caixa piega coax 10.2

Transcrição

caixa piega coax 10.2
TESTE ÁUDIO 2
CAIXA PIEGA COAX 10.2
Fernando Andrette
[email protected]
Quando testei a Piega Coax 30.2, fiquei com a sensação de que
Kubala-Sosna Elation e o Transparent Audio Reference XL MM2. No
deveria quando possível testar também a 10.2, pois ainda que seja
sistema de referência da revista, utilizamos o sistema digital dCS
uma bookshelf, utiliza os mesmos alto-falantes, gabinete e crossover,
Scarlatti, o pré-amplificador Dan D’Agostino Momentum, o toca-dis-
e para ambientes reduzidos poderia ser uma excelente opção. O
cos Air Tight Masterpiece T-01 com braço SME V e cápsula Benz
problema é que logo após o Hi-End Show de 2014, tanto a 10.2
LP-S, os amplificadores Air Tight ATM-3B e Hegel H30 (leia o Teste 1
como a 30.2 foram vendidas, e uma nova importação só ocorreria
nesta edição), os cabos de interconexão Chord Sarun Tuned Aray,
no início do ano. Pedi então que assim que a Alpha recebesse uma
Sax Soul Cables - Zafira II (leia o Teste 4 nesta edição), Transparent
nova remessa, disponibilizasse um par para teste. No fim de janeiro
Audio Reference MM2 e Opus MM2.
pude finalmente buscar um par lacrado para avaliação, em um mo-
Antes de entrar na performance da Coax 10.2, sugiro ao amigo a
mento em que tínhamos um arsenal de bons produtos em queima,
leitura do teste da caixa torre Coax 30.2, publicado na edição 203 de
possibilitando escutarmos a Coax 10.2 com inúmeros amplificado-
agosto de 2014. Fundada em 1986 por Leo Greiner e Kurt Scheuch,
res, players e cabos. Depois da queima total de 200 horas, resumi
a Piega é reconhecida pelo grau de ‘preciosismo’ na construção de
o setup de produtos ligados a ela a dois sistemas: o de referência
seus gabinetes e alto-falantes coaxiais de fita. A linha Coax possui
da CAVI e o CD player Rega Saturn R mais o amplificador integrado
gabinetes de alumínio, sem nenhum parafuso aparente, com uma
Hegel H-300; os cabos de caixa foram o Kharma KLC-MR 1A, o
construção curva e ultrasslim, com um amortecimento preciso para
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CAIXA PIEGA COAX 10.2
qualquer tipo de ressonância. Os alto-falantes coaxiais de fita para
sem resquícios de aspereza no extremo agudo, com texturas ‘pal-
os médios e agudos da Piega possuem um grande campo magnéti-
páveis’ e uma recuperação de microdinâmica capaz de nos tirar o
co, e visualmente vistos de frente parecem um fino papel de alumínio
fôlego! Mesmo em gravações tecnicamente comprometidas a Coax
com minúsculas ranhuras em um baixo relevo. O objetivo é que todo
10.2 consegue um exímio equilíbrio, nos permitindo ouvir apenas a
o sinal de médias e altas seja escutado de um mesmo ponto com
obra musical. Na sala de home, no pedestal da Audio Concept, dei-
baixíssima distorção e uma resposta extremamente plana. Para se
xamos a 10.2 a um metro da parede às costas das caixas e a dois
conseguir esse tão alto padrão de resposta linear, descobriu-se que
metros de tweeter a tweeter, virada apenas 15 graus para o ponto
seriam necessárias sete mil toneladas de pressão para que as mem-
ideal de audição. Com esse ajuste, ouvimos inúmeros gêneros mu-
branas de dezenas de mícrons atingissem a resposta e a performan-
sicais e assistimos a alguns shows. Meu filho, que já se sente mais
ce desejadas. Alcançado o objetivo inicial, faltava, porém, as mãos
seguro, chegou a experimentar a caixa mais próxima da parede às
de um artesão hábil para montar essas fitas e transformá-las em
costas das caixas (apenas 60 cm), enchendo os graves, porém dimi-
alto-falantes. Esse homem que acaba de se aposentar chama-se
nuindo o recorte do mesmo. Para o gênero musical que ele escuta,
Aldo Ballabio e ficou conhecido na empresa como o profissional
essa posição não comprometeu a performance no todo. Descrevo
‘que dá vida às fitas’. Com mãos de relojoeiro e concentração de
esses detalhes, pois é importante que o leitor saiba que a Coax 10.2
um mestre zen, Aldo Ballabio felizmente preparou seu filho para essa
possui recursos suficientes para, em salas de até 20 m², ser ajustada
difícil tarefa, o que garantiu à Piega a continuidade da produção de
ao gosto do ouvinte.
seu principal alto-falante.
Sabedor de que as caixas Piega precisam de um longo amaciamen-
pedestais da sala de home, ficando a 1,2 m da parede às costas das
to (pelo menos 200 horas), tratei de fazer a avaliação inicial e minhas
caixas e a 1,9 m de tweeter a tweeter. Foi preciso diminuir o espa-
anotações, e coloquei-a em queima por 100 horas. Sua assinatura
ço entre as caixas, para se manter o equilíbrio entre corpo, peso e
sônica desde o primeiro momento é bastante similar à 30.2, porém
recorte das baixas frequências. Interessante que nesse novo ajuste
com destaque para a região média-alta, pois com menor extensão
e nessa sala, o ângulo das caixas em relação ao ponto ideal de
nos graves, já que utiliza apenas um woofer de 6 polegadas, sente-se
audição também mudou, passando para 25 graus. Em um ambien-
os graves claramente engessados e com pouca extensão. Na 30.2,
te maior, a Piega respira e ganha maior amplitude tanto na largura
os graves só ‘desabrocharam’ integralmente perto de 170 horas.
como na profundidade dos planos sonoros. Com o seu foco e recor-
E certamente na 10.2 não seria diferente. Com 100 horas de ama-
te espetacular, a localização dos instrumentos, mesmo em grandes
ciamento, os agudos ganharam extensão, velocidade e o foco e
orquestras é um deleite! Tudo é apresentado com enorme conforto
recorte tiveram aquela precisão cirúrgica, que nos permite apon-
e de forma muito realística! Os agudos são limpos, com ótima ex-
tar com o dedo a localização espacial de cada instrumento e voz.
tensão e decaimento, sem aspereza alguma, assim como a região
Como toda excelente bookshelf, a Coax 10.2 some literalmente da
média, precisa, detalhada e de uma naturalidade estonteante. Os
sala, deixando-nos a sós com a música. Ainda que já tivesse em
apaixonados por vozes e instrumentos acústicos terão nessa caixa
mente um esboço do posicionamento das caixas em nossa sala
uma performance à altura das apresentações ao vivo. E os graves,
de testes, achei prudente aguardar as 200 horas de amaciamen-
ainda que sofram a limitação de toda bookshelf, possuem a clareza,
to para ver o quanto poderíamos extrair desse belo monitor. Com
velocidade e precisão que dão vida à música. Os graves obviamente
150 horas, finalmente os médios-graves se soltaram, e o mais impor-
possuem menos corpo e deslocamento de ar, mas suplantam essa
tante: encorparam. Digo aos mais aflitos que tenham o interesse de
limitação com recorte e precisão.
testar em suas salas a Coax 10.2 para que não se desesperem, pois
Para ter a certeza de que os graves não são comprometedores na
os graves irão aparecer e ganharão forma, peso e velocidade com
performance geral da caixa, ouvimos os mesmos discos em ambas
200 horas de queima. Feito todo o amaciamento, precisávamos definir sua posição em nossa sala de testes. Porém, antes de escutá-la
na sala, achei pertinente ouvi-la em nossa sala de home, de apenas
12 m², ligada ao integrado Hegel H-300 e o CD player Saturn-R.
O resultado foi espantoso!
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Voltando à nossa sala de testes, a Piega foi colocada nos mesmos
as salas. E em ambientes menores e mais propícios ao tamanho da
Piega, a melhora na reprodução dos graves é audível. Como escrevi, meu interesse em testar a Coax 10.2 era justamente em ver
o quanto de similaridade sônica ela possuía com a 30.2. E posso
garantir que em termos de assinatura elas são muito semelhantes,
A Coax 10.2 se apresentou de forma monumental, com uma au-
com o mesmo conforto auditivo, a mesma precisão e transparência
toridade e precisão de caixas muito maiores! Toda a exuberância
e a mesma graciosidade que encanta e nos faz esquecer do mundo.
dos timbres e a naturalidade do modelo maior estão presentes nela,
Com o Hegel H-300 e o Saturn-R, que caminham na mesma direção
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em termos de apresentação musical, a Piega se sentiu plenamente à
vontade. Aliás, esse é um sistema que eu teria sem pestanejar, pois
atende perfeitamente ao meu gosto por uma configuração intimista
capaz de nos colocar frente a frente com nossas composições favoritas, extraindo toda a intencionalidade e essência da obra, sem
‘jogar luz’ adicional ou acrescentar algo. Em uma sala tratada adequadamente de até 20 m², viveria satisfeito com esse setup pelo
resto dos meus dias.
CONCLUSÃO
Minha avaliação para quem leu o teste da Coax 30.2 parecerá
repetitiva, mas confesso que as observações finais são muito semelhantes. As opções de caixas Estado da Arte estão se multiplicando, o que torna a vida do audiófilo mais interessante, mas também
mais trabalhosa, pois ele terá que dedicar mais tempo na escolha
de sua nova caixa. Porém, se ele possui determinação, paciência
e gosto por conhecer inúmeras opções, irá se deliciar com essa
nova realidade. Quem sabe, o som dessa magnífica bookshelf lhe
encante como encantou a mim. Sua sonoridade é livre de colorações e excesso de transparência. Muitos chamam essa qualidade
de musicalidade - eu prefiro chamar de naturalidade. Para os que
possuem como referência para a escolha de qualquer componente
de um sistema hi-end a música ao vivo não amplificada, identificarão
CAIXA PIEGA COAX 10.2
na Coax 10.2 um genuíno exemplar. Ela soa inebriante, comovente
e nos faz acalentar aquele desejo de passar mais tempo com os
Equilíbrio Tonal
10,0
nossos discos. Caso seja esse o seu desejo, amigo leitor, não deixe
Soundstage
10,0
de escutá-la.
Textura
11,0
Transientes
11,0
Dinâmica
9,5
Corpo Harmônico
9,5
Organicidade
Amplificação
recomendada
20 - 200 W
Sensibilidade
90 dB/W/m
Impedância
4 Ohms
Resposta de
frequência
36 Hz - 50 kHz
Alto-falantes
Woofer MOM de 6 polegadas /
coaxial ribbon C2
Conexões
Bi-wire / bornes WBT
Dimensões (L x A x P)
19 x 41 x 22 cm
Peso
13 kg
11,0
Musicalidade
11,0
Total
83,0
VOCAL
ROCK . POP
ESPECIFICAÇÕES
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Alpha Áudio & Vídeo
(11) 3255.9353
R$ 55.000
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