vamos ao mercado - Sociedade Ponto Verde
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vamos ao mercado - Sociedade Ponto Verde
Esta revista é distribuída aos assinantes das revistas Caras e Activa e não pode ser vendida separadamente. É impressa em papel reciclado e tintas ecológicas. Abril - junho 2013 n.º 11 | trimestral vamos ao mercado De norte a sul são muitas as cidades que acolhem feiras e mercados de produtos biológicos ou de artesanato urbano. Parta à descoberta do evento mais próximo de si. E boas compras! Eco cidades Sustentabilidade e urbanismo de mãos dadas, um pouco por todo o mundo Um português, uma árvore A associação Plantar uma árvore lança o desafio. Por um país mais verde Tecnologia inclusiva Conheça o wi-GO, carrinho inteligente que facilita o dia-a-dia Para começar Ilustração: Mário Pedro Sabia que um litro de óleo alimentar usado (OAU) vertido no lava-loiça pode contaminar até um milhão de litros de água? Sim, leu bem, um milhão. Só esse facto é motivo mais do que suficiente para depositar o OAU em local próprio, os oleões. De norte a sul do país existem vários pontos de recolha, colocados nas ruas ou em cadeias de hipermercados. Mas valorizar o OAU tem outra grande vantagem: produção de biodiesel, combustível com índices de emissão de CO2 até 80% mais baixos do que os gerados pelo gasóleo. Aliás, mil litros de OAU podem originar entre 920 e 980 litros de biodiesel. Do que está à espera para procurar um oleão perto de si? E lembre-se: deposite sempre o OAU em garrafas e garrafões fechados. No site da Agência Portuguesa do Ambiente encontra a lista dos vários oleões existentes no país (políticas/resíduos/fluxos específicos de resíduos/óleos alimentares usados/documentos/pontos de recolha). Editorial Um passo em frente Temos em nós todos os sonhos do mundo. Mas isso não basta. É preciso dar um passo em frente e tentar que se tornem realidade. Dar um passo em frente é o que distingue os sonhadores dos empreendedores, os cidadãos activos daqueles que só se queixam. Nesta edição contamos histórias de gente que não hesita em seguir em frente. Como Luís de Matos que, a partir de uma necessidade pessoal, criou uma solução inclusiva que ajuda pessoas em cadeira de rodas (e não só) a fazerem compras de forma autónoma, facilitando o transporte dos produtos. Chamou-lhe wi-GO e espera, em breve, ver este projecto implementar-se por todo o mundo. Ou Patrícia Vasconcelos, directora de castings e fundadora de uma escola para actores de cinema e teatro, que não só dá vida aos seus sonhos como, através de gestos do dia-a-dia, procura contribuir para uma sociedade melhor. Num momento difícil para a economia portuguesa mostramos empresas que dão um passo em frente na política de recursos humanos, adoptando estratégias de valorização dos colaboradores. E ainda projectos arquitectónicos que tornam as cidades mais verdes, apostando na construção sustentável. Não, não são casos isolados nem futuristas; antes exemplos de uma tendência crescente, já implementada em vários pontos do mundo. Também a RECICLA deu um passo e frente: a par da edição em papel, a versão digital encontra-se disponível na app store e play store, para tablets. A revista está ainda acessível para download para os assinantes das edições digitais do Expresso, Visão e Caras. Boas leituras! R Sumário n.º11 abril - junho 2013 8 www.pontoverde.pt 8 Reportagem Bem-vindo às eco cidades! Porque é urgente tornar a vida urbana mais sustentável 14 Rosto 20 Pequenos gestos 32 Atitude 36 Lazer sustentável 5 19 20 28 42 Miguel Teles tem um sonho: ver cada português a plantar uma árvore por ano 14 Zero desperdício, máxima reutilização, assim é o dia-a-dia de Patrícia Vasconcelos Ginástica no trabalho? Sim, com todo o gosto. Motivação e saúde de mãos dadas 32 Roteiro por alguns mercados e feiras de produtos biológicos e artesanato urbano Ponto Verde Planeta Verde Tendências Eco Eco empreendedores Sustentabilidade é RECICLA/Ficha Técnica Propriedade: Sociedade Ponto Verde SA, Morada: Rua João Chagas, 53, 1.Dto, 1495-764 Cruz Quebrada, Dafundo, Tel: 210 102 400, Fax: 210 102 499, www.pontoverde.pt, [email protected], NIF: 503 794 040, Director: Mário Raposo, Directora-adjunta: Teresa Cortes Edição: Have a Nice Day - Conteúdos Editoriais, Lda., www.haveaniceday.pt, [email protected], Tel:217 950 389 Directora: Ana Rita Ramos, Editora: Teresa Violante, Redacção: Ana Sofia Rodrigues, Teresa Ribeiro, Projecto Gráfico e Paginação: Mário Pedro, Fotografia: Agência Fotográfica Filipe Pombo, Thinkstock, Impressão: SIG - Sociedade Industrial Gráfica, Lda, Tiragem: 17.000 exemplares, Depósito Legal: 215010/04, ICS: 124501 A RECICLA é impressa em papel reciclado com tintas ecológicas. Depois de a ler, dê-lhe um final ecológico: partilhe-a com um amigo ou coloque-a no ecoponto azul. 36 Fotos Thomas Dambo Winther Arte urbana para pássaros O jovem dinamarquês Thomas Dambo Winther trocou os graffitis por casas para pássaros. Continua a ser arte urbana, mas mais consensual, reconhece. “Quando eu fazia arte urbana convencional, não sentia que as pessoas a apreciassem da mesma forma que apreciam as casas para pássaros”, diz. Thomas torna as cidades mais hospitaleiras para os pássaros e mais bonitas para os humanos. “Tudo começou quando tropecei numa grande pilha de tábuas de madeira que iam ser deitadas fora. Então, pedi a um amigo que me ajudasse a levá-las para casa. Na altura eu fazia arte urbana normal. Só alguns meses depois tive a ideia de fazer arte urbana com casas para pássaros a partir dessas tábuas”, recorda. Aliás, este é o seu método criativo: “Em vez de fazer um desenho e depois comprar os materiais necessários, encontro os materiais e crio alguma coisa a partir deles”. Coloridas e acolhedoras, as casas que constrói são colocadas em locais mais ou menos óbvios, como parques e jardins, ou ruas muito movimentadas e barulhentas para chamar a atenção dos transeuntes, como se perguntassem: “Não seria bom se vivêssemos de maneira a que os pássaros vivessem connosco?”. “Os pássaros são os únicos animais que vemos todos os dias em ambiente urbano. E são uma parte importante da natureza na cidade: espalham sementes, comem insectos, etc. A forma como construímos as nossas cidades, parques e edifícios não deixa muito espaço para eles. As casas para pássaros procuram ajudá-los”, diz Thomas.R | ponto verde Hortas em garrafas de vinho Portugal mais acessível A Associação Salvador, com o patrocínio da Fundação PT e da Microsoft, lançou a aplicação para smartphones Portugal Acessível Mobile. Em tempo real, qualquer pessoa com deficiência motora obtém informações sobre as acessibilidades de 3.500 espaços a nível nacional, de restaurantes a praias, todos visitados por um elemento da Associação Salvador, garante da fiabilidade da informação disponibilizada. “A nova aplicação não é um mero guia de locais acessíveis para todas as pessoas com deficiência motora; é também uma forma de explicar que, para uma sociedade ser democrática, é fundamental que todos, sem excepção, tenham o direito a aceder aos mesmos locais em condições de igualdade”, sublinha Salvador Mendes de Almeida, fundador da Associação. Disponível em português, inglês e alemão, a aplicação promove ainda o turismo acessível.R | Ervas aromáticas sempre à mão é a proposta do Bottle-kit da My Little Garden (www.my-little-garden.com). Garrafas de vinho usadas, depois de lavadas e sem rótulo, transformam-se em mini-hortas. Anthony Carter, natural de Tomar, filho de mãe portuguesa e pai britânico, teve esta ideia no Natal de 2011. Para evitar “consumismos desmedidos típicos dessa época”, criou prendas para oferecer aos familiares. “A reacção foi tão positiva que questionei: ‘por que não?’”, recorda. O Bottle-kit inclui um saco com substrato, outro com pedras de argila expandida, um pacote de sementes genuínas e certificadas como não tratadas, pavio de fibra natural e livro de instruções. Depois de montado, é só aguardar que floresça; nem é preciso regar. O segredo está no pavio que tem a “função de, por capilaridade, manter a terra húmida dispensando a rega constante, ou seja, a parte de baixo da garrafa passa a funcionar como reservatório de água e a de cima como ‘vaso’”, explica Anthony. Depois da primeira colheita as garrafas podem (e devem) ser reutilizadas. Ecológico, o Bottle-kit tem uma componente social, graças a parcerias com o Estabelecimento Prisional de Leiria e a Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social, que ajudam na remoção de rótulos, lavagem de garrafas,… Até ao Verão a My Little Garden terá mais dois produtos. Sem avançar pormenores, Anthony Carter garante que “serão feitos integral ou parcialmente a partir de produtos reciclados ou reutilizados”. Afinal, “essa é a primeira proposta do projecto”.R Elevador solar Já não é preciso corrente eléctrica para andar de elevador. A Schindler desenvolveu um elevador movido a energia solar, o Solar Elevator, versão adaptada do modelo Schindler 3300. O elevador dá os primeiros passos no mercado, prevendo-se para este ano o seu lançamento em grande escala. Este eco modelo pode ser usado com energia solar, electricidade da rede, ou uma combinação de ambas. Os painéis solares para abastecer o elevador, instalados no telhado do edifício, são dimensionados de acordo com os níveis previstos de utilização, e permitem o funcionamento do aparelho mesmo durante longos períodos de reduzida exposição solar. A energia captada pode ser utilizada imediatamente, armazenada em baterias ou vendida à rede.R Centro de congressos sustentável Eventos há muitos, mas poucos são ‘verdes’. Desde 2007 que o Centro de Congressos do Estoril (CCE) detém uma estratégia de sustentabilidade, sendo o “único ‘green venue’ em Portugal”, distinguido com Silver Certifications da EarthCheck, afirma Teresa Farias, do Marketing & Sustainability do Centro. Mais: “Foi pioneiro a nível europeu (recebeu a Green Globe Certification em 2008), tendo-se convertido num case study de sucesso em matéria de sustentabilidade no sector de turismo e negócios”, acrescenta. O Plano Estratégico Destino Verde 2007 assentou em três vertentes: investimento no edifício e em procedimentos de gestão de modo a obter maior eficiência energética e menor impacto ambiental; criação de metodologia na organização de “Green Events”; e obtenção de certificação internacional. Sustentabilidade é palavra de ordem no CCE, desde os suportes de comunicação e ferramentas de marketing ao programa de reciclagem que estabeleceu com a Sociedade Ponto Verde. “Qualquer evento, desde uma pequena reunião a uma grande conferência internacional, pode ser um evento sustentável”, refere Teresa Farias. E não tem de ser mais caro, garante.R Nova edição dos Green Project Awards É já no próximo dia 31 que terminam as candidaturas para o Green Project Awards 2013, abertas a universidades, empresas, ONG e cidadãos. Na 6.ª edição, mantém o objectivo de levar os temas da sustentabilidade para o debate público. Há sete categorias a concurso. A saber: Agricultura, Mar e Turismo; Investigação e Desenvolvimento; Information Technology; Gestão Eficiente de Recursos; Produto ou Serviço; Campanha de Mobilização e Iniciativa Jovem – Projeto 80, destinada às associações de estudantes. A edição conta ainda com o Prémio Obra Escrita Original Green Project Awards – Sociedade Ponto Verde, à semelhança do ano passado, e “Distinção Green Project Awards – CPLP”, fruto da parceria estabelecida entre a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que será atribuída no final de 2013 nos países onde o GPA está presente (Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique ou Angola). O Green Project Awards é uma iniciativa da GCI, Agência Portuguesa do Ambiente e Quercus. Em Portugal, já distinguiu mais de 40 projetos, tendo recebido mais de 800 candidaturas ao longo das cinco edições.R | reportagem Cidades para A arquitectura amiga do ambiente é cada vez mais uma realidade. Ainda em maquete, em construção ou já em funcionamento, um pouco por todo o mundo não faltam projectos de eco bairros ou eco cidades. Exemplos de cidadania e sustentabilidade. Texto Teresa Violante Fotos Cedidas Em 2050 o planeta será habitado por 9 mil milhões de pessoas, dos quais, estima-se, 75% viverão em cidades. Não é preciso ser especialista para perceber que a forma como vivemos terá de mudar. Os recursos são finitos e cada vez mais escassos. Solução? Arquitectura sustentável. “Não há alternativa, é o único caminho a seguir”, afirma, peremptório, o jovem arquitecto Ricardo Barbosa Vicente, do ateliê Oto, responsável, entre outros, pela sede do Parque Natural da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, estrutura sustentável e eficiente, em fase final de construção. “Sa| bemos o que queremos das cidades, dos espaços públicos: queremos aproveitar as águas das chuvas para a rega, casas frescas e protegidas no Verão, que aproveitem o calor no Inverno, … Agora temos que pôr isso em prática”, sublinha. Da Velha Europa ao gigante chinês, há um sem fim de projectos em curso, planos para cidades mais verdes, com construções auto-suficientes em termos energéticos, baixos níveis de poluição, rede de transportes ecológicos e eficientes, entre outros. Em Oslo, na Noruega, dois viver. E bem edifícios de escritórios com 30 anos estão a ser adaptaverdes, com intenção de reconhecer produtos e serviços dos de maneira a quase não gastarem electricidade. Pelo excepcionais, construídos e entregues de forma ambiencontrário: devem antes produzir energia de origem solar e talmente amiga”, apresenta o fundador Hossein Farmani. geotérmica. E em excesso. Para a mega cidade de ShenA portuguesa Casa Godiva, em Cascais, desenhada pela zhen, na China, a empresa francesa Empty Space Arquitectura, recebeu, na Vincent Callebaut Architects projectou edição passada, uma menção honrosa. cada vez mais seis eco torres com zonas de escritóFelizmente, não faltam soluções cidades adoptam rios, habitação, hortas e lojas. Além da arquitectónicas em nome de um estratégias energia renovável, apostarão ainda na mundo melhor. Como refere o estudo ambientais agricultura sustentável e na recuperaIt’s Alive, elaborado pelo think-tank ção das águas pluviais. E em CuritiForesight+Innovation da Arup, emprena construção ba, cidade brasileira apontada como sa britânica de designers, engenheiros, dos seus bairros. exemplo mundial quanto ao respeito a sustentabilidade consultores e técnicos especializados, pelo ambiente, os telhados verdes “na era ecológica os edifícios não urbana veio podem vir a tornar-se obrigatórios nos criam simplesmente espaços, esculpara ficar novos empreendimentos residenciais pem ambientes. Ao produzirem comida ou de escritórios. e energia, e fornecerem ar puro e Todos os anos o Green Dot Awards recebe, em média, 200 água, os edifícios evoluem de conchas passivas para orgaa 300 candidaturas. De reputação internacional, este prénismos adaptativos e responsáveis – estruturas vivas que mio foi criado “para aumentar a consciência para as causas suportam as cidades de amanhã”.R | Songdo International Business District – Incheon, Coreia do Sul Ao largo do Mar Amarelo, em Incheon, o Songdo International Business District, com 600 hectares, acolherá, quando estiver concluído, em 2017, 65 mil moradores e 300 mil pessoas que por ali passarão. De momento, 50% da estrutura planeada está edificada, seguindo cuidados ecológicos como eficiência energética, rede de transportes públicos, incluindo autocarros com zero emissões de CO2 movidos a hidrogénio, telhados verdes, 25 quilómetros de ciclovias, ... Aliás, trata-se de um dos projectos mais verdes de toda a Ásia, que pretende estabelecer-se como líder mundial na certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela ONG norte-americana U.S. Green Building Council. Um amplo parque central, inspirado no Central Park, em Nova Iorque, com espécies autóctones, é uma das principais atracções. reportagem Vastra Hamnen – Malmo, Suécia Por ocasião da exposição internacional sobre sustentabilidade “Bo01City of Tomorrow”, o velho porto industrial de Malmo transformou-se numa área urbana ecológica, com residências, escritórios e lojas. Vastra Hamnen assenta em habitações de qualidade, variedade arquitectónica e espaços verdes, respeitando princípios de sustentabilidade. Eficiência energética, uso de materiais renováveis e não poluentes, ciclovias e espaços ao ar livre caracterizam esta zona da cidade. Mais: recorre a um aquífero termal que funciona como sistema de armazenamento de energia, bombeando água, com recurso a energia eólica, para arrefecer as habitações no Verão e aquecê-las no Inverno. Em nome da diversidade, Vastra Hamnem é formado por casas de diferentes tipologias comercializadas a diferentes valores, fomentando assim a presença de famílias mais ou menos numerosas, solteiros, casais sem filhos, etc. E apresenta-se como o primeiro bairro europeu neutro em emissões de carbono. Masdar – Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos Na terra do petróleo vai nascer uma cidade que pretende ser uma montra de como é possível viver sem… petróleo. As últimas soluções tecnológicas aliam-se aos princípios de construção árabe, dando forma a uma comunidade que pretende ser neutra em termos de emissões de carbono e produzir zero desperdício. Sem veículos movidos a combustíveis fósseis, assegura uma distância máxima de 200 metros até à ligação mais próxima de transporte, e convida a andar a pé, com ruas agradáveis, protegidas das condições climatéricas extremas. Nos arredores da cidade encontram-se campos de produção de energia eólica e solar, que tornam Masdar auto-suficiente. 11 | BedZED – Londres, Reino Unido No subúrbio londrino de Wallington ergue-se o Baddington Zero Energy Development (BedZED), complexo residencial e de escritórios amigo do ambiente. Alimentado apenas por energia renovável produzida no local, o complexo inclui painéis solares e aquecimento por biomassa combinado com central eléctrica, além de tratamento e reutilização da água da chuva e ventilação natural através do vento. As casas estão viradas a sul, para beneficiarem da exposição solar, têm vidros triplos e são super-isoladas. Privilegiaram-se os materiais reciclados e renováveis, provenientes da região (no máximo a uma distância de 55 quilómetros, para reduzir o impacto do transporte). Há ainda abastecimento para carros eléctricos e os habitantes são incentivados a usar o sistema de carpool. 12 | reportagem Logroño Montecorvo Ecocity – Logroño, Espanha A construção ainda não foi iniciada, mas o projecto está bem definido e já foi premiado. Desenvolvida pelos holandeses MVRDV e pelos espanhóis GRAS, a extensão da área urbana de Logroño, na região vinícola da La Roja, será auto-suficiente. O projecto prevê a construção de cerca de 3.000 habitações e estruturas complementares (escolas, edifícios sociais e zonas desportivas), edificadas de forma sustentável. Com recurso a células fotovoltaicas e turbinas de vento instaladas nas montanhas que envolvem a zona, Montecorvo e Fonsalada, toda a energia necessária será produzida no local. E apenas 10% da área total (56 hectares) será ocupada por edifícios. Arkadien Winnenden – Alemanha Antiga zona industrial, na sombra da cidade de Stuttgart, Arkadien Winnenden é hoje um dos bairros mais sustentáveis do mundo. Graças a uma visão holística, foi desenhado para oferecer às famílias casas a valores acessíveis, sustentáveis e saudáveis. Na construção das habitações privilegiaram-se os materiais locais, não tóxicos e amigos do ambiente. Todas as casas têm elevados níveis de eficiência energética e a água das chuvas é recolhida num lago e limpa através de um processo natural com plantas, antes de ser encaminhada para uma enseada nas imediações. No exterior, granito alemão reciclado entrecruza-se, com bom gosto, a pavimento em concreto e asfalto, proporcionando boa impermeabilização. Nos espaços verdes, a vegetação autóctone convida os pássaros e as abelhas a também habitarem o bairro. A urbanização é perfeita para passeios a pé e pauta por um ambiente que fomenta a boa vizinhança. 13 | 14 | rosto SONHAR COM UMA fLORESTA A associação Plantar uma Árvore sonha com o dia em que cada pessoa plante uma árvore por ano. Portugal ganharia anualmente novas florestas de milhões de árvores. Miguel Teles, o seu presidente, dedica os dias a fazer germinar essa ideia. Texto Ana Sofia Rodrigues Fotos Filipe Pombo/AFFP O Homem Que Plantava Árvores, escrito por Jean Giono, é um conto inspirado em acontecimentos verdadeiros, que narra a história de um pastor que do nada faz surgir uma floresta inteira, numa das regiões mais inóspitas de França. Quando o leu, Miguel Teles, geógrafo, sentiu uma profunda identificação. Nos últimos anos, também ele já perdeu conta a quantas árvores plantou. “Descobri que a enxada e o meu ombro encaixam perfeitamente. É uma aptidão natural”, revela com entusiasmo. Na associação Plantar uma Árvore, à qual preside, persegue uma utopia: “Levar cada pessoa a plantar uma árvore por ano”. Ao longo dos seus 38 anos, Miguel já passou por áreas tão distintas como planeamento e ordenamento, engenharia geográfica, cartografia ou consultoria na área do turismo. Foi preciso ficar desempregado para descobrir o local onde lhe apetece finalmente criar raízes. “Plantar uma Árvore foi um projecto que mudou tudo. É isto que me imagino a fazer para o resto da vida”. Prestes a ser pai pela primeira vez, Miguel Teles participa encantado no concretizar vagaroso do tal sonho de plantar um bosque inteiro. Como surgiu a Plantar uma Árvore na sua vida? Coincidiu com uma fase pela qual estava a passar, de falta de identificação em termos do meu esquema de valores e ideais. Sentia que precisava de fazer algo e, na altura, envolvi-me no movimento Limpar Portugal. Entusiasmado, 15 | Aos 38 anos, Miguel Teles já perdeu conta às árvores que plantou. Inspirado pelo conto O Homem que Plantava Árvores, acalenta o sonho de fazer germinar uma floresta procurei outras iniciativas e fiquei a conhecer a Plantar uma Árvore. Ofereci-me como voluntário e apaixonei-me rapidamente por todas as suas iniciativas. A Plantar uma Árvore também começou como movimento. Sim, a Plantar uma Árvore começou em Novembro de 2009, como movimento de cidadania. Um grupo de amigos, após a típica vaga de incêndios de Verão, resolveu agir e, através das redes sociais, convocaram amigos, colegas, vizinhos e familiares para um dia de plantação. O resultado superou as expectativas e, no Dia das Florestas Autóctones, juntou cerca de 300 pessoas que plantaram 1.000 árvores em Monsanto, em Lisboa. Percebeu-se que era uma forma muito simples e apelativa de mobilizar as pessoas. Como passou de voluntário a presidente da associação? Após a primeira acção as solicitações foram muitas, mas a certa altura percebemos que não conseguíamos dar resposta a todas. No final de 2011 fiquei desempregado, estava a separar-me da minha companheira e propuseram-me agarrar a sério no projecto. Para mim, funcionou quase como terapia, paliativo para tudo o que se passava. Assumi o desafio e a minha vida mudou completamente. Foi um recomeço. Curiosamente, a criação da associação foi formalizada num dia 25 de Abril. Foi e não foi por acaso. Sucedeu que o processo estava a decorrer nessa altu16 | “queremos cuidar da terra, dos recursos, mas também das pessoas. funcionamos como plataforma de mobilização cívica, fazendo a ponte entre a sociedade civil, os projectos ambientais e os sociais” ra e aproveitámos então a data. Como acreditamos que plantar uma árvore pode ser um acto de protesto positivo, à nossa medida também gostávamos de fazer uma revolução. Que revolução é essa? Mais do que plantar árvores nós gostamos de dizer que plantamos ideias para um novo paradigma. Em todas as nossas acções não olhamos apenas para a questão ambiental. Introduzimos sempre uma componente social. Queremos cuidar da terra, dos recursos, mas também das pessoas. Funcionamos como plataforma de mobilização cívica, fazendo a ponte entre a sociedade civil, os projetos ambientais e os sociais. Essa mudança espelha-se também numa nova metodologia de trabalho? Sim, implica aproveitar sinergias, trabalhar em rede e de forma cooperativa, quer com os voluntários, entidades públicas, privadas e associativas, quer com os cidadãos. Há tantos projetos ao longo do país com o mesmo espírito e que já envolveram os parceiros rosto “O nosso objectivo é ‘uma pessoa, uma árvore por ano’. seriam cerca de 10 milhões de árvores plantadas anualmente” têm de cumprir? Têm sempre de obedecer a um conjunto de quatro regras: só plantar espécies autóctones, incluir uma iniciativa para crianças e outra para o público em geral, plantar sempre em espaços de fruição pública, e as entidades têm de assumir uma gestão a longo prazo dessas áreas. locais certos, que não faz sentido replicar as coisas. Preferimos criar uma rede de parceiros a nível nacional e funcionar como plataforma de mobilização para todas as suas iniciativas. Assim, como conseguem o vosso próprio reconhecimento? O que interessa é que as iniciativas se façam. Mais cedo ou mais tarde o reconhecimento vai surgir. Por exemplo, em regra estima-se que a plantação em regime florestal tenha taxas de sobrevivência na ordem dos 30%. Nas nossas iniciativas chegamos a ter áreas com taxas de sobrevivência de 70%. Estes dados são por si só um valor acrescentado. Além disso, organizamos as nossas próprias iniciativas, temos mais de 22.500 seguidores no Facebook e já contamos com um banco de voluntariado com mais de 2.650 pessoas. Em relação às iniciativas a que se associam, que critérios Relativamente às vossas actividades, quais gostaria de destacar? Além das iniciativas de plantação de gramíneas, herbáceas, arbustos e árvores, organizamos actividades de conservação, recolha de sementes, rega. Organizamos oficinas de hortas ecológicas em quintais, de hortas verticais num plano de permacultura, saídas de campo com intervenção, acções de formação, além de vários projectos para escolas e empresas. Estamos também a preparar uma grande campanha nacional, totalmente inovadora, em parceria com a Associação Terra dos Sonhos, cujo objectivo é plantar 100 mil plantas e realizar mil sonhos de crianças e jovens doentes, carenciados e idosos. E como tem sido para si este ano como presidente da Plantar uma Árvore? Também um sonho realizado? Neste momento trabalho mais do que alguma vez trabalhei na minha vida. 17 | rosto “Sempre foi na natureza que encontrei maior tranquilidade e paz de espírito. E por causa da minha formação em Geografia tudo faz ainda mais sentido” o grupo de Lisboa do movimento Guerrilla Gardening, movimento internacional em que as pessoas fazem intervenções muito rápidas de plantação de árvores e flores em espaços abandonados na cidade. Foi nesse movimento que plantei a minha primeira árvore, mas depressa o grupo acabou por desaparecer. Foi na Plantar uma Árvore que realmente aprendi e descobri que a enxada e o meu ombro encaixam perfeitamente. Gosto de “desaparecer” e estar horas e horas só a plantar árvores. Acordo e deito-me a pensar no projeto. Se fosse outro tipo de trabalho, seria uma função que me esgotaria. Esta, pelo contrário, alimenta-me. Nunca trabalhei com tanto prazer. É isto que gostaria de fazer para o resto da vida. Num dia de plantação, o que sente ao ver tanta gente mobilizada? Já tivemos, em Monsanto, duas acções em que estiveram 500 pessoas em cada dia. É estupendo! É difícil explicar a sensação… Talvez seja perceber que 18 | ainda existe… esperança. A vossa utopia inicial mantém-se? Sim! O objectivo é “uma pessoa, uma árvore por ano”. Seriam cerca de 10 milhões de árvores plantadas anualmente. É isso que nós queremos: que cada pessoa aprenda a colher a semente, a semear e depois a vir plantar. A utopia mantém-se. Lembra-se da primeira árvore que plantou? Logo após o Limpar Portugal, criei O contacto com a natureza foi sempre uma constante no seu percurso? Foi sempre na natureza que encontrei maior tranquilidade e paz de espírito. As minhas férias foram sempre passadas a fazer percursos e caminhadas em alta montanha. Chegar ao cume e sentir-me pequeno, mas grande ao mesmo tempo, é único. E por causa da minha formação em Geografia tudo faz ainda mais sentido. Um professor na faculdade disse-nos que depois de tirarmos o curso passaríamos a olhar para a paisagem de forma diferente. E é verdade. Criar um bosque demora cerca de 30 anos. Essa espera necessária não o desincentiva? Há outra visibilidade do nosso trabalho que é incomparável. Tem a ver com as pessoas, com a sua sensibilização, com ver as crianças plantarem e quererem voltar. O empenho e cuidado das pessoas é muito visível e compensador.R planeta verde Guia para eco-compras Na hora de pagar os produtos que consumimos, há uma factura que não se recebe, mas pela qual também somos responsáveis: o impacto ambiental das nossas escolhas. Saiba como diminui-lo. Texto Teresa Violante Fotos Thinkstock 1- Zero desperdício não testado em animais, … Não tenha mais olhos do que barriga: compre apenas o que necessita. Aquando promoções/ofertas especiais, atente na validade dos produtos: por vezes, os artigos com desconto têm uma duração mais diminuta. Certifique-se que é possível consumir tudo dentro do prazo. Assim, evita o desperdício. 5- Da época é que é Respeite o ritmo da natureza e consuma os produtos da época. Para conhecer a altura ideal de cada alimento (frutas e legumes), consulte esta ferramenta online da Deco Proteste: http://www.deco. proteste.pt/alimentacao/ produtos-alimentares/dicas/ fruta-legumes-epoca-ideal. 2- Na conta certa Privilegie compras avulso. Ao mesmo tempo que escolhe os produtos que irá consumir, evita o uso, por vezes excessivo, de materiais como cartão, plástico ou vidro. Sempre que consumir produtos embalados, faça a separação doméstica e coloque os resíduos nos respectivos ecopontos. 3- Local é bom Opte por produtos de origem nacional: estimula a economia do país e reduz as deslocações necessárias para que cheguem até si. Menos deslocações, menos emissões de CO2. 4- Símbolos eco Procure, nas embalagens, símbolos que comprovam o respeito pelo ambiente e pelas comunidades onde os artigos foram produzidos: rótulo ecológico europeu, agricultura biológica, rainforest alliance, comércio justo, 6- Sempre à mão Tenha consigo um ou mais sacos reutilizáveis. Há vários modelos fáceis de dobrar, que ocupam pouco espaço – até podem ser levados no bolso ou na mala. 7- Além do slogan Na hora de escolher um artigo, veja além do logótipo e do slogan da marca. Informe-se sobre a estratégia ambiental da empresa, quais as práticas adoptadas, os cuidados seguidos em prol do ambiente, etc… 8- Sem emissões Se possível, não use o carro quando for às compras; apanhe um transporte público ou vá a pé. Que tal colocar um cesto na sua bicicleta e pedalar?R 19 | pequenos gestos Casting à reutilização Patrícia Vasconcelos, que profissionalizou os castings em Portugal e fundou uma escola de actores para cinema e televisão, vive a cidadania activa de forma natural. Tão natural, que teve de “puxar pela cabeça” para falar com a RECICLA sobre os seus eco hábitos. Texto Teresa Violante Fotos Filipe Pombo/AFFP “Isto é recente”, diz Patrícia Vasconcelos assim que se senta tence à associação Dariacordar, que através do Movimento na esplanada num jardim perto da sua casa, onde converZero Desperdício evita que alimentos bons para consumo sou com a RECICLA. “Isto” é um rabisco grafitado num bus- acabem no lixo. E gostava de implementar um novo hábito to que ali se encontra. “Sou muito bairrista”, assume. Para nos restaurantes: “A pessoa, quando pede o prato, pergunela, a casa não é apenas da porta para dentro. “Quando ta: ‘Vem com o quê?’”. Então, o acompanhamento de que cheguei aqui dava por mim, ao fim-de-semana, a dobrar não gosta ou que não quer não vem para a mesa. Ao hábito o cartão que as pessoas deixavam ao lado do ecoponto e de levar para casa a comida que sobrou numa refeição fora, a coloca-lo lá dentro”. E se um dos ecopontos estiver sujo o chamado doggy bag, Patrícia rebaptizou de smart people’s “sou capaz de ir lá com uma esfregona limpar”. Com àbag. Sem qualquer pudor recorda a ocasião em que, num -vontade, Patrícia Vasconcelos aborda as pessoas que jantar na Lx Factory, em Lisboa, pediu para sobremesa as deitam lixo para o chão: “Deixou cair o maço de tabaco”. duas trouxas-de-ovos que, intactas, tinham ficado no prato Até agora, só lhe responderam mal uma vez. “Esse tipo de da mesa em frente à sua. “Acho o desperdício criminoso”. reacção não me faz calar. Mas fico E às razões sociais juntam-se as danada”, reconhece. ambientais: a destruição de comida A cidadania faz-se de gestos e é responsável pela emissão de gases “o desperdício atitudes. Só que para a fundadora da com efeitos de estufa. alimentar é escola de actores para cinema e teleQuase como uma fórmula matemácriminoso”, acusa visão Act, em Lisboa, são rotinas tão tica, menos desperdício e mais reutiintrínsecas que é difícil enumerá-las. Patrícia Vasconcelos lização resulta na partilha. De roupa, É como perguntar quantas vezes de livros, de dvd, do jornal do dia… inspira. Como as conversas são como Entre amigas, Patrícia tem por hábito as cerejas, ficámos a saber que Patrícia Vasconcelos reutitrocar a roupa dos filhos, dos mais velhos para os mais liza até à exaustão. “Se me dão um guardanapo num café novos, e não deixa os livros ganhar pó. “Foram escritos com um croquete, não deixo lá esse guardanapo. Tenho ficom amor e vontade de serem lidos. Se ficarem estagnados lhos, tenho um cão, há sempre qualquer coisa para limpar”, numa estante ficam tristes”. Por isso, passa-os de mão em diz. As embalagens de comida take-away, por exemplo, mão. Os livros que já foram dos seus dois filhos mais velhos podem levar o lanche da filha para a escola, e a caixa que estão agora com o seu sobrinho. Há alguns anos deixou acondicionava uma vela serve para guardar pincéis. “Tenho de comprar jornais e revistas, mas lê-os em cafés. Única imensa dificuldade em deitar coisas fora porque acho que excepção: a Elle francesa, da qual é assinante desde os me podem ser úteis. E normalmente são”. 18 anos. Depois de lida, deixa-a na Act, no cabeleireiro, … O que também não deita fora é comida. Aliás, Patrícia perPartilha + reutilização = menos desperdício. R 20 | Em casa de Patrícia Vasconcelos são muitos os objectos que escondem histórias de outros tempos, de móveis antigos a peças que foram reutilizadas e ganharam nova vida 21 | Porta-a-porta Patrícia Vasconcelos consome produtos frescos e da época. “Não é sequer uma preocupação”, afirma. É uma questão de lógica: “Estou a pisar esta terra; como o que ela me dá”. E aderiu, há muito, aos cabazes entregues em casa. Com regularidade encomenda fruta e legumes à Herança Rural (http://herancarural.com/), de produção biológica, enquanto o peixe vem de Sesimbra, através da loja.peixefresco.com.pt. Saúde no prato e no planeta. Filha do realizador António-Pedro Vasconcelos, Patrícia nasceu em Lisboa em 1966. Viveu fora de Portugal de 1976 a 1988. Quando regressou, chegou a dizer ao pai que “adorava vir a tomar conta do lixo na cidade de Lisboa”. Seguiu por outro caminho e estreou-se como directora de casting em 1989. Hoje é a “rainha” dos castings, responsável pela seleccção de actores para filmes nacionais e estrangeiros, programas e séries para a televisão, e filmes publicitários. Convidada, ao longo dos anos, a ensinar técnicas de casting na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa, e na Academia Contemporânea do Espectáculo no Porto, criou no Verão de 2000, com Elsa Valentim, os Act – Workshops Iniciação às Técnicas do Actor para Cinema e Televisão, que deram origem, no ano seguinte, à Act, escola de actores para cinema e teatro. Além da Act, dá também aulas na Escola Superior de Teatro de Cascais. Mas o talento de Patrícia não se esgota aqui. Em 2007 lançou o primeiro disco Se o amor fosse só isso. Os seus dotes musicais podem ser escutados nas Jazz Nights, no Altis Belém Hotel & Spa, em Lisboa (próximas actuações: 24 de Maio e 28 de Junho). Em 2010 realizou o seu primeiro documentário, O meu Raul, sobre a vida de Raul Solnado.R o Maria Vasconcelos Mulher de mil talentos pequenos gestos Zero desperdício Simples e prático: depois utilizar a botija de água quente para se aquecer, Patrícia Vasconcelos reaproveita o precioso líquido para regar as plantas que tem em casa. Armários de memórias Porque os bons momentos são para recordar (e acalentam a alma), Patrícia enche as portas dos armários da cozinha com fotografias. E os abat-jours, prendendo as imagens com molas. Não só decora a casa de forma original, como aproveita ao máximo a utilidade dos objectos, atribuindo-lhe novas finalidades. Prendas de afectos No dia do seu aniversário, os filhos da “rainha dos castings” oferecem-lhe prendas caseiras, a transbordar de amor. Para quê gastar dinheiro a comprar uma lembrança ou desperdiçar materiais? Afinal, o afecto não tem preço e pode ser expresso de mil e uma maneiras. Há vários anos que Thomas, o filho mais velho, escreve-lhe um poema, que Patrícia emoldura e coloca na cozinha, enquanto Laura, a sua filha com 9 anos, faz-lhe um desenho. Mas para o ano também será um poema: já está prometido. 23 | Hugo Silva tornou-se adepto da reciclagem por influência da sua companheira. Aliás, a compra de um ecoponto doméstico foi das primeiras aquisições que fizeram quando foram viver juntos. Entretanto, perderam um dos ecobags, mas improvisaram uma solução, usando o saco verde para colocar os plásticos 24 | tendências eco , o l c i c e r Eu eles reciclam… e você? Há quem diga que não vale a pena, dá muito trabalho, é complicado. A verdade é que os argumentos para não reciclar esgotaram-se. Conheça a história de duas pessoas que não separavam os resíduos e passaram a fazê-lo com gosto e motivação. E, claro, junte-se a eles. Texto Teresa Violante Fotos Filipe Pombo/AFFP Por amor. Foi esse o motivo que levou Hugo Silva, 36 anos, à alteração de hábitos. No entanto, houve um material que a aderir à separação doméstica dos resíduos de embalaHugo Silva sempre separou: vidro. E, muito pontualmente, gens. Há quatro anos, na hora de partilhar casa com a sua na sequência de uma festa ou um encontro, nos quais “se companheira, Hugo, assistente comercial, foi confrontado acumulavam muitos papéis”, lá levava esse resíduo para o com uma decisão unilateral. “Ou reciclamos, ou então…”, ecoponto. “Quotidianamente não era um hábito”, assume. conta, meio a sério, meio a brincar. Pode não ter sido um Sem querer arranjar desculpas, Hugo reflecte sobre esta ultimato, mas a verdade é que ele começou a reciclar por questão: “Também tem a ver com dar o exemplo. Tal como influência (positiva) da sua comos meus pais não deram o exempanheira. “A partilha de casa e plo, o facto de eu não ter outras da vida com uma pessoa que pessoas a quem dar o exemplo A separação fazia reciclagem” foi fundamental, capaz de ter tido influência. Se doméstica de resíduos étivesse reconhece, para a mudança de filhos, certamente seria não só reduz a nossa comportamento. “Comprámos, diferente”, afirma. Mas os papéis pegada ecológica, de imediato, um ecoponto inverteram-se e Hugo Silva não doméstico”, recorda. só recicla como já transmitiu esse como dá origem a “Eu não reciclava. Antes, era hábito aos pais. “Quando comecei novos produtos uma pessoa que não dava a fazer separação dos resíduos muita atenção a este aspecto do recomendei a várias pessoas, comportamento cívico”, admite. incluindo aos meus pais”, conta. Até Motivo? Comodidade; estava bem assim. Mas sabia que lhes comprou um ecoponto e aos poucos conquistou mais podia (e devia) fazer diferente: “Ocorria-me pensar que dois adeptos da reciclagem. podia reciclar. Sabia que estava a ser mal comportado com Com este eco gesto vieram outros, espécie de contágio de o ambiente. Tinha essa consciência”. Na altura não havia acções ecologicamente correctas. Hugo procura reduzir o ecopontos próximo da sua casa, o que também não ajudava consumo de água quando lava a loiça ou os dentes, colocou 25 | tendências eco A maternidade foi o clique que Rosa Markov necessitava para fazer da separação dos resíduos domésticos um hábito diário. Hoje é adepta acérrima deste gesto Bê-á-Bá da reciclagem Três cores, três ecopontos. Saiba onde colocar o quê. É simples. Verde Colocar: Garrafas de vinho, azeite, refrigerantes ou cerveja, boiões de doces e conservas, frascos de perfume e cosmética. Não colocar: pratos, copos, chávenas, jarras, cristal, embalagens de medicamentos, materiais de construção civil, janelas, espelhos, vidraças, lâmpadas. Amarelo Colocar: sacos de plástico, frascos de champô, gel de banho ou detergentes, garrafas de água, sumos ou óleo alimentar, embalagens de iogurte, pacotes de leite, sumo e vinho, latas de bebidas e de conserva, tabuleiros de alumínio, aerossóis, esferovite. Não colocar: baldes, canetas, cd e dvd, rolhas de cortiça, talheres, tachos e panelas, talheres de metal, pilhas e baterias. Azul Colocar: caixas de cartão, sacos de papel, papel de escrita e envelopes, jornais e revistas, caixas de ovos. Não colocar: papel 26 | autocolante, papel plastificado, sacos de cimento, embalagens de produtos químicos, toalhetes, fraldas, lenços de papel, guardanapos ou papel de cozinha sujos, embalagens de cartão com gordura, como caixas de pizzas. Dicas: • Não é preciso retirar a tampa dos frascos e boiões quando os coloca no ecoponto verde. Mas se quiser pode fazê-lo e depositá-la no ecoponto amarelo. • As folhas de papel podem ser colocadas no ecoponto azul com agrafos. O mesmo acontece aos envelopes com janela: não é necessário removê-la. • Pode, se quiser, passar as latas de conserva por água para evitar odores desagrádaveis em casa, enquanto não as leva para o ecoponto amarelo. • Escorra as embalagens e espalme-as para que ocupem menos espaço no seu ecoponto doméstico. • Se o ecoponto estiver cheio, não deixe na rua os resíduos de embalagem que separou. Isso é considerado abandono de lixo na via pública, punível por lei. Se possível, dirija-se a outro ecoponto; caso contrário, leve os resíduos de volta para casa e tente no dia seguinte. Certamente que a recolha será efectuada em breve.R lâmpadas de baixo consumo em casa, usa papel reciclado, recicla os tinteiros da impressora… Comportamentos que vieram para ficar, diz. “Com o hábito vamos percebendo que vale a pena”. O poder da maternidade Também Rosa Markov, coordenadora logística e operadora numa empresa em Lisboa, não era adepta da reciclagem. À medida que o tempo passava, uma questão impunha-se: “Porque é que eu não reciclo?”. Até porque o círculo de amigos que separava os resíduos de embalagens era cada vez maior. “Fui a casa de uma amiga e vi que ela não tinha um caixote do lixo para a reciclagem. Mas isso não invalidava que tivesse um saco para o papel, plástico, vidro e que depois fizesse a divisão correcta no ecoponto. Não era complicado”, recorda.“Percebi que não tinha desculpas para não fazer”, acrescenta. A alteração de comportamento deu-se com duas mudanças fulcrais na sua vida: a saída de casa dos pais e o nascimento da sua filha. “O clique surgiu quando fui mãe pela primeira vez e percebi que a minha contribuição para auxiliar o planeta, o ambiente, através da reciclagem é muito fácil”, reconhece. Decisão tomada em conjunto com o marido. “Ele foi um grande impulsionador. Isto foi conversado e a consciencialização foi dos dois. Assumimos os dois este compromisso”. Hoje, passados uns anos, e com mais dois filhos, Rosa Markov é uma adepta incondicional da reciclagem. Tanto que levou esta eco prática para o seio da empresa onde trabalha. “Quando vim para cá ainda era tudo colocado no mesmo sítio. Houve, da minha parte, educação no local de trabalho das pessoas que dividiam este espaço comigo”, conta. Dos resíduos aí produzidos, 80% é papel e 20% plástico. “É lixo praticamente limpo”, sublinha. Apesar da idade mais avançada dos colegas, que não tinham este hábito em casa, a reciclagem passou a fazer-se sem “que fosse um incómodo ou algo mais trabalhoso”. Os ecopontos encontramse à porta da loja e as embalagens de Sem desculpas Para acabar com ideias feitas, a RECICLA desconstrói alguns dos argumentos mais invocados por quem não recicla. Não há mesmo desculpa: é hora de passar à acção. 1- Gostava de reciclar, mas não tenho ecoponto. E não precisa. Claro que dá jeito, e há muitas opções no mercado, mas não é imprescindível. Pode improvisar o seu ecoponto: transforme t-sirts velhas em sacos, dê nova vida às caixas da fruta, reutilize uma caixa de cartão, sacos de plástico… 2- A minha cozinha é pequena, não tenho espaço para separar os resíduos de embalagens. A boa notícia? Qualquer recanto, por mais pequeno que seja, é suficiente, basta que não deixe amontoar muitas embalagens. Leve-as para o ecoponto à medida que as inutiliza. 3- Não tenho ecoponto perto de casa. A rede de ecopontos em Portugal é vasta. Segundo a primeira avaliação efectuada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos, divulgada em Abril, existem cerca de 40 mil ecopontos no país (três vezes mais ecopontos do que caixas multibanco). Pode não ter um mesmo à porta de casa, mas não deverá estar longe. 4- Acho que separar os resíduos é uma perda de tempo. Aquando da recolha, é tudo misturado. Isso não é verdade. Se vir um único camião a recolher os materiais depositados nos ecopontos, não pense que são todos amontoados no interior do veículo. Nesses casos trata-se de camiões bicompartimentados; os resíduos são colocados em cubas diferentes. A Sociedade Ponto Verde paga aos municípios pelos resíduos de embalagens que recolhem, são triados e encaminhados para reciclagem. Daria mais trabalho, e seria mais dispendioso, misturar tudo o que foi separado pelos cidadãos e efectuar nova triagem. 5- Reciclar ou não, não faz diferença: sou apenas um… Nunca se esqueça que a união faz a força e que grandes mudanças resultam de muitas micro acções. Todos os anos a SPV encaminha milhares de toneladas de embalagens para reciclagem fruto de pequenas participações de milhares de cidadãos. Para ter uma ideia, hoje cerca de 70% dos lares portugueses fazem separação das embalagens.R cartão mais volumosas são reunidas no armazém e entregues directamente na autarquia. É uma prática instalada. “Já nem consigo admitir outra coisa”, confessa a coordenadora logística. De não ‘recicladora’, Rosa Markov passou a defensora acérrima deste eco hábito. Tanto que lhe perturba ir de férias para a aldeia dos pais, na zona da Lousã, e não ter ecopontos para fazer a separação diferenciada dos resíduos. Ou ir até à Bulgária, terra natal do marido, e não ter como reciclar. “Sinto-me mal quando coloco um papel, um plástico no mesmo sítio, misturados com o lixo”, assume. Os filhos também já têm essa preocupação, adoptando este hábito de forma natural. “É minha pretensão criar três seres humanos que consigam avançar com esta rotina”. Estão no bom caminho.R 27 | 28 | Foto Pedro Azevedo Para dar resposta a uma necessidade pessoal, Luís de Matos criou o wi-GO, carrinho de compras que, em vez de ser empurrado, segue a pessoa que o utiliza eco-empreendedores Autonomia sobre rodas Tirar produtos da prateleira do supermercado e colocá-los no carrinho é um gesto rotineiro, mas pode ser missão impossível para quem está numa cadeira de rodas. Luís de Matos inventou uma solução, o wi-Go, inovação inclusiva que torna a vida de todos mais fácil. Texto Teresa Violante Fotos Cedidas (excepto onde indicado) Mais do que o fim de uma fase, a tese de licenciatura de Luís de Matos marcou o início de uma aventura que iria mudar a sua vida. Foi para essa derradeira prova académica, na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, onde estudava engenharia informática, que teve uma ideia revolucionária: criar um carrinho de compras que, em vez de ser empurrado, seguisse quem dele precisa. Inicialmente desenhado a pensar nas pessoas com mobilidade reduzida, em cadeira de rodas, o wi-GO revelou-se uma solução útil também para idosos e grávidas, com aplicação quer nos momentos de lazer e recreativos, quer a nível profissional. Afinal, trata-se de “utilizar a tecnologia para facilitar a vida das pessoas”, sublinha Luís de Matos, 26 anos. Aliás, essa era uma vontade do jovem engenheiro, que acalentava há muito o sonho de “conciliar a área da saúde com as novas tecnologias”. E “embora o wi-GO não esteja directamente relacionado com a área da saúde, acaba por influenciar positivamente a mobilidade das pessoas”, afirma. Como? Ao facilitar o transporte e a deslocação de bens, de artigos das prateleiras do supermercado a documentos ou peças de roupa. “O wi-GO é, basicamente, um sistema inteligente que foi feito para servir as pessoas com mobilidade reduzida. E não só. Tem o design de um carrinho de compras, mas é muito mais do que isso. Acima de tudo, é um transportador”, explica o mentor desta solução. Supermercados, centros 29 | eco-empreendedores desenhado para pessoas com mobilidade reduzida, o wi-go revelou-se uma solução inclusiva, com aplicações em vários ambientes. do supermercado ao aeroporto, é útil também para idosos e grávidas. Porque, acima de tudo, o wi-go é um transportador que facilita o dia-a-dia das pessoas 30 | comerciais, aeroportos, a própria residência ou local de trabalho são alguns dos muitos espaços onde pode ser utilizado. “É um sistema que auxilia as pessoas a transportar os seus objectos”, resume. Uma pessoa que trabalhe no sector industrial pode usar o wi-GO para transportar objectos de um lado para o outro, ou num hipermercado quando repõe o stock das prateleiras – em vez de empurrar um empilhador, pode o empilhador seguir o funcionário. “Em termos tecnológicos é exactamente a mesma coisa, só muda a carcaça física”, diz o inventor do wi-GO, que entretanto criou a empresa IS2you – Intelligent Systems, spin-off da UBI. Aceno tecnológico Facilitador de rotinas do dia-a-dia, o wi-GO é também simples de usar. “A pessoa tem apenas de se colocar em frente ao wi-GO, fazer um gesto, um ‘olá’ para ele identificar, e está pronto a seguir essa pessoa em detrimento das outras”, descreve Luís de Matos. Feito o reconhecimento, o utilizador coloca no seu interior os objectos ou produtos que pretende transportar. Por exemplo, se estiver no hipermercado, pode percorrer os vários corredores e selecionar os artigos que pretende, e o wi-GO irá segui-lo. No final, “tal como deixamos um carrinho de compras, deixamos o wi-GO na sua base. E está pronto a ser usado por outras pessoas”. Esta solução tecnológica é composta por motores, baterias e diversos sensores, entre os quais sobressai o sensor Kinect, câmara de profundidade 3D “que analisa o meio envolvente e identifica em específico a pessoa que vai seguir”. Da ideia, quando terminava a licenciatura, aos dias de hoje, com o equipamento em fase final de prototipagem, prestes a ser testado pelos utilizadores, o wi-GO sofreu vários ajustes e melhoramentos. “Não tem nada a ver”, afirma o jovem engenheiro. “Quando comecei a desenhá-lo a pessoa ainda era obrigada a ter um sensor na roupa. Depois, evoluí para o sensor Kinect e vi que podia ser aplicado no wi-GO. Permitia que a pessoa fosse reconhecida sem outro sensor colocado nela própria, ou sem uma roupa especial. Isso foi uma evolução”, reconhece. Para o desenvolvimento do wi-GO tem sido fundamental a conquista de prémios que distinguem – e apoiam – projectos inovadores. A começar pelo WinUBI - Concurso de ideias da UBI, quando a invenção de Luís de Matos ainda não saíra do papel. Graças a esta conquista foi possível construir o primeiro protótipo. “Depois fomos ganhando outros prémios e começámos a evoluir no conceito estético, na autonomia da bateria…”, recorda. Porque o mérito das boas ideias não conhece fronteiras, não faltam distinções e reconhecimentos também a nível internacional. No ano passado, a equipa do wi-GO conquistou o terceiro lugar na categoria “software design” na final mundial da Imagine Cup, competição de tecnologia promovida pela Microsoft para estudantes do ensino superior. Em Sidney, num total Solução global Também a utilidade do wi-GO ultrapassa fronteiras. “Pode ser aplicado em qualquer parte do mundo. Realmente, não existe nenhuma solução sequer parecida”, afirma o seu inventor. No entanto, de início “não tinha noção da potencialidade do projecto”, nem naquilo que viria a tornar-se. Hoje, 15 pessoas dedicam-se a tempo inteiro a esta solução, jovens sub 30, oriundos da zona centro do país, com formação em áreas tão variadas e complementares como engenharia informática e electrotécnica, gestão, economia e marketing. “Uma equipa multifacetada e nas áreas que nos permitem finalizar o produto”, apresenta Luís de Matos. Entusiasmados com o wi-GO, trabalham de corpo e alma para um projecto que ainda não é rentável. “Nenhum membro da equipa recebe salário. Um esforço pessoal em nome de um projecto no qual acreditam. Contudo, “só com a nossa boa vontade não conseguimos. Precisamos de um mínimo de dinheiro para converter isto em produtividade”, admite o mentor do wi-GO. Para tal, estão a ultimar o apoio de um investidor através da Business Angels, angariadora de capitais de risco que facilitem o financiamento a start-ups, ponto de encontro entre empreendedores que procuram capital e investidores que procuram oportunidades de investimento. “Queremos ter o produto completamente pronto até ao final do ano, capaz de escalar para todo o mundo, e avançar com a internacionalização ainda este ano”, revela Luís de Matos. A curto prazo pretendem “ter um wi-GO nalguns centros comerciais do país para testá-los e ver a receptividade das pessoas, como é que o material se comporta, …”. Feitas as últimas afinações, o jovem engenheiro espera terminar o ano com um wi-GO em cada centro comercial do país e ter uma marca internacional interessada nesta solução tecnológica. “Seria uma vitória para nós”, confessa. A par do wi-GO, a IS2you dedica-se a outras áreas, como o desenvolvimento da publicidade interactiva, que também assenta na utilização do sensor Kinect. E está em curso um projecto na área da saúde, ligado à fisioterapia, mas sobre a qual Luís não avança pormenores. Uma coisa é certa: promete.R Num hipermercado o wi-GO é um carrinho de compras inteligente. Graças ao sensor Kinect, o aparelho identifica a pessoa que deve seguir em detrimento das outras: basta fazer um gesto para que identifique o utilizador, acompanhando-o ao longo do seu trajecto. No final, deve ser colocado na base, tal como fazemos com os carrinhos convencionais. Infografia Recicla de 72 equipas, o grupo liderado por Luís de Matos obteve a melhor classificação de sempre para Portugal. “Foi, sem dúvida, o prémio que me deu mais gozo ganhar”, assume. “Estamos a utilizar tecnologia da Microsoft e ganhar um prémio promovido pela própria Microsoft que é, digamos, a mãe da nossa tecnologia, é sempre um reconhecimento. E depois dá mais prazer quando ganhamos a nível internacional a países que investem muito dinheiro nos projectos que levam a concurso”. Com o mérito e a divulgação internacional – preciosos para um projecto que quer chegar a todo o mundo – veio também um prémio monetário no valor de 5.000 dólares. 31 | atitude ELIXIR DA PRODUTIVIDADE A felicidade tornou-se vantagem competitiva, por isso há cada vez mais empresas a apostar na saúde e bem-estar dos seus quadros. Em recursos humanos, pensar fora da caixa é não ter medo de presentear os colaboradores com tudo o que merecem. Texto Teresa Ribeiro Fotos Filipe Pombo/AFFP Nem tudo são más notícias. Se é verdade que a crise relaxamento e alimentação saudável. Na fase das marmitas desumanizou o mercado, instigando à competição desentornou-se mais fácil educar as pessoas em termos alifreada, por outro lado expôs o papel dos activos humanos mentares, por isso também vimos nesta circunstância uma no sucesso das empresas. Na busca de receitas inovadoras oportunidade para intervir na área do wellness empresarial para aumentar a produtividade, os empresários descobride forma mais integrada”. ram que há mais vida além do trabalho, e que a motivação Filipa Amaral, vice-presidente de marketing do Clube TAP, e o bem-estar dos seus colaboradores têm maior impacto centro cultural e recreativo da companhia aérea, levou a nos resultados das organizações do que horários pesados e Get Zen à empresa e gostou. “Montaram um gabinete de altos níveis salariais. Aos poucos esta massagem com música ambiente, luz convicção consolida-se através das de velas, aromas, e fizeram sessões notícias que chegam a público sobre individuais com cada um de nós. nem só do as empresas que apostam nessa via Nunca tínhamos experimentado nada salário depende e conseguem não só aumentar a semelhante na TAP, mas a adesão a motivação facturação, como passar uma imagem foi total e no fim todos disseram que de excelência para o mercado. É toda queriam repetir”, conta. Depois de no trabalho uma cultura empresarial que está a passar pela marquesa Filipa sentiumudar, com vantagens para todos: -se revigorada: “Num local stressante empresários, colaboradores e até empreendedores, que como um aeroporto, é essencial ter momentos de desconvêem nas novas políticas de gestão de recursos humanos tracção cujos efeitos se repercutam por muitas horas. Uma uma oportunidade. pausa para um café não chega”. Foi o caso de Pedro Costa, que percebeu haver espaço no Feng shui, shiatsu, musicoterapia, terapia do riso e camimercado para um projecto de saúde e bem-estar diriginhadas nórdicas são algumas das actividades que a Get do às empresas. Chamou-lhe Get Zen e diz que mais do Zen propõe às empresas conforme as suas necessidades. que um produto promove “um conceito e uma filosofia de Mas verdadeiramente exclusiva é a oferta de um tipo de vida”. “Trabalhamos a saúde através de exercícios físicos, ginástica que a marca concebeu com bolas de pilates, a que massagens e fisioterapia, mas também de programas de chama Zen Ball. “O conceito está a ser desenvolvido em 32 | Filipa Amaral, vice-presidente de marketing do Clube TAP, contratou os serviços da Get Zen, responsável por levar a saúde e o bem-estar para dentro das empresas. O balanço é muito positivo: “A adesão foi total e no final todos disseram que queriam repetir”. 33 | atitude termos científicos por colaboradores nossos com formação em fisioterapia. É inovador porque associa a ginástica a exercícios de fisioterapia”, explica Pedro Costa. A completar o primeiro ano de actividade, a Get Zen está a abrir caminho no mercado: “Quando as empresas percebem que levar saúde e bem-estar para o seu seio aumenta a produtividade e diminui os custos relacionados com baixas e seguros de saúde, passam a encarar os serviços que oferecemos como um investimento com retorno garantido e não uma despesa”. Pausa para ginástica No parque industrial da Autoeuropa decorre uma aula de ginástica com operários fabris. A sessão realiza-se dentro do horário de trabalho e nas próprias instalações da fábrica, a poucos metros das linhas de montagem de componentes para automóvel, onde labora o grupo que começa a fazer os exercícios de aquecimento. Durante cerca de 15 minutos fazem alongamentos, jogos de coordenação de movimentos, mas também trocam piadas. O momento é desfrutado com evidente prazer. Iniciaram esta experiência há dois anos, ao ritmo de duas vezes por semana. Paula Cabrita, uma das beneficiárias, diz que este programa lhe caiu do céu: “A ginástica tem sido muito importante para mim, porque como passo o dia a lixar peças à mão, canso muito os braços. Antes tinha sempre muitas dores, sobretudo nos ombros, agora ando muito melhor”. Também Mafalda Ângelo, outro elemento do grupo, já não passa sem a sua ginástica. “Devia ser todos os dias”, desabafa com um sorriso. Porque não é só ao corpo que lhe faz bem: “Saio daqui sempre muito menos stressada”, admite. Não fosse a iniciativa da Workwell, empresa que leva este programa à Autoeuropa, e Paula e Mafalda provavelmente não saberiam até que ponto ter ou não ter ginástica no local de trabalho faz a diferença. Desde 2008 que é precisamente esse o discurso que João Sousa, manager 34 | da Workwell, faz aos empresários e directores de recursos humanos que contacta. E a verdade é que as virtudes do exercício físico são já tão reconhecidas que não lhe tem sido difícil sensibilizar os potenciais clientes para as vantagens do serviço que oferece, apesar da crise. “Temos um crescimento sustentado, com empresas a aderir de norte a sul. Ao fim de três meses os benefícios da ginástica começam a notar-se, de modo que muitas renovam os contratos connosco. De facto, todos ficamos a ganhar com este tipo de serviço”. Só o salário não chega Antes não se faziam rankings das melhores empresas para se trabalhar; hoje são várias as entidades que se ocupam desse escrutínio e cada vez mais as empresas a candidatar-se a essa distinção. Raquel Rebelo, organizadora da Expo RH, encontro anual dirigido a todos os profissionais que actuam na área de recursos humanos, testemunha a evolução que o mercado Porque há vida para além do trabalho, cada vez mais as empresas valorizam componentes extra salariais na hora de estimular a produtividade. apostar no bem-estar e saúde dos colaboradores começa a ganhar adeptos registou desde que lançou o evento, há 12 anos. “Em 2001 não havia a mesma preocupação com a qualidade de gestão das equipas. Hoje sabe-se que a motivação pelo aumento salarial é temporária e que o bem-estar é decisivo para levar os colaboradores a vestir a camisola”. A Expo RH, que na primeira edição atraiu 550 pessoas, reuniu este ano, nos dias 13 e 14 de Março no Centro de Congressos do Estoril, 3.200, número considerável visto ser uma iniciativa para um nicho de mercado. Entre as atracções da feira não faltou a apresentação de empresas fornecedoras de programas de wellness empresarial, oferta que, segundo Raquel Rebelo, começou a ter expressão no mercado há pouco mais de três anos. Kula foi uma das vedetas desta edição da feira. Com percurso ligado à música, este português de origem cabo-verdiana empenhou-se em descobrir a fórmula que lhe permitisse viver das sonoridades. Foi assim que lançou a Ritmundo, empresa que trabalha sobretudo na área do team building. “Improvisamos situações que envolvem o corpo como instrumento do ritmo, do movimento e do canto”, descreve. Na prática, Kula, músico que também foi performer, põe grupos a tocar instrumentos de percussão, a fazer vocalizações e a dançar ao ritmo dos sons que se vão improvisando, mas de acordo com uma harmonia que exige trabalho de grupo. “É uma técnica que trabalha a coordenação e comunicação entre pares. Algo que nos transporta para os ritos tribais em que me inspirei para criar exercícios de team building”, resume. A apresentação foi um êxito. Encheu um auditório com capacidade para 500 pessoas e nos dias seguintes o telefone da Ritmundo, garante Kula, não parou de tocar. Procurar sentido no trabalho seria algo impensável há uma geração atrás. Agora que os efeitos do ritmo desenfreado já se conhecem, está na hora de contratar a felicidade para gestora de projectos. As ferramentas já andam por aí.R Na Autoeuropa há tempo, em horário laboral, para a prática de exercícios de ginástica. Um serviço oferecido pela Workwell, com claros benefícios para a saúde dos operários fabris 35 | lazer sustentável Vamos ao mercado! De norte a sul multiplicam-se as feiras e mercados de produtos biológicos, artesanato urbano, venda e troca de artigos em segunda mão. Parta à descoberta de alguns dos eventos que se realizam regularmente em vários pontos do país. Texto Teresa Violante Ao domingo é certo e sabido: Luís Martins participa no Lx Market, em Lisboa. É aí que apresenta as suas criações feitas com caixas de madeira para vinhos, projecto a que deu o nome de Art’encaixa. “Faço desta feira a minha montra onde exponho e explico o meu trabalho, e dou a cara pelo mesmo”. Situado na Lx Factory, um dos locais mais trendy da cidade, o Lx Market é ponto de encontro de pessoas que apreciam produtos caseiros, objectos originais feitos à mão, peças vintage e artigos que valorizam a reutilização e reciclagem de materiais. Presença assídua desde o início deste evento domingueiro, Luís Martins faz um “balanço altamente positivo” desta experiência. Aliás, é na feira que vende grande parte do seu trabalho: “Pode ser 36 | adquirido pela net ou no meu ateliê, mas a esmagadora maioria é adquirido na feira. Ver e tocar as caixas faz toda a diferença”, reconhece. Aquilo que começou como uma preocupação pessoal – “Sempre achei que as caixas de madeira que transportavam vinho tinham um triste destino ao serem utilizadas como lenha, caixas para graxa…” – é hoje uma solução original muito apreciada. “A recptividade tem sido muito boa, bem acima das minhas expectativas. Não fosse as feiras e a crise e penso que não teria mercados estreitam muito tempo para responder a as relações dos todos os pedidos”. Luís Martins usa as caixas como se fossem produtores e telas, de acordo com dois princíartesãos com os pios: “Não trabalhar o exterior da consumidores caixa, respeitando a sua memória, e não utilizar fotocópias ou prints, só originais, que podem ser do século XVIII, ou mais recentes”, para decorá-la. Também Susana Soares, designer e criadora da marca Sushie, participa regularmente em feiras e mercados onde mostra as suas malas, pochetes, lenços em “tubo”. Mas cada vez é mais exigente. “Houve uma altura em que chegava a participar em três feiras por mês, até que deixou de fazer sentido”. Porque trabalhava apenas para produzir stock para o próximo evento, explica. Com boas vendas online (Facebook e blog), Susana opta por “fazer uma ou duas feiras por mês, no máximo, mas escolhendo sempre as melhores”. As vantagens de participar nestes encontros são várias, e não apenas económicas. “O carinho das clientes ao vivo é inexplicável”, orgulha-se. Com público interessado e sempre receptivo às novas criações, Susana vê a actual tendência de valorizar o trabalho manual e a reutilização de materiais como algo simultaneamente positivo e negativo. “Há uma série de projectos a nascer com materiais usados por causa da crise. As pessoas ficam sem emprego ou numa situação instável e sentem necessidade de fazer algo por elas próprias. Com a crise económica chegou também uma crise de valores e nem tudo o que é novo é bom. Há centenas de coisas copiadas e vendidas em “feirinhas”. A moda do feito à mão vale nada se a pessoa estiver a roubar o trabalho de alguém”, lamenta. Príncipe Real”, recorda Nelson Silva, director do departamento técnico da Agrobio. Hoje estes mercados decorrem em várias cidades, como Amadora, Oeiras, Setúbal e Aveiro, sempre com o apoio das autarquias. E com benefícios para produtores e consumidores: para os primeiros, “estarem agregados à associação mais antiga que promove e defende a agricultura biológica”; para os segundos, a garantia de que os produtos vendidos são alvo de controlo através de análises de rotina, além de se encontrarem certificados, aponta Nelson Silva. Para comprar produtos frescos, há também uma alternativa às bancas dos mercados: os cabazes. Desde 2006 que a iniciativa Prove fomenta a criação de núcleos de pequenos agricultores. “Todas as semanas reúnem as suas produções e preparam cabazes de hortofrutícolas da época produzidas localmente com técnicas amigas do ambiente, que entregam directamente ao consumidor final”, apresenta José Diogo, técnico da ADREPES (Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal), responsável pelo Prove. Hoje existem 53 núcleos Prove, com 80 locais de entrega, envolvendo 120 agricultores e respectivas famílias. E cerca de 2.500 pessoas adquirem os cabazes com regularidade (semanal ou quinzenal). Um caso de sucesso que “contribui para a competitividade da pequena agricultura que utiliza técnicas tradicionais respeitadoras do ambiente, a criação de emprego e crescimento da económica local”, defende José Diogo. Escolhas com eco consciência, alternativas às grandes superfícies.R Cabazes bio Nem só de moda ou decoração vivem as feiras e mercados, também muito procurados para comprar frutas e legumes biológicos. A Agrobio, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, dinamiza desde 2003 pontos de venda de produtos de qualidade, cultivados segundo princípios que respeitam a natureza. “O primeiro surgiu no Jardim de S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, e depois passou para o 37 | Feiras há muitas A RECICLA apresenta mercados e feiras que se realizam um pouco por todo o país. Não é um roteiro exaustivo, mas um ponto de partida para descobrir eventos próximos de si. Mercado Biológico de Óbidos Bem no coração da vila, o Mercado Biológico de Óbidos é uma montra de sabores, cores e aromas. Há um pouco de tudo: hortícolas verdes, fruta, aromáticas, vinho, licores, azeite, vinagres, bolachas, bombons, doçaria e salgados caseiros…. Realizado há seis anos, esta iniciativa da Green Services Lda. e COOPSTECO (Cooperativa dos serviços Técnicos e Conhecimento, CRL), com apoio da câmara municipal, decorre às 6.ª-feiras, Sábados e Domingos, das 10:00 às 19:30 (horário de Verão), na Rua Direita, n.º28. O mercado acompanha ainda as festividades de Óbidos (Vila Natal, Festival de Chocolate, Mercado Medieval…), prolongando-se durante os dias dos eventos. Mercado Biológico de Tomar Um sábado por mês, das 10:00 às 14:00, a principal artéria do centro histórico da cidade dos Templários, Rua Serpa Pinto, acolhe o mercado biológico. Há um pouco de tudo, de hortaliças a vinhos, de frutas a doces. Todos os produtos respeitam os princípios da agricultura biológica. Esta iniciativa surgiu em Fevereiro do ano passado, com duplo objectivo: animar o centro histórico de Tomar e fomentar hábitos de alimentação saudável. Próxima data: 29 de Junho. Feira de Agricultura Biológica, Santarém Quinzenalmente, o Jardim da Liberdade, em Santarém, transforma-se numa montra de produtos biológicos. No âmbito do Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Biológica, as Escolas Superiores de Educação e Agrária de Santarém, com apoio da autarquia, organizam este encontro de frutas e hortícolas, entre outros. Das 10:00 às 14:00, todas as segundas e quartas 4.ª-feiras do mês. Zimbr’Arte – Feira de Artes e Artesanato, Sesimbra Conhecida pelo areal dourado, mar tranquilo e boa gastronomia, a vila de Sesimbra realiza desde 2004 a Zimbr’Arte, Feira de Artes e Artesanato. De Junho a Setembro, habitantes, turistas e visitantes são convidados a descobrir as criações de mais de 30 artesãos, autores de peças de bijutaria, peças decorativas, pinturas… Com habilidade e imaginação dão nova vida a materiais tão diferentes como conchas, estanho, cortiça, madeira. Na Fortaleza de Santiago, das 10:00 às 23:00, no segundo e quarto domingo do mês. 38 | lazer sustentável Mercados Agrobio O primeiro surgiu em 2003 e desde então multiplicaram-se os pontos de venda com selo Agrobio, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica. Em breve, também Almada terá um mercado Agrobio e a médio prazo será a vez de Portimão. Mas os locais com mercados Agrobio são já muitos: Algés Jardim de Algés, Sábado, das 9.00 às 14:00 Amadora Cascais Parque Marechal Carmona, Sábado, das 9:00 às 14:00 Lisboa Jardim do Campo Pequeno, Sábado, das 9:00 às 14:00 Loures Praça da Liberdade, Sábado, das 9:00 às 14:00 Jardim Delfim Guimarães (junto à Estação CP), 4.ª-feira, das 14:00 às 20:00 (horário de Verão); das 14:00 às 18:00 (horário de Inverno) Oeiras Aveiro Setúbal Mercado Manuel Firmino, Sábado, das 9:00 às 14:00 Carcavelos Quinta da Alagoa, Sábado, das 9:00 às 14:00 O Berdinho – Mercado Rural, Porto Dez bancas a preceito decoram de 15 em 15 dias, das 12:00 às 18:00, o pátio do Centro Comercial Bombarda, na Rua Miguel Bombarda, na Invicta. São um regalo para os sentidos. Legumes frescos, plantas medicinais e ervas aromáticas, sal e azeite, queijos e enchidos, pasta fresca, chutneys, pestos variados, pão, broa… Os vendedores vão rodando de edição para edição, mas mantém-se a qualidade e a diversidade da oferta. O Berdinho surgiu pela primeira vez em Outubro do ano passado, no Passeio das Virtudes, fruto de um dos projectos desenvolvidos pela SPOT, que se apresenta como “sociedade promotora e produtora de ideias, eventos e iniciativas culturais, no âmbito da realidade cultural urbana ou contemporânea”. A boa adesão dos vendedores e dos compradores leva a organização a ponderar a hipótese de tornar o mercado semanal. Próximas datas: 1, 15 e 29 de Junho. Jardim de Oeiras, Sábado, das 9:00 às 14:00 Jardim do Quebedo, 5.ª-feira, das 14:00 às 20:00 (horário de Verão); das 14:00 às 18:00 (horário de Inverno) aninam a Rua Direita, Praça da República e Rua Nascimento Leitão na cidade dos moliceiros. A iniciativa partiu da Associação Comercial de Aveiro – núcleo de Indústria criativa, em parceria com a autarquia e Junta de Freguesia da Glória. Próximas datas: 8 de Junho, 13 de Julho, 10 e 24 de Agosto e 14 de Setembro, das 9:30 às 19:00 (no horário de Inverno, de Outubro a Fevereiro, realiza-se das 10:00 às 17:00). Braga Urban Market Com o mote “uma feira de primeira, em segunda (mão)”, o BUM – Braga Urban Market apresenta-se como mercado de compra, venda e troca de artigos em segunda mão. Organizado por duas jovens bracarenses que pretendem dinamizar a cidade, realiza-se ao segundo sábado de cada mês no Largo Carlos Amarante, das 10:00 às 18:00 (se as condições atmosféricas não o permitirem decorre nos claustros da Rua do Castelo). Feira Criativa – Artesanato Urbano, Aveiro Exposição e venda de artesanato urbano, tradicional e gastronómico, e artes plásticas (pintura e escultura) 39 | lazer sustentável Lx Market, Lisboa Todos os domingos, das 11:00 às 18:00, a Lx Factory ganha ainda mais vida. Roupa em segunda mão, roupa nova e acessórios de moda, artigos vintage, decoração, antiguidades, cerâmicas, livros, ilustrações, quadros e produtos artesanais feitos pelos vendedores atraem gente dos vários cantos da cidade (e não só). Há ainda momentos de animação neste mercado que tem como slogan “segunda mão de primeira”. Mercado Quebra Costas, Coimbra O nome advém da rua onde se realiza: Quebra Costas, na cidade dos estudantes. Mas as actividades estendem-se ao Pátio do Castilho e Sala Arte à Parte, na Rua Fonseca Tomás, n.29. Porque o mercado Quebra Costas é mais do que um encontro de venda de produtos de artesanato urbano, livros, discos e vinis, venda e prova de iguarias gastronómicas. É também um evento com propostas culturais e artísticas, que entende “o espaço urbano como um espaço para o diálogo permanente, aberto à experimentação artística e à participação de todos”, lê-se na página de Facebook deste evento. Todos os segundos sábados de cada mês. Feira de Artesanato Português, Lisboa A beleza da portugalidade, expressa em peças de artesanato nacional, genuíno e de autor, assim é a Feira de Artesanato Português. Decorre na Praça do Campo Pequeno, na capital, todos os sábados, das 10:00 às 19:00. Preservar, fomentar e divulgar ofícios portugueses – alguns ameaçados de extinção; estimular e promover novos conceitos e tendências no artesanato contemporâneo, e criar um local de referência turística, são os principais objectivos deste encontro. Urban Market, Porto Sem data fixa, o Urban Market é um festival de três dias ou uma edição especial de um dia que procura promover artistas e criadores portugueses de áreas como ilustração, joalharia, design de moda, design de produto, arts&crafts e food design, valorizando também o património e espaços da cidade do Porto. Conceito da Portugal Lovers, inclui ainda concertos, promovendo bandas nacionais, lançamento de espaços novos no centro histórico da Invicta, passatempos, activações de marca, exibição de documentários, provas de vinhos, entre outras. Mais informações: www.facebook.com/portugalovers.R sustenta bilidade é... Ilustração Pedro Salvador Mendes Cuidados eco Vida selvagem na sua mão Dias 1 e 2 de Junho o Jardim Zoológico de Lisboa organiza o workshop Iniciação de Fieldsketching da Vida Selvagem. Pedro Salvador Mendes partilha com os participantes conhecimentos de ilustração científica e de desenho de campo, técnicas de desenho e de cor. Teórico-prático, o workshop inclui um safari pelo Zoo com o objectivo de desenhar de forma solta, recolher dados, tomar notas e fazer apontamentos de cor, e termina com a produção de uma peça acabada segundo a técnica escolhida. Mais informações: www. zoo.pt/educacao_formacao.aspx. R Biológicos, com certificação da Soil Association, e com selo Leaping Bunny, garantia de que não são testados em animais, os detergentes Greenscents são bons para a casa e para o planeta. Sem recurso a fragâncias artificiais, produtos químicos ou corantes, são perfumados com óleos essenciais biológicos. É só escolher o aroma que mais lhe agrada: cítrico, herbal, lavanda, menta, ou sem perfume. A gama de produtos é variada e inclui diversas soluções de limpeza, de amaciador a detergente para a roupa, limpa móveis, multiusos, detergente para o chão… Disponível em Portugal através da Pronatural (www.pronatural.com.pt). R Santarém em flor Pela primeira vez a Lusoflora, maior exposição nacional de plantas ornamentais e flor de corte, que decorre em Santarém há 26 anos, tem uma edição de Verão. Integrada nas celebrações da 50.ª edição da Feira Nacional da Agricultura, também em Santarém, o evento contará com a mostra e venda de plantas e flores, a presença dos fornecedores e a realização de colóquios, seminários e workshops. De 8 a 16 de Junho, no Cnema (Centro Nacional de Exposições).R De jangada pelo Douro A OPE (Organização Promoção dos Ecoclubes) e os Ecoclubes de Portugal realizam uma descida de jangadas pelo rio Douro no fim-de-semana de 29 e 30 de Junho. A concentração e saída decorre no dia 29, às 9:00, no Areinho de Crestuma, e a chegada ao Areinho de Avintes está prevista para as 14:00, seguindo-se acções de sensibilização. A aventura prossegue no dia seguinte e termina às 11h, com as jangadas a atracar no Cais de Gaia. O desafio está lançado e o apoio ao ambiente pode ser feito na água, em jangada, ou em terra, nas margens do rio. O importante é participar nesta acção, a VII Manifestação Ambiental da OPE e Ecoclubles de Portugal, que assinala o Ano Internacional de Cooperação pela Água. As inscrições decorrem até 22 de Junho. R Mais informações: http://opeportugal.wix.com/ecoclubes_pt#!projetos. 42 | UMA MARCA AZUL POR NATUREZA MAS VERDE NA SUA ESSÊNCIA Sabia que as embalagens de Água de Luso reduziram, no período entre 2006 e 2012, 2.500 toneladas de plástico? Esta redução de 27% no peso das nossas garrafas, tem um impacto positivo no nosso meio ambiente. Obrigado pela sua confiança. GERACÕES SAUDAVEIS