estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides

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estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides
TEONILDES SACRAMENTO NUNES
ESTUDOS BIOSSISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L.
SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP
(PASSIFLORACEAE)
FEIRA DE SANTANA – BAHIA
FEVEREIRO/2009
1
Universidade Estadual de Feira de Santana
Departamento de Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação em Botânica
ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L.
SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP
(PASSIFLORACEAE)
TEONILDES SACRAMENTO NUNES
FEIRA DE SANTANA – BA
FEVEREIRO/2009
2
Universidade Estadual de Feira de Santana
Departamento de Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação em Botânica
ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO
DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE)
Teonildes Sacramento Nunes
Tese apresentada ao Programa de Pósgraduação em Botânica da Universidade
Estadual de Feira de Santana – BA, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Doutor em Botânica.
ORIENTADOR:
PROF. DR. LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ (UEFS)
CO-ORIENTADOR:
PROF. DR. CASSIO VAN DEN BERG (UEFS)
FEIRA DE SANTANA
FEVEREIRO/2009
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A minha linda filha Poliana Nunes
Sena, espero que um dia você
consiga me perdoar por todas as
minhas ausências em busca de um
futuro melhor para nós duas. E a
minha pequena Sophia! Eu amo
vocês duas!
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“Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do
conhecimento saber o que não é.”
(Jung)
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Agradecimentos
Em primeiro lugar e independente de qualquer coisa agradeço imensamente a
meu bom Deus, o ser supremo que me deu a vida, e que direcionou meus passos para
que eu chegasse até aqui.
Agradeço muito a Universidade Estadual de Feira de Santana, pelo apoio direta
ou indiretamente para que eu pudesse concluir este curso trabalhando no herbário. Ao
Programa de Pós-graduação em Botânica, pela infra-estrutura e pelas disciplinas, pela
disponibilização dos laboratórios, equipamentos e materiais. A Fundação de Amparo à
Pesquisa na Bahia (FAPESB) pelo financiamento parcial deste projeto (Processo
APR056/2006, Pedido no. 1822/2005), que muito me ajudou nas viagens de coletas,
confecção das pranchas e aquisição de materiais de consumo.
Aos coordenadores dos projetos: Instituto do Milênio do Semi-árido - IMSEAR
(Dra. Ana Maria Giulietti), Programa de Pesquisa em Biodiversidade - PPBIO (Dr.
Alessandro Rapini), Projeto Petrobrás (Dr. Cássio van den Berg) e Projeto Flora da
Bahia (Dra. Ana Maria Giulietti), que direta ou indiretamente apoiaram este projeto,
financiando as viagens de campo e as atividades em laboratório.
Aos curadores dos herbários nacionais e internacionais que gentilmente
concederam, os empréstimos dos materiais com presteza e eficiência, assim como
aqueles que me receberam pessoalmente (ver lista de herbários visitados e/ou
examinados).
As minhas colegas de trabalho no herbário: Zezé (minha Comadre!), Elaine,
Kelly, Patrícia, Renata, Verônica e Silvia, obrigada pela paciência, pela força que vocês
me deram para que eu pudesse concluir este trabalho, espero que não tenha prejudicado
muito o funcionamento do herbário. Um grande beijo minhas amigas e colegas, a todas
vocês esta vitória eu dedico.
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Ao meu orientador e “chefe” Luciano Paganucci de Queiroz, meu mais sincero
muito obrigada!
Ao curador do herbário CVRD, Renato de Jesus, Sr. Domingos Folli e ao
técnico Geovanni pela acolhida, autorização de coleta e companhia no campo, nas
coletas das populações. Agradeço muito ao pessoal do Núcleo Pinciguaba, Ubatuba/SP,
pela atenção e pelo apoio na ida ao campo, em especial ao Cristo, Sr. Ivo, Sr Roberto e
Sr. João Pedro (Casa de farinha), Olinda e Elizangela (Secretária). Ao André Amorim e
ao pessoal do CEPEC, principalmente a Cristiane e ao Jomar Jardim. Ao Diogo
Amorim, Anderson (UFPE) e Newton (IPA), por me aceitarem em sua expedição de
coleta, atrás das Passifloraceae... muito obrigada meninos, foi muito bom estar com
vocês..!!
Ao Prof. Dr. Cássio van den Berg pela co-orientação, muito obrigada mesmo!
Sem você e suas crises de “Teo você está fazendo tudo errado!”, nada disso seria
possível. Aos professores do programa de Pós-graduação em Botânica, em especial:
Alessandra Selbach Schnadelbach, Ana Maria Giulietti Harley, Aristóteles Góes Neto,
Carlos Wallace, Cássio van den Berg, Eduardo Borba, Francisco Assis, Luciano
Paganucci, Nadia Roque & Raymond Mervin Harley, obrigada pela orientação e pelos
ensinamentos.
A Dra. Loreta B.Freitas e a equipe do Laboratório de Genética Molecular da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela extração dos materiais, pelo apoio
com o trabalho de filogeografia e pelas discussões via e-mail. Muito obrigada a todos!
Ao pessoal do Laboratório de Biologia Molecular, LAMOL ou como diz minha
Comadre Zezé “LAMAL”, pela paciência e orientação, muito obrigada: Milene,
Sabrina, Rick VB, Patrícia Cristina, Patrícia Luz, Reyjane Patrícia, Silvana Monteiro,
Ciça, João Rodrigo, Tarcisio (pelas risadas), Lia Andrade, Déa Karla, Simone, Marcos,
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Elisa, Floriano, Paulo Ricardo, Felipe e todos os outros que me fizeram companhia
durante as incansáveis horas de extração, quantificação, amplificação, etc... muito
obrigada pela paciência e pelas horas de conversas sobre tudo. E afinal qual de vocês foi
o responsável pela minha orientação no LAMOL?
À Gisele Rocha e ao Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura da
UEFS, pelas imagens de folhas, sementes e de pólen.
A Rita Araújo pela execução conjunta do trabalho com os polens. Obrigada
Ritinha! Após tantos anos ainda continuamos aqui nesta UEFS, não é mesmo!
Aproveitando, agradeço a toda a equipe do LAMIV pela ajuda direta ou
indiretamente: Paulino, Claúdia Helena, Francisco de Assis, Ricardo Landim, Marileide
Dias, Luciene, Kelly, Jailton e todos os estagiários.
Ao amigo Marlon Machado, no auxílio com as bibliografias, com as conversas
informais que me ajudaram muito no desenvolvimento desta e principalmente na ajuda
com as cervejas geladas, um grande beijo e Deus te abençoe!
A amiga Daniela Carneiro pela ajuda com os mapas e com todas as discussões
sobre metodologias, conceitos, filogenias, biogeografias, taxonomias, etc.. Sem
esquecer a ajuda que você me deu na minha qualificação! E por último pelas leituras
incansáveis nos capítulos finais. Você é a pessoa mais iluminada por Deus que eu
conheço. Que ele sempre te abençoe menina Dani! Você e sua família linda! Parabéns!
Amiga Mi (Milene), obrigada por tudo, pela companhia nas coletas, no LAMOL,
pelo auxílio com minha qualificação, e pelas discussões e leituras neste trabalho, você
foi verdadeiramente uma co-orientadora. Tenha certeza que sem você e sua inexplicável
paciência nada disso seria possível, e por extensão agradeço também ao Ivan. Deus os
abençoe! Sempre!
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Ao Frank Axel (Alemanha), pelas discussões via e-mail, pelas bibliografias e
imagens dos tipos, espero um dia te conhecer pessoalmente.
Aos estagiários do herbário, muitos dos quais não fazem mais parte do nosso
time, mas fica aqui meu agradecimento sincero: Yuri, Silvinha, Carla, Paula Emanuela,
Nara Katary, Cris Viana e todos os outros estagiários de Iniciação Científica e Iniciação
Júnior que passaram pelo herbário e os estagiários do LATAXON.
Algumas pessoas foram constantes nestes anos: nas viagens de coletas, nas
disciplinas e nas atividades de laboratório, meu agradecimento coletivo a todos vocês:
Andréa Karla, Simone, Paula Dib, Élvia, Daiane, Vânia, Maria, Milene, Daniela, Ciça,
Jorge, Jomar Jardim e Janaina.
A amiga Vanilda (in memorian), que sempre me incentivou e acreditou no meu
trabalho, sei que onde você estiver, você continua me apoiando e me incentivando, com
toda a sua teimosia. Fique literalmente com Deus!
Aos amigos-motoristas que sempre me apoiaram e fizeram com que as longas
viagens de coletas se tornassem divertidas e menos cansativas: meu muito obrigado ao
Bené (Benedito Marques Silva), Sr Miguel Martins (in memorian), Sr Miguel Arcanjo,
Lucianinho e o Sr. Ronaldo.
A equipe de limpeza do LABIO, principalmente Edleuza e “Nem” (Maria São
Pedro), obrigada pelos cafezinhos de manhã cedinho e pelas merendas deliciosas. Ao
pessoal da portaria que sempre vigilantes cuidaram para que eu pudesse ficar horas
intermináveis, noites e fins de semana sem me preocupar com a segurança do prédio.
Aos meus pais, a quem dedico todas as vitórias: Seu Pedro e Dona Terinha,
muito obrigada pela vida, pela orientação e pela paciência nas minhas ausências.
Desculpem-me as falhas, minhas imperfeições e saibam que eu amo muito vocês.
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Minhas irmãs, irmãos, cunhados, cunhadas, sobrinhas e sobrinhos eu amo todos
vocês!
A minha pequena princesa Sophia, que ainda não conhece a rotina da mãe, mas
já sofre por ter que ficar na mesma posição o dia todo, enquanto a mãe escrevia esta
tese. Meu pequeno anjo iluminado! Obrigada por existir, obrigada por me escolher
como sua mãe... Te amo muito! Você tornará o resto dos meus dias sempre ensolarado.
E ao papai Roberto, que chegou agora no finalzinho, mas que sempre teve muita
paciência e carinho, você não sabe o quanto você me faz feliz.
E finalmente a minha filha Poliana Nunes Sena, que foi sem sombra de dúvida a
mais sacrificada por mim, para que eu pudesse concluir meu sonho, sempre na busca de
uma vida melhor para nós duas (agora três). Sei que hoje é mais fácil para você
entender, mas sei que já foi muito difícil..., não ter uma mãe presente, ter uma mãe que
sempre viaja, que não tem hora para chegar em casa, que sempre trabalha nos fins de
semana. Mil perdões minha filha e que daqui para frente tudo seja diferente.
A todos vocês meus mais sinceros agradecimentos!
Teo Nunes
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Sumário
Agradecimentos ...................................................................................................................i
Resumo .................................................................................................................................. ii
Abstract................................................................................................................................. iii
Introdução geral................................................................................................................... 01
Resultados e discussões ....................................................................................................... 12
Capítulo 1 – Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero
Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) .............................................. 12
Capítulo 2 – Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae) ............................................................................ 42
Capítulo 3 – Uso dos marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence
Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer
(Passifloraceae)................................................................................................. 64
Capítulo 4 – Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides
(Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas.................. 85
Capítulo 5 – Revisão Taxonômica das espécies incluídas em Passiflora L.
subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet &
MacDougal (2003) ...................................................................................... 107
Conclusões Gerais ............................................................................................................. 169
Referências Bibliográficas................................................................................................. 171
Apêndices .......................................................................................................................... 191
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RESUMO
O
presente
trabalho
consiste
no
estudo
filogenético,
sistemático
e
biossistemático de Passifloraceae: Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms)
Killip. Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, possuindo 28 gêneros
e ca. 800 espécies. O gênero Passiflora L., é o mais diverso, com aproximadamente 450
espécies descritas. Atualmente, está subdividido em quatro subgêneros: Astrophea
(DC.) Mast.; Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. e Passiflora L. O
subgênero Deidamioides está subdividido em seis seções com 11 espécies aceitas e
cerca de 6 espécies sinonimizadas. Apresenta distribuição na América Central e
América do Sul sendo que duas espécies são consideradas endêmicas do Brasil,
ocorrendo nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo. Estudos anteriores mostram diversas espécies com
posicionamento dentro do subgênero, com circunscrições dúbias e dificuldades
taxonômicas na delimitação das seções, principalmente a seção Tetrastylis Barb Rodr.,
que foi delimitada com duas espécies: P. contracta Vitta, encontrada nos Estados de
Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, e P. ovalis Vell. ex M.Roemer encontrada em São
Paulo e Rio de Janeiro. Para tentar resolver esta problemática, foram utilizados estudos
biossistemáticos na delimitação das mesmas, incluindo estudos genéticos com
marcadores de ISSR, análises multivariadas com o uso da morfometria geométrica e
morfometria tradicional. Para delimitar taxonomicamente o subgênero e rever os limites
das seções, foram utilizados estudos filogenéticos baseados em dados morfológicos e
moleculares incluindo as 13 espécies desse subgênero. Para comprovar ou não este
posicionamento foram utilizadas as regiões de ITS e trnL-F, além de estudos
biossistemáticos e palinológicos. O subgênero Deidamioides não se apresentou como
monofilético, bem como as suas seções e séries, porém, uma revisão taxonômica das
espécies até então pertencentes ao subgênero é apresentada, com descrições, ilustrações,
caracterização polínica, mapas de distribuição, comentários e observações ecológicas
das espécies, sendo este o primeiro estudo com uma revisão completa para estas
espécies. Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas para o Estado da
Bahia, pertencentes à seção Tetrastylis: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz
e Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz.
PALAVRAS CHAVE: Taxonomia, Passiflora, Deidamioides, Filogenia, Biossistemática.
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ABSTRACT
This work presents a phylogenetic, taxonomic, and biosystematics study of
Passiflora subgenus Deidamioides. The family Passifloraceae is mainly tropical and
subtropical with 28 genera and c. 800 species. Passiflora is the most diverse genus, with
ca. 450 published species. The genus is classified in four subgenera: Astrophea (DC.)
Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. and Passiflora L. The
subgenus Deidamioides with ca. 13 species, is classified in six sections. It is distributed
in Central and South America with two species endemic of Brazil. Previous studies
show that several species have problematic circumscription as well as badly defined
sections. One example is found in section Tetrastylis Barb. Rodr., which presents
conflicting positions in delimiting the complex Passiflora ovalis and P. contracta. In
order to solve this problem, it was carried out biosystematics studies based on genetic,
traditional and geometric morphometry variability. Phylogenetic studies based on
molecular data (ITS and trnLC-F), were carried out to test subgenus and sections
monophyly. Thirteen species of sect. Deidamioides were included and the results
refuted the monophyly both of the subgenus and the sections. Besides this results an
taxonomic revision of the subgenus is presented with descriptions, illustrations,
distribution maps and comments of each species, this is the first study with taxonomic
revision of this species. Two new species were described and illustrated for the State
Bahia: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz and Passiflora igrapiunensis
T.S.Nunes & L.P.Queiroz.
Key Words: Taxonomy, Passiflora, Deidamioides, Phylogeny, Biosystematics.
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Introdução geral
A família Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, encontrada
principalmente em regiões de clima quente, possui ca. 28 gêneros e ca. 800 espécies
(Cervi 1997; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Durante muito tempo a
família Passifloraceae foi considerada como relacionada às famílias Malesherbiaceae,
Turneraceae e Flacourtiaceae, integrando a ordem Parietales (Wettstein 1935) com base
em dados morfológicos. Bentham & Hooker (1865) consideraram a família como
pertencente à ordem Passiflorales, juntamente com Loasaceae, Turneraceae e
Malesherbiaceae. A partir de 1964, a família passou a integrar a ordem Violales,
próxima a Flacourtiaceae, Violaceae, Scyphostegiaceae, Turneraceae, Achariaceae e
Malesherbiaceae, com base nos caracteres morfológicos, tendo como caráter delimitante
a placentação parietal (Engler 1894; Takhtajan 1980; Dahlgren 1980; Cronquist 1981;
Spichiger & Savolainen 1997). A partir da utilização de dados moleculares (APG I
1998; APG II 2003) a família passou a fazer parte da ordem Malpighiales apresentando
como sinapomorfias: estigma seco, exotegma fibroso (desenvolvimento da camada
interna do tegumento em células fibrosas), nós trilacunares (número de intervalos no
corte do nó caulinar na inserção do pecíolo ou interrupção parenquimatosa), placentação
parietal, articulação do pedicelo, margem da folha denteada, gineceu sincárpico
tricarpelar (três carpelos fundidos formando um ovário unilocular ou trilocular) (Stevens
2001). Segundo APG II (2003) esta ordem possui ca. 13.100-16.000 espécies, 716
gêneros e 28(-30) famílias, sendo as mais representativas: Euphorbiaceae,
Flacourtiaceae, Malpighiaceae, Rhizophoraceae, Salicaceae e Violaceae. A variação no
número de famílias pertencentes à ordem se deve ao fato de considerar ou não a
inclusão das famílias Rafflesiaceae, sugeridas por Barkman et al (2004) e Nickrent et al
(2004) e Centroplacaceae (Davis et al. 2005), através dos estudos realizados com matR,
SSU, rDNA, rbcL, atpB, PHYC, 18S e nad1B-C, respectivamente.
Além do trabalho do APG II (2003), esta delimitação também é corroborada por
outros estudos moleculares, incluindo dados de rbcL combinados com dados
morfológicos, com sustentação de 76% (bootstrap) (Nandi et al. 1998); 18S, rbcL e
atpB, com sustentação de 99% (Soltis et al. 2000); atpB e rbcL - 92% (Savolainen et al.
2000); ndhF, rbcL - 100% (Davis & Chase 2004); ndhF, rbcL e PHYC - 97% (Davis &
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Chase 2004); atpB, rbcL, 18S e nad1B-C – 100% (Davis et al. 2005); atpB, matK, rbcL
e 18S – 100% (Tokuoka & Tobe 2006).
A ordem Malpighiales pertence ao grupo das Eudicotiledôneas (tricolpadas):
Rosídeas, posicionada dentro das Eurosideas I, apresentando como grupo irmão as
ordens Celastrales e Oxalidales (também conhecido como grupo COM) e estão
proximamente relacionadas com um clado onde aparecem as famílias com espécies
fixadoras de nitrogênio, incluindo Fabales, Fagales, Cucurbitales e Rosales (APG II
2003, Soltis et al. 2005).
De acordo com APG II (2003), a delimitação de Passifloraceae considera a
inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae, tornando a família com delimitação sensu
lato, com ca. 800 espécies e 28 gêneros, próxima às famílias Euphorbiaceae,
Malpighiaceae e Flacourtiaceae.
Bernhard (1999), através de estudos com base em caracteres florais retirou de
Passifloraceae a tribo Abatieae, transferindo-a para a família Salicaceae, baseado nas
seguintes sinampomorfias: dentes salicóides na margem foliar, estames com iniciação
centrífuga, ausência de glicosídeos cianogênicos, anteras pequenas globosas e flores
pequenas nas quais as sépalas e pétalas, se ambas estão presentes são em números
iguais.
Passifloraceae apresenta como sinapomorfias: a presença de glicosídeos
cianogênicos, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e corola formando um tubo,
corona extra-estaminal, presença de um hipanto e exotegma paliçado (Stevens 2001).
Além desses caracteres a família pode ser reconhecida por apresentar espécies
trepadeiras herbáceas, arbustos ou árvores lenhosas, com gavinhas, folhas inteiras ou
lobadas, flores 3-bracteadas, bissexuadas, presença de um hipanto, pentâmeras, corona
de filamentos presentes, opérculo presente (raramente ausente), androginóforo presente,
estames 5(-10), anteras dorsifixas, versáteis, grãos de pólen 3 a 12-colporado, ovário
unilocular, 3-4-carpelar; óvulos numerosos, placentação parietal, estiletes 3-4; fruto uma
baga, raramente cápsula deiscente; sementes comprimidas, reticuladas, pontuadas ou
transversalmente alveoladas, envolvidas por um arilo mucilaginoso (Masters 1871;
1872; Killip 1938; Cervi 1997; Stevens 2001; Ulmer & MacDougal 2004).
Duas tribos são reconhecidas dentro de Passifloraceae s.s.: a tribo Paropsieae
DC., considerada por Harms (1893), Engler (1921) e Sleumer (1954) como uma tribo de
Flacourtiaceae, devido à presença do hábito arborescente x trepadeiras, e através de
caracteres anatômicos. No entanto, utilizando dados morfológicos como a presença de
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uma corona, além de dados anatômicos e palinológicos, esta tribo foi incluída em
Passifloraceae (Wilde 1971). Caracteriza-se por apresentar: hábito arborescente a lianas,
com gavinhas ausentes e está representada por seis gêneros presentes no Velho Mundo,
África e Madagascar: Androsiphonia Stapf (1 espécie), Viridiva J.H.Hemsl. (1),
Smeathamnnia Sol. ex R.Br. (2), Barteria Hook.f. (5), Paropsiopsis Engl. (7) e
Paropsia Noronha (10).
A tribo Passifloreae DC. é monofilética (Wilde 1971), evidenciada por seu
hábito trepador, gavinhas axilares e flores especializadas e está representada por 13
gêneros: Crossostemma Planch. ex Benth. (1), Schlechterina Harms (1), Tetrapathea
(DC.) Richb. (2), Hollrungia K.Schum. (1), Efulensia C.H.Wright (1), Deidamia
Noronha ex Thou. (8), Thryphostemma Harv. (44), Passiflora L. (incluindo Tetrastylis
Barb. Rodr., ca. 450), Ancistrotryrsus Harms (2), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast.
(6), Basananthe Peyr (38) e Adenia Forsk. (200 spp), encontradas no Novo Mundo,
África, Madagascar, Nova Zelândia, Nova Guiné e Ásia (Wilde 1971; Escobar 1988).
Passiflora é o mais representativo da tribo Passifloreae possuindo ca. 450
espécies, predominantemente na região neotropical, com apenas uma espécie P.
tetrandra Banks & Sol. ex DC., encontrada na Nova Zelândia (Killip 1938).
Caracteriza-se por apresentar espécies de lianas, trepadeiras herbáceas ou lenhosas,
arbustos, subarbustos e arvoretas, com gavinhas, estípulas foliares, nectários extraflorais, flores solitárias ou inflorescências cimosas, com receptáculo desenvolvido em
hipanto e apêndices acessórios na forma de corona, opérculo e/ou androginóforo e fruto
tipo baga ou cápsula, com sementes ariladas (Brizyck 1961). Está subdividido em
quatro subgêneros: Astrophea (DC.) Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba
(DC.) Rchb. e Passiflora L. (Feuillet & MacDougal 2003).
Passiflora subg. Astrophea possui 57 espécies, distribuídas em duas
superseções, cinco seções e duas séries (Feuillet & MacDougal 2003). Está distribuída
na América do Sul (a maioria no Brasil) e apenas duas espécies na América Central.
Caracteriza-se por apresentar espécies lianas lenhosas, algumas árvores, folhas inteiras,
duas glândulas peciolares próximo ao ápice do pecíolo, sésseis ou em forma de cicatriz,
pedúnculos com 1-5-flores, estas raramente nascidas sobre uma gavinha, brácteas
pequenas, flores rosa a púrpuras, vermelhas a alaranjadas, corona amarela com um tubo
floral proeminente, opérculo ereto ou expandido, não plicado, os frutos são usualmente
amarelos, esverdeados com manchas avermelhadas (MacDougal & Feuillet apud Ulmer
& MacDougal 2004).
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Passiflora subg. Decaloba possui 214 espécies, distribuídas em oito superseções
e cinco seções, encontradas no Novo Mundo, Sudeste da Ásia, Oceania e Austrália
(Feuillet & MacDougal 2003). Caracteriza-se por apresentar: trepadeiras herbáceas,
plantas glabras a pubescentes, caule cilíndrico, 3–5 angulado, folhas geralmente 3lobadas, raramente inteiras ou 5-lobadas, glândulas peciolares presentes, 2 ou até 4,
lâmina foliar com ocelo próximos a nervura principal, pedúnculos 1 a 20 flores, flores
nascidas sobre uma gavinha, pequenas, amarelo-esverdeadas, brancas ou avermelhadas,
corona em 1-3 séries de filamentos, opérculo plicado, estiletes delgados, frutos
pequenos, púrpureos ou negros, algumas vezes deiscentes, sementes reticuladas ou
transversalmente sulcadas.
O subgênero Passiflora, o maior em número de espécies, possui 236 espécies,
divididas em seis superseções, 24 seções e três séries. Apresenta distribuição no Sudeste
dos Estados Unidos, América Central e América do Sul, encontradas tanto nas altas
temperaturas do Amazonas como em baixas temperaturas nos Andes, em altitudes de 02.500 m s.n.mn (Ulmer & MacDougal 2004). Caracteriza-se por apresentar lianas com
flores grandes e coloridas, às vezes com corona ou algumas vezes com um longo tubo
floral (superseção Tacsonia (Juss.) Feuillet & MacDougal), plantas glabras a
pubescentes, caule circular, estriado, denteado ou quase angulado, estípulas
inconspícuas, lanceoladas ou ovadas, folhas 3-lobadas, inteiras ou até 7-lobadas, com 3
nervuras principais, glândulas peciolares 2-6, raramente mais que 6 ou ausentes, lâmina
com ou sem nectários, pedúnculos unifloros, as flores nascidas sobre uma gavinha,
brácteas 3, geralmente conspícuas, flores grandes, purpúreas, brancas, azuis, violetas,
vermelhas e variações destas, tubo floral às vezes conspícuo, corona em (1-)3-20 séries
de filamentos, opérculo não plicado, às vezes filamentosos, frutos esverdeados,
amarelos a alaranjados ou avermelhadas, sementes reticuladas, com ornamentação. Por
apresentar flores vistosas e coloridas e com odor forte, as espécies são muito utilizadas
na obtenção de híbridos para cultivo ou como ornamentais (Ulmer & MacDougal 2004).
O subgênero Deidamioides ocorre na América do Sul e América Central, do
México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes
variando de 0-2.500 m s.n.m. Desde a sua delimitação apresenta um histórico bem
controverso:
De Candolle (1828) reconheceu oito seções para Passiflora: Astrophea DC.,
Polyanthea DC. (incluindo P. cirrhiflora A.Juss., P. septanata DC., P. holosericea L.,
P. sexflora Juss., P. geminiflora D.Don. e P. moluccana Reinw. ex Blume),
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Tetrapathea DC. (incluindo P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., espécie endêmica da
Nova Zelândia), Cieca Medic., Decaloba DC., Granadilla DC., Tacsonioides DC. e
Dysosmia DC. (Em destaque as seções que pertencem atualmente à delimitação de
Passiflora subgênero Deidamioides).
O termo Deidamioides, foi proposto pela primeira vez por Harms (1923), como
seção Decaloba DC. subseção Deidamioides Harms, incluindo as espécies: P.
cirrhiflora, P. jenmanii Mast. e P. deidamioides.
Harms (1925) no tratamento taxonômico para a família, reconheceu três seções e
três subseções: seção Decaloba subseção Polyanthea Mast. com as espécies: P.
multiflora L., P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi Harms, P. moluccana, P. horsfieldii
Blume, P. cupiformis Mast., P. eberhardtii Gagnep., P. siamica Craib. e P. ligulifolia
Mast.; Subseção Cirrhiflora com as espécies: P. cirrhiflora e P. jenmanii; Subseção
Deidamioides com uma única espécie: P. deidamioides; Seção Tryphostemmatoides
Harms, com a espécie P. tryphostemmatoides Harms. e a seção Tetrastylis (Barb. Rodr.)
Harms, com uma espécie T. montana Barb. Rodr.
Killip (1938) revisou a família para o Novo Mundo, reconhecendo 355
espécies para a América do Sul, e agrupou estas espécies em quatro gêneros: Tetrastylis
(duas espécies), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast. (5) e Passiflora (355) e subdividiu
o gênero Passiflora em 22 subgêneros: Apodogyne Killip, Astephia Killip,
Tryphostemmatoides (Harms) Killip, Deidamioides (Harms) Killip, Plectostemma
Mast., Chloropathanthus (Harms) Killip, Murucuja (Medic.) Mast., Pseudomurucuja
(Harms) Killip, Psilanthus (DC.) Killip, Adenosepala Killip, Tacsoniopsis (Triana &
Planch.) Killip, Rathea (Karst.) Killip, Tacsonia (Juss.) Triana & Planch.,
Granadillastrum (Triana & Planch.) Killip, Distephana (Juss.) Killip, Calopathanths
(Harms) Killip, Tacsonioides (DC.) Killip, Granadilla (Medic.) Mast., Dysosmia (DC.)
Killip, Dysosmioides Killip, Polyanthea (DC.) Killip e Astrophea (DC.) Mast. (Em
negrito os subgêneros que foram agrupados em Deidamioides). Neste trabalho, o autor
propôs uma nova delimitação para o subgênero Deidamioides, restrito a apenas uma
espécie: P. deidamioides, que inclui: trepadeiras herbáceas, pecíolos com 2-4(-6)
glândulas, folhas trifolioladas, pedúnculos bi-floros, terminando em uma gavinha e
opérculo plicado.
Feuillet & MacDougal (2003) fizeram uma revisão para o gênero Passiflora e
reduziram os 22 subgêneros propostos por Killip (1938), para apenas quatro subgêneros,
reconhecendo dentro destes a categoria “Superseção” ao invés do termo subseção. Esta
18
categoria, apesar de utilizada por Feuillet & MacDougal (2003), no intuito de reduzir o
número de novos nomes e/ou categorias subgenéricas, não é reconhecida pelo Código
Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006). Os subgêneros
reconhecidos pelos autores foram: Astrophea (DC.) Mast. (57 espécies), Decaloba
(DC.) Richb. (214), Passiflora L. (236) e Deidamioides (Harms) Killip (13).
Dentro da delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), para
Passiflora, o subgênero Deidamioides é o que apresenta até o momento uma
delimitação não muito clara, e um histórico taxonômico bem controverso (ver sinopse
na Tabela 1).
Feuillet & MacDougal (2003) reconheceram seis seções para o subgênero:
Polyanthea DC. (uma espécie); Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1);
Tetrastylis (Barb. Rodr.) Harms (2, com a inclusão de P. contracta Vitta);
Mayapathanthus Killip ex MacDougal & Feuillet (2), Tryphostemmatoides Harms (5) e
Tetrapathea DC. (1).
Segundo Ulmer & MacDougal (2004) o subgênero Deidamioides caracteriza-se
por apresentar, estípulas delgadas, glândulas peciolares próximas à junção da lâmina
foliar, folhas inteiras a 3-9-folioladas, com margem inteira, brácteas pequenas,
pedúnculo terminando em uma gavinha, uma flor com articulação próxima ou bem
abaixo da base da flor e opérculo plicado. As plantas jovens apresentam discos adesivos
nas gavinhas que permitem o hábito trepador das mesmas em florestas facilitando o
alcance do dossel das matas. O subgênero tem distribuição na América do Sul e
América Central.
A Seção Polyanthea representada por uma única espécie encontrada nas Guianas
caracteriza-se por apresentar, folhas compostas 5-9-folioladas, as flores nascidas sobre
uma gavinha e a corona amarelo-alaranjada, em várias séries (P. cirrhiflora). Master
(1871) considerou esta seção como uma série da seção Decaloba (série Polyanthea).
Killip (1938) considerou-a como um subgênero à parte com uma única seção
(subgenêro Polyanthea seção Polyanthea) e apenas uma espécie. Segundo este mesmo
autor, a espécie possui uma combinação de caracteres diagnósticos distinta de outras
seções e subgêneros, como opérculo plicado (subgênero Passiflora), ovário truncado
com estiletes projetando-se do ângulo ao topo, filamentos da corona verrucosos
(subgênero Astrophea) e estigmas largos (subgênero Passiflora), o que deixaria dúvidas
quanto ao seu posicionamento taxonômico.
19
A composição de espécies da seção variou bastante. De Candolle (1828) incluiu na
seção Polyanthea: Passiflora septenata [sinônimo de P. cirrhiflora segundo Killip
(1938)], P. geminiflora [sinônimo de P. vespertilio segundo Killip (1938)], P.
moluccana, P. holosericea e P. sexflora [transferidas para o subgênero Decaloba por
Master (1871)]. Master (1871) adicionou P. multiflora à seção Polyanthea. Killip
(1938) considerou que P. multiflora, P. holosericea e P. sexflora têm pouco em comum
com P. cirrhiflora e efetuou sua transferência para o subgênero Decaloba. Feuillet &
MacDougal (2003) consideraram apenas P. cirrhiflora como pertencente a uma seção
do subgênero Deidamioides com base na presença de pedúnculos bifloros, terminando
em uma gavinha e opérculo plicado, e as demais como pertencentes ao subgênero
Decaloba.
Segundo a delimitação de Feuillet & MacDougal (2003), a Seção Deidamioides
representada por uma única espécie (P. deidamioides) caracteriza-se por apresentar
folhas trifolioladas, flores que são nascidas sobre uma gavinha, e uma corona branca em
várias séries. Esta seção foi proposta primeiramente por Harms (1923) como uma
subseção da seção Decaloba, incluindo apenas uma espécie (P. deidamioides). Killip
(1938) elevou esta seção à categoria de subgênero com apenas esta espécie, com base
nos caracteres propostos por Harms (acima citados). Feuillet & MacDougal (2003)
consideraram como uma seção dentro de uma delimitação mais ampla para o subgênero
Deidamioides. Esta seção também seria monoespecífica, incluindo apenas Passiflora
deidamioides.
A seção Tetrastylis representada por P. ovalis Vell. ex M.Roemer, caracteriza-se
por apresentar inflorescência racemosa, flores levemente zigomorfas, com quatro
estigmas. Foi originalmente descrita como o gênero Tetrastylis por Barbosa Rodrigues
(1882), com uma única espécie brasileira: T. montana. Harms (1923) considerou
Tetrastylis como uma seção pertencente ao gênero Passiflora. Killip (1926)
restabeleceu o gênero Tetrastylis e o diferenciou de Passiflora pela presença de quatro
estiletes (vs. três estiletes em Passiflora), ginóforo curvo (vs. reto), filetes unidos na
base do ginóforo com extremidades livres (vs. filetes livres do ginóforo até sua
extremidade) e quatro placentas (vs. três placentas). Vitta & Bernacci (2004) dividiram
P. ovalis em duas espécies, com base em caracteres morfológicos: Passiflora contracta
descrita por Vitta (2003) foi separada de P. ovalis com base nos caracteres florais, como
tipo e tamanho da inflorescência, tamanho do pedúnculo e pubescência, tamanho das
sépalas e do ginóforo. P. ovalis é encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P.
20
contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, ambas ocorrendo em áreas de
mata atlântica.
Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as
características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo,
pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres
suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas
em análise da morfologia externa. Observações preliminares dos espécimes destes dois
táxons encontrados em herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição
em vários caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica
através da taxonomia tradicional. Sendo assim, estas duas espécies estão aqui sendo
consideradas como complexo Passiflora ovalis, e estudos biossistemáticos e
micromorfológicos serão utilizados no intuito de delimitar taxonomicamente as
mesmas, assim como a utilização de caracteres macromorfológicos.
.
Alguns trabalhos filogenéticos com base em dados moleculares, recentemente
publicados, reforçam a inclusão de Tetrastylis dentro do gênero Passiflora (Muschner et
al. 2003; Hansen et al. 2006, Zamberlan 2007), porém o seu posicionamento dentro do
gênero ainda não está claramente definido. Segundo Muschner et al. (2003), P. ovalis
pertence ao clado que inclui o subgênero Passiflora (com dados de ITS – 97% valor de
bootstrap). Na análise com dados de trnL-F, P. ovalis também está incluso no clado do
subgênero Passiflora (75% valor de bootstrap). No estudo de Hansen et al. (2006) P.
ovalis aparece como grupo basal em relação ao subgênero Decaloba com forte
sustentação (85% bootstrap), formando o subgênero Deidamioides, juntamente com as
espécies P. deidamioides e P. cirrhiflora. Zamberlan (2007) apresenta o subgênero
Deidamioides como polifilético, sendo necessária a exclusão de P. ovalis do grupo para
que este se torne monofilético.
A Seção Mayapathanthus apresenta espécies trepadeiras lenhosas sob o dossel,
seus brotos assemelham-se com as espécies da seção Tryphostemmatoides e também
apresentam gavinhas com discos adesivos, além das glândulas que às vezes podem ser
encontradas sobre a base das sépalas. Esta seção inclui as espécies Passiflora obovata
Killip e P. macdougaliana Knapp & Mallet. Esta seção foi proposta por Killip (1938)
como pertencente ao subgênero Plectostemma Mast., com apenas uma espécie: P.
obovata, descrita por Killip (1936). Feuillet & MacDougal (2003), na redelimitação dos
gêneros de Passiflora, consideraram esta seção como válida, mas como pertencente ao
21
subgênero Deidamioides e não ao subgênero Plectostemma, devido à presença de discos
adesivos nas gavinhas e de um opérculo plicado.
A seção Tryphostemmatoides foi publicada por Harms (1925) com base no hipanto
cupuliforme, flores pequenas, nascidas sobre uma gavinha, e folhas pequenas
transversalmente elípticas. Killip (1938) elevou esta seção à categoria de subgênero,
considerando os caracteres: pecíolo sem glândulas; pedúnculos bifloros terminando em
uma gavinha; cálice (hipanto) campanulado e opérculo não plicado. Estes por si só,
seriam caracteres suficientes para justificar a separação até em um novo gênero. Feuillet
& MacDougal (2003) redelimitaram este grupo, considerando-o como uma seção do
sugênero Deidamioides, com base nos mesmos caracteres propostos por Killip (1938).
A Seção Tryphostemmatoides é a maior seção em número de espécies do
subgênero (cinco espécies). Estas espécies são caracterizadas por um crescimento
delicado e folhas pequenas. Apresenta flores pequenas, que nascem aos pares sobre as
gavinhas (caráter não encontrado em P. discophora Jørgensen & Lawesson). Entretanto,
as gavinhas são 3-5-partidas, às vezes desenvolvem pequenos discos sobre as gavinhas
que auxiliam no hábito trepador (Ulmer & MacDougal 2004).
Tetrapathea foi proposta por De Candolle (1828), como uma seção do gênero
Passiflora, com distribuição restrita à Nova Zelândia. Harms (1894) elevou a seção à
categoria de gênero, considerando apenas uma espécie: T. australis Raoul, espécie
atualmente sinonimizada para P. tetranda (Green 1972).
Allan (1961) manteve Tetrapathea como um gênero monoespecífico,
ressaltando que os caracteres de dióicia e flores tetrâmeras seriam suficientes para
considerar esta delimitação a nível genérico. Hutchinson (1967) considerou Tetrapathea
como subgênero de Passiflora com base nos mesmos caracteres propostos por Allan
(1961), acima citados.
Green (1972) fez a seguinte consideração em relação ao posicionamento de
Tetrapathea: “Apesar de ser mantida como um gênero monotípico, por Allan (1961),
uma separação genérica parece ser escassamente justificada para esta espécie. Esta
diferenciação tem sido baseada nos caracteres: planta dióica e flores tetrâmeras, nenhum
dos quais é único: flores tetrâmeras são encontradas em Passiflora octandra Gagnep, da
Indo-China, enquanto na Flora da Nova Zelândia, as flores são notadas por serem
dióicas. Há muito tempo atrás Thomson (1881) calculou que 46% das espécies nativas
da Nova Zelândia nasceram com flores unissexuais e Heine (1937) remarca que “muitas
espécies e gêneros os quais são hermafroditas em outras partes do mundo são
22
unissexuais na Nova Zelândia”; bons exemplos são encontrados em Clematis L.,
Melicope J.R.Forst. & G.Forst., Rubus L., Leptospermum J.R.Forst. & G.Forst. e
Pimelia Link. A única espécie pertencente a esta seção, P. tetrandra, apresenta flores
masculinas com um ovário abortado, e os estames femininos estéreis, pode apresentar
flores completamente similares às flores hermafroditas dos trópicos em Passiflora”.
Feuillet & MacDougal (2003) analisando todas as espécies de Passiflora,
consideraram Tetrapathea como subgênero Deidamioides seção Tetrapathea. Ulmer &
MacDougal (2004) apresentaram um checklist da classificação proposta por Feuillet &
MacDougal (2003), onde são consideradas apenas cinco seções para o subgênero e, a
seção Tetrapathea é novamente considerada como um gênero monoespecífico.
A seção Tetrapathea caracteriza-se por incluir lianas ca. 20 m alt.,
completamente glabras, lâmina foliar inteira, nunca lobada, glândulas ausentes ou um
par na base da lâmina foliar, flores unissexuais, com estames remanescentes do ovário,
hipanto estreito, sépalas e pétalas 4, livres, ca. 5-7 mm, corona de filamentos
consistindo de 2 ou 3 series de filamentos, androginóforo 0,5 mm, estames 4, livres,
anteras basifixas ou subdorsifixas, mais ou menos versáteis, ginóforo 0,5-2,5 mm,
estiletes 4, livres ou parcialmente conadas; estigmas subgloboso, papiloso, discos
nectaríferos ausentes.
O subgênero caracteriza-se por apresentar lianas a trepadeiras herbáceas, com
gavinhas inteiras ou divididas no ápice, com um disco apical em algumas espécies, folhas
inteiras ou 3-9-lobadas, com margem inteira, lâminas nunca variegadas, estípulas delgadas,
glândulas peciolares próximas à junção da lâmina foliar, brácteas pequenas, flores
pediceladas, opérculo plicado, os frutos são esverdeados, amarelos ou alaranjados e as
sementes reticuladas. Todas as flores são nascidas sobre uma gavinha, ou um pedúnculo
modificado em gavinha, um fenômeno que parece ser muito raro em Passiflora (Ulmer &
MacDougal 2004).
Os objetivos deste estudo são: 1) realizar um estudo filogenético utilizandose dados moleculares, visando esclarecer os relacionamentos dentro do grupo, e do grupo
com os demais subgêneros de Passiflora; 2) realizar estudos biossistemáticos no complexo
Passiflora ovalis, um grupo de difícil delimitação com base nos métodos da taxonomia
clássica, utilizando ferramentas como: morfometria geométrica, morfometria tradicional e
marcadores moleculares de ISSR; 3) realizar um estudo morfológico palinológico das
espécies de Passiflora subgênero Deidamioides, visando auxiliar ou não os resultados
obtidos com os estudos taxonômicos e filogenéticos; 4) realizar uma revisão taxonômica de
23
Passiflora subgênero Deidamioides, revendo as delimitações das seções e a inclusão das
espécies nas mesmas, com base no posicionamento taxonômico das espécies e nos
caracteres morfológicos.
Esta tese está sendo apresentada em formato tradicional. Encontra-se dividida em
cinco capítulos, sendo que todos eles apresentam uma nota introdutória sobre o tema
abordado, bem como uma descrição da metodologia utilizada, resultados e discussões. As
conclusões gerais são apresentadas ao final da tese, assim como toda a referência
bibliográfica utilizada. Os capítulos apresentados nesta tese não estão sendo considerados
como publicações válidas, e serão posteriormente formatados e encaminhados para revistas
especializadas para efetiva publicação, bem como a descrição das novas espécies, segundo
as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006).
24
Tabela 01 – Sinopse das classificações anteriores para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003).
Espécies
De Candolle (1828)
Harms (1925)
Killip (1938)
Feuillet & MacDougal (2003)
Subgênero Deidamioides seção
Tryphostemmatoides
1 Passiflora arbelaezii L. Uribe
2 P. cirrhiflora A.Juss.
Seção Polyanthea
Seção Decaloba Subseção
Cirrhiflora
Subseção Deidamioides
3 P. deidamioides Harms
Subgênero Polyanthea Seção Polyanthea
Subgênero Deidamioides seção Polyanthea
Subgênero Deidamioides
Subgênero Deidamioides seção Deidamioides
Subgênero Deidamioides seção
4 P. discophora P. Jørg. & Lawesson
Tryphostemmatoides
Subgênero Tryphostemmatoides
5 P. gracillima Killip
Subgênero Deidamioides seção
Mayapathanthus
6 P. macdougaliana S. Knapp & Mallet
7 P. obovata Killip
Passiflora seção Tetrastylis
8 P. ovalis Vell. ex M.Roemer
Subgênero Plectostemma seção
Subgênero Deidamioides seção
Mayapathanthus
Mayapathanthus
Gênero Tetrastylis
Subgênero Deidamioides seção Tetrastylis
Subgênero Deidamioides seção
Tryphostemmatoides
9 P. pacifica L.A. Escobar
Passiflora seção
10 P. tetrandra Banks & Sol. ex DC.
11 P. tryphostemmatoides Harms
Tetrapathea
Gênero Tetrapathea
Gênero Tetrapathea
Seção Tryphostemmatoides
Subgênero Tryphostemmatoides
Subgênero Deidamioides seção Tetrapathea
Subgênero Deidamioides seção
Tryphostemmatoides
* Em cinza, os autores não apresentaram tratamentos para esta espécie ou a publicação da espécie é posterior à obra.
25
Capítulo I
Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero
Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae)
26
Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero
Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae)
O uso de marcadores moleculares, entre eles o espaçador interno transcrito do DNA
ribossomal nuclear (ITS) (Baldwin et al. 1995; Muschner et al. 2003; Krosnick et al. 2006;
Zamberlan 2007) e dos marcadores plastidiais trnL-F (Reeves & Olmstead 1998; Fay et al.
2000; Richardson et al. 2000; Seahan & Chase 2000; Krosnick & Freudenstein 2005;
Krosnick et al. 2006) tem sido aplicado com sucesso nas inferências filogenéticas inter e
intragenéricas e interespecíficas em vários grupos de fanerógamas.
Durante
muito
tempo,
a
delimitação
de
Passifloraceae
foi
sustentada
morfologicamente pela presença da corona de filamentos e de um androginóforo (Killip,
1938; Wilde 1971; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Porém, na delimitação
proposta pelo APG II (2003), com base em dados moleculares, Passifloraceae aparece
como monofilética com a inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae. Nesta delimitação
sensu lato a família possui ca. 800 espécies e 28 gêneros, apresentando como grupos
irmãos as famílias Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Flacourtiaceae. Este clado é sustentado
pela presença de glicosídeo cianogênico, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e
corola formando um tubo, corona extra-estaminal, presença de hipanto e exotegma
paliçado (Stevens 2001).
Até o momento nenhum estudo filogenético para Passifloraceae abordando todos os
gêneros da família foi realizado, visando esclarecer os relacionamentos em níveis
genéricos, porém, alguns estudos já foram realizados enfocando principalmente o gênero
Passiflora (Sanchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a, 2004b;
Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan
2007).
Passiflora L. é o maior gênero de Passifloraceae, com ca. 450 espécies de
distribuição predominantemente Neotropical, e com algumas espécies restritas ao Velho
Mundo, nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, Austrália e Nova Zelândia. As
espécies deste gênero apresentam morfologia diversa em estrutura floral e foliar.
Sánchez et al. (1999) publicaram o primeiro estudo filogenético em Passiflora,
utilizando DNA de cloroplasto (cpDNA). Neste trabalho, os autores utilizaram 35
espécimes de 12 espécies cultivadas do gênero, sendo obtidos cinco fragmentos clonados
de cpDNA (Mb1, Mb2, Mb3, Mb8 e Mb10), que foram utilizados como marcadores
27
filogenéticos. Os resultados levaram os autores a reconhecer três subgêneros: Decaloba,
Tacsonia e Passiflora, confirmando, segundo a taxonomia vigente no período, três seções
de Passiflora: Incarnatae, Tiliaefoliae e Lobatae (Killip 1938). O subgênero Tacsonia e as
seções foram incluídas no subgênero Passiflora sensu Feuillet & MacDougal (2003).
Nenhuma espécie do subgênero Deidamioides foi utilizada neste estudo.
Muschner et al. (2003) publicaram um estudo filogenético de Passiflora, utilizando
o espaçador interno transcrito do DNA ribossomal nuclear (ITS) e os marcadores
plastidiais trnL-F e rps4. Como resultado os autores apresentaram três clados maiores com
alto valor de bootstrap (BS), correspondendo aos subgêneros Passiflora (97%), Decaloba
(99%) e Astrophea (97%). O subgênero Deidamioides foi representado pelas espécies
Passiflora lancetillensis MacDougal & Meerman e Tetrastylis ovalis Vell. (=Passiflora
ovalis Vell. ex M.Roemer), porém P. lancetillensis, pertence ao subgênero Decaloba seção
Plectostemma (Ulmer & MacDougal 2004), e foi classificada erroneamente como
pertencente ao subgênero Deidamioides. A única espécie de Deidamioides utilizada nesta
análise foi T. ovalis, esta aparece relacionada ao clado que reúne as espécies do subgênero
Passiflora, com 100% (BS), na análise de máxima verossimilhança com os dados
combinados de ITS e trnL-F. Na topologia obtida com os dados de rps4, esta espécie
aparece como grupo irmão dos outros subgêneros de Passiflora, porém, apresentando
baixo valor de sustentação (>50% BS). O monofiletismo do subgênero Deidamioides ficou
indefinido, segundo os resultados apresentados.
Yockteng & Nadot (2004a) realizaram uma análise filogenética com as espécies de
Passiflora utilizando as regiões cytGS e matK (cloroplasto), além de ncpGS (nuclear), que
exibem, segundo os autores, um grande potencial para investigar a história evolutiva de
espécies próximas. Os resultados mostraram que as regiões são filogeneticamente
informativas para o gênero, porém, os autores só utilizaram espécies do subgênero
Decaloba, não realizando nenhuma inferência sobre a classificação deste grupo.
Yockteng & Nadot (2004b) publicaram um trabalho filogenético para Passiflora
usando o gene nuclear (ncpGS), incluindo 17 subgêneros dos 23 reconhecidos por Killip
(1938), totalizando 91 espécies. Como resultado, os autores reconheceram três clados:
Clado 1: incluiu basicamente o subgênero Astrophea com 88% (BS), tendo como espécie
relacionada P. tryphostemmatoides Harms, a qual segundo a classificação proposta por
Feuillet
&
MacDougal
(2003)
pertenceria
ao
subgênero
Deidamioides
seção
Tryphostemmatoides. O clado 2 apresenta um alto valor de sustentação (87% BS), e incluiu
espécies dos subgêneros Deidamioides, Decaloba, Plectostemma, Tetrapathea e Astrophea
28
(Killip 1938). Neste clado, a maioria das espécies pertence ao subgênero Decaloba seção
Plectostemma, segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003). O clado
3 fortemente sustentado, com 100% (BS), incluiu as espécies dos subgêneros
Calopathanthus, Granadilla, Distephana, Manicata, Psilanthus, Tacsonia e Tacsonioides
(Killip 1938) e apresenta como grupo irmão o subgênero Dysosmia. Este clado
corresponde a Passiflora subgênero Passiflora segundo Feuillet & MacDougal (2003).
Nesta análise, os autores incluíram a espécie P. cirrhiflora A.Juss. (Deidamioides
seção Polyanthea DC. sensu Feuillet & MacDougal 2003), que aparece isolada como o
grupo mais basal dentro do gênero, tendo como grupo mais próximo o subgênero
Astrophea. P. lancetillensis (tratada no artigo como pertencente ao subgênero
Deidamioides, mas, que como já foi dito anteriormente, pertence ao subgênero Decaloba
seção Plectostemma), aparece agrupada com as espécies do subgênero Plectostemma, com
87% (BS). Assim, a única espécie do subgênero Deidamioides não aparece correlacionada,
sendo o subgênero classificado como parafilético pelos autores.
Krosnick & Freudenstein (2005) realizaram um estudo filogenético com dados
moleculares com o espaçado nuclear ITS, e o espaçador plastidial trnL-F, para algumas
espécies de Passiflora do Velho Mundo e inferiram dados de caracteres florais. Foram
utilizadas espécies de Decaloba superseção Disemma (21 espécies), e espécies dos outros
subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003) como grupo externo: Astrophea
(duas espécies) e Deidamioides (P. arbelaezii L.Uribe). A análise combinada entre as duas
regiões utilizadas apresentou como resultado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora
(97% valor de Jackknife), Astrophea (100%) e Decaloba (78%). A única espécie tratada do
subgênero Deidamioides apareceu como grupo irmão de Astrophea com um valor de
sustentação de 74% (Jackknife).
Krosnick et al. (2006) fizeram uma análise filogenética com o subgênero Decaloba
superseção Disemma, utilizando os espaçadores ITS e trnL-F, na tentativa de elucidar a
diferença na morfologia floral, considerada anômala, em algumas espécies do subgênero
Decaloba. Os autores inferiram dados morfológicos, e compararam com as espécies da
superseção Multiflora, baseando-se no padrão geral do gênero. Neste estudo foram
utilizadas espécies dos subgêneros Decaloba (26) e P. arbelaezii (subgênero
Deidamioides), não sendo possível fazer qualquer inferência sobre a classificação
infragenérica.
Hansen et al. (2006) utilizaram as regiões rpoC1 e trnL-T, para verificar o
relacionamento filogenético de Passiflora com inferência dos dados de número
29
cromossômico. Neste estudo foram tratadas 61 espécies pertencentes a 16 subgêneros
propostos por Killip (1938), e quatro outros gêneros considerados como grupo externo
(incluindo Tetrastylis ovalis = Passiflora ovalis). Como resultados os autores apresentam
três grupos: grupo n=6, grupo n=9 e grupo n=12. O grupo n=6 (100% BS) equivale ao
subgênero Decaloba proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=9 também se
apresentou como um grupo monofilético (99-100% BS) e corresponde ao subgênero
Passiflora proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=12 apresentou espécies
dos subgêneros Deidamioides e Astrophea, sendo o subgênero Deidamioides representado
por três espécies: P. deidamioides, P. cirrhiflora e T. ovalis.Os resultados obtidos com os
marcadores moleculares sustentaram o monofiletismo dos subgêneros estudados.
Zamberlan (2007) realizou um estudo filogenético para Passiflora, utilizando três
regiões: os genes plastidiais rpoC1, nad1 e espaçador nuclear ITS, com 121 espécies do
gênero. Neste estudo foi confirmado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora (100%
BS, 0.99 probabilidade posterior da bayesiana (pp), Astrophea (100% BS, 1.00 pp) e
Decaloba (100% BS, 1.00 pp). O subgênero Deidamioides na análise de ITS (representado
pelas espécies: P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P. deidamioides, P. discophora e T. ovalis)
apareceu como monofilético (0.99 pp) com a exclusão de T. ovalis. Na análise com rpoC1
utilizando as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o subgênero aparece
como monofilético com a exclusão de T. ovalis, mas com baixo valor de suporte (0.59 pp).
Com dados de nad1 com as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o
subgênero também foi considerado como monofilético com 73% (BS). A autora
considerou o subgênero polifilético e sugeriu a possível existência de um quinto
subgênero: Tryphostemmatoides representado pelas espécies P. arbelaezii e P. discophora.
Porém, ressaltou a necessidade de um estudo com um número maior de espécies para
elucidar esta questão, e não reconheceu as superseções e seções propostas por Feuillet &
MacDougal (2003) como monofiléticas.
Com base nestes estudos realizados basicamente com o gênero Passiflora, que
apresentam uma baixa amostragem do subgênero Deidamioides, e devido a toda a
problemática correlacionada à delimitação do subgênero (apresentada na introdução e no
capítulo cinco desta tese), fica clara a necessidade de um estudo filogenético incluindo
mais espécies deste subgênero, devidamente identificadas, visando elucidar seu
posicionamento em relação aos demais subgêneros de Passiflora, e seus relacionamentos
interespecíficos. Sendo assim, esse capítulo teve como objetivo realizar um estudo
filogenético do subgênero Deidamioides, para comprovar ou não o seu monofiletismo, bem
30
como verificar a delimitação das possíveis seções e enquadramento das espécies dentro das
mesmas, utilizando-se dados de ITS e trnL-F e comparar este resultados com os dados
morfológicos.
Material e métodos
Amostragem
Foram analisadas 66 espécies, das quais 63 formaram o grupo interno pertencentes
aos subgêneros de Passiflora: sendo do subgênero Deidamioides (11 espécies), Astrophea
(3), Decaloba (31), Passiflora (18), e três corresponderam ao grupo externo, incluindo as
espécies Mitostemma glaziovii Mast. (Passifloraceae), Malesherbia lanceolata Ricardi e M.
weberbaueri Gilg. (Malesherbiaceae, considerada pelo APG II (2003), como pertencente a
Passifloraceae), para a região de ITS. Para a análise do espaçador plastidial trnL-F foram
analisadas 21 espécies: subgênero Deidamioides (6), Decaloba (6), Passiflora (8) e M.
glaziovii como grupo externo (Tabela 02).
O DNA foi extraído de material fresco coletado diretamente do campo e preservado
em sílica-gel ou de material de herbário (com a devida autorização dos herbários de
origem), quando não foi possível coletá-los em campo. Não foi possível obter amostragem
completa de todas as espécies do subgênero Deidamioides para as duas regiões analisadas
devido à dificuldade em amplificar e seqüenciar algumas amostras.
Foram obtidos acessos genômicos para os subgêneros Passiflora, Decaloba e
Astrophea através do GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov – Tabela 02). As espécies do grupo
externo foram utilizadas com o objetivo de forçar um enraizamento das árvores obtidas, e
foram escolhidas por já terem sido referenciadas em trabalhos anteriores como espécies
próximas ao grupo em questão (Muschner et al. 2003; Krosnick & Freudenstein 2005;
Hansen et al. 2006).
Seleção de regiões informativas
Para o desenvolvimento deste trabalho foram testadas várias regiões moleculares a
fim de encontrar aquelas que apresentassem uma maior variação entre as espécies
utilizadas, com o intuito de responder à questão principal. As regiões testadas foram:
espaçador nuclear: ITS, espaçadores de plastídio: trnS-trnG, psbA-trnH, rpoB-trnC, trnDT, trnL-F. Dentre estas, as regiões de ITS e trnL-F, se mostraram mais informativas, e
foram selecionadas para o presente trabalho.
31
Tabela 02 - Lista de espécies de Passiflora e grupo externo usado neste estudo
(classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003)), número de acessos, regiões
sequenciadas e origem dos dados, utilizados na análise de ITS e trnL-F
Gênero/
Espécie
Coletor + No.
Região
Origem
Mitostemma glaziovii
T.S.Nunes 1813
ITS
Espírito Santo:
trnL-F
Linhares
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
GENBANK
ITS
Bahia: Porto
Subgênero
Mitostemma
Malesherbia
Astrophea
Decaloba
Malesherbia lanceolata
AY636103
M. werberberi
AY632697
Passiflora candida
DQ521279
P. citrifolia
AY632707
P. haematostigma
AY032835
P. adenopoda
AY632702
P. aurantia
DQ521280
P. auriculata
DQ284532
P. biflora
AY632705
P. cinnabarina
AY632706
P. coriacea
AF454807
P. cupiformis
AY632708
P. filipes
AY632709
P. guatemalensis
DQ087419
P. henryii
AY632710
P. herbertiana
AY632711
P. holosericea
DQ087417
P. jugorum
AY632712
P. lobata
AF454808
P. lutea
DQ006022
P. membranacea
AY632701
P. mexicana
AY632713
P. misera
T.S.Nunes 1373
P. moluccana
DQ284536
P. monadelpha
DQ087418
P. morifolia
AY032842
P. multiflora
AY632715
P. murucuja
AY648559
P. perakensis
DQ087422
P. pohlii
T.S.Nunes 1724
Seguro
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
E. Santo: Santa
Tereza
32
Passiflora
P. rubra
AY632716
P. siamica
AY632717
P. suberosa
AY632718
P. suberosa
T.S.Nunes 1825
P. talamancensis
AF454809
P. tenuiloba
AY632719
P. tonkinensis
DQ087424
P. wilsonii
DQ087425
P. alata
AF454800
P. alata
T.S.Nunes 1797
P. ambigua
AF454801
P. ampullacea
AY632720
P. caerulea
AY032824
P. cincinnata
AY102383
P. cincinnata
T.S.Nunes 1861
P. clathrata
J.F.Pastore 2331
P. edmundoi
AY102351
P. edmundoi
V.Barreto 238
P. edulis
AF454803
P. foetida
DQ499117
P. galbana
AY032843
P. galbana
A.P.L.Couto 39
P. luetzelburgii
D.Cardoso 866
P. menispermifolia
AF454795
P. miersii
T.S.Nunes 1813A
P. montana
Glaziou 12741
P. mucronata
AY210932
P. oerstedii
AF454797
P. quadrangularis
AY032827
P. recurva
AY102349
P. serrato-digitata
AY210935
P. setacea
R.M.Harley
54513
P. tetrandra
DQ499118
P. vitifolia
AF454796
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
E. Santo: Vargem
Alta
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
Bahia: Igrapiúna
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
Minas Gerais:
Itaobim
trnL-F
Goiás: Goiânia
ITS
GENBANK
trnL-F
Bahia: Campo
Formoso
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
Bahia: Feira de
Santana
trnL-F
Bahia: Casa Nova
ITS
GENBANK
ITS
Espírito Santo:
Linhares
trnL-F
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
trnL-F
Bahia: Nova
Redenção
ITS
GENBANK
ITS
GENBANK
33
Deidamioides
P. arbelaezii
DQ521278.1
P. cirrhiflora
P. contracta
L.A.Escobar
9870
T.S.Nunes 1789
ITS
GENBANK
ITS
Guiana Francesa:
Cayenne
ITS
Bahia: Ilhéus
trnL-F
P. deidamioides
P. discophora
Marquete 3060
L.B.J 240
ITS
Minas Gerais:
trnL-F
Lima Duarte
ITS
Equador
trnL-F
ITS
P. gracillima
P. macdougaliana
L.A.Escobar
6845
S.Knapp 5278
Colômbia:
Guatupé
ITS
Panamá:Colón
trnL-F
P. ovalis
P. ovalis
P. timboënsis
P. tryphostemmatoides
AY210955
T.S.Nunes 1837
A.M.Amorim
7027
Asplund 19605
ITS
GENBANK
trnL-F
Rio da Janeiro:
Parati
ITS
Bahia: Amargosa
ITS
Equador: NapoPastaza
34
Tabela 03 – Caracteres morfológicos para as seções de Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003).
Caráter
Polyanthea
Desenvolvimento do xilema secundário
Lenhoso ou herbáceo
Inflorescência
Biflora
Número de flores por inflorescência
2
Divisão foliar
5-7-9-lobadas
Indumento do caule
Crescimento
Tetrastylis
Mayapathanthus
Herbáceo ou lenhoso
Lenhoso
Herbáceo ou Lenhoso
Herbáceo
Lenhoso
Biflora
Racemosa
Uni ou biflora
Biflora
Racemosa
2
Várias
1-2
2
(2-)3-4 flores
3-lobadas
Inteiras
Inteiras
Inteiras
Inteiras
Viloso
Glabro
Glabro ou viloso
Glabro
Glabro
Glabro
Escandente
Escandente
Ereto
Ereto
Escandente
Ereto
No. de glândula no pecíolo
2
(2-)4-6
2
2
6-8
Ausentes
Divisão da gavinha
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Presente
Ausente
Presença de discos adesivos na gavinha
Ausente
Ausente
Presente
Ausente/Presente
Presente
Ausente
Formato da bráctea
Linear-subulada
Linear-lanceolada
Linear-lanceolada a triangular
Linear-deltóide a triangular
Linear-deltóide
Bractéola subulada-filiforme
Presença de glândula na bráctea
Presente
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Cor da corola
Amarela
Branca
Branca-esverdeada ou amarronzada
Branca
Verde a verde-amarelada
Amarelo-esverdeada
Glândulas nas Sépalas
Ausentes
Ausentes
Presente
Presente
Ausentes
Ausentes
Glândulas nas Pétalas
Ausentes
Ausentes
Ausentes
Ausentes
Ausentes
Presentes
Campanulado
Curto-campanulado
Curto-campanulado
Curto-campanulado
Ausente
Curto-campanulado a
Deidamioides
Tryphostemmatoides
Tetrapathea
Hipanto
infundibuliforme
Cor dos filamentos da corona
Amarelo-alaranjada
Branca
Branca
Branca
Branca
Branca
Filamentos da corona
3
3-5
2
4-10
2
Várias séries
Formato do opérculo
Plicado
Plicado
Inteiro ou plicado
Plicado
Não plicado
Ausente
Número de Estiletes
3
3
4
3
3
2-3
Estames
5
5
5
5
5
4
Baga elíptica
Baga elíptica a globosa
Baga globosa
Baga 6-angulada
Baga subglobosa
Amarelos a laranja com manchas alvas
Verdes
Alaranjado
Alaranjado
Baga oboval-globosa a
Fruto
elíptica
Cor do fruto maduro
Amarelo
Amarelo a laranja
Ovais a obovais, 5-6
Elípticas a ovais, oblongas,
sulcadas
Reticuladas
12
12
Fornato das sementes
Número cromossômico
Reticuladas ou foveoladas
Onduladas a reticuladas
12
---
Reticuladas
----
Achatadas
12
35
Extração de DNA
A extração do DNA foi feita seguindo o protocolo de Doyle & Doyle (1987),
com adaptações feitas de acordo com os resultados preliminares obtidos. O DNA total
foi extraído de ca. 20mg de folha desidratada em sílica-gel, com protocolo de CTAB
(cetyltrimetil ammonium bromide), triturado com auxílio de areia lavada ou nitrogênio
líquido. Esta solução foi colocada em banho-maria por 20 minutos com a temperatura
entre 60-70ºC, após esse período, foi acrescentado 800µl de clorofórmio e
homogeneizado em agitador por 240 minutos. Com a ajuda da pipeta foi retirado o
sobrenadante, transportado para outro tubo e adicionado isopropanol (2-propanol),
deixado no freezer por 24 horas. Em seguida foi centrifugado e sobrenadante foi
descartado, o pellet formado foi lavado com etanol a 70% por 2 ou 3 vezes até que o
DNA ficasse claro a olho nu. Acrescentado o tampão TE (Tris-HCl 10 mM, pH8,0;
EDTA 1 mM), o DNA ficou ressuspendendo por até uma semana, em temperatura
ambiente.
Amplificação, seqüenciamento e alinhamento
A amplificação do DNA total foi realizada através do protocolo específico para
cada primer, através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
ITS: incluindo ITS-1, 5.8S e ITS 2, foram utilizados os primers 75 (5’ TAT
GCT TAA ACT CAG CGG G 3’) e 92 (5’ AAG GTT TCC GTA GGT GAA C 3’)
(Desfeaux et al. 1996), foi amplificado com um volume final de 50µl, contendo 5µl de
tampão (500 mM KCL, 100 mM, Tris-HCl pH8,4, 1% Triton X-100 – Phoneutria
Biotec. Ser. Ltda.) (10x); 2,0µl de MgCl, 1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 1,0µl
de BSA (albumina bovina sérica), 0,25µl de Taq DNA polimerase (Phoneutria Biotec.
Ser. Ltda) e 1,5µl de DNA genômico, 10µl de Betaína e 1,5µl de DMSO (dimethyl
sulfoxide), sendo adicionado H20 (água ultra-pura) para completar o volume final. O
programa de amplificação utilizado foi: pré-aquecimento de 94ºC por 3min,
denaturação de 94ºC por 45 seg, 40 ciclos de 52ºC por 1,5 min (anelamento) e 72ºC por
1,30 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 10min.
trnL-F: foi amplificado com o auxílio dos primers C (5’CGA AAT CGG TAG
ACG CTA CG 3”) e F (5’ GGG GAT AGA GGG ACT TGA AC 3’) (Taberlet et al.
1991), com um volume final de 50µl, contendo 5,0µl de tampão 10x; 3,0µl de MgCl,
1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 0,5µl de BSA, 0,25µl de Taq DNA polimerase e
2µl de DNA genômico, sendo o mix completado com H20 para completar o volume
36
final. O PCR foi realizado seguindo o seguinte protocolo: pré-aquecimento de 94ºC por
3min, denaturação de 94ºC por 1min, 35 ciclos de 55ºC por 1min (anelamento) e 72ºC
por 1 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 7min.
O produto do PCR foi amplificado com o auxílio do termociclador Perkin Elmer
geneAmp 9700, disponível no Laboratório de Sistemática Molecular da Universidade
Estadual de Feira de Santana. A purificação foi feita com reação enzimática, com as
enzimas Exonuclease I (EXO) e Shrimp Alkaline Phosphatase (SAP) da USB
(Cleveland, Ohio, USA). Foi testado ainda, o método de purificação com PEG
(Purificação por precipitação com polietileno glicol), porém, os resultados não foram
significativos em relação ao uso de enzimas.
Após a purificação, o material foi devidamente quantificado em gel de agarose a
1%, seu peso molecular foi inferido com a utilização de um marcador conhecido (Low
DNA Mass Ladder – Invitrogen Coporation) e enviado para sequenciamento. Esta etapa
foi executada através de serviços terceirizado no Laboratório Macrogen Inc., Seul na
Coréia do Sul.
Os eletroferogramas obtidos foram analisados e editados através do Software
STADEN PACKAGE (Staden et al. 2003). O alinhamento foi feito inicialmente através
do programa Clustal W (Thompson et al. 2001), através de um alinhamento usando uma
comparação par a par entre as amostras. Posteriormente, com o auxílio do Muscle 3.7
(Edgar 2004) foi feito um novo alinhamento sobre os resultados obtidos com o Clustal
W. Este método também compara as seqüências par a par, mas de uma maneira muito
mais rápida, porque é baseado na contagem de pequenas subseqüências que as amostras
têm em comum, sendo o alinhamento feito a partir destas subsequências. Com o
resultado obtido, uma correção manual foi necessária e realizada através do BIOEDIT
(Hall 1999). Os indels foram considerados como dados faltantes. Foram descartados o
início e o final de cada matriz a fim de excluir seqüências próximas da região dos
iniciadores. Cada análise foi realizada individualmente por espaçador, e devido a
diversos problemas técnicos na aquisição das sequências, não foi possível sequênciar
para todas as espécies amostradas com ITS para trnL-F. Sendo assim, uma análise
combinada dos dados não foi realizada, devido ao baixo número amostral. As
seqüências obtidas serão depositadas no GenBank.
37
Análise filogenética
A partir das seqüências obtidas foram realizadas diversas análises, visando obter
a melhor topologia representativa do subgênero em estudo, utilizando-se os programas
PAUP 4.0b10 (Swofford 2008), MrBayes 3.1.1 (Ronquist & Huelsenbeck 2003) e
MrModeltest (Posada & Crandall 1998).
Análise de máxima parcimônia: nesta análise foi utilizado o método da
Máxima Parcimônia de Fitch (caracteres igualmente pesados e não ordenados – Fitch
1971). Foi realizada uma busca heurística com 1.000 replicações, e adição aleatória dos
táxons, no intuito de evitar buscas extensivas em ilhas sub-ótimas, foram retidas 100
árvores por replicação, através do algoritmo de TBR (Tree Branch Random), para que
todas as possíveis topologias fossem analisadas. Foi estabelecido um limite inicial de
10.000 árvores.
Teste de confiança: para avaliar a significância das árvores e testar seu
monofiletismo, além de apresentar os valores de sustentação dos grupos, foi utilizado o
método do bootstrap (BS) (Efron & Tibshirani 1993), que consiste em uma simples
reamostragem com reposição pseudoaleatória dos dados. Foram utilizadas 1.000
replicações, adição simples, algoritmo TBR, com um número limite máximo de árvores
retidas de 20 por replicação.
Modelos Evolutivos: Nesta análise, foi utilizado o modelo GTR+gamma,
escolhido para substituição nucleotídica, (modelo este já utilizado em outro trabalho
com Passiflora: Hansen et al. 2006) para as duas regiões consideradas, solucionado
através do software MrModeltest 3.7.
Análise Bayesiana (AB): para esta análise foi utilizado o software MrBayes 3.1,
visando avaliar estatisticamente o monofiletismo do grupo. As Cadeias de Marcov de
Monte Carlo (MCMC) foram rodadas em 1.500.000 gerações, com freqüência da
amostra retida a intervalos de 100 gerações, foram descartadas 5% das árvores iniciais
encontradas (7.500 árvores). As topologias restantes foram utilizadas para se obter a
árvore com probabilidade posterior dos clados através do consenso de maioria,
utilizando-se para isso, o software PAUP.
Os níveis de homoplasia foram estimados pelos cálculos dos índices de
consistência, índice de homoplasia e índice de retenção no PAUP.
Com as topologias obtidas na análise de máxima parcimônia, foi construída uma
árvore de consenso estrito, visando apresentar uma melhor topologia para as espécies
amostradas. As árvores obtidas foram analisadas com o auxílio do software
38
TreeView1.6.1 (Page 2000), e editadas com o auxilio do TreeGraph (Müller & Müller
2005).
Resultados
Análise com o espaçador nuclear ITS
Com os resultados obtidos através do seqüenciamento da região de ITS, foi
elaborada uma matriz com o comprimento final após alinhamento de 866 pares de bases
(pb), sendo que: P. murucuja L. (737pb) apresentou o maior comprimento absoluto e P.
quadrangularis L. (259 pb) apresentou o menor comprimento absoluto. Do total obtido,
145 caracteres foram constantes, 124 foram não informativos para parcimônia e 597
foram informativos para parcimônia.
Na análise de máxima parcimônia (MP) foram obtidas 9 árvores mais
parcimoniosas, com 2.684 passos, índice de consistência (CI) de 0.4966, índice de
consistência com caracteres não informativos de 0.4647, índice de retenção (RI) de
0.7228, índice de homoplasia com caracteres não informativos de 0.5353 e índice de
consistência re-escalonada (RC) de 0.3590 (fig. 1).
Os resultados obtidos na análise bayesiana (AB) são apresentados na figura 2.
Foram retidas 15.000 árvores, e as topologias resultantes foram semelhantes àquelas
obtidas na máxima parcimônia.
Análise com o espaçador plastidial trnL-F.
Com o resultado do seqüenciamento da região plastidial trnL-F, foi construída
uma matriz com 959 pb, sendo que P. deidamioides (857 pb) apresentou o maior
comprimento absoluto e P. galbana (713 pb) apresentou o menor comprimento
absoluto. Do total obtido, 722 caracteres foram constantes e 73 foram informativos para
parcimônia. A análise de máxima parcimônia produziu 360 árvores, com 308 passos,
índice de consistência de 0.8669, índice de consistência com caracteres não
informativos de 0.6870, índice de retenção de 0.7908, e índice de consistência reescalonada de 0.6855 (fig. 3). Os valores obtidos foram inferidos em uma das árvores
mais parcimoniosa e são apresentados nas figuras 3 e 4.
Discussão
As análises filogenéticas com os dados de ITS e trnL-F não apontam para o
monofiletismo do subgênero Deidamioides, bem como, o reconhecimento dos
39
subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003), para Passiflora (figs. 1-4).
Toda discussão abaixo apresentada, configura uma interpretação cautelosa dos
resultados obtidos, visando explicar os relacionamentos filogenéticos das espécies
estudadas. Ressalta-se aqui, que estes clados não foram reconhecidos como nenhuma
unidade taxonômica, devido à baixa amostragem do material examinado, bem como,
pela possível existência de cópias parálogas, principalmente nas análises com ITS.
Visando um melhor entendimento dos resultados obtidos, as topologias
resultantes foram subdivididas em dois grupos: representados por letras para os
subgêneros que não eram foco desse estudo e com números para as espécies do
sugênero Deidamioides.
Clado A (98% BS na análise com ITS, 100% BS na análise com trnL-F ); Clado
B (94% BS na análise com ITS, 84% BS na análise com trnL-F); Clado C (80% BS na
análise com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado D (90% BS na análise
com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado E (100% BS na análise com
ITS, não representado na análise com trnL-F). Nestes clados estão inclusos algumas
espécies que segundo Feuillet & MacDougal (2003) pertenceriam aos subgêneros
Passiflora (Clado B), Decaloba (Clados A e D) e Astrophea (Clado C). (fig 1).
As espécies analisadas do subgênero Deidamioides, que aparece como
polifilético, formando agrupamentos completamente distintos, são apresentados da
seguinte maneira: Clado 1: incluindo P. deidamioides, P. contracta e P. obovata (BS
99% para ITS, 90% para trnL-F); Clado 2: contendo P. discophora e P. arbelaezii
(100% BS para ITS, e apenas P. discophora para trnL-F); Clado 3: com P. gracillima e
P. tryphostemmatoides (100% BS, não representado na análise com trnL-F); Clado 4:
incluindo apenas P. cirrhiflora, apenas para ITS; Clado 5: contendo P. timboënsis e P.
ovalis (BS 100% para ITS) (fig. 1).
A seguir apresenta-se a caracterização destes clados, dentro da delimitação
taxonômica atual e seu posicionamento histórico.
Outros Subgêneros de Passiflora
Clado A: Este clado inclui a maioria das espécies do subgênero Decaloba
(sensu Feuillet & MacDougal 2003), incluindo 29 espécies, correspondendo a seis das
oito seções propostas pelos mesmos autores, apresenta 98% (BS) e 0.84 (pp) como
valores de sustentação (figs. 1 e 2). Para o reconhecimento de Decaloba como
monofilético, seria necessária a inclusão de P. macdougaliana Knapp & Mallet
40
(subgênero Deidamioides), e a exclusão de P. membranacea e P. guatemalensis (Clado
D), que aparecem distintas da delimitação principal deste clado. O clado A apresenta-se
como grupo irmão dos clados B, C, D, 1 e 2 com 88% (BS).
Passiflora macdougaliana, descrita por Knapp & Mallet (1984), com base em
material coletado no Panamá, classificada atualmente como pertencente ao subgênero
Deidamioides, já apresentou desde a sua publicação, problemas em relação ao seu
posicionamento. Na descrição original os autores fizeram referências à presença de
glândulas nas sépalas, e do opérculo plicado o que a assemelha às espécies P. variolata
Poepp. & Endl. e P. ernestii Harms (subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal
2003). A presença de uma flor em cada nó axilar e muitas séries de filamentos da
corona, a agruparia com algumas espécies do subgênero Passiflora (P. cincinnata
Mast., P. caerulea L., P. edulis Sims, P. vitifolia Kunth, etc.). Os autores também
fizeram um comentário sobre sua possível afinidade com P. obovata Killip (subgênero
Deidamioides seção Mayapathanthus sensu Feuillet & MacDougal 2003), com base na
morfologia foliar, presença de botões carnosos, crescimento ereto e glândula peciolar
em forma de cicatriz. P. macdougaliana difere desta por não apresentar flores pareadas
na axila foliar e a presença de muitas séries de filamentos da corona.
Ulmer & MacDougal (2004) consideraram esta espécie como pertencente à
seção Mayapathanthus, juntamente com P. obovata, com base nas estípulas diminutas,
duas glândulas no pecíolo, folhas inteiras, pedicelo 3-bracteado, brácteas menores que
1,5 mm compr., corona 3-10 séries de filamentos, opérculo plicado, sementes grandes,
irregulares, 5-7-sulcadas. Porém, salientaram a semelhança com outras espécies dos
subgêneros Decaloba e Passiflora, principalmente pelas glândulas na base das pétalas e
pelo número de filamentos da corona. Nenhum estudo filogenético anterior com dados
moleculares ou morfológicos tinha sido realizado com esta espécie, no intuito de
posicioná-la em um dos subgêneros reconhecidos.
Os resultados obtidos com ITS e trnLC-F (figuras 1-4) mostram que P.
macdougaliana está inserida no clado A com 80% (BS) e 0.84 (pp) para ITS, e 100%
(BS) para trnL-F (1.00 pp), agrupando-se com P. auriculata (100% BS, 1.00 pp), e com
P. monadelpha (81% BS, 0.92 pp). O relacionamento entre P. macdougaliana e P.
monadelpha, P. holosericea e P. multiflora, foi explicado por Knapp & Mallet (1984),
com base na presença de glândulas nas sépalas e de um opérculo plicado. Sendo assim,
P. macdougaliana com o reforço dos caracteres morfológicos acima citados, pode ser
inserida no subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal (2003).
41
Clado B: O monofiletismo deste clado, cujas espécies analisadas correspondem
ao subgênero Passiflora, já foi demonstrado por outros autores em estudos filogenéticos
anteriores (Sánchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b, Krosnick
& Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006; Zamberlan 2007) e foi
confirmado pelos dados de ITS e trnL-F, conforme ilustrado nas figuras 1-4. Este clado
apresenta 94% (BS) na análise com MP. Porém, na análise com Bayesiana este clado se
apresentou em uma politomia, com 1.00 (pp), agrupando-se com os clados A, C, D, 1 e
2 (88% BS). Na análise com trnL-F apresentou 84% (BS) e 1.00 (pp) tendo como grupo
irmão o clado A (Decaloba) e algumas espécies do subgênero Deidamioides (Clado 1),
porém com fraca sustentação.
Clado C: este clado que inclui P. candida (Poepp. & Endl.) Mast., P. citrifolia
(Juss.) Mast. e P. haematostigma Mart. ex Mast., correspondentes ao subgênero
Astrophea. Na análise com dados de ITS mostrou-se moderadamente sustentado com
80% (BS), e 1.00 (pp), resultado compatível com os obtidos em estudos anteriores
(Muschner et al. 2003, Hansen et al. 2006). Este clado apresenta um relacionamento
próximo com P. discophora, P. arbelaezii e P. tetrandra, pertencentes ao subgênero
Deidamioides (Feuillet & MacDougal 2003), apesar de fracamente sustentadas com
56% (BS), 0.98 (pp) na análise com ITS (figs. 1-4). Na análise com trnL-F estas
espécies não foram amostradas.
O agrupamento destas espécies com o Clado 2, reforçam o polifiletismo de
Deidamioides, porém ressalta-se que pode também ser resultado da existência de
possíveis cópias parálogas, ou da baixa amostragem utilizada.
Passiflora tetrandra Banks & Sol. ex DC.
Um comentário adicional se faz necessário com relação à espécie P. tetrandra,
que aparece na figura 1 como pertencente a um grupo incluindo o Clado B (subgênero
Passiflora) e o clado 1 (P. obovata, P. deidamioides e P. contracta) com valor de
sustentação <50% (BS). Porém, na figura 2 esta espécie está agrupada com o Clado C
(P. candida, P. citrifolia e P. haematostigma) e o clado 2 (P. discophora e P.
arbelaezii), com 0.98 (pp).
Conforme descrito no histórico do subgênero, esta espécie já foi colocada em
diversas categorias taxonômicas, desde gênero a seção, por diversos autores, porém
sempre com base nos mesmos caracteres morfológicos.
42
Morfologicamente esta espécie é uma trepadeira arbustiva, sem glândulas
peciolares, lâmina foliar inteira, ovada a lanceolada ou elíptica, coriácea, 5-8 nervuras
secundárias, pedúnculo com 3-flores, hipanto muito curto-campanulado, corona em
várias séries de filamentos, flores diclinas, (2-)3-4 flores, flores masculinas com 4
estames e com um ovário abortado, flores femininas com filamentos estaminoidais
(Green 1972). Estes caracteres juntamente com o posicionamento da espécie na análise
com ITS, a priori podem justificar sua separação em um único grupo, dentro do gênero
Passiflora.
Clado D: Este clado agrupa P. membranacea e P. guatemalensis, com 90% (BS)
e 1.00 (pp) (figs. 1-2). Estas espécies na classificação de Feuillet & MacDougal (2003),
foram incluídas no subgênero Decaloba, aqui representado pelo clado A.
P. membranacea é uma espécie nativa das florestas frias nas montanhas do
México e do Panamá em altitudes de 1.200-3.350 m s.n.m., apresenta flores pêndulas
em forma de campânula, com ca. 5 cm de diâmetro, amarelas a pálido-esverdeadas,
nascendo sobre um longo e delgado pedúnculo, apresentam 2 (raramente 3) brácteas
avermelhadas, um longo androginóforo (um caráter que corrobora com a exclusão desta
espécie do subgênero Decaloba), sendo polinizada por beija-flor. É muito cultivada na
costa da Califórnia por causa da sua forte tolerância a climas frios (Ulmer &
MacDougal 2004).
P. guatemalensis descrita em 1887, caracteriza-se por apresentar estípulas
reniformes, folhas 3-lobadas no ápice, pecíolo sem glândulas, pedúnculos solitários ou
em pares, brácteas 3 (raramente 2), flores brancas, 4-5 cm diâm., filamentos em 2-3
séries, amarelos (Ulmer & MacDougal 2004). Killip (1938) sinonimizou esta espécie
em P. hahnii Mast., porém elas diferem com base no formato da estípula, presença de
um pedúnculo curto e ausência de nectários na base da lâmina foliar. Na classificação
proposta por Feuillet & MacDougal (2003), esta espécie foi inserida no subgênero
Decaloba superseção Hahniopathanthus, baseada na subseção Hahniopathanthus
descrita por Harms (1925), devido aos seguintes caracteres: folhas ovaladas, coriáceas,
com 3 lobos inconspícuos no ápice, flores individuais ou pareadas, duas brácteas
involucrais, bastante reduzidas.
P. membranacea foi utilizada no tratamento filogenético de Krosnick &
Freudenstein (2005) com dados combinados de trnL-F e ITS e aparece inclusa no
subgênero Decaloba (78% Jackknife). Porém, no trabalho realizado pelos mesmos
43
autores com os mesmos marcadores em 2006, P. membranacea e P. guatemalensis
estão agrupadas entre si com 100% (Jackknife), ocupando uma posição mais basal em
relação às demais espécies do subgênero Decaloba.
Hansen et al. (2006), com base em trnL-T, reconheceram P. guatemalensis como
pertencente ao subgênero Decaloba (69% BS, 0.95 pp), em uma posição mais basal em
relação às demais. Também se diferencia das outras espécies do subgênero por
apresentar número cromossômico n=11 ou 12 (n=6 em Decaloba).
Krosnick et al. (2006) já indicavam uma possível separação desta seção das
outras espécies do subgênero Decaloba com base na morfologia floral e isto é aqui
corroborado pelos dados obtidos com ITS e trnL-F.
Clado E: As espécies deste clado (Malesherbia lanceolata e M. werberbaueri,
tratadadas aqui como possíveis espécies do grupo externo), aparecem como
pertencentes ao gênero Passiflora, com 100% (BS) e 1.00 (pp), agrupando-as com as
espécies dos clados A, B, C e D, 1 e 2. Na análise bayesiana estas espécies agrupam-se
com as espécies do clado A (subgênero Decaloba) e do clado 3 (P. gracillima e P.
tryphostemmatoides) com 0.97 (pp). Este resultado apesar de corroborar com a inclusão
de Malesherbiaceae na delimitação de Passifloraceae sensu lato proposta por APG II
(2003) pode ser resultado da obtenção de cópias parálogas, muito comum na utilização
de gene nuclear ITS (Alvarez & Wendel 2003; Wieringa & Gervais 2003; Bayley et al.
2003; Small et al. 2004; Ree 2005; Carlsward 2006). Uma possível explicação para a
comprovação da existência destas cópias genéticas pode ser demonstrada graficamente
quando espécies tradicionalmente monofiléticas em outros estudos filogenéticos,
aparecem em clados distantes, ou espécies distintas aparecem agrupadas.
Subgênero Deidamioides
De acordo com os dados oriundos do presente trabalho, baseados nos
espaçadores ITS e trnL-F, Passiflora subgênero Deidamioides é polifilético. Esses
dados foram também corroborados por dados macromorfológicos (caracterização foliar,
tipo de inflorescência e presença de gavinhas nos pedúnculos) e palinológicos (capítulo
4).
Os dados do espaçador com trnL-F, apresentaram amostragem insuficiente para
esclarecer o relacionamento filogenético do subgênero Deidamioides, sendo utilizadas
44
apenas 5 das 13 espécies reconhecidas. Os dados obtidos com ITS foram mais
significativos, porém, estes resultados podem ter sido influenciados pela presença de
cópias parálogas, o que pode justificar a separação das espécies P. contracta e P. ovalis,
que morfologicamente são semelhantes e apresentam caracteres únicos para o subgênero
Deidamioides seção Tetrastylis (capítulo 5), como presença de uma inflorescência
racemosa, de quatro estiletes e dos discos adesivos na extremidade das gavinhas (Tabela
3), estas espécies são o foco dos estudos biossistemáticos apresentados nos capítulos 2 e
3.
Clado 1: formado por P. deidamioides, P. contracta e P. obovata
(correspondentes
às
Seções
Deidamioides,
Tetrastylis
e
Mayapathanthus,
respectivamente), apresentou altos valores de sustentação (99% BS, 1.00 pp). Este clado
é o mais incongruente morfologicamente.
Passiflora deidamioides foi descrita por Harms (1923), é uma espécie endêmica
do Brasil, encontrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, em
áreas de mata atlântica, em altitudes variando entre 890-1.324 m s.n.m. Foi posicionada
na seção Decaloba subseção Deidamioides por Harms (1925), baseado nas folhas 3lobadas, brácteas minúsculas, flores isoladas ou pareadas sobre uma gavinha decorrente.
P. contracta descrita por Vitta & Bernacci (2004), foi inserida na seção
Tetrastylis por apresentar folhas inteiras (nunca lobadas); inflorescência racemosa,
flores polinizadas por morcegos, zigomorfas, estilete 4 e ovário com 4 carpelos.
Cervi (2005) sinonimizou esta espécie em P. ovalis, alegando que os caracteres
como tamanho do eixo floral e do pedúnculo, seriam insuficientes para a separação
destas duas espécies. Nunes et al. (capítulos 2 e 3) realizaram estudos de morfometria e
variabilidade genética com estas espécies, e verificaram que correspondem a dois táxons
distintos, sendo P. contracta restabelecida.
P. obovata foi descrita por Killip (1936), como pertencente ao subgênero
Plectostemma. Feuillet & MacDougal (2003) transferiram esta espécie para o subgênero
Deidamioides seção Mayapathanthus, juntamente com P. macdougaliana (espécie
agrupada com o clado A).
Na análise com trnL-F, este clado agrupa as espécies P. ovalis, P. contracta e P.
deidamioides com 90% (BS) e 1.00 (pp). P. ovalis na análise com ITS agrupou com P.
timboënsis (Clado 5), também pertencentes ao subgênero Deidamioides seção
Tetrastylis (100% BS e 0.90 pp) (figs. 1 e 2). A união entre P. ovalis e P. contracta é
facilmente explicada, pois estas espécies apresentam todos os caracteres descritos para a
45
seção Tetrastylis.
Uma análise minuciosa entre estas quatro espécies foi realizada no sentido de
tentar encontrar caracteres morfológicos que possam explicar este relacionamento. Uma
série de caracteres pode ser utilizada para aproximar P. obovata de P. deidamioides
como: hábito trepador herbáceo, presença de estípulas linear-lanceoladas, inflorescência
biflora, pedúnculo terminando em uma gavinha e opérculo plicado. P. contracta
diferentemente das outras, apresenta hábito trepador lenhoso, presença de estípulas
lanceoladas, gavinhas com discos adesivos na extremidade, inflorescência racemosa,
opérculo ereto. Estes caracteres aproximam P. contracta (Clado 1) de P. timboënsis e P.
ovalis (Clado 5). Uma possível explicação para este agrupamento tão discrepante pode
ser a presença de cópias parálogas, como explicado anteriormente, comum na utilização
de ITS, ou pela presença de caracteres homoplásticos. Sendo assim, morfologicamente
este clado não se justifica, e estudos posteriores são necessários incluindo outras regiões
moleculares, no intuito de elucidar o posicionamento destes táxons.
Clado 2: formado por P. discophora e P. arbelaezii (seção Tryphostemmatoides
sensu Feuillet & MacDougal 2003), é fortemente sustentado (100% BS, 1.00 pp). Este
clado aparece como grupo irmão do clado C, com baixo valor de sustentação (<50% BS
e 0.99 pp).
Feuillet & MacDougal (2003) posicionaram estas espécies no subgênero
Deidamioides seção Tryphostemmatoides, juntamente com mais três outras espécies P.
gracillima, P. tryphostemmatoides (Clado 3) e P. pacifica (não utilizada nesta análise).
Os resultados obtidos separaram as espécies da seção Tryphostemmatoides em dois
grupos (Clados 2 e 4).
Passiflora discophora foi descrita por Jørgensen et al. (1987) como pertencente
ao subgênero Plectostemma seção Discophora, encontrada no Equador, em áreas de
mata e cultivada na Dinamarca, em altitudes de 200-1.115 m s.n.m., caracteriza-se pelo
formato da lâmina foliar, androginóforo curvo, sementes sulcadas e corona com 3 séries
de filamentos, opérculo plicado. Quando estéril pode ser confundida com P.
tryphostemmatoides uma espécie endêmica do Equador, e também pertencente à seção
Tryphostemmatoides, devido à presença de discos adesivos, nascidos sobre uma gavinha
trífida (Dodson & Gentry 1978).
Feuillet & MacDougal (2003) não reconhecem a seção Discophora e posiciona
P. discophora no subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, com base nos
seguintes caracteres: trepadeiras escandentes, caule delgado, gavinhas herbáceas;
46
pecíolo 6-8 glândulas; pedúnculos 2-flores, terminando em uma gavinha; cálice
campanulado; opérculo não plicado; estiletes unidos na base, projetando do centro para
o topo do ovário; frutos 6-angulados; sementes reticuladas.
P. arbelaezii foi descrita por Uribe (1957), como pertencente à seção
Tryphostemmatoides, é encontrada na Colômbia, Costa Rica e Nicarágua, em altitudes
variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta pluvial, mata primária, bosque
nublado primário e zona pantanosa. Apesar de o autor reconhecer a publicação de Killip
(1938), que considera esta seção, como subgênero Tryphostemmatoides, ele a tratou
como seção Tryphostemmatoides. Feuillet & MacDougal (2003), consideraram como
subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, incluindo cinco espécies.
Morfologicamente estas espécies apresentam como caracteres comuns a
presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença
de glândulas na bráctea. Porém, estes caracteres também aproximam estas espécies
daquelas encontradas no Clado 4 (P. tryphostemmatoides e P. gracillima). Casos estes
resultados sejam confirmados com uma amostragem maior, pode ser necessário o
reestabelecimento da seção Discophora descrita por Jørgensen et al. (1987), com a
inclusão de P.arbelaezii na seção, e delimitada pelos caracteres acima citados.
Clado 3: agrupou P. tryphostemmatoides e P. gracillima, com 100% (BS) e
1.00 (pp). Na classificação proposta por Killip (1938), estas duas espécies também
correspondem ao subgênero Tryphostemmatoides. P. gracillima foi descrita por Killip
(1924), como uma espécie próxima a P. tryphostemmatoides. P. gracillima é encontrada
na Colômbia e Costa Rica em altitude de 0-3.200 m s.n.m., apresenta lâmina 1,1-6 x
1,5-4,5 cm, ovadas, ca. 2x mais longa do que larga., flores ca. 3,5 cm diâm. e corona
com 1-2 séries de filamentos.
Passiflora tryphostemmatoides foi descrita por Harms (1894), também como
subgênero Tryphostemmatoides, encontrada na Colômbia e Equador, em áreas de matas
com altitude variando entre 1.500-2.700 m s.n.m., apresenta lâmina foliar 1-4 x 1,2-3,5
cm, transversalmente ovada ou elíptica, ca. 2x mais larga do que longa, flores com 2,0
cm diâm., corona com uma série de filamentos.
Estas espécies agrupam-se também com base nas gavinhas divisas, sem discos
adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência biflora com
pedúnculo terminando em uma gavinha. Zamberlan (2007) sugeriu o possível
restabelecimento do subgênero Tryphostemmatoides, e estes resultados podem
corroborar com esta proposta.
47
Clado 4: formado unicamente pela espécie P. cirrhiflora, foi inserida na seção
Polyanthea é encontrada na Guiana Francesa, Suriname e nas Guianas.
Historicamente esta espécie apresenta um posicionamento incerto dentro do
gênero Passiflora. Masters (1871-1872) transferiu a subseção Polyanthea para a seção
Decaloba série Polyanthea, com a seguinte observação: “Espécie fortemente dúbia, para
mim quase incógnita. Sem gênero definido. Hábito e fruto parecidos com Modecca”.
Harms (1925) colocou a espécie na seção Decaloba subseção Cirrhiflora, com
base na presença de duas flores numa inflorescência dicasial, com uma gavinha central e
brácteas pequenas, juntamente com P. jenmani, das Guianas, deixando na série
Polyanthea as espécies P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi e P. multiflora.
Killip (1938) comentou sobre o posicionamento incerto desta espécie
considerando a presença de um opérculo plicado, de estigmas muito mais largos do que
em qualquer outra espécie do subgênero Passiflora, e a posicionou como pertencente ao
subgênero Polyanthea. Esta espécie seria afim do subgênero Plectostemma (atual
subgênero Decaloba) e a presença de um ovário truncado, com os estiletes projetandose do ângulo do topo e uma corona verrucosa indicaria um relacionamento próximo com
o subgênero Astrophea.
A seção Polyanthea, composta por uma única espécie P. cirrhiflora, caracterizase por apresentar folhas 5-9-lobadas com uma projeção na base dos folíolos, formando
um corno filiforme (fig. 20 capítulo 5).
Com base nos resultados obtidos com os dados de ITS (espécie não amostrada
para trnL-F), observa-se que P. cirrhiflora é muito divergente em relação às demais
consideradas para o subgênero Deidamioides e este resultado também foi obtido em
outros estudos filogenéticos (Yockteng & Nadot 2004b; Hansen et al. 2006; Zamberlan
2007). Este clado, que se apresenta tão distante dos demais do subgênero também é
reforçado pelos caracteres morfológicos acima citados. Estes resultados se confirmados
em uma amostragem maior, podem levar ao reestabelecimento do subgênero
Polyanthea com apenas esta espécie: P. cirrhiflora, com base nos caracteres
considerados por Killip (1938).
Clado 5: agrupou as espécies P. timboënsis e P. ovalis, com 100% (BS) e 0.90
(pp). Estas espécies são facilmente reconhecidas como um grupo por apresentarem
discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores com 4 estigmas,
ovário com 4 carpelos, caracteres estes compartilhados por P. contracta (encontrada no
Clado 3).
48
P. ovalis foi descrita por Vellozo (1827), uma espécie endêmica do Brasil,
encontrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em áreas de mata atlântica em
floresta pluvial. Foi classificada inicialmente como gênero monoespecífico Tetrastylis.
P. timboënsis sp. nov. ined. (Nunes & Queiroz in prep.), é uma espécie
endêmica da Bahia, encontrada no Município de Amargosa, em área de floresta
ombrófila submontana, numa altitude de ca. 900 m s.n.m. Foi classificada como
pertencente ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal
(2003).
Um fato interessante ocorrido neste estudo foi a separação de P. ovalis de P.
contracta. Estas duas espécies brasileiras foram consideradas como um único táxon por
Cervi (2005), alegando que os caracteres morfológicos utilizados pelos autores para
separarem os mesmos, eram insuficientes. Resultados apresentados nos capítulos 2 e 3,
mostraram que são duas espécies distintas P. ovalis encontrada no Rio de Janeiro e São
Paulo, e P. contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, em áreas de mata
atlântica (figuras 21 e 31).
Estas espécies juntamente com P. timböensis e P. igrapiunenss formam um
grupo a parte, com base nos caracteres inflorescência racemosa e a presença de 4
estiletes, e podem vir a serem considerados como um subgênero distinto, sendo criado o
subgênero Tetrastylis.
Considerações
Embora não tenha sido possível a inclusão de todas as espécies do subgênero
Deidamioides nestas análises, os dados obtidos para ITS correspondem a uma
amostragem considerada satisfatória para este tipo de estudo. Porém, a amostragem para
trnL-F foi considerada insuficiente para uma tomada de decisões definitivas. Com base
nos resultados obtidos, verifica-se que o relacionamento entre as espécies ainda não
ficou claramente resolvido, sendo necessária a utilização de outras regiões moleculares,
principalmente de genes plastidiais, no sentido de um melhor esclarecimento tanto das
relações subgenéricas como específicas, assim como a utilização de uma análise
comparativa com dados anatômicos, número cromossômico, biogeográficos e outros
dados moleculares, associados aos estudos aqui realizados.
A partir dos resultados obtidos, pode-se com certeza afirmar que o subgênero
Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003) não é monofilético, e que suas
seções não devem ser reconhecidas, corroborando com os resultados obtidos em
49
análises anteriores, bem como, com a proposta de Killip (1938), com o reconhecimento
de 22 subgêneros e não apenas quatro para o gênero Passiflora. Porém é necessário que
uma complementação na análise molecular seja feita no sentido de esclarecer o seu
posicionamento filogenético com as demais espécies do gênero, possibilitando assim
um direcionamento através de uma publicação da situação taxonômica do subgênero.
Analisando os resultados obtidos com os outros subgêneros de Passiflora podese fazer as seguintes colocações: o subgênero Decaloba pode ser considerado como
monofilético com a inclusão de P. macdougaliana e a exclusão de P. membranacea e P.
guatemalensis. O subgênero Passiflora aparece claramente resolvido com um alto valor
de sustentação, corroborando todos os outros estudos filogenéticos já publicados para o
gênero. Astrophea, apesar da baixa amostragem, também aparece fortemente sustentado
como monofilético, apresentando como grupo irmão algumas espécies do subgênero
Deidamioides e P. tetrandra.
Passiflora tetrandra apresenta fortes indícios de que realmente pertence ao
gênero Passiflora, apesar da sua distribuição disjunta das demais (única espécie
encontrada na Nova Zelândia), e que uma delimitação em outro gênero não é
justificável filogeneticamente, apesar de morfologicamente ter caracteres bem
divergentes. Com base nestes resultados pode-se sugerir a inclusão desta espécie dentro
do subgênero Passiflora, apesar de para uma posição definitiva, se faz necessária uma
amostragem maior. Porém, não é possível uma decisão categórica sobre em qual outro
subgrupo esta espécie pode ser inserida. Trabalhos com outras abordagens ou com a
utilização de outros marcadores genéticos necessitam ser realizados para posicionar esta
espécie em um grupo adequado.
O subgênero Deidamioides, pela classificação antiga, foi subdivido em 5
subgrupos, sendo: Clado 1, correspondente a espécies das seções: Deidamioides,
Tetrastylis e Mayapathanthus. Este é o clado mais incongruente e difícil de ser
explicado com base no histórico e nos caracteres morfológicos. As três espécies
encontradas neste clado a partir dos dados de ITS são tão divergentes que uma possível
explicação para este agrupamento seria a presença de cópias parálogas. Porém, um
estudo com microcaracteres (indumento e estudos anatômicos) pode ser uma ferramenta
útil no sentido de esclarecer o posicionamento destas espécies. O Clado 2,
correspondente a duas espécies da seção Tryphostemmatoides, tem seu agrupamento
justificado pela presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou
biflora, presença de glândulas na bráctea e podem vir a compreender um subgênero a
50
parte: Discophora. O Clado 3, também corresponde a duas espécies da seção
Tryphostemmatoides, e seu agrupamento é justificado pela presença de gavinhas divisas
sem discos adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência
biflora com pedúnculo terminando em uma gavinha, podendo vir a ser classificado
como subgênero Tryphostemmatoides. O clado 4, corresponde a única espécie da seção
Polyanthea, e caracteriza-se por apresentar: folhas 5-9-lobadas com uma projeção na
base dos folíolos, formando um corno filiforme, e pode sugerir o possível
reestabelecimento do subgênero Polyanthea. O clado 5, correspondente a duas espécies
da seção Tetrastylis é facilmente justificado morfologicamente com base na presença
dos caracteres: discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores
com 4 estigmas, ovário com 4-carpelos, caracteres estes compartilhados com P.
contracta encontrada no Clado 3 (Tabela 3). Com a inclusão das espécies P. timboënsis
e P. igrapiunensis, este clado pode ser estabelecido como subgênero Tetrastylis.
Um estudo mais acurado, com um número maior de espécies será realizado
futuramente, para que seja possível apresentar resultados mais significativos,
objetivando-se assim elucidar os problemas taxonômicos do grupo. Através da
experiência adquirida durante este estudo, será possível realizar uma investigação mais
detalhada e com uma abordagem mais ampla no sentido de utilização de outros primers.
A partir dos resultados obtidos, com a possível indicação do polifiletismo do
subgênero
Deidamioides,
reconhecimento/restabelecimento
os
dados
de
cinco
podem
direcionar
subgêneros:
para
o
Tryphostemmatoides
(provavelmente 3 espécies, com a inclusão de P. pacifica), Tetrastylis (4), Discophora
(2), Deidamioides(1) e Polyanthea (1). Porém, nenhuma posição taxonômica está sendo
tomada, devido a quantidade de dados utilizados nesta análise e a baixa amostragem de
espécies no estudo com trnL-F.
51
82
80
81
79
Clado A
98
80
Clado B
126
73
114
94
116
99
127
95
129
100
130
88
122
56
115
100
120
121 84
80
119
100
124
90
69
100
128
100
67
100
Clado 1
Clado C
Clado 2
Clado D
Clado E
Clado 3
Clado 4
Clado 5
Grupo Externo
Figura 01 – Árvore filogenética baseada nas sequências de ITS obtida pela análise de
máxima parcimônia (1/9). Os números acima dos ramos indicam valores dos comprimentos
de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN), números abaixo dos
ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento= 2.684, IC = 0,4966, IR =
0,7228). Círculos vermelhos indicam ponto de colapso na árvore de bootstrap.
52
1.00
0.95
1.00
1.00
0.85
1.00
Clado A
1.00
0.87
1.00
1.00
0.92
0.90
0.84
0.66
1.00
0.51
0.97
1.00
0.71
Clado 3
1.00
0.97
1.00
1.00
1.00
1.00
0.94
0.98
Clado E
Clado D
Clado C
Clado 2
0.99
1.00
0.98
1.00
1.00
Clado 1
0.99
0.50
Clado B
1.00
0.61
0.99
0.69
1.00
Clado 5
Clado 4
0.90
Grupo Externo
Figura 02 – Árvore de consenso estrito das 17.000 árvores obtidas na análise Bayesiana
com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de ITS. Os números sobre os
ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados estimados pela proporção de
ocorrência no conjunto das árvores.
53
Figura 03 – Árvore filogenética baseada nas sequências de trnL-F obtida pela análise de
máxima parcimônia (1/360). Os números acima dos ramos indicam valores dos
comprimentos de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN),
números abaixo dos ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento=
308, IC = 0.8669, IR= 0.7908).
54
Figura 04 – Árvore de consenso estrito a partir das 10.000 árvores obtidas na análise
Bayesiana com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de trnL-F. Os
números sobre dos ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados
estimados pela proporção de ocorrência no conjunto das árvores.
55
Capítulo II
Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae)
56
Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae)
Atualmente várias ferramentas são utilizadas para elucidar problemas
taxonômicos. Uma dessas abordagens são os estudos morfométricos, que têm crescido
substancialmente desde 1990. Esta técnica ganhou uma posição de destaque entre as
ferramentas biossistemáticas, pelo baixo custo e facilidade de realização, além de serem
diretamente correlacionável com aspectos morfológicos intuitivos (Rohlf & Archie
1984; Iwata et al. 1998, 2000; Monteiro & Reis 1999; Borba et al.; 2002; Yoshioka et
al. 2004; Goldman et al. 2004; Andrade et al. 2008). Dentre as técnicas atualmente
existentes, uma abordagem que pode ser usada para estimar padrões de variação
morfológica é a análise morfométrica tradicional (Baum & Bailey 1992; Iwata et al.
1998; Ackerfield & Wen 2002; Borba et al. 2002; Lambert et al. 2006a; 2006b;
Yoshioka et al. 2004; Andrade et al. 2008).
Além dos estudos morfométricos tradicionais, a Análise Elíptica de Fourier –
EFA (Kuhl & Giardini 1982) vêm apresentando resultados favoráveis com contornos
fechados, sendo muito utilizado para análises de contorno foliar (Iwata et al. 2000,
2002; Fonseca 2006). Este é um método considerado rápido e barato, acessível para os
pesquisadores e que podem ser utilizados em estudos de inferência filogenética
(Fonseca 2006). A morfometria geométrica utiliza a forma geométrica ou o contorno de
um objeto, não sendo considerados seu tamanho ou orientação no espaço. Através de
análises multivariadas são analisadas simultaneamente diversas variáveis resultando na
medida da variação da forma de um determinado objeto.
O complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer é formado por duas espécies
encontradas no Brasil, ocorrendo de Pernambuco a São Paulo em áreas de Mata
Atlântica, em altitudes variando de 0-900 m s.n.m. Está caracterizado pelo gineceu
tetracarpelar, que resulta em um ovário com quatro placentas, portando quatro estiletes
no ápice. Este complexo apresenta problemas em sua delimitação, conforme discutido
no capítulo 1. Vitta & Bernacci (2004) dividiram P. ovalis em duas espécies, com base
em caracteres morfológicos: P. ovalis encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P.
contracta encontrada de Pernambuco a Espírito Santo, também ocorrendo em áreas de
mata atlântica. Entretanto, estas espécies não apresentariam uma ocorrência simpátrica,
segundo esses autores.
57
Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as
características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo,
pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres
suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas
em análise da morfologia externa e observações preliminares dos espécimes destes dois
táxons encontrados em herbários mostram que estas apresentam sobreposição em vários
caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica através da
taxonomia tradicional. Até o presente momento, nenhum estudo populacional
envolvendo estas espécies foi realizado, sendo esta a primeira tentativa com enfoque
biossistemático no intuito de solucionar esta questão.
Tradicionalmente essas duas espécies estão inclusas no subgênero Deidamioides
seção Tetrastylis (Feuillet & MacDougal 2003). Nos estudos filogenéticos realizados
com dados de ITS (Capítulo1), as espécies P. ovalis e P. contracta não se apresentaram
como correlatas. Na análise feita com trnL-F estas espécies se agrupem com 84%
(bootstrap) e 1.00 (pp), porém este resultado não está sendo considerado suficiente para
um posicionamento definitivo do subgênero em questão (Figs. 1 a 4, capítulo1).
Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi delimitar taxonomicamente
as espécies P. ovalis e P. contracta, utilizando para isso estudos morfométricos com
abordagem tradicional (foliar e floral) e geométrica (contorno foliar). Os resultados
obtidos foram comparados com os resultados do capítulo quatro desta tese, uma análise
feita com marcadores moleculares de ISSR, e são apresentados ao final desta tese. Para
um melhor entendimento da técnica utilizada, a metodologia, resultados e discussão
foram separados em três tópicos: (1) morfometria geométrica; (2) morfometria
tradicional e (3) análise combinada (geométrica e tradicional).
MATERIAL E MÉTODOS
Morfometria geométrica
Amostragem
Durante a realização deste trabalho foram feitas 14 coletas obtendo-se 12
populações de Passiflora ovalis e P. contracta (aqui considerado como complexo P.
ovalis). Para cada população foram coletados de 15 a 20 indivíduos, com exceção da
população de Ubatuba, São Paulo, onde só foram obtidos quatro indivíduos da
população (Tabela 4). Estas coletas foram realizadas durante o período de janeiro de
2005 a fevereiro de 2008, incluindo quatro estados brasileiros onde as espécies ocorrem
58
naturalmente (Bahia, Espírito Santo (localidade tipo de P. contracta), Rio de Janeiro
(localidade tipo de P. ovalis) e São Paulo). No total foram coletados 210 espécimes,
pertencentes às duas espécies (Fig. 05).
Para reduzir erros amostrais causados pela possível coleta de clones, um cuidado
especial foi tomado no sentido de coletar indivíduos diferentes em cada população, uma
vez que o hábito escandente e trepador das espécies em estudo permitem que as mesmas
se espalhem ocupando grandes espaços. Para evitar este problema a raiz de todos os
indivíduos coletados foram identificadas e mapeadas.
Figura 05. Mapa com a localização das populações amostradas de Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer e Passiflora contracta Vitta. BAHIA: Conde (PC_BACon); Imbé (PC_BAImb);
Camaçari (PC_BACam); Maraú (PC_BAMar); Ilhéus (PC_BAIlh); Una (PC_PC_BAUna);
Belmonte (PC_BABelm); ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra (PC_ESCBar); Linhares
(PC_ESLin); Itaúnas (PC_ESItau); RIO DE JANEIRO: Parati (PO_RJPar); SÃO PAULO:
Ubatuba (PO_SPUba), Círculos vermelhos=P. contracta; Círculos azuis=P. ovalis; PC=P.
contracta; PO= P. ovalis. Mapa base do ESRI (1999).
59
Tabela 04. Populações do complexo Passiflora ovalis, juntamente com o número de indivíduos por população, número do voucher depositado
no herbário HUEFS e localização de cada população (PC= P. contracta; PO= P. ovalis)
No. de indiv. No.
Morfometria
Morfometria
geometrica
tradicional
Táxon
Voucher
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1405
104175
19
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1348
101433
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1307
Passiflora contracta
HUEFS no.
Indiv.
População
Localidade
Estado
Coordenadas
20
PC_BABel
Belmonte
Bahia
S16 06'22,0 W38o57'42,6
18
20
PC_BACam
Camaçari
Bahia
S12 40'26 W38o18'4
101391
19
20
PC_BACon
Conde
Bahia
S12 2'2 W37o42'9
T.S.Nunes 1279
101363
17
19
PC_BAImb
Imbé
Bahia
S12 7'40 W37o59'14
Passiflora contracta
P.D.Carvalho 293
103697
20
20
PC_BAMar
Maraú
Bahia
S14 7'50 W38o59'55
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1789
120179
19
20
PC_BAIlhe
Ilhéus
Bahia
S14 47' W39o12'
Passiflora contracta
S.F.Conceição 451
103828
20
20
PC_PC_BAUna Una
Bahia
S15 15'16 W39o3'8
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1809
124218
09
20
PC_ESCBar
C.Barra
E.Santo
S18 36'49 W39o47'39
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1762
112404
20
20
PC_ESLin
Linhares
E.Santo
S19 6'62 W39o53'33
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1717
110359
18
19
PC_ESItau
Itaúnas
E.Santo
S18 31'18 W39o47'26
Passiflora ovalis
T.S.Nunes 1837
124248
17
17
PO_RJPar
Parati
R.Janeiro
S23 20'68 W44 o49'87
Passiflora ovalis
T.S.Nunes 1831
124242
4
2
PO_SPUba
Ubatuba
S.Paulo
S23o21'95 W44o51'10
60
Todo material testemunho foi herborizado e encontra-se depositado no Herbário
da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), sigla segundo Holmgren et. al.
1990 (Tabela 4).
Captura do contorno foliar
Para a análise de morfometria geométrica foram utilizadas folhas maduras, uma
de cada indivíduo. As imagens foram digitalizadas através do Scanner Epson
Expression 1640XL, utilizando-se o software do scanner, a uma resolução de 300 dpi
em preto e branco, em formato .tif. Para evitar possíveis variações no estágio de
maturação das folhas, foi utilizada, quando possível, a folha do quinto nó caulinar, a
contar a partir do ápice do ramo e que apresentava o mesmo padrão de textura, quando
não foi possível foram utilizadas as últimas folhas do ramo, visando utilizar sempre
folhas no mesmo estágio de maturação.
As folhas foram digitalizadas sempre na mesma posição, com a face abaxial
voltada para cima, visando uma melhor indicação para a inferência dos marcos
anatômicos (fig. 6). Quando necessário, o contorno foi editado com o auxílio do
Photoshop 6.0 (Adobe Systems 2002), consistindo basicamente em: clareamento,
correção de foco, nitidez, contraste e retirada de fundo.
Para inferência dos marcos anatômicos (landmarks), foi utilizado o software
TPSDIG (Rohlf 2001). Foram considerados dois marcos para cada indivíduo, um na
posição da inserção do pecíolo na base da lâmina foliar e outro no ápice foliar na
terminação da nervura principal (marcos 1 e 2 - fig. 6). Os contornos foram obtidos para
os 210 indivíduos, agrupados em 12 populações (Tabela 4), através da ferramenta
outline object, e representados pelas seqüências de coordenadas x e y, salvos em
formato .tps.
61
Figura 06. Imagem do contorno foliar obtida no TPSDIG (Rohlf 2001), com indicação
dos marcos anatômicos (1 e 2) utilizados.
Análise Elíptica de Fourier
Na Análise Elíptica de Fourier (EFA), um método que permite caracterizar
quantitativamente contornos fechados através da utilização de marcos anatômicos, as
elipses são definidas por quatro coeficientes para cada harmônica, que correspondem à
série de Fourier das curvas de seno e co-seno que vão sendo somadas à função para
descrever a forma do contorno. As primeiras harmônicas descrevem o contorno em
linhas gerais, enquanto que os detalhes, inclusive erros na digitalização são descritos
pelas últimas (Monteiro & Reis 1999; Rumpunen & Bartish 2002 apud Passos 2007).
Na prática, considera-se que 10-40 harmônicas são suficientes (Mclellan & Endler
1998; Olsson et al. 2000; Persson & Gustavsson 2001), embora muitas vezes as últimas
harmônicas possam ser ignoradas sem grande perda de informação biológica (Monteiro
& Reis 1999). Os coeficientes obtidos constituem o novo conjunto de dados a ser
utilizado nos diversos tipos de análise multivariada para exame das causas que levaram
à variação da forma (Passos 2007).
Em função das distâncias entre o centro do objeto e o seu contorno, surge uma
curva periódica que pode ser decomposta pelo método de Fourier. O número de
harmônicos depende do número de períodos utilizados, que são decompostos no mesmo
número de elipses (cada uma caracterizada por quatro coeficientes: a, b, c e d). A EFA
62
foi realizada com o auxílio do software MORPHEUS (Slice 2008). Os contornos de
todos os indivíduos foram sobrepostos com os dois marcos anatômicos, eliminando
efeito de orientação, escala, ponto de partida e localização (Andrade et al. 2008).
Os contornos médios foram obtidos com base na sobreposição dos dois marcos
anatômicos previamente delimitados. Dos 20 testes realizados com o intervalo de 5-25
harmônicos, a análise visual considerou que o número de 15 harmônicos (fig. 7),
apresentou um equilíbrio significativo entre as formas, evitando distorções na análise.
Este foi o número de harmônicos utilizado para obtenção da matriz com 60 coeficientes
(Apêndice 1). Segundo Rohlf & Archie (1984), ocorre uma degeneração dos três
primeiros coeficientes a0=1, b0=0 e C0=0, que se referem aos dados de tamanho e
orientação, e são descartados para interpretação biológica.
Figura 07. ntorno médio obtido com nharmonicos=15. Contorno obtido através do
Morpheus (Slice 1998).
Análises multivariadas dos dados
A análise multivariada dos dados foi realizada a partir da matriz de coeficientes
obtida através do EFA (apêndice 1). Para reduzir a dimensionalidade dos dados foi
realizada a Análise de Componentes Principais (PCA), que consiste na representação
gráfica de um conjunto de dados e é a forma mais simples de se obter uma informação
sobre a existência de padrões em termos de associação entre indivíduos ou variáveis. A
análise de PCA foi utilizada para demonstrar alguns princípios fundamentais, servindo
de base para as análises multivariadas (Monteiro & Reis 1999). Nesta análise os
63
indivíduos foram considerados separadamente, visando à eliminação daqueles que
apresentassem uma variação discrepante na média obtida para todos os indivíduos, a fim
de evitar alterações significativas nos resultados. Os valores encontrados com a PCA
foram utilizados para realização da Análise de Variáveis Canônicas (CVA) e Análises
de Agrupamento, utilizando UPGMA (Unweigthed Pair Group Method using
arithmetic Averages - Sneath & Sokal 1973), NJ (Neighbor Joining - Saitou & Nei
1987) e método de Ward (Ward 1963) conduzidas com os softwares PAST (Hammer et
al. 2001) e NTSYSpc ver 2.20d (Rohlf 2005). Na análise de agrupamento os dados
obtidos com os escores do CVA foram utilizados para construção dos filogramas.
Uma CVA foi realizada para distinguir grupos a priori como uma categoria
variável, visando identificar os caracteres mais importantes na separação dos grupos.
Nesta análise os indivíduos foram agrupados por população.
Através do software FITOPACSHELL 1.6.3.9 (Shepherd 2006), foram retirados
coeficientes de PCA a partir da matriz de coeficientes do EFA, e foram obtidos os
escores e os valores dos autovetores raiz de Lambda para reificação dos dados. Os
autovetores foram adicionados ou subtraídos da média dos coeficientes do EFA (-1 s.d.,
+1 s.d., -2 s.d. e + 2 s.d.) e os valores obtidos foram utilizados para reificação dos
contornos médios. (Yoshioka et al. 2004). Para uma interpretação dos resultados
obtidos, o desenho foliar foi descrito de acordo com a figura 6, onde a porção superior
da folha em relação à face abaxial do pecíolo foi denominada lado direito, e a porção
inferior de lado esquerdo.
Morfometria tradicional
Amostragem
Foram feitas 14 coletas (figura 5), obtendo-se 12 populações do complexo
Passiflora ovalis (Tabela 4). Para cada população foram coletados entre 15-20
indivíduos com exceção de Ubatuba (dois indivíduos), totalizando 177 indivíduos.
Para a morfometria tradicional foram medidos 34 caracteres, incluindo
basicamente dados foliares (12) e de inflorescência (22). Infelizmente nem todos os
indivíduos das populações apresentavam flores em estado de antese, restringindo o
número de indivíduos da totalidade dos dados. Sendo assim, foram feitas duas análises
separadas: uma considerando apenas os dados foliares com todos os indivíduos (177) e
outra incluindo os dados florais, sendo o número amostral reduzido para 48 indivíduos
(Apêndices 2 e 3).
64
Captura de Dados
A seleção dos caracteres utilizados foi feita com base em trabalhos anteriores
para o grupo (Porter-Utley 2003). As medidas utilizadas (Tabela 5) foram obtidas com o
auxílio de um paquímetro digital Stainless Hardened. Foram retiradas cinco medidas de
cada estrutura por indivíduo e calculada a média, valor este utilizado nas análises
multivariadas. Para evitar variações ecofenotípicas nos indivíduos amostrados, muito
comum na família em questão, todas as medidas foram realizadas nas folhas maduras,
contando cinco nós a partir do ápice, quando possível, e as medidas de inflorescências
foram realizadas com todos os indivíduos no mesmo estágio de antese com flores
totalmente abertas.
Análises Multivariadas dos Dados
A partir da matriz produzida na etapa anterior, os dados resultantes foram
utilizados para obtenção de uma matriz de componentes principais (PCA). A escolha do
número de componentes principais a serem interpretados foi baseada na distribuição do
Broken Stick (MacArthur 1957), realizada através do PAST, um método criado para
estudar a estrutura de comunidades animais para as quais existem uma considerável
série de dados e a comparação com a abundância de espécies de grupos de organismos
em uma dada localidade. Este modelo também está sendo muito utilizado com plantas e
dados ecológicos.
Esta matriz foi utilizada para obtenção da CVA e análise de agrupamento (Ward,
UPGMA e NJ), usando o software PAST, seguindo o padrão metodológico descrito
para a morfometria geométrica.
Análise Combinada de Dados
Uma análise combinada dos dados da morfometria geométrica e da morfometria
tradicional foi realizada a partir das matrizes obtidas com os escores dos componentes
principais (morfometria geométrica) e dos dados brutos da morfometria tradicional,
sendo aplicadas as mesmas análises estatísticas descritas anteriormente (Tabela 6).
Ressalta-se aqui a não utilização dos dados florais da morfometria tradicional
nesta análise, devido à redução significativa dos indivíduos, ou a inserção de muitos
dados faltantes (=zero). Esta análise foi realizada apenas como teste, mas os resultados
obtidos não foram diferentes daqueles encontrados com a utilização dos dados foliares,
e não são apresentados aqui.
65
RESULTADOS
Morfometria geométrica
Análise Multivariada de Dados (AMD)
Na AMD, foi realizada primeiramente uma PCA a partir dos coeficientes de
Fourier. A partir destes resultados, foram eliminados da análise os indivíduos
PC_ESCBar01 e PC_BACam16, por apresentarem grande variação intra-populacional.
Os valores significativos encontrados correspondiam aos quatro primeiros componentes
principais, e explicaram 82,73% da variação, sendo que os seis primeiros eixos
explicaram 89,53% da variação (Tabela 7).
Na análise de variáveis canônicas os resultados não foram significativos para a
distinção das espécies quanto aos grupos/população, a priori analisados. A figura 8
mostra uma CVA com agrupamentos por indivíduos (cores representando as diferentes
populações), onde os eixos 1 e 2 não separam nenhuma população notadamente.
Nas análises de agrupamentos realizadas com os métodos UPGMA, NJ e Ward,
não foi possível identificar nenhuma distinção entre as duas espécies P. ovalis e P.
contracta.
Uma maior variabilidade foi observada na população de Camaçari, a população
mais distante entre as populações da Bahia e Espírito Santo. A partir deste agrupamento
não se observa uma diferenciação com base em distância geográfica entre as populações
dos estados da Bahia e do Espírito Santo. O mesmo é observado em relação aos estados
de São Paulo e Rio de Janeiro com as demais populações em estudo.
A não separação destas espécies na análise pode ser explicada devido a não
utilização de caracteres florais neste estudo, uma vez que o caráter morfológico
marcadamente utilizado na separação das mesmas foram os caracteres florais como:
tamanho do pedúnculo, pedicelo, sépalas e pétalas. Esta falta de dados foi devido a
baixa amostragem de material com flores.
Apesar dos resultados da CVA, na reificação dos contornos médios obtidos (fig.
9), onde pode-se observar que os quatro primeiros eixos explicam uma variação
morfológica, tanto no formato foliar, quanto na base das folhas. A análise de
agrupamento não corrobora com a separação das espécies. Esta diferenciação pode
justificar a variação do tipo foliar encontrado nas duas espécies: lâmina arredondada (P.
contracta) para uma lâmina elípitca (P. ovalis). O eixo 1 mostra uma variação no
formato foliar mudando de uma folha arredondada (-2 s.d.) a uma folha elíptica (+2
66
s.d.). Os eixos 2 e 3 mostram uma variação na base da lâmina foliar, sendo que a
variação ocorre no sentido de uma folha oblíqua no lado direito para uma folha côncava
na lâmina em relação ao pecíolo, para uma folha oblíqua no lado esquerdo. No eixo 4
esta variação é invertida saindo de uma variação oblíqua no lado esquerdo e uma(-2
s.d.) para uma oblíqua no lado direito (+2 s.d.).
67
Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do complexo Passiflora
ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da
Corona.
Código Caracteres
Vegetativos
1 CA - Compr. médio
2 ES - Compr. médio
3 ES - Larg. Média
4 FO - Compr. pecíolo (mm)
FO - Dist. dos nectários até a
5 base do pecíolo
FO - Dist. dos nectários até o
6 ápice do pecíolo
7 FO - Maior compr. lâmina (cm)
8 FO - Maior larg. lâmina (cm)
FO - Larg. lâmina a 1/3 do
9 compr. (cm)
FO - Larg. lâmina a 2/3 do
10 compr. (cm)
11 FO - Ângulo do ápice foliar
12 FO - Ângulo da base foliar
PC_BAUna
PC_BABelm
PC_BAIlh
PC_BAMar
BACamacari
PC_BACon
32.52 (20.6-60.13)
34.64 (25.94-44.72)
36.58 (23.36-51.62)
35.50 (29.68-42.15)
48.22 (20.86-61.23)
56.36 (39.86-62.9
1.59 (1.14-2.35)
1.56 (1.32-2.31)
1.46 (1.11-1.79)
1.45 (1.34-1.60)
1.47 (1.02-1.96)
1.70 (1.61-1.94)
0.82 (0.45-1.11)
11.80 (5.24-14.31)
0.93 (0.74-1.11)
10.93 (9.46-17.97)
0.86 (0.62-1.03)
11.62 (6.76-14.49)
0.90 (0.87-0.97)
9.36 (3.20-11.73)
0.80 (0.63-1.05)
15.04 (9.3-20.79)
0.95 (0.86-1.22)
16.95 (10.3-19.75)
3.64 (2.34-4.53)
3.27 (2.14-5.67)
3.88 (2.71-4.52)
3.95 (3.20-4.88)
4.75 (3.35-7.61)
4.6 (2.54-5.45)
7.42 (1.94-8.73)
107.71 (72.66-117.44)
41.85 (26.8-58.13)
6.36 (6.1-13.03)
103.34 (72.68-145.07)
46.18 (24.43-68.14)
7.58 (6.9-10.24)
102.57 (75.67-114.93)
46.07 (35.35-58.32)
5.19 (2.88-6.57)
95.76 (75.07-113.97)
41.24 (28.8_51.78)
9.59 (5.01-13.99)
104.01 (85.51-123.24)
45.83 (34.46-71.79)
11.27 (6.67-13.54)
100.32 991-77-107.07)
44.41 (41.23-49.01)
39.27 (26.8-54.99)
43.94 (23.68-63.71)
41.49 (30.88-58.32)
38.09 (26.26-42.58)
42.80 (33.87-64.76)
42.15 (39.4-46.76)
37.69 (21.75-50.06)
42.8 (28.0-55.6)
41.2 (28.4-58.4)
43.25 (21.89-62.68)
42.6 (23.6-52.8)
47.2 (24.4-58.4)
51.87 (30.79-110.0)
--47.31 (37.2-96.0)
37.00 (24.49-38.25)
27.28 (28.0-39.6)
43.54 (32.8-54)
40.91 (29.39-65.71)
39.6 (31.2-51.6)
44.14 (36.8-60.4)
39.85 (36.8-44.01)
40.42 (37.0-43.6)
44.66 (40-50.8)
68
Continuação da Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do
complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC=
Filamento da Corona.
Código Caracteres
Vegetativos
1 CA - Compr. médio
2 ES - Compr. médio
3 ES - Larg. Média
4 FO - Compr. pecíolo (mm)
FO - Dist. dos nectários até a base do
5 pecíolo
FO - Dist. dos nectários até o ápice do
6 pecíolo
7 FO - Maior compr. lâmina (cm)
8 FO - Maior larg. lâmina (cm)
9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm)
10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm)
11 FO - Ângulo do ápice foliar
12 FO - Ângulo da base foliar
PC_BAImb
PC_ESLin
ESCItaunas
PO_RJPar
36.95 (33.01-40.89)
25.9 (24.66-40.81)
25.01 (16.55-35.27)
31.43 (24.09-44.95)
1.63 (1.45-1.84)
1.50 (1.44-2.28)
1.7 (1.43-1.91)
1.78 (1.45-2.16)
0.98 (0.9-1.1)
0.91 (0.72-1.05)
0.81 (0.7-0.97)
1.3 (1.01-1.59)
13.66 (10.87-17.08)
12.77 (8.98-18.24)
12.89 (9.89-16.33)
25.19 (13.84-34.29)
4.35 (3.64-4.65)
3.87 (2.79-6.08)
3.74 (2.77-5.11)
5.89 (4.45-8.24)
8.72 (6.17-11.39)
8.17 (4.52-9.86)
8.03 (5.55-10.7)
18.58 (8.32-25.74)
111.73 (101.1-130.27)
126.64 (91.21-144.06)
98.59 (94.12-102.82)
78.92 (47.71-113.96)
45.60 (40.64-47.2)
48.64 (31.23-60.95)
43.24 (37.3-47.21)
37.83 (20.04-57.75)
42.47 (37.09-48.39)
44.44 (24.05-57.51)
39.63 (33.2-43.66)
34.22 (18.27-36.99)
42.55 (38.85-47.27)
46.45 (26.08-53.67)
38.57 (33.24-44.83)
35.06 (17.55-52.07)
40.88 (36-42.8)
46.4 (29-52.4)
43.7 (40.8-48.4)
37.05 (20-50)
43.28 (38.4-48.8)
44.2 (30-52.0)
41.5 (37.2-42.4)
36.44 (20-50)
69
Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas populações do complexo
Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da
Corona.
Código Caracteres
Vegetativos
1 CA - Compr. médio
2 ES - Compr. médio
3 ES - Larg. Média
4 FO - Compr. pecíolo (mm)
5
6
7
8
9
10
11
12
FO - Dist. dos nectários até a
base do pecíolo
FO - Dist. dos nectários até o
ápice do pecíolo
FO - Maior compr. lâmina (cm)
FO - Maior larg. lâmina (cm)
FO - Larg. lâmina a 1/3 do
compr. (cm)
FO - Larg. lâmina a 2/3 do
compr. (cm)
FO – Ang. do ápice foliar
FO – Ang. da base foliar
PC_BAIlh
PC_BAMar
BACamacari
PC_BACon
PC_BAImb
36.58 (23.36-51.62)
35.50 (29.68-42.15)
48.22 (20.86-61.23)
56.36 (39.86-62.9
36.95 (33.01-40.89)
1.46 (1.11-1.79)
1.45 (1.34-1.60)
1.47 (1.02-1.96)
1.70 (1.61-1.94)
1.63 (1.45-1.84)
1.7 (1.43-1.91)
1.78 (1.45-2.16)
0.86 (0.62-1.03)
11.62 (6.76-14.49)
0.90 (0.87-0.97)
9.36 (3.20-11.73)
0.80 (0.63-1.05)
15.04 (9.3-20.79)
0.95 (0.86-1.22)
16.95 (10.3-19.75)
0.98 (0.9-1.1)
13.66 (10.87-17.08)
0.81 (0.7-0.97)
12.89 (9.89-16.33)
1.3 (1.01-1.59)
25.19 (13.84-34.29)
3.88 (2.71-4.52)
3.95 (3.20-4.88)
4.75 (3.35-7.61)
4.6 (2.54-5.45)
4.35 (3.64-4.65)
3.74 (2.77-5.11)
5.89 (4.45-8.24)
7.58 (6.9-10.24)
5.19 (2.88-6.57)
9.59 (5.01-13.99)
11.27 (6.67-13.54)
102.57 (75.67-114.93)
95.76 (75.07-113.97)
104.01 (85.51-123.24)
100.32 991-77-107.07)
8.72 (6.17-11.39)
111.73 (101.1130.27)
8.03 (5.55-10.7)
98.59 (94.12102.82)
18.58 (8.32-25.74)
78.92 (47.71113.96)
46.07 (35.35-58.32)
41.24 (28.8_51.78)
44.41 (41.23-49.01)
45.60 (40.64-47.2)
43.24 (37.3-47.21)
37.83 (20.04-57.75)
41.49 (30.88-58.32)
38.09 (26.26-42.58)
42.80 (33.87-64.76)
42.15 (39.4-46.76)
42.47 (37.09-48.39)
39.63 (33.2-43.66)
34.22 (18.27-36.99)
51.87 (30.79-110.0)
37.00 (24.49-38.25)
40.91 (29.39-65.71)
39.85 (36.8-44.01)
42.55 (38.85-47.27)
38.57 (33.24-44.83) 35.06 (17.55-52.07)
45.83 (34.46-71.79)
ESCItaunas
PO_RJPar
25.01 (16.55-35.27) 31.43 (24.09-44.95)
---
27.28 (28.0-39.6)
39.6 (31.2-51.6)
40.42 (37.0-43.6)
40.88 (36-42.8)
43.7 (40.8-48.4)
37.05 (20-50)
47.31 (37.2-96.0)
43.54 (32.8-54)
44.14 (36.8-60.4)
44.66 (40-50.8)
43.28 (38.4-48.8)
41.5 (37.2-42.4)
36.44 (20-50)
27.30 (29.52-78.04)
65.59 (29.87-105.95)
140.96 (72.12-226.08)
194.25 (85-280)
138.64 (92-260)
83.46 (23.85-165,0)
294.25 (115-850)
4.19 (4.47-8.02)
7.97 (5.96-12.77)
13.16 (8.71-23.39)
10.19 (11.2-18.12)
6.28 (2.61-16.59)
6.23 (3.84-9.37)
22.49 (14.51-31.14)
Inflorescência
13
Compr. Raque
14
Dist. entre os pedúnculos na
raque
70
Continuação da Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas
populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula;
FO=Folha; FC= Filamento da Corona.
Caracteres
15
16
17
18
19
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
Compr. pedúnculo (cm)
PC_BAIlh
PC_BAMar
BACamacari
PC_BACon
PC_BAImb
ESCItaunas
PO_RJPar
16.06 (14.79-23.41)
1.72 (2.37-2.45)
2.77 (2.38-3.38)
2.74 (2.51-3.75)
2.35 (2.3-3.71)
3.76 (3-4.76)
3.01 (2.84-3.49)
Compr. brácteas (mm)
1.49 (1.38-2.14)
1.971 (1.75-2.49)
1.43 (1.31-2.06)
1.41 (1.06-2.29)
1.59 (1.53-1.98)
1.35
1.6 (1.66-1.68)
Larg. brácteas (mm)
0.58 (0.62-0.82)
0.61 (0.50-0.86)
0.48 (0.31-0.78)
0.56 (0.58-0.69)
0.73 (0.51-1.13)
0.58
0.44 (0.43-0.45)
Compr. bractéolas
(mm)
Larg. bractéolas (mm)
1.12 (096-1.64)
1.22 (1.01-1.81)
1.15 (0.96-2.03)
0.91 (0.81-1.51)
1.28 (1.19-1.38)
1.20 (0.93-1.15)
1.52 (1.49-1.58)
0.55 (0.49-0.71)
0.46 (0.33-0.63)
0.48 (0.26-1.11)
0.40 (0.36-0.72)
0.68
0.51 (0.33-0.81)
0.45 (0.34-0.62)
25.39 (25.19-33.28)
30.14 (30.86-31.73)
30.83 (31.49-36.72)
29.32 (26.22-35.66)
35.72 (31.68-41.87)
27.94 (26.59-28.82)
6.72 (5.23-35.12)
6.73 (6.07-9.22)
8.26 (8.51-9.65)
6.96 (6.62-9.92)
6.41 (5.83-7.32)
7.37 (6.57-8.51)
5.73 (5.59-6.31)
5.55 (5.06-6.5)
Compr. sépala (mm)
Larg. sépala a 1/3 (mm)
Larg. sépala a 2/3 (mm)
Compr. pétala (mm)
6.45 (5.91-8.58)
7.34 (6.56-7.96)
6.75 (6.01-8.86)
5.62 (4.92-6.43)
6.85 (6.17-7.72)
5.38 (4.65-6.48)
6.06
20.64 (20.77-26.69)
26.28 (25.23-27.35)
24.91 (24.19-31.41)
22.62 (22.71-30.64)
30.91 (28.51-34.15)
23.37 (22.19-24.13)
30.55
Larg. pétala a 1/3 (mm)
4.48 (4.5-6.21)
5.44 (5.5-5.83)
4.83 (4.49-6.1)
4.62 (4.51-6.58)
6.08 (5.84-6.84)
4.92 (4.43-5.52)
4.23
Larg. pétala a 2/3 (mm)
4.15 (4.31-4.44)
5.33 (5.18-6.22)
4.28 (3.92-5.82)
4.24 (6.45-8.47)
6.27 (5.76-7.19)
4.32 (3.61-4.36)
4.21
6.67 (7.39-8.53)
7.26 (6.1-9.47)
7.19 (6.1-10.13)
7.67 (6.45-8.47)
8.78 (7.63-9.61)
4.92 (6-6.9)
12.21
3.40 (3.33-4.47)
4.39 (3.41-5.87)
4.03 (3.57-5.33)
4.25 (2.99-4.45)
5.04 (4.54-5.58)
2.87 (3.57-4.3)
5,75
2.21 (2.04-3.03)
3.52 (3.69-4.42)
2.46 (2.08-2.58)
4.10 (2.9-4.85)
2.55 (2.11-4.07)
3.88 (2.4-5.01)
3.14 (1.93-9.67)
4.42 (2.9-4.17)
2.51 (2.23-2.92)
3.56 (3.11-3.82)
1.69 (1.82-2.71)
2.07 (2.44-3.22)
2.33
2.3
FC - Compr. série
externa (mm)
FC - Compr. série
intermediária (mm)
FC - Compr. série
interna (mm)
Altura opérculo (mm)
Altura límen (mm)
7.72 (6.73-10.07)
6.03 (5.56-10.53
9.52 (7.52-13.01)
9.33 7.87-10.94)
7.96 (8.78-11.46)
2.54 (3.57-6.59)
---
Compr. filete (mm)
9.39 (9.79-12.05)
8.90 (11.66-12.74)
10.99 (10.6-13.13)
10.44 (4.43-12.66)
8.27 (8.7-12.33)
10.12 (10.01-10.26)
---
Compr. antera (mm)
10.86 (10.59-13.92)
5.83 (11.24-12.1)
11.09 (7.12 (13.41)
10.23 (7.3-13.99)
10.21 (11.74-14.93)
9.98
---
Compr. estilete (mm)
3.33 (6.12-9.91)
5.36 (10.44-11.02)
4.7 (5.9-12.91)
4.51 (5.17-5.68)
---
4.07
5.93
71
Tabela 07. Eigenvalue e contribuições dos componentes principais obtidos a partir do
valor do Broken Stick (PAST).
PC
1
2
3
4
5
6
Eigenvalue
% Variância
0.00100601
61.244
0.00015918
9.6906
0.000111024
6.7589
0.0000827
5.0329
0.0000602
3.662
0.0000516
3.1431
% Cumulativo
61.24
70.94
77.69
82.73
86.39
89.53
0.03
0.02
Axis 2
0.01
0
-0.01
-0.02
-0.03
-0.04
-0.05
-0.064 -0.048 -0.032 -0.016
0
0.016 0.032 0.048 0.064
A xis 1
Figura 08. Análise de MANOVA/CVA a partir dos quatro componentes principais,
agrupados por população, com dados da morfometria geométrica. ▲ Rio de Janeiro; □
= Conde; ■ = Camaçari;
○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú; X =
Conceição da Barra; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares.
72
Figura 09. Efeitos de cada um dos quatro componentes principais. Os números 1-4
correspondem aos quatro primeiros componentes principais, respectivamente. Cada
coluna mostra: -2 s.d. (desvio padrão), -1 s.d., forma média, + 1 s.d., + 2 s.d.
MORFOMETRIA TRADICIONAL
Análises multivariadas dos dados
Na análise morfométrica tradicional baseada nos caracteres foliares os dados
obtidos com a CVA utilizando-se os 6 primeiros componentes principais (CP)
mostraram separação entre as populações (fig. 10). Os dois primeiros eixos explicaram
uma variação de 67,9% entre as populações do Rio de Janeiro com as populações da
Bahia e Espírito Santo. Entre as populações da Bahia e do Espírito Santo não houve
nenhuma separação. Assim, é possível distinguir bem nesta análise um grupo formado
pela população do Rio de Janeiro e outro com as populações da Bahia e do Espírito
Santo. A combinação entre os outros eixos não foram significativos nesta análise.
73
24
16
8
Axis 2
0
-8
-16
-24
-32
-40
-48
-48
-40 -32
-24
-16
-8
0
8
16
24
A xis 1
Figura 10 – Análise morfométrica tradicional (foliar) com dados de CVA. ▲ Rio de
Janeiro;
□ = Conde; ■ = Camaçari; ○
= Belmonte; + Imbé;
◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ =
Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares; X = Conceição da Barra.
6
4.8
3.6
Axis 2
2.4
1.2
0
-1.2
-2.4
-3.6
-4.8
-7.2
-6
-4.8 -3.6 -2.4 -1.2
A xis 1
0
1.2
2.4
A
B
Figura 11. A. Análise com Variáveis Canônicas com os 6 CP, utilizando-se dados
combinados (foliares + florais); B. Agrupamento pelo método de Ward (foliares +
florais). ▲ Rio de Janeiro;
Belmonte; + Imbé;
□ = Conde; X = Conceição da Barra; ■ = Camaçari; ○
=
◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú.
74
Na análise realizada com os caracteres florais e foliares, os resultados com a
CVA, utilizando-se os 6 CP, mostram uma separação entre as populações do Rio de
Janeiro com as populações da Bahia e Espírito Santo, através do eixo 1 (fig. 11A).
Porém na análise de agrupamento com o método de Ward, esta separação não se
confirma (fig. 11B).
Análise Combinada de Dados (morfometria geométrica + tradicional)
Na análise combinada com a utilização dos dados obtidos na morfometria
geométrica e na tradicional (apenas dados foliares), há uma separação considerável da
população do Rio de Janeiro e de Ubatuba em relação às demais, através do eixo 1, com
55,18% de variação. (fig. 12).
16
8
0
Axis 2
-8
-16
-24
-32
-40
-48
-30
-24
-18
-12
-6
0
6
12
18
24
Axis 1
Figura 12 – Resultado da análise combinada (morfometria geométrica + tradicional
(foliares), MANOVA/CVA com os 6 CP. ▲ Rio de Janeiro;
Conceição da Barra; ■ = Camaçari;
○
= Belmonte; + Imbé;
□
= Conde; X =
◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ =
Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares.
75
DISCUSSÃO
Delimitação das espécies
Este estudo revela que o contorno foliar juntamente com os dados da
morfometria tradicional foram úteis na separação das espécies em questão, reforçando
sua utilização como uma ótima ferramenta para elucidar problemas taxonômicos não
solucionados ou parcialmente solucionados com a taxonomia básica, ou pelo menos
abordando de forma bastante objetiva a variação morfológica.
Com os resultados obtidos, observa-se uma separação fortemente sustentada e
explicada por padrões geográficos e morfológicos, a análise efetuada separou
claramente as populações do Rio de Janeiro e São Paulo (apesar da pequena
amostragem), das demais populações, o que leva a um reconhecimento de duas espécies
distintas: P. ovalis e P. contracta, levando ao restabelecimento do segundo táxon. Estes
resultados são corroborados por aqueles obtidos com os dados de ISSR (capítulo três).
A publicação original de P. ovalis na Flora Fluminensis (Vellozo 1827),
considera esta espécie como distribuída no estado do Rio de Janeiro, com os seguintes
caracteres: lâminas inteiras, elípticas, duas glândulas sésseis, situadas do meio para a
base do pecíolo, inflorescências racemosas, glândulas na base do pedúnculo. Portanto, a
espécie encontrada no Rio de Janeiro e em São Paulo é reconhecida como sendo P.
ovalis, e a espécie encontrada nos estados da Bahia e Espírito Santo como P. contracta,
sendo aqui então restabelecida a espécie publicada por Vitta & Bernacci (2004) e
seguindo a mesma delimitação proposta pelos autores.
Apesar
das
espécies
apresentarem
uma
sobreposição
nos
caracteres
morfológicos, suas formas são significativamente diferentes, principalmente em relação
ao tamanho do eixo principal da inflorescência, formato foliar (elíptica ou arredondada)
e tamanho do fruto.
As populações do Espírito Santo, não se separaram das populações da Bahia,
mostrando que ainda há uma continuidade no fluxo gênico entre estas populações, e que
estas não formam até o momento um táxon distinto dos demais.
De acordo com Vitta & Bernacci (2004), além da separação geográfica estas
espécies se diferenciam pelos seguintes caracteres: P. contracta possui inflorescência
racemiforme, 7-12 cm de compr. no eixo principal e pecíolo minuciosamente
puberulento; pedúnculo ausente, pedicelo articulado e séssil, 1,3-2,7 cm compr., hipanto
e superfície abaxial das sépalas minuciosamente puberulenta; sépalas 2,3-3,1 cm de
76
compr.; ginóforo 1,7-2,4 cm de compr.; P. ovalis possui inflorescência paniculiforme,
com 30-90 cm de compr. no eixo principal, pedúnculo e pedicelo glabros; pedúnculo
alongado de 6-15 mm de compr., pedicelo articulado 4-5,5 cm compr.; hipanto e
superfície abaxial das sépalas glabras; sépalas 3-4,1 cm de compr.; ginóforo 2,4-2,7 cm
de compr.
O material tipo de P. ovalis assemelha-s com o morfotipo encontrado nas
espécies do Rio de Janeiro e São Paulo, e segundo este estudo caracteriza-se por
apresentar: estípula de 1-3 x 0,5-2 mm; Lâmina foliar (compr.) 5-10(-14)cm; Margem
da lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-10
cm; indumento face abaxial da sépala ausente; pétalas 1,9-4,2 cm compr.; filamentos da
corona em 2 séries; filamentos série externa 3-12 mm compr.; filamentos série interna
3-10 mm compr.; androginóforo 6-20 mm alt.
O material tipo de P. contracta descrito do material coletado no município de
Linhares/ES, também corresponde ao tipo morfológico padrão encontrado nas espécies
ocorrentes de Pernambuco ao Espírito Santo, e segundo este estudo caracteriza—se por
apresentar: estípula de 1-2 x 0,2-1 mm; lâmina foliar (compr.) 5,6-13,5 cm; margem da
lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-8
cm; indumento face abaxial da sépala pubescente; pétalas 2-3 cm compr.; filamentos da
corona em 2 séries; filamentos série externa 8-11 mm compr.; filamentos série interna
4-5 mm compr.; androginóforo 15-24 mm alt.
Além dos resultados obtidos pôde-se considerar também o isolamento
geográfico das espécies, uma vez que as mesmas são encontradas em áreas de mata
atlântica, que formava um contínuo no litoral brasileiro. Porém com o desmatamento
desordenado, principalmente visando a implantação de pastagens e plantação comercial
de eucalipto (Eucalyptus sp./Myrtaceae) no sul da Bahia e Espírito Santo,
provavelmente levará a uma interrupção no fluxo gênico entre estas populações, o que
pode levar a diferenciação da espécie com separação entre a encontrada nos estados de
São Paulo e Rio de Janeiro (P. ovalis).
77
Capítulo III
Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence
Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae)
78
Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence
Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae)
Nas últimas décadas, várias ferramentas têm sido desenvolvidas para auxiliar as
análises com genética de populações. Através da tecnologia do PCR (Polymerase Chain
Reaction), pode-se amplificar diversas regiões, inclusive microrregiões, através do
desenvolvimento de primers específicos, possibilitando estudos como estruturação de
espécies, através de estudos populacionais, uso de locus hipervariáveis de
microssatélites, etc. Estas ferramentas têm sido de grande utilidade e uma quantidade
considerável de estudos têm sido publicados, através de inúmeros protocolos para
obtenção de resultados filogenéticos e de genética de populações (Wolfe et al. 1998;
Esselman et al. 1999; Ajibade et al. 2000; Wolfe & Randle 2001; Xu & Sun 2001).
Dentro de Passiflora vários estudos têm sido publicados com o uso de marcadores
moleculares (Vieira et al. 1997; Cassiano et al. 2001; Fajardo et al. 1998; Sanchéz et al.
1999; Carneiro 2001; Carneiro et al. 2002; Aukar et al. 2002; Crochemore et al. 2003;
Viana et al. 2003; Passos 2007).
Segundo Passos (2007) os resultados obtidos no estudo populacional com P.
galbana e P. mucronata, espécies simpátricas, ocorrendo do norte ao sul do Brasil, não
corroborou com uma separação morfológica destas espécies, mas uma separação
geográfica, indicando uma ocorrência de fluxo gênico.
Sanchez et al. (1999), utilizando marcadores moleculares de cloroplasto,
reconhece a existência de três grupos distintos dentro do gênero Passiflora: Decaloba,
Tacsonia e Passiflora.
O estudo de genética de populações investiga a conexão entre caracteres
demográficos e a distribuição de variantes genéticos moleculares (Sunnucks 2000). A
partir da variação genética e dos modelos de genética de populações pode-se inferir
sobre a biologia dos organismos. Uma ferramenta muito utilizada atualmente são os
marcadores moleculares de ISSR (Inter Simple Sequence Repeat) (Zietkiewicz et al.
1994), que consistem na utilização de vários primers específicos que codificam
pequenas regiões, escolhida por muitos pesquisadores por ser uma técnica relativamente
barata, de fácil repetibilidade e apresentar um alto índice de polimorfismo, muito
79
utilizada para obter distinção entre espécies através dos estudos populacionais (Wolfe &
Randle 2001).
Os marcadores de ISSR (Zietkiewicz et al. 1994) estão relacionados ao SSR que
consiste na amplificação de pequenos fragmentos e sua principal diferença em relação a
outros marcadores como AFLP e RAPD, está relacionada aos primers utilizados na
amplificação de fragmentos. Os primers utilizados na amplificação de ISSR codificam
pequenas regiões entre dois microssatélites similares, com 100-3.000 pb (Guasmi et al.
2006) e consistem em seqüências brevemente repetidas de bi ou trinucleotídeos, que
acoplam em regiões 5’ou 3’ (Wolfe
et al. 1998). A abundância de fragmentos
encontrados (loci) é devido a um padrão conhecido de agrupamentos de regiões de
microssatélites no genoma. ISSR são marcadores dominantes como RAPD (marcador
que usa a presença ou ausência de bandas de um locus), porém apresenta como
vantagem sobre esse, o alto índice de polimorfismo e a fácil repetibilidade. Essa técnica
tem sido escolhida por não necessitar de um conhecimento prévio de seqüências, já que
são baseados em elementos repetitivos do DNA. Esse é um dos melhores marcadores
moleculares para investigação da variação genética entre indivíduos estritamente
relacionados (Djé et al. 2006), ou para enfatizar diferenças entre populações
estreitamente relacionadas, estimando variabilidade genética dentro de populações
(Nybom 2004). Sendo assim, vários estudos com populações naturais têm sido
realizados com a utilização desses marcadores: Wolfe et al. 1998; Wolfe & Randle
2001; Andrade 2006; Passos 2007 e Silva 2008.
A estrutura genética de uma espécie pode ser definida como a distribuição da
variabilidade genética entre e dentro de populações. Em populações naturais, a
distribuição da variabilidade genética é influenciada pelo modo de reprodução, sistema
de cruzamento, tamanho da população, distribuição geográfica e fluxo gênico (Hamrick
& Loveless 1986), além de ser estruturada no tempo e no espaço. Outros fatores que
interferem nesta estrutura são mutação, migração, seleção e deriva genética, as quais
definem a distribuição da variabilidade genética nas populações (Wadt 2001).
Em grupos com delimitação taxonômica difícil, como é muito comum entre as
Passiflora, estudos de variabilidade genética podem contribuir de maneira significativa
para avaliação dos limites interespecíficos.
Conforme discutido no capítulo um desta tese, o subgênero Deidamioides seção
Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal (2003) apresenta duas espécies ocorrendo no
Brasil, com separação geográfica e morfológica P. ovalis Vell. ex M.Roemer e P.
80
contracta Vitta. Devido a sinonimização realizada por Cervi (2005), estas espécies
passaram a compor um único táxon e são aqui tratadas como pertencentes ao complexo
Passiflora ovalis.
Observações preliminares dos espécimes destes dois táxons encontrados em
herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição em vários caracteres
morfológicos, causando uma dificuldade na delimitação específica através da taxonomia
tradicional. Até o presente momento, este é o segundo estudo populacional envolvendo
estas espécies, visando solucionar este problema, sendo o primeiro apresentado no
capítulo 2 desta tese.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi utilizar marcadores moleculares de
ISSR para realizar um estudo de variabilidade genética no complexo P. ovalis, visando
melhorar a compreensão dos limites específicos neste complexo, contribuindo para o
entendimento da taxonomia do grupo.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostragem das espécies
Foram coletadas 11 populações do complexo P. ovalis, sendo sete no estado da
Bahia, duas no Espírito Santo e duas populações nos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo, perfazendo um total de 168 indivíduos, dos quais foram coletados dados de
marcadores moleculares de ISSR (Tabela 8). Estas populações foram escolhidas por
representar uma amostragem significativa da distribuição geográfica do complexo, que
apresenta uma distribuição na mata atlântica do Pernambuco à região norte de São
Paulo (fig. 5, capítulo 2).
As populações foram coletadas em seu ambiente natural, sendo coletados entre
10 a 20 indivíduos por população, com exceção da população de Parati com apenas dois
indivíduos. Foram coletadas folhas jovens e em perfeito estado morfológico, sem
presenças de fungos ou indicações de presença de ovos de insetos, para evitar possíveis
contaminações nas amostras. O material coletado foi conservado em silica-gel e um
voucher de cada população está depositado no Herbário da Universidade Estadual de
Feira de Santana (HUEFS), acrônimo segundo Holmgren et al. 1990 (Tabela 08).
Este estudo servirá para complementar os estudos realizados no capítulo 2 com
dados morfométricos, no intuito de solucionar a problemática do complexo Passiflora
ovalis.
81
Tabela 08. Populações do complexo Passiflora ovalis classificadas de acordo com Vitta & Bernacci (2004), juntamente com o número de
indivíduos por população, número do voucher depositado no herbário HUEFS e localização de cada população.
HUEFS
No. Indiv.
no.
Táxon
Voucher
População
Localidade
Estado
Coordenadas
1
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1405
104175
14
PC_BABelm
Belmonte
Bahia
S16 06'22,0 W38o57'42,6
2
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1348
101433
12
PC_BACam
Camaçari
Bahia
S12 40'26 W38o18'4
3
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1307
101391
16
PC_BACon
Conde
Bahia
S12 2'2 W37o42'9
4
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1279
101363
16
PC_BAImb
Imbé
Bahia
S12 7'40 W37o59'14
5
Passiflora contracta
P.D.Carvalho 293
103697
11
PC_BAMar
Maraú
Bahia
S14 7'50 W38o59'55
6
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1789
120179
16
PC_BAIlhe
Ilhéus
Bahia
S14 47' W39o12'
7
Passiflora contracta
S.F.Conceição 451
103828
14
PC_PC_BAUna Una
Bahia
S15 15'16 W39o3'8
8
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1809
124218
17
PC_ESCBar
C.Barra
E.Santo
S18 36'49 W39o47'39
9
Passiflora contracta
T.S.Nunes 1762
112404
11
PC_ESLin
Linhares
E.Santo
S19 6'62 W39o53'33
10 Passiflora ovalis
T.S.Nunes 1837
124248
2
PO_RJPar
Parati
R.Janeiro
S23 20'68 W44 o49'87
11 Passiflora ovalis
T.S.Nunes 1831
124242
10
PO_SPUba
Ubatuba
S.Paulo
S23o21'95 W44o51'10
82
Extração de material
A extração do DNA total foi feita através do método de CTAB 2x (Doyle &
Doyle 1987), o material preservado em sílica-gel foi macerado (50mg), com areia
lavada e autoclavada e/ou nitrogênio liquído, depois de macerado o material foi diluído
em 700µl de CTAB e 4µl de β-mercaptoetanol, aquecido em banho-maria por 20
minutos a temperatura de 60-70ºC, acrescentado de 800µl de clorofórmio e deixado no
agitador por 240 minutos. O material foi centrifugado a rotação de 13.000 rpm por 15
minutos, o sobrenadante foi recolhido com o auxílio de uma pipeta e passado para
novos tubos para microcentrífugas numerados. A precipitação foi obtida com a adição
de 700µl de isopropanol (2-propanol), deixado em freezer por 24 horas, depois desse
período o material foi centrifugado para separação do pellet, e lavado com etanol a 70%
por 2 ou 3 vezes, colocado para secar por ca. 24 horas em temperatura ambiente, e
ressuspendido com 100µl de tampão TE (10 mM Tris-HCl [pH 8.0], 1 mM EDTA [pH
8.0]). Após a ressuspensão a concentração de DNA foi determinada por eletroforese
conjuntamente com um marcador Lambda Hind III (Invitrogen Corporation).
Amplificação do ISSR
Para a amplificação de loci de ISSR, foram testados 20 primers, disponíveis no
Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas da UEFS, sendo que destes apenas sete
se apresentaram polimórficos para o grupo em questão (Tabela 09). Foram realizados
vários testes de PCR, para aperfeiçoar a melhor condição de reação, incluindo diferentes
concentrações de DNA genômico (0,5 – 2µl), concentração de primer (1,0µl), MgCl2
(1,5-1,7µl), dNTP (4,0µl), aditivo BSA – Albumina Bovina Sérica (0,5µl), taq
polimerase – Phoneutria (0,1-0,2µl), Tampão 10x (500 mM KCL, 100 mM, tris-HCl
pH8,4, 1% triton X-100 – Phoneutria Biotec. Ser. Ltda) e H20 (água ultra-pura). A
temperatura de anelamento variou entre 45º-52º por 45 minutos, num total não variável
de 35 ciclos, o produto total de PCR obtido foi de 18µl. Nos testes iniciais os produtos
do DNA genômico foram testados diluídos na concentração de 1/10, 1/20, 1/50 e 1/100
sendo que a concentração que apresentou melhores resultados para todos os primers foi
o DNA total sem diluição. As amplificações foram obtidas através dos termocicladores
Perkin Elmer Gene Amp 9700, Máster Cycle Eppendorf e Px E0,2 Thermo Hybrid. As
condições finais de amplificação foram: temperatura inicial de aquecimento: 94ºC por
1:30 minutos; denaturação: 94ºC durante 40 minutos; anelamento 45ºC por 45 minutos;
extensão 72ºC por 1:30 minutos; sendo acrescentada mais dois ciclos de 94ºC por 45
83
segundos e 44ºC por 45 segundos em cada ciclo, perfazendo um total de 35 ciclos e com
a extensão final de 72ºC por 7 minutos.
Uma vez obtido o melhor protocolo para cada primer, este foi seguido fielmente
para todos os indivíduos da população, a fim de evitar a amplificação de bandas não
comparáveis e de forma a permitir a repetibilidade dos dados.
Tabela 09. Lista dos primers utilizados, seqüências nucleotídicas e número de bandas
analisadas para o complexo Passiflora ovalis. Os sete primeiros primers foram os
selecionadas na análise de variabilidade genética.
Primer
Seqüência (5’ – 3’)
No. de Bandas
M2
GGG CGA GAG AGA GAG AGA GA
24
MANNY
CAC CAC CAC CAC RC
28
GOOFY
GTG TGT GTG TGT GTY G-
27
OMAR
GAG GAG GAG GAG RC
24
DAT
GAG AGA GAG AGA GARG
30
UBC899
CAC ACA CAC ACA RG
16
UBC902
GTG TGT GTG TGT AY
14
JOHN
AGA GAG AGA GAG AGY C
Não caracterizado
AW3
GTG TGT GTG TGT RG
Não caracterizado
TERRY
GTG GTG GTG GGT GRC
Não caracterizado
BECKY
CAC ACA CAC ACA CAYC
Não caracterizado
M1
CAA GAG AGA GAG A
Não caracterizado
R7
CTC TCT CTC TCT CTC TRG
Não caracterizado
UBC844
CTC TCT CTC TCT CTC TCT RC
Não caracterizado
UBC898
CAC ACA CAC ACA RY
Não caracterizado
UBC901
GTG TGT GTG TGT YR
Não caracterizado
UBC814
CTC TCT CTC TCT CTC TTG
Não caracterizado
UBC843
CTC TCT CTC TCT CTC TRA
Não caracterizado
CHRYS
CAC ACA CAC ACA CAY G
Não caracterizado
MAO
CTC CTC CTC CTC RC
Não caracterizado
84
Análise dos produtos de amplificação através da eletroforese
Após a amplificação, o produto da PCR foi analisado por eletroforese em gel de
agarose a 1,8% (120ml de tampão SB 1x, 1,8mg de agarose). O DNA (14µl do produto
do PCR) foi corado com o auxílio do corante azul de bromofenol (TAE 10 x 0,5ml;
EDTA 0,5 M 0,4 ml; SDS – 10% 0,2ml; azul de bromofenol 0,2ml; glicerol 7,0ml; água
estéril 1,7ml) e brometo de etídio (5µl), com o tampão sódio-borato (pH 8,0 e 200 mM
de hidróxido de sódio – Brody e Kern 2004). Para quantificar o tamanho dos fragmentos
(bandas) foi utilizado um marcador de peso molecular (Ladder 100 pares de bases - pb),
a corrida foi feita em cuba de eletroforese, durante três horas, com voltagem de 100V e
amperagem de 75mA. As bandas foram visualizadas em transluminador UV
(Spectroline) e registradas através da utilização da câmara digital Kodak EDAS 290,
através do software Kodak 1D 3.6. As bandas obtidas do marcadores moleculares de
ISSR foram escorados como marcadores dialélicos, onde o tamanho do fragmento
representa um locus. As bandas com pouca intensidade ou de difícil definição foram
excluídas da análise. As imagens dos géis foram salvas no formato .tif (8 bits), e
analisadas através do programa GelCompar II, onde uma comparação entre todas as
imagens dos géis foi realizada (exemplificado pelo UBC899 na figura 13), e os
resultados foram convertidos numa matriz com a presença dos locus dialélicos, através
da presença (1) ou ausência (0) das bandas. Os dados faltantes foram tratados como (-1).
Esta matriz binária foi utilizada para as análises estatísticas.
Análises estatísticas
Para as análises estatísticas foram utilizados os seguintes programas:
GENEALEX (Peakall & Smouse 2006 – http://www.anu.edu.au/BOZO/GenALEx),
PAST (Hammer et al. 2001), AFLPSURV (Vekemans 2002), HICKORY versão 1.1
(Holsinger & Lewis 2003-2007), PHYLIP (Felsenstein 1991-2006), PAUP 4.0b10
(Swofford 2008) e POPGENE 1.32 (Yeh et al. 1999 - disponível no sítio
ftp://ftp.microsoft.com/Softlib/MSLFILES/HPGL.EXE).
85
Figura 13. Gel de agarose corado com brometo de etídio, com amplificação do primer
UBC899 em populações do complexo Passiflora ovalis, as bandas 5, 15 e 21 são do
marcador de peso molecular Ladder 100 pb.
Uma análise de variabilidade genética para todas as populações foi realizada
através dos seguintes parâmetros: número médio de alelos (N), número de alelos
exclusivos, percentual de loci polimórfico (P), heterozigosidade média esperada (He),
distância genética e de identidade genética de Nei, calculadas pela distância não
enviesada de Nei (1978) (D), proporção da diversidade entre populações (GST),
estruturação genética (FST). Para estas análises foi utilizado o programa GenALEx e
AFLP-SURV. Os cálculos de GST e FST são importantes para avaliar a estrutura
populacional segundo o modelo de ilhas (Takata & Nei 1984). Para estimr o fluxo
gênico (Nm) foi utilizado o programa POPGENE. Este fluxo gênico foi corrigido
indiretamente através da fórmula Nm = 0,5(1-GST)/GST (McDermott & McDonald, 1993
apud Brandão 2008).
Análises de agrupamentos foram realizadas com a ajuda dos softwares:
AFLPSURV, PHYLIP (NEIGHBOR e CONSENSE). Para obter um resultado mais
significativo, as análises de agrupamento foram realizadas a partir da matriz de distância
genética (calculada pela distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST (obtido
par a par no AFLPSURV). Os dendogramas obtidos foram visualizados através do
TreeView 1.6.1 (Page 2000), a partir dos métodos de agrupamentos UPGMA (Sneath &
Sokal 1973) e Neighbor-joining (Saitou & Nei 1987). Uma análise de bootstrap foi
realizada com 1.000 replicações para avaliar a significância das topologias obtidas,
86
através dos programas NEIGHBOR e CONSENSE (PHYLIP). Os dendogramas não
foram enraizados uma vez que não foram utilizados nesta análise nenhuma população
como grupo externo.
Foram feitas matrizes de distância genética e de identidade genética (Nei 1978),
Análise de Coordenadas Principais (PCO), e uma Análise de Variância Molecular
(AMOVA), a partir das matrizes de distância e de identidade genética, conduzida no
sentido de analisar a variação total dentro e entre as populações. Para esta análise foi
conduzido um teste de significância com 999 permutações dos dados, em três etapas: 1)
Considerando todas as populações como um único grupo; 2) separando as populações
das duas espécies em dois grupos; 3) entre as populações de cada espécie para avaliar se
existem diferenças significativas entre populações da mesma espécie.
Uma outra análise foi realizada no intuito de verificar a estrutura populacional
com a estimativa de parâmetros como FST (Wright 1978) e endogamia (f) nos dados
sobre equilíbrio de Hardy-Weinberg, através do programa HICKORY. Para esta análise
foram assumidos quatros modelos: 1) “Full model” que estima o coeficiente de
endogamia; 2) “f=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência de
endogamia; 3) “theta=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência dos
parâmetros equivalentes ao FST; 4) “f free model” que não estima o coeficiente de
endogamia diretamente. O theta e os outros parâmetros são estimados a partir do
coeficiente de endogamia obtidos da distribuição anterior durante as corridas de MCMC
(Markov Chain Monte Carlo). Foram empregadas 50000 cadeias como burn-in, com um
número de amostras de 50000 e o fator thinning igual a 5 segundo o default. Para
estimar o modelo mais adequado foi utilizado o critério do DIC (Deviance Information
Criterion), Dbar, Dhat e pD, no qual o valor do DIC escolhido é o que minimiza a soma
do Dbar e pD, e ainda seguindo as interpretações dadas pelo manual do programa.
Resultados
Variabilidade Genética
Um total de 163 loci foram obtidos para os sete primers amplificados para as 11
populações. Os tamanhos dos fragmentos obtidos variaram de 100 a 1600 pb (fig. 13)
Dos 163 loci obtidos apenas um foi monomórfico. Na análise por população, o grau de
polimorfismo variou de 70,37% na população PC_BAIlh e 17,28% na população
PO_RJPar. As populações que apresentaram alelos exclusivos foram: PC_BACon,
PC_BAMar, PC_BAUna, PO_RJPar e PO_SPUba, sendo que as populações de
87
PC_BACon, PC_BAMar, PC_BAUna e PO_SPUba apresentaram apenas um alelo
exclusivo e a população de PO_RJPar apresentou três alelos exclusivos. O número de
alelos gerados por primer neste estudo variou entre 6 a 25, com uma média de 15 alelos
por primer, sendo o primer DAT o que apresentou o maior número com 30 bandas e o
primer UBC902, o menor número com 14 bandas (Tabela 8). Considerando-se a análise
por espécie, P. contracta (populações da Bahia e do Espírito Santo) apresentou apenas
três alelos exclusivos (total de 102 alelos) e P. ovalis (populações do Rio de Janeiro e
São Paulo) quatro (total de 17 alelos), em relação a quantidade de populações
amostradas e o número de indivíduos por populações, a quantidade de alelos exclusivos
foi maior na população PO_RJPar de P. ovalis (três alelos exclusivos) (Tabela 10).
A análise de variabilidade genética entre as populações de P. ovalis e P.
contracta apresentou variações entre populações de: 37% (P. ovalis) e 13% (P.
contracta), sendo a variação dentro das populações de 63% (P. ovalis) e 87% (P.
contracta). A variação encontrada na análise utilizando-se todas as populações sem
especificação das espécies foi 19% entre populações e 81% dentro das populações
(Tabela 11).
Diversidade Genética
O maior valor de heterozigosidade média esperada (He) foi de 0,188 (BAImbé) e
o menor valor foi de 0,072. Entre as espécies o maior valor encontrado para P.
contracta foi de 0,188 (PC_BAImb) e o menor valor foi de 0,141 (PC_ESLin), em P.
ovalis o maior valor encontrado foi de 0,167 (PO_SPUba) e o menor valor foi
encontrado foi de 0,072 (PO_RJPar) (Tabela 10). A diversidade genética total (HT) entre
todas as populações foi de 0,2375 comparada com a diversidade genética dentro das
populações (HS) de 0,1972 (Tabela 11).
Estruturação Genética
As Análises Moleculares de Variância (AMOVA), realizadas com todas as onze
populações apresentaram uma variação entre as espécies de 28%, dentro das populações
de 62% e entre as populações por espécies de 10% (Tabela 12). A estruturação genética
entre as populações do complexo P. ovalis analisadas foi de 0,2700 (GST), enquanto que
o fluxo gênico (Nm) estimado a partir desta estruturação foi de 1,3519. Em uma
segunda análise, realizada por espécie, somente com as populações de P. contracta a
variação encontrada dentro das populações foi de 87% e entre as populações foi de
88
13%. Uma análise realizada com as duas populações de P. ovalis a variação encontrada
dentro das populações foi de 63% e entre as populações de 37% (Tabela 11). Nesta
análise o valor da estruturação genética (GST) foi de 0,1308, e o fluxo gênico (Nm) foi
de 3,3240, confirmando o fluxo gênico alto intrapopulacional para ambas as espécies.
Na terceira análise para as populações de P. ovalis a variação encontrada dentro das
populações foi de 63% e entre as populações foi de 37%. Nesta análise o valor da
estruturação genética (GST) foi de 0,4198, e o fluxo gênico (Nm) foi de 0,6911 (Tabela
11).
Na análise de coordenadas principais (PCO) com todas as populações os três
primeiros eixos correspondem a 64,40% da variância observada, sendo que o primeiro
eixo explica 29,58% desta variância, separando as populações de P. ovalis das
populações de P. contracta. O segundo eixo com apenas 18,15% de variação não separa
nenhuma das populações (Fig. 15).
Na análise realizada através do HICKORY para obtenção dos valores referentes
à estrutura populacional, segundo os valores obtidos para o DIC, foram escolhidos
como modelos e que melhor explicam os padrões encontrados para os dados das onze
populações analisadas Full e o f = 0. A diferença encontrada nos parâmetros para os
modelos estão associadas à dimensionalidade dos modelos. Estes modelos indicam um
provável efeito da endogamia (f = 0,8043) e diferenças nas freqüências alélicas entre as
populações (uma vez que os valores para theta são considerados em ambos modelos).
Os valores de theta II, theta III e theta B variaram para os dois modelos escolhidos,
porém também indicam provável compartilhamento de alelos, uma vez que os valores
obtidos variaram de moderados para o Full (theta II = 0,1560, theta III = 0,1374 e theta
B = 0,2463) e baixos para o f = 0 (theta II = 0,1068, theta III = 0,0994 e theta B =
0,1829) (Tabela 13).
Relações fenéticas
As análises de agrupamento obtidas a partir da distância genética (calculada pela
distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST, estão representadas na figura 14.
Nas análises com a distância genética de Nei, os cladogramas obtidos para análise de
UPGMA e NJ, mostram um suporte de 99% e 100% no agrupamento das populações de
PO_RJPar e PO_SPUba. PC_ESLin e PC_ESCBar estão agrupadas com fraco suporte
(65% - NJ) e abaixo de 50% na análise com UPGMA. As populações da Bahia não
89
apresentaram agrupamentos significativos na análise com a distância de Nei, em
nenhum dos algoritmos utilizados.
Nas análises com FST, as populações do PO_RJPar e PO_SPUba também se
agruparam com 100% de bootstrap, e as populações de PC_ESLin e PC_ESCBar
agruparam-se apenas na análise com NJ com 68% de valor de bootstrap. As populações
da Bahia também não apresentaram agrupamentos significativos, apenas uma união
entre Ilhéus e Maraú com 79% de bootstrap na análise com UPGMA.
Estas análises revelam uma separação entre as populações de P. ovalis
(PO_RJPar e PO_SPUba) das populações de P. contracta (populações do Espírito Santo
e Bahia), com valores de suporte de 100% para a análise com FST e 99-100% na análise
com a distância genética de NEI (Fig. 14).
Analisando os valores de identidade genética (Tabela 14), pode-se observar uma
variação entre 0,810 (entre as populações de PC_ESLin e PO_SPUba) e 0,969 (entre as
populações de PC_ESCBar e PC_ESLin) em populações não co-específicas. Entre
populações co-específicas de P. ovalis por apresentar apenas duas populações, o valor
de identidade genética foi de 0,855. Entre as populações de P. contracta o maior valor
de identidade genética ocorreu entre as populações de PC_ESCBar e PC_ESLin (0,969)
e o menor valor de identidade genética foi 0,923 entre as populações de PC_BABelm e
PC_BAUna.
90
Tabela 10. Percentual de loci polimórficos por população (N= número de alelos
encontrados; P= loci polimórficos; He = heterozigosidade média esperada;
PC=Passiflora contracta e PO= P. ovalis).
Espécie
No. Bandas
No. Bandas
(N)
exclusivas
População
%P
He
P. contracta
PC_BABelm
7
0
59.88%
0,177
P. contracta
PC_BACam
17
0
67.90%
0,180
P. contracta
PC_BACon
16
1
67.28%
0,185
P. contracta
PC_BAIlh
16
0
70.37%
0,177
P. contracta
PC_BAImb
19
0
63.58%
0,188
P. contracta
PC_BAMar
16
1
65.43%
0,174
P. contracta
PC_BAUna
11
1
56.17%
0,149
P. contracta
PC_ESCBar
11
0
53.70%
0,151
P. contracta
PC_ESLin
6
0
46.30%
0,141
P. ovalis
PO_RJPar
21
3
17.28%
0,072
P. ovalis
PO_SPUba
25
1
50.62%
0,167
Média
15
--
56,23%
--
Tabela 11. Variabilidade e diversidade genética média das populações do complexo P.
ovalis. P= percentual de loci polimórfico; HT = diversidade genética total; HS =
diversidade genética dentro das populações; GST = grau de diferenciação das
populações; FST = coeficiente de estruturação genética ao longo do tempo evolutivo, Nm
= número de migrantes por geração (fluxo gênico).
P. ovalis
P. contracta
Todas as populações
P
90,74
62,96
56,23
HT
0.3198
0.2203
0.2375
HS
0.2616
0.2053
0,1972
GST
0.4198
0.1308
0.2700
Nm
0.6911
3.3240
1.3519
FST
0,1639
0,0683
0,1713
Número de alelos
105
119
__
Alelos exclusivos
8
50
7
Variação entre populações
37%
13%
19%
Variação dentro das populações
63%
87%
81%
91
Tabela 12. Sumário da Análise Molecular de Variância (AMOVA) para as populações
do complexo P. ovalis: df = grau de liberdade.
Soma dos
df
Fonte de Variação
Entre Espécies
1
Entre Populações/ Dentro
9
das Espécies
Componentes da Percentual de
Quadrados
Variância
variação
Estatística – F
212.789
7.763
28%
0.282
476.205
2.792
10%
0.141
62%
0.384
Dentro das Populações
128
2171.655
16.966
Total
138
2860.649
27.521
Tabela 13. Estrutura genética obtida no HICKORY versão 1.1 para as 11 populações do
complexo P. ovalis utilizadas na análise. Os valores em negrito correspondem aos
prováveis modelos escolhidos pelo critério do DIC.
Modelos
Parâmetros do DIC
Parâmetros Equivalentes a Estatistica - F
Dbar
Dhat
pD
DIC
F
Theta I
Theta II
Theta III
Theta B
Full
4165,96
3414,51
751,456
4917,42
0.156014
0.137476
0.246362
f=0
4174,54
3360
814,532
4989,07
--
0.270198
0.10681
0.099449
0.182952
Theta = 0
7680,71
7530,16
150,55
7831,26
0.986451
0.28007
--
--
--
f free
4.253,46
3348,35
905,113
5518,57
0.496445 0.344722
0.156233
0.128414
0.224028
0.804311 0.363646
92
Tabela 14. Matriz de identidade genética de Nei (1978) nas 11 populações do complexo P. ovalis. PC= Passiflora contracta; PO= Passiflora
ovalis. Dados obtidos pelo GeneAlex. Em negrito os valores de maior e menor similaridade encontrados.
PC_BABe PC_BACa
PC_BACo
PC_BAIl
PC_BAIm
PC_BAMa PC_PC_BAUn
PC_ESCBa PC_ESLi
PO_RJPa PO_SPUb
l
n
h
b
r
r
r
m
a
n
a
PC_BABel
-
PC_BACam
0.931
-
PC_BACon
0.934
0.949
-
PC_BAIlh
0.941
0.938
0.943
-
PC_BAImb
0.939
0.949
0.951
0.933
-
PC_BAMar
0.954
0.959
0.949
0.965
0.946
-
a
0.923
0.954
0.941
0.951
0.936
0.957
PC_ESCBar
0.953
0.930
0.931
0.949
0.939
0.957
0.942
PC_ESLin
0.957
0.935
0.929
0.944
0.945
0.958
0.940
0.969
-
PO_RJPar
0.871
0.863
0.875
0.861
0.864
0.877
0.862
0.864
0.862
-
PO_SPUba
0.819
0.812
0.829
0.813
0.822
0.819
0.830
0.827
0.810
0.855
PC_PC_BAUn
-
-
93
Figura 14. Análise de agrupamento realizado para as onze populações estudadas
utilizando o algorítimo de UPGMA e Neighbor-joining (NJ) a partir da distância
genética de Nei (1978) pelo método não enviesado e pelos valores de FST (Wright
1978) par a par. Os valores sobre os ramos indicam o suporte estatístico de
bootstrap. A. FST – NJ; B. FST – UPGMA; C. NEI – NJ; D. NEI – UPGMA. (Tabela
1 para os códigos das populações).
94
0.25
0.2
0.15
Axis 2
0.1
0.05
0
-0.05
-0.1
-0.15
-0.2
-0.4
-0.35
-0.3
-0.25
-0.2
-0.15
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
Axis 1
Figura 15. Análise de Coordenadas Principais (PCO) com as 11 populações do
complexo Passiflora ovalis, baseado nos 163 loci de ISSR, considerando duas espécies
▲ P. ovalis e + P. contracta, a partir da matriz de distância genética de Nei (Nei 1978).
Discussão
A utilização dos marcadores moleculares de ISSR neste estudo se mostrou uma
ótima ferramenta no estudo de variabilidade intra e interpopulacional. Os resultados
foram considerados superiores no sentido de indicar caminhos para o esclarecimento
sobre o posicionamento taxonômico das espécies do complexo P. ovalis.
Passos (2007) utilizando marcadores moleculares de ISSR para analisar as
espécies P. galbana e P. mucronata detectou um percentual baixo a médio de loci
polimórficos entre 14,81% e 36,11%, com uma média de 29,92%. No presente trabalho
o percentual foi maior, sendo que a média encontrada foi de 56,23%, variando entre
17,28% (PO_RJPar) a 70,37% (PC_BAIlhe). A baixa quantidade de indivíduos
analisados para a população de PO_RJPar pode ser responsável pelo baixo percentual de
loci polimórficos.
Os resultados obtidos com os valores de fluxo gênico indicam um alto nível de
fluxo gênico ocorrendo dentro das espécies, e um fluxo num nível mais baixo entre as
espécies. Os valores encontrados para variação entre populações dentro das espécies
95
(10%) e entre espécies (28%) indicam um fluxo gênico menor na relação entre as
espécies do que entre as populações dentro das espécies. Estes resultados também foram
os mesmos encontrados por Passos (2007), demonstrando que ocorre fluxo gênico ou
ocorreu em um passado recente com as populações de P. mucronata e P. galbana.
Valores de fluxo gênico menores que 1 indicam isolamento geográfico, considerados
por alguns autores com fluxo gênico alto (Govindajaru 1989), sendo os valores
considerados intermediários entre 0,25 a 0,99 e considerados baixos, valores menores
que 0,25. Em P. contracta o valor encontrado é muito alto em relação ao encontrado
para P. ovalis, significando um possível isolamento geográfico das populações de P.
ovalis.
Considerando os modelos existentes para explicar o fluxo gênico entre
populações: a) modelo continente-ilha, em que o fluxo de alelos ocorre em uma única
direção, partindo de uma população grande para uma população menor e isolada; b)
modelo de ilhas, onde o movimento de alelos se dá ao acaso, em qualquer direção, entre
um grupo de pequenas populações; c) o modelo stepping-stone, onde o fluxo gênico
ocorre apenas entre populações vizinhas; d) modelo de isolamento por distância, o qual
considera uma população contínua onde o fluxo de alelos ocorre entre vizinhos
próximos (Perecin 2000), pode-se considerar as diferenciações encontradas para as
espécies do complexo P. ovalis como explicada pelo quarto modelo, levando-se em
conta a distância geográfica que isola esta população das populações de P. contracta,
porém é necessária a realização de teste estatístico de isolamento por distância para
comprovar esta hipótese. As espécies em questão são quiropterófilas, polinizadas por
morcegos Glossophaga soricina (Sazima & Sazima 1978; Buzato & Franco 1992) que
em seu vôo de visita às flores alcançam uma distância de 150-200 m, sendo a distância
máxima relatada de 1.450 m. Um estudo com enfoque na biologia floral e na distância
geográfica dessas espécies pode ser mais uma ferramenta no esclarecimento da situação
taxonômica entre as espécies do complexo P. ovalis.
Passos (2007) não encontrou diferenciação genética entre as espécies de P.
mucronata e P. galbana, indicando um possível fluxo gênico tanto interpopulacional
quanto interespecífico, não sendo possível a delimitação destes táxons no nível
específico. De acordo com os resultados obtidos na matriz de identidade genética,
observarmos uma maior similaridade entre as populações de Conceição da Barra e
Linhares (P. contracta), e uma menor similaridade entre as populações de Ubatuba (P.
ovalis) e de Linhares (P. contracta), sugerindo que as duas espécies são distintas
96
geneticamente, e as populações interespecíficas apresentam uma maior similaridade
genética.
As alterações no ambiente com a formação de barreiras naturais são importantes
fatores responsáveis pela alteração no nível de fluxo gênico ocorrendo entre populações.
As populações que se agruparam entre sim e ao mesmo tempo se mostraram mais
distantes em relação às demais foram as PO_SPUba e PO_RJPar. Estas populações são
as que estão mais próximas geograficamente (ca. 50km), o que justifica a ocorrência de
um maior fluxo gênico entre elas. Uma explicação para esta diferenciação entre as
espécies, pode ser dada pela deriva genética, a ação do “efeito gargalo”, ou a
interrupção do fluxo gênico entre de populações do complexo P. ovalis, isoladas
geograficamente, e que apresentam variabilidade genética reduzida. Considerando
sempre o tamanho da população para o Rio de Janeiro e para São Paulo, que pode ter
contribuido para a baixa variabilidade genética encontrada entre estas populações com
as demais.
A população do Rio de Janeiro foi a que apresentou um maior número de alelos
exclusivos (três), um número considerado alto em relação às demais que apresentaram
apenas um alelo exclusivo. A presença de bandas exclusivas reforça a importância em
desenvolver mecanismos de preservação destas populações naturais, visando a
preservação da heterozigosidade encontrada nestas populações, uma vez que esta
população foi encontrada em ambientes preservados de mata atlântica.
As informações obtidas através dos registros de herbários e das coletas
realizadas para o desenvolvimento deste estudo revelam que existe um padrão
geográfico de distribuição entre as duas espécies analisadas: P. ovalis (encontrada no
sul do Rio de Janeiro a região Norte de São Paulo, em áreas de mata atlântica, com
altitude variando de 0-900 m s.n.m) e P. contracta (encontrada de Pernambuco, Bahia
ao Espírito Santo também no mesmo ecossistema e em altitudes semelhantes) (capítulo
5). Essa separação pode não ser influenciada por barreiras geográficas, devido ao curto
espaço de tempo, levando-se em conta a época de registro destas espécies em herbários,
mas pela ação antrópica com a retirada da vegetação nativa e implantação de extensas
áreas com monocultura. Porém, esta distância e/ou isolamento pode ser responsável pela
formação de padrões morfológicos geograficamente distintos. Isto foi observado por
Passos (2007) ao relatar que as espécies que apresentaram maiores distâncias genéticas,
correspondiam as que apresentaram também maiores distâncias geográficas, no estudo
realizado com Passiflora. Isolamento pela distância.
97
Um fator importante que precisa ser levado em consideração é a ação antrópica,
na redução drástica das áreas naturais onde estas espécies ocorrem. Estas são endêmicas
do bioma Mata Atlântica, uma vegetação completamente ameaçada pelo desmatamento,
sendo encontrada apenas em pequenos refúgios, criados por força de lei, ou pequenas
áreas ainda preservadas, que funcionam como verdadeiras barreiras geográficas,
levando a formação de pequenas populações, isoladas das demais.
A partir destes resultados foi feita uma análise cuidadosa nos caracteres
morfológicos destas duas espécies (capítulo 5) e chegou-se à conclusão que se trata de
duas espécies distintas que sofreram diferenciação, reforçado pelos dados obtidos no
capítulo 2 com dados morfométricos.
Passiflora ovalis descrita originalmente para o Rio de Janeiro, apresenta
inflorescência paniculiforme com eixo floral ca. (6-)10-80(-120) cm compr. no dossel
da mata (obs. pess.), pedúnculo 0,6-3,5 cm compr., pedicelo 0,9-3,5 cm compr., flores
amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14 x 5-9
cm quando maduros. Passiflora contracta, descrita por Vitta & Bernacci (2004),
encontrada do Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, é corroborada com os dados
moleculares como uma espécie distinta de P. ovalis (capítulo 1), e também por dados
morfométricos (capítulo 2), se caracteriza por apresentar inflorescências racemiforme,
com eixo principal de (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,2-0,7 x 0,1-0,3 cm
compr., não terminando em uma gavinha, pedicelo 2-3,5 x 0,1-0,3 cm; flores marrons e
os frutos são verdes com estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros.
Vegetativamente estas espécies são muito difíceis de serem diferencidas.
Estes dados foram corroborados com este estudo, sendo P. ovalis encontrada nos
estados de São Paulo e Rio de Janeiro em áreas de mata atlântica, com altitude variando
entre 0-1.000 m s.n.m. E P. contracta encontrada nos estados e Pernambuco, Alagoas,
Bahia e Espírito Santo, endêmica da mata atlântica, com altitude variando entre 0-900 m
s.n.m.
98
Capítulo IV
Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides
(Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações
taxonômicas
Capítulo desenvolvido em colaboração com a Profa. Ms. Rita de Cássia Matos dos Santos Araújo
(UNEB-Paulo Afonso/BA) e Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (UEFS).
99
Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms)
Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas
Passiflora subgênero Deidamioides encontra-se na América do Sul e América
Central, com espécies agrupadas em seis seções: Mayapathanthus MacDougal (2 spp.),
Tryphostemmatoides Harms (5), Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1),
Tetrastylis (Barb.Rodr.) Harms (2), Polyanthea DC. (1) e Tetrapathea DC. (1).
A complexidade taxonômica deste subgênero é discutida em alguns estudos
filogenéticos, no intuito de esclarecer seu monofiletismo e o posicionamento das
espécies dentro das seções. Na maioria dos trabalhos filogenéticos publicados com
espécies deste subgênero (Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a; 2004b;
Krosnick & Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006, Zamberlan
2007), o número amostral e as topologias obtidas não foram suficientes para elucidar o
posicionamento de Deidamioides (capítulo 1).
Na flora americana, as espécies do gênero Passiflora encontram-se bastante
diversificadas sendo, do ponto de vista palinológico, muito complexas e pouco
estudadas, principalmente em relação às dificuldades na interpretação de suas aberturas,
pouco se conhecendo sobre os caracteres polínicos com valores taxonômicos que
possam auxiliar a sistemática do grupo, e os dados são controversos na literatura
analisada podendo-se citar para as Américas os trabalhos de Roubik & Moreno (1991),
Araújo & Santos (2004), Milward-de-Azevedo et al. (2004) e Barrios et al.(2005).
Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi realizar um estudo polínico
com algumas espécies de Passiflora pertencentes ao subgênero Deidamioides sensu
Feuillet & MacDougal (2003), visando encontrar caracteres diagnósticos para justificar
ou não o monofiletismo do subgênero, bem como oferecer subsídios para corroborar ou
não com o posicionamento taxonômico das seções e espécies dentro do subgênero.
Além disso, correlacionar os dados obtidos com o estudo polínico com os encontrados
no capítulo um, reforçando o posiscionadmento taxonômico das espécies estudadas.
Material e Métodos
O material botânico estudado foi obtido a partir de exsicatas oriundas dos
herbários: ALCB, BM, BR, CEPEC, ESA, HUA, HUEFS, IAC, K, MA, R, RB e TEX
100
(acrônimos de acordo com Holmgren et al. 1990) (Tabela 18, capítulo 5 para lista dos
herbários).
Para cada espécie, foi analisado mais de um espécime quando possível. No
entanto, não foi possível realizar as análises morfopolínicas das espécies P. discophora
e P. pacifica, pertencentes ao grupo de estudo, por se encontrarem estéreis nas exsicatas
examinadas ou não estarem disponíveis no HUEFS.
Material examinado: P. arbelaezii L.Uribe – Colômbia: Antioquia: Amalfi,
14/II/1988, J.M.MacDougal 3987 (MA). P. cirrhiflora Juss. – Guiana Francesa:
Cayene: Montsinéry, 30/VI/2004, C.Feuillet 1424 (TEX); Brasil, Amapá, 1956,
M.Bastos s.n. (RB 96378). P. contracta Vitta - Brasil: Bahia: Porto Seguro, 20/V/2007,
T.S.Nunes 1778 (HUEFS). Espírito Santo: Conceição da Barra, 19/VIII/2007,
T.S.Nunes 1909 (HUEFS). Espírito Santo: Linhares, 21/VIII/2007, T.S.Nunes 1812
(HUEFS). P. deidamioides Harms – Brasil: São Paulo: São Bernardo, s.d. A.K.Hansen
181 (TEX). São Paulo: Salesopólis, 4/III/2004, L.C.Bernacci 3652 (IAC). São Paulo:
Salesópolis, 25-VI-2000, W.Forster 319 (ESA). Minas Gerais: Lima Duarte,
26/IX/2001, R.Marquete 3080 (RB). P. gracillima Killip – Colômbia: Antioquia:
Guatapí, 27/X/1983, L.A.Escobar 3652 (TEX). Antioquia: Sonsón, 9/IV/1994,
R.Callejas 11129 (HUA). P. igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. Brasil: Bahia: Igrapiúna, 18/XII/2002, M.L.S.Guedes 9294 (ALCB). P. macdougaliana
Knapp & Mallet - Panamá: Colón: Portobelo, IV/1982, S.Knapp 4587 (TEX). P.
obovata Killip – Costa Rica: Puntarenas: Monteverde, 14/IV/1981, S.Knapp 867
(TEX). P. ovalis Vell. ex M.Roemer - Brasil: Rio de Janeiro: Paraty, 25/VIII/2007,
T.S.Nunes 1837 (HUEFS). São Paulo: Ubatuba, 24/VIII/2007, T.S.Nunes 1831
(HUEFS). P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. - Nova Zelândia: s.d., R.Lynd 927453
(BM). P. timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. - Brasil: Bahia,
Amargosa, 18/XI/2007, A.M.Amorin 7027 (CEPEC). P. tryphostemmatoides Harms Colômbia: Vale del Cauca: Route Cali, 8/III/1997, F.Billiet 6896 (BR); Colômbia:
Forests of the M. Andes of Popayan, F.C.Lehmam 8515 (K).
Para análise em microscopia de luz (ML), os grãos de pólen foram acetolisados
de acordo com a metodologia descrita por Erdtman (1960). Os grãos foram medidos
conforme as recomendações de Salgado-Labouriau (1973) e montados em lâminas
permanentes com gelatina glicerinada. Foram efetuadas, quando possível, 25 medidas
do diâmetro polar (DP) e equatorial (DE) em vista equatorial e do diâmetro equatorial
em vista polar (DEp). Após as análises quantitativas dos grãos de pólen, em
101
microscópio Zeiss Axiostar, os dados foram submetidos a tratamento estatístico, sendo
posteriormente fotomicrografados os caracteres que melhor representaram os
respectivos táxons. Foram realizadas 10 medidas dos diâmetros dos lumens, assim como
largura maior dos pontopérculos e as camadas da exina (sexina e nexina), sendo
calculada nesses casos apenas a média aritmética.
As lâminas examinadas neste trabalho encontram-se depositadas na Palinoteca
do Laboratório de Micromorfologia Vegetal, do Departamento de Biologia da
Universidade Estadual de Feira de Santana.
Para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), os grãos de pólen
acetolisados foram passados em série hidroetanólica, gotejados diretamente sobre o
porta-espécime e recobertos por uma fina camada de ouro por ca. três minutos e
observados e eletromicrografados em microscópio LEO 1430 VP.
A terminologia adotada para a caracterização dos grãos de pólen está de acordo
com Punt et al. (2007). Para as descrições das aberturas polínicas, utilizaram-se os
conceitos morfopolínicos de Thanikaimoni (1986), que utiliza o termo pontopérculo
para a faixa da exina fusionada nas áreas apocolpais, as quais são referidas para o
gênero Passiflora pelo autor.
Resultados
Os dados quantitativos e as características morfopolínicas das espécies estudadas
de Passiflora subgênero Deidamioides estão apresentados nas tabelas 15 e 16. A análise
palinológica sob ML e MEV (Figs. 16-18) revelou a existência de grãos de pólen
médios a grandes, isopolares, oblatos esferoidais, prolatos esferoidais a suboblatos
(Tabela 16), com amb subcircular a subtriangular; 6-sincolporados apenas em
Passiflora arbelaezii (Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E), 6-colporados, nas demais
espécies (Tabela 16, Fig. 16G, 16H, 16I, 16J, 17E, 17F, 17J, 18B, 18D, 18J) colpos
longos cobertos com pontopérculos (Fig. 16B, 16I, 16D, 16J e 18D), endoaberturas
lalongadas; exina reticulada (na maioria das espécies), porém microrreticulada em P.
tryphstemmatoides (Fig. 17H), sempre heterobrocada.
Aberturas: Os colpos são longos, estreitos com extremidades afiladas (na
maioria das espécies) (Fig. 16G, 16I, 17D, 17F, 18B e 18J), ocorrendo sempre aos pares
(Fig. 16C, 16D, 16E, 16G, 17A e 17F), às vezes fusionados aos pólos em P. arbelaezii
(Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E). Presença de pontopérculo entre as aberturas
proximais e fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal (Fig. 16B, 16I e
102
17D). Quanto à largura, os pontopérculos foram considerados largos na maioria das
espécies variando de 9,1µm (em P. deidamioides) a 14,8µm (em P. tetrandra), sendo
mais estreitos em espécimes de P. arbelaezii (5,0µm a 6,2µm) e P. gracillima (6,3µm)
(Tabela 15). As endoaberturas são lalongadas, em número de três, largas com
extremidades circulares, única para cada par de ectoaberturas proximais (Fig. 16B, 16I,
16J, 17G, 17H e 18D), exceto P. obovata, que possui endoaberturas únicas para pares
de ectoaberturas distais (Fig. 17B). Membrana apertural fortemente ornamentada foi
encontrada nas espécies: P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis
(Fig. 16G), e P. timboënsis (Fig. 16J). Em todas as espécies, registrou-se a presença de
costa ao redor das endoaberturas.
Exina: A exina apresenta-se reticulada, com retículo de diferentes dimensões
dos seus lumens (Tabela 15), ou microrreticuladas (P. tryphostemmatoides). Os muros
foram descritos como interrompidos (MEV), apenas em P. deidamioides (Fig. 18A), P.
cirrhiflora (Fig. 18E) e P. obovata, sendo sinuosos na maioria das espécies (Fig. 16D,
16E, 17D, 17E, 17F e 18A) ou pouco sinuosos em P. contracta (Fig. 16F), P.
igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis (Fig. 16G) e P. timboënsis (Fig. 16J). Foram
encontrados lumens pequenos com poucos báculos no interior em P. cirrhiflora (Fig.
18E), P. deidamioides (Fig. 18A) e P. obovata; ou lumens grandes com muitos báculos:
P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. macdougaliana (Fig. 17E), P.
ovalis (Fig. 16G), P. tetrandra (Fig. 18G) e P. timboënsis; além de espécies com lumens
pequenos e completa ausência de báculos no interior: P. arbelaezii (Fig. 16A), P.
gracillima (Fig. 16E) e P tryphostemmatoides (Fig. 17I). Na maioria das espécies, os
muros são simplescolumelados (Tabela 16), exceto P. tetrandra que são
duplicolumelados. Em todas as espécies, a sexina é mais espessa que a nexina (Tabela
15).
As medidas dos materiais examinados (Tabela 16) mostram que em muitos
exemplares a forma dos grãos de pólen não se mantém constante nos espécimes de um
mesmo táxon. As médias aritméticas dos diâmetros polínicos (Tabela 15) estão na sua
maioria fora da faixa de variação entre os espécimes, demonstrando a grande
variabilidade existente nas dimensões dos grãos de pólen.
Diante dos resultados obtidos, foi possível o estabelecimento de sete tipos
morfopolínicos para as espécies analisadas.
103
Chave polínica para identificação dos tipos polínicos encontrados nas espécies
estudadas de Passiflora subgênero Deidamioides.
1. Grãos de pólen 6-sincolporados ................................................................................ Tipo 1
1’. Grãos de pólen 6-colporados
2. Endoberturas unindo os cólporos distais ............................................................. Tipo 3
2’. Endoaberturas unindo os cólporos proximais
3. Muros duplicolumelados .............................................................................Tipos 7
3’. Muros simplescolumelados
4. Lúmen com báculos ausentes ................................................................ Tipo 5
4’. Lúmen com báculos presentes
5. Membrana apertural ornamentada ............................................... Tipo 2
5’ Membrana apertural lisa
6. Muros contínuos e endoaberturas com extremidades
imprecisas.......................................................................Tipo 4
6’. Muros interrompidos e endoaberturas com extremidades
circulares ...................................................................... Tipo 6
Tipo 1: Grãos de pólen 6-sincolporados, endoaberturas unindo os cólporos proximais,
com extremidades circulares, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,
báculos ausentes nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.
Espécies: Passiflora arbelaezii L.Uribe e P. gracillima Killip (Fig. 16A-E)
Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, oblatos a prolatos esferoidais,
amb subcircular, 6-sincolporados, exina reticulada. Ectoaberturas longas, estreitas,
fusionadas aos pares no apocolpo, cada par se une parcialmente nas extremidades
formando um anel ao redor dos três mesocolpos que possuem extremidades
arredondadas; três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, única para
cada par de ectoaberturas proximais, e pontopérculo saliente na região equatorial. Exina
reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos, simplescolumelados e contínuos,
formando retículos com lumens pequenos sem báculos no seu interior.
104
Tipo 2: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares
unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,
muitos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural ornamentada.
Espécies: P. ovalis Vell. ex M.Roemer; P. contracta Vitta; P. igrapiunensis T.S. Nunes
& L.P.Queiroz, sp. nov. ined. e P. timboënsis T.S. Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined.
(Fig. 16F-J).
Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subtriangular em
vista polar, 6-colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e
afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo; três endoaberturas lalongadas
única para cada par de ectoaberturas, com extremidades circulares e constritas no
centro; membrana apertural ornamentada; pontopérculo fortemente soldado ao
mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos,
sinuosos e simplescolumelados, formando retículos com lumens grandes, muitos
báculos livres no interior dos lumens.
Tipo 3: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares
unindo os cólporos distais, muros, simplescolumelados e interrompidos, poucos báculos
nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.
Espécie: P. obovata Killip (Fig. 17A-B).
Grãos de pólen médios, isopolares, oblatos esferoidais, amb subcircular, 6colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, estreitas e afiladas nas
extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas uma para cada
par de ectoabertura distais com extremidades circulares, pontopérculo fortemente
soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada, heterobrocada,
muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e interrompidos sob MEV, formando
retículos pequenos com poucos báculos livres no interior dos lumens.
Tipo 4: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades imprecisas
unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos,
poucos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa.
Espécie: P. macdougaliana S. Knapp & Mallet (Figuras 17C-E).
105
Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subcircular, 6colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e afiladas nas
extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas, de difícil
visualização, uma para cada par de ectoaberturas proximais com extremidades
imprecisas, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina
espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos, pouco sinuosos, simplescolumelados e
contínuos, formando retículos grandes com poucos báculos livres no interior dos
lumens.
Tipo 5: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares
unindo os cólporos proximais, muros simplescolumelados, contínuos, báculos ausentes
nos lumens dos microrretículos e membrana apertural lisa.
Espécie: P. tryphostemmatoides Harms (Figuras 17F-J).
Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos a prolato esferoidal, amb
subtriangular, 6-colporados, exina microrreticulada. Ectoaberturas aos pares, longas,
dilatada na região da endoabertura, afiladas nas extremidades, não fusionadas ao
apocolpo, três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, pontopérculo
fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada,
heterobrocada, muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e contínuos, formando
retículos sem báculos livres no interior dos lumens.
Tipo 6: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares
unindo os cólporos proximais, muros interrompidos, simplescolumelados, poucos
báculos nos lumens dos (micror)retículos e membrana apertural lisa.
Espécies: P. cirrhiflora Juss. e P. deidamioides Harms (Figuras 18A-F).
Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, subprolatos a oblatos esferoidal,
amb subcircular, 6-colporados, exina reticulada (em P. cirrhiflora) a microrreticulada
(em espécimes de P. deidamioides). Ectoaberturas aos pares, longas, afiladas nas
extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas com extremidades
circulares bastante visíveis (pequenas em P. deidamioides), uma para cada ectoabertura,
pontopérculo soldado ao mesocolpo na região apocolpal, saliente na região equatorial
106
em P. cirrhiflora. Exina delgada, (micror)reticulada, heterobrocada, muros lisos,
sinuosos, simplescolumelados e interrompidos, formando retículos com pouco báculo
livre no interior dos lumens.
Tipo 7: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares
unindo os cólporos proximais, retículos com muros duplicolumelados, contínuos,
muitos báculos nos lumens dos retículos.
Espécie: P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. (Figuras 18G-J).
Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos, amb subcircular, 6-colporados,
exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, três endoaberturas com extremidades
circulares, única para cada par de ectoaberturas, pontopérculo fortemente soldado ao
mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos,
pouco sinuosos e duplicolumelados e contínuos, formando retículos com lumens
grandes, muitos báculos livres no interior.
Discussão
Presting (1965) ao avaliar 153 espécies de 13 gêneros de Passifloraceae sensu
Killip (1938), encontrou grande diversidade morfopolínica nos grãos de pólen
analisados, relacionando os resultados obtidos aos números cromossômicos básicos, ou
ainda, segundo Melo et al. (2001), a poliploidia existente em algumas espécies do
grupo.
Neste estudo, também foi comprovada a grande diversidade dos grãos de pólen
das espécies analisadas, com relação ao tamanho, forma, abertura, características do
muro, lumens do retículo e número de báculos. Dentre os caracteres citados os mais
destacáveis de alguns táxons deste subgênero, são os báculos que, sob ML e MEV,
apresentam certa variação em número: espécies em que há completa ausência (P.
arbelaezii, P. gracillima e P. tryphostemmatoides), outras com poucos (P. cirrhiflora,
P. deidamioides, P. macdougaliana e P. obovata) e outras com muitos báculos no
interior dos lumens (P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis, P. tetrandra e P.
timboënsis). Milward-de-Azevedo et al. (2004) utilizaram este caráter como importante
recurso para a taxonomia da família no estudo de espécies do subgênero Decaloba no
Sudoeste do Brasil. Também Presting (1965), ao propor uma filogenia para as
107
Passifloraceae baseada em caracteres polínicos utilizou a presença ou ausência dos
báculos como recurso palinotaxonômico de grande valor.
Para a diagnose polínica das espécies analisadas, o tipo, o número apertural (6colporados) e a presença de pontopérculos são básicos. Assim, essas características
morfopolínicas estão sobrepostas dentro do grupo, como caráter comum às espécies
estudadas.
Na literatura analisada para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides,
alguns autores descreveram aberturas do tipo colporado (Presting 1965; Barrios et al.
2005), como os encontrados nesta pesquisa, exceto Escobar (1988a), que cita para P.
pacifica grãos de pólen com aberturas do tipo colpo.
Com base na presente análise, os grãos de pólen foram aqui definidos como
possuindo aberturas paralelas e aos pares, recobertos por um tipo especial de opérculo:
os pontopérculos. Segundo Erdtman (1952) trata-se de um tipo de opérculo que
permanece ligado à sexina no final da abertura, característica observada em todos os
espécimes analisados, na qual as aberturas compostas (cólporos) apresentam-se
protegidas por um largo pontopérculo, bastante evidente na região equatorial formando
uma faixa larga e contínua da exina entre os mesocolpos, fusionando-se nas
extremidades das áreas apocolpais. Thanikaimoni (1986), Palacios-Chavéz et al. (1991)
e Araujo & Santos (2004) também utilizaram o termo pontopérculo com a mesma
propriedade citada para os grãos de pólen de espécies de Passiflora.
Passiflora arbelaezii e P. gracillima têm caracteres polínicos marcantes. Estas
espécies com grãos de pólen 6-sincolporados constituem um tipo polínico especial e
diferente dos demais tipos descritos para o subgênero em questão, já que os grãos de
pólen analisados não apresentaram o sincolpismo apertural peculiar às espécies do tipo
1, na qual as ectoaberturas paralelas se alongam e se unem no apocolpo a outra
ectoabertura adjacente oriunda do par vizinho, formando um anel contínuo ao redor do
mesocolpo que permanece preso à membrana apertural.
Araújo & Santos (2004) analisando 12 espécies de Passiflora encontradas na
Chapada Diamantina no estado da Bahia, relataram para nove espécies o sincolpismo
apertural e, ao contrário deste estudo, mencionaram queda dos mesocolpos decorrente
da fragilidade da membrana apertural e do processo de acetólise, fato também
observado pelos autores: Presting 1965; Spirlet 1965; Chen 1986; Moar 1993; Roubik
& Moreno 1991 e Garcia et al. 2002. Para Presting (1965), o sincolpismo constitui um
108
dos dois aspectos evolutivos mais importantes na palinotaxonomia do gênero
Passiflora.
As espécies P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis e P. timboënsis formam
um complexo palinológico muito homogêneo (estenopolínico) dentro do grupo
analisado, no qual as espécies se aproximam mais no que se refere à pouca sinuosidade
dos muros que formam grandes lumens com muitos báculos em seu interior. O tamanho
(grande) e o amb (prolato esferoidal) também os aproximam apesar desses caracteres
possuírem menos peso taxonômico do que os citados anteriormente. A membrana
apertural dessas espécies encontra-se fortemente ornamentada. Nesta pesquisa, isso foi
observado nos grãos de pólen dos espécimes acima citados tanto sob ML como sob
MEV. Para Heslop-Harrison (1979) esse pode ser um mecanismo contra dissecação,
principalmente durante a polinização.
As espécies incluídas neste tipo polínico são facilmente reconhecidas como
pertencentes a um mesmo subgrupo, por apresentar inflorescência racemosa, flores com
4 estigmas, ovário 4-carpelos, com distribuição restrita a áreas de Mata Atlântica e
endêmicas do Brasil. Segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal
(2003), estas espécies pertencem ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis.
Passiflora ovalis publicada por Roemer (1846) é uma espécie endêmica do Brasil,
encontrada nos estados de Pernambuco a São Paulo, em área de mata atlântica. Vitta &
Bernacci (2004), separaram esta espécie em duas, com base no tipo e tamanho da
inflorescência, tamanho do pedúnculo 6-15 mm compr., pedicelo 4-5,5 cm compr.,
flores amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14
x 5-9 cm quando maduro (P. ovalis) vs. inflorescências racemiforme, 7-12 cm compr.,
pedúnculo ausente, pedicelo 1,2-2,7 cm compr; flores marrons, frutos verdes com
estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros (P. contracta). Cervi
(2005), sinonimizou P. contracta em P. ovalis. Nos capítulos 2 e 3, desta tese, são
apresentados estudos morfométricos e com marcadores moleculares de ISSR, no intuito
de elucidar o posicionamento taxonômico destas espécies. Os resultados obtidos
(capítulos 2 e 3) mostram que são duas espécies distintas, com caracteres morfológicos
congruentes e corroborado também pela distribuição geográfica.
No contexto morfopolínico geral das espécies estudadas, P. obovata é uma
espécie à parte e constitui um tipo polínico especial, diferente dos demais com uma
marcante característica apertural, enquanto as demais espécies estudadas apresentaram
endoaberturas únicas por um par de ectoaberturas proximais e paralelas. Em P. obovata,
109
ocorre um fato não mencionado na literatura analisada para o grupo, em que as
endoaberturas opostas se unem aos pares de ectoaberturas distais e adjacentes, ficando,
portanto, com endoaberturas mais largas que as dos grãos de pólen dos tipos polínicos
encontrados para o subgênero Deidamioides.
A ampla variedade morfopolínica característica das Passifloraceae tem
possibilitado a criação de tipos polínicos. Presting (1965) estabeleceu tipos polínicos
para as espécies dessa família utilizando como base o padrão do retículo (diâmetro do
lumen e presença ou ausência de báculos) e espessura da exina. Araújo & Santos (2004)
elegeram tipos polínicos baseados nas variações operculares (opérculos elípticos e
pontopérculos) e tamanhos dos lumens dos (micror)retículos. Neste estudo, os tipos
polínicos foram tipificados de acordo com o padrão apertural, as características do muro
e presença ou ausência de báculos no interior dos lumens, diferindo, portanto dos
caracteres utilizados pelos autores supracitados.
Das espécies aqui apresentadas, três foram analisadas pelos estudos de
Presting (1965): P. cirrhiflora, P. deidamioides e P. tryphostemmatoides, sendo
descritas com grãos de pólen 6-colporados, reticulados, heterobrocados com muros
sinuosos e simplescolumelados, tendo a primeira espécie grãos de pólen subprolatos e a
segunda, grãos de pólen esféricos. Esses resultados corroboram com os observados
neste trabalho, exceto a forma polínica de P. tryphostemmatoides, sendo os espécimes
aqui descritos como subprolatos a prolatos esferoidais. Contudo algumas características
morfopolínicas diferenciam estas espécies: P. cirrhiflora contendo grãos de pólen
grandes, com amb subcircular e lumens com poucos báculos no interior. E os espécimes
de P. tryphostemmatoides apresentando grãos de pólen médios, amb subtriangular e
lumens pequenos sem báculos no interior.
Segundo Barrios et al. (2005), os grãos de pólen da seção Tryphostemmatoides
seriam caracterizados como oblatos esferoidais a prolato esferoidais, médios, 6colporados, mediano, amb circular, três endoaberturas, colpos fusionados em pares com
três mesocolpos livres. Nesta pesquisa os dados polínicos confirmam os resultados
obtidos por Barrios et al. (2005), para duas espécies pertencentes à seção citada: P.
arbelaezii e P. gracillima. No entanto, se verificou diferenças no tamanho (médios a
grandes) e na forma (oblatos a prolato esferoidais) respectivamente, nos indivíduos
analisados. Estes caracteres, contudo, não são considerados de valor diagnóstico, devido
às diferenças encontradas nos grãos de pólen dos diferentes espécimes e a insuficiência
de exemplares com parâmetros para comparação.
110
P. tryphostemmatoides, também pertencente à mesma seção, possui
característica do ponto de vista palinológico (colpos não fusionados aos pólos) que
nesta pesquisa, o separa das espécies: P. arbelaezii e P. gracillima.
Observou-se em microscopia eletrônica de varredura a presença de
interrupções nos muros dos retículos de algumas espécies (P. cirrhiflora, P.
deidamioides e P. obovata), não sendo possível uma evidência dos mesmos em
microscopia de luz. Sendo este, um caráter morfopolínico importante na separação de
determinados táxons de diversas famílias. Em Passifloraceae não foram encontrados
dados a esse respeito na literatura palinológica consultada. Outra característica polínica
marcante no gênero Passiflora é a presença de muros simples a duplicolumelados
(Presting 1965; Spirlet 1965) como os encontrados nesta pesquisa. Das espécies
analisadas, a única a apresentar muros duplicolumelados foi P. tetrandra,
caracterizando um tipo morfopolínico distinto dentro do subgênero estudado.
Os resultados obtidos no presente estudo indicam que as espécies estudadas
possuem grande variação morfopolínica que permitem o reconhecimento de muitas
espécies.
Os dados palinológicos encontrados para as espécies estudadas do subgênero
Deidamioides, reforçam alguns dos resultados alcançados no estudo filogenético
apresentado no capítulo um. O tipo polínico um, agrupando P. arbelaezii com P.
gracillima não corrobora com os obtidos na filogenia, onde estas espécies apareceram
em clados distintos sugerindo a divisão do subgênero Tryphostemmatoides em dois,
possivelmente: subgênero Tryphostemmatoides e subgênero Discophora. Porém,
segundo a classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), estas espécies
pertencem a um mesmo grupo.
As espécies com o tipo polínico dois, pertencentes à seção Tetrastylis
corrobora os resultados obtidos com os estudos morfológicos, porém a filogenia separou
estas espécies em dois grupos distintos, o clado 1 e o clado 5.
Passiflora obovata que apresentou o tipo polínico três, nos estudos
filogenéticos agrupou com as espécies P. contracta e P. deidamioides, duas espécies
completamente distintas. Esta classificação em um tipo único pode indicar que esta
espécie pertence a um grupo distinto, e que outros estudos são necessários para resolver
esta questão.
111
O tipo polínico encontrado em P. macdougaliana, reforça sua exclusão do
subgênero Deidamioides. Este tipo polínico também foi encontrado em algumas
espécies do subgênero Decaloba.
Passiflora tryphostemmatoides, apresentou um tipo polínico exclusivo, não
agrupando esta espécie com as demais da seção Tryphostemmatoides. Este resultado,
pode corroborar os dados obtidos com a filogenia, onde esta espécie agrupas-es apenas
com P. gracillima, e pode vir a ser considerado um subgênero a parte.
A união entre P. cirrhiflora e P. deidamioides através do tipo polínico seis, já
foi considerada por estas espécies serem as únicas do grupo que apresentam folhas
lobadas. Porém, os estudos filogenéticos indicam o isolamento de P. cirrhiflora, como
um possível subgênero monoespecífico: Polyanthea. P. deidamioides necessita de
novos estudos para elucidar seu posicionamento, uma vez que, os dados filogenéticos
agrupa esta espécie com P. contracta (tipo polínico 2) e com P.obovata (tipo polínico
3).
O tipo polínico único encontrado para P. tetrandra, reforça os resultados
encontrados nos estudos filogenéticos e morfológicos, sugerindo a exclusão desta
espécie do subgênero.
112
*
A
B
C
D
E
*
I
F
G
H
J
Figura 16. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora:
A-D. P. arbelaezii: A. Detalhe da superfície; B. Vista equatorial, pontopérculo
(seta), mesocolpo (asterisco); C. Corte óptico; D. Vista polar, apocolpo (seta); E. P.
gracillima: Vista polar; F. P. contracta: Detalhe das aberturas e superfície. G-H. P.
ovalis: G. Vista polar, apocolpo e superfície; H. Detalhe da superfície. I. P.
igrapiunensis:Vista equatorial, detalhe das aberturas, membrana apertural (seta),
pontopérculo (asterisco). J. P. timböensis: Corte óptico, detalhe da endoabertura.
(Escalas : fotomicrografias = 30µm e eletromicrografias = 10µm ).
113
A
B
C
D
G
F
H
I
E
*
J
Figura 17. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: AB. P. obovata: A. Vista polar, corte óptico; B. Vista equatorial, corte óptico. C-D. P.
macdougaliana: C. Detalhe da superfície; D. Vista equatorial, pontopérculo (seta)
(escala = 3µm); E. Detalhe das aberturas e superfície (escala = 3µm). F-J. P
tryphostemmatoides: F. Mesocolpo e apocolpo (escala 3µm); G-H. Vista equatorial,
corte óptico e aberturas, respectivamente; I. Detalhe das aberturas e superfície; J.
Aberturas, mesocolpo (asterisco), pontopérculo (seta). (Escalas das fotomicrografias =
30 µm).
114
A
B
D
E
C
F
H
G
I
J
Figura 18. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: AC. P. deidamioides: A. Detalhe da abertura e superfície (escala = 3µm); B. Vista
equatorial (escala = 10µm); C. Mesocolpo (escala = 10µm). D-F. P. cirrhiflora: D.
Vista equatorial, pontopérculo (seta) (escala = 10µm); E. Detalhe da superfície, muro
interrompido (seta) (escala = 2µm); F. Mesocolpo (escala = 10µm). G- J. P. tetrandra:
G. Detalhe da superfície (escala = 10µm). H-I. Análise de L.O (setas) (escalas =
30µm); J. Apocolpo (escala = 10µm).
115
Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae sbg. Deidamioides (n = 25).
X± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial; compr. = comprimento;
larg.= largura. *n<25
Espécies/espécimes
Equatorial, vp
X ±Sx
Equatorial, ve
FV
X ±Sx
Polar, ve
FV
X ±Sx
FV
Pontopérculo
Lúmen
Larg.
Compr. x Larg
Exina
P. arbelaezii
J. MacDougal 3987
46,2±1,1
35,0 – 55,0
51,1±1,44
37,5 – 50,0
50,0±2,00
37,5 – 62,5
5,0
1,7 x 2,3
3,0
L.A.Escobar 3652
36,3±0,9
30,0 – 45,0
37,5±0,5
32,5 – 40,0
38,4±0,7
35,0 – 42,5
6,2
3,6 x 2,0
2,8
C. Feuillet 1424
68,9±1,4
57,5 – 75,6
58,7±0,9
47,5 – 65,0
*60,7
50,0 – 65,0
10,5
2,0 x 3,0
3,0
M. Bastos 96378
59,3±1,4
47,5 – 67,5
45,0±0,8
40,0 – 50,0
*54,52
42,5 – 67,5
11,6
1,9 x 2,8
3,3
T.S.Nunes 1778
*50,0
47,5 – 52,5
*47,5
45,0 – 50,0
56,0±1,4
52,5 – 60,0
11
5,0 x 10,4
5,0
T.S. Nunes 1909
52,4±0,9
47,5 – 57,5
49,0±1,5
42,5 – 57,5
*49,4
42,5 – 57,5
10,5
5,0 x 6,5
4,0
T.S.Nunes 1812
61,3±0,9
55,0 – 70,0
54,8±1,3
50,0 – 62,5
*58,6
55,0 – 62,5
13
4,0 x 7,0
4,5
L.C. Bernacci 3652
49,2±0,9
42,5 – 55,0
43,6±1,6
32,5 – 50,0
*46,5
42,5 – 47,5
9,5
2,0 x 2,5
2,5
W. Forster 319
45,4±0,9
40,0 – 52,5
34,8±1,2
30,0 – 42,5
*36,8
30,0 – 40,0
9,2
≤ 1,0
2,0
A.K. Hansen 181
46,5±0,6
42,5 – 50,0
40,4±0,7
35,0 – 42,5
*42,2
40,0 – 45,0
9,1
2,3 x 2,6
2,5
R. Marquete 3080
42,8±1,1
35,0 – 50,0
36,5±1,2
30,0 – 45,0
*40,0
35,0 – 45,0
9,6
≤ 1,0
2,4
*43,0
40,0 – 45,0
*38,2
35,0 – 42,5
43,3±0,9
37,5 – 50,0
6,3
1,8 x 1,0
2,5
P. cirrhiflora
P. contracta
P. deidamioides
P. gracillima
R. Callejas 11129
116
Continuação da Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae subg.
Deidamioides (n = 25). x± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial;
compr. = comprimento; larg.= largura. *n<25
Espécies/espécimes
Equatorial, vp
Equatorial, ve
X ±Sx
Polar, ve
FV
X ±Sx
Pontopérculo
Lúmen
Larg.
Compr. x Larg
FV
Exina
X ±Sx
FV
71,3±1,5
47,5 – 82,5
67,8±1,5
71,8 – 60,0
*71,8
62,5 – 75,0
13,0
6,0 x 3,9
4,0
*53,4
50,0 – 62,5
*48,8
45,0 – 57,5
53,0±1,3
47,5 – 62,5
10,0
4,7 x 5,3
5,6
44,6±1,1
40,0 – 52,5
47,4±0,7
42,5 – 50,0
47,5±0,9
42,5 – 67,5
12,2
2,6 x 3,5
3,5
T.S.Nunes 1837
*53,3
50,0 – 57,5
*49,1
45,0 – 50,0
52,8±1,2
47,5 – 50,0
14,0
3,6 x 7,0
4,0
T.S.Nunes 1831
*54,0
50,0 – 60,0
*50,3
47,5 – 55,0
53,8±1,0
47,5 – 62,5
12,0
4,3 x 6,1
4,0
42,5±1,2
35,0 – 52,5
34,4±0,9
27,5 – 40,0
34,7±0,8
30,0 – 37,5
14,8
4,2 x 8,1
4,2
68,8±0,9
65,0 – 65,0
63,6±1,2
55,0 – 70,0
*67,5
60,0 – 70,0
13,5
4,3 x 6,2
4,5
F. Billiet 6896
43,7±1,1
37,5 – 50,0
38,7±0,7
35,0 – 42,5
*40,5
37,5 – 42,5
10,1
≤ 1,0
2,1
F.C. Lehmann 8515
36,6±1,0
32,5 – 47,5
31,5±1,0
27,5 – 37,5
*35,0
32,5 – 42,5
10,1
≤ 1,0
2,0
P. igrapiunensis
M.L.Guedes 9294
P. macdougaliana
S. Knapp 4587
P. obovata
S. Knapp 867
P. ovalis
P. tetranda
R. Lynd 927453
P. timboënsis
A.M.Amorim 7027
P. tryphostemmatoides
117
Tabela 16. Caracterização morfológica dos grãos de pólen (n = 25) de Passifloraceae (µm).
Espécies/Espécimes
Tamanho
Forma
P/E
Abertura
Tipo
Endoabertura
Muros
Presença de báculo
nos lumens
P. arbelaezii
J. MacDougal 3987
grande
oblato esferoidal
0,9
6-(sin)colporado
P. cirrhiflora
C. Feuillet 1424
grande
subprolato
1,15
6-colporado
M. Bastos 96378
grande
oblato esferoidal
0,87
6-colporado
grande
prolato esferoidal
1,05
6-colporado
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados,
colporos proximais
contínuos e sinuosos
3 endoaberturas unindo os
ausente
Simplescolumelados
poucos
interrompidos e sinuosos
poucos
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
muitos
colporos proximais
contínuos e poucos
muitos
sinuosos
muitos
Simplescolumelados
Poucos
interrompidos e sinuosos
Poucos
colporos proximais
P. contracta
T.S.Nunes 1778
T.S. Nunes 1809
médio
prolato esferoidal
1,02
6-colporado
T.S.Nunes 1812
grande
prolato esferoidal
1,11
6-colporado
L.C. Bernacci 3652
médio
prolato esferoidal
1,10
6-colporado
P. deidamioides
3 endoaberturas unindo os
W. Forster 319
médio
subprolato
1,30
6-colporado
A.K. Hansen 181
médio
subprolato
1,15
6-colporado
R. Marquete 3080
médio
subprolato
1,17
6-colporado
R. Callejas 11129
médio
Prolato esferoidal
1,12
6-(sin)colporado
3 endoaberturas unindo os
simplescolumelados
Ausente
L.A. Escobar 3652
médio
Oblato esferoidal
0,96
6-(sin)colporado
colporos proximais
contínuos e sinuosos
Ausente
grande
Prolato esferoidal
1,05
6-colporado
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
Muitos
colporos proximais
contínuos e pouco sinuosos
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelado
colporos proximais
contínuos e sinuosos
colporos proximais
Poucos
Poucos
P. gracillima
P. igrapiunensis
M.L.Guedes 9294
P. macdougaliana
S.Knapp 4587
grande
Prolato esferoidal
1,09
6-colporado
Muitos
P. obovata
118
Espécies/Espécimes
S.Knapp 867
Tamanho
Médio
Forma
Oblato esferoidal
P/E
Abertura
Tipo
0,94
6-colporado
Endoabertura
Muros
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
colporos distais
interrompidos e sinuosos
Presença de báculo
nos lumens
Poucos
P. ovalis
T.S.Nunes 1837
grande
Prolato esferoidal
1,08
6-colporado
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
Muitos
T.S.Nunes 1831
grande
Prolato esferoidal
1,07
6-colporado
colporos proximais
contínuos e pouco sinuosos
Muitos
Médio
Subprolato
1,20
6-colporado
3 endoaberturas unindo os
Duplicolumelados
Muitos
colporos proximais
contínuos e sinuosos
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
colporos proximais
contínuos e pouco sinuosos
P. tetrandra
R.Lynd 927453
P. timboënsis
A.Amorim 7027
Grande
Prolato esferoidal
1,08
6-colporado
Muitos
P. tryphostemmatoides
F. Billiet 6896
médio
Prolato esferoidal
1,15
6-(sin)colporado
3 endoaberturas unindo os
Simplescolumelados
Ausente
F.C. Lehmann 8515
médio
Subprolato
1,16
6-(sin)colporado
colporos proximais
contínuos e sinuosos
Ausente
119
Capítulo V
Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides
(Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet
&MacDougal (2003)
120
Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides
(Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet & MacDougal
(2003).
Este capítulo compreende a revisão taxonômica de Passiflora L. subgênero
Deidamioides (Harms) Killip. De acordo com os resultados obtidos na análise
filogenética molecular com base em genes de ITS e trnL-F (capítulo 1), Deidamioides é
polifilético e suas seções não são aqui reconhecidas, deste modo a delimitação deste
subgênero está sendo feita apenas com base na classificação proposta por Feuillet &
MacDougal (2003), sem contudo, reconhecer as espécies dentro de subseções, seções ou
séries.
Os resultados obtidos até então, corroborado por outros estudos filogenéticos
(Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b; Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick
et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan 2007), apontam para uma possível
redelimitação deste subgênero, no sentido de ser reconhecido como mais de um
subgênero. Porém, é necessária a utilização de uma amostragem maior, no sentido de
abranger um número maior de espécies, assim como a utilização de outras regiões
moleculares. Até o momento, nenhum estudo filogenético apontou para o não
monofiletismo dos subgêneros Astrophea, Decaloba e Passiflora.
O objetivo principal deste capítulo é apresentar uma revisão das espécies
tratadas como pertencente a subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal
(2003), uma vez que até então nenhum trabalho apresentou uma revisão com todas estas
espécies.
As espécies propostas para o subgênero Deidamioides são aqui apresentadas
em ordem alfabética, incluindo uma chave de identificação taxonômica, ilustração,
mapa de distribuição geográfica, assim como uma discussão sobre o histórico
taxonômico de cada espécie.
Material e Métodos
Para a realização deste trabalho foi realizada uma ampla revisão bibliográfica
em bibliotecas nacionais e internacionais, incluindo a aquisição de todas as descrições
originais de todos os nomes relacionados ao subgênero Deidamioides, além de obras
121
históricas relacionadas com o grupo.
Foram realizadas coletas durante o período de 2002 a 2007, nos estados de
Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Tabela 17). Os
materiais coletados foram depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira
de Santana (HUEFS).
Foram analisados os materiais recebidos como empréstimo dos herbários
nacionais e internacionais (Tabela 18). Todos os materiais tipos foram consultados, bem
como importantes coleções históricas. Para o estudo dos espécimes foram utilizados
métodos taxonômicos tradicionais (comparação com material-tipo, diagnoses originais e
com base nas principais referências do grupo), assim como, análise de estruturas em
microscópio óptico, descrições morfológicas e ilustração dos principais caracteres.
Tabela 17. Coletas realizadas durante a realização deste projeto
Período
Localidade
Estado
16-19.11.2005
Conde/Entre Rios/Camaçari
Porto
Seguro/Belmonte/Uma/Ilhéus/Maraú
Caetité/Licinio de
Almeida/Diamantina/Grão
Mogol/Paraty/Ubatuba
Conceição da Barra/Itaúnas/Linhares
Bahia
Bahia/Minas Gerais/Rio de
Janeiro/São Paulo
Espírito Santo
03-07.06.2006
Paraty/Ubatuba
São Paulo/Rio de janeiro
20-21.08.2006
Linhares
Espírito Santo
20–11.05.2007
03-05.04.2007
19-31.08.2007
Porto Seguro/Eunapólis/Igrapiúna
Paraty/Ubatuba
Paraty/Ubatuba
Bahia
São Paulo/Rio de janeiro
São Paulo/Rio de janeiro
18-22.01.2007
09-11.01.2008
Linhares/Conc. Barra/Itaúnas
Conde/Entre Rios/Camaçari
Iguarassu
Espírito Santo
Bahia
Pernambuco
27-30.12.2005
10-18.01.2006
Bahia
Tabela 18. Lista de herbários visitados ou consultados através do empréstimo dos
materiais. (Acrônimos segundo Holmgren et al. 1990). *Herbários visitados/# herbários
não indexados
Acrônimo
Instituição
A
Herbarium, Arnold Arboretum, Harvad University, Cambridge, U.S.A.
AAU
Herbarium Jutlandicum, University of Aarhus, Denmark.
ALCB*
Herbário Alexandre Leal Costa, Instituto de Biologia, Universidade Federal da
122
Bahia, Salvador, BA.
ASE
Herbário Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE.
B*
Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin-Dahlem, Zentraleinrichtung
der Freien Universität Berlin
BAH*
Laboratório de Botânica, EPABA, Salvador, BA
BHCB*
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.
BM*
The Natural History Museum, London, UK.
BR*
Jardin Botanique National de Belgique.
BRG
Guyana National Herbarium, Guyana.
C
University of Copenhagen, Denmark.
CAY
Insitut de Recherche pour le Developpement (IRD), Cayenne, French Guiana.
CEN
CEENARGEN, EMBRAPA, Brasília - DF.
CEPEC*
Herbário André Amorim de Carvalho, CEPEC/CEPLAC, Ilhéus, BA.
COL
Herbário Nacional Colombiano, Bogotá, Colômbia.
CR
Herbário Nacional, Museo Nacional de Costa Rica, Costa Rica.
CVRD*
Reserva Florestal Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, ES.
DUKE
Herbarium, Botany Department, Duke University, North Carolina, U.S.A.
EAP
Herbário Paul C. Standley, Escuela Agrícola Panamericana, Honduras.
ESA
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.
ESAL
Universidade Federal de Lavras, MG.
F
Herbarium, Field Museum of Natural History, Chicago, U.S.A.
G
Conservatire et Jardin botaniques de la Ville de Geneve, Switzerland.
GUA
FEEMA, Centro Botânico do Rio de Janeiro, RJ.
HAS
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
HB*
Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ.
HBR
Herbario Barbosa Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ.
HEH
Escuela Nacional de Ciências Forestales, Honduras.
HEPH
Jardim Botânico de Brasília, SMDB, Brasília, DF.
HPL
Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., Nova Odessa, SP.
HRB*
RADAMBRASIL, IBGE, Salvador, BA.
HRCB
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, SP.
#
Herbário Sergio Tavares, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade
HST
Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE.
HUA
Herbário Centro de Investigaciones Ciências Exatas y Naturales (CIEN), Medellín,
Antioquia, Colômbia
*
HUEFS
Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA.
HUESB*#
Herbário da Universidade do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA.
HUNEBA
Universidade do Estado da Bahia, Campus II - Alagoinhas, BA.
HURG
Universidade do Rio Grande, Rio Grande, RS.
IBGE
Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF.
123
IAC
Instituto Agronômico de Campinas, SP.
ICN*
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
INPA
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM.
IPA
Herbário Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, Recife, PE.
JAUM
Herbarium Jardim Botânico Joaquim Antonia Uribe, Antioquia, Colômbia.
JPB*
Herbário Lauro Pires Xavier, João Pessoa, PB.
K*
Royal Botanic Gardens - Kew, England, U.K.
LL
Lundell Herbarium, University of Texas, U.S.A.
M
Herbarium, Botanische Staattssammlung, Alemanha.
MA
Herbario, Real Jardim Botânico, Madrid, Espanha.
MAC
Herbário – Coordenação Setor do Meio Ambiente, Maceió, AL.
MBM*
Museu Botânico Municipal de Curitiba, PR.
MBML*
Museu de Biologia Mello Leitão, Santa Tereza, ES.
MEXU
Herbário Nacional, Universidade Nacional Autônoma de México, México, D.F.
MG
Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA.
MICH
Herbarium University of Michigan, U.S.A.
MO
Missouri Botanical Garden, U.S.A.
MPU
Herbier, Institut de Botanique, Montpellier, França.
MYF
Herbario Universidade Central de Venezuela, Caracas, Venezuela.
N
Herbarium Najing University, China.
NY
New York Botanical Garden, U.S.A.
P
Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, França.
PEUFR
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE.
PH
Herbarium Academy of Natural Science, Philadelphia, U.S.A.
QCNE
Herbarium Museo Nacional de Ciências Naturales, Quito, Equador.
R*
Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ.
RB*
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ.
RBR
Herbário Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ.
RFA
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.
RUSU
Univesidade Santa Úrsula, SP.
SP*
Instituto de Botânica de São Paulo, SP.
SPF*
Universidade de São Paulo, SP.
SPSF
Herbário, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Instituto Florestal, SP.
TEFH
Universidade Nacional Autônoma de Honduras, Honduras.
TEPB*
Herbário Graziela Barroso, CCN, Departamento de Biologia, Universidade Federal
do Piauí, Teresina, PI.
TEX
Herbario Universidade do Texas, Austin, U.S.A.
U
Herbarium, Institute os Systematic Botany, Netherlands.
UB*
Universidade de Brasília, Brasília, DF.
UEC
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
124
UESC*
Universidade Estadual Santa Cruz, Ilhéus, BA.
UFP*
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.
UPCB
Herbário Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
US
Smithsonian Institution, Columbia, Washington, USA.
UT
Garett Herbarium, Utah Museum of Natural History, U.S.A.
VEN
Herbario Nacional de Venezuela, Venezuela.
VIC*
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
Y
Herbarium Samuel Jones Recor Memorial Collection, New Haven, U.S.A.
Foram analisados ca. 300 espécimes depositados em herbários. Uma lista
completa de todos os materiais consultados encontra-se no apêndice 2. As descrições
foram elaboradas com base nos materiais examinados, ou excepcionalmente, com base
nas descrições originais e fotos dos tipos (P. pacifica). As medidas das partes
vegetativas e reprodutivas foram tomadas com auxílio de um paquímetro digital
(Stainless Hardened) e as medidas de largura e diâmetro foram feitas na parte mais
larga da estrutura.
A descrição das espécies foram baseadas nos caracteres qualitativos e
quantitativos observados, exclusivamente no material examinado. Os materiais
examinados estão ordenados por ordem alfabética de país, estado e municípo, com
localidade, data de coleta (da mais antiga para a mais recente). Algumas abreviações
foram padronizadas na descrição dos materiais examinados: “s.loc.” (sem localidade),
“s.d.” (sem data), “s.c.” (sem coletor), “s.n.” (sem número de coleta). Os dados
fenológicos foram obtidos dos materiais examinados e estão abreviados da seguinte
maneira: “fl” (flor), “fr” (fruto), “bt” (botão) e “st” (estéril).
As espécies são apresentadas em ordem alfabética e o tratamento taxonômico
oferece descrição morfológica e informações gerais sobre a distribuição geográfica,
fenologia e hábitats. Os comentários reúnem informações encontradas na literatura, nas
exsicatas e em observações de campo e de laboratório.
Os dados de distribuição geográfica foram retirados das informações que
constam nas fichas de coletas das exsicatas examinadas, além dos dados das coletas
georreferenciadas. Os mapas foram construídos a partir dos modelos obtidos no
software ArcView GIS 3.2 (ESRI 1999), com modificações conforme os padrões de
distribuição estabelecidos. As espécies foram analisadas em relação aos critérios de
ameaça da IUCN (2004), e classificadas conforme as categorias sugeridas.
125
Resultados
Tratamento Taxonômico
Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip, Field. Mus. Nat. Hist. 19(1): 25.
1938.
=Passiflora L. seção Decaloba subseção Deidamioides Harms, Repert. Sp. Nov. 19: 58,
1923.
Espécie-tipo: Passiflora deidamioides Harms
Trepadeiras herbáceas ou lenhosas; gavinhas simples, bifurcadas ou
trifurcadas, com ou sem discos adesivos na extremidade. Estípulas diminutas, linearlanceoladas a setáceas. Folhas inteiras (3-9-lobadas em P. deidamioides e P.
cirrhiflora), pecíolo com 2-4(-6) glândulas sésseis, raramente pedunculadas ou
estipitadas. Inflorescência racemosa, uniflora, biflora ou cauliflora, pedúnculo
terminando ou não em uma gavinha, brácteas às vezes modificadas em gavinhas, muito
reduzidas, esparsadas no pedúnculo, glândulas às vezes presentes na base do pedúnculo.
Flores brancas a branco-esverdeadas, com filamentos da corona brancos ou amarelos;
opérculo plicado; estiletes 3 ou 4. Fruto baga ou cápsula, globosa ou elíptica. Sementes
com ornamentação reticuladas ou foveoladas. Número cromossômico n=12.
Este subgênero encontra-se distribuído na América Central e América do Sul,
do México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes
variando de 0-2.500 m s.n.m.
Chave para identificação das espécies do subgênero Deidamioides
1. Inflorescência em racemo ou paniculada.
2. Flores com mais de 10 cm diâm................. ..................................... 12. P. timboënsis
2’. Flores com até 10 cm diâm.
126
3. Glândulas na base do pedúnculo ausente .................................... ..7.
P.
igrapiunensis
3’. Glândulas na base do pedúnculo presente.
4. Indumento face abaxial da sépala presente............................. ...3. P. contracta
4’. Indumento face abaxial da sépala ausente............................. ......10. P. ovalis
1’. Inflorescência uniflora, biflora ou com 6-flores (cauliflora, nunca um racemo).
5. Lâmina foliar 3-9 lobadas.
6. Lâmina foliar 3-lobadas, margem revoluta ............................4. P. deidamioides
6’. Lâmina foliar 5-7(-9) lobadas, margem não revoluta ................ 2. P. cirrhiflora
5’. Lâmina foliar inteira.
7. Gavinha 3-4 divisa.
8. Corona em 3 séries.
9. Inflorescência não cauliflora............................................ 5. P. discophora
9’. Inflorescência cauliflora ................................................. 11. P. pacifica
8’. Corona em 1-2 séries.
10. Disco adesivo ausente na extremidade da gavinha ....... ......... ........
....................................................................13. P. tryphostemmatoides
10’. Disco adesivo presente.
11. Corona de filamentos em 2 séries .......................... 1. P. arbelaezii
11’. Corona de filamentos em 1 série .......................... 6. P. gracillima
7’. Gavinhas inteiras ou ausentes.
12. Lâmina foliar 13,5 x 8 cm, corona de filamentos em 10 séries . ........ ........... 8. P. macdougal
12’. Lâmina foliar 9-12 × 5-6,5 cm, corona de filamentos em 2 séries .... ........... 9. P. obovata
1. P. arbelaezii L. Uribe, Caldasia, 7(35): 335. 1957.
Tipo: Colômbia, Departamento del Valle: Rio Sabaletas, cerca al puente de la carretera
a Buenaventura, entre matorrales, menos de 100 m s.n.m. 10.feb.1957, fl., E.Pérez
Arbeláez 10335 (Holótipo COL [foto HUEFS!]).
Figuras 19 e 21.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,
casca não corticosa; gavinhas divisas (3-4), discos adesivos presentes. Estípulas 0,5–2,0
× 0,1–1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a deltóide-
127
triangulares, ápice acuminado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9–3,3 cm
compr., glabro, glândulas (2-)4-6, situadas a ca. (0,2-)0,9-2,5(-3,3) cm na base da
lâmina foliar, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno oval a
suborbicular, 1,6-4,5(-9,5) × 0,9-3,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas,
membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice obtuso a acuminado, obcordado a
truncado, base obtusa a cordada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia,
nervuras secundárias 4-5-7, ângulo total entre as nervuras laterais (50)90-130º, manchas
ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência bi-triflora, pedúnculo 2-5 × 0,5 cm,
terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 1-2 ×
0,5-1 cm, pedicelo 7-2 × 0,1 cm, brácteas 3, linear-deltóides, 0,5-1,3 × 0,1-0,5 cm,
glândulas presentes, bractéolas presentes. Flores 3-4 cm diâm., hipanto 0,2-0,4 cm alt.,
0,3-1 cm de diâm., curto-campanulado, 5-lobado, glabro; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-1 cm,
carnosas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial verdes,
glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,8 × 0,4 cm, membranáceas, oblongas,
ápice agudo, margem lisa, faces abaxial e adaxial verde-amareladas, glabras, corno e
glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,81,2 cm compr., bandas brancas e amarelas na base; filamentos da série interna 0,2-0,8
cm compr., bandas brancas e amarelas na base, filamentos filiformes; opérculo não
plicado, laciniado, membranáceo, 0,1-0,3 cm alt, margem laciniada a fimbriada; límen
0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo
0,4-0,9 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,6 cm compr., anteras 0,3-0,45 cm compr.,
ovário elíptico, glabro, verde-escuro, estiletes 3, glabros, 0,5-0,7 cm compr., estigmas
capitados, verdes. Baga elíptica, 2,5-4 × 2,5-3,0 cm, glabra, amarelo-alaranjada.
Sementes 0,4-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, foveoladas, ápice agudo-apiculado.
Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao coletor do holótipo, Dr. Enrique
Pérez Arbeláez (Uribe 1957; Ulmer & MacDougal 2004).
Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro.
Distribuição e hábitat: Espécie enconrada na Colômbia, Costa Rica, Nicarágua e
Equador. Encontrada em altitude variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta
pluvial, mata primária, bosque primário e zona pantanosa.
128
Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da
IUCN (2004). Até o momento nenhuma utilidade econômica foi encontrada para esta
espécie. Apresenta flores pequenas e brancas o que não a caracteriza como espécie de
potencial ornamental.
Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Amalfi: Road between Amalfi and
Fraguas, near Salazar, 17,5-19,8 Km from Centro of Amalfi, bosque húmedo
premontãno, 6°57'S, 75°2'W, 1.480-1.560 m s.n.m., 14.Fev.1988, fl., fr., MacDougal,
J.M. 3987 (MA, MO); Parque Nacional Natural "Las Orquideas" Sector Calles. Margen
izquierda del río Calles, camino hacia venados. 6°32'N, 76°19'W, 1.140 m s.n.m.,
3.Jun.1988, fl., Cogollo, A. et al. 3185 (JAUM, MO); 10-13 kms de Amalfi hacia
Medellín, Cordillera Central, 6°54'35''N, 75°08'07”W, 1.590-1.650 m s.n.m.,
29.Set.1988, fl., Betancur, J. et al. 855 (HUA). Chocó, Cerro del Torrá: Vertiente
oriental, trocha entre helipuerto y mesa (abajo de cumbre), bosque nublado primário,
1.940-2.450 m s.n.m., 30.Ago.1988, fl., Silverstone-Sopkin, P. et al. 4906 (MO);
Carretera Panamericana (en construcción). Adelante del Río Pató. 5°35'N, 76°57'W,
23.Abr.1979, fr., Forero, E. et al. 5702 (COL, MO, NY); Docordó: Nothern mouth of
Rio San Juan, 4°15'N, 77°25'W, bt., 20 m s.n.m., 31.Mar.1986, fl., Gentry, A. et al.
53843 (HUA, MO). El Valle, Buenaventura: Cartón de Colombia timber conccession
near Bajo Calima. 3°55'N, 77°W, 50-100 m s.n.m., primary florest, 11.Fev.1984, fl.,
Juncosa, A. 2126 (MO). Frontino: Zona abierto-pantanoso, borde Rio Calles, 1.220 m
s.n.m., 17.Jun.1981, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 1808 (HUA); Frontino-Urrão, Parque
Nacional de Las Orquídeas. 6°30’N, 76°30’W, 1.200-1.540 m s.n.m., 3.Dez.1986, fl.,
fr., Callejas, R. et al. 3091 (HUA); Corregimiento Nutibara, Región Murí, bosque
húmedo en pendiente de 45º aprox., 1.725-m s.n.m., 13.Jul.1986, fl., Acevedo, P. et al.
1297 (HUA, NY); Cuenca alta del Rio Cuevas, 1750 m s.n.m., 14.Abr.1987, fl., fr.,
Sánchez, D. et al. 1162 (HUA); Region of Murrí, road between Nutibara and La
Blanquita, 19,4 km from centro of Nutibara. 6°40'N, 76°26'W, 1.460 m s.n.m.,
10.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 3878 (MO). Guatapé, Vereda Santa Rita,
Bosque húmedo, 1.850 m s.n.m., 27.Out.1983, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 3652 (K,
TEX); 11.Out.1985, fr., Escobar, L.A. et al. 5931 (HUA); 1.850 m s.n.m., 19.Jun.1986,
fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6756 (HUA); 24.Jul.1986, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6845
129
(HUA). Nariño, El Hondón: trail to El Hondón, 5-12 Km SW of La Planada. 01°04'N,
78°2'W, 1750-1800 m s.n.m., 6.Jan.1988, st., Gentry, A. 60476 (MO). San Carlos:
Corregiemiento El Jordán, carretera entre centro ISA y Alto Samana, 3,8-4,3 km de la
desviación de la Presa Punchiná, along Quebrada Quebradón or roadsides nearby.
6°11’N, 74°51’W, 740-840 m s.n.m.,
Figura 19 - Passiflora arbelaezii L.Uribe. A. Detalhe do ramo; B. Flor. C. Detalhe das
glândulas na lâmina foliar. D. Detalhe dos discos adesivos na gavinha. E. Detalhe do nó
caulinar. F. Detalhe das glândulas na lâmina foliar. (A. M.Grayum 8043 (CR); B-G.
130
L.A.Escobar 3652 (TEX)).
22.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 4148 (MO). San Francisco: Corregimiento de
Aquitania, Alto del Venado (Tierra Linda). 1.200-1.300 m s.n.m. 2.Abr.1992, fl.,
Fonnegra, R. et al. 4037 (HUA). Urrão: Camino Parque de las Orquídeas-Encarnación,
Sítio El Páramo. 6°23'N, 76°15'W, 1.800 m s.n.m., 14.Abr.1985, fl., fr., Roldán, F.J.
132 (HUA); Corregimiento de Encarnación, 6°29'N, 76°10'W, 1.700 m s.n.m.,
11.Ago.1995, fl., fr., Cardona, F. et al. 3 (HUA). Valdivia: Vereda San Fermín, 1 Km
de la Vía Ventanas (Mun. Yarumal) – Briceño, 7°15'N, 75°30'W, 1.700 m s.n.m.,
22.Mar.1988, fr., Callejas, R. 6177 (HUA). Valle, Bajo Calima: Pulpapel logging
concession SE of Buenaventura, 3°57'N, 77°00'W, 100 m s.n.m., 22.Jan.1986, fr., Stein,
B.A. et al. 3262 (MO); Pluvial forest, road to Juanchaco Palmeras, 3°55'N, 77°2'W, 100
m s.n.m., 10.Jul.1984, fl., Gentry, A. et al. 47835 (MO). COSTA RICA, Puerto Velho,
La Selva: La Selva OTS station. Cultivated at UT by Lawrence Gilbert accession
number 8027. Voucher for Dna analysis of A.K.Hansen, s.d., fl., fr., Hansen, A.K. 263
(TEX). Limón: Refugio Gandoca-Manzanillo, Along Río Gandoca from mouth
("Gandoca Bar”) to ca. 2 Km upstream, 9°35’N, 82°36’W, 5 m s.n.m., 29.Jan.1987, fl.,
fr., Grayum, M. et al. 8043 (CR, MEXU, MO); Cerro Coronel: Along Río Colorado at
and below outflow of Laguna Danto; patches of vegetation in flood plain anchored by
large trees, 10°42’N, 83°39’W, 5 m s.n.m., 19.Mar.1987, fr., Stevens, W.D. et al. 25102
(MO); Parque Nacional Tortuguero, Cerro Tortuguero, zona alterada. 10°35'30''N,
83°31'42''W, 119 m s.n.m., 16.Set.1990, fr., Solano, J. 174 (CR, MO). EQUADOR,
Napo, Guagra Urcu: Slopes of Guagra Urcu, on the loma above upper rio Borja, SE
exposed montane forest. 0°28’S, 77°44’W, 2.600 m s.n.m., 25.Set.1980, fl., HolmNielsen, L. et al. 27038 (HUA). NICARÁGUA, Zelaya, La Barra de Punta Gorda: En
la Costa sur, 11°30’N, 83°46’W, 0-2 m s.n.m., 16.Nov.1981, fr., Moreno, P.P. 13229
(MO).
Comentário: Espécie muito próxima de P. gracillima, da qual diferencia-se pelo
número de filamentos da corona duas séries em P. arbelaezii, e uma série em P.
gracillima; pela largura da lâmina foliar até 9,5 cm em P. arbelaezii e ca. 4,5 cm em P.
gracillima.
Nos resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F (Capítulo 1), esta espécie
agrupa-se com P. discophora, uma espécie considerada por Feuillet & MacDougal
(2003), juntamente com P. arbelaezii, P. tryphostemmatoides e P. gracillima, como
pertencente à seção Tryphostemmatoides. Estas espécies se assemelham por apresentar
131
discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença de
glândulas nas brácteas. P. gracillima e P. tryphostemmatoides agruparam-se em um
clado a parte, nos estudos com ITS e trnL-F. Como proposto no capítulo um, uma
possível explicação para este agrupamento seria a criação de um novo subgênero, onde
seria incluída as espécies P. arbelaezii e P. discophora, seguindo a regra do Código de
Nomenclatura Botânica.
2. Passiflora cirrhiflora Juss., Ann. Mus. Hist. Nat. 6: 115. pl. 41, f.2. 1805.
Decaloba cirrhiflora (Juss.) M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 164: 1846. Tipo: Guiana
Francesa: s.loc., s.d., Richard, L.C., s.n., fl., (holótipo: P!, isótipo: G†).
Passiflora septenata DC., Prod. 3: 323, 1828. Tipo: s.loc., s.c. (holótipo: P! [herb.
Jussieu], isótipo: G [DC]);
Passiflora jenmanii Mast. in Hook., Icon. Pl. 23: pl. 2270. 1893. Tipo: Guiana,
Mazaruni river, Jul.1890, Jenman 5797 (holótipo: BRG; isótipos: B†, G, K! [foto
HUEFS], MO!).
Figuras 20 e 21.
Trepadeira lenhosa ou herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado,
viloso, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas 1-4 ×
0,5-1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas,
ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 4-9 cm compr., velutino,
glândulas 2, situadas ca. 1-2 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina 5-7(-9)lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 5-9(-12) × 3-7(-15) cm, ca. 2× mais longas
do que largas, membranácea, face adaxial com tricomas apenas nas nervuras, face
abaxial vilosa, ápice agudo ou acuminado, base truncada, margem lisa a crenada, não
revoluta, pedatinérvia, lobos obovais, peninérvios, lobo central 3-10 × 2-3 cm, lobos
laterais 3-6 × 1,5-3,5 cm, nervuras secundárias 7-11, ângulo total entre as nervuras
laterais 120-240º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora,
pedúnculo 2-4 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base,
pedúnculo secundário 2,7-3,2 cm compr., pedicelo 2-4 × 1-2 cm; brácteas 3, linearsubuladas, 0,2-0,7 × 0,2 cm, modificadas em forma de gavinha, glândulas 2, na base,
bractéolas presentes. Flores 6-12 cm diâm., hipanto 0,4-1,2 cm alt., 1,0-1,4 cm diâm.,
curto-campanulado a infundibuliforme, 5-lobado, velutino; sépalas 2,5-4 × 0,6-2 cm,
132
carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde a creme, face abaxial
amarelo-esverdeada, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,5-4,5 × 0,5-1 cm,
membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial amarelas
com manchas vináceas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de
filamentos, filamentos da série externa 1,8-3,3 cm compr., bandas vermelhas, brancas e
amarelas, filamentos da série interna 0,5-1 cm compr., bandas brancas e vermelhas,
ápice dos filamentos da série externa fimbriados, ápice dos filamentos da série interna
capitulados; opérculo plicado, membranáceo, 0,3-0,5 cm alt., margem laciniada ou
fimbriada; límen 0,3 cm alt., tubular, membranáceo; anel nectarífero presente;
androginóforo 1,7-2 cm alt., tróclea situada a ca. 0,7 cm da base do androginóforo;
filetes 0,25-0,4 cm compr., anteras 0,4-0,6 cm compr.; ovário ovóide a trígono, velutino,
branco ou verde, estiletes 3, vilosos, 0,2-0,4 cm compr., estigmas capitados ou
orbiculares, avermelhados. Baga obovóide-globosa a elipsóide, 5-6 × 4-5 cm, glabra,
amarela quando maduras. Sementes 0,45-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, 5-6
sulcada, ápice agudo a apiculado.
Etimologia: O nome desta espécie faz referência ao termo: cirrhus = gavinha + florus =
flores, em referência ao pedúnculo que termina em um cirro, ou seja uma gavinha
portando uma flor.
Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a junho.
Distribuição: Espécie encontrada na América do Sul, na Guiana Francesa, Guiana e na
região norte do Brasil, nos estados do Amapá e Pará. Ocorre em área de florestas
perturbadas, próximo a rios e beira de estradas, com altitude variando 0-200 m s.n.m.
Conservação e uso: A partir da análise dos materiais examinados e pela distribuição da
espécie, esta espécie está sendo considerada como não ameaçada (NT) (IUCN 2004),
pois é encontrada tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como
beira de estradas e áreas em processo de desmatamento. Possui grande importância
ornamental, pelo colorido de suas flores (Ulmer & MacDougal 2003).
133
Figura 20 - Passiflora cirrhiflora A.Juss. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do ápice da lâmina
foliar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Flor. E. Fruto. (A-C, E. O.H.Knowles 1665 (INPA),
D. M.Polak 215 (K)).
134
Material examinado: BRASIL, Amapá, s.loc., 1956, fl., Miranda Bastos s.n. (RB
96378); fl., Miranda Bastos 34 (RB 96377); Matapí, s.loc., 3.Fev.1955, fl. Pires, J.M.
& Silva, N.T. 4803 (RB); Pará, Porto Trombetas: Mineração rio do norte. Estrada
Mirirana-Saracazinho, 21.Dez.1990, fl., Knowles, O.H. 1665 (INPA). GUIANA, s.loc.,
bt., Killip, E.P. s.n., (C); Maburá, Along access-road to Tropenbos Reserve, ca. 15 km S
of Maburá. 5°15’N, 58°45’W, 100 m s.n.m., 8.Jan.1991, fl., Polak, M. 215 (K, U).
GUIANA FRANCESA, s.loc., s.d., Hansen, A.K. 222 (TEX, material cultivado na
Universidade do Texas by Larry Gilbert accession number 9103). Cayenne,
Montsinéry: Piste forestiére de St Laurent vers Paul Isnard, entre les PK, 10-40 m
s.n.m., 14.Fev.1983, fl., Feuillet, C. 734 (B); Pistes FRG. Bord de piste, 30.Jun.1984,
fl., Feuillet, C. 1424 (AAU, B, BM, DUKE, F, G, HUA, K, MG, MO, MPU, NY, P, U,
US, TEX); 21.Abr.1985, fl., Feuillet, C. 2118 (A, AAU, B, BM, BR, DUKE, F, G,
HUA, INPA, K, M, MG, MICH, MO, MPU, MYF, NY, P, TEX, U, US, VEN).
Poomeroon-Supenaam Region: Enroute S from St. Dennys Mission to Tapacuma
Lake via Arapaku Creek. 7°15’N, 58°25’W, 12 m s.n.m., disturbed low ground near
lake, 4.Mar.1991, fl., fr., McDowell, T. 4061 (NY, US). Sinnamary: Piste de
Counamama, entre Cayenne y Mana. Arrastrandose sobre suelos blancos, arenosos, al
lado de la carretera al oeste de Sinnamary, 26.Out.1991, st., Escobar, L.A. et al. 9870
(TEX); Piste de St. Elie; ORSTOM Biological Station at Forest Concession, along dirt
road, 5.Mai.1992, fl., Acevedo-Rodriguez, P. & Grimes, J. 4894 (K); Lac des
Americains - Ile de Cayenne, Lisiére de forêt, 4°51’S, 52°21’W, 11.Jan.1987, fl.,
Granville, J.J.de 9120 (CAY, NY, P, U, US).
Comentários: Esta espécie foi descrita por Jussieu (1805) com base em um material
coletado "dans lês bois de la Guiane Francaise", (nas florestas da Guiana Francesa)
sem referência de coletor e número de coleta. A única observação era de que “Mr.
Richard” teria feito anotações manuscritas no material coletado.
Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. cirrhiflora assemelha-se a
P. deidamioides principalmente pelas folhas lobadas, presença de gavinhas no
pedúnculo, inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pela quantidade
de lobos na lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora vs. 3-lobada em P. deidamioides),
quantidade de glândulas no pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e seção transversal
do fruto (não angulada vs. 6-angulada).
135
Os resultados da filogenia indicam um isolamento desta espécie em relação às
demais do subgênero Deidamioides. Esta espécie pertenceria a uma seção
monoespecífica, descrita com base na presença de lâminas 5-9-lobadas com uma
projeção na base dos folíolos, formando um corno filiforme, de acordo com estes dados
esta espécies pode ser considerada como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Na
sua publicação original foi considerada como uma seção monoespecífia, sendo
classificada por Killip (1938) como subgênero Polyanthea seção Polyanthea, categoria
esta que pode vir a ser reestabelecida se os dados obtidos no capítulo um deste estudo se
confirmar.
3. Passiflora contracta Vitta, Brittonia 56(1): 89-95. 2004.
Tipo: Brasil, Espírito Santo: Linhares, Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio
Doce (CVRD), 31.Jul.1989, fl., Buzato, S. & Franco, A.L.M. 21967 (Holótipo: UEC!)
Figuras 21 e 22.
Trepadeira lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, viloso,
casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,2-1 mm,
ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a triangulares, ápice
apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9-1,8 cm compr., velutino,
glândulas 2, situadas a 0,3-0,8 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina
inteira, contorno elíptico, 5,6-13,5 × 3-6,3 cm, ca. 2× mais longas do que largas,
coriácea, face adaxial glabra, face abaxial velutina, ápice agudo a acuminado, base
aguda a obtusa, margem crenada, não revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 7-10,
ângulo total entre as nervuras laterais 27-140º, manchas ocelares e glândulas ausentes.
Inflorescência racemo, eixo principal (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,25-0,7
× 0,1-0,35 cm, não terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo
secundário 0,2-0,4 cm compr., pedicelo 2-3,5 × 0,1-0,3 cm, brácteas 3, linearlanceoladas a triangulares, 0,5-2 × 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes.
Flores 5-8 cm diâm., hipanto 0,3-0,6 cm alt., 0,6-1,2 cm diâm., curto-campanulado,
lobos ausentes, velutino; sépalas 2-3,5 × 0,3-0,9 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo,
margem lisa, face adaxial branca, face abaxial de branca a marrom, passando por verde
e creme, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3 × 3-5 cm, membranáceas,
oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial branca, face adaxial glabra,
136
face abaxial pilosa, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos,
filamentos da série externa 0,8-1,1 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,40,5 cm compr., filamentos filiformes, brancos; opérculo inteiro, membranáceo, 0,2-0,3
cm alt., margem laciniada; límen 0,2-0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel
nectarífero ausente; androginóforo 1,5-2,4 cm alt., tróclea ausente, filetes 0,8-1,2 cm
compr., glabros; anteras 0,9-1,4 cm compr., ovário elíptico, velutino, verde, estiletes 4,
glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga elíptica, 5-8,5 × 3,5-5 cm,
glabra, verde com estrias branca quando imatura, amarela quando madura. Sementes
0,7-1,2 × 0,5-0,7 cm, ovais a oblongas, reticuladas a foveoladas, ápice agudo a
arredondado.
Etimologia: Contracta: devido à inflorescência apresentar ramos mais congestos em
relação à inflorescência de P. ovalis, que apresenta ramos mais longos e flores dispostas
de modo mais laxo nos ramos.
Nomes vernáculos: maracujá, maracujá-casca-de-ovo, maracujá-do-mato (AL, BA),
maracujá-de-cobra (BA), maracujá-tartaruga (ES).
Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro.
Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de Pernambuco, Alagoas,
Bahia e Espírito Santo. Endêmica da Mata Atlântica, encontrada tanto no interior quanto
em bordas de florestas, ou em áreas de restinga, em altitude variando de 0-900 m s.n.m.
Conservação e usos: Até o momento não corre risco de extinção, sendo encontrada
tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como beira de estradas e
áreas em processo de desmatamento. Não foi, portanto, classificada como em perigo, ou
em risco de extinção segundo os critérios da IUCN (2004) sendo considerada como não
ameaçada (NT).
Material examinado: BRASIL, Alagoas, Coruripe: 28.Out.1980, fl., fr., Lima, D.A.
80 (IPA); na borda da mata do riacho das pedras, área de influência direta da Barragem,
mata atlântica, 16.Out.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. & Bayma, I.A. 4374 (MAC).
137
Figura 21. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora arbelaezii; P. cirrhiflora; P.
contracta e P deidamioides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).
138
Ibatequara: Akidaban, 08.Ago.2002, fl., fr., Oliveira, M. & Grillo, A.A.0. 1043
(HUEFS, UFP). Maceió: Tabuleiro dos Martins, área de transição mata/cerrado, mata
atlântica. 27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4703 (IAC, MAC); Conjunto Novo
Horizonte, Tabuleiro dos Martins, área de transição cerrado/mata ombrófila,
27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4114 (IAC, MAC). Murici: Poço D'Anta, ca. 1619 NNW of Murici by road, Mata do Murici. 9°13’S, 35°52’W, 550-600 m s.n.m.,
14.Mai.2001, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 12444 (CEPEC, NY). Santa Luzia do
Itanhy: Mata do Crasto, 07.Fev.1996, fl., fr., Landim, M. 872 (ASE, HUEFS); ca. 2,5
Km de Crasto, na estrada para Santa Luzia do Itanhy, 27.Nov.1993, fl., fr., Amorim,
A.M. 1496 (CEPEC); Rod. Santa. Luzia/Crasto, Km 6, aprox. 2,5 Km antes do Distrito
de Crasto. Mata, 11°21'40''S, 37°25’45”W, 14.Jun.1994, fl., fr., Jardim, J.G. et al. 481
(CEPEC). São Miguel dos Campos: 28.Out.1980, fl., Esteves, G.L. & Andrade-Lima
600 (MAC). Bahia, s.loc., 1839, fl., Blanchet 1708 (BM). Alcobaça: Between
Alcobaça and Caravelas, on the BA 001 highway, 23 Km S of Alcobaça, not far from
coast, BA-001, entre Alcobaça/Caravelas, 17°44'S, 39°15’W, 17.Jan.1977, fl., fr.,
Harley, R.M. et al. 18026 (CEPEC, K, NY). Amargosa, Serra do Timbó, área de estudo
do projeto Timbó/Centro Sapucaia, 13o5´S, 39o39´W, Fragmento de floresta ombrófila
densa do domínio da floresta atlântica, 750-900 m s.n.m., 27.Jan.2007, fl., fr., Cardoso,
D. et al. 1643 (HUEFS). Belmonte: Estação Ecológica Gregório Bondar, ca. 1,8 Km da
sede. 16°6'11''S, 39°12'26''W, 120 m s.n.m., 8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 799
(CEPEC, HUEFS, RB); 64 Km de Itapebi, 16°0’52”S, 39°4’16”W, 88 m s.n.m.,
8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 810 (HUEFS); Santo Antônio, estrada para
Belmonte, 16°6'22''S, 38°57'43''W, 27.Dez.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1405
(HUEFS). Camacan: RPPN Serra Bonita, 9,7 km W de Camacan na estrada para
Jacareci, daí 6 km SW na estrada para a RPPN e Torre da Embratel, 15º23’30”S,
39º33’55”W, 835 m s.n.m., 23.Jan.2007, fl., fr., Borges, R.A.X. et al. 685 (CEPEC,
HUEFS). Camaçari: Área Controle da Caraíba Metais, 12°29’35”S, 38°18’47”W,
9.Dez.1982, fl., fr., Noblick, L.R. et al. 2390 (HUEFS); Reserva Ecológica de Cotegipe,
12°56'0''S, 38°21'0''W, 7.Fev.1996, fr., Guedes, M.L.S. 3803 (ALCB); estrada para o
Pólo Petroquímico de Caraíbas Metais. 12°40'26”S, 38°18’54”W, 54 m s.n.m.,
19.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1348 (HUEFS). Conde: ca. 30 Km pela estrada
de Conde-Linha Verde (BA 099), Mata Atlântica, 25.Mar.1995, fl., França, F. & Melo,
E. 1150 (HUEFS); a. 30 km na Linha Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S,
42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1307 (HUEFS); ca. 30 km na Linha
139
Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S, 42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes,
T.S. et al. 1308 (CEPEC, HUEFS). Elísio Medrado: Reserva Jequitibá. Projeto Gambá.
13.Fev.2002, fl., fr., van den Berg, C. et al. 1055 (HUEFS); APA Municipal da Serra da
Jibóia, Reserva Jequitibá, Morro do Lírios. 12°52’3”S, 39°28'4”W, 750 m s.n.m.,
29.Mar.2003, fl., fr., Costa, J. 388 (HUEFS). Entre Rios: Estrada para Imbé, 23 km a
oeste da Linha Verde, 12°10’8”S, 37°57’30”W, 160 m s.n.m., 16.Abr.2000, fl.,
Miranda, E.B. et al. 400 (HUEFS); Litoral Norte, Fazenda Buri, Trilha, 11º56’S,
38º5’W, 27.Nov.2000, fl., fr., Guedes, M.L.S. et al. 7752. (ALCB); Estrada de Entre
Rios para Esplanada, ca. 1,5 km após Entre Rios, 11°53'54''S, 38°2'16''W, 150 m
s.n.m., 3.Fev.2002, fl., fr., Fiaschi, P. et al. 981 (SPF); Estrada para Imbé ca. 23 km
140
Figura 22. Passiflora contracta Vitta. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da
glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. T.S.Nunes 1308 (HUEFS), D. S.F.Conceição 452
(HUEFS)).
141
do entroncamento de Entre Rios para Imbé, 12°7'40”S, 37º59’14”W, 134 m s.n.m.,
16.Nov.2005, st., Nunes, T.S. et al. 1279 (HUEFS); Fazenda Rio Negro. Remanescente
de mata atlântica, floresta de restinga, 11º53’S, 37º57’W, 06.Mai.2007, fl., fr., Cardoso,
D. & Popvkin, A.V. 2024 (HUEFS). Esplanada: Fazenda do Bu, mata do Fundão II,
12º0’36”S, 37º44’0”W, 23.Abr.1996, fl., fr., Bautista, H.P. & Jost, T. 1765 (HRB,
HUEFS). Guaratinga: Km 10 da Rod. Guaratinga/São Paulinho, 29.Mar.1973, fl., fr.,
Pinheiro, R.S. 2047 (CEPEC). Ibirataia: Faz. Boa União, Plantação de cacau,
7.Abr.1972, fl., Pinheiro, R.S. 1827 (CEPEC). Ilhéus: Área do CEPEC, Km 22 da
Rodovia Ilhéus/Itabuna (BR 415), Quadra H do CEPEC, 50 m s.n.m., s.d., fl., Santos,
T.S.dos 3662 (CEPEC); Olivença, Mata do Cururipe, estrada p/o Maruim, 19.Ago.1970,
fl., Santos, T.S.dos 1022 (CEPEC); Along road from Ilhéus to Serra Grande, 19 km ao
N cidade, 16.6 km ao S de Serra Grande, ao N da Tulha, 14°41’S, 39°9’W, 8.Mai.1992,
fl., fr., Thomas, W.W. et al. 9222 (CEPEC, NY); 11 Km from bridge at edge of Ilhéus
on road to Serra Grande, 9.Fev.1994, fl., fr., Kallunki, J. 486 (NY); Mata da Esperança.
Entrada a 2 km a partir da antiga ponte do Rio Fundão. Árvore n. 937 parcela n. 24.,
14°46'55''S, 39°4’W, 26.Set.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5184 (CEPEC); Mata da
Esperança, Entrada a 2 Km a partir da antiga ponte do Rio Fundão, Árvore n. 2197,
parcela n. 50, 14°46'55''S, 39°4’W, 17.Jan.1995, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5967
(CEPEC); Litoral Sul, Rod. Una próximo a Olivença, 17.Jan.1999, fl., fr., Argolo, A. 7
(ALCB); Mata da Esperança, 14º47’26”S, 39º03’98”W, 20.Mar.2001, fl., fr., Rocha,
E.A. & Silva, D.C. 701 (ALCB, UESC); estrada de Ilhéus em direção a Itacaré,
14°39'22''S, 39°4'20''W, 22 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 472
(HUEFS); Mata da Esperança, 7.Mar.2006, fl., fr., Tsuji, R. et al. 1231 (HPL, IAC).
Itabuna: 65Km NE of Itabuna, at the mouth of the Rio de Contas on the N bank
opposite Itacaré, 14°16'S, 39°0’W, 30.Jan.1977, fl., fr., Harley, R.M. et al. 18398
(CEPEC, K, NY). Itacaré: Beira mar lado S da mata, 15.Abr.1970, fl., Santos, T.S.dos
709 (CEPEC); Ramal da torre da Embratel, com entrada Km 15 Rod. Ubaitaba/Itacaré
(BR-654), a 5,8 Km da entrada, 21.Jul.1984, fl., fr., Carvalho, A.M.de 2092 (CEPEC);
11,6 Km ao South of junction with BA-654, “Loteamento da Marambaia”, on Rod. to
Serra Grande, the junction 6 km west of Itacaré. 14°24’S, 39°16’W, 2.Mai.1993, fl., fr.,
Thomas, W.W. et al. 9770 (CEPEC, NY). Itamarajú: 20 km da cidade, 17º9’32”S,
39º23’37”W, 90 m s.n.m., 17.Jun.2005, fl., fr., Stapf, M.N.S.et al. 441 (HUEFS).
Jandaíra: Rod. Linha Verde, 10-20 Km S de Abadia, 19.Ago.1995, fl., fr., Hatschbach,
G. 63172 (MBM). Jequié: Fazenda Brejo Novo, a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira
142
pela Exupério Miranda o bairro do Mandacaru, 13o57´0,35”S, 40o06´38”W, 722 m
s.n.m., Floresta estacional (mata de cipó), zona de transição, substrato: solo arenoargiloso pedregoso, 31.Out.2003, st., Souza, A.F. et al. 015 (HUEFS, HUESB, PEUFR);
13o56´041”S, 40o06´33,9”W, 617-750 m s.n.m., 11.Dez.2004., st., Macedo, G.E.L. &
Paixão, J.L. 1778 (HUEFS, PEUFR); a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira, entrando
pela Av. Funério Miranda no Bairro do Mandacaru 13o56´041”S, 40o06´33”W,
31.Ago.2007, st., Nunes, T.S. et al. 1868 (HUEFS). Jussarí: Rod. Jussarí/Palmira.
Entrada ca. 7,5 km de Jussarí. Faz Teimoso. RPPN Serra do Teimoso, 39°31'43''S,
15°9'29''W, 21.Fev.1998, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 2221 (CEPEC, NY); Árvore 332,
15°9'29''S, 39°31’W, 21.Fev.1998, fl., Amorim, A.M. et al. 2191 (CEPEC, NY).
Lamarão do Passé: 12°34'52''S, 38°22'49''W, 21.Jun.1994, fl., Guedes, M.L.S. &
Chastini, C. 3276 (ALCB); Região Metropolitana de Salvador, Caraíba Metais,
12°35’S, 38°24’W, 18.Dez.2004, fl., fr., Guedes, M.L.S. 11390 (ALCB). Maraú:
estrada Maraú-Ubaitaba, 14°7'50”S, 38°59’55”W, 19 m s.n.m., 29.Dez.2005, fl., fr.,
Carvalho, P.D. et al. 293 (HUEFS); 4 Km ao S Maraú, 9.Mai.1968, fl., fr., Belém, R.P.
3540 (CEPEC); Estrada que liga Ponta do Mutá/(Porto de Campinhos) a Maraú, 28 km
do Porto, 6.Fev.1979, fl., fr., Mori, S.A. et al. 11442 (CEPEC); Mata Costeira,
13.Jan.1967, fl., fr., Belém, R.P. & Pinheiro, R.S. 3116. (UB); Estrada para a Península
de Campinho, 30.Dez.1999, fl., Carneiro-Torres, D.S. et al. 189 (HUEFS); ca 5 km SE
of Maraú, near junction with road to Campinho, mixed restinga, vegetation and high
forest on sand with open wet áreas, 14°8’S, 38°59’W, 0-50 m s.n.m., 15.Mai.1980, fl.,
Harley, R.M. et al. 22078 (CEPEC, K). Mucuri: Rodovia de Mucuri para Itabatã, na
altura do Km 12, fazenda Havana. 14.Mai.2000, fl., fr., Fiaschi, P. 251 (SPF). Nova
Viçosa: Rodovia de Mucuri para Itabatã, Km 15 estrada vicinal para fazendas, ca 2 Km
da rodovia, 14.Mai.2000, fl., fr., Pirani, J.R. et al. 4702 (HUEFS, SPF). Porto Seguro:
Arraial d'Ajuda, 11.Jun.1962, fl., fr., Duarte, A.P. 6680 (RB); Km 5 da Br 5,
18.Jun.1962, Duarte, A.P. 6788 (RB); Rodovia para povoado de Trancoso, Km 5 depois
de Arraial d'Ajuda. Restinga arbórea perturbada, 5.Nov.1983, fl., fr., Callejas, R. et al.
1695 (CEPEC); Estrada para Eunápolis, Km 10 da estrada p/Eunapólis, Faz. Aida
Hartman. 10-30 m s.n.m., 13.Out.1983, fl., fr., Martinelli, G. & Soderstrom, T. 9634
(CEPEC, RB); 6-7 Km na estrada que liga Arraial D'Ajuda a Trancoso, 12.Dez.1991,
fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 57 (CEPEC); Reserva da Brasil Holanda de Ind. S/A.
Entr. Km 22 Rod. p/ Eunápolis/Porto Seguro, 9.5Km na entrada, mata higrófila sul
baiana, 16°27'45''S, 39°19’W, 6.Abr.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.V.de et al. 4466
143
(CEPEC); Parque Nacional do Monte Pascoal, along road from entrance to visitor’s
center and road to E side of park, 16°52'2''S, 37°24'50''W, 5.Fev.1999, fl., fr., Thomas,
W.W. et al. 11984 (CEPEC, NY); ca. 22 km do entroncamento da BR 367, BA 001,
estrada para o Arraial d’Ajuda. Entrada da Faz. Santa Rita, 16º28’8”S, 39º9’6”W, Mata
atlântica antropizada. Borda de mata, 29.Mai.2000, fl., Oliveira, R.P. et al. 592
(HUEFS); Estação Veracel, 12.Out.2006, fr., Colman, L.P. 19 (ALCB). Prado: Rod.
Prado/Cumuruxatiba, 2 km após o entroncamento, 5.Jul.1979, fl., fr., Mattos-Silva, L.A.
et al. 571. (CEPEC); Reserva Florestal da Brasil Holanda Indústrias S/A, the entrance at
Km 18 east of Itamaraju, on road to Prado 8 Km from entrance, 17°11’S, 39°20’W,
22.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10103 (CEPEC); On road from Itamaraju to
Cumuruxatiba, 10.5Km of turn off of road to Prado on road to Cumuruxatiba, 17°8’S,
39°25’W, 20.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10025 (CEPEC, NY); Praia de
Cumuruxatiba, 11.Jun.1995, fl., fr., Melo, E. & França, F. 1262 (HUEFS). Salvador:
Bairro Patamares, Parque Metropolitano de Pituaçú, 12°56’S, 38°21’W, 9.Fev.2003, fl.,
fr., Costa, J. et al. 387 (HUEFS). Santa Cruz Cabrália: Área da Reserva Biológica do
Pau-brasil, 5.Jan.1972, fl., Euponino, A. 110 (CEPEC); Área da Estação Ecológica do
Pau-Brasil, ca. 16 km W Porto Seguro, 25.Nov.1987, fl., fr., Maas, P.J.M. et al. 7008
(CEPEC, U); 2-4 Km a W da estrada velha de Santa Cruz Cabrália, 28.Jul.1978, fl., fr.,
Mori, S.A. et al. 10378 (CEPEC). Taperoá: Km 13 da Rod. Taperoá/Valença, ramal p/
Serapei, 3Km da entrada do ramal. Margem da mata. 10.Dez.1980, fl., fr., Hage, J.L. et
al. 426 (CEPEC). Una: Km 35 Rod. Olivença/Una, próx. a Res. Bio. do Mico-Leão, ca.
8 Km ao S da entrada, 2.Jun.1981, fl., fr., Hage, J.L. & Santos, E.B.dos 805 (CEPEC);
Reserva Biológica do Mico-Leão (IBAMA), Entrada no Km 46 da Rod. BA-001
Ilhéus/Una, 39°5’W, 10.Mar.1993, fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 265 (CEPEC, NY);
15°9’S, 39°5’W, 14.Abr.1993, fl., Amorim, A.M. et al. 1195 (CEPEC); Picada do
Príncipe, área da Reserva, 15°9'S, 39°5’W, 26.Mai.1993, fl., fr., Amorim, A.M. et al.
1282 (CEPEC); 10.Mai.1994, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 1644 (CEPEC); Estação
Experimental Lemos Maia. Mata de restinga, perturbada. 5.Abr.1995, fl., fr., Carvalho,
A.M.de et al. 6020 (CEPEC); Reserva Biológica de Una. Picada do Maribondo,
15°10’S, 39°4’W, 24.Nov.1996, fl., Thomas, W.W. et al. 11402 (CEPEC, NY); Reserva
Biológica de Una, western side (27 Km of W Una on road to São José, then 3,9 Km N
to Reserve via Fazenda Piedade, then 8 Km E to sede), 15°10'48''S, 39°8'29''W,
10.Abr.1997, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 11484 (CEPEC, NY); Próximo a Reserva
Biológica de Una, beira de estrada. 15°11'16”S, 39°1’36”W, 434 m s.n.m., 7.Jan.2002,
144
fl., fr., Nunes, T.S. et al. 745 (HUEFS); Faz. Bolandeira, 6 Km ao N da Ilha de
Comandatuba, 15º18´20”S, 39º1’18”W, Restinga arbórea, 27.Abr.2004, fl., fr., Amorim,
A.M. et al. 4051 (CEPEC, HUEFS); Beira da estrada próximo a um lixão, 15°15'16”S,
39º3’8”W, 45 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 451 (HUEFS).
Uruçuca: Distrito de Serra Grande, 7,3 Km na estrada Serra Grande/Itacaré, Fazenda
Lagoa do Conjunto Fazenda Santa Cruz, 14°25’S, 39°1’W, 12.Ago.1992, fl., Carvalho,
A.M.de et al. 4077 (CEPEC). Vera Cruz: Vera Cruz: Picadão, área da Aracruz
Celulose. 23.Ago.1993, fl., Guedes, M.L.S. s.n. (ALCB 26567, SPF 101.824);
Jaguaribe, Fazenda Oldesa - Óleo de Dendê S.A., 6.Abr.1999, Guedes, M.L.S. s.n.
(ALCB). Espírito Santo, Conceição da Barra: Itaúnas. 5 m s.n.m., 20.Mai.1999, fl.,
fr., Hatschbach, G. & Ferreira, L.A. 69197 (C, CEPEC, MBM); Parque Estadual de
Itaúnas. Floresta de Transição da Acesita, próximo a Vila, 17.Mar.1999, fl., Salino, A.
& Moraes, P.O. 4492 (BHCB); Parque Estadual de Itaúnas, estrada por entre os
eucaliptos em direção ao mangue. 19.Fev.2001, fr., Milward, M. & Vanderven, P.H.L.
64 (RB); Ligação entre a Rod. ES-421 e Itaúnas. Orla da restinga, 9.Jun.2003,
Hatschbach, G. 75071 (MBM, CEPEC); Estrada para Itaúnas. Área de Plantação de
Eucalipto, 18o 31´18”S, 39o 47´26”W, 29 m s.n.m., 04.Jun.2006, fl., fr., Nunes, T.S. et
al. 1717 (HUEFS); 04.Jun.2006, st., Nunes, T.S. et al. 1720 (HUEFS). Linhares:
Estrada do Espírito Santo, 8 Km ao sul de Linhares, 15.Dez.1962, Mattos, J. 25776
(HAS); Reserva Biológica de Sooretama, 300 m s.n.m., 15.Mai.1978, fl., fr., Martinelli,
G. 4179 (HUEFS, RB); Reserva Florestal da Cia, Vale do Rio Doce - Floresta S.A.,
estrada 161, Km 5, mata de tabuleiro, 40 m s.n.m., 27.Set.1978, fr., Martinelli, G. 4989
(RB); Reserva Florestal da CVRD, 2.Fev.1985, st., Peixoto, A. et al. 3286 (MO, UEC);
Reserva Biológica de Comboio – IBAMA, Aceiro com Faz Carv., 28.Ago.1989, fl., fr.,
Folli, D.A. 960 (CVRD, HUEFS); 12.Abr.1991, fl., fr., Farias, G.L. 411 (CVRD,
HUEFS); Comboio, Periferia da Reserva Biológica de Comboio, 05.Abr.1996, fr.,
Fraga, C.M.de & Lofego, A.P.A. 318 (MBML); Reserva natural da CVRD. Próximo ao
Cruzamento das estradas Gávea com Flamengo, 26.Abr.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2294
(CVRD, HUEFS); Próximo a segunda entrada, Bloco A, Produção sustentada,
08.Set.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2373 (CVRD, HUEFS); Reserva Florestal do Vale do
Rio Doce. Trilha atrás do viveiro, 19.Jun.2000, fl., fr., Costa, C.B. 321 (SP). Santa
Tereza: Material cultivado na Universidade do Texas (Gilbert accession number 8071),
fl., Hansen, A.K. 152. (TEX); s.d., fl., Hansen, A.K. 249. (TEX); Valsugana Velha, parte
alta da propriedade do Dr. Pedro, 10.Dez.1985, fl., fr., Boone, W. 961 (CEPEC,
145
MBML); Vale do Cannaã, alto da encosta, 18.Dez.1985, fl., Vimercatt, J.M. 342
(MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia, 19°58’S, 40°32’W, 550800 m s.n.m., 12.Nov.1990, fl., fr., Boudet Fernandes, H.Q. et al. 3045 (MBML, RBR);
Comboios, Periferia da Reserva Biológica de Comboios. Restinga. 5.Abr.1996, fr.,
Fraga, C.N.de & Lafego, A.P.A. 318 (MBML); São Lourenço Country Club, no alto da
trilha da cachoeira. 850 m s.n.m., 15.Dez.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 1303
(MBML); Santo Antônio, Terreno do Bosa, 800 m s.n.m., 8.Dez.1998, fl., fr.,
Kollmann, L. et al. 1262 (MBML); São Lourenço, Terreno de Clério Loss, 750 m
s.n.m., 30.Set.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 651 (MBML, UPCB); Cabeceira do 25
de Julho, propriedade de Furlani (pesque e pague), 850 m s.n.m., 11.Mar.1999, fl., fr.,
Kollmann, L. et al. 2155 (MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia,
650 m s.n.m., 19.Mar.1999, fl., Kollmann, L. & Bausen, E. 2197 (MBML); São
Lourenço Country Club. 16.Dez.1999, fl., Demuner, V. et al. 359. (MBML); Santo
Antônio, Mata do Bosa, 15.Fev.2000, fl., Demuner, V. & Bausen, E. 715 (MBML); São
Lourenço, Mata do Martinelli, 11.Abr.2000, fl., fr., Demuner, V. et al. 892 (MBML);
Valão de São Lourenço, Henrique Tonn, 10.Out.2000, fl., fr., Demuner, V. & Bausen,
E. 1441 (MBML); Valsugana Velha, terreno do Luiz Bringhente, 30.Nov.2000, fl., fr.,
Demuner, V. & Bausen, E. 1563 (MBML); Nova Lombardia. Reserva Biológica
Augusto Ruschi, Trilha da Tronqueira. 800 m s.n.m., 30.Out.2001, fl., Kollmann, L. et
al. 4936 (MBML); Divisa de Goiapaba-Açú a esquerda, 800 m s.n.m., 7.Nov.2001, fl.,
Kollmann, L. et al. 4963 (MBML); Valão direita da sede velha. 800 m s.n.m.,
29.Nov.2001, fl., Kollmann, L. et al. 5100 (MBML); Nova Lombardia, Reserva
Biológica Augusto Ruschi, Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha
Mauriti, 30.Jul.2002, fl., fr., Vervloet, R.R. et al. 585 (MBML). Pernambuco: Recife:
Chá da mata Dois Irmãos sobre pequena árvore. 12.Mar.1952, Lima, D.A. 52 (IPA). Rio
Formoso: Praia dos Carneiros, 4.Jan.1968, Lira, O.C. 68 (IPA). Paulista: Reserva
Ecológica de Caetés, 24.Nov.1997, Dú Bocage, A.L. 62 (IPA).
Comentários: Espécie próxima a P. ovalis por apresentar inflorescência racemosa e
corona em duas séries de filamentos. Diferencia-se desta pelo tamanho do pecíolo (9-18
cm em P. contracta vs. 0,9-5 cm em P. ovalis), tamanho do eixo principal da
inflorescência [(3-)19-50 cm em P. contracta vs. (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis] e
flores com opérculo inteiro (vs. plicado em P. ovalis). Polinizada por morcegos (Sazima
& Sazima 1978), com período de antese a partir das 16h até o amanhecer. Os frutos são
146
consumidos por pequenos roedores e aves, que ajudam na dispersão da espécie. Não
apresenta interesse ornamental, porém fornecedora de alimentos para morcegos,
pequenos roedores e aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das
sementes.
Os dados obtidos com a análise filogenética para dados de ITS, não corroboram
o agrupamento desta espécie juntamente com as demais delimitadas por Feuillet &
MacDougal (2003), como pertencentes a seção Tetrastylis, apesar da união de P.
contracta e P. ovalis obtida com os dados de trnL-F. Os resultados obtidos com a
análise polínica confirmaram que estas espécies podem formar um grupo bem
delimitado. A análise morfológica, principalmente dos caracteres florais, como presença
de quatro estiletes e inflorescência racemosa, a caracteriza como pertencente ao mesmo
grupo de P. ovalis, P. timboensis e P. igrapiunensis.
4. Passiflora deidamioides Harms, Fedde, Repert. Sp. Nov. 19: 57 (1923).
Tipo: Brasil, São Paulo: Alto da Serra, XII.1920, fl., fr., A. Gehrt 4592 (Holótipo SP,
foto do holótipo HUEFS!).
Figuras 21 e 23.
Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, nãoalado, glabro, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas
0,1-0,35 × 0,1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, lanceoladotriangulares a deltóides, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 2-8 cm
compr., glabro, glândulas (2-)4-6, primeiro par situado a ca. 0,6-1,9 cm da base,
segundo par situado a 2-5 cm da base, terceiro par situado a ca. 4,5 cm da base, sésseis,
orbiculares; lâmina 3-lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 6-9,5(-17) × 3,2-5(-16)
cm, ca. 2× mais longa do que larga, membranácea ou coriácea, faces adaxial e abaxial
glabras, ápice obtuso, base obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, palmatinérvias,
lobos obovais-oblongos, lobo central 6-9,5(-17) × 2-6 cm, lobos laterais 2-9 × 1-3,5 cm,
nervuras proeminentes, lobos peninérvios; nervuras secundárias 5-10, ângulo total entre
as nervuras laterais 140-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência
biflora, pedúnculo 1,6-4,2 × 0,1-0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente
na base; pedúnculo secundário 1,2-4,2 cm compr.; pedicelo 0,5-0,7 × 0,1-0,2 cm;
brácteas 3, linear-lanceoladas, 0,1-0,5 × 0,01-0,05 cm, glândulas ausentes, bractéolas
147
presentes, precocemente caducas. Flores 3-6 cm diâm., hipanto 0,2-0,7 cm alt., 0,7-0,9
cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-0,9 cm, carnosas,
lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde,
glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,5-2,5 × 0,5-0,8 cm, membranáceas,
lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face abaxial e adaxial brancas, glabras,
corno e glândulas ausentes; corona em 3-5 séries de filamentos, filamentos da série
externa 0,5-1,7 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,2-0,4 cm compr.,
brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado, membranáceo, 0,2-0,3 cm alt., margem
laciniada ou fimbriada; límen 0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, adnado na
base do androginóforo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-1,0 cm alt.; tróclea
ausente; filetes 0,5-0,7 cm compr., anteras 0,3-0,5 cm compr.; ovário elíptico, glabro,
verde, estiletes 3, glabros, 0,5-0,8 cm compr., estigmas capitados, amarelos. Baga
elipsóide, 6-angulada, globosa, 6-9 × 4-6 cm, glabra, verdes. Sementes 0,4-0,5 × 0,2-0,3
cm, elípticas a ovais, oblongas, reticuladas, ápice agudo a truncado.
Etimologia:
Deidamioides,
em
referência
ao
gênero
Deidamia
Thouars
(Passifloraceae), um gênero Africano, com quem se assemelha pelas folhas lobadas,
com 5-7 folíolos (Ulmer & MacDougal 2004).
Nome(s) vernáculo(s): maracujá (SP).
Fenologia: Floresce e frutifica de novembro a maio.
Distribuição e hábitat: Espécie endêmica do Brasil, encontrada principalmente em
áreas de preservação ambiental nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, em áreas de mata atlântica, em altitudes de 890-1.324 m s.n.m.
Conservação e usos: Espécie não ameaçada de extinção segundo os critérios da IUCN
(2004). É uma espécie nativa do Brasil, e apresenta um potencial de uso como
ornamental, por apresentar flores brancas, grandes e de fácil reprodução.
Material examinado: BRASIL, Minas Gerais, Lima Duarte: Distrito de Conceição
do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha para Ponte de Pedra. 21°42'43''S,
43°53'36''W, 1.324 m s.n.m., 26.Set.2001, fl., Marquete, R. et al., 3080 (RB). São
148
Paulo: Alto da Serra. Estrada do Vergueiro, 23.Dez.1920, fl., Hoehne, F.C. 4692 (SP);
Biritiba Mirim: Estação Biológica da Boracéia. 23°38’S, 45°52’W, 890-950 m s.n.m.,
9.Dez.1983,
fl.,
fr.,
Custodio
Filho,
A.
2052
(IAC,
SP).
Campos
da
Bocaína(=Bocaína): Próximo á mata cachoeira de Santo Isidro. 2.Mai.1959, fl., fr.,
Pabst, G.F.J. 11075 (HB). Salesópolis: Material cultivado em Nova Odessa no Instituto
Plantarum, em Banco ativo de germoplasma. 04.Mar.2004, fl., Bernacci, L.C.& Lorenzi,
H. 3652 (IAC); Parque Estadual da Serra do Mar, Estrada Intermediária Km 45,
23°38’S, 45°41’W, 25.Abr.2000, fl., Foster, W. et al. 319 (ESA, SPSF, UEC). Santo
André: Reserva Biológica do alto da serra Paranapiaçaba, 27.Nov.1980, bt, fr., Rosa,
N.A. & Pires, J.M. 3964 (MG); 30.Mai.1985, fr., Sugiyama, M. et al. 593 (SP). São
Bernardo do Campo: Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 181 (TEX);
Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 221 (TEX).
149
Figura 23. Passiflora deidamioides Harms. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe do
nó caulinar. D. Detalhe da glândula no pecíolo (2º. par). E. Detalhe da glândula no
pecíolo (1º. par). F. Detalhe das brácteas no pedúnculo. (A, C-F. W.Foster 319 (ESA),
B. A.Hansen 181 (TEX)).
150
Comentários: Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. deidamioides
assemelha-se a P. cirrhiflora por apresentar folhas lobadas, gavinhas no pedúnculo e
inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pelo número de lobos na
lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora e 3 em P. deidamioides), número de glândulas no
pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e secção transversal do fruto (não angulada vs.
6-angulada).
No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no
capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. obovata (seção
Mayapathanthus) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi
encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser
feitos para elucidar o posicionamento desta espécie.
5. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson, Nordic J. Bot., 7(2): 127.
1987.
Tipo: Equador: Los Rios; Km 45, Santo Domingo - Quevedo, km 12 Patricia Pilar –
23.Mai.1981, fl., fr., Dodson et al. 11077 (Holótipo MO!).
Figuras 24 e 29.
Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, angulado,
não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas (2-4), discos adesivos
presentes. Estípulas 1,0 × 0,1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas,
lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1,0–1,2 cm compr.,
glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,0-1,2 cm no ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares;
lâmina inteira, elíptica-ovada a orbicular, 3,7-4 × 1,8-2 cm, ca. 2× mais longas do que
largas, membranácea, face abaxial e adaxial glabras, ápice acuminado a obtuso, base
cordada, margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 5, ângulo total
entre as nervuras laterais 180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência
uniflora ou biflora, pedúnculo 0,7-1,5 cm, não terminando em uma gavinha; glândula
ausente, pedúnculo secundário ausente, pedicelo 0,1-0,2 × 0,2 cm, brácteas 3, setáceas,
0,5 mm compr., glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores 3,5-4 cm diâm., hipanto
ca. 0,2 cm alt., 0,7 cm de diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 2,5 × 0,9
cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial
151
branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,0 × 0,5 cm, membranáceas, oblongaovadas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial branca, corno e
glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,71,8 cm compr., filamentos da série intermediária 0,3-0,4 cm compr., filamentos da série
interna 0,2-0,6 cm compr., filamentos de todas as séries amarelo-alaranjados com ápice
branco, filiformes; opérculo liso, não plicado, membranáceo, ca. 0,2 cm alt., margem
denticulada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, anel nectarífero presente;
androginóforo 0,9-1,1 cm alt; tróclea ausente; filetes ca. 0,4 cm compr., anteras ca. 0,2
cm compr., ovário ovóide, glabro, estiletes 3, 0,6 cm alt., glabros, estigmas capitados.
Baga globosa, 3,5- 3,0 cm, glabra, amarela quando madura. Sementes 0,5 × 0,4 cm,
ovais, ápice agudo, sulcadas.
Etimologia: O nome da espécie é uma referência à presença de discos adesivos na
terminação das gavinhas.
Fenologia: Material examinado sem flores, um único material com fruto coletado em
novembro.
Distribuição e hábitat: Espécie encontrada no Equador, em áreas de mata, cultivada na
Dinamarca. Encontrada em altitudes de 200-1.115 m s.n.m.
Conservação e usos: Espécie considerada em perigo (EM A4c), segundo os critérios da
IUCN (2004). Porém está sendo cultivada na Universidade de Aarhus – Copenhagen,
Dinamarca. Na natureza é encontrada apenas no Equador.
Material examinado: DINAMARK, Copenhagen: Grown in greenhouse. The
research Department, Botanical Garden, University of Copenhagen, 11.Jun.1999, Plant
08.96, Kim Dalby Nielsen, Conpenhagen, DK, ex Niels Jorgen Pedersen, Lammehaven,
Ringe, DK, ex Ecuador, Department of Systematic Botany, Unviersity of Aarhus, DK
Voucher DFHJJ8 (BJ 240) (C – Cultivada). EQUADOR, Esmeraldas, Eloy Alfaro:
Parroquia Luis Vargas Torres. Playa de Oro, Río Santiago. 0°43’N, 79°45’W, 200 m
s.n.m., 1.Nov.1993, fr., Tirado, M. et al. 258 (MO, QCNE). El Oro: Nearest hacienda,
152
town or village. 1.115 m s.n.m. 9.Nov.1992, st., Kapan, D.D. 42 (TEX).
Comentários: Espécie próxima de P. tryphostemmatoides, por apresentar gavinhas
divisas, lâminas foliares inteiras elípticas e inflorescência biflora. Pode ser diferenciada
principalmente pelas gavinhas trífidas em P. discophora (vs. bífidas em P.
tryphostemmatoides); discos adesivos presentes nas extremidades das gavinhas em P.
discophora (vs. ausente em P. tryphostemmatoides). Também se assemelha a P.
pacifica, diferenciando-se desta pelo pecíolo2 glândulas (vs. 2-4 glândulas em P.
pacifica); maregn não revoluta (vs. margem revoluta); inflorescência uni ou biflora (vs.
inflorescência cauliflora).
6. Passiflora gracillima Killip, Journal. Wash. Acad. Sc. 14: 112, 1924.
Tipo: Colômbia, Caldas, Pinares: above Salento, 2.900-3.200 m s.n.m. (Cordilheira
Central), 03.Ago.1922, fl., Pennell, F.W. 9393 (Holótipo: US, isótipos: A!, G!, NY!).
Figuras 25 e 29.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,
casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,2-3 × 0,10,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas,
ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,6–3 cm compr., glabro,
glândulas 2-4-6, situadas a 1,0-2,5 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina
inteira, contorno oval, 1,1-6 × 1,5-4,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas,
membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice arredondado ou acuminado, base
truncada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8,
ângulo total entre as nervuras laterais 160-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes.
Inflorescência biflora, pedúnculo 1-2 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula
presente na base, pedúnculo secundário 0,5-1 cm compr., pedicelo 0,3-0,9 × 0,1 cm;
brácteas 3, lineares, 0,5-1,2 × 0,1 mm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores
ca. 3,5 cm diâm., hipanto ca. 0,3 cm alt., 0,3-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, 5lobado, glabro; sépalas 1,0-,17 × 0,3-0,5 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem
lisa, face adaxial verde, face abaxial branca ou amarelo- esverdeada, corno e glândulas
ausentes; pétalas 1,0-1,7 × 0,3-0,4 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem
lisa, face abaxial e adaxial brancas ou amarelo-esverdeadas, corno e glândulas ausentes;
corona em 1-2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,5-1,0 cm compr.,
153
filamentos da série interna 0,2 cm compr., filamentos brancos ou amarelos, com base
violeta, filiformes; opérculo ereto, não plicado, membranáceo, 0,2 cm alt, margem
fimbriada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, anel nectarífero presente, androginóforo 0,50,7 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,5 cm compr., anteras 0,2-0,3 cm compr., ovário
elíptico, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4-0,5 cm compr., estigmas capitados,
verdes. Baga elíptica, 3,5-4 × 2,5-3 cm, glabra, amarelas com estrias brancas. Sementes
0,2-0,6 × 0,2 cm, oblongas a globosa, foveoladas, ápice agudo.
154
Figura 24. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do nó
caulinar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. L.B.J.240 (C), D. M.Tirado 258
(MO)).
155
Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo latim Gracillis = delgado, fino,
esguio, em referência ao caule delgado.
Fenologia: Floresce e frutifica de agosto a novembro.
Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Costa Rica, em altitude
variando de 0-3.200 m s.n.m, em áreas de florestas.
Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da
IUCN (2004). Nenhuma informação sobre possíveis usos para esta espécie foi obtida
através de bibliografias ou de informações em etiquetas de herbários.
Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Caldas, Pensilvania, Pinares atrás del
hospital de Pensilvânia, 10.Jul.1982, st., Escobar, L.A. & Brand, J. 2082 (NY); Salento,
"Pinares", above Salento. Forest, s.d., Pennell, F.W. 9224 (G, N); 2.400-2.700 m s.n.m.,
2-10.Ago.1922, st., Pennell, F.W. 9317 (NY, US); 900-3.200 m s.n.m., 2-10.Ago.1922,
Pennell, F.W. 9393 (A, G, isótipo NY!). Frontino, Km 13,8 of road Nutibara-La
Blanquita, region of Murrí, Alto de Cuevas, 6°45'N 76°23'W, 1.930 m s.n.m.,
05.Nov.1988, fl., Zarucchi, J.L. et al. 7149 (HUA, MO). Sonsón: 10 road-Km from
Sonsón on road to Nariño; along old Spanish trail from pass; collected with trail from
pass. 5°40’N, 75°15’W, 2.600-2.700 m s.n.m., 13.Nov.1988, fl., McPherson, G. 13074
(HUA, MO); Sítios "Paramo de Sonsón" y "Monumento", bosques sobre la cuchilla
"Comadrejal", 2.500-2.740 m s.n.m., 5°38'N, 75°15'W, 17.Ago.1992, fl., Callejas, R. &
Roldán, F.J. 10533 (HUA); Via Sonsón-La Soledad, camino a rio Verde de los Montes,
veredas Palmitas y rio Verde de los Montes, sobre el camino antiquo Sonsón-Rio Verde,
5°45'N, 75°13'W, 2.400-2.600 m s.n.m., 09.Abr.1994, Callejas, R. et al. 11129 (HUA).
COSTA RICA, Limón, Parque Tortuguero: Estación Cuatro Esquinas. Primer islote
laguna Tortuguero, frente a la casa-estación. 10°31’N, 83°30’W, 4 m s.n.m.,
24.Nov.1987, fl., fr., Robles, R. 1317 (BM, CR, MEXU, MO).
Comentário: Esta espécie assemelha-se a P. arbelaezii e P. discophora, diferenciandose destas principalmente pelo número de filamentos da corona (uma série em P.
gracillima, duas séries em P. arbelaezii e três séries em P. discophora). Além deste
156
caráter também pode ser diferenciada de P. discophora pela presença de glândulas no
pedúnculo em P. gracillima, ausente em P. discophora.
Na análise filogenética, com sequências de ITS (capítulo um), esta espécie
apareceu agrupada com P. tryphostemmatoides (espécie também considerada por
Feuillet & MacDougal (2003), como pertencente à seção Tryphostemmatoides), porém
isolada das demais espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Uma possível
resposta para os resultados obtidos seria o reestabelecimento do subgênero
Tryphostemmatoides, com a inclusão inicial de P. tryphostemmatoides e P. gracillima.
7. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov.
Tipo: BRASIL, Bahia, Igrapiúna, Assentamento Mirante. Litoral Sul. 13o53’15”S,
39o20’39”W, Floresta Ombrófila Densa. Mata ciliar. 18.Dez.2001, fl., M.L.S.Guedes,
D.L.Santana, D.M.Loureiro, L.J.Alves 9294 (Holótipo ALCB!; Foto do holótipo no
HUEFS).
Figuras 26 e 27.
Trepadeira arbustiva, lenhosa, inerme; caule cilíndrico, não alado, com casca
suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos não observados. Estípulas e Folhas
desconhecidas. Inflorescência racemo, eixo principal 24 cm compr., pedúnculo primário
5-8 × 2 mm, não terminando em gavinhas, pedúnculo secundário 1,7-1,9 cm compr.,
glândulas na base ausentes; pedicelo 1,3-1,7 × 0,1-0,2 cm, brácteas 3, lineares, 0,2 ×
0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes, semelhantes às brácteas. Flores ca. 810 cm diâm.; hipanto 0,4-0,5 cm alt., 1,3-1,4 cm diâm., curto-campanulado, 5-lobado,
velutino; sépalas 4,2 × 1,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face
adaxial branca, face abaxial verde, velutinas, corno e glândulas ausentes; pétalas 3,5 ×
1,2 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial
cremes, velutinas; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,2
cm compr., filamentos da série interna ca. 0,6 cm compr., brancos, filamentos
filiformes; opérculo não plicado, membranáceo, ca. 0,4 cm alt., margem laciniada;
límen ca. 0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente;
androginóforo 0,9-1,0 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 1,5-2,0 cm compr.; anteras 1,5
cm compr., ovário elíptico, velutino, branco, estiletes 4, glabros, ca. 2,0 cm compr.,
estigmas capitados, verdes. Frutos desconhecidos.
157
Figura 25 – Passiflora gracillima Killip. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da
glândula no pecíolo. C. Detalhe do nó caulinar. D. Flor. E. Fruto. (A-D. R.Callejas
10533 (HUA), E. R.Robles 1317 (CR)).
158
Etimologia: O nome da espécie é uma referência ao município de Igrapiúna, onde a
espécie foi coletada. Igrapíuna tem origem tanto do tupi ygara + piúna, que significa
“canoa preta” ou “canoa de casca”, como do tupi-guarani igarapé + una, que quer dizer
“pequeno rio que corre entre duas ilhas ou entre uma ilha e a terra firme +“preta”; +
ense = (do latim= originado ou nativo de) (Stearn 1992, Cunha 2005).
Fenologia: Floresce em dezembro.
Distribuição e habitat: Espécie coletada no município de Igrapiúna situado na
microrregião Sul do estado da Bahia, nas coordenadas 13º53’15”S, 39º20’39”W. A
vegetação pode ser classificada como floresta ombrófila submontana, dentro dos
domínios da Mata Atlântica (Veloso et al. 1991), a ca. de 900 m s.n.m. Espécie
provavelmente endêmica da região.
Conservação e usos: Encontrada até o momento nesta pequena área do município de
Igrapiúna (fig. 26), considerada com criticamente em perigo de extinção CR B1ai
(IUCN 2004), por existir em somente uma localidade.
Comentário: Diferencia-se de P. timboënsis pelo diâmetro da flor (8-10 cm em P.
igrapiunensis vs. 13 cm em P. timboënsis), pela ausência de glândulas na base do
pedúnculo (presente em P. timboënsis) e pela corona com apenas duas séries de
filamentos (vs. três séries em P. timboënsis). Diferencia-se de P. contracta e P. ovalis
por apresentar sépalas densamente velutinas (vs. glabras em P. ovalis e pubescentes em
P. contracta).
Até o momento não existe nenhum estudo filogenético com esta espécie, que
possa esclarecer seu posicionamento dentro do subgênero.
159
Figura 26. Mapa com a distribuição geográfica de Passiflora igrapiunensis e P. timboënsis no
estado da Bahia (Mapa base do ESRI 1999).
160
Figura 27. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Ramo florífero. B.
Flor. C. Detalhe do indumento da face abaxial das sépalas (M.L.S.Guedes et al. 9294).
161
8. Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet, Ann. Missouri Bot. Gard.,
71(4): 1068. 1984.
Tipo: Panamá. Colón: along the Rio Guanche about 1 Km from the Portobelo Highway,
0-50 m, 09o30’N, 79o40’W, 11 Apr. 1982, fl., Knapp, Mallet & Huft 4587 (Holótipo
MO!; Isótipo TEX!).
Figuras 28 e 29.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, cinéreo, não-alado,
glabro, casca não corticosa; gavinhas ausentes. Estípulas 0,1-0,2 × 0,01 cm, ca. 5x mais
longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas
ausentes. Pecíolo 1,5-2 cm compr, glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,2 cm do meio
para o ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, elíptica a ovada, 13,5 × 8
cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice
acuminado, base cuneada, margem lisa, não revoluta, triplinérvia, nervuras secundárias
3-5, ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes.
Inflorescência uniflora; pedúnculo 1,5-2 × 0,1 cm, não terminando em gavinhas,
pedúnculo secundário ausente, glândulas ausentes, pedicelo 1-4,5 × 0,15 cm; brácteas 3,
lineares, 0,1 × 0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores 5,5-6,2 cm
diâm.; hipanto 7-8 cm alt., 1,5-1,6 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros;
sépalas 2,5-3 × 0,8 cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, face
adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno ausente, glândulas 5; pétalas 3,5 × 1,5
cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, faces adaxial e abaxial
brancas, corno e glândulas ausentes; corona em 10 séries de filamentos, filamentos da
série externa 2,2 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,4 cm compr.,
brancos, filamentos da série externa fimbriados, filamentos da série interna filiformes;
opérculo plicado, 0,5 cm alt., margem lisa; límen 0,1 cm alt., cupuliforme,
membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 1,0-1,7 cm alt.; tróclea ausente;
filetes 0,7-0,9 cm compr., anteras 0,7 cm compr., ovário elipsóide, glabro, verde,
estiletes 3, glabros, 0,1 cm, compr., estigmas discóides, revolutos, verdes; Fruto não
visto, desconhecido até o momento para a espécie.
162
Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao pesquisador John MacDougal, na
época estudante da Universidade de Duke, e entusiasta no estudo da família
Passifloraceae.
Fenologia: Floresce em abril e maio.
Distribuição e hábitat: Encontrada até o momento apenas no Panamá, na província de
Colón, em área de mata, em ambiente úmidos, com altitude de 50-400 m s.n.m. Espécie
endêmica do Panamá, encontrada apenas em áreas de mata, em baixas altitudes.
Conservação e usos: Devido à sua distribuição restrita, ocorrendo em apenas uma
localidade, esta espécie pode ser considerada como criticamente em perigo, CR B1abiii
segundo os critérios da IUCN (2004). Devido ao tamanho das suas flores pode ser
utilizada como ornamental ou na obtenção de novos híbridos.
Material examinado: Panamá, Colón, Santa Rita: 26-28 Km from Tranisthmian
Highway on the Santa Rita Ridge Road. 9°25’N, 79°37’W, 250-400 m s.n.m.,
23.Mai.1982, fl., Knapp, S. & Schmalzel, R. 5278 (MO! Parátipo).
Comentários: Segundo Knapp & Mallet (1984), esta espécie teria um posicionamento
incerto dentro do gênero. A presença de glândulas nas sépalas a aproxima de Passiflora
superseção Distephana; flores solitárias semelhantes ao subgênero Passiflora; glândulas
peciolares hemi-esférica, semelhantes ao subgênero Astrophea; opérculo plicado
(Deidamioides). Porém devido, à morfologia foliar, presença de pecíolo com duas
glândulas em forma de cicatriz, corona de filamentos em várias séries, está espécie foi
classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus sensu
Feuillet & MacDougal (2003). Assemelha-se a P. obovata, diferenciando-se desta por
ser trepadeira sem gavinhas (vs. trepadeira com gavinhas em P. obovata); inflorescência
uniflora (vs. biflora) e corona de filamentos em várias séries (vs. duas séries). Esta
espécie pode chegar até 3,5 m de altura no dossel da mata.
Nos estudos filogenéticos apresentados no capítulo 1, esta espécie agrupa-se
com as demais do subgênero Decaloba, sugerindo seu possível reposicionamento dentre
deste grupo.
163
Figura 28- Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do
nó caulinar. C. Detalhe da glândula na sépala. D. Detalhe da glândula no pecíolo. E. Flor. F.
164
Glândula do pecíolo. (A-F. S.Knapp 4587 (MO)).
9. Passiflora obovata Killip, Publ. Carn. Inst. Wash., 461(13): 308, t. 1. 1936.
Tipo: Honduras: Camp 35, British Honduras Geological Survey, 850 meters,
20.May.1934, fl., fr., Schipp, W.A. 713 (Holótipo F!, foto do holótipo HUEFS).
Figuras 29 e 30.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro,
casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1,8-9 × 0,1-1
mm, ca. 9× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a triangulares, ápice
aciculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1-2 cm compr., glabro, glândulas 2,
situadas a 0,35-1,8 cm no meio do pecíolo, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina
inteira, obovais ou oblonga-obovais, 9-12 × 5-6,5 cm, ca. 3× mais longas do que largas,
membranácea a coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a acuminado, base
aguda a obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 310, ângulo total entre as nervuras laterais 20-90º, manchas ocelares e glândulas
ausentes. Inflorescência uniflora, pedúnculo 2-2,5 × 0,2 cm, não terminando em uma
gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo secundário ausente; pedicelo 0,4-1,2 × 0,01-0,2
cm, brácteas 3, linear-deltóides a triangulares, 0,8-1,0 × 0,1-1 cm, glândulas ausentes,
bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5 cm diâm., hipanto 0,15 cm alt., 0,4-1,3 cm diâm.,
curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 1,5 × 1,2 cm, carnosas, oblongas,
ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial brancas, corno e glândulas ausentes;
pétalas 1,8 × 1,0 cm, membranáceas, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face
adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de
filamentos, filamentos da série externa 1,5 cm compr., filamentos da série interna 0,2
cm compr., filamentos com ápice branco e base lilás-claro, ápice dos filamentos
frisados; opérculo plicado, membranáceo, 0,4 cm alt., margem denticulada; límen 0,2
cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero ausente; androginóforo 0,9 cm alt.,
tróclea ausente; filetes 0,8 cm compr.; anteras 0,6 cm compr., ovário elíptico-costado,
glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga
globosa, 3,8-4,5 × 3,4-4,0 cm, glabra, verde. Sementes 0,25-0,6 × 0,2-0,6 cm, ovais a
oblongas a arredondadas, ondulada a reticuladas a foveoladas, ápice agudo a apiculado.
165
Figura 29. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora discophora, P. gracillima, P.
macdougaliana e P obovata (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).
166
Etimologia: Do latim ob=contra, em direção reversa; ovate=com o contorno de um ovo.
Em relação ao formato da lâmina foliar oboval.
Nome(s) vernáculo(s): Cavanil-biché, cavanil-chú, cavanil, granadilla de raton
(Guatemala).
Fenologia: Floresce e frutifica de maio a outubro.
Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Costa Rica, Guatemala e Honduras.
Altitude entre 120-1.500 m s.n.m. Endêmica da América Central, em áreas de floresta,
próximo ou em áreas de reservas.
Conservação e usos: Espécie não classificada como em risco de extinção segundo os
critérios da IUCN (2004).
Material examinado: COSTA RICA, Puntarenas, Monteverde: Guindon's pasture
near the edge of Campbell's woods, 1.500 m s.n.m., 14.Abr.1981, fl., Knapp, S. &
Mallet, J. 867 (TEX); In Large tree im Montein’s yard. Pacific slope of Cordillera de
Tillaran, premontãno rainforest, 1.300 m s.n.m., bt., 16.Abr.1981, Knapp, S. & Mallet,
J. 871 (TEX); Lower community, 1.350-1.400 m s.n.m., 13.Out.1984, fl., fr., Haber,
W.A. 640 (MEXU, MO); Área não protegida, Camino a la Reserva Biológica de Monte
Verde, 10°20'0''N, 84°49'30''W, 1.400 m s.n.m., 19.Out.2001, st., Estrada, A. 3098 (CR,
K). GUATEMALA, Sacté, Alta Verapaz: 15°30’N, 90°27’W, 900-1.050 m s.n.m.,
16.Mai.1976, fl., fr., Kunkel, I. 65 (BR); 15.Out.1975, st., Kunkel, I. 376. (BR);
25.Set.1974, fr., Kunkel, I. 495 (BR); s.d., Kunkel, I. 494 (BR); 14.Out.1974, fr.,
Kunkel, I. 615 (BR). HONDURAS, Yoro, Campamento Río Pijol: Alrededor del
Campamento Río Pijol, 6,2 Km al Sureste de Nueva Esperanza, departamento Yoro en
el Parque Nacional Pico Pijol, 15°12’N, 87°35’W, 1.300 m s.n.m., 28.Mai.1993, fl.,
Dario, M. 460 (BM, EAP, HEH, MEXU, MO, TEFH).
167
Figura 30. Passiflora obovata Killip A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula no
pecíolo. D. Detalhe do nó caulinar. E. Glândula do pecíolo. (A-E. S.Knapp 871- BM).
168
Comentário: Segundo Killip (1938), esta espécie ocuparia uma posição anômala dentro
do subgênero Plectostemma, que atualmente está delimitado como pertencente ao
subgênero Decaloba (Feuillet & MacDougal 2003). P. obovata foi descrita com base
em um único exemplar (Schipp 713), que só possui duas folhas e uma flor já em estágio
de frutificação. Assemelha-se com as espécies do subgênero Deidamioides por
apresentar glândulas bem definidas e discos adesivos na gavinha. A seção
Mayapathanthus caracteriza-se por apresentar duas glândulas no pecíolo, gavinhas
inteiras, glândulas ausentes nas brácteas, opérculo plicado e 4-10 séries de filamentos na
corona, caracteres estes encontrados em P. obovata. Por isso foi transferida para o
subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus. Segundo Ulmer & MacDougal (2004),
P. obovata possui uma afinidade com espécies da seção Tryphostemmatoides e sugere
uma relação próxima entre as seções, baseado na presença de gavinhas inteiras,
glândulas nas brácteas ausentes, hipanto curto-campanulado (próximo a P. pacifica).
Diferencia-se de P. pacfica por apresentar: gavinhas inteiras (P. obovata) vs. gavinhas
trífidas (P. pacifica); inflorescências uniflora vs. inflorescência cauliflora; corona em 3
séries (P. pacifica) e 2 séries (P. obovata).
Assemelha-se com P. macdougaliana, diferenciando-se desta por apresentar
trepadeira com gavinhas em P. obovata (vs. trepadeira sem gavinhas em P.
macdougaliana) e corona de filamentos em duas séries (vs. várias séries).
No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no
capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. deidamioides (seção
Deidamioides) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi
encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser
feitos para elucidar o posicionamento desta espécie.
10. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 168. 1846.
Tetrastylis ovalis (Vell. ex Roem.) Killip, Journ. Wash. Acad. of Science 16(3):
365-369. 1926. Lectótipo: Fl. Flum. IX pl. 75 (1827), definido por Killip (1926).
Figuras 31 e 32.
Trepadeira lenhosa, raramente herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico,
não alado, glabro, casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes.
Estípulas 1-3 × 0,5-2 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-
169
lanceoladas a triangulares, ápice apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo
0,9-5 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a 0,2-0,9 cm, do meio para a base do
pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, 5-10(-14) × 1-6 cm, ca.
2× mais longas do que largas, coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a
acuminado, base aguda a obtusa, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia,
nervuras secundárias 6-10, ângulo total entre as nervuras laterais 40-110º, manchas
ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo, eixo principal (6-)10-80(-120)
cm compr., pedúnculo 0,3-1,0 × 0,1-0,3 cm, não terminando em uma gavinha,
pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas presentes na base, pedicelo 0,9-3,5
× 0,1-02 cm, brácteas 3, linear-lanceoladas, aciculadas a triangulares, 0,5-3 × 1 mm,
glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores ca. 5-10 cm diâm., hipanto 0,5-1 cm
alt., 1,5-2 cm diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 2-5 ×
0,3-1 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo a arredondado, margem lisa, face adaxial de
verde a marrom, face abaxial branca, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3,5
× 0,3-0,7 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e
abaxial branco-esverdeadas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de
filamentos, filamentos da série externa 0,3-1,2 cm compr., brancos, filamentos da série
interna 0,3-1,0 cm compr., brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado,
membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem laciniada a fimbriada; límen 0,2-0,6 cm alt.,
cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-2,0 cm alt.,
tróclea ausente; filetes 0,6-2,0 cm compr.; anteras 0,3-1,6 cm compr., ovário elíptico,
velutino, verde, estiletes 4, glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga
elipsóide a globosa, 7-14 × 5-9 cm, glabra, verdes quando imaturas, amareloalaranjadas quando maduras. Sementes 0,7-1,0 × 0,4-0,7 cm, obovais, foveoladas,
ápice agudo a apiculado.
Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo ovalis = órgãos laminares em
formato oval, em referência ao contorno da lâmina foliar oval.
Nome(s) vernáculo(s): maracujá-de-cacho, maracujá (RJ).
Fenologia: Floresce de abril a dezembro e frutifica de maio a janeiro.
Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de São Paulo e Rio de
170
Janeiro. Ocorre na Mata Atlântica em floresta pluvial, em altitudes de 0-1.000 m s.n.m.
Conservação e usos: Espécie endêmica do Brasil. Não classificada como em perigo
segundo os critérios da IUCN (2004). Espécie sem interesse ornamental, porém
fornecedora de alimentos para morcegos (agente polinizador), pequenos roedores e
aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das sementes.
Material examinado: BRASIL, Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, [Distrito Federal –
em referência a antiga Capital Federal do Brasil]: Matas do Pai Ricardo,
11.Nov.1946, fl., fr., Occhioni, P. 793 (UB); Gávea, s.d., fl., Glaziou 7859 (C, B, K, P.);
Serra da Estrella, s.d., fl., Glaziou 8269 (C, B, P); “In sylvis”, 1824-1829, bt., Riedel
720 (BR, NY); Peckolt 7 (B); “Environs de Rio de Janeiro et D'Ouro Preto”, Mai.1885,
fl., Glaziou 14854 (B, C, G, K, N, P.); Corcovado, Beira da mata, 28.Set.1921, fl.,
Ducke, A. & Kuhlmann, J.G. 16581 (B, N, RB, UT.); Cultivado no Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, 18.Jul.1952, fl., Duarte, A.P. 3444 (IPA, RB); Serra dos Órgãos,
Limoeiro, Jun.1974, fl., Ochioni, P. 6004 (R); Guanabara: Base da vertente sul do Pão
de açúcar, 35 m s.n.m., 17.Ago.1973, fl., Sucre, D. & Araujo, L.C. 10068 (RB); Floresta
da Tijuca, Pico da Tijuca, 700 m s.n.m., 30.Dez.1973, fl., fr., Araújo, D. et al. 514 (IAC,
RB, SP); Jacarepaguá, Set.1910, fl., Hoehne, F.C. 200 (SP). Japuhyba [Cachoeira do
Macacu], 17.Abr.1926, fl., Hoehne, F.C. & Gehrt, A. 17373 (SP). Mendes, Fazenda
São José das Paineiras, 10.Set.1993, fl., Konno, T. 273 (IAC, RUSU). Parati: Faz. São
Roque (ca. 21 Km antes de Parati), após o sítio do Sr. Hermes, no caminho da mata
próximo a cachoeira. 29.Nov.1988, fr., Marquete, R. et al. 172 (HRB, RB); Entre o
primeiro e o segundo portão, rumo a Praia do Sono, 18.Dez.1990, fl., fr., Frutuoso, L.C.
et al. 85 (HUEFS, IAC, RB); Morro das Laranjeiras, acesso pela Rio-Santos, lado
esquerdo da estrada em direção a São Paulo, APA-Cairuçu, 87 m s.n.m., 16.Mar.1993,
fr., Filho, E.A. & Caruso, F. 102 (RB); a ca. 18 Km do trevo de Parati até a entrada de
Laranjeiras, mais 9 km em direção a Faz. do Sr. Gibrail, estrada para Praia do Sono,
antes do portão da fazenda, 70-920 m s.n.m., 30.Jul.1993, fl., fr., Konno, T. et al. 199
(HUEFS, IAC, RB); Morro do Carrapato, APA - Cairuçú. Floresta ombrófila densa
baixo-montana, 200 m s.n.m., 30.Ago.1994, fl., fr., Giordano, L.C. et al. 1697 (RB);
Morro da Pedra Rolada - APA-Cairuçú, 23.Ago.1995, fl., fr., Bovini, M.G. et al. 403
(RB); Estrada nova para a praia do Sono (acesso pelo condomínio Laranjeiras). Floresta
ombrófila densa. Degradada baixo-montana (mata secundária), ambiente úmido. APA –
171
Cairuçú, 60 m s.n.m., 22.Dez.2004, bt., fr., Giordano, L.C. et al. 1747 (HUEFS, IAC,
RB); Laranjeiras, trilha para a praia do sono, 23º20’68”, 44º49’87”W, 25.Ago.2007, fl.,
fr., Nunes, T.S. et al. 1837 (HUEFS). São Paulo: Caraguatatuba: Parque Imperial,
25.Jan.1992, fr., Sazima, M. & Sazima, I. s.n. (IAC 37.955). Ubatuba, Núcleo
Pincinguaba. Fazenda da Caixa, casa de farinha subindo a trilha em direção ao rio, após
o pé de jatobá. 04.Abr.2004, st., Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1775 (HUEFS); 04.Abr.2004, st.,
Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1776 (HUEFS); Pereque-açú, Taquaral, Faz. Capricórnio. 23º
21’N, 45º05’L, 300 m s.n.m., 20.Set.2005, fl., fr., Bernacci, L.C. 4046 (IAC); Distrito
Pinciguaba, Núcleo Pinciguada, Casa de farinha, trilha do corisco. 23º21’95”S,
44º51’10”W, 999 m s.n.m., 24.Ago.2007, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1831 (HUEFS).
Comentários: Espécie próxima filogeneticamente a P. contracta por apresentar plantas
trepadeiras lenhosas; gavinhas com discos adesivos; inflorescência racemosa; 4
estiletes; opérculo plicado. Diferencia-se desta pelo tamanho do eixo principal da
inflorescência (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis (vs. (3-)19-50 cm em P. contracta),
sépalas pubescentes em P. contracta (vs. glabras em P. ovalis); opérculo plicado (vs.
inteiro).
Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie
aparece agrupada com P. timboënsis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é
justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos
adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria
como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis.
11. Passiflora pacifica Escobar, Mutisia (71): 1. 1988.
Tipo: Colômbia, Valle: Buenaventura, Rio Calima, granja de la secretaria de
Agricultura, Bajo Calima, 01.Mai.1983, fl., fr., Folsom, J. 10900 (Holótipo HUA!).
Figura 31.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não
corticosa; gavinhas trífidas, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,5 mm, ca. 4×
mais longas do que largas, caducas, setáceas, glabras, glândulas ausentes. Pecíolo 1,21,7 cm compr., glabro, glândulas 2-4, situadas a 1,2-1,7 cm do ápice do pecíolo, sésseis,
orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, (5,6-)11,2(-15,5) × (2,1-)4,2(-5,5) cm, ca.
172
3× mais longas do que largas, membranácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice
cuneado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 6-7,
ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes.
Inflorescência cauliflora, ca. 2-6 flores; pedúnculo 0,2-0,5 x 0,1 cm, não terminando em
uma gavinha, glândulas ausentes, pedicelo 1,2-2,0 cm compr.; brácteas 3, linearlanceoladas, 0,1-0,2 cm compr., glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5
cm diâm.; hipanto 0,3-0,4 cm alt., 0,2 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro;
sépalas 0,6 × 0,2-0,3 cm, membranácea, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face
adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,6 × 0,2
cm, membranáceas, oblongas, face adaxial e abaxial branca,
173
Figura 31. Mapa de distribuição geográfica das espécies: Passiflora ovalis, P.
pacifica e P. tryphostemmatoides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999).
174
Figura 32. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da
glândula no pecíolo; C. Flor. D. Detalhe do nó caulinar. E. Fruto. (A-E. T.S.Nunes
1837 - HUEFS).
175
Figura 32E. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Detalhe da Inflorescência (T.S.Nunes 1837 HUEFS).
176
glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da
série externa ca. 1,2 cm compr. brancos, filamentos da série interna 0,2 cm compr.,
filamentos fimbriados a filiformes; opérculo plicado ou inteiro, ereto, membranáceo,
margem filamentosa; límen ausente; anel nectarífero presente; androginóforo 1,5 cm
alt., tróclea ausente, filetes 1,1 cm compr.; anteras 0,3 cm compr., ovário elíptico,
glabro, estiletes 3, glabros, ca. 1,2 cm; estigmas capitados, verdes. Fruto não visto.
Etimologia: Escobar (1988), não fez nenhum comentário sobre a possível origem do
epíteto pacifica, para esta espécie.
Fenologia: Espécie florescendo e frutificando em maio.
Distribuição e hábitat: Encontrada na Colômbia, em altitude de 50-2.200 m s.n.m., em
áreas de mata primária.
Conservação e usos: Devido à dificuldade na consulta dos exemplares desta espécie,
estando disponíveis apenas referências da mesma na descrição original, com apenas três
coletas (incluindo material tipo), realizadas de 1982 a 1984, não podemos enquadrá-la
em nenhum dos critérios da IUCN (2004). Porém, faz-se necessário um esforço maior
no sentido de visitar os herbários do Norte da América do Sul em busca de novos
exemplares.
Material examinado: COLÔMBIA, Choco: Caminho entre Yuto y Lloró, 50 m
s.n.m., 18.Fev.1983, st., Escobar, L.A. & Magrigal, B. 3263 (HUA). Nariño,
Buenaventura, Rio calima, Granja de la Secretaria de Agricultura, Bajo Calima,
01.Mai.1983, fl., Folsom, J. 10900 (HUA, foto HUEFS). Piedraancha: Corregimiento
Chucunez, Reserva Natural La Planada, 7 Km de Chucunez a La Reserva, 1.800-2.200
m s.n.m., bosque primário, nublado y pluvial, desde el campamento a “La Piña”.
17.Mai.1991, fr., Betancur, J. et al. 2566 (HUA, foto HUEFS).
Comentário: Infelizmente não foi possível o acesso a nenhum exemplar desta espécie,
apenas a fotografia dos tipos cedida gentilmente pelo curador do Herbário HUA. A
177
descrição foi feita com base na fotografia, na ilustração e na descrição original. Se faz
necessário um maior esforço para tentar recoletar esta espécie, ou conseguir empréstimo
dos materiais existentes nos herbários Colombianos, que devido as mudanças na política
do país, não permitem que materiais sejam enviados para o exterior, a menos que haja
um convênio formal entre as instituições. O HUEFS encaminhou todos os formulários
necessários para a formalização do convênio, porém, devido aos tramites legais no
Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, até a finalização desta tese, o herbário não
obteve nenhuma resposta favorável (Felipe Cardona – Curador do HUA por e-mail), e
por isso os materiais não nos foram enviados.
12. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov.
Tipo: BRASIL, Bahia: Amargosa, Serra do Timbó, com acesso pelo Morro Pelado,
13º06’09”S, 39º40’39”W, alt.: 750-835 m s.n.m., 18.Nov.2007, fl., fr., A.M.Amorim
J.Jardim, F.Ferreira, R.Perdiz, J.Paixão & L.Gomes 7027 (Holótipo: HUEFS; isótipos
CEPEC, NY, K).
Figuras 26 e 33.
Trepadeira arbustiva, lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não alado,
com casca suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 3-4 × 1,5
mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, lanceoladas, ápice agudo, margem
lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 3-4 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a ca. 0,6
cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno oval, 14-18 × 7-9
cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice
acuminado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias
6-8 pares, proeminentes, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo,
eixo principal 20-80 cm compr.; pedúnculo primário 0,3-1,9(-3,2) × 0,1-0,3 cm, não
terminando em gavinha, pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas 2, sésseis,
no ápice do pedúnculo primário e secundário; pedicelo 1-3,5 × 0,1-0,2 cm; brácteas 3,
lineares, 0,1-0,3 × 0,1 cm compr., glândulas ausentes; bractéolas presentes, semelhantes
às brácteas. Flores ca. 13 cm diâm.; hipanto 0,4-0,6 cm alt., 0,4-0,6 cm diâm., curtocampanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 6,5-7 × 2,8-3,2 cm, carnosas,
oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde-clara,
pubescente, corno e glândulas ausentes; pétalas 4,5-6 × 2,5-3 cm, membranáceas,
178
oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e
glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,5
cm compr., filamentos amarelos, filamentos da série interna ca. 0,5 cm compr.,
filiformes, não variegados; opérculo membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem fimbriada;
límen 0,2-0,4 cm alt., cupulifome, carnoso; anel nectarífero presente; androginóforo 0,50,7 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 0,2 cm compr., glabros, anteras 1-1,5 cm compr.;
ovário elíptico, densamente velutino, tricomas alvos, estiletes 4, glabros, ca. 2,3 cm
compr., estigmas capitados, verdes. Baga elíptica a oboval, 15-40 x 10-35 cm, velutina,
verde quando imatura, amarelo-esverdeada quando madura. Sementes 0,5-0,7 x 0,3-0,4
cm, ovais, foveoladas, ápice agudo a apiculado.
Etimologia: O nome da espécie é uma referência à localidade onde a mesma foi
coletada, a Serra do Timbó, no Município de Amargosa, Bahia.
Fenologia: Floresce e frutifica em novembro.
Distribuição e hábitat: Espécie coletada no município de Amargosa situado na
microrregião do Recôncavo Baiano, em coordenadas de 12º4’4,98”S e 40º56’44,130”O,
na localidade Serra do Timbó. A vegetação desta serra está situada dentro do domínio
da Mata Atlântica, podendo ser classificada como Floresta ombrófila denso montana
(Veloso et al. 1991), a ca. 900 m s.n.m. Alcança o dossel da mata.
Conservação e usos: Foi encontrada até o momento nesta pequena área do Município
de Amargosa, portanto, está espécie está sendo aqui considerada com criticamente em
perigo CR B1ai (IUCN 2004), por existir em somente uma localidade.
Comentários: Diferencia-se de P. ovalis, P. contracta e P. igrapiunensis pela margem
da lâmina foliar (revoluta em P. timboënsis vs. não revoluta nas demais espécies),
diâmetro da flor (ca. 13 cm em P. timboënsis vs. 5-10 cm nas demais espécies) e
número de série de filamentos da corona (3 séries em P. timboënsis e 2 séries nas
demais espécies).
Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie
aparece agrupada com P. ovalis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é
justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos
179
adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria
como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis.
180
Figura 33. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Detalhe do ramo
florífero. B. Detalhe do ramo em botão. C. Flor. D. Detalhe do indumento da face
abaxial da sépala. E. Detalhe do androginóforo. F. Detalhe das glândulas no pedúnculo.
G. Detalhe da glândula no pecíolo. H. Fruto imaturo. I. Detalhe do nó caulinar
(A.M.Amorim et al. 7027).
181
13. Passiflora tryphostemmatoides Harms, Bot. Jahrb. 18: Beibl. 46: 6. 1894.
Tipo: Colômbia, Huila, above Juza, eastern slopes of the Central Andes of Popayán,
Colômbia, altitude 1.700 m [fide Killip 1938], Lehmann 5662 (holótipo: B†, lectótipo,
designado aqui do isótipo: K).
Figuras 31 e 34.
Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico a angulado, não-alado,
glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,52,5 × 0,1-0,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a
aciculares, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,3-1,9 cm compr.,
glabro, glândulas 2(-6), situadas a ca. 0,3-1,7 cm, da base da lâmina foliar, sésseis,
orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno foliar transversalmente ovado ou
elíptico a truncado, 1-4 × 1,2-3,5 cm, ca. 2× mais largas do que longas, membranácea a
coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice emarginado, base cordada a truncada,
margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8, ângulo total da nervura
lateral 130-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora,
pedúnculo 0,2-1 × 0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo
secundário 0,1-0,2 cm compr., pedicelo 1,2-0,9 cm compr., brácteas 3, lineares, 0,8-1,2
× 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 2 cm diâm., hipanto 0,050,2 cm alt., ca. 0,1-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas
0,6-1,2 × 0,1-0,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial
branca, face abaxial verde ou branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,3-1,1 × 0,10,3 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face
abaxial verde, corno e glândulas ausentes; corona em 1 série de filamento, filamentos
ca. 0,2-0,5 cm compr., brancos, fimbriados; opérculo laciniado, membranáceo, 0,08-0,1
cm alt, margem laciniada; límen 0,05-0,1 cm alt., cupuliforme a aneliforme; anel
nectarífero presente; androginóforo 0,2-0,7 cm alt; tróclea situada a ca. 0,1-0,2 cm da
base do androginóforo; filetes 0,1-0,5 cm compr., anteras 0,1-0,2 cm compr., ovário
elíptico, globoso, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,2-0,7 cm compr., estigmas
capitados, verdes. Baga globosa a elíptica, 2,5 x 2,0 cm, 6-angulada, verde-escura
quando imatura, verde-amarelada quando madura, glabra. Sementes 0,3-0,5 × 0,2-0,3
cm, elípticas, ovais, oblongas, foveoladas a reticuladas, ápice agudo.
182
Figura 34. Passiflora tryphostemmatoides Harms A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da
glândula na lâmina foliar. D. Detalhe do nó caulinar. E. Nervura foliar. F. Detalhe do disco
adesivo na gavinha. G. Fruto. (A-F. F.W.Pennell 7339 - NY, G. E.P.Killip 5561 - NY).
183
Etimologia:
Nome
dado
em
referência
ao
gênero
Tryphostemma
Harvey
(Passifloraceae), um gênero africano que foi sinonimizado para Basananthe.
Fenologia: Floresce e frutifica de março a setembro.
Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Equador em área de matas,
principalmente em parques nacionais. Altitude variando de 1.500-2.700 m s.n.m.
Conservação e usos: Até o momento não classificada como em perigo, ou em risco de
extinção segundo os critérios da IUCN (2004). Sem interesse ornamental ou
alimentício.
Material examinado: COLÔMBIA, s.d., Mutis 2856 (MA, N); Forests of the M.
Andes of Popayan. 1.800-2.500 m s.n.m., s.d., fl., fr., Lehmann, F.C. 8515 (K).Cali,
Cuesta de Tocotá, west of Cali: s.d., Pittier 738 (N).Caldas, Pereira: s.d., Killip, E.P.
10164 (N); Cauca, Andes west of Popayán: s.d., Lehmann 5915 (B, K).Chocó,
Quibdó: s.loc., s.d., Angel (Daniel) 536 (N). Cumbre: Cordillera Occidental, 1.8002.100 m s.n.m., 14.Mai.1922, fl., fr., Killip, E.P. 5561 (C, G, K, NY, PH, Y); 1.8002.000 m s.n.m., 7.Mai.1922, fl., Pennell, F.W. 5154 (G, N, NY, PH, Y). Valle del
Cauca, Route Cali - Buenaventura, Km 18, 1.920 m s.n.m., 8.Mar.1997, fl., fr., Billiet,
F. 6896 (BR). EQUADOR, Napo-Pastaza, Mera: Climbing in thicket. 1.100 m s.n.m.,
5.Mar.1956, fl., Asplund, E. 19605 (LL, TEX). Gallera, Micay Valley: Killip, E.P.
7962 (N). Huila, Juza: Eastern slopes of the Central Andes of Popayán, 1.700 m s.n.m.
s.d., Lehmann, F.C. 5662 (B, K, NY). Jamundí: Departamento del Valle del Cauca:
Carretera de Villacolombia, hacia el campamento. 2.150 m s.n.m., 30.Set.1983, fl., fr.,
Orozco, C.I. et al. 1241 (COL, NY); Via Jamundí Villa Colômbia, La Meseta, a 35,1
km arriba de plaza de Jamundí, 1.500 m s.n.m., 8.Nov.1981, Silverstone-Sopkin, P. 907
(HUA). Miraflores, Above Palmira: s.d., Killip, E.P. 6154 (G, N). San Jose San
Antonio: 2.400-2.700 m s.n.m., 28.Jun.1922, fl., Pennell 7339 (N, Y, NY). Tambo:
Parque Nacional Munchique (por Uribe). 2.250 m s.n.m., 7.Mai.1984, fl., fr., Escobar,
L.A. 4410 (HUA); Sneidern, von 985. (SP). Valle, Monte Frio: Yanaconas, 1.700-1.850
m s.n.m., 27.Mar.1939, fl., Killip, E.P. 33702 (BM); La Cumbre: 1.500-1.700 m s.n.m.,
11.Jul.1922, fl., Hazen, T.E. 11826 (NY).
184
Comentários: Espécie assemelha-se a P. gracillima podendo ser facilmente
confundida, confusão que pode ser observada nas várias etiquetas de herbário. Esta
espécie foi descrita a partir do material coletado na Colômbia por Harms em 1894, os
caracteres que diferenciam esta espécie de P. gracillima são os discos adesivos ausentes
em P. tryphostemmatoides (vs. presentes em P. gracillima); lâmina foliar até 4 cm em
P. tryphostemmatoides (vs. 6 cm em P. gracillima).
Esta espécie na análise filogenética aparece agrupada com P. gracillima,
também pertencente a seção Tryphostemmatoides, porém estão separadas de duas outras
espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Estas espécies apresentam caracteres
em comum como: a presença de discos adesvos nas gavinhas divisas, inflorescências
uni ou biflora, presença de glândulas na bráctea.
Táxon excluído de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip
(Passifloraceae)
1. P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., Prodr. 3: 323 (1828):
Tipo: Nova Zelândia, ‘prope Opuragi’, 1770, Banks & Solander 543 (Holótipo BM!).
= Tetrapathaea australis Raoul in Ann. Sci. Nat. sér. 3, 2: 122 (1844), nom. Illegit., &
Choix Pl. Nouv.-Zél.: 27, t. 27 (1846). Tipo: New Zealand, Akaroa, 1841-42, Raoul
(Holótipo P!, isótipo K!).
= T. tetrandra (Banks & Sol. ex DC.) Cheeseman, Man. New Zeal. Fl. Ed. 2: 577
(1925); Allan, Fl. New Zeal. I: 318 (1961); Salmon, New Zeal. Flowers & Pl. in Colour:
83, t. 240, 241 (1963).
Material examinado: Nova Zelândia, Titirangi, in forest. s.d. Auckland, N.Z. s.n. (C).
Comentários: A inclusão de P. tetrandra no subgênero Deidamioides seção
Tetrapathea por Feuillet & MacDougal (2003), não se justifica devido aos caracteres
florais completamente diferentes das espécies encontradas até então para esta seção. A
presença de um pecíolo sem glândulas, inflorescência axilar, cimosa, ou um racemo,
pedúnculo com 3 flores, gavinhas simples, flores tetrâmeras, cálice 4-lobado, 4 estames,
185
dióicas; androginóforo distinto, curto, hipanto curto; corona com uma única série de
filamentos, flores masculinas: 4 estames, andróforo com um ovário atrofiado, flores
femininas: ovário glabro com 2(-3) estiletes e estaminódios presentes, são caracteres
que justificam seu posicionamento como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Os
resultados filogenéticos parcialmente obtidos com dados de ITS (capítulo 1) reforçam
essa posição em excluir este táxon deste subgênero. Porém, um estudo com um maior
número de regiões é necessário no sentido de posicionar claramente esta espécie dentro
do gênero, ou como um subgênero a parte ou incluso no subgênero Passiflora.
Os resultados obidos com o estudo polínico (capítulo 5), também reforçam esta
exclusão, devido ao padrão único encontrado para esta espécie, completamente diferente
dos demais, como presença de muros duplicolumelados.
186
Conclusões Gerais
Estudos filogenéticos, taxonômicos e biossistemáticos são importantes
ferramentas na identificação/delimitação de espécies, possibilitando aos pesquisadores
uma visão mais ampla da variação que ocorre entre espécies e entre populações. Os
resultados obtidos com estas ferramentas no estudo de Passiflora subgênero
Deidamioides foram:
O subgênero Deidamioides é polifilético com base nas sequências de ITS e trnLF, assim como as seções propostas para o subgênero. O subgênero apresentou-se
dividido em cinco subgrupos, estes subgrupos podem futuramente ser considerados
como subgêneros ou seções de outros subgêneros: Subgêneros Deidamioides (1 sp.),
Polyanthea (1), Tetrastylis (4), Discophora (2) e Tryphostemmatoides (3). Porém
devido à baixa representatividade das espécies para a região de trnL-F, nenhuma
decisão taxonômica foi tomada no sentido de posicionar em outros grupos.
Os resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F reforçam a inclusão de
Passiflora tetrandra como pertencente ao gênero Passiflora ou como um subgênero
próprio, e não como um gênero a parte (Tetrapathea) como sugerido por outros autores,
por apresentar além dos dados moleculares, caracteres morfológicos suficientes para
uma delimitação subgenérica.
Passiflora macdougaliana pode ser excluída da delimitação de Deidamioides,
podendo ser incluída dentro do subgênero Decaloba.
Passiflora ovalis e P. contracta são duas espécies distintas, reforçadas pelos
caracteres morfológicos, geométricos e morfométricos tradicionais, além de dados de
marcadores moleculares ISSR.
As ferramentas utilizadas para elucidar a delimitação destas espécies, apesar de
não apresentarem resultados isolados significativos, nas análises combinadas se
mostraram distintas e bem delimitadas. Os dados com ISSR foram significativos no
estudo de variabilidade intra e interpopulacional, e pode ser utilizado como mais uma
alternativa para explicar a delimitação específica em casos de estudos populacionais.
Na caracterização polínica das espécies de Passiflora subgênero Deidamioides
foram encontrados sete tipos polínicos, delimitando as espécies desse grupo em 7
subgrupos: Tipo 1: com as espécies P. arbelaezii e P. gracillima. Tipo 2: incluindo P.
ovalis, P. timboensis, P. contracta e P. igrapiunensis reforçam a colocação destas
espécies pertencentes a seção Tetrastylis em um único grupo, apesar de não ser
187
corroborado pelos dados moleculares, os dados morfológicos e de ambiente também
reforçam este posicionamento. Tipo 3, incluindo as espécie P. obovata que apesar de ser
classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapatahanthus
apresentou caracteres diferentes da outra espécie delimitada para a seção: P.
macdougaliana, que apresentou o tipo polínico 4. O tipo polínico 5, encontrado na
espécie P. tryphostemmatoides. O tipo polínico 6, agrupou duas espécies distintas
morfologicamente P. deidamioides e P. cirrhiflora. P. cirrhiflora apresentou-se isolada
das demais nos estudos com ITS e trnL-F, sendo que P. deidamioides agrupou com as
epécies do tipo polínico 2 e 3. Passiflora tetrandra apresentou um tipo polínico
exclusivo, separando-o completamente das demais espécies, reforçando sua exclusão do
subgênero Deidamioides.
Visando uma revisão taxonômica do então subgênero Deidamioides, as espécies
foram revisadas, ilustradas e mapeadas, sendo este o primeiro trabalho que apresenta
uma delimitação clara das espécies pertencentes ao subgênero sensu Feuillet &
MacDougal (2003) e sua caracterização morfológica, bem como dados de distribuição,
ecologia e fenologia.
As espécies delimitadas para o subgênero Deidamioides apresentaram
distribuição na América Central e América do Sul, encontradas em áreas de florestas,
em altitudes variando de 0-2.500 m s.n.m. Das 13 espécies estudadas, cinco são
endêmicas do Brasil: Passiflora deidamioides, P. ovalis, P. contracta, P. igrapiunensis
e P. timboensis.
Dentro das categorias propostas pela Lista de plantas ameaçadas (IUCN), oito
espécies foram consideradas como não ameaçadas (P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P.
contracta,
P.
deidamioides,
P.
gracillima,
P.
obovata,
P.
ovalis
e
P.
tryphostemmatoides), três foram consideradas como em perigo (P. discophora, P.
igrapiunensis e P. timboensis), uma como criticamente em perigo (P. macdougaliana) e
apenas uma não foi enquadrada em nenhuma das categorias da IUCN, devido à
dificuldade em examinar seus exemplares (P. pacifica).
Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas, para o subgênero
Deidamioides: Passiflora igrapiunensis e Passiflora timboensis. Estas espécies são
endêmicas da Bahia, encontradas em áreas de mata atlântica. Os ambientes onde estas
espécies foram encontradas são áreas de mata atlântica, consideradas em perigo, e que
merecem uma atenção especial no sentido de criar mais áreas de preservação.
188
Em relação à delimitação do subgênero, estudos moleculares continuarão a ser
desenvolvidos, envolvendo novas regiões de DNA, e um esforço maior será
empreendido no sentido de alcançar uma maior amostragem de espécies e de números
de indivíduos, com a finalidade de esclarecer as questões ainda existentes em relação à
filogenia deste grupo, uma vez que os resultados obtidos não foram satisfatórios para
delimitar claramente o subgênero.
189
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205
Apêndices
206
Apêndice 1. Caracteres utilizados na análise morfométrica de P. ovalis e P. contracta.
(CA= Caule; ES= estípula; FO= Folha; FC= Filamentos da corona).
Código
Caracteres
Vegetativos
1 CA - Compr. médio
2 ES - Compr. médio
3 ES - Larg. Média
4 FO - Compr. pecíolo (mm)
5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo
6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo
7 FO - Maior compr. lâmina (cm)
8 FO - Maior larg. lâmina (cm)
9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm)
10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm)
11 FO - Ângulo do ápice foliar
12 FO - Ângulo da base foliar
Inflorescência
13 Compr. Raque
14 Dist. entre os pedúnculos na raque
15 Compr. pedúnculo (cm)
16 Compr. brácteas (mm)
17 Larg. brácteas (mm)
18 Compr. bractéolas (mm)
19 Larg. bractéolas (mm)
20 Compr. pedicelo (mm)
21 Compr. sépala (mm)
22 Larg. sépala a 1/3 (mm)
23 Larg. sépala a 2/3 (mm)
24 Compr. pétala (mm)
25 Larg. pétala a 1/3 (mm)
26 Larg. pétala a 2/3 (mm)
27 FC - Compr. série externa (mm)
28 FC - Compr. série intermediária (mm)
29 FC - Compr. série interna (mm)
30 Altura opérculo (mm)
31 Altura límen (mm)
32 Compr. filete (mm)
33 Compr. antera (mm)
34 Compr. estilete (mm)
207
Apêndice 2 – Index de material examinado por coletor. Os números entre parêntesis
corresponde aos números das espécies tratadas no capítulo 5.
Acevedo-Rodriguez, P. 1297 (1), 4894 (2).
Amorim, A.M. 1195 (3), 1282 (3), 1496 (3), 1644
(3), 2191 (3), 2221 (3), 4051 (3), 7027 (12).
Angel (Daniel) 536 (13).
Araújo, D. 514 (10).
Argolo, A. 7 (3).
Asplund, E. 19605 (13).
Bautista, H.P. 1765 (3).
Belém, R.P. 3116 (3), 3540 (3).
Bernacci, L.C. 3652 (4), 4046 (10).
Betancur, J. 855 (1), 2566 (11).
Billiet, F. 6896 (13).
Blanchet 1708 (3).
Boone, W. 961 (3).
Borges, R.A.X. 685 (3).
Boudet Fernandes, H.Q. 3045 (3).
Bovini, M.G. 403 (10).
Callejas, R. 10533 (6), 11129 (6), 1695 (3), 3091
(1), 6177 (1),
Cardona, F. 3 (1).
Cardoso, D. 1643 (3), 2024 (3).
Carneiro-Torres, D.S. 189 (3).
Carvalho, A.M.de 2092 (3), 4077 (3), 5184 (3),
5967 (3), 6020 (3), 4466 (3).
Carvalho, P.D. 293 (3).
Cogollo, A. 3185 (1).
Colman, L.P. 19 (3).
Conceição, S.F. 451 (3), 472 (3).
Costa, C.B. 321 (3), 387 (3), 388 (3).
Custodio Filho, A. 2052 (4).
Dario, M. 460 (9).
Demuner, V. 359 (3), 715 (3), 892 (3), 1441 (3),
1563 (3).
DFHJJ8 (BJ 240) (5).
Dú Bocage, A.L. 62 (3).
Duarte, A.P. 3444 (10), 6680 (3), 6788 (3), 16581
(10).
Escobar, L.A. 1808 (1), 2082 (6), 3263 (11), 3652
(1), 4410 (13), 5931 (1), 6756 (1), 6845 (1), 9870
(2).
Esteves, G.L. 600 (3).
Estrada, A. 3098 (9).
Euponino, A. 110 (3).
Farias, G.L. 411 (3).
Feuillet, C. 1424 (2), 2118 (2), 734 (2).
Fiaschi, P. 251 (3), 981 (3).
Filho, E.A. 102 (10).
Folli, D.A. 2294 (3), 2373 (3), 960 (3),
Folsom, J. 10900 (11).
Fonnegra, R. 4037 (1).
Forero, E. 5702 (1).
Foster, W. 319 (4).
Fraga, C.M.de 318 (3).
França, F.1150 (3).
Frutuoso, L.C. 85 (10).
Gentry, A. 47835 (1), 53843 (1), A. 60476 (1).
Giordano, L.C. 1697 (10), 1747 (10),
Glaziou 14854 (10), 7859 (10), 8269 (10);
Granville, J.J.de 9120 (2).
Grayum, M. 8043 (1).
Guedes, M.L.S. s.n (3), 3276 (3), 3803 (3), 7752
(3), 9294 (7), 11390 (3).
Haber, W.A. 640 (9).
Hage, J.L. 426 (3), 805 (3).
Hansen, A.K. 152 (3), 181 (4), 221 (4).222 (2), 249
(3), 263 (1).
Harley, R.M. 18026 (3), 18398 (3), 22078 (3).
Hatschbach, G. 63172 (3), 69197 (3), 75071 (3).
Hazen, T.E. 11826 (13),
Hoehne, F.C. 200 (10), 4692 (4), 17373 (10).
Holm-Nielsen, L. 27038 (1).
Jardim, J.G. 481 (3).
Juncosa, A. 2126 (1).
Kallunki, J. 486 (3).
Kapan, D.D. 42 (5).
Killip, E.P. 10164 (13), 33702 (13), 5561 (13),
6154 (13), 7962 (13),
s.n. (13), s.n., (2),
Knapp, S. 5278 (8), 867 (9), 871 (9).
Knowles, O.H. 1665 (2).
Kollmann, L. 1262 (3), 1303 (3), 2155 (3), 2197
(3), 4936 (3), 4963 (3), 5100 (3), 651 (3).
Konno, T. 199 (10), 273 (10).
Kunkel, I. 65 (9), 376 (9), 494 (9), 495 (9), 615 (9).
Landim, M. 872 (3).
Lehmann 5662 (13), 5915 (13), 5662 (13), 8515
(13).
Lima, D.A. 52 (3), 80 (3).
Lira, O.C. 68 (3).
Lyra-Lemos, R.P s.n. (3), 4114 (3), 4703 (3).
Maas, P.J.M. 7008 (3).
MacDougal, J.M. 3878 (1), 3987 (1), 4148 (1).
Macedo, G.E.L. 1778 (3).
Marquete, R. , 3080 (4), 172 (10).
Martinelli, G. 4179 (3), 4989 (3), 9634 (3).
Mattos, J. 25776 (3).
Mattos-Silva, L.A. 571 (3).
McDowell, T. 4061 (2).
McPherson, G. 13074 (6).
Melo, E. 1262 (3).
Milward, M. 64 (3),.
Miranda Bastos s.n (2), 34 (2).
Miranda, E.B. 400 (3).
Moreno, P.P. 13229 (1).
Mori, S.A. 10378 (3), 11442 (3).
Mutis 2856 (13).
Noblick, L.R. 2390 (3).
Nunes, T.S. 745 (3), 799 (3), 810 (3), 1279 (3),
1307 (3), 1308 (3). 1348 (3), 1405 (3), 1717 (3),
1720 (3), 1775 (10), 1776 (10), 1831 (10), 1837
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(6), 9393 (6).
Pinheiro, R.S. 1827 (3), 2047 (3).
Pirani, J.R. 4702 (3).
Pires, J.M. 4803 (2).
Pittier 738 (13).
Polak, M. 215 (2).
Riedel 720 (10).
Robles, R. 1317 (6).
Rocha, E.A. 701 (3).
Roldán, F.J. 132 (1).
Rosa, N.A. 3964 (4).
Salino, A. 4492 (3).
209
Sánchez, D. 1162 (1).
Sant'Ana, S.C.de 265 (3), 57 (3).
Santos, T.S.dos 709 (3), 1022 (3), 3662 (3).
Sazima, M. s.n (IAC 37.955) (10).
Schipp, W.A. 713 (9).
Silverstone-Sopkin, P. 907 (13), 4906 (1).
Sneidern, von 985 (13).
Solano, J. 174 (1).
Souza, A.F. 015 (3).
Stapf, M.N.S. 441 (3).
Stein, B.A. 3262 (1).
Stevens, W.D. 25102 (1).
Sucre, D. 10068 (10).
Sugiyama, M. 593 (4).
Thomas, W.W. 9222 (3); 9770 (3), 10025 (3), 10103
(3), 11402 (3), 11484 (3), 11984 (3), 12444 (3).
Tirado, M. 258 (5).
Tsuji, R. 1231 (3).
van den Berg, C. 1055 (3).
Vervloet, R.R. 585 (3).
Vimercatt, J.M. 342 (3).
Zarucchi, J.L. 7149 (6).
PRODUÇÃO CIENTIFICA NO PERÍODO:
Artigos Publicados:
NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P. Uma nova espécie de Passiflora L. (Passifloraceae) para o
Brasil. Acta Botanica Brasilica. , v.21, p.499 - 502, 2007.
NUNES, T. S., COSTA, J. A. S., MACHADO, M., SOUZA, E. R., SATIRO, L. N.,
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aloenzimáticos e análise multivariada morfométrica.. Sitientibus. , v.6, p.110 - 118,
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NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P. Flora da Bahia: Passifloraceae. Sitientibus. Revista da
Universidade Estadual de Feira de Santana. , v.6, p.194 - 226, 2006.
Capítulos de Livros Publicados:
NUNES, T. S., CERVI, A. C. Passifloraceae In: Checlist das espécies do Nordeste ed. Recife:
Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.1
NUNES, T. S. Passifloraceae A.L.Jussieu In: Diversidade e Caracterização das Fanerógamas
do Semi-árido Brasileiro ed.Recife : Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.1, p. 284284.
SANT’ANA, A.E.G., CARVALHO, J.M., SILVA, S.A.S., UCHOA, V.T., NUNES, T. S.,
SOARES, M.B.P., COSTA, J.F.O., SANTOS, R.R. Passifloraceae A.L.Jussieu In:
Plantas da Caatinga: Perfil Botânico, Fitoquímica e Atividade Biológica ed.Recife :
Associação Plantas do Nordeste, 2006, v.4, p. 389-392.
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ed.Londres : Earthscan, 2006, v.1, p. 215-234.
Artigos submetidos:
NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P. Duas novas espécies de Passiflora L. subgênero
Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) da Bahia, Brasil. Submetido a Acta
Botânica Brasílica. Novembro 2008.
Artigos em preparação:
NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P. Filogenia Molecular de Passiflora subgênero Deidamioides
(Passifloraceae) baseado em sequências das regiões de ITS e trnL-F
NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P.; VAN DEN BERG, C. Estudos morfométricos no complexo
Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae).
NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P.; VAN DEN BERG, C. Uso dos marcadores moleculares ISSR
(Inter Simple Sequence Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex
M.Roemer (Passifloraceae)
NUNES, T.S.; ARAÚJO, R.C.M.dos S.; SANTOS, F.A.R.; QUEIROZ, L.P. Morfologia polínica
de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações
taxonômicas
Resumos em Congresso:
NUNES, T. S. Checklist da família Passifloraceae A.L.Jussieu ex Kunth no Herbário da
Universidade Estadual de Feira de Santana – HUEFS. In: 57 Congresso Nacional de
Botânica, 2006, Gramado. 57o. Congresso Nacional de Botânica. São Paulo:
Sociedade Brasileira de Botânica, 2006.
DUTRA, C.G., ZAMBERLLAN, P., LORENZ-LEMKE, A., NUNES, T. S., QUEIROZ, L.
P., CERVI, A. C., BONATTO, S.L., SALZANO, F. M., B.FREITAS, L. Estrutura
populacional em Passiflora ovalis Vell: ex Roemer (Passifloraceae) determinada através
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BRASIL, 2004. v.1.
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Paulo: Sociedade Botânica do Brasil, 2004. v.1.
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geográfica das espéices de Leguminosae do Semi-árido Nordestino In: 55o. Congresso
Nacional de Botânica, 2004, Viçosa. 55o. Congresso Nacional de Botânica. São
Paulo: Sociedade Botânica do Brasil, 2004. v.1.
NUNES, T. S., GOMES, R. V. B., QUEIROZ, L. P. O banco de dados de amostras do
Instituto do Milênio do Semi-Árido In: 55o. Congresso Nacional de Botânica, 2004,
Viçosa. 55o. Congresso Nacional de Botânica. São Paulo: Sociedade Botânica do
Brasil, 2004. v.1.
Softwares com registro ou patente
NUNES, T. S., ZAPPI, D. C., MIRANDA, E. B., NICLUGHADHA, E., MACHADO, M.,
CESAR, E. A., JUCHUM, F., LEWIS, G. P., HIND, N., MAYO, S. Repatriamento de
Dados do Herbário de Kew para o Nordeste do Brasil, 2006
Palestras ministradas:
NUNES, T. S. Princípios de Sistemática Filogenética, 2007. (Aperfeiçoamento, Curso de
curta duração ministrado)
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NUNES, T. S.Mini-curso Manejo de Herbário, 2006. (Aperfeiçoamento, Curso de curta
duração ministrado)
Participação em eventos
- Conferencista no(a) V Semana de Biologia, 2007. (Encontro) Manejo de Herbário.
- Conferencista no(a) I Encontro de Biologia, 2007. (Encontro) Sistemática e Filogenia de
Malpighiales.
213
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