recomendações técnicas para o cultivo do girassol

Transcrição

recomendações técnicas para o cultivo do girassol
Governo do Estado
Do Rio Grande do Norte
07
ISSN 1983-280 X
Ano 2009
RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
PARA O CULTIVO DO GIRASSOL
ORGANIZADORES
MARCELO ABDON LIRA
MARCONE CÉSAR MENDONÇA DAS CHAGAS
GILMAR BRISTOT
JOSÉ ARAÚJO DANTAS
JOSÉ SIMPLÍCIO DE HOLANDA
JOÃO MARIA PINHEIRO DE LIMA
GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
WILMA MARIA DE FARIA
SECRETÁRIO DA AGRICULTURA, DA PECUÁRIA E DA PESCA
FRANCISCO DAS CHAGAS AZEVEDO
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE NORTE
DIRETORIA EXECUTIVA DA EMPARN
DIRETOR PRESIDENTE
HENRIQUE EUFRÁSIO DE SANTANA JÚNIOR
DIRETOR DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
MARCONE CÉSAR MENDONÇA DAS CHAGAS
DIRETOR DE OPERAÇÕES ADM. E FINANCEIRAS
AMADEU VENÂNCIO DANTAS FILHO
INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO RN
DIRETORIA EXECUTIVA DA EMATER-RN
DIRETOR GERAL
LUIZ CLÁUDIO SOUZA MACEDO
DIRETOR TÉCNICO
MÁRIO VARELA AMORIM
DIRETOR DE ADM. RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS
CÍCERO ALVES FERNANDES NETO
ISSN 1983-280 X
Ano 2009
Sistemas de Produção 01
RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
PARA O CULTIVO DO GIRASSOL
Marcelo Abdon Lira
Marcone César Mendonça das Chagas
Gilmar Bristot
José Araújo Dantas
José Simplício de Holanda
João Maria Pinheiro de Lima
Sistemas de Produção 01
RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA O CULTIVO DO GIRASSOL
EXEMPLARES DESTA PUBLICAÇÃO PODEM SER ADQUIRIDOS
EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN
UNIDADE DE DISPONIBILIZAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS
AV. JAGUARARI, 2192 - LAGOA NOVA - CAIXA POSTAL: 188
59062-500 - NATAL-RN
Fone: (84) 3232-5858 - Fax: (84) 3232-5868
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COMITÊ EDITORIAL
Presidente: Maria de Fátima Pinto Barreto
Secretária-Executiva: Vitória Régia Moreira Lopes
Membros
Aldo Arnaldo de Medeiros
Amilton Gurgel Guerra
Francisco Canindé Maciel
Leandson Roberto Fernandes de Lucena
Marciane da Silva Maia
Marcone César Mendonça das Chagas
Terezinha Lúcia dos Santos Fernandes
Revisor de texto: Maria de Fátima Pinto Barreto
Normalização bibliográfica: Biblioteca Central Zila Mamede – UFRN
Editoração eletrônica: Giovanni Cavalcanti Barros (www.giovannibarros.eti.br)
1ª Edição
1ª impressão (2009): tiragem
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui
violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Holanda, José Simplício de.
Cultivo do coqueiro no Rio Grande do Norte / José Simplício de Holanda,
Maria Cléa Santos Alves, Marcone César Mendonça das Chagas. – Natal, RN:
EMPARN, 2008.
27 p. – (Sistemas de produção; 1)
ISSN: 1983-280-X
1. Cultura do coco. 2. Produção de coco. 3. Manejo do coco. 4. Sanidade.
I. Alves, Maria Cléa Santos. II. Chagas, Marcone César Mendonça das. III. Titulo.
IV. Série.
CDD 634.6
RN/UF/BCZM
CDU 633.528
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
SUMÁRIO
5
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
APRESENTAÇÃO
A água é um bem natural essencial a sobrevivência dos seres
vivos. Trata-se de um recurso renovável em seu ciclo natural, mas
um bem finito, pois suas reservas são limitadas. O uso irracional
e irresponsável da água pode comprometer a vida no planeta.
Por isso, é imprescindível a conscientização da população sobre
a importância do seu uso sustentável.
A agricultura é o setor que mais consome água entre todas as
atividades humanas e é imperativo sensibilizar produtores rurais,
técnicos, multiplicadores, estudantes, extensionistas e pesquisadores em relação ao respeito à utilização correta das reservas de
água. Isso se faz, entre outras ações, levando conhecimento e
educação para a população rural, para que desenvolvam uma
nova consciência não só da importância da quantidade de água
disponível, mas também da sua qualidade. São gestos simples
que precisam se transformar em práticas usuais, como evitar o
desperdício, não usar venenos nas plantações, armazenar água da
chuva corretamente e proteger as nascentes e as matas ciliares.
O Governo do Estado do Rio Grande do Norte através da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN – EMPARN e do Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural do RN – EMATER, afiliadas
da Secretaria da Agricultura, da Pecuária e da Pesca – SAPE, contando com o apoio de parceiros estratégicos como o Ministério
do Desenvolvimento Agrário – MDA, Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT / SECIS, Bancos do Nordeste e do Brasil, Embrapa,
Sebrae e Idema, promovem em 2009 o VI Circuito de Tecnologias
Adaptadas para a Agricultura Familiar. O tema desse ano é: Conservar os Recursos Naturais do Semiárido Gerando Renda e Mais
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Alimentos. Este Circuito se propõe, além de ações diretamente
relacionadas com a conservação da água, disponibilizar tecnologias de práticas de manejo racional para os diversos sistemas de
produção agropecuários utilizados no semiárido com ênfase na
preservação do meio ambiente.
Esse tema foi desenvolvido baseado na Declaração Universal dos
Direitos da Água, documento de 1992 da ONU, que preconiza:
“A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilidade deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação
de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas
atualmente disponíveis”.
Henrique Eufrásio de Santana Júnior
Diretor Presidente da EMPARN
Luiz Cláudio de Souza Macedo
Diretor Geral da EMATER
8
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annus L.) é a quarta oleaginosa mais
consumida no mundo, depois da soja, palma e canola. As
sementes, considerando variedades e híbridos, apresentam em
média 40% de óleo. Há híbridos que produzem quantidades
superiores a 50%.
No girassol encontra-se um dos óleos vegetais de melhor
qualidade nutricional e organoléptica. De cada tonelada de
sementes, se extraem em média 400 kg de óleo, 250 kg de casca e
350 kg de torta para os animais, com 45 a 50% de proteína bruta.
Por possuir qualidades excepcionais, o seu óleo vem sendo
também indicado para a produção de biodiesel. A planta inteira
pode ser utilizada como forragem de excelente qualidade.
Acrescenta-se a essas características, a sua importância
econômica na qualidade de cultura melífera, sendo possível
produzir até 30 kg de mel por hectare.
1. SOLOS E SEU PREPARO
São indicados os solos de textura média, profundos, com boa
drenagem, razoável fertilidade e pH variável de ácido a neutro
(superior a 5,2).
O girassol proporciona ainda melhorias na estrutura
e fertilidade dos solos uma vez que possui sistema
radicular profundo.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
No geral, para os solos identificados para o cultivo do girassol,
recomenda-se a prática de uma gradagem. Em solos compactados
há a necessidade de se proceder a subsolagem, enquanto que
nos argilosos, sugere-se uma aração na profundidade de até 20
cm seguida de duas gradagens em sentido contrário, de modo
que o terreno seja bem destorroado.
Figuras 01/02- Sistema radicular da planta de girassol (impedimento físico)
Figura 03- Arado de aiveca
a tração animal
Figura 04- Grade niveladora
Figura 05- Arado de aiveca a tração mecânica
10
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
2. ADUBAÇÃO E CALAGEM
A adubação tem a finalidade de corrigir a fertilidade do solo
a fim de possibilitar uma atividade produtiva e sustentável. Os
fertilizantes apresentam a seguinte classificação:
• Fertilizante simples: formado por composto químico que
fornece um ou mais nutrientes;
• Fertilizante misto: resultante da mistura de dois ou mais
fertilizantes simples;
• Fertilizante orgânico: de origem vegetal ou animal,
contendo um ou mais nutrientes;
• Fertilizante organo-mineral: procedente da mistura ou
combinação de fertilizantes minerais e orgânicos.
Recomenda-se a realização da análise do solo antes do plantio.
No caso de solos que apresentem o pH ácido, abaixo de 5,2,
deve-se fazer calagem pelo menos três meses antes do plantio.
Com base nas análises de laboratório, os solos que apresentam
baixa, média e alta fertilidades têm demandado aplicações de
40 a 60 kg/ha de nitrogênio, 20 a 80 kg/ha de P2O5 e 20 a 80 kg/
ha de K2O. O nitrogênio deve ser parcelado, colocando-se 30%
em fundação e o restante até 30 dias após a emergência das
plantas, principalmente em solos com textura arenosa. O girassol
é sensível a níveis baixos de boro no solo. Em solos pobres em
boro, recomenda-se a aplicação de 1,0 a 2,0 kg/ha do elemento
mediante a adubação de base ou de cobertura.
Os adubos minerais existentes no mercado são muito
diversificados quanto à constituição química. Os adubos
nitrogenados têm composição de nutrientes diferentes. A uréia
contém unicamente nitrogênio, enquanto o sulfato de amônio
contém o nitrogênio e o enxofre. O monoamino (MAP), além de
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
nitrogênio, contém fósforo. Os adubos fosfatados também são
diversificados na composição química.
Devido à múltipla composição dos adubos, é necessário verificar
a condição do solo para o qual a adubação é recomendada. Solos
com substrato calcário, caso da Chapada do Apodi e da região
do Mato Grande, que têm pH alcalino decorrente do excesso de
calcário requerem fontes de fósforo sem calcário e de reação
ácida, podendo optar por mono ou diamino fosfato (MAP ou
DAP, respectivamente). Em solos arenosos de baixa fertilidade, a
exemplo dos da região do Agreste, do Litoral e das áreas Serranas,
é preferível aplicar fontes de fósforo que contenham cálcio, caso
do superfosfato simples e triplo, ou magnésio, caso do fosfato
magnesiano (Fosmag).
Considerando-se as exigências nutricionais do girassol, as
características de baixa, média e alta fertilidade dos solos com
aptidão para cultivo dessa cultura e o histórico de resultados
de análises processadas pelo laboratório da Emparn, pode-se
sugerir as seguintes adubações por tipo de solo que compõe a
área zoneada para a referida cultura:
Latossolos – LV, LA e LVA
30
Idade
Boro (B)
P2O5
N
(dias)
(kg/ha)
kg/ha
kg/ha
plantio
2
-
60
-
20
40
K2O
60
-
.LV- latossolo vermelho; LA- latossolo amarelo; LVA- latossolo vermelho amarelo
.Sugere-se aplicar e incorporar ao solo 3 t/ha de calcário
dolomítico
12
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
.Dar preferência ao superfosfato simples ou superfosfato triplo
como fonte de fósforo, uréia como fonte de nitrogênio e cloreto
de potássio para o potássio.
.Utilizar o bórax (17%) como fonte de boro
Podzólicos – PA, PV e PE
Idade
(dias)
plantio
30
Boro (B)
P2O5
N
(kg/ha)
2
-
kg/ha
kg/ha
50
-
15
25
K 2O
50
-
.PA- podzólicos amarelo; PV-podzólicos vermelho; PE- podzólicos
eutróficos
.Sugere-se aplicar e incorporar ao solo 2 t/ha de calcário dolomítico
.Dar preferência ao superfosfato simples ou superfosfato triplo
como fonte de fósforo, uréia como fonte de nitrogênio e cloreto
de potássio para o potássio
.Utilizar o bórax (17%) como fonte de boro
Cambissolos - Ce
Idade
(dias)
plantio
30
Boro (B)
(kg/ha)
1
-
P2O5
kg/ha
kg/ha
N
60
-
10
30
13
K2 O
40
-
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
.Ce-cambissolos eutróficos
.Dar preferência ao MAP como fonte de fósforo, sulfato de amônio
como fonte de nitrogênio e cloreto de potássio para o potássio
.Utilizar o bórax (17%) como fonte de boro
Aluviões - Ae
Idade
Boro (B)
P2O5
N
(dias)
plantio
30
(kg/ha)
1
-
kg/ha
kg/ha
40
-
10
20
K 2O
25
-
.Ae-aluviões eutróficos
.Dar preferência ao MAP como fonte de fósforo, sulfato de amônio
como fonte de nitrogênio e cloreto de potássio para o potássio
.Utilizar o bórax 17% como fonte de boro
Planossolos - PL
Idade
Boro (B)
P2O5
N
(dias)
(kg/ha)
kg/ha
kg/ha
plantio
30
1,5
-
50
-
15
25
K2O
40
-
.PL-planossolos
.Dar preferência ao superfosfato simples ou superfosfato triplo
como fonte de fósforo, sulfato de amônio como fonte de nitrogênio e cloreto de potássio para o potássio
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
.Utilizar o bórax 17% como fonte de boro
Fonte: Embrapa Soja
Figura 06- pH ácido
Fonte: Embrapa Soja
Figura 07- Raiz curta e grossa de
girassol em função da toxicidade
crescente de alumínio
Fonte: Embrapa Soja
Figura 08- Quebra do caule, em
função da deficiencia de boro.
Fonte: Embrapa Soja
Figura 09- Deficiencia de boro
em folha de girassol.
3. VARIEDADES E HÍBRIDOS RECOMENDADOS
A pesquisa tem destacado as variedades Embrapa 122 e Catissol
01 além dos híbridos DOW M 734, Agrobel 960, Hélio 360, Hélio
358, Hélio 863, DOW MG 52, e VDH 487. Os referidos materiais
apresentam as seguintes características:
• Ciclo: 100 a 110 dias para a produção de grãos e de 80 a 90 dias
para silagem;
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
• Altura média de 1,70 m;
• Potencial médio de produção de grãos: 2.000 a 2.600kg/ha para
variedades e híbridos, respectivamente;
• Teor médio de óleo: 44%.
Figura 10- Ensaio Ipanguassu/2006
Figura 11- Ensaio Ipanguassu/2006
Fonte: Empresa Helianthus do Brasil
Figura 12- Campo produção de
sementes girassol
Figura 13- Ensaio de girassol
Ipanguassu/2007
Figura 14 - Ensaio de girassol
Ipanguassu/2007
16
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
4. ÉPOCA DE PLANTIO
Verifique a época mais adequada para a sua região e condições
de umidade do solo. Precipitações pluviométricas entre 500 a 700
mm bem distribuídos ao longo do ciclo, resultam em rendimentos
superiores a 1.000 Kg/ha, apesar de constatações da alta tolerância
dessa cultura ao estresse hídrico.
5. SISTEMA DE PLANTIO / ESPAÇAMENTO X DENSIDADE
A semeadura do girassol pode ser realizada manual ou
mecanicamente. No entanto, face à sua configuração espacial,
que determina um número considerável de plantas por hectare,
recomenda-se o plantio com uso de plantadeira-adubadeira
animal ou tratorizada e, na ausência desses implementos, utilizar
o plantio com matraca.
O espaçamento pode variar de 70 a 90 cm entre linhas e de
30 a 25 cm entre plantas na linha, respectivamente. Esse arranjo
de plantio proporcionará uma densidade variando de 40.000 a
45.000 plantas/ha. As sementes são colocadas à profundidade
de 3 a 5 cm no sulco, de preferência acima e ao lado do adubo.
Em geral são suficientes de 4 a 5 kg de sementes para plantar
1 ha de girassol.
Fonte: EBDA
Figura 15- Plantio manual
Fonte: EBDA
Figura 16- Plantio com uso da matraca
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Fonte: EBDA
Figura 17- Plantio com plantadeira
de tração animal.
Fonte: EBDA
Figura 18- Plantio com plantadeira
- adubadeira
6. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
O girassol é muito sensível à competição com plantas
daninhas. O período crítico de competição compreende os
primeiros 40 dias após a emergência das plantas.
7. PRAGAS E DOENÇAS
As principais pragas e doenças registradas na literatura que
podem causar danos ao girassol nas condições edáfico-climáticas
do Rio Grande do Norte são as seguintes:
Insetos
Vaquinha (Diabrotica speciosa), lagarta preta (Chlosyne lacinia),
percevejos (Nezara viridula, Piezodoru guildinii e Euschistus
heros), besouro do capítulo (Cyclocephala melanocephala),
formigas, principalmente as saúvas (Atta spp.), e a lagarta rosca
(Agrostis ipsilon).
18
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
Fonte: Embrapa Soja
Figura 19- Principais pragas que
atacam a cultura do girassol
Fonte: Embrapa Soja
Figura 20- Adulto de Diabrotica speciosa
Fonte: Embrapa Soja
Figura 21- Lagarta de Spodoptera
latifascia
Fonte: Embrapa Soja
Figura 22- Ovos de Chlosyne
lacinia saundersii
Fonte: Embrapa Soja
Figura 23- Colônia de lagartas de
segundo Instar de Chlosyne lacinia
saundersii
19
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Fonte: Embrapa Soja
Figura 24- Lagarta de Chlosyne
saundersii de cor alaranjada
Fonte: Embrapa Soja
Figura 25- Lagarta de Chlosyne
lacinia de cor preta
Fonte: Embrapa Soja
Figura 26- Adulto de Cyclocephala
melanocephala
Figura 27- Ataque do besouro
marrom
Figura 28- Ataque do besouro marrom
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
(Cyclocephala melanocephala)
Fonte: Embrapa Soja
Figura 29- a) Adultos de percevejos da familia Pentatomidae, b) Euschistus
heros, c) Nezara Viridula, d) Edessa meditabunda, e) Thyanta perditor, f)
Acrosternum sp.
Doenças fúngicas
A Mancha de Alternária (Alternaria helianthi), é caracterizada por
lesões necróticas localizadas nas folhas baixeiras. A condição ideal
para ocorrência da Mancha de Alternaria é alta temperatura e alta
umidade, porém ela pode ocorrer em qualque época de plantio.
A Podridão da raiz e do colo das plantas é causada pelo fungo
Sclerotium rolfsii.
Este fungo, em geral, é beneficiado também pelo excesso de
umidade e altas temperaturas no ambiente.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Figura 30/31- Mancha de Alternaria em folha de girassol
Figura 32- Podridão basal da planta de girassol Sclerotium rolfsii
8. COLHEITA, BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO
A colheita pode ser mecanizada ou semimecanizada. Ela é realizada 90 a
100 dias após a emergência das plantas, quando o capítulo está com coloração
castanha. A colheita mecanizada pode ser feita com uma adaptação na
plataforma de colheita do milho. A colheita semimecanizada é semelhante à de
feijão. Os capítulos são colhidos e amontoados junto à batedeira estacionária
para a operação de trilha.
A limpeza dos grãos é indispensável para a obtenção de boa qualidade
do óleo e da torta. O teor de umidade dos grãos para o armazenamento é de
11%, podendo o girassol ser colhido com 14 a 16% de umidade para posterior
redução da umidade a 11%.
22
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
Fonte: EBDA
Figura 32- Colheitadeira de milho utilizada na colheita do girassol
9. ZONEAMENTO AGRÍCOLA
O estudo de viabilidade agronômica e climatológica para
a cultura do girassol no Estado do Rio Grande do Norte foi
desenvolvido considerando as suas características fisiológicas e
edáfico-climatológicas.
10. MUNICÍPIOS ZONEADOS PARA O CULTIVO DO GIRASSOL
23
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Açu
Felipe Guerra
Martins
Água Nova
Caraúbas
Frutuoso Gomes
Ielmo Marinho
Itaú
Janduis
João Câmara
João Dias
Jose da Penha
Lagoa de
Pedras
Lagoa Salgada
Messias Targino
Montanhas
Monte Alegre
Mossoró
Passagem
Patu
Pau dos Ferros
Rafael Fernandes
Rafael Godeiro
Ceará-Mirim
Lucrécia
Coronel João
Pessoa
Doutor
Severiano
Encanto
Luis Gomes
Espírito Santo
Marcelino Vieira
Riacho de
Santana
Rodolfo Fernandes
São Francisco
do Oeste
São Gonçalo
do Amarante
São Miguel
Alexandria
Almino Afonso
Antonio Martins
Apodí
Baraúna
Bom Jesus
Brejinho
Macaíba
Major Sales
Serrinha dos
Pintos
Severiano Melo
Taipu
Tenente Ananias
Umarizal
Várzea
Venha-Ver
Vera Cruz
Viçosa
11. CUSTO DE PRODUÇÃO, RECEITA E PREÇO MÍNIMO
DE AQUISIÇÃO.
1. Custo de Produção e da Receita de 1 (um) hectare de girassol
utilizando: mão de obra familiar em algumas operações; preparo
de solo, plantio, adubação química, colheita mecanizada e capinas
com tração animal e retoques manuais.
24
.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .GIRASSOL
..................
Atividade
1. SERVIÇOS
Preparo do
solo
Plantio + adubação
Adubação de
cobertura
Aplicação Inseticida
Limpas:
. Tração Animal
. Retoques Manuais
Colheita mecanizada e transporte da produção
Subtotal
2. INSUMOS
Sementes
Unidade
Quantidade
Valor Unit.
(R$)
Valor Total
(R$)
h/m
2
60,00
120,00
h/m
0,50
60,00
30,00
h/m
0,50
60,00
30,00
H/d
1
30,00
30,00
A/d
H/d
1
5
40,00
20,00
40,00
100,00
h/m
0,60
120,00
72,00
422,00
Kg
5
8,00
40,00
Adubos:
. MAP
. Ácido Bórico
. N (SA) – cobertura
Kg
Kg
Kg
100
05
150
2,00
6,00
0,72
200,00
30,00
108,00
Inseticida
L
1
30,00
30,00
Subtotal
Custo de produção
408,00
830,00
Produção Estimada (kg)
Receita Bruta
Renda líquida
1.300
kg
1.300
25
0,86
1118,00
288,00
07
ISSN 1983-280 X
Ano 2009
RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
PARA O CULTIVO DO
ALGODÃO EM SEQUEIRO
Aldo Arnaldo de Medeiros
Marcone César Mendonça das Chagas
Florisvaldo Xavier Guedes
José Expedito Pereira Filho
Natal, RN
2009
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .ALGODÃO
. . . . .EM. SEQUEIRO
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INTRODUÇÃO
O cultivo do algodão em condição de sequeiro destaca-se
como uma das importantes atividades para a região Nordeste,
em especial para os agricultores familiares. A maior parte dos
custos de produção é atribuída à mão de obra utilizada no
cultivo, o que significa a ocupação de um grande contingente
de trabalhadores rurais. O algodão tem importância social e
econômica para o negócio rural nordestino em razão do parque
têxtil do Nordeste se configurar em um grande polo consumidor
industrial de algodão.
ESCOLHA DA ÁREA
Os principais fatores a serem considerados são: profundidade,
drenagem, textura e fertilidade dos solos. A área deve ser plana ou
suavemente ondulada. Terras com declive acima de 12% devem
ser evitadas para o plantio. O sistema radicular do algodoeiro é
pivotante, devendo-se evitar os solos rasos ou com afloramento
de rochas, sujeitos ao encharcamento. Em geral, o algodoeiro
se desenvolve bem em vários tipos de solo, desde que existam
condições de equilíbrio entre nutrientes, umidade e aeração.
PREPARO DO SOLO E PLANTIO
Esta operação tem como objetivo proporcionar as melhores
condições para a germinação, a emergência e o desenvolvimento
do sistema radicular das plantas. Em solos arenosos recomendase uma simples gradagem com grade destorroadora e, no caso
de tração animal, um corte com as enxadas “asa de andorinha”.
Para os solos medianos, com teores de areia, argila e silte mais
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. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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equilibrados, utilizar uma aração, de preferência, com arado
escarificador ou de aiveca na profundidade de 20 a 30 cm e, logo
após, usar uma grade destorroadora. Quando efetuado à tração
animal, duas escarificações cruzadas com enxadas tipo “grampo”.
Em solos argilosos, com teores de argila superiores a 35%,
recomenda-se a aração com arado de aiveca. Na ausência deste
equipamento, usar arados de discos ou escarificadores. Esses solos
são de difícil manejo com tração animal, e às vezes requerem dois
animais para realizar os serviços com arado de aiveca.
O plantio deve ser realizado de acordo com o zoneamento
de cada região produtora aproveitando, ao máximo, o início das
chuvas. É importante que os produtores de uma mesma área, e
dentro de uma mesma região, procedam ao plantio na mesma
época para facilitar o controle da população do bicudo.
O espaçamento e a densidade de plantio definem a
população e o arranjo das plantas, podendo interferir na
produção. O plantio pode ser realizado manualmente em covas,
com matraca ou enxada, colocando-se 3 a 4 sementes por cova,
ou com plantadeira à tração animal ou mecanizado, semeandose 12 a 15 sementes por metro linear. O espaçamento entre
fileiras de plantio é de 90 cm a 1,0 m, com espaçamento entre
covas de 20 cm, na operação manual.
CULTIVARES RECOMENDADAS
As cultivares de algodão indicadas para plantio caracterizamse pelo ciclo precoce, com floração concentrada em períodos
de tempo menores que as tardias e assim escapam ao ataque
das pragas, principalmente, o bicudo do algodoeiro. São mais
produtivas, tolerantes à seca e com melhor qualidade de fibra.
Recomendam-se as cultivares CNPA 7H, CNPA 8H, BRS 201 E BRS
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .ALGODÃO
. . . . .EM. SEQUEIRO
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ARARIPE, produtoras de fibra branca. A produção de algodão
colorido é também uma alternativa para a exploração no
semiárido do Nordeste brasileiro. Estão disponíveis para o plantio
as cultivares BRS VERDE, BRS SAFIRA, BRS RUBI e BRS MARROM.
Todas as cultivares têm potenciais de produção de
algodão em caroço, variando de 1.300 a 1.600 kg/ha de
algodão em caroço.
TRATOS CULTURAIS
O controle das plantas daninhas deve ser feito durante
os primeiros 60 dias após a emergência das plantas. Este é o
período crítico de competição, em cuja fase de desenvolvimento
do algodoeiro ocorrem danos irreversíveis às plantas, em razão
do aumento no ciclo da cultura e redução na produção. A partir
deste período, as plantas atingem o mais alto índice foliar e, em
decorrência do sombreamento, impedem o crescimento das
plantas daninhas. A operação de eliminação do “mato” é feita
com cultivador à tração animal e retoque com enxada.
PRINCIPAIS PRAGAS DO ALGODOEIRO:
RECONHECIMENTO E CONTROLE
Nas condições de cultivo do algodoeiro em nossa região,
nos últimos anos, atenção maior tem sido voltada para o ataque
da lagarta do curuquerê, pulgão, mosca branca e o bicudo do
algodoeiro. São pragas que apresentam grande poder destrutivo
e, quando nenhuma medida de controle é adotada, podem-se
registrar danos significativos à cultura e, consequentemente,
perdas na produção e prejuízos aos produtores.
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. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
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Lagarta do curuquerê - Também conhecida como a lagarta
das folhas só ataca o algodoeiro. O início do ataque se dá a
partir das primeiras semanas da germinação das plantas. È
importante lembrar que as plantas suportam o desfolhamento,
até certo ponto, dependendo da idade. A desfolha de até
15% pode ser tolerada durante todo o período de cultivo. A
partir desse nível de desfolha, medidas devem ser adotadas
para o controle da praga, sobretudo, durante o estágio de
desenvolvimento das plantas correspondente ao período
crítico de ataque das lagartas o qual se estende do início
do florescimento (aproximadamente 30 dias de idade) até a
abertura do primeiro capulho (90 a 95 dias de idade).
É importante que o produtor atente também para a
presença de ovos na parte inferior das folhas. Durante
o monitoramento é possível treinar o produtor para o
reconhecimento, mesmo a olho nu, da presença dos ovos em
forma de pequenos discos (medindo aproximadamente 1mm
de diâmetro) de coloração azul esverdeada. A observação
dessa forma imatura do inseto nas folhas constitui-se um
alerta importante da nova infestação da praga (novo ciclo)
a qual exigirá maiores cuidados quanto à tomada de decisão
para o controle do curuquerê nos dias subsequentes.
Pulgão - É um inseto sugador de seiva e vive em colônias
na parte inferior das folhas e brotos novos das plantas. O
seu ataque inicia-se em reboleiras, quando se observa o
encarquilhamento e/ou encrespamento das folhas, associados
à produção excessiva de uma substância açucarada (mela)
decorrente da sucção de seiva e deposição nas folhas e
capulhos. O ataque dos pulgões tem importância em duas
fases distintas do desenvolvimento das plantas: a primeira
compreende o estágio vegetativo e de frutificação onde os
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. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
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danos diretos caracterizados pela sucção de seiva restringemse às folhas e ramos e em um segundo momento, por ocasião
da abertura dos capulhos (ataque tardio), os danos são
indiretos e de grande prejuízo à cultura, pois, a seiva sugada
pelos pulgões transforma-se em um produto açucarado (mela)
posteriormente liberado pelos insetos sobre os capulhos
abertos o qual impregna-se nas fibras, produzindo o “algodão
doce”. O algodão colhido com essa característica torna-se
imprestável à comercialização em razão da baixa qualidade
para a usina de processamento e a indústria de fiação.
Mosca Branca - Estes insetos, de modo idêntico aos pulgões,
são sugadores de seiva e causam danos semelhantes às
plantas e à fibra do algodão em caso de ataque severo ao final
do ciclo do algodoeiro. Esta praga tem grande capacidade
de dispersão e geralmente ataca em altas populações
ocasionando danos severos às culturas. Nas condições de
cultivo na região, o seu ciclo (ovo até adulto) tem duração
aproximada de três semanas. Este reconhecimento se
faz necessário uma vez que, no monitoramento, devese considerar, além dos adultos provenientes da área em
amostragem, aqueles de populações oriundas de outras
áreas. Tendo em vista a grande capacidade de dispersão dos
adultos da mosca branca entre áreas de diferentes cultivos,
é comum observar-se, durante as amostragens (realizadas
a cada sete dias, no máximo), o aumento inesperado de
adultos. Portanto, a observação isolada dos adultos pode
não refletir com precisão o comportamento populacional
da praga naquela lavoura, tornando-se necessária, também,
a amostragem das ninfas em último estágio, uma vez que
a população desses imaturos (são sedentárias e geradas no
local) irá determinar as populações futuras de adultos na
referida área de produção.
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. . . . .DE. TECNOLOGIAS
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. . .A .AGRICULTURA
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Bicudo do Algodoeiro – O bicudo é considerado a principal praga do
algodoeiro. Os danos provocados por esta praga às estruturas frutíferas
(botões florais, casulo ou casula e maçãs novas) são resultantes da
alimentação dos adultos, postura e posterior desenvolvimento das
larvas nos botões e maçãs. O período crítico de ataque corresponde
ao mesmo do pulgão (30 a 95 dias a partir da germinação) e o seu
controle deve ser indicado mediante o resultado do monitoramento
(amostragens) de sua população ao longo do ciclo do algodoeiro. O
monitoramento da população do bicudo é extremamente importante
para o sucesso no controle e oferece ao produtor o conhecimento
do crescimento da população da praga à medida que a cultura se
desenvolve. Normalmente a infestação da praga ocorre em reboleiras
a partir das extremidades da lavoura. Uma vez identificados os locais
iniciais de ataque (reboleiras) deve-se adotar as medidas de controle.
Este procedimento deve ser rigorosamente aplicado pelos produtores
tendo em vista evitar o crescimento da população. Considerando
o grande potencial de dano do bicudo e o seu ciclo de vida curto
(aproximadamente três semanas), qualquer tipo de medida de
controle implementado no início do ataque “quebra” o ciclo da praga
e as novas gerações são afetadas contribuindo para a redução dos
danos no período de maior produção das plantas.
Colônia de pulgão na superfície
Colônia de mosca branca
inferior da folha
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
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Bicudo do algodoeiro
Danos do curuquerê
em folhas do algodoeiro
Amostragem das pragas
Omomentocertoparausaroinseticidacontraaspragasédefinidopelo
método de amostragem, operação que é realizada no campo. Esta prática
permite ao produtor ter o conhecimento (histórico) do comportamento
(avanço ou não) das pragas durante todo o ciclo das plantas. Com isto, ele
terá segurança para a tomada de decisão de controle a qual depende de
fatores como; a idade das plantas (períodos críticos de ataque), nível de
infestação no momento da amostragem frente aos índices de infestação
nas semanas anteriores (evolução populacional de pragas), “barreiras”
naturais de controle (físicas e/ou biológicas) existentes, dentre outras.
A amostragem é feita observando-se de 50 a 100 plantas por
hectare para constatar se existe pulgão, bicudo e mosca branca.
As observações são anotadas e comparadas com a Tabela 1. É
obrigatório quando for aplicar o inseticida, usar equipamentos
de proteção individual – EPI – para proteger-se do inseticida.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
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. . . . . .FAMILIAR
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Tabela 1 – Orientações para amostragens das principais pragas do algodão.
PRAGAS
PROCEDIMENTOS
Lagarta do
curuquerê
. Observar duas folhas da parte superior em cada planta amostrada no período de 30 a 95 dias da germinação das plantas;
. Caso encontre entre duas a três lagartas, de tamanho próximo ou maior que a unha do polegar por folha amostrada,
é o momento de pulverizar;
Pulgão
. Identificar as reboleiras;
. Observar na parte inferior de 5 folhas do terço superior
das plantas (parte de cima) se existem colônias do pulgão
provocando o “mela” das folhas de baixo;
. Se esses sintomas forem encontrados em 50% das plantas,
deve ser feita a pulverização;
Mosca
branca
Bicudo
. Analisando a folha do quinto nó, contando de cima para
baixo, caso se encontre 25 plantas com 3 ou mais adultos
por folha, recomenda-se a pulverização;
. Analisar apenas 1 botão floral por planta;
. Observar o botão localizado no quarto ou quinto ramo
(nó) da parte apical (do olho das plantas), contando de
cima para baixo;
. Analisar apenas 1 botão floral por planta e quando for encontrado em 10% dos botões florais o sintoma da presença
do bicudo (pequena ferida ou verruga localizada da metade
pra baixo do botão), fazer a pulverização.
CONTROLE QUÍMICO
O controle químico consiste na aplicação de
inseticidas como forma de reduzir a população das
pragas. As pulverizações só deverão realizar-se quando
o nível populacional, revelado pelas amostragens, atingir
o indicativo de controle. É importante que os produtores
consultem os técnicos para orientação quanto aos produtos
recomendados, dosagens e modo de aplicação. Para tanto,
faz-se necessário o conhecimento de produtos com potencial
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
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de controle dessas pragas, devidamente, registrados para o
seu controle (Tabela 2).
Tabela 2 – Alguns produtos para o controle de pragas do algodoeiro
PRAGA
PRINCÍPIO ATIVO
P R O D U T O
RECOMENDADO
CLASSE TOXICOLÓGICA.
Curuquerê
triclorfon
B. thuringiensis
diflubenzuron
Thriclorfon 500
Dipel PM
Dimilin 250 PM
II
IV
IV
Pulgão
endossulfan
imidacloprid
Thiodan 350 CE
Confidor 700 GRDA
I
IV
Mosca branca
endossulfan
imidacloprid
Cordial 100
Calypso
Thiodan 350 CE
Confidor 700
Piriproxifem
Tiacloprido
I
IV
II
III
endossulfan
deltametrina
fenvalerato
phosmet
parathion metil
Thiodan CE
Decis 50 SC
Sumicidin 200 CE
Imidan 500 PM
Folidol 600 CE
II
III
II
II
I
Bicudo
Outras medidas importantes para a redução
da população do Bicudo
Quando se planeja um controle racional de pragas (manejo de
pragas), não se pode pensar apenas na aplicação de um método isoladamente. Temos, entretanto, que buscar outros meios
ou medidas complementares de controle que atuem de forma
integrada, proporcionando um combate eficiente das mesmas,
quais sejam:
Plantio Uniforme - É importante que os agricultores de uma
determinada região combinem a data de plantio de forma que
o plantio seja finalizado em uma mesma época. Recomenda-se
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. . . . . . .ADAPTADAS
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o plantio antecipado do algodoeiro, ou seja, 15 a 20 dias após
o início das chuvas (“pegada” do inverno) e que, na medida
do possível, seja adotado por todos os produtores da comunidade e até mesmo da região produtora. Este procedimento
proporciona o “escape” às altas infestações do bicudo uma vez
que a sua população cresce à medida que aumenta a oferta
de alimento no campo.
Cultura no Limpo - O bicudo depende dos botões e maçãs
que caem ao solo para completar o seu ciclo de vida. Portanto,
nas lavouras livres de mato, essas estruturas frutíferas ficam mais
sujeitas a dessecação (“ressecamento”) e, consequentemente, à
morte natural do inseto no seu interior. A pesquisa comprovou
mortandade do inseto (larvas, pupas ou adultos do bicudo) de,
aproximadamente, 70% na região do Seridó (mais quente e seco)
e de 40% na região de clima mais ameno (Agreste).
Catação dos Botões Florais e Maçãs - Consiste na coleta
de botões florais e maçãs na superfície do solo e nas plantas com sintoma de ataque e posterior destruição (queima ou enterrio). Esta prática assume grande importância
quando aplicada a partir do início da infestação (entre 30
a 40 dias da germinação), sendo iniciada pelas reboleiras.
A pesquisa tem demonstrado que as catações, quando
realizadas conjuntamente pelos produtores proporcionam
uma redução considerável nos danos do bicudo e no número de pulverizações. Existe um instrumento chamado
de catador manual, que é eficiente na coleta dos botões
que estão no solo.
Destruição de Restos Culturais - De acordo com a legislação estadual, o agricultor é obrigado a realizar a destruição das soqueiras de algodão
após a conclusão da colheita. É importante que tão logo seja finalizada
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. . . . PARA
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a colheita, o produtor utilize a lavoura como pasto para os animais e, em
seguida, faça o arranquio, encoivaramento e queima dos restos culturais.
Esta operação é obrigatória uma vez que evita a criação do bicudo em
plantas que por ocasião de uma chuva fora de época voltem a florar e
favoreçam o desenvolvimento do bicudo com potencial para infestar
novas áreas no ano seguinte.
COLHEITA E PÓS-COLHEITA
As operações de colheita e armazenamento são de vital importância para manter a qualidade do produto. A colheita deve
ser iniciada em dias de sol e efetuada por partes nas plantas
de algodão, seguindo a ordem (baixeiro, meio e ápice das
plantas). Usar sacos de algodão e não misturar com crueiras,
folhas, carrapicho, detritos de madeira, etc., para não contaminar
a fibra do algodão. Nas amarras dos sacos deve-se usar cordão
de algodão. Não usar sacos de juta, estopa ou polietileno. O
produto deve ser armazenado em local ventilado e com pouca
umidade. Não permitir o acesso de animais (gatos, cachorros e
galinhas), pois os pelos e as penas destes animais contaminam
a fibra contribuindo para a desclassificação do produto.
BENEFICIAMENTO DO ALGODÃO
A operação de separação da pluma do caroço é realizada
em máquinas de serra. Em geral a composição do algodão em
caroço é constituída de 35 a 38% de pluma, principal produto
gerado na cadeia algodoeira, sendo usado na indústria têxtil.
A pluma é classificada por tipo e por outros parâmetros, como
comprimento, resistência, finura, uniformidade, maturidade,
contaminação entre outros. O caroço ou a semente representa
60%, tendo a seguinte constituição: casca 24%, amêndoa
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60%, línter 12% e resíduo 4%. Em geral a semente de algodão
tem as variações: 6 a 12% de umidade, 20 a 27% de proteína,
carbohidratos 24 a 31%, óleo 15 a 26%, cinzas 3 a 4% e material
fibroso 14 a 21%.
Com o beneficiamento da semente são obtidos os
subprodutos: torta utilizada na alimentação dos ruminantes, óleo
refinado, usado na alimentação humana e na matriz energética
do biodiesel, e o linter usado na confecção de cordão e sacaria.
Da produção total de semente apenas 5% são destinados ao
plantio, enquanto 55% são utilizadas na extração de óleo e 40%
na alimentação animal.
MUNICÍPIOS ZONEADOS PARA O CULTIVO DO ALGODÃO
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.RECOMENDAÇÕES
. . . . . . . .TÉCNICAS
. . . . PARA
. . .O.CULTIVO
. . . .DO. .ALGODÃO
. . . . .EM. SEQUEIRO
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Açu
Água Nova
Alexandria
Almino Afonso
Antônio Martins
Apodi
Arês
Augusto Severo
Jardim de Piranhas
João Dias
José da Penha
Jundiá
Lagoa d'Anta
Lagoa de Pedras
Lagoa Salgada
Lucrécia
Rafael Fernandes
Rafael Godeiro
Riacho da Cruz
Riacho de Santana
Rodolfo Fernandes
Santo Antônio
São Fernando
São Francisco do Oeste
Baraúna
Luís Gomes
São Gonçalo
do Amarante
Bom Jesus
Brejinho
Caraúbas
Ceará-Mirim
Coronel Ezequiel
Coronel João Pessoa
Doutor Severiano
Encanto
Espírito Santo
Macaíba
Major Sales
Marcelino Vieira
Martins
Messias Targino
Montanhas
Monte Alegre
Mossoró
Nova Cruz
São Miguel
São Rafael
Serra de São Bento
Serra Negra do Norte
Serrinha dos Pintos
Severiano Melo
Taboleiro Grande
Taipu
Tenente Ananias
Felipe Guerra
Olho-d'Água
do Borges
Tibau
Francisco Dantas
Frutuoso Gomes
Paraná
Paraú
Timbaúba dos Batistas
Touros
Gov. Dix-Sept
Rosado
Passa e Fica
Triunfo Potiguar
Grossos
Ielmo Marinho
Itaú
Jaçanã
Janduís
Januário Cicco
Passagem
Patu
Pau dos Ferros
Pedro Velho
Pilões
Portalegre
Umarizal
Upanema
Várzea
Venha-Ver
Vera Cruz
Viçosa
41
07
ISSN 1983-280 X
Ano 2009
O CULTIVO SUSTENTÁVEL
DA MAMONA NO SEMIÁRIDO
BRASILEIRO
Napoleão E. de M. Beltrão *
Waltemilton Vieira Cartaxo *
Sérgio Ricardo de P. Pereira *
José Janduí Soares *
Odilon Reny Ribeiro F. Silva *
Marcelo Abdon Lira **
* Embrapa Algodão
** Embrapa / EMPARN
Natal, RN
2009
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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.O .CULTIVO
. . . .SUSTENTÁVEL
. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
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INTRODUÇÃO
A busca mundial pela sustentabilidade ambiental, com base na
substituição progressiva dos combustíveis minerais derivados do
petróleo, responsáveis diretos pelo efeito estufa, por combustíveis
renováveis de origem vegetal, dentre eles o biodiesel do óleo da
mamona, criou uma perspectiva real para a expansão do cultivo
da mamona em escala comercial no semiárido brasileiro, principalmente na agricultura familiar, que já tem tradição no cultivo
desta oleaginosa, em especial o Estado da Bahia, onde pequenos
e médios agricultores produzem mamona há mais de um século.
A grande adaptabilidade edafoclimática da mamona no semiárido
brasileiro, referenciada no zoneamento agrícola, identificou um
espaço agrícola ora em repouso, estimado em cinco milhões
de hectares, abrangendo aproximadamente 500 municípios, os
quais podem contribuir, de forma decisiva, com a organização
do cultivo sustentável desta oleaginosa, por meio de programas
que contemplem ações de logística local de assistência técnica
grupal e em tempo real, para promover a apropriação tecnológica e, por conseguinte, a profissionalização dos produtores, com
possibilidade de gerar um milhão de empregos nesses territórios,
com custos mínimos para os governos federal, estadual e municipal. A partir desta tendência, a Embrapa Algodão/EMPARN, em
parceria com a Petrobras, e os governos estaduais do semiárido
brasileiro, disponibiliza essas informações básicas, para facilitar o
processo de transferência de tecnologia, visando à apropriação e
adoção da tecnologia de produção da cultura da mamona pelos
agricultores de base familiar, bem como dos demais tipos de
produtores, que podem ter, nesta cultura, mais uma opção para
diversificar e fortalecer as suas fontes de renda no campo.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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ESCOLHA DO TERRENO
A mamona produz em quase todos os tipos de solo, mas prefere
solos de média e alta fertilidade natural, com pH entre 6,0 e 7,0;
planos, com no máximo 12% de declividade, que não encharquem e não tenham salinidade elevada. As regiões do ótimo
ecológico da cultura definidas no zoneamento agrícola, possuem
as seguintes características: altitude variando de 300 a 1500 m,
considerando-se as cultivares atualmente em uso e recomendadas
para o plantio.
Chuvas variando de 500 a 1000 mm/ ano, temperatura do ar oscilando de 20 a 30 graus (ideal 23ºC) umidade relativa abaixo de
80%(ideal em torno de 65%)
PREPARO DE SOLO
O solo deve ser preparado seguindo as boas práticas agrícolas,
evitando-se usar grade aradora, visto que provoca erosão, adensamento e compactação, além de espalhar as sementes das
plantas daninhas, aumentando os custos com o controle. Utilizar
sempre o plantio em nível, como forma de diminuir os riscos de
erosão do solo.
CULTIVO MÍNIMO
Fazer a limpa e destoca antecipadas do terreno, eliminando restos
de cultura, mato e, no início do inverno, realizar plantio em solo
úmido, sem cortar a terra.
PREPARO DO SOLO A TRAÇÃO ANIMAL
Uso do cultivador ou arado de aiveca: no início, fazer o corte
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.O .CULTIVO
. . . .SUSTENTÁVEL
. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
................
superficial da terra úmida na profundidade máxima de 15cm,
eliminando o mato e incorporando os restos culturais.
PREPARO DO SOLO A TRAÇÃO MECÂNICA
Uso do trator com a grade niveladora e o arado de aiveca: dependendo do tamanho da área de plantio e do seu histórico, fazer o
corte combinado, para incorporar os restos de culturas e o mato
com o solo úmido, realizando duas passagens: primeiro o arado
e depois a grade niveladora.
ESCOLHA DA SEMENTE
A semente deve ser fiscalizada, ter vigor, boa germinação (acima de 85%) e ser de variedade recomendada para o plantio na
região.
Uma variedade de qualidade deve possuir:
• Teor de óleo acima de 45%
• Teor de óleo ricinoléico acima de 89%
• Capacidade produtiva de bagas 1500 kg/ha no sequeiro
• Acima de 3000 kg/ha em regime de irrigação
• Bom nível de tolerância e/ou resistência a doenças
• Boa resistência à seca e ciclo econômico de pelo menos dois
anos, que suporte a poda no final do primeiro ano. Se possível,
com baixos níveis de ricinina e de proteínas alergênicas nos ramos
e folhas, para evitar intoxicação ao gado.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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CULTIVARES DESENVOLVIDAS PELA EMBRAPA:
BRS 188 PARAGUAÇU
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Origem: Seleção massal na cultivar Sangue de Boi
Parceria: Embrapa Algodão – EBDA
Altura média da planta: 1,60 m
Cor do caule: Roxo com cera
Forma do racemo/cacho: Oval (Figura 5)
Quantidade média de frutos: 37 frutos
Intervalo médio da emergência ao primeiro cacho:
54 dias
Peso médio 100 sementes: 71 g.
Teor médio de óleo: 47,72%
Produtividade média em ano de inverno normal:
1.500 kg/ha
Ciclo da emergência à última colheita: 230 a 250 dias
Cor da semente: Preta
Frutos: Semideiscentes
5. Ensaio de mamona. Canguaretama-RN, 2007
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.O .CULTIVO
. . . .SUSTENTÁVEL
. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
................
BRS 149 NORDESTINA
•
•
•
•
•
•
•
Origem: Seleção individual na cultivar Baianita
Parceria: Embrapa Algodão – EBDA
Altura média da planta: 1,90 m
Cor do caule: Verde com cera
Forma do racemo/cacho: Cônica (Figura 6)
Quantidade média de frutos: 35 frutos
Intervalo médio da emergência ao primeiro cacho:
50 dias
• Peso médio 100 sementes: 68 g.
• Teor médio de óleo: 48,90%
• Produtividade média em ano de inverno normal:
1.500 kg/ha
• Ciclo da emergência à última colheita: 230 a 250 dias
• Cor da semente: Preta
• Frutos: Semideiscentes.
Fig. 6. Ensaio de mamona. Canguaretama-RN, 2007
ADUBAÇÃO E CALAGEM
A mamoneira é exigente em nutrientes, razão pela qual se deve
fazer, sempre que possível, análise do solo e, caso o pH esteja
muito ácido (abaixo de 5) fazer a calagem pelo menos 3 meses
49
. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
antes do plantio, com o solo úmido, para que haja reação do
calcário. Em geral, deve-se usar, na adubação, somente nitrogênio, na quantidade de 40 kg de N/ha, aplicado em cobertura no
início da floração do primeiro cacho e fósforo em fundação nas
covas, na quantidade de 40 kg/ha de P2O5, caso a análise do solo
demonstre teor abaixo de 10 mg/dm3.
ÉPOCA DE PLANTIO
O plantio é uma fase muito importante para o sucesso produtivo
de qualquer lavoura, em especial da mamona, devendo ser feito
apenas nas áreas zoneadas pela Embrapa Algodão, com a aprovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,
levando-se em consideração o período de plantio recomendado
para cada município. Portanto, é imprescindível, para o sucesso
da produção, a organização dos produtores locais, visando praticar
um período único de início e fim do plantio, dentro do intervalo
de tempo previsto no zoneamento, pois isto facilitará o manejo
da lavoura no controle de pragas e doenças, além de organizar a
colheita, o armazenamento, beneficiamento e comercialização.
PLANTIO
Para produzir satisfatoriamente, a mamona necessita de 500 a
1000 mm de chuva bem distribuídos, em que a maior exigência
por água ocorre na fase inicial do desenvolvimento (primeiros
70 dias), sendo muito importante realizar o plantio no início das
chuvas.
PLANTIO MANUAL
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.O .CULTIVO
. . . .SUSTENTÁVEL
. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
................
Com o uso da enxada e em solo úmido, as covas devem ser abertas na profundidade de 2 a 5 cm, colocando-se duas sementes por
cova, cobrindo-as com pouca terra. Nos solos arenosos pode-se
plantar um pouco mais fundo, 4,0 a 5,0 cm, e, nos argilosos, deve
ser mais raso. A germinação ocorre entre 7 a 20 dias, dependendo
das condições do ambiente (umidade do solo, temperatura etc.)
e da qualidade física e fisiológica das sementes.
PLANTIO COM MATRACA
Em solo úmido, regular a matraca para cair de duas a três sementes
por cova, na profundidade de 2,0 a 5,0cm.
PLANTIO COM PLANTADEIRA DE TRAÇÃO ANIMAL
Em solo úmido, regular a plantadeira para distribuir, em média, 3
a 4 sementes por metro linear, na profundidade de 2 a 4 cm.
PLANTIO COM PLANTADEIRA TRATORIZADA
Em solo úmido, regular a plantadeira para distribuir, em média, 3
a 4 sementes por metro linear, na profundidade de 3 a 5 cm. No
plantio mecanizado com cultivares de sementes grandes (BRS188 Paraguaçu e BRS-149 Nordestina), é necessário aumentar a
espessura dos discos e ampliar o tamanho dos furos.
ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO
O espaçamento a ser utilizado no cultivo da mamona é determinado pelo porte da cultivar, fertilidade do solo, sistema de cultivo,
disponibilidade de água no solo e pelo tráfego de máquinas ou
animais, para controle de plantas daninhas e de pragas.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
CULTIVARES DE PORTE MÉDIO
BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina. Em sistema de cultivo
isolado 2m x 1m em solos de baixa fertilidade, 3m x 1m em solos
de média (Figura 13), 4m x 1m em solos de alta fertilidade. De
modo geral, e para tais cultivares, o melhor espaçamento é 3 m
x 1 m (Figuras 13 e 14 ), 1 planta/cova, em sistema isolado ou
consorciado, de sequeiro ou irrigado, ficando a população com
3.333 plantas/ha.
Fig. 13. Plantio com espaçamento
2x1m - Lajes-RN, 2005
Fig. 14. Plantio com espaçamento
3 x 1 - Lajes-RN, 2005
EM SISTEMA DE CULTIVO CONSORCIADO
No espaçamento de 3m x 1m com 3 fileiras centrais de feijão
Vigna ou Phaseolus, no espaçamento 0,5m x 0,5m (Figura 15 ). No
espaçamento de 4m x 1m com 4 fileiras centrais de feijão Vigna
ou Phaseolus, no espaçamento de 0,5m x 0,5m.
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.O .CULTIVO
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. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
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Fig. 15. Mamona em consórcio com feijão.
Apodi-RN, 2007
CULTIVARES DE PORTE BAIXO
Utilizar sistema de cultivo isolado, espaçamento de 1m x 1m ou
1m x 0,5m. Todos devem ficar com uma planta por cova.
RALEAMENTO OU DESBASTE
Deve ser realizado com o solo úmido, entre 15 e 20 dias após a germinação, quando as plantas já possuírem três folhas verdadeiras,
para efeito de redução de custo. Realizá-lo no mesmo período do
retoque da primeira capina, deixando-se uma planta por cova.
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
Nos primeiros 60 dias, o crescimento da mamona é lento, e, nesse
período, a lavoura necessita estar livre da competição com plantas
daninhas. Para o controle das plantas invasoras pode-se lançar
mão de diversos métodos:
• Capina Manual: prática característica do pequeno produtor
de mamona, que usa a enxada e realiza de duas a três capinas
durante o ciclo.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
• Capina com cultivador a tração animal: fazer uma passagem nas
entrelinhas, na profundidade de 2 a 3 cm, seguido de um retoque
a enxada. Devem-se evitar danos nas raízes da mamona.
• Capina com herbicidas: é uma prática pouco realizada pelo agricultor familiar no semiárido, ficando restrita a médios e grandes
produtores, principalmente no cerrado brasileiro, mas deve ser
realizada obedecendo a critérios técnicos. Aplicar produtos préemergentes, seletivos, com uso de bicos adequados, fazendo a
aplicação em solo úmido, até três dias após a última gradagem.
Em pós-emergência, fazer aplicação em jato dirigido às ervas
daninhas, evitando o contato do herbicida com as plantas da mamona. Até o momento não existem herbicidas registrados para a
mamoneira, porém há estudos sobre o assunto, com a descoberta
de vários herbicidas seletivos, em especial de aplicação de préemergência. Capina mecanizada: feita com arado, escarificador
ou grade niveladora, mediante uma passagem nas entrelinhas
com profundidade de corte 2 a 3 cm, seguido de um retoque a
enxada. A operação deve ser executada com o trator em marcha
reduzida, para evitar danos nas plantas e raízes.
COLHEITA
O processo de colheita é a fase decisiva para obtenção de um
produto de boa qualidade. Em cultivares deiscentes, realizá-lo
logo após o início da maturação dos frutos. Em cultivares semideiscentes iniciá-lo com 90% dos frutos, ou mais, de cada cacho
maduro (secos). Em cultivares indeiscentes, com 100%dos frutos
maduros (secos). O plantio de cultivares com frutos deiscentes
deve ser evitado devido às perdas e à dificuldade de colheita,
uma vez que as sementes se desgranam facilmente dos frutos
e caem ao solo.
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.O .CULTIVO
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. . . . . .DA. MAMONA
. . . . .NO
. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
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MÉTODOS DE COLHEITA
Manual: indicado para pequenos e médios produtores. Fazer o
corte na base do cacho, com uso de ferramentas afiadas, como
faca, canivete, tesoura ou foice pequena. Depositar os cachos em
cesto ou carroça e colocá-los no terreiro, para secar para posterior
descascamento. O terreiro para secagem pode ser construído em
chão batido ou em alvenaria, com piso de cimento liso; este último
é mais eficiente, facilitando o batimento manual e/ou descaroçamento na máquina. No processo de descascamento mecânico, os
frutos são colocados em cestos, depois são despejados na câmara
de batimento e posteriormente as sementes desgranadas caem
na parte inferior da máquina.
Colheita mecânica: Indicada para grandes áreas plantadas com
cultivares indeiscentes de porte baixo ou anã. Feito com uso de
colheitadeira de arroz ou milho, adaptada, que colhe e faz o
descascamento simultâneo.
Importante: O mercado prefere grãos ou bagas que tenham:
• Até 10% de umidade
• Até 10% de marinheiros (sementes com casca)
• Pelo menos 45%de rendimento mínimo de óleo
• Até 2% de impurezas
• Baixa acidez (menos de 1,5%)
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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PRINCIPAIS PRAGAS
Percevejo verde da soja (Nezara viridula): Esse inseto é polífago
e pode causar severos danos às culturas da mamona e do feijão
vigna. Após a eclosão, as ninfas ficam agregadas e apresentam
coloração alaranjada (Figura 16), coloração verde, às vezes escura
no dorso, vivendo em média dois meses e, quando adultos, medem de 13 a 17 mm (Figura 17 A e B); é um sugador, que introduz
o estilete nos frutos e promove o chochamento das sementes,
além de injetar toxinas na planta (Figura 18). Controle: o controle
desse inseto é feito evitando-se a proximidade de outras plantas
hospedeiras dessa praga. Para controle químico, recomendam-se
os produtos Metilparation, Malation ou Endosulfan nas dosagens
recomendadas pelos fabricantes para outras culturas. Direcionar
as pulverizações para os cachos. Cigarrinha verde (Empoasca kraemeri): Este inseto sugador tem entre 5 e 9 mm (Figura 19 A e B)
e, como característica, mover-se lateralmente.
Na mamoneira, causa problemas sérios nas folhas, pois sugam
a seiva e quando o ataque é severo, estas necrosam e secam
(Figura 19 C).
Fig. 16. Ninfas de percevejo
verde sobre o fruto de mamona.
Fig. 17 (A). Adultos de percevejo
verde sobre folha de mamona
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.O .CULTIVO
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. . . . . .DA. MAMONA
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. . . . . BRASILEIRO
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Fig. 17 (B). Adultos de percevejo
verde sobre folha de mamona
Fig. .18 Cacho de mamona com
Frutos danificados.
Fig. 19. Folha atacada
pela cigarrinha verde.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
CONTROLE: INSETICIDAS À BASE DE MONOCROTOFÓS
Lagarta rosca (Agrotis ipsilon): lagartas de cor escura (Figura 20),
borboleta de cor marrom (Figura 21); durante o dia vivem no solo
e, à noite, cortam o colo das plantas jovens. Controle: inseticidas
fisiológicos, piretróides e carbamatos. Lagarta elasmo (Broca),
(Elasmo palpuslignosellus): quando adulto, é uma mariposa com
15 a 20cm de envergadura. Sua postura é feita na vegetação
próxima à lavoura. As lagartas novas iniciam o ataque nas folhas,
alimentando-se do parênquima e depois perfuram as plantas
no colo e destroem as plântulas. A lagarta adulta mede cerca
de 15 cm de comprimento e tem coloração cinza-azulado, com
faixas difusas. O período crítico se refere aos primeiros 30 dias.
Controle: devem-se usar inseticidas sistêmicos colocados junto
com as sementes, no momento do plantio. Caso ocorra ataque
significativo, pulverizar o colo das plantas com produtos à base
de Metilparation. Lagarta preta das folhas (Spodoptera latifascia). É
um inseto extremamente nocivo, tanto ao feijão vigna quanto à
mamoneira. Ataca as folhas e, eventualmente, as vagens do vigna.
As lagartas chegam a medir 50 mm, com coloração de pardo a
preto azulado e as mariposas (adultos), medem cerca de 40 mm
de envergadura e são de coloração parda ( Figuras 22 e 23). Para
o controle, pode-se usar bioinseticidas à base de Baculovirus ou
Bacillus thuringiensis ou, ainda, a liberação de parasitóides, como
o Trichogramma sp, densidade de 100.000 indivíduos/ha. Podemse utilizar, também, inseticidas à base de Malation, Deltametrina
e outros, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. Lagarta
Imperial ou Lagarta dos cafezais (Eacles sp.): é uma praga que,
potencialmente, pode trazer elevados prejuízos aos produtores
de mamona. Tratam-se, na forma adulta, de mariposas amarelas, com inúmeros pontos nas asas, cortados por duas faixas
de cor violeta-escuro e duas manchas circulares da mesma cor,
tendo tamanho de 120 a 135 mm de envergadura. Os ovos são
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.O .CULTIVO
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colocados em colônia sobre as folhas e têm coloração amarela.
As lagartas são grandes, chegando a atingir mais de 100 mm de
comprimento e se encrisalidam no solo. Atacam as folhas e frutos
da mamoneira. O ciclo completo varia de 60 a 70 dias, sendo que
o estádio de lagarta dura em torno de 40 dias (destroem o limbo
foliar, podendo provocar a desfolha completa da planta e perda
dos frutos, prejudicando também a produtividade da cultura).
Controle: sugerem-se produtos à base de Malathol ou Metilparathion ou alguns piretróides, como a Deltametrina.
Fig. 20. Lagarta Rosca.
Fig. 21. Borboleta da lagarta rosca.
Fig. 22. Mariposa da lagarta
Fig. 23. Lagarta preta das folhas
Spodoptera latisfacia.
Spodoptera latisfacia
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
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O controle químico de lagartas na mamona pode ser feito com inseticidas biológicos, como o Bacillus thuringiensis, e de parasitóides,
como o Trichogramma sp, e predadores, como o bicho-lixeiro.
Ácaro vermelho (Tetranychus ludeni) e rajado (Tetranychus urticae):
(Figuras 24 e 25) são artrópodes de oito patas, às vezes confundidos com insetos (classe que tem seis patas) muito nocivos à cultura
da mamona. São minúsculos, menos de 0,4mm de comprimento
e quase invisíveis a olho nu. Habitualmente, são encontrados na
face inferior das folhas e sugam a seiva das plantas, provocando
o amarelecimento e posterior bronzeamento. Temperaturas elevadas e baixas precipitações pluviométricas contribuem para o
aumento das populações de ácaros. Para o controle, recomendase, preventivamente, não usar produtos piretróides para o controle
de outras pragas antes dos 100 dias da cultura e, no caso do
controle químico, usar produtos (acaricidas) à base de ometoato,
nas dosagens recomendadas pelos fabricantes.
Fig. 24. Ácaro Vermelho.
Fig. 25. Ácaro Rajado.
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DOENÇAS
Mofo cinzento: principal doença da mamona, identificada nos
Estados Unidos em 1918 e, no Brasil, em 1932, podendo reduzir
a produção a zero.
Doença provocada pelo fungo Botryotinia ricini, na sua forma perfeita, correspondente à forma imperfeita de Amphobotrys ricini,
que infecta na fase de floração, cujos fungos se fixam nos cachos
jovens, provocando o secamento dos frutos jovens; esta doença
se propaga no campo, pelo vento (Figuras 26).
Controle químico: apesar de não registrado, pode ser usado o
fungicida Derosal 500sc, na dosagem 60 ml/20 l de água; fazer
aplicação dirigida aos cachos jovens.
Fig. 26. Danos provocados pelo mofo
cinzento nos cachos de mamona.
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Podridão de macrophomina: doença provocada pelo fungo Macrophomina phaseolina, que se manifesta pelo amarelecimento
e murcha da planta (Figuras 27 A, B e C), com necrose total ou
parcial da raiz (Figura 27 B), que evolui para o escurecimento do
caule e morte da planta (Figura 27 C), muito comum na região
de Irecê-BA.
Fig. 27. A: Sintomas iniciais
de M. phaseolina
B: Danos no colo;
C: Danos nas raízes.
Podridão de botryodiplodia: doença provocada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae, que se manifesta pelo murchamento,
escurecimento e podridão dos ramos e caule, de cima para baixo,
com posterior morte da planta (Figuras 28 A e B).
Controle: evitar feridas nas plantas e, quando da colheita e poda,
desinfetar as ferramentas utilizadas e ainda pincelar os locais do
corte com fungicida à base de cobre.
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. . . . . BRASILEIRO
................
(A)
(B)
Fig. 28. Sintomas característicos da “Podridão dos ramos”.
Murcha de fusarium: Doença provocada pelo fungo Fusarium
oxysporum, que se manifesta pelo amarelecimento (Figuras 29
A e B ), murchamento (Figura 29 B) e necrose das folhas, que
podem cair.
Controle: utilizar sementes sadias e, se necessário, fazer tratamento químico, com vitavax+ thiram; rotação de culturas.
(A)
(B)
Fig.29-Murchamento e necrose da planta, causada por F. Oxysporium
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. . . . . . . . VI. CIRCUITO
. . . . .DE. TECNOLOGIAS
. . . . . . .ADAPTADAS
. . . . . PARA
. . .A .AGRICULTURA
. . . . . .FAMILIAR
....
Tombamento: doença causada por diversos fungos, sendo os
principais Rhizoctonia solani, Sccherotiumrolfsii, Fusarium sp e Alternaria sp, que se manifestam necrosando e apodrecendo o colo das
plantas jovens, provocando tombamento e morte da plântula.
Controle: utilizar sementes sadias e, se necessário, fazer tratamento químico, com vitavax+ thiram; rotação de culturas.
Mancha de cercospora: Doença causada pelo fungo Cercospora ricinella, que ataca as folhas, formando manchas circulares; as
plantas jovens sob ataque severo podem morrer (Figura 30).
Controle: Utilização de sementes sadias, livres de patógenos e
espaçamentos maiores.
Fig. 30. Cercosporiose ricinella.
Manchas de alternaria: Tem como agente causal o fungo
Alternaria ricini, que se manifesta pela presença de manchas de
coloração parda; em ataque severo, pode matar as plantas jovens
(Figura 31). Muito agressiva em híbridos cultivados em locais de
temperatura e umidades altas.
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. . . . . BRASILEIRO
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Controle: Fungicida à base de cobre ou ditiocarbamatos
Vitavax+Thiran (diluído em 500 ml de água) = 100 quilos de sementes; utilização de maiores espaçamentos.
Fig.31 . Manchas de alternaria.
Recomendações básicas para redução do impacto das doenças
na cultura da mamona:
- Eliminação e/ou redução do inóculo inicial:
- Uso de sementes certificadas e tratadas;
- Rotação de culturas;
- Eliminação de plantas atacadas;
- Realização da poda no segundo ano;
- Eliminação de restos de cultura e plantas asselvajadas
das proximidades do campo;
Redução da taxa de doença no campo:
•
•
•
•
•
- Uso de cultivares resistentes ou tolerantes;
- Uso de espaçamento mais aberto;
- Uso do controle químico;
- Rotação de culturas;
- Plantio em áreas indicadas pelo zoneamento agrícola.
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ROTAÇÃO DE CULTURAS
Não é recomendável plantar mamona por mais de dois anos
na mesma área, pois poderá ocorrer ampliação dos problemas
com pragas, doenças e outros, além da redução da capacidade
produtiva do solo.
Recomenda-se a rotação com culturas como sorgo, milho, algodão, gergelim ou amendoim, respeitadas as aptidões edafoclimáticas de cada uma delas.
MANEJO PÓS-COLHEITA
BENEFICIAMENTO/DESCASCAMENTO:
Atividade feita por meio do batimento manual com o uso de varas flexíveis de madeira ou chibatas confeccionadas com tiras de
borracha; com o uso de máquina manual (Figura 32) ou elétrica
(Figura 33) e mecânica. Nesta etapa, o material a ser beneficiado
precisa estar com umidade de 10%, para que as sementes larguem
da casca com maior facilidade.
Fig. 32. Descascador manual.
Fig. 33. Descascador elétrico
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. .SEMI-ÁRIDO
. . . . . BRASILEIRO
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Armazenamento: após o descascamento, os grãos ou bagas
podem ser acondicionados em sacos de aniagem ou em silos.
No primeiro caso, a umidade das sementes ou bagas deve variar
de 8 a 10% no máximo e, no segundo caso, de no máximo 5%.
Para um armazenamento seguro, é muito importante considerar
as condições de umidade relativa existentes no ambiente onde
serão guardadas as sementes ou bagas e considerar aspectos
como temperatura, ventilação e fácil acesso, para controle de
insetos, roedores e microrganismos.
Comercialização: nos seus núcleos de produção, os agricultores
devem estar organizados em associações, para formação dos
lotes comerciais, visando facilitar as negociações para a venda
da produção, em melhores condições de preços. Existem, no
mercado, empresas atuando mediante contrato, assegurando a
compra da produção, inclusive com o fornecimento de parte dos
insumos para os potenciais produtores.
Poda: prática rotineira recomendada para cultivares de porte médio
e alto; deve ser realizada após o final da colheita ou 30 a 60 dias
antes do início do inverno e tem como objetivo, reduzir os custos
de produção no segundo ano, com a eliminação das despesas
de preparo do solo, plantio e capina, além de otimizar o aproveitamento das chuvas, pela antecipação do ciclo produtivo. Para
preferir a poda, é necessário fazer uma avaliação de campo, em
que a incidência de doenças, pragas e o nível de sobrevivência
das plantas, devem ser de no mínimo 80%. A poda, quando indicada, deve ser feita cortando-se o caule e os ramos das plantas
em bico de gaita, com altura variando de 30 a 60 cm. Para reduzir
a penetração da água no interior do caule das plantas, a posição
do corte deve ficar em sentido contrário à da caída das chuvas. É
oportuno ressaltar que a poda só deve ser feita quando a planta
encerrar a fase de emissão de cachos, ou seja, quando estiver
em fase de repouso vegetativo.
67
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