Matéria de lançamento programação CDPA

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Matéria de lançamento programação CDPA
ESTADO DE MINAS ●
Q U A R TA - F E I R A , 1 3 D E A B R I L D E 2 0 1 1 ● E D I T O R : J o ã o P a u l o C u n h a ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E : Â n g e l a F a r i a ● E - M A I L : c u l t u r a . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6
EM
DISCUTIR
A RELAÇÃO
Martha Medeiros lança
amanhã em Belo
Horizonte o romance
Fora de mim, sobre o
fim do amor.
★
PÁGINA 6
JÚLIO CORDEIRO/ZERO HORA
COMPANHIA DE DANÇA PALÁCIO DAS ARTES COMPLETA 40 ANOS E ANUNCIA PROGRAMAÇÃO.
EM MAIO, O GRUPO REMONTA COREOGRAFIA DE CORDEL E EM AGOSTO ESTREIA NOVO ESPETÁCULO
Regina Advento
trabalhou improvisação e
criação de movimento
com bailarinos da Cia de
Dança Palácio das Artes
TEMPO DE OUSAR
FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS
THAÍS PACHECO
Quarenta anos em movimento. Fundada em
1971 por Carlos Leite, a Companhia de Dança Palácio das Artes quer marcar este momento de sua trajetória artística com programação especial, que vai
ocupar todo o calendário do ano. Na realidade, a celebração começou em 2010, com o lançamento do
Zona 04, programa que permanece em andamento. Na agenda há a reestreia, em maio, do espetáculo Coreografia de cordel – um dos maiores sucessos
da companhia; apresentação de montagem inédita, Tudo se torna um, em agosto; aulas de dança
abertas ao público; e apresentações gratuitas no
foyer do Palácio das Artes, além de oficinas destinadas aos bailarinos da companhia.
A bailarina, coreógrafa e professora de dança Sônia Mota, diretora do grupo, é reconhecida por sua
atuação no desenvolvimento da dança contemporânea brasileira e, durante 20 anos, trabalhou com
dança moderna na cidade de Colônia, na Alemanha.
À frente do grupo desde março do ano passado, ela
aposta que a comemoração dos 40 anos da Cia de
Dança Palácio das Artes é momento importante para se pensar a continuidade e a transformação. “É
renovação no sentido de praticar ainda mais a proposta já existente, do bailarino criador e intérprete”, afirma Sônia. O método, formalmente chamado de Bailarino-Pesquisador-Intérprete, BPI, chegou
à companhia em 2000, com a coreógrafa mineira
Graziela Rodrigues. “Geralmente, o bailarino tem
corpo ativo e voz passiva. Aqui não”, explica Sônia.
O BPI propõe que eles sejam criadores e pensantes
da própria dança.
O Zona 04 já é resultado dessa concepção. A primeira parte do projeto foi a ocupação de todos os
espaços do Palácio das Artes, batizado de Se eu pudesse entrar na sua vida. As movimentações e rearranjos foram criados a partir da vivência dos bailarinos sobre o repertório do grupo. A segunda parte,
programada para agosto, voltada para o palco, será
sintetizada na estreia do espetáculo Tudo que se
torna um. Posteriormente, haverá exposição histórica e, por fim, o lançamento de livro com o registro de todo o processo.
Outra atividade que vem sendo preparada pela
companhia é o projeto Quintas da dança, que tem
dois objetivos complementares. Um deles é destinado ao público, que poderá acompanhar gratuitamente, sempre na última quinta-feira do mês, às
18h30, 20 ou 30 minutos de apresentação de dança
no foyer do Palácio das Artes. O outro aspecto é voltado para os próprios dançarinos, que terão oportunidade de experimentar propostas, caminhos e
linhas de pesquisa originais.
Aula aberta – a arte da presença é outra atração
VEM POR AÍ
. Dia 17 (a partir de maio, todo
último domingo do mês).
Aula Aberta – A arte da presença.
Às 11h, na Sala Klauss Vianna.
Entrada franca mediante
inscrição prévia.
Tem trabalho sempre”, justifica. Para Sônia Mota,
idade e aparência são apenas definições estéticas
infundadas. “O bailarino pode ser gordinho, por
que não? O que ele tem de ser, antes de tudo, é artista. A arte vai além de fascinar o público apenas
pela beleza estética”, explica.
Os bailarinos não estão fora das comemorações. Como parte dos 40 anos da
companhia, receberão, ao longo do ano,
uma série de visitas especiais, palestras e
oficinas. A primeira, que foi desenvolvida
entre 21 e 25 de março, trouxe ao Palácio
das Artes Tadashi Endo, um dos mestres
do Butoh, que veio da Europa, a convite
da Fundação Clóvis Salgado, especialmente para dialogar com os bailarinos.
No começo desta semana, quem esteve com os profissionais foi a mineira Regina Advento. Bailarina do Grupo Corpo
nos anos 1980 , ela integra hoje a Companhia de Pina Bausch, na Alemanha. Como seu grupo está fazendo apresentações no país, Regina aproveitou para passar dois dias com os colegas do Palácio
das Artes. “Fizemos uma oficina de improvisação e criação de movimento”,
conta a bailarina.
A primeira parte da aula foi sobre uma
técnica contemporânea disseminada pela escola alemã Folkwang Hochschule, da
cidade de Essen, escola onde Pina Bausch
estudou e foi diretora do departamento
de dança. “A segunda era um diálogo por
meio do movimento. A ideia é estimular
a dança pelo pulso da música”, define Regina. Na programação de aniversário, o
grupo deve receber outras visitas e palestras no decorrer do ano.
UNIVERSAL A quarta ação pública da celebração de
aniversário será a reapresentação de Coreografia de
cordel, em 14 de maio, no Grande Teatro do Palácio
das Artes. O espetáculo é o mais premiado da história do grupo e entre 2005 e 2007 ganhou os prêmios
Sesc/Sated e Usiminas/Sinparc nas categorias melhor espetáculo, melhor coreógrafo, bailarino revelação, melhor figurino, melhor concepção coreográfica, melhor bailarina e prêmio especial pelo maior
público em espetáculos de dança. “Nesses 40 anos, a
companhia foi de clássicos como O lago dos cisnes
até estudos sobre o tudo e o nada”, brinca Sônia. “O
Coreografia de cordel representa a dança contemporânea, que é universal, mas tem comunicação direta com o público de Minas Gerais, porque traz o
Vale do Jequitinhonha, que expressa nossa identidade”, analisa. “É a história do grupo, que vai do clássico ao universal e volta para Minas”, completa.
A estrela de Regina Advento começou a brilhar
em Belo Horizonte, no Grupo Corpo, onde dançou entre 1984 e 1990 – pelo menos um dos
balés da companhia, Missa do Orfanato, tem a
sua cara, mesmo duas décadas depois que ela
deixou o Brasil para trabalhar na Alemanha. Em
1990, uma audição no Rio representou a maior
guinada em sua vida: foi convidada para trabalhar com Pina Bausch (1940-2009), a mais importante coreógrafa alemã, criadora da própria
ideia de dançateatro. Regina começou dançando num grupo menor dirigido por Pina, o Folkwang TanzStudio, mas em 1995 foi incorporada à companhia principal da coreógrafa, o
Tanztheater Wuppertal.
. Dia 28 (e toda última quintafeira do mês)
Quintas de dança
Às 18h30, no foyer do Palácio das
Artes. Entrada franca
. 14 de maio
Coreografia de cordel
Às 18h e 21h, no Grande Teatro
do Palácio das Artes, com lotação
limitada de 320 pessoas por
sessão, sentadas em
arquibancadas no palco.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15
(meia-entrada). Os ingressos
ainda não estão à venda.
. Em agosto
Tudo que se torna um
Espetáculo inédito da Cia de
Dança Palácio das Artes.
Sônia Mota: “O bailarino pode ser gordinho, por que não?”
da comemoração dos 40 anos da companhia. A própria Sônia Mota é quem vai ministrar as aulas, no
último domingo de cada mês. Com duas horas de
duração, a aula é aberta ao público, de graça, mediante inscrição prévia. E é para todos mesmo. “Serão bem-vindos os gordos, magros, altos, baixos, bonitos, feios, úmidos e secos. Quem dança e quem
não dança”, convida Sônia Mota. A técnica ensinada
na aula foi desenvolvida pela própria bailarina. “Arte da presença é um estudo do corpo para a pessoa
se sentir presente. Sentir o movimento e fazê-lo do
jeito que sentir”, descreve.
O fato de aceitar todos na aula aberta é reflexo
de algo que a diretora da companhia carrega como
filosofia. “Quando muda a diretoria de um grupo,
costuma mudar o elenco. Mas mantive o mesmo
grupo, porque me interessa a diversidade. Temos
bailarinos entre 20 e 57 anos”, conta Sônia. Totalmente ativa, dirigindo e ainda dançando aos 63
anos, ela se preocupa em frisar que a carreira de
um bailarino não deve acabar aos 30. “Acho muito
bacana que uma companhia de dança do governo
do estado busque essa ideia. Os pais têm de saber,
ao colocar os filhos numa escola de dança, que
aquela não é uma carreira que vai acabar cedo.
DIÁLOGOS
NECESSÁRIOS
DO CORPO A PINA