ÁRBITROS DA COPA REFLEXÕES INDIVIDUAIS

Transcrição

ÁRBITROS DA COPA REFLEXÕES INDIVIDUAIS
NÚMERO 33, 6 DE JUNHO DE 2014
EDIÇÃO EM PORTUGUÉS
Fédération Internationale de Football Association – Desde 1904
Bósnia e Herzegovina na Copa do Mundo
OS PRIMEIROS
CAMPEÕES
IRÃ
A NOVA IDENTIDADE
DE DANIEL DAVARI
ÁRBITROS DA COPA
REFLEXÕES
INDIVIDUAIS
BLATTER
O BRASIL
ESTÁ PRONTO
W W W.FIFA.COM/ THEWEEKLY
ÍNDICE
6
18
“Neymar é a chave do sucesso“
O lateral Júnior fez parte da grande Seleção
dos anos 1980. Aos 60 anos, o ex-jogador
falou sobre a paixão pelo Flamengo e sobre
as chances de título do Brasil.
25
S epp Blatter: O Brasil está pronto
O presidente da FIFA explica porque o Mundial
de 2014 será provavelmente um dos melhores
da história: “Vamos vivenciar uma maravilhosa
festa do futebol – graças ao Brasil, com o Brasil,
pelo Brasil.”
37
América do Norte e
América Central
35 membros
www.concacaf.com
Bósnia: Nada é impossível
Seis dias para a estreia: pela primeira vez na
sua recente história, a Bósnia e Herzegovina irá
disputar uma Copa do Mundo da FIFA. Até hoje,
o país ainda vive com as marcas da guerra civil
de 1992. A redatora Doris Ladstaetter esteve
em Sarajevo e nos conta a história da esperança
bósnia.
América do Sul
10 membros
www.conmebol.com
14
Portugal
Apesar das dores na coxa,
Cristiano Ronaldo quer estar
pronto para a estreia no
Mundial contra a Alemanha
(16 de junho).
O torcedor Fatboy Slim
O DJ inglês não vai perder a Copa do Mundo.
Para o Mundial, Fatboy gravou até um álbum
duplo e vai fazer nove apresentações no Brasil.
22
Apito inicial
Histórias e reflexões
sobre a competição:
apresentamos dez
árbitros do Mundial.
Uma estreia para a história
A fotomontagem da nossa capa mostra
os bósnios Asmir Begovic, Edin Dzeko e
Zvjezdan Misimovic. Todas as imagens
foram feitas em um hotel em Sarajevo.
Salvatore Vinci / 13 fotos
Grupos da Copa do Mundo A – C
Grupo A
Aplicativo da FIFA Weekly
A revista FIFA Weekly está disponível
en cinco idiomas a cada sexta-feira
em uma versão eletrônica bastante
intuitiva.
2
T H E F I FA W E E K LY
Grupo B
Grupo C
Brasil
Espanha
Colômbia
Croácia
Holanda
Grécia
México
Chile
Costa do Marfim
Camarões
Austrália
Japão
A SEMANA DO FUTEBOL MUNDIAL
Europa
54 membros
www.uefa.com
África
54 membros
www.cafonline.com
Ásia
46 membros
www.the-afc.com
Oceania
11 membros
www.oceaniafootball.com
26
Daniel Davari
Momentos marcantes para o
goleiro da seleção iraniana:
rebaixado com o Braunschweig,
agora é a vez da grande
aventura na Copa do Mundo.
35
Gana
Opoku Nti conta como um gol na
final da Liga dos Campeões da
África mudou a sua vida.
Grupos da Copa do Mundo D – H
imago (3), Adrian Bretscher
Grupo D
Grupo E
Grupo F
Grupo G
Grupo H
Uruguai
Suíça
Argentina
Alemanha
Bélgica
Costa Rica
Equador
Bósnia e Herzegovina
Por tugal
Argélia
Inglaterra
França
Irã
Gana
Rússia
Itália
Honduras
Nigéria
EUA
Coreia do Sul
T H E F I FA W E E K LY
3
EVERY GASP
EVERY SCREAM
EVERY ROAR
EVERY DIVE
EVERY BALL
E V E RY PAS S
EVERY CHANCE
EVERY STRIKE
E V E R Y B E AU T I F U L D E TA I L
SHALL BE SEEN
SHALL BE HEARD
S H A L L B E FE LT
Feel the Beauty
BE MOVED
THE NEW 4K LED TV
“SONY” and “make.believe” are trademarks of Sony Corporation.
PANOR AM A
Verde e amarelo Um taxista em São Paulo
“A Copa das Copas”
A
Copa do Mundo começa na semana que vem, e o novo
campeão levantará a taça no dia 13 de julho. Independentemente disso, já há um vencedor: a seleção da Bósnia e
Herzegovina. A equipe da pequena federação conseguiu se
classificar para o Mundial e, assim, unir as diversas etnias
do país na torcida pela Copa. Em Sarajevo, a nossa colega
Doris Ladstaetter visitou Edin Dzeko, Asmir Begovic e
Zvjezdan Misimovic.
Nacho Doce / Reuters
N
ascido e criado na Alemanha, Daniel Davari fez carreira
como goleiro na Bundesliga, mas foi convocado para a
seleção do Irã que estará na Copa. Como isso aconteceu,
e o que espera o atleta de 25 anos e o selecionado iraniano
no Mundial? Roland Zorn conversou com Davari.
A
participação no Mundial é um grande sonho – não apenas
de um atleta. Para os 25 árbitros selecionados para a
­competição, esse sonho se tornou realidade. Antes do
embarque para o Brasil, revelamos um pouco sobre as
personalidades de cada um deles.
N
as próximas semanas, o futebol estará em primeiro plano no
Brasil. Isso é o que espera o presidente da FIFA, J­ oseph S.
Blatter, na sua coluna semanal. Em nenhum lugar do
mundo o futebol está tão presente no dia a dia como no
país-sede. “Se essa força positiva for liberada, realmente
­v iveremos a melhor Copa do Mundo da história, a Copa
das Copas.” Å
Perikles Monioudis
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5
BÓSNIA E HERZEGOVINA
Asmir Begovic,
Goleiro, 26 anos
Nada é
impossível
Por que a seleção da Bósnia e Herzegovina já pode
ser considerada vitoriosa.
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BÓSNIA E HERZEGOVINA
Miralem Pjanic,
meio-campista, 24 anos
Senad Lulic,
meio-campista, 28 anos
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BÓSNIA E HERZEGOVINA
Doris Ladstaetter (texto)
e Salvatore Vinci (fotos), Sarajevo
A
Edin Dzeko,
atacante, 28 anos
smir Begovic está pronto para a
Copa do Mundo da FIFA Brasil
2014. No dia 16 de junho, quando
Lionel Messi passar perto do seu
gol no Estádio do Maracanã, o goleiro defenderá a meta com todo o
seu corpanzil de 1,96 metro de altura. Ele fará isso pela Bósnia, pelo
seu país, uma nação que sofre até
hoje as consequências da guerra. E
o jogador tem boas chances de ter
sucesso no duelo contra o superastro argentino. O arqueiro de 26 anos está há cinco
temporadas no Stoke City e é considerado um dos
melhores da Premier League na sua posição. Parece ser apenas questão de tempo até que ele seja
contratado por um grande clube europeu.
Nos seus 22 anos de existência, a Bósnia e
Herzegovina nunca participou de uma Copa do
Mundo. A lembrança da guerra civil que culminou
com a declaração de independência do país em
1992 atormenta as pessoas até hoje. As fronteiras
étnicas e religiosas que foram traçadas após o término da guerra em 1996 dificultaram o recomeço
para muitas pessoas. Além disso, há graves problemas econômicos. Em maio, grande parte do
país sofreu com enchentes que prejudicaram a
colheita e os rendimentos de um quarto da população.
De um ano para cá, a população da Bósnia e
Herzegovina pelo menos tem um grande sonho: a
Copa do Mundo no Brasil. E o sonho é plenamente compreensível. Nunca antes a Bósnia teve uma
seleção tão forte. Begovic garante a segurança no
gol. Miralem Pjanic, há três anos um dos pilares
da Roma, comanda o meio de campo. O zagueiro
Senad Lulic, que atua pela Lazio, dita o ritmo de
jogo. Zvjezdan Misimovic, que começou a carreira
no Bayern de Munique e passou por vários clubes
alemães e pelo Galatasaray antes de ir para o Ghizhou Renhe na China, também coloca toda a sua
categoria e experiência a serviço do selecionado
bósnio. A equipe também conta com Edin Dzeko,
atacante do Manchester City, que foi essencial
para que o seu país se classificasse para o Mundial
e para que o seu clube fosse campeão inglês na
última temporada.
De refugiado a astro do futebol
Asmir Begovic nunca morou na Bósnia, mas durante toda a vida sempre falou em bósnio com os
pais. Ele sempre foi bósnio — e também canadense e alemão. O goleiro nasceu em 1987 em Trebinje, uma cidade de 30 mil habitantes a sudoeste da
Bósnia atual, perto da fronteira com Montenegro.
Uma cidade dentre muitas do estado multiétnico
da antiga Iugoslávia. Lá viviam muitos sérvios
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T H E F I FA W E E K LY
BÓSNIA E HERZEGOVINA
Xinhua / imago, Infografik: Mirijam Ziegler
ortodoxos, mas também bósnios muçulmanos e
croatas católicos. O pai de Begovic foi goleiro do
Leotar de Trebinje.
Subitamente a nação iugoslava parou de funcionar. O país se desintegrou, a Croácia se tornou
uma nação independente, a Bósnia afundou no
caos e o que se seguiu foram quatro anos de uma
terrível guerra. Os bósnios muçulmanos foram
expulsos de Trebinje, cidade de Begovic. Instalaram-se por lá os sérvios ortodoxos, que por sua
vez haviam fugido de outras partes do país. O
processo que entrou para os livros de história
como uma “limpeza étnica” mudou para sempre a
vida do pequeno Asmir quando os seus pais decidiram deixar aquele palco de loucura e insensatez.
Eles foram buscar uma vida melhor em um país
estrangeiro, sem falar a língua e sem conhecer os
costumes.
Begovic tinha quatro anos quando se tornou
refugiado pela primeira vez. Ele viveu cinco anos
na Alemanha. Aos dez, a sua vida passou por mais
uma transição com a mudança para o Canadá,
com uma nova língua, novas escolas, novos amigos. Mas como será que é para uma criança enfrentar tantas incertezas na vida? “O fato de ser
criança me ajudou durante a minha fuga porque
não pensamos tanto sobre o fato de os abrigos
serem muito pequenos e nas preocupações da
existência”, afirmou o jogador. “Quando criança,
você simplesmente sai de casa e vai chutar a bola
quando tudo fica difícil demais. No campo de futebol é possível fazer amigos e aprender uma nova
língua. Isso era a minha âncora. Para os meus
pais, tudo foi incrivelmente mais difícil.”
Quando Begovic concedeu esta entrevista, ele
estava no Hotel Spa Áustria em Sarajevo. Foi lá
que a seleção bósnia fez a sua preparação para o
Mundial. Reinava no local um constante vai e
vem. Fora dos limites do hotel, torcedores, familiares e a polícia aguardavam os jogadores.
Todos eles esperam por novas vitórias da Bósnia e Herzegovina. Agora eles estão acostumados
N
CROATIA
BRCKO
Banja Luka
REPUBLIC
SRPSKA
Tuzla
SERBIA
Zenica
Srebrenica
FEDERATION
OF BOSNIA AND
HERZEGOVINA
Mostar
Sarajevo
Gorazde
MONTENEGRO
Trebinje
O Acordo de Paz de Dayton colocou um
fim à guerra em 1995, e ao mesmo
tempo determinou a divisão étnica do
país. Até hoje o território nacional da
Bósnia consiste em uma república de
sérvios bósnios e uma federação entre
croatas e muçulmanos. A Federação de
Futebol da Bósnia e Herzegovina
(NFSBIH) foi fundada em 1992 e se
afiliou à FIFA em 1996. A seleção bósnia
organiza os seus jogos em casa no
Estádio Bilino Polje, com capacidade
para 18 mil espectadores, em Zenica.
Em 2013, a arena passou por uma
reforma completa. Os torcedores
bósnios preferem o local ao Estádio
Asim Ferhatovic Hase (37.500 lugares),
em Sarajevo, que já foi utilizado nas
Olimpíadas de Inverno de 1984, mas
que na visão de muitos espectadores
não é capaz de proporcionar uma
atmosfera tão emocionante para jogos
de futebol.
27 de maio de 2014 A caminho da Copa do Mundo: A seleção bósnia no aeroporto de Sarajevo.
a isso. O objetivo mínimo na Copa do Mundo são
as oitavas de final, e a torcida bósnia está não apenas eufórica, mas também bastante exigente. Os
jogadores sentem a pressão, pois foram eles próprios que elevaram as expectativas. As eliminatórias foram concluídas quase sem pontos desperdiçados. Depois do último jogo contra a Lituânia,
os jogadores foram recebidos por uma grande
multidão em estado de júbilo ao chegarem em Sarajevo.
“Os torcedores bósnios são muito especiais”,
afirmou Miralem Pjanic. “”m algumas partidas,
quando não acreditávamos mais dentro de campo, eles nos empurraram para a vitória. Foi então
que percebi o que significamos para a torcida — e
o que ela significa para nós." Enquanto conversava
conosco, o meio-campista fechava o zíper do seu
calção azul escuro de uma fornecedora de material esportivo alemã, a mesma empresa que colocou alguns painéis publicitários em Sarajevo nos
quais os jogadores aparecem sorrindo orgulhosamente. Esses anúncios são como raios de esperança para o povo. Em meio a tudo isso, com certa
frequência passam por esses locais pessoas com
apenas um braço ou apenas uma perna — elas são
as que tiveram menos sorte durante os anos de
guerra civil.
Reconciliação com a federação
Pjanic, por sua vez, é um dos que tiveram um destino melhor. A sua felicidade se deve ao fato de
que durante os anos difíceis o seu pai atuava
como jogador de futebol e logo depois do início da
guerra recebeu uma oferta para defender o Monnerich, de Luxemburgo. O seu talento ficou claro
logo aos 13 anos, quando o jogador foi convocado
pela primeira vez para a seleção sub-16 de Luxemburgo. Nessa época, ele chegou a viajar como torcedor de Luxemburgo para a Bósnia para acompanhar jogos da seleção. Aos 17 anos, o habilidoso
criador de jogadas se tornou profissional na França. Os dirigentes da Federação Luxemburguesa de
futebol queriam a qualquer custo que Pjanic defendesse a seleção principal do país, mas foi então
que ele decidiu que vestiria a camisa da Bósnia e
Herzegovina. “Nos primeiros anos sempre havia
problemas, uma vez a federação não apoiou os
jogadores, outras vezes tínhamos dificuldades
diferentes”, comentou o jogador. “Agora esses problemas em grande parte ficaram para trás e devemos agradecer a Ivica Osim por isso. Ele fez realmente muito pela seleção bósnia.”
Ivica Osim faz é uma espécie de consciência
para o futebol bósnio. Apesar dos seus 73 anos, o
ex-treinador da seleção iugoslava — com a qual
ele foi excluído da Eurocopa 1992 por causa do
início da guerra — segue até hoje a sua luta incansável para trazer união à Bósnia e Herzegovina.
Em 2008, ele desempenhou um papel fundamental para resolver uma crise entre os jogadores e a
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9
BÓSNIA E HERZEGOVINA
Federação Bósnia de Futebol. Em abril de 2011, a
FIFA e a UEFA suspenderam a Bósnia e Herzegovina temporariamente porque a assembleia geral
da federação não havia conseguido maioria para
uma alteração estatutária exigida pela FIFA que
estabelecia que a federação devia ter apenas um
presidente, enquanto ela tinha três. Osim se reuniu com representantes croatas, sérvios e bósnios
da associação, e eles elegeram um único presidente que substituiu o trio que exercia o cargo conjuntamente até então. Consequentemente, FIFA e
UEFA cancelaram novamente a suspensão.
“O futebol é capaz de unir novamente um país
como a Bósnia”, afirmou Osim. “A nossa seleção
nos ajudou muito a superar um pouco as diferenças religiosas e étnicas. Esses jogadores foram
formados no exterior, eles têm outras ideias sobre
o futebol e a vida. E isso é bom. Eles são simplesmente mais profissionais do que todos os outros
jogadores que tínhamos antes.”
Repassando a sorte
Em Roma, onde vive há três anos, Pjanic conquistou há muito tempo o coração dos torcedores e se
tornou praticamente tão amado quanto o maior
ídolo do clube, Francesco Totti. Poucos dias antes
da nossa visita ao hotel da seleção bósnia em Sarajevo, ele foi fotografado em uma farmácia comprando remédios para as vítimas das enchentes
no país. O jogador recebe mais de dois milhões de
euros por ano para defender a Roma, com quem
tem contrato por mais três anos. Com isso, ele não
é o jogador bósnio mais bem pago, já que Dzeko
recebe mais de oito milhões de euros por ano. Mas
ainda assim é muito dinheiro para a realidade da
Zvjezdan Misimovic,
Meio-campista,32 anos
“ O futebol é
capaz de unir
novamente um
país como a
Bósnia.”
Ivica Osim, ídolo do futebol bósnio, Sarajevo
Bósnia, e ele faz o possível para repassar um
pouco da sua sorte aos compatriotas. “Ainda estou esperando um pouco até que seja avaliado
melhor onde realmente estão precisando de ajuda nas regiões alagadas”, afirmou Pjanic. “Ainda
há água por toda parte. Estão enviando ajuda,
mas em meio ano essas pessoas serão esqueci10
T H E F I FA W E E K LY
BÓSNIA E HERZEGOVINA
Salvatore Vinci (2)
das novamente. Será então que elas precisarão
do meu apoio.”
Os outros jogadores também contribuem na
missão humanitária. Begovic, por exemplo, fundou uma instituição para auxiliar os necessitados há alguns meses. Ela deverá criar boas possibilidades de treino para crianças na Bósnia e
na Inglaterra. “Gostaria que as crianças que precisam desviar o seu foco consigam isso por meio
do futebol”, afirmou. “Para mim isso foi uma
ajuda extraordinária.” O capitão da seleção, Emir
Spahic, que joga como zagueiro no Bayer Leverkusen e tem ascendência croata, o atacante
bósnio muçulmano Dzeko e o meio-campista
bósnio sérvio Misimovic foram recentemente
enviados pela federação para Maglaj. A pequena
cidade nas proximidades da fronteira com a Sérvia foi severamente atingida pelas enchentes. “O
proprietário do nosso hotel veio até mim e falou
brincando: você eu conheço”, contou Misimovic
com um sorriso. “O Dzeko ele ignorou. E atualmente todos o conhecem.” Brincadeiras sobre a
origem étnica dos jogadores também são frequentes na equipe. “Acho isso engraçado, claro,
porque acredito que nós bósnios precisamos a
qualquer custo aproveitar o fato de que há três
religiões convivendo na Bósnia”, prosseguiu Misimovic. “Não consigo compreender que as pessoas ainda não sejam capazes de lidar com isso.”
Misimovic nasceu em Munique, e parte da
sua família mora até hoje nas cercanias de Banja
Luka. “Em circunstâncias normais, os torcedores
das regiões sérvias torcem pela seleção da Sérvia,
e não por nós”, afirmou o jogador. “Mas as circunstâncias atuais não são normais, e isso é bom.”
Dzeko prefere não falar sobre a guerra. Ele é
o astro da equipe, o homem que marca a maior
parte dos gols e também o maior artilheiro da
história do seu país. Um jogador fantástico. O centroavante nunca foi uma criança refugiada. Ele
vivenciou a guerra em um lugar onde ninguém
queria estar. Ficou justamente em Sarajevo cada
um dos 1.425 dias em que o exército bósnio-sérvio
sitiou a cidade. Certa vez, a sua mãe Belma contou
da seguinte forma como devem ser as lembranças
do atacante sobre a guerra: “A cada vez que o Edin
saía para o campo de futebol, eu tinha medo. Mas
eu não podia proibi-lo de jogar. Ele era apenas
uma criança. Uma vez, ele me pediu para sair, mas
eu disse não. Poucos minutos mais tarde explodiu
uma bomba no campo de futebol. Muitas crianças
morreram naquele dia.”
Ajuda do exterior
As eliminatórias para a Copa do Mundo e as enchentes foram na realidade duas situações extraordinárias que fizeram com que croatas, sérvios e bósnios que vivem na Bósnia se
aproximassem e reduziram um pouco as fronteiras étnicas na mente das pessoas. Finalmente,
B u b a m a r a - A e s c o l a (d o f u t e b o l ) p a r a a v i d a
Ele poderia ter fugido quando todos queriam
sair de Sarajevo. Porém, Predrag Pasic ficou.
Talentoso jogador na sua época, Pasic
disputou a Bundesliga e jogou por 20 anos
no FK Sarajevo. Em 1991, o líder sérvio e
acusado de crimes de guerra Radovan
Karadzic foi o psicólogo do clube. “Ele
sempre pregava a unidade”, conta Pasic.
“Hoje, não consigo imaginar o que se passou
na cabeça dele mais tarde.” Durante a
guerra, o Stuttgart tentou levar o jogador de
volta para a Alemanha. Ele, porém, já havia
aberto, no meio de uma Sarajevo sitiada,
uma escola de futebol para jovens de todos
os bairros, religiões e etnias. “Queria mostrar para as crianças crescidas na guerra
que Sarajevo havia sido uma cidade com
muita diversidade antes dos conflitos, queria
que elas soubessem o que é possível”, explica
Predrag Pasic. Para isso, o atleta arriscou a
própria vida durante quatro anos, todos os
dias.Para muitos jovens, a escola de futebol
Bubamara foi, entre 1992 e 1995, uma
Treinando para o amanhã Eles sonham em poder
um dia ser um novo Dzeko.
após 25 anos, vizinhos começaram a se ajudar
quando as fortes enxurradas atingiram o país
no meio de maio, cobrindo de água casas e colheitas de um quarto da população. A cada encontro de torcedores bósnios em estádios ao
redor do planeta, tornava-se menos importante
se o outro era de ascendência croata, sérvia ou
bósnia.
“É triste, mas foi necessária uma guerra e a
ajuda de países como Alemanha, Suíça, Luxemburgo, EUA e Canadá, que receberam os nossos
refugiados e fizeram deles pessoas melhores”,
afirmou Osim, pensativo. “Sem essa ajuda, nun-
escola de vida. Do lado de fora, os pais
daqueles jovens se odiavam mutuamente, e
soldados atiravam em homens que tentavam
atravessar uma ponte ou uma rua. Lá dentro,
era possível jogar futebol, treinar com os
colegas e ouvir sobre a irrelevância das
fronteiras étnicas. “Era possível reconhecer,
nos treinos, qual criança estava mais traumatizada, pois você caminha de uma forma
diferente quando perde um ente querido”,
relembra Pasic. “O futebol pode ajudar uma
criança a superar um choque. O treino diário
é uma forma incrível de reabilitação. Sem
essa guerra, eu não teria descoberto isso.”
Hoje, Pasic administra cinco escolas, em
todas as partes do país. Por um tempo, a
Inter de Milão ajudou a financiar o projeto do
ex-jogador. Porém, desde que houve mudanças na direção do clube italiano, as contribuições dos alunos têm sido a única fonte de
renda da escola de Pasic. Mesmo assim, pais
e crianças sem recursos podem frequentar
as aulas gratuitamente. Å
Preocupação pelo futuro Predrag Pasic nos
treinamentos em Sarajevo
ca teríamos conseguido nos classificar para este
Mundial.”
Lulic tinha 12 anos quando se mudou com os
pais e a irmã da pequena cidade de Mostar para a
Suíça. A família viveu por um ano em um campo
de refugiados nas montanhas suíças. “Antes de
mais nada, tivemos de aprender alemão”, afirmou
Lulic. Depois de fazer um curso técnico de montador de carros, ele só começou a jogar futebol profissionalmente quando tinha 19 anos. Ele está na
Lazio há dois anos e nos próximos meses poderá
se transferir para a Juventus. Uma ascensão bastante rápida. “Demorei para começar a jogar futeT H E F I FA W E E K LY
11
BÓSNIA E HERZEGOVINA
Icon SMI / imago, Dado Ruvic / Reuters
bol, mas eu faria tudo de novo da mesma forma.”
No ano passado, Lulic marcou o gol do título
da Copa da Itália em final disputada justamente
contra a arquirrival Roma, pela qual o seu companheiro de seleção Pjanic também estava em campo. Foi uma espécie de superclássico. Durante
semanas os torcedores das duas equipes só pensavam na partida. “Eles beijavam os meus pés no
meio da rua, foi embaraçoso”, comentou Lulic com
um sorriso. Ele nunca havia vivenciado sentimentos desta intensidade em clubes da Suíça. Neste
sentido, aliás, Lulic se parece mais um cidadão
suíço. “Tive muito mais dificuldade para me acostumar aos costumes da Itália quando deixei a
Suíça há dois anos do que quando vim da Bósnia
para a Suíça. Aqui, quando dizem que o treino
será às oito horas, todos chegam às dez.”
Para Lulic, a guerra civil na Bósnia já ficou
para trás há muito tempo, e a sua casa agora é a
Suíça. “Claro que tenho lembranças”, afirmou ele.
“A guerra nunca é bonita para ninguém. Muito
menos para uma criança. Consegui me esquecer
de muitas coisas que às vezes ainda voltam à minha mente. Então procuro não pensar no assunto.” Mas, apesar da afinidade com a Suíça, ele não
pensaria em defender outra seleção. “Em algum
momento, percebi que o nosso jogo representa
muito mais do que apenas futebol para as pessoas
na Bósnia. Compreendi que podemos produzir um
pouco de felicidade nas vidas das pessoas, as
quais nem sempre são fáceis.”
Responsabilidade pela Bósnia
Begovic reeonheceu a sua identidade bósnia
quando chegou ao país pela primeira vez há três
anos para o enterro do seu avô, que ele nunca havia conhecido. “Eu me encontrei com familiares
na Bósnia e consegui sentir os seus ferimentos, os
anos que nunca vivi”, declarou o goleiro. “Depois
disso, soube que queria jogar pela Bósnia.” Neste
momento, ele se levanta da cadeira. Em poucas
horas a sua seleção cruzará o Atlântico para representar na Copa do Mundo a honra de um povo
que sobreviveu à mais devastadora guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mas antes
disso Begovic diz mais uma importante frase no
seu inglês com sotaque canadense: “Não estamos
jogando por dinheiro. Fazemos isso porque sempre que andamos pelas ruas daqui sentimos a
nossa responsabilidade. Aqui, pessoas completamente estranhas chegam para mim e dizem: ’Faça
isso pelo povo.’ Esta é uma fantástica motivação.”
Por tudo isso, não importa tanto até onde a
Bósnia e Herzegovina conseguirá chegar na Copa
do Mundo da FIFA Brasil 2014. O mais importante é que, apesar de todas as dificuldades, a equipe
viajará para o Mundial. E que esses jogadores
certamente são grandes modelos para as gerações
mais jovens de bósnios. Por si só, isso já é uma
vitória. Å
30 de maio de 2014 Mais um gol Dzeko balança as redes no amistoso contra a Costa do Marfim em Saint Louis.
15 de outubro de 2013 A Bósnia se classifica para a Copa do Mundo. Finalmente os torcedores bósnios podem
comemorar em Sarajevo.
Relatórios de todos os 64 jogos em linguagem de sinais
Grandes jogadas, gols e
muitas emoções: no FIFA.com
você não perde nada durante
a Copa do Mundo. Além da
cobertura regular, será
possível também acessar
vídeos de dois minutos com os melhores
momentos de todos os 64 jogos do Mundial.
O nosso site oficial oferece ainda a
possibilidade de visualizar todos os relatórios
das partidas em linguagem de sinais —
serviço que será disponibilizado seis horas
após o apito final. A produção dos resumos
das partidas será feita nos nossos próprios
estúdios de televisão em Zurique.
→ http://www.fifa.com
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13
CONCENTR AÇÃO
Por tugal
A calma de
Paulo Bento
a partida de estreia contra a Alemanha no
dia 16 de junho. “Acredito que, assim, estarei
em melhor forma”, chegou a prometer o
próprio atleta. Desde então, o assunto é
discutido todas as noites pelas mesas-redondas da TV portuguesa.
Alan Schweingruber é
redator da FIFA Weekly.
Paulo Bento é um homem
tranquilo. Nada é capaz de
tirá-lo do sério. No entanto,
é notável o quanto o treinador de Portugal
tem se mantido calmo e racional nos últimos
dias. Ainda mais quando quem está em jogo
é Cristiano Ronaldo — não exatamente a
personalidade mais fácil de controlar. Bento
tem encontrado sempre novas maneiras de
abordar a situação. “Tenho de levar tudo em
consideração: um Mundial com e sem o
Cristiano”, disse o português de 44 anos. Um
dia depois, após um penoso 0 a 0 no amistoso contra a Grécia, o comandante voltou a
falar com jornalistas. “Não estipulamos uma
data exata para o Cristiano voltar a treinar”,
explicou. “Ele é um ser humano e precisa se
sentir bem.”
O motivo é a lesão na parte posterior da
coxa e as dores no joelho que vêm perseguindo o craque do Real Madrid desde a
final da Liga dos Campeões da Europa.
Quando a seleção portuguesa embarcou em
Lisboa (até 11 de junho, os treinos serão nos
EUA), os prognósticos ainda eram aceitáveis.
Cristiano Ronaldo seria poupado dos amistosos contra o México e a Irlanda para jogar
A história lembra um pouco o que aconteceu
antes da Copa do Mundo de 2002. Naquele
ano, Portugal embarcou para a Coreia do Sul
e o Japão com o armador Luis Figo, então
campeão europeu pelo Real Madrid, bem
abaixo da forma ideal. O país apostava todas
as fichas na seleção, porém, com o desgaste
do maestro português, os lusitanos acabaram deixando o Mundial logo na fase de
grupos.
Pelo lado bom, ninguém mais discute os 11
titulares de Paulo Bento. Afinal de contas, o
país já se acostumou com o estilo conservador do treinador. Desde que ele assumiu a
seleção, há três anos e meio, poucas mudanças foram feitas no time titular. Com essa
equipe, o maior trunfo de Bento foi chegar à
semifinal da Eurocopa, há dois anos, perdendo apenas nos pênaltis para a Espanha.
No Brasil, onde se estima que vivam hoje
cerca de seis milhões de portugueses, Paulo
Bento quer que a seleção faça boas exibições
como em 2012. E, pelo menos verbalmente,
ele já deu mostras de que não perdeu a
tranquilidade. “Portugal já foi a uma Copa
com o melhor jogador do mundo e não levou
o título mundial. Por que devemos achar que
agora somos favoritos com o Cristiano?” Å
O astro e o comandante Cristiano Ronaldo quer
estar pronto o quanto antes, e o treinador Paulo Bento
tenta acalmar a nação.
Esperança O centroavante Bryan Ruiz, da Costa Rica.
Costa Rica
Digerindo as más
notícias
Sven Goldmann, especialista em
futebol do jornal “Tagesspiegel”, de
Berlim.
Foi o médico da seleção quem
deu a notícia ao treinador. A
Costa Rica se dedicava às últimas preparações
para o embarque no centro de treinamento na
Flórida, quando o Dr. Alejandro Ramírez
procurou Jorge Luis Pinto para uma conversa.
No fim do papo, ficou uma conclusão: Álvaro
Saborío teria de ser cortado da Copa do
Mundo no Brasil. A dor aguda que o atacante
sentira no treinamento ao pisar o chão
revelou-se uma fratura do quinto metatarso.
“Álvaro não precisará ser operado”, explicou o
Dr. Ramírez. “No entanto, ele terá de esperar
quatro semanas para se curar da lesão e não
ficará pronto a tempo do Mundial.”
O problema é que a Costa Rica não está exatamente bem provida de atacantes capazes de
balançar as redes. A defesa, com o excelente
14
T H E F I FA W E E K LY
imago
Álvaro Saborío não é um jogador qualquer, e
sim, o centroavante mais perigoso. Aos 32
anos, o atleta do Real Salt Lake foi o artilheiro da seleção nas eliminatórias, marcando
oito dos 27 gols dos costa-riquenhos. “Foi um
golpe duro”, declarou o treinador. “O Álvaro
não é apenas um ótimo atacante, ele é também uma liderança para os colegas. Não será
fácil substituí-lo.”
CONCENTR AÇÃO
goleiro Keylor Navas, do Levante, está em
ótima forma. O ataque, porém, ainda não
decolou. Agora, a esperança da artilharia
costa-riquenha fica com Bryan Ruiz. O ponta
não conseguiu se firmar no Fulham e acabou
emprestado ao PSV Eindhoven, onde marcou
cinco gols em 14 jogos. Além dele, o treinador
Jorge Luis Pinto ainda confia em Joel
Campbell. O jogador atuou a última temporada
emprestado ao Olympiacos, tendo marcado um
dos gols dos gregos contra o Manchester
United nas oitavas de final da Liga dos Campeões deste ano.
No penúltimo amistoso, contra o Japão em
Tampa Bay, os costa-riquenhos foram muito
bem no primeiro tempo e saíram para o
vestiário vencendo por 1 a 0, com um gol de
Bryan Ruiz. Depois, porém, pouco fizeram e
acabaram sendo derrotados por 3 a 1.
A Costa Rica ainda terá um último teste na
Flórida, contra a Irlanda, antes de desembarcar em Santos, onde irá se preparar para a
primeira partida do Mundial em Fortaleza,
contra o Uruguai. Na fase de grupos, os outros
adversários serão nada menos que Itália e
Inglaterra. Curiosamente, o técnico italiano
Cesare Prandelli declarou que os costa-riquenhos serão os adversários mais difíceis que a
Azzurra irá enfrentar. Mas por quê? “Porque
sabemos muito pouco sobre eles”, respondeu
Prandelli. Å
Kevin C. Cox / Getty Images, Marco Zanoni
A defesa da
Costa Rica está
em ótima forma,
mas o ataque
ainda não decolou.
Bem cozido e em pequenas fatias O chef da seleção suíça Emil Bolli sabe que o sucesso também passa pelo
estômago.
Suíça
A receita da
Copa do Mundo
Thomas Renggli escreve para a
FIFA Weekly.
“Em Roma, faça como os
romanos”, diz um provérbio
que dita que quando estamos
em um país estrangeiro devemos entrar em
contato o mais rápido possível com os costumes locais e construir pontes entre as culturas.
Na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, no
entanto, pelo menos do ponto de vista culinário isso pode provocar algumas indisposições.
Apesar de deliciosa, a tradicional feijoada,
receita típica brasileira com linguiça, língua,
orelha e eventualmente até rabo de porco, não
é exatamente o prato mais recomendável para
a alimentação de um atleta. Sendo assim, o
cozinheiro da seleção suíça Emil Bolli deixará
a especiaria de fora do seu cardápio durante a
Copa do Mundo. “É preciso manter a estabilidade da digestão dos jogadores”, afirmou ele,
definindo a sua estratégia culinária. Em vez
disso, Bolli servirá alimentos com baixo teor
de gordura, ricos em carboidratos, vitaminas e
sais minerais. “Sem carne pouco antes dos
jogos. Sem gorduras difíceis de digerir e
também precisamos manter o açúcar em um
nível aceitável.”
Assim como dentro de campo, a sincronia
também é da mais alta importância à mesa. Os
jogadores suíços devem fazer as suas refeições
exatamente quatro horas antes do pontapé
inicial. E o menu varia conforme o horário da
partida. Se o apito inicial for à tarde, em geral
o prato principal será macarrão com molho de
tomates ou de carne — como entrada, uma
sopa de legumes e, de sobremesa, bolo de
maçã. Se a bola só rolar mais tarde, Bolli
também traz da sua despensa vitela ou frango.
T H E F I FA W E E K LY
15
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CONCENTR AÇÃO
Para o cozinheiro, a Copa do Mundo no
quinto maior país do planeta será um desafio
de logística e organização. Em Manaus, por
exemplo, o clima tropical exige providências
adicionais. Com uma temperatura prevista de
30 graus e uma umidade relativa do ar de
aproximadamente 80%, a durabilidade dos
alimentos se torna especialmente importante.
Para se preparar para qualquer eventualidade,
Bolli trará da Suíça chocolate, bebidas lácteas,
temperos, musli e cevada, além das suas
próprias panelas. Ele será acompanhado pela
sua segunda cozinheira, a filha Andrea, além
de outros dois ajudantes de cozinha brasileiros que serão contratados no local.
Emil Bolli trabalha há 18 anos com a seleção
suíça. E o seu início de carreira foi difícil de
engolir — ele estreou como cozinheiro do
selecionado helvético em agosto de 1996, pouco
antes da derrota por 1 a 0 contra a modesta
seleção do Azerbaijão. Para os jogadores da
época, a derrota teve consequências similares
ao consumo de uma grande porção de feijoada
30 minutos antes da estreia na Copa do Mundo. No entanto, o único que teve uma indigestão na época, pelo menos esportivamente, foi o
então técnico da Suíça, Rolf Fringer. Å
Croácia
À espera de um
dia perfeito
“Faremos de tudo para que Neymar e
companhia só consigam mostrar o seu
melhor futebol na segunda partida.”
Ivan Rakitic
ção impressionante na goleada fora de casa por
4 a 0 contra o Bayern de Munique pelas semifinais da Liga dos Campeões. O desempenho do
armador só foi mais modesto na final contra o
Atlético de Madri. Por sua vez, Ivan Rakitic foi
o capitão do Sevilla na vitoriosa campanha da
Liga Europa. E dizem que ele já está na mira
dos dois clubes madrilenhos.
Já Ivica Olic e Ivan Perisic mantiveram vivas
até a última rodada as esperanças do Wolfsburg de conseguir uma vaga na Liga dos
Campeões. O experiente Olic chegou a afirmar
estar se sentindo tão bem quanto na sua
época no Bayern. E Perisic, que não havia
conseguido justificar a sua negociação no ano
passado junto ao Borussia Dortmund pelo
valor de 8 milhões de euros, finalmente
explodiu em 2014. Além de ter pela primeira
vez marcado gols em três jogos consecutivos
na Bundesliga, na última rodada ele protagonizou um lance sensacional ao dar um chute
que primeiro acertou a trave esquerda, em
seguida resvalou no travessão e por fim foi
para fora depois de bater na trave direita.
Os croatas mal podem esperar pela partida de
abertura contra o Brasil no dia 12 de junho em
São Paulo. “É claro que precisamos estar em
um dia perfeito”, afirmou Rakitic. Sobre a
tática a ser adotada pelo seu país, o jogador
preferiu não falar nada “Até parece que vou
contar à FIFA Weekly a nossa estratégia”,
disse ele com um sorriso. “Mas uma coisa
posso prometer: faremos de tudo para que
Neymar e companhia só consigam mostrar o
seu melhor futebol na segunda partida.”
No período em que os croatas estiveram em
Bad Tatzmannsdorf, só surgiu um pouco de
nervosismo quando a polícia precisou ser
chamada para resolver uma situação com um
suposto espião durante um treinamento.
Teoricamente, o intrometido estaria a serviço
do alemão Volker Finke, treinador de Camarões, adversário da segunda partida da Croácia
no Mundial. A agitação causada pelo candidato a 007 chegou a ser noticiada na primeira
página de alguns jornais austríacos. Å
Andrea Jaros é escritor e mora
em Viena
imago
A seleção croata se sentiu em
casa ao chegar mais uma vez
ao balneário de Bad Tatzmannsdorf, a 75 quilômetros de Viena, para fazer a
sua preparação para mais um importante
torneio. Os austríacos, conscientes da reputação de excelência dos seus centros de treinamento, deixaram tudo preparado até os
mínimos detalhes: o governador do estado
compareceu, crianças deram o seu apoio com
bandeirolas da Croácia, músicas ressoavam
por todos os cantos e foram preparados bolos
confeitados com os dizeres “Boa sorte no
Brasil”. Durante uma semana, todos os desejos
dos jogadores croatas foram satisfeitos. Os
organizadores chegaram ao ponto de transformar uma sauna em uma câmara térmica para
simular as condições climáticas do Brasil.
Ambição A seleção
croata – na foto, no
treinamento na
Áustria – quer
dificultar para o Brasil
em 12 de junho.
Mas os próprios atletas também contribuíram
para que o ambiente fosse o melhor possível. A
última temporada foi fantástica para vários
dos jogadores do setor ofensivo. Luka Modric,
do Real Madrid, por exemplo, teve uma atuaT H E F I FA W E E K LY
17
Nome
Leovegildo Lins da Gama Júnior
Data e local de nascimento
29 de junho de 1954, João Pessoa (Brasil)
Clubes como jogador
Clubes como treinador
Flamengo, Corinthians
Seleção brasileira
88 jogos, 8 gols
18
T H E F I FA W E E K LY
IPA Photo / Imago
Flamengo, Torino, Pescara
A EN T REV IS TA
“Nasci para jogar apenas
no Flamengo”
Leovegildo Lins da Gama Júnior, mais conhecido simplesmente como Júnior, fez parte da
seleção brasileira que encantou o mundo na década de 1980. Aos 60 anos, ele falou sobre o amor
da sua vida, as perspectivas da Seleção atual e a sua carreira como cantor.
Vamos começar pelo mais importante: quem
levantará o troféu da Copa do Mundo da FIFA
no dia 13 de julho?
Júnior: Só existe uma resposta: o Brasil!
Quais seleções poderiam colocar em risco
esse objetivo?
Depois do desempenho na última Copa das
Confederações,o Brasil é claramente o principal favorito ao título, seguido de Argentina,
Alemanha e Espanha.
Sem dúvidas, um triunfo da seleção brasileira
teria uma influência positiva no clima em geral...
Definitivamente! E o que todos esperamos
é conquistar o hexa! E isso é uma questão de
coração. Quem quer que tenha alguma relação
com o futebol tem, por assim dizer, a obrigação
de desejar apenas o melhor para a Seleção.
O azar pareceu continuar a perseguir o Brasil
na Copa do Mundo seguinte. Em 1986, vocês
foram eliminados pela França nas quartas de
final nas cobranças de pênaltis...
Azar é a palavra certa para essa derrota.
Jogamos bem e tivemos grandes oportunidades. Mas novamente estava no nosso caminho
a falta de eficiência. O Zico errou até mesmo
um pênalti aos 30 minutos do segundo tempo.
Qual era a diferença entre aquela geração e
as das seleções que mais tarde foram campeãs mundiais em 1994 e 2002?
Não, nunca. Nasci para jogar apenas no
Flamengo no Brasil.
Para mim, a diferença decisiva foi o talento
individual no momento do arremate. Em 1994
tínhamos Romário e Bebeto, que se superaram e
levaram a seleção até a final com os seus gols. E
em 2002 o Rivaldo e o principalmente o Ronaldo,
com dois gols na decisão, assumiram essa função.
Depois da sua carreira nos gramados, você
acabou sendo campeão mundial, mas de beach
soccer — e por quatro vezes. E em todas elas
você foi o artilheiro do torneio. Podemos dizer
que você jogava ainda melhor sem chuteiras?
Você próprio jogou duas edições da Copa do
Mundo — em 1982 e 1986. A seleção de 1982 é
até hoje considerada uma espécie de “time dos
sonhos”, com nomes como Zico, Sócrates e
Falcão. Por que a equipe não conquistou o título?
E neste ano quem poderá levar o Brasil ao título?
O acontecimento decisivo foi o 3 a 2 contra a
Itália na segunda fase. Foi um desses episódios
que mostram como o futebol pode ser imprevisível e fascinante. Até hoje é difícil compreendermos aquela derrota. Não fomos eficientes na hora
de finalizar, mas ainda assim tivemos chances
excelentes de marcar — principalmente a oportunidade de cabeça do Oscar aos 44 minutos do
segundo tempo. Eu me lembro como se fosse
ontem. Mas a Itália também teve a melhor
atuação do torneio contra nós. E também cometemos erros individuais. O passe errado do
Cerezo antes do segundo gol — ou eu mesmo,
quando fiquei parado na linha do gol e tirei o
impedimento do terceiro gol que sofremos.
Você atuava na lateral esquerda, no setor
defensivo, mas era um jogador muito ofensivo.
O que é preciso para que um jovem jogador
brasileiro jogue na defesa? É necessário forçá-lo?
Analisando retrospectivamente hoje em dia, a
tática utilizada pela equipe pode ser considerada bastante ingênua. O Brasil continuou
atacando incondicionalmente, embora o
empate tivesse sido suficiente.
Com o conhecimento tático de hoje, jogaríamos de modo ofensivo, mas não começaríamos
a fazer a cobertura desde o campo dos italianos.
mais de 20 anos da minha vida por lá. Como
jogador, treinador e diretor técnico. Cresci
muito no clube tanto como pessoa quanto
como jogador. Sou o recordista em número de
atuações com as minhas 874 partidas. Estive
presente nas maiores conquistas: quatro títulos
brasileiros, seis cariocas e uma Copa Libertadores. E então a maior conquista de todas, o
Mundial Interclubes de 1981 contra o Liverpool.
Neymar! Ele é a chave para o sucesso,
embora ainda tenha apenas 21 anos. Mas o Pelé
era ainda mais jovem no seu primeiro triunfo.
(risos) O ímpeto ofensivo parece de fato
estar presente desde o nascimento da maioria
dos brasileiros. Mas eu me lembro de que
também houve épocas em que tínhamos bons
zagueiros ou goleiros. Atualmente os técnicos
colocam limites táticos à liberdade dos jogadores. O Brasil não joga mais de modo tão
“brasileiro” quanto antigamente.
Pelé o elegeu como um dos 125 melhores
jogadores de todos os tempos ainda vivos.
Qual é a importância desta nomeação?
Para mim esta é a maior honra que um
jogador profissional pode receber.
Na Europa, você atuou no Torino e no Pescara,
mas o seu nome está associado principalmente ao Flamengo. Qual o significado do clube
rubro-negro para você?
O Flamento significa tudo para mim. Passei
Você teria aceitado uma proposta do Fluminense?
A fase do beach soccer foi uma das melhores da minha vida. Foi na praia que aprendi os
fundamentos do jogo, pois comecei a jogar
futebol quando tinha nove anos em Copacabana. Quando o futebol de praia se estabeleceu
como uma modalidade esportiva própria,
enxerguei a possibilidade de colaborar com o
seu desenvolvimento. Entre os meus 29 e 47
anos, joguei com muita alegria e fui muito feliz
principalmente nas viagens ao redor do planeta.
Além disso, você também se aventurou como
cantor. O seu single Voa Canarinho vendeu mais
de 800 mil exemplares antes da Copa do Mundo
de 1982. Existem planos de lançar outras músicas?
Voa Canarinho foi uma bela oportunidade
para eu entrar no mundo da música. A canção
tinha uma melodia marcante, com uma letra fácil
e que falava sobre a Seleção. O sucesso da música
foi impulsionado pelas atuações do Brasil. Até
hoje a música é uma das minhas paixões. E
continuo cantando, agora em um projeto social
que organizo no Rio de Janeiro. Os espectadores
pagam entrada nos nossos shows. Com o dinheiro
financiamos alimentos que distribuímos entre
cinco organizações de assistência humanitária. O
projeto se chama “Samba da Sopa”. Å
A entrevista com Júnior foi feita por
Thomas Renggli e Manuel Rieder
T H E F I FA W E E K LY
19
Primeiro amor
20
T H E F I FA W E E K LY
Obie Oberholzer/laif
Loca l : P rov í nc ia de Tete em Moça mbique
Data: 8 de setembro de 2013
Hora: 9h43
T H E F I FA W E E K LY
21
C O P A D O M U N D O D A F I F A B R A S I L 2 0 14 : F A L T A M 6 D I A S
Apito inicial
Geralmente eles ficam em segundo plano, mas ainda assim são
parte essencial de uma Copa do Mundo bem-sucedida. Estamos
falando dos árbitros. Mas por trás dos homens do apito há
mais do que apenas um rigoroso juiz.
Sarah Steiner e Giovanni Marti
D
urante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, todos os olhares
estarão voltados para as 32 seleções que ao longo de quatro semanas farão de tudo para conquistar o cobiçado título. Para isso, é
preciso percorrer um longo caminho de de sete partidas. No total,
o torneio conta com 64 jogos. Em cada um deles é preciso alguém
para ditar as regras, e é aí que entram em ação os homens que só
chamam a atenção quando cometem algum erro: os árbitros.
Sem eles seria impossível organizar uma Copa do Mundo. São os
juizes que garantem a ordem e o cumprimento das regras, que fiscalizam
o fair play e possibilitam o rápido andamento do jogo. “Os melhores
árbitros para o maior e mais importante evento esportivo do planeta” foi
o lema da FIFA durante um processo de três anos para selecionar 25 trios
de arbitragem para a Copa do Mundo. Em uma série de seminários, os
juizes foram instruídos em importantes questões, como proteção do jogador e do jogo, coerência e uniformidade das regras, leitura do jogo e
compreensão da mentalidade das equipes e dos jogadores. Para isso foi
dada atenção especial ao posicionamento, já que apenas um árbitro bem
posicionado pode se antecipar e avaliar as diversas situações do jogo —
principalmente os lances que acontecem em zonas duvidosas, como a
grande área. O diretor de arbitragem da FIFA, Massimo Busacca, está
convencido de que o processo de seleção foi bem-sucedido. “Selecionamos os melhores e temos certeza de que eles proporcionarão a qualidade
que esperamos”, afirmou Busacca.
Além disso, para auxiliá-los no seu difícil ofício, os árbitros terão à
sua disposição pela primeira vez no Brasil 2014 a tecnologia da linha de
gol e o spray para demarcar barreiras. Å
“Nos chamam de ’kiwis’, mas sabe por que
temos esse apelido? É claro que no nosso país
comemos kiwis, mas kiwi é também o nome
do nosso pássaro nacional. Muitas pessoas
fora da Nova Zelândia conhecem apenas a
fruta. Tenho orgulho de representar os ’kiwis’
durante o Mundial e farei o meu melhor.”
Yuichi Nishimura Japão,
*17 de abril de 1972, juiz
“Os meus alunos de educação física sempre
fazem comentários sobre o meu desempenho
em campo. Eles discutem comigo as decisões
e me perguntam por que marquei um pênalti
em determinada situação — ou por que deixei
de marcar. Eles têm muito orgulho de um dos
seus professores poder atuar na Copa do
Mundo.”
Benjamin Williams Austrália,
*14 julho de 1977, professor de
educação física
22
T H E F I FA W E E K LY
“Antes de cada partida, tiro a aliança e a beijo
quatro vezes em honra às quatro mulheres na
minha vida: a minha mãe, a minha esposa e as
minhas duas filhas.”
Sandro Ricci Brasil, *19 de
novembro de 1974, funcionário
público
foto-net
Peter O’Leary Nova Zelândia,
*3 de março de 1972, professor
“Muitas pessoas me apoiaram durante a minha
preparação para a Copa do Mundo. A cada
partida que eu dirigir, dedicarei a elas o apito
inicial como forma de agradecer o seu apoio.”
C O P A D O M U N D O D A F I F A B R A S I L 2 0 14 : F A L T A M 6 D I A S
→ http://www.fifa.com/worldcup
“Os meus jovens colegas árbitros me comparam a um astro de Hollywood. Mas infelizmente não é com um dos mais bonitos! Eles dizem
que me pareço com o Shrek. Isso explica
também por que tenho uma imagem dele
como protetor de tela do meu telefone celular.”
“Amo o futebol em todas as suas facetas.
Assistir a uma boa partida de futebol é tão
bom quanto fazer um churrasco argentino com
os meus amigos e dividir com eles uma
fantástica carne argentina.”
Nestor Pitana Argentina,
*17 de junho de 1975, professor
de educação física
Howard Webb Inglaterra,
*14 de julho de 1971, policial
“Procuro transmitir muitas questões de
engenharia para a arbitragem — e também o
contrário. Esta é a minha mentalidade e a
minha forma de trabalhar.”
Carlos Velasco Carballo
Espanha, *16 de março de 1971,
engenheiro
Milorad Mazic Sérvia, *23
de março de 1973, diretor de
indústria de carnes
“Tenho a sorte de ter podido me dedicar
exclusivamente à arbitragem desde o ano
passado. O outro lado da minha vida era a
matemática. Durante 17 anos fui professor de
matemática no ensino médio.”
Mark Geiger EUA, *25 de
agosto de 1974, árbitro
“No meu país há um esporte local conhecido
pelo nome de ’buri’. Ele funciona mais ou
menos como a luta greco-romana. Não sou tão
bom assim, mas adoro esse esporte e ele é o
meu passatempo.”
Bakary Gassama Gâmbia,
*10 de fevereiro de 1979,
empresário
“Estou orgulhoso porque sou o primeiro árbitro
que poderá representar a Sérvia em uma Copa
do Mundo depois de uma longa espera. Quero
fazer de tudo pelo meu país.”
O caminho até o Brasil
O processo de seleção dos árbitros da
Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014
começou em 2011 com a escolha dos
52 melhores trios de arbitragem após a
Copa do Mundo de Clubes da FIFA no
Japão. No total eles foram preparados
intensamente para as suas atividades por
meio de 19 seminários e passaram por
testes físicos, teóricos e de análise de
partidas. No dia 14 de janeiro de 2014,
a FIFA definiu os 25 trios de árbitros e as
oito duplas de suporte que deverão
conduzir as partidas do Mundial.
Durante o torneio, os árbitros descobrirão
quais partidas eles vão dirigir 48 horas
antes do apito inicial. A escolha caberá
ao departamento de arbitragem da
FIFA e aos membros da comissão de
arbitragem.
Informações de todos os árbitros:
fifa.to/1wxZ1HA
T H E F I FA W E E K LY
23
DEBAT E
Risco de 0 x 0!
Bandeiras ao vento A cerimônia
de abertura da Copa do Mundo da
FIFA 2010, em Johanesburgo.
A abertura da Copa do Mundo dá início à febre do futebol. Porém,
em Mundiais, raramente os melhores se saem bem no começo.
M
aior que a expectativa por uma Copa
do Mundo é, via de regra, a pressão
que recai sobre a seleção anfitriã. A
África do Sul sentiu isso na própria
pele há quatro anos, em Johanesburgo. Na abertura daquele Mundial, o
futebol mostrado pelos bafanas no empate em
1 a 1 contra o México lembrou em muito pouco
a leveza e o vigor característicos das equipes
africanas. “Ficamos muito impressionados no
início com todo o ambiente”, justificou o técnico Carlos Alberto Parreira. Um cronista do jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” retrucou a
declaração: “os sul-africanos não ficaram impressionados, mas paralisados, como se cada
atleta estivesse jogando no sentido contrário de
uma forte ventania.”
A meteorologia não prevê ventos fortes
para o dia 12 de junho em São Paulo. No entanto, é prudente esperar por uma brisa leve nesta
época do ano. Com isso, estarão presentes pelo
24
T H E F I FA W E E K LY
menos as condições climáticas para uma estreia ideal dos anfitriões na Copa do Mundo.
Dentro de campo, porém, o clima não estará
livre de turbulências. Adversária do Brasil no
primeiro jogo, a Croácia conta com uma equipe
ambiciosa, fruto da mistura de atletas jovens e
experientes, e tem potencial para surpreender.
E o grupo do Brasil, que ainda conta com
México e Camarões, não permite deslizes.
Quem espera por um espetáculo de futebol
na abertura da Copa também poderá se decepcionar. Pelo menos isso é o que dizem as estatísticas. Desde 1966, um jogo exclusivo (sem
outros confrontos paralelos) marca o início do
Mundial. Desses, os primeiros quatro jogos acabaram sem gols — com o primeiro tento marcado em 1982 pelos belgas na partida contra a
Argentina. Em apenas quatro ocasiões a rede
balançou mais de uma vez na abertura: em 1986
(Bulgária 1 x 1 Itália), 1998 (Brasil 2 x 1 Escócia),
2006 (Alemanha 4 x 2 Costa Rica) e 2010 (África do Sul 1 x 1 México). Até 2002, era o campeão
da última edição quem abria o torneio. Desde o
fim da classificação automática do campeão
mundial, as honras são dadas pela seleção anfitriã. Assim, o Brasil deu o pontapé inicial da
Copa apenas em duas ocasiões: em 1974, em um
0 x 0 contra a Iugoslávia, e em 1998, na já mencionada vitória sobre a Escócia. No entanto,
não será uma tragédia se a Seleção não fizer
gols no primeiro jogo, pois nunca o vencedor da
partida de abertura se sagrou campeão mundial em uma mesma edição. Å
O debate da Weekly.
Algum assunto tira o seu sono?
Qual tema você gostaria de debater?
Envie sugestões para:
[email protected]
Jamie Squire / Getty Images
Thomas Renggli
DEBAT E
MENSAGEM DO PRESIDENTE
A FIFA Weekly perguntou no FIFA.com:
Por qual partida da fase de grupos você
está mais ansioso?
Brasil x Croácia! É a partida de abertura da
Copa, vai acontecer perto da minha casa, e
vou estar lá! Vou trabalhar no estádio como
voluntário, pois não quero perder esse jogo de
jeito nenhum.
rp. robson, Brasil
Alemanha x Portugal. Para Portugal, essa é a
grande chance de começar a Copa de forma
ideal.
moutigol, Portugal
Irã x Nigéria, porque será decisivo para que
possamos continuar no torneio. Depois, Irã x
Argentina, pois é incrível poder jogar contra um
adversário como esse. E tenho que mencionar
que o jogo também é, infelizmente, bem improvável de acontecer em circunstâncias normais, a
não ser que a Federação Iraniana conseguisse
angariar milhões para um organizar um amistoso. Por fim, Irã x Bósnia e Herzegovina, que
será, devido aos jogos anteriores, crucial para
definir o grupo. Espero que o Irã vença dois dos
três jogos.
p.edram, Irã
“Todos os jogos
serão muito
interessantes.”
Estou ansioso por todas as partidas, porque
as seleções estão cada vez mais niveladas.
Assim, todas as equipes terão de dar o máximo no começo para garantir a vaga na próxima fase.
usmansherazi, Paquistão
É Copa do Mundo, por isso quero assistir a
todas as partidas e ver todas as seleções
jogarem. Todos os jogos serão muito interessantes. Não consigo mais esperar.
Neymar87_87, Alemanha
A partida de abertura! O Brasil estará sob
uma enorme pressão, mas Scolari vai saber
liderar o grupo e evitar qualquer deslize
contra a Croácia. Outro jogo bastante esperado será o confronto entre Espanha e Holanda, pelo Grupo B: será a revanche da grande
final de 2010. Com três campeões mundiais,
o Grupo C também está incrível. Para a Costa
Rica, essa chave será uma ótima oportunidade para ganhar experiência.
victorinoban, Brasil
Estou ansioso por Espanha x Holanda e
também pela estreia dos suíços contra o
Equador.
guarana02, Suíça
Todos os jogos serão interessantes. Porém,
alguns serão mais interessantes que outros.
Estou mais ansioso para assistir a Espanha
x Holanda, Inglaterra x Itália e Alemanha x
Portugal.
Argentina x Bósnia e Herzegovina. Será, sem
dúvidas, um jogaço. É a estreia da Bósnia
em Mundiais e será em um Maracanã
lotado. Vai ser um jogo e tanto.
Schalkefan13, Alemanha
Goalgetter10, Bósnia
“A revanche da final
da Copa de 2010.”
O esporte em
primeiro plano
A
partida de abertura da Copa do Mundo da
FIFA é também um ponto final — um
momento derradeiro após anos de trabalho
nos quais todos os envolvidos investiram grandes
energias e solucionaram os problemas que foram
surgindo sob condições extremas. Mas hoje podemos afirmar com orgulho: o Brasil está pronto!
O meu desejo agora é que nos próximos dias e
semanas o esporte ocupe o primeiro plano. Em
nenhum outro lugar o futebol é parte tão importante da cultura diária quanto no Brasil, em nenhum lugar o povo se identifica tão fortemente
com os seus jogadores quanto aqui. Se essa força
positiva for liberada, realmente viveremos a melhor Copa do Mundo da história, a Copa das Copas.
Para isso, na minha opinião, é necessário que
o todo o povo brasileiro esteja unido — que as
pessoas consigam se alegrar com o futebol.
Com a iniciativa Handshake for Peace (aperto
de mãos pela paz), queremos estabelecer um símbolo e contribuir para construir pontes que sirvam como um incentivo para a paz. Ainda que
este seja apenas um gesto simbólico, ele deve servir como uma mensagem de paz e união do futebol. Também é neste sentido que devemos interpretar as três pombas brancas que subirão aos
céus no dia do jogo inaugural. A história mostra
que a força do simbolismo nunca é avaliada na sua
totalidade.
No centro das atenções da Copa do Mundo
está o Brasil. Não estamos fechando os olhos para
as preocupações do público. Mas é um erro responsabilizar a FIFA por questões que emanam das
decisões sobre políticas públicas no Brasil. Não
utilizamos nem um centavo de dinheiro arrecadado com impostos para cobrir os custos operacionais, e sim investimos dois bilhões de dólares.
Estou convencido de que nas próximas quatro
semanas vivenciaremos uma maravilhosa festa
do futebol — graças ao Brasil, com o Brasil, pelo
Brasil.
Sepp Blatter
T H E F I FA W E E K LY
25
IRÃ
“Fui recebido de
braços abertos”
Nascido na Alemanha, o goleiro Daniel Davari irá jogar
a Copa do Mundo da FIFA pela seleção do Irã. Como ele foi
convocado, e quais os planos iranianos para o Brasil?
Daniel Davari: Aconteceu muita coisa neste ano, o que
me proporcionou várias experiências enriquecedoras. Jogar
pelo Irã e ser chamado para uma Copa do Mundo é algo
que não pode ser esquecido. Até aí, o ano foi muito bom
para mim. Porém, é claro que estou decepcionado por não
ter conseguido ajudar o Braunschweig a se manter na elite
do futebol alemão.
Como você acabou atraindo a atenção do treinador do Irã
Carlos Queiroz?
Na terra natal do meu pai, as pessoas acompanham
bastante a Bundesliga, seja na televisão, na internet ou nos
dez diários esportivos que fazem a cobertura do campeonato. Mas foi o assistente e treinador de goleiros americano de Queiroz, Dan Gaspar, quem fez o primeiro contato,
há mais de um ano. Depois disso, o comandante da seleção
também esteve por aqui. Acabei sendo observado por um
bom tempo antes da minha estreia pela seleção, no dia 15
de novembro de 2013, em uma partida das eliminatórias
para a Copa Asiática de Seleções. E foi bastante conveniente, pois vencemos a Tailândia por 3 a 0, fora de casa, e eu
não tomei nenhum gol.
Você está contando com a titularidade do Irã durante
a Copa?
A camisa 1 ainda não tem dono definitivo. Todos os
goleiros convocados estão no mesmo nível e não possuem
muita experiência com a seleção. Na verdade, não faz muita
diferença se irei ou não jogar. Neste Mundial, o que eu
26
T H E F I FA W E E K LY
quero é poder representar, de maneira digna, o país cuja
cidadania possuo. Só de estar lá já é para mim uma honra.
Você já havia estado no Irã antes da convocação para a
seleção?
Estive uma vez, quando era criança. Agora, toda vez
que vou para lá, sempre fico muito atento para as coisas
que são bem diferentes da Alemanha, onde nasci, na
cidade de Giessen. Mas não precisei de muito tempo para
me adaptar aos aspectos e costumes que eram novidade
para mim.
O que mais o impressionou na sua primeira visita como
jogador da seleção iraniana?
A enorme simpatia e hospitalidade das pessoas. Fui
recebido de braços abertos, e fui várias vezes reconhecido
nas ruas. Os comerciantes de Teerã me pediam para entrar
nas lojas e diziam para eu escolher o que eu quisesse para
levar, de graça, para casa como lembrança — algo impensável na Alemanha. Além desse calor humano, também me
impressionou a paixão que os iranianos têm pelo futebol e
pela seleção tricampeã asiática.
Você estava preparado para isso?
Sim, um pouco por causa do meu pai, que tem muito
orgulho de mim e dos nossos parentes que ainda vivem no
Irã. Agora, aos 26 anos, estou em uma fase da vida em que
posso aproveitar e absorver todas as experiências que
vivencio. É um momento muito empolgante e enriquecedor.
O que você percebe, socialmente falando, do dia a dia no
Irã e da situação política por lá?
Comigo, que sou católico, a preocupação é com o
futebol e com a Copa do Mundo, e não me fazem pergun-
Hallbauer + Fioretti Fotografie
Ter entrado em campo pela primeira vez com a camisa
do Irã, ser rebaixado com o Eintracht Braunschweig na
Bundesliga e, por fim, ter garantido um lugar na Copa do
Mundo da FIFA; tudo isso aconteceu nesta temporada.
Como foi passar por essas experiências?
IRÃ
Nome
Daniel Davari
Data e local de nascimento
6 de janeiro de 1988, em Giessen,
Alemanha
Posição
Goleiro
Altura
1,92 m
Clubes
2007 – 09 1. Mainz B
2009 – 14 Eintracht Braunschweig
2014 Grasshoppers
Partidas pela seleção
4 (Irã)
Confrontos da fase de grupos
da Copa do Mundo da FIFA
Grupo F: Nigéria (16/6), Argentina
(21/6), Bósnia e Herzegovina (25/6)
T H E F I FA W E E K LY
27
IRÃ
Chegando Daniel Davari com os colegas iranianos
Você ainda tem dificuldades com o idioma local, o farsi.
Estou aprendendo e disposto a melhorar ainda mais os
meus conhecimentos sobre a língua, a qual pude aperfeiçoar durante a última temporada com aulas semanais.
Mas espero que, no fim do Mundial, eu esteja falando
melhor que agora. Não tenho dúvidas de que o contato
diário com os colegas de seleção — os quais, assim como
eu, também se comunicam bem em inglês — irá me ajudar
bastante nesse quesito. De qualquer forma, não me sinto
um intruso por causa das minhas dificuldades com o
idioma, nem nunca me sentirei um estrangeiro na seleção
do país que irei representar com muita honra nesta Copa
do Mundo.
Como você vê o entusiasmo dos iranianos pelo futebol?
A seleção do Irã, que vai para a quarta participação em
Mundiais, possui um enorme apoio popular. Além disso,
todo ano, os iranianos mostram o quanto são aficionados
pelo futebol no grande clássico de Teerã entre Esteghlal e
Persépolis, dérbi que atrai nada menos que 120.000 torcedores ao maior estádio do país.
O que você sentiu ao ouvir, antes da primeira partida com
a seleção iraniana, na Tailândia, o hino iraniano e perceber
que o seu sonho se tornava realidade?
Foi um dos momentos mais incríveis da minha vida,
28
T H E F I FA W E E K LY
“Encontrei o
meu caminho.”
justamente por ser algo muito pessoal e emocionante. Os
15 mil espectadores presentes também contribuíram para
que a situação se tornasse ainda mais inesquecível e
intensa. Na minha história pela seleção, quatro dias depois
aconteceu outro momento tão emocionante quanto esse,
porém de uma forma assustadora. No Líbano, um dia
antes da partida pelas eliminatórias para a Copa Asiática,
a embaixada do Irã foi alvo de um atentado com vários
mortos e feridos. Apesar da tragédia, o jogo aconteceu,
mas sem presença de público. Vencemos por 4 a 1, mas
durante a partida foi muito difícil pensar em futebol.
Nesta Copa, você passará por uma prova de fogo. Primeiro, terá de enfrentar a Argentina de Lionel Messi. Depois,
será a vez da Bósnia e Herzegovina, cujo ataque é liderado
por Edin Dzeko. Por fim, o Irã enfrentará a campeã africa-
Amin Jamali / Getty Images
tas sobre a situação política do país. A relação entre
religião e política no Irã é outro assunto.
IRÃ
Sem medo das feras Em jogo da Bundesliga, Davari encara o Bayern de Arjen Robben.
na Nigéria. Esses confrontos se tornaram motivos para
ansiedade e desconfiança?
De forma nenhuma. Originalmente, sou tranquilo e
prático, de modo que não costumo sofrer por antecipação.
Nem Lionel Messi tem tirado meu sono, principalmente
depois de uma temporada tão estressante no Campeonato
Alemão. Na verdade, as vivências que tive durante a minha
trajetória do futebol amador até a Bundesliga me ajudaram a encontrar o meu caminho. Além disso, confio
bastante na nossa defesa, que é a base da organização
tática do Irã. Também somos comandados por um treinador muito profissional e com renome internacional e que
saberá nos armar taticamente para enfrentar equipes
como a Argentina. Para mim, é um prazer poder trabalhar
e aprender com ele.
mos que eles tenham vida fácil. Cada partida é uma
oportunidade para levarmos alguma coisa. Se conseguirmos somar pontos no jogo de estreia contra a Nigéria,
vamos manter as portas abertas. Afinal de contas, temos
de fazer de tudo para que o povo iraniano tenha orgulho
de nós. Å
Daniel Davari conversou
com Roland Zorn
Você já disse uma vez que tem como ídolo o ex-goleiro da
seleção alemã Jens Lehmann. Por quê?
MIS / imago
Sempre fiquei impressionado pela forma como ele se
antecipava às jogadas e conseguia neutralizar os lances
perigosos. Também me influenciou muito a linguagem
corporal e a atitude consciente e inteligente dele fora dos
gramados.
Devido ao forte grupo, não será fácil para o Irã chegar às
oitavas de final deste Mundial. Como você avalia as chances da seleção?
Queremos ser a surpresa desta Copa, e esse é o nosso
objetivo. Vamos incomodar os adversários e não deixareT H E F I FA W E E K LY
29
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TIRO LIVRE
F I F A S 11
Os debutantes
da Copa do Mundo
1
Itália 1934: 10 debutantes
Equipes: Egito, Alemanha, Itália, Países
Baixos, Áustria, Suécia, Suíça, Tchecoslováquia, Hungria; Melhor debutante:
Itália (1º)
2
A lemanha 2006: 6
Equipes: Angola, Costa do Marfim,
Gana, Togo, Trinidad e Tobago, Ucrânia;
Melhor debutante: Ucrânia (quartas de
final)
Boias de natação, 3
ostras, tupperwares
Perikles Monioudis
Q
uando começa uma Copa do Mundo?
Formalmente, na cerimônia de abertura.
E, mais exatamente, durante as formalidades de abertura. Entretanto, uma
Copa começa antes, bem antes, anos e
anos antes – para a FIFA, os organizadores, as federações, os atletas e para todos os
envolvidos no planejamento e na realização do
torneio. Mesmo antes do início das eliminatórias, as federações afiliadas que – de forma realista ou não – confiam em uma classificação
para o Mundial dão início às buscas por um
centro de treinamento adequado, um quartelgeneral que possa receber as suas seleções durante a tão esperada campanha.
Para muitos dos torcedores, a Copa começa
com o lançamento do álbum Panini e com a
coleção e as trocas das figurinhas. Outros já se
sentem no clima do Mundial na apresentação
dos uniformes das seleções ou quando as convocações são definidas.
Para mim, sempre foi o momento quando
os estádios da Copa eram exibidos. Ainda
criança, sempre me senti atraído pelos estádios, com as suas arquibancadas e cadeiras vermelhas, laranjas, azuis e brancas, com a forma
arquitetônica das suas instalações – não que eu
entendesse aquilo como arquitetura. Eu comparava os estádios, ou mesmo a impressão que
eu tinha deles, com o que parecia mais próximo
de mim: boias de natação, ostras, tupper­
wares – e o que mais fosse possível.
A disposição dos estádios, assim como informações sobre o local, a capacidade e a data
de construção, não saíam da minha cabeça. Eu
fazia recortes de jornal ou de revistas futebolísticas, dobrava-os e os guardava no bolso de
trás da minha calça. Assim, podia contemplar
as imagens sempre que houvesse a oportunidade, admirando os cenários como se eu estivesse
perto daquelas construções, que receberiam,
em breve, a festa das festas, o torneio dos torneios, a Copa do Mundo da FIFA. Então, o Mundial começava para mim – antes das formalidades oficiais.
Não que eu tenha, mais tarde, decidido estudar arquitetura. Na verdade, as ciências humanas e sociais me possibilitaram uma aproximação, pois as pessoas me interessavam mais
que os materiais, que os tijolos. Mas ainda tenho a sensação de que tudo começa quando
vejo pela primeira vez as imagens dos estádios
da Copa, mesmo que não faça mais recortes,
nem os carregue comigo. E também quando
sinto um anseio por acontecimentos fabulosos,
acontecimentos que são capazes de fazer história até mesmo antes de a bola rolar, como será
a batalha entre Inglaterra e Itália em meio à
selva amazônica.
Mas quando termina uma Copa do Mundo?
Em nossas lembranças, nunca. Å
4
Espanha 1982: 5
Equipes: Argélia, Camarões, Honduras,
Kuwait, Nova Zelândia; Melhor debutante: Argélia e Camarões (3º do grupo
na primeira fase)
Coreia do Sul/Japão 2002: 4
Equipes: China, Equador, Senegal,
Eslovênia; Melhor debutante: Senegal
(quartas de final)
França 1998
Equipes: Croácia, Jamaica, Japão, África
do Sul; Melhor debutante: Croácia (3º)
A lemanha Ocidental 1974
Equipes: Austrália, Alemanha Oriental,
Haiti, Zaire; Melhor debutante: Ale­-
manha Oriental (segunda fase)
França 1938
Equipes: Cuba, Índias Orientais
Holandesas, Noruega, Polônia; Melhor
debutante: Cuba (quartas de final)
8
EUA 1994: 3
Equipes: Grécia, Nigéria, Arábia Saudita;
Melhor debutante: Nigéria e Arábia
Saudita (oitavas de final)
Itália 1990
Equipes: Costa Rica, Irlanda, Emirados
Árabes Unidos; Melhor debutante:
Irlanda (quartas de final)
México 1986
Equipes: Canadá, Dinamarca, Iraque;
Melhor debutante: Dinamarca (oitavas
de final)
México 1970
Equipes: El Salvador, Israel, Marrocos;
Melhor debutante: todos (4º do grupo
na primeira fase)
Coluna semanal da redação da FIFA
Weekly
Fonte: FIFA
(Kit de estatísticas – Recordes e
Marcas Históricas da Copa do Mundo)
T H E F I FA W E E K LY
31
MÁQUINA DO TEMPO
A
N
T
E
S
Preparação da Alemanha para a Eurocopa, em Saint-Germain-en-Laye, França
1984
teutopress / imago
O técnico Jupp Derwall organiza a cobrança de faltas durante
a preparação da Alemanha para a Eurocopa na França.
32
T H E F I FA W E E K LY
MÁQUINA DO TEMPO
A
G
O
R
A
Campo de treinamento do Borussia, em Dortmund, Alemanha
2011
Christoph Reichwein / imago
Nos campos de treinamento, os bonecos de plástico vêm tornando, há um
bom tempo, a vida mais difícil para os colegas de papelão. Na foto, o técnico
do Borussia Dortmund Jürgen Klopp acerta o posicionamento deles.
T H E F I FA W E E K LY
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PON T O DE INFLE X ÃO
“Gana
é como o
Brasil”
Melhor jogador africano e campeão
da Liga dos Campeões da África
com o Asante Kotoko, o ganês
Opoku Nti também é um suíço
de verdade – e também conhece
o lado comercial do futebol.
Adrian Bretscher
À
s vezes, um só gol pode mudar toda uma
vida. No meu caso, isso aconteceu no dia
11 de dezembro de 1983, na partida de
volta da final da Liga dos Campeões da
África entre o Asante Kotoko, clube no
qual comecei a carreira, e o Al-Ahly, o
então campeão do Egito. Recordo como se fosse ontem: estávamos no 16º minuto do primeiro
tempo no estádio Baba Yara, em Kumasi. O Al-Ahly foi para o ataque, mas parou na nossa
defesa. Com um lançamento preciso, o nosso
lateral direito Ernest Apau deu início ao contra-ataque. A bola caiu nos pés de Yahaya Kassum,
que lançou do meio-campo em profundidade
para John Smith Bannerman. Ele deixou o zagueiro adversário para trás e centrou para mim.
Então mandei a bola por cima do goleiro, marcando o 1 a 0 e levando os 40 mil torcedores a
uma euforia quase inconcebível.
Foi o gol do título. Para mim, abriu portas
para uma nova vida. Fui escolhido o melhor
jogador africano do ano e recebi da imprensa o
apelido de “Zico”, o que me colocou de alguma
forma no patamar dos grandes craques.
Havia chegado a hora de me transferir
para o exterior. Então, da Costa do Marfim
veio a primeira proposta. Viajei com o meu
empresário até Abidjã para as negociações. Lá,
ficamos sabendo que havia um interessado na
França. Assim como para a maioria dos atletas
africanos, eu tinha como objetivo jogar na Europa. Então juntei as minhas coisas e fui até
lá. No entanto, a transferência não se concretizou. Só que, em vez disso, havia surgido uma
oportunidade na Suíça — para jogar pelo Servette, de Genebra. Aconteceu quase como por
coincidência, mas o fato é que essa transferência acabou se tornando um acontecimento decisivo na minha vida. Hoje, a Suíça é a minha
segunda pátria, cuja cidadania toda a minha
família possui.
Mesmo assim, o centro da minha vida futebolística está em Gana, onde atuo como diretor-executivo do Asante Kotoko. Volta e meia,
me perguntam quando finalmente chegará a
vez de uma seleção africana ser campeã mundial. Se depender do talento, isso poderá acontecer nesta Copa do Mundo. Costumo dizer que
Gana é como o Brasil, abençoada por Deus com
um talento que não acaba mais. No entanto, o
futebol africano ainda precisa de estrutura e
possibilidades de formação para novos atletas.
Estamos atrás nas conquistas, mas isso também foi fruto das oportunidades. Até 1978, só
uma seleção africana podia se classificar para
a Copa. Hoje, são cinco vagas. E isso agradecemos a Sepp Blatter. Å
Transcrito por Thomas Renggli
Nome
Samuel Opoku Nti
Data e local de nascimento
23 de janeiro de 1961, em Kumasi (Gana)
Clubes como jogador
1983 – 1985 Asante Kotoko
1985 – 1986 Servette FC
1986 – 1989 FC Aarau
1989 – 1990 FC Baden
Seleção
7 partidas com a seleção de Gana
Personalidades do futebol relembram
um momento marcante da sua vida.
T H E F I FA W E E K LY
35
R ANKING MUNDIAL DA FIFA
Pos. Seleção
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
23
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
52
54
55
56
57
57
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
36
→ http://pt.fifa.com/worldranking/index.html
Movimento no ranking Pontos
Espanha
Alemanha
Brasil
Portugal
Argentina
Suíça
Uruguai
Colômbia
Itália
Inglaterra
0
0
1
-1
2
2
-1
-3
0
1
1485
1300
1242
1189
1175
1149
1147
1137
1104
1090
Bélgica
Grécia
EUA
Chile
Holanda
Ucrânia
França
Croácia
Rússia
México
Bósnia e Herzegovina
Argélia
Dinamarca
Costa do Marfim
Eslovênia
Equador
Escócia
Costa Rica
Romênia
Sérvia
Panamá
Suécia
Honduras
República Tcheca
Turquia
Egito
Gana
Armênia
Cabo Verde
Venezuela
País de Gales
Áustria
Irã
Nigéria
Peru
Japão
Hungria
Tunísia
Eslováquia
Paraguai
Montenegro
Islândia
Guiné
Serra Leoa
Noruega
Camarões
Mali
Coreia do Sul
Uzbequistão
Burkina Fasso
Finlândia
Austrália
Jordânia
Líbia
África do Sul
Albânia
Bolívia
El Salvador
Polônia
República da Irlanda
Trinidad e Tobago
Emirados Árabes Unidos
Haiti
Senegal
Israel
Zâmbia
Marrocos
1
-2
1
-1
0
1
-1
2
-1
-1
4
3
0
-2
4
2
-5
6
3
0
4
-7
-3
2
4
-12
1
-5
3
1
6
-2
-6
0
-3
1
-2
1
-3
5
3
6
-1
17
0
-6
2
-2
-6
1
-9
-3
1
-2
0
4
1
1
3
-4
3
-5
4
-11
3
3
-1
1074
1064
1035
1026
981
915
913
903
893
882
873
858
809
809
800
791
786
762
761
745
743
741
731
724
722
715
704
682
674
672
644
643
641
640
627
626
624
612
591
575
574
566
566
565
562
558
547
547
539
538
532
526
510
498
496
495
483
481
474
473
470
460
452
451
444
441
439
T H E F I FA W E E K LY
Pos.
01 / 2014
02 / 2014
03 / 2014
04 / 2014
05 / 2014
06 / 2014
1
-41
-83
-125
-167
-209
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
90
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
110
112
113
114
115
116
116
118
119
120
120
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
134
136
137
137
139
140
140
142
143
144
Liderança Quem mais cresceu Bulgária
Omã
Macedônia
Jamaica
Bielorrússia
Azerbaijão
RD do Congo
Congo
Uganda
Benin
Togo
Gabão
Irlanda do Norte
Arábia Saudita
Botsuana
Angola
Palestina
Cuba
Geórgia
Nova Zelândia
Estônia
Zimbábue
Catar
Moldávia
Guiné Equatorial
China
Iraque
República Centro-Africana
Lituânia
Etiópia
Quênia
Letônia
Bahrein
Canadá
Níger
Tanzânia
Namíbia
Kuwait
Libéria
Ruanda
Moçambique
Luxemburgo
Sudão
Aruba
Malaui
Vietnã
Cazaquistão
Líbano
Tadjiquistão
Guatemala
Burundi
Filipinas
Afeganistão
República Dominicana
Malta
São Vicente e Granadinas
Guiné-Bissau
Chade
Suriname
Mauritânia
Santa Lúcia
Lesoto
Nova Caledônia
Síria
Chipre
Turcomenistão
Granada
-5
3
0
0
1
2
4
7
0
10
1
-2
-6
-15
-1
1
71
-5
7
14
-5
-1
-5
-2
11
-7
-4
1
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-6
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0
-5
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-10
9
6
-7
3
15
-4
-7
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35
0
-7
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-11
-5
-3
-3
11
-2
-5
-4
-7
50
31
-5
2
-4
2
-2
-6
-12
13
-8
Quem mais caiu
425
420
419
411
397
396
395
393
390
386
383
382
381
381
375
364
358
354
349
347
343
340
339
334
333
331
329
321
319
317
296
293
289
289
284
283
277
276
271
271
269
267
254
254
247
242
241
233
229
226
221
217
215
212
204
203
201
201
197
196
196
194
190
190
189
183
182
144
146
147
148
149
149
151
152
153
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207
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Madagascar
Coreia do Norte
Maldivas
Gâmbia
Quirguistão
Tailândia
Antígua e Barbuda
Belize
Malásia
Índia
Cingapura
Guiana
Indonésia
Porto Rico
Mianmar
São Cristóvão e Névis
Taiti
Liechtenstein
Hong Kong
Paquistão
Nepal
Montserrat
Bangladesh
Laos
Dominica
Barbados
Ilhas Faroe
São Tomé e Príncipe
Suazilândia
Comores
Bermudas
Nicarágua
China Taipei
Guam
Sri Lanka
Ilhas Salomão
Seychelles
Curacao
Iêmen
Ilhas Maurício
Sudão do Sul
Bahamas
Mongólia
Fiji
Samoa
Camboja
Vanuatu
Brunei
Timor-Leste
Tonga
Ilhas Virgens Americanas
Ilhas Cayman
Papua-Nova Guiné
Ilhas Virgens Britânicas
Samoa Americana
Andorra
Eritreia
Somália
Macau
Djibuti
Ilhas Cook
Anguila
Butão
San Marino
Turcas e Caícos
45
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-14
-3
-6
-9
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O SOM DO FUTEBOL
O OBJETO
Perikles Monioudis
C
O carinho brasileiro
de Fatboy
Hanspeter Kuenzler
O músico Fatboy Slim não
perde por esperar pela Copa
do Mundo. No Brasil, nove
shows já estão marcados.
Além deles, o novo álbum duplo do inglês, com remixes de
hits da música brasileira,
acaba de sair do forno.
Sion Ap Tomos
A
ssim como o amor pela música, a paixão de Fatboy Slim
pelo futebol tem origem na
infância. Na biografia do artista, ambas aparecem lado a lado
e vêm desde o tempo em que ele
era conhecido apenas como
Norman Cook. Tudo começou
em 1970, quando o britânico ouviu a canção “Back Home”, trilha sonora da seleção da Inglaterra no Mundial realizado no
México. “Eu tinha sete anos de
idade”, relembra. “Havíamos
vencido a Copa do Mundo anterior, e eu enchia os pulmões
para cantá-la, cheio de esperança de que seríamos campeões
novamente.” Porém, o sonho do
bicampeonato acabou destruído pela seleção brasileira. “Foi
uma lição para toda a vida!”.
Mesmo depois de chegar às
paradas de sucesso com o grupo
The Housemartins, o DJ não tirou o futebol da cabeça. Totalmente inspirado no esporte, o
primeiro álbum da banda foi
batizado de nada menos que
“London 0 Hull 4”. Após o Housemartins, viriam os grupos
Beats International e Freak
Power, antes que Norman se
transformasse no DJ Fatboy
Slim, misturando techno, house,
rock e samples de todo o mundo
para criar o estilo big beat.
E o big beat também acabou chegando ao Brasil. Em
fevereiro de 2007, o músico
tocou para 370 mil fãs em um
show realizado na praia de Copacabana. Vivendo atualmente
no sul da Inglaterra, Fatboy
Slim é um apaixonado torcedor
do Brighton & Hove Albion.
Para ajudar a tirar o time das
dificuldades financeiras, o artista adquiriu uma grande parte das ações, além de ter colocado o seu selo Skint como
patrocinador principal do clube por vários anos.
Após fazer parte da programação do Mundial na África do
Sul, Fatboy Slim também estará presente este ano no Brasil.
Com nove shows marcados durante a competição, Norman
quer assistir a cinco partidas
ao vivo. Na mochila, ele trará o
recém-lançado “Fatboy Slim
Presents Bem Brasil”, um álbum duplo com remixes de
vários hits da música brasileira e com uma nova versão da
música “Weapon of Choice”
com a participação do Olodum. Æ
olheres de prata não podem ser subestimadas.
Geralmente, aparecem em grupos de seis ou
doze, mas, às vezes, também sozinhas. Nascer
com uma colher de prata na boca significa pertencer à linhagem de uma família abastada.
“She came in through the bathroom window, protected by a silver spoon” [ela entrou
pela janela do banheiro, protegida por uma
colher de prata], cantavam os Beatles. “Then
sometimes it feels so easy, like I was born with
a silver spoon” [Às vezes é tão fácil, que parece
que nasci com uma colher na boca], Van Morrison acrescentou. Satirizando a expressão, a
banda The Who pintou a mudança dos tempos
com o aparecimento de novos materiais: “I was
born with a plastic spoon in my mouth” [nasci
com uma colher de plástico na boca].
Na coleção da FIFA, encontra-se um pequeno estojo, coberto com couro artificial cinza, que
guarda quatro colheres de chá de prata. O cabo
das colheres é decorado com uma bola de futebol, gravado com a palavra “Sverige”. As letras
douradas no couro dizem “Skottland – Sverige
1953” [Escócia x Suécia, 1953].
O amistoso, realizado em 6 de maio de
1953 – um teste realizado após a Suécia não ter
se classificado para o Mundial – terminou com a
vitória dos suecos fora de casa. Um pequeno presente dos visitantes diminuiu o sabor amargo da
derrota dos escoceses: quatro colheres de prata,
que talvez tenham abençoado o futuro craque
Graeme Souness, nascido no dia daquele jogo.
O meia escocês seria mais tarde pentacampeão inglês com o Liverpool e tricampeão da
Copa da Inglaterra. Em 1991, ele retornaria ao
clube como técnico, cargo no qual se manteve
por três anos. Aos suecos fica o agradecimento
pela fantástica carreira de Souness. Å
T H E F I FA W E E K LY
37
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Copa do Mundo da FIFA™.
É onde todos querem estar.
The FIFA Weekly
Uma publicação semanal da
Fédération Internationale de Football
Association (FIFA)
Internet:
www.fifa.com/theweekly
Editora:
FIFA, FIFA-Strasse 20,
CEP: CH-8044 Zurique
Tel.: +41-(0)43-222 7777
Fax: +41-(0)43-222 7878
QUI Z DA C OPA DO MUNDO DA F IFA
Três modelos, adversários recorrentes, um relógio de praia e nenhum escudo – tente
adivinhar!
1
Presidente:
Joseph S. Blatter
Secretário-geral:
Jérôme Valcke
Quantos desses três pares
foram capa da revista Vogue
em 2013 e 2014?
F 0
H 1
Diretor de comunicação e
relações públicas:
Walter De Gregorio
M 2
W 3
Redator-chefe:
Perikles Monioudis
Redação:
Thomas Renggli (autor),
Alan Schweingruber, Sarah Steiner
Direção de arte:
Catharina Clajus
2
Editor de fotografia:
Peggy Knotz
Contagem regressiva para a Copa. Onde?
H Rio: Ipanema
O Rio: Copacabana
R Zurique: Costa Dourada
Y Cidade do Cabo: Soccer Beach
Produção:
Hans-Peter Frei
Layout:
Richie Krönert (coordenação),
Marianne Bolliger-Crittin,
Susanne Egli, Mirijam Ziegler
3
Revisão:
Nena Morf, Kristina Rotach
Equipe regular:
Sérgio Xavier Filho, Luigi Garlando,
Sven Goldmann, Hanspeter Kuenzler,
Jordi Punti, David Winner,
Roland Zorn
Equipe especial para esta edição:
Lucia Clement (imagens),
Andreas Jaros, Doris Ladstaetter,
Giovanni Marti, Markus Nowak,
Manuel Rieder, Alissa Rosskopf,
Andreas Wilhelm (imagens)
Secretária de redação:
Honey Thaljieh
Gerência de projeto:
Bernd Fisa, Christian Schaub
Traduções:
Sportstranslations Limited
www.sportstranslations.com
Às vezes, duas seleções precisam se enfrentar duas vezes
durante uma Copa.
Quem não jogou duas vezes em um mesmo Mundial?
R 2002: Brasil x Turquia
L 1954: Turquia x Alemanha
4
N 1954: Alemanha x Hungria
O 1938: Hungria x Itália
Um uniforme pouco comum na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014:
Não há um escudo à mostra, nem nada escrito.
De qual seleção é essa camisa?
P Gana
L Camarões
G Itália
D Holanda
Impressão:
Zofinger Tagblatt AG
www.ztonline.ch
Contato:
[email protected]
A reimpressão de fotos e artigos da
The FIFA Weekly, ainda que apenas
de excertos, só é permitida com a
autorização da redação e fazendo
referência à fonte (The FIFA Weekly,
© FIFA 2014). A redação não tem a
obrigação de publicar textos e fotos
que nos sejam enviados sem
solicitação. A FIFA e o logotipo da
FIFA são marcas registradas.
Produzido e publicado na Suíça.
As opiniões publicadas na
The FIFA Weekly não necessaria­
mente correspondem aos pontos
de vista da FIFA.
A solução do Quiz da Copa do Mundo da FIFA da semana passada foi: GOAL (explicação em detalhes em www.fifa.com/theweekly).
Inspiração e motivação: cus
Envie a sua solução até 11 de junho de 2014 para o email
[email protected]. Todos os participantes que enviaram soluções
corretas desde o quiz realizado por ocasião da Bola de Ouro 2013 estarão
concorrendo a dois ingressos para a final da Copa do Mundo da FIFA no dia
13 de julho de 2014 em um sorteio que acontecerá em 11 de junho de 2014.
Antes de enviarem as suas respostas, os participantes devem ler e aceitar as
condições de participação e as regras do concurso, que podem ser vistas no link
http://pt.fifa.com/mm/document/af-magazine/fifaweekly/02/20/51/99/pt_rules_20140530_portuguese.pdf
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39
P E R G U N T E À F I F A W E E K LY
ENQUETE DA SEMANA
Como termina a partida de abertura?
Em 12 de junho,o Brasil estreará na competição com uma
vitória? A partida de abertura
terminará com um empate,
como já aconteceu várias vezes
no passado? Ou a Croácia vai
surpreender os favoritos com
uma vitória em São Paulo?
Mande o seu palpite para:
[email protected]
É verdade que a Alemanha
sempre vence as disputas por
pênaltis na Copa do Mundo?
Steve Young, Sheffield (Inglaterra)
4
R E S U LTA D O DA Ú LT I M A S E M A N A
Qual seleção você acredita que poderá aprontar uma surpresa nesta Copa?
44,74% ....................................................... Bélgica
19,14% . . ..................................................................................................................................................................................... outro
12,94% ..................................................................................................................................................................................................................... Chile
9,43% ................................................................................................................................................................................................. Bósnia e Herzegovina
6,74% ................................................................................................................................................................................................................................................ Nigéria
4,85% . . ......................................................................................................................................................................................................................................................... Japão
2,16% .......................................................................................................................................................................................................................................................................... Suíça
100 12
A SEMANA EM NÚMEROS
jogos pela Costa do Marfim
foi o marco alcançado por
Didier Drogba na derrota por
partidas sem derrota foi o
2 a 1 em amistoso com a
recorde compartilhado da MLS
Bósnia e Herzegovina. E o
que chegou ao fim de forma
centroavante de 36 anos
espetacular para o Real Salt
comemorou a ocasião em
Lake. A goleada de 4 a 0 sofrida
grande estilo, balançando as
diante do Seattle Sounders foi
gols sem resposta da Noruega deram à França a sua
redes com uma potente falta
o primeiro revés do time de
vitória mais elástica no Stade de France em nove
cobrada no finalzinho do
Utah na temporada regular
anos. Os Bleus não venciam com tanta autoridade
segundo tempo e aumentan-
desde setembro e encerrou as
nos seus próprios domínios desde que aplicaram os
do o próprio recorde de gols
esperanças de estabelecer o
mesmos 4 a 0 no Chipre, em 2005.
pela seleção para 64.
número inédito.
imago (3), Getty Images (2)
Não surpreende o fato de esta
pergunta ter vindo justamente da
Inglaterra. E preciso dizer ao
Steve que sim — a Alemanha
sempre vence! Desde a Copa do
Mundo da FIFA 1982, 22 partidas
foram decididas na disputa por
pênaltis. A seleção alemã esteve
envolvida em quatro delas e
venceu todas. Com três vitórias, a
Argentina está na segunda colocação. A Inglaterra, por sua vez, foi
derrotada nas três vezes em que
participou de disputas de penalidades. Mas a equipe que mostrou
o desempenho mais fraco nesse
tipo de disputa foi a Suíça. Em
2006, o seu jogo pelas oitavas de
final contra a Ucrânia foi decidido
em cobranças de pênalti — e os
suíços não conseguiram mandar
nenhuma bola para o gol. (thr)

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