DIRETORIA DE RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA NUCLEAR

Transcrição

DIRETORIA DE RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA NUCLEAR
DIRETORIA DE RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA NUCLEAR
Informações e orientações sobre a emergência nuclear no Japão
14/03/2011
Visão Geral do acidente no Japão
O terremoto na sexta-feira, 11 de março de 2011, no Japão foi de proporções históricas.
Oficialmente, este é o pior terremoto da história do Japão, um dos países mais sismicamente
ativos do mundo.
O terremoto foi seguido de um tsunami, e essa combinação representa uma grande tragédia
para o Japão. Embora não existam ainda informações completas, a perda de vidas humanas é
imensa. Há muitos desaparecidos.
Quanto às instalações nucleares, as informações obtidas até o momento dão conta de que,
apesar da intensidade do terremoto, todos edifícios das usinas nucleares japonesas
mantiveram-se intactos. Entretanto, dificuldades com a refrigeração do núcleo de alguns
reatores deflagrou uma situação de emergência nuclear que está sendo controlada pela
operadora TEPCO e acompanhada pela órgão regulador nuclear (NISA).
O que aconteceu na Unidade 1 usina nuclear em Fukushima-Daiichi?
A operação da usina foi interrompida imediatamente após o terremoto. Os sistemas elétricos
automáticos de segurança e as funções de emergência funcionaram corretamente. Porém,
devido à queda da rede, toda a alimentação elétrica exterior da usina foi perdida.
Geradores elétricos de emergência movidos a óleo diesel começaram a fornecer energia ao
sistema de refrigeração da usina. Entretanto, os danos causados pelo tsunami fizeram com
que eles deixassem de funcionar cerca de 1 hora depois. O sistema de resfriamento do reator
nuclear foi afetado, havendo perda de água de refrigeração.
As bombas de resfriamento que funcionam com vapor gerado pelo reator foram então
utilizadas para completar o nível de água no núcleo do reator. Porém, as válvulas de controle
que são alimentadas por baterias perderam a alimentação elétrica após uso prolongado.
Toda a central nuclear perdeu sua alimentação elétrica e, após várias horas sem água
suficiente para cobrir o núcleo do reator, o combustível nuclear passou a sofre danos por falta
de resfriamento.
Foram enviados à central geradores portáteis movidos a óleo diesel, e a alimentação elétrica
foi restabelecida, permitindo que o sistema de bombeamento de água fosse retomado para
manter o nível de água no núcleo do reator.
A pressão causada pelo vapor gerador pelo reator subiu demasiadamente, e o hidrogênio
produzido provocou uma explosão no prédio do reator, provocando o desabamento do teto e
paredes. No entanto, o núcleo do reator manteve-se protegido pela contenção de aço.
Esta mesma seqüência de eventos parece ter ocorrido na Unidade 3. As varetas de
combustível foram expostas (não cobertas com água) por algum período de tempo, mas não
há evidências de fusão parcial ou completa do núcleo em qualquer uma das unidades.
A fusão do núcleo do reator não é necessariamente um evento catastrófico. Os reatores
nucleares são construídos com sistemas de segurança redundante. Mesmo que o combustível
derreta, os sistemas de contenção do reator são projetados para evitar a disseminação da
radioatividade para o exterior.
Segundo a International Nuclear Event Scale (INES) da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), o evento central em Fukushima-Daiichi foi classificado no nível 4
(consequências de acidentes de âmbito local) . Esta avaliação é inferior ao nível 5
(consequências de acidente escopo mais amplo), que foi atribuído ao acidente de Three Mile
Island (TMI-2) nos Estados Unidos em 1979, ou nível 7, escala máxima, atribuído ao acidente
em Chernobyl na Ucrânia em 1986.
Sites úteis para atualização de informações:
Órgão
Endereço na Internet
Agencia Internacional
Energia Nuclear
de http://www.iaea.org/newscenter/news/tsunamiupdate01.html
Forum Industrial Atômico http://www.jaif.or.jp/english/
Japonês
Operadora
das
nucleares –TEPCO
Órgão regulador
japonês – NISA
usinas http://www.tepco.co.jp/en/press/corp-com/release/indexe.html
nuclear http://www.nisa.meti.go.jp
World Nuclear News
Tweeter: @W_Nuclear_News and @WorldNuclear
Mais Informações:
Comissão Nacional de Energia Nuclear/Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear
Tel: (5521) 21732302
e-mail: [email protected]
Veja a entrevista com o Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN, Dr. Laercio
Vinhas: http://www.youtube.com/watch?v=i72_vdXzY3A
ORIENTAÇÕES GERAIS À POPULAÇÃO BRASILEIRA NO JAPÃO
1) Ficar atento às informações divulgadas. Manter canais de comunicação disponíveis,
tais como rádio e TV.
2) Seguir as instruções das autoridades japonesas cuidadosamente.
3) Manter a calma e não entrar em pânico. Para qualquer situação haverá solução,
mesmo que haja liberação de material radioativo para o meio ambiente.
4) Tranquilize os amigos e familiares. Troque informações por meio de redes sociais.
5) Se tiver dúvidas, pergunte sempre a quem dará informações fidedignas. Neste
momento, vários curiosos sugerem ações que podem mais prejudicar do que ajudar.
6) Equilibre a mente com pensamentos positivos de esperança e confiança.
7) Na medida do possível, ocupe-se como fazia rotineiramente.
8) Em casos extremos, prepare-se para uma possibilidade de reassentamento, ou seja, de
sair de sua casa para outro lugar.
CASO HAJA LIBERAÇÃO DE MATERIAL RADIOATIVO PARA O MEIO AMBIENTE E A
PESSOA SE ENCONTRE EM ÁREA CONSIDERADA PASSÍVEL DE CONTAMINAÇÃO
Como evitar contaminação das superfícies
• A contaminação age como uma “sujeira” que se deposita em superfícies. Tipicamente,
o chão, calçadas e ruas ficam contaminados. Neste caso, não entre em casa com o
seu calçado para evitar levar a sujeira para dentro de casa.
• Os panos de chão e tapetes ficarão mais contaminados se forem usados fora de casa.
Ou seja, não use dentro de casa a vassoura, panos, pá de lixo que usou fora de casa.
Reserve um local da casa para colocar objetos potencialmente contaminados (como
tapetes, panos de chão, sapatos e meias), guardando-os em sacos plásticos.
• Evite ligar sistemas de ventilação de ar que tragam o ar de fora para dentro. Em casos
extremos, você pode “selar” as janelas e frestas com fita crepe, para manter o ar da
sua casa mais limpo que lá fora.
• Lave as mãos com freqüência. Normalmente água e sabão retiram a contaminação.
• Use boné ou guarda-chuva ao sair para a rua.
• Caso seus pertences sejam contaminados, o procedimento para descontaminação é
simples. Normalmente, sabão em pó ou detergente resolve, mas lembre-se de usar
luvas, avental e máscara para evitar que haja respingos em seu corpo. Pense se vale à
pena descontaminar ou descartar o objeto.
• Objetos que são manuseados pela população podem ficar contaminados, por exemplo
dinheiro, maçanetas, apoios, etc.
Como evitar que a contaminação entre no seu corpo
• As vias de ingresso no corpo são por inalação e ingestão.
• Evite levar as mãos à boca ou ao nariz.
• Lave as mãos e o rosto com frequência.
• Use máscara facial (ligeiramente úmida é mais eficiente).
• Não beba água da chuva. Mantenha um bom estoque de água em garrafa em casa.
• Antes de abrir, lave bem os recipientes de água, leite, suco ou enlatados que possam
ter ficado expostos ao tempo.
• Só beba leite ou coma vegetal que tenham sido liberados pelas autoridades.
Como agir durante a monitoração da população para verificar contaminação
•
•
•
Caso seja monitorado para verificar se há contaminação, não se preocupe, é um
procedimento de rotina e vai avaliar se há ou não contaminação.
Leve um sapato extra. Se o seu sapato estiver contaminado, você ficará sem ele.
Se possível, solicite um certificado com o resultado da monitoração.
Caso seja necessário ingerir iodo (caso extremo)
O iodo atua preenchendo a tireóide e assim evitando que o iodo radioativo seja incorporado.
Ou seja, é um bloqueador da tireóide. Entretanto, ele só faz efeito se for tomado bem
próximo do momento em que possa haver a exposição ao iodo radioativo (quando a nuvem
contaminada com iodo passar pelo bairro), ou ele não terá o efeito desejado.
Use a dose indicada e no momento indicado pelas autoridades japonesas.
A dose para crianças é a metade da dose para adultos. Tipicamente um tablete tem 50 mg.
Recomenda-se que adultos tomem 2 tabletes. Qualquer dúvida, o médico deve ser
consultado. Para quem tem sensibilidade a iodo, recomenda-se o potassium perchlorate
(400mg).
O que fazer no caso de evacuação
• Mantenha a calma.
• O tempo de evacuação foi determinado para que ocorra sem correrias.
• Leve o essencial (documentos, dinheiro, roupas, comunicadores).
Materiais de limpeza úteis para ter em casa
•
•
•
•
•
•
•
descartáveis de limpeza
luvas e máscaras
vinagre
sabão em pó
detergente
sacos plásticos
fita crepe

Documentos relacionados

Energia Nuclear Parte 4 - Segurança Para Acidentes Severos

Energia Nuclear Parte 4 - Segurança Para Acidentes Severos energia nuclear, uma questão de Estado. No caso de Angra III considerações de economicidade do empreendimento podem sugerir essa decisão para essa e apenas essa unidade.

Leia mais