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Jornal Umbandista Português
P a l a v r a d o
Dirigente
História(s) da
A. T. U. P. O. - A
“Doutrina para
as crianças”
ŽA Mediunidade
Distribuição Gratuita | Maio | Junho | 2009 | Nº 003
A Fumaça Sagrada
Interessante reportagem sobre a origem e a
utilização do fumo nos diversos cultos e religiões
Pag. 4 e 5
?Maior festa
religiosa do Brasil
em 2009 de
homenagem ao
Orixá Ogum
‘L e n d a d e
Ogum - “Ogum
ensina aos
Homens as artes
da Agricultura”
’“Umbanda Fé Cristã”
?Homenagem a
Z u m b i d e
Palmares
?” S e m F o l h a
não há Orixa!”
Alecrim
e a Revolução
A . T . U . P . O . Ogum
d o s c r a v o s
celebra mais
Pag. 6
uma belissíma
cerimónia de
Casamento.
Pag.3
Fundamento
Palavra do Dirigente
Jornal Umbandista Português
2
“Caminho
da
A.T.U.P.O”.
Maio | Junho| 2009
Saudações a todos!
Nesta edição, falamos sobre Ogum, Orixá Guerreiro, essa grande força na Umbanda, cujo dia
é comemorado todos os anos na ATUPO!
Gostaria de partilhar com os leitores algo que aconteceu comigo, precisamente numa dessas
comemorações, na Atupo, há 4 anos atrás, se me recordo bem. Nesse dia, o Templo estava todo enfeitado com
panos vermelhos, os filhos usavam panos de costas e eu estava a ajudar a terminar uma mandala de flores, com
um ponto riscado de Ogum, todo ele formado por cravos brancos e vermelhos. Coloquei à volta duas espadas
cruzadas em metal, acendemos as velas e, por fim, dei início aos trabalhos.
Fizemos uma oração e, logo depois, resolvi cantar um ponto, conhecido por todos os umbandistas: “Nessa
Casa de Guerreiro,Vim de Longe pra Rezar......”. No final, quando estava prestes a fazer o meu discurso habitual,
em que ia falar de Ogum e explicar às pessoas da assistência o significado dessa força na Umbanda, sinto em
mim uma voz. Era a voz de meu pai Ogum, Sr. Sete Ondas, dizendo:
“-Fale de mim hoje, meu filho, não como o Guerreiro e sim como o Ferreiro! O ferreiro é aquele que
transforma o ferro e os metais em ferramentas, instrumentos e armas; é aquele que materializa as suas ideias, a
partir daquilo que está estabelecido e que vem da terra, através de um trabalho árduo e duro. Para isso, utiliza o
fogo, o fole, o martelo e a bigorna, até conseguir obter a ferramenta, a arma ou o instrumento idealizado, para
usar tanto na terra, enquanto ferramenta, ou como com uma arma para defender a vida e não para provocar a
morte. Por isso, meu filho, que o homem faça como o ferreiro, que idealize o que quer para sua vida, que forje
no fogo o metal que está na terra e trabalhe arduamente, para aquilo que idealizou, e o seu resultado será a
conquista! Essa é uma maneira de transformar tudo o que não está bem em nossas vidas, um pensamento, e de
trabalhar duramente, até atingirmos aquilo que nos propomos!”
Depois disso, passei a mensagem a todos aqueles que estavam presentes e saravei o ensinamento do dia,
transmitido por Ogum!
Salve Meu Pai Ogum!
Pai Claudio de Oxalá
A.T.U.P.O
História(s) da A.T.U.P.O.
A “Doutrina para as crianças”
J
esus Cristo disse um dia “Deixai vir até
mim as criancinhas porque delas é o
Reino dos Céus!” quando os Seus discípulos
as tentaram afastar de si. Com suas palavras,
mostrou-nos a importância das crianças, a
sua força, que só com pureza no coração e
agindo com espontaneidade, tal qual uma
c r i a n ç a , é q u e p o d e m o s e vo l u i r
espiritualmente!
No dia um de Junho, celebra-se o Dia
Mundial da Criança,onde as crianças de todo
o mundo são homenageadas e os seus
direitos, consagrados na Declaração dos
Direitos da Criança pela Assembleia das
Nações Unidas, são relembrados. E elas têm
o direito a viver e crescer no seio de uma
família que lhes garanta todas as
necessidades básicas e lhes proporcione uma
educação e formação que lhes permita
crescer de forma harmoniosa, tornando-se
adultos responsáveis e de boa índole.
Na ATUPO, sempre houve uma
preocupação em garantir às crianças uma
educação religiosa, baseada em valores
éticos e morais como a caridade, a
humildade, a ajuda ao próximo, para que
quando cresçam, continuem a carregar a
bandeira de Oxalá até onde é mais precisa,
porque são elas o futuro da nossa Umbanda!
As próprias crianças demonstravam essa
Mousse de Frutos do Bosque
Recheio:
* 600 ml de leite de arroz
* 2 colheres de sopa de agar-agar (Alfacinha )
* 2 colher de sopa de amido milho
* Xarope de groselha q.b.(até obter a cor e o doce necessário)
*125 ml de natas de soja
* 100 g de frutos do bosque
Preparação:
Demolhe o agar-agar em água (só até cobrir) durante 30 minutos. Num
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vontade. Se aos mais pequenos bastava o
passe de um caboclo, as histórias de um
preto-velho ou a alegria de um baiano, as
mais velhas manifestavam também a
necessidade de saber mais sobre os Orixás,
sobre as várias linhas de trabalho, sobre a
Umbanda.
Com tudo isso, surgiu a Doutrina
Umbandista para as Crianças, sendo
inicialmente ministrada para os filhos dos
médiuns da casa com idades entre os 7 e os
14. Actualmente, outras crianças participam
nas sessões, quer por iniciativa ou indicadas
pelas entidades.As actividades realizadas são
várias,de cariz pedagógica e lúdica,porque se
aprende brincando, mas sempre numa
vertente religiosa. Têm como objectivo
sensibilizar as crianças para questões de
carácter religioso, social e cultural,
desenvolvendo nelas o espírito crítico e de
solidariedade. Acima de tudo, pretendem
proporcionar-lhes uma formação religiosa
assente nos princípios da Umbanda,
respeitando e fazendo cumprir o 10º direito
da criança em “ser educada num espírito de
compreensão, tolerância, de amizade entre
os povos,de paz e de fraternidade universal e
em plena consciência que seu esforço e
aptidão devem ser postos a serviço de seus
semelhantes” M.N.
tacho leve ao lume o leite com o agar-agar até este estar bem dissolvido.
Acrescente o xarope de groselha lentamente mexendo sempre até obter
uma cor rosada e homogénea.
Junte de seguida o amido de milho desfeito nas natas frias e as frutas.
Envolva sempre até engrossar em lume brando. Prove e se preferir mais
doce pode acrescentar 1 colher de geleia de arroz, passe uma forma de
pudim por água fria, escorra e verta o preparado. Quando estiver morna
leve ao frigorifico para solidificar.
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Rua D.Gonçalo Pereira ,75 - 4700 Braga - Contacto:253 261 021
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Maio | Junho| 2009
O
Casamento
N
o passado dia 7 de Março
de 2009, na sede da
A.T.U.P.O. , celebrou-se a cerimónia
de casamento entre Paulo e Tânia.
Umbandistas há já alguns anos,
frequentadores assíduos do templo,
manifestaram vontade de celebrar a
sua união através da sua religião: a
Umbanda.
A cerimónia é realizada pelo
Guia Chefe da linha de Baianos, Sr.
Pé-de-Vento, contando com a
presença de toda a corrente
mediúnica do templo e dos
U
na
convidados.
Nesta cerimónia, os noivos têm a
oportunidade de escutar as sábias
palavras e conselhos do Sr. Pé de
Vento, que vão servir para reflectir
durante todo o tempo em que
caminharem juntos,uma vez que são
como um reflexo de tudo aquilo que
um casal vivencia durante toda a sua
jornada em conjunto.
Na celebração, são abençoados
quer pelo Sr. Pé deVento, quer pelos
Orixás da coroa de cada um, assim
como pela nossa Mãe Iemanjá, que
abençoa a família que se inicia e
Mamãe Oxum, testemunha do
sentimento que une dois seres
humanos num novo caminho.
No final, os noivos soltam dois
pombos brancos, símbolos da
harmonia, paz, tranquilidade e
mensageiros dos desejos de cada
um para esta nova etapa que se
inicia.
3
“Acontece
na
A.T.U.P.O”.
Umbanda
Maio
Toda a cerimónia é repleta de
emoções, sensações e sentimentos
que nos enchem o coração e nos
fazem sentir felizes por estarmos
vivos,sermos quem somos e termos
a religião que temos: a nossa
Umbanda. L.L.
A Mediunidade
ma das características da Umbanda que mais fascina e, simultaneamente, mais assusta as pessoas que
frequentam umTemplo Umbandista é a mediunidade;mais especificamente as incorporações.
O termo mediunidade foi criado pelo codificador do espiritismo, Allan Kardec, no final do século XIX,
querendo assim designar a capacidade do ser Humano em comunicar-se com o plano astral,sendo designado por
médium todo o indivíduo capaz de servir de meio de comunicação ou intermediário entre o plano físico e o
plano astral. O fenómeno mediúnico caracteriza-se pela cedência do corpo e da mente, por parte do médium a
outra inteligência, a outro espírito. Ou seja, o médium percebe ou capta a presença de espíritos, de seres e de
energias de outros planos astrais.
Aqui coloca-se uma questão: todas as pessoas são médiuns? Existe alguém que de alguma forma não tenha
alguma interacção, ou que não sofra nenhuma influência de outros planos, dos espíritos, e que por tal não seja
considerado médium? Certamente a resposta será que, de uma forma ou de outra, sempre seremos
influenciados, e sentiremos a presença de outras energias e espíritos, considerando-se por isso que todos os
seres humanos são médiuns. No entanto, é necessário distinguir a “mediunidade comum” da “mediunidade de
trabalho”. Para além da intuição e da sensibilidade às energias que nos rodeiam, que são consideradas as
manifestações mais comuns da mediunidade e que todos possuímos em maior ou menor grau, existem outras
formas de manifestação da mediunidade que permitem que um individuo sirva de meio de comunicação directa
entre os planos astral e físico,possibilitando que os espíritos,guias ou entidades expressem a sua vontade,força e
palavras de forma inteligível. São estas formas de mediunidade que são consideradas “mediunidade de trabalho”
entre as quais contamos com a incorporação, a vidência, a psicografia, a mediunidade de cura, entre outras. Mas é
importante esclarecer que a“mediunidade de trabalho” em hipótese alguma constitui um dom ou uma dádiva ou
torna alguém melhor, mais especial ou abençoado que os seus semelhantes. É sim, uma faculdade que nos foi
atribuída por Deus, para que através da mesma possamos resgatar as nossas dívidas kármicas e simultaneamente
transmitir a vontade e a força dos Orixás, permitindo que outros espíritos possam receber a ajuda das energias
divinas e evoluir. Ou seja, o médium é um espírito igual a todos os outros, e como todos, deve buscar o seu
aprimoramento, abdicando das suas vaidades, orgulhos e do seu egoísmo. É um ser que dentre inúmeras
ferramentas que os Orixás nos dão, recebe a ferramenta chamada mediunidade. Mas, ao mesmo tempo em que
não é um dom com certeza é uma responsabilidade,pois deverá fazer bom uso da sua faculdade.Se a mediunidade
é um instrumento, uma ferramenta, cabe a cada médium, utilizá-la com muita fé, amor e responsabilidade. Ser
médium implica uma profunda reforma íntima, designadamente a nível moral, de valores e atitudes, ou seja, da
forma de ser e estar na vida.Assumir a responsabilidade do exercício da mediunidade é assumir o caminho da
rectidão,da fé e do amor incondicional.
Muito mais há para dizer sobre a mediunidade,mas fica para uma próxima oportunidade.
Que Oxalá abençoe e ilumine a todos. B.C.
S T Q Q S
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Gira de Pretos - Velhos - 16:30 h
Gira de Baianos - 16:30 h
Gira de Boiadeiros - 16:30 h
Gira de Marinheiros (serão dadas
informações sobre a hora e local na
sede da A.T.U.P.O.)
Gira de desenvolvimento
(sem assistência)
Trabalho de Cura (apenas para
pessoas indicadas pelas entidades)
Reunião do Grupo de Jovens FATUPO
Curso de Umbanda - nível 1
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4
“A nossa
Reportagem”
Maio | Junho | 2009
A Fumaça Sagrada...
“Em eras remotas, o cigarro tinha o dom de
afugentar os maus espíritos. Em sagradas pajelanças,
guerreiros recebiam lufadas de fumo exortando a força
e a coragem.Fumar simbolizava comunhão,o cachimbo
da paz, pórtico de enlevo para os céus, nos luares de
todos os sertões. Curandeiros presidiam cultos
utilizando-se do tabaco, e o fumo e seu incenso
irmanavam cânticos e danças em litúrgicas bênçãos.”
(Romildo Sant'Anna)
O Homem utilizou desde sempre o fumo e os seus
odores sob a forma de oferendas, em agradecimento aos
seus Deuses e, também, como meio de purificação de
ambientes,pessoas e depuração das energias.
Desde a antiguidade que as libações de incenso são
utilizadas, e hoje como antes, os efeitos de um bom incenso,
preparado magicamente, podem ter os mais variados usos,
trazendo paz de espírito, prosperidade e limpeza. Associase o uso dos incensos à purificação e à elevação a Deus,
gerando a fumaça bem-estar e protecção. Encontramos,
assim, a origem do uso xamânico do fumo como "Erva
Sagrada" enteógena (que leva a Deus).
Na espiritualidade, o poder do incenso mostra-se ainda
mais amplo e a sua função de limpeza imprescindível, num
conjunto de energias transmutadas de ervas, litúrgicas ou
não, que, de acordo com suas funções, ocasionam uma
grande mudança na nossa percepção e disposição, porque o
incenso limpa e facilita o nosso acesso a um padrão
vibratório mais propício à prática litúrgica.
Se a defumação é sagrada e consagrada pelo mundo
inteiro,desde os monges tibetanos até os padres católicos,o
turíbulo (pequeno incensário feito de metal ou barro)
do Guia é o charuto, o cachimbo ou o cigarro. Faz parte da
cultura indígena e,por extensão,da Umbanda.Não devemos
confundir a fumaça do charuto com a defumação através de
ervas.Ambas têm funções importantes na religião, mas são
usadas de forma diferente pelos guias espirituais. Estes
não fumam no sentido vulgar da palavra, usam o
fumo e a fumaça para fazer uma defumação
direccionada, unindo o sopro, intenção e elemento
para alcançar o resultado pretendido, seja pelo
charuto do caboclo ou do exu, pelo cachimbo do pretovelho ou pelo cigarro do baiano. Para os xamãs “pelo sopro
Deus fez o homem”; o sopro, nosso vento pessoal, é um dos
mais importantes ingredientes de cura para os xamãs e para
muitas outras tradições, pois o sopro liberta-nos, dá-nos
vida.
O fumo comporta em si os 4 sagrados
elementos; terra (pela sua origem vegetal), fogo
(quando aceso), ar (onde se desenvolve a fumaça) e
água (na sua humidade relativa). Estes elementos e
a sua transmutação serão abordados em artigo a
publicar oportunamente, cabendo-nos agora
centrarmo-nos no uso do fumo litúrgico nos seus
diversos aspectos.
PARTE I: Fumaça e Defumação
Ninguém sabe quando a humanidade começou a
usar as plantas aromáticas. Há evidências do período
Neolítico de que ervas aromáticas eram usadas em
culinária e medicina, e que ervas e flores eram
enterradas com os mortos.A fumaça ou fumigação
foram provavelmente um dos usos mais antigos das
plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses.
Gradualmente, um conjunto de conhecimentos sobre
as plantas foi acumulado e passado a centenas de
gerações de xamãs, assim como as lendas associadas à
Criação, como a mítica história das deusas pássaro.
Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos, assim
como nas artes curativas.
Origens e Religiosidade
·
Os sacerdotes e sacerdotisas Egípcios eram as
únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas
substâncias. Quando o Egipto se fez um país forte, os seus
governantes importaram de terras distantes incenso,
sândalo, mirra e canela. Os faraós congratulavam-se em
oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de
madeiras aromáticas, gomas, resinas e perfumes de plantas,
queimando milhares de caixas desses materiais preciosos.
Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes
com óleos aromáticos. Queimava-se muito incenso nas
cerimónias do templo, durante a coroação dos faraós e
rituais religiosos. Queimavam-se também em enterros, para
neutralizar odores e afugentar maus espíritos.
Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como
incenso à deusa Inanna. Mais tarde, os Babilónios
perduraram rituais,queimando esse suave aroma nos altares
de Ishtar. Acreditava-se que a direcção que a fumaça
levantava determinaria o futuro – se a fumaça se movesse
para a direita, a resposta era o êxito; se movesse para a
esquerda,a resposta era o fracasso.
A Aromaterapia tem sido uma parte essencial do ritual
religioso hindu e budista desde o tempo dos Vedas, cuja
idade pode ser estimada em 5.000 a.C. O incenso favorece
um estado meditativo, por isso ele também foi incorporado
pelos budistas, que são naturalmente adversos a rituais
externos. É usado na iniciação de lamas e monges e é
Ervas Medicinais
Todas as indicações são preventivas e agem como terapia de ajuda, sempre em casos de doenças graves tem que as ter o acompanhamento médico, mas na hora de dor
de barriga é bom sabermos quais as nossas alternativas a Mãe Natureza proporciona ao homem uma infinidade de plantas com valores medicinais.
Calêndula - conhecida como bem-me-quer ou mal-me-quer, entre outros apelidos, a flor é adstringente, analgésica e antiabortiva. No caso de alergias, funciona como
antialergénico e antiespasmódico, além de combater inflamações, fungos, vírus e bactérias. Entre as propriedades ainda está a função de filtro solar, que protege contra
os raios UVA e UVB e clareia manchas na pele. No caso das mulheres, é responsável por regular a menstruação e reduzir o desconforto das cólicas. Na higiene bucal,
evita a gengivite.
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Maio | Junho | 2009
...A Fumaça Sagrada
oferecido aos bons espíritos nos cultos diários.
Os Gregos e Romanos acreditavam que as plantas
aromáticas procediam dos deuses e deusas. Queimavam o
incenso como obrigação e para protecção das casas. Em
Roma, usava-se nas ruas e em especial na adoração do
Imperador. O povo chegou a consumir tantos materiais
aromáticos que, no ano de 565, foi decretada uma lei que
proibia utilizar essências aromáticas pelas pessoas, com
medo de não se ter suficiente incenso para queimar nos
altares das divindades.
Os nativosAmericanos, vivendo em harmonia com a
terra, sempre a reverenciaram como geradora de vida.
Desde há muito que conhecem as propriedades de cura das
plantas, usadas em tendas de suor, dança do tambor, etc.
Queima-se salva branca, cedro, pinho e resinas para limpeza
de objectos e rituais de adoração. São usadas para a saúde e
o bem-estar da tribo.
Também para o povo Judeu, o incenso tinha um
significado de honra a Deus ou a um Rei. Diz o Salmo 140:
"Que minha oração suba até vós como o fumo do incenso."
(v.2) Na sua Sagrada Liturgia, o incenso passou a incensar o
Santíssimo Sacramento e demais sinais litúrgicos (o altar, a
cruz,as santas imagens,os sacerdotes,os fiéis),e passou a ter
um simbolismo litúrgico próprio. De acordo com o Zohar
(livro sagrado para os judeus cabalistas), oferecer incenso é
a parte mais preciosa do serviço doTemplo para os olhos de
Deus. A honra de conduzir este serviço é permitida
somente uma única vez na vida. Diz-se que quem teve o
privilégio de oferecer o incenso está recompensado pela
sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste
mundo e no seguinte.
Na Idade Média, os boticários queimavam ervas e sais
contra a peste.
E como esquecer a maravilhosa história Cristã dos três
Reis Magos, que presentearam com o Líbano e a Mirra o
5
“A nossa
Reportagem”
Mestre Jesus,quando ele nasceu?
Essas resinas aromáticas tornaram-se essências,
transformadas em incenso, de grande importância e
fragrância.
A defumação nas religiões Afro-brasileiras
·
Para o índio nativo, o fumo provinha de plantas sagradas
e a sua fumaça curava as doenças, proporcionando o êxtase,
dando poderes sobrenaturais e pondo o pajé em
comunicação com os espíritos. Deste modo, podemos
considerar que a adopção da fumaça como um elemento
ritual importante e depois como terapia é uma herança do
xamanismo. Deste, foram preservadas as ervas e raízes
nativas como base dos trabalhos e na prática da fumigação
magisticamente preparada.
Um dos primeiros fundamentos litúrgicos encontrados
em algumas religiões como o Tambor-de-Mina, o Catimbó,
ou o Batuque é o uso da defumação para curar doenças ou o
emprego do fumo para entrar em estado de transe, no
sentido da comunicação com o mundo dos espíritos, entre
os quais a alma viaja durante o êxtase.
Estas influências indígenas vão ter reflexo, mais tarde,
nos Candomblés de Caboclo e, anos depois, na Umbanda,
carregando esta, de igual modo, também uma herança
transposta quase directamente da cultura indígena para a
sua liturgia específica.
A defumação na Umbanda
·
A defumação é essencial para qualquer trabalho num
terreiro de Umbanda, bem como nos ambientes
domésticos. Este ritual é praticado com o objectivo de
purificar o ambiente (terreiro/residência), bem como o
corpo do médium e a assistência (pessoas que irão
participar da gira), purificando e depurando as energias
existentes e preparando o local para que o trabalho possa
decorrer em harmonia.
A defumação é feita com carvão em brasa,dentro de um
turíbulo (pequeno incensário feito de metal ou
barro), colocando-se no recipiente as ervas secas
escolhidas. Ao queimarmos as ervas, libertamos em alguns
minutos de defumação todo o poder energético aglutinado
em meses ou anos absorvido do solo da Terra, da energia
dos raios de sol, da lua, do ar, além dos próprios elementos
constitutivos das ervas. Deste modo, projecta-se uma força
capaz de desagregar miasmas e larvas astrais que dominam a
maioria dos ambientes humanos,produto da baixa qualidade
de pensamentos e desejos, como raiva, vingança, inveja,
orgulho,mágoa,etc.
Existem diferentes tipos de ervas para cada objectivo
que se tem ao fazer-se uma defumação que, associadas,
permitem energizar e harmonizar pessoas e ambientes,pois
ao queimá-las, produzem reacções diversas no plano
imaterial. Há vegetais cujas auras são agressivas e repulsivas,
e que afastam alguns desencarnados de vibração inferior,
servindo de barreiras fluídico-magnéticas.
Outros, harmonizando o ambiente, ajudam o médium e o
consulente a captarem com mais qualidade as energias
superiores, mantendo a mente da pessoa mais concentrada
e propícia a esta percepção.
A Defumação é assim um processo activo do
exercício da mediunidade de cada um e parte
importante da Liturgia da Umbanda, devendo ser feita com
muito rigor e cuidado. P.F./V.C.
Na próxima edição – Fumaça “de sopro”
Amizade é cultivar flores nos jardins do coração, retribuindo-lhes um pouco de compreensão..
É doar-lhes um poucode carinho, amor e muita atenção sem nunca esperar ou exigir retribuição.
É uma Rosa vermelha, com significado de amor, ou a simplicidade de um pequeno Lírio do Campo, branco, com mensagens de paz na terra, saudade
no coração , saúde e bastante amor.
É um Bem-Me-Quer danado de dor, por se afastar dos amigos para dar tempo de se recompor.
É um Cravo ou um Dente de Leão, uma Margarida , Brinco de Princesa ou um raro buquê de flores de imensa beleza...
Homenageie os amigos que você cultiva nos jardins suspensos do seu coração.
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6
“Umbanda
no
Mundo”
Maio | Junho| 2009
Maior festa religiosa do Brasil em 2009
de homenagem ao Orixá Ogum
N
o ultimo dia 26 de abril de 2009 foi realizada a
maior festa religiosa em Homenagem ao Orixá
Ogum do Brasil foi realizada na capital de São Paulo, no
Ginásio do Ibirapuera.
Com inicio às 10 horas as Curimbas dos templos do
PAI FONSECA da Tenda Sagrada Família Cacique Flecha
Dourada,PAI EDUARDO doTemplo de Umbanda Caboclo
Serra Negra E MÃE REGINA do Grupo Batuque de Nagô
deram abertura ao evento.
O grupo de dança africana Ilu Korin se apresentou logo
em seguida, abrindo as homenagens ao Orixá Ogum nas
tradições e costumes do Candomblé, um grupo muito
organizado e levantou o publico presente com suas
coreografias e músicas.
As 13hs deu inicio o Xirê em louvação a Ogum com a
participação de vários representantes do Candomblé que
destacamos os representantes das Nações: Angola
(Babalorixa Kajalacy), Jeje (Mejito Pai Dancy) e Ketu
(Yalorixá Carmem D'Oxum), que ficaram responsáveis
pelo comando da homenagem. Aproximadamente 300
pessoas caracterizadas com vestimentas tradicionais se
uniram aos mais de 100 Babalorixás e Yalorixás na grande
roda formada.
Às 15 horas foi realizada uma homenagem às lideranças
presentes onde Mãe Claudete foi destacada com referencia
religiosa e exemplo a ser seguido, não só como mãe, avó e
mulher, mas também como religiosa de posicionamento
firme e determinado. Pai Elcio D'Oxalá foi muito aplaudido
e festejado no momento da sua apresentação como um dos
homenageados.
A presença doVice Prefeito da Cidade de Carapicuíba
Salim Reis, que acumula o cargo de Secretario de Cultura,
foi destacada,principalmente pelo fato de não esconder seu
vinculo e profunda ligação religiosa com a Umbanda e o
Candomblé, comprovando que ele é de fato um Guerreiro
doAxé.
Em seguida deu inicio as Homenagens ao Orixá Ogum nas
tradições Umbandistas com a entrada da Imagem de São
Jorge ladeado por diversas autoridades políticas e religiosas
da Umbanda e do Candomblé, dentre as quais destacamos
PAI RUBENS SARACENI, OGÃ BASILIO D'XANGO, MÃE
NORMÃ D'YANSÃ, EGBOMI CONCEIÇÃO REIS entre
outros.
Levando o publico presente a grande vibração de
muito axé, momento de muita alegria. O publico presente
superior a 8 mil pessoas, cantaram e louvou São Jorge
Guerreiro,nosso pai ogum até as 18 horas.
No momento final deste evento foi realizado o sorteio
de uma Imagem de São Jorge de 1.20 m.doado pela Casa de
Velas Santa Rita e Imagens Bahia, que foram sem dúvida
alguma, os maiores apoiadores e incentivadores deste
evento.
Este evento contou com apoio e participação de vários
templos que através de 250 voluntários comandaram a
organização e a realização de toda evento.Veja o painel de
apresentação das lideranças que coordenaram a
preparação,e realização deste grande evento.
Em breve no site www.festadeogum.com.br centenas
de fotos e vídeos dos melhores momentos estarão
disponíveis para todos que desejarem ter copias.
Estamos convidando as pessoas que prestigiaram a
festa que deixem seu manifesto de apoio ou sugestões
por e-mail, todos serão publicados em nosso site.
Jornal do Axé
Lenda de Ogum - OGUM ENSINA AOS HOMENSASARTES DA AGRICULTURA
Ogum andava aborrecido no Orum (céu),queria voltar aoAiê (terra) e ensinar aos homens tudo aquilo que aprendera.
Mas ele desejava ser ainda mais forte e poderoso,para ser por todos admirado por sua autoridade.
Foi consultar Ifá,que lhe recomendou um ebó para abrir os caminhos.
Ogum providenciou tudo antes de descer aoAiê.
Veio aoAiê e aqui fez o pretendido.
Em pouco tempo foi reconhecido por seus feitos.
Cultivou a terra e plantou,fazendo com que dela o milho e o inhame brotassem em abundância.
Ogum ensinou aos homens a produção do alimento,dando-lhes o segredo da colheita,tornando-se assim o patrono da agricultura.
Ensinou a caçar e a forjar o ferro.
Por tudo isso foi aclamado rei de Irê,o Onirê.
Ogum é aquele a quem pertence tudo de criativo no mundo,aquele que tem uma casa onde todos podem entrar.
[Lenda do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi]
A leitura e análise desta lenda permite-nos compreender o que o Orixá Ogum representa: é a energia presente no homem que, com
coragem e determinação, desbrava a terra seca e árida e a transforma em terra fértil, pronta para receber as sementes donde nascerá, como
refere a lenda, o milho, o inhame que alimentará os povos; é a força bruta que se transforma, que inova, que cria. É a energia que emana do arado
usado para cultivar a terra, das ferramentas agrícolas, das armas usadas para caçar, para combater e vencer batalhas, feitas do ferro, metal onde a
energia de Ogum também está presente. É o Orixá guerreiro por excelência, é a força que garante que a ordem seja cumprida;é o Orixá que
abre os caminhos, nos ajudando a lutar contra os obstáculos e a evoluir; é a energia que nunca pára, tal qual o sangue que corre em nosso
corpo, tal qual a vida! Essa é a força de Ogum!M.N.
A essência feminina em todas as culturas encontramos a presença da essência feminina, expandindo os horizontes da espiritualidade e do amor ao sagrado da
natureza.Desde a antiguidade,como mãe,guerreira,rainha,princesa,cortesã e outros símbolos femininos,as mulheres são elos de união com o Cosmos e exemplos de força e
grandeza que se perpetuam pelos séculos na perene espiral do tempo.Vencendo preconceitos e barreiras impostas pela sociedade, as mulheres seguem conquistando seu
espaço com mestria e registando o seu nome na história da política, do desporto, das artes, da educação e em todas as áreas do conhecimento. No campo holístico não é
diferente. Munidas de uma aguçada intuição, as mulheres trilham o caminho na busca do auto-conhecimento e sabedoria. Elas compartilham e aplicam o saber como
terapeutas holísticas nas diversas linhas. Deusas, Sacerdotisas, Poetisas, Amantes da magia dos Oráculos e do equilíbrio das terapias alternativas, a alma feminina ganha
destaque no universo espiritual e artístico. Reikianas, Xamãs e Terapeutas sensitivas entre outras, fazem parte da Casa Nossas Mãos e de outros lugares espalhados pelo
mundo,que propiciam um ambiente acolhedor para a troca de ensinamentos e luz do maravilhoso conhecimento holístico,que prima pela integração e harmonia das energias
e dos elementos que semeiam a vida no planeta.
Casa NossasMãos
Rua Eça de Queirós, n.º 52 (Jardim de Santa Bárbara) - Contacto: 966 895 851
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Jornal Umbandista Português
Maio | Junho| 2009
D
UMBANDA – Bonfim
FÉ eCRISTÃ
a Bom Jesus da Lapa.Até quando tratamos com Exus de Lei,
e uns tempos pra cá, um assunto que não deveria ser
polêmico, tomou conta das diversas listas e comunidades
da internet:a Umbanda é ou não cristã?
Bem, existem aqueles que defendem a idéia de que a Umbanda
não poderia ser cristã, pois esta seria uma religião baseada nos
cultos afros. Dentro da visão desses irmãos, apesar do respeito que
demonstram, Jesus Cristo é apenas uma figura simbólica,
relacionada através do sincretismo criado pelos negros ao Orixá
Oxalá, naqueles tempos em que a Coroa Portuguesa, através do
poder da Igreja, impunha aos escravos sua fé trazida da Europa. E aí,
com o passar do tempo e com a associação dos cultos afros ao
espiritismo e ao próprio catolicismo, teria nascido a Umbanda no
Brasil.
Já os que defendem a idéia da Umbanda como um culto cristão,
baseiam-se principalmente nas palavras do Caboclo das Sete
Encruzilhadas que em 15/11/1908 informou aos presentes que
estava iniciando ali, um novo culto, chamado Umbanda, onde
espíritos de negros e índios poderiam praticar a caridade. Disse
também que esta nova religião trabalharia baseada nos Evangelhos
de Cristo e que teria como Mestre Supremo:Jesus.
Então, como poderíamos saber qual corrente tem mais razão.
Vejamos:
Estamos no início do século XXI, mais precisamente em 2009
(121 anos depois da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel). Se a
Umbanda não é uma religião baseada nos ditames cristãos, porque
então os umbandistas continuam com a imagem de Cristo no local
mais alto do congá? Afinal de contas não existe mais feitor,
sinhozinho ou capitão-do-mato. Nem a perseguição policial que
ocorria no início do século XX. Mas estamos lá, ajoelhando, orando
e pedindo diante de Sua imagem. Simples: porque no íntimo da
grande maioria dos filhos de fé, Cristo é sem dúvida, o Ser de maior
expressão espiritual que passou neste orbe. Não bastasse isso, é
extremamente comum observarmos nossas Entidades, em especial
os Pretos-Velhos, clamando forças a zin Nosso Sinhô Jesus Cristo.
Teriam esses Sábios Guias de Luz, medo do sinhozinho, mesmo na
espiritualidade? Ou até mesmo da Igreja Católica? Não, claro que
não. Eles pedem e louvam a Jesus (e à Nossa Senhora) com imenso
respeito e devoção, assim como rogam aos Orixás, pois sabem que
assim poderão nos conduzir à trilha que nos leva ao Pai.Aliás, não
podemos esquecer que a escravidão durou centenas de anos e que
muitos negros escravos nasceram no Brasil, sendo desde pequenos
já se acostumavam com a religião local, tornando-se cristãos desde
tenra idade.Além dosVovôs eVovós,isso é muito fácil de se perceber
numa gira de baianos ou boiadeiros, que rogam a Nosso Senhor do
estes demonstram um respeito e um carinho especial ao
“Nazareno”. Alguns o chamam até de “o Coroado” e se mostram
satisfeitos em ter enxergado a importância em trabalhar baseado
nos ensinamentos D'Ele.
Se não bastasse isso, existe um sem-número de pontos
cantados que nos remetem à figura do Messias... “Abre a porta ó
gente, que aí vem Jesus, e ele vem cansado com o peso da cruz...”,
“Preto-Velho quando vem, ele vem aos pés da cruz, vem trazendo
proteção para os filhos de Jesus...” “Jesus nasceu, padeceu e
morreu...”,“Seu cavalo corre, sua espada reluz, sua bandeira cobre
todos filhos de Jesus...”, “... Xangô mora numa cidade de luz, onde
mora Santa Bárbara,Oxumarê e Jesus”,entre outros.
Sem contar as preces utilizadas, inclusive o Pai Nosso Umbandista,
baseado no Pai Nosso ensinado pelo Mestre há 2000 atrás.
Quanto à relação da Umbanda a outros segmentos, notamos
forte influência católica e kardecista (ambas religiões cristãs),
somada a cultura e fé afro (influência dos espíritos de negros
escravos e de ex-participantes destes cultos que vieram a se tornar
umbandistas).
Respeitando a visão de todos os filhos desta linda religião,
porém, baseado nessas e em outras tantas questões que poderiam
ser formuladas, somadas ainda às palavras do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, particularmente creio sim numa Umbanda CRISTÃ,
universalista e cheia fé nos Orixás,Guias e Protetores Espirituais.
O objetivo do texto não é criar polêmicas ou discussões,até porque
seriam em vão, já que cada pessoa tem o direito de pensar e
acreditar no que quiser,mas apenas de colocar alguns pontos que às
vezes passam despercebidos mesmo durante os debates. E, além
disso, tenho a certeza de que, acreditando N'Ele ou não, Jesus
ampara a todos, assim como os Orixás, que independente até do
credo da pessoa, estão sempre abertos a trabalhar em prol da
caridade.
Que o Mestre Jesus Cristo, chamado carinhosamente por nós
de Pai Oxalá, nos cubra comVosso Manto Sagrado, envolvendo-nos
com as energias que Ele traz do Pai Universal - Deus (ou Zambi,
Olorum,Tupã,......).
7
“O nosso
convidado
escreve...”
Sandro da Costa Mattos
Texto escrito em 2006 por Sandro da Costa Mattos - Ogã Alabê da APEU - Associação
de Pesquisas Espirituais Ubatuba - Templo de Umbanda Branca do Caboclo Ubatuba S.Paulo/SP, atualizado em 2009.Autor da obra “O LIVRO BÁSICO DOS OGÃS” e apresentador
do programa CANTANDO COM OS ORIXÁS, exibido diariamente pela WEB TV SARAVÀ
UMBANDA – www.tvsu.com.br
Contatos: E-mail: [email protected] - [email protected];Telefone: (11) 2911-4198
ou 7567-3710
Site: www.apeu.rg.com.br e Blog: www.apeuumbanda.blogspot.com
OGUM E A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
T
endo Ogum como dia comemorativo o dia 23 de Abril, onde nos templos de Umbanda e nos restantes cultos
religiosos de origem Afro-Brasileira, se fazem louvações a este Orixá, sincretizado com São Jorge e Santo António
na Bahia, celebrou-se, no dia 25 de Abril, na A.T.U.P.O., a festa em sua homenagem, tendo os Oguns da casa irradiado em
todos nós a sua força,a sua energia de conquista e de transformação.
É a este Orixá que cabe,na tradição Umbandista,representar,significar e irradiar uma força de transformar,defendendo
as leis e a ordem,representar todas as batalhas da vida,e fazer parte de tudo aquilo que é preciso lutar para alcançar vitória.
Curiosamente em Abril, mês de Ogum, comemora-se, em Portugal, a Revolução dos Cravos, nome dado ao golpe de
estado militar que pôs fim a um regime político colonialista e ditatorial de 48 anos. Foram anos sucessivos de opressão e
repressão impostos a um povo de brandos costumes. Contudo, foi esse clima que provocou uma crescente revolta na
sociedade,levando a anos de preparação,de planeamento,de estratégia que,aliado à energia do ORIXÁ,deu o final mais que
esperado,a REVOLTA e a subsequenteVITÓRIA sobre o mal até ali instalado.
Tal qual Ogum cravando sua lança num gigantesco dragão, esta revolução mostrou que “ O Povo unido jamais será
vencido”, ou seja , o desejo, o querer quando verdadeiro e profundo, nada o pode parar por muito grande e denso que seja,
muito menos se tal significar a reposição de uma JUSTIÇA e de umaVERDADE.
Foi ainda uma inspiração para outros países,sendo decisiva para as eleições que puseram fim à ditadura militar no Brasil
e em outros países latino-americanos.
Foi festejada na rua pelo povo português, oferecendo cravos vermelhos, a flor de Ogum, aos soldados rebeldes que os
puseram nos canos das armas,tornando-se o símbolo da Revolução deAbril.
Em vez de balas,que matam,havia flores por todo o lado,significando o renascer da vida,a transformação e a mudança!
À semelhança da Revolução Portuguesa e com a energia de Ogum, promova no seu dia-a-dia a transformação do seu
interior, da sua maneira de ser, sentir, pensar e viver, procurando aproveitar as oportunidades de realização pessoal, o
caminho da evolução,de modo a tornar-se um ser melhor,mais forte e mais útil aos outros.
Salve Pai Ogum! L.C.
Massagem Terapêutica / Reabilitação
A Massagem de Reabilitação, implica a utilização de um conjunto de técnicas específicas orientadas para aumentar a flexibilidade muscular e
tonificar os tecidos, dando especial atenção a determinadas partes do corpo .
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8
Z
Maio | Junho | 2009
“A nossa
Homenagem”
Homenagem a Zumbi de Palmares
umbi de Palmares,nascido
em Alagoas em 1655, foi
um dos maiores guerreiros, que
lutou pela libertação dos escravos
negros contra a opressão que se
vivia na época da escravatura.
Apesar de ter sido criado por um
missionário português (Padre
Jesuíta António Melo), com todas
as regalias advindas de um
processo de aculturação na altura
(criado entre os brancos com
acesso ao ensino das letras, mais
propriamente do português e do
latim, etc), abdicou de todos os
privilégios em prol de uma causa
maior,a liberdade do seu povo.
Em 1670, com apenas 15 anos
de idade, Zumbi de Palmares foge
ao domínio dos opressores e
regressa ao seu local de origem,
onde se juntou aos seus irmãos e
conseguiu aos 20 anos, através da
sua destreza e astúcia militar, o
respeito da comunidade.
Ao seu tio Ganga Zumba, na
altura líder do Quilombo de
Palmares,foi feita a proposta de paz
e alforria para todos os que viviam
nas mocambas do Quilombo, não
sendo esta proposta alargada às
diversas senzalas espalhadas pelo
solo Brasileiro. Tendo Ganga
Zumba aceite a proposta, Zumbi
assume a liderança do Quilombo e
continua a lutar contra a
resistência da opressão
portuguesa.
Apesar da destruição e
incêndios frequentes nas
mocambas, e mesmo após ter sido
apunhalado e ferido, Zumbi
continuava a acreditar na liberdade
do seu povo.
Foi então em 1695, no dia 20
de Novembro, que Zumbi foi
capturado por 20 soldados da
Coroa Portuguesa, acabando por
falecer degolado.
Actualmente é lembrado
como uma lenda, como um mártir
que não se subjugou à força dos
que se assumiam como mais fortes,
sendo o Dia da Consciência Negra
um tributo a Zumbi,um símbolo da
liberdade.
Passados 121 anos, em 1888, no
dia 13 de Maio, a Princesa Isabel
decretou a Lei Áurea, abolindo
para sempre a escravatura no
Brasil. A.B.
“Sem Folha não há Orixá”
A erva eleita para esta edição é bem conhecida de todos, pelo seu uso na gastronomia, trata-se do Alecrim,
cientificamente Rosmarinus officinalis, pertencente à família das Lamiaceae. Originário das zonas mediterrâneas, em solos
de origem calcária,o alecrim é cultivado em quase todos os países de clima temperado.
O seu nome rosmarinus em latim significa“orvalho do mar” e foi atribuído pelos romanos,devido ao seu intenso odor.
As utilizações do alecrim,na prática religiosa,são lendárias e perduram até aos dias de hoje:é usado como incenso nos
templos e igrejas; na Igreja Ortodoxa Grega, o seu óleo é usado para unção; na nossa querida Umbanda, utiliza-se em
banhos, defumação, chá, entre outros. Usa-se como planta medicinal e aromática há milhares de anos, e é considerado a
planta da memória, da amizade e do amor. Na Grécia Antiga, os estudantes utilizavam o alecrim no cabelo para melhorar a
memória.
Existem diferentes espécies de Alecrim entre os quais: alecrim-da-virgem (Eriocephalus africanus), alecrim-do-monte
(Coleonema album), alecrim-da-serra (Thymus caespititius), alecrim-das-paredes (Phagnalon saxatile) e alecrim-bravo
(Hypericum laxiusculum),com características e propriedades diferentes.
CARACTERÍSTICAS: OAlecrim é uma planta semi-arbustiva de ciclo perene que pode atingir os 2 a 3 metros.Os
seus ramos são erectos,as folhas filiformes e pequenas,sempre verdes escuras na zona superior e esbranquiçadas na zona
inferior.As flores são geralmente de cor azul claro ou lilás,agrupadas em forma de cacho.O seu fruto denomina-se aquênio
CULTIVO: OAlecrim é uma planta bastante resistente,adaptando-se muito bem a intempéries,razão pela qual pode
ser propagado pela colocação de uma haste da planta já existente, com cerca de 10 a 15 cm, directamente no solo.
Contudo,não é tolerante ao excesso de humidade.
MEIOS DE UTILIZAÇÃO:
Uso Interno:Chá; Uso Externo: Banho,óleo,etc...
INDICAÇÕESTERAPEUTICAS: O Alecrim é utilizado nas seguintes situações: asma; astenia; bronquite; calvice;
cansaço físico e mental; caspa; celulite; cicatrização de feridas; dermatites; febres intermitentes; febre tifóide; debilidade
cardíaca, anemia, cefaleias, tratamento do acne; reumatismo; flatulência; azia;
anorexia;diabetes mellitus,digestões lentas e favorece a menstruação.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: Analgésico; anti-séptico; antibacteriano; anti-espasmódico; anti-inflamatório; anti-oxidante; estimulante;
tónico; vasodilatador; diurético; cicatrizante; protector hepático; antidepressivo; carminativo; coadjuvante no tratamento da diabetes mellitus;
anti-pirético
CONTRA INDICAÇÕES: Utilizado por longos períodos pode provocar
irritação gástrica;não deve ser utilizado durante a gravidez.
Fontes:
AS 7 LÁGRIMAS DE UM
PRETO-VELHO
No cantinho de um terreiro, sentado num
banquinho, fumando o seu cachimbo, um triste
PretoVelho chorava.
De olhos molhados, esquisitas lágrimas desciamlhes pelas faces e, não sei porquê contei-as... foram
sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e
interroguei-o:
Fala, meu Preto Velho, diz ao seu filho o porquê
externas assim uma tão visível dor?
E ele,suavemente respondeu:
-"Estás vendo esta multidão de pessoas que entra e
sai?As lágrimas contadas são distribuídas a cada uma
delas...
A Primeira eu dei a estes indiferentes que aqui vem
em busca de distracção, para saírem ironizando
aquilo que suas mentes ofuscadas não conseguem
conceber.
A segunda a estes eternos duvidosos que
acreditam desacreditando, na expectativa de um
milagre que os faça alcançar aquilo que seus
próprios merecimentos negam.
A terceira distribui aos maus, aqueles que somente
procuram a Umbanda em busca de vingança
desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.
A quarta aos frios e calculistas que sabem que
existem uma força espiritual e procuram beneficiarse dela de qualquer forma e não conhecem a palavra
gratidão.
A quinta chega suave,tem o riso e elogio da flor dos
lábios, mas se olharem bem o seu semblante verão
escrito: creio na Umbanda, nos teus Caboclos e no
teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso
ou me curarem disto ou daquilo.
A sexta eu dei aos fúteis que vão de centro em
centro, não acreditando em nada, buscam
aconchegos e conchavos e teus olhos revelam um
interesse diferente.
A sétima, filho, notas como foi grande e como
deslizou pesada, foi a última lágrima, aquela que vive
nos olhos de todos os Orixás, fiz doação desta aos
médiuns vaidosos que só aparecem no centro, em
dia de festa e faltam às doutrinas, esquecem que
existem tantos irmãos precisando de caridade e
tantas criancinhas precisando de amparo material e
espiritual.
E assim meu filho, para estes todos é que viste
minhas lágrimas caírem uma a uma.
0 9 0 0 3
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- Bernardo Cruz
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Edição Gráfica e Fotografia:
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