manejo de insetos e outros fitófagos - Sociedade Sul

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manejo de insetos e outros fitófagos - Sociedade Sul
MANEJO DE INSETOS
E OUTROS
FITÓFAGOS
619
FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE ADULTOS DA LAGARTABOIADEIRA, Nymphula spp. (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE), EM
ARROZ IRRIGADO
Eduardo Rodrigues Hickel
1
Palavras-chave: ecologia, dinâmica populacional, manejo de pragas, Oryza sativa.
INTRODUÇÃO
A lagarta-boiadeira é praga frequente do arroz irrigado no Brasil, principalmente em
sistema de cultivo pré-germinado. Duas espécies ocorrem nas lavouras, sendo que
Nymphula depunctalis (Guenée 1854) parece prevalecer sobre Nymphula indomitalis (Berg
1876), embora no campo seja difícil a diferenciação visual entre as espécies.
Os adultos da lagarta-boiadeira são pequenas mariposas de 15mm de envergadura
e cor predominante branca. Quando molestadas, apresentam um vôo lento por entre as
plantas e em curtas distâncias, pousando normalmente com as asas abertas numa folha.
Embora voem durante o dia, as mariposas são de hábito noturno, período em que se
alimentam e reproduzem (PATHAK, 1977; LITSINGER et al., 1994). As lagartas estão
adaptadas à vida aquática e vivem em águas paradas, respirando mediante brânquias
traqueais filamentosas. Não ocorrem livres sobre as folhas, mas sempre encerradas num
cartucho confeccionado com a própria folha do arroz e com o qual sobem nas plantas para
se alimentar das folhas. Assim, é no estágio larval que o inseto é prejudicial à produção do
cereal (HEINRICHS, 1994; PRANDO, 2002).
O ciclo de vida de N. depunctalis completa-se em cerca de 33 dias, sendo o período
larval em torno de 22 dias e o pupal de sete dias. A incubação dos ovos completa-se em
quatro dias. A longevidade de adultos é curta, de 2 a 3 dias apenas, podendo as fêmeas
serem mais longevas (LITSINGER et al., 1994).
Não há registro, no Brasil, da flutuação populacional de adultos de Nymphula spp.
no período de cultivo do arroz; o que dificulta o desenvolvimento e a adoção de novas
estratégias para o manejo da praga (WAY, 2003), como também a racionalização da
aplicação de inseticidas na água de irrigação (HEINRICHS & BARRION, 2004).
As mariposas da lagarta-boiadeira apresentam fototropismo positivo, o que viabiliza
o emprego de armadilhas luminosas para os estudos de flutuação populacional. Assim,
objetivou-se monitorar a atividade de vôo dos adultos de Nymphula spp. com armadilhas
luminosas, para conhecer a flutuação populacional e determinar as épocas de maior
ocorrência nas lavouras.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido por três anos consecutivos, na Estação Experimental da
Epagri em Itajaí, SC, numa quadra de arroz irrigado, de 0,15 ha (quadra C1), situada na
margem oeste da principal área experimental da Estação. Esta quadra limita-se ao norte, sul
e leste com outras quadras de arroz e a oeste com o leito seco original do Rio Itajaí Mirim. O
sistema de cultivo adotado foi o pré-germinado. As semeaduras ocorreram em 19/09/2008,
23/09/2009 e em 27/08/2010 e não foram utilizados inseticidas nesta quadra. Nas duas
safras iniciais utilizou-se a cultivar SCS114 Andosan e na última a linhagem SC446.
Três armadilhas luminosas, modelo “Luiz de Queiroz” com luz negra (T10 20W
BLB), foram instaladas em tripés de madeira, sendo duas posicionadas na quadra de arroz
e uma fora, numa pequena elevação, a cerca de 10m da borda da quadra. As armadilhas na
quadra foram posicionadas ao lado da taipa, uma a meia distância do maior comprimento da
1
Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970, Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail:
[email protected].
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quadra (taipa centro) e a outra no canto nordeste. Para limitar a entrada de insetos maiores,
uma tela de náilon (5,0 x 2,5mm de malha) foi colocada circundando as aletas das
armadilhas. Na safra 2010/11, a armadilha fora da quadra foi posicionada na taipa da
quadra F8, distante 350m à nordeste da quadra C1.
A partir de 30/07/2008 até 31/04/2011, as armadilhas foram ligadas das 16:00 às
9:00h uma vez por semana e quinzenalmente de maio a agosto. Os insetos atraídos foram
aprisionados em sacos plásticos de 10L, fixados no funil coletor da armadilha, de onde
posteriormente efetuou-se a triagem e contagem dos adultos de Nymphula spp. Com o
registro das contagens estabeleceu-se a flutuação populacional, bem como os eventuais
períodos de maior ocorrência de adultos no campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A flutuação populacional de adultos da lagarta-boiadeira é apresentada na Figura 1.
De maneira geral, para as três safras acompanhadas, o crescimento populacional passou a
ser contínuo a partir do segundo decêndio de setembro, decaindo somente entre fevereiro e
março. Nos meses de maior temperatura, entre de dezembro e fevereiro ocorreram as
maiores populações de mariposas. A maior coleta absoluta, numa única armadilha, foi de
674 mariposas, em 28 de janeiro de 2008, na posição “canto nordeste”. Apesar de ter
havido lacunas nas séries temporais, é possível supor que a sequência de eventos nestas
lacunas tenha sido similar àquela observada nas outras safras. As coletas fora da quadra
tiveram o mesmo padrão das coletas na quadra de arroz (Figura 1), evidenciando a ampla
capacidade de dispersão dos indivíduos, conforme relatam Heinrichs & Barrion (2004).
O período de maior ocorrência de adultos da lagarta-boiadeira nas lavouras resulta
de populações larvais que se desenvolveram nos meses de novembro e dezembro, quando,
de maneira geral, as plantas de arroz estavam no estágio que melhor supre as
necessidades nutricionais das lagartas (LITSINGER et al., 1994). Isto possibilitou uma alta
viabilidade de indivíduos e consequentemente altas populações. Desse modo, as lavouras
semeadas tardiamente, após 15 de novembro para Santa Catarina, estarão sujeitas à maior
pressão de infestação por lagarta-boiadeira.
Heinrichs & Barrion (2004) reportam comportamento populacional similar para N.
depunctalis na Costa do Marfin (África), porém com as maiores populações ocorrendo entre
outubro e novembro. Estas populações maiores, ocorrendo mais cedo, estão relacionadas
com o período de cultivo do arroz na África Ocidental.
Embora a população de mariposas decresça com a chegada do frio hibernal, ela
não desaparece por completo, como ocorre com a bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae
(Costa Lima), outra praga do arroz irrigado (HICKEL, 2009). Uma pequena população
permanece ativa e indivíduos são capturados mesmo na entressafra do arroz. Isto, a
exemplo do que ocorre nas Filipinas (Asia) (PATHAK, 1977), talvez denote a falta de
diapausa como estratégia de sobrevivência ao inverno, contudo estudos específicos para
confirmar esta hipótese ainda são necessários.
A gama de hospedeiros alternativos, reportados para N. depunctalis e N. indomitalis
(PATHAK, 1977; HEINRICHS & BARRION, 2004), pode ser um fator contributivo para a
suposta ausência de diapausa nestas espécies. Desta forma, a falta sazonal de plantas de
arroz não seria impeditiva para a sucessão de gerações destes insetos.
Outro forte indicativo para a ausência de diapausa é a flutuação populacional com
incremento inicial contínuo e posterior decaimento contínuo de indivíduos e que,
normalmente, resultam da sobreposição de gerações do inseto (KNELL, 1998). A princípio,
esta característica na flutuação populacional seria incompatível com a baixa longevidade
dos adultos da lagarta-boiadeira, reportada por Pathak (1977) e Litsinger et al. (1994),
portanto, é possível que em condições naturais a longevidade dos indivíduos seja maior do
que aquela observada em laboratório.
Segundo Hickel et al. (2007), as flutuações populacionais em que há acúmulo
contínuo de indivíduos na população são as mais adequadas para o estabelecimento de
621
níveis populacionais para a tomada de decisão de controle, pois torna-se razoavelmente
previsível o alcance destes níveis. Assim, para a lagarta-boiadeira, será possível
estabelecer, em estudos futuros, os níveis de ação e de dano econômico para o manejo da
praga em arroz irrigado.
CONCLUSÃO
A flutuação populacional de adultos da lagarta-boiadeira caracteriza-se pelo
incremento inicial contínuo e posterior decaimento contínuo de indivíduos ao longo do
tempo.
Adultos da lagarta-boiadeira ocorrem com maior intensidade nas lavouras de arroz
irrigado, em sistema pré-germinado, entre os meses de dezembro e fevereiro.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa
Catarina - Fapesc, pelo suporte financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HEINRICHS, E.A. (ed). Biology and management of rice insects. New Delhi: Wiley Eastern, 1994.
779p.
HEINRICHS, E.A.; BARRION, A.T. Rice-feeding insects and selected natural enemies in West Africa.
Biology, ecology, identification. Los Baños: IRRI - WARDA, 2004. 242p.
HICKEL, E.R. Flutuação populacional de adultos da bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae (Coleoptera:
Curculionidae), em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6., 2009,
Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009.
HICKEL, E.R.; HICKEL, G.R.; VILELA, E.F.; et al. Por que as populações flutuam erraticamente? Tantos
e tão poucos... E suas implicações no manejo integrado de pragas. Revista de Ciências
Agroveterinárias, v.6, n.2, p.149-161, 2007.
KNELL, R.J. Generation cycles. Trends in Ecology and Evolution, v.15, p.186-190, 1998.
LITSINGER, J.A.; BANDONG, J.P.; CHANTARAPRAPHA, N. Mass rearing, larval behaviour and effects
of plant age on the rice caseworm, Nymphula depunctalis (Guenée) Lepidoptera: Pyralidae. Crop
Protection, v.13, p.494-502, 1994.
PATHAK, M.D. Insect pests of rice. Los Baños: IRRI, 1977. 68p.
PRANDO, H.F. Manejo de pragas em arroz irrigado. In: EPAGRI. A cultura do arroz irrigado prégerminado. Florianópolis, 2002. 273p.
WAY, M.O. Rice arthropod pests and their management in the United States. In: SMITH, C.W.; DILDAY,
R.H. (ed.). Rice. Origin, history, technology, and production. Hoboken: John Wiley & Sons, 2003.
p.437:456.
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1000
- Taipa centro
- Canto nordeste
- Fora da quadra
Safra 2008/09
0
Insetos (n )
100
10
1
0,10
20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/05
1000
Safra 2009/10
o
Insetos (n )
100
10
1
0,10
20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/05
1000
Safra 2010/11
o
Insetos (n )
100
10
1
0,10
20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/05
Tempo (dia)
Figura 1. Flutuação populacional de adultos de Nymphula spp. em Itajaí, SC (escala
logarítmica). Safras 2008/09 a 2010/11..
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EFEITO DO MANEJO DO SOLO EM PÓS-COLHEITA SOBRE A
POPULAÇÃO DO PERCEVEJO-DO-COLMO Tibraca limbativentris
Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) EM ARROZ IRRIGADO
PAZINI, Juliano de Bastos¹; BOTTA, Robson Antônio²; SILVA, Fernando Felisberto da³.
Palavras-chave: Percevejo-do-colmo do arroz, resteva do arroz irrigado, controle mecânico
INTRODUÇÃO
O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera:
Pentatomidae), é considerado uma das principais pragas da cultura do arroz irrigado no Sul
do Brasil, em especial, na Fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul. Este inseto
ocorre nas fases vegetativa e reprodutiva da cultura, provocando os sintomas conhecidos
por “coração morto” e “panícula-branca”, respectivamente. Visto que o inseto ataca
preferencialmente plantas situadas em pontos da lavoura não irrigados, a Fronteira Oeste
apresenta maior incidência desta praga, pois a maioria de suas lavouras são implantadas
em áreas inclinadas, o que exige maior proximidade entre as taipas, resultando, assim,
numa maior população de plantas favoráveis ao inseto (ARROZ IRRIGADO, 2010).
Em períodos pós-colheita os adultos do percevejo-do-colmo permanecem
inicialmente na resteva do arroz, porém, quando esta seca, dispersam-se a procura de
refúgios próximos a lavoura, a fim de passar o período de entressafra (outono/inverno) em
hibernação. Estratégias de manejo pós-colheita estão sendo adotados nas diferentes
regiões orizícolas, como por exemplo, a eliminação de restos culturais, que apresenta
resultados satisfatórios na redução da infestação remanescente em áreas anteriormente
infestadas pelo percevejo-do-colmo.
Na Fronteira Oeste o preparo de verão ou preparo antecipado da área logo após a
colheita é observado em várias áreas produtoras. Como vantagens são citadas pelos
orizicultores a maior agilidade no momento da semeadura, respeitando a época
recomendada, e a boa estruturação das taipas em função das chuvas de outono e inverno.
Porém, esta técnica, quando realizada através de implementos que revolvem o solo e a
palha e dependendo da sua intensidade poderia também ser considerada como uma forma
de controle mecânico/cultural da forma pré-hibernante do percevejo do colmo dentro da
lavoura.
Dessa forma, o presente experimento objetiva verificar como diferentes formas de
manejo de resíduos culturais (resteva) da cultura do arroz irrigado influenciam na redução
populacional pré-hibernante do percevejo-do-colmo.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi realizado em uma lavoura comercial de arroz irrigado
no município de Itaqui-RS, com 7,84 ha, cultivada com a variedade IRGA 417, no ano
agrícola de 2010/11.
Os tratamentos, em número de quatro e dispostos em delineamento blocos ao
acaso com quatro repetições foram compostos por uma passada de grade aradora; duas
passadas de grade aradora; duas passadas de grade aradora mais uma passada de grade
niveladora; e um tratamento controle (testemunha) em uma área livre de manejo. Cada
parcela abrangeu uma área de 1300 m².
1
Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, Rua Luiz Joaquim de Sá Britto,
s/n, Bairro Promorar, CEP: 97650-000, e-mail: [email protected].
2
Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected].
3
Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected].
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Os pontos amostrais foram determinados de acordo com uma grade regular préestabelecida (grid), com auxílio de um GPS que registrava a localização dos pontos, num
total de 21 amostras eqüidistantes (10 m) em cada repetição, totalizando 84 amostras por
tratamento.
Em cada ponto era lançado um quadro de 0,5 x 0,5 m que auxiliava na obtenção das
amostras. As plantas inseridas no quadro eram examinadas visualmente para verificar o
número de ninfas e adultos do percevejo-do-colmo. Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância (ANOVA) para verificação da significância entre os tratamentos pelo
teste F e a comparação entre as suas médias foi realizada pelo teste de Duncan ao nível de
5% de probabilidade de erro, através do software estatístico Assistat (SILVA & AZEVEDO,
2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos através dos diferentes manejos aplicados
sobre resteva de arroz comumente utilizado na região, foi possível observar que o controle
de adultos e ninfas do percevejo-do-colmo no tratamento com duas passadas de grade
aradora mais uma passada de grade niveladora mostrou-se muito eficiente, quer para o
controle de adultos quer para o controle de adultos+ninfas, que os dois primeiros
tratamentos, testemunha e uma passada de grade aradora, respectivamente.
No entanto, não houve diferença significativa quando comparado ao tratamento
que consistia em duas passadas de grade aradora (Tabela 1). Este manejo, envolvendo
duas passadas com grade aradora sobre a resteva, parece ser o indicado para a redução
populacional desta praga, quando analisado sua fase adulta e em conjunto com a fase
jovem, pois além da redução populacional da praga, que segundo Link et al (1998) é um
fator fundamental na subtração da infestação subseqüente, confere uma redução nos
custos, simplesmente pelo fato de eliminar o uso da grade niveladora.
Entretanto, quando se aplica a análise estatística separadamente para a fase
jovem do inseto, isto é, para as ninfas, o manejo recomendado é o que consiste em duas
passadas com grade aradora mais uma de grade niveladora (Tabela 1). Isso pode ser
explicado pelo fato de que a segunda grade aradora não seja eficiente para um completo
destorroamento do solo, sendo possível que as ninfas, devido ao seu tamanho reduzido,
utilizam-se de espaços entre os torrões para refúgio, tornando-se necessário no manejo o
incremento de uma grade niveladora para otimizar a redução populacional das ninfas de
percevejo-do-colmo.
Tabela 1: Número médio de adultos e ninfas de percevejo-do-colmo submetido a diferentes
sistemas de manejo na resteva do arroz irrigado, UFP, Itaqui, RS, 2011.
Tratamentos
Adultos
Ninfas
Adultos + ninfas
Testemunha
1,32 a*
0,37 a
1,69 a
Uma passada de grade aradora
0,67 b
0,45 a
1,13 ab
Duas passadas de grade aradora
0,10 c
0,48 a
0,59 bc
Duas passadas de grade aradora + uma
passada de grade niveladora
0,03 c
0,02 b
0,05 c
CV (%)
64,71
47,13
44,21
Teste F**
12.1151
7.4464
13.5668
* Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade (p < 0,05).
** Valores significativos ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01).
625
CONCLUSÃO
O manejo da resteva do arroz irrigado, realizado no mínimo com duas passadas
com grade aradora sobre a resteva, é importante na redução da população pré-hibernante
do percevejo-do-colmo, pois os níveis de infestação em safras futuras poderão ser
diminuídos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROZ IRRIGADO: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Sociedade
Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; XXVIII Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado. Bento Gonçalves:
SOSBAI, 2010. 188 p.
LINK, D. Controle de Tibraca limbativentris, pós-colheita em arroz irrigado. In: REUNIÃO
NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 6, Goiânia, 1998. Anais... Goiânia: EMBRAPA-ARROZ E
FEIJÃO, 1998. p. 347-349.
SILVA, F. de A. S. e; AZEVEDO, C. A. V. de. Versão do programa computacional Assistat
para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina
Grande, v.4, n.1, p71-78, 2002.
626
EFICIÊNCIA DE CONTROLE DO INSETICIDA ALTACOR 350 WG EM
DOIS HORÁRIOS DE PULVERIZAÇÃO SOBRE A LAGARTA-DAPANÍCULA PSEUDALETIA SP. EM ARROZ IRRIGADO
1
2
Thais Fernanda Stella de Freitas , Jaime Vargas de Oliveira , Melissa Terra
3
Palavras-chave: Pseudaletia sp.; Oryza sativa; eficiência de controle
INTRODUÇÃO
Vários insetos-praga da lavoura de arroz têm o hábito de passar algum período
do dia nas partes mais baixas do dossel, seja pela preferência alimentar ou por algum fator
ambiental. No caso das lagartas, a grande maioria das espécies evita a exposição à
radiação solar, subindo para atacar as folhas a partir do final da tarde ou em dias nublados.
Para as espécies Pseudaletia spp., na cultura do arroz irrigado, este hábito é
particularmente importante, pois não consomem a lâmina foliar como as demais espécies de
lagartas, apenas cortam pedaços das ráquis das panículas, derrubando os grãos e
impossibilitando a sua colheita. Estas mesmas espécies comportam-se de modo diferente
em outras culturas; em trigo, aveia e em algumas pastagens como o azevém, as lagartas
Pseudaletia spp. são predominantemente desfolhadoras. MUNDSTOK (1999) e GASSEN
(1984) citam que estas lagartas esporadicamente consomem aristas e as espigas do trigo.
Esta particularidade de comportamento na cultura do arroz irrigado
possivelmente influencia a eficiência dos produtos utilizados para controle, pois atacam as
lavouras predominantemente na fase de maturação dos grãos, quando as folhas estão
extremamente lignificadas e muito pouco palatáveis. Assim, o consumo foliar é mínimo, o
torna improvável o controle pela ação sistêmica de inseticidas.
Pulverizações devem ser feias preferencialmente no final da tarde ou no início
da manhã, quando as condições climáticas normalmente são mais favoráveis. No caso
específico da lagarta-da-panícula em arroz irrigado, o hábito de passar a maior parte do dia
protegida nas partes baixas do dossel pode dificultar o contato com as moléculas de
inseticida, como um efeito “guarda-chuva”. Este fator, aliado ao mínimo consumo foliar, que
diminui a eficiência pela de ação sistêmica de inseticidas, pode ser uma razão para
ineficiência de muitas pulverizações realizadas pelos produtores.
Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do horário da
pulverização para controle da lagarta-da-panícula em arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em uma lavoura comercial no município de Mostardas RS, com infestação natural de lagarta-da-panícula. A cultivar utilizada foi IRGA 422 CL. A
pulverização foi feita com um avião de uma empresa de aviação agrícola local, com volume
-1
de calda de 30 L ha , no dia 16 de abril de 2010. O inseticida utilizado na avaliação foi o
-1
Altacor 350 WG (chlorantraniliprole), na dose de 50 g p.c. ha . Foram realizados três
tratamentos, sendo uma testemunha e dois horários de pulverização, 06:00 h e 18:00 h. O
delineamento experimental foi completamente casualizado, com 4 repetições. A área de
2
2
cada parcela foi de 100 m , dentro das quais foram avaliados 4 pontos de 4m As
avaliações foram realizadas 24 e 48 horas após as pulverizações. A eficiência de controle
1
Eng. Agr., M.Sc., IRGA, Estação Experimental do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-­‐030. thais-­‐[email protected] 2
Eng. Agr., M.Sc., IRGA jaime-­‐[email protected] 3
Eng. Agr., IRGA [email protected]
627
foi calculada pela fórmula de Abbott, e os resultados foram submetidos a análise de
variância e ao teste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na primeira avaliação, 24 horas após a realização de cada pulverização, média
do tratamento realizado às 18:00 h foi de 86% de eficiência, superior ao tratamento
realizado as 6:00 h, que teve eficiência de 58% conforme Tabela 1. Na avaliação seguinte,
48 horas após a as pulverizações, a eficiência do tratamento realizado às 18:00 h foi de 96
%, também superior a do tratamento realizado as 6:00 h, que foi de 71,5 %.
Tabela 1 - Eficiência (%) do inseticida Altacor 350 WG no controle de lagarta-da-panícula
em dois horários de pulverização. Mostardas, RS, 2010.
Horário de
pulverização
Lag .vivas
Eficiência (%)
Lag .vivas
24 h
Eficiência (%)
48 h
Testemunha
21
-
21
-
06:00 h
9
57 b
6
72 b
18:00 h
3
86 a
1
96 a
A maior eficiência de controle da pulverização realizada as 18:00h é
possivelmente devida ao maior contato do inseto com o inseticida, uma vez que, neste
horário, as lagartas estão migrando para a parte superior do dossel para iniciar o ataque às
panículas.
Para as demais culturas em que a espécie é de importância econômica, como
trigo, não são feitas alusões sobre controle noturno nas recomendações técnicas.
Entretanto, vale ressaltar que o hábito alimentar em arroz irrigado é diferenciado, o que
demanda maior atenção e cuidado durante as pulverizações, a fim de evitar maiores
prejuízos para os produtores e necessidade de novas aplicações.
CONCLUSÃO
A eficiência de controle do inseticida Altacor 350 WG para lagarta-da-panícula é
maior no final da tarde que no início da manhã.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic
Entomology, College Park, v. 18, p. 265-266, 1925.
GASSEN, D. N. Insetos associados à cultura do trigo no Brasil. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT,
1984. 39p. (circular técnica, 03).
MUNDSTOCK, C. M. 1999. Planejamento e Manejo Integrado da Lavoura do Trigo. Porto Alegre, cap.
18, p. 155-162, 1999. 628
AVALIAÇÃO DO CONTATO DIRETO DA CALDA DE PULVERIZAÇÃO
NO PERCEVEJO-DO-COLMO EM SÍTIOS DE HIBERNAÇÃO
1
Thais Fernanda Stella de Freitas ; Jaime Oliveira
2
INTRODUÇÃO
Conhecer a ecologia das pragas que atacam o arroz é fundamental para gerar
estratégias de manejo, tanto no período de cultivo quanto nos meses de entressafra.
Algumas das espécies estão “ativas” durante o inverno, como as lagarta da folha e da
panícula, pois atacam as culturas da estação fria também. Outras, como a bicheira-da-raiz e
os percevejos do colmo e do grão, nos meses de temperatura e luminosidade baixa e de
pouca disponibilidade de alimento entram em diapausa ou hibernação. Sabendo quais são
os locais preferidos para hibernar, é possível utilizar algumas alternativas para dificultar a
sobrevivência das pragas durante este período, ou eliminá-las do local.
Apesar de causar prejuízo econômico até o período de enchimento de grãos, o
percevejo-do-colmo costuma permanecer na lavoura até a colheita. A partir de abril, a
maioria da população de percevejos abandona os quadros da lavoura em busca de plantas
que ofereçam proteção contra inimigos naturais e fatores ambientais, como a geada,
durante o período de hibernação. Uma planta abundante no Estado, e que é muito utilizada
por várias espécies de insetos para hibernar, é o Andropogon sp., o capim rabo-de-burro.
Em trabalhos anteriores, conduzidos por Oliveira (2005) já foram encontrados até 105
insetos em uma única planta.
Outro local importante de hibernação é dentro do quadro da lavoura,
especialmente quando o manejo da palha ou o preparo do solo não é realizado logo após a
colheita. Além da soca oferecer alimento por alguns dias, a resteva oferece abrigo contra as
adversidades do inverno, assim como o capim rabo-de-burro.
Uma estratégia recomendada é a limpeza das áreas próximas à lavoura, como
as bordaduras, estradas, canais de irrigação e de drenagem e, beiras de estrada, que
costumam ser infestadas com plantas interessantes para hibernação dos insetos, além da
destruição da resteva logo após a colheita. Na ausência destas plantas, o que seria
conseguido com roçadas e com o preparo antecipado do solo, os insetos ficariam sem
alternativas de hibernação, procurando outros sítios mais distantes. Além da limpeza das
áreas próximas à lavoura, a pulverização de inseticidas nos sítios de hibernação é uma
prática utilizada por muitos produtores, embora não seja recomendada. Alguns realizam
pulverizações específicas para atingir os insetos, e outros adicionam inseticidas às caldas
de dessecação. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência da pulverização
em atingir diretamente o percevejo-do-colmo refugiado em sítios de hibernação,
proporcionados pelo capim rabo-de-burro e pela resteva-de-lavoura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Estação Experimental do Arroz, em
Cachoeirinha, RS. Os tratamentos constituíram em dois sítios de hibernação: 1) taipa com
plantas de capim rabo-de-burro e 2) resteva de lavoura. Nos dois locais, foi pulverizada uma
calda preparada com 20 L de água e 50 mL de corante vermelho da marca “xadrez”,
utilizando um pulverizador costal, com caminhamento simulando o de uma dessecação. A
1
Eng. Agr., M.Sc., IRGA, Estação Experimental do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-­‐030. thais-­‐[email protected] 2
Eng. Agr., M.Sc. IRGA. jaime-­‐[email protected]
629
aplicação dos tratamentos foi feita no dia 12 de julho, e as avaliações foram realizadas 24
2
horas após. As avaliações foram realizadas em 3 parcelas de 1 m em cada tratamento,
contando-se o número de percevejos atingidos e não atingidos pelo corante. A comparação
dos resultados foi feita pelo teste do Qui quadrado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 mostra o número total de percevejos corados (atingidos pelo corante)
e não corados (não atingidos pelo corante) em cada tratamento. Nas plantas de rabo-deburro, 8 dos 36 percevejos encontrados estavam corados, o que representa 22,22%. Na
resteva de lavoura, 24 dos 90 percevejos encontrados estavam corados, representando
26,7 % do total, foram atingidos pela calda de pulverização.
Tabela 1 - Número de percevejos-do-colmo atingidos e não atingidos pela calda de
pulverização em dois sítios de hibernação.
Corados
ns
Capim Rabode-burro
8
Resteva
24
Não corados
Total
% corados
28
36
22,22
66
90
26,7
Os resultados não diferem pelo teste de Qui quadrado ao nível de 5% de
significância, mostrando que o percentual de percevejos atingidos pela calda de
pulverização é semelhante nos dois sítios de hibernação. Apesar de não haver parâmetros
estabelecidos para comparação, pode-se supor que a eficiência da pulverização de
inseticidas nos sítios de hibernação será baixa, pois atingirá diretamente menos de 30% dos
insetos presentes, quando em capim rabo-de-burro ou em resteva de lavoura. Dessa forma,
a pulverização de inseticidas no sítios de hibernação não é eficiente para atingir os
percevejos, e a prática do “cheirinho” (pulverização de inseticidas, geralmente em sub-dose,
antes do plantio em ou em outros momentos sem confirmar a necessidade), há muito tempo
condenada pelo impacto sobre organismos não-alvo, deve ser coibida também por não
atender ao objetivo.
CONCLUSÕES
A calda de pulverização atinge diretamente menos de 30% dos percevejos-docolmo refugiados em sítios de hibernação proporcionados pelo capim rabo-de-burro e pela
resteva da lavoura.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, J. V.de; DOTTO, G.M.; SANTOS, J.L.R dos. Levantamento populacional do
percevjo Tibraca limbativentris (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) na região da depressão central do Rio
Grande do Sul. In: Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, IV; Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, XXVI.
Santa Maria. Anais... Santa Maria: Ed Orium , v.2, 2005. p 103-104.
630
EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES NO DESENVOLVIMENTO
INICIAL E NO PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE ARROZ IRRIGADO
1
Thais Fernanda Stella de Freitas ; Jaime Vargas de Oliveira
2
Palavras Chave: thiamethoxam; bicheira-da-raíz; oryza sativa
INTRODUÇÃO
O tratamento de sementes com defensivos, como inseticidas e fungicidas, é uma
prática que vem sendo recomendada na cultura do arroz irrigado com vistas a obtenção de
efeitos sinérgicos no desenvolvimento de plantas. São chamados de efeitos fitotônicos, pois,
independente da presença do organismo alvo, sementes tratadas com tais produtos teriam
vantagens no estabelecimento como velocidade de emergência, vigor, maior sistema
radicular. Tais atributos poderiam se refletir em maior rendimento de grãos. O inseticida
Cruiser 350 FS (thiamethoxam) é uma nova alternativa para controle da bicheira-da-raíz
(Oryzophagus oryzae) sendo recomendado na dose de 300 a 400mL por 100kg por
SOSBAI 2010. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito fitotônico do inseticida Cruiser
350 FS recomendado para controle da bicheira-da-raiz de sementes no desenvolvimento
inicial e no rendimento de grãos de arroz irrigado, sozinho e em mistura com o inseticida
Standak 250 FS (fipronil) .
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados 2 experimentos na Estação Experimental do Arroz (EEA) do
Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), sendo um a campo e um em câmara B.O.D. Em
todos foi utilizada a cultivar IRGA 424, avaliando os seguintes tratamentos: 1) testemunha 2)
-1
-1
100 mL Cruiser 100 kg sementes 3) 200 mL Cruiser 100 kg sementes 4) 300 mL Cruiser
-1
-1
100 kg sementes ; 5) 100 mL Cruiser + 200 mL Standak 100 kg sementes 6) 100 mL
-1
-1
Cruiser +120 mL Standak 100 kg sementes e 7) 120 mL Standak 100 kg sementes .
Todas as sementes foram tratadas com o fungicida Maxim XL (fludioxonil + metalaxil M),
-1
200 mL 100 kg sementes , inclusive o tratamento testemunha. O primeiro experimento foi
instalado a campo, em duas épocas de semeadura; a primeira no dia 20 de outubro e a
-1
segundo no dia 13 de novembro de 2009, em área sob a cobertura de 2 Mg ha de matéria
seca de azevém. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados,
dispostos em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As épocas de semeadura foram
locadas nas parcelas principais, e os tratamentos de sementes nas sub-parcelas. A
-1
-1
densidade de semeadura utilizada foi de 100 kg ha , com adubação de base de 300 kg ha
-1
de uma fórmula 5-20-20 e 120 kg ha de N em cobertura. As demais práticas de manejo
foram realizadas conforme as recomendações técnicas para a cultura (SOSBAI, 2007). Os
parâmetros avaliados foram:
1) Índice de Velocidade de Emergência (IVE), proposto por Maguire (1962), onde
IVE= (Gi/Ni)
G = número de plantas emergidas em cada contagem
N = número de dias da semeadura a cada contagem.
1
Eng. Agr., M.Sc., IRGA, Estação Experimental do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-­‐030. thais-­‐[email protected] 2
Eng. Agr., M.Sc. IRGA. jaime-­‐[email protected]
631
2) População inicial de plantas:
-2
número de plantas por m aos 21 dias após a emergência (D.A.E);
3) estatura de plantas aos 21 D.A.E.:
medida da base das plantas, rente ao solo, até a ponta da folha mais alta;
(2000);
4) estádio de desenvolvimento aos 21 D.A.E.:
número de folhas completamente desenvolvida, segundo a escala de Counce et al.
2
-1
5) rendimento de grãos, colhido em 8 m e extrapolado para kg ha , a 13% de
umidade;
6) componentes de rendimento.
O segundo experimento foi realizado em câmara B.O.D. para avaliação de sistema
radicular. Foram testados os mesmos 7 tratamentos, em delineamento completamente
casualizado, com quatro repetições. Durante todo o experimento, as plantas estiveram
o
submetidas a temperatura de 20 C e fotoperíodo de 12h. Cada unidade amostral consistiu
em um copo plástico (300mL) preenchido com cristais de poliacrilamida para sustentação
das plântulas e solução nutritiva. Em cada copo foram colocadas 15 sementes, e logo após
a emergência foi realizado desbaste para uniformizar a população em 10 plantas por
unidade amostral. A instalação do experimento foi no dia 09 de abril de 2010. Os
parâmetros avaliados foram estatura de plantas, comprimento de raiz, matéria seca da parte
aérea e matéria seca de raiz. Os resultados foram submetidos à análise de variância e,
quando foi alcançada a significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Experimento de campo
O desenvolvimento inicial de plantas foi afetado apenas pela época de semeadura,
não havendo diferença entre os tratamentos de sementes avaliados, conforme a Tabela 1. A
população inicial de plantas aos 21 D.A.E. e o índice de velocidade de emergência foram
menores na primeira época de semeadura, provavelmente devido às menores temperaturas
do solo e do ar. Já os parâmetros estatura de plantas e número de folhas completamente
expandidas foram superiores na primeira época de semeadura.
-2
Tabela 1 – População inicial (plantas m ), índice de velocidade de emergência
(IVE), estatura de plantas (cm) e número de folhas completamente desenvolvidas aos 21
dias após a emergência de plantas de arroz irrigado, em duas épocas de semeadura e
submetidas a sete tratamentos de sementes.
Tratamento
Época 1
Época 2
-1
TS (mL.100kg sementes )
Testemunha
Cruiser 100 mL
Cruiser 200 mL
Cruiser 300 mL
Cruiser 100mL+Standak 200mL
Cruiser 100mL+Standak 120mL
Standak 120 mL
População
inicial
137 B
167 A
IVE
Estatura
5,17 B
7,09 A
17,4 A
13,8 B
Num
folhas
4,35 A
3,11 B
142 ns
144
156
157
152
148
166
5,63 ns
5,99
6,11
5,86
6,17
5,55
6,71
15,46 ns
15,08
15,97
15,57
16,15
15,17
16,57
3,75 ns
3,75
3,75
3,71
4,00
3,50
3,85
632
O rendimento de grãos e os componentes de rendimento foram afetados apenas
pela época de semeadura, como apresentado na Tabela 2. O rendimento foi superior na
-1
época de semeadura antecipada em aproximadamente 2.600 kg ha . O componente de
rendimento que explica a diferença é a esterilidade de espiguetas, que atingiu 13,55 % na
segunda época de semeadura, superior ao da primeira, que foi de 6,26 %. Os demais
componentes foram semelhantes nas duas épocas. Para nenhum parâmetro houve
diferença entre tratamento de sementes.
-1
Tabela 2 - Rendimento de grãos (kg ha ) e componentes de rendimento de arroz
irrigado em duas épocas de semeadura, submetido a sete tratamentos de sementes.
Tratamento
Rendimento
de grãos
-1
(kg ha )
Época
Època 1
11.393,7 a
Época 2
8.783,3 b
TS
Testemunha
9.980 ns
Cruiser 100 mL
10.053
Cruiser 200 mL
10.475
Cruiser 300 mL
10.005
Cruiser 100mL+Standak 200mL 10.427
Cruiser 100mL+Standak 120mL 10.257
Standak 120 mL
9.837
Panículas
-2
m
Grãos
-1
panícula
Esterilidade (%)
Peso de
100
grãos (g)
79,75 a
81,50 a
77,43 a
74,23 a
6,26 b
13,55 a
2,70 a
2,49 a
76,00 ns
81,12
79,62
79,00
77,12
88,50
82,43
74,85 ns
70,37
78,37
76,00
76,62
81,75
72,71
8,58 ns
10,68
8,70
9,91
10,24
9,91
10,29
2,65 ns
2,60
2,57
2,63
2.60
2,54
2,58
Experimento em B.O.D.
A emergência das plântulas ocorreu dia 15 de abril, 6 dias após a instalação do
experimento, e as avaliações foram realizadas no dia 28 de abril, portanto 13 dias após a
emergência. No momento da avaliação as plantas estavam no estádio de desenvolvimento
V2, ou seja, com duas folhas completamente expandidas.
Para estatura de plantas e matéria seca da parte aérea, não houve diferença entre
os tratamentos, conforme a Tabela 3.
Para o parâmetro comprimento de raiz, todos os tratamentos, exceto Cruiser 300 ml
-1
por 100kg sementes diferem da testemunha. o tratamento testemunha foi igual ao Cruiser
-1
300 mL por 100kg sementes , e ambos diferem apenas da mistura Cruiser 100mL+Standak
-1
120 mL por 100 kg sementes .
Para matéria seca de raízes, todos os tratamentos, exceto Cruiser 100 mL por 100
-1
kg sementes , diferem da testemunha. o tratamento com 120 mL Standak e a mistura de
-1
100 mL Cruiser com 120 mL Standak 100 kg sementres foram superiores a testemunha ao
-1
tratamento 100 mL Cruiser 100 kg sementes .
As diferenças observadas no sistema radicular, em condições controladas, não
suportam a hipótese de efeito fitotônico, pois não se refletiram em nenhum dos parâmetros
avaliados no experimento a campo.
633
Tabela 3 - Comprimento (cm) e matéria seca (g) de raízes e estatura (cm) e matéria
seca de parte aérea (g) de plantas de arroz irrigado submetidas a sete tratamentos de
sementes.
Tratamento
Testemunha
Cruiser 100 mL
Cruiser 200 mL
Cruiser 300 mL
Cruiser 100mL+Standak 200mL
Cruiser 100mL+Standak 120mL
Standak 120 mL
Comprimento de raiz
(cm)
7,33 c
9,58 ab
9,39 ab
8,21 bc
9,38 ab
10,33 a
9,88 ab
Matéria seca
de raízes (g)
Estatura
(cm)
0,075 c
0,082 bc
0,090 ab
0,095 ab
0,092 ab
0,097 a
0,0975 a
16,38 ns
16,44
16,20
17,13
15,74
15,90
16,32
Matéria seca
da parte aérea
(g)
0,082 ns
0,081
0,077
0,095
0,080
0,090
0,092
CONCLUSÕES
Existe efeito do tratamento de sementes de arroz irrigado com o inseticida Cruiser
350 FS, sozinho ou em mistura com Standak 250 FS, sob o desenvolvimento inicial de
raízes, quando avaliado em B.O.D. Entretanto, não existe efeito do tratamento de sementes
com o inseticida Cruiser 350 FS, sozinho ou em mistura com Standak 250 FS, sobre
população inicial, produtividade de grãos ou qualquer componente de rendimento de grãos
de arroz irrigado, não suportando a hipótese de haver efeito fitotônico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A. J. A uniform, objective, and adaptative system for
expressing rice development. Crop Science, Madison, v.40, n.2, p.436-443, 2000.
MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor.
Crop Sci., Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962.
SOCIEDADE SUL BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO – SOSBAI. Arroz irrigado: Recomndações
técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.;
REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., Pelotas, 2007. Anais. Pelotas, 2007. 164p.
634
PICO POPULACIONAL DE Tibraca limbativentris STAL., 1860
(HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA SUA FASE CRÍTICA DE
OCORRÊNCIA EM CULTIVAR PRECOCE DE ARROZ IRRIGADO NA
REGIÃO DA FRONTEIRA OESTE, RS
1
2
Robson Antonio Botta ; Juliano de Bastos Pazini ; Fernando Felisberto da Silva
3
Palavras-chave: insecta, controle de insetos, arroz irrigado, IRGA 417.
INTRODUÇÃO
O arroz é cultivado na maioria das regiões do país, sob diversos ecossistemas,
devido ao clima, relevo e outros fatores, a cultura exige diferentes sistemas de cultivo, no
Brasil são utilizados dois sistemas, sendo esses o arroz irrigado por inundação e de terras
altas, em ambos os cultivos existem insetos-praga que causam danos econômicos a cultura
de até 30% (MARTINS, et al. 2009). Na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul o sistema
usado para o cultivo é por inundação e uma das principais pragas é o percevejo-do-colmo
(Tibraca limbativentris), que ocorre a partir da fase de perfilhamento (V3), causando o
sintoma denominado “coração morto”, podendo ir à fase reprodutiva (R9), onde provoca o
surgimento da “panícula branca”. O inseto localiza-se preferencialmente na base dos
colmos, local próprio para alimentação e reprodução, passando por um período de
hibernação durante o outono-inverno.
O controle desta praga é feito por meio de inseticidas químicos, através de
aplicação via aérea. Não existem muitas informações sobre o deslocamento deste inseto no
interior da lavoura, durante a safra. Para minimizar os danos deste inseto é necessário
conhecer seus hábitos, realizando um manejo eficiente do percevejo-do-colmo do arroz.
As cultivares precoces de arroz por serem as primeiras lavouras visitadas pelos
adultos pós-hibernantes estão entre as que apresentam os maiores danos causados por
este inseto. Contudo, este tipo de cultivar permite ao agricultor, estabelecer, no
planejamento da lavoura, o escalonamento adequado no plantio e, principalmente, na
colheita, com base na sua realidade de infra-estrutura de máquinas, mão-de-obra,
capacidade de secagem, transporte, entre outras (GOMES & MAGALHÃES JR., 2004), o
que as tornam uma boa opção para o orizicultor.
Diante da situação o objetivo deste estudo é avaliar a época de ocorrência do pico
populacional do percevejo-do-colmo, em cultivar de arroz irrigado de ciclo precoce, na
região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em lavoura comercial de arroz irrigado, cultivar IRGA
417 (ciclo precoce) localizada no município de Itaqui/RS (29°07'30"S e 56°33'10"O),
Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. A área amostrada foi de 7,84 ha, a
cultura foi instalada e conduzida segundo as recomendações técnicas, exceto aplicação de
inseticida, no ano agrícola 2010/11.
As amostragens ocorreram quinzenalmente com início na fase de perfilhamento
prolongando-se até o final da fase reprodutiva. Para as amostragens, foi elaborada uma
grade regular pré-estabelecida (na forma de grid), com auxílio de GPS de mão, composta
1
Graduando do curso de agronomia, Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito,
Itaqui - RS, 97650-000, [email protected].
1
Graduando do curso de agronomia, Universidade Federal do Pampa, e-mail: [email protected].
1
Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected].
635
de pontos equidistantes 10 m, totalizando 695 pontos amostrais. Para avaliar a ocorrência
2
do percevejo-do-colmo, em cada ponto era lançado um quadro de metal, medindo 0,25 m ,
a contagem das ninfas e adultos presentes nas plantas foi efetuada através do método
visual, anotando-os em planilha de campo, juntamente com o número do ponto
correspondente.
Foram avaliados o número de ninfas e adultos, a fenologia das plantas e os dados
climáticos (umidade relativa, temperatura do ar e precipitação pluviométrica). Os dados da
fenologia das plantas eram tomados pela observação visual das plantas conforme a escala
de Counce et al. (2000). Os dados climáticos foram adquiridos através da estação
climatológica instalada no campus da UNIPAMPA em Itaqui.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período amostral a população de ninfas sempre foi superior à população
de adultos. Este fato indica que estas ninfas podem ser os primeiros descendentes dos
adultos pós-hibernantes que ingressaram na lavoura nos período inicial do perfilhamento, o
qual, muitas vezes não é percebido pelo orizicultor.
Já a população de adultos na safra iniciou um aumento populacional apenas na fase
final de florescimento aos 106 dias após a emergência (DAE) (nove dias antes da
maturação) indo até aos 130 (DAE) (15 dias após a maturação), quando iniciou a colheita
da safra. Esta população pode se caracterizar como a de adultos pré-hibernantes que se
deslocarão para os sítios de hibernação no outono/inverno e iniciarão a migração para as
lavouras na safra seguinte, na primavera/verão, considerando os dados biológicos da praga,
apresentados por Prando et al., (1993) e Silva et al., (2004), nos quais o início de uma nova
geração de indivíduos e o final do ciclo de vida dos primeiros insetos, seria em torno de 60
dias, numa temperatura de 26 °C.
Durante esta safra as ninfas atingiram um pico populacional aos 84 (DAE) na fase
inicial do florescimento (oito dias após o florescimento).
Em relação aos dados climáticos não se verificou uma correlação direta entre o
número de insetos e as variáveis, umidade relativa, temperatura e precipitação.
A fase de florescimento aparece como sendo a fase crítica para o aumento
populacional do percevejo-do-colmo do arroz, fornecendo indicativos para a intensificação
do monitoramento, seja o de ninfas (na fase inicial do florescimento), visando evitar os
danos na safra em vigor ou o de adultos (na fase final do florescimento), visando à redução
populacional dos adultos pré-hibernantes. Outro aspecto a ser observado é que o primeiro
estágio a ser analisado no monitoramento é o estádio ninfal dos percevejos e não o adulto,
quando considerarmos apenas a sua fase crítica de controle (V3 a R9), o contrário deve
ocorrer no início da emergência das plantas, quando o ingresso dos adultos hibernantes é
que deve ser contido. Esta informação é útil, pois, o orizicultor, ao condicionar-se a procurar
pelos adultos na fase inicial da cultura (adultos pós-hibernantes) pode deixar de verificar a
presença das ninfas quando a planta estiver na fase de perfilhamento, época em que os
estes adultos não estão mais presentes, pois já completaram seu ciclo de vida. Deste modo,
somente serão verificados os adultos descentes desta população inicial, época em que
provavelmente já ocorreram danos significativos provocados pelas ninfas.
636
Figura 1: Pico populacional de ninfas e adultos de Tibraca limbativentris associada à fenologia da cultivar
de arroz irrigado IRGA 417 no período crítico de controle (V3 a R9). Itaqui/RS, 2010/11.
* As setas indicam os picos populacionais.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que o pico populacional de ninfas e adultos na cultivar precoce de
arroz irrigado IRGA 417 se dá na fase de florescimento, sendo que para as ninfas é na fase
inicial e para os adultos é na fase final, não havendo influência pontual das condições
climáticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, J.F. da S.; BARRIGOSSI, J.A.F.; OLIVEIRA, J.V. de; Cunha, U.S. da. Situação
do manejo integrado de insetos-praga na cultura do arroz no Brasil. Pelotas: Embrapa
Clima Temperado, 2009. 40 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 290).
Silva, F. F. da et al. Distribuição espacial e dispersão de Tibraca limbativentris Stal,
1860 (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura do arroz irrigado por inundação no
Planalto da Campanha do Rio Grande do Sul; Comunicado Técnico (no prelo).
ARROZ IRRIGADO: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Sociedade
Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; XXVIII Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado. Bento
Gonçalvez: SOSBAI, 2010. 188 p.
SANTOS, D. DOS; SIQUEIRA, D. L. DE; PICANÇO, M. C. Flutuação populacional de
espécies de cigarrinhas transmissoras da clorose variegada dos citros (cvc) em
Viçosa – MG. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 27, n. 2, p. 211-214, 2005.
GOMES, A.S.; MAGALHÃES JR., A.M. Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília: Embrapa-
637
Informação Tecnológica. 2004. 899p.
PRANDO, H.F., H. KALVELAGE & R.A. FERREIRA. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris
Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de
Entomologia. 37: 335-339. 1993.
SILVA, C.C.A., D.M. CORDEIRO, R. LAUMANN, M.C.B. MORAES, J.A. BARRIGOSSI & M.
BORGES. Ciclo de vida e metodologia de criação de Tibraca limbativentris Stal, 1860
(Heteroptera: Pentatomidae) para estudos de ecologia química. Brasília, Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, 16p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento). 2004.
638
PROSPECÇÃO DE ÓLEOS E EXTRATOS DE PLANTAS BIOATIVAS
PARA O CONTROLE DE PRAGAS DO ARROZ IRRIGADO
1
2
Eduardo Rodrigues Hickel ; Klaus Konrad Scheuermann ; Andrey Martinez Rebelo
3
Palavras-chave: bicheira-da-raiz, percevejo-do-grão, manejo de pragas, Oryza sativa.
INTRODUÇÃO
Uma das questões mais prementes do cultivo do arroz irrigado, está ligada ao
possível impacto ambiental negativo que as lavouras proporcionam. Esta suspeita advém
não somente da água barrenta, que por vezes chega inadvertidamente nos rios, mas
também pelo uso intensivo de agrotóxicos, principalmente herbicidas e inseticidas. No caso
do uso de inseticidas, este poderia ser mais adequado se os produtores observassem os
preceitos do manejo integrado de pragas (MIP) ou, mais recentemente, da produção
integrada de arroz irrigado (PIA).
A implementação do MIP nas lavouras de arroz irrigado ainda não é uma realidade,
embora os segmentos responsáveis pela pesquisa científica insistam que esta é a
alternativa mais racional para o combate às pragas (INSETOS…, 2009; MARTINS &
CUNHA, 2007). Excluindo-se a falta de conscientização dos agricultores, um dos fatores
que dificulta a implementação do MIP é a falta de alternativas viáveis aos inseticidas
organossintéticos. Assim, faz-se necessário, entre outros, prospectar produtos alternativos
para o controle de pragas do arroz, para reduzir, ou mesmo suprimir, o emprego dos
inseticidas organossintéticos nas lavouras. Neste aspecto, o uso de óleos ou extratos
vegetais poderia ser uma estratégia valiosa, para a intercalação de princípios ativos
preconizada no MIP (ALMEIDA et al., 2004; PEREIRA et al., 2008).
Diversos autores já prospectaram o efeito inseticida de extratos vegetais, alguns
obtendo sucesso parcial ou total nos ensaios laboratoriais ou de campo (GONÇALVES et
al., 2001; TAGLIARI et al., 2003; ALMEIDA et al., 2005; BERLITZ et al., 2005; PEREIRA et
al., 2008). Contudo, a gama de produtos ainda passíveis de teste é grande, pois diversas
plantas, quer da flora nativa ou exótica, têm compostos bioativos com possível poder
inseticida. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi prospectar a ação inseticida de óleos
essenciais e extratos vegetais de eucalipto (Eucalyptus citriodora), melalêuca (Melaleuca
alternifolia), aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius) e confrei (Symphytum officinale) para
o controle da bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima), e do percevejo-do-grão,
Oebalus poecilus (Dallas).
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção dos óleos e extratos
Folhas de eucalipto, melalêuca, aroeira-da-praia e confrei foram coletadas nos
cultivos experimentais da Estação Experimental da Epagri em Itajaí, SC, entre nove e onze
horas, no mês de maio de 2010. Após a desidratação em local sombreado, por 24 horas,
amostras de 250g de cada material foram retiradas para o processamento.
Os óleos foram extraídos por arraste a vapor de água (hidrodestilação), em balão
volumétrico sobre manta aquecida, conectado a um “clevenger” e a um condensador para
resfriamento do vapor e posterior separação do óleo e do hidrolato.
Os extratos foram obtidos por maceração em solução hidroalcoólica de folhas
trituradas, previamente secas em estufa com ar forçado a 50°C. A maceração foi feita em
1
Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail:
[email protected].
2
Eng. agr., Dr., e-mail: [email protected].
3
Farmaceutico, MSc., e-mail: [email protected].
639
um funil de separação, por 7 dias, em temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Em seguida
o extrato foi filtrado e concentrado em evaporador rotativo a 50°C.
Óleos essenciais foram obtidos de eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e seus
respectivos hidrolatos. Já o extrato foi obtido somente de confrei. Os óleos, hidrolatos e
extrato foram então armazenados em frascos âmbar e conservados a -21ºC até o momento
dos testes para verificar a ação inseticida. Nestes testes, todos estes produtos foram
diluídos a 0,6% em água destilada, sendo que para as soluções oleosas adicionou-se o
monoleato de sorbitano polioxietileno (Tween 80 PS), como surfactante, na proporção de
1:1 (v/v). Água destilada foi adotada como tratamento testemunha e Tween a 0,6% e
resíduo de solução extratora a 0,6% como controles “branco”.
Bioensaios de avaliação da ação inseticida
Os insetos foram obtidos de populações naturais em quadras de arroz irrigado na
Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), SC, entre novembro e dezembro de 2010.
Adultos da bicheira-da-raiz (gorgulho-aquático) foram coletados manualmente e do
percevejo-do-grão com rede de varredura.
Em laboratório, grupos de seis gorgulhos foram acondicionados em placas de petri
forradas com papel filtro e pulverizados com 110µL/repetição de cada um dos tratamentos
em teste (ensaio de efeito de contato para o gorgulho-aquático). Grupos de dez percevejos
foram acondicionados em caixas germbox forradas com papel filtro umedecido e com uma
panícula de capim-arroz (Echinochloa spp.), pulverizada com 110µL/repetição de um dos
tratamentos (ensaio de efeito de contato/ingestão e repelência para o percevejo-do-grão).
Neste caso, não foi possível atingir diretamente os percevejos com o jato pulverizado,
devido a intensa mobilidade dos mesmos.
Os experimentos foram realizados com cinco repetições, em delineamento
completamente casualizado, e o número de insetos mortos foi avaliado aos 1, 2, 3, 5 e 7
dias após a aplicação dos tratamentos. No ensaio do percevejo-do-grão também foi
observado algum comportamento anormal, que denotasse repelência do tratamento.
Para o gorgulho-aquático, o possível efeito de ingestão ou repelente foi avaliado em
arenas de múltipla escolha, num delineamento em blocos ao acaso. Para tal, bandejas
plásticas (60 x 40 x 9cm) foram utilizadas (Figura 1).
Figura 1. Arena de múltipla escolha construída em bandeja plástica para os bioensaios de
repelência ou ação de ingestão para o gorgulho-aquático O. oryzae.
640
Cada bandeja recebeu dez caixas germbox (uma por tratamento), cada uma com
um quadrículo de 4 x 4cm de mudas de arroz com 30 dias de idade, previamente
pulverizadas com 44µL de um dos tratamentos em teste. Estas caixas foram dispostas
aleatoriamente em posições pré-fixadas, sendo posteriormente repletas de água destilada, o
que deixava submerso todo o torrão de terra das mudas. Em seguida, cada bandeja foi
enchida com água destilada, até o nível d’água atingir as bordas das caixas germbox,
criando assim uma arena onde os gorgulhos podiam nadar entre as caixas e dentro das
caixas, sem contudo misturar a água com possíveis resíduos provenientes das mudas
pulverizadas. Cento e vinte gorgulhos foram liberados em cada arena, que foi tampada com
uma bandeja igual, para evitar a fuga de indivíduos. Cada tratamento foi repetido cinco
vezes e aos 1, 2, 3, 5 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos contou-se o número de
insetos mortos e o de insetos em repouso nas plantas.
Outro ensaio similar em arena também foi montado, porém colocando-se as cinco
repetições de cada tratamento na mesma arena e liberando-se 50 gorgulhos por arena.
Neste caso, objetivou-se evitar que possíveis vapores exalados dos tratamentos
confundisse a resposta dos insetos. Aos 1, 2, 3, 5 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos
contou-se o número de insetos mortos e o de insetos em repouso nas plantas.
Os resultados foram submetidos a análise de variância e, quando alcançada a
significância estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Duncan
ao nível de 5% de probabilidade, sendo as taxas de mortalidade corrigidas pela fórmula de
Abbott.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito dos tratamentos na mortalidade do gorgulho-aquático (F = 0,89;
p = 0,5435) ou do percevejo do grão (F = 0,56; p = 0,8245) nos ensaios de efeito de contato
ou contato/ingestão. Também não houve efeito notável de repelência ou mortalidade por
ingestão nos ensaios em arenas (F = 1,02; p = 0,4437). Ou seja, os óleos e hidrolatos de
eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e o extrato de confrei, todos em solução a 0,6%, não
foram tóxicos, quer para o gorgulho-aquático ou para o percevejo do grão (Tabela 1).
Embora contrariando as expectativas, este era um resultado possível neste tipo de
prospecção, em que pouco se conhece dos possíveis efeitos destes produtos em outros
alvos. A seleção destas plantas bioativas para os bioensaios de controle de pragas residiu
no fato de as mesmas estarem sendo testadas para o controle de doenças do arroz irrigado
na EEI, com relativo sucesso nos ensaios in vitro.
Tabela 1. Número médio de insetos mortos aos sete dias após a aplicação dos respectivos
tratamentos, nos ensaios de controle com óleos e extratos vegetais.
Tratamento
1/
Óleo de eucalipto
Óleo de melaleuca
Óleo de aroeira
Extrato de confrei
Hidrolato de eucalipto
Hidrolato de melaleuca
Hidrolato de aroeira
Tween
Resíduo de solução extratora
Testemunha (água)
Número de insetos mortos
Gorgulho-aquático
em placa de Petri
0,2
0,0
0,4
0,0
0,0
0,0
0,0
0,2
0,2
0,2
Resultado do ensaio com um único tratamento por arena.
641
Percevejo-do-grão Gorgulho-aquático
1
em caixa germbox
em arena
0,0
0,0
0,2
0,2
0,2
0,2
0,0
0,0
0,0
0,2
3,0
2,4
4,4
2,0
2,4
0,8
3,2
1,6
3,0
2,8
Almeida et al. (2005), testando o controle de Sitophilus zeamais Mots. com extratos
hidroalcoólicos de sete espécies vegetais, não selecionou o extrato de eucalipto para
prosseguimento dos testes, devido a resultados inferiores comparativamente. Contudo,
outros estudos demonstraram o efeito de óleos essenciais de espécies de eucalipto sobre
alguns coleópteros como Acanthoscelides obtectus (Say) (PAPACHRISTOS &
STAMOPOULOS, 2004), Zabrotes subfasciatus (Boh.) e Callosobruchus maculatus (F.)
(BRITO et al., 2006). Da mesma forma, Pereira et al. (2008) também obtiveram efeito
inseticida do óleo essencial de melalêuca sobre C. maculatus, contudo só nas duas maiores
dosagens testadas por esses autores. Assim, além da forma de aplicação dos óleos e
extratos, a dose a que são submetidos os insetos também é fator importante nos estudos de
controle. No presente trabalho, a dose foi fixada em 0,6% pois esta seria uma dose
praticável em condições de campo (equivalente a 120ml/ha) para uma eventual prospecção
do controle de pragas do arroz irrigado.
CONCLUSÃO
Os óleos e hidrolatos de eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e o extrato de
confrei, em solução a 0,6%, não são tóxicos e tampouco têm efeito repelente para o
gorgulho-aquático e para o percevejo do grão.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina Fapesc, pelo suporte financeiro.
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.
642
DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL
E DISPERSÃO
DE Tibraca
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
E DISPERSÃO
DE Tibraca
limbativentris
limbativentris
STAL, 1860PENTATOMIDAE)
(HEMIPTERA: PENTATOMIDAE)
NA
STAL, 1860 (HEMIPTERA:
NA CULTURA DO ARCULTURA
DO ARROZ
IRRIGADONO
POR
INUNDAÇÃO
NO
ROZ IRRIGADO
POR INUNDAÇÃO
PLANALTO
DA CAMPANHA
DO RIO GRANDE
SUL
PLANALTO DA CAMPANHA
DO RIODO
GRANDE
DO SUL
1
2
3
Fernando Felisberto da Silva ; José Francisco da Silva Martins ; José Alexandre Freitas Barrigossi ;
4
5
6
7
Nereu Carpes Meus ; Cleiton José Ramão ; Leandro Homrich Lorentz ; Robson Antonio Botta
Palavras-chave: manejo de pragas, controle, agregação, percevejo-do-colmo, Oryza sativa,
INTRODUÇÃO
Tibraca limbativentris, conhecido como percevejo-do-colmo do arroz, pode ocorrer
nas fases vegetativa e reprodutiva da cultura, quando provoca os sintomas conhecidos por
coração morto e panícula branca, respectivamente. O inseto preferencialmente se
estabelece em plantas situadas em pontos não atingidos pela lâmina de água. Por esse
motivo, sua incidência é maior em lavouras implantadas em terrenos inclinados,
predominantes no Planalto da Campanha (Fronteira Oeste) do Rio Grande do Sul. Nesse
tipo de lavoura, há maior proximidade das taipas, sobre as quais o arroz também é
semeado, portanto, maior população de plantas em condições favoráveis ao inseto
(MARTINS et al., 2009).
O padrão de distribuição espacial de um organismo é a descrição de como está
disperso no espaço (BINNS et al., 2000). Tratando-se do Manejo Integrado de Pragas
(MIP), um padrão de amostragem que não coincide com o padrão de distribuição espacial
do inseto, pode acarretar erros na estimativa da sua população pelos processos de
monitoramento. Estimativas básicas das populações são necessárias à compreensão da
dinâmica da população de uma espécie praga e à tomada de decisão relativa ao
acompanhamento e previsão de níveis da abundância e de distribuição de pragas (DENT,
2000). O arranjo espacial de populações de insetos enquadra-se em padrões que podem
ser do tipo aleatório, uniforme ou agregada (RICKLEFS, 2003).
A distribuição de uma espécie é uma adaptação ao habitat e pode determinar a
dispersão e conseqüentemente, a densidade. É o alcance geográfico e ecológico da
espécie, definido pela presença de habitats adequados, engloba todas as áreas ocupadas
durante o ciclo de vida. Já a dispersão caracteriza a distância entre os indivíduos,
representa a heterogeneidade do ambiente e as interações sociais. Isso, determina padrões
de distribuição espacial, formando densos agregados em manchas, distribuições aleatórias
e uniformes. A disposição dos organismos no espaço é uma característica ecológica da
espécie, resultante do nascimento, morte e migração de indivíduos (TOLEDO et al., 2006),
sendo a distribuição espacial a forma como os indivíduos de uma população se dispersam
em seu habitat.
O conhecimento dos tipos de distribuição espacial é importante por vários motivos:
conhecer a etologia da espécie de inseto; aperfeiçoar os sistemas de amostragens e,
conseqüentemente, o processo de MIP, entre outras. O modelo de dispersão no habitat
pode ser diferente entre as espécies e entre as populações da mesma espécie. A variação
desse modelo de distribuição espacial pode estar associado a fatores ambientais ou
1
Eng. Agr., Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito, Itaqui - RS,
97650-000, [email protected].
Eng. Agr., Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, [email protected].
3
Eng. Agr., Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected].
4
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
5
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
6
Eng. Agr., Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa – Campus São Gabriel, [email protected].
7
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
2
643
genéticos da população. A determinação desses padrões de arranjo é obtida por meio de
índices de dispersão e distribuição teórica de freqüências (BARBOSA, 1992).
Em estudos sobre a distribuição de insetos há necessidade de conhecer as
distribuições de freqüências dos indivíduos de cada espécie, em cada cultura envolvida,
adotando critérios adequados de amostragem para estimar os parâmetros populacionais
(BARBOSA, 1992). Inicialmente, a área a ser estudada deve ser dividida em várias
segmentos ou quadrados (grades) de igual tamanho e, posteriormente, descrito o modelo
de ocupação da área pelos indivíduos da população, como uma distribuição de freqüência
em cada quadrado (KUNO, 1991). Os parâmetros dessas distribuições podem ser ajustados
aos dados, utilizando o método de máxima verossimilhança, e a qualidade do ajuste pode
ser avaliada por meio da estatística χ² (BINNS ET AL., 2000). É necessário que mais de um
índice seja estudado antes de qualquer inferência sobre a distribuição espacial de uma
determinada espécie de inseto (RABINOVICH, 1980).
Desta forma o experimento, teve o objetivo de avaliar modelos de distribuição
espacial e de dispersão de adultos, ninfas e posturas do percevejo-do-colmo, em lavoura de
arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na safra 2009/10, em lavoura de arroz irrigado da
cultivar IRGA 417, com aproximadamente 10 ha, localizada na Fazenda Pitangueira, no
município de Itaqui/RS (29°07'30"S e 56°33'10"O). Durante a execução do experimento
nenhuma aplicação de inseticida foi realizada. Três levantamentos da população do inseto
foram realizadas, do final da fase vegetativa até após a colheita do arroz, adotando a escala
fenológica de COUNCE et al. (2000). O primeiro levantamento ocorreu no estádio V11, que
corresponde à formação do colar na 11ª folha do colmo principal. Este estádio é o indicado
como sendo o de ocorrência e para o controle do percevejo do colmo, ou seja, entre V4 a
R4, estádios compreendidos no período entre o início do perfilhamento e a floração (ARROZ
IRRIGADO, 2010). O segundo levantamento foi realizado na fase de maturação, em R6,
estádio correspondente ao de grão pastoso. O último levantamento foi realizado na soca de
arroz, uma semana, após a colheita.
Para a execução dos levantamentos, estabeleceu-se previamente uma grade
regular com pontos geoposicionados por meio de GPS de mão, conforme recomendação
adaptada de Kuno (1991). A distância entre pontos na grade foi de 50 m, totalizando 81
pontos aptos, ou seja, que não coincidiram com canais de irrigação ou pontos não
cultivados. Em cada ponto lançou-se uma estrutura de metal medindo 0,5 x 0,5 m (0,25 m²),
onde foi verificado visualmente a presença de ovos, ninfas e adultos do percevejo.
Para a análise dos dados, foram elaboradas tabelas de distribuição de freqüências
e calculadas a média (m) e a variância (s²) para os três levantamentos. Para o cálculo dos
índices de dispersão e distribuição foi utilizado o software Krebs/WIN 0.94 (KREBS, 1999),
que também indicou a melhor ajuste dos dados por meio do Teste de qui-quadrado (χ²),
comparando o total das freqüências observadas na área amostral, com as freqüências
esperadas (YOUNG & YOUNG , 1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando os conceitos de dispersão e distribuição espacial (TOLEDO et al.,
2006) os resultados dos levantamentos indicaram que na fase final de perfilhamento, a
população de adultos de T. limbativentris se ajustou à distribuição de Poisson (χ²= 2,2970;
p= 0,317; m= 0,75309), ou seja, do tipo aleatória, indicando uma provável movimentação do
inseto na lavoura. As ninfas apresentaram distribuição Binominal negativa (χ²= 5,1037; p=
0,1640; m= 0,96296; k = 0,35863). Como tanto os insetos adultos como as ninfas causam
danos às plantas de arroz, considerou-se o somatório dos indivíduos dessas duas fases, o
que resultou num conjunto ajustado à distribuição Binominal negativa (χ²= 7,6191; p=
644
0,1790; m= 1,716; k= 1,0204).
Durante a fase reprodutiva (maturação), somente o somatório dos indivíduos das
fases adulta e ninfal indicou ajuste à distribuição Binominal Negativa (χ²= 3,6128; p= 6060;
m= 1,6173; k= 0,59836). Após a colheita, os insetos adultos mudaram da distribuição
aleatória para a agregada na soca das plantas de arroz, portanto, com ajuste à distribuição
Binominal Negativa (χ² = 1,0010; p = 0,317; m = 0,49383; k = 0,85961). Ainda nesse
período, a mesma distribuição foi constatada para o somatório de adultos e ninfas, (χ² =
1,5083; p = 0,219; k = 0,5137). Os valores de k foram próximos à zero, configuram uma
distribuição mais agregada e distante da aleatoriedade. Em relação as demais fases de
desenvolvimento do inseto e da planta não ocorreram ajustes às distribuições. A definição
da distribuição mais provável foi realizada apenas com base nos valores de χ², sendo que
valores maiores indicam que o ajuste à distribuição não é preciso, considerando uma dada
probabilidade, conforme possibilidade colocada por Binns et al. (2000) e segundo algoritmo
apresentado em Krebs (1999).
Outros ajustes simultâneos, de menor intensidade, foram observados. Um para
adultos na fase de perfilhamento, à distribuição Binominal negativa, ou seja, agregada (χ²=
1,6288; p= 0,202) e outro após a colheita do arroz, à distribuição Poisson, tanto adultos (χ²=
1,2225; p= 0,269) como para o somatório de adultos e ninfas (χ²= 3,7892; p= 0,150). Nesse
sentido, estudo sobre a distribuição espacial de Oebalus poecilus em sitio de hibernação
indicou que, em certas ocasiões de constatação de uma distribuição aleatória, também pode
ocorrer o ajuste simultâneo à Poisson, como ao modelo binomial negativo, tendo este fato
sido atribuído ao número reduzido de insetos coletados, o que poderia explicar estas
simultaneidades (SANTOS et al., 2004).
Conforme o conhecimento atual sobre a forma de estabelecimento do percevejo-docolmo nos arrozais, há dois modelos de distribuição espacial: ao acaso ou aleatória
(Poisson), no qual os insetos entram nas lavouras logo após a hibernação e agregada
(binomial negativa), no qual a população inicial é acrescida dos descendentes. Os
resultados foram semelhantes aos obtidos por Costa & Link (1992), sem, no entanto,
considerar os dados de ingresso na lavoura visto que estes não foram registrados.
Os índices de dispersão variância/média (I) e Morisita (Iδ) indicaram uma
distribuição do tipo agregada, com valores acima da unidade, tanto para adultos como para
ninfas e em todas as épocas de amostragem. Observa-se que ambos os índices foram
elevados no caso das ninfas no período final do perfilhamento (I = 4,19 e Iδ = 4,3157) e na
maturação (I = 3,51 e Iδ = 3,0273), indicando uma maior agregação para esta fase de vida
nestes períodos, do que nos adultos (I = 1,31 e Iδ = 1,4164, no perfilhamento e I = 1,34 e Iδ
= 1,9161, na maturação). Este fato mostra uma tendência deste inseto apresentar
distribuição agregada durante a época recomendada para o seu controle, principalmente as
ninfas, servindo de indicativo para a realização do plano de amostragem, com o fim de
estimar a densidade populacional como também a distribuição espacial na da lavoura após
a colheita, no caso da manutenção da soca. Esses resultados também evidenciam a
necessidade de registrar durante os levantamentos, tanto dados sobre ninfas como de
adultos, pois esses podem apresentar padrões de distribuição espacial diferenciados
quando considerados separadamente. Não foi possível o cálculo da dispersão e distribuição
espacial das posturas, devido à baixa freqüência observada.
Não existe um índice que satisfaça, na maioria dos casos, a todas as condições
(RABINOVICH, 1980). Portanto, para escolher o índice mais adequado, deve-se ter um
conhecimento geral sobre a disposição dos insetos e uma idéia da variabilidade das áreas
quanto ao número, tamanho das amostras e densidade média.
CONCLUSÃO
A informação obtida no primeiro ano de estudo, é indicativa de uma distribuição
agregada de adultos e de ninfas de Tibraca limbativentris [no final da fase de perfilhamento
das plantas de arroz (época recomendada para o controle desse inseto)] e na soca (um
645
possível sítio de hibernação).
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646
Eficiência de Inseticidas Aplicados em Dois Horários para o Controle
do Percevejo-do-Colmo Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera:
Pentatomidae) na Cultura do Arroz-Irrigado
1
2
3
4
Juliano Bastos Pazzini ; Nereu Carpes Meus ; Robson Antonio Botta ; Fernando Felisberto da Silva .
Palavras-chave: controle químico, tecnologia de aplicação, percevejo-do-colmo do arroz,
agrotóxicos.,
INTRODUÇÃO
Algumas espécies de insetos e outros fitófagos que ocorrem na cultura do arroz
irrigado nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina possuem potencial para
atingir níveis populacionais de dano econômico e causar perdas de produtividade da ordem
15 % a 30 %. O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris é considerado uma das pragas
mais importantes da cultura do arroz, especialmente de várzea úmida (Martins et al., 2000)
e o segundo inseto de importância econômica da cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil
(SOSBAI, 2010).
O percevejo-do-colmo é altamente prejudicial à cultura do arroz no Brasil
(FERREIRA et al., 1986), principalmente em cultivos irrigados por inundação. Em altas
infestações este inseto provoca perdas consideráveis de produção, principalmente, se o
ataque ocorrer nas fases de pré-floração e formação dos grãos (COSTA & LINK, 1992).
Na entressafra, o percevejo-do-colmo hiberna na base de plantas, de diversas
espécies, junto à superfície do solo, onde há maior umidade (LINK et al., 1997). Migrando
aos novos arrozais, localiza-se também na base das plantas de arroz, entre os colmos,
preferencialmente onde não há formação de lâmina d’água de irrigação, estando o solo
apenas saturado (BOTTON et al., 1996), característica encontrada na superfície das taipas
nas lavouras da região Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Nesses locais, ocorrem
condições de umidade e temperaturas propícias ao desenvolvimento do inseto (MARTINS &
LIMA, 1994).
Devido ao hábito de estabelecer-se e manter-se, predominantemente, entre os
colmos, à base das plantas, nem sempre as infestações são percebidas na época mais
recomendável para a adoção de medidas de controle (FERREIRA et al., 1997).
O maior problema associado ao percevejo-do-colmo é o fato do controle ser
efetuado, por meio de inseticidas químicos, sem considerar princípios do manejo integrado
de pragas. As pulverizações atingem, principalmente, adultos no topo das plantas de arroz,
mas não atingem grande quantidade de ninfas, protegidas entre os colmos, na base dessas
plantas (MARTINS et al., 2009). Associado a este fato tais aplicações de inseticidas
geralmente são realizadas em horários em que as condições tanto climatológicas como
fisiológicas da planta de arroz, no caso dos sistêmicos, não são as mais favoráveis.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de inseticidas, aplicados em
horários diferentes do dia, no controle do percevejo-do-colmo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na safra 2010/11, em lavoura comercial de arroz da
cultivar IRGA 417, localizada na Fazenda Pitangueira, no município de Itaqui/RS
(29°07'30"S e 56°33'10"O). O sistema de plantio utilizado foi de cultivo mínimo com taipas
1
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito, Itaqui - RS, 97650000, [email protected].
2
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
3
Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
4
Eng. Agr. Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, [email protected].
647
niveladas. Antecipadamente a aplicação dos tratamentos avaliou-se a ocorrência de
infestação do percevejo-do-colmo na lavoura, principalmente a presença de ninfas. O
experimento foi montado sobre as taipas, testando 4 tratamentos: Lambda-Cialotrina (50g/L;
150 ml/ha); Tiametoxam (250g/L; 125 g/ha) e Tiametoxam+L-Cialotrina (141g/L+106g/L; 175
ml/ha) em dois horários de aplicação (7h:30min; 16h:30min), formando um fatorial 4 x 2. O
delineamento foi blocos ao acaso, com quatro 4 repetições dispostos em taipas lado a lado.
A aplicação dos tratamentos foi feita com o auxílio de pulverizador costal com pressão
constante (mantida por CO2 comprimido) equipado com uma barra contendo 4 bicos (marca
Teejet), com jato num ângulo de 110° e pressão de 0,2 galões americanos por minuto numa
pressão de trabalho de 40 PSI, usando a vazão de 150 L/ha, numa altura de aplicação de
40 cm acima das plantas. Durante a instalação do experimento a cultura encontrava-se no
estádio entre emborrachamento e emissão da panícula (R2 – R3). As parcelas tinham 5m
de comprimento sobre as taipas que têm em média 0,5m de largura. Entre parcelas foi
deixado um espaço de 2m para não haver deriva do produto aplicado. As contagens de
ninfas e adultos foram realizadas nos dois metros centrais da parcela. Após a aplicação
foram feitas amostragens em intervalos de 7 dias, encerrando aos 21 DAA (dias após
aplicação). A avaliação da eficiência dos inseticidas foi feita baseada na Fórmula de
Henderson -Tilton (Mortalidade (%) = 100 x (1 – Ptantes x Pcdepois/Ptdepois x Pcantes),
onde: Pcantes = população nos tratamentos antes da aplicação; Ptantes = população na
testemunha antes da aplicação; Pcdepois = população nos tratamentos depois da
aplicação; Ptdepois = população na testemunha depois da aplicação. Este método de
avaliar a eficiência de controle de insetos é recomendado para infestação ou indivíduos
vivos e população desuniforme, como foi o caso do percevejo-do-colmo, que tem como
característica distribuição agregada (SILVA et. al, no prelo). A análise de variância foi feita
utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.6 beta (SILVA & AZEVEDO, 2002), sendo as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma análise geral dos dados obtidos após realizada a análise de variância, mostrou
significâncias, pela estatística F (p ≤ 0,01), para os fatores inseticidas, dias após a aplicação
(DAA) e estágio de desenvolvimento do inseto. As interações significativas ocorreram
apenas entre os períodos do dia e os inseticidas e DAA e estágio de desenvolvimento.
Considerando o número médio final de percevejos, tanto nas fases adulta como
ninfal, destacam-se reduzindo a população, considerando os periodos manhã e tarde, os
inseticidas: Tiametoxam, Lambda-cialotrina e Tiametoxam+Lambda-cialotrina. O inseticida
Tiametoxam reduziu as populações nas aplicações realizadas em ambos os períodos do
dia, já quando em associação com Lambda-cialotrina, somente no período da tarde ele
obteve efeitos negativos na população. Da mesma forma, Lambda-cialotrina apresentou tais
efeitos, no entanto, somente no período da manhã. Estes efeitos negativos evidenciam-se e
podem ser atribuídos aos inseticidas uma vez que a testemunha, sem aplicações, mantevese inalterada, independente dos períodos (Tabela 1).
Analisando-se os períodos do dia de forma isolada, quando aplicados os inseticidas
pela manhã observou-se que o Tiametoxam, conforme mencionado anteriormente, obteve a
maior redução populacional do inseto. Os demais inseticidas mostraram-se intermediários,
não diferindo da testemunha. Na parte da tarde, os melhores efeitos inseticidas foram
verificados novamente com o Tiametoxam e o Tiametoxam+Lambda cialotrina.
Quando associamos os dados da redução populacional do inseto aos da eficiência
de controle calculada por Henderson-Tilton, podemos verificar se esta redução é
considerada eficiente ou não. Este método de cálculo é utilizado para infestação ou
indivíduos vivos e população desuniforme, como é o caso do percevejo-do-colmo.
TABELA 1 – Número médio final de Tibraca limbativentris (ninfa + adulto) encontrados nos
diferentes períodos de aplicação dos tratamentos. Fazenda Pitangueira – Itaqui-RS.
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verificados novamente com o Tiametoxam e o Tiametoxam+Lambda cialotrina.
Quando associamos os dados da redução populacional do inseto aos da eficiência
de controle calculada por Henderson-Tilton, podemos verificar se esta redução é
considerada eficiente ou não. Este método de cálculo é utilizado para infestação ou
indivíduos vivos e população desuniforme, como é o caso do percevejo-do-colmo.
TABELA 1 – Número médio final de Tibraca limbativentris (ninfa + adulto) encontrados nos
diferentes períodos de aplicação dos tratamentos. Fazenda Pitangueira – Itaqui-RS.
Período
Manhã
Tarde
Tiametoxam
0,52* b A
0,83 b A
Lambda-cialotrina
1,12 ab B
2,18 a A
Tiametoxam + L. - cialotrina
1,12 ab A
0,25 b B
Testemunha
1,79 a A
1,08 a A
Media Geral
1,14 a A
1,08 b A
*Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas para colunas e minúsculas nas linhas, não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
Inseticidas
Nos testes de eficiência de controle deve-se separar os insetos em teste de acordo
com a fase de desenvolvimento que se encontram, uma vez que podem haver respostas
diferenciadas do inseticida, já que os insetos apresentam variações fisiológicas e
morfológicas em função destas fases.
O Tiametoxam, apesar de se destacar reduzindo a população dos percevejos
apresentou baixa eficiência de controle, pela parte da manhã (Tabela 2). Quando em
associação à Lambda-cialotrina obteve controle somente até os 7 DAA. Lambda-cialotrina
apresentou eficiência de controle aos 14 DAA, porém não atingiu o controle desejado. Já o
Tiametoxam+Lambda-cialotrina apresentou controle satisfatório aos 7 DAA. Estes dados
concordam com (MAZIERO et al. (2009) e FARIAS (2006) que obtiveram eficiências de
controle somente nas primeiras avaliações em experimentos com Piezedorus guildini.
No período da tarde o Tiametoxam apresentou eficiência satisfatória de controle
somente aos 21 DAA, a Lambda-cialotrina aos 14 DAA e quando em associação destes
inseticidas aos 7 e aos 21 DAA (Tabela 2).
Pelos resultados apresentados verifica-se que o controle quando realizada a
aplicação dos inseticidas pela parte da manhã não apresenta um residual elevado,
provavelmente devido às condições de maior presença de orvalho que pode ter infuenciado
negativamente a absorção dos inseticidas neonicotinóides, devido ao escorrimento. É
interessante ainda comentar que no experimento observou-se que a populção de ninfas foi
maior do que a de adultos e o neonicotinóide foi mais eficiente na sua redução populacional
do que o piretróide.
TABELA 2 – Eficiência de inseticidas (%), aplicados em períodos diferentes do dia, no
controle do percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) baseado na fórmula de HendersonTilton. Fazenda Pitangueira-Itaqui, RS.
Tratamentos
Tiametoxam
L-cialotrina
Tiametoxam + L-cialotrina
Testemunha
Tratamentos
Tiametoxam
L-cialotrina
Tiametoxam + L-cialotrina
Testemunha
*DAA: dias após a aplicação.
7 DAA*
Ninfas + Adultos
43,8
0
94,2
0
7 DAA
Ninfas + Adultos
55
0
80
0
Manhã
14 DAA
Ninfas + Adultos
0
65,7
7,7
0
Tarde
14 DAA
Ninfas + Adultos
78,6
82,4
71,4
0
21 DAA
Ninfas + Adultos
50
0
53,8
0
21 DAA
Ninfas + Adultos
92,5
76,9
100
0
Assim o neonicotinóide, por ser sistêmico, comporta-se como um i.a. eficiente no
649
L-cialotrina
Tiametoxam + L-cialotrina
Testemunha
*DAA: dias após a aplicação.
0
80
0
82,4
71,4
0
76,9
100
0
Assim o neonicotinóide, por ser sistêmico, comporta-se como um i.a. eficiente no
controle de ninfas e o piretóide para adultos. Este fato deve-se em grande parte ao
comportamento do inseto que, na fase ninfal movimenta-se pouco e permanece agregado
próximo ao local da postura, ou seja, próximos à base das plantas, com difícil acesso pelos
i.a. com característica de contato e não-sistêmicos. Os adultos, por sua vez, apresentam
maior movimentação nas plantas e podem entrar em contato com os protudos nãosistêmicos depositados na superfície das plantas. Quando estes dois inseticidas são
utilizados em conjunto, porém em concentrações reduzidas do neonicotinóide e aumentadas
do piretóide na formulação, observamos um efeito sinérgico de controle. Ainda, associado a
este fato, observamos que no período da tarde obtivemos as maiores eficiências.
CONCLUSÃO
Aplicações de Tiametoxam+Lambda-cialotrina são eficientes no controle de adultos
e ninfas de Tibraca limbativentris, recomendando-se que sejam realizadas no turno da
tarde.
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650
EFEITO DO INSETICIDA CLORANTRANILIPROLE SOBRE
Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE)
EM AGROECOSSISTEMA DE VÁRZEA
1
2
3
4
Anderson D. Grutzmacher ; Deivid A. Magano ; Marcelo Zimmer ; Nassan F. Guimarães ; Franciele S.
5
De Armas
Palavras-chave: Toxicidade, Parasitóide de ovos, Antranilamida, Controle químico, Manejo
Integrado de Pragas
INTRODUÇÃO
O arroz é um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana, sendo a
base alimentar de mais de três bilhões de pessoas no mundo, sendo o segundo cereal mais
cultivado no planeta, ocupando uma área de aproximadamente 158 milhões de hectares
(REUNIÃO..., 2010).
Na região Sul do Estado do Rio Grande do Sul, em solos de várzea, onde o arroz
irrigado se desenvolve em grandes áreas, a cultura do milho tem assumido grande
importância como alternativa no sistema de rotação de culturas, auxiliando principalmente
no controle de plantas daninhas (PORTO et al., 1998). No entanto, o uso de inseticidas tem
sido intensificado, em função do estabelecimento, a manutenção e desenvolvimento de
pragas polífagas como a lagarta-do-cartucho do milho Spodoptera frugiperda, que está
presente nas duas culturas (GRUTZMACHER et al., 2000).
O inseticida clorantraniliprole apresenta registro na cultura do arroz somente para o
curculionídeo Oryzophagus oryzae, fato que também se verifica na cultura do milho para
lagartas desfolhadoras, como para S. frugiperda. Entretanto, a dosagem recomendada do
produto comercial difere significativamente entre elas, o que pode causar efeitos
secundários sobre inimigos naturais, como o parasitóide de ovos do gênero Trichogramma.
Esses parasitóides são altamente efetivos, pois impedem a eclosão do hospedeiro antes
que qualquer dano seja causado à planta e são encontrados espontaneamente em arroz
irrigado na Índia, onde posturas da Scirpophaga incertulas (Lepidoptera: Pyralidae) são
realizadas sobre as folhas do arroz causando em plantas o sintoma de coração-morto (RANI
et al., 2007). Além disso, sob o ponto de vista de tolerância a inseticidas, os parasitóides de
ovos mostram-se particularmente promissores, uma vez que todos os estágios imaturos
desses parasitóides se desenvolvem sob a proteção do córion do ovo hospedeiro, o que é
extremamente importante para o estabelecimento e manutenção das populações do
parasitóide a campo durante a safra agrícola. Assim Polaszek et al. (2002) relataram a
existência de parasitóides do gênero Trichogramma, na cultura do arroz irrigado em
Bangladesh, identificando uma nova espécie desses parasitóides (Trichogramma zairi), e
então realizaram estudos de taxonomia e biologia deste inimigo natural.
Diante dessa realidade o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do inseticida
clorantranilipole sobre Trichogramma pretiosum, para os produtos registrados nas culturas
do arroz irrigado e do milho, baseando-se na metodologia proposta pela “International
Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants” (IOBC).
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios de Manejo Integrado de
1
Prof. Dr., Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade-LabMIP- Campus
Universitário s/n, Pelotas-RS, CEP 96.010-900 [email protected]
2
Eng. Agr., Universidade Federal de Pelotas, LabMIP, [email protected]
3
Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]
4
Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]
5
Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]
651
Pragas (LabMIP) da UFPel conforme metodologia estabelecida pela IOBC para
Trichogramma de acordo com Hassan et al. (2000). O material biológico utilizado nos
experimentos foi constituído pelo parasitóide T. pretiosum. A criação foi mantida em
laboratório, utilizando-se ovos inviabilizados, sob lâmpada germicida do hospedeiro
Anagasta kuehniella, à temperatura de 25±1ºC, umidade relativa do ar de 70±10% e
fotofase de 14 horas.
-1
Os inseticidas [produto comercial (ingrediente ativo - g ou mL p.c.ha - cultura
registrada)] avaliados foram: Altacor (chlorantraniliprole - 85,7 - arroz irrigado), Premio
(chlorantraniliprole - 50 - milho), Karate 50 CS (lambdacialotrina - 150 - arroz irrigado),
Ampligo (lambdacialotrina + chlorantraniliprole - 150 - milho) e Lannate BR (metomil - 600 padrão de toxicidade/milho). Além dos inseticidas testados, também foi utilizada uma
testemunha negativa (ausência de inseticida). Os parasitóides foram expostos a resíduos
secos dos inseticidas pulverizados sobre placas de vidro, na máxima dosagem
recomendada para uso a campo para controle de lagartas desfolhadoras e outros insetos
fitófagos das culturas do arroz irrigado e/ou milho cultivado em agroecossistema de várzea.
Os testes de toxicidade foram conduzidos, em laboratório, sob as mesmas
condições meteorológicas usadas na criação do parasitóide, expondo-se adultos de T.
pretiosum a resíduos secos dos compostos inseticidas. A exposição foi feita em placas
quadrangulares de vidro de 130 mm de lado, pulverizadas com os agrotóxicos. As
aplicações foram realizadas através de pulverizadores manuais, que proporcionaram um
-2
depósito de calda de 1,75±0,25 mg.cm na placa de vidro.
Para a liberação dos parasitóides, no interior das gaiolas, foram utilizados tubos de
emergência, sendo que cada um deles (ampola de vidro transparente de 120 mm de
comprimento por 20 mm de diâmetro em uma das extremidades e 7 mm na outra), continha
um círculo de cartolina (10 mm de diâmetro), com 250±50 ovos de A. kuehniella
previamente parasitados. Aproximadamente 24 horas após a emergência, os tubos
contendo os adultos de T. pretiosum foram conectados às gaiolas de contato (com as
placas de vidro), seis horas após a pulverização, permitindo a entrada dos insetos no
interior da gaiola. Seis horas após a retirada dos tubos de emergência, cartões contendo
três círculos de 10 mm de diâmetro com 450±50 ovos inviabilizados de A. kuehniella por
unidade, e alimento foram oferecidos em sobreposição às 24 (três cartões), 48 (dois
cartões) e 96 (um cartão) horas após pulverização, para serem parasitados por T.
pretiosum. A partir do número de ovos parasitados e número de fêmeas no interior da
gaiola, obteve-se o número médio de ovos parasitados por fêmea de T. pretiosum, para
cada tratamento.
Foram utilizadas quatro repetições para cada tratamento, sendo cada gaiola de
contato considerada uma unidade experimental no delineamento inteiramente casualizado.
Os dados obtidos foram testados quanto à normalidade e, submetidos à análise de
variação, sendo as médias dos tratamentos comparadas com a testemunha de cada
experimento pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro. As reduções, no
número médio de ovos parasitados, em função dos produtos testados foram corrigidas pela
fórmula RP = (1 - Rt/Rc)*100, onde RP é a porcentagem de redução no parasitismo, Rt é o
valor do parasitismo médio para cada produto e Rc o parasitismo médio observado para o
tratamento testemunha (negativa) (HASSAN et al., 2000). Com base nas porcentagens de
reduções no parasitismo, os inseticidas foram classificados segundo a IOBC em: 1) inócuo
(<30%); 2) levemente nocivo (30-79%); 3) moderadamente nocivo (80-99%) e 4) nocivo
(>99%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de ovos parasitados por fêmea no período de 24 horas, a razão sexual e o
número de parasitóides por ovo oriundo de fêmeas de T. pretiosum, foram influenciados
significativamente pelos inseticidas testados. O número de ovos parasitados e a razão sexual
estão dentre os parâmetros biológicos mais comumente afetados, ocasionados por efeitos
652
secundários de exposição aos inseticidas (FOERSTER, 2002).
Um importante parâmetro que valida os testes de seletividade com adultos de
parasitóides de ovos é o número de ovos parasitados por fêmea, executados seguindo a
metodologia do IOBC. Analisando o número médio de ovos parasitados por fêmea para a
testemunha, que ficou em torno de 32 ovos parasitados por fêmea, verificaram-se valores bem
superiores àqueles definidos pela IOBC, de 15 ovos parasitados por fêmea para Trichogramma
cacoeciae (Hymenoptera: Trichogrammatidae). De acordo com os dados observados na Tabela
1, os inseticidas enquadrados nas classes 2 (Altacor e Ampligo) e 4 (Karate Zeon 50 CS e
Lannate BR) requerem testes subseqüentes, com estágios imaturos do parasitóide no interior do
ovo do hospedeiro alternativo, de persistência biológica em casa de vegetação e ainda testes a
campo em lavouras de arroz irrigado e de milho a fim de obter resultados conclusivos sobre a
seletividade dos mesmos a esta espécie de Trichogramma. Somente o inseticida Premio pode
ser considerado seletivo e não necessita de novos testes, podendo ser considerado com
seletividade do tipo fisiológica ao parasitóide, sendo uma das grandes vantagens desse produto
que apresenta um mecanismo de ação diferenciado em relação aos produtos convencionais que
atuam no sistema nervoso, atuando chlorantraniliprole sobre a musculatura dos insetos, o que
pode ser uma importante ferramenta no manejo da resistência aos inseticidas convencionais
atualmente utilizados no controle de insetos praga da cultura do arroz irrigado.
Não obstante, esse produto em função de sua especificidade, não apresenta riscos de
intoxicação aguda aos aplicadores, podendo inclusive vir a ser incluído nas recomendações
técnicas da cultura do arroz irrigado, desde que seja solicitado o registro ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visto que o registro e conseqüente uso de novos
inseticidas piretróides está vetado após a irrigação por inundação.
Tabela 1- Número médio de fêmeas por gaiola e efeito de inseticidas utilizados nas culturas do arroz irrigado
e do milho sobre o número (±EP) de ovos parasitados por fêmeas, redução (%) na capacidade de
parasitismo de adultos de Trichogramma pretiosum e classificação de toxicidade segundo IOBC
em condições de laboratório (temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10%, fotofase de 14
horas). Pelotas-RS. 2010-2011.
1
3
4
Formulação
DC
Número de
Ovos parasitados por
RP(%)
Classes
2
comercial
fêmeas por
fêmea
2
gaiola
Testemunha
----148,18 ± 15,35 ns
32,14 ±3,38 a
--------Premio
50
155,6 ± 14,16
23,44 ± 3,21 a
27,07
1
Altacor
85,7
175,33 ± 13,78
9,79 ± 2,10 b
69,53
2
Ampligo
150
195,60 ± 17,90
9,33 ± 2,95 b
70,98
2
Karate Zeon 50 CS
150
186,48 ± 17,70
0,32 ± 0,04 c
99,01
4
Lannate BR
600
136,83 ± 13,50
0,00 ± 0,00 c
100,00
4
-1
2
DC = Dosagem da formulação comercial (g ou mL.ha ); Médias seguidas da mesma letra não diferem
3
significativamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro; RP = Redução do
4
parasitismo comparado com a testemunha; Classes da IOBC/WPRS para teste de toxicidade sobre adultos
de Trichogramma: 1=inócuo (<30%), 2=levemente nocivo (30-79%), 3=moderadamente nocivo (80-99%),
4=nocivo (>99%).
1
Verificando o desempenho desses dois produtos comerciais a base de chlorantraniliprole
foi possível inferir diferenças relativas contidas em suas formulações que podem ser cruciais
para a diferença entre as classes de seletividade entre os mesmos ao parasitóide, visto que o
produto Altacor é mais concentrado (350 g/L) que o produto Premio (200 g/L). Do ponto de vista
da formulação, Altacor possui grânulos dispersíveis em água enquanto que o inseticida Premio
possui suspensão concentrada, o que pressupõe que os ingredientes inertes contidos na
formulação de Altacor podem ter levado a redução no parasitismo. Outra questão a ser
abordada é que a dosagem de Altacor indicada para a cultura do arroz irrigado, que é quase
653
duas vezes maior que a indicada para a cultura do milho, causando o enquadramento do
produto na classe 2. Evidentemente maiores estudos deverão ser efetuados a fim de elucidar os
fatos acima expostos. As Antranilamidas vêm a ocupar um importante nicho no combate as
pragas da cultura do arroz irrigado, principalmente no que tange á lepidópteros pragas, como
dos gêneros Spodoptera e Mythimna (= Pseudaletia), que apresenta além de escassos produtos
registrados, os quais apresentam alta toxicidade e grandes riscos à saúde humana. Assim
Oliveira et al. (2009), realizaram ensaios de campo com o inseticida Altacor e observaram que
-1
na faixa de 40-50 mL ha foi capaz de controlar com 95% de eficiência 48 horas após a
aplicação do tratamento, para a lagarta-da-panícula (Pseudaletia). Este fato reforça a extensão
de registro de Altacor para o controle de lepidópteros praga na cultura do arroz Irrigado. Já o
inseticida Ampligo apesar de ser um produto com formulação suspensão concentrada tem a
presença de um piretróide junto da formulação que proporciona uma ação de choque aos
insetos, inclusive para os inimigos naturais. O produto Karate Zeon 50 CS tem esse efeito de
choque acentuado em função da elevada concentração do piretróide lambdacialotrina presente
neste produto, o que ocasionou uma alta mortalidade dos parasitóides.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos nos testes de toxicidade inicial em laboratório, com
as respectivas dosagens indicadas dos inseticidas para as culturas do arroz irrigado e do
milho, conclui-se que Premio é inócuo (classe 1), Altacor e Ampligo são levemente tóxicos
(classe 2), Karate Zeon 50 CS e Lannate BR são nocivos (classe 4) à T. pretiosum.
AGRADECIMENTOS
A FINEP pela infra-estrutura de laboratórios, a CAPES, ao CNPq e a FAPERGS
pela concessão de bolsas de estudos aos envolvidos no projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOERSTER, L.A. Seletividade de inseticidas a predadores e parasitóides. In: PARRA, J.R.P. et al. (eds.).
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protection products on Trichogramma cacoeciae Marchal (Hym., Trichogrammatidae). In: CANDOLFI,
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clima temperado na região sul do Brasil: Cultivares e manejo de solo e água. Pelotas: EmbrapaCPACT, 1998. 31p. (Embrapa-CPACT. Circular Técnica, 6).
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REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz
irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.
654
TOXICIDADE DO INSETICIDA ALTACOR SOBRE Trichogramma
pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) EM ARROZ
IRRIGADO
1
2
3
4
5
Anderson D. Grutzmacher ; Deivid A. Magano ; Marcelo Zimmer ; Luiz F. Paulus ; Leandro R. Krüger
Palavras-chave: Manejo Integrado de Pragas, Parasitóide de ovos, Antranilamida, Controle
químico, Sub-dosagens
INTRODUÇÃO
O cultivo de arroz irrigado, praticado na região Sul do Brasil contribui, em média,
com 54% da produção nacional, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro. Em
Santa Catarina, o plantio por meio do sistema pré-germinado responde pelo segundo lugar
na produção do grão irrigado, com 800 mil toneladas anuais segundo o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011). No entanto, insetos podem causar
danos á cultura, desde a semeadura á época de formação dos grãos (FRITZ et al., 2008).
Dentre os noctuídeos prejudiciais à cultura do arroz irrigado destacam-se Mythimna (=
Pseudaletia) sequax e Mythimna (= Pseudaletia) adultera, denominadas de lagarta-dapanícula, devido ao hábito de cortar as panículas, na época da colheita, provocando
significativa perda de cachos, podendo causar drástica redução de produtividade.
Apesar de relatos de sua presença há anos na cultura do arroz irrigado, entre outros
insetos praga de importância econômica (BIEZANKO, 1974), o aumento crescente de sua
população, vem preocupando produtores e pesquisadores ligados a orizicultura, visto que
não existem, até o momento, inseticidas registrados no MAPA para o controle eficiente
desse inseto. Em ensaios realizados por Oliveira et al. (2009) em lavouras comerciais, a
utilização do inseticida Altacor (chlorantraniliprole), mostrou uma alta eficiência quando
-1
aplicado nas dosagens de 40 a 75 g p.c. ha , no entanto esse inseticida, apresenta registro
-1
somente para o curculionídeo Oryzophagus oryzae com uma dosagem de 85,7 g p.c. ha
(REUNIÃO..., 2010).
Em estudos preliminares de seletividade de inseticidas á Trichogramma pretiosum,
realizados no LaBMIP-UFPel, verificaram que na dosagem registrada o inseticida Altacor
(chlorantraniliprole), mostrou-se levemente tóxico á esses inimigos naturais o que mostrou
causar efeitos secundários sobre essa espécie. Esses parasitóides são altamente efetivos,
pois impedem a eclosão do hospedeiro antes que qualquer dano seja causado à planta e
são encontrados espontaneamente em arroz irrigado na Índia, onde posturas da
Scirpophaga incertulas (Lepidoptera: Pyralidae) são realizadas sobre as folhas do arroz
causando em plantas o sintoma de coração-morto (RANI et al., 2007). Polaszek et al.,
(2002) relataram a existência de parasitóides do gênero Trichogramma, na cultura do arroz
irrigado em Bangladesh, identificando uma nova espécie desses parasitóides
(Trichogramma zahiri), e então realizaram estudos de taxonomia e biologia deste inimigo
natural, o que motivou a conduzir esse ensaio.
Diante dessa realidade o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do inseticida
-1
chlorantranilipole sobre T. pretiosum, na dosagem registrada (85,7 g p.c. ha ) e três subdosagens, aplicando a metodologia de seletividade proposta pela “International Organization
for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants” (IOBC).
1
Prof. Dr., Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade-LabMIP- Campus
Universitário s/n, Pelotas-RS, CEP 96.010-900, [email protected]
2
Eng. Agr., Universidade Federal de Pelotas, LabMIP, [email protected]
3
Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]
4
Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]
5
Msc., Eng. Agr., Bolsista DTI/CNPq, [email protected]
655
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios de Manejo Integrado de
Pragas (LabMIP) da UFPel conforme metodologia estabelecida pela IOBC para
Trichogramma de acordo com Hassan et al. (2000). O material biológico utilizado nos
experimentos foi constituído pelo parasitóide T. pretiosum. A criação foi mantida em
laboratório, utilizando-se ovos inviabilizados, sob lâmpada germicida do hospedeiro
Anagasta kuehniella, à temperatura de 25±1ºC, umidade relativa do ar de 70±10% e
fotofase de 14 horas.
-1
Os inseticidas [produto comercial (ingrediente ativo - g ou mL p.c.ha )] avaliados
foram: Altacor (chlorantraniliprole - 85,70, 42,85, 21,42 e 10,71 ), e Lannate BR (metomil –
1.000 - padrão de toxicidade). Além dos inseticidas testados, também foi utilizada uma
testemunha negativa (ausência de inseticida). Os parasitóides foram expostos a resíduos
secos dos inseticidas pulverizados sobre placas de vidro, na máxima dosagem
recomendada para uso a campo para controle de lagartas e outros insetos fitófagos da
cultura do arroz irrigado.
Os testes de toxicidade foram conduzidos, em laboratório, sob as mesmas
condições meteorológicas usadas na criação do parasitóide, expondo-se adultos de T.
pretiosum a resíduos secos dos compostos inseticidas. A exposição foi feita em placas
quadrangulares de vidro de 130 mm de lado, pulverizadas com os agrotóxicos. As
aplicações foram realizadas através de pulverizadores manuais, que proporcionaram um
-2
depósito de calda de 1,75±0,25 mg.cm na placa de vidro.
Para a liberação dos parasitóides, no interior das gaiolas, foram utilizados tubos de
emergência, sendo que cada um deles (ampola de vidro transparente de 120 mm de
comprimento por 20 mm de diâmetro em uma das extremidades e 7 mm na outra), continha
um círculo de cartolina (10 mm de diâmetro), com 250±50 ovos de A. kuehniella
previamente parasitados. Aproximadamente 24 horas após a emergência, os tubos
contendo os adultos de T. pretiosum foram conectados às gaiolas de contato (com as
placas de vidro), seis horas após a pulverização, permitindo a entrada dos insetos no
interior da gaiola. Seis horas após a retirada dos tubos de emergência, cartões contendo
três círculos de 10 mm de diâmetro com 450±50 ovos inviabilizados de A. kuehniella por
unidade, e alimento foram oferecidos em sobreposição às 24 (três cartões), 48 (dois
cartões) e 96 (um cartão) horas após pulverização, para serem parasitados por T.
pretiosum. A partir do número de ovos parasitados e número de fêmeas no interior da
gaiola, obteve-se o número médio de ovos parasitados por fêmea de T. pretiosum, para
cada tratamento.
Foram utilizadas quatro repetições para cada tratamento, sendo cada gaiola de
contato considerada uma unidade experimental no delineamento inteiramente casualizado.
Os dados obtidos foram testados quanto à normalidade e, submetidos à análise de
variação, sendo as médias dos tratamentos comparadas com a testemunha de cada
experimento pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro. As reduções, no
número médio de ovos parasitados, em função dos produtos testados foram corrigidas pela
fórmula RP = (1 - Rt/Rc)*100, onde RP é a porcentagem de redução no parasitismo, Rt é o
valor do parasitismo médio para cada produto e Rc o parasitismo médio observado para o
tratamento testemunha (negativa) (HASSAN et al., 2000). Com base nas porcentagens de
reduções no parasitismo, os inseticidas foram classificados segundo a IOBC em: 1) inócuo
(<30%); 2) levemente nocivo (30-79%); 3) moderadamente nocivo (80-99%) e 4) nocivo
(>99%).
656
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de ovos parasitados por fêmea é um importante parâmetro que valida os
testes de seletividade com adultos de parasitóides de ovos, executados seguindo a metodologia
do IOBC. Analisando o número médio de ovos parasitados por fêmea para a testemunha, que
ficou em torno de 29,05 ovos parasitados por fêmea (Tabela 1), verificaram-se valores bem
superiores àqueles definidos pela IOBC, de 15 ovos parasitados por fêmea para Trichogramma
cacoeciae (Hymenoptera: Trichogrammatidae). O número de ovos parasitados por fêmea no
período de 24 horas, a razão sexual e o número de parasitóides por ovo oriundo de fêmeas de
T. pretiosum, foram influenciados significativamente pelos inseticidas testados. O número de
ovos parasitados e a razão sexual estão dentre os parâmetros biológicos mais comumente
afetados, ocasionados por efeitos secundários de exposição aos inseticidas (FOERSTER, 2002).
Como é possível constatar na Tabela 1, as referidas sub-dosagens não oferecem riscos
a sobrevivencia de T. pretiosum, nem tampouco provocam reduções consideráveis na taxa de
parasitismo. Entretanto é importante salientar que dentre as dosagens testadas, que ainda não
possuem registro para a cultura do arroz irrigado, para lepidópteros, a sub-dosagem que
-1
apresenta 42,85 g p.c. ha poderia vir a ser registrada para o controle de M. sequax e M.
adultera, pois de acordo com Oliveira et al. (2009) dosagens no intervalo de 40 a 50 g.ha
apresentaram controle de aproximadamente 95% e nessa faixa o inseticida mostrou-se inócuo a
T. pretiosum.
Tabela 1- Número médio de fêmeas por gaiola e efeito de inseticidas utilizados nas culturas do arroz irrigado
e do milho sobre o número (±EP) de ovos parasitados por fêmeas, redução (%) na capacidade de
parasitismo de adultos de Trichogramma pretiosum e classificação de toxicidade segundo IOBC
em condições de laboratório (temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10%, fotofase de 14
horas). Pelotas-RS. 2010-2011.
Formulação
comercial
DC
1
3
Ovos parasitados por
2
fêmea
RP(%)
-----
Número de
fêmeas por
2
gaiola
216,95 ± 3,29 ns
29,05 ±3,27 a
-----
-----
Altacor
10,71
247,57 ± 14,67
23,99± 2,26 a
17,42
1
Altacor
21,42
224,92 ± 24,75
30,72±1,60 a
0,00
1
Altacor
42,85
187,19 ± 11,19
28,24± 7,61a
2,79
1
Altacor
85,70
167,30 ± 12,85
9,47±3,48 b
67,40
2
Testemunha
Classes
4
Lannate BR
1.000
178,89 ± 13,50
0,00 ± 0,00 b
100,00
4
-1
2
DC = Dosagem da formulação comercial (g ou mL.ha ); Médias seguidas da mesma letra não diferem
3
significativamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro; RP = Redução do
4
parasitismo comparado com a testemunha; Classes da IOBC/WPRS para teste de toxicidade sobre adultos
de Trichogramma: 1=inócuo (<30%), 2=levemente nocivo (30-79%), 3=moderadamente nocivo (80-99%),
4=nocivo (>99%).
1
Em função da seletividade de Altacor nas faixas testadas é coerente a solicitação de
expansão de registro desse produto para Mythimna sp. e para outras espécies lepidópteropraga, visto que sua aplicação, nas faixas testadas garante o controle eficaz sem prejudicar os
inimigos naturais, visto que o gênero Trichogramma é reconhecido internacionalmente como
padrão de toxicidade, sendo o mais suscetível dos inimigos naturais. Esse trabalho sugere que
mais estudos devem ser realizados com relação a outra importante espécie que ataca o arroz
como a lagarta-da-folha do arroz Spodoptera frugiperda, que poderia vir a substituir produtos
como os piretróides que tem sua aplicação proibida junto á água de irrigação, sendo uma
alternativa no manejo integrando destas pragas.
657
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos nos testes de toxicidade inicial em laboratório, com
as respectivas dosagens é possível inferir que nas dosagens de 42,85, 21,42 e 10,71 g p.c.
-1
ha são enquadrados na classe 1 sendo inócuos a T. pretiosum. Na dosagem de registro de
-1
85,70 g p.c. ha , é verificada classe 2, sendo levemente nocivo. O inseticida Lannate BR
mostra-se nocivo (classe 4) à T. pretiosum.
AGRADECIMENTOS
A FINEP pela infra-estrutura de laboratórios, a CAPES, ao CNPq e a FAPERGS
pela concessão de bolsas de estudos aos envolvidos no projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIEZANKO, C.M.; RUFFINELLI A.; LINK, D. Plantas y otras sustancias alimenticias de las orugas de lo
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FRITZ, L.L.; HEINRICHS, E. A.; PANDOLFO, M.; SALLES,S. M. DE; OLIVEIRA, J. V.; FIUZA, L. M.
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http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/vegetal/culturas/arroz Data
de acesso: 19/05/2011.
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RANI, U.P.; KUMARI, S.I.; SRIRAMAKRISHMA,T.; SUDHAKAR, T.R. Kairomones extracted from Rice
Yellow Stem Borer and their Influence on egg parasitization by Trichogramma japonicum Ashmead.
Journal of Chemistry Ecology, v. 33, p.59-73, 2007.
REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz
irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.
658
CONTROLE QUÍMICO DA LAGARTA-DA-PANÍCULA
(Pseudaletia spp.) EM ARROZ IRRIGADO
1
2
3
4
Diego Dalla Favera , Francis Sartori Maffini , Marlon Tagliapietra Stefanello , Lucas Foggiato , Nédio
5
6
Rodrigo Tormen , Mauro Braga
Palavras Chave: Oryza sativa L., inseticidas, produtividade
INTRODUÇÃO
A lagarta-da-panícula tem ocorrência recente e, atualmente, é considerada a
segunda praga em importância na cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Existem
duas espécies, Pseudaletia adultera e Pseudaletia sequax, sendo a última predominante.
Na safra 2008/09 mais de 40% da área orizícola do estado apresentou ataques de
Pseudaletia spp. (MARTINS et al., 2009). A praga ataca as plantas de arroz desde o início
da fase de emissão das panículas até poucos dias antes da maturação. No inicio do seu
desenvolvimento, as lagartas se alimentam das folhas. Nos últimos instares, as mesmas
atacam as panículas, cortando-as, podendo causar danos na produtividade que, segundo
Oliveira et al. (2005), podem chegar a 20%.
Como é um problema recente, ainda não foi estabelecido um sistema eficaz para
o manejo do inseto. A alternativa mais utilizada pela maioria dos orizicultores tem sido a
aplicação de inseticidas. Entretanto, até o momento inexistem inseticidas registrados para o
controle da praga em arroz, mas sim em outras culturas em que a mesma ocorre, como no
trigo. Assim, há desinformação sobre tópicos relevantes como doses, épocas de aplicação,
seletividade a inimigos naturais, entre outros. Dessa forma, o presente trabalho objetivou
avaliar o controle de Pseudaletia spp. com diferentes inseticidas e doses e o dano
provocado pela praga à cultura do arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Phytus em
Restinga Seca/RS na safra agrícola 2010/2011. A cultura foi estabelecida em área sob
sistema de cultivo convencional. Foi utilizada a cultivar Puitá INTA CL a uma densidade de
-2
sementes visando uma população de 300 plantas.m e um espaçamento entre linhas de
-1
0,17m. Utilizou-se como adubação de base 300 kg.ha da fórmula 08-25-20 (N-P-K), e
-1
adubação de cobertura 300 kg.ha de uréia.
O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Foram
testados seis tratamentos: 1. testemunha (sem aplicação); 2. chlorantraniliprole (17,5 g.ha
1
-1
-1
); 3. diflubenzurom (19,20 g.ha ); 4. diflubenzurom (24,00 g.ha ); 5. diflubenzurom (28,80
-1
-1
g.ha ); 6. diflubenzurom (33,60 g.ha ). A aplicação foi realizada com um pulverizador costal
pressurizado a CO2, utilizando-se barra de 6 pontas tipo leque XR11002 (200 kPa e 1,5 m.s
1
-1
), proporcionando vazão de 150 L.ha . A aplicação foi realizada no início da emissão das
panículas (5 % de panículas emitidas).
-2
Foi avaliado o número de lagartas-da-panícula por m , aos 0, 2, 4, 7, 10 e 14 dias
após a aplicação (DAA) e a produtividade da cultura. As unidades experimentais
-2
-2
apresentavam 60 m de área total e 32 m de área útil. Os dados foram submetidos à
análise de variância e teste de Tukey (p ≤ 0,05) para a comparação das médias através do
1
Eng. Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Bolsista CAPES, UFSM, Rua
Serafim Valandro, 464, Bloco C, Apto 205, 97010480, Santa Maria – RS, [email protected].
2
Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected].
3
Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected].
4
Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected].
5
Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected].
6
Pesquisador de Entomologia, Instituto Phytus, [email protected].
659
software PlotIt versão 3.2. Antes da análise, os dados do número de indivíduos de
Pseudaletia spp. por metro quadrado foram transformados com a equação X + 0,5 .
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nível de infestação de Pseudaletia spp. na área permitiu a diferenciação entre a
testemunha e os tratamentos inseticidas. Estes reduziram significativamente o número de
indivíduos de Pseudaletia spp. por metro quadrado e incrementaram a produtividade do
arroz em relação à testemunha não tratada.
Desde a primeira avaliação, realizada aos 2 DAA, foram observadas reduções
significativas no número de indivíduos de Pseudaletia spp. nos tratamentos com aplicação
de inseticida em relação à testemunha (Tabela 1). Todos os tratamentos inseticidas
apresentaram eficácia de 100% (controle de todos os indivíduos) na última avaliação (14
DAA). No entanto, isso foi alcançado em momentos distintos nos diferentes tratamentos. No
-1
tratamento com chlorantraniliprole (17,5 g.ha ), 100% de controle foi observado somente na
última avaliação (14 DAA). O mesmo ocorreu com os tratamentos com diflubenzurom (19,20
-1
-1
e 24,00 g.ha ). Já nas doses 28,80 e 33,60 g.ha , o diflubenzurom controlou todos os
indivíduos desde as avaliações realizadas aos 10 e 7 DAA, respectivamente. Eficácias de
controle da praga superiores a 80% foram observadas em todos os tratamentos inseticidas
desde a avaliação realizada aos 4 DAA.
Incrementos na produtividade em relação à testemunha de 11,14 a 20,28% foram
obtidos com os tratamentos inseticidas (Figura 1). No entanto, não foram observadas
diferenças estatisticamente significativas entre os mesmos. A produtividade no tratamento
com diflubenzurom aumentou gradativamente com a utilização das doses 19,20, 24,00 e
-1
-1
28,80 g.ha . Já com o uso da maior dose (33,60 g.ha ) houve redução da produtividade, a
qual não diferiu significativamente da testemunha.
Os dados obtidos concordam com os obtidos por Oliveira et al. (2009), onde
danos de 7 a 20 % na produtividade foram observados pelo ataque de Pseudaletia spp. em
arroaz irrigado. No presente trabalho, entretanto, não foi observado ataque de lagartas as
panículas, mesmo no tratamento testemunha. Isto ocorreu pelo fato da população de
lagartas estar muito baixa próximo ao final do ciclo da cultura, devido, provavelmente, ao
término do ciclo da praga e a não ocorrência de nova infestação. Na testemunha,
entretanto, foi observada severa desfolha.
Tabela 1 – Número de indivíduos de lagarta-da-panícula do arroz (Pseudaletia spp.) por m
em função de diferentes inseticidas e doses. Restinga Seca, 2011.
Tratamentos
-1
(dose em g.ha )
1. testemunha
(-)
2. chlorantraniliprole
(17,5)
3. diflubenzurom
(19,2)
4. diflubenzurom
(24,0)
5. diflubenzurom
(28,8)
6. diflubenzurom
(33,6)
C.V.
Lagartas.m
-2
0
DAA*
2
DAA
2,38 a
4,00 b***
0
10,50 d
0
10,00 c
0
2,42 a
1,75 ab
56
2,00 bc
81
0,75 ab
93
2,26 a
1,25 ab
69
1,50 ab
86
0,50 a
95
0,50 a
2,18 a
0,50 a
88
1,75 b
83
0,50 a
95
0,25 a
98
0,00 a
100
2,35 a
1,50 ab
63
1,50 ab
86
0,25 a
98
0,00 a
100
0,00 a
100
2,41 a
0,25 a
94
0,50 a
95
0,00 a
100
0,00 a
100
0,00 a
100
12,85
30,01
4
Efic.**
DAA
-2
Efic.
11,81
7
DAA
13,49
Efic.
10
DAA
Efic.
14 DAA
11,25 c
0
17,50 b
0
0,50 ab
96
0,00 a
100
96
0,00 a
100
17,69
Efic.
11,41
* DAA: Dias após a aplicação. ** Efic: Eficácia de controle em percentagem (%). *** Médias seguidas por mesma letra na
coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).
660
C.V.: 4,7 %
-1
Figura 1: Produtividade da cultura do arroz irrigado (kg.ha ) em função do controle de
Pseudaletia spp. com diferentes inseticidas e doses. Restinga Seca, 2011. * Médias
seguidas por mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).
CONCLUSÕES
-1
Os inseticidas chlorantraniliprole (17,50 g.ha ) e diflubenzurom (todas as doses)
apresentaram-se eficazes no controle da Pseudaletia spp. O aumento da dose de
Diflubenzurom resultou em controle mais rápido da praga.
Não foram observadas diferenças significativas na produtividade do arroz irrigado
-1
entre os tratamentos com os inseticidas chlorantraniliprole (17,50 g.ha ) e diflubenzurom
(todas as doses) utilizados no controle de Pseudaletia spp.
A lagarta Pseudaletia spp., apesar de somente ter atacado as folhas, causou
danos de até 20% na produtividade do arroz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, J.F.S; BARRIGOSSI, J.A.F; OLIVEIRA, J.V.; CUNHA, U.S. Situação do Manejo Integrado
de Insetos-praga na Cultura do Arroz no Brasil. Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS, 2009.
Disponível em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/ 26425/1/documento-290.pdf. Acesso
em 25/05/2011.
OLIVEIRA, J. V. de; FIUZA, L.M; FREITAS, J. P. de; DOTTO,G. Lavoura sob ataque:lavouras de arroz
irrigado do R S enfrentam violento ataque de lagartas. Cultivar, Pelotas, n.70, p. 20-23, 2005.
OLIVEIRA, J. V. de; FREITAS, T. F. S. de; BARROS, J. I. de; DOTTO, J.; FREITAS, J. P. de;
CREMONESE, J. Controle químico da lagarta-da-panícula Pseudaletia spp. (Lepidoptera:
Noctuidae) em arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ
IRRIGADO., 6., 2009. Disponível em: http://www.irga.rs.gov.br/uploads/anexos/4.4.2_Contro.pdf. Acesso
em 25/05/2011.
661
EFEITO DA SUPRESSÃO DA INUNDAÇÃO NA POPULAÇÃO LARVAL
DE Oryzophagus oryzae E PRODUTIVIDADE DA
CULTIVAR DE ARROZ BRS QUERÊNCIA
1
2
3
José Francisco da Silva Martins ; Ana Paula Schneid Afonso da Rosa ; Maria Laura Turino Mattos ;
4
5
6
Crislaine Alves Barcellos de Lima ; Germano Tessmer Büttow ; Guilherme Mathias Strieder ; Leano
7
Franklin da Silva
Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, prática cultural, controle físico
INTRODUÇÃO
Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto bastante
frequente na cultura do arroz irrigado por inundação no Sul do Brasil, podendo reduzir em
até 18% a produtividade (MARTINS; PRANDO, 2004). Como o inseto possui hábito aquático,
o manejo da água de irrigação exerce influência marcante na sua dinâmica populacional.
O inseto adulto (gorgulho-aquático) pode danificar grande quantidade de plântulas,
principalmente de arroz pré-germinado (FERREIRA LIMA, 1951). São as larvas (bicheira-daraiz), porém, que causam os danos mais severos. O controle predominantemente é efetuado
por meio de inseticidas químicos, destacadamente em áreas extensas de cultivo (MARTINS;
CUNHA, 2007). Em pequenas lavouras (≤ 10 ha) e em áreas de produção de arroz orgânico,
porém, a aplicação de inseticidas não raramente é substituída pela supressão de irrigação,
visando o controle direto de larvas ou criar condições para que as plantas se recuperem dos
danos às raízes. Apesar da “retirada de água” ser apontada como uma possível alternativa
para reduzir a população de larvas (MARTINS; PRANDO, 2004) e serem realizados vários
estudos sobre o manejo da água de irrigação do arroz (GOMES et al., 2008), há escassez
de informação sobre o papel dessa prática como método de controle do inseto.
Nos Estados Unidos da América a retirada temporária da água (HEISLER et al.,
1992; THOMPSON et al., 1994) e o retardamento da inundação de arrozais (RICE et al.,
1999) foram indicados como redutores dos danos do gorgulho-aquático Lissorhoptrus
oryzophilus. O retardamento da inundação baseia-se no fato da oviposição em plantas de
arroz apenas ocorrer em condições de inundação, sendo estratégico expô-las ao inseto
somente quando mais desenvolvidas e, portanto, potencialmente mais tolerantes ao dano
das larvas. No Brasil, foi considerado que em arrozais extensos a retirada de água, mesmo
reduzindo a população larval de O. oryzae é inviável, devido ao fato de não evitar perdas
significativas de produtividade; ademais, pode ainda facilitar a infestação por plantas
daninhas e por insetos de hábitos subterrâneos, além de aumentar os custos de produção,
devido à necessidade de reposição da água nas lavouras (MARTINS et al., 1977). Porém,
em pequenas lavouras bem niveladas (sem poças de água), é considerado que a
“drenagem” possa reduzir os danos do inseto (MARTINS; PRANDO, 2004). Estudos
recentes indicaram estreita relação entre o decréscimo da população larval de O. oryzae e o
aumento do período de supressão da inundação; evidenciaram ser possível reduzir a
população do inseto interrompendo a irrigação por um período de até 10 dias, sem provocar
perdas de produtividade de arroz (MARTINS et al., 2008; MARTINS et al., 2009). Como há o
interesse de alguns orizicultores em manter a supressão da inundação como método de
1
Eng. Agrônomo, Dr., Embrapa Clima Temperado, BR 392, km 78, CP 403, CEP 96.000-970, Pelotas - RS,
[email protected].
Eng. Agrônoma, Dra., Embrapa Clima Temperado, [email protected].
3
Eng. Agrônoma, Dra., Embrapa Clima Temperado, [email protected].
4
Bióloga, UFPel-FAEM/Pós-graduação, [email protected].
5
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
6
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
7
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
2
662
controle de O. oryzae, principalmente em pequenas lavouras, foi realizado esse trabalho
com o objetivo de estudar o efeito da supressão da irrigação, por um período de até 20 dias,
na população larval do inseto e produtividade da cultivar BRS Querência.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental
Terras Baixas, Capão do Leão - RS, no sistema convencional de cultivo, num Planossolo
-1
Háplico, adubado na base com 300 Kg.ha da fórmula 5-20-20. Seis tratamentos, com seis
repetições, foram avaliados no delineamento de blocos casualizados: manutenção de
parcelas com lâmina de água permanente e tratadas com o inseticida carbofurano (T1);
manutenção de parcelas com lâmina de água permanente, sem tratamento químico (T2);
eliminação da lâmina de água das parcelas por um período de 5 (T3), 10 (T4), 15 (T5) e 20
dias (T6) dias, a partir de 35 dias pós-inundação (35 DAI).
A seguinte metodologia foi utilizada: (a) semeadura (27/10/10), em parcelas com
2
10,5m , consistindo de 11 fileiras de plantas com 5m de comprimento (espaçadas 17,5cm),
da cultivar BRS Querência, na densidade de 100 sementes viáveis/metro linear, sendo as
parcelas cercadas por taipas, para controle da entrada e saída da água de irrigação; (b)
inicio da irrigação por inundação, em 07/12/10, aos 25 dias pós-emergência das plântulas
-1
de arroz, formando uma lâmina de água de 15cm; (c) aplicação de nitrogênio (45 kg.ha )
em cobertura, em todas as parcelas, 20 dias pós-inundação (20 DAI); (d) aos 35 DAI
(11/01/11), avaliação da população larval em todas as parcelas, por meio de quatro
amostras-padrão de solo e raízes, com ± 0,10m de altura e 0,10m de diâmetro (duas
retiradas na 1ª fileira de plantas e duas na 11ª fileira), aplicação de carbofurano granulado
-1
(400 g.ha ) nas parcelas do tratamento T1 e drenagem total da água das parcelas dos
tratamentos T3, T4, T5 e T6; (e) aos 40, 50, 55 e 60 DAI, reposição da água respectivamente
nas parcelas dos tratamentos T3, T4, T5 e T6, reavaliando simultaneamente a população
larval nessas parcelas e nas parcelas dos tratamentos T1 e T2; (f) colheita de grãos nos
2
quatro metros centrais da 2ª à 10ª fileira de plantas, correspondendo a uma área de 6,3m .(
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). Com base na homogeneidade de variâncias
(teste de Hartley) os dados sobre número de larvas foram transformados em √ x + 0,5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação da população larval de O. oryzae aos 35 DAI (antes da retirada de água
das parcelas) indicou uma uniformidade de infestação entre as parcelas a receber os
diferentes tratamentos, correspondendo a uma média geral de 6,4 larvas/amostra (F= 0,08
ns; CV= 16,8%), próximo ao nível de infestação mínimo (5 larvas/amostra) indicativo da
necessidade de adoção de medidas de controle (REUNIÃO..., 2010). Essa uniformidade da
infestação inicial entre as parcelas proporcionou uma maior segurança à interpretação de
que as diferenças quanto à população do inseto, detectadas no transcurso do experimento,
foram decorrentes dos efeitos dos tratamentos de supressão da irrigação.
O número de larvas/amostra registrado em cada data de reposição da água, nas
parcelas mantidas constantemente inundadas e tratadas com o inseticida carbofurano (T1),
foi nulo; ao contrário, o número de larvas/amostra (N) registrado em cada uma dessas datas,
nas parcelas mantidas sempre com água e sem tratamento químico (T2), foi superior (16,2 ≤
N ≤ 21,9), porém, sem diferenças significativas (Tabela 1). O número de larvas/amostra,
registrado nas mesmas datas, nas parcelas dos tratamentos de supressão da irrigação (T3,
T4, T5 e T6) foi significativamente inferior ao detectado nas parcelas mantidas sempre com
água (T2). Apesar do grau variável de redução da população do inseto exercido pelos
tratamentos de supressão da irrigação (53,8% a 84,9%), apenas ocorreu diferença
significativa entre o maior e o menor número de larvas/amostra, inerentes aos tratamentos
de supressão por 5 (T3) e 15 (T5) dias, respectivamente, enquanto que o mais provável seria
663
detectar a menor infestação nas parcelas onde a irrigação foi suprimida por 20 dias (T6 ).
Tabela 1. População larval de Oryzophagus oryzae em plantas da cultivar de arroz BRS
Querência mantidas sob inundação constante (com água) ou a diferentes períodos de
supressão da irrigação (sem água). Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS. 2011
Períodos de
Número de larvas/amostra de solo e raízes
supressão
C/água e c/inseticida1,2 C/água e s/inseticida1,2
S/água e s/inseticida2
Redução (%)3
05 dias
0aA
16,8 a B
7,8 a C
- 53,8
10 dias
0aA
20,6 a B
5,8 ab C
- 67,2
15 dias
0aA
21,9 a B
3,3 b C
- 84,9
20 dias
0aA
16,2 a B
4,8 ab C
- 70,4
1
Nível de infestação nas parcelas sob regime constante de inundação, com (T 1) e sem inseticida (T2), registrado
simultaneamente ao nível de infestação nas parcelas dos tratamentos T 3, T4, T5 e T6, após 5, 10, 15 e 20 dias de
supressão da inundação, respectivamente. 2Médias com letras iguais (minúsculas na vertical e maiúsculas na
horizontal) não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). 3Diferença= [(Nx - Ny)/Nx] x 100, sendo Nx e
Ny o número de larvas/amostra inerente ao tratamento com água e sem inseticida (T 2) e ao correspondente tratamento
de supressão da irrigação, respectivamente.
Não ocorreram perdas significativas de produtividade da cultivar BRS Querência,
quando a irrigação foi suprimida por um período de até 15 dias (Tabela 2). Em estudos
anteriores, com a cultivar BRS 7 “Taim” (MARTINS et al., 2008) e a linhagem CNA 10758
(MARTINS et al., 2009), não foram detectadas perdas significativas quando a irrigação foi
interrompida por até 10 dias, sendo os demais períodos de supressão estudados de 20, 30 e
40 dias. O fato da cultivar BRS Querência não ter a produtividade reduzida, quando exposta
à supressão da irrigação por mais de 10 dias, comparativamente à cultivar e à linhagem
estudadas anteriormente, indica que pode haver uma resposta diferenciada de genótipos de
arroz a esse tipo de estresse hídrico. Apesar de no período total de supressão da irrigação
(12 a 31/01/11), o acumulado de chuva ter sido de 51,8 mm (Tabela 3), a distribuição dessa
durante a aplicação de cada tratamento (T3; T4; T5; T6) pouco interferiu nos resultados do
experimento, pois tanto a infestação larval de O. oryzae (Tabela 1) quanto a produtividade
da cultivar BRS Querência (Tabela 2) tendeu a decrescer com a duração dos tratamentos.
Tabela 2. Efeito de períodos de supressão da irrigação na produtividade da cultivar BRS
Querência. Embrapa Clima Temperado. Pelotas - RS. 2011.
Produção de grãos
(Kg/ha)2
Redução (%)3
S/supressão e c/inseticida (T1)1
7472 ab
- 1,9
2
S/supressão e s/inseticida (T2)
7620 a
C/supressão por 05 dias (T3)
7418 ab
- 2,7
C/supressão por 10 dias (T4)
7168 ab
- 5,9
C/supressão por 15 dias (T5)
6913 ab
- 9,0
C/supressão por 20 dias (T6)
6469 b
- 15,1
1
Tratamentos testemunhas, com (c) e sem controle do inseto (s).
2
Médias com letras iguais não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).
3
Diferença= [(Px - Py)/ Px] x 100, sendo Px a produção de grãos do tratamento sem supressão da irrigação e sem
inseticida (T2) e Py a produção dos demais tratamentos (T3; T4; T5; T6).
Tratamentos
Tabela 3. Precipitação pluviométrica nos períodos de supressão da irrigação da cultivar BRS
Querência. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 2011.
Modalidade
Diária
Acumulada
1
Períodos de supressão/precipitação pluviométrica (mm)1
1 a 5 dias (12 a 16/01/11)
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
6 a 10 dias (17 a 21/01/11)
9,6
0
0,4
2,4 0,2
9,6
9,6 10,0 12,4 12,6
11 a 15 dias (22 a 26/01/11)
3,2
0
0
0
27,8
15,8 15,8 15,8 15,8 43,6
16 a 20 dias (27 a 31/01/11)
0
0,4
0
0
7,6
43,6 44,0 44,0 44,0 51,6
Dados correspondentes ao período de 20 dias pós-drenagem das parcelas experimentais (12 a 31 de jan./2011),
retirados do Boletim agroclimatológico: Estação Agroclimatológica de Pelotas - RS, Convênio Embrapa/UFPel/INMET.
Destaca-se que a produtividade da cultivar BRS Querência obtida nas parcelas
mantidas sempre com lâmina de água e sem tratamento químico (T2), expostas a uma
infestação média de 18,9 larvas de O. oryzae/amostra (Tabela 1), foi significativamente igual
à produtividade das parcelas mantidas com lâmina de água permanente e tratadas com
inseticida (T1). Tal fato pode indicar que essa cultivar possui determinado grau de resistência
664
ao inseto, provavelmente do tipo tolerância (MARTINS; CUNHA, 2007).
Com base nos resultados desse experimento sugere-se a realização de novos
estudos sobre a capacidade de genótipos de arroz em suportar simultaneamente o ataque
de larvas de O. oryzae e diferentes períodos de supressão da irrigação.
CONCLUSÃO
A supressão da irrigação da cultivar BRS Querência é promissora para o controle da
bicheira-da-raiz, evidenciando não resultar em risco de perda de produtividade quando
praticada por período de até 15 dias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA LIMA, A.D. O bicho do arroz. Boletim Fitossanitário, Rio de Janeiro, v. 5, p. 49-53, 1951.
GOMES, A. da S.; SCIVITTARO, W.B.; PETRINI, J.A.; FERREIRA, L.H.G. A água: distribuição,
regulamentação e uso na agricultura, com ênfase ao arroz irrigado. Pelotas: Embrapa Clima Temperado,
2008. 44 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 250).
HEISLER, L. S.; GRIGARICK, A. A.; ORAZE, M. J.; PALRANE, A. T. Effect of temporary drainage on
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Economic Entomology, Lanham, v. 85, n. 3, p. 950-956, 1992.
MARTINS, J. F. da S., BERTELS, A.; DITTRICH, R. C. Métodos de aplicação de inseticidas no controle
da bicheira do arroz Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae). Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 12, p. 41-48, 1977.
MARTINS, J.F. da S.; CUNHA, U.S. da. Situação do sistema de controle químico do gorgulho-aquático
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Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 25 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 215).
MARTINS, J.F. da S.; CUNHA, U.S. da; NEVES , M.B. das; MACKEDANZ, V.; VINHAS, M.R.; MATTOS,
M.L.T.; AFONSO, A.P.S. Influência de períodos de supressão da irrigação por inundação da cultura do
arroz (Oryza sativa) na população do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera:
Curculionidae) e produção de grãos. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 2008,
Uberlândia- MG. Resumos. Uberlândia -MG: SEB, 2008. CD Rom.
MARTINS, J.F. da S.; PRANDO, H.F. Bicheira-da-raiz-do-arroz, p.259-296. In. SALVADORI, J.R; ÁVILA,
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MARTINS, J.F. da S.; AFONSO, A.P.S.; MATTOS, M.L.T.; CUNHA, U.S. da; NEVES, M.B. das; LIMA,
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2009, Porto Alegre. Anais..., Porto Alegre: Palotti, 2009. 341-344p.
REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz
irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil.Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.
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THOMPSON, R. A.; QUISENBERRY, S. S.; TRAHAN, G. B.; HEAGLER, A. M.; GIESLER, G. Water
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Journal of Economic Entomology, v. 87, n. 1, p. 224-230, 1994.
665
INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO DE AMOSTRAS DE SOLO E RAÍZES NA
AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO LARVAL DE Oryzophagus oryzae EM
CULTIVARES DE ARROZ
1
2
3
Márcio Bartz das Neves ; Crislaine Alves Barcellos de Lima ; José Francisco da Silva Martins ; Anderson
4
5
6
7
Dionei Grützmacher ; Germano Tessmer Büttow ; Leano Franklin da Silva ; Guilherme Mathias Strieder
Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, gorgulho-aquático, monitoramento
INTRODUÇÃO
Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) é um dos insetos
mais frequentes na cultura do arroz irrigado por inundação no Sul do Brasil, podendo causar
perdas na produtividade de até 18% (MARTINS; PRANDO, 2004). Em determinadas
circunstâncias, o inseto adulto, conhecido por gorgulho-aquático, pode destruir uma
quantidade expressiva de plântulas, principalmente em cultivos de arroz pré-germinado
(FERREIRA LIMA,1951). Entretanto, são as larvas, conhecidas por bicheira-da-raiz, que
podem causar os danos mais severos à cultura. Essas, ao cortarem as raízes de arroz
reduzem a absorção de nutrientes e, consequentemente, prejudicam o desenvolvimento das
plantas (MARTINS; CUNHA, 2007).
Várias práticas culturais podem reduzir os danos causados por O. oryzae, incluindo
a limpeza de canais de irrigação, a eliminação de restos culturais, o aplainamento do solo, a
adubação nitrogenada em cobertura, que promove a recuperação de raízes danificadas, o
uso de cultivares resistentes e a aplicação de inseticidas químicos (MARTINS et al., 2004).
A aplicação de inseticidas é ainda o método mais utilizado para o controle de O.
oryzae podendo ser efetuado por meio do tratamento de sementes, pulverização foliar ou
distribuição direta na água de irrigação (BOTTON et al., 1999). O controle químico, porém,
na maioria das vezes é praticado sem base no monitoramento prévio da população do
inseto nos arrozais (MARTINS; CUNHA, 2007).
O monitoramento da população larval de O. oryzae, que deve ser praticado a partir
do décimo dia pós-inundação da lavoura e se necessário repetido a intervalos de cinco a
sete dias, até ao início de diferenciação das panículas, é importante pois possibilita que
inseticidas somente sejam aplicados quando for atingido o nível populacional de controle
econômico (REUNIÃO..., 2010).
Há escassez de informação sobre métodos tanto para o monitoramento da
população larval de O. oryzae em lavouras de arroz como para levantamentos em áreas
experimentais. O método que tem sido mais utilizado para ambos os fins é uma adaptação
da técnica aplicada à espécie Lissorhoptrus oryzophilus Kuschel (TUGWELL; STEPHEN,
1981), consistindo da coleta de amostras-padrão de solo e raízes por meio de uma seção
de cano de PVC com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, aprofundada ± 8,5cm no solo;
de imediato à coleta as amostras são agitadas sob água em uma peneira com fundo de tela
2
de náilon (malha de 1mm ), para liberação e contagem das larvas (MARTINS; CUNHA,
2007). Dois fatores críticos podem interferir na mensuração do nível de infestação larval por
meio dessa técnica de amostragem, o diâmetro e a centralização do amostrador em relação
ao eixo vertical das plantas de arroz. Ambos os fatores poderão ocasionar uma maior ou
menor captura de larvas, dependendo do grau de sobreposição do amostrador ao universo
1
Eng. Agrônomo. MsC., Bolsista Embrapa Clima Temperado/UFPel-FAEM, BR 392, km 78, CP 403, CEP 96001-970,
[email protected].
Bióloga, MsC, UFPel-FAEM, Pós-graduação, [email protected].
3
Eng. Agrônomo, Dr., Embrapa Clima Temperado, [email protected].
4
Eng. Agrônomo., Dr., Depto. de Fitossanidade, UFPel-FAEM, [email protected].
5
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
6
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
7
Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].
2
666
de distribuição espacial dessas ao entorno do eixo vertical das plantas.
Devido à alta variabilidade freqüentemente detectada entre os dados de população
larval de O. oryzae, nos levantamentos em lavouras de arroz e em áreas experimentais,
torna-se necessário aperfeiçoar o método de amostragem utilizado para ambos os fins.
Assim sendo, esse trabalho objetivou definir um diâmetro para amostras de solo e raízes
que possibilite a coleta de um maior número de larvas estabelecidas no sistema radicular
das plantas de arroz, conferindo uma maior precisão aos resultados obtidos.
MATERIAL E MÉTODOS
Um experimento foi instalado em 15/10/09 na Estação Experimental Terras Baixas,
Embrapa Clima Temperado, Capão do Leão - RS, no sistema de cultivo convencional
(REUNIÃO..., 2010), no delineamento de parcelas subsubdivididas com doze repetições.
Duas cultivares (IRGA 424 e BRS Querência), dois arranjos de plantas (contíguas, sem
espaçamento dentro da fileira, e espaçadas 20 cm) e dois diâmetros de amostra (10 cm e
15 cm), foram avaliados em nível de parcela, subparcela e subsubparcela, respectivamente.
A semeadura, em linha (120 sementes viáveis/m), foi realizada em parcelas de 5,25
2
m (1,05 m x 5 m), com seis fileiras de plantas espaçadas 17,5 cm. A irrigação por
inundação foi efetuada 30 dias pós-emergência das plantas (29/11/09), sendo mantida uma
lâmina uniforme de água, de 15 cm. Imediatamente pós-inundação foi feito um desbaste na
1ª, 2ª e 3ª ou na 4ª, 5ª e 6ª fileira de planta de cada parcela, para estabelecer o
espaçamento de 20 cm entre plantas, sendo as três fileiras restantes mantidas intactas.
Aos 37 dias pós-irrigação (DAI) foram retiradas oito amostras de solo e raízes nas
fileiras de plantas centrais (2ª ou 5ª) de cada subparcela (quatro com 10 cm de diâmetro e
quatro com 15 cm de diâmetro), registrando: número de larvas de O. oryzae (conforme
método descrito por Martins; Cunha (2007) e de perfilhos/amostra; distância entre o ponto
de fixação das raízes à base das plantas de arroz e o ponto de corte pelas larvas. O ponto
de corte foi determinado visualmente pela coloração amarronzada típica do tecido lesionado
pelas larvas, nas raízes de quatro perfilhos/amostra.
Os dados obtidos foram transformados em √ x + 0,5 e submetidos à análise de
variância (ANOVA), por meio do programa estatístico “ASSISTAT” versão 7.5 (SILVA,
2008), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As cultivares BRS Querência e IRGA 424 diferiram significativamente quanto ao
número de larvas de O. oryzae apenas em amostras com 10 cm de diâmetro retiradas em
fileiras com plantas espaçadas; nesse tipo de arranjo de plantas não ocorreu interação
significativa entre as cultivares e o diâmetro das amostras, em relação ao número de larvas;
ocorreu, porém, para a cultivar IRGA 424 na condição de plantas contíguas, sendo o
número de larvas maior em amostras com 15 cm de diâmetro (Tabela 1).
Na condição de plantas espaçadas, a não interação entre cultivares e diâmetro de
amostras, quanto ao número de larvas de O. oryzae, pode decorrer da maior facilidade de
centralizar um amostrador, tanto de 10 cm como de 15 cm de diâmetro, na superfície do
solo em torno do “eixo vertical” das plantas de arroz. Essa melhor centralização aumenta a
probabilidade de abranger a área com raízes de maior concentração de larvas. Ao contrário,
na condição de plantas contíguas, haveria dificuldade para coincidir um amostrador de 10
cm de diâmetro com o “eixo vertical” das plantas, o que justificaria o maior número de
larvas/amostra de 15 cm de diâmetro (Tabela 1).
Evidencia-se que quanto maior o grau de sobreposição do amostrador com a área
de distribuição espacial das larvas de O. oryzae ao entorno da base das plantas de arroz
maior será a probabilidade de captura. Nesse sentido foi constatado que apesar da maioria
das larvas, tanto na cultivar BRS Querência (> 90%) como na IRGA 424 (> 80%),
concentraram-se nas raízes a uma distância de 5 cm da base das plantas, essas foram
667
encontradas até a distância de 8 cm, portanto, ultrapassando a área de abrangência de um
amostrador de 10 cm de diâmetro (Tabela 2).
Tabela 1. Número de larvas de Oryzophagus oryzae em amostras de solo e raízes de 10 cm
e 15 cm de diâmetro retiradas 37 dias pós-irrigação de plantas das cultivares BRS
Querência e IRGA 424, dispostas em fileiras, espaçadas 20 cm ou de forma contígua.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS. 2011.
Número de larvas/4 amostras de solo e raizes1
Plantas espaçadas
Plantas contíguas
Média geral
10 cm
15 cm
10 cm
15 cm
10 cm
15 cm
Média
BRS Querência
27,7 b A
34,8 a A
33,3 a A
40,6 a A
30,5 a A
37,7 a A
34,1 a
IRGA 424
46,1 a A
46,7 a A
30,0 a B
52,7 a A
38,1 a B
49,7 a A
43,9 a
Média
36,9 A
40,7 A
31,5 B
46,6 A
34,3 B
43,7 A
1
Médias com letras iguais, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, não diferem significativamente pelo teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Cultivar
Tabela 2. Número e frequência de cortes causados às raízes de arroz por larvas de Oryzophagus
oryzae a diferentes distâncias da base das plantas das cultivares BRS Querência e IRGA 424,
registrados 37 dias pós-inundação. Embrapa Clima Temperado. Pelotas - RS. 2011.
BRS Querência
IRGA 424
N1
D (%)1
C (%)1
N
D (%)
1 cm
40
16,4
16,4
74
15,6
2 cm
48
19,7
36,1
76
16,0
3 cm
55
22,5
58,6
100
21,1
4 cm
48
19,7
78,3
81
17,1
5 cm
33
13,5
91,8
62
13,1
6 cm
15
6,2
98,0
42
8,9
7 cm
4
1,6
99,6
27
5,7
8 cm
1
0,4
100
12
2,5
Total
244
100
100
474
100
1
Número de raízes cortadas (N),Porcentagem direta (D) e cumulativa (C) de raízes cortadas.
Distância de corte
C (%)
15,6
31,6
52,7
69,8
82,9
91,8
97,5
100
100
Os resultados sobre influência do diâmetro de amostradores de solo e raízes na
quantidade capturada de larvas de O. oryzae, portanto, estariam indicando que dependendo
da cultivar de arroz utilizada e/ou do arranjo das plantas na lavoura há necessidade de
alterar a área de abrangência da amostra de modo a obter dados que melhor representem o
nível infestação do inseto. Nesse contexto, existe conhecimento de que a densidade e a
distribuição das plantas na lavoura exercem efeito significativo na densidade populacional e
distribuição espacial de insetos, sendo que o tamanho de unidades amostrais, resistência
varietal, entre outros, são fatores que devem ser considerados (MUEGGE, 1996).
Ocorreu diferença significativa entre os diâmetros de amostra quanto ao número de
perfilhos/amostra, sendo em média maior nas amostras com 15 cm de diâmetro (Tabela 3),
sem que isso tenha implicado necessariamente num maior número de larvas/amostra,
conforme constatado no caso das cultivares BRS Querência e IRGA 424. A cultivar BRS
Querência, apesar de conter um número significativamente maior de perfilhos/amostra de
15 cm de diâmetro na condição de plantas contíguas (Tabela 3), não apresentou diferença
significativa no número de larvas/amostra na mesma condição (Tabela 1). Da mesma forma,
a cultivar IRGA 424, com um número significativamente maior de perfilhos/amostra de 15
cm de diâmetro, na condição de plantas espaçadas 20 cm (Tabela 3), não apresentou
diferença significativa quanto ao número de larvas/amostra na mesma condição (Tabela 1).
Possivelmente, além do número de perfilhos nas amostras, outros fatores podem determinar
a captura de um maior ou menor número de larvas, como a distribuição espacial de insetos
(LIAO, 2005) e o grau de precisão da amostra.
Os resultados do experimento evidenciam que o amostrador com 15 cm de diâmetro
pode tornar a avaliação da infestação larval de O. oryzae mais precisa, principalmente em
fileiras com plantas contíguas. A princípio, o uso desse amostrador é mais adequado a
trabalhos de pesquisa que demandem a retirada de um menor número de amostras, pois
apesar de conferir uma maior precisão aos dados obtidos, pode tornar a visualização e a
668
contagem de larvas mais demoradas, em decorrência de um maior volume de solo e de
raízes das amostras.
Tabela 3. Número de perfilhos em amostras de solo e raízes de 10 cm e 15 cm de diâmetro
retiradas 37 dias pós-irrigação de plantas das cultivares BRS Querência e IRGA 424,
dispostas em fileiras, de forma contígua ou espaçadas 20 cm. Embrapa Clima Temperado,
Pelotas - RS. 2011.
Número de perfilhos/amostras de solo e raizes1
Plantas espaçadas
Plantas contíguas
Média geral
10 cm
15 cm
10 cm
15 cm
10 cm
15 cm
Média
BRS Querência
15,5 a A
17,8 b A
13,8 b B
24,1 b A
14,7 a B
21,0 b A
17,9 b
IRGA 424
17,9 a B
24,9 a A
17,8 a B
29,2 a A
17,9 a B
27,1 a A
22,5 a
Média
16,7 B
21,4 A
15,8 B
26,7 A
16,3 B
24,1 A
1
Médias com letras iguais, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, não diferem significativamente pelo teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Cultivar
CONCLUSÃO
Amostradores com 15 cm de diâmetro são mais propícios à coleta de larvas de O.
oryzae, principalmente em fileiras de plantas contíguas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTTON, M.; CARBONARI, J.J.; MARTINS, J.F. da S. et al. Eficiência de métodos de aplicação de
inseticidas no controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae), na
cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Gaúcha,v.5, p.71-75, 1999.
FERREIRA LIMA, A.D. O bicho do arroz. Boletim Fitossanitário, Rio de Janeiro, v. 5, p. 49-53, 1951.
LIAO, C. T.; CHEN, C. C. Spreading, seasonal migration and population fluctuations of the rice water
weevil (Lissorhoptrus oryzophilus) (Coleoptera: Curculionidae) in central Taiwan. Plant Protection
Bulletin, v. 47, p.305 – 318, 2005.
MARTINS, J.F. da S.; CUNHA, U.S. da. Situação do sistema de controle químico do gorgulho-aquático
Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) na cultura do arroz no Rio Grande do Sul.
Pelotas: Embrapa ClimaTemperado, 2007. 25 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 215).
MARTINS, J.F.S.; GRÜTZMACHER, A.D; CUNHA, U.S. Descrição e manejo integrado de insetos-praga
em arroz irrigado. In: GOMES, A. da S.; MAGALHÃES, Jr. A.M. (Ed.). Arroz irrigado no Sul do Brasil.
Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa informação tecnológica, 2004. p.635-675.
MARTINS, J.F.S.; PRANDO, H.F. Bicheira-da-raiz do arroz. In: SALVADORI, J.R.; ÁVILA, C.J.; SILVA,
M.T.B. da. (Org.). Pragas de solo no Brasil. Passo Fundo, RS: Embrapa Trigo, 2004, p.259-296.
MUEGGE, M.A. Spatial distribution and sequential sampling of the rice weevil, Lissorhoptrus
oryzophilus Kuschel in Louisiana. 1996. 101p. Dissertation (Doctor) - Faculty of the Louisiana State
University, Louisiana.
REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz
irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.
SILVA, F. de A. S. Assistat 7.5 Beta. Departamento de Engenharia Agrícola do Centro de Tecnologia e
Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande: 2008. Acesso:
20/03/10. Online. Disponível em: http://www.assistat.com/indexp.html.
TUGWELL, W.P.; STEPHEN, F.M. Rice water weevil seasonal abundance, economic levels and
sequential sampling plant. Fayetteville: Agricultural Experiment Station, 1981. 16p. (Bulletin n. 849).
669
TRATAMENTO DE SEMENTES COM INSETICIDAS NO CONTROLE
DE Oryzophagus oryzae EM ARROZ IRRIGADO
1
2
3
4
Francis Sartori Maffini , Gerson Dalla Corte , Mauro Braga , Marlon Tagliapietra Stefanello , Juliano
5
6
Daniel Uebel , Felipe Frigo Pinto
Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, controle químico.
INTRODUÇÃO
O cultivo do arroz está presente em todas as Regiões brasileiras com cerca de
2.750.000 hectares plantados, destacando-se a Região Sul, responsável atualmente por
74,1% da produção total deste cereal (IBGE, 2011). A produtividade da lavoura de arroz é
afetada por diversos fatores, dentre os quais a ocorrência de insetos praga assume
importância cada vez maior.
A bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae) (Coleoptera: Curculionidae) está entre as
pragas mais importantes da cultura (CARBONARI et al., 2000), estando presente em cerca
de 25% da área cultivada com arroz irrigado no Rio Grande do Sul e causando perdas
anuais de produção da ordem de 10 a 30% (MARTINS, 1990; MARTINS et al., 2004). Essa
praga é tipicamente encontrada em áreas de arroz irrigado por inundação. Os gorgulhos
destroem o coleóptilo, a radícula e também plântulas após a semeadura, enquanto que as
larvas perfuram e cortam as raízes das plantas mais desenvolvidas. No sistema
convencional de plantio, somente as larvas (bicheira-da-raíz) tem importância como praga,
por danificarem o sistema radicular das plantas, provocando atraso no desenvolvimento e
morte de plantas em áreas de tamanho variável nas lavouras. Essas larvas se não
devidamente controladas podem reduzir de 10% a 18% a produtividade da cultura
(MARTINS et al., 2007).
A limpeza dos canais de irrigação, eliminação de restos da cultura e aplainamento
do solo são práticas que ajudam a reduzir a população do inseto (MARTINS & BOTTON,
1996). Ainda assim, predomina a aplicação de inseticidas como medida de controle desses
insetos-pragas (MARTINS et al., 1996; MARTINS et al., 2004). As principais formas de
utilização do controle químico tem sido via tratamento de sementes, pulverização foliar após
a inundação ou aplicação direta de produtos granulados na lâmina de água de irrigação.
Dentre esses métodos, a aplicação via tratamento de sementes tem se destacado, por
apresentar menor custo e maior segurança ambiental em relação as demais.
Com isso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes
inseticidas e doses via tratamento de sementes no controle de O. oryzae em arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Phytus, em Restinga
Seca/RS, durante a safra 2010/11, utilizando a cultivar Puitá INTA CL. Utilizou-se como
-1
adubação de base 300 kg.ha da fórmula 05-20-30 (N-P-K) e adubação de cobertura 300
-1
kg.ha de uréia. A cultura foi estabelecida em área de cultivo sob sistema de semeadura
-2
convencional, com espaçamento entre linhas de 0,17 m e densidade de 300 pl.m . O
1
Acadêmico do Curso de Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, UFSM, Departamento de Defesa
Fitossanitária, CEP 97.105-900, Santa Maria, RS.
E-mail: [email protected]
2
Eng. Agr. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM). E-mail: [email protected]
3
Pesquisador de Entomologia, Instituto Phytus, E-mail: [email protected]
4
Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected]
5
Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected]
6
Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected]
670
delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com parcelas de 6 m de
largura por 10 metros de comprimento e quatro repetições. Os tratamentos e as doses
estudadas são apresentados na Tabela 1.
Foi avaliado o número de larvas por amostra aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a
inundação (DAI). A contagem de larvas foi realizada adaptando a técnica descrita por
Tugwell & Stephen (1981), onde foram retiradas três amostras de cada unidade
experimental utilizando amostrador cilíndrico de PVC de 10 cm de diâmetro e 20 cm de
altura, aprofundado 8 cm no solo. Após isso as amostras foram agitadas e submersas em
2
água numa peneira com fundo de tela de náilon com malha de 1mm , para separar as larvas
das raízes e do solo e facilitar a contagem das larvas. Para análise estatística, os dados
^1/2
e a análise
numéricos de larvas de O. oryzae (X) foram transformados em (X + 0,5)
estatística dos dados foi efetuado utilizando o software PlotIt versão 3.2, sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).
Tabela 1 - Inseticidas e doses testados no tratamento de sementes de arroz para o controle
da bicheira da raiz, Restinga Seca - RS, 2011.
-1
Tratamentos
Dose i.a (g.100 kg de sem )
1
testemunha
2
fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico
25,0 + 22,5 + 2,5
-
3
fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico
37,5 + 33,75 + 3,75
4
fipronil
37,5
5
tiametoxam
105,0
6
tiametoxam + lambda cialotrina
7
tiametoxam + lambda cialotrina
94,5 + 17,1
8
tiametoxam + lambda cialotrina
126,0 + 22,8
9
tiametoxam + lambda cialotrina
157,5 + 28,5
63,0 + 11,4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância dos dados mostrou haver diferença significativa entre os
tratamentos nas avaliações aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a inundação (DAI) (Tabela 2).
Os inseticidas testados reduziram a infestação com O. oryzae em relação à testemunha
(sem controle) em todas as avaliações, demonstrando assim ação inseticida sobre a praga.
Nas avaliações realizadas até os 40 DAI não houve diferença entre inseticidas
estudados, exceto para a menor dose de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico
(tratamento 2) aos 10 DAI, que apresentou controle inferior aos demais tratamentos. O
incremento de 50% na dose de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico provocou
redução de 81% no número de larvas de O. oryzae, mostrando que a elevação de dose
desse produto melhora a eficiência de controle da praga. Grutzmacher et al. (2008),
estudando a viabilidade do tratamento de sementes de arroz com inseticidas verificou que a
-1
aplicação de fipronil na dose 62,5 g de i.a.100 kg apresentou controle de O. oryzae
próximo a 100%. O melhor controle observado por esses autores em relação ao presente
estudo provavelmente esteja relacionado à dose utilizada, que foi 66 e 150% superiores às
doses testadas nesse trabalho.
-1
A aplicação de 37,5 g.100 kg de sem de fipronil isoladamente apresentou controle
semelhante ao obtido quando associado à piraclostrobina e tiofanato metílico na maior
dose, sinalizando não haver efeito dos mesmos sobre O. Oryzae. Esse resultado era
esperado, uma vez que os dois últimos são fungicidas.
Não foi observada diferença no controle de O. oryzae entre os tratamentos com
tiametoxam e tiametoxam + lambda-cialotrina até os 40 DAI; aos 50 DAI, porém, o
tratamento que continha apenas tiametoxam apresentou elevação no número de larvas de
671
O. oryzae, mostrando a perda de residual após esse período. Estudando a eficiência de
neonicotinóides no controle de larvas de O. oryzae, COSTA et al. (2003) observaram que
-1
tiametoxam na dose de 105 g de i.a.100kg de sementes apresentou eficiência superior a
80%, em avaliação realizada 72 dias após a aplicação dos tratamentos.
Nos tratamentos com tiametoxam + lambda-cialotrina o residual persistiu até os 50
-1
DAI, exceto para a menor dose (63,0 + 11,4 g.100 kg de sem ), que apresentou menor
controle em relação as demais doses do mesmo produto nessa avaliação. Houve
incremento no controle de O. oryzae elevando-se a dose de tiametoxam + lambda-cialotrina
-1
-1
de 63,0 + 11,4 g.100 kg de sem para 94,5 + 17,1 g.100 kg de sem na avaliação aos 50
DAI. A elevação das doses acima desse patamar não resultou em melhor controle da praga
em nenhuma das avaliações, mostrando ser desnecessária.
Tabela 2 – Número médio de larvas de O. oryzae por amostra, aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias
após a inundação (DAI), submetidas à aplicação de diferentes inseticidas via tratamento de
sementes. Restinga Seca - RS, 2011.
Tratamentos
Número médio de larvas por amostra
2
10 DAI
20 DAI
Efic %
30 DAI
Efic %
40 DAI
Efic %
50 DAI
0,0
5.5 c
0,0
4.75 c
0,0
7c
0,0
4.75 d
0,0
1b
86,20
0.75 ab
86,36
1 ab
78,94
0.75 a
89,28
2.75 cd
42,10
T3
0a
100,0
0.5 a
90,90
0.25 a
94,73
0.5 a
92,85
0.5 ab
89,47
T4
0a
100,0
0.25 a
95,45
0.25 a
94,73
0.25 a
96,42
0.75 ab
84,21
T5
0a
100,0
0a
100,0
0.25 a
94,73
0a
100,0
4.66 cd
18,94
T6
0a
100,0
0a
100,0
0.25 a
94,73
1 ab
85,71
1.75 b
63,15
T7
0a
100,0
0a
100,0
0.25 a
94,73
0.5 a
92,85
0.25 a
94,73
T8
0a
100,0
0a
100,0
0a
100,0
0.25 a
96,42
0.25 a
94,73
T9
0a
100,0
0a
100,0
0a
100,0
0.25 a
96,42
0.25 a
94,73
T1
7.25 c
T2
CV %
Efic %
3
1
14,21
17,43
21,95
20,55
Efic %
18,81
1
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05).
-1
Tratamentos: 1 – testemunha; 2 - fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (25,0 + 22,5 + 2,5 g.100 kg de sem de i.a);
-1
3 - fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (37,5 + 33,75 + 3,75 g.100 kg de sem de i.a.); 4 – fipronil (37,5 g.100 kg de
-1
-1
sem de i.a); 5 – tiametoxam (105,0 6 g.100 kg de sem de i.a); 6- tiametoxam + lambda cialotrina (63,0 + 11,4; 7 g.100 kg
-1
-1
de sem de i.a) 7- tiametoxam + lambda cialotrina (94,5 + 17,1g.100 kg de sem de i.a); 8 - tiametoxam + lambda cialotrina
-1
-1
(126,0 + 22,8g.100 kg de sem de i.a); 9 - tiametoxam + lambda cialotrina(157,5 + 28,5g.100 kg de sem de i.a).
3
Efic %: eficácia de controle em porcentagem (%).
2
CONCLUSÃO
A aplicação de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (37,5 + 33,75 + 3,75
-1
-1
g.100 kg de sem ) e fipronil (37,5 g.100 kg de sem ), foram eficientes no controle da
bicheira-da-raiz.
A aplicação de tiametoxam + lambda-cialotrina foi eficiciente a partir da dose (94,5 +
-1
17,1 g.100 kg de sem ) em todas aferições.
A associação de lambda-cialotrina ao tiametoxam nas maiores doses aumentou o
período residual de controle da bicheira-da-raiz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARBONARI, J.J. et al. Relação entre flutuação populacional de Oryzophagus oryzae (Costa Lima)
(Coleoptera: Curculionidae) e período de perfilhamento de cultivares de arroz irrigado. Anais da
Sociedade Entomológica do Brasil, v.29, n.2, p.361-366, 2000.
COSTA, E.C. et al. Eficiência agronômica de tiametoxam, em tratamento de sementes, no controle de
larvas de Oryzophagus oryzae (COSTA LIMA, 1936) (Coleóptera: Curculionidae), no arroz irrigado. In:
672
CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3., REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ
IRRIGADO, 25., 2003. Balneário Camboriú. Anais. Itajaí: EPAGRI, 2003. p.348-349.
GRÜTZMACHER, A.D. et al. Viabilidade da antecipação do tratamento de sementes de arroz com
inseticidas em relação à data de semeadura no controle de Oryzophagus oryzae (Coleoptera:
Curculionidae). Ciência Rural. 2008, vol.38, n.7, pp. 1830-1835.
IBGE, Indicadores do IBGE: Estatística da Produção Agrícola. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, fevereiro de 2011. Disponível em www.ibge.com.br
MARTINS, J.F. da S. Problemática da bicheira-da-raiz no Rio Grande do Sul. In: REUNIÃO NACIONAL
DE PESQUISA DE ARROZ, 4., Goiânia, 1990. Resumos. Goiânia: EMBRAPA/CNPAF, 1990. p.29.
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controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima) em arroz irrigado. Revista Brasileira de Agrociência, v.2,
n.1, p.27-32, 1996.
MARTINS, J.F. da S.; BOTTON, M. Controle de insetos da cultura do arroz. In: PESKE, S.T. et
al. Produção de arroz irrigado. Pelotas: UFPel, 1996. p.273-299.
MARTINS, J.F. da S. et al. Descrição e manejo integrado de insetos-pragas em arroz irrigado. In:
GOMES, A.S.; MAGALHÃES Jr., A.M. (Ed), Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília: Embrapa
Informações Tecnológicas, 2004, p.635-675.
MARTINS, J.F. da S. et al. Efeito de doses de inseticidas aplicadas às sementes de arroz no controle do
gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.,
2007, Pelotas, RS. Anais... Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007. vol. 2, p. 45-47.
TUGWELL, N.P.; STEPHEN, F.M. Rice water weevil seasonal abundance, economic levels, and
Sequential sampling plants. Fayetteville: Agricultural Experiment Station, 1981. 16p. (Bulletin, 849).
673
CONTROLE QUÍMICO DO PULGÃO-DA-RAIZ Rhopalosiphum
rufiabdominale, EM ARROZ IRRIGADO
2
Jaime Vargas de Oliveira ; Thais Fernanda Stella de Freitas ; Sintia da Costa Trojan ; Gustavo
1
Cantori Hernandes
2
2
Palavras-chave: insetos, inseticidas, eficiência, danos.
INTRODUÇÃO
O pulgão-da-raiz é encontrado em lavouras de arroz irrigado, na região da Fronteira
Oeste
do
Estado
desde
os
anos
80,
causando
preocupação
aos
orizicultores(OLIVEIRA,1987). Nas últimas safras, a sua população tem aumentado e ocorrido
em outras regiões como na Campanha e na Planície Costeira Externa.
Os pulgões hibernam nas plantas daninhas encontradas no interior e nas bordas de
lavouras, das seguintes espécies vegetais : roseta (Soliva pterosperma), capim-arroz
(Echinochloa colonum), paspalum (Paspalum sp), arroz espontâneo e arroz vermelho (Oryza
sativa), (arroz-vermelho), e o capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis), (SULZBACH et
al.,2005).
Estes insetos ocorrem na lavoura antes da irrigação, principalmente nas taipas,
formando colônias nas raízes, onde sugam a seiva. As plantas atacadas apresentam clorose
nas folhas e logo toda a parte aérea fica alaranjada, posteriormente ocorre redução na
estatura e morte (OLIVEIRA, et al., 2010).
Quando do início da irrigação principalmente nas taipas, o pulgão-da-raiz, é
encontrado acima do colo da planta, pois sobem para fugir da água, porém após uma
semana, as partes da lavoura com lâmina de água alta, a sua população diminui.
Como não existem produtos registrados para o controle do pulgão-da-raiz em arroz
irrigado foi realizado este trabalho com o objetivo de determinar o comportamento de alguns
inseticidas neste inseto-praga.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado a campo em lavoura comercial no município de
Uruguaiana na safra 2010/2011. O preparo do solo foi no sistema do cultivo mínimo. A cultivar
-1
empregada foi IRGA 424, semeada na densidade de 100 kg ha , adotando-se o
espaçamento de 17,5 cm entre as linhas. O delineamento experimental foi o de blocos
2
casualizados, com 4 repetições. As unidades experimentais mediram 20m de área (4,0 x 5,0
m).
As sementes foram tratadas um dia antes da semeadura. Os tratamentos inseticidas
foram: Cruiser 350 FS+Standak 250 FS, nas doses de 50+120, 100+120 e 150+120
mL/100kg de semente; Gaucho 600 FS+Standak 250 FS, nas doses de 80+120 mL/100kg de
semente e o Standak 250 FS, na dose de 120 mL/100kg de semente. A testemunha não
recebeu produto químico.
As avaliações para determinar o número de pulgões de cada parcela, foram
realizadas aos 30 e 55 dias, após a emergência das plantas. Os pulgões foram contados em
4 sub-amostras com solo e plantas por parcelas, em áreas de 0,5x1,0 m, com área total de
2
0,5 m . Como o solo estava muito seco, as plantas foram arrancadas com uma pá e
colocadas sobre plásticos onde foram contados no campo os pulgões.
1
Eng. Agr., Instituto Rio Grandense do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-030.
E-mail: [email protected]
2
Eng. Agr., Instituto Rio Grandense do Arroz
674
O número médio de pulgões por amostra foi de 28 na primeira avaliação e 25 na
segunda, nas parcelas testemunha.
Os resultados foram analisados estatisticamente através da análise de variância,
sendo as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro.
A eficiência dos inseticidas foi calculada pela fórmula de Abbott (1925).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a Tabela 1, os resultados obtidos mostram que o inseticida Cruiser
350FS+Standak 250FS, nas doses de 50+120, 100+120 e 150+120 mL/100kg semente e o
Gaucho 600FS+Standak 250FS, nas doses de 80+120 mL/100kg semente e 120 mL/100kg
semente, são eficientes no controle do pulgão-da-raiz, em arroz irrigado, apresentando
controle superior a 96%, diferindo estatisticamente da testemunha
Quanto ao Cruiser 350FS+Standak 250FS, na dose de 50+120 mL/100kg semente,
na avaliação realizada aos 55 dias após a semeadura, houve uma pequena re-infestação,
porém a eficiência continuou elevada demonstrando um bom controle do pulgão.
Em relação ao Standak 250FS, nas dose de 120 mL/100kg semente, os resultados
obtidos nas duas leituras mostram que este inseticida não é eficiente no controle do pulgãoda-raiz, pois os resultados não diferiram estatisticamente da testemunha.
Durante a realização dos tratamentos não se verificou efeito fitotóxico dos inseticidas
sobre as plantas de arroz irrigado.
Tabela 1. Doses de produtos em tratamento das sementes, percentuais de controle do
pulgão-da-raiz e rendimento de grãos em arroz irrigado. IRGA, Uruguaiana, RS, 2011.
Tratamentos
Dose
Avaliações(% controle)
mL/100kg
semente
N
2
40das
1
N
55das
3
Cruiser
350FS+Standak
250 FS
50+120
0
100 a
1
96 a
Cruiser
350FS+Standak
250 FS
100+120
0
100 a
0
100 a
Cruiser
350FS+Standak
250 FS
150+120
0
100 a
0
100 a
Gaucho
600FS+Standak
250 FS
80+120
0
100 a
0
100 a
Standak 250FS
120
29
0b
23
9b
6. Testemunha
--
28
0b
25
0b
CV (%)
--
--
51
--
46
CONCLUSÕES
Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se que o inseticida Cruiser
350FS nas doses de 50, 100 e 150 mL/100kg e o Gaucho 600FS, são eficientes no controle
do pulgão-da-raiz, em arroz irrigado.
675
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide, J. Econ.
Entomology, Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925.
OLIVEIRA, J.V. de. Caracterização e controle dos principais insetos do arroz irrigado.
Lavoura Arrozeira, Porto Alegre,
v.40, p.17-24, 1987
OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S. de; FIUZA, L.M.; MENEZES, V.G; DOTTO, G. Insetospraga associados à cultura do arroz irrigado. IRGA, Estação Experimental do Arroz,
Cachoeirinha, 2010. Boletim Técnico, 8.
SULZBACH, F; MAZIERO, H; GUARESCHI, A; GUEDES, J.V.C. Plantas hospedeiras de
Rhopalosiphum rufiabdominae (Sasaki) (HEMIPTERA: APHIDIDAE) In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXVI REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ
IRRIGADO, 4, 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria, Editora Orium, 2005.p. 117-119.
676
AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DO PERCEVEJO-DOCOLMO Tibraca limbativentris (HEM; PENTATOMIDAE) EM ARROZ
IRRIGADO
1
2
3
Jaime Vargas de Oliveira ; Thais Fernanda Stella de Freitas ; Jaceguay I. de Barros ; Jose Patricio de
4
5
Freitas ; Jorge Cremonese .
Palavras-chave: insetos, inseticidas, eficiência, danos.
INTRODUÇÃO
O percevejo-do-colmo, pelo aumento da população, e devido aos danos causados,
está entre os principais insetos-praga do arroz irrigado no Estado do RS. As regiões mais
atacadas são: a Fronteira Oeste, Depressão Central, Litoral Sul e Planície Costeira Interna
(OLIVEIRA et al., 2005).
Segundo Link et al. (2007), as maiores infestações do Tibraca limbativentris,
ocorreram em lavouras de coxilha ou de primeiro ano de cultivo, devido ao número elevado
de percevejos hibernantes nas proximidades.
Este inseto vem para a lavoura após a emergência das plantas, distribuindo-se por
toda a área. Durante o dia tem como hábito localizar-se na parte inferior da planta,
dificultando a sua determinação (OLIVEIRA et al., 2010).
O dano caracteriza-se pela morte parcial ou total da folha central, sendo conhecido
como o sintoma do “coração morto” e na fase reprodutiva ocorre a formação da panícula
branca ou espiguetas estéreis (GALLO et al., 2002).
Devido a expressão deste inseto e como existem poucos produtos registrados para
seu controle foi realizado este estudo, com o objetivo de avaliar os inseticidas mais eficientes
no controle do percevejo-do-colmo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado a campo, na Subestação da Barragem do Capané do
IRGA, em Cachoeira do Sul na safra agrícola. O delineamento experimental foi o de blocos
2
casualizados com 4 repetições, cada parcela mediu 3 x 5 m, totalizando 15 m .
O preparo do solo foi no sistema de cultivo mínimo, sendo semeada a cultivar IRGA
-1
424, na densidade de 100 kg ha .
Os tratamentos foram 6, sendo que o Voliam Flexi 300 SC (Clorantraniliprole +
-1
o Engeo Pleno 247 SC
tiametoxan),em 3 doses de 200, 300 e 400 mL ha ,
-1
(Tiametoxan+lambdacialotrina), na dose de 200 mL ha , e o inseticida Actara 250 WG (
-1
tiametoxan), na dose de 150 g ha empregado como padrão e uma testemunha não tratada.
Todos os tratamentos inseticidas foram aplicados com um pulverizador costal
propelido a CO2, regulado com pressão de 3,5 MPa equipado com 4 bicos, tipo jato leque,
-1
eqüidistantes 0,5 m, com um volume de calda de 150 L ha .
As avaliações para determinar a eficiência de cada tratamento foram realizadas 1, 2 e
7 dias da aplicação dos produtos, quando as plantas encontravam-se no estádio de grão em
massa firme. O número médio de percevejos por parcela na testemunha foi de 13 na primeira
avaliação, 11 na segunda e 11 na terceira.
1
o
o
Eng . Agr . M. Sc., EEA/Instituto Rio Grandense do Arroz. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP
94930-030. e-mail: [email protected]
a
a
Eng . Agr . M. Sc., EEA/IRGA, e-mail: [email protected]
3
o
o
Eng . Agr . IRGA, e-mail: [email protected]
4
o
o
Eng . Agr . IRGA, e-mail: [email protected]
5
o
la
Téc . Agr . IRGA, e-mail: [email protected]
2
677
2
O rendimento de grãos foi obtido pela colheita de 2,5 x 2,5 m, com 5 m de área útil
-1
de cada parcela, sendo os resultados expressos em t ha e a umidade corrigida para 13 %.
A eficiência dos inseticidas foi calculada pela fórmula de Abbott (1925). Os dados
foram submetidos à análise da variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de
Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas condições em que foi realizado o estudo verificou-se que nas três avaliações, os
tratamentos inseticidas diferiram significativamente do tratamento testemunha, conforme
Tabela 1.
Quanto ao controle, na primeira avaliação realizada 1 dia após a aplicação dos
-1
produtos, o Voliam Flexi 300 SC nas doses de 300 e 400 mL ha , o Engeo Pleno 247 SC e
o Actara 250 WG, apresentaram controle superior a 85 %, demonstrando boa eficiência.
-1
Porém o Voliam Flexi 300 SC na dose de 200 mL ha apresentou baixa eficiência, com
controle inferior a 80 %.
Na segunda avaliação novamente o Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400
-1
mL ha , apresentou 90 % e 98 % de controle respectivamente, demonstrando uma melhor
-1
eficiência em relação a primeira avaliação. Porém este inseticida, na dose de 200 mL ha , o
controle não foi o esperado ficando abaixo do mínimo desejado, inferior a 80 %. Quanto ao
Engeo Pleno 247 SC, a eficiência não diferiu estatisticamente do inseticida padrão Actara
250 WG, e ambos apresentaram um bom controle do percevejo.
Tabela 1. Avaliações, número de percevejos, eficiência agronômica e rendimento de grãos,
no controle do percevejo-do-colmo, na Subestação da Barragem do Capané, IRGA,
Cachoeira do Sul, RS, 2011.
Avaliações e % controle
Tratamentos
1.Actara 250 WG
1
Doses
N
g ou mL
-1
ha
150
un
1,0 a
1
3
2
N
2
2
2
N
3
7
Rendimento de
grãos
2
-1
%
un
%
un
%
t ha
92
1,5 b
86
1,0 b
90
10,61 a
2.Voliam Flexi 300SC
200
3,0 b
78
2,5 c
77
1,5 b
86
10,30 a
3.Voliam Flexi 300SC
300
2,0 ab
85
1,0 b
90
1,0 b
90
10,72 a
4.Voliam Flexi 300SC
400
1,0 a
92
0,25a
98
100 a
100
11,03 a
5.Engeo Pleno 247SC
200
2,0 ab
85
1,5 b
86
1,5 b
86
10,42 a
--
13 c
0
11 d
0
11 c
0
10,20 a
7,7
--
8,5
--
6,6
6.Testemunha
CV %
1
--
-2
--
8,8
Número médio de percevejos m ;
Dias após a aplicação dos tratamentos
3
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5 %
de probabilidade.
Na terceira avaliação todos os tratamentos inseticidas controlaram eficientemente o
-1
percevejo-do-colmo. Porém o Voliam Flexi 300 SC, na dose de 400 mL ha , a eficiência foi de
100 %, ocorrendo diferença estatística em relação ao tratamento padrão.
-1
Os percentuais de controle do Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha
responderam ao aumento da dose, aspecto verificado nas três avaliações.
2
678
Quanto ao rendimento de grãos, não houve diferença estatística entre os
tratamentos inseticidas e a testemunha, porém o Actara 250 WG, o Voliam Flexi 300 SC, nas
-1
doses de 300 e 400 mL ha apresentaram produtividade superior a 400 kg em relação à
testemunha.
Com a aplicação dos inseticidas não se verificou efeito fitotóxico dos mesmos às
plantas de arroz irrigado.
CONCLUSÕES
Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se nas três avaliações os
-1
inseticidas Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha , Actara 250 WG, e o Engeo
Pleno 247 SC, são eficientes no controle do percevejo, Tibraca limbativentris em arroz
irrigado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABOTT, W.S. A method of computing the efetivenes of an insecticide, J. Econ. Entomology,
Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925.
GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba;FEALQ, 2002.
LINK,D.; DOTTO, LINK, F.M.; RAMOS, J.P. de. Nivel de infestação de Tibraca limbativentris
na colheita do arroz irrigado, safra 2005/06. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ
IRRIGADO, 5, e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, Pelotas, 2007.
Anais...Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2007. p.94-96.
OLIVEIRA, J.V. de.; DOTTO, G.M.; SANTOS,J.L.R. Levantamento populacional do percevejo
Tibraca limbativentris (Hemiptera: Pentatomidae) na região da Depressão Central do Rio
Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXVI REUNIÃO
DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 4, 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria, Editora
Orium, 2005.p. 75-76.
OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S.DE; FIUZA, L.M; MENEZES, V.G; DOTTO,G. Insetospraga associados à cultura do arroz irrigado. IRGA, Estação Experimental do Arroz,
Cachoeirinha, 2010. Boletim Técnico, 8.
679
DANOS CAUSADOS POR PERCEVEJOS DA PANÍCULA EM GRÃOS
DE ARROZ NO ESTADO DO TOCANTINS
1
2
3
Daniel de Brito Fragoso ; Expedito Alves Cardoso ; Carlos Martins Santiago ; José Alexandre de Freitas
4
5
Barrigossi ; Mabio Chrisley Lacerda
Palavras-chave: Orizicultura, Entomologia, MIP
INTRODUÇÃO
No Brasil, o arroz é uma das mais importantes culturas anuais, ocupando posição
de destaque do ponto de vista econômico e social, constituindo se em elemento básico para
a população brasileira. A área cultivada na safra 2010/2011 foi de 2,866 milhões de
hectares com uma projeção de colheita de 13,461 milhões de toneladas e com um consumo
estimado de 12,6 milhões de toneladas (BRASIL, 2011). Atualmente, o país dispõe das
melhores e mais eficientes tecnologias de cultivo desse grão, que sob os pontos de vista
econômico e ambiental, são adotadas em lavouras de diferentes perfis, espalhadas no
território nacional.
Localizado numa região de clima tropical, o Estado do Tocantins é o terceiro maior
produtor nacional de arroz irrigado e sua produção representa 50% da região norte do
Brasil, sendo este, atualmente o estado considerado como o mais promissor para a
expansão orizícola irrigada do país, devido à grande oferta de extensas áreas de várzea,
cujos tipos e características dos solos e condições de hidromorfismo tornam-se aptos ao
cultivo irrigado por inundação (COELHO et al., 2006).
Entre os insetos pragas de maior importância econômica para a cultura do arroz, no
Brasil, estão os percevejos fitófagos Oebalus poecilus (Dallas 1851) e Oebalus
ypsilongriseus (Dee Geer, 1773) (Hemiptera: Pentatomidae) que durante a fase reprodutiva
das plantas se alimentam do conteúdo leitoso das panículas, ocasionando perdas
quantitativas e qualitativas na massa de grãos (BARRIGOSSI, 2009). No Estado do
Tocantins, semelhantemente ao que ocorre em outras regiões produtoras de arroz, estas
espécies, sob determinadas condições favoráveis, também causam sérios prejuízos, sendo
consideradas como insetos-praga de importância primária.
O objetivo deste trabalho foi avaliar materiais (linhagens/cultivares) de arroz quanto
à resistência ao ataque de percevejos do gênero Oebalus sugadores das espiguetas e
efeitos da alimentação destes insetos sobre o rendimento e grãos inteiros.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Complexo de Ciências Agrárias - CCA, da Fundação
Universidade do Tocantins, localizado no centro Agrotecnológico de Palmas, latitude
10°12’46”-S, longitude 48°21’37”-W, altitude de 230m e temperatura média anual de 26ºC.
O preparo do solo realizado foi o sistema convencional, consistindo de duas
-1
arações e um nivelamento. A adubação de plantio constituiu de 240 kg.ha da fórmula N-PK (5-25-15+Zn). Após 30 dias foi realizada adubação de cobertura usando como fonte de
-1
nitrogênio sulfato de amônia na dose 125 kg.ha o equivalente a 25 kg de N.ha ¹.
Cada parcela foi constituída de seis linhas de cinco metros, espaçadas 0,30 m,
onde foram semeadas a mão 100 sementes por metro. O delineamento experimental
1
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, Quadra 103 Sul, Av. JK ACSO 1, Conjunto 1, Lote 17, 1º
piso, 77015-012 – Palmas - TO, e-mail: [email protected].
2
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS AGRO, e-mail:
[email protected].
3
Técnico em Agropecuária, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
4
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
5
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
680
adotado foi o de blocos casualizados, com oito tratamentos (linhagens/cultivares) e cinco
repetições. Os materiais de arroz utilizados foram cedidos pelos Programa de
Melhoramento Genético de arroz da Embrapa Arroz e Feijão e da Organização Estadual de
Pesquisa Agropecuária do Estado do Tocantins – UNITINS AGRO.
Para coleta de dados, foi utilizada uma ficha de campo para registro semanal da
ocorrência dos percevejos dos grãos em cada genótipo, que foi monitorado a partir da
emissão de 5% das panículas. Rede entomológica de varredura foi usada para coleta dos
insetos, sendo estes acondicionados em potes de plástico tipo sorvete (250 ml), contendo
álcool 70% e levados para o laboratório para triagem, identificação e quantificação.
A colheita foi realizada quando os grãos apresentaram 18% de conteúdo de água.
Os grãos foram pesados e a umidade determinada utilizando o aparelho GEHAKA modelo
G600. O rendimento ou renda (grãos descascados) foi determinado em amostras de 100
gramas de grãos de cada linhagem/cultivar submetidas ao descascamento em engenho de
provas marca Suzuki
Para avaliar a atividade alimentar dos insetos foram colhidas panículas formando
três repetições. De cada repetição, foram amostradas 40 panículas, onde foram
determinados a porcentagem de panículas cheias e vazias, número de bainhas de estilete,
ou sinais de alimentação, por espigueta e porcentagem de grãos com bainhas (BOWLING,
1979).
A presença de bainhas de estilete nas espiguetas foi detectada utilizando o método
da fucsina ácida. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade no programa Sisvar 5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados sobre bainhas de estiletes, rendimento de grãos e grãos inteiros são
apresentados na Tabela 1. Analisando os resultados se observa que houve diferenças de
ataques entre as linhagens e cultivares. Os materiais que sofreram maiores ataque dos
percevejos das panículas foram a cultivar BRS Curinga, seguido das linhagens Unitins Agro
06 e BRA 01506. Por outro lado, os materiais menos atacados pelos os percevejos foram
BRA 02601, BRA 01596, BRS Primavera e BRA 032051.
O genótipo BRA 02601 e a cultivar BRS Curinga da Embrapa Arroz e Feijão,
respectivamente, apresentaram menor e maior ataque de percevejos dos grãos,
quantificado pelo número de bainhas de estiletes de percevejos presentes em suas glumas.
Com relação a cultivar BRS Curinga, que apresentou maior ataque de percevejos
dos grãos, também teve menores valores de rendimento e grãos inteiros, que podem estar
correlacionados com o maior número de bainhas de estiletes encontrados neste trabalho.
Tabela 1. Bainhas de estiletes em glumas de arroz, rendimento e grãos inteiros de
linhagens/cultivares de arroz com ataque de percevejos dos grãos do gênero Oebalus sob
condições de campo.
Bainhas de estiletes
Grãos inteiros
Rendimento (g)
Linhagens/Cultivares
(%)
(%)
BRA 01506
13,6 ± 0,8 b
51,2 ± 1,0 a
29,8 ± 1,2 b
BRA 01596
5,5 ± 0,4 bc
66,8 ± 0,8 a
45,9 ± 5,8 a
BRA 02601
2,0 ± 0,3 c
63,5 ± 0,4 a
42,6 ± 5,9 a
BRA 032051
6,6 ± 1,1 b c
65,6 ± 2,0 a
35, 4 ± 3,5 bc
BRS Curinga
27,7 ± 3,2 a
37,2 ± 3,4 b
22,1 ± 4,0 c
BRS Primavera
5,7 ± 0,6 bc
65,9 ± 5,9 a
43,7 ± 5,9 a
Unitins Agro 03
8,9 ± 1,2 bc
63,5 ± 6,5 a
44,4 ± 4,4 a
Unitins Agro 06
15,5 ± 1,4 b
63,4 ± 3,9 a
44,4 ± 8,7 a
*Médias para cultivares seguida da mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente
681
entre si (Tukey, 5%).
Nos últimos anos, tem sido abundante a ocorrência de percevejos das panículas
nas áreas produtoras de arroz do Estado do Tocantins, o que tem demandado o emprego
de mais de uma aplicação por safra agrícola para o controle destes insetos. Segundo
Barrigossi (2009), os percevejos dos grãos do gênero Oebalus ocorrem em todas as regiões
produtoras de arroz no Brasil. As espécies principais são Oebalus poecilus (Dallas, 1851) e
Oebalus ypslongriseus (De Geer, 1773). Embora as duas espécies possam ocorrer
simultaneamente no ambiente de várzeas, O. ypslongriseus ocorre preferencialmente no
ambiente de terras altas e O. poecilus predomina em ambiente irrigado (FERREIRA et al.,
2001). Segundo esses autores, com relação aos danos e prejuízos decorrente do ataque,
adultos e ninfas a partir do segundo ínstar, alimentam-se da parte aérea das plantas, sendo
mais prejudicial quando ele ocorre nas panículas, em cujas glumas o ataque pode ser
identificado pelas bainhas de estilete ou sinais de alimentação deixados pelo inseto.
Segundo Barrigossi (2009), o ataque logo após a fertilização das flores resulta na
formação de espiguetas totalmente vazias, conforme observado no presente trabalho para a
cultivar BRS Curinga. Quando a alimentação do percevejo se dá na fase leitosa, além de
provocar a remoção parcial ou total do conteúdo da espigueta (perda quantitativa), a injúria
provocada pela alimentação favorece a ação de micro-organismos que, associados às suas
picadas, contribuem para aumentar a incidência de manchas nos grãos e reduzir o poder
germinativo das sementes. Ataque nas fases subsequentes resulta na formação de
espiguetas mais leves e manchadas, que depois de beneficiadas apresentam o endosperma
com manchas nos pontos picados, onde geralmente quebram durante o beneficiamento.
Quando não quebram apresentam manchas de tamanho variável, reduzindo o valor
comercial do produto.
CONCLUSÃO
Conforme verificado no presente trabalho ataques em maior intensidade dos
percevejos das panículas afetam significativamente o rendimento e qualidade dos grãos, fato
observado para algumas das cultivares estudadas. Também se conclui que ocorreram
diferenças significativas de ataque dos percevejos em função dos genótipos e cultivares, fato
este que merece ser aprofundado para uso nos programas de melhoramento genético de
arroz da Embrapa Arroz e Feijão e da UNITINS AGRO na busca de resistência varietal,
componente importante para o manejo integrado dos percevejos da panícula do arroz.
AGRADECIMENTOS
À Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO,
da Fundação Universidade do Tocantins, pela cessão da área do Centro de Pesquisa
AgroAmbiental, onde foi realizado o experimento, aos seus técnicos e pesquisadores pelo
apoio na montagem e avaliações. Ao Programa de Melhoramento Genético de Arroz da
Embrapa Arroz e Feijão pela disponibilização das linhagens e cultivares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRIGOSSI, J.A.F. Manejo do Percevejo da Panícula em Arroz Irrigado. Santo Antônio de Goiás:
Embrapa Arroz e Feijão, 2009. 8 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular técnica, 79).
BOWLING, C.C. The stylet sheat as an indicator of feeding activity of the rice stink bug. Journal of
Economic Entomology, Lanhan, v. 72, n. 2, p.259-260. 1979
BRASIL. Companhia Nacional de Abastecimento. Balanço de oferta e demanda. Disponível em
http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/1demanda_brasileira.pdf. Acessado em mai 2011.
682
COELHO, M.R.; SANTOS, H.G.; OLIVEIRA, R.P; MORAIS, J.F.V. Solos In: SANTOS, A.B.; STONE, L.F.;
VIEIRA, N.R.A. A Cultura do Arroz no Brasil. Embrapa arroz e feijão. 2006. p.161-208.
FERREIRA, E.; BARRIGOSSI, J.A.F.; VIEIRA, N.R. de A. Percevejo das panículas do arroz: fauna
heteroptera associada ao arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. 27 p. (Embrapa
Arroz e Feijão. Circular técnica, 43).
683
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS PIRETRÓIDES EM POPULAÇÕES DE
Sitophilus zeamais (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) COLETADAS
EM UNIDADES ARMAZENADORAS DE ARROZ NO ESTADO
TOCANTINS
1
2
3
Daniel de Brito Fragoso ; Expedito Alves Cardoso ; César Auguste Badji ; José Alexandre de Freitas
4
5
Barrigossi ; Mabio Chrisley Lacerda
Palavras-chave: Entomologia, Manejo de resistência, Tocantins
INTRODUÇÃO
No Brasil, estima-se que em média 20% da produção de grãos seja perdida
anualmente no processo de colheita e pós-colheita (BRAGA et al., 2010). Grande parte das
perdas pós-colheita é atribuída a problemas fitossanitários, sendo que apenas os insetospraga de produtos armazenados podem ser responsáveis por cerca de 10%, ou seja, um
montante em torno de 15 milhões de toneladas considerando a safra de 2010/11 estimada
em 150 milhões de toneladas (BRASIL, 2011).
As espécies de insetos-praga de produtos armazenados em sua maioria, com
destaque para as traças e carunchos, são pragas cosmopolitas e sob determinadas
condições favoráveis responsáveis por perdas variáveis, que podem chegar a totalidade da
massa de grãos armazenada. Por ser mais simples e rápido de controlá-los, os insetos de
grãos armazenados têm sido extensivamente combatidos com métodos químicos há
décadas, principalmente em áreas tropicais, devido à falta de aplicabilidade de outros
métodos alternativos de controle e das condições climáticas serem favoráveis ao
desenvolvimento dessas espécies durante todo o ano.
O uso frequente de inseticidas para proteção de grãos armazenados contra insetos
tem resultado no desenvolvimento da resistência aos vários grupos de compostos usados e
consequentemente levado a ocorrência de falhas no seu controle (FRAGOSO et al., 2003;
RIBEIRO et al., 2003).
Resistência a inseticidas, definida como a capacidade de indivíduos de uma
determinada espécie de organismo sobreviver a uma dosagem anteriormente letal, é um
fenômeno que tem crescido em importância em todo mundo, desde do primeiro relato
ocorrido em 1914, e exponencialmente a partir de 1940 com a síntese e grande uso dos
inseticidas organo-sintéticos.
Atualmente, há registros de mais de 600 espécies de artrópodes resistentes e em
algumas destas como Myzus persica, Leptinotarsa decemlineata e Plutella xylostella o
problema é de tamanha gravidade porque elas se tornaram resistentes a praticamente todos
os grupos de inseticidas disponíveis.
Sitophilus zemais (Coleoptera: Curculionidade) é praga primária interna de grande
importância, pois pode apresentar infestação cruzada, ou seja, infestar sementes no campo e
também no armazém, onde penetra profundamente na massa de sementes. Apresenta
elevado potencial de reprodução e possui muitos hospedeiros, como arroz, trigo, milho,
cevada, triticale e aveia. Tanto larvas como adultos são prejudiciais e atacam sementes
inteiras. A postura é feita dentro da semente; as larvas, após se desenvolverem, empupam e
se transformam em adultos. Os danos decorrem da redução de peso e de qualidade física e
1
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, Quadra 103 Sul, Av. JK ACSO 1, Conjunto 1, Lote 17, 1º
piso, 77015-012 – Palmas - TO, e-mail: [email protected].
2
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS AGRO, e-mail:
[email protected].
3
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, UFRPE, e-mail: [email protected].
4
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
5
Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
684
fisiológica da semente.
O Estado do Tocantins tem um grande potencial agrícola, com extensas áreas
propícias à prática da agricultura e, vem se destacando no cenário nacional como grande
produtor de grãos, principalmente arroz, segunda cultura em área plantada, encontrando-se
já instalados grandes complexos de armazenagem e beneficiamento. Nas unidades
armazenadoras tocantinenses o uso de inseticidas para o controle preventivo ou curativo de
insetos-praga é uma prática comum, o que levanta a suspeita das populações já terem
desenvolvido resistência aos inseticidas usados em seu controle.
Nesse contexto, informações sobre resistência a inseticidas para esta espécie são
necessárias e úteis para implementação de programas de manejo de resistência a
inseticidas.
MATERIAL E MÉTODOS
Insetos do gênero Sitophilus foram coletadas em unidades armazenadoras de grãos
de arroz, em diferentes localidades do Estado do Tocantins e nos municípios de Balsas-MA e
Luis Eduardo Magalhães – BA, que fazem parte da fronteira e que tem expressão na
produção de grãos. As populações de insetos coletadas foram mantidas em condições de
laboratório, na ausência de inseticidas, sob condições constantes de temperatura e umidade
relativa do ar (25±1ºC e 70±5% UR), usando-se grãos de milho como substrato alimentar. Um
número mínimo de 500 insetos foram considerados para o estabelecimento inicial de cada
população. As populações de Sete Lagoas (MG) e Jacarezinho (PR) foram usadas como
padrão de suscetibilidade e resistência aos inseticidas piretróides. Cerca de 20 indivíduos de
cada população foram dissecados para análise da genitália e todos foram identificados como
sendo da espécie Sitophilus zeamais.
Bioensaios foram conduzidos seguindo a metodologia usada por Guedes et al.
(1995). Para isto, foram utilizado frascos cilíndricos de vidro cor âmbar de 20 mL de volume.
-1
-1
Para determinação de faixa de resposta foram feitas cinco concentrações (1mg.mL , 10 mg.
-1
-2
-1
-3
-1
-4
-1
-5
-1
mL , 10 mg. mL ,10 mg. mL , 10 mg. mL , 10 mg. mL ) do princípio ativo dos inseticidas
deltametrina e permetrina. Acetona (PA) foi usada como solvente. 0,5 ml de cada
concentração foi pipetado e colocado em cada frasco previamente identificado com pincel
para transparência. Depois desta etapa, os frascos foram transferidos para um agitador
rotacionado tipo “rotor-torque” para promover a volatilização da acetona e a impregnação
uniforme do inseticida por toda a área interna dos frascos. Em seguida 20 indivíduos adultos
não sexados foram colocados em cada frasco, sendo avaliada a mortalidade com o tempo de
exposição de 24 horas.
A mortalidade foi avaliada considerando inseto morto, aquele com incapacidade de
andar quando tocado pelas cerdas de um pincel de ponta redonda tipo filete. Os dados de
mortalidade foram submetidos à análise de próbite para determinação das concentrações
letais com propobabilidade de causarem mortalidade a 50 e 95% dos indivíduos expostos,
nas CL50 e CL95, respectivamente. Este procedimento estatístico disponibiliza os valores de
Concentrações Letais (CL) com probabilidade de causar morte de 1 (CL 1) a 99% (CL99) dos
indivíduos expostos. A concentração letal com probabilidade de causar morte de 95% dos
indivíduos expostos (CL95) determinada na população-padrão de susceptibilidade foi usada
para o estudo de detecção de populações resistentes, por ser uma CL de referência
comumente usada em outros trabalhos de varredura de resistência. Para esta etapa, foram
utilizados 5 frascos, onde foram colocados 20 indivíduos em cada frasco, totalizando 100
indivíduos expostos para cada população. Estes bioensaios primeiramente foram realizados
com a população susceptível, em seguida a CL95 obtida para cada inseticida foi usada nas
demais populações, com a finalidade de discriminar as populações resistentes. Os dados de
mortalidade dos ensaios discriminatórios foram submetidos ao teste Z unilateral com correção
de continuidade com a finalidade de estimar a diferença mínima significativa entre as
populações testadas e a população-padrão de susceptibilidade, segundo a metodologia
proposta por Roush e Muller (1986).
685
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores das CL95 para os inseticidas deltametrina e permetrina foram
-2
-2
0,648µg.cm e 3,028µg.cm , respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1. Parâmetros toxicológicos das curvas de concentração-mortalidade dos inseticidas
permetrina e deltametrina para população padrão de susceptibilidade (Sete Lagoas) de
Sitophilus zeamais
CL50 (IC 95%)
µg i.a.cm-2
0,49 (0,40-0,57)
CL95 (IC 95%)
µg i.a.cm-2
3,028 (2,37-4,14)
X2
Prob.
100
Inclinação
± EPM
0,46 ± 0,04
3,43
0,63
100
0,48 ± 0,03
0,08 (0,06-0,09)
0,64 (0,47-0,97)
4,17
0,38
Inseticida
N
Permetrina
Deltametrina
N = número de insetos usados nos bioensaios de concentração-mortalidade; EPM = erro padrão da média; CL =
2
concentração letal; IC = intervalo de confiança; X = Qui-quadrado.
Os dados obtidos pelos testes discriminatórios são apresentados na Tabela 2 e
mostram seis casos de resistência aos inseticidas deltametrina e permetrina do grupo dos
piretróides.
Tabela 2. Mortalidade das populações de Sitophilus zeamais pelas concentrações
discriminatórias dos inseticidas
Mortalidade (%) aos
Número de
inseticidas
População
insetos/bioensaio
de varredura
Deltametrina
Permetrina
Aparecida do Rio Negro – TO
100
100
100
Balsas – MA
100
83
99
Dueré –TO
100
47*
99
Figueirópolis –TO
100
93
98
Formoso do Araguaia - TO
100
71*
93
Guaraí –TO
100
87
100
Gurupi –TO
100
100
100
1
Jacarezinho – PR
100
71*
81*
Lagoa da Confusão – TO
100
60*
100
Palmas – TO
100
80
99
Pedro Afonso – TO
100
68*
100
2
Sete Lagoas – MG
100
100
99
1
2
= população-padrão de resistência a piretróides e DDT; = população-padrão de suscetibilidade em estudos de resistência
a inseticidas; * = Mortalidade significativamente diferente da mortalidade na população-padrão de susceptibilidade pelo teste
Z a 95% de Probabilidade.
A população de Jacarezinho-PR apresentou resistência a todos os piretróides
testados. Esta população é considerada como população-padrão de resistência a inseticidas
piretróides e DDT em estudos desenvolvidos desde sua coleta no início da década de 90 por
Guedes et al. (1995) e confirmado em Fragoso et al. (2003) e Ribeiro et al. (2003).
As populações coletadas nos municípios tocantinenses de Dueré, Formoso do
Araguaia, Lagoa da Confusão e Pedro Afonso apresentaram resistência ao inseticida
deltametrina, que apresentaram taxas de mortalidade variando de 47 a 71%. Na população
coletada no município de Dueré foi encontrado maior grau de resistência, 47% de mortalidade
dos indivíduos expostos a CL95.
O inseticida deltametrina é o princípio ativo mais usado em pulverizações dos grãos
de arroz na esteira, durante o processo de estocagem nas unidades armazenadoras do
Estado do Tocantins, e portanto, com base em relatos de falhas de controle por parte de
686
gerentes de unidades armazenadoras de grãos, era esperado a detecção de populações
resistentes. Os primeiros relatos de populações de S. zeamais resistentes a piretróides foram
feitos por Guedes et al. (1995) que detectaram a existência de resistência ao inseticida
deltametrina. Ribeiro et al. (2003) também encontraram populações resistente a este
produto. Porém, nesses estudos não foram contempladas populações do Estado do
Tocantins.
Os municípios de Lagoa da Confusão e Dueré se localizam na região Sudoeste do
Estado a qual apresenta a maior produção de arroz irrigado e é onde se encontra as
unidades armazenadoras com maior capacidade de estocagem. Já o município de Pedro
Afonso se destaca na produção de arroz de terras altas.
Este fato observado é importante para o Estado do Tocantins pela crescente
produção de arroz e a magnitude da resistência detectada estar em estágios considerados
baixos a moderados. Por outro lado, estes resultados confirmam os relatos de falhas de
controle e serve como sinal de alerta para a problemática deste crescente fenômeno,
exigindo programa de manejo de resistência em insetos-praga de grãos armazenados, por
meio de práticas preventivas e integração dos métodos de controle e da rotação de princípios
ativos.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os resultados obtidos foram coerentes com os objetivos do proposto
estudo, que foi de detectar populações de Sitophilus zeamais resistentes a inseticidas em
populações coletadas nas unidades armazenadoras. As informações geradas são úteis para
orientação e escolha das táticas de controle dessa praga e podem reduzir prejuízos causados
por ela, por meio das estratégias de manejo da resistência, entre elas diminuição da pressão
de seleção por meio da rotação de princípios ativos.
AGRADECIMENTOS
À Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO,
da Fundação Universidade do Tocantins, Laboratório de Entomologia, aos seus técnicos e
pesquisadores pelo apoio na montagem e avaliações dos bioensaios. Ao Macroprograma 3
- Desenvolvimento Tecnológico Incremental - Chamada 06/2006 OEPAs, pelo apoio
financeiro para execução do trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B.M.; ROSSI, M.M.; PINTO, A.S. Perdas ocasionadas por Sitophilus spp., em genótipos
comerciais de milho, em condições de laboratório. Nucleus, v.7, n.1, p233-242. 2010.
BRASIL. Companhia Nacional de Abastecimento. Balanço de oferta e demanda. Disponível em
http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/1demanda_brasileira.pdf. Acessado em mai 2011.
FRAGOSO, D.B.; GUEDES, R.N.C.;REZENDE, S. Glutathione S-transferase detoxification as a potential
pyrethroid resistance mechanism in the maize weevil, Sitophilus zeamais. Entomologia Experimentalis
et Applicata, v.109, n.3. p.21–29. 2003.
GUEDES, R.N.C.; LIMA, J.O.G.; SANTOS, J.P.; CRUZ, C.D. Resistance to DDT and pyrethroids in
Brazilian populations of Sitophilus zeamais Motsch. (Coleoptera: Curculionidae). Journal of Stored
Products Research, v.31, p.145–150. 1995.
RIBEIRO, B.M.; GUEDES, R.N.C.; OLIVEIRA, E. E.; SANTOS, J. P. Insecticide resistance and synergism
in Brazilian populations of Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae). Journal of Stored Products
Research, v.39, n.1. p. 21–31. 2003.
ROUSH, R.T.; MILLER, G.L. Considerations for design of insecticide resistance monitoring programs.
Journal of Economic Entomology. v.79, p.293-298. 1986.
687
BIOATIVIDADE DOS HIDROLATOS DE Artemisia absinthium, Malva
sp. e Tanacetum vulgare, NO CONTROLE DE Spodoptera frugiperda.
1
2
Neiva Knaak ; Shana Letícia Felice Wiestr ; Lídia Mariana Fiuza
3
Palavras-chave: Hidrolato; lagarta-da-folha; óleos essenciais.
INTRODUÇÃO
O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais importantes, constituindo-se o
alimento básico de grande parte da população mundial. O Brasil produziu em média 13
milhões toneladas de arroz na safra 2010/2011, sendo o Rio Grande do Sul considerado o
maior produtor (CONAB, 2010). A perda estimada na produção vegetal, por ação dos
insetos, varia entre 10 e 30% para as principais culturas (FERRY et al., 2004). Na cultura do
arroz, diversas espécies de insetos são consideradas prejudiciais em diferentes fases do
ciclo, sendo a ordem Lepidoptera aquela que apresenta o maior número de insetos-praga
(FERREIRA & MARTINS, 1984; GALLO et al., 2002). A família Noctuidae, pertencente a
esta ordem, destaca-se pela grande quantidade de insetos-praga ocorrentes na lavoura de
arroz, principalmente Spodoptera frugiperda, a qual se alimenta de plantas jovens, antes da
inundação definida dos arrozais, consumindo-as completamente, podendo atingir, em
determinados anos agrícolas, níveis populacionais elevados, destruindo totalmente a
lavoura (MARTINS & BOTTON, 1998). Devido aos danos que os produtos químicos podem
causar no ambiente como um todo, o estudo de plantas com propriedades inseticidas e
repelentes reforça a necessidade da utilização de recursos renováveis e rapidamente
degradáveis. Estas vantagens são atribuídas ao emprego de substâncias extraídas de
plantas silvestres quando comparadas ao emprego dos produtos sintéticos, já que estas são
compostas da associação de vários princípios ativos, de fácil acesso e baixo custo (ROEL,
2001).
Embora a maioria dos estudos tenha sido realizada com extratos ou óleos
essenciais, outros métodos de extração ou produtos podem ser utilizados, como o hidrolato,
líquido resultante do processo de extração de óleo essencial por arraste a vapor, o qual
apresenta geralmente compostos voláteis hidrossolúveis (LAVABRE, 1993) e possui grande
quantidade de princípios ativos como ácidos, aldeídos e aminas. Hidrolatos obtidos de
plantas aromáticas geralmente apresentam de 0,05 a 0,20 g de óleo essencial por litro
(TESKE & TRENTINI, 1997).
Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar os hidrolatos de Artemisia
absinthium, Malva sp. e Tanacetum vulgare no controle de lagartas de S. frugiperda
(Lepidoptera:Noctuidae).
MATERIAL E MÉTODOS
As lagartas de Spodoptera frugiperda foram coletadas em lavouras de arroz irrigado
do Rio Grande do Sul e mantidas em dieta de Poitout & Bues (1970), na Sala de Criação de
Insetos no Laboratório de Microbiologia e Toxicologia na Unisinos. O ciclo biológico foi
desenvolvido em condições controladas (25 ± 2°C, fotoperíodo de 12 horas e 70% de
Umidade Relativa).
Para obtenção dos hidrolatos de A. absinthium, Malva sp. e T. Vulgare, as plantas
foram submetidas ao método de hidrodestilação, utilizando um equipamento de Clevenger
(CLEVENGER, 1928) adaptado. Durante o período em que o sistema permaneceu em
1
Doutora em Biologia, PPG em Biologia – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, RS, email: [email protected].
Estudante de Biologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo.
Doutora em Agronomia, PPG em Biologia – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo e Instituto Riograndense do Arroz Irrigado –
IRGA, Cachoeirinha, RS.
2
3
688
ebulição (2 horas), os vapores de água e as substâncias voláteis oriundas da planta foram
conduzidos ao condensador adaptado ao aparelho, permitindo a destilação contínua destes
através do sistema fechado e vaso-comunicante. Dessa maneira, o óleo essencial da planta
e o respectivo hidrolato, caracterizado como a fração aquosa contendo o óleo essencial
emulsionado, acumularam-se gradualmente no reservatório do aparelho. Os óleos voláteis e
os hidrolatos gerados em cada extração foram coletados separadamente e armazenados
em recipientes de vidros, de cor âmbar, hermeticamente fechados, a 4ºC.
Nos bioensaios foram aplicados 10 µL dos tratamentos com hidrolatos de A.
absinthium, Malva sp. e T. vulgare em secções de folhas de arroz (1 cm de diâmetro),
acondicionadas em mini-placas de acrílico, contendo ágar-ágar, onde 30 lagartas foram
individualizadas. Para cada ensaio foram realizadas três repetições, totalizando 90 lagartas
avaliadas por tratamento. No controle, o volume das suspensões dos tratamentos (10 µL) foi
substituído por água destilada esterilizada. Os ensaios foram mantidos em câmara
climatizada a 25ºC, 70% de UR e fotoperíodo de 12h. A mortalidade foi avaliada no 2º, 5º e
7º dia após a aplicação dos tratamentos, sendo em seguida corrigida pela fórmula de Abbott
(1925).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da letalidade de lagartas de Spodoptera frugiperda foram
correspondentes a 1, 19 e 42% de mortalidade corrigida para os tratamentos com os
hidrolatos de Tanacetum vulgare, Artemisia absinthium e Malva sp., respectivamente.
Tagliari et al. (2010) avaliando extratos de M. silvestris, A. absinthium e T. vulgare, obtidos
pela maceração das plantas, encontraram MC de 5, 8 e 15%, respectivamente, em lagartas
de S. frugiperda, quando avaliado até o 7º dia após a aplicação dos tratamentos. Porém,
quando avaliado a MC acumulada até o desenvolvimento total da fase larval, encontraram
MC de 21, 31 e 90% para a maceração de A. absinthium, T. vulgare e M. silvestris,
respectivamente. Dessa forma, os hidrolatos provocaram maior mortalidade em lagartas de
S. frugiperda. Isso pode indicar o caminho para busca de um novo produto para a utilização
no Manejo Integrado de Pragas (MIP), pois normalmente o hidrolato é considerado
subproduto, sendo posteriormente descartado. Além disso, os hidrolatos podem ser obtidos
em grandes quantidades e são potencialmente bioativos, podendo substituir os óleos
essenciais, já que estes tem um baixo rendimento e consequentemente custos elevados de
produção.
Em termos gerais, a seleção de plantas com atividade inseticida é baseada quase
exclusivamente nos efeitos letais. Todavia, deve-se considerar que nem sempre a
mortalidade do inseto deve ser o objetivo principal, pois exige maior dose,
consequentemente maior quantidade de matéria prima vegetal. Dessa maneira, o objetivo
almejado deve ser reduzir e ou impedir o crescimento populacional da praga, seja por
efeitos fisiológicos, alterações no comportamento sexual, ou outros fatores correlacionados
(SILVA, 2010).
CONCLUSÃO
Dessa forma, pode se concluir que dentre os hidrolatos testados na presente
pesquisa, Malva sp. destacou-se com uma mortalidade corrigida de 42%, merecendo ser
alvo de novas pesquisas, as quais vão depender da disponibilidade das espécies vegetais e
de todo o conjunto que envolve a detecção dos produtos bioativos, além da síntese química
dos ingredientes ativos e a elucidação do sítio-alvo da molécula inseticida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TESKE, M; TRENTINI, A. M. M. Herbarium: Compêndio de Fitoterapia. 2. ed. Curitiba: Herbarium
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690
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE ARROZ AO
ATAQUE DE Diatraea saccharalis (FABR., 1794) (LEPIDOPTERA:
PYRALIDAE)
1
2
Jacqueline Barbosa Nascimento ; Mabio Chrisley Lacerda ; Tereza Cristina de Oliveira Borba
4
5
6
Neves de Mello ; José Alexandre de Freitas Barrigossi ; José Francisco da Silva Martins
3
Raquel
Palavras-chave: broca-do-colmo, cultivares e arroz
INTRODUÇÃO
A broca-do-colmo Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Pyralidae)
ataca diversas espécies de plantas da família Poaceae, tais como arroz, aveia, cana-deaçúcar, milho, sorgo, trigo dentre outras. Está distribuída desde o sul dos Estados Unidos da
América até a Argentina, tendo origem neste continente (MARTINS, 1983).
Na cultura do arroz (Oryza sativa), esta praga pode provocar perdas econômicas
em lavouras irrigadas e de terras altas, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do
Brasil. Os danos ocasionados às plantas de arroz são conhecidos como “coração-morto” e
panícula-branca, sintomas característicos das fases vegetativa e reprodutiva da cultura,
respectivamente (FERREIRA, 2002).
Devido ao comportamento da broca-do-colmo em alojar-se no interior do colmo, os
sintomas característicos do ataque de D. saccharalis à cultura do arroz se tornam visíveis
somente quando severos danos são causados às plantas. O seu controle é feito por meio
de produtos químicos, porém a utilização de variedades resistentes vem sendo uns dos
métodos de controle mais viáveis para controle da praga porque não onera os custos de
produção e é seguro para o ambiente (FERREIRA et al., 2004).
Este trabalho teve como objetivo analisar a resistência ao ataque de lagartas D.
Saccharalis nos acessos de arroz pertencentes do Banco Ativo de Germoplasma da
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa
em Arroz e Feijão).
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na Estação Experimental da Embrapa Arroz e Feijão,
localizada no município de Santo Antônio de Goiás, GO, no período de janeiro a junho de
2010. Os acessos de arroz estudados abrangeram linhagens e cultivares brasileiras (LCB),
linhagens e cultivares introduzidas (LCI) e variedades tradicionais (VT) que são possíveis
fontes de resistência à broca-do-colmo, as chamadas “Canelas de Ferro” (CF). Estas
últimas são variedades locais de arroz que foram coletadas no Estado do Maranhão.
A resistência de arroz à D. saccharalis foi estudada em casa telada utilizando
delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Cada acesso
nas repetições foi infestado com 20 indivíduos de broca-do-colmoneonatos de D.
saccharalis. Trinta dias após a infestação, as plantas de arroz foram cortadas rente ao solo,
e as amostras levadas ao laboratório de Entomologia onde os colmos foram examinados, e
os sinais de ataque da broca e o peso das lagartas sobreviventes foram determinados. Os
dados referentes ao peso médio de lagartas, diâmetro interno do colmo e percentagem de
1
Doutoranda em Agronomia, Univesidade Federal de Goiás, Rodovia Goiânia-Nova Veneza, km zero. Campus Samambaia, Goiânia,
GO, [email protected].
2
Eng. Agrônomo, Doutor em Fitotecnia, Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].
3
Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, Pesquisadora, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, e-mail:
[email protected].
4
Doutora em Agronomia, Pesquisadora, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, [email protected]
5
Doutor em Entomologia Agrícola, Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, [email protected]
6
Doutor em Entomologia, Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, [email protected]
691
ataque foram submetidos à analise de variância e as médias foram comparadas pelo teste
LSD, a 5% de significância (SAS INSTITUTE, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os acessos diferiram pouco quanto ao peso de D. saccharalis, onde as lagartas
mais pesadas foram encontradas em duas variedades tradicionais “Canela de Ferro” (CA
780099 CA 790164). O maior valor de diâmetro interno do colmo foi encontrado em duas
variedades tradicionais “Canela de ferro” (CA 790164 e CA 980007) que apresentaram 3,18
mm (Tabela 1). A porcentagem de ataque nos acessos de arroz analisados variou de 45%
(Bonança) a 95% (Canela de Ferro – CA 790167) (Figura 1).
Tabela 1. Peso médio de lagartas (PML) e diâmetro interno do colmo (DIC) em plantas de
34 acessos de arroz submetidos à infestação artificial com D. saccharalis. Santo Antônio de
Goiás, GO. 2010.*
Acesso
CF (CA 780099)
Soberana
CF (CA 790164)
CF (CA 790217)
CF (CA 980023)
IAC 47
Ti Ho Hung
IR 40
CF (CA 790216)
CF (CA 810064)
CF (CA 790167)
CF (CA 790309)
CF (CA 220241)
Carajás
CF (CA 790367)
IR 42
C 409
IAC 201
TKM 6
CF (CA 980007)
CF (CA 810055)
Canastra
CF (CA 220268)
IR 13429-109-2.2.1
Carisma
Guarani
Su Yai 20
Caiapó
Confiança
CF (CA 220025)
Patnai 6
Primavera
Chiang an Tsao Pai Ku
Bonança
PML (g)
0.0986 a
0.0883 abc
0.0862 ab
0.0751abcd
0.0738 abcd
0.0710 abcde
0.0689 abcde
0.0674 abcde
0.0670 abcdef
0.0657 abcdef
0.0649 abcdef
0.0631 abcdef
0.0572 abcdefg
0.0547 bcdefg
0.0547 bcdefg
0.0540 bcdefg
0.0537 bcdefg
0.0535 bcdefg
0.0522 bcdefg
0.0520 bcdefg
0.0487 bcdefg
0.0463 bcdefg
0.0451 bcdefg
0.0448 bcdefg
0.0434 cdefg
0.0396
defg
0.0391
defg
0.0385
defg
0.0369
defg
0.0356
defg
0.0331
defg
0.0301
efg
0.0248
fg
0.0163
g
Acesso
CF (CA 980007)
CF (CA 790164)
CF (CA 790167)
CF (CA 780099)
C F (CA 980023)
CF (CA 790216)
CF (CA 790309)
CF (CA 220025)
CF (CA 790367)
CF (CA 810064)
CF (CA 220241)
Ti Ho Hung
C.F. (CA 790217)
Caiapó
C.F. (CA 810055)
Confiança
IAC 47
Canastra
Carisma
TKM 6
CF (CA 220268)
IR 42
Bonança
Patnai 6
IR 13429-109-2.2.1
Carajás
C 409
Primavera
IAC 201
Soberana
IR 40
Guarani
Chiang an Tsao Pai Ku
Su Yai 20
DIC (mm)
3.18 a
3.18 a
3.11 ab
3.06 ab
3.04 ab
3.04 ab
2.97 abc
2.93 abcd
2.89 abcd
2.89 abcd
2.82 abcd
2.82 abcd
2.80 abcd
2.67 abcde
2.55 abcdef
2.53 abcdef
2.51 abcdef
2.46 abcdef
2.39 abcdefg
2.39 abcdefg
2.37 abcdefg
2.36 abcdefg
2.33 abcdefg
2.26 bcdefgh
2.26 bcdefgh
2.25 bcdefgh
2.24 bcdefgh
2.11 cdefghi
2.05
defghi
1.78
efghi
1.67
fghi
1.48
ghi
1.35
hi
1.30
i
* Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste LSD, a 5 % de
probabilidade.
Segundo Hosseini et al. (2010), o diâmetro do colmo é considerado um dos
caracteres quantitativos relacionados a suscetibilidade de cultivares de arroz à broca-docolmo Chilo suppressalis (Walker) em experimentos sob condições naturais de infestação.
Os autores observaram que as plantas mais atacadas foram aquelas que apresentaram os
maiores diâmetros do colmo. A presença de colmos mais espessos facilita o
692
desenvolvimento e o movimento das lagartas, logo os resultados obtidos corroboram com
as observações de Ntanos e Koutroubas (2000) e Rubia-Sanchez et al. (1998). Algumas
cultivares, como Taichung 16 e Chianan 2, são conhecidas por serem rejeitadas pelas
mariposas de D. saccharalis para oviposição. Nas resistentes, as lagartas sofrem alta
mortalidade, são menores e apresentam menor taxa de crescimento populacional
(FERREIRA et al., 2001). Os acessos introduzidos TKM 6 e Su Yai 20 utilizados neste
estudo foram identificadas nos últimos 25 anos, como resistentes ao dano de D. saccharalis
(KHAN et al., 1991). Porém ainda não foram identificadas fontes com alto grau de
resistência, sendo mais comum a identificação de cultivares suscetíveis ou com resistência
moderada. Assim, quando submetidas a um ataque severo de broca-do-colmo, as cultivares
consideradas resistentes podem sofrer algum dano (PATHAK e KHAN, 1994). Selvi et al.
(2002) avaliando a resposta do dano de cultivares de arroz à broca-amarela-do-colmo S.
incertulas, sob condições artificiais de infestação, observaram que a cultivar TKM 6
mostrou-se moderadamente resistente ao dano desta broca-do-colmo.
100
% de colmos atacados
90
80
70
60
50
40
IA
C
Pa 47
Su tnai
Ti Ya 6
Ho i 20
Hu
IR
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13
M
42
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Ch
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4
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CF A
2
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CF A
0
(C 220 25)
A
24
22 1)
02
CF
( G 68
CF CA uara )
7
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8 n
CF CA 009 i
( 79 9
CF CA 016 )
7
(
9 4
CF CA 016 )
( 79 7
CF CA 021 )
7
(
9 6
CF CA 021 )
( 79 7
CF CA 030 )
( 79 9
CF CA 036 )
( 81 7
CF CA 005 )
( 81 5
CF CA 006 )
(C 980 4)
A
0
98 07)
00
23
)
0
Acessos de arroz
Figura 1. Percentagem de colmos atacados por D. saccharalis nos diferentes acessos de
arroz.
As VT “Canelas de Ferro” são materiais genéticos conservados por pequenos
agricultores, podendo ser cultivadas em sistema irrigado ou de sequeiro. Estes acessos de
arroz favoreceram um maior crescimento e desenvolvimento de lagartas de D. saccharalis.
Porém, a variabilidade genética das “Canelas de ferro” deve ser bem mais explorada e
futuramente estes acessos serem utilizados para constituir novas fontes de genes de
inestimável valor para os programas de melhoramento de arroz no País, principalmente
para a resistência a insetos-praga.
CONCLUSÃO
A utilização das LCI e das VT pode ser uma alternativa para aumentar a base
genética dos acessos de arroz brasileiros, permitindo o surgimento de novas combinações
693
alélicas e adaptações a ambientes específicos, o que pode proporcionar, por exemplo, uma
redução da vulnerabilidade a insetos-praga.
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694
TOXICIDADE DE DIFERENTES EXTRATOS DE Maytenus ilicifolia Mart. Ex
Reiss À LAGARTAS DE Spodoptera frugiperda (J.E.SMITH, 1797)
1
2
3
4
D’Incao, M.P. ; Soares, P. ; Quadros, B.C. ; Oliveira, J. V. de , Fiuza, L.M.
5
Palavras-chave: cancorosa, bioinseticidas, lagarta da folha, extratos vegetais ,
INTRODUÇÃO
O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz irrigado, chegando a
6,909 mil toneladas safra de 2009/10 (MAPA, 2010). Os danos causados pelo ataque de
insetos considerados pragas provocam grandes reduções na produtividade das
monoculturas de arroz e milho, onde se destaca o lepidóptero Spodoptera frugiperda
(J.E.SMITH, 1797) (lagarta-do-cartucho-do-milho ou lagarta militar), como uma das principais
pragas da fase vegetativa. S. frugiperda é um lepidóptero polífago, amplamente distribuído
nas Américas, sendo encontrado do sul do Canadá ao sul da América do Sul (Uruguai e
Argentina) (ASHLEY ET AL, 1989).
O método mais utilizado para o combate desta praga ainda é o químico, devido ao
baixo custo e a facilidade de obtenção, além da alta taxa de eliminação de ovos e lagartas.
Apesar da disponibilidade de diversos produtos a base de agentes de biocontrole e tecnicas
alternativas para o controle de pragas de lavoura, como utilização de extratos vegetais, sua
utilização ainda é restrita, muitas vezes por não se conhecer por completo o seu efeito. A
crescente preocupação da sociedade em relação aos efeitos colaterais dos agrotóxicos,
como toxicidade para os aplicadores, poluição ambiental e a presença de resíduos nos
alimentos, tem incentivado os pesquisadores a desenvolverem estudos com táticas de
controle alternativo de pragas, como o uso de inseticidas de origem vegetal (BRAND ET AL,
2007; PEREIRA ET AL, 2008; AGARWAL ET AL, 2001; LIMA ET AL, 2008; RIZWAN-UL-HAQ ET AL
2009). Estes princípios ativos são resultantes do metabolismo secundário das plantas,
sendo acumulados em pequenas porções no tecido vegetal (GONZAGA ET AL, 2008).
A interação inseto-planta tem sido uma das áreas mais estudadas na ecologia
química, trazendo grandes ganhos e perspectivas interessantes para o desenvolvimento de
biopesticidas vegetais. Essas interações envolvem numerosos metabólitos secundários que
podem vir a interferir no comportamento, crescimento e/ou desenvolvimento dos insetos
(SIMÕES ET AL, 2007; RHARRABE ET AL, 2010).
A Cancorosa (Maytenus ilicifolia) é um arbusto perene da família Celastraceae,
cujas folhas são amplamente utilizadas na medicina popular, em forma de chá, para o
tratamento de úlceras e gastrites. As folhas de M. ilicifolia apresentam em sua composição
química básica terpenos de diversas ordens (monoterpenos, diterpenos, triterpenos,
sesquiterpenos), alcalóides, taninos, flavonóides, entre outros (ALONSO, DESMARCHELIER,
2007; SANTOS-OLIVEIRA ET AL, 2009; MOSSI ET AL, 2010; RADOMSKI, BULL, 2010 E RADOMSKI
ET AL, 2008). Fonseca et al (2007) relatam propriedades inseticidas para o gênero
Maytenus.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o potencial inseticida da Cancorosa
frente a S. frugiperda.
MATERIAL E MÉTODOS
Criação do Insetos:
As colônias de insetos da espécie S. frugiperda, oriundas das culturas de milho e
1
Doutoranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, Av. Unisinos, 950 – Bairro Cristo Rei – cep 93.022-000, [email protected] .
Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected] .
Graduanda em Biologia, Unisinos, [email protected].
4
Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected]
5
Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e Unisinos, [email protected]
2
3
695
arroz, são criadas em condições controladas (25°C, 70%U.R. e 12h de fotofase) na Sala de
Criação de Insetos, junto ao Laboratório de Microbiologia da UNISINOS. As lagartas são
alimentadas com dieta artificial de Poitout (POITOUT, BUES, 1970), sendo as crisálidas
separadas por sexo e os adultos obtidos, acondicionados em gaiolas, com solução
glicosada e substrato de oviposição. Os ovos obtidos são acondicionados em caixas Gerbox
com dieta artificial, até 3 dias após a eclosão, quando as lagartas são individualizadas em
potes plásticos com dieta para evitar o canibalismo.
Material Vegetal e Extratos:
Folhas de Maytenus ilicifolia foram coletadas no Campus da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos - UNISINOS (29°47’47,90” de latitude Sul e 51°09'24,93” de longitude
Oeste), sempre no inicio da manhã, observando-se a ausência de chuva, floração e
frutificação.
Os extratos vegetais foram obtidos por maceração das folhas com nitrogênio líquido
até a obtenção de um pó homogêneo. A ressuspensão deste foi realizada com quatro
diferentes solventes para a extração dos compostos secundários, em uma proporção de
1w:5v (5 ml de solvente para cada grama de pó vegetal) e mantidos a 4°C por 24h, sendo
posteriormente filtrados com papel filtro esterilizado. O extrato obtido após a filtragem foi
dividido em ependorfs e mantido a -18°C. Os solventes utilizados foram: água destilada
estéril em temperatura ambiente (extrato aquoso a frio), água destilada estéril a 80°C
(extrato aquoso por decocção), álcool etílico a 70% (extrato etanólico) e solução tampão
para extração de proteínas (50mM Tris-HCl pH8,0; 1mM EDTA pH8,0; 5% Glycerol v:v;
1mM DTT; 0,1% Triton) (extrato protéico).
Bioensaios:
Foram utilizadas lagartas de 1° ínstar, mantidas individualmente em mini-placas de
acrílico (35mm de diâmetro), contendo uma fina camada de gel de ágar-ágar e um disco
foliar de soja perene (Neonotonia wightii), com 18mm de diâmetro, por 48h. Em cada disco
foliar foi depositado 50µL de extrato. Os valores de mortalidade observados após a
exposição foram corrigidos pela Fórmula de Abbott (ABBOTT, 1925). Foram feitos dois
tratamentos controle: um com o solvente utilizado na elaboração do extrato vegetal (quando
este não era água destilada estéril) e outro com água destilada autoclavada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos bioensaios realizados é possível observar que os extratos aquoso por
decocção e etanólico apresentaram maior mortalidade corrigida, 46,7% e 55,6%,
respectivamente. Os extratos aquoso a frio e protéico apresentaram mortalidade corrigida
de 4,4% e 11,1%, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1: Mortalidade corrigida de Spodoptera frugiperda após 48h de exposição a
quatro diferentes extratos de Maytenus ilicifolia
Extratos
Mortalidade Corrigida (%)
Aquoso a Frio
4,4
Aquoso por Decocção
46,7
Etanólico
55,6
Protéico
11,1
Os resultados observados indicam a presença de flavonas e flavonóis nos extratos
de folhas de M. ilicifolia, pois estes compostos secundários são pouco solúveis em água, o
que justifica o resultado obtido no extrato aquoso a frio (ZUANAZZI, MONTANHA, 2007).
A mortalidade obtida no extrato por decocção seria explicado pela presença de
mono e sesquiterpenóides que são extraidos com aquecimento do solvente (GERSHENZON,
CROTEAU, 1991). Estes terpenóides apresentam atividade inseticida através da inibição da
696
acetilcolinesterase, interferindo no crescimento, pois impedem a ecdise, além de possuir
efeito deterrente. Mossi et al (2010) observaram apresença do monoterpenóide limoneno
nas folhas de M. ilicifolia o que reforça esta teoria. A descrição química da espécie M.
ilicifolia publicada por Alonso & Desmarchelier (2007) e Xavier & D’Angelo (1996) também
corroboram com esta teoria, pois indicam que os compostos fenólicos que predominam nas
folhas desta espécie são os quercetinas e kaempferol, que são dois flavonóides da classe
das flavonas e flavonóis. A presença de flavonóides é relatada também por Santos-Oliveira
(2009) e Radomski & Bull (2010).
A mortalidade relativamente baixa observada no extrato protéico pode indicar que a
toxicidade de M. Ilicifolia se deve a presença de metabólitos secundários não protéicos.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos na presente pesquisa podemos concluir que a
cancorosa (Maytenus ilicifolia) possui potencial inseticida para o controle à Spodoptera
frugiperda. Ainda são necessários mais estudos quanto ao mecanismo de ação, efeitos
subletais e perfil bioquímico dos extratos.
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– da planta ao medicamento. 6° edição. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. 1102 pp.DIGITE aqui
a literatura citada, seguindo as normas da ABNT. Não utilizar abreviações para títulos de periódicos.
698
EFICIÊNCIA DE EXTRATOS VEGETAIS DE Euphorbia pulcherrima NO
CONTROLE DE Spodoptera frugiperda (Lepidoptera, Noctuide).
Soares, P. ;Quadros, B. C.²; D’Incao, M.P.³; Oliveira, J. V. de ; Fiuza, L. M .
1
4
5
Palavras-chave: Controle biológico, Lagarta-da-folha, Bico-de-papagaio, Extratos vegetais.
INTRODUÇÃO
As culturas do milho e do arroz irrigado apresentam significativa importância sócioeconômica para o Estado do Rio Grande do Sul (RS). A ação de insetos tem sido um dos
principais fatores que reduzem a produtividade dos híbridos e cultivares atualmente
utilizados. Neste contexto, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) tem
assumido grande importância devido aos danos causados às plantas (GRÜTZMACHER ET AL.,
2000; MAETINS ET AL. 2004).
No milho, S. frugiperda é conhecida por lagarta-do-cartucho. As lagartas maiores se
instalam preferencialmente no cartucho da planta, podendo também atacar a espiga
(GRÜTZMACHER ET AL., 2000). Na cultura do arroz irrigado, ataca preferencialmente o capimarroz (Echinochloa spp.) passando à cultura após a eliminação dessa invasora por
herbicidas. O ataque ao arroz se caracteriza pelo corte das plântulas rente ao solo e
dependendo do nível populacional, a destruição da lavoura pode ser total (MARTINS ET AL.,
2004). Entre as técnicas de controle de insetos, destaca-se a aplicação de agrotóxicos, que,
no inicio da década de 40, se tornou a principal forma de controle dessas pragas (Holz et
al., 2009.)
O uso destes produtos, sem alternância com outros, causa desequilíbrio nos
ecossistemas, como: a eliminação de insetos não-alvo, explosões populacionais, por
eliminação de inimigos naturais, e perda de eficácia destes praguicidas mediante seleção de
populações resistentes. Adiciona-se a isto também, o acúmulo de resíduos nos alimentos e
intoxicação dos operadores. Assim, medidas de controle que causem menor impacto
ambiental são de primordial importância, o que vem estimulando o ressurgimento do uso de
plantas inseticidas como promissora ferramenta para controle de insetos (BORGONI &
VENDRAMIM, 2003). O estudo de plantas com potencial atividade inseticida, repelente e
deterrente é importante para descobrir novas moléculas ativas, que poderão ser isoladas
das plantas ou sintetizadas, ou então uma molécula-protótipo para modificações estruturais
visando, por exemplo, obter um composto mais ativo (D’INCÃO, 2008).
Estes estudos tem se desenvolvido e o emprego de substâncias inseticidas
extraídas de plantas tem inúmeras vantagens, quando comparado com o uso de produtos
sintéticos. Segundo Parra (1991), além de produtos diretamente envolvidos nas funções
primárias, como: a fotossíntese, respiração e crescimento, as plantas contém ou produzem
uma grande variedade de outros compostos que passaram a ser chamados de substâncias
secundarias.
O Bico-de-papagaio, também conhecido como flor-de-natal ou poinsétia, é uma
planta da família das Euphorbiaceae que possuem distribuição predominantemente
pantropical, originária do México, incluindo cerca de 300 gêneros e 6000 espécies. No Brasil
ocorrem cerca de 70 gêneros e 1000 espécies, representando uma das principais famílias
da flora brasileira. Incluem diversas espécies de interesse econômico, onde destaca-se a
.
1
Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected] .
²Graduanda em Biologia, Unisinos, [email protected].
³Doutoranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, Av. Unisinos, 950 – Bairro Cristo Rei – cep 93.022-000, [email protected]
4
Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected]
5
Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e PPG em Biologia, UNISINOS, [email protected]
699
seringueira. Essas plantas são de hábito perene e utilizadas como ornamentais,
evidentemente por possuírem flores não vistosas, o aspecto ornamental é dado pelas
brácteas e folhagens, onde incluem-se neste grupo o bico-de-papagaio. O látex destas
plantas é cáustico e podem ocorrer acidentes quando em contato com as mucosas,
principalmente dos olhos (SOUZA, 2008).
Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial inseticida de Euphorbia
pulcherrima às lagartas de Spodoptera frugiperda.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no laboratório de Microbiologia e Toxicologia da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Os insetos
utilizados nos experimentos foram obtidos da criação massal mantida em laboratório, em
condiçõescontroladas: temperatura de 25°C, umidade relativa de 60% e fotofase de 12
horas.
O material vegetal foi coletado no Campus da Unisinos (29°47’47,90” de latitude Sul
e 51°09'24,93” de longitude Oeste), dentro do seu ciclo vegetativo, e os metabólitos
secundários foram extraídos das folhas das plantas de Bico-de-papagaio (E. pulcherrima),
que foram maceradas com nitrogenio líquido (-196°C). Após a maceração, o pó das folhas
foi diluido com diferentes solventes, na proporção de 1g/5ml (1w:5v) para a extração dos
metabólidos secundários. Os solventes utilizados para as extrações foram água destilada
autoclavada fria (temperatura ambiente), água destilada autoclavada a quente (Decocção,
80°C por 30 min.), etanol 70% e solução tampão para extração de proteínas (50Mm TrisHCl, pH8,0, 1mM EDTA pH8,0, 5% Glycerol v:v, 1mM DTT, 0,1% Triton). Os extratos foram
armazenados por 24 horas a 4°C e posteriormente filtrados. Os extratos obtidos foram
acondicionados em eppendorfs e mantidos a -18°C.
Para os bioensaios, os extratos foram descongelados e mantidos a 4°C. Em placas
de acrílico de 35 mm, contendo uma base de Ágar- Ágar e um disco de folhas de sojaperene (Neonotonia wightii) de 18 mm de diâmetro, foram aplicados 50µL do extrato
vegetal. As lagartas utilizadas foram de 1º ínstar e os bioensaios foram mantidos em
incubadora tipo B.O.D. (25°C, 70% U.R e 12h luz), sendo a mortalidade observada durante
48 horas. No controle foi utilizada água destilada autoclavada e etanol 70% em substituição
dos tratamentos. A mortalidade observada foi corrigida pela fórmula de Abbott (1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados dos bioensaios revelaram que a mortalidade das lagartas de Spodoptera
frugiperda foi maior no extrato etanólico em comparação aos extratos aquosos a frio e
quente (Figura 1), inferindo-se que os flavonóides, como por exemplo, os terpenóides,
componentes presentes nestes extratos têm ação inseticida. Isso também foi confirmado
quando a mortalidade no extrato aquoso a frio foi superior ao extrato aquoso por decocção,
pois alguns tipos de flavonóides sofrem hidrólise ao serem aquecidos, desconfigurando a
referida molécula. (VARRICCHIO, 2009; ZUANAZZI e MONTANHA, 2007).
700
80
70
60
50
40
30
20
10
0
EA -­‐ F
EA -­‐ Q
EE
EP
Figura 1. Mortalidade Corrigida de lagartas de 1º instar de Spodoptera frugiperda submetidas aos
tratamentos com extratos de Euphorbia pulcherrima (EA-F: Extrato Aquoso Frio; EA-Q: Extrato
Aquoso Quente; EE: Extrato Etanólico; EP: Extrato Protéico).
De acordo com os dados ilustrados na Figura 1, a maior mortalidade dos insetosalvo foi observada no tratamento com o extrato protéico, indicando que o ingrediente ativo
inseticida de E. pulcherrima corresponde aos polipeptídeos de possíveis reservas protéicas.
Os dados bibliográficos mostram que as plantas apresentam elevado potencial à
produção de compostos secundários, que geralmente, estão relacionados com seus
mecanismos de defesa. Dentre essas substâncias pode-se mencionar: os compostos
fenólicos e polifenólicos; quinonas; flavonóides; taninos; cumarinas; terpenóides; alcalóides;
lectinas; polipeptídeos; e outros (HOLZ ET. AL. 2009).
O látex que é produzido nos laticíferos de E. pulcherrima, possui em sua
composição química triterpenos e éster-diterpênicos. Os terpenóides constituem uma das
mais diversificadas classes de compostos químicos caracterizadas em extratos vegetais.
Estes são responsáveis por uma grande diversidade de esqueletos hidrocarbônicos
potencializando as interações fisiológicas e ecológicas das plantas. Essa grande variedade
de estruturas também possibilita diferentes ações, tais como, defesa contra insetos,
herbívoros e fitopatógenos (SIQUEIRA ET AL, 2003).
CONCLUSÃO
Com base nos resultados preliminares dos bioensaios, os extratos protéicos de E.
pulcherrima apresentam elevado potencial tóxico às lagartas de S. frugiperda, sendo ainda
necessários estudos do perfil dessas proteínas e dos demais metabólitos secundários
sintetizados pelo Bico-de-papagaio.
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702
INTERAÇÃO ENTRE Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae), Campoletis flavicincta (Ashmead)
(Hymenoptera: Ichneumonidae) e Bacillus thuringiensis kurstaki
HD1, EM LABORATÓRIO.
1
1
2
1,2
Silvia Martins de Salles ; Fernanda Pavani ; Jaime Vargas de Oliveira ; Lidia Mariana Fiuza
Palavras-chave: Spodoptera frugiperda, Campoletis flavicincta, Bacillus thuringiensis
kurstaki
INTRODUÇÃO
O Arroz irrigado possui grande importância econômica no RS, sendo a produtividade média
da safra 2010/2011 de 7.600 kg/ha (CONAB, 2011). Porém, alguns fatores são
responsáveis pela redução da produtividade, onde se destacam os insetos-praga que
reduzem o potencial dos cultivares atualmente disponível. S. frugiperda tem recebido
atenção especial quanto ao desenvolvimento de métodos de controle que reduzam a
aplicação de inseticidas, principal forma de controle utilizada pelos produtores, utilização
essa que tem se mostrado um fator importante no desequilíbrio dos agroecossistemas. Isso
provoca fenômenos como ressurgência e seleção de populações de insetos-praga
resistentes, maior impacto sobre as populações de inimigos naturais, incidência de pragas
secundárias e novas espécies de pragas, além de outros fatores que se associam, inclusive,
à saúde animal e humana. Diversas publicações relatam que o uso indiscriminado de
pesticidas químicos, elimina, junto às espécies prejudiciais, seus inimigos naturais,
encontrados na lavoura de arroz. (VELLOSO et al, 1999; LILJESTHRÖM et al, 2002;
RAFIKOV & BATHAZAR, 2005). A atividade biológica dos inimigos naturais tem sido
pesquisada, sendo que nesse grupo, o parasitóide C. flavicincta tem se mostrado promissor
como agente de controle de S. frugiperda (CRUZ et al, 1997). No controle biológico, o
entomopatógeno Bacillus thuringiensis, que contém genes cry, os quais codificam proteínas
Cry inseticidas, que formam inclusões cristalinas durante a esporulação bacteriana. No
trabalho de Schnepf et al. (1998) são relatados que muitas cepas de B. thuringiensis
classificam-se em diferentes subespécies, sendo a maioria ativa insetos da ordem
Lepidóptera, mas ainda há poucos dados de pesquisa sobre o impacto das proteínas Cry
em organismos não-alvo, como por exemplo, os inimigos naturais das pragas. Nesse
sentido, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a interação tritrófica entre
S. frugiperda, C. flavicincta e B. thuringiensis kurstaki HD1, em laboratório.
MATERIAL E MÉTODOS
A coleta para obtenção dos parasitóides foi realizada na Estação Experimental do IRGA,
em Cachoeirinha, RS, no ano agrícola 2010/2011, em área de cultivo de milho. No referido
período três amostragens foram realizadas, para obtenção do numero necessário de
parasitóides para dar inicio a criação artificial, as lagartas de S. frugiperda coletadas foram
transportadas para o Laboratório de Microbiologia e Toxicologia na UNISINOS e mantidas
em câmara climatizada a 25±2 °C, fotofase 14h, sendo alimentadas com dieta de Poitout
(Poitout & Bues, 1974). até a fase de crisálidas, as quais permaneceram até a emergência
dos adultos ou dos parasitóides. Casais de C. flavicincta emergidos no mesmo dia foram
individualizados em gaiolas, contendo glicose a 10% como substrato de alimentação.
Os
casais foram mantidos B.O.D e após 24h foram ofertadas 30 largartas de 2°ínstar de S.
frugiperda, alimentadas com dieta de Poitout. Para avaliação da interação entre S.
frugiperda, C. flavicincta e Bt. kurstaki HD1 as lagartas de S. frugiperda foram expostas aos
seguintes tratamentos: (1) sem parasitismo e sem infecção por Bt. kurstaki (controle); (2)
703
infecção por Bt. kurstaki; (3) parasitismo por C. flavicincta e (4) parasitismo e infecção por
Bt. kurstaki . Para cada tratamento foram utilizadas 30 lagartas, com três repetições,
totalizando 360 lagartas avaliadas. Na obtenção dos insetos para o tratamento (3) e (4),
lagartas com três dias de idade foram expostas aos parasitóides em gaiolas, onde
permaneciam por 24 horas. Após este período foram infectados por Bt. kurstaki tanto um
lote destas lagartas (tratamento quatro) quanto um lote de lagartas com quatro dias de vida,
não exposto ao parasitismo, somente a infecção por Bt. kurstaki (tratamento dois). A
exposição das lagartas por Bt. kurstaki foi realizada em placas de acrílico, com dieta de
Poitout. O mesmo procedimento foi adotado nos tratamentos (1) e (3), porém substituindo a
por água destilada. As lagartas de todos os tratamentos
cepa de Bt. kurstaki
permaneceram durante sete dias expostas a cepa Bt. kurstaki ou não. Sendo avaliadas
diariamente e o número de lagartas mortas, vivas, e, estas, quando em pré- pupa ou
parasitadas, foram registradas. As placas de acrílico com as lagartas foram mantidas em
câmara tipo B.O.D. ( 25C°, 12 horas de fotofase e 70 % de umidade relativa), no laboratório
de Microbiologia e Toxicologia da Unisinos. A mortalidade entre os tratamentos foi
submetida a Anova One Way.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O percentual de mortalidade das lagartas em cada tratamento, considerando a média das
repetições, está representado na Figura 1. No controle, a mortalidade foi inferior a 10%. No
tratamento realizado com Bt kurstaki a mortalidade obtida foi de 21,2 %, já as lagartas
submetidas apenas ao parasitismo por C. flavicincta apresentaram 42,2%. A maior
mortalidade foi alcançada no tratamento realizado com Bt kurstaki e o parasitóide,
simultaneamente, totalizando 48,8 %.
Resultados semelhantes foram encontrados por Dequech et al. (2003) que citam a
obtenção de maior mortalidade em lagartas de S. frugiperda pela utilização simultânea de
outra cepa bacteriana, B. thuringiensis aizawai (produto XenTari®) e o parasitóide C.
flavicincta, sendo menor o controle quando o produto comercial (Bt aizawai) e o parasitóide
(C. flavicincta) foram aplicados isoladamente.
Figura 1. Mortalidade de lagartas de segundo instar de Spodoptera frugiperda (%)
submetidas ao parasitismo por Campoletis flavicincta e a infecção pela cepa de Bacillus
thuringiensis kurstaki HD1. ( F= 11, 3; gl= 3, 11; p > 0,05)
704
CONCLUSÃO
Os resultados desse estudo, realizado em laboratório, revelaram maior mortalidade das
lagartas 2º instar de S. frugiperda, quando utilizados simultaneamente B. thuringiensis
kurstaki HD1 e o parasitóide C. flavicincta, inferindo uma interação positiva entre os agentes
de controle biológico, a qual poderá ser aplicado no Manejo Integrado de Pragas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dequech, Sônia. Campoletis flavicincta (HYMEMOPTERA; ICHNEUMONIDAE): ocorrência criação e
interação com Spodoptera frugiperda ( LEP., NOCTUIDAE) e Bacillus thuringiensis aizawai. 2002.
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http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/11_05_12_10_34_30_graos_-_boletim_maio2011..pdf > Acesso em: 1 jun. 2011.
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Chrysopidae). Revista ciência e Agrotecnologia, 23: 96-101, 1999.
1
Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected]
²Graduanda em Biologia, Unisinos ,[email protected]
4
Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected]
5
Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e PPG em Biologia, UNISINOS, [email protected]
705
EFICIÊNCIA DO INSETICIDA CHLORANTRANILIPROLE (ALTACOR)
NO CONTROLE DA BICHEIRA-DA-RAIZ, Oryzophagus oryzae, EM
ARROZ IRRIGADO, SISTEMA DE CULTIVO PRÉ-GERMINADO
1
2
Eduardo Rodrigues Hickel ; Domingos Sávio Eberhardt ; Altair Fernando Bizzi
3
Palavras-chave: manejo integrado de pragas, controle químico, Oryza sativa,
INTRODUÇÃO
A bicheira-da-raiz, nome comum atribuído às larvas do gorgulho-aquático
Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae), é considerada uma das
pragas mais prejudiciais da cultura do arroz irrigado. Em Santa Catarina, onde predomina o
sistema de cultivo pré-germinado, os adultos podem causar danos em sementes prégerminadas nos primeiros dias após a semeadura, contudo as larvas é que são mais
prejudiciais, pois atacam o sistema radicular das plantas durante os primeiros meses de
cultivo (PRANDO, 2002).
Os inseticidas granulados, a base de carbofuran, propiciam resultado satisfatório no
controle das larvas, porém estes inseticidas são normalmente aplicados quando o sistema
radicular já está sendo danificado. Outros agravantes desta prática são os riscos de
contaminação ambiental, pela aplicação do produto diretamente na água de irrigação, e a
alta toxicidade à fauna bentônica das áreas alagadas (PRANDO, 2002; NAKAGOME et al.,
2005; GRÜTZMACHER et al., 2007).
O tratamento de sementes com inseticida a base de fipronil, também tem propiciado
resultados satisfatórios de controle desta praga, contudo seu emprego é preventivo, antes
da ocorrência do inseto na lavoura (MARTINS & CUNHA 2007; PRANDO et al., 2007).
Desta forma, seria conveniente dispor de outras modalidades de produtos e formas de
aplicação, para incrementar o manejo integrado da bicheira-da-raiz no sistema de cultivo
pré-germinado.
A pulverização foliar de inseticidas poderia ser uma alternativa interessante, visto
poder ser feita na época de aplicação de herbicidas. Em tese, por esta modalidade de
aplicação se atingiria os insetos adultos e, eventualmente, as larvas neonatas que ainda
estão na bainha foliar. Contudo, a pouca área foliar das plantas, na da época de aplicação
dos herbicidas no sistema de cultivo pré-germinado, pode ser um fator impeditivo ao
emprego de inseticidas. Prando (2005), utilizando esta modalidade de aplicação de
inseticidas, não obteve controle satisfatório com produtos que se mostraram eficientes em
outros sistemas de cultivo, onde as plantas estavam mais crescidas (OLIVEIRA & BARROS,
2001; DOMINGUES et al., 2005). Não obstante, o advento de novos inseticidas pode tornar
viável esta modalidade de aplicação no sistema pré-germinado.
O ingrediente ativo chlorantraniliprole, presente na formulação comercial Altacor
(350WG), já é empregado com sucesso, em pulverização foliar, para o controle da bicheirada-raiz no sistema de cultivo convencional de arroz irrigado. Assim, objetivou-se neste
trabalho avaliar a eficiência do chlorantraniliprole (Altacor), em diferentes métodos de
aplicação, no controle da bicheira-da-raiz, em cultivo de arroz irrigado, no sistema prégerminado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Epagri de Itajaí, SC,
1
Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970, Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail:
[email protected].
2
Eng. agr., MSc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, [email protected].
3
Eng. agr., MSc., DuPont do Brasil, e-mail: [email protected].
706
durante a safra 2010/11. A cultivar utilizada foi a SCS 116 Satoru, semeada em 03 de
-1
dezembro de 2010 na densidade de 120 kg.ha . O sistema de cultivo adotado foi o prégerminado conforme preconizado pela EPAGRI (2005).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com oito tratamentos e
2
quatro repetições (Tabela 1). As unidades experimentais, com 10m (2 x 5m), foram
isoladas com lâminas de PVC e ruas de um e dois metros de largura entre as mesmas
foram deixadas, para que não houvesse interferência entre os tratamentos. O tratamento
Standak foi adotado como padrão para a modalidade ‘tratamento de sementes’; o
tratamento Actara foi o padrão para ‘pulverizado com herbicida’; e o Furadan como padrão
de controle para todo o experimento.
Tabela 1. Tratamentos, doses, datas e modalidades de aplicação adotadas no experimento
de eficiência do inseticida chlorantraniliprole.
Tratamento
Formulação
Testemunha
Altacor (TS)
350WG
Standak
250SF
Altacor (90)
350WG
Altacor (120)
350WG
Actara
250WG
Furadan
50G
Altacor (Bz)
350WG
1/
14 dias após a semeadura.
2/
17 dias após a semeadura.
Dose por ha
100g
200mL
90g
120g
150g
10kg
90g
Data
pré-plantio
pré-plantio
1
17/12/2010
17/12/2010
17/12/2010
2
20/12/2010
20/12/2010
Modalidade
tratamento de sementes
tratamento de sementes
pulverizado com herbicida
pulverizado com herbicida
pulverizado com herbicida
espalhado a lanço na água
benzedura com herbicida
O tratamento de sementes foi executado uma semana antes da hidratação das
sementes. Um dia antes da aplicação dos tratamentos pulverizados com os herbicidas Ricer
-1
-1
(180 mL.ha ) + Basagran 600 (2.000 mL.ha ), a água de irrigação da quadra foi retirada e
reposta logo em seguida à aplicação. Foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a
-1
CO2, com quatro bicos leque 11002, calibrado para uma vazão de 200L.ha . Na aplicação
-1
em benzedura com o herbicida Ricer (180 mL.ha ), caracterizada pela distribuição da calda
diretamente na lâmina d’água, o tratamento foi aspergido na parcela com uma seringa de
-1
injeção, sem agulha, na razão de 40L.ha .
A avaliação de eficácia dos tratamentos ocorreu em 11/01/2011 e 31/01/2011 (aos
39 e 59 dias após a semeadura, respectivamente) por meio da contagem de larvas nas
raízes. Para tal, quatro plantas por parcela foram suavemente arrancadas do solo e lavadas
individualmente em peneira plástica circular (200mm de diâmetro), para liberação das larvas
0,5
das raízes e do solo. O número de larvas por amostra foi transformado em (x + 0,5) e
submetido a análise de variância e, quando alcançada a significância estatística, as médias
dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade,
sendo o percentual de controle obtido pela fórmula de Abbott.
2
A estimativa de produtividade foi obtida com a colheita de uma área útil de 6m em
2
cada parcela (descontando-se 0,25m para análise dos componentes do rendimento), sendo
os valores corrigidos para 13% de umidade. Os valores de produtividade foram submetidos
à análise da variância e, quando alcançada a significância estatística, as médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do experimento estão apresentados na Tabela 2. Na primeira
contagem de larvas, aos 39 dias da semeadura, a população larval estava relativamente
baixa, embora a quadra onde o experimento foi instalado tivesse recebido uma alta
população de adultos (estimada por exame visual), logo nos primeiros dias após a
707
reinundação. Na segunda contagem, os valores obtidos para população larval estavam mais
elevados, refletindo uma infestação tardia da praga ou mesmo uma reinfestação. A praxe,
neste tipo de trabalho, é não haver diferença marcante entre amostragens consecutivas,
embora estas não sejam efetuadas com intervalos de tempo superiores a 20 dias, como no
caso do presente experimento (e.g. OLIVEIRA & BARROS, 2001; DOMINGUES et al., 2005;
OLIVEIRA et al., 2005; ARNEMANN et al., 2007; GRÜTZMACHER et al., 2007).
Os tratamentos com Altacor, quer pulverizados ou em benzedura proporcionaram
controle satisfatório da população larval, aferido nas duas datas de contagem de larvas. Os
tratamentos Altacor (TS), Standak e Actara não tiveram desempenho satisfatório de controle
na primeira amostragem de larvas, porém o Altacor (TS) e o Standak não permitiram o
posterior aumento da população larval. A baixa eficiência do Actara em controlar a
população larval de O. oryzae pode ser atribuída à dose insuficiente para tal, conforme já
-1
mostraram Oliveira et al. (2005) e Amilibia & Oliveira (2007); embora a dose de 150g.ha
seja aquela de registro no Ministério da Agricultura (AGROFIT, 2011). No caso do
tratamento Furadan, o crescimento da população larval pode ter sido conseqüência da
perda de residual do produto (SCHMITT et al., 1984).
Tabela 2. Contagens de larvas e percentual de controle da bicheira-da-raiz em diferentes
datas de amostragem e produtividade de arroz irrigado, de acordo com os tratamentos para
controle da praga.
Tratamento
Amostragem em 11/01/2011
Amostragem em 31/01/2011
1
1
Larvas/amostra
Controle (%) Larvas/amostra
Controle (%)
Testemunha
2,1 b
13,1 bc
Altacor (TS)
0,7 ab
64
0,6 a
96
Standak
2,0 b
3
4,3 ab
67
Altacor (90)
0,0 a
100
0,4 a
97
Altacor (120)
0,0 a
100
0,2 a
98
Actara 250WG
0,4 ab
79
15,6 c
0
Furadan 50G
0,1 a
97
11,0 bc
16
Altacor (Bz)
0,1 a
97
0,9 ab
93
CV (%)
46,0
15,6
1/
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey (p ≤ 0,05).
Produtividade
1
-1
(kg.ha )
4.996 a
6.845 b
7.745 b
6.821 b
7.155 b
7.117 b
6.885 b
7.289 b
7,7
A produtividade, de uma maneira geral ficou aquém do potencial da cultivar,
contudo todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha, onde a
produtividade foi baixa (Tabela 2). Esta situação pode ser resultante da época tardia de
plantio, sendo agravado pela ocorrência de baixas temperaturas no período reprodutivo
Com relação ao efeito do controle da praga na produtividade, também é
relativamente comum, neste tipo de trabalho, a igualdade de tratamentos com relação à
produtividade (MARSCHALEK et al., 2007). Neste caso, é possível supor que a infestação
tardia ou reinfestação das parcelas (caso dos tratamentos Actara 250WG e Furadan 50G)
não debilitou as plantas o suficiente para prejudicar a produtividade. A princípio, houve
recuperação ao dano tardio, devido as plantas já estarem melhor enraizadas e perfilhadas
quando ocorreu a reinfestação. Isto não aconteceu com as plantas do tratamento
Testemunha, que sofreram ataque desde o início do cultivo, e não se recuperaram da
mesma forma a este dano inicial, conforme argumentam Oliveira & Fiuza (2005).
CONCLUSÃO
O inseticida chlorantraniliprole (Altacor) é eficiente no controle da bicheira-da-raiz,
O. oryzae, em arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado, tanto na modalidade em
pulverização com herbicida, como em tratamento de sementes ou em benzedura com
herbicida.
708
AGRADECIMENTOS
Aos assistentes de pesquisa Geovane Porto e Samuel Batista dos Santos pelo
empenho e dedicação, auxiliando na condução do experimento.
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709
DURAÇÃO DE ESTÁGIOS IMATUROS DE Glyphepomis spinosa
CAMPOS & GRAZIA, 1998, EM ARROZ IRRIGADO
1
2
Tavvs Micael Alves , José Alexandre Freitas Barrigossi
Palavras-chave: Oryza sativa, bioecologia, desenvolvimento, Pentatomidae
INTRODUÇÃO
O percevejo-pretinho, Glyphepomis spinosa Campos & Grazia, 1998 (Heteroptera:
Pentatomidae) pode ser encontrado se alimentando de plantas de arroz irrigado em vários
estados brasileiros. A espécie possui o maior tamanho do gênero e as fêmeas são maiores
do que os machos. O comprimento dos machos é de 7,35mm (6,81 - 7,87mm) e das fêmeas
de 7,76mm (7,13 – 8,12mm). A largura do abdome dos machos é de 4,08mm (3,77 4,43mm) e das fêmeas é de 4,45mm (4,18 – 4,67mm). A coloração geral é dorsalmente
negra, ventralmente ferrugínea com faixas laterais mais claras e superfície do corpo glabra.
Os ângulos umerais do pronoto são aguçados (CAMPOS; GRAZIA, 1998).
A ocorrência e o tamanho de sua população têm sido observados com maior
frequência nos últimos anos. No entanto, a bioecologia, importância econômica e fatores
que afetam sua dinâmica populacional ainda não foram registrados na literatura. O objetivo
deste trabalho foi determinar o tempo de desenvolvimento e sobrevivência de estágios
imaturos de G. spinosa, em casa de vegetação.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido em laboratório e casa de vegetação na Embrapa Arroz e
Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO (16º 28’S, 49º 17’W, 823m altitude média). As massas
de ovos utilizadas no experimento foram obtidas a partir de colônia mantida em casa de
vegetação. Periodicamente, a população foi combinada com insetos coletados durante o
verão em lavouras de arroz do Tocantins, munícipios de Formoso do Araguaia (49º 32'W
11º 48'S) e Lagoa da Confusão (10º 01'S 49º 58'W). Os insetos adultos e ninfas
permaneceram se alimentando de plantas de arroz, variedade Jaçanã, cultivadas em vasos
plásticos. Os estágios de desenvolvimento foram separados mantendo-se 10-20 casais
adultos ou 80-90 ninfas dentro dos vasos cobertos por gaiolas de nylon. As posturas foram
removidas diariamente para evitar o parasitismo dos ovos.
Em 24/10/2008, foram coletadas e transferidas 30 posturas (375 ovos) para
placas de Petri (9 x 1,5 cm) forradas com papel filtro e umedecidos com água destilada. As
massas de ovos foram observadas individualmente e mantidas em laboratório (25 ± 2ºC, 75
± 0,6%UR, 13h fotoperíodo). Durante os primeiros dias das ninfas, foi difícil determinar o
número preciso sem perturbá-las e induzir mortalidade natural. Por isso, as ninfas de
primeiro instar foram observadas cuidadosamente, sem contato direto e com auxílio de lupa.
A partir da emergência da primeira ninfa do segundo instar, todas pertencentes da mesma
postura foram transferidas com pincel para plantas de arroz, variedade Jaçanã. Em casa de
vegetação, as plantas foram mantidas em vasos de plástico (25 cm de diâmetro e 20 cm de
altura) cobertos por gaiola de nylon até a emergência dos percevejos adultos. Dentro do
local de estudo, a umidade e a temperatura foram registradas de hora em hora por meio de
TM
um registrador termohigrógrafo (Reed 8829 ). Apesar das condições ambientais serem
suficientemente homogêneas, foi garantido aleatorização dos vasos sobre as bancadas, de
forma que qualquer tendência não controlada fosse evitada.
1
2
Mestrando em Agronomia, Universidade Federal de Goiás. Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, C.P. 179, Santo
Antônio de Goiás, GO. [email protected]
Pesquisador Ph.D, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]
710
As inspeções e contagens foram realizadas diariamente para determinação da
sobrevivência e tempo de desenvolvimento em todos os estádios. As ninfas observadas do
lado de fora das gaiolas foram recolocadas próximo às raízes das plantas. Durante as
avaliações, caules e folhas de cada planta foram minuciosamente observados à procura das
ninfas. O número de indivíduos mortos ou perdidos foi registrado. A presença de exúvias foi
fundamental para confirmação dos registros de ecdise das ninfas. Na emergência dos
adultos foi realizada a sexagem através da genitália (CAMPOS; GRAZIA, 1998). A
sobrevivência foi obtida pela diferença percentual entre o número de indivíduos vivos de
dois estádios consecutivos. A razão sexual foi determinada dividindo o número de fêmeas
pelo número total de adultos que emergiram das posturas. As medidas de tendência central
e de variabilidade foram obtidas usando os procedimentos PROC GLM e PROC Univariate
(SAS INSTITUTE INC., 2006). Os gráficos foram construídos com auxílio do software
SigmaPlot 10.0 (SYSTAT SOFTWARE INC., 2004). As médias estão acompanhadas de seu
correspondente erro padrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os registros do termohigrógrafo foram transferidos mensalmente para planilhas
digitais. A temperatura média do período em estudo foi de 26,68 ± 0,20 ºC e a umidade
relativa média do ar foi de 74,65 ± 0,77 % (Figura 1).
Figura 1. Médias aritméticas simples dos registros diários da temperatura ( ) e umidade
relativa do ar ( ) durante o período de estudo (24/10/2008 a 09/12/2008) com estágios
imaturos de Glyphepomis spinosa Campos & Grazia, 1998. As linhas são ligadas pela
média diária registrada de hora em hora por termohigrógrafo (Reed 8829™).
711
A duração média de desenvolvimento do primeiro instar até o estágio adulto foi de
32,18 dias, passando obrigatoriamente por cinco instares no estágio ninfal (Tabela 1). A
maior parte desse tempo foi gasto no quarto e quinto instar (58%). A menor duração ocorreu
no primeiro instar e a maior duração no quinto instar. O segundo e o terceiro instares
tiveram tempos semelhantes no ciclo de vida. Os percevejos da família Pentatomidae
tendem a seguir este padrão de desenvolvimento (PRANDO et al., 1993; GREVE et al.,
2003).
Tabela 1. Duração média, em dias, dos estádios imaturos de Glyphepomis spinosa.
Instar
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Duração ± erro padrão
2,77 ± 1,14
5,84 ± 1,39
4,85 ± 1,26
6,81 ± 0,92
11,91 ± 4,06
Mínimo - Máximo
1,0 - 5,5
3,4 - 9,5
3,2 - 9,6
5,4 - 9,2
8,7 - 25,0
Nos primeiros três dias após a eclosão dos ovos, as ninfas permaneceram
agregadas sobre os córios e não se alimentaram. A partir do segundo instar, as ninfas se
dispersam em busca de alimento. No início do estágio ninfal, os indivíduos não se
dispersam muito e tendem a ficar próximos do local de eclosão dos ovos. Ao longo dos
últimos dois instares tornam-se mais capazes de explorar outras plantas.
Consequentemente, o dano poderá ser maior em estádios mais avançados.
Houve eclosão de ovos e emergência de ninfas e adultos durante diversos
períodos do dia. Este fenômeno, caracterizado pela não ritimicidade, também ocorre com o
principal percevejo da cultura do arroz irrigado, Tibraca limbativentris Stal, 1860 (BOTTON
et al., 1996). De 375 ovos acompanhados foram obtidos 132 adultos, sendo 65 machos e 67
fêmeas. Portanto, não há desvios significativos a favor de um dos sexos e a razão sexual
esperada para população de G. spinosa está em torno de 0,50 (1 fêmea: 1 macho). Na
emergência dos adultos, semelhantes distribuições entre os sexos são comuns aos demais
animais com reprodução sexuada.
A maior taxa de mortalidade ocorreu no estágio incubatório, 31% (0,31) dos ovos
não eclodem (Tabela 2). No entanto, 35,2% conseguem chegar ao estágio adulto. A escala
“log” representa os dados da população de maneira a visualizar as taxas per capita de
mudança, em vez de absolutas mudanças numéricas. No primeiro instar há a menor
mortalidade (0,02) de toda fase imatura. No estágio ninfal, a taxa per capita de mortalidade
tende a sofrer pequenos acréscimos até o quinto instar. Portanto, em estádios mais
avançados do desenvolvimento, espera-se que um menor número de percevejos possa se
tornar adulto.
Tabela 2. Número absoluto de indivíduos vivos, sobrevivência e mortalidade percentual e
taxa per capita de mortalidade expressa pela transformação logarítmica de G. spinosa.
Classe
Indivíduos vivos
Sobrevivência (%)
x
Ovo (x0)
I instar
II instar
III instar
IV instar
V instar
Adulto
nx
12,5
8,57
8,13
7,63
6,97
5,9
4,4
lx
100,00
68,60
65,00
61,00
55,80
47,20
35,20
712
Taxa de
mortalidade
qx
0,31
0,05
0,06
0,09
0,15
0,25
-
Taxa per capita de
mortalidade
Log (nx) - Log (nx+1)
0,16
0,02
0,03
0,04
0,07
0,13
-
CONCLUSÃO
O tempo médio de desenvolvimento da fase ninfal de Glyphepomis spinosa foi de
32,18 dias e a sobrevivência foi de 51,34%, em casa de vegetação.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pelas bolsas de iniciação científica e de pós-graduação. À Josélia Grazia (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul) pela identificação da espécie. Aos técnicos do laboratório de
entomologia da Embrapa Arroz e Feijão, Edmar Cardoso de Moura e José Francisco pela
assistência nos experimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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713
INTERAÇÕES DOS ÓLEOS ESSENCIAIS COM Bacillus thuringiensis
aizawai, NO CONTROLE DE Spodoptera frugiperda
1
2
3
4
Neiva Knaak ; Shana Letícia Felice Wiest ; Tiago Finger Andreis ; Jaime Vargas de Oliveira ; Lidia
5
Mariana Fiuza
Palavras-chave: Lagarta-da-folha; Xentari®; óleos essenciais; interações.
INTRODUÇÃO
Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797), conhecida na fase larval como “lagartada-folha”, é um inseto-praga de grande importância agrícola no Brasil, pois ataca algodão,
alfafa, amendoim, arroz, aveia, batata, batata doce, cana-de-açúcar, hortaliças, milho, soja e
trigo, sendo mais comum em gramíneas (POLANCZYK & ALVES, 2005). Nas lavouras de
arroz irrigado do Rio Grande do Sul ocorrem diferentes insetos-praga, sendo que este
lepidóptero da família Noctuidae é considerado um dos principais (OLIVEIRA & FREITAS,
2009). S. frugiperda tem recebido atenção especial quanto ao desenvolvimento de métodos
de controle que reduzem a aplicação de inseticidas químicos, principal forma de controle
utilizada pelos agricultores. Porém, o uso contínuo desses produtos tem sido considerado
indesejável devido aos efeitos negativos, tais como: desenvolvimento de resistência dos
insetos a estes produtos, aparecimento de novas pragas ou ressurgência das existentes;
desequilíbrios biológicos; efeitos prejudiciais aos animais e inimigos naturais; além dos
elevados custos de aplicação dos produtos (KOGAN, 1998).
Uma das alternativas de controle é o uso de entomopatógenos, como a bactéria
Bacillus thuringiensis, a qual tem sido a mais utilizada e estudada no controle de insetos,
sendo responsável por 90% do mercado mundial de bioinseticidas (PRATISSOLI et al.,
2006). Da mesma forma, as plantas com propriedades inseticidas aparecem como
importante alternativa de controle que pode ser utilizado no manejo de S. frugiperda. Estas
são fontes naturais de substâncias inseticidas, as quais podem ser produzidas pelo vegetal
em resposta a ataque de insetos (REGNAULT-ROGER, 1997; CARLINI et al., 1997).
Uma forma de incrementar a eficácia de entomopatógenos é utilizá-los em conjunto
com inseticidas químicos ou outros agentes de controle biológico. Esta interação baseia-se
no princípio de que os inseticidas convencionais ou agentes de controle biológico atuam
como estressantes dos insetos, levando-os a adquirir ou ativar doenças infecciosas,
tornando-o mais suscetível às toxinas do B. thuringiensis (POLANCZYK & ALVES, 2005).
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os óleos essenciais de
Artemisia absinthium L., Tanacetum vulgare L., Ruta graveolens L. e Mentha sp. L. com B.
thuringiensis aizawai, no controle de lagartas de S. frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae).
MATERIAL E MÉTODOS
As lagartas de S. frugiperda foram coletadas em lavouras de arroz irrigado do Rio
Grande do Sul e mantidas em dieta de Poitout e Bues (1970) na Sala de Criação de Insetos
do Laboratório de Microbiologia e Toxicologia, na Unisinos. O ciclo biológico foi
desenvolvido em condições controladas (25 ± 2°C, fotoperíodo de 12 horas e 70% de
Umidade Relativa).
Os óleos essenciais de A. absinthium, T. vulgare, R. graveolens e Mentha sp. foram
submetidas ao método de hidrodestilação, utilizando um equipamento adaptado de
1
Doutora em Biologia, PPG em Biologia - Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, RS, email: [email protected].
Estudante de Biologia, Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, email: [email protected]
Estudante de Biologia, Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, email: [email protected]
4
Mestre em entomologia, Instituto Riograndense do Arroz Irrigado – IRGA, Cachoeirinha, RS, email: [email protected]
5
Doutora em Agronomia, PPG em Biologia – Unisinos - Av. Unisinos, 950, São Leopoldo e Instituto Riograndense do Arroz Irrigado –
IRGA, Cachoeirinha, RS. Email: [email protected]
2
3
714
Clevenger (MING et al. 1996). Os óleos foram armazenados em recipientes de vidro, de cor
âmbar, hermeticamente fechados e conservados a -4ºC. O crescimento do isolado de B.
thuringiensis aizawai (Bta), oriundo do produto comercial Xentari®, foi realizado em meio
usual glicosado, durante 48h, a 28 ± 2°C e 180 rpm. Em seguida, o material foi centrifugado
9
e as suspensões bacterianas padronizadas em 1.10 céls./mL. Os óleos essenciais das
plantas medicinais foram diluídos a 2% em acetona.
Os tratamentos, com lagartas de 1º instar de S. frugiperda, foram: (a) acetona, (b)
Bta, (c) 2% óleo A. absinthium, (d) 2% óleo T. vulgare, (e) 2% óleo R. graveolens, (f) 2%
óleo Mentha sp., (g) Bta + A. absinthium, (h) Bta + T. vulgare, (i) Bta + R. graveolens, (j) Bta
+ Mentha sp. Nos tratamentos foram aplicados 10 µL dos produtos em secções de folhas de
arroz (1 cm de diâmetro), acondicionadas em mini-placas de acrílico, contendo papel filtro
umedecido, onde 30 lagartas foram individualizadas. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com três repetições, totalizando 2880 lagartas avaliadas nos
ensaios das interações. No controle, o volume das suspensões dos tratamentos (10 µL) foi
substituído por acetona. Os ensaios foram mantidos em câmara climatizada a 25ºC, 70% de
UR e fotoperíodo de 12h. A mortalidade foi avaliada no 2º, 5º e 7º dia após a aplicação dos
tratamentos, sendo em seguida corrigida pela fórmula de Abbott (1925).
Os valores de mortalidade obtidos foram submetidos à Análise de Variância e teste
de Tukey (P<0,05) para comparação entre as médias. Para avaliação do grau de interação
entre os entomopatógenos foi utilizada terminologia de acordo com Polanczyk e Alves
(2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
C
on
R
ut
tro
a
le
gr
Ta
av
eo
na
le
ce
ns
tu
Ar
m
te
vu
m
l
is
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B.
m
M
th
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sp
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Bt
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R
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+
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T.
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vu
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+
lg
A.
ar
e
ab
si
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nt
a
hi
um
+
M
en
th
a
sp
.
Mortalidade Corrigida (%)
No presente estudo verificou-se uma interação sinérgica de B. thuringiensis aizawai
com os óleos essenciais de R. graveolens e Mentha sp. (Fig. 1), demonstrando que o óleo
essencial destas plantas estimulam a ação do entomopatógeno. Da mesma forma, Knaak et
al. (2010) avaliaram a ação da interação de vários extratos vegetais com Xentari® no
intestino médio de S. frugiperda, demonstrando que os efeitos histopatológicos de Z.
officinale, R. graveolens e B. genistelloides, no intestino médio de S. frugiperda foram mais
intensos quando comparados aos extratos de P. alliacea e C. citratus, os quais
apresentaram uma interação positiva com Xentari®, acelerando o processo de destruição
das células intestinais, o que representa uma redução do tempo letal da espécie alvo S.
frugiperda.
Figura 1 – Dados da interação de Bacillus thuringiensis aizawai (Bta) com os óleos
essenciais (2%) de Mentha sp., Artemisia. absinthium, Tanacetum vulgare e
Ruta graveolens, às lagartas de 1º ínstar de Spodoptera frugiperda.
715
No estudo da interação entre os produtos do entomopatógeno B. thuringiensis e os
óleos essenciais, verificou-se um antagonismo quando aplicado B. thuringiensis aizawai x T.
vulgare e A. absinthium (Fig. 1). A inibição da ação do B. thuringiensis pode ser explicada
pela própria diminuição da ingestão do alimento tratado ou a competição entre os
entomopatógenos pelo hospedeiro (GLARE E O’CALLAGHAM, 2000). Esse tipo de efeito
pode ser esperado quando interagem agentes de naturezas distintas (BENZ, 1971).
O antagonismo, de acordo com Benz (1971) pode ter várias causas, onde
destacam-se pequenas doses de um determinado inseticida que pode ter efeito repelente
ou diminuir a atividade do inseto, com isso ele não entra em contato com quantidades letais
do inseticida ou do patógeno. Outra causa seria o patógeno ter capacidade de degradar
metabolicamente a molécula do inseticida, impedindo ou diminuindo sua ação sobre o
inseto e a utilização de doses sub-letais do inseticida, que pode produzir no inseto um
aumento nas taxas metabólicas e um consequente aumento na resposta imune ao
patógeno.
De acordo com Novan (1992), a utilização de extratos vegetais reduz a alimentação
do inseto através de seus aleloquímicos, o que otimiza a atividade inseticida do
microrganismo, resultando em um maior índice de mortalidade.
Em termos gerais, a seleção de plantas com atividade inseticida é baseada quase
exclusivamente nos efeitos letais. Todavia, deve-se considerar que nem sempre a
mortalidade do inseto deve ser o objetivo principal, pois exige maior dose,
consequentemente maior quantidade de matéria prima vegetal. Sendo assim, busca-se a
redução do desenvolvimento ou do crescimento populacional da praga, seja por efeitos
fisiológicos, alterações no comportamento sexual e outros fatores correlacionados (SILVA,
2010).
CONCLUSÃO
A associação dos métodos químico e biológico de controle de pragas é importante
na redução do número de aplicações dos produtos fitossanitários, garantindo maior
economia nos custos de produção e menor impacto ambiental. Dessa forma, os óleos de R.
graveolens e Mentha sp. em associação com B. thuringiensis aizawai, potencializam o
entomopatógeno em estudo, sendo promissores no Manejo Integrado de Pragas do insetoalvo.
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