dever de - Frecuencia Latinoamérica

Transcrição

dever de - Frecuencia Latinoamérica
Frecuencia
COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA
Edição em português
Ano 8 - Nº 59 - Julho/Agosto 2004
Latinoamérica
www.frecuenciaonline.com
SERVIÇO
UNIVERSAL UNE
REGULADORES
BRASIL TESTA
CDMA 450 MHZ
Ricardo Sacramento,
diretor Geral da Brasil Telecom GSM
DEVER DE
CASA
Operadoras buscam
integração de serviços fixo-móvel
SUPLEMENTO ESPECIAL
O FUTURO É WIRELESS
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Mobilidade dita as
regras da comunicação
20/07/04, 16:25
EDITORIAL
FRECUENCIA Nº 59
Julho/Agosto 2004
www.frecuenciaonline.com
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FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula dez vezes
no ano e é distribuída às empresas e executivos
do mercado de telecomunicações sem fio.
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Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta publicação sem prévia autorização da
direção. As opiniões contidas na revista
Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos
autores e não necessariamente a da ITP Editorial.
A mobilidade conferiu ao consumidor o direito de
acessar informação de maneira mais ágil e eficiente. Sem as
amarras da infra-estrutura convencional, as redes sem fio
começam a provar que é possível levar comunicação às
regiões mais carentes de serviços de voz, dados e imagens.
Essa é a contribuição que se pode esperar da tecnologia:
promover mudanças sociais, culturais e econômicas.
O mundo Wireless mostra-se um divisor de águas. Ele desconstrói
o mito de que serviços de comunicação só são acessíveis a camadas
privilegiadas. É verdade que há muito por fazer, mas o suplemento
anual Brodband Wireless da Frecuencia Latinoamérica apresenta
exemplos de melhoria de vida em função do uso adequado da
ferramenta de comunicação. No mundo fornecedor, a onda móvel
rompe fronteiras e incentiva o desenvolvimento de novos aplicativos e
hardware. Gigantes investem pesado para figurar entre os players
desse novo modelo de sociedade que se desenha.
A questão é que nesse cenário há um time que não quer perder
status e poder. Mais uma vez, o mundo Wireless tem uma
oportunidade de mostrar sua força. Até então trilhando caminhos
opostos, as operações fixas e móveis começam a conjugar um verbo
único: convergir. Sobreviver à mudança de mercado é
obrigatório para as carriers fixas que investiram bilhões em
infra-estrutura e estão perdendo, dia após dia, assinantes para
operações móveis. Se unir forças e estimular o uso comum de
produtos é uma possibilidade, por que não?
É uma virada significativa. Existem lacunas tecnológicas e
de mercado a serem preenchidas, mas há carriers dispostas a
Graça Sermoud
vencer as barreiras. No mundo todo, um seleto time começa a
redesenhar seus modelos de negócio. Nessa edição,
Frecuencia Latinoamérica revela o projeto da Brasil Telecom
GSM, pioneira na América Latina na opção de unificar as
áreas de negócios. Se vai dar certo, ou não, a resposta está
nas mãos do grande responsável por todas essas
transformações: o consumidor. Ele irá ditar as regras do jogo
que se desenha. Boa leitura!
Ana Paula Lobo
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COMERCIAL
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FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Divisor de águas
DIRETORA & EDITORA-CHEFE
Ana María Yumiseva
[email protected]
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Í N D I C E
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NOTÍCIAS DOS PAÍSES
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PERFIL
Dono de uma carreira sólida, o diretor da divisão de Soluções
Corporativas da Alcatel na região, Alain Plenier, surpreendeu os
seus superiores na multinacional francesa ao pedir para trocar a
emergente Ásia pela conturbada América Latina. Em entrevista
exclusiva à FRECUENCIA LATINOAMÉRICA, o executivo revela as
razões dessa guinada.
SUPLEMENTO ESPECIAL
BROADBAND WIRELESS
Tecnologia só é revolucionária quando é capaz de contribuir para
mudanças sociais, culturais e econômicas. Ao disseminarem
o conceito da mobilidade, as redes sem fio se tornam uma alternativa
para democratizar o acesso aos serviços de comunicação para regiões
carentes da infra-estrutura tradicional. No mundo dos negócios,
os resultados são animadores. O mercado mundial de banda larga
Wireless prevê faturar US$ 3 bilhões, em 2004.
SOLUÇÃO
Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil finaliza teste
com a solução CDMA 450 MHz da Lucent Technologies. Uso da
freqüência, no entanto, começa a ser contestado pelos
fornecedores locais de rádio digital.
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MERCADO
Liliana Alonso e Freddy Rodríguez, responsáveis pelo comando
dos órgãos reguladores do Equador e do Peru, em entrevista
exclusiva à Frecuencia Latinoamérica revelam as ações que
planejam para reduzir a exclusão digital nos seus países.
MODO IMPERATIVO
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FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Em busca da rentabilidade, as operações fixas e móveis começam a
conjugar um verbo único: convergir. Estimular o uso comum de produtos
que ampliem a receita e possam compensar os gastos bilionários em
infra-estrutura tem sido a lição de casa das operadoras fixas, atingidas
em cheio pelo sucesso da telefonia móvel celular. A tarefa não é simples.
Há lacunas tecnológicas e de mercado a serem preenchidas, mas a
combinação de esforços já é uma realidade mundial e na América Latina.
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OPINIÃO
Para aumentar a receita, as operadoras móveis reformulam suas
estratégias e negociam com provedores de conteúdo e aplicações.
ENVIE SUAS OPINIÕES E COMENTÁRIOS PARA [email protected]
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NOTÍCIAS
CHILE
BRASIL
Em pé de guerra
Líder do indíce de desensidade da América Latina - mais
da metade dos 15 mihões de habitantes possui um terminal
móvel - o Chile vive um momento peculiar. As empresas de
telecomunicações estão em guerra total e tentam impedir
judicialmente o domínio do mercado pela Telefónica Móviles.
A gigante espanhola demonstra que partiu para a briga.
Além de comprar a BellSouth, ainda aguarda a aprovação final
do negócio pelas autoridades chilenas, a carrier ambiciona
mais. Ela agora investe na aquisição do controle acionário da
unidade móvel da Telefónica CTC, principal carrier fixa do País.
Até o fechamento dessa edição, a Telefónica tentava
quebrar a resistência dos acionistas minoritários. Eles
questionam o valor ofertado - US$ 1 bilhão e mais o
pagamento da dívida, estimada em US$ 243 milhões.
Mesmo que consiga chegar a um acordo com os
controladores da unidade móvel, a vida da Telefónica
Móviles não estará tranqüila.
Preocupadas com o direcionamento do mecado, a Telmex,
através da Chilesat, provedora privada de voz e dados, a
Telsur, operadorade telefonia fixa, e a Smartcom, operadora
celular, já apelaram ao Tribunal de Competência, órgão que
regula a concorrência no Chile, para a não aprovação dos
negócios. O presidente do Grupo Telecom Itália, Marco de
Benedetti, deixou claro, em recente visita à América Latina,
que irá exigir o cumprimento das regras do jogo no Chile.
A principal argumentação utilizada pelas concorrentes da
Telefónica é de que haveria uma concentração de freqüência,
uma vez que a Telefónica Móviles passaria a controlar 100%
da faixa de 850 MHz, uma das faixas utilizadas no Chile para
o serviço móvel. A outra é a de 1,9 GHZ.
A clonagem de celulares é
cada vez mais freqüente no
Brasil. Em São Paulo, maior
Estado do País, 26 clientes de
operadoras têm seus celulares
clonados por hora, segundo dados
do órgão de Defesa do
Consumidor. Questionadas, as carriers de telefonia móvel
asseguram que o esquema de segurança é rigoroso e que há
um monitoramento constante das ligações para detectar o
problema. Ainda assim, a clonagem ocupa o terceiro lugar
nas reclamações dos consumidores ao Procon/SP.
O diretor executivo da entidade, Gustavo Marrone, diz
que a partir do momento em que a clonagem é reconhecida
pela operadora, todas as ligações passam a ser suspeitas e
não podem ser cobradas do assinante. O eventual uso de
uma segunda linha, adverte ele, não pode ser cobrado, já
que é uma obrigação da prestadora de serviços oferecer um
produto seguro. A Vivo, joint venture da Portugal Telecom e
da Telefónica e líder do mercado brasileiro, é a operadora
que apresenta maior índice de reclamação.
Segundo o Procon/SP, em 2003, a entidade recebeu 346
reclamações de clientes da operadora. Destas, 105 foram
atendidas e 241 não foram solucionadas. Baseada nos
artigos de má prestação de serviços e prática abusiva do
Código de Defesa do Consumidor, a entidade penalizou a
Vivo. A autuação foi encaminhada ao órgão regulador
brasileiro e pode chegar a R$ 3 milhões.
País fecha o primeiro semestre
com 54 milhões de celulares
MÉXICO
Patrick Slim assume presidência
do conselho da América Móvil
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Clonagem assusta
em São Paulo
Patrick Slim Domit é novo presidente do conselho de
administração do grupo de telefonia móvel, que detém
mais de 50 milhões de assinantes na América Latina. O
executivo assume o cargo antes ocupado pelo pai, o
megaempresário Carlos Slim, que passa a ocupar a
presidência honorária vitalícia do mesmo conselho.
Patrick Slim Domit é o vice-presidente do Grupo Carso e,
até o momento, vinha atuando como vice-presidente do
conselho de administração da América Telecom.
A planta de tefonia móvel do Brasil terminou o primeiro
semestre com 54,031 milhões de aparelhos, 2,92% acima
da meta do Paste (Perspectivas para Ampliação e
Modernização do Setor de Telecomunicações) prevista para
2004, que era de 52,5 milhões. Do total de 54 milhões de
celulares, 70,06% são pré-pagos e 20,94% pós-pagos. Dos
1,6 milhão de novos celulares que foram incorporados à
planta, 1,3 milhão são da tecnologia GSM e 520 mil da
tecnologia CDMA. A tecnologia GSM apresentou um
crescimento significativo. Ela passou de 8,22% em junho de
2003 para 23,13% em junho deste ano. Já a participação do
CDMA caiu de 31,27% em junho de 2003 para 29,83% no
mesmo período de 2004.
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NOTÍCIAS
AMÉRICA LATINA
Serviços sem fronteira
Em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, Edmundo Matarazzo,
superintendente de Serviços Públicos da Agência Nacional de
Telecomunicações do Brasil e coordenador do projeto de serviço Universal da
Regulatel, entidade que congrega todos os órgãos reguladores da região,
antecipa que há um esforço conjunto para viabilizar a ampliação da oferta de
serviços de comunicação e informação, que possam aumentar o índice de
Desenvolvimento Humano da América Latina.
A intenção do grupo de trabalho da Regulatel é, já no segundo
semestre, iniciar projetos piloto com tecnologias que possibilitem a
oferta de serviços alternativos em cidades de teledensidade baixa.
"É permitir que um município que hoje não tem banco e/ou comércio
possa crescer e ganhar independência. Comunicação é um fator
decisivo de crescimento econômico, elemento decisivo para o futuro da
América Latina", destaca Matarazzo.
A iniciativa, que mobiliza representantes do Brasil, Peru, Chile,
Bolívia, Colômbia, Costa Rica e Peru, despertou a atenção do Banco
Mundial, que disponibilizou uma verba inicial de US$ 400 mil para a
realização da primeira fase do projeto.
Nextel aposta em
público sofisticado
Disposta a não perder a sua base de usuários
nas camadas de maior poder aquisitivo e no
mercado corporativo, cada vez mais procurado pelas
operadoras celulares tradicionais para a oferta de
serviços empresariais, a Nextel e a Motorola lançaram o
i830, menor aparelho da operadora. O terminal embute o aplicativo
Mapas&Rotas, que possibilita navegação por satélite diretamente no
aparelho, dentro da área de cobertura da Nextel.
Telecom e Tecnologia
da Informação unidas
em Fórum regional
Dispostas a aumentar a participação da
região na economia global, Intel, IBM, HP,
Microsoft, Telefônica, Time Warner e Cisco
anunciaram a criação do Fórum Latinoamericano da Indústria de TI e
Comunicações (FLITIC), que tem como meta
prioritária auxiliar os governos na definição
de políticas voltadas ao crescimento
econômico, à inovação e à inclusão digital.
Uma das primeiras ações da entidade
será a apresentação de um documento aos
representantes das áreas de
Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia
de todos os países da região para
incrementar a discussão em torno da
adesão da América Latina à ALCA (Área de
Livre Comércio das Américas).
Questões como redução de custos
tributários, propriedade intelectual e
pirataria também merecerão destaque nas
futuras propostas da entidade. Para evitar
desgastes com as entidades
representativas do setor de TI e de
Telecomunicações, os líderes do Fórum
deixaram claro que não têm a intenção de
confrontar nenhuma delas. A proposta é
atuar como um multiplicador de ações.
Inicialmente, não há o objetivo de atrair
novas empresas para o FLITIC.
AMÉRICA CENTRAL
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Governo aprova participação da América Móvil na Enitel celular
O governo da Nicarágua autorizou a participação da
América Móvil na operação móvel da Enitel (Empresa
Nicaragüense de Telecomunicações), apesar de a transação
ainda não estar finalizada. A holding do grupo Telmex adquiriu
40% das ações da operadora estatal móvel, mesmo sendo
controladora de uma terceira empresa do setor, a Aló PCS.
De acordo com o Instituto de Telecomunicações (Telcor),
órgão regulador do setor na Nicarágua, uma das condições
legais para a autorização do negócio será a proibição de fusão
entre as duas companhias. Atualmente, a Nicarágua conta
com 600 mil usuários móveis. A BellSouth, recém-adquirida
pela Telefónica Móviles, é a líder do mercado. Em segundo
lugar, está a estatal Enitel, e na terceira posição, a Aló PCS,
controlada pela América Móvil. O governo da Nicarágua quer
privatizar a oferta de serviços de telecomunicações no País.
Em dezembro, haverá a concorrência na telefonia fixa, hoje
100% controlada pelo Poder Executivo. As regras do modelo
serão divulgadas até o final de agosto.
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NOTÍCIAS
COLÔMBIA
Preço acirra disputa...
O Ministério das Comunicações informou que abriu
concorrência para a seleção das auditorias que serão
responsáveis pela fiscalização técnica das operadoras
BellSouth, Comcel e Colômbia Móvil-OLA. O objetivo do
Poder Executivo é fiscalizar o cumprimento das metas de
qualidade por parte das carriers na prestação de serviços
aos assinantes.
De acordo com as regras do edital divulgado pelo
Ministério das Comunicações, as auditorias
selecionadas terão que levantar indicadores como o nível
de bloqueio de chamadas em cada uma das rotas de
interconexão entre as carriers, a falha de comunicação
entre as redes das operadoras e a ausência de cobertura
em áreas consideradas importantes para a oferta do
serviço móvel celular.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Estudo divulgado pelo instituto EMC revela que a
entrada da Telefónica Móviles no mercado móvel
colombiano deflagrará, já no primeiro trimestre de 2005,
uma guerra de tarifas no setor.
A gigante espanhola, que adquiriu as operações da
BellSouth, enfrentará uma dura concorrência por parte dos
seus adversários diretos: a Comcel, ligada à América Móvil,
e a Colômbia Móvil-Ola. A pesquisa deixa claro que as duas
concorrentes já estão preparando planos estratégicos para
fidelizar seus clientes e evitar o churn, ou seja, a perda de
assinantes para a nova entrante.
A Telefónica também afia suas armas para a batalha.
A gigante, que herdou uma infra-estrutura CDMA da
BellSouth, estuda a possibilidade de montar uma operação
GSM paralela com o objetivo de multiplicar a oferta de
produtos e serviços e, claro, entrar na arena das suas
concorrentes, usuárias da tecnologia.
.... mas Governo aperta cerco
para garantir qualidade
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NOTÍCIAS
MERCADO
Nokia realinha
ações de mercado
Durante o evento Nokia
Connection 2004, realizado na
Finlândia no final de junho, a
fabricante deixou claro que os
smartphones são o futuro da
comunicação móvel. De acordo com o
vice-presidente executivo da Nokia,
Matti Alahuhta, os terminais
inteligentes, que funcionam como um
PC são a saída das carriers para
ampliar o ARPU (rentabilidade por
usuário). Somente esse ano, de
acordo com previsões da companhia,
20 milhões de smartphones serão
vendidos no mundo. Até 2007 esse
número chegará a 80 milhões.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Jorma Ollila
A fabricante aproveitou ainda para
apresentar o Nokia 6630, primeiro
dispositivo de modo dual tri-band
programado para funcionar em redes
3G (WCDMA), EDGE e 2G na Europa,
Ásia e América. O novo handset estará
disponível ainda este ano na Europa,
mas ainda não há previsão para o
lançamento dele na América Latina, já
que na região não há planos imediatos
de migração para a 3G/GSM. "Não
tenho dúvidas, no entanto, que muitas
operadoras tenderão a seguir para o
WCDMA de forma mais rápida do que
se imaginava antes. Pode ser que,
Nokia 6630
num período de dois anos, tenhamos
novidade na região", frisou o vicepresidente de terminais móveis, Kai
Ostamo, sinalizando que o EDGE
poderá perder espaço para o WCDMA
em função da rápida evolução da
tecnologia.
Repensar o modelo de atuação
junto ao mercado popular também foi
uma decisão estratégica da Nokia. A
companhia lançou o primeiro terminal
com flip, marca registrada de
concorrentes importantes como
Motorola e Samsung. Questionado
sobre a mudança de rumo, o vicepresidente de Multimídia da empresa,
Juha Putkiranta, afirmou "que às vezes
é necessário copiar a concorrência, com
muito orgulho". A expectativa da
fabricante é recuperar sua posição
junto aos segmentos mais populares - e
os que mais sofrem com a concorrência
e a pressão de queda de preços.
Os resultados financeiros
comprovam que esta competição
torna-se cada vez mais acirrada. No
segundo trimestre, a Nokia registrou
uma queda de 5% nas vendas
líquidas. A companhia informou que
comercializou 45,4 milhões de
terminais. O chairman e CEO da
fabricante, Jorma Ollila, demonstrou
tranqüilidade com o balanço
financeiro. O executivo ressaltou,
através de comunicado à imprensa,
que mantém a expectativa de que o
mercado de telefonia móvel venderá
600 milhões de terminais esse ano.
(Ana Paula Lobo viajou à Finlândia
a convite da Nokia Brasil)
UIT sugere adoção
de leis contra spam
Especialistas presentes à
conferência sobre o spam promovida
em julho na sede da União
Internacional das Telecomunicações
(UIT), em Genebra, concluíram que
somente um trabalho global será
capaz de combater de forma eficaz o
envio de e-mails indesejados.
Segundo dados da entidade, o spam
provoca anualmente um prejuízo
estimado em US$ 25 bilhões às
empresas e aos consumidores.
O presidente da conferência e
das Autoridades das Comunicações
Australianas, Robert Horton,
ressaltou que todos os países devem
criar legislações específicas para
punir os responsáveis pelo envio dos
e-mails indesejáveis. Hoje, apenas
35 países, a maioria com
predominância de língua inglesa,
introduziram leis anti-spam. Na
América Latina, nenhum País possui
uma lei que penalize infrações
cometidas no mundo Web.
Segundo Horton, o apoio dos
provedores de internet e das
operadoras telefônicas que oferecem
serviços de e-mail é fundamental na
estratégia de reduzir a ação dos
spammers, que a cada dia tornamse mais perigosos. Empresas
especializadas em segurança já
detectaram que a incidência de emails indesejáveis com conteúdo
pornográfico está diminuindo. Em
contrapartida, aumenta o envio de
mensagens fraudulentas e
infectadas por códigos maliciosos.
Até o final desse ano, a UIT tem a
intenção de acelerar a criação de
um documento global que formalize
regras comuns de combate ao spam.
"É uma força-tarefa necessária para
evitar a propagação desse mal que
pode paralisar o uso da Internet",
advertiu Horton.
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PERFIL
Uma questão
Trocar a Ásia pela América Latina é
uma opção profissional que poucos
executivos teriam a coragem de adotar. Quais as razões que o levaram a
solicitar essa transferência?
As diferenças culturais na Ásia são
extremamente superiores às da América
Latina. Entender o dia-a-dia dos países
que compõem a região asiática requer
uma compreensão que vai além das
questões relacionadas ao trabalho. Eles
têm valores muito diferentes do mundo
ocidental. Além, de línguas e dialetos
diversos. Como executivo gosto de criar
laços com a minha equipe. Foi uma decisão onde a questão pessoal pesou
muito mais do que a profissional.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
O senhor não se arrepende dessa decisão ao ver que a Ásia tornou-se um pólo
muito mais forte de desenvolvimento de
negócios do que a América Latina?
Do ponto de vista de negócios, realmente a região asiática transformouse numa área rentável. A recessão que
atingiu duramente o setor de telecomunicações no mundo ocidental, de
2001 a 2003, não aconteceu na China, onde os negócios prosperaram no
período, independente desse cenário.
Mesmo diante disso, sinceramente não
me arrependo. Como executivo, gosto
de criar uma relação mais direta com
os funcionários, parceiros e clientes.
Do ponto de vista pessoal, ganhei em
qualidade de vida. Prezo minhas horas vagas e gosto de usufruí-las da
melhor forma possível. Sou apaixonado por esportes, especialmente os radicais. Também gosto de música. Integro o coral dos funcionários da
Alcatel como barítono. São prazeres
importantes na minha vida.
PESSOAL
Ana Paula Lobo
O francês Alain Plenier, que comanda a divisão de
Soluções Corporativas da Alcatel na América Latina,
integra um seleto time de executivos que adquiriu o
direito de conduzir os rumos da sua profissão. Dono de
uma carreira sólida, ele surpreendeu os seus superiores
na multinacional francesa, há quatro anos, quando
trocou a emergente Ásia pela conturbada América
Latina. As razões dessa guinada são reveladas ao longo
da entrevista concedida por Plenier à Frecuencia
Latinoamérica. Apesar da dura rotina de trabalho e de
viagens constantes pela região, o executivo da Alcatel,
quando está em casa, no Rio de Janeiro, combate o
stress com a prática de esqui aquático na Lagoa
Rodrigo de Freitas, um dos pontos turísticos mais
bonitos da cidade. A música é outra paixão. Plenier é
barítono no coral de funcionários da Alcatel
Por que a opção pela América Latina?
Em 1971, ainda como um jovem pesquisador, desembarquei em São Paulo,
onde fiquei dois anos participando de um
projeto de cooperação técnica Brasil/
França. Aprendi português e percebi que
as diferenças culturais entre os europeus
e os latino-americanos são muito mais
fáceis de serem superadas. A vida, no entanto, me levou para outros lugares.
Desaprendi o português e fiquei 27 anos
longe da região. Mas quando pude escolher, não hesitei. Em 2000, a Alcatel tomou a importante decisão de vender atra-
vés de parceiros. Sabia que podia ajudar a disseminar esse modelo na AL. Integrar funcionários, empresa e canais na
região, mesmo com a diferença entre as
línguas portuguesa e espanhola, seria
uma tarefa desafiadora, mas possível de
cumprir. Hoje, sabemos que somos um
time, apesar de ainda trabalharmos para
aperfeiçoar o processo.
Como é justificar a região para a matriz na França?
Aqui temos sempre que pensar independente dos negócios. Os problemas po-
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PERFIL
O mercado corporativo mudou. Os
gestores de Tecnologia são obrigados,
em função da governança corporativa, a
justificar as compras da sua área. Como
a Alcatel enfrenta esse novo paradigma?
No caso da minha divisão, por exemplo, há áreas que sofrem uma contração
mundial, como os PABXs tradicionais, mas
“Apostamos no modelo híbrido, onde existe
a convivência do mundo tradicional com o IP.
No nosso caso, a divisão de serviços
profissionais traça a melhor estratégia para
conciliar os mundos analógico, digital e IP.”
líticos e econômicos têm um peso considerável. É o caso da Venezuela, por exemplo, que vive uma grave crise. As vendas
caíram para patamares próximos a zero.
No Peru, os problemas políticos também
prejudicam a realização de melhores negócios. O Brasil ainda é o maior responsável pelas vendas da região. Entretanto, em
função da correção monetária e dos problemas econômicos, deixou o México avançar. Até bem pouco tempo, o México representava 1/3 dos negócios fechados no
Brasil. Hoje, com a estabilidade do peso
mexicano, essa diferença caiu bastante.
o ritmo de vendas manteve-se estável, de
certa forma, ao contrário das divisões ligadas ao segmento das operadoras. Se,
por um lado, há queda de soluções tradicionais, os PABXs IP ou hibrídos conquistam a preferência do usuário, que busca
convergir suas redes de voz e dados para
reduzir custos operacionais. Em relação à
área de dados não podemos de deixar de
prestar atenção nas redes sem fio. Elas
estão aí para mudar o conceito de transporte de informações. No caso da Alcatel,
há uma aposta muito grande nas redes
WLAN (Wireless Lan).
O mercado IP cresce e muito. A Alcatel
é uma das empresas que investe nessa tendência. Como o senhor vê o futuro desse modelo na região?
Mundialmente, a telefonia IP cresceu 30% no ano passado. Aqui, podemos dizer que esse índice ficou entre
20% e 25%. Na Alcatel, acreditamos
que a tecnologia IP chegou para somar. Apostamos no modelo híbrido,
onde existe a convivência do mundo
tradicional com o IP. O cliente tem um
legado que não pode ser desprezado.
No nosso caso, a divisão de serviços
profissionais traça a melhor estratégia
para conciliar os mundos analógico, digital e IP. Só assim é possível atingir
a redução de custo pretendida pelo
cliente. Ao mesmo tempo, dessa forma, é possível ampliar a produtividade, já que a tecnologia permite ao usuário remoto se conectar ao PABX da
empresa, roteando as ligações para baratear o custo da comunicação.
Quais são os passos futuros da Alcatel no mercado
corporativo?
Temos muito claro que o
nosso foco será o Unified
Interaction Management (UIM),
uma solução que nos permite
integrar de forma inteligente
todos os sistemas de comunicação de uma empresa. A idéia
é que possamos atender ao usuário esteja ele no escritório, em casa ou em
qualquer lugar. Nessa linha de atuação, será necessária a interação da comunicação com os sistemas de negócios como o CRM (Customer Relationship Management) ou o ERP (Enterprise Resouce Planning). Integração
de serviços será o foco dos clientes corporativos e a Alcatel está se preparando fortemente para atender essa demanda. Seremos cada vez menos vendedores de hardware e cada vez mais
fornecedores de serviços.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Se mantiver o ritmo de crescimento
que começou a apresentar, a Argentina
poderá recuperar o seu lugar no cenário
econômico da região. Com a crise, as
vendas no país caíram a zero. Hoje, ainda não aconteceu a recuperação esperada, mas já há resultados positivos nesse sentido. Na Alcatel, temos a meta de
crescer 15% na região e vamos atingila. No contexto geral, no entanto, há
muito trabalho a fazer para que a América Latina deixe de ser uma promessa e
atinja um papel mais significativo na
receita global das empresas.
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SUPLEMENTO ESPECIAL BROADBAND WIRELESS
Frecuencia
Latinoamérica
O futuro é
sem fio
Mobilidade
constrói uma
nova sociedade
da informação
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Julho/Agosto 2004
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O futuro é
Ô
sem fio
n Ana Paula Lobo e Graça Sermoud
COM CERCA DE 170 MIL HABITANTES, a cidade de Huixquilucan, no México, sofre de um mal crônico que atinge diversos municípios latino-americanos: a escassez de recursos para
ampliar o uso de soluções que combatam a violência. A
Rocinha, considerada a maior favela da América Latina e localizada no Rio de Janeiro, padece dos mesmos sintomas da
cidade mexicana. Milhares de quilômetros separam os moradores dessas realidades, mas um elemento capitalizou a esperança de dias melhores: as redes sem fio.
Na cidade mexicana, os gestores municipais receberam,
em 2003, uma sugestão que mudou a estratégia de atuação na área de segurança. A Motorola propôs a realização
de um projeto piloto com a recém-desenvolvida tecnologia
sem fio Canopy. Nascia o Sistema Municipal de Tecnologia
Policial. Em um curto espaço de tempo, cinco mil enlaces
sem fio foram ativados e conectados a 43 câmeras distribuídas pelos principais pontos da
cidade. As viaturas receberam equipamentos baseados em GPS (Global
Positioning System) e os policiais
passaram a receber, em tempo real,
informações dos funcionários responsáveis pelo monitoramento do sistema de vigilância das câmeras.
O projeto da Rocinha também surgiu de uma experiência inovadora. Com
20 computadores instalados em uma
área supervisionada em conjunto com
a Associação dos Moradores, a Taho Internet - usuária da tecnologia Frequency Hopping, baseada em saltos de freqüências
16
TECNOLOGIA SÓ É REVOLUCIONÁRIA QUANDO
É CAPAZ DE CONTRIBUIR PARA MUDANÇAS
SOCIAIS, CULTURAIS E ECONÔMICAS.
Foi assim com a computação pessoal e
assim será com as redes sem fio,
apregoam os especialistas.
Ao disseminarem o conceito de
mobilidade, as soluções Wireless se
tornam uma alternativa para democratizar
o acesso aos serviços de comunicação,
reduzindo fronteiras e oferecendo
diversidade, qualidade e custo acessível.
Sem as amarras da infra-estrutura
convencional, as experiências sem fio
servem para desconstruir o mito de que
serviços de comunicação só estão
acessíveis a camadas privilegiadas da
sociedade. Em vários pontos do mundo,
os excluídos conquistam o direito de
falar, acessar informações e dispor de
serviços de primeira linha
Ô Ô
Julho/Agosto 2004 FRECUENCIA LATINOANÉRICA
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BROADBAND WIRELESS SUPLEMENTO ESPECIAL
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já é um exemplo para outras comunidades", enfatiza Martins.
e operando em 2,4 GHZ, o que elimina a necessidade de autoA necessidade interna da Motorola de incentivar os seus
rizações do órgão regulador - viabilizou, através de um projeto
funcionários a adotarem o conceito de home office influenpiloto, acesso à Internet em alta velocidade para a comunidaciou bastante no desenvolvimento do Canopy. Problemas de
de. Inicialmente, a experiência não teve custo financeiro para
conexão eram um entrave
os moradores. Hoje, no enao sucesso da iniciativa. Os
tanto, existe a cobrança de
O
mercado
mundial
de
banda
larga
moradores das regiões mais
uma taxa de R$ 2, por uma
sem fio vai gerar negócios estimados
distantes dos grandes cenhora de utilização.
em US$ 3 bilhões somente em
tros, mesmo nos Estados
Unidos, não conseguiam
Ô SEM RESTRIÇÕES
2004, de acordo com especialistas.
um serviço de qualidade.
Inovações sempre carreA América Latina será
Instigados, os especialistas
gam desafios. Numa primeipúblico-alvo dos fabricantes.
da fabricante criaram um
ra fase, conta o diretor da
sistema sem fio em banda
área Canopy da Motorola,
larga que pudesse atender áreas urbanas e rurais, onde a
Joeval Martins, a proposta oferecida à administração pública
fibra ótica ou os cabos metálicos não estão disponíveis.
mexicana assustou. As redes sem fio são novidade e seguranComo opera em 5,7 GHz, freqüência que também não
ça é assunto estratégico. Diante da realidade da ausência dos
requer a necessidade de aquisição de licenças por parte de
serviços tradicionais, os executivos municipais decidiram aposprovedores de serviços junto aos órgãos reguladores, o Canopy
tar. Só assim surgiu o Sistema Municipal de Tecnologia Polilogo despontou como uma ferramenta eficaz para dissemicial. "Foi um desafio e tanto, mas que rende frutos. O sistema
Ô
Ô
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nar serviços banda larga, uma vez que criava uma infra-estrutura que permitia a oferta de aplicações de voz, dados e
imagens, em velocidades entre 10 Mpbs a 45 Mbps.
"O mercado mundial de banda larga
sem fio vai gerar negócios estimados em
US$ 3 bilhões somente em 2004, de
acordo com especialistas. O Canopy disputará uma fatia significativa dessa receita", decreta o diretor da Motorola. O
exemplo mexicano tem se propagado. No
Brasil, a solução foi recém-homolagada
pela Agência Nacional de Telecomunicações e projetos piloto começam a ser
desenvolvidos. Outros paises da região
também analisam a possibilidade de
permitir o uso do Canopy.
calizada na Fazenda Marambaia, em Petrópolis, a 100 Km do
Rio de Janeiro, de propriedade do banqueiro Luiz Cezar
Fernandes, era desprovida de qualquer serviço de comunicação tradicional. A opção pela rede sem
fio ficou mais do que óbvia.
Ô EFEITO DOMINÓ
Ô
Ô
As dificuldades enfrentadas pela falta de conexão levaram os executivos da
Taho a apostarem em experiências que
pudessem disseminar a tecnologia em regiões desprovidas de serviços de telecomunicação. Projetos comunitários foram
montados em locais de baixa renda do
Rio de Janeiro, com destaque para o realizado na Rocinha. A eficiência do sistema atraiu a atenção de municípios que
precisam facilitar a inclusão digital. No
Ô EXCELÊNCIA
caso da Taho, um contrato foi fechado
"Seremos uma sociedade nômacom a prefeitura de Barra do Piraí, cidade em muito pouco tempo. Investir
de a 180 Km do Rio de Janeiro, onde até
em sistemas e aplicações Wireless é
bem pouco tempo, a Internet não era uma
uma oportunidade sem igual para a
ferramenta utilizada na gestão adminisárea de software e hardware", estatrativa e financeira da cidade.
belece Sérgio Cabral, um dos fundaO reconhecimento do trabalho dedores da brasileira Taho Internet,
senvolvido pela Taho não está restrito
primeira empresa do mundo a receà fronteira brasileira. Nesse momento,
ber, em 2001, um prêmio conferido
por exemplo, a empresa participa de
pela WCA (Wireless Communications
uma licitação corporativa na cidade de
Association) às empresas inovadoras
Nova York, nos Estados Unidos. "Esse
na utilização de redes sem fio.
é o grande diferencial da rede sem fio. Ela leva informação
A Taho Internet possui uma história peculiar. Resultado da
para o excluído e pode simplificar o processo de uma grande
união de três executivos latino-americanos, dois brasileiros e
corporação, como é o caso dessa concorrência", relata.
um uruguaio com experiências profissionais absolutamente disOs exemplos do Canopy, no México, e da Taho, no Brasil,
tintas, eles formaram um time impecável, composto de um
não são únicos. Mas as práempreendedor da área de
ticas servem para provar que
tecnologia (Sérgio Cabral);
"Seremos uma sociedade nômade.
o mundo sem fio abre uma
um banqueiro (Luiz Cezar
Investir em sistemas e aplicações
perspectiva sem igual. Uma
Fernandes) e um empresádelas, reforça o diretor da
rio (Pablo Brenner), uruWireless é uma oportunidade sem igual
Taho Internet, é o uso da freguaio co-fundador da Alpara a área de software e hardware"
qüência de UHF - aplicada
varion, uma das principais
Sérgio Cabral, diretor da Taho
na transmissão de sinais de
fornecedoras de equipamenTV aberta - para os projetos
tos sem fio no mundo.
de TV Digital interativa. O espectro é um bem escasso em todo o
Assim como a Canopy, da Motorola, que nasceu de uma
mundo. Saber reaproveitar o que está defasado é uma missão
necessidade interna, a Taho Internet também apelou para soque se impõe aos desenvolvedores, fustiga Cabral.
lução que atendesse a sua demanda. A sede da empresa, lo-
Ô
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digital
TECNOLOGIAS EM
DESENVOLVIMENTO ABREM
AS PORTAS para um mundo
cada vez mais conectado
UM DOS MAIORES TORMENTOS dos serviços tradicionais de
telecomunicações é ofertar a última milha ao assinante. As redes sem fio mostram-se poderosas nessa quebra de barreira, e
claro, roubam espaço de tecnologias tradicionais baseadas em
DSL (Digital Subscriber Line). Mas uma certeza existe: as infraestruturas Wireless não chegam para liqüidar com as redes de
alta velocidade existentes. As operadoras investiram bilhões e
não estão mais em época de jogar dinheiro fora.
Só que as alternativas sem fio reduzem custos significativos
na construção de infovias. Em compensação, lidar com o espectro
exige respeito. Freqüência é um bem escasso e precisa ser muito
bem dimensionada. As redes WiMax prometem taxas de velocidades de até 70 Mbps, numa cobertura de 50 Km. Os fabricantes
que aderiram ao seu desenvolvimento trabalham pesado para produzir equipamentos em escala comercial. Quem não tem tanta
simpatia assim pelo WiMAX, como é o caso da Cisco, que a encara
como um concorrente, o momento é de arregaçar as mangas.
As fichas da gigante estão centradas no desenvolvimento
do padrão 802.11a, para ser a alternativa às redes ADSL
(Assimetric Digital Subscriber Line). De acordo com o engenheiro de sistemas da Cisco do Brasil, Maurício Gaudêncio, os
especialistas já tornaram o padrão capaz de interligar dois prédios em uma distância de 20Km, em velocidades superiores a
54 Mbps. "Os esforços são para aumentarmos o raio de atuação e a eficiência do sistema. Acreditamos no 802.11A e vamos seguir assim. Nesse momento, o WiMAX está fora dos nossos planos e pode ser considerado um concorrente. No futuro,
não sabemos", finaliza o engenheiro da Cisco Brasil.
Ô
Ô
Exigência
FURACÃO
Num futuro nem tão distante assim, os usuários
terão condições de fazer de forma rápida e eficiente
stream de vídeos de um computador ou por um
dispositivo eletrônico para um aparelho de televisão
de alta definição (HDTV). Uma tecnologia ganha
destaque. Trata-se da UWB – Ultrawideband –
ainda em processo de padronização. De uso
exclusivo dos militares norte-americanos até bem
pouco tempo, é apontada como a principal
ferramenta da próxima geração sem fio. Para os que
acreditam que uma tecnologia desponta para
"canabilizar" uma já existente, a UWB poderia ser a
sentença de morte do Bluetooth e do Wi-Fi. Já para
os menos céticos, a UWB nada mais é do que uma
evolução natural das redes sem fio.
Baseada em rádio freqüência, a tecnologia
promete uma velocidade capaz de quebrar o
paradigma de soluções que começam a conquistar a
adesão dos usuários como a própria WLAN (Wireless
Lan). Por possuir uma alta largura de banda sobre
distâncias pequenas, a UWB é capaz de atingir
incríveis 252 Mbps, num raio de 10 metros.
Apesar de ser um furacão no mundo Wireless, a
tecnologia enfrenta alguns senões importantes. O
primeiro deles é o de comprovar que poderá operar
em harmonia com outros serviços de rádiofreqüência como o Wi-Fi, GPS, Bluetooth. Testes
realizados comprovam que, tecnicamente, a UWB
"interfere" e "rouba" eficiência e espectro deles.
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Dê asas à sua
imaginação!
Ô
HÁ TRÊS ANOS, VOCÊ TERIA CORAGEM DE AFIRMAR QUE EM UMA DÉCADA
O MUNDO SERIA WIRELESS? Bill Gates, gostem dele ou não, correu
esse risco. Em novembro de 2001, em uma entrevista concedida à
revista Wired, ele preconizou: “em mais dez anos, o mundo será
Wireless. Todo negócio, toda casa, todo centro de convenções estará
conectado via a tecnologia IEEE 802.11”. O dono da Microsoft só
não podia imaginar que o relógio iria andar tão rápido!
n Por Eduardo Prado
O MUNDO WIRELESS JÁ É UMA REALIDADE. As redes sem fio
aumentam o alcance da Internet e criam uma grande malha
de tecnologias Web que proporcionam conexões em qualquer
lugar e a qualquer tempo. São os tais famosos anywhere,
anytime. Já há quem determine que o mundo será uma grande “aldeia global” Wireless.
Trilhar essa estrada, no entanto, não foi fácil. Por anos,
as tecnologias de rádio foram relegadas aos domínios dos
fornos de microondas e dos telefones sem fios. Na década
passada é que a situação começou a mudar. Vários especialistas começaram a dar atenção especial a esta fronteira do rádio não licenciada. Nos últimos cinco anos, por
exemplo, as tecnologias sem fio têm atraído investimentos de US$ 4,5 bilhões, numa economia onde o dinheiro
é cada vez mais escasso.
Um dos grandes responsáveis por esta transformação digital é a “figurinha carimbadíssima” conhecida como Wi-Fi
(padrão IEEE 802.11b) ou de uma forma mais ampla Wireless LAN (nos padrões do IEEE: 802.11b, 802.11a e
802.11g) e pode cobrir centenas de metros (150 a 300
20
metros). O Wi-Fi rompeu a barreira do
cabeamento e provou que era possível conectividade sem fio.
Ô LINHA SUCESSÓRIA
Num mundo de velocidade extrema, o Wi-Fi não poderia deixar de evoluir. Surgiu então o WiMAX, seu sucessor direto, mas que possui um alcance
de 40 a 50 quilômetros, o que o transforma numa alternativa
concreta às tradicionais tecnologias de banda larga. Hoje, o
WiMAX trabalha com os padrões IEEE 802.16d e 806.16e.
O 802.16d - ratificado em junho passado - é o padrão de
Acesso sem Fio de Banda Larga Fixa. Ao longo deste segundo
semestre serão realizados testes de aderência de equipamentos ao padrão e a previsão dos fabricantes é que, até julho de
2005, os primeiros produtos comerciais baseados no 802.16e
sejam lançados comercialmente.
Tempo de pit stop para avaliar o processo? Nem pensar.
Um novo padrão, o 802.16e - previsto para ser ratificado
até o final desse ano – já foi criado para ser o standard de
Acesso sem Fio de Banda Larga Móvel. Segundo os seus
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GENTE GRANDE
Aos mais reticentes com o mundo sem fio, a
tecnologia Wi-Fi (Wireless Fidelity) espalha-se
como uma “praga” no chamado ambiente
empresarial. A General Motors, por exemplo,
implantou Wi-Fi em 90 das suas subsidiárias
espalhadas pelo mundo. A empresa de logística UPS
investiu US$ 120 milhões para equipar os seus
centros de distribuição com tecnologia sem fio.
E não se enganem. A disseminação da
tecnologia de WLAN evoluirá ainda mais no
segmento empresarial com a ratificação do
padrão IEEE 802.11i. O standard, aprovado em
junho, reforça as características de segurança e
afasta o temor de fragilidade nas operações. As
operadoras de telefonia, móveis ou fixas, isoladas
ou em parceria com provedores WISPs (Wireless
Internet Service Providers) espalham este acesso
digital sem fio de alta velocidade em aeroportos,
hotéis, shopping centers, restaurantes, estradas,
postos de gasolina e outros locais públicos
conhecidos como hotspots.
Quem também terá lugar de
destaque nesse cenário
empresarial será o WiMAX. A
tecnologia será muito utilizada
pelo mercado corporativo em
banda licenciada de 5,8 GHZ. O
WiMAX “construirá” pontes entre
as múltiplas localidades de uma
empresa dentro de uma área
metropolitana, evitando ou minimizando assim, a
necessidade de circuitos de operadoras de telefonia
e/ou caras redes de fibras privadas, bem como
circuitos redundantes ao circuito principal.
Ao mesmo tempo, o WiMax poderá ser usado para
interligar redes Wi-Fi, reduzindo custo de conexão
WLAN. Esses cenários são particularmente aplicáveis
para corporações que precisam de acesso de rede
em locais sem nenhuma infra-estrutura pré-existente
como, por exemplo, indústria da construção, serviços
de emergência e indústria de óleo e gás, para citar
alguns dos setores beneficiados.
Ô
criadores, ele assegura conectividades para velocidades de
até 100 Km/hora. Caso seja ratificado em 2005, os fabricantes prometem produtos comerciais baseados no 802.16e
para o primeiro semestre de 2006.
Ô SEM FRONTEIRA
Que mais ainda temos nesta visão futurista? Uma “tal” de
tecnologia ZigBee, que começa a chamar a atenção. Ela funciona no padrão IEEE 802.15.4 e é a tecnologia que coordena a comunicação entre milhares de pequenos sensores, que
poderão estar espalhados por escritórios ou em plantas industriais. Nestas últimas, por exemplo, o ZigBee terá a missão de
coletar informações essenciais como temperatura, umidade e
odorização para evitar acidentes e prejuízos ao negócio.
Os sensores ZigBee têm duas características importantes:
baixa velocidade de transmissão (até 250 Kbs) e baixo consumo
de bateria. Testes já realizados afirmam que, com o ZigBee, as
baterias podem (veja aqui a realização de mais um sonho de
consumo) durar de cinco a 10 anos! Os sensores de ZigBee podem ser compostos em topologias de rede do tipo estrela, malha
ou mista. Após a coleta, os dados podem ser tratados por um
computador ou transmitidos por outras tecnologias sem fio como
Wi-Fi ou WiMAX. Irreal demais? Imagina! Os produtos ZigBee
são esperados para o segundo semestre desse ano.
Quem também começa a mostrar sua força é a tecnologia UWB (ultra banda larga), liberada pelo Pentágono para
fins comerciais apenas em março de 2002. Tecnicamente, a UWB é baseada no padrão, ainda não ratificado, IEEE
802.15.3. Também é conhecida como o “padrão Wireless
mais sexy” pelas suas características: altíssima taxa de
transmissão (de 250 a 500 Mbs) e baixíssima potência (1/
10.000, potência típica de um aparelho de telefonia móvel). A expectativa é de que a tecnologia será utilizada na
construção de backbones de alta velocidade.
Um ponto comum une toda essa diversidade de tecnologias
Wireless: elas são interoperáveis, com exceção da UWB, ainda não padronizada. O que isso significa? Ao contrário do
mundo tradicional de telecomunicações onde os sistemas
nasciam proprietários, o padrão viabiliza a produção em escala e a conseqüente redução de custos. Vamos adiantar nossos
relógios para este novo “horário wireless”?
n Eduardo Prado é consultor e
especialista em tecnologia Wireless.
Mantém um Weblog em
http://smartconvergence.blogspot.com/
FRECUENCIA LATINOANÉRICA Julho/Agosto 2004
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S O LU Ç Ã O
Ação e
IRMANDADE
Lucent comprova a eficiência da tecnologia
CDMA em 450MHz e faz teste no Brasil, mas
uso da freqüência começa a ser contestado
pelos fornecedores locais de rádio digital.
Postura brasileira influenciará a expansão
do programa para a América Latina
Ana Paula Lobo
Não poderia ser diferente. Num mundo marcado por disputas tecnológicas, o
uso do CDMA na faixa de freqüência
450MHz, iniciativa encabeçada pela
Lucent Technologies, divide a indústria
brasileira, País escolhido para testes da
nova faixa. Os fornecedores brasileiros de
rádio digital contestam essa possibilidade e afirmam que a liberação da freqüência causaria sérios problemas às operadoras fixas locais, que ainda precisam
cumprir metas de qualidade, até 2006.
"Os rádios digitais são a melhor alternativa para as operadoras fixas levarem
seus serviços para as áreas mais distantes. Mudar as regras do jogo agora não
faria sentido", afirma Mário Baumgarten,
diretor da Siemens do Brasil. O vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios
da Lucent do Brasil, Luiz Cláudio Rosa,
rebate a afirmação e assegura que a solução desponta como uma alternativa viável, uma vez que ela é adequada para
países que possuem baixa teledensidade
e regiões de difícil acesso, como é o caso
do Brasil e de países da América Latina.
Disputas mercadológicas à parte, a
Agência Nacional de Telecomunicações no
Brasil encerrou a etapa dos testes com a
tecnologia CDMA 450 MHz - que permite
um alcance de até 60 Km - visando o seu
possível uso no Serviço de Comunicações
Digitais (SCD). Esse serviço prevê a criação de aproximadamente 300 mil portas
de acesso à informação em todo o País.
IGUALDADE
O projeto piloto do SCD, realizado no
Brasil pela Lucent, envolveu um ônibus
itinerante montado com nove computadores, um correspondente bancário e um
terminal de atendimento de saúde pública. A experiência propiciou serviços
de comunicações ao Centro de Ensino
Lago Oeste, escola rural que oferece ensino fundamental e médio para 1200 alunos que nunca tinham tido qualquer tipo
de contato com computadores.
O centro educacional está situado a
45 Km da estação Radiobase (ERB) 450
MHz, instalada pela Lucent em Santa
Maria, cidade satélite do Distrito Federal,
e distante cerca de 120 Km de Brasília.
Compartilhado pelos PCs, o link conse-
guiu oferecer acesso à Internet com taxas
de 144 kbps até 824 kbps, o que é considerado um recorde para a tecnologia
CDMA 450 MHz. "Esse resultado prova
que, para atender o SCD em nível nacional, podemos instalar um centro de redes
por região. A central de comutação, os
roteadores e o data center para as aplicações permanecem nos grandes centros",
comemorou o executivo da Lucent.
Outras tecnologias serão testadas
pelo órgão regulador brasileiro, entre
elas, a Power Line Communications
(PLC), que oferece serviços de comunicação via rede de energia elétrica. "Não
há o menor interesse de eleger uma única tecnologia. Isso seria inviável do ponto
de vista financeiro e técnico", decretou
o superintendente de Serviços Públicos
da Anatel, Edmundo Matarazzo.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
REAÇÃO
As possibilidades do CDMA
450MHz também começam a atrair a
atenção de outros países da região.
De acordo com o superintendente de
Serviços Públicos da Anatel,
Edmundo Matarazzo, o México já
reservou a faixa para projetos de
universalização. "Os serviços de
trunking (radiochamada) já foram
deslocados para outras faixas para
permitir a liberação da
frequência", observou.
Peru e Bolívia também estudam
a hipótese de utilizar a tecnologia
CDMA 450MHz para levar serviços de
telecomunicações às áreas não
atendidas pelos provedores
tradicionais. Na Venezuela, onde
80% do território não tem cobertura
de serviços, a Comissão Nacional de
Telecomunicações (Conatel) já
deixou claro que observa com
atenção o encaminhamento do
modelo brasileiro para tomar
uma decisão final.
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20/07/04, 16:20
MERCADO
Durante a conferência anual de tecnologias de Informação e Comunicação,
organizada pelo Instituto das Américas e realizada em Miami, órgãos reguladores
apresentam um panorama da indústria e do futuro que ambicionam para seus
países. Liliana Ruiz V. De Alonso, gerente Geral da OSIPTEL do Peru e Freddy
Rodríguez, presidente da CONATEL do Equador, em entrevista à Frecuencia
Latinoamérica, falaram sobre o trabalha que realizam, as futuras licitações e o
que estão planejando para reduzir a exclusão digital
CARTAS
na mesa
Clara Persand
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Quais são os projetos atuais?
estão sendo coordenadas pela Universidade da Região Costa, a Escola PoliOSIPTEL: Estamos atuando de forma bastécnica do Litoral. O trabalho envolve alutante acelerada, baixamos normas criatinos do primeiro grau que desenvolvem
vas e abrimos a concorrência a todos os
diversas atividades pedagógicas. Consemercados. No segmento de telefonia fixa,
guimos implementar também outros proentretanto, essa concorrência tem sido
jetos com habitantes de zonas rurais.
incipiente. As novas companhias estão
Ao mesmo tempo, estamos trabase concentrando em nichos de mercado.
lhando no programa Internet 2 para as
Outra ação nossa tem sido voltada para
redes de pesquisa das universidades.
o setor de telefonia móvel. Temos converEstamos em conversação para dispor um
sado com as operadoras para tentar
anel de fibra ótica que ofereça conecticonvencê-las a baixar as tarifas. Montavidade suficiente, visando a criação e o
mos um esquema de redução gradual que
desenvolvimento do País.
entrará em vigor em julho. O processo deve
durar um ano e meio para atingir uma redução de 30%. Tivemos que atuar na
Quais as ações direcionadas especifiquestão porque havia usuários que, por
camente para as áreas mais carentes?
não conseguirem pagar a fatura, deixavam
OSIPTEL: Existe um problema que escade fazer ligações e isso gerava um problepa ao nosso controle e é uma questão
ma administrativo para as empresas.
de trâmite administrativo e municipal,
CONATEL: Iniciamos um trabalho importante com a instalação de telecen“Estamos vendo como
tros, através de unidades móveis em
podemos promover tarifas
tele-saúde e tele-educação. Estamos
trabalhando sobre bases sólidas,
baixas e serviços melhores”
implementando os telecentros prinLiliana Ruiz, gerente general da OSIPTEL
cipalmente na costa do País. As ações
que recai sobre as operadoras. As carriers recém-chegadas e mesmo a Telefónica
têm reclamado bastante dessa burocracia. O Ministério do Transporte está
atuando no Congresso para aprovar medidas que façam com que os municípios entendam que precisam colaborar
para levar conectividade a essas áreas,
mas isso já foge da nossa esfera de ação.
Instalamos com sucesso cabines em
zonas rurais, as duas operadoras locais,
a Gilat de Israel e Rural Telecom, do
Peru, estão satisfeitas. Agora queremos
instalar Internet cafés nas zonas rurais.
O projeto prevê uma parceria, que pode
ser com universidade ou direto com o
município, que nos dê o espaço enquanto nós entramos com a infra-estrutura.
A tecnologia poderia ser de satélite.
CONATEL: Estamos desenvolvendo
um plano de comunicações com
uma provedora de serviços. Temos
acompanhado com muita expectativa o que vem acontecendo em outros países. Mas temos que ver que
os telecentros, nossa principal es-
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20/07/04, 15:55
MERCADO
tratégia de ação, precisam ser sustentáveis. Do contrário, não vale a pena
investir neles. Acredito que não é necessário só dinheiro, é preciso vontade
política por parte do governo para
implementar o projeto.
Quando nos perguntam como estamos em termos de conectividade, respondemos que tudo vai muito bem se
sabemos aonde queremos chegar. Falta planejamento. Existe uma tendência
de Quito no Cume Nacional para
“Caminhamos em direção a
las Américas. Esta iniciativa foi
desenvolvida em conjunto na
uma liberação maior da
CITEL - Comissão Interamericaregulamentação, mas
na de Telecomunicações, e é por
isso que esse plano foi levado a
vamos ser mais exigentes
toda a América Latina.
quanto à concorrência”
Nós lideramos este projeto,
Freddy Rodríguez, presidente da CONATEL
que foi definido como um modelo para todos os países. ToCaminhamos em direção a uma libedos os programas de conectividade que
ração maior da regulamentação, mas vaforam implementados pelos países da
mos ser mais exigentes quanto à concorregião são semelhantes e estão basearência, vigiando as empresas já estabedos no plano de ação de Quito. Esse
lecidas para que permitam a participamodelo tem sido implementado pela
ção das recém-chegadas. Evitar que uma
maioria dos países, contamos com o
absorva a outra. Apesar de fazermos uma
mesmo sistema. O que precisamos faliberação da regulamentação, temos que
zer agora é atualizar um pouco esta
garantir que não haja canibalismo das já
agenda porque a implementação de plaestabelecidas sobre as recém-chegadas,
nos de ação não foi tão eficiente. Houpromovendo a concorrência.
ve sucesso em alguns pontos, mas falta eficácia na exploração dos recursos
e da capacidade máxima.
Há planos para a licitação de algum
de baixa prioridade das Tecnologias da
Informação no governo. Difundir os seus
usos é um trabalho em conjunto do qual
devem participar a sociedade civil, o
setor empresarial e o executivo.
Quais as ações direcionadas especificamente para combater a exclusão digital?
OSIPTEL: Estamos implementando telecentros ou cabines Internet nos municípios. A princípio, o objetivo era chegar
a 800 localidades, agora a meta é abarcar grande parte do território nacional.
Procuramos associações que apresentem
projetos, que são analisados e, caso viáveis, colocados em prática. O Fundo
de Investimento em Telecomunicações
conta com US$ 25 milhões. Esse dinheiro pode ser, inclusive, direcionado para
levar conectividade às zonas rurais.
CONATEL: Como ente regulador, nossa responsabilidade recai na conectividade. A
CONATEL desenvolveu o Plano de Ação
Que mudanças regulatórias devem ser
feitas para fortalecer o crescimento da
indústria e melhorar a cobertura?
OSIPTEL: Estamos vendo como podemos promover tarifas baixas e serviços
melhores. Na questão de interconexão
entre operadoras móveis, estamos fazendo um estudo. Se tivermos que intervir, o faremos, por isso estamos realizando essa análise. Na questão
tarifária, somos mais cautelosos porque é pouco provável que esse mundo
possa ser regulado. Queremos monitorar
e temos a arma da concorrência. Se
alguma operadora agir contra a livre
concorrência, interviremos com certeza, já fizemos isso no passado.
CONATEL: Neste momento estamos definindo a atualização e o fortalecimento do modelo. É preciso fazer uma desagregação das redes. Possivelmente,
se tudo sair como planejado, teremos
um novo marco regulatório que permitirá uma oferta maior de serviços na
infra-estrutura de última milha.
OSIPTEL: O Ministério do Transporte vai
fazer a licitação de duas novas bandas,
já que a idéia é promover a entrada de
outras empresas. Não será permitida a
participação de grupos empresariais que
já operem no país.
CONATEL: No ano passado, fizemos licitação de PCS e entrou a Telecsa com
o nome comercial Alegro. Foi definido
um período de operação de três anos, e
já se passou um ano. Durante este ano,
vamos realizar uma análise de mercado e rever a demanda. O que queremos
é determinar qual é o momento adequado para que entre uma nova operadora, se o mercado está pronto ou se
uma ação nessa linha poderia se converter em canibalismo.
Sabemos que poderia entrar uma quarta operadora, mas se pudermos definir o
momento mais apropriado, além de determinar a banda, teremos mais chance
de sucesso. Em 2004, nosso enfoque será
em serviços que poderemos oferecer às
operadoras e sob quais condições.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
serviço?
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20/07/04, 15:55
TECNOLOGIA
Até então trilhando caminhos opostos, as operações
fixas e móveis começam a conjugar um verbo único:
convergir. A tarefa não é simples. Há lacunas
tecnológicas e de mercado a serem preenchidas, mas a
combinação de esforços já é uma realidade mundial.
Estimular o uso comum de produtos que ampliem a
receita e possam compensar os gastos bilionários em
infra-estrutura, tem sido a lição de casa das carriers.
Por outro lado, os serviços tradicionais não
satisfazem mais ao assinante,
que ganhou um poder de
escolha inimaginável com o
advento da mobilidade
MODO I
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Ana Paula Lobo e Graça Sermoud
terminal celular, que trouxe mobilidade para o dia-a-dia do usuário a um custo acessível, desenhou um novo perfil de consumidor de serviços de telefonia. Mais exigente, o assinante anseia por um único produto que permita desfrutar de uma gama
de opções, sejam elas de voz, dados e imagens que a tecnologia de última geração
disponibiliza, de preferência com alta qualidade e o menor custo possível. Pressionadas por esse novo padrão de consumo,
as operadoras descobrem a convergência
fixo/móvel como a alternativa para resolver duas equações pendentes: a fideliza-
O
ção do cliente e o incremento da receita.
Convergir não é, e certamente não será,
uma tarefa simples. O verbo, na linguagem das operadoras, significa estimular a
oferta combinada de serviços de linhas
fixas e móveis através de um único terminal ou número de telefone. Isso implica
integrar redes e sistemas vitais, como por
exemplo, o de cobrança. É uma guinada
de 180 graus que pode reescrever o negócio telefonia, em nível mundial. É bom
lembrar que a compatibilidade e a interoperabilidade não eram regras usuais no
mercado. O uso de padrões só aconteceu
após forte pressão dos usuários.
É exatamente nesse poder de persuasão do assinante que reside a principal
força das operadoras que vestem a camisa da convergência. Elas acreditam que,
impulsionadas pelo usuário, serão capazes de influenciar e acelerar o desenvol-
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TECNOLOGIA
PONTO DE PARTIDA
Em maio, a britânica British Telecom surpreendeu os
concorrentes ao associar-se à Vodafone para oferecer serviços de telefonia fixa e móvel integrados a partir de um
único terminal. Batizada de projeto Bluephone, a iniciativa tem como objetivo permitir que a chamada telefônica
seja sempre a mais barata e a de melhor qualidade, independente de ela ser completada na rede fixa ou móvel. A
Alcatel é a empresa que está disponibilizando, nesse projeto, o aparelho que permite a integração.
Os participantes do projeto piloto receberão uma única
conta, na qual constarão os serviços prestados em telefonia fixa e móvel. Com uma grande mudança. As ligações
realizadas pelo terminal fora de casa serão transferidas para
a British Telecom, que tem um preço menor para o serviço
celular. Já as realizadas dentro de casa serão automatica-
mente direcionadas para a rede da Vodafone, que tem preços mais convidativos no acesso fixo. A proposta é clara:
atrair o assinante com a certeza de preço baixo em qualquer chamada. A tecnologia Bluetooth, que possibilita a
transmissão de dados em curtas distâncias (até 25 metros) é o meio utilizado para transportar as chamadas.
A expectativa da British Telecom é tornar o projeto piloto uma operação comercial ainda esse ano. Há senões importantes. A demanda para a produção do Bluephone ainda
é muito pequena. Isso significa custo alto de manufatura. A
carrier planeja ainda testar o WiMAX como meio de transporte para ampliar o raio de transmissão. Além disso, é preciso definir um modelo de remuneração que atenda aos interesses de todas as partes envolvidas: usuário, fornecedor,
operador móvel e fixo. Nessa fase experimental, a questão
financeira foi relegada a um segundo plano, mas fazer dinheiro é a meta de todos os participantes da iniciativa.
vimento tecnológico necessário para viabilizar essa comunhão de esforços, com
destaque para a produção de aparelhos
de telefone capazes de cumprir as novas
exigências. Mas engana-se quem pensa
que o processo é puramente de inovação
tecnológica. É preciso integrar forças de
vendas, suporte e operações. Torna-se
imperativo desenhar um novo modelo de
negócios. E, mudar, é uma característica
que assusta aos segmentos tradicionais.
SEGREDO DE ESTADO
Até bem pouco tempo, as estratégias
direcionadas para a oferta de serviços combinando produtos fixo/móvel eram tratadas como "segredo de estado". Entretanto, a necessidade de mudança hoje está
falando mais alto. Enquanto as operadoras fixas correm para conter a migração
dos seus assinantes para a telefonia mó-
vel, as carriers do serviço celular conquistam cada vez mais usuários. Entretanto, a
maioria delas, para a infelicidade dos responsáveis financeiros, é incapaz de gerar
uma receita significativa que responda aos
anseios dos investidores.
Gigantes como a japonesa NTT DoCoMo, a inglesa British Telecom, a francesa Cegetel, a suíça Swisscom, a coreana Korea Telecom, a australiana Telstra
e a brasileira Brasil Telecom GSM, que
inicia operação em agosto, decidiram que
era necessário fazer algo concreto para
reverter esse cenário nada positivo. Apesar de todas as diferenças comerciais e
culturais, sentar à mesa e viabilizar saídas era mais do que preciso.
Desse esforço surgiu a Fixed Mobile
Convergence Alliance (FMCA), entidade
que tem como missão tornar transparente
toda a discussão em torno da convergên-
cia. Nos últimos sessenta dias, uma série
de reuniões aconteceu para viabilizar a iniciativa. Uma das decisões importantes foi
a de integrar a América Latina ao movimento. A próxima reunião, marcada para
esse trimestre, acontecerá no Brasil.
É bom esclarecer que a comunhão não
é movida apenas pela necessidade de ajustes tecnológicos. O interesse financeiro é
óbvio. São poucas as carriers preparadas
para enfrentar um novo período de recessão, como o vivido após a explosão da "bolha da internet". Convergência pode se traduzir em novos negócios. No último balanço, por exemplo, a British Telecom – pioneira no processo (leia matéria Ponto de Partida) – divulgou uma expectativa de gerar 1
bilhão de euros de receita com a convergência entre telefonia fixa e móvel, nos próximos
cinco anos, um montante nada desprezível
em tempos de competição acirrada.
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
O IMPERATIVO
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TECNOLOGIA
Brasil Telecom GSM inicia operação em agosto com a
intenção de provocar uma mudança na oferta atual
de serviços celulares. A operadora é a primeira da
América Latina a iniciar atividade oferecendo
serviços convergentes fixo/móvel
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
PROVA DOS NOVE
Mais do que provar que é possível
convergir infra-estrutura fixa e móvel,
a Brasil Telecom GSM, unidade de telefonia celular da Brasil Telecom – carrier de telefonia fixa da região Centro
Sul do Brasil – almeja capitalizar a atenção do assinante com a oferta de um
atendimento simplificado e único. A intenção da operadora é provocar uma
reestruturação no atual modelo de prestação de serviço celular no Brasil. Em
entrevista à Frecuencia Latinoamérica,
o diretor Geral da Brasil Telecom GSM,
Ricardo Sacramento, detalha a estratégia da companhia.
Desde o primeiro dia de operação,
previsto para início de agosto, todas as
áreas do grupo Brasil Telecom, sejam
elas de vendas, atendimento, suporte,
operações e Tecnologia da Informação,
estarão funcionando em harmonia. Para
assegurar a realização dos projetos, a
carrier irá investir, até o final de 2005,
R$ 1,7 bilhão. "Criamos um único time
que irá vender BrT fixa, BrT Turbo (Internet banda larga) e BrT GSM. Não há
áreas administrativa, financeira e marketing isoladas. Não há uma nova empresa do grupo. Tudo é uma só operação", destaca o diretor Geral da carrier.
Um dos motes principais da operadora tem sido exatamente unificar o
time de funcionários em torno das evoluções da plataforma tecnológica para
atender a demanda da convergência.
"Criamos um único time que irá
vender BrT fixa, BrT Turbo
(banda larga) e BrT GSM. Não
há uma nova empresa do grupo.
Tudo é uma só operação"
Ricardo Sacramento,
diretor Geral da Brasil Telecom GSM
Nos últimos meses, houve um esforço
significativo da área de TI para permitir a integração da carrier móvel aos sistemas legados existentes. "A transparência é total. O modelo é um só, tanto
para a operação fixa, móvel e banda
larga. É uma única Brasil Telecom",
estabelece Sacramento.
TABUADA
Um dos maiores cuidados da nova
operadora é não ser classificada como a
quarta entrante no acirrado mercado de
telefonia móvel celular na região Centro
Sul do Brasil. Hoje, os assinantes dessa
área são disputados pela TIM (Telecom
Itália Móbile), Vivo (joint venture Portugal Telecom/Telefónica) e a Claro (da
mexicana América Móvil/Telmex). De
acordo com Sacramento, a proposta da
Brasil Telecom GSM não será a de conquistar usuários apenas através de planos tarifários agressivos e/ou com a oferta de aparelhos mais baratos.
A idéia é provocar o consumidor
com a oferta de uma gama de serviços
diferenciados e ainda distantes da realidade nacional. Como, por exemplo,
a possibilidade de se ter uma única
conta de operação móvel, fixa e de
Internet e um único terminal capaz de
centralizar a oferta desses serviços.
"Sabemos que é um modelo arriscado,
diferente. Mas acreditamos que o assinante quer mais do que preço baixo.
É claro que custo é importante, mas
qualidade e sinergia de comunicação
é um sonho de consumo", detalha o
diretor Geral da operadora.
Nessa linha de operação, a Brasil Telecom GSM terá 16 lojas exclusivas de
vendas, instaladas nos principais Shopping Centers da região. Mas, frisa Sacramento, os funcionários responsáveis
pela venda da operação de telefonia fixa
também estão capacitados para atender
ao assinante móvel. O usuário terá ainda um único call center, pelo qual poderá encaminhar suas solicitações e reclamações para a carrier.
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TECNOLOGIA
Fornecedores e operadoras escrevem um novo
relacionamento. Redes deixam de ser meras
transportadoras de sinais para serem
integradoras de informações
SEGUNDA CHAMADA
REVISÃO IMEDIATA
infra-estrutura começa a deixar de ser
um mero instrumento de transporte de
comunicação para tornar-se uma integradora de informações.
"É uma migração fantástica. A inteligência predominará nesse novo
cenário e quem souber aproveitar
esse momento estará escrevendo um
novo lugar na história da comunicação", apregoa Bergamasco. Postura
também defendida pelo consultor de
estratégias tecnológicas da Siemens,
Marco Kimura. Segundo ele, fornecedores e operadoras precisam for-
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Em um mundo no qual a harmonia não é uma característica comum,
a propalada integração de redes demanda um ajuste fino entre todos os
participantes da cadeia produtiva da
área de telecomunicações. Diante da
verdadeira Torre de Babel do sistema
de telefonia, somente os standards podem facilitar a criação de uma linguagem única. Esse processo, no entanto, demanda paciência, o que não é
exatamente uma característica de
quem busca rentabilidade e sobrevivência, como é o caso das gigantes
da operação fixa.
Paulo Bergamasco, CTO (Chief Techonology Officer) da Alcatel do Brasil, admite que para o mercado ofertar
a convergência desejada ainda há muitos padrões a serem desenvolvidos. Apesar dessa engrenagem desregulada, o
executivo faz questão de frisar que a
indústria vive um momento singular: a
Os marcos regulatórios dos países terão que ser alterados para acompanhar o ritmo da convergência. A advertência é de Álvaro Marques, consultor da Itelogy Partners do Brasil. Segundo ele, além de questões tecnológicas, as operadoras fixas também sofrem com as restrições legais
dos processos de privatização. Para comprovar a sua tese, Marques
lembra que no Brasil - e a situação se repete em muitos países
da América Latina - as operadoras de TV a cabo podem solicitar uma licença ao órgão regulador e através das suas redes
formatar serviços de voz e dados.
A grande questão é que a contrapartida, ou seja, a
possibilidade de a operadora fixa entrar no mercado de transmissão de televisão não acontece. "É
um impeditivo complexo para quem quer sobreviver. As
operadoras fixas precisam de mais liberdade, mas dentro de regras claras e sob controle dos órgãos reguladores", destaca o consultor. Na visão
dele, a América Latina precisa mirar-se no exemplo da Inglaterra, que no
início desse ano, em função do projeto Bluephone da British Telecom,
extinguiu a Oftel, até então responsável pela legislação do setor, e criou
a Ofcom (Office of Communications).
A nova agência incorporou cinco estruturas regulatórias inglesas e acumulou as funções das comissões de padrões para radiodifusão, de televisão independente (que lidava com as TVs comerciais), da agência de radiocomunicações e da agência de rádio. A substituição foi justificada pela
necessidade de o Governo britânico acompanhar mais de perto a evolução
das redes de telecomunicações e o acirramento da concorrência na área
de conteúdo em função da convergência de tecnologias.
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TECNOLOGIA
mular serviços transparentes, que
funcionem independente de terminais e plataformas. "Não se trata mais
de saber tecnologia, mas de construir
algo a partir dela", complementa.
OS SABORES DO IP
André Galvão, gerente de Operações da Motorola, diz que convergência não é um desejo recente no mercado. Até bem pouco tempo, o intuito maior era integrar as redes de telefonia aos computadores, que surgiam
como objeto de desejo dos consumidores. Hoje, as operadoras, cientes do
momento financeiro e da competição
mais acirrada, trabalham numa convergência mais eficiente. A própria
busca das redes NGN (Next Generation) é uma prova de que essa integração não é mais irreal. "Os softswitches
são centrais telefônica baseadas em
plataforma de computação. Eles são
uma evolução que permitem a oferta
de serviços integrados", destaca o gerente da Motorola.
As operadoras fixas são as
que impulsionam a questão da
convergência por razões de
sobrevivência e para en-
QUEM DÁ MAIS?
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Terminais que vão permitir o uso
combinado de serviços móvel/fixo
são raros e caros
Para tornar os serviços convergentes populares, as operadoras sabem que precisam dispor de uma
gama diferenciada de terminais capazes de ofertar os produtos aos assinantes. Hoje, essa tarefa é ingrata. São poucos os produtos disponíveis e a escala de produção ainda
é pequena e de alto custo. No caso
da British Telecom, por exemplo, o
terminal utilizado é o Bluephone, da
Alcatel. A primazia de ser a fornecedora do teste mais significativo de
convergência traz ganhos importantes para a gigante francesa.
De acordo com o CTO (Chief Technologie Officer) da Alcatel do
Brasil, Paulo Bergamasco, até o final desse ano, o Bluephone estará
vindo para o Brasil. Operadoras
como a Brasil Telecom GSM e a Oi,
ligada a operadora fixa Telemar,
são os alvos da estratégia, já que
ambas são as mais adiantadas na
oferta de serviços fixo/móvel. Mas
não se pode
esquecer que a mexicana Telmex
também pode ser uma séria candidata a testar o produto. Afinal, ela
é dona no Brasil da Claro, operadora móvel, da Embratel, e agora,
é acionista da Net, maior operadora de TV a cabo do País.
Os fabricantes de handsets não
querem ficar longe desse segmento. Eles trabalham para criar um
terminal que combine GSM/GPRS
e Wi-Fi, sonho dourado dos investidores nas redes sem fio. A Motorola pode ser a primeira empresa a
liberar um telefone com essas características. A fabricante já tem um terminal capaz de realizar chamadas
via Wi-Fi para redes GSM, mas ainda teria dificuldades técnicas para
permitir o caminho contrário. Exatamente por isso, especialistas norte-americanos afirmam que a Motorola não deverá lançar esse aparelho
ainda em 2004.
contrar alternativas ao legado existente - são várias redes distintas, como
por exemplo, voz, IP, Frame Relay,
ATM e outras - diz o gerente de Engenharia para a área de telefonia fixa
da Cisco, Marcelo Moreira. Segundo
ele, nos últimos tempos, as operações
fixas não conseguem reverter o quadro de perda de assinantes para as
concorrentes sejam elas móveis, nos
países emergentes onde a demanda
de voz ainda é
alta, ou para as
operadoras de
TV a cabo, como
acontece nos Estados Unidos.
"Até bem pouco
tempo, as operadoras não
tinham nenhum problema de
gastar muito em redes diferentes. Também não se preocupavam se essas infra-estruturas iam se "comunicar". Mas, agora, tudo mudou. O dinheiro escasseou
e novos serviços dependem de qualidade. È por isso que o IP desponta
como o caminho", reforça o executivo
da Cisco. Até porque, lembra Moreira,
as operadoras sabem que precisam lidar com os seus legados - diversas redes de Tecnologia da Informação, de
plataformas de gerenciamento de bilhetagem - por muito tempo.
O IP desponta como a alternativa para ofertar qualidade de serviço
e integração. Por isso, as operadoras de telefonia móvel também já migram suas infra-estruturas para a
tecnologia. A interoperabilidade das
redes legados com essa nova topologia de rede IP é hoje uma lição de
casa para as operadoras. De acordo
com André Arraes, diretor da Tellabs do Brasil, reduzir custos operacionais sem perda de qualidade de
serviço não é uma missão simples.
Ela requer estudos e uma gerência
mais apurada dos circuitos.
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EVENTOS
AGOSTO
SETEMBRO
Internet Satelital
Agosto 1,8,15,22 e 29
Auditório do Hotel San Martín
Trujillo, Peru
Expo Comm Argentina 2004
Setembro
Buenos Aires, Argentina
www.expocomm.com.ar
Expo Celular
Agosto 17-20
Pavilhão de Exposições
do Anhembi
São Paulo, Brasil
www.expocelular.com.br
11th Revenue Assurance
& Fraud Management 2004
Setembro 21-22
Rio de Janeiro, Brasil
CDMA Americas Congress
Setembro 28-30
Centro de Convenciones de Miami
Miami, FL, USA
Billing, OSS & BSS Congress
Agosto 23-25
Sheraton Rio Hotel & Towers,
Rio de Janeiro, Brasil
OUTUBRO
NOVEMBRO
Messaging & Mobile Internet LA
Outubro 4-5
Sheraton Hotel - Rio de Janeiro, Brasil
Seminário Internacional de Roaming
Outubro 7-8
Hotel Pestana Rio Atlântica
Rio de Janeiro, Brasil
Andicom 2004
Outubro 20-22
Centro de Convenciones
Cartagena de Indias, Colombia
GSM Americas
www.ibctelecoms.com.br
World Handset Forum Americas
Novembro 9-10
Santa Clara Convention Centre
California, USA
Caricam Mobile 2004
Novembro 30 - Dezembro 1
Bávaro Beach Resort
Punta Cana,
República Dominicana
CTIA Wireless IT
& Entertainment 2004
Outubro 25-27
Moscone Center - San Francisco, USA
www.wirelessit.com
Futurecom 2004
Outubro 25-28
Florianópolis, Brasil
www.futurecom.com.br
COMPANHIA
PÁGINA
WEB
NOKIA
Capa 2
www.nokia.com
BRIGHTSTAR
Página 5
www.brightstarcorp.com
FUTURECOM NEWS DAILY
Página 7
www.frecuenciaonline.com
CDMA AMERICAS
Página 9
www.cdg.org
EXPO COMM ARGENTINA
Página 14
www.expocomm.com.ar
SR TELECOM
Página 17
www.srtelecom.com
CTIA
Página 29
www.wirelessit.com
FRECUENCIA
Capa 3
www.frecuenciaonline.com
ZTE
Capa 4
www.zte.com.cn
Próxima Edição
ESPECIAL TERCEIRA GERAÇÃO
As operadoras da telefonia móvel já detectaram
que não basta mais conquistar novos assinantes.
Elas precisam ampliar o uso de serviços de valor
agregado, principalmente os ligados a dados e
imagens. Nesse cenário, uma infra-estrutura
turbinada é questão de ordem para quem quer
sobreviver. Novas tecnologias começam a ser
implementadas nas carriers, sejam elas usuárias
CDMA ou GSM. FrecuenciaLatinoamérica mostrará as
novidades que estão em curso nessa área por parte
das operadoras, fornecedores e fabricantes de
terminais. Também mostrará o quadro regulatório na
região com relação à venda das licenças 3G.
ARGENTINA/ EXPO COMM
Depois de um duro período de recessão econômica
e de estagnação de investimentos, o segmento de
telefonia móvel renova o fôlego. A competição ganha
novos capítulos com o round travado entre as gigantes
América Móvil, na CTI Móvil, e Telefónica Móviles.
Correndo por fora, a Telecom Italia sinaliza que não
está disposta a perder market share. Nesse confronto,
o GSM prova a sua força. Os investimentos na
tecnologia são um marco no País.
FRECUENCIA – JULIO/AGOSTO
JULHO/AGOSTO 2004
2004
ín d i c e d e a n u n c i a n t e s
33
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22/07/04, 16:20
OPINIÃO
Direitos e
DEVERES
FIGURA 1
OPERADORA
Provedor de
conteúdo 1
Gerência
Manutenção
Bilhetagem
I
Gerência
Manutenção
Bilhetagem
Ý
Ý
FRECUENCIA – JULHO/AGOSTO 2004
Hosting
As carriers saem de um "estado de
conforto", com amplo domínio da cadeia de valor, para se defrontarem com
um novo universo bastante distinto de
suas competências básicas. Nele surgem novos elementos representados na
figura abaixo, que por suas especializações e dinâmicas bastante distintas
daquelas das operadoras, acabam assumindo vida própria:
• PROVEDOR DE CONTEÚDO
Que assumimos ser também o
desenvolvedor do conteúdo ou aplicação,
se responsabiliza por executar as permanentes atualizações;
• HOSTING
Este elemento contém o servidor que
armazena e "roda" as aplicações;
34
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20/07/04, 16:00
Ý
Ý
Com a competição cada vez mais
acirrada, as operadoras móveis reforçam
os investimentos em evolução tecnológica e na introdução de novos serviços
como forma de combater a redução da
receita média por assinante (ARPU) e
atender à crescente necessidade do
cliente por serviços que propiciem maior
bem-estar e aumento de sua produtividade no dia-a-dia.
FIGURA 2
• GERÊNCIA, MANUTENÇÃO
Provedor de
Provedor
de
OPERADORA
E BILHETAGEM
conteúdo 3 conteúdo 2
Provedor de
Este último assume as funconteúdo n
Provedor de
ções de gerência, manutenção
conteúdo 1
Gerência
Gerência
e bilhetagem dos serviços ofeÝ
Manutenção
Manutenção
I Bilhetagem
recidos, servindo de elemento
Bilhetagem
Ý
de ligação com a operadora.
Hosting
Usualmente, irá interagir com
seu espelho dentro da operadora, que o fiscalizará e repassará a cobrança dos serviços consumimelhor, da receita, entre os envolvidos.
dos aos clientes finais, posteriormente
Chamado de "revenue share", este moretornando a este elemento sua parcedelo promove uma relação de divisão de
la, para que ele remunere os demais enreceita que varia dependendo do tipo de
volvidos. (Veja figura 1)
aplicativo, complexidade e recursos necessários para sua criação.
A dinâmica de mercado tem mosNo caso dos ringtones e imagens
trado que uma empresa que realiza as
podemos dizer que, em média, a operafunções de gerência, manutenção e bidora fica com 50% do bolo e o restante
lhetagem, tem a tendência de adquirir
é dividido entre os demais elementos.
a outra que realiza a função de hosting,
Já para os aplicativos Java, como os jocomo forma de aumentar o seu valor e,
gos, a operadora retém 20% e os declaro, fortalecer sua posição de parcemais, 80%. Mas, o processo não termiria com a operadora.
na por aí. A área de VAS (Value Added
Mantendo essa mesma linha perServices) das operadoras está sempre
cebe-se que, num segundo momento,
a procura de novos conteúdos e dife“essa nova empresa” tende a se assorenciais que permitam conquistar e adciar ou mesmo a incorporar o provedor
quirir a fidelidade dos seus clientes, e
de conteúdo que oferece os aplicativos
claro, ampliar a receita com os servide maior sucesso. Ao mesmo tempo,
ços de dados. É chegada a hora de senela também interage com outros protar à mesa e negociar!
vedores menores. Isso lhe permite oferecer à operadora um amplo portfólio
de soluções. (Veja figura 2)
Atualmente, há diversos provedoEduardo Nascimento Lima
res oferecendo a mais variada gama
é Consultor de Estratégias
de conteúdos e aplicações. Toda essa
Tecnológicas para o Mercosul
oferta permite ao usuário personalizar seu celular com sons, imagens e
Marcelo Gentil Videira
jogos de sua preferência.
é Gerente de VAS
Neste novo cenário, a grande ques& Internet Mercosul
tão volta-se para a divisão do bolo, ou
Ý
Eduardo Nascimento e
Marcelo Gentil Videira
Para aumentar a receita, as
operadoras móveis reformulam
suas estratégias e negociam com
provedores de conteúdo e aplicações

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