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1 Revista GED03 07_c.indd 1 11/5/10 2:43:56 PM Indicado para: Doença de Crohn moderada a grave em adultos sem resposta adequada às terapias convencionais1 Doença de Crohn moderada a grave em pacientes pediátricos sem resposta adequada às terapias convencionais1 Doença de Crohn fistulizante1 Retocolite ulcerativa ativa sem resposta adequada às terapias convencionais1 REMICADE® (infliximabe 100 mg). INDICAÇÕES: Artrite Reumatoide: redução de sinais e sintomas; prevenção de lesão articular estrutural e melhora do desempenho físico em pacientes com doença ativa já tratados com metotrexato e em pacientes com doença ativa moderada a grave ainda não tratados com metotrexato (tratamento de 1ª linha). Espondilite Anquilosante: redução dos sinais e sintomas; melhora da função física em pacientes com doença ativa. Doença de Crohn em pacientes adultos e pediátricos (6 a 17 anos de idade): redução de sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa e melhora da qualidade de vida de pacientes com doença de Crohn ativa moderada a grave, com resposta inadequada às terapias convencionais. REMICADE® permite a redução ou suspensão do uso de corticosteroides pelos pacientes. Doença de Crohn fistulizante: redução no número de fístulas enterocutâneas com drenagem e fístula retovaginal; manutenção da cicatrização da fístula; redução dos sinais e sintomas; melhora a qualidade de vida em pacientes com doença de Crohn fistulizante. Artrite psoriásica: redução dos sinais e sintomas dos pacientes com artrite psoriásica ativa e progressiva que tiveram resposta inadequada às drogas modificadoras da doença (DMARDs); melhora da função física; redução da psoríase medida por PASI e inibição da progressão da lesão estrutural da artrite ativa. Psoríase: redução dos sinais e sintomas da psoríase e melhora da qualidade de vida em pacientes com psoríase de moderada a grave, em que a fototerapia ou tratamento sistêmico convencional for inadequado ou impróprio. Colite ou Retocolite ulcerativa: redução dos sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa; redução ou descontinuação do uso de corticosteroides; redução da hospitalização e melhora na qualidade de vida de pacientes com colite ou retocolite ulcerativa ativa moderada a grave, com resposta inadequada aos tratamentos convencionais. CONTRAINDICAÇÕES: Pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente do produto ou a proteínas murinas; infecções graves, como tuberculose, sepse, abcessos e infecções oportunistas; insuficiência cardíaca moderada ou grave. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: REMICADE® pode estar associado a efeitos agudos de infusão e reação de hipersensibilidade tardia. Os pacientes recebendo REMICADE® devem ser observados durante, pelo menos, 1 a 2 horas após a infusão. Se ocorrerem reações agudas, a infusão deverá ser interrompida imediatamente. Alguns desses efeitos podem ser descritos como anafilaxia. Medicamentos, equipamentos para suporte respiratório e outros materiais apropriados para o tratamento destes efeitos devem estar disponíveis para uso imediato. Em alguns pacientes podem se desenvolver anticorpos contra o infliximabe (associado com um aumento na frequência de reações à infusão) e provocar reações alérgicas graves. Em pacientes com doença de Crohn, uma associação entre o desenvolvimento de anticorpos contra infliximabe e redução da duração da resposta também foi observada. Pacientes que não estão recebendo imunossupressores durante o tratamento com REMICADE® têm maior risco potencial para desenvolvimento desses anticorpos e aumento na frequência de reações infusionais. Se ocorrerem reações graves, deve ser introduzido tratamento sintomático e não deverão ser administradas infusões de REMICADE® posteriormente. Um número significativo de pacientes (25% em um único ensaio clínico) tratados inicialmente com REMICADE® que abandonaram o tratamento por um período de 2 a 4 anos apresentaram reação de hipersensibilidade tardia ao serem retratados. Os sinais e sintomas incluíram mialgia e/ou artralgia com febre e/ou erupção cutânea no período de 12 dias após o novo tratamento. Alguns pacientes também apresentaram prurido, edema facial, edema de mãos ou lábios, disfagia, urticária, dor de garganta e/ou cefaleia. Os pacientes devem procurar atendimento médico imediato se apresentarem qualquer evento adverso tardio após as infusões com REMICADE®. Pacientes com infecção crônica ou com histórico de infecção recorrente não devem iniciar tratamento com REMICADE® até que os sinais de infecção sejam totalmente excluídos e deverá ser interrompido se o paciente desenvolver infecção grave ou sepse. Como a eliminação de REMICADE® pode levar até 6 meses, é importante o acompanhamento cuidadoso do paciente nesse período. Infecções oportunistas, incluindo tuberculose e outras, como sepse, têm sido relatadas em pacientes tratados com infliximabe. Os agentes que inibem o TNFα têm sido associados a casos raros de neurite ótica, convulsões e início ou exacerbação dos sintomas clínicos e/ou evidência radiográfica de doenças desmielinizantes, incluindo esclerose múltipla. Pacientes que serão submetidos a cirurgia durante o tratamento com REMICADE® devem ser cuidadosamente monitorados quanto à ocorrência de infecções. REMICADE® deve ser usado com precaução em pacientes com insuficiência cardíaca leve. Se o paciente desenvolver sintomas sugestivos de síndrome tipo lúpus e for positivo para anticorpos anti-DNA dupla-hélice, o tratamento com REMICADE® deverá ser descontinuado. Pacientes com doença de Crohn ou artrite reumatoide, particularmente com a doença altamente ativa e/ou exposição à terapia imunossupressora crônica, podem ter maior risco de desenvolvimento de linfoma do que a população geral. O papel potencial da terapia de bloqueador com TNFα no desenvolvimento de malignidades não é conhecido. Gravidez e lactação: Não se sabe se REMICADE® pode provocar comprometimento fetal quando administrado a gestantes ou se afeta a capacidade reprodutiva, nem se é excretado no leite materno. Recomenda-se que as medidas contraceptivas sejam mantidas durante pelo menos 6 meses após sua última infusão, e em nutrizes a interrupção do tratamento com REMICADE® por seis meses deve ser avaliada e decidida pelo médico. Pacientes idosos: Não foram observadas diferenças importantes na farmacocinética de REMICADE® em pacientes idosos (65 a 80 anos) com artrite reumatoide. A farmacocinética em pacientes idosos com doença de Crohn não foi estudada. Não foram realizados estudos em pacientes com doença hepática ou renal. Pacientes pediátricos: Não houve diferenças relevantes na farmacocinética de dose única entre os pacientes pediátricos e adultos com doença de Crohn. REMICADE® não foi estudado em crianças com doença de Crohn com menos de 6 anos de idade. A segurança e eficácia de REMICADE® em pacientes com artrite reumatoide juvenil não foram estabelecidas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Em pacientes com doença de Crohn e artrite reumatoide, foi demonstrado que a formação de anticorpos contra o infliximabe é reduzida quando administrado concomitantemente ao metotrexato ou outros imunomoduladores. REAÇÕES ADVERSAS: As reações adversas mais comumente relatadas referemse à infusão. As causas mais comuns para a interrupção do tratamento foram: dispneia, urticária e cefaleia. Outras reações adversas, sendo a maioria de intensidade leve a moderada, foram: rubor, cefaleia, vertigem/tontura, náuseas, diarreia, dor abdominal, dispepsia, função hepática alterada, infecções de vias aéreas superiores e inferiores, dispneia, sinusite, infecção viral, febre, erupção cutânea, prurido, urticária, aumento da sudorese, pele seca, dor torácica, transaminases hepáticas elevadas e reações do tipo doença do soro. Os eventos adversos sérios mais comuns nos relatos pós-comercialização foram as infecções. Em geral, os eventos adversos ocorridos em pacientes pediátricos que receberam REMICADE® foram similares em frequência e tipo àqueles observados em adultos com doença de Crohn. POSOLOGIA: REMICADE® destina-se ao uso intravenoso em adultos (idade ≥ 18 anos) para todas as indicações presentes na bula e em crianças e adolescentes (com idade entre 6 e 17 anos) somente para a doença de Crohn. O tratamento com REMICADE® deve ser administrado sob supervisão de equipe especializada no diagnóstico e tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, doenças inflamatórias intestinais, artrite psoriática e psoríase. Artrite reumatoide: Infusão intravenosa de 3 mg/kg durante um período de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6 e, a partir de então, a cada 8 semanas. A dose pode ser ajustada, a critério médico, para até 10 mg/kg ou 3 mg/kg a cada 4 semanas, se necessário. Recomenda-se a administração de REMICADE® em combinação com o metotrexato. Doença de Crohn moderada a grave adulto e pediátrico, doença de Crohn fistulizante, Espondilite anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase: Infusão intravenosa de 5 mg/kg, por um período mínimo de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6, e, a partir de então, em intervalos de até 8 semanas. Doença de Crohn moderada a grave: Nos pacientes com resposta incompleta durante o tratamento de manutenção, deve-se considerar, a critério médico, o ajuste da dose para até 10 mg/kg, se necessário. Existem dados limitados em relação a intervalos de dose superiores a 16 semanas. Doença de Crohn fistulizante: Se o paciente não responder após as três primeiras doses, não se deve instituir tratamento adicional com infliximabe. A experiência com readministração em caso de reaparecimento de sinais e sintomas da doença é limitada e não há dados comparativos a respeito do risco/benefício das estratégias alternativas para o tratamento continuado. Na artrite reumatoide, doença de Crohn e colite ou retocolite ulcerativa, a dose pode ser aumentada, a critério médico, para até 10 mg/kg, se necessário. Para readministração, consulte a bula completa do produto. MS 1.6614.0004. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO ADULTO E PEDIÁTRICO (ACIMA DE 6 ANOS DE IDADE). SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. MATERIAL DESTINADO A PROFISSIONAIS HABILITADOS A PRESCREVER E DISPENSAR MEDICAMENTOS. Recorra à bula do produto para maiores informações. (MB-remicade30) 10-2012-REM-10-BR-SP9802038-J Referência Bibliográfica: 1. Circular aos Médicos (bula) de REMICADE®. Rio de Janeiro; Schering-Plough Produtos Farmacêuticos Ltda., 2010. Dentre as informações citadas em bula, ressaltamos que este medicamento é contraindicado para pacientes com histórico de infecção grave, incluindo tuberculose, assim como a interação medicamentosa com a combinação de infliximabe e anacinra. Nota: antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa, para informações detalhadas sobre o produto. IMPRESSO EM OUTUBRO/2010 AdapAnuncio Simples Remicade.indd 1 Revista GED03 07_c.indd 2 10/28/10 4:40 PM 11/5/10 2:44:06 PM Gastroenterologia Endoscopia Digestiva A Revista GED – Gastrenterologia Endoscopia Digestiva é o órgão oficial de circulação trimestral da SOBED (Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva), da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia), da SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia), do CBCD (Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva) e da SBMD (Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva). Fundada pelo Capítulo de São Paulo da SOBED em 1982, durante a gestão do Prof. Dr. Arnaldo José Ganc. Registrado na Lei de Imprensa em 19/11/1981, sob o no 1.870, Lv. A, no 5o Registro de Títulos e Documentos de São Paulo. Indexada nas seguintes bases de dados LILACS, SCOPUS, EMBASE/EXCERPTA MÉDICA, LATINDEX e ADSAÚDE Editor Chefe Paulo Roberto Arruda Alves (SP) Editores Responsáveis José Murilo Robilotta Zeitune (SP) – Gastroenterologia Nelson Adami Andreollo (SP) – Cirurgia Digestiva Paulo Roberto Arruda Alves (SP) – Endoscopia Digestiva Rimon Sobhi Azzam (SP) – Motilidade Digestiva Aécio Flávio Meirellez Souza (SP) – Hepatologia Editores Associados Arnaldo J. Ganc (SP) Jaime Natan Eisig (SP) Eduardo Luiz Rachid Cançado (SP) Sânzio S. Amaral (SP) Conselho Editorial – Brasil Admar Borges da Costa Jr. (PE), Ana Maria Pittella (RJ), Antonio Frederico N. Magalhães (SP), Artur Parada (SP), Bruno Zilberstein (SP), Claudio Coy (SP), Deborah Crespo (PA), Decio Chinzon (SP), Edmundo Pessoa Lopes (PE), Edna Strauss (SP), Edson Pedro da Silva (SC), Everson Artifon (SP), Flair Carrilho (SP), Flavio Quilici (SP), Henrique Coelho (RJ), Hugo Cheinquer (RS), Ismael Maguilnik (RS), João Carlos Andreolli (SP), João Galizzi Filho (MG), José Galvão Alves (RJ), Julio Cesar U. Coelho (PR), Lix A.R. Oliveira (SP), Lorete M.S. Kotze (PR), Lúcia Câmara Castro Oliveira (RJ), Luiz Gonzaga Vaz Coelho (MG), Luiz Pimenta Modena (SP), Luiz Roberto Lopes (SP), Márcio M. Tolentino (SP), Marcus Túlio Haddad (RJ), Mario Pessoa (SP), Martha Pedroso (SP), Maurício Fernando de Almeida Barros (SP), Orlando J.M. Torres (MA), Paulo Bittencourt (BA), Paulo R. Ott Fontes (RS), Paulo Roberto Savassi Rocha (MG), Paulo Sakai (SP), Ramiro Mascarenhas (BA), Raymundo Paraná (BA), Ricardo A. Refinetti (RJ), Roberto Dantas (SP), Sérgio Gabriel Barros (RS), Tomas Navarro Rodriguez (SP), Venâncio A.F. Alves (SP), Vera Lúcia Andrade (MG), Walton Albuquerque (MG) Editores Internacionais Daniel Sifrim (Bélgica), Dirk J. Gouma (Holanda), Helena Cortez Pinto (Portugal), Jorge Daruich (Argentina) Secretaria Coordenadora: Fátima Lombardi dos Santos Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.391, conj. 102 – 01452-000 São Paulo, SP Tel.: (11) 3813-1610 – Fax: (11) 3032-1460 E-mail: [email protected] Tiragem: 7.000 exemplares Periodicidade: trimestral Circulação: nacional para todos os associados da SOBED, FBG, SBH, CBCD e SBMD Números anteriores e separatas: [email protected] Editoração Eletrônica, Distribuição, Impressão e Publicidade E-mail: [email protected] Tel.: (11) 3186-5600 4:40 PM Revista GED03 07_c.indd 3 11/5/10 2:44:07 PM Índice ISSN 0101-7772 Índice Artigo Original 73 93 Análise dos achados endoscópicos em pacientes com dispepsia atendidos no Serviço de Endoscopia do Hospital São João Batista, Criciúma – SC, no período de outubro de 2008 a março de 2009 Analysis of endoscopic findings in patients with dyspepsia seen at the Endoscopy Service of Hospital São João Batista in the period from October 2008 to March 2009 Cameron ulcer as uncommon cause of iron-deficiency anemia. R AFAEL D ENADAI P IGOZZI DA S ILVA ; R AFAEL A LICEDA F ERRAZ ; V IVIANE A LESSANDRA C APELLUPPI -T ÓFANO ; R OGÉRIO S AAD -H OSSNE ; F ÁBIO V IEIRA T EIXEIRA 96 E DSON S OUZA M ACHADO D URÃES ; M ARIANA R OCHA F ABRIS ; A LEXANDRE J OSÉ F ARACO ; K RISTIAN M ADEIRAV ; L ÍGIA R OCHA DE L UCA 79 Contribuição da histopatologia na diarreia com colonoscopia normal: análise crítica e revisão da literatura Contribution of the histopathology in diarrhea with normal colonoscopy: critical analysis and literature review Prevalência de queixas dispépticas em pacientes com doenças do refluxo erosiva e não-erosiva Prevalence of dyspeptic complaints in patients with erosive and non-erosive reflux diseases A NGELA A LVARIZ , E PONINA M ARIA DE O LIVEIRA L EMME , L UIZ A BRAHÃO J R ., B EATRIZ B ICCAS , G USTAVO C ARLOS C ÁLCENA A GUERO E R OSANA S CHECHTER 101 K LAUS R UBACK B ERTGES , L UIZ C ARLOS B ERTGES E J OSÉ G ALVÃO A LVES Soroprevalência de Helicobacter pylori em pacientes atendidos no Ambulatório de Gastroenterologia da Universidade Regional de Blumenau — FURB Seroprevalence of Helicobacter pylori in patients attended at the Clinic of Gastroenterology of the Universidade Regional de Blumenau. M ARCELO A UGUSTO S CHEIDEMANTEL N OGARA , M ARINA F RANDOLOSO , P ATRÍCIA M AKINO R EZENDE Artigo de Revisão 86 Úlcera de cameron como causa incomum de anemia por deficiência de ferro Contexto epidemiológico atual da infecção por Helicobacter pylori Current Epidemiological Context Helycobacter pylori infection on J OSÉ M IGUEL L UZ P ARENTE , M ÍRIAN P ÉRPETUA P ALHA D IAS P ARENTE Imagem em Foco 107 Responsável: Eduardo Guimarães Houneaux de Moura Perfuração Intestinal por Corpo Estranho Intestinal Perforation for Strange Body Relato de Caso 90 C LEBER S OARES J ÚNIOR ; C ARLOS A UGUSTO G OMES ; V ILSON L EITE B ATISTA Pileflebite mesentérica secundária à diverticulite Mesenteric pylephlebitis secondary a diverticulitis R OBERTO A. G UIMARÃES , D ANIELA M. S UETH , M ARIA DA G LÓRIA C. R. M. B ARROS , M ARCELO A. V IEIRA , J AQUELINE M. Q UEIROZ , S AULO F ERREIRA DE S OUZA R AMBALDI , J OSÉ P EDRO R ODRIGUES R AVANI Revista GED03 07_c.indd 4 11/5/10 2:44:27 PM Esquema tríplice para o tratamento primário do H. pylori, respaldado pelos principais Consensos do mundo1,2,3 O Esquema Tríplice para o tratamento do H. pylori com o preço mais acessível4 Baixos índices de resistência bacteriana2 INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: OMEPRAMIX. omeprazol. claritromicina. amoxicilina triidratada. Ms - 1.0573.0282. Indicações: erradicação de H. Pylori para reduzir o risco de recorrência de úlcera duodenal. Contraindicações: OMEPRAMIX é contra-indicado em pacientes que apresentem hipersensibilidade a quaisquer dos componentes de sua fórmula. A administração concomitante de omepramix com cisaprida, pimozida ou terfenadina é contra-indicada. Deve-se dedicar atenção à possível sensibilidade cruzada com outros antibióticos betalactâmicos, como por exemplo, cefalosporinas. Precauções e advertências: omeprazol: na presença de úlcera gástrica, a possibilidade de malignidade da lesão deve ser precocemente afastada. O omeprazol só deve ser administrado durante a gravidez e a lactação em caso de extrema necessidade. Amoxicilina: antes de iniciar o tratamento com amoxicilina, deve-se fazer uma investigação cuidadosa com relação a reações prévias de hipersensibilidade a penicilinas ou cefalosporinas. Quando o tratamento com antibióticos for necessário durante a gravidez, a amoxicilina pode ser considerada apropriada, quando os benefícios potenciais justificarem os riscos potenciais associados ao tratamento. A amoxicilina pode ser administrada durante a lactação. Claritromicina: a claritromicina não deve ser usada em mulheres grávidas exceto em circunstâncias clínicas onde nenhuma terapia alternativa é apropriada. A claritromicina é excretada pelo leite materno e a segurança durante a lactação não foi ainda estabelecida. Colite pseudomembranosa foi relatada com quase todos os agentes antibacterianos, incluindo claritromicina, e pode variar em severidade, de moderada a potencialmente grave. O tratamento com agentes antibacterianos altera a flora normal do cólon e pode permitir supercrescimento de clostrídios. Gravidez: efeitos teratogênicos. Categoria c de gravidez. Omepramix deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício potencial justificar o risco potencial ao feto. Uso na nactação: Omepramix só deve ser usado durante a lactação, após análise do risco/benefício, pois a segurança do uso na lactação ainda não foi estabelecida. Uso geriátrico: pacientes idosos podem sofrer de disfunção hepática e renal assintomáticas. Cuidado deve ser tomado quando administrar omepramix a esta população de pacientes. Interações medicamentosas: omeprazol: o omeprazol pode aumentar o tempo de eliminação de fármacos metabolizados por oxidação hepática, tais como: diazepam, varfarina e fenitoína. amoxicilina: a probenecida reduz a secreção tubular renal de amoxicilina. A amoxicilina pode reduzir a eficácia de contraceptivos orais. A administração concomitante de alopurinol durante o tratamento com amoxicilina pode aumentar a probabilidade de reações alérgicas da pele. O prolongamento do tempo de protrombina foi relatado raramente em pacientes recebendo amoxicilina. claritromicina: o uso da claritromicina em pacientes que estão recebendo teofilina, pode ser associado com um aumento das concentrações séricas da teofilina. A administração concomitante de doses únicas da claritromicina e carbamazepina mostrou resultar em concentrações plasmáticas aumentadas da carbamazepina. Quando a claritromicina e a terfenadina foram co-administradas, as concentrações plasmáticas do metabólito ácido ativo da terfenadina foram três vezes mais elevadas, em média, que os valores observados quando a terfenadina foi administrada isolada. A administração concomitante da claritromicina e de anticoagulantes orais pode potencializar os efeitos dos anticoagulantes orais. Concentrações séricas elevadas de digoxina em pacientes recebendo claritromicina e digoxina concomitantemente, foram também observadas. A administração oral simultânea de claritromicina e zidovudina a pacientes adultos infectados com hiv resultou em concentrações diminuídas do estado de equilíbrio da zidovudina. A administração concomitante de fluconazol e claritromicina aumentou o estado de equilíbrio da claritromicina. A administração concomitante de claritromicina e ritonavir (resultou em importante inibição no metabolismo da claritromicina). O uso concomitante da claritromicina e ergotamina ou diidroergotamina foi associado em alguns pacientes com toxicidade aguda do ergot. A claritromicina pode aumentar o efeito farmacológico do triazolam. A administração concomitante da eritromicina e astemizol é contra-indicada. Houve relatos de interações da eritromicina e/ou claritromicina com a carbamazepina, ciclosporina, tacrolimo, hexobarbital, fenitoína, alfentanila, disopiramida, lovastatina, bromocriptina, valproato, terfenadina, cisaprida, pimozida, astemizol e colchicina. A claritromicina e a colchicina não devem ser prescritas concomitantemente, especialmente para pacientes com insuficiência renal; visto que a claritromicina aumenta o risco de toxicidade fatal da colchicina. Reações adversas: omeprazol: as seguintes reações foram relatadas; entretanto, na maioria dos casos não foi possível estabelecer relação consistente com o tratamento. Reações cutâneas: erupções e/ou prurido; fotossensibilidade, eritema multiforme e alopecia. Sistema músculo-esquelético: artralgia, fraqueza muscular e mialgia. Sistema nervoso central e periférico: cefaléia. Raramente tontura, parestesia, sonolência, insônia e vertigem. Gastrintestinais: diarréia, constipação, dor abdominal, náusea, vômitos e flatulência. Relatos isolados de estomatite e candidíase gastrintestinal. Hepáticas: raramente ocorre aumento das enzimas hepáticas. Endócrinas: relatos isolados de ginecomastia. Hematológicas: relatos isolados de leucopenia e trombocitopenia. Outras: raramente mal-estar. Podem ocorrer reações de hipersensibilidade, por exemplo, raramente urticária e, em casos isolados, angioedema, febre, broncoespasmo. Casos isolados de aumento da transpiração, edema periférico, turvação da visão, alteração do paladar. Amoxicilina: reações de hipersensibilidade: ocasionalmente, foram relatados erupções de pele, prurido e urticária. Raramente, reações de pele, tais como: eritema multiforme e síndrome de stevens-johnson, necrólise epidérmica tóxica e dermatite bolhosa e esfoliativa foram relatadas. Pode ocorrer raramente nefrite intersticial. Reações gastrintestinais: os efeitos incluem náusea, vômito e diarréia. Efeitos hepáticos: um aumento moderado em ast e/ou alt foi ocasionalmente observado, hepatite e icterícia colestática foram relatadas raramente. Efeitos hematológicos: leucopenia reversível (incluindo neutropenia grave ou agranulocitose), trombocitopenia reversível e anemia hemolítica foram relatadas raramente. O prolongamento do tempo de sangramento e do tempo de protrombina também foram relatados raramente. Efeitos sobre o snc: raramente foram verificados hipercinesia, vertigem e convulsões. Efeitos diversos: descoloração superficial dos dentes foi relatada raramente e em sua maioria, com a suspensão oral. Geralmente pode ser removida pela escovação. Claritromicina: os eventos mais frequentemente relatados em adultos foram diarréias (3%), náusea (3%), paladar anormal (3%), dispepsia (2%), dor/desconforto abdominal (2%) e cefaléia (2%). A maioria destes eventos foram descritos como leves ou moderados em severidade. Dos eventos adversos relatados, somente 1% foi descrito como severo. Posologia: tomar 1 cápsula de omeprazol, 2 cápsulas de amoxicilina e 1 comprimido revestido de claritromicina, compondo 4 unidades de manhã e 4 unidades à noite antes das refeições, por uma semana, conforme critério médico. Caso seja necessário, após o tratamento tríplice, tomar 1 cápsula de omeprazol de manhã por 14 dias ou 28 dias. Se o paciente mantiver-se helicobacter pylori positivo, um esquema quádruplo poderá ser empregado, a critério médico. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Bu 08 - Sap 4097004 10/08 OMEPRAMIX É CONTRAINDICADO EM PACIENTES QUE APRESENTEM HIPERSENSIBILIDADE A QUAISQUER DOS COMPONENTES DE SUA FÓRMULA.5 O OMEPRAZOL PODE AUMENTAR O TEMPO DE ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS METABOLIZADOS POR OXIDAÇÃO HEPÁTICA, TAIS COMO: DIAZEPAN, VARFARINA E FENITOÍNA. 5 Referências Bibliográficas: 1) COELHO LGV. et al. II Consenso Brasileiro sobre Helicobacter pylori. Arq Gastroenterol., 42(2):128-32; 2005. 2) CHEY WD & WONG BCY. American College of Gastroenterology Guideline on the Management of Helicobacter pylori Infection. Am J Gastroenterol., 102:1808–1825; 2007. 3) MALFERTHEINER P. et al. Guidelines for the management of Helicobacter pylori infection. Business Briefing: European Gastroenterology Review: 2005. 4)Revista Kairos, n° 258: páginas 14,24,105,131,144 e 149; Maio 2010. 5) Bula do Produto. OMEPRAMIX (omeprazol + claritromicina + amoxicilina triidratada). MS – 1.0573.0282. Material técnico-científico exclusivo à classe médica. Impresso em julho de 2010. A marca Aché do aparelho digestivo Revista GED03 07_c.indd 5 11/5/10 2:44:29 PM Diretoria das Sociedades Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) Diretoria Executiva (2008-2010): Presidente: Carlos Alberto Cappellanes • Vice-Presidente: Carlos Alberto da Silva Barros • 1o Secretário: Ricardo Anuar Dib • 2º Secretário: Fábio Segal • 1o Tesoureiro: Pablo Rodrigo de Siqueira • 2o Tesoureiro: Ciro Garcia Montes • Sede: Rua Peixoto Gomide, 515 – cj. 14 – 01409-001 – São Paulo, SP – Tel./fax: (11) 3148-8200 e 3148-8201 - E-mail: [email protected] – Site: sobed.org.br. Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) Diretoria (2008-2010): Presidente: Jaime Natan Eisig (SP) • Vice-Presidente: José Nonato F. Spinelli (PB) • Secretário Geral: Ricardo C. Barbuti (SP) • 1o Secretário: Carlos Sandoval Gonçalves (ES) • Diretor Financeiro: Celso Mirra de Paula e Silva (MG) • Coordenador do FAPEGE: Décio Chinzon (SP) • Presidente Eleito (2010-2012): José Galvão Alves (RJ) • Sede: Av. Brig. Faria Lima, 2.391, 10º andar – cj. 102 – 01452-000 – São Paulo, SP – Tel.: (11) 3813-1610/3813-1690. Fax: (11) 3032-1460 - E-mail: [email protected] – Site: www.fbg.org.br Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) Diretoria 2009-2011: Presidente: Raymundo Paraná Filho • 1º Vice-Presidente: Mário Guimarães Pessoa • 2° VicePresidente: Carlos Eduardo Brandão Melo • 3º Vice-Presidente: Adalgisa de Souza Paiva Ferreira • Secretário Geral: Paulo Lisboa Bittencourt • Secretária Adjunta: Celina Maria Lacet • 1º Tesoureiro: Delvone Freire Gil Almeida • 2º Tesoureiro: Cirley Maria de Oliveira Lobato • Presidente Eleito 2011-2013: Henrique Sérgio M. Coelho • Sede: Av. Brig. Faria Lima, 2.391, 10º andar – cj. 102 – 01452-000 – São Paulo, SP – Tel.: (11) 3812-3253. - E-mail: secretaria@ sbhepatologia.org.br – Site: www.sbhepatologia.org.br Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) Diretoria Nacional – Biênio 2009-2010: Presidente: Nelson Adami Andreollo • Vice-Presidente Nacional: Ivan Cecconello • 1o Secretário: Cláudio José Caldas Bresciani • 2o Secretário: Nicolau Gregori Czezcko • 1o Tesoureiro: Bruno Zilberstein • 2o Tesoureiro: Carlos Eduardo Jacob • Presidente Eleito (2011-2012): Cleber Dario Pinto Kruel • Sede: Av. Brig. Luiz Antonio, 278 – salas 10 e 11 – 01318-901 – São Paulo, SP – Tels.: (11) 3289-0741 / 3266-6201 / Fone/Fax: (11) 3288-8174 – E-mail: [email protected] – Site: www.cbcd.org.br Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva (SBMD) Diretoria - Gestão 2010-2011: Presidente: Eponina M. O. Lemme • Vice-Presidente: Sânzio Santos Amaral • Secretário Geral: Rosana Bihari Schechter • 1o Secretário: Luciana Dias Moretzsohn • 1o Tesoureiro: Luiz João Abrahão Junior • 2o Tesoureiro: Joffre Rezende Filho • Diretor Científico: Milton M. Barbosa Costa • Vice-Diretor Científico: Maria do Carmo F. Passos • Conselho Consultivo: Ana Maria Furkim, Ary Nasi, Evaldo D. de Macedo Fº, Jeovana F. Brandão, José Marcio N. Jorge, Lúcia C. C. Oliveira, Nelson H. Micelsohn, Rimon Sobhi Azzam, Roberto O. Dantas, Sergio G. S. Barros, Valter N. Felix, Wellington M. Machado • Sede: Rua Brigadeiro Faria Lima, 2391, Conj. 102, Jardim Paulistano – 01452-000 – São Paulo, SP – Fone: (11) 3518-9117 – E-mail: [email protected] – Site: www.sbmd.org.br Revista GED03 07_c.indd 6 11/5/10 2:44:29 PM Informações aos Autores Modificado em outubro de 2007 A GED, órgão oficial da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED, da Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG, da Sociedade Brasileira de Hepatologia – SBH, do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva – CBCD e da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva – SBMD, tem por objetivo a divulgação de trabalhos que contribuam para o progresso da Gastroenterologia, da Endoscopia Digestiva, da Hepatologia, da Cirurgia Digestiva e da Motilidade Digestiva. São publicáveis as colaborações que, enviadas à Secretaria da GED (Av. Brig. Faria Lima, 2.391 – 10o andar – cj. 102 –1452000 – São Paulo, SP, email [email protected]), forem aceitas pelo Conselho Editorial e não tenham sido previamente publicadas e nem o venham a ser, simultaneamente, em outros periódicos. Serão aceitos artigos escritos na língua portuguesa. A critério do Conselho Editorial, poderão ser considerados manuscritos em língua inglesa e castelhana. A GED adota as regras da Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals emitidas pelo International Committee for Medical Journal Editors, disponível na Internet (http:// www.icmje.org). Conteúdo da GED Editoriais Destinam-se à apresentação de temas de natureza polêmica, atual e de impacto, nos quais os editores da GED percebam a necessidade de manifestar de forma sintética a visão destes editores, abordando ou não artigos publicados na GED. Serão escritos pelos editores e/ou membros do Conselho Editorial ou, mediante convite, por outros especialistas. Artigos Originais De pesquisa clínica e/ou experimental, devem apresentar a aprovação da pesquisa pelo Conselho de Ética do hospital, serviço ou instituição onde o trabalho foi realizado. Devem ser estruturados com os seguintes itens: Resumo (e Unitermos), Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas (acompanhado de unitermos). Introdução – Em que se apresenta a justificativa para o estudo, com referências relacionadas ao assunto e o objetivo do artigo. Métodos – Em que se apresentam: a) descrição da amostra utilizada; b) mencionar se há consentimento informado; c) identificação dos métodos, aparelhos e procedimentos utilizados, de modo a permitir a reprodução dos resultados pelos leitores; d) breve descrição e referências de métodos publicados mas não conhecidos amplamente; e) descrição de métodos novos ou modificados; f) se for o caso, referir a análise estatística utilizada, bem como os programas empregados. Resultados – Em que serão apresentados os resultados em Revista GED03 07_c.indd 7 sequência lógica, em forma de texto, tabelas e ilustrações; recomenda-se evitar repetição excessiva de dados em tabelas ou ilustrações e no texto. No texto, números menores que 10 serão grafados por extenso; de 10 em diante, serão expressos em algarismos arábicos. Discussão – Em que serão enfatizados: a) os aspectos originais e importantes do artigo, evitando repetir dados já apresentados anteriormente; b) a importância e as limitações dos achados, confrontando com dados da literatura; c) a ligação das conclusões com os objetivos do estudo; d) as conclusões decorrentes do estudo. Referências – As referências bibliográficas devem ser numeradas na ordem em que são citadas primeiramente no texto. Elas devem seguir as regras do Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals – http://www.icmje.org. Alguns exemplos mais comum são apresentados a seguir. Exemplos: 1. Artigo padrão em periódico (devem ser listados todos os autores; se houver mais de seis, citar os seis primeiros, seguidos por et al.): Alper CA, Kruskal MS, MarcusBagle Y, Craven DE, Katz AJ, Brint SJ, et al.. Genetic prediction of response to hepatitis B vaccine. N Engl J Med. 1989;321:708-12. 2. Autor institucional: NHI Consensus Development Panel on Helicobacter pylori in Peptic Ulcer Disease. Helicobacter pylori in peptic ulcer disease. JAMA. 1994;272:65- 9. 3. Livro com autor(es) responsável(is) por todo o conteúdo: With TK. Bile pigments. New York: Academic Press, 1968. 4. Livro com editor(es) como autor(es): Magrath I, editor. The non-Hodgkin’s limphomas. 2nd ed. London: Arnold, 1997. 5. Capítulo de livro: Warshaw AL, Rattner DW. Residual common duct stones and disorders of duodenal ampullae.`In: Ellis H, editor. Maingot’s abdominal operations. New York: Lange Publishers, 1990:1471-2 Os títulos dos periódicos devem ser abreviados de acordo com o Index Medicus (List of Journals Indexed). Se o periódico não constar dessa lista, grafar o nome por extenso. Tabelas – As tabelas devem possuir um título sucinto, com itens explicativos dispostos em seu pé. Devem ser numerados sequencialmente com algarismos arábicos. Figuras – Serão aceitas figuras em preto e branco. Figuras coloridas poderão ser publicadas quando forem essenciais para o conteúdo científico do trabalho; nesses casos, o ônus de sua publicação caberá aos autores. 11/5/10 2:44:30 PM Informações aos Autores Artigos de Revisão Direitos autorais Somente serão aceitos quando, a convite dos editores da publicação, fizerem parte da linha de pesquisa do autor, comprovada pela presença de artigos originais na bibliografia e citados no texto. Todas as declarações contidas nos artigos serão da inteira responsabilidade dos autores. Aceito o artigo, a GED passa a deter os direitos autorais do material. Assim, todos os autores dos artigos submetidos à GED devem encaminhar um Termo de Transferência de Direitos Autorais. O autor responsável pela correspondência receberá 20 separatas impressas do artigo e o arquivo correspondente em formato pdf. Relato de Caso Devem ser objetivos e precisos, contendo os seguintes itens: 1) Resumo (e Unitermos) e Summary (e keywords); 2) Introdução; 3) Relato objetivo; 4) Discussão; 5) Conclusões; 6) Referências bibliográficas. Cartas ao Editor Cartas endereçadas ao(s) editor(es) serão consideradas para publicação se promoverem discussão intelectual sobre determinado artigo de publicação recente. Devem conter título informativo e não mais que 500 palavras. Se aceita, uma cópia será enviada ao autor do trabalho que suscitou a discussão, com convite para submeter uma réplica que será publicada junto com a carta. Conflito de interesses Conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC 102/2000) e do Conselho Nacional de Saúde (196/96) o(s) autor(es) deve(rão) tornar explícito, por meio de formulário próprio (Divulgação de potencial conflito de interesses), qualquer potencial conflito de interesse relacionado ao artigo submetido. A presente exigência visa informar sobre relações profissionais e/ou financeiras (como patrocínios e participação societária) com agentes financeiros relacionados aos produtos farmacêuticos ou equipamentos envolvidos no artigo, os quais podem teoricamente influenciar as interpretações deste. A existência ou não de conflito de interesses declarado estará ao final de todos os artigos publicados. Bioética de experimentos com seres humanos Experimentos envolvendo seres humanos devem seguir resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (196/96), disponível na Internet (http://conselho.saúde.gov.br//docs/Resoluções/Reso/96de96.doc), incluindo a assinatura de um termo de consentimento informado e a proteção da privacidade dos voluntários. Bioética de experimentos com animais Experimentos envolvendo animais devem seguir resoluções específicas (Lei 6.638, de 8/5/1979, e Decreto 24.645, de 10/7/1934). Ensaios clínicos Artigos que contêm resultados de ensaios clínicos deverão possibilitar todas as informações necessárias à sua adequada avaliação, conforme previamente estabelecido. Os autores deverão refeir-se ao “CONSORT” (www.consort.statement.org). Revisão pelos pares Todos os artigos submetidos serão avaliados por dois revisores, os quais emitirão parecer fundamentado que servirá para o(s) editor(es) decidir(em) sobre sua aceitação. Os critérios de avaliação incluem originalidade, contribuição para corpo de conhecimento da área, adequação metodológica, clareza e atualidade. Os artigos aceitos para publicação poderão sofrer revisões editoriais para facilitar sua clareza e entendimento sem alterar seu conteúdo. Revista GED03 07_c.indd 8 Como enviar o artigo O(s) autor(es) deve(m) encaminhar: • Carta de apresentação assinada por todos os autores ou pelo primeiro autor em nome dos demais, contendo: 1) informação à respeito de submissão prévia ou dupla ou submissão de qualquer parte do artigo atual; 2) uma declaração de relações, financeiras ou não, que possam levar a conflito de interesses; 3) uma declaração de que o artigo foi lido e aprovado por todos os coautores e que os critérios necessários para a declaração de autoria (consultar Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals) foram alcançados por todos os autores e que cada autor afirma que os dados do manuscrito são verdadeiros; 4) nome, endereço, telefone e e-mail do autor para correspondência; ele será o responsável pela comunicação com os outros autores a respeito de revisões e provas gráficas. • Termo de Divulgação de Potencial Conflito de Interesses. • Termo de Transferência de Direitos Autorais. • Três cópias do artigo, digitado em espaço duplo, impressas em papel tamanho carta em somente um dos lados, com margens de 2,5cm e espaço 1,5, numerando as páginas no canto superior direito; as legendas das figuras, as figuras propriamente ditas e as tabelas devem vir ao final, anexadas a cada cópia; assinalar no texto os locais adequados para inserção de figuras e tabelas. • Três conjuntos de figuras em cópia fotográfica brilhante. • Um CD contendo somente um arquivo do texto, correspondente ao artigo, e os arquivos correspondentes a fotos ou figuras. Como preparar o CD • CD formatado compatível com IBM/PC; • Usar editor de texto Microsoft Word para Windows; • O arquivo de texto deve conter somente o texto, da página-título até as referências, e as tabelas; • As figuras não devem ser incluídas no mesmo arquivo do texto; • Colocar no CD a última versão do artigo, idêntica à versão impressa; • Etiquetar o CD informando o programa e a versão utilizados, bem como o nome do arquivo. A submissão do artigo pelo correio eletrônico (e-mail) possibilita maior agilidade no procedimento de revisão. Para isso, será necessário o envio dos arquivos contendo o texto e as figuras para o e-mail da GED ([email protected]). Mensagem aos editores com identificação dos autores deve ser enviada, acompanhada dos endereços convencional e eletrônico e de informações sobre o formato utilizado. O artigo deverá ser enviado em anexo, como attachment, no formato Word para Windows. As figuras deverão estar nos formatos jpg ou tif. 11/5/10 2:44:30 PM O que é: H. Pylori Teste é um teste rápido e inovador que detecta a presença da bactéria Helicobacter pylori em biópsia de mucosa gástrica. O endoscopista deve coletar a biópsia e depositá-la na lâmina. A amostra contendo o H. Pylori promoverá hidrólise da uréia e o aumento do pH, produzindo rapidamente uma mudança de cor na lâmina indicadora nos primeiros cinco minutos (de acordo com a quantidade de H. pylori presente na amostra), caso não haja presença do H. pylori na amostra, não haverá mudança de cor do teste em até 60 minutos. Benefícios do H.Pylori Teste: · Alta sensibilidade, pois possibilita observar resultados positivos nos primeiros 5 minutos. · A alta especificidade, que inibe a possibilidade de reação cruzada com outros microorganismos presentes no tubo digestivo. · Diagnóstico rápido de baixo custo e de fácil execução. 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Faria Lima, 2.391 – 10o andar – cj. 102 –1452-000 – São Paulo, SP, Brazil, e-mail [email protected]), which are accepted by the Editorial Board, and which have not been previously or will not be concomitantly published in other journals may be published. Papers drafted in the Portuguese language will be accepted. At the discretion of the Editorial Board, papers in the Spanish and in the English language may also be accepted. GED adopts the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals of the International Committee for Medical Journal Editors, available in the Internet (http://www.icmje.org). GED Contents Editorials Intended to present polemic, current, and impacting topics whenever GED editors feel the need to present their view in a synthetic manner, whether or not such topics are presented in GEDpublished papers. Editorials are written by the editors and/or by Editorial Board members, or by invited specialists. Original Articles Clinical and/or experimental research papers should present the approval of the research given by the Ethics Committee of the hospital, clinic, or institution were the study was carried out. The following items must be included: Summary (and keywords), Introduction, Methods, Results, Conclusions, References, and Summary and Keywords. Introduction – Presents the justification for the study, with references related to the topic and the objective of the paper. Methods – Presenting: a) description of the sample used; b) mention whether or not an informed consent has been obtained; c) identification of methods, devices, and procedures used in order to permit reproduction of the results by the readers; d) brief description and references to methods that have been published but that are not broadly know; e) description of new methods or of Revista GED03 07_c.indd 10 modified methods; f) mention the statistical analysis or the software used, as the case may be. Results – Presenting results in a logical sequence, in text format with tables and illustrations; authors should avoid excessive information repetition in the tables and illustrations and in the text. In the text, numbers below ten will be written in full, whereas numbers 10 and beyond will be written in Arabic numbers. Discussion – Emphasis will be given to: a) original and major aspects of the paper, without repetition of the aspects previously presented; b) relevance and limitations of the findings, comparing them to information in the literature; c) connection of the conclusions to the objectives of the study; d) conclusions arising out of the study. References – Bibliographic references should appear in the order in which they are first quoted in the text. They should follow the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals – http://www. icmje.org. Some of the more usual example are presented. Examples: 1. Standard paper in journals (all authors must be listed; if they are more than six, list the first six followed by et al.): Alper CA, Kruskal MS, Marcus-Bagle Y, Craven DE, Katz AJ, Brint SJ, et al.. Genetic prediction of response to hepati tis B vaccine. N Engl J Med. 1989;321:708-12. 2. Autor institucional: NHI Consensus Development Panel on Helicobacter pylori in Peptic Ulcer Disease. Helicobacter pylori in peptic ulcer disease. JAMA. 1994;272:65- 9. 3. Book with author(s) responsible for the full text With TK. Bile pigments: New York: Academic Press, 1968. 4. Book with editor(s) as author(s): Magrath I, editor. The non-Hodgkin’s limphomas. 2nd ed. London: Arnold, 1997. 5. Chapter of a book: Warshaw AL, Rattner DW. Residual common duct stones and disorders of duodenal ampullae. In: Ellis H, editor. Maingot’s abdominal operations. New York: Lange Publishers, 1990:1471-2. The titles of journal should be abbreviated according to the Index Medicus (List of Journals Indexed). If the journal is not included in such list, write the name in full. Tables – Tables should have a summarized title, with explanatory comments at the foot of the table. They should be sequentially numbered with Arabic numbers. Figures – Black and white figures will be accepted. Color figures may be published when they are essential for the scientific contents of the paper; in such case, the cost of publishing colored figures will be covered by the authors. 11/5/10 2:44:32 PM Revista GED03 07_c.indd 11 11/5/10 2:44:36 PM Informations to Authors Revision Articles Will be accepted only when the editors have invited the author to write such articles, when they are part of the research line of the author as evidenced by the presence of original articles in the bibliography and in the quotations in the text. Case Report Should be objective and precise, with the following items: 1) Summary (and keywords); 2) Introduction; 3) Objective Report; 4) Discussion; 5) Conclusions; 6) Bibliography. Letters to the Editor Letters sent to the editor(s) will be considered for publication if they carry an intellectual discussion regarding a recently published article. They should have an informative title and not more than 500 words. If accepted, a copy will be sent to the author of the paper that raised the discussion, with an invitation to submit a reply to be published together with the letter. Conflict of interests As determined by the Sanitary Surveillance Agency (RDC 102/2000) and by the National Health Council (196/96) author(s) should inform explicitly in the adequate form (Disclosure of potential conflict of interests) about any potential conflict of interests related to the paper submitted. This requirement is intended to inform about professional and/or financial relations (with sponsorships and corporate interests) with financial agents related to medical drugs or equipment involved in the paper, which may theoretically influence the interpretation of the paper. The existence or non-existence of a declared conflict of interests shall be included at the end of all articles published. Bioethics of experiments involving human beings Experiments involving human beings shall follow the specific resolution of the National Health Council available in the Internet address (http://conselho.saúde.gov.br//docs/Resoluções/Reso/ 96de96.doc), including the signature of an informed consent and the protection to volunteer privacy. Bioethics of experiments involving animals Experiments involving animals shall follow specific resolutions (Law 6,638, of May 8, 1979, and Decree 24,645, of July 10, 1934). Clinical Assays Article containing results of clinical assays should disclose all information required for their proper evaluation, as previously established. Authors shall refer to the “CONSORT” (www. consort. statement.org). Review by peers All articles submitted shall be evaluated by two analysts, who shall issue a fundamented opinion to be used by the editors to decide whether or not the paper will be accepted. Evaluation criteria include originality, contribution to the body of knowledge in the area, methodological adequacy, clarity, and contemporaneity. Articles accepted for publication may have editorial revisions to improve clarity and understanding without changing its contents. Copyrights All statements contained in the articles will be under the full Revista GED03 07_c.indd 12 responsibility of the authors. After and article is accepted, GED becomes the owner of copyrights of the material. Thus, all authors of the articles submitted to GED should also send a Deed of Copyright Assignment. The author incharge of receiving letters from the readers will receive 20 printed copies of the article and the corresponding pdf file. How to send a paper The author(s) should send: • A letter of submission signed by all authors or by the first author to appear in the list on behalf of all authors, containing: 1) information regarding a prior or double submission of any part of the paper being submitted; 2) a declaration of relations, financial or otherwise, that could lead to a conflict of interests; 3) a declaration that the article has been read and approved by all coauthors and that the criteria to claim authorship (see Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals) have been met by all authors and that each author represents that the information in the manuscript is true; 4) name, address, telephone number, and e-mail of the author who will receive letters; this author will be responsible to communicate revisions and print proofs to the other authors. • Deed of Disclosure of a Potential Conflict of Interests. • Deed of Copyright Assignment. • Three copies of the paper typed in double space, printed in letter-sized paper only on the front (without printing on the back), margins of 2.5 cm and 1.5 space, with pages numbered in the upper right corner; figure legends, figures, and tables should be placed at the end, attached to each copy; indicate in the text the place to insert figures and tables. • Three sets of figures in shiny photographic copies. • A CD containing the text file only, with the paper text, and the files containing photographs or figures. How to prepare the CD • Formatted CD compatible with IBM/PC; • Use Microsoft Word for Windows text software; • The text file to contain only the text, from the title page to the references, and the tables; • Figures are not to be included in the text file; • Place in the CD the lest version of the paper, identical to the printed version submitted; • Label the CD informing the software and the version used, and the filed name. Submission of a paper by e-mail allows for greater efficiency of the revision procedures. For that purpose, the text and the figures files shall be sent to the GED e-mail ([email protected]). Messages to the editors with identification of the authors should be sent together with conventional and electronic addresses, and together with information about the format used. The paper shall be sent as an attachment, as a Word for Windows file. Figures shall be in the jpg or tif formats. 11/5/10 2:44:37 PM Revista GED03 07_c.indd 13 11/5/10 2:44:46 PM ANÚNCIO Pyloripac Retrat Revista GED03 07_c.indd 14 11/5/10 2:44:46 PM Artigo Original Análise dos achados endoscópicos em pacientes com dispepsia atendidos no Serviço de Endoscopia do Hospital São João Batista, Criciúma – SC, no período de outubro de 2008 a março de 2009 Analysis of endoscopic findings in patients with dyspepsia seen at the Endoscopy Service of Hospital São João Batista in the period from October 2008 to March 2009 E DSON S OUZA M ACHADO D URÃES 1; M ARIANA R OCHA F ABRIS 1; A LEXANDRE J OSÉ F ARACO 2; K RISTIAN M ADEIRA 3; L ÍGIA R OCHA DE L UCA 2 CURSO DE MEDICINA-UNIDA DE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE-UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE (UNESC) Homenagem póstuma à professora e gastroenterologista Ligia Rocha de Luca Introdução: Dispepsia é o conjunto variável de sintomas relacionados à dor ou queimação epigástrica, saciedade precoce ou plenitude pós-prandial. Objetivo: Conhecer a prevalência de achados endoscópicos em pacientes portadores de dispepsia, submetidos à endoscopia digestiva alta (EDA) no Serviço de Endoscopia do Hospital São João Batista, em Criciúma (SC), no período de outubro de 2008 a março de 2009. Metodologia: Estudo descritivo, observacional, retrospectivo, transversal, composto por 324 laudos endoscópicos de pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta no Hospital São João Batista, no período de 6 meses. Os laudos pertenciam à pacientes do sexo masculino e feminino entre 10 e 80 anos. Resultados: Foram avaliados 369 laudos endoscópicos de pacientes submetidos a endoscopia digestiva alta no Hospital São João Batista, dos quais 324 laudos (88%) foram selecionados, uma vez que pertenciam a pacientes portadores de dispepsia, segundo os Critérios de Roma III. Destes, 203 pertenciam a pacientes do sexo feminino (63%) e 121 do sexo masculino (37%). A maioria dos laudos endoscópicos incluídos no estudo apresentou alterações à endoscopia (96,3%). A prevalência de doença ulcerosa péptica foi de 9,9%, sendo a úlcera péptica duodenal a responsável por 7,1% destes achados e a úlcera péptica gástrica por 2,8%. Um paciente apresentou câncer gástrico, sendo este achado responsável por 0,3%. A endoscopia foi normal em 19,8% dos laudos e 70% dos achados pertenciam a alterações mínimas. Conclusões: Em nosso meio, a opção por estratégias alternativas ao exame endoscópico para pacientes dispépticos, sem investigação prévia, jovens e adultos de média idade (abaixo de 45 anos), sem sintomas de alarme, deve ser considerada. Unitermos: Dispepsia, Endoscopia, Prevalência. 73 29(3):73-78 Resumo Summary Background: Dyspepsia is the variable set of symptoms of epigastric pain or burning, early satiety or postprandial fullness. Objective: To determine the prevalence of endoscopic findings in patients with dyspepsia who underwent endoscopy at the Endoscopy Service of St. John Baptist Hospital in Criciúma, in the period October 2008 to March 2009. Methods: A descriptive, observational, retrospective, cross, composed of 324 endoscopic reports in patients undergoing upper endoscopy at St. John Baptist Hospital in Criciúma, in the period of 6 months. The reports were from males and females between 10 and 80 years. Results: We evaluated 369 endoscopic reports in patients undergoing endoscopy at the St. John Baptist Hospital, of which 324 reports (88%) were selected because they belonged to patients with dyspepsia according to Rome III criteria. Of these, 203 belonged to female patients (63%) and 121 males (37%). The majority of endoscopic reports in the study showed changes in endoscopy (96.3%). The prevalence of peptic ulcer disease was 9.9%, duodenal 1. Graduando em Medicina - Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). 2. Médico(a). Professor (a) titular do Curso de Medicina da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). 3. Professor de Bioestatística do Curso de Medicina da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Endereço para correspondência: Edson Souza Machado Durães - Rua João Johanny de Alcântara, 250 - Itajaí – SC – Fazenda- CEP – 88306-120 [email protected]. Recebido em 11/08/2010. Aprovado em 27/09/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:73 11/5/10 2:44:46 PM Análise dos achados endoscópicos em pacientes com dispepsia atendidos no serviço de endoscopia do Hospital São João Batista, Criciúma – SC, no período de outubro de 2008 a março de 2009 Dispepsia e achados endoscópicos ulcer was responsible for 7.1% of these findings and gastric ulcer by 2.8%. One patient had gastric cancer and that was responsible for 0.3%. Endoscopy was normal in 19.8% of reports and 70% belonged to the findings of uncertain clinical significance or minor changes. Conclusion: In our environment, the choice of alternative strategies to endoscopy for dyspeptic patients, without prior investigation, youth and adults of average age (below 45 years) without alarm symptoms should be considered. propedêutica e terapêutica das doenças do trato digestivo superior6. Neste contexto, propõe-se nesse trabalho conhecer a prevalência de achados endoscópicos em pacientes portadores de dispepsia (segundo Critérios de Roma III), submetidos à endoscopia digestiva alta (EAD) no Serviço de Endoscopia do Hospital São João Batista, em Criciúma (SC), no período de outubro de 2008 a março de 2009. Keywords: Dyspepsia, Endoscopy, Prevalence. Métodos Introdução 29(3):73-78 74 A dispepsia é uma das condições mórbidas mais prevalentes relacionadas ao trato digestivo superior, acometendo em média 25% da população e a sua incidência exata depende de alguns fatores, entre eles a conceituação de dispepsia utilizada e os métodos epidemiológicos empregados1,2. De acordo com os Critérios de Roma III, dispepsia ou síndrome dispéptica é o conjunto variável de sintomas relacionados à dor ou queimação centrados no epigástrio, saciedade precoce ou plenitude pós-prandial. Duração mínima dos sintomas é de 3 meses (12 semanas, não necessariamente consecutivas), com o início da sintomatologia de, pelo menos, 6 meses antes do diagnóstico3,4,5. Náusea, vômito e eructação também podem estar associados. Dor nos hipocôndrios direito e esquerdo não é considerada como sintoma dispéptico, assim como azia ou pirose retroesternal e regurgitação não fazem parte do conjunto de sintomas que integra a dispepsia, uma vez que não mais se considera dispepsia do tipo refluxo devido ao moderado a alto valor preditivo destes sintomas para doença do refluxo gastroesofágico. Foi realizado um estudo descritivo, observacional, retrospectivo, transversal, composto por 369 laudos endoscópicos de pacientes submetidos à EDA no Hospital São João Batista, em Criciúma (SC), no período de outubro de 2008 a março de 2009. Após critérios de inclusão e exclusão, 324 laudos foram selecionados para a análise. Foram incluídos no estudo os laudos dos pacientes admitidos no serviço de referência para realização do exame endoscópico no período determinado, em regime exclusivamente ambulatorial, encaminhados por convênios médicos, clínicas privadas e por vários postos de atendimento em saúde pública. Estes eram portadores de dispepsia não-investigada, e classificados como dispépticos de acordo com os Critérios de Roma III. Os pacientes participantes da pesquisa tiveram dados demográficos e laudos completos, incluindo os dados da anamnese, colhidos e anotados de forma sistemática e rigorosamente de acordo com o protocolo definido pelos médicos do serviço e pelo acadêmico Edson S. M. Durães. Constitui motivo frequente de consultas médicas, sendo em torno de 5 a 10% das consultas a clínicos gerais e de 20 a 40% das consultas a especialistas1,2,6. A grande maioria dos pacientes acometidos pela dispepsia não procura auxílio médico, uma vez que apresentam sintomas de curta duração e de intensidade leve a moderada, recorrendo à automedicação. Em suas formas mais graves tem um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes e, de forma geral, a dispepsia motiva grandes despesas diretas (consultas, exames complementares, medicamentos) e indiretas (absenteísmo, perda de produtividade)1,2. Foram excluídos da análise os laudos de pacientes que não preencheram os critérios de Roma III para dispepsia, de pacientes em programas de terapêutica endoscópica (escleroterapia de varizes, ligadura elástica, dilatação esofagiana, tratamento de mega-esôfago e esclerose de lesões sangrantes) e que apresentaram sintomas sugestivos ou diagnóstico prévio de afecções esofágicas (disfagia, azia ou pirose retroesternal, DRGE, hérnia de hiato por deslizamento, esofagite, neoplasia esofagiana, entre outros). Também foram rejeitados os laudos com anamnese incompleta ou cujos dados não estavam devidamente registrados, e os de pacientes que não completaram a endoscopia digestiva alta por motivos alheios a um impedimento anatômico. Até o momento, em nosso país, faltam estudos embasados na análise de conhecimentos científicos para sistematizar quais pacientes devem ser submetidos à endoscopia ou os principais diagnósticos observados nas diferentes faixas etárias. Assim, torna-se necessário a elaboração de estudos sistematizados bem conduzidos em centros de endoscopia para definição da realidade local acerca da prevalência dos achados endoscópicos, com objetivo de orientar condutas médicas individuais e institucionais no que diz respeito à As variáveis do estudo foram: idade, sexo, sintomas dispépticos (dor epigástrica, queimação epigástrica, plenitude pós-prandial e saciedade precoce) e achados endoscópicos (úlcera péptica gástrica e duodenal, câncer gástrico, gastrite enantematosa e erosiva, atrofia de mucosa, duodenite inespecífica, normal e OUTROS). Em um primeiro momento, incluímos no grupo denominado por nós de OUTROS, os seguintes achados: pólipos, atrofia mucosa gástrica (corpo e antro), varizes de fundo gástrico, pâncreas ectópico. Em GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:74 11/5/10 2:44:47 PM E. S. M. DURÃES; M. R. FABRIS; A. J. FARACO; K. MADEIRA; L. R. LUCA seguida, incluímos os achados de gastrite (enantematosa e erosiva), duodenite inespecífica e atrofia de mucosa intestinal neste grupo, e passamos a considerá-lo como de alterações mínimas ou de achados endoscópicos de significância clínica incerta. Após avaliação da frequência desses diagnósticos isolados, foi realizado o levantamento das demais variáveis isoladamente e em seguida as confrontamos. A maioria dos laudos endoscópicos incluídos no estudo apresentou alterações à EDA (96,3%), como se pôde observar no Gráfico 2. Gráfico 2 - Prevalência de achados endoscópicos em pacientes dispépticos submetidos à EDA no HSJB 100 90 80 70 60 50 45,7 40 29,3 30 19,8 20 7,1 7,7 Dos 324 laudos endoscópicos incluídos no estudo, 203 pertenciam a pacientes do sexo feminino (63%) e 121 do sexo masculino (37%). Para facilitar a análise, os pacientes foram distribuídos em faixas etárias de dez anos. A grande maioria dos laudos (72,5%) pertencia a pacientes entre 20 e 59 anos. A idade dos pacientes estudados variou de 10 a 86 anos (Gráfico 1). Gráfico 1 - Perfil de Faixa Etária 11.11% 17,14% 6.17% 3,09% 19,14% 7,10% 16,67% 19,44% 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 60-70 70-80 80-90 s tro Ou al 1,5 75 achados endoscópicos A discrepância encontrada no somatório das porcentagens dos achados encontrados no gráfico 2 é justificável, pois 44 pacientes apresentaram associação de dois ou três achados endoscópicos ao exame (40 e 4 casos, respectivamente), sendo então incluídas todas as alterações às análises em um primeiro momento. 29(3):73-78 sim não 1,9 rm ge er ge en up d 0 up g Em nosso estudo foram avaliados, retrospectivamente, 369 laudos endoscópicos de pacientes submetidos à EDA no Hospital São João Batista, em Criciúma (SC), no período de outubro de 2008 a março de 2009. Deste total, 324 laudos (88%) foram selecionados, uma vez que pertenciam a pacientes portadores de dispepsia, segundo os Critérios de Roma III. 0,3 DI 2,8 am 10 ca g Resultados No Percentual Os dados dos prontuários dos pacientes pesquisados foram organizados em um banco de dados, utilizando-se o software estatístico Microsoft Excel®, após cadastro do levantamento de dados em planilha, utilizando o mesmo. Para a análise estatística e gráfica das variáveis observadas foram utilizados os softwares estatísticos Microsoft Excel® e SPSS. O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética da UNESC (Universidade do Extremo Sul Catarinense de Criciúma-SC), sob o protocolo 367/2008. O principal achado endoscópico foi o de gastrite endoscópica enantematosa (45,7%), seguido da gastrite endoscópica erosiva (29,3%). Estas alterações inflamatórias na mucosa gástrica estiveram presentes em 75% dos laudos endoscópicos. A prevalência de doença ulcerosa péptica foi de 9,9%, sendo a úlcera péptica duodenal a responsável por 7,1% destes achados e a úlcera péptica gástrica por 2,8%. Um paciente apresentou câncer gástrico, sendo este achado responsável por 0,3%. A duodenite inespecífica foi responsável por 7,7% dos achados e a atrofia de mucosa intestinal por 1,9%. Neste primeiro momento, fizeram parte do grupo de achados denominados por nós de OUTROS os seguintes achados: pólipos, atrofia de mucosa gástrica (corpo e antro), varizes de fundo gástrico, pâncreas ectópico. Nesta primeira etapa, 5 pacientes foram classificados neste grupo (1,5%), sendo o único achado entre eles o de lesão polipoide gástrica. Em seguida, incluímos os achados de gastrite (enantematosa e erosiva), duodenite inespecífica e atrofia de mucosa intestinal neste grupo, e passamos a considerá-lo como de alterações mínimas ou de achados endoscópicos de significância clínica incerta, totalizando aproximadamente 70% dos achados (gráfico 3). GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:75 11/5/10 2:44:47 PM Análise dos achados endoscópicos em pacientes com dispepsia atendidos no serviço de endoscopia do Hospital São João Batista, Criciúma – SC, no período de outubro de 2008 a março de 2009 Dispepsia e achados endoscópicos A EDA foi normal em 19,8% dos laudos, sendo estes pacientes classificados como portadores de dispepsia funcional, segundo os critérios de Roma III. (gráfico 3). Gráfico 3 - Perfil de Faixa Etária Prevalência dos Achados Endoscópicos 19,81% 2,79% 7,12% segundo momento, a faixa etária predominante neste grupo foi de 20 a 59 anos (75,6%). Achados normais ao exame endoscópico foram encontrados em todas as faixas etárias, exceto entre os de 80 e 89 anos, com destaque entre 30 e 59 anos (57,8%). Após o cruzamento destas variáveis, idade e achados endoscópicos, realizamos o teste de análise de variância (ANOVA) e constatamos que não há evidências suficientes, em nosso trabalho, para afirmar que a idade seja determinante do aparecimento de algum achado endoscópico (p> 0,05). Discussão 0,31% UPG 69,97% 29(3):73-78 76 CAG UPD Outros Normal O sintoma dispéptico mais prevalente foi o de dor epigástrica (79%), seguido da plenitude pós-prandial (24,4%), da queimação epigástrica (23,1%) e, por último, a saciedade precoce (16,4%). Dificilmente o paciente dispéptico apresenta apenas um sintoma isolado, sendo mais comum a associação entre eles, fato este que explica a discrepância no somatório das percentagens. Após avaliação da prevalência dos achados endoscópicos e das faixas etárias resolvemos realizar um cruzamento entre estas duas variáveis. Dos portadores de gastrite endoscópica enantematosa, 73,6% eram pacientes entre 20 e 59 anos, já os que tiveram laudo de gastrite endoscópica erosiva estavam entre 30 e 59 anos (64,2%). Os portadores de úlcera péptica duodenal apresentaram 2 picos de faixa etária: primeiro de 20 a 39 anos e depois dos 60 aos 79 anos (aproximadamente 39%, respectivamente). Igualmente dois picos foram encontrados nos que apresentaram úlcera péptica gástrica: o primeiro dos 10 aos 19 anos (22%) e o segundo dos 50 aos 59 anos (33%). O único achado de câncer gástrico foi em um paciente de 65 anos do sexo masculino. Atrofia de mucosa intestinal esteve presente em 50% dos pacientes entre 20 e 29 anos, já a duodenite inespecífica teve destaque na faixa etária entre 20 e 39 anos (40%) e outro pico entre 50 e 59 anos (28%). Outros achados (lesão polipoide gástrica foi o único neste grupo) tiveram seus representantes nas faixas etárias entre 70 e 89 anos (80%) e outro pico, desta vez menor, entre 40 e 49 anos (20%), no primeiro momento da análise (antes de considerarmos este grupo como o de achados de significância clínica incerta ou alterações mínimas). No Foi verificado em nosso estudo que a maioria dos pacientes encaminhados para o Serviço de Endoscopia Digestiva Alta do Hospital São João Batista apresentava queixas de dispepsia (88%). Ocorreu predominância de pacientes entre 20 e 59 anos, e em relação à distribuição do grupo estudado quanto a sexo, confirmou-se o predomínio do feminino (63%) sobre o masculino (37%). Alves, em sua tese de doutordo, estudando as características clínicas e endoscópicas de 12.261 pacientes encaminhados para o exame endoscópico, encontrou percentuais semelhantes aos do nosso estudo. Verificou que, aproximadamente, 80% dos pacientes apresentavam sintomas dispépticos ou queixas de refluxo gastroesofágico e houve predomínio do sexo feminino (52,9%) entre os pacientes estudados. A faixa etária predominante neste estudo foi entre 25 e 55 anos6. Em 1994, Talley et al., em estudo populacional avaliando a prevalência da dispepsia em uma comunidade, verificou que 58% dos portadores de dispepsia eram do sexo feminino6. O sexo feminino tem sido apontado como fator de risco para distúrbios funcionais do trato gastrointestinal por muitos estudiosos. Outro fator relevante é a crescente relação de distúrbios psiquiátricos, como ansiedade e depressão (mais frequentes entre as mulheres), e a dispepsia funcional. Geralmente, os portadores de dispepsia apresentam associação de sintomas dispépticos, sendo que alguns trabalhos demonstram média de 3 a 4 sintomas por paciente, fato este também observado em nosso estudo e em um estudo multicêntrico realizado por Thomson et al., no Canadá, em que 99,4% dos pacientes apresentavam no mínimo 3 sintomas dispépticos7. O principal sintoma encontrado entre os dispépticos submetidos à EDA no Hospital São João Batista foi o de dor epigástrica (79%). Em 2004, Kolk, investigando a associação dos sintomas dispépticos com os achados endoscópicos em pacientes encaminhados para endoscopia digestiva alta, na Estônia, país com alta prevalência de infecção pelo H. pylori, encontrou uma prevalência de dor epigástrica de 73%, achado semelhante ao nosso8. Johnsen et al., em 1991, em clássico estudo de prevalência realizado na Noruega, verificou que, dos seus 309 pacientes GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:76 11/5/10 2:44:47 PM E. S. M. DURÃES; M. R. FABRIS; A. J. FARACO; K. MADEIRA; L. R. LUCA de alterações mínimas sustentou-se no fato de existir pobre correlação destes achados com os sintomas dispépticos e/ ou pela abordagem terapêutica ser semelhante à empregada nos portadores de dispepsia funcional. Soma-se a isso o fato de que estudos, utilizando grupos-controle, demonstraram grande prevalência destes diagnósticos entre os indivíduos assintomáticos 6,7,9,11. Após levantamento dos exames endoscópicos em nosso estudo, constatamos alterações variáveis na grande maioria dos casos (96,3%) e os exames foram normais em 19,8%. Na Holanda, em 1994, foi realizado um estudo transversal e multicêntrico para avaliar a prevalência de doenças digestivas altas em centro de endoscopia digestiva, no qual, após levantamento de dados, foi verificado que 16% dos pacientes apresentaram dispepsia funcional (Numans, 1994 apud Alves, 2006). Um estudo prospectivo escocês utilizou os sintomas dispépticos como critério de inclusão dos pacientes, sem no entanto, agrupar esses sintomas, observou que a dispepsia funcional foi diagnosticada em 22% dos casos (Crean, 1994 apud Alves, 2006). Em nosso estudo, as alterações inflamatórias da mucosa gástrica estiveram presentes em 75% dos laudos endoscópicos, sendo que 45,7% destes foram classificados como gastrite endoscópica enantematosa e 29,3% como gastrite endoscópica erosiva. A duodenite inespecífica foi responsável por 7,7% dos achados. Erosões pré-pilóricas são achados frequentes à endoscopia, sendo consideradas como marcadores do diagnóstico endoscópico de gastrite crônica6. Johnsen et al., em estudo prospectivo comparando pacientes sintomáticos com controles assintomáticos, ao relacionarem alterações endoscópicas e histológicas, encontraram, respectivamente, taxas de gastrite na ordem de 20,1% e 16,1% à endoscopia de 43,2% e 37,4% à histologia e taxas de duodenite, de 20,1% e 8,8% à endoscopia e de 62,3% e 70% à histologia9. A discrepância no somatório das percentagens dos exames endoscópicos em nosso estudo explica-se da seguinte maneira. Em um primeiro momento, consideramos todos os achados endoscópicos incluídos no estudo, independentemente de sua relevância clínica, sendo que alguns pacientes apresentaram associação de achados ao exame endoscópico, que acabamos considerando também para análise. Em um segundo momento, resolvemos considerar os achados como pertencentes a 2 grupos - os de relevância clínica indiscutível (úlcera péptica gástrica, duodenal e CA gástrico), responsáveis por 10,2% dos achados, e os de alterações mínimas e/ou de significado clínico incerto (gastrite, duodenite inespecífica e atrofia de mucosa que foram adicionados ao grupo referente a OUTROS achados), presentes em aproximadamente 70% dos laudos. Desta maneira, conseguimos comparar, com maior propriedade, nossos achados com os dados encontrados em outros estudos publicados. Em 2006, Alves defendeu tese de doutorado junto à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, estudando as características clínicas e endoscópicas de pacientes encaminhados para o exame endoscópico e verificou que foi normal ou mostrou alterações mínimas em 51,7% dos casos (Alves, 2006). Johnsen em 1991 verificou, em seu estudo, que a prevalência de exames endoscópicos normais entre os dispépticos foi de 53,5%, concluindo-se que a maioria dos pacientes dispépticos de uma determinada população é provavelmente portadora de uma síndrome funcional. Quando realizada correlação com a histologia, esse percentual caiu para 10,3% (Johnsen, 1991). A inclusão dos diagnósticos como os de gastrite (enantematosa e erosiva) e duodenite inespecífica, por exemplo, no grupo Bernersen et al., em estudo endoscópico populacional, encontraram o diagnóstico de gastrite crônica em 38,5% dos dispépticos e em 35,1% dos controles assintomáticos6. Em 2002, Tytgat, avaliando o papel da endoscopia e da biópsia na abordagem do paciente dispéptico, verificou taxas gastrite superficial de 22% e 16% e de duodenite na ordem de 20% e 9%, em pacientes dispépticos e de controles assintomáticos, respectivamente11. Kruening et al., avaliando a histologia de indivíduos assintomáticos, encontraram taxas de 12% de duodenite inespecífica6. Em nosso estudo, os pacientes classificados como portadores de alterações mínimas encontraram-se na faixa etária entre 20 e 59 anos, coincidindo com a faixa etária mais prevalente encontrada nos pacientes dispépticos submetidos ao exame endoscópico no Serviço de Endoscopia do Hospital São João Batista. 77 29(3):73-78 dispépticos estudados, 125 (40,5%) apresentavam queixas de dor epigástrica9. Avaliando a prevalência de achados endoscópicos em adolescentes (11 a 18 anos), Okello verificou que a principal justificativa para realização da EDA foi a de dor epigástrica (67,4%), seguida pela dispepsia (11,9%), com predomínio do sexo feminino (71,8%) sobre o masculino (28,2%)10. Encontramos um percentual de doença ulcerosa péptica na ordem de 9,9%, sendo a úlcera péptica duodenal responsável por 7,1% deste total e a úlcera péptica gástrica por 2,8%. Notamos um predomínio destes achados nos pacientes entre 50 e 79 anos. Tytgat em 2002, após levantamento de mais de 22 estudos, observou uma prevalência média de doença ulcerosa péptica de 17%, úlcera péptica gástrica de 5,5% e úlcera péptica duodenal de 10% entre os dispépticos11. Johnsen et al. encontraram prevalência de 8,4% de úlcera péptica em seu estudo, achado semelhante ao nosso9. Thomson et al., em estudo multicêntrico realizado no Canadá, com objetivo de verificar a frequência de achados endoscópicos clinicamente significantes em portadores de dispepsia não investigada, encontrou prevalência de doença ulcerosa péptica de 5,3%, sendo a úlcera gástrica responsável por 3% deste total e a úlcera duodenal por 2,8%7. Em 2006, GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:77 11/5/10 2:44:47 PM Análise dos achados endoscópicos em pacientes com dispepsia atendidos no serviço de endoscopia do Hospital São João Batista, Criciúma – SC, no período de outubro de 2008 a março de 2009 Alves em sua tese de doutorado, estudando as características clínicas e endoscópicas de pacientes encaminhados a um serviço de endoscopia de referência, verificou aumento gradativo na prevalência de úlcera péptica a partir dos 30 anos. Os portadores de úlcera duodenal apresentaram maior prevalência entre a quarta e quinta décadas de vida, e os portadores de úlcera gástrica na década seguinte. Nos pacientes com dispepsia tipo úlcera, o diagnóstico de úlcera gástrica ocorreu em 3,3% dos pacientes abaixo de 30 anos e em 15,5% dos acima de 50 anos. Já a úlcera duodenal, neste grupo, foi responsável por 31% nos pacientes com até 30 anos e 36,6% nos pacientes entre 45 e 50 anos6. 29(3):73-78 78 Em nosso estudo, a neoplasia gástrica foi diagnosticada em um paciente de 65 anos, do sexo masculino, cuja sintomatologia era de plenitude pós-prandial (0,3%). Tytgat em seu estudo, após levantamento em outras 22 publicações, encontrou taxas de neoplasia gástrica que variaram de 0 a 3,4% (média de 1,2%)11. Achado semelhante ao encontrado por Alves, em sua tese de doutorado, que diagnosticou a neoplasia gástrica em 141 pacientes (1,2%), dos 12.261 pacientes incluídos neste estudo. Verificou também que a distribuição do câncer gástrico em relação ao sexo e à idade era de 1,8 homens para uma mulher, com média de idade de 65 anos6. Thomson et al., em estudo multicêntrico com 1.040 pacientes, avaliando a frequência dos achados endoscópicos clinicamente significantes, encontraram 2 casos de neoplasia gástrica7. A Associação Americana de Gastroenterologia (AGA), entre outros grupos de estudiosos e associações, recomenda que pacientes dispépticos jovens (abaixo de 45 anos), sem sintomas de alarme e sem investigação prévia, devam ser submetidos a teste não-invasivo para o diagnóstico de H. pylori. Recomendam a terapêutica de erradicação empírica para os portadores da bactéria e o emprego de medicações antissecretoras, por seis a oito semanas, nos casos de testes negativos. A endoscopia estará indicada para os pacientes que persistirem sintomáticos6,7,11. Baseado no levantamento bibliográfico e análise dos achados endoscópicos, dos 324 laudos de pacientes dispépticos selecionados em nosso estudo, no período de outubro de 2008 a março de 2009, podemos concluir que a maioria dos pacientes encaminhados para realização de endoscopia digestiva alta apresenta dispepsia, sendo a dor epigástrica o sintoma dispéptico mais frequente. A maioria dos pacientes que realiza o exame endoscópico é do sexo feminino. Alguns autores consideram o gênero feminino como fator de risco para dispepsia funcional. A maioria das lesões ulceradas pépticas é de localização duodenal e, com o avançar da idade, a chance de processos orgânicos à EDA aumenta. A maioria dos pacientes encaminhados para realização da EDA é portador de alterações de significado clínico incerto (alterações mínimas) e/ou apresentam exames normais à visão endoscópica; desta forma, em nosso meio, a opção por estratégias alternativas ao exame endoscópico para pacientes dispépticos, sem investigação prévia, jovens e adultos de média idade (abaixo de 45 anos), sem sintomas de alarme, deve ser considerada. Referências 1. Castro, LP; Coelho, LGV. Gastroenterologia. Rio de Janeiro: Medsi, 2004. 1 v. 2. Miszputen, SJ(Org.). Gastroenterologia. 2ª São Paulo: Manole, 2007. (Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar UNIFESP-Escola Paulista de Medicina). 3. 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GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):73-78 Revista GED03 07_c.indd Sec1:78 11/5/10 2:44:47 PM Artigo Original Contribuição da histopatologia na diarreia com colonoscopia normal: análise crítica e revisão da literatura Contribution of the histopathology in diarrhea with normal colonoscopy: critical analysis and literature review E J OSÉ G ALVÃO A LVES 3 Resumo Introdução: Dentre as várias indicações para a realização de colonoscopias, duas das mais frequentes são a hematoquezia (20,5%) e diarreia de etiologia inexplicável (8,8%). Cerca de 40% das colonoscopias, em estudos retrospectivos, são normais e a realização de biópsias para histopatologia complementar não tem sido uma rotina nos diversos serviços de endoscopia. Objetivos: Avaliar a contribuição da histopatologia para o esclarecimento diagnóstico em pacientes diarreicos e com colonoscopias normais. Método: Foi realizado um levantamento bibliográfico no PubMed, Scielo, Medline e Biblioteca Cochrane com as palavras chave Diarreia e Colonoscopia normal, e levantados retrospectivamente os resultados da histopatologia de pacientes com diarreia e com colonoscopias normais. Resultados: Num período de 2 anos, foram realizadas 1.342 vídeocolonoscopias. Destes, 119 (8,86%) foram por diarreia, diarreia + dor abdominal ou descargas intestinais, sendo 74 (5,51%) submetidos a biópsias endoscópicas, 34 (2,53%) com alguma anormalidade macroscópica, e 40 (2,98%) com colonoscopias normais. Destes 40, foram analisados os laudos histopatológicos de 30, e 10 foram excluídos por impossibilidade de recuperação da histopatologia. Dos 30, 29 são leucodérmicos (96,7%) e 1 melanodérmico (3,3%), com idade entre 16 anos e 64 anos, sendo 13 masculinos (43,3%) e 17 femininos (56,7%). O íleo terminal foi examinado em 11 pacientes (36,7%) e não foi possível a ileoscopia em 19 (63,3%). As biópsias foram no retossigmoide em 26 pacientes (86,7%), no retossigmoide, cólon esquerdo e cólon direito no mesmo exame em 1 (3,3%) e somente no íleo terminal em 3 (10%). Das 30 histopatologias revistas foram definidas como sem alterações dignas de nota em 27 (90%), alterações inespecíficas em 1 (3,3%) e colite inespecífica em 2 (6,7%). Em 5 pacientes havia registro da presença de edema (16,7%), em 4, ausência de edema (13,3%), e em 21 não havia menção sobre edema (70%). Houve 22 relatos de que as criptas estavam preservadas (73,3%) e em 8 não havia menção sobre as mesmas (26,7%). Presença de infiltrado linfocitário ou linfoplasmocitário em 10 (33,3%), ausência deste infiltrado em 3 (10%) e sem menção sobre o mesmo em 17 (56,7%). Presença de eosinófilos em 3 (10%), ausência em 8 (26,7%) e sem relato sobre eosinófilos em 19 (63,3%). Menção sobre conteúdo caliciforme adequado em 2 (6,7%), e nenhum registro sobre este conteúdo em 28 (93,3%). Nos íleos examinados houve infiltrado linfocitário em 2 (6,7%), infiltrado linfocitário com atrofia em 1 (3,3%), infiltrado linfocitário e eosinofílico com atrofia em 2 (6,7%), infiltrado neutrofílico em 1 (3,3%), sem alterações dignas de nota em 3 (10%), e não biopsiados 2 (6,7%). Dados negativos: ausência de granuloma, fibrose, micro-organismos e malignidade em 3 (10%); malignidade em 4 (13,3%); inflamação micro-organismos e malignidade em 2 (6,7%); abscesso, granuloma, e micro-organismos em 3 (10%); malignidade e especificidade em 3 (10%); e abscesso, granuloma e parasitas em 1 (3,3%). Não houve relato de dados negativos em 14 casos (46,7%). 79 29(3):79-85 K LAUS R UBACK B ERTGES 1, L UIZ C ARLOS B ERTGES 2 Conclusões: Para o diagnóstico de colite microscópica, a literatura sugere biópsias do íleo e de vários níveis do cólon. Na análise de 30 casos, não houve uma afirmativa definitiva de colite linfocítica, eosinofílica ou colágena nos laudos histopatológicos, e não houve um padrão uniforme para a descrição dos achados microscópicos e para a definição diagnóstica. Sugere-se uma discussão com uniformização de critérios histopatológicos para diagnóstico à semelhança do que foi feito com o Sistema Sidnei para a classificação das gastrites. 1. Professor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (MG) – SUPREMA (MD) 2. Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (MG) – SUPREMA (PhD) 3. Professor da Universidade Gama Filho - RJ (PhD): Endereço para correspondência: Luis Carlos Bertges, Rua Benjamin Colucci, 50 - 3º andar - Centro - Juiz de Fora - MG - CEP. 36010-600. / e-mail: [email protected] Recebido em: 07/06/2010. Aprovado para publicação: 09/09/2010 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:79 11/5/10 2:44:47 PM Contribuição dacom histopatologia na diarreia com colonoscopia normal: Contribuição da histopatologia diarreia colonoscopia normal: análise crítica e revisão da literatura A albuminemia no pré na e pós-operatório de cirurgias do sistema digestório análise crítica e revisão da literatura Abstract Introduction: Among many indications for colonoscopy two very frequent are hematoquezia (20,5%) and diarrhea of obscure etiology (8,8%). Forty percent of colonoscopies in retrospective studies are normal and biopsies have not being a routine. Objective: To evaluate the contribution of histopathology in the diagnostic of patients with diarrhea and normal colonoscopies. Method: It was performed a bibliographic study in PubMed, Scielo, Medline and Cochrane Library using the key words Diarrhea and Normal Colonoscopy, furthermore were studied retrospectively the results of histopathology of patients with diarrhea and normal colonoscopies. 29(3):79-85 80 Results: In two years, 1.342 colonoscopies were performed. From all 119 (8,86%) the indication was diarrhea, diarrhea plus abdominal pain or diarrhea flushes, 74 (5,51%) undergone to endoscopy biopsies, 34 (2,53%) having any macroscopic abnormalit, and 40 (2,98%) with normal colonoscopies. In thirty out of this 40 cases was possible to analyse the histopatological report, and 10 were discharged because of impossibility of recovering the report. Twenty nine (96,7%) leucodermic and 1 (3,3) melanodermic, ranging from 16 to 64 years old, 13 (43,3%) male and 17 (56,7%) female. The terminal ileum was examined in 11 patients (36,7%) and in 19 (63,3%) it was not possible. The biopsies were taken in the recto and sigmoid in 26 (86,7%) patients, in recto sigmoid left colon and right colon in the same examination in 1 (3,3%), and only in terminal ileum in 3 (10%). From the 30 histopathology reports information were collected about no important alteration in 27 (90%), unspecific alterations in 1 (3,3%) and unspecific colitis in 2 (6,7%). In 5 (16,7%) there were report of edema, in 4 (13,3%) absence of edema and in 21 (70%) no report about edema. In 22 (73,3%) there were report of preserved crypts and in 8 (26,7%) no report about crypts. Presence of lymphocyte or lymphoplasmocitary infiltrate in 10 (33,3%) absence of these infiltrate in 3 (10%) and no report about infiltrates in 17 (56,7%). Presence of eosinophils in 3 (10%), absence in 8 (26,7%) and no report of eosinophils in 19 (63,3%). Report of adequate caliciform lining in 2 (6,7%) and no report of this in 28 (93,3%). In the terminal ileum examined there were lymphocyte infiltrate in 2 (6,7%), lymphocyte infiltrate with atrophy in 1 (3,3%), lymphocity and eosinophil infiltrate with atrophy in 2 (6,7%), neutrophil infiltrate in 1 (3,3%), no important finding in 3 (10%), and 2 (6,7%) not submitted to biopsies. There were negative data: absence of granuloma fibrosis microorganisms and malignity in 3 (10%), malignity in 4 (13,3%), inflammation microorganisms and malignity in 2 (6,7%), abscess granuloma granuloma microorganisms in 3 (10%), malignity and specificity in 3 (10%), abscess granuloma and parasites in 1 (3,3%). There were no report of negative data in 14 cases (46,7%). Conclusions: For the diagnose conclusion in microscopic colitis the literature sugest biopsies of the ileum and in many parts of the colon. Analyzing our 30 cases there were not a definitive conclusion of lymphocyte, eosinophil or collagen colitis in the histopathology reports, and there were not a uniform pattern to describe the findings to conclude the diagnosis. We suggest a discussion in order to uniform de histopathology criteria to reach the diagnose, as the Sydnei System used to classify the gastritis. Introdução A publicação sobre fibras ópticas, realizada por H. H. Hopkins, em 1954, estimulou vários investigadores sendo que, em 1957, Basil Hirschowitz, da Universidade de Michigan, construiu com sucesso um gastroscópio flexível, usando estas fibras. A partir daí, os equipamentos evoluíram consideravelmente e os exames endoscópicos se tornaram uma rotina na avaliação e no tratamento das doenças digestivas (Hirschowitz 2000, Kieser 2006). As primeiras colonoscopias foram realizadas sob controle radiológico, o que posteriormente foi substituído por métodos não fluoroscópicos de identificação da topografia (Waye, 2001). Atualmente, se destaca como um dos métodos mais completos de investigação das doenças colorretais, com vantagens sobre outros métodos por proporcionar a observação da mucosa colônica e, muitas vezes, do íleo terminal, diretamente e num só tempo (Nahas 2005). Assim como a endoscopia digestiva alta, ela foi inicialmente empregada com a finalidade diagnóstica, e ultimamente vem sendo usada com frequência crescente para o tratamento de várias afecções colorretais (Nahas 2005). As indicações são múltiplas, desde a elucidação de sangramentos até o rastreamento de câncer colorretal. Dentre os diagnósticos, os mais frequentemente encontrados estão a doença diverticular não complicada, os pólipos e câncer colorretal (Nahas 2005, Silva 2003). Cerca de 40% das colonoscopias, em estudos retrospectivos, são normais, e a realização de biópsias para histopatologia complementar não tem sido uma rotina nos diversos serviços de endoscopia (Silva 2004, Sidique 2005, Prior 1987, Robert 2006, da Silva 2006). Com objetivo de avaliar a contribuição da histopatologia para o esclarecimento diagnóstico, realizamos estudo bibliográfico e um levantamento retrospectivo da histopatologia em pacientes diarreicos e com colonoscopias normais, realizadas na Clínica de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva Ltda. (CLIGED), de Juiz de Fora, MG. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:80 11/5/10 2:44:47 PM K. R. BERTGES, L. C. BERTGES E J. G. ALVES Resultados Foi realizado um levantamento bibliográfico no PubMed, Scielo, Medline e Biblioteca Cochrane com as palavras chave Diarreia e Colonoscopia normal para caracterização do estado da arte e delimitação do problema. Foram levantados retrospectivamente os resultados da histopatologia de todos os pacientes submetidos à colonoscopia com biópsias na Clínica de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva de Juiz de Fora Ltda. – CLIGED, num período de 2 anos, com indicação clínica de diarreia, dor abdominal + diarreia ou descargas intestinais, e com diagnóstico endoscópico de colonoscopia normal. Foram incluídos todos os pacientes encaminhados para colonoscopia, diagnóstica ou terapêutica, os de atendimento ambulatorial e os hospitalizados, quase todos provenientes da clínica privada. O preparo foi realizado praticamente em todos, com uma dieta com poucos resíduos nos dois dias anteriores, e com a administração de Bisacodil® na antevéspera e solução de Manitol® a 10% na véspera do procedimento. Todos foram sedados e monitorados com oxímetro de pulso, sob supervisão de um anestesiologista, principalmente com administração de Fentanyl®, Midazolan® e Propofol®, e examinados por três endoscopistas diferentes. Os equipamentos usados foram os colonoscópios longos, com tubo de inserção com 1,70 m de comprimento, das marcas Olympus Co. e Fujinon Co. Num período de 2 anos, foram realizadas 1.342 videocolonoscopias, principalmente com a finalidade diagnóstica. Deste total, 119 (8,86%) foram indicadas devido à diarreia, diarreia + dor abdominal ou ocorrência de descargas intestinais, sendo que 74 (5,51%) pacientes foram submetidos à biópsia endoscópica, e destes, 34 (2,53%) apresentavam alguma anormalidade macroscópica, sendo que 40 (2,98%) tiveram o diagnóstico de colonoscopia normal. Deste total de 40 pacientes foram analisados os laudos histopatológicos de 30, e 10 foram excluídos por impossibilidade de recuperação da histopatologia. Foram 29 pacientes leucodérmicos (96,7%) e 1 melanodérmico (3,3%), com idade variável entre 16 anos e 64 anos, 13 masculinos (43,3%) e 17 femininos (56,7%), com média de 41,6667 e desvio padrão de 14,4898. As indicações para a realização de colonoscopia nos 30 pacientes estudados foi por diarreia em 29 (96,7%), diarreia + dor abdominal em 1 (3,3%). O íleo terminal foi examinado em 11 pacientes (36,7%) e não foi possível a ileoscopia em 19 (63,3%). Os espécimes para exame histopatológico foram coletados no retossigmoide em 26 pacientes (86,7%), no retossigmóide, cólon esquerdo e cólon direito no mesmo exame em 1 (3,3%) e somente no íleo terminal em 3 pacientes (10%). 81 29(3):79-85 Método Dos 30 laudos histopatológicos revistos, os examinadores definiram como sem alterações dignas de nota em 27 (90%), alterações inespecíficas em 1 (3,3%) e colite inespecífica em 2 (6,7%) (Tabela 1). Tabela 1 – Conclusões histopatológicas Foram registradas as seguintes variáveis: idade, sexo, cor, indicações para a realização do procedimento, se foi ou não examinado o íleo terminal, resultados da avaliação macroscópica e resultados da histopatologia. Foram excluídos os pacientes com algum dos sintomas acima que apresentavam alguma alteração macroscópica no exame do cólon, e os pacientes com colonoscopias normais mas que não tinham sido submetidos às biópsias endoscópicas. A histopatologia foi realizada por diferentes profissionais, em diferentes Serviços de Patologia, em função da preferência do paciente, da indicação do endoscopista ou da indicação da seguradora de saúde. Nos laudos histopatológicos recuperados foram observados: o relato de edema, da integridade das criptas, a presença de linfócitos eosinófilos ou neutrófilos, a adequação das células caliciformes, dados negativos sobre a presença de granulomas, fibrose, microorganismos, inflamação, malignidade, abscessos e parasitas, bem como a definição diagnóstica por parte do patologista. Para as referências bibliográficas, utilizamos o Software EndNote, formatação Vancouver. Frequência Porcentagem Ndn 27 90 Alterações inespecíficas 1 3,3 Colite inespecífica 2 6,7 Total 30 100 Dentre as observações histopatológicas: em 5 pacientes havia registro da presença de edema (16,7%), em 4 ausência de edema (13,3%) e em 21 não havia menção sobre edema (70%) (Tabela 2). Tabela 2 – Relato sobre a presença de edema Frequência Porcentagem Com edema 5 16,7 Sem edema 4 13,3 Não relatado 21 70 Total 30 100 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:81 11/5/10 2:44:48 PM Contribuição dacom histopatologia na diarreia com colonoscopia normal: Contribuição da histopatologia diarreia colonoscopia normal: análise crítica e revisão da literatura A albuminemia no pré na e pós-operatório de cirurgias do sistema digestório análise crítica e revisão da literatura Com relação à preservação das criptas: houve 22 relatos de que estavam preservadas (73,3%) e em 8 não havia menção sobre as criptas (26,7%) (Tabela 3). Tabela 3 – Relatos sobre a preservação das criptas Frequência Porcentagem Preservadas 22 73,3 Não relatado 8 26,7 30 100 Total 29(3):79-85 82 neutrofílico em 1 (3,3%), sem alterações dignas de nota em 3 pacientes (10%), e não biopsiados 2 (6,7%) (Tabela 7). Tabela 7 – Histopatologia do íleo terminal Frequência Porcentagem Linfócitos 2 6,7 Linfócitos e atrofia 1 3,3 Linfócitos e eosinófilos 2 6,7 Foi relatada a presença de infiltrado linfocitário ou linfoplasmocitário em 10 casos (33,3%), de ausência deste infiltrado em 3 (10%) e sem menção sobre o mesmo em 17 (56,7%) (Tabela 4). Neutrófilos 1 3,3 Ndn 3 10 Tabela 4 – Relato de infiltrado linfoplasmocitário Sem biópsias 2 6,7 11 100 Frequência Porcentagem Presente 10 33,3 Ausente 3 10 Não relatado 17 56,7 30 100 Total Houve relato de presença de eosinófilos em 3 (10%), ausência em 8 (26,7%) e sem relato sobre eosinófilos em 19 (63,3%) (Tabela 5). Alguns relatórios listaram dados negativos como: ausência de granuloma, fibrose, micro-organismos e malignidade em 3 (10%); malignidade em 4 (13,3%); inflamação microorganismos e malignidade em 2 (6,7%); abscesso, granuloma e micro-organismos em 3 (10%); malignidade e especificidade em 3 (10%); e abscesso, granuloma e parasitas em 1 (3,3%). Não houve relato de dados negativos em 14 casos (46,7%) (Tabela 8). Tabela 5 – Relato de infiltrado eosinofílico Tabela 8 – Relatos de dados negativos (Ausência de:) Total Frequência Porcentagem Presente 3 10 Ausente 8 26,7 Não relatado 19 30 Total Frequência Porcentagem 3 10 63,3 Granuloma, fibrose, microorganismos ou malignidade 100 Malignidade 4 13,3 Inflamação, microorganismos ou malignidade 2 6,7 3 10 3 10 Abscesso, granulomas ou parasitas 1 10 Sem dados negativos 14 46,7 30 100 Menção sobre conteúdo caliciforme adequado em 2 casos (6,7%), e nenhum registro sobre este conteúdo em 28 (93,3%) (Tabela 6). Tabela 6 – Relato sobre adequação do conteúdo caliciforme Frequência Porcentagem Adequado 2 6,7 Não relatado 28 93,3 30 100 Total Nos casos em que houve exame do íleo terminal, a histopatologia relatou: infiltrado linfocitário em 2 (6,7%), infiltrado linfocitário com atrofia em 1 (3,3%), infiltrado linfocitário e eosinofílico com atrofia em 2 (6,7%), infiltrado Abscesso, granulomas ou microorganismos Malignidade e especificidade Total GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:82 11/5/10 2:44:48 PM K. R. BERTGES, L. C. BERTGES E J. G. ALVES Desde que Basil Hirschowitz apresentou à comunidade científica o primeiro fibroscópio, a endoscopia digestiva ocupou, rápida e progressivamente, cada vez mais espaço no atendimento aos pacientes gastroenterológicos (Hirschowitz 2000). Usada inicialmente para o exame do trato digestivo superior, rapidamente foi extendida para o cólon e, posteriormente, para as vias biliares (Hirschowitz 2000). Ultimamente, com o avanço dos equipamentos e dos acessórios, tem sido utilizada largamente, tanto com propósitos diagnósticos, como para o tratamento de várias doenças do cólon (Sidique 2005). Dentre as várias indicações para a realização de colonoscopias, duas das mais frequentes são a hematoquezia (20,5%) e diarreia de etiologia inexplicável (8,8%) (Sidique 2005). Em nosso material 119/1342 (8,86%) foram examinados com a indicação de diarreia. Alguns autores, alegando aumento do custo/benefício, têm interrogado sobre a necessidade da realização rotineira de biópsias em portadores de diarreia (Prior 1987, Robert 2006, Marshall 1995), enquanto outros a tem recomendado (da Silva 2006). Dos 149 pacientes da nossa casuística com indicação por diarreia, 74 foram submetidos à biópsias, 34 com algum achado macroscópico e 40 com conclusão macroscópica de colonoscopia normal. Da Silva et al. (2006), estudando histologicamente a mucosa colônica de pacientes com diarreia e colonoscopia normal, encontraram: 110/162 (67,9%) com histologia normal, colite microscópica não específica ou pequenos granulomas isolados; 17/162 (10,5%) com achados histopatológicos com possíveis significados clínicos, sugestivos (borderline) de colite colágena, colite linfocítica e melanose coli; e 35/119 (21,6%) com achados histopatológicos definidos: colite colágena, colite linfocítica, colite microscópica mínima, colite eosinofílica, enterocolite eosinofílica pericríptica, espiroquetose intestinal, esquistossomose e Doença de Crohn. Concluíram que 32,1% dos pacientes têm alguma alteração histopatológica que poderiam contribuir para o esclarecimento diagnóstico e recomendam a coleta de material em todos os segmentos do cólon. Na avaliação retrospectiva dos laudos histopatológicos dos nossos pacientes, encontramos 26/30 (86,7%) sem alterações dignas de nota, 1/30 (3,3%) com alterações ditas inespecíficas, e em 2/30 (6,7%) com afirmativa diagnóstica de colite inespecífica. Não houve um diagnóstico definitivo de colite linfocítica, eosinofílica ou colágena, apesar de haver descrição de edema em 5/30 (16,7%), infiltrado linfocítico em 10/30 (33,3%), e infiltrado eosinofílico em 3/30 (10%). O que se observou de forma categórica foi a descrição de dados negativos: ausência de granuloma, fibrose, microorganismos ou malignidade em 3/30 (10%), de malignidade em 4/30 (13,3%), de inflamação, micro-organismos ou malignidade em 2/30 (6,7%), de abscessos, granulomas ou micro-organismos em 3/30 (10%), de malignidade ou especificidade em 3/30 (10%) e de abscesso, granuloma ou parasitas em 1/30 (3,3%). Alguns relatos de caso de pacientes com diarreia crônica e colonoscopias normais, envolvendo processo inflamatório microscópico da mucosa, estão sendo apresentados. Wilcox & Mattia (2002) publicaram um caso de colite colágena em um paciente com diarreia crônica de causa desconhecida associada ao uso de lansoprazol. As alterações histopatológicas desapareceram com a interrupção da droga e recidivaram com a reintrodução da mesma. Yusuf et al. (1999) descreveram o caso de um paciente com 50 anos de idade com história de diarreia aquosa importante com duração de 33 anos, causadora de hipocalemia, causada por uma enterocolite microscópica ativa crônica, com padrões semelhantes ao da colite linfocítica, com criptite aguda e envolvimento microscópico do íleo terminal. Houve várias internações hospitalares durante este período, evoluindo para insuficiência renal crônica, que não respondia à reposição oral de potássio, e que acabou sendo tratada por uma colectomia subtotal. 83 29(3):79-85 Discussão Stiefelhagem (2000) chama a atenção para a possibilidade de espru em pacientes com diarreia crônica e colonoscopia normal. A autoimunidade é uma condição comum a várias doenças e é também encontrada na colite linfocítica. Cindoruk et al. (2002) fizeram colonoscopias de 50 pacientes portadores de tireoidite de Hashimoto, 5 com diarreia. Dos cinquenta, 20 (40%) apresentavam alterações histológicas intestinais compatíveis com colite linfocítica. Concluíram que há alta incidência de colite linfocítica em pacientes com tireoidite de Hashimoto, embora a maioria seja assintomática. Paralela à discussão sobre a necessidade ou não de biópsias de rotina em portadores de diarreia com colonoscopia normal, está a discussão sobre a necessidade ou não de se examinar e biopsiar o íleo terminal. Gonzáles et al. (2002) estudaram retrospectivamente 683 ileocolonoscopias, encontrando 499 (73,06%) normais, 123 (18%) de hiperplasia linfoide e 25 (3,66%) com Doença de Crohn, demonstrando grande porcentual de coincidência entre o diagnóstico endoscópico e o histopatológico (96,87% nas normais, 77,77% nas hiperplasias linfoides e 77,27% na Doença de Crohn). Misra et al. (2006) examinaram o íleo terminal de 36 pacientes com hematoquezia e colonoscopia normal. O exame foi normal em 31 e foram encontradas úlceras ileias em dois e nodularidade com ulceração, lesão de Dieulafoy e angiodisplasia em outros três. Outros que questionaram a necessidade de se avançar na investigação foram Soon GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:83 11/5/10 2:44:48 PM Contribuição dacom histopatologia na diarreia com colonoscopia normal: Contribuição da histopatologia diarreia colonoscopia normal: análise crítica e revisão da literatura A albuminemia no pré na e pós-operatório de cirurgias do sistema digestório análise crítica e revisão da literatura 29(3):79-85 84 et al. (2004). Estudaram retrospectivamente 96 pacientes com ileocolonoscopias normais e que se submeteram em sequência à seriografia do delgado. Concluem que o trânsito baritado raramente é necessário, só devendo ser realizado se a suspeita de doença no delgado é muito alta. Recomendam ainda que, nos pacientes com suspeita de Doença de Crohn, é importante biopsiar o íleo, mesmo que macroscopicamente pareça normal. Na colite colágena, há espessamento da membrana basal com aumento do tecido colágeno neste nível (Quadro 1), e na colite linfocítica há aumento do infiltrado inflamatório da lâmina própria (Quadro 2) com predomínio dos linfócitos CD8, citotóxicos (Coronel 2005). Ambas podem causar diarreia crônica ou intermitente, e só podem ser diagnosticadas por histopatologia. Na suspeita de colite microscópica deve-se biopsiar todo o cólon para diagnóstico histopatológico. No nosso estudo verificamos que o íleo foi examinado em 11/30 (36,7%) das vezes, todos com o diagnóstico de ileoscopia normal. Quando verificamos a histopatologia, observamos ausência de alterações em 3/30 (10%), infiltrado linfocítico em 2/30 (6,7%), infiltrado linfocítico + atrofia em 1/30 (3,3%), infiltrado linfocítico + infiltrado eosinofólico + atrofia em 2/30 (6,7%), e infiltrado neutrofílico em 1/30 (3,3%). Da mesma forma que para o cólon, nenhum laudo emitiu um diagnóstico definitivo, limitando-se a descrever os achados. Quadro 1 – Critérios histológicos de diagnóstico de colite colágena a) Capa colágena subepitelial com 10µm, distribuída de forma espessa e difusa (Vermelho Congo) Outra variável que deve ser observada é a possível alteração histológica que pode ser produzida pelo preparo para a realização da colonoscopia. Pockros & Foroozan (1985) demonstraram que o preparo padrão (citrato de Magnésio e derivado de Senna) para colono achata a superfície epitelial das células, causa depleção de células caliciformes e aumenta o edema na lâmina própria, enquanto que lavagens com Golytely preservam a histologia normal. Nos pacientes submetidos à colonoscopia na Cliged – Juiz de Fora, o preparo, em sua maioria foi realizado com a utilização de Bisacodil® na antevéspera e solução de Manitol® a 10% na véspera do procedimento. O local onde coletar o material para exame também é motivo de discussão. A histopatologia num reto normal pode não corresponder à histopatologia de um cólon direito por exemplo. Kayaselcuk et al. (2004) estudaram a membrana basal subepitelial em pacientes com colonoscopia normal. Encontraram mais infiltrados no reto e no ceco e nenhum com característica de colite colágena. A maior espessura da membrana foi encontrada na mucosa retal sem correlação com idade ou sexo, mas correlacionada positivamente com a intensidade do processo inflamatório. Da Silva et al. (2006) recomendam a coleta de material em todos os segmentos do cólon. Em nossos casos, o material para histopatologia foi coletado no reto em 26/30 (86,7%) dos casos e no cólon direito, cólon esquerdo, sigmoide e reto em 1/30 (3,3%). Em 3/30 (10%), a biópsia só foi realizada no íleo. O que se pode dizer é que o estudo e o tratamento de pacientes com diarreia crônica não é simples, e frequentemente requer o seguimento de várias etapas. Diversas doenças estão incluídas na lista do diagnóstico diferencial, e, dentre elas, a colite microscópica (colite colágena + colite linfocítica) nos doentes com aspecto macroscópico normal na colonoscopia. b) Lesão epitelial como achatamento e separação c) Inflamação da lâmina própria, principalmente com células mononucleares d) O número de linfócitos intraepiteliais pode estar aumentado Quadro 2 – Critérios histológicos de diagnóstico de colite linfocítica a) Presença de 20 ou mais linfócitos para cada 100 células epiteliais b) Lesão epitelial como achatamento e depleção de mucina c) Inflamação da lâmina própria, principalmente com células mononucleares d) Capa colágena subepitelial com < de 10µm Quando analisamos a histopatologia dos nossos 30 casos, observamos que não há um padrão uniforme de relato tanto para os dados positivos, como a presença de infiltrado de células inflamatórias ou lesões das criptas, como para os dados negativos, como a presença de granulomas, fibrose, micro-organismos, abscessos, malignidade, especificidade, parasitas, etc. Dá-nos a impressão que os histopatologistas não se detêm nas medições e nas contagens necessárias para a caracterização, principalmente da colite colágena e da colite linfocítica, condições que, pelo que foi discutido, podem justificar a presença de diarreia com exame colonoscópico normal. Concluímos que a literatura sugere biópsias do íleo e de vários níveis do cólon e que, em nosso material, não houve por parte dos histopatologistas um padrão uniforme para a descrição dos achados microscópicos e para a definição diagnóstica de colite microscópica. O que sugerimos é que, a exemplo do que foi feito para as gastrites com a classificação de Sydney (Mainguet et al. 1993), possa ser discutida, entre clínicos, endoscopistas e patologistas, uma uniformização histopatológica para o diagnóstico das colites microscópicas. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):79-85 Revista GED03 07_c.indd Sec1:84 11/5/10 2:44:48 PM K. R. BERTGES, L. C. BERTGES E J. G. ALVES 1. Cindoruk M, Tuncer C, Dursun A, Yetkin I, Karakan T, Cakir N, Soykan I. Increased colonic intraepithelial lymphocytes in patients with Hashimoto’s thyroiditis. J Clin Gastroenterol 2002; 34:237-9. 2. Coronel F, SáenzF R, SáenzF M, Shultz M, Navarrete C. 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A infecção pelo H. pylori é uma das mais prevalentes entre os seres humanos, estimando-se que afete aproximadamente metade da população mundial em todos os continentes, havendo correlação inversa entre taxas de prevalência e situação socioeconômica da população.1,2 Entre as populações com condições de vida precárias, em geral naquelas residentes nos países subdesenvolvidos, ocorre aquisição por H. pylori já mesmo nos primeiros meses de idade. A taxa de novos casos por ano dentre a população infantil é extremamente elevada, podendo alcançar 4,0% a 5,0%. Na Turquia, Özen e col.3 encontraram incidência global de 14,0%, que ocorreu principalmente antes de 10 anos de idade. A partir de nove anos de idade, as taxas de conversão e reversão espontânea foram equivalentes, razão pela qual não houve modificação da prevalência subsequentemente. A aquisição da infecção pelo H. pylori ocorre principalmente durante a infância e, como de forma geral não há clareamento espontâneo do micro-organismo, o indivíduo passa a albergar a bactéria por toda sua vida. Em razão disso, os estudos de prevalência têm demonstrado que há aumento cumulativo do número de indivíduos infectados nas faixas etárias mais velhas, tanto na população infantil quanto no início da vida adulta dos indivíduos. Já entre a população adulta, há menor taxa de aquisição da infecção, que resulta em pequeno incremento na taxa de prevalência ao longo desta fase da vida. Por conseguinte, as taxas de prevalência observadas nas diversas populações refletem, sobretudo, àquelas condições de vida que os indivíduos apresentavam durante a infância, que então são consideradas fatores de risco determinantes para a aquisição da infecção pelo H. pylori.2 De fato, outros estudos em países subdesenvolvidos têm demonstrado que a incidência da infecção entre os adultos parece ser um pouco menor, tendo em vista que a grande maioria da população já foi contaminada no início da adolescência. Mesmo assim, o risco de aquisição da infecção entre a pequena parcela de adultos susceptíveis ainda persiste nessa fase da vida das pessoas, podendo atingir até 1,0% por ano, mas é bem menor se comparada à elevada incidência observada na infância.4 Por outro lado, a incidência da infecção por H. pylori nos países desenvolvidos é bem mais baixa, variando entre 1,0% a 2,0% por ano em crianças6 e 0,1% a 1,1% por ano na população adulta.5 Nesses países, a aquisição da infecção também ocorre principalmente na infância, mas também mantém um risco potencial de surgimento de 1. Professor Assistente de Gastroenterologia, Universidade Federal do Piauí (UFPI) / Supervisor da Residência Médica em Gastroenterologia da UFPI. 2. Professora Assistente de Epidemiologia, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Endereço para correspondência: José Miguel Luz Parente - Rua Professora Julieta Neiva Nunes, 5.821 - Bairro Uruguai - CEP 64057-085 - Teresina – PI. Recebido em 02/07/2010. Aprovação para publicação em 29/07/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):86-89 Revista GED03 07_c.indd Sec1:86 11/5/10 2:44:48 PM J. M. L. PARENTE, M. P. P. D. PARENTE Prevalência A prevalência da infecção por H. pylori nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento é muito elevada, podendo atingir até 50% das crianças já aos cinco anos de idade e acima de 70% aos 10 anos de idade.7 Este fato devese à aquisição acelerada do micro-organismo no início da infância e a sua perpetuação indefinidamente nos indivíduos contaminados, que determinam aumento cumulativamente das taxas de prevalência nas gerações mais velhas de uma determinada população. Os estudos populacionais nessas regiões com precárias condições de vida têm demonstrado que, de forma geral, as taxas de prevalência caracterizam-se por rápida elevação com a idade desde o início da infância, atingindo um platô em torno de 80% a partir de 20 anos de idade.2,8 Estudos recentes em populações infantis continuam demonstrando a elevada prevalência desta infecção nos países subdesenvolvidos. Em Bangladeschi, Bhuiyan e col.9 encontraram resultados positivos em 50,0% das crianças desde recém-nascidas até dois anos de idade quando foi utilizada pesquisa de antígenos fecais específicos anti-H. pylori. No Egito, Mohammad e col.10 detectaram prevalência de 72,4% em crianças escolares de seis a quinze anos de idade, quando foi utilizado teste respiratório com13 C-Uréia. Estudos populacionais conduzidos no Brasil indicam que as taxas de prevalência da infecção por H. pylori ainda é muito elevada, seja em regiões urbanas ou rurais, em crianças ou adultos. Pesquisas realizadas nos últimos anos em áreas com inadequadas condições de vida de Teresina (Piauí) e Fortaleza (Ceará) demonstraram elevadas taxas de prevalência já nos primeiros anos de vida. Em Teresina, Parente e col.7 observaram em crianças de baixa renda com idades entre seis meses e 12 anos, utilizando pesquisa de antígeno fecal específico anti-H. pylori (HpSA), taxa de prevalência global de 56,0%, mas a frequência foi superior a 70,0% nas faixas etárias acima de seis anos de idade. Resultados semelhantes foram encontrados no Ceará por Rodrigues e col.11 e Braga e col.12 utilizando teste respiratório com 13 C-Uréia, prevalência global de 55,8% (crianças de seis meses a 14 anos) e 40,0% (crianças até seis anos de idade), respectivamente. Entre adultos assintomáticos, as pesquisas epidemiológicas para detecção de H. pylori confirmam a tendência observada na infância, demonstrando que a prevalência da infecção por H. pylori é extremamente alta no nosso país, podendo alcançar taxas tão elevadas quanto 86,0% e 97,9% em populações adultas da região amazônica.13,14 Por outro lado, Zaterka e col.15 detectaram uma prevalência de 65,3% entre doadores de sangue assintomáticos na cidade de São Paulo. Esta taxa da infecção, um pouco menor, possivelmente reflete a melhoria da qualidade de vida da população estudada no estado mais desenvolvido do Brasil. Nos países desenvolvidos, a prevalência do H. pylori é muito mais baixa, quando comparada às taxas dos países mais pobres. Na infância, em geral, as taxas de prevalência são inferiores a 10% aos 10 anos de idade e a 40% na população adulta.16 Recentes estudos epidemiológicos populacionais em crianças corroboram a tendência de redução nas taxas de prevalência nestes países. Na Espanha, a prevalência global entre crianças de um a 14 anos foi de 15,8%.17 Na Alemanha, as avaliações de um grande número de crianças aos três e quatro anos de idade seguidas em estudo de coorte mostraram que a prevalência foi de apenas 2,4% e 3,0%, respectivamente.18,19 Na Austrália, um estudo soroepidemiológico incluiu crianças e adultos, de um a 59 anos, encontrando prevalência global de 15,1%, com variações nas diversas faixas etárias de 4,0% a 10,0% até 19 anos de idade, e 12,4% a 22,8% entre 20 anos e 59 anos.20 Resultados semelhantes foram obtidos na Dinamarca, com prevalência de 17,5% entre adultos com idades entre 40 anos a 60 anos.21 87 (autores) Mudanças recentes na prevalência 29(3):86-89 novos casos ao longo da vida da população adulta quando comparado ao risco maior observado na infância.2,6 Ao longo do século XX, vários países sofreram rápida melhoria dos padrões de vida, que pode ser mensurada por elevados Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Como resultado, no que diz respeito à infecção por H. pylori, tem sido observado um declínio progressivo na sua frequência nos países da Europa ocidental, Estados Unidos da América, Canadá, Austrália e Japão.16-24 A redução na frequência desse micro-organismo também já pode ser detectada nos países emergentes, ou seja, naqueles que estão em processo de industrialização e consequente melhoria das condições de vida das suas populações. Na Rússia, Tkachenko e col.25 demonstraram que, entre 1995 e 2005, houve uma dramática redução de 44,0% para 13,0% na prevalência da infecção por H. pylori em crianças. Na China, dois estudos realizados em 2008 encontraram resultados muito distintos: em uma população rural de crianças e adolescentes, com idades entre cinco a 20 anos, a prevalência foi de 60,4%; já outra população de crianças residentes em Hong Kong, com melhores condições de vida, apresentou prevalência de apenas 13,1%.26,27 Esse fenômeno também já pode ser observado no Brasil, ainda que em estudos isolados. A pesquisa acima referida conduzida no Piauí mostrou que a prevalência da infecção por H. pylori era completamente diferente em duas populações com níveis socioeconômicos distintos: no grupo com elevado padrão socioeconômico, a taxa foi de 16,4% GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):86-89 Revista GED03 07_c.indd Sec1:87 11/5/10 2:44:48 PM Hepatite pelo Víruspor E: Helicobacter Atualizaçãopylori 2008 Contexto epidemiológico atual da infecção enquanto no grupo de crianças pertencentes a comunidades com precárias condições de vida e residentes em favelas a prevalência global foi de 55,0%, chegando a ser superior a 70,0% nas faixas etárias de cinco a doze anos de idade.7 Essas marcantes diferenças das taxas de infecção por H. pylori foram confirmadas por estudos posteriores conduzidos por Rabelo-Gonçalves e col.28 e Hara e col.29 que compararam os resultados da pesquisa realizada em Teresina com crianças residentes em Campinas e pertencentes a diferentes níveis socioeconômicos. Os resultados comparativos entre as populações destas duas cidades demonstraram que o contágio ocorre mais precocemente e atinge taxas mais elevadas nas crianças com situação socioeconômica mais baixa e com condições sanitárias mais precárias. 29(3):86-89 88 Similarmente, um estudo de prevalência na população adulta de Pelotas (Rio Grande do Sul), realizado por Santos e col.30 , mostrou que a taxa global de infecção pelo H. pylori foi de 63,4%, que é semelhante àquela observada posteriormente por Zaterka e col.15 em São Paulo, (65,3%). Entretanto, quando a população foi estratificada por anos de escolaridade e renda, foi demonstrado que os grupos com maior número de anos de estudo (> 11 anos) e com renda familiar acima de cinco salários mínimos, apresentaram menores taxas da infecção. Estes estudos vêm demonstrando, portanto, que há inter-relação entre as precárias condições de vida nas populações brasileiras de baixa renda e a aquisição da infecção por H. pylori; e que a melhoria do padrão de vida em segmentos dessas populações, sobretudo nas regiões urbanas mais desenvolvidas, tem correlação direta com o declínio da infecção humana por H. pylori no nosso meio. Conclusão A análise dessas mudanças observadas quanto à prevalência da infecção por H. pylori indica claramente que a melhoria das condições de vida das populações, mesmo nas regiões mais subdesenvolvidas, pode promover drástica redução desse micro-organismo entre os seres humanos. Faz-se necessário, todavia, confirmar essa tendência em estudos mais amplos, englobando maiores contingentes populacionais. Neste sentido, outro estudo está sendo desenvolvido, envolvendo várias regiões do Estado do Piauí e todas as faixas de renda, aleatoriamente dentre a população infantil. Pretende-se traçar o perfil epidemiológico da infecção pelo H. pylori nessa região, bem como determinar os fatores de risco para aquisição deste patógeno dentre as faixas etárias consideradas mais críticas e susceptíveis ao contágio. Referências 1. Correa P, Piazuelo MB. Natural history of Helicobacter pylori infection. Digestive Liver Disease 2008; 40:490-496. 2. Malaty HM. Epidemiology of Helicobacter pylori infection. Best Pract & Res Clin Gastroenterol 2007; 21:205-214. 3. Özen A, Ertem D, Pehlivanoglu E. Natural history and symptomatology of Helicobacter pylori in childhood and factors determining the epidemiology of infection. J Pediatr Gastroenterol Nutr, 2006; 42:398-404. 4. Malaty HM, El-Kasabany A, Graham DY, Miller CC, Reddy SG, Srinivasan SR et al. Age at acquisition of Helicobacter pylori infection: a follow-up study from infancy to adulthood. Lancet 2002; 359: 931935. 5. Everhart JE. Recent developments in the epidemiology of Helicobacter pylori. 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Na maioria dos casos, o prognóstico é favorável. O fator mais importante é a precocidade no diagnóstico e a imediata antibioticoterapia específica. Relatamos um caso de um paciente com diagnóstico de pileflebite mesentérica secundária à diverticulite colônica. Unitermos: Pileflebite, Diverticulite, Infecção Intraabdominal. Summary Pylephlebitis is a uncommon complications of intraabdominal suppuration and associated with high mortality. The pathogenic is not clear and diagnosis remains delay because of its nonspecific symptoms and is necessary high clinical suspicion. Keywords: Pylephlebitis, Diverticulitis, Intraabdominal Suppuration. Introdução Diverticulite colônica é um processo inflamatório que pode envolver tecidos adjacentes e estruturas vasculares e, em raríssimos casos, estar associada a tromboflebite séptica da veia mesentérica e porta. O diagnóstico é obtido somente por achados radiológicos, tais como trombose desses vasos, podendo se associar à presença de gás dentro dos mesmos. A precocidade do diagnóstico é fator primordial no prognóstico dos pacientes pela possibilidade da instituição de antibioticoterapia específica, já que a taxa de mortalidade é elevada (30%)1-7. O objetivo desse trabalho é relatar um caso de um paciente com diagnóstico de pileflebite da veia porta e mesentérica secundária à diverticulite colônica. Relato do Caso In the major of cases the prognostic is favorable. The most important determinants for the prognosis is early diagnosis and adequate medical. We report a case PMMN, sexo masculino, 84 anos, aposentado, natural de Itaocara (RJ) foi internado no Hospital São José do Avaí 1. Mestre em Gastroenterologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da Federação Brasileira de Hepatologia. 2. Residente de Clínica Médica do Hospital São José do Avaí, Itaperuna, RJ, Brasil. Membro Aspirante da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. 3. Residente de Clínica Médica do Hospital São José do Avaí, Itaperuna, RJ, Brasil. 4. Residente de Clínica Médica do Hospital São José do Avaí, Itaperuna, RJ, Brasil. 5. Graduanda em Medicina da Universidade Iguaçú, Campus V, Itaperuna, RJ, Brasil. 6. Graduando em Medicina da Universidade Iguaçú, Campus V, Itaperuna, RJ, Brasil. 7. Graduando em Medicina da Universidade Iguaçú, Campus V, Itaperuna, RJ, Brasil. Endereço para correspondência: Daniela M. Sueth. Rua Apolinário Cunha. 115/501 - Bairro Cidade Nova - Itaperuna, RJ CEP.: 28300-000 - Telefone: (22) 38220051/ (22) 99197527 E-mail: dmsueth@ yahoo.com.br Recebido em: 24/06/2009 Aprovado para publicação: 30/03/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):90-92 Revista GED03 07_c.indd Sec1:90 11/5/10 2:44:48 PM R. A. GUIMARÃES, D. M. SUETH, M. G. BARROS, M. A. VIEIRA, J. M. QUEIROZ, S. F. S. RAMBALDI E J. P. R. RAVANI Como sintomas associados, relatou fossa ilíaca esquerda de início há 25 dias e icterícia. Ao exame, encontravase taquicárdico, ictérico ++/4+, hepatomegalia e dor à palpação superficial e profunda em fossa ilíaca direita, associada a sinais de irritação peritoneal nessa região. Os exames laboratoriais demonstravam leucocitose com desvio para esquerda (leucócitos totais = 19.800/mm3 com 12% de bastões), hiperbilirrubinemia (9mg/dl com predomínio de bilirrubina indireta – 5,5mg/dl) e aminotransferases elevadas (AST = 55U/l; ALT = 43 U/l). Suspeitou-se de diverticulite e atribuindo à “convulsão” relatada pelo paciente como episódios de bacteremia, foi solicitado tomografia computadorizada abdominal que revelou doença diverticular em sigmoide, colón esquerdo com densificação da gordura adjacente ao colón esquerdo e presença de gás fora de alça intestinal e na veia mesentérica superior. Foi solicitada uma ultrassonografia com Doppler para estudo do fluxo nesse vaso, que mostrou ausência de fluxo em veia mesentérica superior. Com o diagnóstico de tromboflebite secundária à diverticulite, foi iniciado ceftriaxona, ampicilina e metronidazol por 21 dias. A evolução foi favorável e o paciente recebeu alta com 23 dias de internação hospitalar permanecendo em acompanhamento ambulatorial. Três meses após a internação, o paciente permanece assintomático (Figuras 1 e 2). Figura 1 Discussão Pileflebite ou tromboflebite séptica da veia porta ou de suas tributárias é doença grave e rara, que antes do advento dos antibióticos tinha 100% de mortalidade. Geralmente é secundária a um processo infeccioso intraabdominal, mas pode também estar associada a um estado de hipercoagulabilidade que predisponha à piletrombose, seguida de infecção secundária 2-6,8. A patogenia ainda não está esclarecida. Três mecanismos são propostos: translocação bacteriana que promove a interação entre o agente infeccioso e o endotélio, que desencadearia a cascata de coagulação com consequente formação de piletrombose; ocorrência de trombose do sistema porta seguido de infecção, e/ou ambos. Os agentes mais comumentes encontrados são Escherichia coli, Bacterioides fragilis, Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae e Enterobacter ssp 2,6,7,9. O diagnóstico permanece difícil e frequentemente tardio, uma vez que a clínica é inespecífica, sendo necessário um elevado grau de suspeição. Dor abdominal, icterícia e febre são os sintomas mais comuns e estão presentes na maioria dos casos. As complicações ocorrem em cerca de 50% dos pacientes e incluem colangite e abscesso hepático, que geralmente são múltiplos1,6-7. Os exames complementares mais valiosos para elucidação diagnóstica são a ultrassonografia com Doppler, que demonstra a trombose da veia porta e de suas tributárias e a angiotomografia computadorizada que, além de demonstrar a tromboflebite da veia porta ou de seus ramos, também é capaz de identificar sua etiologia e a presença de complicações1,6,7,9. 91 29(3):90-92 relatou que há uma semana iniciou quadro de tremores generalizado associado à febre de 39ºC, que cessava com o uso de antipiréticos. Figura 2 Tomografia computadorizada de abdome, corte axial, demonstrando doença diverticular de sigmoide e cólon esquerdo com densificação da gordura adjacente ao cólon esquerdo, associado à presença de gás fora de alça intestinal e na veia mesentérica superior Tomografia computadorizada de abdome, reconstrução coronal, demonstrando doença diverticular de sigmoide e cólon esquerdo, com densificação da gordura adjacente ao cólon esquerdo associado à presença de gás fora de alça intestinal e na veia mesentérica superior GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):90-92 Revista GED03 07_c.indd Sec1:91 11/5/10 2:44:48 PM Pileflebite mesentérica secundária à diverticulite O tratamento baseia-se na instituição de antibioticoterapia de largo espectro por tempo prolongado, no mínimo duas semanas. Indicar anticoagulação nesses pacientes permanece controverso. Harch and cols. 10 defendem seu uso pela possibilidade da extensão do processo a isquemia entérica 1,5,10. Atualmente, na maioria dos casos, o prognóstico é favorável pela existência de exames complementares confirmatórios e a possibilidade da administração de antibióticos de largo espectro. Vale ressaltar que o fator mais importante no prognóstico é a precocidade no diagnóstico e instituição imediata da terapia clínica. A abordagem cirúrgica está indicada em casos selecionados, como na presença de abscessos hepáticos múltiplos e nos casos de deteriorização clínica 6. 29(3):90-92 92 Concluímos que a pileflebite é complicação incomum das infecções intra-abdominais. O diagnóstico deve ser considerado em qualquer paciente com infecção intraabdominal grave, que curse com alteração clínica e laboratorial sugestiva de doença hepática ou bacteremia. Referências 1. Baddley JW, Singh D, Correa P, Persich NJ. Crohn’s disease presenting thrombophlebitis of the portal vein (pylephlebitis): case report and review of the literature. Am J Gastroenterol 1999; 94: 847-9. 2. Peixe B, Caldeira P, Ornelas R, Açucena F, Guerreiro H, Conde e Silva J. Pileflebite associada a colite ulcerosa. J Port Gastroenterol 2005; 12: 266-70. 3. Aguas M, Bastida G,Nos P,Beltrán B,Grueso JL,Grueso J. Septic thrombophlebitis of the superior mesenteric vein and multiple liver abscess in a patient with Crohn’s disease at onset. BMC Gastroenterol 2007; 7: 22. 4. Baril N, Wren S, Ralls P, Stain S. The role of anticoagulation in pylephlebitis. Am J Surg 1996; 172: 449-52. 5. Singh P, Yadav N, Visvalingam V, Indaram A, Bank S. Pylephlebitis diagnosis and management. Am J Gastroenterol 2001; 96: 1312-3. 6. Nishimori H, Ezoe E, Ura H, Imaizumi H, Meguro M, Furuhata T, et al. Septic Thrombophebitis of the portal and superior mesenteric veins as a complication of appendicitis: report a case. Surg Today 2004; 34: 173-76. 7. Plemmons RM, Dooley DP, Longfield RN. Septic thrombophebitis of the portal vein (pylephlebitis): diagnosis and management in the modern era. Clin Infec Dis 1995; 21: 1114-20. 8. Saxena R, Adolph M, Zeigler JR. Pylephlebitis: a case report and a review of outcome in the antibiotic era. Am J Gastroenterol 1996; 91: 1251-3. 9. Nobili C; Uggeri F, Romano F, Degrate L, Caprotti R, Perego P, et al. Pylephebitis and mesenteric thrombophlebitis in sigmoid diverticulitis: medical aproach, delayed surgery. Digestive and Liver Disease 2007; 39: 1088-90. 10. Harch JM, Radin RD, Yellin AE, Donovan AJ. Pylethrombosis: serendipitous radiologic diagnosis. Arch Surg 1987; 122: 1116-9. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):90-92 Revista GED03 07_c.indd Sec1:92 11/5/10 2:44:49 PM Relato de Caso Úlcera de cameron como causa incomum de anemia por deficiência de ferro Cameron ulcer as uncommon cause of iron-deficiency anemia. R AFAEL D ENADAI P IGOZZI DA S ILVA 1; R AFAEL A LICEDA F ERRAZ 1; V IVIANE A LESSANDRA C APELLUPPI -T ÓFANO 2; R OGÉRIO S AAD -H OSSNE 3; F ÁBIO V IEIRA T EIXEIRA 4 TRABALHO REALIZADO NO SERVIÇO DE ENDOSCOPIA, CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO E COLOPROCTOLOGIA – UNIGASTRO / ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (ABHU), MARÍLIA-SP, BRASIL. Úlceras de Cameron são lesões lineares crônicas dispostas sobre as pregas da mucosa, ao nível da impressão diafragmática, em pacientes portadores de hérnia hiatal. Sua relevância clínica deve-se ao potencial risco de complicação gastrointestinal, como sangramento agudo ou crônico e anemia ferropriva. Geralmente, o diagnóstico é incidental por endoscopia digestiva alta. Inibidores da bomba de prótons são essenciais para a condução dos casos e a administração de ferro quando a anemia estiver associada. Entretanto, situações refratárias se beneficiam do tratamento cirúrgico. Apresentamos um caso desta entidade em uma paciente de 50 anos na pós-menopausa que evoluiu com anemia por deficiência de ferro e exames endoscópicos iniciais normais. Unitermos: Úlcera de Cameron, Hérnia Hiatal, Anemia ferropriva, Sangramento gastrointestina the conduct of cases and the administration of iron when the anemia is associated. Already, the benefit of surgery is in refractory cases. We present a case of this entity of a 50-year-old patient in postmenopausal who developed anemia due to iron deficiency and normal initial endoscopy. Keywords: Cameron Ulcer, Hiatal Hernia, Iron-deficiency Anemia, Gastrointestinal Bleeding 93 29(3):93-95 Resumo Introdução Úlceras de Cameron (UC) são lesões que ocorrem no saco de uma hérnia hiatal (HH)1,3,4. Foi inicialmente descrita por Cameron & Higgins, em 1986, como lesões lineares crônicas dispostas sobre as pregas da mucosa, ao nível da impressão diafragmática, em 36 (33,02%) dos 109 pacientes com HH volumosas2. Aparecem em até 5,2% dos pacientes com HH submetidos à endoscopia digestiva alta (EDA)3. Summary Cameron ulcers are chronic linear lesions willing on the mucosal folds, the level of diaphragmatic impression, in patients with hiatal hernia. Its clinical relevance is due to the potential risk of gastrointestinal complications, such as acute or chronic bleeding and anemia. Usually, the diagnosis is incidental by upper gastrointestinal endoscopy. Proton pump inhibitors are essential for Sua patogênese não é ainda completamente entendida, existindo algumas hipóteses para o seu aparecimento 2,3,6,12, sendo que geralmente o seu achado é incidental 3,4, como causa de hemorragia digestiva alta aguda ou crônica e anemia ferropriva 3-6. A EDA é considerada padrão-ouro no diagnóstico 4,11. Estas lesões devem sempre ser investigadas em casos 1. Acadêmicos da Faculdade de Medicina da Universidade de Marília, Marília-SP, Brasil. 2. Professora Doutora da Disciplina de Hematologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Marília, Marília-SP, Brasil. 3. Professor Doutor Assistente do Departamento de Cirurgia e Ortopedia e do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais da Faculdade de Medicina - UNESP Botucatu, Botucatu-SP, Brasil. 4. Professor Doutor Voluntário do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina - UNESP Botucatu e Médico da UNIGASTRO, Marília-SP, Brasil. Endereço para correspondência: Fábio Vieira Teixeira – UNIGASTRO - Rua Dr. Próspero Cecílio Coimbra, 80 – Cidade Universitária - Marilia – São Paulo – Brasil - CEP 17525-160 – Tel. / fax (14) 2105- 4562 - e-mail [email protected]. Recebido: 27/04/2010. Aprovação: 27/09/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):93-95 Revista GED03 07_c.indd Sec1:93 11/5/10 2:44:49 PM Úlcera de cameron como causa incomum de anemia por deficiência de ferro de HH12 e, principalmente, em pacientes com hemorragia digestiva obscura e anemia ferropriva13. O tratamento deve ser individualizado3. O inibidor de bomba de prótons (IBP) é a primeira opção terapêutica nos casos de hemorragia digestiva secundária a UC12, e, além disto, a suplementação com ferro deve ser rotina nos pacientes ferropênicos4,6. E somente nos casos refratários a cirurgia deve ser considerada12. Também em 2008 foi solicitada nova EDA, constatando-se saco herniário com a presença de úlcera de aproximadamente 4 mm (Figura A e B). O diagnóstico foi de hemorragia digestiva crônica por úlcera de Cameron em hérnia de hiato recidivada. Relatamos um caso de UC em que a paciente na pósmenopausa evoluiu com anemia por deficiência de ferro e exames endoscópicos iniciais normais. Medicada com IBP e suplemento de ferro. Evoluiu com melhora do quadro clínico e normalização dos valores hematimétricos. Discussão Relato de Caso Paciente do sexo feminino, 50 anos, procedente de LondrinaPR. Foi encaminhada para avaliação de anemia. Relatou dores nas pernas e astenia há 6 meses. Sem passado de perdas sanguíneas evidentes. Menopausa há 4 anos. Foi submetida à correção cirúrgica de hérnia de hiato há 3 anos. 29(3):93-95 94 ferritina: 4,22 ng/ml. A pesquisa de sangue oculto nas fezes foi positiva, sendo então submetida à nova colonoscopia total que novamente não demonstrou alterações. A paciente já havia sido tratada em outro serviço, e apresentava alguns exames de 2006: colonoscopia e endoscopia digestiva alta (EDA) sem alterações. Em 2008, em nosso serviço, a ectoscopia apresentou-se descorada (++/4+). Os sinais vitais foram normais. Ao exame abdominal evidenciou-se dor à palpação profunda em região epigástrica. O hemograma realizado na ocasião mostrou anemia ferropriva com hemoglobina: 9,8 g/dL, hematócrito: 29,8%, volume corpuscular médio: 67,8 fl, hemoglobina corpuscular média: 28,7 g/dL, ferro sérico: 27 ug/dL e A principal causa de anemia carencial no mundo é a ferropriva. Existem inúmeras causas para esta ferropenia incluindo insuficiência na dieta e aumento nas necessidades, como nos distúrbios menstruais, na gravidez e hemorragia. Nesta última, entram como diagnósticos diferenciais várias afecções, sendo exemplo a UC7. Cameron1 em 1976 publicou uma série com pacientes portadores de HH e os resultados forneceram evidência de que grandes HH podem ser causa de anemia crônica secundária à perda sanguínea digestiva, não sendo, portanto, causado por esofagite de refluxo. Cenário este reafirmado, anos mais tarde, por um estudo prospectivo de base populacional5 que seguiu 5.069 pacientes adultos durante vinte anos, concluindo que a HH deve ser considerada como uma possível causa de anemia por deficiência de ferro. Já a relação da anemia ferropriva com a esofagite merece estudos mais apronfudados5. Figura A Figura B Endoscopia digestiva alta revelando, à retrovisão, alargamento de pilares e presença de úlcera em fundo gástrico. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):93-95 Revista GED03 07_c.indd Sec1:94 11/5/10 2:44:49 PM R. D. P. DA SILVA; R. A. FERRAZ; V. A. CAPELLUPPI-TÓFANO; R. SAAD-HOSSNE; F. V. TEIXEIRA Weston3, em seu artigo sobre o tema, evidencia que a prevalência de UC aumenta juntamente com o aumento da HH. E ainda relata que, em aproximadamente dois terços dos casos, as lesões são múltiplas. Isquemia, trauma mecânico e acidez podem exercer papel em sua patogênese, que não é completamente entendida2,3,6,12. Estudos mostram que, mesmo com a conscientização sobre a existência desta lesão, elas acabam por serem frequentemente visualizadas como achado incidental de EDA3,4. Weston3 relatou que aproximadamente 50% das lesões foram achados acidentais na endoscopia realizada por outro motivo. UC deve ser sempre investigada em casos de HH12; a EDA é considerada como padrão-ouro no diagnóstico mas é frequente que se percam essas lesões4,11. Neste contexto, a repetição de exames provavelmente tem o seu maior valor em pacientes com hemorragia digestiva obscura e anemia ferropriva13. Estudos atuais sobre a avaliação do trato gastrointestinal alto em casos de anemia ferropriva mostram que a associação de EDA com a enteroscopia ou colonoscopia aumentam as taxas de diagnóstico8,9,13. E em especial no caso da UC, muitas vezes, é necessário mais de um exame para diagnosticá-las4. Fireman et al.7 avaliaram o papel da endoscopia em 43 mulheres na pré-menopausa com anemia ferropriva. Eles encontraram que em 55,8% dos casos havia doenças do trato gastrointestinal superior, sendo 3 (7%) casos UC, concluindo que estas pacientes podem se beneficiar de investigação endoscópica. As principais causas de anemia ferropriva em mulheres no período fértil são os distúrbios menstruais7,12. Já em pacientes na pós-menopausa, Pauwelyn et al. 11, em sua publicação sobre o assunto, afirmam que a anemia por deficiência de ferro nestas mulheres deve-se principalmente à perda de sangue gastrointestinal crônica, e que uma das lesões mais comumente não diagnosticadas em exames endoscópicos é a UC. Dessa forma, justifica-se a busca insistente pela causa da anemia no sistema digestório em nossa paciente, haja vista que ela estava na menopausa há 4 anos. A forma ideal de tratamento depende do quadro clínico e, portanto, devem ser individualizadas3. A suplementação com ferro deve ser rotina nos pacientes ferropênicos4,6. Além disto, a literatura mostra que no seguimento dos pacientes com UC, 17% desenvolvem complicações, sendo a mais comum a hemorragia gastrointestinal com anemia ferropriva, em 8,3% dos casos3. Assim, Panzuto et al. 12 pesquisaram o papel do IBP na prevenção da recorrência da anemia por deficiência de ferro em pacientes com HH, concluindo que a cirurgia combinada com o IBP não é mais eficaz do que o IBP isoladamente. Assim, no tratamento dos pacientes com quadro semelhante ao da nossa paciente, os IBPs devem ser considerados como primeira opção12. Entretanto, nos casos de UC com anemia ferropriva em que esta conduta falhar, a cirurgia deve ser considerada. Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Cameron, AJ. Incidence of iron deficiency anemia in patients with large diaphragmatic hernia. A controlled study. Mayo Clin Proc. 1976; 51:767. Cameron, AJ, Higgins, JA. Linear gastric erosion. A lesion associated with large diaphragmatic hernia and chronic blood loss anemia. Gastroenterology. 1986; 91:338. Weston, AP. Hiatal hernia with cameron ulcers and erosions. Gastrointest Endosc Clin N Am. 1996; 6:671. Maganty K, Smith RL. Cameron Lesions: Unusual Cause of Gastrointestinal Bleeding and Anemia. Digestion. 2008; 77(34):214-7. Ruhl, CE, Everhart, JE. Relationship of iron-deficiency anemia with esophagitis and hiatal hernia: hospital findings from a prospective, population-based study. Am J Gastroenterol. 2001; 96:322. Moskovitz, M, Fadden, R, Min, T, et al. Large hiatal hernias, anemia, and linear gastric erosion: studies of etiology and medical therapy. Am J Gastroenterol. 1992; 87:622. Fireman Z, Zachlka R, Abu Mouch S, Kopelman Y. The role of endoscopy in the evaluation of iron deficiency anemia in premenopausal women. Isr Med Assoc J. 2006; 8(2):88-90. Descamps C, Schmit A, Van Gossum A. “Missed” upper gastrointestinal tract lesions may explain “occult” bleeding. 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J Thorac Cardiovasc Surg. 1996;112(5):1340-4; discussion 1344-5. 95 29(3):93-95 Em nosso relato, a primeira EDA realizada pela paciente foi normal, fato este salientado por outros autores4,13 ao descreverem que em casos de sangramento gastrointestinal obscuro e persistente, mesmo após endoscopia inicial negativa, devemos pesquisar UC. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):93-95 Revista GED03 07_c.indd Sec1:95 11/5/10 2:44:49 PM Relato de Caso Prevalência de queixas dispépticas em pacientes com doenças do refluxo erosiva e não-erosiva Prevalence of dyspeptic complaints in patients with erosive and non-erosive reflux diseases ANGELA ALVARIZ1, EPONINA MARIA DE OLIVEIRA LEMME2, LUIZ ABRAHÃO JR.3, BEATRIZ BICCAS4, GUSTAVO CARLOS CÁLCENA AGUERO5 E ROSANA SCHECHTER6 LABORATÓRIO DE MOTILIDADE DIGESTIVA DO SERVIÇO DE GASTROENTEROLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Resumo 29(3):96-100 96 Racional: A doença do refluxo gastroesofágico apresenta grande variedade de manifestações clínicas, sendo que muitos pacientes referem queixas dispépticas. Objetivo: Avaliar a prevalência de queixas dispépticas em pacientes com a doença do refluxo erosiva e doença do refluxo não-erosiva. Pacientes e métodos: Foram revistas as fichas de exame de pacientes submetidos à esofagomanometria e pHmetria prolongada na investigação de doença do refluxo gastroesofágico (pirose como queixa principal), sendo selecionadas as que continham informações a respeito de queixas dispépticas. Todos haviam realizado previamente endoscopia digestiva alta. Foram selecionados pacientes com doença do refluxo erosiva (esofagite pela classificação de SavaryMiller), e com doença do refluxo não-erosiva (sem esofagite e com pHmetria prolongada anormal). Resultados: Duzentos e cinquenta e três pacientes preencheram os critérios de inclusão, sendo 145 com doença do refluxo erosiva e 108 com doença do refluxo nãoerosiva. Queixas dispépticas estavam presentes em 93 (64%) dos pacientes com doença do refluxo erosiva e em 86 (79,6%) dos pacientes com doença do refluxo não-erosiva. Conclusão: A prevalência das queixas dispépticas foi elevada nos dois grupos de pacientes, sendo maior no grupo de doença do refluxo não-erosiva (p= 0,007). Unitermos: Dispepsia, Doença do Refluxo Gastroesofágico, Doença do Refluxo Erosiva, Doença do Refluxo Não-Erosiva, pHmetria Prolongada. Summary Rationale: Gastroesophageal reflux disease presents a significant number of clinical symptoms, and many patients refer to dyspeptic complaints. Objective: Assess the prevalence of dyspeptic complaints in patients with erosive and non-erosive reflux disease. Patients and methods: The exam charts of patients submitted to esophageal manometry and prolonged esophageal pH test in gastroesophageal reflux disease investigations (pyrosis as main complaint) were revised and those containing information on dyspeptic complaints selected. All patients had previously had upper digestive endoscopy. Patients with erosive reflux disease (esophagitis according to Savary-Miller classification) and with non-erosive reflux disease (without esophagitis and with abnormal prolonged esophageal pH test) were selected. Results: Two hundred and fifty three patients met the inclusion criteria, out of whom 145 had erosive reflux disease and 108 with non-erosive reflux disease. Dyspeptic complaints were mentioned by 93 (64%) patients with erosive reflux disease and 86 (79.6%) of patients with non-erosive reflux disease. Conclusion: 1. Mestre em Gastroenterologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2. Professor Adjunto Doutor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ. 3. Médico do Serviço de Gastroenterologia do HUCFF-UFRJ, Doutorando em Gastroenterologia da UFRJ. 4. Médica do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UCFF) da UFRJ. Mestre em Gastroenterologia pela UFRJ. 5. Professor assistente da Universidade Gama Filho e Fundação Educacional Souza Marques, Mestre em Gastroenterologia da UFRJ. 6. Professor assistente de Clínica Médica da Universidade Estácio de Sá, Mestre em Gastroenterologia pela UFRJ. Endereço para correspondência: Dra. Angela Alvariz - Rua Matias Antônio dos Santos, 92 Cep: 21.940-380. Rio de Janeiro – RJ/ e-mail: angela.alvariz@terra. com.br/ Recebido em: 06/06/2010. Aprovado para publicação em: 19/09/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):96-100 Revista GED03 07_c.indd Sec1:96 11/5/10 2:44:49 PM A. ALVARIZ, E. M. O. LEMME, L. ABRAHÃO JR., B. BICCAS, G. C. C. AGUERO E R SCHECHTER Keywords: Dyspepsia, Gastroesophageal Reflux Disease, Erosive Reflux Disease, Non-Erosive Reflux Disease, Prolonged Esophageal pHmonitoring. Introdução Define-se doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) como doença crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes ao mesmo, acarretando variável espectro de sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extraesofagianos, associados ou não a lesões teciduais1. A DRGE tem elevadas prevalência e morbidade, acarretando prejuízo na qualidade de vida. Estima-se que cerca de 12% da população brasileira apresenta sintomas da DRGE, uma ou mais vezes por semana, isso em se considerando apenas suas manifestações típicas2. A DRGE apresenta grande variedade de manifestações clínicas, sendo pirose e regurgitação ácida as mais prevalentes e típicas. Os sintomas atípicos incluem: manifestações esofágicas (dor torácica, globus), manifestações pulmonares (asma, tosse crônica, bronquite, bronquiectasias, pneumonias de repetição), manifestações otorrinolaringológicas (rouquidão, pigarro, laringite posterior crônica, sinusite crônica, otalgia) e manifestações orais (desgaste do esmalte dentário, halitose, aftas)1. A doença se manifesta por uma forma erosiva, por uma forma não-erosiva ou por suas complicações (ulceração, estenose e esôfago de Barrett). Sua fisiopatologia é multifatorial, apresentando uma combinação variável de mecanismos nos diferentes grupos de pacientes. Dispepsia é definida como dor ou desconforto no andar superior do abdome, mais exatamente na região epigástrica. Entende-se como desconforto a presença de empachamento, peso pós-prandial, saciedade precoce, distensão epigástrica ou náuseas3. Muitos pacientes com DRGE referem queixas dispépticas associadas ao sintoma típico principal da doença. Alguns estudos referem prevalência maior de tais queixas em portadores da DRGE não-erosiva4,5. O objetivo do trabalho é avaliar a prevalência de queixas dispépticas em portadores de DRGE nas formas erosiva e não-erosiva. Pacientes e Métodos Entre 1999 e 2004, foram realizadas 2.020 esofagomanometrias e 919 pHmetrias prolongadas no Laboratório de Motilidade do Serviço de Gastroenterologia do HUCFFUFRJ. Este é um estudo retrospectivo, no qual foram revistas as fichas de exame de pacientes submetidos a estes exames na investigação de DRGE e que apresentavam pirose como queixa principal (sensação de queimação retrosternal ascendente em direção à região cervical), sendo selecionadas as que continham informações a respeito da presença de queixas dispépticas (plenitude pós-prandial, sensação de “empachamento” ou peso pós-prandial, acompanhadas ou não de eructação frequente). Todos haviam sido previamente submetidos à endoscopia digestiva alta (EDA). Considerou-se pacientes com doença do refluxo erosiva (DRE) aqueles que apresentavam esofagite pela classificação de Savary-Miller, e com doença do refluxo não-erosiva (DRNE) os que não preenchiam os critérios endoscópicos de esofagite, mas apresentavam pHmetria prolongada anormal. Pacientes com estenose esofágica ou esôfago de Barrett não foram incluídos. O uso de antissecretores no período de, pelo menos, 30 dias antes da EDA também foi motivo de exclusão. 97 29(3):96-100 The prevalence of dyspeptic complaints was high in the two groups of patients, but higher in the NERD group, in which a significant difference was found (p= 0.007). Endoscopia Digestiva Alta: Realizada após jejum mínimo de 6 horas e sedação consciente. Foi adotada a classificação de Savary-Miller para a caracterização da esofagite (grau I: erosões isoladas; grau II: erosões confluentes porém não circunferenciais; grau III: erosões confluentes e circunferenciais)6. Esofagomanometria: Realizada conforme técnica previamente descrita7 para a localização do limite superior do esfíncter esofagiano inferior (EEI), precedendo a pHmetria prolongada. Foi usado equipamento computadorizado, cateter de 8 lumens com 4,5 mm de diâmetro, continuamente perfundido com água destilada por meio de bomba pneumohidráulica de baixa complacência. O cateter foi passado por uma das narinas até o estômago. Para o estudo do EEI foi usada a técnica da puxada lenta, com tração a cada 1 cm. O limite superior do EEI foi o valor em centímetros, imediatamente antes do padrão de registro do corpo esofagiano. pHmetria Esofagiana Prolongada: Os exames foram realizados ambulatorialmente, empregandose sistema digital portátil (MKII e MKIII Synectics) e cateter com eletrodo de antimônio e de referência GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):96-100 Revista GED03 07_c.indd Sec1:97 11/5/10 2:44:49 PM PREVALÊNCIA DE QUEIXAS DISPÉPTICAS EM PACIENTES COM DOENÇAS DO REFLUXO EROSIVA E NÃO-EROSIVA externo, posicionado 5 cm acima do limite superior do EEI conforme previamente definido pela esofagomanometria. Foi considerado episódio de refluxo a queda do pH abaixo de 4 por, pelo menos, 15 segundos. Os detalhes da técnica foram previamente descritos7. O preparo do exame incluiu a suspensão dos seguintes medicamentos: inibidores da bomba de prótons (10 dias), bloqueadores H2 (3 dias), procinéticos e antiácidos (1 dia). Durante o exame, os pacientes foram orientados a manter a alimentação habitual (evitando apenas alimentos cítricos e bebidas gasosas), e a preencher relatório com os horários das refeições, períodos em posição supina e sintomas que porventura apresentassem. O tempo mínimo de estudo foi de 22 horas. Foram adotados como valores normais os descritos por De Meester et al.8. Considerou-se refluxo anormal quando a percentagem de tempo total (%TT) de pH < 4 estivesse acima de 4,5%. 29(3):96-100 98 Discussão Tanto a DRGE como a dispepsia são manifestações frequentes que afetam o trato gastrointestinal, ocasionando sintomas crônicos ou recorrentes. Durante muitas décadas, a DRGE era diagnosticada pelo encontro de esofagite. Mais recentemente observou-se que muitos dos pacientes com sintomas de refluxo não apresentavam esofagite à EDA. Esse grupo passou a ser classificado como portador de doença do refluxo não-erosiva (DRNE) ou com endoscopia negativa. Revisão recente estima que mais de 70% dos pacientes com DRGE apresentem a forma não-erosiva da doença4. Resultados Apesar das semelhanças, tanto na apresentação clínica como no impacto negativo na qualidade de vida, as formas erosiva e não-erosiva da DRGE apresentam aspectos fisiopatológicos distintos. Na forma erosiva é mais frequente a hipotensão do EEI e a presença da hérnia hiatal, fatores esses que contribuem para o aumento da exposição ácida do esôfago. Já na forma não- erosiva, a intensidade de refluxo é menor, sendo os relaxamentos transitórios do EEI o mecanismo predominante9, além de outros achados como alteração da acomodação e retarde do esvaziamento gástrico4. Duzentos e cinquenta e três pacientes preencheram os critérios de inclusão, sendo 145 com DRE (58% do sexo masculino, média de idade de 48 anos) e 108 com DRNE (55% do sexo feminino, média de idade de 47 anos). A prevalência das queixas dispépticas foi elevada nos dois grupos de pacientes, sendo maior no grupo de DRNE, onde foi encontrada diferença significativa (p= 0,007). (Quadro 1) A DRNE é um grupo heterogêneo podendo ser dividido, de acordo com o resultado da pHmetria prolongada, em um grupo com refluxo anormal (45% dos casos) e outro grupo com refluxo fisiológico (pHmetria normal). Este último ainda pode ser subdividido em um grupo com sintomas associados ao pH ácido ou ao índice de sintomas positivo (denominado “esôfago sensível”) e um grupo com sintomas não associados Análise Estatística: A análise estatística utilizou o teste de Qui-quadrado e o valor de p < 0,05 para significância. Quadro 1 - Resultados 253 Pacientes P= 0.007 145 Doença erosiva 108 Doença não-erosiva 58% masc e 42% fem Média de idade: 48 anos 93 (64%) Com dispepsia 45% masf e 55% fem Média de idade: 47 anos 52 (36%) Sem dispepsia 86 (79,6%) Com dispepsia 22 (20,4%) Sem dispepsia4 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):96-100 Revista GED03 07_c.indd Sec1:98 11/5/10 2:44:49 PM A. ALVARIZ, E. M. O. LEMME, L. ABRAHÃO JR., B. BICCAS, G. C. C. AGUERO E R SCHECHTER ou na modulação da sensibilidade, drogas essas ainda não totalmente disponíveis. Para alguns autores, os dois últimos subgrupos deveriam ser incorporados à categoria pirose funcional, sendo justamente nestes casos nos quais as queixas dispépticas seriam mais frequentes e a resposta ao tratamento clássico com inibidores da bomba de prótons (IBP) e/ou cirurgia teriam menor grau de satisfação4. Quigley, em artigo de revisão, propõe que o grupo DRNE com pHmetria normal seja incluído no grupo de doença funcional e não no grupo de doença do refluxo4. Recente reavaliação dos critérios de Roma sugere que do grupo pirose funcional devam ser excluídos os pacientes com resposta clínica favorável ao uso de IBP. Apesar dos parâmetros da pHmetria estarem dentro dos limites da normalidade e com sintomas não relacionados aos episódios de refluxo ácido pelos atuais critérios de Roma, este grupo ainda tem o diagnóstico presuntivo de DRNE10. No material estudado, a dispepsia foi de maior prevalência no grupo de DRNE (p= 0,007). Não foram incluídos neste estudo pacientes com sintomas de pirose, dispepsia e pHmetria normal, ou seja, os portadores de pirose funcional, situação em que a superposição das duas entidades funcionais (pirose e dispepsia funcional) seria mais provável. Em estudo recente19, queixas dispépticas foram referidas por 50% dos pacientes com DRNE, sem especificação dos resultados de pHmetria. Este valor é um pouco menor do que o observado no presente trabalho. A dispepsia é considerada a queixa gastroenterológica mais frequente, sendo que 40 a 60% dos pacientes não apresentam qualquer substrato orgânico. Em estudo publicado em 2004, corresponde a 42% das indicações de EDA nos EUA11. Apresenta-se de forma crônica ou recorrente, sendo classificada como primária ou funcional (sem alterações estruturais ou metabólicas que as justifiquem) e como secundária ou orgânica (quando são encontradas doenças que justifiquem os sintomas)3,12. Alguns autores salientam a associação entre a dispepsia funcional e a doença do refluxo não-erosiva 4,13. Ambas apresentam semelhanças nos aspectos epidemiológicos (maior prevalência no sexo feminino e faixa etária em geral uma década aquém à da doença erosiva)14,15, clínico (a dispepsia é dividida em tipo úlcera, tipo dismotilidade e inespecífica)16 e fisiopatológico (retarde do esvaziamento gástrico, hipersensibilidade visceral)4,16. Recentemente pacientes com DRNE têm sido considerados para o tratamento cirúrgico (fundoplicatura laparoscópica). É preciso um julgamento criterioso nesta indicação pois pacientes com melhor resposta a este tratamento são os que apresentam sintomas típicos, pHmetria anormal e resposta satisfatória aos IBPs, achados esses pouco frequentes na DRNE. Além disto, os pacientes com DRNE e sintomas dispépticos apresentam com frequência bloating síndrome e outros sintomas pós-fundoplicatura 17,18. Alternativas para o tratamento deste grupo seriam drogas que agissem na restauração da função motora esofagiana O frequente insucesso do tratamento clínico clássico para a DRGE é ainda um desafio. Uma linha de pesquisa poderia se propor a identificar possíveis marcadores de doença funcional com valor preditivo para uma adequada resposta terapêutica. A natureza retrospectiva do presente trabalho não permitiu avaliação de resposta terapêutica em cada grupo isoladamente. Concluindo, as queixas dispépticas foram altamente prevalentes nos dois grupos estudados, com maior significado no grupo de DRNE. Na prática clínica, muitas vezes é difícil distingui-las já que a DRGE pode mimetizar outras condições inclusive a dispepsia funcional. Nestes casos, a pHmetria é um método importante para demonstrar a ocorrência de refluxo e assim possibilitar a conduta terapêutica adequada a cada situação. 99 29(3):96-100 ao pH ácido ou índice de sintomas negativo (denominado “pirose funcional”). Referências 1. Moraes-Filho JPP, Cecconello I, Gama-Rodrigues J, Castro LP, Henry MA, Meneghelli UG, Quigley E. Brazilian consensus on gastroesophageal reflux disease: proposals for assessment, classification, and management. Am J Gastroenterol, 2002; 97: 241-248. 2. Moraes-Filho JPP, Chinzon D, Eisig JN, Zaterka S, Hashimoto CL. Prevalence of Heartburn and Gastroesophageal Reflux Disease in the urban Brazilian Population. Gastroenterology 2003;124:A-166. 3. McQuaid KR. Dyspepsia. Gastrointestinal and liver disease – Sleisenger & Fordtran’s 7th edition,2002: 102-118. 4. Quigley EM. Functional dyspepsia (FD) and non-erosive reflux disease (NERD): overlapping or discrete entities? Best Pract Res Clin Gastroenterol.2004 Aug; 18(4): 695-706. Review. 5. Tack J, Caenepeel P, Arts J, Lee KJ, Sifrim D, Janssens J. Prevalence of acid reflux in functional dyspepsia and its association with symptom profile. Gut. 2005 Oct; 54(10): 1370-6. 6. Savary M, Miller G. The esophagus. 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In Drossman DA, Corrazziari E, Talley NJ, Thompson WG &whitehead WE (eds) In: Rome II. The Functional Gastrointestinal Disorders, 2nd edn, McLean, Virginia: Degon Associates, 2000, pp 299-350. 16. Smout AJ. Advantages and disadvantages of lumping together gastroesophageal reflux disease and dyspepsia. Curr Opin Gastroenterol.2006 Jul; 22 (4);412-6. Review. 17. Campos GM, Peters Jh, DeMeester TR, et al. Multivariate analysis of factors predicting outcome after laparoscopic fundoplication. Journal of Gastrointestinal Surgery 1999; 3:292-300. 18. Eubanks TR, Omelanczuk P, Richards C, et al. Outcomes of laparoscopic antireflux procedures. American Journal of Surgery 2000;179:391-395. 19. Quigley EMM. Non-erosive reflux disease, functional heartburn and gastroesophageal reflux disease; insights into pathophysiology and clinical presentation. Chinese Journal of Digestive Diseases 2006;7; 186-190. 29(3):96-100 100 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):96-100 Revista GED03 07_c.indd Sec1:100 11/5/10 2:44:50 PM Relato de Caso Soroprevalência de Helicobacter pylori em pacientes atendidos no Ambulatório de Gastroenterologia da Universidade Regional de Blumenau — FURB Seroprevalence of Helicobacter pylori in patients attended at the Clinic of Gastroenterology of the Universidade Regional de Blumenau MARCELO AUGUSTO SCHEIDEMANTEL NOGARA1, MARINA FRANDOLOSO2, PATRÍCIA MAKINO REZENDE2 Introdução: A infecção pelo Helicobacter pylori é a segunda de maior prevalência no mundo inteiro e a sua principal expressão é a gastrite crônica ativa, que pode evoluir ao longo de décadas para adenocarcinoma gástrico e linfoma gástrico do tipo MALT. Os estudos epidemiológicos têm mostrado que aproximadamente 50% da população mundial está infectada com este microorganismo, sendo que a sua prevalência é maior em países em desenvolvimento do que em países desenvolvidos. Objetivo: Avaliar a prevalência de Helicobacter pylori nos pacientes submetidos à sorologia IgG anti-H. pylori no Ambulatório de Gastroenterologia da Universidade Regional de Blumenau. Método: Coletou-se sangue de 48 pacientes entre 18 a 80 anos, dispostos a participar da pesquisa, e após, realizouse a sorologia para H. pylori. Os resultados que foram submetidos ao teste estatístico do qui-quadrado. Discussão: A soroprevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori no Ambulatório de Gastroenterologia foi de 33,3% (p <0,0001; IC 95% 20-46,67), com idade variando de 19 e 69 anos. Destes, 13 (41,9%) pertenciam ao sexo feminino e três (17,6%) ao sexo masculino (p=0,16541). Avaliando o estilo de vida, a soropositividade foi maior nos pacientes com história negativa para etilismo (34,9%), e história positiva para tabagismo (33,3%). Identificouse, também, que a prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori é maior em pacientes com nível de escolaridade baixo, renda mensal acima de quatro salários mínimos, residentes em casa de alvenaria e que utilizam água sem tratamento adequado. Conclusão: Concluiuse que a soroprevalência de Helicobacter pylori nesta população é similar àquela encontrada em alguns países europeus e nos Estados Unidos, mas difere dos dados encontrados em estudos brasileiros, e que condições sócio-econômicas precárias favorecem a disseminação deste bacilo. 101 29(3):101-106 Resumo Unitermos: Helicobacter pylori; soroprevalência IgG; adultos. Summary Introduction: The Helicobacter pylori infection is the second highest prevalence of the worldwide and its main expression is a chronic-active gastritis, which may lead to gastric adenocarcinoma and mucosa-associated lymphoid tissue lymphoma. Epidemiologic studies have shown that approximately 50% of the world’s population is infected with the organism and its prevalence is higher in developing countries than in developed countries. Objectives: The aim of the present study has to assess the prevalence of Helicobacter pylori in patients submitted to anti-H. pylori IgG sorology at the Clinic of Gastroenterology of the Universidade Regional de Blumenau. Methods: It was collected blood of 48 patients from 18 to 80 years, willing to participate in the research work and made to seroprevalence of bacterium with posterior scientific spreading of the results that were submitted to the chi-square test. Discussion: 1. Professor Mestre de Gastroenterologia da Universidade Regional de Blumenau 2. Acadêmicas do curso de Medicina da Universidade Regional de Blumenau - Endereço para correspondência: Marcelo Nogara – Rua Cel. Vida Ramos, 153 - apto 301 - Cep.: 89.010330 - Blumenau - SC/ e-mail: [email protected] e [email protected]. Recebido em: 29/03/2010 Aprovado em: 09/09/2010 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:101 11/5/10 2:44:50 PM SOROPREVALÊNCIA DE HELICOBACTER PYLORI EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE GASTROENTEROLOGIA DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU — FURB The seroprevalence of the antibody IgG anti-H. pylori in the Clinic of Gastroenterology was of 33.3%, (p < 0.0001; IC 95% = 20 – 46.67) wich corresponds to 16 patients with positive serology, with an age varying from 19 to 69 years old. Of those, 13 (41.9%) patients were females and three (17.6%) were males (p = 0.16541). Assessing the lifestyle, the seropositivity was higher in patients with negative history of alcohol consumption (20%) and positive history for smoking (33.3%). It was also identified that the prevalence of the antibody IgG anti-H. pylori was higher in patients with lower levels of school education, lower income, more than four minimum salaries, residents in masonry houses and that uses water without treatment. Conclusion: It follows that the seroprevalence of Helicobacter pylori in this population was similar to those found in some European countries and the United States but differs from data found in Brazilian studies, and that precarious socio-economic conditions favoring the spread of this bacillus. Métodos O presente estudo realizou-se no Ambulatório Universitário no serviço de Gastroenterologia da Universidade Regional de Blumenau – FURB, localizada na cidade de Blumenau, estado de Santa Catarina, que faz parte do ambulatório de especialidades do Sistema Único de Saúde (SUS), no período de outubro de 2006 a junho de 2007. Trata-se de um estudo quantitativo, observacional e transversal, no qual foi possível identificar a população de risco e estabelecer a soroprevalência da infecção pelo H. pylori, por meio da aplicação de um questionário e dos resultados das sorologias. A amostra foi não-probabilística, por conveniência, ou seja, a partir do dia estabelecido para o início da pesquisa, foram incluídos todos os pacientes atendidos em 12 consultas no período vespertino, com idade entre 18 e 80 anos. O número de pacientes da amostra foi definido pelo número de sorologias que poderiam ser realizadas por um kit ELISA, ou seja, 50 pacientes. Keywords: Helicobacter pylori; Seroprevalence IgG; adults. 29(3):101-106 102 Introdução A infecção pelo Helicobacter pylori (H. pylori) é a segunda infecção de maior prevalência no mundo inteiro1, sendo mais frequente em países em desenvolvimento, nos grupos populacionais menos privilegiados social e economicamente e em adultos.2 A expressão mais comum da infecção pelo H. pylori, em qualquer local, é a gastrite crônica ativa, da qual representa o principal agente causal1,3, tendo participação, também, na gênese das úlceras pépticas, sobretudo a duodenal4, além de ser, reconhecidamente, um agente carcinogênico tipo I 5. Os métodos atuais para o diagnóstico da infecção por H. pylori incluem métodos invasivos (endoscopia e biópsia gástrica), teste não invasivo, mas radioativo (isótopos C13 ou C14), teste respiratório da uréia e a detecção sorológica. O método imunoenzimático (Enzyme-linked immunosorbent assay – ELISA) constitui exame simples, rápido e de baixo custo, apresentando alta sensibilidade e especificidade6 que vem sendo utilizado em estudos epidemiológicos7-10. O conhecimento da prevalência do H. pylori é importante para tentar impedir a sua propagação, podendo ser útil na identificação da população de alto risco, especialmente nas áreas que possuem taxas elevadas de úlcera, câncer e linfoma gástricos11. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de H. pylori nos pacientes submetidos à sorologia IgG anti-H. pylori e identificar a população de alto risco para a infecção. O recrutamento dos pacientes foi realizado após a consulta no Ambulatório de Gastroenterologia pelos pesquisadores, independente da sintomatologia. Os pacientes que concordaram formalmente em participar da pesquisa após a conscientização do objetivo do trabalho assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aplicou-se um questionário que contém dados cadastrais, idade, sexo, estado civil, raça, profissão, naturalidade, sintomatologia, uso de fármacos, presença de doenças crônicas e resultado de endoscopia digestiva alta prévia. Com relação às condições sócio-econômicas, questionou-se o tipo de moradia (madeira, mista ou alvenaria), fonte de água (tratada ou não tratada, que inclui água de poço e fonte natural), presença da história de tabagismo (tabagistas e extabagistas) e de etilismo (etilistas e ex-etilistas), escolaridade que foi subdividida em três níveis, ensino fundamental, médio e superior, e renda individual mensal (em salários mínimos). Após o preenchimento do questionário, o entrevistado era encaminhado ao Laboratório de Análises Clínicas da FURB para ser providenciada a coleta sanguínea. Posteriormente, o sangue foi centrifugado e o soro estocado em congelador a – 20oC. Utilizou-se Anti H. pylori IgG AccuBind ELISA Kits para a detecção de anticorpos IgG para H. pylori no soro ou plasma, com base no princípio do imunoensaio fase sólida, de acordo com as recomendações do fabricante. Era considerado como teste positivo àquele que tivesse reação de coloração igual ou superior a 20 UI/ml (limite máximo de 160 UI/ml). O benefício esperado através dos testes sorológicos de IgG para a bactéria era identificar a população que tem ou já teve contato com a mesma bem como observar possíveis fatores de risco para a infecção. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:102 11/5/10 2:44:50 PM M. A. S. NOGARA, M. FRANDOLOSO, P. M. REZENDE As informações foram codificadas e armazenadas em banco de dados montado no software Microsoft Office Excel 2003 e Epi Info 3.4.1, onde foram realizadas as análises estatísticas, cálculos de proporção e estimativas dos intervalos de confiança (95%). Os dados foram submetidos ao Teste de Quiquadrado (χ2), com significância estatística ao nível de 5 % de probabilidade (p = 0,05). Essa pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Regional de Blumenau. Tabela 1: Soroprevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori em pacientes do Ambulatório de Gastroenterologia da FURB entre outubro de 2006 a junho de 2007. Sorologia Frequência Prevalência (%) IC (95%) Reagente Não reagente 16 32 33,3 66,7 20 – 46,67 53,33 – 80 Total 48 100 χ2 = 5,33; gl = 1; RP = 0,5; p = 0,02092*. Resultados A soroprevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori no Ambulatório de Gastroenterologia foi de 16 (33,3%), dado estatisticamente significativo (IC 95% = 20 – 46,67; p = 0,02092; Tabela 1). Destes, 13 (41,9%) pacientes pertenciam ao sexo feminino e três (17,6%) ao sexo masculino, sem diferenças estatisticamente significativas (RP = 2,4; IC 95% = 0,79 – 7,19; p = 0,16541; Gráfico 1). A idade dos pacientes com sorologia positiva variou de 19 a 69 anos (média de 44 anos; mediana de 44,5 anos e desvio Gráfico 1: Distribuição da sorologia IgG anti-H. pylori pelo sexo. 35 Número de pacientes 30 25 18 15 14 10 13 5 3 0 Masculino Avaliando as condições sócio-econômicas (Tabela 2), a prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori foi maior em pacientes com renda superior a quatro salários mínimos e com nível de escolaridade baixo (χ ² = 0,22; IC 95% = 0,22 – 5,93; RP = 1,14; p = 0,64193). Analisando as condições de moradia, encontramos um maior risco de infecção naqueles que residiam em casa de alvenaria em relação aos outros tipos de moradia. Em relação ao tratamento da água, observamos uma taxa de prevalência maior naqueles que utilizavam água sem tratamento adequado (χ ² = 0,70; IC 95% = 0,85 – 4,63; RP = 1,98; p = 0,40356), Feminino 103 Observando os hábitos de vida, a soropositividade para H. pylori foi de 33,3% (6/18) tanto nos pacientes com história de tabagismo presente como ausente (RP = 1; IC 95% = Tabela 2: Associação da soroprevalência de Helicobacter pylori com as condições socioeconômicas. Variáveis Reagente Não reagente 20 padrão de 12,7), e aqueles com sorologia negativa variou de 18 a 72 anos (média de 44,3 anos; mediana de 44,5 anos e desvio padrão de 14,1). 29(3):101-106 Dentre os 50 pacientes entrevistados, dois deles foram excluídos da amostra por não terem se submetido ao exame sorológico, totalizando, assim, 48 pacientes. A idade dos pacientes variou de 18 a 72 anos com idade (média de 44,2 anos, mediana de 44,5 anos e desvio padrão de 13,5), sendo que 56,3% dos pacientes pertenciam à faixa etária dos 31 aos 50 anos. Com relação ao sexo, 17 (35,4%) dos indivíduos estudados pertenciam ao sexo masculino e 31 (64,6%) ao sexo feminino. Sorologia IgG anti-H. pylori reagente Total Prevalência (%) RP 14 1 1 37 8 3 37,8 12,5 33,3 1,14 0,38 1 14 43 32,6 0,81 2 5 40 1 1 3 12 6 13 29 16,7 23,1 41,4 0,4 0,56 1 3 13 5 43 60,0 30,2v 1,98 1 Escolaridade Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Renda mensal Inferior a 3 salários mínimos Superior a 4 salários mínimos Tipo de moradia Madeira Mista Alvenaria Fonte de água Não tratada Tratada χ2 = 1,92; RP = 2,4; IC 95% = 0,79 – 7,19; p = 0,16541 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:103 11/5/10 2:44:50 PM SOROPREVALÊNCIA DE HELICOBACTER PYLORI EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE GASTROENTEROLOGIA DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU — FURB 0,44 – 2,29; p = 0,75183). Com relação à história de etilismo, a soroprevalência do anticorpo foi maior nos indivíduos sem história de etilismo (34,9%) do que naqueles que eram etilistas ou ex-etilistas (RP = 0,57; IC 95% = 0,09 – 3,47; p = 0,86733) Discussão O Helicobacter pylori é considerado um problema de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento onde a transmissão da bactéria é facilitada pela precária condição de higiene e saneamento básico. Estudando a soroprevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori, identificamos que 33,3% dos pacientes possuíam sorologia reagente pelo método ELISA. A população do estudo consistiu bem pacientes que frequentaram o Ambulatório de Gastroenterologia da FURB, não correspondendo, assim, a população inteira da cidade de Blumenau, estado de Santa Catarina. 29(3):101-106 104 Os resultados das sorologias em nosso estudo discordam da soroprevalência encontrada na população brasileira e daquela encontrada nos países em desenvolvimento12, mas concordam com a dos países desenvolvidos. Por exemplo, num estudo realizado em quatro regiões da Itália obtevese uma soroprevalência de 45%13. Em outro, realizado na Dinamarca, a taxa de soropositividade foi de 34%14. Na Inglaterra, a prevalência total foi de 37%15 e na Alemanha, a soroprevalência total em dois estudos de âmbito nacional foi de 39% em 1987-198816 e de 40% em 1997-199817. Num estudo realizado nos Estados Unidos da América18, a soroprevalência do H. pylori em todos os participantes foi de 32,5%, dado muito próximo ao encontrado em nosso estudo. Em relação a dados epidemiológicos brasileiros12, num estudo realizado numa área rural localizada no estado de Mato Grosso, identificou uma prevalência de 84,7% (139/164) de anticorpos IgG anti-H. pylori na população adulta. Outro estudo avaliou 274 indivíduos doadores de sangue no principal centro de doação de sangue de Salvador, Bahia, e encontrou uma soroprevalência de 68,2%19. Já numa pesquisa realizada em uma comunidade de baixa renda em Fortaleza, Ceará, detectou que 80% (165/204) dos participantes eram H. pylori positivo20. Tais resultados não condizem com os encontrados na nossa população de estudo já que se trata de populações distintas que residem nas regiões CentroOeste e Nordeste do Brasil, respectivamente. Isso pode ter ocorrido já que o Brasil é um país que apresenta características sócio-econômicas e culturais distintas em cada região. Deve-se lembrar que a região sul do Brasil, principalmente a cidade de Blumenau que apresenta importante descendência alemã, pode mostrar dados semelhantes àqueles encontrados em países da Europa em virtude de ter recebido imigrantes principalmente deste continente. Com relação ao sexo, a prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori foi maior nos pacientes do sexo feminino. Entretanto, o mesmo não foi observado nos dados encontrados na literatura18,19. Isso pode ter sido decorrente do predomínio de pacientes do sexo feminino em relação ao sexo masculino na amostra estudada. Dessa forma, este estudo pode não ser ideal para uma análise da população inteira. Mas, como em outros estudos12, 20, não foi encontrada nenhuma diferença estatisticamente significativa em relação ao sexo. Na tentativa de identificar outros fatores que se relacionam ao H. pylori, a idade mostra-se um fator importante21. Neste trabalho, a soroprevalência aumentou significativamente com a idade. Tal dado condiz com o encontrado em um estudo norte-americano18 e estudo brasileiro12. O mesmo não ocorreu com o estudo realizado em doadores de sangue na cidade de Salvador19 e no trabalho cujo grupo avaliado foi uma comunidade de baixa renda de Fortaleza20. Observou-se também que a prevalência dos anticorpos IgG anti-H. pylori diminuiu nos indivíduos com idade avançada12,20. Este é um achado universal tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento que pode ser explicado pela queda na resposta sorológica específica entre os indivíduos mais velhos devido à queda na imunidade geral e/ou ao número diminuído dos micro-organismos na mucosa gástrica dos indivíduos colonizados por muitas décadas em consequência da atrofia gástrica que cria condições adversas à colonização bacteriana. Entretanto, na população submetida a este estudo, ocorreu um pequeno aumento após os 60 anos de idade que pode ter sido decorrente do número reduzido de indivíduos pesquisados acima desta faixa etária. Ao avaliar o nível de escolaridade, encontramos uma soroprevalência de H. pylori de 37,8% (14/23) nos pacientes com baixo nível de escolaridade que inclui o analfabetismo e o ensino fundamental, concordando com a literatura estudada18. Entretanto, não houve nenhuma associação significativa com escolaridade19,20. Diferentemente da literatura12,18, a prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori foi maior naqueles indivíduos que apresentaram renda mensal superior a quatro salários mínimos. Tal resultado pode ter sido decorrente do número reduzido de pacientes que possuíam tal renda na amostra estudada. Mas não houve associação significativa nesta avaliação o que concorda19. A água foi considerada uma possível rota de transmissão da infecção pelo H. pylori, especialmente nos países em desenvolvimento22. Observando essa variável, notou-se uma GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:104 11/5/10 2:44:50 PM M. A. S. NOGARA, M. FRANDOLOSO, P. M. REZENDE A maioria dos estudos recentes não enquadra o tabagismo e o etilismo como fatores de risco11,19. Neste, identificouse uma soroprevalência maior nos indivíduos com história negativa para o etilismo (34,9%) em relação àqueles que consumiam álcool diariamente ou eram ex-alcoolistas. Tal fato coincide com o achado no estudo americano(18). Paralelamente, a história de tabagismo não influenciou na taxa de prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori, pois a mesma se iguala nos pacientes expostos e não expostos ao tabagismo. Além disso, não houve significância estatística em ambos os quesitos18-20. Concluímos que a taxa de prevalência nesta população foi similar àquela encontrada em alguns países europeus e nos Estados Unidos, diferenciando dos dados obtidos nos estudos brasileiros. Além disso, identificamos que a prevalência do anticorpo IgG anti-H. pylori foi maior nos pacientes do sexo feminino, com idade avançada, nível de escolaridade baixo, renda maior, que utilizavam água não tratada, independente da história de tabagismo, ausência da história de etilismo. Dessa forma, observamos que as precárias condições sócio-econômicas favorecem a disseminação deste bacilo. Entretanto, estudos adicionais são necessários para determinar melhor a fonte de transmissão e os fatores de risco para a infecção. Agradecimentos Agradecemos aos colaboradores do nosso projeto: acadêmicos do curso de Medicina, funcionários do Ambulatório Universitário e do Laboratório de Análises Clínicas da FURB, em especial, Prof. Mes. Eduardo Monguilhott Dalmarco. Também não podemos esquecer da dedicação dos nossos orientadores, Prof. Mes. Marcelo Augusto Scheidemantel Nogara e Prof. Dr. Caio Mauricio Mendes de Cordova, bem como dos nossos familiares que nos deram apoio e estímulo para a realização deste trabalho. Referências 1. Gonçalves AR. Estudo epidemiológico de Helicobacter pylori em pacientes consecutivamente submetidos a esofagogastroduodenoscopia normal. Curitiba, 1996. Dissertação (Mestrado em Clínica Cirúrgica) – Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná. 2. Mills AS, Contos MJ. The stomch. In: Silverberg, S. G; DeLellis, R. A.; Frable, W. eds. Principles and Practice of Surgical Pathology and Cytopathology. 3 ed. Singapore, Churchill-Livingstone, 1997; 2343-2409. 3. Genta RM, Hammer HW, Graham DY. The significance of lymphoid follicles in the interpretation of gastric biopsy specimens. Archives of Pathology and Laboratory Medicine. 1994; 188: 740-743. 4. 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Graham DY, Adam E, Reddy GT, Agarwal JP, Evans DJ Jr Malaty HM et al.. Seroepidemiology of Helicobacter pylori infection in India. Comparison of developing and develop countries. Digestive Diseases and Sciences. 1991; 36: 1084-1088. 9. Oderda G, Vaira D, Holton J, Ainley C, Altare F, Boero M et al.. Helicobacter pylori in children with peptic ulcer and their families. Digestive Diseases and Sciences. 1991; 36: 572-576. 10. Blecker U, Mehta DI, Vandenplas Y. Sex ratio of Helicobacter pylori infection in childhood [letter]. American Journal of Gastroenterology. 1994; 89: 293. 11. Brown LM. Helicobacter pylori: epidemiology and routes of transmission. Epidemiologic Reviews. 2000; 22 (2): 283-297. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi? cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_ uids=11218379&query_hl=2&itool=pubmed_DocSum>. Acessado em 14 Mar 06. 12. Souto JFD et al.. Prevalence of Helicobacter pylori Infection in a Rural Area of the State of Mato Grosso, Brazil. 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Alcohol consumption and Helicobacter pylori infection: results from 105 29(3):101-106 maior prevalência de H. pylori nos pacientes que utilizavam água sem tratamento adequado (60%), mesmo que a maioria dos pacientes possuíam água tratada, ao contrário do estudo realizado em Mato Grosso12, onde a maioria da população consumia água sem tratamento adequado. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:105 11/5/10 2:44:50 PM SOROPREVALÊNCIA DE HELICOBACTER PYLORI EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE GASTROENTEROLOGIA DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU — FURB the German National Health and Nutrition Survey. Epidemiology. 1999; 10: 214–218. 17. Seher C, Thierfelder W, Dortschy R. Helicobacter pylori-prevalence in the German population. Gesundheitswesen. 2000; 62: 598–603. 18. Everhart JE, Kruszon-Moran D, Perez-Perez GI, Tralka TS, McQuillan G. Soroprevalence and ethnicces in Helicobacter pylori infection among adults in the United States. Journal of Infectious Diseases. 2000; 181 (4): 1359-1363. Disponível em: <http://www.journals. uchicago.edu/JID/journal/issues/v181n4/991098/991098.web. pdf.>. Acessado em: 10 Jun. 2006. 19. Lyra AC, Santana G, Santana N, Silvany-Neto A, Magalhães E, Pereira EM et al. Seroprevalence and risk factors associated with Helicobacter pylori infection in blood donors in Salvador, NortheastBrazil. The Brazilian Journal of Infectious Diseases. 2003; 7 (5): 339- 345. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-86702003000500009&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 05 Mar 2007. 20. Rodrigues MN, Queiroz DMM, Rodrigues RT, Rocha AMC, Luz CRL, Braga LLBC. Prevalence of Helicobacter pylori infection in Fortaleza, Northeastern Brazil. Revista de Saúde Pública. 2005; 39 (5): 847849. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-89102005000500022&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 05 Jun. 2006. 21. John CA, Marin JB. Infecções por Helicobacter pylori. In: Braunwald E, editor. Medicina Interna, 15a ed. Rio de Janeiro, 2002; 10181021. 22. Suerbaum S, Michetti P. Helicobacter pylori infection. New England Journal of Medicine. 2002; 347: 1175-86. 29(3):101-106 106 GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):101-106 Revista GED03 07_c.indd Sec1:106 11/5/10 2:44:50 PM Imagem em Foco Responsável: Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura/ e-mail: [email protected] Perfuração Intestinal por Corpo Estranho Intestinal Perforation for Strange Body CLEBER SOARES JÚNIOR; CARLOS AUGUSTO GOMES; VILSON LEITE BATISTA DEPARTAMENTO DE CIRURGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF)/ FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE JUIZ DE FORA (SUPREMA). Comentários Descrição do caso clínico 107 29(3):107-108 Os corpos estranhos que são deglutidos, transpondo o hipofaringe e o esôfago, tendem, em sua maioria, a serem eliminados por via retal. Entretanto, o piloro, o ângulo de Treitz, a válvula ileocecal e o ânus são possíveis locais de impactação. Dos corpos estranhos ingeridos, 80-90% passam espontaneamente, 10-20% requerem intervenção endoscópica e só cerca de 1% necessitam de cirurgia. A endoscopia flexível contribuiu decisivamente para a remoção dos corpos estranhos do tubo digestivo alto, com elevada taxa de sucesso e de segurança, principalmente após o advento da vídeoendoscopia, associado ao grande arsenal terapêutico endoscópico. A relevância da apresentação do caso abaixo deve-se à necessidade de ênfase ao trabalho de equipe entre cirurgiões e radiologistas, e a importância de se pensar em diagnósticos diferenciais mais raros quando necessário. MITP, 63 anos foi encaminhada de outro hospital com quadro de dor abdominal há 3 dias e vômitos. Trazia uma tomografia abdominal com diagnóstico de doença diverticular colônica. Como antecedentes, apresentava hipertensão arterial de difícil controle e obesidade. O exame clínico da paciente mostrava sinais de peritonite difusa, com irritação peritoneal em todos os quadrantes, além de defesa e contratura. A paciente foi submetida à nova tomografia de abdome com diagnósticos possíveis de diverticulite colônica complicada e pancreatite aguda. Entretanto o radiologista visibilizou uma estrutura fora de alças intestinais (corpo estranho) com bloqueio inflamatório ao redor com pouco líquido livre inter-alças (Figura 1). FOTO 1 Perfuração intestinal por palito Endereço para correspondência:[email protected]. Recebido em: 11/07/2010. Aprovado para publicação em: 29/08/2010. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):107-108 Revista GED03 07_c.indd Sec1:107 11/5/10 2:44:50 PM C. SOARES JÚNIOR; C. A. G. E V. L. BATISTA A paciente foi submetida à laparotomia exploradora por incisão mediana e durante a exploração da cavidade foram identificados sinais de peritonite: secreção purulenta entre as alças intestinais, fibrina sobre as vísceras, mas não identificamos o corpo estranho e nem a perfuração em nenhum segmento intestinal. Fizemos contato com o serviço de radiologia que reafirmou a presença de estrutura tubular fina com bloqueio inflamatório. Durante novo inventário do abdome percebemos o grande omento espessado e retraído sobre si mesmo em sua porção mais distal. Ressecamos este segmento e, após sua secção na mesa de instrumentais, pudemos identificar abscesso e um fragmento de palito em se interior (Figura 2). A paciente evoluiu bem no pós-operatório e obteve alta hospitalar após 7 dias. FOTO 2 29(3):107-108 108 Foto da tomografia com coprpo estranho em cavidade peritoneal. GED gastroenterol. endosc.dig. 2010: 29(3):107-108 Revista GED03 07_c.indd Sec1:108 11/5/10 2:44:51 PM s2ÈPIDAAÎÍOELONGAPROTEÎÍOCOMAMPLARESPOSTAIMUNOLØGICA BR-AV8-10.02.01 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O tratamento com imunossupressores, radioterapia, antimetabólitos, agentes alquilantes e drogas citotóxicas pode prejudicar a resposta imune à esta vacina. CONTRAINDICAÇÕES: A vacinação com esta vacina está contraindicada na presença de alergia a qualquer componente da vacina, à neomicina, polisorbato 80, ou de reações alérgicas ou anafiláticas a doses anteriores da vacina. vacina hepatite A (inativada) infantil - Forma Farmacêutica e Apresentações: Suspensão injetável. - Cartucho contendo uma seringa de 1 dose de 0,5mL; - Cartucho contendo um frasco-ampola de 10 doses de 0,5mL. A vacina hepatite A (inativada) infantil deve ser administrada por via intramuscular, preferencialmente na região deltoide. USO PEDIÁTRICO. Cada dose de 0,5mL da vacina contém: Vírus da hepatite A inativado (cepa GMB, cultivada em células diploides MRC5) 80U* - Hidróxido de alumínio (expresso como alumínio) 0,15mg - 2-fenoxietanol 2,5mcL - Formaldeído 12,5mcg - Meio 199 de Hanks ** em água para injeção q.s.p. 0,5mL - A vacina contém traços indetermináveis de neomicina. Na ausência de um padrão de referência internacional, o conteúdo de antígeno é expresso de acordo com a referência interna da empresa. ** Meio 199 de Hanks é uma mistura complexa de aminoácidos, sais minerais, vitaminas e outros componentes, diluídos em água para injeção e pH ajustado com ácido clorídrico e hidróxido de sódio. INDICAÇÕES: Esta vacina é indicada para a imunização ativa contra a infecção causada pelo vírus da hepatite A em crianças entre 12 meses e 15 anos completos de idade, que estão sob o risco de contrair ou de propagar a infecção, ou são portadoras de doenças que ameaçam sua vida se infectadas pelo vírus da hepatite A. A transmissão do vírus da hepatite A geralmente ocorre pelo consumo de água ou alimento contaminado ou pelo contato pessoa-pessoa. Uma pessoa em contato com um paciente contaminado frequentemente é infectado pela via oral-fecal. A possibilidade de transmissão pelo sangue ou contato sexual (relações oral-anal) também foi demonstrada. CONTRAINDICAÇÕES: A vacinação com a vacina hepatite A (inativada) infantil está contraindicada na presença de alergia a qualquer componente da vacina, à neomicina, polissorbato 80, ou de reações alérgicas ou anafiláticas a doses anteriores da vacina. A vacinação deve ser adiada na ocorrência de doença febril, infecção aguda ou doença crônica em evolução. Uma reação sorológica positiva ao vírus da hepatite A não constitui contraindicação à imunização com esta vacina. A vacina apresenta boa tolerabilidade tanto em indivíduos imunes (soropositivos) quanto em indivíduos susceptíveis a infecção (soronegativos). POSOLOGIA: Vacinação primária: dose única de 0,5mL Reforço: dose de 0,5mL a ser administrada após 6-18 meses da vacinação primária, para garantir imunidade de longa duração. Baseado no conhecimento atual, pode-se predizer que os anticorpos do vírus da hepatite A persistem por pelo menos 10 anos após a vacinação de reforço. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: A aplicação da vacina deve ser feita com muito cuidado em pessoas que sofrem de distúrbios da coagulação sanguínea ou sob tratamento com anticoagulantes, devido ao risco de hemorragias após a aplicação intramuscular nestes pacientes. Em circunstâncias excepcionais tais como: pacientes com trombocitopenia ou com risco de hemorragia, a vacina pode ser administrada por via subcutânea. A vacina não confere proteção contra infecções causadas pelo vírus da hepatite B, vírus da hepatite C, vírus da hepatite E ou por outros patógenos que acometem os hepatócitos. Nenhum estudo relativo à administração desta vacina em pacientes com distúrbios imunológicos foi realizado. A imunogenicidade desta vacina pode ser diminuída por tratamentos imunossupressores ou condição de imunodeficiência. Nestes casos, recomenda-se esperar o final ou um momento de pausa do tratamento antes da vacinação ou fazer um teste sorológico para ter certeza da proteção. Como para qualquer vacina, a aplicação desta vacina pode não proteger 100% das pessoas susceptíveis. A possibilidade de ocorrência de reações de hipersensibilidade aos componentes da vacina deve sempre ser considerada. Antes da administração da vacina, todas as precauções devem ser tomadas no sentido de prevenir o aparecimento de reações adversas. Isto inclui a revisão do histórico do paciente em relação a uma possível sensibilidade a esta vacina ou a outras vacinas semelhantes, histórico das imunizações anteriores e estado de saúde atual. Como em toda vacinação, é recomendado ter medicação apropriada disponível para o caso de uma reação anafilática após a injeção. Esta vacina não deve ser administrada por via intravascular. Deve-se tomar cuidado ao administrar a vacina para que a injeção não atinja um vaso sanguíneo. A seringa e a agulha utilizadas devem ser adequadamente descartadas após o uso para evitar a transmissão de agentes infecciosos. A vacina não deve ser aplicada nas nádegas, devido à variabilidade da quantidade de tecido gorduroso desta região, nem por via intradérmica, pois tais procedimentos podem resultar numa resposta imunológica inadequada. Em decorrência do período de incubação do vírus da hepatite A, no momento da vacinação, o candidato a imunização pode já encontrar-se infectado mas não apresentando o quadro clínico. Nestas circunstâncias, não se sabe se a vacina será eficaz em impedir a ocorrência da doença. - Uso na gravidez e lactação: Os efeitos desta vacina sobre o desenvolvimento embriofetal não foram estabelecidos. A administração desta vacina não é recomendada durante a gravidez, a não ser que haja alto risco de infecção. Esta vacina não deve ser utilizada em mulheres grávidas sem orientação médica. Esta vacina pode ser utilizada durante a amamentação. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O tratamento com imunossupressores, radioterapia, antimetabólitos, agentes alquilantes e drogas citotóxicas pode prejudicar a resposta imune à esta vacina. Esta vacina pode ser administrada concomitantemente à imunoglobulina, desde que se utilizem regiões anatômicas distintas. Nestas circunstâncias, a frequência de soroconversão não é modificada, contudo, os títulos de anticorpos podem se mostrar inferiores aos obtidos com a vacina isolada. A vacina pode ser administrada simultaneamente como outras vacinas em locais diferentes de aplicação. EVENTOS ADVERSOS: Mais de 3.000 crianças, com idades entre 12 meses e 15 anos completos (cerca de 5.900 doses administradas) foram vacinadas com esta vacina durante o desenvolvimento clínico. As reações adversas decorrentes da aplicação desta vacina são, em geral, de intensidade leve e restritas aos primeiros dias após a vacinação, desaparecendo espontaneamente. A ocorrência destes relatos foi menos frequente após a dose de reforço. Entretanto, como ocorre com todo medicamento, a utilização comercial expandida da vacina pode revelar eventos adversos raros. Os relatos mais comuns, com incidência de 1% a 10%, são as reações no local da aplicação, tais como dor, vermelhidão e edema e induração, e as reações sistêmicas, tais como cefaleia, distúrbios gastrintestinais (dor abdominal, diarreia, náusea, vômito), mialgia e artralgia, distúrbios de comportamento transitórios (diminuição do apetite, insônia, irritabilidade), febre e astenia. Os relatos mais raros, com incidência menor que 1%, são as manifestações cutâneas (rash e urticária). A vacina apresenta boa tolerabilidade tanto em indivíduos imunes (com sorologia positiva) para o vírus da hepatite A, quanto em indivíduos susceptíveis à infecção (com sorologia negativa). Registro MS no: 1.1609.0044 - Fabricado por: Sanofi Pasteur SA - 2, Pont Pasteur, 69007 – Lyon, França - Serviço de Informação sobre Vacinação: 0800 14 84 80. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Impressão: JULHO/2010 s6ACINACOMPROTEÎÍOESEGURANÎAADEQUADASPARACRIANÎAS Referências: 1. Dagan R, Greenberg D, Weber F. Immunogenicity of an inactivated hepatitis A pediatric vaccine: three-year post-booster follow-up. Vaccine. 2005 Oct 25;23(44):5144-8. 2. Dagan R, Greenberg D, Goldenbertg-Gehtman P, Vidor E, Briantais P, Pinsk V, et al. Safety and immunogenicity of a new formulation of an inactivated hepatitis A vaccine. Vaccine. 1999 Apr 9;17(15-16):1919-25. 3. Abarca K, Ibánez I, Perret C, Vial P, Zinsou JA. Immunogenicity, safety, and interchangeability of two inactivated hepatitis A vaccines in Chilean children. Int J Infect Dis. 2008 May;12(3):270-7 Material para distribuição médica Av. Major Sylvio de Magalhães Padilha, 5.200 - CEP 05693-000 - São Paulo - SP www.sanofipasteur.com.br - SIV 0800 148480 / SAC 0800 119020 Revista GED03 07_c.indd Sec1:109 11/5/10 2:44:52 PM ANÚNCIO PRAZOL Revista GED03 07_c.indd Sec1:110 11/5/10 2:44:53 PM