“Queime seus navios”,“How deep is your love”,“O silêncio do Eterno”

Transcrição

“Queime seus navios”,“How deep is your love”,“O silêncio do Eterno”
“Até quando, filho?”
Se há uma coisa que nós pentecostais sabemos produzir muito bem são frases de efeito.
E como todo bom aspirante a pregador que cresce nesse meio, dediquei muito tempo da
minha vida rechaçando a maioria daqueles chavões que me cercavam e que [na minha
mente adolescente] não pareciam em concordância com a Bíblia.
Pra mim, Deus não tinha qualquer obrigação de “abrir uma janela” depois de uma porta
ter sido fechada. Muito menos teria marcado alguma coisa na agenda dEle, principalmente depois que aprendi a palavra “atemporal” na Escola Dominical. Também não entrava na minha cabeça que alguém fosse “blindado” da morte porque alguma promessa
não havia se cumprido. Depois que eu li o que aconteceu com a Galeria da Fé em Hebreus, então…
Porém, nos últimos dias, Deus tem me levado a revisitar minhas raízes e isso tem me feito um bem incalculável. Ainda não cheguei ao ponto de cantar “Sabor de Mel” (sangue e
fogo!), mas é cada rajada de glória que ‘nóis’ dá que você precisa ver (rs). Evidente que
continuo abominando aqueles jargões triunfalistas e todo aquele besteirol gospel que a
gente [infelizmente] ainda ouve em muitos púlpitos, mas tem um em particular que
começo a olhar com outros olhos: “Quem não vem pelo amor vem pela dor”
Não me lembro quando ouvi essa frase pela primeira vez, mas certamente ela estava
mergulhada em alguma daquelas pregações do evangelho do cabresto. Aquele que prendia os crentes pelo medo de morrer fulminado ao tocar no cálice indignamente ou lhe
sentenciava a ficar de gancho 3 meses por ter raspado as pernas (o sovaco dava pra disfarçar rs). Fato é que muita gente se converteu por medo mesmo. Mas como disse Paulo, seja por motivos falsos ou verdadeiros, o que importa é que Cristo está sendo pregado (Fp. 1.18). Então, eis o meu novo questionamento: “Quanto tempo dura a paciência de Deus?”
Ah, essa é fácil, professor: Lamentações! “…as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” Verdade! Mas e se acontecesse algo dentro de mim que me impedisse de ter acesso à essa misericórdia? Como se no meu e-mail chegasse um prêmio
milionário e eu não lembrasse a senha. E mais, tivesse tentado acessar mais de 3 vezes
e agora ele tivesse bloqueado a conta por segurança?
Sabe aqueles versículos que você nem sabia que estava na Bíblia. Pois é… Provérbios
diz que “quem insiste no erro depois de muita repreensão, será destruído, sem aviso e irremediavelmente.” (Pv. 29.1). Forte, não é? Melhor ficarmos apenas com a Nova
Aliança em que a graça é mais tranquila, certo? Pois é… E se eu te dissesse que “aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes
do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era
que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento”? (Hb.
6.4-6)
Sabe… vão surgir dezenas de questionamentos teológicos, falácia da turma do “não é
bem assim”, aspirantes a teólogos armados até os dentes, mas eu queria deixar algumas
perguntas para sua reflexão:
Quantas vezes você já não foi ministrado sobre o perdão e
continua nessa birra sem fim? Quantas vezes o Senhor já não
falou com você sobre jugo desigual e você continua insistin-
do nesse relacionamento sem Deus? Quantas vezes Deus não
te repreendeu sobre a fofoca e você continua caindo nessa cilada? (E não me venha com aquela de que foi só um comentário). É sério que você vai apostar a sua salvação brincando
de ser crente?
Ei! Jesus está voltando! Minha oração nesse dia é que você volte a se santificar realmente nem que seja pela dor, porque pelo menos assim você pode ser salvo. Mas queira
Deus que essa palavra toque hoje o seu coração e você se renda a Ele antes que seja
tarde demais.
No amor do Pai,
Roger
“Carta a um arbusto solitário”
Era impossível não ser atraído por sua beleza. Não que ela fosse a mais exuberante de
todas, na verdade, as outras é que estavam mal vestidas. Ainda assim, ela irradiava tanta esperança que de longe chamava atenção de todos. Contudo, por baixo daquela arrogante imponência, havia uma marca, um sobrenome cruel: infrutífera. Assim, ficou eternamente conhecida a figueira amaldiçoada por Jesus.
A despeito de todo seu significado profético, a narração bíblica traz ensinamento explíci-
to do ser antes do ter, da aparência que engana, da mentira disfarçada de beleza. Perceba que o Mestre não exige figos de nenhuma outra figueira porque sabe respeitar o tempo, sabe respeitar o momento de cada um [Jesus conhece suas estações]. Além disso, as
outras não se envergonhavam de não ter nada a oferecer, afinal, faltavam ainda cerca
de 5 meses até estarem “prontas”.
Mas a “infrutífera” não, ela sabia que sua família era uma das poucas, senão a única a
inverter o processo: primeiro o fruto, depois as folhas. Portanto, ingenuamente, acreditava que se pudesse mostrar tão somente as folhas… [voilà], todos ficariam tão impressionados com sua beleza que não se atreveriam a duvidar que por baixo de toda aquela
beleza houvesse frutos deliciosos. Assim, por alguns instantes, ela “enganou” até mesmo o Mestre. Pobre Infrutífera, você não sabe que talento não leva ninguém ao Céu?
Bom mesmo é mostrar a verdade, reconhecer que somos nada mais, nada menos que
meros gravetos, o que vai contra todo o sistema em que estamos inseridos, mergulhados, quase contaminados… mas é melhor. Por que se envergonhar de não ter nada ou
bem pouco a oferecer? Cinco pães e dois peixes podem ser refeição para um exército –
só depende do “Chef”. Acredite, você tem nas mãos exatamente o que precisa para sobreviver ao tempo de escassez pelo qual está passando.
Parafraseando o texto bíblico, queria te dizer algo de Deus:
A quem hei de te comparar? Já sei! Você é como aquele arbusto espinhoso e solitário preparado por Deus para falar
com Moisés. Parece realmente frágil, sem muita expressão.
Algumas pessoas têm receio até de se aproximar porque não
gostam de espinhos – marcas em sua história que ainda ferem. Mas Deus te trouxe até esta reflexão para te dizer algo
muito especial: “VOCÊ NÃO VAI QUEBRAR!”
Não importa quão fragilizado ou quão queimando esteja sua pele, lembre-se, você está
sendo usado por Deus para mostrar ao mundo o que Ele pode fazer através de um pequeno arbusto solitário.
A história da figueira infrutífera termina de forma trágica. Ao ser desmascarada, ela é
imediatamente amaldiçoada por Jesus: “Seus dias de engano acabaram!” Ela deveria
saber que uma de suas irmãs tentou inutilmente encobrir o pecado do primeiro casal –
por que não aprender com o erro dos outros? Nosso mal é tropeçar no óbvio. Mas sua
história não acaba aqui. Aguente firme, porque outra vez lhe digo: “Você não vai quebrar”.
No amor do Pai,
Roger
“Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está. Ele
será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o
ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre
verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto” – Jr. 17.7-8
“Quando a noite cai...”
Como é bom encontrar um lugar em que você é amparado no momento da dor e da
fraqueza espiritual. Só dá valor a um culto quem já saiu no meio da noite desesperado
por uma resposta de Deus e encontrou uma igreja de portas abertas em que a verdadeira palavra estava sendo ministrada. Como é bom, em meio a lutas e provações, receber
uma oração feita com a alma, de alguém que não apenas te abraça literalmente, mas
abraça o problema e se propõe a entrar nessa guerra com você. Como é maravilhoso, depois de uma noite mal dormida, com a cabeça a mil, receber a visita de um verdadeiro
servo de Deus que “sentiu” de vir orar por você – e mais – sentir-se revigorado após a
oração como se um peso de uma tonelada fosse tirado de suas costas.
Momentos como esses são mais frequentes do que imaginamos na caminhada cristã.
Quem nunca passou por eles, desmerece os cultos de oração. Pior, debocha da irmãzinha do coque, daquela que se consagra, daqueles que se doam em prol dos outros, daqueles a quem o Senhor criou com um sentimento nato de cuidado alheio. Felizes são os
que se deixam amparar e com humildade reconhecem sua interdependência no Reino de
Deus.
Mas a triste realidade é que uma guerra é feita de muitas batalhas. E não é diferente no
mundo espiritual, por isso, muitas vezes, mesmo depois de um culto abençoado, uma
Palavra restauradora e orações fervorosas, voltamos para casa e nos sentimos sozinhos,
desprotegidos, desamparados… A mente entra quase em colapso. Nos sentimos culpados por essa invasão de sentimentos ruins, de presságios fatalistas, de medo do amanhã…
O grande questionamento é: “É normal isso?”
Jeremias havia feito exatamente como Deus havia ordenado. Ministrou uma mensagem
dura: “O Senhor trará toda desgraça sobre vocês por causa da sua desobediência!” – é
preciso ter muita coragem e intimidade com o Eterno para profetizar algo assim. Mas
por que temer se você está fazendo exatamente aquilo que Deus mandou e você tem convicção disso? Talvez essa pergunta tenha sido a raiz da grande decepção de Jeremias,
pois logo em seguida ao seu ato de obediência, o Senhor permitiu que ele fosse espancado e amarrado num tronco a noite inteira. Você consegue imaginar o que passou pela
cabeça de Jeremias durante aquela noite toda? Eu te digo, com as palavras do próprio
Jeremias:
“Senhor, você me enganou!
Todos estão zombando de mim.” (Jr. 20.7)
Se você chegou até aqui e foi tocado por esta palavra, imagino que você se sente exatamente assim! Por isso, respondo o grande questionamento: “Sim! É normal se sentir assim.”
Nossa vida espiritual tem esses altos e baixos. Vivemos essa batalha diária entre o
homem natural e o espiritual. Às vezes, vencemos. Outras vezes, somos cruelmente derrotados. Mas deixo para NÓS uma palavra de ânimo e esperança: vai amanhecer! A
noite parece longa, fria e sombria, mas vai amanhecer! Tudo o que você fez em obediência ao Senhor está devidamente registrado, vai amanhecer! Toda lágrima depositada no
altar foi colhida e catalogada, vai amanhecer!
Depois dessa noite de agonia, depois desse desabafo que beirou à blasfêmia, como era
de se esperar, Jeremias quis desistir de tudo. Chegou ao fundo do poço. Mas foi também
de lá que declarou: “Quando eu penso em desistir é como se um fogo ardesse em meu
coração… eu não posso lutar contra isso. É… o Senhor está comigo como um forte guerreiro!”
Força! Vai amanhecer…
No amor do Pai,
Roger
“Espero no Senhor com todo o meu ser, e na sua Palavra ponho a minha esperança. Espero pelo Senhor mais do que as sentinelas pela manhã; sim, mais do que as sentinelas
esperam pela manhã!” – Salmos 130.5,6