The Song - Teatro Maria Matos

Transcrição

The Song - Teatro Maria Matos
© Herman Sorgeloos
© NEUER TANZ / VA Wölfl
Anne Teresa De Keersmaeker,
Ann Veronica Janssens &
Michel François
The Song
Sala Principal
sex 23 e sáb 24 novembro 2012 21h30
Duração 1h50 | M/3
Maria Matos Teatro Municipal
Av. Frei Miguel Contreiras, n.º 52
1 700-21 3 Lisboa
tel. 21 8 438 800
www.teatromariamatos.pt
"Após 25 anos de carreira, a coreógrafa belga mostra não
ter medo de assumir riscos, de experimentar fazer coisas novas e de estabelecer novas colaborações que possam imprimir novos rumos ao seu talento e competências. Os
horizontes alargam-se. O futuro é uma incógnita. Ficamos
curiosos."
Hans-Maarten Post, blogue Utopia Parkway, 2009
fala-nos de um mundo em aceleração, um mundo
que se move a um ritmo tão veloz que se atropela a si próprio. Uma paragem afigura-se como inevitável. Como sempre, o corpo encontra-se no centro deste turbilhão de
mudança, no centro da tempestade, tornando-se uma caixa
de ressonância de uma realidade em transformação. Em
The Song dez bailarinos apresentam-se num palco despido,
reduzido ao essencial, aos constituintes básicos da dança:
luz, som e movimento.
O espaço de representação criado por Anne Teresa De Keersmaeker, em colaboração com os artistas Ann Veronica
Janssens e Michel François, é um deserto. Uma terra árida
que, não obstante a sua natureza, dá vida a novas possibilidades: a um solo cheio de vivacidade, na qual o corpo
procura a sua própria leveza; ou a uma coreografia de grupo à imagem de um bando de pássaros em pleno voo, na
qual as constantes variações são um bom exemplo de precisão matemática e de inventividade humana.
Dentro deste mundo, o corpo já não sabe bem quais são as
suas fronteiras. Aparece e desaparece ao ritmo de repentinas mudanças de luz. Deixa também de ser reconhecível
quando confrontado com os efeitos sonoros artificiais produzidos em palco: o bailarino está ao mesmo tempo aqui e
ali, é "autêntico" e "artificial", sensual e inventado.
Estes corpos exprimem uma grande vulnerabilidade, uma
fragilidade que se traduz numa obstinada resistência ao
movimento. Por vezes conduzidos apenas pela própria respiração, quando as vozes não são mais do que o eco de um
passado optimista, os corpos agitam-se impacientemente. O
suspiro de uma era perdida parece ressoar nas suas canções, altura em que a voz era ainda um veículo de mudança. Poderão agora apenas reproduzir-se e recombinar-se,
rendendo-se às formas de evasão da geração rock que os
precedeu? Ou, equilibrando-se fragilmente no vazio, irão
eles dar o salto para um futuro desconhecido?
Em The Song, a coreógrafa regressa à sua lógica construtiva:
como integrar a liberdade dentro de uma estrutura claramente delimitada? Como ser-se político à luz da história?
Como avançar quando há uma catástrofe iminente? Partindo dos blocos de construção essenciais e da recombinação de tudo o que já foi feito, de que forma se pode ainda
fazer ressurgir a dança, pô-la em movimento, quando, ao
longo do tempo, foi despojada de toda a sua ressonância?
The Song
Além disso, qual é o princípio subjacente ao repetido movimento de formação do bando de pássaros e depois à interrupção passiva dessa mesma harmonia? Como dar forma a
uma ideia sem a impedirmos de seguir o seu próprio rumo?
The Song é, ao mesmo tempo, uma demanda existencial e
estética: a busca dos princípios básicos da coreografia e do
corpo social, o qual se reconfigura constantemente a si próprio a cada respiração. Trata-se de um espetáculo em que se
desconstrói a coreografia para se chegar a novas possibilidades. Um ensaio em que a vulnerabilidade do bailarino
atua como motor de mudança.
Anne Teresa De Keersmaeker Depois de concluir os seus estudos na escola MUDRA e na New York Tisch School of the Arts,
Anne Teresa De Keersmaeker criou a sua primeira coreografia,
Asch, em 1980. Em 1982 estreou Fase, four movements to the music of Steve Reich, uma das coreografias mais influentes do seu
tempo. Em 1983 fundou, paralelamente à criação de Rosas
danst Rosas, a sua própria companhia, Rosas. As relações entre
a música e a dança estão no centro do seu trabalho artístico,
levando-a a interessar-se por compositores de diferentes épocas.
Durante o período de residência de Rosas no Théâtre de la
Monnaie (Bruxelas, 1992-2007), a coreógrafa colaborou em
várias óperas. A relação entre a dança e as palavras é uma
constante da sua obra. As suas produções mais recentes caracterizam-se por colaborações com artistas plásticos. Em 1995,
fundou, com o La Monnaie, a escola de dança P.A.R.T.S.
Ann Veronica Janssens Nasceu em Folkestone, Inglaterra, mas
reside e trabalha em Bruxelas. É escultora de luzes, sons e espaços. Os seus trabalhos são por vezes associados ao movimento
minimalista pela simplicidade de conceção e pela escolha dos
materiais: transparentes e brilhantes, ou condensados e aparentemente inacessíveis. Estes materiais variam muito, incluindo blocos de cimento, tijolos (ocasionalmente embrulhados em
papel de alumínio), vidro e espelhos. A luz e o ambiente envolvente surgem normalmente reflectidos com efeitos ópticos surpreendentes. Também no som, Ann Veronica Janssens consegue
impor as suas cadências dentro de um espaço, e assim fazer a
ocupação do mesmo.
A sua obra joga sempre com o espaço: aberto ou fechado, cheio
ou vazio, pequeno ou grande. Os seus trabalhos, muitas vezes
efémeros, apelam aos sentidos do espectador através de um jogo subtil entre a perceção e a imaginação.
Michel François Nunca se restringiu a uma só disciplina, utilizando todos os tipos de materiais e meios e combinando objectos industriais com objetos naturais, fotos, vídeos, esculturas e
instalações. Nutre interesse por "sinais de vida", como gestos,
sons, imagens e hábitos do quotidiano. Faz também uso do espaço, transformando-o em recurso visual. As modificações espaciais estão na base da sua obra, sendo que a relação entre a
obra e o espaço, as imagens e a arquitetura desempenham nela um papel inquestionável.
criação Anne Teresa De Keersmaeker, Ann Veronica Janssens e Michel François criado com e dançado por Pieter Ampe, Bostjan Antoncic, Eleanor Bauer, Carlos
Garbin, Matej Kejzar, Mark Lorimer, Mikael Marklund, Simon Mayer, Michael Pomero e Sandy Williams efeitos sonoros Céline Bernard cenografia Ann Veronica
Janssens & Michel François figurinos Anne-Catherine Kunz ensaiadora Muriel Hérault dramaturgia Claire Diez conselheiros musicais Eugénie De Mey e Kris Dane
conselheiro de efeitos sonoros Olivier Thys assistentes direção artística Anne Van Aerschot e Femke Gyselinck direção de produção Joris Erven técnicos Jan
Herinckx e Simo Reynders som Vanessa Court agradecimentos Jérôme Bel, Tim Etchells, Alain Franco, Deborah Hay, Chrysa Parkinson, Rita Poelvoorde, Michael
Schmid, Herman Sorgeloos e Philippe Van Leer produção Rosas coprodução La Monnaie/De Munt, Théâtre de la Ville Paris, Grand Théâtre de Luxembourg e
Concertgebouw Brugge estreia mundial 24.09.2009, Théâtre de la Ville, Paris
coorganização
a seguir...
teatro
Cão Solteiro & Vasco Araújo
A Africana
qua 5 a dom 16 dezembro (excepto 6,8,10,11,13,15)
qua e sex 21h30 dom 18h00 | 15€ / Descontos ciclo teatro|música
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