aplicação da logística reversa para colchões de

Transcrição

aplicação da logística reversa para colchões de
APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA PARA COLCHÕES
DE ESPUMAS DE POLIURETANO: UM ESTUDO DE CASO
DE UMA FÁBRICA DE COLCHÕES NO RIO DE JANEIRO
Roberta D. P. da Conceição* e Elen B.A.V. Pacheco**
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano, Centro de Tecnologia, Bloco J, Ilha do
Fundão, CP 68.525, CEP 21.945-970, Rio de Janeiro, RJ – Brasil.
*[email protected],**[email protected]
Este artigo tem como objetivo mostrar o gerenciamento de resíduos de espumas de poliuretano, PU, provenientes do
processo produtivo, da devolução de colchões das lojas e da assistência técnica da empresa com base na aplicação do
conceito de Logística Reversa. Foram utilizados informações de uma fabrica de colchão de PU para a aplicação do
conceito a fim de estabelecer um consumo mais responsável dos recursos naturais. A partir da avaliação da fabrica e
aplicação do conceito, sugestões foram emitidas e verificadas suas viabilidades nas linhas produtivas de colchões.
Palavras-chave: Logística Reversa, Poliuretano, Fabrica de colchões.
Application of the Reverse Logistic for polyurethane foam mattresses:
a case study of a mattresses factory in Rio de Janeiro
This article has as objective to show the management of polyurethane, PU, foam residues from the productive process,
the shop devolution of mattresses and the factory assistance technique on basis in the application of Logistic Reverse
concept. They were used information of PU mattress factory for the application of the concept in order to establish
consumption more responsible of the natural resources. From the evaluation of the factory and application of the
concept, suggestions have showed e it was checked their viabilities in the productive lines of mattresses.
Keywords: Reverse Logistic, Polyuretane, Mattress factory
1. Introdução
A Logística reversa, segundo Rogers e Tibben-Lembke (1998), é um processo de planejamento,
implementação e controle eficiente (inclusive em custos) de matérias-primas, materiais semiacabados, produtos acabados e informações que transitem desde o seu ponto de origem até o seu
ponto de consumo com o intuito de auxiliar no descarte responsável - retorno, reutilização e
recuperação de produtos. A prática da Logística Reversa, alem de estar relacionada com questoes
socioambientais, também envolve minimização de custos, otimização da matéria prima e adequação
as normas e leis.
Para Leite (2003) a logística reversa é a área da logística organizacional que planeja, opera e
controla o fluxo de informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de
pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição
reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômicos, ecológicos, legal, logístico, de
imagem corporativa, entre outros.
As normas ISO 9000 e ISO 14000 impõem de forma normativa aos geradores se adequarem ou
redesenharem seus produtos e processos produtivos para que não agridam ao meio ambiente e nem
tragam prejuízos a comunidade. Logo, para estar ambientalmente adequado se faz necessário
minimizar o descarte elevado de produtos e materiais em fim de vida.
Para isso, em termos econômicos, a logística reversa pode auxiliar na redução de gastos com
matéria prima necessários ao processo produtivo. Esta redução pode ser alcançada mediante a
reutilização ou canibalização de produtos advindos de retornos pos-venda a fim de obter peças a
serem aplicadas em produtos de segunda linha. Já no tocante a otimização dos recursos produtivos,
a introdução da Logística Reversa permite a reintrodução de aparas ao processo produtivo mediante
a aplicação do conceito de reciclagem.
O problema: a escassez e o alto custo de matéria prima direcionaram a fabrica à aplicação do
conceito de Logística Reversa no seu processo produtivo. O desenvolvimento e a introdução de
práticas voltadas para a sustentabilidade em termos de matéria prima para alguns produtos
específicos e, ao mesmo tempo, a criação um tratamento diferenciado para lidar com os produtos
que retornam de suas lojas e assistência técnica, se faz necessário. Sendo assim, torná-se necessário
a busca de alternativas que auxiliem a introdução de processo de logística reversa no conceito pósvenda e pós-consumo.
Definição do conceito Logística Reversa
No modelo econômico clássico a natureza é vista como um recurso ilimitado, porém ao longo do
século XXI, as praticas adotadas tem provocado danos irreversíveis ao meio ambiente. Desta forma,
surgem trabalhos no sentido de buscar um desenvolvimento econômico capaz de promover a
sustentabilidade dos recursos naturais.
Sendo assim, hoje, as empresas estão cada vez mais envolvidas com as questões ambientais e
sociais dos locais onde estão inseridas e neste contexto o produto passa a ser uma responsabilidade
permanente, ou pelo menos prolongada do negócio.
Esta responsabilidade abrange desde a
concepção do projeto do bem até o descarte de seus resíduos.
A Logística Reversa pode ser uma nova forma de integração da empresa com a nova realidade
socioambiental do planeta, seja por meio do retorno responsável dos produtos pelo processo de pósvenda ou por meio do retorno responsável pelo processo de pós-consumo.
Estes tipos de retorno “responsáveis” gerariam uma melhor utilização ambiental dos aterros
sanitários quase já saturados e dos custos com produtos em estoques ou com avarias ocasionadas
pelo processo logístico, além de prolongar o tempo de vida útil destes produtos.
Os resíduos dos produtos ou processos gerados e seus destinos são atribuídos a seus geradores de
forma legal ou por pressão social, mediante a normas outorgadas ou ao senso publico. De acordo
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
com Ballou (1993), estes fatores – legal e pressão social – influenciariam no crescimento do
conceito de Logística reversa nas empresas, além das questões ligadas a conscientização da
população, aumento da quantidade de resíduos sólidos e o encarecimento da matéria–prima original.
Nesta mesma linha Sisino e Oliveira (2000) ainda apontam como fatores influenciadores da pratica
de logística reversa pelas empresas: a) o conceito de ciclo de vida, em que o produtor é responsável
pelo bem desde a captação da matéria prima até sua disposição final, como no caso dos pneus via
normas do CONAMA; b) a criação de normas ambientais, como a ISO 14.000; e c) o
estabelecimento de princípios de poluidor-pagador, em que atribui responsabilidade ao produtor do
bem por impactos negativos oriundos de embalagens ou produtos que estampem sua marca. O que
obriga, de alguma forma a necessidade da introdução, na estratégia da empresa, de questões ligadas
ao produto e seus impactos no meio ambiente e na relação da empresa com a sociedade. Dentro
deste cenário, têm discutido o tema e a inserção do conceito nas práticas organizacionais, no sentido
de minimizar o impacto de seus produtos no ambiente e os custos oriundos destas atividades.
Desta forma, o conceito de logística reversa, nas empresas e na sociedade, tornou-se uma forma
para a sobrevivência ambiental e humana. E a prática de logística reversa tem agido no sentido de
minimizar os impactos originados pelo processo produtivo de seus produtos e a adequação da
sociedade e das organizações, as ações de sustentabilidade ambiental e social.
Segundo Sigueira (2006), além do controle e a minimização das fontes de poluição e do
encaminhamento correto dos resíduos gerados, a responsabilidade socioambiental inerente ao setor
industrial, faz com que as empresas promovam o desenvolvimento sustentável, remodelando seu
processo produtivo. O desenvolvimento de novos materiais pode ajudar neste processo através da
busca de alternativas de produtos com maior valor agregado.
O processo de adequação ambiental e social, no qual as empresas e a sociedade estão passando, faz
com que os setores produtivos tornem-se molas propulsoras deste processo de conscientização e
ação. Porém, um modelo de desenvolvimento de uma Logística Reversa mais atuante e responsável
ainda está começando.
No setor de fabricação de colchões, por exemplo, a logística Reversa ainda é uma prática em
desenvolvimento. A preocupação neste setor abrange desde a destinação das aparas, que surgem ao
longo do processo de produção, até o que pode ser feito com os colchões, depois de terminada a sua
vida útil ou não.
Desta forma, as ações voltadas para o estudo e a aplicação da Logística Reversa no setor de
colchões ainda é incipiente, mesmo num cenário cada vez mais evidente de exigência de redução de
resíduos por meio de investimento mais efetivos por parte dos geradores de resíduos e de uma
conscientização maior da sociedade como um todo.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
2. Experimental
1) Metodologia
O presente estudo foi dividido em 3 partes: A primeira foi composta pela busca em literatura
cientifica por artigos, periódicos e livros a respeito do tema Logística Reversa e aplicações. A
segunda parte foi composta pela pesquisa de campo por meio de visita técnica. Nesta visita, foram
coletados informações e dados referentes ao processo de funcionamento da linha produtiva e a
administração, além do histórico de constituição da fabrica. As informações foram dadas pelos
gerentes e operários da fabrica Esta fase durou 8 (oito) semanas.
Numa terceira parte foi sugerida a introdução do conceito de logística reversa para o tratamento de
resíduos de espuma de poliuretano provenientes do processo produtivo e do processo de devolução
de colchões das lojas e da assistência técnica, como forma de incremento do processo produtivo.
3. Resultados
Descrição da fábrica e seus produtos
A Fábrica é uma empresa de médio porte localizada na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.
Fundada em 1940, seu negócio gira em torno da fabricação espuma e comercialização colchões e
afins.
Os produtos comercializados em suas lojas são oriundos de duas categorias: os de fabricação
própria (colchões e travesseiros) e de terceiros (moveis e utensílios para decoração). Os colchões e
afins são divididos em 2 macros categorias: Linha S e Linha C.
A linha S é uma linha de produtos voltados para um publico de maior poder aquisitivo. Dentro desta
linha há uma subdivisão entre tipos de colchões por tipo de material estrutural e densidade. Os
tipos de materiais estruturais são: colchão de espuma, de mola (ensacada (cilíndrica) e
madeira/aglomerado (flocos de espuma compactados e prensados com madeira, formando um bloco
sólido). Para efeito de estudo só será detalhada as estruturas de espuma e aglomerado.
Colchão de espuma – feito de espuma de poliuretano, manta e forração de tecido. As espumas
utilizadas apresentam varias densidades.
1) Mola (ensacada (cilíndrica) ou biônica) – os colchões de mola são fabricados por meio da
utilização de estrutura de mola (fabricação terceirizada), espuma, manta e tecido.
2) Madeira e espuma – os colchões de mola são fabricados por meio da utilização de estrutura
de madeira (fabricação terceirizada), espuma, manta e tecido.
3) Aglomerado (flocos de espuma compactados e prensados que forma um bloco sólido) – os
colchões de aglomerado são fabricados por meio da utilização de estrutura de bloco de
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
flocos de espuma (fabricação própria), espuma, manta e tecido. O aglomerado é feito de
aparas e sobras de corte de espuma, misturado com adesivo (mistura do próprio poliol com o
TDI) em uma espécie de moinho e depois de 48h são laminados em blocos para virarem
estrutura interna de colchões de aglomerado. Os flocos do aglomerado no inicio da
implantação da fabricação deste tipo de colchão era comprado, mas numa crise de alta dos
preços a empresa adotou como paliativo a reciclagem das aparas produtivas para essa
reciclagem . Hoje todo o floco para composição dos aglomerados é oriundo do processo de
reciclagem, seja de sobras ou aparas do processo produtivo, de colchões de clientes
devolvidos por defeito ou de colchões de mostruário das lojas.
A empresa tem duas linhas de produto, alinha S é certificada e outra não.
A linha S tem
certificações do INMETRO e ISO, normas que certificaram todo processo produtivo, o controle de
qualidade, de destino de resíduos sólidos e liquidos do processo produtivo.
Já a linha C é voltada para um publico de menor poder aquisitivo e seu portfólio é constituído de
apenas um tipo de material estrutural e densidade – o de espuma. Não há nenhum tipo de
certificação de qualidade neste processo de fabricação. O colchão dessa linha eh chamada de
segunda linha.
Na linha S e, principalmente, da linha C, a fabrica de colchões utiliza no processo produtivo de
colchões a filosofia de aplicação da logística reversa através de conceitos de reuso ou
reacondicionamento, reciclagem, remanufatura e canibalismo ou retalhamento.
O processo de fabricação de colchão
O processo de fabricação da espuma de poliuretano é dado pela reação química entre poliol e
tolueno di-isocianato (TDI) que libera gases, como CO2 entre outros. A temperatura final da
espuma é 150O C, segundo a própria fábrica.
Segundo Sigueira (2006,):
“O poliuretano expandido (PU) ou espuma rígida de poliuretano (PUR) eh um material
plástico celular fabricado com matérias-primas de alta qualidade e aplicado "in situ" por
um sistema de mistura das mesmas em estado líquido (poliois e isocianatos) através de um
equipamento apropriado que os projeta ou vaza nas superfícies a isolar.
Após um breve período de expansão, a mistura solidifica, constituindo pequenas células
fechadas que resultam em um poder isolante superior a qualquer outro material.”
Este processo, que vai da compra da matéria prima até sua transformação, acompanhado por meio
de estudos e testes feitos no laboratório, garante a propriedade física da espuma.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
Após a fabricação da espuma no formato e nas especificações exigidas pela ISO 9001:2000, usada
para conformação de qualidade de cada produto, essa é colocada em estoque por 48 horas conforme
estabelecido pela certificação anteriormente citada, até sua saída para uso na linha produtiva.
O direcionamento para o setor de destino é estabelecido pelo formato e tipo do bloco de espuma que
pode ser: cilíndrica ou retangular. A cilíndrica ira para o setor de laminação de manta, no qual será
laminada e armazenada em bobinas para serem levadas ao setor de fabricação de revestimentos.
Este revestimento de tecido do colchão é composto por tecido, uma manta de espuma fina e de uma
“espécie de feltro fino”.
A retangular é direcionada para o setor de laminação de colchões, onde será laminada e armazenada
de acordo com a densidade desejada, conforme mostrada na figura 1.
Após este processo de laminação, a espuma em forma de colchão e direcionada para as linhas de
confecção de cada tipo de colchão. Este processo pode ser visto por meio da Figura 1 a seguir.
Figura 1: Esquema do processo de fabricação do colchão S e C
Atendimento
Quimica/
fabricaçao
Estoque de
espuma in natura
Laboratório de
teste
Setor de corte de
bloco cilíndrico
Setor de corte de
bloco retangular
Expedição
Estoque
Setor de
bobinação
Setor de corte e
costura
da
Manta
Setor de colagem
e amarração da
estrutura
Setor de costura
da manta
na estrutura do
colchão
Embalagem
Acabamento
Fonte: Elaboracao dos autores
O processo de fabricação de colchão é oriundo da logística direta simples. Esta vai desde pedidos
recebidos pelo setor de atendimento para produção de colchões. E posteriormente a produção da
espuma, mediante a reação entre o poliol e o TDI no setor denominado de Química até a expedição
da quantidade, tipo e marca do colchão solicitado pelo centro de distribuição ao atendimento.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
Figura 2: Esquema dos setores geradores de resíduos na fabricação de colchões C de PU
Química
Estoque de
espuma retangular
Estoque de
espuma cilíndrica
para manta
Laminação R
Laminação C
Estoque
de
tecido
Estoque
de
linha
Corte do Tecido
Laminação para
colchões de
mola
Laminação para
colchões de
madeira
Laminação para
colchões de
aglomerado
Laminação para
colchões de
espuma
Laminação para
colchões de
mola
Laminação para
colchões de
madeira
Laminação para
colchões de
aglomerado
Laminação para
colchões de
espuma
Costura de manta
Montagem/
Colagem
Costura/Arremate
Sobra de Manta,
Sobra de tecido
Sobra de espuma
Embalagem
Sobra de plástico
Estoque
Expedição
Sobra de linha
Fonte: Figura elaborada pelas autoras
Atualmente, não há quantificação e nem controle sobre os resíduos gerados. O que torna aplicação
do conceito de logística reversa nesta linha de produção um fator estratégico para redução de custos,
matéria prima e da degradação do meio ambiente.
A Aplicação do Conceito de Logística Reversa ao Processo de Fabricação do Colchão
A aplicação do conceito de logística reversa para a fabricação de colchões ainda é pouco discutida,
porem não menos importante do que outros produtos de maior concentração de esforços. Este fato,
em parte, se deve a alguns motivos como inexistência de mercado para espumas usadas em face da
dificuldade em reciclar, atuação do binômio: muita dispersão e pouco volume entre outros.
No caso da fabrica de colchões estudada, a logística reversa pode ser efetivamente aplicada em três
frentes: reaproveitamento de sobras oriundas do processo produtivo, devolução de colchões que
saíram de linha ou com pequenas avarias pelas lojas e devolução de colchões de clientes pela
assistência técnica por defeito parcial ou total.
Em relação à aplicação da logística reversa como forma de reaproveitamento de sobras oriundas do
processo produtivo, o processo poderia ser dado de acordo com a Figura 3.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
Figura 3: Esquema do processo de utilização de sobras de espuma para montagem de bloco para
estrutura de colchão aglomerado
Captação de
sobras de espuma
e mantas dos
setores
Estoque S
Trituração
Ensacamento
Estoque T
Setor de
montagem de
colchão de
aglomerado
Estoque
Laminação em
blocos
Colagem e
Compactação de
espuma
Fonte: Esquema realizado pela autora
Como visualizado na Figura 3, o processo de reaproveitamento de aparas de espumas oriundas do
processo produtivo consiste na captação de aparas pelos setores de corte, laminação e arremate que
são levadas para o setor de trituração e posteriormente ensacadas. No momento de necessidade de
produção, estes sacos de espuma triturada são encaminhados para o setor de fabricação de blocos de
aglomerados por meio da junção dos flocos de espuma com a própria matéria prima de fabricação
(Poliol + TDI) da espuma virgem, em uma espécie de moinho cilindros e mais tarde a mistura e
colocada em um molde e, então, é laminada de acordo com as especificações necessárias. A
segunda forma de aplicação da logística reversa pela fabrica seria no tratamento da devolução de
colchões que saíram de linha ou com pequenas avarias pelas lojas. Neste caso o processo inicia-se
com a armazenagem primaria do produto, no estoque denominado S, para posterior avaliação.
Este processo de avaliação é o ponto de direcionamento das ações que serão tomadas, dependo do
estado físico do produto este teria 4 (quatro) destinos, conforme apresentado no Tabela 4.
Tabela 4: Avaliação do estado físico e destino dos resíduos
Condição de recebimento
Colchão com toda estrutura perfeita, mas
com manta de revestimento suja ou
avariada.
Colchão com estrutura parcialmente
perfeita, mas com manta de revestimento
suja ou avariada.



Colchão com estrutura defeituosa e com
manta de revestimento suja ou avariada


Colchão com estrutura defeituosa, mas
com manta de revestimento em bom
estado.

Ação
Troca da manta e venda com
desconto
Avaliação da estrutura e
houver possibilidade troca-se a
parte avariada e retorna para
loja como marca secundária
Estrutura de metal, mola ou
madeira utilizado como peça
de reparo.
Estrutura de metal, mola ou
madeira utilizado como peça
de reparo.
Manta de revestimento e
espuma será utilizada para
feitura de aglomerado
Estrutura de metal, mola ou
madeira utilizado como peça
de reparo.






Destino
Manta avaria direcionada para o
triturador e posteriormente formar
bloco de aglomerado
Partes com tecido ou espuma são
direcionadas para fabricação de
aglomerado.
Partes como madeira, molas ou
metal são direcionadas ao setor de
montagem.
Partes com tecido ou espuma são
direcionadas para fabricação de
aglomerado.
Partes como madeira, molas ou
metal são direcionadas ao setor de
montagem.
Partes como madeira, molas ou
metal são direcionadas ao setor de
montagem.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009

Manta de revestimento e
espuma será utilizada para
revestimento ou preenchimento
de colchões de segunda linha.
Fonte: Dados obtidos na fábrica
O destino e ação designada seriam dados em função da origem (pos-consumo ou pos-venda) e das
condições de recebimento do produto ou em função somente da condição do produto recebido.
Após esta verificação de procedência, o material seria encaminhado para um setor, no qual o
material seria canibalizado/desmanchado ou reutilizado com pecas de reposição ou utilizado com
insumo para fabricação de estruturas de flocos de espuma ou descartado adequadamente.
Conclusões
As ações oriundas da aplicação do conceito de Logística Reversa ainda são muito frágeis, pois o
mesmo ainda é entendido ou visto em apenas um de seus braços que é a reciclagem. Mas se torna
necessário o estimulo e, ao mesmo tempo, a introdução e o entendimento de forma mais efetiva
deste conceito de Logística Reversa por parte dos gestores das organizações geradoras e por parte
da sociedade como um todo.
A empresa estudada não realiza algum tipo de controle quantitativo sobre suas sobras produtivas,
diferentemente da aplicação da reciclagem ou do canibalismo. O estudo verifica que é preciso o
desenvolvimento de ações que auxiliem no aumento da vida útil da matéria prima oriunda de
produtos retornados a fabrica via canais pos consumo e pos venda.
Agradecimentos
Os autores agradecem às empresas Tratamento de Resíduos Industriais de Belford Roxo (Tribel),
Koleta Ambiental S.A., Centro de Reciclagem Rio (CRR).
Referências Bibliográficas
ANDRADE, J.G. de. Diagnóstico e intervenção administrativa em fazendas. ESAL/FAEPE:
Lavras, 1991.
ARIMA, S.; BATTAGLIA,A. Logística Reversa – Da terra para a terra, uma visão do
ciclo total - 3ª. Parte. Revista Tecnologistica, no. 91, Ano VIII, p.134-141. São Paulo:
Publicare Editora, 2003.
BALLOU, R. H. Logística Empresarial – Transportes, Administração de Materiais e
Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo:
Pearson Pretice Hall, 2003.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009
RODRIGUES et al . A logística reversa como instrumento de geração de renda e
inclusão social: o caso de uma empresa produtora de pneus remoldados. In SIMPEP,
2004, Bauru
ROGERS, Dale S.; TIBBEN-LEMKE, Ronald S. Going backwards: reverse logistics
trends and practices. Reno: Reverse Logistics Executive Council, 1998.
SIQUEIRA, Lígia Vieira Maia. Uma contribuição ao estudo da adição de resíduos de
poliuretano expandido para a confecção de blocos de concreto leve. Dissertação de
mestrado da Universidade do Estado de Santa Catarina, 2006.
Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009

Documentos relacionados