fratura vertebral em pônei – relato de caso
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fratura vertebral em pônei – relato de caso
FRATURA VERTEBRAL EM PÔNEI – RELATO DE CASO Eduarda M. Busato¹, Jéssica R. da Silva¹, Fernando Z. Basso¹, Monalisa L. 3 3 Ivan Deconto , Peterson T. Dornbusch 2 Castro , João H. 3 Perotta , ¹ Residentes de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais da Universidade Federal do Paraná 2 Médica Veterinária Autônoma 3Professores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná [email protected] ABSTRACT: Vertebral fractures by trauma can occur in horses, leading to conditions ranging from ataxia, permanent decubitus and paralysis. In this paper reported the case of a pony, male, nine months old, received for service in permanent lateral decubitus likely due to spinal cord trauma. The animal showed signs consistent with SchiffSherrington syndrome, indicating spinal cord compression in the lumbar segment of the spine. The radiography revealed sixth lumbar vertebra flattening, confirming the suspected fracture. The animal was euthanized and necropsy, which was confirmed vertebral fracture with compression and partial section of the spinal cord. Spinal cord trauma have great relevance to clinical large and important to conduct a thorough neurological examination . In complete fractures with spinal cord compression and section the prognosis is poor and euthanasia is indicated . Keywords: decubitus, neurology, spinal cord INTRODUÇÃO Fraturas vertebrais decorrentes de trauma são relativamente frequentes em cavalos, principalmente em potros. Fraturas completas resultam em compressão e secção medular, com consequente paralisia flácida caudal à lesão. O diagnóstico é realizado a partir de avaliação neurológica e radiografias, podendo ser realizada também análise do líquido cefalorraquidiano (Thomassian, 2005). Em estudo realizado por Tyler, et al. (1993) as lesões raquimedulares foram as principais causas de quadros neurológicos após trauma em cavalos. Apesar da importância clínica das fraturas vertebrais em cavalos, os relatos de caso são escassos na literatura. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de fratura de sexta vértebra lombar, com provável origem traumática, em um pônei de nove meses. RELATO DE CASO Um pônei, macho, com nove meses de idade foi recebido no setor de grandes animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR) com queixa de decúbito permanente há um dia e sem histórico prévio ao atendimento. No HV-UFPR foi realizado exame clínico geral, hemograma, perfil bioquímico hepático e renal, radiografia da coluna cervical, torácica e lombar e coleta de líquor do espaço lombossacro. Foi administrado dexametasona na dose de 0,2 mg/Kg por via endovenosa, Penicilina G Benzatina na dose de 25.000 UI/Kg por via intramuscular e vitamina B1 5mg/Kg por via intramuscular. O animal era mantido em estação com auxílio manual, e era fornecido feno, capim verde e água, porém após a detecção de fratura em sexta vértebra lombar, o animal foi submetido à eutanásia e necropsia. RESULTADOS E DISCUSSÃO O animal apresentava taquicardia e taquipnéia, paresia dos membros pélvicos e cauda, hiperreflexia dos membros torácicos, retenção urinária, exposição peniana frequente e retenção fecal. A partir desses achados suspeitou-se da síndrome de Schiff-Sherrington decorrente de trauma em coluna lombar. Esta síndrome pode ocorrer em lesões graves entre a primeira e a sétima vértebras lombares com compressão medular, pois nesta região encontram-se neurônios inibitórios de neurônios da intumescência torácica, portanto lesões significativas resultam em paralisia de neurônio motor inferior nos membros pélvicos (paralisia flácida) e paralisia de neurônio motor superior em membros torácicos (hiperreflexia) (Riet-Correa et al., 2002). A radiografia de coluna lombar revelou achatamento de sexta vértebra lombar (Figura 1A) e o líquor coletado apresentava aspecto xantocrômico e presença de eritrócitos. A xantocromia é um indicativo de bilirrubina plasmática no líquor e ocorre em casos de hemorragia subaracnoidea, assim como a presença de eritrócitos (Dimas e Puccioni-Sohler, 2008). De acordo com estes achados, diagnosticou-se fratura vertebral e o animal foi submetido à eutanásia. Nos casos em que fraturas vertebrais levam à secção medular a eutanásia é recomendada, pois esta lesão não pode ser recuperada (Thomassian, 2005). A necropsia confirmou fratura completa de sexta vértebra lombar, com compressão e secção medular parcial (Figura 1B). Em estudo retrospectivo realizado por Borges, et al. (2003), dentre os grandes animais, a espécie equina é a segunda mais acometida por fraturas vertebrais, sendo o segmento torácico o mais afetado, seguido do lombar. Figura 1- A: Radiografia indicando achatamento de sexta vértebra lombar decorrente de fratura. B: Fratura completa de sexta vértebra lombar causando compressão e secção parcial de medula espinhal. CONCLUSÕES Traumas medulares apresentam grande relevância na clínica de grandes animais, e deve-se suspeitar de fratura vertebral em casos em que ocorre decúbito permanente do animal, associado à paralisia ou paresia. A realização de um exame neurológico completo é importante para determinação do local provável da lesão, que pode ser confirmada após radiografia. Nas fraturas completas com compressão e secção medular o prognóstico é desfavorável e a eutanásia é indicada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, A.S.; SILVA, D.P.G.; GONÇALVES, S.B. et al. Fraturas vertebrais em grandes animais: estudo retrospectivo de 39 casos (1987-2002). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, n.2, p.127-132, 2003. DIMAS, L.F.; PUCCIONI-SOHLER, M. Exame do líquido cefalorraquidiano: influência da temperatura, tempo e preparo da amostra na estabilidade analítica. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.44, n.2, p.97-106, 2008. RIET-CORREA, F.; RIET-CORREA, G.; SCHILD, A.L. Importância do exame clínico para o diagnóstico das enfermidades do sistema nervoso em ruminantes e equídeos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.22, n.4, p. 161-168, 2002. THOMASSIAN, A., Enfermidades dos cavalos. São Paulo: Editora Varela, 2005, p.455-458. TYLER, C.M.; DAVIS, R.E.; BEGG, A.P. et al. A survery of neurological diseases in horses. Australian Veterinary Journal, v.70, n.12, p.445-449, 1993.