Completo - Energia Nuclear - Passado Presente e Futuro
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Completo - Energia Nuclear - Passado Presente e Futuro
III Sumário Introdução ....................................................................................................... 5 1 - História da Energia Nuclear ....................................................................... 6 Radioatividade............................................................................................. 6 Definição .................................................................................................. 6 Conceitos iniciais ..................................................................................... 7 Histórico da Radioatividade...................................................................... 7 Conceitos Específicos ............................................................................ 12 Elementos radioativos ............................................................................... 13 Projeto Manhattan ..................................................................................... 18 Efeitos Colaterais ................................................................................... 19 Testes Nucleares....................................................................................... 20 O Tratado de Não Proliferação Nuclear ..................................................... 25 Usinas nucleares no mundo ...................................................................... 29 Acidentes nucleares .................................................................................. 30 Three Mile Island, EUA, 1979................................................................. 31 Chernobyl, URSS, 1986 ......................................................................... 32 Goiânia, Brasil, 1987 .............................................................................. 35 2 - Aplicações da Energia Nuclear ................................................................ 40 Reatores Nucleares ................................................................................... 40 Bomba A ................................................................................................... 41 Fissão nuclear ........................................................................................... 42 A primeira bomba atômica ..................................................................... 44 Hiroshima e Nagasaki................................................................................ 45 Corrida EUA x URSS ................................................................................. 48 Bomba H ................................................................................................... 50 Arsenais nucleares .................................................................................... 51 Onde estão as bombas? ........................................................................ 52 Submarino nuclear .................................................................................... 55 Submarinos Nucleares x Submarinos Convencionais ............................ 55 Propulsão dos Submarinos Nucleares ................................................... 56 Submarinos Nucleares de Ataque .......................................................... 56 4 Submarinos Nucleares Balísticos ........................................................... 58 Navios nucleares ....................................................................................... 60 Míssil balístico intercontinental (ICBM) ...................................................... 61 Fases de vôo ......................................................................................... 62 História .................................................................................................. 62 ICBMs modernos ................................................................................... 64 Mísseis específicos ................................................................................ 65 3 - O Programa Nuclear Brasileiro................................................................. 66 O acordo nuclear Brasil-Alemanha ............................................................ 67 O Programa do Nuclear da Marinha .......................................................... 67 O Programa Nuclear Paralelo .................................................................... 69 Cronologia do Programa Nuclear Brasileiro ............................................... 71 As reservas de urânio brasileiras ............................................................... 75 Instalações nucleares estratégicas brasileiras ........................................... 76 Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto ............................................... 76 Unidade de Concentrado de Urânio em Caetité - BA ............................. 76 Unidade de Tratamento de Minérios em Caldas - MG ............................ 77 Sistema de Gerenciamento de Rejeitos Sólidos de Angra 2................... 77 Unidade de Produção de Hexafluoreto de Urânio................................... 78 Novas centrais nucleares .......................................................................... 78 Cronograma ........................................................................................... 79 O futuro da energia nuclear no Brasil......................................................... 79 Os novos reatores nucleares nacionais .................................................. 79 A Fusão Nuclear .................................................................................... 80 Anexos .......................................................................................................... 82 Referências Bibliográficas ............................................................................. 87 5 Introdução Energia nuclear é a energia liberada numa reação nuclear, ou seja, em processos de transformação de núcleos atômicos. Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de se transformar em outros isótopos ou elementos através de reações nucleares, emitindo energia durante esse processo. Baseia-se no princípio da equivalência de energia e massa (observado por Albert Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre transformação de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, Strassmann e Meitner com a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons. A tecnologia nuclear tem a finalidade de aproveitar a energia nuclear, convertendo o calor emitido na reação em energia elétrica. Isso pode acontecer controladamente em um reator nuclear ou descontroladamente em uma bomba atômica. Em outras aplicações, aproveita-se da radiação ionizante emitida. Este trabalho visa descrever o histórico da energia nuclear no mundo, desde a descoberta da radioatividade, passando pelos diversos tipos de aplicação dessa tecnologia e fechando com o histórico do Programa Nuclear Brasileiro. Buscamos, também, demonstrar através de números, gráficos e tabelas, a importância que esse tipo de geração de energia terá em um mundo que busca limitar suas emissões de carbono, devido ao Aquecimento Global. Por último, mas não menos importante: procuraremos dar uma pequena introdução sobre os planos (nacionais e internacionais) para o futuro, como novas tecnologias de reatores; a conversão de urânio altamente enriquecido, usado em milhares de ogivas nucleares em desativação, em combustível nuclear; e o Santo Graal do futuro energético da humanidade, a Fusão Nuclear, processo responsável pelo brilho das estrelas. 6 1 - História da Energia Nuclear Radioatividade Definição Por definição, temos as seguintes definições para Radioatividade e Radiação encontradas no Dicionário Aurélio: Radioatividade “Propriedade de certos elementos químicos (rádio, urânio etc.) de transformar-se espontaneamente em outros elementos, emitindo uma radiação eletromagnética.” Radiação “Emissão de raios, de partículas.” “Elemento constitutivo de uma onda luminosa ou eletromagnética: radiação infravermelha, ultravioleta.” “Transmissão de energia pelo espaço.” “Transmissão do som através da matéria etc.” “Radiação solar, energia emitida pelo Sol, uma parte da qual é absorvida ao nível da camada de ozônio da estratosfera e outra atinge a troposfera.” Desta forma, fica claro que há uma diferenciação entre estes dois termos que muitas vezes são utilizados de forma errônea. 7 Conceitos iniciais Para o correto entendimento e explicação da história da Radioatividade, é necessário que alguns conceitos iniciais, como a composição do átomo, por exemplo, sejam relembrados. A imagem ao lado elucida este ponto. Histórico da Radioatividade A. Tubos de Raios Catódicos Após a descoberta da teoria do átomo, foi em um tubo de raios catódicos que, em 1897, o físico J. J. Thompson verificou a existência do elétron. A construção do tubo de raios catódicos e a descoberta dos chamados raios catódicos (elétrons na verdade) desencadearam o início da descoberta J. J. Thompson e o Tubo de Raios Catódicos. de uma nova área da física: a Radioatividade. Sua maior aplicação foi (e ainda é em alguns casos) em aparelhos de TV convencionais. 8 B. Raios X Em 1895, Wilhem Conrad Röntgen também estudava os tubos catódicos e percebeu que embora o tubo estivesse inteiramente coberto por papelão preto, ainda eram produzidos raios que iluminavam uma tela fosforescente fora dele. Segundo parecia, os raios eram dotados de um poder de penetração. Percebendo a propriedade que estes raios tinham de relativamente atravessar baixa, materiais ele de começou densidade a realizar Wilhen Conrad Röntgen.. las para produzir experiências com chapas fotográficas e descobriu que poderia usá-las fotos que eram sombras do interior dos objetos. Röntgen havia descoberto os Raios X (ele utilizou este nome, pois a princípio não sabia se eram ondas ou partículas), um fato que revolucionou os campos da Física e da Medicina. Por sua descoberta recebeu o primeiro Prêmio Nobel em Física, em 1901. Mais tarde, os raios-X foram identificados como sendo uma radiação eletromagnética da mesma natureza que a luz visível,, só que com freqüências muitos mais elevadas (carregadas por partículas chamadas fótons). 9 C. Pesquisas Adicionais - Academia Francesa de Ciências A descoberta dos raios X despertou grande interesse entre os investigadores, que ficaram curiosos quanto à possível existência de outras radiações. Em 20 de janeiro de 1896, semanas depois de Röntgen ter feito sua descoberta, Henri Poincaré fez um relatório sobre os Raios X para a Academia Francesa de Ciências. Além de sua explicação sobre os raios X, estavam algumas observações referentes a Henri Poincaré. fosforescências estranhas que ele observou. Este fenômeno interessou Henri Becquerel. D. Henri Becquerel – Substâncias Fosforescentes Becquerel pensou em investigar se todos os corpos fosforescentes investigar os poderiam emitir materiais raios similares. fosforescentes, Ao descobriu evidências do que queria descobrir e apresentou ensaios à academia sustentando a idéia completamente falsa de que substâncias fosforescentes produziriam raios penetrantes, como os raios X. Com esta idéia, ele iniciou suas investigações Henri Becquerel. utilizando um composto à base de Urânio. Colocando o composto sobre uma chapa fotográfica, Becquerel exponha-os exponha ao Sol por um período e, então, revelava a chapa. Assim, constatou que este material afetava a chapa de forma similar aos raios X. Mas as investigações adicionais, de 26 e 27 de fevereiro, foram adiadas por causa do céu nublado de Paris e o Urânio, que Becquerel pretendia expor ao Sol, foi colocado em um envelope que ficou sobre a chapa dentro de uma gaveta. 10 No primeiro dia de março, ele revelou a chapa fotográfica com a expectativa de obter uma imagem fraca e, para sua surpresa, a imagem foi clara e forte. Isto significou que o Urânio emitia radiação sem a necessidade de uma fonte de energia do tipo do Sol. Becquerel havia descoberto a espontânea emissão de radiação vinda de um material em busca de estabilidade atômica,, posterior definição de Radioatividade. Depois, Becquerel demonstrou que a radiação emitida pelo Urânio compartilhava certas características como os raios X. Porém não era como os raios X,, pois podia ser desviado por um campo magnético e, por essa razão, deveria ser composto por partículas carregadas. Por sua descoberta, Becquerel foi, em 1903, gratificado com um Prêmio Nobel em Física. Porém, não foi Becquerel quem deu esse nome ao fenômeno meno nem que explicou a sua origem. E. Marie Sklodowska-Curie Após a divulgação das estranhas emissões de radiação vinda de alguns materiais, houve um pequeno período de grande interesse por este fenômeno e um intervalo de cinco anos sem maiores estudos. Até que, ao iniciar os estudos para obter seu doutorado, Marie Sklodowska-Curie interessou-se pelo fenômeno observado por Becquerel. A relativa negligência de Becquerel com relação Marie Sklodowska-Curie Curie . aos raios foi uma das razões que fizeram Marie Curie decidir estudá-los, los, além de ser um excelente assunto para ser apresentado como tese de doutorado. 11 Marie e seu marido, Pierre, souberam desta estranha emanação e que ela ionizava o ar à volta do material. Sendo Pierre um mecânico talentoso, que preferia referia fazer sua própria aparelhagem, desenvolveram um método com o qual poderiam medir o quanto era radioativo uma amostra de material com relação a outra. F. Ernest Rutherford Através descobriram de seus e trabalhos, divulgaram a Marie e Pierre radioatividade de determinados materiais. Com esta descoberta muitas pessoas se interessaram pelas pesquisas neste campo. Dentre estas pessoas, estava Ernest Rutherford, pupilo de J. J. Thompson. Em seu primeiro ensaio escrito, Rutherford observou que as substâncias radioativas têm alto peso atômico e sua radioatividade parece ser independente de Ernest Rutherford. . estados químicos (implicando atividade em altos níveis). Para compreender a explicação de Rutherford sobre a radioatividade, era preciso um salto de imaginação muito grande com relação a qualquer uma das duas explicações já existentes. Radioatividade é uma manifestação da desintegração dos núcleos atômicos. Quando o elemento rádio emite radiação, está enviando nviando partículas subatômicas: minúsculos elétrons e partículas um pouco maiores com cargas positivas, que hoje sabemos serem núcleos de hélio, bem como raios gama (onda eletromagnética de comprimentos de onda muito mais curtos do que a luz visível). Todos os elementos mais pesados, com se verifica, são inerentemente instáveis e se acham em contínua transmutação.. Um átomo de urânio ou rádio repetidamente altera a si mesmo, algumas vezes após segundos ou minutos e, em 12 outras vezes, após milhares de anos. Agora chamamos este processo de "decadência" e temos um conhecimento detalhado de cadeias de decadência. Com o avanço das pesquisas E. Rutherford descobriu as radiações alfa e beta, o que foi fundamental para a descoberta do seu modelo atômico em 1911, iniciando uma teoria que serviu como base para a explicação dos fenômenos radioativos. Por suas investigações na desintegração dos elementos e a química das substâncias radioativas, Ernest Rutherford recebeu, em 1908, um prêmio Nobel de Química. Conceitos Específicos Assim, após este histórico, chegou-se a definição que Radioatividade é a desintegração espontânea de núcleos atômicos mediante a emissão de partículas subatômicas chamadas partículas alfa e partículas beta e de radiações eletromagnéticas denominadas raios X e raios gama. Partículas alfa São agrupamentos de dois prótons e dois nêutrons emitidos do núcleo de alguns elementos. Partículas beta São elétrons de alta energia emitidos de núcleos atômicos num processo conhecido como decaimento beta. 13 Radioatividade é também conseguida com a desintegração “não” espontânea de núcleos atômicos mediante o bombardeamento de partículas com Nêutrons (Fissão) ou mediante fusão com outros elementos. Fissão Nuclear. . Fusão Nuclear. . A Fissão nuclear é a divisão do núcleo de um átomo em dois núcleos menores, com liberação de grande quantidade de energia. É este fato que levou muitos engenheiros e cientistas a iniciar projetos para o desenvolvimento de reatores de fusão para gerar eletricidade. Dentro deste conceito, uma grande mente surge para contribuir com a evolução e a utilização desta energia: Albert Einstein e sua equação E = mc². Elementos radioativos A radioatividade é um fenômeno natural ou artificial, pelo qual algumas substâncias ou elementos químicos, chamados radioativos, são capazes de emitir radiações, as quais têm a propriedade de impressionar placas fotográficas, ionizar gases, produzir fluorescência, atravessar corpos opacos à luz ordinária, etc. As radiações emitidas pelas substâncias radioativas são principalmente partículas alfa, partículas beta e raios gama. A radioatividade é uma forma de energia nuclear, usada em medicina (radioterapia), e consiste no fato de alguns átomos como os do urânio, rádio e tório serem “instáveis”, perdendo constantemente partículas alfa, beta e gama (raios-X). O urânio, por exemplo, tem 92 prótons, porém através dos séculos 14 vai perdendo-os na forma de radiações, até terminar em chumbo, com 82 prótons estáveis. A radioatividade pode ser: • Radioatividade natural ou espontânea: É a que se manifesta nos elementos radioativos e nos isótopos que se encontram na natureza e poluem o meio ambiente. • Radioatividade artificial ou induzida: É aquela que é provocada por transformações nucleares artificiais. Dentre os metais naturalmente radioativos, podemos destacar os seguintes: Rádio - Metal de símbolo Ra, número atômico 88, massa atômica 226,05, descoberto em 1898 por P. e M. Curie, é dotado de intensa radioatividade. O rádio é um metal alcalino terroso, que funde a 700 °C. Muit o raro na natureza, é extraído da pechblenda. Desintegra-se com uma vida média de 1620 anos, produzindo uma emanação gasosa de hélio e de radônio. Esse último, também radioativo, transmutase no polônio que, por uma série de novas desintegrações, conduz finalmente ao chumbo 206. As radiações alfa, beta e gama emitidas pelo rádio são dotadas de grande poder bactericida e sua ação fisiológica acarreta a destruição dos tecidos e a suspensão da mitose, donde diversas aplicações terapêuticas (curieterapia). Tório - Metal raro de símbolo Th, número atômico 90, massa atômica 232,038, branco, cristalino, de densidade 12,1g/cm³, e que funde a 1700°C, aproximadamente. Estudos recentes demonstraram que o poder energético das reservas mundiais de tório é superior ao poder energético de todas as reservas de urânio, carvão, petróleo e gás natural juntas. A tabela abaixo mostra as atuais oito maiores reservas de tório do mundo. 15 País Reservas de Tório (Ton) Reservas base de Tório (Ton) Austrália 300.000 340.000 Índia 290.000 300.000 Noruega 170.000 180.000 Estados Unidos 160.000 300.000 Canadá 100.000 100.000 África do Sul 35.000 39.000 Brasil 16.000 18.000 Malásia 4.500 4.500 Outros países 90.000 100.000 Total Mundial 1.200.000 1.400.000 Já esta outra tabela mostra dados de acordo com a OECD, "Trends in Nuclear Fuel Cycle", Paris, France (2001): País Reservas confirmadas (ton) Reservas adicionais Estimadas (ton) Brasil 606,000 700,000 Turquia 380,000 500,000 Índia 319,000 — Estados Unidos 137,000 295,000 Noruega 132,000 132,000 Groenlândia 54,000 32,000 Canadá 45,000 128,000 Austrália 19,000 — África do Sul 18,000 — Egito 15,000 309,000 Outros países 505,000 — Total mundial 2,230,000 2,130,000 Devemos observar que, até o ano de 2009, o Brasil havia prospectado apenas 25% do seu território em busca de jazidas de minerais radioativos, em especial, urânio e tório. O país aparece no 1º e 6º lugares como detentor das maiores jazidas mundiais de tório e urânio, respectivamente. 16 Urânio - Metal de símbolo U, número atômico 92, massa atômica 238,07, e densidade de 18,7g/cm³, extraído do óxido de urânio. Último elemento natural da classificação periódica, o urânio foi isolado em 1841 por Péligot. Trata-se de um sólido cinza-ferro, que funde a 1800°C e se oxida f acilmente. O óxido uranoso, ou urano, UO2, é um sólido negro, de propriedades básicas, a que correspondem os sais ufanosos, verdes. O anidrido urânico, UO3, alaranjado, é anfótero e produz, em reação com os ácidos, sais de uranila (pois contém o radical UO2). Tais sais são amarelos e dotados de fluorescência verde. O UO3 dá também, ao reagir com as bases, os uronatos, como o Na2UO4; este, incorporado ao vidro, resulta no vidro de urânio, que se torna fosforescente sob a ação de raios ultravioletas. O minério de urânio mais importante é a pechblenda, ou uraninita, U3O8. Existem, todavia, muitos outros, que vêm sendo ativamente extraídos. Foi no urânio que Henri Becquerel descobriu a radioatividade. O produto natural é uma mistura de três isótopos, entre os quais o U238, mais abundante, gerador da família do rádio, e o U235, gerador da família do actínio. Sob a ação de nêutrons, o urânio 238 pode transformar-se em plutônio, e o urânio 235 pode sofrer fissão nuclear. Em virtude da baixa concentração do urânio em seus diversos minérios (em geral menos de 1%), os tratamentos metalúrgicos compreendem inicialmente uma concentração física e, depois, uma concentração química dos sais de urânio. Após a purificação do concentrado, o metal é elaborado, a partir do tetrafluoreto, por redução metalotérmica pelo magnésio ou pelo cálcio. É afinado por refusão a vácuo antes de enformado e tratado termicamente. O urânio é utilizado, sobretudo, como combustível nos reatores nucleares (barras, tubos, anéis); seja em estado puro, seja em liga como o molibdênio, ou ainda em compostos refratários (óxido, carboneto). Pode também ser enriquecido num isótopo físsil, principalmente pelo processo seletivo da difusão gasosa do hexafluoreto através de paredes porosas, ou pelo 17 processo de ultracentrifugação. A tabela abaixo mostra os países com as maiores reservas de urânio conhecidas. Reservas atuais em Toneladas de U3O8 Cazaquistão 957.000 Austrália 910.000 África do Sul 369.000 Estados Unidos 355.000 Canadá 332.000 Brasil 309.000 Namíbia 287.000 Total Mundial 4.416.000 * Fonte: Brasil. MCT Polônio - Metal de símbolo Po, radioativo, de número atômico 84, massa atômica 210, que acompanha geralmente o rádio. 18 Projeto Manhattan A energia nuclear só veio a se tornar algo prático porque o mundo estava em plena guerra de conquista na década de 40. Da teoria (1905) à prática foram 37 anos. O medo de que o outro lado fizesse uso da energia contida no átomo custou apenas 3 anos (1939-1942) de empenho entre cientistas e autoridades norteamericanas para obter através de pesquisas o domínio da matéria. O ataque a Pearl Harbor aumentou o temor norte-americano e a necessidade em dar uma resposta ao mundo implicando na entrada do país na Segunda Guerra Mundial e após o fim dela, usar as bombas nucleares serviu para mostrar sua capacidade e conter nações com potencial risco bélico no cenário mundial. O primeiro reator surgiu em 1942 com Enrico Fermi, o Chicago Pile 1. O capítulo seguinte àquele dia acabou destruindo Hiroshima e Nagasaki. Às 05h29min45s de 16 de julho de 1945, os Estados Unidos explodiram a primeira bomba atômica da história, conhecida como "Gadget". Este foi o objetivo atingido pelo Manhattan Engineer District of the US Army Corps of Engineers, mais conhecido como "Projeto Manhattan", desenvolver e construir armas nucleares. Julius Oppenheimer dirigia um grupo de cientistas americanos e de refugiados europeus em Los Alamos - Novo México. A mensagem "O navegador italiano aportou, os nativos estão se mantendo calmos" era a senha para as autoridades em Washington que o objetivo havia sido atingido. Na ocasião do teste, Oppenheimer citou um trecho do Bhagavad-Gita, quando Vishnu tenta convencer o príncipe a cumprir seu dever e para isto toma sua forma de muitos braços: "Agora, tornei-me a morte, o destruidor dos mundos." O Projeto Manhattan foi assim chamado por estar ligado ao Distrito de Engenharia de Manhattan do US Army Corps of Engineers e porque boa parte da pesquisa inicial foi realizada em Nova York, que depois foi transferida para um local menos movimentado. 19 Julius Oppenheimer, que dirigia o projeto e selecionou os cientistas, disse mais: "Esperamos até que a explosão passasse, saímos do abrigo e depois era tudo muito solene. Sabíamos que o mundo nunca mais seria o mesmo. Alguns riram, outros choraram. Muitos permaneceram calados." A bomba era composta de duas pequenas bolas de plutônio, recobertas por níquel e em cujo centro estava um núcleo de berílio e urânio. O teste seria no dia 4 de julho, mas os preparativos finais que incluíam a montagem do núcleo de plutônio só terminaram no dia 12 de julho. A explosão experimental aconteceu no meio do deserto do Novo México, a cerca de 100 km da cidade de Alamogordo. A região era habitada apenas por formigas, aranhas, cobras e escorpiões. A água com gipsita, que provocava diarréia e de ph alcalino deixava a pele irritada e os cabelos duros. Os cientistas estavam a 32 km. Câmeras e instrumentos de medição, ligados por 800 km de cabos, foram colocados à distâncias de 9 a 18 km do ponto da explosão. O teste superou em 4 vezes os cálculos. A explosão de Alamogordo foi o auge deste ambicioso projeto norte-americano durante a Segunda Guerra. Este teste era apenas um preparativo para o que viria depois. Veja o filme do Newseum sobre a explosão em Hiroshima e Nagasaki. Efeitos Colaterais O físico nuclear Alvin Weinberg disse à comissão especial sobre energia atômica do Senado norte-americano em dezembro de 1945: "Atomic power can cure as well as kill. It can fertilize and enrich a region as well as devastate it. It can widen man's horizons as well as force him back into the cave." A força atômica pode tanto curar quanto matar. Pode adubar e enriquecer uma região bem como devastá-la. Pode ampliar os horizontes do homem bem como levá-lo de volta às cavernas. Em 1946 os cientistas de Oak Ridge, num golpe de misericórdia, entregaram ao Barnard Cancer Hospital em St. Louis radioisótopos para uso médico. Outra guerra viria a dar impulso a outra faceta da energia nuclear, a indústria de geração energética, que cresceu na década de 70 depois da crise do petróleo.Em 1955, a 20 URSS utilizou seu conhecimento para gerar energia elétrica, antes queimou sua bomba em 1949; e os EUA o fizeram em 1957 (usina nuclear de Shippingport, Penn), com parte do grupo da Universidade de Chicago, que não estava interessado em armas nucleares - indo para o Laboratório de Argonne. Testes Nucleares Uma explosão nuclear de teste é uma experiência que envolve a detonação de uma arma nuclear. As motivações para o teste podem, normalmente, ser categorizadas: • Relacionadas com a arma em si (verificar que a arma funciona, ou estudar como funciona); • Efeitos da arma (como a arma se comporta sob condições diversas, e como estruturas se comportam quando submetidas à arma). Com efeito, os testes nucleares têm sido também usados como demonstração da força militar e científica do país que os realiza. Testes de armas nucleares são, normalmente, classificados como sendo "atmosféricos" (na atmosfera ou acima desta), "subterrâneas", ou "subaquáticas". De todos estes, são os testes subterrâneos levados a cabo em profundas minas são os que menos riscos de saúde colocam em termos de cinza nuclear. Testes atmosféricos, os quais entram em contacto com o solo ou com outros materiais, apresentam o risco mais elevado. Armas nucleares têm sido testadas sendo largadas de aviões, do alto de torres, suspensas de balões, em barcas no mar, presas a cascos de navios, e até disparadas por foguetões para o espaço exterior (para este tema, veja mais abaixo). 21 O primeiro teste nuclear foi conduzido pelos Estados Unidos em 16 de Julho de 1945, durante o Projeto Manhattan, tendo recebido o nome de código Trinity. A primeira bomba de hidrogênio, de nome de código Ivy Mike, foi testada no atol Enewetak, nas Ilhas Marshall, a 1º de Novembro de 1952, também pelos Estados Unidos. A maior arma nuclear alguma vez testada foi a Tsar Bomba da União Trinity, primeiro teste nuclear da história, em 16 de julho de 1945. Soviética, em Nova Zembla, com uma potência estimada de 50 Mton. Nos Estados Unidos, os testes nucleares com os piores efeitos em termos de contaminação radioativa foram realizados no estado de Nevada (população de 799 mil pessoas) e no atol Bikini (ilhas Marshal,, no Oceano Pacífico, área de 5 km²); km na Rússia, eles ocorreram no Polígono Semipalatinskij (população de 803 mil pessoas em territórios adjacentes) e na Novaja Zemlia (região de tundra e deserto ártico, com 83 mil km2). Outros países a realizar testes stes nucleares, em menor escala, foram França e China. Em 1963, todos os estados nucleares e vários não-nucleares nucleares assinaram o Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares, comprometendo-se se a não testarem armas nucleares na atmosfera, debaixo de água,, ou no espaço exterior. O tratado permitia testes subterrâneos. A França continuou os seus testes atmosféricos até 1974, enquanto a China continuou até 1980. O último teste subterrâneo por parte dos Estados Unidos foi em 1992; por parte da União Soviética em 1990; Reino Unido em 1991; e França e China até 1996. Após adotarem o Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares em 1996, todos estes estados se comprometeram a descontinuar todos os ensaios nucleares. A Índia e o Paquistão, ambos não-signatários, ios, realizaram os últimos testes nucleares em 1998. Os Estados Unidos conduziram apenas seis testes antes da União Soviética desenvolver a sua primeira bomba atômica, de nome de código “Joe 1”,, e testá-la testá a 22 29 de Agosto de 1949. A princípio, nenhum dos dois países possuia muitas armas nucleares de reserva, pelo que os testes eram em número limitado (quando os Estados Unidos usaram duas armas na sua “Operation Crossroads” em 1946, estavam a explodir mais de 20% do seu arsenal da altura). Testes diversos nucleares perigos. podem Vários destes acarretar ficaram conhecidos no ensaio Castle Bravo, realizado pelos Estados Unidos, em 1954. O desenho da arma era, basicamente, uma nova forma de bomba de hidrogênio, tendo os cientistas subestimado o quão vigorosamente os materiais da arma viriam a reagir. Como resultado, a explosão - com uma potência de Castle Bravo, maior teste nuclear realizado ealizado pelos EUA, com potência de 15 MTon. 15 Mton - foi mais de duas vezes mais poderosa do que o previsto. Fora esse problema, a arma gerou também uma grande quantidade de cinzas radioativas, mais do que o previsto, e uma mudança no padrão climático provocou o espalhamento das cinzas numa direção que não tinha sido evacuada a tempo. A mancha de cinzas espalhou altos níveis de radiação por Operation Crossroads, 1946. Foram detonados dois artefatos de 26 kTon cada. mais de 160 km, contaminando várias ilhas habitadas em atóis vizinhos (as populações tiveram de ser evacuadas às pressas, pressas muitas sofrendo de queimaduras e, mais tarde, de outros efeitos como elevada taxa de cancro e de defeitos de nascença), bem como uma embarcação de pesca japonesa. Castle Bravo foi o pior acidente nuclear dos Estados Unidos, mas muitos dos seus problemas constituintes (enorme enorme e imprevisível potência, mudança de padrões climáticos, contaminação não planejada ada de populações e respectivas cadeias de 23 fornecimento alimentar) ocorreram, igualmente, durante ensaios levados a cabo por outros países. Quase todas as novas potências nucleares anunciaram a sua posse de tais armas com um ensaio nuclear. A única potência nuclear reconhecida que reclama nunca ter conduzido um teste é a África do Sul (que, desde então, afirma ter desmantelado completamente o seu arsenal). senal). O Estado de Israel é considerado pela maioria das agências de informação de vários países como possuindo um arsenal nuclear de tamanho considerável, embora nunca tenha levado a cabo testes. Os testes nucleares têm também sido usados com claros propósitos políticos. O exemplo mais explícito foi a detonação, em 1961, da maior bomba nuclear alguma vez criada, a Tsar Bomba, um colosso de 100 Mton criado pela União Soviética. Esta arma era grande demais para ser usada contra um alvo inimigo, não se julgando que alguma tenha sido realmente desenvolvida, com Tsar Bomba, da URSS, maior artefato nuclear já detonado, com 57 Mton. exceção da que foi detonada. A arma foi usada pela União Soviética não com o intuito de desenvolver uma arma real ou para fins científicos, mas como uma exibição do poder e força soviética. Têm, desde então, havido muitas tentativas de limitar o número e tamanho de testes nucleares; a maior foi o Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares de 1996, o qual não foi ratificado do pelos Estados Unidos. Os últimos testes nucleares a nível mundial aconteceram em 1998. Desde então, este tema tem sido alvo de controvérsia nos Estados Unidos, com um número significativo de políticos a afirmarem que ensaios futuros poderão ser necessários ios para manter as envelhecidas ogivas da Guerra Fria. Devido aos testes nucleares serem vistos como impulsionadores de desenvolvimento de mais armas, muitos outros políticos opõemopõem se a testes futuros, tentando contrariar uma possível aceleração da corrida ao armamento. 24 As potências nucleares conduziram pelo menos 2.000 explosões nucleares de teste (os números são aproximados, já que alguns destes têm sido disputados): • Estados Unidos: 1050 testes (envolvendo 1125 engenhos), a maior parte deles na área de testes de Nevada e na zona de testes do Pacífico nas Ilhas Marshall, com dez outros testes levados a cabo em vários pontos dos Estados Unidos, incluindo Alasca, Colorado, Mississipi, e Novo México. • União Soviética: entre 715 e 969 ensaios, a maioria na área de testes da Sibéria e Nova Zembla, e mais alguns em vários pontos da Rússia, Cazaquistão, Turcomenistão e Ucrânia. • França: 210 testes, a maior parte deles realizados em Reggane e Ekker, na Algéria, e Fangataufa e Moruroa, na Polinésia Francesa. • Reino Unido: 45 ensaios, 21 em território australiano, incluindo 9 no continente (Austrália do Sul, em Maralinga e Emu Field), e muitos outros em território dos Estados Unidos, como parte da colaboração com este último. • China: 45 testes (23 atmosféricos e 22 subterrâneos, todos conduzidos na Base de testes de Lop Nur, em Malan, Xinjiang) • Índia: 5 ou 6 testes, em Pokhran. • Paquistão: entre 3 e 6 testes, em Chagai Hills. 25 Testes nucleares realizados entre 1945 e 1998. Não entram nessa lista os dois testes realizados pela Coreia do Norte em 2006 e 2009. O Tratado de Não Proliferação Nuclear O Tratado de Não-Proliferação Proliferação Nuclear (TNP) é um tratado entre Estados soberanos assinado em 1968, em vigor a partir de cinco de março de 1970. Atualmente conta com a adesão de 189 estados, cinco dos quais reconhecem ser detentores de armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China - que são também os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.. Em sua origem tinha como objetivo limitar as armas nucleares desses cinco países (a antiga União Soviética foi substituída pela Rússia). Esses países estão obrigados, pelos termos do tratado, a não transferir armas nucleares para os chamados "países não-nucleares", nem auxiliá-los a obtê-las. las. A China e a França, entretanto, não ratificaram o tratado até 1992. 26 Até ao presente, 189 países ratificaram o documento, e nenhum deles se retirou do pacto, exceto a Coréia do Norte, que o fez em 2003. Os signatários não-nucleares concordaram em não procurar desenvolver ou adquirir esse tipo de arma, embora possam pesquisar e desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos, desde que monitorizados por inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena, na Áustria. Índia, Paquistão e Israel são não-signatários do tratado, mas os dois primeiros já realizaram testes nucleares e acredita-se que Israel tenha armas nucleares. A Índia tem criticado o monopólio nuclear perpétuo que o tratado representa, por dizer que ele legitima as armas existentes, mas não reconhece outras. Em 1991 descobriu-se que o Iraque estava violando o tratado, durante as inspeções da AIEA feitas após a Guerra do Golfo. Em 1994, o país detonou o que chamou de "artefato nuclear pacífico". Mas o tratado teve seus efeitos. A África do Sul e toda a América Latina abandonaram toda atividade nuclear não-pacífica. Até agora, os inspetores da AIEA foram autorizados a visitar apenas os lugares declarados pelos signatários do tratado. Mas, depois do caso do Iraque, seus poderes foram ampliados, e os inspetores foram autorizados a fazer um trabalho especial nos países que fazem parte do tratado, incluindo pesquisa em lugares que não tinham sido declarados. Os novos poderes da AIEA provocaram uma crise com a Coréia do Norte em 1993: o país, que tinha se juntado ao tratado em 1985, ameaçou se retirar. Os nortecoreanos iniciaram o período de 90 dias de aviso prévio exigido dos signatários que desejam se retirar, mas foram persuadidos pelos Estados Unidos a suspender esse movimento um dia antes do fim do prazo. De acordo com a AIEA, esse aviso prévio de 1993 não teria validade. Um porta-voz da agência informou que, do ponto de vista legal, a Coréia do Norte teria que informar a todos os outros signatários e ao Conselho de Segurança da ONU sobre suas intenções de se retirar do tratado, antes que o período de aviso prévio começasse a ter validade. 27 O programa de energia nuclear do Irã é usado como pretexto para os Estados Unidos alegarem que o país desenvolve capacidade nuclear militar, o que tem provocado tensão crescente no Oriente Médio, apesar das declarações do governo do Irã de que o programa destina-se ao fornecimento de energia e uso científico não para fins bélicos. Israel, que desenvolveu tecnologia nuclear suficiente para fabricar armas nucleares, é citado pelo instituto como detentor de capacidade atômica militar. Segundo David Albright, Frans Berkhout e William Walker, autores do livro Plutonium and Highly Enriched Uranium 1996: World Inventories, Capabilities and Policies, em fins de 1995, Israel possuía 460 kg de plutônio, a Índia possuía 330 kg e o Paquistão, 210 kg de urânio altamente enriquecido. Esses estoques estão fora do controle internacional e admite-se que seja parte dos programas nucleares de cada um desses países. Entre 3 e 28 de maio de 2010, realizou-se mais uma Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, na sede das Nações Unidas, em Nova York. Em 28 de maio, os países signatários do TNP chegaram a um documento de consenso - o primeiro em dez anos - que inclui a interdição total de armas de destruição em massa no Oriente Médio. O documento final da Conferência prevê planos de ação para cada um dos três pilares do TNP: 1. Desarmamento, 2. Controle dos programas nucleares nacionais, e 3. Utilização pacífica da energia atômica. 28 O mapa abaixo ilustra a situação da proliferação nuclear atualmente, mostrando os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (azul claro), os três países não signatários do TNP que possuem armas nucleares (vermelho), Israel (amarelo), que especialistas suspeitam que possua armas nucleares, os estados que sofrem acusações de possuírem programas nucleares com fins militares (Irã e Síria, em preto), os países que compartilham armas com a OTAN (Itália, Grécia, Turquia, Alemanha, em azul escuro) e os estados que já possuíram armas nucleares no passado (, em verde). Países com armas nucleares: ██ Estados com Armas Nucleares (TNP) (China, França, Rússia, Reino Unido e EUA) ██ Estados com Armas Nucleares não TNP (Índia, Coreia do Norte, Paquistão) ██ Estados com Armas Nucleares não-declaradas (Israel) ██ Estados acusados de terem programas de armas nucleares (Irã e Síria) ██ Países que compartilham armas com a OTAN ██ Estados que possuíam armas nucleares anteriormente 29 Usinas nucleares no mundo Usina industrial nuclear é uma instalação empregada na geração eletricidade a partir de fonte nuclear, que se caracteriza pelo uso de materiais radioativos que, através de uma reação nuclear, produzem calor. Este calor é empregado por um ciclo termodinâmico convencional para mover um alternador e produzir energia elétrica. A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto,, no Rio de Janeiro, responde por 3% da energia produzida no Brasil. As centrais nucleares apresentam um ou mais reatores, que são compartimentos impermeáveis à radiação, em cujo interior estão colocados barras ou outras configurações geométricas de minerais com algum elemento radioativo (em geral o urânio). No processo de decomposição radioativa, estabelece-se se uma reação em cadeia que é sustentada e moderada mediante o uso de elementos auxiliares, dependendo do tipo de tecnologia empregada. A energia nuclear, além de produzir uma grande quantidade de energia elétrica, também produz resíduos nucleares que devem ser isolados em depósitos impermeáveis durante longo tempo. Por outro lado, os reatores das centrais nucleares não produzem gases tóxicos,, que é a característica da combustão dos combustíveis fósseis. Para saber mais, consulte, na seção “Anexos”,, as imagens três e quatro que mostram, respectivamente, o total de usinas nucleares em operação por país e o total de usinas em construção por país. 30 Acidentes nucleares Devido à confidencialidade do governo e da indústria, nem sempre é possível determinar com certeza a freqüência ou a extensão de alguns eventos no início da história da indústria nuclear. Nos dias atuais, acidentes e incidentes que resultem em ferimentos, mortes ou séria contaminação ambiental tendem a serem melhores documentados pela Agência Internacional de Energia Atômica. Devido à diferente natureza dos eventos, é melhor dividi-los em acidentes “nucleares” e "de radiação”. Um exemplo de acidente nuclear pode ser aquele no qual o núcleo do reator é danificado, tal como em Three Mile Island, enquanto um acidente de radiação pode ser um evento de acidente de Medicina Nuclear, onde um trabalhador derruba a fonte de radiação num rio. Estes acidentes de radiação, tais como aqueles envolvendo fontes de radiação, como os radio nucleotídeos usados para a elaboração de radiofármacos, frequentemente têm tanta ou mais probabilidade de causar sérios danos aos trabalhadores e ao público quanto os bem conhecidos acidentes nucleares, possivelmente porque dispositivos de Tomografia por emissão de pósitrons (PET), a cintilografia e a radioterapia designadamente, estão presentes em muitos dos hospitais e o público em geral desconhece seus riscos. Foi o caso, por exemplo, do acidente radiológico de Goiânia, Brasil. A seguir, descreveremos alguns dois mais famosos acidentes nucleares da história, seja pelo seu ineditismo (como o acidente de Three Mile Island), seja pelo seu alcance e número de vítimas (como Chernobyl), seja pela sua proximidade com nosso dia a dia (como o acidente de Goiânia). 31 Three Mile Island, EUA, 1979 Three Mile Island é a localização de uma central nuclear que em 28 de Março de 1979 sofreu uma fusão parcial, havendo vazamento de radioatividade para a atmosfera. A central nuclear fica na ilha no Rio Susquehanna no condado de Dauphin, Pensilvânia, próximo de Harrisburg, com uma área de 3,29 km². O acidente foi causado por falha do Three Mile Island,, palco do segundo pior acidente nuclear da história. equipamento, devido o mau estado do sistema técnico e erro operacional. Houve corte de custos que provocaram economicamente na manutenção e troca de material. Mas, principalmente apontaram-se se erros humanos, com decisões e ações erradas tomadas por pessoas despreparadas. O acidente desencadeou-se se pelos problemas mecânico e elétrico que ocasionaram a parada de uma bomba de água que alimentava o gerador de vapor, que acionou certas bombas de emergência que tinham sido deixadas fechadas. O núcleo do reator começou a se aquecer e parou e a pressão aumentou. Uma válvula abriu-se se para reduzir a pressão que voltou ao normal. Mas a válvula permaneceu aberta, ao contrário do que o indicador do painel de controle assinalava. Então, a pressão continuou a cair e seguiu-se uma perda da de líquido refrigerante ou água radioativa: 1.500.000 litros de água foram lançados no rio Susquehanna.. Gases radioativos escaparam e atingiram a atmosfera. Outros elementos radioativos atravessaram as paredes. Um dia depois, foi medida a radioatividade em volta da usina: alcançava até 16 quilômetros com intensidade de até oito vezes maior que a letal. Apesar disso, o governador do estado da Pensilvânia iniciou a retirada só dois dias depois do acidente. O governador Dick Thornburgh aconselhou o chefe da a NRC, Joseph 32 Hendrie, a iniciar a evacuação "pelas mulheres grávidas e crianças em idade prépré escolar em um raio de cinco milhas ao redor das instalações". talações". Em poucos dias, 140 mil pessoas haviam deixado a área voluntariamente. Este acidente foi considerado o o pior de todos os tempos, até acontecer outro muito pior, em Chernobyl... Chernobyl, URSS, 1986 O acidente nuclear de Chernobyl ocorreu dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Chernobyl (originalmente chamada Vladimir Lenin) na Ucrânia (então parte da União Soviética). É considerado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Usina nuclear de Chernobyl atualmente: palco do pior acidente nuclear da história. Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a liberação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima.. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas. O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia lorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação ação e cuidados de saúde devido ao acidente.. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobyl, devido às mortes esperadas por câncer que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer da tireóide – e estimou que cerca de 4.000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. 33 Cidade fantasma de Pripyat com a usina nuclear de Chernobyl ao fundo. A usina de Chernobyl está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 quilômetros a noroeste da cidade de Chernobyl, a 16 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia, e cerca de 110 quilômetros ao norte de Kiev. A usina era composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir um GigaWatt att de energia elétrica (3,2 GigaWatts de energia térmica). Em conjunto, os quatro reatores tores produziam cerca de 10% da energia elétrica utilizada pela Ucrânia à época do acidente. A construção da instalação começou na década de 1970, com o reator nº 1 comissionado em 1977, seguido pelo nº 2 (1978), nº 3 (1981), e nº 4 (1983). Dois reatores adicionais dicionais (nº 5 e nº 6) estavam em construção quando da ocorrência do acidente.. As quatro unidades geradoras usavam um tipo de reator chamado RBMK-1000. Há duas teorias oficiais, mas contraditórias, sobre a causa do acidente. A primeira foi publicada em agosto gosto de 1986, e atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina. A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuiu o acidente a 34 defeitos no projeto do reator RBMK, especificamente nas hastes de controle. Ambas teorias foram fortemente apoiadas por diferentes grupos, inclusive os projetistas dos reatores, pessoal da usina de Chernobyl, e o governo. Alguns especialistas independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente certa. Na realidade o que aconteceu foi uma conjunção das duas, sendo que a possibilidade de defeito no reator foi exponencialmente agravado pelo erro humano. Porém o fator mais importante foi que Anatoly Dyatlov, engenheiro chefe responsável pela realização de testes nos reatores, mesmo sabendo que o reator era perigoso em algumas condições e contra os parâmetros de segurança dispostos no manual de operação, levou a efeito intencionalmente a realização de um teste de redução de potência que resultou no desastre. A gerência da instalação era composta em grande parte de pessoal não qualificado em RBMK: o diretor, V.P. Bryukhanov, tinha experiência e treinamento em usina termelétrica a carvão. Seu engenheiro chefe, Nikolai Fomin, também veio de uma usina convencional. O próprio Anatoli Dyatlov, ex-engenheiro chefe dos Reatores 3 e 4, somente tinha "alguma experiência com pequenos reatores nucleares". O acidente aconteceu à noite, entre 25 e 26 de abril de 1986, durante um teste que deveria ser de rotina. A equipe operacional planejou testar se as turbinas poderiam produzir energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando, no caso de uma perda de potência, até que o gerador de emergência, a óleo diesel, fosse ativado. Para prevenir o bom andamento do teste do reator, foram desligados os sistemas de segurança. Para o teste, o reator teve que ter sua capacidade operacional reduzida para 25%. Este procedimento não saiu de acordo com planejado. Por razões desconhecidas, o nível de potência de reator caiu para menos de 1% e por isso a potência teve que ser aumentada. Mas 30 segundos depois do começo do teste, houve um aumento de potência repentina e inesperada. O sistema de segurança do reator, que deveria ter parado a reação de cadeia, falhou. Em frações de segundo, os níveis de potência e temperatura subiram em demasia. O reator ficou descontrolado. Houve uma explosão violenta. A cobertura de proteção, de 1000 toneladas, não resistiu. A temperatura de mais de 2.000°C derreteu as hastes de controle. A grafite q ue cobria o reator pegou fogo. 35 Material radiativo começou a ser lançado na atmosfera. O restante da história já conhecemos... Goiânia, Brasil, 1987 O acidente radiológico de Goiânia foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia. O instrumento, irresponsavelmente deixado no hospital, foi encontrado por catadores de papel, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico, e, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa de proteção continha também uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior. A caixa contendo a cápsula radioativa estava, por sua vez, contida num contentor giratório que dispunha de um colimador. Este servia para direcionar o feixe radioativo, bem como para controlar a sua intensidade. Não se pôde conhecer ao certo o número de série da fonte radioativa, mas pensa-se que a mesma tenha sido produzida por volta de 1970, pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos. O material radioativo contido na cápsula totalizava 93 gramas e a sua radioatividade era, à época do acidente, de 50,9 Terabecquerels (TBq) ou 1375 Ci. 36 3000. O equipamento radioterápico em questão era do modelo Cesapam F-3000 Foi projetado, nos anos 1950, pela empresa italiana Barazetti e Cia a., e comercializado pela empresa italiana Generay SpA. O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, localizado na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que gerou a contaminação na cidade entrou em funcionamento em 1971, 971, tendo sido desativado em 1985, quando o IGR deixou de operar no endereço mencionado. Com a mudança de localização, o equipamento de teleterapia foi abandonado no interior das antigas instalações. A maior parte das edificações pertencentes à clínica foi fo demolida, mas algumas salas - inclusive aquela em que se localizava o aparelho foram mantidas em ruínas. Local onde funcionava o antigo ferro-velho de Devair, vair, uma das quatro vítimas fatais do césio 137. 37 Foi no ferro-velho de Devair que a cápsula de césio foi aberta para o reaproveitamento do chumbo. O dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro. Ele mostrou a descoberta para a mulher Maria Gabriela, bem como o distribuiu para familiares e amigos. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do ar, ele facilmente adere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo internamente. Devair passou pelo tratamento de descontaminação no Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, e morreu sete anos depois. Tão logo expostas à presença do material radioativo, as pessoas em algumas horas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de tonturas, com vômitos e diarréias. Alarmados, os familiares dos contaminados foram inicialmente a drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de saúde e foram encaminhados para hospitais. Os profissionais de saúde, vendo os sintomas, pensaram tratar-se de algum tipo de doença contagiosa desconhecida, medicando os doentes em conformidade com os sintomas descritos. Maria Gabriela, esposa do dono do ferro velho, desconfiou que aquele pó que emitia um brilho azul era o responsável pelos sintomas que ocorriam na sua família. Ela e um empregado do ferro-velho do marido levaram a cápsula de césio para a Vigilância Sanitária. Somente no dia 29 de setembro de 1987, foi dado o alerta de contaminação por material radioativo de milhares de pessoas. Maria Gabriela foi uma dos pacientes tratados no Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Foi a primeira vítima da contaminação, falecendo no dia 23 de outubro de 1987 de complicações relativas à contaminação com césio. Outra vítima, considerada o retrato da tragédia, Leide das Neves Ferreira, ingeriu involuntariamente pequenas quantidades de césio depois de brincar com o pó azul. A menina de seis anos foi a vítima com a maior dose de radiação do acidente. 38 Não conseguiu sobreviver e morreu no dia 23 de outubro de 1987, duas horas depois da tia. Foi enterrada em um caixão blindado, erguido por um guindaste, por causa das altas taxas de radiação. O seu enterro virou uma briga judicial, pois os coveiros e a população da época não aceitavam que ela fosse enterrada em um caixão, mas sim cremada para que os seus restos mortais não contaminassem o solo do cemitério e as outras covas. Depois de dias de impasse, Leide das Neves foi enterrada em um caixão de chumbo lacrado para que a radiação não fosse transmitida. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região. No total 112.800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo. Muitas casas foram esvaziadas, e limpadores a vácuo foram usados para remover a poeira antes das superfícies serem examinadas para detecção de radioatividade. Para uma melhor identificação, foi usada uma mistura de ácido e tintas azuis. Telhados foram limpos a vácuo, mas duas casas tiveram seus telhados removidos. Objetos como brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal. A limpeza produziu 13,4 toneladas de lixo atômico, que necessitou ser acondicionado em 14 contêineres que foram totalmente lacrados. Dentro destes estão 1.200 caixas e 2.900 tambores, que ambiente por 180 anos. permanecerão perigosos para o meio 39 Para armazenar esse lixo atômico e atendendo às recomendações do IBAMA, da CNEN e da CEMAm, o Parque Estadual Telma Ortegal foi criado em Goiânia, hoje pertencente ao município de Abadia de Goiás, onde se encontra uma "montanha" artificial. Assim, os rejeitos foram enterrados em uma vala de aproximadamente 30 (trinta) metros Montanha de dejeto radioativos em Abadia de Goiás. de profundidade, revestida de uma parede de aproximadamente um metro de espessura de concreto e chumbo, e sobre a vala foi construída a montanha. Após o acidente, os imóveis em volta do acidente radiológico tiveram os seus valores reduzidos a preços insignificantes,, pois quem morava na região queria sair daquele lugar, mas o medo da população da existência de radiação no ar impedia a compra e construção de novas habitações. Somente no final dos anos 90, a região começou a passar uma imagem menos "assustadora" para os novos inquilinos, através de ações es do governo municipal e estadual para a revitalização da região, revalorizando as casas que estavam nas mediações do acidente. Aos poucos, a região atingida pelo acidente vem sendo valorizada, aumentando o interesse de grandes empreiteiras construírem prédios rédios de luxo, onde antes eram apenas casebres abandonados. 40 2 - Aplicações da Energia Nuclear Reatores Nucleares O projeto de uma Usina Nuclear é fiscalizado e analisado, passo a passo, por uma equipe diferente da que o elaborou: o Órgão Fiscalizador. Da mesma forma, a construção é fiscalizada e auditada por equipes do Órgão Fiscalizador que não foram envolvidas diretamente ou indiretamente na obra. É claro que existem vazamentos em Reatores Nucleares, como existem em outras usinas térmicas. O que não existe é vazamento de Reatores Modelo esquemático dos reatores de Angra 1 e 2. Nucleares, como muitas vezes se faz crer pela mídia. As águas de refrigeração dos Circuitos Primário e Secundários circulam por meio de bombas rotativas (para para “puxar” a água) em sistemas fechados. Em qualquer instalação industrial e também nos Reatores Nucleares, bombas de refrigeração são colocadas em diques, como um “box” de banheiro, dotados de ralos, para recolher a água que possa vazar pelas “juntas”. No caso de vazamento em Reatores, a água recolhida vai para um tanque, onde é analisada e tratada, podendo até voltar para o circuito correspondente. Aí está a diferença: podem existir vazamentos, inclusive para dentro da Contenção, ou seja, no Reator e não para o meio ambiente, isto é, do Reator. Por esse motivo, os “vazamentos” ocorridos em 1986 (de água) e em 1995 (falhas em varetas), ambos dentro da instalação, não causaram maior preocupação por parte dos operadores de Angra I. No segundo caso, a Usina operou ainda por cerca de três meses, sob controle, até a parada prevista para manutenção. Não houve parada 41 de emergência. Em resumo e comparando com um fato do dia a dia: é como se uma torneira de uma pia em um apartamento estivesse com defeito, pingando ou deixando escorrer água (vazando). ). Existiria um vazamento no apartamento ou até no edifício, mas não se deveria dizer que teria havido um vazamento do edifício. Bomba A A bomba atômica é uma aplicação bélica da fissão nuclear que utiliza a imensa quantidade de energia e radiação liberadas numa reação de fissão em cadeia para causar destruição. Podemos descrever esta ação por etapas: Exemplo de uma Bomba A 1) O início da explosão de uma re em pleno ar. bomba atômica corresponde ao início da reação em cadeia que ocorre Ao ser detonada, atinge temperaturas da ordem de milhões de graus Celsius. 2)) Após 10/4 segundos, a massa gasosa em que se transformou a bomba emite elevadas quantidades de raio X e raios ultravioleta,, podendo destruir a retina e cegar pessoas que olharem diretamente para o clarão. 3)) Entre 10/4 e 6 segundos, a radiação já foi totalmente absorvida pelo ar ao redor, que se transforma numa enorme bola de fogo cuja expansão provoca a destruição de todos os materiais inflamáveis num raio médio de 1 km, assim como queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus,, dependendo da distância do ponto zero e dos obstáculos entre a pessoa e explosão. 4)) Após 6 segundos, a esfera de fogo atinge o solo iniciando uma onda de choques e devastação que se propaga através de um deslocamento de ar comparável a um furacão, com ventos de 200 a 400 km/h. 42 5) Após 2 minutos a esfera de fogo já se transformou completamente num cogumelo que atinge a estratosfera. As partículas radioativas se espalham pela atmosfera levadas pelos ventos fortes e acabam se precipitando em diversos pontos da Terra durante muitos anos. Fissão nuclear A palavra fissão significa partição, quebra, divisão. Fissão nuclear é a quebra de um núcleo atômico pesado e instável através de bombardeamento desse núcleo com nêutrons moderados, originando dois núcleos atômicos médios, mais 2 ou 3 nêutrons e uma quantidade de energia enorme. Em 1934, Enrico Fermi, bombardeando núcleos com nêutrons de velocidade moderada, observou que os núcleos bombardeados capturavam os nêutrons. Pouco tempo depois, após o bombardeamento de urânio com nêutrons moderados, a equipe do cientista alemão Otto Hahn constatou a presença de átomos de bário, vindo a concluir que, após o bombardeio, núcleos instáveis de urânio, partiam-se praticamente ao meio. Como os nêutrons não possuem carga elétrica, não sofrem desvio de sua trajetória, devido ao campo eletromagnético do átomo. Estando muito acelerado, atravessariam completamente o átomo; estando a uma velocidade muito lenta, seriam rebatidos; mas com velocidade moderada, ficam retidos, e o novo núcleo formado, instável, sofre desintegração posterior com emissão de partículas 43 beta. Somente alguns átomos são capazes de sofrer fissão, entre eles o urânio-235 e o plutônio. A enorme quantidade de energia produzida numa fissão nuclear provém da transformação da matéria em energia. Na fissão nuclear há uma significativa perda de massa, isto é, a massa dos produtos é menor que a massa dos reagentes. Tal possibilidade está expressa na famosa equação de Einstein: E=mc2, onde E é energia, m massa e c a velocidade da luz no vácuo. No processo de fissão, cerca de 87,5% da energia liberada aparece na forma de energia cinética dos produtos da fissão e cerca de 12,5% como energia eletromagnética. Reação em Cadeia e Massa Crítica Esse bombardeamento do núcleo de um átomo com um nêutron causa a fissão do núcleo desse átomo e a liberação de 2 ou 3 novos nêutrons. Esses nêutrons podem provocar a fissão de 2 ou 3 átomos que irão liberar outros nêutrons. A reação em cadeia só ocorre acima de determinada massa de urânio. A mesma ocorre com velocidade máxima quando a amostra do material físsil é grande suficiente para a maioria dos nêutrons emitidos serem capturados por outros núcleos. Portanto, a reação em cadeia se mantém, se a massa do material é superior a certo valor característico chamado massa crítica. Para o urânio-235, a massa crítica é de aproximadamente 3,25 kg. Alguns elementos químicos, como o boro, na forma de ácido bórico ou de metal, e o cádmio, em barras metálicas, têm a propriedade de absorver nêutrons, porque seus núcleos podem conter ainda um número de nêutrons superior ao existente em seu estado natural, resultando na formação de isótopos de boro e de cádmio. 44 A primeira bomba atômica Em 1939, Einstein informou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que talvez fosse possível construir uma bomba atômica. Em 1945, um homem genial inventava uma bomba capaz de destruir toda a vida no planeta. No início da década de 40, um grupo de cientistas foi ao Novo México para tentar detonar uma bomba atômica, antes que os Trinity: primeiro teste nuclear da História, em 16 de julho de 1945, no Novo México, EUA. Potência: 40 kTon. alemães construíssem a sua. Muitos cientistas, tentando escapar do nazismo e do fascismo, encontraram abrigo nos Estados Unidos, onde continuaram ontinuaram suas pesquisas. Enrico Fermi era um deles. Em 1942, foi o primeiro físico a produzir uma reação atômica em cadeia, sob controle, comprovando assim a teoria de Einstein. O experimento secreto aconteceu em Chicago. Na Alemanha, uma experiência semelhante melhante havia fracassado. Em silêncio, os americanos continuaram as pesquisas em Los Alamos - Novo México. A pergunta que os cientistas precisavam responder era a seguinte: uma reação em cadeia, não controlada, poderia ser usada para fazer uma bomba? Havia a quem temesse que a bomba faria explodir todo o planeta. Ao mesmo tempo, os americanos anteviam a possibilidade de usar a bomba contra o Japão, forçando, assim, o fim da guerra. Em julho de 1945, dois aparelhos foram levados, secretamente, até o deserto do Novo México. Os americanos estavam ansiosos para testar a nova invenção. A explosão foi tão poderosa que chegou a ser vista de três estados americanos. Havia começado a era nuclear. 45 Hiroshima e Nagasaki "Soldados alemães, cidadãs e cidadãos da Alemanha: nosso líder, Adolf Hitler, se foi...". Com esse pronunciamento no dia 8 de maio de 1945 o almirante Dönitz, que fora nomeado por Hitler seu sucessor, anunciou pela rádio a rendição incondicional da Alemanha. Hitler e sua companheira de anos Eva Braun, haviam cometido suicídio no dia 30 de abril de 1945, após seu bunker em Berlim estar totalmente cercado pelo exército vermelho da URSS. A Segunda Guerra Mundial terminava, mas somente no continente europeu. No Pacífico o Japão ainda resistia às investidas norte-americanas. Em maio de 1945 os líderes aliados reunidos na Conferência de Potsdan, haviam exigido a rendição incondicional do império japonês. Essa imposição já era aceita por uma parte do gabinete japonês, mas não pelos generais - o Japão nunca nca havia perdido uma guerra. Eram 8h 16min 8s do dia 6 de agosto de 1945. A interrogação foi a primeira reação de um dos tripulantes do Enola Gay, após presenciar a devastação produzida pela primeira bomba atômica jogada sobre uma cidade povoada. Enola Gay foi o nome dado ao avião norte-americano B-29 pelo seu comandante em homenagem à própria mãe. A cidade era Cidade dade de Hiroshima, Japão, após o bombardeamento. 100 mil pessoas morreram nesse ataque. ima, no Japão, que desapareceu em baixo de uma nuvem em forma de Hiroshima, cogumelo. As notícias sobre a cidade eram desencontradas, e ninguém sabia exatamente o que ocorrera. No dia 9 outra bomba atômica foi lançada sobre a cidade de Nagasaki. Os norte-americanos haviam aviam treinado durante meses uma 46 29 para um ataque especial. Nos aviões, quase ninguém sabia o esquadrilha de B-29 que transportava. Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroshima ima e 80 mil em Nagasaki. As vítimas eram civis, cidadãos comuns, já que nenhuma das as duas cidades era alvo militar muito importante. O cenário histórico dessa tragédia que permanece até hoje na memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre Japão e Estados Unidos no contexto do término da Segunda Guerra Mundial. Cidade de Nagasaki, Japão, após o bombardeamento dos EUA. 80 mil pessoas morreram nesse ataque. 47 Os generais japoneses ainda tentaram resistir, até serem convencidos do contrário pelo próprio imperador Hiroito. No dia 15 de agosto de 1945 os japoneses escutam pelo rádio a rendição incondicional do país. Em 2 de setembro o encouraçado norte-americano USS Missouri entrou na baía de Tóquio e a paz foi assinada. A Segunda Guerra chegava ao fim, deixando um saldo de 50 milhões de mortos em seis anos. A bomba atômica tinha sido mais um episódio desumano na história da Segunda Guerra Mundial. “Será que não existia uma maneira menos estúpida de forçar a rendição japonesa?” Para alguns historiadores o governo norte-americano tinha que dar um basta, pois não podia mais resistir às pressões do Congresso, que não aceitava mais perdas de vidas norte-americanas, numa guerra que já se prolongara demais. Uma outra corrente, entretanto, acharia que estúpida é a pergunta feita acima, já que o uso de armas atômicas contra o Japão não correspondia a qualquer necessidade bélica. O Japão estava em negociações secretas com os Estados Unidos para capitulação definitiva. Era uma questão de dias. Para essa segunda corrente, as bombas atômicas tinham outro endereço: a URSS. Se até agora EUA e URSS estavam do mesmo lado, isso era fruto de uma aliança circunstancial, contra um inimigo comum que já não os preocupava mais: o nazifascismo. As bombas de Hiroshima e Nagasaki, segundo essa última interpretação, marcam o início do contexto conhecido como "Guerra Fria": a disputa políticoideológica e militar que bi-polarizou o mundo entre o socialismo soviético e o capitalismo norte-americano por mais de 40 anos, até a desintegração da URSS, a reunificação da Alemanha e mais simbolicamente a queda do muro de Berlim em novembro de 1989. Nas duas conferências que selaram o final da guerra, realizadas pelos três grandes vencedores - norte-americanos, britânicos e soviéticos - em Yalta e 48 Potsdam, são estabelecidos os pontos de divisão do mundo entre os blocos capitalista e socialista. Em 25 de abril de 1945 a Conferência de São Francisco rancisco criou a Organização das Nações Unidas, cuja carta foi promulgada em junho. Quanto ao Japão, que teve mais de um milhão e oitocentas mil vítimas, além de 40% das cidades arrasadas e a economia totalmente destruída, foi desmilitarizado e ocupado pelos los Estados Unidos até 1951, quando as Nações Unidas (exceto a URSS e China), concluíram com ele, o Tratado de São Francisco, devolvendo sua soberania e marcando sua reconstrução integrada ao capitalismo internacional. Corrida EUA x URSS A crença de que agentes soviéticos procuravam se infiltrar por todos os lados era apenas uma das faces do clima de pavor anticomunista vivido pelos norteamericanos. Desde 1949, quando a União Soviética realizou seu primeiro teste nuclear, havia também o receio de que os soviéticos subitamente decidissem utilizar a bomba atômica. Gradualmente, foi se cristalizando na opinião pública dos Estados Unidos a idéia de que a União Soviética preparava em O fim da Segunda Guerra Mundial (1945) marcou o início da Guerra Fria entre as duas superpotências mundiais à época: os EUA e a URSS. segredo um fulminante ataque nuclear contra o território norte-americano, americano, a ser desencadeado sem prévio aviso. Imaginava-se se que os impiedosos soviéticos não hesitariam em cometer assassinato em massa, ssa, como parte de seu projeto de conquistar o mundo. A crença de que o apocalipse nuclear poderia acontecer a qualquer momento - talvez dali a cinco minutos - acentuava o clima de pânico. 49 A montagem de abrigos subterrâneos antiatômicos tornou-se um dos ramos mais lucrativos da indústria de construção civil nos anos 50: nenhuma família se sentiria totalmente protegida a menos que contasse com um deles em sua casa. A Defesa Civil, por sua vez, desenvolveu esquemas de emergência, a serem imediatamente ativados caso alguma cidade norte-americana fosse vítima de um ataque nuclear. Assistindo à televisão, as crianças aprendiam como deveriam agir, caso tal ataque fosse realizado. Um personagem de desenho animado - Burt, a tartaruga repetia as instruções: "Jogue-se ao chão, cubra os olhos!" Outro filme, também repetido à exaustão, dava mais detalhes: “Este é Tony, um escoteiro mirim. Tony sabe que a bomba pode explodir a qualquer momento. Mas ele está preparado: jogue-se ao chão, cubra os olhos! Muito bem, Tony! O clarão da bomba exige reflexos rápidos! “Tony sabe o que fazer - não se desespera, nem sai correndo. Fica parado, até o perigo passar. A Defesa Civil virá socorrê-lo. Ela nos protege em caso de ataque nuclear. Devemos obedecer suas instruções. Devemos saber nos abrigar também nos ônibus escolares ou coletivos: jogue-se ao chão, cubra os olhos! E afaste-se das janelas, por causa dos cacos de vidro!” Preparar a população para o caso de um ataque atômico era apenas uma das medidas a serem tomadas. Outras tinham a ver com a conquista de uma superioridade nuclear inquestionável em relação à União Soviética. Se os Estados Unidos não eram mais o único país a dispor de bombas atômicas, então que ao menos possuísse mais e melhores bombas. O governo passou a investir um volume cada vez maior de recursos no desenvolvimento de novos modelos de bombas nucleares, sempre mais poderosas. 50 Em novembro de 1952, finalmente, foi realizado o primeiro teste com a bomba de hidrogênio, também conhecida como bomba H. Ao contrário das que tinham sido jogadas no Japão em 1945, baseadas no principio da fissão nuclear, a bomba de hidrogênio funciona com base na fusão nuclear - o que implica uma explosão muitas vezes mais destrutiva. A primeira bomba H, que explodiu no teste realizado na ilha de Ivy Mike: primeiro teste termonuclear da história, com potência de 10,4 Mton (ou 10,4 milhões de toneladas de TNT). Elugelab, no atol de Eniwetok, no Pacífico, tinha uma potência quase mil vezes superior à da bomba de Hiroshima. No futuro seriam desenvolvidos novos modelos de bomba H, ainda mais poderosos. Nenhum preço parecia alto demais na luta contra a subversão em escala internacional. Bomba H A bomba de hidrogênio ou também conhecida como bomba de fusão é uma das maiores armas existentes na terra. Essa bomba omba tem uma força explosiva muitas vezes maior que a da bomba atômica. Sua explosão tem poder de produzir precipitação radioativa com capacidade mortífera. funcionamento, vamos a alguns conceitos básicos. E para entender seu 51 Seu funcionamento é baseado em fusão nuclear, ou seja, junção de dois ou mais átomos leves para se transformarem em átomos pesados. Um exemplo muito simples de fusão são as estrelas (como o nosso Sol), que brilham pela fusão de hidrogênio, e formando átomos de hélio. Quando a fusão ocorre, esse átomo criado possui um núcleo mais estável e com cerca de 70% da massa dos átomos de hidrogênio combinados, portanto produz uma grande quantidade de energia (30% da massa), que no caso do sol e estrelas, se dá na forma de radiação eletromagnética (das ondas de rádio aos raios gama, passando pelo espectro da luz visível, infravermelhos – calor, ultravioleta e raios x). Alguns efeitos causados durante a explosão de uma bomba de H são as precipitações radioativas, que são mais ou menos como uma “neve radioativa”; ondas de choque, que são efeitos de choque térmico e eletromagnético, além do chamado inverno nuclear, que é uma espécie de fumaça espessa e tóxica que bloqueia a luz do sol e provocaria severas mudanças no planeta. Ao explodir, uma bomba de hidrogênio funciona em fases. Primeiro a bomba explode, em milésimos de segundo ela fornece calor e pressão necessários para a fusão e quando ocorre a reação, grandes quantidades de energia são liberadas produzindo uma gigantesca explosão. Arsenais nucleares Com gastos militares que atingiram US$ 478,2 bilhões em 2005, ou 48% do total mundial, os Estados Unidos estão no topo das nações que mais gastam com o chamado setor militar. Para se ter uma idéia do que isso representa os gastos de Reino Unido, França, Japão e China, os quatro países mais militarizados, exceto os EUA, somaram bilhões. juntos ‘modestos’ US$ 177,5 Arsenais nucleares dos EUA e da Rússia entre 1945 e 2005. 52 Esses números fazem parte de um levantamento realizado pelo SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute), que aponta também para a crescente e alarmante ‘terceirização’ das atividades relacionadas à guerra e aos assuntos de ‘segurança’, principalmente nos EUA. Não é por acaso que nesses quase quatro anos de invasão e ocupação do Iraque, o número oficial de baixas norte-americanas é relativamente baixo, apenas 3.000 soldados. Isso se dá porque os ‘terceirizados’ não aparecem nas estatísticas oficiais, afinal, não são responsabilidade do governo dos EUA, mas sim de suas empresas, as ‘contractors’. A selvageria e agressividade do imperialismo estadunidense contra os povos dos países dominados, como demonstrado pelas dezenas de guerras de rapina que ele promoveu ao longo do século XX e nesse começo de século XXI que presenciamos, têm sido amparadas por um formidável arsenal nuclear, usado para chantagem, persuasão e intimidação. Como mostra levantamento recentemente publicado no Boletim dos Cientistas Atômicos, a maior concentração de armas de destruição em massa, neste caso as nucleares, encontra-se em território norte-americano, ou está localizada em bases dos EUA em países da OTAN. Os cientistas norte-americanos, concretamente, fizeram esta importante denúncia, baseada em fatos e pesquisas, sobre o potencial destruidor dessa imensa quantidade de armas nucleares em poder dos EUA. A ameaça recente de um ataque nuclear de Israel contra o Irã, com o apoio dos EUA, traz à tona a questão do arsenal nuclear israelense, cuja existência nunca foi assumida pelos governos israelitas. Onde estão as bombas? A edição de novembro/dezembro de 2006 do Boletim dos Cientistas Atômicos (Bulletin of the Atomic Scientists) traz um artigo que mostra que os Estados Unidos 53 armazenam suas quase 10 mil ogivas nucleares em 18 localidades de 12 estados e seis países europeus. Hans M. Kristensen, da Federação de Cientistas Americanos (FAS) e Robert S. Norris, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), identificaram as localizações prováveis das armas nucleares através do cruzamento de informações de anos de monitoramento de documentos desclassificados (públicos), declarações oficiais, relatórios, vazamentos de informações e conversas com oficiais da ativa e da reserva, além de fotos comerciais de satélite de alta resolução. De acordo com eles, a maior concentração de ogivas nucleares encontra-se na Instalação de Armas Estratégicas do Pacífico em Bangor, estado de Washington. Ali estão localizadas mais de 2.300 ogivas – provavelmente a maior concentração de armas nucleares num único lugar em todo o mundo. Cerca de metade dessas ogivas é composta de mísseis balísticos submarinos em ação no oceano Pacífico. Cerca de 1.700 ogivas estão espalhadas na forma de mísseis balísticos em submarinos classe Ohio, que operam nos oceanos Pacífico e Atlântico, e aproximadamente 400 ogivas estão em oito bases em seis países europeus – Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda, Turquia e Grã-Bretanha (para maiores informações sobre ogivas norte-americanas na Europa, acesse http://www.nukestrat.com/us/afn/nato.htm). Os Estados Unidos são o único estado nuclear que mantém armas nucleares em países estrangeiros. O crescimento das localidades de armazenamento nuclear dos EUA diminuiu consideravelmente na década passada em comparação com o período entre 1992 e 1997, quando o Pentágono removeu armas nucleares de 10 estados e numerosas bases européias. Ao longo da década passada, os Estados Unidos removeram armas nucleares de três estados – Califórnia, Virgínia e Dakota do Sul, e de um país europeu – Grécia. Os especialistas mostram que mais de 2/3 de todas as ogivas nucleares dos EUA estão ainda armazenadas em bases para mísseis balísticos e bombardeiros, 54 ainda que a Guerra Fria tenha terminado há mais de 16 anos. Mais de 2.000 dessas ogivas estão em prontidão para lançamento. Somente 28% das ogivas norteamericanas foram transferidas para instalações de armazenamento separadas. A maior destas, um abrigo subterrâneo na Base Aérea de Kirtland em Albuquerque, Novo México, armazena mais de 1.900 ogivas. As dez localidades norte-americanas que atualmente mantêm armas nucleares são: a Instalação para Armas Estratégicas do Pacífico, Bangor, Washington; Base Aérea de Nellis, Nevada; Base Aérea de Warren, Wyoming; Base Aérea de Kirtland, Novo México; Base Aérea de Malmstrom, Montana; Base Aérea de Minot, Dakota do Norte; Planta Pantex, Texas; Base Aérea de Barksdale, Louisiana; Base Aérea de Whiteman, Missouri; e a Instalação para Armas Estratégicas do Atlântico, em Kings Bay, Geórgia. O governo dos EUA se recusa a divulgar onde armazena as armas nucleares, mas os pesquisadores são enfáticos em afirmar que todas as localidades são conhecidas há anos por armazenar armas nucleares. A segurança das armas nucleares é determinada não pelo conhecimento de sua localização, mas pela proteção militar física das instalações e para que as armas não possam ser detonadas por pessoal não-autorizado. De acordo com o relatório “Global nuclear stockpiles, 1945-2006” (Estoques Nucleares globais, 1945-2006), a distribuição das armas nucleares no mundo é atualmente a seguinte: EUA – aproximadamente 10.000 ogivas, das quais mais de 5.113 operacionais; Rússia – aproximadamente 5.000 ogivas operacionais; França – cerca de 350 ogivas operacionais; Grã-Bretanha - cerca de 200 ogivas operacionais; China – aproximadamente 200 ogivas operacionais; Índia e Paquistão – cerca de 160 ogivas operacionais, considerados os dois arsenais; 55 Israel [*] – entre 120 e 180 ogivas operacionais, apesar das negativas do governo israelense; Coréia do Norte – cerca de 10 ogivas operacionais; [*] Outras fontes estimam que Israel possua entre 150 e 300 ogivas, além de um sofisticado sistema de lançamento composto por aviões bombardeiros e mísseis balísticos de médio e longo alcance conhecidos como Jericho. Submarino nuclear Submarinos são embarcações que navegam e executam operações preferencialmente submersas. Embora possam ter diversos empregos, como pesquisa e serviços em plataformas de prospecção de petróleo, é, no entanto, na aplicação militar que eles têm maior destaque. Submarinos Nucleares x Submarinos Convencionais Os submarinos de propulsão convencional são submarinos cuja energia, tanto para propulsão quanto para o uso a bordo, provém de um conjunto de baterias recarregadas através do acionamento de grupos diesel geradores instalados a bordo. A operação de carregamento das baterias requer grande quantidade de combustível, que é armazenado no próprio submarino, e oxigênio; proveniente do ar atmosférico, admitido através de tubos especiais de ventilação (Snorkel). Isso faz com que esses submarinos, além de carregar muito combustível, sejam obrigados a permanecer próximos à superfície por longos períodos de tempo, tornando-se lentos e vulneráveis. Sua autonomia dificilmente chega aos 40 dias de operação. Já nos submarinos de propulsão nuclear a energia provém da fissão nuclear em reatores termo-nucleares. A sua reserva de energia é muito maior que a de um submarino convencional, não precisando recorrer ao "snorkel" para gerá-la. Os submarinos nucleares podem operar permanentemente submersos por longos períodos, ficando sua autonomia limitada apenas pela resistência humana. 56 Propulsão dos Submarinos Nucleares Uma planta de propulsão de um submarino nuclear é constituída por um ou mais reatores termo-nucleares do tipo PWR - Pressurized Water Reactor, (reator a água pressurizada) que são resfriados por um ou mais circuitos fechados (circuitos primários), constituídos de bomba, gerador de vapor e pressurizador. Os geradores de vapor Submarino de propulsão nuclear francês Le Triomphant. produzem vapor que trabalha em um circuito fechado (circuitos secundários), constituído de turbinas, condensadores e bombas. As turbinas acionam os geradores elétricos de bordo e, ainda podem acionar diretamente a linha de eixo xo de propulsão ou acionar um gerador elétrico, cuja energia alimentará um MEP - motor elétrico de propulsão. Submarinos Nucleares de Ataque A tabela abaixo apresenta as características principais dos submarinos nucleares de ataque de cada um dos cinco países que os possuem: ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA) CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam.(m) Desl. Sub (ton) Comprim. (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Obs. Nautilus 1 - 1954 1987 8,4 4040 97,4 20 15.000 1 PWR 2 Hélices Sea Wolf 1 - 1957 1987 8,4 4200 102,9 20 15.000 1 MCR 2 Hélices Skate 4 - 1958 1986 7,6 2360 81,5 25 6.600 1 PWR 2 Hélices Triton 1 - 1959 1986 11,3 6670 136,2 20 34.000 2 PWR 2 Hélices Skipjack 5 - 1959 1990 8,5 3500 76,7 30 15.000 1 PWR 1 Hélice Halibut 1 - 1959 1986 9 5000 106,6 20 6.600 Convertido SSGN 57 Tillibee 1 - 1960 1987 7,1 2640 83,2 15 2.500 1 PWR Prop. Elétrica Permit 14 - 1961 1989 9,7 4300 84,9 27 15.000 Reprojeto do Thresher Sturgeon 32 - 1967 - 9,7 4960 92,1 26 15.000 1 PWR 1 Hélice Narwhal 1 - 1969 - 11,5 5830 95,9 25 17.000 Reat. Circ. Natural NR1 1 - 1969 - 4,5 700 44,8 * * Pesquisa G.P.Lipscomb 1 - 1973 1990 9,7 6480 120,5 25 * 1 PWR Prop. Elétrica Los Angeles 62 8 1976 - 10,1 6927 109,8 >30 35.000 1 PWR 1 Hélice SSGN Sea Wolf - 3 1998 pv. - 12,9 9150 107,6 >30 60.000 1 PWR 1 Hélice TOTAL 125 11 FRANÇA CLASSE Constr. Em Constr. Início Op. Baixa Diam. (m) Desl.Sub(ton) Comp.(m) Vel Max (nós) Pot. Eixo (Hp) Obs. Amethyste 6 - 1982 - 7,6 2670 73,6 25 9.500 1 PWR Integrado TOTAL 6 INGLATERRA CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Obs. Trafalgar 7 - 1983 - 9,8 5900 85,4 32 15.000 1 PWR 1 Hélice Swiftsure 5 - 1974 - 9,8 4900 82,9 >30 15.000 1 PWR 1 Hélice Valiant 1 - 1966 - 10,1 4800 86,9 28 15.000 1 PWR 1 Hélice Dreadnought 1 - 1963 1983 9,8 4000 81 28 15.000 1 PWR 1 Hélice TOTAL 14 CHINA CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam. (m) Desl. Sub (ton) Comprim (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Obs. Han 5 - 1974 - 11 5000 108 25 * 1 PWR Prop. Eletr. TOTAL 5 58 RÚSSIA CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim.(m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) November 13 - 1958 - 9,1 5000 109,7 30 22.000 Obs. 1º SNA Russo 2 PWR 2 Hélices SSGN 2 PWR 2 Hélices SSGN Echo I 5 - 1960 - 9,8 5500 112 28 30.000 Echo II 9 - 1961 - 9,8 6200 116 24 30.000 Victor I 14 - 1967 - 10 5300 93 30 30.000 Charlie I 11 - 1967 - 9,9 4800 94 24 30.000 SSGN 2 MCR Prop. Elétrica 1 Hélice Alfa 6 - 1970 - 9,5 3600 81,4 43 45.000 Victor II 7 - 1972 - 10 6000 102 30 30.000 Papa 1 - 1973 - 12,2 8000 109 30 75.000 Charlie II 5 - 1973 - 9,9 5500 102 24 30.000 Victor III 26 - 1978 - 10 6300 104 30 30.000 Oscar I/II 10 3 1978 - 18,3 16000 150 25 60.000 Uniform 2 - 1982 - 7 2500 73 10 30.000 2 PWR 1 Hélice 1PWR 1 Hélice 2 PWR 2 Hélices SSGN SSGN 2 PWR 1 Hélice 2 PWR 2 Hélices SSGN Pesquisa Mike 1 - 1983 - 12 9700 110 32 60.000 * Akula 10 5 1983 - 13 8000 107 32 40.000 2 PWR 1 Hélice 1984 - 12,4 7600 110 34 30.000 2 PWR 1 Hélice Sierra 4 1 TOTAL 124 9 Submarinos Nucleares Balísticos A tabela abaixo apresenta as características principais dos submarinos nucleares balísticos (capazes de lançamento de mísseis balísticos) de cada um dos cinco países que os possuem: ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA) CLASSE Constr Em Constr Início Oper Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim. (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) G. Washington 5 - 1960 1988 10,1 6700 126 30 15.000 Ethan Allen 5 - 1962 1992 10,1 7900 200 30 15.000 Lafayette 31 - 1963 - 10,1 8250 129,5 >25 15.000 Ohio 13 5 1982 - 12,8 18700 170,7 >20 60.000 TOTAL 54 5 Obs. 1 PWR 1 Hélice 1 PWR 1 Hélice 1 PWR 1 Hélice 1 PWR 1 Hélice 59 FRANÇA CLASSE Constr . Em Constr . Início Oper. Baixa Diam (m) Desl.Su b (ton) Comprim. (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Le Triomphant 1 2 1994 - 12,5 14120 138 25 41.000 L'Inflexible 1 - 1971 - 10,6 8920 128,7 25 16.000 Le Redoutable 5 - 1970 - 10,5 9000 128 >20 16.000 TOTAL 7 2 Obs. 1 PWR PumpJet 1 PWR 1 Hélice 1 PWR 1 Hélice INGLATERRA CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim. (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Obs. Vanguard 2 2 1993 - 12,8 16000 149,9 25 27.500 1 PWR 1 Hélice Resolution 3 - 1967 - 10,5 8500 129,5 25 15.000 1 PWR 1 Hélice TOTAL 5 2 CHINA CLASSE Constr. Xia 1 TOTAL 1 Em Constr. - Início Oper. 1987 Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim. (m) - 10 8000 120 VMax (nós) 22 Pot.Eixo (Hp) Obs. * 1 PWR Prop. Elétrica RÚSSIA CLASSE Constr. Em Constr. Início Oper. Baixa Diam. (m) Desl.Sub (ton) Comprim. (m) VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Obs. Hotel II/III 8 - 1958 - 9,1 5500 115,2 26 22.000 1 PWR Yankee I/II 15 - 1967 - 11,6 9450 160 26 50.000 Delta I 18 - 1972 - 12 11000 139 25 60.000 Delta II 4 - 1973 - 11 12750 152 25 60.000 Delta III 13 - 1974 - 12 13250 155 25 60.000 Typhoon 6 - 1982 - 23 25000 170 24 120.000 Delta IV 6 4 1985 - 12 13600 160 24 60.000 TOTAL 70 4 2 PWR 2 Hélices 1 PWR 2 Hélices 1 PWR 2 Hélices 1 PWR 2 Hélices 2 PWR 2 Hélices 1 PWR 2 Hélices 60 Navios nucleares As plantas propulsoras de navios de superfície são compostas por motores diesel, turbinas a gás ou a vapor e motores elétricos, utilizados isoladamente ou em forma combinada, de modo a atender os requisitos de operação e otimizar os custos de instalação e manutenção. A energia necessária à movimentação desses equipamentos pode ser proveniente de combustíveis fósseis, os mais variados, ou da fissão nuclear de materiais radioativos. Navios com propulsão nuclear têm como principal característica a utilização de um reator nuclear de água pressurizada (PWR - Pressurized Water Reactor), por meio do qual é produzido vapor para a movimentação das turbinas de propulsão e para geração da energia elétrica necessária a bordo. Embora alguns países tenham utilizado a propulsão nuclear em navios mercantes e navios quebra-gelo, seu uso se consagrou em navios militares do tipo porta-aviões (CVN) e cruzadores (CGN), permitindo, graças à grande capacidade de armazenamento de energia, a manutenção de altas velocidades por longos períodos de tempo, sem necessidade de reabastecimento. A tabela a seguir mostra as principais características dos navios de superfície com propulsão nuclear. NAVIOS DE SUPERFÍCIE COM PROPULSÃO NUCLEAR - NAVIOS DE GUERRA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA) CLASSE Construídos Em Constr. Início Oper. Tipo L(m) B(m) D(m) Deslocam. Carreg. VMax (nós) Pot.Eixo (Hp) Nimitz 9 - 1975 CVN 332,9 40,8 11,9 102.000 >30 260.000 Enterprise 1 - 1961 CVN 342,3 40,5 11,9 93.970 33 280.000 Virginia 2 - 1978 CGN 178,3 19,2 9,6 11.300 >30 70.000 California 2 - 1974 CGN 181,7 18,6 9,6 10.450 >30 70.000 TOTAL 12 - Obs 2 PWR 4 Hélices 8 PWR 4 Hélices 2 PWR 2 Hélices 2 PWR 2 Hélices 61 FRANÇA CLASSE Construídos Em Constr. Início Oper. Tipo L(m) B(m) D(m) Deslocam. Carreg. VMax (nós) Pot. Eixo(Hp) Obs C. de Gaulle 1 1 2001 CVN 261,5 64,4 8,5 39.680 27 83.000 2 PWR 2 Hélices TOTAL 1 1 Míssil balístico intercontinental (ICBM) Um míssil balístico intercontinental, ou ICBM, é um míssil balístico que possui um alcance extremamente elevado (maior que 5.500 km ou 3.500 milhas), normalmente desenvolvido para carregar armas nucleares. Os ICBMs se diferenciam dos demais mísseis balísticos por possuírem um alcance Míssil balístico Minuteman, dos EUA, capaz de levar múltiplas ogivas nucleares. e velocidades maiores do que os mesmos. Outras classes de mísseis balísticos são os mísseis balísticos de alcance médio (IRBMs) mísseis balísticos de curto alcance e os mísseis balísticos de palco. Estass categorias são essencialmente subjetivas, sendo os limites entre as mesmas escolhidas pelas autoridades competentes. As seguintes nações possuem sistemas de ICBM operacionais: a Rússia, Rússi os Estados Unidos, a França , o Reino Unido e a China. A Índia possui ui IRBMs, mas estão no processo de desenvolvimento de ICBMs, assim como o Paquistão. Acredita-se se que a Coréia do Norte também esteja desenvolvendo um foguete ICBMs Taepodong-2, tendo realizado testes com sucesso limitado em 1998 e 2006. 62 Em 2002, os Estados Unidos e a Rússia assinaram o acordo SORT visando a redução de seu estoque de ICBMs para não mais que 2.200 ogivas cada. Fases de vôo As seguintes fases de vôo podem ser distinguidas: Fase de arranque — 3 a 5 minutos (para um foguete sólido menor do que para um foguete com propelentes líquidos); a altitude no final desta fase é normalmente entre 150 e 400 km, dependendo da trajetória escolhida, e a velocidade de saída é normalmente de 7 km/s; Fase intermediária — aproximadamente 25 minutos — vôo sub-orbital numa órbita elíptica; a órbita é parte de uma elipse com eixo principal vertical; o apogeu (metade da fase intermediária) ocorre numa altitude de cerca de 1200 km; o eixo intermediário possui um tamanho entre metade do raio da Terra e o raio da elipse; a projeção da órbita na superfície da Terra é próxima de um grande círculo, ligeiramente deformada devido à rotação da Terra durante o tempo de vôo; o míssil pode lançar também várias ogivas independentes, incluindo contramedidas. Fase de reentrada (iniciando-se a 100 km de altitude) — 2 minutos — o impacto ocorre numa velocidade de até 4 km/s (para ICBMs antigos, menor que 1 km/s). História 63 O progenitor do ICBM foi o alemão A9/10, o qual nunca foi desenvolvido, mas apenas proposto por Wernher von Braun. O progenitor do IRBM foi o alemão Foguete V2 (Vergeltung ou "represália", oficialmente chamado de A4) foguete desenvolvido por von Braun que usava propelente líquido e um sistema de guia inercial. Era lançado de um lançador móvel, o qual o tornava menos suscetível para ataques aéreos dos Aliados. Míssil V-2 2 Alemão, usado contra a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial: precursor dos modernos mísseis balísticos. Depois da 2ª Guerra Mundial von Braun e outros cientistas nazistas foram fo transferidos secretamente para os Estados Unidos para trabalhar diretamente para o Exército estadunidense através da Operação Paperclip, desenvolvendo o V2 para o Redstone IRBM e Jupiter IRBM. Devido aos artigos do tratado, os Estados Unidos foram capazes de criar bases de IRBMs em países próximos a URSS com um alcance estratégico. A URSS não teve território similar na década de 50, então sob a direção do engenheiro de propulsão reativa Sergei Korolev, projetou um programa para desenvolver seus próprios foguetes.. Korolev teve acesso a alguns materiais dos V2 capturados, mas descobriu que o seu design era pobre, desenvolvendo o seu próprio design distinto, o R-7, que foi testado em agosto de 1957 e, em 4 de outubro de 1957, colocou o primeiro satélite (Sputnik) no espaço, assim abrindo a era da exploração espacial para a humanidade. Nos Estados Unidos, a competição entre as forças armadas significaria aria que cada força desenvolveria seu próprio programa de ICBMs, em um lento ento progresso. O primeiro ICBM estadunidense foi o Atlas, operacional em 1959. Ambos, o R7 e o Atlas requeriam uma grande base de lançamento, o que os tornava vulneráveis a ataques, e não poderiam ser mantidos em um estado de pronta utilização. Sob a direção de Robert McNamara, os Estados Unidos o desenvolvimento de ICBMs propelidos a combustíveis sólidos: o Minuteman, o Polaris e o Skybolt. Skybolt ICBMs modernos tendem a serem menores que seus ancestrais (devido ao aumento 64 da precisão e ao fato de as ogivas ficarem menores e mais leves), e usam combustíveis sólidos, fazendo-os menos úteis como bases para lançamentos de veículos orbitais. O desenvolvimento desses sistemas foi governado pela teoria estratégica de Destruição Mutuamente Garantida (em inglês: MAD). ICBMs modernos ICBMs modernos tipicamente carregam MIRV’s (Multiple Independent Reintrance Vehicle), onde cada qual carrega uma ogiva nuclear separada, permitindo um único míssil acertar múltiplos alvos. MIRV foi um resultado da rápida diminuição em tamanho e peso das modernas ogivas e os Tratados de Limitação de Armas Estratégicas, onde foram impostas limitações no número de veículos de lançamentos. O Sistema Nacional de Mísseis de Defesa dos EUA, no Alasca, foi considerado operacional em 2004. ICBMs podem ser desenvolvidos de múltiplas plataformas: • Em silo de míssil, que oferece alguma proteção de ataque militar (incluindo, nas esperanças dos desenvolvedores, alguma proteção a um primeiro ataque nuclear); • Em submarinos: submarino lançador de mísseis balísticos (SLMB); a maioria ou todos SLBMs possuem o longo alcance dos ICBMs (o oposto dos IRBMs); • Em caminhões pesados; isto aplica para uma versão do RT-2UTTH Topol russo, capaz de se mover através de terrenos sem estrada, e lançando um míssil de qualquer ponto ao longo de sua rota; • Em lançadores móveis sobre trilhos; este modo de lançamento se aplica, por exemplo, para o SS-24 "Scapel" russo. Os três último tipos são móveis e, por isso mesmo, difíceis de se localizar. 65 Mísseis específicos ICBMs terrestres e mísseis de cruzeiro A Força Aérea dos Estados Unidos atualmente opera 500 ICBMs em cerca de 3 bases localizadas primariamente ao norte dos estados das Montanhas Rochosas. Estes são da variante única do ICBM LGM-30 Minuteman III. Mísseis Peacekeeper (mantenedor da paz) foram planejados em 2005. Mísseis balísticos de submarinos Tipos específicos de mísseis balísticos de submarinos incluem: • Classe George Washington • Classe Ethan Allen • Classe Lafayette • Classe Benjamin Franklin • Classe Ohio • Classe Resolution • Classe Vanguard • Classe Typhoon • Classe Delta IV • Classe Le Redoutable • Classe Triomphant • Classe Xia 66 3 - O Programa Nuclear Brasileiro O Programa Nuclear Brasileiro nasceu na década de 1940, logo após a Segunda Guerra Mundial. Em meados de 1950, o Brasil e os Estados Unidos firmaram dois acordos de cooperação na área nuclear: o primeiro foi o Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento de Energia Atômica com Fins Pacíficos, que previa a transferência ao Brasil de urânio altamente enriquecido para ser usado como combustível em reatores de pesquisa também fornecidos pelos EUA. O segundo acordo era chamado de Programa Conjunto para o Reconhecimento e a Pesquisa de Urânio no Brasil e previa a pesquisa e avaliação das reservas de urânio em solos nacionais e a posterior exportação do minério aos EUA. Em 1953, na presidência do CNPq, o almirante Álvaro Alberto acertou secretamente com a Alemanha a construção de três ultracentrífugas de tecnologia desenvolvida pelos nazistas, que seriam enviadas para o Brasil para o desenvolvimento dessa tecnologia no país. No entanto, antes de serem remetidas ao país, um vazamento de informações alertou os EUA, que utilizaram as tropas de ocupação posicionadas na Alemanha para apreendê-las. Com a criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) em 1951 e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em 1956, o governo brasileiro passa a preparar uma política nacional de Energia Nuclear. A partir daí, foram criados estoques estratégicos de minérios nucleares, como o urânio, o nióbio e o tório. Em 1971, o país adquiriu um reator nuclear da Westinghouse, movido à urânio enriquecido, depois de um acordo com os EUA, no que viria a se tornar a primeira unidade da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, conhecida como Angra I. O contrato de compra representava apenas uma simples aquisição de equipamento, sem qualquer transferência de tecnologia. 67 "O Brasil adotou como tecnologia de reatores os reatores a água leve pressurizada (PWR), que usam como combustível urânio enriquecido até 3,5%". (GONÇALVES, 2008). O acordo nuclear Brasil-Alemanha Com o crescimento da demanda energética no país, o presidente Ernesto Geisel assinou o acordo nuclear Brasil-Alemanha, em 1975. A cooperação entre os dois países previa a instalação de oito usinas nucleares no Brasil até o ano 2000, mas por conta de diversos atrasos em seus cronogramas, e por outros motivos que trataremos no próximo tópico, apenas uma - Angra II -, foi concluída no prazo. Produzindo o dobro da quantidade de energia de Angra I (1.350 MW/h), a usina fornece apenas 13,5% dos 10.000 MW/h que o projeto original previa. Para legalizar esse acordo internacional o governo brasileiro foi obrigado a assinar um termo de compromisso com a Agência Internacional de Energia Atômica, no qual seria proibida a utilização da tecnologia com fins bélicos. Tal acordo não impedia que outros materiais fossem utilizados na fabricação de armas nucleares. O Programa do Nuclear da Marinha Desde 1979 a Marinha do Brasil desenvolve seu Programa Nuclear, cujo propósito é dominar a tecnologia necessária ao projeto e construção de um submarino com propulsão nuclear, arma com poder dissuasório maior que o do submarino convencional, por sua capacidade de operar quase indefinidamente sem depender da atmosfera. Este programa é dividido em dois grandes projetos: o Projeto do Ciclo do Combustível e o Projeto do Laboratório de Geração Núcleo-Elétrico (LABGENE). 68 O Projeto do Ciclo do Combustível entrou em operação no final da década de 1970, quando foram iniciados os estudos para desenvolver, no Brasil, a tecnologia de separação isotópica, principal desafio tecnológico para a fabricação de combustível nuclear. Em 1982, foi construída a primeira ultracentrífuga, e, seis anos depois, foi inaugurada a primeira cascata de ultracentrífugas para a produção contínua de urânio enriquecido. Finalmente, em 2010, o país conquistou sua completa autonomia no ciclo do combustível nuclear, composto pelas fases de extração (do minério contendo urânio), redução (a óxido de urânio, ou Yellowcake), conversão (do Yellowcake para hexafluoreto de urânio), enriquecimento (separação do U 235 do U 238), reconversão (do gás em metal), fabricação de pastilhas e, finalmente, montagem de elementos combustíveis. Paralelamente ao Ciclo do Combustível, mas com algum atraso, foram iniciados os estudos relativos ao projeto LABGENE, buscando o desenvolvimento e construção de uma planta nuclear de geração de energia elétrica, totalmente projetada e construída no país, inclusive o reator. O projeto conseguiu desenvolver um reator que terá potência entre 11 e 15 MW elétricos (MWe), o suficiente para iluminar uma cidade de cerca de 20.000 habitantes. Esse projeto, por sua característica dual, também é um protótipo em terra do sistema de propulsão naval que, por sua vez, permitirá a capacitação necessária para adequá-lo ao submarino nuclear, cujo reator terá estimados 50 MWe. Em 2007 o governo brasileiro liberou verbas no valor de R$ 1,3 bilhão para a continuidade dos estudos e desenvolvimento do reator do submarino nuclear, a serem realizados até 2020. Em 2008, após a aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, a Marinha do Brasil apresentou seu plano de reequipamento e modernização, a ser realizado até 2030, onde consta a necessidade de se construir seis submarinos nucleares para a vigilância de três áreas distintas, cada uma patrulhada por duas unidades. 69 Em 2009, o Brasil assinou contratos de cooperação estratégica com a França para a construção de um estaleiro, uma nova base naval, a construção de quatro novos submarinos convencionais e o projeto e a construção de um casco de submarino nuclear, a ser desenvolvido por técnicos militares brasileiros em conjunto com os militares franceses. Estes contratos estão avaliados em 6,8 bilhões de euros. Este reator do LABGENE servirá de base tanto para projetar os reatores para os submarinos como para os três primeiros reatores civis na faixa de 600 a 800 MW e que serão construídos, pelo planejamento da Nuclebrás, após a conclusão de Angra III. O plano é que no futuro as novas plantas nucleares civis brasileiras sejam de projeto brasileiro apenas, sem mais aquisições de usinas no exterior. O Programa Nuclear Paralelo “Em 1979, devido à desmoralização do Programa Nuclear Brasileiro, deu-se início ao Programa Nuclear Paralelo, patrocinado pela Marinha, pelo Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)”. (Kuramoto e Appoloni, 2000). Este programa teve seu nascimento em um projeto eminentemente militar: nos anos 1970, durante o chamado “milagre econômico”, o regime militar procurou levar adiante o projeto “Brasil Potência”, injetando recursos no desenvolvimento em áreas consideradas estratégicas ao país, como a indústria bélica, a indústria aeronáutica, de informática, espacial, telecomunicações e nuclear. Problemas com a tecnologia de jato-centrifugação para o enriquecimento de urânio e a fiscalização internacional contra a proliferação de armas nucleares culminaram no pouco desenvolvimento do programa nesse período. Ao mesmo tempo, a Argentina crescia rapidamente no setor nuclear. Temendo a perda da supremacia nuclear na América do Sul foi projetado um programa paralelo e totalmente clandestino, às margens da fiscalização nacional e 70 internacional, cuja finalidade era desenvolver a tecnologia de ultracentrifugação para o enriquecimento de urânio. As três forças armadas deram início a estudos visando a construção de um submarino de propulsão nuclear, usando o urânio enriquecido como combustível. Experiências nessa área eram levadas a cabo pelo CTA (Centro de Tecnologia Aeronáutica), pela Marinha e pelo IPEN. Para manter o programa em sigilo, a despeito da vitória do PMDB (opositor ao regime) para o governo do estado de São Paulo, o IPEN foi transferido para o governo federal, subordinado à CNEN. A USP (Universidade de São Paulo) firmou um convênio com o Ministério de Minas e Energia, cujo objetivo era o desenvolvimento de aplicações pacíficas para a energia nuclear. Desse modo, dois programas coexistiam: um programa nuclear militar e um civil. Em 1982 registrou-se a primeira experiência de enriquecimento de urânio em ultracentrífugas construídas inteiramente no Brasil, com índice de 1,2%, ao passo que Angra I usava material com enriquecimento mínimo de 3%. Desde então, obteve-se uma sucessão de progressos nesse setor. A Aeronáutica, pretendendo seguir seu próprio caminho nas experiências com enriquecimento a laser, construiu, a partir de 1981, na Serra do Cachimbo, PA, covas e cisternas de até 320 metros de profundidade, com um a três metros de diâmetro, para testes nucleares e depósito de desejos radioativos. Preocupado com a rival Argentina, o presidente José Sarney divulgou em rede nacional, em 1987, que cientistas brasileiros haviam dominado a tecnologia de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, e, através do decreto-lei 2.464, de 31 de agosto de 1988, trouxe os projetos paralelos da clandestinidade para a oficialização e conhecimento da sociedade brasileira. Com este decreto, também estava determinado o término da construção das usinas de Angra II e III, além da construção de um reator em Iperó, SP, para servir de protótipo aos reatores do submarino nuclear. 71 Em 1989, o almirante Othon Pinheiro da Silva, diretor do Centro Experimental de Aramar, em Iperó, SP, previa o início da produção de urânio enriquecido a 20%, em escala comercial, a partir de 1990. Em setembro de 1990, o presidente Fernando Collor fechou a área de testes da Serra do Cachimbo, e, uma semana depois, anunciou às Nações Unidas que o Brasil rejeitava a ideia de qualquer teste que implicasse em explosões nucleares, afastando o país, definitivamente, do círculo de nações nuclearizadas. Cronologia do Programa Nuclear Brasileiro • 1950 - Programa nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 com a criação do CNPq, liderado na época pelo Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, que empresta seu nome à Central Nuclear de Angra dos Reis. • 1953 - O governo brasileiro assinou com representantes da Societé des Produits Chimiques des Terres Rares um contrato de encomenda, na França, de usinas para obtenção de urânio nuclearmente puro. • 1954 - O urânio metálico passou a ser produzido no Brasil. Logo, o governo brasileiro aumentou o interesse em desenvolver um programa nuclear próprio, a fim de deixar de ser um simples fornecedor de minério para a onipotente indústria nuclear dos países europeus. • 1956 - O programa nuclear brasileiro teria começado, de acordo com a Folha de São Paulo, em Outubro de 1956, altura em que o então presidente Juscelino Kubitschek criou a Comissão Nacional de Energia Nuclear. • 1957 - O primeiro reator da América Latina foi instalado no Instituto de Energia Atômica (IEA) – hoje Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) –, em São Paulo, sob a coordenação do professor Marcello Damy. • 1958 - O IEA-R1 foi o primeiro reator nuclear da América Latina, inaugurado no Brasil no dia 25 de janeiro de 1958 pelo então presidente Juscelino Kubitschek. O reator foi construido com a ajuda do governo norte-americano, dentro do programa “Atoms for Peace”. 72 • 1962 - Criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e estabelecimento do PND II (PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO), que incrementou um programa de uso energia nuclear no Brasil, em especial, com relação às usinas nucleares; era o programa nacional de desenvolvimento da energia nuclear. • 1967 - Embora fosse um dos signatários do Tratado de Tlatelolco, que proibia armas nucleares na América Latina, o governo militar brasileiro, sem embargo, achava que a opção nuclear era crucial aos planos de segurança do país em longo prazo, porque permitia a transferência de tecnologia nuclear a um programa secreto de enriquecimento de urânio, com o código de Solimões (apropriadamente designado com o nome da cabeceira do Rio Amazonas). O objetivo era dominar todas as fases da produção de energia nuclear, inclusive aquelas para possível uso militar. • 1968 - Primeiro programa organizado de Iniciação Científica no país, sob coordenação do Prof. Epaminondas S. B. Ferraz, sob o título de Curso de Introdução à Energia Nuclear na Agricultura, CIENA. • 1971 - O Programa Nuclear Brasileiro entrou em sua fase comercial, com a encomenda de Angra 1, de 657 MW, à companhia americana Westinghouse. Angra 1 foi desde o início fonte de problemas. • 1972 - A construção da usina Angra I tem início, em plena ditadura militar. • 1973 - A Crise do Petróleo atingira fortemente o Brasil, então grande importador (cerca de 80% do consumo interno), o que levou o Governo a buscar ampliar as fontes alternativas de energia, tendo sido disponibilizados prioritariamente recursos para implantar e executar o Programa Nacional do Álcool, o Programa Nacional de Carvão e o Programa Nuclear Brasileiro. Houve também a preocupação de ampliar o aproveitamento hidrelétrico com Tucuruí, Itaipu entre outros. • 1974 – É criada a Nuclebrás, com o monopólio no setor nuclear, sobretudo nas pesquisas nucleares e minerais, como as jazidas de urânio. • 1975 - É assinado o acordo nuclear Brasil-Alemanha, que inclui a prospecção e mineração de urânio, produção de reatores, enriquecimento de urânio, produção de elementos combustíveis e reprocessamento de combustível 73 irradiado. Previa inicialmente a construção de oito usinas nucleares com geração conjunta de 10.000 MWe. • 1977 - O “Livro Branco” do Programa Nuclear Brasileiro é elaborado, com o objetivo de promover a construção de Reatores Nucleares para a geração de energia elétrica no Brasil a médio e longo prazo. • 1978 - É criado o Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN), organização sem fins lucrativos, com o objetivo de trazer para o Brasil as mais modernas técnicas de Garantia da Qualidade, contribuindo para o aperfeiçoamento tecnológico e gerencial das empresas e organizações brasileiras então envolvidas no Programa Nuclear Brasileiro (PNB). • 1980 - Decreto 85565, de 18 de dezembro de 1980, regulamenta o Decretolei 1809, de 07 de outubro de 1980, que estabelece o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON). • 1982 - Marco zero da entrada definitiva do país na era nuclear. Iniciou-se o funcionamento da unidade I da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto mais conhecida como Angra I. • 1983 - Contrato assinado com a empreiteira Andrade Gutierrez, visando concluir a construção de Angra 3, depois de um longo debate sobre a conveniência de levar adiante o programa nuclear brasileiro. • 1986 – O acidente de Chernobyl abala a opinião pública mundial sobre energia nuclear. No Brasil, o presidente José Sarney vem a público, em pronunciamento oficial, informar que o país dominara o ciclo de enriquecimento de urânio com tecnologia 100% nacional. • 1989 - Um estudo realizado pelo Congresso norte-americano concluiu que o Brasil produziu, graças ao Programa Nuclear Paralelo, um sistema para guiar mísseis que poderia tornar a próxima geração de mísseis do país idêntica aos que as superpotências possuiam. • 1990 - Tem início a retomada do Programa Nuclear Brasileiro, com a construção da usina nuclear Angra 2, que viabilizou projetos da INB como a implantação das fábricas de pó e pastilhas, o início da planta de enriquecimento de urânio e a abertura de nova mina de urânio, em Caetité (BA). 74 • 1994 - Brasil renuncia ao desenvolvimento de armas nucleares, e o objetivo do enriquecimento de urânio a 20% no país, é a fabricação de combustíveis que alimentam os reatores de radioisótopos. • 1997 – O Brasil, na pessoa do presidente Fernando Henrique Cardoso, assina o Tratado de Não Proliferação Nuclear, que o obriga, dentre outros, a aceitar inspeções internacionais em suas instalações nucleares e não desenvolver tecnologia nuclear com fins bélicos. • 2004 - O Brasil proíbe inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à ONU, de ter acesso ilimitado às instalações da fábrica de enriquecimento de urânio, gerando tensão internacional. O presidente Lula determinou que o governo iniciasse a revisão do Programa Nuclear Brasileiro, com vistas à retomada ou não dos projetos de construção de usinas. • 2005 - A revisão do Programa Nuclear Brasileiro conta com planos de construção de outras duas grandes usinas e quatro geradoras de pequeno porte. • 2006 - O Brasil entra para o seleto grupo de sete países que produzem e dominam a tecnologia de combustível nuclear. Isso foi alcançado com a inauguração da primeira unidade de enriquecimento de urânio por ultracentrifugadoras, de tecnologia nacional, instalada nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, na região sul fluminense, com capacidade de abastecer as usinas de Angra I e II e, futuramente, Angra III. • 2007 - O Brasil anunciou o relançamento do seu Programa Nuclear após uma interrupção de vinte anos e a construção da sua terceira central atômica. • 2008 - O governo publicou, no Diário Oficial da União, decreto que cria o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, sob responsabilidade da Casa Civil. O Brasil e a França assinam um grande acordo global na área de defesa, numa parceria que envolve aquisição de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear. • 2009 – O Governo Federal aportou R$ 1,3 bilhão, ao longo de dez anos, a para que a Marinha complete o desenvolvimento da tecnologia de reatores a serem usados no submarino nuclear e em pequenas centrais nucleares. 75 Enquanto isso, o Brasil é pressionado a assinar o protocolo adicional ao TNP, considerado por vários setores como “gravemente intrusivo”. • 2010 - O programa nuclear brasileiro, assim como os desenvolvidos na Argentina, África do Sul e Índia, é considerado um dos mais avançados do mundo, e o país tem capacidade de enriquecer urânio a 20% de acordo com as normas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em maio, Brasil e Turquia conseguem assinatura de acordo para troca de combustível nuclear com o Irã. As reservas de urânio brasileiras O Brasil, segundo dados oficiais (INB - Indústrias Nucleares do Brasil S.A.), ocupa a sexta posição no ranking mundial de reservas de urânio (por volta de 309.000 ton. de U3O8). Segundo esta empresa, apenas 25% do território nacional foi objeto de prospecção, e as duas principais jazidas são a de Caetité, Bahia (mina Lagoa Real), e Santa Quitéria (Ceará). Descoberta em 1976, a mina de Caetité é feita a céu aberto, numa das 33 ocorrências localizadas numa faixa com cerca de 80 km de comprimento por 30 a 50 km de largura. Localizada a 20 km da sede do município, o complexo instalado produz um pó do mineral, conhecido por “yellow cake”. Esta reserva possui um teor médio de 3.000 ppm (partes por milhão), capaz de suprir dez reatores do porte de Angra 2 durante toda sua vida útil. A INB já tem planos de retomar as pesquisa geológica em busca do urânio em território nacional, e está em negociações com a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM) para que analise levantamentos aerogeofísicos realizados ao longo dos últimos vinte anos e selecione áreas para fazer detalhamentos, mapeamentos e sondagens. Em dois anos, será possível ter uma idéia muito mais clara das reais possibilidades de ampliação das reservas nacionais. Duas reservas já se mostram promissoras. A primeira é Rio Cristalino, no sul do Pará, que ainda carece de sondagens mais precisas para se definir qual é o 76 potencial verdadeiro da jazida. Estima-se que ela tenha cerca de 150 mil toneladas de urânio. A segunda é Pitinga, localizada a 280 km de Manaus. Trata-se de uma mina de estanho com urânio associado de propriedade do Grupo Paranapanema que, pelos cálculos da possui um potencial de cerca de 150 mil toneladas de urânio. Além disso, toda a área da Amazônia Legal (bacia sedimentar) apresenta enorme potencial para novas descobertas. Instalações nucleares estratégicas brasileiras Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto é formada pelo conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, de propriedade da Eletronuclear, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobrás. São o resultado de um longo Programa nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 com a criação do CNPq liderado na época principalmente pela figura do Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, que lhe empresta o nome. Unidade de Concentrado de Urânio em Caetité - BA A Unidade de Concentrado de Urânio em Caetité - BA é um complexo míneroindustrial onde são conduzidas atividades de pesquisa mineral, lavra e processamento metalúrgico de minério de urânio, para produção de concentrado de urânio na forma de diuranato de amônio (DUA). O empreendimento está localizado no município de Caetité, no sudoeste do estado da Bahia, distando 45 km da sede municipal. A operação industrial está prevista para um prazo de 16 anos, para processamento de minério explorado da Jazida da Cachoeira - Anomalia 13, com teor médio de 2.900 ppm de U3O8, para produção anual de DUA de 300 toneladas em equivalente a U3O8. Em março de 2000 foi concedida a Autorização para Operação Inicial (AOI) do empreendimento. 77 Unidade de Tratamento de Minérios em Caldas - MG A Unidade de Tratamento de Minérios em Caldas - MG, anteriormente com a denominação Complexo Mínero-Industrial do Planalto de Poços de Caldas - CIPC, é o primeiro empreendimento de lavra e processamento de minério de urânio a operar no Brasil, estando localizado em local denominado Campo do Cercado. Compreende uma mina a céu aberto, bota-foras, instalações de tratamento de minérios, usina de processamento metalúrgico para produção de concentrado de urânio, bacia de rejeitos, área de utilidades industriais e fábrica de ácido sulfúrico. Existem também depósitos de armazenamento de torta II e mesotório. A usina foi projetada para uma produção anual de DUA de 500 toneladas em equivalente a U3O8. A lavra de minério de urânio teve início em 1977 e a operação da usina foi encerrada em 1995 por inviabilidade econômica. Neste período foram produzidos em torno de 1.200 toneladas de U3O8. Após o encerramento das atividades com minério de urânio, a INB vem buscando viabilizar o funcionamento das instalações da UTM com outros bens minerais. Desde 1998 encontra-se em licenciamento a produção de terras raras a partir da monazita pela rota de processo sulfúrica. A INB pretende também processar minérios contendo columbita e zirconita, além de outros concentrados contendo terras raras. Sistema de Gerenciamento de Rejeitos Sólidos de Angra 2 A Unidade II da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA II - Angra 2 teve concedida a Licença de Construção em novembro de 1981. Em março de 2000 foi concedida a Autorização para Operação Inicial (AOI) e em julho o reator alcançou sua criticalidade nuclear, o que marcou o início operacional da central nuclear. Angra 2 de tecnologia KWU/Siemens possui uma potência líquida de 1230 MW. O Sistema de Gerenciamento de Rejeitos Sólidos de Angra 2 destina-se ao processamento de rejeitos radioativos de médio e baixo níveis e acondicionamento para armazenagem inicial na usina anteriormente a deposição final. 78 Unidade de Produção de Hexafluoreto de Urânio O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) trabalha em pesquisa e desenvolvimento, com o propósito de promover sistemas nucleares e energéticos para propulsão naval. As atividades do CTMSP atendem à decisão da Marinha pelo projeto e construção de um submarino, necessário à preservação dos interesses marítimos do nosso País. Para atender às necessidades experimentais do programa de pesquisa e desenvolvimento do CTMSP, funciona em Iperó, no interior de São Paulo, o Centro Experimental Aramar. Este Centro abriga instalações de testes, laboratórios de validação experimental e algumas oficinas especiais. Novas centrais nucleares Em julho de 2008, o Governo Federal criou o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. A função do Comitê é fixar diretrizes e metas para o desenvolvimento do Programa e supervisionar sua execução. Para atender ao Plano Decenal de Energia - PDE 2007/2016, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a Usina Angra 3, com capacidade de produzir 1.405 MWe, deverá entrar em operação em 2015, concluindo assim a implantação da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Já o Plano Nacional de Energia (PNE 2030) que subsidia o Governo na formulação de sua estratégia para a expansão da oferta de energia até 2030 aponta a necessidade de o sistema elétrico brasileiro ter mais 4.000 MW de origem nuclear até 2025. 79 O Comitê, então, apresentou a necessidade da construção de mais quatro usinas nucleares com capacidade de 1.000 MW cada, sendo duas no Nordeste e outras duas no Sudeste. Conforme a evolução futura da necessidade de expansão da oferta de eletricidade existe a possibilidade de construção de mais usinas. Cronograma • 2008: início da seleção de local para a Central Nuclear do Nordeste • 2010: seleção do local para a Central Nuclear do Nordeste • 2019: início da operação da primeira usina Central Nuclear do Nordeste • 2021: início da operação da segunda usina da Central Nuclear do Nordeste O futuro da energia nuclear no Brasil Os novos reatores nucleares nacionais Técnicos do governo federal estão detalhando o projeto daquele que será o maior reator nuclear de pesquisa da América Latina. Orçado inicialmente em US$ 500 milhões, o Reator Multipropósito Brasileiro tem o objetivo de tornar o país independente na produção de isótopos radioativos para medicina. O reator, de 20 megawatts (quatro vezes a potência do principal instrumento do gênero em operação no Brasil), deverá começar a ser montado em 2010. O provável local onde será construido e operado é o Centro Experimental de Aramar, em Iperó, interior de São Paulo, onde a Marinha projeta seu submarino nuclear. O novo reator também deverá ser parte integrante do programa brasileiro de energia nuclear, uma vez que poderá servir de modelo para futuros reatores de fissão a serem desenvolvidos no país, incluindo o modelo a ser usado nos submarinos nucleares da Marinha. 80 Após Angra III, o governo planeja fazer mais quatro usinas. Hoje o Brasil fabrica o próprio combustível nuclear e importa uma série de materiais, mas a expansão do programa demandará investimentos em mais tecnologia nacional. Foram afastadas as preocupações com proliferação atômica. O combustível para o novo reator terá urânio enriquecido a 20%, limite aquém do qual é possível fabricar uma bomba, que é 95%. Além disso, todas as instalações nucleares do Brasil estão sob inspeção internacional da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), não havendo dúvida quanto às intenções do país. A Fusão Nuclear O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou em 07/11/2006, no Instituto de Física da USP – Universidade de São Paulo, a portaria que cria uma Rede Nacional de Fusão. A iniciativa pretende reunir, inicialmente, 80 pesquisadores de 16 instituições nacionais para desenvolver pesquisas na área de tecnologia de fusão nuclear. Embora a tecnologia da fusão nuclear só venha a ter aplicações práticas em 30 ou 40 anos, o Brasil precisa estar preparado para quando isso ocorrer. Adalberto Fazzio, presidente da SBF, diz que o objetivo da RNF é promover o avanço da pesquisa em fusão nuclear no Brasil, desenvolvendo capacitação científica e técnica, necessárias para a viabilização da tecnologia como fonte de energia. A fusão nuclear controlada teve sua viabilidade científica demonstrada nos anos 90, com equipamentos denominados “tokamaks” – pequenos reatores onde ocorre a fusão de núcleos atômicos. Os primeiros experimentos foram realizados na Europa, com o JET – Joint European Torus e, nos Estados Unidos, com o TFTR – Tokamak Fusion Test Reactor. O próximo desafio é desenvolver reatores grandes o suficiente para gerar energia para abastecimento público. Já existe projeto de um protótipo de reator de 81 fusão nuclear chamado ITER – International Thermonuclear Experimental Reactor, que será construído na França. O protótipo é resultado da colaboração internacional entre a Comunidade Européia, Rússia, Japão e Estados Unidos. Recentemente, China, Coréia do Sul e Índia juntaram-se ao grupo. “A intenção do Brasil é ir gradualmente se integrando ao Iter”, revelou Rezende em comunicado à imprensa. O Brasil já vem realizando pesquisas na área há cerca de 30 anos, com grupos de cientistas em várias instituições. A RNF pretende coordenar e ampliar essas atividades, estabelecer prioridades e gerenciar as colaborações internacionais. Com a RNF, o Brasil pretende desenvolver tecnologias próprias e ingressar no esforço internacional que busca viabilizar o uso da fusão nuclear em larga escala. Para o futuro, está prevista a criação de um Laboratório Nacional de Fusão. 82 Anexos 83 84 85 Fig. 1 - Yellowcake, concentrado de Urânio (U3O8) Fig. 2 - Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro 86 Fig. 3 - Centro Experimental Aramar, em Iperó, São Paulo Fig. 4 - Maquete do Submarino Nuclear Brasileiro 87 Referências Bibliográficas AMBIENTE BRASIL. Brasil cria rede para pesquisar fusão nuclear como alternativa energética. Disponível em: http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2006/11/09/27748-brasil-cria-rede-parapesquisar-fusao-nuclear-como-alternativa-energetica.html. Acessado em 28/04/2010. ANGELO, CLAUDIO; GARCIA, RAFAEL. Brasil projeta super-reator nuclear. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u574275.shtml. Acessado em 28/04/2010. CARDOSO, ELIEZER de M. Aplicações da Energia Nuclear. Disponível em: http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/aplica.pdf. Acessado em 11/03/2010. CARDOSO, ELIEZER de M. Radioatividade. Disponível em: http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/radio.pdf. Acessado em 11/03/2010. CNEN, COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Licenciamento, Fiscalização e Descomissionamento. Disponível em: http://www.cnen.gov.br/lapoc/tecnica/licfisc.asp. Acessado em 28/04/2010. COMCIENCIA.COM. Tabela comparativa das fontes de energia. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear20.htm. Acessado em 12/03/2010. DANTAS, VERA. Um novo horizonte para a INB. Revista Brasil Nuclear, ano 14, num. 33. Disponível em: http://www.aben.com.br/html/topico.php?Cd_Revista_Topico=99. Acessado em 15/03/2010. 88 ELETRONUCLEAR. Panorama da energia nuclear no mundo. Disponível em: http://www.eletronuclear.gov.br/pdf/panorama.pdf. Acessado em 15/03/2010. ESTADO DE SÃO PAULO, O. Especiais: O programa nuclear brasileiro. Disponível em: http://www.estadao.com.br. Acessado em 12/03/2010. GLOBO, O. Brasil cede operação de estaleiro. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/09/04/brasil-cede-operacao-de-estaleiroodebrecht-tera-50-das-cotas-estatal-francesa-49-767487254.asp. Acessado em 02/04/2010. GONÇALVES, ODAIR D. Programa Nuclear Brasileiro: passado, presente e futuro. Disponível em: https://sistema.planalto.gov.br/siseventos/viienee/exec/arquivos/ANAISVIIENEE_INT ERNET/03CIENCIAETECNOLOGIA/MESA35PROGRAMASNACIONAIS/MESA35A PRESENTACOES/OdairNuclear.pdf. Acessado em 20/03/2010. INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS. Fundamentos da Energia Nuclear. Disponível em: http://www.ieav.cta.br/enu/yuji/nuclear.php. Acessado em 15/03/2010. INSTITUTO DE RADIOPROTEÇÃO E DOSIMETRIA. BRASIL CRIA REDE PARA DESENVOLVER FUSÃO NUCLEAR CONTROLADA. Disponível em http://www.ird.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=62&catid=1. Acessado em 28/04/2010. INSTITUTO SAGRES. 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