Arquivos - CAIO ARES

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Arquivos - CAIO ARES
Volume 6 • Número 2
Publicação Oficial do Projeto Alfa e Instituto H. Ellis
Mai/Jun/Jul/Ago 2010
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
ISSN 1981-7932
Reprodução Humana
O IMPACTO DA EMOÇÃO NA INFERTILIDADE.
RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Alcina de Cássia Meirelles
página 3
CONTROVÉRSIAS DA DOAÇÃO DE SÊMEN.
Sidney Glina
página 8
OS DESREGULADORES ENDÓCRINOS NA
ENDOMETRIOSE.
Bianca Bianco, Denise Maria Christofolini, Caio Parente
Barbosa
página 10
EVENTOS DO PROJETO ALFA
página 13
Sexualidade Humana
HIPERPROLACTINEMIA E FUNÇÃO SEXUAL.
Andréa Glezer, Simão A. Lottenberg
página 14
ATIVIDADE FÍSICA PODE MELHORAR A FUNÇÃO
ERÉTIL?
Paulo Oliveira, Ana Terra Andrade, Carolina Dórea
página 18
FORUM DE DISCUSSÃO com CAIO ARES “O HOMEM
MAIS INTELIGENTE DO MUNDO” sobre
SEXUALIDADE HUMANA: A CIÊNCIA DO AFETO.
página 22
Agenda de Eventos
página 23
Instituto
H.Ellis
Instituto
H.Ellis
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Arquivos H. Ellis
Revista Criada e editada pelo
Instituto H. Ellis, para profissionais
de saúde.
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acordo com a vontade de seus autores, com pouquíssima ou
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Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
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REPRODUÇÃO HUMANA
O IMPACTO DA EMOÇÃO NA INFERTILIDADE. RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Alcina de Cássia Meirelles
“Há no céu e na terra, Horácio,
bem mais coisas do que sonhou jamais
nossa filosofia”.
(William Shakespeare)
I
nicio este artigo lembrando essa frase de
Shakespeare porque penso que, no que
concerne ao relacionamento amoroso do
casal infértil, existem muito mais aspectos
importantes do que têm sido abordados em artigos,
livros e nas discussões pertinentes ao tema.
Antes de prosseguir, parafraseando Carl Rogers
quero deixar claro que: “Eu falo enquanto pessoa,
dentro de um contexto de uma realidade e de uma
experiência pessoais”. E que, portanto, minhas
afirmações e observações são totalmente
empíricas, não tendo desenvolvido ainda pesquisa
científica na área. No entanto, meu interesse pelo
ser humano remonta ao início de minha existência,
pois desde tenra idade, era atenta aos conflitos
gerados pelos relacionamentos interpessoais,
primeiramente no âmbito familiar e,
posteriormente, no âmbito social.
Os médicos, em geral, se focam exclusivamente
O que venho observando é que, não
nos aspectos clínicos e físicos sem levar em conta os
necessariamente, as escolhas entre os parceiros
aspectos psíquicos (internos) e os emocionais
amorosos são como deveriam ser: por amor
(manifestos), tão claramente visíveis, em alguns
verdadeiro. Amor verdadeiro é um tema bastante
casos.
polêmico e, pelo que parece, ainda não totalmente
compreendido pela maioria das pessoas. No
Psicólogos e outros pesquisadores apontam as
entanto, os grandes sábios e os grandes poetas em
emoções geradas pelo longo período de tentativas
diferentes épocas e culturas já nos definiram o
mal sucedidas para engravidar, concentrando as
amor. Focarei neste artigo, os pressupostos de
observações nos conflitos decorrentes do problema
Rollo May, psicólogo americano e do médico
da infertilidade.
chinês Mantak Chia. Ambos dão significado
semelhante às relações amorosas, cada um com
Segundo meu ponto de vista e minha experiência
sua linguagem e seus substratos filosóficos,
de dez anos de trabalho com casais “tidos” como
evidentemente.
inférteis, no Centro de Referência da Saúde da
Mulher - CRSM (Hospital Pérola Byington) e na
E farei a relação do quanto todo o contexto
clínica particular, não conseguir engravidar nessa
relacional e existencial dos casais, entremeado de
população de casais inférteis, tem múltiplas
emoções, influencia no processo de conseguir ou
implicações e variáveis e, em muitos casos, começa
não gerar uma criança.
desde o momento da escolha dos parceiros, a quem
elegem para se casar e constituir uma família e em
O que considero como contexto relacional do
como desenvolvem esse relacionamento amoroso.
casal é exatamente o modo como as relações entre
os parceiros se desenvolvem.
Escolhem-se pelos mais diferentes motivos
(conscientes ou inconscientes), convivem por
diferentes períodos de tempo no “namoro” e se
unem denominando-se casados tendo assinado ou
não um papel oficial que diante da sociedade, os
torna marido e mulher. O que entra em jogo desde
o início e continua ao estreitarem a convivência e a
“intimidade”, são os interesses pessoais –
explícitos (raramente!) ou ocultos (o que é mais
comum; e para observar isto é só nos lembrarmos
de alguns casais que se adoravam no inicio do
proculturaalternativa.blogspot.com
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casamento, passam a agir quase como inimigos, na
hora da separação, quando um dos dois não está
permitindo que o outro, que deseja a separação,
tenha satisfeitos seus “novos” interesses pessoais.)
Aqui entra ativamente a participação do
funcionamento psíquico de cada um e, mesmo não
sendo psicanalista, tenho, intuitivamente, a
psicanálise como fundamento da minha prática
profissional. E, portanto, levo em conta que o
funcionamento do nosso aparelho psíquico subjaz a
uma história, que se inicia muito cedo na vida de
todos nós, e que influencia diretamente o
relacionamento do casal. E é aqui que meu olhar
acurado enxerga no casal tido como infértil, aquilo
que ele não fala, porque não compreende e não
percebe estar acontecendo com ele.
Normalmente, nas entrevistas psicológicas com
os casais que procuram o serviço, sigo um roteiro
semi-estruturado (encontra-se no final do artigo),
roteiro esse aperfeiçoado ao longo desses anos,
desde o começo de minha prática nessa
especialidade quando dei início no CRSM (1996) a
um programa de assistência psicológica aos casais
inférteis. Essas questões fazem com que esses casais
se mostrem a mim, gradativamente, sem grande
constrangimento (pelo meu modo de conduzir a
entrevista) e me ajudam a ir percebendo nos
âmbitos (consciente e inconsciente) o que ocorre
efetivamente nessa relação, e naquele parceiro (ou
nos dois) e o que pode estar “bloqueando” a
gravidez. E aqui entra a explicitação do nosso tema:
o impacto da emoção na infertilidade. E novamente
afirmamos que muitas questões subjazem a esse
“impacto emocional”. Lembramos que emoção é a
manifestação de diferentes sentimentos, e que por
trás desses sentimentos existe um complexo
integrado envolvendo os aspectos: psíquicos,
biológicos, socioculturais e espirituais, que não
podemos deixar de considerar. E ainda, como esses
dois universos complexos, que representam cada
parceiro, estão interagindo e desenvolvendo o
relacionamento propriamente dito.
E muitas vezes, ao longo da entrevista, pela
“mágica” que pode ocorrer em uma “consulta
terapêutica”, modalidade de atendimento que
também intuitivamente, venho realizando há
muitos anos nos meus atendimentos dentro do
hospital, um dos dois verbaliza, por conscientizarse naquele momento, dentro daquele contexto, o
ponto principal da questão: “é, eu acho que no
fundo eu não quero ter filho”.
E outras afirmações desse tipo se seguem a esta,
por outros casais, como por exemplo, uma paciente
de um dos nossos grupos de avaliação psicológica,
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que me perguntou baixinho: “pode não querer ter
filho? pode ter medo?”
A psicossomática tem nos guiado na
compreensão clara das manifestações orgânicas de
fatores psíquicos e não podemos fechar os olhos
para o que vemos diante de nós.
Em uma das entrevistas com um casal, a esposa
refere menstruar durante todo o mês. O marido
tenta tomar à frente das respostas quase o tempo
todo da entrevista, com certa ansiedade, e isto já
nos deixa em sentido de alerta. Algo não vai bem
ali, pelo modo como isso está se passando. E em
um determinado momento, ela me olha, buscando
a minha cumplicidade, a minha compreensão, e
olha para o marido dizendo - sinto muito, mas eu
vou falar - “eu não quero engravidar, porque eu
tenho muito medo da dor. Minha mãe me falou a
vida inteira que o parto é um grande e
insuportável sofrimento. E minha sogra também
fala isso sempre. Sinto muito “bem”, mas eu não
quero!”. Será que alguém que esteja lendo este
relato tem dúvida de que ela menstrua o mês todo
para evitar a gravidez? Ou seja, seu organismo
“atende” a sua solicitação não verbalizada ou
admitida por ela, até aquele momento de nossa
entrevista: “por favor, não permita que eu
engravide!”
yvannasaraiva.blogspot.com
E assim vemos muitos e muitos casos, que
durante a entrevista vão se desvelando para nosso
olhar acurado, de casais que têm evidentes
bloqueios psíquicos (desejos ambíguos, desejo de
não engravidar, “obsessão” no lugar de desejo),
ansiedades, bloqueio de sua “energia vital” e
distanciamento amoroso, interferindo na sua
possibilidade de engravidar. E procuramos
explicitar isso a eles, do melhor modo possível.
Mostramos ao casal seus motivos ocultos (que
conseguimos perceber e compreender ali durante
a entrevista) e explicamos que nós psicólogos
acreditamos que isso deve estar contribuindo para
sua não gravidez. No entanto, deixamos claro
também que não podemos afirmar, com cem por
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cento de garantia, que ao se submeterem à
psicoterapia, conscientizando-se e aceitando
“visceralmente” os motivos inconscientes, com
consequente mudança de padrão interno e externo
em sua atuação na vida, engravidarão com
certeza. Mas que, de acordo com nossa
experiência nessa área, aumentarão muito suas
chances. Já acompanhamos muitos casos de casais
que, ao tratarmos dos conflitos psíquicos de cada
um, dos conflitos relacionais entre o casal,
conflitos econômicos, conflitos familiares, enfim,
ao tratarmos do universo psíquico e existencial,
obtivemos mudanças significativas em suas vidas
e, em algum momento, próximo ou distante,
conseguiram engravidar.
Vamos agora então, ampliar esse escopo, da
emoção na infertilidade e nos aprofundar no
relacionamento definindo as relações sexuais ou
mais amplamente consideradas, as relações
amorosas, segundo os autores já citados acima,
Rollo May e Mantak Chia.
Rollo May define quatro espécies de amor,
segundo a tradição ocidental. “Uma é a sexual ou
o que chamamos de sensualidade, libido. A
segunda é Eros, o impulso de amar para procriar
ou criar – o ímpeto, segundo os gregos, em
direção a formas mais elevadas de ser e
relacionar-se. A terceira é philia, ou amizade, o
amor fraterno. A quarta é ágape, ou caritas, como
a chamavam os latinos, o amor dedicado ao bem
do próximo.” Segundo ele, toda experiência
humana de amor autêntico é uma mistura, em
proporções variáveis, das quatro espécies de
amor.
E o que chama a minha atenção, e me faz
concordar com ele é quando diz que “sexo é uma
necessidade, mas Eros é um desejo; é essa mistura
do desejo que complica o amor. Com respeito à
nossa preocupação com o orgasmo nos debates
sobre sexo, entre nós americanos, podemos
concordar que, a finalidade do ato sexual no
sentido biológico e fisiológico é, na verdade, o
orgasmo. Mas não para Eros. Eros procura a união
com o outro em alegria e paixão, e a procriação de
novas dimensões de experiência, que ampliem e
aprofundem o ser de ambos (...) Eros é o anseio de
unir-se, de estabelecer o pleno relacionamento”.
(grifos meus) (May 1978).
É aqui que entra nosso entendimento a respeito
de grande parte dos casais tidos como inférteis: o
Eros, definido acima, deixa de existir na relação
amorosa (se é que um dia existiu, pois como falei,
são muitos e equivocados os motivos que levam
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os casais a se unirem em matrimônio e,
infelizmente, parece que nem sempre o fazem por
amor, até mesmo por desconhecer o que é o
amor). Principalmente, quando já tendo
consultado um médico, são orientados a realizar o
“coito programado” e passam a determinar dia e
hora exata para se relacionarem sexualmente,
independentemente de terem “desejo” ou não de
fazê-lo, na tentativa obcecada de engravidar. Ou
seja, quanto mais esse casal se empenha para ter
um filho, mais parece se distanciar da
possibilidade de tê-lo.
E completamos mais um pouco nosso
entendimento sobre a união entre um homem e
uma mulher, quando existe amor verdadeiro,
citando o taoísta Mantak Chia que nos fala do
“orgasmo de corpo e alma”: “(...) o orgasmo
verdadeiro ocorre quando tanto o homem quanto
a mulher continuam a pulsar juntos. Sua energia
sexual completa um circuito fechado entre seus
dois pólos magnéticos, deixando cada um deles
mais totalmente carregado do que antes. Esse ciclo
é o Tao, os símbolos preto e branco de yin e yang
fluindo um no outro em perfeita harmonia
circular. Sozinho, o fluxo de energia sexual não
pode completar esse círculo: o amor deve estar
presente (...) Esse círculo de energia não consegue
conexão se um homem apenas encaixa seu pênis
na vagina de uma mulher, sem amá-la com o
coração (...) É por isto que sexo apenas, sem amor,
faz você infeliz – você está conectando apenas
metade de si mesmo com a mulher, e sua metade
inferior, diga-se de passagem. O fluxo de chi no
círculo do Tao é interrompido, e sem esse fluxo
total entre yin e yang, nenhuma quantidade de
sexo irá satisfazer seu desejo mais profundo pela
totalidade.” (grifos meus) (Mantak e Winn 1984).
www.northernsun.com
De certo modo, conhecendo um pouquinho de
medicina chinesa e acupuntura, atualmente, ouso
relacionar o fluir dessa energia chi acima descrita
(energia ou força vital) à obtenção da gravidez,
pois me lembro do atendimento de alguns casais
onde, no momento em que, a mulher que estava
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com a “vida estagnada”, somente focada no filho
que queria ter, tomou consciência e aceitou,
verdadeiramente, que filho não é tudo nada vida,
e permitiu que sua “energia” fluísse, operando
mudanças em sua vida, em um determinado
momento desse processo, engravidou
naturalmente.
Claro que teríamos muito mais por dizer, com
uma temática tão vasta e rica como essa e muito
mais complexa do que se imagina, como minha
experiência tem me mostrado. E por isso mesmo,
cada aspecto já abordado, poderia ser
aprofundado e detalhado, e muito mais páginas
poderiam ser escritas, transformando nosso artigo
em um verdadeiro tratado, que não seria a
finalidade nesse momento.
Creio, após toda essa explanação permeada pela
riqueza de uma pequena parte dos textos de Rollo
May e Mantak Chia, e fundamentada na minha
experiência de atendimento psicológico, avaliação,
orientação, acompanhamento, de quase dois mil
casais, em diferentes momentos do Programa de
Fertilização Assistida, tanto no CRSM, quanto no
consultório particular, que os que lêem esse artigo
já devem ter entendido porque citei Shakespeare e
fiz referências ao “universo” não desvelado ainda,
de um modo mais amplo, das emoções na
infertilidade.
Breve definição de alguns conceitos citados no
texto:
?
Consultas Terapêuticas – modalidade de
atendimento criada pelo psicanalista inglês
Donald Winnicott: as consultas terapêuticas ou
a exploração integral das primeiras entrevistas
psicológicas representam uma nova
possibilidade de avaliação, intervenção e ajuda
psicológica, em que o encontro analítico se
respalda basicamente em uma comunicação
significativa entre os membros do encontro. A
comunicação significativa, isto é, o ponto-ápice
dessa modalidade de intervenção e avaliação
psicológicas, gradualmente se configura ao
longo do próprio processo de comunicação e
contato entre analista e paciente. Em virtude
desse caráter surpreendente e flexível das
consultas, essas não podem ser definidas por
meio de técnicas rígidas, conforme já destacado,
ou mesmo estabelecidas anteriormente ao
contato analítico. Assim sendo, cada encontro
analítico adquire uma configuração própria,
resultado da conjunção das interações e
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características tanto do analista quanto de seus
pacientes (Lescovar 2004).
?
?
Yin e yang - são termos relativos para expressar
que a polaridade não é estática, mas dinâmica,
em constante mutação, significando que não
existe apenas frio e calor, mas calor
transmutando-se em frio e frio se
transformando em calor. Essa polaridade
dinâmica é o reflexo da contraposição interna
que constitui a força motriz que impulsiona as
mudanças (Jia 2004).
Energia chi – qui é invisível, contínuo, pode
significar tanto uma substância básica como a
força motriz que impulsiona as atividades
vitais. Energia ou Prana, no Hinduismo, é uma
palavra de etimologia grega “en-ergon” que
significa “em atividade” (Jia 2004).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Jia JE. Ch'an Tao, Conceitos básicos: medicina
tradicional chinesa, Lien Ch'i e meditação. 2ª. ed. São
Paulo: Ícone; 2004. p.49-50, 71.
Lescovar, GZ. As consultas terapêuticas e a
psicanálise de D. W. Winnicott. Estud psicol.
(Campinas) 2004;21(2):43-61.
Mantak C, Winn M. Segredos taoístas do amor,
cultivando a energia sexual masculina. 1ª. ed. São
Paulo: Roca; 1998. p.191.
Rollo M. Eros e repressão. 2ª. ed. São Paulo: Vozes;
1978. p.81-2.
Alcina de Cássia Meirelles: Psicóloga; Diretora Técnica de
Serviço de Saúde e Membro do Comitê de Ética e Pesquisa,
Núcleo de Psicologia, do CRSM - Centro de Referência da
Saúde da Mulher, Hospital Pérola Byington; Implantou o
Programa de Assistência Psicológica aos Casais Inférteis em
1996; Membro do Comitê de Psicologia da Sociedade
Brasileira de Reprodução Humana. São Paulo (SP), Brasil.
Email: [email protected]
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Secretaria de Estado da Saúde
Coordenadoria de Serviços de Saúde
Centro de Referência da Saúde da Mulher
NÚCLEO DE PSICOLOGIA
ESTERILIDADE CONJUGAL
Roteiro de Entrevista Semi-Dirigida – Casal Individual
Consulta Nova
Data:
Paciente :
Matrícula:
Prontuário:
Religião:
idade:
Endereço:
bairro:
Nascimento:
CEP:
Local:
fone :
recados
Tempo em São Paulo:
Escolaridade:
Profissão/Ocupação:
Dados do Companheiro
Nome:
idade:
Nascimento:
Telefone:
Local:
Religião:
Tempo em São Paulo:
Escolaridade:
Profissão/ocupação:
Moradia: própria ( ) alugada ( ) outros:
Motivo da consulta/diagnóstico:
Estado Civil: Filhos: do casal ( ) dele ( ) dela ( ) gravidez/aborto:
1ª. União - dele ( ) dela ( ) 2ª. União – dele ( ) dela ( )
Genetograma:
ela
O---O
ele
O----O
Observações:
1.Tempo de união:
namoro:
2 – Fizeram uso de algum método contraceptivo? Qual ? Quanto tempo?
3- Há quanto tempo vem tentando engravidar? Infertilidade nas famílias? Já fizeram tratamento?
4 - Sonharam juntos ter filhos, desde que se conheceram? Nº de filhos desejados?
5- Como está o relacionamento do casal? (se conversam sobre os problemas/relações sexuais)
6. O que gostam de fazer como lazer? (sair com amigos, sair sozinho, viajar,etc)
7- Procuram manter a infertilidade em segredo? Evitam estar em ambientes c/ grávidas ou crianças?
8- Gostam de sua ocupação profissional? Tem algum projeto de vida?
9-O que representa ser mãe para você?
10- O que representa ser pai para você?
11- Qual o significado de uma criança na vida de uma pessoa?
12- Qual a expectativa de vocês em relação a ter um filho?
13- Em caso de não haver êxito aceitam outra solução, como por exemplo, a adoção?
14- ENCAMINHAMENTOS:
Psicoterapia individual: externa ( ) interna ( )
Nutrição ( ) Grupo psico-corporal ( )
Psiquiatria: externa ( )
interna ( )
Sexologia ( )
Observações:
Assinatura e carimbo do profissional:
Nota: este questionário é o básico. Dele, foram gerados outros, com modificações adequadas de acordo com a necessidade: grupos de
casais em pré-fertilização, para casais do programa de óvulodoação, triagem/avaliativa em grupo,etc.
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CONTROVÉRSIAS DA DOAÇÃO DE SÊMEN.
Sidney Glina
H
á algum tempo surgiu na mídia a
notícia de um adolescente inglês que
conseguiu identificar seu pai genético
por meio de um serviço na Internet de pesquisa
genética. A mãe do rapaz havia engravidado por
uma inseminação de sêmen de doador.
A notícia em si mostra como a Internet é um
instrumento poderoso e como pode ser utilizada de
várias maneiras, principalmente nas mãos de
pessoas talentosas; por outro lado também levanta
um tema muito polêmico em todo o mundo.
A inseminação com sêmen de doador é utilizada
quando por alguma razão o homem não produz
seus próprios gametas; são casos bastante especiais
que não são resolvidos nem se utilizando as
técnicas mais modernas de fertilização in vitro. No
Brasil o assunto não tem uma regulamentação
específica, embora, há anos, existam projetos de lei
circulando pelo Congresso Nacional. Há uma
resolução do Conselho Federal de Medicina de 1992
que diz que a doação de gametas deve ser anônima,
voluntária, não podendo o doador receber
nenhuma compensação financeira por ela.
REPRODUÇÃO HUMANA
www.drcarlos.med.br
Em todo o mundo, busca-se garantir ao casal
que usa o sêmen doado que o doador não terá
acesso à identidade da criança gerada,
preservando a privacidade e, inclusive, a
possibilidade de o casal não informar à própria
criança que foi fruto de uma inseminação com os
espermatozoides de outra pessoa. Também é uma
preocupação garantir ao doador que este não será
identificado; evitando que no futuro possam
aparecer filhos ou filhas inesperados.
Aqui começam as polêmicas e problemas;
segundo vários advogados e juízes, a lei brasileira
garante ao filho a possibilidade de conhecer a
identidade dos pais. Assim, caso a criança seja
informada que é filho ou filha de um doador,
poderá acionar a Justiça com grandes
possibilidades de que esta obrigue o Banco de
Sêmen a fornecer-lhe a identidade do seu pai
genético.
Na minha experiência acho muito difícil isso
acontecer em nosso país. Não conheço nenhum
casal nessas condições que informe à família ou à
criança que a gravidez foi obtida com sêmen
doado. Mas existem condições especiais que
podem fazer com que isso ocorra; imaginem uma
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muito cuidado com a figura do doador. Afinal ele,
em um ato de boa vontade, doou seus gametas
que foram ajudar um outro casal a realizar um
sonho. A inseminação com doador permite que a
mulher experimente a gravidez e garanta aos
filhos pelo menos 50% da herança genética do
casal. Na adoção, que seria a outra opção, a
mulher não fica grávida e a criança tem uma carga
genética completamente diferente.
www.feapsclm.org
criança que necessita de um transplante de medula
e é importante que seus pais possam fazer a doação
para aumentar as chances de sucesso do
procedimento. Nesses casos, principalmente se a
mãe não pode doar, é muito provável que o casal
informe e o pai genético possa vir a ser
identificado.
Do ponto de vista da criança parece muito justo
existir esse direito, entretanto na ótica do doador o
aparecimento de um filho nessas circunstâncias
pode ser totalmente indesejado. Mais ainda
quando este já tem uma família constituída,
podendo surgir problemas inclusive por causa de
herança.
Essas situações são mesmo controversas e
ensejam discussões acaloradas, mas é preciso
O doador dispende voluntariamente um tempo
enorme para fazer as doações, colher os exames
necessários e não pode no futuro ser punido,
como se tivesse abandonado um filho. É claro que
em casos de doenças, a criança poderia ter acesso,
por exemplo, à tal doação de medula, mas a
identidade e os bens do doador, poderiam ser
preservados.
Sidney Glina: Professor Livre Docente na Faculdade do ABC;
Chefe do Departamento de Urologia do Hospital Ipiranga,
Diretor do Instituto H. Ellis, Diretor Administrativo do Projeto
Alfa; Presidente da International Society of Sexual Medicine
(2000-2002); Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia
(2005-2007); Editor responsável da Revista Einstein. São
Paulo (SP), Brasil.
Email: [email protected]
www.crioestaminal.pt
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OS DESREGULADORES ENDÓCRINOS NA ENDOMETRIOSE.
Bianca Bianco, Denise Maria Christofolini, Caio Parente Barbosa
INTRODUÇÃO
Numerosos compostos naturais e sintéticos
podem interferir no eixo reprodutivo de mamíferos
resultando na diminuição da fertilidade, perdas
gestacionais e aumento de doenças ginecológicas,
como endometriose, puberdade precoce e câncer
de mama e endométrio. Tais compostos são
denominados desreguladores endócrinos (DE)
(Caserta et al. 2008). Um desregulador endócrino é
uma substância exógena ou uma mistura de
substâncias, naturais ou sintéticas, que podem
danificar diretamente um órgão endócrino; alterar
diretamente a função de um órgão endócrino;
interagir com um receptor de hormônios ou alterar
o metabolismo de um hormônio em um órgão
endócrino e, consequentemente, causar efeitos
adversos à saúde de um organismo, sua prole ou,
ainda, uma população (WHO 2002). Os DEs estão
difundidos nas cadeias alimentares e no ambiente e
podem ser agrupados em duas classes:
? substâncias sintéticas - utilizadas na agricultura e
seus subprodutos, como pesticidas, herbicidas,
fungicidas e moluscicidas; empregadas nas
indústrias e seus subprodutos, como dioxinas,
PCB (bifenilas policloradas), alquilfenois e seus
subprodutos, HAP (hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos), ftalatos, bisfenol A e metais
pesados; compostos farmacêuticos, como os
estrogênios sintéticos DES (dietilestilbestrol) e
17α-etinilestradiol; e
naturais derivadas de plantas fitoestrogênios, tais como, genisteína e
metaresinol e estrogênios naturais 17β-estradiol,
estrona e estriol (Mantovani et al. 1999).
? substâncias
A exposição aos DEs pode ocorrer sob
diferentes formas, por meio do contato direto
ocupacional e/ou domiciliar ou indireto com a
ingestão de água ou alimentos contaminados e o
contato com o solo. No caso dos seres humanos,
estima-se que mais de 90% dessas substâncias
ambientais são absorvidas por via digestiva,
principalmente através de alimentos
contaminados (Reys 2001).
A ENDOMETRIOSE E OS DESREGULADORES
ENDÓCRINOS
A endometriose é uma a das doenças
ginecológicas benignas mais comuns. A lesão
endometrial é uma condição esteroidedependente na qual tecido histologicamente
similar ao endométrio com glândulas e/ou
estroma cresce fora da cavidade uterina,
implantando-se em tecidos e órgãos podendo
causar dor pélvica, dismenorreia e infertilidade
(Giudice e Kao 2004). Estima-se que
aproximadamente 10-15% das mulheres em
período reprodutivo (Barbosa et al. 2009), cerca de
40% das mulheres com dor pélvica e 50% com
problemas de fertilidade possuam essa doença
(Giudice e Kao 2004). Até o momento, não existe
uma teoria única que identifique e explique todos
os aspectos clínicos dessa doença considerada
multifatorial. Contaminantes ambientais têm sido
implicados na fisiopatologia da endometriose
(Caserta et al. 2008), uma vez que a exposição a
poluentes ambientais tóxicos podem levar à
modificação epigenética de genes críticos (Heidel
et al. 2006), resultando em expressão gênica
alterada.
Estudos demonstraram que a exposição à
TCDD (dioxina 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-pdioxina), subproduto de processos industriais,
devida à combustão incompleta de compostos
orgânicos, como incineradores que processam lixo
municipal, resíduo industrial ou material
hospitalar; fumaça de veículos automotores e
cigarro, está associada com o aumento da
prevalência e a gravidade da endometriose
(Koninckx et al. 1994, Pauwels et al. 2001). A
ursasentada.blogspot.com
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
Página 10
Instituto
H.Ellis
REPRODUÇÃO HUMANA
exposição humana e animal à TCDD não só afeta
os níveis de receptores esteroides e a expressão
gênica, mas também pode afetar o metabolismo
dos hormônios esteroides e o transporte sérico
(Pocar et al. 2005). A TCDD também pode
modular a produção local e a ação de citocinas
endometriais causando desregulação do sistema
imunológico do trato reprodutivo pelo
redirecionamento dos elementos do transporte e
comportamentos dos leucócitos (Shi et al. 2006). O
rompimento da relação imune-endócrina
potencialmente conduz ao aumento da
sensibilidade endometrial às citocinas próinflamatórias, notável em pacientes com
endometriose (Osteen et al. 2005).
Na Bélgica, Koninckx et al. (1994) observaram
que a prevalência de endometriose em mulheres
com infertilidade era de 60 a 80% e que as
concentrações de TCDD no leite desse país está
entre os mais altos do mundo (WHO 1998).
Pauwels et al. (2001) conduziram um estudo casocontrole em mulheres belgas e encontraram um
aumento da endometriose associada com elevados
níveis séricos de dioxina e compostos derivados.
Esse estudo forneceu uma das mais importantes
evidências populacionais de que o
desenvolvimento da endometriose pode estar
relacionado à influência tóxica da TCDD.
24ur.com
diario.iol.pt
e/ou B estava presente no soro de 63,8% das
mulheres com endometriose, sugerindo
importante relação entre a exposição ao bisfenol A
ou B e a endometriose.
A interação entre o bisfenol A e/ou B com os
receptores estrogênicos produz a ativação do
mesmo fator de transcrição, o 17-β-estradiol
(Quesada et al. 2002), localizado próximo à região
promotora do gene da aromatase. Esse
mecanismo, provavelmente, determina a
atividade da aromatase e, consequentemente, a
produção de estrogênio favorecendo a
proliferação e a inflamação características da
endometriose. Além disso, estudos prévios
demonstraram relação entre concentrações séricas
aumentadas de bisfenol A e seus metabólitos,
secreção alterada de hormônios gonadotróficos e
aumentos dos hormônios androgênicos (Takeuchi
et al. 2006). O mecanismo pelo qual o bisfenol age
não está totalmente claro, mas, sabe-se que esse
composto produz alteração no sistema endócrino
que regula a proliferação, a diferenciação e a
interação celular provocando efeitos adversos na
saúde humana (Cobellis et al. 2009).
CONCLUSÃO
A relação entre os desreguladores endócrinos e
a endometriose é complexa. O mecanismo exato
de ação deles ainda não foi totalmente elucidado,
mas acredita-se que essas substâncias possam
levar à modificação epigenética e resultar em
expressão gênica alterada. Mais estudos
epidemiológicos e experimentais são necessários
para esclarecer o real papel dos desreguladores
endócrinos na fisiopatologia da endometriose.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
24ur.com
nsbrasil.com.br
Cobellis et al. (2009) investigaram as
concentrações séricas de bisfenol A e B (composto
utilizado na fabricação de plásticos presentes na
resina do forro de latas de alimento e bebida e na
composição de material odontológico selante) no
soro de 58 mulheres com endometriose e 11
mulheres férteis sem a doença. Altas
concentrações de bisfenol A e B estavam
presentes, respectivamente, em 51,7% e 27,6% das
mulheres com endometriose e em nenhuma
mulher do grupo controle. O composto bisfenol A
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
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Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
Bianca Bianco: Disciplina de Ginecologia Patológica e
Reprodução Humana – Departamento de Ginecologia e
Obstetrícia – Faculdade de Medicina do ABC. Santo André,
(SP), Brasil.
E-mail: [email protected]
Denise Maria Christofolini: Disciplina de Ginecologia
Patológica e Reprodução Humana – Departamento de
Ginecologia e Obstetrícia – Faculdade de Medicina do ABC.
Santo André, (SP), Brasil.
Caio Parente Barbosa: Disciplina de Ginecologia Patológica e
Reprodução Humana – Departamento de Ginecologia e
Obstetrícia – Faculdade de Medicina do ABC. Santo André,
(SP), Brasil.
Página 12
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REPRODUÇÃO HUMANA
EVENTOS DO PROJETO ALFA
Reunião científica mensal aberta a todos os
profissionais da área de reprodução.
www.spmr.com.br
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SEXUALIDADE HUMANA
HIPERPROLACTINEMIA E FUNÇÃO SEXUAL.
Andréa Glezer, Simão A. Lottenberg
INTRODUÇÃO
A
prolactina (PRL) é um hormônio
secretado pela hipófise anterior e
apresenta como principal função, no ser
humano, o desenvolvimento adicional das
glândulas mamárias durante a gestação, bem como
a promoção da galactopoiese. A secreção de PRL
encontra-se sob um tônus inibitório
dopaminérgico, portanto, afecções que comprimam
a haste hipofisária, reduzindo o tônus
dopaminérgico, ou drogas que interfiram nesse
tônus são causas importantes de
hiperprolactinemia. Gestação e lactação são causas
fisiológicas de hiperprolactinemia e devem sempre
ser pesquisadas em mulheres em idade fértil.
Drogas são outra causa muito frequente e as
principais são: neurolépticos (sulpirida,
haloperidol, risperidona), antidepressivos, em
especial os tricíclicos, antieméticos
(metroclopramida), antiulcerosos (cimetidina) e
alguns antihipertensivos (metil-DOPA, reserpina,
bloqueadores de canal de cálcio). Hipotireoidismo
primário, insuficiência renal e hepática também são
causa de hiperprolactinemia. Prolactinomas e
outros tumores da região que causem desconexão
da haste hipofisária causam hiperprolactinemia. No
caso da desconexão de haste, os níveis de PRL
atingem até 150-200 ng/mL, enquanto que nos
prolactinomas, os valores de PRL são proporcionais
à massa tumoral. Em tumores com mais de 1 cm de
diâmetro, designados macroprolactinomas, os
níveis de PRL frequentemente são maiores que 200
ng/mL (Bronstein 2006). A macroprolactina é uma
isoforma de PRL de alto peso molecular que
corresponde a menos de 5% da PRL total
circulante, e que não apresenta atividade
biológica. No entanto, por razões ainda não bem
determinadas, a macroprolactina pode tornar-se a
principal isoforma circulante e causar
hiperprolactinemia por ter maior meia-vida e
causar menor inibição no tônus dopaminérgico. A
macroprolactinemia é encontrada em cerca de
20% dos casos de hiperprolactinemia e deve
sempre ser pesquisada quando há uma
dissociação clínico-laboratorial, ou seja, níveis
elevados de PRL em indivíduo assintomático
(Glezer et al. 2006).
HIPERPROLACTINEMIA NO SEXO
MASCULINO
A PRL não apresenta um papel bem definido no
comportamento sexual humano, exceto por uma
possível contribuição no orgasmo. No homem,
todos os estados de hiperprolactinemia podem
inibir a maioria dos aspectos do comportamento
sexual masculino. A hiperprolactinemia interfere
na pulsatilidade do LH (hormônio luteinizante),
resultando em menor secreção de testosterona e os
sintomas mais comumente descritos são:
disfunção erétil e redução da libido. A PRL
também tem ação direta sobre os testículos.
Receptores de PRL já foram demonstrados no
epitélio seminífero, bem como nas células de
Sertoli e Leydig. Nas primeiras, a PRL parece
aumentar o número de receptores de FSH,
enquanto que nas últimas, ela está envolvida com
www.infoescola.com
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
Página 14
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SEXUALIDADE HUMANA
a manutenção da morfologia celular, aumento do
número dos receptores de LH e aumento da
produção androgênica e de esteróides. Portanto,
níveis normais de PRL são necessários para a
função testicular.
A hiperprolactinemia, porém, e não a
hipoprolactinemia, é a entidade de maior
importância clínica quanto à frequência e à
repercussão. Em uma série de homens com
hiperprolactinemia (Buvat et al. 1985), 88%
apresentavam disfunção erétil e 80% redução da
libido, enquanto que outros sinais e sintomas de
hipogonadismo foram bem menos frequentes:
40% de redução de pelos corpóreos, ginecomastia
em 21% e galactorréia em 23%. Buvat e Lemaire
(1997) realizaram uma avaliação retrospectiva da
apresentação clínica e laboratorial de 1022 homens
com disfunção erétil. Nesse estudo, 6,6% (68)
apresentaram duas dosagens de testosterona
séricas baixas. A prevalência de testosterona
reduzida foi maior nos indivíduos com mais de 50
anos e não se correlacionou com redução de
libido. Em 59 pacientes com testosterona baixa, as
dosagens de LH e de PRL também foram
realizadas. Os níveis de LH estavam altos em 3
casos (5%) e inapropriadamente normais ou
baixos no restante, sugerindo uma disfunção
hipotálamo-hipofisária. A dosagem de PRL estava
alta em cinco casos e após nova repetição, a
hiperprolactinemia foi confirmada em apenas dois
casos. Portanto, a hiperprolactinemia esteve
presente em 0,4% dos casos com disfunção erétil
no estudo referido.
Compilando sete séries de pacientes com
disfunção erétil, níveis consideráveis de
hiperprolactinemia (PRL > 35 ng/mL) foram
encontrados em 0,76% dos casos (25/3265) e
adenomas hipofisários em 0,4% (18/4363). Apesar
de ser uma condição rara, a hiperprolactinemia é
facilmente identificável e potencialmente tratável.
Por outro lado, há relatos de pacientes
portadores de prolactinoma que não apresentam
repercussão clínica do hipogonadismo. Carani et
al. (1995) descreveram seis pacientes com PRL
sérica acima de 300 ng/mL e ereções normais,
como os controles. Buvat et al. (1985) descreveram
sete casos de pacientes com hiperprolactinemia e
disfunção erétil, com níveis normais de
testosterona. Durante o tratamento dos pacientes,
a recuperação da função sexual se correlacionou
melhor com a redução dos níveis de PRL do que
com os níveis de testosterona. Uma possível
explicação para o efeito testosterona independente
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
da PRL seria a menor conversão de testosterona
em dihidrotestosterona, seu metabólito mais ativo.
Porém, a explicação mais plausível parece ser o
aumento da síntese, turnover e liberação de
dopamina pelos neurônios hipotalâmicos,
promovida pela PRL. Em ratos, a
hiperprolactinemia promove estímulo do
comportamento sexual pela dopamina, seguida de
efeito inibitório pela downregulation dos receptores
de dopamina (Selmanoff et al. 1991). A interação
da PRL nos sistemas serotoninérgicos e de
opioides, ambos envolvidos com o
comportamento sexual, também poderiam
explicar essa interrelação (Buvat 2003).
salud.kioskea.net
Em casos como os descritos acima, nos quais há
hiperprolactinemia sem redução dos níveis de
testosterona séricos, é fundamental a pesquisa de
macroprolactina. A macroprolactinemia é uma
armadilha diagnóstica (Glezer et al. 2002) e deve
sempre ser pesquisada em casos pauci ou
assintomáticos com hiperprolactinemia. Apesar de
mais frequente em mulheres, alguns indivíduos
do sexo masculino portadores de isoformas de
PRL pouco ativas já foram descritos (Tritos et al.
1998, Strachan et al. 2003).
Outra causa que explicaria a falta de sintomas
de hipogonadismo em um indivíduo com
prolactinoma seria a co-produção de LH e PRL
por um mesmo adenoma hipofisário. Tamagno et
al. descreveram esse paradoxo em um indivíduo
do sexo masculino, de 57 anos, com
hiperprolactinemia, LH em níveis no limite
superior da normalidade e testosterona sérica
normal. O paciente não apresentava impotência
ou redução da libido. A imunohistoquímica da
massa hipofisária operada foi positiva para PRL,
LH e subunidade alfa (Tamagno et al. 2008).
Com relação a outros sintomas de disfunção
erétil, a hiperprolactinemia não parece estar
implicada. Schwartz et al. (1982) encontraram
hiperprolactinemia em 10% dos casos de
Página 15
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SEXUALIDADE HUMANA
ejaculação precoce e em nenhum de anorgasmia.
A baixa prevalência e a falta de melhora clínica
com o tratamento com agonistas dopaminérgicos
sugeriu que a hiperprolactinemia não seja a
etiologia dos sintomas.
Nos casos de prolactinoma, a terapêutica com o
uso de agonista dopaminérgico é recomendada
com os objetivos de normalizar a prolactina, os
aspectos sexuais, bem como promover redução
tumoral. Os prolactinomas são mais frequentes
em mulheres, porém, após a quinta década de
vida, se igualam em proporção para ambos os
sexos. Provavelmente, por causar sintomas
insidiosos e muitas vezes subestimados, o
diagnóstico em homens é mais tardio, e os
macroprolactinomas, muitas vezes com déficit
visual e hipopituitarismo são frequentes.
Para as queixas sexuais, tratamentos não
específicos como psicoterapia e inibidores da
fosfodiesterase 5 também são descritos como
eficazes (Buvat 2003). Porém, os agonistas
dopaminérgicos são fundamentais para a
restauração da qualidade do líquido seminal, cuja
motilidade pode ser normalizada com tratamento
ainda mais prolongado do que aquele obtido para
a normalização dos níveis de PRL (Ciccarelli et al.
2005, De Rosa et al. 2006).
A reversão do hipopituitarismo ocorre na
maioria dos pacientes tratados clinicamente (Sibal
et al. 2002), no entanto, alguns pacientes mantêm
hipogonadismo, com baixos níveis de
testosterona, apesar da normalização de
prolactina, provavelmente por lesão definitiva do
setor gonadotrófico. Nesses casos, salvo contraindicação, a reposição de testosterona é
recomendada. Deve-se monitorar para que essa
reposição não promova novo aumento de PRL e
crescimento tumoral. Se isso ocorrer, a
administração concomitante de inibidores de
aromatase pode ser eficaz (Gillam et al. 2002). No
entanto, a reposição de testosterona não restaura a
fertilidade masculina. Ribeiro e Abucham (2009)
descreveram 14 homens portadores de
prolactinoma, em hipogonadismo apesar do uso
de agonistas dopaminérgicos, tratados com
clomifeno. Dez deles (71%) apresentaram
normalização dos níveis de testosterona,
independentemente do valor de PRL sérica ao
início do tratamento.
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
HIPERPROLACTINEMIA NO SEXO
FEMININO
Os problemas sexuais que atingem o sexo
feminino incluem a redução da libido, diminuição
da lubrificação vaginal, dificuldade ou falta de
orgasmo e dispareunia. Os hormônios endógenos
que potencialmente influenciam a sexualidade
feminina incluem estrógeno, andrógenos,
progesterona, prolactina, ocitocina e
glicocorticoides. Esses ainda interagem com
neurotransmissores como serotonina,
catecolaminas, dopamina, etc. Portanto, questões
sexuais podem ter origem em alterações
hormonais. Para averiguar essa possibilidade, a
avaliação da história menstrual é fundamental,
uma vez que mulheres com ciclos menstruais
regulares, raramente apresentam disfunção do
eixo hipotálamo-hipófise-ovário e, portanto, níveis
de estrógeno e de prolactina devem estar normais
(Davis et al. 2004).
Em mulheres com hiperprolactinemia, a
alteração na pulsatilidade das gonadotrofinas
promove hipogonadismo de origem central, o que
causa encurtamento da fase luteal, ciclos
menstruais anovulatórios, oligo e amenorreia, à
medida que os níveis de PRL se elevam. Portanto,
muitas mulheres na fase fértil procuram auxílio
médico com queixa principal de alteração do ciclo
menstrual. As queixas sexuais decorrentes do
hipogonadismo podem aparecer na investigação
médica, em especial, redução da libido e secura
vaginal. Com o tratamento da hiperprolactinemia,
os sintomas devem ser revertidos, exceto quando
há hipogonadismo definitivo em alguns casos de
macroprolactinomas. Nessa situação, a reposição
hormonal estrogênica pode ser utilizada e a
monitorização dos níveis de PRL é necessária.
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Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
Andréa Glezer: Médica Assistente; Doutora e pós-doutoranda, da
Unidade de Neuroendocrinologia da Disciplina de Endocrinologia e
Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. São Paulo (SP), Brasil.
Simão A. Lottenberg: Professor Assistente Doutor da Disciplina de
Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. São Paulo (SP), Brasil.
Email: [email protected]
Página 17
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SEXUALIDADE HUMANA
ATIVIDADE FÍSICA PODE MELHORAR A FUNÇÃO ERÉTIL?
Paulo Oliveira, Ana Terra Andrade, Carolina Dórea
INTRODUÇÃO
A
metade do último século foi
caracterizada por intensas mudanças no
estilo de vida dos moradores de zonas
urbanas em todo o mundo ocidental. A maioria da
população antes ocupava a zona rural, hoje vive em
cidades. Observaram-se mudanças na quantidade e
qualidade de alimentos ingeridos diariamente, e
redução nas atividades físicas. Essa associação vem
gerando uma população crescente de sedentários e
de obesos.
Com a melhoria das condições de vida,
saneamento, vacinas e outros avanços da ciência, a
expectativa de vida da população vem aumentando
e no Brasil, em 2008, era de 72,8 anos (IBGE 2008).
Em todos os estudos sobre prevalência de
disfunção erétil (DE), o fator independente de
maior importância é a idade. Com o aumento da
expectativa de vida, maior prevalência de doenças
crônicas, de fatores que compõem a síndrome
metabólica (SM), cresce progressivamente o
número de pessoas com DE em todo o mundo. No
entanto, alguns fatores que estão intimamente
envolvidos na gênese da DE podem ser
modificados.
O modo de se fazer atividade física que seja
capaz de modificar ou prevenir um estado de DE
não está estabelecido na literatura médica, embora
as evidências sejam cada vez mais fortes de que a
DE pode ser tratada com exercícios físicos e
mudanças no estilo de vida. O objetivo desse
estudo é avaliar a influência da atividade física na
prevalência da DE, com base em uma revisão de
literatura.
FATORES DE RISCO
Idade
Estudos clássicos mostram uma relação direta
entre o aumento da idade e a prevalência de DE.
A maioria dos estudos de prevalência sobre DE
avaliam a população acima dos 40 anos de idade
e, praticamente todos, atestam que a prevalência
aumenta com a idade (Feldman et al. 1994,
Montorsi et al. 2002).
Obesidade, Sedentarismo e Síndrome
Metabólica
Nos EUA, 64% dos indivíduos (mais do que 127
milhões de pessoas) têm sobrepeso, desses 30%
(60 milhões) são obesos e 4% são obesos mórbidos
(CDC 2005). Uma estimativa de 325.000 mortes e
entre 4,3 a 5,7% dos custos diretamente
relacionados à saúde são atribuídos à obesidade
anualmente (Flegal et al. 1998).
A obesidade é um dos fatores de risco
associados com a DE. O excesso de tecido adiposo,
principalmente de gordura visceral, é capaz de
desencadear uma série de processos
imunológicos, metabólicos, hormonais e clínicos,
que promoverão um estado inflamatório vascular
e um aumento do risco de doenças
cardiovasculares (DCV) (Lee et al. 2004, Esposito
et al. 2004, 2005, Revnic et al. 2007). Homens
obesos apresentam menores níveis de testosterona
no plasma e diminuição na concentração
plasmática de insulina
A SM que já é um tema muito debatido na
literatura das doenças coronarianas tem ganhado
bastante importância nos últimos trabalhos sobre
disfunção sexual. Segundo o “Adult Treatment
Panel III” (ATP-III) guideline (Executive
Summary 2001), a SM é definida pela presença de
no mínimo três dessas características: obesidade
central (circunferência abdominal > 102 cm em
homens e > 88 cm em mulheres), elevação de
triglicérides (> 150 mg/dl), níveis reduzidos de
HDL - colesterol (< 40 mg/dl em homens e < 50
mg/dl em mulheres), hipertensão arterial (130x85
mmHg), elevação da glicemia (> 110 mg/dl).
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Já existem estudos que comprovam a melhoria
da SM após o tratamento cirúrgico da obesidade.
Alguns autores chegam a publicar taxas de cura
da síndrome metabólica de 95,6% após a perda
significativa de peso um ano após a cirurgia
bariátrica (Lee et al. 2004).
A prevalência de DE em indivíduos com a SM é
maior do que nos indivíduos sem essas
características (grupo padrão), com relação de 2x1
(26,7x13%). Além disso, Esposito et al. também
mostraram que a prevalência de DE é diretamente
proporcional ao número de características
presentes da SM (Esposito et al. 2005).
Em um estudo conduzido em 18 grandes
cidades do Brasil com homens jovens, de 18 a 40
anos de idade, não foi encontrada associação de
DE com estilo de vida (Martins e Abdo 2009). Esse
achado é compatível com o baixo índice de
síndrome metabólica, de doenças crônicas, de
obesidade e de doenças cardiovasculares nessa
população.
ESTUDOS QUE MOSTRAM MELHORIA DA
FUNÇÃO ERÉTIL EM PACIENTES TRATADOS
COM BASE EM ATIVIDADE FÍSICA E
MUDANÇA NO ESTILO DE VIDA
Em um estudo que acompanha profissionais de
saúde nos Estados Unidos, Bacon et al. avaliaram
mais de trinta mil questionários e encontraram
que o grau de atividade física é inversamente
proporcional ao grau de DE, e que a mudança no
grau de atividade física favorece uma melhora na
atividade sexual. Entretanto, uma mudança no
padrão de exercícios só favorece indivíduos que o
fazem antes dos 60 anos (Bacon et al. 2003).
Esposito et al. estudando homens com
obesidade mórbida na Itália, mostrou que em dois
anos, um programa de acompanhamento médico e
nutricional bem estruturado, com exercícios
regulares e modificação na dieta, levou esse grupo
a uma melhora do peso e da função erétil, em
relação ao grupo em que apenas foram sugeridas
mudanças alimentares e exercícios (Esposito et al.
2004).
Sedentarismo
A falta de atividade física regular tem sido
mostrada em diversos estudos como um fator
independente entre as causas de DE (Nicolosi et
al. 2003, Esposito et al. 2004, Laurmann et al.
2005). Quanto maior o grau de sedentarismo,
maior a prevalência de DE. Diversos estudos têm
demonstrado recuperação na função erétil de boa
parte desses indivíduos com uma mudança no
estilo de vida, nos hábitos alimentares e,
principalmente, no grau de atividade física.
www.meionorte.com
A disfunção do endotélio vascular, a regulação
da liberação de óxido nítrico e a aterogênese
compõem uma tríade que é a base das disfunções
cardiovasculares, incluindo a DE. Essa é
considerada por muitos pesquisadores como uma
manifestação precoce de DCV (Laydner et al.
2009). No tratamento da DE, a idade é um fator
que não pode ser modificado. No entanto, o
tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a
obesidade, a SM e o sedentarismo são fatores de
risco para a saúde passíveis de modificação, de
tratamento e de recuperação da função erétil
prejudicada em parcela significativa desses
pacientes (Rosen et al. 2005, Hannan et al. 2009).
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Alguns estudos muito interessantes foram
publicados, tentando responder a uma pergunta
até então obscura: quanto de atividade física é
necessária para se melhorar a função erétil? Para
obter essa resposta, Kratzik et al. avaliaram 674
homens entre 45 e 60 anos, trabalhadores da
prefeitura de Viena, Áustria, e encontraram que
uma atividade física com gasto energético maior
que 3000 kcal por semana diminui o risco de DE
grave em 82,9%, quando comparados a homens
com atividade física de < 3000 Kcal (Kratzik et al.
2009). Outros estudos também quantificaram o
gasto energético (Quadro 1), embora nenhum
deles tenha possibilidade de comparar os
parâmetros com os outros.
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SEXUALIDADE HUMANA
Quadro 1. Estudos que quantificam o gasto energético durante exercícios físicos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONCLUSÃO
A atividade física pode, sim, modificar,
prevenir e tratar pacientes com DE. Todos os
estudos que avaliaram a atividade física quanto à
prevalência e grau de DE, mostram algum
benefício. No entanto, é necessário lembrar que
essa não deve ser uma medida isolada, visto que a
disfunção endotelial ocorre em todo o organismo.
Uma mudança global de hábitos é importante e
necessária.
O segundo consenso de Princeton sobre DE e
DCV fala claramente que: homens com DE sem
causa aparente devem ter uma investigação mais
detalhada sobre sua função cardiovascular,
incluindo um exame físico mais minucioso, a
medida de pressão sanguínea, a dosagem de
lípides, glicemia de jejum, e eletrocardiograma.
“Homens com disfunção erétil e outros fatores de
risco cardiovascular, em particular, obesidade e
sedentarismo, devem ser aconselhados na
modificação do estilo de vida” (Kostis et al. 2005).
Desse modo, pelas evidências científicas que
dispomos hoje, é possível tratar uma parcela dos
homens com DE com uma mudança firme em seu
estilo de vida, com atenção especial para reduzir o
excesso de peso, controlar doenças crônicas, ter
uma alimentação saudável com restrição calórica e
um programa adequado de atividade física
regular. E quanto mais jovem iniciar esse
condicionamento, melhor o resultado. Entretanto,
o nível de atividade física, a frequência, a duração
e a manutenção ainda não estão bem
estabelecidos.
Bacon CG, Mittleman MA, Kawachi I,
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Paulo Oliveira: Mestre em Medicina e Saúde pela UFBA;
Urologista do Hospital São Rafael e Coordenador da
Residência de Urologia do Hospital Roberto Santos. Salvador
(BA), Brasil.
Email: [email protected]
Ana Terra Andrade e Carolina Dórea: Fisioterapeutas, com
especialização em disfunções do assoalho pélvico.
www.arquivoshellis.com.br - [email protected]
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SEXUALIDADE HUMANA
FORUM DE DISCUSSÃO com CAIO ARES “O HOMEM MAIS INTELIGENTE DO
MUNDO” sobre SEXUALIDADE HUMANA: A CIÊNCIA DO AFETO
Recebemos esse comentário representativo:
Estimado Sidney
Aproveito esta oportunidade para felicitá-lo
pela notável qualidade dos artigos de reprodução
e sexualidade que aparecem em sua revista virtual
e cuja leitura considero imprescindível para nós
que estamos interessados nesses temas. Como
leitor devoto, é necessário que mencione algo
sobre o artigo “FORUM DE DISCUSSÃO com
CAIO ARES “O HOMEM MAIS INTELIGENTE
DO MUNDO” sobre SEXUALIDADE HUMANA:
A CIÊNCIA DO AFETO” uma forma astuta de
conduzir a leitura de uma denúncia particular de
alguém que, certamente, tem razões e convicções
válidas para fazê-la, usando como isca umas
perguntas muito interessantes sobre o tema da
sexualidade na pós modernidade. Ignoro se este
será um recurso válido em outros ambientes,
porém em uma revista científica de tal qualidade,
a manobra utilizada para divulgar a “epístola”
aturde.
Agradeço-lhe, como sempre, que compartilhe
conosco seu trabalho e sobretudo que se dê ao
trabalho de traduzi-lo para o espanhol.
Espero vê-lo logo
Cordialmente
Prezado Dr. Uribe
Agradecemos por sua carta inteligente e
perspicaz.
A revista Arquivos H. Ellis tem como
objetivo publicar assuntos comprovados
cientificamente, ainda em estudo,
inovadores, controversos e de experiência
profissional, para conhecimento e discussão.
Achamos que o artigo em questão provoca
controvérsia e poderia promover o debate.
Mas entendo sua visão e talvez a denúncia
em questão poderia não se adequar ao
escopo de nossa revista.
Obrigado por prestigiar nossa revista.
Um grande abraço
Sidney Glina
Juan Fernando Uribe A
Urologista
Medellín, Colômbia
Volume 6 • Número 2 • Mai/Jun/Jul/Ago 2010
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AGENDA DE EVENTOS
MAIO
09-13
Congresso Europeu de Sexologia – EFS
Porto
www.efs2010.com
Portugal
MAIO
21-27
Congresso da APA – Associação Americana de Psiquiatria
Nova Orleans (LA)
www.psych.org
Estados Unidos
MAIO/
JUNHO
29-03
Congresso da AUA - Associação Americana de Urologia
São Francisco (CA)
www.auanet.org
Estados Unidos
JULHO
01-05
XII Congresso Venezuelano de Sexologia e VI Reunião da AISM –
Academia Internacional de Medicina Sexual
Maracaíbo
www.svsm.com.ve
Venezuela
SETEMBRO
26-30
Congresso Bienal da ISSM – International Society for Sexual
Medicine
Seul
www.issm2010.info
Coreia
SETEMBRO/
OUTUBRO
30-02
XI Congresso Espanhol de Sexologia e V Encontro Iberoamericano
de Profissionais da Sexologia
Santiago de Compostela
www.congresosexologia-fess2010.es
Espanha
OUTUBRO
18-22
Congresso Espanhol de Psiquiatria
Barcelona
Espanha
OUTUBRO
21-23
XV CLASES, 30 anos da FLASSES - Federación Latinoamericana de
Sociedades de Sexología y Educación Sexual
Alicante
www.flasses.net - www.sexologia2010.com
Espanha
OUTUBRO/
NOVEMBRO
29-02
XXVI Congresso da APAL - Asociacion Psiquiatrica de America
Latina
Puerto Vallarta
www.anfitriones.com.mx
México
NOVEMBRO
10-13
Congresso Anual da Sociedade de Medicina Sexual da América do
Norte
Miami (FL)
www.smsna.org
Estados Unidos
NOVEMBRO
19-21
XVIII Simpósio Internacional de Sexualidade: Sexo Total
Caracas
www.rubenhernandez.com
Venezuela
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