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Balcão de redação − Tema 6 − 2010 O plástico nosso de cada dia M | Período: 5 a 11 de abril Orientações para o aluno No final da década de 1950, quando alguns poucos supermercados brasileiros começaram a usar as famigeradas sacolas plásticas, o mundo ainda não havia se dado conta do mal que elas causariam à Natureza; pelo contrário, tais sacolas eram símbolo de status social: enquanto os “pobres” iam às feiras de bairros com suas sacolas de pano ou de fibra natural, os “ricos” compravam em supermercados e levavam para casa as suas compras acomodadas em sacolas plásticas coloridas (somente mais tarde é que as brancas se tornaram praga, entopem bueiros junto com PETs) e se acumulam na natureza. No catastrófico filme O dia depois de amanhã (USA, 2004, 124min.), o diretor Roland Emmerich provocou calafrios de medo ao colocar nas telas aquilo que os ecologistas advertem ser a maior violência que o ser humano pratica contra si mesmo: ser responsável pelo aquecimento global. No filme, todo o planeta passa por um grande cataclismo, os ventos nunca vistos antes varrem o Havaí do mapa, pedras de granizo do tamanho de um automóvel caem sobre Tóquio e tornados arrasam a Califórnia, o gelo acaba por cobrir todo o planeta. Estaremos muito longe disso, hoje em dia? Mas algo nos consola: há, no mundo, um movimento cada vez mais amplo para que uma guerra contra a sujeira despejada sobre a Terra cesse de vez, sobretudo a que tenha origem nos plásticos que demoram pelo menos 400 anos para desaparecer. Inventado em 1862, pelo inglês Alexander Porkes, o plástico é considerado hoje como uma espécie de presente de grego para a humanidade. Mantenha-se firme na coesão e coerência e dê um fecho digno do assunto ao seu texto. Cuide dos pareamentos, das contextualizações do tema, dos argumentos bem definidos. Dê ao seu texto, sobretudo, características de ordem reflexivo-filosófica. Um grande abraço, Esther Rosado Texto 1 Você ainda usa saco plástico? [...] Na Alemanha, há décadas, quem não anda com a própria sacola é obrigado a pagar uma taxa pelo uso dos sacos plásticos nas lojas. Nos últimos meses, iniciativas desse tipo estão se multiplicando no mundo todo. Em São Francisco, na Califórnia, há uma lei que proíbe grandes supermercados de distribuirem sacos feitos de material derivado de petróleo, como o plástico. A rede de supermercados Loblaws, no Canadá, vende sacolas de pano que aguentam até 10 quilos por menos de US$ 1 canadense. Quem faz compras com uma dessas embaixo do braço ganha descontos. Segundo os estudos da marca, uma bolsa de lona pode substituir cem saquinhos plásticos. No Brasil, também existem algumas iniciativas. Em Joinville, Santa Catarina, há um projeto chamado Sacola Permanente, que busca substituir os saquinhos plásticos por bolsas de pano. Quase todo plástico produzido desde 1909 continua se acumulando na natureza “Agir com o apelo da moda, do lado estético, é ótimo”, afirma Hélio Mattar, diretor do Instituto Akatu, que promove o consumo responsável. “Mas é preciso orientar as pessoas. Quem faz compra para o mês inteiro não vai levar um monte de sacolas de pano para o mercado.” Ainda será preciso criar alternativas para as compras do mês, que enchem o portamalas do carro. Uma opção é usar caixas de papelão. Para Lucia Legan, do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, a iniciativa é uma oportunidade de negócio. “Bolsas de pano ou reutilizáveis ainda levam o logotipo da marca para passear. Principalmente se as bolsas são bacanas.” Ela e Mattar dizem que, melhor que comprar uma bolsa, é fazer a própria. “Cada um deveria usar sua sacola para se expressar”, diz Mattar. Cada plástico evitado é bom para a natureza porque o material leva milhares de anos para se decompor naturalmente. Ninguém viu isso acontecer desde que o material foi inventado, em 1909, pelo químico belga Leo Baekeland. Estima-se que, tirando o que foi queimado, todo plástico produzido pela indústria de lá para cá ainda esteja por aí, nos aterros sanitários ou nos mares. O pesquisador Richard Thompson, da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, descobriu que peças plásticas jogadas no mar acabam se fragmentando. Ele estima que nas praias da costa da Inglaterra 20% da areia é, na verdade, plástico moído. Em algumas áreas do oceano, há mais plástico em suspensão na água que microrganismos marinhos, o plâncton. Os cientistas estão investigando os efeitos dos pedaços microscópicos de plástico que se acumulam na cadeia alimentar. São assimilados por algas, peixes e podem acabar em produtos alimentícios que enchem as prateleiras. Por isso, ir ao supermercado com sacolas reutilizáveis pode até garantir, no futuro, a qualidade dos produtos que você compra. Lia Back. <http://revistaepoca.globo.com/Revista/ Epoca/1,,EDG78845-6014,00.html>. Texto 2 Barco feito com 12 mil garrafas plásticas inicia jornada Viagem tem objetivo de chamar atenção para a poluição nos oceanos. Um barco feito de 12 mil garrafas plásticas partiu neste domingo em uma jornada da cidade americana de San Francisco até a capital australiana Sydney. O objetivo da viagem, que deverá durar três meses, é chamar a atenção para o problema da poluição nos oceanos. O ambientalista e herdeiro do setor bancário David De Rothschild e sua tripulação partiram no catamarã Plastiki. A jornada de 11 mil milhas náuticas passará pelo local conhecido como “grande depósito de plástico do Pacífico”, uma massa de lixo cinco vezes maior do que a Grã-Bretanha. Quatro em cada cinco garrafas plásticas acabam em depósitos de lixo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Rothschild, de 31 anos, já completou expedições aos dois polos e várias florestas. “Viajando a 2.0 nós, há muito oceano pela frente!”, disse Rothschild em sua página no site de mensagens Twitter. “Acabamos de avistar nosso primeiro lixo marinho – um copo de plástico!” Reciclando As 12 mil garrafas plásticas usadas no Plastiki foram recheadas com dióxido de carbono para tornar a embarcação durável e permitir que flutue. O catamarã usa energia solar, eólica e turbinas marítimas. Uma bicicleta ergométrica será usada para carregar os laptops que serão usados a bordo e há também um banheiro que transformará detritos em adubo e um jardim para que vegetais possam ser plantados. Críticos dizem que a expedição apenas perpetua a crença de que é aceitável usar plástico se as pessoas reciclarem o material, ao invés de encorajar o fim do uso. Eles também dizem que se o Plastiki quebrar no meio da jornada, depositará milhares de garrafas diretamente no oceano. BBC Brasil. <www.estadao.com.br/noticias/vidae,barco-feito-com-12mil-garrafas-plasticas-inicia-jornada,527281,0.htm>. Balcão de redação − Tema 6 − 2010 O plástico nosso de cada dia M | Período: 5 a 11 de abril Texto 3 Texto 5 Plásticos são maiores poluentes de oceanos e praias Pequenos pedaços de plástico e fibras de produção humana estão causando a contaminação dos oceanos e praias, segundo a revista Science. Cintura de plástico Ontem eu estava cozinhando (eu adoro cozinhar) e me vi cercada por plásticos. Era o plástico que embalava as vagens, o plástico que embalava as cenouras, o plástico da garrafa de leite, uma sacolinha que eu nem consegui identificar de onde veio, duas sacolas que os feirantes usaram para colocar os sacos de vagem e cenoura, que depois eu coloquei na minha sacola de ráfia, mas já era tarde demais. E isso me fez lembrar da sopa de plástico do Giro do Pacífico Norte, que eu publiquei, atônita, há um pouco mais de um ano atrás. Consegui os endereços da pessoa que fotografou aquela tartaruga, não se preocupe se você não se lembra, vou colocá-la novamente aqui. E, descobri que além da dita fotografia conhecidíssima, também existem outras, que ajudam a contar uma história. O fotógrafo em questão é um herpetologista, Dino Ferri, que na época trabalhava no Audubon Nature Institute, em New Orleans. Imagine-se no lugar deste pesquisador. Conta Ferri que em um dia normal de trabalho, chegou um garotinho com uma caixa na mão. Ele tinha resgatado aquela tartaruga na praia e queria saber informações sobre ela, gostaria que o aquário do instituto cuidasse dela. <http://scienceblogs.com.br/rastrodecarbono/2009/03/cintura_de_ plastico.php>. Substâncias também foram encontradas dentro de animais. Até mesmo remotas camadas de areia e barro são agora compostas, parcialmente, por lixo microscópico. Essa é a primeira avaliação de fragmentos de plástico acumulados em sedimentos e na água. Ainda não se sabe quais serão os efeitos a longo prazo causados por essa poluição. Amostras Uma equipe de cientistas da Universidade de Plymouth coletou amostras de 17 praias e estuários na Grã-Bretanha e analisaram as partículas que não pareciam ser naturais. Os pesquisadores constataram que a maioria das amostras continha evidências de uma variação de plásticos ou polímeros, incluindo nylon, poliester e acrílico. Eles também encontraram as substâncias dentro do aparelho intestinal de minhocas e crustáceos que ingeriam os sedimentos. Para testar se essa contaminação estava piorando, os cientistas analisaram amostras de plâncton coletadas de navios de pesquisa entre a Escócia e Islândia desde os anos 1960 – viu-se que os conteúdos de plástico haviam aumentado significativamente durante o período. Texto 4 Como é feito o plástico biodegradável? O plástico comum é um material sintético feito a partir de derivados do petróleo. Como é uma novidade criada pelo homem, nunca fez parte do cardápio de nenhum microrganismo. Por não ser, digamos, o prato preferido desses minúsculos seres, leva de 40 a 200 anos para ser decomposto. Já a origem do plástico biodegradável é natural. Do mesmo modo que nós produzimos gordura para estocar as reservas de energia dentro do corpo, algumas bactérias produzem um composto, chamado PHB, com propriedades parecidas com as do plástico comum. Uma pesquisa pioneira do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, descobriu uma forma simples de produzir PHB: engordando essas bactérias com cana-deaçúcar. “Primeiro, fornecemos uma alimentação balanceada às bactérias, para que elas se reproduzam. Depois, retiramos alguns nutrientes e damos só açúcar. As bactérias não se reproduzem mais e só engordam, produzindo o plástico. Daí basta separar e recolher a matéria-prima praticamente pronta”, diz a engenheira química Marilda Keico Taciro, do IPT. A boa notícia acaba aí. O plástico biodegradável custa (por enquanto) de três a cinco vezes mais que o de petróleo – por isso, seu uso ainda é limitado a aplicações médicas e experimentais. <http://mundoestranho.abril.com.br/tecnologia/pergunta_286064. shtml>. A armação de um foguete foi um dos objetos mais incomuns encontrados em uma das praias. Aparência Pelo fato de o time ter coletado apenas partículas que pareciam diferentes de sedimentos naturais, acredita-se que o verdadeiro nível de contaminação possa ser muito maior. Um dos autores do estudo, o professor Richard Thompson, disse: “Dado a durabilidade dos plásticos e a natureza descartável de muitos itens, esse tipo de contaminação tende a crescer”. “Nossa equipe está agora trabalhando para identificar a as possíveis consequências dessa contaminação ao meio ambiente.” Uma das preocupações é que elementos químicos tóxicos se espalhem pela cadeia alimentar. Tim Hirsch. <www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/ story/2004/05/040507_plasticoas.shtml>. Balcão de redação − Tema 6 − 2010 O plástico nosso de cada dia M | Período: 5 a 11 de abril Texto 6 A farra dos sacos plásticos! Quem recusa a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico. Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com uma situação curiosa: a caixinha com as lâminas cabia perfeitamente na minha pochete. Meu plano era levar para casa assim mesmo. Mas num gesto automático, a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinha num saco onde caberiam seguramente outras dez. Pelas razões que explicarei abaixo, recusei gentilmente a embalagem. A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês Alexander Parkes inventou o primeiro plástico, em 1862. O novo material sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista da civilização moderna. Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de grandes proporções. Feitos de resinas sintéticas originadas do petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto tempo levam para desaparecer no meio natural. No caso específico das sacolas de supermercado, por exemplo, a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade (PEBD). No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, que já representa 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em vazadouros, esses sacos plásticos impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis, e dificultam a compactação dos detritos. Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação – e na cultura – de vários países europeus. Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania (cada um levando sua própria sacola). Quem não anda com sua própria sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos. O preço é salgado: o equivalente a sessenta centavos a unidade. A guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovada uma lei que obriga os produtores e distribuidores de embalagens a aceitar de volta e a reciclar seus produtos após o uso. E o que fizeram os empresários? Repassaram imediatamente os custos para o consumidor. Além de antiecológico, ficou bem mais caro usar sacos plásticos na Alemanha. Na Irlanda, desde 1997, paga-se um imposto de nove centavos de libra irlandesa por cada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicar o número de irlandeses indo às compras com suas próprias sacolas de pano, de palha, e mochilas. Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP mobilizou a atenção dos consumidores com uma campanha original e ecológica: todas as lojas da rede terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis. Até dezembro deste ano, pelo menos 2/3 de todos os saquinhos usados na rede serão feitos de um material que, segundo testes em laboratório, decompõe-se dezoito meses depois de descartado. Com um detalhe interessante: se por acaso não houver contato com a água, o plástico se dissolve assim mesmo, porque serve de alimento para microrganismos encontrados na natureza. Não há desculpas para nós brasileiros não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos na natureza. O país que sediou a Rio-92 (Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente) e que tem uma das legislações ambientais mais avançadas do planeta, ainda não acordou para o problema do descarte de embalagens em geral, e dos sacos plásticos em particular. A única iniciativa de regulamentar o que hoje acontece de forma aleatória e caótica foi rechaçada pelo Congresso na legislatura passada. O então deputado Emerson Kapaz foi o relator da comissão criada para elaborar a “Política Nacional de Resíduos Sólidos”. Entre outros objetivos, o projeto apresentava propostas para a destinação inteligente dos resíduos, a redução do volume de lixo no Brasil, e definia regras claras para que produtores e comerciantes assumissem novas responsabilidades em relação aos resíduos que descartam na natureza, assumindo o ônus pela coleta e processamento de materiais que degradam o meio ambiente e a qualidade de vida. O projeto elaborado pela comissão não chegou a ser votado. Não se sabe quando será. Sabe-se apenas que não está na pauta do Congresso... Omissão grave dos nossos parlamentares que não pode ser atribuída ao mero esquecimento. Há um lobby poderoso no Congresso trabalhando no sentido de esvaziar esse conjunto de propostas que atinge determinados setores da indústria e do comércio. É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra a ausência de uma legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. Há muitos interesses em jogo. Qual é o seu? André Trigueiro é pós-graduado em meio ambiente, jornalista, redator e apresentador do Jornal das 10, da Globonews, desde 1996. <http://listas.softwarelivre.org/pipermail/redepopular/2007May/000455.html>. Texto 7 Quantos anos dura na natureza? PAPEL DE 3A 6 MESES NYLON MAIS DE 30 ANOS PLÁSTICO PANO DE 6 MESES A1 ANO FILTRO DO CIGARRO 5 ANOS CHICLE METAL MAIS DE 100 ANOS MAIS DE 100 ANOS BORRACHA TEMPO INDETERMINADO 5 ANOS MADEIRA PINTADA VIDRO 13 ANOS 1 MILHÃO DE ANOS <www.redejovem.net/blog/escolamariaquiteria/media/ reciclagem.gif>. Proposta de redação A coletânea de recortes que você pôde ler anteriormente foi retirada de fontes variadas e faz uma abordagem de temática social contemporânea de grande importância, o uso sistemático do plástico, as facilidades e a ultra poluição que trouxe para o mundo contemporâneo. Levando em consideração a coletânea, redija uma redação sobre o seguinte tema: “O plástico nosso de cada dia: a ética, a educação e o futuro do planeta.”