Olivier Anquier

Transcrição

Olivier Anquier
capa
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VidaBosch
Novembro de 2004 • nº 1
Nova onda
tecnológica agita
o mar de cana
De carro sobre
as nuvens do
Pico da Bandeira
Azeitando as
panelas,
por Olivier Anquier
Conforto
e desempenho
Vera Zimmermann revela o que espera de um carro
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sumário1
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Tecnologia
para a vida
VidaBosch
É com muita satisfação que
apresentamos a revista Vida
Bosch. Trata-se de uma publicação criada e produzida para levar
ao leitor informações sobre qualidade de vida, tendências, curiosidades e entretenimento.
Ao longo do texto você saberá
como a marca Bosch faz parte do
seu dia-a-dia e de milhões de
brasileiros, seja no seu carro, na
sua casa, no seu trabalho ou na
sua vida em sociedade. Você nos
acompanhará em um passeio de
carro sobre as nuvens, a mais de
2 mil metros de altitude, no Pico
da Bandeira, na divisa de Minas
Gerais com o Espírito Santo, passando por assuntos como ter um
spa em casa, receitas saudáveis e
gostosas de Olivier Anquier e
grandes obras de elevada importância para a sociedade.
Neste ano em que comemoramos 50 anos de presença no país,
esta revista chega em às suas
mãos com a missão de mostrar
um pouco mais desse fascinante
universo da tecnologia, da inovação e do bem-estar criado pela
Bosch. Boa Leitura!
08
20
Vida Bosch é uma publicação da Robert Bosch Ltda, desenvolvida pelo departamento de
Marketing Corporativo (ADV).
Presidente: Edgar Silva Garbade
Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva
Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Campos Bicudo, 98, 3° andar,
CEP 04536-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3066-5115, fax (11) 3167-4141,
e-mail: [email protected]
Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Globo Cochrane
Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)
viagem
08
viagem
10
eu e meu carro
Passeio sobre as nuvens
do Pico da Bandeira
As cachoeiras e o clima
da estância de Cunha
Vera Zimmermann revela
sua segunda pele
14
10
Edgar Silva Garbade
Projeto gráfico e diagramação: Renata Buono Design ([email protected]),
tel. (11) 3129-5083
02
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torque e potência
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casa e conforto
20
saudável e gostoso
26
tendências
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grandes obras
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Brasil cresce
40
atitude cidadã
44
áudio
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aquilo deu nisso
O fim das frases de
pára-choques de caminhão
As delícias de um spa
em seu banheiro
O azeite nas panelas
de Olivier Anquier
Gás, álcool e gasolina
em um só motor
Brasil e Bolívia ligados por
uma veia de aço
A revolução tecnológica
da cana-de-açúcar
A responsabilidade social
e o Grupo Bosch
Mais música em menos
espaço; é o MP3
Os 102 anos de história
da vela de ignição
viagem4
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viagem Bosch
São Paulo
BR
116
BR
393
873 km
429 km
BR
262
Belo Horizonte
586 km
Rio de Janeiro
882 km
De carro, acima das
BR
040
284 km
BR
116
418 km
Vitória
BR
262
236 km
POR CAIO VILELA
nuvens
Uma incursão pelas belezas naturais do Parque Nacional do Caparaó
Fotos Caio Vilela
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Mauri Santos
Realeza 16 km
Alto Jequitibá 12 km
21 km
Alto Caparaó 4 km
BR
262
P/ Belo Horizonte
62
BR-2
62
Manhumirim
M I N A S
G E R A I S
Caparaó
Parque Nacional
do Caparaó
Cachoeiro do Itapemirim
RJ
p
Nos pontos
mais altos da
serra, os carros
ficam acima
das nuvens
Rio Itapemirim
Carangola
-1
16
BR-1
P/ São Paulo e Rio
E S P Í R I T O
S A N T O
01
Guaçuí Alegre
Viçosa
Vitória
Pico da Bandeira
Alto Jequitibá
BR
Ponte Nova
PARQUE
NACIONAL
DO CAPARAÓ
Realeza Manhuaçu
BR-2
Oceano
Atlântico
P/ Rio de Janeiro
ode parecer uma tarefa impossível, mas alcançar o topo da terceira montanha mais alta do
Brasil, o Pico da Bandeira, é programa para qualquer um. Com um mínimo de disposição para enfrentar quase um dia todo
de caminhada, famílias inteiras, inclusive
crianças, chegam ao topo recompensadas
pela paisagem vista acima das nuvens.
Encravada no Parque Nacional do
Caparaó, na divisa dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo, a montanha rende fama ao local, mas não é seu único
atrativo. Na base do pico, uma dezena de
cachoeiras e trilhas exuberantes pela
mata completam o cenário do parque,
um dos poucos destinos do mapa de
ecoturismo brasileiro onde é possível encontrar diversidade com acesso fácil.
Aberto à visitação desde a década de
1960, o Parque Nacional está em uma
área de 31,8 mil hectares de Mata Atlântica remanescente e tem em seus domínios a Serra do Caparaó, cadeia de montanhas que marca a fronteira entre Minas
Gerais e Espírito Santo.
Ali vivem também dezenas de espécies ameaçadas de fauna e flora nativas.
Entre os animais em perigo de extinção
que habitam o parque, estão a jaguatirica
e a onça-pintada. Caminhando em silêncio pela floresta é possível avistar primatas como os mono-carvoeiros e mamíferos como os quatis, gambás, catinguelês, guaxinins, pacas e iraras. Tucanos
de bico preto, canários-da-terra, saracuras, gaviões, papagaios e as andorinhas
de coleira estão entra as aves mais
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236 km
Manhuaçu
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COM BOA
ESTRUTURA
HOTELEIRA,
a região oferece
diversas pousadas,
campings,
lanchonetes e
restaurantes. Todas
as estradas são
trafegáveis por
qualquer veículo
unidade de conservação antes de se
alcançar o ponto final para os veículos de
duas ou quatro rodas. Dali, só é possível
continuar a pé.
O caminho principal aponta para o Pico da Bandeira que, desde o século 19,
atrai aventureiros interessados em conquistar aquele que, até meados da década de 1960 era considerado o ponto mais
alto do Brasil. Com 2.890 metros, o pico
da Bandeira só perde em altitude, segundo as medições mais recentes, para o
Pico da Neblina e o Pico 31 de Março,
ambos em Roraima e medindo respectivamente 3.014 metros e 2.992 metros.
Embora à primeira vista a subi-
comuns. E, nas terras baixas, a mata conta com jequitibás, cedros, quaresmeiras,
taquaras e as gigantescas samambaiasaçu, entre outras árvores nobres.
Para conhecer essa imensa área, cada um dos estados em que o parque se
divide oferece seu próprio acesso e centro de visitantes. No Espírito Santo, chega-se pelo distrito de Pedra Menina, próximo ao município de Dores do Rio Preto.
Vão para lá os turistas mais aventureiros e cheios de energia para encarar
uma estrada precária e dispostos a acampar durante a estadia.
Fica no lado mineiro, mais especificamente na cidade de Alto Caparaó –
última estância antes da portaria do Parque Nacional –, a melhor infra-estrutura
turística, com hotéis, pousadas e área de
camping. E é justamente por ali que entra
a maioria dos visitantes. Mas os encantos
da viagem já começam antes mesmo da
chegada à pacata cidadezinha.
Atravessando túneis de arvores altas
e frondosas, a BR-116 é pontuada nessa
região por mirantes que seduzem os turistas com suas vistas panorâmicas. Após
atravessar Alto Caparaó, a estrada segue
até a portaria do parque, onde os visitantes pagam uma taxa de manutenção
de R$ 3 por pessoa. A partir dali, a estrada tem mais seis quilômetros dentro da
da possa parecer um desafio até mesmo
para montanhistas experientes, a caminhada até a parte mais alta do pico é relativamente fácil e não envolve técnicas
de escalada. Visitantes de todas as idades, inclusive crianças, conseguem chegar ao cume. O único obstáculo costuma
ser o clima instável da região.
Devido à relativa proximidade com o
mar, a Serra do Caparaó funciona como
uma barreira natural para as correntes
úmidas vindas do Atlântico, e que provocam chuvas com freqüência sobre a
vegetação nas encostas das montanhas.
Graças a essa característica climática, o topo da montanha permanece encoberto por nuvens na maior parte do
ano. Quem quiser apostar em chances
melhores de subir o Pico com dia claro,
deve visitar a região nos mese mais frios,
de maio a agosto.
Nessa época, o visitante pode ainda
ter a sorte de presenciar outro fenômeno
climático interessante: a inversão térmica, momento em que a temperatura do
ar no alto da serra provoca um rebaixamento das nuvens, fazendo com que os
turistas caminhem acima delas e tenham
a impressão de avistar um tapete branco
sobre as cidades serranas.
A trilha para subir o pico começa no
final da estrada do parque, onde fica uma
área plana conhecida como Tronqueira.
Nesta última parada para os veículos motorizados, o parque oferece banheiros, estacionamento sombreado, e a atenção dos
guardas-Parque, que ficam à disposição
dos turistas para indicar o início da trilha e
fornecer orientação básica para a subida.
Dali também é possível partir em mulas de carga conduzidas por guias locais,
passeio recomendado para quem se
aventura pela Serra do Caparaó pela
primeira vez ou não tem experiência prévia de montanhismo. Mas para quem se
considera razoavelmente preparado fisicamente e tem um currículo de ecoturista que inclua alguma experiência de
trekking, não tem com o que se preocupar. O caminho até o cume é bem marcado e sem bifurcações, fácil de seguir e,
em dias de sol, relativamente concorrido.
A caminhada até o topo é dividida
em duas etapas de 4,5 quilômetros cada.
Ambos os trechos são de subida, embora o segundo seja mais íngreme e envolva uma puxada final. É recomendável começar a caminhar logo cedo, uma vez
que no período da tarde a tendência da
cerração é aumentar e encobrir a visão
dos Picos mais altos.
O passeio leva o dia todo e o visitante
deve levar na mochila lanche, frutas,
água, protetor solar, capa de chuva e,
claro, máquina fotográfica. É preciso estar preparado para o frio, que pode atingir temperaturas negativas na crista da
serra durante o inverno.
Após deixar a Tronqueira, a trilha sobe lentamente, seguindo pelo flanco direito do chamado Vale Encantado. Após
duas horas andando em um ritmo lento e
contando paradas para descanso, chegase a um descampado plano onde uma
antiga estrutura de acampamento marca
a metade da empreitada.
Essa área, chamada de Terreirão, encontra-se hoje interditada para camping,
mas seus banheiros e abrigos estão à
disposição de quem percorre a trilha.
Aqui, um merecido descanso debaixo da
sombra dos abrigos ajuda a retomar o fôlego para encarar a subida final. Nos abrigos também é possível reabastecer o
cantil com água potável.
Desse ponto em diante, a vegetação se torna mais escassa, e a ausência de sombra é completa. Aqueles que
esqueceram de trazer protetor solar começam a sentir a intensidade dos raios
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Dicas Bosch
Manutenção
Fotos Mauri Santos
As baixas temperaturas no período
da manhã podem ser um obstáculo
na hora de dar a partida no carro.
Antes de pegar estrada, é recomendável fazer uma revisão preventiva
no sistema de partida do veículo.
Um dos principais componentes a
serem checados é a bateria, cuja
função é a de fornecer energia para
o motor de partida e para o sistema
elétrico quando o veículo está desligado. Além disso, para evitar contratempos, devem-se checar também as condições do motor de partida, cabos e velas de ignição.
São nove quilômetros a pé até o topo do Pico da Bandeira. Um antigo camping marca o meio do caminho
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viagem Bosch
NO CAPARAÓ,
as quedas d`água
estão sempre
geladas. Mas não
se deixe intimidar.
O banho nas
águas límpidas
é altamente
revigorante
solares na pele. No sopé do ultimo trecho
rochoso antes do cume, a trilha se torna
bastante íngreme e as mulas de carga
encerram seu trabalho. A partir dali, é
preciso subir a pé por aproximadamente
40 minutos até o topo.
No cume não há sombra. No local onde a primeira expedição enviada pelo imperador D. Pedro II hasteou uma bandeira do Brasil, dando origem ao nome do
pico, existe hoje apenas uma enorme torre com antenas e pára-raios e uma estátua de Jesus Cristo com os braços quebrados pelos raios e desgastada pela chuva. A vegetação na crista das montanhas
é composta por poucas plantas arbustivas, que crescem espalhadas por fendas
na rocha, junto a bromélias e orquídeas.
O caminho de volta é o mesmo da
ida e, para quem começou cedo e ainda
consegue continuar a exploração, outras
trilhas com início na crista da serra conduzem aos picos mais baixos, porém não
menos impressionantes.
Não distante dali, o Pico do Cristal,
com 2.789 metros, é a quinta montanha
mais alta do Brasil e oferece vistas magníficas do Pico da Bandeira e do vale
abaixo. Outra caminhada que merece
uma investida é o Pico do Calçado, que
marca o ponto exato da divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo com
seus 2.768 metros de altitude.
Depois de conhecer as montanhas,
vale a pena gastar mais um ou dois dias
visitando os vales na parte baixa do parque. Bem próximo à portaria do parque
nacional fica a primeira de suas grandes
atrações: o Vale Verde, onde uma sucessão de cachoeiras aguarda os turistas
com deliciosos poços para banho.
Sombreados pela mata nativa, os
cursos d'água estão sempre gelados, como é comum nas cachoeiras da Mata
Atlântica. Mas não se deixe intimidar. O
banho nas águas límpidas é revigorante,
e ninguém que se arrisca sai arrependido. O acesso às quedas é feito por uma
trilha curta a partir do estacionamento,
ao lado de uma área de piquenique equi-
«
Fotos Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Na subida ...
... e na descida
As subidas de serras exigem um maior esforço do motor, que precisa
trabalhar em rotações mais elevadas. Nesse caso, é importante haver
um bom funcionamento do sistema de ignição, em especial da vela,
cuja função é produzir a faísca necessária para a queima da mistura
ar-combustível na câmara de combustão, que resulta no funcionamento do motor. No Brasil, a Bosch oferece a linha de velas Super
Plus, compostas por uma liga de níquel-ítrio com o núcleo de cobre,
que proporciona maior performance e resistência em condições
extremas de temperatura.
O sistema de freios é mais exigido nas descidas de serras. Nesse caso, recomendado-se realizar uma vez por ano ou a cada 10 mil quilômetros uma checagem das condições do sistema. Além disso, é
importante também o uso de pastilhas e lonas de freios de qualidade.
A Bosch disponibiliza no mercado sua linha de pastilhas de freios
Smax, que, além de garantirem alta performance e durabilidade, são
compostas por materiais que não prejudicam o meio ambiente com
resíduos tóxicos.
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Fotos Caio Vilela
Mauri Santos
Além do pico
famoso,
o parque tem
outros
encantos,
como trilhas e
cachoeiras,
flores
coloridas e
micos-estrela
pada com banheiros, lixeiras, abrigos cobertos e mesas de madeira com bancos.
Pouco antes de chegar ao estacionamento da Tronqueira, pela estradinha sinuosa que parte da portaria, uma trilha
sinalizada à esquerda conduz à espetacular Cachoeira Bonita, onde uma queda
de 80 metros assusta os banhistas com
sua força e água gelada. Durante o verão,
o volume de água aumenta consideravelmente, e o banho requer cautela redobrada devido ao forte fluxo da corrente e
às pedras escorregadias ao redor.
Pouco à frente da Cachoeira Bonita, a
uma altitude de 1.980 metros, o Vale
Encantado também merece uma visita.
Encravado em uma fenda íngreme entre
belas montanhas, o vale oferece diversas
piscinas naturais e pequenas quedas
d'água formadas pelo rio José Pedro. Lu-
gar predileto de descanso para os aventureiros que voltam da extenuante caminhada ao Pico da Bandeira, o vale situase convenientemente muito próximo de
onde os carros ficam estacionados.
Mas as riquezas da pequena Alto
Caparaó não se encerram na área protegida pelo parque. Outros atrativos de
beleza singular completam o circuito. A
Cachoeira do Escorrega, a 18 quilômetros do centro, oferece uma bela área de
lazer com um escorregador natural na
rocha e um grande poço para nadar. Não
muito distante dali, a 20 quilômetros do
centro de Alto Caparaó, outra queda
d´água, a Cachoeira das Andorinhas, merece uma visita no final da tarde, quando
uma revoada ruidosa de andorinhas e
outros pássaros chega ao local em busca
de abrigo para um merecido descanso.
Para quando
você for
COMO CHEGAR: de carro a partir
de SP - seguir pela rodovia BR-116
até chegar à rodovia estadual MG111. Seguir placa para Manhuaçu e
depois para Alto Jequitibá, distante
21 quilômetros de Manhuaçu. De
Alto Jequitibá são mais 12 quilômetros até Alto Caparaó e, dali até
a portaria do Parque, mais quatro
quilômetros.
ONDE FICAR:
• Caparaó Parque Hotel:
www.caparaohotel.caralgola.br
Tel.: (32) 3747-2559
• Pousada do Rui: Rua Francisco
Monteiro, 86. Alto Caparaó.
Tel.: (32) 3747-2691
GUIAS: Josias ou Fernando,
contatados pelo telefone da
Pousada do Rui.
SEDE DO PARQUE NACIONAL:
Rua Vale Verde, s/n.
Tel.: (32) 3747-2555,
horário de visitação das
7h às 22h.
E-mail: [email protected]
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viagem Bosch
Fotos Rachel Guedes
cunha
Água e moringa
No meio do caminho
entre São Paulo e
Rio, a cidade de
Cunha esconde
cachoeiras e fornos
de cerâmica
a
ntigo local de descanso para
tropeiros que saíam da Serra
do Mar rumo a Minas Gerais, a cidade
paulista de Cunha, incrustada na Serra
da Bocaina, tem dois grandes encantos:
a água e o barro – ou mais especificamente a cerâmica.
Um dos principais atrativos do
Parque Estadual da Serra do Mar e da
parte do Parque Nacional da Serra da
Bocaina ali localizada são as dezenas de
cachoeiras.
Com muita água e poços fundos propícios para o banho, as quedas d´água
são um ótimo refresco nos dias mais
quentes de verão. No inverno, quando a
temperatura pode chegar aos 3 graus
negativos, só os mais corajosos se
arriscam a cair nas águas geladas, mas
as cachoeiras são de encher a vista e
lavar a alma.
Para um mergulho ou pelo simples
prazer de assistir à exuberância da natureza, não deixe de visitar as cachoeiras
da Barra, do Pimenta, do Desterro e do
Mato Limpo. É só perguntar na cidade ou
nas pousadas que os moradores explicam como chegar a elas. São os moradores também que dão as dicas de como
chegar aos ateliês de cerâmica escondidos nos arredores do centro urbano.
Atraídos por um dos melhores climas
do país, japoneses e europeus que trabalhavam com cerâmica de alta temperatura mudaram-se para Cunha por volta
da década de 1970. A abundância de
madeira para os fornos e a existência de
barro de ótima qualidade fizeram com
que esses profissionais ali se estabelecessem, transformando a cidade em um
cunha
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Vista do alto do Pico da Pedra da Macela (acima); Cachoeira do Pimenta (abaixo); na página anterior peças do ateliê Mieko e Mário
dos mais importantes núcleos de cerâmica desse tipo do Brasil. A técnica japonesa Noborigama, com fornos de tijolo refratário erguidos em rampas que
chegam a temperaturas de até 1.350ºC, é
a mais popular na cidade. Desse tipo de
forno saem peças delicadas com aspecto vitrificado que podem ser levadas ao
forno e servir alimentos quentes.
Os ceramistas de Cunha são unidos e
prezam pela qualidade do produto ali
vendido. Por isso, todos os ateliês merecem uma visita. Há, no entanto, dois endereços mais tradicionais e imperdíveis:
o ateliê de Mieko e Mário – onde a japonesa Mieko Ukeseki produz esculturas e
utensílios domésticos como chaleiras, xícaras e travessas para a cozinha com li-
nhas extremamente harmoniosas – e o
Suenaga-Jardineiro – lá a japonesa Kimiko Suenaga e seu marido Gilberto Jardineiro queimam esculturas e utilitários em
geral, que chamam a atenção pela simplicidade das linhas e formas.
No meio do caminho entre Rio e São
Paulo, a montanhosa Cunha tem a maioria de seus moradores ainda na zona rural. Chega-se lá pela Nova Dutra, via
Guaratinguetá (SP). Além das cachoeiras
e ateliês de cerâmica, fica ali também a
Pedra Macela – de 1.840 metros – de
onde é possível ver a baía de Parati (RJ).
Os que se empolgarem com a vista
podem se arriscar pela sinuosa estradinha de 45 quilômetros que liga Cunha a
Parati. A estrada tem 15 quilômetros de
terra que podem ser percorridos por carros comuns, mas exigem bastante do
motorista. (Carolina Chagas)
ONDE FICAR:
• Pousada dos Anjos:
www.pousadadosanjos.com.br
Tel.: (12) 3111-8019
• Pousada Vale das Cachoeiras:
www.valedascachoeiras.com.br
Tel.: (12) 3111-1998
meucarro
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10 eu e meu carro Bosch
Ricardo Rollo
A atriz Vera Zimmermann é o exemplo de mulher que sabe o que quer de um carro
Vera Zimmermann
O automóvel como segunda pele
POR RICARDO LOPES
Para a musa
de Caetano Veloso,
“ficar sem carro é
como ficar
sem roupa”
p
esquisas recentes comprovam:
carro está na lista de atenções
das mulheres, logo a seguir da
roupa que vestem. Não que elas saiam
trocando de veículo o tempo todo, mas a
escolha de um modelo e o cuidado para
mantê-lo em ordem se incluíram nas tarefas básicas do cotidiano feminino. Quer
um exemplo? Lembra aquela velha história de que sexo feminino e o automóvel não se entendiam? Pois é, ficou para
trás. Hoje se sabe que a mulher procura
saber mais sobre o assunto, preocupa-se
com manutenção e define com bastante
clareza o que é mais importante em um
veículo.
A atriz Vera Zimmermann é um bom
exemplo desse novo comportamento.
Mulher independente, ela – que foi a musa de Caetano Veloso para a música “Vera Gata” – sabe o que quer e não se faz
de rogada quando o tema é automóvel.
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Fã declarada do teatro, ela assume uma
quedinha por carros e conta que logo cedo já se aventurava na direção. Essa ligação com o automóvel a fez uma compradora exigente. Vera gosta de praticidade
e acha que o excesso atrapalha. “Precisa
ser funcional, senão não serve. Em alguns modelos os projetistas exageram.
Um exemplo é o porta-treco. Acho bem
legal, mas acaba virando depósito de lixo.
Então, prefiro que meu carro tenha apenas o normal, sem excessos”, diz.
Desde quando estreou no teatro
em 1981, com a peça “Nelson Rodrigues,
o Eterno Retorno”, vê o automóvel como
um ótimo aliado no trabalho. “Sempre
precisamos carregar algo”, esclarece. Para combinar com sua personalidade, o
carro precisa ser versátil, servindo ao
mesmo tempo para o trabalho, passeio
ou mesmo para o uso diário. “Meus carros favoritos são grandes e espaçosos”,
diz. Conforme a época, o carro reflete a
situação da sua vida. “Em determinado
momento, tinha um cachorro que gostava de levar para todo lado e isso exigia
um carro grande. Hoje prefiro o conforto
e o desempenho”, afirma. Mas, quando
fala em carro dos sonhos, não hesita em
apontar uma grande picape como sua
eleita.
O tempo passou, e hoje, na plenitude
dos seus 40 anos, Vera se diz totalmente
dependente do carro e que não sabe viver sem ele no dia-a-dia. “Pensar em ficar sem carro é o mesmo que ficar sem
roupa”, define a atriz. A presença do carro lhe dá a sensação de liberdade, de ir e
vir para onde e quando quiser: “Nada se
compara a essa comodidade”. Quando
vai passear, não gosta de ficar na dependência dos amigos ou de táxi. Por isso,
faz questão de ir com seu carro para
voltar na hora que desejar. “O carro está
tão embutido na minha vida que passa a
ser uma extensão de mim, assim como a
bolsa, o relógio para alguns”, completa.
Vera sempre gostou de dirigir e sabe
como ninguém cuidar do seu automóvel.
Tem um mecânico de confiança e está
atenta a qualquer barulhinho estranho.
Além disso, sabe da importância da manutenção em dia. “Algumas coisas não
A Bosch na sua vida
Fotos Arquivo Bosch
meucarro
Filtro do dono
No trânsito, as substâncias nocivas à saúde presentes no ar chegam a atingir uma
concentração até seis vezes maior no interior do veículo, o que pode provocar
reações alérgicas e até problemas respiratórios. Nesse caso, um acessório importante é o filtro de cabine, cuja função é
barrar a entrada de gases tóxicos. No
Brasil, o dispositivo começou a ser usado
a partir de 1999. No entanto, nem todos
os veículos nacionais saem hoje de fábrica com filtro, o que não impede de ele ser
instalado após a compra. Os filtros de
cabine da Bosch são constituídos de
três camadas de fibras capazes de absorver até 100% das partículas de pó, fuligem, pólen, bactérias e outros contaminadores do ar.
Filtro do carro
Um combustível de má qualidade reduz o
rendimento e pode prejudicar a vida útil
do motor. Nesse caso, um acessório fundamental é o filtro de combustível, que
tem como função filtrar as impurezas presentes no líquido, além de contribuir para
reduzir a emissão de gases poluentes. A
Bosch oferece três modelos de filtros:
para motores carburados, para sistema
com injeção eletrônica e para motores a
diesel.
podem passar dos prazos”, diz ela preocupada com a troca de óleo, mas também sempre atenta ao alinhamento da
direção, ao balanceamento das rodas e
aos freios.
Viajar está entre as atividades preferidas da atriz. Por isso, na hora de escolher um novo carro, examina cuidadosamente o conforto dos bancos. Seus roteiros alternam entre a praia e o campo,
mas o destino predileto é a montanha,
razão do seu apreço por carros mais robustos que conseguem enfrentar trechos adversos sem muita dificuldade.
“Quando vou fazer uma viagem mais longa não saio sem o aval do meu mecânico”, diz. Talvez seja por isso que nunca
ficou na mão.
Um carro para agradar Vera deve
passar pela seguinte escala de opções:
em primeiro lugar, vem o estilo. O que
mais a agrada é o espaço interno e a
aparência robusta: “O trânsito nas grandes cidades exige um carro resistente
que não vai te deixar na mão”. Em seguida, os benefícios oferecidos. Ela cita vários exemplos: luzes extras, informações
adicionais, entre outros, mas deixa claro
que o toque feminino é importante,
como um espelho no quebra-sol do lado
do motorista. “Quanto mais praticidade
tiver, melhor”, conclui. Também não poderia deixar de lado o conforto. Nessa
parte ela diz não ser exigente, mas, quando implica com algo, não tem jeito. “Algumas coisas a gente não percebe, só
que quanto mais conforto tenho, mais
quero ter”. Para ela, alguns itens são essenciais, como vidro elétrico, direção
hidráulica e ar-condicionado. Nos últimos
tempos, a atriz passou a prestar atenção
à segurança. “Antes não me preocupava
com detalhes como airbag, agora sim”.
Cor é outro detalhe importante. Nada de
vermelho ou outras cores chamativas:
prata é a favorita da atriz.
Ela se julga uma “ótima motorista”,
mas também não se importa de andar no
banco do passageiro e diz não ter ciúmes do seu carro. Quer dizer, mais ou
menos. Logo em seguida não se contém:
“Deixo outras pessoas dirigirem, mas, se
a pessoa não demonstra cuidado, tomo a
posição no ato”.
torque e potencia
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Fim
de
linha
Antiga
tradição entre
caminhoneiros,
as frases de
pára-choque são
cada vez
mais raras
POR RICARDO MEIRELLES
12 torque e potência Bosch
d
e tanto pintar frases em
pára-choques de caminhão, Valdemar Pereira, conhecido com Mala
Véia, colecionou várias delas e preencheu um caderno com mais de mil sentenças. Há alguns anos, um caminhoneiro de Minas Gerais pediu o caderno emprestado e não devolveu mais. Na época,
Mala Véia achou que o bloquinho iria
fazer falta. Não faz. Atualmente, apenas
um quinto do que ele ganha por mês
vem das frases de pára-choque — o que
garante mesmo seu sustento é a pintura
de informações que, por lei, precisam
estar na carroceria do caminhão, como
placa e capacidade de carga do veículo.
Hoje com 57 anos e no ramo desde
os 14, Mala Véia não é um caso isolado.
Aspecto importante da cultura popular
do Brasil, as frases de caminhão já tiveram colecionadores ilustres — como o
poeta Torquato Neto (letrista de canções
Ennio Brauns/Abril Imagens
Parte da frota passou para a mão de transportadoras, e a personalização das traseiras foi limitada
como Louvação, com Gilberto Gil) — e
foram citadas até em um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2003
sobre a situação das estradas brasileiras,
mas há vários sinais de elas se tornam
cada vez menos comuns.
Mala Véia trabalha em um posto de
gasolina no km 228 da rodovia Dutra, em
São Paulo. Há dez anos, pintava em torno
de 40 frases por mês. Hoje, não chegam
a dez. Na mesma rodovia, pouco menos
de 100 quilômetros à frente, em Jacareí
(SP), Eder Jorge Ribeira passa por situação semelhante. Pintor há 23 anos, até
meados da década passada ele fazia de
quatro a cinco frases por dia; atualmente,
são duas ou três — por semana.
Muda o Estado, não muda a tendência: em Cascavel, no Paraná, Leonir
Nazari já chegou a pintar em média 15
frases por semana; hoje, faz três “e quase sempre bem curtinhas, como Obrigado, Senhor”. Em Rondonópolis, no Mato
Grosso, a soja impulsionou a economia e
o tráfego de caminhões, mas não o mercado de pintura de provérbios em párachoques — a ponto de Geraldo Eustáquio de Faria, após 15 anos, ter mudado
de ramo: ele hoje trabalha com publicidade e comunicação visual.
Em uma pesquisa que fez com dez
caminhoneiros de São Paulo e Paraná, todos com mais de 30 anos de profissão, a
antropóloga Maria Luisa Scaramella, da
Unicamp, deparou-se com tendência semelhante: a maioria deles chegou a ter
uma frase na parte traseira do caminhão,
mas hoje não tem mais.
Na avaliação do presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio
Botelho, isso está em parte ligado à mudança no perfil da frota brasileira. Na década de 1970, estima, 70% dos motoristas
de caminhão eram autônomos — aquele
tipo que escreve com orgulho no párachoque: “É velho, feio, lento, bebe e saiu
de linha, mas tá pago!”. Em meados dos
anos 1990, a proporção teria caído para
65%. Atualmente, 55% dos 1,9 milhão de
caminhões que circulam no Brasil são de
autônomos, segundo Botelho; 35% são
de transportadoras e o restante é de empresas com frota própria. Como algumas
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HORA DA SAUDADE
A Bosch na sua vida
Foto e ilustração Arquivo Bosch
Seleção de frases
que estamparam
pára-choques
de caminhões
Presença nacional
Solução brasileira
O Brasil conta hoje com uma frota de
aproximadamente 2 milhões de caminhões. Desse total, 95% utilizam Sistemas de injeção de combustível Diesel fabricados pela Bosch. No Brasil, a
empresa oferece duas linhas de tecnologia para os sistemas de injeção, sendo a
primeira baseada em bombas injetoras
inteiramente mecânicas, e a mais recente com intenso controle eletrônico. As
principais vantagens desses novos sistemas são: garantir melhor controle de
tempos de injeção e disponibilizar maiores pressões de injeção, proporcionando
adequação às legislações de emissões
cada vez mais rigorosas, sem prejudicar
o desempenho, a durabilidade e o baixo
consumo.
Em parceria com entidades de pesquisa e
empresas privadas, a Bosch coordena no
Brasil o projeto de criação e desenvolvimento do biodiesel, combustível feito à
base de matéria-prima vegetal. Diferentemente do diesel comum, derivado de petróleo, esse produto é extraído a partir do
óleo de vegetais, como soja, girassol e
mamona. Além disso, o biodiesel é considerado um combustível ecologicamente
correto, uma vez que sua queima não
contribui para emissão na atmosfera de
gases causadores do efeito estufa. A previsão é de que óleo diesel brasileiro passe
a partir de 2005 a conter 2% de biodiesel
– o que representaria uma produção de
740 milhões de litros por ano do novo
combustível no país.
empresas e transportadoras adotam padrão visual mais rígido, em que há limites
para o motorista personalizar o caminhão
que dirige, as frases nos pára-choques
acabam sendo substituídas por logomarcas ou simplesmente descartadas.
A deterioração das condições da
profissão, avalia Botelho, também colabora para enfraquecer a tradição. “Quando era uma boa profissão, o caminhoneiro era solidário, poético. Hoje ele está
preocupado com a prestação, com as
condições ruins do frete e das estradas,
não presta atenção no lado folclórico”.
Há ainda uma questão mais prosaica: o
local onde a frase é pintada teve de
mudar. A rigor, atualmente as frases não
são “de pára-choque”, mas “de pára-
barro” — uma proteção, geralmente de
borracha, colocada atrás dos pneus traseiros, para evitar que pedras ou outros
objetos atinjam o carro que está atrás.
Desde meados da década de 1990, a lei
obriga a colocar uma barra em preto e
amarelo na extremidade traseira dos
caminhões, e esse é, hoje, o pára-choque. “O lugar para as frases ficou menos
visível”, lamenta Faria.
Para Mala Véia, o hábito está mesmo
é fora de moda. “Quando comecei, pintavam o caminhão quase que inteiro. Pintei muito Super Mouse e Pato Donald na
lataria. Hoje saiu de moda”, opina. Faria
concorda, e conta que isso o influenciou
a trocar de profissão e a entrar no ramo
publicitário. “Por que insistir em algo que
está fadado ao fim?
• Moro na estrada, passeio em casa
• Devo tudo a minha mãe, mas já
estou negociando
• Não buzine, acorde mais cedo
• Quem gosta de mulher feia é
salão de beleza
• As mulheres perdidas são as mais
procuradas
• Feliz foi Adão, que não teve sogra
nem caminhão
• O pessimista acha que o sol é um
fazedor de sombras
• Prefiro ser um bêbado conhecido
do que um alcoólatra anônimo
• Casei-me com Maria, mas viajo
com Mercedes
• Consulte sempre um pescador
• Não é pressa, é saudade
• Estou rezando 1/3 para encontrar
1/2 para te levar para 1/4
• Não me acompanhe que não sou
novela
• Seis pneus cheios e um coração
vazio
• É bom ser importante, mas
importante é ser bom
• Para quem está afundando, jacaré
é tronco
• Movido a chimarrão
• Na subida paciência, na descida
dá licença
• Reduzido na mão, turbinado no
pé e doido por muié
• Transportando o progresso da
nação a troco de humilhação
• Ter a consciência limpa é ter a
memória fraca
• Amigo meu não tem defeito.
Inimigo, se não tiver, eu ponho
• Baixinho só anda em trajes
menores
• Como é difícil se livrar de uma
mulher fácil
• Conseguiu ler? Tá muito perto
• Amigo é igual a parafuso: a gente
só conhece na hora do aperto
• Cana na roça dá pinga. Pinga na
cidade dá cana
• Deus abençoe as mulheres
bonitas e, se tiver tempo, as feias.
• É velho, feio, lento, bebe, saiu de
linha, mas está pago!
• Seja dono de sua boca para não
ser escravo de suas palavras
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casa e conforto Bosch
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Pequenos toques
e a ajuda
de alguns
profissionais
podem transformar
seu endereço
em um oásis relaxante
Spa em casa
P O R
p
ense no seguinte cenário: aroma suave, música rela-
xante, uma banheira com água
naquela temperatura que afasta
qualquer preocupação. Se quiser ir um
pouco mais longe, imagine que a banheira é um grande ofurô. Ou, se preferir
ambientes mais secos, no lugar de um
banho de imersão, pense que você está
recebendo uma massagem energética
com pedras vulcânicas. Que também
pode ser substituída por um shiatsu
caprichado para aliviar as tensões acumuladas nos diferentes pontos do seu
corpo.
Esse cenário não está em nenhum
local distante e inatingível. Acredite se
quiser, mas é muito mais simples do que
você imagina transpor essa situação
para dentro de sua casa. Requer apenas
algum esforço. O mesmo empenho feito
para organizar uma festa para poucos
amigos ou um jantar de família.
Pelo menos uma vez, experimente
ser o centro e o único homenageado de
uma festa. Prepare um ambiente para
você. Afinal, se você pensar friamente,
C A R O L I N A
C H A G A S
todo ser humano merece, de quando em
quando, uma folga para se cuidar por
inteiro, com direito a refeições equilibradas, ginástica, limpeza de pele, massagem, e por que não um serviço completo de manicure e um escalda-pé para
exterminar qualquer sinuosidade dos
seus calcanhares.
“Se você quiser, pode transformar
sua casa em um espaço para relaxar e
cuidar da saúde, estimulando os sentidos através da ação integrada da música,
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Organize um dia só para você, com banhos, massagens e receitas caseiras para deixar a pele mais macia
TODO SER
humano merece
de vez
em quando
uma folga
para se cuidar
por inteiro
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iluminação, massagens e muita água”,
ensina o arquiteto João Armentano,
autor do Spa em Casa, que integra a última edição da Casa Cor de São Paulo.
“Tudo começa com a disposição e criação do clima”, diz ele.
colha a data da homenagem. Depois,
separe um dia para organizá-la. Se sua
agenda for muito lotada, esses dias
podem estar a pelo menos uma semana
um do outro. Liste então quais são os
mimos que você gostaria de ter. O passo
seguinte é encontrar os profissionais que
levam esses serviços à sua casa. Eles
existem e não são tão difíceis de encontrar. Uma busca na Internet, uma conversa no cabeleireiro ou barbeiro que você
está habituado a freqüentar, uma rápida
enquete entre amigos será suficiente para descolar alguns telefones que o levarão a uma gama de profissionais competentes e organizados que irão a sua
casa para transformar sua vida em uma
festa dos sentidos. Digna dos spas mais
sofisticados espalhados mundo afora. Vai
dar trabalho. Mas vale a pena.
“Há hoje no mercado uma quantidade incrível de profissionais terceirizados que, assim como vão a uma clínica
de one day spa, academia ou estética, se
dispõe a ir à casa do cliente mediante o
pagamento de uma taxa mínima e negociável”, afirma Maria Regina Carvalho,
administradora de empresas que há 10
anos presta consultoria para a contratação de serviços para spas urbanos
ou instalados em grandes resorts.
Enquanto sai em busca dos profissionais, você tem de tomar alguns
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Comece então pelo início: es-
NO GRANDE
DIA alguns
cuidados têm
de ser tomados.
Espalhe velas
aromáticas e
óleos perfumados
pelo ambiente
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CUIDADOS E RECEITAS
Uma consulta a um especialista é recomendada no preparo de seu dia especial. “Para mergulhar em uma sessão
de massagens, longos banhos de imersão e outras pequenas alegrias, é bom
estar bem orientado sobre produtos
que podem lhe causar alergias ou até a
temperatura de água que sua saúde
suporta”, diz o clínico-geral Roberto de
Campos. Com o sinal verde do especialista, organize a sua farra.
A seguir, receitas que a consultora
Maria Regina Carvalho guarda para os
dias em que cuida dela mesma.
Escalda-pé
Separe:
• Uma bacia grande
• Água morna
• Essências florais de sua preferência (duas
colheres de chá)
• Sais de banho variados (meio copo americano)
• Flores (quatro flores)
Coloque a água quente na bacia – no limite que
suportar – com todo o material e deixe os pés
descansarem por cerca de 10 minutos. Depois
enxágüe e enxugue os pés com uma toalha macia,
pressionando levemente a solas.
Creme esfoliante de aveia e
mel para mãos e corpo
O mercado dispõe de profissionais que vão à sua casa aplicar máscaras, escalda-pés e massagens
pequenos cuidados com sua casa. Dê
uma boa olhada no seu banheiro. Cheque se aquela banheira que você usa
para apoiar a roupa suja está bem vedada, se as torneiras estão funcionando
bem. Se o seu aquecedor é capaz de garantir água quente para algum tempo de
relaxamento. Se você não tem banheira,
examine bem o seu chuveiro. Um banho
quente e gostoso é primordial em um dia
como esse.
“O ambiente de um spa precisa funcionar perfeitamente, mesmo que instalado em sua casa. Não há nada mais
frustrante do que depois de receber uma
massagem com lama especial, tomar um
banho sem graça”, afirma Maria Regina
Carvalho.
Seja então cuidadoso com o ambiente. O mesmo nível de exigência deve
ser aplicado na hora de escolher os
profissionais. Só para você ter uma idéia,
o mercado dispõe hoje de pelo menos
algumas dezenas de tipos de massagem
que você pode contratar para receber
em casa. Vamos citar algumas só para
você ter uma rápida idéia.
Separe:
• Dez colheres de aveia
• Um copo americano de leite
• Meio copo de mel
Misture bem a aveia e o leite, até obter uma massa
homogênea. Adicione o mel. Passe pelas mãos e
pelo corpo e espere cinco minutos.
Enxágüe com água morna.
Banho de imersão relaxante
Separe:
• Uma xícara de folhas de malva ou melissa seca
(encontradas na seção de temperos dos
melhores supermercados)
• Três litros de água
Prepare um chá concentrado com as folhas e a
água. Ele tem de ficar com uma cor escura. Passeo na peneira e jogue-o na banheira com água
quente. O banho relaxante não deve durar mais do
que 15 minutos.
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Cheque a vedação de sua banheira e examine bem o seu chuveiro. Um banho quente é essencial nesse dia.
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Se você quiser se mexer um
«
Massagem indiana ou ayurvédica é
relaxante, trabalha as articulações, a respiração, a circulação e, segundo especialistas, equilibra a energia vital. É recomendada para o alívio do stress e da tensão, pois harmoniza todos os pontos de
captação de energia do corpo. Não gostou? Há também a massagem rítmica,
indicada para pessoas com problemas
para dormir, pequenas angústias e tensões causadas pelo stress. Com movimentos ritmados “ligam e soltam” a pele
e ajudam a superar pequenos traumas.
O vasto cardápio ainda inclui
shiatsu, massagem oriental bastante
popular, ministrada com os polegares,
dedos e as palmas das mãos, que ajuda
a aliviar a tensão e é ótima para dores
nas costas. A reflexologia, também oriunda do Oriente, atua nas solas do pé,
onde, explicam os especialistas, saem
músculos e nervos que refletem em todo
o resto do corpo – para os chineses, os
pés são um espelho do organismo. A
talassoterapia, que consiste em envolver
o corpo com uma máscara de lama de
origem nobre – como o Mar Morto – e
depois encobri-lo com uma manta de
filme plástico, além de relaxante ainda
aumenta a maciez da pele e deve ser
seguida de uma ducha caprichada.
pouco pode contratar uma aula de Yoga
– conjunto de técnicas físicas e mentais
que tem como objetivo harmonizar corpo/mente/espírito –, de Pilates – sistema
de exercícios que melhora a flexibilidade
do corpo e da mente – ou de Tai-chiChuan – muito popular na China, consiste de uma série de movimentos corporais que ajuda na prevenção de doenças, no equilíbrio do corpo e da mente,
na diminuição do stress e da ansiedade.
Para cuidar dos pequenos detalhes e
dar um capricho no visual, vale levar uma
manicure, ou até um barbeiro ou cabeleireiro para dentro de casa. Basta apenas organizar bem a agenda. Se você
preferir, pode preparar ainda cremes esfoliantes para a pele e rosto e aplicá-los
(veja receitas na página 17).
No grande dia, alguns cuidados têm
de ser tomados.
Velas aromáticas, óleos perfumados
podem ser espalhados pelo ambiente. A
música também deve ser escolhida.
Grave um CD com tudo o que você gosta
e deixe rolar. Roupas confortáveis, limpas
e cheirosas devem ser usadas e, o mais
importante, qualquer preocupação deve
ser mantida, pelo menos por um dia, da
porta da rua para fora.
Todo esse esforço vai valer a pena. E,
depois de organizar um dia, você pode
acabar gostando e incorporando essa
rotina à sua vida.
“Tenho clientes que começaram
montando um dia especial e conseguiram incluir rotinas saudáveis em sua
vida”, diz Mariah Magalhães, professora
de Yoga.
A Bosch na sua vida
Melhor desempenho
Os aquecedores de água a gás de
alta performance Bosch são capazes
de fornecer água quente em um volume
maior que os sistemas convencionais. Um
chuveiro elétrico, por exemplo, oferece
uma vazão de cerca de 3 litros por minuto, enquanto o sistema a gás da Bosch
opera com, no mínimo, 7,5 litros por minuto, resultando num banho mais confortável. Devido ao perfil de alta performance, os aquecedores Bosch podem
ser usados em sistemas conjugados com
termotanque, podendo atender grande
vazões de água quente de uma casa,
como duchas, pias lavatórios e banheiras.
Arquivo Bosch
A terapia das pedras quentes, usadas
desde o tempo do Egito antigo, técnica
consiste do uso de pedras – geralmente
vulcânicas – que são colocadas em pontos determinados do corpo depois de
uma massagem que lembra muito o shiatsu, e servem para ajudar a tirar as tensões ali concentradas. Ou até a cada vez
mais popular drenagem linfática manual,
que através de movimentos leves com
as pontas e palma dos dedos estimula a
desintoxicação e oxigenação dos tecidos
e o relaxamento físico e muscular.
Padrão europeu
A Bosch está trazendo da Europa um
novo sistema para aumentar ainda mais a
segurança de seus aquecedores a gás.
Batizado de sonda AGU, o novo dispositivo tem a função de medir, através da
temperatura, o acúmulo de gases queimados no sistema de exaustão do aquecedor. Dessa forma, a sonda bloqueia automaticamente o funcionamento do equipamento, toda vez que se detectarem
quantidades elevadas dos produtos da
combustão. A linha Bosch de aquecedores, oferece ainda outros dispositivos
de segurança, como por exemplo o sensor de ionização – que bloqueia a saída
do gás quando a chama do aquecedor se
apaga, evitando vazamentos acidentais e
o sensor limitador de temperatura – que
mede a quantidade de calor na serpentina e desliga o aparelho sempre que a
temperatura máxima padrão é atingida.
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20 saudável e gostoso Bosch
POR LUCIA FREITAS
Azeite
maravilha
Conhecido desde os tempos dos fenícios, o azeite é a base da alimentação
dos povos do Mediterrâneo, famosos pela boa saúde
palavra azeite vem do árabe az-zayt – e quer dizer “sumo
da oliveira”. Entre os povos mediterrâneos, o azeite de oliva simboliza paz,
força, fertilidade e longevidade. Segundo a nutricionista Maria Luiza de Brito
Ctenas, esses símbolos estão bem
próximos das propriedades da substância. A explicação é simples. “O azeite de
oliva é um óleo feito de uma fruta sem
interferência química”, diz. Rico em vitamina E, o azeite tem, principalmente,
gorduras monoinsaturadas, que não
aceleram o processo de envelhecimento das células e passou a chamar a
atenção da comunidade científica por
volta dos anos 1970. Nessa época, estudos comprovaram que os povos da
região do Mediterrâneo apresentavam
menos propensão a problemas cardíacos. Uma pesquisa mais cuidadosa na
região comprovou que isso se devia, em
grande parte, ao azeite, muito usado na
alimentação dos que ali vivem.
Segundo a nutricionista, o azeite favorece a mineralização óssea, combate
o envelhecimento precoce, protege o
estômago e ajuda o sistema digestivo
como um todo (em especial o funcionamento do pâncreas, fígado e intestinos)
além de prevenir doenças cardiovasculares. Uma dieta equilibrada e saudável
– que combine frutas, vegetais, carnes e
carboidratos – é item necessário para
potencializar os efeitos benéficos do
azeite.
A civilização ocidental conhece
e usa o azeite desde os tempos dos
fenícios, civilização anterior à egípcia.
Gregos e romanos costumavam levar o
ingrediente além da cozinha. Remédios,
cosméticos, perfumes, impermeabilizante de tecidos, conservantes e até
combustíveis eram feitos a partir do
azeite. Entre egípcios – e também gregos e romanos – o óleo ainda tinha outra importante função: uma camada de
azeite era usada para conservar vinhos.
A azeitona é fruto de uma árvore da
família das oleáceas e tem mais de 230
espécies catalogadas. A mais conhecida
é a Olea europea, com fruto verde e de
tamanho médio. O cultivo desta árvore –
baixa, frondosa e de tronco retorcido –
se espalhou pelo Mediterrâneo pelas
mãos dos gregos e dos romanos. Com a
expansão comercial da Europa, chegou
às Américas e à Austrália. Com uma
produção de 800 mil toneladas ao ano, a
Espanha é atualmente o país que mais
processa azeite no globo – a produção
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a
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Cada tipo de azeitona produz uma qualidade de azeite. Alguns são mais frutados; outros, amendoados
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22 saudável e gostoso Bosch
O NÍVEL DE
acidez do azeite
indica se ele será
extravirgem ou
virgem. Menos
ácidos, os extra
virgem são mais
saudáveis
Produzir o azeite é tarefa semiartesanal. Para começar, é preciso todo
o cuidado na colheita, para evitar danificar a fruta. Em segundo lugar, as azeitonas precisam chegar à prensa em, no
máximo 24 horas, depois de saídas do
pé. A partir daí o processo fica mais simples: separa-se o óleo da água, por centrifugação, e classifica-se o azeite, de
acordo com sua acidez e refinamento. O
nível de acidez do óleo que indica se ele
será virgem ou extra virgem. Os azeites
extravirgens têm menor acidez, maior
nível de antioxidantes – como a vitamina E – e fazem melhor à saúde.
Consultoria: Maria Luiza de Brito Ctenas,
nutricionista, coordenadora da Casa do
Azeite Espanhol. Tel.: 11-3021-0610.
Mais informações: www.azeite.com.br
«
«
mundial está em torno de 2 milhões de
toneladas.
Na Espanha, as oliveiras alcançam
em média 400 anos de existência. A
mais antiga oliveira conhecida está em
Atenas e calcula-se que tenha 1.200
anos. Apesar de longeva, a oliveira é exigente: para dar frutos precisa de clima
seco e ensolarado, com inverno não
muito rigoroso. Mesmo nessas condições, a árvore leva cinco anos para frutificar pela primeira vez. A maturidade
só vem aos 20 anos, e sua fase mais
produtiva está entre os 35 e os 150
anos.
Na Espanha, segundo Maria Luiza,
há oito tipos diferentes de azeitonas.
Cada uma produz um tipo de azeite,
com aromas, cores e sabores próprios.
Por exemplo, as azeitonas Picual fornecem azeite de aroma frutado e as Hojiblancas, amendoado.
No Brasil, ainda não se encontram
com facilidade essas modalidades de
azeite – embora o extravirgem e o azeite
de oliva comum, conhecido só como
azeite de oliva, sejam bastante fáceis de
encontrar. Pode ser esse o motivo –
junto com o alto custo – de o produto
ser tão pouco utilizado na culinária do
país. “Aqui ainda se usa o óleo de grãos
para cozinhar”, conta Maria Luiza, que
produz e adapta receitas com o uso de
azeite de oliva para pratos do dia-a-dia e
garante que o óleo faz bem tanto cru
quanto frito.
“Essa história que depois de submetido a certas temperaturas, o azeite perde
suas principais propriedades é mito. No
Mediterrâneo, popularmente conhecido
como terra de gente saudável, quase toda a panela que vai ao fogo está coberta de azeite”, afirma ela. Talvez por isso
mesmo em Portugal, um dos países que
mais consome a iguaria, um ditado muito popular afirma que “A melhor cozinheira é a azeiteira”.
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A dieta do
Mediterrâneo,
rica em óleo
de oliva, ajuda
a prevenir
doenças
cardíacas
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A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
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Geladeira ecológica
Para contribuir com a preservação ambiental, a Bosch lançou o refrigerador
ecológico Glass Line KSV 43. Produzido
em parceria com o Greenpeace, o modelo
é o primeiro do Brasil 100% livre de
gases prejudiciais ao meio ambiente,
pois possui o gás isobutano R600, encontrado de forma natural na atmosfera com
características que fazem dele um excelente substituto para o gás HFC, com a
vantagem de ser totalmente inofensivo ao
equilíbrio ecológico. Hoje, boa parte da
produção dos países desenvolvidos já tem
essa tecnologia. O refrigerador tem também recursos tecnológicos para aumentar
a eficiência na refrigeração, como o Dynamic Cooling, que faz circular o ar dentro
dos compartimentos, mantendo a temperatura mais uniforme em todo o seu interior. O modelo traz ainda prateleiras de vidro resistente, que facilitam a limpeza e
dão um aspecto mais moderno.
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Mão na
massa:
Olivier
Anquier
em sua
cozinha
Na cozinha de
Olivier Anquier
Fã do azeite, o gourmand indica
duas receitas com a iguaria
f
rancês de Montfermeil, cidade próxima a Paris, Olivier
Anquier aprendeu a fazer pão com o tio, Gilles, que era
dono de uma boulangerie em sua cidade natal. Mas
demorou para colocar a mão na massa.
Por algum tempo, andou com uma mochila nas costas mundo
afora até chegar ao Brasil e se apaixonar pelo país. Por aqui, trabalhou como modelo, teve dois restaurantes – um em Jericoacoara e outro em Florianópolis, em parceria com a mulher, a atriz
Débora Bloch. Antes de se firmar como padeiro e gourmand em
São Paulo ainda passou uma temporada com a mãe em Sydney,
na Austrália. Lá trabalhou na Boulangerie Victoire, de sua família.
Fã incondicional do azeite de oliva, Olivier abusa do ingrediente em suas receitas. Para ele, o ingrediente deixa os pratos mais
leves e saborosos. A seguir, duas receitas que ele selecionou
especialmente para a revista VidaBosch.
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Fotos Rachel Guedes
RECEITAS
Lulas em sua tinta
Ingredientes (4 pessoas)
• 2 kg de lulas limpas
• 1 xícara de amêndoas picadas
• 6 dentes de alho amassados
• salsa crespa picada
• 1 xícara de cebolinha picada (parte
branca – reserve a parte verde para o final)
• azeite de oliva extravirgem
• 700 ml de vinho branco seco
• 400 ml de água
• sal e pimenta-do-reino
• 4 fatias de pão mergulhadas em água
e escorridas
Modo de preparo:
Limpe as lulas e corte-as em pedaços,
reservando os saquinhos com a tinta. Em
um pilão, amasse as amêndoas com o alho e a
salsinha. Acrescente essa pasta ao pão,
e misture bem.
Amasse os saquinhos com a tinta da lula
e passe por peneira.
Doure em azeite as cebolinhas e acrescente a
pasta de pão. Deixe dourar por 2 a 3 minutos e
acrescente as lulas, o vinho, a água e a tinta.
Tempere com sal e pimenta. Cozinhe
por 40 a 50 minutos em fogo baixo. Retire do
fogo e acrescente a parte verde da cebolinha.
Sirva com massa fresca no azeite.
Salada de rúcula e
roquefort
Ingredientes (para 1 pessoa):
• Folhas de rúcula
• 40g de queijo roquefort esmigalhado
• azeite extravirgem
• 1 colher (chá) de mostarda de Dijon
• sal e pimenta-do-reino
• 2 colheres (sopa) de vinagre
Modo de preparo:
Para fazer o vinagrete, misture a mostarda
com o vinagre, acrescente a pimenta e o sal.
Batendo sempre, acrescente o azeite,
em fio, até formar uma emulsão.
Montagem: distribua as folhas de rúcula no
prato, salpique com queijo e tempere
com o vinagrete.
tendencias
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Divulgação
POR GUILHERME PREZIA
26 tendências Bosch
Um
carro,
dois
tanques,
três
combustíveis
tendencias
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Gettyimages
Uma tecla no painel do carro (à esquerda) dá ao motorista o direito de escolher entre o gás ou os combustíveis líquidos (acima)
Desenvolvido pela Bosch do Brasil, o multicombustível
é um sistema que permite que automóveis de passeio funcionem
com álcool, gasolina ou gás natural
n
o meio de um posto de abastecimento, um motorista está indeciso entre o gás natural, combustível
menos poluente e mais econômico, ou
álcool e gasolina, que darão mais potência ao carro. Graças à Bosch, essa cena
será cada vez mais corriqueira em postos de gasolina. E nos brasileiros. Desenvolvido pelo braço nacional da empresa,
o novo sistema de abastecimento de veículos é o primeiro no mundo a funcionar
com qualquer um dos três combustíveis.
Uma tecla no painel do carro dá ao
motorista o direito de escolher entre o
gás ou os combustíveis líquidos. Se selecionar a segunda alternativa, o automóvel estará pronto para rodar com álcool
ou gasolina. E o melhor: poderá misturálos em qualquer porcentagem no tanque
de combustível.
Apertando novamente a tecla no
painel, o veículo passa a funcionar com
gás natural. Nesse caso, não há possibilidade de mistura com os outros dois
combustíveis. O sistema a gás é alimentado por meio de um cilindro instalado
no porta-malas do veículo, que proporciona um gasto por quilômetro rodado
cerca de 60% menor que a gasolina e de
25% a menos do que com álcool.
Além de econômico, o gás natural é
extremamente seguro. Diferentemente
do gás de cozinha, feito a partir do petróleo, o gás natural, extraído de jazidas,
é mais volátil e, por isso mesmo, apresenta menor risco de provocar uma
tendencias
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28 tendências Bosch
EQUIPADO
Assim como os sistemas comuns, o
«
com dois tanques
de combustível,
o sistema permite
que o veículo rode
uma distância
maior, sem precisar
de abastecimento
explosão acidental. Devido a essa característica, ele é usado em larga escala em
indústrias diversas em diferentes partes
do mundo.
O sistema multicombustível
oferece maior autonomia em relação aos
sistemas tradicionais. Por estar equipado
com dois tanques de combustível – um
para a gasolina e álcool e outro para o
gás – o sistema permite que o veículo
rode uma distância maior, sem precisar
de abastecimento. No caso de uma das
duas fontes de combustíveis acabar, o
sistema aciona automaticamente a segunda alternativa de alimentação, sem
que o motor precise ser religado ou sofra
alguma alteração no funcionamento.
Para se chegar à versão final do sistema multicombustível, foram necessários anos de testes e pesquisas. Seu desenvolvimento começou em 1992, na
mesma época em que a Bosch deu início
ao projeto do sistema bicombustível
(álcool e gasolina), tecnologia presente
hoje na maioria das linhas de veículos
brasileiros. O grande desafio na época
era criar um sistema de gerenciamento
eletrônico que conseguisse trabalhar
simultaneamente com álcool e gasolina.
Com o desenvolvimento e viabilidade
do sistema bicombustível, o projeto do
multicombustível seguiu adiante. No começo de 2003, a Bosch finalizou o primeiro modelo do sistema. Usando um Volkswagen Polo, os engenheiros da Bosch
montaram o primeiro sistema multicombustível, dotado de um novo módulo de
monitoramento eletrônico – considerado
o cérebro do sistema e capaz de controlar o motor para funcionar com os três
tipos de combustível.
multicombustível é composto de uma
unidade de gerenciamento eletrônico e
tem um sensor de oxigênio, também conhecido por sonda lâmbda. O sensor tem
a função de detectar a quantidade de
oxigênio na câmara de combustão do
motor. O módulo eletrônico, por sua vez,
recebe as informações e define em seguida qual é o ponto de carga elétrica
das velas e a dosagem ideal de combustível a ser injetado – processo que resulta na combustão e, conseqüentemente,
coloca o motor em funcionamento.
Por outro lado, a principal diferença
do multicombustível está na capacidade
de processar dados em seu módulo de
gerenciamento. No novo sistema, o processador conta com um maior número
de informações, capazes de “orientar” o
motor a funcionar com os três combustíveis. Em outras palavras, o sistema conta com uma capacidade maior de processar informações necessárias para o
controle de funcionamento do motor.
Segundo Fábio Ferreira, da Divisão
Sistemas de Gerenciamento de Motor da
Bosch, o multicombustível é o primeiro
sistema totalmente preparado para funcionar com gás natural. Segundo ele, as
conversões feitas hoje de forma “caseira” em oficinas não modificam o sistema
de gerenciamento da injeção, o que compromete a durabilidade e diminui em até
25% a potência do motor.
No sistema multicombustível a durabilidade do motor é preservada, devido à
colocação de peças especialmente desenvolvidas para funcionar com o gás,
como cabos e velas de ignição. Os cabos,
por exemplo, são preparados para trabalhar com um nível maior de tensão exigido para queima do gás natural. Já as velas do sistema são feitas para produzir
uma faísca mais contínua, proporcionando uma queima mais correta do combustível.
As vantagem do sistema multicombustível sobre os kits de conversão não
param por aí. Com um funcionamento
mais eficiente, o motor consegue atingir
um melhor desempenho e um menor
nível de emissão de poluentes. No siste-
tendencias
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29
Unica
A tecnologia do álcool teve grande impulso no Brasil e foi um dos pontos de partida para os sistemas bicombustível e multicombustível
ma multicombustível, a perda de potência com o gás natural foi reduzida para
apenas 15% em relação à gasolina – contra 25% em média dos sistemas convertidos em oficinas.
Além desse desenvolvimento, a engenharia da Bosch preparou um veículo
equipado com um turbocompressor que
permite ainda o melhor desempenho e
economia para cada combustível.
Por todas essas vantagens, o multicombustível já desperta interesse de
montadoras do país. Numa parceria com
a Bosch, a General Motors saiu na frente
com o Astra Sedan versão Multipower, o
primeiro automóvel brasileiro a funcionar
com três combustíveis. O lançamento do
modelo aconteceu em agosto, com a
apresentação feita em Brasília ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O principal atrativo da nova versão do Astra é a economia. Segundo dados de fábrica, o veículo faz 9,5 quilômetros com um litro de gasolina na cidade.
Nas mesmas condições, com um litro de
gás natural o veículo consegue andar
12,7 quilômetros. Além disso, o preço do
gás é mais vantajoso. Em outubro de
2004, o litro do gás tinha custo médio de
R$ 1,05, segundo a Agência Nacional do
Petróleo.
De acordo com Fábio Ferreira, a nova versão do Astra é indicada para motoristas que rodam pelo menos 100 quilômetros por dia – como, por exemplo,
taxistas, vendedores ou mesmo executivos que viajam diariamente. “Quanto
mais se rodar por dia, mais rápido se
paga o investimento adicional”, afirma
Ferreira.
Muito além da questão econômica, o
sistema multicombustível reflete hoje
uma tendência do mercado brasileiro.
Com pouco mais de um ano no mercado, as vendas dos carros bicombustíveis
– automóveis movidos a álcool e gasolina – representavam em agosto 18,8% do
total das vendas de veículos novos
brasileiros. Segundo Ferreira, a previsão
é que essa porcentagem aumente nos
próximos anos e alcance, ainda nesta
década, quase a totalidade dos veículos
produzidos no país.
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30 grandes obras Bosch
Uma nova matriz
POR NEUZA SERRA
energética
Maior projeto de
engenharia civil da
América Latina,
o Gasoduto
Bolívia-Brasil
transporta
gás natural para
os dois países
c
om o objetivo de diversificar a
matriz energética brasileira e
atender à crescente demanda de energia, nasceu um empreendimento que hoje é considerado o maior projeto de engenharia civil na América Latina: o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Com 3.150
quilômetros de extensão, o Gasbol está
em pleno funcionamento e transporta
gás natural para centros industriais e residenciais, nos dois países.
O projeto do Gasbol começou a tomar forma em novembro de 1991, quando a Petrobras e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assinaram a Carta de Intenções sobre o Processo de Integração Energética entre Bolívia
e Brasil. O documento manifestava a decisão brasileira de se chegar a um acordo para compra e venda de gás natural
boliviano com um volume inicial de 8 milhões de metros cubicos por dia.
Em 1996, a implantação do Gasoduto
Bolívia-Brasil foi incluída no Programa
Brasil em Ação, e, em julho de 1997, com
o equacionamento das fontes de recursos do projeto, a obra foi iniciada. Para a
construção e a operação do gasoduto foram formadas, em 1997, duas companhias independentes: a Gás Transboliviano S.A. (GTB) e a Transportadora Brasileira
Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. (TBG).
O diretor superintendente da TGB, José Zonis, explica que o gasoduto iniciou
suas operações em março de 2000, entregando gás natural em toda a sua extensão, com a capacidade instalada de
17 milhões de metros cúbicos por dia.
“Após a 1ª fase de expansão, em 2003,
quando foram construídas mais três estações de compressão, a capacidade foi
elevada a 24 milhões de metros cúbicos
por dia, e, num segundo momento, mais
cinco estações elevaram a capacidade
para 30 milhões de metros cúbicos por
dia”, completou. Quanto à ampliação da
capacidade atual, Zonis afirmou que a
TBG está monitorando e avaliando o
mercado a respeito do potencial interesse dos carregadores.
Nos seus 3.150 quilômetros de extensão, o Gasbol passa pelos estados do
Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, atravessando 135 municípios. O ponto de partida do gasoduto está na cidade boliviana
de Rio Grande, a 40 quilômetros ao sul de
Santa Cruz de La Sierra, e se estende por
557 quilômetros até Puerto Juarez, na
fronteira com o Brasil. O gasoduto entra
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em solo brasileiro por Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul, às margens do Rio Paraguai.
Todo o traçado do gasoduto, segundo informações da TGB, foi estudado com o objetivo de minimizar impactos socioambientais, priorizando-se a
implantação do Gasbol em áreas já exploradas pelo homem, como as margens de rodovias. Outra evidência dessa postura foi a construção de um túnel e um poço na região de Aparados
da Serra, entre os estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, minimizando a interferência do gasoduto com
a Mata Atlântica.
A TBG também desenvolveu um
programa de compensação ambiental,
no qual foram priorizadas a regularização e aquisição de terras, pesquisa
científica e educação ambiental, o que
garantiu a adequada gestão das unidades de conservação.
Para a construção do Gasbol, foram investidos US$ 2,154 bilhões, dos
quais US$ 1,719 bilhões realizados no
Brasil e US$ 435 milhões na Bolívia.
Para o projeto, foram captados recursos internos, originários do BNDES e do
Finame, e externos, oriundos de agências multilaterais de crédito, como o
Banco Mundial (Bird), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a
Corporación Andina de Fomento (CAF)
e o Banco Europeu de Investimento
(BEI). Foram também fontes de financiamento o International Finance Corporation (IFC) e agências de crédito à
«
grandesobras
grandesobras
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32 grandes obras Bosch
Adilson Secco
exportação, como o Eximbank do Japão
e outros.
O Gasoduto Bolívia-Brasil representou um grande passo no crescimento
da participação do gás natural na economia brasileira, que em 1998 era de
apenas 3%. Segundo dados da Petrobras, que atuou na construção do Gasbol no trecho boliviano, com um investimento direto de US$ 430 milhões, o
gasoduto elevará a participação do gás
natural na matriz energética brasileira
para 12% até o ano 2010, e permitirá a
exportação do gás boliviano por um
total de US$ 8 bilhões. Durante a vigência do contrato, assinado pelos dois
países, as regiões produtoras obterão
benefícios de cerca de US$ 2 bilhões.
A construção do gasoduto permi-
tiu à Petrobras participar de um grande
projeto de complementação regional de
oferta e demanda. A empresa investiu
US$ 2 bilhões para conectar o Brasil, que
não possuía reservas suficientes de gás,
à Bolívia, que não tem mercado interno
desenvolvido.
Os resultados positivos do Gasbol levaram o Ministério de Minas e Energia a anunciar, em julho deste ano, a retomada do projeto de ampliação do gasoduto, para abastecer o Nordeste, adicionando a importação de 4 milhões de
metros cúbicos de gás natural por dia.
Para as termelétricas nordestinas terem
o seu funcionamento garantido, será preciso ampliar o fornecimento da região
para quase 10 milhões de metros cúbi-
cos por dia. No final de 2003, essas usinas não puderam operar simultaneamente devido à falta de combustível.
A operação do gasoduto se inicia
quando a GTB recebe o gás natural da
YPFB e o leva até a fronteira brasileira. A
partir daí, é feita a entrega da commodity à TBG, que se encarrega do transporte
até as redes das empresas estaduais de
distribuição no Brasil. Essas, por sua vez,
se responsabilizam pela entrega do gás
aos consumidores finais.
Zonis explica que a operação do gasoduto no Brasil é feita pelas regionais,
que fazem a manutenção de campo, e
pela Central de Supervisão e Controle, no
Rio de Janeiro, que faz a operação remota das estações de compressão, estações de entrega, válvulas etc.
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33
O GASODUTO
ELEVARÁ
Um fator importante de segurança é a faixa de servidão, uma fatia de
20 metros de terra devidamente sinalizada e demarcada sobre o gasoduto. Ela
deve estar sempre limpa e visível e com
os acessos livres de obstáculos e detritos. Zonis afirma que técnicos ao longo
de todo o gasoduto fazem a inspeção e a
conservação da faixa, de modo a garantir a integridade do gasoduto, e, acima de
tudo, a segurança do ecossistema em
torno do mesmo. Também é feito junto
aos proprietários de terras atravessadas
pelo gasoduto um trabalho de conscientização sobre os cuidados com a faixa e
a sinalização. “Além disso, ainda temos
um canal de comunicação direto com a
comunidade através de ligações gratuitas para o número 0800-260400, a Linha
do Gás”, ressaltou.
A Bosch na sua vida
Para cortar o aço
Um dos principais desafios na construção
de um gasoduto é o de adaptar o conjunto de tubulações ao relevo local. Particularmente em regiões montanhosas, a
instalação do canal de gás exige a criação
de curvas e adaptações do gasoduto, exigindo a montagem de diversas junções e
curvas na tubulação. Para realizar esse
serviço, é necessário o uso de esmerilhadeiras. Elas funcionam como serras, as
quais são essenciais para trabalhos que
exigem alta performance. A construção
do Gasoduto Bolívia-Brasil contou com o
uso de esmerilhadeiras da linha de
ferramentas de uso profissional da
Bosch, capazes de desbastar, cortar e
escovar superfícies resistentes, como a
do aço, por exemplo.
Jorge Araujo/Folha Imagem
a participação
do gás natural
de 3%, na matriz
energética
brasileira, para
12% até 2010
As Estações de entrega (city-gates)
do gás natural estão instaladas em pontos-chaves ao longo do gasoduto. O Bolívia-Brasil deverá ter mais quatro estações que entrarão em funcionamento. As
estações de medição são pontos do Gasoduto Bolívia-Brasil onde são verificados os volumes de gás, sua velocidade e
tempo de trânsito. Uma dessas estações
funciona atualmente na fronteira com a
Bolívia.
Arquivo Bosch
Ao longo do gasoduto foram
implantadas 14 estações de compressão,
duas de medição, 36 de entrega (citygates) e 115 válvulas de bloqueio. As estações de compressão (ECOMPs) do Trecho Norte, que abrange 62 municípios
nos estados do Mato Grosso do Sul e São
Paulo, mantêm a pressão do gás em condições para transporte, por meio de turbinas a gás que acionam os compressores. Já as ECOMPs do Trecho Sul, que
abrange 73 municípios nos estados do
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e São Paulo, são acionadas por motocompressores.
Para minimizar o impacto socioambiental, a implantação do gasoduto priorizou áreas já exploradas pelo homem
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34 Brasil cresce Bosch
Revolução no país dos
treminhões
POR JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Avanços como o multicombustível
fazem setor sucroalcooleiro prever
mais 50% da produção até 2010
Produção de Álcool no Brasil – por tipo
18
16
Bilhões de litros
14
12
10
8
6
4
2
/04
03
20
/03
02
20
/02
01
/01
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/00
Hidratado
20
99
19
/99
98
19
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96
19
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19
/95
94
19
/94
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92
93
/93
/92
91
19
19
19
90
/91
0
Anidro (para gasolina)
Produção de carros no Brasil – por tipo de combustível
1,800
1,400
1,200
1,000
800
600
400
200
85
19
86
19
87
19
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20
00
20
01
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04
19
84
83
19
19
81
82
19
19
80
0
19
milhares de Carros
1,600
Gasolina + Diesel
Álcool
o
cortador ceifa a cana e deixa-a
deitada no talhão. Faz uma pausa para beber água enquanto, com o rabo do olho, vigia o fiscal que está medindo o seu trabalho. Com um compasso
de ferro, este calcula a extensão derrubada e converte o valor em peso. Até aí,
a cena é a mesma que se repete há 30,
40 anos nas fazendas de cana-de-açúcar
do interior paulista. Mas então o fiscal faz
algo estranho, “anota” as toneladas em
um computador de mão e aperta um botão. Os dados viajam pelo ar até a central
de computação da usina, onde seguem
dois destinos diferentes. No departamento de recursos humanos, as novas toneladas são somadas à produção do cortador e transformadas em reais. No centro
de comando da usina, os mesmos dados
ajudam a sintonizar o ritmo da moenda
com a quantidade de cana cortada que
ainda não saiu da lavoura. Tudo isso antes que o cortador tenha tempo de dar o
último gole na caneca.
O segundo ato da cena acima é uma
pequena amostra da transformação tecnológica que atinge o mais antigo e tradicional setor da economia brasileira. Implantado por Martim Afonso de Sousa
em 1532, o plantio da cana para produção de açúcar perpassa os últimos 472
anos da História do Brasil. Desde então,
houve uma evolução aparente e conhecida. Os engenhos se transformaram em
usinas, os alambiques viraram destilarias.
Os escravos cortadores de cana foram
substituídos por imigrantes europeus e
seus descendentes. Mas nos últimos
anos, essa transformação evoluiu para
uma revolução, como se verá a seguir.
O país dos treminhões de que fala o
título acima se refere a um setor da eco-
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José Newton Barboza
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O treminhão é uma mistura de trem com caminhão; uma unidade motriz puxa de dois a três reboques com 160 m3 de cana
nomia brasileira que está concentrado
no Oeste Paulista, mas que também
compreende o norte do Paraná e áreas
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás e Minas Gerais. São 320 unidades
produtoras (usinas), que moem 340 milhões de toneladas de cana produzidas
em 5,5 milhões de hectares de terra. Essa cana é transportada, em grande parte,
por treminhões, nome usado para batizar
mais uma invenção dessa lavoura: uma
unidade motriz que puxa dois ou três
reboques com 160 m3 de cana dentro.
Uma mistura de trem com caminhão. Pelas estradas desse país são comuns as
placas “Cuidado: Tráfego de treminhões”.
O país dos treminhões produz 1 milhão de empregos diretos. Mas, descen-
do-se a cadeia produtiva (para os produtores de implementos agrícolas, adubo
etc.), esses postos de trabalho são multiplicados por quatro. Uma parte cada vez
menor desses empregos está no exaustivo corte da cana: 30% dela já é feita por
máquinas, e esse percentual deve chegar a 100% nos próximos 25 anos, ao
menos no Estado de São Paulo. Os novos
empregos do setor são para operadores
de máquinas e técnicos em informática.
A revolução no país dos treminhões não envolve armas e ocorre longe
dos olhos do público urbano. O avanço
tecnológico no plantio, no desenvolvimento de variedades de cana e no processo industrial de fabricação de açúcar
e álcool transformou o Brasil no país mais
competitivo do mundo no setor, com uma
produtividade pelo menos 30% superior
à dos principais concorrentes. No caso
do álcool, por exemplo, produz-se hoje
50% a mais do que se produzia em 1980
com a mesma área plantada de cana.
Com cerca de 13 milhões de toneladas (ou US$ 2,140 bilhões) vendidas ao
exterior em 2003, o país é líder mundial
em exportação de açúcar. Detém cerca
de 40% do mercado. E se prepara para
abocanhar uma boa fatia do incipiente
mercado internacional de álcool combustível. Com a implementação do Protocolo de Kyoto, é provável que muitos
países desenvolvidos passem a adicionar 3% de álcool (ou outro combustível
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36 Brasil cresce Bosch
«
renovável) na gasolina. Se o Japão fizer
isso, por exemplo, precisará importar 1,8
bilhão de litros, o equivalente a toda a exportação atual de álcool do Brasil.
A ignição necessária a todas as
revoluções foi propiciada, no caso do setor sucroalcooleiro, pela tecnologia flex
fuel (a possibilidade de abastecer o carro
com álcool ou gasolina). “A novidade foi a
decisão da indústria automobilística de
tirar da prateleira o carro flexível. A tecnologia já estava desenvolvida pela
Bosch havia oito anos”, conta o presidente da Unica (União da Agroindústria
Canavieira de São Paulo), Eduardo Pereira de Carvalho. Até então, havia uma vontade do consumidor de ter um carro a
álcool, mas o temor de desabastecimento e/ou de um aumento repentino do
preço desse combustível pesavam contra a decisão do público de comprar esse
tipo de veículo, bem como da indústria
automobilística de produzi-lo.
Para tentar convencer as montadoras a sair da inércia, os produtores encomendaram uma pesquisa ao Ibope sobre a imagem do carro multicombustível
A CULTURA
de cana evoluiu
do corte manual
para a colheita
mecânica. Novas
variedades da
planta fizeram
aumentar a
produtividade
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Fotos Unica
O conceito de um carro flex fuel
junto aos consumidores. Realizada em outubro de 2002, a pesquisa entrevistou 1,2
mil pessoas de todas as regiões do país e
das classes de consumo A, B e C. Os resultados se mostravam promissores.
A pesquisa evidenciou que, depois
do preço, o principal fator determinante
para a compra de um carro é a economia
de combustível. E nada menos do que
86% das pessoas relacionavam o carro a
álcool a benefícios para o bolso, principalmente porque se trata de um combustível mais barato. O levantamento
mostrou ainda que a percepção positiva
sobre o carro a álcool era ainda maior
entre aqueles que já tinham tido um veículo desse tipo. Desses, 68% avaliam que
foi amplamente aprovado pelas pessoas
ouvidas pelo Ibope: 89% enxergaram aspectos positivos, contra apenas 13% de
negativos. As frases ditas pelos participantes dos grupos de pesquisa evidenciam isso ao se referirem ao flex fuel: “É
tecnologia de Fórmula 1; é carro de uma
nova geração; é interessantíssimo; se
não tiver um combustível, terá o outro”.
Diante disso, nada menos do que 63%
dos entrevistados disseram que comprariam um carro multicombustível.
Nos meses seguintes, o que era expectativa começou a se transformar em
realidade. Em 2002 já foram fabricados
48 mil carros flexíveis, cerca de três vezes mais do que no ano anterior. No ano
seguinte esse número pulou para 71 mil
e não parou mais de crescer.
Entre janeiro e agosto de 2004 foram
produzidos no Brasil mais veículos multicombustível do que foi fabricado de carros a álcool nos nove anos anteriores.
Segundo a Anfavea (Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores), foram 216 mil unidades, entre carros, caminhonetes e veículos de uso misto. Em agosto, o percentual de carros
desse tipo já chegava a 21% da produção
total. E essa participação deve continuar
crescendo: a previsão para 2007 é que
dois a cada três carros produzidos sejam
multicombustíveis.
Esse cenário extremamente favorável deixou os produtores otimistas. A Unica projeta um crescimento de 50% da
produção de cana-de-açúcar no Brasil
até 2010. Pode parecer exagero, mas não
é. O presidente da entidade demonstra o cálculo na ponta do lápis.
Há demanda para um incremento
constante na produção que culminará,
daqui a seis anos, em mais 180 milhões de toneladas de cana processada. “Há mercado. A pergunta é: podemos atendê-lo? O mercado só existirá
se formos capaz de abastecê-lo. É um
crescimento equivalente ao crescimento dos últimos 14 anos, só que
agora em cinco ou seis anos”, explica
Carvalho. Cinco fatores entram na conta da Unica.
O primeiro deles é o carro multicombustível. As projeções feitas em
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
a experiência foi de boa a excelente.
O pé-atrás do consumidor era com a
falta de garantias. Ele temia que se repetisse o que ocorreu no passado e que
a falta de subsídios levasse a uma nova
alta do preço ou ao desabastecimento. O
carro multicombustível acabou com esse
problema, diz Eduardo Carvalho. Isso
porque se o preço do álcool ficar acima
de 65% do preço da gasolina (é o limite
para valer a pena, já que o álcool consome mais), os usuários podem simplesmente encher o tanque com o combustível mais econômico.
Carro flexível
Entrar num posto e misturar no tanque
qualquer porcentagem de álcool com gasolina já virou um hábito de milhares de
motoristas brasileiros. A tecnologia do sistema flexfuel, ou bicombustível, foi apresentada pela Bosch do Brasil desde
1994 e o primeiro veículo bicombustível
chegou ao mercado em março de 2003,
com o lançamento do Gol Flex Fuel. Poucos meses após sua estréia, o sistema foi
também adotado pela Fiat, General Motors e, um ano depois, pela Ford. No entanto, o sistema se consolidou a partir de
2004. Entre janeiro e setembro foram vendidas 218 mil unidades de veículos na
versão bicombustível, volume que representa cerca de 20% do total de veículos
vendidos no país durante o mesmo período. O sucesso do bicombustível fez ainda
a Bosch lançar mais recentemente o sistema Multicombustível, que permite ao
veículo rodar com três combustíveis:
álcool, gasolina e gás natural.
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38 brasil cresce Bosch
Fotos Unica
DEPOIS
de moída, a cana
é transformada
em açúcar,
e o restante é
destilado para a
produção do álcool
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Mais do que a visita à Usina São
Martinho, conseguiram quebrar o protocolo de segurança, colocar o premiê em
um helicóptero e, a pretexto de conhecer
as instalações da Embraer em Gavião
Peixoto, sobrevoar o mar de cana entre
um local e outro. Tudo isso para mostrar
a Koizumi que, se o Japão precisar, o Brasil tem condições de garantir o fornecimento de álcool combustível para o país.
Saindo do álcool para o lado doce do
setor, as projeções de aumento da produção continuam. Apenas o consumo interno de açúcar, se mantiver o atual
ritmo de crescimento, deve ser elevado
em 1 milhão de toneladas até 2010. Tudo
por conta do crescimento vegetativo da
população. Se houver aumento da renda,
O quinto e último fator que compõe os cálculos de aumento de 50% da
produção brasileira de cana é um fato
novo. Depois de passar décadas insistindo em produzir açúcar a partir da beterraba, a União Européia finalmente decidiu cortar os astronômicos subsídios pagos a seus produtores. Como resultado,
até 2010 eles deixarão de vender de 4
milhões a 5 milhões de toneladas para o
mercado internacional. O Brasil deve
absorver 3 milhões de toneladas dessa
demanda. Doce desafio.
Em resumo, o país precisará, até
2010, aumentar sua safra de cana em
120 milhões de toneladas para produzir
álcool, e em 60 milhões de toneladas
para fabricar mais açúcar. O investimento para alcançar essa meta é estimado
em US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões – a serem gastos em infra-estrutura de transportes (portos, vagões), novas usinas e
modernização das já existentes. De 50%
a 60% desse valor será financiado pelo
próprio setor. Há 33 novas usinas em implantação no Centro-Sul do país, prontas
para produzir em 2005. Dessas, 22 estão
em São Paulo, 4 em Minas Gerais, 4 em
Goiás, 2 em Mato Grosso do Sul e uma
no Paraná. Sozinhas, serão capazes de
moer 60 milhões de toneladas de cana.
Em área, a expansão abrangerá cerca de 2 milhões de hectares de novas
plantações, que se somarão aos 5,5 milhões de hectares atuais. Mas não deverá
haver substituição de culturas. O mar de
cana deverá avançar, basicamente, sobre
os pastos do extremo oeste paulista e
sobre o Cerrado. Na prática, trata-se de
trocar uma gramínea por outra. Com
vantagens para o meio ambiente.
Estudo elaborado em janeiro de 2004
A Bosch na sua vida
Acervo Copersucar
«
conjunto com as montadoras prevêem
para 2010 um aumento de 7 bilhões de litros de álcool para o mercado automobilístico, sem contar outro bilhão de litros
para uso industrial. Em outras palavras, o
consumo vai sair dos 13 bilhões de litros
atuais para 20 bilhões daqui a seis anos,
pois dois em cada três motoristas deverão encher seus tanques com 100% de
álcool até lá. Claro que isso dependerá
de o preço do combustível manter-se
abaixo de 65% do valor da gasolina.
O segundo fator que compõe as projeções da Unica são as exportações de
álcool. Elas devem saltar dos 2 bilhões de
litros atuais para 5 bilhões em 2010. Esses novos 3 bilhões devem atender à demanda dos programas de mistura de álcool à gasolina que começam a aparecer
no mundo. Não foi à toa que os usineiros
mexeram os pauzinhos para que o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, visitasse a região de Ribeirão Preto, a
capital do país dos treminhões, durante
sua passagem pelo Brasil em setembro.
pela Secretaria de Meio Ambiente do
Estado de São Paulo mostra que o saldo
ambiental da produção de álcool é francamente positivo. Somando-se os gases
lançados na atmosfera em todas as etapas da produção, desde a queima da cana até a industrialização, o resultado é
muito menor do que a quantidade de
carbono absorvida durante o processo
de crescimento do canavial. Mais do que
isso, para cada litro de álcool adicionado
à gasolina, 1,2 kg de CO2 deixa de contribuir para o aquecimento global.
esse número pode ser ainda maior.
Do mesmo modo, se o Brasil quiser
manter sua atual participação no mercado internacional de açúcar, terá que aumentar sua exportação de 13 milhões de
toneladas para 16 milhões nos próximos
anos. Isso porque o consumo dos países
importadores vem crescendo ano a ano
e, para não entregar clientes para a concorrência, o Brasil terá que aumentar sua
produção voltada para o exterior.
Rapidez e segurança
A Bosch colabora com o setor sucroalcooleiro desde 1977, quando foram vendidas pela empresa as primeiras máquinas de embalar açúcar fabricadas no
Brasil. Hoje, a empresa oferece ao mercado brasileiro máquinas capazes de produzir até 150 pacotes de 1 quilo de açúcar
por minuto. Esses equipamentos contam
ainda com um sistema preciso de fechamento do pacote, que reduz as chances
de rompimentos acidentais da embalagem. Além disso, as peças em contato direto com o produto das empacotadoras
da Bosch são feitas de aço inoxidável,
que contribui para aumentar o nível de higienização do produto. Outra característica é a elevada durabilidade das empacotadoras Bosch, projetadas para trabalhar
24 horas por dia durante muitos anos seguidos. Até hoje, diversas máquinas vendidas pela empresa ao final da década de
1970 estão em pleno funcionamento.
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Fotos Arquivo Bosch
40 atitude cidadã Bosch
A Bosch desenvolve projetos de responsabilidade social como o Peça por Peça, em Curitiba (PR), Só Solidariedade e Ação Bosch Social (ABS), em Campinas (SP), além de
Uma tradição de
responsabilidade social
"É minha intenção
promover o
desenvolvimento
moral, físico
e intelectual das
pessoas"
Robert Bosch, 1935
a
0política de responsabilidade social do Grupo Bosch Mundial é
uma atitude empresarial originada há
mais de um século. Longe de refletir a
tendência moderna do mundo corporativo, essa política do Grupo foi estabelecida por decisão do seu próprio fundador,
Robert Bosch (1861-1942). Além de estabelecer uma cultura empresarial com
base na pesquisa e no desenvolvimento
tecnológico voltados para a segurança, o
conforto e o bem-estar da sociedade,
Robert Bosch foi um empreendedor com
uma sensibilidade social incomum para
sua época. "É minha intenção, além de
contribuir para amenizar as diversas formas de carência, promover o desenvolvi-
mento moral, físico e intelectual das pessoas", afirmou ele em 1935.
Atualmente, a responsabilidade social da Bosch está presente em ações
concretas nas 236 fábricas e diversas outras empresas do grupo, que congregam
232 mil funcionários em mais de 50 países. Tratam-se de iniciativas voltadas à
redução dos problemas sociais por meio
de programas nas áreas de educação
básica e profissionalizante de adolescentes, conscientização para a promoção da
saúde e da conservação ambiental como
qualidade de vida e incentivo a atividades culturais.
No Brasil, essas iniciativas são desenvolvidas por meio do Instituto Robert
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apoiar projetos na área cultural, como o Jogos Indígenas do Brasil
Bosch em parceria com as unidades fabris da empresa (veja na página 43). Para
oferecer importantes contribuições à evolução social e à preservação do meio ambiente, programas são concebidos e implantados em vista de um objetivo mais
amplo: o de garantir o atendimento das
necessidades atuais da sociedade sem
prejudicar as futuras gerações.
Um dos exemplos é o projeto Peça
por Peça, criado em 2000, com a finalidade de apoiar a comunidade do bairro
de Vila Verde, em Curitiba (PR). “A Bosch
ajudou a realizar um sonho antes impossível, assim como o sonho de outras pessoas da Vila Verde”, afirma a presidente
da cooperativa costura de Vila Verde,
Julieta Maria Cerri, de 55 anos.
Outro projeto é o Ação Bosch Social
(ABS), da Unidade de Sistemas de Chassis, que foi estrategicamente estruturado
para integrar os esforços e o conhecimento da rede social que atua na região
de Campo Grande, em Campinas. O objetivo é oferecer alternativas e condições
que contribuam ao desenvolvimento ju-
venil e, neste ano, cerca de 730 jovens
serão beneficiados.
Todos os projetos da Bosch contam
ainda com a participação ativa de funcionários voluntários da empresa. Na Vila
Boa Vista e no Parque Via Norte, em Campinas, por exemplo, os voluntários do “Só
Solidariedade” promovem aos sábados
aulas de informática, balé, inglês, teatro,
capoeira e recreações diversas.
No entanto, para o Grupo Bosch, a
responsabilidade social não é voltada
apenas a ações externas. Ela está presente nas atividades do dia-a-dia da
empresa, no processo que começa com
a concepção de cada um de seus produtos e chega ao consumidor final, afirma
Carlos Abdalla, gerente de Relações Corporativas da empresa no Brasil.
Na escolha e na aquisição de suprimentos, nas diversas etapas do processo
industrial ou nas relações com os funcionários, fornecedores, clientes e consumidores, todas as decisões gerenciais
estão em consonância com valores éticos, com o respeito aos direitos huma-
TODOS OS
projetos da Bosch
contam com a
participação ativa
de funcionários
voluntários da
empresa
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TESTAMENTO
«
Robert Bosch
determinou que 8%
do capital da
empresa deveria
ser de sua família,
e 92%, da Fundação
Robert Bosch
Arquivo Bosch
nos, com as exigências legais e com a
proteção da saúde e do meio ambiente.
Em abril deste ano, o Grupo Bosch
Mundial publicou seus Princípios Básicos
de Responsabilidade Social com o intuito
de fortalecer, ainda mais, o compromisso
da empresa com os diversos públicos
com os quais se relaciona.
São dez princípios complementados
por um importante compromisso: “A
Bosch não trabalhará com parceiros que,
comprovadamente, não observam os direitos fundamentais dos trabalhadores
estabelecidos pelas convenções da Organização Internacional do Trabalho”.
Para assegurar a coerência e a continuidade das ações do Grupo Bosch no
plano da responsabilidade social, os
ideais de Robert Bosch foram implantados com base na mesma receita aplicada aos seus empreendimentos empresariais, na qual as ações de longo prazo são
ingredientes essenciais. Para garantir a
continuidade das ações ao longo do tempo, o Grupo adquiriu uma estrutura especial, por decisão de seu fundador.
Em seu testamento, Robert Bosch
determinou que 8% do capital da empresa pertenceria à sua família e que 92%
seriam propriedade da Fundação Robert
Bosch, que foi fundada em 1964 na Alemanha. “Atuar com uma gestão de longo
prazo e com o ideal de que o lucro deve
ter base em princípios éticos se torna
mais fácil sem as pressões de uma empresa de capital aberto", diz Carlos
Abdalla.
O Hospital Centro Médico de Campinas foi entregue à comunidade em 1973
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Centro de Memória Bosch
O braço social da empresa
O Instituto Robert Bosch, braço social
da Bosch no Brasil, é a instituição responsável pelo desenvolvimento de políticas e diretrizes de responsabilidade social da empresa. Ele atua em parceria
com cada uma das quatro fábricas da
empresa e também com outras entidades no apoio e no desenvolvimento de
projetos sociais, culturais, ambientais,
educativos, de preservação e formação
do patrimônio histórico-cultural e médico-hospitalares.
Criado em maio deste ano, o Instituto
se originou da Associação Beneficente
Robert Bosch, estabelecida em Campinas (SP) em 1971, que se dedicava principalmente a projetos de apoio à comunidade na área médico-hospitalar. Essa
conversão permitiu à entidade uma estrutura mais adequada para aumentar a
abrangência de sua atuação para outras
áreas, segundo o gerente de Relações
Corporativas, Carlos Abdalla. Anualmente, são investidos cerca de R$ 3 milhões
em projetos de responsabilidade social e
cultural voltados para a auto-sustentabilidade das comunidades e entidades
assistidas no Brasil.
O Instituto concentra seus investimentos sociais em projetos comunitários
desenvolvidos nas regiões onde se localizam as unidades da Bosch e onde mora
a maior parte de seus colaboradores. Em
todo o país, cerca de 32 mil pessoas são
beneficiadas direta e indiretamente nas
comunidades onde a empresa atua.
Na área de assistência médico-hospitalar, destaca-se a construção do Hospital Centro Médico de Campinas, que
entrou em operação em 1973, e o apoio
ao início das obras do Hospital Domingos
Adhemar Boldrini, com a doação do terreno e de US$ 1 milhão. Este, fundado em
1986, também em Campinas, tornou-se
um centro de referência no tratamento do
câncer infantil.
Os projetos da área de educação se
concentram em três vertentes: profissionalização de adolescentes, incentivo à
cultura e conscientização de meio ambiente ou à saúde, ligada à qualidade de
vida. Um único projeto, no entanto, pode
ter esses três objetivos. É o caso do Peça
por Peça, criado em 2000, com a finalidade de apoiar a comunidade do bairro
de Vila Verde, em Curitiba (PR).
Dividido em cinco módulos – Educação na saúde pelo Meio Ambiente, Educação pelo Esporte, Educação para a Cultura, Educação para Geração de Renda e
Jovens em Ação – esse projeto tem como base a valorização do papel da educação e do estímulo ao trabalho cooperativo entre empresas, instituições públicas e a comunidade.
Na área cultural, a Bosch patrocina
uma série de projetos por meio da Lei
Rouanet. O mais recente é a temporada
nacional do espetáculo “Primeira Pessoa”, que comemora os 50 anos de carreira da atriz Eva Wilma. Mas a empresa
também apóia ações no segmento, como o patrocínio à Orquestra Sinfônica
Municipal de Campinas, e o Projeto Guri,
que irá atender a cerca de 300 crianças e
adolescentes de 8 a 18 anos, por meio de
núcleos de ensino musical.
Há ainda o patrocínio a projetos especiais como o “Jogos Indígenas do Brasil”. Elaborado pela Origem Jogos e Objetivos, este projeto foi integralmente patrocinado pela Bosch e realizou uma
pesquisa inédita para identificar e resgatar as atividades lúdicas dos índios
brasileiros. O resultado da pesquisa gerou 20 mil kits didáticos (livro, apostila do
professor e jogo) e 500 cópias de um documentário, entregues ao Ministério da
Educação, no dia 4 de maio deste ano.
Três momentos na vida de Robert Bosch
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44 áudio Blaupunkt
Tocadores como
o iPod liberam
espaço interno
dos carros
mp3
Gettyimages
POR GUILHERME PREZIA
Mais música em menos espaço
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Capazes de armazenar 10 vezes mais do que um CD convencional, os
arquivos de MP3 se firmam como um novo padrão no mercado de áudio
o
MP3 – formato que reduz o ta-
manho de arquivos de música,
sem que haja perda significativa de qualidade sonora – já é um novo padrão no
mercado de aparelhos de áudio. Pelo
menos essa é a aposta de pesquisadores
e especialistas no assunto. Com vantagens na economia de espaço em disco e
mais praticidade para o usuário, o MP3
tem conquistado adeptos e provocado
mudanças irreversíveis na indústria mundial da música.
O nome MP3 é uma abreviação de
“Moving Picture Experts Group Audio
Layer-3” e se tornou o tipo mais popular
de digitalização de áudio a partir da década de 1990.
O grande trunfo do MP3 em relação
ao CD de áudio tradicional está no espaço reduzido que ele ocupa num disco
gravável. Um arquivo de MP3 com qualidade similar à do CD precisa em média
de um décimo do espaço que ocupa
num disco. Isso significa que em vez de
comportar até 80 minutos de música,
pode-se armazenar num único disco até
800 minutos em MP3, ou mais de 13
horas de música ininterrupta.
Foi levando em conta essa matemática que o engenheiro de computação
Mauro Ramos Fernandes resolveu trocar
o tocador de CD de seu carro por outro
com leitor de MP3. Com a mudança, Fernandes conseguiu liberar boa parte do
espaço antes ocupado por dezenas de
CDs. “Eu andava com uns 50 CDs, que
cabem agora em seis CDs de MP3”,
conta.
Assim como outros muitos adeptos
do MP3, Fernandes teve de se adaptar à
conversão e gravação de arquivos em
MP3. Depois de passar do CD para o
MP3, a segunda parte do processo é a de
gravar os arquivos convertidos para um
CD virgem comum. Um dos programas
de gravação mais usados é o Nero
(www.nero.com). Nele, o usuário poderá
selecionar a seqüência das músicas e dividi-las em pastas, para facilitar a busca.
A praticidade do MP3 virou objeto de
polêmica com a popularização de programas de troca gratuita de faixas pela
internet, iniciada com o Napster e proliferada por programas como Morpheus,
Kazaa e Limewire. Com o MP3 rolando
livre e de graça pela rede, uma onda de
processos judiciais promovidos por gravadoras contra usuários e sistemas de
MP3 COM OUVIDO
A Bosch disponibiliza no Brasil, através da
marca Blaupunkt, a mais recente tecnologia em equipamentos de som automotivo. Um exemplo é auto-rádio Bremen MP74, capaz de reproduzir desde
os tradicionais CDs de música até arquivos de áudio em MP3. Um dos diferenciais
do modelo é a tecnologia ID3, em que o
aparelho exibe o nome de todas as pastas
e arquivos MP3 gravados no CD, facilitando a procura por uma determinada
música. O aparelho conta ainda com um
sistema de equalização automática. Através de um microfone instalado no teto do
interior do veículo, o aparelho consegue
detectar, por exemplo, se há uma janela
aberta, e ajustar automaticamente a regulagem de freqüências do som.
troca de música começou a pipocar a
partir de 2000, em grande parte nos Estados Unidos.
Apesar do esforço no dinheiro gasto
nos processos, as gravadoras não conseguiram proibir de forma efetiva a prática – tanto nos EUA, quanto no resto do
mundo. Para o advogado Nehemias Gueiros Jr., especializado em direito autoral e
internet, a troca de músicas pela rede
não pode ser considerada crime. “O ilegal
é a finalidade de lucro e a maioria dos
usuários faz (troca de músicas) sem essa
intenção”, diz.
A Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), representante
das gravadoras do país, tem uma posição
diferente. Para a entidade, a troca gratuita de músicas é ilegal pois infringe a lei
de direitos autorais. Segundo o presidente da ABPD, Eduardo Rajo, a entidade
não processou até o momento ninguém
no país por trocar músicas na internet.
“Mas podemos tomar atitudes nesse
sentido no futuro”, diz Rajo.
Ilegal ou não, quase cinco anos após
o ‘boom’ do MP3, os programas de troca
de música se mantêm e uma parcela
das grandes gravadoras passou a comercializar arquivos de MP3 em páginas
na internet.
Dentro desse novo panorama, muitos teóricos e pesquisadores arriscam
dizer que o MP3 é hoje um formato consolidado. Para Beth Saad, professora da
Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora da área de mídia digital desde
1992, o MP3 se tornou o padrão entre as
mídias musicais e, mais do que isso,
“representa também uma mudança de
comportamento do mercado fonográfico”. Como exemplo, Beth cita sucesso
de vendas de diversos tocadores portáteis de MP3, como o iPod da Apple
(http://www.apple.com/ipod/), capaz de
armazenar 40 gigas de arquivo, o equivalente a cerca de 8 mil músicas com qualidade semelhante à do CD.
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POR MARÍLIA JUSTE
Sucesso
com ignição
a vela
Como uma solução simples revolucionou a
indústria automobilística e firmou uma marca
a
vela de ignição é apenas um pequeno dispositivo que existe sob
o capô de um automóvel. Mas, se não
fosse por ela, tudo seria diferente tanto
no veículo que a abriga quanto na indústria automobilística, bem como na empresa que a criou.
Quando a primeira vela com magneto de alta tensão foi patenteada pela
Bosch em 1902, o motor a combustão interna já era uma invenção consolidada,
embora o automóvel ainda não fosse um
meio de transporte tão popular quanto
se tornaria nos anos seguintes. A construção do motor já era feita com facilidade,
mas restava um problema a ser resolvido: como acender o combustível na câmara de combustão de um modo eficiente e seguro? Até então, os únicos meios
existentes eram um tipo de ignição muito
primitivo, que esvaziava rapidamente a
bateria do carro, e a ignição por tubos
incandescentes, que podia — e não raro
conseguia — botar fogo em todo o motor.
Conseguir uma ignição confiável parecia tão difícil que o “pai do automóvel”
Carl Benz se referia a isso como “o problema de todos os problemas”. Para
uma dificuldade tão grande, a solução
acabou se mostrando incrivelmente
simples. No final do século 19, Robert
Bosch começou a estudar um novo tipo
de ignição. Com magnetos de baixa voltagem, ele conseguiu dar o primeiro
passo na resolução do problema.
O próximo passo, o definitivo, viria
poucos anos depois, em dezembro de
1901. Um dos empregados de Bosch —
que mais tarde viria a se tornar chefe do
setor de desenvolvimento —, Gottlob
Honold, trabalhou o projeto original do
patrão. Depois de algum estudo, resolveu incluir magnetos de alta voltagem
no lugar dos de baixa. Quando viu o trabalho, Bosch fez questão de parabenizar
Honold. Estava criado o dispositivo que
mudaria a história do automóvel e
transformaria a Bosch em uma das
maiores empresas do ramo.
“Se o assunto é a indústria automobilística, a vela causou uma verdadeira
revolução. Foi ela que viabilizou a produção e o desenvolvimento dos motores a álcool e a gasolina”, explica o engenheiro do produto da Bosch, Hermann Klein. “Foi um dos primeiros produtos que a Bosch produziu e o primeiro a ser fabricado em larga escala”,
complementa Robson Marzochi, assessor de marketing do produto.
A nova invenção induzia a ignição
através da alta voltagem causada por
eletrodos que ficavam em suas extremidades. O pequeno dispositivo cabia, sem
problemas, em qualquer veículo e era
mais barato que seus antecessores.
Além disso, permitia um melhor aproveitamento do combustível utilizado e, por
conseqüência, velocidades mais altas.
A forma do aparelho, parecida com
uma vela, originou o seu nome.
Mais de cem anos depois, a função
da vela é ainda a mesma. Mas os materiais usados em sua composição — a
cerâmica, os metais — passaram por
um século de evolução. Com isso, temos
hoje velas mais duráveis, menores, menos poluentes e com muito mais aplicações do que Robert Bosch sonhava
em 1900. “A vela é usada não só em
motores de automóveis, mas em cortadores de grama, motosserras, barcos.
Todo motor a combustão interna que
não seja a diesel precisa de uma vela. E
para cada um deles usamos uma vela
diferente”, afirma Klein.
Se da fundação da empresa, em
1887, até o ano de 1896, a Bosch havia
vendido algo em torno de mil sistemas
de ignição com magnetos de baixa voltagem, a partir de 1902, com os sistemas de alta voltagem, as vendas atingiram velocidades tão altas quanto as dos
automóveis que usavam seus produtos.
Hoje, somente na fábrica de Bamberg,
na Alemanha, são produzidas 1 milhão
de unidades por dia. Por ano, são mais
de 350 milhões. Nos últimos 100 anos,
foram 7 bilhões e meio de velas produzidas na Bosch. Uma história de sucesso,
que também teve ignição a vela.
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Fotos Arquivo Bosch
48 aquilo deu nisso Bosch
No Centro de Memória Bosch, profissionais especializados identificam, restauram, acondicionam e registram documentos que integram o patrimônio histórico da empresa
Um centro
para resgatar a memória
p
or fazer parte de um grupo empresarial fundado há 118 anos e
por estar presente no Brasil há
50 anos, a Robert Bosch Ltda. possui um
grande acervo de documentos e informações históricas. São imagens, gravações de áudio e vídeo e documentos em
geral, cuja importância transcende os interesses empresariais do Grupo Bosch e
que, por isso, fazem parte do patrimônio
histórico-cultural coletivo.
Ciente da responsabilidade de preservar esse patrimônio, a empresa decidiu criar em 2003 o Centro de Memória
Bosch, com sede em Campinas (SP).
Completando um ano de existência, em
maio deste ano ele passou a fazer parte
do então recém-criado Instituto Robert
Bosch, responsável pelo desenvolvimento de políticas e diretrizes de responsabilidade social (veja reportagem à pág. 43).
Além de buscar recuperar informa-
ções sobre o histórico da empresa, a iniciativa abre o caminho para resgatar parte do contexto econômico, social e político do país, afirma Carlos Abdalla, gerente
de Relações Corporativas e Ação Social
Central da empresa no Brasil.
Para pôr em prática os objetivos que
levaram à criação do Centro, a Bosch decidiu recorrer a um suporte profissional
especializado, contratando os serviços
da empresa Tempo & Memória, que já
contava com larga experiência na implantação de núcleos de documentação
e informação histórico-cultural em outras
instituições.
As atividades do Centro de Memória tiveram início em maio de 2003. Os
primeiros trabalhos consistiram em separar, identificar e acondicionar imagens
e outros documentos que estavam encaixotados aleatoriamente, segundo a
cientista social e pesquisadora Sandra
Reis, da Tempo & Memória.
Simultaneamente a essas atividades, foi sendo realizada a organização
do acervo e a restauração e o tratamento especial de imagens e fitas com
registros audiovisuais. Vários filmes já
foram recuperados, e alguns levados a
instituições de pesquisas e bancos de
dados para serem identificados.
Hoje, estão devidamente catalogadas e acondicionadas diversas fotografias da empresa como as de sua fundação em 1886 – com a Oficina de Mecânica Fina e Eletrotécnica, em Stuttgart,
na Alemanha –, e do escritório na Praça
da República, no centro de São Paulo,
montado para planejar a implantação de
fábricas no Brasil e inserir a Bosch na
indústria automobilística do país.
Grande parte desse acervo, diz Carlos Abdalla, será digitalizado, para ser
disponibilizado, numa etapa posterior,
como ferramenta na intranet da empresa, permitindo o suporte para os trabalhos das diversas áreas da Bosch, inclusive marketing e comunicação, e,
posteriormente, de instituições de pesquisa e outras entidades.
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