A farsa do Aquecimento Global - Laboratório de Climatologia e

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A farsa do Aquecimento Global - Laboratório de Climatologia e
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
A FARSA DO AQUECIMENTO GLOBAL
Guilherme Polli Rodrigues
Trabalho de Graduação Individual –
TGI II – Apresentado para conclusão
do Bacharelado em Geografia pela
Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Augusto
Felício
São Paulo
2009
A FARSA DO AQUECIMENTO GLOBAL
Guilherme Polli Rodrigues
Trabalho de Graduação Individual –
TGI II – Apresentado para conclusão
do Bacharelado em Geografia pela
Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Augusto
Felício
São Paulo
2009
2
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Eliana, minha avó Henriqueta, meu avô Antenor e meu irmão Fábio, por todo o
apoio, emocional e financeiro, que me permitiram chegar ao fim de tão importante fase de minha
vida.
Agradeço especialmente a meu irmão, uma das pessoas mais importantes para mim durante a
jornada acadêmica, por todas as horas de conversas e discussões, que ajudaram a formar meu
caráter e minha forma de pensar, mantendo-me atento a toda doutrinação a que nos expomos
durante o processo de aprendizado. Ainda mais pelo espaço cedido para a elaboração deste
trabalho, da companhia e das inúmeras revisões, dicas e sugestões indispensáveis.
À minha namorada e amiga, Christine, por toda a compreensão pelas inúmeras horas que tive que
dedicar aos estudos, durante todo o curso, e também por aquelas destinadas a esta pesquisa. Por
ter me acompanhado durante essa importante etapa, sempre ao meu lado, mesmo quando em
silêncio, aguardando a finalização de mais um capítulo, de mais uma leitura.
A meu professor e orientador, Ricardo, que mesmo sem me conhecer, atendeu-me de prontidão,
dando todo o apoio que precisei para a elaboração desta pesquisa, por todas as dúvidas
respondidas, pelas horas de conversas e troca de idéias, e principalmente, pelo grande incentivo
para seguir em frente.
Aos meus amigos, graças a Deus, muitos, que encontrei pela vida, no colégio e na faculdade, pela
presença, pelas alegrias e tristezas compartilhadas, de importância sem tamanho para mim.
A Daniela Onça, Luiz Carlos Molion, Paul Driessen, Richard Lindzen, Eigil Friis-Christensen,
Ian Clark, Ross McKitrick e Tim Ball, pelas mensagens trocadas, pelas sugestões, pelos artigos e
textos enviados, tão importantes para esta pesquisa.
3
RESUMO
Esta pesquisa faz uma análise comparativa entre as correntes cética e aquecimentista a
respeito do aquecimento global antropogênico. Estudam-se os resultados de trabalhos que negam
que a temperatura do planeta esteja aumentando ou que o homem seja responsável por esse
suposto
aquecimento,
também
abordando
o
ponto
de
vista
menos
conhecido
da
cosmoclimatologia e os resultados econômicos das políticas mitigatórias propostas. A análise dos
dados demonstrou que não existe consenso científico acerca do aquecimento global e que há uma
série de forçantes climatológicas ainda pouco compreendidas. Por outro lado, verificou-se a
existência de um consenso político sobre o tema. A imposição de teorias não provadas oriundas
dos países desenvolvidos pode causar estagnação econômica, aumento da taxa de mortalidade e
outros sérios problemas para os povos mais pobres do mundo, indicando o surgimento de uma
nova espécie de imperialismo.
Palavras-chave: Aquecimento global, consenso científico, IPCC, céticos, aquecimentistas,
mudanças climáticas.
4
ABSTRACT
This research makes a comparative analysis between skeptics and “global-warmers”
scientists’ theories regarding man-made global warming. Works denying global warming or
human responsibility for it are studied, also presenting the less know cosmoclimatology point of
view and the economical results from the proposed mitigatory policies. Data analysis shows there
is no scientific consensus about global warming but several not yet understood climatologic
forces. However, a political consensus was realized. Imposition of unproved developed-world
ecological ideas may cause economical stagnation, death rate increase and several other problems
to the world’s poorest people. As a result, there is evidence of the dawn of a new kind of
imperialism.
Keywords: Global warming, scientific consensus, IPCC, skeptics, global warmers, climate
change.
5
Poverty is the worst polluter.
Indira Gandhi
Wealthy countries have the time, motivation, technology
and financial ability to address ecological concerns.
Third World Nations do not.
Paul Driessen
6
ÍNDICE
1 – Apresentação, 10
2 – Objetivos, 12
3 – Método, 13
4 – Introdução à questão climática atual, 15
5 – A complexidade do clima: forçantes naturais, antropogênicas e extraterrestres, 20
5.1 – Forçantes antropogênicas, 21
5.1.1 – Dióxido de Carbono (CO2), 21
5.1.2 – Metano (CH4), 23
5.1.3 – Clorofluorcarbonos (CFC), 24
5.1.4 – Aerossóis, 24
5.1.5 – Uso do solo e Ilhas de calor, 26
5.2 – Forçantes naturais, 28
5.2.1 – Vulcões, 29
5.2.2 – Oceanos, 30
5.2.3 – Cobertura natural do solo, 32
5.3 – Forçantes extraterrestres, 33
5.3.1 – Movimentos astronômicos - Milankovitch, 33
5.3.2 – O Sol, 35
5.3.3 – Raios cósmicos, 36
6 – Os “global warmers”, 38
7 – Os “céticos”, 44
8 – Aquecimento ou resfriamento?, 49
7
9 – Existe mesmo um consenso científico?, 54
10 – A política do aquecimento global. Antidesenvolvimento e morte para os países pobres, 58
10.1 – As políticas mitigatórias, 59
10.2 – Mercado de Carbono e Metano, 62
10.3 – Energias limpas - renováveis, 64
10.3.1 – Energia Solar e Eólica, 64
10.3.2 – Etanol e Biomassa, 67
10.3.3 – Hidrogênio, 68
10.4 – Efeito da mitigação para os países pobres, 69
11 – Considerações Finais, 72
12 – Bibliografia, 74
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 A até F – Capa da revista Time (1973 – 1992), 15
Figura 01 G até L – Capa da revista Time (1992 – 2006), 16
Figura 01 M até O – Capa da revista Time (2007 e 2008), 17
Figura 02 – Ciclo do Carbono elaborado pelo IPCC para a década de 1980, 23
Figura 03 – Ilustração do ciclo de formação e destruição do Ozônio, 25
Figura 04 – Fotografia da estação meteorológica de superfície de Concully, Wanshington, 27
Figura 05 – Fotografia da estação meteorológica de superfície de Hopkinsville, Kentucky, 27
Figura 06 – Fotografia da estação meteorológica de superfície de Santa Rosa, Califórnia, 28
Figura 07 – Fotografia da estação meteorológica de superfície de Tahoe City, Califórnia, 28
Figura 08 – Ilustração dos Ciclos de Milankovitch, 34
Figura 09 – Ilustração da ação ionizante dos raios cósmicos, 37
Figura 10 – O “Taco de Hóquei”, 41
Figura 11 – Ilustração da órbita solar em torno do centro da Via Láctea, 51
Figura 12 – Variação mensal na atividade solar, 53
Figura 13 – Turbinas eólicas, 65
Figura 14 – Painéis fotovoltaicos, 65
Figura 15 – Posto médico em Nairóbi, Quênia, 65
Figura 16 – Posto médico em Nairóbi, Quênia, 66
Figura 17 – Matriz energética brasileira (2006), 67
9
1. Apresentação
Em 1987, foi criado o International Ozone Trends Panel (IOTP) com a finalidade de
estudar cientificamente o ozônio e a ação negativa dos clorofluorcarbonos (CFC) sobre a camada
de ozônio do planeta. Um ano depois, criou-se o Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC) com a finalidade de estudar cientificamente o aquecimento global.
Ambas as instituições foram criadas a partir da Organização Mundial das Nações Unidas,
uma entidade política internacional, liderando as pesquisas ambientais através da reunião dos
“melhores cientistas do mundo”.
Ambas as frentes, tanto da luta contra a destruição da camada de ozônio, quanto da luta
contra o aquecimento global, conseguiram mobilizar milhões de pessoas através de sua
influência, contando com a ajuda de organizações não governamentais e, com enorme parcela de
importância, dos movimentos ambientalistas.
Nos últimos 20 anos, a causa ambientalista desenvolveu um papel ímpar na luta contra o
aquecimento global e tem se mostrado uma força de grande poder para mobilização de massas e
direcionamento de políticas. Tornou-se bandeira de diversos governos, celebridades e de
instituições, governamentais e não-governamentais, acerca da suposta preservação da vida e do
planeta.
Em ambos os casos, apenas uma visão foi exposta ao público e propagada como verdade
científica. No primeiro, de que os CFCs estavam destruindo a camada de ozônio, no que talvez
tenha sido o maior engodo científico do século XX, e no segundo, atualmente em destaque, de
que a ação do Homem sobre a Natureza é a responsável pelo aumento das temperaturas do
planeta, através das crescentes emissões de dióxido de carbono.
Para o público leigo, a Ciência estava sendo feita a serviço da vida. Pelo fato do IOPT
sustentar que o uso dos CFCs estavam destruindo a camada de ozônio, o público apoiou o fim de
seu uso com a consciência limpa. Hoje, porque o IPCC afirma que as emissões de CO2 estão
aquecendo o planeta, mais uma vez o público se mobiliza para as reduzir, com a consciência
limpa, como se não houvesse conseqüências danosas advindas desta tentativa de redução.
10
Quando o ceticismo é derrotado por um falso consenso, quando uma hipótese científica
passa a ser adotada como dogma invulnerável a críticas, quando os princípios de Popper são
substituídos pelo da “precaução”, a Ciência não está sendo feita; ao menos não o foi pelo IOPT e
certamente não está sendo pelo IPCC. O que estaria então acontecendo?
Como resultado da popularização deste dogma, vem tomando forma um quadro de
discussões científicas que se contrapõe à visão apresentada pela “Ciência” do IPCC. Um embate
um tanto complexo que envolve questões não apenas científicas, como também políticas e
econômicas. Dessa discussão, participam duas correntes científicas conhecidas como a dos
“aquecimentistas” e a dos céticos.
Os chamados “aquecimentistas” têm defendido a existência de um suposto consenso
científico de que (1) a temperatura da Terra está aumentando e, o mais importante, que (2) este
aquecimento é causado pelo Homem através, principalmente, das emissões de dióxido de
carbono. Partindo desses pressupostos, governos, entidades privadas e até mesmo “celebridades”
têm movimentado enormes quantias de dinheiro em prol do desenvolvimento de tecnologias
limpas, como a utilização de energia solar e eólica, e contra o desenvolvimento baseado em
energias provenientes de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão.
A verdade, entretanto, é que o consenso científico acerca do aquecimento global não
existe, pois diversos pesquisadores têm levantado objeções sérias e instigantes sobre as premissas
acima citadas. Cientificamente, são necessários mais estudos e pesquisas, uma vez que a
participação do dióxido de carbono como principal fator do aquecimento global é, por muitos,
refutada, até mesmo em prol do vapor d’água, que teria um papel muito mais importante nas
mudanças climáticas da Terra.
As políticas atuais de luta contra o aquecimento global engendram medidas draconianas
de corte de emissão de dióxido de carbono e de uso de combustíveis fósseis. Idealizam cotas para
emissão da substância e assim, consequentemente, limites para o desenvolvimento industrial.
11
2. Objetivos
Analisar criticamente o suposto aquecimento global, em seus aspectos científico e
político, partindo-se, inicialmente, de uma revisão bibliográfica da discussão entre as visões dos
chamados “aquecimentistas” contra aquela dos chamados “céticos”. Pretende-se demonstrar que
a discussão acerca do aquecimento global está contaminada por interesses políticos e,
principalmente, econômicos, como resultado da publicação dos relatórios do IPCC,
transformando um consenso político em suposto consenso científico, visando objetivos obscuros.
Essa abordagem servirá como base para o entendimento das demais análises feitas neste
trabalho, verificando-se que a mistura entre Ciência e Política está levando à implementação de
medidas mitigatórias drásticas, baseadas em mentiras mascaradas de Ciência, propiciando o
desenvolvimento de novos mercados econômicos, como o de créditos carbono e metano, por
vezes prejudicando nações mais pobres em um novo jogo de ganhadores e perdedores, através de
uma nova forma de imperialismo.
12
3. Método
O presente trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica como método para a obtenção
dos dados necessários aos seus objetivos.
A pesquisa bibliográfica se deu através da consulta de livros da literatura nacional e
estrangeira, englobando artigos científicos, páginas de Internet, filmes documentários, excertos,
uma dissertação de mestrado, material do apoio didático à disciplina de Mudanças Climáticas
Globais e Implicações Atuais do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e
mensagens de correio eletrônico – e-mails – trocados com alguns dos cientistas citados.
O famoso filme de Davis Guggenheim, “An Incovenient Truth”, já era conhecido pelo
autor, ao passo que o documentário de resposta “The Great Global Warming Swindle” foi
indicado pelo orientador desta pesquisa, Professor Ricardo Augusto Felício.
A literatura nacional foi indicada por este mesmo orientador. A literatura estrangeira foi
selecionada através dos catálogos de livrarias online, localizadas nos EUA, sendo os livros
enviados via correio. A busca pelos títulos foi feita pelos termos: global warming; climate
change; great global warming swindle; global warming hoax; global warming myth. Um dos
títulos, de autoria de Paul Driessen, foi comprado no site pessoal do autor, após indicação desse,
através de mensagem eletrônica.
Os excertos referem-se a pequenos textos, publicados ou não, que foram enviados por
alguns cientistas através da troca de mensagens eletrônicas. Essa troca de mensagens também foi
fonte da obtenção de alguns dos artigos científicos consultados, indicados na bibliografia deste
trabalho, bem como do endereço de alguns sites a serem pesquisados, apontados como
importantes por tais pesquisadores, e que acabaram levando a uma grande quantidade de outros
sites visitados. Alguns artigos foram indicados ou enviados pela autora da dissertação consultada,
alguns estrangeiros e, outros, nacionais.
A seleção do material a ser utilizado foi feita através da análise das informações contidas
em capa e verso dos livros, bem como nas referencias bibliográficas de cada um deles. Essa
13
leitura teve caráter exploratório e seletivo, de quais títulos seriam adequados para os objetivos. A
ela, seguiu-se a leitura analítica e interpretativa do material e posteriormente, a crítica das
informações coletadas.
A pesquisa iniciou-se com a análise dos filmes documentários de Davis Guggenheim e
Martin Durkin, com uma análise superficial, porém geral, sobre o assunto. Em seguida foi feita a
leitura da dissertação de mestrado de Daniela Onça, juntamente com a análise de alguns sites já
indicados durante a troca de mensagens eletrônicas. A isto, seguiu-se à leitura dos livros
escolhidos, que ocorreu concomitantemente com a leitura e análise dos dados obtidos tanto nas
leituras prévias como nos novos materiais que surgiram no decorrer dos estudos.
Durante as leituras foi sendo criada a estrutura do presente trabalho, de seus capítulos e
subcapítulos, bem como a lapidação do tema e da linha de pensamento do autor. Ao longo de
todo o processo, houve constantes mudanças em sua estruturação e lapidação, buscando o melhor
cumprimento dos objetivos pretendidos.
O trabalho recebeu atenção diária integral por parte do autor e foi financiado
exclusivamente pela venda de sua força de trabalho na área de geoprocessamento, bem como dos
fundos devidos por rescisão contratual de emprego.
14
4. Introdução à questão climática atual
O tema das mudanças climáticas globais não é novidade para o meio científico, nem
tampouco para a mídia ou para o público em geral. No entanto, fora do meio científico, as
discussões sobre o tema se tornaram mais intensas e conhecidas a partir da década de 1970, com
a “moda” do resfriamento global. A isso se seguiu à suposta ameaça de destruição da camada de
ozônio e, mais tarde, do aquecimento global. A seqüência a seguir das capas da revista norte
americana Time, evidencia o “modismo” climático (Figura 01 A até O).
Figura 01 A: 1973
Figura 01 D: 1988
Figura 01 B: 1987
Figura 01 E: 1989
Figura 01 C: 1987
Figura 01 F: 1992
Fonte: <www.time.com/time>. Acesso em 12/2008.
15
Figura 01 G: 1992
Figura 01 J: 2005
Figura 01 H: 2001
Figura 01 K: 2005
Figura 01 I: 2002
Figura 01 L: 2006
Fonte: <www.time.com/time>. Acesso em 12/2008.
O boom das discussões climáticas teve forte impulso com a criação dos órgãos
internacionais responsáveis pelo seu estudo, como os já citados IOTP e IPCC. O primeiro órgão
emitia, e o IPCC ainda emite, sumários com objetivo de tratar as questões em uma linguagem
mais acessível, para que os governantes pudessem tomar as medidas políticas que seriam
cabíveis. Esses sumários passaram então, a serem utilizados pelos meios de comunicação para
transmitir as informações finais à população leiga.
16
Figura 01 M: 2007
Figura 01 N: 2007
Figura 01 O: 2008
Fonte: <www.time.com/time>. Acesso em 12/2008.
O problema aqui estudado acerca das políticas governamentais para o aquecimento global
tem como pilares os sumários políticos redigidos pelo IPCC e sua proposta de ter “linguagem
fácil” para os políticos, permitindo que entendam o problema sem ter que abordar a parte
científica, uma vez que tais sumários podem ter cerca de apenas 10% ou menos do tamanho dos
documentos científicos produzidos. O ponto de partida das discussões é, assim, um relatório
supostamente científico, com objetivos declaradamente políticos – ainda que sem a conotação
negativa às vezes dada ao termo – e proveniente de uma entidade política internacional, que
posteriormente é interpretado pela mídia antes de chegar ao público.
Dentro dessa discussão, apresentam-se duas vertentes, que dividem os cientistas em
“aquecimentistas”, sendo estes os que admitem o aquecimento global devido à ação antrópica, e
os “céticos”, que não concordam, em parte ou totalmente, com a explicação divulgada pelo IPCC.
Em sua maior parte, os “aquecimentistas” são colaboradores dos relatórios elaborados pelo
IPCC, cuja análise científica resulta na concordância de que o aumento da temperatura global
seria causado pelo aumento das emissões de dióxido de carbono, provenientes principalmente da
queima de combustíveis fósseis como petróleo e carvão.
Os “céticos” não formam um grupo coeso ou delimitado. Pelo contrário, há severas
divergências entre suas opiniões, embora todas elas contrárias àquelas apresentadas pelo IPCC,
17
em parte ou totalmente. Ou seja, são classificados como céticos todos aqueles que, por um ou
outro motivo, desafiam cientificamente as premissas ou as conclusões da análise adotada pelo
órgão internacional.
Essa dissensão não é divulgada de forma isenta pela mídia em geral, que normalmente
apresenta ao público, de um lado, a suposta existência de consenso entre os melhores e mais
importantes cientistas do mundo e, de outro lado, um outro grupo de cientistas, na maior parte
independentes, que apesar de contestarem o IPCC, não concordam entre si, não apresentam uma
resposta objetiva para o problema do aquecimento global, e, assim colocam em risco as tentativas
de ação rápida para salvação do planeta.
Teria sido assim formado o tal “consenso” científico acerca das causas e efeitos do
aquecimento global? Se os cientistas do IPCC estão errados, por que não se encontram com
facilidade respostas dos “céticos”? A verdade é que o clima global é de enorme complexidade,
sofrendo atuação de um grande número de fatores que o caracterizam como a ação de processos
físicos, químicos e biológicos que alteram constantemente seu estado.
Apesar dos campos científicos que estudam especificamente alguns desses aspectos, a
Meteorologia se encarrega do clima, tendo que abordar a relação de diversas áreas diferentes para
produzir um resultado em seu campo específico. Entretanto é a Climatologia que pretende
abordar a questão climática em função de sua relação com o Homem e o meio no qual vive.
Ademais, dentro dos fatores climáticos, temos também alguns tópicos que são poucos
conhecidos pela Ciência, mesmo com a alta tecnologia e recursos de que dispomos atualmente.
Dentre tais fatores, pode-se citar a ação solar, os raios cósmicos, os aerossóis e a formação das
nuvens. Eles não são meros detalhes, mas variáveis que podem mudar completamente as
premissas e conclusões acerca do aquecimento global.
Essa ocorrência é natural no meio científico e serve para incentivar a pesquisa contínua em
busca de respostas para os problemas ainda não solucionados. Entretanto, trata-se o problema do
aquecimento global de forma curiosamente inversa – como diziam os antigos, “colocando a
carroça na frente dos bois”, pois a solução dos problemas é apresentada antes mesmo que eles
sejam objetivamente esclarecidos e compreendidos.
18
Além de perda de tempo e obtenção de resultados científicos menos confiáveis, esta prática
heterodoxa não traria maiores problemas, não fosse o fato de que as soluções propostas envolvem
cifras que chegam a trilhões de dólares, comprometem o desenvolvimento de países mais pobres
e, consequentemente, da melhoria das condições de vida de milhões de pessoas em todo o
mundo, principalmente, o subdesenvolvido. Neste caso, tem-se o risco de uma verdadeira
catástrofe à frente, mas bem diferente da imaginada pelos relatórios do IPCC.
A discussão sobre o aquecimento global passou do campo da Ciência para o da política – este,
um verdadeiro campo minado – e também se tornou, de certa forma, uma questão “religiosa”,
uma vez que contestar a existência do aquecimento ou a ação humana sobre ele significa tornarse um cientista ou político “herege”. John Christy, professor de ciências atmosféricas da
Universidade do Alabama, EUA, e ex-cientista do IPCC aponta que o aquecimento global está
agora além da Ciência: tornou-se uma questão política e moral da atualidade. Uma espécie de
nova moralidade.1
O tema se transformou em uma fonte praticamente inesgotável de dinheiro, contanto que se
esteja do lado certo. Dinheiro para os governos envolvidos, seus políticos, para as causas
ambientais, organizações não-governamentais, “celebridades” que viajam o mundo fazendo
shows em prol do corte das emissões de dióxido de carbono, empresas públicas e privadas que
desenvolvem tecnologias “limpas” e soluções para o clima e também para a mídia, que publica
manchetes cada vez mais catastróficas com base nos relatórios do IPCC, como exemplificado
através da seqüência de imagens de capas da revista Time (Figura 01 A até O), no início deste
trabalho.
Mas o que tem a dizer aqueles pesquisadores que ficaram do outro lado da questão, deixando
de receber milhões de dólares para pesquisas científicas, arriscando suas carreiras e suas cátedras,
tornando-se objeto de difamação e chacota, apenas por manterem o espírito cético e desafiador
que caracterizaram a Ciência moderna? Os próximos capítulos contêm um breve resumo dessas
idéias.
1
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
19
5. A complexidade do clima: forçantes naturais, antropogênicas e extraterrestres
No panorama das discussões climáticas acerca do aquecimento global, a caracterização de um
clima global único – se é que existe – é tratada como algo simples, passando a impressão de que
funciona desta maneira: o Homem estaria emitindo muito dióxido de carbono e, com isso,
aquecendo o planeta; logo, dever-se-iam cortar as emissões imediatamente, para que tudo se
normalize ou ao menos deixe de piorar. São os relatórios provenientes do IPCC os principais
responsáveis pela disseminação desta visão. Eles apontam necessidade de urgência nas ações e
justificam as políticas públicas que atualmente vêm sendo implementadas, aparentemente a baixo
custo financeiro e político em um primeiro momento, mas com custos altíssimos nos médio e
longo prazos.
Entretanto, o clima não é simples assim. Muito diferente disto, é uma gama de processos que
ocorrem simultaneamente e envolvem uma infinidade de fatores e incógnitas que variam em
escala, tanto de importância e atuação, como de tempo. Um verdadeiro consenso científico é o de
que não se conhece muitas parcelas do mecanismo climático; parcelas estas que se apresentam
incrivelmente importantes e cruciais para as mudanças climáticas terrestres.
Carl Wunsch, do Massachusetts Institute of Technology, sustenta que os modelos climáticos
computadorizados são imprecisos, devido, justamente, a esta grande quantidade de variáveis,
entre elas, principalmente, os fatores naturais dos quais não se tem um profundo conhecimento,
como a ação solar, raios cósmicos e dos aerossóis2. Outro ponto falho dos modelos climáticos é
apontado pelo Danish National Space Center (DNSC): os modelos climáticos levariam em
consideração apenas pequenas variações solares, como infravermelho - IV, espectro visível e
raios ultravioleta - UV. Os efeitos dos raios cósmicos sobre as nuvens, por exemplo, não são
incluídos3.
Esses fatores ou forçantes têm diversas fontes que podem ser antropogênicas, naturais e
extraterrestres. Além destes, há o fator de ponderação entre eles. Neste caso, tenta-se indicar suas
2
WUNSCH, Carl. Notes on the Ocean Circulation for Climate Understanding. 2006
Center for Sun-Climate Research. Disponível em : <www.spacecenter.dk/research/sun-climate>. Acesso em
10/2008
3
20
ordens de grandeza nos processos, o que é evidentemente determinante para obtenção de
qualquer resultado confiável.
Todas elas influenciam a determinação do clima na Terra, tanto em micro quanto em macro
escala, e devem, ou ao menos deveriam, ser levadas em consideração para o bom entendimento
de um teórico clima global. Para isso seria imprescindível a compreensão do funcionamento de
todas as forçantes envolvidas, o que parece não estar ocorrendo no meio científico.
Conhecendo-se pouco do total deste mecanismo climático, parece importante pesar melhor a
credibilidade dos modelos climáticos apresentados pelo IPCC.
5.1 Forçantes antropogênicas
Dentre as forçantes antropogênicas pode-se citar o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4),
os clorofluorcarbonos – CFCs, listados aqui como antropogênicos por serem assim considerados
pelo IPCC, e os aerossóis, além das mudanças quanto ao uso e ocupação do solo, tais como
desmatamento, áreas cultivadas e crescimento urbano. Todas são consideradas pelo IPCC como
fatores para o desencadeamento das mudanças climáticas. Porém, o destaque é dado para o
dióxido de carbono, relegando aos demais o papel de coadjuvantes.
5.1.1 – Dióxido de Carbono (CO2)
O dióxido de carbono, segundo o IPCC, é proveniente principalmente da queima de
combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. O Homem seria responsável pela emissão de cerca
21
de sete gigatoneladas de CO2/ano4 e pelo aumento da concentração atmosférica deste composto
para cerca de 380 ppm – partes por milhão.5
Na literatura recente sobre o aquecimento global encontra-se, de diversas formas, que as
concentrações de CO2 aumentaram, por volta da metade do século XX. Entretanto, não é comum
que tais trabalhos citem uma concentração considerada normal ou média, apenas se informa que
as concentrações aumentaram, e com elas, a temperatura. Em estudo mais antigo, de 1970, Barry
et al. consideravam como valor médio aproximado a concentração de 300 ppm para o ano de
1920, que pode ser tomada como base para melhor entendimento das comparações apresentadas.6
Ocorre que, quanto à participação do dióxido de carbono no aquecimento global, a questão
não é tão simples como apresentada pelo IPCC. Diversos cientistas renomados – apresentados no
item sete deste trabalho – divergem quanto a influência deste composto na mudança do clima.
Primeiramente, o CO2 representa somente cerca de 0,033% da composição atmosférica,
incluindo todos os processos naturais e antropogênicos. No caso destes últimos, a participação é
ainda muito menor. Como poderia concentração tão pequena resultar tão grave resultado? Essa
questão é abordada por alguns céticos, uma vez que acreditam que mesmo com o dobro da
concentração atmosférica de CO2, como apontam as estimativas do IPCC, a variação da
temperatura global seria mínima.7
Soma-se o fato de que o CO2 é absorvido e liberado em quantidades enormes pelos oceanos8,
até mesmo o IPCC evidencia sua grande participação (Figura 02), além de ser o composto
fundamental da vida; todos os seres vivos absorvem e liberam dióxido de carbono em alguma
etapa de sua existência, seja no crescimento, respiração ou deterioração. Também há a influência
do vulcanismo, que libera gigantescas quantidades de CO2 para a atmosfera, em quantidades
muito maiores que as liberadas pelo Homem.
4
McKITRICK, Ross. Independent Summary for Policymakers IPCC Fourth Assessment Report. The Fraser
Institute, 2007. p. 10.
5
LINDZEN, Richard. Is the Global Warming Alarm Founded on Fact? In Global Warming: Looking Beyond
Kyoto. ZEDILLO, Ernesto. Brookings Institution Press. 2008. p. 22.
6
BARRY, R.G; CHORLEY, R.J. Atmosphere, Weather and Climate. Methuen & Co Ltd. Ed. UP. Londres. 1971.
pp. 26-27.
7
LINDZEN, Richard. Is the Global Warming Alarm Founded on Fact? In Global Warming: Looking Beyond
Kyoto. ZEDILLO, Ernesto. Brookings Institution Press. 2008. p. 23.
8
SOLOMON, Lawrence. The Deniers – The world-renowned scientists who stood up against global warming
hysteria, political persecution, and fraud. RICHARD VIGILANTE BOOKS. 1º Ed. 2008. p. 163.
22
Diversos pontos tornam o dióxido de carbono um tanto controverso quanto ao grau de sua
influência no efeito estufa e no aquecimento global. Acredita-se que seja nomeado como
principal disparador do aquecimento por ser o composto e mecanismo mais conhecido pelo
Homem dentre aqueles que compõe o clima9. Na falta de conhecimento das demais variáveis,
culpar-se-ia o que se conhece.
Figura 02: Ciclo do carbono elaborado pelo IPCC para a década de 1980. Quantidades estimadas em Pg –
Petagramas – Cada Pg equivale a 1015 gramas.
Fonte: ONÇA, Daniela S. Curvar-se Diante do Existente: O Apelo às Mudanças Climáticas pela
Preservação Ambiental. Dissertação de Mestrado apresentada ao departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2007. p. 45.
5.1.2 – Metano (CH4)
O metano teria um papel apenas secundário no aquecimento global e foi com o passar do
tempo deixando de fazer parte dos alardes governamentais, uma vez que sua concentração
9
SOLOMON. Ob. cit., pp. 86-87.
23
atmosférica vem caindo por razões desconhecidas, além de que, apesar de ser um gás do efeito
estufa, não é relacionado com o crescimento industrial10.
5.1.3 – Clorofluorcarbonos - CFCs
Os clorofluorcarbonetos também recebem grande atenção por parte dos aquecimentistas.
Foram o foco das discussões acerca da destruição da camada de ozônio, que esteve no auge há
alguns anos atrás. Entretanto, também passou a ter menos importância ao longo do tempo, uma
vez que as drásticas medidas tomadas pelos governos quanto ao corte de seu uso em
equipamentos de refrigeração, teriam supostamente resultado na diminuição do “buraco” da
camada de ozônio. Todavia, ainda é elencado como fator crucial, uma vez que o aumento ou
diminuição do “buraco” resultaria em maior ou menor incidência de energia solar.
A partir do esquema ilustrado (Figura 03), pode-se exemplificar a teoria da causa antrópica
para a destruição da camada de ozônio. O Cloro antrópico proveniente dos CFCs, agiria
retardando e dificultando o ciclo natural de formação do ozônio (Figura 03 – número 4),
impedindo que o composto se formasse novamente de forma natural.
5.1.4 - Aerossóis
Os aerossóis não recebem praticamente nenhuma fatia do bolo da culpa pelo aquecimento
global por parte do IPCC. Foram também alardeados como causadores do efeito estufa, mas não
são o foco das discussões pelo simples fato de que a Ciência entende muito pouco sobre sua ação
na atmosfera.
Entretanto, estudos do DNSC, indicam que os aerossóis atuam fortemente na regulação do
clima global, uma vez que, acredita-se, sejam formadores de núcleos de condensação para
formação de nuvens e participem do escurecimento da atmosfera. Chegou-se a esta hipótese
10
S. FRED SINGER, ed., Nature, Not Human Activity, Rules the Climate: Summary for Policymakers of the
Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change, Chicago, IL: The Heartland Institute,
2008. p. 20.
24
através da análise de atmosfera controlada em laboratório, sofrendo ação de raios ionizantes
provenientes do espaço, os raios cósmicos11.
Figura 03: Ilustração do ciclo de formação e destruição do ozônio. O Cloro dos CFCs é representado pelo passo
nº4 – gases traço.
Fonte: FELICIO, Ricardo Augusto. Sistemas de Defesa da Atmosfera Terrestre – A Ozonosfera. Apoio
didático da disciplina Mudanças Climáticas Globais e Implicações Atuais. p. 13
Henrik Svensmark, do DNSC, também aponta, em estudo feito por mais de 20 anos, que
satélites registraram convergência entre a formação de nuvens de baixa altitude com os raios
cósmicos12.
11
SOLOMON. Ob. cit., pp. 155-156.
SVENSMARK, Henrik; MARSCH, Nigel. Cosmic Rays, Clouds and Climate. Danish Space Research Institute.
2000. Disponível em: <www.spacecenter.dk/research/sunclimate/Scientific%20work%20and%20publications>.
Acesso em 10/2008.
12
25
A importância desse fenômeno resulta da forte atuação das nuvens no controle climático,
cerca de 25% do balanço radiativo, uma vez que controlam a entrada de radiação de ondas curtas
através do alto e médio albedo das nuvens, resultando em resfriamento em superfície como
também retendo radiação de ondas longas provenientes da superfície, levando ao retardo de perda
de ondas longas emitidas e, conseqüentemente, ao aquecimento.
Este importante mecanismo é muito pouco conhecido pela Ciência e um dos pilares das
críticas ao IPCC, uma vez que seus modelos climáticos não representam corretamente a
formação, desenvolvimento e micro-física das nuvens.
Richard Lindzen, professor de Meteorologia no Massachusetts Institute of Technology, aponta
que nos modelos do IPCC há um enorme erro quanto à distribuição de nuvens, com relação ao
que é observado na realidade, e que os resultados desses modelos são enormemente dependentes
desses dados13.
5.1.5 – Uso do solo e Ilhas de calor
As demais forçantes referentes à cobertura do solo não recebem atenção, pois são
consideradas pelo IPCC como tendo pequena importância na determinação do clima terrestre. É
curioso ressaltar o fato citado por alguns céticos de que a maior parte das estações de medição de
temperatura, em superfície, seria afetada pelo crescimento urbano (Figuras 04 e 05). Entretanto, o
efeito das ilhas de calor é simplesmente descartado pelo IPCC, pois teria sido corrigido nos
modelos climáticos, através de medidas estatísticas para parametrização dos dados14.
Essa questão é abordada pelas discussões da instituição canadense Friends of Science, que
através da reanálise de dados de temperatura, aponta que os dados de satélites e balões
meteorológicos não registram aquecimento global significativo em relação a longos períodos15.
Os dados obtidos através de estações terrestres mostram um aumento na temperatura global, mas
13
LINDZEN, Richard. Is the Global Warming Alarm Founded on Fact? In Global Warming: Looking Beyond
Kyoto. ZEDILLO, Ernesto. Brookings Institution Press. 2008. p. 23.
14
SOLOMON. Ob. cit., p. 60.
15
Disponível em:
<icecap.us/index.php/go/joesblog/correlation_last_decade_and_this_century_between_co2_and_global_temperatur
e>. Acesso em 12/2008.
26
essas estações não estão bem distribuídas pelo planeta, além de estarem, geralmente, localizadas
em áreas urbanizadas, normalmente mais quentes.16
Figuras 04 e 05: Fotografias das estações meteorológicas de superfície evidenciando a má localização dos
sensores. Da esquerda para a direita: Concully, Wanshington; Hopckinsville, Kentucky.
Fonte: <www.norcalblogs.com/watts/weather_stations>. Acesso em 12/2008.
Vincent Gray, da Universidade de Cambridge, já alertava ao IPCC que as estações
meteorológicas não estavam bem distribuídas pelo planeta. A maior parte delas, 90%, estava em
terra, entretanto, de 70% a 75% da superfície do planeta é representada pelos oceanos.
Acrescentava o fato de que estas estações estariam em geral perto de cidades, locais emanadores
de calor. Mesmo as localizadas no campo teriam sido influenciadas pelo crescimento das cidades
em seu entorno, afetando os registros17. Seus incansáveis informes foram deixados de lado pelo
IPCC, levando-o a deixar de ser colaborador dos relatórios. Sem dúvida, a saída dos discordantes
é um fator utilíssimo para a obtenção de um consenso, e que não é divulgado.
Essas áreas urbanas são caracterizadas por um clima característico e sofrem o efeito das ilhas
de calor, que fazem com que tenham temperatura de superfície diurna mais elevada18. Dessa
forma, alega-se que os dados que mostram aumento de temperatura, apresentados pelo IPCC,
estejam contaminados pela ação dessas ilhas de calor.
Nota-se que alguns dos locais escolhidos para instalação das estações de superfície são
totalmente inadequados para obtenção de uma série estatística de dados confiável. Algumas delas
16
Disponível em: <www.norcalblogs.com/watts/weather_stations>. Acesso em 11/2008.
SOLOMON. Ob. cit., p. 59.
18
SPENCER, Roy. Climate Confusion: How global warming hysteria leads to bad science, pandering
politicians and misguided policies that hurt the poor. Encounter Books, New York. 1º Ed. 2008. p. 57.
17
27
estão localizadas próximas a aparelhos de ar-condicionado, e até mesmo incineradores de lixo
(Figuras 06 e 07).
Por fim, soma-se o fato de que o hemisfério norte e o hemisfério sul diferem geograficamente
quanto à concentração entre terras emersas e oceânicas. Até mesmo no hemisfério norte há
predomínio de oceanos, cerca de 51%. No hemisfério sul, no entanto, este percentual sobe para
91%, denotando novamente a fundamental importância de estudos mais aprofundados sobre a
participação oceânica na regulação do clima e, especialmente, a falta de confiabilidade dos dados
utilizados como premissa pelo IPCC.
Figuras 06 e 07: Fotografias das estações meteorológicas de superfície evidenciando a má localização dos
sensores. Da esquerda para a direita: Santa Rosa, Calfórnia; Tahoe City, Califórnia.
Fonte: <www.norcalblogs.com/watts/weather_stations>. Acesso em 12/2008.
5.2 Forçantes naturais
Por estranho que pareça, o IPCC considera que as forçantes naturais não têm grande
influência na determinação do clima. Embora seus modelos climáticos computadorizados
contenham dados referentes às influências naturais, limitam-nos a participações quase que
insignificantes.
28
Dentre as forçantes naturais, há fatores que são definitivamente importantes para os céticos,
que não aceitam que sejam relegados a meros coadjuvantes do sistema climático.
São forçantes naturais, o vulcanismo, os oceanos, a cobertura natural do solo, além também
de toda a biosfera, uma vez que o dióxido de carbono está presente em todos os seres vivos, os
quais absorvem e liberam o composto, conforme suas etapas de desenvolvimento.
5.2.1 - Vulcões
Não obstante a toda celeuma gerada em torno dos clorofluorcarbonos usados pelo Homem em
sistemas de refrigeração, a maior fonte de liberação de Cloro para a atmosfera são os vulcões e os
oceanos.
Molion sustenta que “os clorofluorcarbonos não são a única fonte de cloro para atmosfera,
mas, principalmente, os oceanos e os vulcões” 19. Onça afirma que “os vulcões difusivos, também
na baixa troposfera, liberam anualmente cerca de 36 milhões de toneladas de cloro, enquanto que
os vulcões explosivos conseguem lançar de uma só vez milhões de toneladas de cloro
diretamente na estratosfera”20, “o monte Erebus, um vulcão difusivo-explosivo, com cerca de
quatro mil metros de altitude, quando a troposfera na Antártida no inverno chega a cinco mil
metros – ou seja, o topo do vulcão está bem próximo da estratosfera – libera cerca de 1230
toneladas de cloro diariamente. Fazendo as contas, concluímos que o monte Erebus, sozinho,
consegue lançar praticamente dentro da estratosfera quase 60 vezes mais cloro do que aquele
antes liberado pelas atividades humanas” 21.
19
MOLION (1994), p. 91 In: ONÇA, Daniela S. Curvar-se Diante do Existente: O Apelo às Mudanças
Climáticas pela Preservação Ambiental. Dissertação de Mestrado apresentada ao departamento de Geografia da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2007. p. 56.
20
ONÇA, Daniela S. Curvar-se Diante do Existente: O Apelo às Mudanças Climáticas pela Preservação
Ambiental. Dissertação de Mestrado apresentada ao departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2007. p. 56.
21
ONÇA, Daniela S. Curvar-se Diante do Existente: O Apelo às Mudanças Climáticas pela Preservação
Ambiental. Dissertação de Mestrado apresentada ao departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2007. p. 57.
29
Portanto, a influência dos vulcões perante o aquecimento global não pode ser considerada
coadjuvante, nem muito menos insignificante, uma vez que estes liberam enormes quantidades de
cloro, um componente dos gases do efeito estufa, na atmosfera.
5.2.2 - Oceanos
Os oceanos apresentam papel fundamental para a compreensão do funcionamento do clima.
Como já citado, de 70% a 75% da superfície do planeta é coberta pelos oceanos, sendo o Pacífico
o maior deles. Trocam continuamente com a atmosfera enormes quantidades de massa e energia.
Segundo Carl Wunsch, ainda pouco se conhece acerca do funcionamento dos oceanos. Estes
apresentam características específicas, sendo estas a temperatura de superfície e perfil, salinidade,
oxigênio dissolvido e dióxido de carbono dissolvido, que influenciam diretamente a composição
e estado da atmosfera22. São a principal condição de contorno da atmosfera, denotando sua
crucial relevância.
Os oceanos são enormes reservatórios de CO2. A relação primordial é a de que, a baixas
temperaturas, são verdadeiros sorvedouros de dióxido de carbono e apresentam a relação inversa
quando aquecidos, liberando dióxido de carbono para a atmosfera23. Importante observar que
essas quantidades liberadas e absorvidas pelos oceanos chegam a centenas de gigatoneladas e que
tais respostas a mudanças de temperatura podem levar séculos para ocorrer.
Também se pode fazer referência ao fato de que, uma variação de apenas 1,0ºC na
temperatura dos oceanos, cause a liberação ou absorção de gigatoneladas de CO2. Entretanto, não
se sabe quando eles irão aquecer e quando irão esfriar; apenas se pode estimar através de dados
estatísticos.
A
variação
na
temperatura
dos
oceanos
influi
diretamente
na
evaporação
e,
conseqüentemente, na umidade absoluta atmosférica, através de uma relação diretamente
proporcional, embora não linear. Também proporcional é a relação da temperatura com a
22
S. FRED SINGER, ed., Nature, Not Human Activity, Rules the Climate: Summary for Policymakers of the
Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change, Chicago, IL: The Heartland Institute,
2008. pp. 22-23.
23
WUNSCH, Carl. Notes on the Ocean Circulation for Climate Understanding. Draft. Nº1. 2006. pp. 4-6.
30
densidade, controlada pela presença de sais. Quanto ao fluxo desses gases para a atmosfera, a
relação é inversa. Quanto maior a temperatura, menor a solubilidade dos gases e
consequentemente maior liberação para a atmosfera.
Essa relação denota, novamente, a grande importância dos oceanos para a caracterização do
clima terrestre, uma vez que as quantidades de CO2 liberadas e absorvidas pelos oceanos são
sempre maiores que aquelas produzidas pelo Homem.
Além disso, sua relação com o dióxido de carbono não se limita a absorção e liberação, pois a
incidência de radiação solar de ondas curtas, provenientes do Sol, determina as zonas eufóticas e
afóticas. A eufótica, iluminada, apresenta fitoplâncton e zooplâncton, já a afótica, sem
iluminação, apenas zooplâncton. A zona eufótica pode chegar, como na Antártida, a cerca de
1000m de profundidade, mas normalmente varia de 200m a 600m. Os oceanos, através da
absorção de radiação de ondas curtas e emissão de radiação de ondas longas, aquecem-se da
superfície para as camadas mais profundas. Essa diferença de temperatura entre as camadas
confere aos oceanos um caráter estratificado verticalmente, onde ocorre grande troca de calor e
gases, por exemplo, a concentração de dióxido de carbono dissolvido. Essas trocas ocorrem
principalmente em virtude da camada de mistura, em função da ação das ondas em superfície.
Assim, diante dessa estratificação, a vida marinha se apresenta variada, conforme disponibilidade
de calor, luz, gases dissolvidos, salinidade e pressão. Esse mecanismo de transferência de calor
nos oceanos, entre as camadas estratificadas, causa o grande atraso nas respostas oceânicas
frentes às mudanças climáticas.
Os oceanos são também responsáveis por levar calor das regiões tropicais para as regiões de
maiores latitudes. Nota-se que distribuem cerca de 50% da energia do planeta e cerca de 85% da
água na atmosfera24.
Há fenômenos pouco conhecidos que se acredita terem influência sobre o clima como o El
Niño, La Niña e os ciclos da Oscilação Decadal do Pacífico - ODP. Esses ciclos, estudados por
Molion e também por Spencer, apresentam indícios de influência sobre a temperatura global.
24
BARRY, R.G; CHORLEY, R.J. Atmosphere, Weather and Climate. Methuen & Co Ltd. Ed. UP. Londres.
1971. pp. 57-59.
31
Segundo Molion, essas oscilações não tem causa conhecida, muito menos identificada sua
ação sobre o clima, mas estudos de John Christy e Roy Spencer, pesquisador na Universidade do
Alabama e também da National Aeronautics and Space Administration (NASA), EUA, acerca de
medições de temperatura atmosférica através de Microwave Sounding Units (MSU), demonstram
aumento da temperatura media global durante a ocorrência de eventos como El Niño e
decréscimo, durante eventos como La Niña.25
Os oceanos também são afetados pela força gravitacional da Lua e do Sol que originam o
fenômeno das marés compensatórias, como também poderiam explicar a suposta elevação do
nível oceânico que é atribuída ao aquecimento global através do derretimento das geleiras26. São
enormes massas de água com grande capacidade térmica e intensa troca de massa e energia
diretamente em contato com a atmosfera, liberando e absorvendo umidade, calor e dióxido de
carbono.
Por esses diversos fatores, é evidente, embora pouco compreendida, a influência dos oceanos
na determinação do clima e, possivelmente, no aquecimento ou resfriamento global.
5.2.3 – Cobertura natural do solo
Quanto à cobertura natural do solo, têm-se poucas análises, mesmo por parte dos céticos, uma
vez que seus efeitos são mais especulativos do que medidos ou computados.
O que se especula acerca da cobertura natural do solo faz referência à presença de florestas
naturais, que apresentam capacidade de absorção de dióxido de carbono, diminuindo o albedo
terrestre, ao mesmo tempo em que criam uma cobertura e proteção para o solo.
No caso de áreas abertas, sem cobertura vegetal, ou mesmo áreas congeladas, a questão
refere-se à quantidade de calor absorvida pelo solo ou ao albedo. Entretanto, o IPCC julga como
pouco relevante o efeito desta forçante para a determinação do clima. Por conseqüência, um fator
25
MOLION, Luiz C. B. Aquecimento Global, El Niños, Manchas Solares, Vulcões e Oscilação Decadal do
Pacífico. Departamento de Meteorologia, UFAL-AL. p. 2.
26
S. FRED SINGER. Ob. cit., pp. 16-17.
32
determinante passa ser deixado de lado pelo: o crescimento urbano. O solo em si, ainda é pouco
estudado, sendo sua contribuição pouco explorada.
5.3 Forçantes extraterrestres
As forçantes extraterrestres têm ganhado mais espaço dentro das discussões acerca de sua
influência no clima. Apesar do campo de estudo não ser recente, suas teorias têm sido descartadas
pelo IPCC, além de relegadas ao ostracismo e até mesmo ridicularizadas por alguns
aquecimentistas.
Dentre as influências extraterrestres estão, a variação nos movimentos astronômicos, a ação
do Sol, e a influência dos raios cósmicos.
5.3.1 – Movimentos astronômicos - Milankovitch
O ícone da influência extraterrestre, para os estudos do clima, foi Milutin Milankovitch. Ele
era um engenheiro civil sérvio que baseou sua teoria em quatro movimentos astronômicos que
causariam efeitos no clima terrestre. Mais recentemente, os estudos do DNSC, já citados neste
trabalho, mostraram-se promissores quanto ao melhor entendimento dessas forças. A teoria de
Milankovitch, conhecida como os “Ciclos de Milankovitch” aborda quatro movimentos:
Precessão, Nutação, Obliqüidade e Excentricidade da órbita.
A Precessão (Figura 08, item c) teria períodos médios de cerca de 19 a 23 mil anos e
máximos entre 14 e 28 mil anos. Apresenta maior efeito de ação no equador, diminuindo em
direção aos pólos. Este movimento causa a precessão dos equinócios, ou seja, a entrada do
verão/inverno. O dia dos equinócios alterar-se-á durante os anos, ocorrendo em afélios e periélios
ou outros pontos da órbita terrestre.
33
Altera o equador calórico trazendo mudanças para os limites das zonas climáticas adjacentes.
Afeta também o contraste verão-inverno, bem como a intensidade das monções e razões de
precipitação e evaporação. Esse movimento pode ser facilmente compreendido se for comparado
com o efeito de um pião. O eixo inclinado da Terra em movimento “cambaleante”.
Figura 08: Ilustração dos Ciclos de Milankovitch: (a) excentricidade; (b) obliqüidade; (c) precessão.
Fonte: SILVA, José G.R. Ciclos Orbitais ou Ciclos de Milankovitch. Textos de Glossário Geológico Ilustrado.
2007. p. 1.
A Nutação é a combinação de mais de 200 movimentos que ocorrem durante a precessão, são
oscilações causadas principalmente pela atuação da força gravitacional de Júpiter e Saturno
combinadas. Tem a importância de transferir energia e alterar a obliqüidade. Este movimento,
embora teorizado por Milankovitch, só foi explicado modernamente.
A obliqüidade (Figura 08, item b), ou variação do eixo de inclinação da Terra em relação à
normal, varia em um período de cerca de 41 mil anos. Essa variação modula a incidência de
radiação solar na superfície terrestre, onde uma maior inclinação resulta em maior amplitude
térmica, ao passo que uma menor inclinação resulta na ação oposta, ou seja, menor amplitude
térmica. É uma das causas das eras glaciais.
34
A excentricidade da órbita (Figura 08, item a) também é uma forte causa para as eras glaciais.
Atua como um alongamento singelo do trajeto orbital que causa a mudança dos focos orbitais,
alterando a velocidade de translação do planeta em relação ao ponto em que se encontra na órbita.
Modula o efeito climático, atuando em conjunto com o movimento de obliqüidade. Tem
influência mais regular nas mudanças climáticas. Importante apresentar que quando a variação da
excentricidade é maior ou máxima, a incidência de energia solar pode variar de 20% a 30%27.
5.3.2 – O Sol
A influência do Sol está fortemente atrelada à ação dos raios cósmicos, que se ligam à
formação de nuvens de baixa altitude. Ela está baseada na variação dos ciclos solares. Há vários
deles, alguns com duração de 11 anos, outros de 200 anos, e outros mais importantes, com cerca
de 90 anos, conhecido como “Ciclo de Gleissberg” 28.
Essas variações do ciclo de atividade solar são estudadas segundo as manchas solares, que em
maior ou menor número, denotam maior ou menor atividade solar, respectivamente.
Um maior número de manchas significaria maior incidência de radiação solar sobre a Terra e,
conseqüentemente, maior deflexão dos raios cósmicos, impedindo assim, sua atuação perante a
formação de nuvens, levando a uma maior incidência de radiação de ondas curtas sobre a
superfície, que poderia gerar maior aquecimento.29
O ciclo oposto, de menor número de manchas solares, ou seja, menor atividade, favoreceria a
ação dos raios cósmicos para a formação de nuvens de baixa altitude, levando assim a uma maior
área de cobertura que refletiria a radiação de ondas curtas, podendo gerar maior resfriamento.
A variação na incidência de radiação solar, que é modulada por alguns dos movimentos de
Milankovitch, interfere diretamente na caracterização do clima. Uma maior incidência de
radiação solar, significa maior entrada de energia no sistema. Com mais energia, ter-se-ia maior
27
SILVA, José G.R. Ciclos Orbitais ou Ciclos de Milankovitch. Textos de Glossário Geológico Ilustrado. 2007.
pp. 1-4. Disponível em: <www.unb.br/ig/glossario>. Acesso em 11/2008.
28
FELICIO, Ricardo Augusto. Sistemas de Defesa da Atmosfera Terrestre – A Ozonosfera. Apoio didático da
disciplina Mudanças Climáticas Globais e Implicações Atuais. p. 19.
29
SVENSMARK, Henrik; MARSCH, Nigel. Ob. cit., pp. 217-220.
35
aquecimento dos oceanos, maior aquecimento dos solos, bem como maior evaporação. Como
conseqüência, haverá maior precipitação e maior reflexão de ondas curtas devido ao maior albedo
das áreas desmatadas e, principalmente, congeladas.
A incidência de raios solares também é responsável pela formação da camada delgada de
ozônio. Este gás, que é altamente reativo, dissipa-se com a ausência deles. Podemos formar,
assim, a relação do aumento ou diminuição da atividade solar com a variabilidade climática do
planeta. Maior concentração de ozônio na atmosfera resulta em bloqueio das radiações de ondas
curtas provenientes do Sol e, conseqüente, resfriamento.
5.3.3 – Raios cósmicos
Como já citado acima, o DNSC estudou a capacidade ionizante dos raios cósmicos na
formação de núcleos de condensação, favorecendo a maior ocorrência de nuvens de baixa altitude
(Figura 09).
Os raios cósmicos, acredita-se, são provenientes da explosão de supernovas longínquas no
espaço30. A maior atividade solar faria com que a Terra sofresse mais com a atuação dos ventos
solares e estes, por sua vez, defletiriam os raios cósmicos, favorecendo o aquecimento. A
situação inversa, de menor atividade solar, faria com que a Terra fosse menos suscetível aos
ventos solares e, conseqüentemente, mais à ação dos raios cósmicos, que favoreceriam a
formação de nuvens de baixa altitude, através da nucleação propiciada pela ionização da baixa
atmosfera, levando ao resfriamento do Planeta.
Percebe-se, a partir do que foi exposto, que a caracterização do clima global é altamente
complexa e dependente de diversos fatores intrinsecamente ligados, onde uma pequena
modificação em um deles pode gerar mudanças em todo o sistema.
Essas discussões têm sido apontadas por diversos céticos como fundamentais para derrubar os
modelos climáticos usados pelo IPCC que tanto pregam uma iminente catástrofe climática.
30
SOLOMON. Ob. cit., p. 152.
36
Como é possível justificar o gasto de trilhões de dólares em medidas mitigatórias da mudança
de um clima tão complexo e desconhecido, que dependente de tantos fatores, baseando-se,
principalmente, em modelos climáticos altamente imprecisos, que usam variáveis pouco
conhecidas para geração de resultados?
Procedendo a um pensamento um tanto quanto abstrato e colocando em uma balança todos os
fatores climáticos que podem interferir no clima terrestre, veremos que os fatores dos quais
desconhecemos o funcionamento, ou conhecemos mal, estão em muito maior número do que
aqueles que conhecemos bem. A “ciência” climática do IPCC baseia-se em frágeis suposições.
Figura 09: Ilustração da ação ionizante dos raios cósmicos na atmosfera terrestre.
Fonte: Danish National Space Center. Dinamarca. Disponível em: <www.spacecenter.dk/research/sunclimate/cosmoclimatology> . Acesso em 12/2008.
37
6. Os “global warmers”
Os “global warmers” ou “aquecimentistas” fizeram a fama do aquecimento global como a
grande catástrofe da humanidade que exige processos de mitigação a qualquer custo,
principalmente, para os mais pobres.
O IPCC diz ter listado os “melhores 2.500 cientistas do mundo” como seus colaboradores e
participantes, em alguma parte do processo de confecção de seus relatórios. A princípio são os
colaboradores do IPCC os chamados “aquecimentistas”, uma vez que defendem a teoria do
aquecimento global antropogênico.
Há controvérsias quanto à lista de cientistas e especialistas do IPCC, pois existem relatos de
cientistas que, mesmo saindo do projeto e desistindo da participação, por discordâncias tanto
políticas, quanto científicas, tiveram seus nomes mantidos na lista, como no caso de Paul Reiter,
do Pasteur Institute, Paris, França31.
É interessante mencionar o fato de que apesar da corrente aquecimentista ser a mais difundida
pelo IPCC e pela mídia, é difícil encontrar os ícones que a representam. Este “efeito” também
pode ser visto quanto ao IOPT (Ozônio), já que Mustafá Toba, seu grande precursor,
desapareceu. O principal, e talvez o único, não é um cientista, mas um político: o ex-vicepresidente dos Estados Unidos, Al Gore.
Aqui, abordou-se o trabalho de Gore, Roger Revelle e Carl Wunsch, um renomado
oceanógrafo do MIT, já citado anteriormente.
Gore diz ter seu interesse pelo tema despertado devido à influência de seu professor em
Harvard, Roger Revelle, que teria sido responsável por mostrar a seus alunos o perigo climático
que estaria por vir, através de seus estudos relacionando a concentração de CO2 com a
temperatura. Mesmo que, anos depois, o próprio Revelle tenha vindo a público para apontar que
Gore tinha compreendido seu estudo de forma errônea, e que aquela não era sua interpretação dos
31
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
38
fatos, ele foi logo desacreditado por Gore perante o público e a mídia, sob a alegação de que já
estaria senil e não mais disporia de suas faculdades mentais32.
Quando Revelle veio a público, mostrou que seus estudos ensaiavam uma possível relação da
crescente concentração de CO2 com o aumento de temperatura. Entretanto, afirmava que os dados
ainda eram iniciais e que achava prematura a tomada de medidas drásticas em função dos
resultados33.
Nas décadas de 80 e 90, já havia escrito artigos científicos e cartas aos congressistas
americanos dizendo que apesar de mudanças climáticas serem notadas, achava prudente ainda
esperar cerca de dez a 20 anos de pesquisas para saber se o aumento dos gases estufa seriam os
verdadeiros agentes causadores do aquecimento, e se seriam importantes para o Homem, positiva
ou negativamente. Não achava prudente que medidas drásticas, como o gasto de trilhões de
dólares, fossem tomadas antes de se ter certeza do que estava acontecendo, uma vez que tais
mudanças poderiam ter causas naturais34.
Gore, o principal disseminador da campanha aquecimentista, e sua histeria para o público em
geral, alcançou o sucesso de sua campanha através da veiculação do filme “An Inconvenient
Truth”, ou em sua tradução para a língua portuguesa, “Uma Verdade Inconveniente”. O filme foi
um grande sucesso, recebendo cerca de 20 prêmios internacionais na categoria documentário,
inclusive um Oscar da Academy Awards, o que foi um tanto impressionante.
“An Inconvenient Truth” chocou o público com simulações que mostram o aumento dos
níveis oceânicos causando inundações, devastações e disseminação da malária por áreas de maior
latitude, além da morte dos ursos polares entre outras35. Houve forte reação dos céticos, que
acreditavam que o filme continha falácias, levando os espectadores a uma falsa compreensão do
problema. Chegou até mesmo a ser judicialmente discutido na Alta Corte de Londres – The
Dimmock Case36 – quando se constatou que continha ao menos nove erros, em um processo que
pretendia vetar a veiculação obrigatória do filme em todas as escolas inglesas.
32
SOLOMON. Ob. cit., p. 195.
SOLOMON. Ob. cit., p. 193.
34
SOLOMON. Ob. cit., pp. 193-200.
35
“An Inconvenient Truth” – Filme de Davis Guggenheim. EUA. 2006.
36
Dimmock v. Secretary of State for Education & Skills [2007] EWHC 2288 (Admin) (10.10.07).
33
39
A partir desse filme, a questão climática se espalhou para um público muito maior do que era
antes
alcançado.
Foi
disseminado
por
escolas
de
diversos
países,
principalmente,
subdesenvolvidos, e em vários canais de televisão, como uma prova definitiva e irrefutável de
que o planeta estava esquentando e que isso ocorria por culpa do Homem. A partir de então, toda
a grande massa da população de diversos países recebeu o “conhecimento” das causas do
aquecimento global e de que alguma coisa precisava ser feita, e rápido.
A corrente aquecimentista mostra que o planeta está esquentando como nunca e que esse
aquecimento seria causado pelo aumento das emissões de dióxido de carbono, provenientes das
atividades humanas, através da queima de combustíveis fósseis. Esse aquecimento já teria se
iniciado desde o advento da era industrial.
O Homem, responsável pela emissão de cerca de sete gigatoneladas de dióxido de carbono
por ano, estaria potencializando o efeito estufa natural37. Esta quantidade seria a grande culpada,
sendo que todos os outros emissores naturais de dióxido de carbono teriam influência irrelevante.
Note-se que também todos os outros fatores determinantes do clima têm influência menor para o
IPCC, como os oceanos, o Sol, os movimentos próprios do planeta, os raios cósmicos etc.
Voltando às bases desta teoria, mas de forma sucinta, uma vez que já foram exaustivamente
estudadas em diversos trabalhos anteriores, temos o famoso gráfico do “Taco de Hóquei” de
Michael Mann, as geleiras de Vostok e, em destaque, os modelos climáticos computadorizados.
O gráfico do “Taco de Hóquei” (Figura 10), de Michael Mann, serviu para Gore, e os demais
aquecimentistas, “provarem” que as concentrações de dióxido de carbono da atmosfera subiram,
enormemente, devido à influência do Homem e estabeleceram a correlação entre essas
concentrações e o aumento da temperatura global.
As concentrações de dióxido de carbono também foram aferidas através de perfurações em
gelo, na geleira de Vostok, onde se acredita que tais cilindros tenham aprisionado parcelas de ar
atmosférico ao longo do tempo geológico, evidenciando assim, as mudanças em suas
concentrações, mas não definindo suas causas.
37
S. FRED SINGER. Ob. cit., p. 1.
40
Figura 10: O “Taco de Hóquei”, de Michael Mann.
Fonte:
IPCC.
Third
Assessment
Report.
2001.
p.3.
<www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/pdf/WG1_TAR-FRONT.PDF>. Acesso em 12/2008.
Disponível
em:
Já os modelos climáticos do IPCC são as verdadeiras vedetes dos aquecimentistas, uma vez
que “mostram” como será o clima do planeta nos próximos 100 anos, se nada for feito de
imediato para coibir as emissões de gases estufa. Esses modelos envolvem diversos parâmetros
para projetar a evolução climática, onde cada um destes recebe pesos diferenciados de
importância que são regulados manualmente, quando não se conhece bem o funcionamento da
forçante, para que o modelo se aproxime o máximo possível das observações reais.
A previsão se baseia em dados obtidos através de diversas fontes e metodologias
diferenciadas do clima terrestre, principalmente, séries de dados de estações meteorológicas em
terra, radiossondagem e locais no mar. São também computados dados econômicos, uma vez que
precisam estipular o crescimento dos países para estimar uma variação nas emissões de dióxido
de carbono.
41
A previsão proveniente de tais modelos é a de que, se nada for feito a partir de agora, a
temperatura média do planeta irá aumentar de 1,5ºC até 4,5ºC, com algumas variações,
dependendo da fonte. Alguns modelos chegam a estimar esse aumento em impressionantes
11,5ºC38, causando degelo permanente do oceano Ártico, derretimento das geleiras da Antártida,
com conseqüente aumento do nível dos oceanos, inundação das áreas costeiras, causando
prejuízos econômicos e humanos, além de uma enorme gama de catástrofes dignas de Hollywood.
Por incrível que pareça, frente a uma enorme gama de fatores influentes no clima, os modelos
climáticos do IPCC “conseguiram”, tomando por base a concentração de CO2 a partir dos dados
da geleira de Vostok, “prever” a catástrofe climática para os próximos 100 anos. Realmente é
surpreendente se pensarmos que os sistemas de previsão de tempo não funcionam bem, nem ao
menos para cinco dias.
Contudo, seria incorreta a impressão de que a corrente dos aquecimentistas é formada
somente por poucos cientistas. Temos, na realidade, como informa o IPCC, talvez não os maiores
e melhores do mundo, mas sim, uma grande quantidade de renomados pesquisadores que
acreditam e defendem tal teoria. Entre eles, também há divergências entre alguns aspectos do
caso, mas todos concordam que a causa mais provável para o aquecimento global seja a crescente
emissão de gases estufa devido à ação humana.
Pode-se exemplificar através de Carl Wunsch, já citado neste trabalho. Wunsch tem diversos
estudos aprofundados sobre o funcionamento dos oceanos e vê neles grande importância para a
caracterização do clima. Mas, diferentemente de Al Gore e da teoria propagada pelo IPCC, apesar
de acreditar na causa humana para o aquecimento, Wunsch aponta que a Terra já passou por
diversas mudanças climáticas naturais e cíclicas ao longo do tempo. Acredita que os modelos
climáticos são ainda muito pouco precisos, mesmo quando comparados com a realidade devido a
enorme quantidade de variáveis presentes nos cálculos, entre elas, variáveis que pouco se
conhece, como a ação solar, os raios cósmicos e os aerossóis39.
Wunsch também acredita que a mídia dissemina muitas inverdades e alarmes desnecessários
devido à má compreensão, voluntária ou não, por parte dos jornalistas que acabam levando à
38
S. FRED SINGER. Ob. cit., p. 5.
WUNSCH, Carl. Climate Change in My View. 2006. Disponível em:
<www.royalsociety.org/page.asp?tip=1&id=4688>. Acessado em 12/2008.
39
42
tomada de medidas políticas drásticas, como por exemplo, o emprego de milhões de dólares em
virtude da notícia de que a Corrente do Golfo estaria “parando de funcionar” 40.
Assim, notamos que mesmo entre os aquecimentistas, há divergência e má interpretação dos
fatos. Mesmo os renomados cientistas que concordam com o IPCC têm visões diferenciadas,
denotando uma clara separação entre Ciência e política. O estudo aprofundado do tema nos leva a
questionar a mudança climática e os verdadeiros objetivos de sua mitigação.
40
WUNSCH, Carl. Notes on the Ocean Circulation for Climate Understanding. Draft. Nº1. 2006. pp. 2-4.
43
7. Os “céticos”
A corrente dos pesquisadores que contestam a teoria do aquecimento global
antropogênico e as pesquisas do IPCC ficou conhecida como a corrente dos “céticos”. O termo
apresenta uma característica um tanto pejorativa, que pode ser notada na maneira como é
expressada pelos cientistas aquecimentistas e, principalmente, pela mídia. Este trabalho, de
maneira geral e em razão dos dados colhidos, encontra-se dentro desta corrente, mas pretende
apresentar uma visão equilibrada de ambas.
Na corrente dos céticos é difícil encontrarmos ícones, principalmente, em virtude do meio
científico e, posteriormente, da mídia. As teorias dos céticos dificilmente são expostas ao público
e, quando o são, esta ocorre de forma um tanto pejorativa ou desacreditada, embora já exista uma
instituição denominada NIPCC.
A pesquisa efetuada para este trabalho conseguiu elencar uma série de cientistas
renomados e, em muitos casos, mais capacitados que os cientistas do IPCC, mas se aterá em
apresentar apenas alguns.
Como citado no início deste trabalho, a corrente cética não se apresenta como um grupo
bem delineado, como parece ser o dos aquecimentistas41. As divergências entre suas teorias são
grandes, mas servem mais uma vez para demonstrar que o entendimento acerca do clima global
ainda carece de muitos estudos.
Roy Spencer, meteorologista da NASA, é conhecido pelas suas famosas pesquisas acerca
da temperatura global, com dados obtidos através de sondagens por satélites, conhecidos como
MSU – Microwave Sounding Units. Spencer acredita que o sistema climático, extremamente
complexo, não ficará imutável às mudanças nas concentrações de dióxido de carbono e ao
aquecimento, entretanto, não se sabe se essa mudança será para um maior aquecimento ou para
41
S. FRED SINGER. Ob. cit., pp. iv-vi.
44
um resfriamento do planeta. Esses mecanismos de resposta são chamados de feedbacks, podendo
se apresentar de forma positiva ou negativa, em resposta ao estímulo original42.
Sua pesquisa também aborda a falta de congruência nos modelos climáticos do IPCC que,
para ele, apresentam pouca relação com a realidade, uma vez que representam mal a cobertura de
nuvens e seu desenvolvimento. Para ele, tais modelos apresentam alta sensividade aos gases do
efeito estufa, resultando, todos, em tão grande aquecimento43. Esses modelos também apresentam
falhas quanto aos chamados feedbacks, uma vez que em todos eles são positivos, favorecendo o
aquecimento global.
A coleta de dados seria outro problema. Spencer também sustenta que a maior parte das
estações de medição terrestres apresentariam dados contaminados pelo efeito das ilhas de calor,
pois a maior parte delas, hoje, encontram-se em áreas urbanas.
Outro ponto interessante dos estudos de Spencer é a importância que ele dá a
cosmoclimatologia, que recebe, por parte do IPCC e de seus cientistas, pouco ou nenhuma
atenção. Segundo Spencer, o Sol causa o clima, pela incidência diferencial zonal de radiação –
entrada de ondas longas – que por sua vez causa o efeito estufa natural – saída de ondas curtas –
assim, o clima regularia o efeito estufa natural através do controle de radiação solar incidente,
juntamente com outros fatores naturais. Poderíamos fazer um paralelo com a teoria do Efeito Íris,
de Richard Lindzen.
Lindzen, professor de meteorologia no MIT, aponta que mudanças climáticas severas já
ocorreram no planeta diversas vezes e que a variabilidade climática é natural. Sua teoria aponta
que o aumento das concentrações de dióxido de carbono são, provavelmente, provenientes da
queima de combustíveis fósseis, mas que causas naturais para tal aumento não podem ser
descartadas. Lindzen também aponta que os dados que alimentam tais modelos não diferenciam
qual a porcentagem de aquecimento é devida à ação humana e qual é devida à ação natural, sendo
que a humana seria muito pequena em relação à natural44.
42
SPENCER, Roy. Climate Confusion: How global warming hysteria leads to bad science, pandering
politicians and misguided policies that hurt the poor. Encounter Books, New York. 1º Ed. 2008. pp. 66-67.
43
SPENCER, Roy. Global Warming as a Natural Response to Cloud Changes Associated with the Pacific
Decadal Oscillation. University of Alabama in Huntsville. 2008. pp. 1-2.
44
LINDZEN, Richard. Is the Global Warming Alarm Founded on Fact? In Global Warming: Looking Beyond
45
Suas pesquisas mostram que não há motivo para tanto alarde, uma vez que os modelos
climáticos são exagerados com referência aos feedbacks, resultando sempre em forte
aquecimento. A mídia também ajudaria na disseminação do pânico quando fala em aumento do
número de catástrofes climáticas como furacões, tornados, inundações, o que, segundo Lindzen,
não condiz nem com os livros básicos de Meteorologia, pois um aumento de temperatura global
levaria a uma menor diferenciação climática entre os pólos e latitudes menores, resultando em um
clima mais estável, ou seja, com menor número de fenômenos extremos45.
Assim como Roy Spencer, Richard Lindzen explica a regulação natural do efeito estufa
pelo que chama de “Efeito Íris”, que consistiria nas respostas naturais do sistema climático,
buscando sempre o equilíbrio entre radiação recebida e emitida46.
Uma questão importante que se faz presente em suas pesquisas é a da corrupção da
Ciência climática. Lindzen afirma que o tema do aquecimento global está contaminado por
intenções políticas e financeiras, que já se afastou demasiadamente do âmbito da Ciência. Aponta
a grande discriminação que recebem os céticos, exemplificando com o fato de que esses cientistas
têm dificuldade em publicar suas teorias, além de terem verbas de pesquisas cortadas, chegando a
ponto de, até mesmo, serem difamados pessoalmente com o intuito de desacreditarem suas
pesquisas47.
Para John Christy, assim como para outros céticos, há uma questão política que envolve o
tema, uma vez que o IPCC está subordinado à ONU, que é coordenada pelos governos de alguns
países. Os relatórios finais são revisados por políticos e não por cientistas, o que denota a
finalidade política se sobrepondo à científica. Para Christy, não há causa para alarde, pois não há
evidências de mudanças climáticas drásticas48. Nota que apesar do aumento verificado nas
concentrações de dióxido de carbono, as benesses conferidas pelos combustíveis fósseis quanto à
Kyoto. ZEDILLO, Ernesto. Brookings Institution Press. 1º Ed. 2008. p. 26.
45
LINDZEN, Richard. Is the Global Warming Alarm Founded on Fact? In Global Warming: Looking Beyond
Kyoto. ZEDILLO, Ernesto. Brookings Institution Press. 1º Ed. 2008. p. 27.
46
LINDZEN, Richard; CHOU, Ming-Dah; HOU, Arthur. Does the Earth Have an Adaptive Infrared Iris?
Bulletin of The American Meteorological Society. 2001. pp. 430-431.
47
SOLOMON. Ob. cit., pp. 50-56.
48
CHRISTY, John. Written Testimony of John R. Christy, P.h. D. University of Alabama in Huntsville. Senate
Committee on Commerce, Science and Transportation. 2000. pp. 3-4.
46
melhoria na qualidade de vida e longevidade são superiores aos possíveis malefícios. O
prognóstico de catástrofe climática propagado pelo IPCC simplesmente não teria fundamento.
Ainda segundo Christy, seria melhor o gasto dos milhões de dólares – que estão sendo
destinados para a diminuição das emissões de dióxido de carbono – em apoio e desenvolvimento
de países pobres, com auxílio à saúde e a vida49. Sua visão é a da preservação e manutenção da
vida, que depende extremamente dos recursos energéticos, a baixo custo, que atualmente são
providos pela queima de combustíveis fósseis. Acredita que milhões de vidas seriam ceifadas se
reguladas pelo uso de energias renováveis como eólica e solar.
Sua pesquisa também aponta os problemas dos modelos climáticos perante as incertezas a
que estão sujeitos, tanto pela falta de conhecimento profundo sobre diversos fatores que compõe
o sistema climático, como pela incerteza na acuidade dos dados neles introduzidos que levam a
resultados comprometidos.
No caso brasileiro, parece não haver muitos representantes da corrente dos céticos. Entre
eles, cita-se Luis Carlos Baldicero Molion, professor da Universidade Federal de Alagoas e
participante da ECO-92. Molion credita as mudanças climáticas atuais às variações naturais
cíclicas, como a ODP – Oscilação Decadal do Pacífico – e dá grande importância à ação dos
vulcões e oceanos.
Molion evidencia a possível relação entre as variações decadais do Pacífico com a
ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña perante a caracterização do clima, uma vez que o
oceano Pacífico ocupa dois terços da superfície terrestre, tendo ligação direta com a atmosfera e
influenciando-a diretamente50. Também apresenta a contribuição dos oceanos perante as
concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, contribuições essas que podem chegar a
enormes quantidades.
49
CHRISTY, John. Written Testimony of John R. Christy, P.h. D. University of Alabama in Huntsville. House
Committee on Energy and Commerce – Subcommittee on energy and Air Quality. 2007. pp. 8-9.
50
MOLION, Luiz C. B. Aquecimento Global, El Niños, Manchas Solares, Vulcões e Oscilação Decadal do
Pacífico. Departamento de Meteorologia, UFAL-AL. p. 4.
47
A lista dos céticos pode se estender muito mais. Suas teorias são complexas e não
poderiam jamais ter sido deixadas de lado, em se tratando da caracterização de um suposto clima
global.
Os estudos demonstram que unificar a questão climática em torno das emissões de
dióxido de carbono antropogênico é simplificar por demais uma questão extremamente
complexa, levando ao dispêndio de trilhões de dólares em uma causa mal embasada e em
detrimento de outras necessidades humanas urgentes, especialmente dos países mais miseráveis.
48
8. Aquecimento ou resfriamento?
Para os aquecimentistas, a discussão acerca do aquecimento global já está fechada, tanto
em causas como em conseqüências. Entretanto, para a verdadeira Ciência, ainda há muito a se
discutir.
Entre os céticos, como exposto anteriormente, há divergências entre teorias. Uma delas é
a discussão sobre aquecimento ou resfriamento do planeta, e podemos ter uma boa noção de sua
complexidade com o questionamento de Lawrence Solomon “Is the Earth warmer, compared to
when?” 51.
As discussões acerca do aquecimento ou resfriamento se complicam com a variável
escala; por exemplo, um gráfico que mostre um crescimento econômico constante para um
período de 100 anos passados pode nos dar a idéia de que o local estudado vive seu apogeu.
Entretanto, mudando a escala, esse gráfico mostra que nos 300 anos anteriores àquele primeiro
período, o local apresentou um contínuo declínio econômico. Isto nos faz chegar à conclusão de
que o referido local não estaria em seu apogeu, mas sim apenas em processo de recuperação.
Outro exemplo, agora real, está no caso já citado do gráfico do “Taco de Hóquei” de
Michael Mann. Neste gráfico, segundo Bob Carter, os períodos de oscilação natural de
temperatura, como o Período Quente Medieval e a Pequena Idade do Gelo, foram excluídos,
tornando o aquecimento dos últimos 100 anos bem mais interessante52.
Carter apresenta um exemplo que pode servir para compreender claramente a questão da
escala de tempo nas análises de variação de temperatura: “usando os dados de isótopos de
oxigênio, a Groenlândia tem se aquecido nos últimos 16 mil anos. Também tem se aquecido nos
últimos 100 anos. Em períodos intermediários, entretanto, resfriamento tem ocorrido nos últimos
10 mil anos e 2 mil anos e estabilidade na temperatura caracterizam tanto o último período de 700
anos, como os últimos oito anos. Considerando esses fatos, a temperatura na Groenlândia está
51
52
SOLOMON. Ob. cit., p. 58.
SOLOMON. Ob. cit., p. 61.
49
aquecendo ou resfriando?”53 Tudo depende, segundo Carter, de apreciar se períodos curtos ou
longos de tempo são suficientes para uma avaliação.
Syun-ichi Akasofu, diretor do International Arctic Research Center, da Universidade do
Alasca, aponta que a Terra, certa, mas vagarosamente, aqueceu-se cerca de 0,5ºC durante o
século XX, mas mostra que esse mesmo aquecimento pode ser registrado para os séculos XIX,
XVIII e provavelmente para o século XVII também.54
A teoria de Akasofu diz que a Terra estaria ainda se recuperando da Pequena Idade do
Gelo, que acredita não ter acabado em 1900. Isso também justificaria o recuo das calotas de gelo,
que estariam regredindo após uma expansão durante essa época.
Um ponto importante a que Akasofu chama a atenção é que essa variação natural de cerca
de 0,5ºC/100 anos, que pode ser um pouco mais, ou um pouco menos, devido à confiabilidade
dos dados, equipara-se bem com o aumento de temperatura de cerca de 0,6ºC/100 anos
apresentada pelo IPCC e atribuído a causas antrópicas55.
Nir Shaviv, astrofísico da Universidade de Jerusalém, acreditava que o dióxido de
carbono era o grande culpado pelo aquecimento global. No entanto, depois de realizar pesquisas
mais aprofundadas, percebeu que as incertezas acerca da participação do Homem são tantas, que
poderíamos estar até mesmo resfriando ao invés de aquecendo o planeta.
Para ele, não apenas não sabemos o quanto o Homem está afetando o equilíbrio radiativo,
como também não sabemos se positiva ou negativamente56. Mas, a principal contribuição de
Shaviv para as discussões acerca do aquecimento global está em sua pesquisa sobre a influência
do Sol na caracterização do clima. Ele acredita que a atividade solar pode explicar a maior parte
do aquecimento registrado no século XX, chegando a estimar essa participação em cerca de
80%57. Também interessante é a comparação que faz, quando aponta que o dobro da
concentração atual de dióxido de carbono da atmosfera, algo difícil de se chegar, alteraria o
53
SOLOMON. Ob. cit., p. 61.
SOLOMON. Ob. cit., pp. 65-66.
55
AKASOFU, Syun. Is Earth Still Recovering from the “Little Ice Age”? A Possible Cause of Global
Warming. International Arctic Research Center. University of Alaska Fairbanks. 2008. p. 1.
56
SOLOMON. Ob. cit., pp. 86-87.
57
SOLOMON. Ob. cit., pp. 90-91.
54
50
balanço radioativo da mesma forma que o faria o Sol, se estivesse 1,7% mais brilhante58, o que
poderia ser muito mais fácil de ocorrer.
Assim, Shaviv concluiu de que talvez se devesse estar esperando por um período não de
aquecimento, mas de resfriamento global. Sua pesquisa acerca dos meteoritos metálicos permitiu
fazer a correlação entre o “caminho” seguido pelo Sistema Solar através da Via Láctea (Figura
11), quando passa pelos “braços” espirais e entre eles. Assim sempre que o Sistema passasse por
um desses “braços” deveríamos esperar um clima mais frio, uma vez que neles há maior
incidência de raios cósmicos, pois é neles que se concentram as estrelas de grande massa e a
poeira cósmica59.
Figura 11: Ilustração da órbita solar em torno do centro da Via Láctea.
Fonte: <www.dailygalaxy.com/photos/uncategorized/2008/05/06/milky_way_spiral_arms_2.png>
01/2009.
Acesso
em
A relação fica estabelecida quando se leva em conta à influência dos ventos solares e dos
raios cósmicos, aumentando ou não, a formação de nuvens no planeta. Para Shaviv, os raios
cósmicos, levando-se em conta o tempo geológico, são os maiores definidores do clima. Sua
58
59
SOLOMON. Ob. cit., p. 87.
SOLOMON. Ob. cit., pp. 151-152.
51
teoria também explana acerca das variações do ciclo solar, onde a incidência de radiação na Terra
sofreria mudanças significativas.
Dessa forma é interessante voltar a atenção para as pesquisas sobre a variabilidade dos
ciclos solares, uma vez que evidências mostram sua importante participação no clima terrestre,
além do fato de constar dos livros de Meteorologia como sendo a principal fonte de energia para
a Terra, como mostra Ayoade60.
Um importante ícone das pesquisas em cosmoclimatologia é Eigil Friis-Christensen,
diretor do DNSC. Segundo Friis-Christensen pode ser estabelecida uma correlação entre a
temperatura global e os ciclos solares. Ele mostra que uma melhor avaliação dessa correlação
pode ser obtida através da análise dos ciclos de variabilidade das manchas solares por períodos de
pelo menos 100 anos e não diretamente da contagem do número de manchas como se
acreditava61.
A análise de ciclos curtos de manchas solares pode levar a interpretações confusas, como
a variação obtida pelo NOAA, EUA (Figura 12). A partir deste gráfico, pode-se concluir que a
Terra irá aquecer-se devido ao aumento da atividade solar, entretanto, esse aumento é apenas
previsto, e aborda um curto período de tempo.
Entretanto, a visão de Christensen sobre essa correlação é somente uma pequena dica para
o entendimento do clima, por que ele não é determinado apenas por um só fator, e nunca se pode
esperar uma correlação perfeita na natureza62. Nada é linear ou de fácil determinação.
A respeito do que é comumente passado pela mídia, não se sabe ao certo o que está
acontecendo com o clima da Terra. Os feedbacks positivos e negativos, a influência dos ciclos
solares, assim como dos raios cósmicos, devem ainda ser mais estudados e abordados por aqueles
que pretendem realmente estudar as mudanças climáticas.
60
AYOADE, J, O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. Bertrand Brasil. 9ª Edição. 2003. p. 23.
SOLOMON. Ob. cit., p. 140.
62
SOLOMON. Ob. cit., p. 142.
61
52
Esperamos que os estudos que vem sendo desenvolvidos pelo Danish National Space
Center possam nos prover com resultados mais concretos dentro de aproximadamente dez anos,
como estimados pelos seus idealizadores.
Figura 12: Variação mensal da atividade solar a partir do número de manchas solares.
Fonte: NOAA. Space Weather Prediction Center. EUA. Disponível em: <www.swpc.noaa.gov/SolarCycle>.
Acesso em 12/2008.
53
9. Existe mesmo um consenso científico?
O consenso científico foi imprescindível para o tema do aquecimento global tomar forma
perante o senso comum. Para a grande maioria das pessoas, este suposto consenso serviu de
justificativa para acreditar na tese aquecimentista e defendê-la. Era esse mesmo o objetivo.
Solomon diz que as pessoas estão predispostas a aceitar aquilo que elas acreditam que seja um
consenso63. Neste caso, a noção de consenso difundida pela mídia em geral surte um efeito muito
maior. É certo que a maior parte da população não se dedica aos estudos referentes ao clima e
precisam de outras fontes para obter informações, assim como acerca do mercado financeiro ou
esportes, por exemplo.
As pesquisas feitas para o desenvolvimento deste trabalho mostraram que há um fator
imprescindível para a questão do consenso científico e que não pode ser deixado de lado para seu
bom entendimento. Trata-se da mídia e sua atuação frente à questão climática.
A mídia é a fonte de informação da população e é através dela que as informações acerca
das discussões sobre o aquecimento global espalharam-se e tem se espalhado para o público.
Lembrando das imagens apresentadas no início deste trabalho. A priori a imprensa publica aquilo
que lhe é passado pelo meio científico e supostamente deve informar ao público de forma mais
imparcial e completa possível. Assim, sua participação no caso seria apenas a de intermediadora
entre os cientistas e o público.
A questão se complica, uma vez que a influência da mídia na formação da opinião do
público, baseia-se mais em suposições e entendimentos pessoais do que propriamente em
Ciência. Dessa forma pretende-se apenas ressaltar que a participação da mídia foi imprescindível
para a difusão da idéia do tal consenso científico e acredita-se que isso tenha sido decisivo para a
grande aceitação da teoria aquecimentista.
Todavia, espera-se que isso sirva como base para que trabalhos posteriores abordem mais
profundamente essa questão.
63
SOLOMON. Ob. cit., p. 46.
54
A princípio, o consenso se formou para o público sobre algumas bases específicas, e um
fator que foi de extrema importância para sua formação, foi o da autoridade. Este foi, e é, muito
usado, por dar credibilidade, aos cientistas, e às organizações aquecimentistas.
O consenso toma forma ao percebermos através da mídia que o IPCC reuniu os maiores
“2500 cientistas do mundo”64, os mais renomados e importantes em climatologia e outras áreas, e
que produziram um relatório, informando que o planeta está aquecendo em razão das emissões de
gases estufa.
Como dito no início deste trabalho, a Ciência climática se tornou à Ciência do
aquecimento global, que é formada pelos cientistas unidos pelo IPCC.
Também foi apresentado, e reiterado por alguns dos céticos citados, que por ser um órgão
governamental, é regido por decisões políticas e não científicas, alterando assim o resultado final
para um relatório político, ao invés de um relatório científico. A questão a qual objetivou-se é a
de que esse consenso seria político e não científico.
Também já apresentamos alguns cientistas céticos e alguns aquecimentistas. Pode ser
notado que suas opiniões diferem em vários aspectos, e assim, a idéia de um consenso se mostra
insustentável.
Alguns dos cientistas maiorais do IPCC tem menos credenciais que os chamados
céticos65. Os aquecimentistas também usaram teorias errôneas, através das quais montaram o
painel para o IPCC, como, por exemplo, no caso do gráfico do “Taco de Hóquei” de Michael
Mann66 e no “Relatório Stern”67 que distorceu um artigo científico que havia sido utilizado como
base. Esses artigos serviram para corroborar a teoria aquecimentista perante o público leigo,
mesmo quando elas foram cientificamente comprometidas.
Uma questão interessante levantada durante as pesquisas, foi que muitos dos cientistas do
lado dos céticos, na verdade não o são. Eles são assim “classificados” apenas por expor as
64
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
SOLOMON. Ob. Cit., p. 43.
66
ONÇA, Daniela S. A criação do Taco de Hóquei e seus Desdobramentos. Artigo enviado eletronicamente pela
própria autora em 9 de Outubro de 2008. pp. 4-7.
67
SOLOMON. Ob. cit., pp. 24-28.
65
55
dúvidas científicas sobre a influência do Homem no aquecimento global. Os céticos verdadeiros,
por assim dizer, seriam aqueles que se opõem à teoria do aquecimento antropogênico, em geral
aqueles que dão maior importância à influência do Sol no clima terrestre, pois, a partir dela, o
planeta deveria estar esperando por um resfriamento, uma vez que o Sol vem apresentando
declínio em sua atividade.
Richard Lindzen aborda o problema quando aponta que, a maior parte das leituras e da
cobertura do caso é feita através dos tão alardeados “summaries for policymakers”, revisados e
publicados por políticos e que acabam por deixar de lado muito dos relatórios científicos68, não
obstante, tornam-se bases do entendimento da mídia e do público sobre o tema.
Um exemplo disto é que os sumários mostram os modelos climáticos como algo
confiável, apesar de os próprios cientistas não acreditarem nisso69. Para o público, chega à idéia
de que os cientistas acreditam que os modelos são confiáveis e assim, conseqüentemente, as
estimativas neles apresentadas.
E não é somente na confecção dos sumários que o problema aparece. Muitos cientistas
são coagidos a mudar o resultado de suas pesquisas e depoimentos, sob pena de perderem verbas
de pesquisas e chegam a serem desacreditados perante o meio científico, ou receberem ameaças
diretas. Dessa forma fica facilitado para o IPCC obter o tal consenso científico.
Lindzen diz que presenciou co-autores do IPCC serem forçados a “manterem” seus
depoimentos em defesa de suas posições, perante a comunidade científica climática70. Isto
mostrou também que políticos e mídia usam desses sumários para levar o público a um erro de
julgamento.
Outra forma de coação que sofrem os cientistas para manterem a imagem do consenso
está no direcionamento, ou não, de verbas para suas pesquisas. Os estudos que corroboram a
causa do aquecimento recebem cerca de 1,7 milhões de dólares/ano somente nos EUA, enquanto
que muitos dos céticos tiveram suas verbas cortadas ou foram despedidos dos seus cargos.
68
SOLOMON. Ob. cit., p. 49.
SOLOMON. Ob. cit., p. 50.
70
SOLOMON. Ob. cit., p. 51.
69
56
Globalmente, as verbas destinadas às pesquisas aquecimentistas chegam à cifra dos oito milhões
ao ano71. Esses mesmos casos parecem acontecer no Brasil atualmente.
Segundo Lindzen, até mesmo os grupos de cientistas que evitam exageros em suas
pesquisas vêem seus trabalhos serem distorcidos pela mídia e pelos políticos.
Afinal, se não há um consenso científico de que a Terra está esquentando e que o Homem
é o principal culpado, por que a mídia e principalmente os governos esforçam-se tanto para que
essa idéia seja difundida? Chega o momento de abordar as questões políticas envolvidas.
71
SOLOMON. Ob. cit., p. 52.
57
10. A política do aquecimento global. Antidesenvolvimento e morte para os países pobres.
Pode-se notar que o aquecimento global tornou-se, além de uma causa ambiental, uma
questão política e econômica. Sua mitigação é oferecida através de medidas políticas drásticas e
caras, que resultam em restrições financeiras extremamente severas.
Volte-se então à querela inicial. O aquecimento global seria um fato, causado pelo
Homem em virtude das crescentes emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, agravando o
efeito estufa. Essa interferência estaria afetando o equilíbrio do clima global e sendo assim, seria
preciso cortar drástica e imediatamente as emissões. Segundo Martin Parry, ex-presidente do
Grupo II do IPCC, os cortes devem ser agora de, no mínimo, 80% e mesmo assim, ter-se-iam
efeitos irreversíveis e que já poderiam ser sentidos72.
Para o público, a mitigação do efeito estufa antrópico e conseqüente salvação do mundo
não depende, senão, do corte das emissões de CO2 das malignas indústrias, principalmente
aquelas dos combustíveis fósseis. Essas medidas de nada resultariam a não ser em benefícios para
toda a humanidade. Mas a verdade é que a questão está longe de ser simples, muito menos com
uma solução milagrosa. A despeito do que dizem os especialistas do IPCC e todos os governos
por trás dessas políticas, e de acordo com os cientistas céticos pesquisados, a mitigação proposta
trará benefícios praticamente inexpressíveis para o clima global, que, por outro lado,
financeiramente provocará mudanças drásticas nos planos de desenvolvimento de diversos países,
principalmente aqueles em desenvolvimento e ainda pior, nos países pobres e subdesenvolvidos.
A princípio, as cotas impostas pelo Protocolo de Kyoto, e que serão aumentadas no
próximo acordo previsto para 2009, limitarão o crescimento industrial dos países em
desenvolvimento e implicarão na estagnação dos países pobres em seu atual estado de miséria.
Tais medidas também suscitam o desenvolvimento de novos mercados financeiros como o
mercado de créditos de carbono e metano, além de alterarem significativamente o mercado de
ações, uma vez que apoiar ou não a causa ambiental pode significar o sucesso ou a falência,
72
Palestra apresentada à FAPESP, São Paulo, em 20/10/2008. Disponível em: <www.fapesp.br/pfpmcg/parry.pdf>.
Acessado em 12/2008.
58
através da valorização das ações das empresas “verdes” e da depreciação das ações das empresas
contrárias à causa.
Há também o desenvolvimento do mercado da “energia limpa” onde, ao menos por
enquanto, apenas algumas empresas em alguns países detêm a tecnologia necessária para a
implantação de energia eólica, através das gigantes turbinas de vento, e da energia solar, através
dos dispendiosos painéis fotovoltaicos.
São claros os malefícios que tais políticas fomentarão nos países pobres, mantendo-os na
pobreza, e sob o domínio dos países ricos, uma vez que se tornam dependentes, mais uma vez,
das tecnologias provenientes dos países desenvolvidos, no que podemos chamar de um
neocolonialismo ou, nas palavras de Paul Driessen, eco-imperialismo.
10.1 As políticas mitigatórias
As políticas de mitigação do aquecimento global se apresentam ao público como medidas
simples que podem ser tomadas por cada um, no dia-a-dia, que ajudarão a salvar o planeta, bem
como preservar o meio-ambiente.
Tais políticas são, de certa forma, bem conhecidas entre a maior parte da população. Não
se deve usar nada que seja proveniente do petróleo, nem do carvão. Também se deve evitar a
energia elétrica proveniente de hidrelétricas, termelétricas e nuclear. Deve-se ficar longe de tudo
aquilo envolvido na emissão de carbono e ou metano – incluindo às vezes até a utilização de
animais, principalmente as vacas. Só se devem usar produtos de empresas que tenham o “selo
verde”, como meio de incentivar a preservação do meio-ambiente e recompensar tais companhias
por evitar o aquecimento global e a destruição do planeta.
Apesar de tais medidas serem amplamente divulgadas, se levadas em conta as bases do
desenvolvimento da sociedade contemporânea, elas se apresentam como um bloqueio ao
desenvolvimento, primeiramente industrial e, consequentemente, econômico e humano.
59
De onde tais medidas de mitigação surgiram? Quem as formulou? Quem incentiva sua
adoção? Essas medidas são provenientes, principalmente, do IPCC. Pode-se ressaltar, uma vez
que esse órgão é o oficial para estudo dos efeitos do aquecimento global, que é dele que provêm a
grande maioria das propostas de medidas mitigatórias. Essas medidas são então passadas para os
governos dos países através dos sumários – summary for policymakers – que por sua vez são
repassadas às sociedades, em maior parte, através da mídia, com adoção forçada – ou planajeda
para os futuros ocupantes dos cargos eletivos – pelos respectivos governos, através de leis
falaciosas, ao povo de seus países.
Quanto aos responsáveis pela disseminação e incentivo da adoção de tais medidas temos
alguns atores. Entre os governos e a sociedade existem algumas partes que tomaram para si esta
função, tomaram para si o cargo de representantes do planeta e do bem comum, representantes da
vida, mesmo que nem ao menos tenham sido nomeados ou reconhecidos para tal. São as
organizações não governamentais (ONGs).
As ONGs formam um imenso leque de grupos representantes da natureza e da vida, que
agora lutam contra o aquecimento global. Entre elas, temos algumas bem conhecidas no Brasil,
como o Greenpeace e o World Wildlife Fund - WWF.
Tais organizações tomaram para si a defesa da Natureza, carregando a bandeira de que
representam “aquilo que a sociedade quer”. Essas ONGs colocam as empresas contra a parede e
as cobram pelo resguardo do meio-ambiente, pela preservação da saúde humana, para que
acabem com a corrupção, reduzam o consumo de energia e de recursos naturais, diminuam a
poluição e foquem no desenvolvimento sustentável. Todos esse efeitos, claro, devem vir
juntamente com a fomentação de empregos, o avanço da Ciência, a ajuda aos paises do chamado
3º mundo e, como não podia ficar de fora, o aumento dos lucros73.
Ora, como já citado, quem as nomeou como representantes das sociedades? Quem as
incumbiu de fiscalizar as empresas, os mercados, os governos e, principalmente, os cidadãos?
Uma vez que elas já tomaram a cargo esta fiscalização, surge uma questão deveras importante.
Quem as financia e as fiscaliza?
73
DRIESSEN, Paul. Eco-Imperialism. Green power, Black death. FREE ENTERPRISE PRESS. 2ºEd. 2003. pp.
7-10.
60
Um fato interessante que se mostrou referente a essas organizações, foi a possível relação
delas com agendas políticas. Seus programas de incentivos à preservação da Natureza são
característicos de programas políticos anticapitalistas74. Poder-se-ia entender a causa ambiental, a
partir das ONGs, como uma nova luta política entre direita e esquerda.
Tais questões surgiram durante as pesquisas para o presente trabalho, mas precisam de
estudos mais aprofundados para serem respondidas. Espera-se que sirvam como base para
desenvolvimento de trabalhos posteriores. Nos limitaremos aqui, a abordar as políticas
direcionadas para a contenção das emissões de dióxido de carbono, uma vez que este foi
apontado pelo IPCC como o grande culpado pelo aquecimento global.
As políticas de contenção de CO2 vêm atreladas com outras ações que visam, juntamente
com a diminuição das emissões, também o seqüestro do dióxido de carbono que for emitido. Esse
seqüestro remete a políticas de plantio que proporcionem a absorção de carbono da atmosfera
pelas árvores, durante seu crescimento.
As políticas de contenção de emissão de dióxido de carbono já foram, de certa forma,
citadas acima, em referência ao programa das ONGs. São incentivos à diminuição do uso de
automóveis movidos a combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que se incentiva carros
movidos a álcool e até mesmo o uso de bicicletas. Usos racionais, evitando o desperdício de
energia elétrica, uma vez que a maior parte dela vem de usinas movidas à carvão, como no caso
dos EUA, ou termelétricas. Não é o caso brasileiro.
Há grande incentivo para uso de fontes de energias renováveis como painéis solares,
turbinas eólicas, hidrogênio, biomassa e etanol. São apresentados como alternativas possíveis ao
uso dos combustíveis fósseis e, consequentemente, alternativas para a emissão de dióxido de
carbono, evitando assim o grande efeito estufa antrópico e o aquecimento global.
Com o passar do tempo e a disseminação cada vez maior das chamadas energias
renováveis, os projetos de seqüestro de carbono foram se popularizando, chegando atualmente a
74
DRIESSEN. Ob. cit., pp. 83-84.
61
fazer parte até mesmo da economia da Prefeitura do Município de São Paulo, como no caso do
investimento feito na cidade pelo Governo de Londres75.
Há que se levar em conta também o fato de que cientificamente é apontado que as
medidas de mitigação do aquecimento global são demasiadamente caras para os países pobres,
limitando muito seu desenvolvimento industrial, além de manter tais países dependentes dos
paises ricos, detentores da tecnologia necessária para a geração dessa energia limpa.
Tais medidas, mesmo que aplicadas em sua totalidade em conformidade com o protocolo
de Kyoto, resultariam em uma redução de cerca de apenas 1,0ºC, baseado nos modelos, o que
está dentro da margem de erros dos instrumentos de medição, como já citado anteriormente. Os
resultados pelos gastos de trilhões de dólares com medidas mitigatórias não seriam mensuráveis,
perceptíveis, nem ao menos discerníveis entre a ação antrópica e a natural76.
10.2 Mercado de Carbono e Metano
Os mercados de carbono e metano foram fomentados pelas políticas de mitigação do
aquecimento global. Esse fomento ocorreu em virtude da busca pelo “direito” de emitir cotas de
carbono, principalmente para os países desenvolvidos, que, na maioria dos casos, já estão acima
dos valores estipulados pelo protocolo de Kyoto. Dessa forma, cria-se a oportunidade de venda,
por aqueles que tem baixo desenvolvimento industrial, e de compra, por aqueles com alta
capacidade industrial.
Esses projetos são baseados na constatação, através de uma empresa especializada, da
capacidade de absorção de carbono/metano por uma certa área. Importante ressaltar que essas
empresas são sediadas em países desenvolvidos e cobram somas enormes de dinheiro por essa
avaliação e certificação internacional. Resumindo, os países pobres que quiserem certificar
créditos a serem vendidos, devem pagar pelo serviço aos países ricos.
75
NASCIMENTO, Roberto. Reino Unido pode financiar projetos limpos em SP. Portal Terra. 25/09/2008. Acesso
em 25/09/2008.
76
S. FRED SINGER. Ob. cit., p. 28.
62
O que podemos notar atualmente, no caso da Prefeitura de São Paulo, é um incentivo
velado ao plantio de espécies que absorvam grandes quantidades de carbono, como os Pinheiros,
o que acaba por fomentar a derrubada de espécies nativas para plantio de espécies voltadas para a
geração dos créditos carbono, cada vez mais valiosos no mercado internacional.
O mesmo ocorre em relação ao metano, sobre o qual tais empresas atestam a capacidade
de seqüestro. A Prefeitura de São Paulo também vem desenvolvendo projetos, com investimentos
internacionais à fundo perdido, para construção de lixões, que possam ter a emissão de metano
atestada77.
Interessante destacar os investimentos à fundo perdido, que são aqueles dos quais,
teoricamente, não se espera retorno, como no caso deste implementado na cidade de São Paulo,
pelo governo de Londres. Será que há interesses ocultos por trás dessa aparente preocupação com
o planeta?
Outro ponto importante que veio à tona durante o desenvolvimento das pesquisas foi à
questão da lucratividade propiciada pelos mercados de carbono e metano. Aparentemente, o
dinheiro dos países ricos vai para os países pobres. Os primeiros comprometem-se a comprar a
cota de emissão não utilizada desses países, permitindo que o dinheiro seja investido em
desenvolvimento.
Entretanto, pareceu-nos um tanto quanto altruísta demais essa visão, o que nos fez refletir
se essa não seria realmente uma nova forma de imperialismo, mantendo o ritmo de crescimento e
o padrão de vida nos países desenvolvidos, ao mesmo tempo em que subordinando e impedindo
os países pobres de se desenvolverem. Afinal, de quem serão compradas as novas tecnologias
digitais? De quem serão adquiridos remédios, vacinas, equipamentos cirúrgicos? De quem
poderemos conseguir máquinas refrigerantes e motores modernos?
Novamente, são questões que se espera possam ser respondidas em trabalhos posteriores
mais profundos.
77
NASCIMENTO, Roberto. Gás do lixo rende 13,68 milhões de Euros à SP. Portal Terra. 25/09/2008. Acesso em
25/09/2008.
63
10.3 Energias limpas - renováveis
As chamadas energias limpas são aquelas conhecidas publicamente como sendo
renováveis e que têm sido amplamente divulgadas como alternativa ao uso daquelas provenientes
de combustíveis fósseis. Trataremos, aqui, daquelas já citadas: solar, eólica, etanol, biomassa e
hidrogênio.
Aqueles que apóiam a tese do aquecimento global depositam nessas tecnologias todas as
esperanças de um futuro ambientalmente seguro e energeticamente sustentável. Sustentam que
essas fontes energéticas deveriam ser empregadas desde agora nos países em desenvolvimento,
para evitar que eles cometam os mesmos erros que os países desenvolvidos de hoje cometeram no
passado78. Entretanto, encontramos nessas tecnologias limpas alguns problemas, que devem ser
levados em conta, e que nos remeteram à teoria do eco-imperialismo.
10.3.1 – Energia Solar e Eólica
Energia solar e eólica são extremamente caras. Os painéis fotovoltaicos (Figura 14) têm
fabricação cara, além de serem pouco eficientes e de curta vida útil. O mesmo ocorre para as
enormes turbinas de vento (Figura 13) que geram energia eólica: alto custo de fabricação, além
de não poderem ser instaladas em qualquer lugar, valendo ressaltar que as turbinas de vento são
responsáveis pela morte de uma quantidade enorme de pássaros e outros animais voadores79.
Nesse ponto parece-nos que esse tipo de geração de energia não fica muito próximo de algo
ambientalmente sustentável.
Pode-se usar o filme “The Great global Warming Swindle” como exemplo. Nele, é
mostrado um posto médico (Figuras 15 e 16), localizado em um vilarejo pobre em Nairóbi,
78
79
DRIESSEN. Ob. cit., p. 156.
DRIESSEN. Ob. cit., p. 89.
64
África, onde foram instalados dois painéis solares. Tais painéis não são capazes de prover energia
para alimentar um refrigerador e uma única lâmpada incandescente ao mesmo tempo80.
Figuras 13 e 14: Da esquerda para a direita: Fotografias de turbinas eólicas e dos Painéis fotovoltaicos.
Fonte: Da esquerda para a direita:
<www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=2&idSubSecao=&idTexto=226>. Acesso em 12/2008.
<www.energiasrenovaveis.wordpress.com/2008/05/05/solar-fotovoltaico-o-dilema-da-escala-de-producao>. Acesso
em 12/2008.
Figura 15: Captura de tela. Posto médico em Nairóbi, Quênia, suprido com energia solar. Legendas extraídas
digitalmente com Photoshop.
Fonte: “The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
80
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
65
Figura 16: Captura de tela. Destaque dos dois painéis fotovoltaicos instalados no posto médico de uma vila em
Nairóbi, Quênia. Legendas extraídas digitalmente com Photoshop.
Fonte: “The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
Energia solar e eólica também necessitam de fontes energéticas suplementares, uma vez
que não produzem energia continuamente81. Obviamente, a iluminação do Sol não está disponível
24h por dia e os ventos também não “sopram” sem parar, com raras exceções. Assim, tais fontes
apresentam-se como boas opções complementares de energia, mas não como opção permanente
de troca aos combustíveis fósseis.
Ambas as tecnologias de construção dessas fontes são de propriedade de empresas dos
países desenvolvidos, o que faz com que a adoção das mesmas pelos países pobres seja
financeiramente complicada. É interessante pensar que os países ricos mandem dinheiro para os
pobres comprando créditos carbono quando se acaba devolvendo esse dinheiro na compra de
painéis solares e turbinas de vento. Aqui, a idéia de um investimento à fundo perdido, visando ao
bem do planeta, começa a ficar insustentável, expondo suas reais intenções.
É esse ponto que nos faz refletir sobre o eco-imperialismo. Somos compelidos a usar
tecnologias caras e pouco eficientes que não conseguimos construir sozinhos, dependendo ainda
mais dos países desenvolvidos. Por que queremos isto?
81
DRIESSEN. Ob. cit., pp. 89-90.
66
10.3.2 – Etanol e Biomassa
Etanol e biomassa são outras fontes energéticas que, embora mais acessíveis aos países
pobres, apresentam grandes problemas quanto à sua adoção como matriz energética.
O etanol vem fazendo parte da matriz energética brasileira (Figura 17) há um bom tempo,
principalmente no que tange o abastecimento de veículos de passeio. Sua fabricação é
relativamente simples e rentável, mas a complexidade da sua adoção em larga escala está no
quadro alimentar.
MATRIZ DE OFERTA DE ENERGIA ELÉTRICA
2006 (% e TWh)
T OT A L
HI D R O
GÁ S N A T U R A L
D ER . PET R ÓLEO
N U C LEA R
CARV ÃO
B IO M A SS A
G Á S I N D U ST .
I M P OR T A ÇÃ O
IMPORTAÇÃO
8,9%
TW h
4 6 0 ,5
3 4 8 ,8
18 ,3
12 , 4
13 ,8
7, 2
15,0
3 ,9
4 1, 2
GÁS INDUSTRIAL
0,9%
BIOMASSA
3,2%
HIDRO
75,7%
DERIVADOS DE
PETRÓLEO
2,7%
CARVÃO MINERAL
1,6%
GÁS
NATURAL
4,0%
NUCLEAR
3,0%
Nota: inclui
autoprodutores
(41,7 TWh)
Figura 17: Matriz energética brasileira para o ano de 2006.
Fonte:
Ministério
de
Minas
e
Energia.
Governo
do
Brasil.
Disponível
em
<www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432&pageId=7523> Acesso em 01/2009.
Uma vez que o etanol se torne importante fonte de energia em larga escala, é esperado
que os preços subam. Contudo não é esse o único problema. Uma vez que os preços são mais
67
altos, acredita-se que a opção de seu plantio voltado para energia seja preferencial àquela voltada
para alimentação. Aqui está o problema. Possivelmente o uso dessa matriz elevará os preços
alimentícios, causando uma crise no setor de alimentos, agravando a fome nos países pobres.
Outra fonte é a energia proveniente da biomassa, gerada através do processamento de
material biológico e reciclável. Até agora foi a fonte energética que mais se mostrou benéfica,
uma vez que fomenta a reciclagem, tanto do lixo orgânico, como do inorgânico, diminuindo a
necessidade de uso de aterros e outros depósitos, bem como a baixa liberação de poluentes. Nos
EUA, atualmente, são incinerados cerca de 40 milhões de toneladas de lixo por ano, gerando
energia suficiente para abastecimento de milhares de residências.82
Dentre as alternativas limpas, a biomassa se apresenta como a melhor relação custobenefício, uma vez que é gerada a partir de materiais que seriam descartados. Entretanto, é
possível que a obtenção de energia de biomassa dispute espaço com o mercado de metano, uma
vez que a venda dos créditos de emissão de CH4 pode ser mais rentável que a venda de energia
elétrica gerada por biomassa. Isso seria um incentivo negativo para o desenvolvimento de
grandes geradores de energia por biomassa.
10.3.3 - Hidrogênio
O hidrogênio, apesar de ser obtido facilmente através da eletrólise da água, apresenta
problemas quanto à produção deste como combustível, uma vez que consome mais energia em
sua produção do que gera em seu resultado final, tornando, assim, a produção em grande escala,
como alternativa aos combustíveis fósseis, ao menos atualmente, inviável.
Soma-se o fato de que a utilização do Hidrogênio como combustível automotivo, por
exemplo, gera vapor d’água, um gás mais impactante para o efeito estufa que o dióxido de
carbono.
82
DRIESSEN. Ob. cit., p. 92.
68
10.4 Efeito da mitigação para os países pobres
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, surgiu uma questão a respeito dos efeitos das
medidas mitigatórias nos países pobres que se apresentou muito interessante. Entretanto,
julgamos que tal abordagem, de caráter político, estaria adentrando em um terreno um tanto
quanto perigoso, em virtude de acreditarmos que o desenvolvimento de uma linha de pesquisa,
baseada em compreensões políticas levaria ao mesmo problema encontrado nos relatórios do
IPCC: contaminação política.
Dessa forma, julgou-se melhor a abordagem do eco-imperialismo, abordado por Paul
Driessen. Nestes termos, aborda-se a manutenção do desequilíbrio econômico entre os países
ricos e pobres, através da contínua subordinação dos segundos aos primeiros, com o incentivo ao
uso de energias limpas – renováveis – sendo que esta pesquisa apontou ser extremamente difícil o
desenvolvimento industrial e, consequentemente, social, baseado em tais tecnologias83.
Sustenta-se que os países em desenvolvimento e os subdesenvolvidos deveriam fazer
aquilo que lhes é dito para fazer, basear-se no uso de painéis solares fotovoltaicos e turbinas
eólicas, principalmente. Entretanto, segundo James Shikwati, economista queniano, tais painéis
solares são pouco rentáveis, uma vez que são extremamente caros e geram pouca eletricidade.
Para a geração de energia a partir desses painéis, seria necessária a instalação de uma enorme
quantidade deles, cobrindo áreas comparadas a Estados americanos inteiros84. Shikwati entende
que esses painéis até serviriam para ligar um pequeno rádio portátil, mas não têm capacidade para
abastecer uma indústria de aço ou um sistema de linhas férreas85. Painéis solares abastecem
produtos, não produtores. Há um problema importante aqui que ficará como dica para outras
pesquisas: para quem são disponibilizados os recursos energéticos de um país? Para o seu povo
ou para as empresas multinacionais que lá se instalam?
83
DRIESSEN. Ob. cit., p. 95.
INNIS, Roy. Energy Keepers, Energy Killer. The new civil rights battle. HEARTLAND INSTITUTE. Special
complimentary Edition. 2008. pp. 66-67.
85
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
84
69
Entende-se então, a hipótese do eco-imperialismo. Os países ricos queriam salvar o
mundo, ditando as regras para todos, principalmente para os países pobres. Ditam que se deve
basear em tecnologias limpas, como a solar e a eólica, mas elas dependem da compra de
mercadorias dos países ricos, uma vez que, a despeito de toda a mitigação voltar-se para toda a
população mundial, não há políticas de transferência dessas tecnologias para que todas possam
desenvolvê-las por conta própria.
Interessante a idéia de que a salvação do mundo mantenha os países ricos como
provedores de tecnologias, enquanto que os países pobres ou em desenvolvimento tenham que
vender suas cotas de emissões e seus parcos produtos agrícolas.
Entretanto, esta pesquisa também levou a verificação de uma outra forma pela qual os
países pobres seriam prejudicados nessa história. As políticas mitigatórias estão mantendo
também, não só a subordinação econômica, como a crescente morte de milhares de pessoas.
Os trabalhos pesquisados de James Shikwati, Paul Driessen e Roy Innis, abordam, de
forma enfática, a enorme mortalidade causada nos países pobres pela proibição ao uso de
energias provenientes de combustíveis fósseis.
A querela referente ao aquecimento global passa a ter aqui um caráter horrível e mórbido.
São países ricos, desenvolvidos e bem alimentados, que mantêm seu desenvolvimento baseado
em combustíveis fósseis, dizendo para os países pobres não lançarem mão de meios de
desenvolvimento, mesmo sendo atrasados em todos os aspectos, morrendo de fome – milhares e
milhares de pessoas por ano, principalmente mulheres e crianças – por não terem energia elétrica
acessível e barata para prover hospitais, residências, indústrias e toda sorte do que se espera do
desenvolvimento econômico e social.
Segundo Patrick Moore, co-fundador do Greenpeace, a “glamurização” da vida
campesina e junto à natureza, tão afagada por Hollywood, incentiva que tais povos sejam
mantidos nesse estado de miséria, morrendo de fome, diarréia e uma enorme gama de doenças
que há muito foram erradicadas dos países ricos86.
86
“The Great Global Warming Swindle” – Filme de Martin Durkin. Londres, 2007.
70
Uma passagem do livro de Paul Driessen aborda a fala do presidente da associação
Friends of the Earth, Brent Blackwelder:
Não é possível que as pessoas tenham o mesmo estilo de
vida que a média dos cidadãos americanos. E não é,
necessariamente, um estilo de vida saudável para se
desejar.
De
fato,
há
muitas
formas
nas
quais
encontramos americanos infelizes, porque não podem
passar nenhum tempo com suas famílias ou com seus
amigos. Não há mais senso de comunidade. É um ritmo
intenso. Quem iria desejar isso para o resto do mundo?87
Blackwelder mostra que a relação da mitigação do aquecimento global com agendas
políticas se faz de forma clara. Entretanto, como abordado acima, a manutenção dessa agenda
propicia também a manutenção de milhares de mortes ao ano, em virtude de doenças que
poderiam ser erradicadas com o uso de energia elétrica, barata e acessível, como o foram na
maioria dos países ricos que hoje pregam pelo uso das tecnologias verdes.
Driessen e Shikwati nos mostram que milhares de mulheres e crianças morrem por ano na
África em virtude de doenças nos pulmões causadas pela queima, no interior de suas choupanas,
de esterco seco e madeira, para aquecimento do pouco alimento que possuem. Entretanto, só
sofrem de morte por câncer de pulmão, aqueles que tem a “sorte” de sobreviver o suficiente para
desenvolver a doença88. É comum que as crianças africanas não consigam completar cinco anos
de idade.
Assim, os três autores citados acima e o trecho extraído do livro de Driessen mostram que
toda a política verde não está a serviço da vida, e sim, a serviço da morte, ou melhor, do
“american way of life” em detrimento de toda a população mundial, esteja ela morrendo de fome
e diarréia, ou não.
87
88
DRIESSEN. Ob. cit., p. 37. Tradução livre.
DRIESSEN. Ob. cit., pp. 36-39.
71
11. Considerações Finais
O presente trabalho pretendeu abordar a problemática do clima atual no que tange o tema
do aquecimento global.
Apresentaram-se as enormes incertezas referentes às causas e conseqüências concernentes
ao fenômeno e até mesmo sobre sua existência. Expôs-se a corrente dos aquecimentistas, em
torno dos dogmas estabelecidos pelo IPCC, de onde emanam as principais teorias embasando o
suposto aquecimento global pela ação antrópica, bem como a corrente dos céticos, contestando as
teorias aquecimentistas de diversas formas, seja tanto à participação humana no incremento do
efeito estufa natural, quanto à participação do dióxido de carbono e algumas voltadas para as
influências extraterrestres, dando ênfase à ação do Sol, dos raios cósmicos e dos movimentos
astronômicos.
Demonstrou-se que a discussão climática ainda está muito longe de ser concluída, dando,
assim, um caráter falacioso e insustentável ao suposto consenso científico.
As enormes incertezas científicas apresentadas através da comparação entre as correntes
pesquisadas, mostraram o grande erro que há em basearem-se as políticas mitigatórias desse
suposto aquecimento somente com base no “princípio da precaução”, em detrimento dos de
Popper.
Verificou-se que as políticas mitigatórias ensejadas pelo tema estão muito aquém de
atender as necessidades a que se propõem, justamente em virtude das enormes incertezas que
rondam o problema.
Mostrou-se que há estudos suficientes abordando tais medidas, tanto no âmbito político,
como científico, embasado nas teorias e estudos da corrente dos céticos, e que indicam que elas
causem mais malefícios à humanidade do que pretendem. Aparentemente, como se concluiu
anteriormente, tais medidas e tecnologias têm se mostrado negativas e mortíferas para os países
pobres.
72
A despeito de terem surgido várias dúvidas e incertezas quanto à conclusão das pesquisas,
acredita-se que elas sirvam não só como temas para trabalhos futuros, mas, principalmente, como
alerta para que seja dada maior atenção às pesquisas climáticas e ambientais, com estudos mais
sérios e realmente científicos, tentando evitar, assim, mais mortes na população mais carente,
principalmente dos países subdesenvolvidos.
Quer-se acreditar que a função das pesquisas científicas referentes ao aquecimento global
exista ele, ou não, sirvam para o melhor desenvolvimento tecnológico e humano, resultando,
assim, no desenvolvimento das sociedades, visando a salvaguardar o direito, principalmente, à
vida, digna e longeva, e que esse direito seja sobreposto aos valores político-econômicos.
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