BORDADO COMO EXPRESSÃO DE VIDA: GÊNERO

Transcrição

BORDADO COMO EXPRESSÃO DE VIDA: GÊNERO
BORDADO COMO EXPRESSÃO DE VIDA: GÊNERO, SEXUALIDADE
CHAGAS1,
Claudia
Regina
Ribeiro
Pinheiro
das
–
UERJ
[email protected]
GT: Gênero, Sexualidade e Educação / n.23
Agência Financiadora: CNPq
Meu trabalho faz parte do resultado final da minha dissertação de Mestrado,
intitulada “Memórias bordadas: nos cotidianos e nos currículos”. Elenco algumas
questões que foram aparecendo no desenvolvimento da pesquisa e cujas respostas –
algumas - me ajudaram a produzir essa dissertação. Naturalmente, essas perguntas e as
respostas que fui encontrando em outros autores e nos acontecimentos que me faziam
aproximar da minha questão principal – memórias de mulheres em bordados como
questão educativa - não estão igualmente postas neste trabalho. Os fios trançados para
umas têm cores e espessuras diferentes, no tecido final, por diferentes razões: o material
que me caia nas mãos; meu interesse pessoal; as possibilidades de tempos e espaços para
escrever e discutir o que era escrito em reuniões; as possibilidades de acesso à
bibliografia etc.
A história do bordado acompanha, há muito e muito tempo, a história das
mulheres, trazendo as marcas delas em diferentes espaçostempos, ‘alinhavadas’ por um
modotempo feminino de ser, fazer e viver. As mulheres, com gestos especiais com os
quais desejam realçar, o amor, a saudade, a solidão, suas necessidade e suas
possibilidades, vão indicando, a quem se dedica a compreender, a exploração a que são
submetidas há séculos.
Dessa maneira, apesar das inúmeras possibilidades de pesquisas sobre o uso de
outras linguagens pelas mulheres, vou me limitar nessa pesquisa ao uso do bordado. Essa
opção se justifica por duas razões: a primeira tem relação com o aspecto técnico, visível
a todos, já que os bordados revelam e possibilitam pesquisar, para além do texto – (a) o
suporte no qual é feito, como o tipo de tecido usado, como é recortado e ‘emoldurado’;
(b) todo o material com que é confeccionado – as linhas e outros materiais adicionados,
com suas cores; (c) seus ícones, os ornamentos e os grafismos empregados, influências
advindas da arte e da arquitetura de uma determinada época, região e cultura. A segunda
razão tem a ver com o mundo de possibilidades que abrem as palavras que neles estão
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Mestre em Educacao
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escritas e que, com muito cuidado, podem ser lidas como confidências, permitindo
rememorar histórias que se teceram socialmente.
Uma característica nos relatos femininos são as lembranças não apenas de cada
uma das mulheres neles envolvidas, mas que, também, envolve a família e todos aqueles
com quem mantêm relações, nas tantas redes que produzem diariamente. Nos bordados a
presença de todos esses personagens é uma constante: até mesmo o marido bêbado é
retratado, de cabeça para baixo, como se estivesse na contramão da vida, como em um
dos bordados de uma d’as Mariquinhas. Ao tecerem a ‘colcha’ de suas vidas, elas
colocam as ‘parcerias’ conquistadas e desfeitas nessa trajetória. Deixá-las ‘falar’ através
de seus bordados, é ‘escutar’ o que, na maioria das vezes, ninguém quer ouvir, talvez só
as vizinhas, pois são ‘bobagens de mulher’.
Ouvir essas vozes, nessa pesquisa foi o grande processo metodológico
necessário, pois, como indica Louro (1997:17), essas vozes foram silenciadas frente a
uma ciência que fala por todos e de todos, entendendo que representa toda a
humanidade. Mas essa ciência foi feita, quase que exclusivamente, por homens brancos
ocidentais, da classe dominante.
Os usos de bordados pelas mulheres têm a ver, entre outras questões, com a busca
por uma participação cidadã, através da expressão que o bordado vem propiciando nos
caminhos por elas percorridos, ao lado da necessidade de ‘ganhar o pão’ em uma
sociedade, crescentemente, excludente.
As mulheres com seus bordados, entre tantas outras ‘fabricações’, vêm buscando
encontrar o caminho para conquista da cidadania plena. A questão da cidadania perpassa
por diferentes espaçostempos das desigualdades: os da economia; os da raça; os do
gênero; os das idades; os dos espaços geográficos etc. Todos os aspectos citados atingem
mais diretamente às mulheres, que historicamente, ganham menos, têm maiores
responsabilidades, assumindo dupla ou tripla jornada de trabalho, e que, em sua maioria,
são discriminadas e oprimidas, mas que, de alguma maneira, buscam diferentes formas
de luta por seus direitos, civis e políticos.
A busca pela cidadania perpassa as transformações ocorridas no papel da mulher
na sociedade. As mulheres, em meio século, já alcançaram diversas vitórias, tais como: a
sua participação na população economicamente ativa; a superação dos homens em nível
educacional buscando obter autonomia financeira, condição primordial para conquista da
cidadania, livrando-se da dependência em que viviam.
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A necessidade de mão de obra barata, no entanto, crescente no mundo
contemporâneo, fez com que gradativamente a mulher fosse inserida no mercado de
trabalho, apesar de não exercer cargos de chefia, que era uma prerrogativa masculina.
Saffioti, sobre isso, explica que:
com a urbanização e a industrialização, a vida feminina ganha novas dimensões não
porque a mulher tivesse passado a desempenhar funções econômicas, mas em virtude de
se terem alterado profundamente os seus papéis, no mundo econômico. (1996:179).
A vontade de instruir-se e educar-se era um dos principais anseios femininos,
para a conquista da liberação e uma forma de alterar esse destino subordinado à
moralidade da época. As mulheres, tomando consciência dos medos da sociedade
machista, começam a abrir mão da ‘sagrada’ missão de cuidar do ‘lar’, em nome de uma
aquisição de conhecimento e da capacidade produtiva, buscando usar, como tática de
luta pelos seus ideais, a persuasão e o convencimento, buscando evitar, em muitos casos,
os conflitos diretos.
A ida para o magistério, primeira possibilidade de emprego, representou o ponto
de partida. Sendo assim, a maioria procurava essa profissão como uma alternativa ao
casamento ou, ainda, outra ocupação considerada na época de menor prestígio, como:
costureira, parteira ou qualquer outra profissão dita ‘feminina’. Essas táticas, usadas pela
mulher, permitiram que ela passasse a sair sozinha, possibilitando a aquisição de novos
conhecimentos e abrindo caminhos para uma futura inserção no espaço público que era
de uso restrito, até então, aos homens. Às tarefas das mulheres, até então, eram aquelas
exercidas nos espaços privados e que, na escola, foram transformadas em disciplinas de
‘práticas’, de menor valor, portanto: trabalhos manuais, culinária, desenho, caligrafia e
ginástica. Enquanto isto, as disciplinas de conteúdos específicos eram regidas pelos
professores do sexo masculino e assistidas pelos meninos, somente.
É preciso lembrar, no entanto, que o ‘privilégio’ de acesso aos conhecimentos
estava restrito às mulheres das classes altas. Às mulheres do povo era negado esse
direito. A elas cabia trabalhar pela sua sobrevivência e cuidar da casa. Moraes (2003:
501) lembra que:
na realidade histórica, entretanto, as mulheres das camadas mais pobres sempre
trabalharam, especialmente na agricultura e nos serviços - vendedoras ambulantes,
serviçais domésticas, professoras de ensino primário [as poucas que tinham acesso à
educação]-, além de arcarem com as tarefas relacionadas ao cuidar das crianças, dos
parentes doentes e dos mais velhos.
Todo esse trabalho era, e em alguns lugares continua sendo, invisível. Apesar de
sua importância fundamental para o sustento e o bem estar da família é considerado um
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trabalho de segunda ordem, apenas para complementar o salário do marido. No entanto,
as mulheres deixavam suas marcas nos cotidianos vividos, com as ações praticadas. E,
elas caladas durante muito tempo, foram descobrindo que tinha muito a dizer sobre suas
vidas e o vêm fazendo de diversas formas, inclusive bordando, como já antes faziam.
Dos passados vividos, guardados muitas vezes em caixas, afloram hoje
recordações com cartas de namorados, imagens (fotografias, desenhos...), documentos
de nascimento e mortes, diários, cadernos de receitas, cardápios e trabalhos manuais (o
bordado especialmente), ou seja, astúcias de quem não tinha voz (Certeau, 1994), e nos
quais a temporalidade ficou marcada pelo tipo de material, pontos, desenhos, tipo de
letras, modo de escrever etc. Deles brota - quando vistos pelos olhos de hoje, sentidos
pelos corações que os procuram e buscados compreender por interesses e lógicas de
pesquisas contemporâneas - um passado no qual foram conduzidas à segregação social
e política, levando à sua invisibilidade como sujeito, inclusive e principalmente, como
sujeito da ciência, segundo Louro (1997:17).
Tornar essas mulheres visíveis e buscar compreender suas lutas pelos direitos
como cidadã, foi o grande objetivo das primeiras estudiosas na questão do gênero. Com
o uso desse material, cuidadosamente guardado, foi possível dar os primeiros passos para
desvendar as trajetórias percorridas pelas mulheres, em sua história de lutas pelas
igualdades de gêneros.
Nessa mesma direção, penso como as mulheres deixam suas marcas através de
trabalhos manuais, mais especificamente o bordado, que durante algum tempo fazia parte
da formação da ‘boa mulher’. Louro explica a esse respeito que as escolas femininas
dedicavam intensas e repetidas horas ao treino das habilidades manuais de suas alunas
produzindo jovens prendadas2, capazes dos mais delicados e complexos trabalhos de
agulha ou de pintura (1997, 62).
A partir da luta pela emancipação da mulher, os trabalhos manuais, que eram uma
forte marca da dominação, deixam de existir nas escolas, mas, hoje em dia, com a crise
econômica vivida, é significativo o retorno ao uso de trabalhos manuais como forma de
subsistência, justamente em especial, o bordado, em diferentes espaços, seja na moda, na
ilustração de livros e de capas de discos e na escola. São as mulheres - e já hoje os
homens graças à busca pelas igualdades de direitos dos gêneros – que buscam em suas
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Grifo da autora
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memórias, trabalhos aprendidos por gerações anteriores, os atualizam, os recriam, em
múltiplos processos de hibridização.
Para melhor discutir a questão da emancipação das mulheres, recorro a um
diálogo com Santos (1994:180) que trata de uma nova teoria democrática baseada na repolitização global da prática social, promovendo novas oportunidades do cidadão exercer
diferentes formas de democracia e de cidadania. Para esse autor, nesse novo campo
político é importante identificar como acontecem as relações de poder e de que maneira
essas relações podem ser transformadas em ‘autoridade partilhada’. A partir desses
estudos, que levam às tentativas de compreender e possibilitar mudanças nas diferenças
exercidas nos espaços políticos, Santos chama atenção para diferentes espaços políticos
estruturais.
Dos contextos tratados por esse autor, vou me ater ao ‘espaço doméstico’,
sabendo que, todos os espaçostempos levam as lutas democráticas, adequadas para
transformar as relações de poder em relações de autoridade compartilhada. O autor
caracteriza o espaço doméstico como um lugar privilegiado de reprodução social e do
patriarcado, poder exercido pelo homem e naturalizado pela sociedade, o uso da mão de
obra feminina sem remuneração, mas a mesma fazendo parte da produção familiar.
Santos fala, ainda, que através dos movimentos feministas ocorrem as lutas e a
politização do espaço doméstico, e que essas formam um componente fundamental da
nova teoria da democracia, pois essas lutas têm por objectivo alargar e aprofundar o
campo político em todos os espaços estruturais da interacção social. No processo, o
próprio espaço político liberal, o espaço da cidadania, sofre uma transformação
profunda.(1994:186).
Na pesquisa desenvolvida, falar de bordado é falar da mulher e de sua busca pela
cidadania. Assim, a minha pesquisabordado busca cores nos fios de algumas autoras que
escreveram e pesquisaram antes de mim, para ajudar a desmanchar alguns nós - e dar
outros - na história das mulheres e para, através dos bordados que fazem, poder ouvi-las,
com Giard (1996:224), buscando as vozes que revelam sem pretensão, com palavras do
cotidiano, práticas comuns. Vozes de mulheres que revelam a vida das pessoas e das
coisas. Vozes, simplesmente vozes.
Dessa maneira, questiono em que medida as mulheres conseguem transitar e
marcar seus espaçostempos cotidianos com suas maneiras de bordar, perguntando: como
as mulheres conseguiram virar o jogo e sair da condição de dona de casa para
mantenedora dos mesmos? Que táticas elas encontraram para deixar suas marcas nas
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práticas cotidianas, quando a elas era dificultado o acesso à educação? Por que, em um
certo período, havia um currículo para meninas e outro para os meninos? Como se deu,
em cada período histórico, o movimento de mudança no currículo formal? E como o uso3
de outras possibilidades de linguagens, que não são visíveis em espaçostempos de
educação oficial, mas que estão dentro e fora da escola, não sendo instituídas como
saberes científicos-acadêmicos, puderam constituir-se em redes de saberes diferentes,
estabelecendo relações com todos os conhecimentos?
Em uma sociedade marcadamente separada por classes sociais, a cultura é o
espaçotempo das diferenças. A divisão social do trabalho implica em classificar os que
têm cultura e os que não têm, dentro de uma perspectiva da cultura dominante. Outra
divisão que ocorre é sobre o tipo de trabalho: o intelectual, destinado às classes sociais
privilegiadas e o manual, que é dito como característico das classes populares com seus
saberes específicos do ponto de vista de um pequeno grupo, mas que se refere à
maioria.
No processo de compreender os tantos movimentos de superação da sociedade
moderna, Williams (1992) sinaliza a diferença entre ‘cultura vivida’, que ele define
como a cultura de uma época e um lugar determinado, somente acessível para aqueles
que vivem essa época e lugar, e a cultura de um período em que é a registrada. O que
vamos entendendo, no momento presente, é que o registro da cultura vivida só pode ter
sua história articulada se consultamos a memória dos praticantes, se damos
espaçostempos ao que sabem e lembram porque viveram para falar e os ouvimos, o que
é feito com muita freqüência nos cotidianos. Para, além disso, é necessário que
consideremos as ‘sobras’ do que, como parte da cultura cotidiana, nos foi deixado,
guardado como ‘restos’ sem importância que só os sentimentos de praticantes entendeu
como necessário guardar, tendo sido ignorado pela história dominante.
E é nessa cultura vivida tão particular e específica que se encaixa o bordado,
assim como tecemos nossas redes de conhecimentos, bordar é de alguma forma uma
maneira de tecer, é um trabalho de criação. (Nunes, 1998: 13).
Um bordado pode nos dar pistas da situação sócio-política, educacional e
econômica de uma época, corroborando os estudos do cotidiano que permeado de
pequenas narrativas, que parecem efêmeras no espaçotempo do dia-a-dia, mas que
contam histórias de pessoas comuns, nos tantos cotidianos vividos.
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A palavra ‘uso’ aparece no sentido que lhe dá Certeau (1994).
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Os acontecimentos que só poderão ser entendidos em seus significados muito
depois de ‘passados’ vão deixando em nós marcas inscritas na memória e no corpo.
Vão em nós se encarnando, mudando crenças, conhecimentos, valores e, portanto,
modificando nossas ações.
Valencia (2004: 142) lembra a possibilidade de percorrer essas marcas
porque os indícios constituem uma linguagem em testemunho, uma campanha
susceptível de ser transformada, analisada e quem sabe desterritorializada. (...) os
indícios no corpo são uma linguagem que não tem palavra, mas sim significados que
pedem para ser traduzidos para o acesso da memória.
Esse autor fala do corpo como lugar, discurso e objeto de controle. Lugar onde
se inscrevem fatos que fazem parte da memória e em um espaçotempo específico de
cada grupo; discurso como um objeto social carregado de significados que orientam
suas ações, relacionando-as com outros sujeitos; objeto de controle, quando os corpos
são presos, disciplinados e vigiados, certificando ou violando as normas e as leis
legitimadas pelo poder. Assim, os corpos são marcados pelos acontecimentos vividos e
muitas vezes não compreendidos, pelas ações de outros sujeitos que marcam e
controlam corpos. Podemos, talvez, dizer que o corpo vai sendo a encarnação de
múltiplos cotidianos numa rede de subjetividades (Santos, 1989).
O corpo é inscrição que se move a cada gesto aprendido e internalizado, revela
trechos da história da sociedade a que pertence e de seu ‘proprietário’. Sua
materialidade concentra e expõe códigos, práticas, instrumentos, repressões e
liberdades. É sempre submetido às normas que o transformam, assim, como um texto a
ser lido, em quadro vivo que revela regras e costumes engendrados por uma ordem
social. Os corpos vêm sendo significados de diferentes formas em culturas diversas.
Louro diz que:
antes de pretender ‘ler’ os corpos biologicamente (gênero, cor, idade), é necessário
pensar em corpos como corpos históricos e culturais (...) Não há corpo que não seja,
desde sempre, dito e feito na cultura; descrito, nomeado e reconhecido na linguagem,
através dos signos, dos dispositivos, das convenções e das tecnologias. (2004:81)
O corpo compreendido como produto social, cultural e histórico, fragmentado
pela sociedade, regulando seus usos, normas e funções, ou seja, o corpo como uma
construção social, formado nas relações do seu ‘Eu’ com as estruturas sociais de seu
campo, portanto, com suas marcas específicas que, de uma maneira concreta,
diferenciam os corpos em gênero masculino e feminino, que se distinguem cultural e
socialmente
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Esses corpos marcados por singularidades falam do tipo de vida no qual seu
sujeito/autor/ator encontra-se. As relações que os corpos estabelecem com as diferenças
estão sempre refletidas nas alterações contidas na produção cultural, de modo a
modificar a sua tradição e a própria organização social.
Não se trata de experiência pessoal ou de características de um grupo, mas de
uma maneira comum de reagir ao modo de vida e de construir, interpretar, referendar
modos de vida, descrever as inter-relações entre as práticas de significações que
articulam e organizam a vida social.
Acredito que tudo que é da ordem do cultural está articulado ao social. A cultura
não é uma abstração, é um conjunto de práticas, crenças, gostos, saberes que é vivido,
construído, reconstruído em um determinado tempo histórico, em uma determinada
sociedade, onde encontrei as ‘pistas’ para desenvolver esse trabalho, e para, além disso,
verificar até que ponto essa categoria pode nos auxiliar a entender esse nosso mundo
contemporâneo, tão cheio de histórias, tão repleto de corpos. (VAZ, 2004: 46).
Os corpos possuem características e práticas diversas e os estudos da cultura nos
permitem perceber que ela instituiu práticas antes não realizadas e possíveis, estimulou
mudanças nas relações entre sujeito e grupos de sujeitos, criando identidades, novas
relações, valores e modos de vida. Louro (1999:14) enfatiza que nossos corpos
constituem-se na referência que ancora, por fim, a identidade, que formam os grupos
que procuram práticas que os aproximem, entre elas o bordado.
Há relações possíveis entre bordado e corpo? Penso que a história da vida é feita
de pontos infinitos nos quais sujeitos vivem cotidianamente seus corpos mediados por
saberes culturais múltiplos que são costurados por linhas de cores e texturas diversas.
E assim como os corpos, os bordados podem ser costurados, emendados, unidos,
separados, podem ser coloridos ou de uma cor. Penso ainda que os bordados convertidos
em linguagem são como metonímias do contexto de que foram tirados, ganham vida
própria, contam sobre um lugar e uma história a eles ligados.
Trago para, corroborar o meu texto, o relato da experiência da artista plástica
Rosana Palazyan, que, em um momento de grande dor, trabalha com corpos de jovens
em contatos com os mesmos em uma instituição dedicada à recuperação de jovens com
conflitos com as leis. Tomei contato com essa artista através de um álbum da exposição
que fez Centro Cultural Banco do Brasil, de 12 de agosto a 13 de outubro de 2002.
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Como Bispo do Rosário, a artista usa com seu bordado os fios como condutor
da trágica narrativa visual/social. Ela usa como linguagem as relações de
correspondência entre palavra e imagens.
Para a artista, o bordado é uma redescrição do mundo, não ornamenta, produz
imagem, signos e linguagens. O bordado, para ela, transfiguraria a luta em pauta sobre
a violência, produzindo a cura.
Uma das experiências da artista que mais me interessam, pois tem a ver com a
minha pesquisa, é quando ela resolve trabalhar diretamente com meninos de rua, e
decide ouvi-los:
“O que você quer ser quando crescer?” E eles respondem:
– Quero ser dono de banco, policial-ladrão, não quero sonhar, Ser jogador de
futebol,não posso sonhar.
Palazyan faz, então, uma instalação (1998) que consistia de dezenas de figurasalmofadas (em forma de bonecos) penduradas como super-heróis em vôo. No peito
delas, a artista bordou, com fio de cabelo, a imagem da criança entrevistada, e na boca a
resposta dada.
Imagem 1
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Imagem 2
Na imagem 1 uma visão da instalação e na imagem 2 o detalhe dos bonecos
bordados.
Certeau (1994: 232), buscando explicar essas coisas, diz que cada impresso
repete essa ambivalente experiência do corpo escrito pela lei do outro.
Entendo, assim, que os bordados nos bonecos são as mazelas que a sociedade
deixa marcadas nos corpos dessas crianças, que sofrem com a indiferença e a
desigualdade.
O bordado é da artista, a história é da criança, as leis do poder público e a
violência sofrida do irmão, mas também da criança pela ação de outros. Sua história é o
resultado dos descaminhos escritos por quem não está vivendo do lado marginal da
vida.
As marcas visíveis ou não estão em seus corpos, encarnadas em suas
representações, sejam bordadas, escritas, escritasbordadas, desenhadas, pintadas ou da
maneira que for possível fazer, bordadosimagens.
Palazyan buscou maneiras de fazer, no sentido que Certeau (1994: 41) diz que
assim se constituem as mil práticas pelas quais usuários se reapropriam dos
espaçostempos organizados pelas técnicas da produção sociocultural, como fazem os
praticantes dos cotidianos nas relações intersubjetivas que estabelecem.
Volto, agora, ao começo de tudo: ‘As Mariquinhas’, que são, posso já dizer,
minhas mais novas amigas de infância, pois tive o imenso prazer de conhecer, depois
de muitas tentativas que duraram mais de dois anos, podendo com elas conviver,
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infelizmente durante só um dia, mas o suficiente para saber muito de sua história, o que
só fez aumentar o respeito e o interesse que tenho por elas.
Essas mulheresbordadeiras fazem parte de um grupo de 375 famílias sem teto
que realizaram manifestações no centro de Belo Horizonte no início da década de 90,
depois da invasão de uma área, a fazenda Marzagânia, próxima ao município de Sabará,
onde viveram durante onze meses em condições sub-humanas e de onde foram
expulsas. Daí, partiram para a ocupação, com lonas, de um terreno no bairro Juliana,
região norte de Belo Horizonte, onde posteriormente receberam lotes, construíram
casas e hoje vivem.
Um grupo de mulheres, que tinham seus filhos e netos no projeto, resolveu pedir
o produtor cultural do mesmo - Wilson Avelar - uma oportunidade para que elas
pudessem aprender alguma coisa. Ele as convidou para participar da oficina de
desenho, o que em nada as agradou. Foi nesse momento que surgiu a idéia do bordado
que se concretizou com o auxílio de uma freira que lhes ensinou alguns pontos. A partir
daí, essas mulheres deram continuidade ao grupo de bordado, hoje não mais com o
produtor Wilson, e também não mais utilizando o espaço da escola.
Junto com a comunidade do Conjunto habitacional Mariquinhas, construíram
uma creche para atender as crianças da comunidade e é ali que elas se encontram de
segunda à quinta-feira, das 7h30min às 16h, para bordar, conversar e lembrar –
produzir, ‘inventar o cotidiano’.
Tentei de diversas maneiras contato com as Mariquinhas, mas o produtor
cultural, Wilson, não permitia, escrevi para a jornalista que fez a matéria ela deu-me
um contato, de outro produtor, também de Minas, mas nada foi conseguido, esperei por
quatro anos por esse encontro, mas valeu a pena esperar.
No dia em que nos encontramos, tive o cuidado de não fazer perguntas préestabelecidas, apenas deixei-as falar, escutei depoimentos e conversas entre elas, as
lembranças muitas vezes são comuns, principalmente dos momentos mais difíceis, dos
quais falam com orgulho por terem enfrentado com valentia. Elas em vários momentos
se comportam como sendo todas de uma mesma família, quando em determinado
momento da nossa conversa, surgiu um problema com uma das filhas da Terezinha e
todas deram palpite, compraram a briga e ajudaram a companheira. Cheguei na creche
para conhecê-las, sentei e observei, fui convidada e conheci suas casas, almocei com
elas, tomamos café com pão. Pude, assim, conhecer essas mulheres que até então eu
conhecia através do olhar do outro. Mergulhei no universo delas e pude ver que elas
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não estão ali apenas para bordar, mas estão naquele lugar para interferir, mudar e
buscar os seus destinos e da comunidade ao seu redor.
A relevância de trazer para o meu trabalho o testemunho e a parceria dessas
mulheres, que têm como colaboração histórias reais, não diminui a responsabilidade
nem a dificuldade de fazê-lo, mas sim de responder às expectativas delas que acreditam
estarem assim eternizando seus trabalhos, suas histórias. Com a consciência do seu
passado, o grupo avalia o presente e pensa, projeta o seu futuro. O bordado para o
grupo não é apenas um suporte de sobrevivência, mas uma possibilidade de luta por
uma identidade e por uma vida comum.
Depois de tanto buscar chegar até elas, assumi um compromisso com as
Mariquinhas no momento em que as conheci: fazer conhecer, através de um trabalho
impresso, a luta pela valorização de seus trabalhos e, conseqüentemente, contribuir, no
limite do possível, para a conquista de um espaço maior de onde possam falar e ser
ouvidas. Elas acreditam na possibilidade de deixarem suas marcas, lembranças para
sempre, pensam que a imortalidade é possível, por isso, fugindo do anonimato
permitiram que eu usasse seus nomes verdadeiros.
Peço licença, assim, às “Mariquinhas” para trazer para o meu trabalho um pouco
do muito de beleza que elas fazem, com a narrativa de algumas.
Inicio pelas Mariquinhas que conheci em uma reportagem de jornal ilustrada
por alguns trabalhos4 e que significou um tema de dissertação e a necessidade de buscálas para conhecê-las. Não sabia quem eram e nem a reportagem identifica as autoras
das obras que a ilustram – o único nome que aparece e o do animador cultural.
De uma das Mariquinhas – quando as encontrei elas mesmas não conseguiam
identificar mais a autoria - saiu, por exemplo, um trabalho que retrata toda a esperança
de ser feliz e ter uma vida melhor, que para ela era sinônimo de ter uma família, pois
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Reportagem do jornal ‘O Globo’, do dia 25 de maio de 2002, no Cadern
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apesar de ter pai e irmãos, não era pelo seu papel de filha/ irmã, pessoa responsável por
cuidar de todos, que queria ser reconhecida.
Cresci,
tornei-me
mulher, quis amar,
quis ter uma família
melhor. Meu pai
morreu, meus irmãos
se casaram. Então eu
pensei: tá na minha
hora.
Imagem 3
Em outro trabalho, há um destaque para a união familiar, o que segundo a
reportagem é comum entre os trabalhos. No trabalho abaixo, as lembranças são de uma
família tradicional, completa com a presença de pai, da mãe e irmãos.
Esta é minha família.
Onde cresci. Tive
pai, mãe e irmão.
Apesar dos
problemas, tive sorte
de tê-los.
Imagem 4
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Outro tema de grande freqüência no grupo é o amor/desamor, no qual as
mulheres falam/ bordam suas experiências e isso aparece dito na reportagem.
Transcrevo algumas dessas falas que, elas sim, são identificadas:
Clarice (Lispector) mexe muito com a gente quando fala de amor. Mas o que mais
gosto é de bordar o meu marido de cabeça para baixo. Ele viveu anos com a cabeça
virada, bebia muito, tinha muitas amantes e eu sofria demais com isso.(Maria
Teresinha Souza Cruz, 39 anos, cinco filhos, mulher do borracheiro José).
Essa fala de Teresinha eu tive a sorte de recuperar, mais com final mais feliz, na
reportagem ela fala do marido que vive bêbado, mas não tinha o pano retratando o fato,
na minha visita perguntei e ela falou que as coisas melhoraram, ele agora até borda com
ela, e pude trazer e fotografar essa imagem que segue.
Nessa imagem Terezinha a retrata trabalhando na terra. Enquanto o
marido está caído bêbado, e logo a seguir ela retrata o que acontece
atualmente, seu marido largou a bebida e a ajuda nos bordados.
Imagem 5
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Dessas declarações encontradas na tal reportagem, parto para meu encontro, em
Belo Horizonte, com as Mariquinhas, com toda a carga de um encontro muito desejado
e afinal conseguido. Tudo o que vem abaixo, são declarações delas por mim gravadas
em filmadora e imagens de seus trabalhos que pude manusear, ganhar e comprar.
Todos os meus trabalhos têm um coração e a palavra amor no meio. (Noberta
Vivência, 45 anos, três filhos, mulher de Sebastião e sonhadora).
Essa
senhora
de
casaco amarelo é D.
Ivone e ao seu lado
está Noberta, a que
diz que seus trabalhos
têm um coração e a
palavra amor.
Imagem 6
Quem coordena o grupo é a Dona Ivone Barbosa. Todas a respeitam e é ela
quem distribui tarefas para: Maria Auxiliadora que é a bordadeira mais idosa,
analfabeta, ela diz que com o bordado ela expressa o que sente e diz que o pano é meu
papel, a agulha e a linha meu lápis; Maria Terezinha que tem quatro filhos e retrata
nos seus bordados sua vida familiar, o problema com o marido que antes bebia, o
orgulho dos pais e o amor aos filhos; Elizabeth Márcia que borda suas alegrias, pois
não gosta de registrar seus problemas e que, apesar da pouca idade já tem dois netos e
divide seu tempo entre a cooperativa e a cuidado dos netos, facilitado pela localização
de sua casa, pois ela mora em frente a creche.
Lucimar Mara é a responsável por todos os riscos, as amigas dizem o que
desejam bordar e ela risca à mão livre, direto no pano com giz de cera e quanto aos seus
bordados são declarações de amor e a maior parte declara uma procura do
companheiro, pois já casou quatro vezes, mas diz só agora ter encontrado o homem
certo; Sonia Roque borda o amor sempre, o amor aos filhos, aos amigos, aos
companheiros, à terra, à casa, às amigas, apesar da sua triste história. Sonia vivia nas
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ruas, não conheceu os pais, até que foi recolhida e ficou em uma instituição para
menores; o sair do colégio casou-se teve um filho e seu marido morreu; partiu, então,
para a luta pela posse do terreno e construiu sozinha sua casa de oito cômodos;
engravidou mais uma vez e foi abandonada pelo pai da criança; apesar de tudo isso seus
bordados são sempre uma mensagem de amor e esperança.
Da esquerda para direita:
Maria Auxiliadora, Elisabeth, Lucimar e Maria Terezinha.
Imagem 7
Lucimar é responsável pelo desenho, ela usa giz de cera e desenha tudo a mão
livre, não faz molde nem um risco prévio. Caso mais de uma goste do desenho, ela
assim faz a cópia, mas é interessante que mesmo que seja o mesmo risco, o bordado
fica diferente.
Lucimar está a procura de um amor verdadeiro, já passou por vários
casamentos, mas diz não ter sorte, ela resolveu colocar em bordado seus sonhos, ela
borda quatro possibilidades de homem e no final uma surpresa ela mostra que
encontrou o príncipe encantado. Segue a imagem do seu bordado.
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Imagem 8
Imagem 9
Esse já é um homem ‘mas’ maduro será esse o
procurado por mim
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Imagem 10
Esse é um homem de negócios será esse
o escolhido. Quem sabe
Imagem 11
Será esse o homem da minha vida.
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Imagem 12
Esse é um homem esportivo malhado e
conservado um negro sarado, será esse.
Imagem 13
Encontrei o homem ‘serto’ para mim amar
no mesmo lençol
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Do encontro saí feliz e melhor. Essas mulheres passaram por todo tipo de
violência, física ou moral, no entanto, na luta pela cidadania que perpassa as
transformações ocorridas no papel da mulher na sociedade, dão muitas lições e
alcançaram vitórias como o terreno e a construção da casa própria, bem como a
organização da cooperativa e a venda de seus trabalhos. Muito falta ainda, elas dizem e
eu deixo registrado!
As bordadeiras, assim como outras tantas mulheres, fizeram uso das armas que
tinham, na luta pela busca pela cidadania, na tentativa de mudança de seus destinos de
um recomeço de suas histórias de vida.
De uma maneira delicada e perspicaz, como tecem seus bordados, foram
marcando o compasso das conversas, contornando o indesejável e mostrando o que
considerava importante dizer. Foi um processo de troca de confidências, mostrei fotos
de minha família, falei das minhas dificuldades e dos medos.
Apesar das desconfianças de algumas no início, as bordadeiras compreenderam
que o objetivo desse trabalho acadêmico era fazer um registro sério dando espaço e voz
para ela, nem sempre os entrevistados compreendem as boas intenções de um trabalho
acadêmico, algumas vezes resistem ao contato.
Muito mais por mérito das
Mariquinhas, pudemos abreviar as etapas de convencimento e aceitação, com isso, elas
contavam suas histórias, com a mesma força com que as construíram. Voltavam ao
passado, orgulhosas de trazer de volta pedaços da vida e das lutas que viveram, que
pudessem mostrar a todos tudo que fizeram e o que as levou a ser quem elas são,
Parecia que o grupo estava a espera desse momento, há muitos anos. Fui recebida com
alívio e satisfação
Em alguns momentos esquecia-me da minha condição de pesquisadora e
exprimia minha opinião em determinado assunto, confesso ser essa uma grande
dificuldade do trabalho, manter a distância adequada e evitar interferir com vivências
pessoais nos relatos das bordadeiras, já que bordei e bordo, sou mulher e mãe e avó
como muitas delas.
As Mariquinhas, e acredito outras bordadeiras, têm real dimensão do valor do
seu trabalho e da sua importância em suas vidas. O bordado criou elos de amizades, e
esses elos ficam mais fortes quanto a ligação se dá entre as meninas com sua mães e
avós, pude constatar isso durante toda pesquisa, em todos espaçostenpos abordados
havia a referência à uma lembrança da mãe ou da avó, finalmente corroborado com a
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fala das Mariquinhas, relatando que as filhas bordam e agora a filhas de suas filhas
também.
No percurso da minha pesquisa pude perceber que o tipo de material usado
dependia muito da época ou do grupo. Encontrei bordado tecido com fios de seda sobre
seda ou linho, tecidos com fios de algodão em tecidos menos nobres, mas ao conhecer
as Mariquinhas percebi que bastava um pedaço de pano, que podia ser um lençol velho
ou uma faixa feita de morim utilizada para propaganda, para tudo virar arte, lembrei-me
de Artur Bispo do Rosário que desfiava suas roupas para utilizar os fios em outros
bordados, além de sucatas, também nesse quesito eles se parecem, as Mariquinhas
utilizam pedras, miçangas, flores de cordões arrebentados e doados por outras pessoas.
Pude perceber depois que conversei com as Mariquinhas que bordar para elas é
perpetuar sua história, é um movimento de ‘aprimoramento’ de suas identidades, com o
produto do seu trabalho elas fazem arte, cultura e tradição. Produto esse que, não pode
ser visto apenas como resultado do esforço, mas como um produto de prazer e desejo
de estar vivendo suas lembranças, acredito ser assim para as outras bordadeiras.
A análise dos dados coletados impede que se chegue a uma conclusão que se
aproxime da verdade, por existir nas narrativas uma carga de subjetividade, essas
bordadeiras, praticantes do cotidiano, de diferentes espaçostempos pertencem a
diferentes redes de saberes, cada uma faz ‘uso’ do bordado da maneira como Certeau
(1994) explicitou, como elas querem ou necessitam.
Nos depoimentos colhidos, a maioria, das Mariquinhas, procurou o bordado
como uma terapia no tratamento do sistema nervoso, todas passaram por momentos
difíceis na luta pela terra, algumas já tomavam remédios para os ‘nervos’, segundo elas,
e com o início da prática do bordado pararam de fazer uso de medicamento. Para elas,
bordar é tão vital como respirar. Bordar refere-se à necessidade fundamental, individual
e coletiva, de manter viva uma identidade construída com bordado, cumplicidade,
trabalho e lembrança.
Com a idéia de termos não opostos, mas sempre complementares, fiz a
caminhada deste texto, vendo o bordado como um caminho entre escrita e oralidade,
entre narrativa e imagem, buscando, então percorrer trajetórias que me fizesse melhor
compreender esse entrelugar, o da escritabordadaimaginada.
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