(formato pdf) da Edição nº 4092 de 13.01.2011
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11 de Janeiro de 2011 13 Janeiro 2011 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Director: ALBERTO GERALDES BATISTA Ano LXXXII – N.º 4092 PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS O caso do ensino privado Reviver o passado e repensar o futuro Em tempo de aniversário No próximo dia 18 de Janeiro, “Notícias de Beja” assinala 83 anos de vida. Jornal oficioso e porta-voz da Diocese, sucedânio do semanário “Ala Esquerda”, de cariz republicano e jacobino, foi fundado pelo Bispo D. José do Patrocínio Dias, que, na sua primeira edição, lhe definia o rumo: fazer no Alentejo a “Cruzada do Bem” que passava, no seu entender, pela promoção humana, social e cultural do povo, pela difusão do Evangelho de Cristo e pela prática da Doutrina Social da Igreja. Temos uma identidade própria, uma matriz cristã. Não escondemos o que somos, não nos envergonhamos de falar de Deus, de Cristo, da Igreja, do Papa, da vida cristã da Diocese e das paróquias. Não remetemos os assuntos religiosos para as páginas interiores, em letra miudinha, que ninguém lê, como fazem os jornais de âmbito nacional e regionalista, mesmo alguns que se dizem de inspiração cristã e até diocesanos. Fiéis ao nosso estatuto editorial e aos nossos valores éticos, temos a ousadia e a coerência de publicitar, com o devido destaque, o pensamento da Igreja Católica sobre os grandes problemas deste mundo, nomeadamente nas mensagens do Papa e dos nossos Bispos. Procuramos, com toda a frontalidade e sem subterfúgios anunciar o Bem e denunciar todos os atropelos à dignidade da pessoa humana. É nosso direito e dever lembrar que há mais vida para além do dinheiro, da economia, da política, do futebol, das telenovelas, das tecnologias, do bem-estar material e de tantas trivialidades de que está repleto o nosso dia-a-dia. É muito difícil fazer jornalismo, bom jornalismo, em Portugal e, sobretudo, manter com saúde financeira as empresas jornalísticas. O espaço mediático está saturado com jornais para todos os gostos, a televisão, a internet e outros meios áudio-visuais absorvem o nosso tempo livre. Não há disposição para a leitura nem dinheiro para comprar livros e jornais. Os jornais da Igreja em Portugal vão-se aguentando à custa de muita dedicação, muita “carolice” de algumas pessoas, quase sempre a trabalhar, por espírito de fé e de missão, em regime de voluntariado. É o caso do director do “Notícias de Beja”, nestas andanças há já 29 anos, e do chefe dos Serviços Administrativos, Senhor Eliseu Cardoso, nosso dedicado colaborador, há 13 anos. Com grande escassez de meios humanos e materiais, com críticas levianas da parte de alguns, com especiais responsabilidades na comunidade eclesial, mas também com o aplauso generalizado da maioria dos assinantes, “Notícias de Beja” enfrenta, apesar de tudo, o futuro com esperança. Confortam-nos e estimulam-nos as múltiplas mensagens que recebemos na nossa Redacção com palavras simpáticas a sublinhar o mérito do nosso trabalho e a enaltecer o “Notícias de Beja como um jornal católico de referência, pelos seus artigos oportunos e esclarecedores e também pelo seu bonito visual, alinhamento noticioso coerente e recurso à cor e à fotografia, em todas as suas páginas. Preço 0,50 € c/ IVA Nesta data de aniversário, saudamos a grande família do “Notícias de Beja” - 3.000 assinantes, dos quais 1.000 fora do terrirório do Alentejo - e laçamos alguns alertas: não deixem morrer o nosso jornal, difundam o “Notícias de Beja” entre amigos e conhecidos, sejam pontuais no pagamento das suas contas. Se possível, sejam assinantes-benfeitores, juntando mais alguns cêntimos à taxa dos 26 euros estipulados, para que a factura do jornal não seja tão pesada à Diocese (quinze mil euros de défice no ano de 2010). “Notícias de Beja” é uma instituição fundamental da Diocese, um órgão de comunicação social com história, um poderoso instrumento de cultura e de evangelização, que nós, os cristãos, temos obrigação de sustentar e valorizar. É a hora de todos acordarmos para o apostolado da imprensa. Uma palavra final de gratidão aos bons amigos que todas as semanas nos brindam com as suas saborosas crónicas, num português castiço, que se lêem sempre com muito proveito espiritual e cultural. Poucos jornais se podem orgulhar de ter tantas e tão categorizadas individualidades entre os seus colaboradores habituais. Os nossos votos de que continuem, por muitos anos, a ser profetas de um mundo novo, nesta tribuna do “Notícias de Beja”, a bem da Igreja, a bem do país. Alberto Geraldes Batista, Director Nota Pastoral Uma só família humana António Vitalino, Bispo de Beja Em clima de propaganda eleitoral para a presidência da república, num país à beira da insolvência, pois consome mais do que produz, quase não houve ambiente, na alegria e tranquilidade da família, para viver o tempo natalício, que encerrou com a solenidade do Baptismo de Jesus, a 9 de Janeiro. Embora não se trate de eleger uma nova assembleia da República e, eventualmente, um novo governo, no entanto é o descontentamento com a situação actual do país que vem ao de cima nos debates. Para não fazer desta nota mais um manifesto eleitoral, que neste período deve ser deixado aos candidatos, pretendo alargar os horizontes, comentando a mensagem do Papa Bento XVI para o dia mundial das migrações e do refugiado, que vamos celebrar no próximo dia 16 de Janeiro, na qual o Santo Padre nos apresenta a sociedade como uma só família humana. Página 5 António Marcelino O problema resume-se a estes pontos: o Estado democrático não pode impedir, antes, deve fomentar a iniciativa privada, sempre que o bem comum o exige ou solicita, porque a educação, em democracia, não é monopólio do Estado; a aceitação das iniciativas das forças intermédias da sociedade, quando sérias e qualificadas, é sempre uma riqueza para o país; o direito à educação - ensinar e aprender - e à escolha pelos pais de um projecto educativo para os seus filhos só se pode exercer se houver alternativas, e as escolas com contrato de associação, como o vêm provando, são uma alternativa credível; o ensino privado, em democracia, que abriu entre nós caminhos por esse país fora, não é, por sua natureza, supletivo do Estado, mas traduz um direito social respeitável, sendo, por isso, uma mais-valia para o sistema educativo, porque só no confronto leal de projectos educativos, se podem aperfeiçoar e gerar propostas qualificadas; o Estado não faz qualquer favor aos particulares, nem prejudica o país, ao proporcionar o ensino gratuito, através de escolas privadas, a todos os que já as podem escolher, pois a função do Estado é garantir um serviço público válido de educação, seja ele exercido por escolas estatais ou privadas; o Estado aplica o dinheiro dos contribuintes em benefício de todos, não como dono ou a favor dos seus interesses políticos, mas como administrador fiel do que não lhe pertence. Página 3 Eleições Presidenciais 23 de Janeiro Ninguém se demita do seu dever cívico. O sentido de cidadania a todos implica, envolve e desafia. Não fique acomodadamente em casa, dê o seu contributo. Vá votar, é um direito, é um dever. RELIGIÃO 2 – Notícias de Beja 11 de Janeiro de 2011 Lemos para os nossos leitores (XXXIX) II Domingodo Tempo Comum Ano A As catequeses de Bento XVI (XVII) Depois das vinte catequeses dedicadas a S. Paulo ao longo do Ano Paulino, as quais sintetizámos na semana passada, o Santo Padre retomou as catequeses das quartasfeiras sobre as grandes figuras da Igreja, agora da Alta Idade Média. Nas catequeses de 11 de Fevereiro a 11 de Novembro de 2009, focou as figuras de S. João Clímaco, S. Beda Venerável e S. Bonifácio. S. João Clímaco O cognome de Clímaco resultou da latinização da palavra grega que significa “escada”, título da sua obra mais significativa sobre a subida da vida humana até ao Céu. Nascido por volta de 575, viveu em Bizâncio, capital do Império Romano do Oriente, numa época em que as invasões dos povos bárbaros desmantelaram as estruturas económico-sociais, com excepção da Igreja, que se aguentou e contribuiu para a reedificação da civilização no que é hoje a Rússia. Aos 20 anos, S. João Clímaco passou a viver como eremita numa gruta perto do mosteiro de Santa Catarina, aí dirigindo espiritualmente as pessoas que o procura- vam no desejo de uma vida mais santa. Pelos 60 anos, passou a orientar uma comunidade monástica, à frente da qual esteve até morrer pelos anos 650. Sua obra principal, “A Escada do Paraíso” é um tratado da vida espiritual do monge até à perfeição do amor sobrenatural. São 30 os degraus dessa “escada”, cuja ascensão se processa em três fases: a da ruptura com o mundo; a do combate espiritual contra as paixões; e a da perfeição cristã até ao “êxtase do Espírito” pela perfeita vivência da fé, da esperança e sobretudo da caridade. S. Beda Venerável Nasceu em 672 ou 673 na Northumbria (Nordeste da Inglaterra). Aos 7 anos, os pais confiaram a sua educação ao abade dum mosteiro vizinho. Ali dedicou-se ao estudo da Sagrada Escritura, depois ao da história da Igreja dos “Anglos” e por fim ao da Teologia Litúrgica. Os seus estudos bíblicos levaram-no à conclusão de que o Antigo Testamento deve ser lido como revelação de Jesus Cristo, que o Novo Testamento descreve já presente neste mundo para o salvar. A sua história da Igreja dos “Anglos” foi logo considerada como a que melhor descrevia a história do povo inglês. E a sua Teologia Litúrgica, concretizada em numerosas homilias descreve a Igreja como “Mãe de Deus”, iluminando a formação e a actividade pastoral de quantos na Igreja têm a especial missão de iluminar e santificar os fiéis pelo anúncio da “Palavra de Deus”. O Papa convida os fiéis a pedirem a Deus que suscite santos como Beda, para que a verdade cristã a todos una na mesma caridade para com Deus e para com os irmãos, especialmente nos países da Europa. S. Bonifácio Natural da Grã-Bretanha. onde nasceu por volta de 675, fez-se monge muito cedo, dedicando os primeiros anos ao estudo da língua latina. Ordenado aos 30 anos, o seu zelo apostólico levou-o a empenhar-se com outros monges na evangelização do Continente Europeu, a começar pela Frígia (na actual Holanda). Como aqui fosse perseguido pelo chefe local, dirigiu-se a Roma, de onde o Papa o enviou a evangelizar a Germânia. Dedicouse de corpo e alma a esta evangelização, demonstrando, além do ardor apostólico, uma grande capacidade de organização, que levou o Papa a sagrá-lo como “Bispo regional da Germânia”. Fundou vários mosteiros, masculinos e femininos, especialmente o de Fulda (em 743), que se tornou no grande animador dos restantes. Já no fim da vida, com 80 anos, voltou à Frísia, e aí, quando celebrava a Missa em Dokkum, no dia 5 de Junho de 754, sofreu o martírio por parte dum bando de pagãos. De acordo com o seu desejo, foi sepultado no mosteiro de Fulda, onde ainda hoje os Bispos da Alemanha se costumam reunir periodicamente. O Santo Padre, nas suas reflexões finais, aponta S. Bonifácio como exemplo de ardor missionário e de fidelidade à Cátedra de Pedro. + Manuel Franco Falcão, Bispo emérito de Beja Viagens do Papa em 2011 O calendário das viagens que Bento XVI tem previstas para 2011, incluem visitas a quatro países - Croácia, Espanha, Alemanha e Benim -, para além de cinco deslocações a dioceses italianas. A Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, e segunda passagem por África são, neste conjunto, os pontos altos da agenda papal. A primeira viagem vai decorrer em solo italiano, com uma visita a Aquileia e Veneza, de 7 a 8 de Maio. Bento XVI visita depois a Croácia, nos dias 4 e 5 de Junho, numa viagem em que vai visitar o túmulo do beato Alojzije Stepinac, cardeal croata, mártir do regime comunista. Duas semanas depois, a 19 de Junho, tem lugar a visita pastoral à Diocese de São MarinoMontefeltro. Em Agosto, acontece a terceira viagem de Bento XVI à Espanha, para participar na Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, de 18 a 21 de Agosto O mês de Setembro tem duas viagens apostólicas marcadas: no dia 11, a Ancona (Itália), para a conclusão do congresso eucarístico internacional, e de 22 a 25 para a referida visita à Alemanha, com passagem por Berlim, Friburgo e Erfurt. A 9 de Outubro, o Papa visita novamente uma localidade italiana, Lamezia Terme e, nesse mesmo mês, Assis, onde se reunirá com líderes de várias religiões para uma oração pela paz. A última viagem prevista para 2011 será a segunda de Bento XVI a solo africano, tendo como destino o Benim, de 18 a 20 de Novembro, para a celebração dos 150 anos da evangelização deste país. Nesta ocasião, o Papa vai entregar aos bispos africanos a exortação apostólica fruto do Sínodo especial para a África que decorreu no Vaticano, em Outubro de 2009. Desde o início do pontificado, em Abril de 2005, Bento XVI fez 18 viagens apostólicas fora da Itália, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de Maio último. 16 de Janeiro de 2011 Deus no Seu amor pelos homens, foi-Se-lhes manifestando progressivamente, ao longo dos séculos, para lhes descobrir quem Ele era e quais os desígnios da Sua vontade. Essa revelação alcançou o seu ponto culminante, a sua plenitude, em Jesus. N’Ele, o Pai nos dirigiu a Palavra definitiva, Palavra tão actual hoje, como no tempo em que foi pronunciada, como o será daqui a 2.000 anos. Ora se Deus nos falou, não podemos ficar indiferentes perante a Sua Palavra. A nossa atitude deve ser a de Samuel e a dos discípulos de João Batista. I Leitura Is 49, 3.5-6 A liturgia da Palavra deste Domingo refere-se ainda à manifestação do Senhor, celebrada no Tempo de Natal, particularmente na solenidade da Epifania. Esta primeira leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo de Deus” do profeta Isaías. Este “Servo de Deus”, que vem a identificar-Se com o Senhor Jesus, é por Deus escolhido para levar a luz da palavra de Deus não apenas ao povo de Deus, mas a todos os povos, para a todos trazer à unidade de um só povo, que é afinal a sua Igreja. Mas esta luz só poderá iluminar os que olham para o Senhor com a fé que lhes vem da Palavra de Deus. Leitura do Livro de Isaías Disse-me o Senhor: “Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória”. E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: “Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue aos confins da terra”. Salmo Responsarial Salmo 39 (40) Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade. II Leitura 1 Cor 1, 1-3 Começamos a ler a Primeira Epístola aos Coríntios. Hoje quase nos limitamos à dedicatória muito desenvolvida, como era costume naquele tempo. Mas logo aí se podem encontrar grandes afirmações da fé cristã, que depois serão desenvolvidas ao longo de toda a carta. Toda a vida cristã é fruto do chamamento de Deus à fé: foi assim com Paulo, é assim com todos os cristãos. Para todos, o chamamento à fé é dom gratuito de Deus, portador de paz. Com esta introdução, todos ficamos a sentirmo-nos destinatários da apístola, da qual este ano apenas leremos a primeira parte. Início da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios Irmãos: Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Cristo Jesus e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade, com todo os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco. Evangelho Jo 1, 29-34 Um dos testemunhos que manifesta Jesus como o Messias é o de João Baptista. Ele apresenta-O como o “Cordeiro de Deus”. O símbolo do Cordeiro reúne duas passagens do Antigo Testamento, aplicando-as a Jesus: a do “Servo de Deus” (I leit.), que carrega com o pecado do mundo (Is 53,7), e a do cordeiro pascal, que é imolado para tirar o pecado do mundo. Uma e outra coisa o é o Senhor. Descendo à água entre os pecadores, Ele humilha-Se, assumindo a situação da nossa natureza de homens pecadores; uma vez ungido pelo Espírito Santo, Ele torna-Se fonte desse mesmo Espírito para todos os que são baptizados em seu nome. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: “Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim”. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água”. João deu mais este testemunho: “Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou na baptizar na água é que me disse: “Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo”. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”. OPINIÃO 11 de Janeiro de 2011 O regresso à ditadura? Quando se esquecem exigências democráticas ou se impede que elas funcionem, abre-se a porta ao ditador. Já foi assim na antiga Grécia, onde a democracia nasceu. Foi assim ao longo dos séculos. É também assim nos tempos que correm. O governo socialista, em campos bem determinados como o ensino, a solidariedade social, a saúde, com o medo que provoca nos da sua cor que dissentem, passou a agir como novo ditador. Não ouve, não reflecte, não acolhe, desconhece a realidade, embrulha e deturpa a verdade, julga-se único para decidir e decide a seu belo prazer. Faz tábua rasa do povo e da história, nega-se a procurar com parceiros obrigatórios soluções de consenso, rasga acordos bilaterais assinados, volta costas a quem realiza trabalho de qualidade, só agrada a clientelas discutíveis, vive obcecado pelo poder, dá péssimo exemplo de democracia e de isenção a quem tem o encargo de governar. Uma situação, que se vem tornando cada dia mais grave, refere-se ao menosprezo pela iniciativa privada. A cidadania, esclarecida e aberta, é um direito e um dever de todos. Permite enriquecer o bem comum nacional com propostas e respostas adequadas, surgidas num contexto de respeito por exigências legais justas. Foram sempre os governos totalitários que destruíram a democracia, desprezaram e impediram a legítima iniciativa privada. O Estado Social, de contornos megalómanos, sonhado e defendido por ideologias coloridas e pelo povo que só quer benefícios, com respostas Notícias de Beja – 3 O caso do ensino privado impossíveis para os problemas, está condenado ao fracasso. A história assim o tem mostrado. O Estado não se identifica com um partido ou com uma força política maioritária. Ele concretiza-se na comunidade civil organizada, com lugar para todos, responsabilidades repartidas, objectivos claros ao serviço das pessoas. Muita gente, levada por uma partidocracia míope, que mais procura ocasiões para reinar e se governar a si, do que para servir, ainda não o entendeu ou não o quis entender. Os governos, em geral, têm tendência para se tornarem totalitários. O que não conseguem por competência e engenho impõem-no por um poder discricionário. Está na praça pública o problema do ensino privado. Vamos percorrer a história. Séculos atrás, a iniciativa do ensino alargado e qualificado surgiu sempre por iniciativa da sociedade civil. Já quase em meados do século passado, o governo esforçou-se para garantir a todos os portugueses o ensino básico. A outros níveis, abriram-se escolas estatais, mas apenas nas cidades e vilas mais importantes. A democratização deu-se, mais uma vez, a partir de grupos locais e de instituições da Igreja que se preocupavam com a promoção dos jovens mais pobres, onde quer que vivessem. Chegamos ao 25 de Abril. Revolucionários do PREC, vazios de cultura, mas cheios de ódios, assaltaram colégios da província com uma história longa de bemfazer e destruíram, como inúteis, escolas, livros e monumentos locais. Quiseram apagar a história. E, como se fôssemos um país abastado, abriram-se então escolas estatais onde já as havia privadas, que foram injustamente desprezadas e fechadas. Verificou-se, a seguir, uma campanha de desinformação da opinião pública, que persiste ainda, fazendo-se crer que todo o ensino privado era elitista e só para os ricos. Aceitava-se, como ensino gratuito, só onde o Estado não podia ainda chegar. Era o tal “papel supletivo” do ensino privado. Por ideologia e bairrismos locais construíram-se escolas estatais onde o parque escolar privado já existia e era de qualidade e iniciouse um projecto claro de asfixia, a seu tempo, do ensino privado, dito supletivo. As escolas estatais precisavam de alunos e muitos pais optavam pelas escolas privadas. Para os brios dos governos isto não era admissível. Depois, vieram os pagamentos em atraso, a redução arbitrária de turmas, a multiplicação de exigências que não existiam para a escola estatal. Assim se chegou à situação actual de um injusto extermínio, por uma morte lenta, de há muito cuidadosamente programada e sempre desejada por forças ideologicamente totalitárias e por grupos corporativos que nada vêem além dos seus interesses. O Ministério da Educação está inquinado, desde há muito. Até Salazar teve de fazer cedências à maçonaria, que já então dominava o Ministério, para poder governar noutros campos! Quem por lá passou com saber, sentido de responsabilidade e ideias abertas, nunca aqueceu o lugar e foi torpedeado de mil maneiras. O problema resume-se a estes pontos: o Estado democrático não pode impedir, antes, deve fomentar a iniciativa privada, sempre que o bem comum o exige ou solicita, porque a educação, em democracia, não é monopólio do Estado; a aceitação das iniciativas das forças intermédias da sociedade, quando sérias e qualificadas, é sempre uma riqueza para o país; o direito à educação - ensinar e aprender - e à escolha pelos pais de um projecto educativo para os seus filhos só se pode exercer se houver alternativas, e as escolas com contrato de associação, como o vêm provando, são uma alternativa credível; o ensino privado, em democracia, que abriu entre nós caminhos por esse país fora, não é, por sua natureza, supletivo do Estado, mas traduz um direito social respeitável, sendo, por isso, uma mais-valia para o sistema educativo, porque só no confronto leal de projectos educativos, se podem aperfeiçoar e gerar propostas qualificadas; o Estado não faz qualquer favor aos particulares, nem prejudica o país, ao proporcionar o ensino gratuito, através de escolas privadas, a todos os que já as podem escolher, pois a função do Estado é garantir um serviço público válido de educação, seja ele exercido por escolas estatais ou privadas; o Estado aplica o dinheiro dos contribuintes em benefício de todos, não como dono ou a favor dos seus interesses políticos, mas como administrador fiel do que não lhe pertence. O que o governo socialista faz agora e quer continuar a fazer, a falso pretexto da crise económica, e que é urgente denunciar, constitui um retrocesso democrático, uma ameaça grave de contornos ditatoriais, uma negação clara do mais legítimo pluralismo, uma injustiça que a história guardará com o seu juízo crítico inexorável. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro Metade a enganar outra metade Acabados os festejos – de Natal ou de passagem d’ano – tornase importante reflectir sobre os sinais que esta época nos trouxe e as implicações (pessoais, familiares e/ou sociais) que tudo isto nos exige assumir. Dizem que a vida está cara e a crise tem deixado marcas, mas o que vemos (ou vimos) foram lugares de diversão a abarrotar, os preços exorbitantes com- prados, uma certa alegria na rua... Os ordenados encolheram, mas o sector de vendas de automóveis cresceu, só em Dezembro passado, mais de sessenta por cento... Sindicatos e políticos reclamam mais medidas para com- bater a crise, mas ou só se vê metade do que nos mostram ou fazem-nos crer que somos pobres com aspirações incontroladas de riqueza escondida... Antes de mais a metade que anda a enganar a outra metade parece ser o próprio a si mesmo, pois há quem se queixe de que está mal e logo de seguida está a estourar milhares de euros sem ver se tem com que pagar. Esta espécie de esquizofrenia colectiva devernos-ia fazer reflectir, pois parece que à pobreza colectiva se contrapõe uma riqueza (económica e não só) pessoal não declarada... Ou andaremos todos a disfarçar sem nos conhecermos, suficientemente, a nós mesmos e, por isso, desconfiando dos outros ou tendo a mesma bitola que temos para connosco? Como se é ou pode ser cristão neste ambiente? Esta crise – ainda no começo cultural, embora com alguns desenvolvimentos económicos mínimos – não tem trazido mais pessoas à prática religiosa, pelo contrário: . vemos esvaziarem-se as igrejas, sobretudo nestes dias de festas; . vemos as pessoas (ditas) praticantes a fugirem da expressão comunitária da fé... católica; . vemos crescerem umas espiritualidades de auto-comprazimento sem vínculo aos outros; . vemos proliferar uma certa religiosidade sem culto e mesmo sem igreja/comunidade; . vemos alguma confusão nos responsáveis eclesiais, podendo virem a refugiar-se em devoções à míngua de projectos mais ousados de evangelização; . vemos uma quase capitulação: onde o desânimo vence, a descrença ganha, o medo impera; o ‘tanto-faz’ parece ser o critério mais usado... Para que se possa resolver esta questão da clandestinização da fé – como vemos de forma crescente na Europa e em Portugal também – urge fazer um diagnóstico sério, sereno e centrado no Essencial, pois, hoje, o diálogo não é possível sem sabermos e conhecermos quem tem fé ou quem se afirma e impõe como descrente e sem Deus. É urgente percebermos quem ainda acredita ou quem vive ‘como se Deus não existisse’ – como diz o nosso Papa, desde o início do seu ministério – e que trata todos os outros com esse mesmo critério. Estamos num tempo de mudança cultural e não podemos responder com os mesmos meios (intelectuais ou emocionais) às mutações constantes dos nossos contemporâneos. De facto, - temos de ser cada vez mais humildes para sabermos aprender a traduzir a fé cristã com valores que unem, valorizando-nos reciprocamente; - temos de criar pontes de diálogo – interreligioso, ecuménico e inter-eclesial – sabendo perceber as roupagens e discernindo as linguagens; - temos de construir espaços de valorização comunitária em vez de redutos de individualismo... dentro ou fora dos lugares de culto. Numa palavra: temos de deixar converter em nós mesmos, pela Palavra e pelo Espírito, a metade mais ou menos pagã de nós próprios, vivendo a exigência do Evangelho de Cristo, hoje. António Sílvio Couto PATRIMÓNIO 4 – Notícias de Beja PEDRA ANGULAR 11 de Janeiro de 2011 PÁGINA DO DEPARTAMENTO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA Aliança inédita entre Natureza e Património Ministério do Ambiente e Diocese de Beja unem esforços para salvaguardar biodiversidade no meio rural O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja assinaram a 11 de Janeiro, na igreja matriz de Mértola, um protocolo que concretiza uma nova metodologia de intervenção, pouco frequente no país: assenta no cruzamento do património natural e do património para pontos de referência do território. A tónica da colaboração que se vai iniciar é posta na dimensão pedagógica resultante da ligação do património arquitectónico e artístico e da natureza em que ele está inserido. “Não faz sentido trabalhar-se isoladamente; a defesa da biodiversidade constitui a causa maior com que a humanidade se Peneireiro-cinzento, ave de presa de pequeno porte característica dos montados e sistemas extensivos do sul cultural para mobilizar e dinamizar a participação da sociedade civil na salvaguarda e promoção dos valores naturais e culturais do Baixo Alentejo, designadamente no âmbito das áreas protegidas dispersas pela região. Trata-se de um dos contributos que, segundo é reconhecido no texto do pacto, visa o aprofundamento das iniciativas nacionais no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, celebrado em 2010. Inédita em Portugal, a união de esforços entre o principal organismo responsável pela conservação do património natural, sob a tutela do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, e um departamento diocesano com 27 anos de experiência na defesa dos bens culturais, assenta no facto de que muitas igrejas ou as suas envolventes, especialmente em área rural, são verdadeiros santuários da vida selvagem. Espécies protegidas, como o francelho e a cegonha, encontram pontos privilegiados de nidificação nas torres dos campanários e noutros pontos dos templos. Os adros e os espaços em redor destes edifícios reúnem igualmente condições excepcionais para a preservação da fauna e da flora. De acordo com um dos mentores do projecto, João Filipe Bugalho, não se torna difícil irradiar daqui defronta nos dias e é preciso repensá-la também à escala regional”, salienta José António Falcão, director do Departamento do Património da Diocese de Beja. E acrescenta: “Os nossos monumentos religiosos podem dar um contributo importante nesse sentido; como retorno, ganhar-se-á uma nova dinâmica, criando melhores condições de conservação e fruição do próprio tecido edificado – e dos valores culturais e paisagísticos que lhe estão associados.” O protocolo, aberto à intervenção de outras entidades, como os municípios e as associações locais, aposta fortemente na dinamização de distintas valências patrimoniais como factor de sustentabilidade do desenvolvimento regional. Uma das iniciativas gizadas neste âmbito por Tito Rosa, presidente do ICNB, prende-se com a criação de rotas facilmente praticáveis de “touring” ambiental que permitam aos automobilistas descansar um pouco, saindo durante breves horas das autoestradas, visitando, através de caminhos secundários, mas acessíveis e bem sinalizados, alguns dos sítios mais interessantes de Portugal, do ponto de vista cultural e natural. Isto é feito, em primeiro lugar, a partir da rede de parques e reservas já estabelecida no terreno, sem esquecer a salvaguarda das zonas cujo estatuto de protecção não se coaduna com uma presença humana mais intensa. Se o envolvimento das comunidades vai ser essencial para o êxito do projecto que dá agora os primeiros passos, o seu alvochave reside na colaboração dos estabelecimentos de ensino e dos agricultores. Tarefas muito simples e pouco dispendiosas como a melhoria dos pontos de água – as velhas “fontes santas” – existentes junto às ermidas, a criação de pequenas searas de feijão-frade ou a colaboração dos alunos das escolas na monitorização da fauna bravia através de web cameras podem fazer a diferença para a sobrevivência de espécies ameaçadas, entre elas a abetarda, o sisão e o grou. Podem trazer igualmente um contributo decisivo para suster a ruína de dezenas de velhas igrejas que permanecem fechadas ao longo do ano, por falta de quem delas se ocupe. Caboz-de-água-doce, peixe da bacia do Guadiana, de distribuição localizada e com elevado interesse para a conservação “São Jorge combatendo o Dragão”, por José Escada (1961) Actualização do inventário dos bens da Paróquia de Azinheira de Barros/ Lousal Em articulação com a Paróquia de Azinheira de Barros/Lousal, o Departamento do Património Histórico e Artístico tem vindo a debruçar-se, alguns anos após a conclusão do inventário da arte sacra local, sobre algumas peças de particular interesse artístico. É o caso de uma notável obra do pintor José Escada, datada de 1961, que representa “São Jorge a combater o Dragão”. Esta peça figura o orago da vasta igreja de Lousal e constitui um elemento muito importante do dossier de arte contemporânea da nossa Diocese. Regista-se por isso com enorme satisfação o esforço que a comunidade do Lousal está a fazer para lhe dar o devido realce. Ao contrário do que se poderia supor, as igrejas da Diocese de Beja continuam a ser alvo, todos os anos, de importantes descobertas patrimoniais. A pintura agora valorizada em Lousal é um bom exemplo desta constante redescoberta dos nossos tesouros artísticos. Lembramos aqui o que escreveu a respeito de José Escada um dos melhores conhecedores da sua fascinante obra: “José Jorge da Silva Escada nasceu em 1934, em Lisboa, falecendo na mesma cidade em 1980. Estudou na Escola António Arroio e obteve o diploma em Pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Em 1955, juntamente com os artistas Lurdes de Castro, René Bertholo, João Vieira e Gonçalo Duarte, constitui o Grupo KWY, ao qual se ligaram posteriormente Costa Pinheiro, Jan Voss e Christo Javacheff. Desde as suas primeiras realizações pictóricas, José Escada desenvolveu uma estética pessoal que caracterizou a sua obra futura: a utilização da linha como contorno, com ritmo definido, combinada com a acentuação de contrastes provocados por diferentes níveis de luminosidade. Nos anos 50, os mesmos valores são aplicados a uma pintura não figurativa, evoluindo, dez anos mais tarde, para o total informalismo que se aproxima de uma expressão caligráfica. Em meados da década de 60, José Escada retoma o trabalho a partir da linha, gerando pequenos elementos simétricos criados a partir de colagens e dobragens de papel. É evidente a influência de Matisse e da sua valorização do processo criativo, de carácter gestual e manual. O trabalho no campo do relevo abstracto orientou José Escada para a pesquisa dos elementos decorativos tradicionais portugueses. Nas composições dos anos 70, combina a abstracção e a figuração em quadros que reflectem uma visão do seu mundo pessoal, no qual homem e natureza se fundem.” Igreja de Nossa Senhora das Salas na ordem do dia Este monumento nacional, a mais importante referência do património religioso de Sines, foi recuperado nos inícios do século XXI ao abrigo de um protocolo entre o Ministério da Cultura (que é o seu proprietário), o Município de Sines, a Paróquia do S. mo Salvador e a Diocese de Beja, protocolo que prevê a intervenção da autarquia para a sua abertura regular ao público. Assim tem vindo a realizarse desde 2006, sem sobressaltos. Nos últimos anos tem-se contado com a presença de uma colaboradora do Município, D. Carolina Pereira, pessoa de enorme dedicação para com o monumento e os visitantes – sempre acolhidos com um sorriso nos lábios e uma palavra de simpatia. Esta senhora termina o seu contrato com a autarquia no dia 27 de Fevereiro. Sabendo-se das dificuldades que actualmente afectam o erário público, é importante que este e outros casos de verdadeiro empenhamento na abertura dos monumentos possam ser repensados de modo positivo. Estamos confiantes em que a igreja das Salas permaneça de portas abertas, para satisfação dos residentes no concelho e dos muitos turistas. Iremos consagrar a este monumento, nas próximas edições, algumas notas, destinadas a dar a conhecer aos nossos leitores não só a história de um dos mais belos templos da Diocese, mas também o trabalho aí realizado pelo Estado, pelo Município e pelas instituições da Igreja. DIOCESE 11 de Janeiro de 2011 Nota Pastoral Uma só família humana Em clima de propaganda eleitoral para a presidência da república, num país à beira da insolvência, pois consome mais do que produz, quase não houve ambiente, na alegria e tranquilidade da família, para viver o tempo natalício, que encerrou com a solenidade do Baptismo de Jesus, a 9 de Janeiro. Embora não se trate de eleger uma nova assembleia da República e, eventualmente, um novo governo, no entanto é o descontentamento com a situação actual do país que vem ao de cima nos debates. Para não fazer desta nota mais um manifesto eleitoral, que neste período deve ser deixado aos candidatos, pretendo alargar os horizontes, comentando a mensagem do Papa Bento XVI para o dia mundial das migrações e do refugiado, que vamos celebrar no próximo dia 16 de Janeiro, na qual o Santo Padre nos apresenta a sociedade como uma só família humana. Vivemos num mundo marcado pela mobilidade, pelos mais diversos motivos, que torna as nossas sociedades e países cada vez mais multiétnicos, intraculturais e com a presença de várias confissões religiosas, reclamando-se todas da ver- dade para si mesmas. Nesta realidade incontornável, que nem os nacionalismos conseguem negar e sufocar, o Papa dá-nos alguns elementos para acolher esta situação como uma riqueza a integrar na nossa mentalidade e na vida dos nossos países. É importante considerarmo-nos todos como membros de uma só família humana, que tem Deus como origem e destino último. No caminho da vida, que pode ser considerado uma peregrinação, o acolhimento e ajuda mútuas facilitam o percurso, aceitando as diferenças, promovendo o diálogo para as compreender e lutando pelo bem comum, não apenas da família, dos grupos e dos países, mas de toda a família humana, que tem a dimensão do mundo global. Esta consideração ajuda-nos a superar os nacionalismos egoístas de povos e de grupos e a encontrar soluções para o bem comum e o empenho em seu favor com as dimensões da família humana inteira, ou seja, da comunidade dos povos e das nações, para dar forma de unidade e paz à cidade do homem e torná-la em certa medida antecipação que prefigura a cidade de Deus sem barreiras, afirma o Papa, citando o nº 7 da sua encíclica Caritas in veritate. É também com este olhar que deve ser considerado o fenómeno migratório. A falta de fraternidade e de justiça entre os povos é causa profunda de subdesenvolvimento, já o afirmara Paulo VI na encíclica Populorum Progressio. Pelo contrário, a comunhão fraterna entre todos os povos, muito especialmente com os migrantes que vêm até nós, enriquece a todas as partes e contribui para o desenvolvimento e bem comum de toda a família humana. Esta doutrina, levada a sério, poderá ajudar a resolver os problemas da crise, encontrando soluções duráveis, para bem de todos. Não será exportando o nosso lixo para os países pobres e importando os seus cérebros ou explorando a sua mão de obra barata e escrava, que resolveremos a crise a longo prazo, mas apenas adiamos soluções mais estáveis, porque verdadeiras e éticas. Torna-se ridículo querer vender as nossas dívidas a outros povos mais pobres, com regimes ditatoriais. A paz e a sobrevivência da humanidade só pode ser alcançada neste mundo global com uma política que promova o bem comum de toda a família humana. Políticas de uns contra outros ou de alguns à custa de outros, com uma visão egoísta do bem comum, não têm futuro pacífico, porque não correspondem à verdade do ser humano nem, marcado pela ânsia da comunhão, de que a Igreja deve ser sinal eficaz. Mudar algumas políticas conseguese com eleições. Mas mudar mentalidades só a força da conversão é capaz, como nós cristãos confessamos através do baptismo. Precisamente a festa do Baptismo de Jesus, com que encerramos o tempo de Natal, afirmava isso mesmo: pelo Baptismo tornamo-nos filhos amados de Deus, que não faz acepção de pessoas e nos convida a construirmos uma só família humana. † António Vitalino, Bispo de Beja Clero do Sul realiza jornadas de actualização O Instituto Superior de Teologia de Évora organiza, pelo terceiro ano consecutivo, a actualização do clero da Província Eclesiástica do Sul (Dioceses de Évora, Beja e Algarve). As jornadas estão agendadas para 24 a 27 de Janeiro, em Tavira e terão a Crise como tema de fundo. Programa Dia 24, pelas 14h30, recepção dos participantes. Às 15h30, sessão de abertura. Às 16h, conferência sobre “Um olhar cristão sobre a Crise Global”, por José Ribeiro e Castro. Às 17h30, José Ribeiro e Castro dará nova conferência intitulada “O papel da União Europeia e das Agências Internacionais no combate à Crise”, à qual se seguirá um diálogo com o conferencista. Às 19h30, vésperas. No dia 25, às 8h30, Laudes. Às 9h30, conferência sobre “Não podes servir a Deus e ao dinheiro”, por Armindo Vaz. Às 11h30, Manuel Ferreira Patrício falará sobre “Ser ou Ter? Eis a questão”. Às 15h00, conferência “Um olhar sobre a realidade portuguesa”, por Francisco Sarsfiel Cabral. Às 17h, conferência “Uma leitura a partir da Doutrina Social da Igreja”, por Manuel António do Rosa´rio, seguida de denate com o orador. Às 19h, Vésperas e Eucaristia. Prevê-se neste dia 25, haja um serão cultural animado pelo Grupo de Santa Maria e pelo Coro de Câmara da Sé de Faro. No dia 26, às 8h30, Laudes. Às 9h30, João César das Neves abordará o tema “Radiografia da Crise I. Questões económicas”, que terá desenvolvimento, pelas 11h, com o mesmo orador a desenvolver o tema “Radiografia da Crise II. Outras vertentes da Crise”. Às 15h, painel sobre “Crise: a realidade e os desafios emergentes”: Os jovens (Pablo Lima); Os desempregados (Ana Duarte, IEFP); As famílias (casal do Algarve). Às 17h30, Armindo Monteiro desenvolverá o tema “O papel das Empresas na solução da Crise”. Às 19h, Vésperas e Eucaristia. No dia 27, às 8h30, Laudes. Às 9h30, painel “Crise: pequenas/grandes respostas”: Economia da Comunhão (António Abel, Movimento Focolares); IPSS (Lino Maia); Pastoral Sócio-Caritativa (Eugénio da Fonseca). Ao meio-dia decorrerá o encerramento dos trabalhos. Notícias de Beja – 5 Concerto de Reis do Coro do Carmo O Coro do Carmo de Beja apresentou na tarde do passado domingo, 9 de Janeiro, na Igreja do Carmo de Beja, o seu tradicional Concerto de Reis, sob a direcção do seu maestro, P. Dr. António Cartageno. Para além dos elementos do Coro, o Concerto teve a brilhante colaboração de João Cavaco no órgão, de Gonçalo Oliveira no violino, de Carlos Cartageno na trompete, de Andreia Rosa no clarinete e de Francisco Teixeira e José Palma na viola. A apresentação esteve a cargo de Clara Palma que, numa linguagem clara e informativa, contextualizou as peças. Apesar da tarde pouco convidativa, a Igreja do Carmo encheu-se completamente. Entre o público encontravase o Presidente da Câmara Municipal de Beja, Dr. Vasco Pulido Valente, o Bispo Diocesano, D. António Vitalino e outros representantes da Igreja. O Concerto teve início com a entrada do Coro pelo fundo da Igreja a cantar “Os Reis” de Mértola: Esta casa é nobre gente/ Se escutarem eu direi/ Ao partir do Oriente/ São chegados os três Reis. Lá da terra estão chegando/ Lá das ilhas de Belém/ Vêm visitar Deus Menino / Que Nossa Senhora tem… O programa do Concerto foi inteiramente natalício. Na 1ª parte, os temas diziam respeito aos cantos de Natal de várias partes do mundo: França. Inglaterra, Espanha. República Checa e Chile, bem como a obras de alguns compositores clássicos; a 2ª parte foi toda dedicada à música portuguesa para o Natal, quer escrita por alguns autores – M. Luís, J. Pedro Martins e outros – quer popular, de várias regiões do país, nomeadamente do Alentejo. Grande parte destes cânticos em louvor do nascimento de Jesus tinham o dedo do P. Cartageno, que harmonizou, adaptou e fez os arranjos instrumentais: peças muito belas, variadas e enriquecidas com a intervenção instrumental, criando uma atmosfera quase mágica… É com emoção que constatamos que, nos tempos conturbados de hoje, os povos do mundo inteiro cantam e louvam o nascimento de Jesus Menino – Aquele que veio anunciar e trazer ao mundo a paz, a humildade, a alegria, a fraternidade e o amor. É também gratificante verificar que no nosso Alentejo – terra de missão – o Natal foi e ainda é hoje celebrado com fé, paz, doçura e muita emoção, através da expressividade dos seus cânticos tradicionais. Neste Concerto de Reis, o Coro do Carmo reviveu e ajudou a reviver alguns desses belíssimos cânticos. É difícil descrever neste texto as vivências e os sentimentos despertos em todas as pessoas que enchiam a Igreja. O silêncio reinante demonstrou que o Coro do Carmo, através da sua forte expressividade musical, conseguiu transmitir para o público a alegria e a beleza da mensagem de Natal. No fim do concerto o público, agradecido e emocionado, aplaudiu de pé o Coro com efusivos e prolongados aplausos. Parabéns ao maestro P. Cartageno, ao Coro e aos vários solistas e instrumentistas por este belo concerto que encerrou o ciclo das festas natalícias. M. Amélia Gomes Em cumprimento da lei de imprensa, publica-se o Estatuto Editorial do “Notícias de Beja”, que, no dia 18, assinala 83 anos de existência. Estatuto Editorial 1. “Notícias de Beja” é um semanário regionalista de inspiração cristã, propriedade da Diocese de Beja. 2. Independente do poder económico e político, rege-se pela Verdade, que tem no Evangelho a sua norma suprema, procurando iluminar as realidades terrenas com as luzes da fé, segundo os ensinamentos da Igreja Católica. 3. Órgão de comunicação social ao serviço do povo alentejano, “Notícias de Beja” dá particular realce às notícias desta província e faz-se eco dos problemas e das aspirações das suas gentes. 4. Tem igualmente a preocupação de levar aos seus leitores uma síntese dos acontecimentos mais importantes do País e do Estrangeiro, fazendo deles uma correcta leitura, segundo os princípios do cristianismo. 5. “Notícias de Beja” assume o compromisso de respeitar os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação. SOCIEDADE 6 – Notícias de Beja Última coluna Erradicar a pobreza só com a colaboração de todos e sempre O ano 2010 foi dedicado a combater a pobreza. Como pude verificar, pela leitura e por alguma observação directa, multiplicaram-se as iniciativas, neste sentido. Muito se conseguiu já, mas muito mais ficou por alcançar. É que o cancro da pobreza e da miséria tem múltiplas causas. Umas vêm de pobres destituídos, não raro, de qualidades ou capacidades para se orientarem a si próprios; outras surgem de cataclismos que ocorrem; outras, ainda, da desumanidade, da injustiça e da iniquidade daqueles cujo intento é enganar e explorar o pobre. Com todo o esforço da humanidade a pobreza vai enfraquecendo, lentamente, mas logo vêm circunstâncias favoráveis ao seu reaparecimento e desenvolvimento. É como as ondas do mar que avançam e recuam segundo o estado do tempo. Com estas palavras não quero dar a entender que a erradicação da pobreza é um trabalho impossível e que há-de existir sempre numa visão fatalista. Creio que a erradicação da pobreza do mundo é uma missão ciclópica. Temos de lutar sempre, para que retroceda ou desapareça. Não posso deixar de me referir à polémica entre os políticos por causa das suas referências aos pobres e à pobreza. Disse-se, então, que isso era manipular os pobres para angariar os seus votos, mostrando-se simpáticos, em campanha eleitoral, para com os desfavorecidos. Sendo assim, há que protestar contra esse uso da pobreza pouco transparente. Fico, no entanto, na dúvida, se os protestos destes políticos terão a transparência necessária para serem credíveis. Não é mal fazer referências aos pobres, mal será fazê-las como estratagema e sem verdade, para alcançar objectivos por métodos pouco saudáveis. Dedicar-se aos pobres, e, há muitos que dedicam a vida inteira ao seu serviço em todo o mundo, é fazê-lo sem segundas intenções pouco claras; é concorrer para que as causas da pobreza vão desaparecendo; é contribuir para que não falte o pão de cada dia e os bens necessários para uma existência digna e feliz; é ajudar a que haja emprego, casa, saúde e educação e se tornem como os não pobres, cidadãos dignos e responsáveis na sociedade que é de todos. Só se erradicará a pobreza criando uma nova mentalidade com um trabalho sério e permanente na família, nas escolas e nas comunidades, contando com a colaboração da Comunicação Social e com o apoio indispensável do Estado. João Alves, Bispo emérito de Coimbra 11 de Janeiro de 2011 D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa “2010 foi ano histórico para a Igreja em Portugal” O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que o ano de 2010 vai ficar marcado pela visita de Bento XVI ao nosso país, um acontecimento que classifica como “histórico”. Em entrevista à ECCLESIA, D. Jorge Ortiga assinala que esta visita “serviu para que desaparecessem clichés” sobre Bento XVI e “crescesse o amor ao Papa, determinante para acolher a sua mensagem”. O arcebispo de Braga refere que o convite da CEP “coincidiu também com a vontade do Papa em ser peregrino de Fátima”, dando origem à viagem que decorreu entre 11 e 14 de Maio. A este respeito, D. Jorge Ortiga diz que “Fátima tem uma dimensão de anúncio, em nome de Deus, para toda a sociedade”. Ainda recordando as intervenções de Bento XVI, o arcebispo de Braga refere que “é necessária uma presença muito concreta nos variados âmbitos da sociedade: na cultura, na escola, na universidade e outros lugares”. “Nós já soubemos estar, já soubemos ser fermento na sociedade e que talvez hoje tenhamos centralizado a acção da Igreja dentro dela própria”, considera. Para o presidente da CEP “há alguns leigos e padres que «clericalizam» a pastoral, centralizando tudo na pessoa do padre ou do bispo”, em vez de “unir as diversidades de pessoas, de competência e de funções”. O ano que passou foi ainda mar- Ao ritmo do Ano Pastoral oportunidade para analisar, por exemplo, o que faz, e como faz, o Parlamento”, refere. Para o arcebispo de Braga, “a democracia participativa não se pode limitar ao dia do voto, expresso muitas vezes sem conhecimento do programa, da ideologia do partido. Em relação ao ano europeu do combate à pobreza e à exclusão social, D. Jorge Ortiga critica a ausência de “iniciativas concretas para a verdadeira erradicação da pobreza, com o compromisso dos Estados”. Ao passar em revista os acontecimentos do ano 2010, o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa fala em novo momento civilizacional e alerta contra tendências conservadoras apegadas ao passado e afirma a necessidade da Igreja «sair das sacristias», desafiando os católicos à coerência na vida política “sacrificando mesmo o carreirismo”. Aos assinantes do “Notícias de Beja” A leitura orante da Palavra de Deus Um dos métodos de abordagem bíblica mais conhecidos, mais aconselhados e frutuosamente seguido e celebrado é a pedagogia da Lectio Divina (lê-se Leccio Divina), a Leitura orante da Palavra de Deus. Numa Pastoral de 1993, o Cardeal Martini, Arcebispo de Milão, que na célebre missão popular da sua Diocese fundou milhares de Assembleias de Lectio Divina, afirmou que não conhecia outro meio e estratégia para que a velha Europa vença os efeitos do consumismo e secularismo. Segundo Orígenes a Lectio Divina já era praticada no século III pelos monges da Tebaida e foi incrementada pelos Padres da Igreja. Na Idade Média confrontaram-se dois métodos de abordagem à Sagrada Escritura: - A Lectio Escolástica, ou seja leitura técnica da Sagrada Escritura e tendia para a “disputácio”, a disputa ou debate entre docentes e alunos, que prevaleceu no século XIII. - A “lectio Divina” praticada nos mosteiros, também conhecida por “Lectio monástica”, que tendia para a meditação e oração e visava a união do ser humano com Deus e o bem espiritual do crente. O Papa S. Gregório Magno, que governou a Igreja de 590 a 604, era monge e para ele não bastava apenas o conhecimento material da Sagrada Escritura. Esta depunha sementes no coração do crente e alimentava a vida contemplativa na liberdade do Espírito. Por isso, cultivou e legou à Igreja o primado da Palavra de Deus, compendiada na “Lectio Divina”, que era uma leitura interiorizada e sapiencial de “unção”, “gosto”, “sabor”, “delícias”. No seu seguimento S. Bernardo, afirmava: “Não tive tanto a intenção de expor o Evangelho, como de aproveitar a cado, a nível eclesial, pelos casos de abuso sexual de menores por parte de membros do clero, com D. Jorge Ortiga a afirmar que “o Santo Padre foi extremamente feliz, quando veio a Portugal, ao reconhecer que o pecado está dentro da Igreja”. “São situações que envergonham e entristeçam a Igreja. Esperemos que seja uma situação ultrapassada, que os casos de abuso não se repitam e exista maior cuidado na preparação e formação para o sacerdócio”, afirma. Os casos foram conhecidos em pleno Ano Sacerdotal, que terminou a meados de 2010, iniciativa que, para D. Jorge Ortiga, não foi “devidamente preparada”. Sobre o centenário da República, em Portugal, o presidente da CEP lamenta que não tenham existido conclusões “a respeito do exercício da democracia, vendo o que a supõe e como deveria ser exercida, quais as exigências da «re-pública», da coisa pública. “Este centenário poderia ser uma ocasião para, a partir do Evangelho, falar daquilo que me deleitava expor”. No século XII as Ordens mendicantes foram beber à lectio Divina o segredo e o carisma das suas regras monásticas. Contudo, no século posterior, a leitura monástica viria a ser oficialmente vencida pela Teologia Escolástica. No século XVI a leitura orante da Bíblia, nem sequer era fomentada nos conventos e nos mosteiros e foi um dos factores mais perversos da Contra Reforma. A leitura da Bíblia era suspeita e cheirava a “livre exame”, o direito a acreditar só no que a nossa razão individual pode verificar. Uma censura moral, fortemente inspirada pelo jansenismo, proibia a leitura dos textos bíblicos julgados “indecentes”. Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha, separadas por três séculos, não puderam ler a Bíblia em vernáculo para seu uso pessoal. Insistia-se na leitura espiritual. As disputas entre protestantes e católicos criaram uma desconfiança velada em relação à Escritura. Os primeiros distinguiam-se pela promoção e leitura em vernáculo da Bíblia esquecendo a Tradição. Por sua vez, os católicos refugiaram-se na Tradição e na Eucaristia. A leitura da Bíblia em latim, a deficiente preparação bíblica dos presbíteros, o criticismo do século das Luzes, o século XVII e posteriormente o século XIX, até meados do século XX, também não favoreceram o estudo da Bíblia. O conhecimento bíblico bate no fundo. Na próxima semana vamos ver como se sai desta letargia. António Aparício, Pároco de S. João Baptista, Beja Pedimos encarecidamente aos assinantes em débito que satisfaçam, o mais breve possível, a sua dívida do ano de 2010 e, também, a doutros anos anteriores que porventura ainda estejam em atraso. Já que pelo correio as cobranças ficam sempre dispendiosas, quem preferir pode pagar por transferência bancária através do NIB 001000003641821000130. Pedimos que, ao enviarem por transferência bancária, a importância da assinatura, identifiquem sempre a origem e a pessoa a que diz respeito a conta enviada. Neste momento não conseguimos identificar os assinantes a quem se refere o pagamento enviado por: João Manuel Santos Almeida, Maria Lurdes Antunes Coelho, Carla Martins e João Oliveira Machado. REGIONAL 11 de Janeiro de 2011 Aljustrel celebra em festa o Natal, Epifania e Ano Novo As celebrações de Natal, para celebrar o nascimento de Jesus, tiveram inicio na Paróquia de Aljustrel, a 19 de Dezembro, na Igreja Matriz, com a Festa de Natal das crianças da catequese, que como já é habitual, com as suas lindas melodias natalícias, poesias e a encenação do nascimento do Menino, na gruta de Belém, fizeram recuar no tempo aqueles que ali se deslocaram e sentir-se contagiados pelo espírito de um nascimento especial, que mudou os destinos das nações. Este ano os pais das crianças e a comunidade adulta, também se envolveram na realização da festa. Durante o dia o Pároco, através da Rádio TLA (Telefonia Local de Aljustrel), desejou a todos os aljustrelenses, residentes e fora do concelho, as Boas Festas, com a tradicional mensagem de Natal via rádio. No dia 24 de Dezembro foi celebrada pelo pároco a Missa da Noite de Natal, cujo canto litúrgico esteve a cargo do Coro Paroquial. Este ano os Aljustrelenses a residir fora da vila, bem como muitos forasteiros, contribuíram para encher a Igreja Matriz, em noite tão especial para se celebrar, todos juntos, enquanto família de Deus, o nascimento de Jesus Salvador. O mesmo aconteceu no dia seguinte, dia da Solenidade do Natal do Senhor, 25 de Dezembro. A 1 de Janeiro, Dia Mundial da Paz e Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, a comunidade mais uma vez se reuniu à volta da mesa do altar, para, em Jesus, no sacramento da Eucaristia, cantar também os louvores a Maria, a Mãe de Deus e Nossa Mãe, e assim também dar graças por mais um ano que passou e pelo novo ano que se iniciou. Nas vésperas do Baptismo do Senhor, dia 8 de Janeiro, teve lugar o já tradicional Concerto de Reis e Ano Novo, com os Coros Paroquiais de Aljustrel e S. João de Negrilhos, acompanhados pelo Grupo de Metais da SMIRA, que interpretaram vários temas alusivos ao Natal e Epifania. O Grupo de Metais fez a abertura do concerto, com a interpretação de algumas peças de musica clássica. Numa noite chuvosa, foram muitos os paroquianos de Aljustrel e S. João de Negrilhos, que se reuniram, na imponente e engalanada Igreja Matriz, para assistir ao concerto, que se realiza há já seis anos, desde a vinda do actual Pároco para Aljustrel. As instituições da terra fizeram-se representar, e entre estas contavam-se, a Vereadora da Câmara Municipal de Aljustrel, Professora Conceição Parreira, o Presidente da Junta de Freguesia de Aljustrel, o Presidente da Direcção da SMIRA e o Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aljustrel. A noite terminou com as boas festas da Vereadora da Câmara Municipal e do Pároco. No dia seguinte, após a Eucaristia Dominical, teve lugar o almoço de Reis e Ano Novo, da comunidade praticante da vila mineira, com presença também de alguns convidados, entre os quais as entidades oficiais da vila e a comunidade religiosa das Irmãs Doroteias de S. João de Negrilhos. E, como não podia deixar de ser, o almoço terminou com o convívio entre todos e com cânticos alusivos a época festiva. Tiago Pereira Notícias de Beja – 7 Pequenos Violinos da Metropolitana Concertos de Ano Novo em Beja, Évora e Portalegre A Direcção Regional de Cultura do Alentejo vai promover três concertos de Ano Novo pelo agrupamento de Pequenos Violinos da Metropolitana, que terão lugar no mês de Janeiro, com o apoio dos respectivos municípios. Os concertos estão programados para o dia 16, no Teatro Garcia de Resende, em Évora; para 22, no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre; e para 29, no Pax Julia – Teatro Municipal de Beja, sempre às 18:00 horas. Dirigido por Inês Saraiva, Pequenos Violinos da Metropolitana é o mais jovem agrupamento da Metropolitana – constituído por alunos do Conservatório de Música que a integra – que faz uma abordagem da música através do método de ensino concebido pelo japonês Shinichi Suzuki, em meados do século XX, baseado numa aprendizagem do instrumento por via da assimilação intuitiva. Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras Cardio Luxor Avenida da República, 101, 2.º A-C-D Lisboa - Tel.: 217 993 338 SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA Campanha de ANIVERSÁRIO Preços Especiais Sinos Órgãos Clássicos Viscount | Rodgers | Roland Relógios de Torre Lampadários Electrónicos de Madeira e Metal Máquinas de contagem de Dinheiro Fabricantes e distribuidores em exclusividade para Portugal e Espanha Rua Cidade do Porto - Ferreiros - 4705-084 Braga Telefone 253 605 770 | Fax 253 605 779 www.jeronimobraga.com.pt | [email protected] Leia, assine e divulgue “Notícias de Beja” o jornal da Diocese 13 Janeiro P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Director: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Telef. 284 322 268 / Fax: 284 322 386 E-mail: [email protected] http://www.diocese-beja.pt Assinatura 26 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2011 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 11 de Janeiro de 2011 Ditos e Feitos Registado Deste Mundo e do Outro Bispos acolhem 2011 com alertas Vários bispos portugueses assinalaram o início do novo ano com alertas contra a discriminação da dimensão religiosa na esfera pública, criticando mesmo o que classificam como “campanhas” contra a Igreja. No Porto, D. Manuel Clemente apontou o dedo a “ideologias redutoras ou impositivas, como seria o caso do laicismo ou do fundamentalismo religioso”. “Trata-se de servir pessoas concretas, habilitando-as para a escolha consciente e responsável ; não se trata de governar as pessoas contra elas próprias, escolhendo por elas e até antes delas o que houvessem de crer e fazer”, disse, numa homilia proferida a 1 de Janeiro. Segundo D. António Carrilho, assiste-se no país a “uma subtil campanha contra a religião católica, não só com perseguição e consequentes perdas de vidas humanas, mas também contra os símbolos que recordam os mistérios da nossa fé”. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, disse, na sua homilia de ano novo, ser necessário “vencer todas as tentações de fundamentalismos radicais ou de hostilidades agressivas que ponham em risco, em formas extremas, o diálogo entre as instituições civis e religiosas”. D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, alertou, por sua vez, para a actual situação de crise económica, sublinhando que para a vencer “não são suficientes medidas emergentes” como a do Fundo Social Diocesano” Escolas Católicas preparam-se para processar o Estado A Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) prepara-se para processar o Estado, alegando «má fé e falta de respeito» em relação aos contratos assinados com os estabelecimentos de ensino privados para o presente ano lectivo. A associação quer que seja reposta a contratualização inicial ou, pelo menos, que seja negociada de forma clara, «sem má fé, um pressuposto financeiro que torne viável a continuidade do ensino particular e cooperativo» afirmou o padre Querubim Silva, presidente da APEC e também director do Colégio de Calvão, em Vagos. Actualmente existem 93 escolas privadas com contrato de associação, que abrangem um total de 2.120 turmas, prevendo a tutela iniciar este mês a reavaliação de todos os contratos. O Secretário de Estado Adjunto e da Educação escusou-se a comentar a notícia de que as escolas católicas vão processar o Estado e afirmou que o Governo mantém a sua posição. Dependência alimentar de Portugal Temos de importar mais de 60 por cento da carne que consumimos, deixámos de ter produção de açucar e só há pouco tempo começámos a plantar olival. E temos de importar praticamente tudo o que consumimos em matéria de cereais, até mesmo para alimentar o gado nacional. Nos últimos dez anos, o défice da nossa balança comercial alimentar disparou 23,7 por cento. Os portugueses estão cada vez mais dependentes do estrangeiro para comer e, por isso, cada vez mais vulneráveis a uma escalada dos preços das matérias-primas alimentares como a que está a acontecer agora. De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), os preços das matérias-primas alimentares nunca estiveram tão altos como agora. O índice da FAO, que reúne 55 produtos diferentes, atingiu em Dezembro o recorde histórico, depois de ter estado a subir durante seis meses consecutivos. O açúcar, os óleos e os lacticínios acumulam as maiores subidas desde 2009, mas os cereais e a carne também estão a aumentar. Os perigos do tabaco Numa altura em que muitos estudos comprovam o “rastilho” director que existe entre o tabaco e as várias patologias respiratórias, o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, recentemente apresentado no congresso da Fundação Portuguesa do Pulmão, vem alertar que todos os anos são diagnosticados 3500 novos casos de cancro do pulmão e que em metade dos casos a doença já é detectada em fase avançada, afectando outros órgãos. Em 2008, o primeiro ano em que se registou uma ligeira redução para os homens, morreram 3681 portugueses com esta patologia oncológica - um aumento de quase 19 por cento face a 1999. Perto de 750 óbitos foram de mulheres, contra 1800 mortes por cancro na mama. Alberto Batista AAssassinados história do desporto em 2010rei 23 missionários católicos A Fides, agência do Vaticano para o mundo missionário revelou que 23 agentes pastorais foram assassinados em 2010, com destaque para o continente americano, com 15 mortes. O número é inferior ao de 2009 (37 mortes), que tinha sido o mais elevado na última década, mas ultrapassou o registo de 2008 (20). Na lista divulgada pela Fides encontra-se um bispo, 15 sacerdotes, um religioso, uma religiosa, dois seminaristas e três leigos. “Esta é apenas a ponta do icebergue de uma situação crítica que atinge cada vez mais a comunidade cristã no mundo”, refere a agência da Congregação para a Evangelização dos Povos. O caso mais mediático foi o assassinato do bispo italiano Luigi Padoveses, presidente da Conferência Episcopal da Turquia, que teve lugar no dia 3 de Junho. No Iraque, dois sacerdotes perderam a vida no ataque terrorista contra a catedral siro-católica de Bagdad, a 31 de Outubro, que deixou mais de 50 mortos. As seis mortes na Ásia são ultrapassadas pelas 15 que aconteceram na América, cinco das quais no Brasil. O elenco destas mortes refere-se não só aos missionários “ad gentes”, mas a todo o pessoal eclesiástico que faleceu de forma violenta ou que sacrificou a sua vida consciente do risco que corria. A Fides explica que entre os membros desta lista “provisória”, vários “foram vítimas da mesma violência que estavam a combater ou da disponibilidade para ir ao encontro dos outros, colocando em segundo plano a sua segurança pessoal”. Muitos foram assassinados em tentativas de assalto ou sequestro. Os números da agência mostram que desde 1980 morreram quase mil missionários, com destaque para as vítimas provocadas pelo genocídio do Ruanda, em 1994. Desde 2001 houve já 253 mortes registasa pela agência do Vaticano. ANove história desporto rei mildo portugueses rezam via Internet São já nove mil os portugueses que fazem a sua oração diária recorrendo às meditações que descarregam da Internet a partir do site www.passo-a-rezar.net, segundo notícia publicada esta semana pelo “Diário de Notícias”. São dados exemplos de pessoas que saem todos os dias de casa ao som da oração que descarregaram para o telemóvel ou leitor MP3. Normalmente, essas pessoas aproveitam o trajecto a pé ou nos meios de transporte de casa até ao trabalho para terem o seu momento diário de fé. O projecto da Companhia de Jesus surgiu em Inglaterra (com o site www.pray-as-you-go.org) e chegou a Portugal há 10 meses, contabilizando já mais de um milhão e meio de downloads. O site que pôs muitos portugueses a rezar através do mp3, iPod, e agora também do telemóvel, conta recentemente com uma cersão brasileira e, em breve, será lançado em Espanha. Neste site é disponibilizado um ficheiro gratuito com 10 a 11 minutos de duração, onde são recitados excertos da Bíblia - quase sempre relacionados com as leituras da liturgia do dia -, acompanhados por música e textos de meditação escritos por Jesuítas, religiosas e alguns leigos. Artistas, jornalistas ou simples crentes dão voz aos textos gravados nos estúdios da Rádio Renascença em Lisboa e Porto. Depois do lançamento da oração diária “Rezar o meu dia” e o formato “Pausas na beleza” - com textos do escritor e sacerdote Tolentino Mendonça e a voz de Pedro Granger-, o site disponibiliza já uma nova modalidade, intitulada “Ao ritmo dos Salmos”. Esta versãorei fimA história do desporto de-semana é baseada nos salmos, os poemas da Bíblia, e tem uma duração mais longa, de 15 minutos. Direito à Liberdade Liberdade é cada um poder agir de acordo com a sua consciência honesta, sem limites nem pressões. É poder: votar, expressat opinião, praticar uma religião, circular pelo mundo, reunir-se em associações... - No mundo, perto de metade da população mundial vive em países que garantem a liberdade: 3.89 mil milhões de pessoas; 2,3 mil milhões vivem em países parcialmente livres e 1,3 mil milhões não têm liberdade. - São 89 os países onde os cidadãos gozam de liberdade. Considera-se parcialmente livres 58 Estados. Em 47, não há liberdade, isto é, são anulados os direitos políticos e a liberdade cívica dos cidadãos. - Em África, 13 países onde havia democracia passaram a militar a liberdade. - Nos países lusófonos. Angola é o único Estado não livre. São par- cialmente livres Guiné-Bissau, Timor-Leste e Moçambique. Garantem a liberdade em Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. - No início deste terceiro milénio, apenas 16 dos 194 países do mundo fizeram progressos para garantir uma maior liberdade às populações. Recordes estranhos * Um Jaguar XJ6 conseguiu ficar ligado por 866 horas 44 minutos e 54 segundos (cerca de 36 dias), sem qualquer problema. * O inglês Tom Shufflebotham é encantador de minhocas, em 30 minutos conseguiu atrair nada menos que 511 destes animais para fora da terra. * A maior piscina do mundo tem 480 metros de comprimento e está situada na cidade marroquina de Casablanca. Bom humor - O que acontece quando um elefante se apoia numa pata? - O pato fica viúvo. - Como é que se mata uma planta? - Fazendo-lhe a folha. - Qual é o cúmulo do basquetebol? - Atirar a bola à cesta e ela cair no sábado. - Qual é o antónimo de skate? - Molhei-te! - Porque é que a manteiga não entrou na discoteca? - Porque foi barrada à porta. - Um homem rouba sinos de igreja e coloca-os num forno. Qual é o nome do filme? - Assa sinos. Estão dois dinossauros a comer semáforos num cruzamento e diz um para o outro: - Eh, não comas esse, que está verde! Iam dois amendoins na rua. Um contou uma anedota, o outro descascou-se a rir. - Porque é que o livro de matemática morreu? - Tinha muitos problemas. - O que é que o ponteiro grande do relógio diz para o pequeno? - Não te vás embora, que eu volto daqui a uma hora. - Porque chegaste tarde à escola? - Porque a companhia tocou antes de eu entrar. - Hoje o dia está fresco!!! - Pois claro que está, se é de hoje... - Qual é o pior defeito?? Ignorância ou indiferença?? - Não sei nem me interessa! A.B.
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