Propionil L

Transcrição

Propionil L
Atualização em Farmacoterapia
1
Propionil L-carnitina
Em associação ao tratamento padrão, atua como agente na redução da
colite ulcerativa leve a moderada1.
A administração de propionil-Lcarnitina é segura e eficaz na melhora
dos parâmetros endoscópicos e
histológicos em pacientes com
doença inflamatória intestinal leve a
moderada3.
Estudo avalia a eficácia de diferentes
doses de mesalazina e determina a
opção ideal na manutenção da
remissão
da
colite
ulcerativa,
apresentando dados de segurança e
resultados satisfatórios5.
2
Estudos & Atualidades
Estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego e placebo controlado avalia a eficácia e
segurança da terapia com propionil-L-carnitina liberação cólon-específica em pacientes com
colite ulcerativa leve a moderada sob terapia padrão1.
Neste estudo, 119 pacientes com idade entre 18 e 75 anos, apresentando colite ulcerativa leve a moderada (pontuação da atividade da
doença de 3-10,) sob tratamento estável com aminossalicilato ou tiopurina por pelo menos doze semanas antes do início do estudo, foram
randomizados em três grupos e receberam um dos seguintes tratamentos:
Grupo 1 (n=40)
Propionil-L-carnitina 1g/dia
liberação cólon-específica
Grupo 2 (n=39)
Propionil-L-carnitina 2g/dia
liberação cólon-específica
Grupo 3 (n=40)
Placebo
O tratamento teve duração de quatro semanas. Os pacientes não eram permitidos a mudar o tratamento estável concomitante com tiopurina ou
aminossalicilato. A utilização de corticosteroides sistêmicos e tópicos, anti-inflamatórios não-esteroidais, probióticos e antibióticos não foi liberada
para uso durante o período do estudo.
Foi avaliada a resposta clínica/endoscópica, definida como uma redução de pelo menos 3 pontos da escala DAI (Disease Activity Index) e remissão
clínica, definida como uma pontuação DAI ≤2.
Resultados:
A formulação cólon-específica permite a ação da
propionil-L-carnitina diretamente no sítio de ação,
facilitando a absorção máxima pelos colonócitos.
Não foram observadas diferenças significativas entre
as doses de 1 e 2 g/dia de propionil-L-carnitina;
A terapia com propionil-L-carnitina é geralmente
bem
tolerada
pelos
pacientes.
Sintomas
gastrointestinais foram os efeitos adversos mais
comumente observados.
Porcentagem de melhora das respostas
clínico/endoscópicas após tratamento com
propionil-L-carnitina ou placebo1.
Porcentagem de melhora (%)
Os pacientes apresentando colite ulcerativa leve que
receberam o tratamento com propionil-L-carnitina
1g/dia
apresentaram
taxa
de
resposta
clínica/endoscópica
significativamente
melhor
quando comparados ao placebo. Além disso,
apresentavam maior propensão a alcançar a
remissão da doença;
100
*
80
60
75
69
50
40
20
0
PLC 1g
PLC 2g
Placebo
PLC=propionil-L-carnitina *p=0,02
A administração do propionil-L-carnitina associada ao tratamento padrão atua como
potencial agente na redução da colite ulcerativa leve a moderada, sendo bem tolerada
pelos pacientes1.
Proposta Terapêutica Combinada
Cápsulas de propionil-L-carnitina
Propionil-L-carnitina.................................500mg1
Cápsulas gastrorresistentes qsp.....................1un
Administrar uma cápsula uma hora antes do café
da manhã e outra uma hora antes do jantar.
+
Tratamento padrão
Cápsulas de azatioprina
Azatioprina............................................2mg/kg1,3
Cápsulas gastrorresistentes qsp.....................1un
Administrar uma cápsula ao dia.
*A azatioprina é uma tiopurina que tem como objetivo a
indução de remissão da atividade da colite ulcerativa e a
manutenção desta remissão.
Enema de propionil-L-carnitina
Propionil-L-carnitina........................................6g 2
Solução fisiológica qsp...............................200ml
Aplicar pela via retal 200ml, duas vezes ao dia, ao
longo de 120 minutos cada.
O tratamento tópico com uma formulação contendo
propionil-L-carnitina demonstra segurança e eficácia na
melhora das características histológicas em pacientes com
colite ulcerosa leve ou inativa, apresentando-se como uma
alternativa à terapia convencional2.
3
Estudos & Atualidades
Estudo aberto e prospectivo avalia a eficácia da utilização do propionil-L-carnitina liberação
cólon-específica no tratamento de pacientes que apresentam doenças inflamatórias do
intestino3.
Foram estudados 14 pacientes, com idade entre 16 e 80 anos,
apresentando colite ulcerativa leve a moderada ou doença de
Crohn, DAI (pontuação da atividade da doença) sob
tratamento inicial com aminossalicilato, mercaptopurina ou
azatioprina por pelo menos oito semanas antes do início do
estudo receberam o seguinte tratamento adicional:
Propionil-L-carnitina 2g/dia
liberação cólon-específica
O tratamento teve duração de quatro semanas. Quanto ao tratamento, seis pacientes foram tratados com mesalazina 2,4g/dia, três com
azatioprina a 2mg/kg, e um com 7,5mg/dia de deflazacort (apesar de desaconselhado pelo médico) começando 5 dias antes de seguimento
colonoscopia. Os restantes dos pacientes não receberam nenhum tratamento. Foi avaliada a resposta clínica/endoscópica, definida como uma
redução de pelo menos 3 pontos da escala DAI (Disease Activity Index) e remissão clínica, definida como uma pontuação DAI ≤2. As respostas
histológicas foram definidas de acordo com a melhora do índice histológico (HI) em pelo menos um ponto.
Resultados:
Após quatro semanas de administração do propionil-L-carnitina, 71% dos pacientes apresentaram melhora
clínica das doenças inflamatórias intestinais, sendo observada a remissão da doença em 64% dos pacientes;
Os pacientes que apresentavam colite ulcerativa,
após
tratamento
com
propionil-L-carnitina
apresentaram redução significativa do escore DAÍ,
isto é, apresentou redução da atividade da
doença;
Não foram observados efeitos adversos durante o
período do estudo.
10
Escala DAI
79% dos pacientes apresentaram melhora das
respostas histológicas após tratamento com o
propionil-L-carnitina, porém, apenas dois com
colite ulcerativa apresentaram estabilização
histológica;
Índice de atividade da doença (colite ulcerativa)
antes e após adminisntração de propionil-Lcarnitina3.
8
6
6,5
4
2
2
0
Antes
Após tratamento
A administração de propionil-L-carnitina liberação cólon-específica é segura e eficaz na
melhora dos parâmetros endoscópicos e histológicos em pacientes com doença
inflamatória intestinal leve a moderada, principalmente a colite ulcerativa3.
Proposta Terapêutica Combinada
Cápsulas de propionil-L-carnitina e mesalazina
Propionil-L-carnitina........................................1g3
Mesalazina....................................................1,2g3
Cápsulas gastrorresistentes..............................qs
Administrar uma dose uma hora antes do café da
manhã e outra uma hora antes do jantar.
A administração do propionil-L-carnitina duas vezes ao dia
coincide
com
as
doses
de
administração
dos
aminossalicilatos, fazendo esta combinação de fácil
administração pelos pacientes. O propionil-L-carnitina é
bem tolerado, permitindo sua utilização em longo prazo na
manutenção da remissão dos sintomas da colite ulcerativa,
sendo associado a um menor risco de desenvolvimento de
câncer de cólon, que é visto regularmente no tratamento
com aminossalicilato4.
4
Estudos & Atualidades
Estudo multicêntrico e randomizado compara a eficácia de diferentes doses de mesalazina
na manutenção da remissão da colite ulcerativa5.
Neste estudo, 648 pacientes com idade entre 18 e 75 anos, com diagnóstico confirmado de colite ulcerativa, com o último episódio ativo a
três meses antes do início dos tratamentos e com o índice de atividade clínica ≤4 e índice endoscópico ≤3, foram randomizados em três
grupos e receberam um dos seguintes tratamentos:
Grupo 1 (n=177)
Mesalazina 3g/dia – dose única
Grupo 2 (n=182)
Mesalazina 1,5g/dia – dose única
Grupo 3 (n=185)
Mesalazina 0,5g/três vezes ao dia
O tratamento teve duração de um ano. A eficácia primária do tratamento foi determinada pela porcentagem de pacientes que permaneciam em
estado de remissão da doença ao final da 52ª semana.
Resultados:
Os três regimes de tratamento apresentam-se eficazes na manutenção da remissão da colite ulcerativa,
entretanto, a dose de 3g de mesalazina apresenta-se como a dose mais apropriada para a manutenção desta;
Aproximadamente 70% dos pacientes que fizeram parte do estudo utilizando os diferentes regimes
terapêuticos com mesalazina apresentaram manutenção da remissão da colite ulcerativa;
Não há evidências de acúmulo sistêmico na administração da mesalazina, demonstrado através do
monitoramento de suas concentrações mínimas e seu principal metabólito, N-acetil-mesalazina.
Percentual de pacientes que apresentaram remissão dos
sintomas após diferentes doses de mesalazina 5.
p=0,024
Percentual de
pacientes (%)
80
p=0,216
p<0,001
100
85,9
77,8
66,5
60
40
3g/dia
1,5g/dia
0,5g/três
vezes ao dia
A mesalazina 3g, uma vez ao dia, é
a
dose
mais
efetiva
na
manutenção da remissão da colite
ulcerativa quando comparada aos
três
regimes
de
tratamento
utilizados,
apresentando
segurança e resultados mais
satisfatórios5.
Mesalazina
Estudo de revisão demonstrou que a utilização tópica da mesalazina no tratamento da
colite ulcerativa a cada 3 dias é tão eficaz quanto à administração diária pela via oral,
suportando a escolha do uso tópico (particularmente suspensões) como tratamento de
primeira escolha para colite ulcerativa distal leve a moderadamente ativa6.
Propostas Terapêuticas
Grânulos de Mesalazina
Mesalazina.......................................................3g 5
Excipiente para Revestimento qsp.................1un
Administrar um sachê diariamente.
Administrar o conteúdo de um envelope
diretamente na boca. Não mastigar. Pode-se
administrar um pouco de água após a ingestão dos
grânulos.
Gel retal de mesalazina
Mesalazina.......................................................2g
Gel Retal qsp...............................................100ml
Aplicar
pela
via
retal
100ml
ao
dia,
preferencialmente à noite. Realizar a aplicação a
cada três dias.
A administração em gel pode aumentar o conforto
dos pacientes, principalmente naqueles com
incontinência fecal7.
Propriedades e mecanismo de Ação
5
Propionil-L-carnitina1,8,9:
É necessário no transporte de ácidos graxos, como os ésteres de carnitina, para o
interior da mitocôndria;
Estudo demonstrou que os níveis plasmáticos de L-carnitina são similares em
pacientes saudáveis e com colite ulcerativa. Porém, o propionil-L-carnitina
apresenta-se reduzido nestes pacientes, sugerindo que este pode ser sequestrado
da circulação de pacientes com colite ulcerativa, sendo utilizado como uma fonte
de L-carnitina e propionil-coenzima-A no cólon;
A colite ulcerativa é uma doença inflamatória crônica, que também é caracterizada
pelo aumento de mediadores pró-inflamatórios, incluindo espécies reativas de
oxigênio;
Estes agentes citotóxicos induzem a peroxidação lipídica e estresse oxidativo,
causando danos à membrana do tecido do cólon;
O propionil-L-carnitina demonstra atividade protetora cardíaca contra isquemia e
lesão de reperfusão através de vários mecanismos, incluindo a peroxidação lipídica
e eliminação das espécies reativas de oxigênio, além de promover a regressão de
úlceras vasculopáticas;
Assim, o propionil-L-carnitina pode apresentar um efeito terapêutico similar nos
tecidos do cólon. De fato, a L-carnitina reduz a inflamação e estresse oxidativo em
modelos animais com colite ulcerativa induzida.
Papel da L-carnitina no metabolismo de ácidos graxos. CT
(Carnitina-acilcarnitina translocase) CPT (carnitina palmitoil
transferase)
Efeitos adversos: A terapia com propionil-Lcarnitina é geralmente bem tolerada pelos
pacientes. Sintomas gastrointestinais (náuseas,
vômitos e dores estomacais), foram os efeitos
adversos mais comumente observados
Dose proposta
Propionil-L-carnitina 1-2g/dia1,3
Liberação cólon-específica.
Mesalazina10:
Bloqueio da ciclo-oxigenase por inibição da biossíntese de prostaglandinas no cólon, modulando a liberação de citocinas inflamatórias;
Ação local sobre a produção de metabólitos do ácido araquidônico, que é aumentada em pacientes com doença inflamatória intestinal;
Auxilia na cicatrização da mucosa, o que é um importante desfecho para a colite ulcerativa. Além de reduzir o risco de câncer, reduz o
risco de recidiva e reduz a taxa de colectomia nos pacientes.
Efeitos adversos: Cefaleias, náuseas, cólicas abdominais. Diarreia, pancreatite (raramente), exantema, febre, reações locais (em caso de supositórios).
Literatura Consultada
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