Montreal 1976 UEF

Transcrição

Montreal 1976 UEF
XXI JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA: MONTREAL 1976
Principais dados:
Nações Participantes
88
Atletas
7356
Eventos
198 em 21 esportes
Cerimônia de Abertura
17 de julho
Cerimônia de Encerramento 1 de agosto
Abertura oficial
Rainha Elizabeth II
Juramento do Atleta
Pierre St. Jean
Entrada da Tocha Olímpica
Stéphane Préfontaine
Sandra Henderson
Local
Estádio Olímpico
Os Jogos de Montreal enfrentaram alguns problemas políticos e se constituíram num
desastre financeiro, pois de uma estimativa inicial de custo de US$ 310 milhões, as
despesas atingiram US$ 1,5 bilhão, acarretando o descontentamento da população
canadense e levando o Canadá a passar décadas até conseguir quitar os débitos
contraídos para a organização do evento. Seu ousado e caríssimo estádio olímpico
permanece hoje como um monumento estático do enorme prejuízo financeiro causado
pelos altos custos da organização nos mais caros Jogos já realizados. No campo
esportivo, mais uma grande decepção. Pela primeira e única vez na história, o país
anfitrião terminaria a competição sem conseguir conquistar uma única medalha de
ouro.
O Estádio Olímpico (francês: Le Stade Olympique).
O prejuízo financeiro marcou os Jogos de Montreal
Depois do ocorrido em Munique com a delegação israelense, os canadenses tiveram
que reforçar muito o esquema de segurança com a contratação adicional de policiais,
helicópteros, segurança nos aeroportos, detector de metais em vários locais, cercas
na vila olímpica, enfim, só em segurança o gasto foi superior a US$ 100 milhões.
Dois problemas políticos afetaram os Jogos. O mais simples foi com Taiwan, que
queria ser tratada como República da China e não aceitou desfilar como Taiwan,
retirando-se dos Jogos. O mais difícil foi a pressão dos países africanos para afastar a
Nova Zelândia pelo fato do time de rugby All Blacks ter ido à banida África do Sul
participar de alguns jogos. Após a decisão de permitir a participação da Nova
Zelândia, 27 países africanos abandonaram Montreal, enfraquecendo sobretudo o
atletismo com a ausência de países como Quênia, Etiópia, Uganda (do campeão
olímpico Akii-Bua), Tanzânia (do recordista mundial dos 1.500m Filbert Bayi).
Os Jogos tiveram a participação de 7.356 atletas, representando 88 países. No quadro
de medalhas, a URSS obteve 47 de ouro, a Alemanha Oriental surpreendeu com 40
medalhas de ouro, enquanto os americanos obtinham 34.
Os Jogos foram abertos pela Rainha Elizabeth II e toda a família real canadense
compareceu às cerimônias de abertura. A chama olímpica foi “eletronicamente”
transmitida por impulsos elétricos de Atenas até Ottawa, capital do país, através de
sinais de satélites, de onde foi levada em revezamento até Montreal, entrando no
estádio conduzida por um casal de jovens, um de descendência francesa e a outra de
descendência inglesa, Stéphane Préfontaine e Sandra Henderson, representando as
duas culturas que formaram a nação.
Todo o moderno e espalhafatoso aparato de acendimento da tocha via tecnologia
transoceânica foi exposto ao ridículo mundial quando dias depois de aceso, debaixo
de forte chuva, o fogo da pira se apagou e ela foi novamente acesa por um funcionário
do estádio com um simples isqueiro; os organizadores mandaram apagar a pira de
novo para acendê-la com uma tocha substituta.
Na delegação de Israel havia uma atleta que estava presente no terror de Munique,
Ester Roth.
O grande destaque de Montreal foi a ginasta romena Nadia Comanecci, de 14 anos,
que ganhou 3 medalhas de ouro, 1 de prata e 1 de bronze, conquistando o público de
todo o mundo com sua graciosidade, simpatia e perfeição de movimentos. Até para os
exigentes jurados da ginástica, Comanecci foi perfeita, obtendo 7 vezes a nota 10 nos
diversos aparelhos (nunca havia sido atribuída a nota máxima anteriormente). A nota
teve que ser apresentada nos placares eletrônicos do ginásio como 1.00, pois eles não
haviam sido fabricados para apresentar dois dígitos antes da divisão da fração, já que
a nota 10 era considerada impossível.As 3 medalhas de ouro foram no geral individual,
trave e barras assimétricas.
A romena Nádia Comanecci se apresenta na trave,
onde ganhou uma de suas notas dez
Apesar do brilhantismo da romena, na ginástica feminina ainda destacou-se a
soviética de ascendência mongol Nelli Kim, que teve 3 medalhas de ouro no salto ao
cavalo, solo e equipes. Olga Korbut, também da URSS, que havia brilhado em
Munique, ganhou o ouro por equipes e a prata na trave.
Na ginástica masculina, o destaque foi Nikolai Andrianov, que ganhou 4 medalhas de
ouro, 2 de prata e 1 de bronze. O ginasta japonês Shun Fujimoto conquistou a
excelente nota 9.7 nas argolas, terminado o exercício com uma difícil pirueta de três
voltas e a queda em pé na posição ereta perfeita, ajudando a conseguir a medalha de
ouro por equipes para o Japão, que disputava a liderança lado a lado com a URSS.
Fujimoto realizou a prova com o joelho quebrado.
A Alemanha Oriental dominou a natação feminina ganhando 11 das 13 provas
realizadas e tendo em Kornelia Ender o seu grande destaque. Ender venceu 4 provas
(100 e 200 metros livre, 4 x 100m em 4 estilos e 100m borboleta. O recorde mundial
nos 100m borboleta foi igualado e nas demais provas superado). Outra alemã, Petra
Thumer, venceu os 400m e 800m livres com recorde mundial.
A natação masculina foi dominada pelos EUA, que venceram 12 das 13 provas, tendo
Jim Montgomery vencido os 100m livres na inacreditável marca de 49s99, novo
recorde mundial. Outro americano, John Naber, obteve 4 medalhas de ouro, todas
com recordes mundiais: 100m e 200m costas, 4 x 100m em 4 estilos e 4 x 200m livres.
O italiano Klaus Dibiasi conseguiu o inédito tricampeonato olímpico nos saltos
ornamentais, tornando-se o ídolo e modelo de toda uma geração de atletas, entre eles
o jovem que o igualaria anos mais tarde, o norte-americano Greg Louganis.
No boxe, o cubano Teófilo Stevenson vence novamente na categoria peso pesado.
Normalmente os ganhadores anteriores se profissionalizavam após as vitórias
olímpicas. Stevenson, ouro em Munique, não o fez, pois, Fidel Castro não permitiu.
Cinco boxeadores americanos conquistaram medalhas de ouro em Montreal, naquela
que para muitos foi a maior equipe de boxe olímpico já formada nos Estados Unidos,
composta de Sugar Ray Leonard, Leon Spinks, Michael Spinks, Leo Randolph e
Howard Davies Jr. A exceção de Davis, todos se tornariam campeões mundiais
profissionais em suas categorias nos anos seguintes. Apenas 19 meses após o ouro
olímpico, Leon tornou-se campeão mundial dos pesos pesados ao derrotar
Muhammad Ali por pontos. O reinado de Leon foi curto pois, após 7 meses, foi
nocauteado por Ali.
Foram introduzidos nesses Jogos as modalidades femininas do basquetebol, handebol
e remo. No basquete feminino, a URSS foi a campeã, enquanto os EUA recuperaram
o título no masculino ao derrotar a Iugoslávia.
O finlandês Lasse Virem conseguiu o bicampeonato olímpico nos 5.000 e nos
10.000m e ainda foi o 5º colocado na maratona, que foi vencida pelo alemão
Waldemar Cierpinski . Nos 5.000 Viren fez 13:24.76 e derrotou o Neozelandês Dick
Quax com 13:25.16. Virem era acusado de usar o doping sanguíneo que não era
natural, mas não era proibido e consistia em retirar sangue do atleta, congelá-lo e
novamente injetá-lo no atleta antes da competição aumentando a hemoglobina e a
capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue aumentando a resistência. Viren
sempre negou o uso desta prática se bem que o fato de ser um corredor fenomenal
apenas à época de grandes competições sempre alimentaram os comentários. Nos
10.000 metros Viren fez 27:40.38 derrotando o português Carlos Lopes com 27:45.17
ficando o bronze para o americno Brendan Foster com 27:54.92.
Lasse Viren defendeu os títulos dos 5000 e 10000 sucessivamente
Na maratona vencida pelo alemão Waldemar Cierpinski com 2:09.55.0, novo recorde
olímpico o campeão de Munich , Frank Shorter dos USA terminou em 2º com
2:10.45.8 ficando bronze para o belga Karel Lismont em 2:11.12.6 terminando Viren
em 5º. um grande resultado para quem havia ganho o ouro nos 5.000 e 10.000
metros.
Nos 3.000 metros com obstáculos o sueco Anders Garderud venceu em recorde
muncial com 8:08.2 deixando o polonês Bronislaw Malinowski em 2º com 8:09.2 e o
bronze foi para o alemão Frank Baungart. Nas provas de meio fundo feminino um
doublé da soviética Tatyana Kazankina , sendo que nos 800 com 1:54.94 novo recorde
mundial derrotou a búlgara Nikolina Schtereva com 1:55.42.
O cubano Alberto Juantorena venceu os 400 e 800m. Juantorena chegou a Montreal
como favorito nos 400 metros, mas ainda desconhecido nos 800 metros. Entretanto,
venceu com recorde mundial de 1’43”50, derrotando o belga Ivo Van Damme com
1:44.12 que faleceria meses após, aos 22 anos, em um acidente automobilístico e o
favorito americano Richard Wolhunter com 1:44.12.
Nos 1.500 metros ouro para John Walker da Nova Zelândia com 3:39.15 em prova que
teve a ausência do favorito Filbert Bayi da Tanzânia que boicotou os Jogos
exatamente pela participação da Nova Zelândia do campeão Walker. Nova medalha
de prata para o belga van Damme com 3:39.27.
A polonesa Irena Szewinska venceu os 400m em recorde mundial, com 49s29,
ganhando assim sua 7ª medalha olímpica nos 4 Jogos que participou. O americano
Bruce Jenner venceu o decatlo com 8.618 pontos, novo recorde mundial. Edwim
Moses, dos Estados Unidos, iniciou a série de vitórias olímpicas nos 400m s/ barreiras
com novo recorde mundial de 47s64.
Nas provas de velocidade no atletismo masculino, as vitórias ficaram com atletas do
Caribe: Hasey Crawford, de Trinidad, venceu os 100m e o jamaicano Don Quarie
venceu os 200m.
A princesa Ana da Inglaterra foi a única participante feminina dos Jogos a não ser
submetida a teste de confirmação de sexo. Anne fez parte da equipe inglesa de
equitação.
Os Jogos de Montreal assistiram ao primeiro atleta filho de campeão olímpico tornarse também campeão olímpico. Com um lenço encharcado de lágrimas de um choro
convulsivo, um homem no meio da multidão na arquibancada do estádio olímpico, o
húngaro Imre Németh, campeão olímpico de lançamento do martelo nos Jogos de
Londres em 1948, acenava para o filho Miklos Németh, que ali na sua frente, no
gramado do estádio, acabava de se sagrar campeão olímpico do lançamento do
dardo, 28 anos depois.
Clarence Hill, de Bermuda, conquistou a medalha de bronze na categoria superpesados do Boxe, dando a seu pequeno país a honra de se tornar a nação de menor
população do mundo (53.500 habitantes na época) a ganhar uma medalha nos Jogos
Olímpicos.
A participação brasileira:
João Carlos de Oliveira, mais conhecido como João do Pulo, que havia sido o 4º
colocado no salto em distância com 8,00m, conseguiu a medalha de prata no salto
triplo com 16,90m, tendo o soviético Viktor Saneiev conseguido o tricampeonato. Nas
eliminatórias, foi eliminado Nelson Prudêncio, que havia conquistado medalhas no
México e em Munique.
No futebol, que teve a participação do árbitro Arnaldo César Coelho, o Brasil, treinado
por Cláudio Coutinho, perdeu na semifinal para a Polônia por 2 a 0 e na disputa pelo
bronze perdeu para a URSS, também por 2 a 0.
O Brasil participou também do remo, boxe, esgrima, judô, halterofilismo, vôlei (obtendo
a 7ª colocação com o time que tinha Willian, Moreno, Bernard, entre outros), tiro (que
em boa atuação conseguiu o 9º lugar com Durval Guimarães na carabina, 9º com
Bertino Alves de Souza em pistola e 11º com Marcos Olsen na fossa olímpica),
natação e iatismo.
AFP
João do Pulo salta em Montreal-1976, onde ganhou
a primeira de suas duas medalhas de bronze
A natação brasileira não trouxe medalhas de Montreal, mas trouxe bons resultados
como os 4ºs lugares de Djan Madruga nos 400m e 1.500m livres. Na eliminatória dos
400m, Madruga quebrou o recorde olímpico com 3min59s62 (na final nadou em
3min57s18). Tivemos 2 semifinalistras nos 100 costas (Paul Jouaneau e Rômulo
Arantes Jr.) e nos 100m peito (José Silvio Fiolo e Sérgio Ribeiro).
O Brasil obteve outros bons resultados no iatismo: 10º na classe Soling; 11º na classe
470; 4º na classe Finn, com Cláudio Biekarck e medalha de bronze na classe Flying
Dutchman, com Reinaldo Conrad e Peter Ficker. A medalha de bronze foi conquistada
com uma boa reação nas 3 últimas regatas com uma vitória e dois terceiros.
Modalidades disputadas:
Atletismo
Halterofilismo
Pólo aquático
Basquetebol
Handebol
Remo
Boxe
Hipismo
Saltos ornamentais
Canoagem
Hóquei sobre a
Tiro
Ciclismo
grama
Tiro com arco
Esgrima
Judô
Vela
Futebol
Natação
Voleibol
Ginástica
Pentatlo moderno
Wrestling
Quadro de medalhas:
Posição
País
Ouro
Prata
Bronze
Total
1
União Soviética
49
41
35
125
2
Alemanha Oriental
40
25
25
90
3
Estados Unidos
34
35
25
94
4
Alemanha Ocidental
10
12
17
39
5
Japão
9
6
10
25
6
Polónia
7
6
13
32
7
Bulgária
6
9
7
22
8
Cuba
6
4
3
13
9
Romênia
4
9
14
27
10
Hungria
4
5
13
22
11
Finlândia
4
2
6
12
Suécia
4
1
5
13
Grã-Bretanha
3
5
5
13
14
Itália
2
7
4
13
15
França
2
3
4
9
16
Iugoslávia
2
3
3
8
17
Tchecoslováquia
2
2
4
8
18
Nova Zelândia
2
1
1
4
19
Coréia do Sul
1
1
4
6
20
Suíça
1
1
2
4
Coréia do Norte
1
1
2
Jamaica
1
1
2
21
Noruega
1
1
2
24
Dinamarca
1
2
3
25
México
1
1
2
26
Trinidad e Tobago
1
27
Canadá
5
6
11
28
Bélgica
3
3
6
29
Países Baixos
2
3
5
Espanha
2
2
Portugal
2
2
32
Austrália
1
4
5
33
Irão (Irã)
1
1
2
Mongólia
1
1
Venezuela
1
1
1
30
34
36
Brasil
2
2
37
Áustria
1
1
Bermuda
1
1
Paquistão
1
1
Porto Rico
1
1
Tailândia
1
1

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