dever de - Frecuencia Latinoamérica
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Frecuencia COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA Edição em português Ano 8 - Nº 59 - Julho/Agosto 2004 Latinoamérica www.frecuenciaonline.com SERVIÇO UNIVERSAL UNE REGULADORES BRASIL TESTA CDMA 450 MHZ Ricardo Sacramento, diretor Geral da Brasil Telecom GSM DEVER DE CASA Operadoras buscam integração de serviços fixo-móvel SUPLEMENTO ESPECIAL O FUTURO É WIRELESS flp_jul2004_capa.pmd 1 Mobilidade dita as regras da comunicação 20/07/04, 16:25 EDITORIAL FRECUENCIA Nº 59 Julho/Agosto 2004 www.frecuenciaonline.com MATRIZ ITP Editorial 475 Biltmore Way, Suite 308 Coral Gables, FL 33134-5756 DIRETORA EDITORIAL Graça Sermoud [email protected] EDITORA EXECUTIVA Ana Paula Lobo [email protected] EDITORA ASSISTENTE Clara Persand [email protected] CORRESPONDENTES Argentina - Elías Tarradellas Ecuador - Jaime Yumiseva Perú - Marco Villacorta Miami - Andres Velazquez CIRCULAÇÃO Carmen Burgos [email protected] WEBMASTER Danilo Bilbao [email protected] TRADUTORA Ana Cristina Gonçalves ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS Carmen Luz Yumiseva ESCRITÓRIOS REGIONAIS ITP EDITORIAL – BRASIL Avenida Cidade Jardim, 400 – 20 Andar São Paulo, SP – CEP: 01454-000 Tel: 55-11-3818-0848 Fax: 55-11-3818-0899 ITP EDITORIAL – REGIÃO ANDINA Av. Eloy Alfaro 3822 y Gaspar de Villaroel Quito – Ecuador Tel: 593-22-422-568 Fax: 593-22-424-871 REDAÇÃO FRECUENCIA/ BRASIL Av. Ibirapuera, 2907 / conj: 121 Moema - São Paulo – CEP: 04029-200 Telefones: 55-11-5053-9828 / 9829 FAX: 55-11-5053-9838 Impressão Henel Indústrias Gráficas Ltda. www.henel.com.br Edição de Arte e Diagramação Pedro R Costa [email protected] FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula dez vezes no ano e é distribuída às empresas e executivos do mercado de telecomunicações sem fio. Assinatura anual: Latinoamérica, EUA e Canadá: US$ 75. Europa e Ásia: US$ 95. Direitos Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta publicação sem prévia autorização da direção. As opiniões contidas na revista Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos autores e não necessariamente a da ITP Editorial. A mobilidade conferiu ao consumidor o direito de acessar informação de maneira mais ágil e eficiente. Sem as amarras da infra-estrutura convencional, as redes sem fio começam a provar que é possível levar comunicação às regiões mais carentes de serviços de voz, dados e imagens. Essa é a contribuição que se pode esperar da tecnologia: promover mudanças sociais, culturais e econômicas. O mundo Wireless mostra-se um divisor de águas. Ele desconstrói o mito de que serviços de comunicação só são acessíveis a camadas privilegiadas. É verdade que há muito por fazer, mas o suplemento anual Brodband Wireless da Frecuencia Latinoamérica apresenta exemplos de melhoria de vida em função do uso adequado da ferramenta de comunicação. No mundo fornecedor, a onda móvel rompe fronteiras e incentiva o desenvolvimento de novos aplicativos e hardware. Gigantes investem pesado para figurar entre os players desse novo modelo de sociedade que se desenha. A questão é que nesse cenário há um time que não quer perder status e poder. Mais uma vez, o mundo Wireless tem uma oportunidade de mostrar sua força. Até então trilhando caminhos opostos, as operações fixas e móveis começam a conjugar um verbo único: convergir. Sobreviver à mudança de mercado é obrigatório para as carriers fixas que investiram bilhões em infra-estrutura e estão perdendo, dia após dia, assinantes para operações móveis. Se unir forças e estimular o uso comum de produtos é uma possibilidade, por que não? É uma virada significativa. Existem lacunas tecnológicas e de mercado a serem preenchidas, mas há carriers dispostas a Graça Sermoud vencer as barreiras. No mundo todo, um seleto time começa a redesenhar seus modelos de negócio. Nessa edição, Frecuencia Latinoamérica revela o projeto da Brasil Telecom GSM, pioneira na América Latina na opção de unificar as áreas de negócios. Se vai dar certo, ou não, a resposta está nas mãos do grande responsável por todas essas transformações: o consumidor. Ele irá ditar as regras do jogo que se desenha. Boa leitura! Ana Paula Lobo Equipe editorial COMERCIAL Latinoamérica, USA y Europa GERENTE de VENDAS & MARKETING Sara Astoul 475 Biltmore Way, Suite 308 Coral Gables, Fl 33134-5756 tel: 305-567-2492 [email protected] Argentina Edgardo Muchnik Defensa 649 - 4º “D” C1065 - Capital Federal Buenos Aires tel: 15-4182-2565 [email protected] Ásia Ben Sanosi interAct Group 10 Anson Road No. 11-17 International Plaza Singapore 079903 Tel/Fax: +65 68770418 [email protected] Brasil Avenida Cidade Jardim, 400 20 Andar - CEP: 01454-000 São Paulo, SP Tel: 55-11-3818-0848 Fax: 55-11-3818-0899 FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Divisor de águas DIRETORA & EDITORA-CHEFE Ana María Yumiseva [email protected] 3 flp_jul04_3_editorial.pmd 3 20/07/04, 16:07 Í N D I C E 14 06 NOTÍCIAS DOS PAÍSES 12 PERFIL Dono de uma carreira sólida, o diretor da divisão de Soluções Corporativas da Alcatel na região, Alain Plenier, surpreendeu os seus superiores na multinacional francesa ao pedir para trocar a emergente Ásia pela conturbada América Latina. Em entrevista exclusiva à FRECUENCIA LATINOAMÉRICA, o executivo revela as razões dessa guinada. SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS Tecnologia só é revolucionária quando é capaz de contribuir para mudanças sociais, culturais e econômicas. Ao disseminarem o conceito da mobilidade, as redes sem fio se tornam uma alternativa para democratizar o acesso aos serviços de comunicação para regiões carentes da infra-estrutura tradicional. No mundo dos negócios, os resultados são animadores. O mercado mundial de banda larga Wireless prevê faturar US$ 3 bilhões, em 2004. SOLUÇÃO Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil finaliza teste com a solução CDMA 450 MHz da Lucent Technologies. Uso da freqüência, no entanto, começa a ser contestado pelos fornecedores locais de rádio digital. 24 MERCADO Liliana Alonso e Freddy Rodríguez, responsáveis pelo comando dos órgãos reguladores do Equador e do Peru, em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica revelam as ações que planejam para reduzir a exclusão digital nos seus países. MODO IMPERATIVO 26 FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Em busca da rentabilidade, as operações fixas e móveis começam a conjugar um verbo único: convergir. Estimular o uso comum de produtos que ampliem a receita e possam compensar os gastos bilionários em infra-estrutura tem sido a lição de casa das operadoras fixas, atingidas em cheio pelo sucesso da telefonia móvel celular. A tarefa não é simples. Há lacunas tecnológicas e de mercado a serem preenchidas, mas a combinação de esforços já é uma realidade mundial e na América Latina. 34 OPINIÃO Para aumentar a receita, as operadoras móveis reformulam suas estratégias e negociam com provedores de conteúdo e aplicações. ENVIE SUAS OPINIÕES E COMENTÁRIOS PARA [email protected] 4 flp_jul04_4_indice.pmd 23 4 21/07/04, 17:36 NOTÍCIAS CHILE BRASIL Em pé de guerra Líder do indíce de desensidade da América Latina - mais da metade dos 15 mihões de habitantes possui um terminal móvel - o Chile vive um momento peculiar. As empresas de telecomunicações estão em guerra total e tentam impedir judicialmente o domínio do mercado pela Telefónica Móviles. A gigante espanhola demonstra que partiu para a briga. Além de comprar a BellSouth, ainda aguarda a aprovação final do negócio pelas autoridades chilenas, a carrier ambiciona mais. Ela agora investe na aquisição do controle acionário da unidade móvel da Telefónica CTC, principal carrier fixa do País. Até o fechamento dessa edição, a Telefónica tentava quebrar a resistência dos acionistas minoritários. Eles questionam o valor ofertado - US$ 1 bilhão e mais o pagamento da dívida, estimada em US$ 243 milhões. Mesmo que consiga chegar a um acordo com os controladores da unidade móvel, a vida da Telefónica Móviles não estará tranqüila. Preocupadas com o direcionamento do mecado, a Telmex, através da Chilesat, provedora privada de voz e dados, a Telsur, operadorade telefonia fixa, e a Smartcom, operadora celular, já apelaram ao Tribunal de Competência, órgão que regula a concorrência no Chile, para a não aprovação dos negócios. O presidente do Grupo Telecom Itália, Marco de Benedetti, deixou claro, em recente visita à América Latina, que irá exigir o cumprimento das regras do jogo no Chile. A principal argumentação utilizada pelas concorrentes da Telefónica é de que haveria uma concentração de freqüência, uma vez que a Telefónica Móviles passaria a controlar 100% da faixa de 850 MHz, uma das faixas utilizadas no Chile para o serviço móvel. A outra é a de 1,9 GHZ. A clonagem de celulares é cada vez mais freqüente no Brasil. Em São Paulo, maior Estado do País, 26 clientes de operadoras têm seus celulares clonados por hora, segundo dados do órgão de Defesa do Consumidor. Questionadas, as carriers de telefonia móvel asseguram que o esquema de segurança é rigoroso e que há um monitoramento constante das ligações para detectar o problema. Ainda assim, a clonagem ocupa o terceiro lugar nas reclamações dos consumidores ao Procon/SP. O diretor executivo da entidade, Gustavo Marrone, diz que a partir do momento em que a clonagem é reconhecida pela operadora, todas as ligações passam a ser suspeitas e não podem ser cobradas do assinante. O eventual uso de uma segunda linha, adverte ele, não pode ser cobrado, já que é uma obrigação da prestadora de serviços oferecer um produto seguro. A Vivo, joint venture da Portugal Telecom e da Telefónica e líder do mercado brasileiro, é a operadora que apresenta maior índice de reclamação. Segundo o Procon/SP, em 2003, a entidade recebeu 346 reclamações de clientes da operadora. Destas, 105 foram atendidas e 241 não foram solucionadas. Baseada nos artigos de má prestação de serviços e prática abusiva do Código de Defesa do Consumidor, a entidade penalizou a Vivo. A autuação foi encaminhada ao órgão regulador brasileiro e pode chegar a R$ 3 milhões. País fecha o primeiro semestre com 54 milhões de celulares MÉXICO Patrick Slim assume presidência do conselho da América Móvil FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Clonagem assusta em São Paulo Patrick Slim Domit é novo presidente do conselho de administração do grupo de telefonia móvel, que detém mais de 50 milhões de assinantes na América Latina. O executivo assume o cargo antes ocupado pelo pai, o megaempresário Carlos Slim, que passa a ocupar a presidência honorária vitalícia do mesmo conselho. Patrick Slim Domit é o vice-presidente do Grupo Carso e, até o momento, vinha atuando como vice-presidente do conselho de administração da América Telecom. A planta de tefonia móvel do Brasil terminou o primeiro semestre com 54,031 milhões de aparelhos, 2,92% acima da meta do Paste (Perspectivas para Ampliação e Modernização do Setor de Telecomunicações) prevista para 2004, que era de 52,5 milhões. Do total de 54 milhões de celulares, 70,06% são pré-pagos e 20,94% pós-pagos. Dos 1,6 milhão de novos celulares que foram incorporados à planta, 1,3 milhão são da tecnologia GSM e 520 mil da tecnologia CDMA. A tecnologia GSM apresentou um crescimento significativo. Ela passou de 8,22% em junho de 2003 para 23,13% em junho deste ano. Já a participação do CDMA caiu de 31,27% em junho de 2003 para 29,83% no mesmo período de 2004. 6 flp_jul04_6a10_noticias.pmd 6 20/07/04, 15:54 NOTÍCIAS AMÉRICA LATINA Serviços sem fronteira Em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, Edmundo Matarazzo, superintendente de Serviços Públicos da Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil e coordenador do projeto de serviço Universal da Regulatel, entidade que congrega todos os órgãos reguladores da região, antecipa que há um esforço conjunto para viabilizar a ampliação da oferta de serviços de comunicação e informação, que possam aumentar o índice de Desenvolvimento Humano da América Latina. A intenção do grupo de trabalho da Regulatel é, já no segundo semestre, iniciar projetos piloto com tecnologias que possibilitem a oferta de serviços alternativos em cidades de teledensidade baixa. "É permitir que um município que hoje não tem banco e/ou comércio possa crescer e ganhar independência. Comunicação é um fator decisivo de crescimento econômico, elemento decisivo para o futuro da América Latina", destaca Matarazzo. A iniciativa, que mobiliza representantes do Brasil, Peru, Chile, Bolívia, Colômbia, Costa Rica e Peru, despertou a atenção do Banco Mundial, que disponibilizou uma verba inicial de US$ 400 mil para a realização da primeira fase do projeto. Nextel aposta em público sofisticado Disposta a não perder a sua base de usuários nas camadas de maior poder aquisitivo e no mercado corporativo, cada vez mais procurado pelas operadoras celulares tradicionais para a oferta de serviços empresariais, a Nextel e a Motorola lançaram o i830, menor aparelho da operadora. O terminal embute o aplicativo Mapas&Rotas, que possibilita navegação por satélite diretamente no aparelho, dentro da área de cobertura da Nextel. Telecom e Tecnologia da Informação unidas em Fórum regional Dispostas a aumentar a participação da região na economia global, Intel, IBM, HP, Microsoft, Telefônica, Time Warner e Cisco anunciaram a criação do Fórum Latinoamericano da Indústria de TI e Comunicações (FLITIC), que tem como meta prioritária auxiliar os governos na definição de políticas voltadas ao crescimento econômico, à inovação e à inclusão digital. Uma das primeiras ações da entidade será a apresentação de um documento aos representantes das áreas de Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia de todos os países da região para incrementar a discussão em torno da adesão da América Latina à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Questões como redução de custos tributários, propriedade intelectual e pirataria também merecerão destaque nas futuras propostas da entidade. Para evitar desgastes com as entidades representativas do setor de TI e de Telecomunicações, os líderes do Fórum deixaram claro que não têm a intenção de confrontar nenhuma delas. A proposta é atuar como um multiplicador de ações. Inicialmente, não há o objetivo de atrair novas empresas para o FLITIC. AMÉRICA CENTRAL FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Governo aprova participação da América Móvil na Enitel celular O governo da Nicarágua autorizou a participação da América Móvil na operação móvel da Enitel (Empresa Nicaragüense de Telecomunicações), apesar de a transação ainda não estar finalizada. A holding do grupo Telmex adquiriu 40% das ações da operadora estatal móvel, mesmo sendo controladora de uma terceira empresa do setor, a Aló PCS. De acordo com o Instituto de Telecomunicações (Telcor), órgão regulador do setor na Nicarágua, uma das condições legais para a autorização do negócio será a proibição de fusão entre as duas companhias. Atualmente, a Nicarágua conta com 600 mil usuários móveis. A BellSouth, recém-adquirida pela Telefónica Móviles, é a líder do mercado. Em segundo lugar, está a estatal Enitel, e na terceira posição, a Aló PCS, controlada pela América Móvil. O governo da Nicarágua quer privatizar a oferta de serviços de telecomunicações no País. Em dezembro, haverá a concorrência na telefonia fixa, hoje 100% controlada pelo Poder Executivo. As regras do modelo serão divulgadas até o final de agosto. 8 flp_jul04_6a10_noticias.pmd 8 20/07/04, 15:54 NOTÍCIAS COLÔMBIA Preço acirra disputa... O Ministério das Comunicações informou que abriu concorrência para a seleção das auditorias que serão responsáveis pela fiscalização técnica das operadoras BellSouth, Comcel e Colômbia Móvil-OLA. O objetivo do Poder Executivo é fiscalizar o cumprimento das metas de qualidade por parte das carriers na prestação de serviços aos assinantes. De acordo com as regras do edital divulgado pelo Ministério das Comunicações, as auditorias selecionadas terão que levantar indicadores como o nível de bloqueio de chamadas em cada uma das rotas de interconexão entre as carriers, a falha de comunicação entre as redes das operadoras e a ausência de cobertura em áreas consideradas importantes para a oferta do serviço móvel celular. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Estudo divulgado pelo instituto EMC revela que a entrada da Telefónica Móviles no mercado móvel colombiano deflagrará, já no primeiro trimestre de 2005, uma guerra de tarifas no setor. A gigante espanhola, que adquiriu as operações da BellSouth, enfrentará uma dura concorrência por parte dos seus adversários diretos: a Comcel, ligada à América Móvil, e a Colômbia Móvil-Ola. A pesquisa deixa claro que as duas concorrentes já estão preparando planos estratégicos para fidelizar seus clientes e evitar o churn, ou seja, a perda de assinantes para a nova entrante. A Telefónica também afia suas armas para a batalha. A gigante, que herdou uma infra-estrutura CDMA da BellSouth, estuda a possibilidade de montar uma operação GSM paralela com o objetivo de multiplicar a oferta de produtos e serviços e, claro, entrar na arena das suas concorrentes, usuárias da tecnologia. .... mas Governo aperta cerco para garantir qualidade 9 flp_jul04_6a10_noticias.pmd 9 20/07/04, 15:54 NOTÍCIAS MERCADO Nokia realinha ações de mercado Durante o evento Nokia Connection 2004, realizado na Finlândia no final de junho, a fabricante deixou claro que os smartphones são o futuro da comunicação móvel. De acordo com o vice-presidente executivo da Nokia, Matti Alahuhta, os terminais inteligentes, que funcionam como um PC são a saída das carriers para ampliar o ARPU (rentabilidade por usuário). Somente esse ano, de acordo com previsões da companhia, 20 milhões de smartphones serão vendidos no mundo. Até 2007 esse número chegará a 80 milhões. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Jorma Ollila A fabricante aproveitou ainda para apresentar o Nokia 6630, primeiro dispositivo de modo dual tri-band programado para funcionar em redes 3G (WCDMA), EDGE e 2G na Europa, Ásia e América. O novo handset estará disponível ainda este ano na Europa, mas ainda não há previsão para o lançamento dele na América Latina, já que na região não há planos imediatos de migração para a 3G/GSM. "Não tenho dúvidas, no entanto, que muitas operadoras tenderão a seguir para o WCDMA de forma mais rápida do que se imaginava antes. Pode ser que, Nokia 6630 num período de dois anos, tenhamos novidade na região", frisou o vicepresidente de terminais móveis, Kai Ostamo, sinalizando que o EDGE poderá perder espaço para o WCDMA em função da rápida evolução da tecnologia. Repensar o modelo de atuação junto ao mercado popular também foi uma decisão estratégica da Nokia. A companhia lançou o primeiro terminal com flip, marca registrada de concorrentes importantes como Motorola e Samsung. Questionado sobre a mudança de rumo, o vicepresidente de Multimídia da empresa, Juha Putkiranta, afirmou "que às vezes é necessário copiar a concorrência, com muito orgulho". A expectativa da fabricante é recuperar sua posição junto aos segmentos mais populares - e os que mais sofrem com a concorrência e a pressão de queda de preços. Os resultados financeiros comprovam que esta competição torna-se cada vez mais acirrada. No segundo trimestre, a Nokia registrou uma queda de 5% nas vendas líquidas. A companhia informou que comercializou 45,4 milhões de terminais. O chairman e CEO da fabricante, Jorma Ollila, demonstrou tranqüilidade com o balanço financeiro. O executivo ressaltou, através de comunicado à imprensa, que mantém a expectativa de que o mercado de telefonia móvel venderá 600 milhões de terminais esse ano. (Ana Paula Lobo viajou à Finlândia a convite da Nokia Brasil) UIT sugere adoção de leis contra spam Especialistas presentes à conferência sobre o spam promovida em julho na sede da União Internacional das Telecomunicações (UIT), em Genebra, concluíram que somente um trabalho global será capaz de combater de forma eficaz o envio de e-mails indesejados. Segundo dados da entidade, o spam provoca anualmente um prejuízo estimado em US$ 25 bilhões às empresas e aos consumidores. O presidente da conferência e das Autoridades das Comunicações Australianas, Robert Horton, ressaltou que todos os países devem criar legislações específicas para punir os responsáveis pelo envio dos e-mails indesejáveis. Hoje, apenas 35 países, a maioria com predominância de língua inglesa, introduziram leis anti-spam. Na América Latina, nenhum País possui uma lei que penalize infrações cometidas no mundo Web. Segundo Horton, o apoio dos provedores de internet e das operadoras telefônicas que oferecem serviços de e-mail é fundamental na estratégia de reduzir a ação dos spammers, que a cada dia tornamse mais perigosos. Empresas especializadas em segurança já detectaram que a incidência de emails indesejáveis com conteúdo pornográfico está diminuindo. Em contrapartida, aumenta o envio de mensagens fraudulentas e infectadas por códigos maliciosos. Até o final desse ano, a UIT tem a intenção de acelerar a criação de um documento global que formalize regras comuns de combate ao spam. "É uma força-tarefa necessária para evitar a propagação desse mal que pode paralisar o uso da Internet", advertiu Horton. 10 flp_jul04_6a10_noticias.pmd 10 20/07/04, 15:54 PERFIL Uma questão Trocar a Ásia pela América Latina é uma opção profissional que poucos executivos teriam a coragem de adotar. Quais as razões que o levaram a solicitar essa transferência? As diferenças culturais na Ásia são extremamente superiores às da América Latina. Entender o dia-a-dia dos países que compõem a região asiática requer uma compreensão que vai além das questões relacionadas ao trabalho. Eles têm valores muito diferentes do mundo ocidental. Além, de línguas e dialetos diversos. Como executivo gosto de criar laços com a minha equipe. Foi uma decisão onde a questão pessoal pesou muito mais do que a profissional. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 O senhor não se arrepende dessa decisão ao ver que a Ásia tornou-se um pólo muito mais forte de desenvolvimento de negócios do que a América Latina? Do ponto de vista de negócios, realmente a região asiática transformouse numa área rentável. A recessão que atingiu duramente o setor de telecomunicações no mundo ocidental, de 2001 a 2003, não aconteceu na China, onde os negócios prosperaram no período, independente desse cenário. Mesmo diante disso, sinceramente não me arrependo. Como executivo, gosto de criar uma relação mais direta com os funcionários, parceiros e clientes. Do ponto de vista pessoal, ganhei em qualidade de vida. Prezo minhas horas vagas e gosto de usufruí-las da melhor forma possível. Sou apaixonado por esportes, especialmente os radicais. Também gosto de música. Integro o coral dos funcionários da Alcatel como barítono. São prazeres importantes na minha vida. PESSOAL Ana Paula Lobo O francês Alain Plenier, que comanda a divisão de Soluções Corporativas da Alcatel na América Latina, integra um seleto time de executivos que adquiriu o direito de conduzir os rumos da sua profissão. Dono de uma carreira sólida, ele surpreendeu os seus superiores na multinacional francesa, há quatro anos, quando trocou a emergente Ásia pela conturbada América Latina. As razões dessa guinada são reveladas ao longo da entrevista concedida por Plenier à Frecuencia Latinoamérica. Apesar da dura rotina de trabalho e de viagens constantes pela região, o executivo da Alcatel, quando está em casa, no Rio de Janeiro, combate o stress com a prática de esqui aquático na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos pontos turísticos mais bonitos da cidade. A música é outra paixão. Plenier é barítono no coral de funcionários da Alcatel Por que a opção pela América Latina? Em 1971, ainda como um jovem pesquisador, desembarquei em São Paulo, onde fiquei dois anos participando de um projeto de cooperação técnica Brasil/ França. Aprendi português e percebi que as diferenças culturais entre os europeus e os latino-americanos são muito mais fáceis de serem superadas. A vida, no entanto, me levou para outros lugares. Desaprendi o português e fiquei 27 anos longe da região. Mas quando pude escolher, não hesitei. Em 2000, a Alcatel tomou a importante decisão de vender atra- vés de parceiros. Sabia que podia ajudar a disseminar esse modelo na AL. Integrar funcionários, empresa e canais na região, mesmo com a diferença entre as línguas portuguesa e espanhola, seria uma tarefa desafiadora, mas possível de cumprir. Hoje, sabemos que somos um time, apesar de ainda trabalharmos para aperfeiçoar o processo. Como é justificar a região para a matriz na França? Aqui temos sempre que pensar independente dos negócios. Os problemas po- 12 flp_jul04_12e13_perfil.pmd 12 20/07/04, 15:55 PERFIL O mercado corporativo mudou. Os gestores de Tecnologia são obrigados, em função da governança corporativa, a justificar as compras da sua área. Como a Alcatel enfrenta esse novo paradigma? No caso da minha divisão, por exemplo, há áreas que sofrem uma contração mundial, como os PABXs tradicionais, mas “Apostamos no modelo híbrido, onde existe a convivência do mundo tradicional com o IP. No nosso caso, a divisão de serviços profissionais traça a melhor estratégia para conciliar os mundos analógico, digital e IP.” líticos e econômicos têm um peso considerável. É o caso da Venezuela, por exemplo, que vive uma grave crise. As vendas caíram para patamares próximos a zero. No Peru, os problemas políticos também prejudicam a realização de melhores negócios. O Brasil ainda é o maior responsável pelas vendas da região. Entretanto, em função da correção monetária e dos problemas econômicos, deixou o México avançar. Até bem pouco tempo, o México representava 1/3 dos negócios fechados no Brasil. Hoje, com a estabilidade do peso mexicano, essa diferença caiu bastante. o ritmo de vendas manteve-se estável, de certa forma, ao contrário das divisões ligadas ao segmento das operadoras. Se, por um lado, há queda de soluções tradicionais, os PABXs IP ou hibrídos conquistam a preferência do usuário, que busca convergir suas redes de voz e dados para reduzir custos operacionais. Em relação à área de dados não podemos de deixar de prestar atenção nas redes sem fio. Elas estão aí para mudar o conceito de transporte de informações. No caso da Alcatel, há uma aposta muito grande nas redes WLAN (Wireless Lan). O mercado IP cresce e muito. A Alcatel é uma das empresas que investe nessa tendência. Como o senhor vê o futuro desse modelo na região? Mundialmente, a telefonia IP cresceu 30% no ano passado. Aqui, podemos dizer que esse índice ficou entre 20% e 25%. Na Alcatel, acreditamos que a tecnologia IP chegou para somar. Apostamos no modelo híbrido, onde existe a convivência do mundo tradicional com o IP. O cliente tem um legado que não pode ser desprezado. No nosso caso, a divisão de serviços profissionais traça a melhor estratégia para conciliar os mundos analógico, digital e IP. Só assim é possível atingir a redução de custo pretendida pelo cliente. Ao mesmo tempo, dessa forma, é possível ampliar a produtividade, já que a tecnologia permite ao usuário remoto se conectar ao PABX da empresa, roteando as ligações para baratear o custo da comunicação. Quais são os passos futuros da Alcatel no mercado corporativo? Temos muito claro que o nosso foco será o Unified Interaction Management (UIM), uma solução que nos permite integrar de forma inteligente todos os sistemas de comunicação de uma empresa. A idéia é que possamos atender ao usuário esteja ele no escritório, em casa ou em qualquer lugar. Nessa linha de atuação, será necessária a interação da comunicação com os sistemas de negócios como o CRM (Customer Relationship Management) ou o ERP (Enterprise Resouce Planning). Integração de serviços será o foco dos clientes corporativos e a Alcatel está se preparando fortemente para atender essa demanda. Seremos cada vez menos vendedores de hardware e cada vez mais fornecedores de serviços. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Se mantiver o ritmo de crescimento que começou a apresentar, a Argentina poderá recuperar o seu lugar no cenário econômico da região. Com a crise, as vendas no país caíram a zero. Hoje, ainda não aconteceu a recuperação esperada, mas já há resultados positivos nesse sentido. Na Alcatel, temos a meta de crescer 15% na região e vamos atingila. No contexto geral, no entanto, há muito trabalho a fazer para que a América Latina deixe de ser uma promessa e atinja um papel mais significativo na receita global das empresas. 13 flp_jul04_12e13_perfil.pmd 13 20/07/04, 15:55 SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS Frecuencia Latinoamérica O futuro é sem fio Mobilidade constrói uma nova sociedade da informação PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM Julho/Agosto 2004 flp_jul2004_capasuplem.pmd 1 22/07/04, 13:19 SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM O futuro é Ô sem fio n Ana Paula Lobo e Graça Sermoud COM CERCA DE 170 MIL HABITANTES, a cidade de Huixquilucan, no México, sofre de um mal crônico que atinge diversos municípios latino-americanos: a escassez de recursos para ampliar o uso de soluções que combatam a violência. A Rocinha, considerada a maior favela da América Latina e localizada no Rio de Janeiro, padece dos mesmos sintomas da cidade mexicana. Milhares de quilômetros separam os moradores dessas realidades, mas um elemento capitalizou a esperança de dias melhores: as redes sem fio. Na cidade mexicana, os gestores municipais receberam, em 2003, uma sugestão que mudou a estratégia de atuação na área de segurança. A Motorola propôs a realização de um projeto piloto com a recém-desenvolvida tecnologia sem fio Canopy. Nascia o Sistema Municipal de Tecnologia Policial. Em um curto espaço de tempo, cinco mil enlaces sem fio foram ativados e conectados a 43 câmeras distribuídas pelos principais pontos da cidade. As viaturas receberam equipamentos baseados em GPS (Global Positioning System) e os policiais passaram a receber, em tempo real, informações dos funcionários responsáveis pelo monitoramento do sistema de vigilância das câmeras. O projeto da Rocinha também surgiu de uma experiência inovadora. Com 20 computadores instalados em uma área supervisionada em conjunto com a Associação dos Moradores, a Taho Internet - usuária da tecnologia Frequency Hopping, baseada em saltos de freqüências 16 TECNOLOGIA SÓ É REVOLUCIONÁRIA QUANDO É CAPAZ DE CONTRIBUIR PARA MUDANÇAS SOCIAIS, CULTURAIS E ECONÔMICAS. Foi assim com a computação pessoal e assim será com as redes sem fio, apregoam os especialistas. Ao disseminarem o conceito de mobilidade, as soluções Wireless se tornam uma alternativa para democratizar o acesso aos serviços de comunicação, reduzindo fronteiras e oferecendo diversidade, qualidade e custo acessível. Sem as amarras da infra-estrutura convencional, as experiências sem fio servem para desconstruir o mito de que serviços de comunicação só estão acessíveis a camadas privilegiadas da sociedade. Em vários pontos do mundo, os excluídos conquistam o direito de falar, acessar informações e dispor de serviços de primeira linha Ô Ô Julho/Agosto 2004 FRECUENCIA LATINOANÉRICA flp_jul04_suplem.pmd 16 22/07/04, 14:00 BROADBAND WIRELESS SUPLEMENTO ESPECIAL PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM já é um exemplo para outras comunidades", enfatiza Martins. e operando em 2,4 GHZ, o que elimina a necessidade de autoA necessidade interna da Motorola de incentivar os seus rizações do órgão regulador - viabilizou, através de um projeto funcionários a adotarem o conceito de home office influenpiloto, acesso à Internet em alta velocidade para a comunidaciou bastante no desenvolvimento do Canopy. Problemas de de. Inicialmente, a experiência não teve custo financeiro para conexão eram um entrave os moradores. Hoje, no enao sucesso da iniciativa. Os tanto, existe a cobrança de O mercado mundial de banda larga moradores das regiões mais uma taxa de R$ 2, por uma sem fio vai gerar negócios estimados distantes dos grandes cenhora de utilização. em US$ 3 bilhões somente em tros, mesmo nos Estados Unidos, não conseguiam Ô SEM RESTRIÇÕES 2004, de acordo com especialistas. um serviço de qualidade. Inovações sempre carreA América Latina será Instigados, os especialistas gam desafios. Numa primeipúblico-alvo dos fabricantes. da fabricante criaram um ra fase, conta o diretor da sistema sem fio em banda área Canopy da Motorola, larga que pudesse atender áreas urbanas e rurais, onde a Joeval Martins, a proposta oferecida à administração pública fibra ótica ou os cabos metálicos não estão disponíveis. mexicana assustou. As redes sem fio são novidade e seguranComo opera em 5,7 GHz, freqüência que também não ça é assunto estratégico. Diante da realidade da ausência dos requer a necessidade de aquisição de licenças por parte de serviços tradicionais, os executivos municipais decidiram aposprovedores de serviços junto aos órgãos reguladores, o Canopy tar. Só assim surgiu o Sistema Municipal de Tecnologia Polilogo despontou como uma ferramenta eficaz para dissemicial. "Foi um desafio e tanto, mas que rende frutos. O sistema Ô Ô FRECUENCIA LATINOANÉRICA Julho/Agosto 2004 flp_jul04_suplem.pmd 17 22/07/04, 14:00 17 SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM nar serviços banda larga, uma vez que criava uma infra-estrutura que permitia a oferta de aplicações de voz, dados e imagens, em velocidades entre 10 Mpbs a 45 Mbps. "O mercado mundial de banda larga sem fio vai gerar negócios estimados em US$ 3 bilhões somente em 2004, de acordo com especialistas. O Canopy disputará uma fatia significativa dessa receita", decreta o diretor da Motorola. O exemplo mexicano tem se propagado. No Brasil, a solução foi recém-homolagada pela Agência Nacional de Telecomunicações e projetos piloto começam a ser desenvolvidos. Outros paises da região também analisam a possibilidade de permitir o uso do Canopy. calizada na Fazenda Marambaia, em Petrópolis, a 100 Km do Rio de Janeiro, de propriedade do banqueiro Luiz Cezar Fernandes, era desprovida de qualquer serviço de comunicação tradicional. A opção pela rede sem fio ficou mais do que óbvia. Ô EFEITO DOMINÓ Ô Ô As dificuldades enfrentadas pela falta de conexão levaram os executivos da Taho a apostarem em experiências que pudessem disseminar a tecnologia em regiões desprovidas de serviços de telecomunicação. Projetos comunitários foram montados em locais de baixa renda do Rio de Janeiro, com destaque para o realizado na Rocinha. A eficiência do sistema atraiu a atenção de municípios que precisam facilitar a inclusão digital. No Ô EXCELÊNCIA caso da Taho, um contrato foi fechado "Seremos uma sociedade nômacom a prefeitura de Barra do Piraí, cidade em muito pouco tempo. Investir de a 180 Km do Rio de Janeiro, onde até em sistemas e aplicações Wireless é bem pouco tempo, a Internet não era uma uma oportunidade sem igual para a ferramenta utilizada na gestão adminisárea de software e hardware", estatrativa e financeira da cidade. belece Sérgio Cabral, um dos fundaO reconhecimento do trabalho dedores da brasileira Taho Internet, senvolvido pela Taho não está restrito primeira empresa do mundo a receà fronteira brasileira. Nesse momento, ber, em 2001, um prêmio conferido por exemplo, a empresa participa de pela WCA (Wireless Communications uma licitação corporativa na cidade de Association) às empresas inovadoras Nova York, nos Estados Unidos. "Esse na utilização de redes sem fio. é o grande diferencial da rede sem fio. Ela leva informação A Taho Internet possui uma história peculiar. Resultado da para o excluído e pode simplificar o processo de uma grande união de três executivos latino-americanos, dois brasileiros e corporação, como é o caso dessa concorrência", relata. um uruguaio com experiências profissionais absolutamente disOs exemplos do Canopy, no México, e da Taho, no Brasil, tintas, eles formaram um time impecável, composto de um não são únicos. Mas as práempreendedor da área de ticas servem para provar que tecnologia (Sérgio Cabral); "Seremos uma sociedade nômade. o mundo sem fio abre uma um banqueiro (Luiz Cezar Investir em sistemas e aplicações perspectiva sem igual. Uma Fernandes) e um empresádelas, reforça o diretor da rio (Pablo Brenner), uruWireless é uma oportunidade sem igual Taho Internet, é o uso da freguaio co-fundador da Alpara a área de software e hardware" qüência de UHF - aplicada varion, uma das principais Sérgio Cabral, diretor da Taho na transmissão de sinais de fornecedoras de equipamenTV aberta - para os projetos tos sem fio no mundo. de TV Digital interativa. O espectro é um bem escasso em todo o Assim como a Canopy, da Motorola, que nasceu de uma mundo. Saber reaproveitar o que está defasado é uma missão necessidade interna, a Taho Internet também apelou para soque se impõe aos desenvolvedores, fustiga Cabral. lução que atendesse a sua demanda. A sede da empresa, lo- Ô Ô 18 Julho/Agosto 2004 FRECUENCIA LATINOANÉRICA flp_jul04_suplem.pmd 18 22/07/04, 14:00 BROADBAND WIRELESS SUPLEMENTO ESPECIAL PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM digital TECNOLOGIAS EM DESENVOLVIMENTO ABREM AS PORTAS para um mundo cada vez mais conectado UM DOS MAIORES TORMENTOS dos serviços tradicionais de telecomunicações é ofertar a última milha ao assinante. As redes sem fio mostram-se poderosas nessa quebra de barreira, e claro, roubam espaço de tecnologias tradicionais baseadas em DSL (Digital Subscriber Line). Mas uma certeza existe: as infraestruturas Wireless não chegam para liqüidar com as redes de alta velocidade existentes. As operadoras investiram bilhões e não estão mais em época de jogar dinheiro fora. Só que as alternativas sem fio reduzem custos significativos na construção de infovias. Em compensação, lidar com o espectro exige respeito. Freqüência é um bem escasso e precisa ser muito bem dimensionada. As redes WiMax prometem taxas de velocidades de até 70 Mbps, numa cobertura de 50 Km. Os fabricantes que aderiram ao seu desenvolvimento trabalham pesado para produzir equipamentos em escala comercial. Quem não tem tanta simpatia assim pelo WiMAX, como é o caso da Cisco, que a encara como um concorrente, o momento é de arregaçar as mangas. As fichas da gigante estão centradas no desenvolvimento do padrão 802.11a, para ser a alternativa às redes ADSL (Assimetric Digital Subscriber Line). De acordo com o engenheiro de sistemas da Cisco do Brasil, Maurício Gaudêncio, os especialistas já tornaram o padrão capaz de interligar dois prédios em uma distância de 20Km, em velocidades superiores a 54 Mbps. "Os esforços são para aumentarmos o raio de atuação e a eficiência do sistema. Acreditamos no 802.11A e vamos seguir assim. Nesse momento, o WiMAX está fora dos nossos planos e pode ser considerado um concorrente. No futuro, não sabemos", finaliza o engenheiro da Cisco Brasil. Ô Ô Exigência FURACÃO Num futuro nem tão distante assim, os usuários terão condições de fazer de forma rápida e eficiente stream de vídeos de um computador ou por um dispositivo eletrônico para um aparelho de televisão de alta definição (HDTV). Uma tecnologia ganha destaque. Trata-se da UWB – Ultrawideband – ainda em processo de padronização. De uso exclusivo dos militares norte-americanos até bem pouco tempo, é apontada como a principal ferramenta da próxima geração sem fio. Para os que acreditam que uma tecnologia desponta para "canabilizar" uma já existente, a UWB poderia ser a sentença de morte do Bluetooth e do Wi-Fi. Já para os menos céticos, a UWB nada mais é do que uma evolução natural das redes sem fio. Baseada em rádio freqüência, a tecnologia promete uma velocidade capaz de quebrar o paradigma de soluções que começam a conquistar a adesão dos usuários como a própria WLAN (Wireless Lan). Por possuir uma alta largura de banda sobre distâncias pequenas, a UWB é capaz de atingir incríveis 252 Mbps, num raio de 10 metros. Apesar de ser um furacão no mundo Wireless, a tecnologia enfrenta alguns senões importantes. O primeiro deles é o de comprovar que poderá operar em harmonia com outros serviços de rádiofreqüência como o Wi-Fi, GPS, Bluetooth. Testes realizados comprovam que, tecnicamente, a UWB "interfere" e "rouba" eficiência e espectro deles. FRECUENCIA LATINOANÉRICA Julho/Agosto 2004 flp_jul04_suplem.pmd 19 22/07/04, 14:00 19 SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM Dê asas à sua imaginação! Ô HÁ TRÊS ANOS, VOCÊ TERIA CORAGEM DE AFIRMAR QUE EM UMA DÉCADA O MUNDO SERIA WIRELESS? Bill Gates, gostem dele ou não, correu esse risco. Em novembro de 2001, em uma entrevista concedida à revista Wired, ele preconizou: “em mais dez anos, o mundo será Wireless. Todo negócio, toda casa, todo centro de convenções estará conectado via a tecnologia IEEE 802.11”. O dono da Microsoft só não podia imaginar que o relógio iria andar tão rápido! n Por Eduardo Prado O MUNDO WIRELESS JÁ É UMA REALIDADE. As redes sem fio aumentam o alcance da Internet e criam uma grande malha de tecnologias Web que proporcionam conexões em qualquer lugar e a qualquer tempo. São os tais famosos anywhere, anytime. Já há quem determine que o mundo será uma grande “aldeia global” Wireless. Trilhar essa estrada, no entanto, não foi fácil. Por anos, as tecnologias de rádio foram relegadas aos domínios dos fornos de microondas e dos telefones sem fios. Na década passada é que a situação começou a mudar. Vários especialistas começaram a dar atenção especial a esta fronteira do rádio não licenciada. Nos últimos cinco anos, por exemplo, as tecnologias sem fio têm atraído investimentos de US$ 4,5 bilhões, numa economia onde o dinheiro é cada vez mais escasso. Um dos grandes responsáveis por esta transformação digital é a “figurinha carimbadíssima” conhecida como Wi-Fi (padrão IEEE 802.11b) ou de uma forma mais ampla Wireless LAN (nos padrões do IEEE: 802.11b, 802.11a e 802.11g) e pode cobrir centenas de metros (150 a 300 20 metros). O Wi-Fi rompeu a barreira do cabeamento e provou que era possível conectividade sem fio. Ô LINHA SUCESSÓRIA Num mundo de velocidade extrema, o Wi-Fi não poderia deixar de evoluir. Surgiu então o WiMAX, seu sucessor direto, mas que possui um alcance de 40 a 50 quilômetros, o que o transforma numa alternativa concreta às tradicionais tecnologias de banda larga. Hoje, o WiMAX trabalha com os padrões IEEE 802.16d e 806.16e. O 802.16d - ratificado em junho passado - é o padrão de Acesso sem Fio de Banda Larga Fixa. Ao longo deste segundo semestre serão realizados testes de aderência de equipamentos ao padrão e a previsão dos fabricantes é que, até julho de 2005, os primeiros produtos comerciais baseados no 802.16e sejam lançados comercialmente. Tempo de pit stop para avaliar o processo? Nem pensar. Um novo padrão, o 802.16e - previsto para ser ratificado até o final desse ano – já foi criado para ser o standard de Acesso sem Fio de Banda Larga Móvel. Segundo os seus Julho/Agosto 2004 FRECUENCIA LATINOANÉRICA flp_jul04_suplem.pmd 20 22/07/04, 14:00 BROADBAND WIRELESS SUPLEMENTO ESPECIAL PATROCÍNIO: WWW.SRTELECOM.COM GENTE GRANDE Aos mais reticentes com o mundo sem fio, a tecnologia Wi-Fi (Wireless Fidelity) espalha-se como uma “praga” no chamado ambiente empresarial. A General Motors, por exemplo, implantou Wi-Fi em 90 das suas subsidiárias espalhadas pelo mundo. A empresa de logística UPS investiu US$ 120 milhões para equipar os seus centros de distribuição com tecnologia sem fio. E não se enganem. A disseminação da tecnologia de WLAN evoluirá ainda mais no segmento empresarial com a ratificação do padrão IEEE 802.11i. O standard, aprovado em junho, reforça as características de segurança e afasta o temor de fragilidade nas operações. As operadoras de telefonia, móveis ou fixas, isoladas ou em parceria com provedores WISPs (Wireless Internet Service Providers) espalham este acesso digital sem fio de alta velocidade em aeroportos, hotéis, shopping centers, restaurantes, estradas, postos de gasolina e outros locais públicos conhecidos como hotspots. Quem também terá lugar de destaque nesse cenário empresarial será o WiMAX. A tecnologia será muito utilizada pelo mercado corporativo em banda licenciada de 5,8 GHZ. O WiMAX “construirá” pontes entre as múltiplas localidades de uma empresa dentro de uma área metropolitana, evitando ou minimizando assim, a necessidade de circuitos de operadoras de telefonia e/ou caras redes de fibras privadas, bem como circuitos redundantes ao circuito principal. Ao mesmo tempo, o WiMax poderá ser usado para interligar redes Wi-Fi, reduzindo custo de conexão WLAN. Esses cenários são particularmente aplicáveis para corporações que precisam de acesso de rede em locais sem nenhuma infra-estrutura pré-existente como, por exemplo, indústria da construção, serviços de emergência e indústria de óleo e gás, para citar alguns dos setores beneficiados. Ô criadores, ele assegura conectividades para velocidades de até 100 Km/hora. Caso seja ratificado em 2005, os fabricantes prometem produtos comerciais baseados no 802.16e para o primeiro semestre de 2006. Ô SEM FRONTEIRA Que mais ainda temos nesta visão futurista? Uma “tal” de tecnologia ZigBee, que começa a chamar a atenção. Ela funciona no padrão IEEE 802.15.4 e é a tecnologia que coordena a comunicação entre milhares de pequenos sensores, que poderão estar espalhados por escritórios ou em plantas industriais. Nestas últimas, por exemplo, o ZigBee terá a missão de coletar informações essenciais como temperatura, umidade e odorização para evitar acidentes e prejuízos ao negócio. Os sensores ZigBee têm duas características importantes: baixa velocidade de transmissão (até 250 Kbs) e baixo consumo de bateria. Testes já realizados afirmam que, com o ZigBee, as baterias podem (veja aqui a realização de mais um sonho de consumo) durar de cinco a 10 anos! Os sensores de ZigBee podem ser compostos em topologias de rede do tipo estrela, malha ou mista. Após a coleta, os dados podem ser tratados por um computador ou transmitidos por outras tecnologias sem fio como Wi-Fi ou WiMAX. Irreal demais? Imagina! Os produtos ZigBee são esperados para o segundo semestre desse ano. Quem também começa a mostrar sua força é a tecnologia UWB (ultra banda larga), liberada pelo Pentágono para fins comerciais apenas em março de 2002. Tecnicamente, a UWB é baseada no padrão, ainda não ratificado, IEEE 802.15.3. Também é conhecida como o “padrão Wireless mais sexy” pelas suas características: altíssima taxa de transmissão (de 250 a 500 Mbs) e baixíssima potência (1/ 10.000, potência típica de um aparelho de telefonia móvel). A expectativa é de que a tecnologia será utilizada na construção de backbones de alta velocidade. Um ponto comum une toda essa diversidade de tecnologias Wireless: elas são interoperáveis, com exceção da UWB, ainda não padronizada. O que isso significa? Ao contrário do mundo tradicional de telecomunicações onde os sistemas nasciam proprietários, o padrão viabiliza a produção em escala e a conseqüente redução de custos. Vamos adiantar nossos relógios para este novo “horário wireless”? n Eduardo Prado é consultor e especialista em tecnologia Wireless. Mantém um Weblog em http://smartconvergence.blogspot.com/ FRECUENCIA LATINOANÉRICA Julho/Agosto 2004 flp_jul04_suplem.pmd 21 22/07/04, 14:00 21 S O LU Ç Ã O Ação e IRMANDADE Lucent comprova a eficiência da tecnologia CDMA em 450MHz e faz teste no Brasil, mas uso da freqüência começa a ser contestado pelos fornecedores locais de rádio digital. Postura brasileira influenciará a expansão do programa para a América Latina Ana Paula Lobo Não poderia ser diferente. Num mundo marcado por disputas tecnológicas, o uso do CDMA na faixa de freqüência 450MHz, iniciativa encabeçada pela Lucent Technologies, divide a indústria brasileira, País escolhido para testes da nova faixa. Os fornecedores brasileiros de rádio digital contestam essa possibilidade e afirmam que a liberação da freqüência causaria sérios problemas às operadoras fixas locais, que ainda precisam cumprir metas de qualidade, até 2006. "Os rádios digitais são a melhor alternativa para as operadoras fixas levarem seus serviços para as áreas mais distantes. Mudar as regras do jogo agora não faria sentido", afirma Mário Baumgarten, diretor da Siemens do Brasil. O vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Lucent do Brasil, Luiz Cláudio Rosa, rebate a afirmação e assegura que a solução desponta como uma alternativa viável, uma vez que ela é adequada para países que possuem baixa teledensidade e regiões de difícil acesso, como é o caso do Brasil e de países da América Latina. Disputas mercadológicas à parte, a Agência Nacional de Telecomunicações no Brasil encerrou a etapa dos testes com a tecnologia CDMA 450 MHz - que permite um alcance de até 60 Km - visando o seu possível uso no Serviço de Comunicações Digitais (SCD). Esse serviço prevê a criação de aproximadamente 300 mil portas de acesso à informação em todo o País. IGUALDADE O projeto piloto do SCD, realizado no Brasil pela Lucent, envolveu um ônibus itinerante montado com nove computadores, um correspondente bancário e um terminal de atendimento de saúde pública. A experiência propiciou serviços de comunicações ao Centro de Ensino Lago Oeste, escola rural que oferece ensino fundamental e médio para 1200 alunos que nunca tinham tido qualquer tipo de contato com computadores. O centro educacional está situado a 45 Km da estação Radiobase (ERB) 450 MHz, instalada pela Lucent em Santa Maria, cidade satélite do Distrito Federal, e distante cerca de 120 Km de Brasília. Compartilhado pelos PCs, o link conse- guiu oferecer acesso à Internet com taxas de 144 kbps até 824 kbps, o que é considerado um recorde para a tecnologia CDMA 450 MHz. "Esse resultado prova que, para atender o SCD em nível nacional, podemos instalar um centro de redes por região. A central de comutação, os roteadores e o data center para as aplicações permanecem nos grandes centros", comemorou o executivo da Lucent. Outras tecnologias serão testadas pelo órgão regulador brasileiro, entre elas, a Power Line Communications (PLC), que oferece serviços de comunicação via rede de energia elétrica. "Não há o menor interesse de eleger uma única tecnologia. Isso seria inviável do ponto de vista financeiro e técnico", decretou o superintendente de Serviços Públicos da Anatel, Edmundo Matarazzo. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 REAÇÃO As possibilidades do CDMA 450MHz também começam a atrair a atenção de outros países da região. De acordo com o superintendente de Serviços Públicos da Anatel, Edmundo Matarazzo, o México já reservou a faixa para projetos de universalização. "Os serviços de trunking (radiochamada) já foram deslocados para outras faixas para permitir a liberação da frequência", observou. Peru e Bolívia também estudam a hipótese de utilizar a tecnologia CDMA 450MHz para levar serviços de telecomunicações às áreas não atendidas pelos provedores tradicionais. Na Venezuela, onde 80% do território não tem cobertura de serviços, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) já deixou claro que observa com atenção o encaminhamento do modelo brasileiro para tomar uma decisão final. 23 flp_jul04_solucao.pmd 23 20/07/04, 16:20 MERCADO Durante a conferência anual de tecnologias de Informação e Comunicação, organizada pelo Instituto das Américas e realizada em Miami, órgãos reguladores apresentam um panorama da indústria e do futuro que ambicionam para seus países. Liliana Ruiz V. De Alonso, gerente Geral da OSIPTEL do Peru e Freddy Rodríguez, presidente da CONATEL do Equador, em entrevista à Frecuencia Latinoamérica, falaram sobre o trabalha que realizam, as futuras licitações e o que estão planejando para reduzir a exclusão digital CARTAS na mesa Clara Persand FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Quais são os projetos atuais? estão sendo coordenadas pela Universidade da Região Costa, a Escola PoliOSIPTEL: Estamos atuando de forma bastécnica do Litoral. O trabalho envolve alutante acelerada, baixamos normas criatinos do primeiro grau que desenvolvem vas e abrimos a concorrência a todos os diversas atividades pedagógicas. Consemercados. No segmento de telefonia fixa, guimos implementar também outros proentretanto, essa concorrência tem sido jetos com habitantes de zonas rurais. incipiente. As novas companhias estão Ao mesmo tempo, estamos trabase concentrando em nichos de mercado. lhando no programa Internet 2 para as Outra ação nossa tem sido voltada para redes de pesquisa das universidades. o setor de telefonia móvel. Temos converEstamos em conversação para dispor um sado com as operadoras para tentar anel de fibra ótica que ofereça conecticonvencê-las a baixar as tarifas. Montavidade suficiente, visando a criação e o mos um esquema de redução gradual que desenvolvimento do País. entrará em vigor em julho. O processo deve durar um ano e meio para atingir uma redução de 30%. Tivemos que atuar na Quais as ações direcionadas especifiquestão porque havia usuários que, por camente para as áreas mais carentes? não conseguirem pagar a fatura, deixavam OSIPTEL: Existe um problema que escade fazer ligações e isso gerava um problepa ao nosso controle e é uma questão ma administrativo para as empresas. de trâmite administrativo e municipal, CONATEL: Iniciamos um trabalho importante com a instalação de telecen“Estamos vendo como tros, através de unidades móveis em podemos promover tarifas tele-saúde e tele-educação. Estamos trabalhando sobre bases sólidas, baixas e serviços melhores” implementando os telecentros prinLiliana Ruiz, gerente general da OSIPTEL cipalmente na costa do País. As ações que recai sobre as operadoras. As carriers recém-chegadas e mesmo a Telefónica têm reclamado bastante dessa burocracia. O Ministério do Transporte está atuando no Congresso para aprovar medidas que façam com que os municípios entendam que precisam colaborar para levar conectividade a essas áreas, mas isso já foge da nossa esfera de ação. Instalamos com sucesso cabines em zonas rurais, as duas operadoras locais, a Gilat de Israel e Rural Telecom, do Peru, estão satisfeitas. Agora queremos instalar Internet cafés nas zonas rurais. O projeto prevê uma parceria, que pode ser com universidade ou direto com o município, que nos dê o espaço enquanto nós entramos com a infra-estrutura. A tecnologia poderia ser de satélite. CONATEL: Estamos desenvolvendo um plano de comunicações com uma provedora de serviços. Temos acompanhado com muita expectativa o que vem acontecendo em outros países. Mas temos que ver que os telecentros, nossa principal es- 24 flp_jul04_mercado.pmd 24 20/07/04, 15:55 MERCADO tratégia de ação, precisam ser sustentáveis. Do contrário, não vale a pena investir neles. Acredito que não é necessário só dinheiro, é preciso vontade política por parte do governo para implementar o projeto. Quando nos perguntam como estamos em termos de conectividade, respondemos que tudo vai muito bem se sabemos aonde queremos chegar. Falta planejamento. Existe uma tendência de Quito no Cume Nacional para “Caminhamos em direção a las Américas. Esta iniciativa foi desenvolvida em conjunto na uma liberação maior da CITEL - Comissão Interamericaregulamentação, mas na de Telecomunicações, e é por isso que esse plano foi levado a vamos ser mais exigentes toda a América Latina. quanto à concorrência” Nós lideramos este projeto, Freddy Rodríguez, presidente da CONATEL que foi definido como um modelo para todos os países. ToCaminhamos em direção a uma libedos os programas de conectividade que ração maior da regulamentação, mas vaforam implementados pelos países da mos ser mais exigentes quanto à concorregião são semelhantes e estão basearência, vigiando as empresas já estabedos no plano de ação de Quito. Esse lecidas para que permitam a participamodelo tem sido implementado pela ção das recém-chegadas. Evitar que uma maioria dos países, contamos com o absorva a outra. Apesar de fazermos uma mesmo sistema. O que precisamos faliberação da regulamentação, temos que zer agora é atualizar um pouco esta garantir que não haja canibalismo das já agenda porque a implementação de plaestabelecidas sobre as recém-chegadas, nos de ação não foi tão eficiente. Houpromovendo a concorrência. ve sucesso em alguns pontos, mas falta eficácia na exploração dos recursos e da capacidade máxima. Há planos para a licitação de algum de baixa prioridade das Tecnologias da Informação no governo. Difundir os seus usos é um trabalho em conjunto do qual devem participar a sociedade civil, o setor empresarial e o executivo. Quais as ações direcionadas especificamente para combater a exclusão digital? OSIPTEL: Estamos implementando telecentros ou cabines Internet nos municípios. A princípio, o objetivo era chegar a 800 localidades, agora a meta é abarcar grande parte do território nacional. Procuramos associações que apresentem projetos, que são analisados e, caso viáveis, colocados em prática. O Fundo de Investimento em Telecomunicações conta com US$ 25 milhões. Esse dinheiro pode ser, inclusive, direcionado para levar conectividade às zonas rurais. CONATEL: Como ente regulador, nossa responsabilidade recai na conectividade. A CONATEL desenvolveu o Plano de Ação Que mudanças regulatórias devem ser feitas para fortalecer o crescimento da indústria e melhorar a cobertura? OSIPTEL: Estamos vendo como podemos promover tarifas baixas e serviços melhores. Na questão de interconexão entre operadoras móveis, estamos fazendo um estudo. Se tivermos que intervir, o faremos, por isso estamos realizando essa análise. Na questão tarifária, somos mais cautelosos porque é pouco provável que esse mundo possa ser regulado. Queremos monitorar e temos a arma da concorrência. Se alguma operadora agir contra a livre concorrência, interviremos com certeza, já fizemos isso no passado. CONATEL: Neste momento estamos definindo a atualização e o fortalecimento do modelo. É preciso fazer uma desagregação das redes. Possivelmente, se tudo sair como planejado, teremos um novo marco regulatório que permitirá uma oferta maior de serviços na infra-estrutura de última milha. OSIPTEL: O Ministério do Transporte vai fazer a licitação de duas novas bandas, já que a idéia é promover a entrada de outras empresas. Não será permitida a participação de grupos empresariais que já operem no país. CONATEL: No ano passado, fizemos licitação de PCS e entrou a Telecsa com o nome comercial Alegro. Foi definido um período de operação de três anos, e já se passou um ano. Durante este ano, vamos realizar uma análise de mercado e rever a demanda. O que queremos é determinar qual é o momento adequado para que entre uma nova operadora, se o mercado está pronto ou se uma ação nessa linha poderia se converter em canibalismo. Sabemos que poderia entrar uma quarta operadora, mas se pudermos definir o momento mais apropriado, além de determinar a banda, teremos mais chance de sucesso. Em 2004, nosso enfoque será em serviços que poderemos oferecer às operadoras e sob quais condições. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 serviço? 25 flp_jul04_mercado.pmd 25 20/07/04, 15:55 TECNOLOGIA Até então trilhando caminhos opostos, as operações fixas e móveis começam a conjugar um verbo único: convergir. A tarefa não é simples. Há lacunas tecnológicas e de mercado a serem preenchidas, mas a combinação de esforços já é uma realidade mundial. Estimular o uso comum de produtos que ampliem a receita e possam compensar os gastos bilionários em infra-estrutura, tem sido a lição de casa das carriers. Por outro lado, os serviços tradicionais não satisfazem mais ao assinante, que ganhou um poder de escolha inimaginável com o advento da mobilidade MODO I FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Ana Paula Lobo e Graça Sermoud terminal celular, que trouxe mobilidade para o dia-a-dia do usuário a um custo acessível, desenhou um novo perfil de consumidor de serviços de telefonia. Mais exigente, o assinante anseia por um único produto que permita desfrutar de uma gama de opções, sejam elas de voz, dados e imagens que a tecnologia de última geração disponibiliza, de preferência com alta qualidade e o menor custo possível. Pressionadas por esse novo padrão de consumo, as operadoras descobrem a convergência fixo/móvel como a alternativa para resolver duas equações pendentes: a fideliza- O ção do cliente e o incremento da receita. Convergir não é, e certamente não será, uma tarefa simples. O verbo, na linguagem das operadoras, significa estimular a oferta combinada de serviços de linhas fixas e móveis através de um único terminal ou número de telefone. Isso implica integrar redes e sistemas vitais, como por exemplo, o de cobrança. É uma guinada de 180 graus que pode reescrever o negócio telefonia, em nível mundial. É bom lembrar que a compatibilidade e a interoperabilidade não eram regras usuais no mercado. O uso de padrões só aconteceu após forte pressão dos usuários. É exatamente nesse poder de persuasão do assinante que reside a principal força das operadoras que vestem a camisa da convergência. Elas acreditam que, impulsionadas pelo usuário, serão capazes de influenciar e acelerar o desenvol- 26 flp_jul04_matcapa.pmd 26 20/07/04, 15:59 TECNOLOGIA PONTO DE PARTIDA Em maio, a britânica British Telecom surpreendeu os concorrentes ao associar-se à Vodafone para oferecer serviços de telefonia fixa e móvel integrados a partir de um único terminal. Batizada de projeto Bluephone, a iniciativa tem como objetivo permitir que a chamada telefônica seja sempre a mais barata e a de melhor qualidade, independente de ela ser completada na rede fixa ou móvel. A Alcatel é a empresa que está disponibilizando, nesse projeto, o aparelho que permite a integração. Os participantes do projeto piloto receberão uma única conta, na qual constarão os serviços prestados em telefonia fixa e móvel. Com uma grande mudança. As ligações realizadas pelo terminal fora de casa serão transferidas para a British Telecom, que tem um preço menor para o serviço celular. Já as realizadas dentro de casa serão automatica- mente direcionadas para a rede da Vodafone, que tem preços mais convidativos no acesso fixo. A proposta é clara: atrair o assinante com a certeza de preço baixo em qualquer chamada. A tecnologia Bluetooth, que possibilita a transmissão de dados em curtas distâncias (até 25 metros) é o meio utilizado para transportar as chamadas. A expectativa da British Telecom é tornar o projeto piloto uma operação comercial ainda esse ano. Há senões importantes. A demanda para a produção do Bluephone ainda é muito pequena. Isso significa custo alto de manufatura. A carrier planeja ainda testar o WiMAX como meio de transporte para ampliar o raio de transmissão. Além disso, é preciso definir um modelo de remuneração que atenda aos interesses de todas as partes envolvidas: usuário, fornecedor, operador móvel e fixo. Nessa fase experimental, a questão financeira foi relegada a um segundo plano, mas fazer dinheiro é a meta de todos os participantes da iniciativa. vimento tecnológico necessário para viabilizar essa comunhão de esforços, com destaque para a produção de aparelhos de telefone capazes de cumprir as novas exigências. Mas engana-se quem pensa que o processo é puramente de inovação tecnológica. É preciso integrar forças de vendas, suporte e operações. Torna-se imperativo desenhar um novo modelo de negócios. E, mudar, é uma característica que assusta aos segmentos tradicionais. SEGREDO DE ESTADO Até bem pouco tempo, as estratégias direcionadas para a oferta de serviços combinando produtos fixo/móvel eram tratadas como "segredo de estado". Entretanto, a necessidade de mudança hoje está falando mais alto. Enquanto as operadoras fixas correm para conter a migração dos seus assinantes para a telefonia mó- vel, as carriers do serviço celular conquistam cada vez mais usuários. Entretanto, a maioria delas, para a infelicidade dos responsáveis financeiros, é incapaz de gerar uma receita significativa que responda aos anseios dos investidores. Gigantes como a japonesa NTT DoCoMo, a inglesa British Telecom, a francesa Cegetel, a suíça Swisscom, a coreana Korea Telecom, a australiana Telstra e a brasileira Brasil Telecom GSM, que inicia operação em agosto, decidiram que era necessário fazer algo concreto para reverter esse cenário nada positivo. Apesar de todas as diferenças comerciais e culturais, sentar à mesa e viabilizar saídas era mais do que preciso. Desse esforço surgiu a Fixed Mobile Convergence Alliance (FMCA), entidade que tem como missão tornar transparente toda a discussão em torno da convergên- cia. Nos últimos sessenta dias, uma série de reuniões aconteceu para viabilizar a iniciativa. Uma das decisões importantes foi a de integrar a América Latina ao movimento. A próxima reunião, marcada para esse trimestre, acontecerá no Brasil. É bom esclarecer que a comunhão não é movida apenas pela necessidade de ajustes tecnológicos. O interesse financeiro é óbvio. São poucas as carriers preparadas para enfrentar um novo período de recessão, como o vivido após a explosão da "bolha da internet". Convergência pode se traduzir em novos negócios. No último balanço, por exemplo, a British Telecom – pioneira no processo (leia matéria Ponto de Partida) – divulgou uma expectativa de gerar 1 bilhão de euros de receita com a convergência entre telefonia fixa e móvel, nos próximos cinco anos, um montante nada desprezível em tempos de competição acirrada. FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 O IMPERATIVO 27 flp_jul04_matcapa.pmd 27 20/07/04, 15:59 TECNOLOGIA Brasil Telecom GSM inicia operação em agosto com a intenção de provocar uma mudança na oferta atual de serviços celulares. A operadora é a primeira da América Latina a iniciar atividade oferecendo serviços convergentes fixo/móvel FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 PROVA DOS NOVE Mais do que provar que é possível convergir infra-estrutura fixa e móvel, a Brasil Telecom GSM, unidade de telefonia celular da Brasil Telecom – carrier de telefonia fixa da região Centro Sul do Brasil – almeja capitalizar a atenção do assinante com a oferta de um atendimento simplificado e único. A intenção da operadora é provocar uma reestruturação no atual modelo de prestação de serviço celular no Brasil. Em entrevista à Frecuencia Latinoamérica, o diretor Geral da Brasil Telecom GSM, Ricardo Sacramento, detalha a estratégia da companhia. Desde o primeiro dia de operação, previsto para início de agosto, todas as áreas do grupo Brasil Telecom, sejam elas de vendas, atendimento, suporte, operações e Tecnologia da Informação, estarão funcionando em harmonia. Para assegurar a realização dos projetos, a carrier irá investir, até o final de 2005, R$ 1,7 bilhão. "Criamos um único time que irá vender BrT fixa, BrT Turbo (Internet banda larga) e BrT GSM. Não há áreas administrativa, financeira e marketing isoladas. Não há uma nova empresa do grupo. Tudo é uma só operação", destaca o diretor Geral da carrier. Um dos motes principais da operadora tem sido exatamente unificar o time de funcionários em torno das evoluções da plataforma tecnológica para atender a demanda da convergência. "Criamos um único time que irá vender BrT fixa, BrT Turbo (banda larga) e BrT GSM. Não há uma nova empresa do grupo. Tudo é uma só operação" Ricardo Sacramento, diretor Geral da Brasil Telecom GSM Nos últimos meses, houve um esforço significativo da área de TI para permitir a integração da carrier móvel aos sistemas legados existentes. "A transparência é total. O modelo é um só, tanto para a operação fixa, móvel e banda larga. É uma única Brasil Telecom", estabelece Sacramento. TABUADA Um dos maiores cuidados da nova operadora é não ser classificada como a quarta entrante no acirrado mercado de telefonia móvel celular na região Centro Sul do Brasil. Hoje, os assinantes dessa área são disputados pela TIM (Telecom Itália Móbile), Vivo (joint venture Portugal Telecom/Telefónica) e a Claro (da mexicana América Móvil/Telmex). De acordo com Sacramento, a proposta da Brasil Telecom GSM não será a de conquistar usuários apenas através de planos tarifários agressivos e/ou com a oferta de aparelhos mais baratos. A idéia é provocar o consumidor com a oferta de uma gama de serviços diferenciados e ainda distantes da realidade nacional. Como, por exemplo, a possibilidade de se ter uma única conta de operação móvel, fixa e de Internet e um único terminal capaz de centralizar a oferta desses serviços. "Sabemos que é um modelo arriscado, diferente. Mas acreditamos que o assinante quer mais do que preço baixo. É claro que custo é importante, mas qualidade e sinergia de comunicação é um sonho de consumo", detalha o diretor Geral da operadora. Nessa linha de operação, a Brasil Telecom GSM terá 16 lojas exclusivas de vendas, instaladas nos principais Shopping Centers da região. Mas, frisa Sacramento, os funcionários responsáveis pela venda da operação de telefonia fixa também estão capacitados para atender ao assinante móvel. O usuário terá ainda um único call center, pelo qual poderá encaminhar suas solicitações e reclamações para a carrier. 28 flp_jul04_matcapa.pmd 28 20/07/04, 15:59 TECNOLOGIA Fornecedores e operadoras escrevem um novo relacionamento. Redes deixam de ser meras transportadoras de sinais para serem integradoras de informações SEGUNDA CHAMADA REVISÃO IMEDIATA infra-estrutura começa a deixar de ser um mero instrumento de transporte de comunicação para tornar-se uma integradora de informações. "É uma migração fantástica. A inteligência predominará nesse novo cenário e quem souber aproveitar esse momento estará escrevendo um novo lugar na história da comunicação", apregoa Bergamasco. Postura também defendida pelo consultor de estratégias tecnológicas da Siemens, Marco Kimura. Segundo ele, fornecedores e operadoras precisam for- FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Em um mundo no qual a harmonia não é uma característica comum, a propalada integração de redes demanda um ajuste fino entre todos os participantes da cadeia produtiva da área de telecomunicações. Diante da verdadeira Torre de Babel do sistema de telefonia, somente os standards podem facilitar a criação de uma linguagem única. Esse processo, no entanto, demanda paciência, o que não é exatamente uma característica de quem busca rentabilidade e sobrevivência, como é o caso das gigantes da operação fixa. Paulo Bergamasco, CTO (Chief Techonology Officer) da Alcatel do Brasil, admite que para o mercado ofertar a convergência desejada ainda há muitos padrões a serem desenvolvidos. Apesar dessa engrenagem desregulada, o executivo faz questão de frisar que a indústria vive um momento singular: a Os marcos regulatórios dos países terão que ser alterados para acompanhar o ritmo da convergência. A advertência é de Álvaro Marques, consultor da Itelogy Partners do Brasil. Segundo ele, além de questões tecnológicas, as operadoras fixas também sofrem com as restrições legais dos processos de privatização. Para comprovar a sua tese, Marques lembra que no Brasil - e a situação se repete em muitos países da América Latina - as operadoras de TV a cabo podem solicitar uma licença ao órgão regulador e através das suas redes formatar serviços de voz e dados. A grande questão é que a contrapartida, ou seja, a possibilidade de a operadora fixa entrar no mercado de transmissão de televisão não acontece. "É um impeditivo complexo para quem quer sobreviver. As operadoras fixas precisam de mais liberdade, mas dentro de regras claras e sob controle dos órgãos reguladores", destaca o consultor. Na visão dele, a América Latina precisa mirar-se no exemplo da Inglaterra, que no início desse ano, em função do projeto Bluephone da British Telecom, extinguiu a Oftel, até então responsável pela legislação do setor, e criou a Ofcom (Office of Communications). A nova agência incorporou cinco estruturas regulatórias inglesas e acumulou as funções das comissões de padrões para radiodifusão, de televisão independente (que lidava com as TVs comerciais), da agência de radiocomunicações e da agência de rádio. A substituição foi justificada pela necessidade de o Governo britânico acompanhar mais de perto a evolução das redes de telecomunicações e o acirramento da concorrência na área de conteúdo em função da convergência de tecnologias. 31 flp_jul04_matcapa.pmd 31 20/07/04, 15:59 TECNOLOGIA mular serviços transparentes, que funcionem independente de terminais e plataformas. "Não se trata mais de saber tecnologia, mas de construir algo a partir dela", complementa. OS SABORES DO IP André Galvão, gerente de Operações da Motorola, diz que convergência não é um desejo recente no mercado. Até bem pouco tempo, o intuito maior era integrar as redes de telefonia aos computadores, que surgiam como objeto de desejo dos consumidores. Hoje, as operadoras, cientes do momento financeiro e da competição mais acirrada, trabalham numa convergência mais eficiente. A própria busca das redes NGN (Next Generation) é uma prova de que essa integração não é mais irreal. "Os softswitches são centrais telefônica baseadas em plataforma de computação. Eles são uma evolução que permitem a oferta de serviços integrados", destaca o gerente da Motorola. As operadoras fixas são as que impulsionam a questão da convergência por razões de sobrevivência e para en- QUEM DÁ MAIS? FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Terminais que vão permitir o uso combinado de serviços móvel/fixo são raros e caros Para tornar os serviços convergentes populares, as operadoras sabem que precisam dispor de uma gama diferenciada de terminais capazes de ofertar os produtos aos assinantes. Hoje, essa tarefa é ingrata. São poucos os produtos disponíveis e a escala de produção ainda é pequena e de alto custo. No caso da British Telecom, por exemplo, o terminal utilizado é o Bluephone, da Alcatel. A primazia de ser a fornecedora do teste mais significativo de convergência traz ganhos importantes para a gigante francesa. De acordo com o CTO (Chief Technologie Officer) da Alcatel do Brasil, Paulo Bergamasco, até o final desse ano, o Bluephone estará vindo para o Brasil. Operadoras como a Brasil Telecom GSM e a Oi, ligada a operadora fixa Telemar, são os alvos da estratégia, já que ambas são as mais adiantadas na oferta de serviços fixo/móvel. Mas não se pode esquecer que a mexicana Telmex também pode ser uma séria candidata a testar o produto. Afinal, ela é dona no Brasil da Claro, operadora móvel, da Embratel, e agora, é acionista da Net, maior operadora de TV a cabo do País. Os fabricantes de handsets não querem ficar longe desse segmento. Eles trabalham para criar um terminal que combine GSM/GPRS e Wi-Fi, sonho dourado dos investidores nas redes sem fio. A Motorola pode ser a primeira empresa a liberar um telefone com essas características. A fabricante já tem um terminal capaz de realizar chamadas via Wi-Fi para redes GSM, mas ainda teria dificuldades técnicas para permitir o caminho contrário. Exatamente por isso, especialistas norte-americanos afirmam que a Motorola não deverá lançar esse aparelho ainda em 2004. contrar alternativas ao legado existente - são várias redes distintas, como por exemplo, voz, IP, Frame Relay, ATM e outras - diz o gerente de Engenharia para a área de telefonia fixa da Cisco, Marcelo Moreira. Segundo ele, nos últimos tempos, as operações fixas não conseguem reverter o quadro de perda de assinantes para as concorrentes sejam elas móveis, nos países emergentes onde a demanda de voz ainda é alta, ou para as operadoras de TV a cabo, como acontece nos Estados Unidos. "Até bem pouco tempo, as operadoras não tinham nenhum problema de gastar muito em redes diferentes. Também não se preocupavam se essas infra-estruturas iam se "comunicar". Mas, agora, tudo mudou. O dinheiro escasseou e novos serviços dependem de qualidade. È por isso que o IP desponta como o caminho", reforça o executivo da Cisco. Até porque, lembra Moreira, as operadoras sabem que precisam lidar com os seus legados - diversas redes de Tecnologia da Informação, de plataformas de gerenciamento de bilhetagem - por muito tempo. O IP desponta como a alternativa para ofertar qualidade de serviço e integração. Por isso, as operadoras de telefonia móvel também já migram suas infra-estruturas para a tecnologia. A interoperabilidade das redes legados com essa nova topologia de rede IP é hoje uma lição de casa para as operadoras. De acordo com André Arraes, diretor da Tellabs do Brasil, reduzir custos operacionais sem perda de qualidade de serviço não é uma missão simples. Ela requer estudos e uma gerência mais apurada dos circuitos. 32 flp_jul04_matcapa.pmd 32 20/07/04, 15:59 EVENTOS AGOSTO SETEMBRO Internet Satelital Agosto 1,8,15,22 e 29 Auditório do Hotel San Martín Trujillo, Peru Expo Comm Argentina 2004 Setembro Buenos Aires, Argentina www.expocomm.com.ar Expo Celular Agosto 17-20 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo, Brasil www.expocelular.com.br 11th Revenue Assurance & Fraud Management 2004 Setembro 21-22 Rio de Janeiro, Brasil CDMA Americas Congress Setembro 28-30 Centro de Convenciones de Miami Miami, FL, USA Billing, OSS & BSS Congress Agosto 23-25 Sheraton Rio Hotel & Towers, Rio de Janeiro, Brasil OUTUBRO NOVEMBRO Messaging & Mobile Internet LA Outubro 4-5 Sheraton Hotel - Rio de Janeiro, Brasil Seminário Internacional de Roaming Outubro 7-8 Hotel Pestana Rio Atlântica Rio de Janeiro, Brasil Andicom 2004 Outubro 20-22 Centro de Convenciones Cartagena de Indias, Colombia GSM Americas www.ibctelecoms.com.br World Handset Forum Americas Novembro 9-10 Santa Clara Convention Centre California, USA Caricam Mobile 2004 Novembro 30 - Dezembro 1 Bávaro Beach Resort Punta Cana, República Dominicana CTIA Wireless IT & Entertainment 2004 Outubro 25-27 Moscone Center - San Francisco, USA www.wirelessit.com Futurecom 2004 Outubro 25-28 Florianópolis, Brasil www.futurecom.com.br COMPANHIA PÁGINA WEB NOKIA Capa 2 www.nokia.com BRIGHTSTAR Página 5 www.brightstarcorp.com FUTURECOM NEWS DAILY Página 7 www.frecuenciaonline.com CDMA AMERICAS Página 9 www.cdg.org EXPO COMM ARGENTINA Página 14 www.expocomm.com.ar SR TELECOM Página 17 www.srtelecom.com CTIA Página 29 www.wirelessit.com FRECUENCIA Capa 3 www.frecuenciaonline.com ZTE Capa 4 www.zte.com.cn Próxima Edição ESPECIAL TERCEIRA GERAÇÃO As operadoras da telefonia móvel já detectaram que não basta mais conquistar novos assinantes. Elas precisam ampliar o uso de serviços de valor agregado, principalmente os ligados a dados e imagens. Nesse cenário, uma infra-estrutura turbinada é questão de ordem para quem quer sobreviver. Novas tecnologias começam a ser implementadas nas carriers, sejam elas usuárias CDMA ou GSM. FrecuenciaLatinoamérica mostrará as novidades que estão em curso nessa área por parte das operadoras, fornecedores e fabricantes de terminais. Também mostrará o quadro regulatório na região com relação à venda das licenças 3G. ARGENTINA/ EXPO COMM Depois de um duro período de recessão econômica e de estagnação de investimentos, o segmento de telefonia móvel renova o fôlego. A competição ganha novos capítulos com o round travado entre as gigantes América Móvil, na CTI Móvil, e Telefónica Móviles. Correndo por fora, a Telecom Italia sinaliza que não está disposta a perder market share. Nesse confronto, o GSM prova a sua força. Os investimentos na tecnologia são um marco no País. FRECUENCIA – JULIO/AGOSTO JULHO/AGOSTO 2004 2004 ín d i c e d e a n u n c i a n t e s 33 flp_jul04_33_eventos.pmd 33 22/07/04, 16:20 OPINIÃO Direitos e DEVERES FIGURA 1 OPERADORA Provedor de conteúdo 1 Gerência Manutenção Bilhetagem I Gerência Manutenção Bilhetagem Ý Ý FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004 Hosting As carriers saem de um "estado de conforto", com amplo domínio da cadeia de valor, para se defrontarem com um novo universo bastante distinto de suas competências básicas. Nele surgem novos elementos representados na figura abaixo, que por suas especializações e dinâmicas bastante distintas daquelas das operadoras, acabam assumindo vida própria: • PROVEDOR DE CONTEÚDO Que assumimos ser também o desenvolvedor do conteúdo ou aplicação, se responsabiliza por executar as permanentes atualizações; • HOSTING Este elemento contém o servidor que armazena e "roda" as aplicações; 34 flp_jul04_34_opiniao.pmd 34 20/07/04, 16:00 Ý Ý Com a competição cada vez mais acirrada, as operadoras móveis reforçam os investimentos em evolução tecnológica e na introdução de novos serviços como forma de combater a redução da receita média por assinante (ARPU) e atender à crescente necessidade do cliente por serviços que propiciem maior bem-estar e aumento de sua produtividade no dia-a-dia. FIGURA 2 • GERÊNCIA, MANUTENÇÃO Provedor de Provedor de OPERADORA E BILHETAGEM conteúdo 3 conteúdo 2 Provedor de Este último assume as funconteúdo n Provedor de ções de gerência, manutenção conteúdo 1 Gerência Gerência e bilhetagem dos serviços ofeÝ Manutenção Manutenção I Bilhetagem recidos, servindo de elemento Bilhetagem Ý de ligação com a operadora. Hosting Usualmente, irá interagir com seu espelho dentro da operadora, que o fiscalizará e repassará a cobrança dos serviços consumimelhor, da receita, entre os envolvidos. dos aos clientes finais, posteriormente Chamado de "revenue share", este moretornando a este elemento sua parcedelo promove uma relação de divisão de la, para que ele remunere os demais enreceita que varia dependendo do tipo de volvidos. (Veja figura 1) aplicativo, complexidade e recursos necessários para sua criação. A dinâmica de mercado tem mosNo caso dos ringtones e imagens trado que uma empresa que realiza as podemos dizer que, em média, a operafunções de gerência, manutenção e bidora fica com 50% do bolo e o restante lhetagem, tem a tendência de adquirir é dividido entre os demais elementos. a outra que realiza a função de hosting, Já para os aplicativos Java, como os jocomo forma de aumentar o seu valor e, gos, a operadora retém 20% e os declaro, fortalecer sua posição de parcemais, 80%. Mas, o processo não termiria com a operadora. na por aí. A área de VAS (Value Added Mantendo essa mesma linha perServices) das operadoras está sempre cebe-se que, num segundo momento, a procura de novos conteúdos e dife“essa nova empresa” tende a se assorenciais que permitam conquistar e adciar ou mesmo a incorporar o provedor quirir a fidelidade dos seus clientes, e de conteúdo que oferece os aplicativos claro, ampliar a receita com os servide maior sucesso. Ao mesmo tempo, ços de dados. É chegada a hora de senela também interage com outros protar à mesa e negociar! vedores menores. Isso lhe permite oferecer à operadora um amplo portfólio de soluções. (Veja figura 2) Atualmente, há diversos provedoEduardo Nascimento Lima res oferecendo a mais variada gama é Consultor de Estratégias de conteúdos e aplicações. Toda essa Tecnológicas para o Mercosul oferta permite ao usuário personalizar seu celular com sons, imagens e Marcelo Gentil Videira jogos de sua preferência. é Gerente de VAS Neste novo cenário, a grande ques& Internet Mercosul tão volta-se para a divisão do bolo, ou Ý Eduardo Nascimento e Marcelo Gentil Videira Para aumentar a receita, as operadoras móveis reformulam suas estratégias e negociam com provedores de conteúdo e aplicações
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