Michael Einziger: Gravação Caseira
Transcrição
Michael Einziger: Gravação Caseira
Eu preciso admitir que trabalho com gravadores de fita Studer desde os meus 16 anos e, quando as primeiras versões do Pro Tools foram lançadas, eu fui muito contra. Eu pensava ‘Como você pode gravar música em computadores? Isso vai soar horrível!’. Mas, com o tempo, o programa ficou melhor. Na verdade, eu comecei a trabalhar com o Pro Tools bem no início e sempre consegui obter os sons que eu queria. Então eu nunca tive problemas a respeito das coisas serem analógicas, digitais, ou o que fossem, e eu tenho um sistema Pro Tools no meu estúdio em Malibu. A música é o mais importante. Se ela, o arranjo e a execução forem ótimos, eu não vejo nenhum motivo para você não conseguir fazer um ótimo som com qualquer sistema de gravação que estiver usando. Sempre é uma maneira de armazenar uma ideia, e o mais importante é a própria ideia.” Acerte na fonte Com esta filosofia em mente, o plano para If Not Now, When? era gravar tudo na fonte exatamente da maneira que o grupo queria que soasse, e que o engenheiro continuamente fizesse mixagens não processadas conforme eles progrediam, para que as mixagens finais de O’Brien fossem, até certo ponto, uma questão de simplesmente equilibrar o que já existia. “Durante todas as sessões de gravação, tentamos fazer as coisas soarem da maneira que queríamos logo no começo, na fonte,” diz Syrowski. “Isto significou escolher os amplificadores, microfones e cadeias de sinais corretos, além de adicionar quaisquer efeitos que quiséssemos ter durante a gravação. Não adotamos a idéia de arrumar depois na mixagem, mixamos no momento em que estamos gravando. Quando a banda entra aqui depois de um take e quer ouvir o que fizemos, queremos que soe como um álbum. Para fazer isso, precisamos ter todos os efeitos rolando durante a gravação. Se as coisas soam ótimas, e existe um delay, reverb ou outra coisa acontecendo, os músicos vão tocar melhor. Teremos melhores performances, porque eles sentirão mais a vibe”. “Eu e Brendan fomos bastante meticulosos sobre os sons que queríamos ouvir, fosse o baixo estando muito grave ou as guitarras precisando de mais agudos. Sempre existiam discussões sobre como faríamos as coisas. Ao mesmo tempo, temos um setup de microfones que usamos com frequência. Eu diria que, nos últimos dois anos, na maior parte do tempo eu usei mais ou menos o mesmo setup de microfone, Michael Einziger: Gravação Caseira Michael Einziger gravou a maioria das suas guitarras no seu estúdio Casa Chico em Malibu. Recentemente, ele estudou música na Harvard University, e empregou alguns conhecimentos adquiridos nos seus arranjos para o álbum, que ele também gravou em casa. Ele explica: “Gravamos minhas guitarras em Nashville e no Henson, mas depois eu levei os tracks para casa para refazê-los. Eu gosto de gravar as minhas coisas no meu estúdio, porque gosto de passar um tempão escutando e experimentando coisas diferentes, e não gosto da sensação de trabalhar com hora certa, com pessoas esperando que eu acabe. Então eu prefiro gravar sozinho. Eu gravei violões com uma combinação de SM57 e Neumann U87, ambos passando pelo conjunto de pré-amplificadores Neve que eu tenho – não me lembro do número do modelo. Ao se tratar das guitarras, eu gosto de usar amplificadores de guitarra menores. Eu tenho um Fender Pro Reverb e Super Reverb e um combo Mesa Boogie Rectifier, e gosto muito do som deles. Eu gravo com um SM57 próximo ao falante e depois pego um U87 e coloco a uns 3m de distância. Na canção ‘Tomorrow’s Food’, eu coloquei o amplificador em outra parte da minha casa. Eu tenho um corredor bem comprido, com uns 9m de comprimento, e tenho um banheiro em um lado que é todo feito com telhas de pedra. Eu coloquei um microfone no banheiro e o outro na outra ponta do corredor, a 9m de distância do combo, e obtive uma imagem estéreo muito legal de todo este espaço. Foi isso que criou aquele som de guitarra bem distante na música. O divertido de gravar em casa é poder experimentar coisas assim.” A única pessoa com créditos de cordas em If Not Now, When? é a violinista Anne-Marie Simpson. Einziger explicou como ele criou uma orquestra no seu home studio com apenas uma pessoa tocando. “Eu tinha escrito todas as partes. que não mudamos muito. Além disso, se a bateria soa ótima na sala, não importa tanto qual microfone é usado. Então a primeira coisa é sempre fazer os próprios instrumentos soarem ótimos. Normalmente, durante as sessões, eu chego cedo, monto tudo e faço soar bem, e depois Brendan chega e faz algum comentário se ele acha que algo não soa muito bem ou precisa soar diferente. Quando trabalhamos em Nashville, eu gravei praticamente tudo na Neve [8078], que é modificado para ser um console inline. Ele funciona como um SSL e eu o adoro por causa disso, e ele soa ótimo.” Microfonação da bateria “Para gravar a bateria, Brendan tem um microfone AKG D30 que usamos no bumbo. É um microfone da época dos Beatles. Além dele, eu uso um [Sennheiser] 421 dentro do Eu não fiz um rascunho com samples, então foi engraçado, você tem todas essas coisas no papel e espera que, depois de ter gravado tudo, tirado o mute de todos os canais e aumentado todos os faders, aquilo soe incrível! Eu acho que tivemos sorte, porque os arranjos de cordas realmente soaram incríveis. Eu e Anne-Marie gravamos cada parte individualmente, uma depois da outra, e eu as sobrepus para fazer soar como um grande arranjo de cordas. Eu me diverti bastante fazendo isso. Eu usei um U87 no violino dela durante praticamente o tempo todo, novamente passando pelos meus prés de microfone Neve. As minhas cadeias de sinal são muito simples e eu me esforço para fazer tudo soar ótimo. Qualquer compressão ou outros efeitos são feitos no computador. Eu tenho um monte de plug-ins – não sou nem um pouco contra eles. E tenho um monte de pedais de guitarra e adoro o fato de que tudo está bem na sua frente e você não precisa trabalhar com menus e coisas assim. Mas, novamente, depende de quem está fazendo a música e de quem está controlando o equipamento. A qualidade do som não tem nada a ver com ser digital ou analógico.” bumbo, um Shure SM57 e um [AKG] 451 em cima da caixa e, para overheads, eu usei [Neumann] KM86s. Eles são condensadores de diafragma pequeno e eu tinha acabado de comprar alguns e adorei usá-los em praticamente tudo. Eu tinha um 421 em cima e um SM57 embaixo de cada um dos tom-tons, indo para o console através de um cabo Y, então os sinais do 421 e do 57 eram misturados no cabo e chegavam em um fader no console. Por algum motivo, isso funciona e soa ótimo. Também tínhamos o que chamamos de microfone de bumbo/ caixa, que é um AKG 414 em figura de oito colocado logo abaixo da caixa, virado para o batedor do bumbo e a parte inferior da caixa. Mudamos a sua posição até o bumbo e a caixa terem aproximadamente o mesmo nível de volume. “A respeito dos microfones ambientes de bateria, eu tinha [Neumann] U67s como w w w . s o u n d o n s o u n d . c o m . b r / Novembro 2011 121
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