ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DISMENORREIA

Transcrição

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DISMENORREIA
10
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
RENATA CEZÁRIO MENDES
THAIS REGINA CELESTINO
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA
DISMENORRÉIA
Mogi das Cruzes
2012
11
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
RENATA CEZÁRIO MENDES
THAIS REGINA CELESTINO
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA
DISMENORRÉIA
Monografia apresentada ao Programa
de Pós-Graduação da Universidade de
Mogi das Cruzes, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Especialista em Acupuntura.
Orientadores: Profº. Luiz A. Alfredo e
Profª. Bernadete Nunes Stolai
Mogi das Cruzes
2012
12
RENATA CEZÁRIO MENDES
THAIS REGINA CELESTINO
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA
DISMENORRÉIA
Monografia apresentada ao Programa de
Pós-Graduação da Universidade de Mogi
das Cruzes, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Especialista
em Acupuntura.
Aprovado em ..............................
BANCA EXAMINADORA:
Profa. Bernadete Nunes Stolai
UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
Profº. Luiz A. Alfredo
UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
13
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus pela dádiva da vida, aos meus queridos Pais,
Esposo e Familiares por serem meu estímulo, Pacientes pela confiança, meus
Orientadores Prof° Luiz Alfredo e Profª Bernadete, pela ajuda e parceria neste
trabalho e Profª Romana e Prof° Luiz Leonelli pelos conhecimentos transmitidos e
dedicação a todos nós alunos.
Renata Cezário Mendes
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, a todos meus familiares, amigos,
pacientes, aos meus orientadores (Profº Luiz Alfredo e Profª Bernadete) e a Profª
Romana e Profº Luiz Leonelli pela atenção, dedicação e conhecimento transmitido
nesses dois anos de curso.
Thais Regina Celestino
14
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, o centro da minha vida, por ter me abençoado e me
carregado em Suas mãos para chegar até aqui. Aos meus Pais Milton e Lídia (in
memoriam), verdadeiramente os maiores Mestres que já tive. MÃE sei que mesmo
me olhando do céu a Sra. esta vibrando por mais esta vitória, consegui realizar o teu
e o meu sonho, avancei mais um degrau. PAI sou muito grata pela ajuda, apoio,
incentivo e por nesta etapa o Sr. ter sido Pai e Mãe. Ao meu Esposo Jessé, AMOR
obrigada por estar sempre ao meu lado, com sua imensa paciência, companheirismo
e estímulo para eu seguir sempre em frente. Aos meus queridos irmãos Glauber e
Lidiane, que mesmo de longe sei que vocês sempre torceram por mim. Aos meus
pacientes, que depositaram sua confiança e contribuíram para meu aprendizado.
Aos meus Professores, Profª Romana, Profª Bernadete, Prof° Luiz Alfredo e Prof°
Luiz Leonelli, que além da relação Professor – Aluno, nos tornamos algo a mais:
AMIGOS. Agradeço muito a minha Amiga Thais pela amizade, paciência nos meus
momentos de nervosismo, pela imensa ajuda ao longo desta Especialização e pela
concretização desta Monografia. A todos minha gratidão e carinho.
Renata Cezário Mendes
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus e a toda espiritualidade amiga
por mais esta oportunidade de estudo e de conhecimento adquirido, aos meus pais
Paulo e Regina pela ajuda, confiança e apoio constante, porque sem eles não teria
chegado até aqui, aos meus irmãos, sobrinha e familiares que sempre me
incentivaram, aos pacientes, porque sem os mesmos não teria concretizado mais
essa etapa de minha vida e a minha amiga e companheira desse estudo Renata
pela paciência e pelos momentos bons e ruins que dividimos juntas. Muito Obrigada.
Thais Regina Celestino
15
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore,
dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem
aplausos”.
(Charles Chaplin)
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim”.
(Chico Xavier)
16
RESUMO
A Dismenorréia caracteriza-se por dor intensa, sob forma de cólica, durante a
menstruação, manifestando-se habitualmente no baixo ventre ou região lombar. É
causa de substanciosos prejuízos econômicos e diminuição na produtividade das
mulheres acometidas. A Acupuntura tem demonstrado resposta favorável em alguns
estudos já realizados. O tratamento da Dismenorréia visa diminuir as dores da
paciente, melhorar seu estado emocional entre outros sintomas, mas o seu principal
objetivo é manter o equilíbrio do organismo para que assim o mesmo possa estar
em harmonia, trabalhando o paciente como um todo, melhorando sua qualidade de
vida e bem estar, além disso, não apresenta nenhuma contra-indicação apenas
precauções em certos casos e não tem nenhum efeito colateral sendo uma
vantagem para o tratamento da paciente. Este estudo tem como objetivo geral
verificar a eficácia da Acupuntura no tratamento da Dismenorréia e os específicos
analisar quais são as técnicas e pontos mais utilizados. Esta pesquisa foi realizada
através de revisão da literatura científica, onde foram utilizados artigos científicos
nacionais e internacionais de grande importância sobre o assunto, sendo
pesquisados em meios eletrônicos como: Bireme, Scielo, PubMed, Lilacs, Medline e
Periódicos Capes. A abordagem terapêutica e o tratamento da Dismenorréia podem
ser efetuados em três etapas: os antiinflamatórios não hormonais, hormônios ou
calor local; medicamentos que relaxam a musculatura uterina e drogas ou medidas
que interferem na dor, tais como analgésicos, Acupuntura, psicotrópicos. A
Acupuntura é um antigo método terapêutico chinês que se baseia na estimulação de
determinados pontos do corpo com agulha ou com fogo, a fim de restaurar e manter
a saúde. Os resultados mostraram que a Acupuntura apresentou-se eficaz em todos
os estudos, diminuindo a dor, em grande parte dos casos a medicação tornou-se
desnecessária e os sintomas de dor não ocorreram mais durante dois anos após o
tratamento, também apresentou melhora na qualidade de vida das pacientes e na
parte emocional houve melhora na depressão, ansiedade e irritabilidade. Com
relação às técnicas que podem ser utilizadas observamos que a Acupuntura
Sistêmica é de uso primordial e essencial destacando-se entre as outras técnicas
como; Auriculoterapia, Moxaterapia, Laserpuntura, Acupressão, Eletroacupuntura,
tratamentos com pontos Fonte que também podem ser utilizados com sucesso
nesse distúrbio ginecológico tão freqüente.
Palavras Chave: Dismenorréia, tratamentos para Dismenorréia e Acupuntura na
Dismenorréia.
17
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Sistema Reprodutor Feminino................................................................
13
Figura 2- Fisiopatologia da Dismenorréia Primária................................................
19
Figura 3- As Quatro Fases do Ciclo Menstrual......................................................
31
Figura 4- Órgãos Internos e a Menstruação..........................................................
34
Figura 5- Trajeto Interno e Externo do Canal de Energia Ren Mai........................
36
Figura 6- Trajeto Interno e Externo do Canal de Energia Du Mai..........................
38
Figura 7- Chong Mai (Vaso Penetrador)................................................................
40
Figura 8- Inter-relação de Órgãos Internos, Substâncias Vitais, Útero e Canais
Extraordinários........................................................................................................
41
Quadro 1- Qualificação multidimensional para classificar a intensidade da dor na
Dismenorréia......................................................................................................
18
18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Diagnóstico diferencial entre Dismenorréia primária e secundária........ 20
19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................
10
2 METODOLOGIA..................................................................................................
12
3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO.............
13
3.1. GENITÁLIA INTERNA.................................................................................
14
3.1.1. Ovários..............................................................................................
14
3.1.2. Tubas Uterinas..................................................................................
14
3.1.3. Útero.................................................................................................
15
3.1.4. Vagina...............................................................................................
15
15
3.2. GENITAIS EXTERNOS...............................................................................
4 FISIOLOGIA DA MENSTRUAÇÃO SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL......
16
5 DISMENORRÉIA SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL..................................
17
5.1. CONCEITO..................................................................................................
17
5.2. PREVALÊNCIA............................................................................................
17
5.3. CLASSIFICAÇÃO........................................................................................
17
5.4. ETIOLOGIA..................................................................................................
18
6 TRATAMENTOS DA DISMENORRÉIA...............................................................
22
6.1. MEDICAMENTOSO.....................................................................................
22
6.1.1. Analgésicos e AINEs (Antiinflamatório não esteroidal)......................
22
6.1.2. Contraceptivos Hormonais.................................................................
22
6.1.3. DIU com levonorgestrel (Mirena).......................................................
23
6.2. FISIOTERAPIA............................................................................................
23
6.3. ESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA ELÉTRICA (TENS).............................
23
6.4. ATIVIDADE FÍSICA.....................................................................................
23
6.5. DANÇA DO VENTRE..................................................................................
24
7 ACUPUNTURA..................................................................................................
25
7.1. DISMENORRÉIA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA...... 26
7.2. FISIOLOGIA FEMININA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA................................................................................................................ 29
7.3.
FISIOLOGIA
DA
MENSTRUAÇÃO
SEGUNDO
A
MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA....................................................................................... 30
7.4. ÓRGÃOS, VISCERAS E A MENSTRUAÇÃO............................................. 31
7.5. VASOS MARAVILHOSOS E A MENSTRUAÇÃO....................................... 35
20
8 DIFERENCIAÇÃO SINDRÔMICA ...................................................................... 42
8.1. PADRÃO DE EXCESSO / PLENITUDE...................................................... 42
8.1.1. Estagnação de QI e Sangue............................................................. 42
8.1.2. Estagnação de Frio........................................................................... 42
8.1.3. Umidade Calor.................................................................................. 43
8.2. PADRÕES DE DEFICIÊNCIA / VAZIO......................................................... 43
8.2.1. Deficiência de QI e Sangue.............................................................. 43
8.2.2. Deficiência de Yin do Fígado e Rim.................................................. 43
8.2.3. Deficiência do Yang e Sangue.......................................................... 44
9 TRATAMENTOS COM ACUPUNTURA.............................................................. 45
10 CONCLUSÃO.................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 54
21
1 INTRODUÇÃO
A Dismenorréia conhecida popularmente como cólica menstrual é um
problema que atinge a maioria das mulheres nos dias de hoje, gerando vários
transtornos e limitações, desde dores sendo o principal agravante, perda do dia de
trabalho, em alguns casos afastamento, piora na qualidade de vida e distúrbios
emocionais (BORGES et al, 2007).
Refere Ribeiro (2005), que o termo Dismenorréia deriva do grego e significa
menstruação difícil ou desconfortável; que gera dor uterina provocando vários
sintomas como palidez, sudorese, cefaléia, náuseas, vômitos, aumento do número
de evacuações, dor lombar e nos membros inferiores.
Segundo Borges et al (2007) a Dismenorréia caracteriza-se por dor intensa,
sob forma de cólica, durante a menstruação, manifestando-se habitualmente no
baixo ventre ou região lombar. É causa de substanciosos prejuízos econômicos e
diminuição na produtividade das mulheres acometidas.
Seu estudo tem adquirido maior importância nas últimas décadas, devido às
conseqüências socioeconômicas que acarreta. É uma dor pélvica que ocorre antes
ou durante o período menstrual, que afeta cerca de 60% a 80% das mulheres em
diferentes graus de intensidade, sendo que em 8% a 18% o desconforto menstrual é
de tal intensidade que impede as atividades habituais, obrigando a paciente a
procurar o pronto-socorro (DIEGOLI e DIEGOLI, 2007).
De acordo com Giraldo, Eleutério e Linhares (2008), cerca de 90% das
mulheres experimentam este quadro em alguma fase da vida, contudo a grande
maioria não procura assistência médica, pois os sintomas são suportáveis. A
prevalência da Dismenorréia, embora de difícil estimativa por falta de definição
precisa, é uma das queixas mais freqüentes em consultórios de ginecologia e parece
variar de 45% a 95%. Em 10% a 15% das vezes o quadro sintomatológico é intenso,
interferindo com a vida social e produtiva da mulher, a ponto de causar grande
índice de absenteísmo no trabalho.
Hoje podemos encontrar várias formas de tratamento como: medicamentoso
(o mais utilizado), a fisioterapia, a massagem e a Acupuntura que ainda muitas
pessoas desconhecem.
22
Prática milenar faz parte da chamada Medicina Tradicional Chinesa a
Acupuntura tem experimentado um aumento expressivo de adeptos, tanto em
número dos que praticam como em número dos que se submetem ao seu
tratamento (LIN, HSING e PAI, 2008).
Segundo Witt et al (2008), a Acupuntura tem demonstrado resposta favorável
em alguns estudos já realizados.
A Medicina não convencional tem se tornado muito popular nos países
ocidentais nos últimos anos. A Acupuntura, um procedimento da Medicina
Tradicional Chinesa, vem sendo bem aceita, livre de efeitos colaterais relevantes,
sendo comumente usada no tratamento da dor pélvica crônica e seu uso tem sido
recentemente recomendado pelo Instituto Nacional de Saúde para o tratamento de
diversas doenças, incluindo Dismenorréia (IORNO et al, 2007).
Uma revisão citando quatro estudos, sendo dois duplo-cegos, mostrou a
Acupuntura como sendo bastante efetiva para a Dismenorréia (WHITE, 2003).
A Acupuntura no tratamento da Dismenorréia visa diminuir as dores da
paciente, melhorar seu estado emocional entre outros sintomas, mas o seu principal
objetivo é manter o equilíbrio do organismo para que assim o mesmo possa estar
em harmonia, trabalhando o paciente como um todo, melhorando sua qualidade de
vida e bem estar.
Podem ser utilizadas varias técnicas, como a Acupuntura Sistêmica,
Auriculoterapia, Moxaterapia, Laserterapia entre outras, de forma que o paciente
fique confortável e seguro. Além disso, não apresenta nenhuma contra-indicação
apenas precauções em certos casos e não tem nenhum efeito colateral sendo uma
vantagem para o tratamento do paciente.
Com base nesses dados, este estudo tem como objetivo geral verificar a
eficácia da Acupuntura no tratamento da Dismenorréia e os específicos analisar
quais são as técnicas e pontos mais utilizados.
23
2 METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento bibliográfico para a composição do trabalho,
sendo pesquisados livros de Ginecologia e Obstetrícia e Acupuntura, estando estes
no acervo da Biblioteca da Universidade de Mogi das Cruzes, assim como de uso
pessoal das pesquisadoras, além de artigos científicos nacionais e internacionais de
grande importância que abranjam o assunto, sendo os mesmos pesquisados em
meios eletrônicos como: Bireme, Scielo, Pubmed, Lilacs, Medline e Periódicos
Capes na busca em bases de dados, tendo como palavras-chave: Dismenorréia,
tratamentos para Dismenorréia e Acupuntura na Dismenorréia.
24
3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR
FEMININO
O aparelho genital feminino é constituído, em sua essência, por um tubo oco
no seu interior nas partes baixas e média, constituindo a vagina e o útero e se
bifurcando mais acima, onde se situam duas trompas e dois ovários. O sistema
genital feminino é o conjunto de órgãos encarregados da reprodução na mulher
(Figura 1), sendo que a função reprodutora feminina pode ser dividida em duas
fases principais: primeira, a preparação do corpo feminino para a concepção e
gestação; segunda, o período da própria gestação (RIBEIRO, 2005).
Figura 1: Sistema Reprodutor Feminino
Fonte: Netter, (2000).
Referindo a parte externa o aparelho genital se completa com distintas
formações que constituem a vulva e o monte de Vênus. Deste modo pode-se dividir
o aparelho genital feminino em órgãos genitais internos e externos (RIBEIRO, 2005).
25
3.1 GENITÁLIA INTERNA
3.1.1 Ovários
Os ovários, ou gônadas femininas são um par de órgãos sólidos, achatados,
ovóides esbranquiçados com dimensões de 1,5 x 3,0 x 3,5cm encontrados no
interior da pelve. Produzem os gametas femininos ou óvulos ao final da puberdade.
Além da função gametogênica, produzem também hormônios, os quais controlam os
desenvolvimentos dos caracteres sexuais secundários e atuam sobre o útero nos
mecanismos de implantação do óvulo e início do desenvolvimento do embrião. São
fixados pelo ligamento largo do útero, mas não revestidos de peritônio. Antes da
primeira ovulação, o ovário é liso e rosado, depois é branco-acinzentado e rugoso.
No final do desenvolvimento embrionário de uma menina, ela já tem todas as células
que irão transformar-se em gametas nos seus dois ovários. Estas células - os
ovócitos primários - encontram-se dentro de estruturas denominadas folículos de
Graaf ou folículos ovarianos. A partir da adolescência, sob ação hormonal, os
folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver-se. Os folículos em
desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. Mensalmente, apenas um folículo
geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, rompendo-se e liberando o
ovócito secundário (gameta feminino): fenômeno conhecido como ovulação. Após
seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo ou
amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o
tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco
(RIBEIRO, 2005).
3.1.2 Tubas Uterinas
As Tubas uterinas transportam os óvulos que romperam a superfície do ovário
para a cavidade uterina. Está incluída na borda superior do ligamento largo do útero.
Possui duas extremidades, uma se comunica com o útero e a outra com a cavidade
abdominal. A tuba é subdividida em quatro partes: porção intersticial ou intramural –
é a parte estreita que é situada na parede muscular uterina e que vai até a cavidade
uterina; porção ístma ou istmo – parte estreita da tuba próxima à inserção desta no
corno uterino; porção ampular ou ampola – é a parte mais larga, mais flácida e
mediana da tuba; terço distal ou infundíbulo – é a parte mais próxima do ovário e é
composta pelas fimbrias (RIBEIRO, 2005).
26
3.1.3 Útero
O útero é um órgão oco, com paredes musculares espessas, revestido por
uma túnica mucosa (endométrio) e destinado a receber o óvulo fecundado, a abrigar
o feto durante a gestação e a expulsá-lo no momento do parto. Está posicionado no
centro da pelve entre a bexiga e o reto. Possui paredes musculares grossas e
contráteis, tendo forma de uma pêra de dimensões variáveis entre 6,5 a 7,5 cm de
comprimento e 3 a 4 cm de largura. É normalmente dividido em: fundo, o corpo,
istmo e cérvix. O corpo comunica-se de cada lado com as tubas uterinas e a porção
que fica acima delas é o fundo. A comunicação útero vaginal dá-se através do óstio
do útero localizado na cérvix (colo), sendo uma rica fonte de prostaglandinas, já a
irrigação do útero origina-se principalmente da artéria uterina, um ramo de artéria
ilíaca interna que, terminando por anastomosar-se com a artéria ovárica, que
também participa do suprimento sangüíneo do útero (RIBEIRO, 2005).
3.1.4 Vagina
A vagina é um canal altamente elástico capaz de considerável distensão.
Possui em suas paredes uma camada de músculo liso, cujas fibras estão dispostas
longitudinal e circularmente, sendo revestido por epitélio escamoso estratificado. A
vagina liga o útero aos órgãos genitais externos (RIBEIRO, 2005).
3.2 GENITAIS EXTERNOS
Os órgãos genitais femininos externos são os lábios maiores do pudendo,
lábios menores do pudendo, o vestíbulo, o clitóris e o monte púbico, que no conjunto
formam a vulva (RIBEIRO, 2005).
27
4 FISIOLOGIA DA MENSTRUAÇÃO SEGUNDO A MEDICINA
OCIDENTAL
Para Osório (2007), a menstruação é um sangramento genital, devido a
descamação da parede funcional do útero (endométrio), onde a primeira
menstruação é classificada como menarca e a última menstruação menopausa. A
menstruação representa o epílogo dos eventos neuroendócrinos que determinam as
modificações fisiológicas no organismo. O conjunto dessas modificações, que se
repetem periodicamente e temporariamente chama-se ciclo menstrual.
O ciclo menstrual pode ser estudado em bases clínicas e neuronais. O
conhecimento da sua fisiologia é já bastante assentado, sabendo-se que ele
depende de uma interação entre cérebro, glândula pituitária, ovários e endométrio:
estímulos ambientais (nutrição, estresse, emoção, luz, odor, som) são transformados
pelo hipotálamo em neuropeptídeos; isto leva a glândula pituitária a secretar
gonadotrofinas as quais estimularão o ovário; os ovários secretam estradiol e
progesterona que, por sua vez, estimulam o endométrio a se preparar para uma
gravidez e mantêm a estimulação do hipotálamo e da glândula pituitária. Se a
gravidez não ocorre, o endométrio degenera (há o sangramento) e o ciclo se repete.
A duração média do ciclo menstrual é de 28 dias, mas pode variar de 20 a 45
dias. Didaticamente, e de acordo com as flutuações hormonais, o ciclo é dividido em
fases. Uma divisão simplificada, adotada por considerar duas fases: a folicular,
compreendendo o período do sangramento até a ovulação (inclusive), e a lútea, que
se inicia logo após, estendendo-se até o início do sangramento. Em relação aos
níveis hormonais, a fase folicular caracteriza-se pela presença de hormônio folículoestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e estrógeno, os quais levam ao
crescimento do folículo ovariano e à ovulação. A fase lútea é caracterizada pela
presença aumentada de estrógeno e progesterona. O decréscimo destes dois
hormônios ocorre com a regressão do corpo lúteo (quando não ocorreu fertilização),
gerando a degeneração do endométrio – sangramento e à ovulação (SAMPAIO,
2002).
28
5 DISMENORRÉIA SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL
5.1 CONCEITO
Dismenorréia,
deriva
do
grego
e
significa
menstruação
difícil
ou
desconfortável, que se caracteriza por dor intensa sob forma de cólica,
manifestando-se habitualmente no baixo ventre que ocorre antes ou durante o
período menstrual, de modo cíclico (BORGES et al, 2007).
5.2 PREVALÊNCIA
As taxas de prevalência de Dismenorréia referidas na literatura são muito
desiguais, embora de difícil estimativa por falta de definição precisa, é uma das
queixas mais frequentes em consultórios de ginecologia, podendo variar de 45% a
95% (GIRALDO, ELEUTÉRIO e LINHARES, 2008).
5.3 CLASSIFICAÇÃO
Pode ser classificada quanto à sua intensidade e à sua etiologia. Quanto à
sua intensidade, existem formas leves, moderadas e graves. As duas últimas podem
até mesmo, interferir no bem estar das pacientes, chegando a ser uma das mais
importantes causas de ausência no trabalho e na escola (Quadro 1). Quanto à sua
etiologia, a Dismenorréia pode ser classificada como primária ou funcional, e em
secundária ou orgânica (SCHMIDT e HERTER, 2002).
29
Quadro 1 – Qualificação multidimensional para classificar a intensidade da dor na
Dismenorréia.
Grau
Atividade diária
Grau 0: fluxo menstrual sem dores e
Não afetadas
atividades diárias não afetadas.
Grau 1: menstruação com dores,
Raramente
porém raramente inibe as atividades
afetadas
diárias ou necessitam de analgésicos.
Pouca dor.
Grau 2: incapacitação para prática de Moderadamente
atividades habituais, analgésicos são
afetadas
utilizados; faltas às atividades não são
usuais. Dor moderada.
Grau
3:
atividades
habituais
Claramente
claramente afetadas. Baixa eficácia dos
afetadas
analgésicos, presença de todos os
sintomas sistêmicos relacionados. Dor
intensa.
Sintomas
Nenhum
Analgésicos
Não
necessários
Raramente
necessários
Nenhum
Poucos
Necessários
Aparentes
Baixa eficácia
Fonte: Leite et al (2009).
5.4 ETIOLOGIA
A Dismenorréia primária é aquela que ocorre sem que haja lesões nos
órgãos pélvicos, geralmente ocorre nos ciclos menstruais normais e logo após as
primeiras
menstruações
na
adolescência,
podendo
cessar
ou
reduzir
significativamente quando a mulher atinge a faixa dos 20 anos. Quanto a sua
etiopatogenia existem muitas teorias para explicar. As principais são: 1)espasmo
vascular- onde ocorre uma vasoconstrição exagerada das arteríolas endometriais
produzindo isquemia e conseqüentemente dor; 2)espasmo muscular - devido a
contração uterina exagerada e incordenada, ou ainda uma hipersensibilidade à
contração normal; 3)espasmos musculares e vasculares
- as contrações
incordenadas agravam a dor; 4)psicogênica - o emocional atuando através do
sistema límbico sobre o organismo; 5)endócrina- a Dismenorréia ocorre em ciclos
ovulatórios, quando há atuação da progesterona; 6)prostaglandina – teoria de maior
conotação terapêutica. É uma substância que estimula a contração dos músculos
lisos levando a uma hipercontratilidade do miométrio (RIBEIRO, 2005).
Segundo Diegoli e Diegoli (2007), as prostaglandinas (Pg) são ácidos graxos
constituídos por 20 átomos de carbono, derivados do ácido aracdônico e são
produzidos em diversos órgãos (útero, estômago, rim, etc.). Sob a ação das
fosfolipases A2, os fosfolipídeos da membrana celular liberam o ácido araquidônico,
30
que é convertido em endoperóxidos ou prostaglandinas G2, isoprostanos e
leucotrienos. A ação da isomerase redutase nos endoperóxidos produz as
prostaglandinas (Pg F2a, Pg E2 e Pg D2).
Figura 2 - Fisiopatologia da Dismenorréia primária
Fonte: Giraldo, Eleutério e Linhares, 2008.
A liberação das prostaglandinas F2a pelo endométrio provoca contração da
musculatura uterina, com conseqüente aumento do tônus uterino e da pressão
intramiometrial. O aumento da pressão acarreta compressão do plexo vascular e
nervoso do útero e, conseqüentemente, dor. Quanto menor for o volume uterino e/ou
maior for a produção de prostaglandina, maior será concentração de Pg F2a intrauterino e mais intensa será a dor, isso explica porque a Dismenorréia é mais comum
e frequente nas adolescentes: possuem menor volume uterino. Com o crescimento,
amadurecimento e gestação, o útero e o colo uterino se distendem diminuindo
definitivamente a concentração de prostaglandinas e a dismenorréia (DIEGOLI e
DIEGOLI, 2007).
Para Giraldo, Eleutério e Linhares (2008), um aumento anormal na
contratilidade miometrial é observado em mulheres com Dismenorréia. Isso ocorre
31
porque, após a queda de progesterona no fim do ciclo ovulatório, antes da
menstruação, ácidos gordurosos ômega-6, particularmente acido aracdônico, são
liberados e uma cascata de prostaglandinas e leucotrienos é iniciada, ocasionando
uma elevada produção de prostaglandinas E2 e F2-a no útero que, por sua vez,
causaram vasoconstrição e contração muscular (Figura 2). O aumento de
leucotrienos determina os sintomas sistêmicos da Dismenorréia. O ácido aracdônico
é transformado em prostaglandinas através de sistema de enzimas denominado de
“via das cicloxigenases”. Quadros de Dismenorréia mais severos têm sido
associados a maior quantidade de níveis de prostaglandinas, principalmente nos
primeiros dois dias da menstruação.
A Dismenorréia secundária compreende 5% onde há uma causa orgânica que
explique sua origem, ou seja, existe uma alteração anatômica no sistema
reprodutivo. Nestes casos, a dor pode se apresentar de modo atípico imediatamente
a partir da menarca ou numa idade mais avançada (Tabela 1). A dor associada
depende da causa básica, dentre as causas de Dismenorréia secundária com
origem ginecológica, as mais comuns são: inflamações pélvicas, varizes pélvicas,
tumores pélvicos, adenomiose, endometriose, pólipos, miomas, uso de DIU, cistos
ovarianos, estenose cervical, malformações congênitas do trato urinário (SCHMIDT
e HERTER, 2002).
Fonte: Giraldo, Eleutério e Linhares, 2008.
De acordo com Diegoli e Diegoli (2007), em relação à etiopatologia da
Dismenorréia secundária as prostaglandinas também estão presentes, mas o fator
32
desencadeante é anatômico (causado por mioma, congestão pélvica, malformação
uterina etc.) e, portanto, a dor provocada pela liberação das prostaglandinas se
associa a outros sintomas da doença de base. A obstrução à eliminação das
prostaglandinas, associada aos fenômenos inflamatórios da doença de base, mais o
fator psicológico do sofrimento repetitivo, acabam potencializando os sintomas,
tornando a dor mais prolongada e mais intensa.
Para Giraldo, Eleutério e Linhares (2008), é um quadro que, apesar de ser
muito freqüente, não tem um diagnóstico preciso dificultando conhecer sua real
prevalência entre as mulheres. O seu diagnóstico diferencial se baseia na anamnese
e no exame físico, podendo haver necessidade de métodos auxiliares, como ultrasonografia transvaginal, histeroscopia e laparoscopia. Além da dor pélvica cíclica,
outros sintomas podem associar-se com a Dismenorréia primária, resultando,
freqüentemente em alterações psicológicas. Este quadro álgico associa-se à ação
de prostaglandinas decorrentes da queda prévia dos níveis de progesterona na fase
de
pré-menstruação.
Os
antiinflamatórios
não
hormonais,
seguidos
pelos
contraceptivos orais, são a forma mais comum de tratamento, embora existam
alternativas.
33
6 TRATAMENTOS DA DISMENORRÉIA
Segundo Diegoli e Diegoli (2007) a Dismenorréia é uma das principais causas
de abstinência ao trabalho. Durante séculos foi considerada como um problema
psicológico, relacionado à negação da feminilidade e que melhorava com o
casamento. Somente após a descoberta das prostaglandinas a sua fisiopatologia foi
esclarecida e novos tratamentos puderam ser utilizados. A abordagem terapêutica e
o tratamento da Dismenorréia podem ser efetuadas em três etapas: 1) drogas ou
medidas que atuam diretamente nas prostaglandinas, como os antiinflamatórios não
hormonais, hormônios ou calor local; 2) medicamentos que relaxam a musculatura
uterina, como os antiespasmódicos; 3) drogas ou medidas que interferem com a dor,
tanto em nível periférico como central, tais como analgésicos, Acupuntura,
psicotrópicos.
6.1 MEDICAMENTOSO
De acordo com Giraldo, Eleutério e Linhares (2008) o tratamento
medicamentoso é direcionado ao alívio dos sintomas e podem ser utilizados:
6.1.1 Analgésicos e AINEs (Antiinflamatório não esteroidal)
É a primeira linha no manejo da Dismenorréia primária. Agem pela redução
da atividade da via da cicloxigenase, inibindo a síntese de prostaglandinas. Dentre
os AINEs há relatos de melhora entre 17% e 95% das mulheres nos mais diferentes
estudos. Inibidores específicos de COX-2 têm sido bastante efetivos contra
dismenorreia.
6.1.2 Contraceptivos Hormonais
Agem por inibição da ovulação e reduzem a proliferação endometrial,
limitando a produção de prostaglandinas. Embora ainda não existam estudos
robustos para evidência de eficácia deles no tratamento da Dismenorréia, acreditase que haja benefício em torno de 65% das mulheres que utilizam esta forma
terapêutica.
34
6.1.3 DIU com Levonorgestrel (MIRENA)
Até 50% das mulheres se tornam amenorréicas após 12 meses e redução da
Dismenorréia tem sido relatada. O dispositivo demonstrou ser efetivo contra
Dismenorréia secundária associada à endometriose após um ano. Benefícios deste
dispositivo: efetiva contracepção e em muitos casos elimina o sangramento
menstrual, função ovariana é mantida para mulheres climatéricas que necessitam
tratamento hormonal, a terapia pode ser só com estrógeno (GIRALDO, ELEUTÉRIO
e LINHARES, 2008).
6.2 FISIOTERAPIA
De acordo com Costa e Braz (2005), existem inúmeros recursos
Fisioterapêuticos para diminuir a severidade dos sintomas da Dismenorréia ou até
mesmo para eliminar a dor, promovendo, assim, a analgesia. Entre eles destacamse a Termoterapia e a Crioterapia. A Termoterapia consiste em aplicações de calor,
e a Crioterapia, em aplicação de gelo ou outros elementos frios. Esses tratamentos
fisioterápicos são utilizados como recursos terapêuticos.
6.3 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA TRANSCUTÂNEA (TENS)
A estimulação elétrica transcutânea (TENS) vem sendo muito utilizada como
recurso não farmacológico no alívio da dor, nas mais diversas doenças. Suas
aplicações variam conforme a intensidade, a freqüência, a largura do pulso na
estimulação e a colocação dos eletrodos sobre a pele. Observa-se que seu uso vem
sendo cada vez mais freqüente nas doenças ginecológicas que cursam com dor,
principalmente em pós-operatório de laparotomias, Dismenorréias primárias,
vulvodinias, cefaléias pré-menstruais, distúrbios dolorosos da tensão pré-menstrual
(TELLES e AMARAL, 2007).
6.4 ATIVIDADE FÍSICA
Outra provável forma de tratamento da Dismenorréia envolve a prática de
atividades físicas. Acredita-se que a atividade física promova melhor funcionamento
dos órgãos pélvicos e extrapélvicos por adequar o metabolismo, o equilíbrio
hidroeletrolítico, as condições hemodinâmicas e o fluxo sanguíneo, principalmente
na região pélvica, o que contribui para significativa redução da Dismenorréia. Além
35
dos benefícios citados, a atividade física também pode promover um fenômeno
chamado de analgesia pelo exercício físico, por meio de mecanismos endógenos e
de liberação de opióides que agiriam aumentando o limiar de dor (QUINTANA et al,
2010).
6.5 DANÇA DO VENTRE
De acordo com Cardoso e Leme (2003), a dança do ventre no tratamento da
Dismenorréia mostrou que a grande maioria das praticantes apresentou um alívio
não apenas quanto á dor pélvica, mas também nos inúmeros sintomas incômodos
associados ao período menstrual. Relacionado à contribuição desta dança de
origem oriental para a redução da Dismenorréia e a semelhança entre os seus
principais movimentos e os utilizados na fisioterapia, demonstra-se a possibilidade
de contribuição da cinesioterapia para o alívio do desconforto menstrual.
36
7 ACUPUNTURA
A teoria da Medicina Tradicional Chinesa é extremamente complexa e
originou há milhares de anos através da observação meticulosa da natureza, o
cosmos e o corpo humano. As principais Teorias da MTC incluem o Yin-Yang,
os Cinco Elementos, Qi e Sangue, e Zang-Fu (Teorias dos Órgãos e Vísceras). Na
MTC, o entendimento do corpo humano está baseada na compreensão holística do
universo, conforme descrito no taoísmo e no tratamento da doença baseia-se
principalmente no diagnóstico e na diferenciação de síndromes (ZHOU E QU, 2009).
Segundo Yamamura (2009, p.LVI), a Acupuntura é um antigo método
terapêutico chinês que se baseia na estimulação de determinados pontos do corpo
com agulha ou com fogo, a fim de restaurar e manter a saúde. A Acupuntura foi
idealizada dentro do contexto global da filosofia do Tao e das concepções filosóficas
e fisiológicas que norteiam a Medicina Tradicional Chinesa. A concepção dos Canais
de Energia e dos pontos de Acupuntura, o diagnóstico energético e o tratamento
baseiam-se nos preceitos do Yang e do Yin, dos Cinco Movimentos, da Energia QI e
do Xue (Sangue).
As Teorias Yin e Yang e dos Cincos Elementos são dois aspectos do
materialismo simples e da dialética que datam da China antiga. A Medicina
Tradicional Chinesa emprega estas teorias para explicar as funções fisiológicas do
organismo, as mudanças patológicas e as relações internas dos órgãos e também
para explicar as leis gerais do diagnóstico e tratamento ( TIAN, 1993, p.03).
O mesmo autor afirma que o conceito Yin e Yang sintetiza as duas partes
contraditórias e complementares dos fenômenos da natureza que se relacionam
mutuamente. Podem representar dois fatores opostos, assim como duas partes que
compõem a essência de um aspecto. A natureza de Yin ou Yang não é absoluta,
mas relativa, já que a existência é determinada pelas condições interiores.
Yin e Yang também servem de base para diagnóstico e determinam os
princípios de tratamento. Todas as síndromes podem ser classificadas em
síndromes Yin ou síndromes Yang, sendo que na prática clinica usa-se mais a
diferenciação segundo os Oito Princípios, sendo síndromes Yin (Interior, Frio e
Deficiência), já as síndromes Yang (Exterior, Calor e Excesso). Para tratarmos a
37
doença seja ela de característica Yin ou Yang devemos tonificar ou sedar de acordo
com cada caso (TIAN, 1993, p.07).
A Teoria dos Cinco Elementos sustenta que a natureza está constituída por
cinco substâncias: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. O desenvolvimento e as
mudanças de todas as coisas e de todos os fenômenos são resultados do
movimento contínuo, da intergeração, da dominância entre os Cinco Elementos. Na
Medicina Tradicional Chinesa, esta teoria aplica-se principalmente para explicar as
características fisiopatológicas dos órgãos internos e dos tecidos do corpo, as
relações fisiopatológicas entre eles e as relações entre o corpo e o meio ambiente
que é sempre mutante, assim, essa teoria pode servir de guia para o diagnóstico e
para o tratamento (TIAN, 1993, p.07 e 08).
A diferenciação segundo os Oito Princípios é o diagnóstico sindrômico mais
básico na Medicina Tradicional Chinesa e vai servir para orientar os diagnósticos
mais complexos. Por isto, é o primeiro passo que deve ser tomado na análise dos
sinais e sintomas do paciente. A precisão do diagnóstico sindrômico do paciente é
fundamental para que o tratamento seja acertado, pois apenas com a compreensão
do desequilíbrio apresentado pelo paciente é que é possível corrigi-lo. O diagnóstico
segundo os Oito Princípios é que vai iniciar o processo de compreensão da natureza
da desarmonia apresentado pelo paciente, sendo assim, considerado quatro critérios
básicos que admitem dois opostos que são os Oito Princípios; onde está a doença
(profundidade se está no Exterior ou Interior), quais as características da
manifestação da doença (Calor ou Frio), qual a intensidade da doença (Excesso ou
Deficiência) e qual é a natureza (Yang ou Yin) (ANTUNES et al, 1993).
7.1
DISMENORRÉIA
SEGUNDO
A
MEDICINA
TRADICIONAL
CHINESA
Para a Medicina Chinesa a etiologia da Dismenorréia é caracterizada por
tensão emocional, atividade sexual excessiva e partos, fator patogênico FrioUmidade, esforço excessivo e doença crônica. Quando as emoções ficam
reprimidas impedem a circulação de Qi gerando Estagnação de Xue (Sangue) na
matriz (útero e anexos), a presença de Frio Perverso (bebidas frias durante a
menstruação) que impede a circulação do Qi, obstruindo os canais de energia
relacionados a matriz ou por uma doença grave ou crônica onde a energia do Xue
38
(Sangue) fica insuficiente e os vasos são mal nutridos, impedindo o fluxo da
menstruação (TIAN, 1993, p.589).
As etiologias nos períodos menstruais dolorosos são estresse emocional
como raiva, frustração, ódio e ressentimento que são fatores muito importantes que
podem levar a Estagnação de Qi do Fígado e essa Estagnação faz com que o
Sangue do Útero se estagne gerando dor, em alguns casos o Qi estagnado do
Fígado pode se converter-se em Fogo e este por sua vez leva o Calor no Sangue
que combina com Umidade Calor no Útero (MACIOCIA, 2000, p.209).
A exposição excessiva ao Frio e a Umidade também geram períodos
dolorosos na menstruação, especialmente na puberdade onde o Frio pode invadir o
Útero, com o Frio o Útero se contrai e gera a Estase de Sangue. As mulheres são
mais propensas a invasão do Frio no Útero durante e logo após a menstruação
quando o Útero e o Sangue estão em relativo estado de fraqueza e também quando
apresentam uma condição pré existente de Deficiência de Yang. Outra causa seria o
excesso de trabalho físico e doença crônica que levam a Deficiência do Qi e do
Sangue, especialmente do Estômago e Baço. A Deficiência do Sangue leva à má
nutrição dos Canais Chong Mai e Ren Mai, de modo que o Sangue não tem força
para mover-se adequadamente gerando Estagnação e dor. A atividade sexual
excessiva e número de partos enfraquecem os Rins e o Fígado induzindo a um
Vazio nos Canais Chong Mai e Ren Mai de modo que eles não podem mover
adequadamente o Qi e o Sangue causando dor (MACIOCIA, 2000, p.210).
De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa existem duas formas de
Dismenorréia, a de Plenitude (Excesso) e a de Vazio (Deficiência). A de Plenitude
caracteriza-se pela antecipação do fluxo menstrual em torno de cinco dias ou mais,
associados a aumento de fluxo sanguíneo, que apresenta cor vermelho-vivo,
tendendo
a
vermelho-escuro
e
acompanha
sintomas,
como,
nervosismo,
irritabilidade, cefaléia, enxaqueca, vertigens, náusea, e vômitos. Pode ser
ocasionada por emoções reprimidas que aumentam o Yang do Fígado. Entretanto a
de Padrão Vazio caracteriza-se pelo atraso menstrual em torno de cinco dias ou
mais e se instala após o início da menstruação, associando-se a diminuição do fluxo
sanguíneo, e com cor pálida. Manifestações de astenia psicomotora, fadiga,
palpitações, desânimo, lombalgia, distúrbios digestivos são freqüentes nessas
pacientes. Deve-se a Deficiência da Energia do Shen (Rins) que leva a insuficiência
energética e desnutrição do útero. Pode também ser conseqüência à penetração de
39
Frio Perverso, frente ao Vazio do Shen (Rins), promovendo a Estagnação de Xue
(Sangue) na matriz (YAMAMURA, 2009, p.886).
O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa envolve dois processos
diferentes: o diagnóstico etiológico e o sindrômico. O diagnóstico etiológico visa
levantar quais as causas da doença, para afastar possíveis agentes que estejam
prejudicando o paciente e dificultando o tratamento, já o diagnóstico sindrômico tem
como objetivo identificar a natureza do desequilíbrio orgânico representado pela
doença, onde se encontra a quem afeta. O diagnóstico sindrômico na Medicina
Tradicional Chinesa, chama-se Diferenciação dos Sinais e Sintomas e consiste em
agrupar os sinais e sintomas segundo seus significados. Para tanto utiliza-se um
sistema referencial para orientar a linha de raciocínio. Por isto, existem várias
diferenciações (Padrões Sindrômicos) na Medicina Chinesa, de acordo com o que
está ocorrendo e qual o sistema que está sendo mais afetado (ANTUNES et al,
1993).
Para Maciocia (2000, p.211), o diagnóstico é realizado através da época de
instalação da dor, se ocorre dor antes e durante o período menstrual é caracterizado
por um Padrão de Plenitude, enquanto que a dor após o mesmo é um Padrão de
Vazio, se melhora com a pressão e com Calor apresenta um quadro de Vazio e Frio,
entretanto se piora com a pressão e melhora com o Frio temos em quadro de
Plenitude e Calor. Com relação a característica da dor, as dores que melhoram após
eliminação de coágulos indica Estase de Sangue; a dor com distensão indica
Estagnação de Qi; em queimação, Calor no Sangue; tipo cólica, Frio no Útero; em
pontada, Estase de Sangue; dor em repuxamento para baixo antes do período
menstrual indica Estase de Sangue, e em repuxamento após o período menstrual,
Deficiência dos Rins. Perguntas sobre o ciclo também são importantes para o
diagnóstico como se o ciclo é prolongado (períodos menstruais atrasados) e o
sangue menstrual é escuro e coagulado, indica Estase de Sangue, se o Sangue
menstrual é vermelho com pequenos coágulos escuros indica Frio no Útero, agora
se o ciclo é curto e o período menstrual abundante e o Sangue é vermelho-brilhante,
indica Calor no Sangue.
40
7.2 FISIOLOGIA FEMININA SEGUNDO A MEDICINA TRADICINAL
CHINESA
De acordo com Maciocia (2000, p.07) a fisiologia feminina é dominada pelo
Sangue uma vez que o Aquecedor Inferior abriga o Útero que supre o Sangue. Nas
mulheres o Sangue não é apenas a origem de ciclos menstruais, mas também de
fertilidade, concepção, gravidez e parto.
Na concepção da Medicina Tradicional Chinesa, a mulher é tida como Yin e o
homem como Yang. Sua fisiologia deve ser vista através de seu ciclo menstrual,
suas secreções, a gravidez, o parto e a lactação. Apesar da mulher ser Yin,
apresenta aspectos em sua fisiologia Yang, assim o mesmo acontecendo com o
homem. A fisiologia feminina está baseada no Sangue, e a masculina no Qi
(MASTROROCCO, 2007).
Para uma mulher, a energia dos Rins se torna ativa quando ela faz sete anos.
Seu Tian Gui (substância necessária à promoção do crescimento, desenvolvimento
e função reprodutora do corpo humano) surge na idade de quatorze anos. Por esta
época, seu canal Ren Mai começa a ser posto a prova e seu canal Chong Mai se
torna próspero e sua menstruação começa a aparecer. Já que todas as condições
fisiológicas estão maduras, ela pode engravidar. O crescimento da energia dos Rins
atinge o status normal de um adulto por volta da idade de vinte e um anos. Por volta
da idade de vinte e oito anos o desenvolvimento dos tecidos e dos pêlos de todo o
corpo é florescente, sendo que neste estágio seu corpo atravessa a condição mais
forte. O físico da mulher muda da prosperidade para o declínio gradativamente após
a idade de trinta e cinco anos, assim nessa época, seu canal Yangming começa a
ficar debilitado, sua face enfraquece e seus cabelos começam a cair. Por volta da
idade de quarenta e dois anos, seus canais Yang (Taiyang, Yangming e Shaoyang)
começam a declinar. Após a idade de quarenta e nove anos seus canais Ren Mai e
Chong Mai declinam, sua menstruação some (MASTROROCCO, 2007).
41
7.3 FISIOLOGIA DA MENSTRUAÇÃO SEGUNDO A MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA
De acordo com Maciocia (2000, p.9), o ciclo menstrual esta dividido em quatro
fases: Fase Menstrual – dura em média cinco dias, é a fase onde o Sangue se
movimenta, e depende do livre fluxo de Qi e do Sangue do Fígado; Fase pósmenstrual – dura em média sete dias, durante esta fase o Sangue e o Yin estão
relativamente vazios e os Canais Chong Mai e Ren Mai estão exauridos; Fase do
meio do ciclo – dura em média sete dias, é a fase onde o Sangue e o Yin enchem
os Canais Chong Mai e Ren Mai gradualmente e Fase pré-menstrual – dura em
média sete dias, o Qi Yang sobe e o Qi do Fígado se movimenta para preparar o
ciclo, a mobilização do Qi do Fígado é essencial para mover o Sangue durante o
ciclo menstrual.
É necessário distinguir estas quatro fases dentro do ciclo menstrual (Figura
3), pois o principal tratamento e estratégia podem, frequentemente, ser decididos
baseando-se nelas. Podem ser identificados quatro diferentes tipos de tratamentos
em cada fase; na Fase menstrual - movimentar o Sangue se o ciclo é escasso; parar
a hemorragia se esta é intensa; na Fase pós-menstrual - nutrir o Sangue e o Yin
(Fígado e Rins); entretanto na Fase do meio do ciclo - promover a ovulação nutrindo
a Essência (Rins) e na Fase pré-menstrual - tonificar o Yang se este está deficiente;
movimentar o Qi do Fígado se este está estagnado. Essas fases também podem ser
usadas para adaptar a estratégia de tratamento ao tempo do ciclo, se queremos
nutrir o Sangue, a segunda fase seria mais indicada, se queremos tonificar o Fígado,
os Rins e especialmente a Essência, a segunda e terceira fases seriam mais
apropriadas e para movimentar o Qi do Fígado, a quarta fase seria a mais adequada
(MACIOCIA, 2000, p.9).
Na Medicina Tradicional Chinesa, os detalhes específicos do ciclo menstrual
(volume, duração, aparência de fluxo) são apenas os fenômenos de superfície. As
causas dos distúrbios menstruais são as disfunções dos órgãos internos;
Desarmonia do Qi, Sangue e Fluidos Corporais; Desequilíbrio dos Meridianos Ren
Mai e Du Mai e a irregularidade do Rim. Em qualquer tipo de distúrbio menstrual, o
Sangue é fundamental para a regulação do ciclo menstrual sendo que a regulação
de Sangue é sempre necessária (ZHOU E QU, 2009).
42
Figura 3 – As quatro fases do ciclo menstrual
Fonte: Maciocia (2000, p.10)
7.4 ÓRGÃOS, VISCERAS E A MENSTRUAÇÃO
Os cinco Zang (órgãos) são os responsáveis pela criação e fluxo do Qi e do
Xue, sendo o Xin (Coração) que impulsiona o Xue (Sangue), o Fei (Pulmão) que
rege o Qi, o Gan (Fígado) que armazena o Xue (Sangue), o Pi (Baço/Pâncreas) que
produz o Xue (Sangue) e o Shen (Rins) que conserva o Jing (Essência).
Considerando que a fisiologia feminina está baseada no Xue (Sangue), estão
43
diretamente envolvidos neste processo o Shen (Rins), o Gan (Fígado), o Coração
(Xin), o Pi (Baço/Pâncreas), o Wei (Estômago) e o Útero. Também estão
diretamente envolvidos os meridianos extraordinários Chong Mai, Ren Mai e Du Mai
(MASTROROCCO, 2007).
Os Rins são a raiz da Essência Pré-Natal e de Qi Original, armazenam a
Essência que é a base para formação do Sangue menstrual. Sua Essência origina a
formação de Tian Gui (Gui Celestial) substância material do Sangue menstrual, e é
na puberdade que o Gui Ceslestial é cristalizado originando os ciclos. Os Rins
também influenciam os sistemas reprodutivos das mulheres através dos Canais
Curiosos Du Mai, Ren Mai e Chong Mai (MACIOCIA, 2000, p.10-11).
O Fígado é um órgão importantíssimo na menstruação, entre outras funções,
é o responsável pelo armazenamento e a regulação do volume do Sangue pelo
corpo, além de ser responsável pelo fluxo suave de Qi, portanto, este órgão é muito
importante na fisiologia feminina, especialmente quanto ao fluxo menstrual, pois é o
Útero quem armazena o Sangue oriundo do Fígado, e estando este deficiente irá
provocar mudanças no padrão menstrual (amenorréia, oligomenorréia), como
também, se estiver em excesso irá provocar menorragia ou metrorragia. Pelo fato de
ser o Qi o responsável pelo fluxo de Xue (Sangue), sua estagnação pode provocar o
surgimento de Dismenorréia, alterações no ciclo menstrual e tensão pré-menstrual
(MASTROROCCO, 2007).
O Baço (PI) é o responsável pela produção de Sangue (Xue) e Qi, a partir da
transformação dos nutrientes e fluidos (Qi dos alimentos), vindos do Estômago
(Wei), e de seu transporte. Esta associação (Pi/Wei), também é chamada de Raiz do
Qi Pós Celestial, pois a partir dos alimentos e fluidos ingeridos, o Baço (Pi) extrai o
Qi dos alimentos (Gu Qi - base para a formação do Qi e Xue), e no Pulmão (Fei) se
combina com o ar formando o Qi Toráxico, que é a base para o Qi Verdadeiro (Zhen
Qi). O Qi dos Alimentos (Gu Qi) também é a base para a formação do Sangue (Xue),
que acontece no Coração (Xin), que o controla. Frente ao exposto, entende-se que o
Baço desempenha papel fundamental na fisiologia feminina já que sua Deficiência
se manifesta por alterações do fluxo menstrual (MASTROROCCO, 2007).
O Qi do Baço também tem a importante função de manter o Útero no lugar
através de seu movimento ascendente, sendo que se houver desmoronamento do
Qi pode causar prolapso uterino ou da bexiga, o Qi do Baço também aglomera
44
Sangue, e se ocorrer a sua Deficiência o Sangue pode tornar-se aguado causando
menorragia (MACIOCIA, 2000, p.13).
O Coração entre suas inúmeras funções governa o Sangue, através da
transformação do Qi dos Alimentos em Sangue (Xue) como também por sua
circulação, o que por si só tem enorme influência sobre a menstruação (Figura 4).
Além da conecção existente com o Útero pelo Canal do Útero (Bao Mai), outra
influência do Coração (Xin) sobre a fisiologia feminina é que a Essência do Rim
forma o Gui Celestial (Sangue menstrual) com a ajuda do Yang do Coração
(MACIOCIA, 2000, p.13).
O Pulmão é o órgão que apresenta menor influência sobre a menstruação,
podendo através de sua Deficiência, nos casos em que a tristeza e a mágoa
induzem a diminuição do Qi, ocasionar amenorréia (MASTROROCCO, 2007).
O Estômago é importante na fisiologia feminina devido a sua ligação com o
Baço na origem do Qi e Xue, sendo também conhecido junto com o Baço como a
“Raiz do Qi Pós Celestial”. O Estômago está conectado ao Útero pelo Canal Chong
Mai, que causa enjôo matinal durante a fase inicial da gravidez. Quando o Estômago
esta deficiente afeta o Coração e o Baço, podendo causar amenorréia e escassez
dos períodos menstruais. Outro aspecto que deve ser comentado é o trajeto do
meridiano que passa pelas mamas influenciando assim a lactação, como também, o
fato do leite materno ser, na concepção da MTC, uma transformação do Sangue
menstrual no canal Chong Mai, e este é suplementado pelo Qi Pós Natal extraído do
alimento que por sua vez depende do Estômago (MASTROROCCO, 2007).
O Útero (Zi Gong) é um órgão classificado como Extraordinário, pois
apresenta forma de um órgão Yang e função de um órgão Yin, isto é, sua cavidade
tem a função de drenagem (Yang) ao mesmo tempo em que armazena o Xue e
nutre o feto (Yin). Está conectado aos Rins através de um meridiano chamado
“Meridiano do Útero” (Bao Luo) e ao Coração (Xin) pelo meridiano “Canal do Útero”
(Bao Mai), o que nos permite dizer que tanto o fluxo menstrual como a fertilidade
dependem do estado da Essência do Rim e do Sangue do Coração, portanto, a
Deficiência do Rim como do Coração podem provocar infertilidade ou amenorréia.
Na concepção da MTC o Útero não corresponde única e exclusivamente a um órgão
único e sim ao conjunto formado pelo útero, trompas e ovários, o que nos permite
entender que o Útero e os Rins respondem pelas funções do sistema reprodutivo e
em especial do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (MACIOCIA, 2000, p.08).
45
O Útero tem as seguintes funções: receber a essência do Rim e promover a
fertilidade; receber o Sangue do Fígado e promover os ciclos menstruais; proteger o
feto e promover o nascimento e têm relação com os canais extraordinários Chong
Mai e Ren Mai (ANTUNES et al, 1993).
Figura 4 – Órgãos Internos e a Menstruação
Fonte: Maciocia (2000, p.15)
46
7.5 VASOS MARAVILHOSOS E A MENSTRUAÇÃO
Segundo Maciocia (2000, p.14), a função menstrual depende de três Vasos
Maravilhosos: Du Mai, Ren Mai e Chong Mai, mais particularmente do segundo e
terceiro. Todos os três canais surgem do espaço entre Rins onde pulsa a Força
Motriz e, assim fluem, através do Útero nas mulheres e da “Sala do Esperma” nos
Homens.
Dentre os Vasos Maravilhosos, destacam-se os meridianos Ren Mai, Du Mai
e Chong Mai no que se refere a fisiologia feminina e em especial a função
menstrual. Estes meridianos se originam entre os Rins (Força Motriz - Don Qi),
descendem para o períneo, quando se dividem em três ramos, o Chong Mai
considerado como “Mar de Sangue”, o Du Mai que é governador dos meridianos
Yang e o Ren Mai, governador dos meridianos Yin (MASTROROCCO, 2007).
Segundo Yamamura (2009, p.440), o canal Ren Mai (Figura 5) nasce no Shen
(Rins) e vai para os órgãos geniturinários inserido-se no períneo; sobe para o púbis
e vai até a face pela linha mediana anterior do corpo; quando chega aos lábios,
contorna-os e penetra as gengivas, unindo-se ao Canal do Du Mai no ponto VG28.
Divide-se em dois ramos, cada um, indo pela face até o ponto E1 do Canal de
Energia do Wei (Estômago); penetra nos olhos.
Este meridiano está conectado ao Yin, a Essência e Fluidos (oposto do
Chong Mai que está na sua grande maioria, relacionado com Sangue e Qi) e se
conecta aos três meridianos Yin, o que o torna o “Mar de Meridianos Yin”. Devido a
esta característica, o Ren Mai fornece as substâncias Yin (Yin Qi, Essência, Sangue,
fluidos) para todos os processos fisiológicos da mulher, e em especial aos
relacionados a processos hormonais (puberdade, concepção, gravidez, parto,
menopausa), ao contrário do Chong Mai que está mais relacionado com o Sangue e
a menstruação e a maioria de suas irregularidades (MACIOCIA, 2000, p.16).
47
Figura 5: Trajeto interno e externo do Canal de Energia Ren Mai (Vaso Concepção)
Fonte: Yamamura (2009, p.441)
De acordo com Yamamura (2009, p.406), os Canais de Energia Du Mai e Ren
Mai têm origem no Shen (Rins) e nas glândulas supra-renais, comunicando-se
igualmente com o Yin e o Yang do universo. O Canal Du Mai (Figura 6) vai do Shen
(Rins) para os órgãos urogenitais, depois para o períneo, inserindo-se no ponto VC1,
que significa “reunião dos Yin”. Desse ponto vai para o VG1, seguindo pela coluna
48
vertebral até a região da nuca onde, no ponto VG16 penetra no encéfalo,
reaparecendo no topo do crânio, no ponto VG20, que significa “cem reuniões”.
Desse ponto segue para a fronte, para o nariz e o lábio superior até a mucosa
gengival, no ponto VG28, onde se une ao Canal de Energia Tendinomuscular do
Wei (Estômago) e ao Canal de Energia Ren Mai (Vaso Concepção).
Este meridiano é de origem Yang e se conecta com todos os meridianos
Yang, o que lhe dá o status de governador do Yang. Do ponto de vista da MTC, o Du
Mai (Yang) e o Ren Mai (Yin) se completam, promovendo o equilíbrio energético do
organismo, e especificamente na fisiologia feminina, o Du Mai e o Ren Mai devido a
mesma origem, passando pelo Útero, emergindo no períneo, ascendendo pelo dorso
e pela frente, respectivamente, conectando-se com o Coração e atingindo a cabeça
e o cérebro caracterizando um circuito energético contínuo. Este circuito devido a
estas características conecta o Útero aos Rins e o Coração ao Cérebro, o que
explica a influência dos problemas emocionais e mentais sobre a menstruação,
função ovariana e vice versa. Por outro lado, este circuito conecta-se à Essência
(Rins), ao Sangue (Útero e Coração) a Medula (espinha e Rins) e Mar de Medula
(Cérebro), o que na visão da medicina ocidental representa o eixo hipotálamohipófise-ovariano, responsavel pela ovulação (MACIOCIA, 2000, p.18).
Com relação a menstruação o Canal Du Mai tem a função de manter um bom
equilíbrio entre Yin e Yang, ou seja, surge a partir do Útero como os Canais Chong
Mai e Ren Mai, mas representa aspecto Yang. No entanto, a implicação importante
do trajeto em ginecologia é o fato de estender um ramo para frente do corpo,
envolvendo a vagina, onde muitas vezes pode ser escolhido para tratamento de
problemas na genitália (MACIOCIA, 2000, p.18).
49
Figura 6: Trajeto interno e externo do Canal de Energia Du Mai (Vaso Governador)
Fonte: Yamamura (2009, p.407)
O Canal de Energia Chong Mai (Figura 7) é um Canal profundo, proveniente
do Shen (Rins), que comporta três zonas importantes de ramificação: tórax, abdome
e membros inferiores. Ele transporta a Energia Ancestral do Shen (Rins) como as
Energias Yong e Wei. A Energia Ancestral tem por função regularizar a temperatura
do corpo e transportar os Líquidos Orgânicos aos tecidos e as articulações
(YAMAMURA, 2009, p.473).
O Canal de Energia Chong Mai origina-se do Shen Qi (Rins) e vai para os
genitais, unindo-se ao VC1, onde se divide em dois ramos: um ramo posterior que
vai para a face anterior da coluna vertebral, chamado Canal Interno do Chong Mai;
um ramo anterior que segue o trajeto do Canal de Energia Ren Mai até o VC4, após
50
o qual passa a percorrer o Canal de Energia Principal do Rim até o ponto R11, indo
pela parede anterior do abdome até o ponto R21. O Canal de Energia Chong Mai,
possui numerosa ramificações que se comunicam com o Canal de Energia
Tendinomuscular do Wei (Estômago). O Chong Mai, utilizando-se do Canal de
Energia Principal do Rim, vai para o tórax até o ponto R27 e, nesse trajeto torácico,
emite ramificações para os espaços intercostais. Do ponto R27, o mesmo Canal vai
até a garganta, unindo-se ao Canal de Energia Ren Mai no ponto VC23, seguindo
depois para a face, onde contorna os lábios, indo até os olhos (YAMAMURA, 2009,
p.474).
Do ponto R11 do Canal de Energia do Rim parte para o Canal de Energia
Secundário que desce pela face medial da coxa, onde se integra ao Canal do Rim,
indo para o tornozelo, maléolo medial da tíbia e margem medial do pé. Nesse trajeto,
emite numerosas ramificações para diferentes regiões do membro inferior. Do ponto
R11 parte para outro Canal de Energia Secundário que passa para o E30, descendo
obliquamente ao tornozelo, indo para o maléolo medial da tíbia e para o hálux,
contornando-o e retornando ao maléolo medial da tíbia (YAMAMURA, 2009, p.474).
O Canal Chong Mai é provavelmente o mais importante dos Canais e pode
ser considerado a origem de todos eles. Tem uma profunda influência na
menstruação na medida em que é o Mar de Sangue. Este Canal influencia o
suprimento e movimento próprio do Sangue no Útero e controla a menstruação em
todos os aspectos (Figura 8). As alterações que ocorrem nos Canais Chong Mai e
Ren Mai determinam as alterações hormonais nas mulheres em intervalos de
aproximadamente 7 anos, além disso, os mesmos regulam o Útero, a menstruação,
nutrem e movimentam o Sangue, podem ser utilizados em casos de Dismenorréia,
períodos menstruais irregulares, tensão pré-menstrual e menorragia. Se o Canal
Chong Mai está Vazio pode haver períodos menstruais escassos ou atrasados e em
caso de Estagnação de Qi ou Sangue pode causar Dismenorréia (MACIOCIA, 2000,
p.14-15).
51
Figura 7: Chong Mai (Vaso Penetrador)
Origina-se do Qi dos Rins e vai para
os genitais, unindo-se ao VC1.
Fonte: Yamamura (2009, p.475)
52
Figura. 8: - Inter-relações de Órgãos Internos, Substâncias Vitais, Útero e Canais
Extraordinários.
Fonte: Maciocia (2000, p.21)
53
8 DIFERENCIAÇÃO SINDRÔMICA
Do ponto de vista de manifestação, a patologia central dos períodos
menstruais dolorosos, ou seja, as Dismenorréias é a desarmonia do Canal Chong
Mai (Mar de Sangue), consequentemente o princípio de tratamento é regular o Qi e
o Sangue do mesmo. Para tratar a raiz dos períodos menstruais dolorosos, deve-se
fazer uma diferenciação clara entre Calor, Frio, Deficiência e Excesso, primeiro
identificar o Padrão que está prevalecendo depois trata-lo a fim de tratar a raiz.
(MACIOCIA, 2000, p.212).
Segundo Smith et al (2009), os padrões de diagnósticos mais comuns
decorrentes da Dismenorréia são: Estagnação do Qi e do Sangue, a Estagnação de
Calor, Frio e Umidade atacando o Aquecedor Inferior, Deficiência de Qi e Sangue e
Deficiência de Rim e Fígado.
8.1 PADRÕES DE EXCESSO / PLENITUDE
8.1.1 Estagnação de Qi e Sangue
Manifestações clínicas: Dor no abdome inferior antes e/ou durante a menstruação.
Distensão abdominal e mamária, sangue menstrual escuro, presença de coágulos,
com alívio através da eliminação dos mesmos. Tensão e irritabilidade prémenstruais. Língua: Em casos leves, a língua pode não apresentar alterações, em
casos crônicos, coloração púrpura, laterais avermelhadas. Pulso: Corda ou instável.
Princípio de Tratamento: Mover o Qi e o Sangue, eliminar a Estase, cessar a dor.
Método e Protocolo de Pontos: Sedação ou Neutro: P7, R6, BP4, CS6, VC6, E29,
VB34, BP6, BP8, BP10, F3 (MACIOCIA, 2000, p.213-214).
8.1.2 Estagnação de Frio
Manifestações: Dor central no abdome inferior antes/posterior ao período menstrual.
Alívio da dor mediante aplicação de calor, sangue menstrual escasso e de coloração
vermelho-brilhante com coágulos, sensação de frio e dor nas costas. Língua: Pálidoazulada ou azulado-púrpura. Pulso: Profundo e instável ou profundo e em corda,
lento. Princípio de Tratamento: Aquecer o útero, expelir o Frio e mover o Sangue.
54
Método/Protocolo: Sedação; VC4, VC6 (com moxa), E29, BP6, Tonificação; E36
(MACIOCIA, 2000, p.218).
8.1.3 Umidade-Calor
Manifestações: Dor hipogástrica precedendo o período menstrual e algumas vezes
no meio do ciclo. Sensação de queimação estendendo-se à região do sacro, sangue
menstrual vermelho com pequenos coágulos, secreção vaginal, urina escassa,
escura e sensação de calor generalizado. Língua: Vermelha, com revestimento
amarelo e pegajoso. Pulso: Escorregadio e Rápido. Princípio de Tratamento: Clarear
o Calor, resolver a Umidade, eliminar a Estase. Método/Protocolo: Sedação; B22,
B23, VC3, BP6, BP9, E28, Abrir: P7(D) e R6(E) (MACIOCIA, 2000, p.223).
8.2 - PADRÕES DE DEFICIÊNCIA / VAZIO
8.2.1 Deficiência de Qi e Sangue
Manifestações: Dor hipogástrica surda no final ou posterior ao período menstrual,
alívio da dor mediante pressão e massagem, sangramento escasso, tez pálida,
tontura moderada, visão turva, memória fraca e fezes soltas. Língua: Pálida, saburra
branca e fina. Pulso: Fino, Vazio, Profundo e Flutuante. Princípio de Tratamento:
Tonificar o Qi, fortalecer o Baço-Pâncreas e nutrir o Sangue. Protocolo: Tonificar
com aplicação de moxa: VC4, VC6, E36, BP6, BP8, B20 (MACIOCIA, 2000, p.226).
8.2.2 Deficiências do Yin do Fígado e Rim
Manifestações: Dor hipogástrica surda no final ou posterior ao período menstrual,
dor nas costas, tontura, sangramento escasso, alívio da dor mediante a pressão e
massagem, zumbido, visão borrada e fadiga. Língua: Vermelha e sem revestimento.
Pulso: Flutuante e Vazio. Princípio de Tratamento: Tonificar o Yin, beneficiar o Rim e
nutrir o Fígado. Protocolo: Tonificação; VC4, B23, B18, E36, R3, BP6 (MACIOCIA,
2000, p.229).
55
8.2.3 Deficiência do Yang e do Sangue
Manifestações: Dor abdominal imprecisa após os períodos menstruais, sangue
escasso e pálido, sem coágulos, dor abdominal aliviada pela pressão e aplicação de
calor, cefaléia imprecisa, visão borrada, sensação de frio, depressão, tontura.
Língua: Pálida e Inchada. Pulso: Fino e profundo. Esta condição é provocada pela
Deficiência do Baço e do Sangue do Fígado. Princípio de Tratamento: esquentar o
Yang, nutrir o Sangue, fortalecer o centro e parar a dor. Protocolo: B20, VC12, E36 e
BP6, com moxa, nutrem o Sangue, tonificam o Baço e aquecem o Yang, VC4 e F8;
nutrem o Sangue, P7 e R6 regulam o Canal Ren Mai e fortalecem o Útero, B54 e
B32 revigoram o Sangue e afetam o genital inferior, são indicados em caso de dor
sacral (MACIOCIA, 2000, p. 227-228).
Na prática clínica de Acupuntura vários pontos são usados para a
Dismenorréia. O ponto Sanyinjiao BP6 é encontrado para ser um dos pontos mais
usados quando procurados nos livros antigos clássicos Chineses e em recente
estudos. Segundo a teoria dos antigos Chineses a fertilidade feminina depende
principalmente da homeostase de Qi e Sangue, que estão intimamente relacionados
com os órgãos Fígado, Rim e Baço. O Sanyinjiao BP6 é a junção dos Meridianos do
Baço, Fígado, Rins e é considerado para fortalecer o Baço, o Fígado, nutrir o Rim e
regular e harmonizar o Qi e Sangue, portanto, é comumente usado para indicações
ginecológicas (YU et al, 2010).
Tanto a Acupuntura como a Fitoterapia, separadamente ou em combinação,
proporcionam resultados excelentes na Dismenorréia e a grande maioria dos casos
pode ser curada. Os tipos Deficientes são mais fáceis de tratar que os tipos
Plenitude. Em várias pacientes, há um quadro misto de Deficiência e Excesso, nos
quais deve-se tratar a Estagnação nas duas semanas anteriores ao períodos
menstruais e a Deficiência nas duas semanas posteriores. Caso a Dismenorréia seja
proveniente de endometriose, o tratamento será consideravelmente mais longo em
relação à Dismenorréia funcional (MACIOCIA, 2000, p. 231).
56
9 TRATAMENTOS COM ACUPUNTURA
Na Medicina Chinesa os sintomas menstruais são causadas porque a
ausência de Sangue no corpo ou Qi e Sangue estagnados . Os princípios gerais de
tratamento da Medicina Chinesa para Dismenorréia são para Tonificar a Deficiência
do Rim, Sedar a acumulação de Fogo do Fígado, Dissipar o Frio, Expulsar Vento, e
Mover Qi e Sangue (WANG et al, 2009).
Segundo Kempf, Berger e Ausfeld (2009), a Dismenorréia é uma desordem
ginecológica comum que é tratada sintomaticamente, se não for causado por
qualquer doença subjacente. A Acupuntura é utilizada com sucesso para desordens
menstruais e o Laser utilizado na Acupuntura a Laserpuntura é um procedimento
novo, não-invasivo que pode substituir as agulhas, assim sendo um tratamento
indolor. Em seu estudo participaram 48 mulheres com idade entre 18-50 anos com
quadro de Dismenorréia, sendo que 30 pertenciam ao grupo placebo e 18 ao grupo
de tratamento real com Laserpuntura. Cada mulher foi tratada com os mesmos 8
pontos de Acupuntura BP6, F3 e IG4 bilateral, VC3 e E36 à direita sendo realizados
em 8 sessões de 20 minutos cada, durante um período de três ciclos menstruais. O
objetivo desse estudo foi comparar se a Laserpuntura real tem efeito superior a
Laserpuntura placebo (sem atividade do laser). No grupo da Laserpuntura real, a
taxa de sucesso foi de 16,7% e no grupo placebo 20%. Não foi possível encontrar
uma vantagem significativa de Laserpuntura real em comparação com ao grupo
placebo. Novas investigações são recomendadas, porque o tratamento com
Laseracupuntura é uma técnica não-invasiva e permite estudos de Acupuntura
duplo-cego.
Para Chen e Chen (2004), na Medicina Tradicional Chinesa a eficácia da
Acupuntura na Dismenorréia é atribuída ao fortalecimento da circulação do Sangue
e da Energia Vital que alivia as dores no útero. Aplicando pressão no Acuponto BP6
(Sanyinjiao), pode-se revigorar o fornecimento de Sangue e reduzir a dor. Neste
estudo o objetivo foi analisar os efeitos da Acupressão no ponto BP6 (Sanyinjiao) em
adolescentes na percepção da dor, ansiedade e síndromes menstruais durante a
Dismenorréia. Participaram do estudo 69 adolescentes sendo 35 do grupo
experimental e 34 do grupo controle, sendo que o grupo experimental recebeu
Acupressão alternando entre cada perna no Acuponto BP6 (Sanyinjiao), entre dois
57
conjuntos completos de 5 minutos de pressão em cada perna para um total de 20
minutos, entretanto o grupo controle apenas descansou por 20 minutos no centro de
saúde escolar. Ambos os grupos foram acompanhados durante 4-6 semanas da
sessão. Sendo assim, foi comprovado que a Acupressão no ponto BP6 (Sanyinjiao)
é uma forma eficaz e segura para reduzir a dor menstrual e a ansiedade em
adolescentes com Dismenorréia primária.
Estudo realizado no sul da Austrália teve como objetivo examinar a eficácia
da Acupuntura Sistêmica em mulheres com Dismenorréia primária. Todas as
mulheres receberam o tratamento administrado por 30 a 40 minutos, semanalmente
durante três semanas, seguido de uma semana sem tratamento durante a semana
da menstruação esperada, por três ciclos menstruais. No final da fase de tratamento
todas as mulheres foram acompanhadas ao longo de um adicional de 3 e 12 meses
durante a qual nenhum tratamento foi administrado.
Os Pontos de Acupuntura primários utilizados foram; BP4, E29, VC3, B32,
BP8, BP6 e pontos adicionais utilizados de acordo com os diagnósticos individuais,
sendo no mínimo de sete pontos utilizados em cada tratamento. Para a Estagnação
de Qi e Sangue: F3, BP6, IG4, VC3, B32, BP10, VC6, BP8, BP4; na Deficiência de
Qi e Sangue: E36, BP6, VC4, VC6, B17, BP8, B20, B32; na Estagnação de Frio:
B23, VC3, VC6, BP6, VC4, VG4, P7, R6, E36; no Acúmulo de Calor Umidade:
VB34, IG11, F2, E29, B32, E40, BP9, E28, BP6, B22 e na Deficiência de Rim e
Fígado: E36, BP6, VC4, VC6, B17, B18, B23, R3. Nesse estudo conclui-se que a
Acupuntura Sistêmica foi eficaz no tratamento da Dismenorréia com relação a
diminuição da dor, além da melhora no humor e menor necessidade de analgesia
adicional (SMITH et al, 2009).
No estudo de Wang et al (2009), sobre os efeitos da Acupuntura Auricular nos
sintomas menstruais para mulheres com Dismenorréia primária, participaram da
pesquisa dois grupos sendo 36 mulheres do grupo randomizado e 35 do grupo
controle, utilizando esta técnica com sementes seguindo de Acupressão nos
Acupontos Auriculares da região de Fígado, Rim e Endócrino, massageando 15
vezes em cada Acuponto, três vezes ao dia, totalizando 20 dias. Os resultados
mostraram que a Acupuntura Auricular com a utilização de sementes e sua
Acupressão foi eficaz para as mulheres na melhora dos sintomas menstruais, como
dor, irritabilidade, depressão e na sua qualidade de vida.
58
Em outra pesquisa clínica para observar os efeitos terapêuticos da
Acupuntura no tratamento da Dismenorréia primária combinada com Tui Na
Espinhal, participaram da pesquisa 60 casos de Dismenorréia primária e de acordo
com a Diferenciação Sindrômica na Medicina Tradicional Chinesa, 27 casos
pertenciam ao tipo de Estagnação do Qi com a Estagnação do Sangue, 14 casos
pertenciam ao tipo de Estagnação de Frio Patogênico, e 19 casos por Deficiência do
Fígado e dos Rins. Os 60 casos foram divididos aleatoriamente em dois grupos, um
grupo de tratamento de 30 casos tratados por Acupuntura Sistêmica combinado com
Tui Na Espinhal e um grupo controle de 30 casos por Acupuntura Sistêmica e
Moxaterapia.
Para o grupo que recebeu Acupuntura Sistêmica com Tui Na Espinhal os
principais pontos de Acupuntura utilizados foram VG26, B40 e VG3. Foram incluídos
pontos de acordo com o Padrão Sindrômico como VC3, VC6, F2 e BP10, para a
padrão de Estagnação do Qi com a Estagnação do Sangue; VC4, B20 e B23 para o
padrão de Estagnação de Frio Patogênico; VG4, VC4, B23, R12 e E36 para o
padrão de Deficiência de Rim e Fígado. Na técnica de Tui Na Espinhal o terapeuta
aplicou manipulação de rolamento na região das costas para relaxar a musculatura
paravertebral por 3 minutos, depois realizou movimentos de rolamento na primeira
linha do canal da Bexiga 3 vezes de cima para baixo para tonificar o canal. Em
seguida os pontos na altura de T3, T5, T7, T9 e L1 foram pressionados cerca de 30
pressões repetida duas vezes, também foram realizadas vibrações e manipulações
na região lombar de acordo com a condição individual do paciente.
Para o grupo controle os principais pontos de Acupuntura foram VC6, BP8 e
BP6, além dos mesmos pontos utilizados de acordo com o Padrão no grupo de
tratamento e Moxaterapia nos pontos VC4, E36, B20 e B23. Para ambos os grupos
o tratamento foi realizado a cada ciclo com duração de 3 meses. Dos 30 casos no
grupo de tratamento, 17 casos foram curados, 11 casos obtiveram melhora e 2
casos não apresentaram melhora, com uma taxa efetiva total de 93,3%. Dos 30
casos no grupo controle, 9 casos foram curados, 13 casos melhoraram e 8 casos
não apresentaram melhora, com uma taxa efetiva total de 73,3%. A taxa efetiva total
entre os dois grupos mostrou uma diferença significativa, entre os dois grupos,
indicando que a Acupuntura Sistêmica combinada com Tui Na Espinhal tem boas
perspectivas para o tratamento da Dismenorréia primária (GUO E MENG, 2008).
59
No estudo de Li, Wang e Guo (2008), o objetivo foi observar o efeito
terapêutico da Acupuntura em pontos Fonte na Dismenorréia primária e para estudar
o mecanismo. Participaram da pesquisa 180 mulheres com Dismenorréia sendo
divididas em grupo A, grupo B e grupo C, 60 casos em cada grupo. No Grupo A
foram tratados pela Acupuntura utilizando pontos Fonte em IG4 e F3 , no grupo B
foram tratados pela Acupuntura Sistêmica com BP6, B32 selecionadas como pontos
principais, e grupo C foram tratados por administração oral de Decocção Yueyueshu.
Após o tratamento de 3 meses, os efeitos terapêuticos foram analisados. Os
resultados mostraram que a taxa de cura e a taxa efetiva total foram 75,0% e
100,0% no grupo A, 60,0% e 95,0% no grupo B, e 25,0% e 90,0% no grupo C,
respectivamente, o grupo A e B sendo significativamente melhor do que grupo C e o
efeito analgésico dentro de 30 minutos de tratamento em ambos os grupo A e grupo
B foram significativamente melhores do que no grupo C, e que no grupo A foi
significativamente melhor do que no grupo B. A Acupuntura em pontos Siguan
(Fonte) tem um efeito terapêutico significativo na Dismenorréia primária, o
mecanismo possível é para aliviar a dor, melhorando a circulação sanguínea e
agindo na inibição da produção de prostaglandina.
Em uma pesquisa clínica para observar a eficácia da Moxaterapia no ponto
VC8 na Dismenorréia primária, participaram 102 casos de Dismenorréia, sendo um
grupo tratado com Moxaterapia no ponto VC8 e o outro tratado com Medicamento
analgésico. Os resultados mostraram que no grupo tratado com Moxaterapia, 17
casos foram curados, 21 casos eficaz, 9 casos efetivos e 4 casos não apresentaram
melhora. A taxa-total efetiva foi de 92,2%. No do grupo de medicamento, 7 casos
foram curados, 11 casos eficaz , 21 casos efetivos e 12 não apresentaram melhora,
sendo a taxa total efetivada de 76,5%. A comparação das taxas efetiva total entre
dois grupos indicaram diferença significativa nas estatísticas, no qual, o resultado do
grupo com Moxaterapia foi superior ao do grupo de medicamentos ocidentais. A
conclusão foi que a Moxaterapia utilizada no ponto VC8 é superior à medicação oral
de analgésico para a Dismenorréia primária e sua vantagem de não ter efeito
colateral (ZHU, et al, 2010).
Um estudo clínico foi realizado em Jinan (China) para comparar os efeitos da
Eletroacupuntura no ponto BP6, VB39 e em um ponto adjacente (não sendo de
meridiano), sobre os sintomas menstruais e o fluxo sanguíneo uterino arterial na
Dismenorréia primária. Participaram do estudo mulheres com idade entre 15-30
60
anos, sendo divididas em grupos, o grupo de tratamento utilizando o ponto BP6, o
grupo controle utilizando o ponto VB39 e o grupo utilizando um ponto adjacente
localizado no ponto médio entre os Meridianos do Estômago e da Vesícula Biliar no
mesmo nível de BP6 e VB39. Após dois períodos de observação do ciclo menstrual,
elas foram tratadas com Eletroacupuntura por três sessões durante o terceiro
período menstrual com 10 minutos na primeira sessão, depois 30 minutos na
segunda e terceira sessão. Primeiramente foram inseridos, os pontos BP6, VB39, e
o ponto adjacente (ou não-meridiano), bilateralmente, depois foi realizada a técnica
de agulhamento por cerca de 1 minuto em todos os três grupos de tratamento para
induzir a sensação de alfinetadas (Te Qi), embora nenhuma tentativa foi feita para
evocar Te Qi no grupo (ponto adjacente), depois foram colocados os eletrodos e a
frequência utilizada na Eletroacupuntura foi de 100 Hz. Os resultado mostraram que
a Eletroacupuntura no ponto BP6 teve efeito imediato significativo sobre a dor
menstrual em comparação com VB39 e o ponto adjacente (não meridiano), que não
tiveram resultados evidentes (YU et al, 2010).
De acordo com Eunsook et al (2011), a Dismenorréia primária é uma queixa
comum entre as mulheres e está relacionada a um distúrbio no Sistema Nervoso
Autônomo (SNA). A Acupuntura é uma das várias abordagens terapêuticas para a
Dismenorréia primária, uma vez que pode modular a função do Sistema Nervoso
Autônomo. A variabilidade da freqüência cardíaca, tais como alta freqüência, baixa
freqüência são geralmente aceitas para avaliar a atividade do Sistema Nervoso
Autônomo. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da Acupuntura aplicada
nos pontos IG4 e BP6 na variabilidade da freqüência cardíaca das mulheres com
Dismenorréia primária. Todos os indivíduos participaram da Acupuntura Sham
(ponto que não é de Acupuntura) e Acupuntura real. Entre os participantes estavam
38 mulheres com idade de 18-30 anos e a verificação da variabilidade da freqüência
cardíaca foi de 15 minutos antes e 15 minutos depois de cada sessão e o tempo de
inserção 15 minutos. O procedimento de Acupuntura real foi realizada em dois
pontos IG4 e BP6, bilateral e na Acupuntura Sham as agulhas foram
inseridas
superficialmente. A Acupuntura real induziu uma diminuição significativa em relação
a alta e baixa frequência e um aumento significativo na alta frequência, enquanto
Acupuntura Sham causou um aumento significativo apenas no poder
da alta
frequência. Estes resultados podem ser explicados pelo papel de IG4, que é
conhecido por diminuir o Simpático e aumentar as atividades do Parassimpático
61
após a Acupuntura. Uma atividade
maior no Sistema Parassimpático durante o
período pós-estimulação explica o relaxamento, calma e sentimentos de angústia
reduzida, comumente vivenciadas pelas pacientes com Dismenorreia, além disso,
ambos procedimentos causaram uma diminuição significativa da dor menstrual após
a intervenção. Na Acupuntura Sham, como a técnica de inserção é superficial, os
sinais nociceptivos provenientes de estimulação poderiam ter desempenhado um
papel importante estimulando os nociceptores aferentes diminuindo a dor.
No estudo de Miyabara e Colombo (2010), o objetivo foi analisar a técnica de
Acupuntura Sistêmica na melhora dos sintomas da Dismenorréia com relação a
diminuição da dor e diminuição ou cessação da utilização de medicamentos
alopáticos. Participaram da pesquisa sete mulheres com quadro de Dismenorréia, o
tratamento foi realizado durante três ciclos menstruais consecutivos e as sessões
foram realizadas uma vez por semana. Foi utilizado o Vaso Maravilhoso Chong Mai
associado aos pontos da técnica da Ação Energética dos Pontos e Moxa. Os pontos
foram escolhidos de acordo com o diagnóstico energético e a fase do ciclo menstrual
de cada paciente. As participantes passaram por uma avaliação e obtiveram o
diagnóstico energético, também foram sujeitadas a responder um questionário sobre
a presença ou ausência de certos sintomas no período que antecede a
menstruação. Além desses questionários, as participantes utilizaram-se da escala
visual analógica para aferir a intensidade da dor. Na semana que antecedia cada
menstruação era utilizado o Vaso Maravilhoso Chong Mai com abertura no ponto
BP4 do lado direito, adicionando os pontos de Ação Energética dos Pontos F3,
VB34, B17, VC4, BP6 e E36, todos bilateralmente e o fechamento com o Vaso
Maravilhoso Chong Mai através do ponto CS6 do lado esquerdo. Durante o período
menstrual foram utilizados somente os pontos de Ação Energética dos pontos IG4 e
o F3, pontos que ligam o alto e baixo e são eficazes nesse período em que o corpo
já está passando por muitas informações. Após o período menstrual era utilizado o
Vaso Maravilhoso Chong Mai com abertura no ponto BP4 do lado direito,
adicionando os pontos de Ação Energética dos Pontos BP6, BP10, B17, B23, B20
F8 e R7, todos bilateralmente e o fechamento com o Vaso Maravilhoso Chong Mai
através do ponto CS6 do lado esquerdo da paciente. Foi utilizado moxa no ponto
local E25 em todas as pacientes nas semanas que antecediam a menstruação. Os
resultados mostraram que dentre as participantes da pesquisa, seis delas tiveram
uma redução da dor menstrual de 50 % ou mais, comparando-se com a dor que
62
tinham antes do tratamento com Acupuntura, além dessas melhoras, também foi
observado a diminuição ou cessação da utilização de remédios alopáticos.
No estudo de Habek et al (2003), o objetivo foi avaliar o efeito da Acupuntura
Sistêmica no tratamento da Dismenorréia. Participaram da pesquisa 57 mulheres
com Dismenorréia sendo divididas em dois grupos um grupo clínico prospectivo e
um grupo controlado por placebo. No grupo clínico 30 mulheres foram tratadas com
pontos manuais de Acupuntura sendo: VG20, VC3, VC4, VC6 e IG4, VB34, B23,
BP6 bilaterais e pontos de auriculoacupuntura (Shenmen), já no grupo controle 27
mulheres foram tratadas com Acupuntura placebo. Os resultados mostraram que o
tratamento com Acupuntura foram considerados bem sucedidos com relação na
diminuição da dor, a medicação tornou-se desnecessária e os sintomas de dor não
ocorreu mais durante dois anos após o tratamento.
Entre Dezembro de 2004 e Março de 2005, foi realizado um estudo em Milão
tendo como objetivo analisar a eficácia da Acupuntura em mulheres com quadro de
Dismenorréia primária ou secundária. As mulheres deveriam apresentar esse quadro
há pelo menos 1 ano e apresentassem uma má resposta ao tratamento
medicamentoso aos AINE (antiinflamatório não esteroidal) e recusa a terapia com
contraceptivo oral, que é empregado atualmente como uma primeira linha
tratamento da Dismenorréia. Todas as pacientes foram submetidos a anamnese,
avaliação da dor, realizaram ultra-som transvaginal e CA125 dosagem na segunda
parte do ciclo menstrual.Todas as pacientes receberam oito sessões de Acupuntura,
uma por semana, durante dois meses. Os pontos utizados foram; R3, F3, BP4, E36,
E25, E29, E30, VC4, VC6, B62, C7, IG4, CS6 e Zigong (ponto extra), por 30
minutos. Houve uma redução substancial da dor em 13 das 15 pacientes (87%),
sendo que a maior redução da dor foi observada para a primária em comparação
com a Dismenorréia secundária. O uso de AINE (antiinflamatório não esteroidal) foi
significativamente reduzido 58% e cessou totalmente em 7 pacientes. Os resultados
sugerem que a Acupuntura pode ser indicada para tratar a dor nos quadros de
Dismenorréia relacionados, em particular nos assuntos em que os contraceptivos
orais ou AINE são contra-indicados ou onde há recusa do tratamento (IORNO et al,
2007).
63
10 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que de acordo com a revisão bibliográfica levantada a
Acupuntura apresentou-se eficaz em todos os tratamentos de Dismenorréia. O
Tratamento com Acupuntura Sistêmica foi o mais observado nesse estudo, sendo
que os resultados mostraram vários benefícios como redução substancial na dor em
87% das pacientes, devido ao efeito gerado através do mecanismo fisiológico
energético da Acupuntura, onde ocorre um fortalecimento da circulação do Sangue e
da Energia Vital, agindo na inibição da produção de prostaglandina, que é um fator
primordial para desencadear as contrações uterinas que levam a dor, ou seja, aos
quadros de Dismenorréia. Outros efeitos observados são relaxamento, calma e
sentimentos de angústia reduzidos, devido a ação do ponto IG4 em diminuir o
Sistema Nervoso Simpático e aumentar o Sistema Nervoso Parassimpático após a
sessão, trabalhando o aspecto emocional como melhora no humor, ansiedade e
irritabilidade nessas pacientes. A medicação tornou-se desnecessária e os sintomas
de dor não ocorreram mais durante dois anos após o tratamento em grande parte
dos casos, houve menor necessidade do uso de AINE (antiinflamatório não
esteroidal) e outro benefício muito importante é que a Acupuntura pode ser indicada
para tratar dor nos quadros de Dismenorréia relacionados, em particular nos
assuntos em que os contraceptivos orais e AINEs são contra-indicados ou onde há
recusa no tratamento.
Além da Acupuntura Sistêmica outras técnicas foram observadas como a
Acupuntura Auricular que se mostrou eficaz para as mulheres na melhora dos
sintomas menstruais como, dor, irritabilidade, depressão e na melhora da qualidade
de vida; a Eletroacupuntura que foi utilizada no ponto BP6 obtendo um efeito
imediato e significativo na dor menstrual; a Moxaterapia utilizada no ponto VC8
sendo superior a medicação oral de analgésico nos quadros de Dismenorréia e sua
principal vantagem é de não apresentar nenhum efeito colateral. Outras técnicas
como Laserpuntura, Acupressão e técnicas com pontos Fonte apresentaram
resposta favorável e podem ser utilizadas com sucesso nesse distúrbio ginecológico
tão freqüente que atinge a maioria das mulheres nos dias de hoje.
Os pontos primários mais citados nos estudos foram BP6, VC3, IG4 e F3
além dos pontos de acordo com o Padrão de Desarmonia de cada paciente, sendo
64
VC4, VC6, VG4, BP4, BP8, BP10, E36, E29, F2, B17, B18, B20 e B23 os mais
utilizados. Em todos os estudos pesquisados o ponto BP6 esteve presente, segundo
a teoria dos antigos Chineses a fertilidade feminina depende principalmente da
homeostase de Qi e Sangue, que estão intimamente relacionados com os órgãos
Fígado, Rim e Baço. O BP6 é a junção dos Meridianos do Baço, Fígado, Rins e é
considerado para fortalecer o Baço, o Fígado, nutrir o Rim e regular e harmonizar o
Qi e Sangue, portanto, mostrando que comumente é usado para os quadros de
Dismenorréia.
A Acupuntura é um método de tratamento que vem crescendo, sendo bem
aceito e conhecido pela sociedade com altas taxas de efetividade e melhora dos
quadros de Dismenorréia.
65
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