o
único companheiro que lhes resta
e que fala da sua terra, das festas e
procissões.
Será Outono ou Inverno? O Outono
no Canada é mais frio que o Inverno
nos Açores! Nesta altura do ano parecemos um exército que se prepara
para ir à guerra, com medo de não
ser apanhado desprevenido pelo inimigo!
Tudo tem que ser bem estruturado,
de maneira a não nos faltar nada para
o Inverno, porque ele é rigoroso e
não perdoa, preparamos o agasalho,
casaco, botas, chapéu, luvas. Em
casa, pá para limpar a neve, lenha
para a lareira, fechar e isolar as janelas, arrumar o grelhador, cadeiras
e mesa do pátio, vazar a água da piscina etc.
O carro, pneus de Inverno, vassoura para limpar a neve,
raspador para o gelo, água para o para brisa com capacidade
de resistir ao frio até aos 40 graus negativos, instalação do
abrigo de Inverno para o carro. Vinho novo na adega!
Mas não só o Inverno nos preocupa neste momento, até a
selecção portuguesa de futebol também nos preocupa porque continuamos sem saber se vamos ou não ao mundial que
se realiza em 2010 na Africa do Sul.
E nos preocupamos porquê?
Porque todos nós adoramos a selecção de Portugal, é ela
que alimenta as nossas raízes, foi ela que nos últimos anos
ensinou aos nossos filhos as cores da nossa bandeira e fez
nascer neles o orgulho de ter sangue português.
E para nos chatear ainda mais, veio o Bruxo espanhol
‘’PEPE’’, jurou fazer feitiço para que o melhor jogador do
mundo, Cristiano Ronaldo, ficasse lesionado. Feitiço ou não,
o que é certo é que Cristiano está lesionado, não se sabe se
vai recuperar a tempo de jogar os dois jogos decisivos para
o apuramento da selecção, iremos defrontar a selecção da
Bósnia nos dias 14 e 18 de Novembro próximos, quem ganhar vai ao mundial, quem perder fica em casa. Por ironia
do destino, Cristiano após ter sido criticado injustamente,
de não jogar tão intensamente na selecção como faz nos clubes aonde tem jogado Manchester United e presentemente
Real Madrid, no último jogo que jogou fez o passo para o
primeiro golo de Portugal aos vinte e poucos minutos da primeira parte marcado por Simão contra a Hungria. Golo este
que abria as portas para a tão desejada vitória para podermos
manter viva a esperança de conseguir-mos alcançar o segundo lugar. Passados alguns minutos,
Cristiano Ronaldo foi substituído,
não consegue continuar em campo, a
lesão agravou-se, no banco cumprimenta todos os colegas, talvez tenha
medo da critica maldosa e mal honesta de alguns portugueses que não
sabem apreciar quem tão longe e tão
alto tem levado o nome de Portugal.
Um Ferrari em piso terreiro não
rende tanto como em piso de asfalte,
nem as estrelas no céu brilham todos
os dias.
A selecção portuguesa tem jogado
um sistema defensivo, com três centrais em campo, este sistema não beneficia aos atacantes e tira brilho às
estrelas.
Qual o país do mundo que não gostaria de ter um Ronaldo na sua equipa?
Deveríamos ter mais respeito e admiração por aquilo que é nosso, porque o dia em que se for embora como
aconteceu com o Pauleta é que iremos reconhecer o seu real
valor e a falta que ele nos faz, e para parecerem bonzinhos
faz-se homenagens e dá-se prémios.
O Ronaldo não deve nada a Portugal, foi com muito esforço
e trabalho que ele chegou aonde chegou. Portugal e todos os
portugueses é que devem muito ao Ronaldo e deveriam lhe
enviar a cada momento palavras de encorajamento para que
ele seja cada vez mais a estrela portuguesa que mais brilha
no mundo do futebol, dizendo Obrigado por tudo o que tens
feito pela nossa nação ele é um ídolo para os jovens.
Vamos esperar para ver enquanto o Inverno não chega se
vamos ou não ao Mundial, com ou sem Cristiano Ronaldo, o
Inverno será muito mais frio se não nos qualificarmos, morrendo o sonho de içar a nossa bandeira no coração de muitas
crianças.
Haja Saúde para vencer.
O Açoriano
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AS NOSSAS RAÍZES
Freguesia de Ribeira Quente
RIBEIRA QUENTE é uma freguesia portuguesa do concelho da Povoação, com 9,88
km² de área, 798 habitantes (2001) e densidade de 80,8 hab/km². Localiza-se a uma latitude 37.7733 (37°44’) Norte e a uma longitude
25.3 (25°18’) Oeste, encontrando-se quase ao
nível do mar. Tem como fronteiras, a norte a
herdade de José do Canto, as terras da misericórdia de Furnas e Pico dos Bodes. A sul o mar, a nascente a Ribeira do
Agrião e a poente a Grota do Tufo. No seu
aspecto físico, dois grupos habitacionais
são bem visíveis: o lugar da Ribeira e o do
Fogo. Quanto ao primeiro, e como o próprio nome indica, situa-se na convergência da Ribeira dos Tambores com o mar.
Este local caracteriza-se pela existência
do porto de pesca e seus complexos adjacentes. Quanto ao local do Fogo, situa-se
nos arredores da actual igreja paroquial de
São Paulo, edificada de 1911 a 1917. Existe aí uma pequena baia na qual se situa um
pequeno areal: a Praia do Fogo. A existência de nascentes hidrotermais submarinas
torna a água do mar tépida.
O enquadramento paisagístico da Freguesia foi sendo alterado com o decorrer dos
séculos. Em 1588 um grande desmoronamento de terras num monte circundante ao Vale das Furnas,
provocado por intensas chuvadas, veio acrescentar muita
terra à Ribeira Quente. Outro acontecimento de grande relevância para a formação da Freguesia foi a erupção vulcânica
de 2 de Setembro de 1630, em Furnas, que trouxe consigo
enormes quantidades de terra e pedra que vieram ganhar terreno ao mar fazendo com que se pudesse passear a pé em
locais onde outrora passavam barcos e navios à vela.
1839 – A Ribeira Quente é tornada parte integrante do
Concelho da Povoação que faz um caminho rudimentar – O
Caminho do Redondo, que foi o primeiro feito propositadamente para servir o povo de Ribeira Quente.
Mas, afinal, quem foram aqueles que formaram a comunidade sedentária deste lugar?
Qualquer tentativa para encontrar esta enigmática origem
não pode passar além do campo das suposições, a não ser
que, por mero atrevimento ou veleidade, alguém possa tirar
algumas ilações daquilo que neste trabalho já foi dito.
O povo desta comunidade, posta de parte a faceta veraneante, surgiu pobre e viveu pobre no percurso da sua história
agora largamente contada.
Se entrarmos no campo das suposições, baseando-nos em
aparências físico-fisionómicas, podemos dizer que o segundo maior grupo étnico da Ribeira Quente, (os Regos) quer
pelo seu moreno escuro, quer pelo seu comportamento e
compleição, podiam ter tido algo a ver com os Sousas, Arrudas e Monteiros de Santa Maria; com os Botelhos e Bentos
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O Açoriano
de Vila Franca e Povoação Velha, ou mesmo com os Resendes e Bentos do Faial da Terra.
Mas os PEIXOTOS DA RIBEIRA QUENTE, aquele imenso clã que sempre se identificou com o mar e só com o mar?...
Da compleição física entre o mediano e o alto, de temperamento arrebatado e de abarroada discussão que logo se
tornava pacífica, era uma gente muito bonita, tanto homens
como mulheres. Com uma pele sardento-rosa-avermelhada,
de olhos de um azul vivo e, muito demarcados de qualquer
outro tipo de gente – como aquela que se
fixou entre a Relva e a Bretanha, mas que
nenhum historiador mencionou ou identificou para não ferir a susceptibilidade
histórica – os Peixotos da Ribeira Quente
eram prolíferos e bravos no mar.
As mulheres daquele clã eram uma espécie de mulheres guerreira, por vezes
de altura desmarcada. Quer no trabalho
doméstico, quer no do campo ou outros,
pelo seu poder físico chamavam-nas de
bestas de carga!
Fundamentalmente, os Peixotos da Ribeira Quente foram o protótipo perfeito
de gente nórdica.
1965 – Neste ano atingiu-se o ponto culminante da história populacional da Ribeira Quente, 2421 habitantes.
Uma das grandes obras de engenharia terão sido os dois
Túneis, sendo o primeiro inaugurado em 1936 e o segundo
quatro anos depois.
Como grandes factores de desenvolvimento Económico/Social da Freguesia temos os melhoramentos da estrada entre
Ribeira Quente e Furnas e os sucessivos empreendimentos
de melhoramento no porto de pesca. No entanto, a elevação
da Ribeira Quente a Freguesia, a 24 de Junho de 1943, com
uma população na altura de 1800 habitantes, foi um passo
decisivo para este desenvolvimento.
HOMEM DA TERRA
Gil Rita
O Açoriano
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CRÓNICA
Saiba mais sobre a linhaça
A linhaça (ou sementes de linho) é
uma excepção do reino vegetal, por
conter uma apreciável quantidade de
gorduras ómega-3. É a principal fonte
de linhanos da alimentação Só terá a
ganhar se a incluir diariamente na sua
alimentação.
A maioria das sementes é utilizada na
alimentação em quantidades tão pequenas que, mesmo sendo um alimento
de grande valor nutritivo, adicionam
pouco valor à alimentação. No entanto, existem outras sementes que podem
ser usadas em maiores quantidades,
contribuindo dessa forma com quantidades significativas de vitaminas, sais
minerais, fibras, proteínas e gorduras
insaturadas.
As sementes de linho (ou linhaça) podem ser facilmente adicionadas à alimentação, com todos os benefícios que
daí advêm. Adicione 1 a 2 colheres de
sopa diariamente aos cereais de pequeno-almoço, nos iogurtes, saladas, bolos
e em todos os alimentos que quiser.
A linhaça existe sob 2 formas principais, a dourada e outra mais escura.
Escolha linhaça biológica e conserve-a
num recipiente fechado e afastado da
luz directa do sol.
As sementes de linho são a fonte
mais rica de um tipo de fitoestrogénio
conhecidos como linhanos. Tal como
no caso das isoflavonas da soja, os linhanos possuem uma fraca actividade
estrogénica e antiestrogénica, e são estruturalmente semelhantes ao estradiol
(hormona)
Diversos estudos têm sugerido que os
linhanos podem interferir no desenvolvimento de cancro da mama, da próstata, do cólon, entre outros.
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O Açoriano
Além do seu potencial uso na prevenção do cancro, pesquisas preliminares
sugerem que os linhanos possam ter
um papel na diminuição do colesterol,
na prevenção da aterosclerose e tratamento dos sintomas da menopausa.
Outra das componentes da semente do
linho é o seu óleo, que apresenta quan-
um importante papel na prevenção das
doenças cardiovasculares.
O elevado teor de fibras das sementes
de linho é bem conhecido. Os polissacáridos – gomas e mucilagens- das sementes de linho, podem ter valor nutricional como fibra dietética, que parece
desempenhar um papel importante na
tidades muito elevadas de ácido gordo
essencial ómega-3, e quantidade apreciável de ómega–6.
Centenas de estudos já provaram que
os ácidos gordos ómega-3 podem baixar os níveis de triglicéridos e de colesterol no sangue, desempenhando assim
redução da diabetes e do risco de doença cardiovascular, na prevenção dos
cancros do cólon e do recto e reduzindo
a incidência de obesidade. As sementes de linho podem também ajudar no
funcionamento regular dos intestinos,
evitando a prisão de ventre.
UM POUCO SOBRE NÓS
Gripe A (H1N1): 10 perguntas
sobre a vacina
Nancy Martins
1. Devo receber a vacina ?
No Quebeque, a vacina será dada a todos os
que quiserem recebê-la, mas não será obrigatória. As autoridades públicas encorajem a
população a receber a vacina, mas a decisão
é pessoal.
2. Quem a receberá primeiro ?
Todos não receberão a vacina ao mesmo tempo. Tendes aqui
a ordem de prioridades que poderá ser modificada segundo a
evolução da pandemia :
1. As pessoas de menos de 65 anos que sofrem de doenças crónicas.
2. As mulheres grávidas.
3. As crianças de entre 6 meses e 5 anos.
4. Os residentes de localidades distantes e isoladas.
5. Os que trabalham no meio da saúde.
6. As pessoas que residem com pessoas a alto risco mas
que não podem receber a vacina.
7. As crianças e adolescentes de 5 a 18 anos.
2. Os polícias e bombeiros.
3. Os trabalhadores das industrias avícolas e porcinas.
4. Os adultos de 19 a 64 anos.
5. Os adultos de 65 anos e mais.
3. Que contem a vacina?
Para além dos antígenos da cepa 2009 da gripe A (H1N1),
a vacina contem igualmente um aditivo e um agente de conservação. O aditivo escolhido para a vacina canadiana é o
AS03, uma substância essencialmente composta de vitamina
E permite realizar economias apreciáveis sobre a quantidade
utilizada, o que facilita a imunização de um grande número
de indivíduos o mais rapidamente possível. A utilização dum
aditivo pode também dar uma protecção cruzada contra a
mutação do antígeno. Os aditivos não são novos, são utilizados desde várias décadas para estimular a reacção imune
às vacinas, mas o uso de aditivos com vacinas contra a gripe
nunca tinha sido aprovado anteriormente no Canadá. A vacina canadiana contem igualmente um agente de conservação
à base de mercúrio chamado thimérosal (ou thiomersal) que
serve para prevenir a contaminação da vacina por agentes
infecciosos que provêm da proliferação bacteriana. A vacina
comum contra a gripe sazonal e a maior parte das vacinas
contra a hepatite B contêm esta substância estabilizadora.
4. A vacina com aditivo é segura para as mulheres grávidas e as crianças?
Não existem dados fiáveis sobre a vacina com aditivo nas
mulheres grávidas e nas crianças de 6 meses a 2 anos. As
autoridades do Quebeque escolheram então oferecer às mulheres grávidas e às jovens crianças uma vacina sem aditivo,
por medida de segurança.
5. Quais são os efeitos secundários da vacina ?
Os efeitos secundários da vacina antigripal são geralmente
ligeiros e limitam-se a dores benignas onde a agulha penetrou na pele do braço, ligeira febre ou ligeiras dores durante
os 2 dias que seguem a imunização. Para a vacina da gripe A (H1N1) 2009, os ensaios clínicos em curso no Canadá
não estarão completados no momento em que irá começar
a campanha de imunização maciça, mas as autoridades de
saúde consideram que os riscos de efeitos secundários graves são muito mínimos. Nas regiões do mundo em que as
campanhas de vacinação já começaram, poucos efeitos se-
cundários foram notados.
6. Quando poderei receber a vacina ?
A campanha de vacinação contra a gripe A (H1N1) foi planeada para o início do mês de Novembro de 2009. No entanto, as autoridades poderiam começar a oferecer a vacina
mais cedo que previsto. A campanha de vacinação deveria
prosseguir-se até ao fim de Dezembro.
7. Onde poderei receber a vacina ?
Várias clínicas de vacinação serão abertas em todas as regiões do Quebeque. Um grande número de pessoas poderá
assim receber a vacina num curto lapso de tempo.
8. Tenho de pagar para receber a vacina ?
Não, a vacina será grátis para todos os canadianos.
9. Quando irei receber a vacina contra a gripe sazonal?
Para dar prioridade à vacinação contra a gripe A, a campanha de vacinação contra a gripe sazonal será adiada ao mês
de Janeiro de 2010.
10. Como posso obter mais informações ?
Para mais informações e para conhecer a evolução da pandemia, consulte os seguintes sites :
www.pandemiequebec.gouv.qc.ca
www.phac-aspc.gc.ca
www.passeportsante.net
O Açoriano
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fé de um povo
A alegria do povo é
que faz a Festa!
Pelo 13º ano consecutivo, realizou-se em Montreal no dia
26 de Setembro passado o Convívio em honra de São Paulo
da Ribeira Quente, sendo o 12º promovido e organizado pela
Associação Saudades Da Terra Quebequente.
O primeiro convívio ocorreu no dia 28 de Setembro de 1986
e foi organizado pelo empresário Luís Arruda com a colaboração de um grupo de
amigos oriundos da Ribeira Quente.
Depois de então e após a sua fundação,
a “Associação Quebequente” tem sido responsável todos os anos de organizar este
convívio. De ano para ano, este evento tem
sido um grande sucesso, esgotando a venda
dos bilhetes semanas antes, fazendo com
ano após ano. Este convívio deixou de ser da Ribeira Quente
mas sim de toda a comunidade de Montreal e para além dos
portugueses, também de alguns francófonos.
Quem assistiu pode testemunhar a grande alegria que se viveu durante o serão, é uma festa alegre, com muita luz e som
e a presença de muitos jovens.
Com uma sala muito bem decorada, boa
comida servida com abundância, muita
animação, a festa este ano contou com actuação dos artistas locais Fátima Miguel,
Eddy Sousa, DJ Jef Gouveia e vindo directamente de Toronto, o conjunto Starlight, o
mais consagrado grupo musical português
da actualidade na América do Norte que
que muitas pessoas reservem o seu lugar de um ano para o
outro para terem a certeza de não falharem a sua já habitual
presença. É sinal que têm confiança neste organismo e na capacidade dos seus responsáveis em fazerem sempre melhor
comemora este ano o 25º aniversário da sua fundação.
1765 - Foi erguida a primeira ermida de São Paulo por gente de Vila Franca, Concelho ao qual pertencia o lugar de Ribeira Quente na altura.
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O Açoriano
fé de um povo
1796/98 – É edificada a segunda ermida de São Paulo visto
que a primeira se tornara insuficiente e ia-se arruinando cada
vez mais devido à sua proximidade do mar.
No livro do Tombo da igreja paroquial da Ribeira Quente encontra-se
registada a: “notícia circunstanciada
da estadia do Senhor Bispo nesta freguesia”, por ocasião de uma visita pastoral que integrou a Bênção da Nova
Igreja, Festa de São Paulo, ordenação
de Presbítero e Unção de Via-Sacra,
nos dias 22, 23 e 24 de Setembro do
ano 1917.
A narrativa é bastante longa e pormenorizada, mas podemos sintetizá-la no
essencial.
Começa por descrever a maneira solene como 12 embarcações bastante
engalanadas foram à Vila da Povoação
receber o Sr. Bispo D. Manuel Damasceno da Costa.
É recebido triunfalmente na Ribeira Quente com todos os
requintes solenes de uma Visita Pastoral, que iniciava no dia
22 com a Bênção da nova Igreja Paroquial do Apóstolo São
Paulo “que levara seis anos a construir”.
Não se sabe ao certo se outras festas em honra do padroeiro já se tinham celebrado anteriormente, mas é de supor
que sim pelo facto da Visita Pastoral ter sido programada
para o “ último fim-de-semana” de Setembro. As outras paróquias da Ouvidoria da Povoação, por serem mais antigas,
já tinham preenchido os Domingos privilegiados de Verão.
Escolheram esta data pela vantagem que trazia em coincidir
com o tempo das colheitas e também com o quase terminus
da safra das pescas do atum e bonito.
1956 – O povo inteiro da Ribeira Quente vem à praia des-
pedir-se do seu padroeiro São Paulo que escoltado por 27
barcos faz a travessia num deles entre a Ribeira Quente e a
Vila da Povoação para participar nas comemorações do Centenário da Igreja Matriz.
Os tempos mudaram com o significativo abandono das
terras devido ao forte surto migratório que se alongou até
aos nossos dias; com o aparecimento das festas populares
do “Chicharro”, implantadas no coração do mês de Julho,
época mais propícia à presença dos emigrantes em férias e
pela afluência dos veraneantes e frequentadores acérrimos
da praia.
Devido a tão consideráveis mudanças foi lançado inquérito
à população, se perante vantagens de monta gostariam de
mudar as festas de São Paulo para o mês de Julho. Foram
peremptórios em concluir que “Não”!
Por isso, embora de Verão a Ribeira
Quente seja muito visitada pelos seus
emigrantes, devido ainda à tradicional
índole acolhedora do seu povo, à confortante e agradável orla marítima,
ao conjunto paisagístico do azul do
mar, do verde da montanha e casario
branco, ao feiticeiro porto e relaxante praia, às festas do Chicharro que
concentram multidões, o certo é que
o povo não quis abdicar da marcante
data tradicional das festas de São Paulo, na última semana de Setembro.
Na mesma data a Associação organiza em Montreal o convívio em honra do padroeiro da sua freguesia, o
Apostolo São Paulo.
O Açoriano
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CRÓNICA literária
V Semana cultural Açoriana
A casa dos Açores do Quebeque organizou a quinta Semana cultural Açoriana, com o tema ‘’Herança para os jovens’’
entre os dias 19 e 24 de Outubro.
Com um programa muito bem recheado aonde ao longo de
toda a semana vários convidados vindos dos Açores e também locais participaram nas conferencias, debatendo muitos
temas da actualidade.
A abertura da semana cultural teve inicio na segunda-feira,
dia 19, com a execução do Hino dos Açores, de seguida o
presidente da Casa dos Açores do Quebeque, Sr. Damião
Sousa, usufruiu da palavra, dando as boas vindas a todos,
na expectativa que ao longo de toda a semana as pessoas
venham participar na semana cultural açoriana. De seguida
foi inaugurada a exposição de pintura e artes plásticas, com
o tema ‘‘Alegria’’ da autoria de Silva Ferreira, Cândida Cordeiro, Laura Ferreira, Maria Arruda e Viò.
No decorrer da semana, foram convidados a participar, a
fazer uso da palavra e a dar conferencias, Álamo Oliveira,
representante da Direcção Regional das Comunidades do
Governo Regional dos Açores, o deputado da assembleia legislativa do parlamento Açoriano Dr. António Pedro Costa,
com o tema ‘’Alimentar as Raízes’’, reverendo padre Jason
Reis Oliveira, nascido em Montreal, pároco da igreja de Ponta Garça São Miguel, Dr. José Morais, Dra. Lucília Santos,
Sr. Duarte Miranda, e o convidado de honra o conferencista
Eng. Bruno Pacheco, Director Regional da Juventude da Região Autónoma dos Açores.
Na sexta-feira, como é tradição, o serão foi animado pela
prata da casa, com a actuação do Grupo de ‘’Cantares Recordações’’ da Cacorbec.
A numerosa assistência presente também teve a ocasião
de assistir a algumas danças de ballet com Tania Michelle
Contente, neta de um dos fundadores desta Casa Sr. Manuel
Contente, que estava presente na sala, nos seus olhos dava
para ver um brilho de alegria e orgulho ao ver pisar o chão
daquele salão com passos de dança a sua neta, talvez na sua
mente pairava a seguinte frase ‘’valeu a pena tanto trabalho e
esforço para fundar a Casa dos Açores do Quebeque’’.
De seguida foi a encenação ao vivo do famoso quadro ‘’O
Emigrante’’ que foi de uma grande mestria os participante
vestidos ao rigor da época, desfilaram um a um pelo centro
da sala, expressando no rosto a dor e o sofrimento que ia
na alma do Açoriano na hora da despedida, e dos familiares que lá ficavam sem saberem qual o dia que voltariam a
encontrar-se, quando se juntaram no palco era realmente o
retrato ‘’O Emigrante’’.
10 O Açoriano
“Herança para os jovens’’
A alocução e descrição das personagens estiveram a cargo
de Mercês Resendes dos Reis, que proferiu entre outras as
seguintes palavras:
O quadro do emigrante foi pintado em 1926 pelo grande
pintor Açoriano Domingos Rebelo, natural de Ponta Delga-
da.
“Esta obra é um documento importantíssimo para todos
nos, mas, principalmente para que os jovens de hoje possam
compreender o que se passou com a saída dos seus antepas-
CRÓNICA literária
sados para um mundo novo, Canada, América e Brasil.”
O serão terminou com as já tradicionais cantigas ao improviso entre os cantadores Manuel de Fátima e João Vital. Dá
para ver que o povo gosta de apreciar cantigas ao desafio,
marca presença, faz silencio e bate palmas mesmo se os protagonistas são amadores, valia a pena que se repetisse mais
vezes sem ter de pagar caro para vir cantadores de fora.
A semana cultural culminou no sábado com o jantar de gala
em comemoração do 31º Aniversario da Cacorbec, depois do
jantar houve tempo e gosto para dançar ao som da animação
musical do DJ Jeff Gouveia.
Parabéns casa dos Açores por mais um ano de vida e que
se repitam por muitos mais anos, os jovens açorianos não se
esqueçam que são os herdeiros desta Casa, e para garantirem
um futuro nada melhor que começarem desde já a conhecer
os cantos da casa, e a sua razão de existir, o futuro começa
agora e ele está nas vossas mãos.
O Açoriano 11
COMUNIDADES
Novo ano lectivo arranca na Lomba
do Loução com escola renovada
A Câmara Municipal da Povoação inaugurou no dia 14 de
Setembro, a coincidir com o primeiro dia do novo ano lectivo,
as obras de remodelação e ampliação da Escola do 1º Ciclo da
Lomba do Loução, cujo investimento rondou 600 mil euros;
uma das maiores obras feitas nesta freguesia
pela Câmara Municipal.
Na altura, o Presidente da Câmara afirmou
que era uma preocupação de toda a comunidade educativa transformar “este espaço que
já ameaçava ruir num de excelência como o
que hoje aqui vemos” e acrescentou que provavelmente não há nos Açores nenhum concelho que tenha um parque escolar reabilitado
com excelentes condições como o do Concelho da Povoação. Segundo o mesmo, foi uma
obra realizada de plena justiça, pelas crianças
e pelos professores “porque entendemos o valor que a Educação tem no papel dos homens de amanhã”.
Por sua vez, o Presidente da Junta disse que aquela era uma
obra carismática há muito reclamada pela Junta a quem a
Câmara soube ouvir para levar por diante o projecto agora
concluído. Foi também nesta cerimónia de inauguração que
o Presidente da Junta disse ter adquirido uma carrinha para o
transporte dos alunos que vêem da Lomba do Alcaide, tendo
igualmente oferecido à escola obras didácticas para a biblioteca, ferramenta de trabalho indispensável aos professores.
Relativamente à outra escola que fechou na Lomba do Alcaide, por imposições governamentais, Francisco Álvares disse
que será transformada num centro social onde haverá espaço
para os mais novos e para os mais idosos. A nova escola, que
tem 68 alunos, é composta por sete salas de aulas, uma sala
para os professores, uma sala de atendimento, uma cozinha e
refeitório, zona de recreio, sala de ginástica, arrumos, dispensa e outras áreas técnicas e sociais, instalações sanitárias para
professores, auxiliares, deficientes, rapazes e raparigas.
Testemunho da Consul de
Portugal em New Bedford
Roberto Medeiros
Vice-Presidente da Câmara da Lagoa
Ao longo dos últimos quatro anos à frente
do Consulado de Portugal em New Bedford,
tive ocasião de testemunhar de perto a forte
aposta da Câmara Municipal da Lagoa em
acções de divulgação e intercâmbio cultural
na Nova Inglaterra.
Estas acções tiveram o mérito de não apenas cultivar e dinamizar a relação do município com os seus naturais que fixaram
residência nesta região Estados Unidos da América, mas também de promover a cultura e tradições portuguesas, mormente os traços específicos da identidade
cultural açoriana, junto das comunidades americanas que foram acolhendo as iniciativas em que o
município lagoense se empenhou em participar.
As mostras de artesanato por ocasião das maiores festas portuguesas destas comunidades, assim
como as exposições de presépios tradicionais, e
ainda as parcerias estabelecidas com o Museu da
Caça à Baleia de New Bedford, o Bristol Community College, as escolas secundárias da região, e
12 O Açoriano
as Mansões de Newport, constituíram contributos relevantes
para a promoção da imagem de Portugal, das suas comunidades e da cultura portuguesa nos Estados Unidos.
Não será pois de admirar que, fruto de uma política agressiva
de apoio e proximidade às suas comunidades desenvolvida ao
longo dos últimos dez anos, seja hoje possível admirar a força
do vínculo das comunidades lagoenses ao seu município de
origem, que se traduz, nomeadamente, numa atenção muito
próxima e solidária às necessidades de várias instituições de
relevo na Lagoa, e na congregação de esforços e angariação
de meios para ajudá-las a ultrapassar as suas dificuldades.
Será justo sublinhar de forma particular a capacidade de iniciativa e o empenho pessoal do Senhor
Roberto Medeiros, Vice-Presidente da Câmara Municipal da Lagoa, que tem sido o rosto desta estratégia de ligação e divulgação da Lagoa junto das suas
comunidades.
A resenha ora publicada é, assim, o mais eloquente testemunho do sucesso e eficácia da política para
as comunidades e de divulgação cultural do município da Lagoa.
Ano de 1946 – pesca do
alto mar e tragédias
Incentivados pelas boas
perspectivas lançadas ao
tempo pelo industrial Lori, e
aproveitando não só a experiência alcançada por alguns
velhos sábios pescadores do
porto da Ribeira Quente, que
estiveram ou estavam ao serviço de algumas embarcações
de pesca do bonito e atum, do
referido industrial dos lados
de Santa Clara ou Nordela,
mas também a certeza de que
arranjariam facilmente tripulações na Ribeira Quente,
dois comerciantes desta localidade investiram nesse tipo
de embarcações motorizadas,
porque o futuro parecia ser
promissor.
António Inácio Flor de
Lima, homem empreendedor, juntando-se a Manuel
Pacheco de Medeiros Júnior,
da Vila da Povoação, mandou
fazer uma embarcação idêntica às do Lori, mesmo na
Ribeira Quente, visto que já
ali existiam dois valiosos carpinteiros-calafates, o Sousa e
o Horácio, ambos com vastos
conhecimentos de construção
de barcos de pesca artesanal.
O outro comerciante foi
Luiz Linhares de Deus. Estes, de parceria com o muito experiente lobo-do-mar
da localidade, José Narciso,
também se lançaram na mesma senda.
Este tipo de embarcações
veio, de certo modo, revolucionar os velhos costumes
UM OLHAR
dos pescadores da Ribeira
Quente, porque lhes abria a
porta para a pesca em mar
largo.
No ano de 1946, depois de
já há muito exercerem este
tipo de pesca industrial, mais
chamada de pesca de alto
mar, estando estas duas embarcações nas imediações da
Ilha de Santa Maria, foram as
perto do “Calhau da Roupa”,
situado entre a Ponta do Marvão e o porto daquela ilha.
Por volta das dez horas da
manhã do dia 5, a outra embarcação, depois de uma
noite de odisseia, entrou espectacularmente na doca de
Ponta Delgada.
Morreram dezassete pescadores no porto de Vila do
avante.
A zona entre a Ribeira e o
Fogo (baia) ficou profundamente cavada e a praia desapareceu porque o mar continuou a buscar o espaço que
era seu.
1630 – Erupção Vulcânica no lugar hoje conhecido como o Vale das Furnas.
Após este cataclismo veio a
mesmas apanhadas por uma
tremenda tempestade – não
existiam meios de comunicação a bordo porque a navegação ainda dependia mais
do conhecimento dos mestres
das embarcações do que da
informação – que começou
na noite de 4 para 5 de Outubro deste acima referido ano.
A “Lancha do Narciso”
(sempre assim denominada),
com este velho timoneiro ao
leme, tentou fazer-se ao largo, mas foi impedida pela
força do vento e vagas. Tendo
sido arrastada na direcção do
litoral, veio a despedaçar-se
Porto, entre os quais Júlio
Bento do Couto, de 44 anos
de idade, casado na Ribeira
Quente.
No porto de Ponta Delgada, devido a esta tempestade, morreu esmagado entre a
muralha e o barco do Anhanha, outro filho da Ribeira
Quente, João Rita.
Também nessa noite de
tempestade a escola mista
conhecida como “Escola do
Saraiva” foi levada pelo mar,
assim como quase toda a muralha de protecção à mesma,
que também protegia o acesso à Ponta do Garajau e dali
formar-se no local da Ribeira
Quente uma comunidade sedentária.
1952 – A 26 de Junho esta
Freguesia é de novo atingida por uma forte catástrofe
sísmica que destruiu parcialmente a quase totalidade das
habitações existentes.
1997 – Na madrugada de 31
de Outubro deu-se o acontecimento mais trágico da
história desta Freguesia. Um
volumoso desabamento de
terra, na sequência de fortes
chuvadas, no local da Canada
da Igreja, (Baia) vitimou 29
pessoas.
O Açoriano 13
GASTRONOMIA
Salame de Chocolate
com Cereais
Ingredientes para 15 a 20 unidades
125 g de cereais de pequeno almoço; 125 g de açúcar; 100 g
de margarina; 50 g de cacau em pó; 1 ovo
Preparação:
Esmague grosseiramente os cereais de pequeno almoço com
as mãos para dentro de uma tigela. Junte o açúcar, a margarina cortada em bocadinhos, o cacau em pó e o ovo. Amasse
tudo com a mão até ligar os ingredientes. Com a ajuda de
papel vegetal, molde a massa obtida num rolo. Leve ao frigorífico enrolado no papel vegetal e deixe refrescar durante
algumas horas.
Baba de Camelo
com Pepitas Coloridas
Ingredientes para 4 pessoas
1 lata de leite condensado; 4 ovos; 150 g de drageias de chocolate coloridas
Preparação:
Tire o rótulo à lata de leite condensado e coza-a, coberta
com água, durante 1 hora num tacho ou durante 40 minutos na panela de pressão. Parta os ovos e separe as gemas
das claras. Bata as gemas até fazerem espuma e adicionelhes o leite condensado, batendo sempre. À parte bata as
claras em castelo bem firme e junte-as delicadamente no
preparado anterior, envolvendo-as a pouco e pouco. Distribua por tacinhas e leve ao frigorífico para refrescar bem.
Na altura de servir, enfeite com drageias de chocolate coloridas.
14 O Açoriano
Os Emigrantes
Merces Resendes dos Reis
O quadro do Emigrante foi pintado em
1926 pelo grande pintor açoriano Domingos Rebelo, natural de Ponta Delgada, Açores.
Esta obra é um documento importantíssimo para todos nós, mas principalmente para que os jovens de hoje possam compreender o que se passou com
a saída dos seus antepassados para um
novo mundo, “Canadá, América e Brasil”.
Era um mundo de sonho, de ilusões,
de esperança, era a procura de um mundo melhor, aonde poderiam encontrar
melhores condições de vida e sair de
pobreza a que estavam votados.
Este drama abrangia uma grande
maioria dos Açorianos. Era gente pobre, gente que trabalhava no campo ou
na pesca, gente cujo sonho era a emigração.
Ganhar dinheiro, ter uma vida melhor
para assim poderem fazer a carta de
chamada a mulheres e filhos, às noivas,
aos pais que tinham deixado.
As primeiras emigrações dos Açores,
foram para o Brasil com grandes promessas de terrenos e material para as
cultivarem. Foi um sonho no qual muitos Açorianos tiveram de despertar para
uma dura realidade. Os terrenos eram
a muitas milhas das povoações e material, não havia.
Seguiu-se a América, “fins de 1800”,
outro sonho, mas este mais positivo, ao
fim de uns meses enviavam para as famílias sacos com roupas com um cheiro característico, e assim as famílias
esperavam o dia da chegada da carta de
chamada para realizarem aquele sonho
em que todos tinham carro e os frigorifico estavam cheios de tudo o que era
bom.
No início de 1953, chegou a febre da
emigração para o Canadá.
As mesmas angustias, o mesmo sofrimento da separação, a mesma incerteza,
mas acima de tudo, a grande aventura.
Eles saíam radiantes, cheios de esperança, as esposas, noivas, mães, estas,
entrava-lhes o luto na alma. Voltariam
a ver o marido? O noivo manter-se-ia
fiel? A mãe voltaria a ver o filho? Tantas lágrimas, tantas saudades.
Nesta pintura, há um casal idoso, quem
sabe, algum pai que vem dizer adeus ao
filho que vai partir, a tristeza que se reflecte, poderíamos traduzi-la, ele vai-se
embora, talvez nunca mais o veremos,
mas a imagem que tem ao lado é para
entregar ao filho. É a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres e isto
dá-lhe aos olhos aquele brilho de esperança na grande fé do Esso Home, sim
o filho há-de voltar.
Há uma senhora que bem vestida, bem
CRÓNICA
parecida, cabeça bem levantada, nada
tem a ver com os pobres emigrantes,
talvez viesse trazer a criada que vem
despedir-se do noivo.
Uma criança, com o cesto dos peros,
talvez para o pai comer na viagem, são
os filhos que deixam atraz.
Os homens têm a esperança no olhar,
para eles é uma grande aventura, é a liberdade, é a fuga da pobreza.
As mulheres de lenços na cabeça e o
luto no coração.
Estas lágrimas, estas saudades, as despedidas na Doca de Ponta Delgada, o
quadro de Senhor Santo Cristo dos Milagres, a viola da terra, as malas de cartão, o vestuário das mulheres, da criança, e dos homens, o chapéu de chuva,
foram com grande sucesso reproduzidas pelo Pintor Domingos Rebelo na
celebre pintura O Emigrante.
O Açoriano 15
RECORDANDO
Quem são eles?
16 O Açoriano

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