Análise de Compostos Orgânicos - Química Orgânica de Sistemas
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Análise de Compostos Orgânicos - Química Orgânica de Sistemas
Disciplina Optativa Análise de Compostos Orgânicos Professor: Roberto Gomes de Souza Berlinck Colaboradores Érika Virgínia Raphael de Almeida (a “Erikinha ”) “Erikinha”) Fábio Renato Pereira Janildo Lopes Magalhães Análise de Compostos Orgânicos 1. Introdução Análise Instrumental: Análise espectroscópica Espectro: análise de diferentes faixas da radiação eletromagnética 1 Unidades do Sistema Internacional utilizadas em medidas espectroscópicas = comprimento de onda (nm ou Å) ν ou = número de onda (cm-1) = 1/ ν = freqüência (Hz) = c/ , onde c = velocidade da luz (2,998 x 108 m/seg) Relação entre energia (E) e as unidades de propagação de ondas eletromagnéticas E = hν = hc/λ logo ν = c/λ e ω = 1/λ. Portanto, ν = cω onde: H = constante de Planck (6,626 x 10 –34 J.s) E = energia (Joules) λ = comprimento de onda (m) ν = freqüência (Hz ou ciclos/segundo) ω = número de ondas (cm-1) 2 I.1 Absorção de radiação eletromagnética por moléculas orgânicas Absorção Feixe de radiação eletromagnética através de uma amostra Transmissão E max=E242nm ~470 kJ.mol-1: acarreta mudanças na estrutura enetrônica molecular, em decorrência da excitação eletrônica E ∆E = hc/λ = hν A variação de energia envolvida durante o processo de transição do estado fundamental para o estado excitado corresponde exatamente à energia associada ao respectivo comprimento de onda da radiação eletromagnética envolvida na transição eletrônica 3 Em análise de substâncias orgânicas, utiliza-se principalmente: Ultravioleta (190 – 400 nm) Visível (400 – 800 nm) Infravermelho (2,5 a 25 µm = 400 a 4000 cm-1) Microondas em EPR (ou ESR) (9,5x109 Hz) Radiofreqüência em RMN (200 – 750 MHz) Bombardeamento de feixes de elétrons ou de átomos em EM (70 eV = 6000 kJ/mol) I.2 Aplicações da análise espectroscópica Amostra desconhecida: identificação Amostras conhecidas: a) identificação b) quantificação c) atribuição Mistura: amostras conhecidas e desconhecidas Análise estrutural: a) distribuição eletrônica b) presença /ausência de elementos estruturais característicos c) formação de ligações químicas, ponte de hidrogênio d) Interações eletrônicas/ atômicas através do espaço e) Estereoquímica f) Atividade ótica 4 I.3 Tomada de medidas espectroscópicas Manuais Computadorizadas: software específico para cada tipo de aparelho a) Rápido tratamento de dados b) Expansão de determinadas regiões do espectro,informações detalhadas c) Espectro de diferença: subtração de solvente, impurezas desconhecidas, NOE d) “soma” de espectros: diminui a intensidade do ruído de fundo e aumentar a razão sinal/ruído (n ½ aumento da intensidade; n = no de espectros “somados”) Principio válido para absorção de energia em qualquer faixa de comprimento de onda do espectro eletromagmético: “Uma molécula só absorve energia em determinada freqüência se existir uma transição de energia associada com a radiação eletromagnética naquela freqüência” 5 Tratamento de dados e Transformadas de Fourier Ondas eletromagnéticas de diferentes freqüências, quando se sobrepõem geram um interferograma O interferograma é a soma das diferentes ondas justapostas: difícil interpretação Apresentação de um interferograma: Amplitude x tempo (domínio do tempo) Amplitude x freqüência (domínio da freqüência) mesma informação com unidades recíprocas: Hz = 1/seg Existe uma relação entre o interferograma e os valores de seno e cosseno das ondas eletromagnéticas que dão origem ao interferograma. A conversão do interferograma para espectro envolve o tratamento matemático de interferogramas por uma serie de equações complexas, denominadas Transformadas de Fourier (Jean-Baptiste Fourier, 1763 –1840). O computador separa o interferograma em suas componentes, analisa cada uma, recompõe o interferograma e o transforma em espectro 6 Técnicas espectroscópicas que se utilizam comumente de Transformada de Fourier: FT-IV (infravermelho por transformadas de Fourier) FT-RMN (ressonância magnética nuclear por transformada de Fourier) FT-EM (espectrometria de massa por transformada de Fourier Capítulo II. UV Espectroscopia no UltravioletaUltravioleta- Visível Espectroscopia eletrônica, Absorção ótica Faixa de trabalho UV: 200 – 400 nm Faixa de trabalho Visível: 400 – 760 nm. Abaixo de 200 nm quase todas as moléculas orgânicas absorvem. Absorção no UV-visível: presença de cromóforos. Cromóforos: grupos funcionais que absorvem radiação eletromagnética na faixa de trabalho utilizada. 7 Cromóforos: Exemplos de cromóforos no ultravioleta Cromóforo Max intensidade 14000 175 195 223 10000 2000 150 160 185 280 18000 5000 15 NO 2 200 274 5000 15 N 165 5 217 20000 220 315 10000 30 c C C C O C C de onda 175 c C max comprimento UV C C C C C O 8 UV max = comprimento de onda onde ocorre o máximo de absorção. Depende da natureza do cromóforo. max= coeficiente de extição molar ou absorptividade molar (10-6 m2 mol-1). Depende da probabilidade da transição, da simetria do cromóforo e da extensão do sistema conjugado. > 104 transições de alta intensidade < 103 transições de baixa intensidade 0< <1000 transições “proibidas” Transições eletrônicas UV Absorção de radiação eletromagnética : um elétron é promovido para um nível superior de energia E, um estado excitado, durante um certo período de tempo (10-6 a 10-9 seg) durante o qual os átomos da molécula não se movem (principio de Frank-Condon). Transições eletrônicas mais prováveis: mínimo de ∆Ε : de um HOMO (highest occupied molecular orbital) para o LUMO (lowest unoccupied molecular orbital). Transições permitidas : < ∆Ε Transições proibidas : > ∆Ε 9 UV * σ π *4 π *3 π2 π* n π π1 σ C C C C C O C C C C UV Quando o elétron volta ao seu estado fundamental, emite energia no mesmo comprimento de onda em que foi excitado: detecção no aparelho. Espectro: bandas em vez de linhas, devido a efeitos vibracionais e rotacionais que se sobrepõem as absorções eletrônicas. 10 UV Lei de Beer e Lambert de Absorção da luz: log (Io/ I) = ε x c x A=εxcx ou Io= intensidade da luz incidente I = intensidade da luz transmitida através da amostra Logo: log (Io / I ) = A, absorbância da solução ou densidade óptica (DO) da solução. c = concentração do soluto (mol.dm-3) = comprimento unitário da cela da amostra (cm) ε= absoptividade molar ou coeficiente de extinção molar (102 m2 mol-1), importante característica de cada composto com determinado cromóforo. Expresso sem unidades Espectro : A = f( ) ou = f( ) UV Aparelhagem e Amostragem Aparelho similar ao Infravermelho. Diferenças: Lâmpadas: tungstênio acima de 375 nm e deutério abaixo de 375 nm; Espelho móvel que se movimenta automaticamente com a variação do comprimento de onda do feixe; Detector: fotomultiplicador registrador a razão Io / I; que transmite ao Registrador: marca absorbância X comprimento de onda. 11 Aparelhagem e Amostragem UV Amostragem: Soluções diluídas: 0,4 mg / mL ou menos, dependendo do εmax no λmax . Solventes devem ser “transparentes” na faixa de comprimento de onda a ser analisada. Não se pode fazer o “espectro de diferença” de um solvente que absorve muito, pois nestas condições a quantidade de luz que atravessa a amostra é minima. Aparelhagem e Amostragem Limite mínimo de λ (nm) Solvente (HPLC) 205 H 2O 210 220 UV Etanol (95%), hexano, ciclohexano, metanol, éter etilico, acetonitrila, O tetrahidrofurano 235 CH2Cl2 245 CHCl3 265 CCl4 12 Aparelhagem e Amostragem UV Efeito do solvente Efeito do aumento da polaridade Compostos Dienos conjugados e hidrocarbonetos aromáticos nulo Carbonilas α, β-insaturadas π π* bandas efeito batocrômico η π* bandas efeito hipsocrômico Aplicações UV 1. Dienos , trienos e polienos conjugados: Ex: butadienos max : 217 nm max : 21000 hexatrieno max: octatetraeno etc... 253 nm 263 nm 274 nm max: 50000 52000 50000 Isômeros trans possuem max e max > max e max isomero cis Coplanaridade: maior conjugação > absorção 13 UV Aplicações Dienos aciclicos e heteroanulares Dienos homoanulares Trienos aciclicos Regra de Woodward* para a absorção de dienos: Valor base para dienos heteroanulares: 214 nm Valor base para dienos homoanulares: 253 nm * Robert B. Woodward- prêmio Nobel 1965. Robert Burns Woodward USA Harvard University Cambridge, MA, USA b. 1917 d. 1979 The Nobel Prize in Chemistry 1965 24 títulos de Doutor Honoris Causa Ganhador de 23 Prêmios 439 citações: CON SERVATI ON OF ORBI TAL SYM M ETRY HOFFMANN R, WOODWARD RB ACCOUNTS OF CHEMICAL RESEARCH 1 (1): 17- & 1968 1805 citações: CON SERVATI ON OF ORBI TAL SYM M ETRY WOODWARD RB, HOFFMAN R ANGEWANDTE CHEMIE- I N TERN ATI ON AL ED I TI ON 8 ( 1 1 ) : 7 8 1 - & 1969 14 UV Incrementos Aumento da conjugação + 30 nm Substituinte alquila em anel + 5 nm Dupla ligação exocíclica + 5 nm Substituintes polares: OAc + 0 nm OCH3, OCH2CH3, ect + 6 nm SCH3, SCH2CH3, ect + 30 nm Cl, Br + 5 nm CH3NCH3, CH2CH2NCH2CH3 Exemplos: Base: + 60 nm UV 214 +15 (3 substituintes alquila) + 5 (1 dupla exocíclica) 1 2 3 max calc.: 234 nm max obs.: 235 nm ( Base: max: 19000) 253 +15 (3 substituintes alquila) + 5 (1 dupla exocíclica) max calc.: 273 nm max obs.: 275 nm ( max: 10000) Regra válida para até 4 conjugações 15 UV Aplicações Carboxilas α,β-instaurada (em metanol) max π π* ; β max: R α O 4500 – 20000 (10-2 m2 mol-1) Cetonas acíclicas ou em anel 6 215 nm Cetonas acíclicas ou em anel 5 202 nm Aldeídos 207 nm R = H, alquil, ácido ou ésteres 197 nm H O R O O UV Para aumento de conjugação, + 30 nm / dupla Para aumento de conjugação homoanular, + 39 nm Adição por substituição - R (alquil, CH3, CH2CH3,, etc) -OR (alcoxi) 10 nm 12 nm 17 nm 17 nm 35 nm 30 nm 17 nm 31 nm - OH (hidroxi) 35 nm 30 nm 30 nm 50 nm - SR (tioéter) - 80 nm - - 16 UV Pares de elétrons β δ Polarizabilidade O δ γ Efeito de solvente: α H2O + 8 nm MeOH 0 nm CHCl3 - 1 nm dioxano - 5 nm Éter etílico - 7 nm Hexano - 11 nm UV Exemplos: Base: O β α 215 nm α-alquil: 10 nm β-alquil: 12 nm max calc: 237 nm max obs : 238 nm, max: 4600 17 UV Exemplos: Base: O α CH 3 β 215 nm α-alquil: 10 nm β- alquil: 12 nm max calc: 237 nm max obs : 232 nm UV Exemplos: Base: α’ O β’ β α 215 nm 2 x β- alquil: 12 nm (?) exo C=C: 5 nm max calc: 244 nm max obs : 245 nm 18 Compostos saturados contendo elétrons não ligantes UV Transição η → σ*, de fraca intensidade e pequenos comprimentos de onda. Compostos max MeOH (nm) max 177 200 224 126 199 3950 1-hexanotiol SH Trimetilamina H3C CH 3 CH 3 N UV Compostos max (nm) max Cloreto de metila Cl H3 C 173 200 208 300 188 171 1995 3981 Brometo de n-propila Br Éter etílico O Importante: eletronegatividade; polarizabilidade e solvente. 19 Compostos aromáticos e heteroaromáticos Espectros de UV: Benzeno: fase gasosa, estrutura hiperfina Hexano: diminui a estrutura hiperfina Etanol: ausência de estrutura hiperfina Benzeno e derivados originam espectros difíceis de se diferenciar. Os casos mais fáceis são as combinações de grupos +I e –I na posição para. UV Exemplos: Compostos max benzeno - I H2 N - I O2N + (nm) log max 254 2,36 375 4,20 I NH 2 + I OH 20 UV A presença de grupo indutor ionizável: (espectro na presença de solvente 1M NaOH) Compostos max (nm) log max OH 210 3,79 O - Na + 235 3,97 UV No espectros de aromáticos polissubstituidos são difíceis qualquer influência ( ver tabela). Nos espectros de heteroaromáticos a presença de elétrons desemparelhados em átomos de N, O e S, desloca o max para o vermelho (efeito batocrômico) e aumenta (absorptividade molar) Ver literatura: tabelas e exemplos. 21 Outras Técnicas que se utilizam de propriedades de absorção óptica 1. Dicroísmo Circular: absorção e atividade (quiralidade) e Dispersão Óptica Rotatória. óptica 2. Fluorescência e Fosforescência: absorção e emissão em diferentes comprimentos de onda. 3. Exciton Chirality Method Ver bibliografia especializada 22 This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.