ROSANA DECAT FRANCA

Transcrição

ROSANA DECAT FRANCA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
MESTRADO EM PLANEJAMENTO TERRITORIAL E
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
ROSANA DECAT FRANÇA
O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA
Salvador
2008
ROSANA DECAT FRANÇA
O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA
Dissertação apresentada à Universidade Católica
do Salvador como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Social, na Linha de
Pesquisa Territorialidade e Desenvolvimento
Social.
Orientador: Prof. Dr. Sylvio Carlos Bandeira de
Mello e Silva.
Salvador
2008
ROSANA DECAT FRANÇA
O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA
Dissertação apresentada à Universidade
Católica do Salvador, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Social.
Linha de Pesquisa: Territorialidade e
Desenvolvimento Social.
Área
do
conhecimento:
Planejamento
Territorial.
Aprovado em 23/04/2008
Banca Examinadora:
________________________________________________
Prof. Dr. Sylvio Bandeira de Mello e Silva (orientador)
UCSAL
____________________________________________
Prof. Dr. Mário Carlos Beni
USP
____________________________________________
Profa. Dra. Christine Nentwig Silva
UCSAL
____________________________________________
Profa. Dra. Iracema Reimão Silva
UCSAL
Salvador, 20 de julho de 2008
2008
ROSANA DECAT FRANÇA
O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE
SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Deus pela proteção e conquista.
Aos meus pais e minha avó Dorinha por tudo que sou.
Ao meu filho Daniel César pela determinação, dedicação e ajuda em
todas as horas.
Ao meu filho Rogério, pelo seu carinho, confiança e incentivo.
A minha filha Marcella, pela disponibilidade, compreensão e amor.
Ao meu marido Paulo Gabrielli, pelo acolhimento nas horas difíceis e
por me fazer acreditar que tudo é possível.
A minha amiga Carmélia Amaral, a minha eterna gratidão.
A minha netinha Gabriella, alegria da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Secretário do município de Cairú, Dr. Isaias Ribeiro pela contribuição
exaustiva para a concretização desse trabalho.
Agradeço a contribuição fraterna do Frei Hilton Botelho, Guardião do Convento de
Santo Antonio.
Agradeço ao meu querido e estimado professor Mario Beni pelo incentivo e
disponibilidade sem limites.
Agradeço a todos os professores do Mestrado em Planejamento Territorial e
Desenvolvimento Social em especial a professora Iracema pela sua ternura e amor
pela profissão e a professora Bárbara Christine Nentwig Silva pelo incentivo de
todos os dias e colaboração precisa nesta pesquisa.
Agradeço ao meu orientador professor Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva
pela paciência, atenção, compreensão antes e principalmente durante a pesquisa,
nas horas decisivas.
Agradeço a minha estagiária Michele Varjão pela sua ajuda incansável para a
conclusão deste trabalho.
RESUMO
Esta pesquisa investiga inicialmente os recursos históricos culturais da cidade de Cairu no
Estado da Bahia e as possibilidades que esses recursos podem proporcionar para o
desenvolvimento do turismo numa pequena cidade periférica, gerando ocupação, trabalho e
renda para os seus habitantes. Tenta-se orientar uma relação harmoniosa entre o turismo e a
cultura para que sítios e prédios históricos, monumentos e manifestações culturais sejam
trabalhados de forma responsável como produto turístico, levando em conta as tradições da
população e sua capacidade de acompanhar o processo.
Numa primeira etapa identifica-se o potencial turístico da cidade através da inventariação da
oferta turística, avalia-se a qualidade da oferta turística e analisam-se as possíveis perspectivas
para o desenvolvimento do turismo. Observou-se também a motivação dos jovens e a
organização de suas ações com vistas à participação na cadeia produtiva do turismo. Na
segunda etapa entende-se a segmentação do turismo com ênfase no turismo cultural. Na
terceira etapa, trabalha-se com a perspectiva de desenvolver os arranjos produtivos para
melhor organizar a cadeia produtiva do turismo e assegurar a sustentabilidade para a atividade
turística. Concluindo-se com a sugestão de um Plano Estratégico de Turismo para a cidade de
Cairu e roteiros turísticos integrados envolvendo as ilhas de Cairu, Boipeba e Tinharé.
Palavras-chave: turismo, cultura, patrimônio, oferta turística, sustentabilidade
ABSTRACT
This research investigates the historical resources of the city of Cairu in the State of the Bahia
and the possibilities that these resources can provide for the development of the tourism in a
small peripheral city. It is tried to guide a harmonious relation between the tourism and the
culture so that heritage, cultural monuments and manifestations are worked of responsible form
as tourist product, taking in account the traditions of the population and his capacity to follow the
process. One also observed the motivation of the young people and the organization of its
action with sights to the participation in the productive chain of the tourism. In a first stage the
tourist potential of the city through the offers tourist inventory is identified, and analyzes the
possible perspectives for the development of the tourism. In the second stage it is understood
segmentation of the tourism with emphasis in the cultural tourism. In the third stage, one works
with the perspective to develop the productive arrangements to organize the productive chain of
the tourism and to assure the sustainable for the tourist activity. Concluding with the suggestion
of a Strategical Plan of Tourism for the city of Cairu and tourist itineraries integrated involving
the islands of Cairu, Boipeba and Tinharé.
Word-key: tourism, culture, heritage, offer tourist, sustainable
SUMÁRIO
SIGLAS UTILIZADAS
................................................................................................................................ i
LISTA DE FIGURAS
.............................................................................................................................. ii
LISTA DE FOTOGRAFIAS
.................................................................................................................. iii
1. INTRODUÇÃO
...................................................................................................................................ERRO! INDICADOR
NÃO DEFINIDO.
2.
ETAPAS DA PESQUISA.....................................................................................................................5
3. TURISMO E PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
TERRITORIAL......................................1ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.1 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................................15
3.2 EXPANSÃO DO TURISMO............................................................................................................19
3.3 VISÃO GERAL DO TURISMO NO BRASILBRASIL...................................................................21
3.4 VISÃO GERAL DO TURISMO NA BAHIA
..............................................................................25
3.5 TURISMO COMO PROCESSO DE PRODUÇAO........................................................... ..............33
3.6 TURISMO E CULTURA
4.
.............................................................................................................36
IDENTIFICAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE CAIRÚ...........................................................38
4.1 A CIDADE DE CAIRU - ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................... ...............50
4.2 A CIDADE DE CAIRU - ASPECTOS GEOGRÁFICOS................................................................53
4.3 INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA DA CIDADE DE CAIRU.. ........................................59
4.4 RESULTADOS DA INVENTARIAÇÃO DA OFERTA TURÍSTICA............................................62
5.
PERSPECTIVAS PARA O TURISMO DA CIDADE DE CAIRÚ...............................................90
5.1 ENTENDENDO A SEGMENTAÇÃO TURÍSTICA ...................................................... ...............93
5.2 TURISMO CULTURAL.................................................................................................... .............. 95
5.3 PROBLEMAS E PERSPECTIVAS PARA O TURISMO NACIDA DE CAIRU.............................97
5.4 PLANO ESTRATÉGICO DE TURISMO PARA A CIDADE DE CAIRÚ.......................................99
5.5 SUGESTÃO DE ROTEIRO TURÍSTICO.......................................................................................102
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................................118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................122
ANEXO 1 CENSO CULTURAL DA BAHIA.........................................................................................127
ANEXO 2 FACHADA PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO.......................................139
ANEXO 3 FACHADA CADASTRO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO....................................140
ANEXO 4 CORTE PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO.............................................141
ANEXO 5 CORTE CADASTRO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO............................................142
ANEXO 6 CONVENTO DE SANTO ANTONIO.................................................................................. 143
ANEXO 7 PLANTA SITUAÇÃO – CONVENTO DE SANTO ANTONIO..........................................144
ANEXO 8 PLANTA SITUAÇÃO PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO......................145
ANEXO 9 PROPOSTA TÉRREO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO..........................................146
ANEXO 10 FORMULÁRIO DE PERGUNTAS......................................................................................147
ANEXO 12 LINHA DE TRAVESSIA NO PORTO DE VALENÇA......................................................149
ANEXO 13 LINHAS DE TRAVESSIA NO TERMINAL NÁUTICO DA BAHIA - 2008..................150
ANEXO 14 LEGISLAÇÃO RELACIONADA AO TURISMO CULTURAL........................................151
SIGLAS UTILIZADAS
ABAV - Associação Brasileira de Agências de Viagens
AMABO - Associação dos Moradores e Amigos de Boipeba
AMAGA - Associação dos Moradores e Amigos de Garapua
AMUBS - Associação de Municípios do Baixo Sul
APA - Área de Proteção ambiental
APL - Arranjos Produtivos Locais
BAHIATURSA - Empresa de Turismo da Bahia
BID - Banco de Interamericano de Desenvolvimento
CAR - Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional
CEFAT - Centro Europeu de Formação Ambiental
CETUR - Conselho Estadual de Turismo
CFT - Coordenação de Fomento ao Turismo
CNB - Companhia de Navegação Baiana
COMBAHIA - Bahia Convenções S.A.
DMT - Diretoria Municipal de Turismo
EMBRATUR - Empresa de Turismo da Bahia
EMTUR - Empreendimentos Turísticos da Bahia S.A.
FCP - Fundo de Cooperação Português
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDES - Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul
IOT - Inventário da Oferta Turística
MHS - Meios de Hospedagem
OEA - Organização dos Estados Americanos
OMT - Organização Mundial de Turismo
ONG’S - Organizações não Governamentais
PDITS - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
PETROBRAS - Petróleo Brasileiro SA
PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo
PNT - Plano Nacional de Turismo
PRODETUR - Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UHS - Unidades Habitacionais
UMA - Universidade Livre da Mata atlântica
SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEI - Superintendência de Estudos Econômicos Sociais
SICT - Secretaria de Indústria e Comércio
SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SUINVEST - Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos
SUTURSA - Superintendência de Turismo da Cidade de Salvador
LISTA DE FIGURAS
1. Posição do Município de Cairu em relação ao Estado da Bahia
06
2. Enquadramento Regional - Município de Cairu
07
3. Mapa Municipal de Cairu - CEI
08
4. Esboço Corográfico do município de Cairu
39
5. Transporte Municipal - Planta do município de Cairu
41
6. Infra-estrutura de acesso - Planta do município de Cairu
54
7. Cenário ambiental - Planta do município de Cairu –
56
8. Cidade de Cairu – Planta Baixa
58
9. Centro Histórico da cidade de Cairu
66
10. Situação do Convento de Santo Antonio
69
11. Planta - Convento de Santo Antonio
70
12. Situação - Matriz N.S.do Rosário
72
13. Planta - Matriz N.S.do Rosário
73
14. Situação - Sobrado à Rua Direita nº 34
74
15. Sobrado à Rua Direita nº 34
75
16. Situação - Sobrado Grande
76
17. Planta - Sobrado Grande
77
18. Situação - antiga Prefeitura
78
19. Antiga Prefeitura
79
20. Planta do Convento de S. Antonio - Superior
81
21. Importância das atividades econômicas do município de Cairu
84
22. Bens representativos da cultura e da história de Cairu
84
23. Elementos representativos da cultura do município de Cairu
85
24. Santos da igreja católica de maior representatividade - Cairu
86
25. Festas populares preferidas pelos jovens da cidade de Cairu
86
26. Preferência musical dos jovens da cidade de Cairu
87
27. Vocação dos jovens da cidade de Cairu
87
28. Elementos necessários ao design turístico da cidade de Cairu
88
29. Interessados em trabalhar com o turismo em Cairu
89
LISTA DE FOTOGRAFIAS
1. Vista aérea Morro de São Paulo I
44
2. Vista aérea Morro de São Paulo II
45
3. Igreja de São Francisco Xavier Vila de Galeão
47
4. Casa com Varanda de Ferro – Vila de Galeão
47
5. Fortaleza Morro de São Paulo – Morro de São Paulo
48
6. Forte da Ponta - Morro de São Paulo
48
7. Fonte Grande - Morro de São Paulo
49
8. Igreja Nossa Senhora da Luz - Morro de São Paulo
49
9. Matriz do Divino Espírito Santo - Boipeba
50
10. Vista aérea do Centro Histórico da cidade de Cairu I
51
11. Vista aérea do Centro Histórico da cidade de Cairu II
52
12. Centro Histórico da cidade de Cairu
64
13. Centro Histórico da cidade de Cairu – rua direita
65
14. Vista aérea do Centro Histórico
67
15. Vista aérea do Convento de Santo Antonio
69
16. Convento de Santo Antonio
70
17. Convento de Santo Antonio - Sacristia
71
18. Matriz N.S. do Rosário
72
19. Matriz N.S. do Rosário - Capela Mor
73
20. Sobrado à rua Direita – Fachada principal
75
21. Sobrado Grande - fachada principal
77
22. Antiga Prefeitura
79
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Indicadores de desempenho do turismo na Bahia
2003 a 2006
31
Tabela 2. Evolução do número de meios de hospedagem da Costa do Dendê
32
Tabela 3. A população residente - Distritos de Cairu
42
Tabela 4. Distâncias entre Cairu e outros centros urbanos
53
Tabela 5. Acesso aéreo - Aerostar Táxi Aéreo
55
Tabela 6. Acesso aéreo - Adey Táxi Aéreo
55
Tabela 7. Atrativos histórico-culturais da cidade de Cairu
103
Tabela 8. Linha de travessia - porto de Graciosa
107
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, observa-se que a atividade turística tem mudado de
dimensão e de enfoque, e, na mesma intensidade, toda a cadeia produtiva do
turismo começa a adaptar-se a essas grandes mudanças que demandam as
comunidades locais e os próprios turistas. Assim, diante da oferta do turismo
contemplativo que tem caracterizado as décadas anteriores, surge a
necessidade de promover um novo conceito na criação e desenho de espaços
convencionais do turismo tendo em conta o equilíbrio entre o local e o global.
Os sítios históricos e as comunidades constituem a referência para integrar
esta nova concepção. Contudo, os recursos e as manifestações culturais
precisam de estruturação para se tornarem produtos turísticos de qualidade e
competitivos.
O desenvolvimento de novas formas de turismo mais responsáveis e
difusas demonstra a possibilidade de fazer as coisas de maneiras diferentes.
Pesquisadores da atividade turística como, por exemplo, Swarbrooke (2000,
p.10) sugere itinerários através de pacotes que minimizem serviços de
transportes quando o turista chegue a sua destinação, pois isso seria mais
sustentável do que seguir o itinerário típico de férias multicentradas dos dias
atuais. O mesmo autor (p. 43 a 45) considera a dimensão não sustentável do
turismo cultural pela superutilização de sítios culturais, trivialização da
autenticidade ou fossilização de culturas e sugere o uso do antimarketing e o
controle local feito pela comunidade nos sítios culturais. Um outro exemplo na
troca de concepção ambiental da atividade turística é dado por Queiroz (1996,
p.31) quando recomenda que a preservação e conservação do patrimônio
natural e cultural do espaço deve se adequar às legislações. Este autor propõe
uma troca importante na concepção ambiental da atividade turística como o
turismo brando, silencioso, alternativo, verde/ecológico, natural.
As modernas concepções da qualidade dos serviços e da satisfação das
expectativas
compatibilizam
o
meio
ambiente
e
o
desenvolvimento.
Componentes importantes da qualidade dos serviços turísticos devem estar
diretamente relacionados com o meio ambiente.
Pode-se pensar que setores crescentes da atividade turística não mais
valorizam as atividades que afetam o meio ambiente. Da mesma forma, é
impossível imaginar uma oferta turística baseada em atividades nocivas à
saúde dos visitantes.
O turismo, setor tão susceptível às mudanças dos estilos de vida e das
tendências sociais, atividade tão dependente de ameaças diversas, convulsões
sociais, distúrbios, guerras, desvalorização das moedas, acidentes aéreos,
marés negras e catástrofes naturais, deve reforçar sua posição e colocar-se à
frente desta nova estratégia de desenvolvimento sustentável.
As novas tecnologias eco-eficientes e a recuperação das técnicas
tradicionais extraídas das culturas locais, representam uma transição da teoria
à pratica no desenvolvimento sustentável dos destinos turísticos. Uma troca
vem se concretizando na cultura tecnológica que permite a utilização em vários
aspectos do uso das fontes de energia renováveis, a gestão compartilhada e a
minimização dos resíduos evitando importar hábitos de consumo destrutivos.
Muitas práticas adaptadas se encontram freqüentemente na memória
das culturas locais tradicionais, trata-se apenas de reconhecê-las e incorporálas. A inovação e tradição em favor do desenvolvimento sustentável do turismo
parece ser uma boa opção.
Neste processo de convergência entre o turismo e a sutentabilidade
aparece o turismo cultural. Cultura e turismo configuram, em suas diversas
combinações, um segmento de turismo denominado Turismo Cultural. Neste
caso, o turista é motivado a se deslocar especialmente com a finalidade de
vivenciar aspectos e situações que podem ser considerados particularidades
da cultura.
A conservação e a proteção do meio ambiente e dos atributos culturais é
que garantem a continuação da atividade turística.
Considerando que o turismo é uma atividade complexa por envolver
uma cadeia produtiva heterogênea, a estruturação de um espaço turístico
requer cuidados. Alguns estudiosos, e, dentre eles, Butler apud Coelho (2008
p.1), contribuíram com seus estudos para que o turismo se utilizasse de
importantes conceitos como os da teoria do ciclo do produto turístico. Segundo
as idéias de Butler um destino turístico para se consolidar no mercado deve
passar por fases evolutivas como:
•
Exploração - que consiste no conhecimento do lugar, suas potencialidades,
o que pode ser identificado com a aplicação do inventário da oferta turística;
•
envolvimento - desenvolve a sensibilização dos atores sociais locais para o
conhecimento sobre turismo, sua importância e interesse para sua
implantação;
•
desenvolvimento - aplicação de um processo de planejamento participativo
com aplicação de investimentos necessários e dotação de infra-estrutura
básica essencial e turística além de serviços e capacitação de recursos
humanos, logo todas as condições para a formatação de um produto
turístico de qualidade;
•
consolidação - oferta de produto formatado e qualificado no mercado, sua
promoção e permanência;
•
estagnação - quando os agentes econômicos e sociais do turismo mantém
o produto sem renovação e ou agregação de atratividade;
•
declínio - quando o produto já não mais atrai e sofre concorrência de novos
destinos que se inserem no mercado, e
•
rejuvenescimento
-
que
consiste
em
requalificação
dos
espaços,
equipamentos e serviços turísticos, como, por exemplo, Puerto Madero em
Buenos Aires e as Ramblas em Barcelona. Assim, o produto ressurge com
outra imagem e passa a atrair os interesses da demanda turística.
É necessário que se considere essa compreensão do ciclo do produto
turístico, pois, além de Butler, foi referenciada por Beni (1998, p. 35) e SIlva
(1996, p.122). Para que o processo seqüencial da implantação do turismo em
um lugar não passe da euforia (fase inicial da atividade) para uma acomodação
é necessário um planejamento objetivo e cuidadoso.
Assim sendo, deve-se considerar uma permanente alimentação do
processo de desenvolvimento do turismo com o monitoramento, avaliação e
correção dos produtos oferecidos para que o mesmo continue no mercado.
Essa será a proposta de um modelo de desenvolvimento turístico que se
pretende sugerir para a cidade de Cairu, no estado da Bahia. Para isso, o
turismo deverá estar integrado ao processo de desenvolvimento do destino e
ao seu sistema produtivo.
Desta forma, os destinos turísticos competitivos são aqueles que
possuem qualidade ambiental e identidade cultural. “O turismo pode ser uma
das respostas se for ambientalmente correto e for apoiado na conservação das
bases naturais e culturais” (OMT, 1993, p. 5).
Esta pesquisa desenvolve uma compreensão do processo turístico e
sua relação com o desenvolvimento local/regional, considerando os novos
valores enfocados no turismo. A tendência do turismo é dispersar os fluxos dos
espaços centrais para os periféricos, segundo o geógrafo Christaller
referenciado por CORIOLANO; SILVA, 2005, p.101, que explica o turismo,
trabalhando o conceito da territorialidade onde os espaços turísticos mais
favoráveis são os mais afastados das localidades centrais e das aglomerações
industriais.
A dissertação está dividida em 4 capítulos que fazem
mediações dos conceitos
reflexões e
de turismo respeitando a diversidade cultural e
natural como instrumento para transformação do território de Cairu - Ba .
No capítulo I, apresentam-se os procedimentos metodológicos e são
discutidos os conceitos de turismo, cultura e desenvolvimento, estabelecendo a
sua relação com o desenvolvimento local/regional.
No capítulo II, faz-se a análise do processo de transformação territorial
do Município de Cairu contextualizando com o a visão do turismo.
No capítulo III, considera-se o potencial turístico de Cairu a partir do
levantamento da oferta turística.
No capítulo IV, analisam-se as perspectivas para ao turismo da cidade
de Cairu e faz-se a proposta de um plano para o desenvolvimento turístico.
Finalizando, fazem-se algumas considerações e proposições, fundamentais
para a expansão e consolidação do turismo cultural e as possibilidades de
roteiros turísticos integrados.
O trabalho parte do pressuposto de que é de fundamental importância
analisar os desafios que o turismo coloca, ainda em sua fase inicial, em uma
pequena cidade periférica, em relação ao centro turístico primário regional que
é a cidade de Valença, com base em seus recursos históricos e culturais,
visando atingir padrões adequados de desenvolvimento, ou seja, garantindo a
expansão do setor sem comprometimento de seu patrimônio histórico e
cultural.
2 ETAPAS DA PESQUISA
Essa pesquisa tem por objeto identificar as potencialidades turísticas da
cidade de Cairu - Ba para implementar o desenvolvimento do turismo cultural.
Isso se justifica diante da abordagem do turismo face aos valores culturais e a
identidade local. O turismo enfatiza cada vez mais a cultura como um produto
turístico que concilia os objetivos da manutenção e conservação do patrimônio
histórico cultural, do uso dos bens culturais e da valorização das identidades
culturais. Objetiva-se ainda este estudo fazer a inventariação da oferta turística
da cidade de Cairu – Ba, verificar o nível de conhecimento que a comunidade
possui sobre os seus recursos culturais, avaliar as perspectivas de
desenvolvimento do turismo cultural na cidade de Cairu, propor um plano para
implementar o turismo na cidade de Cairu e em decorrência, verificar como a
cidade de Cairu, através do turismo, pode alcançar novos padrões de
competitividade social, ambiental e econômico.
A área de estudo será Cairu que concentra um patrimônio histórico
cultural colonial de grande significação (Figura 1, 2 e 3).
O estudo pretende levantar a atratividade turística da cidade de Cairu
para identificar as possibilidades de implementar e desenvolver o turismo a
partir do seu patrimônio histórico cultural . Procurou-se evidenciar que, apesar
das potencialidades culturais, a cidade de Cairu não foi beneficiada com o
turismo. Nesse sentido deseja-se esclarecer os seguintes problemas:
♦ Em que medida os recursos históricos culturais da cidade de
Cairu podem se constituir em diferenciais competitivos para
produtos turísticos
♦ Até que ponto o turismo pode promover transformações na cidade
de Cairu e contribuir para o seu desenvolvimento.
Tendo por foco as problemáticas mencionadas, este estudo levanta duas
hipóteses:
♦ A diversidade e riqueza dos recursos históricos culturais podem
ser os principais diferenciais competitivos dos produtos turísticos
da cidade de Cairu;
♦ As transformações promovidas pelo turismo na cidade de Cairu
contribuíram para a melhoria da qualidade de vida da comunidade
e o desenvolvimento local.
FIGURA 1
POSIÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAIRU EM RELAÇÃO AO ESTADO DA BAHIA E SUA
CAPITAL
Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - 1956
FIGURA 2
ENQRADAMENTO DO MUNICÍPIO DE CAIRU
Fonte: Banco Interamericano de Desenvolvimento - (BID) na proposição do PLANO DE
DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DE CAIRU 2030
FIGURA 3 – MUNICÍPIO DE CAIRU
Fonte: CEI
Procedimentos Metodológicos
Segundo DENCKER (1998, p. 85) a escolha da metodologia
adequada irá variar conforme os objetivos da pesquisa e o problema que está
sendo investigado. Os procedimentos desenvolvidos para a pesquisa foram:
PESQUISA DOCUMENTAL
Livros, documentos eletrônicos, dissertações de
mestrado sobre o tema em estudo.
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa em documentos
Pesquisa em órgãos públicos e federais, estaduais e
municipais, para obtenção de dados e informações:
Relatórios, projetos sobre o tema em estudo.
PESQUISA DE CAMPO
Levantamento de
dados e registro dos
elementos que
compõem a oferta
turística através da
inventariação da oferta
turística.
Pesquisa direta
Aplicação de questionários a
segmento da comunidade
para identificar o nível de
conhecimento sobre
recursos históricos culturais
da cidade de Cairu – BA,
através de amostragem que
envolveu 75 pessoas, Cujo
perfil correspondia a
indivíduos de escolaridade
fundamental e média,
representados por
estudantes da comunidade.
Fluxograma da síntese dos procedimentos metodológicos realizados
Elaboração: Rosana Decat França
Além dos procedimentos citados acima foram realizadas cinco reuniões
com atores sociais locais do turismo (governo, empresários, associações,
comunidade,
ong’s)
e
representantes
do
Banco
Interamericano
de
Desenvolvimento o (BID) para levantar as necessidades para implementação do
turismo em Cairu e definição das estratégias pertinentes.
A metodologia desenvolvida possibilitou identificar a potencialidade
turística da cidade de Cairu e com a pesquisa pode-se sugerir medidas que
visem garantir a preservação dos bens históricos culturais e ações de
qualificação para dotar o centro histórico de Cairu de melhor infra-estrutura. O
Turismo Cultural que se propõem, alem de fortalecer a cultura e a identidade
cultural de Cairu pode despertar o sentimento de pertencimento da
comunidade.
3 O TURISMO E O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL
O enfoque territorial é uma visão essencialmente integradora de
espaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicas de intervenção
que se sustenta no respeito à diversidade, na solidariedade, na justiça social,
no sentimento de pertencer ao lugar e na inclusão social como metas
fundamentais a serem atingidas e conquistadas.
O enfoque territorial se fundamenta, em principio, no desenvolvimento
humano,
cujos
componentes
essenciais
passam
pela
igualdade
de
oportunidades para todas as pessoas na sociedade em todos os lugares, a
sustentabilidade e a participação das pessoas, dos grupos sociais, de modo
que elas participem e se beneficiem do processo de desenvolvimento.
O turismo local pode ser o ideal, mas desde que as condições
fundamentais da apropriação do território local sejam garantidas. A cultura não
material na verdade será o crescimento que fará com que essas comunidades
tradicionais passem a usufruir o turismo de uma forma mais sustentável
(CORIOLANO; LIMA, 2003, p. 27).
Muito se tem discutido sobre turismo e diversos pesquisadores, a
exemplo de Vera; Palomeque e outros (1997, p.18 e19), mostram que a
evolução da oferta turística apresenta diversificação de produtos e o
surgimento de segmentos turísticos específicos que, em alguns casos, têm
uma espacialização em distintas escalas incorporando novos territórios que
passam a competir com territórios turísticos tradicionais e espaços
hegemônicos de sol e praia. Ocupam esses segmentos espaços diferenciados
no território de forma pontual, linear ou zonais ampliando os espaços turísticos.
A atividade turística, como qualquer outra atividade econômica, pode ser
diferente, útil às comunidades desde que o turismo seja gerido por fatores
endógenos. O turismo responsável tem princípios baseados na consciência
territorial, na integração, na flexibilidade, no protagonismo, na autonomia e na
liberdade. Estes princípios possibilitam a consolidação e a reapropiação do
território em novas bases, onde as comunidades locais possam ser inseridas e
serem beneficiadas com oportunidades iguais.
Apenas o que o espaço físico nos proporciona não é suficiente para
condição de lugar especial. A própria percepção de “especial” é dada por quem
percebe o lugar. O que de verdade dá sentido a um lugar é o conjunto de
significados, os símbolos que a cultura local imprimiu nele (MARTINS, 2003, p.
67).
O turismo pode, a partir das potencialidades locais, oferecer
oportunidades para o desenvolvimento local mas isso não é suficiente, é
necessário
trabalhar
a transformação desses recursos, em produtos
endógenos que possam ser consumidos pelas próprias comunidade e pelos
turistas.
É importante destacar a identificação dos fatores exógenos e
endógenos. Os fatores externos aos lugares, sempre foram mais notados. Nas
últimas décadas cresceu a valorização dos fatores endógenos, dos recursos
diferenciados, naturais ou humanos e do aproveitamento do potencial
organizacional das comunidades locais e regionais, em promover, e dirigir
todos os processos de transformação. A perspectiva da territorialização
turística, permite trazer para os territórios turísticos essa idéia da valorização
da endogenia, do enraizamento local .
Segundo Silva, (2003, p.50) são quatro as características sobre a
territorialização turística,
•
a primeira delas é que o território expressa, em um
determinado momento, um complexo dinâmico do conjunto
das relações socioeconômicas, culturais e políticas,
historicamente
desenvolvidas
e
contextualmente
espacializadas, incluindo a sua perspectiva ambiental;
•
a segunda característica
diferentes
é que
formas de combinação
em função
dessas
territorial e espacial,
das relações já apresentadas, os territórios apresentam,
por
conseguinte,
grande
diversidade,
com
fortes
características, envolvendo diferentes escalas, desde os
microterritórios, passando pelo território nacional, até o
território supranacional , que vamos chamar
assim, na
perspectiva, por exemplo da União Européia, ou seja
segunda característica é a principal;
•
a terceira característica é que o território tende a partir
dessas primeiras colocações , a ter que desenvolver laços
de coesão
e de solidariedade, também estimulados
e
dinamizados pelo crescimento das competitivas relações
entre as diferentes unidades territoriais, no contexto
da
globalização. Então, a terceira característica aponta para
os laços de coesão e de solidariedade;
•
A quarta característica, é a mais desafiadora que as outras
três e sendo possível identificar com mais facilidade, pois
que em função das três primeiras características, cresce
a perspectiva
de superar
as vantagens comparativas
tradicionais, dadas pelos recursos, pelas relações e pelas
identidades, e transformá-las em vantagem competitiva,
mas essas vantagens competitivas só podem acontecer
se houver
uma organização
sócio-territorial, capaz de
definir um projeto comum para aquele território.
Ainda
segundo
Silva,
essas
características,
relações
sociais,
identidade, laços de coesão e solidariedade em um projeto social comum, são
fundamentais para que ocorra o desenvolvimento com expressão das
liberdades humanas.
Ao trabalhar com as comunidades são descobertos elementos que
podem ser transformados pelo turismo em produtos a serem explorados pelas
comunidades e num processo participativo melhorar a qualidade de vida local.
É necessário articular o endógeno com o exógeno e o envolvimento
das comunidades, cuja compreensão e consciência das suas necessidades
fazem com que as ações avancem nos territórios e fora dos seus limites,
através de uma governança sócio-territorial, pois, conforme (SAMPAIO, 2003,
p.52):
“Se a comunidade busca uma atividade turística, deve ser fortalecida a
partir de uma linguagem, com uma argumentação forte, cooperativa,
reflexiva, que faça os participantes compreenderem a necessidade da
organização de um espaço turístico.”
O turismo permite a construção de relações que podem alterar o
comportamento interno e externo das comunidades, para o bem ou para o mal.
A partir desses elementos sociais, podem ser construídos vários outros
elementos da cultura ecológica, antropológica, religiosa, arqueológica e
artística para que as pessoas atuem nesses diversos ramos buscando a
geração de renda e novas oportunidades com criatividade, novas formas de
turismo podem ser construídas.
É senso comum para estudiosos da atividade turística e muito tem sido
debatido nas conferências nacionais e internacionais que a forma comparativa
e competitiva para desenvolver o turismo é favorecer lugares e regiões
diferenciadas desses grandes conglomerados hoteleiros e dos investimentos
imobiliários em segundas residências, que pouco ou nada tem contribuído para
desenvolvimento das comunidades receptoras. Lugares que possam crescer,
apostando na diferenciação, na diversidade, nas atrações locais, envolvendo a
economia do lugar, serão mais absorvidos pelos mercados.
As políticas precisam trabalhar a construção de um pensamento de
auto-estima junto as comunidades com a possibilidade de valorização da sua
cultura.
Deve-se esperar e reivindicar dos Governos, que as políticas possam
trazer perspectivas de crescimento constante e não de estagnação no nível da
pobreza. Programas e projetos, com formas inovadoras de associação que
permitam às comunidades a gestão dos seus recursos e das suas
potencialidades. É necessário que as comunidades se tornem donas do seu
processo de desenvolvimento.
Pode-se conseguir o envolvimento das comunidades através de
políticas de apoio e auto-estima para desenvolver setores produtivos locais que
se interliguem a cadeia produtiva do turismo dando acesso a canais de
informação, distribuição e comercialização, assim como o acesso a educação
para prestação de serviços e novas tecnologias .
Os projetos precisam ser o grande elemento de integração das
comunidades para que possam sobreviver e ajudar a preservar os valores
culturais e que as comunidades possam reivindicar todas as vezes que achar
necessário, para que realmente preservem a cultura local. Há que valorizar-se
o lugar, como diz Milton Santos (1997, p. 20), pois nele o escondido, o
permanente, o real, triunfam, afinal, sobre o movimento, o passageiro, o
imposto de fora. Pois, conforme o pensamento de François Ascher, citado por
Rodrigues (1996, p. 80): (...) “não é o turismo que permite o desenvolvimento,
mas é o desenvolvimento geral de um país que torna o turismo rentável”.
A primeira necessidade da organização territorial do turismo consiste
em delimitar as unidades territoriais turísticas, recorte territorial, conforme a
escala desejada para que se faça ordenamento da paisagem e sua qualificação
ambiental. França e Amaral (2005, p.33) dizem que a competitividade do
produto turístico depende da sua imagem, organização, qualidade e
sustentabilidade, sendo um dos aspectos fundamentais para análise do
ambiente o estabelecimento da capacidade de carga dos locais, limitando o
número de usuários e equipamentos além da localização desses, dos atrativos
e do design que devem fazer parte da organização territorial, pois assim se
forma a imagem positiva de um destino turístico.
3.1 Referencial teórico
O turismo estudado como fenômeno envolve diferentes abordagens. O
conceito de turismo estabelecido pela Organização Mundial de Turismo –
(OMT), adotado oficialmente pelo Ministério de Turismo, compreende as
atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em lugares
diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com
finalidade de lazer, negócios e outras.
Os conceitos utilizados no turismo foram produzidos nas várias
ciências que estudam o fenômeno e trabalham com abordagens diferenciadas.
Cada conceito explica um aspecto do fenômeno, destacando abordagens
subjetivas de acordo com o foco em análise. A complexidade da atividade
analisada nas diversas perspectivas das visões disciplinares contribui para o
fortalecimento em todos os setores vinculados diretamente e indiretamente à
atividade turística.
Os limites do desenvolvimento se justificam pelo vínculo à ciência
econômica, quando se sabe que esse conceito deve perpassar todas as
ciências
sociais.
As
teorias
de
desenvolvimento
do
turismo
e
do
desenvolvimento local adotam alguns pressupostos. O desenvolvimento e o
turismo ocorrem em escalas globais e locais, deve-se identificar as abordagens
dadas ao processo de desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos
diversos lugares.
O desenvolvimento como fenômeno complexo apresenta-se com
dimensões variadas nos planos geográfico, político, econômico, social,
psicológico e antropológico dizendo respeito ao território, aos recursos naturais,
às pessoas e suas ações. Para que haja inserção social e econômica, deve-se
conceber um pensamento de uso e ocupação nos espaços, com fundamento
na participação, no associativismo ou cooperativismo, compartilhadas com o
respeito à natureza, às culturas locais no sentido de uma distribuição mais
eqüitativa das riquezas produzidas e na auto determinação das comunidades
todos pré-requisitos do chamado desenvolvimento sustentável .
No espaço geográfico, o turismo desenvolve uma atuação efetiva em
todos os níveis, pois a sua estruturação provoca nele reestruturações ou
alterações. Esse espaço é formado de fixos e de fluxos (SANTOS apud
AMARAL, 2000, p.77). Os fixos em turismo correspondem aos centros
emissores, receptores e também a equipamentos, capazes de originar e atrair
fluxos turísticos, permitem ações que modificam o próprio lugar. Fluxos novos
ou renovados, recriam as condições ambientais e as condições sociais,
redefinindo cada lugar.
Os geógrafos se preocupam com os espaços apropriados e
transformados pelo turismo, com os impactos do turismo no chamado meio
ambiente. Segundo Silva, (2005, p. 99), essa preocupação contribui para o
crescimento e a valorização da atividade, vista como um fenômeno
socioespacial. Os conceitos de espaço estão inseridos em várias teorias que
explicam o turismo, em especial os estudos franceses, alemães, suíços e
espanhóis.
Na
França,
surgiram
as
primeiras
produções
geográficas
apresentando modelos de analise espacial do turismo, sobretudo na Europa
segundo Silva (1996, p.101) como os de Defaert ( 1996), Mariot (1969),
Miossec (1976,69), Campell (1967), Butler (1980), Isso-Ahola (1982) Thurot ,
(1980), Chadefaud, (1987), Wackerman (1988), Michaud (1976, 1983), LozatoGiotard (1985), Mespelier (1992), Cazes (1992), Knafou (1978), Pearce (1988),
Barbier e Peace (1984). Ainda destaca-se que foram fundamentais
as
contribuições dos geógrafos Walter Christaller e Edward Ullman que valorizam
o meio ambiente , tendo o clima como fator locacional .
Na Espanha, destacam-se como estudiosos da analise territorial do
turismo Palomeque, Marchena, Vera Fernando, Vera Galván, Vera Rebollo,
Vera Garcia, Anton, Carpio, Bernier e Soneiro, dentre outros, que adotam a
metodologia estruturalista e sistêmica.
Essa complexidade do turismo pode também ser explicada, tomandose como referência a teoria do ciclo do produto como o modelo de Butler,
citado por Coriolano e Silva (2005, p.102), que se assemelha ao processo
seqüencial de produção – reprodução de periferias turísticas no enfoque dado
por Christaller em 1963.
Na teoria do espaço turístico, segundo Miossec (apud CORIOLANO;
SILVA, 2005, p. 108): O espaço turístico se organiza sobre uma base territorial
concêntrica com poder de atrair e emitir fluxos para periferias próximas e ou
distantes.
Ainda segundo Coriolano e Silva (2005, p.109): “o modelo
concêntrico construído por Miossec explicou o turismo na Alemanha e na
França e confirma o que outros teóricos, como Christaller disseram, isto é,
que a tendência do turismo é a partir dos centros para as periferias... a
cidade grande pode ser o portão de entrada de visitantes, mas o turista faz
seus roteiros em lugares periféricos ao centro”.
Também Silva, (1996, p. 126) confirma a expansão do turismo para
áreas periféricas como:
uma tendência natural para a periferia de regiões densamente
povoadas, já que , na maioria das vezes, o turista procura paisagens
remotas e ambientes exóticos, muitas vezes idílicos.
Outra teoria como a de Boullón referenciado por CORIOLANO;
SILVA, 2005, p. 110 apresenta as dimensões dos espaços turísticos que
podem favorecer o planejamento da atividade turística. Ele considera o
espaço geográfico em espaço turístico como um lugar determinado, onde se
encontra a oferta, ou seja, onde estão os atrativos naturais e culturais, os
serviços turísticos, a infra-estrutura de apoio que pode ser decomposto em
espaços ou unidades hierárquicas menores, formado pela região, por zona,
áreas, centro, complexo, núcleo, conjunto, corredor e unidade.
Coriolano e Silva (2005, p.114), estudando a teoria de Chadefaud,
observam que ele apresenta o espaço turístico como um produto social
quando diz:
o espaço em si não é o atrativo pois é mediado pelo modo de pensar
e sentir coletivo, pelo filtro do imaginário individual e social , por tudo o
que alicerça a cultura dos grupos humanos.
Bradford e Kent (1987, p.22), observam que na Teoria de Localidades
Centrais de Christaller está proposta uma rede hierárquica de cidades, onde
as maiores oferecem serviços e bens superiores, como centros de compra,
lazer e entretenimento, além de comércio especializado, serviços diversos e
grandes espetáculos.
Com a expansão atual do turismo para áreas cada vez mais distantes,
uma
das
tendências
atuais
da
atividade
turística
são
os
produtos
individualizados e os destinos pouco explorados que conservem suas
características originais Nesse momento entra a perspectiva da territorialização
turística, que é trazer para os chamados territórios turísticos, essa idéia da
valorização da endogenia, do enraizamento local, segundo Silva (2003 p. 49).
Reunindo características únicas, novas regiões turísticas da Bahia estão
incorporando aos portifólios das operadoras turísticas e agregando valor aos 23
destinos consolidados nacional e internacional. Dentre eles os municípios da
região dos Lagos do São Francisco formada pelos municípios de Abaré, Casa
Nova, Curaçá, Glória, Juazeiro, Paulo Afonso, Remanso, Rodelas, Santa
Brigida , na região do Vale do Jiquiriça, formada pelos municípios de Jiquiriça,
Laje, Mutuipe, Santa Inês, Ubaira e Amargosa, da região Caminhos do Sertão,
abrangendo os municípios de Feira de Santana, Candeal, Serrinha, Tucano,
Cipó, Nova Soure, Itapicuru, Ribeira do Pombal, Banzaê, Euclides da Cunha,
Monte Santo, Uauá, e Canudos , da região Costa das Baleias com os
municípios de Prado, Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa e Mucuri e do
Piemonte da Chapada Diamantina com os municípios de Campo Formoso,
Jacobina, Ourolândia, Miguel Calmon, Morro do Chapéu, Piritiba, Utinga e
Wagner.
É importante ressaltar que o turismo pode ser uma estratégia
econômica para territórios que buscam diversificar e ampliar a sua economia.
Algumas regiões irão descobrir que têm real potencial para expandir o turismo.
Outras descobrirão que o seu potencial é limitado, e outras poderão concluir
que os custos social, ambiental, econômicos associados ao desenvolvimento
do turismo não valem os possíveis benefícios.
O desenvolvimento do turismo pode ajudar também na diversificação da
base econômica, podendo reduzir a dependência em um único setor
econômico e contribuir com novas oportunidades. Necessário se faz lembrar
que essas áreas periféricas esperam ser o turismo a resolução dos seus
problemas, contudo o turismo sozinho não resolverá essas questões embora
seja ele um vetor essencial para o desenvolvimento do Brasil.
3.2 Expansão do turismo
No ano de 2006, segundo o barômetro mundial da OMT publicado em
2007, viajaram pelo mundo 840 milhões de turistas. O estudo da OMT
publicado sob o título Turismo: Panorama 2020, aponta, que as chegadas
internacionais no ano de 2020 ultrapassarão 1bilhão e 560 milhões. Dessas
chegadas internacionais, 1 bilhão 180 milhões serão de origem intrarregional e
378 milhões em larga distância. As três primeiras regiões receptoras serão a
Europa, com 717 milhões, Ásia oriental e o Pacífico, com 397 milhões e as
Américas, com 282 milhões, seguidas pela África, Oriente Médio e Ásia
Meridional.
A Ásia Oriental e o Pacifico, Ásia Meridional, Oriente Médio e África,
registrarão segundo os prognósticos, taxas de crescimento anual superiores a
5%, frente a media mundial de 4,1 %. As viagens de longa distância no mundo
crescerão em torno de 5,4% anual no período de 1995-2020, em comparação
com o crescimento de 3,8% das viagens interregionais (OMT Turismo:
Panorama 2020,1997) .
Segundo as recentes informações do Boletim de Noticias da OMT
publicada em janeiro de 2007, o Secretario Geral da OMT, Francisco Frangialli,
dedica foco especial sobre o turismo Ibero americano, que segundo ele se
fundamenta em fortes laços históricos e culturais, confirmando todas as
tendências mencionadas neste trabalho.
Segundo o artigo publicado pela OMT(2007), por
Secretario
Geral
para
a
América
Latina,
Enrique Iglesias,
ex-Presidente
do
Banco
Interamericano de Desenvolvimento sobre o título : O valor da diversidade ,
chave para o desenvolvimento , diz que, a partir de 2003, se tem observado
uma recuperação das economias, o que tem melhorado os resultados turísticos
na América Latina e reafirma a importância da atividade turística
para a
geração de emprego e crescimento para as zonas poucos desenvolvidas além
de possibilidades de trabalho tanto no âmbito rural como urbano , em lugares
onde muitas vezes nenhuma outra atividade poderia ter um impacto similar.
Nas 22 nações que compõem o espaço ibero-americano, as receitas geradas
pelo turismo internacional e transporte de passageiros superam 10% do total
das exportações de bens e serviços.
Na Cumbre Iberoamericana de Chefes de estado e de Governo (2006)
à comunidade de 22 nações integrada pela Espanha, Portugal e Andorra e os
países Latinoamericanos, celebrada em Montevidéu (Uruguai) aponta-se uma
série de desafios que os países membros têm para competir com outros
destinos concorrentes como: vontade política, aplicação de políticas adequadas
e a realização de investimentos necessários.
O informe também recomenda que os países da América Latina se
concentrem em pontos como:
•
riqueza e a diversidade dos recursos naturais, históricos e
culturais;
•
vínculos históricos, sociais e culturais, com os paises
europeus;
•
prioridade dos governos para o desenvolvimento do
turismo;
•
turismo como um elemento chave para o desenvolvimento;
•
maior integração econômica e
•
cooperação entre os setores público e privado
No entanto, a tendência do turismo mais forte nos dias atuais é a sua
expansão para áreas periféricas, segundo Silva, citado por Rodrigues (1996, p.
126), “uma tendência natural para a periferia de regiões densamente povoadas,
já que, na maioria das vezes, o turista procura paisagens remotas e ambientes
exóticos, muitas vezes idílicos”.
3.3 Visão geral do turismo no Brasil
No Brasil, o turismo no inicio do século XX, é sinônimo de luxo e
exclusividade, destinado a uma pequena categoria de viajantes privilegiados,
com tempo e meios suficientes para embarcar em longas travessias para
destinos considerados exóticos.
Em 1922, com a exposição do Centenário da Independência do Brasil,
no
Rio
de
Janeiro
cria-se
a
“cidade
maravilhosa”,
hoje
projetada
internacionalmente. A feira comemorativa reuniu 14 nações e foi visitada por
mais
de 3 milhões de pessoas, dando inicio ao processo de crescimento
turístico do país (EMBRATUR, 2006, p.14 ) .
Em 1923, a inauguração do Palace Hotel Copacabana, hoje o atual
Copacabana Palace e a criação da Sociedade Brasileira de Turismo, em 1927,
atualmente Touring Club do Brasil, são marcos históricos
importantes
da
evolução do turismo no Brasil. O Touring Club do Brasil, contribuiu para criar o
mito internacional
do carnaval carioca, por meio da promoção de eventos
como o baile do Teatro Municipal, concursos de músicas carnavalescas,
banhos de mar à fantasia e o corso pela Avenida Atlântica. Dessa forma, o
Touring Club ajuda a revelar ao mundo um novo atrativo: a praia de
Copacabana. Outro objetivo do Touring Club foi divulgar de forma mais
eficiente o turismo nacional junto às elites do país, que, na época, optavam
viajar quase exclusivamente para a Europa como destino de suas viagens de
lazer.
Em 1925, tendo como referência a legislação francesa, cria-se o
primeiro regulamento sobre o transporte aéreo brasileiro, estabelecendo que os
vôos domésticos deviam passar a ser realizados apenas por companhias
nacionais.
Em 1927, ocorre a criação da Viação Aérea Rio-Grandense, a Varig
(PORTO FILHO, 2006, p.97), primeira companhia aérea brasileira, em Porto
Alegre (RS), que começa operando a “Linha da Lagoa”: Porto Alegre – Rio
Grande. Nesta mesma época, o governo brasileiro libera a exploração dos
serviços de transporte aéreo, com restrições às empresas estrangeiras
Aéropostale e Condor Syndikat. Nessa área quem contribuiu para a divulgação
das potencialidades turísticas do Rio de Janeiro, foi a passagem do dirigível
Zeppellin, sobrevoando o Rio de Janeiro em 1929, durante a sua viagem de
volta ao mundo.
Em 1931, inaugura-se a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro,
que viria a se tornar um dos símbolos turísticos mais famosos no Brasil e no
exterior. Neste momento o Rio de Janeiro é considerado o principal destino dos
turistas que vêm em busca de carnaval, praias e luxo.
Em 1934, teve inicio a construção do aeroporto Santos Dumont
(EMBRATUR, 2006, p.19), inaugurado dez anos depois. Ele é considerado o
primeiro aeroporto civil do país, um marco na arquitetura moderna do Brasil.
Em 1938, o decreto–lei 406 no artigo 5 (PORTO FILHO, 2006, p. 21)
dispõe, pela primeira vez sobre o funcionamento das agências de turismo e de
vendas de passagens, além de vistos consulares. Nesta década outros ícones
começam a surgir para atração de turistas como o lançamento do filme “Você
já foi à Bahia?” de Walt Disney, com Carmem Miranda e o lançamento do filme
“Alô, Amigos”, em que surge o Zé Carioca, personagem inspirado na visita de
Disney ao Brasil.
Em 1944, a Convenção de Chicago elabora a regulamentação
internacional da aviação comercial que estabelece padrões técnicos e legais
para a operação dos serviços de transporte aéreo. Em 1947, o Brasil lidera a
aviação comercial da América Latina.
Em 1953, é criada a Associação Brasileira de Agentes de Viagens
(ABAV) no Rio de Janeiro, com o objetivo de estruturar os interesses dos
agentes de viagens. A partir de 1960, o turismo torna-se uma realidade no
Brasil (EMBRATUR, 2006, p.28). No âmbito doméstico, o desenvolvimento da
indústria automobilística e da malha rodoviária leva a classe media a viajar de
automóveis pelo país. A rede de serviços para o turismo começa a se
estruturar, sobretudo na costa brasileira.
Os turistas estrangeiros passam a chegar em maior número, atraídos
pela imagem de um país com belas praias, boa musica, futebol, e, sobretudo,
por um povo extremamente receptivo. A expansão da aviação comercial coloca
o Brasil como a segunda maior rede do mundo em volume de trafego aéreo,
sendo superado apenas pelos Estados Unidos.
O crescimento da atividade turística impõe a necessidade de
formulação de uma política pública para o setor. Assim, em 18 de novembro de
1966, é criada a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR, 2006, p.28) e o
Conselho Nacional de Turismo pelo presidente Humberto de Alencar Castelo
Branco, dando ênfase à organização da EMBRATUR e elaboração de normas
tanto para aplicação dos incentivos criados quanto para o registro e
fiscalização das agências de viagens .
A consolidação do turismo no Brasil se dá na década de 1970. É criado
o primeiro curso superior em turismo pela Faculdade Anhembi-Morumbi em
São Paulo. Nessa época é inaugurada a rodovia Transamazônica para ligar a
região Norte ao restante do país, como fator de integração nacional e
investimentos públicos ampliam a rede hoteleira no país.
Em 1973, o presidente Médici, institui o ano nacional do turismo e cria
as zonas prioritárias para o desenvolvimento turístico no Brasil. Em 1975 iniciase o processo de classificação dos hotéis, segundo critérios de conforto,
serviços, preços e fiscalização, o que passa a definir categorias com
classificação até cinco estrelas. Em 1977, a lei 6.505 (EMBRATUR, 2006, p.50)
torna obrigatório o registro na EMBRATUR das empresas exploradoras de
atividade turística, e nesse mesmo ano, a lei 6.517, cria áreas especiais e
locais de interesse turístico no Brasil com o respectivo inventario dos bens
culturais e naturais.
Nos anos 80, o Brasil passa a ter oito bens inscritos no patrimônio
histórico mundial da Unesco, entre os quais destacam-se Ouro Preto (1980),
Olinda (1982), Centro histórico de Salvador (1985) e Brasília (1987).
O aumento na velocidade das viagens e as tarifas aéreas mais baratas
favorecem o turismo na década de 1990. A realização da Conferência Mundial
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Brasil em 1992 no Rio de Janeiro,
contribuiu para a expansão do ecoturismo considerando os princípios da
Agenda 21, documento resultante da Conferencia Mundial, assinado por 179
países, que contempla estratégias para a sustentabilidade do meio ambiente.
A EMBRATUR concentra suas atividades na divulgação da cultura e
nas riquezas naturais. Em 1991, a EMBRATUR passa de empresa pública para
autarquia, adquirindo a condição de Instituto Brasileiro de Turismo, com a
missão de formular, coordenar e executar a Política Nacional de Turismo .
Em 1994, é criado o Programa de Desenvolvimento Turístico
(PRODETUR), com apoio do governo e o programa é entregue ao Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todos os estados nordestinos
estavam inseridos no programa até o final dos anos 90.
Nesse mesmo ano, pela primeira vez no país, é elaborada uma Política
Nacional de Ecoturismo pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo e o
Ministério do Meio Ambiente. Em 1995, o turismo é incluído no plano de
governo pela primeira vez no Brasil e tem inicio o Programa Nacional de
Municipalização do Turismo (PNMT), reconhecido em 1998 pela Organização
Mundial de Turismo (OMT) por seu pioneirismo e melhor “case” de turismo
sustentável.
Em 2003, o Brasil passa a ter pela primeira vez em sua história, um
Ministério voltado exclusivamente para atividade turística e implementa um
novo modelo de gestão para a EMBRATUR. O Ministério lança o Novo Plano
Nacional de Turismo (PNT), que estabelece metas mobilizadoras para o
período de 2003 a 2007 de receber 9 milhões de turistas estrangeiros, gerar
U$$ 8 bilhões em divisas, contribuir para a criação de 1,2 milhão de novos
empregos e ocupações no setor. O novo plano tem como princípios
orientadores a redução das desigualdades regionais e sociais, geração e
distribuição de renda, geração de empregos e divisas para o país. Segundo
Beni (1998, p.102) o lugar que o turismo ocupa na estrutura administrativa
pública depende da orientação que o governo define em relação ao setor.
Na área de marketing do turismo internacional, a EMBRATUR lança o
plano Aquarela, que tem como objetivo orientar as ações de marketing do
turismo internacional nos próximos dez anos. Esse plano e a Marca Brasil,
novo logotipo que representará a imagem do país no exterior, passam a nortear
e dar unidade às ações da EMBRATUR.
Todas essas ações e iniciativas desenvolveram um processo para a
consolidação do Brasil como um destino turístico emergente no mercado
mundial.
3.4 Visão geral do turismo no Estado da Bahia
Em 19 de janeiro de 1934, o Touring Club do Brasil, entidade pioneira
no turismo nacional, chegou à Bahia, instalando uma seção em Salvador, e
passou a prestar uma serie de atendimentos e assistência técnica aos
proprietários de automóveis, além dos serviços de utilidade pública, tais como a
sinalização de estradas e logradouros de Salvador, com setas indicativas e
identificação dos pontos turísticos (PORTO FILHO, 2006 p.107). Nessa época,
a entidade já dispunha de uma grande rede nacional, formada por 20 sucursais
estaduais, 200 delegacias e 400 mil associados.
Em 16 de maio de 1935, o Governador Juracy Magalhães sancionou o
decreto 9.523 que criou a Estância Hidromineral de Cipó, localizada na
margem direita do rio Itapicuru, na área do chamado Polígono da Seca, a 268
km de Salvador, que já estava consolidada como um centro termo-medicinal,
(PORTO FILHO, 2006 p.126).
Em 1937, o interventor Antonio Fernandes Dantas assinou decreto
10.440 de 10 de dezembro de 1937 criando a Estância Hidromineral de
Itaparica, autorizada pela lei 078, de 28/08/1936. Itaparica se notabilizou pela
Fonte da Bica, (PORTO FILHO, 2006, p.124) por onde jorrava uma água
mineral tida como milagrosa.
Salvador foi o primeiro município baiano a criar mecanismos
administrativos para cuidar do turismo. O primeiro passo oficial foi dado no dia
8 de abril de 1947, pelo prefeito Soares Sampaio, ao assinar o Decreto-lei 641,
criando a Seção de Divulgação e Turismo compartilhada com o serviço de
imprensa através da Lei 410, de 10 de setembro de 1953, sancionada pelo
prefeito Osvaldo Veloso Gordilho, foi instituído o Conselho de Turismo da
Cidade do Salvador.
A mesma lei que criou o Conselho de Turismo da Cidade do Salvador
retirou o turismo da condição de Seção para colocá-lo em um setor exclusivo.
Em seguida foi criada a Diretoria Municipal de Turismo (DMT), que apresentou
o Plano Diretor de Turismo, cujo projeto foi considerado pioneiro no Brasil.
No novo Governo de Juracy Magalhães, iniciado em 07 de abril de
1959, ele voltou a priorizar as estâncias hidrominerais criando mais duas
estações de águas, a Estância Hidromineral de Dias D’Ávila, pela Lei 1.625, de
22 de fevereiro de 1962, que se localizava na margem do rio Imbassahy,
distante 54 km de Salvador, e em 05 de junho do mesmo ano sancionou a Lei
1698, criando a Estância Hidromineral de Olivença, na região cacaueira,
situada a beira mar a 18 km de Ilhéus. A última estância de águas a ser criada
foi a Estância Hidromineral de Caldas de Jorro, pelo Governador Lomanto
Júnior, com a promulgação da Lei 2.077 de 04 de dezembro de 1964, (PORTO
FILHO, 2006, p.127 e 128). As estâncias hidrotermais foram as primeiras áreas
a serem utilizadas turisticamente dando inicio ao processo de desenvolvimento
do turismo na Bahia.
Outro passo importante para o desenvolvimento do turismo na Bahia foi
a construção de um hotel com novos padrões da hotelaria internacional. Essa
iniciativa
coube
ao
Governador
Otávio
Mangabeira,
sugerindo
um
empreendimento que envolvesse a participação do Estado, da Prefeitura e da
iniciativa privada. Criou-se a empresa Hotel da Bahia SA e no dia 24 de maio
de 1952 foi inaugurado pelo Governador Regis Pacheco, o Hotel da Bahia, com
180 apartamentos, com a presença do vice presidente da República, Café
Filho, do ex-governador, Otávio Mangabeira, autoridades e personalidades
através de um baile de gala (PORTO FILHO, 2006, p.126).
Em 04 de março de 1959, o prefeito interino Gustavo Fonseca assinou
a Lei 912, extinguindo a Diretoria Municipal de Turismo e criou o Departamento
de Turismo e Diversões Públicas, vinculado à Secretaria de Educação e
Cultura. Efetuou, além disso, ações para promover o desenvolvimento
intermunicipal, instalou no Rio de Janeiro um escritório, a Casa da Bahia, como
um centro de difusão cultural e turística da Bahia.
Em 28 de julho de 1964, o prefeito Nelson de Oliveira sancionou a Lei
1.600, criando a Superintendência de Turismo da Cidade de Salvador,
(SUTURSA). Ressalta-se nessa época, o convenio firmado com a Companhia
de Navegação Baiana (CNB) e apoio logístico das agências de viagens, numa
iniciativa que resultou na implantação das excursões turísticas pela Baía de
Todos os Santos nos finais de semana e feriados.
Em 11 de abril de 1966, nasceu a Secretaria de Assuntos Municipais e
Serviços Urbanos, em cujo âmbito inseriu-se o Departamento de Turismo,
tendo como finalidade elaborar e administrar um plano estadual de fomento ao
turismo e supervisionar a administração das estâncias hidrominerais. Em 1971,
a Lei n 2.930, de 11 de maio de 1971 extinguiu a Secretaria e criou o
Departamento das Municipalidades, subordinado diretamente ao governador.
Sua atribuição era dar assistência técnica aos municípios e cuidar da gestão
das estâncias hidrominerais.
Em 28 de agosto de 1968, foi decretada e sancionada pela Lei n 2.563
onde o Poder Executivo estava autorizado a constituir, na forma desta Lei, uma
sociedade por ações que se denominaria Hotéis de Turismo do Estado da
Bahia S.A. – BAHIATURSA. Para que a BAHIATURSA pudesse legalmente ser
o órgão executor da política estadual do Turismo, houve necessidade da sua
reestruturação, autorizada pelo Decreto n 23.371, de 23 de fevereiro de 1973 e
uma Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 15 de março de 1973,
alterou a razão social, ampliou os objetivos, reorganizou a estrutura e manteve
a sigla BAHIATURSA, contudo a sociedade passou a chamar-se Empresa de
Turismo da Bahia S.A. (PORTO FILHO, 2006, p.139).
Em 15 de janeiro de 1953, foi fundada a Sociedade Amigos da Cidade
de Salvador, uma entidade civil sem fins lucrativos, com o objetivo de
resguardar o patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade e incentivar o
turismo para desenvolver o bem–estar social. A Sociedade Amigos da Cidade
do Salvador, que se reunia no salão nobre do Instituto Geográfico e Histórico
da Bahia, realizou iniciativas visando a valorização do patrimônio histórico
arquitetônico da cidade, principalmente na área do Pelourinho .
A entidade criou uma Comissão Central de Turismo, que colaborou
com a Prefeitura Municipal em diversos trabalhos de utilidade pública com a
sinalização das ruas, promoção de atividades econômicas que poderiam ser
geradas pelas atividades turísticas, instituição do “mês do turismo”, cuja
escolha recaiu no mês de janeiro, um mês inteiro de festejos populares, tais
como: Procissão do Bom Jesus dos Navegantes (Festa da Boa Viagem), Festa
da Lapinha, Festa do Bonfim, Lavagem da Igreja do Bonfim, Segunda-feira
Gorda da Ribeira, Festa de Sant’Ana do Rio Vermelho e Festa de Yemanjá, no
Rio Vermelho.
Em 1963, teve inicio o boom turístico em Salvador, devido a
inauguração da pavimentação da Rio - Bahia (BR-116), em 30 de maio do
mesmo ano (PORTO FILHO 2006, p.146). Os turistas chegavam a Salvador
motivados pelos mapas rodoviários preparados pelo Touring Club do Brasil e ,
mais tarde, pelo Guia Quatro Rodas . O Touring Club, foi o editor dos primeiros
mapas rodoviários e guias turísticos brasileiros, por isso deu uma grande
contribuição ao turismo interno do Brasil.
Na Bahia, as ações infra-estruturantes para o turismo foram iniciadas
no final da década de 60, indo até 1971, com a implementação de um
programa de construção de meios de hospedagem. Nesse período, o governo,
através da Bahiatursa, criada em 1968, passou a construir e ao mesmo tempo
administrar pousadas e hotéis nos municípios considerados estratégicos para
impulsionar o turismo, fato que ocorreu em Itaparica, Lençóis, Juazeiro e Cipó,
entre outros. A partir da década de 70 o turismo na Bahia se organiza como
atividade, sendo considerado pelo governo como prioridade que passou a tratálo como fator econômico.
Em 1971, o turismo foi finalmente incluído nas metas prioritárias do
Governo. O reconhecimento da sua importância econômica e social para o
Estado se deu com a Lei 2.930 de 11 de Maio de 1971, que criou , na estrutura
da Secretaria da Industria e Comercio (SIC), o Conselho Estadual de Turismo
(CETUR) e a Coordenação de Fomento ao Turismo (CFT). Nessa época a
Bahiatursa vinculou-se à SIC (PORTO FILHO, 2006, p.137).
A BAHIATURSA foi o órgão executor da Política Estadual de Turismo,
em consonância com as diretrizes emanadas do CETUR e com uma visão
clara da importância da cultura como fator diferencial, a utilização do marketing,
atração de investimentos de grupos empresariais consolidados, treinamento e
formação de mão-de-obra para o turismo, além da valorização dos apoios de
organismos como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste –
Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil o turismo fez uma expansão de forma
mais efetiva. Em 1975 foram criadas duas empresas: a Empreendimentos
Turísticos da Bahia S.A. (EMTUR), fundada em 1976, como subsidiária da
Bahiatursa cuja finalidade era construir, reformar e ampliar equipamentos de
hospedagem, recepção e lazer, substituindo o espaço deixado pela Hotéis de
Turismo do Estado da Bahia S.A ( primeira razão social da BAHIATURSA) e a
Bahia Convenções S.A (COMBAHIA), constituída em 1977, vinculada a
estrutura da Secretaria da Industria e Comércio, com a finalidade de construir e
administrar o Centro de Convenções , Exposições e Feiras da Bahia, localizado
em Salvador, em frente a praia de Armação cujo equipamento foi inaugurado
em 12 de março de 1979.
No período de 1979-1986, segundo a estratégia turística da Bahia para
1991-2005, deu-se continuidade ao Programa de Interiorização do Turismo,
com a criação dos “Caminhos da Bahia”, nome do projeto que se referia aos
municípios já incluídos no Programa de Interiorização mais os municípios de
Valença, Cachoeira, Piritiba, Rio de Contas e Prado, nos quais foram
realizadas obras de infra-estrutura para apoiar os serviços turísticos que se
encontravam em estágio de desenvolvimento. Nessa época, o governo não
somente tornou o turismo uma prioridade como procurou projetar o destino
Bahia no mercado internacional – Cone Sul, Europa, Estados Unidos.
No período de 1991 a 1995, para fins de investimentos e promoções,
houve uma mudança na estratégia de turismo que foi a de não considerar mais
o município turístico de forma isolada, e sim um conjunto de municípios
agrupados por zonas, levando-se em conta os atrativos mais significantes de
cada região. Desenhou-se então uma nova geografia do turismo baiano, com a
segmentação
inicial
de
sete
zonas:
Costa
das
Baleias,
Costa
do
Descobrimento, Costa do Cacau, Costa do Dendê, Baía de Todos os Santos,
Costa dos Coqueiros, Chapada Diamantina. Nesse período a Bahia começou a
negociar uma linha de financiamento junto ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o PRODETUR (Programa de Desenvolvimento do
Turismo), com o objetivo de financiar obras de infra-estrutura
nos pólos
turísticos . O contrato como BID garantiu investimentos até 2004, liberados por
intermédio do Banco do Nordeste.
De 1995 a 1999, com os recursos do Prodetur o Governo do Estado
da Bahia construiu rodovias estratégicas para abertura de novos destinos
turísticos, como a ligação Nazaré-Valença-Travessão, que interligou a BR-101
ao sistema de ferry-boat pelo litoral Baixo-Sul, decisivo ao incremento do
turismo na Costa do Dendê. Na Costa do Cacau, houve incremento a partir da
construção da rodovia Ilhéus-Itacaré, com 70 km, denominada de “estrada
parque”, atravessando uma área de proteção ambiental, a APA Itacaré/Serra
Grande. Também deu inicio a interação da atividade turística com a
preservação e proteção ambiental dos destinos turísticos localizados nas Áreas
de Proteção Ambiental (APAs). O desenvolvimento sustentável do turismo e a
construção de centros de visitação nas áreas protegidas foi respaldado numa
rígida legislação do uso do solo. Em Salvador, neste período, ocorreram as
obras de recuperação do Centro Histórico cujo prosseguimento concluiu cinco
etapas e consolidou o Pelourinho como principal núcleo cultural e turístico de
Salvador.
De 1999 a 2003, o governo dispensou atenção especial a Porto
Seguro e Santa Cruz de Cabrália, preparando as duas cidades para as
comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Nessa época foi
criada a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos (SUINVEST),
com o objetivo de, em articulação com órgãos governamentais e privados,
planejar e coordenar a execução de projetos e investimentos em regiões e
municípios
com
potencial
turístico.
Essa
superintendência
teve
a
responsabilidade de gerir o PRODETUR na Bahia, que passou a contar com
recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No final de 2000, entrou em operação o Complexo Costa do Sauípe,
maior investimento privado em turismo no país, dispondo na época de cinco
hotéis de bandeira internacional e seis pousadas temáticas, localizado na
Costa dos Coqueiros, no município de Mata de São João, ocupando uma área
de 172 hectares.
O Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e
Turismo, assinou em dezembro de 2004 o Prodetur II, no valor de 16,6 milhões
de dólares, também com recursos Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Em 2005, foi publicado o relatório “Século XXI - Consolidação do
Turismo”, onde o governo torna público o plano “Estratégia Turística da Bahia
2003-2020”, elaborada pela Secretaria de Cultura e Turismo, com as diretrizes
do Governo Estadual para o turismo.
O resultado do turismo na Bahia em 2006, segundo números
divulgados pela Secretaria de Turismo da Bahia para o Relatório de atividades
2006 do Governo do Estado da Bahia, correspondeu a um fluxo global de
turistas em torno de 5.469.500. Na cidade de Salvador, o mesmo relatório
informa que a demanda turística totalizou 2.553.600 turistas no mesmo ano. Na
região da Costa do Dendê, destacou-se a localidade de Morro de São Paulo,
pertencente ao município de Cairu com 136.730 turistas.
A tabela 1 apresenta os indicadores de desempenho do turismo da
Bahia de 2003 a 2006 e na tabela 2 pode-se observar a evolução do número
de meios de hospedagem (MHS) e das Unidades Habitacionais (UHS) e leitos
da Costa do Dendê no período de 1993 a 2001, segundo o relatório do Plano
de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS, 2003, p.47).
TABELA 1
INDICADORES DE DESEMPENHO DO TURISMO DA BAHIA - 2003 A 2006
INDICADORES
TURISTAS
2003
2004
Fluxo Global de Turistas
4.708.650
4.897.000
5.204.100 5.469.500
Salvador
2.192.820
2.280.530
2.426.220 2.553.600
Porto Seguro
1.177.160
1.224.250
1.301.030 1.367.380
282.520
293.820
312.250
329.420
117.720
122.420
130.100
136.730
Valença
70.630
73.450
78.060
82.040
Lençóis
94.170
97.940
104.080
109.380
Praia do Forte
82.400
85.700
91.070
95.710
Sauípe
141.260
146.910
156.120
164.080
Outros Destinos Turísticos
549.970
571.980
605.170
631.160
1.041.150
1.093.210
1.188.970 1.268.630
2.260.000
2.370.000
2.600.000 2.760.000
Ilhéus
2005
2006 (*)
Morro de São
Paulo
Indicadores Econômicos
Receita Total Gerada
(US$1.000,00)
Impacto no PIB
(US$1.000,00)
Fonte:SCT/Suinvest 2003
(*) Estimativa
TABELA 2
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MEIOS DE HOSPEDAGEM (MHS) E DAS
UNIDADES HABITACIONAIS (UHS) E LEITOS DA COSTA DO DENDÊ
1993 A 2001
Crescimento anual
MHS e UHS
1993
1997
1999
2001
(%)
MHs
87
187
229
266
15.0
UHs
931
2.053
2.707
3.324
17
Leitos
2400
5.550
7.452
9.268
18.4
UH/MH
10,7
11.0
11.8
12,5
Fonte: SUINVEST Abril/2003
A previsão de investimento públicos na Costa do Dendê no período de
1991-2020, conforme informações da Secretaria de Turismo da Bahia em 2005
foi de US$ 283.142.000,00 (duzentos e oitenta e três milhões cento e quarenta
e dois mil dólares). E a previsão de investimentos privados na Costa do Dendê
para o mesmo período foi de US$ 472.146.000,00 (quatrocentos e setenta e
dois milhões e cento e quarenta e seis mil dólares) (SUINVEST, 2005).
Numa cidade pequena e periférica como Cairu o desenvolvimento do
turismo para ser sustentável vai necessitar de investimentos públicos e
privados, capacitação técnica, estruturação do destino e qualificação de
serviços , equipamentos e recursos humanos.
Em 2007, inicia-se uma nova etapa para o turismo na Bahia com um
novo governo que amplia a política de promoção da Bahia, no Brasil e no
exterior, com foco nos aspectos sociais , culturais e históricos.
Nessa nova etapa do turismo baiano, na Costa do Dendê, o município
de Cairu iniciou um processo para o desenvolvimento do turismo a partir de
articulações feitas com a Prefeitura de Cairu, a Universidade Livre da Mata
Atlântica (UMA), consultores do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) e outras instituições do Estado. A recomendação se baseava em criar um
plano estratégico para o desenvolvimento do município de Cairu que se
baseasse nos princípios da sustentabilidade, da ética com base no respeito à
cultura e nos valores locais e fosse implantando através de um processo de
planejamento participativo, que pudesse levar as comunidades de suas ilhas e
da cidade de Cairu exercerem níveis diferentes de influencia nas decisões
inclusive do turismo, corrigindo distorções existentes nas áreas onde a
atividade turística já se desenvolve, como por exemplo, Morro de São Paulo na
Ilha de Tinharé.
3.5 Turismo como processo de produção
Deve-se estabelecer uma proposta que entenda o turismo como
atividade de produção capaz de contribuir para as populações excluídas do
processo econômico, resgatando valorizando as manifestações artísticoculturais, conservando o meio ambiente, estabelecendo sinergia com outras
atividades econômicas e proporcionando aos visitantes e turistas uma
experiência única.
Um novo conceito de turismo está sendo construído a partir da
evolução do desenvolvimento sustentável, exigindo inclusão social no processo
de produção turística, com o envolvimento das comunidades anfitriãs. Esse
conceito tem como objetivo gerar benefícios locais, trabalho e renda com uma
gestão turística compartilhada desde a fase inicial do planejamento turístico à
definição dos segmentos e a comercialização dos produtos turísticos.
Há que se identificar as abordagens dadas ao processo de
desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos diversos lugares,
porque elas podem vir associadas aos grandes grupos econômicos e ao capital
ou vir associados ao capital local privilegiando o lugar, os residentes e a cultura
local.
É nesse contexto de globalização que se precisa entender o
desenvolvimento local e o turismo.
Para Lebret, citado por Carmo (1999, p. 69), o desenvolvimento só
pode ser um processo inacabado, de uma direção que se toma e não de um
ponto que se alcança. É a passagem de uma determinada população, de uma
fase menos humana para uma fase mais humana, ao ritmo mais rápido
possível, ao custo financeiro e humano menos elevado e possível, tendo em
conta a solidariedade entre as populações.
O desenvolvimento como fenômeno complexo apresenta-se com
dimensões variadas, dizendo respeito ao território, aos recursos naturais, às
pessoas e suas ações. Neste sentido o desenvolvimento, o turismo e o meio
ambiente encontram-se em uma relação recíproca e ao mesmo tempo
preocupante onde as atividades econômicas transformam o meio ambiente e o
ambiente
alterado
pode
se
tornar
uma
restrição
externa
para
o
desenvolvimento econômico e social (CORIOLANO; SILVA, 2005, p.19) .
Algumas medidas devem ser tomadas para normatizar essa relação
diminuindo os impactos e as agressões. Um dos principais problemas é a
exploração da natureza, como resultado da atividade turística para atender o
consumismo, a especulação, a acumulação, e ao lucro excessivo, gerando não
apenas a degradação da natureza, mas conseqüências na sociedade. Esse
desenvolvimento pode gerar pobreza para uma grande maioria e a riqueza
para poucos (CORIOLANO; SILVA, 2005, p.19).
Essa realidade vem despertando uma nova consciência e a
compreensão de que sua transformação passa pela mudança do modelo de
desenvolvimento. A proposta de desenvolvimento local e de desenvolvimento
na escala humana é a alternativa de mudança de eixo do processo de
desenvolvimento, assim como turismo local em lugar de turismo global.
É neste contexto que surge a idéia de desenvolvimento local, onde o
turismo surge como um dos mecanismos ou incentivo de viabilização desse
processo. Sendo o turismo uma atividade de efeito multiplicador, oferece
condições para o desenvolvimento dos pequenos negócios além dos
grandes, podendo beneficiar os mais pobres. Em muitos destinos, na maioria
das vezes o turismo se vincula aos grandes projetos concentradores de
renda, gerando pobreza nos pólos receptores.
Pode-se
concordar
com
a
afirmação
que
existem
vertentes
diferenciadas e opostas do desenvolvimento do turismo, o global muitas
vezes vinculado às redes internacionais de hotéis, resorts, turismo sexual
sonegação fiscal, etc., e o turismo local, que valoriza o lugar, que gera renda,
que dinamiza a economia local, que protege o patrimônio natural, que
recupera e preserva o patrimônio histórico cultural. Deve-se ressaltar a
oportunidade que o turismo oferece às comunidades locais, através das
diversas prestações de serviços por todos os espaços turísticos.
A atividade turística atual apresenta graus de sazonalidade muito
elevados, situação inexplicável, face aos recursos turísticos disponíveis com
capacidade para serem estruturados em produtos turísticos e garantirem a
necessária estabilidade ao nível da rentabilidade, do emprego e da
valorização do território.
A sustentabilidade, segundo o modelo sugerido pela Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, em
1983, não só consolidou os princípios do novo modelo de desenvolvimento
como agregou o sentido de sustentabilidade. Para a referida comissão, o
desenvolvimento para ser sustentável deve atender as necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
as suas próprias necessidades. Essa meta, no entanto só poderá ser
alcançada com a obediência aos princípios da equidade social, que significa
a disposição para reconhecer a igualmente de direitos de cada um, da
eficiência econômica com que a distribuição e gestão dos recursos
econômicos e financeiros feitos de forma planejada para garantir o
funcionamento eficiente do sistema e a prudência ecológica, com a adoção
de ações que visem reduzir o consumo de recursos naturais e a produção de
lixo.
Para atingir um turismo responsável e sustentável é preciso avançar
nas concepções economicistas que reduzem o turismo. A partir da Agenda 21
e do Relatório Brundtland é que se verifica uma convergência que leva à
formulação do conceito de turismo sustentável.
A OMT em publicação em 2005 sobre o tema turismo sustentável,
Making Tourism More Sustainable, lançou uma definição baseada em doze
princípios para atender a sustentabilidade turística São eles: viabilidade
econômica, prosperidade local, qualidade de empregos, eqüidade social,
satisfação do visitante, controle local, bem-estar da comunidade, riqueza
cultural, integridade física, diversidade biológica, eficiência no uso dos recursos
e pureza ambiental. Temas importantes para serem agregados nos projetos
turísticos a serem desenvolvidos.
BENI (2004, p.14), em seu artigo: Como podemos certificar o Turismo
Sustentável? propõe também uma definição baseada em alguns princípios e os
resultados que o turismo sustentável deveria trazer:
Em sua vasta e complexa abrangência envolve compreensão
dos impactos turísticos; distribuição justa de custos e
benefícios; geração de empregos locais diretos e indiretos;
fomento de negócios lucrativos; injeção de capital com
conseqüente diversificação da economia local; interação com
todos os setores e segmentos da sociedade; desenvolvimento
estratégico e logístico de modais de transporte; encorajamento
ao uso produtivo de terras tidas como marginais e subvenções
para custos de conservação ambiental.
O turismo passa assim a competir localmente para a transformação
territorial e espacial e melhoria da qualidade de vida. Deve-se buscar um
modelo de desenvolvimento que estimule e desenvolva a cooperação, a
solidariedade e a criatividade, que passe a utilizar recursos locais ou resgatar
antigas tradições, especialmente os recursos humanos do lugar.
Assim se pode representar o modelo de desenvolvimento sustentável,
podendo perceber que a interseção dos mesmos, resultará em um modelo de
desenvolvimento que contempla a sustentabilidade nas três dimensões.
3.6 Turismo e Cultura
Historicamente, turismo e cultura estão relacionados às viagens que a
elite do século XIX fazia para países como França, Itália e Grécia, com a
finalidade de conhecer e contemplar monumentos, ruínas, obras de arte.
A noção de cultura evoluiu e, na atualidade, inclui todas as formas de
saberes e fazeres de todos os povos. Tradições, mitos, música, literatura,
poesia, saberes artesanais, crenças, ritos se constituem num patrimônio
cultural que confere identidade e sentimento de pertencer ao lugar.
O patrimônio cultural tem potencial econômico e sua preservação é
rentável. Por isso, faz-se necessário educar as comunidades para cuidar e
defender suas riquezas culturais, tradicionais, a fim de preservar a memória
histórica. O turista também precisa ser educado para respeitar o que lhe é
oferecido para seu desfrute.
Junto a esse patrimônio cultural imaterial está o patrimônio cultural
material constituído de bens móveis (acervos) e imóveis (sítios históricos,
arqueológicos e outros).
O turismo com um enfoque cultural se caracteriza como um
intercâmbio envolvendo diferentes atores e ganhos econômicos. Entretanto é
necessário que o turismo e patrimônio se relacionem de forma harmoniosa.
A cultura e seus diferentes aspectos são insumos para o turismo
cultural, mas esse turismo só pode ser sustentado se organizar sua
estruturação tanto em relação aos serviços quanto às atividades oferecidas.
A opção pelo desenvolvimento turístico deve conciliar-se aos objetivos da
manutenção do patrimônio, do uso cotidiano dos bens culturais e da
valorização das identidades culturais locais. O uso turístico dos recursos deve
sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a atividade
turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em
função da promoção do seu valor econômico (Ministério do Turismo, 2006, p.9)
As cidades e os sítios de valor histórico com seus bens arquitetônicos e
suas manifestações culturais são muito procuradas pelos turistas (exemplos,
Ouro Preto e Tiradentes em Minas Gerais, Cachoeira na Bahia, Parati no Rio
de Janeiro entre tantas outras no mundo), razão suficiente para que haja
esforços para manutenção e proteção do patrimônio, visto que o mesmo pode
gerar benefícios socias, culturais, econômicos e ambientais para as
comunidades através do aproveitamento turístico.
4 IDENTIFICAÇÃO GERAL DO MUNICIPIO DE CAIRU
Cairu, o único município arquipélago do Brasil, em razão da ocupação
das suas diversas ilhas desde o período colonial, sempre leva o pesquisador a
trabalhar com informações geográficas e históricas gerais que integram tanto o
município quanto a cidade de Cairu, sediada na ilha do mesmo nome. Assim
sendo, optou-se por fazer uma identificação geral do município e a
individualização tanto histórica quanto geográfica da cidade de Cairu foco da
pesquisa.
O município de Cairu está localizado na região do litoral do baixo sul do
estado da Bahia e possui os seguintes limites municipais:
Valença ao norte
Oceano Atlântico ao leste e sul (parte)
Taperoá a oeste
Nilo Peçanha ao sul (parte)
Quanto aos aspectos gerais do município destaca-se:
Área - 433 km2
Distancia de Salvador - 308 Km
Coordenadas geográficas 13º 29`13``de latitude sul e 39º 02`38`` de
longitude oeste.
Segundo o IBGE (2000) o clima do município é do tipo quente e úmido
com pluviosidade anual média variando entre 2.200mm e 2.400mm, período
chuvoso de maio a junho e com os seguintes valores de temperatura média
anual: 21,8º (mínima), 25,3º (média) e 31,4º (máxima).
Esse município insular é o próprio Arquipélago de Tinharé composto
por 26 ilhas, localizadas num complexo estuarino, onde as principais ilhas são
as de Cairu, Boipeba e Tinharé. A sede do município está localizada na ilha de
Cairu (Figura 4). A ilha de Tinharé é a maior do arquipélago e está situada ao
norte da sede Cairu, é conhecida desde 1531 quando Martins Afonso de Souza
a avistou e a denominou Tynharéa (DANTAS; PINHEIRO, 2001, p. 72-75).
Possui monumentos arquitetônicos militares como a Fortaleza de Morro de São
Paulo (século XVII), e o Forte da Ponta (século XVIII) e igrejas, fonte histórica
entre outros.
FIGURA 4 – ESBOÇO COROGRÁFICO – MUNICÍPIO DE CAIRU
Fonte: BID. Relatório do plano de desenvolvimento estratégico do município de
Cairu
A Fortaleza de Morro de São Paulo foi destinada à defesa de Salvador
e do Recôncavo e hoje está em estado de ruínas, no entanto, já existe um
projeto para sua restauração e revitalização proposto pelo Instituto de
Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia, (IDES), apoio técnico do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e apoio
institucional da Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos
(SUINVEST) da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, da Prefeitura
Municipal de Cairu e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC), desde outubro de 2006.
A ilha conserva manchas de mata Atlântica, mangues, restingas e as
mais belas praias do município. Nesta ilha é que se concentra a maior infraestrutura turística do município, distribuída pelo povoado de Morro de São
Paulo e vila da Gamboa do Morro.
Na ilha de Tinharé estão situadas as maiores elevações do relevo. No
restante da ilha o relevo é praticamente plano e tem poucos metros acima do
nível do mar. Suas aglomerações urbanas estão fixadas ao longo do mar e dos
canais navegáveis. São elas: Morro de São Paulo, Gamboa, Galeão, Garapuá
e Canavieiras.
A ilha de Boipeba está localizada ao sul de Tinharé e conta com os
povoados de Velha Boipeba, Moreré e São Sebastião. Foi ocupada desde o
inicio do século XVII e possui pequeno patrimônio histórico onde se destacam a
Matriz do Divino Espírito Santo do Século XVII e a Igreja de São Sebastião do
inicio do Século XX, muitos atrativos naturais e pequena infra-estrutura
turística. A ilha de Boipeba tem um relevo mais ondulado porem suas
elevações não ultrapassam os 80 metros. As áreas de povoação dessa ilha
são: Boipeba, Velha Boipeba, Moreré, Monte Alegre e São Sebastião ou Cova
da Onça.
A ilha de Cairu é onde está localizada a sede do município (sua
identificação será feita em itens subseqüentes) e chama atenção pela presença
de manguezais na sua faixa litorânea.
Os acessos a essas localidades internas das ilhas são feitos por
caminhos percorridos a pé, a cavalo, ou quando as condições permitem de
trator e através dos canais de barcos. Na figura 5 pode-se observar o
transporte de linha fluvial e terrestre.
FIGURA 5
PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU - TRANSPORTE MUNICIPAL
Fonte - Plano Diretor Urbano do Município de Cairu – Agosto de 2004
A povoação do município surgiu ainda no século XVI e um dos
primeiros povoadores foi Domingos da Fonseca Saraiva, casado com D.
Antonio de Pádua Góes que constrói um engenho e uma capela que viria ser a
matriz (IPAC, 1988, p.33)
A população de todo município em 2000, segundo o censo do IBGE,
atingiu 11.410 habitantes, com base no Censo Demográfico do mesmo ano.
Em 2007, já com os resultados da Contagem da População, a população subiu
para 13.712 habitantes, em uma área municipal de 451 km2 o que resulta em
uma densidade de 30,4 habitantes por km2.
Pela divisão administrativa do IBGE – 2000, o município compõe-se dos
distritos de Cairu, Galeão, Gamboa e Velha Boipeba. O município é integrado
por três vilas (Galeão, Gamboa e Velha Boipeba), e seis povoados (Morro de
São Paulo, Canavieiras, São Sebastião, Torrinhas, Tapuias e Garapuá), além
da sede municipal com o mesmo nome Cairu.
A população do município de Cairu pode ser analisada na tabela 3,
onde se constata a pequena dimensão demográfica, inclusive da sede
municipal.
TABELA 3 - POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO O MUNICÍPIO E
DISTRITOS - CAIRU – BAHIA
Municípios e Distritos
População residente
Total
Município de Cairu
11.410
Distrito de Cairu
2.622
Distrito de Galeão
1.497
Distrito de Gamboa
4.615
Distrito de Velha Boipeba
2.676
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
A população residente temporariamente é composta essencialmente
por
titulares
de
segundas
residências
(normalmente,
com
habitação
permanente em Salvador) e por turistas. A permanência desta população no
território do Município apresenta graus de sazonalidade muito altos, sendo os
picos mais elevados coincidentes com fins de semana, eventos ou
manifestações culturais locais e com os períodos privilegiados de férias.
Os principais atrativos desse pólo estão relacionados à diversidade
ambiental, presente em seus diversos rios, canais, praias e matas.
Complementando esse atributo natural diferenciado estão as características
culturais e históricas significativas, relacionadas aos ciclos econômicos de
lavouras típicas da região. O dendê, o cacau, a piaçava e o cravo são alguns
dos produtos que contribuíram mais recentemente para a formação dessa
identidade do Pólo Litoral Sul.
O principal uso do solo continua a ser o uso agrícola ligado à cultura do
coco, do dendê e de piaçava em fazendas de dimensão apreciáveis
principalmente localizadas nas ilhas de Tinharé e Cairu e no Sul e Leste da Ilha
de Boipeba. Historicamente, este uso corresponde a uma evolução do período
de colonização onde a atividade extrativista de madeira e a produção de
produtos alimentares como a farinha de mandioca, a cana-de-açúcar e o arroz
assumiram grande importância no abastecimento das cidades próximas em
particular de Salvador (IPAC, 1988, p.33).
A decadência destas atividades, e a manutenção de uma economia
baseada essencialmente na extração de piaçava, na pesca e na produção de
coco e de dendê fez o município perder a importância a partir do Séc. XIX o
que foi acentuando-se pelo isolamento das Ilhas e maior dinamismo econômico
do continente (IPAC, 1988, p.33).
A ocupação humana manteve-se sempre concentrada num número
reduzido de povoações ribeirinhas com uma economia baseada na pesca e na
atividade agrícola sazonal e a atividade agrícola de cultivo de solo se manteve
apenas na proximidade imediata de algumas habitações próximas dos
povoados e com características de subsistência.
Deste modo, nas zonas interiores das ilhas, até meados do século. XX,
apenas existiam algumas habitações ligadas às sedes de fazendas
predominando a floresta residual atlântica e a silvicultura associada a vastas
zonas úmidas onde a ocupação é essencialmente florestal.
Nas costas Norte e Oriental da Ilha de Tinharé e na zona Central e Sul
de Boipeba, nas vastas áreas de restinga predomina o uso silvícola (coco e
dendê). Na ilha de Cairu e em algumas áreas do Leste de Tinharé e Centro –
Leste de Boipeba a extração de piaçava é um elemento importante que
determina a existência de zonas florestais densas.
Na segunda metade do século XX, esta situação começou a alterar-se
de forma muito rápida com o progressivo interesse turístico da região dando
origem a uma mudança muito sensível do uso do solo em particular nas faixas
costeiras.
Essa alteração é particularmente sensível no Norte da Ilha de Tinharé,
em Morro de São Paulo e na Gambôa, com o desenvolvimento de um grande
número de empreendimentos hoteleiros e pousadas e a ocupação de zonas
mais interiores por um povoamento disperso e desordenado originado pelo
afluxo de trabalhadores externos ao município e à migração interna dos
habitantes das zonas mais próximas das praias para as áreas turísticas. A vista
aérea de Morro de São Paulo pode ser observada nas Fotos 1 e 2.
FOTO 1 – VISTA AÉRA DE MORRO DE SÃO PAULO I
Fonte: Imagem utilizada na publicação “ Tinharé história e cultura no litoral sul da
Bahia” – Antonio Riserio, 2003.
FOTO 2 – MORRO DE SÃO PAULO II
Costa Leste de Morro de São Paulo
Promontório de Morro de São Paulo
Forte da Ponta e Farol
Porto e porta de ingresso
à Fortaleza
Fonte: IPAC – Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia
Em Morro de São Paulo, as atividades humanas influenciam e
caracterizam o povoado e seu entorno, destacando-se turismo, segundas
residências, monocultura de coco, cultivos de subsistência, extrativismo de
dendê e piaçava em áreas da mata e pastagens. No povoado de Morro de São
Paulo, o seu núcleo urbano apresenta os maiores índices de pressão antrópica,
devido à rapidez do crescimento desordenado causado principalmente pela
elevada atratividade turística local (PDITS, 2003).
Em Morro de São Paulo a ação antrópica provocou poluição de
recursos hídricos superficiais e subterrâneos por efluentes urbanos e resíduos
sólidos, remoção da cobertura vegetal provocando desabamento de encostas,
ocupações irregulares e descaracterização da paisagem.
No povoado, o uso comercial e de serviços aparece de forma bastante
significativa, exceto nas áreas mais periféricas que possuem apenas pequenas
vendinhas e bares. As ofertas hoteleiras, de bares e restaurantes são bem
diversificadas, porém as pessoas que trabalham nesse setor necessitam de
uma maior capacitação.
Na vila da Velha Boipeba, com a progressiva ocupação do interior pela
população em condições deficitárias, a faixa do litoral já registra ocorrências de
falta de ordenamento territorial. Esta evolução registra-se também nas
povoações de Moreré, Cova da Onça e Cairu em menor extensão.
As principais atividades econômicas atuais do município são: pesca
aqüicultura, extração de piaçava e dendê, cultivo do coco e, em menor grau,
agricultura de subsistência, pecuária, comercio e serviços, no entanto destacase o turismo na ilhas de Tinharé e Boipeba. A biodiversidade do município, as
paisagens naturais e seu grau de conservação potencializam e sustentam as
atividades que são desenvolvidas no município.
A evolução negativa do interesse econômico das atividades típicas das
grandes fazendas locais determinou um progressivo interesse pelo uso urbano
ou turístico, seja por venda, seja por iniciativa própria, o que associado à
construção clandestina e ao loteamento desordenado deu origem a grandes
riscos na alteração irreversível das características das paisagens e dos valores
ambientais.
O município de Cairu apresenta-se com uma diversidade natural e
cultural que o diferencia do resto da Micro-região a que pertence, podendo os
seus povoados serem visitados através da navegação em diversos rios, e não
de automóvel. As manifestações culturais ao permanecerem muito vivas nas
representações do congo, chegança e reinado, por exemplo estão sempre
presentes na cultura popular de Cairu, associadas ao artesanato baseado em
matérias-primas locais, com o coco e a piaçava, e à culinária voltada para os
frutos do mar, constituindo-se em outros fatores de diferenciação de Cairu no
contexto da Micro-região de Valença.
O patrimônio histórico-cultural do município situa-se em uma região rica
em bens culturais, possuindo dois sítios histórico-naturais classificados pelo
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC: Centro Histórico da
Cidade de Cairu e o Sítio de Morro de São Paulo. Além disso, Cairu possui
monumentos isolados, espalhados pelo município. Como a igreja de São
Francisco Xavier (Foto 3) e a casa com Varanda de Ferro, século XIX na vila
de Galeão (Foto 4), a fortaleza de Morro de São Paulo em Morro de São Paulo,
século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6) , a Fonte Grande,
século XVII (Foto 7), a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII em Morro
de São Paulo (Foto 8) e a Matriz do Divino Espírito Santo, século XVI em
Boipeba na foto9 (IPAC, 1988, p.31).
FOTO 3
IGREJA DE SÃO FRANCISCO XAVIER – VILA DE GALEÃO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 4
CASA COM VARANDA DE FERRO - VILA DE GALEÃO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 5
FORTALEZA MORRO DE SÃO PAULO - VILA DE GALEÃO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 6
FORTE DA PONTA – MORRO DE SÃO PAULO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 7
FONTE GRANDE – MORRO DE SÃO PAULO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 8
IGREJA NOSSA SENHORA DA LUZ – MORRO DE SÃO PAULO
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 9
MATRIZ DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – BOIPEBA
Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC)
4.1 A cidade de Cairu - Aspectos históricos
O nome primitivo da ilha de Cairu era Aracaju, que significa, na língua
indígena, “casa do sol” (IPAC, 1988, p.33). Depois da instalação do Governo
Geral e da chegada dos jesuítas, constrói-se em Cairu um engenho, uma
capela (atual Matriz) e uma ermida dedicada a Santo Antônio. Tendo se
transformado numa das mais importantes vilas da Colônia, no início do século
XVII, Cairu foi desmembrada de Ilhéus em 1608 e, por Carta Régia, elevada à
condição de município. Sua sede recebeu o nome de Vila de Nossa Senhora
do Rosário de Cairu e em 1610 foi formada freguesia de Nossa Senhora do
Rosário. Em 1654, no lugar da pequena ermida é edificado o Convento de
Santo Antônio, pertencente à ordem dos franciscanos marco do barroco
brasileiro,
essa
construção
proporcionou
um
grande
incentivo
ao
desenvolvimento da povoação (IPAC, 1988, p.33).
É a partir desse século que a ilha se destaca como importante centro
produtor de farinha de mandioca, madeira, cana-de-açúcar e arroz,
transformando-se no início do século XVIII no lugar mais seguro da região. A
prosperidade e segurança atraíram novos moradores, impulsionando o
desenvolvimento. Entretanto, por volta de 1750, devido a violentos ataques dos
índios Aimorés, Cairu entrou em decadência, ficando adormecida até a
intervenção do Governador da Bahia, que investiu na sua segurança, iniciandose assim um novo período de prosperidade. Em 1938, a vila de Cairu adquiriu
foros de cidade através de Decreto-Lei Estadual, IPAC (1988, p.33)
A cidade de Cairu está situada na ilha do mesmo nome uma das três
grandes ilhas que formam o arquipélago de Tinharé e o município de Cairu.
Nasceu no cume de um pequeno morro, próxima ao porto, por onde escoava a
produção de farinha de mandioca e madeira para a Capital (Foto 10 e 11). A
implantação da sede do município seguiu o padrão de muitas cidades da
época, erguendo-se em uma elevação, como estratégia de defesa, e possuindo
dois níveis. O nível superior era destinado à ocupação civil, com a sede do
poder, e também à ocupação religiosa. No nível inferior ficava o porto,
juntamente com o centro das atividades comerciais.
FOTO 10 – VISTA ÁREA DA CIDADE DE CAIRU - I
Fonte: PDU - Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia – SEPLANTEC, 2004
FOTO 11
VISTA AÉREA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU – II
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia - IPAC
A cidade foi concebida com uma tipologia simples, mononuclear, com
uma matriz sinuosa (à Rua Direita) à qual se somaram posteriormente outras
vias, dando ao núcleo uma configuração final de trama urbana irregular. Seu
centro histórico estende-se da Praça da Matriz até o final da Rua Direita,
destacando-se nos pontos mais altos da cidade dois importantes monumentos
religiosos: o Convento de Santo Antônio (1654 -1750) e a Matriz de Nossa
Senhora do Rosário. A pequena cidade foi inventariada como Centro Histórico,
sob o nº 2332201-0 3-I00167 em maio de 1978 (IPAC,1988, p.39).
A cidade de Cairu, no século XVI, foi considerada uma das mais
importantes vilas de todo o território. Várias autoridades da época viveram em
Cairu e contribuíram para o desenvolvimento da vila, sendo a sua história
marcada por um crescimento significativo, uma vez que Cairu fornecia
suprimentos e contribuía financeiramente para alguns povoados hoje bem mais
relevantes, incluindo a própria capital.
Cairu é uma cidade do período colonial e tem grande valor histórico,
citado inclusive por RISERIO, 2003 p. 116... quando se refere “que homens e
mais homens eram mobilizados para fazer brotar do chão prédios antes nunca
vistos naquela imensidão luminosa de praias de água cálida. E assim, naquele
litoral seiscentista, iam nascendo conventos, fortes, casas, sobrados, paços,
praças, igrejas. Nasceu assim, no alto de uma pequena elevação, a formosa
vila de Cairu, com seu Convento de Santo Antonio, precedido de um cruzeiro
de pedra”. Como se pode observar na foto 10, o patrimônio arquitetônico
existente.
Ainda no século XVIII, se inicia a decadência de Cairu, em benefício de
Camamu, que assume a liderança econômica da região.
4.2 Cidade de Cairu – Aspectos Geográficos
A cidade de Cairu está localizada na ilha do mesmo nome e é dividia em
cidade alta, local de origem da cidade e cidade baixa. Da parte alta da cidade
se descortina uma paisagem belíssima com canis, rios, matas.
Na tabela 4, pode-se observar as distâncias entre Cairu e outros centros
urbanos.
TABELA 4
DISTÂNCIAS ENTRE CAIRU E OUTROS CENTROS URBANOS
Salvador
308km
Valença
49km
Gandu
140km
Ituberá
41km
Taperoá
30km
Nilo Peçanha
22km
FONTE: Elaboração própria com base em dados do IBGE
A acessibilidade por via terrestre a Cairu só existe através da BA 001
que liga Valença a Nilo Peçanha (1992), passando por Taperoá, dando depois
origem à BA 884 que termina na cidade de Cairú (Figura 6). A partir de Cairu, o
acesso aos restantes aglomerados populacionais é realizado por barco ou por
via terrestre e em alguns casos em estradas não asfaltadas.
O território tem também acesso por via aérea, existindo ligações
aéreas regulares entre Salvador e o povoado do Morro de São Paulo por duas
companhias aéreas a Aeroestar e a Adey, conforme tabelas 5 e 6.
FIGURA 6 – PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU
INFRA -ESTRUTURA DE ACESS0
Fonte: Plano Diretor Urbano do município de Cairu – agosto de 2004
TABELA 5
ACESSO AÉREO – AEROSTAR TÁXI AÉREO
Trecho
Salvador - Morro de São
Paulo
Salvador - Morro de São
Paulo
Fonte: Linhas aéreas Aerostar
Horário de saída de
Salvador
Duração
08:00h / 12:30h / 15:30h
30 min
08:00h / 13:00h / 15:30h
30 min
Freqüência
2ª, 3ª, 5ª E
sábado
4ª, 6ª e
domingo
TABELA 6
ACESSO AÉREO – ADEY TÁXI AÉREO
Trecho
Salvador - Morro de São
Paulo
Horário de saída de
Salvador
Duração
08:30h
45min
Diária
12:30h
45min
Diária
45min
Diária
Salvador - Valença
Salvador - Boipeba
15:30h
Fonte: Aerostar Táxi Aéreo e Adey Táxi Aéreo - 2008
Frequência
A via marítima partindo de Salvador acessa com regularidade o
povoado de morro de São Paulo .
Cairu explorou muito suas matas e o corte da madeira era tão intenso e
gerava tantos lucros, que no período colonial o governo, criou a função de juiz
corregedor das Matas para deter a exploração predatória descontrolada
(DANTAS; PINHEIRO, 2001, p. 73).
A sua economia no período colonial era a extração de madeira,
produção de farinha. Na atualidade tem-se o coco, a piaçava, a pesca, culturas
recentes como cravo da índia, pimenta do reino e guaraná e as perspectivas do
desenvolvimento turístico. O artesanato e a construção naval também
começam a se desenvolver. Cairu era um tradicional fornecedor de farinha para
Salvador (IPAC,1988, p.33). A cidade de Cairu (ilha de Cairu) e as ilhas de
Tinharé e Boipeba, são separadas entre si e o continente por canais flúviomarinhos, que possuem abundância em recursos hídricos e são bordejadas por
manguezais ao longo dos canais e praias com a presença em alguns lugares
de recifes de corais paralelos à da linha da costa conforme registro na planta
do município de Cairu - cenário ambiental (Figura 7) . Existem ainda coqueirais,
dunas, áreas úmidas, matas com piaçava, fragmentos de floresta densa,
cultivos e pastagens nas terras altas e terraços marinhos.
A cidade de Cairu está inserida na APA Caminhos Ecológicos da Boa
Esperança, instituída pelo Governador Paulo Souto
através
do
decreto
FIGURA 7 – PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU – CENÁRIO
AMBIENTAL
FONTE: BID. RELATÓRIO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO
ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE CAIRU
nº 8.552, de 05 de junho de 2003. A APA tem 230.296 hectares e abrange os
municípios de Ubaíra, Jiquiriçá, Teolândia, Wenceslau Guimarães, Nilo
Peçanha, Taperoá, Cairu e Valença. A APA Caminhos Ecológicos da Boa
Esperança foi criada com inspiração na Mata Atlântica existente nas
circunvizinhanças
da
Estação
Ecológica
de
Wenceslau
Guimarães,
antigamente, denominada de Reserva Estadual da Nova Esperança.
Uma das preocupações que surge na cidade de Cairu é o fato de existir
uma bacia de gás e petróleo nessa região. A produção de petróleo na Bahia
deverá inclusive desenvolver uma nova fase de exploração com o campo de
Pinaúna, na Bacia de Camamu-Almada. Esse projeto, esta sendo operado pela
empresa mexicana El Paso, com a previsão de produção de 11 mil barris por
dia. No projeto, a El Paso prevê investimentos de US$ 200 milhões até 2008.
O ordenamento territorial o Plano Diretor Urbano da cidade de Cairu
tem como finalidade disciplinar a ordenação e o controle do uso do solo, além
de orientar e ajudar o gestor municipal, planejar o desenvolvimento da cidade
de forma que garanta a melhoria da qualidade de vida da comunidade,
atendendo o que preconiza os artigos 182 e 183 da Constituição Federal em
relação a Política Urbana. Ele é o instrumento básico da política de
desenvolvimento
urbano
sob
o
aspecto
físico,
social,
econômico
e
administrativo, tendo em vista as aspirações da coletividade e de orientação
dos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão da cidade e
também em toda extensão territorial do município.
O Plano Diretor Urbano da cidade de Cairu está fundamentado nas
determinações dispostas na Constituição Federal, na Constituição Estadual, na
Lei Orgânica do Município, na Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 Estatuto da Cidade e demais legislações correlatas.
Na planta da cidade de Cairu (Figura 8), pode-se observar o
Zoneamento da cidade, apresentado no Plano Diretor da cidade de Cairu que
classificou as zonas em quatro categorias, conforme descriminado a seguir:
Zona de Expansão Controlada - ZEC; Zona do Centro histórico, onde está
localizado o Centro Histórico da cidade de Cairu - ZCH; Zona Beira Rio – ZBR
e a Zona de Urbanização Prioritária ZUP .
FIGURA 8 – PLANTA DA CIDADE DE CAIRU
CANAL DE TINHARÉ
CANAL
ZCH
CANAL
CANAL
MANGUE
LEGENDA:
ZEC - ZONA DE EXPANSÃO CONTROLADA
ZCH - ZONA DO CENTRO HISTÓRICO
ZBR - ZONA BEIRA RIO
ZUP - ZONA DE URBANIZAÇÃO PRIORITÁRIA
Fonte: Plano Diretor Urbano do Município de Cairu – 2004 (Adaptado pela autora)
4.3 Inventário da Oferta Turística da Cidade de Cairu
Para conhecer as possibilidades de desenvolver o turismo num
determinado território faz-se necessário levantar, identificar e registrar todos os
elementos possíveis de compor a oferta turística. Para alcançar esse objetivo
deve-se fazer a inventariação turística do lugar.
ZCH - ZONA
DO CENTRO
HISTÓRICO
Segundo o MTur (2006, p.7) a inventariação da oferta turística
compreende levantamento , identificação e registro dos atrativos turísticos, dos
serviços e equipamentos turísticos e da infra-estrutura de apoio ao turismo
como base de informações para fins de planejamento e gestão da atividade
turística. Assim sendo:
Inventariar significa registrar, relacionar, contar e conhecer aquilo que
de que se dispõe e, a partir disso, gerar informações para pensar de
que maneira se pode atingir determinada meta (MTur, 2006, p.8).
A inventariação da oferta turística de um território é importante
porque:
♦ disponibiliza dados confiáveis a respeito da oferta
turística ;
♦ identifica e classifica municípios turísticos e com
potencial turístico;
♦ orienta a captação de recursos e define investimentos;
♦ serve de instrumento de consulta para empresários e
governos com interesses na atividade turística das
diferentes regiões turísticas;
♦ permite a criação de banco de dados.
Na realização do inventario da oferta turística pode-se utilizar diversas
metodologias, no entanto, para a pesquisa optou-se pela metodologia proposta
pelo Ministério do Turismo que utiliza instrumentos de pesquisa padronizados,
além de seguir os seguintes passos para sua operacionalização (MTur, 2006,
p.10):
♦ Fazer parcerias com a comunidade, sociedade civil organizada,
prefeituras
municipais,
governos
estaduais,profissionais
de
turismo, instituições de ensino e Ministério do Turismo;
♦ realizar uma pesquisa de gabinete para ter informações mais
detalhadas sobre o lugar;
♦ realizar pesquisa de campo com aplicação de instrumentos
padronizados;
♦ inserir os dados no sistema de informações
♦ produzir um relatório final.
Observa-se que na época da realização da inventariação da oferta
turística da cidade de Cairu ainda não tinha sido finalizado o sistema de
informações turísticas, hoje chamado de Inventariação Turística – INVTUR,
que permite mecanismos para ajuste de pesquisa , retro alimentação continua
das informações e dados mensuráveis para monitoria e avaliação.
A classificação da oferta turística adotada pela metodologia foi:
a. classificação da infra-estrutura de apoio ao turismo
b. classificação dos serviços e equipamentos turísticos
c. classificação dos atrativos turísticos
Alguns indicadores são recomendados para avaliação dos recursos
naturais, culturais, como: ambientais , turísticos, de percepção e antrópicos.
Por essa razão na realização da inventariação os indicadores do Centro
Europeu de Formação ambiental e Turística (CEFAT) propostos por CROSBY
E DAIRES (1993, p.34) foram também considerados. São eles:
- indicadores ambientais, para considerar:
valor ecológico
características locais
unidades ambientais relevantes
endemismos
fauna e flora autóctone
macro e micro paisagem
geomorfologia
- indicadores turísticos, para verificar:
existência de alojamentos turísticos ou possibilidade de
implantá-los
existência de produtos turísticos, atividades ou condições para
criá-los
existência de equipamentos, serviços ou proposição para
implantá-los
existência de adequada infra-estrutura de comunicações
internas e externas
-Indicadores de percepção, para avaliar:
o grau de conforto “psicológico” que o turista tem da área. Esse
grau de conforto é o nível de satisfação, cuja avaliação envolve:
o sensorial, que capta as condições globais do entorno
o conhecimento ou a apreensão da informação pelo turista
a estética geralmente avaliada com base em referências já
conhecidas ou experimentadas. O indicador de percepção é
muito subjetivo, varia de pessoa para pessoa e sofre influência
da sensibilidade, da educação e da cultura do indivíduo.
.- indicadores antrópicos, para considerar:
arquitetura monumental e popular
artesanato
gastronomia
costumes, festas, tradições
população, considerando seus aspectos sociais, receptividade e
hospitalidade.
Faz-se necessário acrescer mais algumas características a esses
indicadores, visto o fenômeno turístico ser cada vez mais abrangente,
complexo, multireferencial e holístico, segundo Jafar Jafari citado por Beni
(1998, p. 38) quando diz que o turismo é:
o estudo do homem longe de seu local de residência, da
indústria que satisfaz suas necessidades, e dos seus
impactos, que ambos, ele e a indústria, geram sobre os
ambientes físico, econômico e sociocultural da área
receptora.
Nesse sentido, outras características devem ser acrescidas:
qualidade ambiental
infra-estrutura social
recursos humanos
serviços públicos
recursos comunitários
Gómez (1990, p. 124-125) também considera o inventário dos recursos
turísticos como essencial para definir a potencialidade turística e o define
como: “un catálogo de los “lugares objetos y estabelecimientos de interés
turistico de una área determinada” (pais, región o zona), consistente en una
classificación de descripción de los recursos turisticos identificados mediante
una metodologia”.
Cita, então, a metodologia da Organização dos Estados
Americanos (OEA), que vem sendo utilizada nos países ibero-americanos,
estabelecendo uma classificação dos recursos em categorias e hierarquias,
permitindo fazer a quantificação, objetivação e valorização dos mesmos e
assim poder definir qualquer tipo de planejamento, seja ele espacial, temporal
ou setorial.
A inventariação da oferta turística da pequena cidade de Cairu foi
realizada no período de 15 a 20 de agosto de 2006 e contou com a parceria da
Prefeitura Municipal, comunidade, UMA, e alunos do curso de turismo da
Faculdade de Turismo da Bahia – FACTUR, cujos resultados estão em
seguida
4.4 Resultados da inventariação da Oferta Turística da cidade de Cairu
O resultado da pesquisa para identificar a potencialidade turística para
da cidade de Cairu mostrou uma riqueza de atrativos histórico-culturais como
festas religiosas tradicionais, manifestações culturais, folclore, identificação
históricas . Segue-se a síntese da pesquisa com a identificação dos recursos e
suas características:
A cidade de Cairu tem, além das festas religiosas tradicionais,
manifestações culturais que compõem o seu calendário de eventos. As
comemorações mais importantes são:
Festa de Nossa Senhora do Rosário, de 22 de setembro a 01
de outubro. Evento religioso e popular que conta com novena,
missa e apresentação do Zambiapunga. Acontece na Igreja de
Nossa Senhora do Rosário.
Festas de São Benedito e dos Santos Reis. É um evento
religioso muito popular que acontece no convento de Santo
Antonio, em Cairu, sob a organização da Paróquia de Nossa
Senhora do Rosário. Consta da elevação de um quadro com o
ícone de São Benedito a um mastro, que só é retirado no dia de
Reis, quando ocorre a coroação do Rei Negro. Acontece no
período de 08 de dezembro a 06 de janeiro. Durante esse período
acontecem missas e diversas manifestações culturais como
folguedos, barquinha, congos e cheganças.
Outros eventos funcionam como elementos de coesão social e
comunitária, ajudando a estruturar a identidade da população local e foram já
inventariados pela Secretaria de Cultura e Turismo no ano de 1999 conforme
consta no volume 7 do 1º Guia Cultural da Bahia. São manifestações populares
como:
♦
Alarde – encenação de uma luta entre grupos de índios e invasores
pela posse da terra, a luta e vencida pelos indígenas. Essa
manifestação é seguida por uma missa campal.
♦
Barquinha – consiste em um barco conduzido por jovens mulheres,
puxado sobre rodas por rapazes vestidos de marinheiro, evocando
lutas marítimas ao som de alegres canções.
♦
Chegança – homens vestidos de marinheiro que cantam saudando
rei, a rainha, o príncipe a princesa com pandeiros. O comandante do
grupo porta uma espada.
♦
Congo – um agrupamento de homens e mulheres negras,
conduzindo ganzás, tamborins e atabaques e cantam evocando a
pátria
distante,
rememorando
a
agonia
morte
dos
seus
antepassados.
♦
Zambiapunga – grupos de homens e mulheres mascarados que com
trajes e chapéus festivos desfilam com enxadas, ao som de búzios e
caixas. Geralmente saem pela madrugada. Esse grupo já alcançou
fama inclusive internacional tendo já se apresentado em outros
países além de se apresentar anualmente na caminhada Axé em
Salvador.
Do ponto de vista cultural ainda se pode registrar a banda maestro
João Vieira Coutinho, criada em 17 de outubro de 1993, com 35 componentes
e cujo repertorio é constituído de dobrados, o conjunto musical Bira e Beto
Show, criado em 05 de fevereiro de 1994 cujo estilo é seresta. O coral Santo
Antonio, criado em 1998, composto de 20 componentes com repertório sacro.
No anexo 1, pode-se observar os resultados do 1º censo cultural da Bahia.
No município, além da sede de Cairu, convém destacar o distrito de
Galeão na ilha de Tinharé, cuja cultura local, inclusive entre os jovens,
apresenta grupos de teatro, dança, capoeira e música.
O município situa-se em uma região rica em bens culturais, possuindo
dois sítios histórico-culturais classificados pelo Instituto do Patrimônio Artístico
e Cultural da Bahia – (IPAC), o Centro da cidade de Cairu (Foto 12 e 13) e o
sítio de Morro de São Paulo.
Além disso Cairu possui outros monumentos isolados, espalhados pelo
município .
FOTO 12 – CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU
Fonte:Projeto Cairu 2030 – BID 2006
FOTO 13 – CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU
RUA DIREITA
Fonte : Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC
Centro histórico: englobando uma área de 3,79 ha do
centro da sede de Cairu, o centro histórico vai da Praça da Matriz
até o final da Rua Direita, próxima ao porto. O conjunto
apresenta-se descaracterizado por falta da aplicação de um Plano
Diretor e má conservação. Vários prédios estão com as fachadas
alteradas e alguns já em ruína. O conjunto é protegido pelo IPAC,
sendo proposto o tombamento estadual. Estão aí localizados 93
imóveis, na maioria edificada ou modificada no século XIX (IPAC
1988, P.12.396), (Figura 9).
FIGURA 9
PLANTA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU COM A
LOCALIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES.
6 Centro
Histórico
6 Centro
Histórico
1 Sobrado à Rua Direita
5 Convento de Santo Antonio
2 Sobrado
Grande
4. Antiga Prefeitura
3. Matriz de N. S. do
Rosário
Convento de Santo Antonio
1
Matriz de N. S. do Rosário
Sobrado à Rua Direita
Sobrado Grande
Antiga Prefeitura
Localização do Centro Histórico
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC
adaptação da autora
2
3
4
5
6
Quanto ao estado de conservação do centro histórico, 12,12% dos imóveis
foram considerados satisfatórios, 75,76% em condições precárias e 12,12%
em estado ruim. A totalidade das casas e sobrados cadastradas é de uso
exclusivamente residencial e 78,79% são ocupadas por seus proprietários.
Cerca de 83,85% da sua população é originária de Cairu, 15,38% de outros
municípios IPAC (1988, p.12.396).
A foto 14 corresponde a fotografia aérea do centro histórico da cidade de Cairu
e o seu uso consiste num enriquecimento de informações para a pesquisa.
FOTO 14
VISTA AÉREA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia - IPAC
Convento de Santo Antonio: localizado na praça da Prefeitura,
centro histórico da cidade, o monumento data do século XVII. O
conjunto de Igreja e Convento por estar construído em terreno
elevado desfruta de uma bela vista do mar e sua fachada está
voltada para o braço de mar que separa as ilhas de Cairu e
Boipeba. O acesso ao Convento é feito pela ladeira da rua Direita.
Segundo consta no Inventário de Proteção do Acervo Cultural da
Bahia (IPAC), volume V (1988, p. 39). O Convento e Igreja do
Santo Antonio é um conjunto de elevado valor monumental
disposto em torno de um claustro e Ordem Terceira (inacabada),
(Foto 15 e 16), (Figura 10 e 11). O teto da igreja tem pintura
simplória, do século XIX, a torre terminação piramidal, revestida
de azulejos policromados. O frontispício é barroco com pilastras,
frisos e volutas de cantaria. A sacristia é ricamente ornada e
azulejada com teto ilusionista e lavabo em lioz e mármore de
Estremoz. O convento conserva muitas alfaias e imagens entre as
quais a de Santo Antonio de Pádua (pedra), Nossa Senhora de
Brotas (século XVII), crucificados, Santo Rosa de Viterbo e Nossa
Senhora da Lapa. Igreja e convento possuem azulejos, do tipo de
tapeçaria e figurados , dos séculos XVII e XVIII.
O modelo arquitetônico da igreja e Convento de Santo Antonio
influenciou o Convento de Paraguaçu e o de São Francisco do Conde. Pela
sua importância histórica e cultural, o monumento mereceu tombamento por
parte do IPHAN, através do processo no 258-T, Livro das Belas Artes, fls. 55,
em 17 de outubro de 1941.
O conjunto igreja e Convento está sendo restaurado desde 2005 com
recursos do projeto Monumenta, do Ministério da Cultura, até então pelo
professor restaurador da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da
Bahia e sua equipe José Dirson Argolo, que no momento está efetivando a
segunda etapa do projeto de restauração (Anexos 2-9).
Segundo Souza, (apud PEREIRA, 2004, v.1, p. 39) a igreja do convento
franciscano de Cairu é um marco da arquitetura luso-brasileira cuja excepcional
importância não foi ainda devidamente percebida.
“Projetada nos meados do século XVII, sua frontaria foi a primeira construída no Brasil
que se afiliava ao barroco – em razão do seu caráter cenográfico, da agitação dos seus
contornos, de sua dramaticidade, do papel que a decoração nela desempenha. Ela foi,
mesmo, duplamente pioneira, pois surgiu antes que uma fachada barroca aparecesse
em Portugal. Criação de grande originalidade em que se mesclam traços provenientes
da renascença italiana, do maneirismo alemão e do classicismo seiscentista lusitano,
ela foi uma invenção brasileira que não tinha similares em Portugal e nos países
europeus de arquitetura renomada. Foi ainda a primeiro alçado de igreja de concepção
erudita erguida no Brasil que não seguiu nenhum modelo português. E foi também,
dentro do universo das frontarias originais de igrejas do Brasil colonial, a que foi mais
imitada, gerando uma verdadeira escola arquitetônica. A igreja franciscana de Cairu,
cuja pedra fundamental foi lançada em 1654, representou uma verdadeira revolução na
arquitetura religiosa brasileira, marcando o início de uma escola compositiva que durou
mais de um século”.
FOTO 15
VISTA AÉREA DO CONVENTO DE SANTO ANTONIO
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 10
SITUAÇÃO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO
Antiga Prefeitura
Convento de Santo
Antonio
Rua Direita
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 16
CONVENTO DE SANTO ANTONIO
Fonte: Relatório dos projetos de restauração e revitalização da Igreja e Convento de
Santo Antonio em Cairu. IDES: 2006
FIGURA 11 PLANTA - CONVENTO DE SANTO
ANTONIO
IPAC/BA
LEGENDA
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Sala
Quarto
Sanitário
Ruínas
Pátio
Sacristia
Desocupado
Depósito
Capela-mor
Capela lateral
Nave
Galilé
Claustro
Sala do Capítulo
Copa
Refeitório
Cozinha
Coro
Cela
Chaminé
Biblioteca
Vale destacar na Foto 17 a beleza da sacristia transversal do Convento de
Santo Antonio comum na arquitetura franciscana do nordeste (IPAC,1988
,p.40).
FOTO 17
CONVENTO DE SANTO ANTONIO – SACRISTIA
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário: O monumento do século
XVII está situado numa elevação,e mirando o Convento de Santo Antônio,
(Figura 9. p.66). A descrição do monumento consta no volume V do IPAC na
página 41 e diz que o edifício e de elevado valor monumental. A planta da
igreja é em forma de cruz, sua portada tem frontão partido em cantaria. O seu
interior apresenta forros com cantos arredondados na nave e capela-mor,
nesta última com um medalhão de Nossa Senhora do Rosário. Os altares são
em talha neoclássica e a pia batismal de cantaria. As imagens existentes na
igreja são de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Dores (roca),
São José, São Miguel e um crucifixo. A igreja foi construída em 1610 a
expensas de Domingos Fonseca Saraiva. O Prefeito de Cairu Hildécio
Meireles decretou o tombamento do monumento arquitetônico e históricocultural da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Cairu, no Artigo 40,
da Lei Municipal número 216, de 16 de janeiro de 2007. A Igreja Matriz de
Nossa Senhora do Rosário de Cairu é protegida pelo IPAC (foto 18 e 19),
(figura 12 e 13).
FOTO 18
MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 12
SITUAÇÃO - MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO
Rua Visconde de
Cairu
Matriz de N. S. do
Rosário
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 13
PLANTA – MATRIZ N.S. DO ROSÁRIO
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 19
MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO – CAPELA MOR
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Outros edifícios de valor histórico
Sobrado à Rua Direita, nº 34: o edifício integra sítio inventariado
pelo IPAC- Ba com dois pavimentos mais sótão, ver localização
na (Figura 9. p 66) e (Figura 14) . O edifício teve o seu telhado
substituído em 1976. Tem fachada simples e foi edificado no
século XVIII, tem o vestíbulo com piso em tijoleira e pavimentos
superiores assoalhados (Foto 20). A figura 15 se refere a planta
do Sobrado à Rua Direita.
FIGURA 14
SITUAÇÃO - SOBRADO À RUA DIREITA
Sobrado à Rua Direita
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 20
SOBRADO À RUA DIREITA – FACHADA PRINCIPAL
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 15
PLANTA - SOBRADO Á RUA DIREITA
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Sobrado Grande do século XVIII: localizado na rua Barão Homem
de Melo, forma a esquina no beco do Sobrado, ver localização na
(Figura 9, p 66) e na (Figura16). Sua planta é retangular coberta por
quatro águas e corredor central. Possui uma bela portada barroca e
em 1950 sofreu uma grande reforma (foto 21), (Figuras 16 e 17) .
FIGURA 16
SITUAÇÃO - SOBRADO GRANDE
Sobrado Grande
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 21
SOBRADO GRANDE
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 17
PLANTA - SOBRADO GRANDE
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Sobrado do final do século XVIII – Antiga Prefeitura: localizado à
entrada da cidade de Cairu, na Praça Marechal Deodoro, o prédio
antigo da Prefeitura ver localização (Figura 9. p 66). Da fachada
posterior do edifício, avista-se o braço de mar que separa Cairu do
continente. O edifício integra o sitio inventariado pelo IPAC, sob o
número 32201-0, 3-1001 (foto 22), Pode-se observar abaixo a
localização do prédio da antiga prefeitura (Figuras 18) e na Figura 19
a planta do Sobrado.
FIGURA 18
SITUAÇÃO – ANTIGA PREFEITURA
Antiga Prefeitura
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FOTO 22
ANTIGA PREFEITURA – FACHADA PRINCIPAL
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
FIGURA 19
PLANTA - ANTIGA PREFEITURA
Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC)
Ainda na inventariação da oferta turística identificou-se que a cidade
conta com aproximadamente 50 leitos e não tem recursos humanos
capacitados para o turismo. Como o inventario indica a realidade da oferta
existente no território fica evidente a necessidade de investimentos para a infraestrutura turística afim de que se possa implementar o turismo na cidade de
Cairu.
Uma outra opção de hospedagem surge na restauração proposta do
Convento de Santo Antonio onde
consta
uma hospedaria com 19
apartamentos, nas antigas celas, mediante adequação funcional dos espaços
existentes. As celas dos franciscanos, constam no projeto de restauração e
revitalização do Convento proposto no convênio de cooperação técnica entre o
IDES, UFBA , prefeitura de Cairu (2006), outras instituições parceiras como a
PETROBRAS. (Figura 20).
O inventário ainda registra um museu particular mantido pelo Sr. Gilson
Mucugê Meireles, situado à rua Barão Homem de Mello, n 24, com um acervo
histórico de 4.270 peças e documentos , desde o ano de 1972.
Em relação a áreas livres para eventos artísticos culturais, são
disponibilizadas as praças Cajazeiras e da Bandeira.
A cidade possui serviços de comunicação, correios e posto telefônico,
Sociedade
Filarmônica
do
Centro
Popular
Caiurense
e
os
demais
equipamentos e serviços necessários ao funcionamento de qualquer espaço
urbano, correspondente às necessidades de uma cidade de pequeno porte.
A expansão do turismo para áreas periféricas se dá em função de
fatores locacionais relacionados com a busca de ambientes naturas e culturais
diferenciados (Silva e Coriolano, 2005, p.101) e também da presença de infraestrutura, equipamentos, serviços e qualidade de vida dos destinos.
Segundo os indicadores de Crosby e Daries, também utilizados no
processo de inventariação dos recursos da cidade de Cairu podem ser
considerados dos seguintes pontos de vista:
♦ ambiental - A cidade de Cairu detém uma posição insular privilegiada, com
um ecossistema rico formado por várias espécies da fauna e flora;
♦ turístico - Cairu possui Patrimônio Histórico e Paisagístico representado
pelo Convento de Santo Antonio e por vários Sobrados e Casarões
encontrados pela cidade, principalmente na Rua Barão Homem de Melo;
FIGURA 20
PLANTA DO CONVENTO DE SANTO ANTONIO –SUPERIOR
FONTE: Relatório dos projetos de restauração e revitalização da Igreja e
Convento de Santo Antonio em Cairu. IDES: 1988
♦
percepção – A população local mostra-se bastante hospitaleira e
receptiva, percebe-se que existe uma migração considerável por parte
dos jovens para os grandes centros urbanos como Salvador, em busca
de emprego e educação. Uma característica marcante da cidade é a
tranqüilidade, apesar de estar a apenas 306 km de Salvador, Cairu
conserva o silêncio e a paz que atualmente não é possível ter nos
centros urbanos e cidades próximas;
♦
antrópico - Como a cidade até o momento não foi invadida pelo turismo
de massa, o planejamento turístico da cidade é imprescindível para que
a atividade turística no local seja desenvolvida baseada nos pilares da
sustentabilidade preservando os atrativos naturais e culturais, a
comunidade local, suas manifestações, e seu cotidiano;
Os segmentos de turismo podem ser estabelecidos a partir da
identificação de elementos da oferta, a partir do reconhecimento do que
realmente o território pode oferecer como atratividade sendo capaz de gerar
fluxo de visitante.
Os produtos e roteiros turísticos, de modo geral, são definidos com
base na oferta em relação à demanda, pela identificação de certos grupos de
consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a
fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações de modo a
caracterizar
segmentos
ou
tipos
de
turismo
específicos.
Assim,
as
características dos segmentos da oferta é que determinam a imagem do
produto, ou seja, a sua identidade, e embasam a estruturação de produtos.
O desenvolvimento turístico tendo como base a segmentação da oferta
poderá trazer benefícios na melhoria de infra-estrutura, instalações e serviços
diferenciados; maior consciência e proteção do ambiente e cultura locais;
aperfeiçoamento dos padrões de utilização de recortes territoriais e dos
espaços; novos mercados para produtos locais; rendimentos adicionais;
oportunidade de trabalho e renda; novos conhecimentos e tecnologias; entrada
de divisas estrangeiras e outros benefícios.
Com base nos resultados, a pesquisa apontou possibilidades para o
desenvolvimento do turismo cultural que compreende as atividades turísticas
relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio
histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens
materiais e imateriais da cultura (Ministério do Turismo, 2006, p.10). A definição
do Turismo cultural está relacionada à motivação do turista, especificamente de
vivenciar o patrimônio histórico cultural de modo a preservar a sua integridade.
Além disso, a cidade de Cairu tem potencialidades para outros segmentos que
podem ser desenvolvidos como o Ecoturismo, Turismo Náutico e o Turismo de
Pesca.
As áreas inventariadas apresentam diferenciações e peculiaridades que,
para serem criteriosamente avaliadas, precisam utilizar indicadores que
caracterizem o potencial turístico dos recursos. A potencialidade turística de
uma área corresponde à aptidão que ela tem para o desenvolvimento turístico.
No entanto, esse desenvolvimento é suscetível de inventário dos recursos
existentes.
Os resultados da avaliação do inventário dos recursos, além de
identificar os tipos de turismo, vão definir ações a serem implementadas para o
desenvolvimento do recorte territorial onde se pretende intervir.
Pesquisa com segmento da Comunidade
Para avaliar melhor o conhecimento da comunidade em relação ao
turismo fez-se também, paralelo a inventariação, uma pesquisa onde se
priorizou a comunidade estudantil do ensino fundamental de nível médio do
colégio Candido Meirelles, por ser um potencial de recursos humanos para o
turismo. Esta pesquisa constituiu na aplicação de formulários (anexo 8), para
identificar o sentimento desse segmento em relação ao turismo cultural que se
pretende desenvolver em Cairu, e cujos resultados estão relacionados nas
figuras 21 a 29 .
Na observação feita, quando do trabalho de campo, ficou demonstrado
pelos jovens a importância da atividade de pesca para o município: 47% dos
entrevistados disseram que a pesca continua sendo a principal atividade
econômica do município, mesmo sem dados estatísticos que possam
comprovar essa realidade. O turismo vem em segundo lugar com 27%, seguido
da produção da piaçava, com 13%, e do dendê com 10%.
O comércio também é inexpressivo com 3%, devido ao abastecimento
do município ser feito quase totalmente em Valença (Fig.21).
FIGURA 21
IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
DE CAIRU: PERCEPÇÃO DOS MORADORES
(ESTUDANTES)
10% 3%
13%
PESCA
47%
TURISMO E CULTURA
PIAÇAVA
DENDE
COMÉRCIO
27%
Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007
Como principais bens representativos da cultura e da história da cidade
de Cairú, os entrevistados escolheram o Convento de Santo Antonio com 72%,
pois é o principal elemento histórico, seguido da Igreja Matriz com 7%. Outros
patrimônios não identificados foram citados com 14%, possivelmente existentes
no município. Observa-se que a igreja de São Francisco Xavier embora
localizada em Galeão (ilha de Tinharé), foi citada na percepção da comunidade
e tem representatividade na cultura de Cairu com 7% (Fig.22).
FIGURA 22
BENS REPRESENTATIVOS DA CULTURA E DA
HISTÓRIA - CAIRU:PERCEPÇÃO DOS
MORADORES (ESTUDANTES)
CONVENTO DE SANTO
ANTONIO
14%
7%
IGREJA MATRIZ N.
SRA. DO ROSÁRIO
7%
72%
Fonte: pesquisa da autora em Cairu – 2007
IGREJA DE SÃO
FRANCISCO XAVIER
OUTROS
PATRIMÔNIOS
Ao patrimônio histórico-cultural da cidade de Cairu pode-se integrar
outros atrativos do município para que se possa formatar roteiros turísticos
integrados que permitam uma maior permanência do turista no destino. Assim
sendo, verificou-se a representatividade de alguns atrativos e destacaram-se
dentre eles: o Convento de Santo Antonio, com 27%, a Fortaleza de Morro de
São Paulo, na ilha de Tinharé, com 23% e a Igreja do Espírito Santo na ilha de
Boipeba com 10% (Fig. 23).
FIGURA 23
ELEMENTOS REPRESENTATIVOS DA CULTURA DO
MUNICÍPIO CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES
3%
(ESTUDANTES)
10%
27%
CONVENTO DE SANTO ANTONIO
PORTAL DO MORRO DE SÃO
PAULO
FORTALEZA DE MORRO DE SÃO
PAULO
CONGO
13%
7%
7%
CHEGANÇA
ARQUIPELAGO DE CAIRU
IGREJA DO ESPIRITO SANTO
10%
23%
OUTROS
Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007
Os Santos da Igreja Católica, na preferência dos entrevistados teve em
São Benedito 44%, visto ser ele o padroeiro da cidade (Fig.24). Segue na
preferência Nossa Senhora do Rosário que aparece com 23% e Santo Antonio
com 13%.
FIGURA 24
SANTOS DA IGREJA CATÓLICA DE
MAIOR REPRENTATIVIDADE CAIRU:PERCEPÇÃO DOS
MORADORES (ESTUDANTES)
13%
3%
17%
SANTO ANTONIO
SÃO BENEDITO
NOSSA SENHORA DO
ROSÁRIO
23%
44%
OUTROS SANTOS
PROTETORES
NÃO RESPONDERAM
Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007
Com relação à preferência pelas festas populares, a pesquisa
confirmou a importância do ciclo de festas que envolve a festa de São Benedito
correspondendo a 63%. Observa-se que a festa de Santo Antonio ocorre em
todas as localidades do município, inclusive na cidade de Cairu e a sua
representatividade corresponde a 17%. As demais festas populares variam os
seus percentuais de preferência entre 13% e 7% (Fig.25).
FIGURA 25
FESTAS POPULARES PREFERIDAS
PELOS JOVENS DA CIDADE DE
CAIRU:PERCEPÇÃO DOS
MORADORES (ESTUDANTES)
17%
OUTRAS FESTAS
POPULARES
7%
SÃO BENEDITO
13%
63%
FESTA N. SENHORA DO
ROSÁRIO
SANTO ANTONIO
Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007
Com relação às preferências musicais e de dança, 50% não tiveram
interesse em responder, enquanto os outros 50% tem preferência por rock,
reggae, hip hop, axé etc. Interessante observar que numa cidade colonial do
Século XVI, com patrimônio histórico cultural do período, os jovens
entrevistados não tenham internalizado o conceito de cultura e de
conhecimento relacionado a esse precioso patrimônio (Fig.26). É de supor a
falta desse tipo de informação na educação formal.
FIGURA 26
PREFERÊNCIA MUSICAL DOS JOVENS DA
CIDADE DE CAIRU:PERCEPÇÃO DOS
MORADORES (ESTUDANTES)
3%
ROCK
3%
REGGAE
7%
MÚSICA EVANGÉLICA
13%
HIP HOP
50%
AXÉ
7%
7%
PAGODE
10%
OUTRAS
NÃO RESPONDERAM
Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007
Com relação a vocação para trabalhos culturais, 37% dos interessados
demonstraram interesse pela dança, 30% interesse pela música e 20%
interesse pela gastronomia (Fig.27).
Isso pode comprovar o interesse dos jovens em participar do
desenvolvimento do turismo cultural e a sua inserção na cadeia produtiva de
Cairu.
FIGURA 27
VOCAÇÃO DOS JOVENS DA CIDADE DE
CAIRU PARA TRABALHOS CULTURAIS:
PERCEPÇÃO DOS MORADORES
(ESTUDANTES)
MÚSICA
7%
3%
3%
30%
DANÇA
ARTESANATO
20%
GASTRONOMIA
37%
NÃO TEM
VOCAÇÃO
OUTROS
Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007
Na percepção dos jovens entrevistados sobre esses elementos para
um design turístico da cidade de Cairu, os maiores percentuais couberam 40%
ao Convento de Santo Antonio, e 17% ao mar, o que se justifica pelo fato da
cidade de Cairu está dentro de uma ilha. A piaçava aqui citada com 7% é
porque corresponde a uma atividade econômica tradicional. A igreja de São
Francisco Xavier, embora citada como elemento necessário ao design turístico
da cidade de Cairu, com 10%, pertence a Galeão (Ilha de Tinharé), isso remete
a percepção integrada que se tem do município de Cairu e da cidade do
mesmo nome pelos moradores. Os demais recursos culturais ou naturais
fazem parte do cenário paisagístico da cidade com uma variação de 7% a 3%
(Fig.28).
FIGURA 28
ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO DESIGN TURÍSTICO DA
CIDADE DE CAIRU: PERCEPÇÃO DOS MORADORES
(ESTUDANTES)
17%
CONVENTO DE SANTO ANTONIO
O MAR
3%
40%
3%
PALMEIRAS
A CULTURA
3%
A MATRIZ N. SRA. DO ROSÁRIO
PIAÇAVA
7%
MINHA RUA
3%
IGREJA SÃO FRANCISCO XAVIER
10%
7%
7%
POSTO DA CIDADE
NÃO RESPONDERAM
Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007
Observa-se que 86% dos entrevistados demonstraram interesse em
trabalhar com o turismo e apenas 7% não tiveram interesse, isso demonstra
que a vocação turística da cidade de Cairu já foi despertada para a inserção
dos seus habitantes inclusive dos jovens (Fig.29).
FIGURA 29
INTERESSADOS EM TRABALHAR COM O
TURISMO NA CIDADE DE CAIRU: PERCEPÇÃO
DOS MORADORES (ESTUDANTES)
7%
7%
SIM
NÃO
TALVEZ
86%
Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007
Concluindo a inventariação da oferta turística de Cairu, defini-se a importância
dos seus resultados para o planejamento do desenvolvimento turístico da
cidade pois, irá possibilitar aos atores sociais do turismo:
o orientar a exploração do território para o turismo;
o
ajudar na definição dos tipos de turismo;
o orientar a definição dos investimentos necessários, tanto para
infra-estrutura básica, quanto para infra-estrutura turística para os
tipos de turismo ;
o fornecer informações que subsidiem planos / projetos;
o identificar as diferenciações e peculiaridades locais que podem
ser transformadas em vantagens competitivas para o turismo;
o formar um banco de dados.
5 AS PERSPECTIVAS PARA O TURISMO NA CIDADE DE CAIRU
Estabelecendo uma analogia com o turismo, têm-se em primeiro lugar
os atores sociais, que são chamados por Lage e Milone (1991, p. 30) de
agentes
econômicos
do
turismo.
São
representados
pelos
turistas
(consumidores), empresas turísticas, governo e comunidade anfitriã.
Coelho e Fontes (1998, p. 72) definem atores locais como “todas as
pessoas e instituições que no campo político, econômico, social e cultural se
constituem em sujeitos de desenvolvimento local”.
Os atores locais estão englobados na população local e seus
representantes,
os
indivíduos
responsáveis
pelas
decisões
político
institucionais, os técnicos e profissionais, comprometidos com a construção de
um novo estilo de desenvolvimento.
Em Cairu, objeto deste estudo, os atores sociais estão presentes e
exercem suas funções na sociedade, apesar de algumas iniciativas
associativas, a população não está circunstancialmente organizada. Isso
dificulta o sentimento de solidariedade e a formação de uma cultura política de
direitos, em que as elites e os grupos sociais organizados possam se tornar
parceiros do governo local, e os habitantes, parceiros da gestão dos recursos
socio-espaciais da comunidade.
No caso do turismo, necessário se faz um entendimento sobre os tipos
de aglomerações de atividades ligadas a produção do turismo nos diferentes
territórios e a inserção dos atores sociais no processo de produção do turismo.
Na estruturação do produto turístico é preciso conhecer a cadeia produtiva que
envolve os diferentes setores, além de desenvolver formas diferenciadas de
articulação e governança.
Segundo o termo de referência para atuação do sistema SEBRAE em
Arranjos Produtivos Locais (APL), os diferentes tipos de aglomerados referidos
na literatura, tais como distritos e pólos industriais, clusters, arranjos produtivos
locais, redes de empresas, entre outros, em uma região pode apresentar-se em
diferentes tipos de aglomerações e assim, cada empresa pode participar com
diversas formas de interação.
No Glossário do termo de referência de Arranjos Produtivos Locais –
SEBRAE, citado por França e Amaral (2005, p.30), arranjos produtivos são
aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que
apresentam especialização produtiva e mantêm um vínculo de articulação,
interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais
como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e
pesquisa.
Arranjos
produtivos
em
turismo
podem
ser
entendidos
como
aglomerações de atividades ligadas a produção do turismo. Essas atividades
são desenvolvidas através da cadeia produtiva dos segmentos turísticos, dos
atores sociais do turismo e suas competências objetivam qualificar e
desenvolver o turismo de forma sustentável (FRANÇA; AMARAL, 2005, P.30).
Com planejamento e conscientização não somente serão construídas
políticas de turismo sustentáveis como processos identitários que incorporem
os saberes e fazeres presentes no território do desenvolvimento do turismo.
Deve-se ressaltar que a definição identitária dos indivíduos, entretanto pode
trazer o risco de consolidar um conjunto de valores tão específicos que
dificultam a própria relação do grupo com o mundo que o cerca. Fortalecer esta
identidade é a condição básica da coesão necessária.
Constata-se, no entanto em Cairu a existência de diversas instituições
e entidades onde os seus programas e ações não tem avançado tanto quanto
seria desejável, exatamente por estarem esperando a concepção de uma visão
estratégica global que possa definir o papel de cada instituição e a sua real
contribuição o para o interesse comum do Município.
Em relação a isso destaca-se o posicionamento assumido por diversas
instituições e entidades, umas de natureza local como é o caso da Associação
dos moradores e amigos de Boipeba (AMABO), a Associação dos moradores e
amigos de Garapuá (AMAGA) e a Associação dos Hotéis e Pousadas do Morro
de São Paulo, Associação de Municípios do Baixo Sul (AMUBS). Outras de
natureza e âmbito de atuação territorial mais extensa, como por exemplo a
PETROBRAS do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), a
Universidade Livre da Mata Atlântica (UMA), cuja sede está na cidade de Cairu,
PRODETUR II , cujo Plano de Desenvolvimento Integrado de Turismo
Sustentável (PDITS) foi elaborado pela equipe da Fundação Getulio Vargas,
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Instituto de Desenvolvimento do
Baixo Sul (IDES) e das várias Fundações e Institutos instalados no território.
Vale a pena citar neste capítulo que fala sobre as perspectivas para o
turismo o projeto de produção de gás natural da PETROBRAS no campo de
Manati que está situado na Bacia de Camamu, na costa do Município de Cairu,
numa profundidade entre 35 e 50 metros. As reservas totais de gás deste
campo equivalem a cerca de 24 bilhões de metros cúbicos e correspondem,
aproximadamente, a 40% da reserva de gás da Bahia (Secretaria de Turismo
do município de Cairu, 2007). A incompatibilidade entre turismo e exploração
de petróleo tem sido ponto de discussão neste território. Ambientalistas e
pousadeiros, pescadores e o Ministério Público de vários municípios têm
vivenciado um conjunto de audiências públicas. Recentemente, estudos
sísmicos e explorações de petróleo em caráter experimental têm sido
apontados como principais suspeitos de uma ampla mortandade de peixes
entre Barra do Carvalho, em Ituberá, e Ponta do Ramo, em Ilhéus. Medidas de
compensação ambiental, ações preventivas e medidas de adequação desta
atividade de modo a minimizar riscos sobre a paisagem e qualidade ambiental
dos estuários são vistas como prioridade neste momento de atuação de
empresas como Petrobrás e El Paso.
Na área ambiental foram adotados vários procedimentos, como a
escolha da rota do gasoduto que foi baseada em critérios técnicos, também
para garantir a menor interferência socioambiental. A Petrobrás monitorou
fauna e flora (terrestre e aquática), com resgate de animais em locais onde foi
necessário suprimir alguma vegetação. Também foram monitoradas a
qualidade de água e sedimentos, corais, bem como a atividade pesqueira na
área de influência do empreendimento. A concepção do projeto já foi feita de
forma a minimizar os impactos ambientais da implantação da obra, utilizando
inclusive faixas de dutos já existentes. O empreendimento apóia algumas
ações socioambientais locais, iniciando um processo de parceria.
Quanto aos royalties existe a obrigatoriedade legal de pagar sobre a
exploração de gás natural na plataforma continental do município de cairu. O
município recebeu até o mês de outubro de 2007 a quantia de R$
1.376.564,61.
Neste momento o projeto Manati opera com 80% da capacidade,
esperando-se chegar a plena capacidade no final do ano, quando também os
royalties chegarão a um valor estimado de R$ 420.000,00 por mês.
Todas essas instituições, projetos e atividades na medida em que
forem sendo inseridas no desenvolvimento do município de Cairu poderão ser
parceiras da atividade turística através dos arranjos produtivos que forem
sendo estruturados no planejamento turístico proposto para Cairu .
A necessidade de formar arranjos produtivos no turismo é uma forma
de integração e cooperação para que todos aumentem o valor agregado do
produto turístico e se beneficiem desse valor. O surgimento de uma nova
mentalidade envolvendo os atores sociais do turismo permitirá que se forme
uma cadeia produtiva local fortalecida que poderá interagir em diferentes
escalas.
5.1 Entendendo a segmentação da oferta turística
Segundo Coriolano e Silva (2005 p.105), a geografia dedica especial
atenção à oferta turística, que constitui o próprio espaço geográfico. Os
territórios turísticos ocorrem quando o lugar torna-se recurso capaz de gerar
relações turísticas com seus serviços, equipamentos. Os recursos naturais e
culturais são objetos geográficos, segundo Santos (1997, p.105), e estão
inseridos e distribuídos de forma diferenciada, conferindo ao turismo uma
dimensão espacial.
O espaço turístico é um lugar determinado, onde estão os atrativos
naturais e culturais, os serviços turísticos e a infraestrutura portanto uma das
características mais importantes é identificar aspectos naturais ou culturais que
façam a distinção dos outros destinos turísticos demonstrando o seu caráter
diferencial. É por entender a complexidade de um território com vocação para o
turismo que Coriolano e Silva (2005, p. 137) afirmam que o que pode ser
pensado para um lugar não necessariamente deve ser pensado para outro.
Entende-se que um dos grandes problemas para municípios é a falta de
organização desses espaços. Adotar medidas corretas e seguras a partir da
identificação dos recursos turísticos constitui um grande desafio para gestores
públicos, privados e comunidades envolvidas.
No estudo das regiões turísticas de um espaço geográfico as
características e potencialidades similares capazes de serem articuladas é que
definem um território. Segundo Coriolano e Silva (2005, p.136), na análise de
conceitos geográficos, território é uma categoria geopolítica, produzido por
ações políticas e socioeconômicas que remetem às relações de força e poder a
região, um espaço segmentado componente de um espaço geográfico maior
que pode ser trabalhado de forma integrada.
Nesse sentido, pode-se perceber que, no território turístico, as relações
de força e poder estão presentes, principalmente nos modelos ainda adotados,
onde fica clara a concentração de renda nas mãos do grande empresário.
Quanto a região ela pode ser trabalhada de forma integrada planejando-se
roteiros integrados e uma gestão compartilhada com as comunidades.
Diante da importância do reconhecimento das potencialidades do lugar,
o Ministério do Turismo no âmbito do Programa de Regionalização do Turismo
orienta como estratégia para organização do turismo, a segmentação da oferta
turística. Segundo o MTur (2006, p.3) a segmentação é entendida como uma
forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão mercado. Os
segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de
identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda.
Os segmentos de turismo podem ser definidos, a partir do
reconhecimento do que realmente o território pode oferecer como atratividade
capaz de gerar fluxo de visitantes, de modo geral com base na oferta em
relação à demanda, pela identificação de certos grupos de consumidores
caracterizados a partir das suas especificidades em relação a fatores que
determinam
suas
decisões,
preferências
e
motivações
caracterizando
segmentos ou tipos de turismo específicos. Assim, as características da oferta
é que determinam a imagem do produto, ou seja, a sua identidade e embasam
a estruturação de produtos e a organização de diferentes segmentos de
turismo como: Ecoturismo, Turismo Rural, Turismo de Aventura, Turismo
Cultural e outros.
Os diferentes segmentos de turismo exigem organização e atividades
com práticas, experiências, vivências e outros como forma de agregação de
valor.
O desenvolvimento turístico tendo como base a segmentação da oferta
poderá trazer benefícios na melhoria de infra-estrutura, instalações e serviços
diferenciados; maior consciência e proteção do ambiente e cultura locais;
aperfeiçoamento dos padrões de utilização de recortes territoriais e dos
espaços; novos mercados para produtos locais; rendimentos adicionais;
oportunidade de trabalho e renda; novos conhecimentos e tecnologias; entrada
de divisas estrangeiras e outros benefícios.
No Plano Nacional de Turismo (2003), o Macro Programa 4 estabelece,
o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, incorporando
noções de território e de arranjos produtivos.
O Programa com foco nas regiões turísticas, solicitou que os estados
iniciassem o levantamento dos segmentos turísticos presentes nas regiões,
aproveitando as potencialidades e diferenças de cada local
A partir dessa identificação ficou demonstrado que a maioria dos
estados desconhece as características de cada segmento, gerando confusão
conceitual e inviabilizando o desenvolvimento integral do potencial turístico
dessas áreas.
Como resultado desse processo foram criados os manuais de
orientações básicas para a estruturação dos segmentos turísticos nas regiões
turísticas do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, que
teve como objetivo a definição das diretrizes necessárias para a organização
dos produtos que caracterizam os segmentos. A cidade de Cairu pode se
beneficiar dessas orientações, visto que nesses manuais estão contidas as
orientações para implementar o turismo cultural. A segmentação é uma
estratégia para a organização dos segmentos da oferta turística.
5.2 Turismo Cultural
O modo como a atividade turística foi estruturada em muitas
localidades revelou-se prejudicial ao patrimônio cultural, por diversos motivos
como
a
falta
de
recursos
humanos
especializados,
pela
visitação
descontrolada, pelo desrespeito em relação à identidade cultural local, pela
imposição de novos padrões culturais, e também pelo despreparo do turista
para a experiência turistica cultural (Mtur, 2006, p.9.). Surge, então, a
necessidade de implementar ações conjuntas entre as áreas do turismo e da
cultura. O desenvolvimento da atividade turística deve alinhar-se aos objetivos
da manutenção do patrimônio e da valorização das identidades culturais
A concepção do conceito de Turismo Cultural foi obtida através de
consenso entre o MTur e os órgãos que trabalham com a cultura e adotado
para fins de direcionamento de políticas públicas para o segmento .
No Turismo Cultural o turista busca vivenciar o patrimônio histórico
cultural através do conhecimento, aprendendo e entendendo o objeto da
visitação e de experiências que podem ser participativas (exemplo: a Semana
Santa em Nova Jerusalém, em Pernambuco), contemplativas (exemplo:
apreciação das obras de Aleijadinho em Congonhas – Minas Gerais) ou de
entretenimento (festivais de dança).
Para a organização do Turismo Cultural, aspectos históricos e culturais
ainda não registrados ou que não constam na história oficial da comunidade
são fundamentais como a vivência histórica e os modos de vida, que
incorporados ao turismo enriquece a experiência do turista.
Uma das ações fundamentais para o desenvolvimento do Turismo
Cultural é o envolvimento da comunidade. Ela precisa ter consciência da
importância do seu patrimônio para o turismo e buscar o conhecimento dos
valores culturais locais. Para tanto, recomenda-se a realização de um trabalho
de Educação Patrimonial.
A estruturação do produto turístico cultural deve estar relacionada ao
desenvolvimento das estruturas físicas, com atrativos e equipamentos em
condições adequadas para a visitação. A manutenção das condições físicas
dos atrativos é fundamental para cada tipo de visitação como forma de garantir
a qualidade da experiência e a integridade do atrativo.
Os bens e atividades culturais são alvo dos meios de comunicação de
massa, que propagam a sua produção em grandes proporções, estimulando o
seu conhecimento, atingindo assim, turistas potenciais que podem se deslocar
para usufruir da cultura. O resultado do inventário da oferta turística evidencia
que o patrimônio histórico cultural de Cairu, embora pequeno, é de grande
significação e significado histórico o que possibilita o desenvolvimento do
Turismo Cultural.
O que se propõe é desenvolver o Turismo Cultural, pois existe
potencialidade para tal.
Cairu integra a Zona Turística da Costa do Dendê, mas a atividade
turística na cidade de Cairu é ainda pontual, razão pela qual não conta com
agências de viagens e turismo, nem mesmo uma demanda turística efetiva.
Sua infra- estrutura para o turismo é inexpressiva. Pelo fato de estar localizada
numa ilha tem potencial para outros segmentos turísticos como o Ecotuismo,
Turismo de Pesca e Turismo Náutico, contudo sua vocação maior se orienta
para o Turismo Cultural, pois os outros segmentos, incluindo também o
Turismo de Sol e Praia, já se desenvolvem nas ilhas de Tinharé e Boipeba com
demandas consolidadas.
A cidade de Cairu tem um patrimônio histórico cultural significativo,
necessitando, no entanto, de preservação e resignificação para se constituir
num recurso sobre o qual se apóie o desenvolvimento dos diversos setores da
comunidade.
Os setores produtivos da cidade de Cairu (serviços e comércio) por si
só não alavancam um dinamismo para a economia local, e neste sentido surge
a proposta de incorporar o Turismo Cultural como um novo vetor para o
desenvolvimento dando ao seu patrimônio um uso turístico.
5.3 Problemas e perspectivas de implantação do turismo na cidade de
Cairu
Para implantar o turismo na cidade de Cairu necessário se faz
considerar alguns problemas tais como:
♦ Isolamento – o município de Cairu pelas suas características
geográficas é formado por várias ilhas dispersas no território o que
provoca isolamento entre as localidades devido a dificuldade de acesso
e transporte. Esse isolamento já representa um entrave para o
desenvolvimento econômico e social e deve ser considerado no
momento de se integrar essas localidades a um roteiro turístico;
♦ acesso – embora a dificuldade de acesso tenha ajudado na preservação
e conservação do patrimônio natural e cultural do município, em relação
ao desenvolvimento turístico essa questão dever ser amplamente
discutida com todos os atores sociais do turismo;
♦ pouca diversificação de segmentos econômicos – a estrutura
econômica
do
município
de
Cairu
apresenta
um
reduzido
aproveitamento de seus recursos naturais e culturais não possibilitando
a existência de um sistema produtivo local capaz de atender a uma
demanda turística crescente;
♦ elevada taxa de pobreza – devido a uma economia primária muito
ligada a agricultura de subsistência, pesca e extração vegetal não existe
grandes oportunidades de empregos formais, o que faz grande parte da
população potencialmente ativa sobreviver de atividades informais;
♦ ausência de uma cultura de cooperação – resulta da falta de
associativismo, de organização dos segmentos sociais locais e da
própria baixa estima dos residentes visto não vislumbrarem perspectivas
de mudanças nas diferentes gestões nas ultimas décadas;
♦ capacitação institucional - traduzida na ausência de instrumentos de
gestão capazes de promover as intervenções necessárias para um
processo de desenvolvimento local;
♦ área de Proteção ambiental – incluir a cidade de Cairu na APA
Tinharé-Boipeba.
Em relação as perspectivas para o desenvolvimento turístico da cidade
de Cairu convém lembrar que em 1996 a Embratur desenvolveu o Programa
Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), cujo foco era o município.
Esse
Programa
era considerado como um processo
que visava
o
desenvolvimento da conscientização, sensibilização, estimulo e capacitação
dos vários agentes de desenvolvimento que compunham a estrutura do
município. Nesse processo capacitava-se os agentes locais para que de forma
participativa pudessem assumir a gestão do turismo. Os princípios desse
Programa estavam centrados na descentralização, sustentabilidade, parcerias,
mobilização e capacitação.
Embora o governo atual optasse pelo Programa de Regionalização do
Turismo, não se anulou o foco no município, pois a regionalização amplia o
espaço geográfico, mas dentro desse espaço estão as unidades municipais
que compõem a região. Para que a regionalização se efetive torna-se
necessário fortalecer cada um dos seus municípios.
Neste sentido, não se vê de outra forma um desenvolvimento turístico de
um pequeno município/cidade periféricos se não desenvolvendo propostas
participativas envolvendo a comunidade através de ações de cidadania para
favorecer o resgate do cotidiano e assim fazer a reapropriação do espaço e
nele estabelecer uma relação de solidariedade onde todos governo e
residentes satisfaçam as necessidades indicadas para o desenvolvimento do
turismo como:
♦ acesso e acessibilidade
♦ saúde e segurança
♦ saneamento básico
♦ educação e comunicação,
♦ valorização da cultura e da sociedade
♦ conservação e preservação ambiental, pois todos os elementos do
espaço se entrelaçam e interagem .
Cairu, como qualquer cidade de tradição histórica, vive uma dicotomia, o
que foi com seu rico patrimônio, sem aproveitamento, e o que deseja ser, sem
contudo receber investimentos necessários para o seu desenvolvimento.
Na proposta de desenvolvimento do Turismo Cutural para Cairu, a
reapropriação do seu espaço deverá ser contemplada com:
♦ políticas, padrões, e incentivos por parte do governo visando promover a
conservação dos recursos naturais , a preservação da cultura local e a
definição de áreas protegidas:
♦ serviços, produtos locais e hospitalidade por parte da comunidade;
♦ equipamentos, instalações e serviços turísticos pelos empresários.
O desenvolvimento do turismo traz diferentes conseqüências, tanto
negativas quanto positivas. O mais seguro é promovê-lo de modo processual
com um método de gestão adequada para que seja sustentável e
consequentemente contribua com a melhoria da qualidade de vida das
comunidades.
5.4 Plano estratégico de turismo sustentável para a implementação do
Turismo Cultural na cidade de Cairu
Após a identificação da potencialidade turística da cidade de Cairu,
indicada pela inventariação da oferta turística torna-se necessário sugerir um
plano para a implementação do turismo local.
O planejamento ocorre através de um processo sistemático onde
objetivos devem ser definidos clara e realisticamente.
Embora existam níveis de planejamento diferentes em nível local
segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 1993, p.50), os planos de
turismo são preparados para loteamentos, cidades, vilas, bem como para
varias formas de turismo que se pretende desenvolver na área. No lugar devem
existir normas e planejamento para que as instalações turísticas sejam
localizadas adequadamente e respeitem as condições ambientais. A OMT
recomenda que deve existir a participação da comunidade no planejamento, no
desenvolvimento do turismo e na sua gestão.
Devem ser considerados os princípios do turismo sustentável como
orientação para uma visão mais ampla das políticas e práticas locais em
relação ao turismo. Nesses princípios destacam-se:
•
estratégias de conservação dos recursos;
•
ética e respeito a cultura e ao ambiente do lugar;
•
distribuição de benefícios gerados pelo turismo à comunidade;
•
proteção e utilização adequadas do ambiente natural e humano;
•
gestão participativa do turismo.
O plano para o desenvolvimento turístico que se propõe para a cidade
de Cairu não difere muito dos modelos desenvolvidos nas diversas regiões
quanto a sua estrutura, porém ressalta o papel fundamental da comunidade. A
OMT (1993, p.32) diz que um processo de desenvolvimento do turismo para
atingir um consenso na comunidade, de modo a conseguir uma compreensão e
acordo no que se refere à forma e volume apropriados do turismo a ser
desenvolvido na área e gerar benefícios, depende da participação da
comunidade em todas as fases do planejamento. Amaral (1998, p.248) reforça
esse pensamento quando diz que: a educação é a base para qualificar ou
requalificar os destinos turísticos, pois as comunidades que possuem
informações e conhecimentos valorizam seus recursos, defendem sua
identidade e desenvolvem uma consciência critica da sua realidade.
A partir daí, a comunidade pode participar do desenvolvimento do
turismo e assumir as responsabilidades que lhes forem atribuídas, além de
conhecer os mecanismos do processo turístico. É necessário que a
comunidade conheça e valoriza o seu patrimônio.
O Plano estratégico de turismo sustentável que se propõe para
implementar o turismo na cidade de Cairu deve seguir os seguintes passos:
1. Análise da situação atual – revisão e compatibilização do
inventário,
diagnósticos
e
outras
ações
elaboradas
anteriormente que sirvam de orientação para o plano
estratégico de turismo sustentável para a cidade de Cairu.
Nesta etapa se propõe a fazer também, a análise dos
impactos econômicos que a cidade pode ter com a
implementação do turismo cultural, a análise dos impactos
sócio-culturais, considerando quais as mudanças que podem
ocorrer e a análise dos impactos ambientais, para a
conservação e proteção dos recursos culturais e naturais da
cidade de Cairu. Nesta etapa serão identificados os pontos
fortes e fracos, além de investigar como a comunidade
percebe o turismo na sua localidade.
2. Objetivos e estratégias - nesta etapa devem ser definidos os
objetivos e as estratégias para o desenvolvimento do turismo
na cidade de Cairu.
3. Estudos de mercado – consistem nos estudos e na seleção de
mercados prioritários para o segmento de Turismo Cultural.
Nesta etapa deve-se definir também o posicionamento do
produto cultural da cidade de Cairu e os diferenciais
competitivos.
4. Estruturação da oferta turística – segundo Petrocchi (2004, p.
292), a estruturação da oferta, é o processo de seleção e
organização de serviços para oferecer ao turista. Deve-se
nesta etapa definir o produto turístico da cidade de Cairu,
composto pelos seus atrativos, serviços de transporte,
hospedagem e outros serviços complementares. Quanto maior
a diversidade de opções e atividades, maiores serão as
possibilidades de se criar produtos diferenciados. Além de
estimular a permanência do turista por um tempo maior,
incentiva a visitação nos períodos de baixa estação.
5. Recursos humanos e formação profissional - nesta etapa devese planejar e elaborar um programa de capacitação em
turismo, envolvendo todos os atores sociais do turismo na
cidade de Cairu.
6. Elaboração da promoção e comercialização – deve-se definir
o tipo de promoção e comunicação adequado ao produto
cultural da cidade de Cairu, o preço dos roteiros turísticos e o
local de venda (agências de viagens).
7. Controle, monitoramento e avaliação – é um passo necessário,
pois com o controle e o monitoramento se possibilita corrigir
os desvios que existirem e subsidiar as demandas que
surgirem. A avaliação servirá para medir os resultados que se
obtiver com a aplicação do plano.
5. 5 Sugestão para o Roteiro Turístico Integrado
São muitas as opções de roteiros turísticos na região da Costa do Dendê
e várias maneiras de se chegar ao município de Cairu, por acesso terrestre,
marítimo e aéreo. Nos 8 roteiros turísticos sugeridos são apresentados os
principais atrativos histórico-culturais do município de Cairu, envolvendo as três
ilhas: Cairu, Tinharé e Boipeba. A cidade de Cairu não é conhecida pelos
turistas, apenas as ilhas de Tinharé e Boipeba são visitadas pelas suas belezas
naturais. Dessa forma, a sugestão dos roteiros tem o objetivo de integrar todo o
município de Cairu e agregar o Turismo Náutico, o Ecoturismo e o Turismo de
Sol e Praia ao Turismo Cultural da cidade de Cairu. Sendo assim, o turista
poderá permanecer por mais tempo na região, gerando receita, trabalho e
renda para as comunidades anfitriãs. Esse é o principio do Programa de
Regionalização do Turismo, proposto pelo Ministério do Turismo em 2002.
Na tabela 7 são apresentados os atrativos histórico-culturais do
município que fazem parte dos 8 roteiros turísticos propostos.
TABELA 7 - ATRATIVOS HISTÓRICO-CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE
CAIRU
LOCALIDADE
TIPO DE
ATRATIVOS TURÍSTICOS
TURISMO
Cairu
Histórico-
Igreja e Convento de Santo Antonio Matriz N.S.
cultural
do Rosário
Sobrado à rua Direita
Sobrado Grande
Antiga prefeitura
Galeão
Histórico-
Igreja de São Francisco Xavier
cultural
Casa com Varanda de Ferro
Morro de
Histórico-
Fortaleza de Morro de São Paulo, Forte da
São Paulo
cultural
Ponta século
Fonte Grande
Igreja de Nossa Senhora da Luz
Boipeba
Histórico-
Matriz do Divino Espírito Santo
cultural
Fonte: Elaboração da autora
Roteiro 1
ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU SAINDO DE SALVADOR
DE CARRO
Itinerário: Salvador- Valença – cidade de Cairu – Valença - Salvador
Tempo do roteiro: 3 dias
1º dia Salvador – Valença
Pela manhã de carro, saindo de Salvador com destino a Valença, num
percurso de 277 km, aproximadamente 3 horas 37 minutos, deve-se utilizar a
rodovia BR 324 até o entroncamento com a rodovia BR-101 próxima a Feira de
Santana, seguindo 95 km até Santo Antonio de Jesus, onde há duas opções:
•
Entrar na BA-245 percorrendo 30 km até Nazaré; daí seguir 45
km pela BA-001 até Valença;
•
Continuar por 47 km pela BR-101 até o entroncamento da BA542, percorrendo 30 km até Valença.
Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita aos
atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico patrimônio
histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o
Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes da cidade.
Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo comercial e
de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais estaleiros da
Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até
caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a
industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da
Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos
Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Como sugestão hospedagem
no hotel Portal Rio Una em Valença.
•
Para quem vem de carro do norte ou sul do país para a cidade de Cairu,
a melhor opção é pela rodovia BR 101 com destino a Valença. De
Valença pela BA-001 seguir viagem com destino a Nilo Peçanha.
Chegando em Nilo Peçanha, ainda pela BA -001, percorre-se mais 22
km pela BA-884 até a cidade de Cairu.
2º dia Valença – cidade de Cairu
Pela manhã saída de Valença com destino a cidade de Nilo Peçanha
pela BA-001. Durante o percurso de 27,5 km, aproximadamente 22 minutos,
pode-se notar a presença de pequenos povoados, fazendas de cravo, piaçava,
dendê e coco. Chegando em Nilo Peçanha, através da BA-001, percorre-se
mais 22 km, pela BA 884 até a cidade de Cairu.
Chegada na cidade de Cairu visita ao Convento de Santo Antonio.
Almoço na pousada Solar das Mangueiras. Pela tarde visita ao centro histórico
que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão
localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de
Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à Rua
Direita (Foto 20), o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto
22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Hospedagem na Pousada
Solar das Mangueiras. Jantar no restaurante Veleiro em frete a pousada.
Futuramente o Convento de Santo Antonio disponibilizará hospedagem
conforme consta no projeto de restauração e revitalização do Convento (Figura
20).
3º dia Cidade de Cairu – Valença – Salvador
Pela manhã caminhada pela cidade. O retorno de Cairu para Salvador
via terrestre pode ser realizado pela BA – 884 até Nilo Peçanha e pela BA-001
até Valença. Em Valença utiliza-se a BA 542 até a rodovia BR-101 com destino
a Salvador pela rodovia BR-324.
•
O retorno para Salvador pode ser também realizado, iniciando pela BA –
884 até Nilo Peçanha e pela BA-001 até o terminal marítimo de Bom
Despacho na ilha de Itaparica. Embarque através do Sistema Ferry Boat
ou catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o terminal
marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9).
•
Opcional pela manhã na cidade de Cairu: passeio às ilhas de Tinharé e
Boipeba de lancha rápida que poderá ser contratada no píer da cidade
de Cairu.
Roteiro 2
ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU DE ÔNIBUS A PARTIR DO
TERMINAL DE BOM DESPACHO NA ILHA DE ITAPARICA
Itinerário: Salvador- Valença – cidade de Cairu – Valença - Salvador
Tempo de duração do roteiro 3 dias
1º dia – Salvador - Valença
Pela manhã, no terminal marítimo São Joaquim, embarque através do
Sistema Ferry Boat ou catamarã para a travessia da baía de Todos os Santos
no período de 1 hora até o terminal marítimo Bom Despacho na Ilha de
Itaparica (ver anexo 9). Na saída do terminal Bom Despacho, no Terminal
Rodoviário tomar o ônibus para Valença, da Viação Cidade Sol cujo trajeto tem
duração de 2h 30. Existe ônibus a cada meia hora. Tomar de preferência um
ônibus Expresso, sem parada, os horários são sempre compatíveis com os
horários do ferry boat.
Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita
aos atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico
patrimônio histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que
povoam o Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes
da cidade.Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo
comercial e de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais
estaleiros da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e
até caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a
industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da
Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos
Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Como sugestão hospedagem
ORIGEM
DESTINO
HORÁRIO
TIPO
VALORES
no hotel Portal Rio Una em Valença.
Para quem quer ir direto do Terminal Marítimo de Bom Despacho na ilha
de Itaparica para a cidade de Cairu de ônibus, a Viação Cidade Sol faz a linha
Bom Despacho Cairu com parada em Valença às 13:30h. O valor da passagem
é de R$19,00.
2º dia Valença - Cidade de Cairu
Saída de Valença de ônibus pela Viação Cidade Sol para a cidade de
Cairu em torno de 1 h e 45 min a viagem. Chegando na cidade de Cairu
hospedagem na Pousada Solar das Mangueiras. No mesmo dia visita ao centro
histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao píer.
Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento
de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua
Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto
22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Jantar no restaurante
Veleiro em frete a pousada Solar das Mangueiras.
3º dia – Cidade de Cairu – Valença – Salvador
Pela manhã caminhada pela cidade. O retorno para Salvador pode ser
realizado pelo mesmo percurso do primeiro dia de ônibus com a Viação Cidade
Sol até Bom Despacho com parada em Valença. Embarque através do Sistema
Ferry Boat ou catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o
terminal marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9).
•
Opcional pela manhã: passeio às ilhas de Tinharé e Boipeba de lancha
rápida, podendo estender a estadia por mais 02 dias.
Graciosa
•
11:30/15:00
Barco
R$2,00
07:00
Lancha rápida
R$3,50
Boipeba (com passagem em Cairu)
Esse roteiro poderá ser feito saindo de Graciosa para a cidade de Cairu
em lancha rápida com vários horários de saída (tabela 8). Graciosa é um
povoado na beira da estrada entre Valença e Taperoá. O acesso de
Valença para Graciosa poderá ser feito de ônibus, táxi ou carro.
TABELA 8: LINHA DE TRAVESSIA.NO PORTO DE GRACIOSA
Fonte: Secretaria de Turismo do Município de Cairu, 2008.
Roteiro 3
ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU DE AUTOMÓVEL COM
ACESSO FLUVIAL ÀS ILHAS DE TINHARÉ E BOIPEBA
Itinerário: Salvador – Valença – cidade de Cairu – Morro de São Paulo –
Boipeba – cidade de Cairu
Tempo de duração do roteiro: 5 dias
1º dia Salvador – Valença
Pela manhã, saindo de Salvador com destino a Valença, deve-se utilizar
a rodovia BR 324, percorrer 81 Km até o entroncamento com a rodovia BR 101
próxima a Feira de Santana, seguindo 95Km até Santo Antonio de Jesus, onde
há duas opções:
•
entrar na BA-245 percorrendo 30 km até Nazaré; daí seguir 45 km
pela BA-001 até Valença;
•
continuar por 47 km pela BR-101 até o entroncamento da BA-542,
percorrendo 30 km até Valença.
Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita aos
atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico patrimônio
histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o
Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes da cidade.
Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo comercial e
de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais estaleiros da
Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até
caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a
industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da
Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos
Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Hospedagem no hotel Portal
Rio Una em Valença.
•
Outra opção de Salvador para Valença é pelo Sistema Ferry Boat para
a travessia da baía de Todos os Santos até o terminal marítimo Bom
Despacho na ilha de Itaparica (ver anexo 9). Segue-se daí em diante
pela BA-001, passando pela cidade de Nazaré das Farinhas, num
percurso de 107 Km no período de 1 hora e 20 minutos até a cidade de
Valença.
2º dia – Valença – cidade de Cairu
Pela manhã saída de Valença com destino a cidade de Nilo Peçanha
pela BA -001. Durante o percurso de 27,5 km, aproximadamente 22 minutos,
pode-se notar a presença de pequenos povoados, fazendas de cravo, piaçava,
dendê e coco. Chegando em Nilo Peçanha, através da BA-001, percorre-se
mais 22 km, pela BA 884 até a cidade de Cairu.
Chegando em Cairu visita ao Convento de Santo Antonio. Almoço e
hospedagem na pousada Solar das Mangueiras. Pela tarde visita ao centro
histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto.
Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento
de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua
Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto
22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Jantar no restaurante
Veleiro em frete a pousada Solar das Mangueiras.
•
Opcional em Valença: passeio pela praia de Guaibim
3º dia Cidade de Cairu - Ilha de Tinharé
Café da manhã na pousada, embarque no pier da cidade de Cairu em
uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé.
No percurso pode-se observar os manguezais, barcos de pesca e pequenas
canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que
compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os
barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste
(contra costa) da ilha de Tinharé. Seguindo um braço do canal principal em
direção a Morro de São Paulo, avista-se do lado direito, do alto do morro, a
igreja de São Francisco Xavier, parada no píer dedo povoado de Galeão, com
visita a igreja de São Francisco Xavier (Foto 3) e a casa com Varanda de Ferro,
século XIX (Foto 4). Parada para almoço no povoado de Morro de São Paulo e
visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo,
século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande,
século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8).
Jantar na Vila. Hospedagem em Morro de São Paulo com diversas opções de
pousadas e hotéis.
•
Opcional: passeio ao banco de areia de Gamboa, pequena vila de
pescadores vizinha a Morro de São Paulo.
4º dia – Morro de são Paulo – Ilha de Boipeba
Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e
trator. Os passeios partem às 09h30min de Morro e chegam às 12h30min em
Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais.
Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9).
Descanso sob os coqueirais e almoço com várias opções de restaurantes que
servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou
uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Jantar e hospedagem em Boipeba em
pousadas temáticas com muita tranqüilidade.
•
Opcional: mergulho em Moreré para poder apreciar a vida marinha.
5º dia – Ilha de Boipeba – cidade de Cairu – Salvador
Café da manhã na pousada em Boipeba e retorno para a cidade de
Cairu em lancha rápida. Na cidade de Cairu retorno para Salvador pelo mesmo
itinerário, sentido Nilo Peçanha, Valença e Nazaré pela BA - 001 até o terminal
marítimo de Bom Despacho. Embarque através do Sistema Ferry Boat ou
catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo
São Joaquim em Salvador (ver anexo 9).
Opcional para o retorno: em lancha rápida em Boipeba com destino ao
povoado de Torrinhas, uma pequena vila de pescadores com cerca de 500
habitantes, localizada a 14 km do município de Cairu. O percurso dura em
média 25 minutos. Em torrinhas uma parada para comprar artesanatos típicos.
Retorno de táxi até Valença ou de carro pela estrada de barro até a estrada de
Cairu em direção a Nilo Peçanha, passando por Taperoá, Valença Nazaré até
Bom Despacho. São 150 km pela BA 001. Retorno de Ferry Boat ou catamarã
para a travessia da Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo São
Joaquim em Salvador (ver anexo 9). No povoado de Torrinhas o carro, pode
ficar em um estacionamento fechado.
•
Existem outras opções de acesso para realizar a viagem de retorno para
Salvador. Como por exemplo, o retorno via Morro de São Paulo de
catamarã ou por avião (ver tabelas 5 e 6).
•
Sugestão: Em Valença, deixar o carro no estacionamento, pegar um táxi
até Torrinhas.
Roteiro 5
ACESSO TERRESTRE E MARÍTIMO AO MUNICÍPIO DE CAIRU VIA
TORRINHAS
Itinerário: Salvador - Ilha de Itaparica - Nazaré – Valença - Taperoá - Nilo
Peçanha – Torrinhas – Boipeba – Morro de São Paulo – Cairu – Morro de São
Paulo –Salvador
Duração do Roteiro: 05 dias
De automóvel: 1º dia – Salvador – Ilha de Itaparica – Torrinhas
Após a travessia da Bahia de Todos os Santos pelo sistema ferry boat
são 150 km pela BA 001 até Torrinhas, melhor ponto de embarque para a Ilha
de Boipeba. Partindo de Bom Despacho na Ilha de Itaparica, o trajeto passa
pelas cidades Nazaré, Valença, Taperoá e Nilo Peçanha. Na cidade de Nilo
Peçanha deve-se entrar na estrada para Cairu, percorrendo 12 km para depois
entrar à direita em uma estrada de barro que leva ao povoado de Torrinhas
uma pequena vila de pescadores com cerca de 500 habitantes com duração de
7 km. No povoado o carro, pode ficar em um estacionamento fechado. Em
Torrinhas uma parada obrigatória para compra de artesanatos típicos.
Opcional de ônibus: 1º dia – Salvador – Ilha de Itaparica – Torrinhas
Na saída do terminal Bom Despacho, no Terminal Rodoviário tomar o
ônibus para Torrinhas, da Viação Olivence cujo trajeto tem duração de 2h00.
Existem ônibus às 11:00h e às 14:00h, o valor da passagem é R$ 10,00. Em
Torrinhas, lanchas rápidas fazem a travessia à Boipeba pelo rio do Inferno. A
viagem dura em média 25 minutos, tempo suficiente para admirar o extenso
manguezal.
Em Boipeba, os restaurantes servem uma comida de ótima qualidade.
Após almoço visita a Matriz do Divino Espírito Santo (Foto 9). Pela tarde uma
caminhada na vila ou fazer uma trilha ecológica na Mata Atlântica.
Hospedagem em pousadas temáticas com muita tranqüilidade e jantar onde se
pode degustar frutos do mar.
2º dia Boipeba - Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada em Boipeba e caminhada pelas praias. As
lanchas partem para Morro de São Paulo às 14:30 h com chegada prevista às
18:00 h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar na vila.
3º dia Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada, visita às praias em seguida almoço na vila.
Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de
São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a
Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz,
século XVII (Foto 8). À noite passeio e jantar na vila.
4º dia Morro de São Paulo – cidade de Cairu
Café da manhã na pousada e embarque no pier de Morro de São Paulo
em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e
Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de
pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de
pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de
canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e
da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé. Parada na cidade de Cairu
com visita ao centro histórico, que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita,
próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os
principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário
(Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e
visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras
ou no restaurante Veleiro em frete a pousada. Retorno para pernoite em Morro
de São Paulo.
•
Opcional: Passeio em Gamboa para visitar a Vila.
5º dia – Morro de São Paulo – Salvador
Opções de retorno:
•
Retorno em catamarã para Salvador pela manhã (o retorno pela tarde é
arriscado). Ver opções no anexo 9. Duração da viagem 2 horas.
•
Retorno de avião de Morro de São Paulo com destino a Salvador. Duração
da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em
Salvador (tabelas 5 e 6).
•
Retorno via Boipeba com lancha rápida para Torrinhas fazendo o percurso
Torrinhas – Valença – Ilha de Itaparica – Salvador.
Roteiro 6
ACESSO TERRESTRE E FLUVIAL PARA O MUNICÍPIO DE CAIRU VIA
VALENÇA DE BARCO
Itinerário: Salvador- Ilha de Itaparica – Nazaré – Valença - Morro de São Paulo
Duração do Roteiro: 05 dias
1º dia Salvador - Valença – Morro de São Paulo
Pela manhã, no terminal marítimo São Joaquim, embarque através do
Sistema Ferry Boat ou catamarã para a travessia da baía de Todos os Santos
no período de 1 hora até o terminal marítimo Bom Despacho na Ilha de
Itaparica (ver anexo 9). Seguindo-se daí em diante pela BA- 001, passando
pela cidade de Nazaré das Farinhas, num percurso de 107 km no período de 1
hora e 20 minutos chega-se ao centro da cidade de Valença.
Embarque no píer de Valença para Morro de São Paulo com
embarcações de madeira de maior porte, com capacidade para até 200
passageiros, além de lanchas rápidas pequenas e médias com até 30
passageiros. Duração 1 hora e meia de viagem.
Em Morro de São Paulo, visita às praias com banho de mar, em seguida
almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a
fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século,
XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa
Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). À noite jantar na vila.
2º dia – Morro de São Paulo - Boipeba
Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e
trator. Os passeios partem às 9:30h no Morro e chegam às 12:30h em Boipeba.
Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais. Parada para o
almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9). Almoço com várias
opções de restaurantes que servem uma comida de ótima qualidade. Pela
tarde uma caminhada na vila ou uma trilha ecológica na Mata Atlântica.
Hospedagem em Boipeba com muita tranqüilidade e jantar onde se pode
degustar frutos do mar .
•
Esse roteiro poderá ser realizado também de Valença para Boipeba
direto via lancha rápida com saída do Terminal Marítimo de Valença,
levando em média 1hora de viagem.
•
Outra opção para Boipeba pode ser via Graciosa, pequeno povoado na
beira da estrada entre Valença e Taperoá com saídas diárias de barcos
e lanchas. Ver abaixo na Tabela 8 as informações sobre a travessia.
3º dia Boipeba – Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela
tarde às 14:30h as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada
prevista às 18:00 h. Hospedagem e jantar na vila de Morro de São Paulo.
4º dia – Morro de São Paulo- Cidade de Cairu - Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada e embarque no píer de Morro de São Paulo
em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e
Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de
pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de
pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de
canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e
da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé, parada na cidade de Cairu.
Em Cairu visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da
rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis
sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do
Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto
21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço no Solar das Mangueiras ou
no restaurante Veleiro em frete a pousada. Pela tarde um passeio em Gamboa
e retorno à Morro de São Paulo. À noite uma caminhada pela vila com jantar.
5º dia Morro de São Paulo – Salvador
Opções de retorno
•
Retorno de catamarã partindo de Morro de São Paulo para Salvador pela
manhã - (o retorno pela tarde é arriscado). Duração da viagem 2 horas.
•
Retorno aéreo de Morro de São Paulo com destino a Salvador (tabelas 5 e
6). Duração da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo Magalhães
e Salvador.
Roteiro 7
ACESSO MARÍTIMO E FLUVIAL AO MUNICÍPIO DE CAIRU VIA CATAMARÃ
Itinerário: Salvador – Morro de São Paulo – Boipeba – Cidade de Cairu – Morro
de São Paulo – Salvador
Duração do Roteiro: 05 dias
1º dia Salvador – Morro de São Paulo
A partir do Terminal Marítimo que fica em frente ao Mercado Modelo, em
Salvador, o trajeto Salvador/Morro de São Paulo pode ser realizado de
catamarã com duas horas de duração.
Visita às praias com banho de mar, em seguida almoço na vila. Pela tarde
visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo,
século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande,
século XVII (Foto 7) e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8).
À noite passeio na vila.
2º dia Morro de São Paulo – Boipeba
Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e
trator. Os passeios partem às 09h30min no Morro e chegam às 12h30min em
Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais.
Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9).
Almoço com várias opções de restaurantes que servem uma comida de ótima
qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou fazer uma trilha ecológica na
Mata Atlântica. Hospedagem em Boipeba com muita tranqüilidade.
3º dia Boipeba – Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela
tarde às 14h30min as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada
prevista para chegar às 18:00h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar
na vila.
4º dia Morro de São Paulo - Cidade de Cairu - Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada e embarque no píer de Morro de São Paulo
em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e
Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de
pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de
pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de
canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e
da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé. Em Cairu visita ao centro
histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto.
Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento
de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua
Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto
22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em
frente a pousada. Pela tarde um passeio em Gamboa e retorno à Morro de São
Paulo. À noite uma caminhada pela Vila com jantar.
5º dia Morro de São Paulo – Salvador
Opções de retorno
•
Retorno em catamarã com destino a Salvador pela manhã (o retorno pela
tarde é arriscado). Duração da viagem 2 horas.
•
Retorno de avião de Morro de São Paulo para Salvador, ver as opções nas
tabelas 5 e 6. Duração da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo
Magalhães em Salvador.
Roteiro 8
ACESSO AÉREO PARA O MUNICÍPIO DE CAIRU
Itinerário: Salvador - Morro de São Paulo – Boipeba - Morro de São Paulocidade de Cairu - Morro de São Paulo – Salvador
Duração do Roteiro: 05 dias
1º dia Salvador – Morro de São Paulo
Pela manhã saída do aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em vôo direto
para Morro de São Paulo ver as opções nas tabelas 5 e 6. O trajeto
Salvador/Morro de São Paulo tem 20 minutos de duração até o campo de
pouso na 2ª praia de Morro de São Paulo.
Em Morro de São Paulo visita às praias com banho de mar, em seguida
almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a
fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século,
XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa
Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). Hospedagem em Morro de São Paulo.
2º dia Morro de São Paulo – Boipeba
Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e
trator. Os passeios partem às 09h30min de Morro e chegam às 12h30min em
Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais.
Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo (Foto 9).
Descanso sob os coqueirais Almoço com várias opções de restaurantes que
servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou
uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Hospedagem em Boipeba com muita
tranqüilidade e jantar onde se pode degustar frutos do mar.
3º dia Boipeba – Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela
tarde às 14:30h as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada
prevista para chegar às 18:00h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar
na vila.
4º dia – Morro de São Paulo- cidade de Cairu - Morro de São Paulo
Café da manhã na pousada e embarque no pier de Morro de São Paulo
em lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé.
Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de pesca e
pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas
ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que
levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa
oeste (contra costa) da ilha de Tinharé. Em Cairu visita ao centro histórico que
vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão
localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de
Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua
Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto
22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em
frete a pousada.
Pela tarde um passeio em Gamboa e retorno à Morro de São Paulo. À
noite uma caminhada pela vila com jantar.
5º dia Morro de São Paulo - Salvador
Retorno direto Morro de São Paulo com destino a Salvador de avião, ver as
opções de vôo nas tabelas 5 e 6.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O enfoque territorial é uma visão integradora de espaços, atores
sociais, agentes, mercados e políticas públicas de intervenção que se
sustentam no respeito à diversidade, à solidariedade, à justiça social, no
sentimento de pertencer ao lugar e na inclusão social como metas
fundamentais a serem atingidas e conquistadas.
Como
resultado
da
pesquisa,
o
turismo
histórico-cultural
foi
caracterizado como prioridade para a cidade de Cairu, baseado na
conscientização territorial, na integração, nas relações e na solidariedade para
poder competir.
A pesquisa revelou o conhecimento das potencialidades turísticas da
cidade de Cairu, podendo vir a ser um referencial de turismo local, integrado e
sustentável se bem planejado, oferecendo a partir dos seus atrativos um roteiro
turístico histórico-cultural, como uma nova opção para oferta turística da região.
Espera-se que o turismo histórico-cultural de Cairu, motivado pelo
acervo arquitetônico e pela diversidade e autenticidade das manifestações
culturais, possa contribuir para a inserção das comunidades locais no processo
turístico. Seus recursos naturais e culturais são ricos e únicos mas dependem
da transformação desses recursos de modo a constituírem roteiros e produtos
turísticos reais . Para tanto são necessárias medidas que visem a estruturação,
o
desenvolvimento,
a
promoção
e
a
comercialização
adequadas
à
singularidade do turismo cultural.
A pesquisa desenvolvida demonstrou que o território da cidade de
Cairu tem sua singularidade e valores culturais. A riqueza dos seus recursos
culturais e naturais e a tranquilidade das suas águas estuarinas marcadas por
uma densa rede de canais constituíram a base dos seus períodos de
desenvolvimento.
Cairu foi o território de acontecimentos históricos relevantes nos
séculos XVI, XVII e primeira metade do século XVIII, deixando como marca
monumentos e vestígios históricos de grande relevância cultural e patrimonial
que determinam também a sua identidade.
A pesquisa realizada concluiu que as potencialidades e valores da
cidade de Cairu justificam um esforço imediato para a sua preservação numa
perspectiva
de
desenvolvimento
sustentável
em
benefício
das
suas
comunidades. Significa a ocupação de novos espaços turísticos com
distribuição do fluxo, receita, inclusão social, trabalho e renda.
As ações previstas devem ser estruturadas como forma de atender a
sustentabilidade ambiental, econômica, social e cultural numa situação de
equilíbrio tendo em conta que o principal valor da cidade está na sua história,
na diversidade cultural, ambiental e na sua comunidade, consolidando assim os
fatores de diferenciação e criando um exemplo de turismo sustentável.
As ações definidas devem ser desenvolvidas juntamente com
instrumentos de planejamento e avaliação. As ações estruturais são essenciais
quer nas áreas histórico-culturais de gestão ambiental do território quer na
consolidação de soluções de mobilidade e energia não poluentes, quer no
desenvolvimento econômico sustentável, criando condições de educação e
fixação dos jovens.
A criação de condições de governança territorial agregada a vontade
política e a competência técnica serão elementos complementares para a
concretização de um futuro sustentável.
O patrimônio cultural da cidade de Cairu deverá ser um elemento
essencial para a identidade do Arquipélago e uma base para a estruturação do
seu desenvolvimento e qualidade. A manutenção e estímulo das tradições
culturais associadas a valorização do patrimônio natural são igualmente
elementos fundamentais:
Pensar em uma região implica em identificar processos que
possibilitem reativar pequenas economias, dinamizar a
comunidade local, mediante o aproveitamento de seus recursos
endógenos, estimular e diversificar o crescimento econômico,
ofertar empregos e melhorar a qualidade de vida das
populações residentes. (SILVA; CORIOLANO 2005, p.38).
A singularidade é um elemento básico para o desenvolvimento de
qualquer tipo de turismo e do Turismo Cultural em particular. Os recursos
culturais de Cairu são singulares e o seu patrimônio cultural é um recurso
produtivo.
Para
desenvolvê-lo
é
necessário
estabelecer
critérios
de
sustentabilidade e diretrizes que alto regulem o comportamento da população
local, dos turistas e dos operadores de serviços.
A cultura é um componente de atratividade nas experiências de viagens,
necessário se faz um desenvolvimento de turismo que apóie as economias
locais e conservem a diversidade cultural e natural. A técnica de interpretação
do patrimônio utilizando os elementos da gastronomia, da hospitalidade, do
artesanato, das festas populares e outras expressões da identidade da cultura
poderá ser em Cairu fortemente valorizada. Essas características podem vir a
ser a essência da imagem da cidade de Cairu, que poderá ter no turismo uma
das melhores oportunidades de fazer com que a identidade da cidade seja
agregadora de valor nos produtos e nos serviços.
Falar da cidade de Cairu é falar do município não se pode pensar em
turismo sem pensar no todo, na integração, no conjunto. Pela grande
diversidade natural do município, são muitos os segmentos turísticos que
podem ser desenvolvidos e agregados ao turismo cultural, dentre eles o
ecoturismo e o turismo de aventura. O turismo náutico também poderá ser um
forte componente para o desenvolvimento turístico do município. Para tanto,
existe a necessidade de intervenções em terminais, sinalização marítima,
segurança das embarcações, incentivo a implantação de marinas e ampliação
dos serviços de transporte da região.
Outro segmento importante para Cairu é o turismo de pesca recreativa e
esportiva favorecidos pela própria constituição do município pelos seus
recursos
naturais.
Boas
perspectivas
também
na
agricultura
e
na
industrialização da pesca que podem contribuir para ampliar a cadeia produtiva
com possibilidades para a criação de fazendas de produção, podendo tornar o
município um grande centro fornecedor de alimentos para hotéis, pousadas e
restaurantes.
Com o objetivo de inserir a cidade de Cairu num processo dinâmico para
o desenvolvimento do turismo cultural, recomenda-se a integração de um
conjunto de procedimentos, para alcançar resultados efetivos. São eles:
•
Criar ambientes favoráveis para atrair novas atividades sociais e
econômicas;
•
Diversificar as atividades econômicas e agregar a qualidade às ofertas
existentes;
•
Integração gradual e equilibrada dos sistemas social, econômico e
ambiental;
•
Criação de emprego e qualificação dos recursos humanos e das
condições de trabalho;
•
Valorização do patrimônio histórico-cultural, defesa dos recursos
naturais e incremento da qualidade de vida dos habitantes residentes;
•
Melhoria do modelo institucional e participação ativa da população e dos
agentes econômicos na sua gestão;
•
Planejamento, estruturação, organização e controle do ambiente natural,
histórico-cultural, social, cultural e econômico;
•
Oportunidades de investimento, para atividades inovadoras, não
poluentes;
•
Desenvolvimento do potencial econômico em articulação com outros
municípios da micro-região, valorizando a identidade e a autenticidade
do território num contexto de mudança.
“Todo lugar pode atrair visitante pelos seus atrativos naturais e
culturais”. (CORIOLANO; SILVA, 2005 p.91).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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antropología. Barcelona: Bardenas, 1997.
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_______.Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
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