suporte e conexão do movimento: uma relação dinâmica e

Transcrição

suporte e conexão do movimento: uma relação dinâmica e
INTEGRAÇÃO E CONEXÃO NO MOVIMENTO: Suporte por meio de uma relação
espacial e dinâmica entre localizações no corpo e entre distintos sistemas corporais
Marila Velloso
Professora do Departamento de Dança da Faculdade de Artes do Paraná. Doutoranda em Artes
Cênicas, pela UFBA. Educadora Somática do Movimento e Terapeuta Corporal pela School for
Body-Mind Centering, (EUA e Alemanha). Bailarina, coreógrafa e produtora de dança
curitibana.
Resumo: desenvolver propriedades no corpo como conexão e integração entre suas partes
demanda um exercício de reorganização espacial dentro do próprio corpo. Um processo que e´
expansivo e dinâmico e, portanto, de transformação. Conexão integra e cria suporte para a mudança.
Espaço redimensiona e recria posicionamentos para o corpo atuar. Cooperativamente, articulados
espaço e corpo, e o grau entre tensão e relaxamento entre distintos pontos e sistemas corporais,
gera-se a integração no alinhamento corporal e no movimento.
Abstract: to develop properties like connection and integration in between body parts
demands an exercise as spatial reorganization inside the body itself. A expansive and dynamic
process which is of transformation. Connection integrates and creates support for a change. Space
re-dimensions and recreates positioning for the body to act. Together, articulated space an body,
and the level of tension and release in between different points and body systems, integration
emerge in the alignment and movement of the body.
Palavras-Chaves: integração; conexão;
movimento.
sistemas corporais; body-mind centering; espaço;
Introdução
Em que medida o espaçamento existente entre um ponto e outro no corpo possibilita a
emergência de propriedades como a integração e conexão no movimento? Que aspectos envolvem
essas propriedades e como podem ser desenvolvidas a partir de uma abordagem baseada em
princípios do Body-Mind Centering, BMC e de estudos sobre a conectividade interna do corpo
desenvolvidos por Irmgard Bartenieff? O que se pretende ao buscar por conexão e integração no
corpo e no movimento?
Essas perguntas pretendem nortear a escrita desse texto guiando um modo de compartilhar
conteúdos e metodologias respectivos ao campo da Educação Somática. Que são apresentados aqui
pelo viés do BMC, sistema desenvolvido por Bonnie Bainbridge Cohen há mais de trinta e cinco
anos, nos EUA, e que hoje é ensinado em escolas formais espalhadas pela Europa, América do
Norte e a partir de 2009, em São Paulo, Brasil.
Também pelo entendimento que nos apresenta Peggy Hackney (2000) sobre integração e
que se pauta em suas pesquisas e experiência com os Bartenieff Fundamentals desenvolvidos por
Irmgard Bartenieff (1900-1981).
Bartenieff, fisioterapeuta, pesquisadora e analista do movimento redimensionou a
importância da conectividade interna do corpo por meio de seis exercícios básicos e suas possíveis
1
variações para experienciar o corpo em movimento “com uma consciência de como e porque está se
movendo” (1993, 20). A conectividade diz respeito a capacidade de se estabelecer relações e criar
suporte interno no corpo para manter-se em pé, a um centramento do corpo e a estar capacitado a
conectar-se com esse suporte quando em movimento integrando o corpo todo na ação.
Nas abordagens tanto do BMC, quanto dos Bartenieff Fundamentals, essas conexões
corporais internas são estabelecidas entre pontos distintos de um mesmo sistema corporal, a
exemplo de uma conexão osso-osso como a conhecida Ísquios-Calcanhares ou a Cabeça-Cauda,
identificadas por Bartenieff. E/ou entre sistemas corporais distintos como osso-órgão, à exemplo da
conexão Gônadas-Tornozelo, como apresenta e trabalha o BMC.
Integrando conexões
Parte-se aqui da definição apresentada por Fernandes (2002) de conexão como uma linha
imaginária que une dois pontos interligados entre si e que podem apontar para qualquer direção no
espaço. Essas linhas imaginárias se constroem entre diferentes ossos, ou entre órgãos e ossos ou
entre qualquer outro sistema corporal. E projetam o corpo no espaço colorindo-o de expressividade,
calibrando o tênue equilíbrio entre estabilidade e mobilidade no corpo, e oferecendo eficiência e
suporte ao movimento.
Uma reorganização da relação espacial ocorre entre os pontos ou partes do corpo escolhidos
para serem mobilizados e mobilizar, ao se ativar uma determinada conexão. Isso pode ocorrer antes
de se iniciar um movimento, ao se focar o espaçamento entre, que se torna efetivo no sentido de
permitir uma ação, um fluxo de informação no espaçamento. Essas relações espaciais que são
também anatômicas englobam aspectos funcionais e expressivos na medida em que ambos são
engajados na execução do movimento e produzem, portanto, a integração do corpo todo.
Conforme salienta Hackney (2000), um padrão de conexão, antes de mais nada, é um
padrão relacional que está co-implicado na organização desse corpo como um todo. Conexão se dá
a ver, portanto, como uma relação particular onde existe ação entre os elementos envolvidos. E a
conectividade, aqui entendida como uma qualidade que emerge da capacidade de se conectar, é
considerada, pela Teoria Geral dos Sistemas (desenvolvida primeiramente por Ludwig Von
Bertalanffy), como um parâmetro sistêmico: “a capacidade de relacionar-se que os elementos do
agregado que compõe o sistema apresentam…” MARTINS (2002, p.47).
Olhar para a conexão de uma parte do corpo pode oferecer uma visão de integração de um
movimento que ocorre no corpo todo já que um movimento desses engaja todas as articulações
específicas desse corpo. A integração se estabelece como a habilidade de se mover com facilidade
entre um padrão e outro de organização e diz respeito a como os elementos ou partes estão
conectados, ao conjunto das relações estabelecidas pelo que foi posto a se relacionar. O modo como
se dá a conexão é o que se vê como forma do corpo desenhado pelo movimento, e, portanto,
projetado no espaço.
A organização do corpo e do movimento depende fundamentalmente do número e
intensidade das conexões e do modo como essas funcionam cooperativamente para criar um todo
inter-relacionado, integrado.
Considerações para corporalizar uma conexão
Um aspecto relevante no estudo das conexões internas do corpo e passível de ser
visualizado na movimentação, é que um mesmo espaçamento-conexão como o Cabeça-Cauda pode
ser acionado entre os pontos, cabeça e cauda, e encontrar suporte em conexões de sistemas
distintos: pelo sistema esquelético focando o cóccix e o topo da cabeça, e pelo sistema dos órgãos
2
acionando a boca e o ânus, aqui entendendo o sistema digestivo que envolve boca e ânus, como
sistema orgânico.
A conexão pode ser ativada por ambos os sistemas e iniciações. Tanto separadamente, ao se
focalizar apenas o cóccix e o topo da cabeça, quanto simultaneamente pela conexão óssea e a dos
órgãos. Cada uma das iniciações produz qualidades e modos distintos de se potencializar uma
conexão. E, quando acionadas concomitantemente, sustentam-se uma a outra.
O que estabelece e potencializa uma determinada conexão está em um primeiro momento
intimamente relacionado à percepção espacial interna do corpo, e, portanto, ao exercício de
inicializar um mesmo movimento por diferentes pontos de partida, que podem estar localizados
mais anterior e posteriormente à coluna vertebral, como no exemplo mencionado acima, acionados
por uma linha imaginária entre as partes escolhidas que irão reorganizar as relações espaciais a
serem corporalizadas, e criar outros espaçamentos entre as duas linhas. No caso de se estabelecer
simultaneamente duas linhas imaginárias para potencializar uma idéia de conexão.
Na Conexão Óssea Cabeça-Cauda utilizada como exemplo, apresenta-se uma linha
imaginária entre uma parte e outra do corpo na dimensão cima-baixo. Ao agregar-se outra linha,
anterior ao topo da cabeça e cóccix, como a que se estende entre boca e ânus, cria-se, entre uma
linha e outra, uma dimensão frente-trás, de cima à baixo promovendo uma outra espacialidade como
ponto de apoio e suporte para a conexão acontecer.
Para acionar uma conexão, além de imaginar as linhas e os espaçamentos que se desdobram
entre as partes, o BMC propõe focar no modo como se estabelece a comunicação no espaçamento
escolhido, entre uma parte e outra. E sugere, à exemplo da propriedade de um elástico, que se ative
a distância entre uma e outra, como que afastando suavemente essas partes e evitando qualquer
afrouxamento que por virtude venha a existir. Por outro lado, o que se apresenta algumas vezes, é
um excesso de tensão e força no espaço entre ou nas partes, o que pode ser suavizado ao se tomar
conta do modo como se segura ou abandona os tecidos presentes no, e ao redor do espaço onde
estabelecemos a conexão.
Portanto, à importância da relação espacial e consequentemente da noção de
tridimensionalidade interna soma-se o tônus muscular e de outros tecidos do corpo como aspecto
relevante para a conexão que se pretende estabelecer. O grau de tensão que aciona a conexão entre
as partes sugere o tônus utilizado, e interfere no modo como a mesma vai ser ou não integrada à
outras partes e ao corpo todo.
A professora da Técnica de Alexander, Elizabeth Langford (1999) sublinha que os
pensamentos estão refletidos no comportamento muscular em virtude dessa relação com a
quantidade de força aplicada na musculatura para realizar uma ação ou tarefa. Nesse sentido, o
tônus músculo-esquelético define a atuação do corpo no mundo pelo modo como controla e move
as partes do corpo em relação a outras partes, e em relação ao entorno onde se vive.
Uma contração ou relaxamento muscular excessivo é considerado um obstáculo para a
eficiência do movimento conforme menciona Langford. Assim como a hiperextensão nas
articulações interrompe o fluxo do movimento em cadeia, e impossibilita ou dificulta a percepção
de uma conexão no corpo.
Na abordagem do BMC, a preocupação com o tônus, que se desenvolve desde nossa vida
embrionária no útero materno, deve ser estendida a todo e qualquer tecido do corpo, para além do
sistema músculo-esquelético, por serem considerados todos os sistemas co-implicados na execução
do movimento. Mesmo em músculos específicos do sistema digestivo e circulatório onde não é
considerado que se possa atuar muito, há a possibilidade de atuação indireta sobre os mesmos para
que sejam mais eficientes ao reorganizarem o grau de tensão existente.
3
Conectando espaçamentos entre distintos sistemas corporais
Tanto relacionais quanto desencadeadoras de ação e movimento, as conexões podem
apresentar maior ou menor intensidade em determinados momentos até porque são dinâmicas e
precisam ser exercitadas no adulto.
Conexões ósseas que nos primeiros anos de vida dos bebês são orgânicas (salvo algum
distúrbio ou problema no desenvolvimento) tendem a se enfraquecer no decorrer da vida
dependendo de como são desenvolvidas. E torna-se necessário focá-las com o objetivo de despertar
a percepção e intensificação das mesmas, ou mesmo, desenvolvê-las.
No corpo humano, o exercício de conectar envolve escolher o que realmente importa
quando nos movemos, e requer um olhar cuidadoso para a respiração, e para conexões como a que
se estabelecem entre centro e periferia do corpo, entre cabeça-cauda, membros superiores e
inferiores, a metade do corpo e o cruzamento lateral (HACKNEY, 2000).
As Conexões Ósseas, que se dão entre um osso e outro visando um alinhamento corporal
eficiente são as utilizadas com mais freqüência no ensino da dança. As citadas aqui foram as
identificadas por Bartenieff, segundo Fernandes (2002, 51): “Cabeça-Cauda; Ísquios-Calcanhares;
Cabeça-Escápula; Cauda-Calcanhares; Ritmo Pélvico-Femoral e Ritmo Escápulo-Umeral.
E ainda, as desenvolvidas a partir do Sistema Laban como a Cabeça-Calcanhares; CabeçaEscápulas-Cauda; Trocanter-Trocanter; Trocanteres-Cauda-Sífise Púbica; Ísquios-Cauda-Sínfise
Púbica; Escápula-Escápula; Escápulas-Mãos; Cabeça-Mãos.
As conexões que serão mencionadas abaixo partem da abordagem do BMC e envolvem
outros sistemas e relações que quando experienciadas ativam outros referenciais espaciais no corpo.
Com isso expandem a percepção e as possibilidades de acesso a outras especialidades de tecidos e,
portanto, de qualidades para o movimento.
Como envolvem direcionamentos espaciais como diametrais, planos, diagonais e por vezes
o movimento nessas dimensões e planos intensificam as conexões e o suporte para se mover.
Algumas fortalecem a relação ântero-posterior do corpo e com isso expandem a noção de
tridimensão no movimento.
Exemplos de conexões entre glândulas e partes do corpo:
Gônadas-Tíbia e Fíbula
Gônadas-Tornozelo/Perna
Timo-Escápula/Clavícula
Tireóide-Úmero
Tireóide-Cotovelo
Órgãos-Ossos:
Coração-Mãos (experienciar um abraço e movimentos de sustentação do tronco executado
pelo apoio das mãos no chão, como a “cobra” na Yoga).
Boca-Mão
Cólon-Pernas (o cólon é considerado como o pescoço das pernas e seu acionamento permite
uma forte conexão até os pés).
4
Entre Órgãos:
Rins-Bexiga
Fígado-Estômago-Baço (imaginar o movimento de uma figura de oito no plano horizontal
onde se encontram esses órgãos).
Exemplos de Conexões Ósseas:
Escápulas-Braço:
1) A Mão Ulnar: Ulna, SemiLunar, Piramidal, Pisiforme, Hamato e 5o e 6o
dedos (a mão da ulna se conecta com a porção média inferior da escápula)
2) A Mão do Rádio: Rádio, Escafóide, Trapézio, Trapezóide, Capitato e os 1o,
2o e 3o dedos (a mão do Rádio se conecta com a porção média superior da escápula).
*Conexões baseadas no desenvolvimento embrionário das mãos que parte do quinto para o
primeiro dedo (do miguinho para o dedão).
Escápulas-Mãos-Costelas: (cada dedo da mão se conecta com uma porção da escápula
numa relação que se estabelece do menor dedo para a parte mais inferior da escápula e assim por
diante, subindo em direção à parte alta da escápula. E consequentemente cada dedo e porção da
escápula com uma ou mais costelas).
Palato Alto-Atlanto Occipital (possibilita um centramento da cabeça em direção à coluna
vertebral).
Importante mencionar que essas são algumas de muitas outras conexões estabelecidas e
trabalhadas no BMC e que implicam o estabelecimento de outras relações no corpo.
As associações levantadas pelo BMC não se restringem a sistemas corporais, mas como
mencionado anteriormente se baseiam no desenvolvimento embrionário e na Ontogênese
(desenvolvimento do bebê no primeiro ano de vida).
Verbos de ação como estratégias metodológicas
Tendo como base ações organicamente presentes no desenvolvimento do bebê, as conexões
se estabelecem entre partes e integrando o todo, criando suporte a cada estágio do desenvolvimento
ontogenético para que uma nova instância espacial possa ser atingida até chegar à bípede estação
(deitada, sentada e em pé e vários outros estágios entre). O que implica o engajamento constante
entre o desenvolvimento de um suporte no corpo com a relação espacial implicada.
Essas ações compreendem o ceder, empurrar, alcançar, agarrar e o puxar e estão
correlacionadas aos padrões Espinhal (cabeça e cauda), Homólogo (membros superiores e
inferiores), Homolateral (lados direito e esquerdo) e Contralateral (diagonais do corpo).
Uma das possibilidades de integrar duas conexões simultaneamente, à exemplo da ísquiocalcanhar e da cabeça-cauda, ocorre durante o movimento utilizando-se de uma ação vinculada aos
verbos ceder e empurrar como ponto de partida.
Saindo de uma posição deitada, decúbito ventral, para elevar o tronco na posição da cobra
(Yoga), ceder e seguidamente empurrar os pés que tocam o chão. Essa ação de ceder e empurrar nos
5
pés desencadeará um fluxo que percorrerá toda a extensão das pernas (Calcanhar-Ísquio) passando
pelo cóccix-coluna vertebral até chegar à cabeça (Cabeça-Cauda) que alcança o espaço rumo à
direção diametral, cima-frente.
Com esse exemplo pretende-se demonstrar a importância da cadeia de movimentos
acionada nas ações de ceder, empurrar e alcançar, nesse específico exemplo, e que co-dependem
das conexões estabelecidas entre sistemas, do tônus engajado para executar a ação e ampliar o
espaçamento entre uma parte e outra, do desencadeamento do fluxo energético pelas articulações e
tecidos que movimentará o corpo na direção espacial desejada.
Que envolve a escalada rumo a verticalidade onde se encontram os estímulos e motivações
e por onde atua a gravidade.
A amplitude e complexidade dessas associações entre sistemas corporais e o
desenvolvimento sensório-motor podem ser exemplificadas por meio de conexões entre os Padrões
Neurológicos Básicos e Glândulas Endócrinas:
Padrões pré-vertebrados (desenvolvidos no útero materno antes do nascimento do bebê):
Respiração Celular-Cada Célula
Radiação Umbilical-Rins
Mouthing ou Boca-Ânus-Trato Digestivo
PréEspinhal-Suprarenais/Notocorda
Padrões vertebrados (desenvolvidos após o nascimento):
Ceder e Empurrar do Espinhal Cabeça-Pineal
Ceder e Empurrar do Espinhal Cauda-Corpos Carotídeos
Puxar e Alcançar do Espinhal Cabeça-Corpos Mamilários
Puxar e Alcançar do Espinhal Cauda-Pituitária
*aqui foi elencado apenas o Padrão Espinhal como exemplo faltando ainda as conexões
relacionadas ao Homólogo, Homolateral e Contralateral.
Conclusão
O que aprendemos na ação de ceder em relação ao chão, à gravidade, logo nos primeiros
anos de vida, sedimenta todo o modo como nos relacionamos com o espaço e com o outro, segundo
a abordagem do BMC. O corpo que de um lado toca o chão é o mesmo que dos outros lados, toca o
espaço, o ar, um objeto, o corpo de alguém. O lado que toca o chão é o usualmente conhecido como
o que permite o apoio para o estabelecimento de qualquer relação com o entorno, que não deixa de
ser também, o próprio chão.
O que importa aqui é que esses pontos de toque são pontos de apoio e suporte, e que uma
conexão interna corporal, pelas propriedades aqui levantadas, é também ponto de apoio e suporte
para a mobilização de necessidades e vontades do corpo. Quando uma conexão é capaz de
promover o apoio para a integração entre as motivações e o que se faz necessário para alcançá-las,
pode-se dizer que é uma conexão estruturada eficientemente.
Como exposto anteriormente, nossos padrões de conexão dimensionam nossa habilidade
para criar relações com nosso entorno, com o outro, e com nós mesmos internamente. Estar vivo
6
depende fundamentalmente do desenvolvimento dessas propriedades de conexão e integração que
podem ser reorganizadas espacialmente dentro do próprio corpo como exercício para aprendermos a
nos re-situar em relação a objetos, pessoas e idéias. E são nos inevitáveis momentos de
transformação, como salienta Hackney (2000), que a vida proporciona a possibilidade de nos
transformarmos.
Conexão integra e cria suporte para a mudança. Espaço redimensiona e recria
posicionamentos para o corpo atuar. Cooperativamente, articulados espaço e corpo, criam-se as
novas “sinapses”.
REFERÊNCIAS
BARTENIEFF, Irmgard; LEWIS, Dori. Body movement: coping with the environment. USA:
Gordon and Breach Science Publishers, 1993.
COHEN, Bonnie Bainbridge. Sensing, feeling and action. Northampton: Contact Editions, 1993.
_______________________. Cadernos do programa de Practioner. Northampton: School for
Body-Mind Centering, 2003-2006.
FERNANDES, Ciane. O corpo em movimento: o sistema Laban/Bartenieff na formação e
pesquisa em artes cênicas. São Paulo: Annablume, 2002.
HACKNEY, Peggy. Making connections: total body integration through bartenieff
fundamentals. Singapore: Gordon and Breach Publishers, 2000.
HARTLEY, Linda. Wisdom of the body moving. Berkley: North Atlantic Books, 1995.
LANGFORD, Elizabeth. Mind and muscle: an owner’s handbook. Bélgica: Garant, 1999.
MARTINS, Cleide. Improvisação dança cognição: os processos de comunicação no corpo. Tese
de Doutorado COS – PUC- SP, 2002.
NELSON, Lisa; SMITH, Nancy Stark. Contact improvisation sourcebook: collected writings and
graphics from contact quarterly dance journal 1975-1992. Northampton: Contact Editions, 1997.
NOË, Alva. Action in perception. Cambridge: The MIT Press, 2004.
7