Dólar altera volumes de exportação
Transcrição
Dólar altera volumes de exportação
ESPECIAL Uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Internacional - Setembro/2005 Dólar altera volumes de exportação Queda do valor da moeda norte-americana reduz em 30% o número de cargas exportadas por meio das freight forwarders A incerteza na cotação do dólar para os próximos meses é a mais nova dificuldade encontrada pelos agentes de cargas internacionais que operam no país. O setor de freight forwarder vê Volume de cargas nos portos: aumento de 20% das mercadorias importadas o movimento de exportação/importação trabalhar ao contrário do que vinha se firmando nos últimos tempos. Executivos do setor apontam uma diminuição de 30% das cargas que saíram do país e um aumento de 20% das mercadorias trazidas para o Brasil, em relação ao ano passado. Continua na pág. 2 Agentes unidos A falta de simplificação dos pro- Abreti recebe nova associada A empresa de freight forwarder UTI agora 12 associadas (Bax Global, DHL, do Brasil Ltda. acaba de ingressar na Eagle, Exel, Expeditors, Hellmann, Jas, Associação Brasileira das Empresas Kuehne+Nagel, Panalpina, UPS, TNT de Transporte Internacional (Abreti). e UTI), que juntas representam 50% do Segundo o manager director da filial da mercado de freight forwarder. No ano multinacional norte-americana no país, passado, esse segmento faturou no país Wilmar Onedis Gomes, associar-se à cerca de R$ 6 bilhões. entidade é de vital importância para as A criação da organização partiu da empresas do setor porque é a Abreti necessidade das empresas de discutirem quem representa os agentes de cargas juntas os assuntos pertinentes ao setor internacionais junto ao governo, visando e de criarem à melhoria do comércio exterior. um conjunto cessos aduaneiros, muitas vezes, “É por meio da associação que de critérios dificulta o trabalho dos agentes de poderemos discutir os problemas que certificas- cargas internacionais. Alguns deta- comuns do setor, obtendo represen- sem todas as lhes do comércio exterior devem ser tatividade junto aos órgãos públicos e empresas que discutidos com os órgãos reguladores atingindo as metas estabelecidas pelas trabalham de a fim de melhorar esses trâmites. E a empresas”, acredita Gomes. Para o forma correta, Abreti surgiu com esse intuito. De ser executivo, o problema político que o respeitando o uma associação que represente o se- Brasil enfrenta hoje não interfere nesse recolhimento tor de freight forwarders no país junto mercado. “A economia está além de de impostos e às entidades de classe e aos órgãos tudo isso”, ressalta. os processos A Abreti, que em dezembro co- governamentais. Pág. 4 memora dois anos de existência, tem previstos na legislação. Wilmar Gomes: associação é de vital importância para o setor Modal aéreo: valor das taxas de armazenamento é considerado alto pelo setor Investimento em tecnologia Apesar de todos esses problemas, o setor de freight forwarders vê melhorias nos processos. Nos últimos anos, com a entrada do Siscomex, da Receita Federal, as operações ficaram mais ágeis e descomplicadas. Wilmar Gomes, diretor da Abreti, lembra que, desde 1994, quando o Brasil se desenvolveu MERCADO Dólar altera volumes de exportação Continuação da capa Com a desvalorização do dólar e a comércio exterior, a própria alfândega implementou seus sistemas Os prejuízos na margem dos im- operacionais para controle desse setor, portadores também acontecem devido forçando as empresas que atuam nele a a multas aplicadas. Atualmente, o pre- investir individualmente para atender aos conseqüente queda das exportações, ço que se paga requisitos do governo. os agentes de cargas sofrem com o au- pela liberação de “O investimento maior mento de seus custos e têm dificuldades uma carga sem sempre é por parte das em atingir as metas programadas para a invoice original, multinacionais do setor as filiais do Brasil. “Ao mesmo tempo, por exemplo, é porque elas são obri- o país volta à condição de importador de 5% do valor da gadas a fazer a interfa- no mercado internacional, alterando o mercadoria. Mui- ce com os aplicativos equilíbrio da Balança Comercial”, explica tas vezes é essa das sedes e filiais no Roberto Prudente, diretor da Associação margem que o exterior”, ressalta. Brasileira das Empresas de Transporte importador ga- Gomes diz que Internacional (Abreti). nha em toda a hoje os grandes inves- Outra barreira encontrada pelo setor operação. “Em timentos das empresas são as altas taxas de armazenagem. De outros países, as da área de transporte acordo com Prudente, quando a carga cargas podem internacional são em chega ao Brasil via aérea, o preço co- ser liberadas tecnologia e treina- brado na estocagem é baseado no valor até mesmo com mento de mão-de-obra da mercadoria e não no espaço que será cópias dos do- especializada em co- ocupado, como acontece na maioria dos cumentos e me- mércio exterior. “E a países. “Além dos altos custos, o pior diante a cobrança tendência no investi- mesmo são as surpresas e os gastos de uma pequena extras, que acabam causando uma per- taxa, ficando o da muito maior do que a margem que o importador res- importador havia programado, gerando ponsável pela apresentação posterior do o acompanhamento integral de seu ne- prejuízos não previstos”, diz. documento original”, afirma Prudente. gócio, desde a produção até a entrega EXPEDIENTE 2 fortemente na área de ESPECIAL mento em tecnologia Roberto Prudente, diretor da Abreti: facilitar o trânsito aduaneiro é desenhar sistemas em que o cliente faça Especial ABRETI é uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Internacional (Abreti), produzida pela Canal de Comunicação – Diretora Responsável: Adriane Abdo – Editora: Ana Heloísa Ferrero – Projeto Gráfico e Editoração: Selma Quinália – Revisão: Lúcia Helena LaHoz Morelli – MTB 14.928 – Colaboraram para esta edição: Ana Heloisa Ferrero – MTB 23.648, Roberta Celi – MTB 25.856/RJ – Endereço para correspondência: R. Barão de Paranapanema, 146, 10º andar – CEP 13026-010 – Campinas (SP) – Fone: (19) 3295-3525, e-mail: [email protected] Os artigos assinados e opiniões são de total responsabilidade de seus autores. Nenhum material desta publicação pode ser reproduzido sem prévia autorização. ABRETI das mercadorias. Assim, ele pode ter um histórico de tudo o que acontece quando acessa a internet para acompanhar o embarque de produtos etc.”, diz. No modal marítimo, as deficiências são: estrutura física e falta de um sistema como o Mantra, já utilizado no modal aéreo. Para interligar os portos brasileiros por uma rede digital, o Ministério dos Transportes destinou recursos da ordem de R$ 5 milhões, originados da Agenda Portos, para o desenvolvimento do Sistema Integrado de Gestão dos Portos (Sisportos). Esse trabalho está sendo elaborado pelo Serviço de Processamento de Dados (Serpro), ligado ao Ministério da Fazenda. A principal função do Sisportos será retratar a situação operacional de cada porto, revelar deficiências e, com isso, indicar as necessidades de investimento, com base em dados sempre atualizados, sem a dispersão de recursos. A previsão é que o sistema entre em funcionamento Faltam vias ferroviárias como opção ao modal marítimo brasileiro antes do final do ano, já conectado ao Siscomex, trazendo informações em tempo real sobre as diversas operações portuárias, como movimentação de cargas e qualquer tecnologia é reduzir custos prin- no Brasil é muito positivo, em termos de tempo de permanência de navios. cipalmente na comunicação dos agentes reservas e da saúde financeira. Para os de carga com seus clientes e o governo, agentes de cargas internacionais, a movi- agilizando os processos”, observa. mentação deve continuar. Sinceramente, Para Gomes, a implementação desse sistema deve provocar um certo impacto entre as empresas do setor, mas, com o A perspectiva do setor para o próximo eu não prevejo uma crise muito grande, passar do tempo, elas estarão aptas a se ano é boa, caso a crise política não se mas tudo vai depender do cenário políti- integrarem ao Sisportos. “A vantagem de agrave mais. “O momento econômico co”, diz Roberto Prudente. A falta de linhas para atender o “Muitos exportadores da região do ele, basta realizar a reengenharia do Brasil no modal marítimo traz à tona um Estado de São Paulo pensam em tirar processo para garantir maior agilidade problema já discutido exaustivamente suas cargas de Santos, mas a movi- e até reduzir custos. “Felizmente, vários por diversos setores da economia: a mentação via rodoviária para portos órgãos governamentais têm se mostra- falta de infra-estrutura portuária. De alternativos, como o de Paranaguá ou do muito abertos a iniciar discussões acordo com Roberto Prudente, a si- do Rio de Janeiro, encarece demais o e trabalhos nesse sentido, buscando tuação nesse caso é delicada; faltam processo e o Brasil não tem vias ferro- entender melhor as dificuldades enfren- navios maiores no país, mas ao mesmo viárias para mover essas cargas a um tadas no processo no dia-a-dia, como tempo uma embarcação de grande custo reduzido”, explica. por exemplo nos processos de Trânsito Gargalos logísticos porte não conseguiria atracar nos De acordo com o diretor, algumas Aduaneiro. E a Abreti estará sempre portos. Em Santos (SP), por exemplo, soluções não precisariam de grandes presente para levar essas questões aos a situação se agrava pelo congestio- investimentos, tais como reduzir o órgãos competentes e colaborar no que namento encontrado nos armazéns, tempo de liberação de cargas tanto na for possível para a melhoria do comércio áreas portuárias e vias de acesso. exportação quanto na importação. Para exterior”, observa. ESPECIAL ABRETI 3 OPINIÃO A força da representatividade Mário Fernandes da Costa* sairiam ganhando. Alguns detalhes dentro do comércio O setor de freight forwarders en- exterior devem ser discutidos com os contra no Brasil uma barreira que não órgãos reguladores a fim de melhorar é vista em qualquer outro país: os com- esses trâmites. E a Abreti surgiu com plicados processos aduaneiros. Muitas esse intuito. De ser uma associação que vezes, os cuidados são excessivos e, represente o setor de freight forwarders além de dificultar o trabalho dos agen- no país junto às entidades de classe e ao tes de cargas internacionais, trazem governo. Atualmente, os agentes de car- prejuízos aos importadores. É preciso gas internacionais representam uma par- encontrar alternativas de fiscalização cela considerável da economia brasileira. que atendam às necessidades dos Juntas, as empresas do setor faturaram órgãos reguladores e que facilitem as no ano passado aproximadamente R$ 6 estamos em contato com órgãos operações dos exportadores. bilhões e empregam diretamente mais de como o Banco Central e a Fiesp para 11 mil pessoas só no Brasil. consolidar a entidade e torná-la repre- Temos muito que aprender com os outros países. O movimento dos portos Para atender às necessidades do sentativa. Já conseguimos algumas na Europa e na Ásia, por exemplo, é setor, a associação, nestes quase dois vitórias, mas ainda existe muito a ser alto. E, mesmo com um grande volume, anos de existência, procura entender os feito. Queremos colaborar para tornar a carga é liberada no mesmo dia em problemas enfrentados para traçar as as operações internacionais brasilei- que é entregue o contêiner. Já aqui linhas de ação junto aos associados e ras mais simples, ágeis e eficientes. no Brasil, a demora na liberação pode propor soluções aos órgãos reguladores chegar a até sete dias. Se pudéssemos e fiscalizadores. Diversos seminários inter- * Presidente da Associação reduzir esse tempo para três dias, as nos são realizados buscando aprimorar a Brasileira das Empresas de operações seriam otimizadas e todos compreensão das dificuldades do setor, Transporte Internacional (Abreti) EM PAUTA Procomex A Abreti participa e apóia a iniciativa Talentos especiais da aliança Pró-Modernização Logística do A Abreti estuda uma maneira de Comércio Exterior, apolítica, que reúne incluir em seu site um link para receber empresas, instituições públicas, privadas currículos de pessoas portadoras de e ONGs com o objetivo de auxiliar o Brasil deficiência que tenham habilidades a ter um sistema aduaneiro moderno e para trabalhar no setor. A iniciativa da competitivo que sirva de referencial para associação vem atender à necessida- 4 os demais países do Mercosul. de das empresas de freight forwarder (www.abreti.org.br) com notícias sobre que têm vagas em aberto para esses o setor e informações sobre os trabalhos Curso superior profissionais e não conseguem con- da associação e suas associadas. As em- A diretoria da Abreti está em conver- tratar. “Queremos, com isso, capa- presas interessadas na Abreti encontram sação com institutos de ensino para de- citar, qualificar e auxiliar na inclusão no site um cadastro que, depois de pre- senvolver um curso de férias voltado para desses profissionais no mercado enchido, será analisado pela associação. freight forwarders. Se o projeto der certo, global”, explica o presidente da Abreti, Além disso, é possível encontrar links estuda-se a possibilidade de transformar Mário Fernandes da Costa. dos principais órgãos de comércio exte- essa idéia em um curso com duração rior. Entre os projetos de curto prazo da mais longa, aos moldes dos disponíveis Home page instituição, está ainda o desenvolvimento na Europa, para formar mão-de-obra Já está no ar o site da Abreti de cursos e eventos. especializada nas escolas. ESPECIAL ABRETI
Documentos relacionados
Prazos que prejudicam
O cenário atual faz com que muitas companhias de freight forwarders recorram a bancos. “Normalmente, existem duas alternativas: a busca de dinheiro junto a bancos brasileiros que
Leia mais