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Copyright © Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 2012
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qualquer formato, para propósitos educacionais ou sem fins lucrativos
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Desobrigação de responsabilidade
As denominações utilizadas e a apresentação do material desta
publicação não implicam, absolutamente, a expressão de nenhuma
opinião por parte do Pnuma, da Felaban ou da BSD com relação à
situação legal de qualquer país, território, cidade, área ou suas
autoridades, nem no que diz respeito a suas fronteiras e limites. Da
mesma forma, as opiniões expressas nesta publicação não refletem
necessariamente os pontos de vista ou a política do Pnuma, da Felaban
ou da BSD. A referência a uma empresa comercial ou um produto nesta
publicação não implica nenhum respaldo por parte das três instituições
que realizaram a pesquisa ou o estudo de casos.
Design Gráfico: Maria Paz Montecinos
Impressão: Progress Press
O Pnuma
promove as práticas
favoráveis ao meio ambiente
no mundo todo e em suas próprias
atividades. Esta publicação foi
impressa com tinta vegetal e práticas
ecológicas em papel 100% reciclado.
Nossa política de distribuição busca
reduzir a pegada de carbono do Pnuma.
Integração da sustentabilidade
nas instituições financeiras
latino-americanas
Ênfase nos
aspectos ambientais
Junho de 2012
Pesquisa regional
Material
traduzido por:
Coordenação do projeto:
Jessica Jacob, Coordenadora para América Latina e Península Ibérica, Unep FI.
Equipe do projeto:
Bram de Graaff, Unep FI.
Mariana Escobar e Juliana Marquez, BSD Consulting.
Supervisão do projeto:
Careen Abb, Comissão Bancária, Unep FI.
Felipe Arango, sócio da BSD Consulting.
Silvia Jaramillo, Assessora de Comunicações e Imprensa, Felaban.
Agradecimentos
Queremos expressar nosso sincero agradecimento à Alide e às associações bancárias da região que
contribuíram para a promoção e difusão do questionário, à BSD Consulting por seu apoio técnico e a
cada uma das 85 instituições financeiras que responderam à pesquisa de forma voluntária.
Também gostaríamos de agradecer aos membros do Latin American Task Force, do Unep FI, por seu
interesse, confiança, apoio, participação e entusiasmo para realizar esta publicação e promover boas
práticas ambientais e sociais na região.
Este grupo compõe-se das seguintes instituições:
Banco de Galicia y Buenos Aires S/A Argentina
Standard Bank Argentina* Argentina
HSBC Argentina* Argentina
Grupo Santander Brasil* Brasil
Banco Itaú BBA S/A Brasil
BNDES Brasil
Rabobank International Brasil S/A Brasil
Banco Industrial e Comercial S/A Brasil
Banco Bradesco Brasil
Bancolombia Colômbia
Fundación Social Colômbia
Bancamia Colômbia
Helm Bank S/AColômbia
Bancoldex S/A Colômbia
Findeter Colômbia
Finamerica America S/A (Finamerica) Colômbia
Mutualista Pichincha Equador
Banco Pichincha Equador
HSBC El Salvador* El Salvador
CIBanco México
The Royal Bank of Scotland Mexico, S/A* México
HSBC Mexico* México
BBVA Bancomer* México
Fira México
Financiera Rural México
Banco General Panamá
Visión Banco Paraguai
BBVA Banco Continental* Peru
Corporación Financiera de Desarrollo S/A Peru
Nuevo Banco Comercial S/A* Uruguai
CAF Banco de Desarrollo de América Latina Venezuela
FMO Holanda
Grupo BBVA Espanha
Grupo Santander Espanha
*Membros Subsidiários
Índice
Índice de casos de estudo 7
Índice de gráficos e quadros 8
Carta da Unep FI 10
2. Carta da Felaban 11
3. Abreviações
12
4. Resumo executivo 13
5. Introdução 15
6. Metodologia 18
7. Perfil dos respondentes 19
1.
CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 20
1.1
Política e estratégia 21
1.2 Estrutura organizacional e gestão da sustentabilidade 24
1.3 Capacitação em temas de sustentabilidade
25
8.
CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 27
2.1
Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável
28
2.1.1 Gestão ambiental dos recursos internos
28
2.1.2 Certificações ambientais 30
2.1.3 Cadeia sustentável de fornecedores
30
2.2 Identificação e avaliação de riscos ambientais e sociais
nos processos creditícios e/ou de investimento
32
2.3 Negócios: produtos e serviços verdes
36
9.
CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse
39
3.1
Mecanismos de comunicação e envolvimento 40
3.2 Relatórios de sustentabilidade41
3.3 Participação em iniciativas voluntárias 42
10.
CAPÍTULO 4: Conclusões e perspectivas futuras 4.1 O estado da integração da sustentabilidade nas
instituições financeiras da América Latina 4.2 Futuros passos na instituição e no setor
11.
6
45
45
47
12.
CAPÍTULO 5: Estudos de caso 49
13.
Bibliografia 79
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Índice de casos de estudo
CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 49
1.1 Visão e estratégia de sustentabilidade 49
Mutualista Pichincha: Uma visão de sustentabilidade construída com
os grupos de interesse 49
Banco Galicia: Implementação de uma visão transversal da sustentabilidade 50
8.
1.2 Estrutura organizacional 51
Grupo Santander: Gerenciando a sustentabilidade em uma rede global 51
Grupo BBVA: “Política de Responsabilidade Social Corporativa
a partir de uma aproximação Glocal” 25
CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 55
2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor sustentável
55
BBVA Bancomer: Adaptando os planos globais em âmbito local 55
Grupo Helm: À procura da eficiência operacional 56
BAC/Credomatic: Trabalhando em conjunto para uma cadeia sustentável 57
Banco Bradesco: Gerenciando os riscos socioambientais na
cadeia de suprimentos 59
9.
2.2
Gestão de riscos ambientais e sociais Bancolombia: Evitando seus impactos indiretos Banco General: Grandes passos em pouco tempo Itaú BBA: Uma aplicação no setor de infraestrutura
Banco Pichincha: Capacitação para a análise de riscos ambientais e sociais Bancoldex: Enfrentando as falhas de mercado 2.3 Negócios: produtos e serviços financeiros sustentáveis Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES): Motor para o desenvolvimento baixo em carbono Financiera Rural: Semeando um setor florestal sustentável Corporación Financiera de Desarrollo: Formando uma cultura do gás natural
como alternativa verde para o Peru Banco Nacional de Costa Rica: Diminuir a pegada de carbono de seus clientes 60
60
62
63
65
67
69
70
71
72
74
10.
CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse 75
Santander Brasil: Compartilhando sua vasta experiência
75
Fideicomissos Instituídos com Relação à Agricultura (Fira):
Parcerias para a sustentabilidade 77
7
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Índice de gráficos e quadros1:
Perfil dos respondentes 19
Gráfico I Tipo de instituição 19
Gráfico II Origem 19
7.
8.
CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização 21
Gráfico 1.1 Instituições com política de sustentabilidade 21
Gráfico 1.2 Acesso a fundos de órgãos internacionais 21
Gráfico 1.3 Abrangência da política 22
Gráfico 1.4 Integração da sustentabilidade em termos estratégicos 22
Gráfico 1.5 Principais incentivos para integrar a sustentabilidade à
estratégia institucional 23
Gráfico 1.6 Principais obstáculos para integrar a sustentabilidade à
estratégia institucional 23
Gráfico 1.7 Gestão da sustentabilidade 24
Gráfico 1.8 Capacitação dos funcionários 25
Gráfico 1.9 Temas de capacitação 26
Quadro 1.1 Política de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento 21
Quadro 1.2 Gerência de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento 24
CAPÍTULO 2: Gestão ambiental 27
Gráfico 2.1 Instituições com sistema de gestão ambiental ou
plano ambiental28
Gráfico 2.2 Temas cobertos pelo sistema ou plano ambiental
29
Gráfico 2.3 Certificações ambientais 30
Gráfico 2.4 Instituições com práticas de compras sustentáveis 30
Gráfico 2.5: Práticas de compras sustentáveis mais utilizadas 31
Gráfica 2.6 Critérios mais utilizados para a classificação de
compras sustentáveis 31
Gráfico 2.7: Instituições que consideram fatores ambientais e/ou sociais
em sua análise de riscos 32
Gráfico 2.8: Filtros para aplicar a análise de riscos ambientais e/ou sociais
33
Gráfico 2.9: Tipo de operações às quais é aplicada a análise de
riscos ambientais e/ou sociais 33
9.
1 Todos os resultados, gráficos e quadros baseiam-se nas respostas das 85 instituições financeiras que
responderam à pesquisa e não no total do mercado latino-americano.
8
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Gráfico 2.10: Ferramentas e mecanismos utilizados para realizar a análise de
riscos ambientais e/ou sociais 34
Gráfico 2.11: Pessoas destinadas/capacitadas para aplicar esta análise de
riscos ambientais e sociais 34
Gráfico 2.12: Parceiros externos 34
Gráfico 2.13: Principais incentivos para a aplicação da análise
de riscos ambientais e sociais35
Gráfico 2.14: Principais obstáculos para o desenvolvimento de um sistema de
análise de riscos socioambientais35
Gráfico 2.15: Tipo de produtos e/ou serviços relacionados
com aspectos de sustentabilidade 36
Gráfico 2.16: Tipo de produtos e serviços em termos ambientais
37
Gráfico 2.17: Incentivos para tratar de criar ou desenvolver algum
produto ou serviço com características de sustentabilidade
(ambiental e/ou social) 38
Gráfico 2.18: Obstáculos para o desenvolvimento de produtos e
serviços com características de sustentabilidade
38
Quadro 2.1: Oferta de produtos e serviços nos bancos de desenvolvimento
38
10. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com grupos de interesse
Gráfico 3.1: Estratégia de comunicação
Gráfico 3.2: Mecanismos de comunicação e envolvimento
Gráfico 3.3: Relatório de sustentabilidade
Gráfico 3.4: Instituições que publicam relatórios anuais de sustentabilidade Gráfico 3.5: Áreas ou departamentos que participam ativamente na
elaboração do relatório de sustentabilidade
Gráfico 3.6: Verificação externa do relatório de sustentabilidade
Gráfico 3.7: Participação em iniciativas voluntárias
Gráfico 3.8: Principais incentivos para a adesão a uma iniciativa
Gráfico 3.9: Principais obstáculos para a adesão a uma iniciativa
Quadro 3.1: Relatório de sustentabilidade nos bancos de desenvolvimento
Quadro 3.2: Iniciativas voluntárias dos bancos de desenvolvimento
CAPÍTULO 4: Conclusões e perspectivas futuras
Gráfico 4.1: Futuros passos necessários na instituição para a formulação
e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade
Gráfico 4.2: Futuros passos no setor financeiro para facilitar a formulação
e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade 11.
9
39
40
40
41
41
41
42
43
44
44
42
43
45
47
48
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
1. Carta da Unep FI
O desenvolvimento sustentável depende não só de um bom desenvolvimento econômico e social
como também de uma proteção adequada do meio ambiente para, dessa forma, manter os recursos
necessários não só para o presente como para assegurá-los para as futuras gerações. Para conseguir um
desenvolvimento sustentável, deve-se propiciar que os mercados atuem dentro dos limites definidos por
um conjunto de instrumentos adequados e, ainda que seja atribuição dos governos manter a liderança
no estabelecimento de prioridades e valores ambientais comuns no longo prazo, o setor privado deve
esforçar-se para acompanhar e aplicar políticas responsáveis com a sociedade e o meio ambiente.
Laura Celia
Méndez Herrera
Yuki Yasui
Entre os objetivos da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Unep FI em suas siglas em inglês), está o de promover as melhores práticas ambientais e sociais nas
operações financeiras. Por esse motivo, o grupo de trabalho regional (Latin American Task Force),
composto de mais de 30 instituições com atividades na região, lançou a proposta de fazer um estudo
regional para entender a situação atual do mercado com relação à sustentabilidade, incluindo exemplos
de boas práticas que podem servir de inspiração para diversos tipos de instituições.
Graças à parceria e apoio da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban) e da Associação LatinoAmericana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide), recebemos respostas tanto de
bancos privados quanto públicos, o que permite ter uma visão mais completa dos avanços na região.
Para nosso grupo de trabalho regional e outras instituições é fundamental prever e prevenir os processos
de degradação do meio ambiente, respeitando as regulamentações locais, nacionais e internacionais,
relativas ao tema. A identificação e a quantificação de riscos ambientais são de extrema importância,
fato pelo qual deveriam fazer parte das operações de qualquer instituição, empresa ou projeto a ser
realizado. Além disso, a identificação de tais riscos pode constituir-se em uma ferramenta-chave para
entender e desenvolver novos produtos e serviços que favoreçam a criação de projetos ambientalmente
responsáveis, socialmente justos e economicamente viáveis.
Para o grupo da América Latina, o desenvolvimento sustentável em nossa região é de vital importância,
fato pelo qual consideramos que o estudo feito com a Felaban abre as portas para um melhor
entendimento do assunto, do envolvimento do setor na aplicação dos aspectos ambientais e sociais
em suas operações e, finalmente, apresenta exemplos reais de boas práticas. Com base nesse estudo, a
Felaban e a Unep FI seguirão dirigindo esforços para que mais instituições financeiras integrem esses
critérios fundamentais e ofereçam novas oportunidades a seus clientes, funcionários, fornecedores e
sociedade.
10
Laura Celia Méndez Herrera
Yuki Yasui
Secretária Pessoal do Diretor Geral do Fira
Presidente do Grupo de Trabalho Latino-Americano da Unep FI
Oficial encarregada
Unep FI
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2. Carta da Felaban
Em abril de 1997, com a publicação de um relatório conjunto de pesquisadores da Environmental
Protection Agency e centros privados de pesquisa, abriu-se uma janela a um novo campo de atuação
para a indústria bancária internacional. Com muita visão e amplo conhecimento sobre as tendências
empresariais e o crescimento dos problemas ambientais, o relatório advertia sobre a importância
de incorporar variáveis próprias para a medição dos impactos ambientais e a implementação de
mecanismos para melhorar a gestão institucional, com ênfase na gestão de análise de riscos ambientais
e sociais.
Oscar Rivera
Naquele momento, era incomum falar sobre este tema na indústria regional, mas hoje a situação é
completamente diferente. O mundo enfrenta desafios ambientais de grande porte que são cada vez mais
visíveis e recorrentes, tais como os efeitos das mudanças climáticas, a perda de recursos biológicos e a
ameaça à biodiversidade. A esse respeito, organizações multilaterais, governos e, evidentemente, o setor
empresarial fizeram enormes esforços para promover políticas de mitigação e adaptação ambiental.
Os bancos, em âmbito mundial, não estiveram alheios a esse processo. Tradicionalmente, é reconhecido
que os bancos têm a função de selecionar os melhores projetos de crédito e/ou investimento que contam
com viabilidade financeira futura. Para atingir esse objetivo, conta-se com um acervo de informações
sobre as práticas financeiras, a disciplina de pagamentos e as habilidades empresariais de um indivíduo.
Na visão do século XXI, há que se acrescentar que uma entidade financeira conta com múltiplos
elementos para entender e verificar, no mínimo, quem cumpre os critérios legais nacionais que devem
ser aplicados na proteção do meio ambiente e, também, quem aplica os critérios de sustentabilidade
em seu negócio.
Este relatório ilustra como mais entidades incorporam os critérios ambientais para atuar como
empresa, dar preferência a clientes e fornecedores e analisar os riscos próprios da atividade creditícia e/
ou de investimentos, mas, ao mesmo tempo, adotam novos serviços e produtos responsáveis. Também
poderemos observar como hoje mais entidades têm áreas especializadas, ou funcionários, que
respondem pela política de sustentabilidade. No último capítulo, veremos que diferentes instituições
financeiras latino-americanas têm, hoje, muitas experiências positivas para mostrar nos diferentes
aspectos tratados ao longo do estudo.
Um acervo de nova informação sobre a atividade creditícia surge no setor e, certamente, será a matériaprima para realizar novas pesquisas e alimentar novos debates.
Na Felaban celebramos que este relatório difunda descobertas positivas e significativas sobre o papel
das instituições de crédito no desenvolvimento de políticas de sustentabilidade e o manejo de fatores
socioambientais em suas operações. Sabendo que este é um primeiro passo para uma imensa agenda
de pesquisa futura, queremos destacar a seriedade e o rigor presentes nesta publicação.
Estamos conscientes de que este é um grande investimento para contribuir para um mundo que
necessita mais compromisso ambiental e mais ideias concretas para que as futuras gerações desfrutem
dos recursos naturais que são de toda a humanidade.
Oscar Rivera
Presidente da Felaban
11
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
3. Abreviações
ABM
Associação de Bancos do México
Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o
Desenvolvimento
Alide
Banco Interamericano de Desenvolvimento
BID
Business Sustainability and Development
BSD
CII
DEG
Corporação Interamericana de Investimentos
Companhia Alemã de Investimento e Desenvolvimento
Dow Jones Sustainability Indexes
DJSI
FebrabanFederação Brasileira de Bancos
Federação Latino-Americana de Bancos
Felaban
FTSE4Good
Índice bursátil de sustentabilidade da Bolsa de Valores de Londres
Global Reporting Initiative
Instituto Nacional de Ecologia
GRI
INE
IF
Instituições Financeiras
Companhia Financeira Internacional
Índice de Sustentabilidade Corporativa (Brasil)
Agência Japonesa de Desenvolvimento Internacional
Certificação de Liderança em Energia e Design Ambiental
IFC
ISE
Jica
Leed
PRI
Princípios para o Investimento Responsável
Responsabilidade Social Empresarial
Responsabilidade Social Corporativa
RSE
RSC
United Nations Environmental Programme Finance Initiative ou, em
Português, Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente
Unep FI
12
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
4. Resumo executivo
Instituições com política
85 instituições financeiras
pesquisadas de 19 países
de sustentabilidade
Sim
Não
11%
Tipo de Instituição
89%
Banco comercia l
1%
6%
n=85/85
Banco de desenvolvimen to/público
24%
Fundos mútuos
69%
Gestão da
Sustentabilidade
n=85/85
Cargo
Área
6%
Principais incentivos para integrar a
Não tem
13%
48%
sustentabilidade à estratégia institucional
Outro
33%
76%
n=79/85
69%
67%
35%
Capacitação dos
29%
funcionários
16%
Sim
Não
12%
22%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=68/76
78%
n=80/85
Temas cobertos pelo sistema ou plano ambiental
90%
Instituições com sistema de
gestão ambiental ou plano
87%
84%
70%
57%
60%
ambiental
85%
80%
54%
53%
51%
50%
40%
Sim
Não
30%
24%
20%
10%
18%
0%
Reciclagem ,
reutiliz ação e redução
de papel
82%
Reduçã o das
emissõe s de
CO2 ou GEE
Reduçã o e gestão
Reciclagem ,
adequada
reutiliz ação e redução
de resíduo s
de embalagen s
Critério s
ambient ais na
administraçã o
de propriedade s
n=68/68
n=83/85
13
Outros
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Instituições com práticas
Tipo de produtos e serviços em
de compra sustentáveis
termos ambientais
Sim
53%
Financiamento de energi a renovável
Não
45%
Investimen tos ambientai s
26%
36%
Linhas de crédit o para pessoas jurídicas para
a aquisiçã o de produtos ambientai s
74%
34%
Linhas de crédit o para pessoas jurídicas
especiai s para trans formaçõe s ambientai s
32%
Linhas de crédit o para pessoas físicas
para a aquisiç ão de produt os ambientai s
n=73/85
30%
Linhas de crédit o para pessoas físicas
especiai s para trans formaçõe s ambientai s
Instituições que consideram
28%
Empréstimo s “verdes”
fatores ambientais e/ou sociais
em suas análises de riscos
Serviços de asse ssoria ambiental
Ambas
Fundos de investimen to que seleciona m
projet os/organizaçõe s por desempenho ambiental
19%
17%
Nenhum a
28%
Social
57%
15%
Cartões que apoiam uma causa
Ambienta l
8%
Hipo tecas “verdes”
13%
6%
Cont as de poupança “verdes”
8%
Outr os
n=79/85
3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
n=53/54
Estratégia de
Participação em
comunicação
Comunica r e envolver
Só comunicar
25%
Iniciativas Voluntárias
39%
Filiação Pacto Globa l
Nenhum a
34%
Declaraç ão da Iniciati va Financeir a do Pnuma (Unep FI)
4%
71%
31%
Princípios do Equador (IFC)
29%
Filiação e adesão a iniciati vas voluntária s de outro tipo
n=77/85
23%
Filiação a institu tos de sustentabilid ade/RSE
16%
Princípios para o Investimen to Responsável (PRI)
Relatório de
18%
Índice de Carbon Disclosur e Projec t
sustentabilidade
Sim
Não
16%
Índice DJSI
8%
ISE (Brasil)
8%
Índice FTSE4Good
26%
74%
19%
Participaç ão em algu m outr o índice ou rank ing
0%
10%
20%
30%
40%
50%
n=83/85
n=74/74
Filiação e/ou adesão a iniciati vas
Participaç ão em índice s de sustentabilida de
14
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
5. Introdução
América Latina:
uma região com
características
ambientais e
sociais críticas
A América Latina
reúne cinco dos dez
países com maior
biodiversidade
do mundo: Brasil,
Colômbia, Equador,
México e Peru1.
No entanto, esses
mesmos países
estão entre os 15
países com maior
pressão sobre sua
fauna 2. A região
contém um quarto
das florestas
globais e mais
da metade das
florestas tropicais,
consideradas
as de maior
biodiversidade do
mundo. As florestas
latino-americanas
representam a
maior parte da
reserva mundial
de carbono em
biomassa florestal,
fundamental na luta
contra as mudanças
climáticas.
1.
Unep (2010). State of biodiversity in Latin
America. United Nations Environment
Program, Nairobi. Disponível em: www.
unep.org/DEC/PDF/LatinAmerica_
StateofBiodiv.pdf
2.
Usaid (2011). Biodiversity in Latin America
and the Caribbean. United States Agency
for International Development, Washington
DC. Disponível em: www.usaid.gov/
locations/latin_america_caribbean/
issues/biodiversity_issue.html
15
A economia mundial enfrenta atualmente o desafio de ser sustentável no longo prazo, o que exige uma
transformação dos padrões de crescimento e de produção de bens e serviços. Essa sustentabilidade de
longo prazo necessita sociedades cada vez mais conscientes da importância de respeitar os recursos
do planeta e da busca de equidade social para assegurar também a satisfação das necessidades das
gerações futuras. Assim, desde a produção e o consumo da sociedade, começam a ser incluídos critérios
ambientais e sociais que levam ao melhor aproveitamento dos recursos, à melhor gestão dos resíduos e
que buscam evitar, reduzir ou mitigar os impactos negativos para o meio ambiente e para a sociedade.
Levando em consideração o acima exposto, é importante reconhecer a lista de atores-chave para o
desenvolvimento da sociedade perante esses temas. Por um lado, os governos reforçaram suas políticas
e legislação para conseguir um melhor manejo e proteção dos recursos naturais e promovem iniciativas
criando condições para aumentar o compromisso do setor privado. Por outro lado, as empresas do setor
privado mostraram um crescente interesse, principalmente na última década, em não só criar valor
econômico por meio de seus negócios, mas em fazê-lo de maneira responsável, gerando valor agregado
para a sociedade. Essa tendência está ligada à existência de uma sociedade civil e de consumidores
cada vez mais conscientes, que exigem dessas empresas transparência na prestação de contas sobre
seus impactos nas comunidades onde operam e no entorno onde desenvolvem suas operações.
O setor de serviços financeiros, como catalisador de recursos para os setores privado e público, e como
principal cenário de aplicações de investimentos e créditos, assumiu um papel central nesse processo
de transformação. Devido à influência que esse setor possui sobre a definição de políticas econômicas
de mercados financeiros em todo o mundo e sobre o destino de recursos para grandes projetos de
investimento, é de importância estratégica que as instituições financeiras se tornem agentes de
promoção da mudança em direção à sustentabilidade.
As instituições financeiras são motores desse processo de transformação a partir de duas grandes
frentes. Em primeiro lugar, com a gestão responsável de suas operações como empresa, por meio
da integração de critérios de responsabilidade ambiental e social em sua estratégia e operação
administrativa, logística e de gestão de recursos humanos e naturais. Em segundo lugar, pela pegada
financeira, gerando produtos financeiros que integrem critérios de responsabilidade ambiental e
social, facilitando processos de inclusão de setores marginalizados dos serviços que o setor financeiro
oferece, desenvolvendo programas de educação econômica e financeira e planejando uma estratégia
baseada nas finanças responsáveis, na qual se estimule a transparência das informações, e clientes
e fornecedores sejam instruídos com relação aos seus deveres e direitos como consumidores do setor
financeiro.
Este estudo regional analisa as tendências do setor e oferece um panorama do avanço na gestão da
sustentabilidade do setor financeiro latino-americano, com ênfase em temas ambientais. A partir
da informação obtida de uma pesquisa regional, buscou-se mostrar não apenas o estado atual do
manejo de temas relativos à sustentabilidade dentro das instituições, mas destacar as boas práticas
de instituições financeiras que avançaram na gestão dos assuntos mais relevantes para o setor. Da
mesma forma, procurou-se identificar os principais incentivos e obstáculos enfrentados por essas
instituições. Todos esses componentes transformam-se em ponto de referência para as instituições
latino-americanas que ainda não progrediram na gestão de sua estratégia de sustentabilidade.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Porém, com uma
taxa de redução
da área florestal de
–0,46%, a região
está muito acima da
média mundial, de
–0,13%3.
Ainda que, em
termos de consumo,
muitos países da
região tenham uma
pegada ecológica
bastante pequena4,
o substancial
crescimento
econômico e
demográfico pode
contribuir para
prejudicar esta
relação5. Embora a
economia regional
tenha crescido
significativamente
na última década,
vários países
possuem baixos
níveis médios de
receitas e altas
taxas de pobreza.
Atualmente, 35%
da população vive
em situação de
pobreza e 13,7% em
situação de pobreza
extrema6. Grande
parte da economia
é informal, e estimase que apenas 35%
da população esteja
bancarizada7.
3. Food and Agricultural Organisation
(FAO), 2011. Situación de los bosques
del mundo 2011. FAO, Rome. Disponível
em: www.fao.org/docrep/013/i2000s/
i2000s00.htm
4. World Wildlife Fund (WWF), 2012.
Living Planet Report 2012: Biodiversity,
biocapacity and better choices. Disponível
em: <http:// awsassets.panda.org/
downloads/1_ lpr_2012_online_full_
size_single_ pages_final_120516.pdf>.
5. United Nations Environment Program
(Unep), 2010. Latin America and the
Caribbean: Environment Outlook.
Disponível em: www.unep.org/pdf/
GEOLAC_3_ ENGLISH.pdf
6. Economic Commission for Latin America
and the Caribbean (Eclac), 2009. Eclacstat:
Estadísticas de América Latina y el Caribe.
Disponível em:websie.eclac.cl/sisgen.
Consulta Integrada.
7. Visa Inc., 2010. Segmento emergente:
Perfiles y actitudes en el mercado
Latinoamericano. Disponível em:www.visa.
com.br/conteudo.asp?pg=1535
16
O estudo focou-se nas instituições financeiras que contam com operações creditícias e inclui instituições
de caráter privado e público em âmbitos nacional e internacional.
No primeiro capítulo, analisa-se o papel assumido pelas instituições quanto à sustentabilidade do
setor por meio do desenvolvimento de políticas, estratégias e inclusão do tema em sua estrutura
organizacional. Isso se faz necessário para entender como o setor financeiro na região integrou esses
aspectos no desenvolvimento de seu negócio, vinculando-o a seu processo de tomada de decisões.
No segundo capítulo, nas seções do estudo aprofunda-se na forma pela qual as instituições financeiras
integraram os aspectos de sustentabilidade às operações de seu negócio.
A primeira seção desse capítulo trata das iniciativas implementadas pelas instituições financeiras para
vincular aspectos ambientais no manejo de seus recursos internos, a gestão da infraestrutura e a oferta
de seus produtos e serviços.
A segunda seção desse capítulo apresenta as práticas por meio das quais as instituições financeiras
avançaram rumo à introdução de critérios ambientais e sociais que garantam o uso correto dos
recursos destinados a projetos de crédito e/ou investimento. Isso constitui um núcleo central para
seu negócio, na medida em que, pela outorga de financiamento para seus parceiros comerciais, as
instituições financeiras estão assumindo os possíveis impactos ambientais e sociais que as atividades
de seus clientes poderiam gerar. O estudo analisa a forma pela qual tais impactos são mitigados e
gerenciados pela análise de risco ambiental e social, permitindo a criação de novas possibilidades de
negócio e facilitando a oferta de novos produtos e serviços.
No terceiro capítulo, enfatiza-se a importância da comunicação e do envolvimento dos grupos de
interesse dentro do processo de integração da sustentabilidade no negócio, exercício de transparência
que inclui os públicos interno e externo.
No quarto capítulo, consta o resumo das principais conclusões do estudo e são analisadas as tendências
emergentes e expectativas do setor financeiro da região em termos ambientais e sociais, mostrando que
a grande maioria das instituições pesquisadas acredita ser necessário continuar com a implementação
e formulação de diretrizes para a gestão da sustentabilidade.
Finalmente, no quinto capítulo, é apresentada, com exemplos reais, a aplicação dos temas tratados
nos diferentes capítulos do estudo, analisando boas práticas de bancos privados e públicos da região.
O presente estudo almeja tornar-se referência para as instituições financeiras da região, tanto para as
que apresentam avanços no tema, quanto para as que iniciam o processo de reconhecer a importância
da sustentabilidade para o setor financeiro.
O estudo evidencia que as instituições financeiras latino-americanas que participaram no processo
da pesquisa progrediram no terreno da gestão da sustentabilidade. A maioria das instituições traçou
uma política de sustentabilidade vinculada à estratégia de seu negócio. Isso demonstra que, em muitas
instituições financeiras, a alta gerência e as principais áreas têm a intenção de gerenciar iniciativas que
possibilitem avançar no tema, principalmente dentro da organização.
Além disso, é importante mencionar que a maioria das instituições conta com um plano ou sistema de
gestão ambiental para avaliar e monitorar o manejo interno de recursos na gestão de suas operações.
Tal plano ou sistema é acompanhado por práticas de compras responsáveis e boas práticas ao longo de
sua rede de suprimentos.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Outro aspecto que foi possível notar foi que a análise de riscos ambientais e sociais é um processo que
vem sendo desenvolvido pela criação de ferramentas e com o apoio de equipes externas, especializadas
no assunto, que contribuíram para a inclusão desses critérios nas ferramentas de análise de risco
tradicionais. Esse fortalecimento do tema dos riscos ambientais e sociais demonstra que as instituições
oferecem a seus clientes o direcionamento necessário para a avaliação de possíveis riscos, com vista à
prevenção de possíveis impactos negativos.
No que diz respeito à oferta e implementação de produtos e serviços sustentáveis, é importante apontar
que as instituições demonstram ter um interesse especial no seu desenvolvimento e inovação. Foi
possível perceber que um dos principais incentivos para o desenvolvimento deste tipo de produto era a
ampliação de seu portfólio e o desenvolvimento de novos nichos de mercado.
Complementarmente, a maioria das instituições pesquisadas possui mecanismos de comunicação e
envolvimento para seus grupos de interesse. A comunicação foi o meio de relacionamento mais forte
com eles, sendo que o mecanismo mais comum para comunicar o desempenho relativo a temas de
sustentabilidade é o relatório de sustentabilidade.
O obstáculo mencionado como sendo o mais recorrente para o avanço geral da gestão da sustentabilidade
no setor financeiro latino-americano foi a falta de compreensão e/ou conhecimento do assunto.
Levando em consideração o acima exposto, o grande desafio é o fortalecimento da cultura interna
da sustentabilidade nas organizações e a geração de conhecimento e redes ao redor do tema, isso em
prol do fortalecimento do papel principal do setor financeiro no avanço da sustentabilidade nos demais
setores da economia e da sociedade em geral.
O presente estudo faz parte desses esforços.
17
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
6. Metodologia
Contexto/antecedentes do estudo
Em junho de 2011, a Unep FI (Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente) e a Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos) decidiram, mediante um acordo de
colaboração firmado em junho de 2011, tornarem-se parceiras com o fim de construir conjuntamente
um programa de atividades para tratar da sustentabilidade no setor financeiro da região.
A primeira atividade concreta realizada no âmbito dessa parceria é este estudo, sobre a sustentabilidade
nas instituições financeiras latino-americanas, de viés ambiental, com o objetivo de compartilhar
os resultados com todos os públicos, entender seu nível de progresso e envolvimento e, desse modo,
poder vir a organizar no futuro atividades apropriadas para o setor com base em suas necessidades e
interesses.
Conteúdo da pesquisa
A pesquisa do estudo foi estruturada com base na “Declaração das instituições financeiras para o
desenvolvimento sustentável (Pnuma)” e inspirada em um questionário desenvolvido pela Unep FI e
pelo Instituto Nacional de Ecologia (INE) em parceria com a Associação de Bancos do México (ABM)
para seu uso no setor bancário mexicano em 2010.
Papéis e responsabilidades
Com base nesse guia e questionário, a Unep FI e a Felaban decidiram colaborar na realização de um
estudo que pudesse demonstrar o nível de envolvimento e interesse das instituições financeiras na
América Latina no que diz respeito à sustentabilidade, com foco em aspectos ambientais.
A Unep FI ficou encarregada de organizar o grupo de trabalho das instituições financeiras membros da
região (Latin American Task Force) para o assessoramento do estudo. Também consultou especialistas
internacionais em matéria de finanças sustentáveis com a finalidade de fazer perguntas necessárias e
adaptadas.
A Felaban enviou o questionário (disponível online e em caráter confidencial) às associações bancárias
nacionais da região para que estas o distribuíssem entre os bancos membros de sua organização.
Simultaneamente, a Unep FI enviou o questionário a todos os seus membros e contatos na região.
A BSD Consulting ofereceu seu apoio e assessoria para a realização deste estudo e foi selecionada
em razão de seus 10 anos de experiência focados na criação de conhecimento e soluções para o
desenvolvimento sustentável; suas equipes de especialistas localizadas no Brasil, Colômbia, Equador,
Chile e México; sua experiência em temas como a Global Reporting Initiative (GRI); e seu conhecimento
do setor financeiro.
Processo de casos de estudo
Foram selecionados vários casos de instituições de diversos países para mostrar exemplos de boas
práticas focadas em temas ambientais. A escolha desses exemplos baseou-se em informação pública
online, relatórios de sustentabilidade e entrevistas. As instituições financeiras foram contatadas e
compartilharam a informação mais relevante para que as equipes da Unep FI e da BSD pudessem
desenvolver os casos. Todos os casos relatados foram aprovados pelas referidas instituições e revisados
pelos parceiros do projeto.
Redação
O relatório escrito para a publicação foi redigido pelas equipes da Unep FI e da BSD, com o apoio da
Felaban e das instituições financeiras membros da Unep FI na região.
18
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
7. Perfil dos respondentes
No total, 85 instituições financeiras de 19 países (17 da região) responderam à pesquisa. Os outros dois
países escolhidos foram a Espanha e os Estados Unidos, por terem matrizes de instituições financeiras
com importante presença na região.
Os respondentes representam diversos tipos de instituições, todas elas com operações creditícias (gráfico
I), nacionais e internacionais (gráfico II).
Gráfico I: Tipo de
Gráfico II: Origem
Instituição
Banco comercia l
Internaciona l
Banco de desenvolvimen to/público
44%
24%
1%
6%
Nacional
Fundos mútuos
56%
69%
n=85/85
n=85/85
Respostas por país:
2
1
EUA
Espanha
Honduras
República Dominicana
14
2
México
1
Guatemala
5
1
Colombia
5
4
1
El Salvador
Panamá
Costa Rica
Venezuela
12
6
Brasil
Ecuador
12
5
Perú
1
6
Bolivia
Paraguai
2
3
Uruguai
Chile
4
Argentina
19
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
8. CAPÍTULO 1: Política, estratégia e organização
“Nós, membros
do setor de
serviços
financeiros,
reconhecemos
que o
desenvolvimento
econômico
deve ser
compatível com
o bem-estar
humano e com
um ambiente
saudável”.
Este capítulo explora o compromisso das instituições latino-americanas pesquisadas com o
desenvolvimento sustentável, analisando tanto as políticas e estratégias adotadas quanto a estrutura
organizacional por elas estabelecida para garantir seu cumprimento. Os temas-chave abordados são:
Declaração
do Pnuma –
Introdução
Em segundo lugar, examina até que ponto o tema da sustentabilidade está integrado na tomada
de decisões estratégicas das instituições. Um compromisso da Alta Administração e o correto
planejamento estratégico representam um primeiro e importante passo para melhor compreender os
riscos ambientais e sociais, identificar oportunidades para melhorar a competitividade da organização
e cumprir o compromisso de fazer negócios de forma benéfica para o setor e seu entorno.
Em primeiro lugar, foca-se na articulação do compromisso do setor com o desenvolvimento sustentável
por meio de uma política de sustentabilidade. Tal política é uma ferramenta estratégica que a instituição
financeira possui para aplicar sua visão de contribuir com o desenvolvimento sustentável e expor os
objetivos que levam a aplicar e cumprir essa visão. Essa política serve para comunicar a visão e objetivos
para o público tanto interno quanto externo e pode ser importante para guiar a implementação de
práticas sustentáveis nos processos e operações-chave da instituição.
Em terceiro lugar, aborda as condições organizacionais que permitem alinhar as atividades e operações
financeiras a uma visão e estratégia orientadas para a sustentabilidade. Atribuir responsabilidades no
que diz respeito ao tema é fundamental para influir sistematicamente no desempenho ambiental e
social das instituições, e existem diferentes formas de organizar a governança do tema dentro das
instituições latino-americanas. Também analisa a capacitação dos funcionários quanto aos aspectos
relevantes para a integração da sustentabilidade na organização.
Principais resultados
89% das instituições pesquisadas possuem uma política relacionada com a
sustentabilidade. A maioria dessas políticas foi desenvolvida nos últimos seis anos.
86% delas incluem temas de sua política de sustentabilidade nos seus planos
estratégicos. No entanto, apenas 26% incluem o desempenho socioambiental nos
incentivos ou sistemas de avaliação de desempenho de seus funcionários.
Os três principais incentivos para a integração da sustentabilidade em termos
estratégicos são os valores éticos, a gestão de riscos e a diferenciação da marca
ou melhora da reputação.
A falta de compreensão dos temas e a falta de recursos financeiros e humanos
costumam ser os maiores obstáculos para o desenvolvimento de atividades
referentes aos temas descritos neste capítulo.
81% designaram um responsável pelos temas relacionados com a sustentabilidade.
Desses responsáveis, 38% reportam-se diretamente a um dirigente da instituição.
78% das instituições pesquisadas oferecem a seus funcionários programas de
capacitação específica no tema da sustentabilidade.
Nos temas discutidos neste capítulo, houve uma notável diferença entre
as instituições privadas e as de desenvolvimento com relação à política de
sustentabilidade e à sua implementação.
20
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
1.1 Política e estratégia
A grande maioria das instituições financeiras pesquisadas formulou uma política relacionada com
a sustentabilidade (gráfico 1.1). Entre as instituições que não possuem tal política, 75% pretendem
defini-la no futuro. Para as instituições com operações internacionais, 83% das matrizes indicam que
essa política estende-se a suas subsidiárias no exterior.
Mais da metade dessas políticas foram desenvolvidas nos três últimos anos, um quarto nos três a
seis últimos anos e as demais há mais de seis anos. Muitas instituições destacam que a adoção e a
implementação de iniciativas voluntárias setoriais constituíram um motivo importante para a adoção
de tal política. Outros indicam que foi formulada pelas oportunidades oferecidas por um manejo
apropriado dos temas ambientais e sociais, os quais incluem a possibilidade de criar novas fontes de
receita e uma melhora no relacionamento com seus clientes ou com a sociedade civil. Além disso, 24%
das instituições pesquisadas indicam que sua política foi implementada como requisito para ter acesso
a financiamento ou assistência técnica por parte de fundos e órgãos internacionais ou multilaterais. No
gráfico 1.2, podem-se observar as instituições que atuaram junto a esses órgãos.
Gráfico 1.1: Instituições com
Gráfico 1.2: Acesso a fundos
política de sustentabilidade
de órgãos internacionais
Sim
53%
Não
40%
11%
27%
20%
20%
13%
7%
7%
89%
IFC
n=85/85
Ver estudo
de caso na
página 49 para
entender como
uma visão de
sustentabilidade
guia o negócio
de Mutualista
Pichincha, do
Equador.
“Uma visão de
sustentabilidade
construída com
os grupos de
interesse”
21
BID
FMO
DEG
CII
Otros
KFW
JICA
n=15/17
Das instituições, 54% indicam que o fato de ter desenvolvido uma política de sustentabilidade fez que a
instituição se comprometesse com o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento de uma política
específica de sustentabilidade permite às instituições implementar iniciativas e medir o desempenho
de forma mais estruturada.
Embora muitas instituições tenham políticas relacionadas com a sustentabilidade, estas não abrangem
necessariamente todos os processos e principais funções dentro da instituição (gráfico 1.3). Além disso,
apenas 25% das instituições possuem uma política ampla que envolva elementos-chave dos três eixos
principais da sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Os elementos mais comuns dessas
políticas ainda estão relacionados com temas tradicionais, como um código de ética ou de conduta
e a gestão de recursos humanos. No entanto, cada vez mais as políticas abarcam novos temas, como
o manejo de riscos ambientais e sociais e a gestão ambiental interna. Isso mostra que as instituições
financeiras são cada vez mais conscientes de que a gestão sustentável ou responsável não se limita a
ações filantrópicas, mas também ao manejo dos riscos e oportunidades econômicas, ambientais e
sociais dentro do negócio e das operações.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Gráfico 1.3: Abrangência da Política
72%
Código de étic a/condut a
66%
Gestão de recursos humanos
61%
Compromiss o com a boa governança
59%
Gestão ambiental
53%
Riscos ambientai s e sociai s
47%
Filantropi a/investimen to socia l
29%
Gestão da cadeia de fornecedore s
25%
Todos
12%
Outr os
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=76/76
A maioria das instituições creditícias pesquisadas diz integrar os temas relativos à sustentabilidade
dentro dos planos estratégicos da instituição e, em mais da metade delas, o tema é discutido com
a Diretoria (gráfico 1.4). Isso mostra a importância do tema no setor e seu reconhecimento como
fator de grande importância, que pode causar impacto no funcionamento do negócio no futuro. No
entanto, apenas um quarto das instituições inclui os fatores de sustentabilidade em seus esquemas de
avaliação e incentivos para os funcionários, o que pode ser interpretado como falta de entendimento e
de valorização da importância desses aspectos.
Gráfico 1.4: Integração da sustentabilidade
em termos estratégicos
100%
86%
80%
53%
60%
49%
40%
26%
18%
20%
0%
Os planos
estratégicos
22
As discussõe s
da diretoria
O mapa
de riscos
Sistemas
de incentivo s
e/ou avaliaçõe s
de desempenh o
Todos
n=75/76
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Ver estudo
de caso na
página 49 para
entender como
uma visão de
sustentabilidade
guia o negócio
de Mutualista
Pichincha, do
Equador.
Ao perguntar às instituições quais foram os três principais incentivos para integrar a sustentabilidade
em termos estratégicos, pode-se observar que os valores éticos aparecem em primeiro lugar, seguidos
pela gestão de riscos e a diferenciação de marca e reputação (gráfico 1.5).
Gráfico 1.5: Principais incentivos para integrar a
sustentabilidade à estratégia institucional
“Uma visão de
sustentabilidade
construída com
os grupos de
interesse”
76%
69%
67%
35%
29%
16%
12%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=68/76
Quanto aos obstáculos para integrar a sustentabilidade em termos estratégicos, é possível ver que
possuem um caráter mais interno que externo (gráfico 1.6). As dificuldades surgem mais por falta de
compreensão e cultura do que por falta de capacidade ou recursos. Além disso, é interessante ver que
são poucas as instituições que enfrentaram o obstáculo da falta de compromisso da alta gerência.
Gráfico 1.6: Principais obstáculos para integrar
a sustentabilidade à estratégia institucional
78%
63%
44%
44%
9%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=75/76
23
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Quadro 1.1: Política de Sustentabilidade nos Bancos de Desenvolvimento
No que se refere à política, existe uma grande diferença entre os bancos comerciais e os
de desenvolvimento. Como se pode ver no primeiro gráfico, a porcentagem de bancos
de desenvolvimento com uma política de sustentabilidade é menor. No entanto, as
políticas dos bancos de desenvolvimento são, em média, mais antigas que as dos bancos
comerciais, como se demonstra no segundo gráfico.
Gráfico B: Vigência da
política em anos
Gráfico A: Política de
42%
45%
sustentabilidade
40%
100%
36%
35%
94%
30%
75%
25%
50%
21%
20%
15%
Bancos de desenvolviment o: 65/65
15%
14%
14%
10%
0%
23%
14%
10%
5%
10%
0%
<1
1 a 3
3a6
6 a 10
>10
Bancos de desenvolviment o: 14/15
Outras instituiçõe s financeiras : 60/61
1.2 Estrutura organizacional e gestão da
sustentabilidade
Veja o estudo de
caso na página
51 para entender
de que forma o
Grupo Santander,
da Espanha,
estrutura sua
função de
sustentabilidade.
“Gerenciando a
sustentabilidade
em uma rede
global”
A maioria das instituições pesquisadas designou um responsável pela gestão da sustentabilidade
(gráfico 1.7). Entre as instituições que contam com um responsável, a maioria tem uma única pessoa
encarregada. Porém, um terço das instituições tem uma área com várias pessoas. Em média, essas
áreas contam com oito pessoas, mas as instituições maiores em número de funcionários têm mais de
30 pessoas trabalhando nesse âmbito.
As instituições que responderam não ter um cargo específico nem uma área afirmam que o tema é
discutido dentro de um comitê que reúne diversas áreas, o que supõe uma divisão das responsabilidades
entre várias áreas ou departamentos. Em 86% dos casos, o responsável dispõe de um orçamento
destinado à realização de suas atividades, o que acontece tanto nas organizações que têm apenas um
cargo quanto nas que possuem uma área separada.
Gráfico 1.7: Gestão da
sustentabilidade
Cargo
Área
6%
13%
Não tem
48%
Outro
33%
n=79/85
24
Segundo a pesquisa, 53% das áreas dependem diretamente da
presidência ou de outro cargo da diretoria, enquanto para os
cargos individuais a porcentagem é de 29%. Para os demais
indivíduos ou áreas, o contato com cargos mais elevados na
hierarquia da instituição é realizado de forma indireta por
meio de outros responsáveis, como de Assuntos Corporativos,
Recursos Humanos ou Marketing, entre outros. Cabe destacar
que algumas instituições afirmam combinar vários temas
dentro de uma mesma área, interconectando, por exemplo,
a área de Comunicações com a de Responsabilidade Social.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Dos cargos individuais que não se reportam a diretores 71% também exercem outras funções. A maioria
está vinculada às áreas de Comunicações ou Assuntos Corporativos, e os demais estão distribuídos, por
ordem de recorrência, entre as áreas de Recursos Humanos, Comercial e Riscos. A área à qual o cargo
está vinculado pode ser um indicador para entender qual é a perspectiva utilizada para tratar do tema
da sustentabilidade dentro da instituição.
Adicionalmente, muitas das instituições que concentram a gestão dos temas da sustentabilidade ao
redor de um cargo ou área específica reconhecem que esse tema é transversal dentro da instituição. Isso
fica evidente pela alta porcentagem de instituições que responderam que as áreas ou o responsável têm
acesso a outras áreas da instituição (89%). Na maioria dos casos (66%), essas pessoas ou áreas fazem
parte de algum comitê interno de trabalho, dos quais quase a metade (26% do total) conta com seu
próprio comitê de sustentabilidade, que discute a importância e implicação do tema em outras áreas.
Dos responsáveis, 23% não têm acesso às outras áreas por meio de grupos de trabalho ou comitês, mas
indicam que contam com o apoio de diretores que facilitam a comunicação com o resto da instituição.
Quadro 1.2: Gerência de Sustentabilidade nos Bancos de
Desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento apresentam uma importante diferença com relação aos
comerciais, uma vez que 44% dos bancos de desenvolvimento não têm um responsável
formal dentro da instituição para assuntos relacionados com a sustentabilidade.
Além
disso,
entre
os
bancos
de
desenvolvimento que não têm uma pessoa
responsável, apenas 50% declaram ter
a intenção de mudar de atitude no futuro,
porcentagem baixa se comparada com as
respostas obtidas dos bancos comerciais,
dos quais todos responderam ter a intenção
de criar um cargo específico ou área.
Gráfico C: Gestão da
sustentabilidade
60%
52%
40%
44%
33%
38%
20%
17%
7% 6%
0%
Cargo
Área
Otro
3%
No tiene
Bancos de desenvolviment o 18/20
1.3 Capacitação em temas de
sustentabilidade
Veja o estudo
de caso na
página 53 para
entender como o
Grupo BBVA, da
Espanha, estrutura
sua função de
sustentabilidade
e capacita seus
funcionários.
A maioria das instituições pesquisadas oferece cursos
de capacitação para seus funcionários sobre temas
associados à sustentabilidade (gráfico 1.8). Entre as
que não oferecem capacitações, 65% afirmam ter
o propósito de fazê-lo no futuro. No entanto, para
aquelas instituições que já têm algum programa de
capacitação, essa proporção é maior (82%).
“Política de
Responsabilidade
Social Corporativa
a partir de uma
aproximação
glocal”
No caso das instituições internacionais, 80% das
matrizes estendem de alguma forma as capacitações a
suas subsidiárias no exterior, enquanto para as demais
isso é algo que se faz de maneira independente. As
formas de capacitação mais usuais são a realização
de palestras e eventos (81%) e cursos externos (79%).
25
Gráfico 1.8: Capacitação
dos funcionários
Sim
Não
22%
78%
n=80/85
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Das instituições, 73% promovem capacitações internas, mas apenas 13% oferecem cursos virtuais. No
gráfico 1.9, constam os temas de capacitação mais populares. Observa-se que os três temas principais
estão alinhados às práticas mais relacionadas com a sustentabilidade nas entidades financeiras – a
análise de riscos ambientais e sociais, a gestão ambiental interna e a inovação em produtos verdes,
temas que serão tratados mais detalhadamente no capítulo 2.
As capacitações específicas giram em torno da formação em assuntos pontuais relacionados à
sustentabilidade. Por exemplo, existem várias instituições capacitadas em temas como mudança
climática, manejo sustentável da cadeia de fornecedores e educação financeira para os colaboradores.
74%
69%
67%
64%
46%
41%
31%
8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=61/62
26
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
9. CAPÍTULO 2: Gestão ambiental
“Estaremos de
acordo com as
regulamentações
locais, nacionais
e internacionais
em aspectos
ambientais e
sociais. Mais do
que estarmos
de acordo,
trabalharemos
pela integração
de considerações
ambientais e
sociais em nossas
operações e
decisões em todos
os mercados.”
Declaração Pnuma
(artigo 2.2).
Este capítulo trata dos três aspectos ambientais nos quais o setor financeiro tem maior influência:
o consumo de recursos em suas próprias operações e atividades diárias, a integração de critérios
ambientais na análise de risco e as características dos produtos e serviços financeiros oferecidos. Essas
práticas abordam impactos diretos da organização, bem como impactos indiretos em sua cadeia de
valor.
Em termos de implementação, essas práticas podem ser entendidas como etapas na integração da
sustentabilidade institucional. O sistema de ecoeficiência interna – tratado na primeira seção –, partindo
da economia no consumo de recursos, pode desempenhar um papel importante na sensibilização de
funcionários, fornecedores e clientes.
Este capítulo também favorece o entendimento das tendências de sustentabilidade que podem causar
impacto nas operações de crédito e/ou comerciais das instituições financeiras. Esta é a chave para
desenvolver um sistema de avaliação e gestão de riscos ambientais e sociais nas operações de crédito
e de investimento, tema que é discutido na segunda seção. Na última seção, são analisadas as
oportunidades que as tendências ambientais proporcionam através de novos mercados.
Principais resultados:
82% das instituições pesquisadas dispõem de um sistema de gestão ambiental ou
um plano ambiental.
Das instituições que responderam ter um sistema ou plano de gestão ambiental,
69% afirmaram que este tem metas específicas para obter melhorias em diferentes
aspectos ambientais.
Somente 17% contam com certificação ambiental para suas instalações.
74% das instituições pesquisadas dispõem de práticas de compras responsáveis.
72% incluem critérios ambientais e sociais na análise de riscos creditícios e de
investimento.
86% das instituições pesquisadas contam com pessoas capacitadas dentro da
equipe de análise de riscos em temas ambientais/sociais.
69% delas oferecem produtos e serviços financeiros relacionados com aspectos
de sustentabilidade.
Em termos ambientais, os produtos e serviços mais oferecidos são o financiamento
de energias renováveis (53%) e os investimentos ambientais (42%).
78% identificaram como maior incentivo para o desenvolvimento deste tipo de
produtos e serviços inovar e diversificar seu portfólio de ofertas ao cliente.
75% das instituições pesquisadas mencionaram a falta de compreensão e/
ou conhecimento do tema como o maior obstáculo para o desenvolvimento de
produtos e serviços desta natureza.
27
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor
sustentável
Embora os impactos indiretos de uma instituição financeira no meio ambiente sejam os aspectos de
maior relevância e consequências dentro de suas operações, esta tem impactos diretos consideráveis por
mais que possam parecer inferiores aos de outros setores da economia.
O setor financeiro envida esforços em temas como manejo apropriado do consumo de energia, água,
transporte, suprimentos, reciclagem e redução de emissões dentro dos edifícios, uma vez que entendeu
que esse tipo de boas práticas não apenas favorece o meio ambiente e solidariza os funcionários, mas
gera uma significativa economia de recursos e, assim, de dinheiro. A partir de uma análise de custobenefício baseada em padrões econômicos de médio e longo prazo, muitas empresas ou instituições do
setor privado em âmbito mundial começaram a realizar esforços em termos ambientais com o manejo
mais adequado dos recursos internos.
Além disso, o desempenho ambiental da organização está estreitamente relacionado com a interação
da entidade com seus fornecedores. A compra de produtos responsáveis ou de menor impacto pode
ajudar a fortalecer o desempenho ambiental da organização. Por exemplo, no caso de consumo
de papel, a única forma de melhorar o desempenho não é apenas reduzir o consumo de papel na
instituição, mas também garantir que o papel utilizado tenha menor impacto (através da reciclagem
ou pela procedência de florestas certificadas por sua qualidade de gestão). Nesse sentido, o manejo da
cadeia de fornecedores é parte importante de um plano que envolve o manejo de recursos internos2.
2.1.1 Gestão ambiental dos recursos internos
Veja o estudo
de caso na
página 55
para entender
como o BBVA
Bancomer, do
México, aplica
um plano de
ecoeficiência
internacional
de âmbito local.
“Adaptando os
planos globais
em âmbito
local”
A grande maioria das instituições pesquisadas ratifica a importância que vem tomando a gestão
ambiental de recursos em suas operações (gráfico 2.1). A predominância demonstra que as instituições
reconhecem a importância de administrar os recursos e impactos ambientais (isto é, uso eficiente dos
recursos renováveis e naturais, prevenção da contaminação, geração e manejo de resíduos, processos
de limpeza e uso de tecnologia, manejo de materiais tóxicos e controle das emissões de gases de efeito
estufa).
Gráfico 2.1: Instituições com
sistema de gestão ambiental
ou plano ambiental
Sim
Não
18%
82%
Das instituições que responderam ter um sistema ou
plano de gestão ambiental, 69% afirmaram que este
contém metas específicas planejadas pela administração
para obter melhorias em diferentes aspectos ambientais,
por exemplo, no manejo de água e energia, a compra e
manejo de suprimentos, a construção e a manutenção
da propriedade, a eliminação de resíduos e o manejo do
transporte.
n=83/85
2 World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), 2000. Eco-efficiency: Creating more
value with less impact. Disponível em: www.wbcsd.org/web/publications/eco_efficiency_creating_
more_value.pdf.
28
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo
de caso na
página 56
para entender
como o Grupo
Helm, na
Colômbia, tem
desenvolvido
seu plano
de gestão
ambiental.
“Em busca
da eficiência
operacional”
O planejamento de metas objetivas pode ajudar a dirigir de forma mais organizada os esforços da
instituição, fortalecer o alinhamento e fortalecer a comunicação da organização com seus públicos em
relação aos seus compromissos com o meio ambiente.
Das instituições pesquisadas que definiram metas 93% responderam que possuem um sistema de
monitoramento e/ou acompanhamento para as metas planejadas. Dessas instituições que utilizam o
monitoramento, 48% afirmaram que o cumprimento das metas é validado externamente. A validação
externa, além de ser um rigoroso exercício de avaliação que enfatiza a transparência, ratifica o
compromisso e o cumprimento da organização com a avaliação dos resultados obtidos.
Como pode ser observado no gráfico 2.2, os temas prioritários com relação ao manejo de recursos
internos dentro da instituição são a eficiente utilização de papel, água e energia.
Considerando que os principais tipos de resíduos de uma instituição financeira provêm do papel3, o
manejo deste e a redução em seu consumo são fundamentais. As estratégias de manejo sustentável de
papel são agrupadas em torno da reciclagem e da reutilização, bem como da realização de campanhas
internas para reduzir o número de impressões passando, por exemplo, a emitir faturas e comunicados
virtuais em lugar de impressos.
A eficiência no uso da água é um tema transversal que tem tido muita importância em todos os
setores da economia sempre que se trata do tema da sustentabilidade ambiental. Em uma instituição
financeira, as iniciativas para a redução do consumo de água incluem campanhas de sensibilização
sobre seu consumo responsável e a instalação de medidores dentro dos imóveis.
Da mesma forma, a eficiência no uso da energia é importante uma vez que as instalações das
instituições (sucursais e escritórios) e os equipamentos utilizados incorrem em seu consumo. Dessa
maneira, muitas instituições têm instalado sensores de luz e desenvolvido campanhas para deixar os
equipamentos em estado de hibernação com a finalidade de reduzir seu consumo de energia.
Gráfico 2.2: Temas cobertos pelo sistema ou
plano ambiental
90%
87%
85%
84%
80%
70%
60%
57%
54%
53%
51%
50%
40%
30%
24%
20%
10%
0%
Reciclagem ,
reutiliz ação e redução
de papel
Reduçã o das
emissõe s de
CO2 ou GEE
Reduçã o e gestão
Reciclagem ,
adequada
reutiliz ação e redução
de resíduo s
de embalagen s
Critério s
ambient ais na
administraçã o
de propriedade s
Outros
n=68/68
3 Suplemento setorial FSSS do GRI comentário indicador EN22. Disponível em: www.globalreporting.
org/resourcelibrary/FSSS-Complete.pdf.
29
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2.1.2 Certificações ambientais
Atualmente existem diversas certificações ambientais
entre aquelas que prescrevem os procedimentos
de um bom sistema de gestão que procura reduzir
o impacto no meio ambiente (por exemplo, ISO
14001), enquanto outras buscam padrões técnicos de
desempenho, como o consumo de energia ou água
(como Leed e Energy Star).
Gráfico 2.3: Certificações
ambientais
25%
20%
20%
15%
15%
10%
7%
5%
2%
0%
ISO 14001
LEED
Energy Star
Outras
n=77/85
Para algumas instituições financeiras, buscar a certificação em construção sustentável é de especial
relevância, já que grande parte do impacto ambiental direto é produto das atividades em seus escritórios
e seu projeto pode trazer uma importante contribuição em consumo de água, energia e origem de
matérias-primas. Sistemas de eficiência energética ou utilização de fontes de energia renovável podem
ser implementados desde a construção do imóvel ou serem incluídos através de remodelações que, à
primeira vista, podem parecer onerosas, mas, quando analisadas no longo prazo, podem se tornar
positivas tanto em termos de economia quanto de consumo. A arquitetura pode complementar e facilitar
as atividades desenvolvidas quanto à redução do consumo interno de recursos. Por exemplo, mudanças
simples, como um edifício que aproveita a luz natural, podem reduzir o consumo de eletricidade.
Poucas das instituições pesquisadas afirmam ter certificações de gestão ambiental ou infraestrutura
certificada (gráfico 2.3). Além disso, todas as instituições que têm certificações afirmam que estas se
aplicam a apenas uma determinada parte de suas instalações.
2.1.3
Veja o estudo
de caso na
página 57
para entender
como BAC/
Credomatic,
da Costa Rica,
capacita seus
fornecedores
em temas
de RSE para
melhorar o
desempenho
socioambiental
de sua cadeia.
“Trabalhando
em conjunto
para uma
cadeia
sustentável”
30
Cadeia sustentável de fornecedores
A integração de critérios ambientais nas decisões de compra é
uma alternativa para reduzir impactos ambientais indiretos
na cadeia de valor. As compras sustentáveis envolvem
uma projeção que ultrapassa os parâmetros econômicos
e considera custos do ciclo de vida do produto, bem como
riscos e impactos ambientais e sociais associados.
A gestão sustentável de cadeias de abastecimento abre
uma oportunidade para as instituições financeiras se
converterem em agentes de mudança em maior escala
ao incentivar/exigir a transformação de práticas de seus
fornecedores. Oferece também possibilidades de fortalecer
as relações com fornecedores-chave e de inovação conjunta
na cadeia de valor.
Gráfico 2.4: Instituições
com práticas de compras
sustentáveis
Sim
Não
26%
74%
n=73/85
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo
de caso na
página 59 para
entender como o
Banco Bradesco,
do Brasil,
administra
os riscos
socioambientais
em sua cadeia
de fornecedores.
“Administrando
os riscos
socioambientais
na cadeia de
fornecimento”
Da mesma forma, a mudança dos critérios da demanda pode estimular uma nova oferta adaptada
às suas necessidades e encontrar fornecedores que não haviam sido considerados anteriormente. Isso
mostra o importante papel que o setor pode ter como agente de mudança em grande escala.
Os resultados da pesquisa mostram que a gestão responsável de suprimentos torna-se cada vez mais
uma prática comum que envolve a consideração do uso racional e a compra adequada de produtos
e serviços. Podemos observar que a maioria das instituições pesquisadas mencionou que conta com
práticas de compras responsáveis (gráfico 2.4).
As práticas de compras responsáveis mais utilizadas dentro do grupo de instituições são a integração de
critérios socioambientais na seleção de produtos, a definição de uma política ou código de fornecedores
e seu monitoramento (gráfico 2.5). Essas práticas mostram que as instituições não procuram apenas
garantir o uso de produtos ambientalmente responsáveis, mas também o interesse de trabalhar em
conjunto com os fornecedores em prol de um melhor desempenho da cadeia como um todo.
Gráfico 2.5: Práticas de compras
sustentáveis mais utilizadas
82%
Integração de crit ério s socioambientai s na seleção
75%
Polític a ou códig o de fornecedore s
37%
Moni torament o de fornecedore s
33%
Anális e de risco da cadeia de valor
29%
Incent ivo a fornecedores sustentáveis
8%
Outr o
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=51/54
As instituições que utilizam critérios para a classificação de produtos responderam que, em primeiro
lugar, levam em consideração as certificações ambientais, em segundo lugar, a porcentagem de
composição reciclada do produto e, em terceiro, a porcentagem de composição reciclável/biodegradável
do produto (gráfico 2.6). Segundo esses critérios, os bens com maior cobertura são os mesmos priorizados
nos planos de gestão interna: bens não duráveis (como os elétricos) (70%), bens não duráveis para a
limpeza do escritório (57%) e materiais de escritório (54%).
Gráfico 2.6: Critérios mais utilizados para a
classificação de compras sustentáveis
65%
50%
48%
35%
15%
20%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=40/54
31
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2.2 Identificação e avaliação de riscos
ambientais e sociais nos processos
creditícios e/ou de investimento4
“Consideramos
que a
identificação e
a quantificação
dos riscos
ambientais
devem fazer
parte do
processo normal
de avaliação
e gestão do
risco, tanto
em operações
domésticas
quanto
internacionais.
Quanto aos
nossos clientes,
acreditamos que
o respeito aos
regulamentos
ambientais
pertinentes e o
uso de práticas
ambientalmente
corretas
são fatores
importantes que
demonstram
uma gestão
empresarial
eficaz.”
Declaração
Pnuma (artigo
2.3).
“Consideramos que a identificação e a quantificação dos riscos ambientais devem fazer parte do
processo normal de avaliação e gestão do risco, tanto em operações domésticas quanto internacionais.
Quanto aos nossos clientes, acreditamos que o respeito aos regulamentos ambientais pertinentes e
o uso de práticas ambientalmente corretas são fatores importantes que demonstram uma gestão
empresarial eficaz.” Declaração Pnuma (artigo 2.3).
As instituições financeiras têm um altíssimo poder de influência sobre grandes e pequenos clientes
em diferentes setores por meio dos processos de análise que levam à concessão de créditos ou de
investimentos. Os impactos ambientais e sociais das organizações e projetos que buscam financiamento
podem ser de grande escala e apresentam riscos para financiadores, clientes e para a sociedade. Ao
incluir critérios ambientais no processo de análise de risco, as instituições financeiras podem tornar-se
catalisadoras de benefícios para o meio ambiente e de transformação em práticas de gestão ambiental
nos setores que financiam.
O enfoque não mudou apenas com a finalidade de analisar riscos adicionais. Muitas instituições
descobriram que, ao compreender detalhadamente os impactos ambientais de seus clientes, descobrem
novas oportunidades de negócio, como é explicado pelo IFC: “Não se trata de um banco defensivo – no
qual o risco ambiental e social é visto como um custo adicional – mas de um banco sustentável – no
qual o desenvolvimento sustentável é visto como uma vantagem e avaliado como uma oportunidade
de crescimento5”.
A identificação e avaliação, mediante uma análise de riscos ambientais e sociais, é um procedimento
essencial nas operações dentro do setor financeiro, razão pela qual representa uma etapa fundamental
para a tomada de decisões responsáveis e permite relacionar-se de forma mais próxima com clientes
atuais e futuros.
Da mesma maneira, realizar esse tipo de análise de forma adequada pode evitar as rejeições ou atraso
de contratos ou licenças, o fechamento de fábricas por autoridades, a perda de mercado (produtos ou
processos), protestos, boicotes e interrupções trabalhistas.
A integração de riscos ambientais e sociais é um complemento aos elementos tradicionais do risco,
posto que pode reduzir os riscos de garantia, fluxo de caixa, legal e reputacional, entre outros.
Nas instituições financeiras latino-americanas, a inclusão
de aspectos ambientais e sociais na análise de riscos é uma
prática cada vez mais frequente. Das instituições pesquisadas,
mais da metade afirmou que considerava ambos os fatores em
suas ferramentas de análise de risco, seguido por um grupo
menor que mencionou estar concentrado exclusivamente em
aspectos ambientais ou em aspectos sociais (gráfico 2.7). No
caso das instituições internacionais, essa prática estende-se
a todas as subsidiárias no exterior.
Gráfico 2.7: Instituições que
consideram fatores ambientais
e/ou sociais em sua análise de
riscos
Ambas
Nenhum a
Ambienta l
28%
57%
Social
13%
3%
n=79/85
4 O capítulo foca na análise de riscos socioambientais nos processos creditícios. No entanto, há bancos nos quais se aplica também nos processos de investimento.
5 IFC (2007), Banking on sustainability: Financial, environmental, and social opportunities in emerging markets. Disponível em: www.ifc.org/ifcext/enviro.nsf/AttachmentsByTitle/p_
BankingonSustainability/$FILE/FINAL_IFC_BankingOnSustainability_web.pdf
32
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo
de caso
estudado na
página 60 para
entender como
o Bancolombia,
da Colômbia,
enfrentou os
desafios ao
desenvolver
um sistema de
gestão de riscos
ambientais e
sociais.
“Evitando
seus impactos
indiretos”
Um dos principais fatores que incitaram as instituições a aplicar ou entender o manejo dos riscos
ambientais e sociais é a existência dos Princípios do Equador: 10 princípios a serem respeitados pelos
signatários dentro das operações de Project Finance (Financiamento de Projetos) e alinhados aos
padrões de desempenho de sustentabilidade ambiental e social do IFC.
A maioria das instituições pesquisadas (75%) baseia a aplicação da análise de riscos ambientais e
sociais em função do montante solicitado e o setor do cliente, posto que alguns deles apresentam
um maior risco ambiental e social por sua natureza, como o setor mineiro, florestal e químico, entre
outros (gráfico 2.8). Algumas instituições não apenas aplicam essa análise em suas operações de
Project Finance, mas também em outras operações (gráfico 2.9). O fato de algumas instituições não
utilizarem nenhum dos dois filtros pode ser explicado porque essas instituições aplicam a análise
somente em algumas operações concretas que identificaram, de forma geral, como de alto risco,
segundo seus próprios critérios institucionais.
Gráfico 2.8: Filtros para aplicar a análise de
riscos ambientais e/ou sociais
Gráfico 2.9: Tipo de operações
Montan te e setor
às quais é aplicada a análise de
Soment e o montan te
26%
17%
30%
riscos ambientais e/ou sociais
Soment e o setor
Ao Project Finance e a outras operações
Nenhum dos dois
Soment e a outras operações
28%
20%
24%
Soment e ao Project Finance
n=54/57
56%
n=54/57
Veja o estudo
de caso na
página 62 para
entender como
o Banco General
de Panamá
desenvolveu
seu sistema de
gestão ambiental
e social.
“Grandes passos
em pouco
tempo”
33
O processo de análise de risco ambiental e social é realizado através de diferentes mecanismos e/
ou ferramentas, dentre os quais se destaca a verificação do cumprimento dos requisitos legais e/ou
ambientais, as visitas aos locais, entrevistas com agentes-chaves e o uso de códigos e regulamentos
internos (gráfico 2.10). Essas ferramentas podem ser consideradas úteis para reunir informações e para
tomar decisões, e inclusive, em muitos casos, são etapas necessárias dentro do processo de avaliação
de riscos socioambientais.
Das instituições que avaliam riscos socioambientais, 75% utilizam uma lista de exclusão como
primeiro mecanismo de decisão de financiamento. A lista de exclusão é uma ferramenta especial, uma
vez que inclui as atividades que uma instituição não financia, de jeito nenhum, enquanto as outras
ferramentas ajudam a determinar quais condições ou recomendações podem ser feitas ao cliente para
que este aprove a decisão de financiamento.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o caso
estudado na
página 63
para entender
como o Itaú
BBA, do Brasil,
desenvolveu
sua ferramenta
de auditorias
ambientais e
sociais para
a análise de
risco social e
ambiental e em
seus projetos.
Gráfico 2.10: Ferramentas e mecanismos
utilizados para realizar a análise de
riscos ambientais e/ou sociais
88%
76%
73%
65%
57%
“Uma aplicação
no setor de
infraestrutura”
49%
43%
33%
29%
24%
18%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=54/57
Veja o estudo de
caso na página
65 para entender
como funciona
o sistema de
gestão de riscos
socioambientais
do Banco
Pichincha, do
Equador.
“Administrando
os riscos
ambientais
e sociais,
oferecendo, por
sua vez, guias e
capacitações”
A inclusão de critérios ambientais e sociais na análise de riscos requer a capacitação dos funcionários
nesses assuntos para poderem executar esse tipo de análise. A grande maioria das instituições
pesquisadas mencionou que tem pessoas capacitadas na matéria dentro de sua equipe de análise
de risco (gráfico 2.11). Delas, 45% têm uma equipe especializada que se dedica ao tema em tempo
integral. Das instituições que não têm uma equipe especializada, mais da metade (58%) conta com
uma aliança com um órgão externo para realizar esse trabalho.
Todas as instituições pesquisadas que disseram contar com uma equipe especializada mencionaram
que, por sua vez, recebem suporte de um órgão externo para aprofundar a análise quando o risco é alto
ou quando precisam ter opiniões especializadas em projetos de análise mais complexos. Dessa maneira,
as competências da equipe de risco ambiental e social são complementadas com o conhecimento
de um órgão externo que pode apresentar conceitos, ferramentas e capacitações valiosas. Os órgãos
externos mais procurados são os consultores especializados e o apoio concedido por organizações
multilaterais (gráfico 2.12).
Gráfico 2.11: Pessoas destinadas/
Gráfico 2.12: Parceiros externos
capacitadas para aplicar esta análise
de riscos ambientais e sociais
Sim
60%
50%
42%
40%
Não
14%
21%
0%
86%
Consultore s
externos
n=38/38
34
24%
20%
Apoio de
multilaterai s
Apoio de alguma
organização
internaciona l
Outros
n=57/57
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo
de caso na
página 67 para
entender como
o Bancoldex,
da Colômbia,
trabalha
com seus
clientes para
administrar
os riscos
ambientais e
sociais.
“Enfrentando
as falhas de
mercado”
Embora sejam muitos os incentivos para a aplicação de riscos ambientais e sociais segundo as
instituições pesquisadas, os principais são: proteger o valor dos investimentos no longo prazo, evitar
perdas de reputação institucional e evitar prejuízos (gráfico 2.13). Existem outras fontes de motivação,
como criar ou melhorar o relacionamento com os clientes, aumentar o valor agregado e diferenciado
e encontrar novas fontes de financiamento, geralmente internacionais, que exigem ter um manejo
desses riscos como condição necessária para dar acesso a seus fundos.
Gráfico 2.13: Principais incentivos
para a aplicação da análise de riscos
ambientais e sociais
100%
94%
86%
80%
65%
60%
39%
40%
24%
20%
4%
8%
0%
Protege r o valor dos Evitar perdas
investimentos de de reputação
longo prazo/
administra r os riscos
Evitar
prejuízo s
Fidelizar
seus clientes
Ganhar
clientes
Não sabem
Outros
n=51/57
O principal obstáculo para as instituições pesquisadas que não poupam esforços nesse âmbito é a
falta de compreensão e/ou conhecimento do tema, acompanhado da percepção de uma falta de
reconhecimento por parte do mercado e/ou seus grupos de interesse, e por falta de recursos humanos
ou tempo (gráfico 2.14).
Gráfico 2.14: Principais obstáculos para o
desenvolvimento de um sistema de análise
de riscos socioambientais
50%
45%
40%
32%
32%
27%
30%
20%
14%
10%
5%
5%
0%
Falta de compreensão
/conheciment o
do tema
Falta de
recursos
Falta de
reconhecimento
por parte do
mercad o/grupo
de interesse
Falta de cultura
interna frente
a mudanç as
Temor à
perda de
clientes
Falta de
compro misso
da alta
da gerência
Outros
n=64/85
35
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2.3 Negócios: produtos e serviços verdes
“Reconhecemos
a necessidade
que tem o setor
financeiro
de adaptar e
desenvolver
produtos e
serviços que
promovam os
princípios de
desenvolvimento
sustentável.”
A compreensão do manejo de recursos internos e dos riscos ambientais e sociais tem levado muitas das
instituições a se aproximarem cada vez mais do tema de oportunidades de negócio, permitindo-lhes
identificar vantagens competitivas em sua implementação.
Declaração da
Unep FI
(artigo 2.7)
Dessa maneira e seguindo as tendências mundiais de consumo e produção responsável, o setor
tem desenvolvido produtos que se adaptam às necessidades de clientes cada vez mais conscientes e
interessados em adquirir produtos e serviços que gerem, além do financeiro, valor ambiental e social.
No aspecto ambiental, os produtos e serviços estão muito relacionados com o investimento na geração
de energias alternativas, eficiência energética e ações de mitigação diante das mudanças climáticas,
além do apoio a autoridades ambientais públicas por meio da administração de recursos. No aspecto
social, os produtos e serviços são dirigidos, sobretudo, à população não bancarizada com o objetivo de
criar oportunidades de inclusão financeira mediante iniciativas relacionadas com as microfinanças,
a educação financeira e a canalização de recursos para empreendedores sociais. O projeto e a oferta
eficiente desse tipo de produtos e serviços devem ser traduzidos em benefícios ambientais e sociais,
oferecendo um retorno econômico.
A sensibilização e a capacitação dos funcionários, que se criam através de políticas de gestão de recursos
internos e da análise de riscos creditícios e/ou de investimentos, geram uma cultura e entendimento
que são muito favoráveis para assegurar o compromisso das pessoas que criarão, desenvolverão e
promoverão os novos negócios.
Proporcionar produtos e/ou serviços relacionados com aspectos de sustentabilidade é uma prática
frequente, já que 69% das instituições pesquisadas o fazem e é comum tanto para instituições comerciais
privadas quanto para instituições de desenvolvimento. Das instituições que não têm produtos desse tipo
em seus portfólios, 50% pensam oferecê-los no futuro, enquanto para aquelas que já oferecem esses
produtos, 69% querem ampliar ou diversificar sua oferta.
Gráfico 2.15: Tipo de produtos e/
ou serviços relacionados com
aspectos de sustentabilidade
Ambos
Não
31%
57%
11%
1%
Predominam as instituições que oferecem
ambas as classes de produtos, enquanto um
número significativo de instituições tem
enfocado seu portfólio em um único aspecto
de sustentabilidade (gráfico 2.15).
Apenas social
Apenas ambiental
n=76/85
Entre os produtos e serviços ambientais mais oferecidos pelas instituições encontram-se os seguintes:
53% das instituições pesquisadas afirmaram que o produto que mais oferecem em termos ambientais
é o financiamento de energia renovável, seguido pelos investimentos ambientais, que representam 45%,
e as linhas de crédito para pessoas jurídicas para a aquisição de produtos ambientalmente amigáveis,
com 36% (gráfico 2.16).
36
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo de
caso na página
70 para entender
como o BNDES
se comprometeu
com as mudanças
climáticas.
“Motor para o
desenvolvimento
baixo em
carbono”
Gráfico 2.16: Tipo de produtos e
serviços em termos ambientais
53%
Financiamen to de energia renovável
45%
Investimen tos ambientai s
Linhas de crédit o para pessoas jurídicas
para a aquisiçã o de produtos ambientai s
36%
Linhas de crédit o para pessoas jurídicas
especiai s para trans formaçõe s ambientai s
34%
32%
Linhas de crédit o para pessoas físicas para
a aquisiçã o de produtos ambientai s
Linhas de crédit o para pessoas físicas especiais
para trans formaçõe s ambientai s
30%
28%
Empréstimo s “verdes”
19%
Serviços de asse ssori a ambiental
Fundos de investimen to que seleciona m projet os/
organizações por desempenh o ambiental
17%
15%
Cartões que apoiam uma causa
8%
Hipo tecas “verdes”
6%
Cont as de poupança “verdes”
8%
Outr os
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=53/54
Veja o estudo de
caso na página
71 para entender
como Financiera
Rural, do México,
financia o
desenvolvimento
sustentável do
setor florestal
nesse país.
“Semeando um
setor florestal
sustentável”
O maior incentivo para as instituições pesquisadas quando procuram criar produtos e serviços desse tipo
é inovar e diversificar seu portfólio de produtos (gráfico 2.17). É interessante apontar que este incentivo
pesa mais do que a própria regulamentação, o que significa que a oferta de produtos socioambientais
está se consolidando como uma tendência de mercado. Somente 39% das instituições indicam que
é por demanda de seus clientes, o que poderia implicar que existem outros grupos de interesse que
incentivam a inovação. Isso é confirmado também pela quantidade de instituições que dizem fazê-lo
para melhorar a imagem institucional, o que não apenas se refere à percepção de seus clientes, mas
também à de outros grupos de interesse e à do público em geral.
Gráfico 2.17: Incentivos para tratar de criar
ou desenvolver algum produto ou serviço com
características de sustentabilidade
100%
90%
80%
78%
70%
60%
51%
50%
39%
40%
29%
30%
14%
20%
12%
10%
0%
Para melhorar
a imagem
instituciona l
Por demanda
dos clientes
Evolução da
regulament ação
Valores
éticos
Outros
n=49/54
37
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo de
caso na página
72 para entender
como a Cofide,
no Peru, tem
desenvolvido
o Programa
Cofigas para
apoiar o setor
de transporte
nacional.
“Formando uma
cultura do gás
natural como
alternativa”
As instituições pesquisadas inclusive mencionam que esses incentivos se materializam: 80% delas
dizem ter experimentado uma melhora na imagem institucional, 45% reportam um aumento
na quantidade de clientes graças ao desenvolvimento desses produtos e serviços e 27% relatam um
aumento considerável em suas receitas.
O maior obstáculo que as instituições
que não têm esses produtos enfrentam
para implementar esse tipo de
produtos e serviços continua sendo a
falta de compreensão e interesse no
assunto dentro da própria instituição.
Um dos grandes desafios para o
futuro é que as instituições entendam
como a sustentabilidade se aplica
ao seu negócio e as vantagens que
esta traz a uma organização além
do relacionado exclusivamente com
temas reputacionais (gráfico 2.18).
Gráfico 2.18: Obstáculos para o
desenvolvimento de produtos e serviços
com características de sustentabilidade
90%
80%
75%
70%
60%
45%
50%
40%
30%
30%
15%1
20%
5%
10%
0%
Falta de
compreensão/
conhec imento
do tema
Falta de
reconhecimento
por parte
do mercado /
grupos
de interesse
Falta de cultura
interna perant e
as mudança s
Falta de
compro misso
da alta de
gerência ou
priorizaçã o
estratégic a
n=20/22
O segundo obstáculo é a falta de reconhecimento pelo mercado ou os grupos de interesse da instituição,
seguido pela falta de cultura perante a mudança no interior da instituição. Isso demonstra que falta
envolver mais os funcionários para que entendam melhor esses aspectos e sua importância, já que
todos têm um papel a desempenhar. Um dos meios para conseguir isso é sensibilizando os funcionários
ou clientes de forma adequada, oferecendo-lhes serviços de capacitação e ferramentas para essa
finalidade.
Veja o estudo de
caso na página
74 para entender
como o Banco
Nacional de Costa
Rica oferece
um bônus para
a compensação
de emissões de
veículos.
“Reduzir a
pegada de
carbono de seus
clientes”
Oferta de produtos e serviços nos bancos de desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento, por sua natureza e funções, consideram a oferta de
produtos e serviços para o desenvolvimento ambiental e social um trabalho muito
importante. 76% dos bancos de desenvolvimento afirmaram que oferecem esse tipo
de produtos e serviços. Dessa porcentagem, 53% mencionaram que ofereciam tanto
produtos ambientais quanto produtos sociais, o que significa que não se concentram
em um enfoque específico.
Quadro 2.1: Oferta de produtos
e serviços nos bancos de
desenvolvimento
Sim
Não
24%
76%
n=13/17
38
Uma das grandes vantagens dos produtos
e serviços oferecidos pelos bancos de
desenvolvimento é a repercussão positiva
que têm nos bancos de primeiro nível.
Em muitas ocasiões são os bancos de
desenvolvimento os que estabelecem
esse tipo de produtos, com condições
preferenciais para que os bancos de
primeiro nível as aproveitem, apreciem
o valor agregado e busquem adaptar
essas novas condições com vantagens
competitivas para seus portfólios de
crédito ou investimento.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
10. CAPÍTULO 3: Comunicação e diálogo com
grupos de interesse
“Recomendamos
que as
instituições
financeiras
elaborem e
publiquem sua
política ambiental
e que informem
periodicamente
sobre as medidas
que tenham
adotado para
promover a
integração de
considerações
ambientais em
suas operações.”
Declaração
Pnuma (artigo
3.1).
A crescente demanda por parte dos grupos de interesse para que as organizações do setor financeiro
gerenciem e desenvolvam políticas de sustentabilidade resultou em instituições cada vez mais
interessadas em informar, comunicar e envolver outras partes sobre suas ferramentas de administração
e de gestão de assuntos econômicos, ambientais e sociais. O diálogo com grupos de interesse surge
também como uma oportunidade para gerar confiança, aprendizagem, colaboração e inovação.
Este capítulo pretende ressaltar a importância que os mecanismos de comunicação e envolvimento
com relação à sustentabilidade ganharam para as instituições latino-americanas. Em primeiro lugar,
é feita uma revisão das estratégias de comunicação e seus principais mecanismos para divulgar a
informação aos grupos de interesse. Os grupos de interesse de uma organização incluem aqueles
indivíduos ou organizações de indivíduos que afetam atividades, produtos e serviços e seu desempenho
ou poderiam ser afetados por eles8. O envolvimento dos grupos de interesse é o processo por meio do
qual os grupos considerados relevantes para uma organização assumem o compromisso de identificar
expectativas, oportunidades e impactos, e responder com iniciativas estratégicas e de gestão.
Em segundo lugar, considerando como os relatórios de sustentabilidade tornaram-se um dos
mecanismos de comunicação mais utilizados pelo setor financeiro latino-americano, desenvolve-se
item que trata desse assunto. Os relatórios respondem à necessidade de mostrar o comprometimento e a
transparência das instituições diante do seu desempenho da gestão e controle dos aspectos ambientais
e sociais, além de servirem como ferramentas importantes para um contínuo aperfeiçoamento.
Por último, explora a participação dos bancos latino-americanos nas iniciativas voluntárias de
sustentabilidade empresarial que proliferaram tanto em âmbito global quanto regional. Essas iniciativas
podem desempenhar um papel importante na criação de padrões de bom manejo dos aspectos
ambientais e sociais, podem guiar as instituições em como optar por práticas de sustentabilidade e
para melhorar a troca de experiências.
Principais resultados:
96% das instituições pesquisadas têm uma estratégia para comunicar seu
desempenho ambiental e social.
71% têm mecanismos de envolvimento de seus grupos de interesse para
influenciar essas atividades.
As atividades mais comuns são a organização de palestras ou eventos especiais
e o desenvolvimento do site voltado para esses temas.
77% das instituições pesquisadas publicam um relatório anual de
sustentabilidade. 98% dessas instituições utilizam a GRI como referencial para
elaborar esses relatórios.
As áreas que participam mais ativamente da elaboração do relatório são
Comunicações, Sustentabilidade e Gestão Humana.
Somente 57% desses relatórios foram submetidos a verificação por um órgão
externo.
72% das instituições participam de, pelo menos, uma iniciativa voluntária
relacionada a aspectos de sustentabilidade.
AA1000 Stakeholder Engagement Standard 2011. www.accountability.org/about-us/publications/aa1000framework.html Disponible en: Consultado 27 de março de 2012.
39
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
3.1 Mecanismos de comunicação e
envolvimento
A maioria das instituições pesquisadas conta com mecanismos para comunicar e envolver seus grupos
de interesse em sua gestão de sustentabilidade (gráfico 3.1). Um quarto desses grupos utiliza somente
ferramentas para comunicar suas atividades, diante de 71% que também envolvem seus grupos de
interesse para avaliar essas atividades e participar no processo de tomada de decisões.
Gráfico 3.1: Estratégia
O envolvimento, além de ser um componente
essencial de prestação de contas sobre a gestão
da sustentabilidade de uma organização, é a
maneira mais efetiva para identificar os assuntos
materiais de uma organização. Por conseguinte,
estas devem estabelecer mecanismos que
permitam comunicar, dialogar e dar respostas de
forma oportuna aos seus grupos de interesse.
de comunicação
Comunica r
e envolver
4%
Apenas comunicar
25%
Nenhum a
71%
n=77/85
Entre os principais mecanismos utilizados pelas instituições financeiras latino-americanas, depois
do relatório de sustentabilidade, estão as palestras e eventos, a internet e as reuniões de grupos de
trabalho ou comitês especiais (gráfico 3.2). Por meio desses espaços, as instituições não só comunicam
a informação sobre sua gestão de sustentabilidade, como também criam espaços de sensibilização e
inovação com seus grupos de interesse internos e externos.
Gráfico 3.2: Mecanismos de comunicação e envolvimento
77%
34%
23%
5%
66%
62%
49%
41%
30%
28%
28%
16%
14%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n= 77/85
Comunicaçã o
40
Envolvimen to
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
3.2 Relatórios de sustentabilidade
A maioria das instituições pesquisadas comunica sua gestão por meio de um relatório de sustentabilidade
(gráfico 3.3). Algumas instituições começaram esse processo no final dos anos 90, mas trata-se de uma
prática que se fortaleceu muito na região nos últimos cinco anos (gráfico 3.4).
Gráfico 3.4: Instituições que
Gráfico 3.3: Relatório de
publicam relatórios anuais de
sustentabilidade
sustentabilidade
“Compartilhando
sua vasta
experiência”
80%
Sim
74%
70%
Não
66%
60%
57%
50%
26%
47%
40%
74%
35%
30%
23%
20%
12%
16% 17%
2011
2010
2009
2007
2006
2005
2004
2003
3% 6%
2001
1999
1998
1%
2000
1%
0%
n=74/74
2002
10%
2008
Veja o estudo de
caso na página
75 para entender
como o Banco
Santander Brasil
desenvolveu um
espaço virtual
de boas práticas
em matéria de
sustentabilidade.
n=57/74
Os assuntos mencionados como mais relevantes dentro da publicação do relatório foram o investimento
social, a inclusão financeira, as políticas, os papéis e responsabilidades ambientais e sociais dentro da
instituição.
Como se pode observar, os relatórios começam a contar com um caráter mais integral, concentrando-se
não apenas em fazer um balanço de suas atividades de investimento social, mas também abrangendo
temas-chave, como as iniciativas de ecoeficiência, a integração dos aspectos ambientais nas operações
da instituição e a geração de políticas internas para a avaliação de metas relacionadas com aspectos
de sustentabilidade.
A área de Comunicações foi identificada como a mais importante na elaboração do relatório de
sustentabilidade, seguida pelas áreas de Gestão Humana e Sustentabilidade (quando contam com
um responsável ou área (gráfico 3.5). Convém esclarecer que 42% daqueles que publicam relatório
de sustentabilidade contam com a participação de todas as áreas da instituição que podem ser
consideradas relevantes para sua elaboração.
Gráfico 3.5: Áreas ou departamentos que participam ativamente na
elaboração do relatório de sustentabilidade
100%
80%
77%
74%
70%
68%
60%
62%
58%
57%
42%
40%
20%
11%
0%
ComunicaçãoÁ
Gestão
Humana
rea de
Alta
Sustentabi lidade administraçã o
Comercial
ou negócio
Administração
RiscoT
odas
Outra
n=77/85
41
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Uma alta porcentagem das instituições pesquisadas utiliza um referencial em sua metodologia para a
elaboração do seu relatório. A GRI é o referencial mais utilizado com quase 75% de representatividade. No
entanto, apenas a metade delas utiliza o suplemento financeiro, projetado para reportar dimensões de
sustentabilidade especialmente relevantes para esse setor. Entre outros referenciais, foram identificados
o Balanço Social Ibase, no Brasil, e a ISO 26000 (guia de gestão sobre responsabilidade corporativa).
A utilização desses indicadores faz parte do que se reconheceu como a nova contabilidade
extrafinanceira, na qual a organização não apenas apresenta seus resultados financeiros, mas também
seu desempenho em assuntos ambientais e sociais.
Gráfico 3.6: Verificação
externa do relatório de
sustentabilidade
Sim
Não
43%
57%
Pouco mais da metade das instituições que
publicam um relatório de sustentabilidade realiza
sua verificação externa (gráfico 3.6). Convém
ressaltar que todas as instituições internacionais
que têm operações locais em muitos países da região
realizam verificação externa por tratar-se de uma
diretriz de suas matrizes.
n=44/77
A verificação ou garantia por parte de terceiros mostra-se positiva, já que busca reforçar o compromisso,
o conhecimento e a orientação da instituição quanto à sustentabilidade e garantir um exercício de
transparência e revisão do rigor da informação reportada, o que lhe dá maior credibilidade.
Quadro 3.1: Relatório de sustentabilidade nos bancos de
desenvolvimento
Publicar um relatório de sustentabilidade, mesmo sendo a prática preferida para
comunicar a gestão de sustentabilidade, parece ser menos comum para os bancos de
desenvolvimento (60%) do que para os bancos comerciais (80%).
3.3 Participação em iniciativas voluntárias
Os últimos anos caracterizaram-se pela proliferação de iniciativas voluntárias que buscam um
compromisso de seus afiliados diante do desempenho ambiental e social. Por meio de princípios ou
critérios reconhecidos internacionalmente, essas iniciativas pretendem que o setor privado melhore seu
desempenho e compartilhe melhores práticas de gestão sustentável. Além de iniciativas, organizações
e institutos que trabalham em temas de gestão sustentável no setor privado em geral, existem algumas
que estão dirigidas especificamente ao setor financeiro, aos seus desafios e oportunidades particulares.
Além disso, foram desenvolvidos vários índices de sustentabilidade que tratam de medir o desempenho
das empresas em seu manejo de assuntos de governança ambiental e social. A participação nesses
índices é voluntária e requer, na maioria dos casos, processos de verificação ou envio de informação.
O gráfico 3.7 demonstra a participação das instituições pesquisadas nas iniciativas, institutos e índices
mais conhecidos e presentes na região.
42
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Gráfico 3.7: Participação em iniciativas voluntárias
39%
34%
31%
29%
23%
16%
18%
16%
8%
8%
19%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=83/85
Filiaç ão e/ou adesão
a iniciati vas
Participaç ão em índice s
de sustentabilida de
Das instituições pesquisadas, 72% aderiram a alguma dessas iniciativas; 70% delas participam de uma
iniciativa relacionada com a sustentabilidade no setor privado, enquanto 49% participam de iniciativas
dirigidas especificamente ao setor financeiro e 35% participam de algum ranking ou índice. Das
instituições que não participam de nenhuma iniciativa, 48% consideram fazê-lo futuramente. Vale a
pena ressaltar que, para as instituições que fazem parte de alguma iniciativa, essa proporção é ainda
maior (65%).
Além das iniciativas mundiais, a região conta com uma variedade de iniciativas regionais e nacionais.
A maioria das instituições que afirma participar de outras iniciativas ou institutos refere-se a
organizações desse tipo. Isso é especialmente relevante para as instituições no Brasil que têm uma
maior tendência a serem membros de iniciativas nacionais, dentre as quais se destaca o Protocolo
Verde. Este é uma iniciativa do setor financeiro, por meio da associação de bancos (Febraban) e o
Ministério do Meio Ambiente do governo brasileiro para melhorar a cooperação entre eles e colaborar
em conjunto no desenvolvimento sustentável do país. Esse protocolo, assinado em 2009, atualmente
conta com 18 signatários públicos e privados6. Existem outros exemplos de colaboração público-privada
na região, incluindo o esforço de um protocolo similar na Colômbia.
Quadro 3.2: Iniciativas voluntárias dos bancos de desenvolvimento
Dos bancos de desenvolvimento pesquisados, 50% participam de iniciativas voluntárias,
enquanto para as instituições financeiras restantes a proporção é muito maior (79%). A
diferença entre os dois tipos de bancos resulta, sobretudo, da filiação ao Pacto Global: 16%
para bancos de desenvolvimento versus 46% das outras instituições financeiras.
6. Protocolo Verde. Informação pública no site da Febraban. Disponível em: www.febraban.org.br/protocoloverde
43
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Veja o estudo de
caso na página
77 para entender
como o Fira, do
México, está
alinhado com
especialistas
para
melhorar seu
conhecimento
dos temas de
sustentabilidade.
“Parcerias para a
sustentabilidade”
Dentre os incentivos para adesão a iniciativas voluntárias, destacam-se as oportunidades oferecidas
para a criação de novos produtos e serviços, o conhecimento que oferecem perante novas tendências
no mercado e o intercâmbio de boas práticas e casos de sucesso na integração das operações dentro da
gestão diária da instituição (gráfico 3.8).
Gráfico 3.8: Principais incentivos para a adesão a uma iniciativa
Opor tunidade s
(geração de receitas , aumen to de repu tação)
78%
Alinhament o com novas
tendências no mercado
78%
Participaç ão na rede para compa rtilha r
as boas práticas e o conheciment o
76%
Opiniã o públic a e/ou novas
expectativ as dos clien tes
48%
11%
Pressão da concorrênci a
Experiências negativ as
(perdas de reputação etc.)
6%
Outr os
15%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=54/60
As instituições que participam de alguma iniciativa voluntária confirmam que muitos dos benefícios
conseguem se materializar. Dessas instituições, 79% confirmam que a adesão a iniciativas aumentou
sua competitividade no mercado, 55% notam uma melhora nas relações com organizações da sociedade
civil, enquanto 73% percebem um avanço em sua reputação e marca.
O gráfico 3.9 mostra os obstáculos enfrentados pelas instituições pesquisadas que ainda não se
alinharam com nenhuma iniciativa. Pode-se observar que a falta de reconhecimento dentro das
instituições é um obstáculo maior do que a falta de reconhecimento por parte de seus grupos de interesse.
Várias instituições relatam que entendem a finalidade de se alinharem a iniciativas voluntárias, mas
percebem uma falha ao não encontrar uma forma prática e simples para implementá-las dentro de
suas instituições.
Gráfico 3.9: Principais obstáculos para a adesão a uma iniciativa
67%
57%
38%
33%
24%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=21/23
44
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
11. CAPÍTULO 4. Conclusões e perspectivas
futuras
Neste último capítulo são apresentadas as conclusões mais relevantes apontadas no estudo. Faz-se uma
análise das perspectivas futuras quanto à integração da sustentabilidade nas instituições financeiras
latino-americanas, focalizando tanto os passos que as instituições consideram que deveriam dar,
quanto os assuntos nos quais o setor em geral deveria concentrar seu avanço.
4.1 O estado da integração da
sustentabilidade nas instituições
financeiras da América Latina
Os resultados do estudo mostram que o tema da sustentabilidade está tomando cada vez mais força
no setor financeiro latino-americano, especialmente nos últimos seis anos. As instituições pesquisadas
declararam que esses assuntos têm uma importância estratégica dentro do funcionamento de seus
negócios, e que a sustentabilidade é um tema de discussão nas instâncias mais altas de tomada de
decisões. De forma complementar, muitas instituições declararam que estão dirigindo pessoal e
recursos financeiros para a gestão da sustentabilidade dentro de sua organização. Algumas instituições
criaram até mesmo funções especializadas de sustentabilidade, de caráter transversal à organização, o
que é muito positivo quando se leva em conta que o tema tem implicações e consequências em muitas
operações da instituição.
Os grandes aspectos que as instituições pesquisadas estão focando para administrar a sustentabilidade
são os seguintes: o manejo de recursos internos considerando critérios de responsabilidade ambiental
e social, a gestão de riscos ambientais e sociais nas operações creditícias e em seus investimentos, e a
criação de produtos e serviços que seguem critérios de sustentabilidade. No entanto, convém destacar que
os impactos indiretos das instituições financeiras têm um peso mais significativo sobre o desempenho
sustentável nas operações do setor. O estudo esclareceu que muitas instituições começaram a trabalhar
nesses impactos indiretos com grupos de interesse estratégicos, como fornecedores e clientes.
Um enfoque predominante em riscos
Os resultados da pesquisa evidenciam que, apesar de ser um tema relativamente novo, a maioria das
instituições compreendeu a importância da gestão responsável de riscos ambientais e sociais associados
à colocação de seus produtos, já que esses riscos podem gerar consequências negativas tanto no fluxo
de caixa, como em questões legais e de reputação.
Por outro lado, a partir da integração de aspectos ambientais e sociais na análise e gestão de riscos,
abrem-se novas oportunidades comerciais e é facilitada a criação de produtos e serviços inovadores
para o setor produtivo. Também se promove a integração da sustentabilidade nos múltiplos setores com
os quais o setor financeiro trabalha, muitos dos quais têm impactos.
Com a promoção e o desenvolvimento de um negócio responsável e inclusivo, o setor financeiro pode
gerar impactos positivos e contribuir para o desenvolvimento da região, promovendo uma verdadeira
transformação da economia.
45
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Nesse sentido, o setor financeiro deve desempenhar um papel inovador e proativo, diferenciando-se e
adaptando-se às necessidades particulares da região e gerando valor para seus clientes por meio de seus
projetos e atividades.
Uma tendência do mercado
Com relação aos incentivos, é claro que estes derivam mais das tendências que vêm sendo construídas
em um mercado cada vez mais consciente da importância da sustentabilidade e da gestão responsável
de impactos ambientais e sociais, e não apenas da evolução de uma regulamentação que impõe que as
instituições financeiras levem em conta esses critérios. Isso demonstra que, embora existam entidades
reguladoras, tanto nacionais quanto internacionais, que estão aplicando critérios normativos para
regulamentar os aspectos sociais e ambientais, há outras forças do mercado que empurram o setor
financeiro a incorporar esses fatores em suas operações. A demanda dos clientes, a criação de novos
segmentos do mercado interessados no impacto da sustentabilidade e as expectativas dos grupos de
interesse são os principais incentivos para desenvolver esse tipo de atividade.
Desafios internos na implementação
Os principais obstáculos enfrentados pelas instituições pesquisadas no momento de incorporar a
sustentabilidade em suas operações concentram-se, sobretudo, no interior da organização. Foram
poucas as instituições que relataram que o grande desafio quando da implementação é a falta de
reconhecimento externo da importância do tema da sustentabilidade. A maioria das instituições
menciona, de forma recorrente, que um importante obstáculo é a falta de compreensão ou
conhecimento dos assuntos dentro da instituição. Visto que a sustentabilidade é reconhecida como um
fator estratégico importante, a falta de compreensão poderia referir-se não tanto à falta de discussão
do assunto e sua importância em instâncias de tomada de decisões, mas a um conhecimento mais
prático de como podem ser implementados os processos e atividades apropriados para gerenciar o
assunto internamente.
Considerando o acima exposto, a cooperação com entidades multilaterais e outros órgãos externos é
essencial, na medida em que estes podem tornar-se sócios estratégicos que proporcionam conhecimento
e serviços de capacitação, entre outros. Além disso, existem, por sua vez, múltiplas alianças com
iniciativas voluntárias que podem gerar conhecimento e valor para a implementação de práticas
responsáveis dentro das instituições, proporcionando informação, capacitação a baixo custo e uma
vasta rede de contatos que podem gerar um valor agregado.
Bancos de desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento, por sua natureza e operações, têm uma proximidade e compromisso
palpável diante da sustentabilidade. No entanto, os resultados da pesquisa mostram que há diferenças
importantes em comparação com as instituições comerciais privadas na implementação de várias
práticas de manejo sustentável, como a análise de riscos ambientais e sociais. Isso poderia ser
consequência de uma falta de formalização dessas atividades pela atribuição de responsabilidades.
Embora exista a conjuntura acima mencionada, muitas das instituições pesquisadas que foram
as primeiras a formular uma política de sustentabilidade são bancos de desenvolvimento, e essas
instituições são muito ativas na oferta de produtos e serviços com características de sustentabilidade.
46
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
4.2 Futuros passos na instituição e no setor
Como se pôde observar ao longo deste relatório, pela resposta de 85 instituições financeiras, a tendência
de fortalecer a gestão e inclusão da sustentabilidade no setor, em um futuro próximo, crescerá em
importância.
As instituições que estão trabalhando ativamente no assunto mostram um grande anseio de expandir
suas atividades, o que é muito positivo. Tanto as instituições que oferecem capacitação aos seus
funcionários nos assuntos relacionados com sustentabilidade, quanto as que fazem parte de uma
iniciativa voluntária, além daquelas que já incluem em seus portfólios produtos com características de
sustentabilidade, mostram que dão uma grande importância a esse tipo de atividade. O acima exposto
demonstra que essas atividades podem gerar grandes benefícios. Muitas dessas instituições, graças
à introdução desses aspectos, experimentam uma melhora em sua reputação, reduzem despesas ou
atraem novos clientes, tudo isso contribuindo para seu desempenho financeiro.
Os gráficos 4.1 e 4.2 mostram os passos necessários a serem seguidos, segundo as instituições
pesquisadas, para a formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade. Embora
os resultados deste relatório tenham mostrado a tendência de designar responsáveis para a gestão
da sustentabilidade, muitas das instituições notam que, para avançar no assunto, necessitam de
uma maior incorporação de responsabilidades dentro de cargos-chave na instituição (gráfico 4.1).
Isso poderia ser interpretado como uma evidência da necessidade de formalizar essas atividades e
sensibilizar os funcionários.
Gráfico 4.1: Futuros passos necessários na instituição para a
formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade
68%
Maio r responsabilida de do assunt o
em vários cargos-cha ve
62%
Sensibil ização de funcionário s
56%
Capacitação de gerentes
Diálog o com client es
e outros stakeholder s
46%
29%
Adesão a iniciativ as
28%
Aloc ação de orçament o
27%
Constituição de uma equipe de trabalho
14%
Diretriz do mais alto executiv o
11%
Outr os
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=79/85
Os resultados mostrados no gráfico 4.2 apontam a importância de cooperação e ação conjunta,
sobretudo com o governo e outras instituições financeiras. É importante notar como as entidades de
classe podem desempenhar um papel significativo na criação dessas condições de ação conjunta entre
entidades e para melhorar a comunicação com o governo e outros grupos de interesse, como acontece
em vários países da região, como o Brasil, a Colômbia e o México.
47
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Gráfico 4.2: Futuros passos no setor financeiro para facilitar a
formulação e implementação de diretrizes em torno da sustentabilidade
78%
71%
64%
53%
44%
6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
n=78/85
Finalmente, os resultados gerais do estudo demonstram a importância que o tema da sustentabilidade
tem para o setor financeiro, incluindo aspectos econômicos, ambientais e sociais. Como foi enfatizado
ao longo deste relatório, a sustentabilidade é um aspecto-chave para o desenvolvimento responsável
do negócio do setor e de suas operações. Espera-se que futuramente a sustentabilidade continue se
fortalecendo, não apenas no que se refere à comunicação de resultados, mas também à gestão de ações
concretas que resultem no melhor desempenho das instituições financeiras.
48
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
12. CAPÍTULO 5: Estudos de caso7
1 Política, estratégia e organização
1.1 Visão e estratégia de sustentabilidade
Mutualista Pichincha:
Uma visão de sustentabilidade construída com os grupos de interesse
Equador
Fundada em 1961, a Mutualista Pichincha é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos,
cujo objetivo é a captação de recursos do público para o financiamento de moradia e construção.
Tipo de
instituição:
associação de
poupança e crédito
Principais linhas
de negócio:
financeiro
(principalmente
crédito para
moradia) e imobiliário
(incorporação de
projetos imobiliários)
Ativos totais:
US$ 457 milhões
(2011)
Número de
funcionários:
538 (2011)
Visão e política de sustentabilidade
Para a Mutualista Pichincha, a sustentabilidade é uma visão de negócio e um compromisso da Alta
Direção. Na própria definição de sua missão, a instituição explicita seu compromisso: “Entregar aos
nossos clientes soluções financeiras e imobiliárias eficientes executadas com responsabilidade social
empresarial”.
Da mesma forma, dentro do Planejamento Estratégico 2010-2012, foram estabelecidos objetivos
específicos com o fim de alcançar a meta de tornar-se uma empresa socialmente responsável. Os eixos
estratégicos de sustentabilidade para a organização são os seguintes: Governança Corporativa, Grupos de
Interesse, Econômico, Ambiental, Recursos Humanos, Direitos Humanos, Sociedade, Responsabilidade
e Impacto dos Produtos. Essas políticas são gerenciadas desde o Comitê de RSC, liderado pelo gerente
geral e pelo presidente da diretoria e integrado por todos os altos dirigentes institucionais.
De acordo com o acima exposto, e com vista ao gerenciamento da RSC, foram implementadas as
seguintes políticas: de direitos humanos, ambiental, de responsabilidade sobre os produtos, de
comunicações de marketing, social, de compras e de gestão de risco operacional. Adicionalmente, o
Regulamento Interno do Trabalho e o Código de Ética foram revisados e atualizados, de tal forma que
no Código de Ética, por exemplo, foi incluído um capítulo sobre Concorrência Desleal.
Uma das metas da Mutualista é promover uma estratégia de cultura institucional de RSC, motivo pelo
qual foram definidos indicadores-chave próprios e foram adotados outros estabelecidos pela GRI. O
monitoramento dessas metas e indicadores é realizado pelos responsáveis de cada uma das áreas da
instituição, o que maximiza sua eficiência e transversalidade.
Para mais informações, consultar:
Relatório de Responsabilidade Social Empresarial Mutualista Pichincha (2010), disponível em:
www.mutualistapichincha.commupimemoria2010MemoriaSostenibilidad2010.htm
7 Todos os casos de estudo foram redigidos com base em informação pública e oferecida pelas
instituições que colaboraram. Todos os dados apresentados são de dezembro de 2011.
49
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Banco Galicia:
Implementação de uma visão transversal da sustentabilidade
Argentina
Tipo de
instituição: banco
comercial privado
Principais linhas
de negócio:
banco pessoa
física, banco
comercial, banco
de investimento,
seguros
Ativos totais:
US$ 11,531 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 5.500 (2011)
O Banco Galicia estabeleceu seu compromisso com o desenvolvimento da sociedade há mais de
40 anos a partir do trabalho que realiza com a comunidade, os colaboradores e suas famílias por
meio da Fundación Banco Galicia. Desde então, vem consolidando uma estratégia orientada para a
sustentabilidade. O compromisso com a gestão sustentável nasce da crença de que o Banco Galicia
só poderá desenvolver-se guiado por uma estratégia de longo prazo que leve em consideração o meio
ambiente e o entorno social. Esse processo foi marcado pela adesão ao Pacto Global das Nações Unidas
em 2004, pelo alinhamento às diretrizes GRI em 2005 e se firmou com a criação de um modelo de
gestão integral e transversal para toda a organização. Um de seus compromissos mais recentes foi
adotado em 2011, quando passou a ser o primeiro membro oficial da Argentina a aderir à Unep FI.
Alinhamentos internos
No Banco Galicia, a sustentabilidade está integrada à sua declaração de missão, segundo a qual seu
objetivo principal é fazer crescer o negócio contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país e
mantendo o compromisso constante com a boa governança corporativa.
Além disso, existe um Código de Ética que norteia a conduta de todos aqueles que fazem parte do banco,
e no qual são detalhados temas relacionados com a sustentabilidade, entre eles: o respeito e a defesa dos
direitos humanos e a igualdade de oportunidades, a qualidade dos serviços, os conflitos de interesses, a
transparência da informação, a prevenção contra a lavagem de ativos e crimes, entre outros.
De forma complementar, o banco consolidou uma estratégia de médio e longo prazo como modelo de
gestão para um funcionamento sustentável da organização. Esse modelo inclui temas como:
• a bancarização;
• a promoção do melhor serviço para todos os seus clientes;
• a gestão prudente do risco socioambiental e social;
• a criação de transparência, confiança e credibilidade;
• a promoção de oportunidades de desenvolvimento para os colaboradores;
• o respeito ao meio ambiente e às comunidades em que opera;
• a segurança de seus clientes.
Gráfico: Gestão sustentável segundo o Banco Galicia
Desenvolvimento Sustentável
Econômico
Políticas
•
Social
•
Ambiental
Programas
Práticas
Código de Ética
Princípios e Propósitos
50
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Integração das políticas nas atividades diárias
A governança corporativa do banco comprometeu-se com a promoção e contribuição para o
desenvolvimento sustentável. Para isso, a diretoria, órgão máximo de governo, e o gerente geral
encarregaram-se de definir a política e a estratégia de responsabilidade ambiental e social da entidade,
baseadas nos pilares descritos no gráfico. Nesse contexto, a gestão e o orçamento são definidos, avalizados
e acompanhados pelos diretores, os quais têm contato direto com a gerência de RSC. Com o objetivo
de se manterem capacitados e continuar somando novos conhecimentos à experiência adquirida, os
diretores e os ocupantes de altos cargos do banco participam de diferentes fóruns e congressos específicos
da atividade bancária e em âmbitos de promoção dos princípios de sustentabilidade. Também, para
conseguir ser uma força de mudança positiva, foram definidos objetivos de sustentabilidade para cada
um dos grupos de interesse, incluídos em sua estratégia de longo prazo. Nesse âmbito, todos os anos os
gerentes de área estabelecem metas de sustentabilidade dentro de seus planos de ação.
Para mais informações, consultar:
Informação geral sobre a gestão socioambiental, disponível em: www.galiciasustentable.com
Relatório de Responsabilidade Social Corporativa Banco Galicia (2011), disponível em: www.
galiciasustentable.com/IS2011
1.2 Estrutura organizacional
Grupo Santander:
Gerenciando a sustentabilidade em uma rede global
Espanha
Tipo de
instituição:
banco comercial
privado
Principais linhas
de negócio:
banco comercial,
banco de atacado
global, gestão
de ativos, banco
privado, seguros,
meios de pagamento
Ativos totais:
€ 1.251,525 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 193.000
(2011)
51
O Grupo Santander trabalha o tema da sustentabilidade por meio de três áreas estratégicas prioritárias:
o investimento na educação superior, o apoio às comunidades e ao meio ambiente e a manutenção
de relacionamentos estáveis e duráveis com seus grupos de interesse. Isso exige a integração de
fatores econômicos, ambientais e sociais em seus processos de negócios, o alinhamento com padrões
internacionais de sustentabilidade e de transparência e a interação contínua com seus grupos de
interesse. Sua presença em 40 países em todo o mundo e suas diversas linhas de negócio requerem um
sistema de organização sofisticado.
Para alcançar sua visão de ser uma instituição financeira que contribui para o progresso sustentável de
seu entorno, o Grupo Santander tem uma estrutura de governo especial que coordena suas atividades
relacionadas com a sustentabilidade tanto internacional quanto localmente (ver gráfico). O órgão
principal dessa estrutura é o Comitê de Sustentabilidade, cuja função é definir os planos estratégicos
das políticas de sustentabilidade para submetê-los à aprovação do Conselho de Administração.
Um comitê transversal
Quando o Comitê foi criado, em 2008, contou com a participação da Secretaria Geral, das áreas
de negócio, de riscos e comunicação corporativa e do Brasil. Tal decisão foi tomada em função da
relevância do tema para essas áreas do banco e, no caso do Brasil, pela experiência do banco nesses
temas e a importância das atividades no país.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
No entanto, a partir de 2010, o Comitê começou a incorporar mais funções que também tinham um
papel transcendental na integração da sustentabilidade na instituição. A composição atual do Comitê
demonstra como as funções mais importantes são integradas dentro da estrutura do Grupo, contando
com pessoas de várias funções, linhas de negócio e países, garantindo assim a compreensão desses
assuntos sob diferentes perspectivas e lidando com a situação de forma transversal.
Adaptação às necessidades específicas
Para executar as atividades do dia a dia, o Grupo Santander dispõe de uma área de Sustentabilidade
que faz parte da divisão de Comunicação, Marketing Corporativo e Estudos do Grupo. Essa área conta
com uma equipe de nove pessoas e é responsável pela gestão e impulso da sustentabilidade em todo o
grupo, ao mesmo tempo que coordena as diferentes ações realizadas.
As subsidiárias, por sua vez, desenvolvem as iniciativas locais mais adequadas para alcançar os objetivos
espelhados nas políticas globais, adaptando-os às necessidades locais ou setoriais. Dessa forma, as
políticas servem como padrão mínimo na gestão da sustentabilidade e cada agência tem a opção de
aplicá-las de forma mais estrita ou acrescentar critérios adicionais, desde que respeitadas as políticas
estabelecidas pela matriz.
Estrutura da Função da Sustentabilidade no Grupo Santander
Aprovação de planos estratégicos , política s
corporativ as e relatóri o da sustentabilidad e
CONSELHO DE ADMINIST RAÇÃO
Secretaria
geral
Santande r Brasil
COMITÊ DE
SUST ENTABILIDA DE
Presidido pelo
conselheiro delegado
Riscos
Banco de Atacado
Global
Tecnologia
e Operaçõe s
Divisã o Financeira
Recursos
Humano s
Universidade s
Secretaria do comitê
sustentabilidade :
Diretor da área
de sustentabilidade
Comunicação
Marketing Corporativo
e Estudos
Coordena çãoC
Comitês
multidisciplinares
oorden ação
Comitês RSC
Reino Unido
Fundação
Banco Santande r
Coordena ção
Comitês
RSC Brasil
Comitês locais
RSC outros países
Para mais informações, consultar:
A função da sustentabilidade no Grupo Santander, disponível em:
www.santander.com/csgs/Satellite/CFWCSancomQP01/es_ES/Corporativo/Sostenibilidad/
Santander-y-la-sostenibilidad/La-sostenibilidad-en-Banco-Santander.html
52
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Grupo BBVA:
“Política
de
Responsabilidade
Social
Corporativa
a
partir
de
uma
aproximação Global”
Espanha
Tipo de
instituição: banco
comercial privado
Principais linhas
de negócio:
banco de varejo,
administração de
ativos, banco privado
e banco de atacado
Ativos totais:
US$ 584,438 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 110.000
(2011)
O BBVA vem avançando em ações baseadas no Plano Estratégico de Responsabilidade Corporativa
(RC), aprovado em meados de 2008 pelo Conselho de Administração e baseado em quatro eixos:
educação, inclusão financeira, banco responsável e compromisso com a sociedade. A política de RC do
BBVA mantém uma aproximação “Glocal” e parte da definição global, cujo fim é conseguir a melhor
coordenação e as maiores sinergias, para depois desdobrar-se e adaptar-se às especificidades de cada
realidade socioeconômica local.
Compromisso global, prática local
No que diz respeito à organização, no ano de 2011 houve um grande avanço no sistema de governança
da responsabilidade corporativa: o próprio Comitê de Direção do Grupo passou a exercer a função de
Comitê de Responsabilidade e Reputação Corporativas, o que eleva essas questões ao mais alto órgão
executivo do banco. É a Unidade de Responsabilidade e Reputação Corporativa, parte da Direção de
Comunicação e Marca, que supervisiona a integração dos planos estratégicos de sustentabilidade no
banco (gráfico).
No grupo como um todo foram criados três comitês operacionais de caráter transversal que se
encarregam da implantação dos programas de RC. Além disso, a equipe global de Sustentabilidade
participa de inúmeros comitês de outras áreas do banco para garantir a integração do tema nas
operações bancárias mais relacionadas a ele. Esse esquema, por sua vez, é replicado em cada um
dos países onde o Grupo está presente de forma significativa por meio da criação de um Comitê de
Responsabilidade e Reputação Corporativa com representantes de cada uma das áreas de negócio e
presidido pelo responsável máximo do banco no país, o country manager. Em 2011, foram constituídos
comitês locais de RC na Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela. Esses comitês contam com o
apoio de coordenadores locais de RC nas regiões-chave para o banco.
Organização da função de responsabilidade corporativa
Conselho de Administração
Presidência
Comitê de Direção do Grupo
Comitê de Direção Local
e das Áreas do Negócio
Direção de Comunicação e Marca
Comitê de Riscos SAR
Responsabilidade e Reputação Corporativa
Reputação
& People
Insights
Sustentabilidade
Coordenação global
53
Ação Social
Comitê de ESG Investments
RRC Espanha
e Portugal
RRC México
RCC
América do
Sur
RCC USA
Coordenação local
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Este novo sistema de governança pretende integrar de forma crescente e transversal, em todas as
áreas de negócio e com o apoio do Grupo, a gestão estratégica das variáveis de sustentabilidade. Essa
estrutura, por sua vez, permite garantir a continuidade e dinamismo nas políticas de RC e integrá-las
em todas as unidades e áreas geográficas.
Aplicando o princípio “Glocal” nos esquemas de capacitação
especializados
O Grupo BBVA mantém uma aproximação “Glocal” tanto na sua política quanto nos seus programas
de formação relativos à RC, prevalecendo assim a máxima diversidade possível na distribuição
geográfica dos capacitados. A prioridade de capacitação do pessoal foca-se, principalmente, na área de
riscos ambientais e sociais. Por isso, o departamento central de Formação de Riscos é o que determina
os esquemas de capacitação, a quota de funcionários que se devem capacitar e as metas anuais. Em
termos de capacitação sobre análises de riscos ambientais e sociais (Aras), o banco encontrou um
importante parceiro na Unep FI, que oferece uma grande variedade de cursos de capacitação nesses
temas. Desde 2009, já foram capacitados mais de 40 gerentes e analistas de riscos nos cursos virtuais
oferecidos por essa organização. Essa estrutura possibilita que o banco ofereça conhecimentos básicos
sobre o tema para os funcionários de toda a sua rede global.
Para mais informações, consultar:
A estrutura organizacional relativa à Responsabilidade Corporativa, disponível em:
www.bancaparatodos.com/es/informacion-de-responsabilidad-corporativa-2011/principiospoliticas-y-grupos-de-interes/principios-politicas-y-gobierno-de-la-rc/
Informação geral sobre a gestão socioambiental, disponível em:
www.bancaparatodos.com/es/
54
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2 Gestão ambiental
2.1 Manejo de recursos e cadeia de valor
sustentável
BBVA Bancomer:
Adaptando os planos globais em âmbito local
México
Tipo de
instituição:
banco comercial
privado
Principais linhas
de negócio:
banco corporativo,
banco empresas,
banco privado e
patrimonial e banco
comercial
Ativos totais:
US$ 93,392 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
cerca de 35.000
(2011)
O BBVA Bancomer, além de ser um dos principais bancos do México, é um dos maiores subsidiários do
Grupo BBVA, motivo pelo qual exerce um papel decisivo na resposta integral aos planos ou políticas
estabelecidos na matriz no que diz respeito ao cuidado do meio ambiente. Um elemento central
dessa resposta é a diminuição dos impactos ambientais diretos por meio de um adequado manejo do
consumo interno de recursos. Assim, em 2008, o Grupo lançou pela primeira vez um Plano Global de
Ecoeficiência (PGE), que contempla um conjunto de objetivos para o período 2008-2012 (ver tabela).
As subsidiárias devem, a cada quatro meses, reportar à sede principal na Espanha seu desempenho com
relação aos objetivos do programa. Além disso, elas têm a responsabilidade de desenvolver iniciativas
próprias com base no plano global para conquistar os objetivos traçados. Para realizar essas atividades,
contam com o apoio da Unidade de Sustentabilidade do Grupo; há, também, um Comitê especial de
Ecoeficiência e Compras Responsáveis em âmbito mundial, criado em 2011, dedicado à definição de
estratégias e à troca de boas práticas nesses temas entre as subsidiárias (para obter mais informações
sobre a estrutura organizacional de sustentabilidade do Grupo BBVA, ver estudo de caso na página 53).
- 20%
Emissões de CO2
- 10%
Consumo de papel
- 7%
Consumo de água
- 2%
Consumo de energia
+ 20%
Sedes principais
Obtenção de Leed ouro nas novas sedes
Aplicando a política em âmbito nacional e superando as expectativas
No México, o BBVA Bancomer trabalha ativamente em todas as frentes do PGE. Com relação ao
consumo de água, o banco implantou um Plano Intensivo de Conservação no sistema hidrossanitário
em todos os seus escritórios e agências. Quanto ao uso de papel, o banco desenvolveu ações sob a ótica
paperless (sem papel), começando com uma normativa do uso do papel e arquivamento. No que se
refere à energia elétrica, busca melhorar com a constante atualização e renovação tecnológica nas
instalações elétricas de iluminação e força, bem como inovar no projeto e construção de cartazes
luminosos de marquise, caixas eletrônicos e anúncios luminosos.
A experiência do banco aponta que seus impactos diretos estão estreitamente relacionados com o
correto uso de seus bens imóveis. Por esse motivo, o BBVA Bancomer busca ativamente a certificação
de seus edifícios com os selos ambientais. Se em 2008, no início do Plano, o BBVA Bancomer tinha
dois edifícios certificados com a ISO 14001, no final de 2011 esse número tinha aumentado para dez,
chegando a quase um terço de todos os edifícios certificados do BBVA no mundo.
55
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Além disso, conhecendo o possível impacto que pode trazer a aquisição e construção de novos edifícios,
o banco integra princípios de sustentabilidade na arquitetura aproveitando, por exemplo, a luz natural
e as áreas verdes. O projeto tem um papel fundamental na redução do consumo de recursos como água
e energia, que, por sua vez, diminuem sua pegada de carbono.
Para mais informações, consultar:
O Plano Global de Ecoeficiência (no Grupo como um todo), disponível em: www.
bancaparatodos.com/es/informacion-de-responsabilidad-corporativa-2011/bancaresponsable/medio-ambiente/
Grupo Helm:
À procura da eficiência operacional
Colômbia
Tipo de
instituição:
banco comercial
privado
Principais linhas
de negócio:
banco comercial,
banco de
investimento,
corretora de valores,
seguros
Ativos totais:
US$ 6,487 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 2.200 (2011)
Em 2007, com a finalidade de obter melhorias na organização, o banco decidiu adotar iniciativas
para a mudança de processos dirigidos ao cuidado e proteção do meio ambiente. Uma das áreas de
oportunidades identificadas para incrementar a eficiência foi reduzir o consumo de papel, que, além de
ter um custo significativo, também representava um processo físico pouco eficaz para a comunicação.
Com base nesse aspecto, criaram sua primeira campanha “Zero Papel”.
Para ampliar as atividades relacionadas com o meio ambiente, um ano depois lançaram seu programa
HELM PLANETA, que, com sua iniciativa “Salve o Mundo com uma Ideia”, buscou gerar sugestões
dos colaboradores para melhorar o desempenho ambiental do banco, com excelentes resultados. Uma
das primeiras iniciativas resultantes desse processo, e que ainda continua vigente, foi a “Impressione
sem Imprimir”, que consiste na determinação de um limite de páginas impressas de acordo com os
históricos de cada usuário.
O banco lançou seu programa “Reduza, Reutilize, Recicle”, que busca o engajamento dos funcionários
na correta destinação de resíduos por meio da utilização de “Pontos Verdes”, substituindo as lixeiras
individuais por lixeiras classificadoras de resíduos em cada área. Adicionalmente, o banco implementou
projetos de economia energética mediante a troca de lâmpadas eficientes e o uso de LED, sensores de
presença, desligamento de áreas onde não é necessária iluminação 7x24 e de equipamentos quando
não utilizados, mudança do sistema de ar condicionado central e campanhas de sensibilização para
colaboradores.
Um enfoque sistemático
Em 2010, o Grupo Helm formalizou o programa de ecoeficiência focado em cinco eixos principais:
Consumo de Papel: “Impressione sem Imprimir”
Resíduos e Reciclagem: “Reduza, Reutilize, Recicle”
Consumo de Água
Consumo de Energia
Uso Produtos Amigáveis com o Meio Ambiente
56
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Embora sejam necessárias mudanças tecnológicas para conquistar as metas, o banco sabe que o sucesso
se deve ao envolvimento de seus colaboradores, conquistado graças a mensagens personalizadas de
consumo e atividades relacionadas com campanhas como a Hora do Planeta e o Dia da Água, o que
gerou uma cultura de alta consciência ambiental. O banco também tem se mostrado muito receptivo
a novas iniciativas por parte dos colaboradores, o que desperta um sentimento de apropriação do
programa e participação ativa na conquista das metas.
Em 2011, o Grupo Helm diminuiu seu consumo de energia per capita em 1,6%, seu consumo de
água per capita em 7,59%, obteve uma redução de 26,85% nas impressões, uma diminuição de 3% na
quantidade de insumos e de 19% no valor e a substituição de 71 insumos por produtos amigáveis com
o meio ambiente.
Inspirando os outros
O manejo de recursos internos permitiu a implementação de outras práticas sustentáveis dentro do
banco. A participação consciente por parte dos funcionários faz com que áreas como a Comercial e a de
Riscos também integrem iniciativas de cuidado com meio ambiente nas linhas de negócio. Além disso,
tem ajudado a difundir a mensagem de cuidar do meio ambiente entre outros grupos de interesse,
como fornecedores e clientes. HELM PLANETA, denominação anterior da estratégia de ecoeficiência,
tornou-se a estratégia de sustentabilidade e se refere a todas as atividades sustentáveis do banco.
Para mais informações, consultar:
Relatório de Sustentabilidade Grupo Helm (2011), disponível em: www.grupohelm.com/sites/
default/files/emarketing/ResponsabilidadSocial2011.pdf
BAC|CREDOMATIC:
Trabalhando em conjunto para uma cadeia sustentável
Costa Rica
Tipo de
instituição:
banco comercial
privado
Principais linhas
de negócio:
banco pessoa física,
banco corporativo,
banco privado,
factoring, seguros e
previdência
Ativos totais:
US$ 8,560 bilhões
(2011)
O BAC/Credomatic, uma das maiores corporações da América Central, conhece perfeitamente seu
papel e visão de apoiar o desenvolvimento sustentável da região. Porém, também reconhece que
se trata de algo que não pode resolver sozinho e que, sendo um banco responsável, deve levar em
consideração o impacto de suas atividades e decisões no resto da cadeia de valor. O banco conta com
muitos fornecedores, a maioria pequenas e médias empresas locais, por meio das quais pode gerar
uma mudança importante em sua forma de fazer negócios responsáveis com o meio ambiente e a
sociedade. Por esse motivo, um dos eixos principais de sua estratégia de sustentabilidade é incentivar
seus fornecedores a seguir o exemplo e adotar práticas empresariais responsáveis.
Criando um manejo responsável em seus sistemas
Esta política faz parte do Sistema de Avaliação de Fornecedores (SEP em sua sigla em espanhol),
que serve para avaliar a seleção de fornecedores. Além de uma série de critérios estritos, como o
cumprimento legal e regulador, a situação financeira, a qualidade e o preço do produto oferecido,
esse sistema também inclui uma série de alinhamentos para que os fornecedores exerçam uma
administração correta e práticas responsáveis com o meio ambiente e a sociedade. Ainda que esses
alinhamentos não sejam obrigatórios, o banco prefere fazer negócios com aqueles que se adaptem a
seu esquema de valores.
Número de
funcionários:
mais de 15.000 (2011)
57
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
No processo de aplicação do SEP, o banco se deu conta de que tinha fornecedores que seria interessante
conservar, mas que careciam de algumas práticas desejadas nesses âmbitos. Em lugar de cortar o
relacionamento com tais grupos, o banco decidiu ir além e criar o Programa de Desenvolvimento de
Fornecedores para ajudar seus fornecedores a melhorar seu desempenho social e ambiental.
O programa conta com uma série de atividades referentes a sensibilização, capacitação e assessoria que
utilizam materiais didáticos, tais como jogos de mesa, por meio dos quais se tenta gerar habilidades
práticas, com foco na ética empresarial e na governança, que os participantes possam aplicar nas suas
empresas. Trata-se de uma colaboração entre as áreas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
e de Suprimentos e Compras, na qual esta última escolhe as empresas participantes e a área de RSC se
encarrega das capacitações. Os participantes devem ter atuado como fornecedores do banco por mais
de um ano, ter entre dez e cem colaboradores e trabalhar com sistema de vendas no atacado.
Benefícios mútuos
Desde a sua criação em 2008, o programa gerou benefícios muito claros – só em 2011 houve 205
pessoas representando 152 empresas beneficiadas. Para os participantes, o conteúdo do curso ajudou
a alterar a forma de fazer negócios de várias dessas empresas. A maioria indica que a integração da
ética empresarial por meio da criação de um Código de Conduta melhorou significativamente o clima
no trabalho, a produtividade e a comunicação interna. Essa retroalimentação positiva também gerou
benefícios para o banco, tornando-se o maior incentivo para prosseguir e expandir o programa.
Ao criar espaços de confiança que compartilha com seus fornecedores, o BAC/Credomatic reduziu o
risco de descumprimento de contrato, aumentou as oportunidades de negócio e adquiriu informações
cruciais para otimizar o manejo de sua cadeia de valor. O programa representa um passo importante
para o cumprimento de sua visão de banco responsável, o qual deve continuar ampliando seu
conhecimento no assunto e ampliando o programa nos anos vindouros.
Para mais informações, consultar:
Informação geral sobre a gestão responsável no banco, disponível em: www.
rscbaccredomatic.com/index.html
Relatório de Responsabilidade Social Corporativa BAC/Credomatic (2011), disponível em:
www.rscbaccredomatic.com/reporte-sostenibilidad.html
58
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Banco Bradesco:
Gerenciando os riscos ambientais e sociais na cadeia de suprimentos
Tipo de
Fundado em 1943, o Bradesco é o segundo maior banco privado do Brasil. Em 1956, com a Fundação
Bradesco, o banco decidiu envolver-se e trabalhar em temas como inclusão social, desenvolvimento
de pessoas e promoção da cidadania com a finalidade de promovê-los. Retomando os alinhamentos
definidos pela Fundação, o Bradesco baseou a estratégia comercial do banco no conceito de crescimento
dos grupos de interesse envolvidos e da proteção do meio ambiente.
instituição:
banco comercial
privado
O Bradesco e seus fornecedores
Brasil
Principais linhas
de negócio:
serviços bancários
no varejo e no
atacado, seguros
Ativos totais:
US$ 432,5 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 104.000
(2011)
Os fornecedores são um dos grupos-chave com os quais o banco busca estabelecer um relacionamento
duradouro. Além disso, para realizar sua visão de contribuir para o bem-estar de seus grupos de
interesse, o banco buscou orientar seus fornecedores a optarem por boas práticas de gestão sustentável,
oferecendo produtos e serviços que respeitem o meio ambiente e a sociedade. Isso também é importante
para o próprio banco, pois saber a origem dos produtos e serviços adquiridos de seus fornecedores é
necessário para o bom funcionamento do banco, já que podem ser vulneráveis a riscos socioambientais,
dependendo do setor. Levando em consideração o acima exposto, o Bradesco adotou uma nova forma
de trabalhar com seus fornecedores desenvolvendo critérios para a avaliação, seleção e monitoramento
com a finalidade de lidar com esse tipo de riscos de seus fornecedores estratégicos.
O Bradesco aderiu aos Princípios do Equador e possui uma vasta experiência na área de riscos
socioambientais em suas operações creditícias. Portanto, conta com uma ferramenta de avaliação de
critérios de sustentabilidade. No entanto, é consciente de que seu impacto estende-se pela cadeia de valor
e de que também existem riscos importantes em sua cadeia de suprimentos. Por esse motivo, o banco
decidiu estender a ferramenta de avaliação de riscos socioambientais para a escolha de fornecedores
com o objetivo de manter sua estratégia de gestão de riscos integrados ao longo da cadeia de valor
(ver gráfico). A ferramenta conta com uma equipe especializada e foi desenvolvida pelas divisões de
Compras e Monitoramento Socioambiental, com o apoio do Comitê Executivo de Sustentabilidade.
Interação entre cadeia de valor e análise de crédito
No processo de aplicação da ferramenta de riscos ambientais e sociais na sua cadeia de valor, o Bradesco
classificou seus fornecedores em três categorias: transacionais, colaboradores e estratégicos.
O programa de avaliação para fornecedores complementa e melhora a análise de riscos convencional,
promovendo a migração para uma ferramenta mais completa com resultados mais específicos por
indústria e por operação. O processo também inclui visitas, avaliações, planos de ação e reuniões de
monitoramento projetadas para apoiar os fornecedores, com o objetivo de que possam desenvolver e
otimizar processos em suas respectivas cadeias de valor.
59
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Homologação: entrada da empresa na organização
• Aplicação de requisitos socioambientais
• Adesão à Política de Sustentabilidade do Bradesco e obediência à legislação vigente
Seleção: identificação das empresas participantes da convocação
• Avaliação com critérios classificatórios
(aspectos socioambientais representam 15% da classificação final)
Aquisição: inclui processos de cotação, negociação e contratação
• Cláusulas contratuais de Responsabilidade Social Empresarial, Código de Conduta
e Ética Setorial de Compras Bradesco
• Exigências de certificações FSC para materiais e bens imóveis
Avaliação de fornecedores contratados
• Monitoramento de fornecedores
• Programa de relacionamento com fornecedores estratégicos
Desenvolvimento de fornecedores
• Desenvolvimento de fornecedores identificados como críticos e com baixo nível
de atuação no que diz respeito a aspectos sociais e ambientais
• Desenvolvimento com base nas diretrizes da Política Corporativa de Sustentabilidade
Fonte: adaptado do Relatório de Sustentabilidade do Bradesco (2011)
Para mais informações, consultar:
Informação geral sobre a gestão de sustentabilidade do Banco Bradesco, disponível em:
www.bancodoplaneta.com.br
Relatório de Sustentabilidade do Bradesco (2011), disponível em: www.bradescori.com.br/
site/conteudo/informacoes-financeiras/relatorios-sustentabilidade.aspx?secaoId=723
2.2 Gestão de riscos ambientais e sociais
Bancolombia:
Evitando seus impactos indiretos
Colômbia
Tipo de
instituição: banco
comercial privado
Principais
linhas de
negócio: banco
comercial, banco
hipotecário, banco
de investimento,
fiduciário, leasing,
renting, factoring,
corretora de valores
Ativos totais:
US$ 44,1 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 16.000 (2011)
60
O Bancolombia reconhece a sua parte de responsabilidade nas atividades que financia e nos possíveis
riscos derivados delas. Por esse motivo, a partir de 2008 foi implementada uma política focada nos
aspectos corporativos ambientais e sociais, e desde 2010 existe um sistema de manejo e análise de riscos
ambientais e sociais em suas atividades de financiamento que possam ter impacto negativo. Além
de acreditar que isso ajuda a prevenir impactos prejudiciais em seu entorno, também sabe que evita
consequências negativas para o próprio banco, tais como o não cumprimento dos termos do contrato
por parte do cliente ou possíveis danos à sua reputação. Portanto, esse processo é uma parte-chave de
seu Sistema Integral da Gestão Ambiental, estreitamente relacionado com as operações comerciais e a
estratégia empresarial.
O sistema de análise de risco ambiental e social baseia-se nos Princípios do Equador, compromisso
assumido pelo banco para guiar e priorizar esse processo. No entanto, o Project Finance não é a
única atividade do negócio em que aplica tais princípios. O banco também pede informação sobre
as atividades e possíveis impactos nas operações de Leasing e Crédito Corporativo (ver gráfico). Para
Project Finance e Crédito Corporativo, a análise é realizada a partir de um valor predefinido pelos
Princípios do Equador – 10 milhões de dólares – enquanto para Leasing o valor depende do setor.
A equipe comercial deve apresentar ao cliente um formulário com perguntas básicas sobre suas
atividades e possíveis impactos gerados por elas na sociedade e no entorno. Quando a atividade do
cliente no faz parte da lista de exclusão do banco, um analista especializado da gerência da Gestão
Ambiental revisa e classifica o requerimento conforme três diferentes níveis de risco.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Com base nessa classificação, decide-se se é necessário analisar melhor o caso antes de aprová-lo. A
pesquisa leva em consideração várias fontes, tais como o controle de licenças e permissões, planos de
intervenção social e um estudo de impacto ambiental que pode envolver a contratação de consultores
externos. Se o requerimento não é considerado válido do ponto de vista ambiental, o banco propõe
um Plano de Ações Corretivas que o cliente deve implementar como condição prévia para a transação.
Desafios e resultados
Para introduzir o sistema, o banco precisou superar vários desafios. Por um lado, a equipe comercial
tinha a impressão de que um formulário adicional enfrentaria a oposição dos clientes. Por outro lado,
o desenvolvimento da capacidade interna era um desafio pela dificuldade de encontrar profissionais
especializados em temas ambientais e sociais que soubessem desempenhar esse papel em uma
entidade bancária. Da mesma forma, a vontade inquebrantável da alta direção permitiu dispor de um
sistema bem estruturado, implementado por uma equipe totalmente dedicada aos temas ambientais
e sociais, com o suporte de outras áreas do negócio. Em 2011, o banco avaliou 59 projetos e pedidos
de leasing, dos quais condicionou 14 para garantir um adequado manejo dos impactos sociais e
ambientais. No entanto, aqueles projetos que apresentaram condições favoráveis também foram
submetidos a determinadas condições para permitir o acompanhamento e monitoramento da gestão
social e ambiental dos clientes.
12 3 4 5
Processo de Gestão de Riscos Ambientais e Sociais
Formulário básico
sobre atividades e
impactos esperados
aplicado em casos
de:
Lista de
exclusão de
atividades
econômicas
1. Financiamento de
projetos a partir de
determinado valor
2. Crédito Corporativo
a partir de determinado
valor
3. Leasing dependente
do setor
Decisão:
1. Favorável
2. Favorável
condicionado
3. Não favorável
Para mais informações, consultar:
Sistema Integral de Gestão Ambiental em Bancolombia, disponível em:
www.grupobancolombia.com/webcorporativa/responsabilidad/contenido/
responsabilidadAmbiental/siga.asp
61
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Banco General:
Grandes passos em pouco tempo
Panamá
Tipo de
instituição: banco
comercial privado
Principais linhas
de negócio:
banco corporativo,
banco comercial,
banco de consumo
e hipotecas, banco
privado, banco de
investimento
O Banco General do Panamá foi o primeiro banco panamenho de capital privado, fundado em 1955.
Atualmente, é o maior banco do país, com a participação de mercado mais elevada no que se refere a
depósitos locais privados e empréstimos locais.
Com relação ao seu compromisso com a sustentabilidade, o Banco General definiu como sua missão
de Responsabilidade Social Empresarial (RSE): “Sermos reconhecidos como empresa líder em
responsabilidade social, reconhecida por sua solidez, inovação, dedicação ao cliente e compromisso
permanente com a comunidade e o meio ambiente; e impulsora de uma prática permanente de alto
padrão ético como critério fundamental na tomada de decisões”.
A gestão de riscos ambientais e sociais: uma prioridade
Ativos totais:
US$ 9,492 bilhões
(2011)
Um dos eixos prioritários dentro da visão de RSE do Banco General é a análise de riscos ambientais
e sociais. O banco tem se esforçado para liderar a análise desse tipo de riscos no Panamá porque
acredita que a concessão de créditos somente para projetos responsáveis com o meio ambiente é um
tema de alto impacto que, se for corretamente tratado, pode promover a sua conservação. Ao entender e
analisar esse tipo de riscos, o banco procura incentivar seus clientes corporativos a pensar nos aspectos
ambientais e sociais para poder ter acesso a recursos.
Número de
O Sistema de Gestão de Risco Ambiental e Social (SGAS) inclui os seguintes níveis de análise:
funcionários:
mais de 3.300 (2011)
(a) Zelar pelo cumprimento da lista de exclusão;
(b) Verificar o cumprimento legal (o que pode incluir a apresentação de um estudo de impacto
ambiental, consultas públicas, planos, acompanhamento);
(c) A nalisar riscos em garantias imóveis propostas para empréstimos superiores a determinados
valores;
(d) A nalisar em profundidade as facilidades de crédito empresarial, em que a atividade/projeto do
cliente está na lista taxativa do regulador do país de operação do cliente;
(e) A nalisar em profundidade o financiamento para projetos hipotecários residenciais onde houver
uma exposição superior a determinados valores.
O SGAS procura criar um valor adicional para os clientes do banco por meio de diferentes fatores, entre
os que se incluem a redução do risco ambiental e social e os custos derivados deste para um projeto, a
redução do risco sobre a capacidade de reembolso à instituição financeira e a oportunidade de criar
novos relacionamentos com instituições multilaterais e internacionais.
O processo de estabelecimento de um sistema de análise
Em 2009, com a ajuda de uma consultoria externa e o apoio do Banco de Desenvolvimento Alemão
(DEG), o Banco General projetou e implementou o SGAS para as áreas de Banco Corporativo local e
internacional, Banco Comercial, Banco de Investimento e área de Hipotecas Residenciais.
62
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
O apoio da alta gerência foi fundamental para a rápida e boa implementação do SGAS do banco.
Porém, existem outros fatores e decisões que ajudaram o Banco General a implementar o referido
sistema. A equipe responsável pela execução do projeto começou com processos simples e garantiu o
contínuo envolvimento de outras áreas da instituição. Foi criada uma ferramenta robusta, mas prática
e flexível, para incluir o sistema no processo de crédito e adequá-lo à realidade local, conseguir a
aceitação e a visão da análise como um valor agregado para o cliente e não como um requisito a mais.
Além disso, a equipe baseou seu trabalho em fontes disponíveis de informação e em experiências de
outros bancos da região.
Desde o início da implementação do SGAS, em julho de 2009, até dezembro de 2011, um total de 540
pedidos de crédito, no valor de US$ 2,2 bilhões, passaram pelo filtro desse novo processo de crédito. Seis
colaboradores do banco especializaram-se no tema e mais de 120 funcionários de diferentes áreas de
negócios do banco receberam treinamento para a utilização e manejo do Formulário de Avaliação de
Risco Ambiental e Social (Feras, em suas siglas em espanhol).
Para mais informações, consultar:
Experiências no estabelecimento do Sistema de Gestão Ambiental e Social, disponível em:
www.unepfi.org/fileadmin/events/2011/panama/Rivas.pdf
Relatório Social do Banco General (2011), disponível em: www.bgeneral.com/bgespanol/
acerca/pdf/2011/Informe_Social_2011/informesocial.html
Itaú BBA:
Uma aplicação no setor de infraestrutura
Brasil
Tipo de
instituição:
banco comercial
privado
Principais linhas
de negócio:
banco corporativo,
banco de
investimento
Ativos totais:
US$ 108,067 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
mais de 2.800 (2011)
O Itaú BBA responde pelo banco de atacado, de investimentos e tesouraria institucional do Grupo Itaú
Unibanco, um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. O Itaú Unibanco busca integrar a
sustentabilidade em todas suas linhas de negócio, motivo pelo qual inclui critérios socioambientais em
seus processos de análise de risco. O banco adotou tanto os Princípios do Equador quanto os Princípios
de Investimento Responsável, duas iniciativas-chave nesse âmbito, para guiar seu processo de tomada
decisões quanto ao financiamento e ao investimento.
No ano de 2011, o Itaú BBA desenvolveu a Política de Risco Socioambiental do Itaú BBA, alinhada
com a Política de Risco Socioambiental institucional do Itaú Unibanco. A Política do Itaú BBA incorpora
cinco grandes temas que se somam aos Princípios do Equador:
- Atividades Proibidas e Restritas;
- Licenças Ambientais;
- Financiamento de Projetos de Biotecnologia;
- Garantias; e
- Cláusulas Contratuais.
63
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
A análise de riscos socioambientais para projetos de acordo com os Princípios do Equador passa pelas
seguintes etapas:
Um exemplo de análise de riscos ambientais e sociais em um projeto de infraestrutura
No ano de 2010, o Itaú BBA foi um dos financiadores de um projeto para a construção de uma mina
de fosfato e a instalação de uma fábrica de produção de ácido sulfúrico e fertilizantes, com uma
capacidade produtiva de 500.000 toneladas por ano.
O projeto, classificado de categoria A, o mais alto nível de risco segundo os Princípios do Equador,
apresentava uma série de possíveis impactos ao meio ambiente por localizar-se no Cerrado. Depois
da Amazônia, esta é a segunda região mais importante em diversidade de hábitats naturais do
Brasil e ocupa 21% do território do país. Além disso, o processo de concessão de licença ambiental
não identificou impactos importantes posteriormente identificados pelo banco como resultado da
aplicação dos Princípios do Equador. Na ocasião, o Itaú BBA, gerenciando seus riscos e cumprindo
seus compromissos voluntários, propôs as seguintes medidas como condicionantes para a aprovação
do financiamento do projeto:
- Exigir o compromisso do cliente de realizar estudos adicionais para identificar os impactos
socioeconômicos nas comunidades do entorno, tais como a demanda de infraestrutura (serviços de
saúde e transporte);
- Exigir o compromisso do cliente de realizar estudos adicionais para identificar os impactos na
qualidade da água e a regularidade do fluxo do rio, impactos hídricos da fábrica que afetariam a
população rio abaixo;
- Orientar o cliente no sentido de aumentar seu orçamento para poder implementar um plano de
manejo ambiental e social do projeto adequado, com o objetivo de dispor de recursos para cobrir
impactos desfavoráveis no entorno.
Para garantir o cumprimento de todas as exigências do Itaú BBA, foi negociado um sistema de
monitoramento que prevê o acompanhamento semestral do cumprimento dos compromissos assumidos
pelo cliente até o início da operação do projeto, momento a partir do qual o acompanhamento passa
a ser anual.
64
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
O Action Plan Compliance Verification inclui revisão de documentação e visitas de campo. Além disso,
para as questões técnicas, o Itaú BBA contou com o apoio de uma consultoria independente.
O cliente realizou os estudos adicionais destinados a mapear os impactos na qualidade da água e fluxo
do rio. Não foram identificados consumidores significativos do corpo hídrico na região. A conclusão é
que não haverá impactos para os poucos consumidores da região. Embora o projeto inclua a construção
de uma represa, ficou demonstrado que o fluxo do rio será normalizado ao final de sua implantação.
Os estudos adicionais para a identificação dos impactos na demanda por serviços e infraestrutura local
evidenciaram a necessidade de elaborar um Programa de Apoio à Infraestrutura Social, pois haverá
migração de trabalhadores de outras regiões do Brasil. Esse programa contempla, por exemplo, um
curso de interação com a comunidade local. Cada um dos subprogramas do Programa de Apoio à
Infraestrutura Social faz parte de um Plano de Ação monitorado pelo Itaú BBA.
Os estudos adicionais requeridos e as medidas de mitigação para os impactos identificados por esses
estudos aumentarão o orçamento para a implantação do plano de manejo. Tal aumento foi investido
em uma planificação mais adequada com relação à abrangência dos impactos do projeto e uma maior
eficiência na utilização dos recursos.
Para mais informações, consultar:
Informação sobre a política de riscos socioambientais, disponível em:
ww2.itau.com.br/sustentabilidade/_/no-itau-unibanco/politicas/politica-de-riscosocioambiental.aspx
Relatório de Sustentabilidade Itaú Unibanco (2011), disponível em: www.itauunibanco.com.br/
relatoriodesustentabilidade/2011/RAS_2011.pdf
Banco Pichincha:
Capacitação para a análise de riscos ambientais e sociais
Equador
Tipo de
instituição:
privada
Principais linhas
de negócio:
consumo, moradia,
microcrédito
produtivo,
investimentos,
poupança
Ativos totais:
US$ 6,757 bilhões
(2011)
Número de
funcionários:
5.246 (2011)
65
Para o Banco Pichincha é importante cumprir os objetivos do negócio, porém a forma com que estes
são atingidos é ainda mais importante, ou seja, seu crescimento não se caracteriza apenas por um
sentido de rentabilidade, mas também de responsabilidade com o meio ambiente e a sociedade. Uma
de suas estratégias consiste em promover um modelo de gestão segundo o qual o sistema bancário gere
um impacto positivo no ambiente e no desenvolvimento sustentável dos clientes
Para enfrentar tal desafio, em junho de 2010, o Comitê Integral de Riscos aprovou a política ambiental
para créditos, implementada em outubro de 2010 para créditos comerciais oferecidos aos clientes dos
segmentos Empresarial e Corporativo. A política explicita a necessidade de que os clientes contem com
as respectivas licenças de: funcionamento, construção, ambientais e sanitárias, conforme o caso. O
banco não pretende assumir o papel de supervisor, mas busca despertar a consciência em seus clientes
sobre as consequências de tais impactos.
Essa política é de âmbito nacional, aplica-se a todos os créditos comerciais a partir de US$ 200 mil,
ou quando o risco comercial consolidado superar o limite mencionado, e se a atividade constar na
lista de atividades ou projetos sujeitos a um processo de avaliação de impactos ambientais por parte
do Ministério do Ambiente. A partir de março de 2011 foi incluído o segmento de pequenas empresas.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Apoio e guias para pequenas empresas e microcrédito
Durante o primeiro semestre de 2011, foram realizadas auditorias em uma amostra de 200 clientes do
segmento de Pequenas Empresas e Microcrédito que tinham riscos consolidados inferiores a 200 mil
dólares. Seu objetivo era conhecer a situação desses clientes com relação às questões ambientais, de
segurança e saúde ocupacional para fazer um diagnóstico e identificar ferramentas que permitissem
sensibilizá-los.
A avaliação foi realizada sistematizando a informação obtida em questionários entregues no momento
da visita e que permitiam classificar o cliente segundo três categorias de riscos ambientais e sociais.
Considerando os resultados do diagnóstico, foram desenvolvidos para os clientes pequenas empresas
e microcrédito guias sobre aspectos ambientais para as cinco atividades classificadas como sendo de
“Risco Ambiental Alto” mais importantes de seu portfólio; um guia de informação do processo de
regularização ambiental; e quatro guias gerais sobre segurança e saúde e ambiente, os quais foram
entregues a partir de 2012 aos clientes dedicados a tais atividades em apoio ao desenvolvimento
sustentável de seus negócios.
Gerais
Dejetos perigosos
Manejo de lixo
Manejo de pesticidas
Segurança no trabalho
Microempresa
Brochura
regulari zação
ambienta l
Guias
Pequenas Empresa s
Gerais
Economia de energia, água e combustíveis
Boas práticas agropecuárias
Fumigação
Manejo de lixo
Manejo de pesticidas
Manejo de dejetos perigosos
Tratamento de águas industriais residuais
Bananais
Criação de porcos
Criação de frangos
Curtume
Móveis de madeira
Capacitação em aspectos ambientais e sociais
No primeiro trimestre de 2011, foram realizados, em âmbito nacional, treinamentos sobre Política
Ambiental para Créditos com oficiais de Crédito e gerentes do segmento Empresas, Pessoas e Pequenas
Empresas. O objetivo foi apresentar aos funcionários a política de crédito comercial, alinhada ao
cumprimento de práticas ambientalmente responsáveis de acordo com a legislação nacional vigente.
No total, 374 colaboradores, número correspondente a 98% da força comercial desses segmentos,
participaram dos treinamentos.
66
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Em 2012, contando com o apoio da Unep FI, foram realizados workshops de capacitação para mais
de cem funcionários do banco sobre riscos ambientais e sociais nos processos creditícios, e mais
um workshop para o conjunto do setor bancário do Equador com o objetivo de sensibilizá-lo e criar
oportunidades de capacitação nesses temas.
No mesmo ano, com a contribuição do BID, foram realizados treinamentos para 6.256 clientes de
pequenas empresas com o objetivo de apoiar seu crescimento e delimitar suas estratégias de negócios
de forma a poderem responder às necessidades presentes e futuras de sua comunidade.
Para mais informações, consultar: www.pichincha.com
Bancoldex:
Enfrentando as falhas de mercado
Colômbia
Tipo de
instituição: banco
de desenvolvimento
O Bancoldex é uma sociedade anônima de economia mista, vinculada ao Ministério do Comércio,
Indústria e Turismo da Colômbia. Trata-se de um banco dedicado ao desenvolvimento empresarial
e ao comércio exterior que oferece alternativas de financiamento para atender às necessidades de
operação e investimento na atividade econômica de todas as empresas colombianas. As operações são
canalizadas por meio dos estabelecimentos de crédito, os quais assumem o risco direto das empresas
beneficiárias dos recursos.
Principais
setores
financiados:
todos os setores
econômicos
Para cumprir sua missão, o Bancoldex incorporou a variável ambiental dentro de sua estratégia 20102014, contida na sua política de gestão da sustentabilidade. Para cumprir essa política, foram definidas
cinco linhas de ação (gráfico A).
Ativos totais:
US$ 3,138 bilhões
Bloco de Gestão Ambiental Bancoldex
(2011)
Número de
Programa de
ecoeficiência
funcionários:
284 (2011)
Capacitação e acompanhamento
Modelo de riscos ambientais e sociais:
Uma oportunidade para os bancos
O Bancoldex acredita que contar com um modelo de identificação de riscos ambientais e sociais
contribui para a prevenção e mitigação dos efeitos negativos da atividade empresarial sobre o meio
ambiente, gerando novas oportunidades de negócio para os bancos no financiamento de projetos
de melhoria de seus clientes, os quais, por sua vez, terão a possibilidade de atender novos mercados
cada vez mais exigentes em matéria ambiental e, assim, aumentar seus padrões de produtividade e
competitividade.
67
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Aprender com as experiências dos outros
O projeto e a implementação do modelo de análise de riscos ambientais e sociais contaram com o
apoio do BID e a troca de experiências com outras instituições financeiras que adotaram práticas
dessa natureza. No modelo, foram criados filtros que permitem estabelecer o perfil das operações que
serão analisadas, alinhamentos para a identificação dos impactos socioambientais, parâmetros que
permitem determinar o nível de risco das operações, processos para gerar planos de aperfeiçoamento e
administração dos riscos (gráfico B).
Atualmente, o Bancoldex está testando o modelo piloto para determinar quais são os ajustes que devem
ser feitos após receber a retroalimentação dos intermediários financeiros e dos empresários para, então,
seguir à etapa de implementação. O banco sabe a importância de capacitar sua força comercial e de
contar com pessoas dedicadas para a análise dos riscos ambientais e sociais das operações.
12
Filtros
Atividades
excluídas
Valores
4
Estabelecimento
de planos de
aperfeiçoamento
3
Setores
sensíveis
Ambientais
Sociais
Categorização
do nível de risco
Alto
Médio
Baixo
5
Gestão de riscos
Melhor compreensão do cliente
O Bancoldex estabeleceu que a aplicação da metodologia de análise de riscos ambientais e sociais
permite conhecer melhor as necessidades do cliente relacionadas à implementação de projetos de
sustentabilidade. Isso incentiva as instituições financeiras a projetar instrumentos inovadores que
promovam o uso de tecnologias limpas, a adoção de práticas de responsabilidade ambiental e social, a
preparação dos empresários para enfrentar os desafios impostos pelos mercados em matéria ambiental
e social, entre outros.
Para mais informações, consultar: www.bancoldex.com
68
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
2.3 Negócios: produtos e serviços
financeiros sustentáveis
BANCOS PRIVADOS
Aqui se expõem alguns exemplos de produtos verdes gerais oferecidos pelos bancos privados na região.
Outros casos mais detalhados encontram-se na publicação da Unep FI Green Products and Services:
Current Trends and Future Opportunities in North America8, a qual contará com uma nova versão em
2012 e também se realizará em outras regiões em 2013.
Linhas de crédito para a aquisição
de produtos ambientalmente
responsáveis
Os bancos desenvolveram linhas de crédito para
pessoas físicas e jurídicas cujo principal objetivo
é o financiamento de produtos ambientalmente
responsáveis. Esse tipo de linha de crédito está, em
geral, especialmente pensado para empresários
interessados na aquisição de equipamentos
ambientalmente responsáveis, como de eficiência
energética ou energias renováveis. Por sua vez, as
linhas de crédito promovem a aquisição de bens e
serviços que busquem contribuir para a redução
do consumo de energia e a minimização da
produção de resíduos e de poluição.
Hipotecas verdes
Os bancos oferecem hipotecas verdes com taxas de
juros inferiores às do resto do mercado imobiliário
com o fim de estimular os clientes a comprar
propriedades energeticamente mais eficientes e
cuja construção levou em consideração aspectos
ambientais e sociais.
Contas de poupança verdes
As contas de poupança verdes permitem
que o cliente realize depósitos em um fundo
administrado pelo banco que admite financiar
projetos responsáveis com o meio ambiente,
como, por exemplo, para a plantação de árvores,
a implementação de energias renováveis e a
conservação de recursos naturais.
Investimentos ambientais
É muito comum financiar grandes projetos
de infraestrutura de energias renováveis por
meio de operações de Project Finance. Alguns
bancos criaram divisões especiais dedicadas
ao financiamento de longo prazo desse tipo
de projetos com o objetivo de fomentar o
desenvolvimento das energias alternativas, como
a eólica, e o uso de combustíveis alternativos,
como os biocombustíveis.
Créditos de carbono
Com o objetivo de financiar a redução dos gases de
efeito estufa, os bancos oferecem a seus clientes a
oportunidade de comprar créditos de carbono que
mitiguem seu impacto por meio do financiamento
de projetos de eficiência energética em países em
vias de desenvolvimento, por exemplo.
Linhas de crédito especiais para
transformações ambientais
As linhas de crédito destinadas às transformações
ambientais focam a ampliação, recuperação
e modernização de imóveis comerciais ou
residenciais, pequenos e grandes. A finalidade
dessas transformações não se limita a criar ou
melhorar instalações para lhes dar um aspecto
ambientalmente responsável, o que se pretende
é melhorar a eficiência e a capacidade produtiva
pela implantação de, por exemplo, painéis solares
ou sistemas de iluminação eficiente, entre outros.
Cartões de crédito e débito verdes
Os cartões verdes foram criados pelos bancos para
apoiar atividades e instituições ambientalmente
responsáveis. Pela doação de um percentual por
compra realizada, os bancos transferem recursos
para apoiar iniciativas de mitigação e adaptação
às mudanças climáticas e de redução de emissões
ou de outro tipo, tais como as referentes à
conservação de uma espécie animal. Da mesma
forma, o uso desses cartões pode conceder
descontos aos consumidores para o pagamento
de produtos ambientalmente responsáveis.
8 Green Financial Products and Services Current Trends and Future Opportunities in North America. A
report of the North American Task Force (NATF) of the United Nations Environment Programme Finance
Initiative. Agosto de 2007. Disponível em: www.unepfi.org/fileadmin/documents/greenprods_01.pdf
69
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES):
Motor para o desenvolvimento baixo em carbono
Brasil
Tipo de
instituição: banco
de desenvolvimento/
público
Principais
setores
financiados:
infraestrutura e
indústria
Ativos totais: US$
319,860 bilhões (2011)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o maior agente de financiamento
para o desenvolvimento do país. A partir de 1952, ano de sua fundação, o BNDES teve um papel
fundamental na expansão da indústria e infraestrutura do Brasil. As operações do banco evoluíram de
acordo com o crescimento econômico do país e, atualmente, incluem o apoio ao desenvolvimento de
exportações, inovação tecnológica, desenvolvimento socioeconômico sustentável e a modernização da
administração pública.
O BNDES oferece mecanismos de financiamento para empresas brasileiras com capitais diversos e para
instituições públicas, concedendo recursos para vários setores da economia. Para escolher seus clientes
e investimentos, o banco toma como base três fatores estratégicos: inovação, desenvolvimento local e
desenvolvimento socioambiental. O último desses pilares é fundamental para a instituição.
Compromisso perante as mudanças climáticas
No ano de 2009, o Brasil promulgou sua Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), na qual
são definidas as metas voluntárias, para 2020, de redução de emissões de gases de efeito estufa e
mitigação e adaptação perante os efeitos das mudanças climáticas.
Número de
funcionários: mais
de 2.600 (2011)
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) é um dos instrumentos do PNMC e lhe proporciona
os recursos necessários para atingir seus objetivos. Em 2011, o FNMC recebeu US$ 124 milhões da
Participação Especial do Petróleo. Do valor inicial, US$ 16 milhões são recursos não reembolsáveis
administrados pelo Ministério do Meio Ambiente, destinados a pesquisas ou projetos de adaptação aos
efeitos das mudanças climáticas.
Os US$ 108 milhões restantes são recursos reembolsáveis transferidos pelo Ministério do Meio Ambiente
para o BNDES, que assume a responsabilidade de administrá-los nas bases do Programa Fundo Clima,
cujo objetivo é financiar ações de diminuição de emissões de gases de efeito estufa ou de adaptação aos
efeitos das mudanças climáticas.
O programa é dividido em seis subprogramas: I) Máquinas e equipamentos eficientes; II) Meios de
transporte eficientes; III) Energias renováveis; IV) Carvão vegetal; V) Combate à desertificação; e VI)
Resíduos sólidos com produção energética.
As taxas de juros para cada subprograma são mais atraentes que as taxas que o BNDES costuma oferecer
a cada um desses setores, com prazos máximos de até 25 anos e participação máxima do BNDES de até
90% do valor do projeto. O programa busca ajudar o país a cumprir suas metas voluntárias de redução
de gases de efeito estufa, bem como incentivar a indústria brasileira em direção a uma economia
baseada no baixo consumo de carbono por meio da adoção de novas tecnologias sustentáveis.
70
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Iniciativa BNDES Mata Atlântica
Além da gestão dos recursos do Programa Fundo Clima, o BNDES desenvolve outras iniciativas
relacionadas com a sustentabilidade. A BNDES Mata Atlântica é uma iniciativa de RSC que o banco
lidera com fundos não reembolsáveis para financiar projetos de recuperação florestal da região. A
iniciativa permite que o banco desenvolva mecanismos específicos de financiamento para projetos que
incluem ações de recuperação de paisagens, biodiversidade e proteção de recursos hídricos. Em março
de 2012, já havia sido aprovada a execução de 12 projetos no contexto dessa iniciativa.
Para mais informações, consultar:
Portal do Programa Fundo Clima, disponível em:
www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_
Fundos/Fundo_Clima
Portal da Iniciativa Mata Atlântica, disponível em: www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/
bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Meio_Ambiente/Mata_Atlantica/
<www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_en/Institucional/Social_and_Environmental_
Responsibility/ (disponível em português e inglês)
Financiera Rural:
Semeando um setor florestal sustentável
México
Tipo de
instituição: banco
de desenvolvimento/
público
Principais
setores
financiados:
agropecuário,
serviços relacionados
com o setor rural,
comercial relacionado
com o setor rural,
agroindústria
Ativos totais:
US$ 1,273 bilhão (2011)
Número de
funcionários:
mais de 1.100 (2011)
71
Na condição de agente de promoção do desenvolvimento rural no México, a Financiera Rural entende
bem o estreito relacionamento existente entre a economia e o meio ambiente. Para a Financiera Rural,
o desenvolvimento rural inclui uma visão de sustentabilidade de longo prazo para o aproveitamento
dos recursos naturais. Por isso, em 2009, quando o governo mexicano determinou que se priorizasse o
setor florestal, a Financiera Rural se uniu à Comissão Nacional Florestal para projetar um programa
de financiamento que incluísse fatores financeiros e ambientais. O programa de Financiamento para
o Setor Florestal (Finarbol) resultante tem como objetivo o aproveitamento sustentável dos recursos
florestais do país, promovendo o reflorestamento e sua produtividade.
O Finarbol é o primeiro programa de financiamento desse tipo no México que concede empréstimos
de longo prazo com taxas baixas e acessíveis para os produtores silvícolas, objetivando apoiar sua
integração com o restante da cadeia produtiva. Tradicionalmente, o setor florestal no México careceu
de acesso a fontes de financiamento por ser considerado um setor de investimento de alto risco devido
a seus longos períodos de recuperação, entre outros fatores. Atualmente, o setor silvícola recebe apenas
0,009% do financiamento dirigido ao setor privado.
Ajustando-se às necessidades do setor
Os projetos florestais caracterizam-se por ter um planejamento de longo prazo, razão pela qual os
termos do empréstimo devem levar em consideração as necessidades particulares do setor. Isso significa
necessidades financeiras que vão desde créditos simples para prover liquidez e capital de giro durante
as fases de produção até a transformação da terra por meio de créditos específicos que servem para
oferecer capital de investimento em ativos fixos. Como o período de recuperação é prolongado, os
empréstimos se caracterizam por terem longos prazos de financiamento, acompanhados de períodos
de carência. No caso do Finarbol, foram previstos créditos de acordo com os fluxos de caixa dos projetos
com uma maturação de até 15 anos e com um período de carência de 5 anos.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Para facilitar o acesso ao crédito, a Financiera Rural inovou com um novo esquema de garantias que
contempla a massa florestal do projeto. Para tanto, baseia-se em um cálculo do valor presente dos
fluxos futuros que serão gerados e que, portanto, não requer transmissão da posse. Para os pequenos
produtores e para os produtores comunitários, que são maioria no setor, foi projetado, em conjunto com
a Comissão Nacional Florestal, um fundo de garantias líquidas.
Garantias de sustentabilidade ambiental
Embora o principal grupo alvo seja o dos produtores que já contaram com o apoio da Comissão Nacional
Florestal, a Financiera Rural decidiu incluir outros projetos para abarcar todo o setor. Esses projetos
devem estar localizados em terrenos degradados para garantir o reflorestamento e a diminuição da
pressão sobre ecossistemas naturais. A Financiera Rural também exige que seus creditados contem
com as autorizações pertinentes da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat)
que garantam o cumprimento de padrões de manejo florestal sustentável. Essas licenças devem ser
apresentadas antes da autorização do crédito.
Para mais informações, consultar:
Portal web do Programa Finarbol, disponível em: www.financierarural.gob.mx/Prog_prod_
cred/Actividadesproductivasmediorural/Paginas/Fin%C3%A1rbol.aspx
Corporación Financiera de Desarrollo:
Formando uma cultura do gás natural como alternativa verde para o
Peru
Peru
Tipo de
instituição: banco
de desenvolvimento
Principais
setores
financiados:
infraestrutura,
transporte a gás
natural, energias
renováveis
Ativos totais: US$
1,450 bilhão (2011)
Número de
funcionários:
197 (2011)
72
Desde 1992, a Corporación Financiera de Desarrollo (Cofide) desempenha exclusivamente funções
de banco de desenvolvimento, complementando o trabalho do setor financeiro privado em atividades
como o financiamento de médio e longo prazo do setor exportador e do setor de pequenas e médias
empresas por meio da canalização de recursos.
A Cofide está comprometida com o desenvolvimento sustentável e descentralizado em benefício dos
diferentes agentes econômicos. Por isso, desenvolveu produtos e serviços inovadores e inclusivos
especialmente no setor de transporte. Por meio do programa Cofigas (Conversão Financiada para Gás),
realizou um intenso trabalho alinhando-se com a política de mudança da matriz energética que faz
parte das Namas (Ações Nacionais Adequadas de Mitigação) do Peru, que estão à frente da luta contra
as mudanças climáticas.
A Cofigas representa um projeto em grande escala que envolve várias políticas do país no âmbito de
suas Namas, tais como:
• Apoio à conversão de veículos para o gás natural;
• Elaboração de estruturas que permitam a renovação do transporte público na cidade;
• Participação em esquemas inovadores de transporte de massa;
• Administração do Sistema de Carga Inteligente do Gás Natural;
• Participação nos financiamentos de infraestrutura do transporte;
• Financiamento para a construção de estações de expedição de gás natural;
• Participação na Comissão Nacional Promotora do Uso do Gás Natural;
• Apoio e implementação de regulamentação de segurança no manejo do gás natural.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Linhas de Financiamento para a Conversão Financiada para Gás Natural
(Programa Cofigas)
O Programa Cofigas é um conjunto de linhas de financiamento elaborado pela Cofide para o
desenvolvimento de novos produtos e a criação de um mercado do gás natural veicular, com o objetivo
de promover e consolidar seu uso intensivo, a fim de agir como coadjuvante na mudança das atividades
produtivas e da matriz energética do Peru.
O Programa Cofigas possibilitou a adoção do consumo de Gás Natural Veicular no mercado
automobilístico, motivo pelo qual promove o uso do gás natural no setor de transporte, especialmente
no transporte público de pessoas, mediante o financiamento de (i) conversões de táxis para gás
natural veicular; (ii) aquisição financiada de veículos novos movidos a gás natural veicular; e (iii)
financiamento de frotas de ônibus novos movidos a gás natural veicular, sendo um dos principais
instrumentos financeiros que permitiram acelerar o processo de transformação produtiva e de
consumo da economia peruana. Pelo acima exposto, a Cofide conseguiu impulsionar a bancarização
de um setor que antes não tinha acesso a financiamento.
É importante destacar que o Programa Cofigas é apoiado pelo Sistema de Controle de Carga de Gás
Natural Veicular, o qual é uma plataforma informática cujo principal objetivo é administrar e articular
todos os processos e a informação gerada pelos agentes que participam no mercado. O Infogas também
proporciona o serviço de cobrança e meios de pagamento dos financiamentos veiculares, concedidos
por instituições financeiras, por meio da rede de Estações de Expedição de Gás Natural.
Criação de um novo mercado
Desde seu início em 2004, o Programa Cofigas e o Sistema Infogas conseguiram criar um mercado
do gás natural que conta com 470 empresas nacionais especializadas e formais, a criação de mais de
7.000 empregos diretos e o acesso a financiamento para mais de 75 mil empresários do transporte de
pessoas, incluídos os taxistas. A implementação do Programa Cofigas reduziu em mais de 30% os níveis
de material particulado e CO2 e, nos próximos 10 anos, espera-se obter uma diminuição de emissões
da ordem de 8.525.840 t de CO2, correspondentes aos 100.000 primeiros automóveis a GNV.
O Programa Cofigas também garantiu, com relação a veículos leves, unidades de transporte público
e de transporte pesado, um aumento da renda disponível dos usuários veiculares, fruto da economia
proporcionada pela mudança da gasolina para o gás natural, a qual, atualmente, pode chegar até 60%
do consumo por veículo. Em dezembro de 2011, o Infogas permitiu a mobilização de US$ 3,031 bilhões,
aproximadamente 2% do PIB do Peru.
Para mais informações, consultar:
Portal do programa Cofigas, disponível em: www.cofide.com.pe/cofigas/presentacion.html
73
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Banco Nacional de Costa Rica:
Diminuir a pegada de carbono de seus clientes
Costa Rica
Tipo de
instituição: banco
de desenvolvimento/
público
Principais linhas
de negócio: banco
de desenvolvimento,
banco pessoa
física, empresarial,
corporativo e
institucional, mercado
bursátil, operadora
de previdência
privada, fundos
de investimento,
corretora de
seguros, serviços
internacionais e
serviços eletrônicos
Ativos totais: US$
7,089 bilhões (2011)
Número de
funcionários:
5.325 (2011)
Dada sua natureza, o Banco Nacional de Costa Rica é uma organização com uma projeção
transcendental na vida econômica, social e financeira do país. Como tal, busca que todas suas ações
sejam realizadas de forma transparente, responsável e participativa, com a maior qualidade possível
e com o menor impacto ambiental. Levando em consideração o acima exposto, o Banco Nacional de
Costa Rica buscou inovar no desenvolvimento de produtos e serviços verdes para ampliar seu portfólio e,
assim, satisfazer a demanda de seus clientes mais comprometidos com o desenvolvimento sustentável.
Atualmente, o banco oferece vários produtos verdes: um cartão ecológico, com o qual 10% da comissão
é destinada a um fundo verde do governo e, em 2010, lançou um programa voluntário de redução de
gases de efeito estufa para seus clientes: o BN-Ecomarchamo.
BN-Ecomarchamo
Este programa tem o objetivo de colocar à disposição dos proprietários de veículos uma alternativa
voluntária, complementar ao imposto sobre combustíveis, que permita compensar as emissões geradas
pelo uso de um veículo durante um ano. Assim, os donos de veículos têm a oportunidade de compensar
um percentual das emissões geradas pela queima de hidrocarbonetos graças ao plantio florestal
realizado por pequenos e médios produtores. O BN-Ecomarchamo faz parte do Programa do Serviço de
Pagamentos Ambientais do Fundo de Financiamento Florestal, e os recursos captados são reinvestidos
no Fundo Biodiversidade Sustentável (FBS), administrado pela organização.
Como complemento a esse programa, o banco colocou à disposição de seus clientes o produto e o
Fideicomisso Fundo de Biodiversidade Sustentável BNCR – Fundação Banco Ambiental, administrado
pelo banco com a finalidade de reinvesti-lo em projetos de compensação.
O serviço foi lançado depois de dois anos de planejamento e projeto. Para criar esse produto, o banco
realizou pesquisas de mercado, mapeou possíveis parceiros e avaliou o melhor mecanismo para sua
implementação.
Gerando valor no longo prazo
Em abril de 2012, o serviço foi utilizado por 1.596 pessoas. Embora este não seja um negócio rentável
para o banco no curto prazo, no longo prazo possibilita receber um retorno econômico direto, obtido da
administração do fundo, e um retorno indireto, relacionado com a melhora da reputação por colaborar
com iniciativas nacionais de proteção do meio ambiente.
Para mais informações, consultar:
Informação sobre a gestão da sustentabilidade e produtos verdes no banco, disponível em:
www.bncr.fi.cr/BNCR/Conozcanos/RSEambiente.aspx
Manual de operação do BN-Ecomarchamo, disponível em: www.bncr.fi.cr/BNCR/PDF/
BNCR%20-%20RSE%20Ecomarchamo.pdf
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Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
3 Comunicação e envolvimento
Banco Santander Brasil:
Compartilhando sua vasta experiência
Brasil
O Banco Santander é o terceiro banco privado em volume de ativos e o maior conglomerado financeiro
internacional no Brasil. Desde sua chegada ao país em 1982, o banco trabalha para conquistar o
reconhecimento e a confiança de seus clientes, fornecedores e sociedade em geral.
Tipo de
instituição: banco
comercial privado
Principais linhas
de negócio: banco
comercial, banco
de atacado, asset
management e
seguros
Ativos totais: US$
57,830 bilhões (2011)
Número de
funcionários: mais
de 54.000 (2011)
Por isso, de acordo com sua estratégia de sustentabilidade e comunicação corporativa, o Santander
Brasil desenvolveu o “Espaço de Práticas em Sustentabilidade” com o objetivo de compartilhar sua
experiência em boas práticas, seus sucessos e lições aprendidas ao longo dos anos quanto à forma de
aplicar a sustentabilidade na organização.
Contando com o apoio de especialistas, o banco reuniu toda a informação de que dispunha desde o ano
2000, quando o tema começou a ser discutido dentro da organização. Os materiais foram aproveitados
e adaptados para oferecer cursos presenciais e via plataforma virtual.
Espaço de práticas em sustentabilidade
A iniciativa, criada em dezembro de 2007, pretende compartilhar as melhores práticas para fazer
da sustentabilidade a principal atividade das empresas, oferecendo ferramentas que permitam sua
inclusão nos negócios e incentivem o compromisso dos funcionários e da sociedade em geral com a
sustentabilidade. Além disso, a plataforma busca fechar as brechas entre a teoria e a prática que muitas
empresas sentem nas questões de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, fortalecer os laços com clientes,
fornecedores e demais grupos de interesse.
As atividades do “Espaço de Práticas em Sustentabilidade” são coordenadas pela Direção de
Desenvolvimento Sustentável e realizadas por meio de três eixos de ação principais (figura):
75
1.Atividades presenciais para os executivos das empresas clientes e fornecedoras. Desde o ano
2007, mais de 4.200 líderes de 2.700 empresas participaram da oficina;
2. Atividades presenciais para o público em geral: o Santander organiza sessões de diálogo
com líderes reconhecidos pelas atividades que realizam em matéria de sustentabilidade em
diferentes lugares do mundo. Essas sessões têm como objetivo a promoção do diálogo sobre
temas de sustentabilidade levantados por especialistas, funcionários, clientes, fornecedores,
organizações associadas e sociedade em geral;
3. Atividades online para o público em geral. O portal www.santander.com.br/sustentabilidade
oferece cursos online sobre temas como: investimento social privado, construção sustentável
e educação financeira, entre outros. Também conta com a versão online “A sustentabilidade
na prática: caminhos e desafios”, que inclui questões relativas à sustentabilidade e
apresenta, com exemplos reais, diretrizes de como inserir a ecoeficiência nos negócios. O
conteúdo é aberto ao público e qualquer pessoa pode acessá-lo.
Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Outra iniciativa desenvolvida é a denominada “Práticas educacionais para a sustentabilidade”. O
programa foi criado para estimular e reconhecer o trabalho dos professores universitários que incluem
temas de sustentabilidade nos programas educacionais nas faculdades de economia e administração.
A iniciativa premiará, com bolsas na Universidade de Babson, aquelas pessoas que conseguirem
demonstrar as melhores práticas de ensino que estimulam os estudantes a fazer conexões entre as
disciplinas de assuntos econômicos, sociais e ambientais.
Destaques da iniciativa
Compartilhar o conhecimento adquirido pelo banco beneficiou um grande número de pessoas e
empresas que pretendem aprender com as boas experiências, ao mesmo tempo que ratifica seu
compromisso de identificar e superar os novos desafios que surgirem na sociedade. Tendo isso em
conta, o banco pode contribuir com ideias sobre como encurtar os caminhos para a integração da
sustentabilidade nas estratégias de negócio, gestão da cultura e ações quotidianas das organizações. As
empresas, por sua vez, podem descobrir novas oportunidades de negócios e como conquistar vantagens
competitivas no mercado, melhorar sua marca e reputação.
Atividades presenciais
para os executivos de
empresas clientes e
Eventos presenciais
para o público em
• O objetivo é
compartilhar a
experiência de
mais de dez anos
para a inserção da
sustentabilidade no
negócio do banco, o
que ajuda a acelerar
a adoção de práticas
sustentáveis por parte
de outras empresas.
• No desenvolvimento
do curso, os executivos
realizam planos para
introduzir e fortalecer a
sustentabilidade de seu
negócio.
• Desde 2007, mais
de 4.200 executivos
de 2.700 empresas
participaram da oficina.
público em geral
geral
Práticas
educacionais para a
sustentabilidade
fornecedoras
• O ficina “A
sustentabilidade na
prática: caminhos e
desafios”, oferecida para
dirigentes de empresas,
fornecedores, clientes e
outras organizações do
mercado.
Cursos online para o
• O objetivo é promover o
diálogo sobre os temas
de sustentabilidade
entre especialistas,
funcionários, clientes,
fornecedores,
associações e
organizações da
sociedade em geral.
• Em março de 2012,
por exemplo, o físico
Fritjof Capra foi ao Brasil
para conversar com os
clientes e funcionários
do Santander.
• As reuniões são
transmitidas ao vivo e
em tempo real no portal
da “esfera das práticas
de sustentabilidade”.
• Cursos online
sobre temas como:
investimento social
privado, construção
sustentável e educação
financeira, entre outros.
• Versão online
do programa
presencial sobre “A
sustentabilidade na
prática: caminhos e
desafios”, que trata a
sustentabilidade de
forma integral e dá
diretrizes para introduzir
a sustentabilidade no
negócio.
• Disseminação de
casos de sucesso
sobre a integração da
sustentabilidade nas
empresas.
• Notícias e informações
em matéria de
sustentabilidade.
• No período de 2008 a
2011, o site registrou
mais de 3,5 milhões de
visitantes.
• O programa estimula
os professores a
apresentarem suas
experiências em matéria
de sustentabilidade
dentro dos programas
educacionais
nas faculdades
de economia e
administração.
• Os casos reportados
são avaliados por
especialistas.
• Em 2012, três
professores serão
recompensados com
uma bolsa para estudar
no Babson College, nos
Estados Unidos.
• As práticas estão
sendo amplamente
utilizadas como forma
de reconhecimento e,
também, para mostrar
à sociedade práticas
educacionais vinculadas
à sustentabilidade que
podem ser replicadas
ou adaptadas.
Para mais informações, consultar:
Site de “Práticas”: www.santander.com.br/sustentabilidade
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Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Fideicomissos Instituídos com Relação à
Agricultura (Fira):
Parcerias para a sustentabilidade
México
Tipo de
instituição:
banco de
desenvolvimento/
público
O Fira é um conjunto de quatro fideicomissos (fundos de fomento) constituídos pelo Governo Federal
do México nos quais a Secretaria da Fazenda e Crédito Público atua como fideicomitente e o Banco
do México (Banco Central) como fideicomissário. O Fira funciona como entidade de segundo nível,
pois aplica seus recursos por intermediários financeiros bancários e não bancários. Também outorga
apoios financeiros, de garantia e tecnológicos para empresas dos setores agropecuário, pesqueiro,
florestal e rural no país por meio de capacitação empresarial, assistência técnica integral, consultoria
e transferência de tecnologia.
Principais
setores
financiados:
agropecuário,
pesqueiro e florestal
Ativos totais: US$
7,338 bilhões (2011)
Número de
funcionários: mais
de 1.100 (2011)
O Fira estabeleceu parcerias estratégicas com órgãos nacionais e internacionais especializados que
contribuem para aperfeiçoar o conhecimento sobre temas ambientais e sociais.
O Fira foi beneficiado por essas parcerias, que agregam valor à instituição e geram um maior
envolvimento dos funcionários e/ou clientes. A seguir, são apresentados em ordem alfabética alguns
exemplos dessas parcerias que resultaram em diversos projetos e benefícios:
• Alide (Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento)
Atualmente, o Fira preside esta associação. Acesso a assistência técnica e treinamento, capacitação,
consultoria, reuniões técnicas e estudos especializados, entre outros.
• BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
Apoio na busca de oportunidades e desenvolvimento de produtos financeiros para promover projetos
verdes, especialmente projetos de conservação de água, energia e florestais, bem como acesso a
capacitação em matéria de mudanças climáticas e mercados de carbono.
• Fast (Finance Alliance for Sustainable Trade)
Desenvolvimento de metodologia e indicadores para medir o impacto financeiro, social e ambiental em
projetos de investimento mexicanos no campo (atividade primária) e no setor florestal.
• Conafor (Comissão Nacional Florestal)
Criação de um fundo de garantia especializado em projetos florestais (Fonafor).
• KFW (Banco de Desenvolvimento do Governo Alemão)
Estruturação de oportunidades no mercado de carbono.
• Ministério da Indústria, Turismo e Comércio da Espanha
Estudo de alternativas para o uso eficiente da água e da energia no México.
• Sagarpa/Sener (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação/
Secretaria da Energia)
Participação no programa de Bioeconomia 2010 por meio da criação de um fundo de garantia
especializado para projetos de energias renováveis e biocombustíveis denominado Fonaga Verde.
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Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
• SEF Alliance (Sustainable Energy Finance Alliance)
Membros permanentes com voz e voto. Transferência internacional de conhecimento em matéria de
energia renovável.
• Unep (United Nations Environmental Program)
Acesso a conhecimento especializado em matéria de mudanças climáticas e mercados de carbono.
Levantamento de oportunidades de monetização da redução dos gases de efeito estufa na carteira do
Fira.
• Unep FI (United Nations Environmental Program Finance Initiative)
Transferência de conhecimento e capacitação, especialmente com relação a sistemas de gestão de
riscos ambientais e sociais.
Além de ajudar a oferecer assistência técnica de alta qualidade, essas parcerias ajudaram o banco
a descobrir novas dimensões do negócio, o que também ampliou a visão de criar novos produtos e
serviços, especialmente aqueles relacionados com o meio ambiente. O Fira percebeu um fortalecimento
geral das competências profissionais de seu pessoal. Da mesma forma, a percepção dos clientes quanto à
instituição melhora, pois o Fira agora representa um banco que oferece atendimento integral conforme
as necessidades de seus clientes, com soluções financeiras e tecnológicas inovadoras, e que contribui
para o desenvolvimento competitivo do campo mexicano.
Para mais informações, consultar:
Relatório de Sustentabilidade Fira (2010), disponível em: www.fira.gob.mx/Nd/
MemoriasSostenibilidad2010.pdf
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Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
13. Bibliografia
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The Financial Times (2009). Sustainable Banking Report. The Financial Times, London.
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www.visa.com.br/conteudo.asp?pg=1535
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www.awsassets.panda.org/downloads/1_lpr_2012_online_full_size_single_pages_final_120516.pdf
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Integração da sustentabilidade nas IF latino-americanas
Sobre a Iniciativa Financeira do Pnuma
www.unep.org
United Nations Environment Programme
P.O. Box 30552 Nairobi, Kenya
Tel.: 254 20 62 1234
Fax: 254 20 62 3927
E-mail: [email protected]
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UNEP job number: DTI/1562/GE
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