“Lei tampão” reaquece a construção em São José - Sinduscon-SP

Transcrição

“Lei tampão” reaquece a construção em São José - Sinduscon-SP
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EDITORIAL
Desoneração urgente!
Sergio Watanabe*
N
este início de 2011, foram baixados dois importantes dispositivos
legais para aumentar a segurança do trabalho na construção. Um deles, de
âmbito nacional, foi a portaria do Ministério
do Trabalho e Emprego que introduziu
aperfeiçoamentos sobre andaimes.
Um dos maiores méritos das modificações introduzidas foi o processo de
trabalho tripartite que as originou. Durante
dois anos, o Comitê Permanente Regional
de São Paulo da NR 18 realizou profundo
diagnóstico, com intensa participação do
SindusCon-SP e de outras entidades de
empregadores, representantes dos trabalhadores, do MTE, do Ministério Público do
Trabalho e dos fabricantes e montadores
de andaimes. As propostas de alteração
chegaram tão amadurecidas ao Comitê
Permanente Nacional da NR 18 que logo
foram aprovadas e publicadas.
Entre as alterações está um prazo de
12 meses para que todas as partes dos
andaimes tragam gravados, de forma
aparente e indelével, o nome do fabricante,
referência do tipo, lote e ano de fabricação.
Somente empresas inscritas no Crea,
com profissional legalmente habilitado,
poderão fabricar andaimes completos ou
componentes estruturais. Os projetos do
tipo fachadeiro, suspensos e em balanço
precisarão ser acompanhados por ART.
Os trabalhadores devem utilizar cinto
de segurança tipo paraquedista ligado a
cabo guia fixado em estrutura independente do equipamento. Ficou proibido
o trabalho em andaimes na periferia da
edificação sem proteção adequada.
Os andaimes de madeira só podem ser
utilizados em obras acima de 3 pavimentos
ou altura equivalente se projetados por
profissional legalmente habilitado.
Novos regramentos
aumentam segurança
do trabalho porém
vão elevar custos
Nos equipamentos deve constar a
carga máxima de trabalho permitida.
Em 48 meses, ficará vedada a utilização de guinchos tipo catraca dos andaimes suspensos para prédios acima de 8
pavimentos.
A outra novidade, esta voltada à construção na capital paulista, foi a instituição
de portaria dispondo que a instalação e a
utilização de gruas em canteiros de obras
particulares, quando a ponta da lança se
projetar sobre o espaço público aéreo,
ficam condicionadas à prévia expedição
de alvará de autorização.
A publicação da portaria aconteceu
depois de meses de uma atuação intensa
do SindusCon-SP e de outras entidades
da construção, para que houvesse um en-
tendimento uniforme dos diversos órgãos
da prefeitura com base na legislação, sem
que se fizessem exigências desprovidas
de fundamento técnico das construtoras.
A expedição do alvará será feita de forma eletrônica. A grua deverá ser instalada
no terreno dentro dos recuos previstos em
lei. Com exceção da ponta da lança sem
carga, nenhuma outra parte do equipamento poderá se projetar para além dos limites
do terreno. A ponta de lança terá de estar
afastada no mínimo 3 metros de qualquer
obstáculo e se projetará no máximo 10
metros além do limite do lote.
A NBR 7678 deverá estar atendida,
incluindo a construção de cobertura de
proteção sobre o passeio, e os demais
preceitos legais e normativos contidos na
legislação municipal. E a grua deverá ser
imediatamente desmontada em caso de
paralisação da obra.
A atuação do SindusCon-SP obteve
sucesso, evitando-se exigências tecnicamente descabíveis. Mas é certo que as
construtoras terão mais dois regramentos
a cumprir que, embora meritoriamente
visem elevar a segurança, inevitavelmente
aumentarão o custo de produção.
A necessidade de desonerar a produção é premente. O setor, um dos que
mais promovem o crescimento econômico e geram emprego e renda, necessita
urgentemente de medidas concretas para
desonerá-lo e elevar sua produtividade.
* Presidente do SindusCon-SP
,
entários, críticas
Envie seus com
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perguntas e suge
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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voz do leitor
75 anos do SindusCon-SP
Meus cumprimentos e felicitações ao presidente e aos ex-presidentes do SindusCon-SP
pelo sucesso da festa dos 75 anos do SindusCon-SP. Vocês, numa demonstração de união e
continuidade do ideário de lutas, conquistaram o
reconhecimento da construção como uma das
protagonistas do desenvolvimento sustentável.
Ressalto outro motivo de grande alegria, o
lançamento da edição especial do livro comemorativo, com a história do Estado de São Paulo
e do SindusCon-SP, dando destaque à atuação
da entidade pelo fortalecimento da construção
civil no âmbito do pujante crescimento econômico paulista e brasileiro nestas últimas sete
décadas e meia.
A Fiabci/Brasil, com o orgulho de poder
6
Capa
SindusCon-SP
aponta desafios
para disseminar
o BIM no país
‘Há o pequeno e o grande BIM’
Modelagem 3D também vai à escola
Gafisa testa quatro softwares
Laser scanner controla qualidade no
canteiro
Processo afeta cotidiano dos
profissionais
Implantar é tarefa monumental
14
Habitação
Prefeitura de SP almeja déficit zero
Secretário defende Moradia Digna
17
Meio Ambiente
Estudos balizarão ações ambientais
Depave aceita debater TCAs
contar com o SindusCon-SP como um de seus
principal members, está à disposição para
contribuir no que for necessário,
Ricardo Yazbek
Presidente da Fiabci/Brasil
No Interior
Agradeço o exemplar de Notícias da Construção (nº 96, dezembro/2010) e registro meus
votos de parabenização, desejando sucesso e
pleno êxito a todos os integrantes da Diretoria
do SindusCon-SP. Coloco-me à disposição na
sede do Poder Executivo de nossa cidade,
Marco Aurélio Bertaiolli
Prefeito de Mogi das Cruzes
18
SindusCon-SP em Ação
Hato promete lutar pela habitação
Ramalho atuará pela construção
Dilma promete gerar emprego
Capital sediará Enic em agosto
25
Relações Capital-Trabalho
Antonio Pereira: dever cumprido
26
Relações Internacionais
Britânicos visitam o sindicato
Missão técnica irá a Londres
31
Responsabilidade social
ConstruSer esperar reunir 40 mil
32
Regionais
Campinas celebra sucesso de 2010
“Lei tampão” reaquece setor em São José
Sorocaba apoia programa de TV
Ribeirão orienta sobre segurança
Rio Preto festeja Jubileu de Prata
Bauru lidera geração de empregos
Santos analisa potencial menor
colunistas
5
Robson Gonçalves – Conjuntura
28
12
Celso Petrucci – Financiamento
30Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão
16
José Carlos Puoli – Legislação Ambiental
36Antonio Jesus de Britto Cosenza – Marketing
Pedro Luiz Alves – Motivação
20Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra
38Marcos Minichillo de Araújo – Jurídico
24
40Ercio Thomaz – Soluções Inovadoras
José Carlos Sampaio – Desafios no Canteiro
Presidente
Sergio Tiaki Watanabe
Vice-presidentes
Cristiano Goldstein
Delfino Paiva Teixeira de Freitas
Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Haruo Ishikawa
José Antonio Marsilio Schwarz
José Carlos Molina
José Roberto Pereira Alvim
Luiz Antônio Messias
Marcos Roberto Campilongo Camargo
Maristela Alves Lima Honda
Mauricio Linn Bianchi
Odair Garcia Senra
Paulo Brasil Batistella
Diretores das Regionais
José Batista Ferreira (Ribeirão Preto)
José Roberto Alves (São José dos Campos)
Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente)
Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas)
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Paulo Piagentini (Santo André)
Ricardo Beschizza (Santos)
Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba)
Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto)
Representantes junto à Fiesp
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Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto,
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(São José dos Campos)
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Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
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necessariamente as posições do SindusCon-SP
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42Vahan Agopyan – Inovação
4
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
“O papel desta revista foi feito com madeira de
florestas certificadas FSC e de outras fontes
controladas.”
CONJUNTURA
Arregaçar as mangas
Robson Gonçalves*
A
eleição de Dilma Roussef foi,
sem dúvida, um marco na história do país. Ela é a primeira
mulher presidente, sucessora do primeiro ex-operário presidente, sucessor
do primeiro presidente ex-professor da
Sorbonne. São tempos de grande vigor
para a democracia brasileira! Mais do
que isso, Dilma chega à presidência
no primeiro pleito que disputou na vida.
Fenômeno!
Embalada por esses fatos e pegando
carona no transbordamento da imensa
popularidade de seu antecessor, imagina-se que a presidente irá se beneficiar
do típico “efeito lua de mel”, aquela fase
que caracteriza os primeiros meses de
governo na qual a alegria da eleição
consagradora contagia o ânimo dos governantes e a avaliação dos governados.
Mas, se no campo político é possível
“deitar em berço esplêndido” nessa fase,
no campo econômico é preciso trabalhar
duro, pois a herança deixada por Lula
exige ações rápidas.
Em qualquer país do mundo, as
variáveis econômicas podem se combinar de formas diferentes, gerando
diferentes conjunturas. Mas, se as proporções forem as erradas, os mesmos
ingredientes que resultam em delícias
podem gerar verdadeiros desastres. No
caso brasileiro, crescimento econômico,
emprego, inflação, juros e câmbio são
esses ingredientes.
Ao final da “Era Lula”, assistimos,
finalmente, ao espetáculo do crescimento. 7% ou mais de expansão do PIB
é algo que os brasileiros com menos de
trinta e poucos anos jamais viram. Mas,
despreparada para esse arranque, a
economia do país acabou manifestando
Herança econômica
deixada por Lula
exige ações rápidas
do governo Dilma
a febre inflacionária. O IPCA, índice oficial
do Regime de Metas, fechou o ano se
aproximando perigosamente de seu limite superior. Juros altos atraíram capitais
especulativos e levaram à valorização
excessiva do real. Mais de 2,5 milhões de
empregos foram criados e, mesmo com
juros altos, as vendas no varejo voaram
alto. O saldo da balança comercial se
deteriorou, colocando o país, uma vez
mais, diante da necessidade de continuar
atraindo capitais estrangeiros crescentemente especulativos.
Aquecida pelo fogo alto da campanha
eleitoral de 2010, que costuma afastar
as medidas amargas do cardápio, essa
receita gerou um resultado digno dos
grandes confeiteiros. Um pão doce, de
aparência agradável e delicada, chamado pleno emprego. Por fora, o brilho do
crescimento econômico, do faturamento
em alta, das lojas cheias de consumidores felizes, do crédito abundante, dos
funcionários públicos com salários generosos e, por vezes, até merecidos. Mas
a mistura também se mostra indigesta.
Corrigi-la talvez exigiria um ou dois anos
de sacrifícios. Por exemplo: medidas
para corrigir a valorização cambial são
potencialmente inflacionárias e demandariam juros mais altos para conter a
alta de preços. Juros altos, por seu turno,
elevam os gastos financeiros do governo
e, portanto, requereriam cortes em outros
gastos. Mas a folha de pagamentos do
setor público, inchada nos últimos anos,
é parcialmente incompressível. Restaria
cortar investimentos. Mas isso aumentaria as carências de nossa infraestrutura já
tão debilitada. Então, o que fazer?
Se fosse possível voltar no tempo,
talvez Dilma quisesse alertar o presidente
Lula para que reunisse uma herança
mais benéfica para sua sucessora e se
encantasse menos com os recordes de
popularidade. Mas, como não existem
máquinas do tempo, é melhor esquecer a
lua de mel e arregaçar as mangas. Antes
que a receita desande de vez.
* Professor dos MBAs da FGV
e consultor da FGV Projetos
,
entários, críticas
Envie seus com
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robson.gonca
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
5
Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico
CAPA
Membros do SindusCon-SP e convidados especialistas em BIM no seminário realizado no Centro Brasileiro Britânico
SindusCon-SP debate desafios
para disseminar o BIM no país
Nathalia Barboza
Interoperabilidade entre diferentes soluções e sistemas, falta de qualificação de
equipes e desenvolvimento das bibliotecas
de componentes. Esses foram alguns dos
obstáculos ao desenvolvimento do BIM
(Building Information Modeling) no Brasil
apontados no “Seminário BIM – Modelagem da Informação na Construção – Meto-
6
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
dologia que revoluciona o processo produtivo de edifícios”, promovido em dezembro
pelo SindusCon-SP. O seminário contou
com a presença de experts internacionais,
como Jan Reinhardt, dos EUA.
O evento superou as expectativas e
reuniu 210 profissionais de incorporadoras,
construtoras, empresas de projetos, fabricantes de materiais, acadêmicos e outros
agentes do mercado em torno do BIM,
que pode ser definido como uma coleção
de modelos digitais em 3D criados por
diferentes agentes mas que dão, no final,
uma visão unificada do projeto. O conceito
envolve fundamentalmente a modelagem
das informações de um edifício, criando um
modelo integrado de todas as disciplinas
associadas (estruturas, elétrica, hidráulica
etc.). “Este é sem dúvida mais um serviço
de grande valia que o CTQ (Comitê de Tec-
nologia e Qualidade) presta às associadas
do SindusCon-SP. Compartilhar conhecimentos que impulsionem a qualidade, a
tecnologia e a produtividade na construção
é uma das mais belas contribuições que o
CTQ tem dado às empresas”, afirmou o
presidente Sergio Watanabe, na abertura
do evento, realizado em parceria com o
Comasp (Comitê de Meio Ambiente).
Na ocasião, também participaram o
vice-presidente do SindusCon-SP Mauricio
Linn Bianchi; Paulo Sanchez, coordenador
do CTQ; Salvador Benevides, coordenador
de Missões e Eventos do CTQ; e Fernando
Augusto Correa da Silva e Jorge Batlouni
Neto, membros do CTQ e coordenadores
do evento.
Durante o dia, especialistas de diferentes áreas discutiram ainda os atuais
estágios do BIM no Brasil, as pesquisas
em andamento e a realidade do ensino
do processo nas universidades, além das
necessidades para o desenvolvimento de
projetos no país.
Fortes razões
Diante da recente mudança de patamar de produção da construção brasileira,
as empresas “estão no limite que a metodologia de processos de projeto, orçamento,
planejamento, controle e execução de
obras pode oferecer”, segundo Maria An-
gelica Covelo Silva, coordenadora técnica
do evento, diretora da NGI Consultoria e
Desenvolvimento e coordenadora de um
grupo interinstitucional sobre BIM no Brasil.
“A modelagem veio para ficar. Por mais
racionalizada, organizada e competente
Para especialistas,
principal barreira ainda
é a interoperabilidade
entre os softwares
que seja a metodologia de uma empresa,
não se conseguem resultados melhores do
que os atuais que envolvem grande complexidade gerencial e um patamar de riscos
ainda possível de redução”, argumentou a
engenheira.
Maria Angélica expôs pelo menos cinco
fortes razões para que as empresas acreditem no potencial do inovador BIM como
importante instrumento do setor e invistam
em sua utilização. “A primeira delas é o
aumento de horas de muitos especialistas
para resolver todas as interfaces típicas de
um projeto, após o crescimento
de volume de produção.”
Segundo ela, há ainda que
se ponderar o aumento de tamanho e de complexidade técnica
dos empreendimentos, a realidade de mão de obra insuficiente
quantitativa e qualitativamente e
o risco de queda da qualidade
pelo uso de sistemas construtivos tradicionais.
“O contexto atual da construção no país, em especial,
da produção de edificações é
determinante da necessidade de
grandes alterações no processo
de produção. O crescimento
repentino do setor trouxe para
as empresas a necessidade de
reduzir drasticamente o ciclo de
Maria Angélica: cinco razões para ter o BIM
O consultor Jan Reinhardt,
especialista na implementação
do BIM nas empresas
produção. A disponibilidade de recursos
para financiamento e com ela o aumento
da velocidade de vendas dos empreendimentos, assim como os compromissos de
resultados perante investidores, conjugam
condições que justificam e exigem a redução do ciclo de produção de empreendimentos a partir da compra do terreno”,
sentenciou.
“Por outro lado”, disse, “tais condições
impõem a necessidade de reduzir o retrabalho, a correção de erros e as incompatibilidades, em especial, durante a execução
da obra. Independentemente do sistema
construtivo, a obra precisa ser contínua
e ter alta produtividade”. Ela lembrou que
as atividades no canteiro são sequenciais
e não têm como se sobrepor simultaneamente aos projetos e compatibilizá-los na
sua concepção.
Para ela, esta redução do ciclo completo entre projeto e conclusão da obra
deve ser acompanhada de precisão e
garantia de desempenho do prédio. “Também não podemos deixar de considerar
que a organização das informações num
único modelo contribui enormemente
para a gestão da operação e manutenção
futura do edifício”, finalizou.
‘Há o pequeno
e o grande BIM’
O BIM não é igual em duas empresas no mundo. Há o ‘pequeno BIM’ e o
‘grande BIM’. Cabe a cada construtora
saber quais as suas reais necessidades
e o melhor caminho. As afirmações
são de Lúcio Soibelman, professor e
pesquisador do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental de Carnegie
Mellon University, nos Estados Unidos,
que participou do Seminário sobre BIM
do SindusCon-SP. “Todo mundo pode ir
para o ‘grande BIM’, mas precisa ver se
vale a pena”, completou.
Para Soibelman, antes de “sair gastando US$ 100 milhões em softwares
de BIM” é importante avaliar o custo
benefício para a empresa e só depois
dimensionar as ferramentas a serem
adquiridas.
Até os motivos pelos quais as empresas adotam o BIM nos EUA são diferentes daqueles das companhias brasileiras,
afirmou Soibelman. “No Brasil, parece
que é mais comum buscar o processo
BIM para acelerar o projeto e organizar
o trabalho, detalhando mais ou menos
cada objeto, dependendo da necessi-
dade. Por lá, é muito mais usado pelos
general contractors, os donos do empreendimento, que usam a ferramenta
para coordenar o trabalhos dos subempreiteiros, além de evitar mudanças que
parem uma obra no canteiro”, comentou.
“Por isso o número de change orders é
tão medido e vale tanto nos EUA”, disse.
Para ele, no Brasil dá-se muita
importância para o projetista, que é
quem menos ganha com o BIM –ele
continua fazendo seus projetos como
antes. Quem sai ganhando mais são
o construtor, que não terá retrabalhos,
e o cliente, que economizará recursos
destes retrabalhos.
Interoperabilidade
A questão da mudança de cultura
para quem passa a usar o BIM também
é um ponto sensível. “Até os contratos precisam ser redigidos de forma
diferente. Por se tratar de um projeto
digital, tudo tem de ser definido entre as
partes. Isso inclui os protocolos de como
armazenar os arquivos, os tamanhos
máximos e suas versões”, afirmou.
Gaúcho, Soibelman é referência de BIM nos EUA
A comunicação integral entre os
diferentes softwares, chamada de interoperabilidade, foi apontada como um dos
principais entraves à consolidação da
ferramenta no Brasil. Para, o problema
recai, principalmente, sobre as construtoras. “Não dá para pedir que cada
projetista use o mesmo sistema BIM da
construtora. O escritório trabalha com
vários clientes e não é possível usar um
software para cada cliente. A construtora tem de integrar as informações dos
projetos”, ponderou.
Modelagem 3D também vai à escola
Duas apresentações do seminário
refletiram a análise da metodologia
BIM como tema de pesquisa que vem
sendo conduzido por uma rede de
universidades brasileiras e como tema
de ensino nos cursos de graduação.
“A Finep disponilizou R$ 2,5 milhões
para, entre outras, uma pesquisa
do uso do BIM no canteiro de obra”,
revelou o professor Eduardo Toledo
Santos, pesquisador do Departamento
Sergio Scheer (acima) e Eduardo Santos
discutiram o papel das universidades
de Engenharia de Construção Civil da
Poli-USP.
O professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná Sergio
Scheer afirmou que, além da formação
e capacitação de pessoal, a universidade também precisa mudar a forma
de “venda do seu conhecimento”. Segundo ele, “99% das teses ficam nas
prateleiras porque não interessam às
empresas”.
Gafisa testa quatro softwares
Algumas das primeiras experiências
brasileiras de implantação do BIM em
projetos residenciais foram apresentadas por Ewerton Bonetti, gerente de
projetos da Gafisa.
Ele revelou detalhes dos cinco
projetos simultâneos que a incorporadora está desenvolvendo há um ano,
cada um deles com um dos diferentes
sistemas de softwares disponíveis no
Brasil. “Não dá para manter a produtividade sem que, de vez em quando, seja
preciso parar para afiar o machado”,
justificou Bonetti, lembrando a parábola
dos lenhadores que disputavam quem
cortava mais madeira no menor tempo.
“Para o volume de obras que temos pela
frente, o BIM será fundamental, sobretudo porque representa um aumento de
produtividade”, definiu.
Pioneirismo
A ideia pioneira da Gafisa é testar
os principais softwares BIM disponíveis
no mercado, com o apoio de entidades
do setor, entre elas o SindusCon-SP.
Para isso, a empresa montou cinco
equipes de funcionários, projetistas
terceirizados e consultores.
Com o software Revit, estão sendo
projetados um empreendimento em
Brasília (DF) e outro em Goiânia (GO).
Com a ferramenta da Bentley, um imóvel em Santos (SP). O Nemetschek/
VectorWorks ajuda a projetar outro em
São José dos Campos (SP). E com o
ArchiCAD, da AutoDesk, mais um prédio será feito em Goiânia (GO).
“O objetivo é conhecer melhor cada
uma das ferramentas e explorar o potencial dos projetistas”, disse Bonetti.
“Para o futuro, nossa intenção é que
100% dos projetos sejam desenvolvidos com BIM, mas isso acontecerá
no médio prazo. Em 2011, daremos
continuidade a esses cinco projetos e
iniciaremos outros nove”, revelou.
Bonetti (no detalhe e apresentando os cases no evento): meta é conhecer melhor as ferramentas
Abrir o leque
Bonetti informou que, mesmo após
a extensão do BIM a todos os projetos,
a Gafisa pretende continuar usando as
quatro plataformas. “Nunca pensamos
em fazer tudo com uma ferramenta só.
Nossa intenção sempre foi diversificar.
Não queremos monopólio, queremos
abrir o leque”.
“É mesmo ruim que se tenham
softwares proprietários”, alertou Jan
Reinhardt, diretor da Adept Project
Delivery. “A flexibilidade é necessária e
não podemos nos dar ao luxo de usar
uma ferramenta de segunda.”
Bonetti justifica que, desta forma,
a empresa dá aos projetistas mais
liberdade para escolher o software que
melhor se adapte a cada um. Porém,
adverte: “É claro que se percebermos
que alguma ferramenta não está se
adaptando à nossa expectativa, ela
pode ser descartada. Mas até o momento não descartamos nenhuma”.
Laser scanner
controla a
qualidade no
próprio canteiro
Lúcio Soibelman apresentou também as vantagens do laser scanner, que
calcula automaticamente as medidas
de um ambiente e as passa para o
computador, acelerando as decisões
e controlando a qualidade do serviço.
“Numa escavação, por exemplo, é
possível medir a cada 10 minutos o
terreno para saber qual a produtividade
da equipe. Com isso, é possível definir a
tempo se será preciso mais uma máquina escavadora para não atrasar a obra”,
comentou. “Numa ponte, a análise do
prumo da estrutura pode ser feita em
duas ou três horas”, complementou.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
9
Processo BIM afeta cotidiano
de todos os profissionais
O debate das condições e necessidades para implantação do BIM nas
diversas especialidades de projeto
– arquitetura, estruturas e sistemas
prediais– aconteceu na forma de uma
mesa redonda, durante o Seminário
BIM –Modelagem da Informação na
Construção.
Segundo Eduardo Sampaio Nardelli, professor e pesquisador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie,
para implementar o BIM só falta a
integração dos processos entre os
diferentes profissionais, “até porque
os escritórios de arquitetura já contam
com os softwares”.
Mas ele alertou que a implantação do BIM deverá afetar também a
composição das equipes de projeto.
Para Eduardo Nardelli, composição das equipes será afetada pela implementação do BIM nas empresas
“As decisões, que normalmente se
concentram no projeto executivo, serão
antecipadas. [Com o BIM] as deliberações na fase de concepção do empreendimento e de estudos preliminares já
são, de certa forma, executivas. Essa
talvez seja a mudança mais dramática
da implantação do BIM: o cadista vai
ser um especificador, mesmo que ele
não queira. Significa que o staff terá
que ser mais sênior”.
completo. Faltam adaptações de funcionalidades, bibliotecas e recursos de
cálculo”, comentou Fábio Pimenta, diretor da Projetar Projetos de Sistemas.
Por outro lado, pouca adequação é necessária para modelar os sistemas de
combate a incêndio e de climatização.
Unicidade
No curto prazo, o consultor Francisco Paulo Graziano, diretor da Pasqua
Patinho feio
Com relação ao desempenho
individual de cada software, os
participantes sinalizaram que a
questão está resolvida para projetos de arquitetura e estruturas.
O “patinho feio”, no entanto, é
a área de instalações prediais,
cujas ferramentas ainda não estão
completamente adequadas. “Para
hidráulica e elétrica, os softwares
de BIM disponíveis ainda não são
utilizáveis de imediato no projeto
Esforço de transformação do jeito
de trabalhar vai ser recompensado,
afirmou Francisco Graziano
10
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Pimenta: instalações prediais estão atrasadas
Graziano & Associados Consultoria,
Concepção Estrutural e Projeto, afirmou que será possível arquivar todas
as informações inerentes a um projeto
em um mesmo banco de dados. No
entanto, segundo ele, será necessário
ter uma unicidade de linguagens entre
os arquivos.
Segundo ele, este esforço de
transformação do jeito de trabalhar
vai ser recompensado com um envolvimento maior de toda a equipe sem
que isso signifique um número maior
de reu­niões de compatibilização dos
diferentes níveis de projeto.
A responsabilidade sobre a criação
das bibliotecas de componentes e sistemas também esteve no centro das
discussões, com
as construtoras
defendendo que
os fabr icantes
de materiais deveriam responsabilizar-se por
d e s e nvo l ve r e
disponibilizar as
b i bl i o te c as de
seus produtos.
“Tenho conversado com diversos fabricantes.
Estas bibliotecas
vão sair”, garantiu Roberto de Souza,
diretor-presidente do CTE (Centro de
Tecnologia de Edificações).
Para Roberto de Souza, as bibliotecas digitais de
componentes devem começar a ser entregues ao
mercado em breve pelos próprios fabricantes
Implantar é tarefa monumental
Implementar o BIM é uma tarefa
monumental e o quão fundo se vai nisso é o próprio usuário que deve definir,
garantiu Jan Reinhardt, diretor da Adept
Project Delivery, empresa de consultoria
para implantação de BIM, sediada em
Pittsburgh (EUA).
No seminário do SindusCon-SP, ele
definiu o BIM como “uma ferramenta
de gestão” e explicou que a ferramenta
pode servir para coordenar as equipes,
negociar com elas os espaços para tubulações, fios e canos de ar-condicionado,
para orçar os custos ou só para fazer
ótimas perspectivas artísticas. Tudo
isso de uma vez só ou fatiado, o que for
conveniente ao usuário. “A empresa é
quem tem de responder qual valor ela
quer ter para si. Por exemplo, pode ser
simplesmente o nome dos arquivos.
Seja lá qual for a resposta, o BIM é um
ambiente muito mais integrado e permite
fazer tudo com mais transparência”,
afirmou o consultor.
Reinhardt descreveu também a melhor forma de implementar o processo de
modelagem. Para ele, o desafio do setor
em aplicar o BIM “é aumentar os lucros,
acrescentando valor às construções”.
Mesmo assim, é importante perceber
que um modelo muito detalhado custa
muito mais e pode “travar o computador”.
“As pessoas se empolgam e modelam
em detalhes algo que, indicado por uma
simples caixa, seria tão funcional quanto
o ‘modelão’”, afirmou.
O especialista completou: “O BIM
facilita uma postura positiva de toda
a indústria e garante maior precisão
geométrica e confiabilidade no planejamento, quase transparência total
e interatividade nos processos, com
feedbacks mais rápidos”.
para fazer suas bibliotecas. A universidade, por sua vez, pode ajudar a pensar
nos procedimentos, leis e requisitos.
Aos construtores caberá focar no que
é necessário e selecionar a ferramenta
certa”, delineou. “Podemos perceber que
a distância é cada vez menor entre a nossa
experiência e a de outros países. Eventos
como este só colaboram para que ela seja
ainda menor”, afirmou Fernando Correa,
um dos coordenadores do seminário.
O papel de cada um
Já para o professor Lúcio Soibelman,
a seu modo, todos podem ajudar a implementar o BIM no Brasil. “Os arquitetos
devem continuar fazendo o mesmo de
sempre. Já os fabricantes não precisam
esperar pela elaboração e definição dos
standards (modelos digitais padrão)
Seminário colabora para
disseminar informação sobre o BIM,
afirmou Fernando Correa
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
11
HABITAÇÃO
Meta é o déficit zero
Nathalia Barboza
Norteadas pelo minucioso trabalho da
Secretaria Municipal de Habitação de São
Paulo, compilado no recém-lançado Plano
Municipal de Habitação (PMH), as ações
da Prefeitura pretendem zerar o déficit
por inadequação de moradias até 2024.
O estudo inédito reúne dados de­fa­ve­las,
cortiços, loteamentos irregulares e áreas
de risco, mapeados em campo por técnicos
da PMSP, e resultou no sistema Habisp,
que revelou haver 890 mil famílias vivendo
em situação inadequada –a maioria depende de obras de infraestrutura, a reforma
da própria edificação e do processo de
regularização fundiária para se integrar à
cidade formal.
Em 2009, as
necessidades de
produção habitacional compunham-se pelo déficit por
substituição, de 133
mil, mais 94 mil para
cobrir quem mora
em coa­bitação, somando a 227 mil.
Além disso, há a necessidade futura de
mais 629 mil. Em entrevista exclusiva,
o secretário Ricardo Pereira Leite fala
sobre o PMH e os caminhos para zerar
o déficit.
Qual a prioridade do
PMH?
A urbanização de
favelas, compartilhado
com a gestão das famílias que moram em áreas
de risco. Graças a Deus
não tivemos grandes catástrofes em São Paulo
como em outros Estados.
E, se não produzirmos
habitação, não vamos
gerar oferta compatível
com a demanda. Seria Ricardo Pereira Leite: ideia é ter uma visão mais estratégica
muito desejável ter estoque estratégico para quando remover
O aumento da participação de
famílias de uma área. Hoje, nosso estoque
Estados e municípios na política haé negativo. O déficit
bitacional passa pelos Conselhos de
mais a demanda
Habitação e pela criação dos Fundos
futura soma 850 mil
de HIS. Como incentivar a criação dos
unidades, conside
conselhos?
rando que a RMSP
Hoje ainda temos poucos conselhos,
não vai agravar o
embora seja uma obrigação constituproblema da Cacional. Porém, esta é uma tendência,
pital.
porque se estamos fazendo gestão dos
Novo Plano
Municipal de Habitação
norteará ações da
Sehab até 2024
O que é o PMH?
É mais fácil atingir o objetivo se o vento
estiver a favor. A partir de uma maneira fática, organizamos as estratégias de atuação.
O Plano pega uma situação real –dar condições para a grande maioria das pessoas
que compõem o déficit se adequar, como
urbanizando favelas, gerindo as áreas de
risco e corrigindo cortiços.
12
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Há cidades da
RMSP que sequer
aderiram ao Sistema Nacional de HIS.
Como fazer um trabalho de conscientização política destas cidades para uma
gestão integrada?
Estão diminuindo os preconceitos
partidários. Mas muitas cidades ainda
têm orçamento incompatível com suas
necessidades. Elas não têm corpo técnico, massa crítica. Mal estão usando o
orçamento para pagar o funcionalismo.
É tarefa do Estado ajudar nisso. A área
técnica precisa de muitos recursos. A
cidade poderia delegar a habitação para
o Estado, assim como ocorre com o
saneamento.
recursos públicos escassos, é bom que
a sociedade diga onde o dinheiro deve
ser aplicado. Os conselhos tendem a
ser especialidades. Os conselheiros
especialistas são representantes da
sociedade pela sociedade, não têm
interesses particulares, então acho uma
forma boa de decidir melhor sobre os
recursos públicos.
O PMH contabiliza 3 milhões de
paulistanos vivendo em assentamentos precários. Qual a sinergia entre o
plano e os programas federais?
O financiamento federal que atua nos
assentamentos é o PAC e já sentimos
sinal de que os recursos aumentarão. Já
o Minha Casa Minha Vida é para quando
precisarmos desalojar famílias. Eles se
complementam.
A questão orçamentária é o grande
viés para viabilização do HIS?
Acho que diminuiu sua importância.
Ainda é, mas já foi mais grave esta falta
de recursos financeiros. Hoje, os terrenos
são o maior gargalo nas grandes cidades.
O dinheiro ainda é o maior problema nos
municípios menores.
Como o município tem trabalhado
esta escassez de terrenos?
Sempre nos preocupamos em lidar
com a Região Metropolitana. O PMH dá
alguns elementos adicionais e preocupantes sobre isso. Se não tivermos uma
política metropolitana única, certamente
teremos problemas. Se houver uma cidade
onde as pessoas tenham mais facilidade
que outra para adquirir um imóvel, vai atrair
mais gente e talvez não tenha infraestrutura
e emprego suficientes para isso. Temos de
tomar cuidado com isso. Na RMSP, a situa­
ção é inadequada porque o emprego se
manteve na Capital. O movimento pendular
de pessoas consome todo tipo de recursos.
Um espalhamento tão grande da população obriga-nos a levar infraestrutura para
áreas muito afastadas. Isso porque, dos
39 municípios na RMSP, só 6 têm PIB per
capita maior que o de São Paulo. As outras
32 cidades tendem a ser dormitório. Isso
é indesejado. Esperamos que, a partir do
PMH e do Plano Estadual, que está sendo
finalizado, essa discussão ganhe um peso
muito grande. Este é um assunto que tem
de ser tratado de forma bem pragmática.
As instituições têm que ser bem maduras
e o embate político não pode ser feito na
área do Plano Diretor. Esta é uma maldade
que as instituições estariam fazendo para
os próprios cidadãos. Hoje temos vários
agentes barrando a revisão do Plano Diretor e, ao mesmo tempo, temos o Brás, que
poderia perfeitamente atender a uma boa
demanda de habitações e não tem mais
estoque. Quem tem a insensibilidade ou a
coragem de criar obstáculo para corrigir o
problema da melhor forma possível?
O Renova Centro seria um modo
rápido de ter oferta numa área pronta.
Como está o programa?
Acabamos de desapropriar o primeiro
prédio. O grande problema do processo é
a burocracia da desapropriação. Já temos
vistorias marcadas em vários prédios.
Mas o mais importante do programa é
recuperar o Centro e atrair mais agentes
privados. A “epidemia” é mais legal do que
o projeto em si.
Como aproveitar as potencialidades de adensamento urbano na
cidade?
To d o m u n d o
acha que a cidade
está muito adensada. O estereótipo é
o trânsito. Mas ele
pode estar sendo gerado não pelo empreendimento em si e sim porque o cidadão
mora longe e só pode ir de carro. As regiões
mais densas não são as mais centrais,
mais verticais. Onde nós queremos fazer a
Operação Urbana Lapa Brás, por exemplo,
verificamos que a densidade populacional
ainda é baixa. Precisamos mostrar para
a população que a situação dela não vai
se agravar.
Outro problema da Sehab parece ser
a reposição de técnicos qualificados.
A complexidade está aumentando.
Todo dia a gente cria uma lei nova com uma
especificidade nova que precisa de um
técnico para lidar. A gente deveria crescer o
número de técnicos só por isso. Ao mesmo
tempo, os salários privados estão altos e
não conseguimos
competir. Mas o Brasil tem um nível intelectual alto. Acho que
a gente consegue
vencer rapidamente
isso. Além disso, problemas novos vão se
apresentando. As
áreas contaminadas eram um tema
que não existia. Hoje, há uma quantidade
enorme de processos ligados a isso e não
temos técnicos em número compatível
com a demanda. Da mesma forma ocorre
com as questões ambientais e de patrimônio histórico. O tráfego é outro ponto
de inflexão. Administrar isso é um grande
problema da cidade.
‘Se não tivermos uma
política metropolitana
única, certamente
teremos problemas’
Secretário defende Moradia Digna
O secretário municipal da Habitação,
Ricardo Pereira Leite, se diz “muito otimista” quanto ao sucesso da Campanha Nacional pela Moradia Digna (saiba mais em
www.moradiadigna.org.br). “A sociedade
quer. O recurso é do povo. Se o interesse
é do povo, temos de ouvi-lo”, afirma.
Segundo ele, está claro que há uma
situação grave que tem de ser corrigida
na questão da habitação. “Resolvê-la vai
ser bom para o país, vai torná-lo mais
justo e equilibrado socialmente.”
Para ele, o lado ambiental também
deve ser levado em conta. “Se não dermos um lugar para as pessoas morarem
organizadamente, elas podem escolher
algo que prejudicará toda a sociedade.”
Pereira Leite destacou que os municípios têm muita dificuldade de atacar o
problema pela falta de recursos. “O dinheiro está no
Estado ou na União. Alocar
recursos federais faz todo
o sentido. Então, a Campanha é lógica, bem racional,
pois busca os recursos
necessários onde eles existem”, disse.
“As forças envolvidas na Campanha
pela Moradia Digna estão sendo o conduíte deste anseio. Num único dia, 21
mil pessoas entraram no site da Cohab
interessadas em adquirir um imóvel. Não
há como não se sensibilizar com isso”,
definiu o secretário.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
13
FINANCIAMENTO
Dois dormitórios predominam
Celso Petrucci *
O
ano passado se iniciou com
expectativas extremamente positivas para o mercado imobiliário,
e que no decorrer dos meses se confirmaram. Somente o PIB deverá registrar
o maior crescimento da década (2001 a
2010), estimado de 7,5% a 8%.
O mercado de trabalho também refletiu esse bom momento, chegando em
novembro de 2010 com taxa de 5,7% de
desemprego –a menor desde 2002, quando o IBGE alterou a metodologia deste
cálculo. Foram criados, até aquele mês,
2,5 milhões de empregos formais, dos
quais 28% correspondentes à construção
civil –aí inserido o setor imobiliário.
Comparativamente aos países integrantes da União Europeia, que enfrentam
crescente endividamento e forte deficit
público, o Brasil se destacou principalmente por seu elevado crescimento do PIB e
baixo nível de desemprego.
Este e outros fatores fizeram o país
continuar na rota de investimentos externos em 2010. Embora as expectativas da
entrada de novos investidores para 2011
se mantenham positivas, não se espera
o mesmo desempenho do ano passado.
De fato, 2010 foi um marco na história
econômica do Brasil, e os empresários do
setor imobiliário apostam na continuidade
dos níveis de crescimento em 2011.
Os principais fatos que marcaram o
ano de 2010 no segmento imobiliário foram
o crescimento da participação da classe
média na compra de imóveis; a política de
escoamento de estoque das empresas
incorporadoras; a valorização dos preços
das unidades habitacionais novas e usadas, e a falta de mão de obra qualificada.
Nos estandes de vendas, já faz alguns
anos que os empresários vêm percebendo
14
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Classe média
impulsiona o
crescimento das
vendas de imóveis
mais famílias e compradores da nova classe média em busca do primeiro imóvel. No
ano passado, o que era simples interesse
virou negócio.
Conforme dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), até
novembro de 2010, 48% dos lançamentos
residenciais na cidade de São Paulo foram
de imóveis de dois dormitórios, voltados
para compradores da classe média e para
o público do Programa Minha Casa, Minha
Vida. Essa tendência é altamente positiva.
Na Região Metropolitana de São Paulo,
foram lançadas 51 mil unidades no mesmo
período, das quais 52% concentradas na
Capital. Diferentemente do município de
São Paulo, a RMSP pode ter ultrapassado seu melhor desempenho, ocorrido
em 2008, quando foram lançadas 63 mil
unidades. Com a escassez de terrenos na
Capital e a expansão das incorporadoras, a
RMSP ganhou força e passou a representar cerca de 50% do mercado, contra 20%
antes da mudança do Plano Diretor (2002)
e da Lei de Zoneamento (2004).
Os consumidores de imóveis super­
econômicos, que ficaram por muitos anos
afastados do mercado imobiliário, em
virtude da falta de crédito e de produtos
adequados, responderam positivamente
a esse bom momento conjuntural do país.
Na cidade de São Paulo, os empresários adotaram a política de escoamento do
estoque já em 2009, como forma de driblar
os efeitos negativos da crise financeira internacional. Isso fez o número de unidades
habitacionais vendidas superar o volume
daquelas lançadas. Para 2011, espera-se
equilíbrio entre lançamentos e vendas.
Agora o setor tem de encontrar formas de suprir a falta de mão de obra nos
canteiros, que há muito dispensaram o
uso das placas de “Precisa-se...”. Para
tanto, as empresas terão de investir em
treinamento e implantar novas tecnologias
construtivas.
* economista-chefe do Secovi-SP, diretor
executivo da vice-presidência de Incorporação
Imobiliá­ria do Sindicato e membro titular do
Conselho Curador do FGTS
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
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uol.com.br
celsopetrucci@
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
15
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Risco aumentado
José Carlos Baptista Puoli *
O
ano de 2011 começou com
excelentes perspectivas para o
mercado imobiliário. Uma delas
se liga ao programa Minha Casa, Minha
Vida que continuará incrementando o
setor e cumprindo a importante função de
construir moradias populares. É tamanha
a demanda que será necessário realizar
conjuntos de porte sobre grandes glebas.
Neste ponto, acende-se uma luz
amarela. Nas maiores cidades há notória
falta de terrenos. Grande parte das glebas
situa-se em locais com desafios ambientais
e fatores de risco que se cumulam com
questões ambientais (por exemplo, áreas
de preservação próximas a cursos d’água
e/ou em topos de morro).
Isto exige do empreendedor desempenho satisfatório na verificação da viabilidade ambiental da obra. O próprio programa
exige que as “necessidades de habitação
da população de baixa renda” sejam
atendidas “garantindo o acesso à moradia
digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade”. Esta
exortação merece destaque, à vista das
catástrofes geradas pelas chuvas de verão.
A recorrência dessas fortíssimas
precipitações tornou-as fenômenos previsíveis. Isto leva à necessidade de maior
preocupação com as edificações em áreas
de risco. E pior. O conceito do que venha a
ser “área de risco” acaba sendo ampliado
em vista da natural cautela que se segue
a ocasiões de graves acidentes.
Este contexto já trouxe repercussões
para empreendimentos imobiliários devidamente aprovados e financiados. Em janeiro,
houve notícia de que o Ministério Público
Federal estava atuando para embargar
obra licenciada nas proximidades de um
curso d’água, por acreditar que a distância
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
As catástrofes
tornaram maiores
as exigências feitas
aos empreendedores
resguardada pelo projeto seria menor que a
necessária para vazão das águas na cheia.
Como este, muitos outros questionamentos ocorrerão num contexto em que
o Judiciário está ainda mais cauteloso à
vista do desejo de todos de evitar novas
tragédias. Isto motiva “maior receptividade”
para argumentos no sentido de caracterizar um maior número de locais como “de
risco”, podendo gerar ordens judiciais que
inviabilizem determinados empreendimentos ou, ao menos, exijam como condição
da obra a tomada de outras providências
não previstas originalmente (por exemplo,
para contenção de encostas, aumento da
drenagem etc.).
Tudo isto pode mudar radicalmente a
conta de viabilidade de empreendimentos.
Aquela obra que seria rentável pode, em
pouco tempo, transformar-se em fonte de
sérios prejuízos. Isto tudo nos obriga a
realçar estes aspectos e renovar o espírito
de precaução que tem sido salientado
nesta coluna.
Por exemplo, por mais atraente que
seja determinada gleba, deve haver real e
efetivo cuidado na verificação dos fatores
de risco, seja para eliminá-los com atributos
do projeto, seja para eventualmente deixar
de lado determinados terrenos que tecnicamente possam oferecer muitos desafios.
Tudo para o bom momento do mercado
ser bem aproveitado, não permitindo que
a empolgação de hoje se transforme em
“fator de risco” para a própria empresa.
Num eventual acidente, o empreendedor será chamado judicialmente
a responder de modo grave, por vezes
com demolição de unidades imobiliárias,
remoção de adquirentes, pagamentos de
indenizações materiais e morais gerando,
em suma, “conta” que efetivamente pode
abalar uma empresa, por mais sólida que
ela seja.
Que se aproveite o bom momento do
mercado, com extrema atenção para estes
elementos “de risco” físico, evitando que
eles virem “risco” jurídico e financeiro para
o próprio empreendedor.
* Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli
Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e
Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
.br
: [email protected]
para esta coluna
Estudos balizarão
ações ambientais
A área de Meio Ambiente do SindusCon-SP definiu como diretrizes de atuação
para este ano a encomenda de estudos
técnicos diferenciados e o fortalecimento
do relacionamento com outras entidades.
O vice-presidente de Meio ambiente,
Francisco Vasconcellos Neto, anuncia que deverão ser
encomendados estudos específicos
sobre “Mudanças
climáticas e a construção civil brasileira”; “Características
energéticas do cimento brasileiro em
relação ao produzido em outros países”;
“Resíduos”; “Análise do ciclo de vida e
desempenho ambiental de produtos”; e
“Emissão de carbono e construção civil”.
“A ideia é promover o conhecimento e a
divulgação de informações ambientais a
partir do desenvolvimento de estudos que
serão contratados junto a especialistas ou
a instituições renomadas”, afirma.
“Queremos fazer um trabalho diferente
em áreas que são de grande interesse e
provocam dúvidas ao setor. Em muitos dos
assuntos, não temos informações precisas
e queremos levantar dados para discuti-los
com mais critério.Vamos atrair técnicos que
tragam este conhecimento, para balizar a
tomada de posicionamento do Sindus­ConSP”, completa Vasconcellos.
Os estudos darão suporte aos debates dentro do recém-criado Conselho
de Meio Ambiente, uma estrutura mais
próxima da Presidência do sindicato e
que pretende apoiar também as demais
áreas do SindusCon-SP. Segundo o
vice-presidente, os temas gerais definidos ainda deverão ser avaliados para
se estabelecerem os pontos a serem
aprofundados.
Parcerias e eventos
Vasconcellos conta ainda
que 2011 estará recheado de
importantes eventos promovidos
pela sua área. O calendário predefinido começará em abril ou
maio com a realização do 2° Seminário
Programa Madeira
é Legal, organizado
no âmbito do Protocolo Madeira Legal.
O evento lançará o
site e a logomarca
do Programa e marcará a conclusão da
1ª Turma de Treinamento para Aquisição Responsável de
Madeira, orientada pelo WWF Brasil em
parceria com o SindusCon-SP.
Também em maio o Comasp deverá
realizar um evento internacional sobre
Certificação de Edifícios. A expectativa é
trazer informações e promover a reflexão,
apresentando o panorama atual no Brasil
e no mundo e as principais tendências.
Ideia é uniformizar
conhecimento
para orientar
posicionamentos
Em outubro, um evento sobre Licenciamento Ambiental discutirá os entraves nas
obras e proporá ações para a melhoria dos
procedimentos públicos.
Vasconcellos pretende ampliar as divulgações interna e externa das atividades
e dos seus posicionamentos e fortalecer
a relação com ONGs ligadas à questão
ambiental. “As boas relações com algumas
entidades ainda não são suficientes. Queremos explicitar isso, fortalecendo os laços
de respeito que já temos com algumas
delas e ampliando estas parcerias inclusive
com instituições internacionais”, afirma.
Este trabalho inclui ainda a elaboração
conjunta de cartilhas orientativas para
os associados. Duas delas devem ficar
prontas em 2011: Gestão de Resíduos
de Madeira e Gestão de Resíduos de
Impermeabilização.
(Nathalia Barboza)
Depave aceita debater TCAs
No final de janeiro, o diretor do
Depave, Carlos Fortner, aproximou os
agentes fiscalizadores do Depave 2,
produtores (viveiristas) e consumidores
(construtores e incorporadores) numa
reunião que esclareceu dúvidas geradas pela Portaria 84/SVMA-G/2010,
que trata de normas e especificações
para recebimento de mudas de árvores
provenientes dos Termos de Compensação Ambiental (TCAs).
Pelo SindusCon-SP, participaram o
vice-presidente Odair Senra, o membro
do CTQ Luiz Lúcio e a coordenadora
técnica do Comasp, Lilian Sarrouf.
A maior preocupação é conhecer
a “oferta” e “demanda” para não desabastecer de espécies o mercado, o que
inviabilizaria o cumprimento dos TCAs
e dos demais compromissos, adiando
a obtenção do Habite-se.
Na reunião, foram feitas algumas
propostas, como a elaboração de
uma lista de fornecedores e a prorrogação do prazo de atendimento dos
TCAs, hoje fixado em 6 meses da sua
aprovação, para o prazo vinculado ao
Habite-se.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
17
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Hato promete lutar pela habitação
Foto: Claudiney Bitman
à época, uma verdadeira
Depois de quase três
vanguarda no país. Foi aindécadas de atuação como
da um dos primeiros ramos
vereador paulistano, Jooji
econômicos a organizar-se e
Hato (PMDB) iniciou novo
hoje novamente o pioneirismo
mandato neste mês, desta
do setor está trazendo ao
vez como deputado estadual,
país métodos sustentáveis e
na Assembléia Legislativa
ecológicos de construção. A
de São Paulo. Entre seus
geração de emprego é outra
projetos, estão: atuar em
importante contribuição do
frentes parlamentares pela
setor para o desenvolvimento.
construção de moradias e urA construção gera seus posbanização de comunidades,
tos de trabalho e movimenta
destinar verbas para a edifiuma cadeia de empregos em
cação de habitação popular e
outros setores.
reduzir o ICMS dos materiais
de construção.
Quais são seus princiAutor da homenagem
Hato (dir.) homenageou o sindicato com a Salva de Prata, recebida por Watanabe
pais objetivos na Assemque concedeu a Salva de
bléia?
desagregação familiar, e que foi seguida
Prata da Câmara Municipal
JH - Na Câmara, propus projeto
por várias cidades. Em Diadema, reduziu
ao SindusCon-SP pelos 75 anos de
de lei que destinava parte das verbas
a criminalidade em mais de 80%.
prestação de serviços da entidade à
arrecadadas com as multas previstas no
sociedade, Hato fala nesta entrevista
Código de Obras à construção civil –para
Qual foi a legislação de sua autoria
sobre sua trajetória e seus planos futuros.
moradias populares. Quero atuar em
que, embora aprovada na Câmara,
*
frentes parlamentares pela construção
acabou injustamente vetada pelo
O sr. se notabilizou pela longevide moradias e urbanização de comuExecutivo?
dade de sua vida parlamentar. Quais
nidades, além de destinar verbas para
JH - Duas leis: a que proíbe o trânsito
foram suas principais atuações?
o setor no que diz respeito às moradias
de motocicletas com garupas nos dias
Jooji Hato: São 28 anos de trabalho
populares.
úteis da semana, o que acabaria com o
ininterruptos na Câmara Municipal de
Quero ainda levar a Lei Seca para
famoso crime da “saidinha” dos bancos,
São Paulo, perfazendo 7 mandatos.
todas as cidades do Estado, através
e a que veda o comércio e ingestão de
Logo que entrei na Câmara, em
de visitas às Câmaras Municipais, já
bebidas alcoólicas em lojas de conveni1982, lutei pela derrubada da apoque esta lei deve ser proposta por seus
ência e postos de gasolina.
sentadoria parlamentar. Através deste
respectivos municípios.
mecanismo, o parlamentar poderia se
Estarei sempre pronto a ouvir as
Como o sr. vê o papel do setor da
aposentar com apenas 8 anos de manreivindicações do setor e a trabalhar
construção e no que ela pode contridatos, uma postura injusta.
em prol do desenvolvimento do nosso
buir mais para o desenvolvimento?
Presidi a CPI dos Postos de CombusEstado, privilegiando os trabalhadores
JH - O setor tem sido o responsável
tíveis e a dos Passivos Ambientais, onde
da construção e com empenho para a
pelo fortalecimento e crescimento de
detectamos e trabalhamos muito contra a
construção de moradias populares que
São Paulo e do país. Além de erguer
contaminação da empresa Shell, na Vila
atendam às classes menos privilegiadas.
a cidade, recor­do-me na década de 70
Carioca, na Zona Sul da cidade.
A redução do ICMS para os insumos da
quando a construção tomou a frente
Destaco ainda a Lei Seca, que reconstrução também estará entre minhas
em campanhas de alfabetização e
gulamenta o horário de funcionamento
prioridades.
(Rafael Marko)
profissionalização de seus operários,
dos bares, diminuindo a violência e a
18
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Sintracon-SP
Entre Senra, Robusti, Jorge, Ramalho e Watanabe, Ishikawa propõe Frente Parlamentar Paulista da Construção, em encontro no SindusCon-SP
Ramalho atuará pela construção
O deputado estadual pelo PSDB
e presidente do Sintracon, Antonio
Ramalho, anunciou às lideranças da
construção paulista reunidas em janeiro
no SindusCon-SP seu propósito de atuar
em favor não só dos trabalhadores mas
pelo setor todo, na Assembléia Legislativa e no Executivo estadual.
Da reunião coordenada pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, participaram os vice-presidentes
Haruo Ishikawa e Odair Senra (este
também representando a presidência
do Secovi); o representante do sindicato
junto à Fiesp, João Claudio Robusti; o
presidente da Apeop, Luciano Amadio,
o vice-presidente Osvaldo Garcia e o
diretor executivo, Carlos Eduardo Jorge;
o presidente da Abramat, Melvin Fox; o
presidente do Sinaenco-SP, José Ro-
Dilma promete
gerar emprego
O presidente do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, recebeu em janeiro
telegrama da presidente da República,
Dilma Rousseff, agradecendo as congratulações transmitidas pela entidade
por ocasião da eleição dela.
Na mensagem, a presidente afirma
que “dará continuidade à atual política,
que se vem mostrando vitoriosa, de
geração de emprego e renda” e “trabalhará vigorosamente para o bem-estar
e a elevação da qualidade de vida das
famílias brasileiras.”
berto Bernasconi; o diretor do Sinicesp,
Manuel Rossito; o presidente em exercício do Instituto de Engenharia, Camil
Eid, e o assessor da presidência, Victor
Brecheret Filho; o diretor de Relações
Institucionais da Anamaco, Antonio Eustáquio; o diretor executivo do Sintracon,
Darcy Gonçalves, o advogado Heber Duarte e o assessor Vanderley Alexandrino.
Watanabe destacou a união da cadeia produtiva e a disposição do setor em
dialogar com o Legislativo e o Executivo
paulistas. Amadio e Fox lembraram o
compromisso do governador Alckmin de
instituir um conselho com representantes
da construção. Bernasconi e Rossito
manifestaram preocupação com a falta
de novos investimentos na infraestrutura.
Robusti apontou para a necessidade
de compatibilizar a participação do setor
no futuro conselho com sua atuação em
diversos fóruns já existentes no âmbito
das secretarias estaduais. Concordando,
os presentes decidiram levar ao governador uma proposta de trabalho.
Ishikawa propôs a formação de uma
frente parlamentar da construção civil
na Assembleia Legislativa. O deputado
acatou a sugestão, se dispôs a estreitar
o diálogo com os novos secretários e incrementar a qualificação de mão de obra.
Ramalho também informou que
prosseguirá na presidência do Sintracon,
mantendo normalmente sua interlocução
com as entidades patronais em negociações trabalhistas, segurança e saúde do
trabalho e projetos de formação de mão
de obra e responsabilidade social. “Não
muda nada na relação capital-trabalho,
fica tudo igual”, disse.
Capital sediará Enic em agosto
O 83º Enic (Encontro Nacional da
Indústria da Construção) acontecerá
de 10 a 12 de agosto, no World Trade
Center, em São Paulo. São esperados 1.500 participantes.
Promovido pela CBIC, este evento,
o maior realizado anualmente pela
indústria da construção, será organizado pelo Sindus­Con-SP com o apoio
das entidades paulistas associadas
à CBIC: Aconvap, Aelo, Apeop e
Seco­vi-SP, bem como com o apoio da
Fiesp e das outras entidades paulistas
da cadeia produtiva da construção.
GESTÃO DA OBRA
Não basta saber fazer
Maria Angelica Covelo Silva *
S
empre que me deparo com situações extremas de engenharia
como desabamentos de edifícios,
situações graves de necessidade de reparos em obras ou em empreendimentos
entregues, procuro identificar qual foi o
conhecimento que faltou ali para que aquilo
não acontecesse. Não podemos dizer que
não temos conhecimento de geotecnia,
estruturas, tecnologia de materiais, e vários
outros temas que afetam diretamente o
desempenho e a vida útil de edifícios.
Mas, até que ponto o conhecimento
percola por toda a cadeia de produção e
chega efetivamente na ponta, onde ocorre
a geração do produto final edifício?
O conhecimento na engenharia civil
é gerado nas escolas e instituições de
pesquisa, nas empresas de projeto e
consultoria, nas empresas de fabricação
de materiais e sistemas, nas empresas
de equipamentos, nas empresas incorporadoras e construtoras, enfim, em toda a
cadeia de empresas e profissionais que
de alguma forma interferem na produção.
O conhecimento resultante da experiência e o conhecimento resultante do
desenvolvimento da ciência e tecnologia
não podem caminhar separados, pois
não são aplicáveis se não considerarem
as condições reais de produção ou não
apresentam resultados satisfatórios se não
forem baseados na ciência e tecnologia.
A experiência em executar revestimento de fachadas é essencial para se
conhecer o que fazer para esta fachada
ter bom desempenho, mas conhecer o
efeito que cada variável tem sobre o material argamassa ou que cada variável do
método de execução ou das condições de
exposição tem sobre o desempenho final
do revestimento é também indispensável.
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Cada empresa
precisa acumular
seu próprio acervo
de conhecimento
Fazer a conexão entre os diversos
tipos de conhecimento precisa começar
com o reconhecimento de que todos os
tipos de conhecimento são necessários: do
pesquisador, do consultor, do engenheiro,
do projetista, do fabricante e fornecedor, do
mestre de obras e assim por diante.
Em muitos momentos a decisão por
“comprar” conhecimento pode parecer
difícil porque o raciocínio é de que “não
cabe” este “custo” do conhecimento no
empreendimento. No entanto, tal custo evitará gastos de produção ou futuros, o que
mais do que paga este “investimento”. Um
estudo geotécnico mais aprofundado, uma
avaliação de efeitos dinâmicos por ensaios
em túnel de vento, uma simulação acústica,
uma simulação térmica, um projeto de
fachada ou de impermeabilização, são
em muitas situações considerados “luxos”
que não cabem no empreendimento que é
“simples como tantos que já fizemos” mas
que depois apresenta um desempenho
inadequado decorrente do fato de estes
itens não terem sido tratados.
Este conhecimento não pode ser
apenas pranchas de projeto ou relatórios. Engenheiros, mestres, estagiários,
enfim toda a equipe precisa absorvê-lo
e ser capaz de entender os porquês, os
princípios, os conceitos e em próximos
empreendimentos terem os benefícios do
efeito aprendizado.
Os mesmos problemas e erros podem
ser repetidos como decorrência da falta de
registro e memória de situações vividas
na prática e de soluções que precisaram
ser adotadas depois, mas que deviam ter
sido previstas.
Na base de tudo isso tem que haver
uma coisa em comum: o desejo de conhecer, de aprofundar conhecimento, pois o
que acumulamos com nossa experiência
natural do dia a dia na profissão nunca é o
bastante, porque a humanidade não para
de buscar e gerar necessidades novas que
por sua vez exigem conhecimento novo.
Cada profissional tem que buscar o seu
próprio aperfeiçoamento e cada empresa
o seu “acervo de conhecimento”.
* Engenheira civil, mestre e doutora em
engenharia, diretora da
NGI Consultoria e
Desenvolvimento
,
entários, críticas
Envie seus com
stões de temas
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cuidamos dos outros riscos.
O seguro RC Profissional foi desenvolvido para oferecer
segurança e tranquilidade para a empresa de
engenharia no exercício de suas atividades, protegendo
o seu patrimônio, caso esta seja obrigada a reparar danos.
A legislação brasileira, principalmente o Código de
Defesa do Consumidor (C.D.C.), é extremamente severa
com empresas e profissionais liberais, expondo-os à
possibilidade de sofrerem perdas que podem impactar
na continuidade de suas atividades.
Por isso, o ACE RC Profissional é um diferencial perante
os seus concorrentes, pois demonstra que o segurado se
preocupa com a qualidade de seus serviços e possui
mecanismos de reparação, caso um imprevisto ocorra.
CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS
Limites
A ACE é seguradora e um dos principais resseguradores
mundiais, o que possibilita aceitar limites até o valor de
US$25.000.000,00
Público-Alvo
O seguro visa cobrir empresas de engenharia, empresas
de arquitetura, consultorias, escritórios de decoração e
demais prestadoras de serviços relacionados à área.
Coberturas Principais
Custos de defesa: Despesas necessárias para a defesa
na esfera civil, criminal e administrativa.
Condenações pecuniárias: Indenizações ou acordos
extrajudiciais que o segurado é obrigado a pagar.
Coberturas Adicionais
- Danos Materiais e Morais;
- Perdas Financeiras decorrentes de Sinistros Cobertos;
- Despesas Judiciais ou arbitrais e Honorários Advocativos;
- Assessoria de imprensa (sub-limite de R$100.000,00)
Modalidades de Contratação
Apólice Anual: Cobre riscos do segurado no período de
um ano.
Apólice para Projetos Específicos: Protege o
proprietário de uma obra específica contra danos
financeiros causados por erros de projetistas, designers,
empreiteiros, sub-contratados e demais envolvidos.
Invista na sua proteção: consulte um corretor de seguros.
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Dia 3, em São Paulo
Gestão de Resíduos na
Construção Civil
Dia 18, em São Paulo
Estruturação e Técnicas em
Administração de Cargos
e Salários na Construção Civil
Dia 4, em Ribeirão Preto
Homolognet - Novas Regras para
Rescisão do Contrato de Trabalho
Dia 18, em Bauru
A Nova Secretária
Dia 4, em São Paulo
Aplicação do Conceito de Gestão
de Pessoas na Construção Civil
Dia 18, em São Paulo
ICMS na Construção Civil
Aplicação da Substituição Tributária
Dia 14, em São Paulo
Habilidades em Finanças para
Executivos não Financeiros
Dia 21, em São Paulo
Como Administrar melhor seu
Tempo
Dia 15, em São Paulo
Assistente Fiscal com Foco na
Construção Civil
Dia 21, em Santos
Entendendo a NR-33 – Espaços
Confinados
Dia 15, em São Paulo
INSS na Construção Civil –
Importantes Mudanças na
Legislação
Dia 31, em São Paulo
Os Contratos na Legislação
Previdenciária
Dia 17, em São José dos Campos
Cuidados na Elaboração de
Contratos
Dia 31 em Mogi das Cruzes
PIS/PASEP e COFINS nos Regimes
Cumulativos e não-cumulativo-IRPJ
e CSLL
CURSOS IN COMPANY
Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP
criou a modalidade In company, que tem como objetivo treinar e capacitar
profissionais de forma exclusiva. A facilidade na escolha da data, os temas
e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Comércio Exterior
• Empresarial
• Estoque e
• Logística
•
•
•
•
•
Financeira
Marketing e Vendas
Produção
Qualidade
• Recursos
Humanos
• Responsabilidade Social
• Tributária e Trabalhista
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Desafios no canteiro
INSS intensifica ações
José Carlos de Arruda Sampaio *
A
lerta importante para as construtoras, especialmente as de
pequeno e médio porte. Agora,
com maior rigor, o INSS exigirá reembolso dos gastos com acidentes causados
por negligência de empresas, que não
ocorreram por culpa do empregado e sim
por uma condição insegura do ambiente
de trabalho.
Com as ações regressivas acidentárias, o INSS busca rever na Justiça gastos
com pensões por morte, afastamentos e
aposentaria por invalidez, causados por
acidentes de trabalho que, segundo o
órgão, aconteceram pelo não seguimento
das normas de segurança pela empresa.
De janeiro a outubro de 2010, a AGU
(Advocacia Geral da União) ajuizou 380
ações desse tipo, com as quais prevê
reembolsar R$ 50 milhões aos cofres
públicos. Desde a regulamentação da lei
que instituiu a cobrança em 1991 até 2007,
foram movidos 465 processos. Em 2008
e 2009 foram ajuizadas mais 636 ações.
O INSS alega que os gastos com
acidentes são maiores do que os encargos recebidos. Segundo especialistas, os
acidentes ocorrem com maior frequência
nas empresas de pequeno e médio porte.
A maioria das que responde a processos
é de médio porte.
Segundo a AGU, 90% das ações foram
julgadas procedentes, em 2009 foram
recolhidos R$ 9 bilhões com o Seguro de
Acidente de Trabalho e o gasto com benefícios acidentários foi de R$ 12 bilhões.
Com toda esta polêmica, só resta às
construtoras a completa adequação às
normas de segurança com ênfase na NR
18 –Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção.
As construtoras devem priorizar medi-
24
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Empresas são
acionadas para
ressarcir gastos
com acidentes
das de proteção contra quedas de altura,
riscos elétricos e mecânicos e soterramento, considerados de maior incidência. Além
disto, é preciso atuar fortemente na eliminação das causas-raízes dos acidentes.
Não esquecer que o desempenho
da segurança e saúde é decisivo para a
rentabilidade da empresa, pois diminui o
risco de acidentes e incidentes, promove
a saúde e satisfação do trabalhador,
melhora os resultados operacionais e cria
novas oportunidades de crescimento para
o profissional e a empresa.
O investimento na prevenção se traduz
em locais de trabalho mais seguros e saudáveis, ambiente mais limpo e economia
significativa. Os problemas são identificados e podem ser resolvidos antes de
causarem acidentes.
Para prevenir acidentes, torna-se
necessário um planejamento cuidadoso,
com ênfase na análise minuciosa do projeto, na aplicação de técnicas eficazes de
identificação de perigos, de avaliação e
controle dos riscos e, sobretudo, na participação dos trabalhadores nas equipes
que planejam os trabalhos e estabelecem
os padrões de segurança.
Os líderes devem se esforçar em monitorar permanentemente suas frentes de
trabalho para identificar práticas ou condições inseguras, bem como implementar
rapidamente as ações corretivas.
Envolver as pessoas no processo para
que tenham atitudes prevencionistas é imprescindível. É muito mais motivador trabalhar em busca de um resultado quando se
tem apoio, criando motivação contagiante e
sinergia que ajudam a superar obstáculos.
Isso nos obriga a continuar, mesmo quando as coisas não vão bem. Todos podem
participar dando ideias e sugestões: muitas
não serão aproveitadas, mas algo bom
sempre aparece. Usar parte do tempo conquistando apoio e comprometimento das
pessoas, unindo o útil ao agradável. Ser
feliz no trabalho aumenta a produtividade.
É impossível entender o que um homem é
capaz de alcançar sem ver o teto da Capela
Sistina (Goethe). Acredite.
* Consultor de empresas e diretor da JDL Qualidade,
Segurança no Trabalho e Meio Ambiente
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
.br
: [email protected]
para esta coluna
capital-trabalho
Cumprindo o dever
Engenheiro metalurgista especializado
em Saúde e Segurança do Trabalho, o
auditor-fiscal do trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
de São Paulo (SRTE-SP), Antonio Pereira
do Nascimento, ingressou no MTE em
janeiro de 1984, vindo do grande concurso
público de 83. Junto com outros auditores,
encabeçou em 88 a montagem do Programa Estadual da Construção Civil e hoje
coordena os colegas que fiscalizam o setor.
Nesta entrevista exclusiva a Notícias da
Construção, ele fala sobre a atuação da
SRTE e das dificuldades de implementar
a cultura prevencionista nas empresas.
dos Auditores Fiscais do Trabalho, a reposição razoável dos quadros demandaria
600 novos auditores neste ano. Um dos
problemas está na forma de ingressar no
MTE. Na minha época, havia os cargos de
fiscal, engenheiro e médico do trabalho.
Hoje, só há a figura do auditor-fiscal e o
candidato só precisa ter nível superior. Isso
dificulta a melhor capacitação dos profissionais –muitos deles vêm de áreas muito
distantes da engenharia ou da medicina
do trabalho. E, no interior, as condições
são ainda mais difíceis.
Quais as atribuições dos auditores?
Os auditores paulistas se dividem no
atendimento a seis programas: Construção Civil, Rural, Ergonomia (bancos e
telemarketing), Metalúrgica, Hospitalar
e “Outras Demandas” (setor elétrico,
portos etc.). Cada
um deve escolher
dois programas e
deve atuar em sua
jurisdição (são 22
regiões no Estado).
Na construção, devido à falta de pessoal, priorizamos a
construção leve, que é a mais carente de
ações prevencionistas.
Como trabalham os auditores?
Partimos de 3 princípios: motivados
por denúncias da sociedade, sindicatos
ou entidades profissionais como o Crea,
do Ministério Público ou Judiciário; da
fiscalização rotineira da SRTE, a partir
da comunicação de início de obra que as
construtoras precisam fazer; ou ainda
por meio de programas que às vezes
a SRTE faz, como
serão os do Trecho
Leste do Rodoanel
e da ampliação do
Aeroporto de Viracopos. Neles, produzimos notificações
coletivas cobrando providências preventivas para possíveis falhas.
Quantos auditores fiscalizam a
construção?
Em todo o Estado, temos 140 auditores inscritos no programa mas, infelizmente, ao longo dos anos estamos perdendo
muitos engenheiros, o que dificulta o
trabalho. Em 2008, havia 18 engenheiros
nos nossos quadros. Hoje, 6 deles se aposentaram. Segundo o Sindicato Nacional
As leis são suficientes?
A legislação brasileira é muito rica,
não devemos nada a ninguém. Temos a
NR 18 e várias outras normas reguladoras
voltadas à atividade, mas é preciso atualizar as normas técnicas (NBRs), sobretudo
as de máquinas e equipamentos. Falta,
sim, cumprir as regras. No Brasil, ainda
encontramos nas obras desde realidades
Fiscalização prioriza
a construção leve,
a mais carente de
ações prevencionistas
Antonio Pereira: Falta cumprir as regras
de primeiro mundo até situações muito
difíceis de suportar.
Caiu a média de acidentes fatais?
A média é de 15 por ano. Mas é importante destacar que isso é o que saiu
na mídia, ou seja, que teve apelo popular.
Não se trata de informação oficial, divulgada pela Previdência. Em 2010, foram 6
mortes, número muito abaixo da curva, da
mesma forma que os 22 registros de 2009
ficaram muito acima da média. É óbvio
que com mais obras, a tendência é haver
mais acidentes. Mas não vimos trabalho
que justificasse esta redução acentuada.
A maioria das mortes ocorre em obras
pequenas. Infelizmente é muito difícil a
gente saber pelos jornais de acidentes
acontecidos em construtoras médias para
grandes.
O que é preciso fazer?
Mudar a cultura de todos os atores
sociais. O mercado tem dificuldade de
entender que o prevencionismo é o caminho. Mas prevenção é ter planejamento,
projeto. Há quem ache que só fornecer
EPI resolve tudo. Uma empresa pró-ativa
não se limita a cumprir a norma. Tem que
falar e fazer, implementar a prevenção na
empresa de cima para baixo. Por isso o
empresário deve se cercar de informação.
O ConstruSer e as Megasipats são importantes processos de conscientização. Mas
é necessário garantir que a informação
chegue a todos.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
25
Benevides, Doddrell, Watanabe, Bianchi e Oliveira, no SindusCon-SP; na mesa, Oliveira, Zaidan, Vasconcellos, Benevides e Sanchez
Britânicos visitam o sindicato
Para explorar possibilidades de acesso ao mercado brasileiro de construção
sustentável, uma missão de empresários
britânicos visitou o SindusCon-SP em
dezembro, liderada pelo cônsul geral
John Doddrell e coordenada por Valeria Martinez, gerente
para Construção e
Meio Ambiente da
UK Trade and Investment. “Move-nos o
desejo de aproveitar no longo prazo o
bom momento vivido
pelo Brasil”, afirmou
o cônsul geral.
Receberam os visitantes o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os
vice-presidentes Francisco Vasconcellos
(Meio Ambiente) e Maurício Bianchi
(Tecnologia e Qualidade); os diretores
Eduardo Zaidan (Economia) e Salvador
Benevides (Relações Internacionais); o
coordenador do Comitê de Tecnologia e
Qualidade, Paulo Sanchez, e o presidente
da CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São
Paulo), Alexandre Oliveira.
tados no Construbusiness 2010, realizado
em novembro.
Benevides recomendou aos representantes das empresas britânicas que se
informem profundamente sobre o mercado brasileiro e realizem parcerias com
empresas nacionais,
caso decidam atuar
aqui. Ele apontou um
vasto campo para
investimentos em
sustentabilidade, citando como exemplo
a nascente energia
eólica.
Vasconcellos notou que ainda há um bom percurso na
trajetória da construção sustentável e
qualificou a relação com o governo como
“mais madura”, no que tange às legislações
ambientais. Ele apontou dois campos de
atração de investimentos: a conservação de
energia, “que já conta com ações estratégicas bem estruturadas como o Programa
de Eficiência Energética”, e a gestão,
reciclagem e tratamento dos resíduos da
construção, “campo em que ainda estamos
engatinhando”.
Vasto campo
O presidente do SindusCon-SP apresentou a previsão de que a construção
de habitação e infraestrutura demandará
investimentos de R$ 5 trilhões até 2022,
previsão esta feita nos estudos apresen-
Filé e osso
Zaidan comentou que as alíquotas do
Imposto de Importação para máquinas e
equipamentos não são elevadas. “O problema é a carga tributária das empresas,
que inibe maior produtividade. Por isso,
Empresários interessados
em contribuir com a
construção sustentável
têm aula sobre o Brasil
26
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
não devemos nos iludir, imaginando que
conseguiremos levar o filé e deixar o osso.”
Bianchi opinou que se deve acreditar
no Brasil e não esperar retorno a curto
prazo. Segundo ele, há espaço para equipamentos novos que elevem a produtividade. Nas questões ligadas à construção
sustentável, chamou a atenção para a
importância do projeto da obra, do uso
de materiais apropriados e da educação
do usuário.
Segundo Sanchez, a construção vive
um momento ascendente mas seu maior
problema é a produtividade. “As construtoras vêm buscando industrializar a atividade
cada vez mais desde a fase de projeto,
estando abertas a parcerias.”
Os visitantes
Além do cônsul geral, acompanharam
a delegação Peter Cain, Jamie-Douglas
Watson, Helen Foxley e Valeria Martinez,
da United Kingdom Trade & Investment.
Integraram a delegação os representantes das seguintes empresas: MLM
Consulting Engineers (Chris Neeves e
Annabel Beales); Seacon Environment
(Colin Somerville); Tailormade Software
(Ghaham Henderson); B2B (Jeanna
Parma); URS / Scott Wilson (John Nutt);
Youngman Group (John Stamen); SRS Finlay; (Johnny Astald); SnagR Software (Liz
Henderson); OMP Kompass International
Architects (Martin MacKenna) e Sea-Tech
Construction (Philip Wright).
(Rafael Marko)
Missão
Técnica irá
a Londres
para cerca de 17 mil atletas e oficiais,
juntamente com estruturas temporárias
de lojas, restaurantes e centro médico.
A área de lazer mantém a tradição de
Londres de construção de casas ao
redor de praças e pátios comuns.
O roteiro também prevê visitas a
várias construções sustentáveis e a
empresas com experiências bem sucedidas de utilização
das ferramentas
BIM (Building Information Modeling).
“Como sempre,
nosso objetivo é
promover o máximo
possível de intercâmbio internacional para as nossas
associadas e buscar
boas práticas e novas tecnologias que
possam ser aplicadas nas nossas
Agenda inclui visitas
a Vila Olímpica,
construções
sustentáveis e BIM
London2012.com
De 25 de fevereiro a 5 de março,
um grupo formado por 24 empresários
e executivos de construtoras brasileiras estará em Londres para mais uma
Missão Técnica promovida pelo SindusCon-SP, por meio de sua Diretoria de
Relações Internacionais, em parceria
com o CTQ (Comitê de Tecnologia e
Qualidade) e o Comasp (Conselho de
Meio Ambiente).
Na capital do
Reino Unido, a Missão Técnica cumprirá uma extensa
agenda que incluirá
visitas à Vila Olímpica. Construída
para as Olimpíadas
2012 a 7 minutos
do centro da cidade, a vila é composta por apartamentos
residenciais de total acessibilidade
Acima, perspectiva artística da
Olympic Village, a vila olímpica
que abrigará 17 mil pessoas para
os Jogos 2012; no alto, London
Eye no pôr-do-sol de Londres
obras”, declara Salvador Benevides,
diretor de Relações Internacionais do
SindusCon-SP.
A viagem à Inglaterra terá o apoio do
Consulado Britânico e da United Kingdom Trade & Investment. A cobertura
completa da Missão Técnica Londres
2011 estará na edição de abril de Notícias da Construção.
(NB)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
27
MOTIVAÇÃO
Um líder de verdade
Pedro Luiz Alves *
D
urante as férias li “Os caminhos de Mandela” com a
expectativa de conhecer a
vida de um dos personagens mais
importantes da História. Imaginei
que me depararia com toda uma vida
de sofrimento, pelos 27 anos que ele
passou na prisão por lutar contra o
apartheid, mas tive a grata surpresa
de conhecer as lições de um líder
verdadeiro.
A primeira é que todo líder deve
ter coragem para enfrentar os desafios da vida e do trabalho. Mandela
ensina que “coragem não é deixar de
ter medo e sim superá-lo e derro­tálo”. Para tanto um líder deve manter
a dignidade. Permanecer firme sob
circunstâncias adversas e resistir ao
medo e à ansiedade é um forte sinal
de coragem de que todos nós somos
capazes.
Nas organizações as pessoas esperam que o líder possa ter respostas
para as mais diversas dificuldades
do cotidiano e é natural que essas
respostas fujam em muitas oportunidades. Quando isso ocorre um
verdadeiro líder deve ter coragem e
enfrentar com humildade a sua palidez, encorajando os subordinados a
ajudarem na obtenção das respostas.
Isso não enfraquece o exercício de
liderança e sim amplia o poder natural
da pessoa.
Você pode estar coberto de razões para massacrar seu interlocutor.
Entretanto, um verdadeiro líder deve
manter-se ponderado, eis aqui outra
lição de Mandela: “Perca o controle
e você perde a situação”. Quantas
vezes não nos sentimos estimulados
28
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Coragem não é
deixar de ter medo
e sim derrotá-lo,
ensina Mandela
a “detonar” quando, numa discussão,
temos a certeza de nossa razão?
Quantas vezes isso não significou a
perda dessa razão, por não sabermos
manter a ponderação ao argumentar?
Um líder deve manter a calma em momentos de tensão e buscar respostas
ponderadas no coração e na razão. Se
mesmo assim tiver que explodir, deve
calcular cuidadosamente como fa­zêlo, pois uma situação mal resolvida é
definitiva e provavelmente não haverá
nova chance de reconstrução. As
pessoas querem ver no líder alguém
distante da confusão e calmo para
oferecer as respostas ponderadas às
mais diversas situações. Um líder não
precisa nem deve se exaltar para mos-
trar poder, suas respostas precisam
ser completas, claras e explicativas e
isso só com ponderação!
Um líder não deve apenas liderar,
precisa ser visto liderando. Em muitas
ocasiões, deve estar à frente dos demais, mostrando-se: eis outra lição de
Mandela. Deve dar exemplo e se necessário realizar tarefas simples como
ele fez, limpando urinóis e latrinas
dos carcereiros ou dos prisioneiros.
Liderar na frente é ter iniciativa. Um
líder em oportunidades difíceis deve
manter-se à frente, inclusive para
preservar os demais, mas sempre informando sua equipe sobre o que está
acontecendo. Nunca deve se descolar
de seu grupo deixando-o para trás.
Isso é fundamental para garantir que
todos se alinhem na superação de
obstáculos e saibam seu papel.
Liderar na frente também é assumir a responsabilidade. Isso significa
que o líder deverá tomar aquelas decisões que ninguém mais quer tomar
e deve assegurar que as coisas aconteçam. Muitas vezes, essas decisões
são impopulares, mas precisam ser
tomadas!
Para Mandela, outras vezes um
líder deverá andar atrás de sua equipe, deixando que ela caminhe por
si só e mostre seus conhecimentos,
habilidades e atitudes. Desta forma
ele poderá observar o desempenho de
seus subordinados. Quando estamos
atrás aprendemos mais com a experiência dos outros. A humildade do líder
em aprender com os subordinados
amplia a lealdade do grupo. Man­terse a frente o tempo todo exigirá que o
líder olhe para trás a fim de observar o
grupo. Ficando na retaguarda o campo
de visão é muito maior, o que facilita
esse exercício.
Todo líder, de acordo com Mandela, deve possuir um princípio, um
propósito essencial, do qual ele não
abre mão. Porém, deve ter sabedoria
para mudar estratégias e táticas,
abrindo mão, muitas vezes, de alguns
valores, para adequar-se às condições
impostas pela situação vivida. Muitos
líderes corporativos não exercem sua
flexibilidade para lidar com as adversidades, acreditando que ser líder é
nunca abrir mão de nada. No mundo
corporativo, quem não estiver disposto
a fazer concessões para chegar a uma
relação em que todos possam ganhar
terá muita dificuldade de liderar.
É comum interpretarmos as atitudes das pessoas e julgá-las sem
estabelecer qualquer empatia. Antes
de prejulgar o comportamento dos
demais precisamos compreender que
A humildade do
líder em aprender
amplia a lealdade
de todo o grupo
“todos nós, sem exceção, iremos agir
pelos nossos próprios interesses”.
Isso é antropológico e faz parte da
sobrevivência da espécie. Em virtude
disso, temos a tendência de, inconscientemente, olhar para as coisas
negativas dos demais. Portanto a
última lição, das muitas que aprendi
com Mandela, é a mais singela de
todas: “Veja o que há de bom nos
outros”. Quando focamos naquilo
que as pessoas possuem de bom,
acabamos minimizando tudo o que
elas têm de mal!
Todos os dias temos um estoque
limitado de tempo para usar e não
podemos acumular. Dependendo de
como utilizarmos esse tempo vamos
atrair b ons ou maus result ad os.
Porém, temos também, a cada dia,
a oportunidade de recomeçar. Que
em 2011 possamos aplicar algumas
dessas lições, para nos sentirmos
melhores e termos a certeza de que
fizemos bom uso de nossas vidas. Boa
leitura e bom ano para todos.
Administrador, consultor de RH e sócio da Ação
Consultoria e Treinamento
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entários, críticas
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
29
GESTÃO EMPRESARIAL
EBITDA: dias contados?
Maria Angelica Lencione Pedreti *
U
m conceito financeiro muito conhecido, o EBITDA, pode cair em
desuso no futuro. Nesta edição,
vamos tratar de entendê-lo.
EBITDA é a sigla para Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization: ganhos (não lucros) antes dos juros,
impostos, depreciação e amortização.
Ele é usado como uma aproximação do
fluxo de caixa originado das operações
da companhia.
Esta medida foi desenvolvida quando
se percebeu que a medida Lucro, que
era muito usada, não refletia o poder de
geração de valor de uma empresa, pois
uma companhia pode ter lucro, mas não
ter dinheiro se tiver financiado os clientes e
sua receita for toda a receber futuramente;
da mesma forma, há deduções dos ganhos
que não representaram efetivas saídas de
caixa, por exemplo, as depreciações (elas
reduzem o lucro contábil, mas não foram
saídas de caixa); finalmente, ter lucro não
quer dizer deixar o acionista cada vez mais
rico, já que ele receberá apenas o que
sobrar depois de realizados investimentos
para manter o negócio e para que este
cresça (o lucro não considera investimentos necessários).
Quando se concebeu que a riqueza do
acionista está no valor de sua empresa, o
qual por sua vez está no valor dos fluxos
de caixa futuros que ela poderá prover ao
acionista (devidamente trazidos a valor
presente pelo custo de capital da companhia), notou-se a distância entre o que se
considerava medida relevante (o lucro) e o
que se precisava de fato (o fluxo de caixa).
Assim, surge a necessidade de se
averiguar o fluxo de caixa e não de lucros
da companhia. Mas, se por um lado é
importante saber o fluxo de caixa que
30
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Medida serve
para aferir a
qualidade do
fluxo de caixa
sobra, ou seja, livre, depois de todos os
investimentos, por outro é importante saber
se tal fluxo vem das operações saudáveis
que a companhia tenha ou se virá de aplicações financeiras.
Isto porque se a operação é saudável,
atualizada tecnologicamente, produtiva,
ela se sustentará mesmo em períodos
desfavoráveis. Se, contudo, a riqueza da
companhia vem de aplicações financeiras,
ela fica mais dependente da conjuntura
econômica, níveis de taxa de juros, regulamentações etc. do que de sua própria
competência e isto não é sustentável (toda
a teoria de valor parte do princípio de que
a companhia é uma entidade perene,
ou seja, sustentável para sempre). Daí a
importância de se saber o fluxo de caixa
das operações, e por isso a popularidade
do EBITDA.
Ele não é lucro, pois as deduções devidas a depreciações e amortizações são
excluídas do cálculo, conforme o próprio
nome diz. Então, tem que ser o ganho
(earnings), e desta forma se aproxima
do fluxo de caixa, a medida relevante de
criação de valor. Mas é o ganho (ou fluxo
de caixa) operacional, ou seja, antes dos
juros, que representam ganhos ou gastos
financeiros não necessariamente situados
na regra de negócio da companhia, mas
que surgem como consequência da decisão de financiar e ser financiado.
É assim que o EBITDA nos dá uma
idéia da saúde das operações, se elas
são capazes de gerar caixa suficiente
destinado a novos investimentos e sobras
para o acionista.
Então, a idéia não será mais tomar
decisões que simplesmente gerem lucro
para criar valor, mas fluxo de caixa, e que
ele venha das operações, para ser sustentável. Que seja suficiente para financiar
os novos investimentos que, por sua vez,
serão responsáveis pela perenidade da
companhia que produz e se renova.
Na próxima edição, comentaremos
sobre o futuro do EBITDA e outras formas
de análise.
* Professora de Contabilidade e Finanças da
FGV, mestra em Administração de Empresas,
trabalha em
Planejamento Estratégico
,
entários, críticas
Envie seus com
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tem
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perguntas e suge
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maria.lencione
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Evento buscará fortalecer
os vínculos familiares
Com o tema central “A Família que se
Respeita Constrói uma Sociedade Cidadã
e Sustentável”, o SindusCon-SP realizará
em 26 de março, das 9h às 17h, o 4º Encontro Estadual da Construção Civil em
Família –ConstruSer. Como de costume,
o evento acontecerá simultaneamente nos
centros de atividade do Sesi na Capital e
das 9 Regionais do Interior.
Com a finalidade de valorizar e
incluir socialmente o trabalhador da
construção civil e incentivar a interação com seus familiares, o ConstruSer
é organizado pela Vice-Presidência
de Responsabilidade Social, com o
apoio da Vice-Presidência de Relações
Capital-Trabalho do sindicato.
A mensagem central do evento deste ano será transmitida em atividades
lúdicas, enfatizando a importância dos
vínculos familiares saudáveis.
Segundo Maristela Alves Honda, ­vi­cepresidente de Responsabilidade Social
do SindusCon-SP,
“atuamos com o firme compromisso de
despertar no trabalhador a consciência da importância
da família enquanto
formadora do indivíduo. Quanto mais
sólidos e íntegros forem esses vínculos,
melhor será a formação de seus integrantes”. Para ela, estas pessoas certamente
terão a autoestima necessária para serem
excelentes cidadãos e profissionais. “É
com esses indivíduos que se forma uma
sociedade cidadã e sustentável”.
ConstruSer visa integrar a família e melhorar a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores
Haruo Ishikawa, vice-presidente
de Relações Capital-Trabalho, destaca
que, por meio do ConstruSer, o Sindus­
Con-SP vislumbrou a possibilidade de
contribuir para além
da formação pessoal
dos trabalhadores e
de seus familiares.
“Buscamos também
a integração da família nesse processo,
pois entende-se que
isso colabora para
inovação, bem-estar,
qualidade de vida e
produtividade no trabalho”, justifica.
O 4° ConstruSer
deverá reunir 40 mil
pessoas em 26/3 na
Capital e Regionais
O evento
Realizado pelo SindusCon-SP junto
com Fiesp, Senai e Sesi, o ConstruSer
tem como parceiro o Seconci e conta com
seus tradicionais apoiadores.
O evento oferece um dia inteiro repleto
de atividades dedicadas a promover uma
melhora na qualidade de vida dos trabalhadores bem como elevar a autoestima e
estimular o convívio familiar. Com este horizonte, é oferecida uma agenda extensa
de atividades voltadas à saúde, educação
e geração de renda complementar, além
do incentivo a cultura, lazer e entretenimento, dentre outras.
Segundo Maristela Honda, neste ano
o evento tem como meta reunir cerca de
40 mil pessoas, entre trabalhadores, familiares e voluntários (20% a mais do que
os 33,3 mil que participaram em 2010).
A expectativa é de que somente o CAT
Sesi de A. E. Carvalho, na zona leste da
Capital, reúna pouco mais de um quarto
dos participantes do evento.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
31
regionais
Campinas celebra o sucesso de 2010
Foto: Giancarlo Giannelli
Um jantar da Regional Campinas que
reuniu 110 convidados na sede da histórica
fazenda Pau D´Alho, formada no século
18, contou com a presença de autoridades
como o prefeito de Campinas, Hélio de
Oliveira Santos.
O evento também homenageou o
superintendente regional da Caixa, Paulo
José Galli. “É uma forma de reconhecimento, uma vez que o banco foi um grande
parceiro do setor, especialmente com o
financiamento do projeto Minha Casa, Minha Vida, e de outros projetos”, ressaltou o
diretor da Regional, Luiz Cláudio Amoroso.
Também compareceu o vice-presidente do SindusCon-SP, Paulo Brasil Batistella.
O jantar também marcou uma nova
parceria da Regional, intermediada pela
arquiteta Maria Rita S. de Paula Amoroso.
Protocolo de intenções assinado pelo
prefeito Hélio e pelo secretário de Turismo, Sinval Dorigon, colocou a fazenda
Pau D’Alho, cuja sede foi reformada pelo
arquiteto Ramos de Azevedo no século
O prefeito Dr. Hélio, Galli e Amoroso na fazenda Pau D’Alho; Maria Rita inicia projeto de resgate histórico
19, como ponto de partida para um projeto
de turismo e educação patrimonial com o
poder público e a iniciativa privada.
Segundo Maria Rita, haverá visitas
guiadas à fazenda, destinadas inicialmente
apenas aos estudantes das escolas municipais. A Prefeitura fornecerá o transporte
e um grupo teatral fará as apresentações
dos personagens e do local. “Quando se faz
esse resgate histórico, proporcionamos for-
“Lei tampão” reaquece a
construção em São José
O diretor da Regional São José dos
Campos do SindusCon-SP, José Roberto
Alves, prevê, para o segundo semestre
de 2011, um cenário positivo para a construção no município, após a liberação de
181 dos 314 projetos que estavam com
suas aprovações suspensas por conta
do conflito entre a nova e a antiga Lei de
Zoneamento da cidade.
O novo regulamento que limita a altura
dos prédios em alguns bairros prejudicou o
setor e levou ao fechamento de 3 mil postos
de trabalho. Mas com a aprovação de uma
“lei tampão” em outubro, os projetos foram
32
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
analisados segundo a lei anterior, resultando na liberação de 181 empreendimentos.
“Foi uma excelente notícia, não podía­
mos mais ficar neste impasse. Com os
novos projetos aprovados, entre eles 18
empreendimentos de 15 andares, conjuntos habitacionais e até hospitais, o mercado
deve registrar um reaquecimento gradual
no segundo semestre”, afirma Alves.
Segundo ele, as construtoras partem
agora para uma corrida contra o tempo
para elaborar projetos complementares
destas obras, selecionar e treinar mão
de obra.
(Denise Kelen)
mação aos estudantes. E eles, conhecendo
essa riqueza histórica, passam a cuidar, a
proteger o patrimônio”, avalia Maria Rita.
A ideia é levar o projeto para as outras
15 fazendas que fazem parte do latifúndio
de Campinas, sempre com a Regional no
papel de facilitadora do processo junto à
Prefeitura. “Essa é nossa atitude como
cidadão. De não deixar a história se perder.”
(Vilma Gasques)
Sorocaba apoia
programa de TV
Valorizar o mercado da construção civil e
todos os envolvidos no processo, com informação de qualidade e orientações diversas
para quem vai construir, foi o motivo que
levou o diretor da Regional Sorocaba do
SindusCon-SP, Ronaldo de Oliveira Leme,
a apoiar o programa TV Guia do Construtor,
que estreou em 1º de fevereiro, no canal
16 da NET.
“Vimos no programa a oportunidade de valorizar os profissionais da área e esclarecer
dúvidas de quem vai construir ou já está
construindo”, afirma o gerente da Regional
Sorocaba e conselheiro do programa, José
Sarraccini Júnior.
(Nerli Peres)
Ribeirão orienta sobre segurança
A Regional Ribeirão Preto realizou em
janeiro a primeira reunião do ano do Comitê
Permanente Regional (CPR) da NR-18,
que trata da segurança do trabalho e saúde
na construção civil. O encontro contou com
a participação do diretor da Regional, José
Batista Ferreira, e com grande adesão de
representantes das empresas associadas
e de várias entidades do setor.
Além de um balanço das pautas concluídas de 2010, o CPR já colocou em
prática a primeira ação deste ano: no final
de janeiro, oito voluntários de empresas
associadas atenderam proprietários de
obras com 300 a 1000 m² de construção,
que receberam convocação para comparecerem à Regional e obterem orientação
sobre as condições de segurança e higiene
do trabalho nos canteiros de obras.
Os voluntários das empresas associadas orientaram sobre o planejamento
21.05.10
correto das atividades e equipamentos no
canteiro de obras. Ao todo foram convocados 26 empresários.
Para Sebastião Canuto Pimenta, proprietário de uma obra de 300 m² na Zona
Sul, é importante contar com orientações
que alertam na hora de iniciar uma obra.
09:38
Page 1
“Aqui tive conhecimento de minhas responsabilidades e obrigações. Muitas vezes
contratamos terceiros e imaginamos que
se algo acontecer na obra é de responsabilidade deles e na verdade não é, mas sim
do contratante”, disse.
(Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin)
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Batista (ao centro) na reunião do CPR que contou com ampla participação de associadas e entidades
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NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
99,99% REVISTA
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33
Martini Filho, Edinho Araújo, Pinhatari e Frederico, na festa em Rio Preto; Watanabe entrega placa a Nelson Sansão; Maristela com o novo diretor da Regional
Rio Preto festeja Jubileu de Prata
Nunes mandou e-mail de congratulações.
Na solenidade de posse, o novo diretor
da Regional, Emilio Carlos Pinhatari, que
sucede Silvio Martini Filho, destacou os desafios e a representatividade do sindicato.
“É preciso melhorar a tecnologia, capacitar
trabalhadores e desenvolver o equilíbrio
entre ocupação urbana e meio ambiente.
São desafios que nos propomos a enfrentar, tendo sempre como objetivo a defesa
dos interesses dos associados”.
Watanabe enfatizou a “importância da
representação regional” e colocou a estru-
tura do sindicato à disposição. O primeiro
diretor da Regional, Nelson Sansão, foi
homenageado com uma placa, em um
momento de emoção.
Também estiveram presentes os diretores regionais José Roberto Alves (São
José dos Campos), Luis Gustavo Ribeiro
(Presidente Prudente), Luis Claudio Amoroso (Campinas) e Renato Parreira (Bauru);
o delegado Orlando Pozzani Jr. (Mogi das
Cruzes) e os adjuntos Antonio Carlos Frederico e Sidnei Tamelini (Rio Preto).
(Ester Mendonça)
Bauru lidera geração
de empregos no Estado
Santos analisa
potencial menor
Uma festa para 125 convidados no
Buffet Félix Petrolli comemorou os 25 anos
de criação da Regional São José do Rio
Preto do SindusCon-SP e a mudança de
sua diretoria.
Participaram do evento o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os
vice-presidentes Paulo Brasil Batistella e
Maristela Honda; o conselheiro Norton Guimarães de Carvalho; o deputado federal
Edinho Araújo e os deputados estaduais
Orlando Bolçone e Sebastião Santos, entre outras autoridades. O senador Aloysio
A Regional Bauru do SindusCon-SP
tem se mantido no topo do ranking estadual da geração de empregos na construção. Ela registrou aumento de 30,65%
no estoque de trabalhadores formais no
acumulado de 12 meses encerrados em
novembro. O destaque é Bauru, onde a
elevação ultrapassou os 64% naquele mês.
Em números absolutos, o estoque de empregos saltou de 9.853 para 16.190 vagas.
O diretor Renato Parreira atribui o crescimento à expansão do setor. “A iniciativa
privada tem investido mais no Interior, com
mais prédios residenciais de alto e médio
padrão na cidade. A construção de condomínios verticais e prédios de até quatro
pavimentos cresce.
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Mas Parreira observa que o mercado
precisa saber acompanhar este desenvolvimento e fazer as adaptações necessárias
para manter os níveis de crescimento sem
turbulências. “Uma expansão como esta
exige ampliação na produção de insumos,
políticas governamentais, principalmente
na esfera municipal, que garantam verbas e
investimentos, além de formação contínua
de mão de obra qualificada. Hoje, as construtoras já têm dificuldades para encontrar
alguns profissionais, como carpinteiros,
pedreiros e armadores”, ressalta.
Neste sentido, Bauru conta com a
Escola da Construção Civil do Senai, que
formou 110 alunos em 2010.
(Sabrina Magalhães)
A Câmara Municipal de Santos está iniciando o exame das alterações propostas à
Lei de Uso e Ocupação do Solo, discutidas
no ano passado pelo Conselho Municipal
de Desenvolvimento Urbano, com a participação do SindusCon-SP.
Segundo o diretor da Regional, Ricardo
Beschizza ,“ficou acertado que, em determinadas ruas, com menor capacidade de
absorver o impacto de grandes obras, haverá uma redução do potencial construtivo
equivalente a 20%”.
Ações conjuntas
Luiz Antônio Paiva dos Reis, conselheiro do SindusCon-SP e diretor adjunto
da Regional Santos, foi eleito presidente
(Giselda Braz)
da Assecob.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
35
marketing
Sustentabilidade
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
O
Marketing Social, Verde ou Sustentável ainda não tem definição
de princípios estruturada. Isso
significa tempo para que sua empresa
não permita que os seus concorrentes a
realizem e deixem você a reboque.
A última revista Harvard Business traz
reportagem elucidativa sobre a questão.
Não espere que seus competidores
definam quais são os princípios da sustentabilidade no seu setor, pois a concorrência “verde” deixa de ser uma corrida de
lançamentos de produtos “ecoamigáveis”
para ser uma competição sobre o que
significa ser ecologicamente correto. É
o momento oportuno de você se engajar
nesse debate para não se arriscar a ter
padrões de sustentabilidade de seu setor
que você não possa cumprir.
A responsabilidade social e a sustentabilidade são uma tendência sem volta.
É necessário que sua empresa lidere a
definição das regras que orientarão seu
ramo de atividade. Se isso ocorrer, ela terá
uma vantagem competitiva sustentável.
A reportagem apresenta quatro alternativas estratégicas para as empresas:
a) adotar padrões que vigorarão, mas
não ter competência para implantá-los;
b) cooptar e modificar os padrões para
operacionalizá-los, mas ser visto pelos
clientes como incompetente que tenta
representar um papel sem ter lido o roteiro;
c) definir os padrões, o que requer
competência instalada, credibilidade entre
os pares e respeito do mercado, além
de parcerias com instituições de ensino
e ONGs confiáveis; isso proporcionará
vantagem competitiva sustentável que
levará à liderança de mercado a médio e
longo prazos;
d) se você já perdeu o time to Market,
36
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
A empresa que
definir diretrizes
para o seu setor
sairá na frente
ainda há a alternativa de quebrar os padrões estabelecidos e definir novos, mas
essa estratégia de ruptura requer altos
investimentos e uma comunicação convincente sobre as razões de modificação
das diretrizes.
Quanto mais recentes forem as normas, menor será a credibilidade na
necessidade de modificações, uma vez
que elas ainda não puderam ser comprovadas por todas as partes envolvidas, os
stakeholders.
A reportagem também orienta para
a escolha da estratégia mais adequada.
Responda sim ou não.
Perguntas quanto ao estado atual
dos padrões na sua empresa:
Há fóruns para estabelecer padrões na
sua indústria ou classe de produto?
Caso os padrões existam, há consenso a respeito deles?
Seus concorrentes já adotaram os
padrões existentes?
Os governos (municipal, estadual, federal) propuseram ou endossaram esses
padrões?
O mercado e os clientes os aceitaram?
Perguntas quanto à habilidade da
sua empresa para criar os padrões:
Tem competência técnica para desenvolver padrões acreditáveis?
Tem ativos de P&D e de desenvolvimento de produtos para uma inovação
sustentável?
Pode influenciar integrantes da cadeia
produtiva para se tornarem mais sustentáveis?
Tem bom relacionamento com organizações acreditadas em sustentabilidade?
Tem a confiança dos clientes e de
outros stakeholders?
O maior número de respostas positivas
às cinco primeiras questões coloca a sua
empresa mais próxima das estratégias a e
b. O maior número de respostas positivas
às outras cinco questões coloca sua empresa mais próxima das alternativas c e d.
Elabore o diagnóstico o quanto
antes, enquanto a sustentabilidade é
apenas um discurso promocional da
maior parte das organizações, e defina
os padrões que sua empresa tem condições de implantar e consolidar ao longo
da cadeia produtiva.
* Consultor de empresas e professor da
EAESP­FGV e da BBS
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
37
JURÍDICO
Compensação permitida
Marcos Minichillo de Araújo *
A
A extinção de obrigação tributária federal pela via da compensação foi normatizada pela
primeira vez por meio da Lei 8.383/91,
permitida somente entre tributos e contribuições da mesma espécie.
Em 1996, com a Lei 9.430, foi permitida a compensação entre tributos e
contribuições de espécies distintas administradas pela Receita, desde que
o contribuinte pedisse compensação na
forma da IN 21/97.
Em 2002, com a Lei 10.637/02, ficou
estabelecido que os créditos apurados
judicialmente poderiam ser compensados após o trânsito em julgado.
A partir de então houve divergência
do entendimento da Receita sobre a
possibilidade de compensação entre
tributos de espécies distintas reconhecidos judicialmente ou quando a
sentença reconhecia o direito somente
à restituição.
Recentemente, a Coordenação-Geral do Sistema de Tributação da Receita
definiu que o crédito relativo a tributos
federais reconhecidos por sentença
judicial, que tenha admitido somente a
compensação com débitos de tributos
de mesma espécie, ou que tenha reconhecido somente o direito à restituição,
pode ser usado para quitar débitos de
quaisquer outros tributos federais.
Esse entendimento está consolidado
na Solução de Divergência 2 de 2010,
cuja ementa diz:
“Compensação. Decisão judicial
transitada em julgado após Lei 10.637,
de 2002, restritiva a tributo de mesma
espécie. Possibilidade de Compensação
com outros tributos administrados pela
Receita Federal. Os créditos relativos
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Crédito tributário
reconhecido por
sentença judicial
pode ser utilizado
a tributos administrados pela Receita,
reconhecidos por sentença judicial transitada em julgado que tenha permitido
apenas a compensação com débitos de
tributos da mesma espécie, ou ainda,
que tenha permitido apenas a repetição
do indébito, poderão ser compensados
com débitos próprios relativos a quaisquer tributos administrados pela Receita
(a) se houver legislação superveniente
que assegure igual tratamento aos demais contribuintes ou (b) se a legislação
vigente quando do trânsito em julgado
não tiver sido fundamento da decisão
judicial mais restritiva.”
Assim, os contribuintes que tiveram
créditos reconhecidos judicialmente
e estão aguardando a restituição pela
via do precatório, podem agora pedir a
compensação com quaisquer tributos
administrados pela Receita. Os que obtiveram o direito de compensar créditos
com débitos da mesma espécie tributária poderão solicitar a compensação com
débitos de outras espécies tributárias.
A Solução de Divergência indicou
que é válida para as decisões transitadas em julgado após a Lei 10.637/02. A
despeito de essa conclusão representar
avanço para a Receita, a restrição temporal não está adequada, pois se a atual
legislação permite a compensação com
tributos de espécies distintas, pouco
importa se o trânsito em julgado ocorreu
antes ou depois de 2002. Se a lei ampliou o direito da compensação para todos os contribuintes, não há motivo para
um deles ter seu direito reduzido apenas
porque a decisão judicial transitada em
julgado limitou esse direito, sobretudo
porque possivelmente a decisão judicial
deve ter se pautado na legislação mais
restritiva vigente à época do início da
ação. Nessa situação, a lei não está prejudicando o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. Ao contrário, a nova lei está
ampliando o direito reconhecido pela
decisão judicial transitada em julgado.
Assim, permitir a compensação a esse
contribuinte representa dar efetividade à
legislação vigente e reconhecer que ele,
além de obrigações, tem direitos.
Advogado, membro do Conselho Jurídico do
SindusCon-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
39
SOLUÇÕES INOVADORAS
Novas opções de coberturas
Ercio Thomaz *
M
eu velho professor Alberto de
Campos Borges dizia que a boa
construção começa pela solidez
das fundações e termina com a boa qualidade do telhado. Além disso, a construção
moderna exige cada vez mais racionalidade dos processos, maior produtividade e
maior velocidade na execução, tudo sem
comprometer a qualidade, a estética e a
durabilidade da cobertura.
Modernas técnicas e muitos materiais têm surgido para a execução das
coberturas, incluindo sistemas de impermeabilização que serão abordados em
outra oportunidade. Quanto aos telhados,
nas últimas décadas foram desenvolvidas telhas em argamassa ou concreto,
telhas cerâmicas esmaltadas, coberturas
metálicas zipadas em aço, alumínio ou
cobre, grandes canaletes em fibrocimento,
vigas-calha pré-moldadas em concreto armado ou protendido, telhas metálicas tipo
sanduíche, com miolo em lã de rocha, poliestireno ou poliuretano expandido, telhas
de madeira, telhas de vidro, chapas em
acrílico ou policarbonato, telhas shingle em
ardósia, feltro ou cortiça impermeabilizada
com material betuminoso e reforçadas com
fibras de vidro ou de plástico, às vezes
madeira reconstituída revestida com cobre.
Isolantes térmicos e acústicos, em
plásticos expandidos, lã de vidro ou lã de
rocha, vêm se incorporando aos telhados,
além de subcoberturas em finas lâminas
de plástico e foils de alumínio. Forros em
Agora é preciso
combinar custos,
engenharia e
sustentabilidade
alumínio ou aço escovado, placas minerais,
madeira reconstituída, gesso acartonado,
lâminas plásticas e outros vêm se integrando cada vez mais às coberturas, no sentido
de que as mesmas venham a atender às
amplas condições de desempenho que
lhes são exigidas: estanqueidade à água,
a poeiras e a insetos, isolação térmica e
acústica, estabilidade de cores, durabilidade, resistência ao fogo, à ação do vento e
do granizo, resistência a roedores, fungos
e insetos xilófagos.
Nas construções de pequena altura,
até dois ou três pavimentos, a cobertura
compõe-se com as fachadas, dando a elas
continuidade e integrando-se à volumetria
e ao próprio partido arquitetônico da obra.
Nos telhados com grandes inclinações,
o efeito estético da cobertura chega às
vezes a predominar sobre o próprio efeito
das fachadas. A arquitetura e a engenharia, incluindo a de materiais, têm criado
diferentes possibilidades para as coberturas, traduzidas em sistemas totalmente
transparentes, coberturas telescópicas,
sanfonadas, retráteis e outras. Com as
exigências ambientais, os “tetos brancos”
e os “telhados ecológicos”, revestidos com
vegetação ou suportando lâminas de água,
vêm ganhando espaço cada vez maior,
integrando-se muitas vezes com a própria
paisagem.
No campo dos componentes e acessórios, pode-se contar com peças de
extrema utilidade como telhas de ventilação, cumeeiras reguláveis para diferentes
inclinações dos panos, águas furtadas
com largura regulável, telas e grades de
contenção de pombos e outras aves, chaminés pré-fabricadas, rufos e calhas em
plásticos resistentes aos raios ultravioleta,
fitas e tiras aluminizadas auto-aderentes
para arremates, ganchos para fixação
de cabos do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e outros. Para
melhorar as condições de conforto térmico,
Coberturas em estrutura de alumínio e policarbonato, em estrutura metálica e telhas de aço, e no sistema de telhas shingle
Foto: TC Shingle do Brasil
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Metalfer
Foto: Belmetal
40
Foto: Rossi Residencial
Foto: Tetti Telhados
Treliças em madeira reconstituída e vista parcial de sobrados da Vila Flora, em Sumaré
Telhado em telhas cerâmicas esmaltadas
Foto: Lafarge Roofing
ou alumínio, ou uma central de produção
de treliças em madeira. O sistema estrutural, obviamente, deve compor-se com
a arquitetura e o tipo de telhas escolhido,
com o projeto de águas pluviais e com
todas as necessidades logísticas da obra,
considerando-se a capacidade instalada
de energia elétrica, disponibilidade local de
serralheiros ou carpinteiros, necessidade
de equipamentos de transporte horizontal
ou vertical etc. Se não houver perfeita integração entre os projetos, e o planejamento/
compatibilização com os recursos disponíveis, os sistemas pré-industrializados
isoladamente não produzirão resultados
satisfatórios.
Considerando o emprego de madeiras
de reflorestamento (pinus e eucalipto), um
bom exemplo de pré-industrialização de
estrutura de madeira é o empreendimento
Vila Flora Sumaré, da Rossi Residencial,
obra com cerca de 3.000 unidades, localizada em Sumaré (SP), onde a estrutura
de madeira dos telhados foi subempreitada
para a empresa Tetti –Telhados e Sistemas
Construtivos de Madeira Plantada. Com
as peças recebendo prévio tratamento
preservativo em autoclave, o sistema estrutural em questão foi composto por treliças
leves, com barras ligadas por chapas tipo
“gang-nail” e posicionadas próximas umas
das outras. Interligando e contraventando
as treliças, foram utilizados sarrafos que
também atuaram como ripamento para
apoio das telhas. Em relação aos telhados
tradicionais, utilizou-se maior número de
treliças, mas com a eliminação das terças
Foto: Indústria Cerâmica Cláudio Vogel
particularmente em coberturas industriais,
existe a disponibilidade, além dos materiais
isolantes, de ventiladores eólicos e sistemas automáticos de aspersão de água
(“refrigeração evaporativa”).
Relativamente às coberturas, para as
quais estádios, shopping centers, terminais
rodoviários e centros de distribuição vêm
exigindo vãos cada vez maiores e prazos
cada vez mais curtos, verifica-se notável
desenvolvimento nas estruturas espaciais
em ligas de alumínio, nas tenso-estruturas,
treliças planas ou espaciais pré-fabricadas
em aço, “vigas tesoura”, arcos e pórticos
pré-moldados em concreto protendido e
outras inovações.
Com o aumento crescente da demanda
por construções, e a necessária melhoria
global da produtividade dos diferentes sistemas construtivos, os telhados não podem
ser relegados a segundo plano, tanto do
ponto de vista da engenharia quanto dos
custos. Combinando essas necessidades
com os imperativos de sustentabilidade,
que só recentemente descobrimos, estruturas de telhados pré-industrializadas em
madeira de reflorestamento representam
uma importante opção, ainda mais num
país com vasta área agriculturável, com
possibilidade de “plantio” desse material de
construção praticamente em todo território
nacional.
Considerando a necessidade de um
número representativo de unidades, ­po­dese incorporar ao canteiro de obras uma
pequena unidade de produção de engradados metálicos pré-industrializados em aço
Telhado em telhas de concreto
e dos caibros, no cômputo geral houve
redução na metragem cúbica da madeira
utilizada.
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41
INOVAÇÃO
Férias para os legistas
Vahan Agopyan *
É
inevitável comentar as catástrofes
vividas em janeiro no Sudeste,
que nos comovem e nos deixam
indignados pela impotência frente a um
fenômeno natural, de certa forma previsível.
A população dá mostras da sua grande
solidariedade, mas o meio técnico e as
autoridades não conseguem prover essa
sociedade com informações adequadas.
Podemos vislumbrar três posicionamentos dos profissionais para esses
acontecimentos. Os técnicos ligados aos
diversos governos justificam a calamidade
pelo volume de chuvas acima das médias
históricas, que não permitiu previsões
mais seguras para o controle do volume
de água nas barragens à montante dos
locais destruídos.
Vários técnicos independentes acusam
o poder público de omissão pela ocupação urbana indevida das encostas e pela
impermeabilização excessiva do solo e a
sua instabilidade, resultados da mencionada ocupação indevida e do crescimento
urbano sem planejamento.
Os técnicos ligados aos grupos ambientalistas apontam o aquecimento da
Terra, indicando essas chuvas torrenciais
como consequência da ação nefasta do
homem sobre o planeta.
Todos estão de certa maneira corretos.
Houve um crescimento urbano sem o planejamento adequado, ocupando terrenos
inadequados para a construção, mas as
chuvas foram atípicas, atingindo os centros de cidades como Franco da Rocha,
Teresópolis e outras. Temos uma realidade
distinta da existente há algumas décadas,
o que exige uma postura técnica diversa.
Um comentário marcante foi o de um
colega com maior experiência, alertando
que está faltando Engenharia nos gover-
42
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Falta inovar
na mitigação
dos efeitos das
intensas chuvas
nos, em outras palavras, soluções técnicas
e inovadoras. Muitas das decisões tomadas
durante e principalmente depois das catástrofes acabam sendo de profissionais
muito competentes em gestão, mas sem
o embasamento técnico necessário para
ter o discernimento imprescindível nesse
tipo de decisão. Não se pode fazer a gestão
de uma atividade se não se conhece o seu
processo –frase proferida por um administrador de renome na primeira aula que tive
de gestão num curso de especialização.
A inovação pode servir como ferramenta para mitigar, já que é impossível
evitar, os fenômenos da Natureza. O
conhecimento avançou bastante nesta
área e temos condições de colaborar com
a sociedade. Além de apontar as áreas
consideradas de risco e propor a remoção
da população, a moderna Engenharia
Geotécnica tem condições de oferecer
soluções de estabilização de taludes (que
até empregamos nas modernas rodovias)
e garantir a preservação dos centros urbanos, até históricos, como o de São Luiz do
Paraitinga. Os valores médios de vazões,
chuvas típicas e outros parâmetros devem
ser atualizados, levando em conta a nova
realidade, e os sistemas urbanos revistos.
Há soluções inovadoras de pavimentos que
absorvem água (há um trecho experimental
na Cidade Universitária) e tratamentos para
dissipar e reduzir a velocidade de vazão
das águas pluviais.
Em resumo, o meio técnico tem propostas e pode desenvolver outras conforme a necessidade, e com isso melhorar
a qualidade de vida da população. Mas
dependemos de políticas públicas integradas, que permitam a incorporação das
inovações no meio urbano. De fato falta
Engenharia no setor público, no entanto
temos a obrigação de mostrar isso para
os governantes e convencê-los de que só
com muita tecnologia inovadora podemos
minimizar o efeito do meio ambiente na
população e com isso, em poucos anos, ser
possível para os médicos legistas tirarem
férias em janeiro.
* Professor Titular da Escola Politécnica da USP
e
Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP
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