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Copyright © Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 2012 Esta publicação pode ser reproduzida total ou parcialmente, e em qualquer formato, para propósitos educacionais ou sem fins lucrativos sem necessidade de obter-se permissão do proprietário dos direitos autorais, desde que conste referência da fonte. O Pnuma agradecerá o recebimento de uma cópia de toda publicação que utilize este relatório como fonte. Esta publicação não poderá ser utilizada para revenda ou qualquer outro propósito comercial sem a prévia autorização por escrito do Pnuma. Desobrigação de responsabilidade As denominações utilizadas e a apresentação do material desta publicação não implicam, absolutamente, a expressão de nenhuma opinião por parte do Pnuma, da Felaban ou da BSD com relação à situação legal de qualquer país, território, cidade, área ou suas autoridades, nem no que diz respeito a suas fronteiras e limites. Da mesma forma, as opiniões expressas nesta publicação não refletem necessariamente os pontos de vista ou a política do Pnuma, da Felaban ou da BSD. A referência a uma empresa comercial ou um produto nesta publicação não implica nenhum respaldo por parte das três instituições que realizaram a pesquisa ou o estudo de casos. Design Gráfico: Maria Paz Montecinos Impressão: Progress Press O Pnuma promove as práticas favoráveis ao meio ambiente no mundo todo e em suas próprias atividades. Esta publicação foi impressa com tinta vegetal e práticas ecológicas em papel 100% reciclado. Nossa política de distribuição busca reduzir a pegada de carbono do Pnuma. Integração da sustentabilidade nas instituições financeiras latino-americanas Ênfase nos aspectos ambientais Junho de 2012 Pesquisa regional Material traduzido por: Coordenação do projeto: Jessica Jacob, Coordenadora para América Latina e Península Ibérica, Unep FI. Equipe do projeto: Bram de Graaff, Unep FI. Mariana Escobar e Juliana Marquez, BSD Consulting. Supervisão do projeto: Careen Abb, Comissão Bancária, Unep FI. Felipe Arango, sócio da BSD Consulting. Silvia Jaramillo, Assessora de Comunicações e Imprensa, Felaban. Agradecimentos Queremos expressar nosso sincero agradecimento à Alide e às associações bancárias da região que contribuíram para a promoção e difusão do questionário, à BSD Consulting por seu apoio técnico e a cada uma das 85 instituições financeiras que responderam à pesquisa de forma voluntária. Também gostaríamos de agradecer aos membros do Latin American Task Force, do Unep FI, por seu interesse, confiança, apoio, participação e entusiasmo para realizar esta publicação e promover boas práticas ambientais e sociais na região. Este grupo compõe-se das seguintes instituições: Banco de Galicia y Buenos Aires S/A Argentina Standard Bank Argentina* Argentina HSBC Argentina* Argentina Grupo Santander Brasil* Brasil Banco Itaú BBA S/A Brasil BNDES Brasil Rabobank International Brasil S/A Brasil Banco Industrial e Comercial S/A Brasil Banco Bradesco Brasil Bancolombia Colômbia Fundación Social Colômbia Bancamia Colômbia Helm Bank S/AColômbia Bancoldex S/A Colômbia Findeter Colômbia Finamerica America S/A (Finamerica) Colômbia Mutualista Pichincha Equador Banco Pichincha Equador HSBC El Salvador* El Salvador CIBanco México The Royal Bank of Scotland Mexico, S/A* México HSBC Mexico* México BBVA Bancomer* México Fira México Financiera Rural México Banco General Panamá Visión Banco Paraguai BBVA Banco Continental* Peru Corporación Financiera de Desarrollo S/A Peru Nuevo Banco Comercial S/A* Uruguai CAF Banco de Desarrollo de América Latina Venezuela FMO Holanda Grupo BBVA Espanha Grupo Santander Espanha *Membros Subsidiários Índice Índice de casos de estudo 7 Índice de gráficos e quadros 8 Carta da Unep FI 10 2. Carta da Felaban 11 3. Abreviações 12 4. Resumo executivo 13 5. Introdução 15 6. Metodologia 18 7. Perfil dos respondentes 19 1. CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 20 1.1 Política e estratégia 21 1.2 Estrutura organizacional e gestão da sustentabilidade 24 1.3 Capacitação em temas de sustentabilidade 25 8. CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 27 2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável 28 2.1.1 Gestão ambiental dos recursos internos 28 2.1.2 Certificações ambientais 30 2.1.3 Cadeia sustentável de fornecedores 30 2.2 Identificação e avaliação de riscos ambientais e sociais nos processos creditícios e/ou de investimento 32 2.3 Negócios: produtos e serviços verdes 36 9. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse 39 3.1 Mecanismos de comunicação e envolvimento 40 3.2 Relatórios de sustentabilidade41 3.3 Participação em iniciativas voluntárias 42 10. CAPÍTULO 4: Conclusões e perspectivas futuras 4.1 O estado da integração da sustentabilidade nas instituições financeiras da América Latina 4.2 Futuros passos na instituição e no setor 11. 6 45 45 47 12. CAPÍTULO 5: Estudos de caso 49 13. Bibliografia 79 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Índice de casos de estudo CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 49 1.1 Visão e estratégia de sustentabilidade 49 Mutualista Pichincha: Uma visão de sustentabilidade construída com os grupos de interesse 49 Banco Galicia: Implementação de uma visão transversal da sustentabilidade 50 8. 1.2 Estrutura organizacional 51 Grupo Santander: Gerenciando a sustentabilidade em uma rede global 51 Grupo BBVA: “Política de Responsabilidade Social Corporativa a partir de uma aproximação Glocal” 25 CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 55 2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável 55 BBVA Bancomer: Adaptando os planos globais em âmbito local 55 Grupo Helm: À procura da eficiência operacional 56 BAC/Credomatic: Trabalhando em conjunto para uma cadeia sustentável 57 Banco Bradesco: Gerenciando os riscos socioambientais na cadeia de suprimentos 59 9. 2.2 Gestão de riscos ambientais e sociais Bancolombia: Evitando seus impactos indiretos Banco General: Grandes passos em pouco tempo Itaú BBA: Uma aplicação no setor de infraestrutura Banco Pichincha: Capacitação para a análise de riscos ambientais e sociais Bancoldex: Enfrentando as falhas de mercado 2.3 Negócios: produtos e serviços financeiros sustentáveis Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): Motor para o desenvolvimento baixo em carbono Financiera Rural: Semeando um setor florestal sustentável Corporación Financiera de Desarrollo: Formando uma cultura do gás natural como alternativa verde para o Peru Banco Nacional de Costa Rica: Diminuir a pegada de carbono de seus clientes 60 60 62 63 65 67 69 70 71 72 74 10. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse 75 Santander Brasil: Compartilhando sua vasta experiência 75 Fideicomissos Instituídos com Relação à Agricultura (Fira): Parcerias para a sustentabilidade 77 7 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Índice de gráficos e quadros1: Perfil dos respondentes 19 Gráfico I Tipo de instituição 19 Gráfico II Origem 19 7. 8. CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 21 Gráfico 1.1 Instituições com política de sustentabilidade 21 Gráfico 1.2 Acesso a fundos de órgãos internacionais 21 Gráfico 1.3 Abrangência da política 22 Gráfico 1.4 Integração da sustentabilidade em termos estratégicos 22 Gráfico 1.5 Principais incentivos para integrar a sustentabilidade à estratégia institucional 23 Gráfico 1.6 Principais obstáculos para integrar a sustentabilidade à estratégia institucional 23 Gráfico 1.7 Gestão da sustentabilidade 24 Gráfico 1.8 Capacitação dos funcionários 25 Gráfico 1.9 Temas de capacitação 26 Quadro 1.1 Política de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento 21 Quadro 1.2 Gerência de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento 24 CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 27 Gráfico 2.1 Instituições com sistema de gestão ambiental ou plano ambiental28 Gráfico 2.2 Temas cobertos pelo sistema ou plano ambiental 29 Gráfico 2.3 Certificações ambientais 30 Gráfico 2.4 Instituições com práticas de compras sustentáveis 30 Gráfico 2.5: Práticas de compras sustentáveis mais utilizadas 31 Gráfica 2.6 Critérios mais utilizados para a classificação de compras sustentáveis 31 Gráfico 2.7: Instituições que consideram fatores ambientais e/ou sociais em sua análise de riscos 32 Gráfico 2.8: Filtros para aplicar a análise de riscos ambientais e/ou sociais 33 Gráfico 2.9: Tipo de operações às quais é aplicada a análise de riscos ambientais e/ou sociais 33 9. 1 Todos os resultados, gráficos e quadros baseiam-se nas respostas das 85 instituições financeiras que responderam à pesquisa e não no total do mercado latino-americano. 8 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Gráfico 2.10: Ferramentas e mecanismos utilizados para realizar a análise de riscos ambientais e/ou sociais 34 Gráfico 2.11: Pessoas destinadas/capacitadas para aplicar esta análise de riscos ambientais e sociais 34 Gráfico 2.12: Parceiros externos 34 Gráfico 2.13: Principais incentivos para a aplicação da análise de riscos ambientais e sociais35 Gráfico 2.14: Principais obstáculos para o desenvolvimento de um sistema de análise de riscos socioambientais35 Gráfico 2.15: Tipo de produtos e/ou serviços relacionados com aspectos de sustentabilidade 36 Gráfico 2.16: Tipo de produtos e serviços em termos ambientais 37 Gráfico 2.17: Incentivos para tratar de criar ou desenvolver algum produto ou serviço com características de sustentabilidade (ambiental e/ou social) 38 Gráfico 2.18: Obstáculos para o desenvolvimento de produtos e serviços com características de sustentabilidade 38 Quadro 2.1: Oferta de produtos e serviços nos bancos de desenvolvimento 38 10. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse Gráfico 3.1: Estratégia de comunicação Gráfico 3.2: Mecanismos de comunicação e envolvimento Gráfico 3.3: Relatório de sustentabilidade Gráfico 3.4: Instituições que publicam relatórios anuais de sustentabilidade Gráfico 3.5: Áreas ou departamentos que participam ativamente na elaboração do relatório de sustentabilidade Gráfico 3.6: Verificação externa do relatório de sustentabilidade Gráfico 3.7: Participação em iniciativas voluntárias Gráfico 3.8: Principais incentivos para a adesão a uma iniciativa Gráfico 3.9: Principais obstáculos para a adesão a uma iniciativa Quadro 3.1: Relatório de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento Quadro 3.2: Iniciativas voluntárias dos bancos de desenvolvimento CAPÍTULO 4: Conclusões e perspectivas futuras Gráfico 4.1: Futuros passos necessários na instituição para a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade Gráfico 4.2: Futuros passos no setor financeiro para facilitar a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade 11. 9 39 40 40 41 41 41 42 43 44 44 42 43 45 47 48 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 1. Carta da Unep FI O desenvolvimento sustentável depende não só de um bom desenvolvimento econômico e social como também de uma proteção adequada do meio ambiente para, dessa forma, manter os recursos necessários não só para o presente como para assegurá-los para as futuras gerações. Para conseguir um desenvolvimento sustentável, deve-se propiciar que os mercados atuem dentro dos limites definidos por um conjunto de instrumentos adequados e, ainda que seja atribuição dos governos manter a liderança no estabelecimento de prioridades e valores ambientais comuns no longo prazo, o setor privado deve esforçar-se para acompanhar e aplicar políticas responsáveis com a sociedade e o meio ambiente. Laura Celia Méndez Herrera Yuki Yasui Entre os objetivos da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep FI em suas siglas em inglês), está o de promover as melhores práticas ambientais e sociais nas operações financeiras. Por esse motivo, o grupo de trabalho regional (Latin American Task Force), composto de mais de 30 instituições com atividades na região, lançou a proposta de fazer um estudo regional para entender a situação atual do mercado com relação à sustentabilidade, incluindo exemplos de boas práticas que podem servir de inspiração para diversos tipos de instituições. Graças à parceria e apoio da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban) e da Associação LatinoAmericana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide), recebemos respostas tanto de bancos privados quanto públicos, o que permite ter uma visão mais completa dos avanços na região. Para nosso grupo de trabalho regional e outras instituições é fundamental prever e prevenir os processos de degradação do meio ambiente, respeitando as regulamentações locais, nacionais e internacionais, relativas ao tema. A identificação e a quantificação de riscos ambientais são de extrema importância, fato pelo qual deveriam fazer parte das operações de qualquer instituição, empresa ou projeto a ser realizado. Além disso, a identificação de tais riscos pode constituir-se em uma ferramenta-chave para entender e desenvolver novos produtos e serviços que favoreçam a criação de projetos ambientalmente responsáveis, socialmente justos e economicamente viáveis. Para o grupo da América Latina, o desenvolvimento sustentável em nossa região é de vital importância, fato pelo qual consideramos que o estudo feito com a Felaban abre as portas para um melhor entendimento do assunto, do envolvimento do setor na aplicação dos aspectos ambientais e sociais em suas operações e, finalmente, apresenta exemplos reais de boas práticas. Com base nesse estudo, a Felaban e a Unep FI seguirão dirigindo esforços para que mais instituições financeiras integrem esses critérios fundamentais e ofereçam novas oportunidades a seus clientes, funcionários, fornecedores e sociedade. 10 Laura Celia Méndez Herrera Yuki Yasui Secretária Pessoal do Diretor Geral do Fira Presidente do Grupo de Trabalho Latino-Americano da Unep FI Oficial encarregada Unep FI Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2. Carta da Felaban Em abril de 1997, com a publicação de um relatório conjunto de pesquisadores da Environmental Protection Agency e centros privados de pesquisa, abriu-se uma janela a um novo campo de atuação para a indústria bancária internacional. Com muita visão e amplo conhecimento sobre as tendências empresariais e o crescimento dos problemas ambientais, o relatório advertia sobre a importância de incorporar variáveis próprias para a medição dos impactos ambientais e a implementação de mecanismos para melhorar a gestão institucional, com ênfase na gestão de análise de riscos ambientais e sociais. Oscar Rivera Naquele momento, era incomum falar sobre este tema na indústria regional, mas hoje a situação é completamente diferente. O mundo enfrenta desafios ambientais de grande porte que são cada vez mais visíveis e recorrentes, tais como os efeitos das mudanças climáticas, a perda de recursos biológicos e a ameaça à biodiversidade. A esse respeito, organizações multilaterais, governos e, evidentemente, o setor empresarial fizeram enormes esforços para promover políticas de mitigação e adaptação ambiental. Os bancos, em âmbito mundial, não estiveram alheios a esse processo. Tradicionalmente, é reconhecido que os bancos têm a função de selecionar os melhores projetos de crédito e/ou investimento que contam com viabilidade financeira futura. Para atingir esse objetivo, conta-se com um acervo de informações sobre as práticas financeiras, a disciplina de pagamentos e as habilidades empresariais de um indivíduo. Na visão do século XXI, há que se acrescentar que uma entidade financeira conta com múltiplos elementos para entender e verificar, no mínimo, quem cumpre os critérios legais nacionais que devem ser aplicados na proteção do meio ambiente e, também, quem aplica os critérios de sustentabilidade em seu negócio. Este relatório ilustra como mais entidades incorporam os critérios ambientais para atuar como empresa, dar preferência a clientes e fornecedores e analisar os riscos próprios da atividade creditícia e/ ou de investimentos, mas, ao mesmo tempo, adotam novos serviços e produtos responsáveis. Também poderemos observar como hoje mais entidades têm áreas especializadas, ou funcionários, que respondem pela política de sustentabilidade. No último capítulo, veremos que diferentes instituições financeiras latino-americanas têm, hoje, muitas experiências positivas para mostrar nos diferentes aspectos tratados ao longo do estudo. Um acervo de nova informação sobre a atividade creditícia surge no setor e, certamente, será a matériaprima para realizar novas pesquisas e alimentar novos debates. Na Felaban celebramos que este relatório difunda descobertas positivas e significativas sobre o papel das instituições de crédito no desenvolvimento de políticas de sustentabilidade e o manejo de fatores socioambientais em suas operações. Sabendo que este é um primeiro passo para uma imensa agenda de pesquisa futura, queremos destacar a seriedade e o rigor presentes nesta publicação. Estamos conscientes de que este é um grande investimento para contribuir para um mundo que necessita mais compromisso ambiental e mais ideias concretas para que as futuras gerações desfrutem dos recursos naturais que são de toda a humanidade. Oscar Rivera Presidente da Felaban 11 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 3. Abreviações ABM Associação de Bancos do México Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento Alide Banco Interamericano de Desenvolvimento BID Business Sustainability and Development BSD CII DEG Corporação Interamericana de Investimentos Companhia Alemã de Investimento e Desenvolvimento Dow Jones Sustainability Indexes DJSI FebrabanFederação Brasileira de Bancos Federação Latino-Americana de Bancos Felaban FTSE4Good Índice bursátil de sustentabilidade da Bolsa de Valores de Londres Global Reporting Initiative Instituto Nacional de Ecologia GRI INE IF Instituições Financeiras Companhia Financeira Internacional Índice de Sustentabilidade Corporativa (Brasil) Agência Japonesa de Desenvolvimento Internacional Certificação de Liderança em Energia e Design Ambiental IFC ISE Jica Leed PRI Princípios para o Investimento Responsável Responsabilidade Social Empresarial Responsabilidade Social Corporativa RSE RSC United Nations Environmental Programme Finance Initiative ou, em Português, Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Unep FI 12 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 4. Resumo executivo Instituições com política 85 instituições financeiras pesquisadas de 19 países de sustentabilidade Sim Não 11% Tipo de Instituição 89% Banco comercia l 1% 6% n=85/85 Banco de desenvolvimen to/público 24% Fundos mútuos 69% Gestão da Sustentabilidade n=85/85 Cargo Área 6% Principais incentivos para integrar a Não tem 13% 48% sustentabilidade à estratégia institucional Outro 33% 76% n=79/85 69% 67% 35% Capacitação dos 29% funcionários 16% Sim Não 12% 22% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=68/76 78% n=80/85 Temas cobertos pelo sistema ou plano ambiental 90% Instituições com sistema de gestão ambiental ou plano 87% 84% 70% 57% 60% ambiental 85% 80% 54% 53% 51% 50% 40% Sim Não 30% 24% 20% 10% 18% 0% Reciclagem , reutiliz ação e redução de papel 82% Reduçã o das emissõe s de CO2 ou GEE Reduçã o e gestão Reciclagem , adequada reutiliz ação e redução de resíduo s de embalagen s Critério s ambient ais na administraçã o de propriedade s n=68/68 n=83/85 13 Outros Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Instituições com práticas Tipo de produtos e serviços em de compra sustentáveis termos ambientais Sim 53% Financiamento de energi a renovável Não 45% Investimen tos ambientai s 26% 36% Linhas de crédit o para pessoas jurídicas para a aquisiçã o de produtos ambientai s 74% 34% Linhas de crédit o para pessoas jurídicas especiai s para trans formaçõe s ambientai s 32% Linhas de crédit o para pessoas físicas para a aquisiç ão de produt os ambientai s n=73/85 30% Linhas de crédit o para pessoas físicas especiai s para trans formaçõe s ambientai s Instituições que consideram 28% Empréstimo s “verdes” fatores ambientais e/ou sociais em suas análises de riscos Serviços de asse ssoria ambiental Ambas Fundos de investimen to que seleciona m projet os/organizaçõe s por desempenho ambiental 19% 17% Nenhum a 28% Social 57% 15% Cartões que apoiam uma causa Ambienta l 8% Hipo tecas “verdes” 13% 6% Cont as de poupança “verdes” 8% Outr os n=79/85 3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% n=53/54 Estratégia de Participação em comunicação Comunica r e envolver Só comunicar 25% Iniciativas Voluntárias 39% Filiação Pacto Globa l Nenhum a 34% Declaraç ão da Iniciati va Financeir a do Pnuma (Unep FI) 4% 71% 31% Princípios do Equador (IFC) 29% Filiação e adesão a iniciati vas voluntária s de outro tipo n=77/85 23% Filiação a institu tos de sustentabilid ade/RSE 16% Princípios para o Investimen to Responsável (PRI) Relatório de 18% Índice de Carbon Disclosur e Projec t sustentabilidade Sim Não 16% Índice DJSI 8% ISE (Brasil) 8% Índice FTSE4Good 26% 74% 19% Participaç ão em algu m outr o índice ou rank ing 0% 10% 20% 30% 40% 50% n=83/85 n=74/74 Filiação e/ou adesão a iniciati vas Participaç ão em índice s de sustentabilida de 14 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 5. Introdução América Latina: uma região com características ambientais e sociais críticas A América Latina reúne cinco dos dez países com maior biodiversidade do mundo: Brasil, Colômbia, Equador, México e Peru1. No entanto, esses mesmos países estão entre os 15 países com maior pressão sobre sua fauna 2. A região contém um quarto das florestas globais e mais da metade das florestas tropicais, consideradas as de maior biodiversidade do mundo. As florestas latino-americanas representam a maior parte da reserva mundial de carbono em biomassa florestal, fundamental na luta contra as mudanças climáticas. 1. Unep (2010). State of biodiversity in Latin America. United Nations Environment Program, Nairobi. Disponível em: www. unep.org/DEC/PDF/LatinAmerica_ StateofBiodiv.pdf 2. Usaid (2011). Biodiversity in Latin America and the Caribbean. United States Agency for International Development, Washington DC. Disponível em: www.usaid.gov/ locations/latin_america_caribbean/ issues/biodiversity_issue.html 15 A economia mundial enfrenta atualmente o desafio de ser sustentável no longo prazo, o que exige uma transformação dos padrões de crescimento e de produção de bens e serviços. Essa sustentabilidade de longo prazo necessita sociedades cada vez mais conscientes da importância de respeitar os recursos do planeta e da busca de equidade social para assegurar também a satisfação das necessidades das gerações futuras. Assim, desde a produção e o consumo da sociedade, começam a ser incluídos critérios ambientais e sociais que levam ao melhor aproveitamento dos recursos, à melhor gestão dos resíduos e que buscam evitar, reduzir ou mitigar os impactos negativos para o meio ambiente e para a sociedade. Levando em consideração o acima exposto, é importante reconhecer a lista de atores-chave para o desenvolvimento da sociedade perante esses temas. Por um lado, os governos reforçaram suas políticas e legislação para conseguir um melhor manejo e proteção dos recursos naturais e promovem iniciativas criando condições para aumentar o compromisso do setor privado. Por outro lado, as empresas do setor privado mostraram um crescente interesse, principalmente na última década, em não só criar valor econômico por meio de seus negócios, mas em fazê-lo de maneira responsável, gerando valor agregado para a sociedade. Essa tendência está ligada à existência de uma sociedade civil e de consumidores cada vez mais conscientes, que exigem dessas empresas transparência na prestação de contas sobre seus impactos nas comunidades onde operam e no entorno onde desenvolvem suas operações. O setor de serviços financeiros, como catalisador de recursos para os setores privado e público, e como principal cenário de aplicações de investimentos e créditos, assumiu um papel central nesse processo de transformação. Devido à influência que esse setor possui sobre a definição de políticas econômicas de mercados financeiros em todo o mundo e sobre o destino de recursos para grandes projetos de investimento, é de importância estratégica que as instituições financeiras se tornem agentes de promoção da mudança em direção à sustentabilidade. As instituições financeiras são motores desse processo de transformação a partir de duas grandes frentes. Em primeiro lugar, com a gestão responsável de suas operações como empresa, por meio da integração de critérios de responsabilidade ambiental e social em sua estratégia e operação administrativa, logística e de gestão de recursos humanos e naturais. Em segundo lugar, pela pegada financeira, gerando produtos financeiros que integrem critérios de responsabilidade ambiental e social, facilitando processos de inclusão de setores marginalizados dos serviços que o setor financeiro oferece, desenvolvendo programas de educação econômica e financeira e planejando uma estratégia baseada nas finanças responsáveis, na qual se estimule a transparência das informações, e clientes e fornecedores sejam instruídos com relação aos seus deveres e direitos como consumidores do setor financeiro. Este estudo regional analisa as tendências do setor e oferece um panorama do avanço na gestão da sustentabilidade do setor financeiro latino-americano, com ênfase em temas ambientais. A partir da informação obtida de uma pesquisa regional, buscou-se mostrar não apenas o estado atual do manejo de temas relativos à sustentabilidade dentro das instituições, mas destacar as boas práticas de instituições financeiras que avançaram na gestão dos assuntos mais relevantes para o setor. Da mesma forma, procurou-se identificar os principais incentivos e obstáculos enfrentados por essas instituições. Todos esses componentes transformam-se em ponto de referência para as instituições latino-americanas que ainda não progrediram na gestão de sua estratégia de sustentabilidade. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Porém, com uma taxa de redução da área florestal de –0,46%, a região está muito acima da média mundial, de –0,13%3. Ainda que, em termos de consumo, muitos países da região tenham uma pegada ecológica bastante pequena4, o substancial crescimento econômico e demográfico pode contribuir para prejudicar esta relação5. Embora a economia regional tenha crescido significativamente na última década, vários países possuem baixos níveis médios de receitas e altas taxas de pobreza. Atualmente, 35% da população vive em situação de pobreza e 13,7% em situação de pobreza extrema6. Grande parte da economia é informal, e estimase que apenas 35% da população esteja bancarizada7. 3. Food and Agricultural Organisation (FAO), 2011. Situación de los bosques del mundo 2011. FAO, Rome. Disponível em: www.fao.org/docrep/013/i2000s/ i2000s00.htm 4. World Wildlife Fund (WWF), 2012. Living Planet Report 2012: Biodiversity, biocapacity and better choices. Disponível em: <http:// awsassets.panda.org/ downloads/1_ lpr_2012_online_full_ size_single_ pages_final_120516.pdf>. 5. United Nations Environment Program (Unep), 2010. Latin America and the Caribbean: Environment Outlook. Disponível em: www.unep.org/pdf/ GEOLAC_3_ ENGLISH.pdf 6. Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac), 2009. Eclacstat: Estadísticas de América Latina y el Caribe. Disponível em:websie.eclac.cl/sisgen. Consulta Integrada. 7. Visa Inc., 2010. Segmento emergente: Perfiles y actitudes en el mercado Latinoamericano. Disponível em:www.visa. com.br/conteudo.asp?pg=1535 16 O estudo focou-se nas instituições financeiras que contam com operações creditícias e inclui instituições de caráter privado e público em âmbitos nacional e internacional. No primeiro capítulo, analisa-se o papel assumido pelas instituições quanto à sustentabilidade do setor por meio do desenvolvimento de políticas, estratégias e inclusão do tema em sua estrutura organizacional. Isso se faz necessário para entender como o setor financeiro na região integrou esses aspectos no desenvolvimento de seu negócio, vinculando-o a seu processo de tomada de decisões. No segundo capítulo, nas seções do estudo aprofunda-se na forma pela qual as instituições financeiras integraram os aspectos de sustentabilidade às operações de seu negócio. A primeira seção desse capítulo trata das iniciativas implementadas pelas instituições financeiras para vincular aspectos ambientais no manejo de seus recursos internos, a gestão da infraestrutura e a oferta de seus produtos e serviços. A segunda seção desse capítulo apresenta as práticas por meio das quais as instituições financeiras avançaram rumo à introdução de critérios ambientais e sociais que garantam o uso correto dos recursos destinados a projetos de crédito e/ou investimento. Isso constitui um núcleo central para seu negócio, na medida em que, pela outorga de financiamento para seus parceiros comerciais, as instituições financeiras estão assumindo os possíveis impactos ambientais e sociais que as atividades de seus clientes poderiam gerar. O estudo analisa a forma pela qual tais impactos são mitigados e gerenciados pela análise de risco ambiental e social, permitindo a criação de novas possibilidades de negócio e facilitando a oferta de novos produtos e serviços. No terceiro capítulo, enfatiza-se a importância da comunicação e do envolvimento dos grupos de interesse dentro do processo de integração da sustentabilidade no negócio, exercício de transparência que inclui os públicos interno e externo. No quarto capítulo, consta o resumo das principais conclusões do estudo e são analisadas as tendências emergentes e expectativas do setor financeiro da região em termos ambientais e sociais, mostrando que a grande maioria das instituições pesquisadas acredita ser necessário continuar com a implementação e formulação de diretrizes para a gestão da sustentabilidade. Finalmente, no quinto capítulo, é apresentada, com exemplos reais, a aplicação dos temas tratados nos diferentes capítulos do estudo, analisando boas práticas de bancos privados e públicos da região. O presente estudo almeja tornar-se referência para as instituições financeiras da região, tanto para as que apresentam avanços no tema, quanto para as que iniciam o processo de reconhecer a importância da sustentabilidade para o setor financeiro. O estudo evidencia que as instituições financeiras latino-americanas que participaram no processo da pesquisa progrediram no terreno da gestão da sustentabilidade. A maioria das instituições traçou uma política de sustentabilidade vinculada à estratégia de seu negócio. Isso demonstra que, em muitas instituições financeiras, a alta gerência e as principais áreas têm a intenção de gerenciar iniciativas que possibilitem avançar no tema, principalmente dentro da organização. Além disso, é importante mencionar que a maioria das instituições conta com um plano ou sistema de gestão ambiental para avaliar e monitorar o manejo interno de recursos na gestão de suas operações. Tal plano ou sistema é acompanhado por práticas de compras responsáveis e boas práticas ao longo de sua rede de suprimentos. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Outro aspecto que foi possível notar foi que a análise de riscos ambientais e sociais é um processo que vem sendo desenvolvido pela criação de ferramentas e com o apoio de equipes externas, especializadas no assunto, que contribuíram para a inclusão desses critérios nas ferramentas de análise de risco tradicionais. Esse fortalecimento do tema dos riscos ambientais e sociais demonstra que as instituições oferecem a seus clientes o direcionamento necessário para a avaliação de possíveis riscos, com vista à prevenção de possíveis impactos negativos. No que diz respeito à oferta e implementação de produtos e serviços sustentáveis, é importante apontar que as instituições demonstram ter um interesse especial no seu desenvolvimento e inovação. Foi possível perceber que um dos principais incentivos para o desenvolvimento deste tipo de produto era a ampliação de seu portfólio e o desenvolvimento de novos nichos de mercado. Complementarmente, a maioria das instituições pesquisadas possui mecanismos de comunicação e envolvimento para seus grupos de interesse. A comunicação foi o meio de relacionamento mais forte com eles, sendo que o mecanismo mais comum para comunicar o desempenho relativo a temas de sustentabilidade é o relatório de sustentabilidade. O obstáculo mencionado como sendo o mais recorrente para o avanço geral da gestão da sustentabilidade no setor financeiro latino-americano foi a falta de compreensão e/ou conhecimento do assunto. Levando em consideração o acima exposto, o grande desafio é o fortalecimento da cultura interna da sustentabilidade nas organizações e a geração de conhecimento e redes ao redor do tema, isso em prol do fortalecimento do papel principal do setor financeiro no avanço da sustentabilidade nos demais setores da economia e da sociedade em geral. O presente estudo faz parte desses esforços. 17 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 6. Metodologia Contexto/antecedentes do estudo Em junho de 2011, a Unep FI (Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos) decidiram, mediante um acordo de colaboração firmado em junho de 2011, tornarem-se parceiras com o fim de construir conjuntamente um programa de atividades para tratar da sustentabilidade no setor financeiro da região. A primeira atividade concreta realizada no âmbito dessa parceria é este estudo, sobre a sustentabilidade nas instituições financeiras latino-americanas, de viés ambiental, com o objetivo de compartilhar os resultados com todos os públicos, entender seu nível de progresso e envolvimento e, desse modo, poder vir a organizar no futuro atividades apropriadas para o setor com base em suas necessidades e interesses. Conteúdo da pesquisa A pesquisa do estudo foi estruturada com base na “Declaração das instituições financeiras para o desenvolvimento sustentável (Pnuma)” e inspirada em um questionário desenvolvido pela Unep FI e pelo Instituto Nacional de Ecologia (INE) em parceria com a Associação de Bancos do México (ABM) para seu uso no setor bancário mexicano em 2010. Papéis e responsabilidades Com base nesse guia e questionário, a Unep FI e a Felaban decidiram colaborar na realização de um estudo que pudesse demonstrar o nível de envolvimento e interesse das instituições financeiras na América Latina no que diz respeito à sustentabilidade, com foco em aspectos ambientais. A Unep FI ficou encarregada de organizar o grupo de trabalho das instituições financeiras membros da região (Latin American Task Force) para o assessoramento do estudo. Também consultou especialistas internacionais em matéria de finanças sustentáveis com a finalidade de fazer perguntas necessárias e adaptadas. A Felaban enviou o questionário (disponível online e em caráter confidencial) às associações bancárias nacionais da região para que estas o distribuíssem entre os bancos membros de sua organização. Simultaneamente, a Unep FI enviou o questionário a todos os seus membros e contatos na região. A BSD Consulting ofereceu seu apoio e assessoria para a realização deste estudo e foi selecionada em razão de seus 10 anos de experiência focados na criação de conhecimento e soluções para o desenvolvimento sustentável; suas equipes de especialistas localizadas no Brasil, Colômbia, Equador, Chile e México; sua experiência em temas como a Global Reporting Initiative (GRI); e seu conhecimento do setor financeiro. Processo de casos de estudo Foram selecionados vários casos de instituições de diversos países para mostrar exemplos de boas práticas focadas em temas ambientais. A escolha desses exemplos baseou-se em informação pública online, relatórios de sustentabilidade e entrevistas. As instituições financeiras foram contatadas e compartilharam a informação mais relevante para que as equipes da Unep FI e da BSD pudessem desenvolver os casos. Todos os casos relatados foram aprovados pelas referidas instituições e revisados pelos parceiros do projeto. Redação O relatório escrito para a publicação foi redigido pelas equipes da Unep FI e da BSD, com o apoio da Felaban e das instituições financeiras membros da Unep FI na região. 18 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 7. Perfil dos respondentes No total, 85 instituições financeiras de 19 países (17 da região) responderam à pesquisa. Os outros dois países escolhidos foram a Espanha e os Estados Unidos, por terem matrizes de instituições financeiras com importante presença na região. Os respondentes representam diversos tipos de instituições, todas elas com operações creditícias (gráfico I), nacionais e internacionais (gráfico II). Gráfico I: Tipo de Gráfico II: Origem Instituição Banco comercia l Internaciona l Banco de desenvolvimen to/público 44% 24% 1% 6% Nacional Fundos mútuos 56% 69% n=85/85 n=85/85 Respostas por país: 2 1 EUA Espanha Honduras República Dominicana 14 2 México 1 Guatemala 5 1 Colombia 5 4 1 El Salvador Panamá Costa Rica Venezuela 12 6 Brasil Ecuador 12 5 Perú 1 6 Bolivia Paraguai 2 3 Uruguai Chile 4 Argentina 19 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 8. CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização “Nós, membros do setor de serviços financeiros, reconhecemos que o desenvolvimento econômico deve ser compatível com o bem-estar humano e com um ambiente saudável”. Este capítulo explora o compromisso das instituições latino-americanas pesquisadas com o desenvolvimento sustentável, analisando tanto as políticas e estratégias adotadas quanto a estrutura organizacional por elas estabelecida para garantir seu cumprimento. Os temas-chave abordados são: Declaração do Pnuma – Introdução Em segundo lugar, examina até que ponto o tema da sustentabilidade está integrado na tomada de decisões estratégicas das instituições. Um compromisso da Alta Administração e o correto planejamento estratégico representam um primeiro e importante passo para melhor compreender os riscos ambientais e sociais, identificar oportunidades para melhorar a competitividade da organização e cumprir o compromisso de fazer negócios de forma benéfica para o setor e seu entorno. Em primeiro lugar, foca-se na articulação do compromisso do setor com o desenvolvimento sustentável por meio de uma política de sustentabilidade. Tal política é uma ferramenta estratégica que a instituição financeira possui para aplicar sua visão de contribuir com o desenvolvimento sustentável e expor os objetivos que levam a aplicar e cumprir essa visão. Essa política serve para comunicar a visão e objetivos para o público tanto interno quanto externo e pode ser importante para guiar a implementação de práticas sustentáveis nos processos e operações-chave da instituição. Em terceiro lugar, aborda as condições organizacionais que permitem alinhar as atividades e operações financeiras a uma visão e estratégia orientadas para a sustentabilidade. Atribuir responsabilidades no que diz respeito ao tema é fundamental para influir sistematicamente no desempenho ambiental e social das instituições, e existem diferentes formas de organizar a governança do tema dentro das instituições latino-americanas. Também analisa a capacitação dos funcionários quanto aos aspectos relevantes para a integração da sustentabilidade na organização. Principais resultados 89% das instituições pesquisadas possuem uma política relacionada com a sustentabilidade. A maioria dessas políticas foi desenvolvida nos últimos seis anos. 86% delas incluem temas de sua política de sustentabilidade nos seus planos estratégicos. No entanto, apenas 26% incluem o desempenho socioambiental nos incentivos ou sistemas de avaliação de desempenho de seus funcionários. Os três principais incentivos para a integração da sustentabilidade em termos estratégicos são os valores éticos, a gestão de riscos e a diferenciação da marca ou melhora da reputação. A falta de compreensão dos temas e a falta de recursos financeiros e humanos costumam ser os maiores obstáculos para o desenvolvimento de atividades referentes aos temas descritos neste capítulo. 81% designaram um responsável pelos temas relacionados com a sustentabilidade. Desses responsáveis, 38% reportam-se diretamente a um dirigente da instituição. 78% das instituições pesquisadas oferecem a seus funcionários programas de capacitação específica no tema da sustentabilidade. Nos temas discutidos neste capítulo, houve uma notável diferença entre as instituições privadas e as de desenvolvimento com relação à política de sustentabilidade e à sua implementação. 20 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 1.1 Política e estratégia A grande maioria das instituições financeiras pesquisadas formulou uma política relacionada com a sustentabilidade (gráfico 1.1). Entre as instituições que não possuem tal política, 75% pretendem defini-la no futuro. Para as instituições com operações internacionais, 83% das matrizes indicam que essa política estende-se a suas subsidiárias no exterior. Mais da metade dessas políticas foram desenvolvidas nos três últimos anos, um quarto nos três a seis últimos anos e as demais há mais de seis anos. Muitas instituições destacam que a adoção e a implementação de iniciativas voluntárias setoriais constituíram um motivo importante para a adoção de tal política. Outros indicam que foi formulada pelas oportunidades oferecidas por um manejo apropriado dos temas ambientais e sociais, os quais incluem a possibilidade de criar novas fontes de receita e uma melhora no relacionamento com seus clientes ou com a sociedade civil. Além disso, 24% das instituições pesquisadas indicam que sua política foi implementada como requisito para ter acesso a financiamento ou assistência técnica por parte de fundos e órgãos internacionais ou multilaterais. No gráfico 1.2, podem-se observar as instituições que atuaram junto a esses órgãos. Gráfico 1.1: Instituições com Gráfico 1.2: Acesso a fundos política de sustentabilidade de órgãos internacionais Sim 53% Não 40% 11% 27% 20% 20% 13% 7% 7% 89% IFC n=85/85 Ver estudo de caso na página 49 para entender como uma visão de sustentabilidade guia o negócio de Mutualista Pichincha, do Equador. “Uma visão de sustentabilidade construída com os grupos de interesse” 21 BID FMO DEG CII Otros KFW JICA n=15/17 Das instituições, 54% indicam que o fato de ter desenvolvido uma política de sustentabilidade fez que a instituição se comprometesse com o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento de uma política específica de sustentabilidade permite às instituições implementar iniciativas e medir o desempenho de forma mais estruturada. Embora muitas instituições tenham políticas relacionadas com a sustentabilidade, estas não abrangem necessariamente todos os processos e principais funções dentro da instituição (gráfico 1.3). Além disso, apenas 25% das instituições possuem uma política ampla que envolva elementos-chave dos três eixos principais da sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Os elementos mais comuns dessas políticas ainda estão relacionados com temas tradicionais, como um código de ética ou de conduta e a gestão de recursos humanos. No entanto, cada vez mais as políticas abarcam novos temas, como o manejo de riscos ambientais e sociais e a gestão ambiental interna. Isso mostra que as instituições financeiras são cada vez mais conscientes de que a gestão sustentável ou responsável não se limita a ações filantrópicas, mas também ao manejo dos riscos e oportunidades econômicas, ambientais e sociais dentro do negócio e das operações. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Gráfico 1.3: Abrangência da Política 72% Código de étic a/condut a 66% Gestão de recursos humanos 61% Compromiss o com a boa governança 59% Gestão ambiental 53% Riscos ambientai s e sociai s 47% Filantropi a/investimen to socia l 29% Gestão da cadeia de fornecedore s 25% Todos 12% Outr os 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=76/76 A maioria das instituições creditícias pesquisadas diz integrar os temas relativos à sustentabilidade dentro dos planos estratégicos da instituição e, em mais da metade delas, o tema é discutido com a Diretoria (gráfico 1.4). Isso mostra a importância do tema no setor e seu reconhecimento como fator de grande importância, que pode causar impacto no funcionamento do negócio no futuro. No entanto, apenas um quarto das instituições inclui os fatores de sustentabilidade em seus esquemas de avaliação e incentivos para os funcionários, o que pode ser interpretado como falta de entendimento e de valorização da importância desses aspectos. Gráfico 1.4: Integração da sustentabilidade em termos estratégicos 100% 86% 80% 53% 60% 49% 40% 26% 18% 20% 0% Os planos estratégicos 22 As discussõe s da diretoria O mapa de riscos Sistemas de incentivo s e/ou avaliaçõe s de desempenh o Todos n=75/76 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Ver estudo de caso na página 49 para entender como uma visão de sustentabilidade guia o negócio de Mutualista Pichincha, do Equador. Ao perguntar às instituições quais foram os três principais incentivos para integrar a sustentabilidade em termos estratégicos, pode-se observar que os valores éticos aparecem em primeiro lugar, seguidos pela gestão de riscos e a diferenciação de marca e reputação (gráfico 1.5). Gráfico 1.5: Principais incentivos para integrar a sustentabilidade à estratégia institucional “Uma visão de sustentabilidade construída com os grupos de interesse” 76% 69% 67% 35% 29% 16% 12% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=68/76 Quanto aos obstáculos para integrar a sustentabilidade em termos estratégicos, é possível ver que possuem um caráter mais interno que externo (gráfico 1.6). As dificuldades surgem mais por falta de compreensão e cultura do que por falta de capacidade ou recursos. Além disso, é interessante ver que são poucas as instituições que enfrentaram o obstáculo da falta de compromisso da alta gerência. Gráfico 1.6: Principais obstáculos para integrar a sustentabilidade à estratégia institucional 78% 63% 44% 44% 9% 10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=75/76 23 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Quadro 1.1: Política de Sustentabilidade nos Bancos de Desenvolvimento No que se refere à política, existe uma grande diferença entre os bancos comerciais e os de desenvolvimento. Como se pode ver no primeiro gráfico, a porcentagem de bancos de desenvolvimento com uma política de sustentabilidade é menor. No entanto, as políticas dos bancos de desenvolvimento são, em média, mais antigas que as dos bancos comerciais, como se demonstra no segundo gráfico. Gráfico B: Vigência da política em anos Gráfico A: Política de 42% 45% sustentabilidade 40% 100% 36% 35% 94% 30% 75% 25% 50% 21% 20% 15% Bancos de desenvolviment o: 65/65 15% 14% 14% 10% 0% 23% 14% 10% 5% 10% 0% <1 1 a 3 3a6 6 a 10 >10 Bancos de desenvolviment o: 14/15 Outras instituiçõe s financeiras : 60/61 1.2 Estrutura organizacional e gestão da sustentabilidade Veja o estudo de caso na página 51 para entender de que forma o Grupo Santander, da Espanha, estrutura sua função de sustentabilidade. “Gerenciando a sustentabilidade em uma rede global” A maioria das instituições pesquisadas designou um responsável pela gestão da sustentabilidade (gráfico 1.7). Entre as instituições que contam com um responsável, a maioria tem uma única pessoa encarregada. Porém, um terço das instituições tem uma área com várias pessoas. Em média, essas áreas contam com oito pessoas, mas as instituições maiores em número de funcionários têm mais de 30 pessoas trabalhando nesse âmbito. As instituições que responderam não ter um cargo específico nem uma área afirmam que o tema é discutido dentro de um comitê que reúne diversas áreas, o que supõe uma divisão das responsabilidades entre várias áreas ou departamentos. Em 86% dos casos, o responsável dispõe de um orçamento destinado à realização de suas atividades, o que acontece tanto nas organizações que têm apenas um cargo quanto nas que possuem uma área separada. Gráfico 1.7: Gestão da sustentabilidade Cargo Área 6% 13% Não tem 48% Outro 33% n=79/85 24 Segundo a pesquisa, 53% das áreas dependem diretamente da presidência ou de outro cargo da diretoria, enquanto para os cargos individuais a porcentagem é de 29%. Para os demais indivíduos ou áreas, o contato com cargos mais elevados na hierarquia da instituição é realizado de forma indireta por meio de outros responsáveis, como de Assuntos Corporativos, Recursos Humanos ou Marketing, entre outros. Cabe destacar que algumas instituições afirmam combinar vários temas dentro de uma mesma área, interconectando, por exemplo, a área de Comunicações com a de Responsabilidade Social. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Dos cargos individuais que não se reportam a diretores 71% também exercem outras funções. A maioria está vinculada às áreas de Comunicações ou Assuntos Corporativos, e os demais estão distribuídos, por ordem de recorrência, entre as áreas de Recursos Humanos, Comercial e Riscos. A área à qual o cargo está vinculado pode ser um indicador para entender qual é a perspectiva utilizada para tratar do tema da sustentabilidade dentro da instituição. Adicionalmente, muitas das instituições que concentram a gestão dos temas da sustentabilidade ao redor de um cargo ou área específica reconhecem que esse tema é transversal dentro da instituição. Isso fica evidente pela alta porcentagem de instituições que responderam que as áreas ou o responsável têm acesso a outras áreas da instituição (89%). Na maioria dos casos (66%), essas pessoas ou áreas fazem parte de algum comitê interno de trabalho, dos quais quase a metade (26% do total) conta com seu próprio comitê de sustentabilidade, que discute a importância e implicação do tema em outras áreas. Dos responsáveis, 23% não têm acesso às outras áreas por meio de grupos de trabalho ou comitês, mas indicam que contam com o apoio de diretores que facilitam a comunicação com o resto da instituição. Quadro 1.2: Gerência de Sustentabilidade nos Bancos de Desenvolvimento Os bancos de desenvolvimento apresentam uma importante diferença com relação aos comerciais, uma vez que 44% dos bancos de desenvolvimento não têm um responsável formal dentro da instituição para assuntos relacionados com a sustentabilidade. Além disso, entre os bancos de desenvolvimento que não têm uma pessoa responsável, apenas 50% declaram ter a intenção de mudar de atitude no futuro, porcentagem baixa se comparada com as respostas obtidas dos bancos comerciais, dos quais todos responderam ter a intenção de criar um cargo específico ou área. Gráfico C: Gestão da sustentabilidade 60% 52% 40% 44% 33% 38% 20% 17% 7% 6% 0% Cargo Área Otro 3% No tiene Bancos de desenvolviment o 18/20 1.3 Capacitação em temas de sustentabilidade Veja o estudo de caso na página 53 para entender como o Grupo BBVA, da Espanha, estrutura sua função de sustentabilidade e capacita seus funcionários. A maioria das instituições pesquisadas oferece cursos de capacitação para seus funcionários sobre temas associados à sustentabilidade (gráfico 1.8). Entre as que não oferecem capacitações, 65% afirmam ter o propósito de fazê-lo no futuro. No entanto, para aquelas instituições que já têm algum programa de capacitação, essa proporção é maior (82%). “Política de Responsabilidade Social Corporativa a partir de uma aproximação glocal” No caso das instituições internacionais, 80% das matrizes estendem de alguma forma as capacitações a suas subsidiárias no exterior, enquanto para as demais isso é algo que se faz de maneira independente. As formas de capacitação mais usuais são a realização de palestras e eventos (81%) e cursos externos (79%). 25 Gráfico 1.8: Capacitação dos funcionários Sim Não 22% 78% n=80/85 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Das instituições, 73% promovem capacitações internas, mas apenas 13% oferecem cursos virtuais. No gráfico 1.9, constam os temas de capacitação mais populares. Observa-se que os três temas principais estão alinhados às práticas mais relacionadas com a sustentabilidade nas entidades financeiras – a análise de riscos ambientais e sociais, a gestão ambiental interna e a inovação em produtos verdes, temas que serão tratados mais detalhadamente no capítulo 2. As capacitações específicas giram em torno da formação em assuntos pontuais relacionados à sustentabilidade. Por exemplo, existem várias instituições capacitadas em temas como mudança climática, manejo sustentável da cadeia de fornecedores e educação financeira para os colaboradores. 74% 69% 67% 64% 46% 41% 31% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=61/62 26 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 9. CAPÍTULO 2: Gestão ambiental “Estaremos de acordo com as regulamentações locais, nacionais e internacionais em aspectos ambientais e sociais. Mais do que estarmos de acordo, trabalharemos pela integração de considerações ambientais e sociais em nossas operações e decisões em todos os mercados.” Declaração Pnuma (artigo 2.2). Este capítulo trata dos três aspectos ambientais nos quais o setor financeiro tem maior influência: o consumo de recursos em suas próprias operações e atividades diárias, a integração de critérios ambientais na análise de risco e as características dos produtos e serviços financeiros oferecidos. Essas práticas abordam impactos diretos da organização, bem como impactos indiretos em sua cadeia de valor. Em termos de implementação, essas práticas podem ser entendidas como etapas na integração da sustentabilidade institucional. O sistema de ecoeficiência interna – tratado na primeira seção –, partindo da economia no consumo de recursos, pode desempenhar um papel importante na sensibilização de funcionários, fornecedores e clientes. Este capítulo também favorece o entendimento das tendências de sustentabilidade que podem causar impacto nas operações de crédito e/ou comerciais das instituições financeiras. Esta é a chave para desenvolver um sistema de avaliação e gestão de riscos ambientais e sociais nas operações de crédito e de investimento, tema que é discutido na segunda seção. Na última seção, são analisadas as oportunidades que as tendências ambientais proporcionam através de novos mercados. Principais resultados: 82% das instituições pesquisadas dispõem de um sistema de gestão ambiental ou um plano ambiental. Das instituições que responderam ter um sistema ou plano de gestão ambiental, 69% afirmaram que este tem metas específicas para obter melhorias em diferentes aspectos ambientais. Somente 17% contam com certificação ambiental para suas instalações. 74% das instituições pesquisadas dispõem de práticas de compras responsáveis. 72% incluem critérios ambientais e sociais na análise de riscos creditícios e de investimento. 86% das instituições pesquisadas contam com pessoas capacitadas dentro da equipe de análise de riscos em temas ambientais/sociais. 69% delas oferecem produtos e serviços financeiros relacionados com aspectos de sustentabilidade. Em termos ambientais, os produtos e serviços mais oferecidos são o financiamento de energias renováveis (53%) e os investimentos ambientais (42%). 78% identificaram como maior incentivo para o desenvolvimento deste tipo de produtos e serviços inovar e diversificar seu portfólio de ofertas ao cliente. 75% das instituições pesquisadas mencionaram a falta de compreensão e/ ou conhecimento do tema como o maior obstáculo para o desenvolvimento de produtos e serviços desta natureza. 27 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável Embora os impactos indiretos de uma instituição financeira no meio ambiente sejam os aspectos de maior relevância e consequências dentro de suas operações, esta tem impactos diretos consideráveis por mais que possam parecer inferiores aos de outros setores da economia. O setor financeiro envida esforços em temas como manejo apropriado do consumo de energia, água, transporte, suprimentos, reciclagem e redução de emissões dentro dos edifícios, uma vez que entendeu que esse tipo de boas práticas não apenas favorece o meio ambiente e solidariza os funcionários, mas gera uma significativa economia de recursos e, assim, de dinheiro. A partir de uma análise de custobenefício baseada em padrões econômicos de médio e longo prazo, muitas empresas ou instituições do setor privado em âmbito mundial começaram a realizar esforços em termos ambientais com o manejo mais adequado dos recursos internos. Além disso, o desempenho ambiental da organização está estreitamente relacionado com a interação da entidade com seus fornecedores. A compra de produtos responsáveis ou de menor impacto pode ajudar a fortalecer o desempenho ambiental da organização. Por exemplo, no caso de consumo de papel, a única forma de melhorar o desempenho não é apenas reduzir o consumo de papel na instituição, mas também garantir que o papel utilizado tenha menor impacto (através da reciclagem ou pela procedência de florestas certificadas por sua qualidade de gestão). Nesse sentido, o manejo da cadeia de fornecedores é parte importante de um plano que envolve o manejo de recursos internos2. 2.1.1 Gestão ambiental dos recursos internos Veja o estudo de caso na página 55 para entender como o BBVA Bancomer, do México, aplica um plano de ecoeficiência internacional de âmbito local. “Adaptando os planos globais em âmbito local” A grande maioria das instituições pesquisadas ratifica a importância que vem tomando a gestão ambiental de recursos em suas operações (gráfico 2.1). A predominância demonstra que as instituições reconhecem a importância de administrar os recursos e impactos ambientais (isto é, uso eficiente dos recursos renováveis e naturais, prevenção da contaminação, geração e manejo de resíduos, processos de limpeza e uso de tecnologia, manejo de materiais tóxicos e controle das emissões de gases de efeito estufa). Gráfico 2.1: Instituições com sistema de gestão ambiental ou plano ambiental Sim Não 18% 82% Das instituições que responderam ter um sistema ou plano de gestão ambiental, 69% afirmaram que este contém metas específicas planejadas pela administração para obter melhorias em diferentes aspectos ambientais, por exemplo, no manejo de água e energia, a compra e manejo de suprimentos, a construção e a manutenção da propriedade, a eliminação de resíduos e o manejo do transporte. n=83/85 2 World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), 2000. Eco-efficiency: Creating more value with less impact. Disponível em: www.wbcsd.org/web/publications/eco_efficiency_creating_ more_value.pdf. 28 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 56 para entender como o Grupo Helm, na Colômbia, tem desenvolvido seu plano de gestão ambiental. “Em busca da eficiência operacional” O planejamento de metas objetivas pode ajudar a dirigir de forma mais organizada os esforços da instituição, fortalecer o alinhamento e fortalecer a comunicação da organização com seus públicos em relação aos seus compromissos com o meio ambiente. Das instituições pesquisadas que definiram metas 93% responderam que possuem um sistema de monitoramento e/ou acompanhamento para as metas planejadas. Dessas instituições que utilizam o monitoramento, 48% afirmaram que o cumprimento das metas é validado externamente. A validação externa, além de ser um rigoroso exercício de avaliação que enfatiza a transparência, ratifica o compromisso e o cumprimento da organização com a avaliação dos resultados obtidos. Como pode ser observado no gráfico 2.2, os temas prioritários com relação ao manejo de recursos internos dentro da instituição são a eficiente utilização de papel, água e energia. Considerando que os principais tipos de resíduos de uma instituição financeira provêm do papel3, o manejo deste e a redução em seu consumo são fundamentais. As estratégias de manejo sustentável de papel são agrupadas em torno da reciclagem e da reutilização, bem como da realização de campanhas internas para reduzir o número de impressões passando, por exemplo, a emitir faturas e comunicados virtuais em lugar de impressos. A eficiência no uso da água é um tema transversal que tem tido muita importância em todos os setores da economia sempre que se trata do tema da sustentabilidade ambiental. Em uma instituição financeira, as iniciativas para a redução do consumo de água incluem campanhas de sensibilização sobre seu consumo responsável e a instalação de medidores dentro dos imóveis. Da mesma forma, a eficiência no uso da energia é importante uma vez que as instalações das instituições (sucursais e escritórios) e os equipamentos utilizados incorrem em seu consumo. Dessa maneira, muitas instituições têm instalado sensores de luz e desenvolvido campanhas para deixar os equipamentos em estado de hibernação com a finalidade de reduzir seu consumo de energia. Gráfico 2.2: Temas cobertos pelo sistema ou plano ambiental 90% 87% 85% 84% 80% 70% 60% 57% 54% 53% 51% 50% 40% 30% 24% 20% 10% 0% Reciclagem , reutiliz ação e redução de papel Reduçã o das emissõe s de CO2 ou GEE Reduçã o e gestão Reciclagem , adequada reutiliz ação e redução de resíduo s de embalagen s Critério s ambient ais na administraçã o de propriedade s Outros n=68/68 3 Suplemento setorial FSSS do GRI comentário indicador EN22. Disponível em: www.globalreporting. org/resourcelibrary/FSSS-Complete.pdf. 29 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2.1.2 Certificações ambientais Atualmente existem diversas certificações ambientais entre aquelas que prescrevem os procedimentos de um bom sistema de gestão que procura reduzir o impacto no meio ambiente (por exemplo, ISO 14001), enquanto outras buscam padrões técnicos de desempenho, como o consumo de energia ou água (como Leed e Energy Star). Gráfico 2.3: Certificações ambientais 25% 20% 20% 15% 15% 10% 7% 5% 2% 0% ISO 14001 LEED Energy Star Outras n=77/85 Para algumas instituições financeiras, buscar a certificação em construção sustentável é de especial relevância, já que grande parte do impacto ambiental direto é produto das atividades em seus escritórios e seu projeto pode trazer uma importante contribuição em consumo de água, energia e origem de matérias-primas. Sistemas de eficiência energética ou utilização de fontes de energia renovável podem ser implementados desde a construção do imóvel ou serem incluídos através de remodelações que, à primeira vista, podem parecer onerosas, mas, quando analisadas no longo prazo, podem se tornar positivas tanto em termos de economia quanto de consumo. A arquitetura pode complementar e facilitar as atividades desenvolvidas quanto à redução do consumo interno de recursos. Por exemplo, mudanças simples, como um edifício que aproveita a luz natural, podem reduzir o consumo de eletricidade. Poucas das instituições pesquisadas afirmam ter certificações de gestão ambiental ou infraestrutura certificada (gráfico 2.3). Além disso, todas as instituições que têm certificações afirmam que estas se aplicam a apenas uma determinada parte de suas instalações. 2.1.3 Veja o estudo de caso na página 57 para entender como BAC/ Credomatic, da Costa Rica, capacita seus fornecedores em temas de RSE para melhorar o desempenho socioambiental de sua cadeia. “Trabalhando em conjunto para uma cadeia sustentável” 30 Cadeia sustentável de fornecedores A integração de critérios ambientais nas decisões de compra é uma alternativa para reduzir impactos ambientais indiretos na cadeia de valor. As compras sustentáveis envolvem uma projeção que ultrapassa os parâmetros econômicos e considera custos do ciclo de vida do produto, bem como riscos e impactos ambientais e sociais associados. A gestão sustentável de cadeias de abastecimento abre uma oportunidade para as instituições financeiras se converterem em agentes de mudança em maior escala ao incentivar/exigir a transformação de práticas de seus fornecedores. Oferece também possibilidades de fortalecer as relações com fornecedores-chave e de inovação conjunta na cadeia de valor. Gráfico 2.4: Instituições com práticas de compras sustentáveis Sim Não 26% 74% n=73/85 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 59 para entender como o Banco Bradesco, do Brasil, administra os riscos socioambientais em sua cadeia de fornecedores. “Administrando os riscos socioambientais na cadeia de fornecimento” Da mesma forma, a mudança dos critérios da demanda pode estimular uma nova oferta adaptada às suas necessidades e encontrar fornecedores que não haviam sido considerados anteriormente. Isso mostra o importante papel que o setor pode ter como agente de mudança em grande escala. Os resultados da pesquisa mostram que a gestão responsável de suprimentos torna-se cada vez mais uma prática comum que envolve a consideração do uso racional e a compra adequada de produtos e serviços. Podemos observar que a maioria das instituições pesquisadas mencionou que conta com práticas de compras responsáveis (gráfico 2.4). As práticas de compras responsáveis mais utilizadas dentro do grupo de instituições são a integração de critérios socioambientais na seleção de produtos, a definição de uma política ou código de fornecedores e seu monitoramento (gráfico 2.5). Essas práticas mostram que as instituições não procuram apenas garantir o uso de produtos ambientalmente responsáveis, mas também o interesse de trabalhar em conjunto com os fornecedores em prol de um melhor desempenho da cadeia como um todo. Gráfico 2.5: Práticas de compras sustentáveis mais utilizadas 82% Integração de crit ério s socioambientai s na seleção 75% Polític a ou códig o de fornecedore s 37% Moni torament o de fornecedore s 33% Anális e de risco da cadeia de valor 29% Incent ivo a fornecedores sustentáveis 8% Outr o 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=51/54 As instituições que utilizam critérios para a classificação de produtos responderam que, em primeiro lugar, levam em consideração as certificações ambientais, em segundo lugar, a porcentagem de composição reciclada do produto e, em terceiro, a porcentagem de composição reciclável/biodegradável do produto (gráfico 2.6). Segundo esses critérios, os bens com maior cobertura são os mesmos priorizados nos planos de gestão interna: bens não duráveis (como os elétricos) (70%), bens não duráveis para a limpeza do escritório (57%) e materiais de escritório (54%). Gráfico 2.6: Critérios mais utilizados para a classificação de compras sustentáveis 65% 50% 48% 35% 15% 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=40/54 31 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2.2 Identificação e avaliação de riscos ambientais e sociais nos processos creditícios e/ou de investimento4 “Consideramos que a identificação e a quantificação dos riscos ambientais devem fazer parte do processo normal de avaliação e gestão do risco, tanto em operações domésticas quanto internacionais. Quanto aos nossos clientes, acreditamos que o respeito aos regulamentos ambientais pertinentes e o uso de práticas ambientalmente corretas são fatores importantes que demonstram uma gestão empresarial eficaz.” Declaração Pnuma (artigo 2.3). “Consideramos que a identificação e a quantificação dos riscos ambientais devem fazer parte do processo normal de avaliação e gestão do risco, tanto em operações domésticas quanto internacionais. Quanto aos nossos clientes, acreditamos que o respeito aos regulamentos ambientais pertinentes e o uso de práticas ambientalmente corretas são fatores importantes que demonstram uma gestão empresarial eficaz.” Declaração Pnuma (artigo 2.3). As instituições financeiras têm um altíssimo poder de influência sobre grandes e pequenos clientes em diferentes setores por meio dos processos de análise que levam à concessão de créditos ou de investimentos. Os impactos ambientais e sociais das organizações e projetos que buscam financiamento podem ser de grande escala e apresentam riscos para financiadores, clientes e para a sociedade. Ao incluir critérios ambientais no processo de análise de risco, as instituições financeiras podem tornar-se catalisadoras de benefícios para o meio ambiente e de transformação em práticas de gestão ambiental nos setores que financiam. O enfoque não mudou apenas com a finalidade de analisar riscos adicionais. Muitas instituições descobriram que, ao compreender detalhadamente os impactos ambientais de seus clientes, descobrem novas oportunidades de negócio, como é explicado pelo IFC: “Não se trata de um banco defensivo – no qual o risco ambiental e social é visto como um custo adicional – mas de um banco sustentável – no qual o desenvolvimento sustentável é visto como uma vantagem e avaliado como uma oportunidade de crescimento5”. A identificação e avaliação, mediante uma análise de riscos ambientais e sociais, é um procedimento essencial nas operações dentro do setor financeiro, razão pela qual representa uma etapa fundamental para a tomada de decisões responsáveis e permite relacionar-se de forma mais próxima com clientes atuais e futuros. Da mesma maneira, realizar esse tipo de análise de forma adequada pode evitar as rejeições ou atraso de contratos ou licenças, o fechamento de fábricas por autoridades, a perda de mercado (produtos ou processos), protestos, boicotes e interrupções trabalhistas. A integração de riscos ambientais e sociais é um complemento aos elementos tradicionais do risco, posto que pode reduzir os riscos de garantia, fluxo de caixa, legal e reputacional, entre outros. Nas instituições financeiras latino-americanas, a inclusão de aspectos ambientais e sociais na análise de riscos é uma prática cada vez mais frequente. Das instituições pesquisadas, mais da metade afirmou que considerava ambos os fatores em suas ferramentas de análise de risco, seguido por um grupo menor que mencionou estar concentrado exclusivamente em aspectos ambientais ou em aspectos sociais (gráfico 2.7). No caso das instituições internacionais, essa prática estende-se a todas as subsidiárias no exterior. Gráfico 2.7: Instituições que consideram fatores ambientais e/ou sociais em sua análise de riscos Ambas Nenhum a Ambienta l 28% 57% Social 13% 3% n=79/85 4 O capítulo foca na análise de riscos socioambientais nos processos creditícios. No entanto, há bancos nos quais se aplica também nos processos de investimento. 5 IFC (2007), Banking on sustainability: Financial, environmental, and social opportunities in emerging markets. Disponível em: www.ifc.org/ifcext/enviro.nsf/AttachmentsByTitle/p_ BankingonSustainability/$FILE/FINAL_IFC_BankingOnSustainability_web.pdf 32 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso estudado na página 60 para entender como o Bancolombia, da Colômbia, enfrentou os desafios ao desenvolver um sistema de gestão de riscos ambientais e sociais. “Evitando seus impactos indiretos” Um dos principais fatores que incitaram as instituições a aplicar ou entender o manejo dos riscos ambientais e sociais é a existência dos Princípios do Equador: 10 princípios a serem respeitados pelos signatários dentro das operações de Project Finance (Financiamento de Projetos) e alinhados aos padrões de desempenho de sustentabilidade ambiental e social do IFC. A maioria das instituições pesquisadas (75%) baseia a aplicação da análise de riscos ambientais e sociais em função do montante solicitado e o setor do cliente, posto que alguns deles apresentam um maior risco ambiental e social por sua natureza, como o setor mineiro, florestal e químico, entre outros (gráfico 2.8). Algumas instituições não apenas aplicam essa análise em suas operações de Project Finance, mas também em outras operações (gráfico 2.9). O fato de algumas instituições não utilizarem nenhum dos dois filtros pode ser explicado porque essas instituições aplicam a análise somente em algumas operações concretas que identificaram, de forma geral, como de alto risco, segundo seus próprios critérios institucionais. Gráfico 2.8: Filtros para aplicar a análise de riscos ambientais e/ou sociais Gráfico 2.9: Tipo de operações Montan te e setor às quais é aplicada a análise de Soment e o montan te 26% 17% 30% riscos ambientais e/ou sociais Soment e o setor Ao Project Finance e a outras operações Nenhum dos dois Soment e a outras operações 28% 20% 24% Soment e ao Project Finance n=54/57 56% n=54/57 Veja o estudo de caso na página 62 para entender como o Banco General de Panamá desenvolveu seu sistema de gestão ambiental e social. “Grandes passos em pouco tempo” 33 O processo de análise de risco ambiental e social é realizado através de diferentes mecanismos e/ ou ferramentas, dentre os quais se destaca a verificação do cumprimento dos requisitos legais e/ou ambientais, as visitas aos locais, entrevistas com agentes-chaves e o uso de códigos e regulamentos internos (gráfico 2.10). Essas ferramentas podem ser consideradas úteis para reunir informações e para tomar decisões, e inclusive, em muitos casos, são etapas necessárias dentro do processo de avaliação de riscos socioambientais. Das instituições que avaliam riscos socioambientais, 75% utilizam uma lista de exclusão como primeiro mecanismo de decisão de financiamento. A lista de exclusão é uma ferramenta especial, uma vez que inclui as atividades que uma instituição não financia, de jeito nenhum, enquanto as outras ferramentas ajudam a determinar quais condições ou recomendações podem ser feitas ao cliente para que este aprove a decisão de financiamento. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o caso estudado na página 63 para entender como o Itaú BBA, do Brasil, desenvolveu sua ferramenta de auditorias ambientais e sociais para a análise de risco social e ambiental e em seus projetos. Gráfico 2.10: Ferramentas e mecanismos utilizados para realizar a análise de riscos ambientais e/ou sociais 88% 76% 73% 65% 57% “Uma aplicação no setor de infraestrutura” 49% 43% 33% 29% 24% 18% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=54/57 Veja o estudo de caso na página 65 para entender como funciona o sistema de gestão de riscos socioambientais do Banco Pichincha, do Equador. “Administrando os riscos ambientais e sociais, oferecendo, por sua vez, guias e capacitações” A inclusão de critérios ambientais e sociais na análise de riscos requer a capacitação dos funcionários nesses assuntos para poderem executar esse tipo de análise. A grande maioria das instituições pesquisadas mencionou que tem pessoas capacitadas na matéria dentro de sua equipe de análise de risco (gráfico 2.11). Delas, 45% têm uma equipe especializada que se dedica ao tema em tempo integral. Das instituições que não têm uma equipe especializada, mais da metade (58%) conta com uma aliança com um órgão externo para realizar esse trabalho. Todas as instituições pesquisadas que disseram contar com uma equipe especializada mencionaram que, por sua vez, recebem suporte de um órgão externo para aprofundar a análise quando o risco é alto ou quando precisam ter opiniões especializadas em projetos de análise mais complexos. Dessa maneira, as competências da equipe de risco ambiental e social são complementadas com o conhecimento de um órgão externo que pode apresentar conceitos, ferramentas e capacitações valiosas. Os órgãos externos mais procurados são os consultores especializados e o apoio concedido por organizações multilaterais (gráfico 2.12). Gráfico 2.11: Pessoas destinadas/ Gráfico 2.12: Parceiros externos capacitadas para aplicar esta análise de riscos ambientais e sociais Sim 60% 50% 42% 40% Não 14% 21% 0% 86% Consultore s externos n=38/38 34 24% 20% Apoio de multilaterai s Apoio de alguma organização internaciona l Outros n=57/57 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 67 para entender como o Bancoldex, da Colômbia, trabalha com seus clientes para administrar os riscos ambientais e sociais. “Enfrentando as falhas de mercado” Embora sejam muitos os incentivos para a aplicação de riscos ambientais e sociais segundo as instituições pesquisadas, os principais são: proteger o valor dos investimentos no longo prazo, evitar perdas de reputação institucional e evitar prejuízos (gráfico 2.13). Existem outras fontes de motivação, como criar ou melhorar o relacionamento com os clientes, aumentar o valor agregado e diferenciado e encontrar novas fontes de financiamento, geralmente internacionais, que exigem ter um manejo desses riscos como condição necessária para dar acesso a seus fundos. Gráfico 2.13: Principais incentivos para a aplicação da análise de riscos ambientais e sociais 100% 94% 86% 80% 65% 60% 39% 40% 24% 20% 4% 8% 0% Protege r o valor dos Evitar perdas investimentos de de reputação longo prazo/ administra r os riscos Evitar prejuízo s Fidelizar seus clientes Ganhar clientes Não sabem Outros n=51/57 O principal obstáculo para as instituições pesquisadas que não poupam esforços nesse âmbito é a falta de compreensão e/ou conhecimento do tema, acompanhado da percepção de uma falta de reconhecimento por parte do mercado e/ou seus grupos de interesse, e por falta de recursos humanos ou tempo (gráfico 2.14). Gráfico 2.14: Principais obstáculos para o desenvolvimento de um sistema de análise de riscos socioambientais 50% 45% 40% 32% 32% 27% 30% 20% 14% 10% 5% 5% 0% Falta de compreensão /conheciment o do tema Falta de recursos Falta de reconhecimento por parte do mercad o/grupo de interesse Falta de cultura interna frente a mudanç as Temor à perda de clientes Falta de compro misso da alta da gerência Outros n=64/85 35 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2.3 Negócios: produtos e serviços verdes “Reconhecemos a necessidade que tem o setor financeiro de adaptar e desenvolver produtos e serviços que promovam os princípios de desenvolvimento sustentável.” A compreensão do manejo de recursos internos e dos riscos ambientais e sociais tem levado muitas das instituições a se aproximarem cada vez mais do tema de oportunidades de negócio, permitindo-lhes identificar vantagens competitivas em sua implementação. Declaração da Unep FI (artigo 2.7) Dessa maneira e seguindo as tendências mundiais de consumo e produção responsável, o setor tem desenvolvido produtos que se adaptam às necessidades de clientes cada vez mais conscientes e interessados em adquirir produtos e serviços que gerem, além do financeiro, valor ambiental e social. No aspecto ambiental, os produtos e serviços estão muito relacionados com o investimento na geração de energias alternativas, eficiência energética e ações de mitigação diante das mudanças climáticas, além do apoio a autoridades ambientais públicas por meio da administração de recursos. No aspecto social, os produtos e serviços são dirigidos, sobretudo, à população não bancarizada com o objetivo de criar oportunidades de inclusão financeira mediante iniciativas relacionadas com as microfinanças, a educação financeira e a canalização de recursos para empreendedores sociais. O projeto e a oferta eficiente desse tipo de produtos e serviços devem ser traduzidos em benefícios ambientais e sociais, oferecendo um retorno econômico. A sensibilização e a capacitação dos funcionários, que se criam através de políticas de gestão de recursos internos e da análise de riscos creditícios e/ou de investimentos, geram uma cultura e entendimento que são muito favoráveis para assegurar o compromisso das pessoas que criarão, desenvolverão e promoverão os novos negócios. Proporcionar produtos e/ou serviços relacionados com aspectos de sustentabilidade é uma prática frequente, já que 69% das instituições pesquisadas o fazem e é comum tanto para instituições comerciais privadas quanto para instituições de desenvolvimento. Das instituições que não têm produtos desse tipo em seus portfólios, 50% pensam oferecê-los no futuro, enquanto para aquelas que já oferecem esses produtos, 69% querem ampliar ou diversificar sua oferta. Gráfico 2.15: Tipo de produtos e/ ou serviços relacionados com aspectos de sustentabilidade Ambos Não 31% 57% 11% 1% Predominam as instituições que oferecem ambas as classes de produtos, enquanto um número significativo de instituições tem enfocado seu portfólio em um único aspecto de sustentabilidade (gráfico 2.15). Apenas social Apenas ambiental n=76/85 Entre os produtos e serviços ambientais mais oferecidos pelas instituições encontram-se os seguintes: 53% das instituições pesquisadas afirmaram que o produto que mais oferecem em termos ambientais é o financiamento de energia renovável, seguido pelos investimentos ambientais, que representam 45%, e as linhas de crédito para pessoas jurídicas para a aquisição de produtos ambientalmente amigáveis, com 36% (gráfico 2.16). 36 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 70 para entender como o BNDES se comprometeu com as mudanças climáticas. “Motor para o desenvolvimento baixo em carbono” Gráfico 2.16: Tipo de produtos e serviços em termos ambientais 53% Financiamen to de energia renovável 45% Investimen tos ambientai s Linhas de crédit o para pessoas jurídicas para a aquisiçã o de produtos ambientai s 36% Linhas de crédit o para pessoas jurídicas especiai s para trans formaçõe s ambientai s 34% 32% Linhas de crédit o para pessoas físicas para a aquisiçã o de produtos ambientai s Linhas de crédit o para pessoas físicas especiais para trans formaçõe s ambientai s 30% 28% Empréstimo s “verdes” 19% Serviços de asse ssori a ambiental Fundos de investimen to que seleciona m projet os/ organizações por desempenh o ambiental 17% 15% Cartões que apoiam uma causa 8% Hipo tecas “verdes” 6% Cont as de poupança “verdes” 8% Outr os 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=53/54 Veja o estudo de caso na página 71 para entender como Financiera Rural, do México, financia o desenvolvimento sustentável do setor florestal nesse país. “Semeando um setor florestal sustentável” O maior incentivo para as instituições pesquisadas quando procuram criar produtos e serviços desse tipo é inovar e diversificar seu portfólio de produtos (gráfico 2.17). É interessante apontar que este incentivo pesa mais do que a própria regulamentação, o que significa que a oferta de produtos socioambientais está se consolidando como uma tendência de mercado. Somente 39% das instituições indicam que é por demanda de seus clientes, o que poderia implicar que existem outros grupos de interesse que incentivam a inovação. Isso é confirmado também pela quantidade de instituições que dizem fazê-lo para melhorar a imagem institucional, o que não apenas se refere à percepção de seus clientes, mas também à de outros grupos de interesse e à do público em geral. Gráfico 2.17: Incentivos para tratar de criar ou desenvolver algum produto ou serviço com características de sustentabilidade 100% 90% 80% 78% 70% 60% 51% 50% 39% 40% 29% 30% 14% 20% 12% 10% 0% Para melhorar a imagem instituciona l Por demanda dos clientes Evolução da regulament ação Valores éticos Outros n=49/54 37 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 72 para entender como a Cofide, no Peru, tem desenvolvido o Programa Cofigas para apoiar o setor de transporte nacional. “Formando uma cultura do gás natural como alternativa” As instituições pesquisadas inclusive mencionam que esses incentivos se materializam: 80% delas dizem ter experimentado uma melhora na imagem institucional, 45% reportam um aumento na quantidade de clientes graças ao desenvolvimento desses produtos e serviços e 27% relatam um aumento considerável em suas receitas. O maior obstáculo que as instituições que não têm esses produtos enfrentam para implementar esse tipo de produtos e serviços continua sendo a falta de compreensão e interesse no assunto dentro da própria instituição. Um dos grandes desafios para o futuro é que as instituições entendam como a sustentabilidade se aplica ao seu negócio e as vantagens que esta traz a uma organização além do relacionado exclusivamente com temas reputacionais (gráfico 2.18). Gráfico 2.18: Obstáculos para o desenvolvimento de produtos e serviços com características de sustentabilidade 90% 80% 75% 70% 60% 45% 50% 40% 30% 30% 15%1 20% 5% 10% 0% Falta de compreensão/ conhec imento do tema Falta de reconhecimento por parte do mercado / grupos de interesse Falta de cultura interna perant e as mudança s Falta de compro misso da alta de gerência ou priorizaçã o estratégic a n=20/22 O segundo obstáculo é a falta de reconhecimento pelo mercado ou os grupos de interesse da instituição, seguido pela falta de cultura perante a mudança no interior da instituição. Isso demonstra que falta envolver mais os funcionários para que entendam melhor esses aspectos e sua importância, já que todos têm um papel a desempenhar. Um dos meios para conseguir isso é sensibilizando os funcionários ou clientes de forma adequada, oferecendo-lhes serviços de capacitação e ferramentas para essa finalidade. Veja o estudo de caso na página 74 para entender como o Banco Nacional de Costa Rica oferece um bônus para a compensação de emissões de veículos. “Reduzir a pegada de carbono de seus clientes” Oferta de produtos e serviços nos bancos de desenvolvimento Os bancos de desenvolvimento, por sua natureza e funções, consideram a oferta de produtos e serviços para o desenvolvimento ambiental e social um trabalho muito importante. 76% dos bancos de desenvolvimento afirmaram que oferecem esse tipo de produtos e serviços. Dessa porcentagem, 53% mencionaram que ofereciam tanto produtos ambientais quanto produtos sociais, o que significa que não se concentram em um enfoque específico. Quadro 2.1: Oferta de produtos e serviços nos bancos de desenvolvimento Sim Não 24% 76% n=13/17 38 Uma das grandes vantagens dos produtos e serviços oferecidos pelos bancos de desenvolvimento é a repercussão positiva que têm nos bancos de primeiro nível. Em muitas ocasiões são os bancos de desenvolvimento os que estabelecem esse tipo de produtos, com condições preferenciais para que os bancos de primeiro nível as aproveitem, apreciem o valor agregado e busquem adaptar essas novas condições com vantagens competitivas para seus portfólios de crédito ou investimento. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 10. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse “Recomendamos que as instituições financeiras elaborem e publiquem sua política ambiental e que informem periodicamente sobre as medidas que tenham adotado para promover a integração de considerações ambientais em suas operações.” Declaração Pnuma (artigo 3.1). A crescente demanda por parte dos grupos de interesse para que as organizações do setor financeiro gerenciem e desenvolvam políticas de sustentabilidade resultou em instituições cada vez mais interessadas em informar, comunicar e envolver outras partes sobre suas ferramentas de administração e de gestão de assuntos econômicos, ambientais e sociais. O diálogo com grupos de interesse surge também como uma oportunidade para gerar confiança, aprendizagem, colaboração e inovação. Este capítulo pretende ressaltar a importância que os mecanismos de comunicação e envolvimento com relação à sustentabilidade ganharam para as instituições latino-americanas. Em primeiro lugar, é feita uma revisão das estratégias de comunicação e seus principais mecanismos para divulgar a informação aos grupos de interesse. Os grupos de interesse de uma organização incluem aqueles indivíduos ou organizações de indivíduos que afetam atividades, produtos e serviços e seu desempenho ou poderiam ser afetados por eles8. O envolvimento dos grupos de interesse é o processo por meio do qual os grupos considerados relevantes para uma organização assumem o compromisso de identificar expectativas, oportunidades e impactos, e responder com iniciativas estratégicas e de gestão. Em segundo lugar, considerando como os relatórios de sustentabilidade tornaram-se um dos mecanismos de comunicação mais utilizados pelo setor financeiro latino-americano, desenvolve-se item que trata desse assunto. Os relatórios respondem à necessidade de mostrar o comprometimento e a transparência das instituições diante do seu desempenho da gestão e controle dos aspectos ambientais e sociais, além de servirem como ferramentas importantes para um contínuo aperfeiçoamento. Por último, explora a participação dos bancos latino-americanos nas iniciativas voluntárias de sustentabilidade empresarial que proliferaram tanto em âmbito global quanto regional. Essas iniciativas podem desempenhar um papel importante na criação de padrões de bom manejo dos aspectos ambientais e sociais, podem guiar as instituições em como optar por práticas de sustentabilidade e para melhorar a troca de experiências. Principais resultados: 96% das instituições pesquisadas têm uma estratégia para comunicar seu desempenho ambiental e social. 71% têm mecanismos de envolvimento de seus grupos de interesse para influenciar essas atividades. As atividades mais comuns são a organização de palestras ou eventos especiais e o desenvolvimento do site voltado para esses temas. 77% das instituições pesquisadas publicam um relatório anual de sustentabilidade. 98% dessas instituições utilizam a GRI como referencial para elaborar esses relatórios. As áreas que participam mais ativamente da elaboração do relatório são Comunicações, Sustentabilidade e Gestão Humana. Somente 57% desses relatórios foram submetidos a verificação por um órgão externo. 72% das instituições participam de, pelo menos, uma iniciativa voluntária relacionada a aspectos de sustentabilidade. AA1000 Stakeholder Engagement Standard 2011. www.accountability.org/about-us/publications/aa1000framework.html Disponible en: Consultado 27 de março de 2012. 39 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 3.1 Mecanismos de comunicação e envolvimento A maioria das instituições pesquisadas conta com mecanismos para comunicar e envolver seus grupos de interesse em sua gestão de sustentabilidade (gráfico 3.1). Um quarto desses grupos utiliza somente ferramentas para comunicar suas atividades, diante de 71% que também envolvem seus grupos de interesse para avaliar essas atividades e participar no processo de tomada de decisões. Gráfico 3.1: Estratégia O envolvimento, além de ser um componente essencial de prestação de contas sobre a gestão da sustentabilidade de uma organização, é a maneira mais efetiva para identificar os assuntos materiais de uma organização. Por conseguinte, estas devem estabelecer mecanismos que permitam comunicar, dialogar e dar respostas de forma oportuna aos seus grupos de interesse. de comunicação Comunica r e envolver 4% Apenas comunicar 25% Nenhum a 71% n=77/85 Entre os principais mecanismos utilizados pelas instituições financeiras latino-americanas, depois do relatório de sustentabilidade, estão as palestras e eventos, a internet e as reuniões de grupos de trabalho ou comitês especiais (gráfico 3.2). Por meio desses espaços, as instituições não só comunicam a informação sobre sua gestão de sustentabilidade, como também criam espaços de sensibilização e inovação com seus grupos de interesse internos e externos. Gráfico 3.2: Mecanismos de comunicação e envolvimento 77% 34% 23% 5% 66% 62% 49% 41% 30% 28% 28% 16% 14% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n= 77/85 Comunicaçã o 40 Envolvimen to Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 3.2 Relatórios de sustentabilidade A maioria das instituições pesquisadas comunica sua gestão por meio de um relatório de sustentabilidade (gráfico 3.3). Algumas instituições começaram esse processo no final dos anos 90, mas trata-se de uma prática que se fortaleceu muito na região nos últimos cinco anos (gráfico 3.4). Gráfico 3.4: Instituições que Gráfico 3.3: Relatório de publicam relatórios anuais de sustentabilidade sustentabilidade “Compartilhando sua vasta experiência” 80% Sim 74% 70% Não 66% 60% 57% 50% 26% 47% 40% 74% 35% 30% 23% 20% 12% 16% 17% 2011 2010 2009 2007 2006 2005 2004 2003 3% 6% 2001 1999 1998 1% 2000 1% 0% n=74/74 2002 10% 2008 Veja o estudo de caso na página 75 para entender como o Banco Santander Brasil desenvolveu um espaço virtual de boas práticas em matéria de sustentabilidade. n=57/74 Os assuntos mencionados como mais relevantes dentro da publicação do relatório foram o investimento social, a inclusão financeira, as políticas, os papéis e responsabilidades ambientais e sociais dentro da instituição. Como se pode observar, os relatórios começam a contar com um caráter mais integral, concentrando-se não apenas em fazer um balanço de suas atividades de investimento social, mas também abrangendo temas-chave, como as iniciativas de ecoeficiência, a integração dos aspectos ambientais nas operações da instituição e a geração de políticas internas para a avaliação de metas relacionadas com aspectos de sustentabilidade. A área de Comunicações foi identificada como a mais importante na elaboração do relatório de sustentabilidade, seguida pelas áreas de Gestão Humana e Sustentabilidade (quando contam com um responsável ou área (gráfico 3.5). Convém esclarecer que 42% daqueles que publicam relatório de sustentabilidade contam com a participação de todas as áreas da instituição que podem ser consideradas relevantes para sua elaboração. Gráfico 3.5: Áreas ou departamentos que participam ativamente na elaboração do relatório de sustentabilidade 100% 80% 77% 74% 70% 68% 60% 62% 58% 57% 42% 40% 20% 11% 0% ComunicaçãoÁ Gestão Humana rea de Alta Sustentabi lidade administraçã o Comercial ou negócio Administração RiscoT odas Outra n=77/85 41 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Uma alta porcentagem das instituições pesquisadas utiliza um referencial em sua metodologia para a elaboração do seu relatório. A GRI é o referencial mais utilizado com quase 75% de representatividade. No entanto, apenas a metade delas utiliza o suplemento financeiro, projetado para reportar dimensões de sustentabilidade especialmente relevantes para esse setor. Entre outros referenciais, foram identificados o Balanço Social Ibase, no Brasil, e a ISO 26000 (guia de gestão sobre responsabilidade corporativa). A utilização desses indicadores faz parte do que se reconheceu como a nova contabilidade extrafinanceira, na qual a organização não apenas apresenta seus resultados financeiros, mas também seu desempenho em assuntos ambientais e sociais. Gráfico 3.6: Verificação externa do relatório de sustentabilidade Sim Não 43% 57% Pouco mais da metade das instituições que publicam um relatório de sustentabilidade realiza sua verificação externa (gráfico 3.6). Convém ressaltar que todas as instituições internacionais que têm operações locais em muitos países da região realizam verificação externa por tratar-se de uma diretriz de suas matrizes. n=44/77 A verificação ou garantia por parte de terceiros mostra-se positiva, já que busca reforçar o compromisso, o conhecimento e a orientação da instituição quanto à sustentabilidade e garantir um exercício de transparência e revisão do rigor da informação reportada, o que lhe dá maior credibilidade. Quadro 3.1: Relatório de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento Publicar um relatório de sustentabilidade, mesmo sendo a prática preferida para comunicar a gestão de sustentabilidade, parece ser menos comum para os bancos de desenvolvimento (60%) do que para os bancos comerciais (80%). 3.3 Participação em iniciativas voluntárias Os últimos anos caracterizaram-se pela proliferação de iniciativas voluntárias que buscam um compromisso de seus afiliados diante do desempenho ambiental e social. Por meio de princípios ou critérios reconhecidos internacionalmente, essas iniciativas pretendem que o setor privado melhore seu desempenho e compartilhe melhores práticas de gestão sustentável. Além de iniciativas, organizações e institutos que trabalham em temas de gestão sustentável no setor privado em geral, existem algumas que estão dirigidas especificamente ao setor financeiro, aos seus desafios e oportunidades particulares. Além disso, foram desenvolvidos vários índices de sustentabilidade que tratam de medir o desempenho das empresas em seu manejo de assuntos de governança ambiental e social. A participação nesses índices é voluntária e requer, na maioria dos casos, processos de verificação ou envio de informação. O gráfico 3.7 demonstra a participação das instituições pesquisadas nas iniciativas, institutos e índices mais conhecidos e presentes na região. 42 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Gráfico 3.7: Participação em iniciativas voluntárias 39% 34% 31% 29% 23% 16% 18% 16% 8% 8% 19% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=83/85 Filiaç ão e/ou adesão a iniciati vas Participaç ão em índice s de sustentabilida de Das instituições pesquisadas, 72% aderiram a alguma dessas iniciativas; 70% delas participam de uma iniciativa relacionada com a sustentabilidade no setor privado, enquanto 49% participam de iniciativas dirigidas especificamente ao setor financeiro e 35% participam de algum ranking ou índice. Das instituições que não participam de nenhuma iniciativa, 48% consideram fazê-lo futuramente. Vale a pena ressaltar que, para as instituições que fazem parte de alguma iniciativa, essa proporção é ainda maior (65%). Além das iniciativas mundiais, a região conta com uma variedade de iniciativas regionais e nacionais. A maioria das instituições que afirma participar de outras iniciativas ou institutos refere-se a organizações desse tipo. Isso é especialmente relevante para as instituições no Brasil que têm uma maior tendência a serem membros de iniciativas nacionais, dentre as quais se destaca o Protocolo Verde. Este é uma iniciativa do setor financeiro, por meio da associação de bancos (Febraban) e o Ministério do Meio Ambiente do governo brasileiro para melhorar a cooperação entre eles e colaborar em conjunto no desenvolvimento sustentável do país. Esse protocolo, assinado em 2009, atualmente conta com 18 signatários públicos e privados6. Existem outros exemplos de colaboração público-privada na região, incluindo o esforço de um protocolo similar na Colômbia. Quadro 3.2: Iniciativas voluntárias dos bancos de desenvolvimento Dos bancos de desenvolvimento pesquisados, 50% participam de iniciativas voluntárias, enquanto para as instituições financeiras restantes a proporção é muito maior (79%). A diferença entre os dois tipos de bancos resulta, sobretudo, da filiação ao Pacto Global: 16% para bancos de desenvolvimento versus 46% das outras instituições financeiras. 6. Protocolo Verde. Informação pública no site da Febraban. Disponível em: www.febraban.org.br/protocoloverde 43 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Veja o estudo de caso na página 77 para entender como o Fira, do México, está alinhado com especialistas para melhorar seu conhecimento dos temas de sustentabilidade. “Parcerias para a sustentabilidade” Dentre os incentivos para adesão a iniciativas voluntárias, destacam-se as oportunidades oferecidas para a criação de novos produtos e serviços, o conhecimento que oferecem perante novas tendências no mercado e o intercâmbio de boas práticas e casos de sucesso na integração das operações dentro da gestão diária da instituição (gráfico 3.8). Gráfico 3.8: Principais incentivos para a adesão a uma iniciativa Opor tunidade s (geração de receitas , aumen to de repu tação) 78% Alinhament o com novas tendências no mercado 78% Participaç ão na rede para compa rtilha r as boas práticas e o conheciment o 76% Opiniã o públic a e/ou novas expectativ as dos clien tes 48% 11% Pressão da concorrênci a Experiências negativ as (perdas de reputação etc.) 6% Outr os 15% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=54/60 As instituições que participam de alguma iniciativa voluntária confirmam que muitos dos benefícios conseguem se materializar. Dessas instituições, 79% confirmam que a adesão a iniciativas aumentou sua competitividade no mercado, 55% notam uma melhora nas relações com organizações da sociedade civil, enquanto 73% percebem um avanço em sua reputação e marca. O gráfico 3.9 mostra os obstáculos enfrentados pelas instituições pesquisadas que ainda não se alinharam com nenhuma iniciativa. Pode-se observar que a falta de reconhecimento dentro das instituições é um obstáculo maior do que a falta de reconhecimento por parte de seus grupos de interesse. Várias instituições relatam que entendem a finalidade de se alinharem a iniciativas voluntárias, mas percebem uma falha ao não encontrar uma forma prática e simples para implementá-las dentro de suas instituições. Gráfico 3.9: Principais obstáculos para a adesão a uma iniciativa 67% 57% 38% 33% 24% 10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=21/23 44 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 11. CAPÍTULO 4. Conclusões e perspectivas futuras Neste último capítulo são apresentadas as conclusões mais relevantes apontadas no estudo. Faz-se uma análise das perspectivas futuras quanto à integração da sustentabilidade nas instituições financeiras latino-americanas, focalizando tanto os passos que as instituições consideram que deveriam dar, quanto os assuntos nos quais o setor em geral deveria concentrar seu avanço. 4.1 O estado da integração da sustentabilidade nas instituições financeiras da América Latina Os resultados do estudo mostram que o tema da sustentabilidade está tomando cada vez mais força no setor financeiro latino-americano, especialmente nos últimos seis anos. As instituições pesquisadas declararam que esses assuntos têm uma importância estratégica dentro do funcionamento de seus negócios, e que a sustentabilidade é um tema de discussão nas instâncias mais altas de tomada de decisões. De forma complementar, muitas instituições declararam que estão dirigindo pessoal e recursos financeiros para a gestão da sustentabilidade dentro de sua organização. Algumas instituições criaram até mesmo funções especializadas de sustentabilidade, de caráter transversal à organização, o que é muito positivo quando se leva em conta que o tema tem implicações e consequências em muitas operações da instituição. Os grandes aspectos que as instituições pesquisadas estão focando para administrar a sustentabilidade são os seguintes: o manejo de recursos internos considerando critérios de responsabilidade ambiental e social, a gestão de riscos ambientais e sociais nas operações creditícias e em seus investimentos, e a criação de produtos e serviços que seguem critérios de sustentabilidade. No entanto, convém destacar que os impactos indiretos das instituições financeiras têm um peso mais significativo sobre o desempenho sustentável nas operações do setor. O estudo esclareceu que muitas instituições começaram a trabalhar nesses impactos indiretos com grupos de interesse estratégicos, como fornecedores e clientes. Um enfoque predominante em riscos Os resultados da pesquisa evidenciam que, apesar de ser um tema relativamente novo, a maioria das instituições compreendeu a importância da gestão responsável de riscos ambientais e sociais associados à colocação de seus produtos, já que esses riscos podem gerar consequências negativas tanto no fluxo de caixa, como em questões legais e de reputação. Por outro lado, a partir da integração de aspectos ambientais e sociais na análise e gestão de riscos, abrem-se novas oportunidades comerciais e é facilitada a criação de produtos e serviços inovadores para o setor produtivo. Também se promove a integração da sustentabilidade nos múltiplos setores com os quais o setor financeiro trabalha, muitos dos quais têm impactos. Com a promoção e o desenvolvimento de um negócio responsável e inclusivo, o setor financeiro pode gerar impactos positivos e contribuir para o desenvolvimento da região, promovendo uma verdadeira transformação da economia. 45 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Nesse sentido, o setor financeiro deve desempenhar um papel inovador e proativo, diferenciando-se e adaptando-se às necessidades particulares da região e gerando valor para seus clientes por meio de seus projetos e atividades. Uma tendência do mercado Com relação aos incentivos, é claro que estes derivam mais das tendências que vêm sendo construídas em um mercado cada vez mais consciente da importância da sustentabilidade e da gestão responsável de impactos ambientais e sociais, e não apenas da evolução de uma regulamentação que impõe que as instituições financeiras levem em conta esses critérios. Isso demonstra que, embora existam entidades reguladoras, tanto nacionais quanto internacionais, que estão aplicando critérios normativos para regulamentar os aspectos sociais e ambientais, há outras forças do mercado que empurram o setor financeiro a incorporar esses fatores em suas operações. A demanda dos clientes, a criação de novos segmentos do mercado interessados no impacto da sustentabilidade e as expectativas dos grupos de interesse são os principais incentivos para desenvolver esse tipo de atividade. Desafios internos na implementação Os principais obstáculos enfrentados pelas instituições pesquisadas no momento de incorporar a sustentabilidade em suas operações concentram-se, sobretudo, no interior da organização. Foram poucas as instituições que relataram que o grande desafio quando da implementação é a falta de reconhecimento externo da importância do tema da sustentabilidade. A maioria das instituições menciona, de forma recorrente, que um importante obstáculo é a falta de compreensão ou conhecimento dos assuntos dentro da instituição. Visto que a sustentabilidade é reconhecida como um fator estratégico importante, a falta de compreensão poderia referir-se não tanto à falta de discussão do assunto e sua importância em instâncias de tomada de decisões, mas a um conhecimento mais prático de como podem ser implementados os processos e atividades apropriados para gerenciar o assunto internamente. Considerando o acima exposto, a cooperação com entidades multilaterais e outros órgãos externos é essencial, na medida em que estes podem tornar-se sócios estratégicos que proporcionam conhecimento e serviços de capacitação, entre outros. Além disso, existem, por sua vez, múltiplas alianças com iniciativas voluntárias que podem gerar conhecimento e valor para a implementação de práticas responsáveis dentro das instituições, proporcionando informação, capacitação a baixo custo e uma vasta rede de contatos que podem gerar um valor agregado. Bancos de desenvolvimento Os bancos de desenvolvimento, por sua natureza e operações, têm uma proximidade e compromisso palpável diante da sustentabilidade. No entanto, os resultados da pesquisa mostram que há diferenças importantes em comparação com as instituições comerciais privadas na implementação de várias práticas de manejo sustentável, como a análise de riscos ambientais e sociais. Isso poderia ser consequência de uma falta de formalização dessas atividades pela atribuição de responsabilidades. Embora exista a conjuntura acima mencionada, muitas das instituições pesquisadas que foram as primeiras a formular uma política de sustentabilidade são bancos de desenvolvimento, e essas instituições são muito ativas na oferta de produtos e serviços com características de sustentabilidade. 46 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 4.2 Futuros passos na instituição e no setor Como se pôde observar ao longo deste relatório, pela resposta de 85 instituições financeiras, a tendência de fortalecer a gestão e inclusão da sustentabilidade no setor, em um futuro próximo, crescerá em importância. As instituições que estão trabalhando ativamente no assunto mostram um grande anseio de expandir suas atividades, o que é muito positivo. Tanto as instituições que oferecem capacitação aos seus funcionários nos assuntos relacionados com sustentabilidade, quanto as que fazem parte de uma iniciativa voluntária, além daquelas que já incluem em seus portfólios produtos com características de sustentabilidade, mostram que dão uma grande importância a esse tipo de atividade. O acima exposto demonstra que essas atividades podem gerar grandes benefícios. Muitas dessas instituições, graças à introdução desses aspectos, experimentam uma melhora em sua reputação, reduzem despesas ou atraem novos clientes, tudo isso contribuindo para seu desempenho financeiro. Os gráficos 4.1 e 4.2 mostram os passos necessários a serem seguidos, segundo as instituições pesquisadas, para a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade. Embora os resultados deste relatório tenham mostrado a tendência de designar responsáveis para a gestão da sustentabilidade, muitas das instituições notam que, para avançar no assunto, necessitam de uma maior incorporação de responsabilidades dentro de cargos-chave na instituição (gráfico 4.1). Isso poderia ser interpretado como uma evidência da necessidade de formalizar essas atividades e sensibilizar os funcionários. Gráfico 4.1: Futuros passos necessários na instituição para a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade 68% Maio r responsabilida de do assunt o em vários cargos-cha ve 62% Sensibil ização de funcionário s 56% Capacitação de gerentes Diálog o com client es e outros stakeholder s 46% 29% Adesão a iniciativ as 28% Aloc ação de orçament o 27% Constituição de uma equipe de trabalho 14% Diretriz do mais alto executiv o 11% Outr os 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=79/85 Os resultados mostrados no gráfico 4.2 apontam a importância de cooperação e ação conjunta, sobretudo com o governo e outras instituições financeiras. É importante notar como as entidades de classe podem desempenhar um papel significativo na criação dessas condições de ação conjunta entre entidades e para melhorar a comunicação com o governo e outros grupos de interesse, como acontece em vários países da região, como o Brasil, a Colômbia e o México. 47 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Gráfico 4.2: Futuros passos no setor financeiro para facilitar a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade 78% 71% 64% 53% 44% 6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% n=78/85 Finalmente, os resultados gerais do estudo demonstram a importância que o tema da sustentabilidade tem para o setor financeiro, incluindo aspectos econômicos, ambientais e sociais. Como foi enfatizado ao longo deste relatório, a sustentabilidade é um aspecto-chave para o desenvolvimento responsável do negócio do setor e de suas operações. Espera-se que futuramente a sustentabilidade continue se fortalecendo, não apenas no que se refere à comunicação de resultados, mas também à gestão de ações concretas que resultem no melhor desempenho das instituições financeiras. 48 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 12. CAPÍTULO 5: Estudos de caso7 1 Política, estratégia e organização 1.1 Visão e estratégia de sustentabilidade Mutualista Pichincha: Uma visão de sustentabilidade construída com os grupos de interesse Equador Fundada em 1961, a Mutualista Pichincha é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, cujo objetivo é a captação de recursos do público para o financiamento de moradia e construção. Tipo de instituição: associação de poupança e crédito Principais linhas de negócio: financeiro (principalmente crédito para moradia) e imobiliário (incorporação de projetos imobiliários) Ativos totais: US$ 457 milhões (2011) Número de funcionários: 538 (2011) Visão e política de sustentabilidade Para a Mutualista Pichincha, a sustentabilidade é uma visão de negócio e um compromisso da Alta Direção. Na própria definição de sua missão, a instituição explicita seu compromisso: “Entregar aos nossos clientes soluções financeiras e imobiliárias eficientes executadas com responsabilidade social empresarial”. Da mesma forma, dentro do Planejamento Estratégico 2010-2012, foram estabelecidos objetivos específicos com o fim de alcançar a meta de tornar-se uma empresa socialmente responsável. Os eixos estratégicos de sustentabilidade para a organização são os seguintes: Governança Corporativa, Grupos de Interesse, Econômico, Ambiental, Recursos Humanos, Direitos Humanos, Sociedade, Responsabilidade e Impacto dos Produtos. Essas políticas são gerenciadas desde o Comitê de RSC, liderado pelo gerente geral e pelo presidente da diretoria e integrado por todos os altos dirigentes institucionais. De acordo com o acima exposto, e com vista ao gerenciamento da RSC, foram implementadas as seguintes políticas: de direitos humanos, ambiental, de responsabilidade sobre os produtos, de comunicações de marketing, social, de compras e de gestão de risco operacional. Adicionalmente, o Regulamento Interno do Trabalho e o Código de Ética foram revisados e atualizados, de tal forma que no Código de Ética, por exemplo, foi incluído um capítulo sobre Concorrência Desleal. Uma das metas da Mutualista é promover uma estratégia de cultura institucional de RSC, motivo pelo qual foram definidos indicadores-chave próprios e foram adotados outros estabelecidos pela GRI. O monitoramento dessas metas e indicadores é realizado pelos responsáveis de cada uma das áreas da instituição, o que maximiza sua eficiência e transversalidade. Para mais informações, consultar: Relatório de Responsabilidade Social Empresarial Mutualista Pichincha (2010), disponível em: www.mutualistapichincha.commupimemoria2010MemoriaSostenibilidad2010.htm 7 Todos os casos de estudo foram redigidos com base em informação pública e oferecida pelas instituições que colaboraram. Todos os dados apresentados são de dezembro de 2011. 49 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Banco Galicia: Implementação de uma visão transversal da sustentabilidade Argentina Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco pessoa física, banco comercial, banco de investimento, seguros Ativos totais: US$ 11,531 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 5.500 (2011) O Banco Galicia estabeleceu seu compromisso com o desenvolvimento da sociedade há mais de 40 anos a partir do trabalho que realiza com a comunidade, os colaboradores e suas famílias por meio da Fundación Banco Galicia. Desde então, vem consolidando uma estratégia orientada para a sustentabilidade. O compromisso com a gestão sustentável nasce da crença de que o Banco Galicia só poderá desenvolver-se guiado por uma estratégia de longo prazo que leve em consideração o meio ambiente e o entorno social. Esse processo foi marcado pela adesão ao Pacto Global das Nações Unidas em 2004, pelo alinhamento às diretrizes GRI em 2005 e se firmou com a criação de um modelo de gestão integral e transversal para toda a organização. Um de seus compromissos mais recentes foi adotado em 2011, quando passou a ser o primeiro membro oficial da Argentina a aderir à Unep FI. Alinhamentos internos No Banco Galicia, a sustentabilidade está integrada à sua declaração de missão, segundo a qual seu objetivo principal é fazer crescer o negócio contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país e mantendo o compromisso constante com a boa governança corporativa. Além disso, existe um Código de Ética que norteia a conduta de todos aqueles que fazem parte do banco, e no qual são detalhados temas relacionados com a sustentabilidade, entre eles: o respeito e a defesa dos direitos humanos e a igualdade de oportunidades, a qualidade dos serviços, os conflitos de interesses, a transparência da informação, a prevenção contra a lavagem de ativos e crimes, entre outros. De forma complementar, o banco consolidou uma estratégia de médio e longo prazo como modelo de gestão para um funcionamento sustentável da organização. Esse modelo inclui temas como: • a bancarização; • a promoção do melhor serviço para todos os seus clientes; • a gestão prudente do risco socioambiental e social; • a criação de transparência, confiança e credibilidade; • a promoção de oportunidades de desenvolvimento para os colaboradores; • o respeito ao meio ambiente e às comunidades em que opera; • a segurança de seus clientes. Gráfico: Gestão sustentável segundo o Banco Galicia Desenvolvimento Sustentável Econômico Políticas • Social • Ambiental Programas Práticas Código de Ética Princípios e Propósitos 50 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Integração das políticas nas atividades diárias A governança corporativa do banco comprometeu-se com a promoção e contribuição para o desenvolvimento sustentável. Para isso, a diretoria, órgão máximo de governo, e o gerente geral encarregaram-se de definir a política e a estratégia de responsabilidade ambiental e social da entidade, baseadas nos pilares descritos no gráfico. Nesse contexto, a gestão e o orçamento são definidos, avalizados e acompanhados pelos diretores, os quais têm contato direto com a gerência de RSC. Com o objetivo de se manterem capacitados e continuar somando novos conhecimentos à experiência adquirida, os diretores e os ocupantes de altos cargos do banco participam de diferentes fóruns e congressos específicos da atividade bancária e em âmbitos de promoção dos princípios de sustentabilidade. Também, para conseguir ser uma força de mudança positiva, foram definidos objetivos de sustentabilidade para cada um dos grupos de interesse, incluídos em sua estratégia de longo prazo. Nesse âmbito, todos os anos os gerentes de área estabelecem metas de sustentabilidade dentro de seus planos de ação. Para mais informações, consultar: Informação geral sobre a gestão socioambiental, disponível em: www.galiciasustentable.com Relatório de Responsabilidade Social Corporativa Banco Galicia (2011), disponível em: www. galiciasustentable.com/IS2011 1.2 Estrutura organizacional Grupo Santander: Gerenciando a sustentabilidade em uma rede global Espanha Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco comercial, banco de atacado global, gestão de ativos, banco privado, seguros, meios de pagamento Ativos totais: € 1.251,525 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 193.000 (2011) 51 O Grupo Santander trabalha o tema da sustentabilidade por meio de três áreas estratégicas prioritárias: o investimento na educação superior, o apoio às comunidades e ao meio ambiente e a manutenção de relacionamentos estáveis e duráveis com seus grupos de interesse. Isso exige a integração de fatores econômicos, ambientais e sociais em seus processos de negócios, o alinhamento com padrões internacionais de sustentabilidade e de transparência e a interação contínua com seus grupos de interesse. Sua presença em 40 países em todo o mundo e suas diversas linhas de negócio requerem um sistema de organização sofisticado. Para alcançar sua visão de ser uma instituição financeira que contribui para o progresso sustentável de seu entorno, o Grupo Santander tem uma estrutura de governo especial que coordena suas atividades relacionadas com a sustentabilidade tanto internacional quanto localmente (ver gráfico). O órgão principal dessa estrutura é o Comitê de Sustentabilidade, cuja função é definir os planos estratégicos das políticas de sustentabilidade para submetê-los à aprovação do Conselho de Administração. Um comitê transversal Quando o Comitê foi criado, em 2008, contou com a participação da Secretaria Geral, das áreas de negócio, de riscos e comunicação corporativa e do Brasil. Tal decisão foi tomada em função da relevância do tema para essas áreas do banco e, no caso do Brasil, pela experiência do banco nesses temas e a importância das atividades no país. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas No entanto, a partir de 2010, o Comitê começou a incorporar mais funções que também tinham um papel transcendental na integração da sustentabilidade na instituição. A composição atual do Comitê demonstra como as funções mais importantes são integradas dentro da estrutura do Grupo, contando com pessoas de várias funções, linhas de negócio e países, garantindo assim a compreensão desses assuntos sob diferentes perspectivas e lidando com a situação de forma transversal. Adaptação às necessidades específicas Para executar as atividades do dia a dia, o Grupo Santander dispõe de uma área de Sustentabilidade que faz parte da divisão de Comunicação, Marketing Corporativo e Estudos do Grupo. Essa área conta com uma equipe de nove pessoas e é responsável pela gestão e impulso da sustentabilidade em todo o grupo, ao mesmo tempo que coordena as diferentes ações realizadas. As subsidiárias, por sua vez, desenvolvem as iniciativas locais mais adequadas para alcançar os objetivos espelhados nas políticas globais, adaptando-os às necessidades locais ou setoriais. Dessa forma, as políticas servem como padrão mínimo na gestão da sustentabilidade e cada agência tem a opção de aplicá-las de forma mais estrita ou acrescentar critérios adicionais, desde que respeitadas as políticas estabelecidas pela matriz. Estrutura da Função da Sustentabilidade no Grupo Santander Aprovação de planos estratégicos , política s corporativ as e relatóri o da sustentabilidad e CONSELHO DE ADMINIST RAÇÃO Secretaria geral Santande r Brasil COMITÊ DE SUST ENTABILIDA DE Presidido pelo conselheiro delegado Riscos Banco de Atacado Global Tecnologia e Operaçõe s Divisã o Financeira Recursos Humano s Universidade s Secretaria do comitê sustentabilidade : Diretor da área de sustentabilidade Comunicação Marketing Corporativo e Estudos Coordena çãoC Comitês multidisciplinares oorden ação Comitês RSC Reino Unido Fundação Banco Santande r Coordena ção Comitês RSC Brasil Comitês locais RSC outros países Para mais informações, consultar: A função da sustentabilidade no Grupo Santander, disponível em: www.santander.com/csgs/Satellite/CFWCSancomQP01/es_ES/Corporativo/Sostenibilidad/ Santander-y-la-sostenibilidad/La-sostenibilidad-en-Banco-Santander.html 52 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Grupo BBVA: “Política de Responsabilidade Social Corporativa a partir de uma aproximação Global” Espanha Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco de varejo, administração de ativos, banco privado e banco de atacado Ativos totais: US$ 584,438 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 110.000 (2011) O BBVA vem avançando em ações baseadas no Plano Estratégico de Responsabilidade Corporativa (RC), aprovado em meados de 2008 pelo Conselho de Administração e baseado em quatro eixos: educação, inclusão financeira, banco responsável e compromisso com a sociedade. A política de RC do BBVA mantém uma aproximação “Glocal” e parte da definição global, cujo fim é conseguir a melhor coordenação e as maiores sinergias, para depois desdobrar-se e adaptar-se às especificidades de cada realidade socioeconômica local. Compromisso global, prática local No que diz respeito à organização, no ano de 2011 houve um grande avanço no sistema de governança da responsabilidade corporativa: o próprio Comitê de Direção do Grupo passou a exercer a função de Comitê de Responsabilidade e Reputação Corporativas, o que eleva essas questões ao mais alto órgão executivo do banco. É a Unidade de Responsabilidade e Reputação Corporativa, parte da Direção de Comunicação e Marca, que supervisiona a integração dos planos estratégicos de sustentabilidade no banco (gráfico). No grupo como um todo foram criados três comitês operacionais de caráter transversal que se encarregam da implantação dos programas de RC. Além disso, a equipe global de Sustentabilidade participa de inúmeros comitês de outras áreas do banco para garantir a integração do tema nas operações bancárias mais relacionadas a ele. Esse esquema, por sua vez, é replicado em cada um dos países onde o Grupo está presente de forma significativa por meio da criação de um Comitê de Responsabilidade e Reputação Corporativa com representantes de cada uma das áreas de negócio e presidido pelo responsável máximo do banco no país, o country manager. Em 2011, foram constituídos comitês locais de RC na Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela. Esses comitês contam com o apoio de coordenadores locais de RC nas regiões-chave para o banco. Organização da função de responsabilidade corporativa Conselho de Administração Presidência Comitê de Direção do Grupo Comitê de Direção Local e das Áreas do Negócio Direção de Comunicação e Marca Comitê de Riscos SAR Responsabilidade e Reputação Corporativa Reputação & People Insights Sustentabilidade Coordenação global 53 Ação Social Comitê de ESG Investments RRC Espanha e Portugal RRC México RCC América do Sur RCC USA Coordenação local Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Este novo sistema de governança pretende integrar de forma crescente e transversal, em todas as áreas de negócio e com o apoio do Grupo, a gestão estratégica das variáveis de sustentabilidade. Essa estrutura, por sua vez, permite garantir a continuidade e dinamismo nas políticas de RC e integrá-las em todas as unidades e áreas geográficas. Aplicando o princípio “Glocal” nos esquemas de capacitação especializados O Grupo BBVA mantém uma aproximação “Glocal” tanto na sua política quanto nos seus programas de formação relativos à RC, prevalecendo assim a máxima diversidade possível na distribuição geográfica dos capacitados. A prioridade de capacitação do pessoal foca-se, principalmente, na área de riscos ambientais e sociais. Por isso, o departamento central de Formação de Riscos é o que determina os esquemas de capacitação, a quota de funcionários que se devem capacitar e as metas anuais. Em termos de capacitação sobre análises de riscos ambientais e sociais (Aras), o banco encontrou um importante parceiro na Unep FI, que oferece uma grande variedade de cursos de capacitação nesses temas. Desde 2009, já foram capacitados mais de 40 gerentes e analistas de riscos nos cursos virtuais oferecidos por essa organização. Essa estrutura possibilita que o banco ofereça conhecimentos básicos sobre o tema para os funcionários de toda a sua rede global. Para mais informações, consultar: A estrutura organizacional relativa à Responsabilidade Corporativa, disponível em: www.bancaparatodos.com/es/informacion-de-responsabilidad-corporativa-2011/principiospoliticas-y-grupos-de-interes/principios-politicas-y-gobierno-de-la-rc/ Informação geral sobre a gestão socioambiental, disponível em: www.bancaparatodos.com/es/ 54 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2 Gestão ambiental 2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável BBVA Bancomer: Adaptando os planos globais em âmbito local México Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco corporativo, banco empresas, banco privado e patrimonial e banco comercial Ativos totais: US$ 93,392 bilhões (2011) Número de funcionários: cerca de 35.000 (2011) O BBVA Bancomer, além de ser um dos principais bancos do México, é um dos maiores subsidiários do Grupo BBVA, motivo pelo qual exerce um papel decisivo na resposta integral aos planos ou políticas estabelecidos na matriz no que diz respeito ao cuidado do meio ambiente. Um elemento central dessa resposta é a diminuição dos impactos ambientais diretos por meio de um adequado manejo do consumo interno de recursos. Assim, em 2008, o Grupo lançou pela primeira vez um Plano Global de Ecoeficiência (PGE), que contempla um conjunto de objetivos para o período 2008-2012 (ver tabela). As subsidiárias devem, a cada quatro meses, reportar à sede principal na Espanha seu desempenho com relação aos objetivos do programa. Além disso, elas têm a responsabilidade de desenvolver iniciativas próprias com base no plano global para conquistar os objetivos traçados. Para realizar essas atividades, contam com o apoio da Unidade de Sustentabilidade do Grupo; há, também, um Comitê especial de Ecoeficiência e Compras Responsáveis em âmbito mundial, criado em 2011, dedicado à definição de estratégias e à troca de boas práticas nesses temas entre as subsidiárias (para obter mais informações sobre a estrutura organizacional de sustentabilidade do Grupo BBVA, ver estudo de caso na página 53). - 20% Emissões de CO2 - 10% Consumo de papel - 7% Consumo de água - 2% Consumo de energia + 20% Sedes principais Obtenção de Leed ouro nas novas sedes Aplicando a política em âmbito nacional e superando as expectativas No México, o BBVA Bancomer trabalha ativamente em todas as frentes do PGE. Com relação ao consumo de água, o banco implantou um Plano Intensivo de Conservação no sistema hidrossanitário em todos os seus escritórios e agências. Quanto ao uso de papel, o banco desenvolveu ações sob a ótica paperless (sem papel), começando com uma normativa do uso do papel e arquivamento. No que se refere à energia elétrica, busca melhorar com a constante atualização e renovação tecnológica nas instalações elétricas de iluminação e força, bem como inovar no projeto e construção de cartazes luminosos de marquise, caixas eletrônicos e anúncios luminosos. A experiência do banco aponta que seus impactos diretos estão estreitamente relacionados com o correto uso de seus bens imóveis. Por esse motivo, o BBVA Bancomer busca ativamente a certificação de seus edifícios com os selos ambientais. Se em 2008, no início do Plano, o BBVA Bancomer tinha dois edifícios certificados com a ISO 14001, no final de 2011 esse número tinha aumentado para dez, chegando a quase um terço de todos os edifícios certificados do BBVA no mundo. 55 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Além disso, conhecendo o possível impacto que pode trazer a aquisição e construção de novos edifícios, o banco integra princípios de sustentabilidade na arquitetura aproveitando, por exemplo, a luz natural e as áreas verdes. O projeto tem um papel fundamental na redução do consumo de recursos como água e energia, que, por sua vez, diminuem sua pegada de carbono. Para mais informações, consultar: O Plano Global de Ecoeficiência (no Grupo como um todo), disponível em: www. bancaparatodos.com/es/informacion-de-responsabilidad-corporativa-2011/bancaresponsable/medio-ambiente/ Grupo Helm: À procura da eficiência operacional Colômbia Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco comercial, banco de investimento, corretora de valores, seguros Ativos totais: US$ 6,487 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 2.200 (2011) Em 2007, com a finalidade de obter melhorias na organização, o banco decidiu adotar iniciativas para a mudança de processos dirigidos ao cuidado e proteção do meio ambiente. Uma das áreas de oportunidades identificadas para incrementar a eficiência foi reduzir o consumo de papel, que, além de ter um custo significativo, também representava um processo físico pouco eficaz para a comunicação. Com base nesse aspecto, criaram sua primeira campanha “Zero Papel”. Para ampliar as atividades relacionadas com o meio ambiente, um ano depois lançaram seu programa HELM PLANETA, que, com sua iniciativa “Salve o Mundo com uma Ideia”, buscou gerar sugestões dos colaboradores para melhorar o desempenho ambiental do banco, com excelentes resultados. Uma das primeiras iniciativas resultantes desse processo, e que ainda continua vigente, foi a “Impressione sem Imprimir”, que consiste na determinação de um limite de páginas impressas de acordo com os históricos de cada usuário. O banco lançou seu programa “Reduza, Reutilize, Recicle”, que busca o engajamento dos funcionários na correta destinação de resíduos por meio da utilização de “Pontos Verdes”, substituindo as lixeiras individuais por lixeiras classificadoras de resíduos em cada área. Adicionalmente, o banco implementou projetos de economia energética mediante a troca de lâmpadas eficientes e o uso de LED, sensores de presença, desligamento de áreas onde não é necessária iluminação 7x24 e de equipamentos quando não utilizados, mudança do sistema de ar condicionado central e campanhas de sensibilização para colaboradores. Um enfoque sistemático Em 2010, o Grupo Helm formalizou o programa de ecoeficiência focado em cinco eixos principais: Consumo de Papel: “Impressione sem Imprimir” Resíduos e Reciclagem: “Reduza, Reutilize, Recicle” Consumo de Água Consumo de Energia Uso Produtos Amigáveis com o Meio Ambiente 56 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Embora sejam necessárias mudanças tecnológicas para conquistar as metas, o banco sabe que o sucesso se deve ao envolvimento de seus colaboradores, conquistado graças a mensagens personalizadas de consumo e atividades relacionadas com campanhas como a Hora do Planeta e o Dia da Água, o que gerou uma cultura de alta consciência ambiental. O banco também tem se mostrado muito receptivo a novas iniciativas por parte dos colaboradores, o que desperta um sentimento de apropriação do programa e participação ativa na conquista das metas. Em 2011, o Grupo Helm diminuiu seu consumo de energia per capita em 1,6%, seu consumo de água per capita em 7,59%, obteve uma redução de 26,85% nas impressões, uma diminuição de 3% na quantidade de insumos e de 19% no valor e a substituição de 71 insumos por produtos amigáveis com o meio ambiente. Inspirando os outros O manejo de recursos internos permitiu a implementação de outras práticas sustentáveis dentro do banco. A participação consciente por parte dos funcionários faz com que áreas como a Comercial e a de Riscos também integrem iniciativas de cuidado com meio ambiente nas linhas de negócio. Além disso, tem ajudado a difundir a mensagem de cuidar do meio ambiente entre outros grupos de interesse, como fornecedores e clientes. HELM PLANETA, denominação anterior da estratégia de ecoeficiência, tornou-se a estratégia de sustentabilidade e se refere a todas as atividades sustentáveis do banco. Para mais informações, consultar: Relatório de Sustentabilidade Grupo Helm (2011), disponível em: www.grupohelm.com/sites/ default/files/emarketing/ResponsabilidadSocial2011.pdf BAC|CREDOMATIC: Trabalhando em conjunto para uma cadeia sustentável Costa Rica Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco pessoa física, banco corporativo, banco privado, factoring, seguros e previdência Ativos totais: US$ 8,560 bilhões (2011) O BAC/Credomatic, uma das maiores corporações da América Central, conhece perfeitamente seu papel e visão de apoiar o desenvolvimento sustentável da região. Porém, também reconhece que se trata de algo que não pode resolver sozinho e que, sendo um banco responsável, deve levar em consideração o impacto de suas atividades e decisões no resto da cadeia de valor. O banco conta com muitos fornecedores, a maioria pequenas e médias empresas locais, por meio das quais pode gerar uma mudança importante em sua forma de fazer negócios responsáveis com o meio ambiente e a sociedade. Por esse motivo, um dos eixos principais de sua estratégia de sustentabilidade é incentivar seus fornecedores a seguir o exemplo e adotar práticas empresariais responsáveis. Criando um manejo responsável em seus sistemas Esta política faz parte do Sistema de Avaliação de Fornecedores (SEP em sua sigla em espanhol), que serve para avaliar a seleção de fornecedores. Além de uma série de critérios estritos, como o cumprimento legal e regulador, a situação financeira, a qualidade e o preço do produto oferecido, esse sistema também inclui uma série de alinhamentos para que os fornecedores exerçam uma administração correta e práticas responsáveis com o meio ambiente e a sociedade. Ainda que esses alinhamentos não sejam obrigatórios, o banco prefere fazer negócios com aqueles que se adaptem a seu esquema de valores. Número de funcionários: mais de 15.000 (2011) 57 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas No processo de aplicação do SEP, o banco se deu conta de que tinha fornecedores que seria interessante conservar, mas que careciam de algumas práticas desejadas nesses âmbitos. Em lugar de cortar o relacionamento com tais grupos, o banco decidiu ir além e criar o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores para ajudar seus fornecedores a melhorar seu desempenho social e ambiental. O programa conta com uma série de atividades referentes a sensibilização, capacitação e assessoria que utilizam materiais didáticos, tais como jogos de mesa, por meio dos quais se tenta gerar habilidades práticas, com foco na ética empresarial e na governança, que os participantes possam aplicar nas suas empresas. Trata-se de uma colaboração entre as áreas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e de Suprimentos e Compras, na qual esta última escolhe as empresas participantes e a área de RSC se encarrega das capacitações. Os participantes devem ter atuado como fornecedores do banco por mais de um ano, ter entre dez e cem colaboradores e trabalhar com sistema de vendas no atacado. Benefícios mútuos Desde a sua criação em 2008, o programa gerou benefícios muito claros – só em 2011 houve 205 pessoas representando 152 empresas beneficiadas. Para os participantes, o conteúdo do curso ajudou a alterar a forma de fazer negócios de várias dessas empresas. A maioria indica que a integração da ética empresarial por meio da criação de um Código de Conduta melhorou significativamente o clima no trabalho, a produtividade e a comunicação interna. Essa retroalimentação positiva também gerou benefícios para o banco, tornando-se o maior incentivo para prosseguir e expandir o programa. Ao criar espaços de confiança que compartilha com seus fornecedores, o BAC/Credomatic reduziu o risco de descumprimento de contrato, aumentou as oportunidades de negócio e adquiriu informações cruciais para otimizar o manejo de sua cadeia de valor. O programa representa um passo importante para o cumprimento de sua visão de banco responsável, o qual deve continuar ampliando seu conhecimento no assunto e ampliando o programa nos anos vindouros. Para mais informações, consultar: Informação geral sobre a gestão responsável no banco, disponível em: www. rscbaccredomatic.com/index.html Relatório de Responsabilidade Social Corporativa BAC/Credomatic (2011), disponível em: www.rscbaccredomatic.com/reporte-sostenibilidad.html 58 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Banco Bradesco: Gerenciando os riscos ambientais e sociais na cadeia de suprimentos Tipo de Fundado em 1943, o Bradesco é o segundo maior banco privado do Brasil. Em 1956, com a Fundação Bradesco, o banco decidiu envolver-se e trabalhar em temas como inclusão social, desenvolvimento de pessoas e promoção da cidadania com a finalidade de promovê-los. Retomando os alinhamentos definidos pela Fundação, o Bradesco baseou a estratégia comercial do banco no conceito de crescimento dos grupos de interesse envolvidos e da proteção do meio ambiente. instituição: banco comercial privado O Bradesco e seus fornecedores Brasil Principais linhas de negócio: serviços bancários no varejo e no atacado, seguros Ativos totais: US$ 432,5 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 104.000 (2011) Os fornecedores são um dos grupos-chave com os quais o banco busca estabelecer um relacionamento duradouro. Além disso, para realizar sua visão de contribuir para o bem-estar de seus grupos de interesse, o banco buscou orientar seus fornecedores a optarem por boas práticas de gestão sustentável, oferecendo produtos e serviços que respeitem o meio ambiente e a sociedade. Isso também é importante para o próprio banco, pois saber a origem dos produtos e serviços adquiridos de seus fornecedores é necessário para o bom funcionamento do banco, já que podem ser vulneráveis a riscos socioambientais, dependendo do setor. Levando em consideração o acima exposto, o Bradesco adotou uma nova forma de trabalhar com seus fornecedores desenvolvendo critérios para a avaliação, seleção e monitoramento com a finalidade de lidar com esse tipo de riscos de seus fornecedores estratégicos. O Bradesco aderiu aos Princípios do Equador e possui uma vasta experiência na área de riscos socioambientais em suas operações creditícias. Portanto, conta com uma ferramenta de avaliação de critérios de sustentabilidade. No entanto, é consciente de que seu impacto estende-se pela cadeia de valor e de que também existem riscos importantes em sua cadeia de suprimentos. Por esse motivo, o banco decidiu estender a ferramenta de avaliação de riscos socioambientais para a escolha de fornecedores com o objetivo de manter sua estratégia de gestão de riscos integrados ao longo da cadeia de valor (ver gráfico). A ferramenta conta com uma equipe especializada e foi desenvolvida pelas divisões de Compras e Monitoramento Socioambiental, com o apoio do Comitê Executivo de Sustentabilidade. Interação entre cadeia de valor e análise de crédito No processo de aplicação da ferramenta de riscos ambientais e sociais na sua cadeia de valor, o Bradesco classificou seus fornecedores em três categorias: transacionais, colaboradores e estratégicos. O programa de avaliação para fornecedores complementa e melhora a análise de riscos convencional, promovendo a migração para uma ferramenta mais completa com resultados mais específicos por indústria e por operação. O processo também inclui visitas, avaliações, planos de ação e reuniões de monitoramento projetadas para apoiar os fornecedores, com o objetivo de que possam desenvolver e otimizar processos em suas respectivas cadeias de valor. 59 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Homologação: entrada da empresa na organização • Aplicação de requisitos socioambientais • Adesão à Política de Sustentabilidade do Bradesco e obediência à legislação vigente Seleção: identificação das empresas participantes da convocação • Avaliação com critérios classificatórios (aspectos socioambientais representam 15% da classificação final) Aquisição: inclui processos de cotação, negociação e contratação • Cláusulas contratuais de Responsabilidade Social Empresarial, Código de Conduta e Ética Setorial de Compras Bradesco • Exigências de certificações FSC para materiais e bens imóveis Avaliação de fornecedores contratados • Monitoramento de fornecedores • Programa de relacionamento com fornecedores estratégicos Desenvolvimento de fornecedores • Desenvolvimento de fornecedores identificados como críticos e com baixo nível de atuação no que diz respeito a aspectos sociais e ambientais • Desenvolvimento com base nas diretrizes da Política Corporativa de Sustentabilidade Fonte: adaptado do Relatório de Sustentabilidade do Bradesco (2011) Para mais informações, consultar: Informação geral sobre a gestão de sustentabilidade do Banco Bradesco, disponível em: www.bancodoplaneta.com.br Relatório de Sustentabilidade do Bradesco (2011), disponível em: www.bradescori.com.br/ site/conteudo/informacoes-financeiras/relatorios-sustentabilidade.aspx?secaoId=723 2.2 Gestão de riscos ambientais e sociais Bancolombia: Evitando seus impactos indiretos Colômbia Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco comercial, banco hipotecário, banco de investimento, fiduciário, leasing, renting, factoring, corretora de valores Ativos totais: US$ 44,1 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 16.000 (2011) 60 O Bancolombia reconhece a sua parte de responsabilidade nas atividades que financia e nos possíveis riscos derivados delas. Por esse motivo, a partir de 2008 foi implementada uma política focada nos aspectos corporativos ambientais e sociais, e desde 2010 existe um sistema de manejo e análise de riscos ambientais e sociais em suas atividades de financiamento que possam ter impacto negativo. Além de acreditar que isso ajuda a prevenir impactos prejudiciais em seu entorno, também sabe que evita consequências negativas para o próprio banco, tais como o não cumprimento dos termos do contrato por parte do cliente ou possíveis danos à sua reputação. Portanto, esse processo é uma parte-chave de seu Sistema Integral da Gestão Ambiental, estreitamente relacionado com as operações comerciais e a estratégia empresarial. O sistema de análise de risco ambiental e social baseia-se nos Princípios do Equador, compromisso assumido pelo banco para guiar e priorizar esse processo. No entanto, o Project Finance não é a única atividade do negócio em que aplica tais princípios. O banco também pede informação sobre as atividades e possíveis impactos nas operações de Leasing e Crédito Corporativo (ver gráfico). Para Project Finance e Crédito Corporativo, a análise é realizada a partir de um valor predefinido pelos Princípios do Equador – 10 milhões de dólares – enquanto para Leasing o valor depende do setor. A equipe comercial deve apresentar ao cliente um formulário com perguntas básicas sobre suas atividades e possíveis impactos gerados por elas na sociedade e no entorno. Quando a atividade do cliente no faz parte da lista de exclusão do banco, um analista especializado da gerência da Gestão Ambiental revisa e classifica o requerimento conforme três diferentes níveis de risco. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Com base nessa classificação, decide-se se é necessário analisar melhor o caso antes de aprová-lo. A pesquisa leva em consideração várias fontes, tais como o controle de licenças e permissões, planos de intervenção social e um estudo de impacto ambiental que pode envolver a contratação de consultores externos. Se o requerimento não é considerado válido do ponto de vista ambiental, o banco propõe um Plano de Ações Corretivas que o cliente deve implementar como condição prévia para a transação. Desafios e resultados Para introduzir o sistema, o banco precisou superar vários desafios. Por um lado, a equipe comercial tinha a impressão de que um formulário adicional enfrentaria a oposição dos clientes. Por outro lado, o desenvolvimento da capacidade interna era um desafio pela dificuldade de encontrar profissionais especializados em temas ambientais e sociais que soubessem desempenhar esse papel em uma entidade bancária. Da mesma forma, a vontade inquebrantável da alta direção permitiu dispor de um sistema bem estruturado, implementado por uma equipe totalmente dedicada aos temas ambientais e sociais, com o suporte de outras áreas do negócio. Em 2011, o banco avaliou 59 projetos e pedidos de leasing, dos quais condicionou 14 para garantir um adequado manejo dos impactos sociais e ambientais. No entanto, aqueles projetos que apresentaram condições favoráveis também foram submetidos a determinadas condições para permitir o acompanhamento e monitoramento da gestão social e ambiental dos clientes. 12 3 4 5 Processo de Gestão de Riscos Ambientais e Sociais Formulário básico sobre atividades e impactos esperados aplicado em casos de: Lista de exclusão de atividades econômicas 1. Financiamento de projetos a partir de determinado valor 2. Crédito Corporativo a partir de determinado valor 3. Leasing dependente do setor Decisão: 1. Favorável 2. Favorável condicionado 3. Não favorável Para mais informações, consultar: Sistema Integral de Gestão Ambiental em Bancolombia, disponível em: www.grupobancolombia.com/webcorporativa/responsabilidad/contenido/ responsabilidadAmbiental/siga.asp 61 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Banco General: Grandes passos em pouco tempo Panamá Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco corporativo, banco comercial, banco de consumo e hipotecas, banco privado, banco de investimento O Banco General do Panamá foi o primeiro banco panamenho de capital privado, fundado em 1955. Atualmente, é o maior banco do país, com a participação de mercado mais elevada no que se refere a depósitos locais privados e empréstimos locais. Com relação ao seu compromisso com a sustentabilidade, o Banco General definiu como sua missão de Responsabilidade Social Empresarial (RSE): “Sermos reconhecidos como empresa líder em responsabilidade social, reconhecida por sua solidez, inovação, dedicação ao cliente e compromisso permanente com a comunidade e o meio ambiente; e impulsora de uma prática permanente de alto padrão ético como critério fundamental na tomada de decisões”. A gestão de riscos ambientais e sociais: uma prioridade Ativos totais: US$ 9,492 bilhões (2011) Um dos eixos prioritários dentro da visão de RSE do Banco General é a análise de riscos ambientais e sociais. O banco tem se esforçado para liderar a análise desse tipo de riscos no Panamá porque acredita que a concessão de créditos somente para projetos responsáveis com o meio ambiente é um tema de alto impacto que, se for corretamente tratado, pode promover a sua conservação. Ao entender e analisar esse tipo de riscos, o banco procura incentivar seus clientes corporativos a pensar nos aspectos ambientais e sociais para poder ter acesso a recursos. Número de O Sistema de Gestão de Risco Ambiental e Social (SGAS) inclui os seguintes níveis de análise: funcionários: mais de 3.300 (2011) (a) Zelar pelo cumprimento da lista de exclusão; (b) Verificar o cumprimento legal (o que pode incluir a apresentação de um estudo de impacto ambiental, consultas públicas, planos, acompanhamento); (c) A nalisar riscos em garantias imóveis propostas para empréstimos superiores a determinados valores; (d) A nalisar em profundidade as facilidades de crédito empresarial, em que a atividade/projeto do cliente está na lista taxativa do regulador do país de operação do cliente; (e) A nalisar em profundidade o financiamento para projetos hipotecários residenciais onde houver uma exposição superior a determinados valores. O SGAS procura criar um valor adicional para os clientes do banco por meio de diferentes fatores, entre os que se incluem a redução do risco ambiental e social e os custos derivados deste para um projeto, a redução do risco sobre a capacidade de reembolso à instituição financeira e a oportunidade de criar novos relacionamentos com instituições multilaterais e internacionais. O processo de estabelecimento de um sistema de análise Em 2009, com a ajuda de uma consultoria externa e o apoio do Banco de Desenvolvimento Alemão (DEG), o Banco General projetou e implementou o SGAS para as áreas de Banco Corporativo local e internacional, Banco Comercial, Banco de Investimento e área de Hipotecas Residenciais. 62 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas O apoio da alta gerência foi fundamental para a rápida e boa implementação do SGAS do banco. Porém, existem outros fatores e decisões que ajudaram o Banco General a implementar o referido sistema. A equipe responsável pela execução do projeto começou com processos simples e garantiu o contínuo envolvimento de outras áreas da instituição. Foi criada uma ferramenta robusta, mas prática e flexível, para incluir o sistema no processo de crédito e adequá-lo à realidade local, conseguir a aceitação e a visão da análise como um valor agregado para o cliente e não como um requisito a mais. Além disso, a equipe baseou seu trabalho em fontes disponíveis de informação e em experiências de outros bancos da região. Desde o início da implementação do SGAS, em julho de 2009, até dezembro de 2011, um total de 540 pedidos de crédito, no valor de US$ 2,2 bilhões, passaram pelo filtro desse novo processo de crédito. Seis colaboradores do banco especializaram-se no tema e mais de 120 funcionários de diferentes áreas de negócios do banco receberam treinamento para a utilização e manejo do Formulário de Avaliação de Risco Ambiental e Social (Feras, em suas siglas em espanhol). Para mais informações, consultar: Experiências no estabelecimento do Sistema de Gestão Ambiental e Social, disponível em: www.unepfi.org/fileadmin/events/2011/panama/Rivas.pdf Relatório Social do Banco General (2011), disponível em: www.bgeneral.com/bgespanol/ acerca/pdf/2011/Informe_Social_2011/informesocial.html Itaú BBA: Uma aplicação no setor de infraestrutura Brasil Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco corporativo, banco de investimento Ativos totais: US$ 108,067 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 2.800 (2011) O Itaú BBA responde pelo banco de atacado, de investimentos e tesouraria institucional do Grupo Itaú Unibanco, um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. O Itaú Unibanco busca integrar a sustentabilidade em todas suas linhas de negócio, motivo pelo qual inclui critérios socioambientais em seus processos de análise de risco. O banco adotou tanto os Princípios do Equador quanto os Princípios de Investimento Responsável, duas iniciativas-chave nesse âmbito, para guiar seu processo de tomada decisões quanto ao financiamento e ao investimento. No ano de 2011, o Itaú BBA desenvolveu a Política de Risco Socioambiental do Itaú BBA, alinhada com a Política de Risco Socioambiental institucional do Itaú Unibanco. A Política do Itaú BBA incorpora cinco grandes temas que se somam aos Princípios do Equador: - Atividades Proibidas e Restritas; - Licenças Ambientais; - Financiamento de Projetos de Biotecnologia; - Garantias; e - Cláusulas Contratuais. 63 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas A análise de riscos socioambientais para projetos de acordo com os Princípios do Equador passa pelas seguintes etapas: Um exemplo de análise de riscos ambientais e sociais em um projeto de infraestrutura No ano de 2010, o Itaú BBA foi um dos financiadores de um projeto para a construção de uma mina de fosfato e a instalação de uma fábrica de produção de ácido sulfúrico e fertilizantes, com uma capacidade produtiva de 500.000 toneladas por ano. O projeto, classificado de categoria A, o mais alto nível de risco segundo os Princípios do Equador, apresentava uma série de possíveis impactos ao meio ambiente por localizar-se no Cerrado. Depois da Amazônia, esta é a segunda região mais importante em diversidade de hábitats naturais do Brasil e ocupa 21% do território do país. Além disso, o processo de concessão de licença ambiental não identificou impactos importantes posteriormente identificados pelo banco como resultado da aplicação dos Princípios do Equador. Na ocasião, o Itaú BBA, gerenciando seus riscos e cumprindo seus compromissos voluntários, propôs as seguintes medidas como condicionantes para a aprovação do financiamento do projeto: - Exigir o compromisso do cliente de realizar estudos adicionais para identificar os impactos socioeconômicos nas comunidades do entorno, tais como a demanda de infraestrutura (serviços de saúde e transporte); - Exigir o compromisso do cliente de realizar estudos adicionais para identificar os impactos na qualidade da água e a regularidade do fluxo do rio, impactos hídricos da fábrica que afetariam a população rio abaixo; - Orientar o cliente no sentido de aumentar seu orçamento para poder implementar um plano de manejo ambiental e social do projeto adequado, com o objetivo de dispor de recursos para cobrir impactos desfavoráveis no entorno. Para garantir o cumprimento de todas as exigências do Itaú BBA, foi negociado um sistema de monitoramento que prevê o acompanhamento semestral do cumprimento dos compromissos assumidos pelo cliente até o início da operação do projeto, momento a partir do qual o acompanhamento passa a ser anual. 64 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas O Action Plan Compliance Verification inclui revisão de documentação e visitas de campo. Além disso, para as questões técnicas, o Itaú BBA contou com o apoio de uma consultoria independente. O cliente realizou os estudos adicionais destinados a mapear os impactos na qualidade da água e fluxo do rio. Não foram identificados consumidores significativos do corpo hídrico na região. A conclusão é que não haverá impactos para os poucos consumidores da região. Embora o projeto inclua a construção de uma represa, ficou demonstrado que o fluxo do rio será normalizado ao final de sua implantação. Os estudos adicionais para a identificação dos impactos na demanda por serviços e infraestrutura local evidenciaram a necessidade de elaborar um Programa de Apoio à Infraestrutura Social, pois haverá migração de trabalhadores de outras regiões do Brasil. Esse programa contempla, por exemplo, um curso de interação com a comunidade local. Cada um dos subprogramas do Programa de Apoio à Infraestrutura Social faz parte de um Plano de Ação monitorado pelo Itaú BBA. Os estudos adicionais requeridos e as medidas de mitigação para os impactos identificados por esses estudos aumentarão o orçamento para a implantação do plano de manejo. Tal aumento foi investido em uma planificação mais adequada com relação à abrangência dos impactos do projeto e uma maior eficiência na utilização dos recursos. Para mais informações, consultar: Informação sobre a política de riscos socioambientais, disponível em: ww2.itau.com.br/sustentabilidade/_/no-itau-unibanco/politicas/politica-de-riscosocioambiental.aspx Relatório de Sustentabilidade Itaú Unibanco (2011), disponível em: www.itauunibanco.com.br/ relatoriodesustentabilidade/2011/RAS_2011.pdf Banco Pichincha: Capacitação para a análise de riscos ambientais e sociais Equador Tipo de instituição: privada Principais linhas de negócio: consumo, moradia, microcrédito produtivo, investimentos, poupança Ativos totais: US$ 6,757 bilhões (2011) Número de funcionários: 5.246 (2011) 65 Para o Banco Pichincha é importante cumprir os objetivos do negócio, porém a forma com que estes são atingidos é ainda mais importante, ou seja, seu crescimento não se caracteriza apenas por um sentido de rentabilidade, mas também de responsabilidade com o meio ambiente e a sociedade. Uma de suas estratégias consiste em promover um modelo de gestão segundo o qual o sistema bancário gere um impacto positivo no ambiente e no desenvolvimento sustentável dos clientes Para enfrentar tal desafio, em junho de 2010, o Comitê Integral de Riscos aprovou a política ambiental para créditos, implementada em outubro de 2010 para créditos comerciais oferecidos aos clientes dos segmentos Empresarial e Corporativo. A política explicita a necessidade de que os clientes contem com as respectivas licenças de: funcionamento, construção, ambientais e sanitárias, conforme o caso. O banco não pretende assumir o papel de supervisor, mas busca despertar a consciência em seus clientes sobre as consequências de tais impactos. Essa política é de âmbito nacional, aplica-se a todos os créditos comerciais a partir de US$ 200 mil, ou quando o risco comercial consolidado superar o limite mencionado, e se a atividade constar na lista de atividades ou projetos sujeitos a um processo de avaliação de impactos ambientais por parte do Ministério do Ambiente. A partir de março de 2011 foi incluído o segmento de pequenas empresas. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Apoio e guias para pequenas empresas e microcrédito Durante o primeiro semestre de 2011, foram realizadas auditorias em uma amostra de 200 clientes do segmento de Pequenas Empresas e Microcrédito que tinham riscos consolidados inferiores a 200 mil dólares. Seu objetivo era conhecer a situação desses clientes com relação às questões ambientais, de segurança e saúde ocupacional para fazer um diagnóstico e identificar ferramentas que permitissem sensibilizá-los. A avaliação foi realizada sistematizando a informação obtida em questionários entregues no momento da visita e que permitiam classificar o cliente segundo três categorias de riscos ambientais e sociais. Considerando os resultados do diagnóstico, foram desenvolvidos para os clientes pequenas empresas e microcrédito guias sobre aspectos ambientais para as cinco atividades classificadas como sendo de “Risco Ambiental Alto” mais importantes de seu portfólio; um guia de informação do processo de regularização ambiental; e quatro guias gerais sobre segurança e saúde e ambiente, os quais foram entregues a partir de 2012 aos clientes dedicados a tais atividades em apoio ao desenvolvimento sustentável de seus negócios. Gerais Dejetos perigosos Manejo de lixo Manejo de pesticidas Segurança no trabalho Microempresa Brochura regulari zação ambienta l Guias Pequenas Empresa s Gerais Economia de energia, água e combustíveis Boas práticas agropecuárias Fumigação Manejo de lixo Manejo de pesticidas Manejo de dejetos perigosos Tratamento de águas industriais residuais Bananais Criação de porcos Criação de frangos Curtume Móveis de madeira Capacitação em aspectos ambientais e sociais No primeiro trimestre de 2011, foram realizados, em âmbito nacional, treinamentos sobre Política Ambiental para Créditos com oficiais de Crédito e gerentes do segmento Empresas, Pessoas e Pequenas Empresas. O objetivo foi apresentar aos funcionários a política de crédito comercial, alinhada ao cumprimento de práticas ambientalmente responsáveis de acordo com a legislação nacional vigente. No total, 374 colaboradores, número correspondente a 98% da força comercial desses segmentos, participaram dos treinamentos. 66 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Em 2012, contando com o apoio da Unep FI, foram realizados workshops de capacitação para mais de cem funcionários do banco sobre riscos ambientais e sociais nos processos creditícios, e mais um workshop para o conjunto do setor bancário do Equador com o objetivo de sensibilizá-lo e criar oportunidades de capacitação nesses temas. No mesmo ano, com a contribuição do BID, foram realizados treinamentos para 6.256 clientes de pequenas empresas com o objetivo de apoiar seu crescimento e delimitar suas estratégias de negócios de forma a poderem responder às necessidades presentes e futuras de sua comunidade. Para mais informações, consultar: www.pichincha.com Bancoldex: Enfrentando as falhas de mercado Colômbia Tipo de instituição: banco de desenvolvimento O Bancoldex é uma sociedade anônima de economia mista, vinculada ao Ministério do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia. Trata-se de um banco dedicado ao desenvolvimento empresarial e ao comércio exterior que oferece alternativas de financiamento para atender às necessidades de operação e investimento na atividade econômica de todas as empresas colombianas. As operações são canalizadas por meio dos estabelecimentos de crédito, os quais assumem o risco direto das empresas beneficiárias dos recursos. Principais setores financiados: todos os setores econômicos Para cumprir sua missão, o Bancoldex incorporou a variável ambiental dentro de sua estratégia 20102014, contida na sua política de gestão da sustentabilidade. Para cumprir essa política, foram definidas cinco linhas de ação (gráfico A). Ativos totais: US$ 3,138 bilhões Bloco de Gestão Ambiental Bancoldex (2011) Número de Programa de ecoeficiência funcionários: 284 (2011) Capacitação e acompanhamento Modelo de riscos ambientais e sociais: Uma oportunidade para os bancos O Bancoldex acredita que contar com um modelo de identificação de riscos ambientais e sociais contribui para a prevenção e mitigação dos efeitos negativos da atividade empresarial sobre o meio ambiente, gerando novas oportunidades de negócio para os bancos no financiamento de projetos de melhoria de seus clientes, os quais, por sua vez, terão a possibilidade de atender novos mercados cada vez mais exigentes em matéria ambiental e, assim, aumentar seus padrões de produtividade e competitividade. 67 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Aprender com as experiências dos outros O projeto e a implementação do modelo de análise de riscos ambientais e sociais contaram com o apoio do BID e a troca de experiências com outras instituições financeiras que adotaram práticas dessa natureza. No modelo, foram criados filtros que permitem estabelecer o perfil das operações que serão analisadas, alinhamentos para a identificação dos impactos socioambientais, parâmetros que permitem determinar o nível de risco das operações, processos para gerar planos de aperfeiçoamento e administração dos riscos (gráfico B). Atualmente, o Bancoldex está testando o modelo piloto para determinar quais são os ajustes que devem ser feitos após receber a retroalimentação dos intermediários financeiros e dos empresários para, então, seguir à etapa de implementação. O banco sabe a importância de capacitar sua força comercial e de contar com pessoas dedicadas para a análise dos riscos ambientais e sociais das operações. 12 Filtros Atividades excluídas Valores 4 Estabelecimento de planos de aperfeiçoamento 3 Setores sensíveis Ambientais Sociais Categorização do nível de risco Alto Médio Baixo 5 Gestão de riscos Melhor compreensão do cliente O Bancoldex estabeleceu que a aplicação da metodologia de análise de riscos ambientais e sociais permite conhecer melhor as necessidades do cliente relacionadas à implementação de projetos de sustentabilidade. Isso incentiva as instituições financeiras a projetar instrumentos inovadores que promovam o uso de tecnologias limpas, a adoção de práticas de responsabilidade ambiental e social, a preparação dos empresários para enfrentar os desafios impostos pelos mercados em matéria ambiental e social, entre outros. Para mais informações, consultar: www.bancoldex.com 68 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 2.3 Negócios: produtos e serviços financeiros sustentáveis BANCOS PRIVADOS Aqui se expõem alguns exemplos de produtos verdes gerais oferecidos pelos bancos privados na região. Outros casos mais detalhados encontram-se na publicação da Unep FI Green Products and Services: Current Trends and Future Opportunities in North America8, a qual contará com uma nova versão em 2012 e também se realizará em outras regiões em 2013. Linhas de crédito para a aquisição de produtos ambientalmente responsáveis Os bancos desenvolveram linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas cujo principal objetivo é o financiamento de produtos ambientalmente responsáveis. Esse tipo de linha de crédito está, em geral, especialmente pensado para empresários interessados na aquisição de equipamentos ambientalmente responsáveis, como de eficiência energética ou energias renováveis. Por sua vez, as linhas de crédito promovem a aquisição de bens e serviços que busquem contribuir para a redução do consumo de energia e a minimização da produção de resíduos e de poluição. Hipotecas verdes Os bancos oferecem hipotecas verdes com taxas de juros inferiores às do resto do mercado imobiliário com o fim de estimular os clientes a comprar propriedades energeticamente mais eficientes e cuja construção levou em consideração aspectos ambientais e sociais. Contas de poupança verdes As contas de poupança verdes permitem que o cliente realize depósitos em um fundo administrado pelo banco que admite financiar projetos responsáveis com o meio ambiente, como, por exemplo, para a plantação de árvores, a implementação de energias renováveis e a conservação de recursos naturais. Investimentos ambientais É muito comum financiar grandes projetos de infraestrutura de energias renováveis por meio de operações de Project Finance. Alguns bancos criaram divisões especiais dedicadas ao financiamento de longo prazo desse tipo de projetos com o objetivo de fomentar o desenvolvimento das energias alternativas, como a eólica, e o uso de combustíveis alternativos, como os biocombustíveis. Créditos de carbono Com o objetivo de financiar a redução dos gases de efeito estufa, os bancos oferecem a seus clientes a oportunidade de comprar créditos de carbono que mitiguem seu impacto por meio do financiamento de projetos de eficiência energética em países em vias de desenvolvimento, por exemplo. Linhas de crédito especiais para transformações ambientais As linhas de crédito destinadas às transformações ambientais focam a ampliação, recuperação e modernização de imóveis comerciais ou residenciais, pequenos e grandes. A finalidade dessas transformações não se limita a criar ou melhorar instalações para lhes dar um aspecto ambientalmente responsável, o que se pretende é melhorar a eficiência e a capacidade produtiva pela implantação de, por exemplo, painéis solares ou sistemas de iluminação eficiente, entre outros. Cartões de crédito e débito verdes Os cartões verdes foram criados pelos bancos para apoiar atividades e instituições ambientalmente responsáveis. Pela doação de um percentual por compra realizada, os bancos transferem recursos para apoiar iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e de redução de emissões ou de outro tipo, tais como as referentes à conservação de uma espécie animal. Da mesma forma, o uso desses cartões pode conceder descontos aos consumidores para o pagamento de produtos ambientalmente responsáveis. 8 Green Financial Products and Services Current Trends and Future Opportunities in North America. A report of the North American Task Force (NATF) of the United Nations Environment Programme Finance Initiative. Agosto de 2007. Disponível em: www.unepfi.org/fileadmin/documents/greenprods_01.pdf 69 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas BANCOS DE DESENVOLVIMENTO Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): Motor para o desenvolvimento baixo em carbono Brasil Tipo de instituição: banco de desenvolvimento/ público Principais setores financiados: infraestrutura e indústria Ativos totais: US$ 319,860 bilhões (2011) O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o maior agente de financiamento para o desenvolvimento do país. A partir de 1952, ano de sua fundação, o BNDES teve um papel fundamental na expansão da indústria e infraestrutura do Brasil. As operações do banco evoluíram de acordo com o crescimento econômico do país e, atualmente, incluem o apoio ao desenvolvimento de exportações, inovação tecnológica, desenvolvimento socioeconômico sustentável e a modernização da administração pública. O BNDES oferece mecanismos de financiamento para empresas brasileiras com capitais diversos e para instituições públicas, concedendo recursos para vários setores da economia. Para escolher seus clientes e investimentos, o banco toma como base três fatores estratégicos: inovação, desenvolvimento local e desenvolvimento socioambiental. O último desses pilares é fundamental para a instituição. Compromisso perante as mudanças climáticas No ano de 2009, o Brasil promulgou sua Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), na qual são definidas as metas voluntárias, para 2020, de redução de emissões de gases de efeito estufa e mitigação e adaptação perante os efeitos das mudanças climáticas. Número de funcionários: mais de 2.600 (2011) O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) é um dos instrumentos do PNMC e lhe proporciona os recursos necessários para atingir seus objetivos. Em 2011, o FNMC recebeu US$ 124 milhões da Participação Especial do Petróleo. Do valor inicial, US$ 16 milhões são recursos não reembolsáveis administrados pelo Ministério do Meio Ambiente, destinados a pesquisas ou projetos de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Os US$ 108 milhões restantes são recursos reembolsáveis transferidos pelo Ministério do Meio Ambiente para o BNDES, que assume a responsabilidade de administrá-los nas bases do Programa Fundo Clima, cujo objetivo é financiar ações de diminuição de emissões de gases de efeito estufa ou de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. O programa é dividido em seis subprogramas: I) Máquinas e equipamentos eficientes; II) Meios de transporte eficientes; III) Energias renováveis; IV) Carvão vegetal; V) Combate à desertificação; e VI) Resíduos sólidos com produção energética. As taxas de juros para cada subprograma são mais atraentes que as taxas que o BNDES costuma oferecer a cada um desses setores, com prazos máximos de até 25 anos e participação máxima do BNDES de até 90% do valor do projeto. O programa busca ajudar o país a cumprir suas metas voluntárias de redução de gases de efeito estufa, bem como incentivar a indústria brasileira em direção a uma economia baseada no baixo consumo de carbono por meio da adoção de novas tecnologias sustentáveis. 70 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Iniciativa BNDES Mata Atlântica Além da gestão dos recursos do Programa Fundo Clima, o BNDES desenvolve outras iniciativas relacionadas com a sustentabilidade. A BNDES Mata Atlântica é uma iniciativa de RSC que o banco lidera com fundos não reembolsáveis para financiar projetos de recuperação florestal da região. A iniciativa permite que o banco desenvolva mecanismos específicos de financiamento para projetos que incluem ações de recuperação de paisagens, biodiversidade e proteção de recursos hídricos. Em março de 2012, já havia sido aprovada a execução de 12 projetos no contexto dessa iniciativa. Para mais informações, consultar: Portal do Programa Fundo Clima, disponível em: www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_ Fundos/Fundo_Clima Portal da Iniciativa Mata Atlântica, disponível em: www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/ bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Meio_Ambiente/Mata_Atlantica/ <www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_en/Institucional/Social_and_Environmental_ Responsibility/ (disponível em português e inglês) Financiera Rural: Semeando um setor florestal sustentável México Tipo de instituição: banco de desenvolvimento/ público Principais setores financiados: agropecuário, serviços relacionados com o setor rural, comercial relacionado com o setor rural, agroindústria Ativos totais: US$ 1,273 bilhão (2011) Número de funcionários: mais de 1.100 (2011) 71 Na condição de agente de promoção do desenvolvimento rural no México, a Financiera Rural entende bem o estreito relacionamento existente entre a economia e o meio ambiente. Para a Financiera Rural, o desenvolvimento rural inclui uma visão de sustentabilidade de longo prazo para o aproveitamento dos recursos naturais. Por isso, em 2009, quando o governo mexicano determinou que se priorizasse o setor florestal, a Financiera Rural se uniu à Comissão Nacional Florestal para projetar um programa de financiamento que incluísse fatores financeiros e ambientais. O programa de Financiamento para o Setor Florestal (Finarbol) resultante tem como objetivo o aproveitamento sustentável dos recursos florestais do país, promovendo o reflorestamento e sua produtividade. O Finarbol é o primeiro programa de financiamento desse tipo no México que concede empréstimos de longo prazo com taxas baixas e acessíveis para os produtores silvícolas, objetivando apoiar sua integração com o restante da cadeia produtiva. Tradicionalmente, o setor florestal no México careceu de acesso a fontes de financiamento por ser considerado um setor de investimento de alto risco devido a seus longos períodos de recuperação, entre outros fatores. Atualmente, o setor silvícola recebe apenas 0,009% do financiamento dirigido ao setor privado. Ajustando-se às necessidades do setor Os projetos florestais caracterizam-se por ter um planejamento de longo prazo, razão pela qual os termos do empréstimo devem levar em consideração as necessidades particulares do setor. Isso significa necessidades financeiras que vão desde créditos simples para prover liquidez e capital de giro durante as fases de produção até a transformação da terra por meio de créditos específicos que servem para oferecer capital de investimento em ativos fixos. Como o período de recuperação é prolongado, os empréstimos se caracterizam por terem longos prazos de financiamento, acompanhados de períodos de carência. No caso do Finarbol, foram previstos créditos de acordo com os fluxos de caixa dos projetos com uma maturação de até 15 anos e com um período de carência de 5 anos. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Para facilitar o acesso ao crédito, a Financiera Rural inovou com um novo esquema de garantias que contempla a massa florestal do projeto. Para tanto, baseia-se em um cálculo do valor presente dos fluxos futuros que serão gerados e que, portanto, não requer transmissão da posse. Para os pequenos produtores e para os produtores comunitários, que são maioria no setor, foi projetado, em conjunto com a Comissão Nacional Florestal, um fundo de garantias líquidas. Garantias de sustentabilidade ambiental Embora o principal grupo alvo seja o dos produtores que já contaram com o apoio da Comissão Nacional Florestal, a Financiera Rural decidiu incluir outros projetos para abarcar todo o setor. Esses projetos devem estar localizados em terrenos degradados para garantir o reflorestamento e a diminuição da pressão sobre ecossistemas naturais. A Financiera Rural também exige que seus creditados contem com as autorizações pertinentes da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat) que garantam o cumprimento de padrões de manejo florestal sustentável. Essas licenças devem ser apresentadas antes da autorização do crédito. Para mais informações, consultar: Portal web do Programa Finarbol, disponível em: www.financierarural.gob.mx/Prog_prod_ cred/Actividadesproductivasmediorural/Paginas/Fin%C3%A1rbol.aspx Corporación Financiera de Desarrollo: Formando uma cultura do gás natural como alternativa verde para o Peru Peru Tipo de instituição: banco de desenvolvimento Principais setores financiados: infraestrutura, transporte a gás natural, energias renováveis Ativos totais: US$ 1,450 bilhão (2011) Número de funcionários: 197 (2011) 72 Desde 1992, a Corporación Financiera de Desarrollo (Cofide) desempenha exclusivamente funções de banco de desenvolvimento, complementando o trabalho do setor financeiro privado em atividades como o financiamento de médio e longo prazo do setor exportador e do setor de pequenas e médias empresas por meio da canalização de recursos. A Cofide está comprometida com o desenvolvimento sustentável e descentralizado em benefício dos diferentes agentes econômicos. Por isso, desenvolveu produtos e serviços inovadores e inclusivos especialmente no setor de transporte. Por meio do programa Cofigas (Conversão Financiada para Gás), realizou um intenso trabalho alinhando-se com a política de mudança da matriz energética que faz parte das Namas (Ações Nacionais Adequadas de Mitigação) do Peru, que estão à frente da luta contra as mudanças climáticas. A Cofigas representa um projeto em grande escala que envolve várias políticas do país no âmbito de suas Namas, tais como: • Apoio à conversão de veículos para o gás natural; • Elaboração de estruturas que permitam a renovação do transporte público na cidade; • Participação em esquemas inovadores de transporte de massa; • Administração do Sistema de Carga Inteligente do Gás Natural; • Participação nos financiamentos de infraestrutura do transporte; • Financiamento para a construção de estações de expedição de gás natural; • Participação na Comissão Nacional Promotora do Uso do Gás Natural; • Apoio e implementação de regulamentação de segurança no manejo do gás natural. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Linhas de Financiamento para a Conversão Financiada para Gás Natural (Programa Cofigas) O Programa Cofigas é um conjunto de linhas de financiamento elaborado pela Cofide para o desenvolvimento de novos produtos e a criação de um mercado do gás natural veicular, com o objetivo de promover e consolidar seu uso intensivo, a fim de agir como coadjuvante na mudança das atividades produtivas e da matriz energética do Peru. O Programa Cofigas possibilitou a adoção do consumo de Gás Natural Veicular no mercado automobilístico, motivo pelo qual promove o uso do gás natural no setor de transporte, especialmente no transporte público de pessoas, mediante o financiamento de (i) conversões de táxis para gás natural veicular; (ii) aquisição financiada de veículos novos movidos a gás natural veicular; e (iii) financiamento de frotas de ônibus novos movidos a gás natural veicular, sendo um dos principais instrumentos financeiros que permitiram acelerar o processo de transformação produtiva e de consumo da economia peruana. Pelo acima exposto, a Cofide conseguiu impulsionar a bancarização de um setor que antes não tinha acesso a financiamento. É importante destacar que o Programa Cofigas é apoiado pelo Sistema de Controle de Carga de Gás Natural Veicular, o qual é uma plataforma informática cujo principal objetivo é administrar e articular todos os processos e a informação gerada pelos agentes que participam no mercado. O Infogas também proporciona o serviço de cobrança e meios de pagamento dos financiamentos veiculares, concedidos por instituições financeiras, por meio da rede de Estações de Expedição de Gás Natural. Criação de um novo mercado Desde seu início em 2004, o Programa Cofigas e o Sistema Infogas conseguiram criar um mercado do gás natural que conta com 470 empresas nacionais especializadas e formais, a criação de mais de 7.000 empregos diretos e o acesso a financiamento para mais de 75 mil empresários do transporte de pessoas, incluídos os taxistas. A implementação do Programa Cofigas reduziu em mais de 30% os níveis de material particulado e CO2 e, nos próximos 10 anos, espera-se obter uma diminuição de emissões da ordem de 8.525.840 t de CO2, correspondentes aos 100.000 primeiros automóveis a GNV. O Programa Cofigas também garantiu, com relação a veículos leves, unidades de transporte público e de transporte pesado, um aumento da renda disponível dos usuários veiculares, fruto da economia proporcionada pela mudança da gasolina para o gás natural, a qual, atualmente, pode chegar até 60% do consumo por veículo. Em dezembro de 2011, o Infogas permitiu a mobilização de US$ 3,031 bilhões, aproximadamente 2% do PIB do Peru. Para mais informações, consultar: Portal do programa Cofigas, disponível em: www.cofide.com.pe/cofigas/presentacion.html 73 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Banco Nacional de Costa Rica: Diminuir a pegada de carbono de seus clientes Costa Rica Tipo de instituição: banco de desenvolvimento/ público Principais linhas de negócio: banco de desenvolvimento, banco pessoa física, empresarial, corporativo e institucional, mercado bursátil, operadora de previdência privada, fundos de investimento, corretora de seguros, serviços internacionais e serviços eletrônicos Ativos totais: US$ 7,089 bilhões (2011) Número de funcionários: 5.325 (2011) Dada sua natureza, o Banco Nacional de Costa Rica é uma organização com uma projeção transcendental na vida econômica, social e financeira do país. Como tal, busca que todas suas ações sejam realizadas de forma transparente, responsável e participativa, com a maior qualidade possível e com o menor impacto ambiental. Levando em consideração o acima exposto, o Banco Nacional de Costa Rica buscou inovar no desenvolvimento de produtos e serviços verdes para ampliar seu portfólio e, assim, satisfazer a demanda de seus clientes mais comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Atualmente, o banco oferece vários produtos verdes: um cartão ecológico, com o qual 10% da comissão é destinada a um fundo verde do governo e, em 2010, lançou um programa voluntário de redução de gases de efeito estufa para seus clientes: o BN-Ecomarchamo. BN-Ecomarchamo Este programa tem o objetivo de colocar à disposição dos proprietários de veículos uma alternativa voluntária, complementar ao imposto sobre combustíveis, que permita compensar as emissões geradas pelo uso de um veículo durante um ano. Assim, os donos de veículos têm a oportunidade de compensar um percentual das emissões geradas pela queima de hidrocarbonetos graças ao plantio florestal realizado por pequenos e médios produtores. O BN-Ecomarchamo faz parte do Programa do Serviço de Pagamentos Ambientais do Fundo de Financiamento Florestal, e os recursos captados são reinvestidos no Fundo Biodiversidade Sustentável (FBS), administrado pela organização. Como complemento a esse programa, o banco colocou à disposição de seus clientes o produto e o Fideicomisso Fundo de Biodiversidade Sustentável BNCR – Fundação Banco Ambiental, administrado pelo banco com a finalidade de reinvesti-lo em projetos de compensação. O serviço foi lançado depois de dois anos de planejamento e projeto. Para criar esse produto, o banco realizou pesquisas de mercado, mapeou possíveis parceiros e avaliou o melhor mecanismo para sua implementação. Gerando valor no longo prazo Em abril de 2012, o serviço foi utilizado por 1.596 pessoas. Embora este não seja um negócio rentável para o banco no curto prazo, no longo prazo possibilita receber um retorno econômico direto, obtido da administração do fundo, e um retorno indireto, relacionado com a melhora da reputação por colaborar com iniciativas nacionais de proteção do meio ambiente. Para mais informações, consultar: Informação sobre a gestão da sustentabilidade e produtos verdes no banco, disponível em: www.bncr.fi.cr/BNCR/Conozcanos/RSEambiente.aspx Manual de operação do BN-Ecomarchamo, disponível em: www.bncr.fi.cr/BNCR/PDF/ BNCR%20-%20RSE%20Ecomarchamo.pdf 74 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 3 Comunicação e envolvimento Banco Santander Brasil: Compartilhando sua vasta experiência Brasil O Banco Santander é o terceiro banco privado em volume de ativos e o maior conglomerado financeiro internacional no Brasil. Desde sua chegada ao país em 1982, o banco trabalha para conquistar o reconhecimento e a confiança de seus clientes, fornecedores e sociedade em geral. Tipo de instituição: banco comercial privado Principais linhas de negócio: banco comercial, banco de atacado, asset management e seguros Ativos totais: US$ 57,830 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 54.000 (2011) Por isso, de acordo com sua estratégia de sustentabilidade e comunicação corporativa, o Santander Brasil desenvolveu o “Espaço de Práticas em Sustentabilidade” com o objetivo de compartilhar sua experiência em boas práticas, seus sucessos e lições aprendidas ao longo dos anos quanto à forma de aplicar a sustentabilidade na organização. Contando com o apoio de especialistas, o banco reuniu toda a informação de que dispunha desde o ano 2000, quando o tema começou a ser discutido dentro da organização. Os materiais foram aproveitados e adaptados para oferecer cursos presenciais e via plataforma virtual. Espaço de práticas em sustentabilidade A iniciativa, criada em dezembro de 2007, pretende compartilhar as melhores práticas para fazer da sustentabilidade a principal atividade das empresas, oferecendo ferramentas que permitam sua inclusão nos negócios e incentivem o compromisso dos funcionários e da sociedade em geral com a sustentabilidade. Além disso, a plataforma busca fechar as brechas entre a teoria e a prática que muitas empresas sentem nas questões de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, fortalecer os laços com clientes, fornecedores e demais grupos de interesse. As atividades do “Espaço de Práticas em Sustentabilidade” são coordenadas pela Direção de Desenvolvimento Sustentável e realizadas por meio de três eixos de ação principais (figura): 75 1.Atividades presenciais para os executivos das empresas clientes e fornecedoras. Desde o ano 2007, mais de 4.200 líderes de 2.700 empresas participaram da oficina; 2. Atividades presenciais para o público em geral: o Santander organiza sessões de diálogo com líderes reconhecidos pelas atividades que realizam em matéria de sustentabilidade em diferentes lugares do mundo. Essas sessões têm como objetivo a promoção do diálogo sobre temas de sustentabilidade levantados por especialistas, funcionários, clientes, fornecedores, organizações associadas e sociedade em geral; 3. Atividades online para o público em geral. O portal www.santander.com.br/sustentabilidade oferece cursos online sobre temas como: investimento social privado, construção sustentável e educação financeira, entre outros. Também conta com a versão online “A sustentabilidade na prática: caminhos e desafios”, que inclui questões relativas à sustentabilidade e apresenta, com exemplos reais, diretrizes de como inserir a ecoeficiência nos negócios. O conteúdo é aberto ao público e qualquer pessoa pode acessá-lo. Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Outra iniciativa desenvolvida é a denominada “Práticas educacionais para a sustentabilidade”. O programa foi criado para estimular e reconhecer o trabalho dos professores universitários que incluem temas de sustentabilidade nos programas educacionais nas faculdades de economia e administração. A iniciativa premiará, com bolsas na Universidade de Babson, aquelas pessoas que conseguirem demonstrar as melhores práticas de ensino que estimulam os estudantes a fazer conexões entre as disciplinas de assuntos econômicos, sociais e ambientais. Destaques da iniciativa Compartilhar o conhecimento adquirido pelo banco beneficiou um grande número de pessoas e empresas que pretendem aprender com as boas experiências, ao mesmo tempo que ratifica seu compromisso de identificar e superar os novos desafios que surgirem na sociedade. Tendo isso em conta, o banco pode contribuir com ideias sobre como encurtar os caminhos para a integração da sustentabilidade nas estratégias de negócio, gestão da cultura e ações quotidianas das organizações. As empresas, por sua vez, podem descobrir novas oportunidades de negócios e como conquistar vantagens competitivas no mercado, melhorar sua marca e reputação. Atividades presenciais para os executivos de empresas clientes e Eventos presenciais para o público em • O objetivo é compartilhar a experiência de mais de dez anos para a inserção da sustentabilidade no negócio do banco, o que ajuda a acelerar a adoção de práticas sustentáveis por parte de outras empresas. • No desenvolvimento do curso, os executivos realizam planos para introduzir e fortalecer a sustentabilidade de seu negócio. • Desde 2007, mais de 4.200 executivos de 2.700 empresas participaram da oficina. público em geral geral Práticas educacionais para a sustentabilidade fornecedoras • O ficina “A sustentabilidade na prática: caminhos e desafios”, oferecida para dirigentes de empresas, fornecedores, clientes e outras organizações do mercado. Cursos online para o • O objetivo é promover o diálogo sobre os temas de sustentabilidade entre especialistas, funcionários, clientes, fornecedores, associações e organizações da sociedade em geral. • Em março de 2012, por exemplo, o físico Fritjof Capra foi ao Brasil para conversar com os clientes e funcionários do Santander. • As reuniões são transmitidas ao vivo e em tempo real no portal da “esfera das práticas de sustentabilidade”. • Cursos online sobre temas como: investimento social privado, construção sustentável e educação financeira, entre outros. • Versão online do programa presencial sobre “A sustentabilidade na prática: caminhos e desafios”, que trata a sustentabilidade de forma integral e dá diretrizes para introduzir a sustentabilidade no negócio. • Disseminação de casos de sucesso sobre a integração da sustentabilidade nas empresas. • Notícias e informações em matéria de sustentabilidade. • No período de 2008 a 2011, o site registrou mais de 3,5 milhões de visitantes. • O programa estimula os professores a apresentarem suas experiências em matéria de sustentabilidade dentro dos programas educacionais nas faculdades de economia e administração. • Os casos reportados são avaliados por especialistas. • Em 2012, três professores serão recompensados com uma bolsa para estudar no Babson College, nos Estados Unidos. • As práticas estão sendo amplamente utilizadas como forma de reconhecimento e, também, para mostrar à sociedade práticas educacionais vinculadas à sustentabilidade que podem ser replicadas ou adaptadas. Para mais informações, consultar: Site de “Práticas”: www.santander.com.br/sustentabilidade 76 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Fideicomissos Instituídos com Relação à Agricultura (Fira): Parcerias para a sustentabilidade México Tipo de instituição: banco de desenvolvimento/ público O Fira é um conjunto de quatro fideicomissos (fundos de fomento) constituídos pelo Governo Federal do México nos quais a Secretaria da Fazenda e Crédito Público atua como fideicomitente e o Banco do México (Banco Central) como fideicomissário. O Fira funciona como entidade de segundo nível, pois aplica seus recursos por intermediários financeiros bancários e não bancários. Também outorga apoios financeiros, de garantia e tecnológicos para empresas dos setores agropecuário, pesqueiro, florestal e rural no país por meio de capacitação empresarial, assistência técnica integral, consultoria e transferência de tecnologia. Principais setores financiados: agropecuário, pesqueiro e florestal Ativos totais: US$ 7,338 bilhões (2011) Número de funcionários: mais de 1.100 (2011) O Fira estabeleceu parcerias estratégicas com órgãos nacionais e internacionais especializados que contribuem para aperfeiçoar o conhecimento sobre temas ambientais e sociais. O Fira foi beneficiado por essas parcerias, que agregam valor à instituição e geram um maior envolvimento dos funcionários e/ou clientes. A seguir, são apresentados em ordem alfabética alguns exemplos dessas parcerias que resultaram em diversos projetos e benefícios: • Alide (Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento) Atualmente, o Fira preside esta associação. Acesso a assistência técnica e treinamento, capacitação, consultoria, reuniões técnicas e estudos especializados, entre outros. • BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) Apoio na busca de oportunidades e desenvolvimento de produtos financeiros para promover projetos verdes, especialmente projetos de conservação de água, energia e florestais, bem como acesso a capacitação em matéria de mudanças climáticas e mercados de carbono. • Fast (Finance Alliance for Sustainable Trade) Desenvolvimento de metodologia e indicadores para medir o impacto financeiro, social e ambiental em projetos de investimento mexicanos no campo (atividade primária) e no setor florestal. • Conafor (Comissão Nacional Florestal) Criação de um fundo de garantia especializado em projetos florestais (Fonafor). • KFW (Banco de Desenvolvimento do Governo Alemão) Estruturação de oportunidades no mercado de carbono. • Ministério da Indústria, Turismo e Comércio da Espanha Estudo de alternativas para o uso eficiente da água e da energia no México. • Sagarpa/Sener (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação/ Secretaria da Energia) Participação no programa de Bioeconomia 2010 por meio da criação de um fundo de garantia especializado para projetos de energias renováveis e biocombustíveis denominado Fonaga Verde. 77 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas • SEF Alliance (Sustainable Energy Finance Alliance) Membros permanentes com voz e voto. Transferência internacional de conhecimento em matéria de energia renovável. • Unep (United Nations Environmental Program) Acesso a conhecimento especializado em matéria de mudanças climáticas e mercados de carbono. Levantamento de oportunidades de monetização da redução dos gases de efeito estufa na carteira do Fira. • Unep FI (United Nations Environmental Program Finance Initiative) Transferência de conhecimento e capacitação, especialmente com relação a sistemas de gestão de riscos ambientais e sociais. Além de ajudar a oferecer assistência técnica de alta qualidade, essas parcerias ajudaram o banco a descobrir novas dimensões do negócio, o que também ampliou a visão de criar novos produtos e serviços, especialmente aqueles relacionados com o meio ambiente. O Fira percebeu um fortalecimento geral das competências profissionais de seu pessoal. Da mesma forma, a percepção dos clientes quanto à instituição melhora, pois o Fira agora representa um banco que oferece atendimento integral conforme as necessidades de seus clientes, com soluções financeiras e tecnológicas inovadoras, e que contribui para o desenvolvimento competitivo do campo mexicano. Para mais informações, consultar: Relatório de Sustentabilidade Fira (2010), disponível em: www.fira.gob.mx/Nd/ MemoriasSostenibilidad2010.pdf 78 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas 13. Bibliografia AccountAbility (1999). AA1000 Framework. Standard, guidelines and professional qualification. The Institute of Social and Ethical AccountAbility, London. www.accountability.org/about-us/publications/aa1000-framework.html APE (2011). Segmentos Emergentes de América Latina por Visa Inc. Citado en: www.ape.org.co/solo-35-de-la-poblacion-de-america-latina-esta-bancarizada/ BANKTRACK (2006). The Dos and Donts of Sustainable Banking. Banktrack, Nijmegen. www.banktrack.org/download/the_dos_and_donts_of_sustainable_banking/061129_the_dos_ and_donts_of_sustainable_banking_bt_manual.pdf CCA (2003). Adquisiciones verdes: buenos ejemplos ambientales para la población de América del Norte. Comisión para la Cooperación Ambiental. www.cec.org/Storage/50/4227_2003-GreenProcurementReview_es.pdf ECLAC (2009). ECLACSTAT: Estadísticas de América Latina y el Caribe. Economic Comission for Latin America and the Caribbean. www.websie.eclac.cl/sisgen/ConsultaIntegrada. FEBRABAN (2010). Matriz de indicadores para o protocolo verde. Federaçao Brasileira de Bancos, São Paulo. www.febraban.org.br/protocoloverde/ FAO (2011). Situación de los bosques del mundo 2011. Food and Agricultural Organization. www.fao.org/docrep/013/i2000s/i2000s00.htm GRI (2010). Suplemento sectorial FSSS del GRI comentario indicador EN22. Global Reporting Initiative Amsterdam. www.globalreporting.org/resourcelibrary/FSSS-Complete.pdf IFC (2010). Banking on sustainability: Financial, environmental, and social opportunities in emerging markets. International Finance Corporation, Washington DC. www1.ifc.org/wps/wcm/connect/topics_ext_content/ifc_external_corporate_site/ ifc+sustainability/publications/publications_report_bankingonsustainability__ wci__1319578181361 The Financial Times (2009). Sustainable Banking Report. The Financial Times, London. www.media.ft.com/cms/68eb3bb2-502e-11de-9530-00144feabdc0.pdf UNEP (2011). Buying for a better world. United Nations Environment Program, Paris. www.unep.fr/scp/sun/facility/reduce/procurement/PDFs/BFABW_Final_web.pdf 79 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas UNEP (2010). State of biodiversity in Latin America. United Nations Environment Program, Nairobi. www.unep.org/DEC/PDF/LatinAmerica_StateofBiodiv.pdf UNEP FI (1997). UNEP FI Statements of Commitments by Financial Institutions on Sustainable Development. United Nations Environment Program Finance Initiative, Geneva. www.unepfi.org/statements UNEP FI (2011). UNEP FI Guide to Banking & Sustainability, United Nations Environment Program Finance Initiative, Geneva. www.unepfi.org/fileadmin/documents/guide_banking_statements.pdf USAID (2011). Biodiversity in Latin America and the Caribbean. United States Agency for International Development, Washington DC. www.usaid.gov/locations/latin_america_caribbean/issues/biodiversity_issue.html WBCSD (2000). Eco-efficiency: creating more value with less impact. World Business Council for Sustainable Development, Geneva . www.wbcsd.org/web/publications/eco_efficiency_creating_more_value.pdf Visa Inc, 2010. Segmento emergente: Perfiles y actitudes en el mercado Latinoamericano. www.visa.com.br/conteudo.asp?pg=1535 World Wildlife Fund (WWF), 2012. Living Planet Report 2012: Biodiversity, biocapacity and better choices. www.awsassets.panda.org/downloads/1_lpr_2012_online_full_size_single_pages_final_120516.pdf 80 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas Sobre a Iniciativa Financeira do Pnuma www.unep.org United Nations Environment Programme P.O. Box 30552 Nairobi, Kenya Tel.: 254 20 62 1234 Fax: 254 20 62 3927 E-mail: [email protected] Want to know more? UNEP job number: DTI/1562/GE 81 Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas