O PLANEJAMENTO NO ÂMBITO E NOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS
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O PLANEJAMENTO NO ÂMBITO E NOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS
O PLANEJAMENTO NO ÂMBITO E NOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DAS ORGANIZAÇÕES1 Amanda Bleggi¹ 2 Resumo: Este artigo propõe uma breve análise sobre importância do planejamento e sobre os três tipos essenciais de planejamento inseridos no âmbito organizacional: o estratégico, o tático e o operacional. Apresenta as definições gerais e relativas de cada uma dessas modalidades, além da posição que cada um ocupa na pirâmide organizacional. A fundamentação teórica desse estudo baseia-se em autores como Margarida Maria Krohling Kunsch e Djalma de Pinho Rebouças Oliveira. Palavras-chave: Planejamento; planejamento organizacional; planejamento estratégico; planejamento tático; planejamento operacional. Introdução É preciso ter o planejamento como um processo racional-lógico que pressupõe estudos, questionamentos, diagnósticos, tomadas de decisões, estabelecimento de objetivos, estratégias, alocações de recursos etc.. São elementos que constroem o planejamento desde o momento em que se pensa em uma ação a se realizar até o momento de sua concretude. O real significado de planejamento está longe de se relacionar com a probabilidade dos fatos. Tampouco de baseia em situações do passado para projetar os acontecimentos futuros. E não propõe uma solução imediatista e transitória para problemas. Conceituação básica de planejamento O Planejamento, é uma ferramenta administrativa, que possibilita perceber a realidade, realizar um diagnóstico da situação, construir um referencial futuro, estruturando o pensamento acerca do desenvolvimento organizacional adequado, além de reavaliar periodicamente todo o processo a que o planejamento se destina. É o lado racional da ação e consiste num processo intangível, de deliberação 1 Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Comunicação Organizacional - Profª Margareth Michel, do currículo do Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo, da Universidade Católica de Pelotas. 2 Aluna do sexto semestre do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas. abstrata e explícita, que escolhe e organiza ações, antecipando os resultados esperados; e que busca alcançar, da melhor forma possível, os objetivos prédefinidos. De acordo com Margarida Kunsch (2003, pp. 204-5), o “planejamento possui dimensões e características próprias, implica em filosofia e políticas definidas e é direcionado por princípios gerais e específicos”. Está sempre vinculado a situações e a realidades da vida das pessoas, grupos e das mais diversas organizações e instituições da esfera pública e privada. Está presente nas mais simples ações. No momento em que se tem um objetivo a alcançar espera-se êxito na tarefa. Com o planejamento cada passo até a conclusão da atividade fica mais claro, e fazendo uso desse recurso é possível estar melhor preparado para eventuais desvios no percurso. De acordo com Harold Koontz e Cyril O’Donnell (1982, PP. 86-7) e Djalma Oliveira (2002, PP. 37-8), é preciso levar em consideração quatro princípios: a) A contribuição dos objetivos – o planejamento desempenha um papel fundamental na obtenção dos objetivos totais; b) A função de precedência – o planejamento precede as demais funções administrativas (organização, direção e controle), pois, embora essas funções se interpenetrem, o planejamento é o que estabelece os objetivos e os parâmetros para o controle de todo o processo administrativo; c) A abrangência – o planejamento exerce influência generalizada em todas as atividades da organização, provocando modificações necessárias no que tange aos recursos que estão sendo empregados (humanos, técnicos e tecnológicos) e no sistema funcional como um todo; d) A eficiência – dos planos para atingir os objetivos com o mínimo de problemas e se conseqüências indesejáveis. Russell L Ackoff (1978, p.2) diz que planejamento é “algo que fazemos antes de agir, isto é, tomada antecipada de decisão”. Há um processo que direciona essa decisão. É nesse ponto que entra o estudo preliminar dos fatos envolvidos na ação, as estratégias que podem ser postas em prática, os diagnósticos e questionamentos. Analisam-se as decisões acerca do que se deve fazer, como fazer, por que fazer, quem deve fazer etc.. O planejamento é tido até aqui como um processo. De acordo com Djalma Oliveira: O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Dentro desse raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, conseqüentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos para a empresa. (2002, p. 36) Cabe aqui incluir mais alguns princípios elucidativos: eficiência significa fazer bem-feito, de maneira adequada, com redução de custos, desempenho competente e rendimento técnico para que a organização atinja um objetivo de forma precisa e com menor desgaste; eficácia liga-se aos resultados – em função dos quais é preciso escolher alternativas e ações corretas, usando para tanto conhecimento e criatividade para fazer o que é mais viável e certo; efetividade relaciona-se com a permanência no ambiente e a perenidade no tempo, no contexto da obtenção dos objetivos globais, perpetuando as técnicas que comprovadamente já deram certo na obtenção de outras metas e aplicando-as, considerando sua adequação, a outras atividades. Ainda segundo Kunsch (2003, p. 207), “o planejamento por ser um processo intelectual, pelo qual se determinam conscientemente os cursos de ação, faz com que as decisões tenham sempre como referência os objetivos, os fatos e que as estimativas sejam estudadas e analisadas.” Essencialmente o planejamento é uma das funções administrativas, e das mais importantes, que permite estabelecer um curso de ações para atingir objetivos predeterminados, tendo em vista, sobretudo, a futuridade das decisões presentes, a fim de interferir na realidade para transformá-la. O planejamento organizacional Por planejamento organizacional entende-se um esquema planejado na corporação, que integra e envolve todos os setores interdependentes da organização, facilitando e unificando as suas tomadas de decisões. É proporcionada por meio desse planejamento uma idéia de engrenagem, que funciona em razão de uma motivação preestabelecida por quem a utiliza, para obter um resultado, e só se estiver em consonância na sua integralidade. Em todo esse contexto corporativo/organizacional, é relevante considerar a dimensão política do planejamento, as vontades e motivações dos diferentes grupos envolvidos, a correlação de forças, a articulação desses grupos, as alianças e as incompatibilidades existentes entre os diversos segmentos. Quando se diz que o planejamento não se resume apenas a uma operação mecânica e instrumental do que fazer, como fazer etc., a intenção é justamente enfatizar que se trata de um processo complexo e, além de ser uma função administrativa e técnico-racional, é, sobretudo, uma função política, pois nada poderá ser feito sem vontade e decisão política, motivação por parte dos envolvidos e união entre eles que supere as diferenças inevitáveis. Tipos de planejamento nas organizações O planejamento organizacional ocorre através de diferentes tipos de planejamento: iniciando pelo Planejamento Organizacional que é abrangente e pensa a organização como um todo e em suas ações a médio e longo prazo de uma forma globalizada, a seguir o Planejamento Estratégico situa a organização em seu contexto e envolve as ações através das quais o planejamento organizacional possa ser executado, já o Planejamento Tático aplica-se a programas e atividades específicas, enquanto o Planejamento Operacional torna possível colocar em prática aquilo que foi pensado no processo de planejamento, permitindo sua execução, acompanhamento e avaliação. Estes tipos de planejamento serão discutidos a seguir. O planejamento estratégico ocupa o topo da pirâmide organizacional. É responsável pelas grandes decisões estratégicas que envolvem a organização como um todo. Caracteriza-se como de longo prazo e em constante sintonia e interação com o ambiente. O planejamento estratégico visa buscar as melhores formas para gerenciar as ações estratégicas das organizações, tendo por base as demandas sociais e competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro. O planejamento tático atua numa dimensão mais restrita e em curto prazo. Restringe-se a certos setores ou áreas determinadas das organizações. É, portanto, mais específico e pontual, buscando dar respostas às demandas mais imediatas, por meio de ações administrativas e técnicas eficientes. Serve de meio ou instrumento para implementação do plano estratégico, mediante a correta utilização dos recursos disponíveis com vistas na obtenção dos objetivos propostos ou prefixados. Ocupa na hierarquia organizacional um nível inferior ou intermediário à base operacional. Faz, portanto, a integração entre os planejamentos estratégico e operacional. Pirâmide do planejamento organizacional Estratégico Planejamento Afeta o todo da entidade Faz a integração entre os níveis estratégicos e operacionais Tático Operacional Onde as ações acontecem Plano de ações Cronograma Fonte: Almeida (2001, p. 39) O planejamento operacional é responsável pela instrumentalização e formalização, por meio de documentos escritos – os planos, projetos e programas, de todo o processo do planejamento, bem como das metodologias adotadas. Controla toda a execução e procura corrigir os desvios em relação às propostas sugeridas. Permite visualizar as ações futuras num contexto operacional em termos de hierarquia funcional. Considerações finais O planejamento é importante para as organizações porque permite que o aprendizado contínuo com as ações passadas e presentes sirva de base cognitiva para melhor realização das atividades futuras. Possibilita um esquema dinâmico que conduz os esforços de toda a equipe envolvida para objetivos preestabelecidos, por meio de uma estratégia adequada e uma aplicação racional dos recursos disponíveis. Sem planejamento, a obtenção dos resultados desejados ficaria à mercê do acaso, com soluções aleatórias de última hora para os eventuais contratempos que surgem no caminho. O planejamento evita a improvisação. É ainda, de acordo com Koontz e O’Donnell, um excelente meio de controle, pois seu processo operacional tem condições de indicar os desvios do curso de ações e os mecanismos de correção em tempo hábil. Sua importância está também no fato de ele minimizar os custos, quando se vai e pode gastar. O planejamento, além disso, substitui as atividades isoladas, individuais e fragmentadas pelo esforço equilibrado, incentivando mais o trabalho e contornando julgamentos improvisados por decisões mais conscientes (1982, pp. 96-8). Pode-se, com base em José Maria Dias, sintetizar cinco vantagens da utilização do planejamento nas organizações: propicia a coordenação de esforços e a maximização de recursos escassos; faz com que a organização tome consciência de sua razão de ser, por meio de uma sistematização estratégica do seu desempenho; permite aferir se está perseguindo os resultados propostos nos objetivos; aumenta o nível de interação entre as pessoas que compõem a organização, e ”amplia o horizonte dos dirigentes, orientando-os na prospecção do ambiente em que a organização irá operar, bem como lhes suscita novas idéias sobre oportunidades a serem exploradas” (1982, p. 22). A atividade de planejar evita que ações das organizações sejam executadas ao acaso, sem qualquer preocupação com a eficiência, eficácia e efetividade para o alcance dos resultados. Sem um estudo prévio e a reserva de soluções para problemas envolvidos na realização da tarefa, o objetivo final pode ficar cada vez mais distante do alcance. O planejamento leva em consideração o conhecimento que se obteve com erros anteriores e a possibilidade de acertar já na primeira tentativa quando da realização de uma nova atividade. Por todas essas razões conclui-se que o planejamento é realmente imprescindível para que uma organização possa se firmar no seu ambiente externo e também interno e ser uma força ativa constante. Quem planeja está atento e acompanha tudo. Torna-se mais ágil a tarefa de chegar ao objetivo considerando que se um contratempo surgir ele logo será detectado e solucionado. Isso permite à organização maior integração com seu universo ambiental, dando-lhes mais condições de sobrevivência e vitalidade como um sistema organizacional aberto. Bibliografia ACKOFF, Russell L. Planejamento empresarial. Rio de Janeiro: LTC, 1978. ALMEIDA, Martinho I. Ribeiro de. Manual de planejamento estratégico: desenvolvimento de um plano estratégico com a utilização de planilhas Excel. São Paulo: Atlas, 2001. DIAS, José Maria A. M. “Planejamento organizacional: conceito e tendências”. In: VASCONCELLOS FILHO, Paulo de ET AL. (orgs.). Planejamento empresarial: teoria e prática. Leituras selecionadas. Rio de Janeiro:LTC, 1982. KOONTZ, Harold; O’DONNELL, Cyril. Princípios da administração: uma análise das funções administrativas. Trad. De Albertino Pinheiros e Ernesto D’Orsi. 2v. 13ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1982. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologias e práticas. 17ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2002.
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