Se o mercado chora, eu vendo lenços

Transcrição

Se o mercado chora, eu vendo lenços
CAPA
OPORTUNIDADE
SE O MERCADO CHORA,
EU VENDO
LENÇOS!
Perdeu o emprego e recebeu a rescisão? Chegou o 13º
salário? Tem uma poupança que rende quase nada
e não sabe o que fazer com esse dinheiro parado? Os
brasileiros não querem mais esperar e estão usando
essas “sobras” para abrir o primeiro negócio próprio
ou fundar uma franquia consolidada em sua cidade.
Quer seguir o mesmo caminho? Veja como!
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© DIVULGAÇÃO / DFREIRE
“O know-how da
franqueadora é um
diferencial nesse
momento, pois ela
possui um repertório
extenso sobre o
mercado, consegue
identificar as
oportunidades e pode
ajudar o profissional a
administrar a franquia
sem amadorismo”
CLAUDIO TIEGHI, DIRETOR DE
INTELIGÊNCIA DE MERCADO DA ABF
TEXTO DE ANGELA MIGUEL
A
economia brasileira enfrentou
dificuldades em 2015. A valorização da moeda norte-americana diante do Real, a alta da inflação e o aumento do desemprego provocaram consequências sérias em todos os setores, da indústria ao comércio, e causaram a quebra da confiança dos consumidores, que evitaram colocar a mão no bolso nos últimos meses. Muitos brasileiros
deram adeus ao emprego e buscam uma
nova oportunidade. Outros devem fugir
dos gastos de Natal e utilizar o 13º salário para acabar com as dívidas. Segundo
uma pesquisa da Associação Nacional de
Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), divulgada no fim
de outubro, 74% dos brasileiros pretendem usar a quantia para saldar as contas
acumuladas, a maior parte delas correspondentes ao cartão de crédito (44%), ao
cheque especial (39%) e aos financiamentos bancários em atraso (7%).
No entanto, cresceu a quantidade de
profissionais que veem como oportunidade de ouro o dinheiro na mão. Seja ele
proveniente da rescisão salarial após a
demissão inesperada, do 13º salário ou
de uma velha poupança de rendimento decepcionante, esse valor tornou-se o principal capital para a realização
de um sonho cada vez maior da população do País: ser dono de um negócio.
De acordo com a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), o número de profissionais autônomos no Brasil subiu
4,6% no segundo trimestre de 2015 na
comparação com o mesmo período de
2014. São 22 milhões de pessoas empreendendo individualmente. Nos últimos
dez anos, a taxa de empreendedorismo
no Brasil passou de 24% em 2004 para
34,5% em 2014, tornando o País o maior
empreendedor mundial.
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CAPA
OPORTUNIDADE
Mas qual a melhor maneira de aplicar o dinheiro das férias, da rescisão ou
do 13º salário? Na criação de uma startup ou na abertura de uma franquia?
Onde é seguro investir? Será que é uma
boa ideia investir todo o valor em uma
empreitada, especialmente em um momento delicado da economia? Ou será
que a crise pode ser considerada uma
verdadeira impulsionadora de ideias
inovadoras? Para mostrar o caminho
das pedras, a Gestão&Negócios conversou com especialistas para ajudar você
a usar seu dinheiro “de sobra” para dar
o primeiro passo rumo ao negócio próprio. Confira!
MOMENTO É PROPÍCIO
A crise impulsionou uma série de brasileiros a empreender nos últimos seis
meses. Segundo levantamento realizado pela empresa Plano CDE em parceria
com a NetQuest, dos 400 empreendedores que iniciariam sua jornada durante
2015, 49,9% deles apontaram como principal motivo o aumento do custo de vida.
Outros 25,9% afirmaram que já planejavam empreender. Do total, 14,7% optaram pelo empreendedorismo porque
perderam o emprego. A pesquisa mostrou ainda que a maioria iniciou o negócio dentro da própria casa e 55% ainda
mantêm um segundo emprego mesmo
depois de fundar seu negócio. Dentre os
400 entrevistados, 79% acreditam que
sua situação econômica estará melhor
ou muito melhor em 2016.
Segundo o coordenador de Pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo
(Sebrae-SP), Marcelo Moreira, o crescimento do empreendedorismo durante
momentos de crise é visto com naturalidade. “Quando há momentos de crise
na economia, cresce o número de pessoas que empreendem por necessidade,
por precisarem obter uma nova fonte de
renda. Portanto, esse movimento é natural, mas é preciso lidar com essa situação
com atenção e preocupação. O profissional pode estar capitalizado, mas precisa
saber como aplicar esse dinheiro de ma-
neira inteligente e que garanta rentabilidade em longo prazo”, avisa Moreira.
O consultor empresarial, sócio-diretor da Opportunity Consultoria e CFO da
M2BS Consultores Associados, Moisés
Bagagi, aponta que empreender significa assumir riscos que a maioria não está
disposta, e isso não muda, tanto em momentos de bonanças como de crise na
economia. “Obviamente, na crise é muito mais complicado empreender, já que
a demanda estará instável e o mercado,
como um todo, muito mais retraído. Mas
crise também é sinônimo de oportunidade. Se o empreendedor tem uma boa
ideia, sabe que pode fracassar e está disposto a trabalhar muito, vá em frente! A
dica de ouro é estudar muito o que se
quer fazer, como, onde e quando. Formalizar seu plano de negócios, trabalhar
duro e estar sempre buscando novidades
é essencial”, completa Bagagi.
Contudo, além de encarar riscos e
saber onde está pisando, o empreendedor que optar por lançar-se no mercado durante um momento crítico precisa
avaliar se está preparado para ser dono
de um negócio, seja algo novo, seja uma
franquia. Afinal, a crise é uma época indicada para que o profissional pare e
olhe para si, que se pergunte se ser seu
próprio chefe é um desejo verdadeiro, se
está pronto para trabalhar muito mais do
que antes, se consegue avaliar seus pontos fortes e fracos, seus interesses e ideias
para ser bem-sucedido em uma profissão que não permite erros amadores.
A crise contribui para que as pessoas
façam uma autoavaliação, ou mesmo
busquem o apoio para compreenderem
mais sobre si mesmas. “Nesse sentido,
esse momento é um ótimo aliado das
pessoas interessadas em empreender.
Todo e qualquer negócio tem seus prós
e contras, não existe perfeição. O negócio tem que combinar com o perfil, com
os interesses e as expectativas da pessoa.
Lembre-se de que um empreendimento
exige, em geral, a dedicação integral das
pessoas”, avisa o professor do curso de
Administração do Centro Universitário
FEI, Edson Sadao Iizuka.
“Quando há
momentos
de crise na
economia, cresce
o número de
pessoas que
empreendem por
necessidade, por
precisarem obter
uma nova fonte
de renda”
MARCELO MOREIRA,
COORDENADOR DE
PESQUISAS DO SEBRAE-SP
DINHEIRO NA MÃO
Com a vontade e o ímpeto de assumir riscos, profissionais que perderam o
emprego recentemente, que receberam
o 13º salário ou estão sem mexer naquela poupança há muito tempo estão investindo no empreendedorismo ou em
franquias. Para ter uma nova fonte de
renda e com um “dinheiro de sobra” na
mão, esses profissionais iniciaram a trajetória do mundo dos negócios, mesmo
diante da turbulência econômica.
Os especialistas acreditam que essa
seja uma decisão certa somente se existir muito planejamento. Eles são unânimes ao aconselhar que jamais alguém
deve se lançar no empreendedorismo
ou no franchising repentinamente, sem
compreender com totalidade onde estão se metendo.
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CASE 1
A recomendação então é investir com
muita calma e somente depois de analisar muito o que fazer. Uma marca própria tem que conquistar espaço no mercado e buscar se consolidar. Já uma franquia reconhecida tem a vantagem de
uma marca já estabelecida. “Contudo,
ambos têm riscos e requerem os mesmos
cuidados. Por isso, recomendo, além das
análises de mercado e suas alternativas,
deixar um ‘colchão financeiro’ para o socorro caso o empreendimento demore a
decolar ou não dê certo”, alerta o consultor empresarial Moisés Bagagi.
No primeiro semestre de 2015, por
exemplo, mesmo diante do enfraquecimento da economia, o franchising mostrou alta de 11,2% ante o mesmo período
de 2014, de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Portanto, essa tem sido uma alternativa bastante atrativa para quem quer ter
um negócio, especialmente no caso das
microfranquias, que demandam valores
mais baixos para sua abertura.
De acordo com o diretor de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira
de Franchising (ABF), Claudio Thiegi, o
importante é que o empreendedor faça
uma real reflexão de seus interesses e que
ele busque uma empresa ou um ramo
com o qual realmente se identifique para
investir - e isso independe de a escolha
ser uma franquia ou um negócio próprio.
“É fundamental que ele tenha paixão pelo que faz, que se identifique com o produto ou com o serviço, pois será uma
atividade que necessitará de constante
dedicação, seja um negócio próprio, seja
uma franquia. No franchising, hoje, o futuro empreendedor pode recorrer a uma
série de pesquisas e estudos, além de informações da própria ABF, a respeito dos
negócios disponíveis, de forma a permitir uma aproximação desse profissional
com as franquias”, afirma Thiegi.
Para o professor da FEI, Edson Sadao,
quem tem dinheiro na mão pode se valer da oportunidade para empreender,
porém todos esses profissionais se encaixam, fatalmente, em três perfis: sem
perfil empreendedor, com claro perfil
A perda do emprego e a dificuldade
para se recolocar no mercado de
trabalho foram as responsáveis por
encorajar Lucas Daniel Ducatti, de
28 anos, a tornar-se empresário
e franqueado de duas marcas no
ABC paulista, a Miss Pink e a Kiip
ABC Delivery. “Eu era gerente
administrativo de uma revendedora
de marcas náuticas e após ser
mandado embora até tentei me
recolocar, mas não tive sucesso
devido à crise. Sempre tive o sonho
de ter meu próprio negócio e
resolvi me arriscar. Ser meu próprio
chefe sempre foi um sonho, pois
muitas vezes minhas ideias eram
interferidas, e hoje posso colocá-las
em prática”, conta.
Assim, com sua rescisão debaixo
do braço, Ducatti buscou o Sebrae
para encontrar uma diretriz. A ideia
de abrir franquias já consolidadas
no mercado pareceu mais seguro,
e o profissional buscou sócios para
que a iniciativa funcionasse. Os
sócios também haviam perdido
seus empregos e compartilhavam o
objetivo de ter um negócio próprio.
Foi assim que ele pesquisou sobre
o franchising no Brasil e percebeu
que a área de cosméticos é pouco
afetada pela crise. Conheceu,
então, a Miss Pink, microfranquia
que comercializa cosméticos
desenvolvidos a partir de fórmulas
exclusivas.
O investimento inicial para abrir
a franquia foi de R$12 mil e ele
foi atraído pelo modelo de loja
itinerante e pela qualidade dos
produtos. “Tenho ouvido das clientes
que os produtos da Miss Pink são
de excelente qualidade, chegando
a bater marcas de nome no ramo.
Com a empresa, também conto com
uma sócia, pois ninguém melhor
que a própria mulher para poder
nos dar uma luz sobre maquiagem,
até porque eu era uma negação no
assunto”, brinca.
© DIVULGAÇÃO / ATITUDECOM
ENTRE BATONS
E ESMALTES
Lucas Ducatti, franqueado Miss Pink.
Ducatti conta que parte dos lucros
da Miss Pink chega por meio de
parcerias que realizam com clínicas de
estética, salões de beleza, academias
e até faculdades. A empresa ainda
garante suporte aos seus franqueados,
oferecendo materiais educativos e
de marketing semanalmente para
incentivar as vendas, que acontecem
geralmente em eventos e até por
WhatsApp. “Contamos com consultores
– de ambos os sexos – que querem e
precisam complementar sua renda,
então temos um plano específico para
esse fim. As vendas têm aumentado,
até pelo fato de a marca estar se
tornando bem conhecida. Trabalhamos
também com o Instagram, onde
sempre recebemos mensagens de
blogueiras e do público”, emenda.
Para aqueles que desejam seguir
o mesmo caminho, o empresário
aconselha que o aspirante a
empreendedor faça uma pesquisa de
mercado, coloque todos os planos no
papel e procure franqueados que já
trabalham com a marca para saber
os pontos positivos e negativos.
“Procure também sócios confiáveis e
que tenham o mesmo propósito que
o seu, pois muitas vezes duas cabeças
pensam melhor que uma só. E nunca,
nunca mesmo desista de seu sonho.
Não importa o tamanho da sua queda,
do seu erro, da sua derrota, você está
mais próximo agora do que estava
antes”, finaliza.
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CAPA
OPORTUNIDADE
BATE-PAPO COM QUEM ENTENDE
Diante de um cenário ainda
incerto, o profissional não
pode se deixar abater pelo
derrotismo e perceber que o
momento é propício para o
empreendedorismo inovador.
Para apresentar um panorama do
cenário atual e as perspectivas
para 2016, a Gestão&Negócios
entrevistou o economista,
especialista em investimentos
e comentarista econômico do
Jornal da Record News, Richard
Rytenband. Confira!
Gestão&Negócios: Com o cenário econômico instável em 2015 e o aumento
do desemprego no País, muitos profissionais veem nesse momento a chance de finalmente dar início ao negócio
próprio. Para você, empreender na crise
é uma boa ideia?
Richard Rytenband: É uma excelente
ideia. Os períodos de crise funcionam como
uma espécie de purificação da economia,
em que os maus investimentos e projetos
são gradualmente eliminados do sistema.
Neste momento os empreendedores ou
futuros empreendedores têm à sua disposição as melhores informações, que vão
permitir entender o que não é viável, bem
como a grande chance de propor alternativas mais otimizadas de produtos e processos produtivos. As grandes empresas
têm como desvantagem justamente seu
porte, que as impede de se adaptar mais
rapidamente às novas condições impostas
pela crise, assim como sua estrutura de
decisões que é muito mais engessada que
uma startup, por exemplo. Nos momentos
de grande crise que o “dinheiro troca de
bolsos”..
G&N: Utilizar o dinheiro de uma rescisão
contratual ou até daquela economia aplicada vale a pena? É seguro o profissional
investir esse dinheiro na abertura de um
negócio próprio ou mesmo em uma franquia consolidada no mercado?
RR: Assim como um simples conselho de
investimento, não devemos colocar todos
os ovos na mesma cesta. Há uma série de
fatores envolvidos, desde o perfil do profissional, sua experiência empreendedora,
o volume dos recursos que dispõe e as próprias características do negócio e o setor
envolvido. A postura mais recomendada
é optar por negócios com bom potencial,
mas que para início exijam poucos investimentos, e ainda a opção de se adaptar
a possíveis mudanças bruscas na economia ou no setor específico. Outro caminho
é buscar uma recolocação profissional, e
paralelamente iniciar um negócio que demande pouco investimento e tempo para
adquirir mais experiência e não estar totalmente vulnerável.
G&N: Você acredita que são nessas situações de economia em queda que os verdadeiros inovadores aparecem?
RR: Sim, tanto pela necessidade quanto
pela oportunidade. Muitas empresas são
forçadas a reduzir custos e/ou agregar
valor aos seus produtos e serviços diante
de um cenário de queda na economia. E no
outro caso, empresas que enxergam oportunidades de ofertar algo a um custo menor e/ou mais valor agregado a determinado setor que durante o período das “vacas
gordas” teve suas ineficiências acobertadas pela forte demanda e preços elevados.
G&N: De que forma o empresário pode
proteger seu negócio (ainda tão jovem)
de futuras turbulências?
RR: O negócio deve ter características
que permitam rápidas adaptações às
condições, e mesmo uma mudança de
atuação, se necessário. Muitas empresas começaram com uma proposta, mas
diante das turbulências se aproveitaram
para migrar para setores que as consagraram depois. Dentre os exemplos está
a Coca-Cola, que começou como um produto farmacêutico, ou a Tiffany & Co.,
uma empresa de joias extravagantes que
começou como uma loja de artigos de
papelaria. A grande lição é que tenha um
negócio em que sua exposição não seja
tão elevada no início, tenha opções em
© DIVULGAÇÃO / JORNALÍSTICA
Richard Rytenband, comentarista econômico do Jornal da Record News
mãos que lhe permita adaptar ou transformar o negócio diante de turbulências.
G&N: O que o empreendedor pode esperar do cenário econômico brasileiro
para 2016? A confiança do consumidor
vai voltar, incentivando o giro do mercado e os lucros dos micro e pequenos
empresários?
RR: Neste momento o ajuste da economia
está parcialmente concluído. Pelo lado das
contas externas, a forte desvalorização do
dólar reduziu a vulnerabilidade externa (o
País agora necessita de menos dólares)
já em 2015, e em 2016 esse processo será
ainda mais favorecido. Este tipo de ajuste
tem um custo, e no caso foi a queda nas
importações, gastos de turismo no exterior
e na remessa de lucros. Mas, com o tempo,
as exportações serão favorecidas, e o Brasil
se tornou mais competitivo internacionalmente, com os custos e preços dos ativos
em patamares historicamente baixos. Pelo
lado do ajuste interno, a crise política tem
emperrado o processo de equilíbrio das
contas públicas, e com isso o patamar da
taxa de juros têm se mantido muito elevado. Para 2016, a expectativa é que essa crise política tenha sido superada, e com isso
o Banco Central possa reduzir a taxa básica
de juros e remover a economia do atual círculo vicioso. Grande parte da inflação deste
ano é devido ao fim do represamento dos
preços administrados (como gasolina,
energia elétrica, gás, etc.), e com a grande
recessão em curso e a finalização do ajuste
na economia ela deve cair para patamares
bem menores em 2016. Concluindo, estamos em um momento de transição em
que os empreendedores devem se preparar para a retomada do crescimento econômico a partir de 2016.
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~
MAE E
EMPRESÁRIA
“Obviamente,
na crise é muito
mais complicado
empreender, já
que a demanda
estará instável e o
mercado, como um
todo, muito mais
retraído. Mas crise
também é sinônimo
de oportunidade”
MOISES BAGAGI, CONSULTOR
EMPRESARIAL
empreendedor e com perfil parcialmente empreendedor. No primeiro caso, a recomendação é que a pessoa invista parte
dos seus recursos em um curso de especialização ou em uma capacitação de curto prazo para ampliar as chances de retorno ao mercado de trabalho. Já para os dois
últimos casos, a sugestão é que o investimento de parte dos recursos seja destinado a uma atividade empreendedora.
O risco existe em qualquer tipo de
empreendimento, em maior ou menor
grau, inclusive no caso das franquias
mais tradicionais. “Sendo assim, devemos lembrar de não colocarmos todos
os ovos em uma mesma cesta e também
termos a consciência de que se pode
perder todo o dinheiro utilizado ao empreender. A aversão ao risco deve ser algo que nos dê prudência, mas não nos
impeça de agir”, completa.
Formada em Nutrição Clínica e
Esportiva, Sabrina Saldanha de
Paris Dias nunca pensou em ser sua
própria chefe, mas as circunstâncias
da vida a levaram para esse
caminho. Depois de trabalhar por
cinco anos em uma clínica, perdeu
o emprego como nutricionista.
O tombo foi inesperado,
especialmente por ser mãe recente
de um menino.
Contudo, não se deixou abater e
passou a buscar uma solução para
que pudesse conciliar um novo
trabalho e o acompanhamento do
crescimento do filho. Foi quando
seu marido sugeriu que abrissem
um negócio e quando conheceram
a Mídia Pane, franquia voltada
para publicidade em sacos de pão.
“Nunca tinha pensado em ser a
minha própria chefe, mas fiquei
muito animada com a ideia por ter
total domínio e liberdade sobre
os meus horários de trabalho. O
modelo de negócio da publicidade
se mostrou uma ótima solução
para mim, pois permitiu que eu
trabalhasse de casa e fizesse minha
agenda de acordo com os horários
do meu filho. Assim, posso ficar
com ele por mais tempo e atender
às suas necessidades. Claro que o
fato de o modelo da Mídia Pane ser
de baixo custo também interessou”,
conta Sabrina.
Tanto ela quanto o marido foram
fisgados pela forma inteligente
de propaganda da franquia,
não apenas por aproveitar um
espaço ocioso do saco de pão,
mas também por ser sustentável
e, de alguma forma, ajudar as
pessoas a fazerem algo pelo meio
ambiente. Para dar o pontapé inicial
no negócio, Sabrina e o marido
investiram R$17 mil, detendo o
direito de distribuir os sacos de pão
por toda a cidade de Niterói. Os
gastos se resumem aos royalties
© DIVULGAÇÃO / ATITUDECOM
© DIVULGAÇÃO / FGR ASSESSORIA
CASE 2
Sabrina de Paris, franqueada da Mídia Pane.
e com o contador, que devem ser pagos
mensalmente com ou sem produção de
sacos. Nos meses de produção, há ainda o
frete para o transporte das caixas de São
José dos Campos, interior de SP, até Niterói.
Atualmente, o casal tem realizado uma
reestruturação na franquia para aumentar
as vendas e conta com duas funcionárias
de vendas, enquanto Sabrina assume como
diretora administrativa e também faz
vendas e seu marido é o gerente financeiro
da empresa. Com a flexibilidade necessária
e empenho, Sabrina afirma que pretende
continuar com a franquia e investir na
carreira como empresária. “No futuro só
ficarão de pé as empresas que tiverem foco,
missão ou que pelo menos apoie de alguma
maneira a sustentabilidade, e nós da
Mídia Pane já estaremos fazendo história
nessa área. Com certeza continuarei com a
franquia! Temos um projeto para ela para os
próximos 12 meses, 24 meses, 36 meses e
assim por diante”, completa.
De nutricionista a empresária, Sabrina conta
que ser uma franqueada não é garantia de
sucesso, pois, como toda empresa (própria
ou não), é essencial que o profissional se
dedique ao ofício para fazê-la funcionar e
ter sucesso. Aqueles que desejam fazer o
mesmo e encarar a demissão como uma
oportunidade, Sabrina avisa que uma boa
pesquisa de mercado é o início correto.
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CAPA
OPORTUNIDADE
~
ADAPTAÇAO
AO MERCADO
Após trabalhar por anos na área de
automação industrial, Sergio Gotti
teve a chance de abrir o próprio
negócio ao criar uma revenda de
canetas carimbo em 1994. Com esse
início tímido, ele fundou a Sertha
Brindes, que possui mais de 80
produtos e 100 itens para revenda,
como baldes, pipoqueira, canecas, kits
manicure, coqueteleiras, chaveiros,
copos, squeezes, entre outros.
Após 20 anos de prosperidade, com a
crise iniciada em 2014, Gotti enfrentou
uma queda de 50% no faturamento. A
solução encontrada foi se adaptar e se
reinventar. “Com a crise, tivemos que
dispensar funcionários e foi preciso nos
reinventar. Antes da crise pensamos
em criar minifranquias com a máquina
de personalização, mas tudo mudou.
A solução encontrada foi apostar
em um outro nicho de mercado com
a venda direta dos equipamentos,
criando a Thale Suprimentos”, conta
o empresário. A nova empresa
surgiu como uma divisão da Sertha
Brindes, mas assumiu voo solo
apostando na criação da VICM-19, uma
máquina brasileira de transfer para
personalização de brindes.
O equipamento foi desenvolvido e
patenteado por ele, e um grande
atrativo da máquina é oferecer
às pessoas a oportunidade de
ter o próprio negócio com baixo
investimento, cerca de R$11 mil entre
máquina, produtos para personalização
e insumos para atender a festas,
empresas, eventos corporativos e
muitos outros segmentos, produzindo
lembranças, convites e brindes no
segmento de foto produto.
© DIVULGAÇÃO / CM COMUNICAÇÃO
CASE 3
Sergio Gotti, fundador da Sertha Brindes e
diretor comercial da Thale Suprimentos.
Mesmo que o desenvolvimento da Thale
Suprimentos crie concorrentes para a
Sertha Brindes, Gotti se sente realizado de
poder ajudar outros empreendedores como
ele a trilharem seus próprios caminhos.
“Acredito que o projeto da máquina VICM-19
e da Thale é muito maior do que a própria
Sertha Brindes e seria uma pena não
produzir um equipamento que pode ajudar
tanta gente com o sonho de ter o próprio
negócio. Outro ponto é que uma venda é
sempre uma venda, então através da Thale
entramos em um outro nicho e também
vamos faturar, só que com produtos
diferentes”, completa.
Para Gotti, desde que a pessoa tenha
um fundo de reserva, usar o dinheiro da
rescisão ou de uma economia é boa ideia
para quem quer empreender em um
momento como este, sabendo onde e
como aplicá-lo com inteligência. “Acredito
que o momento crítico da economia é bom
para empreendedores abrirem seu próprio
negócio, pois é um período que exige que
as pessoas se reinventem. Tornar-se um
empreendedor é um trabalho duro, porque
o melhor empresário é um excelente
trabalhador. Mas o período que vivemos
é bom para quem tem um grau maior de
idealismo, então depois de acreditar no
seu sonho, o passo seguinte é arregaçar as
mangas e colocar a mão na massa, porque
o seu negócio depende de você para ser
um sucesso”, afirma.
Para ter essa prudência tão necessária, Marcelo Moreira, do Sebrae-SP, reforça três fatores: “Primeiro é preciso checar se há um comportamento empreendedor em você, se há dinheiro suficiente
para não começar o negócio já endividado e se o planejamento foi abrangente o
bastante para garantir segurança ao negócio. É necessário entender o que é relevante para o negócio sobreviver antes
de lançá-lo no mercado. Para ajudar esse
profissional, é possível buscar o apoio do
Sebrae em todo o Brasil”.
COMO INVESTIR
Identificando seu perfil como dono
de um negócio e seus interesses, o próximo passo para o profissional é fazer
um estudo do mercado onde pretende se
estabelecer como um negócio independente ou como uma franquia. Se por um
lado os pequenos negócios representam
99% das empresas do Brasil e respondem
por 27% do Produto Interno Bruto (PIB)
e 52% dos empregos formais, por outro,
menos de 2% das franquias fecham no
primeiro ano, número que já sobe para
24% no caso dos pequenos empreendimentos próprios.
Por isso, o profissional precisa entender quais são as especificidades de cada
segmento para decidir qual caminho tomar. Isso está diretamente ligado ao próximo passo da estratégia - fazer o planejamento financeiro da empreitada. “É
preciso saber quais são os custos fixos e
os variáveis para que a empresa sobreviva, e esses dependem do segmento em
que o profissional quer atuar. Mas alguns
gastos devem ser sempre muito bem estudados, como aluguel, energia e água,
além dos salários de funcionários, custos de distribuição e armazenagem de
produtos, os impostos, custos com contador e advogado, além de despesas comerciais e de propaganda e marketing”,
exemplifica Moisés Bagagi.
Em paralelo, o profissional precisa fazer também o planejamento pessoal para evitar que o dinheiro da empresa se
misture com as despesas “de casa”. Esses
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MAS VAI FALTAR, E AGORA?
Entretanto, se no momento do planejamento financeiro e da escolha do negócio o profissional perceber que não possui dinheiro suficiente para dar o pontapé
inicial na empreitada, seria uma boa ideia
contrair um empréstimo? Segundo os especialistas, o cenário turbulento requer
atenção, portanto o empréstimo deve ser
o último recurso. “Às vezes, você tem uma
ideia que merece ser explorada, mas pedir
empréstimos neste momento é uma atitude séria e preocupante. Os juros estão
altos e, mais do que conseguir o dinheiro,
o importante é saber como pagá-lo. Não
está proibido tomar dinheiro com insti-
© DIVULGAÇÃO / FECAP
cálculos e previsões também são fundamentais para que o futuro dono do negócio saiba suas metas e busque os resultados com foco e dedicação. “No mais,
deve-se pensar em como irá manter o
capital de giro durante a etapa inicial do
negócio, já que a sobrevivência da empreitada depende de um bom começo”,
completa Bagagi.
No caso das franquias, Claudio Thiegi recomenda que o profissional faça estudos geoestatísticos dos segmentos de
interesses em sua região, de forma a minimizar a ocorrência de riscos. “O know-how da franqueadora é um diferencial
nesse momento, pois ela possui um repertório extenso sobre o mercado, consegue identificar as oportunidades e pode ajudar o profissional a administrar a
franquia sem amadorismo”, aconselha.
Essa também foi a característica positiva destacada pela advogada da área de
franquias do escritório TLNP Advogados,
Melitha Novoa Prado. “A franqueadora,
recém-formada ou consolidada no mercado, não garante - e nem deve garantir
- o sucesso de seus franqueados. O sucesso depende exclusivamente deles. No
entanto, a franqueadora deve ofertar à
sua rede todo o material e auxílio necessário para reprodução do modelo de negócio, o que é inerente ao franchising e à
padronização característica deste tipo de
relação”, afirma.
“Acredito que os
negócios mais
interessantes
para os próximos
dois ou três anos
são aqueles que
ajudem as pessoas
e as empresas
a melhorar a
eficiência do que
fazem ou realizam,
produtos e serviços
que contribuam
com o combate
ao desperdício e
que, finalmente,
agreguem novos
consumidores de
mercados pouco
explorados”
EDSON SADAO,
PROFESSOR DA FEI
tuições, mas é imperativo ter consciência da quantia. Se possível, meu conselho
é que o profissional consiga capital com
familiares ou amigos a juros bem menores”, projeta o coordenador de Pesquisas
do Sebrae-SP, Marcelo Moreira.
Já o consultor empresarial Moisés
Bagagi acredita que o melhor é evitar
empréstimos na atual conjuntura: “Os
juros estão altos, o crédito está cada vez
mais difícil, especialmente por conta
da inadimplência alta, e a inflação está
muito acima do centro da meta. Soma-se a isso investir um alto valor em um
negócio de risco que pode não dar certo, pelo menos em curto prazo, e o candidato a empreendedor pode fracassar
por falta de liquidez”.
Edson Sadao lembra que as pessoas,
em geral, desconhecem os juros cobrados em empréstimos e não estão preparadas para assumir as taxas de juros mais
altas. Por isso, ele concorda com Bagagi
ao ver no empréstimo de terceiros, familiares ou amigos, uma solução para alavancar o negócio. “Como os custos relativos aos empréstimos no Brasil são elevados, os cuidados, portanto, têm que
ser redobrados. Uma alternativa interessante aos empreendedores individuais,
os micros e pequenos empreendedores
são os bancos de microcrédito governamental, tal como o Banco do Povo do Governo Estadual Paulista e também outras
organizações da sociedade civil, como o
Banco Pérola, pois são organizações que
praticam, em geral, taxas de juros inferiores aos bancos tradicionais”, completa
o professor da FEI.
Mesmo assim, só no terceiro trimestre de 2015, a busca por crédito pelas
pequenas e médias empresas (PMEs)
paulistas cresceu 27%, de acordo com
números da Desenvolve SP - agência de
desenvolvimento que financia empresas no Estado de São Paulo. Os dados
apontam que a soma dos recursos desembolsados no período foi de R$95,5
milhões, superior aos R$74,9 milhões
apurados no trimestre anterior. Grande
parte do montante, 89%, foi destinada
para investimentos de longo prazo, incluindo projetos ligados à inovação de
processos, produtos e serviços.
ONDE INVESTIR
Em relação a segmentos que prometem dar resultados positivos em 2016,
tanto Marcelo Moreira quanto Claudio
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CAPA
OPORTUNIDADE
CASE 4
Formada em Jornalismo, Renata
Castello logo mergulhou na área
da comunicação, trabalhando em
uma multinacional do setor de
infraestrutura. Durante anos seguiu
coordenando a comunicação dos
projetos do setor de energia, mas
sentia falta de novos desafios e de
explorar uma nova linguagem. Essa
inquietude a levou a abandonar
o emprego seguro para fundar o
Eugosto.de, primeiro site feminino
com o diferencial da personalização
do conteúdo - o usuário recebe
conteúdos específicos de acordo com
seu interesse.
Para chegar à startup lançada neste
ano, Renata investiu seu bônus anual
e se programou, utilizando o dinheiro
para dar início à empreitada. “Fiz
meu pé-de-meia. Estamos vivendo
uma revolução na comunicação e
queria fazer parte disso. Decidi, então,
que era a hora de partir para novos
desafios, de experimentar novas
linguagens e conteúdos. O Eugosto.de
não me dá a tranquilidade financeira
que eu tinha ao trabalhar em uma
corporação internacional em anos sem
crise, é importante citar. Por outro
lado, estamos dentro de todos os
nossos cronogramas de planejamento,
o que me dá mais confiança no
futuro”, afirma a empresária.
O sonho de ser dona do próprio
negócio nunca foi seu e Renata
lembra que houve pouco contato
com o empreendedorismo durante
a graduação. “Não somos formados
para a possibilidade de fundar um
negócio, criar uma nova cultura, ou
pensar em como inovar o setor em
que você está se inserindo como
profissional. Por isso, ser minha
© ARQUIVO PESSOAL
SEDE POR
MUDANÇA
Renata Castello, fundadora do Eugosto.de
própria chefe não era um sonho. Essa
possibilidade começou a surgir no
momento em que comecei a pensar e
a modelar o que seria o meu negócio.
Empreender se tornou um sonho no
momento em que eu comecei a sonhar,
e é um círculo virtuoso”, emenda.
Para chegar aonde desejava, Renata
também contou com o sócio-fundador,
Bruno Memoria, que possui uma
enorme veia empreendedora e voltou
sua carreira para esse estudo, com
passagens pelo Vale do Silício, na
Califórnia, e atividade acadêmica.
Diante do mercado constantemente
em mudança, Renata acredita que
investir no sonho do negócio próprio
é a maneira ideal de se firmar
profissionalmente. “Para o atual
momento da economia, bootstrap,
fazer por si só, sem auxílio externo, é
o caminho a seguir. Mostrar que seu
negócio consegue ser sustentável
mesmo sem investimento externo
mostra a maturidade e a validação
da proposta de valor de uma startup.
Conseguir sobreviver no período
pré-investimento é fundamental,
principalmente em momentos de crise,
em que o investimento em startups é
escasso”, finaliza.
Thiegi afirmam que o principal é ter
um negócio diferenciado, que se mostre
melhor e mais competitivo na comparação com seus concorrentes, independentemente de seu ramo de atuação. No
caso do franchising, no terceiro trimestre do ano, os segmentos que mais cresceram em faturamento foram Educação
e Treinamento, Negócios, Serviços e Outros Varejos e Veículos, com 15% de crescimento, seguidos por Hotelaria e Turismo, com 14% de expansão.
Para a advogada Melitha Novoa Prado, é importante que o empreendedor
se mantenha atualizado e tenha cuidado com segmentos que ascenderam em
2015, mas podem cair em 2016. “Nos
últimos anos, observamos no Brasil
uma grande explosão de ‘franquias da
moda’, como as brigaderias, cupcakerias e paleterias. Apesar de sua rápida
ascensão e popularidade, o aumento
da oferta e a baixa demanda são fatais
para esse tipo de segmento. Novamente, entra em cena a figura do empreendedor que traz novidades constantes a
seu negócio, mantendo os consumidores interessados. No caso das franquias,
essa inovação é rígida, uma vez que é
condicionada à aprovação da franqueadora, que, por sua vez, deve prezar pela padronização da rede. No entanto,
destacam-se as franquias que atuam
no ramo de alimentação as quais, segundo a ABF, representam mais de 20%
das marcas existentes no mercado brasileiro”, aponta.
Segundo o diretor de Inteligência de
Mercado da ABF, o franchising é um organismo vivo que reage a qualquer estímulo, pois o mercado brasileiro tem se
mostrado forte, resiliente e estruturado.
“O franchising começou no Brasil há 30
anos, em um momento de hiperinflação, e superou. Temos experiência para
enfrentar. Prova disso é o crescente número de negócios em território nacional
e mais de cem marcas brasileiras no exterior”, opina Thiegi. Uma das alternativas que os franqueados têm encontrado diante de adversidades e que garante
certa estabilidade é o repasse de unidades. Com isso, a unidade não fecha e é
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“Nos últimos anos, observamos
no Brasil uma grande explosão
de ‘franquias da moda’, como
as brigaderias, cupcakerias e
paleterias. Apesar de sua rápida
ascensão e popularidade, o
aumento da oferta e a baixa
demanda são fatais para esse
tipo de segmento”
MELITHA NOVOA PRADO,
ADVOGADA DO TLNP ADVOGADOS
© DIVULGAÇÃO / EM PAUTA COMUNICAÇÃO
QUER UMA
FRANQUIA? FUJA
DAS CILADAS
da FEI diz respeito à segmentação. Para ele, uma boa ideia para os empreendedores é destinar sua empresa para nichos do mercado, como cosméticos para homens ou de baixo custo para a base da pirâmide. “É preciso perceber que
em um momento como o que estamos
vivendo, ao mesmo tempo em que os
restaurantes mais caros diminuem sua
clientela, os vendedores de quentinhas
aumentam a sua demanda. Em síntese, acredito que os negócios mais interessantes para os próximos dois ou três
anos são aqueles que ajudem as pessoas
e as empresas a melhorar a eficiência do
que fazem ou realizam, produtos e serviços que contribuam com o combate ao
desperdício e que, finalmente, agreguem
novos consumidores de mercados pouco
explorados”, opina Edson Sadao.
FONTE: MELITHA NOVOA PRADO, ADVOGADA ESPECIALIZADA EM FRANQUIAS DA TLNP ADVOGADOS
repassada para outro franqueado interessado. A taxa do trimestre foi de 0,6%.
No caso das MPEs, o coordenador de
Pesquisas do Sebrae-SP aponta que 2016
ainda deve ser um ano delicado, mas não
tão difícil quanto 2015. “Esperamos o início de uma retomada, mas isso depende
muito da inflação. Esperamos a retomada do poder de compra do consumidor
para o aquecimento do mercado interno.
Quanto a setores, o importante é investir
cada vez mais em inovação, pois perante
grandes dificuldades surgem as grandes
saídas. Há ramos que vão muito bem e
outros que deverão passar por um novo
fôlego em 2016, mas o ideal é que o empreendedor faça o melhor para seu negócio, independentemente do seu ramo de
atuação”, destaca Marcelo Moreira.
A dica de investimento do professor
• INVESTIGUE ANTES DE INVESTIR:
saiba mais do que dados, processos
e números; busque informações com
outros franqueados.
• NÃO COMPRE POR IMPULSO: analise
o mercado, seu perfil profissional e
reflita sobre como o franchising pode
se encaixar em sua vida.
• ENTENDA O NEGÓCIO: ele precisa
abordar assuntos que você tenha
interesse e que irá satisfazê-lo.
• FRANQUIA TAMBÉM É RISCO: não
existe negócio sem risco no mercado,
por isso, é necessário estar pronto para
a batalha.
• SIGA AS REGRAS: tornar-se um
franqueado significa seguir padrões e
respeitar procedimentos. Liberdade o
interessa mais? Então caia fora!
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TESTE
*João Cristofolini é um
empreendedor serial,
autor do livro “O que a
escola não nos ensina”,
palestrante e consultor.
TEXTO DE JOÃO CRISTOFOLINI
~
SOU OU NAO SOU
UM EMPREENDEDOR?
~
EIS A QUESTAO!
DESCUBRA SE VOCÊ ESTÁ REALMENTE PREPARADO
PARA EMPREENDER NO PRÓXIMO ANO
1. Está disposto a trabalhar
mais horas do que já
trabalha hoje?
A. Sim, inclusive em finais de
semana, feriados e noites
afora quando necessário.
B. Pretendo trabalhar a mesma
quantidade que trabalho hoje.
C. Quero empreender para
justamente trabalhar menos
tempo.
2. Como avalia sua
habilidade de vendas?
A. Adoro vendas, já trabalhei
na área e busco sempre
informações a respeito.
B. Nunca trabalhei com vendas,
mas estou disposto a
aprender ou encontrar um
sócio que me complemente
nessa habilidade.
C. Não gosto de vendas e acho
que meu produto ou serviço
se vende sozinho.
3. Como avalia sua
habilidade de marketing?
A. Tenho conhecimento
em marketing, estudo e
acompanho frequentemente
os maiores especialistas sobre
o assunto e suas grandes
mudanças nos dias de hoje.
B. Nunca trabalhei
com marketing,
mas estou disposto
a aprender ou
encontrar um
sócio que me
complemente nessa
habilidade.
C. Não gosto de
marketing e acho
que meu produto
ou serviço se vende
sozinho.
4. Como avalia
sua habilidade
de educação
financeira?
A. Tenho condições
financeiras de
me manter nos
próximos 12 meses
sem depender da
receita do negócio.
B. Consigo me manter
por poucos meses
e logo o negócio
precisará pagar meu
pró-labore.
C. Não tenho nenhuma
reserva financeira
e ainda penso em
buscar uma linha
de empréstimo
para montar meu
negócio.
5. Como avalia
sua inteligência
emocional?
A. Tenho controle sobre
minhas emoções e não
permito que fatores
externos interfiram
nela.
B. Dependendo do
momento e dos
fatores externos,
consigo manter meu
equilíbrio emocional.
C. Tenho grande
dificuldade nessa área.
6. Como avalia suas
possibilidades de
fracasso?
A. Tenho ciência de
que fracassos são
caminhos naturais do
empreendedorismo
e estou disposto a
recomeçar quantas
vezes forem
necessárias.
B. Consigo permitir que
algo dê errado, mas
não por muito tempo.
C. Não tenho tempo,
condições ou interesse
em considerar
qualquer possibilidade
de fracasso.
RESULTADO
MAIORIA DAS RESPOSTAS A:
Você apresenta habilidades
fundamentais para empreender,
parabéns. O que não quer dizer que você
terá sucesso nessa área, e sim que está
ciente das habilidades necessárias e
deverá cada vez mais desenvolvê-las. É
hora de tirar sua ideia do papel e colocála em prática.
MAIORIA DAS RESPOSTAS B:
É importante que você busque
desenvolver algumas habilidades como
empreendedor, o que não quer dizer
que não deva empreender. Busque cada
vez mais informação e conhecimento
a respeito e esteja preparado para
começar seu negócio assim que
possível. Concilie sempre estudo com a
prática, empreendendo.
MAIORIA DAS RESPOSTAS C:
Será importante você desenvolver
algumas habilidades fundamentais
para um empreendedor. Busque
conhecimento e experiências que o
ajudem sobre isso. Lembre-se de que
nenhum empreendedor nasce pronto,
é preciso desenvolver suas habilidades
para isso. Se esse é seu sonho, não
desista dele.
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