offshore - Portos e Navios
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Sumário 4 Editorial 6 Relatório PN 08 Navegação CAPA | 08 Mercado otimista Companhias de navegação fazem investimentos nas travessias e estaleiros estão otimistas com novas embarcações 16 Encomendas continuam Mesmo com incertezas, fabricantes de sistemas de propulsão apostam no apoio ‘offshore’ e navegação fluvial 24 Mestre até o fim Indústria naval brasileira perde Nobuo Oguri 16 Indústria Naval e Offshore 34 Portos e Logística 49 Tribuna 50 Port & Export 26 Novos prazos para entrega Log-In e Eisa complementam contrato para a construção de quatro navios. Armador reafirma crença na cabotagem 52 Calendário 28 País inovador Estudo encomendado pela GE revela que executivos brasileiros acreditam na produção de inovação brasileira 53 Produtos e Serviços 32 CDFMM aprova R$ 4,6 bilhões Do total, R$ 2,3 bilhões serão destinados a novos projetos, incluindo 10 barcos de apoio offshore 34 Regulação polêmica Norma da Antaq que regula serviço portuário e uso excepcional de instalações gera dúvidas e recebe críticas do setor 36 Transparência para investimentos Contribuições à resolução 3.708/14 da Antaq buscam clareza sobre arrendamentos portuários 38 Espaço para crescer Portos ‘offshore’ planejam expansão e miram na atração de navios de maior calado 44 Reorganização em Santos Novos ‘players’ acirram disputa por posto de terminal de contêiner mais produtivo PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 3 Editorial A conjuntura não é das mais favoráveis para a indústria naval e a expectativa é de um ano difícil em 2015. Não se sabe ainda, por exemplo, quais serão os efeitos da operação Lava-Jato sobre a construção de plataformas, já que algumas das empreiteiras envolvidas são sócias de grandes estaleiros. Levantamento feito pela Portos e Navios indica que entre os fornecedores de navipeças a expectativa é de que os contratos entre a Sete Brasil, Petrobras e grupos empresariais sejam preservados para que a economia não sofra ainda mais e os empregos na construção naval sejam mantidos. Mas nada impede, avaliam, que parte desses contratos seja transferida para estaleiros no exterior, com impacto direto sobre o conteúdo nacional. De qualquer maneira, os investimentos estão represados. O achatamento do preço do óleo no mercado internacional é capaz de produzir efeitos mais funestos do que o escândalo. Não se sabe por quanto tempo a Opep manterá a atual política de produção acima da demanda, com a nítida intenção de invibializar a indústria norte-americana de shale gas. Não é algo que se possa fazer indefinidamente, é uma queda de braço com prazo determinado. O fato é que, como o óleo produzido a partir do xisto, o óleo do pré-sal tem alto custo e pode se tornar inviável caso o preço do óleo não se recupere em tempo hábil. Para este cenário, não há previsão possível. De qualquer maneira, as apostas são no sentido de que será um ano magro, mas não de paralisação. Além das plataformas, há as obras de construção de petroleiros do Promef e de barcos de apoio do Prorefam — estão em curso e dão fôlego para a travessia até 2016. Diretores Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira Reportagem Danilo Oliveira Direção de Arte Alyne Gama Revisão Eliana de Souza Colaborador Carlos Tavares de Oliveira Comercial Cristina Dantas e Janet Castro Alves Assinaturas Assinatura no Brasil: 1 ano: R$ 160,00. Números avulsos: R$ 16,00 Assinatura no Exterior: 1 ano: US$ 220,00 Portos e Navios é uma publicação de Editora Quebra-Mar Ltda. CNPJ 01.363.169/0001-79 (registro no INPI nº 816662983) Janeiro de 2015 - Ano 56 - Edição 648 Redação: Rua Leandro Martins, 10 - 6º andar - Centro - CEP 20080-070 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: (21) 2283-1407 Impressão Imos Gráfica Periodicidade mensal As matérias jornalísticas e artigos assinados em Portos e Navios somente poderão ser reproduzidos, parcial ou integralmente, mediante autorização da Diretoria. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião de Portos e Navios [email protected] www.portosenavios.com.br 4 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 RELATÓRIO PN Acordo A Secretaria de Portos (SEP) assinou com a Apec – Centro de Treinamento Portuário de Flandres afiliada ao porto de Antuérpia convênio de cooperação técnica para a criação do primeiro Centro de Capacitação dos Gestores e dos Trabalhadores Portuários no Brasil. O Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) também são signatárias do acordo. Prêmio Tamandaré O presidente Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima, Waldemar Rocha Júnior, recebeu a Medalha Mérito Tamandaré, no dia 12 de dezembro, na Casa do Marinheiro, no Rio de Janeiro. Criada em 1957, a honraria é concedida a autoridades, instituições e personalidades civis e militares que tenham prestado relevantes serviços na divulgação ou no fortalecimento das tradições da Marinha do Brasil. PQNS O estaleiro Enseada, a WEG, a Wilson Sons e o estaleiro Jurong Aracruz são os vencedores do 4º Prêmio Naval de Qualidade e Sustentabilidade Acúrcio de Oliveira (PQNS), uma promoção da Fundação Cultural Aro e do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Off6 shore (Sinaval). Na modalidade Caminho para a Inovação e Desenvolvimento em Sustentabilidade (CIDeS), os vencedores foram o estaleiro Enseada Indústria Naval, com o caso Verde Novo, referente a reflorestamento de áreas degradadas na Zona Rural de Marangojipe, na Bahia; e a WEG, com o Museu WEG de Ciência e Tecnologia, que contribui para processo educacional não formal voltado para o público escolar de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. O projeto Verde Novo recupera e conserva nascentes, matas ciliares e manguezais na Zona Rural de Maragojipe. A meta é fazer o plantio de cerca de 50 hectares dessas vegetações. Reaberto em setembro deste ano, após um ano de reforma, o Museu WEG de Ciência e Tecnologia reúne 11 salas temáticas, que criam enredo sobre as descobertas e invenções fundamentais para o desenvolvimento do eletromagnetismo e a revolução eletrônica. A modalidade Caminho para a Competitividade (CCom ) teve como vencedores a Wilson Sons, com o caso proteção das lâmpadas fluorescentes dos rabichos com garrafa PET transparente; e o Estaleiro Jurong Aracruz com o Programa de Transferência de Tecnologia em Cingapura para capacitar e aperfeiçoar mão de obra local, que formará jovens capixabas. A ideia implantada pela Wilson Sons garantiu uma economia de quase R$ 1,5 milhão a cada dois anos. Algo que pode ser facilmente replicado em outros estaleiros e fábricas PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 com problemas semelhantes. O Estaleiro Jurong Aracruz, do Espírito Santo, selecionou 28 estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) dos campi de Aracruz, Colatina, Guarapari, Linhares, São Mateus, Serra e Vitória para fazer intercâmbio no Ngee Ann Polytechnic (NP) em Cingapura, instituição de referência em tecnologia naval e offshore. O financiamento fica a cargo do estaleiro. A inovação nem sempre requer um grande investimento. “Às vezes um olhar criativo vale mais do que um conceito complexo”, Mais • Após dois anos como presidente do estaleiro Eisa, Josuan Moraes Junior agora é o novo CEO da empresa de apoio offshore Baru Offshore Navegação. • Heiner Lanze é o novo vice-presidente de Compras para a América Latina da Scania. Lanze tem vasta experiência internacional no setor de transporte e atuou nos últimos anos como responsável pela área de Compras de Powertrain na Audi. • A Hamburg Süd e a Aliança Navegação e ressalta Marcos de Oliveira, diretor da Fundação Aro. O PQNS reúne quatro níveis de premiação: dois por modalidade e dois por categorias de porte de empresas participantes. Os vencedores recebem o Troféu PNQS da modalidade correspondente, além do certificado e o selo. O selo certifica que a empresa reúne qualificações para atender bem o mercado e de forma sustentável. O selo pode ser impresso no material de comunicação da empresa vencedora durante o período de um ano. Logística contam com um novo diretorexecutivo. Com 30 anos de experiência em logística e ênfase no setor marítimo, 26 deles no Grupo Hamburg Süd, José Roberto Salgado assume o cargo, onde será responsável pelas áreas de operações marítimas, logística e transporte intermodal. • Javier Bilbao acaba de assumir a presidência da DHL Supply Chain no Brasil. O executivo vai liderar a estratégia da empresa frente a um mercadochave para os negócios corporativos. O executivo foi diretor-geral da DHL Supply Chain na Espanha e Portugal. WÄRTSILÄ® is a registered trademark. QUALQUER SISTEMA DE PROPULSÃO, QUALQUER NAVIO, EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO. Não importa o tipo de embarcações ou plataformas que operam, ou onde eles estão localizados, a Wärtsilä pode fornecer peças, reparos, manutenção e upgrades para manter seus sistemas de propulsão rodando com a máxima eficiência. 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A empresa gastou, entre 2011 e 2014, R$ 240 milhões em lanchas (R$ 27 milhões), revitalização de infraestrutura e de equipamentos. O atracadouro de Santos consumiu R$ 30 milhões; 20 embarcações foram revitalizadas ao custo de R$ 75 milhões. Os atracadouros de Bertioga e Guarujá receberam R$ 22 milhões para modernização. Cinco novos ferry boats foram adquiridos ao custo de R$ 32,7 milhões. E um novo sistema de comunicação e monitoramento e compra de novos motores/reversores demandou R$ 5,2 milhões. 8 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Estaleiro Catamaran vê a capacidade de endividamento como entrave A Dersa, responsável pelas travessias no estado de São Paulo, pretende investir R$ 42 milhões em 2015 As novas embarcações para passageiros são de fibra e substituíram as antigas de aço. São catamarãs com capacidade para 370 passageiros, com bicicletário para 50 unidades. “A fibra acabou ganhando pelo fato de ser mais leve e a manutenção levar menor tempo”, explica o diretor de operações das travessias litorâneas da Dersa, João Poiani. Antes, as barcas de aço ficavam de cinco a seis meses em manutenção, enquanto as de fibra ficam no máximo 30 dias. Elas foram construídas em Belém, no estaleiro ABS Naval. A Dersa administra as travessias Santos–Guarujá, Praça da República (Santos)–Vicente de Carvalho (Guarujá), Bertioga–Guarujá, São Sebastião –Ilhabela, Cananéia–Continente, Cananéia–Ilha Comprida, Iguape–Juréia e Cananéia–Ariri. Ao todo, a Dersa administra oito travessias, três estaleiros, 34 embarcações e 11 flutuantes. Em 2013, todas as travessias transportaram 9,3 milhões de passageiros; 4,4 milhões de bicicletas; 3,4 milhões de motos e 8,8 milhões de carros. A concessionária das travessias do Rio de Janeiro, a CCR Barcas, também está investindo nas travessias. Sem divulgar o valor total dos aportes, a empresa está melhorando as estações e adquirindo novas embarcações. Na Praça Arariboia, em Niterói, foi construída uma nova estação, ampliando a capacidade de 1,2 mil passageiros para quatro mil, na primeira etapa. Na segunda fase, a estação deve ser duplicada, atingindo a capacidade para oito mil passageiros. A estação da Praça XV também recebeu investimentos em melhorias. “Trocamos todas as catracas. Tinham velocidade para 15 passageiros por minuto e hoje são 20 passageiros por minuto. Ganhamos em velocidade na hora do embarque, em valores aproximados”, explica o gestor de operações, Anderson Reis. Cinco embarcações foram alugadas no exterior para reforçar a operação. Elas operavam em linhas do México, Hong Kong e Coreia do Sul. Quatro foram alugadas pela CCR Barcas e uma faz parte do acordo com a concessão do projeto Porto Maravilha, de revitalização da área central e portuária do Rio de Janeiro. A CCR Barcas é responsável por seis travessias litorâneas: Praça XV–Charitas; Praça XV–Praça Arariboia; Praça XV–Cocotá; Praça XV–Paquetá; Angra dos Reis–Ilha Grande e Ilha Grande –Mangaratiba. Em 2013 foram transportados cerca de 29 milhões de pessoas e 2014 deve finalizar com número semelhante. O sistema possui 21 embarcações. Nove novas embarcações foram adquiridas pelo governo do estado do Rio de Janeiro para as linhas. O estaleiro Inace, do Ceará, venceu a licitação para a construção de duas delas. As outras sete estão sendo fabricadas na China pelo estaleiro Afai. As embarcações são de alumínio, sendo as nacionais com capacidade para 500 pessoas e as chinesas para duas mil pessoas. As duas produzidas no Brasil operarão nas linhas Angra dos Reis–Ilha Grande e Mangaratiba–Ilha Grande. O Inace deve entregar a primeira em junho. Já a primeira embarcação chinesa estava prevista para chegar ao Rio em dezembro de 2014 e as demais a partir do segundo semestre de 2015. — São as nossas primeiras embarcações para travessias. Nossa expertise é de embarcações para plataforma — explica o gerente de projetos do Inace, Marcio Igreja. Ele explica que é um desafio, pois já tinham feito embarcações para um volume bem menor de passageiros. As novas barcas para o litoral fluminense são monocasco. Normalmente, esse tipo de embarcação é catamarã. O estaleiro Inace investiu 100 mil euros nos testes de desempenho da nova embarcação. Foi feito um modelo em escala e testado em um laboratório na Polônia. A Catsul, operadora da travessia Porto Alegre–Guaíba, faz parte do grupo Ouro e Prata. O sistema gaúcho conta com três embarcações do tipo catamarã, que fazem o percurso de 14,5 quilômetros entre Porto Alegre e Guaíba em cerca de 20 minutos. Dois catamarãs têm capacidade para 120 pessoas e foram construídos pela MSul, que fazia parte do grupo Ouro e Prata; e o outro tem capacidade para 140 pessoas e foi construído pela Tecat, que também faz parte do grupo. Em breve, a Catsul receberá mais uma embarcação da Tecat e outra está prePORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 9 NAVEGAÇÃO vista para o próximo ano. A empresa transportou 828 mil passageiros em 2013 e deve fechar 2014 com 940 mil transportados. “Estamos com crescimento de 12% ao ano”, diz o coordenador de operações, Aurélio Viero. O sistema possui duas estações, uma em cada ponta da travessia e tinha previsão de inaugurar mais uma no píer do Barra Shopping Sul na virada do ano. Existem estudos para implantar mais uma estação no bairro Arquipélago e aproveitamento das vias hidroviárias para fazer conexão de Porto Alegre com as cidades de Triunfo, Charqueado e São Jerônimo. Se esses projetos saírem, a Catsul pretende participar das licitações. A Tapajós Expresso Hidroviário, também do grupo Ouro e Prata, opera cinco travessias no Pará. Partindo de Santarém, as viagens seguem para Monte Alegre, Alenquer, Curuá, Juruti e Trombetas, que fica na cidade de Oriximiná. As viagens variam entre duas e seis horas. O percurso mais longo é até Trombetas, com 240 quilômetros. Ao todo, as linhas contam com cinco lanchas do tipo monocasco e seis catamarãs, todos nacionais. Em 2013, as travessias transportaram 260 milhões de passageiros e fecha 2014 com 300 mil passageiros. “Estamos crescendo em média 15% ao 10 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 O estaleiro Inace venceu licitação para construir duas barcas para o governo do estado do Rio de Janeiro A Catsul tem encomendadas duas nova embarcações para entregas em 2015 ano”, explica o diretor de operações do grupo Ouro e Prata, Carlos Bernaud. Em 2014, a Tapajós adquiriu um novo catamarã no valor de R$ 4 milhões. Segundo Bernaud, a empresa investiu entre R$ 6 e 7 milhões nas melhorias das linhas, material rodante e estrutura das estações. A Bahia conta com cinco travessias marítima de passageiros: São Joaquim – Bom Despacho (Salvador –Ilha de Itaparica, por ferry boat); Salvador– Mar Grande (por lanchas); Salvador –Morro de São Paulo (por catamarã); Salvador–Itaparica (por catamarã) e Salvador–Madre de Deus (por catamarã). E estuda mais dois percursos: Salvador –São Roque do Paraguaçu e Salvador– Maragogipe. Segundo o diretor executivo da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), Eduardo Pessoa, todo o Recôncavo Baiano tinha ligações por vapores da antiga Companhia de Navegação da Bahia, na década de 60. “Fizemos um grande Plano Diretor Hidroviário para a retomada do transporte hidroviário. Com esse estrangulamento das vias urbanas, estamos vendo que temos esse caminho natural que é a hidrovia”, destaca Pessoa. Os investimentos para o desenvolvimento das hidrovias no estado começaram, mas via importação de equipamento. O governo da Bahia comprou de dois armadores gregos — Ágios Athanasios A. Maritime Co. e Theologos Shipping Company— dois ferry boats. Eles foram feitos no estaleiro grego Perama. “Importamos por que estávamos com urgência. Quem fabrica aqui não fabrica com menos de dois anos”, explicou o diretor da Agerba ao ser questionado sobre a escolha do produto estrangeiro. As embarcações fazem parte de um pacote de 18 milhões de euros. A verba foi financiada pelo Banco do Brasil e abrange ainda as adaptações de acessibilidade, peças sobressalentes para dois anos, seguro total da operação, o transporte Grécia–Bahia, tripulação e treinamento da equipe. Um dos ferry boats tem capacidade para 1,2 mil passageiros e 168 veículos e o outro transporta 1,35 mil pessoas e 208 veículos. Eles foram entregues em setembro de 2014. No início do ano passado, a Internacional Marítima venceu a licitação para operar a travessia São Joaquim –Bom Despacho, após a intervenção do estado da Bahia na operação anterior, da TWB. Os novos ferry boats foram adquiridos para essa travessia. No período emergencial da intervenção foram investidos R$ 7 milhões para colocar os ferries em condições operacionais. Em 2014, outros dois ferries foram totalmente reformados, sendo investidos R$ 8,5 e R$ 18 milhões, respectivamente. Segundo Pessoa, a Internacional terá que investir R$ 5 milhões nos próximos cinco anos. Um novo sistema de bilhetagem está sendo implantado e para 2015 estão previstas as modernizações e ampliações dos terminais de São Joaquim e Bom Despacho. Após a conclusão da dragagem do canal de navegação entre Salvador e Mar Grande, as embarcações serão trocadas para ter melhor desempenho. A mudança não tem previsão. CARLOS BERNAUD O Grupo Ouro e Prata está crescendo em média 15% ao ano e três rebocadores. As embarcações têm capacidade para 300 pessoas e 45 carros e para 180 pessoas e 30 carros. O gerente administrativo da concessionária, Antonio Dias Cardoso Filho, explica que a empresa tem o projeto de fabricar uma nova balsa, dentro de sua área, em 2015. O investimento previsto é de R$ 1 milhão e será instalada uma estrutura conhecida como girau para a construção da balsa, além de estaqueamento de uma área no rio. A Navegação Nordeste investe cerca de R$ 100 mil por ano em melhorias da estrutura e na manutenção da travessia. A Servi-Porto é a concessionária do transporte de passageiros e veículos entre São Luís e Cujupe, porto que pertence ao município de Alcântara (MA). A travessia de 18 milhas náuticas conta com dois ferry boats, que transportam cerca de três mil passageiros por dia. Uma nova embarcação está sendo entregue e outra negociada, ambas com o estaleiro Rio Negro (Erin). Cada embarcação em operação transporta 1,25 mil passageiros e 96 veículos. “A potência de cada embarcação é de 2.400 A Nordeste Navegação é concessionária do transporte de passageiros e veículos entre Cabedelo e Costinha, na Paraíba. A empresa tem uma frota de três ferry boats, sendo um inoperante, A Agerba optou por importar embarcações, em função do prazo de estaleiros brasileiros PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 11 NAVEGAÇÃO HP para poder romper a Bacia de São Marcos, por conta dos ventos, marés e correnteza. Trabalhamos praticamente em mar aberto, no mesmo local que os grandes graneleiros”, explica Landrin Sandin, gerente técnico da travessia. Entre agosto de 2013 e dezembro de 2014, a empresa investiu R$ 24 milhões na travessia. Foram adquiridas as novas embarcações para transporte de passageiros e feitos aportes no apoio portuário. A travessia transportou 1,4 milhão de passageiros em 2013 e a média de crescimento anual tem sido em torno de 12%. Estaleiro Arpoador está otimista com mercado, mas vê entraves no licenciamento e dragagem O governo do estado de Pernambuco está desenvolvendo um projeto para o transporte público fluvial pelo rio Capibaribe, em Recife. As obras estão em ritmo lento por conta de entraves na dragagem, mas seguem, segundo a secretaria executiva de Articulação Institucional e Captação de Recursos da Secretaria das Cidades, Ana Suassuna. O projeto é um corredor fluvial com três linhas (Oeste, Norte e Sul) e 11 estações. Para as rotas Oeste e Norte serão necessárias 13 embarcações, sendo uma reserva, e para a Sul, outras seis. A obra é do estado e a empresa que vencer a licitação da operação será a responsável pela compra das lanchas. O valor global do projeto é estimado em R$ 377 milhões, sendo que R$ 205 milhões já estão contratados. FLORIANO PIRES Transporte hidroviário tem potencial razoável no Brasil O professor na área de transporte marítimo e gestão de construção naval da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Floriano Carlos Martins Pires Jr., explica que o transporte hidroviário urbano é difícil de viabilizar por causa da competição com o transporte urbano mais rápido, mais flexível. “Dentro de sistemas bem estruturados, intermodais, com conexões bem feitas, ele tem um potencial razoável no Brasil, mas não vejo nesse momento isso, gerando uma demanda para a indústria naval”, avalia. “É meio improvisado, não é uma indústria competitiva. Quando no Rio precisou-se de catamarãs de alta velocidade, de grande capacidade, em um prazo curto, acabou sendo contratado em estaleiro chinês”, completa o especialista. O gerente comercial do estaleiro Arpoador, Franco Netto, é mais otimista. Ele avalia que o mercado é promissor, mas esbarra em licenciamentos e questões de dragagem. “Esse mercado é muito promissor. Há 10 anos, fize- A Servi-Porto, do Maranhão, transporta três mil passageiros por dia 12 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 mos sete embarcações para a travessia Rio–Niterói, quatro para 1,2 mil passageiros e três para 250 passageiros. De lá para cá, temos feito diversos estudos para transporte de passageiros pelas baías e litoral”, relata. Uma das possíveis oportunidades de negócio é o projeto hidroviário nas lagoas de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e região, no Rio de Janeiro. O projeto depende da despoluição das lagoas, que faz parte da estrutura para as Olimpíadas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sancionou a Lei nº 5751, que define critérios para a implantação do transporte de passageiros através do complexo lagunar de Jacarepaguá. A lei foi sancionada, mas nada foi desenvolvido até o momento. O gerente de projetos do estaleiro Inace, Marcio Igreja, também tem uma visão otimista do negócio. “Existe um nicho para esse mercado. O transporte urbano está muito engarrafado com a ascensão do número de carros. E a barca é uma opção. Tem capitais que é possível. Belém, São Luís, Vitória, Salvador. Tem várias cidades importantes do Brasil que tem capacidade de explorar”, destaca. O estaleiro Juruá, de Manaus, também tem expectativas positivas em relação ao mercado de embarcações de passageiros. Na visão do presidente do estaleiro, Francisco Cameri, a mudança da rota de grãos para o Norte do Brasil vai gerar demanda de transporte de passageiros pelo rio Tapajós e serão necessárias embarcações para essas viagens. “Devem ser embarcações para levar passageiros e carga no porão. É um mercado da região”, explica Cameri. Na opinião do presidente da Levefort, Carlos Paggiaro, o mercado que está aberto para os estaleiros é o de embarcações de passageiros para apoio marítimo e transporte de funcionários de empresas. “Para transporte interurbano não vejo oportunidades. De 2011 para cá, o que progrediu foi o transporte para empresas, tanto para bases de petróleo quanto para obras em geral”, explica Paggiaro. “Batemos o recorde de faturamento neste ano exatamente devido à expansão desse mercado de trabalho”, completa. O professor Floriano lembra que os problemas das linhas de transporte hidroviário urbano e metropolitano, como Baía de Guanabara e Santos– Guarujá, e das linhas fluviais da região amazônica, são bem distintos. Ele explica que as cidades se desenvolveram no entorno dos portos e terminais hidroviários e, além do assoreamento e das intervenções de dragagem necessárias, é preciso desenvolver conexões intermodais para o bom desempenho do modal. “Todo lugar do mundo onde você tem transporte hidroviário intenso urbano, há sistemas que incluem o transporte hidroviário, as embarcações e terminais em uma rede, uma malha bem organizada. Senão, fica muito complicado, porque ele não tem flexibilidade, não tem acessibilidade. Não consegue levar o barco até a sua rua, mas você consegue levar a van, o ônibus, o carro.” Já na região amazônica, Floriano diz que “as políticas que até hoje foram feitas ou foram tentadas para melhorar o sistema, para garantir economicidade e qualidade para o serviço, foram muito mal pensadas e muito mal formuladas”. E os problemas na região não são de tecnologia e sim econômicos. — O problema é que para essas linhas na Amazônia tinha que ter um sistema de regulação econômica, li- nhas com selo de permissão, autorização. Ou seja, as frequências, o tipo de barco, velocidade, preços, as características do serviço, os requisitos de conforto e higiene das embarcações tinham que ser feitos à base de permissão. Teria que fazer licitações, quem ganhar a licitação terá alguns anos para operar e padrões para cumprir”, explica. O estaleiro Juruá, de Manaus, tem experiência neste mercado. A empresa construiu três ferry boats para a travessia Santos–Guarujá, da Dersa, e fez ferries para as travessias Manaus– Carero e Manaus–Irandubá, sendo essa última extinta com a construção da ponte rodoviária. Já o estaleiro B3, que está instalado em Simões Filho (BA), não tem como foco o transporte de passageiros, mas tem sido procurado por armadores do Espírito Santo e Sul do país para o desenvolvimento de projetos. “Estamos desenvolvendo com a COPPE (UFRJ) um protótipo de transporte em massa. É uma embarcação elétrica movida com pilhas de hidrogênio. É um protótipo e o objetivo é montar a produção em série”, explica Danilton Cunha, presidente do B3. A embarcação será para 64 passageiros e o empresário explica que existem demandas no Rio de Janeiro e na Baía de Todos os Santos, na Bahia, onde as cidades tem regularidade neste transporte. Após realizar um trabalho para a Catsul, operadora do transporte hidroviário entre Porto Alegre e Guaíba, a Brava Yachts está abrindo uma divisão para a produção de embarcações para transporte de passageiros, a NavalKAT. Com expertise na produção de veleiros de competições, Fernando Góes, presidente do novo estaleiro, desenvolveu o projeto e fez a construção de quatro catamarãs para a Catsul. “O conceito é fornecer barcos para quem quer explorar tanto transporte de passageiros, como barcos para transporte de tripulação”, explica Góes. O empresário também avalia que a região amazônica tem um grande potencial para novas embarcações: “Está apenas começando, na Amazônia tem uma série de linhas e outras vão sair.” PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 13 NAVEGAÇÃO As peças serão modulares e os barcos de tamanho médio, o que facilita a logística de transporte. A proposta do estaleiro é trabalhar com fibra de vidro e carbono e a estrutura de alumínio. Os barcos custam a partir de R$ 1 milhão, dependendo do tamanho. A Brava fica em Itajaí e a NavalKAT será instalada na grande Porto Alegre. Apesar do otimismo, alguns empresários são cautelosos em relação ao mercado de embarcações. O diretor da Catamaran do Brasil, Pablo Balbis, explica que o mercado de produção de embarcações de passageiros não é um ramo fácil e que as encomendas 14 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 O estaleiro Erin tem em carteira contrato para construir cinco embarcações para a Servi-Porto A Brava Yachts está abrindo uma divisão para produção de embarcações de passageiros são pontuais. “O mercado de forma geral esfriou bastante”, diz Balbis. Ele explica que um dos entraves para a venda de embarcações são os preços. Segundo o empresário, os motores bons são caros, além dos itens que compõem a embarcação. Os catamarãs da empresa estão na faixa de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões, com capacidades para 40 a 170 pessoas. “Não é muito fácil você encontrar clientes que tenham essa capacidade de endividamento. Esse mercado não é fácil”, enfatiza Balbis.Ele vê a Bahia e a região amazônica como mercados promissores. As duas localidades utilizam com fre- quência travessias aquáticas e tendem a ter maior demanda. Mesmo com opinião cautelosa sobre o mercado, Balbis conta que sua linha de produção está a todo vapor, mas sem revelar quais são seus clientes atuais e o número de embarcações em produção. Em média, a Catamaran do Brasil vende quatro a cinco embarcações por ano. Os barcos da Catamaran do Brasil operam na Tapajós, em Santarém (PA); na Bom Jesus e BM Express, em Belém (PA); em Ilha Comprida; na Angola e em travessias de funcionários de empresas em Santos, na Lanchas Fabiana, e no Centro de Lançamento de Foguetes de Alcântara, próximo a São Luís (MA). O estaleiro Bibi, do empresário Alcimar Mota, instalado em Manaus (AM), está desenvolvendo uma embarcação mista para transportar 500 passageiros e 800 toneladas de carga entre Manaus, Parintins e Santarém. O projeto para um armador identificado como Emerson está aguardando a liberação de financiamento bancário. As embarcações mistas são comuns na região amazônica e, por carregar mais peso, precisa ter duplicidade de componentes, como os motores, e seus valores estão a partir de R$ 3 milhões, dependendo do tamanho. Na visão do empresário, as oportunidades na região amazônica estão na renovação da frota de embarcações de madeira por de ferro, ou outro material. “O transporte aqui é fluvial e ainda existem muitas embarcações de madeira. O que dificulta a substituição. Não falta interesse dos armadores. Faltam melhores condições de financiamentos. As garantias precisam ser um imóvel, aplicações e a própria embarcação. Não se constrói mais por falta de garantia, pois os armadores não tem essa garantia”, destaca o gerente administrativo e financeiro do Erin, Bruno Xavier. O Erin tem na sua carteira de trabalhos a construção de cinco embarcações para a operadora Servi-Porto, do Maranhão, sendo que três foram entregues, uma será finalizada em breve e a outra fabricada. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Naval, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), Mateus Araújo, a região amazônica tem mais de um milhão de embarcações. Boa parte desta frota é de embarcações de madeira e a renovação pode ser um grande mercado para os estaleiros brasileiros. Porém, essa demanda está reprimida pelas dificuldades dos pequenos armadores, proprietários de boa parte desses barcos, em apresentar garantias para os financiamentos. “Em 2020, esperamos ter 80% das embarcações em aço”, explica Araújo. Segundo o engenheiro do Departamento de Logística (Delog) da Área de Infraestrutura do BNDES, Nelson Tucci, a questão das garantias é uma preocupação do banco. “Vamos achar um caminho para essa questão que ainda impacta muito os pequenos armadores. Estamos realmente preocupados em atingir os pequenos armadores por que isso é uma questão que precisa ser estudada”, destaca o engenheiro do BNDES. Ele explica que colocar a embarcação em construção como garantia é complicado, pois se o proprietário tem alguma dificuldade na liberação de recursos, a construção será paralisada e o banco ficará com prejuízo. Por isso, o banco pede garantias adicionais. A construção de embarcação conta com alguns tipos de financiamentos que podem ser feitos através do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da O estaleiro Bibi está desenvolvendo uma embarcação mista para transportar 500 passageiros Amazônia, entre outros, além de bancos privados. Entre os tipos estão os recursos do Fundo de Marinha Mercante, o Finame (financiamento de máquinas e equipamentos) e linhas de crédito dos próprios bancos. Nos últimos 10 anos, o BNDES liberou aproximadamente R$ 1,2 bilhão para cerca de mil embarcações, envolvendo construção e reparo, principalmente para a região Norte. “É uma linha muito variável, desde balsas, empurradores, rebocadores, embarcação que leve caminhão em cima, ferry boats, vulcão, que é uma série de pontes flutuantes. Abrange quase todas as modalidades”, explica Tucci. O transporte marítimo e fluvial NELSON TUCCI Estamos realmente preocupados em atingir os pequenos armadores de passageiros no Brasil é fiscalizado pelas capitanias dos portos e suas delegacias e agências. O diretor de Portos e Costas, vice-almirante Cláudio Portugal de Viveiros, destaca a importância de se minimizar a possibilidade de ocorrência de acidentes nas águas brasileiras. Existem normas específicas para embarcações de passageiros como a - Normam-01/ DPC - Embarcações Empregadas na Navegação em Mar Aberto; Normam-02/DPC - Embarcações Empregadas na Navegação Interior e Normam-04/DPC - Operação de Embarcações Estrangeiras em Águas Jurisdicionais Brasileiras. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 15 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Encomendas continuam Mesmo com incertezas, fabricantes de sistemas de propulsão apostam no apoio ‘offshore’ e navegação fluvial Dois últimos anos não foram bons, mas expectativa é por novos contratos 16 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Produção local é realidade distante por conta da falta de escala; grande parte dos equipamentos para propulsão das embarcações construídas no Brasil vem do exterior Danilo Oliveira E m meio à desconfiança do mercado em relação à economia e às incertezas sobre o futuro dos investimentos do setor de óleo e gás em 2015, os fabricantes de sistemas de propulsão seguem confiantes no aumento das vendas. Após 2012 ser bastante positivo para a maioria dessas empresas, os resultados não foram tão bons nos dois anos seguintes. Muitas delas, porém, estão com encomendas importantes e esperam fechar novos contratos neste ano. A produção local, entretanto, ainda parece uma realidade distante. Por conta da falta de escala, grande parte dos equipamentos para propulsão das embarcações construídas no Brasil ainda vem do exterior. A Wärtsilä está otimista e com expectativa de novas entregas em 2015. Até o fechamento desta edição, a empresa esperava fechar novos contratos ainda em 2014. O gerente de vendas de ship power da empresa, Renato Barcellos, avalia que 2013 foi bom para as vendas, porém não tanto quanto 2012. Na área de propulsão, a Wärtsilä fechou contratos para fornecimento de oito sistemas de passo controlável para oito petroleiros, de 32 mil toneladas a 48 mil toneladas, que serão construídos pelo estaleiro Mauá (RJ). A fabricante acredita que o mercado brasileiro está bastante atrativo. A Wärtsilä também possui contrato para fornecimento de sistemas de propulsão para 10 das 28 sondas contratadas pela Petrobras e previstas para serem construídas nos estaleiros Jurong (ES) e Ecovix (RS). Considerando seis propulsores por navio, serão fornecidos 60 sistemas, entre o início de 2015 e 2017. Barcellos acredita que o nível de conteúdo local aumente após as primeiras entregas deste pacote, partindo de um patamar menor para um nível mais expressivo. Ele ressalta que a empresa segue o cronograma dos estaleiros. O ano de 2014 foi um período de investimentos da Rolls-Royce no setor, visando a objetivos de médio e longo prazo. Com R$ 80 milhões de aportes, a nova unidade em Duque de Caxias (RJ), dedicada à montagem e teste de grandes propulsores e outros equipamentos, tem início de operação previsto para o primeiro trimestre de 2015. “A instalação permitirá maior apoio às necessidades operacionais dos nossos clientes do setor marítimo, contribuindo para o desenvolvimento das atividades de exploração e produção de óleo e gás em águas profundas”, projeta Rodrigo Barbosa, diretor de comunicação corporativa, responsabilidade social e relações acadêmicas da Rolls-Royce para a América do Sul. Barbosa constata a ascensão do mercado de embarcações offshore desde os anos 2000, quando foi lançada a primeira embarcação modelo UT projetada pela Rolls-Royce. Ele observa que fortes investimentos no setor levaram a um crescente fluxo de embarcações de apoio offshore e sondas com os equipamentos da fabricante. A aposta é que o mercado de sistemas de propulsão no Brasil continuará aquecido em 2015, com destaque para embarcações de apoio, navios-sonda e a embarcações militares. “A expectativa é que todas essas embarcações ganhem cada vez mais espaço no mercado”, avalia Barbosa. A previsão da ZF Sistemas de Propulsão Marítima é que, em 2015, o mercado naval e a empresa devem registrar queda nas vendas. “A expectativa é que o mercado se comporte como em 2014, sendo que neste ano a queda deve ser de 10% em relação a 2013”, conta o gerente da unidade de negócios da empresa, Milton Ceotto. Apesar disso, ele afirma que a ZF não perderá mercado. Em 54 anos de atuação, a unidade já vendeu 26 mil reversores, operando na planta industrial de Sorocaba (SP). Ceotto destaca que a ZF é a única fabricante de reversores marítimos no Brasil e concorre com reversores menores provenientes da China e com reversores maiores produzidos nos Estados Unidos e Alemanha. Em 2014, a unidade Marine conseguiu alcançar equilíbrio graças ao aumento de 50% nas exportações, com abertura de novos clientes, principalmente no Oriente Médio, Estados Unidos e na China. A Thrustmaster é uma das maiores empresas do mundo em propulsão hidráulica. Com o avanço da exploração do pré-sal, a subsidiária brasileira da empresa identifica um novo mercado para atender a plataformas em campos distantes. A estratégia é oferecer pacotes de propulsão completos atendendo, principalmente, à crescente demanda por embarcações para suporte e apoio ao mergulho — DSV (Diving Support Vessels) e supridores de cargas rápidas — FSV (Fast supply vessels), diminuindo gastos operacionais, na medida em que a Petrobras reduzir o uso de helicópteros em suas operações em plataformas offshore. O gerente geral da Thrustmaster do Brasil, Wim La Maitre, diz que os projetos de grandes navios no Brasil já estão consolidados, com empresas muito competitivas e que estão no mercado brasileiro há mais tempo. Na demanda relacionada ao Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo da Petrobras (Prorefam), ele aponta que alguns estaleiros fecham contratos para o fornecimento de pacotes completos de equipamentos para as embarcações, o que restringe o número de fornecedores. PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 17 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE rodrigo barbosa Maior apoio às necessidades operacionais dos nossos clientes do setor marítimo Uma aposta da Thrustmaster para o mercado brasileiro, sobretudo barcos de serviço offshore, são os propulsores laterais. La Maitre diz que os thrusters têm como principal vantagem a flexibilidade. Segundo ele, a instalação de propulsores elétricos costuma ser mais complicada. “É possível instalar todos [os thrusters] sem precisar fazer docagem da balsa e sem grandes modificações internas”, afirma La Maitre. E acrescenta que a instalação da solução pode ser feita em menos de um mês, dependendo do estaleiro. A Caterpillar avalia que o mercado permanecerá aquecido nos próximos anos, motivado pelo suporte aos projetos do pré-sal. O gerente de sistemas de propulsão da empresa, Emil Cerdier, diz que os fabricantes dependem, em parte, das decisões políticas relacionadas à substituição de embarcações estrangeiras e à continuidade da construção de embarcações de apoio offshore no Brasil. A Caterpillar espera ter boa participação nas vendas para navios-sonda nos próximos anos. A empresa também considera o Prorefam atrativo para embarcações utilizadas para combate a derramamento de óleo — OSRV (Oil Spill Response Vessel); rebocador, manuseio de âncoras e transportes de suprimentos — Anchor Handling and Tug Supply (AHTS); e suprimento às plataformas de petróleo — Platform Supply Vessel (PSV). Além da indústria offshore, o mercado de rebocadores e resgate é forte no Brasil, na avaliação da fabricante. A empresa também está atenta ao desenvolvimento do transporte hidroviário, tanto na dimensão dos navios quanto na tecnologia para equipamentos de propulsão. “Vemos uma tendência de mais pedidos de hélices de passo variável e propulsores azimutais, em vez das hélices convencionais de passo fixo”, observa Cerdier. Além do offshore, sujeito a oscilação, segmentos de rebocadores e hidroviário são bastante promissores no país, avaliam fornecedores 18 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Em julho de 2013, a Caterpillar anunciou a aquisição da Berg Propulsion. Com a operação, a compradora, que vendia apenas motores e geradores, passou a fornecer sistemas completos de propulsão marítima. A divisão de propulsão da Caterpillar tem sede nas Ilhas Öckerö, na Suécia. Lá são projetados e fabricados sistemas de propulsão marítima de aplicação em serviços pesados e hélices de passo variável desde 1929. Os sistemas são utilizados em aplicações marítimas em todo o mundo e oferecem precisão de manobras e posicionamento. O portfólio de produtos consiste em hélices de passo variável, azimutais e sistema de túnel com hélice de passo fixo ou variável e sistemas de controle marítimos. A Caterpillar Propulsion tem escritório no Rio de Janeiro para apoiar o mercado brasileiro, com serviços de vendas e suporte ao produto. Além desta unidade, a rede de revendedores Caterpillar está em processo de formação e certificação em equipamento de propulsão “Nossa expectativa é que o mercado volte a crescer nos próximos anos. Continuamos vendo mais projetos ativos e acreditamos que os operadores neste mercado estão prontos para novos contratos”, aposta Cerdier. A Rolls-Royce identifica que existe competitividade no mercado e que sempre há novos players nacionais ou estrangeiros em busca de espaço. Barbosa diz que somente empresas comprometidas com a excelência do serviço e que apostem em novas tecnologias se mantêm competitivas. A fabricante tem trabalhado junto à cadeia brasileira de fornecedores com o objetivo de identificar potenciais parceiros para a produção de componentes para os equipamentos. “Sabemos que os fornecedores estão se desenvolvendo para atender às necessidades do setor — é algo que leva tempo, por se tratar de uma curva de aprendizado”, afirma Barbosa. A demanda da Rolls-Royce no Brasil inclui mais de 15 sondas e navios de perfuração, além de FPSO e navios de transporte de petróleo (Shuttle Tankers) equipados com seus produtos. Entre os barcos de apoio marítimo Peças e serviços originais para Turboalimentadores ABB. Sua garantia de qualidade e confiança. Adquirir serviços e peças originais de Turboalimentadores ABB garante confiabilidade e longa vida útil dos equipamentos com uma ótima performance. Temos um time com experiência e os equipamentos especializados para oferecer serviços de manutenção preventiva e corretiva dentro de nossas oficinas e nas instalações dos clientes em todo Brasil. ABB no Brasil Oficinas de reparo de turboalimentadores no Rio de Janeiro, Santos e Manaus. Em breve também em Recife. Contact Center 0800 014 9111 E-mail: [email protected] PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 19 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE nho com utilização desses sistemas, o que considera bastante interessante para a navegação. “Nossa colocação no mercado é sempre tentar estar no melhor da performance, no valor aceitável para o cliente. O objetivo é nunca ficar para trás”, destaca Barcellos. Desde 2010, a empresa buscou parceiros e a qualificação de subfornecedores no Brasil, incluindo visitas aos candidatos para discutir padrões. O objetivo é desenvolver subfornecedores locais e diminuir a quantidade de equipamentos importados. Os primeiros sistemas entregues para sondas devem ter 35% de demanda de conteúdo local e, posteriormente, esse índice deve chegar a 65%. Um dos problemas é conseguir ter mais previsibilidade na hora de negociar com os subfornecedores. “O maior desafio da meta de conteúdo local é conseguir estabelecer escala de produção e ter certeza de que essa política vai continuar”, analisa. e rebocadores que operam no Brasil, mais de 100 unidades utilizam equipamentos do grupo. Barbosa destaca que quase 50 dessas embarcações foram construídas em estaleiros brasileiros com projetos da Rolls-Royce. Uma das líderes mundiais de produção de propulsores azimutais, a Rolls-Royce está desenvolvendo novos propulsores, mais adequados a determinados tipos de embarcação, ou propulsores azimutais com mais força e que utilizem menos energia. O objetivo da empresa é investir mais na construção de equipamentos de menor custo, em um maior potencial de emil cerdier vendas que atendam com mais preciFabricantes dependem, em são às diferentes e crescentes demanparte, das decisões políticas das do mercado naval. relacionadas à substituição A Wärtsilä busca o aumento da perde embarcações formance de seus propulsores e hélices estrangeiras de passo controlado e fixo, de forma a recuperar parte da energia normalmente desperdiçada. Barcellos calcula aumento entre 5% e 6% no desempeAnz_Portos&Navios_210x140_0914_Schottel Anz_210x140_ 23.09.14 11:30 Seite 1 YOUR PROPULSION EXPERTS THE DRIVE YOU DESERVE Our product range comprises azimuthing propulsion systems, manoeuvring and take-home devices as well as complete conventional propulsion packages rated at up to 30 MW. SRP STP SCD Single SCD Twin SPJ STT SCP SRT We offer economical and eco-friendly solutions for vessels of a wide range of different types and sizes. Thus we can provide the right thrust for your vessel. SCHOTTEL do Brasil Propulsões Marítimas Ltda. www.schottel.com.br 20 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 [email protected] A Wärtsilä está finalizando a construção de uma unidade no porto do Açu (RJ) destinada, inicialmente, à montagem de thrusters e geradores dos navios-sonda demandados pela Petrobras. A unidade também poderá, futuramente, ser preparada para construção de alguns produtos do portfólio da fabricante. Barcellos destaca que o porto, localizado no norte fluminense, tem acesso facilitado por ser construído em águas profundas, o que facilita a logística para trazer equipamentos ultrapesados. Outra demanda importante da Wärtsilä, serviços de manutenção, se concentra em seu centro de serviços de Niterói (RJ), criado em 2013. O gerente de vendas da ZF, Carlos Lima, conta que a empresa pretende nacionalizar seus sistemas tunnel thruster a partir de 2015, com destaque para as aplicações em embarcações de apoio offshore que utilizam sistema de posicionamento dinâmico (DP) para operação em plataformas de petróleo do pré-sal. Para estes equipamentos, a ZF oferece um range de potência desde 1.000kW até 2.000kW, com motor elétrico acoplado para sistemas de propulsão diesel elétrico. A produção dos tunnel thrusters será concentrada na planta da ZF em Sorocaba. “Sabemos que no setor offshore não são permitidas paradas das embarcações, seja por falta de peças, seja por falta de mão de obra qualificada. Com vistas neste mercado, também investimos na qualificação de uma equipe local de engenheiros que já está treinada nestes sistemas para o pronto atendimento de peças e serviços a bordo das embarcações”, revela Lima. Em março de 2014, a Rolls-Royce inaugurou um centro de treinamento marítimo em Niterói (RJ), voltado para atendimento aos clientes sul-americanos. A unidade atende às empresas que operam nas embarcações com sistemas da Rolls-Royce em campos de O&G de águas profundas. O investimento no CT — o terceiro do grupo no mundo — foi de R$ 8,4 milhões. A fabricante já planeja a expansão do local que, atualmente, funciona em sua capacidade máxima de treinamento, que é de até 750 profissionais por ano. “O treinamento garante que nossos A norueguesa Brunvoll está presente no mercado brasileiro há 12 anos e é representada pela Macnor Marine Consult clientes tirem o máximo proveito do equipamento e dos sistemas complexos a bordo das embarcações, garantindo que a tripulação trabalhe sob as melhores condições de segurança”, enfatiza Barbosa. O portfólio da Rolls-Royce inclui fornecedores de serviços e produtos a empresas do setor como Petrobras e Sete Brasil, além da Marinha do Brasil, que opera 25 navios equipados com turbinas da fabricante. As Marinhas da Argentina e do Chile também são importantes usuários das turbinas a gás da fabricante. A América do Sul tem cerca de 80 turbinas marítimas da companhia em operação. Segundo Barbosa, a empresa é a líder no fornecimento de grandes propulsores para navios especializados, com mais de 70% de market share. MILTON CEOTTO Em 2015, o mercado naval e a ZF devem registrar queda nas vendas Os sistemas de propulsão mais avançados, como propulsores azimutais, propulsores de túnel e hélices de passo variável para o segmento offshore ainda são importados para o Brasil. Alguns investimentos estão sendo feitos para aumentar o conteúdo local no lado de propulsão. Para Cerdier, da Caterpillar, os projetos de navios de perfuração impulsionaram esse desenvolvimento com as exigências especiais sobre o conteúdo local. “Estamos esperando que mais fornecedores analisem a possibilidade de produção e/ou montagem local”, comenta. Cerdier conta que a empresa está no processo de adição de um propulsor otimizado para linha de motores especificamente para o segmento de rebocadores. A configuração do equipamento será orientada para este segmento e vai maximizar o desempenho das embarcações, sem comprometer o tempo de operação dos clientes e minimizando o custo de operação. Recentemente, a CAT Propulsion foi premiada por seu sistema de propulsão PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 21 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE DAVID SOUZA Lacuna de informações sobre Prorefam dificultam a estratégia da empresa ‘Twin Fin’, que melhorou o desempenho bollard pull das embarcações em 84%, reduzindo os custos de combustível em 30%, melhorando o espaço de carga e criando uma solução mais robusta e confiável para seus clientes. A fabricante também desenvolveu uma ferramenta para apoiar designers e proprietários na seleção de equipamentos. A solução é capaz de comparar diferentes conceitos de propulsão e equipamentos baseados em projetos específicos de navios e perfis de funcionamento na fase do projeto. Com ela é possível, por exemplo, obter a melhor economia de combustível e o melhor custo de manutenção. Outros produtos e configurações buscam minimizar riscos de vazamento de óleo de lubrificação, a exemplo de soluções de eixo de hélice lubrificado a água, selos antivazamento, sistemas de detecção de vazamento de óleo e sistemas de monitoramento. Há 12 anos no mercado, a Macnor Marine Consult representa a norueguesa Brunvoll (thrusters/propulsão lateral) e a finlandesa Steerprop (propulsão principal azimutal), que frequentemente formam um pacote integrado de sistema de propulsão. Recentemente, a Macnor fechou com o grupo CBO contratos significativos do pacote integrado para três PSV 4.500. O gerente de desenvolvimento de negócios, marketing e vendas da Macnor, Pedro Guimarães, diz que o 22 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 mercado continua aquecido, sobretudo na demanda do pós-venda. O sistema de propulsão de um PSV, por exemplo, é muito complexo, pois utilizam propulsão principal azimutal e thrusters (propulsão lateral) que demandam revisões periódicas e atendimentos específicos de alta complexidade. “Nós, representantes, estamos investindo muito em técnicos e engenheiros brasileiros treinados na Noruega e Finlândia. Estamos estocando uma quantidade significativa de sobressalentes. Possuímos um workshop em Niterói para alocar tanto os sobressalentes quanto as ferramentas específicas”, conta. Guimarães acredita que os navios-sonda ganharão espaço nesse mercado. Ele ressalta que inicialmente houve influência dos parceiros tecnológicos e de construção fora do país. “As primeiras sondas estão sendo feitas fora, e, no nosso caso específico, preferimos focar no mercado dos supply boats que é a nossa especialidade. Queremos ser os melhores em qualidade e atendimento nos PSV, AHTS e OSRV”, analisa Guimarães. A aposta da Macnor são os tunnel thrusters da Brunvoll com ruído reduzido e os azimutais de alta performance da Steeprop, próprios para AHTS de alto desempenho. Guimarães destaca que o segmento de sistemas de propulsão é um dos mais desafiadores e lucrativos. “Basta a empresa se estruturar cuidadosamente em vendas, e principalmente em pós-venda, atendendo ao cliente 24 horas por dia, que já largamos na frente em eficiência, eficácia e maior aceitação do mercado, pois segundo os nossos próprios clientes, ainda é um gargalo atendimentos eficazes nesse segmento”, aponta Guimarães. A fábrica da Thrustmaster em Houston, nos Estados Unidos, passou recentemente por obras de expansão. O escopo de propulsão da fabricante inclui desde a propulsão de manobra como os tunnel thrusters (azimutais retráteis) até a propulsão principal, que são os hidrojatos. As soluções oferecem potências de até 6.400 kW por unidade. Os FSV chegam até 35 nós, podendo transportar passageiros e cargas, além de se apresentar opção mais barata que os PSVs, cuja velocidade máxima fica em torno de 13 a 14 nós. Em 2014, a Thrustmaster adquiriu tecnologia da australiana DOEN Waterjets, que foi incorporada à fábrica norte-americana. Com 15 modelos diferentes, os hidrojatos são capazes de acomodar embarcações de seis a 60 metros de comprimento com opções de impelidores de aço inoxidável e especificação de controles eletrônicos de última geração. Os hidrojatos trabalham com potências entre 1.00kW até 6.400 kW. La Maitre admite que o custo de produção mais baixo nos Estados Unidos e a falta de escala no Brasil inviabilizam a instalação de uma fábrica no país sul-americano. A estratégia da Thrustmaster é ampliar o suporte de sua equipe no Brasil e, consequentemente, alavancar as vendas. Ao invés de uma fábrica, a estratégia no momento é ter um posto de serviço na região Norte, com in- tenção de trabalhar em conjunto com os clientes. O regime Registro Especial Brasileiro (REB) permite trazer alguns produtos de propulsão para o Brasil sem custo de importação. No caso de embarcações que navegam em hidrovias, este regime não está disponível para trazê-los de fora. Para esses produtos, é necessário atender metas de conteúdo local. La Maitre conta que a Thrustmaster estuda contratos com duas empresas brasileiras para nacionalizar seus produtos para o mercado fluvial, que também afasta os fornecedores devido à falta de escala. A Rolls-Royce acredita que o Brasil precisa investir mais em ampliação dos terminais, automação e treinamento, além de desburocratizar, para melhorar a competitividade e a produtividade. Barbosa defende uma estratégia clara, moderna e pragmática e uma “política portuária, que não temos atualmente”. Como consequência desses problemas, ele cita as perdas de tempo na atracação de embarcações que estão sendo construídas cada vez maiores. A empresa acredita que a melhoria dos portos é fundamental para o negócio de embarcações e consequentemente de propulsores. Barbosa diz que a melhoria dos portos significa mais agilidade e mais empresas optando pelo transporte naval, além de ampliar o transporte feito hoje, o que aumenta os negócios na área e o campo de negócios para os construtores de navios e de peças. “Há inclusive o risco de que o Brasil não tenha condições de atender toda a demanda a partir do próximo ano (2015), quando a expectativa é de que a movimentação dos terminais supere a capacidade de operação — conforme matérias publicadas na mídia ainda em 2013”, alerta Barbosa. Muitos economistas e fontes do setor enxergam um horizonte de dificuldades para a economia brasileira em 2015. A Schottel está cautelosa com o mercado de navios de apoio e, prevendo um ano instável, pretende ficar mais focada no mercado de navegação interior e rebocadores, além de manter um olhar atento a oportunidades ligadas à Marinha. “Nos últimos anos o mercado cresceu muito, mas estamos vivenciando uma pausa. Ao estudar a história do Brasil, percebemos que em todo o tempo a economia brasileira se dá por curvas, que ora demonstram momentos de estabilidade econômica e tranquilidade e ora de dificuldades”, observa o gerente de vendas da Schottel, David Souza. Ele diz que alguns fatores como o momento político nacional e a lacuna de informações sobre os resultados do Prorefam em relação à meta de 146 embarcações dificultam a estratégia e levam a empresa a decidir com ‘bastante zelo’. O mesmo acontece em relação ao mercado de petroleiros. “Eles apresentavam-se como um mercado em expansão. Entretanto há uma grande quantidade de navios que ainda não foi entregue. Por conta disso, não vejo que este tipo de embarcação seja prioridade para os próximos anos. Temos carência muito maior em embarcações tipo supply vessel e AHTS A Wärtsilä está otimista e com expectativa de novas entregas em 2015 que devem ser priorizadas em detrimento aos petroleiros”, analisa Souza. Ele espera que as encomendas para navios-sonda sejam ampliadas a partir do momento em que houver comprovação da capacidade de produção de petróleo no pré-sal acima do que foi mensurado e de um momento político no Brasil mais esclarecido. Recentemente, a Schottel fechou contratos com empresas que atuam na navegação em hidrovias e com embarcações offShore que utilizam seu sistema de propulsão ‘Combi Drive’, que consiste no propulsor azimutal com o motor elétrico verticalmente acoplado. David diz que a Schottel está preparada para atender a todo tipo de demanda para o mercado hidroviário, sobretudo com uso de azimutais em águas que exijam bastante manobrabilidade. A Schottel forneceu propulsores para rebocadores da Hidrovias do Brasil, que trafegarão pela hidrovia Paraná–Paraguai. Souza explica que esse rio é bastante curvilíneo e apresenta um calado muito baixo em alguns trechos. Ele conta que os técnicos adaptaram o sistema à realidade geográfica. “Nosso propulsor foi customizado especificamente para esse projeto, ficando num formato mais compacto e resistente, o suficiente para não ter problemas com o fundo ou com os detritos do rio”, explica. Além desse cliente, a Schottel forneceu sistemas de propulsão para embarcações presentes em outras hidrovias do país, como Rio Tietê, Tapajós, São Francisco, Madeira e Amazonas. Souza percebe mais aceitação do propulsor azimutal em mercados nunca antes alcançados, como a hidrovia Paraná–Paraguai. Ele conta que havia rejeição aos modelos, que agora têm se destacado principalmente pela manobrabilidade e rapidez, por um valor próximo do pago pelos modelos de passo fixo. “O calado não foi mais problema, pois conseguimos contorná-lo, e nem a falta de conhecimento dos comandantes nesse tipo de propulsão também foi um impeditivo, pois desenvolvemos e aplicamos treinamento que deixou os comandantes íntimos dessa tecnologia”, destaca Souza. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 23 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Guto Nunes Mestre até o fim Indústria naval brasileira perde Nobuo Oguri É impossível falar da história da indústria naval brasileira sem falar em Nobuo Oguri. Oguri, que morreu no dia 27 de novembro, próximo de completar 89 anos, foi um defensor da construção naval no país e dedicou boa parte de sua carreira ao setor naval. Atuante até o último ano de vida, ele chegou a vice-presidente do Estaleiro Ishibrás, onde trabalhou por cerca de 30 anos, presidiu o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) em mais de uma ocasião e foi Membro fundador da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) em março de 1962. A passagem de Oguri pelo Ishibrás, antigo nome do atual Estaleiro Inhaúma, virou quase lenda: entrou em 1959, ganhando um dos menores salários — ali foi seu primeiro emprego como engenheiro —, alçou o cargo de vice-presidente nos anos 1980 e só saiu no início da década de 1990. No tempo em que trabalhou na empresa, participou de importantes projetos da construção naval nacional, como as primeiras conversões no Brasil de navios petroleiros, entre os quais Vidal de Negreiros e P.P.Moraes, ambos da Petrobras, para os FPSOs P-31 e P-34, respectivamente. Durante a década de 1980, o Ishibrás destacou-se por outro grande feito. A indústria naval brasileira passava por uma grande crise, com denúncias de corrupção que atingiam diversas empresas do setor e também o governo, além da suspensão de programas 24 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Em novembro, Oguri foi homenageado durante a comemoração dos 52 anos da Sobena estatais de incentivo. Ainda assim, em 1986, tendo o engenheiro naval à frente, o estaleiro concluiu a construção do Docefjord e do Tijuca, dois grandes navios petroleiros e mineraleiros com mais de 300 mil toneladas de porte bruto (tpb) cada. Os motores das embarcações eram de propulsão a diesel, fabricados pelo próprio Ishibrás. Sua dedicação à construção naval nacional trouxe muitas outras conquistas. Uma vez, em 1994, então no comando do estaleiro Verolme, o engenheiro naval convenceu uma empresa alemã a substituir o projeto dinamarquês para a construção de duas embarcações graneleiras por um projeto brasileiro. Oguri era um defensor declarado da política de conteúdo local. “Sou favorável. Caso contrário vai fazer o quê? Encomendar fora para dar competitividade aos outros? É preciso fazer como a Noruega que se tornou autocompetitiva", declarou certa vez em entrevista ao jornal Valor Econômico. Por sua atuação, empenho e dedicação à indústria naval brasileira, Oguri recebeu diversas homenagens. Em 2004, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio concedeu a ele a Medalha Tiradentes e o título de cidadão fluminense. Recentemente, em novembro, já internado, ele foi um dos homenageados em jantar de confraternização e comemoração dos 52 anos da Sobena, no Rio de Janeiro. Antes, em setembro, foi personagem de documentário lançado pela Enseada Indústria Naval, que tem participação no Inhaúma. Intitulado “Nobuo Oguri, uma lenda da construção naval brasileira”, o filme retrata a vida do engenheiro e sua atuação no Ishibrás. Oguri veio do Japão para o Brasil — mais especificamente o Rio de Janeiro — aos dois anos de idade, em 1928. Formou-se engenheiro naval na Escola Nacional de Engenharia, atual Escola Politécnica da UFRJ, mas não começou a vida profissional no setor. Antes, já havia concluído o ensino técnico na Escola Técnica Nacional, que corresponde hoje ao CEFET/RJ.Seu primeiro trabalho foi na Sauer, fábrica de engrenagens, onde era estagiário. Depois trabalhou um ano na S.A. Fábricas Orion, de artefatos de borracha. Passou ainda pela rede varejista Mesbla, em que entrou em 1949. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 25 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Novos prazos para entrega Carlos Magno Log-In e Eisa complementam contrato para a construção de quatro navios. Armador reafirma crença na cabotagem A Log-In - Logística Intermodal S.A. e o Eisa firmaram termo aditivo aos contratos de construção dos navios para o armador no estaleiro localizado na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. São quatro embarcações em diferentes fases de construção, sendo um navio graneleiro (casco 510) e três navios porta-contêineres (cascos 506, 507 e 508). O novo cronograma de construção estipula que o casco 510 será entregue em outubro de 2015. O 506, em agosto de 2016. O 507, em abril de 2017. E o 508, em outubro de 2017. Investimentos adicionais envolvendo gastos com serviços, equipamentos e materiais nacionais totalizando R$ 74,5 milhões foram acertados, sendo R$ 20,8 milhões para o casco 510, R$ 29 milhões para o casco 506, R$ 16,9 milhões para o casco 507 e R$ 7,8 milhões para o casco 508. Estes valores serão desembolsados conforme avanço físico das obras e serão objeto de pedido de suplementação de financiamento através dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), tendo o BNDES como agente financeiro. A 26 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 O novo cronograma de construção prevê entregas em outubro, agosto de 2016, abril de 2017 e outubro de 2017 Log-In, dado o aceite do novo cronograma de construção, por meio de instrumentos jurídicos, manteve o seu direito às multas contratuais por parte do Eisa, que poderão ser exigidas em razão de descumprimento das obrigações de entrega das embarcações, nos novos prazos.— A Log-In entende que a efetivação do aditivo com o estaleiro Eisa proporcionará retomada do ritmo contratual do projeto de construção, com horizonte realista e factível de conclusão. Os aumentos de investimentos no montante de R$ 74,5 milhões para o término da construção dos navios representarão uma variação inferior a 5% quando comparados ao orçamento original para os navios porta-contêineres e graneleiros, em um período de cerca de oito anos do início da construção — diz em nota o diretor presidente e de Relações com Investidores da Log-In, Vital Jorge Lopes. “A partir da data da assinatura do aditivo daremos continuidade àstratativas técnicas junto ao BNDES, ao FMM e à Receita Federal do Brasil, visando a obtenção de recursos junto ao FMM através do repasse do BNDES, da extensão dos prazos de amortização dos financiamentos contratados e de maior celeridade das liberações de AFRMM. Os atuais serviços de cabotagem da Log-In, com o novo cronograma de construção, mantêm-se inalterados. Reafirmamos nosso propósito no crescimento da Log-In, colocando a navegação costeira como um vetor de geração de lucratividade, pois esta se destaca cada vez mais como provedora de otimização de custos e aumento de eficiência para as indústrias brasileiras”, complementa o executivo, afirmando que os recordes de volumes de cabotagem nos últimos trimestres solidificam a crença da empresa no potencial da cabotagem no Brasil e a confiança na estratégia de conversão do rodoviário de longa distância para o modal. A Log-In protocolou em 8 de dezembro junto à Secretaria de Portos (SEP) pedido de prorrogação antecipada do contrato de arrendamento do TVV Terminal de Vila Velha. O contrato do TVV com a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) termina em 2023, com possibilidade de prorrogação por 25 anos. A prorrogação solicitada contaria a partir de setembro de 2023. Pela Lei dos Portos, as antecipações de prorrogação contratuais de terminais arrendados podem ser efetivadas mediante investimento. A Log-In investirá entre 2015 e 2048 um total de R$ 301 milhões, sendo R$ 148 milhões entre 2015 e 2018, os quais serão utilizados para expansão de área, berço, aquisição de equipamentos e adequações nas instalações. Para o financiamento dos investimentos previstos neste plano de expansão foram considerados linhas de crédito do BNDES e agências de fomento. O TVV, localizado em Vila Velha - ES, é especializado na operação de navios de contêineres e carga geral, reconhecido no mercado como um dos terminais brasileiros de melhor índice de produtividade nas operações de embarque e desembarque de contêineres, conforme indicadores de produtividade da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público. O terminal possui atualmente infraestrutura para distribuição de cargas através de modais rodoviários, ferroviários e marítimos, tem uma área de 108 mil m2 e capacidade nominal de 350 mil TEUS. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 27 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE País inovador Estudo encomendado pela GE revela que executivos brasileiros acreditam na produção de inovação brasileira 28 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 O s líderes executivos brasileiros seguem otimistas em relação à capacidade do país para inovar, na comparação com o cenário local observado dez anos atrás. Eles também acreditam que essa visão tem sido fundamental para garantir o avanço da qualidade de vida dos brasileiros. E que novas tendências globais estão sendo aplicadas no Brasil, permitindo que Internet Industrial, Big Data, convergência tecnológica e colaboração gerem vantagens competitivas para setores como energia e saúde, beneficiando cidades e pessoas. São estas algumas das principais conclusões apontadas pelo Capítulo Brasil do Barômetro Global da Inovação 2014, lançado pela GE. A nova pesquisa está em sua terceira edição e leva em conta as percepções de 200 líderes brasileiros, dentre 3,2 mil executivos de grandes companhias em 26 países. Segundo a vice-presidente de Assuntos Governamentais e Políticas Públicas da GE para a América Latina, Adriana Machado, “o Capítulo Brasil confirma a visão de que são amplas as possibilidades do país no campo da inovação, ao mesmo tempo em que aponta os grandes desafios que temos pela frente. Combinar talentos, recursos e ideias garante maiores benefícios e um aproveitamento mais produtivo do espaço que temos para avançarmos no contexto global da inovação”, explica a executiva. De acordo com Maria Luisa Campos Machado Leal, diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Gianna Cardoso Sagazio, a inovação é fator decisivo para o ganho de competitividade da indústria. “O nosso grande desafio é direcionar os processos de construção de novas competências corporativas, organizacionais e tecnológicas, de forma a ampliar as ofertas de negócios”, afirma. A diretora ressalta ainda que o Brasil já conta com alguns mecanismos consolidados de estímulo à inovação. “Temos o Inova Empresa, uma linha especial do BNDES com recursos da ordem de R$ 33 bilhões, criada para financiar os investimentos em novos processos e novos produtos. Capítulo Brasil do Barômetro Global da Inovação 2014 confirma a visão de que são amplas as possibilidades do país no campo da inovação Também readequamos o marco regulatório e instituímos o mecanismo de compras públicas, que garante margem de preferência de até 25% para produtos nacionais que incorporem a inovação”, acrescenta a executiva. O estudo mostra que o Big Data já é uma realidade para os entrevistados brasileiros. A maioria sinaliza que prever cenários por meio de análise de dados é uma das maiores necessidades a serem atendidas hoje e nos próximos anos. 94% acreditam que é essencial entender os clientes e antecipar os avanços do mercado para inovar com sucesso. Os brasileiros identificam o Big Data como solução em um nível maior que a média global. 77% acreditam que é essencial usar a análise de dados e o conhecimento preditivo para inovar com sucesso. E 51% dos entrevistados afirmam que sua empresa aumentou a capacidade de analisar grandes quantidades de dados complexos no último ano. O Capítulo Brasil aponta ainda que 40% dos executivos brasileiros consideram que empresas menores, como as PMEs e start-ups, estão impulsionando a inovação no Brasil — em linha com a média global (41%). Elas são se- guidas pelas multinacionais (27%) — cuja importância demonstrada pelos entrevistados locais está acima da média mundial (19%). O estudo também lista os inibidores da inovação percebidos com maior intensidade pelos brasileiros, entre eles a incapacidade de expandir inovações de sucesso para mercados mais amplos ou internacionais (36%) e a falta de investimento suficiente e de apoio financeiro (25%). Os números também indicam queda na auto avaliação do ambiente de inovação do Brasil (de 43% em 2013 para 28% em 2014) e uma demanda por maior eficiência do apoio governamental à inovação – apenas 17% dos executivos brasileiros concordam que o País atende a esse quesito, abaixo da média global de 40%. A pesquisa encomendada pela GE e conduzida pela Edelman Berland foi realizada de 2 de abril a 30 de maio de 2014. As entrevistas com 3,2 mil executivos sêniores de negócios, incluindo 200 brasileiros, foram realizadas por telefone em 26 países. Todos os respondentes ocupam cargos diretivos e estão diretamente envolvidos nos processos de inovação. 28% das empresas operam globalmente, com tamanho médio de 650 funcionários. n ESTALEIRO COSTA BRAVA CONSTRUÇÃO NAVAL EMBARCAÇÕES DE AÇO PROJETO E CONSTRUÇÃO DE EMBARCAÇÕES PARA QUALQUER PROPÓSITO DO CLIENTE (79) 3043-5114 | (79) 9982-8674 www.estaleirocostabrava.blogspot.com.br PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 29 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Transpetro/Marino Azevedo Apoio marítimo O ‘Henrique Dias’ é o quarto da série de 10 suezmax do EAS Promef Em operação o oitavo navio O petroleiro Henrique Dias, oitava embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef ), entrou em operação em 11 de dezembro, quando partiu para a sua viagem inaugural, após cerimônia no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE). Na ocasião foi realizado ainda o batismo do também suezmax André Rebouças, cuja construção está na fase de acabamento. Os navios são destinados ao transporte de óleo cru na exportação e cabotagem, com capacidade de transporte de carga de cerca de um milhão de barris de petróleo, o equivalente a quase metade da produção brasileira diária. O Henrique Dias é o quarto da série de 10 navios do tipo suezmax que serão construídos pelo EAS. Um total de 15 navios encomendados pela Transpetro a estaleiros nacionais estão em diferentes fases de construção. Além do André Rebouças, outros cinco estão no estágio de acabamento: os panamax Anita Garibaldi e Irmã Dulce, no Estaleiro Eisa Petro-1 (Niterói/RJ); e os gaseiros Oscar Niemeyer, Paulo Freire e Barbosa Lima Sobrinho, no Estaleiro Vard Promar (Ipojuca/PE). 30 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Com o Henrique Dias, são oito os navios do Promef que estão em operação. Os demais são os suezmax Dragão do Mar, Zumbi dos Palmares e João Cândido; e os navios de produtos José Alencar, Rômulo Almeida, Sérgio Buarque de Holanda e Celso Furtado. Henrique Dias foi um dos heróis negros na luta contra a invasão holandesa no Brasil. Pernambucano e filho de escravos africanos libertos, ele é considerado um dos fundadores das Forças Armadas por sua atuação nas duas batalhas de Guararapes. Já André Pinto Rebouças deu grandes contribuições para a construção do Brasil no século 19 e teve participação importante no movimento abolicionista. Implementou no país técnicas inovadoras de engenharia, incluindo o uso do concreto armado. Ficha técnica dos navios suezmax: Porte bruto (tpb) - 157.700 toneladas, comprimento total - 274,2 metros, boca - 48,00 metros, calado - 17 metros, velocidade de projeto 14,8 nós, autonomia – 20 mil milhas, motor principal - MCP: 1 unidade, Doosan-MAN B&W modelo 6S70ME-C, motor auxiliar - MCA: três unidades, Doosan-MAN B&W modelo 7L23/30H. O consumo total de óleo combustível do tipo RMK-45, considerando a operação do MCP e de um MCA, é de 69,0 toneladas por dia. Prorefam terá 8ª rodada O terceiro Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam) terá uma oitava rodada de contratações para o primeiro trimestre de 2015. O anúncio foi feito pela Petrobras em 4 de dezembro, juntamente com aprovação da contratação de 11 embarcações de apoio offshore pela sétima rodada do Prorefam. A nova rodada era uma aposta de armadores estaleiros brasileiros, já que o programa da Petrobras prevê um total de 146 embarcações. Até o momento, foram contratadas 121. No último certame da sétima rodada, foram contratadas nove embarcações do tipo Platform Supply Vessel (PSV 4500), para transporte de cargas para as plataformas), sendo oito da Bram Offshore e uma da Companhia Brasileira de Offshore. Foram contratadas ainda duas embarcações do tipo Anchor Handling and Tug Supply (AHTS 18000), para reboque e ancoragem de sondas e plataformas) da Companhia Brasileira de Offshore. No Prorefam, o percentual de conteúdo local exigido na fase de construção é de 50% para as embarcações do tipo AHTS e de 60% para as embarcações PSV. Já na fase de operação, o percentual de conteúdo local exigido é de 70% para os dois tipos de embarcações. O terceiro Prorefam foi lançado em 2008 com o objetivo de contratar 146 embarcações em sete rodadas. Das 121 já contratadas, 34 se encontram em operação e 87 estão sendo construídas. Das 34 embarcações que já estão em operação, 21 foram entregues antecipadamente. As antecipações foram possíveis porque houve um esforço conjunto da Petrobras, das empresas afretadoras e dos estaleiros Bram Offshore (Estaleiro Navship), Companhia Brasileira de Offshore (Estaleiro Aliança), Navegação São Miguel/Bravante (Estaleiro São Miguel), Norskan Offshore (Estaleiro Vard), Starnav (Estaleiro Detroit) e Wilson Sons (Estaleiro Wilson Sons). O seu mundo mais seguro Crie um mundo mais seguro NUCTECH™ FS SÉRIE Sistema de Inspeção de Veículo/Contêiner de Escaneamento Rápido por Raio X GARANTA A EFICIÊNCIA E QUALIDADE DO SEU PROJETO Conte com quem mais entende de inspeção de segurança no Brasil. Há 28 anos o Grupo VMI fornece equipamentos com tecnologia utilizando Raios-X e Pernambuco fortalece sua atuação com a parceira da Paraná Nuctech, que é um dos maiores fabricantes de produtos de inspeção de segurança do Mundo, especializada em tecnologia de imagem de radiação e caraterizada pelo fornecimento dos produtos de inspeção de segurança de alta tecnologia com os seus direitos de propriedade independente. Ceará Ceará NUCTECH COMPANY LIMITED 2º Andar, Bloco A, Edifício Tongfang, Shuangqinglu, Distrito de Haidian, Beijing, 100084, R.P.C., Tel:+86-10-8318659 - Email: [email protected], www.nuctech.com VMI SISTEMAS DE SEGURANÇA Av. 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Na ocasião, foram aprovadas ainda prioridades de apoio financeiro no valor de outros R$ 2,3 bilhões destinados a projetos reapresentados em função de alterações, suplementação ou cancelamento por decurso de prazo, envolvendo três estaleiros e 164 embarcações. Após a publicação do resultado da reunião no Diário oficial da União, as empresas que obtiveram prioridade para novos projetos e suplementações terão 360 dias para efetivar a contratação dos financiamentos junto aos agentes financeiros. Os projetos reapresentados devido ao cancelamento por decurso de prazo terão 120 dias para a contratação. A 27ª reunião estava prevista para ocorrer na semana anterior a que foi realizada, no dia 11 de dezembro, mas acabou sendo adiada para o dia 16 por conta da apresentação do 11º balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que ocorreu também em Brasília (DF). A próxima reunião do conselho do FMM está marcada para o dia 27 de março de 2015. Resumo da 27ª Reunião do CDFMM Quantidade de Embarcações e Estaleiros Valor dos Investimentos (R$) Embarcações Apoio Offshore 10 1.626,80 Embarcações Apoio Portuário 2 28,6 Embarcações Nav. Interior 23 105,3 Pesca 4 40,1 Estaleiros 1 493,2 Subtotal de novos projetos 40 2.293,90 Cabotagem 2 95,2 Projetos Aprovados Apoio Offshore 11 39,7 Subtotal de suplementação 13 134,9 Subtotal de alterações de projetos (1 embarcação de Apoio Offshore e 1 Estaleiro) 2 71,3 Embarcações de Apoio Offshore 2 1.180,90 148 428,6 2 481,4 154 2.162,23 207 4.591,00 Embarcações Nav. Interior Estaleiros Subtotal de projetos reapresentados Total da Reunião Fonte: Ministério dos Transportes 32 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Submarinos Inaugurado prédio principal de estaleiro A Marinha do Brasil inaugurou em dezembro, em Itaguaí (RJ), o prédio principal do estaleiro de construção de submarinos. O edifício entregue encerra a primeira etapa das obras de um complexo que também terá uma base naval, conforme previsto no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). O prédio é a instalação mais importante do empreendimento e abrigará recursos técnicos e industriais que permitirão a conclusão da fabricação de cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um com propulsão nuclear. Todo o projeto do Prosub, iniciado em 2008, envolve investimentos de R$ 28,6 bilhões, dos quais R$ 7 bilhões virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). De acordo com o ministro da defesa, Celso Amorim, o primeiro submarino convencional está sendo desenvolvido no complexo naval de Itaguaí, enquanto a propulsão nuclear “ganha contornos definitivos” em São Paulo. O estaleiro de construção de submarinos vai gerar mais de 40 mil empregos. A estimativa da Marinha é que serão gerados nove mil empregos diretos e 32 mil indiretos, com a participação de 600 empresas nacionais. Durante inauguração do prédio principal do estaleiro, a presidente Dilma Rousseff destacou que o complexo naval levará o Brasil a ser um dos países a dominar a tecnologia de construção de submarinos com propulsão nuclear. A presidenta destacou que, mesmo sendo uma nação pacífica, o Brasil precisa de meios efetivos para assegurar a defesa nacional. Em seu discurso, Dilma enfatizou a importância de uma defesa bem equipada e preparada para defender a soberania do Brasil e suas riquezas, como o pré-sal. “A imensidão da Amazônia Azul guarda recursos decisivos para o desenvolvimento de nosso país como, por exemplo, as riquezas do pré-sal”, defendeu a presidente. Novo guindaste Main Crane lança modelo de 30 toneladas A brasileira Main Crane lançou em dezembro um guindaste hidráulico com capacidade de 30 toneladas destinada ao mercado offshore. O equipamento foi projetado e fabricado pela empresa com recursos próprios. A aposta nesse mercado está baseada nas exigências de conteúdo local e na necessidade de substituição de guindastes antigos que estão em operação nas plataformas de exploração e produção. O diretor da empresa, Bruno Augus- Abimaq to, garante que o projeto e a parte siderúrgica do guindaste são 100% nacionais. Algumas peças — como a parte de engrenagem — foram importadas, o que fecha o percentual de conteúdo local em cerca de 90%. A Main Crane não foca apenas na demanda da Petrobras, mas de outras operadoras da área de petróleo e gás. Augusto ressalta que, se adaptado, o projeto desse guindaste pode atender a capacidades maiores. Há 10 anos no mercado, a Main Crane possui 50 mil m², sendo 10 mil m² de área construída em Conceição de Macabu (RJ), no Norte Fluminense. Atualmente, a firma presta serviço e fornece peças para a Petrobras e outras empresas. amargos e não podem durar muito tempo”. — O governo deverá perceber que o setor de óleo e gás, sozinho, pode reverter o processo de desindustrialização no país inteiro. Se uma pequena parte das máquinas passar a ser comO novo presidente do Conselho de prada no Brasil, invertemos a curva Óleo e Gás da Abimaq, César Prata, de tendência negativa a positiva. Dos avalia que o país continuará a receber R$ 100 bilhões que o setor investe por investimentos da ordem de R$ 100 biano, se aumentarmos a parte brasileilhões no setor nos próximos 20 ou 30 ra em 15%, seriam mais R$ 15 bilhões anos. Para ele, o desafio é tentar reem um setor que fatura ter parte desta riqueza, Aguinaldo Pedro - Ofício da Imagem 75 bilhões por ano — diz crescer em pesquisa, Prata, para quem haveria tecnologia e criar emum impacto positivo de pregos com qualifica20% no setor como um ção. “O petróleo em si todo. “Os investimentos pode ser nocivo se não em petróleo e gás ainda o processarmos e não são os mais altos quando utilizarmos nossa engecomparados com todos nharia, universidades e os demais setores da nosindústrias, como ocorsa economia, superando reu em países no Oriente o segundo colocado em Médio e na América do cinco vezes. Temos que Sul”. aprender a usar esta riPrata avalia que há queza a favor da sociedadois caminhos distintos Prata avalia que setor de de. O que estamos pleiteque devem ser trilha- óleo e gás pode reverter ando não é mais apenas dos: o primeiro é tentar desindustrialização em causa própria.” mostrar ao governo que Depois de atuar como o ambiente econômico presidente da Câmara Setorial de para os negócios não está nada bem. O Equipamentos Navais e de Offshore, segundo caminho será o de buscar arCésar Prata assumiu em agosto a pretifícios momentâneos, tais como barsidência do Conselho de Óleo e Gás da reiras, margens de preferência, defesa Abimaq, substituindo o presidente ancomercial, regras de conteúdo local, terior, Cláudio Makarovsky. que, “na verdade, são todos remédios Entidade quer retenção de investimentos Abinee Setor elétrico tem retração em 2014 O setor eletroeletrônico encerra 2014 com queda de 3% no faturamento real, em comparação a 2013. A produção física do setor industrial registrou, até o mês de outubro, retração de 2,6%, com reflexo direto nos postos de trabalho, com três mil vagas a menos que 2013. Os números foram apresentados pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbato, que lamenta o fraco desempenho também no fluxo de comércio. “As exportações deverão cair 9% e as importações, 4%. Com isso, o déficit da balança comercial do setor deverá ser 3% menor que o registrado em 2013, atingindo US$ 35 bilhões”, diz. Barbato acredita que para alterar esta situação é necessária uma agenda de reformas que recupere a confiança do empresariado e dos consumidores. “A mais emergencial das reformas é a do sistema tributário, cujo grau de complexidade dificulta a vida dos empresários”, acredita. — Precisamos acelerar os investimentos em infraestrutura, dando prosseguimento aos processos de concessão ou privatização, pois com o orçamento do governo cada vez mais comprometido com o custeio, a única solução está na parceria com a iniciativa privada — diz o executivo, para quem as agências reguladoras necessitam de mudanças que as tornem mais profissionais e menos políticas, a fim de conferir maior segurança jurídica aos investimentos. Por outro lado, o dirigente menciona como importantes algumas ações adotadas pelo governo, como a forte atuação do BNDES, a prorrogação do programa BNDES-PSI e a desoneração da folha de pagamentos. PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 33 PORTOS E LOGÍSTICA Regulação polêmica Fotoimagem Norma da Antaq que regula serviço portuário e uso excepcional de instalações gera dúvidas e recebe críticas do setor A proposta de norma para regulação da prestação de serviço portuário e do uso excepcional de áreas e instalações portuárias, através da resolução 3.707 que a Antaq colocou em audiência pública entre outubro e dezembro do ano passado, deixou terminais privados, operadores de portos organizados e usuários insatisfeitos. Profissionais do setor ouvidos pela Portos e Navios criticam pontos mal formulados, que podem trazer insegurança aos contratos já firmados, e controle excessivo, especialmente com relação aos TUPs. Fotoimagem 34 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Profissionais do setor criticam pontos mal formulados, que podem trazer insegurança aos contratos já firmados De acordo com Rafael Veras, professor de regulação na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e sócio da LL Advogados, o principal problema da norma proposta é tratar da mesma forma, do ponto de vista regulatório, concessionários, arrendatários e autorizatários. “A Antaq desconsidera a assimetria regulatória existente entre o serviço público, do arrendamento e do concessionário (Companhia Docas), e os terminais privados, que são atividades econômicas, e regula preço. Como os arrendatários prestam serviço público, eles têm um regime de regulação tarifária atrelado a isso. É natural que o poder concedente, nesse caso a SEP, venha a regular o regime tarifário deles. No caso dos terminais privados, o regime de preços é livre”, explica. No entendimento do advogado, a tentativa de controle de preços dos TUPs é ilegal. “Isso não se coaduna com o artigo 43, inciso II, da Lei n° 10.233/2001, que estipula que as autorizações serão exercidas ‘em liberdade de preços dos serviços, tarifas e fretes, e em ambiente de livre e aberta competição”. Afora isso, a Antaq não poderia estabelecer uma política tarifária, por meio de resolução, uma vez que o artigo 175, parágrafo único, inciso III, exige lei específica para esse fim”, argumenta. Veras aponta ainda outro ponto polêmico: a tentativa de regular a tarifa de serviços dos operadores dos portos organizados. Na interpretação de Veras, embora a regulação seja lícita, a norma proposta pela agência regu- Regulação do uso excepcional de áreas e instalações portuárias também é polêmica ladora abrange todo tipo de cobrança dos arrendatários, incluindo valores que, a princípio, não deveriam sofrer controle. “Ao regular todas as tarifas da cesta de serviços, a Antaq expropria o direito individual de o arrendatário explorar receitas acessórias, o que pode suprimir a viabilidade econômica destes ajustes. Nos arrendamentos, você pode ter receitas acessórias e alternativas, que não fazem parte da concessão”, completa. Presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli é contrário à tentativa de regulação dos valores cobrados pelos operadores portuários. Manteli defende que, do jeito que foi concebida, a norma desestimula investimentos no setor e reduz a competitividade. “Isso vai afastar os investidores, não só nos novos empreendimentos, mas nos atuais, em termos de ampliação do terminal”, critica. Para o presidente da associação, o papel da Antaq é incentivar a competição entre os players. “A agência tem que ser uma pacificadora do setor, garantir a segurança jurídica e estimular os investimentos, olhando sempre para o usuário. Isso significa aumentar a competitividade. No Sul, há uma competição muito grande entre os terminais, há uma disputa pelo cliente, há opções”, avalia. A regulação de preços e tarifas trouxe insegurança também aos usuários dos portos. André de Seixas, presidente da Usuport-RJ, critica a ausência de uma análise de impacto regulatório e da norma técnica, documento que apresenta os motivos para publicação da norma. Para ele, a apresentação de uma explicação sobre as intenções do agente regulador poderia pôr fim às dúvidas geradas por determinados artigos. Seixas vê ainda problemas com as definições de preço e tarifa de serviços no texto da proposta. “A norma cria uma figura chamada tarifa de serviço, que será cobrada pelos arrendatários, mas eu defendo que, no porto organizado, eles pratiquem tarifa portuária”, afirma. Em sua visão, os valores praticados pelos arrendatários deveriam ser submetidos ao agente regulador, como no caso da Companhia Docas, pois isso evitaria abuso e traria mais segurança aos usuários. “Se fosse tarifa portuária, a Antaq teria que homologar. Mas criou-se um novo gênero de tarifa de serviços, que dispensa homologação e, na prática, transforma a cobrança em preço livre. Qual a diferença de tarifa de serviço para preço?”, complementa. Outra questão controversa é a regulação do uso excepcional de áreas e instalações portuárias de concessionários, arrendatários e autorizatários. Segundo Diego Valois, advogado especialista em infraestrutura, a ideia do agente regulador é permitir que um terceiro agente econômico possa acessar uma infraestrutura considerada escassa (essential facility) — no caso, os terminais portuários —, garantindo assim o direito de acesso. Esse conceito, acrescenta, já havia sido previsto na Lei n° 12.815/13, no artigo 7º, e tem sido adotado por outras agências reguladoras brasileiras. Para ele, a incorporação do direito de acesso no modelo regulatório da Antaq é um avanço no estimulo à competitividade no setor. “Por ser uma infraestrutura necessária e de difícil duplicação, podemos classificar os portos como essencial facility. No Brasil, essa questão (da dificuldade de acesso à infraestrutura portuária) é um pouco mitigada pela existência de diversos operadores. Supostamente, há diversos players, mas em Salvador, por exemplo, dos três principais berços do porto, dois pertencem a uma única empresa”, argumenta. O advogado explica que o objetivo dessas regras é proteger os mercados conectados — downstream e upstream —, que dependem do acesso à infraestrutura para existirem e que são os mais prejudicados quando há impedimento de uso. As regras, no entanto, ainda precisam ser mais bem definidas. “A resolução é muito curta para falar de todas as questões do direito de acesso. Ao meu ver, faltou definir regras como uma eventual oferta pública de capacidade ociosa, ou mesmo o direito de exclusividade de uso do operador por conta de investimentos realizados no terminal”, explica Valois. Veras concorda que a questão foi mal formulada e precisa ser mais bem explicada pela Antaq, por se tratar de um conceito importante. “Na prática se está criando um conceito de ociosidade que às vezes faz parte da operação do terminal. Essa ociosidade é lícita se estiver de acordo com a operação, das questões de segurança e comerciais do terminal. Esse artigo está muito aberto para os operadores. Esse uso influencia no contrato em vigor, porque você tem um contrato de arrendamento ou de autorização, mas você tem que suportar um investimento de terceiro”, afirma o sócio da LL Advogados. Segundo a agência reguladora, ainda não há prazo para a norma entrar em vigor. Por meio da assessoria de imprensa, a Antaq informou que, após o término da audiência pública, todas as considerações submetidas à agência serão analisadas e só então a regulação entrará em vigor. “Não há prazo para a publicação definitiva da norma, pois é necessário o encerramento do prazo de contribuições para realizar uma análise das sugestões apresentadas pelo setor regulado, bem como incorporar ao normativo aquilo que for pertinente”, informou a instituição à Portos e Navios. Ainda de acordo com a agência, foram enviadas pelo menos 120 contribuições à proposta regulatória. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 35 PORTOS E LOGÍSTICA Transparência para investimentos Contribuições à resolução 3.708/14 da Antaq buscam clareza sobre arrendamentos portuários Fabrizio Pierdomenico São áreas dentro do porto, mas não são atividades de transporte de carga Danilo Oliveira O ano de 2014 terminou e o governo novamente não conseguiu licitar o primeiro bloco de áreas passíveis de arrendamento nos portos públicos, cujo processo era previsto desde 2013, mas esbarrou em questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). Enquanto isso, uma proposta de norma em análise na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) regula a exploração de áreas e instalações portuárias no âmbito dos portos organizados. O tema da resolução 3708/2014 é importante e sua solução pode destravar investimentos dentro dos portos públicos. No entanto, a minuta ainda gera dúvidas no setor. Para o professor de direito regulatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e advogado da LLAdvogados, Rafael Véras, o regulamento deveria ter sido editado antes do lançamento dos editais que foram suspensos pelo TCU. Ele acredita que isso teria conferido mais segurança jurídica às licitações dos blocos I e II. Véras ressalta que, quando os arrendatários forem adaptar seus contratos aos termos desta resolução, muito provavelmente, será necessária a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro, considerando que os seus termos impactarão em suas cláusulas de conteúdo econômico. Com argumento de estimular a concorrência, a resolução 3.708 propõe 36 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 que o edital possa restringir ou impedir a participação de empresas integrantes de grupos econômicos que já atuem: na área do porto organizado; na área de influência do porto organizado; ou em outras atividades econômicas que representem formas de integração vertical. Para o professor, trata-se de uma previsão que restringe o princípio da competitividade das licitações. “Certamente, será objeto de questionamentos, como ocorreu em cláusulas similares nas licitações para a concessão dos aeroportos”, compara Véras. Fotoimagem Ele diz que o regramento da questão do arrendamento portuário é tão importante quanto à resolução 3.290/2013 da Antaq foi para os terminais de uso privado (TUP). Esta norma dispõe sobre autorização para construção, exploração e ampliação de terminais de uso privado, estações de transbordo de carga, instalações portuárias públicas de pequeno porte e instalações de turismo. Até 31 de outubro de 2014, a Secretaria de Portos (SEP) já havia aprovado 32 autorizações e três termos aditivos que somam cerca de R$ 10,4 bilhões em investimentos. A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) vê inconstitucionalidade na resolução 3.708/2014. A entidade alega que a Antaq quer adaptar todos os contratos de arrendamento vigentes, a despeito do previsto na Lei 12.815/2013. O argumento da ABTP é que não há nenhuma referência na legislação para adaptação de contratos de arrendamento. Como não há referência a essa adaptação, a ABTP diz que a Antaq não possui competência legal de determinar isso. O presidente da associação, Wilen Manteli, afirma que existe uma ‘overdose normativa e legislativa’ que impede o setor de respirar e desrespeita os princípios constitucionais da livre iniciativa, propriedade, livre competição e irretroatividade da lei. “Se a Antaq quer melhorar as condições dos titulares dos terminais, não precisa de norma obrigando a adaptação. Basta negociar com os empresários, ofertando melhores condições para o empresário operar com mais segurança jurídica e poder aumentar sua produtividade e seu serviço”, defende Manteli. O consultor portuário Fabrizio Pierdomenico, da Agência Porto, explica que a resolução 3708 se propõe a substituir a resolução 2240/2011 da Antaq, que regulou a exploração de áreas e instalações portuárias sob a gestão das administrações portuárias no âmbito dos portos organizados. A Agência Porto encaminhou contribuições à Antaq para a resolução 3708, no que tange ao arrendamento de áreas ociosas que não têm mais como se tornar operacionais, seja pelo tamanho da área, falta de calado ou ausência de infraestrutura. A consultoria entende que os portos podem — e devem — prestar atenção na oportunidade de proporcionar a áreas não operacionais alguma serventia e atrair investidores — inclusive de outros segmentos — para explorá-las. “São áreas dentro do porto, que podem servir para atividades de suporte à operação portuária, mas não são atividades de transporte de carga. Não é um terminal de carga, mas pode ser para atividades comerciais e industriais”, explica Pierdomenico. O consultor acrescenta que a consultoria aproveitou as contribuições da audiência pública para sugerir à Antaq regras mais claras sobre as áreas sujeitas e garantias necessárias para o interessado em investir no arrendamento. A Agência Porto pediu esclarecimento sobre um ponto em que interpretou que ‘todo investimento feito em área não operacional do porto organizado não seria objeto de reequilíbrio econômico’. “Se é um contrato licitado, com cláusulas contratuais, evidente que ela não pode ser punida por eventuais desequilí- Para a ABTP, resolução é inconstitucional e alega que a Antaq quer adaptar todos os contratos de arrendamento vigentes, a despeito do previsto na Lei 12.815/2013 brios econômicos que podem ocorrer à revelia do arrendatário dessa área”, afirma. Até o fechamento desta edição, havia expectativa no mercado no sentido de que a SEP aprovasse os primeiros contratos de reequilíbrio econômico com antecipação da prorrogação em função de novos investimentos para as concessões assinadas após o antigo marco do setor, a Lei 8.630, de 1993. Em agosto de 2014, a Antaq reconheceu a possibilidade de prorrogação antecipada do contrato de arrendamento da empresa ADM do Brasil em Santos. A empresa teve aprovados pela Antaq os estudos de viabilidade econômico e ambiental, que foram submetidos à SEP. A lista também inclui a Santos Brasil e a AGEO, também de Santos. Pierdomenico destaca que a portaria 349/2014 da SEP foi um avanço neste sentido de dar definição, segurança e roteiro. “Foi importante publicação da portaria para o mercado ter uma ideia e a certeza de quais serão os procedimentos na análise deste processo. Hoje está muito mais claro qual é a liturgia de análise de um pedido de prorrogação de prazo, mediante novos investimentos”, declara Pierdomenico. A ABTP observa que faltou pragmatismo para o governo, que deveria ter separado para licitar somente as áreas ociosas, facilitando o processo. Manteli diz que as áreas selecionadas incluem casos com liminares, como os contratos firmados pré-1993. “A Antaq, através de seu corpo técnico, fez crítica forte com sustentação jurídica e técnica a esses editais. Se o governo tivesse atendido, tenho certeza de que não estaríamos nesse imbróglio dessas licitações”, avalia Manteli. Em dezembro de 2012, a ABTP encaminhou levantamento para a Casa Civil apontando R$ 44 bilhões de potenciais investimentos privados no setor portuário em 10 anos. Manteli diz que, por conta das questões jurídicas, existe uma dificuldade de atualizar os números, sobretudo pelas incertezas dos empresários em relação ao futuro do setor. “Hoje temos que retomar e verificar se a disposição continua e os ajustes a essa overdose de normas que está prejudicando o setor”, revela. n PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 37 PORTOS E LOGÍSTICA Espaço para crescer Portos ‘offshore’ planejam expansão e miram na atração de navios de maior calado Danilo Oliveira A s administrações dos portos brasileiros offshore estão atentas a oportunidades de investimentos e projetam expandir suas instalações nos próximos anos. Os gestores desses portos apostam nos baixos gastos com dragagem de manutenção e têm como diferencial a oferta dos maiores calados do Brasil. Enquanto nos chamados portos continentais o arranque dos navios é feito a partir da linha de costa, portos offshore possuem enraizamento com linha de costa via ponte de acesso. Duas obras completamente diferentes, sendo que o segundo tipo de projeto possui maior complexidade na sua metodologia de execução e costuma exigir mais recursos em relação ao modelo continental. A fase de estudos da região onde o porto será construído define o layout 38 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Portos offshore envolvem maior complexidade na metodologia de execução e costumam exigir mais recursos do projeto, conduzindo à execução do porto offshore ou continental. No caso de Pecém (CE), um dos principais exemplos desse formato no Brasil, a localização do porto conduziu o projeto do porto a ser offshore. O diretor de implantação e expansão do porto, Luiz Hernani de Carvalho Junior, conta que os engenheiros levaram em consideração a geografia e a profundidade das águas na ponta do Pecém. Ele explica que o dimensionamento de um porto offshore analisa uma série de fatores, como os efeitos das ações agressivas ao meio ambiente, modelagens matemáticas e estudos de corrente marítima. Uma das principais vantagens dos portos offshore é dispensar a utilização de serviços periódicos de dragagem de manutenção. Para isso, costumam ser projetadas pontes de acesso e outras estruturas para garantir que a variável dragagem não exista no custo de manutenção do porto. Quando esses parâmetros do projeto são respeitados, é possível assegurar que haverá profundidade constante. O custo de dragagem é muito alto e precisa ser, obrigatoriamente, diluído na operação do porto. Esse gasto acaba fatalmente sendo repassado para os usuários do porto. “Quando não existe esse custo de dragagem, começam a serem praticadas tarifas muito mais acessíveis e extremamente atrativas para aqueles que querem utilizar o porto como um player para sua mercadoria”, analisa Hernani. Ele destaca que Pecém tem como diferencial a profundidade natural, que varia de 15 metros, no píer 1, a 16,5 metros, no píer 2. A próxima fase do Terminal de Múltiplo Uso (TMUT), que está em expansão, prevê 17,5 metros de cais, o que permitirá o trânsito de navios post-panamax. A administração do porto prevê ainda uma terceira fase de expansão. “Como estamos trabalhando para atender às demandas de granéis líquidos e sólidos, vamos ter berços com profundidade de 20 metros, tudo isso sem necessidade de dragagem. Isso se torna um diferencial que faz o porto competitivo”, projeta Hernani. O presidente do porto Itapoá (SC), Patrício Junior, admite que nem sempre “é a melhor coisa ser offshore”. Ele diz que o ideal é quando o berço faz parte do terminal, diminuindo custos operacionais. O executivo explica que um trajeto maior para os caminhões chegarem a um berço afastado afeta a produtividade. “A maior desvantagem, a princípio, é essa: a parte de operação mais distante do pátio. Por outro lado, é preciso analisar o que faz o berço offshore. No caso do porto Itapoá, ele foi feito para aproveitar ao máximo a profundidade natural”, destaca. Segundo ele, a ponte de 230 metros leva o berço a ficar na profundidade natural, sem necessidade de dragagem, conforme o porto foi projetado. A administração do porto Itapoá busca apoio do governo para dragagem do canal de acesso para profundidades maiores. Enquanto o porto tem 17 metros de profundidade, o canal de acesso está limitado a 14 metros em alguns pontos. O porto e a autoridade portuária de São Francisco do Sul (SC) estão investindo R$ 2 milhões para elaboração do estudo de viabilidade. “Somos prejudicados pelo canal de acesso. Estamos trabalhando junto ao governo federal para ver se conseguimos dragar o canal de acesso para profundidades maiores”, conta Patrício Junior. O serviço deve durar um ano. A expectativa de Suape (PE) é aumentar, nos próximos anos, o número de petroleiros que chega ao porto. “A demanda vai crescer ainda mais em função da refinaria Abreu e Lima (PE). A tendência é que ela sozinha movimente em torno de 15 milhões de toneladas/ano quando estiver operando 100%. A demanda ainda tende a aumentar bastante para área de líquidos”, avalia o diretor de gestão portuária de Suape, Leonardo Cerquinho. Recentemente, Suape construiu dois novos píeres para dar suporte à refinaria, um para petróleo e outro para diesel. O cais de múltiplo uso, que no passado movimentava granéis sólidos, hoje movimenta basicamente óleo combustível. Cerquinho não descarta a tendência de movimentar ouDaniela Nader LEONARDO CERQUINHO Demanda vai crescer ainda mais em função da refinaria Abreu e Lima tras mercadorias no cais de líquidos, caso seja necessário no futuro. A movimentação de granéis líquidos em Suape utiliza a estrutura offshore do porto, que opera carga sólida somente na parte onshore de suas instalações. “É muito mais tranquilo ter operação de líquidos offshore através de dutovias. Não é necessário investir em pontes avançadas ao mar para poder ter acesso aos berços”, explica Cerquinho. A profundidade varia de acordo com o berço e a necessidade do porto. Apesar de não considerar Suape um porto offshore em sua essência, ele acrescenta que o molhe projetado dá maior suporte aos navios que precisam de profundidades acima de 15 metros. “Como são líquidos e conseguimos movimentar através de dutos, é muito mais tranquilo fazer isso offshore porque podemos destinar a área onshore para movimentar cargas que possuem necessidade de movimentação terrestre através de caminhão ou outro tipo de movimentação”, detalha Cerquinho. De janeiro até outubro de 2014, o crescimento da movimentação de granéis líquidos no porto de Suape foi da ordem de 43%, em relação ao mesmo período de 2013. As principais cargas líquidas são diesel, óleo combustível, gasolina e gás liquefeito. A maior parte dessa carga chega para atender aos mercados das regiões Norte e Nor- Suape construiu dois novos píeres para dar suporte à refinaria, um para petróleo e outro para diesel Daniela Nader PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 39 PORTOS E LOGÍSTICA Itapoá busca apoio do governo para dragar canal de acesso e alcançar profundidades maiores deste. Do ponto de vista do total movimentado, os granéis líquidos são a carga mais representativa em Suape. De acordo com Cerquinho, os granéis líquidos representam cerca de 60% do total movimentado no porto, ante 32% de contêineres, 6% de granéis sólidos e 2% de carga geral. “Houve crescimento acima dos outros tipos de mercado e os granéis líquidos têm ganhado importância dentro do total de Suape”, afirma. Cerquinho ressalta que a operação de cargas sólidas é mais complexa e demanda mais estrutura terrestre, o que tornaria mais caro um investimento para movimentação offshore. “Se movimentamos a carga sólida offshore, é preciso pegar toda essa distância e investir numa ponte. O custo de construir uma ponte com dois quilômetros é significativamente maior do que construir uma estrada de dois quilômetros em terra firme”, exemplifica. O porto de Itaguaí (RJ) é um dos principais polos de movimentação de granéis do país e se destaca na exportação de minério. O diretor de planejamento e relações comerciais da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Cláudio Soares, diz que o formato offshore do porto não possui vantagem ou desvantagem sobre os demais. Ele diz que o desenho é simplesmente uma ‘imposição de projeto portuário’, conforme as características do local. “Projetos portuários semelhantes ao porto de Itaguaí são proje40 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 patrício junior O porto Itapoá foi feito para aproveitar a profundidade natural tos de know-how conhecidos no mundo, e bem maduros”, explica. Soares acrescenta que o projeto do porto não enfrentou dificuldades técnicas durante sua construção. Ele explica que esse porto é tradicional para a tipologia de carga que movimenta. “Podemos dizer que exige maior esforço na dragagem inicial de projeto, mas nada que possamos classificar como dificuldade técnica”, esclarece Soares. Além disso, ele afirma que não há peculiaridades do licenciamento ambiental nesse tipo de porto, na comparação com outros projetos de porto. “Todas as solicitações de licenciamento ambiental são padrão. Tanto a licença prévia, licença de instalação e de operação seguem um rito e condicionante tradicional para qualquer empreendimento”, diz Soares. Pecém possui em torno de 14 anos de operação e está entre os 10 principais portos do Brasil em ranking da Secretaria de Portos (SEP). O porto está projetado para atender às demandas por escoamento de cargas oriundas das empresas do complexo industrial e portuário, bem como futuras demandas dos segmentos de siderurgia e refino. O berço 9, previsto na segunda fase de ampliação do porto, será dedicado à movimentação de grãos. Pela sua localização geográfica, Pecém se caracteriza como porto estratégico e um ‘porto final’. Além de ser offshore e não ter a variável dragagem, Hernani diz que a tarifa é um dos atrativos para operadores dentro do porto. Ele enfatiza que Pecém possui estrutura operacional muito enxuta, na medida em que é um porto com concepção de terminal privativo, mas com o governo do Ceará como maior acionista. “Num lapso de tempo muito curto, chegamos numa posição de destaque”, afirma. Em andamento, a segunda fase do terminal portuário de Pecém consiste na execução de uma nova ponte de acesso. A estrutura terá 1,56 mil metros e ampliará a capacidade de carga recebida no porto, permitindo o transporte de placas oriundas da siderúrgica, bem como o transporte de cargas extrapesadas e com diâmetros fora do parâmetro convencional para atender a novas demandas. Também faz parte da segunda fase de expansão, o alargamento com engorda do quebra-mar e sua pavimentação em mil metros, além da implantação de três novos berços, com 300 metros cada, totalizando 900 metros de cais, com profundidade variando de 17,5 metros até 19 metros. As obras estão previstas para serem concluídas até meados de 2016 e somam aproximadamente R$ 700 milhões em inves- timentos. A primeira fase de expansão do porto foi concluída há cerca de três anos, quando foi executada a ampliação em mil metros do quebra-mar, com mais dois berços de 350 metros de cada e a ampliação da ponte existente em 380 metros. A expectativa da Cearáportos é que, quando as obras do Canal do Panamá forem concluídas, os navios post-panamax e suezmax terão Pecém como porto aparelhado para recebê-los. Segundo Hernani, a ampliação do Canal do Panamá reduzirá as rotas da Ásia em cerca de 30 dias. A partir destes novos projetos previstos, a administração do porto prevê a diversificação de cargas que vão desde a movimentação de novos granéis sólidos até a grande movimentação de granéis líquidos. Além disso, quando a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) estiver em operação, o porto exportará, inicialmente, três milhões de toneladas de placas, atingindo na segunda fase seis milhões de toneladas de placas. “É um novo perfil de cargas que será exportada pelo porto de Pecém com o atendimento às demandas que virão com esses novos players”, projeta Hernani. Ele reconhece que as obras em Pecém são complexas e cita que a execução da segunda ponte vai ser executada em mar aberto. “Os grandes desafios são inerentes a uma obra com refinamento tecnológico. São obras cuja tecnologia está dominada pelo corpo técnico e todos os caminhos que porventura poderiam ser encarados como críticos têm sido estudados e mitigados em função da experiência adquirida ao longo da primeira fase de expansão”, analisa. Cerquinho destaca que Suape é privilegiado porque não possui problemas de neblina e por ter regimes de ventos bastante brandos. Ele diz que, raramente, a região registra ventos acima de 20 nós. Segundo o diretor de gestão portuária, as paradas de operação por conta do clima são insignificantes, no máximo três eventos num ano e durante poucas horas. Ele acrescenta ainda que o assoreamento no mar de Suape é muito pequeno, o que torna o custo de manutenção da profundidade muito baixo. Fotoimagem O licenciamento para portos offshore seguem o mesmo padrão de portos convencionais cláudio soares Formato ‘offshore’ do porto não possui vantagem ou desvantagem O processo de dragagem atual visa aprofundar o canal de acesso de Suape para 20 metros, possibilitando a atracação de petroleiros com 300 metros de comprimento, até 170 mil TPB (toneladas de porte bruto) e calado de 18 metros. Cerquinho lembra que, há alguns anos, era possível operar com 15 metros, mas o tamanho dos navios vem aumentando. Desde setembro de 2014, Suape vem recebendo navios de petróleo para refinaria Abreu e Lima. O porto recebeu três petroleiros de menor porte porque o canal não estava dragado para 20 metros. Um projeto da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) prevê a duplicação da capacidade de movimentação de minério de ferro, dos atuais 30 milhões de toneladas por ano para 60 milhões de toneladas/ano. Os investimentos previstos neste projeto são da ordem de R$ 2,5 bilhões, de acordo com a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ). Soares diz que o porto de Itaguaí está preparado para acompanhar a chegada de navios cada vez maiores. Ele garante que o porto está adequado para a maioria das embarcações que recebe e que esse é um mercado dinâmico onde a economia de escala e a densidade de carga em determinadas rotas marítimas são fundamentais para pressão por ganhos de escala. “A autoridade portuária (CDRJ) está sempre atenta à evolução e necessidade de aprimoramento de infraestrutura portuária para acompanhamento da evolução mercadológica na relação navio-mercado-porto”, destaca Soares. Além de minérios, as cargas acondicionadas em contêineres devem ganhar destaque na operação do porto de Itaguaí nos próximos anos. Até o fechamento desta edição, o porto de Itaguaí tinha como meta concluir ainda em 2014 a extensão do cais em 270 metros para contêiner e carga geral. Com a obra, o porto passa a ter três berços, com 810 metros de cais contínuos, podendo receber navios de até 334 metros de comprimento. Por outro lado, o porto ainda necessita nivelar e alargar o canal de acesso para maior mobilidade no tráfego de embarcações, virtualmente eliminando o tempo de espera para a entrada e saída no canal. Soares destaca as melhorias no acesso terrestre ao porto, com a inauguração em 2014 do arco metropolitano (rodovia BR-493/RJ-109) com três pistas de alta velocidade. A movimentação do porto Itapoá caminhava para fechar 2014 estável, PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 41 PORTOS E LOGÍSTICA até o fechamento desta edição. O resultado era tendência porque o terminal já havia alcançado a capacidade máxima de operação, em torno de 500 mil TEUs. A licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar as obras de expansão do porto, esperada para 2014, deve sair no primeiro trimestre de 2015, de acordo com a administração do terminal. Em sua nova fase, Itapoá terá capacidade para operar dois milhões de TEUs. O porto Itapoá conta hoje com cais de 630 metros de comprimento, calado de 16 metros e pátio de 156 mil metros quadrados. Com a expansão, o cais passará a ter 1.200 metros de extensão, com pátio de 450 mil m². A administração do porto não confirma o valor dos investimentos, mas fontes do mercado calculam que os aportes são da ordem de R$ 500 milhões. Já se sabe também que o terminal terá 12 guindastes superpost panamax após a expansão, ante os quatro atuais. A previsão é que as obras sejam concluídas no segundo semestre de 2016. Com três anos de operação, Itapoá obteve melhor desempenho entre 13 terminais e complexos portuários avaliados em pesquisa do Instituto de Pesquisa e Supply Chain Ilos junto a 169 empresas, de 18 setores econômicos. Em 2013, o porto registrou crescimento de mais de 70% na movimentação de carga em relação ao ano anterior. Em maio de 2014, alcançou a marca de um milhão de contêineres movimentados, em menos de três anos de operação. O porto do Açu, que iniciou operação em 2014, receberá alguns dos maiores navios do mundo, que exigem calado grande, em comparação com os demais portos brasileiros. Para a dragagem de aprofundamento do calado no terminal 1 (offshore) e para construção em terra de um canal com 6,5 quilômetros de extensão, 300 metros de largura e até 14,5 metros de profundidade no terminal 2 (onshore) foram utilizadas três dragas de sucção e recalque. Os equipamentos permitiram a dragagem de 56 milhões de metros cúbicos de areia e argila. O terminal offshore (T1) fez seu primeiro carregamento de minério 42 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Uma das principais vantagens dos portos ‘offshore’ é dispensar dragagem de manutenção de ferro em outubro, enquanto o terminal onshore começou a operar no mês seguinte. Para 2015, a previsão é que, além dos serviços para a indústria de petróleo e gás, o porto movimente bauxita e coque pelo Terminal Multicargas (TMULT), que começa a operar no segundo semestre. Já em 2016, a previsão é que sejam movimentados contêineres, veículos e grãos, além da operação de um polo de reparo naval e o transbordo de petróleo no terminal 1. Um dos principais desafios técnicos para a construção da maior obra de infraestrutura portuária na América Latina foi a construção de quebra-mar utilizando uma tecnologia inédita no Brasil por meio de blocos de concreto, técnica dominada por espanhóis e japoneses nos principais portos do mundo. “Especificamente no terminal 1, a construção de uma ponte de três quilômetros de extensão a partir do continente foi outra obra desafiadora para toda equipe de engenharia da Prumo”, informou a Prumo Logística, responsável pelo empreendimento, por nota. O porto do Açu, que iniciou operação em 2014, receberá alguns dos maiores navios do mundo A opção por este projeto de engenharia utilizando diques flutuantes para a construção de blocos de concreto foi pela possibilidade de utilizar a estrutura do quebra-mar como terminal portuário e uma menor utilização de pedras diminuindo o impacto ambiental na sua construção. A utilização de blocos trouxe economia na execução da obra e permitiu um ganho de tempo da ordem de 25%. No total foram utilizados 47 blocos no terminal 1 e 42 blocos no terminal 2. Com 2,3 quilômetros de quebra-mar e 18,5 metros de profundidade em dezembro, o terminal 1 do porto do Açu estava pronto para receber navios Suezmax. A previsão é que o quebra-mar do T1 seja alongado para 2,6 quilômetros ainda no primeiro trimestre de 2015 e que a profundidade atinja 23 metros em 2016, permitindo a chegada de navios VLCC (Very Large Crude Carrier). O porto do Açu é o maior investimento em infraestrutura portuária no país. De 2007 a junho deste ano, já foram investidos R$ 9 bilhões no empreendimento. Deste total, R$ 6,2 bilhões foram aplicados na construção do porto (infraestrutura) e R$ 2,7 bilhões pelos clientes, nas suas unidades industriais. Para todo o ano de 2014, o valor previsto para investimento da Prumo no porto do Açu foi da ordem de R$ 1,72 bilhão. A Prumo informa ainda que, em 2015, entrará numa nova fase de investimentos, incluindo desenvolvimento de novos terminais para movimentação de petróleo, cargas de projeto e granéis sólidos, além da expansão da infraestrutura básica no distrito industrial para atendimento a novos clientes. Para a Prumo, a principal vantagem do terminal offshore está na redução do comprimento do canal de acesso, o que permite navegação mais curta, além de profundidade maior, possibilitando a chegada de navios de grande porte, como VLCCs e capesizes. Outra vantagem, segundo a empresa é este terminal estar afastado da costa. Em caso de algum incidente ou vazamento de óleo combustível, por exemplo, o trabalho de contenção é facilitado. No terminal onshore, a maior vantagem é a sua instalação terrestre, ou seja, a proximidade de pátios de armazenagem na retaguarda dos berços. “Cada terminal atende um tipo de carga e navio. Os de pequeno e médio calados seriam atracados no terminal onshore, e os de grande calado, no terminal offshore”, resume a Prumo. O custo-benefício depende da finalidade de cada porto. Para a Prumo, se o terminal se destina a movimentar granéis, por exemplo, o porto offshore tende a ser adequado. Caso seja movimentar carga geral diversificada ou unitizada, que necessite de um pátio de estocagem, o porto onshore seria o mais indicado. “Em relação a custos, o porto offshore tende a ser mais caro, porém, recebe navios de grande porte e maior volume de carga. Neste caso, se ganha em escala além de haver maior facilidade de negociação nos custos de frete”, avalia a empresa. n Super Terminais Primeiros RTGs ecológicos no país Equipamentos são os primeiros montados sobre balsas Chibatão Novos guindastes terminam montagem Os quatro novos guindastes Liebherr LBS 600 adquiridos pelo Grupo Chibatão tiveram as montagens concluídas em dezembro e entram em operação no primeiro semestre. O porto privado é o primeiro da América Latina a operar estes equipamentos instalados exclusivamente sobre balsas e beneficiarão a movimentação de cargas destinadas ao Polo Industrial de Manaus (PIM) e ao comércio da região. O aumento da produtividade gerado pelos novos guindastes se dá pela maior capacidade e tecnologia empregada no equipamento. “Atualmente, nossos guindastes operam cerca de 38 contêineres por hora, e esperamos aumentar a produtividade em 100%”, diz o gestor do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis. Os novos guindastes, post-panamax, têm capacidade de até 104 toneladas, alcance de 58 metros e funcionamento elétrico e a combustível. Para capacitar seus colaboradores no uso dos novos equipamentos, o Grupo Chibatão promove treinamento prático e para operadores de guindastes Liebherr LBS 600. Com 76 alunos ativos, as aulas são ministradas dentro do complexo portuário do grupo e seguem até julho. O treinamento tem duração de 60 dias, com 40 horas de aulas teóricas e 80 de prática. Atualmente, os operadores de guindaste do porto são terceirizados. O objetivo é de capacitar operadores próprios, assim como os operadores do Orgão Gestor de Mão de Obra. O porto Super Terminais, localizado em Manaus (AM) vai receber os primeiros RTGs (Rubber Tyred Gantry Cranes) ecológicos do país. Segundo a empresa, os equipamentos aumentarão a eficiência na movimentação de cargas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e reduzirão danos ao ambiente. OS RTGs são os primeiros “emissão zero” da Kalmar a entrar em operação no Brasil. Na Europa, onde fatores de ganho ambiental são decisivos, estes equipamentos já são plenamente utilizados e difundidos. Os novos RTGs vão substituir parte da frota de empilhadeiras pesadas (reach stackers) usadas atualmente na movimentação de contêineres dentro do terminal. Segundo o gerente geral do Super Terminais, Bruno Waskow, “é um upgrade no processo atual, no qual a grande diferença é que com a implantação destes equipamentos haverá menos movimentações, portanto ganho de produtividade de mais de 30% e aumento da capacidade estática em torno de 35%”, explica. Com os novos RTGs, haverá maior agilidade na entrega e uma significativa redução de emissão de gases poluentes, bem como o consumo de diesel. Bruno lembra ainda dos benefícios ecológicos que a ferramenta proporciona. “Trata-se não só de um novo mecanismo que vai otimizar a movimentação das cargas, mas também de um equipamento 100% elétrico e ecologicamente correto, sendo o único no país”, diz. Um RTG convencional consome 25 litros de diesel por hora emitindo gases poluentes. O RTG elétrico deixa de emitir 266 toneladas de CO2 ao ano. “Vamos reduzir nossa emissão em mais de mil toneladas de CO2 ao ano. Esse foi o principal motivo na decisão pelo equipamento ecológico, de acordo com nossa política ambiental e respeito à cidade de Manaus, principalmente por estarmos sediados no coração da floresta Amazônica”, diz Bruno. PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 43 PORTOS E LOGÍSTICA A Embraport aposta na melhoria da qualidade dos serviços oferecidos e redução das tarifas Danilo Oliveira Q uase dois anos após a entrada em operação de dois terminais privados e o porto de Santos já sofreu o impacto de uma nova configuração. A reorganização a partir de 2013 aumentou em cerca de 50% a capacidade do porto de Santos. Os novos players absorveram parte dos serviços executados pelos terminais mais antigos que, inevitavelmente, registraram queda na movimentação e acabaram perdendo participação na movimentação de contêineres. Em contrapartida, as mudanças no maior porto da América Latina acirraram a disputa pelos índices de produtividade nesses Tecons com impacto na redução de preços das tarifas praticadas. A concorrência também abre espaço para novos investimentos e expansão da capacidade de movimentação. Alexandre Magno Reorganização em Santos Novos ‘players’ acirram disputa por posto de terminal de contêiner mais produtivo 44 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Em setembro e outubro, a Brasil Terminal Portuário (BTP) desbancou o Tecon Santos, operado pela Santos Brasil, que lidera há anos a movimentação da carga no porto, de acordo com dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Em setembro, o novo player movimentou 70.269 contêineres (32,5% do mercado naquele mês), contra 63.911 contêineres no terminal da Santos Brasil (29%). Em outubro, o resultado se repetiu: a BTP movimentou 71.361 contêineres (32,4%), ante 62.379 contêineres operados pela Santos Brasil (28,3%). Entretanto, até o fechamento desta edição, o Tecon Santos seguia superando os concorrentes no acumulado de 2014. De janeiro a outubro, a Santos Brasil teve participação de 38%, seguido pela BTP (20%), Libra (15%), Embraport (14%), Ecoporto (10%), Rodrimar (2%) e demais terminais (1%), segundo a Codesp. No período, haviam sido movimentadas 1.965.640 unidades de contêineres no porto de Santos. Em 2013, a Santos Brasil teve 52% de participação nas operações, sendo seguida BTP espera elevar a movimentação de carga em 2015, ampliando sua capacidade pela Libra (19%), Ecoporto (14%), Embraport (6%), Rodrimar (5%), BTP (3%) e demais pontos (1%). Em 2014 o porto de Santos movimentou 2.177.307 unidades de contêineres O diretor de operações da Santos Brasil, Caio Morel, destaca que a empresa possui mais de 35% de market share, sendo o maior terminal em capacidade, volume movimentado, área construída em operação e quantidade de portêineres no porto. “Achamos que nosso terminal sempre será o maior Tecon do porto de Santos e ele tem uma condição diferencial na entrada do canal. O tempo de manobra para chegar e sair na Santos Brasil é menor do que os demais terminais, com exceção da Libra”, diz. O diretor geral da Libra Terminais Santos, Roberto Teller, avalia que a entrada dos terminais da Embraport e da BTP no segundo semestre de 2013 reorganizou a operação no porto. Com a nova divisão, alguns serviços gradativamente migraram da Libra e dos demais terminais já consolidados para os novos players, que dobraram o espaço no porto e causaram queda na movimentação de contêineres. No caso da Libra, a participação na movimentação de contêineres em Santos caiu cerca de 8% nos últimos anos. Apesar disso, a expectativa da empresa é que haverá um crescimento natural da movimentação de contêineres neste ano, que pode chegar a 6% sobre 2014. Por conta do ano econômico difícil no Brasil e no mundo, o volume movimentado desta carga não atingiu o ritmo de crescimento de 7% a 10%, que vinha alcançando em anos anteriores. A meta da Libra é encerrar 2015 com movimentação de 375 mil contêineres, contra algo em torno de 340 mil contêineres no ano anterior. Até o fechamento desta edição, a empresa não havia fechado os números do ano passado. Os terminais de contêineres que operam no porto de Santos registraram alta produtividade em 2014, com números de movimentação por hora (mph) superiores a de portos como o de Roterdã, na Holanda, e Hamburgo na Alemanha, por exemplo. Com a entrada em operação de novos terminais em Santos, a competição se tornou mais acirrada no porto, obrigando as empresas a tomarem medidas para conquistar ou manter os clientes. Morel, da Santos Brasil, avalia que a produtividade do terminal está melhor que o padrão europeu e abaixo do asiático. Ele vê dificuldade para qualquer terminal brasileiro atingir Desempenho dos terminais Total do ano - 2013 2.177.307 unidades Rodrimar Embraport 6% 5% Brasil Terminais 3% Terminal-35 17% Terminal-37 2% Tecondi 14% Demais pontos 1% Tecon-1 52% Total até outubro 1.965.640 unidades Tecon-1 38% Demais pontos 1% Tecondi 10% Rodrimar 2% Embraport 6% Brasil Terminais 20% Terminal-35 14% Terminal-37 1% PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 45 PORTOS E LOGÍSTICA Estudio58/Imagens Aéreas os índices dos portos da Ásia, pois lá existem muitos terminais de transbordo, onde é possível descarregar e embarcar ao mesmo tempo. “Quando está embarcando e descarregando simultaneamente, o tempo do portêiner cai pela metade. No Brasil não se pode fazer isso porque tem importação e exportação em duas escalas diferentes”, compara. Para a Embraport, a tendência é que haja uma melhoria na qualidade dos serviços oferecidos, além da redução do preço das tarifas. De acordo com o CEO da empresa, Ernst Schulze, esse desempenho pode ser associado ao aumento da oferta de espaço no porto e sinaliza uma melhora considerável no nível de eficiência e de prestação de serviços. “É difícil prever um cenário para 2015, uma vez que a economia ainda estará se estabilizando, principalmente no primeiro semestre. Porém, nossa projeção é que haverá uma melhoria gradual decorrente da melhoria do comércio internacional”, observa Schulze. Desde o início das operações em julho de 2013 até o fim de 2014, a Embraport movimentou aproximadamente 650 mil TEUs, o que totaliza mais de 400 navios operados entre atividades de transbordo, cabotagem e longo curso. De acordo com a empresa, a produtividade média registrada nas opera46 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Os terminais de contêineres que operam no porto de Santos vêm registrando alta produtividade ções de longo curso e cabotagem é uma das maiores da América Latina: mais de 30mph por equipamento. A Embraport tem como acionistas a Odebrecht TransPort e DP World. A BTP espera elevar a movimentação de carga em 2015, ampliando sua capacidade operacional instalada. Por conta de atrasos na dragagem de aprofundamento do canal de navegação de Santos, a empresa iniciou alguns serviços de longo curso somente em agosto de 2014, um ano depois de o terminal entrar em operação. A demora prejudicou o recebimento de navios de grande porte. Com esse cenário, a projeção de movimentação anual da empresa foi ajustada para 763 mil TEUs. A produtividade média do terminal da BTP é de 30 mph por guindaste. A meta de curto prazo da empresa é atingir médias de 32 mph por equipamento. A BTP entende que os estímulos à competição entre os operadores portuários promovem melhoria para o setor como um todo. Em nota, a empresa afirma buscar inovação em suas operações para garantir maior produtividade, tendo como prioridade a se- gurança interna de seus colaboradores. “A busca constante para oferecer o melhor serviço gera eficiência e qualidade. Quem ganha são os clientes, que passam a ter serviços de padrão cada vez mais alto à sua disposição”, diz a empresa. A BTP é uma joint-venture entre a Terminal Investment Limited (TIL) e a APM Terminals, ambas com sedes na Holanda. Morel, da Santos Brasil, afirma que os principais terminais portuários estão com equipamentos de movimentação modernos que se equivalem, tornando a capacitação dos operadores dessas máquinas fundamental para o terminal se destacar. A Santos Brasil montou uma equipe para fazer revisão de processos operacionais e administrativos. O trabalho foi feito a partir do segundo semestre de 2013, servindo de análise crítica para a empresa. Teve como foco a redução de custos e aumento de produtividade. “Você consegue muitos ganhos em rever operação que, provavelmente foi planejada em 2011. E o mundo mudou de 2011 para 2014. Com essa revisão de processos, conseguimos trazer melhores práticas que se traduzem em redução de custos e produtividade”, conta Morel. O ano de 2014 foi muito bom para o terminal da Libra em Santos (SP). Até o fechamento desta edição, a unidade operava com média acumulada de 75 mph, contra 53 mph em 2013. O diretor geral da Libra Terminais Santos, Roberto Teller, atribui o desempenho aos investimentos em treinamento e ao uso de ferramentas para aumentar a eficiência dos processos, intensificados a partir de 2011. Ele conta que o terminal alcançou redução de 15% nos custos entre 2013 e 2014. A meta para 2015 é chegar a 100 mph. Em novembro de 2013, o terminal santista da Libra bateu recorde sul-americano ao fazer uma operação com 122 mph, marca que durou até junho de 2014. Teller associa os resultados ao planejamento integrado entre o terminal e os armadores. Uma parceria com a Maersk Training disponibilizou dois simuladores para treinamento dos operadores de equipamentos de movimentação. A Santos Brasil está animada com suas operações e com os índices de eficiência. O terminal obteve média mensal de 109 mph em novembro de 2014, quando também alcançou a marca de 216,8 mph na operação de um único navio em 2014. A produtividade dos terminais de contêineres depende da quantidade de portêineres alocados por navios. Numa condição normal, com três navios operando ao mesmo tempo, esse número ficaria perto de 150 mph. Em navios menores, como os de cabotagem, são alocados quantidades menores de portêineres e a média varia de 80 mph a 90 mph. Entre as apostas para aumento de sua produtividade, a BTP possui um dos simuladores de RTG e portêineres mais modernos da América Latina e por meio dele realiza a qualificação de seus operadores, através de análise individual de desempenho, treinamento de reciclagens e recrutamento de novos talentos. O centro de treinamento operacional (CTO) criado pela BTP dá suporte aos operadores com maior ou com menor experiência na área de atuação. O CTO já soma mais de 11 mil horas de treinamento aplicado. Instalado na margem direita, a BTP considera sua localização estratégica, já que o terminal é ligado ao sistema Anchieta-Imigrantes — principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o porto de Santos, o polo petroquímico de Cubatão, as indústrias do ABCD e a Baixada Santista. O truckcycle, que corresponde ao tempo de permanência do caminhão no pátio da BTP, do gate in ao gate out— é de 45 minutos em média. Além disso, a partir da operação dos novos serviços, agora passam pela BTP cargueiros vindo e com destino a todos os continentes. O terminal da BTP possui 1.108 metros de cais acostável, com capacidade para atracar até três navios simultaneamente de grande porte. O projeto da BTP prevê berços com 17 metros de profundidade, sendo que atualmente está em 15 metros. A estrutura está equipada com oito portêineres capazes de operar os modelos super post-panamax (até 24 fileiras), 26 RTGs; 40 terminal tractors; e 1.582 tomadas reefers. O terminal possui capacidade estática de 34,6 milTEUs e estacionamento com 35 mil metros quadrados destinado a caminhões que aguardam atendimento. A Santos Brasil aguarda definição a respeito da prorrogação de seu contrato para iniciar um pacote de investimentos de R$ 1,18 bilhão para adequar o Tecon ao novo tamanho dos navios. “Temos um projeto ambicioso e, com esse investimento sendo aprovado, o Tecon continuará sendo o maior terminal do porto de Santos e, provavelmente, o mais produtivo”, adianta Morel. A expansão prevê a compra de equipamentos e o aumento do cais dos atuais 980 metros para 1,2 mil metros. O diretor de operações da Santos Brasil avalia que 2014 foi positivo para a empresa, que melhorou seus serviços, e para o porto de Santos porque existe maior oferta de capacidade. “A nossa grande expectativa é que o Brasil retome o crescimento e que o volume possa crescer e que os terminais que fizeram seus investimentos sejam recompensados com volumes que justifiquem esses investimentos”, analisa Morel. O terminal da Libra sofreu retração na movimentação em cerca de 8% nos últimos anos PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 47 PORTOS E LOGÍSTICA Marcelo Coelho A Libra possui três áreas de concessão (T-33, T-35 e T-37) e tenta, junto à Codesp e à Secretaria de Portos (SEP), unificá-las jurídica e fisicamente para melhorar o acesso ao terminal. Segundo Teller, a autorização permitirá aumentar a produtividade e eficiência da unidade, que passaria de uma capacidade dinâmica de um milhão TEUs/ ano para 1,7 milhão de TEUs/ano. Os investimentos são da ordem de R$ 800 milhões. A empresa é o primeiro Tecon na entrada do canal de Santos. Teller diz que os armadores que utilizam o terminal possuem vantagem competitiva, pois circulam menos no canal. Ele estima que os navios navegam aproximadamente uma hora a mais para chegar aos novos terminais, se comparado aos primeiros terminais do canal santista. Em novembro, a Libra Terminais Santos recebeu 36 unidades de terminal tractors (TT). Além de uma capacidade de carga superior aos caminhões em operação atualmente, os equipamentos serão utilizados para dar mais conforto e segurança para os colaboradores. Para os terminais ouvidos pela Portos e Navios, melhorias dos modais é condição fundamental para um sistema portuário ágil e eficiente no porto de Santos. A BTP investiu R$ 8,8 milhões na reconstrução de aproximadamente um quilômetro de extensão das pistas frontais ao terminal, incluindo as quatro faixas de rolamento para entrada no porto de Santos. Uma faixa adicional foi acres48 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 A BTP desbancou em outubro a Santos Brasil, que liderava a movimentação em Santos cida às duas faixas de saída já existentes, resultando em três faixas. No total, agora são sete pistas de entrada e saída. Schulze, da Embraport, destaca melhorias com a Lei dos Portos (12.815/13) e o início das obras de dragagem, que devem ser retomadas em 2015. Ele acrescenta que a estrutura ferroviária precisa ser melhorada para que o transporte de cargas por este modal seja impulsionado. Da mesma forma, ele aponta a necessidade de investimentos nas rodovias de acesso ao porto, que todos os anos sofrem com enormes congestionamentos de caminhões. O terminal Embraport surgiu como complexo moderno, alto grau de automatização e com foco em treinamento dos integrantes e segurança em toda a operação. A meta do terminal é se consolidar como um hub no porto de Santos para cabotagem e navegação de longo curso, e ser referência em produtividade e eficiência, com índices de excelência em sua operação. Schulze diz que a Embraport segue em busca de novas rotas e revela que a cabotagem é uma fatia importante no mercado da empresa. Atualmente, esses serviços representam grande parcela do volume mensal movimentado no terminal. Os três ar- madores responsáveis pelas cargas de cabotagem operam na Embraport — Aliança, Log-In e Mercosul Line. Destes, a Log-In e a Mercosul só operam na Embraport em todo o porto de Santos. “Com mais espaços nos terminais, as grandes empresas de navegação podem descarregar os contêineres em Santos e depois outra companhia faz a distribuição pela costa brasileira”, observa. Em outubro de 2014, a Embraport obteve as certificações da ISO 28.000 e ISO 9.001, que atesta padrões internacionais de gestão e qualidade nas operações. A média do tempo de atendimento dos caminhões nas instalações, segundo a Embraport, é inferior do que 30 minutos e a melhor no porto de Santos. Schulze destaca que esse desempenho garante agilidade e eficiência no processo de entrada e saída de carga nos portões de acesso. O terminal instalou câmeras nos RTG que ajudam operadores no deslocamento da carga e garantem mais segurança à atividade portuária. Um sistema inédito de pesagem dos contêineres nos RTGs reduz o tempo de permanência de um contêiner no terminal, evitando filas de caminhões e reduzindo a emissão de gases poluentes decorrentes de manobras na atmosfera. Com a nova balança, elimina-se uma das etapas do processo e o próprio operador é quem pesa e libera as informações para o sistema operacional do terminal, proporcionando mais agilidade nas operações. O investimento total na construção do terminal é de R$ 2,3 bilhões, sendo que R$ 1,8 bilhão foram investidos somente na primeira fase. A Embraport entende como aportes públicos prioritários para o porto de Santos a solução dos problemas de acesso, que engloba a chegada e saída de mercadorias por todos os tipos de modal, como rodovias, ferrovias e aquavias. Morel, da Santos Brasil, ressalta que o porto possui terminais de contêineres com excelente nível de qualidade e serviço. “Temos hoje serviços para todos os mercados internacionais. A entrada desses terminais era necessária porque o porto estava operando com 85% da capacidade. Precisava de novos investimentos para continuar crescendo”, acredita. n TRIBUNA TUPs dentro do porto organizado e regime de transição Leonardo Coelho Ribeiro* A ampla reforma de um marco regulatório, como a do setor portuário, traz consigo a necessidade de se buscar um equilíbrio entre a manutenção dos atos praticados na vigência do modelo superado e as mudanças e incertezas inerentes ao novo modelo que chega. Esse equilíbrio pode ser favorecido por um bom regime de transição, que seja hábil em amortecer o atrito entre o que está posto e continua produzindo efeitos, e o que, agora, toma vez. A existência de um regime de transição adequado cresce em importância no caso da reforma do setor portuário, em virtude da mudança do critério informador da assimetria regulatória que divide e orienta o setor. Como se sabe, com a Lei nº 12.815/2013, passou-se do sistema de diferenciação entre a carga própria e a carga de terceiro para o da delimitação tracejada pela poligonal da área do porto organizado. Neste contexto, entendo que o novo marco regulatório do setor portuário falha especialmente em relação aos autorizatários/proprietários de áreas dentro do porto organizado — e, portanto, virtualmente dentro da área do porto organizado que virá a ser definida —, ao fixar um insuficiente regime de transição “para trás”. E isso afeta, como se verá, também o choque de oferta que se pretende imprimir no setor. Com efeito, de acordo com a Lei nº 12.815/2013, a Portaria SEP nº 110/2013 e, ainda, a Resolução Antaq nº 3290/2014: i) os contratos de adesão em vigor deverão ser adaptados, dispensada a chamada pública ou processo seletivo; ii) será permitida a continuidade das atividades das instalações portuárias privadas já em funcionamento dentro da área do Porto Organizado; e iii) só poderão ser deferidos os pedidos de autorização para exploração de instalações portuárias localizadas dentro da área do porto organizado, se protocolados na Antaq até dezembro de 2012. Pela ordem: i) a adaptação dos contratos de adesão é medida adequada, mas que depende de apuração caso a caso e precisará ser feita cuidadosamente, diante do que cada contrato de adesão disponha; e ii) a continuidade das atividades das instalações portuárias situadas dentro da área do porto organizado também constitui previsão adequada. O ponto que quero destacar é o iii), na medida em que restou restringida, tendo como limite um marco temporal anterior à própria Lei nº 12.815/2013 (“para trás”, portanto), a possibilidade de novos pedidos de autorização para explorar instalações portuárias dentro da área do porto organizado. Trata-se de medida que, a começar, viola a segurança jurídica ao limitar, em ato de surpresa, o uso da propriedade que esteja, ou venha a estar, situada dentro da poligonal delimitando a área do porto organizado, importando em verdadeira limitação administrativa que pode, inclusive, ser passível de indenização, a depender do caso. Não se trata, aqui, de argumentar em prol de um direito adquirido a regime jurídico, sabidamente rechaçado pelo STF, mas do direito a um sistema de transição razoável e que respeite as expectativas, na medida em que as propriedades privadas situadas dentro da área do porto organizado também são extremamente propícias para a construção e instalação de Terminais de Uso Privado, em benefício do choque de oferta de que o setor tanto precisa. Deste modo, o novo marco regulatório dos portos deveria, no mínimo, e em benefício de seus grandes objetivos, ter fixado um marco temporal limitador futuro para os pleitos de autorização para a construção de Terminais de Uso Privado dentro de áreas de porto organizado. Buscar um choque de oferta como objetivo e, de outro lado, limitar o uso portuário de propriedades privadas situadas dentro de áreas de portos organizados, deixando de equipar o setor com um regime de transição adequado e favorável à segurança jurídica, são medidas contrapostas que, antes de contribuir para as diretrizes do novo marco regulatório, lhes servem é de obstáculos. n *Sócio do LL Advogados e coordenador de pós-graduação em Direto da Infraestrutura do Ibmec PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 49 PORT & EXPORT China e Portos: Temas para Dilma Carlos Tavares de Oliveira O título acima foi tirado do meu novo livro “Dois Temas para Dilma – China e Portos” (Aduaneiras), a ser lançado nos próximos dias. Reunindo selecionadas reportagens sobre esses importantes assuntos – básicos para expansão da economia brasileira – a obra, pelas precisas informações contidas, será útil não só aos empresários e leitores em geral, como ao próprio Governo. No interessante prefacio, o embaixador da China, Li Jinzhang, menciona o porto de Qinhuangdao, com dois mil anos de existência, um dos mais antigos do mundo. CHINA Na primeira parte, são reunidos capítulos que, resumidamente, focalizam algumas das principais etapas da milenar civilização chinesa, a mais antiga do planeta com 8 mil anos de existência, cinco mil de história registrada e três mil ainda sob pesquisa. No capítulo “Dívida da humanidade” são focalizadas as principais descobertas e invenções chinesas – bem pesquisadas na enciclopédia britânica “Science and Civilization in China”, de Joseph Needham – como a irrigação; as pontes e canais; a carroça, arado e carrinho de mão; o ferro, o petróleo e o gás. Estão registradas as célebres e milenares invenções do papel; da impressão; da pólvora; do sistema decimal e do zero; da hélice; da seda; da porcelana; do vinho; da cerveja e até do futebol. E, também, na área da navegação marítima, da vela; dos mastros duplos; da bússola e das cartas marítimas. Na sequência da história do gigante asiático, constam vários capítulos, como, sob o título “200 anos de intercâmbio”, o que informa sobre o real início das relações comerciais com o Brasil, em 1809, através da concessão portuguesa de Macau. Está registrado também o episódio Presidenta Dilma com o embaixador Li, autor do prefácio 50 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 da certeira previsão de Napoleão Bonaparte, que, em 1817, prisioneiro na ilha de Sta Helena, afirmou: “Quando a China despertar, o mundo tremerá”. O capitulo “Companhia das Índias – Invasão de Xangai”, com dados precisos, relata a deplorável ocupação da grande cidade-porto chinesa, em 1840, para introdução da droga ópio, comandada pela Inglaterra, com a participação de tropas dos Estados Unidos, Alemanha e França. Verdadeira página negra na história desses países. Sobre a navegação, portos e estaleiros – confirmando a liderança chinesa nesses setores – alguns capítulos contam não só as respectivas origens, como, também, a fase atual, com dados oficiais. O capítulo “Principais portos do mundo” revela que três entre os dez primeiros são chineses: Xangai, Ningbo e Hong Kong. Outros importantes capítulos são os referentes à evolução da economia chinesa, que em apurada pesquisa é focalizada logo no primeiro artigo: “Retorno à liderança mundial”. No último dessa série – com dados atualizados até 2014, contrariando as informações negativas e preconceituosas publicadas sobre a economia chinesa – o capítulo tem significativo título: “Expansão continua acelerada”. Antonio Cruz/ABr Encerrando essa primeira parte, a reportagem “Vantagens da agência do BB” mostra a importância da representação do banco oficial brasileiro em Xangai, principal centro comercial-financeiro da China. Em longa entrevista, o gerente da nova agência, Sergio de Quadros, oferece informações de interesse não só dos empresários, mas, igualmente, do público em geral. PORTOS O capítulo que abre a segunda parte do intitulado “Tendências mundiais”, mostra que os principais portos do mundo, sempre em busca de melhor produtividade e custos menores, adotam sistemas e equipamentos semelhantes. Logo a seguir dois artigos que tratam da história: “Origem dos portos” e “Contêiner, a genial invenção”. Este último, com dados precisos, registra como o jovem americano Malcom McLean teve a ideia de criar o contêiner. Nos dois capítulos seguintes, os seus títulos expressam importantes assuntos referentes aos portos: “Copiar, a melhor opção” e “Usuários pagam as contas”. O primeiro artigo, com dados irrefutáveis, sugere que, para os portos brasileiros, o melhor é seguir o conselho do líder empresarial Jorge Gerdau Johannpeter: “Copiar o que dá certo”. No outro, fica explicado, pormenorizadamente, que qualquer despesa no porto/cais – salários, tributos e até a corrupção – acaba sendo paga pelos usuários (exportadores – importadores). O capítulo “Hidrovias francesas”, e mais adiante, o intitulado “Sistema fluvial europeu”, relatam como deve ser tratado esse importante modal de transporte. Possivelmente, já a partir de 2015, o turista poderá sair de barco, de Paris, pela fantástica hidrovia Seno-Reno-Danúbio e chegar até ao mar Negro, na Rússia. Em três capítulos são focalizados itens de grande interesse para o sistema portuário brasileiro: “Novos rumos”, “Roterdã, modelo ideal” e “Terminal/armador”. Nesses artigos, com dados e informações documentadas, são apresentadas as modernas formas de administração portuária e de procedimento. Vem tendo sucesso nos principais portos, a associação das empresas de navegação com as dos terminais. Foi oportuna coincidência o capítulo “Melhor caminho” ser seguido pelo intitulado “Descentralização/despolitização”. De fato, entre nós, a melhor solução para os antigos problemas do setor seria descentralizar as administrações portuárias, colocando-as sob responsabilidade dos Estados e afastar definitivamente os políticos das respectivas atividades. Exatamente como ocorre nos grandes portos mundiais. Malcom McLean, o inventor do contêiner Nos capítulos “Bolsas para navegação” e “Evolução do transporte marítimo” são apresentados os problemas e as respectivas soluções. Particularmente no caso da cabotagem (navegação entre portos nacionais) - que contribue para desafogar o trânsito de caminhões nas rodovias - torna-se fundamental melhor atenção do governo para o setor. Digno de nota, - que deixa registrado para história da modernização dos portos brasileiros iniciada com a Lei 8630/93 - é o capítulo “Opiniões importantes”. Entre elas destacam-se as do presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP, Wilen Manteli, e a do ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. Encerrando essa parte, encontram-se os capítulos “Roterdã no Brasil” e “Navegação brasileira”. O primeiro focaliza a instalação do Porto Central de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, com a participação do complexo holandês. E o outro artigo, analisa o oportuno trabalho do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima – Syndarma, sobre os graves problemas do setor, particularmente quanto à cabotagem. COLUNA A terceira parte do livro reúne onze colunas Portos & Cia (jan/nov de 2014) publicadas na revista digital Sem Fronteiras (Aduaneiras/SP). As notas são oportunas e atualizadas, como as que criticam o exagero conferido ao futebol/ FIFA na Copa do Mundo. Inclusive a exagerada derrota de 7 a 1 para Alemanha... n Jornalista e consultor de comércio exterior PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 51 CALENDÁRIO Brasil | 2015 9 e 18 de maio (15 horas) [email protected] Mar Port Finance International Brazil 4 e 5 março - Rio de Janeiro (RJ) [email protected] - portfinanceinternational.com PMO Summit 25 a 27 de março – Rio de Janeiro (RJ) - pmoacademy.com.br FIEE - 28ª Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação 23 a 27 de março- São Paulo (SP) www.fiee.com.br Solda Brasil – IV Seminário Nacional de Tecnologia e Mercado de Soldagem 26 de março – Rio de Janeiro Tel: (22) 2262-9401 – <www. casavivaconceito.com.br> Abr Intermodal South America e InfraPortos - Feira e Conferência para Infraestrutura Portuária 7 a 9 de abril - São Paulo (SP) - Tel: (11) 4878-5911 - <www.intermodal. com.br e www.infraportos.com.br Mai Forind Nordeste – 7ª Feira de Fornecedores Industriais / Movimat NE em paralelo 5 a 8 de maio - Olinda (PE) Tel: (11) 3872-3089 www.forindne.com.br Movimat Nordeste / Forind NE em paralelo 5 a 8 de maio Suape – Recife (PE) www.movimatne.com.br 11º Ecobrasil – Seminário Nacional sobre Indústria Marítima e Meio Ambiente Rio de Janeiro (RJ) 7 e 8 de maio –Tel: (21) 2283-1407 – [email protected] Curso IMAPOR - Introdução ao Direito Marítimo 52 Feimafe - Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura 18 a 23 de maio - São Paulo (SP) www.feimafe.com.br Jun Coteq – 13ª Conferência sobre Tecnologias de Equipamentos 15 a 18 de junho, Cabo de Santo Agostinho (PE) - eventos@abendi. org.br – Tel: (11) 5586-3197 – www.coteq.com.br Brasil Offshore Macaé (RJ) - 23 a 26 de junho - Tel: (11) 3060-4982 – <www. brasiloffshore.com> Ago Marintec South America - 12ª Navalshore 11 a 13 de agosto Rio de Janeiro (RJ) - Tel: (11) 48785911 – [email protected] – www.marintecsa.com.br 6th Artic Shipping Summit 18 e 19 de março – Montreal, Canadá - Tel: +44 (0) 207 981 2503 - www.wplgroup.com Industriais 23 a 26 de junho Blumenau (SC) - (47) 3027-1008 www.feiramanutencao.com.br Europort Istanbul 18 a 21 de março – Istanbul, Turquia – [email protected] www.europort-istanbul.com Set MCE Deepwater Development 24 a 26 de março - Londres, UK [email protected] www.mcedd.com China Maritime 26 a 28 de março – Beijing, China - [email protected] www.chinamaritime.com.cn China International Petroleum & Petrochemical Technology and Equipment Exhibition – CIPPE 26 a 28 de março - Beijing, China www.cippe.com.cn/2014/en/ Mai Out OTC 2015 – Offshore Technology Conference 4 a 7 de maio – Houston, Texas [email protected] www.2015.otcnet.org Brazil Offshore Finance Forum 14 de outubro - Rio de Janeiro [email protected] www.marinemoneyoffshore.com Breakbulk Europe 18 a 21 de maio - Antuérpia, Bélgica - [email protected] www.breakbulk.com Neva 2015 –The 13th International Maritime Exhibition and Conference of Russia 22 a 25 de setembro – São Petersburgo, Rússia INMEX SMM India 23 a 25 de setembro Mumbai - <www.inmex-smm-india. com> Navegistic - Logística, Transporte e Navegação 30 de setembro a 2 de outubro Assunção, Paraguai www.navegistic.com Nov Europort 3 a 6 de novembro – Rotterdam, Holanda - www.europort.nl Dez Marintec China 1 a 4 de dezembro - Shanghai, China – Tel: 852 2827-6211 – www.marintecchina.com Brasil | 2016 Abr EXTERIOR | 2015 Jan Asian Financial Forum 2015 19 a 20 de janeiro - Hong Kong [email protected] Fev Breakbulk Africa Congress 16 a 19 de fevereiro Joanesburgo, África do Sul [email protected] Mar Breakbulk China 17 a 20 de março - Shanghai World Expo Exhibition&Convention Center - Shanghai, China [email protected] PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 6th FPSO Vessel Summit 20 e 21 de maio - Londres, UK [email protected] www.wplgroup.com Santos Offshore Santos (SP) - 12 a 15 de abril – Tel: (11) 3060-4752 - <www. santosoffshore.com.br> Jun EXTERIOR | 2016 WGC Paris 2015 - World Gas Conference 1 a 5 de junho - Paris, França www.wgc2015.org 6th OPEC International Seminar 3 e 4 de junho - Viena, Áustria [email protected] +44 (0)20 7017 5518 Manutenção - 6ª Feira de Manutenção e Equipamentos Fev SMM Istanbul 24-25 de fevereiro Istanbul, Turquia www.smm-istanbul.com [email protected] Set SMM Hamburg 6 a 9 de setembro Hamburgo, Alemanha www.smm-hamburg.com PRODUTOS E SERVIÇOS Crescimento Prêmio Marintec O estaleiro catarinense Intech Boating, com sede em Pedra Branca, na Grande Florianópolis, comemora os resultados positivos conquistados em 2014. A empresa, que fabrica com exclusividade no Brasil as lanchas da marca italiana Sessa Marine, além de embarcações profissionais de marca própria, teve em 2014 faturamento 30% maior do que o registrado em 2013. Foram 40 barcos vendidos entre janeiro e dezembro, 10 a mais que no mesmo período do último ano. A fabricação do novo modelo C42 gerou investimentos de mais 3,5 milhões na fábrica da Intech Boating, destinados ao desenvolvimento do projeto. É esperada a venda de 12 unidades no primeiro ano de produção, sendo que três unidades já haviam sido encomendadas antes mesmo do lançamento. O terminal Pier Mauá foi eleito pelo sexto ano consecutivo o Melhor Porto de Cruzeiros da América do Sul, de acordo com o World Travel Awards 2014, que seleciona anualmente os melhores do setor do turismo, avaliando destinos, companhias aéreas, hotéis, resorts e serviços, entre outras categorias. Conhecido como “o Oscar do segmento de turismo”, o World Travel Awards escolhe os vencedores por um processo de votação secreta, do qual participam profissionais de agências de viagem, operadores de turismo e transporte, organizações turísticas em mais de 160 países, além do público viajante. Na temporada 2014-2015, 31 navios utilizarão o Pier Mauá, fazendo mais de 100 escalas. A 12ª edição da Marintec Navalshore, que será realizada em 11 a 13 de agosto de 2015 no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro, dispõe ainda de 23% do espaço para estandes. Desde agosto passado, quando foi realizada a 11ª edição, foram comercializados 77% de área, volume considerado bastante expressivo para o período. Informações sobre como expor pelo site marintecsa.com.br ou pelo telefone (11) 4878-5911. Georadar A Yasuda Marítima, subsidiária do Grupo Sompo Japan Nipponkoa, um dos maiores grupos seguradores do mundo, acaba de criar uma nova área de Riscos de Petróleo. De olho na crescente demanda do segmento, a companhia já trabalha na estruturação do novo produto, o primeiro a ser lançado após a aprovação definitiva pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) da incorporação da Yasuda Seguros pela Marítima Seguros. Segundo dados da Susep, o segmento de Riscos de Petróleo no Brasil registrou um crescimento de 68%, passando de R$ 403 milhões em 2011 para R$ 678 milhões em 2013. As perspectivas para expansão dessa modalidade de seguros são bastante significativas, já que, segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a Oferta Interna de Energia deverá atingir o montante de 425,8 milhões de toneladas equivalente de petróleo em 2023, o que equivale a um crescimento de 3,7% ao ano. Os investimentos em infraestrutura energética para suprir a demanda necessária alcançam o valor de R$ 1.263 bilhões, representando 2,5% do PIB acumulado entre 2013 e 2023. A italiana IDS, fabricante de produtos para engenharia eletromagnética, está trazendo para o Brasil o Opera Duo. Trata-se da primeira máquina de detecção de utilidades que possibilita a representação das interferências no Google Maps e Autocad, permitindo a leitura dos resultados, com informações e imagens, no ato de sua utilização. As vantagens desta nova tecnologia são otimização de tempo, aumento da produtividade e maior assertividade no trabalho de leitura do solo. O georadar é um sistema eletrônico com a capacidade de investigar os terrenos e os materiais, através da reflexão das ondas eletromagnéticas produzidas pelo sistema. Com o software do Opera Duo é possível operar diretamente no local da detecção, com interface intuitiva. O aparelho tem manuseio fácil, com display touch screen, permitindo o acionamento com os dedos ou a caneta que vem com tablet. A janela principal mostra o radar das duas antenas e um mapa georreferenciado que pode ser usado com GPS e conexão à internet. É capaz ainda de navegar no Google Maps. Riscos de petróleo Ética A ZF foi reconhecida como uma das Empresas mais Éticas do Brasil, uma iniciativa lançada pelo Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios (IBEN). O reconhecimento baseou-se na pontuação dos Indicadores de Gestão da Ética (IGE), idealizados pelo IBEN. A ZF obteve o segundo lugar no ranking do IGE, com a pontuação de 71,2 (de um total de 100 pontos), valendo-lhe a classificação de “avançada” em sua gestão de ética. “Estamos honrados com esse reconhecimento. Ética, para nós da ZF, é um conceito amplo e está arraigado em todos os nossos processos e práticas, desde a compra de materiais até a manufatura de nossos produtos. É, certamente, o alicerce que sustenta nossa obsessão em oferecermos, sempre, produtos e serviços cujo principal objetivo é melhorar a vida dos seres humanos, sem abrir mão do rigoroso respeito ao meio ambiente”, disse Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul. Os Indicadores de Gestão da Ética (IGE) foram lançados oficialmente pelo IBEN em abril de 2014. São nove tópicos com 72 questões relacionadas às “melhores práticas” da Ética & Compliance. O IGE tem categorias como Estrutura do Programa e Supervisão, Liderança & Recursos, Padrões & Processos, Administração do Risco & Compliance, Educação & Treinamento, Disciplina & Incentivos e Métricas & Monitoramento. PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 53 Marcelo Coelho PRODUTOS E SERVIÇOS O terminal automatizou 10 gates recentemente Melhor operador A Santos Brasil recebeu o prêmio The New Economy Awards 2014, na categoria Melhor Operador de Terminal de Contêiner na América do Sul, concedido pela revista britânica homônima. O reconhecimento foi motivado pelas inovações desenvolvidas pela companhia ao longo dos últimos anos, a fim de elevar a eficiência operacional do Tecon Santos. A premiação também reflete os investimentos feitos pela empresa, que totalizam R$ 2 bilhões em tecnologia, novos equipamentos e recursos humanos em seu terminal localizado na margem esquerda do Porto de Santos. Recentemente, a Santos Brasil bateu dois recordes consecutivos de produtividade e automatizou 10 gates operacionais, a porta de entrada do Tecon Santos, proporcionando mais agilidade e segurança nas demandas de clientes. Curso Em parceria realizada com a Maersk Brasil Treinamentos Marítimos, o Grupo Chibatão realiza curso de capacitação e qualificação profissional para operadores dos novos guindastes LBS 600, adquiridos recentemente pelo complexo portuário do grupo. O curso é inédito 54 no Amazonas. As aulas serão ministradas dentro do complexo portuário do grupo até julho. As inscrições tem o investimento de R$ 500 para colaboradores, com data de inscrição a ser definida. Serão disponibilizadas 100 vagas no treinamento, que tem duração de 60 dias, com 40 horas de aulas teóricas e 80 de prática, que contará com um simulador exclusivo. O gestor do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis, destaca que o projeto visa ampliar e qualificar os colaboradores da empresa e aumentar o número de profissionais qualificados no estado. “Investir na formação de profissionais e qualificar cada vez mais nossos colaboradores é um dos principais focos de investimentos do grupo atualmente”, afirmou. Os guindastes LBS 600 são equipamentos de alta capacidade operacional em formato de grua, utilizado para a elevação e movimentação de cargas dos navios e em pátios de armazenagem. Os mesmos permitem a adaptação de quase todos os implementos de movimentação de carga: caçambas para granéis, garras para sucata, eletroímã para chapas, gancho para cargas de projeto e spreader para contêineres, o que melhora o desempenho e reduz o tempo de movimentação de cargas. PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015 Embalagem Pneus portuários Quem opera a produção, manuseio e transporte de óleos e líquidos perigosos em geral precisa estar preparado para lidar com possíveis cenários de vazamento. Este preparo provém do amparo de equipes devidamente treinadas para responder a este tipo de emergência e do suporte de equipamentos específicos para atender a cada situação. Neste sentido, a Alpina dispõe de uma gama de produtos para ocorrências em cenários onshore e offshore. São barreiras de contenção, skimmers, motobombas, tanques, separadores de água e óleo, aplicadores de dispersantes, veículos e embarcações e Spill Kits. No que se refere a este último item, a Alpina traz aos seus clientes uma novidade. A embalagem do produto de 20 litros conta com um novo formato. Antes comercializado somente em baldes, o Spill Kit é agora disponibilizado também em sacolas de PEAD com alças, o que confere maior mobilidade durante seu manuseio. Composto por oito mantas, duas barreiras e três almofadas, o Spill Kit de 20 litros é ideal no combate a derramamentos pequenos e pontuais, em oficinas, linhas de produção, postos de gasolina, maquinários em geral, seções industriais, entre outros. Além do formato de 20 litros, a Alpina fornece Spill Kits de 40, 80, 100, 160 e 200 litros. Os kits podem ser montados conforme a necessidade de cada cliente, com absorvedores disponíveis em cores variadas, para situações diversas. A Alpina disponibiliza absorvedores para diversas finalidades. A Continental, fabricante de pneus, anuncia o lançamento de cinco novos reforços em sua linha de pneus comerciais especiais no Brasil: StraddleMaster, ContainerMaster, DockMaster, CraneMaster e ContiTrailer. Abrangendo do aro 20” ao 35”, eles chegam para complementar o portfolio, já integrado pelos modelos Terminal Transport, ContiRV20 e ContiRT20. Os pneus portuários são altamente exigidos em razão do peso, da altura e também da velocidade do veículo. “Esse segmento lida, basicamente, com o transporte de mercadorias em larga escala acomodadas em contêiners. Essas operações são geralmente muito agressivas pelas condições do piso e demandam muito dos pneus em termos de desempenho, baixa retenção de calor, baixo consumo de combustível, estabilidade para o veículo e, claro, segurança”, destaca Vinícius Penna, gerente de vendas de pneus industriais da Continental Pneus Mercosul. A linha de pneus comerciais especiais da Continental é a única a cobrir as mais diversas aplicações e necessidades a partir de quatro diferentes tipos de construção: pneumáticos radiais e diagonais; superelásticos (maciços) e sólidos (bandagens e press-on bands). O emprego desses modelos leva em consideração o tipo de carga a ser transportada, as condições do ambiente e do pavimento, além de dados relativos ao equipamento: velocidade, distância percorrida, carga, peso e elevação. Procurando bons negócios? Eles também estão procurando por você Feira Internacional de Logística, Transporte de Cargas e Comércio Exterior 21 a Edição 7 a 9 de abril de 2015 - 13h às 21h Transamerica Expo Center - São Paulo - Brasil Participe da Intermodal 2015 e encontre excelentes soluções nos setores de logística, transporte de cargas e comércio exterior. A Intermodal é o maior e mais importante evento das Américas dedicado aos 4 modais da logística: aéreo, marítimo, ferroviário e rodoviário e conta com a participação de executivos com alto poder de decisão dentro das empresas. Motivos para visitar a Intermodal Estabelecer novas relações comerciais 27% Avaliar opções para uma próxima compra 4% 48% buscar novos produtos, serviços e soluções 21% Atualizar-se sobre as melhores práticas e tendências do mercado 45% visitaram a feira pela primeira vez “A Intermodal é perfeita para conhecer as tendências, entender os mercados e saber das novidades, além de termos a oportunidade de reforçar o relacionamento com nossos clientes e conhecer seus concorrentes, para sempre ter alternativas de logística para nosso negócio.” - Fábio Pereira Nogueira - Improvement Specialist LAA Supply Chain - DOW Brasil Fa ça s e u p r é - c r e d e n c i a m e n t o n o s i t e d a I n t e r m o d a l e e co n o m i ze R $ 5 0 , 0 0 e-mail: [email protected] intermodal.com.br Agência de Viagem Oficial viahg.com.br Patrocínio Realização Há mais de uma década impulsionando a indústria naval e offshore 11 - 13 de Agosto de 2015 Centro de Convenções SulAmérica Rio de Janeiro • RJ • Brasil Aproveite a oportunidade de fazer negócios com os principais players do mercado nacional e internacional Soluções para construção e reparo naval das mais de 380 marcas expositoras Apresentações gratuitas de inovações do setor no Espaço Inovação Oportunidades de negócios com marcas nacionais e internacionais Atualize-se nos temas mais relevantes para o setor nas Conferências Marintec je o h ve o ! r e Res espac s eu marintecsa.com.br Tel. 55 11 4878 5911 [email protected] O ENCONTRO DO SETOR NAVAL GRANDES NEGÓCIOS | NETWORKING | MELHORES PRÁTICAS Realização