grupos de jesus - Paulus Editora

Transcrição

grupos de jesus - Paulus Editora
GRUPOS DE JESUS
José Antonio Pagola
GRUPOS DE JESUS
© 2014, José Antonio Pagola
© 2014, PPC, Editorial y Distribuidora, S.A.
Título original: Grupos de Jesús
Tradução:
Mário José dos Santos, ssp
Pré-impressão e capa:
PAULUS Editora
Impressão e acabamento:
Empresa do Diário do Minho, Lda.
Depósito legal:
ISBN: 978-972-30-1850-9
© PAULUS Editora, 2015
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sem autorização prévia, por escrito, do editor.
Apresentação
Q uerido amigo, querida amiga:
D
urante quatro ou cinco anos vais fazer parte de um
Grupo de Jesus. Juntamente com outros amigos e ami gas, irás viver uma aventura apaixonante, pois farás uma
caminhada para consolidares a tua vida com mais fé e mais verdade em Jesus.
Estes grupos são de Jesus. Reúnem-se em seu nome. Ele convoca-os e assiste-os. Jesus ocupa o centro do grupo. Para fazeres
parte de um Grupo de Jesus, não necessitas de uma preparação
especial. Podes até nem ser crente praticante. Basta teres o desejo
de te encontrares com Jesus, o Cristo.
Impelidos por Jesus, estes grupos podem ser no nosso tempo
um canal humilde para fazer circular a sua força renovadora e
humanizadora no interior de uma Igreja em crise e no meio de
uma sociedade necessitada de sentido e de esperança.
Nos próximos anos notar-se-á cada vez mais como se vai reduzindo o número de religiosos, religiosas e presbíteros no ativo.
Por isso, serão sobretudo mulheres e homens do povo de Deus
que mobilizarão a condução e a animação destes Grupos de Jesus.
Estes Grupos de Jesus poderão contribuir, juntamente com
outras iniciativas e experiências, para que o Espírito de Jesus
ressuscitado possa impelir o que o Papa Francisco chama «um
dinamismo evangelizador que atua por atração». Jesus salvará a
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Igreja, ainda que nós não conheçamos os seus caminhos concretos.
Não te esqueças de que Jesus te acompanha e que o seu Espírito está vivo dentro de ti. Ele trouxe-te até este Grupo de Jesus.
A tua vida pode mudar. A tua pouca fé basta.
José Antonio
Grupos de Jesus
Objetivos e características
Voltar juntos a Jesus, o Cristo
O nosso objetivo principal nos Grupos de Jesus é viver juntos um
processo de conversão individual e grupal a Jesus, aprofundando
de maneira simples o essencial do Evangelho. Queremos fazer
juntos uma caminhada para conhecer melhor Jesus e enraizar a
nossa vida com mais verdade na sua pessoa, na sua mensagem
e no seu projeto de fazer um mundo mais humano. Estes grupos nascem da convicção de que Jesus responde também hoje às
perguntas, aos problemas e às necessidades mais profundas das
pessoas.1
Reunidos em nome de Jesus
A primeira experiência que se vive nestes grupos alimenta-se desta promessa de Jesus: «Onde dois ou três se reunirem em meu
nome, aí estarei Eu no meio deles.» Por isso, os grupos reúnem-se em nome de Jesus. É Ele quem os convoca e organiza. Ele
ocupa o centro. Estes grupos são de Jesus. Não têm outro nome
Para entender melhor a necessidade e o sentido dos Grupos de Jesus, pode
consultar-se o meu livro Voltar a Jesus. Lisboa: PAULUS Editora, 2015.
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nem protetor. Não se enquadram na espiritualidade particular de
nenhum movimento nem em qualquer associação religiosa. São
espaços de liberdade, abertos a quem queira viver a experiência
de voltar a Jesus «recuperando a frescura original do Evangelho»
escutando a partir das inquietações, problemas, sofrimentos e
esperanças das mulheres e dos homens de hoje.
Num clima de amizade fraterna
Fazer juntos esta caminhada à procura de Jesus é uma experiência
renovadora que se vive num clima de amizade fraterna. Alguns já
se conheciam, outros não. Aqui todos nos sentimos atraídos por
Jesus. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum é superior aos
outros. No grupo convivem mulheres e homens, crentes convictos e pessoas que procuram, leigos e presbíteros... Gradualmente,
o Evangelho vai despertando em nós a comunicação e o diálogo,
a confiança mútua e a alegria.
Espaço de conversão pessoal a Jesus Cristo
Estes Grupos de Jesus não pretendem substituir outros grupos
pastorais, processos catequéticos, catecumenados ou realidades semelhantes, que têm os seus próprios objetivos e métodos.
Os que fazem parte destes grupos movem-se noutro plano:
reúnem-se para viver um processo de conversão a Jesus numa
caminhada de quatro a cinco anos. Durante este tempo, se somos cristãos comprometidos em algum campo, continuamos a
trabalhar onde já estamos. Nos Grupos de Jesus encontramos o
clima apropriado para nos deixarmos transformar pelo Evangelho e para recuperar ou reavivar a nossa identidade de discípulos
e de seguidores de Jesus.
Ao serviço do projeto humanizador do Pai
Ao longo da nossa caminhada nestes Grupos de Jesus, iremos
descobrindo que não é possível seguir Jesus sem nos identificarmos com o projeto do Reino de Deus, que constitui a paixão que
animou a sua vida inteira: fazer um mundo mais justo, mais digno
e mais ditoso para todos, começando pelos últimos. Por isso, nestes grupos sentimo-nos chamados a «buscar o Reino de Deus e a
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sua justiça». Esta paixão por um mundo mais humano, tal como
Deus o quer, vai marcando lentamente o nosso estilo de viver
tanto na sociedade como no interior da Igreja.
Construindo a Igreja de Cristo
Estes grupos não nascem para viverem fechados em si mesmos,
pensando somente nos seus problemas ou falando apenas das suas
coisas. Desde o início que se situam no horizonte do Reino de
Deus e no seio da Igreja. Mais em concreto, os Grupos de Jesus
vivem e crescem com a vontade de contribuir para o impulso no
interior da Igreja de uma conversão radical a Jesus Cristo. Por
isso, esforçamo-nos por contribuir com a nossa própria conversão
na construção de uma Igreja mais fiel a Cristo: uma Igreja mais
simples, fraterna e acolhedora; uma Igreja samaritana, compassiva, «amiga dos pecadores»; uma Igreja onde a mulher ocupe o
lugar querido por Jesus; uma Igreja que nos leve a Jesus e nos
ensine a confiar no Pai. Uma Igreja de coração grande em que em
cada manhã nos ponhamos a trabalhar pelo reino, sabendo que
Deus faz nascer o sol para bons e maus.
Como iniciar um grupo
Primeiros passos
Para tomar parte ativa nestes Grupos de Jesus não é necessária
uma preparação especial. Basta que um grupo de pessoas queira
fazer a experiência de escutar junto o Evangelho para voltar a
Jesus. Não é necessário que os membros sejam praticantes.
Podem fazer a caminhada crentes convictos, pouco crentes e
até pessoas que andam à procura e se sentem atraídas por Jesus.
Ele está no coração de todos, despertando a nossa fé e o desejo
de uma vida mais digna. Podem-no acolher os cristãos convictos
e os não praticantes; os simples e os ignorantes; os que se sentem
perdidos e os que vivem sem esperança. Jesus é para todos.
O moderador
Para iniciar um Grupo de Jesus não é necessária a presença de um
presbítero ou de uma religiosa. No entanto, pode ser importante
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que alguém dirija e anime discretamente o grupo. Não é exigido
que saiba mais que os outros. O grupo não se reúne para escutar
este ou aquela, mas para escutar Jesus, que nos fala a partir do
seu Evangelho. A missão do moderador é convocar os membros,
assegurar que todos tomem parte dialogando amigavelmente,
com respeito mútuo e de maneira positiva, que se escute o Evangelho e se crie um clima de oração e de conversão a Jesus, seguindo os diversos passos do encontro.
A iniciativa dos leigos
Sem dúvida, os padres e as religiosas podem ter um papel muito importante para animar estes Grupos de Jesus, sobretudo no
início. Porém, no futuro serão os leigos que encontrarão nestes
grupos um espaço novo de compromisso evangelizador. Serão
homens e mulheres do povo de Deus quem se mobilizam para
constituir e animar os Grupos de Jesus. Não se deve pensar em
grupos grandes e complexos, mas, sobretudo, em pequenas células
com cerca de doze pessoas, mais ou menos. Nestes momentos
estão em marcha grupos de vizinhos praticantes, casais cristãos,
famílias em situação irregular, antigos alunos de um colégio, religiosas e mães...
Duplo compromisso
Iniciar a caminhada num Grupo de Jesus supõe um duplo compromisso em que todos temos de nos sentir solidários. Em primeiro lugar, comprometemo-nos a preparar o melhor possível o
encontro: o bom andamento do grupo vai depender, em boa parte,
do trabalho pessoal que cada um de nós faz em casa, antes de vir
para o encontro. Em segundo lugar, comprometemo-nos a tomar
parte ativa no encontro; nem todos temos a mesma facilidade
para falar e dialogar, porém, todos participamos no grupo para
o construir com toda a simplicidade, e não apenas para receber.
Criatividade do grupo
No grupo propõe-se um caminho com sete etapas (veja-se o
índice). Em cada tema trata-se de um texto evangélico. Aos participantes são oferecidas diferentes ajudas: para descobrir entre todos a mensagem do Evangelho; para motivar a conversão
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pessoal; para estimular o compromisso do grupo no projeto de
Jesus. É conveniente que a caminhada seja feita corretamente;
porém, é o grupo quem há de determinar a sua própria criatividade para decidir a periodicidade e o ritmo dos encontros, assim
como o lugar mais adequado para as reuniões e a sua duração.
No grupo propõem-se também sugestões para a oração, porém,
como é natural, convém que o grupo desenvolva a sua própria
criatividade (cânticos, símbolos, gestos, música ambiente...).
Antes de iniciar a caminhada
Antes de iniciar a caminhada, é conveniente fazer um encontro
ou dois para tomar contacto com os participantes, para conhecer
o que é um Grupo de Jesus e para definir, entre todos, qual o
lugar e a periodicidade das reuniões, a distribuição das tarefas,
a aquisição dos materiais, a preparação do primeiro encontro...
(pode utilizar-se o material desta introdução sobre os Grupos de
Jesus lida e comentada por todos).
Dinâmica dos encontros
A cada tema dedicaremos dois encontros. No primeiro temos
como objetivo aproximar-nos do texto evangélico. É a primeira
coisa. Entender o melhor possível a mensagem do Evangelho. No
segundo encontro propomo-nos trabalhar em vista da nossa conversão pessoal e do compromisso do grupo no projeto de Jesus.
Se o grupo considerar necessário, pode marcar outro encontro.
Começamos todas as reuniões escutando a proclamação do Evangelho num
clima de silêncio e de escuta atenta. Concluímo-las com a oração, juntos, do
Pai Nosso, de pé e com as mãos unidas, formando um círculo. Ao terminar,
damos uma saudação de paz.
Primeiro encontro (aproximação ao Evangelho)
– Em casa. A primeira coisa a fazer, sempre, é ler o Evangelho.
No entanto, antes de começar, fechamos os olhos e em silêncio
tomamos consciência do que vamos fazer: «Vou escutar Jesus,
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Deus vai-me falar, que hei de d’Ele escutar nestes momentos da
minha vida?» Esta breve pausa serve para dispor o nosso coração
à mudança profunda da nossa maneira de ler o Evangelho.
De seguida, lemos o texto evangélico indicado. Fazemo-lo
muito lentamente. Sem pressa. O importante é perceber o que
o texto quer comunicar. Se o lemos compassadamente, muitas
palavras de Jesus que escutámos tantas vezes de forma rotineira
começarão a tocar o nosso coração.
Nesta leitura podemos fixar-nos sobretudo em Jesus. Temos de compreender bem o que nos diz e tudo o que Ele faz.
Temos de gravar em nós as suas palavras e o seu estilo de vida.
D’Ele é que aprendemos a viver.
Uma vez terminada a leitura começamos a aprofundar o texto
evangélico, seguindo as perguntas ou sugestões do guião. Assim
escutaremos a mensagem e preparamo-nos para dar ao grupo o
nosso pequeno contributo.
– No encontro. Começamos sempre por criar um clima de silêncio e de recolhimento para escutar a proclamação do Evangelho de Jesus, lido pela pessoa designada.
Depois aprofundamos entre todos o texto evangélico. Seguimos as perguntas e sugestões do guião. O diálogo tem de ser
aberto, espontâneo, mas também ordenado. O moderador pode ir
lendo as perguntas ou recolher outras que surgirem dos membros
do grupo. Não se trata de discutir, mas de expor o eco que o Evangelho encontra no nosso coração.
Ao terminar o diálogo, lemos entre todos o comentário e
vamo-lo comentando com tranquilidade. O importante é que a
mensagem evangélica vá penetrando no nosso coração. Por razões
pedagógicas, convém que não leiamos esse comentário antes de
nós mesmos o havermos trabalhado buscando a mensagem do
texto evangélico.
Terminamos o encontro em oração seguindo as sugestões do
guião ou a criatividade do grupo.
Oração do Pai Nosso e saudação da paz, no final.
Segundo encontro (aproximação à vida)
– Em casa. Antes mais nada, recolhemo-nos, lembramo-nos
de como vivemos o último encontro e lemos novamente o Evangelho. Agora já o conhecemos melhor.
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Depois, refletimos sobre a nossa conversão pessoal. As perguntas do guião são apenas um ponto de partida. Cada um deixa-se
guiar pelo Espírito de Jesus. Para muitos será uma experiência
de comunicação muito íntima com Jesus. Por isso, sugerimos
algumas orientações para um diálogo com Ele.
Por último, refletimos sobre o compromisso possível de todo o
grupo no projeto de Jesus. Se nos ajudar, podemos tomar algumas
notas em vista de um nosso contributo para o grupo.
– No encontro. Começamos, como sempre, fazendo silêncio
para escutar a proclamação do Evangelho de Jesus.
Logo a seguir partilhamos a nossa reflexão sobre o apelo que
ouvimos em vista da nossa conversão pessoal. Fazemo-lo com
muito respeito mútuo. Cada um comunica ao grupo o que lhe
parecer conveniente. Todos vamos perfilando melhor os nossos
passos para seguir Jesus.
Depois passamos a dialogar sobre o nosso compromisso no
projeto de Jesus. Aqui, seguramente, o diálogo será mais vivo e
variado. Cada um falará a partir do seu próprio contexto familiar, do ambiente em que nos movemos da vizinhança, trabalho,
paróquia... Seguimos as sugestões do guião ou detemo-nos noutras questões de interesse para o grupo. Entre todos vamos concretizando o nosso compromisso com realismo, humildade e
grande confiança em Jesus. Ele sustém-nos e acompanha-nos.
Terminamos o encontro em oração, num clima de alegria e de
ação de graças.
Oração do Pai Nosso e saudação da paz.
No fim da caminhada
fim da caminhada, cada Grupo de Jesus dedica um tempo
R No
de reflexão para tomar uma decisão entre diferentes alternativas.
alguns casos, o grupo termina e os seus membros vão-se
R Em
comprometendo, cada um por seu lado, com tarefas pastorais e
evangelizadoras diversas.
casos, o grupo termina como Grupo de Jesus, porém
R Noutros
os seus membros tomam a decisão de se continuarem a reu-
nir para escutar juntos o Evangelho (seguindo, por exemplo,
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algum dos textos evangélicos dos domingos). Inclusivamente
podem convidar novas pessoas.
casos, o grupo decide permanecer unido para se ofeR Noutros
recer ao serviço das necessidades pastorais de uma paróquia
concreta, ou constituir-se como uma equipa evangelizadora,
concretizando a sua atuação em algum campo determinado
(marginalização social, atenção a crianças ou idosos necessitados de ajuda, atenção a imigrantes, apoio a famílias divididas...).
melhor alternativa pode ser a seguinte: o Grupo de Jesus
R Atermina,
porém os seus membros comprometem-se a dar iní-
cio a dois ou mais Grupos de Jesus, acompanhando-os com a
sua experiência. Esta decisão seria de grande importância, pois
iria multiplicando a difusão de Grupos de Jesus.
Desta forma circularia no interior da Igreja a força renovadora
do Evangelho, reavivando a fé das comunidades cristãs e abrindo
caminhos ao Reino de Deus na sociedade. Assim, estes Grupos
de Jesus poderiam contribuir, junto de outras experiências e iniciativas, para que o Espírito possa suscitar o que o Papa Francisco chama «um dinamismo evangelizador que atua por atração»
(A alegria do Evangelho, n.º 131).
Ao longo da sua caminhada, os grupos poderão criar um blogue para partilhar
a sua experiência, pedir orientação ou oferecer sugestões. Em alternativa,
poderão aceder online ao endereço www.gruposdejesus.com. Assim ajudar-nos-emos uns aos outros.