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PLANO DE AÇÃO DA BACIA CULTURAL DO ARARIPE PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL Crato e Brasília, dezembro de 2005 BACIA CULTURAL DO ARARIPE (CARIRI, ARARIPE E ALTO SERTÃO) AÇÃO CULTURAL PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL MINISTÉRIO DA CULTURA MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SEBRAE SESC UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva Governador do Estado do Ceará Lúcio Gonçalo de Alcântara Governador do Estado da Paraíba Cássio Cunha Lima Governador do Estado de Pernambuco Jarbas de Andrade Vasconcelos Governador do Estado do Piauí José Wellington Barroso de Araújo Dias Ministro de Estado da Cultura Gilberto Passos Gil Moreira Ministro de Estado da Integração Nacional Ciro Ferreira Gomes Secretária da Cultura do Estado do Ceará Cláudia Sousa Leitão Subsecretária de Cultura do Estado da Paraíba Cida Lobo Presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE Bruno de Moraes Lisboa Presidente da Fundação Cultural do Estado do Piauí – FUNDAC Sônia Maria Dias Mendes Reitor da Universidade Regional do Cariri - URCA André Herzog Cardoso Presidente do Banco do Nordeste do Brasil S.A. Roberto Smith Presidente do SEBRAE Paulo Okamotto Superintendente do SEBRAE-CE Alci Porto Gurgel Júnior Superintendente do SEBRAE-PB Carlos Alberto Batinga Chaves Superintendente do SEBRAE-PE Murilo Roberto de Moraes Guerra Superintendente do SEBRAE-PI José Jesus Trabulo de Sousa Júnior Presidente da FECOMERCIO-CE Luiz Gastão Bittencourt da Silva Diretor do SESC-CE Paulo César Queiroz EQUIPE TÉCNICA FREDERICO LUSTOSA DA COSTA (Coordenador Geral) JOSÉ VERGOLINO SUELI LOURO GRUPO TÉCNICO DE APOIO OCTÁVIO PIERRANTI MARIA GABRIELA MORENO LUCIANA SUCUPIRA LÍLIAN LUSTOSA ANA CAROLINA PERES SUMÁRIO APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO Capítulo 1 - PANORAMA SÓCIO-ECONÔMICO DA BACIA CULTURAL DO ARARIPE Capítulo 2 – SUBSÍDIOS PARA O MAPEAMENTO CULTURAL DA BACIA DO ARARIPE Capítulo 4 - CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA PARA A AÇÃO CULTURAL NA BACIA DO ARARIPE Capítulo 4 - PROGRAMAS ESTRUTURANTES a) b) c) d) e) f) g) Programa de Infra-estrutura Cultural Programa de Fomento à Ação Cultural Programa de Memória e Patrimônio Programa de Capacitação Programa de Educação para a Cultura Programa de Circulação, Intercâmbio e Difusão Cultural Programa de Apoio à Gestão Cultural Capítulo 5 – MODELO DE GESTÃO ANEXO I – QUADRO-SÍNTESE DOS INVESTIMENTOS ANEXO II – CALENDÁRIO DE EVENTOS Lugares diferentes na face da terra possuem eflúvios vitais diferentes, uma vibração diferente, uma exalação química diferente, uma polaridade diferente com estrelas diferentes: chame do que quiser. Mas o espírito do lugar é uma grande realidade. D. H. Lawrence Nós não herdamos a Terra de nossos pais; nós apenas a tomamos emprestada de nossos filhos. Provérbio africano Cultura e Desenvolvimento Regional: o exemplo da Bacia Cultural do Araripe A conferência Geral da UNESCO, logo após o dramático atentado do 11 de setembro de 2001, virá formatar a “Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural”. Este documento ratifica o esforço dos países na construção de um dialogo intercultural, capaz de contribuir para uma cultura de paz entre os povos, considerando a diversidade cultural, um patrimônio comum da humanidade. Identidade, diversidade, criatividade, solidariedade são as palavras chaves destes novos tempos, palavras presentes nos discursos internacionais, nacionais e locais, em contextos políticos, educativos, econômicos, jurídicos ou sociais. Ao mesmo tempo, agências de desenvolvimento, tais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) passam a priorizar o financiamento de projetos, a partir da capacidade de mobilização do capital social e da dinâmica cultural específicos às populações as quais estes projetos se aplicam. Ao se levar em conta a diversidade cultural, abole-se a concepção hierárquica do desenvolvimento, dando-se voz a populações que até então não constituíam parte integrante deste “capital social”. Vale aqui conceituar capital social a partir da visão de Pierre Bourdieu, ou seja, “um atributo individual e coletivo de distinção e, com isso, de domínio dos membros das categorias privilegiadas”. O capital social, segundo o sociólogo francês se apóia no capital econômico (na segurança material), no capital cultural (no manejo do idioma) e no capital social (na constituição de relações). Estes capitais convertem-se, por sua vez, em um capital simbólico, instrumento maior da garantia de sobrevivência dos discursos dominantes. A primeira grande vinculação entre cultura e desenvolvimento propõe uma espécie de doutrina de predestinação de determinadas sociedades à pobreza ou à riqueza a partir de determinantes ditas culturais. A partir dos anos 80, afirma Guy Hermet, “começam a se produzir dois tipos de inversão dos sentimentos, não menos discutíveis, embora de sentido exatamente oposto: uma delas é fruto do fracasso da ajuda à África e a outra da popularidade que adquiriu, por compensação, a ação humanitária. De repente, graças a amálgamas abusivos sugeridos pelo primeiro desses fatores, tanto os programas de macrodesenvolvimento adotaram a aparência de ilusões onerosas e, às vezes, nefastas, alimentadas pela nostalgia colonialista das grandes potências ou pela inesgotável mas ingênua caridade de organizações vinculadas, em particular, às Igrejas... As organizações humanitárias difundiram a idéia de que os países pobres não tinham a possibilidade de sair de sua indigência a não ser por seus próprios esforços, com um mínimo possível de intromissão exterior, tendo em conta suas especificidades culturais”. Em 1999, em Paris, o Fórum “Desenvolvimento e Cultura”, organizado pelo BID, vai trazer novos significados a estas duas expressões. A cultura passa a ser percebida como uma matriz dinâmica das formas de ser, estar, se relacionar e perceber o mundo. Neste caso, como seria possível imaginar que os atores do desenvolvimento poderiam desinteressar-se por esta matriz ou mesmo negá-la? Deste modo, desenvolver não significa nada se compreendermos ou associarmos esta palavra a meras construções voltadas à infra-estrutura das comunidades (saneamento, estradas etc). Urge se pensar nas reações e intervenções das pessoas atingidas por estes benefícios. O desenvolvimento não se resume, portanto, ao desenvolvimento econômico, embora o crescimento e a distribuição menos desigual da riqueza material sejam decisivos para a qualidade de vida dos indivíduos. Queremos, portanto, repensar os modelos de desenvolvimento definidos ou praticados em países com grandes desigualdades. A desigualdade suscita desconfiança, assim como é produtora de uma lógica de distanciamento entre grupos e estratos sociais. E nós, habitantes de países em desenvolvimento, podemos nos perguntar: como reaver o capital social de comunidades excluídas, de ex-colônias submetidas à domesticação de suas culturas, com baixas autoestima e capacidade de mobilização? Estas perguntas referem-se não somente a continentes desiguais como a América Latina ou a África, mas dizem respeito a todo planeta. Nós, secretários de cultura do Nordeste, particularmente, dos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Paraíba, assumimos o desafio de refletir sobre estas indagações propondo um novo olhar sobre o desenvolvimento regional. Os importantes resultados obtidos neste documento são frutos da parceria com os Ministérios da Cultura e da Integração, o Sebrae, o Sesc, a Secretaria do Desenvolvimento Local e Regional do Ceará, a Universidade Estadual do Cariri e o Banco do Nordeste. A eles a nossa gratidão e a certeza de que, neste terreno fértil, muito ainda será plantado e colhido. Sabemos que os questionamentos são muitos e as respostas ainda insatisfatórias. A nossa desigualdade avassaladora, a histórica ausência de políticas públicas para o setor cultural neste país, motiva-nos a repensar os papéis dos gestores públicos na construção de um novo modelo de desenvolvimento que leve em conta a nossa riqueza e diversidade cultural. E mais, que leve em consideração nossa criatividade como fator estratégico de desenvolvimento local e regional, desenvolvimento como alavanca para a dignidade, cidadania, autoestima e respeito à diversidade. O desafio esta posto. Mãos à obra! Cláudia Leitão APRESENTAÇÃO Quando a Secretária da Cultura do Ceará me trouxe a idéia de formar uma ação conjunta com os governos dos estados da Paraíba, Pernambuco e Piauí para promover o intercâmbio cultural e fomentar o desenvolvimento regional no território que se encontra na confluência de nossas fronteiras, desde logo emprestei meu apoio e entusiasmo a essa iniciativa. Acreditava – e acredito – no diálogo propiciador de trocas culturais relevantes, a partir da discussão de alternativas de política cultural e do exame de oportunidades de parceria e intercâmbio. Queria contribuir para estimular o encontro das culturas regionais para fomentar ainda mais a diversidade criativa característica da região e tirar algum proveito de nossas potencialidades e complementaridades econômicas. Esta experiência, entretanto, foi muito além das nossas melhores expectativas. Contávamos realizar um grande evento de caráter regional que favorecesse o conhecimento mútuo, o reconhecimento de nossas afinidades e o intercâmbio de experiências. O I Encontro das Culturas do Cariri, Araripe e Alto Sertão Paraibano, realizado nos dias 16 e 17 de junho de 2005, foi um sucesso. Mais de 500 artistas, intelectuais, criadores, produtores, empresários e autoridades municipais foram mobililzados e se renderam a Juazeiro do Norte para levar suas manifestações, discutir seus problemas e apresentar suas idéias. Propúnhamo-nos a fazer um exercício de integração e planejamento estratégico. Produziu-se um diagnóstico sócio-cultural e uma vigorosa oficina de trabalho com lideranças de quatro estados que ratificou os problemas identificados, definiu um propósito mobilizador, objetivos e programas estruturantes. Formulou-se enfim um Plano de Ação Cultural para a região, onde estão identificadas as oportunidades, configurada uma estratégia e bem definidas as linhas de ação a serem empreendidas no próximo quadriênio. Mais importante que tudo isso, realizamos uma operação de troca simbólica para superar uma situação de indiferença mútua, ignorância e apatia. A partir da noção de “bacia cultural”, afirmamos a identidade regional do grande Araripe, dando-lhe substância cultural, força política e relevância econômica. Demos um grande passo no sentido da integração de programas e ações dos governos federal, estaduais e municipais. Demos um exemplo da unidade e da cooperação que animam o espírito federativo. Provamos que a cultura importa. Este plano contribui para superarmos os inúmeros preconceitos que ainda definem a natureza das relações entre cultura e desenvolvimento. Durante a maior parte do século XX, e mesmo muito recentemente, muitos economistas, sociólogos e até mesmo antropólogos assinalaram a existência de obstáculos culturais ao desenvolvimento, insinuando que existem, entre os países subdesenvolvidos, vocações atávicas para o atraso e a estagnação, somente superável através da assimilação dos valores da modernidade ocidental. Tratavase de tentar imitar e seguir a trajetória de crescimento das economias centrais. De fato, existem fatores culturais e socioculturais que influenciam o desenvolvimento. E, no sentido inverso, pode-se dizer que o desenvolvimento econômico tem um impacto muito relevante sobre a cultura. Mas cumpre reconhecer também que o grande obstáculo ao crescimento econômico é justamente a falta de consideração pela cultura local como elemento balizador de um projeto de desenvolvimento. A cultura é um valor em si mesmo. Situando-nos no mundo, referenciandonos a um grupo, constituindo laços sociais, a cultura é fonte de felicidade. Como tal ela contribui para afirmar nossas identidades, manter nosso orgulho de ser o que somos, unir esforços, ativar projetos coletivos e gerar oportunidades. E o desenvolvimento não é uma via de mão única. São variados os caminhos que permitem aglutinar o meio físico, as tradições locais e as instituições do mercado em torno de uma via particular para o crescimento, como nos mostram os exemplos dos tigres e dragões asiáticos. Estão de parabéns os secretários de Cultura dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Também merecem reconhecimento os ministérios da Cultura e da Integração Nacional e os dirigentes Sebrae, do Banco do Nordeste, da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Fecomércio-CE. Congratulo-me com as gentes do Cariri cearense, do Araripe pernambucano, do Araripe piauiense e do Alto Sertão Paraibano, que agora, mais do que nunca, se reconhecem como os povos da Bacia Cultural do Araripe. Quaisquer que sejam as escolhas político-eleitorais que façam os cearenses, paraibanos, pernambucanos e piauienses, não vamos nos dispersar e perder a chance de colocar em prática tantas idéias inovadores e projetos promissores. Mãos à obra! E que nos abençoe o Padre Cícero Romão Batista, o santo homem que inventou a Bacia Cultural do Araripe. Juazeiro do Norte, 1º de maio de 2006-06-01 Lúcio Alcântara APRESENTAÇÃO “Bacia Cultural do Araripe para o Desenvolvimento Regional” A sociedade apurou sua forma de intervir no Estado. Os grupos de pressão e indivíduos começaram a perceber que o poder da revolução começa no cotidiano. Neste aspecto, a cultura assume papel estrutural enquanto atitude transformadora e enquanto poder de mobilização. O reconhecimento do salto qualitativo que a sociedade deu nas últimas décadas tem se manifestado principalmente na cultura. Somos testemunhas de manifestações, em todo o território nacional, dessa revolução da pessoa que muda seu meio enquanto se transforma pelo ato e pelo fato de afirmar sua história pessoal na memória coletiva. A sociedade brasileira cresce na proporção direta da afirmação democrática. O conceito mais formal da cidadania que dá direito ao voto e de ser votado assume hoje um grau de sofisticação participativa que passa pela estética. Se a cidadania é o direito a ter direitos, a percepção dos deveres amplia-se quando se expande a consciência de si, de sua cultura, de sua capacidade de contar a própria história e de sua identificação com sua gente, seu lugar, seus hábitos e memória. A riqueza maior da implantação do “Programa Bacia Cultural do Araripe para o Desenvolvimento Regional” está na identificação e na interação dessas expressões, manifestações e linguagens propulsoras da cidadania que enraízam a alma nordestina. Pela Cultura, essas criações mostram sua força de resistência e de inovação. Mostram que desenvolvimento não é feito só de cifras, mas de humanidade. Esse programa assume a iniciativa promissora de articular cultura, meio ambiente e estratégias de desenvolvimento local. Essa articulação vai além do discurso para configurar-se como planejamento e ações integradas do Estado, em seus diferentes níveis de governo, da iniciativa privada e das organizações comunitárias na área cultural dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. A Bacia Cultural do Araripe funda-se sobre a concepção de território e da teia da vida que ali se manifesta. A metáfora do rio e sua rede de afluentes orienta e dá forma ao fluxo cultural da região, nutrido por fontes culturais diversas que se fundem e se desdobram numa rede relacional. A bacia cultural traz, no mesmo fluxo, diversas nascentes, rios e correntes, únicos em sua diversidade. Dessa confluência, criam-se novos canais, novas vias e veias culturais. O mesmo rio que irriga o solo sertanejo irriga a imaginação do povo do sertão. A bacia semântica da qual nos fala Gilbert Durand funda-se sobre a mesma base simbólica dos vales e nascentes do nosso imaginário criativo. No curso do rio se entrelaçam a teia da vida e a teia da cultura. O sagrado dever do rio é fluir seguindo os declives do vale, as frestas das rochas e as sinuosidades do corpo da terra. Atravessa municípios, estados e países sem fazer conta das divisas e fronteiras estabelecidas pelo homem. Eis que a bacia hidrográfica torna-se idéia força para a bacia semântica que o programa “Bacia cultural do Araripe para o desenvolvimento regional” pretende inaugurar. Os fazeres e saberes locais terão espaço para falar e, do outro lado, alguém, mais precisamente, representantes do poder público, dispostos a escutar. Quando começamos a falar, uma nuvem de rios impetuosos inunda a boca árida (Tristan Tzara), podemos, igualmente, esperar que essa rede de trocas fecundas possa dar água na boca em tantos outros de vários cantos do país. Como a água é a mãe de todas as misturas – e elemento fundamental dos processos criativos no mundo da natureza – podemos confiar que ela também irá fecundar esse diálogo, que hoje começa a germinar. Esperamos que esse grande fluxo cultural possa irrigar e semear outros projetos como este em outras bacias do país. Louvamos a iniciativa cuidadosamente concebida por nossa grande parceira, a Secretária de Cultura do Estado do Ceará, Cláudia Leitão. Trata-se da cidadania da cultura como esteio da sociedade emuladora de um Estado geralmente atrasado no atendimento, pesado nas suas juntas administrativas e, às vezes, até mesmo retrógrado para perceber o sopro do avanço. Há milhões de anos, na Chapada do Araripe, o mar virou sertão. Hoje, com a bacia cultural criada, o sertão de lá retoma a sua generosidade de mar. O sertão vai virar mar, um mar de imaginários, de atitudes e de cultura. Que venham todas as bênçãos para a terra abençoada por Padre Cícero e Luiz Gonzaga, pela luz e inspiração nordestina. Bons frutos e bons fluxos à Bacia Cultural do Araripe! Gilberto Passos Gil Moreira Ministro de Estado da Cultura INTRODUÇÃO Este plano nasceu da rara conjunção de circunstâncias políticas, sociais e culturais favoráveis, de um amplo acordo de vontades entre atores posicionados em diferentes instâncias governamentais e não-governamentais e da persistência de muitos militantes das causas do desenvolvimento sustentável, da valorização das culturas e da governança regional. Ele parte da premissa de que a cultura é um fator primordial no processo de desenvolvimento local e regional sustentável, pois contribui para despertar o sentido de pertença e aumentar a auto-estima da população; acumular capital social; assegurar o comprometimento das pessoas com projetos de desenvolvimento da região, e; gerar oportunidades de emprego e renda na indústria criativa. Hoje, existe um consenso, pouco a pouco construído no fórum da UNESCO, de que países com grande diversidade cultural, como o Brasil, podem encontrar seu diferencial competitivo na chamada indústria criativa. Assim, a transformação da sociedade brasileira pode ser propiciada, em grande medida, por intermédio da cultura, em virtude do potencial transformador da diversidade cultural. O próprio desenvolvimento social se dá pela valorização das pessoas, pelo respeito às suas práticas culturais e diferenças e pelo acesso ao conhecimento. A cultura aqui é entendida em sentido amplo, contemplando ”toda herança não biológica que faz a diferença entre os povos, vale dizer, os diversos processos de designação e simbolização (linguagens), as inúmeras maneiras de lidar com a morte, o desconhecido e o imaginado (religiões e artes), as formas singulares de se relacionar com a natureza (tecnologias), as maneiras particulares de regular as relações sociais (instituições), inclusive a produção e distribuição de bens (economia) e as diferenciadas formas de sociabilidade gratuita (festas, jogos e brincadeiras)” (LUSTOSA DA COSTA :2005). Já o desenvolvimento sustentável contempla a promoção humana nos aspectos econômico, social, político, ambiental e cultural. Para além do aumento da renda dos indivíduos e da melhoria das condições sociais, o desenvolvimento sustentável amplia os espaços de sociabilidade e participação, reconhece e valoriza a dimensão simbólica da existência e preserva para as gerações futuras o meio físico e o patrimônio material e imaterial. Desenvolvimento é, na feliz expressão de Amartya Sen (2000), “o aumento da capacidade de os indivíduos fazerem escolhas”, quer dizer, mais liberdade individual para uma melhor qualidade de vida. Liberdade com sentido positivo que vai muito além da ausência de restrições. É a possibilidade física, material e intelectual de ir e vir, sonhar, imaginar, fazer, deixar de fazer e viver. É a conquista de capacidades, qualificações e prerrogativas para o movimento, a troca, o prazer e a valorização simbólica da existência. A noção de desenvolvimento regional implica que as regiões possam ser tomadas como espaços integrados a estados, macrorregiões, países e ao próprio mundo globalizado, interagindo dinamicamente com todos esses ambientes e mercados. Apoiados nessas premissas, diversos organismos do governo federal e dos governos dos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí se comprometeram com a idéia de que valorização das culturas regionais contribui para o desenvolvimento econômico e social. Valorizar a cultura regional significa desenvolver ações culturais identificadas com as vocações e potencialidades regionais, o que requer a criação de instâncias de compartilhamento de idéias, formulação de planos, execução e monitoramento de ações. Considerado de diferentes pontos de vista, o Cariri, a Chapada do Araripe e o Alto Sertão paraibano constituem uma região geográfica bem definida, com características geográficas comuns, identidade cultural própria, sentido de pertença e vocações econômicas complementares. Trata-se de um espaço interestadual de relativa homogeneidade edafoclimática, com solos profundos e bem drenados, relativamente férteis, apropriados a diferentes culturas agrícolas, segundo os micro-climas que se situam na suave transição entre os vales úmidos e o semi-árido. Indiscutível pólo comercial, alimentado pela diversidade da produção regional, a intensidade das trocas internas, a eqüidistância entre as principais capitais do Nordeste e as grandes romarias, a região se industrializa rapidamente, mas ainda apresenta potencial significativo na extração mineral (calcário e gesso), na agricultura (mandioca, cana-de-açúcar e culturas de subsistência) e na pecuária (sobretudo na apicultura e na caprinocultura). Ali também se encontra um enorme potencial turístico - alicerçado na qualidade do clima, no artesanato, na religiosidade, na culinária e nas festas e folguedos populares - praticamente inexplorado. Do ponto de vista institucional, para diversos organismos federais, grande parte dessa área – o território da bacia sedimentar do Araripe - constitui um espaço de intervenção diferenciado, de caráter supra-estadual, podendo se apresentar como mesorregião (Ministério da Integração Nacional), área de proteção ambiental (Ministério do Meio Ambiente), zona de programação comum e/ou complementar (SEBRAE) ou pólo de desenvolvimento integrado (Banco do Nordeste). A noção de bacia inclui obrigatoriamente, elementos de natureza tanto geográfico-ambiental, quanto sócio-econômica, já que cultura, sociedade e meio ambiente são componentes da realidade absolutamente inseparáveis. Daí porque, na definição de uma bacia cultural podem estar presentes elementos relacionados a processos migratórios, trocas de produtos e serviços, relações ambientais e ecológicas, e um conjunto de características outras, que dão respaldo a um possível sentimento de pertença e identidade dentro da diversidade regional. Assim, a bacia cultural pode ser definida como um território que se configura em torno de um mesmo fluxo cultural, nutrido por fontes culturais diversas, que se fundem e se desdobram numa rede relacional de influências e confluências, para formar, em sua diferença e a partir de um imaginário compartilhado, um espaço original (BARROSO: 2006). Considerando os diversos aspectos das relações entre cultura e desenvolvimento, afigura-se que o planejamento e a ação integrados do Estado em seus diferentes níveis de governo, da iniciativa privada e das organizações comunitárias na área cultural, pode ser uma poderosa alavanca para o desenvolvimento regional. Entretanto, a ação governamental na região, como de resto em outras regiões do país, carece de maior integração em todos os níveis – entre as esferas de governo, dentro das esferas de governo e entre o governo e a sociedade. Dadas essas premissas e constatações, parece óbvio que essa região merece uma ação conjunta dos governos dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí e do próprio governo federal no sentido de explorar as potencialidades regionais, sobretudo no campo da cultura. Foi essa conjunção de fatores que suscitou entre os secretários de cultura desses quatro estados a idéia de elaborar este plano e realizar o I Encontro das Culturas do Cariri e Araripe para o Desenvolvimento Regional, como uma primeira oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre a região como um todo e as particularidades das sub-regiões de cada estado, discutir a sua vocação cultural e as potencialidades de geração de renda nas artes, no artesanato, no turismo e nas manifestações culturais, em geral, lançando as bases do planejamento e ação conjuntas. Há muito tempo, essa região vinha exigindo uma ação conjunta dos diversos níveis de governo e esse Encontro representou uma resposta a tal exigência. A elaboração do Plano obedeceu a uma metodologia de trabalho em etapas, eminentemente participativa, que associava o levantamento e sistematização de dados, o uso os conceitos e instrumentos de planejamento estratégico e desenho de projetos, técnicas de moderação de grupos e visualização compreensiva e simultânea. Etapa 1 – Sistematização de dados sócio-econômicos e culturais, em nível regional, a partir de levantamentos em bases de dados oficiais, sendo apresentados como resultados: Identificação e caracterização de vocações econômicas e potencialidades de investimento e geração de renda nas áreas de cultura, artesanato e turismo; e Síntese do conceito e das principais idéias-força que devem orientar a definição de macro-estratégias de ação cultural e desenvolvimento regional. Etapa 2 – Oficinas preparatórias nos quatro estados envolvidos, realizadas em paralelo, para identificação de problemas e objetivos estratégicos de cada sub-região, assegurando aos participantes: Informação; Sensibilização; Mobilização; Identificação de problemas; Apresentação dos questionários. Etapa 3 – Definição da estratégia global de ação cultural para o desenvolvimento da Mesorregião do Cariri, Araripe e Alto Sertão, a partir do mapeamento de suas vocações econômicas específicas, de suas complementaridades, dos cenários que se lhes descortinam, de suas bases logísticas e da inserção de seus bens e serviços culturais nos mercados regional, nacional e mundial. Etapa 4 – Realização do I Encontro das Culturas do Cariri, Araripe e Alto Sertão para o Desenvolvimento Regional, com o propósito de afirmar politicamente a identidade regional, favorecer o conhecimento mútuo entre os agentes culturais e estimular a integração de ações. Etapa 5 – Realização da Oficina de Planejamento Estratégico destinada a consolidar os achados das oficinas preparatórias, reconhecer os problemas e validar os objetivos, e estabelecer o diretório de programas estruturantes que constituem a espinha dorsal do Plano. Validação do quadro geral de problemas; Definição do propósito mobilizador; Construção da visão de futuro; Estabelecimento de objetivos; Definição de problemas estruturantes. Etapa 6 – Elaboração do Plano Estratégico de Ação Cultural para o Desenvolvimento Regional do Cariri, Araripe e Alto Sertão. Como produtos complementares dessa etapa de trabalho serão apresentados os seguintes produtos: Matriz das cadeias produtivas da Cultura – subsídios para o mapeamento; Calendário de eventos regionais. Obedecendo a essa metodologia, o plano que se segue está estruturado em cinco partes, saber: Panorama sócio-econômico da Bacia Cultural do Araripe; Subsídios para o mapeamento cultural da Bacia Cultural do Araripe; Concepção estratégica para a ação cultural concertada; Programas estruturantes; Modelo de gestão. Como anexos, o plano traz quadro geral de investimentos e um levantamento de dados para a elaboração de um calendário de eventos para a Bacia Cultural do Araripe. I. PANORAMA SÓCIO-ECONÔMICO DA BACIA CULTURAL DO ARARIPE A área da Bacia Cultural do Araripe engloba um conjunto de municípios de quatro estados da federação, localizadas no centro geográfico da região Nordeste do Brasil, onde convivem dois ecossistemas regionais que às vezes se diferenciam marcadamente e às vezes se confundem. a) Um grupo de municípios está localizado na região conhecida como Cariri ou Cariris Novos, situada nos contrafortes da serra do Araripe, no estado do Ceará. Essa micro-região goza de uma situação privilegiada por apresentar um clima diferenciado, caracterizado por temperaturas amenas, contando ainda com uma boa disponibilidade de água. Sua área geográfica está inserida num ecossistema mais abrangente que é o da Caatinga. b) Um segundo grupo formado por municípios localizados nos estados do Piauí, Pernambuco e Paraíba que, embora contíguos à região do Cariri cearense, apresentam um ecossistema que contrasta com o primeiro - o clima é quente e seco, a vegetação é rala e típica da caatinga nordestina, onde dominam as cactáceas e bromeliáceas. Trata-se, portanto, de uma região caracterizada por um regime de chuvas irregular, de curta duração que impede o desenvolvimento, de forma permanente, de atividades agrícolas de ciclo curto. Em síntese, a região aqui denominada Bacia Cultural do Araripe engloba, de um lado, um conjunto de municípios dos vales úmidos, com abundância de mananciais de água, regime de chuvas estável e do solo fértil, e, de outro, um outro conjunto de municípios do semi-árido, sujeito a estiagens prolongadas, com escassez relativa de água, onde ainda predomina a agricultura de subsistência e a pecuária extensiva tradicional. A melhor tradição antropológica, nuançada por todas as vagas relativistas, afirma que características sócio-físicas diferenciadas são capazes de moldar padrões culturais próprios a diferentes regiões. Os indícios históricos disponíveis sugerem que a geografia teve um papel relevante na formação das culturas regionais. Aliado a outros fatores presentes na forma de ocupação do território, o meio físico será extremamente relevante para o nascimento de uma cultura peculiar que se distingue, mas também se assemelha a outras formações culturais do nordeste brasileiro. A ESTRUTURA ECONÔMICA E SOCIAL DO TERRITÓRIO O Cariri Cearense A ÁREA EM ESTUDO COMPREENDE DOIS SUBSISTEMAS GEOGRÁFICOS PERFEITAMENTE DEFINIDOS: O subsistema da região do Cariri Cearense, com bastante água e uma rica cobertura paisagística O Araripe pernambucano e piauiense e o Sertão paraibano, caracterizados pela escassez de água e pela cobertura vegetal Cariri cearense O início da colonização do Cariri remonta ao século XVII pela ação dos exploradores baianos que faziam entradas a serviço da Casa da Torre. Posteriormente, já no começo do século XVIII, como grande parte do território cearense, o território do Cariri deveu sua ocupação à concessão de sesmarias a portugueses e seus descendentes, já estabelecidos em outras áreas do Nordeste brasileiro. Somente por volta de 1750 é instalado o primeiro engenho de açúcar da região, que paulatinamente se consolida como a principal atividade econômica, tirando a primazia da pecuária introduzida pelos primeiros sesmeiros. A grande disponibilidade de terras propícias e à oferta abundante de recursos hídricos possibilitaram o florescimento da cultura da cana-de-açúcar no Cariri, trazida por famílias vindas de Pernambuco e Sergipe. Esses engenhos, que produziam sobretudo cachaça e rapadura, instalaram-se no território dos atuais municípios de Missão Velha e Barbalha. Os senhores de engenho locais reproduziam os valores patriarcais dominantes na zona da Mata de Pernambuco e no Recôncavo Baiano. A cultura açucareira introduziu também o trabalho escravo do negro africano, força de trabalho fundamental para o desenvolvimento da atividade dos engenhos. Com a aculturação das tribos que outrora ocuparam a região, os elementos da cultura indígena se amalgamaram com os traços culturais de brancos e negros protagonistas da nova ordem social, formando parte da cultura da região. O segundo ponto de inflexão na formação cultural da região do Cariri Cearense é o surgimento da liderança religiosa e política do Padre Cícero Romão Batista. Sua presença imprimiu uma nova dinâmica sócio-política e econômica à região, tendo o município de Juazeiro do Norte como epicentro dessas transformações. De fato, os acontecimentos religiosos de grande repercussão nacional, a emancipação política e a sedição de Juazeiro criaram uma corrente migratória oriunda de outras cidades e de outros Estados do Nordeste, voltada principalmente para o culto religioso, que vai marcar fortemente a fisionomia cultural da região. Mesclam-se, assim, os valores culturais da sociedade burguesa, de cunho patriarcal das primeiras famílias portuguesas que ocuparam a região, com os valores culturais dos migrantes atraídos pelos ensinamentos religiosos disseminadas pelos discursos e prédicas do Padre Cícero Romão Batista e seus seguidores. Araripe e Alto Sertão Nos municípios localizados nos contrafortes da serra do Araripe, dominados pelo ecossistema da caatinga, formou-se uma sociedade que se desenvolveu com base na atividade pecuária do tipo extensiva, com uma rarefeita presença populacional. Os valores, práticas e costumes da sociedade formada num ambiente físico extremamente adverso diferiam daqueles observados no meio em que prevalecia o habitus dos senhores de engenho, embora no Cariri cearense também coexistisse a chamada civilização do couro. As evidências factuais hoje disponíveis mostram que houve um forte processo de homogeneização de algumas práticas e de determinados valores culturais até então específicos de cada ecossistema. Tal processo foi resultado das transformações que ocorreram na geografia econômica da região, especialmente nos últimos cem anos. A forte presença do Estado através da implantação e construção de uma infra-estrutura de transporte ferroviário no alvorecer do século XX, e rodoviário, na segunda metade do mesmo século, permitiu a circulação e uma maior interação da população dessas regiões. Desta maneira, determinadas práticas sociais e manifestações culturais características de cada comunidade passaram a ser disseminados e assimilados por outras, gerando um processo de homogeneização dos elementos culturais até então específicos de cada ecossistema. A BACIA CULTURAL DO ARARIPE APRESENTA FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DIFERENCIADA. Indicadores Básicos A zona dos vales úmidos - o Cariri Cearense - floresceu no rastro da atividade açucareira, que passa a conviver com a pecuária, mas assume o ethos do patriarcado rural, em moldes semelhantes ao da cultura prevalente na Zona da Mata. As áreas do semi-árido – o Araripe e o Alto Sertão paraibano se desenvolveram a partir da agropecuária extensiva, base econômica da chamada civilização do couro, com grandes fazendas de gado. A região aqui definida como BACIA CULTURAL DO ARARIPE compreende 85 municípios. A metodologia utilizada na escolha dos municípios consistiu na identificação dos municípios do Cariri cearense, do Araripe pernambucano e piauiense e do Alto Sertão paraibano que partilhassem da mesma matriz cultural, tivessem intensas relações econômicas e mantivessem a contigüidade territorial, nos termos na definição de bacia cultural utilizada neste Plano. A Tabela a seguir apresenta o número de municípios de cada Estado que formam o território da Bacia. A apresentação de um conjunto de indicadores sociais, demográficos e econômicos constitui uma etapa importante do processo de elaboração do Plano Estratégico objeto deste trabalho, uma vez que o escopo fundamental do projeto é associar os elementos da Cultura ao processo de desenvolvimento econômico dos referidos municípios. TABELA 1 BACIA CULTURAL DO ARARIPE NÚMERO DE MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS Número de municípios % Ceará 31 36,5 Pernambuco 12 14,1 Paraíba 15 17,6 Piauí 27 31,8 Total 85 100 Sub-região dos Estados Fonte: IBGE, Censo Demográfico,2000 III.4. Área Geográfica A área total dos municípios está representada na Tabela a seguir. Observase que a área dominada pela vegetação de caatinga representa dois terços da área total da Bacia. Como foi destacado na seção anterior, os valores, práticas e costumes dos habitantes do sertão apresentam algumas singularidades que diferem da região do Cariri Cearense embora, ao longo do último século tenha ocorrido, como mencionado anteriormente, um processo de mimetização e de homogeneização da cultura das duas sub-regiões. Um traço marcante desse processo está associado à questão da religiosidade. O papel da religião na formação cultural do homem sertanejo é extremamente forte por conta das secas periódicas. No contexto do Cariri Cearense a importância da religiosidade está associada à figura emblemática do Padre Cícero. Em função da proximidade geográfica, deu-se um processo de convergência desses traços culturais que apresentavam origem diferenciada. TABELA 2 BACIA CULTURAL DO ARARIPE ÁREA TOTAL DOS MUNICÍPIOS Número de municípios Área Total (km2) Área em relação ao total do Projeto Ceará 31 21.116,2 35,50 Pernambuco 12 13.361,1 22,46 Paraíba 15 5.652,3 9,50 Piauí 27 19.342,7 32,54 Total 85 59,472,3 100,00 Sub-região dos Estados Fonte: IBGE,Cidades,2005. MAPA 1- ÁREA DO PROJETO III.5. População A população do Projeto corresponde a 2,98% da população total do Nordeste brasileiro. No contexto específico do Projeto, mais da metade está localizada no Cariri Cearense (54,2%) seguindo-se, em ordem decrescente de participação, Pernambuco, Paraíba e Piauí, como destacado na Tabela 3 a seguir. TABELA 3 BACIA CULTURAL DO ARARIPE POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (2.000) Sub-região dos Estados População (2000) % em relação ao Projeto Ceará 901.709 54,26 Pernambuco 304.761 18,34 Paraíba 257.493 15,49 Piauí 197.624 11,91 Total 1.661.587 100,00 Fonte:IBGE,Censo Demográfico,2000 Os municípios da Bacia, com as diferentes sub-regiões, apresentaram, no período 1970/2003, uma dinâmica demográfica bastante diferenciada. A Tabela 4 destaca o comportamento das taxas de crescimento para as quatro sub-regiões vis-à-vis as médias estaduais. Observa-se um comportamento idêntico para as quatro sub-regiões: as taxas dos municípios da Bacia são sempre menores em relação aos seus respectivos Estados, o que sugere, a princípio, que alguns subespaços desse território apresentam elementos que forçam a expulsão de população. Dada a importância da variável População para os propósitos deste plano, procurar-se-á tecer algumas breves considerações sobre a dinâmica populacional de cada sub-região que compõe a Bacia Cultural do Araripe. BACIA CULTURAL DO ARARIPE TAXAS DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO DAS SUB-ÁREAS 1970-2000 Sub-região dos Estados Estado Municípios do Projeto Ceará 1,79 1,16 Pernambuco 1,44 Paraíba 1,24 0,43 Piauí 1,77 1,14 Fonte:IBGE,Censo Demográfico,2000 A sub-região formada pelos municípios de Pernambuco apresentou taxas de crescimento da população positivas, mas determinados municípios apresentaram taxas de crescimento populacional extremamente baixas, refletindo, portanto, a existência de fortes fatores de expulsão da população residente. Considerando este indicador, Exu, Moreilândia, Ouricuri e Serrita apresentam claros sinais de decadência econômica, ensejando a permanência de sua população nos seus limites geográficos. Os municípios que apresentam uma dinâmica demográfica positiva – Araripina, Cedro e Trindade – são exatamente aqueles onde se concentram as atividades produtivas de maior densidade econômica, com destaque para a atividade de exploração da gipsita e de sua transformação em gesso. Nesses municípios existem inúmeras empresas, de diferentes tamanhos, produzindo artefatos de gesso. TABELA 4 BAFCIA CULTURAL DO ARARIPE PERNAMBUCO POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (2.000) Municípios Araripina Bodocó Cedro Exu Granito Ipubi Moreilândia Ouricuri Santa Cruz Santa Filomena Serrita Trindade Total do Cariri Pernambuco População total em 2000 70.898 31.731 9.551 32.423 6.110 23.042 11.116 56.733 11.264 População total em 1970 39.191 22.276 4.498 30.764 3.823 15.145 10.401 50.517 - Crescimento Demográfico 19702000 (%) 12.115 - - 17.848 21.930 304.761,0 7.918.344 16.497 9.176 202.288,5 5.161.866 0,26 2,95 1,44 2,00 1,19 2,54 0,18 1,58 1,41 0,22 0,39 - Fonte:IBGE,Censo Demográfico, 1970 e 2000 A dinâmica demográfica da sub-região do Sertão da Paraíba se caracteriza pela estagnação e, em alguns casos, pela decadência de alguns de seus municípios. Existem aglomerados que apresentaram taxas negativas de crescimento, evidenciando um claro processo de involução econômica. Os municípios de Nazarezinho, Pombal e Conceição se enquadram no grupo de municípios decadentes, pois os seus quantitativos demográficos declinaram em valores absolutos, sugerindo que a população dos mesmos migrou para outras partes do Estado e do país a procura de oportunidades de trabalho. O que caracteriza a demografia dos municípios da região do Alto Sertão da Paraíba é que nenhum município apresentou uma taxa de crescimento populacional acima da média do Estado, o que pode trazer sérios problemas de oportunidade de investimento e de trabalho para os seus residentes. TABELA 5 BACIA CULTURAL DO ARARIPE PARAÍBA POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (2000) Municípios Aparecida Bonito de Santa Fé Cachoeira dos Índios Cajazeiras Carrapateira Conceição Marizópolis Monte Horebe Nazarezinho Pombal Santa Inês São João do Rio do Peixe São José das Piranhas Souza Triunfo Total do Cariri Paraíba População total em 2000 5.894 População total em 1970 Crescimento Demográfico 19702000 (%) 9.230 7.083 0,89 7.834 6.851 0,45 54.715 2.160 17.931 5.618 4.112 7.272 31.954 3.548 41.792 1.473 18.834 4.012 7.361 36.277 - 0,90 1,28 -0,16 0,08 -0,04 -0,42 - 17.661 15.463 0,44 17.876 16.769 0,21 62.635 9.053 257.493,0 3.443.825 62.196 8.119 226.230,0 2.382.463 0,02 0,36 0,43 1,24 Fonte:IBGE,Censo Demográfico, 1970 e 2000 Em relação aos municípios do Cariri Cearense constata-se que a dinâmica demográfica apresenta algumas assimetrias dignas de menção. Aiuaba, Assaré e Granjeiro foram municípios que apresentaram taxas negativas de crescimento, o que indica a existência de sérios constrangimentos de caráter produtivo que força a migração de seus filhos para outras áreas do Ceará ou do país à procura de oportunidades de emprego. Outros municípios apresentaram taxas positivas mas extremamente modestas e muito abaixo da média estadual e sub-regional configurando, portanto, a existência de um processo de expulsão da força de trabalho residente nos municípios. Finalmente, existem aqueles municípios que se destacam por apresentarem taxas positivas e elevadas – acima da média estadual – configurando a existência de fontes de atração ao nível municipal. Nesse grupo se enquadram os municípios de Altaneira, Araripe, Barbalha, Brejo Santo,Crato, Juazeiro, Milagres e Pena Forte. TABELA 6 BACIA CULTURAL DO ARARIPE CEARÁ POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (2.000) Municípios Abaiara Aiuaba Altaneira Antonina do Norte Araripe Assaré Aurora Barbalha Barro Brejo Santo Campos Sales Caririaçu Crato Farias Brito Granjeiro Jardim Jati Juazeiro do Norte Lavras da Mangabeira Mauriti Milagres Missão Velha População total em 2000 8.385 14.452 5.687 6.509 19.606 20.882 25.207 47.031 20.007 38.484 25.566 25.733 104.646 20.315 5.295 26.414 7.265 212.133 População total em 1970 6.845 14.476 3.408 5.294 13.827 29.145 24.623 25.394 17.514 21.773 31.724 23.789 71.064 17.294 5.777 19.491 5.638 96.139 Crescimento Demográfico 19702000 (%) 31.203 30.867 0,04 42.399 26.959 32.586 31.538 18.928 30.116 0,99 1,19 0,26 0,68 -0,01 1,72 0,69 1,17 -1,11 0,08 2,08 0,44 1,92 -0,72 0,26 1,30 0,54 -0,29 1,02 0,85 2,67 Nova Olinda Penaforte Porteiras Potengi Saboeiro Salitre Santana do Cariri Tarrafas Várzea Alegre Total do Cariri Ceará 12.077 7.017 15.658 9.138 16.226 13.925 16.847 9.213 34.844 901.709 7.430.661 9.871 4.803 12.588 7.008 16.198 15.990 27.449 638.569 4.361.603 0,67 1,27 0,73 0,89 0,01 0,17 0,80 1,16 1,79 Fonte:IBGE,Censo Demográfico, 1970 e 2000 Finalmente, destacam-se os municípios inseridos na sub-região do Piauí. Muitos municípios foram criados depois dos anos setenta, de sorte que a análise demográfica comparada desses municípios do Estado ficou prejudicada. Uma singularidade adicional com relação às características demográficas dos municípios do Piauí é o tamanho da população de alguns municípios: existem municípios com população abaixo de 8 mil habitantes, o que configura a existência de pressões políticas para a criação desses municípios, que não apresentam condições satisfatórias de funcionamento e operação. Enfim, é grande o número de municípios com taxa negativa de crescimento, o que pode ser resultado tanto do processo de emancipação de alguns distritos, que se tornaram municípios levando os antigos a perder população, quanto das próprias condições de vida, extremamente negativas, que engendraram um forte processo de emigração para outras cidades do Estado e de fora dele. TABELA 7 BACIA CULTURAL DO ARARIPE PIAUÍ POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (2000) Municípios Acauã Alagoinha do Piauí Alegrete do Piauí Belém do Piauí Betânia do Piauí População total em 2000 5.147 6.868 4.713 2.429 8.640 Crescimento População total Demográfico 1970em 1970 2000 (%) - - Caldeirão Grande do Piauí Caridade do Piauí Curral Novo do Piauí Francisco Macedo Francisco Santos Fronteiras Isaías Coelho Itainópolis Jacobina do Piauí Jaicós Marcolândia Padre Marcos Patos do Piauí Paulistana Pio IX Santo Antônio de Lisboa S. Francisco de Assis do Piauí São Julião Simões Simplício Mendes Vera Mendes Vila Nova do Piauí Total do Cariri Piauí 5.481 4.062 4.220 2.337 7.043 10.012 7.658 10.381 5.690 15.859 6.178 7.178 5.634 16.529 16.505 5.154 3.886 12.640 4.884 10.191 20.406 11.216 26.092 17.805 3.029 2,00 -0,77 1,51 0,06 -0,84 -1,48 -1,51 -0,25 1,79 3.806 - - 5.700 13.621 10.966 2.907 2.906 197.624,00 2.843.278 6.321 14.557 9.585 140.611,18 1.680.573 -0,34 -0,22 0,45 1,14 1,77 Fonte:IBGE,Censo Demográfico, 1970 e 2000 III.2. Densidade Demográfica e Econômica A investigação dos coeficientes de densidade demográfica (população/km2) e econômica (PIB/km2) são importantes no processo de desenho de um plano estratégico para a região. A Tabela 8 apresenta esses indicadores para as quatro sub-regiões objeto de intervenção. Os indicadores evidenciam aquilo que já havia sido anteriormente destacado. Trata-se de territórios não homogêneos tanto do ponto de vista econômico quanto demográfico. As maiores densidades demográficas encontramse nos municípios dos estados do Ceará e Paraíba, muito acima da média da região do projeto. Segue-se, em ordem decrescente, os estados de Pernambuco e Piauí. Observa-se, outrossim, uma forte correlação entre densidade demográfica e econômica. Os maiores índices de densidade econômica encontram-se no Ceará, seguido da Paraíba. Nas duas sub-regiões dos Cariris Cearenses e Alto Sertão Paraibano estão concentrados alguns importantes aglomerados urbanos do sertão nordestino, com destaque para as cidades de Juazeiro do Norte e Crato, no Ceará, e de Souza e Cajazeiras, na Paraíba. No contexto das sub-regiões de Pernambuco e Piauí, destacam-se os aglomerados urbanos de Araripina e Picos, respectivamente. TABELA 8 BACIA CULURAL DO ARARIPE DENSIDADE DEMOGRÁFICA E ECONÔMICA DAS SUB-ÁREAS POPULAÇÃO/KM2 Sub-região dos Estados Número de municípios Pop/km2 PIB/km2 Ceará 31 42,7 77.934 Pernambuco 12 22,8 34.729 Paraíba 15 45,5 75.826 Piauí 27 10,2 9.489 Total 85 27,9 III.3. O Comportamento do Produto Global O Produto Interno Bruto constitui um dos indicadores usados por economistas para avaliar o grau de prosperidade de um país, região ou cidade. Este indicador mede a quantidade de bens e serviços finais produzidos nas fronteiras do território no intervalo de um ano. Combinando-se o comportamento desse indicador com outros que priorizam os aspectos sociais torna-se possível estabelecer uma taxonomia do território que está sendo estudado. Nesse segmento procura-se avaliar a performance do Produto Interno Bruto da região referente ao período 1970/2002, com o objetivo de captar as transformações que ocorreram no aparelho produtivo dos municípios que formam a área da Bacia e de fornecer subsídios para a formulação de estratégias e ações no campo das atividades culturais para a região. A Tabela 9 apresenta as estimativas do Produto Interno Bruto das subregiões que fazem parte do Projeto e as suas respectivas taxas de crescimento. Acrescentou-se nela a taxa média de crescimento do PIB dos quatro Estados. O primeiro aspecto que chama atenção está associado ao fato de que as sub-regiões do Projeto apresentaram taxas de crescimento do PIB abaixo das médias dos respectivos Estados, o que sugere a existência de regiões de maior dinamismo dentro de cada Estado mas fora do contexto espacial das sub-regiões. O segundo aspecto encontra-se na perda da dianteira dos municípios da Paraíba vis-à-vis Pernambuco. O PIB global dos municípios da Paraíba em 1970 era levemente superior ao dos de Pernambuco. Em 2002, inverte-se essa situação, com o PIB da sub-região pernambucana superando em vários milhões de dólares o PIB da sub-região paraibana. Esse processo de divergência entre os PIBs dessas duas sub-regiões pode ser creditado ao forte processo de crescimento, em Pernambuco, da atividade de extração da gipsita que engendrou a criação de um parque industrial de produção de gesso extremamente virtuoso e denso nos municípios de Pernambuco. TABELA 9 BACIA CULTURAL DO ARARIPE PIB DAS SUB-REGIÕES E TAXA DE CRESCIMENTO 1970-2002 PIB de 1970 US$1,00 de 2002 dos municípios PIB de 2002US$1,00 de 2002 dos municípios Taxa de crescimento dos municípios do projeto Taxa de crescimento PIB estadual 1.645.670.237 562.912.761 6,64 5,18 Pernambuco 464.036.690 179.693.952 3,21 3,90 Paraíba 428.592.549 184.508.295 2,64 4,81 Piauí 183.556.187 102.601.631 1,96 5,20 Sub-região dos Estados Ceará Fonte:IBGE,Cidades 2004;IPEA-PIB municipal. Finalmente, procura-se analisar o comportamento das taxas de crescimento das sub-regiões da Bacia. A Tabela acima apresenta as taxas de crescimento do PIB dos Estados e das sub-regiões respectivas. Em primeiro lugar, é possível constatar que o crescimento econômico das sub-regiões apresentou-se aquém da média dos estados. Tal comportamento pode estar associado à base de recursos naturais de uma área da Bacia bem como ao perfil produtivo de parte significativa dos municípios que compõem as respectivas sub-regiões, fortemente apoiado em atividades oriundas do setor serviços e da agricultura de baixa produtividade. Tal assertiva pode ser melhor contextualizada na medida em que se analisa a performance do crescimento econômico dos diferentes sub-espaços que dão formatação ao que se convencionou definir como Bacia Cultural do Araripe. A região do Araripe Cearense foi a que apresentou a melhor dinâmica de crescimento vis-à-vis as demais sub-regiões. Em segundo lugar na ordem de crescimento destaca-se a região polarizada pelos municípios que formam o Araripe Pernambucano. Essas duas sub-regiões apresentaram um índice de crescimento acima da média da região do projeto, embora abaixo da média regional. As outras duas sub-regiões, formadas pelos municípios da Paraíba e do Piauí, cresceram abaixo da média da região como um todo e muito aquém da média do Nordeste. Analisando-se com maior profundidade a estrutura produtiva dos diversos municípios que formam as sub-regiões da Bacia, é possível inferir que a melhor performance das sub-regiões do Cariri Cearense e Araripe Pernambucano pode ser explicada pela existência, nesse dois territórios, de unidades manufatureiras voltadas para a exploração dos recursos naturais existentes na região. No caso de Pernambuco destaca-se a indústria do gesso que beneficia a larga disponibilidade de gipsita, enquanto que a região do Cariri Cearense possui uma indústria de transformação com especial destaque para a indústria de açúcar e de álcool bem como uma forte base de unidades produtivas voltadas para o segmento do turismo, explorando a rica biodiversidade que caracteriza a região e, também, em função da atividade de serviços, setor fortemente alavancado pelo turismo religioso. O gráfico seguinte ilustra com bastante clareza a trajetória de crescimento das quatro sub-áreas da Bacia. Veja-se que todas as sub-regiões apresentam um ponto de inflexão no início da década de 1990, com a região do Araripe Pernambucano apresentando o maior índice de volatilidade e também de recuperação. Esse comportamento pode ser explicado pelo fato da sub-região gravitar em torno de uma atividade industrial fortemente atrelada a indústria de construção civil que durante esse período sofreu um sério revés em função das políticas macroeconômicas do governo Collor. Fonte:IPEA-PIBs municipais,2002 III.4. O COMPORTAMENTO DO PIB PER CAPITA O PIB per capita é uma medida de bem estar da sociedade. Mostra a contribuição de cada indivíduo na riqueza total de um dado sistema econômico. A Tabela seguinte apresenta as estimativas do PIB per capita para as sub-regiões que compõem a Bacia e também as taxas de crescimento das sub-regiões e dos respectivos estados.A partir da leitura desses dados é possível inferir que a região do Projeto é bastante pobre em se tratando de bens materiais. Por volta de 2002 a renda per capita dos municípios que compõem a Bacia do Araripe representava tão somente 50,45% da média regional. Como a renda per capita da região nordeste encontra-se muito aquém da média nacional, caracterizando-a assim como uma região em desenvolvimento, é possível inferir que a situação dos municípios da Bacia, localizados em um patamar abaixo da média regional, é muito mais dramática. TABELA 10 BACIA CULTURAL DO ARARIPE PIB PER CAPITA DAS SUB-REGIÕES E TAXA DE CRESCIMENTO 1970-2002 Taxa de PIBpc de PIBpc de Taxa de crescimento Sub-região 1970 US$1,00 2002US$1,00 crescimento dos dos Estados de 2002 dos de 2002 dos PIBpc municípios municípios municípios estadual do projeto Ceará 682 1.825 2,46 3,33 Pernambuco 888 1.523 1,81 2,43 Paraíba 517 1.664 2,40 3,53 Piauí 730 929 0,81 3,37 Fonte:IPEA-PIBs municipais,2002 A Tabela acima apresenta as estimativas das taxas de crescimento do PIB per capita para a sub-regiões da Bacia. É possível perceber, a partir da leitura dos dados, que o crescimento do Produto per capita das sub-regiões mostrou-se aquém da média regional, indicando constrangimentos de caráter estrutural na base da estrutura produtiva da região do Projeto. Observou-se, em paralelo, que a dinâmica de crescimento das diferentes sub-regiões apresentou um padrão de crescimento desigual que pode ser resultado do grau de desenvolvimento e de capilaridade espacial das aludidas sub-regiões. Veja-se que as sub-áreas de maior densidade econômica e de maior grau de diversificação produtiva – Cariri Cearense e Araripe Pernambucano – cresceram abaixo da média dos seus respectivos estados. III.5. O Comportamento dos Indicadores Sociais Um dos pontos fundamentais no desenho do Projeto em discussão está relacionado ao impacto da cultura, entendida como modo de ver o mundo, práticas e costumes de uma dada sociedade, no padrão de vida e nos hábitos e costumes que, de alguma forma, rebatem nas condições de vida da população. Assim pensando, torna-se necessário investigar o padrão comportamental de um conjunto de indicadores que são considerados, pela maioria dos investigadores, como resultado do nível cultural de um determinado grupo social ou como variáveis consideradas reflexas do nível cultural desse mesmo grupo social. Nesse contexto destacam-se os indicadores relativos ao nível de instrução da população, definidos aqui como o número de analfabetos na população dos municípios; o nível de condições de vida, tendo como variáveis explicitadoras o acesso à energia elétrica e água potável; o nível de informação, com o número de televisores representando a variável chave e, em um contexto global, o número de indigentes e o Índice do Nível de Vida, como os indicadores que fornecem um panorama global da situação social da comunidade em análise. Nas tabelas seguintes são apresentados os indicadores de condições de vida de alguns municípios de cada estado que estão inseridos na Bacia. Os municípios em azul foram os que apresentaram os melhores indicadores de condições de vida e os em amarelo foram os que se destacaram como aqueles que apresentaram as piores condições de vida. III.5.1.Estado do Ceará Em relação a esse Estado, os melhores indicadores estão presentes nos municípios de Juazeiro do Nordeste e no Crato, enquanto os piores indicadores estão localizados nos municípios de Aiuaba, Granjeiro, Saboeiro e Tarrafas. Esses quatro municípios formam um aglomerado populacional da ordem de 45 mil pessoas representando, aproximadamente, 5 % da população do Cariri Cearense, mas com uma população de indigentes da ordem de 23 mil pessoas aproximadamente, o que representa 51 % da população desses quatro municípios. Trata-se de uma taxa extremamente elevada e que merece ser levada em consideração em um programa desenhado a diminuir as desigualdades sociais da região através da promoção da Cultura. Ao cotejar esses números com aqueles referentes ao padrão da economia dos municípios, explicitado em tabela anterior, percebe-se a forte correlação existente entre as condições de vida da população, medidas pelos indicadores sociais com aqueles indicadores que tratam das condições econômicas. Quanto mais pobre o município em termos de produção de riqueza (PIB), maior a proporção da população indigente e piores os indicadores de condições de vida. TABELA 11 CEARÁ MELHORES E PIORES INDICADORES MUNICIPAIS CONDIÇÕES DE VIDA 2000 Municípios População No. indigentes Proporção Pop. Pop. Pop de Analfabetos Sem sem sem indigentes água energia TV INV Aiuaba 14.391 7.338 50,99 0,420 0,776 0,552 0,689 0,255 Crato 103.711 19.932 19,22 0,214 0,314 0,071 0,129 0,739 5.292 2.753 52,02 0,398 0,733 0,226 0,447 0,413 Juazeiro do Norte 211.076 37.038 17,55 0,238 0,134 0,022 0,104 0,750 Saboeiro 16.197 8.764 54,11 0,474 0,620 0,421 0,562 0,340 Tarrafas 9.201 5.027 54,63 0,369 0,672 0,250 0,436 0,428 899.086 263.863 Granjeiro Cariri Ceará 7.388.126 1.841.458 Fonte:IBGE-Cidades,2004 III.5.2. Estado de Pernambuco A situação das condições sociais da população dos municípios de Pernambuco inseridos no projeto é bastante precária. A Tabela abaixo apresenta os municípios em melhor situação, com destaque para Araripina, Serrita e Trindade que se destacam dos seus pares por apresentarem os menores contingentes de indigentes, em termos relativos. Mas os números absolutos não são nada lisonjeiros, pois somente esses três municípios apresentam uma população de 30 mil pessoas em situação de indigência. Os municípios de Santa Cruz e Santa Filomena se destacam no grupo de Pernambuco como os municípios de pior situação social, com um número de indigentes que ultrapassa a casa dos 50% da população dos dois aglomerados. Observa-se, todavia, uma certa homogeneidade nos outros indicadores para todos os municípios, especialmente em relação ao grau de analfabetismo da população e aos índices de privação de água e energia elétrica. TABELA 12 PERNAMBUCO MELHORES E PIORES INIDCADORES MUNICIPAIS CONDIÇÕES DE VIDA 2000 Proporção Pop. Pop. Pop de Analfabetos Sem sem sem indigentes água energia TV População No. indigentes Araripina 70.718 20.927 29,59 0,317 0,620 0,218 0,352 0,501 Santa Cruz 11.258 5.824 51,73 0,437 0,779 0,504 0,657 0,271 Santa Filomena 12.103 6.168 50,96 0,392 0,797 0,440 0,698 0,256 Serrita 17.806 4.741 26,62 0,321 0,680 0,247 0,432 0,433 Trindade 21.865 5.956 27,24 0,339 0,764 0,066 0,200 0,570 Cariri 292.896 102.796 Municípios Pernambuco 7.895.042 1.812.274 INV Fonte:IBGE-Cidades,2004 III.5.3. O Estado da Paraíba Nos municípios do estado da Paraíba componentes da Bacia, três apresentam indicadores sociais que podem ser reputados como bons, relativamente ao quadro da Paraíba, e dois municípios, apresentados com realce amarelo na tabela a seguir, estão classificados como aqueles cujos habitantes apresentam as piores condições de vida. Os municípios de Nazarezinho e Santa Inês apresentam mais de 40% do total das suas populações enquadrados como indigentes, isto é, pessoas que recebem menos de ¼ do salário mínimo ou, nos padrões atuais, US$ 1 por dia de renda. Trata-se de uma situação dramática e extremamente difícil de superar caso fique a cargo apenas das forças livres do mercado. TABELA 13 PARAÍBA MELHORES E PIORES INIDCADORES MUNICIPAIS CONDIÇÕES DE VIDA 2000 Proporção Pop. Pop. Pop de Analfabetos Sem sem sem indigentes água energia TV Municípios População No. indigentes Cajazeiras 54.427 9.808 18,02 0,260 0,262 0,037 0,119 0,721 Nazarezinho 7.247 3.187 43,98 0,380 0,620 0,087 0,304 0,520 Pombal 31.786 6.048 19,03 0,302 0,256 0,075 0,149 0,677 Santa Inês 3.548 1.933 54,47 0,423 0,839 0,540 0,704 0,236 Souza 62.225 9.920 15,94 0,256 0,272 0,028 0,116 0,724 Cariri 239.293 55.353 Paraíba 3.429.160,29 728.163,2 INV III.5.4. O Estado do Piauí Em relação aos municípios do Piauí, constata-se que cinco deles – Alagoinha do Piauí, Alegrete do Piauí, Francisco Santos, Fronteiras e Santo Antônio de Lisboa apresentaram as menores taxas de população indigente (em torno de 20 %), em relação ao grupo de municípios do Estado constantes da Bacia. Embora esse indicador seja baixo para os padrões do Estado, observa-se que em termos absolutos representa uma população de 6.500 habitantes. O indicador relativo ao número de analfabetos desses municípios é extremamente elevado e encontra-se acima da média de 30%. Os municípios mais pobres do Piauí que integram a Bacia do Araripe– Acauã e Betânia do Piauí – apresentam indicadores extremamente perversos, chegando à média de população de indigentes a ultrapassar o patamar de 60%. Isso significa que quase dois terços (2/3) da população desses dois municípios apresenta uma renda representada por ¼ do salário mínimo, isto é, uma renda de US$ 1 dólar por dia. TABELA 14 CEARÁ MELHORES E PIORES INDICADORES MUNICIPAIS CONDIÇÕES DE VIDA 2000 Municípios População Acauã Alagoinha do Piauí Alegrete do Piauí Betânia do Piauí Francisco Santos Fronteiras No. indigentes Proporção Pop. Pop. Pop de Analfabetos Sem sem sem indigentes água energia TV INV 5.143 2.996 58,27 0,342 0,994 0,822 0,873 0,119 6.846 1.402 20,48 0,527 0,823 0,620 0,693 0,232 4.696 977 20,81 0,452 0,462 0,309 0,465 0,426 8.635 5.578 64,59 0,443 0,997 0,847 0,878 0,085 7.043 1.352 19,20 0,360 0,607 0,307 0,457 0,449 9.995 2.103 21,04 0,404 0,514 0,365 0,411 0,460 Santo Antonio de Lisboa 5.154 987 197.297 69.235 2.826.456 754.873 Cariri Paraíba 19,14 0,348 0,388 0,181 0,303 0,565 Fonte:IBGE-Cidades,2004 III.5.5. Uma síntese das condições de vida- os melhores e os piores municípios segundo os estados participantes da Bacia Cultural do Araripe Nessa seção, procura-se destacar algumas singularidades da população dos municípios que estão inseridos na Bacia do Araripe, analisando o perfil daqueles que apresentaram os melhores e piores indicadores sociais. Trata-se de uma pequena amostra de municípios mas que tem o mérito de fornecer aos técnicos que vão desenhar o Projeto Estratégico um conjunto de especificidades da população da área do Projeto. Devem ser considerados com atenção: 1. Uma forte desigualdade no Índice de Condições de Vida (INV) da população da Bacia. 2. Uma forte associação entre nível de riqueza, medido pelo Produto Interno Bruto, e nível de bem estar. Quanto maior o PIB maior o nível de INV. 3. A existência de uma população de 480 mil indivíduos classificados como indigentes entre os municípios constantes da Bacia. 4. Uma população elevada de indivíduos analfabetos, correspondendo a uma média de 30% da população com mais de 15 anos de idade. Trata-se de um índice elevado e deve comprometer, em parte, o sucesso deste Plano. Municípios TABELA 15 PRINCIPAIS MUNICÍPIOS DA BACIA SEGUNDO OS ESTADOS. MUNICÍPIOS MAIS RICOS E MAIS POBRES INDICADORES DE CONDIÇÕES DE VIDA 2000 Proporção Pop. Pop. No. População de Analfabetos Sem sem indigentes indigentes água energia ESTADO DO CEARÁ Aiuaba 14.391 7.338 Crato 103.711 19.932 Granjeiro 5.292 2.753 Juazeiro do 211.076 37.038 Norte Saboeiro 16.197 8.764 Tarrafas 9.201 5.027 899.086 263.863 Cariri 7.388.126 1.841.458 Ceará ESTADO DE PERNAMBUCO Araripina 70.718 20.927 Santa Cruz 11.258 5.824 Santa 12.103 6.168 Filomena Serrita 17.806 4.741 Trindade 21.865 5.956 292.896 102.796 Araripe Pernambuco 7.895.042 1.812.274 ESTADO DA PARAÍBA Cajazeiras 54.427 9.808 Nazarezinho 7.247 3.187 Pombal 31.786 6.048 Santa Inês 3.548 1.933 Souza 62.225 9.920 239.293 55.353 Alto Sertão 3.429.160,29 728.163,2 Paraíba ESTADO DO PIAUÍ Acauã 5.143 2.996 Alagoinha do 6.846 1.402 Piauí Alegrete do 4.696 977 Piauí Betânia do 8.635 5.578 Piauí Francisco 7.043 1.352 Santos Fronteiras 9.995 2.103 Sto Antonio 5.154 987 de Lisboa 197.297 69.235 Cariri 2.826.456 754.873 Paraíba Pop sem TV INV 50,99 19,22 52,02 0,420 0,214 0,398 0,776 0,314 0,733 0,552 0,071 0,226 0,689 0,129 0,447 0,255 0,739 0,413 17,55 0,238 0,134 0,022 0,104 0,750 54,11 54,63 0,474 0,369 0,620 0,672 0,421 0,250 0,562 0,436 0,340 0,428 29,59 51,73 0,317 0,437 0,620 0,779 0,218 0,504 0,352 0,657 0,501 0,271 50,96 0,392 0,797 0,440 0,698 0,256 26,62 27,24 0,321 0,339 0,680 0,764 0,247 0,066 0,432 0,200 0,433 0,570 0,260 0,380 0,302 0,423 0,256 0,262 0,620 0,256 0,839 0,272 0,037 0,087 0,075 0,540 0,028 0,119 0,304 0,149 0,704 0,116 0,721 0,520 0,677 0,236 0,724 18,02 43,98 19,03 54,47 15,94 58,27 0,342 0,994 0,822 0,873 0,119 20,48 0,527 0,823 0,620 0,693 0,232 20,81 0,452 0,462 0,309 0,465 0,426 64,59 0,443 0,997 0,847 0,878 0,085 19,20 0,360 0,607 0,307 0,457 0,449 21,04 0,404 0,514 0,365 0,411 0,460 19,14 0,348 0,388 0,181 0,303 0,565 Fonte:IBGE-Cidades,2004 II. SUBSÍDIOS PARA O MAPEAMENTO CULTURAL DA BACIA DO ARARIPE O objetivo dessa seção é apresentar os resultados da pesquisa de campo denominada Cadastro Municipal da Cultura, realizada junto às administrações dos municípios da Bacia Cultural do Araripe. A metodologia de coleta de dados foi bastante simples e seguiu os seguintes passos: 1. Nas oficinas parciais realizadas em cada município pólo - Crato, Araripina, Cajazeiras e Picos – estavam presentes os representantes do segmento de Cultura de cada município – artistas, intelectuais, criadores, produtores e gestores culturais. Os consultores apresentaram e discutiram o questionário do Cadastro e, na oportunidade, cada representante municipal ficou responsável pelo preenchimento do mesmo; 2. No dia da apresentação da oficina final, realizada na cidade do Crato, um representante de cada sub-região faria a entrega, aos consultores, dos questionários que seriam então digitados em planilha eletrônica que geraria as Tabelas para efeito de análise. Os resultados do inquérito estão apresentados em tabelas anexas. A tabela seguinte apresenta o número de municípios da Bacia e o número de questionários respondidos. Observa-se que somente 65 % dos questionários foram preenchidos, ficando a análise prejudicada pela ausência de informações. Dadas às características deste Plano, era necessário dispor de informações de todos os municípios para a elaboração de um planejamento estratégico mais consistente com a realidade da região. 48 TABELA 16 PROJETO CARIRI/ARARIPE E SERTÃO DA PARAÍBA NÚMERO DE MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS E QUE PREENCHERAM O CADASTRO Número de municípios do projeto Municípios que entregaram o cadastro % Ceará 31 27 87,00 Pernambuco 12 6 50,00 Paraíba 15 14 93,30 Piauí 27 9 33,33 Total 85 56 65,88 Sub-região dos Estados Fonte:Pesquisa direta Para efeito de análise dos resultados, foram elaborados 5 (cinco) quadros, correspondendo aos seguintes itens: Quadro 1 – Quadro que trata das informações gerais sobre a cultura no município, relativas a questões institucionais; Quadro 2- Quadro que identifica as áreas da Cultura que apresentam algum destaque no município; Quadro 3 –Quadro que identifica o número de pessoas capacitadas no segmento de Cultura no município; Quadro 4 –Quadro que identifica os principais eventos na área da cultura no município; Quadro 5 –Quadro que identifica o número de equipamentos culturais e de lazer no município. IV.1. Estado do Ceará No tocante ao estado do Ceará, as informações disponíveis envolvem um número bastante amplo de municípios, com mais de 85 % do universo de 31 municipalidades, o que enseja quase um censo dos produtos culturais e também do capital social relacionado à cultura. Sítios urbanos importantes da região do Cariri Cearense como Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha se destacam no conjunto dos municípios do Cariri cearense. A amostra 49 disponibilizada, que se refere à municípios a região do Cariri Cearense, apresenta grande densidade em produtos culturais.Quatro municípios – Aiuaba, Lavras da Mangabeira, Mauriti e Tarrafas não apresentaram informações. A Tabela 17 apresenta informações importantes sobre a base institucional dos municípios em relação a atividades relacionadas à cultura. Observa-se que nove ( 9 ) municípios em um universo de 27, correspondendo a 33 % da amostra, não apresentaram uma infra-estrutura institucional municipal apropriada ao desenvolvimento de atividades culturais, no sentido proposto pelo presente estudo. Tudo leva a crer que as prefeituras desses municípios não possuem um responsável pelo setor cultural. Do conjunto dos municípios que apresentaram informações, Assaré se destaca como aquele que possui a melhor base de infra-estrutura institucional e está mais avançado no que concerne à regulação das atividades ligadas a Cultura. Uma explicação para esse comportamento pode estar associada à presença de um líder local, já falecido, Patativa do Assaré, reconhecidamente um dos grandes poetas populares do Nordeste brasileiro no século XX. No que se refere às áreas de destaque na área da cultura dos municípios pesquisados, observa-se que quatro segmentos apresentam-se como os mais frágeis no âmbito dos produtos culturais relacionados na matriz constante da Tabela 18: 1. Artes gráficas;(cinco em 27) 2. Audiovisual,TV e Cinema;(cinco em 27) 3. Imprensa;(sete em 27) 4. Gastronomia.(dez em 27) Excetuando o último, percebe-se que todos os outros produtos apresentam uma clara justificativa econômica porque requerem uma escala de produção que está além das demandas desses municípios, que apresentam uma base populacional bastante modesta e que não justifica a existência desses equipamentos. A Tabela 19 apresenta o número de pessoas capacitadas, segundo as áreas culturais especificadas no inquérito. No conjunto das atividades 50 arroladas, Artes Gráficas,Imprensa e Áudio-Visual se destacam como aquelas que apresentam a menor oferta de pessoas devidamente habilitadas nos municípios pesquisados. A maior densidade de indivíduos capacitados encontra-se no segmento de Artesanato, seguido, em ordem decrescente, pela Literatura, Artes Cênicas e Artes Visuais. Quadro 1 Total de pessoas capacitadas Ceará Total de pessoas capacitadas da amostra Especificação Artes Cênicas Artes Visuais Artes Gráficas 622 473 45 Audiovisual, TV e Cinema Artesanato Gastronomia Imprensa Literatura Música 51 914 280 29 806 719 Patrimônio histórico e cultural 147 Patrimônio imaterial - folclore e tradições Rádio 242 296 A pesquisa procurou captar as principais manifestações culturais existentes em cada município. É possível fazer duas leituras desses dados: uma leitura horizontal da Tabela 20, que permite a identificação dos eventos segundo as categorias de produtos, e uma leitura vertical que sinaliza o papel do município no conjunto de produtos. No contexto dos eventos existentes (Tabela 20), percebe-se que as atividades culturais no âmbito da Imprensa, Artes Gráficas e Rádio são pouco expressivas se considerada a importância econômica e política de alguns dos municípios da sub-região. As atividades que apresentaram maior freqüência 51 foram Artes Cênicas, Artesanato, Música, Literatura, e atividades no âmbito do folclore e das tradições – Patrimônio Imaterial. No corte vertical, constata-se que os municípios de Barro e Assaré se destacaram dos demais por apresentar a maior quantidade de eventos culturais entre todos que preencheram o Cadastro: um total de 7 <(sete) em um universo de 12 eventos. Farias Brito, Campos Sales e Nova Olinda vêm na seqüência, mas com um número de manifestações bastante abaixo dos dois acima destacados. A Tabela 21 apresenta o número de equipamentos voltados para a cultura e também de lazer em cada município e segundo os grandes itens. Trata-se do estoque de Capital Social Básico de cada município. Observa-se que o maior número de equipamentos se concentra em auditórios (38), bibliotecas (43), centros sociais (24), rádios (34), para um total de 27 municípios que preencheram o Cadastro. Observa-se uma escassez generalizada de Teatro (5), Casas ou centros de Cultura (8), cinemas e salas de projeção (6), salas de convenção (6). Os municípios de Crato (26), Campos Sales (22) e Missão Velha (18) foram os que apresentaram a maior densidade em matéria de equipamentos culturais, enquanto Abaiara (1),Pena Forte (1) e Salitre (1) apresentaram a menor disponibilidade de equipamentos. 52 TABELA 17 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ ABAIARA AIUABA (não preencheu o formulário) ALTANEIRA ANTOBARBANINA DO ARARIPE ASSARÉ AURORA LHA NORTE BARRO BREJO CAMPOS CARIRISANTO SALES AÇU Município Número de recursos humanos ligados à área de cultura 8 4 1.50% 1% 3% Alguma lei de incentivo à cultura no município não não não não em discussão na Câmara não não nd Utilização de algum benefício baseado em incentivos à cultura não não não não sim não sim Conselho de Cultura no município não não não não sim não Conselho de preservação do patrimônio material e/ou imaterial não não não não não Bens imóveis tombados não não não não sim Percentual do orçamento destinado à cultura nd 5 3 7 57 nd 7 nd nd não não não nd não não não não não sim sim não não não não não não não não sim não sim sim não 5% 53 TABELA 17 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (cont) CRATO LAVRAS DA JUAZEIMAURITI MILA- MISSÃO NOVA PENAFARIAS GRANJARDIM JATI RO DO MANGA- (não preencheu BRITO GEIRO GRES VELHA OLINDA FORTE NORTE BEIRA o formulário) (não preencheu o formulário) Município Número de recursos humanos ligados à área de cultura 85 20 18 2 16 1 Percentual do orçamento destinado à cultura 1.40% 0.31% Alguma lei de incentivo à cultura no município nd sim não não nd Utilização de algum benefício baseado em incentivos à cultura sim não nd não Conselho de Cultura no município nd não nd Conselho de preservação do patrimônio material e/ou imaterial não não Bens imóveis tombados não não nd 0.02% 2.50% 2.47% não não não não não não sim não sim nd sim não não não não não não não nd não não nd não não não não nd não não nd não não não não 54 TABELA 17 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (cont) SANTA- TARRAPORTEISABOEIVÁRZEA POTENGI SALITRE NA DO FAS (não RAS RO preencheu o ALEGRE CARIRI formulário) Município Número de recursos humanos ligados à área de cultura 10 16 1 nd Percentual do orçamento destinado à cultura 1 16 3.40% R$ 68.000,00 Alguma lei de incentivo à cultura no município não não não não não Não Utilização de algum benefício baseado em incentivos à cultura não não nd não não Não Conselho de Cultura no município não não não não não Não Conselho de preservação do patrimônio material e/ou imaterial não não não não não Não Bens imóveis tombados não sim não não não Sim 55 TABELA 18 ÁREAS DE DESTAQUE NA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ ABAIARA AIUABA (não preencheu o formulário) ALTANEIRA ANTOBARBANINA DO ARARIPE ASSARÉ AURORA LHA NORTE BARRO BREJO SANTO sim CAMPOS CARIRISALES AÇU Município Artes Cênicas sim Artes Visuais sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim Artes Gráficas sim Audiovisual, TV e Cinema Artesanato sim sim Gastronomia Imprensa sim Literatura Música sim sim sim sim sim sim sim Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial - folclore e tradições sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim 56 TABELA 18 ÁREAS DE DESTAQUE NA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (cont) CRATO FARIAS BRITO GRANJARDIM GEIRO JATI LAVRAS DA JUAZEIMAURITI MILARO DO MANGA- (não preencheu GRES NORTE BEIRA o formulário) MISSÃO NOVA PENAVELHA OLINDA FORTE (não preencheu o formulário) Município Artes Cênicas Sim Artes Visuais Artes Gráficas sim sim sim sim sim sim sim sim sim Sim Audiovisual, TV e Cinema sim Artesanato sim Gastronomia sim sim sim sim sim Imprensa Literatura Sim sim Música Sim sim Patrimônio histórico e cultural Sim Patrimônio imaterial folclore e tradições Sim Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim 57 TABELA 18 ÁREAS DE DESTAQUE NA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (cont) SANTA- TARRAPORTEISABOEIVÁRZEA POTENGI SALITRE NA DO FAS (não RAS RO o ALEGRE CARIRI preencheu formulário) Município Artes Cênicas Artes Visuais sim sim Artes Gráficas Audiovisual, TV e Cinema Artesanato sim sim Gastronomia sim sim sim sim Imprensa Literatura sim sim sim sim sim sim Música sim sim Patrimônio histórico e cultural sim sim sim sim Sim sim Sim Patrimônio imaterial - folclore e tradições sim Rádio sim sim sim Sim sim Sim sim Sim 58 TABELA 19 NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ ABAIARA AIUABA (não preencheu o formulário) ALTANEIRA ANTOBARBANINA DO ARARIPE ASSARÉ AURORA LHA NORTE BARRO BREJO SANTO CAMPOS CARIRISALES AÇU Município Artes Cênicas 50 Artes Visuais 20 2 60 50 25 50 30 22 50 20 15 50 68 22 100 18 50 Artes Gráficas Audiovisual, TV e Cinema Artesanato 21 40 Gastronomia Imprensa 7 2 23 20 Literatura Música 2 52 20 30 5 15 80 20 50 115 50 Patrimônio histórico e cultural 110 50 15 Patrimônio imaterial - folclore e tradições Rádio 120 110 7 2 5 15 59 TABELA 19 NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (CONT) CRATO FARIAS BRITO GRANJARDIM GEIRO JATI LAVRAS DA JUAZEIMAURITI MILARO DO MANGA- (não preencheu GRES NORTE BEIRA o formulário) MISSÃO NOVA PENAVELHA OLINDA FORTE (não preencheu o formulário) Município Artes Cênicas 173 Artes Visuais 96 Artes Gráficas 20 70 15 31 15 45 Audiovisual, TV e Cinema 30 Artesanato 150 90 Gastronomia 25 50 30 150 Imprensa Literatura 150 Música 55 2 25 25 120 Patrimônio histórico e cultural 32 Patrimônio imaterial folclore e tradições 32 Rádio 6 250 60 TABELA 19 NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (CONT) SANTA- TARRAPORTEISABOEIVÁRZEA POTENGI SALITRE NA DO FAS (não RAS RO o ALEGRE CARIRI preencheu formulário) Município Artes Cênicas 60 Artes Visuais 80 20 150 30 Artes Gráficas Audiovisual, TV e Cinema Artesanato Gastronomia 40 30 Imprensa Literatura 2 600 Música 20 Patrimônio histórico e cultural 100 Patrimônio imaterial - folclore e tradições 100 Rádio 7 nd 10 61 TABELA 20. EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ ABAIARA AIUABA (não preencheu o formulário) ALTANEIRA ANTOBARBANINA DO ARARIPE ASSARÉ AURORA LHA NORTE BARRO BREJO SANTO CAMPOS CARIRISALES AÇU Município Artes Cênicas sim Artes Visuais sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim Artes Gráficas Audiovisual, TV e Cinema sim Artesanato sim Gastronomia sim sim Imprensa sim sim Literatura sim Música sim Patrimônio histórico e cultural sim Patrimônio imaterial - folclore e tradições sim Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim 62 TABELA 20. EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (CONT) CRATO FARIAS GRANJARDIM BRITO GEIRO JATI LAVRAS DA JUAZEIMAURITI MILA- MISSÃO NOVA PENARO DO MANGA- (não preencheu GRES VELHA OLINDA FORTE NORTE BEIRA o formulário) (não preencheu o formulário) Município Artes Cênicas Sim Artes Visuais sim sim sim Artes Gráficas sim Audiovisual, TV e Cinema sim Artesanato sim sim sim sim sim sim sim sim Gastronomia Imprensa Literatura sim Música sim Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial folclore e tradições sim Sim sim sim sim Rádio 63 TABELA 20. EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO CEARÁ (CONT) SANTA- TARRAPORTEISABOEIVÁRZEA POTENGI SALITRE NA DO FAS (não RAS RO o ALEGRE CARIRI preencheu formulário) Município Artes Cênicas sim Artes Visuais sim Artes Gráficas Audiovisual, TV e Cinema Artesanato sim sim Gastronomia sim Imprensa Literatura sim Sim Música sim Sim Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial - folclore e tradições Rádio sim sim Sim sim Sim Sim 64 TABELA 21 CEARÁ NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO ABAIARA AIUABA (não preencheu o formulário) ALTANEIRA ANTOBARBANINA DO ARARIPE ASSARÉ AURORA LHA NORTE BARRO BREJO SANTO CAMPOS CARIRISALES AÇU Município Arquivo 1 Auditório 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Anfiteatro Biblioteca Casa ou Centro de cultura 3 1 1 1 1 Cinema/sala de projeção 4 2 3 2 1 1 1 4 1 Centro Social 1 1 1 1 2 1 1 Escola de artes 1 1 2 1 1 Museu 1 2 1 Rádio 1 Salão de convenção 1 Teatro 3 1 1 Casa de espetáculo Estádio/Ginásio 2 1 1 2 6 2 1 3 2 3 2 2 1 Televisão 65 TABELA 21 CEARÁ NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO (cont) CRATO FARIAS GRANJARDIM BRITO GEIRO JATI LAVRAS DA JUAZEIMAURITI MILA- MISSÃO NOVA PENARO DO MANGA- (não preencheu GRES VELHA OLINDA FORTE o formulário) NORTE BEIRA (não preencheu o formulário) Município Arquivo 1 Auditório 5 Anfiteatro 2 Biblioteca 4 Casa de espetáculo 2 3 1 3 1 5 1 4 1 1 1 5 1 1 2 3 1 Casa ou Centro de cultura Centro Social 2 1 1 1 1 Cinema/sala de projeção 2 2 1 Museu 3 2 1 Rádio 4 2 1 Salão de convenção 1 Teatro 1 1 1 1 Estádio/Ginásio 2 1 1 1 1 1 3 Escola de artes 1 1 1 2 2 2 2 2 1 2 1 1 Televisão 66 TABELA 21 CEARÁ NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO (cont) SANTA- TARRAPORTEISABOEIVÁRZEA POTENGI SALITRE NA DO FAS (não RAS RO o ALEGRE CARIRI preencheu formulário) Município Arquivo Auditório 1 Anfiteatro 1 Biblioteca 2 1 1 1 4 2 1 2 1 Casa de espetáculo 1 Casa ou Centro de cultura Centro Social 1 1 1 1 1 Cinema/sala de projeção 1 Escola de artes Estádio/Ginásio 2 1 1 Museu Rádio 1 1 1 1 1 1 2 1 Salão de convenção 1 1 Teatro 1 1 Televisão 67 IV.2. Estado de Pernambuco A situação de Pernambuco não é muito diferente da do Ceará. As informações disponíveis também englobam um pequeno número de municípios. Todavia, aqueles de maior densidade econômica da região do Araripe Pernambucano estão entre os que preencheram o cadastro. Municípios como Araripina, Ouricuri e Trindade, que concentram as atividades produtivas da indústria de gipsita em Pernambuco e na região do Araripe, estão presentes na amostra disponível. A Tabela 22 apresenta informações importantes sobre a base institucional dos municípios em relação às atividades relacionadas à cultura. Observa-se que um (1) município, dos seis (6) que preencheram o Cadastro, não apresentou uma infra-estrutura institucional municipal apropriada para desenvolver atividades nos âmbito da cultura. Tudo leva a crer que a prefeitura de Granito não apresenta políticas e estrutura institucional voltadas para o setor cultural do município. Do conjunto dos municípios que apresentaram informações, Ouricuri e Trindade se destacam como aqueles que possuem a melhor base de infraestrutura institucional e maior avanço no que concerne à regulação das atividades ligadas à Cultura. No tocante às áreas de destaque na área da cultura dos municípios pesquisados, observa-se, na Tabela 23, que quatro segmentos apresentam-se como os mais frágeis no âmbito dos produtos culturais dos municípios de Pernambuco: 1. Artes gráficas; 2. Audiovisual, TV e Cinema; 3. Imprensa; 4. Gastronomia; 5. Rádio; 6. Televisão. Exceto o caso da Gastronomia, percebe-se, como já citado, que todos os outros produtos apresentam uma clara justificativa econômica por requerem 68 uma escala de produção que está além das demandas desses municípios, que apresentam uma base populacional bastante modesta. A Tabela 24 apresenta o número de pessoas capacitadas, segundo as áreas culturais especificadas no inquérito. Observa-se que existe uma base muito fraca de pessoas capacitadas na maioria dos serviços culturais dos municípios de Pernambuco que formam a região do Araripe, e isso interfere de forma extremamente negativa no desenvolvimento das atividades culturais na região do Araripe Pernambucano. Os dados dessa tabela mostram que existe muito a ser realizado na Cultura como elemento emulador do desenvolvimento econômico da região. No que se refere às principais manifestações culturais existentes em cada município, observa-se na Tabela 25 a quase inexistência delas no caso dos municípios de Pernambuco da Bacia. O único município que apresenta algum destaque é Trindade, com alguns eventos no segmento do Artesanato e Gastronomia. Na leitura vertical da Tabela 25, constata-se que o município Trindade se destacou dos demais por ser o único a apresentar algum evento afora folclore e tradições culturais. A Tabela 26 apresenta o número de equipamentos voltados para a cultura e também do lazer. Contata-se que a situação dos municípios de Pernambuco é bastante dramática, na medida em que determinados tipos de equipamentos, considerados comezinhos na atual conjuntura, não estão presente na maioria dos municípios pesquisados. Há uma escassez generalizada de anfiteatros; Centros de cultura; Cinemas, Escolas de Arte, Museus, Teatros; Salas de convenção; exatamente equipamentos fundamentais no processo de desenvolvimento das práticas culturais da comunidade e na difusão dos eventos culturais da região. Araripina é o município melhor aquinhoado com equipamentos culturais e de lazer, com 17 equipamentos em um total de 34 equipamentos. Dessa forma, o município é detentor da metade dos equipamentos existentes nos municípios que preencheram o Cadastro. O município de Ipubi não relatou 69 qualquer equipamento cultural, o que pode ser resultado de falhas no preenchimento do questionário. 70 TABELA 22 PERNAMBUCO INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO Município Número de recursos humanos ligados à área de cultura Percentual do orçamento destinado à cultura Alguma lei de incentivo à cultura no município Utilização de algum benefício baseado em leis de incentivo à GRANITO Ouricuri Araripina Trindade Bodocó 6 sim 2 1 8 1,41 4,28 Ipubi Total 17 3,00 8,69 sim Conselho de Cultura no município Conselho de preservação do patrimônio material e/ou Bens imóveis tombados sim 71 MUNICÍPIO TABELA 23 ÁREAS DE DESTAQUE, POR MUNICÍPIO PERNAMBUCO GRANITO Ouricuri Araripina Trindade Bodocó Artes cênicas sim sim Artes visuais sim sim Artes gráficas sim sim sim sim sim Ipubi Audiovisual TV e cinema Artesanato sim Gastronomia sim sim sim sim Imprensa sim Literatura sim sim Música sim sim sim sim sim sim Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial – folclore e tradições Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim TV 72 TABELA 24 PERNAMBUCO NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO GRANITO Ouricuri Araripina Trindade Bodocó Ipubi Município Total Artes cênicas Artes visuais Artes gráficas 25 25 25 91 20 20 Audiovisual TV e cinema Artesanato 16 Gastronomia 50 Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial – folclore e tradições 18 18 20 20 3000 3000 (?) (?) Rádio TV 73 Município TABELA 25 PERNAMBUCO EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO GRANITO Ouricuri Araripina Trindade Bodocó Ipubi Artes cênicas Artes visuais Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato sim Gastronomia sim Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial – folclore e tradições sim sim sim sim Rádio TV 74 TABELA 26 PERNAMBUCO NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO Município GRANITO Ouricuri Araripina Trindade Bodocó Ipubi Total Arquivos Auditórios 2 1 2 2 3 Anfiteatros Bibliotecas Casas de espetáculo Casas ou Centros de cultura Centros sociais Cinemas / salas de projeção Escolas de arte Estádios / ginásios 1 1 1 2 2 1 1 Museus Rádios 1 1 1 3 2 2 6 1 2 5 7 1 1 1 9 1 2 Salas de convenção Teatros Televisões 1 1 1 3. PARAÍBA Quanto ao estado da Paraíba, a situação relativa ao conhecimento do quadro cultural da região, segundo as vertentes que estão sendo analisadas neste relatório, apresenta-se extremamente positiva. A razão fundamental refere-se ao fato de que os agentes culturais institucionais do estado da Paraíba foram extremamente cooperativos. Praticamente toda a população dos municípios inseridos na Bacia, responderam aos questionários, exceto o município de Conceição. 75 A Tabela apresenta informações importantes sobre a base institucional dos municípios em relação a atividades relacionadas à cultura.Constata-se que no universo de 14 municípios pesquisados, somente cinco (5) não apresentaram, correspondendo a 35% da amostra, não apresentaram uma infra-estrutura institucional municipal apropriada para desenvolver atividades nos âmbito da cultura, embora se constate que dois (2) municípios dos cinco (5) – Pombal e São José e Piranhas – tenha funcionários da prefeitura alocados nas atividades culturais. Os municípios de Souza e Santa Inês, apresentaram uma base institucional bastante ampla, enquanto os de Cajazeiras e Aparecida parecem estar em amplo processo de formação da aludida base institucional. O fato notável está relacionado com a ausência em todos os municípios da amostra que é praticamente o universo, de Conselhos de Preservação do Patrimônio Material e Imaterial dos seus respectivos sítios urbanos. 76 TABELA 27 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO PARAÍBA Pomb Município Recursos humanos ligados à área de Percentual do orçamento destinado à al 5 Santa Inês 5 30,00 TIRunjo Marizó Apare -polis cida 10 1 Nazarézinho 3 R$ 51.000, 00 0,40 Souza 4 7,00 Lei de incentivo sim Utilização de benefício ou incentivo sim sim Conselho de Cultura sim sim sim Bonito Monte de Horeb Santa Fé sim Carra pateir a São Cajaze João do iras Rio do Peixe 6 1 1,00 5,00 São Cacho José -eira de dos Piranh Índios as 3 Total 38 43,4 sim Conselho de Preserv. patrimônio Bens imóveis tombados sim sim sim sim 77 No contexto relacionado às áreas de destaque relacionado à cultura dos municípios pesquisados, observa-se que quatro segmentos apresentam-se como os mais ausentes no âmbito dos produtos culturais dos municípios da Paraíba inseridos na Bacia: 1. Artes gráficas; 28% de participação. 2. Audiovisual,TV e Cinema – 0,0% participação. 3. Imprensa; 14% de participação. 4. Gastronomia;28% de participação. 5. Artes Visuais:35% de participação. Novamente, excetuando os casos de Gastronomia e Artes Visuais, percebe-se que todos os outros produtos apresentam uma clara justificativa econômica por requere uma escala de produção que está além das demandas desses municípios, que apresentam uma base populacional bastante modesta. 78 TABELA 28 ÁREAS DE DESTAQUE, POR MUNICÍPIO PARAÍBA Município Pomb Santa Triunf Mariz Apare Nazar Souza Inês o al ópolis cida ézinho Artes cênicas sim sim Artes visuais sim Artes gráficas sim sim Artesanato sim sim Gastronomia sim sim sim Sim sim São São Bonito Cacho João José Monte de Carrap Cajaze eira do Rio de Horeb Santa ateira iras dos do Piranh Fé Índios Peixe as Sim sim sim Sim sim sim sim sim sim sim sim sim Áudio-visual, TV e cinema sim sim sim sim sim Sim Sim sim sim sim sim Imprensa sim Literatura sim Música sim Patrimônio histórico Patrimônio imaterial Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim Sim sim sim sim Sim sim sim sim sim Sim sim sim Sim Sim sim Sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim 79 A Tabela 29 apresenta o número de pessoas capacitadas, segundo as áreas culturais especificadas no inquérito. Nesse contexto, observa-se que a situação de um conjunto amplo de municípios apresenta-se extremamente grave e merece uma rápida intervenção das instituições relacionadas à cultura. De um total de 14 municípios de um universo de quinze (15), oito (8) não apresentaram sequer uma pessoa capacitada em qualquer atividade relacionada à cultura. Trata-se, efetivamente, de uma situação singular!. Quatro segmentos relacionados à atividade em destaque apresentaram total ausência de pessoas capacitadas: 1) Áudio visual TV e Cinema; 2) Imprensa; 3) Patrimônio Histórico e Cultural; 4) Rádio. As áreas que apresentaram maior número de pessoas capacitadas são: 1. Música 2. Artesanato; 3. Artes Cênicas; 4. Literatura. Os municípios que apresentaram maior destaque em matéria de capacitação de pessoal para operar na área da Cultura foram: 5) Souza; 6) Triunfo; 7) Aparecida; 8) Nazarezinho. 80 Município TABELA 29 NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO PARAÍBA São São Boni POM Carra João José CachoSanta Triunf Marizóp Apare Nazar Monte to de Cajaz Souza pateir do Rio de eira dos BAL Inês o olis cida ézinho Horeb Sant eiras a do Pira Índios a Fé Peixe nhas Artes cênicas Artes visuais Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato 1 Gastronomia 2 20 60 6 20 1 Total 86 20 1 30 23 60 25 10 124 27 Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial – Rádio 50 1 15 16 50 50 180 246 16 81 A pesquisa procurou também captar as principais manifestações culturais existentes em cada município, segundo a classificação dita clássica. É possível fazer duas leituras dessa Tabela: uma horizontal, que permite a identificação dos eventos segundo as categorias das manifestações e uma vertical que sinaliza o papel do município no conjunto dos eventos. No contexto dos produtos, percebe-se que inexiste qualquer tipo de manifestação na região da Paraíba nos segmentos de Artes Gráficas; Áudio Visual, TV e Cinema; Gastronomia; Imprensa; Rádio. Essas áreas estão completamente ausentes desses municípios. Os eventos culturais de maior expressão estão concentradas nas áreas de : 1. Artes Cênicas – 6 municípios em 14. 2. Música – 6 municípios em 14. 3. Artesanato- 4 municípios em 14. 4. Literatura – 3 municípios em 14. No corte vertical, que privilegia a identificação das manifestações segundo a base municipal, constata-se que três (3) municípios – Marizópolis; Carrapateira e São José de Piranhas – não revelaram a existência de qualquer evento cultural nos seus territórios. O município Monte Horeb foi o que apresentou maior número de manifestações culturais, da ordem de quatro (4). 82 TABELA 30 EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO PARAÍBA POMMunicípio BAL Santa Triu Inês nfo São Bonito São Carra José Cachoei Marizóp Apareci NazaréMonte de Cajazeir João do Souza pateir de ra dos olis da zinho Horeb Santa as Rio do a Piranh Índios Fé Peixe as Artes cênicas Sim Sim Artes visuais sim sim sim sim sim Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato sim Sim sim sim Gastronomia Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico Patrimônio imaterial sim sim sim Sim Sim Sim sim sim sim Sim Sim sim sim sim Rádio 83 A Tabela apresenta o número de equipamentos voltados para a cultura e para o lazer em cada município, segundo os grandes itens. Trata-se do estoque de Capital Social Básico de cada município. Nesta seção cabe uma análise cruzada: a horizontal, que permite a identificação dos equipamentos segundo as categorias das manifestações, e uma vertical que permite identificar qual o município melhor dotado de capital social básico relacionado à Cultura. Observa-se que o maior número de equipamentos se concentra em Rádios (23); Estádios/ginásios (35), Bibliotecas (24), Auditórios (17), para um total de 14 municípios investigados.Observa-se uma escassez generalizada de Anfiteatros (1), Casas ou centros de cultura (4); Cinemas/Salas de Projeção (1); Museus (2); Salas de convenção (1) ; Teatros (3). O município de Carrapateira é o único do conjunto de municípios da Paraíba que não apresenta qualquer equipamento ligado ao lazer e a difusão da cultura. Os municípios de Cajazeiras (36), Pombal (26), São José de Piranhas (12), Souza (10) e Triunfo (9) são aqueles que apresentam a melhor dotação de equipamentos voltados para o lazer da sua comunidade e para a difusão da cultura local e regional. Existem algumas singularidades dignas de menção. 1. Souza é o único município que detém a única sala de cinema da região. 2. O único anfiteatro da região está localizado na cidade de Cajazeiras. 3. Existe somente um centro de convenções na região, localizado no município de Cajazeiras. 84 POM Município Arquivos Auditórios Anfiteatros Bibliotecas Casas de espetáculo Centros de cultura C. sociais Cinemas / Esc. de arte Estádios Museus Rádios Salas de convenção Teatros Televisões BAL 6 6 Tabela 31 PARAIBA NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO São São Bonit João Cach Mariz Nazar Carra José Santa Triunf Apare Monte o de Cajaz do oeira óéSouza pateir de Total Inês o cida Horeb Santa eiras Rio dos polis zinho a Piran Fé do Índios has Peixe 1 1 1 3 1 1 1 6 1 1 17 1 1 2 1 1 2 3 1 1 5 1 1 24 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 1 1 1 8 1 4 1 1 1 1 1 12 2 1 6 1 6 2 1 1 1 4 1 5 3 2 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 8 1 3 35 2 23 1 1 3 85 1. PIAUÍ No estado do Piauí, a questão do conhecimento do quadro cultural da região, segundo as vertentes que estão sendo analisadas neste relatório, apresenta-se extremamente prejudicada. Isto deve-se ao fato de que os agentes culturais institucionais do estado da Piauí não encaminharam os questionários dos seus respectivos municípios em quantidade suficiente que permitisse estabelecer uma taxonomia da situação cultural dos municípios inseridos no Projeto. Somente doze (12) prefeituras em um total de 27, responderam às informações solicitadas, correspondendo a 45% do total do universo dos municípios da Bacia. O que será comentado nas páginas seguintes refere-se tão somente aos municípios escrutinados e generalizações não poderão ser feitas para a área do Projeto, a partir dessas informações. A Tabela apresenta informações importantes sobre a base institucional dos municípios em relação a atividades relacionadas à cultura. À luz das informações disponibilizadas no inquérito, constata-se que cinco (5) municípios correspondendo a 42 % da amostra pesquisada não apresentaram uma infra-estrutura institucional municipal apropriada para desenvolver atividades nos âmbito da cultura. Tudo leva a crer que as administrações locais não reconhecem a atividade da Cultura como fator de alavancagem do desenvolvimento econômico e social. Do conjunto dos municípios que apresentaram informações, nenhum se destaca na questão relacionada à disponibilidade de instrumentos institucionais e de regulação das atividades relacionadas à Cultura. 86 TABELA 32 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA, POR MUNICÍPIO PIAUÍ VILA Município Número de recursos humanos ligados à área de cultura Percentual do orçamento destinado à cultura Alguma lei de incentivo à cultura no município Utilização de algum benefício baseado em leis de incentivo à cultura NOVA DO PIAUÍ Marcolândia Jaicós Simões Pio IX Padre Marcos 4 7 4 1 0,31 atrelado à SMEC 5 Ipiranga do Piauí Betânia do Piauí Alagoinha do Piauí Francisco Macedo 3 4 3 Massapê do Piauí Total 23 8,31 Conselho de Cultura no município Conselho de preservação do patrimônio material e/ou imaterial Bens imóveis tombados 87 Ao se estudar as áreas de destaque de cada município em relação aos produtos relacionados à Cultura, constata-se que sete (7) segmentos apresentam-se como os mais frágeis no âmbito dos produtos culturais dos municípios pesquisados do Piauí: 1. Artes Cênicas; 2. Artes Visuais; 3. Artes Gráficas; 4. Audiovisual, TV e Cinema; 5. Gastronomia; 6. Imprensa; 7. Literatura. Trata-se de um leque bastante amplo, sem similar nos outros estados já analisados. Evidentemente que uma explicação para esse quadro de ausência de um conjunto amplo de produtos culturais dos municípios pesquisados é reflexo do nível de renda, do tamanho e dos níveis de educação da população desses municípios, que, operando em conjunto, obstaculizam o desenvolvimento de manifestações culturais. Estas ainda não afloraram certamente pela ausência de apoio institucional, aliada à pobreza material da população. Com base no inquérito realizado, constata-se que dois municípios – Simões e Francisco Macedo – não apresentaram qualquer área de destaque em matéria de manifestação cultural. Os municípios Massapé do Piauí e Jaicós foram os que apresentaram maior número de manifestações culturais. As manifestações de maior capilaridade se referem ao Artesanato; Música, Patrimônio Imaterial-Folclore e Tradições. Acredita-se que se as administrações municipais alocassem maiores energias nesses setores ocorreria um forte processo de oxigenação das atividades sociais relacionadas com a Cultura nessa região. 88 TABELA 33 ÁREAS DE DESTAQUE, POR MUNICÍPIO PIAUÍ VILA NOVA Município DO PIAUÍ Marcolândia Jaicós Simões Pio IX Padre Marcos Artes cênicas Ipiranga do Piauí Betânia Alagoinha Francisco do Piauí do Piauí Macedo Massapê do Piauí sim Artes visuais Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato sim Gastronomia sim sim sim sim sim sim Imprensa Literatura sim sim Música sim Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial – folclore e tradições Rádio sim sim sim sim sim Sim sim sim sim sim sim sim sim sim 89 A Tabela 34 destaca o número de pessoas capacitadas, segundo as áreas culturais especificadas no inquérito. Nesse contexto, observa-se que a situação de um conjunto amplo de municípios apresenta-se extremamente grave e merece uma rápida intervenção das administrações preocupadas com o desenvolvimento da cultura no país. De um total de 12 municípios que responderam ao inquérito de um universo de vinte e sete (27), cinco (5) Marcolândia, Simões, Ipiranga do Piauí, Betânia do Piauí e Francisco Macedo indicaram que não existe sequer uma pessoa no município capacitada em qualquer atividade relacionada à cultura. Trata-se, efetivamente, de uma situação singular. Sete segmentos relacionados às atividades em destaque apresentaram total ausência de pessoas capacitadas: 1. Artes Visuais; 2. Artes Gráficas; 3. Áudio visual TV e Cinema; 4. Gastronomia; 5. Imprensa; 6. Literatura; 7. Rádio. As áreas que apresentaram algum destaque no segmento de capacitação foram: 1. Artes Cênicas; 2. Artesanato; 3. Música; 4. Patrimônio Histórico e cultural; 5. Patrimônio imaterial- folclore e tradições. Os municípios que apresentaram maior destaque em matéria de capacitação de pessoal para operar na área da Cultura foram: 1. Padre Marcos; 2. Vila Nova do Piauí; 3. Jaicós; 4. Pio IX; 5. Alagoinha do Piauí; 6. Massapé do Piauí. 90 TABELA 34 NÚMERO DE PESSOAS CAPACITADADS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO PIAUÍ Vila Nova Município Artes cênicas do Piauí Marcolândia Jaicós Simões Pio IX Padre Marcos Ipiranga Betânia Alagoinha Francisco Massapê do Piauí do do Piauí Macedo do Piauí Piauí 30 Total 30 Artes visuais Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato 40 40 50 15 25 105 Gastronomia Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial 10 2 75 2 2000 (?) 150 2150 (?) Rádio 91 A pesquisa procurou captar as principais manifestações culturais existentes em cada município, segundo a classificação clássica. É possível fazer duas leituras dessa Tabela: uma horizontal, que permite a identificação dos eventos segundo as categorias de produtos e uma vertical que sinaliza o papel do município no conjunto de produtos. No contexto dos eventos existentes, percebe-se que inexistem atividades culturais nos seguintes segmentos: 1. Artes Visuais; 2. Artes Gráficas 3. Audiovisual, TV e Cinema; 4. Gastronomia, 5. Imprensa; 6. Literatura. As atividades que apresentaram maior freqüência no conjunto dos municípios do Piauí foram: 1. Música; 2. Patrimônio imaterial – folclore e tradições. No corte vertical, constata-se que vários municípios não apresentaram qualquer tipo de manifestação relacionada à cultura, com destaque para: 1. Vila Nova do Piauí; 2. Marcolândia; 3. Simões; 4. Pio IX; 5. Betânia do Piauí. No outro diapasão, os municípios que apresentaram maior número de eventos na área da cultura foram: 1. Ipiranga do Piauí; 2. Padre Marcos; 3. Jaicós. 92 TABELA 35 EVENTOS NA ÁREA DA CULTURA, POR MUNICÍPIO PIAUÍ VILA NOVA Município DO Marcolândia Jaicós Simões Pio IX Padre Ipiranga Marcos do Piauí PIAUÍ Artes cênicas Betânia Alagoinha Francisco Massapê do do Piauí Macedo do Piauí Piauí sim Artes visuais Artes gráficas Audiovisual TV e cinema Artesanato sim Gastronomia Imprensa Literatura Música Patrimônio histórico e cultural Patrimônio imaterial Rádio sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim 93 A Tabela 36 apresenta o número de equipamentos voltados para a cultura e o lazer em cada município e segundo os grandes itens.Trata-se do estoque de Capital Social Básico de cada município. Observa-se que o maior número de equipamentos se concentra em Bibliotecas (11); Centros Sociais (5); Estádios/ginásios (10); Rádios (10). Inexistem equipamentos nos municípios do Piauí nas seguintes áreas relacionadas à Cultura: 1. Arquivos; 2. Anfiteatros 3. Casas de espetáculo; 4. Casas ou Centros de Cultura; 5. Cinemas ou salas de projeção; 6. Escolas de Arte; 7. Salas de convenção; 8. Teatros. 94 TABELA 36- NÚMERO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE LAZER, POR MUNICÍPIO PIAUÍ VILA NOVA Município DO Marcol Jaicós ândia Simões Pio IX Padre Marcos PIAUÍ Ipirang Betânia Alagoi a do do nha do Piauí Piauí Piauí Francis Massa co pê do Maced Piauí o Total Arquivos Auditórios 2 2 Anfiteatros Bibliotecas Casas de espetáculo Centros de cultura C. sociais Cinemas Esc. de arte 1 1 1 1 1 Estádios Museus Rádios Salas de convenção Teatros Televisões 1 2 1 1 2 1 2 2 2 2 3 2 1 1 2 2 11 5 1 10 1 1 10 2 2 1 2 95 UMA SÍNTESE DAS CONCLUSÕES: Procura-se nessa seção elaborar uma síntese das áreas de destaque em termos de manifestações culturais dos quatro estados que participam desse Projeto a partir do levantamento feito pelos agentes culturais de cada município. Vale sublinhar que somente o estado da Paraíba encaminhou um número de questionários que se aproxima da população dos municípios da Bacia (faltou 1 questionário), seguido do Ceará com 27 questionários em um universo de 31 municípios enquanto Pernambuco e Piauí encaminharam questionários preenchidos que representam metade dos municípios da bacia cultural. Portanto, as informações oriundas desses estados constituem uma amostra do universo. A tabela abaixo já apresentada em parágrafo específico, identifica o universo e a amostra dos municípios pesquisados. TABELA 37 BACIA CULTURAL DO ARARIPE NÚMERO DE MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS E QUE PREENCHERAM O CADASTRO Número de municípios do projeto Municípios que entregaram o cadastro % Ceará 31 27 87,00 Pernambuco 12 6 50,00 Paraíba 15 14 93,30 Piauí 27 9 33,33 Total 85 56 65,88 Sub-região dos Estados Fonte:Pesquisa direta 96 O Quadro abaixo apresenta um panorama do número de equipamentos relacionados às atividades de Lazer e Cultura existentes nos municípios pesquisados. Mais uma vez, deve-se atentar para o fato de que essas informações constituem uma amostra do universo dos municípios pesquisados, com exceção da Paraíba que remeteu o universo dos municípios da Bacia Cultural do Araripe. Foram grifados em vermelho, os segmentos que apresentam carência relativa de equipamentos e que, de algum modo, interferem na dinamização das práticas culturais dos respectivos municípios. Os quantitativos estão apresentados em termos absolutos. QUADRO SÍNTESE QUATRO ESTADOS EQUIPAMENTOS NA ÁREA DA CULTURA Município Ceará Pernambuco Paraíba Piauí Arquivos 6 0 3 0 Auditórios 39 3 17 2 Anfiteatros 10 0 1 0 Bibliotecas 43 7 24 11 10 2 8 0 8 1 4 0 Centros sociais 24 2 8 5 Cinemas / salas de projeção 6 0 1 0 Escolas de arte 9 0 3 0 Estádios / ginásios 30 6 35 10 Museus 10 1 2 1 Rádios 34 9 23 10 Salas de convenção 6 0 1 0 Casas de espetáculo Casas ou Centros de cultura 97 Teatros 5 2 3 0 Televisões 0 1 0 2 98 ANEXOS BÁSICOS 99 ANEXO 1 – CEARÁ - Indicadores Sociais Básicos dos municípios do POLO rA b b u A r n A r N n A rp A r A r u A h rb r rjn p m ru r r j rn rm u rN b rn v r u r h V n v N r n r n r b r r n r rA V A Á A 10 Tabela PERNAMBUCO Indicadores Sociais Básicos dos Municípios do Pólo. 2000 PERNAMBUCO Indigentes POP ANALFBETOS Municípios POP SEM POP SEM SEM ÁGUA ENERGIA GELADE POP SEM INV TV População No. Prop. (%) Araripina 70.718 20.927 29,59 0,317 0,620 0,218 0,576 0,352 0,501 Bodoco 31.659 11.797 37,26 0,392 0,712 0,323 0,673 0,438 0,412 IRA 10 Cedro 9.522 3.223 33,85 0,314 0,414 0,121 0,611 0,268 0,566 Exu 32.335 12.320 38,10 0,358 0,764 0,178 0,600 0,328 0,492 Granito 6.098 2.413 39,58 0,393 0,781 0,198 0,676 0,364 0,449 Ipubi 23.013 8.535 37,09 0,396 0,830 0,206 0,685 0,396 0,430 Ouricuri 56.519 20.891 36,96 0,385 0,672 0,279 0,626 0,400 0,450 Santa Cruz 11.258 5.824 51,73 0,437 0,779 0,504 0,755 0,657 0,271 Santa Filomena 12.103 6.168 50,96 0,392 0,797 0,440 0,791 0,698 0,256 Serrita 17.806 4.741 26,62 0,321 0,680 0,247 0,707 0,432 0,433 Trindade 21.865 5.956 27,24 0,339 0,764 0,066 0,466 0,200 0,570 Moreilândia 10 CARIRI PERNAMBUCO 292.896 102.796 7.895.042 1.812.274 10 Tabela PARAÍBA Indicadores Sociais Básicos dos Municípios do Pólo. 2000 Indigentes POP SEM Prop. Municípios ANALF POP SEM POP SEM GELAD POP SEM INV População No. (%) ABETO ÁGUA ENERGIA 5.860 1.330 22,70 0,336 0,577 0,057 0,390 0,279 0,564 9.207 2.537 27,55 0,358 0,438 0,099 0,564 0,246 0,558 Índios 7.834 2.245 28,66 0,366 0,474 0,030 0,437 0,157 0,595 Cajazeiras 54.427 9.808 18,02 0,260 0,262 0,037 0,270 0,119 0,721 Aparecida EIRA TV Bonito de Santa Fé Cachoeira dos 104 Carrapateira 2.160 555 25,70 0,378 0,166 0,019 0,534 0,306 0,570 Conceição 17.891 6.255 34,96 0,398 0,575 0,143 0,550 0,289 0,528 Marizópolis 5.618 1.523 27,11 0,376 0,439 0,024 0,344 0,170 0,619 Monte Horebe 4.100 1.495 36,45 0,357 0,529 0,120 0,631 0,318 0,517 Nazarezinho 7.247 3.187 43,98 0,380 0,620 0,087 0,425 0,304 0,520 Pombal 31.786 6.048 19,03 0,302 0,256 0,075 0,289 0,149 0,677 Santa Inês 3.548 1.933 54,47 0,426 0,839 0,540 0,854 0,704 0,236 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,305 0,478 0,207 0,508 0,341 São João do Rio do Peixe São Jose de 18.359 5.910 32,19 0,523 105 Piranhas Sousa 62.225 9.920 15,94 0,256 0,272 0,028 0,218 0,116 0,724 Triunfo 9.031 2.607 28,87 0,364 0,649 0,025 0,418 0,231 0,565 SERTÃO 239.293 55.353 PARAÍBA 3429160,29 728163,2 ALTO 1,000 106 Tabela PIAUÍ Indicadores Sociais Básicos dos Municípios do Pólo. 2000 PIAUÍ Indigentes POP Prop. Municípios SEM POP POP SEM POP SEM ANALFA ÁGUA ENERGIA GELADEIRA SEM INV População No. (%) TV Acauã 5.143 2.996 58,27 0,342 0,994 0,822 0,869 0,873 0,119 Alagoinha do Piauí 6.846 1.402 20,48 0,527 0,823 0,620 0,737 0,693 0,232 Alegrete do Piauí 4.696 977 20,81 0,452 0,462 0,309 0,579 0,465 0,426 107 Belém do Piauí 2.429 630 25,94 0,446 1,000 0,561 0,789 0,685 0,227 Betânia do Piauí 8.635 5.578 64,59 0,443 0,997 0,847 0,928 0,878 0,085 Piauí 5.464 2.302 42,13 0,492 0,794 0,659 0,873 0,789 0,184 Caridade do Piauí 4.059 1.355 33,39 0,375 1,000 0,660 0,860 0,747 0,202 Curral Novo do Piauí 4.208 1.962 46,63 0,402 1,000 0,762 0,924 0,841 0,137 Francisco Macedo 2.337 937 40,10 0,473 0,983 0,551 0,795 0,662 0,213 Francisco Santos 7.043 1.352 19,20 0,360 0,607 0,307 0,511 0,457 0,449 Fronteiras 9.995 2.103 21,04 0,404 0,514 0,365 0,578 0,411 0,460 Isaias Coelho 7.647 3.525 46,10 0,375 0,785 0,723 0,812 0,746 0,211 Caldeirão Grande do 108 Itainópolis 10.371 3.501 33,76 0,407 0,638 0,485 0,639 0,615 0,330 Jacobina do Piauí 5.687 2.011 35,37 0,410 0,831 0,671 0,771 0,739 0,205 Jaicós 15.817 5.979 37,80 0,465 0,668 0,447 0,667 0,598 0,332 Marcolândia 6.171 1.997 32,36 0,401 0,899 0,203 0,574 0,370 0,435 Padre Marcos 7.273 3.018 41,49 0,463 0,746 0,433 0,749 0,622 0,290 Patos do Piauí 5.621 2.251 40,05 0,501 0,841 0,664 0,804 0,758 0,190 Paulistana 16.513 5.675 34,37 0,360 0,531 0,404 0,622 0,521 0,398 Pio IX 16.491 5.598 33,95 0,438 0,712 0,573 0,757 0,571 0,312 5.154 987 19,14 0,348 0,388 0,181 0,367 0,303 0,565 Santo Antonio de Lisboa 109 São Francisco de Assis do Piauí 3.799 1.621 42,68 0,438 0,849 0,764 0,839 0,808 0,149 São Julião 5.667 1.964 34,65 0,421 0,669 0,334 0,596 0,488 0,404 Simões 13.544 4.914 36,28 0,398 0,773 0,663 0,786 0,675 0,258 Simplício Mendes 10.885 2.765 25,40 0,276 0,428 0,278 0,473 0,381 0,522 Vera Mendes 2.907 957 32,93 0,495 0,697 0,715 0,826 0,808 0,187 Vila Nova do Piauí 2.897 875 30,22 0,380 0,976 0,723 0,833 0,817 0,164 CARIRI PIAUÍ 197.297 69.235 2.826.456 754.873 110 III. CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA PARA A AÇÃO CULTURAL CONCERTADA Pensar as relações entre cultura e desenvolvimento e tomar essa reflexão como ponto de partida para definir uma estratégia de intervenção coordenada entre agentes públicos, privados e comunitários constitui um desafio dos mais complexos e instigantes. Em primeiro lugar, só muito recentemente a dimensão cultural do desenvolvimento passou a ser compreendida e valorizada. Generalizou-se a consciência de que qualquer transformação das condições de vida de uma comunidade depende do reconhecimento, aceitação e valorização dos traços que lhe conferem identidade, sentido de pertença e auto-estima. Entretanto, embora essa discussão, nos últimos anos, tenha sido retomada nos meios acadêmicos e tenha chegado ao fórum da UNESCO, a literatura não oferece exemplos concretos de experiências de política pública que coloquem a cultura como foco de uma estratégia de desenvolvimento. O que se evoca mais comumente são comparações entre séries históricas de taxas de crescimento de diferentes países onde, supostamente, a cultura tenha sido uma variável importante para o êxito de uns e o fracasso de outros. Em segundo lugar, a própria natureza da intervenção ainda é objeto de um dilema importante. Trata-se de propor uma estratégia de desenvolvimento que tome a cultura regional como referência ou de definir um conjunto de ações culturais orientadas para o desenvolvimento regional? Em terceiro, lugar, qualquer que seja a opção tomada, há sempre um risco significativo de instrumentalizar a cultura. Isto pode acontecer de duas maneiras. De um lado, a cultura pode ser vista como um obstáculo à mudança social. Nesse sentido, o desenvolvimento constitui um processo de mudança de mentalidades e deve ser alcançado através de estratégias de modernização, vale dizer, da introdução de valores “superiores” de “culturas mais virtuosas”. De outro, a cultura, vista como um bem econômico, pode ser colocada a serviço do mercado, no 111 sentido de se ajustar às suas demandas, encontrar novos consumidores e gerar ocupações úteis. Esta estratégia define as formas particulares com que o Plano de Ação Cultural da Bacia do Araripe lida com esses desafios. Ela toma como referência experiências de desenvolvimento local e regional, de caráter endógeno, em que os habitantes da região são seus principais protagonistas e onde se criaram novas oportunidades de renda e emprego pela potencialização dos produtos da economia local. A estratégia se coloca num meio termo entre os paradigmas do desenvolvimento com foco na cultura e da ação cultural como estratégia de desenvolvimento. Trata-se de tentar integrar todos os mecanismos de intervenção governamental ou não-governamental e colocá-los dentro da perspectiva da cultura regional e de definir um conjunto de objetivos e linhas de aça cultural orientadas para o desenvolvimento regional. Por último, a estratégia considera que os bens e manifestações culturais se realizam numa sociedade de mercado e, portanto, estão sujeitos aos avatares da lei da oferta e da procura. Mas considera também que haverá produção cultural ainda que não haja mercado e que, muitas vezes, o diferencial de mercado dos bens culturais é justamente sua indiferença em relação ao mercado. Assim, para a estratégia deste Plano, considera-se que o desenvolvimento ou é sustentável ou não é verdadeiro desenvolvimento. E a sustentabilidade contempla a promoção humana nos aspectos econômico, social, político, ambiental e cultural. Para além do aumento da renda dos indivíduos e da melhoria das condições sociais, o desenvolvimento sustentável amplia os espaços de sociabilidade e participação, reconhece e valoriza a dimensão simbólica da existência e preserva para as gerações futuras o meio físico e o patrimônio material e imaterial. 112 Toma como referência um novo paradigma que entende o desenvolvimento nacional como um processo de coordenação e sinergia entre vários processos de desenvolvimento local e regional. Essa mudança de paradigma resulta da combinação de uma série de fatores, dentre os quais merecem ser ressaltados: As novas formas de produzir e comercializar bens e serviços, graças à revolução dos transportes e da telemática, o que possibilitou substituir o sistema produtivo baseado em grandes plantas industriais e cadeias produtivas verticalizadas situadas em um espaço nacional, por organizações operando em rede, situadas em diferentes países e formando cadeias produtivas e comerciais globalizadas; A homogeneização de padrões culturais e de consumo, em escala global, o que, de um lado, reforça o consumo de um conjunto de bens e serviços e, de outro, cria uma preocupação cada vez maior com a afirmação de identidades culturais, como forma de resistência à crescente homogeneização, incentivando o pluralismo e o direito à diferença; A compreensão de que a melhoria da qualidade de vida não se traduz apenas no crescimento da oferta de bens materiais, mas na ampliação das oportunidades de realização pessoal e coletiva, na redução das desigualdades sociais e no respeito ao meio ambiente; e A convicção de que o desenvolvimento é um tema que diz respeito a toda a comunidade e não apenas a um grupo seleto de técnicos e dirigentes situados nos escalões mais altos de Governo e de que só haverá desenvolvimento sustentável e capaz de integrar crescimento econômico com bem-estar individual e social se houver a democratização das decisões e políticas. Todos esses fatores acabaram por produzir uma concepção de desenvolvimento que realça o papel decisivo das regiões e cidades, pois é nelas que vive a maior parte da população mundial e será em seu entorno que as pessoas e coletividades poderão concretizar seus anseios de melhores condições 113 de habitar e viver. As cidades e regiões transformaram-se em atores estratégicos e passaram a competir por investimentos e por participação no mercado global. Para enfrentar com alguma chance de êxito a competição, há necessidade de uma nova estratégia de desenvolvimento, na qual se considere a região como se fosse um país soberano ou mesmo uma empresa transnacional. Assim, cidades bem sucedidas no mundo globalizado serão aquelas capazes de estabelecer uma visão de futuro, compartilhada por todos os habitantes, de descobrir suas reais vocações, de avaliar os pontos fortes e vulneráveis no que diz respeito à exploração de suas potencialidades e que também sejam capazes de estabelecer estratégias bem definidas para concretizar a inserção nos mercados regionais, nacionais e mundiais. O primeiro passo indispensável na formulação de uma estratégia competitiva é a coleta e análise de informações sobre o contexto local, no que tange à demografia, à economia, à cultura, à sociedade e ao meio ambiente, transformando essas informações em conhecimentos sobre as vocações e potencialidades regionais que possam subsidiar a formulação de uma visão de futuro e a escolha das ações necessárias para realizá-la. A composição desse quadro sócio-cultural torna evidente a necessidade de considerar os elementos históricos e culturais que caracterizam o território como aspectos relevantes para o processo de formulação e implementação de Planos de Desenvolvimento Regional. Nesse sentido, uma atenção especial deve ser dada à discussão sobre a cultura e a identidade regional. De fato, valer-se da dimensão cultural como fator de desenvolvimento regional abre perspectivas bastante promissoras. Ao se utilizar a identidade cultural da Bacia do Araripe - história compartilhada, sentido de pertença, práticas sociais comuns - como ponto de partida para o planejamento do desenvolvimento regional, o planejamento estratégico pode ter forte sentido aglutinador, na medida em que permite; 114 favorecer a acumulação do capital social da região, fortalecendo vínculos locais e regionais, a confiança mútua e o fomento de formas associativas de participação social no processo de desenvolvimento regional; resgatar e re-valorizar práticas sociais e manifestações culturais música, folguedos e festas populares, arte, artesanato, religiosidade – que são considerados elementos constituintes da identidade, fatores de agregação social e oportunidades de geração de renda e emprego; conduzir ao reconhecimento de que tais práticas e produtos se constituem, eles mesmos, em atrativos para projetos específicos de desenvolvimento regional e oportunidades de geração de renda e emprego. A cultura é entendida aqui como a matriz, em constante transformação, dos sentimentos e das maneiras de perceber e se apropriar do mundo que caracterizam as comunidades em um dado momento. Uma maneira abrangente de compreendê-la é atentar para o fato de que não existem práticas que não estejam calcadas em representações através das quais os indivíduos constroem o sentido de suas existências. Instituições, práticas e representações configuram a reprodução e a mudança. Assim, cabe aos atores sociais comprometidos com a transformação da realidade regional pensar as relações entre cultura e desenvolvimento como o primeiro passo para a formulação de estratégias de desenvolvimento viáveis, efetivas e legítimas. Outro passo que se deve dar, concomitantemente, é envolver todos os interessados e beneficiários no processo de concepção do plano estratégico de desenvolvimento. Governos, organizações empresariais e da sociedade civil e lideranças políticas e comunitárias precisam ser envolvidos em um trabalho conjunto de construção do futuro da região. A seguir estes passos, o processo de elaboração deste Plano de Ação permitiu definir os seguintes elementos da Estratégia 115 AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE NA DIVERSIDADE, como forma de recuperação da auto-estima, mobilização e intercâmbio. SABER, CONHECIMENTO E INVENTIVIDADE, valorizando todas as formas de expressão e diferenciação do engenho humano. CIRCULAÇÃO de bens e serviços culturais, como forma de exposição, conhecimento mútuo e ampliação do mercado. INCLUSÃO SOCIAL, pela geração de oportunidades de trabalho e renda, melhoria da qualidade de vida e valorização simbólica da existência. SUSTENTABILIDADE dos processos e dos resultados, garantindo rentabilidade, mobilização (capital social) e institucionalidade. Assim, este plano tem como propósito mobilizador potencializar a autoestima da população da Região, através da afirmação da sua identidade e da agregação de valor a seus bens e produtos culturais, contribuindo para aumentar a renda e melhorar suas condições de vida. Comunidade cultural reconhecida por sua identidade, respeitada em sua dignidade, reconhecida por seus valores, satisfeita em suas necessidades materiais, desenvolvida social e economicamente, destacada e forte em suas potencialidades políticas. 116 EMPO BRECI MENT O CULT URAL Consumo acrítico das culturas alheias CONSEQÜÊNCIAS Comodismo Perda da memória coletiva Reduzido empreendedorismo Descaracterização da cultura popular Baixa auto-estima da população Êxodo de talentos CULTURA REGIONAL POUCO VALORIZADA Infra-estrutura precária ou inexistente Escassas oportunidades de inserção e difusão PROBLEMA CENTRAL Desconhecimento da cultura regional Caráter secundário da cultura CAUSAS DÉFICT DE INSTITU CIONAL IDADE E INFRAESTRUT URA Ausência de marketing Educação descontextualizada Formação insuficiente Reduzida ação do Poder Público Grade curricular inadequada 117 a) Programa de Infra-estrutura Cultural; b) Programa de Fomento à Ação Cultural; c) Programa de Memória e Patrimônio; d) Programa de Capacitação; e) Programa de Educação para a Cultura; f) Programa de Circulação, Intercâmbio e Difusão Cultural; g) Programa de Apoio à Gestão Cultural. 118 VALORI ZAÇÃO SIMBÓL ICA DA EXISTÊ NCIA Assimilação crítica da cultura alienígena Capital social e cidadania ativa Memória coletiva preservada Acentuado empreendedorismo FINS Preservação da cultura regional Auto-estima elevada Retenção de talentos PROPÓSITO OU MISSÃO CULTURA REGIONAL RECONHECIDA E VALORIZADA Infra-estrutura adequada e suficiente Amplas oportunidades de inserção e difusão Cultura regional conhecida e assimilada Caráter prioritário da cultura MEIOS INFRAESTRUTUR AE INSTRUME NTOS DA POLÍTICA CULTURAL Ações de comunicação e marketing Educação e cultura integradas Programas e ações de formação e capacitação Política e ação cultural consistente e efetiva Grade curricular regionalizada 119 IV. PROGRAMAS ESTRUTURANTES 1. Programa de Infra-estrutura Cultural Introdução As evidências apresentadas pelo inquérito realizado junto aos administradores culturais dos municípios componentes da Bacia Cultural e nas oficinas realizadas com os criadores, animadores e agentes culturais diversos nos quatro pólos das sub-regiões – Crato, Araripina, Picos e Cajazeiras – identificou um forte desequilíbrio na distribuição geográfica de espaços de exibição e mostras, com grande concentração de equipamentos nos municípios pólos, sobretudo no eixo Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha) e quase ausência deles na maioria dos municípios que formam a região. Trata-se da área que requer os investimentos mais elevados. Em função da escassez de recursos, a construção, renovação ou reaparelhamento de novos equipamentos deve considerar quatro critérios: A existência de espaços disponíveis e aptos ao uso imediato; a regionalização, de sorte a localizá-los em pontos eqüidistantes e atender a áreas geográficas as mais amplas possíveis; a hierarquização, localizando os equipamentos de maior porte nos pólos regionais e vinculando sua programação às dos demais equipamentos; a pluralidade de usos, de maneira a que os espaços possam servir a espetáculos de música, artes cênicas, cinema e vídeo e também a mostras e exposições. Também deve ser considerada a mobilidade de determinados equipamentos – lonas, trailers, trios elétricos, palcos desmontáveis, kits de som e iluminação, capaz de contribuir para a circulação da produção cultural e atender a várias comunidades dentro de uma mesma programação. 120 Objetivos 1. Dotar a região de infra-estrutura própria às atividades culturais; 2. Reaproveitar, revitalizar e construir equipamentos e espaços favoráveis à produção e difusão de bens e serviços culturais; 3. Mapear os espaços, equipamentos e expressões culturais existentes nas comunidades, identificar as necessidades de infra-estrutura e equipamentos locais e elaborar projetos específicos para as necessidades mapeadas; 4. Identificar, potencializar o uso e aparelhar os equipamentos destinados a usos diversos, como auditórios escolares, salões de clubes, teatros de arena e outros espaços de sociabilidade capazes de servirem à apresentação de bens culturais; 5. Adquirir e oferecer equipamentos móveis para artes cênicas e outros suportes e veículos de difusão cultural; 6. Integrar o planejamento dos investimentos públicos e privados em infraestrutura cultural no território da Bacia. Ações Construir 04 (quatro) Centros Culturais de médio porte, com espaços multiuso, para diversos tipos de manifestações artísticas; Construir 04 (quatro) bibliotecas regionais e adquirir acervo inicial de 8.000 livros para cada uma; Instalar 16 (dezesseis) pontos de cultura, dotados de infra-estrutura digital e Internet, em espaços cedidos pelas prefeituras, nos menos municípios da região; Recuperar e aparelhar 12 (doze) salas de cinema desativadas, para uso como espaço multimídia; 121 Aparelhar e potencializar o uso de 12 (doze) espaços de uso potencial para atividades culturais – auditórios, teatros escolares, quadras cobertas e salas de exposição; Adquirir 08 (oito) equipamentos móveis, sendo 04 (quatro) lonas culturais equipadas e 04 (quatro) kits de equipamentos (palco móvel, som e iluminação) para apresentações de artes cênicas, com os respectivos veículos de transporte. Instalar 04 (quatro) rádios comunitárias para a difusão de programação cultural. Líder do Programa Em função da diversidade das fontes de investimento e da necessidade de aporte de recursos dos governos estaduais, este programa deve ser liderado, em cada estado, pelo governo respectivo. No entanto, deve caber ao Ministério da Cultura, além da responsabilidade pelo aporte de parte dos recursos, um papel de articulação interinstitucional (sobretudo inter-governamental), sincronização do calendário de obras e aval junto a outros financiadores. Evidentemente o Sebrae e o Banco do Nordeste terão papéis fundamentais no apoio técnico e na concessão de créditos. Recursos Envolvidos (cenário para quatro anos) Programa de Infra-estrutura (espaços e equipamentos) 2007-2010 Programas Construção de (04) quatro Centros Culturais Regionais (espaços multiuso) Envolvidos Pólos a serem definidos Anos/Custo ano R$1,00 2007 2008 2009 2.400.000 2.400.000 (02) (02) 2010 122 Construção e dotação de acervo de 04 bibliotecas regionais Recuperação de 16 salas de Cinema desativadas Aparelhamento de espaços alternativos Aquisição de 08 equipamentos móveis Instalação de 04 rádios comunitárias Despesas de custeio e administração Totais anuais Total geral Pólos a serem definidos 2.000.000 2.000.000 (02) (02) Municípios a serem definidos Todos 120.000 (04) 120.000 (04) 120.000 (04) 120.000 (04) 150.000 150.000 150.000 150.000 Todos 140.000 140.000 140.000 140.000 Todos 80.000 80.000 80.000 80.000 Todos 240.000 360.000 360.000 720.000 3.130.000 5.250.000 2.850.000 1.210.000 12.440.000 123 2. Programa de Fomento à Ação Cultural Introdução Não obstante a pujança cultural da região, com seu rico e diversificado patrimônio material e imaterial, a Bacia do Cariri ainda se ressente da falta instrumentos de política que favoreçam a produção, a circulação e a difusão dos bens e serviços culturais nela produzidos. O levantamento realizado para subsidiar este Plano revela que o enorme potencial existente requer uma ação mais efetiva do poder público no sentido de apoiar a produção de obras de maior porte, melhorar as matérias primas e os suportes materiais, desenvolver e aplicar técnicas ou práticas, fazer circular a produção local dentro e fora da região e potencializar os mercados para os produtos regionais. Nos últimos anos, desde que a Lei Sarney inaugurou o sistema de incentivos fiscais para a Cultura, o principal instrumento das políticas de fomento à ação cultural tem sido o apoio financeiro, com recursos oriundos de renúncia fiscal, a projetos propostos por criadores ou produtores. Como a maior parte desses recursos é captado diretamente junto a empresas, elas acabam por assumir, em parte, o papel alocativo das políticas públicas, que, em tese, é privativo do poder público. Pelo menos no médio prazo, dirigentes públicos e formuladores de políticas não têm como abrir mão desse instrumento, mas outras formas de apoio à criação, à produção e à ação cultural devem ser buscadas. Objetivos 1. Promover o diagnóstico aprofundado do estado da produção cultural na região; 2. Identificar, mapear e estabelecer estratégias para os principais arranjos produtivos locais da cultura, do artesanato e do turismo; 3. Identificar e divulgar entre criadores, produtores e agentes do poder público fontes de financiamento à ação cultural, inclusive de leis de 124 incentivos, das três esferas de governo da Federação e de organismos internacionais; 4. Instituir fonte de financiamento, de caráter regional, para apoiar a criação ou realização de obras em diferentes campos de manifestação artística e cultural; 5. Instituir premiações anuais a diferentes tipos de manifestação artística e cultural; 6. Criar e manter corpos artísticos estáveis vinculados a instituições já existentes; 7. Estimular a participação dos meios empresariais no financiamento de atividades culturais; 8. Mobilizar e envolver os diversos atores culturais na formação de políticas públicas de fomento; Ações Realizar estudo aprofundado sobre o estado da produção cultural da região, apoiado em mapeamento consistente, e na identificação das cadeias produtivas da cultura; Elaborar e publicar levantamento de fontes de financiamento à criação, produção cultural, com os respectivos manuais de elaboração de projetos ou guias de preenchimento de formulários específicos; Criar um fundo concursável, com oferta mediante editais e cotas mínimas para as sub-regiões, para, anualmente, financiar atividades culturais nas áreas de música (CDs e shows), dança (espetáculos), teatro (encenação), cinema e vídeo, artes visuais (pintura, escultura), literatura (publicação de livros) e desenvolvimento de produtos artesanais; Criar linha de crédito subsidiado para apoiar os micro e pequenos negócios culturais da Bacia; 125 Criar prêmios anuais, de caráter regional, de aquisição, para obras de artes visuais; de publicação para literatura (poesia, conto e romance); de edição de discos para música, e; em dinheiro, para espetáculos de artes cênicas; Criar e manter corpos artísticos estáveis, em cada sub-região, de acordo com suas tradições e vocações, nas áreas de teatro (companhia), música (orquestra, mini-orquestra ou música de câmera, dança (balé, dança contemporânea e tradições regionais) e coros, capazes de se integraram em eventos de caráter regional. Instalar 16 (dezesseis) Pontos de Cultura junto a associações e entidades existentes. Recrutar, selecionar, preparar e manter 500 jovens da região para atuarem como agentes culturais em suas comunidades, com o apoio dos pontos de cultura. Líder do Programa A liderança desse programa deve estar a cargo do Comitê Gestor do Plano de Ação da Bacia Cultural do Araripe, com o apoio de sua Secretaria Geral, mas cabe ao SEBRAE um papel fundamental no apoio à realização dos estudos e elaboração dos projetos. Recursos Envolvidos (cenário de quatro anos) Programa de Fomento a Ação Cultural 2007-2010 Programas Estudos prospectivos (diagnóstico, mapeamento e APLs Envolvidos Todos 2007 30.000 Anos/Custo ano R$1,00 2008 2009 30.000 30.000 2010 30.000 126 Repertório de fontes de financiamento Fundo concursável Premiações Manutenção de corpos artísticos estáveis Instalação de 16 Pontos de Cultura Agentes Culturais Cultura Viva Totais anuais Total geral 20.000 20.000 1.200.000 1.200.000 1.200.000 1.200.000 320.000 320.000 320.000 320.000 480.000 480.000 480.000 480.000 16 munic. 400.000 400.000 400.000 400.000 + pobres 500 72.000 144.000 216.000 288.000 jovens 2.522.000 2.574.000 2.666.000 2.718.000 12.480.000 127 3. Programa de Memória e Patrimônio Introdução A região da Bacia do Araripe é reconhecida nacionalmente pela grande riqueza e diversidade de suas manifestações culturais que acontecem durante todo o ano. O vasto patrimônio cultural da região merece ser objeto uma ação mais efetiva do poder público no sentido da identificação, reconhecimento, registro, tombamento, recuperação e proteção, para que não venha a ser destruído pela ação do tempo, como muitos documentos existentes em cartórios e arquivos, nem pela ação do homem, como os sítios arqueológicos e paleontológicos. Também deve ser objeto de ação governamental, o patrimônio imaterial, só parcialmente identificado, mas ainda não reconhecido nem registrado. que deve ser urgentemente mapeado e preservado através de técnicas apropriadas para conhecimento das futuras gerações. Objetivos 1. Conhecer e fazer conhecer, através de diferentes mecanismos de identificação e registro, o patrimônio cultural da região – patrimônio natural, sítios arqueológicos, sítios históricos, patrimônio edificado, objetos e elementos do patrimônio imaterial (saberes, celebrações, formas de expressão e lugares); 2. Promover a recuperação e conservação do patrimônio natural e dos sítios arqueológicos e históricos; 3. Promover a restauração e a re-qualificação de trechos urbanos de interesse histórico, conjuntos de edificações de arquitetura característica da região, prédios históricos, etc; 4. Promover a restauração santuários, mobiliário, vestuário, objetos e utensílios, imagens e arte sacra presentes na região; 5. Fortalecer os museus e memoriais existentes na região; 128 6. Criar espaços, instrumentos e registros para a coleta, a conservação, a restauração, a guarda e a exposição de documentos; 7. Promover o reconhecimento, o registro, a salvaguarda e a promoção de elementos do patrimônio imaterial, revitalizando e valorizando as manifestações da cultura tradicional; Ações Realizar o levantamento completo do patrimônio cultural da região; Apoiar iniciativas de recuperação da paisagem natural, sítios arqueológicos e sítios históricos; Apoiar a restauração de igrejas e edificações históricas, promovendo a re-qualificação do uso,quando for o caso; Reformar, equipar e restaurar o acervo de 06 (seis) museus da região, formando uma rede regional integrada ao sistema nacional de museus; Criar e equipar 04 (quatro) unidades regionais dos arquivos públicos estaduais; Promover o reconhecimento e registro de bens do patrimônio imaterial da região ações de transmissão dos saberes dos mestres da cultura popular; Apoiar o reconhecimento dos guardiões da cultura popular e assegurar a transmissão de seus conhecimentos. Líder do Programa Um programa dessa natureza, com seu alcance e complexidade, em termos extensão territorial, jurisdição político-administrativa e diversidade de objetos, tem que ficar a cargo do próprio IPHAN, contando evidentemente com o apoio de 129 todos os parceiros, sobretudo o Comitê Gestor do Plano, os governos estaduais e a representação do Ministério da Cultura em Recife. Recursos Envolvidos (cenário para quatro anos) Programa de Memória e Patrimônio 2007-2010 Programas Inventário do Patrimônio Cultural Recuperação de paisagens e sítios Restauração de edificações e monumentos Fortalecimento de 06 museus Criação de unidades regionais de arquivo Preservação do patrimônio imaterial Apoio aos guardiões da cultura popular Totais anuais Total geral Envolvidos Anos/Custo ano R$1,00 2007 2008 2009 2010 240.000 240.000 240.000 240.000 600.000 600.000 600.000 600.000 1.600.000 1.600.000 1.600.000 1.600.000 150.000 300.000 300.000 150.000 Todos 120.000 120.000 120.000 120.000 Todos 320.000 320.000 320.000 320.000 Todos 80.000 160.000 240.000 320.000 3.110.000 3.340.000 3.420.000 3.350.000 13.220.000 130 4. Programa de Capacitação Introdução Por mais rica e diversificada que sejam as manifestações culturais e a produção artística e artesanal da Bacia do Araripe, o diagnóstico realizado constatou que a região se ressente muito da carência de pessoal qualificado em diversas áreas do fazer artístico e artesanal e na gestão de projetos, empreendimentos ou eventos. Não se trata de propor a deformação das características identificadoras da produção regional, mas sim de prover os criadores, produtores e formuladores de informações e instrumentos técnicos para aperfeiçoar sua produção e fazer deslanchar projetos culturais que apresentem elevado grau de inserção social. A falta de uma ação continuada e sistemática na capacitação para a Cultura, tanto por parte de instituições públicas quanto por organizações não-governamentais, impede a exploração de todas as potencialidades de geração de emprego e renda existentes no setor. Torna-se necessário então criar um conjunto de instrumentos voltados para a capacitação como forma de promover a efetiva sinergia entre as partes envolvidas e assim promover a regionalização, tirando proveito do imenso estoque de capital social básico existente na área corporificado em instituições como a Fundação Caatinga, a URCA, o SEBRAE, o SESC, o SENAC etc. Objetivos 1. Promover a ampliação de conhecimentos, técnicas e práticas ao fazer artístico e artesanal; 2. Promover a capacitação dos criadores de cultura nos segmentos que se consideram mais vulneráveis e dos agentes públicos e privados que atuam na gestão cultural; 131 3. Capacitar as equipes dos governos municipais, das organizações nãogovernamentais e os próprios produtores culturais no planejamento e na gestão de organizações, programas, projetos, empreendimentos e eventos 4. Fortalecer as organizações voltadas para formação cultural; 5. Criar instituições, de abrangência regional, especializadas no fazer artístico; 6. Apoiar projetos e instituições de formação em Artes e Ofícios e processos técnicos. 7. Criar espaços de reflexão e intercâmbio de idéias entre intelectuais, criadores e produtores culturais Ações Criar e manter quatro escolas de abrangência regional, um em cada estado, segundo sua vocação, nas áreas de música, artes cênicas, artes visuais e artes e ofícios; Criar uma escola virtual de comunicação e artes, com base nas quatro escolas de artes, para a especialização dos seus egressos e o estudo da literatura, o audiovisual e as artes multimídia. Realizar cursos, oficinas, laboratórios e seminários em temas específicos dos campos artísticos e do artesanato para formação rápida em organizações existentes; Realizar de cursos de capacitação em gestão cultural, para a formação de gerentes, produtores e animadores culturais. Realizar Encontro anual itinerante das culturas da Bacia do Araripe. 132 Líder do Programa A liderança desse programa, cuja execução estará a cargo dos governos estaduais e municipais e de organizações não-governamentais, pode ser entregue à Universidade Regional do Cariri – URCA. Recursos Envolvidos (cenário de quatro anos) Programa de Capacitação 2007-2010 Programas Criação e manutenção das escolas de artes Criação e manutenção da escola de comunicação Cursos e oficinas Capacitação em gestão cultural Totais anuais Total geral Envolvidos Anos/Custo ano R$1,00 2008 2009 2010 1.200.000 1.800.000 2.400,000 4* 2007 600.000 4* 800.000 600.000 600.000 600.000 12** 4 (***) 800.000 180.000 800.000 180.000 800.000 180.000 800.000 180.000 2.380.000 2.780.000 3.380.000 3.980.000 15.520.000 133 5. Programa de Educação para a Cultura Introdução Este programa nasce do axioma de que toda arte é educativa, pois contribui para a formação de seres sensíveis à condição humana e á realidade que os cerca. Constou-se em todas as oficinas preparatórias que um dos principais problemas identificados é a falta de conhecimento da cultura local. Ademais, há uma fraca interação entre o que é transmitido nas escolas municipais e estaduais dos municípios que formam a Bacia Cultural e a ações culturais existentes nesse mesmo território. Foi constatado que os currículos e procedimentos pedagógicos existentes não levam em consideração a existência de bens culturais da região e dos próprios municípios. O programa de Educação para a Cultura está voltado para formação de platéias, abrangendo toda a população, mas tem como foco os alunos do 1º. e 2º. Graus das escolas municipais e estaduais existentes nos municípios. Objetivos 1. Estimular o conhecimento da cultura regional, através do acesso à literatura, às manifestações culturais e aos sítios de valor cultural; 2. Apoiar a realização de atividades culturais nas escolas, como encenações, competições e festivais estudantis, considerando as várias linguagens artísticas; 3. Criar espaços de leitura destinados preferencialmente aos estudantes; 4. Contribuir para a formação de profissionais de educação na área cultural, 5. Garantir a interface da cultura regional com o currículo escola, mediante ações contemplados nos projetos político-pedagógicos das escolas; 134 6. Promover a realização de cursos, oficinas, seminários e visitas guiadas a equipamentos e espaços, envolvendo artistas, escolas e comunidades. 7. Estimular o acesso aos Pontos de Cultura da Região através de visita guiada e desenvolvimento de atividades por meio de oficinas. Ações Incentivar as escolas a considerarem nos seus PPP a aproximação da escola com as manifestações artístico-culturais da região. Promover a capacitação dos professores para atuarem na Educação Patrimonial e na animação cultural nas escolas; Organizar visitas guiadas a sítios históricos e arqueológicos, museus, encenações de manifestações da cultura popular, oficinas de artesãos, etc; Promover o contato dos alunos e professores com os mestres da cultura popular Apoiar a publicação e circulação de livros para-didáticos com temática regional; Criar programas de rádio orientados para o público jovem; Promover a adequação currículos escolares à ambiência cultural da Bacia. Líder do Programa Dada a sua natureza e a experiência das universidades com programas de extensão, este programa pode ficar sob a liderança da Universidade Regional do Cariri. 135 Recursos Envolvidos (cenário de quatro anos) Programa de Educação para a cultura 2007-2010 Programas Capacitação dos professores Programa de visitas e excursões Oficinas de artes Editoração de Livros Programas de difusão Totais anuais Total geral Envolvidos Todos Anos/Custo ano R$1,00 2007 2008 2009 2010 120.000 120.000 120.000 120.000 100.000 Todos Todos 100.000 100.000 100.000 200.000 200.000 200.000 200.000 150.000, 150.000, 150.000, 150.000, 120.000, 120.000, 120.000, 120.000, 690.000 690.000 690.000 690.000 2.760.000 136 8. Programa de Circulação, Intercâmbio e Difusão Cultural Introdução Verifica-se a quase total inexistência de Programas de Intercâmbio entre os municípios e ausência de Marketing e a total inexistência de intercâmbio nacional e internacional. Trata-se de um segmento fundamental no processo de disseminação do conhecimento dos produtos e eventos culturais da região tanto a nível local quanto a nível nacional e internacional. Urge estabelecer uma estratégia de circulação e intercâmbio de produtos culturais e de difusão dos bens da cultura regional, através de ações de promoção e marketing. Objetivos 1. Oferecer informações e divulgação dos bens e serviços culturais dentro e fora da Bacia do Araripe, 2. Divulgar em outras regiões do país a produção de grupos de cultura popular, artistas, escritores, intelectuais, artesãos, técnicos e profissionais da cultura; 3. Apoiar, difundir e favorecer o consumo da culinária regional; 4. Promover a circulação de bens e manifestações culturais dentro e fora da Bacia do Araripe; 5. Estimular o intercâmbio das diversas culturas entre as sub-regiões da Bacia do Araripe e com outras regiões do país; 6. Favorecer a geração de trabalho e renda em atividades culturais, artísticas, artesanais e no domínio conexo do turismo; 137 7. Criar marcas, produtos diferenciados e suportes (calendários e catálogos) e de sítios eletrônicos (web sites) específicos da região; 8. Apoiar e difundir as manifestações religiosas, folclóricas e festas populares; 9. Formar platéias para apreciação e consumo das diversas expressões artísticas e culturais; 10. Estimular a criação de programas de rádio e tv, de níveis local, regional e nacional para a divulgação dos bens e serviços culturais da região. Ações Criar de um calendário de eventos de caráter regional, promovendo a compatibilização e potencialização das programações regionais; Definir e realizar estratégia de divulgação dos produtos culturais da região, com ações permanentes e campanhas intensivas; Elaborar de roteiros turísticos que valorizem os produtos e manifestações culturais da Bacia Cultural - caminhos da natureza, da água, do açúcar, do gado, da história, da pré-história, da fé, da festa e do artesanato; Apoiar a realização de festivais, feiras e mostras de produtos culturais, de caráter regional, em consonância com as ações de fomento e premiação; Apoiar a criação e realização de dois eventos bienais de grande porte em cada uma das quatro sub-regiões da Bacia Cultural, em anos alternados, num total de oito novos eventos, sendo quatro por ano ou um por ano em cada sub-região; Apoiar a criação e realização do Circuito de Cultura da Bacia do Araripe; Elaborar plano de marketing turístico-cultural, valorizando as expressões artísticas e o calendário de eventos da região; 138 Apoiar a elaboração e divulgação de mapas e guias turístico-culturais da região; Instituir edital para apoiar e difundir as manifestações religiosas, folclóricas e festas populares que não tenham outras formas de sustentabilidade; Apoiar a realização de 05 eventos de disseminação da gastronomia local; Líder do Programa A liderança desse programa deve estar a cargo do Comitê Gestor do Plano de Ação da Bacia Cultural do Araripe, com o apoio de sua Secretaria Geral, mas cabe ao SEBRAE um papel fundamental no apoio à realização dos estudos e elaboração dos projetos. Recursos Envolvidos Programa de Circulação, Intercâmbio e Difusão 2007-2010 Programas Calendário de eventos e agenda cultural Campanhas de divulgação Eventos de médio porte Bienais Roteiros turísticos Apoio a manifestações Feiras gastronômicas Envolvidos Anos/Custo ano R$1,00 2008 2009 10.000 10.000 Todos (*) 2007 30.000, Todos (**) 300.000, 300.000 300.000 300.000 480.000 180.000 480.000 480.000 800.000 120.000 320.000 800.000 120.000 320.000 800.000 120.000 320.000 800.000 120.000 320.000 200.000 200.000 200.000 200.000 Todos (***) 2010 10.000 139 Totais anuais Total geral 2.250.000 2.250.000 2.250.000 2.250.000 11.000.000 140 7. Programa de Apoio à Gestão Cultural Introdução O diagnóstico identificou três aspectos que estão fortemente relacionados à gestão cultural, a saber. Ausência de cooperação entre as partes que formam a cena cultural – criadores, produtores, financiadores e poder público, o que se verifica inclusive no território de muitos municípios, onde não existe praticamente não existe comunicação entre os agentes; Presença de fortes regionalismos e de atitudes eminentemente paroquiais que interferem no processo de cooperação e geram fortes assimetrias de informação; Ausência de organismos locais de política cultural (secretarias de cultura ou fundações) e de instituição que formule, planeje e gerencie ações de caráter cultural na região. O sucesso do Plano de Ação Cultural da Bacia Cultural do Araripe depende sobretudo da consecução dos recursos para sua implementação, mas a inexistência de mecanismos institucionais capazes de promover a mobilização, organização e agenciamento dos atores sociais também pode comprometer o sucesso dos investimentos. De fato, lideranças, estruturas e mecanismos de gestão mais eficazes podem contribuir não só para a eficiência, mas também para a própria captação dos recursos. Objetivos 141 1. Promover a integração de programas e ações de organismos federais, estaduais e municipais que atuam em setores ou atividades de interesse da produção cultural; 2. Instituir modelo de gestão constituído de instâncias de deliberação, articulação e gerenciamento das atividades do plano; 3. Institucionalizar mecanismos de cooperação e financiamento das ações do plano; 4. Promover a identificação de projetos prioritários e pactuar sua execução; 5. Apoiar a criação de secretarias municipais de cultura, conselhos municipais de cultura, leis municipais de incentivo e a adesão ao sistema nacional de cultura; 6. Instituir mecanismos de assistência técnica aos municípios; Ações Criar o Conselho de Articulação da Bacia Cultural do Araripe, o Comitê Gestor do Plano de Ação Cultural da Bacia do Araripe e sua Secretaria Geral; Manter sistema informatizado de informações culturais, inclusive sobre a economia da cultura regional; Elaborar diagnósticos, estudos prospectivos, programas e projetos de ação cultural; Promover ações de institucionalização junto à prefeituras para a criação de secretarias e conselhos municipais, leis de incentivos e termos de adesão ao Sistema Nacional de Cultura; Promover ações de cooperação e de assistência técnica aos municípios. Líder do Programa 142 A liderança desse programa deve estar a cargo do Comitê Gestor do Plano de Ação da Bacia Cultural do Araripe, com o apoio de sua Secretaria Geral, mas cabe ao SEBRAE um papel fundamental no apoio à realização dos estudos e elaboração dos projetos. Recursos Envolvidos (cenário de quatro anos) Programa de Apoio a Gestão Cultural (1) 2007-2010 Programas Criação e manutenção de órgãos de gestão Sistema de Informações Estudos e pesquisas Assistência Técnica Totais anuais Total geral Envolvidos Todos Todos Todos Anos/Custo ano R$1,00 2007 2008 2009 2010 150.000 150.000 150.000 150.000 120.000 90.000 240.000 600.000 120.000 120.000 120.000 90.000 90.000 90.000 240.000 240.000 240.000 600.000 600.000 600.000 2.400.000 143 V. MODELO DE GESTÃO BACIA CULTURAL DO ARARIPE MODELO DE GESTÃO C t B íli d b d 2005 MODELO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTEGRADA DA BACIA CULTURAL DO ARARIPE 145 INTRODUÇÃO A superação da ideologia desenvolvimentista na América Latina e, mais recentemente, da lógica privatista e estatofóbica do liberalismo impôs aos organismos internacionais e aos governos nacionais a necessidade de trabalhar com uma nova visão de desenvolvimento, orientada para a sustentabilidade ambiental, econômica, social, cultural e institucional, através da preservação e da renovação dos recursos naturais, da repartição mais equilibrada dos resultados do crescimento econômico, da melhoria da qualidade de vida, da valorização das culturas regionais e da democratização das decisões relativas aos projetos de desenvolvimento. Neste novo paradigma, uma das principais preocupações em estudar os meios de mobilizar e envolver os diferentes segmentos da sociedade na concepção, no desenho, na execução e na avaliação de planos, programas e projetos de desenvolvimento caracterizados como um processo contínuo e permanente cuja razão última deve ser a ampliação das liberdades de todos os membros da população. Por isso, as expressões participação, diversidade, capital social e inclusão social vêem se tornando, pouco a pouco, os fios condutores na elaboração das políticas, planos e projetos de desenvolvimento. A nova concepção do desenvolvimento também privilegia o papel das regiões e cidades, pois é nelas que vive a maior parte das pessoas. Constituem, portanto, os espaços por excelência nos quais os indivíduos e coletividades podem concretizar seus anseios de melhores condições de habitar, imaginar, produzir, consumir, conviver e participar. As regiões e cidades transformaram-se, assim, em atores estratégicos do processo de desenvolvimento, passando a competir por investimentos e inserção no mercado global. A implementação de um plano de ação cultural orientado para o desenvolvimento de uma região que abrange diferentes espaços estaduais e a ação concertada de atores sociais e agentes públicos situados em diversos níveis institucionais requer o funcionamento de um modelo de gestão capaz de promover a articulação institucional indispensável à cooperação mútua, à coordenação de decisões, à integração de ações e à racionalização do uso de recursos. Um modelo de gestão nada mais é do que uma maneira particular de planejar, organizar, dirigir, coordenar, acompanhar e avaliar as atividades de uma determinada organização, programa ou rede de relações interinstitucionais. Ele se expressa na forma que um arranjo institucional assume para fazer circular informações, estabelecer objetivos e indicadores, distribuir autoridade e responsabilidades, compartilhar decisões, extrair e alocar recursos, estabelecer parcerias, agenciar esforços e controlar e avaliar resultados. Para atender tais requisitos e assegurar a consecução de atividades complexas como as da área cultural, é necessário um sistema de gestão flexível, que permita novas formas de cooperação entre governos – nacional, estaduais e locais, organizações nãogovernamentais, empresas privadas, intelectuais, criadores, produtores e agentes cultuais. Assim, o modelo de gestão a ser adotado deve tentar alcançar os seguintes objetivos: a) Estimular o planejamento ascendente, alimentando o processo com as contribuições dos debates, estudos, diagnósticos, planos, programas e projetos de caráter local, estadual ou regional; b) Favorecer a flexibilidade, celeridade e sinergia no planejamento, execução e avaliação das ações; c) Assegurar a realização de ações integradas entre os diversos parceiros que operam na Bacia Cultural do Araripe; d) Facilitar a retro-alimentação do processo de planejamento e os ajustes necessários para a otimização do processo de implementação, por meio de um esforço interinstitucional de monitoramento, acompanhamento e avaliação das ações na bacia do Araripe; e) Proporcionar uma estrutura enxuta, com reduzidos custos de manutenção; ENTRAVES À COOPERAÇÃO INTERINSTITUCIONAL O estudo das tentativas de promover a cooperação interinstitucional para a realização de ações de caráter regional e, portanto, de natureza intersetorial, como os programas do atual arranjo organizacional orientado para a promoção do desenvolvimento regional no Brasil, aponta alguns problemas e pontos de estrangulamento que podem dificultar o esforço de concepção e implementação de um modelo de gestão pública mais integrado e compartilhado. São problemas comuns ao modelo burocrático hierarquizado que fundamenta a organização da administração pública, presente em diferentes contextos nos planos nacional, regional, estadual e municipal. 147 Esse repertório mostra que há relações de causa e efeito entre problemas de planejamento, decisão, organização, agenciamento, gestão, controle e avaliação. Ou seja, os problemas de articulação e integração têm raízes em outros déficits institucionais que precisam ser reconhecidos e explicitados. Entre os principais entraves assinalados na literatura sobre Gestão Integrada no Brasil, é possível destacar: Inexistência de mecanismos de articulação entre governos, dentro dos governos e com as organizações e atores da sociedade; Precário sistema de informações para o planejamento e a gestão; Fragilidade do planejamento governamental como um todo; Insuficiente integração entre os diferentes programas governamentais; Excesso de instâncias de coordenação e deliberação. Matriz de regionalização dos diferentes organismos sem rebatimento das estruturas de ação pública; Falta de capacidade técnica e gerencial; Insuficiente e inadequada participação do mercado e do terceiro setor na avaliação dos programas. PREMISSAS As aceleradas transformações do mundo contemporâneo, com os impactos causados pela globalização, os avanços nas tecnologias de informação e comunicação, a reestruturação produtiva, a fragilização do Estado Nacional, a mudança nos mecanismos de transferência de renda dentro da sociedade e a emergência de novos atores políticos e sociais, condicionam os processos de formação de políticas públicas. Além de mais densas e complexas em seus conteúdos, as políticas passam a constituir o produto de negociações múltiplas que envolvem variadas instâncias de articulação e concertação. Algumas áreas de política pública são dotadas de determinadas características que as tornam mais suscetíveis a esses impactos, requerendo um tratamento diferenciado por parte dos governos e grupos interessados. Tal é o caso das políticas culturais, dado o seu caráter interdisciplinar e transversal. Assim, para a concepção do Modelo de Gestão da Bacia Cultural do Araripe, algumas premissas devem ser levadas em conta não só nos processos de formulação, mas 148 também nas etapas de institucionalização, implementação e avaliação de programas de caráter regional. Complexidade e diversidade dos problemas A complexidade é característica inerente à própria noção de cultura, enquanto objeto de conhecimento e área de intervenção governamental. Associada ao desenvolvimento regional, sobretudo em uma região com as características do Semi-árido, torna igualmente complexos os programas e ações voltadas para intervir na sua realidade. Ao mesmo tempo em que o ambiente é marcado por diversificados problemas políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, grande número de programas governamentais de todos os níveis, orientados para o desenvolvimento, a cultura, o turismo e o artesanato, com sobreposições ou lacunas, podem ser identificados na Bacia Cultural do Araripe. Natureza integrada dos problemas A maioria dos problemas emergentes da cena cultural não se circunscrevem ao campo de ação de uma secretaria ou de uma fundação de cultura. Estão relacionados à geografia, à história, à demografia, à economia, à comunicação e a todos os demais aspectos da vida social. São de natureza integrada, pois suas causas podem ser encontradas em áreas diferentes daquela em que se manifestam. E as soluções previstas para o setor também escapam aos limites e óticas setoriais. No caso da Bacia Cultural do Araripe, principalmente, a complexidade dos problemas da Região revela a insuficiência de abordagens técnicas setorializadas, resultantes de mecanismos de gestão burocráticas, baseados na hierarquia e na especialização funcional. Supraterritorialidade O espaço geográfico da Bacia Cultural do Araripe transcende o território de um estado da Federação, o que estabelece a descontinuidade de jurisdição políticoadministrativa e a multiplicidade de entes governamentais intervenientes nos processos de decisão com relação a planos, programas e projetos de intervenção, tornando ainda mais complexas as relações interinstitucionais a serem estabelecidas entre os diferentes agentes públicos, privados, comunitários e individuais. 149 Multiplicidade de atores envolvidos As políticas e programas públicos não são formulados nem implementados em uma única organização. Ao contrário, os processos decisórios passam por um amplo conjunto de organizações, estabelecendo um complexo sistema de relações formais e informais. O Governo Federal, os governos estaduais e municipais, com a participação de inúmeras instituições, não são os únicos agentes atuantes ou com potencialidade de atuação no território regional. Ao lado das comunidades regionais, ONGs nacionais e internacionais, igrejas, empresas do setor privado, instituições e organismos internacionais estão envolvidos de forma direta ou indireta na formação de programas de interesse da cultura e do desenvolvimento regional. O envolvimento e participação destes atores nas políticas de desenvolvimento é visto não apenas como desejável - tendo em vista o imperativo da pluralidade e participação da sociedade civil em políticas públicas -, mas necessário - tendo em vista a situação de escassez de recursos financeiros. No entanto, estes constituintes apresentam características, interesses e capacidades organizacionais diferenciadas. A dificuldade reside não apenas no processo de negociação de objetivos, mas também na compatibilização das capacidades organizacionais que estes atores apresentam. A ação governamental tem se mostrado insuficiente para suprir as carências da região. As atividades pontuais e dispersas conduzidas pela maior parte das organizações governamentais contribuem mais para acentuar o sentimento de “ausência” do Poder Público do que para o encaminhamento de soluções de longo prazo. Essa situação é agravada pela concentração de atividades econômicas mais rentáveis em alguns poucos pólos regionais. Além disso, constata-se o precário nível de capacitação técnica dos quadros dos governos locais, o que dificulta sobremaneira o fortalecimento das parcerias intergovernamentais. Inadequação dos modelos burocráticos e hierarquizados A cooperação interinstitucional, voltada para o alcance de sinergia na implementação de políticas e programas públicos, passa pela necessidade de adotar um novo paradigma de gestão. O modelo burocrático, com a falta de referência em objetivos, a rigidez das estruturas, a verticalização hierárquica, o caráter excludente, o processualismo e o formalismo dos controles, mostra-se incapaz de responder aos desafios impostos por uma ambiência complexa e multifacetada, onde há grande número de intervenientes e 150 interessados, incerteza e intensidade de mudanças. A METÁFORA E O MODELO Para a concepção do Modelo de Gestão da Bacia Cultural do Araripe, buscou-se identificar experiências nacionais bem sucedidas e inovadoras de arranjos institucionais que compartilham as premissas que guiam o presente estudo. Entre muitos programas multissetoriais, redes de articulação e iniciativas de intervenção de caráter intergovernamental, o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos ressalta como uma experiência das mais inovadoras. Considerando que a bacia cultural é uma metáfora da bacia hidrográfica, uma vez que apresenta os mesmos aspectos de complexidade, intersetorialidade, supraterritorialidade e interinstitucionalidade (inclusive em termos intergovernamentais), considerou-se que alguns aspectos da experiência com a gestão de recursos hídricos pudessem ser adaptados e potencializados para uso na Bacia Cultural. De fato, são várias as razões a serem consideradas, a saber: a diversidade social, econômica e ambiental do país enseja que o modelo de gestão se baseie nos princípios de integração, descentralização e participação; a gestão está articulada com o planejamento dos setores usuários de água, com os planejamentos regional, estadual e nacional e com a gestão do uso do solo; o modelo é um espaço institucionalizado de concertação e pactuação política, onde diversos atores, com visões e posições às vezes antagônicas, possam dialogar para formular os planos de gestão de recursos hídrico; o processo de institucionalização e implantação do Sistema encontra-se em estágio bastante avançado, embora apresentando características e velocidades distintas, dependendo da região. as possibilidades de avanço em termos organizacionais ainda não estão suficientemente exploradas, abrindo espaço para incorporar modificações e melhorias, dependendo das características regionais. A Bacia Hidrográfica é um conceito chave para a operacionalização do modelo, uma vez que esta considera-se a unidade territorial para a implementação da Política de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. No entanto, na definição da área de atuação dos Comitês de Bacia Hidrográfica, além de 151 aspectos de ordem hidrológica, observam-se aspectos de natureza social, cultural, ambiental e econômica. O ordenamento institucional para a gestão compartilhada do uso da água baseia-se no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, do qual fazem parte: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal, os Comitês de Bacia Hidrográfica, os órgãos dos poderes públicos federais, estaduais e municipais, cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos, as Agências de Água, as organizações civis de recursos hídricos. A Agência Nacional de Águas – ANA foi incluída no Sistema quando de sua criação em 2000 pela Lei n° 9.984/00, tendo como competência a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Destaca-se que, praticamente em todos os estados, já foram instituídos os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. No entanto, até o momento foram institucionalizados apenas cinco Comitês de Bacia e de apenas uma Agência de Águas (braço executivo de bacias hidrográficas). Este sistema é coerente com a estratégia de base proposta para o modelo de gestão da bacia cultural - a mobilização de todos os atores institucionais relevantes num arranjo organizacional em rede. Trata-se de um arranjo onde cada uma das organizações participantes mantêm sua autonomia, reconhecendo a interdependência, que é definida no decorrer do processo de concertação de objetivos e prioridades estratégicas materializados em projetos concretos. CULTURA, DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO REGIONAL O processo de planejamento de ações governamentais e não governamentais no domínio em que se encontram cultura e desenvolvimento regional sempre colocará aos agentes envolvidos o desafio de estabelecer ou um plano de desenvolvimento fundado na cultura regional ou formular um plano de cultura orientado para o desenvolvimento regional. Se se toma como válidos os pressupostos que definem a bacia cultural, vale dizer, a centralidade da cultura no processo de desenvolvimento, esse desafio é apenas parcialmente dilemático. Pois um plano de desenvolvimento regional não pode negligenciar a cultura nem um plano de ação cultural deixar de ter como foco o desenvolvimento regional. Num ou noutro caso, determinadas etapas devem ser vencidas para que se possa empreender com alguma chance de êxito um projeto de transformação calcado no novo 152 paradigma de desenvolvimento. Faz-se indispensável revolucionar a forma de planejar e gerenciar ação cultural e o crescimento econômico sustentável. A revolução implica em considerar regiões (ou bacias) e mesmo algumas cidades como se fossem países soberanos e também empresas. Com efeito, as regiões mais bem sucedidas serão aquelas capazes de estabelecer uma visão de futuro, compartilhada por todos os habitantes, de descobrir suas reais vocações, de avaliar os pontos fortes e vulneráveis no que respeita a exploração de suas potencialidades e que também sejam capazes de estabelecer estratégias bem definidas para concretizar suas vocações e potencialidades. Todas essas definições dependem do conhecimento aprofundado sobre a realidade regional. Assim, o primeiro e indispensável passo na formulação de uma estratégia competitiva é a coleta e análise de informações sobre o contexto regional, no que respeita a demografia, economia, cultura, sociedade e meio ambiente, transformando essas informações em conhecimentos que possam subsidiar a formulação de uma visão de futuro e a escolha das estratégias necessárias para realizá-la. O mapeamento cultural, a identificação dos arranjos produtivos locais da cultura e o calendário de eventos da região são elementos fundamentais de uma descrição densa da bacia cultural. O planejamento regional se caracteriza por ter uma base territorial, que pode ser definida a partir de bacias hidrográficas, características edafo-climáticas, vocações econômicas, de integração e identidades culturais. Por isso, a etapa seguinte consiste em formular um ordenamento territorial da bacia cultural que leve em conta a raiz identitária, a geografia física, as vocações, potencialidades e complementaridades econômicas, as tradições administrativas e a contigüidade as estratégias delineadas -, que facilite a utilização mais racional dos recursos existentes. Isso precisa ser feito sem esquecer as vantagens comparativas já acumuladas por algumas cidades que, ao longo da história, passaram a constituir centros ou pólos regionais, em torno dos quais outras cidades e regiões se entrelaçam. Formam-se autênticas redes de cidades, nas quais diferenças e complementaridades contribuem para criar cadeias produtivas dotadas de elevado grau de dinamismo e sustentabilidade. A compreensão do espaço da bacia como uma rede hierarquizada de cidades é fundamental para o estabelecimento dos roteiros turísticos, do calendário comum de eventos culturais e das estruturas de distribuição de produtos artesanais. 153 Por outro lado, o planejamento da bacia cultural não pode deixar de levar em conta os aspectos institucionais da regionalização, vale dizer, a divisão territorial em estados e municípios, as micro e mesorregiões, as bacias hidrográficas reconhecidas e as diferentes regiões administrativas estabelecidas pelos diversos órgãos públicos atuantes na região. A superposição dessas institucionalidades espaciais permite estabelecer uma matriz de regionalização capaz de compatibilizar o planejamento e as ações de todas as instâncias. Os conhecimentos adquiridos sobre o funcionamento dessas redes devem permitir empreender um esforço sistemático para prever ou estimular a formação de novas redes, bem como para conceber mecanismos que suscitem estratégias de desenvolvimento local e possibilitem sua articulação, de modo a conferir-lhes maior sinergia e desencadear uma espiral virtuosa de desenvolvimento que abarque a totalidade dos municípios e regiões. Em todas as fases descritas é imperativo promover e garantir o envolvimento das comunidades beneficiárias, o que significa dizer que governantes, lideranças políticas e empresariais e organizações comunitárias precisam participar na formulação, implementação, monitoramento e avaliação dos planos e estratégias de construção do futuro de suas cidades e regiões. Considerando todos esses aspectos, planejar a ação cultural e o desenvolvimento regional e local deve ser entendido como atividade governamental contínua, sistemática e permanente, modelada de forma a tornar a concepção e gestão dos planos estratégicos atos participativos e ascendentes, regionalizados, descentralizados e integrados. A lógica interna que orienta o modelo de planejamento da bacia cultural, no sentido de viabilizar a concepção e implementação de ações culturais coordenadas, dentro da nova estratégia de desenvolvimento local e regional, pode ser visualizada no diagrama abaixo: 154 M O D E L O ZONEAMENTO ECONÔMICOECOLÓGICO VOCAÇÕES, POTENCIALIDADES COMPLEMENTARIDADES IDENTIDADES – MAPEAMENTO CULTUAL D E P L A N E J A M E N T O E G E S T Ã O DEFINIÇÃO DA BACIA CULTURAL D E I N C L U S Ã O Matriz de Regionalização Cooperação Intergovernamental E Rede de Cidades D O D E S E N V O L V I M E N T O Capital Social E S T I M A T I V A S ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL Arranjos Produtivos Locais P A R T I C I P A Ç Ã O PLANO DE AÇÃO CULTURAL 155 BASES CONCEITUAIS O modelo burocrático, ainda prevalente no funcionamento da Administração Pública, com seu foco na especialização funcional e no formalismo dos controles, não é mais capaz de articular a ação governamental num ambiente de mudanças aceleradas e descontínuas. Seu rigoroso formalismo, sua impessoalidade cega ao foco das políticas públicas e à singularidade do caso individual e sua baixa tolerância a elevados níveis de incerteza reduziram em muito sua capacidade de oferecer respostas tempestivas e adequadas aos interesses diversificados da cidadania republicana do século XXI. Seu poder analítico e normativo é hoje claramente insuficiente para planejar, agenciar, operacionalizar e avaliar os esforços coletivos em favor do bem comum. Os processos de alargamento das formas de democracia e participação vigentes nas sociedades abertas ensejam o aparecimento de uma pluralidade de atores engajados na formulação de conteúdos, estratégias e práticas de políticas públicas, tornando mais complexos seus processos de formação, para além da lógica seqüencial planejamentoexecução-avaliação. intergovernamental, Diferentes parcerias arranjos institucionais público-privado, mobilização engendram de cooperação organizações não- governamentais e controle social difuso. Por outro lado, a complexidade dos problemas que suscitam a intervenção governamental impede que possam ser resolvidos a partir de uma lógica setorial ou mesmo numa única esfera de governo. De fato, a natureza integrada dos problemas, as grandes dimensões territoriais das áreas objeto de intervenção, as diversidades (e desigualdades inter-regionais), as especificidades das clientelas, a heterogeneidade dos grupos interessados e a ineficácia da ação isolada requerem a interveniência de grande número de atores, cada um com seus s específicos e com suas particularidades de organização e funcionamento. O adequado funcionamento dessa rede de atores só é possível quando se adota os princípios da gestão integrada, vale dizer, quando se consegue superar o campo da especialização ou da compartimentalização específica de um único organismo, adotando-se modelos, instrumentos e métodos que se situam nos domínios da interdisciplinaridade e da ação interinstitucional. Por isso mesmo, as políticas públicas não são formuladas, e muito menos implementadas e avaliadas, no contexto de uma única organização. Os intrincados processos decisórios em questão dizem respeito a um conjunto de organizações e a um complexo sistema de relações formais e informais que entre elas se estabelece. 156 O conceito de Gestão Pública Integrada, ao dar conta das interações entre formulação e implementação de políticas públicas e das relações intersetoriais, interinstitucionais e interorganizacionais que prevalecem nesses processos, sugere um novo caminho para o tratamento dos problemas complexos enfrentados pelas atuais gestores de políticas públicas – a formação de redes interinstitucionais e a criação dos correspondentes mecanismos de coordenação. O desafio de implementação de redes integradas de gestão pública reside exatamente na concepção e implementação de mecanismos adequados de coordenação, sem a existência dos quais as redes – estruturas dinâmicas de gestão – podem se desintegrar. De fato, para superar os problemas de integração e alcançar uma modelagem que corresponda à situação definida como rede, é preciso assegurar a integração inter e intra-organizacional e promover a orquestração dos s e a integração das ações. A operacionalização da governança democrática combina a ação interorganizacional – reconhecida como um componente integral da implementação de várias políticas – com um conjunto amplo de relações, fora da área governamental. Essas relações podem ser estabelecidas não apenas entre órgãos dos três níveis governamentais, mas também entre organizações públicas e empresas privadas, ONGs, associações comunitárias etc. A realidade administrativa não pode considerar os atores envolvidos numa política pública apenas individualmente ou seqüencialmente, mas como um conjunto conectado e interdependente, articulado por meio de redes. Assim, o modelo de Planejamento e Gestão Integrada da Bacia Cultural do Araripe deve obedecer aos seguintes princípios: enfrentamento dos problemas com base numa abordagem integrada e num enfoque interdisciplinar e multissetorial; democratização das informações e transparência dos processos; incentivo à participação ampliada, com o fortalecimento de laços entre os atores sociais da cena cultural; formação de consensos em torno de projetos estratégicos; respeito à centralidade reconhecida de instituições regionais preexistentes, assim como dos papéis de entidades que exerçam liderança expressiva ou apoio financeiro a programas ou projetos da Bacia cultural; 157 utilização máxima (possível) da capacidade institucional e gerencial instalada na região da Bacia; papel do catalisador/articulador de forças e de mecanismos institucionalizados de cooperação e liderança. Outra forma de favorecer a integração é o trabalho conjunto de equipes de nível operacional de diversos organismos. São as chamadas forças-tarefa, grupos de trabalho ou comissões executivas, de caráter temporário ou permanente, criadas para reunir esforços de profissionais ou institucionais formalmente subordinadas à autoridades diferentes, em torno de um interesse coletivo ou objetivo comum. Contratualização. Recomenda-se a criação de formas flexíveis de contratualização de metas e resultados entre os agentes públicos e privados que executem ações previstas nos planos de desenvolvimento regional, como os Contratos de Gestão, que possibilitam um processo de acompanhamento e avaliação mais responsável e transparente. Integração de Sistemas de Informação Gerencial. A comunicação está na base de todos os processos gerenciais e é fator determinante da possibilidade de integração intraorganizacional e interorganizacional, pois permite que as mensagens sejam transmitidas, partilhadas, compreendidas e internalizadas. ESTRUTURA Considerando as peculiaridades e a complexidade do espaço social e regional da Bacia, a integração das questões relativas ao crescimento econômico social, a qualidade de vida, a cultura regional e a sustentabilidade ambiental não é apenas conceitualmente recomendável, mas também politicamente inevitável no contexto da sociedade democrática em um mundo globalizado. Nesse sentido, não se trata de propor aqui “novos” organismos unidimensionais de gestão, preocupados apenas com os aspectos culturais, mas consolidar espaços de gestão integrada, que se propõem a tratar, de forma pactuada, as complexas questões relativas à gestão da Bacia Cultural do Araripe. Atores organizacionais chaves do modelo Fórum da Mesorregião da Chapada do Araripe é órgão político, de deliberação superior, para a estratégia de desenvolvimento regional da Chapada do Araripe. Com 158 razoável grau de institucionalização é formado representantes de todos os organismos públicos que atuam na região, pelas organizações da sociedade civil, pelas corporações patronais e organizações sindicais, pelas associações culturais e religiosas, clubes de serviço. Atualmente, comporta apenas representantes dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. Para cumprir seu novo papel no contexto da Bacia Cultural do Araripe, deve incorporar a representação do Alto Sertão da Paraíba. Conselho de Articulação da Bacia Cultural do Araripe – Constitui uma espécie de Câmara Intersetorial do Fórum da Chapada do Araripe, orientado para as questões de Cultura, Artesanato e Turismo. Reúne o mesmo tipo de lideranças do fórum, com uma orientação especial para sua área de atuação, incluindo os criadores e produtores culturais, os intelectuais, os meios de comunicação, a universidade, as cooperativas de artesãos e os empresários do turismo. É responsável para o processo de deliberação colegiada em nível superior sobre planos operativos e projetos de investimento. É a principal instância de planejamento e integração de ações. Seu peso efetivo na coordenação de ações depende de estar provido de efetivo poder de decisão. Comitê Gestor do Plano de Ação Cultural da Bacia do Araripe – Trata-se da instância de deliberação mais imediata, que deve se reunir pelo menos uma vez por semana e acompanhar sistematicamente todas as atividades relativas à implementação do Plano. Deve manter uma articulação permanente com o órgão catalisador e a secretaria geral, pelo menos, as seguintes atribuições: promover a integração das ações e acompanhar sua implementação; coordenar programas e projetos de caráter interinstitucional; deliberar sobre ajustes de programas operativos, cronogramas e projetos de investimento; celebrar acordos de resultados com os organismos executores dos programas e projetos financiados no âmbito dos planos e projetos aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento da Amazônia ou na sua própria órbita de atuação. Organismo catalisador - Para a integração e coordenação de redes um papel importante é desempenhado pela organização articuladora. Trata-se de um centro animador, integrador de esforços que se empenha mais que os outros membros da rede no papel da coordenação e articulação, mas que não é o “gerente” da rede. Ao contrário, ciente de que a característica principal de uma rede é a preservação da autonomia dos seus membros (instituições) individuais tenta negociar, articular, identificar interdependências e 159 apontar as sinergias conseqüentes da ação comum dos membros da rede. Caberá ao Conselho de Articulação fazer a indicação da instituição que deverá assumir esse papel. Secretaria Geral – órgão executivo, de natureza técnica, responsável por instruir as decisões do Comitê Gestor e do Conselho de Articulação e dar-lhes conseqüência. Deverão ser suas principais atribuições: coletar, tratar, sistematizar e difundir informações ; promover estudos sobre o desenvolvimento da região; elaborar programas e definir termos de referência de projetos; especificar e quantificar orçamentos regionalizados; acompanhar e monitorar ações; avaliar programas e projetos; assistir o Fórum da Mesorregião da Chapada do Araripe, o Conselho de Articulação da Bacia Cultural do Araripe e o Comitê Gestor do Plano de Ação Cultural da Bacia do Araripe em suas reuniões e deliberações. Propõe-se a criação de um órgão enxuto, composto de reduzido quadro de auxiliares técnicos. Para sua futura institucionalização, recomenda-se a adaptação de experiências de agências de desenvolvimento regional, na forma de organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs). 160 Comitê Gestor Secretaria Geral Conselho de Articulação 161 ESTRATÉGIA DE IMPLANTAÇÃO A implementação do novo Modelo de Planejamento e Gestão Integrada é um processo complexo e contínuo. Não se resume a intervenções localizadas, nem a simples modificações de caráter amplo da estrutura organizacional. As mudanças devem ser aceitas pelas diferentes organizações e forças políticas envolvidas. Para isso, há necessidade de contemplar dimensões de longo prazo em sua implantação, além de estudos e maturação cuidadosos dos aspectos conceituais, técnicos e operacionais. O êxito duradouro do projeto exige, portanto, sólida base conceitual; arcabouço jurídico-institucional que o consolide de forma permanente; aparelho técnico de caráter ágil e flexível; estratégia de implantação bem definida, com parâmetros e etapas adequadamente delineados; estratégia de comunicação, envolvendo ações específicas para os ministérios e outras agências federais, entidades estaduais e municipais e comunidades participantes; estratégia política que permita a aprovação de uma agenda de compromissos e a pactuação dos resultados esperados, sua rápida aprovação e a obtenção do apoio da sociedade, através dos segmentos mais organizados. A seguir, são listadas as etapas mais importantes para implementar o Modelo de Gestão proposto. Desenho de instrumentos de planejamento, organização, gestão e avaliação; Envolvimento Institucional dos principais atores; Elaboração do Arcabouço Jurídico-Institucional; Criação e instalação dos novos organismos; Capacitação dos atores locais e regionais; Constituição da Equipes Interlocutoras Sub-regionais; 162 Montagem do Sistema de Informação e Avaliação; Elaboração de Instrumentos Formais de Parceria. 163 ANEXO I QUADRO SÍNTESE DOS INVESTIMENTOS PROGRAMADOS 164 QUADRO SÍNTESE DOS INVESTIMENTOS Programas Envolvidos 2007 INFRAESTRUTURA FOMENTO À AÇÃO CULTURAL MEMÓRIA E PATRIMÔNIO CAPACITAÇÃO EDUCAÇÃO PARA A CULTURA CIRCULAÇÃO, INTERCAMBIO E DIFUSÃO APOIO A GESTÃO CULTURAL Totais anuais Total geral Todos Anos/Custo ano R$1,00 2008 2009 2010 3.130.000 5.250.000 2.850.000 1.210.000 2.522.000 2.574.000 2.666.000 2.718.000 3.110.000 3.340.000 3.420.000 3.350.000 Todos 2.380.000 690.000 2.780.000 690.000 3.380.000 690.000 3.980.000 690.000 Todos 2.250.000 2.250.000 2.250.000 2.250.000 Todos 600.000 600.000 600.000 600.000 14.682.000 17.484.000 15.856.000 62.820.000 14.798.000 165 166