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Revista
BRASIL
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Fe
Ano 3 Nº 6 Março 2009
Year 3 Nº 6 March 2009
Magazine
Brazil Made by Hand
Nas mãos dos artesãos,
memórias e identidades
In the hands of the artisans,
memories and identities
PROJETOS
Foto/Photo: Walmir Monteiro
No Centro CAPE, oficina de
artesanato é instrumento
de geração de renda
PROJECTS
In the CAPE Center, crafts
workshop is an income
generator instrument
Sebrae/MG. Tudo o que você precisa para abrir, diversificar, gerenciar ou ampliar sua empresa.
Incentivar o empreendedorismo e fortalecer os pequenos negócios. Fornecer os instrumentos para aprimorar a
gestão dos empreendimentos. Com o Sebrae Minas, você tem acesso a orientações sobre crédito e legislação,
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Editorial Editorial
5
Artigo Article
7
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
11
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
26
Entrevista Interview
29
Projetos Projects
32
Feiras e Eventos Fairs and Events
34
Mercado Externo Foreign Market
37
Eu Faço I Make
39
Onde Encontrar Where to Find
Edição e Projeto Editorial Edition and Editorial Project
Instituto Centro CAPE / Central Mãos de Minas
Distribuição Gratuita Costless Distribution
Departamento Comercial Commercial Department
Editor Editor
Rodrigo Narciso - 9710/MG
Colaboradores Colaborators
Cláudio Narciso
Daniel Barcelos
Juniele Rabêlo
Raquel Francine
Fotografia Photography
Walmir Monteiro
Claudio Narciso
Divulgação Servas
Divulgação Centro CAPE
Revisão e Tradução Revision and Translation
Cláudio Narciso
Mário Viggiano - MG 05641 JP
Litany Pires Ribeiro
Diagramação e Arte Diagramming and Graphic Arts
Cristiano Martins
Gráfica Printing Company
Difusora Editora Gráfica
Tiragem Drawing
10.000 exemplares
Espaço Comercial - Simone Carvalho
Tel.: 55 31 3262 2869 / 3261 8240 / 3234 2869 / 9733 4467
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Centro CAPE - MG
Rua Grão Mogol, 662 - Sion
CEP 30 310-010 - Belo Horizonte / Minas Gerais
Tel.: 55 31 3282 8313 Fax: 55 31 3282 8301
Centro CAPE - DF
SCN. Quadra 5, bloco A, sala 212 - Ed. Brasília Shopping
CEP 70 710-500 - Brasília / Distrito Federal
Tel.: 55 61 328 0621 Fax: 55 61 328 5802
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55 31 3281 6820
Show room Estados Unidos
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New York City / NY
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Parque Industrial Meramar IV
Rua das Amendoeiras.
Zip Code: 2645 097 - Alcoitão / Estoril
Phone: 351 96 707 2538
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3
Índice / Expediente Index / Expedient
4
4
Editorial Editorial
ARTESANATO E A CRISE MUNDIAL
HANDICRAFTS AND THE WORLD CRISIS
Por/By: Tânia Machado* Fotos/Photos: Divulgação Centro CAPE
Quando estourou a crise
mundial no ano passado, estávamos a 60 dias da Feira Nacional
de Artesanato e a expectativa era
muito grande, pois não sabíamos
como o mercado iria reagir em
relação ao artesanato.
Qual não foi a nossa grata
surpresa, quando vimos que a
compra média dos visitantes em
2007 tinha sido de R$ 192,00 e,
em 2008, aumentou para R$
323,00. A mídia nacional, que
antes nos dava alguns minutos de
divulgação, nos levou a quase
uma hora nos grandes jornais
televisivos do país, mostrando a
todos que no artesanato não
When the crisis broke out
last year, we were just 60 days
away from the opening of the
Feira Nacional de Artesanato.
We were terribly apprehensive
because we did not have the
faintest idea of how the handicrafts market would react.
But, to our surprise, we
saw that each visitor had spent
more in 2008 than in 2007.
From an average of R$192,00
in 2007 the figures rocketed to
R$323,00 in 2008. The national media which granted us
estava havendo desemprego,
muito ao contrário, os artesãos
estavam buscando aprendizes
que os ajudassem a atender a
grande demanda que se levantou
em torno do produto artesanal.
Isto é muito bom, pois nos dá
a certeza de que estamos no caminho certo. Todo este trabalho
que realizamos há quase 30 anos,
valorizando o artesão e seu produto, agora vem colhendo frutos,
pois enquanto as grandes empresas estão demitindo, o artesanato
está ampliando a sua mão de
obra, gerando empregos e renda.
O mesmo se deu em feiras
internacionais, quando fomos
just a very short slot, now
extended that to one hour
in the TV news all over the
country, showing everyone that
the crisis had not hit the handicrafts market; rather, instead of
laying off, the artisans were
looking for apprentices to help
them meet the great demand for
their hand-made products.
This is very good, as it
shows us we are in the right
path. All the work we have
been doing for almost 30
years, promoting the artisans
apenas para “marcar espaço”, sem
nenhum esperança de venda, e
vimos nossos produtos serem
comprados e desejados pelos
compradores da Europa e EEUU.
Apesar de sermos Minas
Gerais, fazemos questão de
valorizar e divulgar os artesanatos de outros estados, pois
acreditamos que se em Minas
Gerais temos conseguido credibilidade e sucesso em nossas
vendas, temos que compartilhar
isto com outros artesãos que não
tiveram as mesmas oportunidades que nós temos.
*Presidente do Centro CAPE.
and their products, is now
bearing fruit: while the big
companies are making their
workers redundant, the handicrafts market is admitting
more people and providing
jobs and income. The same
happened in the international
fairs, when we thought
we were only going to "fill
up an empty space", without
any expectations of selling
anything, we saw our products
sell out, and become becoming
objects of desire of European
and American buyers.
Although we are from
Minas Gerais, we make it part
of our efforts to divulge the
handicrafts production of
other Brazilian States, because
we believe that if we, from
Minas Gerais, were such a big
business success, we feel we
have open the doors to other
artists who did not have the
same opportunity.
*President of
Centro CAPE.
Instituto
HANDMADE PIECES AS BIOGRAPHICAL OBJECTS
Por/By: Juniele Rabêlo de Almeida* Fotos/Photos: Divulgação
Experiências, impressões,
sentimentos e sonhos... Expressões dinâmicas e abrangentes do
vivido emergem, muitas vezes,
de peças artesanais que se revelam como objetos biográficos.
Os objetos biográficos são construções do mundo material
sobre as quais são projetadas
experiências de vida do seu possuidor, conforme salientou Janet
Hoskins. Como fonte de descobertas, o objeto biográfico
ancora memórias e representações. O significado biográfico
dado ao objeto é efetivado na
presença constante deste elemento material na vida de seus
proprietários. Pessoas e coisas
não existem de forma separada.
Os objetos biográficos contemplam significados simbólicos e
idiossincráticos: “contam” a história de seus donos.
O objeto biográfico pode
estimular a construção e consolidação de memórias e identidades. Observa-se o recente
interesse teórico das ciências
humanas pelas narrativas pessoais, ressaltando a relação de
comunidades com determinados objetos, denominados bio-
Experiences, impressions feelings and dreams ...
Dynamic and broad expressions of life experiences, many
times, emerge from handmade objects that reveal themselves
as biographical objects. Biographical objects are constructions
of the material world, upon which the life story of their creator is imprinted, as Janet Hoskins put it. As a source of discovery, the biographical object hosts memories and representations. The biographical meaning given to the object is consolidated in the constant presence of this material element in
the life of its owner. People and things come together. The
biographical object contemplates symbolic and idiosyncratic
meanings: it tells the life story of its owner.
The biographical object can foster the construction and
consolidation of memories and identities. It has been observed
lately that there has been a growing interest of human sci-
gráficos, por permitirem conhecer a história de vida de seus
possuidores. Uma peça artesanal pode, em alguns casos,
ser depositária de crenças, rituais e experiências pessoais e
coletivas, apontando, assim,
uma dupla característica: é um
objeto intensamente pessoal e
simultaneamente social. O artesanato não significa por si,
mas por agregar uma gama de
experiências. As pessoas se
relacionam com tais peças, seja
de forma empática ou conflituosa. De qualquer forma, tornase possível uma leitura dos
objetos biográficos nas histórias de vida de quem os possui,
seja porque estiveram presentes em momentos importantes de sua vida ou porque
foram eleitos por identificações
posteriores que possuem um
sentido subjetivo.
ences in the personal narratives; particularly concerning the
relationship of certain communities with certain objects,
denominated biographical, which reveal the life story of their
owners. A handmade piece can, in some cases, be the depository of beliefs, rituals and personal and collective experiences,
thus pointing to a twofold nature: it is at the same time an
intensely personal and social object. The handicraft has no
meaning in its own right; its meaning lies in the fact that it
holds a wide range of experiences within it. The people are
related to these pieces either in an emphatic or in a conflicting way. Anyhow, it is possible to read in the biographical
objects the life stories they carry in them, either because they
witnessed important moments of these people’s lives or
because they were chosen in later identifications for subjective reasons.
5
Artigo Article
PEÇAS ARTESANAIS COMO
OBJETOS BIOGRÁFICOS
6
Artigo Article
Ultrapassando gerações, o
objeto biográfico permite o contato com o passado, representando experiências vividas. O objeto
interessa no seu valor inestimável, como instrumento de registro dos momentos considerados
significativos para a construção
de histórias de vida. Suscitando
posicionamentos reflexivos, o
objeto biográfico facilita a elaboração de narrativas por meio da
atribuição de sentidos aos vários
detalhes do objeto apresentado.
Com seu valor e significado
cultural específicos, objetos biográficos resguardam lembranças
que poderiam desaparecer, mormente nesses tempos onde tudo
é muito passageiro apontando
Traveling through generations, the biographical
object provides a link with the
past, representing past experiences. The object is valued
for its inestimable value; it is
a tool that registers moments
that had a significant
meaning to the construction
of life stories. By instigating
reflective positioning, the
biographical object allows
the elaboration of narratives
by lending meaning to its
different details.
With their specific cultu-
aspectos de identidades líquidas,
como afirmou Zygmunt Bauman, caracterizada pela instabilidade, insegurança e fluidez.
Em meio às velozes mudanças
da sociedade adquirem-se apenas objetos práticos e descartáveis para usar e jogar fora. Por
conseguinte, as peças artesanais
ganham maior relevância por
proporcionar a sensação de pertencimento a uma comunidade.
Objetos biográficos são objetos de memória e esta, segundo
Michael Pollack, é marcada pelo
tempo presente em sua dinâmica social, revelando lembranças
e esquecimentos em múltiplas
dimensões. A memória deve ser
entendida também, ou, sobretu-
ral value and meaning, the
biographical objects host
memories that otherwise
would disappear, particularly in these days of
shortlivedness, pointing to
liquid identity aspects, as
Zygmunt Bau man stated.
In the turmoil of to the
speedy changes people
tend buy only practical
and dispo sable objects. As
a result, hand made pieces
gain in relevance as they
have the power to inspire
this feeling that one
do, como um fenômeno coletivo e social, ou seja, como um
fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações, mudanças
constantes. Não obstante, verificam-se na construção da
memória coletiva muitos elementos de imposição, pois as
memórias estão sempre em
disputa. Os valores identi tários das peças artesanais,
tomadas como objetos biográficos, são, assim, cada vez mais
disputados so cialmente.
*Mestre e doutoranda em História; Pesquisadora do Núcleo
de Estudos em História Oral da
USP; Professora do Centro Universitário Newton Paiva.
belongs in a community.
Biographical objects
are memory objects, and
this memory, according to
Michael Pollack, is marked
by the social dynamics of
the present time, revealing,
at the same time, memories
and oblivion in a multitude
of dimensions. Memory
should also – or mainly - be
understood as a social and
collective phenomenon, that
is, a phenomenon built
collectively and subject to
fluctuation, transformations
and relentless changes.
However, in the construction of the collective memory there emerge imposing
elements, since memories
are always in dispute. The
identitarian value of handmade pieces, taken as biographical objects, is steadily
becoming socially cherished.
*Masters and PhD in
History; Researcher of the
Núcleo de Estudos em
História Oral from USP;
Professor of Centro Uni versitário Newton Paiva.
INNOVATING AND RESCUING LOCAL MEMORIES
Por/By: Cláudio Narciso Fotos/Photos: Cláudio Narciso
Botumirim está loca lizada a 160 km de
Montes Claros. São 90 km pela BR 251 até o
município de Barrocão e, depois, mais 70 km
em estrada de terra. O difícil acesso faz com
que poucos visitantes cheguem à cidade. A
sede do município, no alto da Serra Geral, nos
presenteia com uma belíssima vista das
monta nhas, até o vale do Rio Jequi ti nhonha.
Inúmeros regatos brotam das encostas, escorregam em cachoeiras e formam poços e pilões
propícios ao banho e relaxamento.
Segundo o IBGE, a população (hoje de
Botumirim is located 160 km
from Montes Claros, traveling 90
km on the paved BR 251 road, to
the location called Barrocão and
from there 70 km on an unpaved
road that makes the access difficult
and few visitors dare to adventure.
The town, on top of a mountain
chain known as “Serra Geral”,
presents us with a wonderful view
of hill tops going down to the
valley of the Jequitinho -
6.500 habitantes) diminuiu em 500 mo radores entre os dois últimos censos. A falta
de emprego é a justificativa para que jovens
e adultos, principalmente homens, partam à
procura de trabalho.
Julio Cézar, 19 anos, é um dos jovens
que relutam em abandonar a terra natal.
Após concluir o ensino médio, viu a maio ria
dos amigos ir para São Paulo. Aos que
ficam, a única opção de emprego é a
pre feitura, que não consegue atender toda a
demanda local.
nha River. Innumerous streams
spring out of the hillsides, slide
down in waterfalls and create
pools of all sizes, perfect for
baths and relaxation. The town is
so tranquil that people like to say
nothing new ever happens there.
According to the Brazilian
Institute of Geography and
Statistics – IBGE, the population, nowadays in 6,500,
diminished in 500 inhabitants
between the last two censuses.
The lack of jobs is the reason
for young and adults, mostly
male, to leave searching for
employment.
Julio Cézar, 19, is one of the
young men who want to stay.
After his high-school graduation,
he saw most of his friends flee to
São Paulo. For those who stay the
only option is to get a government job, but the municipality
can not employ all who need.
7
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
INOVAÇÃO E RESGATE
DAS MEMÓRIAS LOCAIS
8
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Para se qualificar, Júlio
participa de cursos na área de
turismo e artesanato procurando uma fonte de renda para
permanecer em sua terra.
“Estou feliz em conhecer mais
sobre minha cultura e em
ajudar na sua preservação e
valorização”, diz orgulhoso de
participar deste resgate.
Júlio faz parte da Asso ciação de Artesãos de Botumirim que, há dois anos, atende a
Aiming to improve his
professional qualifications, he
participated in courses in the
areas of tourism and handcraft, searching for a source
of income that will enable
him to stay in his hometown
while reviving the local traditions. “I’m satisfied to know
more about my culture and
references specific to my
place and to help in showing
its value” says, proud to
população local. A partir da
iniciativa de algumas mulheres
artesãs, formou-se o grupo de
bordadeiras e costureiras “Mulheres de Fibra”, que retrata em
mantas, estandartes e almofadas cenas do cotidiano local.
As benzedeiras, as lavadeiras,
a trabalhadora rural e o dia-adia das mulheres são as figuras
regionais resgatadas e va lorizadas nos trabalhos da
associação. Borda do, ponto-
be part of this rescue.
But something is being
weaved and embroidered in
the Botumirim Artisans
Association, which was
created two years ago. The
initiative of a few artisan
women who embroidered
and sewed created a group
inside the association, the
“Women of Fiber”, which
depicts local everyday scenes
in bed spreads, flags and
cruz e costura são técnicas
artesanais que passam de mãe
para as fi lhas, preservando a
identidade cultural da região.
No lugar de linha, utilizam
fibras naturais de buriti, ba naneira e piteira, tingidas com
pigmentos naturais.
Maria Quaresma Xavier, a
Lia, chegou criança e vive há 42
anos em Botumirim. “De dia
enxada e à noite agulha de
crochê”, ela descreve o dia-a-dia.
cushions. The healing ladies,
the washing ladies, the farm
workers, the women’s daily
labor are some of the local
types and scenes rescued and
whose work is valued in the
pieces produced. Embroidery
and sewing are traditions
passed from mothers to
daughters and the group is
rescuing the cultural identity and occupations that
once existed. Instead of
industrialized thread they
use natural fibers from
local plants such as buriti,
banana tree and piteira,
colored with natural dyes.
Maria Quaresma Xavier, nicknamed Lia, came 42
years ago, as a child, to
Botumirim, completed only
the fourth grade. “During the
day the hoe and at night the
knitting needle” that is how
se describes her routine.
Nearly retiring, she
must continue to work
on farms. For her, the
Association is important
because “besides the extra
income, we are more engaged, improving, learning
and it is an option to the hoe
and to house work. We get
together, talk and new ideas
come up for us to keep going.
I’m happy, feel realized and
want more. With the looms
we are going to do many
things I’ve wished for.” As a
child her curiosity was
aroused by the looms present
in many houses. As a grown
up, dreamed with rescuing
this activity, dream that
comes through with the
new looms recently bought
sistência técnica e faz a ponte
com o governo do estado. O
Sebrae ministra cursos de
gestão e reserva espaços em
feiras de artesanato. O Senar
viabiliza cursos de qualificação e a prefeitura municipal
cede o espaço físico para a
associação e as passagens para
as feiras de artesanato. Estas
parcerias são essenciais e possibilitam a continuação e o
desenvolvimento do trabalho.
by the Association.
In Botumirim, the average
income is too low to allow the
population to buy handcraft
and it wasn’t easy for the
artisans to start the production. The activity is made
possible through partnerships with government institutions. EMATER gives
technical support and is the
link with the state government, SEBRAE gives
management courses and
pays for stands in craft fairs,
SENAR allows qualification
courses, the City Government lent a house and helps
with logistic needs. These
partnerships are essential
and make possible the work
continuity and improvement.
9
sentes em muitas casas.
Adulta, sonhava com o resgate
desta atividade, sonho que se
realiza com os novos teares
adquiridos pela associação.
Em Botumirim falta renda
para a população consumir
artesanato e foi grande a dificuldade para os artesãos iniciarem a produção. A atividade está sendo viabilizada
pelas parcerias com órgãos
públicos. A Emater presta as -
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Perto de se aposentar, Lia
precisa continuar trabalhando
na roça. Para ela, a associação é
importante. “Além de melhorar
a renda, estamos mais engajadas, participando mais da
comunidade. A gente se reúne,
conversa e, a partir daí, surgem
várias idéias e projetos. Eu me
sinto feliz, realizada e quero
cada vez mais”, afirma. Quando
criança, Lia se encantava com as
rocas de fiar e os teares pre-
10
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Incluída no Programa Estadual
de Combate à Pobreza Rural, a
Associação de Artesãos conseguiu
uma verba de R$ 23 mil com a qual
adquiriu teares, máquinas de costura e custeia a ida de instrutores que
realizaram, periodicamente, cursos
de capacitação. Esses investimentos
deram um novo patamar para a
sustentação do empreendimento.
Mariuza Sanches Xavier é
natural de Botumirim e estudou até
a 4ª série primária. Quando era
mais jovem, colhia café, fazia roçado, plantava feijão e buscava lenha.
Hoje, para complementar a renda
doméstica, costura, faz biscoitos,
bordados e tapetes de fita. Viu nos
cursos oferecidos pela associação a
oportunidade de aprender novas
técnicas para se aprimorar e poder
ensinar para outras pessoas.
Included in the State Program to
Fight Rural Poverty, the Association
got a U$10,000 government loan to
purchase looms, sewing machines and
pay the instructors and qualification
courses which will raise the level of
sustainability of the enterprise.
Mariuza Sanches Paulino Xavier
was born in Botumirim and went to
school until fourth grade. When she
was younger, she picked coffee beans,
prepared the ground for crops, cultivated beans and collected wood for
cooking. Today, to complement the
domestic income she sews, makes
cookies, embroideries and doormats.
She saw in the courses offered through
the Association an oppor tu nity to
learn new techniques to improve her
work and to be able to teach others.
Feiras valorizam a produção
A primeira participação
do grupo na Feira Nacional de
Artesanato, em 2007, mostrou
a boa aceitação das mantas,
almofadas, estandartes bordados e dos trabalhos com fibra
de bananeira. As vendas realizadas no evento fizeram com
que as artesãs acreditassem na
sua capacidade de produzir,
na existência de mercado para
comercializar os produtos e na
qualidade das peças. Em 2008
voltaram à Feira Nacional e
outros mercados se abriram
para os produtos, novos contatos foram feitos e parcerias
formadas. Neste intervalo de
um ano, entre as duas participações na feira, foi notável a
melhoria na qualidade e
design. Os produtos estão
melhorando com a experiência
e consequentemente aumentando a valorização e aceitação
pelos consumidores.
O grupo acredita que o
investimento começa a ter
retorno e que estão no
caminho certo para atingir os
ob jetivos da associação:
gerar renda e preservar a
identidade cultural a partir
do artesanato.
Fairs add value to the production
The first time the group took
part at the Feira Nacional de
Artesanato - National Hand craft Fair, in 2007, they saw
that the embroidered bed
spreads, cushions and flags, and
the work with banana tree fiber
sold well and reinforced their
belief in their capacity, in the
existence of a market for their
products and that they could be
sold with a good profit. In 2008
they came back to the Feira
Nacional and more markets
opened up for the products, new
contacts were made and partnerships formed. In one year period,
between both Fairs, the improvement in the product design and
quality was noticeable. The pro ducts improve with experience
and consequently increase their
market value and demand.
The group believes their
investment is starting to pay
back and that they’re on the
right path to reach their objectives: provide income and preserve cultural identity from
handicrafts.
FLORES NO HORIZONTE CAPIXABA
11
FLOWERS IN THE CAPIXABA HORIZON
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Quem nunca visitou a Feira
Nacional de Artesanato não tem
ideia do universo criativo que se
instala em Belo Horizonte uma
vez por ano. Uma verdadeira
cornucópia a despejar um infindável repertório de objetos,
cores, barulhos, aromas e texturas em meio ao público. E foi
ali, procurando por materiais
inusitados, que conheci o traba-
Those who have never
visited Feira Nacional de
Artesanato have no idea of
the universe of creation that
is installed in Belo Horizonte once a year. A real cornucopia pouring an endless
profusion of objects, colors,
noises, smells and textures.
And it was there, looking for
lho da família Paixão, de Vitória
(ES). O “Clã das Paixão”, nas
palavras de Herica Paixão, representante da terceira geração de
artesãs. Foi a avó dela, Leonília
Paixão, quem desenvolveu uma
técnica com a qual transformava
em flores as escamas dos peixes
que o marido tirava do rio Doce.
Atualmente, o grupo produz
as flores de escamas na oficina
innovative materials that I
saw the work developed by
the Paixão family, from
Vitória (ES) - the “Clã das
Paixão”, according to Herica
Paixão, a representative of
the third generation of artisans. It was her grand mother, Leonília Paixão,
who developed the technique
que ocupa dois cômodos da
casa de Dona Leonília. “Somos
todas mulheres, sendo três
solteiras, uma viúva e quatro
divorciadas”, ressaltou a empolgada Herica Paixão. “A
maioria tem o artesanato como
sua única fonte de renda”,
comentou ao revelar seus ganhos. “De um a dois salários,
dependendo das vendas”, disse.
that consists of making
flowers out the scales of
the fish her husband caught
in the Doce River.
Today, the family produces the flowers in a workshop that takes up two
rooms in Dona Leonília’s.
“We are all women: three
are single, one is a widow
and four are divorced”,
explained Herica Paixão
enthusiastically. “Most of
us make a living out of
handicrafts production”,
she said before making a
comment about her earnings.
“I get one or two basic
salaries a month; it will
depend on how much I sell”.
12
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Artesanato com escamas de peixes
não chega a ser uma exclusividade do
“clã”. Há registros de outros centros
produtores, especialmente no Sul do
país, por influência da cultura portuguesa trazida pelos açorianos. Mas
a técnica de Dona Leonília é
criação dela. Autodidata. E
esse fato parece acender
ainda mais os brios
da família Paixão.
A história das
flores das Paixão
começou em
1960, segundo o relato de
He rica. “Às
margens do rio
Doce, em um pequeno povoado
do município de
Baixo-Guandu
(ES), foi que
minha avó descobriu que poderia
aproveitar as escamas
para criar ornamentos,
usando cola de polvilho”, afirma.
Ela até vendia alguma coisa para as
amigas e vizinhas, mas foi ao mudar-se
Pieces made out of fish scales
are not exclusive of the “clan”.
We have registers of other producers, especially in the south of
the country; a tradition which
was brought by the Portuguese
from Azores. But Dona Leonília’s
technique was her own creation.
She is a self-taught person. And
this seems to make the light of
that family shine even brighter.
The history of the flowers
in the Paixão family started in
1960, as Herica reports to us.
“It was on the banks of the Doce
para a capital do Estado, divorciada e
com os cinco filhos, que descobriu que
suas flores poderiam garantir o sustento
dos seus. “Quando chegou à Vitória,
minha avó encontrou escamas maiores,
tiradas de peixes marinhos como
o budião e o dentão”, explica.
A partir de então, o
trabalho foi se aperfeiçoando e, sem
perceber, Dona
Leonília deu origem a uma tradição familiar.
“A minha avó,
minha mãe,
Madalena, e eu
fizemos dessa
arte muito
mais que um
exercício de
talento e tradição. Fizemos
do passatempo
uma pro fis são, transformamos
as flores de escamas de peixe em renda
familiar e, hoje, amigas e vizi nhas
completam o núcleo de produção”, diz
com o orgulho estampado no rosto
sério, a jovem artesã.
River, in the tiny village of
Baixo-Guandu (ES) that my
grandmother realized that she
could make scale ornaments
using glue made of starch”, she
says. She occasionally sold
something to her friends and
neighbors, but it was when she
moved to the capital of the
State, divorced, with five
children that she discovered that
her flowers could guarantee the
daily bread. “When she arrived
in Vitória, my grandmother
came across bigger scales from
marine fish”, she ex plains.
From that point on her work
started improving steadily and,
unwittingly, Dona Leonília had
set a family tradition in train.
“My grandmother, my mother,
Madalena, and I made this art
into more than an exercise of
talent and tradition. We made
our hobby into an occupation,
the fish-scale flowers brought
income to the family and today,
a few friends and neighbors
joined us in the workshop”, says
the young artisan proudly.
The scales are bought at fishmongers in Great and fashion designers, applied to clothes and
Vitória, still frozen, attached to the skin. At the accessories. And, most importantly, they
workshop they are detached from the skin, attra cted the attention of the clothing factories
cleaned, dried and finally they are dyed and in the locality of Colatina (ES). In 2005 they
were decorating the collection that represented
superposed to form the flower.
The dainty flowers deserved a slot in the the designers of Colatina in the Rio Fashion
Business, where they
local press and later on
were seen by famous
they gained the national
The
dainty
flowers
deserved
a
slot
fashion designers.
TV networks. The success
Besides selling in
of “Clã das Paixão”
in the local press and later on they
Espírito Santo and to
caught the interest of
gained the national TV networks
big centers such Rio de
other artisans in Espirito
Janeiro, São Paulo,
Santo, who had been
working only with pottery until then. According João Pessoa and Belo Hori zonte, the Paixão
to Heri ca, who is aware of the contribution family also have their own selling point.
she has made, the practice took such dimensions Anyone can find Herica in the handicrafts
that today scale flowers are featuring in and typical foods fair in Praça dos
the catalogue that divulges the traditions of Namorados, in the district of Praia do Canto,
that State, becoming part of the culture of in Vitória (ES), unless it is the season of
great events when she participates in the
the State of Espírito Santo.
The pieces are used in both by interior main fairs of the country.
13
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
As escamas são compradas em peixa- e exploradas pela indústria da moda,
rias da Grande Vitória, ainda congeladas aplicadas a roupas e acessórios. E
no couro dos peixes. Após separadas do caíram mesmo no gosto de modistas
couro, passam pelo processo de limpeza e do polo de confecções de Colatina (ES).
secagem, ganham cores e são coladas em Em 2005 foram aplicadas à coleção que
sobreposição até comporem uma flor.
representava o polo no Rio Fashion
A singeleza das flores de escamas Business, onde puderam ser vistas pelo
mereceu destaque na imprensa, primeiro mundo da alta costura.
em nível local e, em seguida, nas revistas
Apesar de atenderem a lojistas,
e programas de TV de
tanto do Espírito Sancirculação nacional.
to quanto de capitais
A singeleza das flores de escamas
O sucesso alcançado
como Rio de Janeiro,
mereceu
destaque
na
imprensa,
pelo “Clã das Paixão”
São Paulo, João Peschamou a atenção de
soa e Belo Horizonte,
primeiro em nível local e, em
outros artesãos capias Paixão não deixam
seguida, nas revistas e programas
xabas até então muito
de fazer suas vendas
de TV de circulação nacional
identificados com as
diretas. Quem pro tradicionais panelas
curar, certamente ende barro. Ao ponto de, hoje, o artesanato contrará Herica na feira de artesanato e
com escamas fazer parte do catálogo de comidas típicas da Praça dos Na divulgação do Estado, segundo Herica, morados, no bairro da Praia do Canto,
tornando-se, assim, parte da cultura do em Vitória (ES). A não ser que esteja em
Espírito Santo, conforme afirmou, con- época de grandes eventos, pois ela cosvicta de sua contribuição para isso.
tuma participar das principais feiras
As peças são usadas para decoração de artesanato do país.
14
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
MÃOS DO AMAPÁ RECEBEM
INFLUÊNCIA CULTURAL
DEFT HANDS OF AMAPÁ RECEIVE CULTURAL INFLUENCE
Por/By: Raquel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Bolsas, bijuterias e vasos produzidos por artesãos amapaenses,
com a fibra de tururi e grafismo
Maracá e Cunani, são produtos
com forte identidade cultural que
valorizam os recursos naturais da
Região Norte do Brasil.
Segundo a gestora do projeto
“Artesanato Feito a Mão”, Josseli
Pantoja, a fibra de tururi é extraída
do ubuçu, árvore típica da Região
Norte, como Amazonas, Pará
e Amapá. “Nosso projeto resgata
os grafismos Maracá e Cunani
e o artesanato quilombola do
Maruanum. Desde 2003, aposta-
mos na diferenciação e no valor
da história dessas civilizações,
visando a colocar o artesanato
local num patamar de destaque
nos cenários nacional e internacional,” enfatizou a gestora. Além
de produtos com a fibra e
sementes, a madeira, argila e barro
também são matérias-primas
trabalhadas pelos artesãos para
criação de produtos.
Ainda segundo Josseli, o
Estado do Amapá possui uma
vasta herança cultural, com mais
de 70 sítios arqueológicos cadastrados pelo Instituto do Patri-
Bags, jewels and vases made by artisans from Amapá out
of tururi fibers and Maracá and Cunani drawings are loaded
with cultural identity and add value to the natural resources
of the Brazilian North region.
According to Josseli Pantoja, manager of Sebrae’s project
“Artesanato Feito a Mão”, the tururi fiber is extracted from a
tree, called ubuçu, of the Arecaceae family, found in the North
Region of Brazil in the states of Amazonas, Pará and Amapá.
“Our project promotes the revival of Maracá and Cunani
drawings and the crafts made by the Maruanum, who are the
people from a Quilombola community (a community of slave
descendants). Since 2003, we have bet on differences and on
the value of these peoples, which has enabled us to give their
craft pride of place in the national and international scene”,
mônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As civilizações
Maracá e Cunani viveram há milhões de anos na Amazônia, mais
especificamente no Amapá e
alguns achados arqueológicos
comprovam a existência desses
povos que tinham uma refinada
habilidade na produção de peças
com cerâmicas e desenhos rupestres na decoração. “A herança
cultural faz parte do cotidiano dos
artesãos amapaenses, sendo um
importante aliado no incremento
da produção e na valorização de
suas peças”, concluiu.
emphasized the manager. Besides the fiber and seeds pieces,
other raw materials like wood, clay and mud are also used in
the creation of the pieces.
Also according to Josseli, the State of Amapá is very rich
in cultural heritage, with more than 70 archaeological sites
registered in the Heritage Authority - Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). The Maracá and
Cunani civilizations lived millions of years ago in Amazonia,
more specifically in Amapá and some archaeological findings
prove the existence of these peoples, whose production of
ceramics was a refined and delicate art, decorated with rupestrian designs. “Cultural heritage plays a very important role
in the daily life of the artisans from Amapá. It is invaluable in
the production as it adds value to it.”, she concluded.
FROM THE SPROUT TO THE CREATIVE HANDS OF THE ARTISANS
Por/By: Raquel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Durante a úl ti ma
Feira Na ci o nal de Ar te sa na to, ar te sãos de
vá rias re gi ões do
país par ti ci param ex pon do produtos que
se des tacam pela for te presença de deta lhes que simbolizam
suas raí zes, culturas
e cren ças. Das áreas
ribei rinhas do Ma ranhão pa ra a maior
vitrine do artesanato
na A mé rica Latina,
a arte sã Maria de
Lour des Ro drigues,
da Coo pera tiva dos
Artesãos dos Len çóis
Mara nhen ses, expôs
peças arte sa nais ex traídas da pal mei ra
de buriti, plan ta na tiva da re gião, muito
utilizada para a confecção de bol sas, cha péus, toa lhas de me sa,
jogos america nos, en tre ou tros.
Na região ma ra nhen se, as comuni da des elaboram seus
pro dutos com técnicas de trançados va ri ados, al gumas típicas e desenvolvidas
pe los próprios ar te sãos, ca da qual com
seu dife rencial, pro du zidos por técnicas
co nhe cidas como ma cramé, crochê, te la,
malha de côfo, ma lha
de cascudo, etc.
In the last Feira
Nacional de Artesanato,
ar tisans from different
regions of the country
exhibited their products,
which caught the attention of the visitors for
their wealthy of details
that symbolize the roots,
cultures and belief of those
people. From the riverside
villages of the State of
Maranhão to the largest
handicrafts showcase in
Latin America, the artist
Maria de Lourdes Rodrigues, a member of the
Cooperativa dos Artesãos
dos Lençóis Maranhenses,
brought her pieces made
out of the fibers of buriti
(Mauritia), a native plant
of the region, used in the
production of bags, hats,
tablecloths, mats and
other objects.
The people in those
areas of the state of
Ma ranhão make their
pro ducts by using various weaving techniques,
some of which developed
by themselves, each one
with their differential,
such as macrame, crochet,
mesh, etc.
15
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
DO BROTO DA PALMEIRA PARA AS
MÃOS CRIATIVAS DOS ARTESÃOS
16
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Segundo a artesã Maria
de Lourdes, moradora de
Barreirinhas (MA), que há
15 anos trabalha com a
fibra de buriti, a matériaprima precisa ser tratada
antes de iniciar as tramas.
“Retiramos a fibra da
palha da palmeira, fervemos por dois ou três minutos no fogo, lavamos e a
deixamos por mais ou
menos três horas para
secar sob o sol. A fibra é
grossa. É preciso afiná-la
e emendar os fios”, explicou. As cores são conseguidas cozinhando-se a
fibra com cascas naturais
de açaí (roxo-escuro), salsão
(verde), urucum (laranja) e
açafrão (amarelo).
De uns anos para cá o
artesanato do Maranhão
ganhou projeção nacional
e internacional. De acordo
com Maria de Lourdes,
tudo segue a linha do ecologicamente correto, o que
agrada os clientes e faz
com que os produtos de
sua cooperativa, que existe
há dois anos e é formada
por 74 artesãos, escoe o
trabalho para países como
a Bélgica e EUA, além de
realizarem vendas para
várias cidades do Brasil.
Os produtos variam
de R$5 a R$200 e podem
sofrer alterações de acordo
com a encomenda. O ar tesanato dos artesãos da
Co o pe ra ti va dos Len çó is
Ma ra nhen ses já foram
peças de de s ta que em desfiles de moda no exterior e
feiras nacionais de Minas
Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Mato Gros so.
According to Maria de
Lourdes, an inhabitant of the
locality of Barreirinhas (MA),
who has been working with the
buriti fiber for 15 years, this
raw material demands special
treatment before being woven.
“We get the fiber from the tree,
boil it for two or three hours,
wash and let it dry for about
three hours in the sun. The fibre
is coarse. We need to make it
finer before tying the threads”,
she explained. They dye the fiber
by cooking them with natural
products such as açaí (for
purple), celery (for green),
urucum (Bixa orellana- for
orange) and saffron (for yellow).
In the last few years, the
handicrafts
production
in
Ma ranhão became known in
the country and worldwide.
According to Maria de Lourdes,
they do everything with respect
for the environment, which pleases
the clients and makes it possible
for their cooperative, organized
two years ago and with 74
members now, to send its
products to places like Belgium,
USA and several centers in Brazil.
The prices of the products
range from R$5 to R$200 and
can be altered depending on the
size of the order. The handicrafts produce by the members
of Cooperativa dos Lençóis
Ma ranhenses have already made
their appearance in interna tional fashion shows and fairs
in the Brazilian States of Minas
Gerais, São Paulo, Rio de
Ja neiro and Mato Grosso.
SOURCE OF INCOME FOR THE WOMEN FROM ALAGOAS
Por/By: Raquel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro
O Pontal da Barra
é um antigo bairro
de Maceió (AL) e
surgiu de uma aldeia
de pes cadores que
retira vam da lagoa e
do mar o sustento da
fa mília. Atualmente
é um dos locais turís ticos mais visitados
da região e o artesa -
nato típico é ex posto
nas calçadas das ca sas, atra indo os tu ris tas in teressados pe la
com pra. A con fec ção
do filé corres pon de
ao tra çado fei to na
grade, seme lhante ao
das re des de pescar e
mui tas artesãs contam que a atividade
Pontal da Barra, an old district
of Maceió (AL), started as a fishing
village where the fishermen’s
fa milies lived on what they took from
the sea and the lake. Today it is one
of the most famous tourist resorts
of the region, and its pavements
covered with locally produced
handicrafts attract lots of tourists.
das fi lan zeiras sur giu
para le lamen te ao trabalho mas cu li no em
áreas pes queiras. As
fi lan zei ras do Pon tal
da Bar ra são famosas
em to do o país.
Segundo a artesã
I vo nete Santos dos
An jos, 66 anos, que
faz parte da As so -
The filet lace follows the lines of a
grid, the same process as for fishing
nets, and the artisans tell us that
the work of the filanzeiras – as the
artisans are known – from Pontal
da Barra are famous throughout
the country and in many
counrtries in the world.
According to artisan Ivonete
ciação das Artesãs do
Pon tal da Bar ra e
este ve presente na
XIX Fei ra Nacional
de Ar te sa nato em
Belo Ho ri zon te, as
mu lhe res da aldeia
dos pes ca do res pro cu ra vam o que fazer,
en quanto os ma ri dos pescavam.
San tos dos Anjos, 66, who is a
member of the Associação das
Artesãs do Pontal da Barra and
was present in the XIX Feira
Nacional de Artesanato in Belo
Horizonte, the women from the
fishing village had to find
something to keep them busy while
their husbands were away at sea.
17
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
FONTE DE RENDA PARA
AS ARTESÃS ALAGOANAS
18
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
“Foi assim que encontraram
o filé como fonte de renda para
as famílias do Pontal. Essa técnica é secular e é repassada de
mãe para filha, que vão adaptando as rendas conforme cores
e formas da moda”, contou.
Há 59 anos Ivonete dedicase ao artesanato com o filé e
garante que para ela não existe
distância que vá impedi-la de
expor seu trabalho. “Eu não
me incomodo de enfrentar longas viagens para vender e
mostrar o meu produto. A
Feira Na cio nal de Artesanato,
por exemplo, reúne trabalhos
de artesãs de vários estados e,
sempre que existir a oportunidade, fa rei de tudo para
“This is how they found in filet lace a source of
income for the families from Pontal. This technique is
centuries old and has come down from mother to
daughter, who adapt color and style to the latest
fashion trends”, she told us.
Ivonete has dedicated herself to producing filet lace
for 59 years now and says whatever the distance; it will
never stop her from displaying her work. “I don’t mind
travelling long distances to show and sell my products.
estar presen te. Não tive estudo, de diquei toda mi nha vida
ao artesanato e foi com ele
que consegui sustentar mi nha
fa mília e formar meus 6 fi lhos. Já participei de feiras em
São Paulo, Rio de Janeiro,
Por to Alegre, Ar gen ti na e
Chile. Para mim é uma grande
conquista”, frisou.
Feira Nacional de Artesanato, for example, is an event
in which exhibitors from different Brazilian states
participate, and whenever there is an opportunity, I will
be there. I didn’t have the chance to study, so, all my life
was dedicated to making crafts, and it was from it that
I managed to bring up and educate my six children. I’ve
already participated in fairs in São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre, Argentine and Chile. It am
really proud of my achievements”, she pointed out.
The vice-president of the
Associação das Artesãs do
Pontal da Barra, Gilvânia
Barbosa dos Santos, was also
present at XIX Feira
Nacional, in Minas Gerais,
and thanks to her initiative,
the filazeiras from Pontal
managed to display their
products in Expominas. “It
is no doubt one of the best
handicrafts fairs in the
country and it just can’t be
missed”, she says. Daughter
to a filanzeira, Gilvânia
started in this craft when she
was still a teenager, motivated by her mother. Today
she helps administer the association, which has 300
members. “This year, besides
the towels, beach wear, rugs,
blouses and shorts, we
brought items for children
and women. Everything is
made of filet lace, the selling
champion. Filet lace is a
centuries old art, which
was introduced to Pontal
200 years ago. Today the filet
lace made in the district
is known all over the world.
All the products in this
display were made by the
filanzeiras from Pontal, now
with 200 professionals working
with the craft”, pointed out
the vice-president.
The the prices of the
production from Pontal da
Barra range from R$5 to
R$350, depending on the piece.
Preconceito
De acordo com Gilvânia, o
desemprego ronda o estado de
Alagoas, afetando residentes
do Pontal da Barra. Por isso,
cresceu no bairro o número de
homens que estão aderindo ao
trabalho com o artesanato para ajudar a pagar as despesas
da família. “Muitos maridos
estão ajudando as esposas na
arte com o filé. Devido ao preconceito, eles fazem os trabalhos com as portas da casa
fechada, para ficarem escondidos, mas certos de que estão
contribuindo com o lar. Em
outros estados, onde participamos de eventos, pude
perceber que os homens não
têm preconceitos e se orgulham em mostrar os trabalhos,
muitas vezes melhores que os
feitos pelas esposas”, concluiu.
Prejudice
According
to
Gilvânia,
unemployment plagues the State of
Alagoas, affecting the people from
Pontal da Barra. For this reason, the
number of men taking up crafts
production to support their families
has grown. “A lot of men are helping
their wives, making filet lace. Because
of the prejudice, they work behind
closed doors, away from the curious
looks of neighbors, but certain that they
are contributing to the welfare of their
families. In other states, where we
participate in events, I noticed that
men are not prejudiced, much to the
contrary, they are proud of their work,
which sometimes o better than the
work of their wives”, she concluded.
19
nis e bermudas, trouxemos
muitos artigos infantis,
principalmente para o
público feminino. São
todos trabalhos em filé,
os mais procurados em
exposições. O filé é uma
arte secular, que chegou ao
Pontal há mais de duzentos anos. Hoje o bairro é
uma referência nessa renda para o País e para o
mundo, já que temos
vários trabalhos em diversos países. Todos os
produtos desta exposição
foram confeccionados pelas filanzeiras do Pontal,
que já possui cerca de
trezentas profissionais do
ramo”, esclareceu a vicepresidente.
Os produtos das artesãs do Pontal da Barra
são vendidos ao preço
de R$5 a R$350, dependendo da peça.
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
A vice-presidente da
Associação das Artesãs do
Pontal da Barra, Gilvânia
Barbosa dos Santos, também esteve presente na
XIX Feira Nacional, em
Minas Gerais, e graças a
sua iniciativa, as filanzeiras do Pontal da Barra
puderam expor seus produtos no Expominas. “É
realmente um acontecimento dos melhores em
nível de exposição artesanal e não podíamos
deixar de participar”, disse
a artesã. Filha de filanzeira,
Gilvânia começou na arte
ainda adolescente, incentivada pela mãe, e hoje
ajuda a administrar a associação que conta com
cerca de 300 associados.
“Este ano, além de toalhas,
trilho de mesa, cangas,
vestidos, saída de praia,
passadeiras, blusas, biquí-
20
ILUMINADAS E INUSITADAS
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
ILLUMINATED AND INNOVATIVE
Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Divulgação
Tomás Cavalcanti é um artesão heterodoxo.
Reside parte do tempo em Belo Horizonte e parte
na cidade histórica de Tiradentes, distante cerca de
duzentos quilômetros da capital mineira, onde
ajuda a administrar o negócio de sua família. Mas
não vem daí a justificativa para considerá-lo diferente. Na verdade, a natureza de suas peças decorativas é que torna seu trabalho original, inusitado.
Ele produz luminárias a partir de objetos banais, de
uso cotidiano, como utensílios domésticos.
Segundo conta, Tomás começou a desenvolver
esta linha de trabalho em 2004 devido a um
fascínio que sempre teve por embalagens e objetos
utilitários do dia-a-dia. Ele utiliza materiais que seriam descartados no lixo, que
encontra na rua, em lojas “topa tudo”
ou que recebe de amigos que já conhecem a demanda. Considera-se
um agente de reaproveitamento desses objetos, como
tantos outros artesãos nas mais
diversas áreas do artesanato. Mas,
convenhamos, a utilização que ele dá
aos copos plásticos, escorredores de
massa, leiteiras e outros objetos é bastante
Tomás Cavalcanti is a heterodox
artist. He lives partly in Belo Horizonte
and partly in the historical city of
Tiradentes, two hundred kilometers
from the capital city, where he helps in
the management of his family’s business. But this is not the reason why he
is so different. In fact it is the nature of
his decorative pieces that renders his
work so original and unexpected. He
makes lampshades from trivial objects,
the kind we use every day at home.
Tomás tells us that he started
developing his products in 2004
following the fascination he always
had for packaging and household
objects. He uses materials that other-
peculiar. Tanto quanto o visual de suas peças, que
agradam pelo aspecto moderno e informal que
conferem aos ambientes que iluminam.
A técnica utilizada por Tomás Cavalcanti
foi desenvolvida por ele mesmo. E como a
matéria-prima que utiliza não foi concebida
originalmente para a finalidade que ele pre fere, muitos testes tiveram de ser feitos até
encontrar a melhor forma de trabalhar cada
material. “Minha matéria-prima é o plástico, o
vidro, o metal. Cada uma com sua caracterís tica. Então, para testar a resistência das peças,
eu as deixo ligadas por um período de 24
horas, podendo, assim, ter certeza da
durabilidade delas”, revela.
Além dos aspectos técnicos, o
desenho de cada trabalho e o acabamento de cada peça são as preocupações do artesão. “Sempre
que estou nesses momentos
de criação, me questiono: ‘eu
compraria?’ Assim, tenho uma
atenção maior com o acabamento
de cada uma, para que se torne um
produto vendável”, conta.
wise would find their way, things you
can find in the streets, in reclamation
yards, or things he gets from friends
who know his work. He sees himself
as an agent of nature as he recycles
objects, like so many other craftspeople in the different segments of
handicrafts production. But we have
to admit that the use he makes of plastic cups, colanders, kitchen pots and
other objects is quite peculiar – just
like the outward appearance of his
pieces, whose appeal lies in the modern and informal touch they give to
the décor of the rooms they illuminate.
The technique used by Tomás
Cavalcanti was developed by himself.
And as the raw materials he uses were
not meant to this end, several tests had
to be run until he finally found the best
way to work with the materials. “My
raw materials are plastic, glass, metal.
Each of them has its properties. So, in
order to test the resistance of the pieces,
they are kept turned on for 24 hours, to
make sure they will last”, she reveals.
Besides the technical side, the
design of the pieces and their finishing
are a central concern for the artist.
“When I am creating I ask myself:
‘would I buy this?’ This is why I give so
much attention to the finishing of each
piece; I want my work to appeal to the
consumer”, he tells us.
21
Since the production of handicrafts is not his only source of income,
Tomás seeks to couple the creation of
his lampshades with his other activities. “I work as a cultural producer,
and my work with crafts is the way I
found to help protect the environment,
satisfy my crave for creation, besides
being an opportunity to show my
ideas to the world”, says the artist,
who also helps his family to run a cozy
baroque hotel in Tiradentes.
Tomás Cavalcanti is one of those
autor das inventivas luminárias. Além do apego,
outra dificuldade para escoar a produção fica por
conta do processo de concepção das peças. “Tenho
um ritmo de produção desacelerado. Faço cada
peça como se fosse única e dependo muito da inspiração. Então, quando ela vem, eu faço”, esclarece.
Aliado à necessidade de dedicar tempo a outras atividades profissionais, esse ritmo cadenciado
prejudica a possibilidade de aumentar as vendas e,
consequentemente, poder dedicar-se mais ao artesanato. “Para os artistas, designers e artesãos, os
admiro muito! Mas é muito difícil viver só da arte.
Ainda há de chegar o dia em que teremos nosso
merecido valor”, considera.
artists who fall in love with their own
creations. “I sometimes find it difficult
to part from them; I get really
attached to them”, he admits.
“But I participate in exhibitions,
leave some pieces in shops and sell a
lot to my friends”, adds the creator of
the stylish lampshades. Besides his
difficulty to part from his pieces,
another factor that makes their
commercialization difficult is the way
they are conceived. “I work at a very
slow pace. Each piece I make is like it
were the only one and I depend a lot
on inspiration. When it comes, I
work”, he explains. Added to the need
to dedicate himself to his professional
pursuits, the pace at which he works
prevents him from increasing sales,
and, consequently to dedicate more
time to making handicrafts. “Artists,
designers and artisans, I admire you a
lot. But you have to concede that it is
hard to make a living from art. There
will come the day when we will be
valued for what we are”, he says.
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Como o artesanato não é sua única fonte de
renda, Tomás procura aliar a criação de suas
luminárias com suas outras atividades. “Trabalho
como produtor cultural, tendo este outro trabalho
como uma maneira de ajudar o meio ambiente, de
fomentar minha criação, podendo expor um
pouco de minhas idéias para o mundo”, admite o
artesão, que ainda ajuda a cuidar de uma pousada
na simpática barroca Tiradentes.
Tomás Cavalcanti é desses artesãos que se
apaixonam pelas próprias criações. “Tenho muita
dificuldade de vendê-las, por apego, mesmo”,
confessa. “Mas faço algumas exposições, deixo em
lojas e vendo muito para os amigos”, completa o
22
ATIVIDADE É A MATÉRIA-PRIMA
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
ACTIVITY IS THE RAW MATERIAL
Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Cheguei à casa da artesã quinze minutos
atrasado. A empregada que abriu a porta me
recebeu com cortesia e um providencial copo
de suco de uva. Quando dona Malcy apareceu,
descendo as escadas com impressionante agilidade, fiquei surpreso. “Ela anda meio indisposta
nesses últimos dias”, me dissera o simpático
esposo instantes atrás. A impressão de senilidade que a frase do marido me causou, de fato,
não era compatível com a variedade e a quantidade de trabalhos expostos na sala, especialmente separados para ilustrar a entrevista, e
que sugeriam uma produção efervescente.
A pauta que eu tinha em mente era sobre
I arrived fifteen minutes late at
the artisan´s house. The maid, who has
opened the door, received me with
courtesy and a providential glass of
grape juice. By the time Mrs. Malcy
had showed up, coming down the
stairs with impressive agility, I got
surprised. “She has been feeling indisposed lately”, told me her sympathetic
spouse instants before.The impression
of senility that her husband´s sentence
caused me, in fact, was not compatible
os estandartes com motivos religiosos, típicos
do interior de Minas Gerais, e aos quais a
artesã Malcy Travessoni Gomes tem dedicado
sua atenção nos últimos anos. E estavam ali as
peças, em variados formatos, tamanhos e
materiais. O nome desta seção “Matéria
Prima” norteava meu olhar sobre a conversa
que começaria em instantes. Mas a juta, os
panos, as imagens, fuxicos, bordados, linhas,
miçangas e fitas compradas no Mercado
Central de Belo Horizonte ou em armarinhos
escondidos no centro da cidade, jamais
roubariam a cena quando se tem o prazer de
uns momentos com dona Malcy.
with the variety and quantity of crafts
that was exhibited in the living room,
specially positioned to illustrate the
interview, and that suggested an
effervescent production.
The guideline that I had in my
mind was about the flags with
religious patterns, typical of Minas
Gerais´s country side, and to which
the artisan Malcy Travessoni Gomes
dedicated her attention for the last few
years. There were the crafts, in varied
shapes, sizes and materials. The name
of this section “Raw Material”,
guided my idea about the conversation
that would start in instants. But, the
jute, the cloths, the images, fuxicos ,
embroideries, threads, beads and
webbings bought at “Mercado
Central” in Belo Horizonte or in a
haberdashery hidden into town would
never deviate my attention when one
has the pleasure of spending some
time with Mrs. Malcy.
During the conversation I felt like opening a big
trunk, from where came out colored candlesticks,
artisan paper or rusted in plates of iron, little
cushions with figure of saints, also found in
oratories, which I found here and there decorating
the house, besides the woollen scarfs and caps that
had appeared later, as the conversation developed.
All these crafts created by the active and creative
mind of the artisan.
Handicraft had entered in Mrs. Malcy life
in 1969, when she started making some painting
work in ceramics. “Yes, I think I was the first one
to exhibit painted porcelain at “Feira Hippie”,
she confirms, mentioning the traditional Sunday
fair in Belo Horizonte, that at the time used to
decorate “Praça da Liberdade”, but that deprived of
its traditional characteristics, does not have the
same charm of the last decades. “In 1993 I moved
out of Belo Horizonte. When I came back, after about
four years, I had lost my place at the fair”.
23
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Durante a conversa me senti abrindo
um grande baú, de onde saíam castiçais coloridos, de papel artesanal ou enferrujados
em chapas de ferro, almofadinhas que
estampam santos, também encontrados em
oratórios que eu descobria aqui e ali, entre
a decoração da casa, além dos cachecóis e
gorros de lã, que apareceram mais tarde, à
medida que a conversa se desenvolveu.
Todas as peças criadas pela mente ativa e
criativa da artesã.
O artesanato entrou na vida de dona
Malcy em 1969, quando começou a desenvolver um trabalho de pintura em cerâmica.
“Sim, eu acho que fui a primeira a expor
porcelana pintada na Feira Hippie”,
confirma, referindo-se à tradicional feira
dominical de Belo Horizonte, que na época
enfeitava a praça da Liberdade mas que,
descaracterizada, já não tem o mesmo
charme de décadas atrás. “Em 1993 eu
me mudei de Belo Horizonte. Quando
voltei, depois de uns quatro anos, tinha
perdido meu lugar na Feira”.
24
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Pude ver em apenas uma peça as
delicadas pinceladas e o rococó das
pétalas de rosa que, segundo ela
própria, já não interessam aos
compradores de hoje. “A partir de
então, vendi meu forno, meus materiais, que eram muito caros, e parei
de mexer com porcelana”, disse sem
demonstrar nostalgia.
Essa saída de Belo Horizonte foi
uma volta às origens. A artesã é
natural de Casa Grande, na região
dos Campos das Vertentes (MG) e foi
em sua terra natal que passou cerca
de quatro anos afastada da capital.
Lá, parece ter se realimentado das
coisas da roça. Foi quando os
estandartes passaram a dominar
a intuição artística de Malcy. As
festas religiosas, como as folias de
reis e procissões de Semana Santa,
despertaram a atenção da devota,
que com a intenção de enfeitar os
desfiles de sua cidade, confeccionou
os primeiros pavilhões.
I could see only in one craft the delicate
flicks and the rococo of the rose petals that,
according to her, do not interest the
purchasers nowadays. “So, I have sold my
oven, my materials, which were very expensive, and stopped working with porcelain”,
she said without demonstrating nostalgia.
Moving out of Belo Horizonte was a
return to her origins. The artisan is
originally from Casa Grande, in the region
of Campos das Vertentes (MG) and it was
in her birthland that she spent four years
away from the state capital. There, she
seemed to be filled with the things from the
country side. It was when the flags started
dominating Malcy’s artistic intuition. The
religious parties, like folia de reis and
processions of the Holy Week called the
attention of the worshipper, who had
confectioned the city’s first pavilions,
willing to decorate the city parades.
Mrs. Malcy works alone at home.
Active, she confesses that she does not
like very much house chores. At her
workshop she follows a daily routine of
work, that starts really early, at 6:30
in the morning, and continues until
late night, except for the siesta time. “I
knit until around 10 p.m. and I also
make some purses…” she says,
revealing one more of her products.
“Since the time I worked at ‘Feira
Hippie’, I was an active and independ-
ent woman. I used to drive, as I still
do. However, nowadays I do not go
downtown. I just drive around
the neighborhood”.
While she revealed the strength of
her personality in the course of the
chat, like telling the prejudices she
witnessed when she was not a matron
and had hippie friends, Mrs. Malcy
showed me what I was looking for. The
“Raw Material”, that I could not
forget and, on the other hand, that I
would never have the journalistic
interest at, as thought it is an apparent
contradiction, settles in my lap, like a
ladybird bringing good omen: the raw
material of Malcy´s work is the own
vivacity of the artisan. Her
motivation, as she admits. “I have
never had profits, properly, with the
crafts. I reinvest everything that I
profit in material for new works. So,
absolutely sure, I work because it is a
pleasure. And, it is what pushes me.”
25
preconceitos que testemunhou quando era uma
mãe de família que tinha amigos hippies, Dona
Malcy me abriu os olhos para o mote que eu
procurava. A “Matéria Prima”, que não me saía
da cabeça, ao mesmo tempo em que não despertava o interesse jornalístico, em meio a uma
aparente contradição, pousou em meu colo,
como uma joaninha trazendo bons agouros:
a matéria-prima do trabalho de Malcy é a própria
vivacidade da artesã. Sua mola-mestra, como
ela mesma admite. “Nunca cheguei a juntar
um tostão que consegui com artesanato.
Reinvisto tudo o que ganho em materiais para
novos trabalhos. Então, com certeza eu trabalho
por prazer. E é isso o que me empurra.”
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Dona Malcy trabalha só, em casa. Muito
ativa, confessa que não é lá muito fã do trabalho
doméstico. Em sua oficina obedece a uma rotina
diária de trabalho, que começa bem cedo, às
6:30h da manhã, e vai até tarde da noite, com
exceção ao período da cesta, depois do almoço.
“Eu fico até umas 10 da noite tricotando e
também tenho feito umas bolsas...”, diz
revelando mais um produto. “Desde a época
de Feira Hippie, sempre fui uma mulher ativa
e independente. Eu já dirigia, como ainda dirijo.
Só que hoje eu não vou mais ao centro, não.
Só aqui pelo bairro”.
Enquanto revelava a força de sua personalidade no curso do bate-papo, como ao narrar os
26
A IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR
Entrevista Interview
THE IMAGE OF BRAZIL ABROAD
Por/By: Rodrigo Narciso Fotos/Photos: Walmir Monteiro / Divulgação
Angeles Gross, representante do artesanato brasileiro no Centro de
Distribuição Worldwide, em New Jersey, desenvolve, em parceria com o
Instituto Centro CAPE, um trabalho de prospecção de mercado, comercialização
e divulgação do artesanato brasileiro nos Estados Unidos. Angeles, em entrevista
para a revista BFM, falou sobre os desafios e as possibilidades de crescimento
das exportações brasileiras no mercado norte americano.
Qual a imagem do artesanato brasileiro no exterior?
Não existe uma imagem
formada do artesanato brasileiro, de forma geral. Existem
imagens e conceitos de alguns
artesãos, cujos trabalhos atingiram um lugar de destaque no
mercado internacional. Ainda
não temos trabalhos suficientes
para podermos formar uma
opinião geral sobre a produção
artesanal brasileira.
Houve avanço em relação
à credibilida de do ar tesão
brasileiro no mercado internacional?
Nos últimos cinco anos
aconteceram grandes avanços
nesta direção. É importante
ressaltar que parte dos avanços
e da credibilidade atingida pelos
artesãos brasileiros deve-se ao
Angeles Gross, the representative of Brazilian handicrafts in the Worldwide
Distribution Center in New Jersey, in a partnership with Instituto Centro CAPE, works
on a project in the United States that involves market prospection and publicity of
Brazilian handicrafts. Angeles, in her interview with BFM, spoke about the challenges
and the possibilities of growing Brazilian exports in the North-American market.
What is the image of Brazilian handicrafts abroad?
There’s no set image yet. There
are images and concepts regarding
some artisans, whose work has
reached the international markets.
But there is a need for more before we
can build an image of the Brazilian
handicrafts production.
Has the credibility in the
Brazilian artisan grown in the
international market?
The last five years saw great
advances in this direction. It is
important to point out that part of
these advances and credibility in the
Brazilian artist are mainly attained
through the distributor based in the
target country. In the case if the US, I
think Ecoarts (showroom in New York
Quais as principais dificuldades encontradas
para inserir nossa produção no mercado externo?
Apesar das conquistas, ainda há um longo
trabalho de conscientização em relação ao preço
in charge of the publicity and sale of the products in the US)
and Worldwide Distribution Center in Passaic, NJ, have
played a vital role in this sense. The distributor is the link
between the artist and the buyer. Its purpose is to administer,
guide and solve any problems that might arise. Its heads
must have deep knowledge of the export process if they are
to promote the sale of the products.
What are the main setbacks our production has
faced to find its way into the international market?
Despite the achievements, there is still a long way to go
particularly regarding the definition of prices to the international buyer, deadline for the delivery of the products and
A existência de um showroom nos Estados
Unidos facilita o processo de exportação?
Existe uma expressão nos Estados Unidos
que, traduzida, seria mais ou menos isto: "Voa
pela noite". Os compradores norte-americanos
usam esta frase para se referir às empresas que se
apresentam em feiras e eventos apenas uma vez
e, depois, não dão sequência ao trabalho, não
mantêm regularidade e não persistem no projeto.
Termos um showroom em Nova Iorque que ajuda
a dar credibilidade e constância ao trabalho de
prospecção de novos clientes.
maintenance of quality standards. Some countries still
regard handicrafts production as non-professional and
rudimentary. So, we must work to show the value of
handicrafts to the consumer. We have a long way to go.
Does the showroom in the US make exports easier?
In English they have this adjective ‘fly-by-night’.
They use it to refer to people that participate in a fair
once and then never come back again, not persisting
in their projects. Having this showroom in New York
helps us to build the public’s reliability in our production
besides allowing us to go on with our work of
prospection for new clients.
27
para o comprador internacional, ao prazo
de entrega dos produtos e à manutenção da qualidade. Alguns países ainda vêem o artesanato
como algo rudimentar e pouco profissional.
Precisamos, nesses casos, trabalhar o conceito
do artesanato junto ao público consumidor. É
um longo caminho.
Entrevista Entrevista
Interview
papel desempenhado pela empresa distribuidora
no país a ser atingido. No caso do mercado norteamericano, posso citar a atuação da Ecoarts
(showroom situado em Nova Iorque e responsável
pela divulgação e comercialização de peças
brasileiras nos Estados Unidos) e do Centro de
Distribuição Worldwide, em Passaic, New Jersey.
É fundamental que estas empresas distribuidoras
tenham credibilidade no mercado consumidor. A
distribuidora é a conexão entre o artesão e o
comprador. Ela existe para administrar, orientar
e resolver qualquer problema que porventura
venha a acontecer. Tem que ter todo o conhecimento do processo de exportação para auxiliar o
produtor na venda.
28
Entrevista Interview
O que diferencia, sob a ótica
do comprador internacional, o
artesanato brasileiro da produção
de outros países?
Criatividade. O brasileiro é
extremamente criativo. Creio que
você realmente esteja querendo me
perguntar o que nos diferencia da
China, não é? Bem, o artesanato na
China também é feito a mão, porém,
o que nos diferencia, além da criatividade, é que a China não divulga
a história, as especificidades e o contexto social dos artesãos daquele
país. O artesão brasileiro tem um
nome, tem história e singularidades.
Isto quer dizer que a identidade cultural do artesão é agregada ao produto. Outra diferença é que o chinês
produz grandes quantidades para
grandes massas e os objetos têm que
ser vendidos para todas as lojas que
desejarem comprar as peças. Já a
venda do artesanato brasileiro é feita
de outra forma. Usamos o que se
chama de "gerência de código pos-
tal". Isto quer dizer que não
vendemos para nenhuma outra loja
aquele determinado produto que
esteja no mesmo código postal. Este
sistema transforma o artesanato em
"objeto de desejo", em peça exclusiva.
How does the international buyer
compare the Brazilian handicrafts
reduction with the production of other
countries?
Creativity. The Brazilian artisan is
amazingly creative. I think what you really
want to know is how we differ from China,
don’t you? Well, the Chinese handicrafts are
handmade; however, besides creativity, what
differs us from them is that the Chinese products don’t tell their story, specificities and
the social context of the Chinese artisan. The
Brazilian artisan has a name, history and
particularities. This means that the cultural
identity of the artisan in imprinted in his
work. Another difference is that the Chinese
produce in bulk and the objects are sold to
any shop interested in buying them. The
Brazilian product is sold in a totally different
way. We use what is known as ‘postal code
management’. This means that we do not sell
products with a certain postal code to any
other shop. This system makes the piece into
an object of desire, and exclusive object d’art.
Há espaço para que o artesanato
brasileiro aumente sua inserção no
exterior?
Nós ainda estamos em um estado
embrionário. Temos um longo caminho pela frente e um mercado sem
limites para conquistar. Porém, um
fator que deve ser considerado é que
nem todo artesanato que faz sucesso
no Brasil, faz sucesso no exterior.
Temos que estudar a cultura do país
que desejamos atingir, nos educar e
produzir objetos que sejam adequados à realidade daquela cultura. O
artesão brasileiro precisa canalizar
toda sua criatividade para criar
objetos que sejam de interesse do
mercado que ele deseja atingir. Nosso
trabalho é ajudá-lo neste processo.
Is there more room for Brazilian
handicrafts in the external market?
Our situation is still incipient, at an
embryo stage. We still have a long way to go
and a limitless market to conquer. But there
is a point that must be considered; not all
handicrafts that are a success in Brazil will
be a success abroad. It is vital that we study
the culture of the target country so that we
can produce pieces in line with the culture of
that country. The Brazilian artisan will
have to channel their creativity to creating
objects that will appeal to the target
consumer and our work is to help the
artisans in this process.
CRAFTS WORKSHOP OF INSTITUTO CENTRO CAPE
Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Walmir Monteiro
Desde que o bebê nasceu, ficou difícil para
Mariana Rodrigues, 22 anos, trabalhar fora de
casa. Fazer tapetes de retalhos foi a solução que
encontrou para ajudar o marido nas despesas mensais. “Estando em casa, eu cuido da minha filha e
das coisas que tenho que fazer no dia-a-dia. No
tempo que sobra, e sempre sobra um tempinho, eu
estou trabalhando com artesanato”, diz Mariana.
A artesã aprendeu a costurar e a bordar quando frequentou a Oficina de Artesanato do Instituto
Centro CAPE, projeto desenvolvido, desde 2001,
em parceria com a Central Mãos de Minas. Na oficina, jovens de 14 a 17 anos aprendem diversas téc-
Since her baby was born, Mariana
Rodrigues, 22, has found it difficult to
go out to work. Making rugs from cloth
scraps was the way she found to help her
husband with the expenses. “Being at
home, I can take care of my daughter and
do the house chores. The rest of the time,
and there is always some free time, I
make my handicrafts. I am free to create
whatever I want. I have learnt how to
make flowers, rugs, cushions. It is very
nicas artesanais e a única exigência para se
inscreverem no projeto é que estejam estudando
na rede pública de ensino.
Assim como Mariana, outros 600 adolescentes já participaram das oficinas e, atualmente, 18 jovens frequentam, diariamente, as
aulas de artesanato. Durante os encontros, realizados no prédio do Centro CAPE, em Belo
Horizonte, os adolescentes aprendem diversas
técnicas artesanais. Tecelagem, pintura, moldagem, modelagem, costura e trabalhos com
papel marché e cerâmica são algumas das atividades desenvolvidas durante as aulas.
pleasant to work with handicrafts and
make a living from it”, says Mariana.
The artisan learnt how to sew
and embroider at the Crafts Workshop
of Instituto Centro CAPE, as part of a
Project that started in 2001, in a
partnership with Central Mãos de
Minas. At the workshop, people
ranging in age from 14 to 17, learn
different crafts techniques and the only
requirement for them to enroll is that
they are studying in a public school.
Like Mariana, another 600
adolescents have already attended
classes at the workshop and, today, 18
youths are attending the crafts lessons
on a daily basis. During the meetings,
held in the premises of Centro CAPE, in
Belo Horizonte, the adolescents
learn different crafts techniques such as
tapestry, painting, molding, weaving,
sewing, papier-mâché and pottery.
29
Projetos Projects
OFICINA DE ARTESANATO DO
INSTITUTO CENTRO CAPE
30
Projetos Projects
O material utilizado para
a confecção das peças é fornecido pela oficina e por outras
empresas, que doam materiais
para serem reciclados e transformados em artesanato.
O que o grupo produz é vendido e as atividades vão mudando para atender as demandas do
mercado. Há algumas semanas
foram as almofadas. Agora são
os porta-guardanapos feitos de
The material used in
the production of the pieces
is donated by the Workshop
and companies that bring
recyclable material.
The items produced by
the group are sold and the
production caters for market
demands. A few weeks ago it
miçangas. Bolsas feitas com
material reciclado e peças em
fuxico também fizeram sucesso
entre os consumidores. “Se a
demanda é por bordado, elas
vão aprender a bordar. Se for
preciso costurar, aprendem costura. Se for necessário produzir
peças em cerâmica, elas vão
aprender a trabalhar a técnica da
modelagem. Depois de um
tempo trabalhando aqui, elas já
was cushions; now it is napkin
holders made of seed beads.
Handbags made of recycled
material and fuxico were the
favorite among consumers. “If
the demand is for embroidery,
they will have embroidery
classes; if sewing is in demand
then they will have sewing
sabem fazer diversas atividades”, diz a coordenadora da
oficina, Carla Maciel.
Natacha Bicalho soube do
projeto através de uma amiga e,
há dois anos, frequenta diariamente as aulas na oficina.
“Compro roupas e já posso ajudar em casa, coisa que eu não
fazia antes. Quando eu quero
sair não preciso pedir dinheiro
aos meus pais”, comemora.
classes. The same goes for
pottery and other techniques.
After some time working here
they acquire a series of skills”,
says the coordinator of the
workshop, Carla Maciel.
Natacha Bicalho heard
about the Project from a
friend who had been attending
classes at the Workshop for
two years. “ Now I buy my
clothes and I can also help
with the expenses at home,
something I couldn’t do before. I do not need to ask my
parents to give me some money when I want to go out”,
she says enthusiastically.
She also leaves a
message for the young people. “Make up your minds
quickly. Time does not stop.
If you hear about a Project
like this, do not miss the
opportunity”, she warns.
The students make an
average of 300 pieces a
month and receive a commission according to the
amount they produce and
they are never short of
work. The quality of the
pieces has resulted in three
invitations to the Feira
Nacional de Artesanato. In
2006, 2007 and 2008 the
workshop participants had
the opportunity to get in
touch with retailers and
wholesalers from different
parts of Brazil. Their pieces
also decorated the Mãos de
Minas room in Casa
Cor/MG for three consecutive years. “These were
very important experiences
for us. As we took our work
out of the workshop to
events as important as
Feira Nacional de Artesanato and Casa Cor, we had
the exact idea of what the
consumers want. It was
really rewarding to know
we are on the right way”,
celebrates Carla Maciel.
31
da oficina puderam
manter, durante o evento, contato direto
com lojistas de diversas partes do Brasil.
Três edições da
Casa Cor/MG também
tiveram a participação
da oficina - responsável
pela produção de peças
que decoraram o ambiente Mãos de Minas.
“Ao sairmos da
oficina para comercializar e divulgar nossa
produção em eventos
com a magnitude da
Feira Nacional de
Artesanato e da Casa
Cor, tivemos uma noção exata das demandas do consumidor.
Foi gratificante saber
que estamos no caminho certo”, comemora Carla Maciel.
Projetos Projects
A artesã deixa,
ainda, um recado para
os jovens que tiverem
a mesma oportunidade que ela. “Decida rápido. O tempo não
para. Se conhecer algum projeto como esse, não deixe a chance
escapar”, avisa.
Os alunos fabricam, em média, 300
peças por mês. Na oficina, cada adolescente
é remunerado de acordo com a sua produção
e nunca falta trabalho
para ser feito. A qualidade dos produtos
confeccionados na oficina já rendeu três convites para que levassem suas peças à Feira
Nacional de Artesanato. Em 2006, 2007 e
2008 os participantes
32
CALENDÁRIO
Feiras e Eventos Fairs and Events
CALENDAR
Feiras Nacionais
BRAZIL PATCHWORK SHOW
3ª Feira de Produtos de Tecidos Importados e Retalhos
Data: 14 a 17 de abril de 2009
Feira Setorial / Internacional / Anual
Linhas de produtos e/ou serviços: Máquinas, tecidos,
aviamentos, revistas, acessórios, marcas e produtos para
artesanato, cursos, etc.
Local: Centro de Eventos São Luiz - São Paulo/SP
Site do evento: www.brazilpatchworkshow.com.br
E-mail do evento: [email protected]
ART MUNDI
Data: 17 a 26 de abril de 2009
Feira Setorial / Nacional /BBienal
Linhas de produtos e/ou serviços: Produtos de origem
artesanal, decoração, vestuário, utilidades domésticas,
tapetes, acessórios e complementos de moda, bebidas, etc.
Local: Pavilhão de Exposições do Riocentro - Rio de
Janeiro/RJ
Site do Evento: www.artmundirj.com.br
E-mail do evento: [email protected]
FINNAR
3ª Feira Internacional de Negócios do Artesanato
Data: 17 a 26 de abril de 2009
Feira Setorial / Internacional / Quadrimestral
Linhas de produtos e/ou serviços: Artesanato nacional,
reciclagem, cerâmica, sementes, barro, resina, madeira,
gastronomia, turismo, etc.
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF
Site do Evento: www.charpheventos.com.br
E-mail do evento: [email protected]
FEIARTE - Edição Porto Alegre
21ª Feira Internacional de Artesanato
Data: 1 a 10 de maio de 2009
Feira Setorial / Internacional / Anual
Linhas de produtos e/ou serviços: Produtos de origem
artesanal, decoração, vestuário, utilidade doméstica, tapetes,
acessórios e complementos de moda, comidas típicas, etc.
Local: Estacionamento do Parque Esportivo da PUC - Porto
Alegre/RS
Site do Evento: www.feiarters.com.br
E-mail do evento: [email protected]
FEIARTE – Edição Curitiba
22ª Feira Internacional de Artesanato
Data: 15 a 24 de maio de 2009
Feira Setorial / Internacional / Anual
Linhas de produtos e/ou serviços: Produtos de origem
artesanal, decoração, vestuário, utilidade doméstica, tapetes,
acessórios e complementos de moda, comidas típicas, etc.
Local: Centro de Exposições de Curitiba - Parque Barigui Curitiba/PR
Site do evento: www.feiartepr.com.br
E-mail do evento: [email protected]
MÃOS & ARTE - Edição Maringá
1ª Feira Nacional e Internacional de Artesanato
Data: 5 a 14 de junho de 2009
Feira Setorial / Internacional / Anual
Linhas de produtos e/ou serviços: Decoração, móveis,
confecção, acessórios, semi-jóias, artesanato em geral.
Local: Sociedade Rural de Maringá - Maringá/PR
Site do evento: www.redproducoes.com.br
E-mail do evento: [email protected]
National Fairs
BRAZIL PATCHWORK SHOW
3rd Fair of Imported Cloth and Cloth Scraps
Date: 14 to 17 April 2009
Sectoral / National / Annual Fair
Products and/or services: Machines, cloth, haberdashery, magazines,
accessories, products for handicrafts courses, etc.
Venue: Centro de Eventos São Luiz – São Paulo/SP
Website: www.brazilpatchworkshow.com.br
E-mail: [email protected]
FEIARTE - Edição Porto Alegre
21st International Handicrafts Fair
Date: 1 to 10 May 2009
Setoral / International / Annual Fair
Products and/or services: Handicrafts, interior design, clothing, house
objects, rugs, fashion accessories, typical foods, etc.
Venue: Car park of Parque Esportivo da PUC – Porto Alegre/RS
Website: www.feiarters.com.br
E-mail: [email protected]
ART MUNDI
Date: 17 to 26 April 2009
Sectoral / National / Biannual Fair
Products and/or services: Handicrafts, design, clothing, house
gadgets, rugs fashion accessories, drinks, etc.
Venue: Pavilhão de Exposições do Riocentro – Rio de Janeiro/RJ
Website: www.artmundirj.com.br
E-mail: [email protected]
FEIARTE - Edição Curitiba
22nd International Fair of Handicrafts
Date: 15 to 24 May 2009
Setoral / International / Annual Fair
Products and/or services: Handicrafts, decoration, clothing, house
objects, fashion accessories, typical food, etc.
Venue: Centro de Exposições de Curitiba – Parque Barigui - Curitiba/PR
Website: www.feiartepr.com.br
E-mail: [email protected]
FINNAR
3rd International Fair of Handicraft Business
Date: 17 to 26 April 2009
Sectoral / International / Quarterly Fair
Products and/or services: National handicrafts, recycling, pottery,
seeds, clay, resin, wood, typical food, tourism, etc.
Venue: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília/DF
Website: www.charpheventos.com.br
E-mail: [email protected]
MÃOS & ARTE - Edição Maringá
1st National and Internaltional Handicrafts Fair
Date: 5 to 14 June 2009
Setoral / Internaiional / Annual Fair
Products and/or services: Design, furniture, clothing, accessories,
semi-jewellery, handicrafts in general.
Venue: Sociedade Rural de Maringá – Maringá/PR
Website: www.redproducoes.com.br
E-mail: [email protected]
INTERNATIONAL ARTEXPO
Data: 26 de fevereiro a 2 de março de 2009
Feira de grande destaque no mercado norte-americano no segmento
de arte, decoração e presentes, com 31 anos de experiência. A feira
apresenta milhares de novos objetos e proporciona diversas
oportunidades de negócios. Expõem na feira artistas, decoradores,
galerias, colecionadores e fabricantes de cerca de 50 países, atraindo
compradores de todo o mercado norte-americano e de vários
outros países.
Local: Nova Iorque (EUA)
CERANOR
Data: 2 a 6 de setembro de 2009
Evento profissional que já está na 18ª edição, com
uma visitação de 30.000 compradores, sendo 45%
espanhóis e 55% de outros países da Europa. Lojistas
de decoração, decoradores, arquitetos e designers
de hotéis, restaurantes e similares compõem o público
do evento.
Local: Porto (Portugal)
Site do Evento: www.ceranor.exponor.pt
TENDENCE
Data: 3 a 7 de julho de 2009
A feira Tendence acontece em Frankfurt e é considerada uma das
melhores feiras do gênero da Europa.
Local: Frankfurt (Alemanha)
Site do Evento: tendence-lifestyle.messefrankfurt.com
INTERGIFT
Data: 9 a 13 de setembro de 2009
São 500 expositores distribuídos em um espaço de
23.500 metros quadrados e 33.000 visitantes. Trata-se
de uma feira de decoração de interiores, decoração
floral, design, bijuteria e acessórios de moda. É
uma feira reconhecida por apresentar produtore e
representantes de produtos de qualidade diferenciada
e com design elaborado. O concurso internacional
de design é internacionalmente reconhecido e,
anualmente, conta com concorrentes de diferentes
países. Na última edição participaram artistas da
Espanha, Polônia, Dinamarca, Alemanha, Taiwan,
Itália, Senegal e Argentina.
Local: Madri (Espanha)
Site do Evento: www.expohogar.com
NEW YORK INTERNATIONAL GIFT FAIR
Data: 15 a 19 de agosto de 2009
A feira Gift Fair é o maior evento do gênero nos EUA e é realizado
duas vezes ao ano, nos meses de janeiro e agosto. Acontece no
Javits Center, em Nova Iorque, com 8.700 expositores, sendo 75%
americanos e 25% internacionais. Apenas o projeto APEX leva o
artesanato brasileiro para o evento.
Local: Nova Iorque (EUA)
Site do Evento: www.nyigf.com
International Fairs
INTERNATIONAL ARTEXPO
Date: 26 February to 2 March 2009
Being one of the most important fairs in the US in the art and interior design
segments, this fair has 31 years of experience. It displays thousands of new objects
and opens excellent business opportunities. It brings together artists, interior
designers, collectors and makers from about 50 countries, and attracts buyers from
the four corners of the US and the world.
Venue: New York (US)
TENDENCE
Date: 3 to 7 July 2009
Tendence, a fair held in Frankfurt, is considered of of the best of the kind in Europe.
Venue: Frankfurt (Germany)
Website: tendence-lifestyle.messefrankfurt.com
NEW YORK INTERNATIONAL GIFT FAIR
Date: 15 to 19 August 2009
The Gift Fair, the biggest event of its kind, is held twice a year, in January and
August, at the Javits Center, in New York, with 8,700 exhibitors, 75% of whom
being American and 25% from other countries. In Brazil only APEX takes
Brazilian handicrafts to the fair.
Venue: New York (USA)
Website: http://www.nyigf.com
CERANOR
Date: 2 to 6 September 2009
Ceranor is in its 18th edition and receives around 30,000 buyers,
45% being Spanish and the others from other European countries.
Decoration retailers, interior designers, architects and designers
in general from hotels, restaurants and other business are the
public of the fair.
Venue: Porto (Portugal)
Website: www.ceranor.exponor.pt
INTERGIFT
Date: 9 to 13 September 2009
Five hundred exhibitors display their pieces in a space of
23,500 square meters and 33,000 visitors. It is geared mainly
to interior design, design in general, flowers, jewellery and
fashion accessories. This fair is famous for bringing together
people who make high quality products with a distinctive
design. The international design contest is world famous and
brings contestants from di fferent parts of the world. In its last
edition it received representatives from Spain, Poland,
Denmark, Germany, Taiwan, Italy, Senegal and Argentine.
Venue: Madrid (Spain)
Website: www.expohogar.com
Feiras e Eventos Fairs and Events
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Feiras Internacionais
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Mercado Externo Foreign Market
ÓTIMAS PERSPECTIVAS
PARA A EXPORTAÇÃO
EXCELLENT PROSPECTS FOR EXPORTS
Por/By: Rodrigo Narciso Fotos/Photos: Divulgação Centro CAPE
O projeto de exportação do Centro CAPE /
Mãos de Minas, em parceria com APEX-Brasil, começou o ano de 2009 com força total. Em apenas
dois meses, o projeto já participou de quatro feiras
internacionais. As perspectivas para a exportação do
artesanato de Minas Gerais e do Brasil, neste ano,
são muito promissoras. Com o apoio da APEXBrasil, o segmento artesanal deu um salto quantitativo e qualitativo nos últimos anos. Um ótimo exemplo
do aumento das exportações é o projeto Brazil
Handcraft - By Minas Gerais. No primeiro ano do
projeto, o ICCAPE e a Mãos de Minas exportaram
The export project developed by
Centro CAPE / Mãos de Minas in partnership with APEX-Brasil started in
2009 in full swing. In two months, the
project participated in four international
fairs. The prospects for handicrafts
export both for Minas Gerais and the rest
of the country this year are very optimistic. With the support of APEX-
US$ 10 mil em artesanato. Em 2007, dados oficiais
da APEX registraram US$ 2 milhões e 100 mil em
comércio exterior. Este volume fez de Minas Gerais
o Estado líder em exportações no setor, entre os
Estados parceiros da APEX.
As feiras internacionais são, de forma inconteste,
eventos fundamentais para a inserção do artesanato
brasileiro no mercado externo. Ao levar nossa
produção, regularmente, aos compradores internacionais, conquistamos a confiança e transmitimos
credibilidade aos lojistas, decoradores e arquitetos
da Europa e dos Estados Unidos. A cada ano,
Brasil, the handicrafts segment gave a
giant step in the last few years – both in
terms of quantity and quality. A very
good example of the increase in exports is
the project Brazil Handcraft- By Minas
Gerais. In the first year of the project,
ICCAPE and Mãos de Minas exported
US$ 10 thousand in handicrafts. In
2007, official data provided by APEX
registered US$ 2 million and 100 mil in
external commerce. These volumes place
Minas Gerais in the leading position in
the export sector, when related to other
states that are APEX partners.
The international fairs are, without
a shadow of a doubt, the only events
capable of allowing the access of the
Brazilian handicrafts in the internatiomal
market. By taking our production to the international
buyers on a regular basis, we
have conquered the confidence and credibility of the
European and American
retailers, interior designers
and architects. Every year,
we increase our participation
in the international market,
and the results we obtained
in the fairs in January and
February indicates that this
is the way we have to stick to
in 2009. The president of
ICCAPE and superintendent of Central Mãos de
Minas, Tânia Machado, was
at the New York International Gift Fair, from 24 to
28 January and could see
with her own eyes the effective results of the strategy
developed for the project.
“This year we could witness
the positive results of the
strategies we developed for
the international market. I
have attended the Gift Fair
for many years now. At the
beginning we were totally
unknown and received no
orders at all. But our regular
presence at the events helped
us be more confident when
dealing with the buyers,
who, little by little, started to
take interest in our production. A very important
retailer of the USA ordered,
three years ago, US$ 5
thousand in objects. In
another year of the fair the
same person placed an order
for US$ 25 thousand in
handicrafts. Now, in 2009,
his order jumped to US$ 50
thousand. And there is still
room for growth”, celebrates
the president.
The opening, in 2007,
of a showroom in New
York and the presence of
Distri -bution Centers in
the US and Europe have
made a great contribution
to the boom in exports.
From 23 to 29 January,
Ecoarts – a brand created
to promote Brazilian crafts
in the US, organi zed a
huge promotional event for
the Ame rican consumer,
involving a series of carefully selected pieces, Brazilian food and music, a
draw of an air ticket to visit
the 20ª Feira Nacional de
Artesanato in Brazil.
35
edição da feira fez um pedido de
US$ 25 mil. Agora, em 2009, ele
aumentou para cerca de US$ 50 mil o
volume de negócios fechados
conosco. Ainda há espaço para crescimento”, comemora a presidente.
A inauguração, em 2007, de um
showroom em Nova Iorque e a presença de Centros de Distribuição
nos EUA e na Europa também contribuem para o crescimento das
exportações. De 23 a 29 de janeiro,
a Ecoarts - marca criada para promover o artesanato brasileiro nos
Estados Unidos, em Nova Iorque,
realizou um grande evento promocional para os compradores estadunidenses. Uma série de peças rigorosamente se lecio nadas para o
mercado norte-americano, comidas
e bebidas típicas do Brasil, música
e o sorteio de uma passagem para
visitar nosso país durante a 20ª
Feira Nacional de Artesanato,
foram algumas das atrações oferecidas durante o evento.
Mercado Externo Foreign Market
aumentamos nossa participação no
mercado internacional, e os resultados obtidos nas feiras de janeiro e
fevereiro mostram que o caminho
de crescimento será mantido em
2009. A presidente do ICCAPE e
superintendente da Central Mãos
de Minas, Tânia Machado, esteve
na New York International Gift Fair,
de 24 a 28 de janeiro, quando
constatou a eficácia da estratégia
adotada pelo projeto. “Este ano
comprovamos, na prática, os resultados positivos da nossa estratégia
em relação às feiras internacionais.
Venho há muitos anos na Gift Fair.
No início, éramos desconhecidos e
não recebíamos pedidos de compradores. Com o passar dos anos e
a constante presença no evento,
adquirimos a confiança dos compradores que, aos poucos, começaram a demandar nossa produção. Um importante lojista dos
EUA encomendou, há três anos,
US$ 5 mil em peças. Em outra
36
Mercado Externo Foreign Market
Primeiros passos
Durante as feiras Living &
Giving, em Las Vegas (EUA) e a
Ambiente, em Frankfurt (Alemanha), artesãos do município
mineiro de São João del-Rei puderam, pela primeira vez, apresentar sua produção aos compradores internacionais. Há
cinco anos os artesãos do Artesanato Saojoanence transformam
o ferro em porta-guardanapos,
luminárias, castiçais, entre outras peças utilitárias. Os apren-
dizes que trabalham no ateliê,
sob a coordenação de José
Geraldo da Silva, vislumbram
ótimas perspectivas para a
inserção de suas peças no mercado externo. “Foi um ótimo
começo. Quando a Mãos de
Minas / Centro CAPE, nos convidaram para participar das
feiras nos Estados Unidos e
Alemanha, soubemos que iríamos entrar com o ”pé direito” no
mercado internacional”, conta o
artesão Ricardo, um dos oito participantes do projeto. Mesmo
sendo a primeira participação em
feiras internacionais, o Artesanato Saojoanence conseguiu
atingir o público que, durante
o evento, realizou diversas encomendas. “Agora, precisamos
atender às exigências dos compradores em relação à qualidade
e aos prazos de entrega para que
possamos dar seqüência ao trabalho”, constata o artesão.
First steps
For 13 years Cristina
has been investing in the
improvement of her pieces
making the style of her pieces
cleaner with shapes and colors that go off the beaten
track. “I believe that for the
artisan to follow the market
trends they have to make
regular visits to arts and
crafts and interior design
fairs. This will make them
capable of developing products in line with the market”, explained Duarte. She
produces 400 pieces a month
in her workshop; each piece
takes around a day to be concluded and costs between
R$15 to R$600.
“In August this year
my pieces were displayed in a
fair in the USA and now I
am working hard to meet the
orders”, says Cristina. The
artist uses gold and liquid
platinum in her pieces. The
glass is painted and taken to
a kiln for at least five hours.
“I will go on investing to
increase the acceptance of my
pieces in the international
market. I believe in the
potential of the handicrafts
of Minas Gerais and that
glass as a strong trend
in the internal and external markets”, concluded
Cristina Duarte.
According to the Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil), last year
Minas Gerais responded for
60% of the sales of handicrafts in the country. The
results of the exports of 2008
have not been calculated yet.
SINÔNIMO DE SOLIDARIEDADE
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A SYNONYM FOR SOLIDARITY
Eu Faço I Make
Andrea Neves da Cunha,
que é jorna lista de formação,
preside o Serviço Voluntário
de Assistência Social (Servas)
desde 2003 e, sob sua gestão, a
en tidade se tornou ainda mais
conhecida como sinônimo de
solidariedade. Nos últimos
seis anos, o Servas vem atuando
para complementar o trabalho
desenvolvido pelo poder público, exercendo um papel de
ar ticulador entre a sociedade
Andrea Neves da Cunha,
a journalist, has been the head
of Serviço Voluntário de
Assistência Social (voluntary
social service - Servas) since
2003 and, under her direction, the entity became widely
recognized as a symbol of
solidarity. In the last six
years Servas has developed
ci vil, o governo, empresas,
entidades de classe e terceiro setor, promovendo e
exe cutando a ções sociais
em Minas Gerais.
Entre essas ações está o
“Digna Idade”, desenvolvido
em parceria com o Governo
de Minas, para assegurar
conforto, segurança e mais
qualidade de vida para
mi lhares de idosos que vivem
em instituições de longa
social actions in Minas Gerais and worked to complement the work developed by
the government, providing a
link between the civil societies,
the government, companies,
unions and the third sector.
One of the programs
developed by Servas is called
“Digna Idade”, in a partner-
permanência no Estado.
Outro programa vitorioso do
Servas é o “Valores de Minas”.
Voltado para alunos de 14 a
24 anos das escolas públicas
estaduais, tem como objetivo
criar oportunidades, estimular
e desenvolver aptidões por
meio de atividades artísticas,
fortalecendo a auto-estima
dos jovens selecionados. Desde
que foi criado, em 2005, já
beneficiou mais de 2.000 alunos.
ship with the government of
Minas Gerais, which aims at
ensuring that thousands of
old age pensioners living in
state institutions enjoy a life
of comfort and safety.
Another successful program developed by Servas is
“Valores de Minas”. This
program, geared to young
people in the 14-24 age range,
studying in state schools,
aims at creating opportunities and developing skills
by promoting artistic activities and strengthening the
self esteem of these youths.
Since it was created the
program has benefited over
2,000 students.
38
Eu Faço I Make
Também na gestão Andrea Neves foi criado o cidadania com a solidariedade, que ajudam a consCentro Mineiro de Referência em Resíduos, uma truir um modelo mais justo e participativo”, disse
ação pioneira no País, em resposta à necessidade ela, no lançamento do programa.
de mudança de hábitos e atitudes para o uso
Andrea Neves da Cunha integra também o
racional dos recursos naturais. O que se pretende Comitê de Honra da Fundação France Libertés
com o projeto é estimular a reflexão e a ação da Brasil, entidade presidida por Danielle Miterrand,
cidadania para os desafios de
que trabalha em defesa dos
uma gestão integrada de redireitos humanos, e é diretora
“São
ações
como
es
sa,
nas
cidas
síduos na busca de soluções
da Fundação Tancredo Neves.
do
encontro
da
ci
da
da
nia
com
e novas oportuni dades de
Atuou no Centro de Docutrabalho e renda.
mentação e Pesquisa da Funa solidariedade, que ajudam
Uma de suas iniciativas,
dação Getúlio Vargas e foi
a construir um modelo mais
em 2008, foi a criação do
uma das principais responjusto e participativo”
“Vozes do Morro”. Também
sáveis pela implantação do
inédito no País, o projeto foi
Memorial Tancredo Neves,
criado para fortalecer os vínculos comunitários em São João del-Rei. Exerceu também o cargo de
a partir da valorização do talento de moradores secretária estadual adjunta de Cultura do Governo
de vilas e favelas de Belo Horizonte e da de Minas, em 1991 e coordenou a edição de dois
Região Metropolitana.
livros: São João del-Rei, em 1986, e Tancredo
“São ações como essa, nascidas do encontro da Neves, um homem para o Brasil, em 2005.
Still in her term Andrea Neves has created the Centro fairer and more participative model”, said Andrea during
Mineiro de Referência em Resíduos (Centre for the rational the launching of the program.
Andrea Neves da Cunha is also a member of the Honor
use of waste material), a pioneer project in the country, in
response to a need for a change of habits leading to the ratio- Committee of the France Libertés Brasil Foun dation,
an entity headed by Danielle
nal use of the natural resources. One
Miterrand, which works to defend
of the purposes of this project is to
“It
is
actions
like
these,
born
from
human rights, and is the director
encourage citizens to reflect on and
the union between citizenship
of the Tancredo Neves Foundation.
face up to the challenges posed to an
She worked in the Getulio Vargas
integrated that seeks solutions, work
and solidarity, that help in the
Foun da tion’s Documents and
and income opportunities.
construction of a fairer and more
Research Center and was respon One of her initiatives in 2008
participative model”
sible for the im plan tation of the
was the creation of the project
Memorial Tancre do Neves, in
“Vozes do Morro”. This project,
unique in the country, was created to tighten the links São João del-Rei. She was also the deputy state secretary
between the communities by promoting the talents among of Culture of the Govern ment of Minas Ge rais, in 1991
the slum and shanty town dwellers of Great Belo Horizonte. and the coordinator of the publication of two books:
“It is actions like these, born from the union between São João del-Rei, in 1986, and Tan cre do Ne ves, um
citizenship and solidarity, that help in the construction of a homem para o Brasil, in 2005.
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Josseli Pantoja
Tel.: 55 96 3312 2837
E-mail: [email protected]
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Cooperativa de Artesãs dos Lençóis Maranhenses
Tel.: 55 98 3349 0349 / 9152 3279 / 9113 8052
R. Inácio Lins, s/nº - Centro / Barreirinhas - MA
E-mail: [email protected]
Ivonete Santos dos Anjos
Tel.: 55 82 3221 7626
E-mail: [email protected]
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Tomás Cavalcanti
Tel.: 55 31 3355 1243 / 9112 8558
R. Herculano de Freitas, 1363 - 2º andar
Gutierrez / Belo Horizonte - MG
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Artesanato Sanjoanence
Tel.: 51 32 3373 3764
Av. Loreto Vianini, 179 - Colônia do Marçal
São João del-Rei - MG
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Gilvânia Barbosa
Tel.: 55 82 3336 5075 / 3241 7701 / 9129 4895
E-mail: [email protected]
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Dona Malcy
Tel.: 31 3462 2306
R. Agostinho Bretas, 281
Caiçara - Belo Horizonte - MG
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Onde Encontrar Where to Find
Associação dos Artesãos de Botumirim
Tel.: 55 38 9919 2132
R. Deca Guimarães, 3 - Centro / Botumirim - MG
E-mail: [email protected]
Salão do Artesanato
O Salão do Artesanato vem para atender à demanda de lojistas nacionais e internacionais que desejam
uma feira exclusiva para artesãos com potencial para venda no atacado.
180 artesãos criteriosamente selecionados irão expor e comercializar sua produção durante o evento.
Os lojistas terão à sua disposição toda a estrutura necessária para a negociação direta com os
expositores.
Palestras, rodadas de negócios e tradutores também estarão à disposição dos compradores
internacionais.
Data: 09 a 11 de outubro de 2009.
Local: Serraria Souza Pinto. Belo Horizonte/Brasil.
Informações: 55 - 31 - 3282-8067
[email protected] / [email protected]
*Apenas lojistas terão acesso ao Salão do Artesanato.
Salão do Artesanato is coming along to see to the demands of national and international buyers who
are looking for a fair exclusively for artisans with potential to cater for
wholesalers.
180 carefully selected artisans will exhibit and sell their production during the event.
The buyers will have at their disposal a complete infrastructure, which will allow them to
negotiate directly with the exhibitors.
Lectures, business rounds and translators will be made available to international buyers.
Date: 09 to 11 October 2009.
Venue: Serraria Souza Pinto. Belo Horizonte/Brasil.
Information: 55 - 31 - 3282-8067
[email protected] / [email protected]
*Only retailers and wholesalers will have access to Salão do Artesanato.