Lesnikov Renascence 30
Transcrição
Lesnikov Renascence 30
TESTE Jorge Gonçalves Lesnikov Acoustics Renascense 30 As colunas Lesnikov causaram um forte frisson quando foram vistas pela primeira vez pelo público durante o Audioshow 2008, no hotel Corinthia. As suas capacidades dinâmicas, conjugadas com uma assinalável naturalidade na reprodução, encantaram muitos dos visitantes e eu mesmo estive na sala da JG Audio por várias vezes, numa delas acompanhado pelo meu filho, intérprete de jazz, tendo ambos ficado sentados por longos minutos a escutar jazz reproduzido quase como se fosse ao vivo. muito para o José Gomes e o Oleg me convencerem a colocar estas interessantíssimas colunas na sala de testes da Audio & Cinema em Casa. Quem está por detrás destas colunas é o Oleg Lesnikov, um russo que desde há uns anos reside em Portugal e tem um entusiasmo assinalável pela alta-fidelidade. Conversei na altura por mais que uma vez com o Oleg, sempre orgulhoso das suas «meninas», e foi com imenso prazer que tornei a ver o Oleg e o Eng. José Manuel Gomes no Audioshow 2009, agora com uma nova versão, com um Audio & Cinema em Casa 54 acabamento mais escuro, das suas colunas, as quais têm igualmente agora um nome – Renascense 30. Apesar de as Renascense 30 não serem exactamente a coisa mais fácil de transportar do mundo, não só pelo seu imponente volume e pelo facto de serem constituídas por vários blocos separados, não foi preciso E a simpatia de ambos estendeu-se mesmo ao ponto de me permitirem conviver com elas por um período bem alargado de tempo, situação esta que se revelou bem vantajosa, não só porque o mês de Maio é um mês de grande atarefamento pelos meus lados, não só pela Convenção da EISA, que tenho que organizar pessoalmente e onde tenho que participar por uma semana, como pela verdadeira avalanche de equipamentos que entram pelas nossas instalações adentro e nos exigem um nível de atenção elevadíssimo. E lá tive então oportunidade de conviver com estas interessantíssimas colunas por quase dois meses, esperando que do outro lado elas não fizessem muita falta. Descrição técnica A estrutura das Renascense 30 é o resultado da conjugação de diversas peças independentes: a caixa que suporta o altifalante de graves é sem dúvida o elemento mais volumoso e sobre ela assenta uma corneta de médios, complementada com um Julho/Agosto 2009 | Nº218 pequeno tweeter colocado no topo do conjunto. O crossover é externo e está alojado numa caixa com um belo acabamento. Para facilitar a descrição técnica vou-me socorrer da informação constante do folheto da Lesnikov Acoustics, não deixando de recordar que as cornetas acústicas têm sempre tido uma corrente de seguidores e admiradores desde os primeiros momentos em que foram utilizadas. Aliás, se levarmos a imaginação bem longe, podemos facilmente aceitar que a corneta das famosas grafonolas foi o primeiro tipo de estrutura deste tipo em uso, o que significa que o centésimo aniversário do conceito ocorreu recentemente ou está para ocorrer em breve. Voltando então às palavras do folheto, convém destacar que as colunas Renascense são um produto totalmente artesanal, concebidas para fazer renascer as qualidades dos melhores sistemas audiófilos do passado, incorporando recentes avanços tecnológicos, disponíveis no fabrico de crossovers, caixas e altifalantes. A construção da Renascense 30 (número que provém da medida em centímetros do altifalante de graves de 12 polegadas) baseia-se na experiência de nomes de culto no mundo audiófilo como Eijiro Koizumi, Jean Hiraga e Jacques Mahul, entre outros, a quem se deve a divulgação do conceito e a admiração justamente conquistada por este tipo de colunas. Na década de 70 do século passado, Eijiro Koizumi partiu de uma ideia original de Jensen, começando a produzir este tipo de colunas com o nome «Onken» no Japão. Durante os anos 80, Jean Hiraga, fundador e director da revista L’Audiophile, apresentou diversos artigos sobre o projecto Onken incluindo uma versão mais pequena que foi baptizada com o nome «Onken – Petite». Nas Renascense 30, esta versão «Onken – Petite» foi adaptada e melhorada pela incorporação de um woofer de 12 polegadas concebido já no século XXI, com íman de alnico e uma frequência de ressonância situada nos 25 Hz. A via de médios utiliza um pavilhão de madeira com um motor de câmara de compressão de alto rendimento e diafragma de titânio. Esta combinação garante um som limpo, arejado e dinâmico, isento de distorção, recriando a ambiência de música ao vivo. O conjunto é completado com um tweeter, igualmente de câmara de compressão, que permite reproduzir as altas frequências até 35 kHz, garantindo a reprodução até aos 25 kHz sem atenuação. Os materiais usados na Renascense 30 (12”) foram cuidadosamente seleccionados em função do seu desempenho objectivo e subjectivo. As partes Renascense com as cornetas Iwata. José Gomes e Oleg Lesnikov com as Renascense 30 equipadas com a nova corneta Iwata. em madeira são construídas em contraplacado de bétula finlandesa de 25 mm de espessura, os amortecimentos da caixa de graves são realizados em lã de ovelha e os terminais são da WBT, Top Line. O crossover é montado numa caixa separada, contendo componentes audiófilos sem compromisso, tais como condensadores de polipropileno em tecnologia film and foil da Hovland, bobinas com núcleo de ar da Mundorf e atenuadores da Fostex. As especificações incluem uma resposta em frequência que se estende dos 20 Hz até aos 35 kHz, para uma sensibilidade de 93 dB/W/m. As frequências de crossover ocorrem nos 700 Hz e nos 7 kHz. O peso total de cada coluna ultrapassa um pouco os 66 kg, sem contar com o crossover. Teste auditivo Como já referido, as Renascense 30 foram integradas na sala de testes da Audio & Cinema em Casa, acompanhadas na altura pelo amplificador Demidoff, da Goldenote, uma combinação que acabaria por se revelar quase perfeita, embora mais tarde tivesse igualmente feito algumas audições com o meu prévio e o Mark Levinson N.º 27.5. O cabo de coluna original era o van den Hul Revelation, mais tarde substituído pelo Kimber Select KS3035. A fonte de sinal variou 55 Audio & Cinema em Casa TESTE Lesnikov Acoustics Renascense 30 entre o Naim HDX, o Bladelius EMBLA Basic, e ainda o dCS Puccini, ligados através do cabo Black Rhodium Requiem. Desenho original retirado da patente japonesa das cornetas Iwata. Os primeiros momentos de convívio com as Renascense 30 obrigam a alguma atenção, uma vez que há que afinar os níveis relativos de saída para os altifalantes de médios e de agudos e o posicionamento exacto dos altifalantes entre si, de modo a equilibrar não só as características tímbricas da coluna como a optimizar a imagem espacial. Claro que também não é uma tarefa do outro mundo, bem pelo contrário, embora exija alguma dedicação e cuidado. Principalmente porque o ajuste de nível dos atenuadores da Fostex é muito delicado, é o tipo de tarefa que me agrada fazer e que no fim deixa resultados bem gratificantes. De facto, quanto mais dedicação uma determinada tarefa exige, mais tangível é o resultado final, nomeadamente neste caso no que tem a ver com amplidão da imagem espacial. A audição da terceira parte da peça musical Three Pieces for Blues Band and Orchestra, de William Russo, com a orquestra Sinfónica de São Francisco dirigida por Seiji Ozawa, uma peça onde se detecta um diálogo particularmente complexo e gerador de ambiências complexas e que só os sistemas mais evoluídos conseguem reproduzir, comecei por detectar desde os primeiros momentos a ambiência da sala, isto mesmo apenas com o baixo eléctrico da banda de jazz a tocar isolado. Corneta Iwata. Tweeter Fostex. Audio & Cinema em Casa 56 Era uma sensação de espaço e volume que se reforçou ainda mais com a entrada em cena das harmónicas e depois dos violinos. A pouco e pouco é toda a orquestra sinfónica que se posiciona no espaço perante nós com uma precisão notável num volume acústico que excede em muito aquele que é delimitado pelas colunas. E esta mesma sensação de precisão e localização absoluta de cada fonte sonora verifica-se de modo idêntico em qualquer das três dimensões: em profundidade, por exemplo, a imagem beneficia mesmo de um surpreendente relevo. Este ponto é particularmente tangível no que se refere à disposição dos músicos que compõem a orquestra, ou seja, na definição de quem está nas primeiras filas, no meio ou mais atrás. Torna-se evidente que os músicos estão instalados num anfiteatro equipado com arquibancadas e que a banda de jazz que toca em conjunto com a orquestra ocupa o centro desse espaço. Desde as quase intangíveis notas acústicas emitidas pelos ferrinhos na complexa profundidade dessa imensa cena Julho/Agosto 2009 | Nº218 Interior do crossover das Renascense 30. sonora ao estrondo dos metais, cada participante neste festim sonoro toma lugar na cena musical com uma enorme precisão, onde o rigor e a exactidão andam de braço dado. Ao mesmo tempo, este efeito impressionante de localização parece acentuar ainda mais a dinâmica da interpretação, conferindo-lhe um realismo assinalável. De facto, se há algo que pode qualificar a sonoridade destas colunas é o seu quase incomparável realismo que coloca totalmente fora de causa qualquer hipótese de artificialidade. Ao mesmo tempo, não se notam os limites que muitos apontam à reprodução de dois canais, situação reafirmada pela escuta de uma formação menos complexa do que uma orquestra sinfónica, como foi o caso das Sonatas Completas para Flauta, de J. S. Bach, onde a Partita em A menor constitui uma extraordinária peça de música a solo que evidencia de modo claro muitos detalhes da interpretação do executante. É possível com estas colunas ouvir de modo bem distinto as várias nuances dos artefactos mecânicos e válvulas da flauta, bem como as cambiantes da respiração do músico ao longo da interpretação. Mais uma vez, era como termos mesmo ali na nossa frente o flautista, sem qualquer sensação de presença das colunas em si, algo bem mais notável quando se tem em consideração as suas imponentes dimensões. Passando a outro tipo de música tão do meu agrado, ou seja, o jazz, menciono aqui o disco Being There, do trio de Tord Gustavsen, uma gravação ECM. Temos aqui um excelente exemplo daquilo a que se pode chamar jazz romântico, com uma ambiência suavemente contornada, onde o pianista Tord Gustavsen, o baixista Harald Johnsen e o baterista Jarle Vespestad se sentem como peixes na água. As diversas faixas são relativamente curtas e as melodias são muitas vezes requintadamente sensuais, com as modulações harmónicas a fazerem-nos entrar quase num estado de deliquescência sensorial. As batidas do bombo da bateria são fortes e bem ritmadas, conjugando intensidade com limpidez, ou seja, sem flatulências, e os pratos contribuem com traços de muito bemvinda reverberação. No extremo, posso apontar-lhe uma muito ligeira nasalidade quando combinada com o 27.5, mas no caso do Demidoff tudo funcionou no melhor dos mundos, talvez também devido à mudança dos cabos da van den Hul para os Kimber Select. Como com qualquer equipamento de áudio, as combinações correctas são o segredo do desempenho optimizado. Por outro lado, o José Gomes confidenciou-me num dos seus últimos e-mails que a combinação destas colunas com um novo desenho de corneta acústica, designado por corneta Iwata, produziu resultados maravilhosos. Mais uma boa razão para o leitor as ouvir, penso eu. Conclusão As Renascense 30 são umas colunas que surpreendem pelas suas notáveis capacidades em termos de imagem espacial, impacte dinâmico e fidelidade tímbrica, qualidades raras de encontrar isoladas mas mais raras ainda quando surgem combinadas num único equipamento. Se tiver em casa o espaço suficiente para as alojar então não hesite em combinar uma audição com a JG Audio ou com a Lesnikov Acoustics. Preço: 15.425E Contactos Lesnikov Acoustics: 219 884 594 [email protected] Contactos JG Audio: 969 016 404 [email protected] 57 Audio & Cinema em Casa
Documentos relacionados
YG Acoustics Kipod Studio YG Acoustics Kipod Studio
comunhão musical das ideias do compositor, permitindo ao ouvinte perceber as nuances do diálogo que se estabelece entre a orquestra e o piano. Cabe naturalmente ao sistema de som facultar uma repro...
Leia mais