Expo - Catálogo BH e Salvador

Transcrição

Expo - Catálogo BH e Salvador
Mestres da Gravura
Coleção
fundação biblioteca nacional
Petrobras
Fundação Biblioteca Nacional
apresentam
Mestres
da Gravura
Coleção
fundação
biblioteca nacional
Mestres
da Gravura
Coleção
fundação
biblioteca nacional
palácio das artes / fundação clóvis salgado
30 de abril a 22 de junho de 2014
museu de arte da bahia
9 de julho a 31 de agosto de 2014
patrocínio
apoio institucional
projeto e produção
realização
rembrandt
hermenszoon van rijn
[A leitora], 1634
A
exposição Mestres da Gravura é uma das
contempladas na nova área de Circulação
de Exposições na seleção pública do
Petrobras Cultural. Está entre os pilares da nossa
política de patrocínios levar a arte a diversas regiões do
Brasil, permitindo, por exemplo, que Belo Horizonte
e Salvador tenham acesso ao acervo da Fundação
Biblioteca Nacional, sediada no Rio de Janeiro.
Ao todo são oito projetos que vão circular até
junho de 2015. Os destinos incluem sempre pelo
menos um estado das regiões Norte ou Nordeste.
O objetivo da Petrobras é incentivar a formação de
público, as cadeias produtivas e revigorar os espaços
que vão receber as obras.
A Petrobras foi patrocinadora de grandes
exposições internacionais que, realizadas em
sequência em meados dos anos 90, estimularam a
relação de instituições brasileiras com os públicos
e incentivaram de forma significativa a produção
cultural e a inclusão do país em roteiros de
importantes mostras, ampliando o intercâmbio e a
visibilidade para as artes produzidas no Brasil.
A partir do ano 2000, a companhia desenvolveu
e realizou uma série de editais para seleção de
projetos voltados à arte contemporânea brasileira,
viabilizando exposições, publicações de referência
e também aquisição de obras para acervos de
Museus, entre outras ações.
O Petrobras Cultural aborda a cultura
brasileira em suas mais diversas manifestações.
Articulado com as políticas públicas para o setor
e focado na afirmação da identidade brasileira,
contribui para a ampliação das oportunidades de
criação, circulação e fruição dos bens culturais
e para a permanente construção da memória
cultural.
petrobras
P
reservar e permitir o acesso aos registros
da cultura brasileira é missão da Fundação
Biblioteca Nacional, detentora de uma das
mais ricas coleções da América Latina, atualmente
composta por mais de nove milhões de peças,
entre as quais livros, manuscritos, mapas, gravuras
e partituras.
Hoje, a instituição bicentenária enfrenta
os desafios que o futuro lhe impõe, sem dar as
costas para o seu passado. É importante recordar
que, graças à estratégia da Coroa Portuguesa
em enfrentar os mares para driblar a invasão
napoleônica, trazendo na bagagem sua Real
Biblioteca, a Biblioteca Nacional se tornou
responsável pela preservação da memória cultural
brasileira, bem como por parcela da memória
portuguesa.
A cuidadosa seleção de gravuras do acervo da
Biblioteca Nacional, ora apresentada ao público,
compõe um conjunto precioso, grande parte
oriunda da Real Biblioteca portuguesa. A partir
desses documentos, será possível apreciar a arte
da gravura e conhecer diversos artistas, bem como
as técnicas por eles empregadas. Em suma, as
apresentações da exposição Mestres da Gravura em
Belo Horizonte e Salvador, uma parceria entre
a Fundação Biblioteca Nacional e a Petrobras,
constituem-se numa oportunidade ímpar de dar
ao público acesso a esse valioso acervo.
fundação biblioteca nacional
Sumário
Mestres da gravura:
Coleção Fundação Biblioteca Nacional
10
A arte de gravar | A arte da gravura
11
As técnicas de gravura
Fernanda Terra
as g ravuras
13
Coleção Italiana
29
Coleção Alemã
42
Coleção Holandesa
54
Coleção Flamenga
61
Coleção Francesa
71
Coleção Inglesa
78
Coleção Espanhola
88
Coleção Portuguesa
G
ravar é dar vida às linhas do tempo.
Das tramas delicadas do desenho
sobre uma superfície bordaram-se
com linhas incisivas, ao longo da
história, algumas das mais sutis e notáveis obras de
arte. Albrecht Dürer, Lucas van Leyden, Rembrandt
van Rijn, Jacques Callot, Giovanni Battista Piranesi,
Goya y Lucientes e William Hogarth, entre muitos
outros artistas representativos da história da gravura
ocidental, são alguns destaques da coleção de
gravuras avulsas da Fundação Biblioteca Nacional,
constituída por mais de 30 mil itens. Cento e
setenta obras do Renascimento ao Iluminismo
foram pesquisadas e selecionadas para representar
os tesouros guardados nessa instituição nacional.
Feitas por 79 gravadores, traduzem a construção
do pensamento filosófico e religioso, as ideias, os
costumes e as descobertas promovidas pela cultura
europeia ao longo dos séculos.
As gravuras estão dispostas em núcleos
regionais de produção, formados pelas coleções
italiana, alemã, holandesa, flamenga, francesa,
inglesa, espanhola e portuguesa, e por ordem
cronológica de nascimento dos gravadores.
Estão presentes tanto xilogravuras, exemplos
da mais antiga técnica de gravar sobre papel,
quanto variadas técnicas de gravação em metal
desenvolvidas até o século xviii.
Esse conjunto inclui gravuras originais, obras
criadas por renomados artistas da história da arte
que exploram os recursos das técnicas de gravura,
e também gravuras de reprodução ou de interpretação,
realizadas por gravadores com amplo domínio
técnico, que reproduzem obras-primas, como
pinturas, esculturas, desenhos e afrescos, tendo
sido essas gravuras uma forma de disseminação e
divulgação da arte e dos artistas ao longo do tempo.
As gravuras presentes remontam à Real
Biblioteca portuguesa, trazida por ocasião da
transferência da Corte para o Rio de Janeiro
em 1808, e a outras coleções posteriormente
incorporadas ao acervo da Fundação Biblioteca
Nacional, entre as quais as coleções J. A. Oliveira
Barboza e D. Thereza Christina Maria, e integram o
mais importante acervo de gravuras do país.
Origens: a Real Biblioteca
O gabinete de estampas real incluído no conjunto
que compõe a Real Biblioteca foi formado por
coleções doadas e adquiridas pelo rei d. José i, logo
após o terremoto de 1755, ocasião em que um grande
incêndio decorrente do sismo destruiu o acervo da
antiga Real Biblioteca em Lisboa. Em 1760, reiniciase a formação da coleção, com destaque, no final
desse mesmo século, para duas grandes doações:
a coleção do erudito Diego Barbosa Machado,
bibliófilo, acadêmico real e abade da Igreja de
Santo Adrião de Server, que incluía livros, álbuns
de estampas de assuntos religiosos e coleções de
retratos e de mapas, em sua maioria gravados a
buril ou à água-forte, e a coleção do artista inglês
Guglielmo Dugood, composta de uma série de
álbuns de estampas, mapas gravados e manuscritos
iluminados.1
Com a transferência da Corte para o Rio de
Janeiro em 1808 e a acomodação da família real no
Paço dos Vice-Reis, a Real Biblioteca e a Livraria
do Infantado foram instaladas, em 1810, em parte
do hospital da Ordem Terceira do Carmo, situado
à rua do Carmo, que se comunicava com o Paço
e a Capela Real por meio de um passadiço.
Em 1811, a consulta aos livros e estampas seria
liberada apenas aos estudiosos, que tinham de
obter prévio consentimento régio.
A partir de então, a Real Biblioteca recebe
novas doações. Dois anos depois, são enviados
de Lisboa álbuns de estampas e chapas de cobre,
gravadas por artistas integrantes da Oficina do
Arco do Cego, e que serviram para ilustrar as obras
lá publicadas, sob a direção do ilustre botânico
brasileiro frei José Mariano da Conceição Velloso,
cujo espólio já havia sido oferecido ao príncipe
regente, d. João vi. Por ordem deste, a Real
Biblioteca se torna pública em 1814.
Entre as coleções de estampas que passariam a
integrá-la em solo brasileiro, encontram-se a livraria
do dr. Manuel Ignácio da Silva Alvarenga, adquirida
em 1815, e aquela pertencente ao arquiteto real José
da Costa e Silva, incorporada em 1818 e composta,
entre outros itens, de estampas de artistas europeus
e de desenhos italianos dos séculos xvii e xviii.
Em 1822, ano da Independência do Brasil,
arrematou-se a coleção do conde da Barca, da
qual fazia parte um conjunto de 7.318 estampas
documentárias, distribuídas em 120 volumes.2
Em decorrência da Convenção Adicional ao
Tratado de Amizade e Aliança, de 29 de agosto de
1825, assinada por Portugal e pelo Brasil, após a sua
Independência, a Real Biblioteca foi comprada e
tornou-se propriedade do governo imperial brasileiro,
denominando-se Biblioteca Pública da Corte
e, por vezes, Biblioteca Imperial e Pública da
Corte. Em 4 de agosto de 1858, a Biblioteca passou
a funcionar em edifício comprado pelo governo
imperial à rua do Passeio, n. 48, no largo da Lapa.
Somente em 1876 foi nominada Biblioteca
Nacional. Neste mesmo ano, criou-se a Seção
de Estampas, no intuito de conservar, catalogar
e divulgar o núcleo de obras gráficas de artistas
—8.9
europeus vindas de Portugal com a Real
Biblioteca.3 A organização da 3a Seção, como
era conhecida, foi confiada a José Zephyrino de
Menezes Brum,4 o primeiro chefe do setor, e as
estampas dos principais fundos, catalogadas de
acordo com o sistema de classificação adotado
na Biblioteca de Paris, com algumas poucas
modificações, constituindo-se assim três catálogos:
por escolas, por materiais e alfabético.5
Algumas coleções iconográficas particulares,
incluindo estampas originais e de interpretação de
nomes significativos da história da gravura, seriam
incorporadas à Biblioteca Pública da Corte, entre
as quais a de J. A. Oliveira Barboza, em 1874.
Em 1877, adquiriu-se a coleção de J. A. Alves
de Carvalho, com 774 estampas, seguindo-se a
ela aquisições feitas em 1878 relacionadas com a
ocupação holandesa no Brasil, incluindo a doação
de Salvador de Mendonça, assim como a aquisição
de águas-fortes, adquiridas de Miguel Navarro y
Cañizares.6
Já no final do século xix, em 1890, após a
proclamação da República, o ex-imperador d.
Pedro ii doou à Biblioteca Nacional a sua biblioteca
particular, coleção denominada D. Thereza
Christina Maria, com mais de 100 mil itens, entre
livros, mapas, partituras, fotografias, manuscritos,
documentos impressos e 18.847 estampas artísticas
de gravadores europeus do século xix.7
A inauguração da Biblioteca Nacional no
prédio da avenida Rio Branco, n. 219, antiga
avenida Central, deu-se em 1910, beneficiando a
Seção de Estampas, hoje Divisão de Iconografia.
No século xx, raras gravuras europeias avulsas
foram incorporadas à coleção.8 A atenção voltou-se
para os artistas brasileiros, constituindo-se assim
um precioso núcleo de gravadores modernos.
giovanni battista piranesi
Le Antichità romane, 1750–3 [tomo iii, prancha xl]
Notas
1cunha, Lygia da Fonseca Fernandes da. “Escola
italiana de gravura: catálogo de estampas”. In: Anais
da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1984), vol. 104.
Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1987, p. 173.
5villa-lobos, R. “Iconografia (Estudos)”.
In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1896),
vol. xviii. Rio de Janeiro: Tipografia Leuzinger,
1897, p. 420.
2 Ibid., p. 174.
6brum, José Zephyrino de Menezes. “Esboço
Histórico”. Op. cit., p. 584.
3cunha, Lygia da Fonseca Fernandes da. “Escola
Brasileira de Gravura. Catálogo de Estampas”.
In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. 96.
Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1976, p. 10.
4brum, José Zephyrino de Menezes. “Esboço
Histórico”. In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro (1883–1884), vol. xi. Op. cit., p. 547.
7mello, José Alexandre Teixeira de. “Relatório
anual”. In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro (1896), vol. xviii. Op. cit., p. 474.
8cunha, Lygia da Fonseca Fernandes da. “Escola
italiana de gravura: catálogo de estampas”. Op.
cit., p. 174.
A arte de gravar
A arte de gravar em papel se iniciou, no Ocidente,
somente no final do século xiv, com xilogravuras
usadas para reproduzir imagens de santos e cartas
de baralho. Seu desenvolvimento é consequência
do conhecimento da técnica de fabricação do
papel, descoberta pelos chineses em 105 a.c., e que
chegou à Península Ibérica, trazida pelos árabes,
em meados do século xii.
No século xv, no entanto, o ofício de gravar
em papel se desenvolve na Itália e, logo em seguida,
nos demais países europeus, como expressão
artística e meio de divulgação e democratização
do conhecimento, em substituição ao manuscrito
e às iluminuras. Surgem então os incunábulos, os
primeiros livros impressos.
As primeiras impressões a partir da matriz de
madeira são chamadas de xilogravuras (gravuras
em relevo). Já o emprego de matrizes em metal,
inicialmente restrito à ourivesaria, possibilitou o
surgimento da gravura em talho-doce (taille-douce ou intaglio), nome primeiro empregado em
referência à gravura a buril e que, hoje, denomina,
em oposição à gravura em relevo, todo processo
de construção de matrizes metálicas planas e
polidas. São preferencialmente feitas em chapas de
cobre, em que o entalho produzido é entintado,
permitindo maior aprimoramento e refinamento
das impressões. Também podem ser usadas chapas
de zinco ou latão.
A arte de gravura em metal é conhecida como
calcografia. Até o século xviii, eram cinco os
procedimentos da gravura em talho-doce: a buril,
à ponta-seca e à água-forte, herdados dos ourives
e armeiros medievais, e à água-tinta e à maneira-negra, procedimentos inventados para a
— 10 . 11
construção de matrizes reticuladas por processos
manuais e mecânicos. Somam-se a esses, de meados
para o fim do século xviii, as técnicas à maneira do
crayon, do verniz mole e do pontilhado.
A arte da gravura
Nas mais antigas xilogravuras e gravuras a buril,
o tema religioso é a marca da construção do fazer
artístico. Para o homem da Idade Média, era Deus
quem semeava a vis creativa. D’Ele provinha a beleza
da criação, testemunho de sua grandeza e de sua
sabedoria infinita, pela qual o Belo se aproxima da
Verdade.
Ao longo do Quattrocento, o Belo e a natureza
se fundem num só ideal. Temas documentais e
mitológicos surgem no universo das gravuras,
inspirados pelo humanismo crescente que afirma
a dignidade do homem e o torna um investigador
por excelência da natureza, numa revalorização dos
ideais clássicos. O homem como centro do universo,
autônomo, livre e criativo, faz-se representar em
proporções perfeitas, inserindo-se no espaço ilusório
tridimensional da perspectiva linear.
No século xvi, o pensamento renascentista
se difunde por toda a Europa, ao mesmo tempo
que a Reforma abala o equilíbrio político e a
unidade cultural e artística recém-conquistados no
continente. As gravuras, sob inspiração protestante,
voltam-se para a natureza e os personagens
profanos, e a iconoclastia toma o cenário da arte.
Com o declínio da influência católica, surgem
os sentimentos de pessimismo, insegurança e
alheamento, que caracterizariam a atmosfera do
Maneirismo. A noção de espaço é alterada e a
perspectiva se fragmenta em múltiplos pontos
de vista. As proporções da figura humana são
distorcidas numa linguagem visual mais dinâmica,
que se mostra dramática e sofisticada, refletindo os
dilemas do final desse século.
Ao longo do século xvii, a Contrarreforma
abre caminho para o adensamento expressivo do
Barroco, com a sensualidade das formas curvas
espiraladas, a monumentalidade cenográfica e a
exaltação do movimento. Ao excesso do Barroco,
o Neoclassicismo, em meados do século xviii,
responde com uma arte mais serena, equilibrada,
simples e sombria, que retoma o interesse pela
Antiguidade clássica a partir de escavações
arqueológicas e das bases científicas, sistemáticas e
racionais em que se inspira.
As técnicas de gravura
Xilogravura
Na xilogravura, realizam-se entalhes diretos na
matriz de madeira com ferramentas como a goiva
e o formão, deixando-se em relevo a imagem a ser
impressa. Destacada do fundo, essa imagem recebe
a tinta de impressão, que será transferida para
uma folha de papel, por meio de pressão feita pela
mão diretamente sobre o papel posado na placa
entintada de madeira ou com o auxílio de uma
espátula ou colher de madeira.
Gravura a buril
Também conhecida como talho-doce, a gravura a
buril surgiu no século xv e é a mais antiga técnica
de gravura em metal que se conhece. O buril é
um instrumento com cabo de madeira e ponta
cortante de aço em formato quadrado, losângico
ou redondo. O gravador pousa o buril sobre o
metal, realizando encavos muito finos e profundos,
que deixam marcas a serem preenchidas pela tinta
de impressão. A qualidade da linha depende da
profundidade e da largura das incisões, e da força
empregada na gravação. A tinta é transferida para
o papel com uma prensa. Foi, por excelência, a
ferramenta dos primeiros gravadores.
Gravura à ponta-seca
Conhecida desde o século xv e também de corte
direto, mas diferente do buril, que retira metal
ao produzir a linha incisa, a ponta-seca somente
desloca material, quando pressionada contra a
superfície. Essa diferença aparentemente sutil
cria dois tipos de linhas peculiares e claramente
discerníveis. A ponta-seca é empunhada como
um lápis e não exige conhecimentos de ofício tão
elaborados quanto os necessários ao uso do buril,
sendo o tom da linha dado pela pressão produzida
ao desenhar e pela quantidade de rebarbas
produzidas nesses deslocamentos. As rebarbas
seguram a tinta, que, somada àquela contida nos
sulcos, dá a característica aveludada e o contorno
difuso à linha construída por essa ferramenta.
Utilizam-se pontas de formatos e materiais
diferentes, que geram resultados distintos no corte
e na impressão. Depois de algumas dezenas de
provas, as rebarbas são destruídas ou modificadas,
o que cria flutuações na qualidade das imagens e
não permite grande número de impressões.
Gravura à água-forte
A água-forte, ao contrário do buril e da ponta-seca, é um procedimento indireto. Técnica utilizada
desde o século xvi, aqua-fortis era como a alquimia
chamava os mordentes, produtos químicos que
atacavam as áreas da matriz de cobre desenhadas
e não isoladas pelos vernizes resistentes a eles,
criando-se assim concavidades. O desenho é feito
com pontas de metal, utilizadas como lápis, de
modo que o cobre seja exposto onde a ponta
penetra o verniz. A chapa de cobre é imersa em
ácido (nitrito ou percloreto de ferro) e as partes a
ele expostas que não estão protegidas pelo verniz,
corroídas. A corrosão é determinada pelo tipo
de agente químico escolhido em que a placa será
imersa e pelo tempo de exposição do metal a essa
situação. Em seguida, o verniz é removido da chapa,
que, uma vez limpa, é coberta de tinta; novamente
limpa, deixam-se apenas os sulcos cobertos de tinta.
Cobre-se a chapa com um papel umedecido e os
dois passam por uma prensa; o papel absorve a tinta
depositada nos sulcos, produzindo uma impressão
invertida do desenho sobre a chapa. São muitos os
mordentes e sistemas de aplicação empregados pelos
artistas. Dessa forma, obtêm-se gradações de tons,
que vão do mais claro a uma infinidade de texturas
visuais e ao escuro mais profundo. Quase todos os
água-fortistas importantes inventaram processos
próprios.
Gravura à maneira-negra
Também chamada de mezzotinta ou meia-tinta,
essa técnica, criada no século xvii, consiste na
construção de um tramado regular e rigoroso
de pontos, por intermédio de um instrumento
próprio, chamado berceau, cujo formato é parecido
com o de um pente em meia-lua, com dentes
sem espaçamento entre si e pontas muito afiadas.
O berceau fere o metal, levantando rebarbas em
decorrência da pressão exercida diretamente sobre
ele, sem a necessidade de mordentes. Isso garante
— 12 . 13
que a superfície, após ser impressa, ofereça um
negro profundo e aveludado. A chapa é trabalhada
por meio de raspagens e bruniduras, obtendo-se,
assim que se rebaixam as rebarbas, os tons em
meias-luzes, entre o negro da malha construída e o
branco de um polimento total.
Gravura à água-tinta
À diferença dos processos lineares, a água-tinta,
inventada no século xviii, permite obter superfícies
regulares em meios-tons. Trata-se de um processo
indireto que se vale de mordentes, como a água-forte. A matriz é pulverizada com resinas, breu e
betume, que aderem à superfície da placa pelo uso
de calor. O mordente (ácido) ataca os pontos nus
da matriz que não estão protegidos pela resina.
Com diversos métodos de morsuras e diferentes
tipos de verniz, conseguem-se valores à maneira de
chapados, que podem traduzir aguadas. Traduz-se
uma escala de tempo em escala de cinzas virtuais:
quão mais raros os pontos corroídos, menor a
reserva de tinta, e quão mais profundos, maior
a reserva para a tinta na impressão. Em outras
palavras, quanto menos tinta impressa, mais pontos
brancos no papel, e vice-versa, fazendo com que a
relação de quantidade entre pretos e brancos gere
os cinzas óticos e a consequente escala tonal.
De meados para o fim do século xviii, surgem
as técnicas à maneira de crayon, do verniz mole e
do pontilhado. Este é um método que utiliza a
água-forte, o buril curvo e a ponta-seca. Primeiro,
faz-se uma leve gravação do contorno do desenho
em água-forte; em seguida, são obtidos os tons do
trabalho, pontilhando-se a chapa com a ponta do
buril curvo ou com a ponta-seca sobre um segundo
verniz, posteriormente banhado em ácido.
Coleção Italiana
e
André Mantegna [1431–1506]
Jacopo de Barbari [c.1450–1516]
e
Marco Antonio Raimondi [c.1480–c.1534]
Agostino de Musi [c.1490–1536]
Giovanni Battista Ghisi [c.1503–c.1575]
e
e
Marco Dente [c.1493–1527]
e
Enea Vico [1523–1567]
Mestre do Dado [ativo entre 1530–1550]
Agostino Carracci [1557–1602]
Benedetto Montagna [c.1480– c.1541]
e
e
e
Adamo Ghisi [1530–1587]
Lodovico Carracci [1555–1619]
Annibale Carracci [1560–1609]
Guido Reni [1575–1642]
e
e
Francesco Brizzi [1574–1623]
Giovanni Benedetto Castiglione [1609–1664]
Stefano della Bella [1610–1664]
e
Salvatore Rosa [1615–1673]
Giovanni Battista Piranesi [1720–1778]
Francesco Bartolozzi [1725–1815]
e
Giovanni Volpato [1740–1803]
André Mantegna
[1431–1506]
Pintor e gravador a buril, nasceu na
ilha de Cartura, perto de Vicenza,
em 1431. Aos 11 anos, iniciou seu
aprendizado na escola clássica de
Francisco Squarcione, em Pádua.
Estudou escultura romana e
perspectiva. Sua carreira foi marcada
pelos trabalhos da escola florentina.
Quando jovem, foi influenciado por
Jacopo Belline. Em 1459, passou a
viver em Mantua, onde permaneceu
até sua morte, em 1506. Foi protegido
por Luiz de Gonzaga, duque de
Mantua, que o nomeou cavaleiro,
e pelo papa Inocêncio viii. Apesar
de ser um pintor magnífico, não foi
menor como gravador. Suas obras são
admiradas pelo gosto e a correção dos
desenhos. “A noção plástica é trazida
para a gráfica e por consequência
o gosto pela abstração ligada aos
grafismos, ritmos e adensamentos
luminosos” (Luis Cláudio Mubarac).
Sua maneira de gravar característica
se dava por formas fortemente
marcadas, com sombras executadas
por traços paralelos abertos e linhas
oblíquas mais claras entre esses traços,
e suas gravuras eram abertas em
folhas de cobre.
Jesus Cristo descendo ao limbo, s/d
buril, 43 x 33,2 cm
real biblioteca
Jacopo de Barbari, dito
Mestre do Caduceu [c.1450–1516]
Diversos nomes são atribuídos a esse
artista: Francisco de Babilônia, Jacob
— 14 . 15
jacopo de barbari
benedetto montagna
Sagrada Família, s/d
[São Paulo, o Eremita, contemplando a morte de Santo Antão], s/d
andrea mantegna
Jesus Cristo descendo ao limbo, s/d
Walch (Italiano) ou Jacob de Veneza,
Jacometto, Jacob de Barberino, Jacob
de Barbaris e Jacopo de Barbari.
Foi pintor a óleo e em miniatura,
nigelador, escultor e gravador a buril
e em madeira. Nascido por volta
de 1450, trabalhou como pintor em
Veneza e em diversos outros lugares,
como Nuremberg e os Países Baixos,
durante a segunda metade do século.
Não se sabe ao certo o local de seu
nascimento (Alemanha, Holanda,
França ou Itália). As gravuras em
metal abertas por ele revelam mão
hábil em manejar o buril e espírito
italiano, mas são desiguais. Jamais
desenvolveu a regularidade nas incisões
que dá à gravura especial qualidade
na execução dos valores tonais. Suas
impressões possuem a aparência de
desenhos à caneta, transferidos para
o cobre. Notam-se nelas diversas
influências, de Bellini e André
Mantegna à dos alemães. Muitas se
aproximam da maneira de Albrecht
Dürer, principalmente das primeiras
obras deste mestre. Sua obra gravada
compreende 30 gravuras abertas em
metal. A Sagrada Família é uma raríssima
gravura a buril, em que se vê a marca
do gravador na parte superior, à
esquerda.
Sagrada Família, s/d
buril, 15,3 x 19 cm
real biblioteca
Marco Antonio Raimondi
[c.1480–c.1534]
Também conhecido como
Marcantonio, foi ourives, desenhista
e gravador a buril. Nasceu em 1480
em Bolonha, onde faleceu em 1539.
Aprendeu a desenhar com Franscisco
Raibolini (o Francia), ourives e pintor,
para quem trabalhou obras de nigelo,
em cujo exercício se familiarizou com
o manejo do buril e os princípios
e práticas de gravar a talho-doce.
Iniciou a prática da chamada gravura
de interpretação ou reprodução.
Foi grande intérprete de Raphael e
admirador da obra de Dürer, tendo
copiado em aço a Pequena Paixão, à
maneira das xilogravuras do mestre
alemão. Sua reputação foi tão grande
que atraiu diversos gravadores à sua
escola. Teve como discípulos, ente
outros, Agostinho de Musi, Marco
Dente, Mestre do Dado, Enea Vico,
os Ghisi, Bartholomeu Beham e Georg
Pencz.
Benedetto Montagna
[c.1480–c.1541]
[Orfeu e Eurídice], c. 1510
buril, 18,3 x 14 cm
[São Paulo, o Eremita, contemplando
a morte de Santo Antão], s/d
buril, 19,3 x 17,1 cm
col. oliveira barboza
Pintor e gravador a buril, nasceu
em Vicenza por volta de 1480, filho
do pintor Bartolomeu Montagna.
Trabalhou quase toda a sua vida em
Veneza, tomando por modelos, na
pintura, Bellini e, na gravura, Dürer. Suas
gravuras, cujas primeiras datam de cerca
de 1500, são fortes, simples e muito raras.
real biblioteca
Marco Dente
[c.1493–1527]
Mais conhecido como Marco Dente
da Ravenna, nasceu nessa cidade por
volta de 1493 e morreu, provavelmente
durante o saque de Roma, em 1527.
Foi discípulo de Marco Antonio
Raimondi e manteve parceria com
Agostino Veneziano até 1520. Após
essa data, começou a marcar seus
trabalhos com seu nome ou suas
iniciais. Em certa riqueza de texturas
e tons, chegou muito próximo da
técnica de gravar de seu mestre. Seu
sombreado, com largas superfícies
planas de tons, é simples e prazeroso.
Vênus ferida por um espinho de roseira, s/d
[segundo Raphael Sanzio]
buril, 26,2 x 16,8 cm
real biblioteca
Giovanni Battista Ghisi, dito
O Mantuano [c.1503–c.1575]
marco antonio raimondi
[Orfeu e Eurídice], c. 1510
Agostino de Musi, dito
O Veneziano [c.1490–1536]
Desenhista e gravador a buril. Nasceu
em Veneza em cerca de 1490 e faleceu
em Roma em 1536. Não se sabe ao
certo quais foram seus primeiros
mestres. Sabe-se, no entanto, que,
vivendo em Roma, trabalhou sob a
direção de Marco Antonio Raimondi.
Em seus primeiros trabalhos, copiava
o Mestre do Caduceu e Giulio
Campagnola, que foi sua maior
— 16 . 17
influência. Foi na escola de Raimondi
que Musi se associou a Marco Dente
da Ravenna, com quem executou em
conjunto diversas gravuras.
[Marcha de Sileno], s/d
[segundo Giulio Pippi]
buril, 19,5 x 24,5 cm
procedência não identificada
[Jovem Herói ao pé do altar], s/d
[segundo Raphael]
buril, 24 x 18,4 cm
procedência não identificada
Arquiteto, escultor, pintor, gravador
a buril e chefe de uma família de
artistas. Nasceu por volta de 1503 e
a data provável de sua morte é 1575.
Foi responsável por uma escola de
gravadores em Mantua, preservando
forte individualidade, num tempo em
que praticamente todos os gravadores
na Itália estavam sob a influência
de Marco Antonio Raimondi.
O grande mestre dessa escola foi
Giorgio Ghisi, ao passo que seus
próprios filhos, Adamo e Diana,
foram grandes imitadores de ambos.
A característica peculiar de seu estilo
de gravar é notada na riqueza dos
pretos utilizados nas sombras, que são
parcialmente obtidos pelo livre uso
de pontos entre as linhas e, de certa
forma, pela mistura de linhas grossas.
Amor tocando cravo, 1538
buril, 12,2 x 8,9 cm
real biblioteca
Enea Vico
[1523–1567]
Desenhista e gravador em metal,
nasceu em Parma em 1523 e faleceu
em Ferrara em 1567. Seu florescimento
como gravador se deu entre 1541 e 1567.
Mudou-se para Roma ainda jovem, tendo
como mestre o gravador e comerciante
de estampas não muito importante
Thommaso Barlacchi. As gravuras de
Enea Vico anteriores a 1550 são gravadas
à maneira de diferentes mestres: Julio
Bonasone, Agostino de Musi, Jacob
Caraglio e Marco Antonio Raimondi.
Posteriormente, Vico adquiriu uma
maneira de gravar própria e característica.
Foi também cultor das ciências, que
estudou de maneira particular, e escreveu
sobre numismática. Reina grandes
incertezas sobre os fatos de sua vida.
Os amores de Marte e Vênus, s/d
[segundo Francesco Mazzuoli,
dito O Parmegiano]
buril, 30 x 20,3 cm
real biblioteca
Adamo Ghisi
[1530–1587]
Desenhista e gravador a buril, filho de
Giovanni Battista, nasceu em Mantua em
1530. Faleceu em 1587. Gravou segundo
vários mestres italianos. Sua maneira de
marco dente
Vênus ferida por um espinho de roseira, s/d
agostino de musi
[Marcha de Sileno], s/d
gravar se assemelha à de seu pai e à de
seu irmão mais velho, Jorge Ghisi.
A escravidão , s/d
[segundo Andrea Mantegna]
buril, 27 x 14,3 cm
real biblioteca
Mestre do Dado
[ativo entre 1530–1550]
Pouco se sabe sobre a vida de Mestre
do Dado, pintor e gravador a buril.
Acredita-se que tenha nascido no
princípio do século xvi e tenha
trabalhado em Roma de 1532 a 1550.
Ignora-se a data de sua morte.
Pertenceu à escola de Marco Antonio
Raimondi. Seus trabalhos mostram
pouca originalidade na maneira de
gravar e forte assimilação do estilo
— 18 . 19
deste. Como desenhista, realizava
figuras curtas, com cabeças bem
grandes, e braços e pernas reforçados.
Assinava seus trabalhos com as iniciais
b.v. ou, mais frequentemente, com um
dado, em cujo centro vê-se a letra b.
[Deuses-rios consolam Peneu sobre a
perda de sua filha Daphne], s/d
[da série História de Apolo e Daphne]
[segundo Baldassare Peruzzi]
buril, 24,6 x 18 cm
procedência não identificada
giovanni battista ghizi
Amor tocando cravo, 1538
Agostino e Annibale Carracci a
célebre escola de pintura Accademia
degli Incamminati, em que incentivava-se
a revitalização da gravura de linha e
desencorajava-se a produção de gravar
à água-forte. Ainda que inferiores
às de seus primos, as gravuras de
Lodovico são bastante estimadas.
Faleceu em Bolonha em 1619.
A virgem e o menino Jesus
cercados por anjos, s/d
água-forte, 16,5 x 12 cm
real biblioteca
Lodovico Carracci
[1555–1619]
Pintor e gravador à água-forte e a
buril, nasceu em Bolonha em 1555.
Teve como primeiro mestre Prospero
Fontana. Nessa mesma cidade,
fundou com seus primos e discípulos
Agostino Carracci
[1557–1602]
Pintor, gravador à água-forte e a
buril, nascido em Bolonha em 1557.
A princípio, exerceu a profissão
mestre do dado
[Deuses-rios consolam Peneu sobre a perda de sua filha Daphne], s/d
de ourives. Logo após, dedicou-se
ao desenho, à pintura e à gravura.
Teve por mestres Prospero Fontana
(pintura), Bartholomeu Passerotti
(desenho) e Domingos Tibaldi,
Cornelis Cort e Lodovico Carracci
(gravura). Trabalhava suas gravuras
com um sistema aberto de linhas.
Recorreu aos fortes elementos
da maneira tardia de Raimondi,
acrescentando pouco, porém de
maneira constante, o uso de linhas
cruzadas no sombreamento e um
método mais regular de riscas nas
frestas entre estas. Os melhores
trabalhos de Agostino são originais,
mas ele reproduziu também obras de
pintores como Correggio, Ticiano e
Veronese. Como pintor, associou-se
a seu primo Lodovico para fundar a
Academia degli Incamminati e colaborou
com seu irmão Annibale na pintura
da galeria do palácio Farnese, em
Roma. Foi estudioso de diferentes
ramos: de letras e ciências a
filosofia, matemática, geografia,
astrologia, historia, poesia, medicina
e inclusive música, em que se atesta
adamo ghisi
A escravidão , s/d
a sua habilidade. Morreu em Parma
em 1602.
A Sagrada Família com São João Batista,
Santa Catarina e Santo Antão, 1582
buril, 48,3 x 31,3 cm
procedência não identificada
Ecce Homo, 1587
[segundo Antonio Correggio]
buril, 37,5 x 26,6 cm
procedência não identificada
enea vico
Os amores de Marte e Vênus, s/d
Annibale Carracci
[1560–1609]
Irmão mais novo de Agostino, foi
pintor e gravador à água-forte e a buril.
Nasceu em Bolonha em 1560 e morreu
em Roma em 1609. Aprendeu pintura
com Lodovico Carracci, seu primo,
tendo sido considerado o mais hábil
pintor italiano depois de Raphael,
Ticiano e Correggio. Realizou a
pintura da galeria do palácio Farnese
com seu irmão Agostino. Diz-se que
esse trabalho, que consumiu oito anos
de sua vida, foi a causa de sua morte:
ele teria morrido de desgosto pela
ingratidão do príncipe Farnese, que o
recompensou mesquinhamente pela
empreitada. Como gravador, sua obra,
embora não numerosa, é muito bem
desenhada e acabada.
— 20 . 21
agostino carracci
lodovico carracci
A Sagrada Família com São João Batista,
Santa Catarina e Santo Antão, 1582
A virgem e o menino Jesus
cercados por anjos, s/d
Pietà ou Cristo de Caprarola, 1597
água-forte retocada a buril
12,3 cm x 16,1 cm
real biblioteca
A Virgem Santíssima voltando
do Egito para Judeia, s/d
[segundo Lodovico Carracci]
buril, 21,4 x 13,4 cm
real biblioteca
'
Francesco Brizzi
[1574–1623]
Pintor e gravador à água-forte e
a buril, nasceu em Bolonha em
1574, onde morreu em 1623. Foi,
inicialmente, sapateiro, tendo
largado esse ofício para aprender
desenho e pintura com Bartolomeu
Passarotti e aperfeiçoar-se com
Luiz Carracci e Agostino Carracci.
Colaborou em algumas gravuras do
último e se dedicou à perspectiva e
à arquitetura, que ensinava em curso
público.
guido reni
[A Sagrada Família], s/d
francesco brizzi
A Virgem Santíssima voltando
do Egito para Judeia, s/d
Guido Reni
[1575–1642]
Pintor e gravador à água-forte, nasceu
em Bolonha em 1575 e morreu na mesma
cidade em 1642. Após ter estudado arte
com Dionisio Calvaert, passou para a
escola dos Carracci, tornando-se o seu
aluno mais famoso. Na combinação
de linhas luminosas e pontos, produziu
muitas delicadas gravuras à água-forte.
Foi imitado não apenas na Itália, mas
também pelos franceses. Seu desenho
é puro e correto, as cabeças de suas
annibale carracci
Pietà ou Cristo de Caprarola, 1597
stefano della bella
Princípios de desenho, 1640–1650
figuras, nobres e graciosas, e as roupagens,
tratadas com muito gosto e mestria.
Foi um apaixonado pelo jogo, que lhe
acarretou a perda de posses e amigos,
tendo passado os últimos anos de sua
vida no esquecimento e na miséria.
[A Sagrada Família], s/d
água-forte, 25 x 19,6 cm
procedência não identificada
Giovanni Benedetto Castiglione
[1609–1664]
Artista do barroco italiano, Castiglione
nasceu em Gênova em 1609. Era
conhecido como Il Grechetto na Itália
e como Le Benédette na França. Sua
formação inicial não é clara. Pode ter
estudado com Sinibaldo Scorza, Antoon
van Dyck e Peter Paul Rubens. Pintor e
— 22 . 23
salvatore rosa
Figurine. Varia et
Concinna Delineamenta, s/d
desenhista, pertenceu à escola genovesa,
tendo vivido em Roma de 1634 a 1645.
Morreu em Mântua, como artista
da Corte, em 1664. Suas gravuras são
notáveis pelo jogo de luz e sombra, que
o levou a ganhar o apelido de segundo
Rembrandt. Seus estudos de cabeças
orientais revelam grande conhecimento
da obra desse mestre holandês. Em 1648,
inventou a monotipia, técnica com a
qual se consegue reproduzir um desenho
ou mancha de cor numa prova única.
giovanni benedetto castiglione
[Grandes cabeças com toucadas a oriental], s/d
Stefano della Bella
[1610–1664]
[Grandes cabeças com toucadas
a oriental], s/d
água-forte, 17,8 x 14,8 cm
co oliveira barboza
[Grandes cabeças com toucadas
a oriental], s/d
água-forte, 17,8 x 14,8 cm
col. oliveira barboza
salvatore rosa
Figurine. Varia et
Concinna Delineamenta, s/d
Desenhista e gravador à água-forte e
a buril, nasceu em Florença em 1610.
A princípio, dedicou-se à pintura,
tendo como mestre Cesar Dandini.
Em gravura, seu mestre foi Remigio
Cantagallina, cuja oficina também
teve como discípulo Jacob Callot.
Com o tempo, adquiriu uma maneira
própria de gravar, que se distingue
pelo bom gosto, a delicadeza e a
ligeireza de sua ponta. Trabalhou
em Roma, em Paris e em Florença,
onde morreu em 1664. Gravou mais
de 1.400 imagens com assuntos
giovanni benedetto castiglione
[Grandes cabeças com toucadas a oriental], s/d
históricos, caçadas, paisagens,
marinhas, animais e ornatos.
la
Princípios de desenho, 1640–1650
água-forte, 12 x 15,5 cm
procedência não identificada
Salvatore Rosa
[1615–1673]
Pintor e gravador à água-forte. Nasceu
em Renella, vila perto de Nápoles,
em 1615 e faleceu em Roma em 1673.
Estudou em Nápoles, cultivou a
poesia e a música, e foi influenciado
pelo realismo de Ribera. Incentivado
por Giovanni Lanfranco, viajou
para Roma em 1635, mas teve de
retornar a Nápoles em 1639, após ter
contraído malária. Mudou-se para
Florença, onde foi contratado pela
família Médici, e fundou a Accademia
dei Percossi para escritores e artistas.
Rosa retornaria a Roma em 1649 para
trabalhar como pintor histórico.
Figurine. Varia et Concinna
Delineamenta, s/d
água-forte, 14,5 x 9,3 cm
col. oliveira barboza
Figurine. Varia et Concinna
Delineamenta, s/d
água-forte, 14,5 x 9,3 cm
col. oliveira barboza
Giovanni Battista Piranesi
[1720–1778]
Nascido em Veneza em 1720,
filho de um construtor, Piranesi
recebeu formação em cenografia e
perspectiva com o gravador Carlo
Zucchi. Arquiteto e amante da
arqueologia, dedicou-se à gravação dos
monumentos da Antiguidade romana,
realizando um trabalho de grande
magnitude e força expressiva num
estilo livre, cenográfico e impetuoso.
Suas gravuras são modeladas pela
luz, em perspectiva manipulada, que
trasborda por vezes a quadratura
das mesmas. As figuras humanas são
atemporais, apenas esboços, ao estilo
de Callot e de Della Bella.
Piranesi produziu suas primeiras
vedute de Roma em pequeno formato
para guias de turistas. Em 1743,
publicou as suas primeiras 12 águas-fortes, Prima parte di architettura e prospettive,
iniciando uma carreira de cerca de 40
anos, durante a qual produziu mais de
mil pranchas publicadas em 19 obras
pela sua própria casa impressora.
Seu estilo é inconfundível e sua arte
aponta para a estética do sublime,
deixando transparecer a tensão entre
razão e sensibilidade. Faleceu em Roma
em 1778.
A magnífica série Le carcere
d’invenzione é um exemplo fascinante
da inquietação e da genialidade
do artista. Nela, propõe estruturas
— 26 . 27
espaciais fantásticas num espaço
experimental labiríntico, no qual
não existe um ponto de vista fixo
e central, nem uma perspectiva
linear a ser seguida. Nosso olhar, ao
contemplar essa série à água-forte,
flutua sem descanso, observando os
arranjos espaciais na proliferação de
perspectivas, nos desdobramentos
espaciais, no vaivém de escadas,
pontes e passagens. Observamos a luz
provocar e produzir escuridão, e as
paredes absorverem-na sem refleti-la,
assim como notamos os raios de luz
que deixam seu percurso natural para
se curvarem sobre os objetos.
As noções de proximidade e de
distância são abolidas, e o tempo e o
espaço se fundem. Passado, presente
e futuro parecem não existir. Piranesi
fala de um outro lugar e de um outro
tempo, levando-nos a uma interioridade
pouco confortável, em que nos
deparamos com nossos mais sutis
temores, que não sabemos nominar.
O termo veduta se aplica a pintura,
desenho ou gravura que represente
uma cidade, um monumento
ou um lugar com concepção
acentuadamente topográfica. As vedute
têm sua origem nas peregrinações
a Roma no século xviii, no tempo
de redescoberta da Antiguidade:
Herculano, em 1719, e Pompeia,
em 1748. Seus maiores inovadores
foram Canaletto, Guardi e Piranesi,
que transformou a vista gravada
para souvenir de turistas intelectuais e
aristocratas num sofisticado meio de
comunicação erudita de grande carga
expressiva. Assim, pratica a veduta
direta, ou de reconstituição fidedigna,
segundo fontes documentais, e a
veduta ideata, em que a ruína serve de
matéria para sua vertente apaixonada
e trágica.
Le carcere d’invenzione, 1750–3
[frontispício], água-forte, 72,8 x 53 cm
real biblioteca
[prancha vii], água-forte, 72,8 x 53 cm
real biblioteca
[prancha viii], água-forte, 72,8 x 53 cm
real biblioteca
[prancha x], água-forte, 53 x 72,8 cm
real biblioteca
[prancha xiv], água-forte, 53 x 72,8 cm
real biblioteca
Le Antichità romane, 1750–3
[tomo iii, segundo frontispício]
água-forte, 39,9 x 59,2 cm
real biblioteca
[tomo iii, prancha viii]
água-forte, 36,2 x 59,2 cm
real biblioteca
[tomo iii, prancha xviii]
água-forte, 39,9 x 59,9 cm
real biblioteca
[tomo iii, prancha xl]
água-forte, 40,4 x 60 cm
real biblioteca
[tomo iii, prancha li]
água-forte, 39,9 x 60,5 cm
real biblioteca
giovanni battista piranesi
Le carcere d’invenzione, 1750–3 [frontispício]
giovanni battista piranesi
Le carcere d’invenzione, 1750–3 [prancha vii]
giovanni battista piranesi
Le carcere d’invenzione, 1750–3 [prancha viii]
giovanni battista piranesi
Le Antichità romane, 1750–3,
[tomo iii, prancha viii]
Acima
Le Antichità romane, 1750–3
tomo iii, [segundo frontispício]
— 26 . 27
francesco bartolozzi
Harmony, 1795
Francesco Bartolozzi
[1725–1815]
Giovanni Volpato
[1740–1803]
Gravador italiano cujo período mais
produtivo foi passado em Londres.
Nascido em Florença, estudou com os
artistas florentinos Ignazio Hugford
e Domenico Giovanni Ferretti, que
o instruiu em pintura. Após dedicar
três anos à pintura, passou a estudar
gravura com Joseph Wagner, em Veneza.
Suas primeiras produções foram no
estilo de Marco Ricci e Zuccarelli,
entre outros. Seguiu para Londres em
1764, onde viveu quase 40 anos, tendo
produzido enorme número de gravuras
e contribuído com várias delas para
The Shakespeare Gallery, de John Boydell.
Também desenhou esboços de sua
autoria em crayon vermelho. Pouco
depois de chegar em Londres, foi
nomeado “Gravador do Rei” e
eleito, em 1768, um dos membros
fundadores da Royal Academy.
Em 1802, tornou-se fundador e
presidente da Sociedade de Gravadores.
No mesmo ano, aceitou o cargo de
diretor da Academia Nacional de
Lisboa, cidade onde morreu. Seu filho
Stefano Gaetano Bartolozzi, nascido
em 1757, também foi gravador.
Desenhista e gravador, Volpato nasceu
em Bassano em 1740 e faleceu em Roma
em 1803. Nos primeiros tempos de sua
vida, dedicou-se à arte de bordar. Em
seguida, aprendeu a gravar. Em Veneza,
foi discípulo de Joseph Wagner, gravador
e mercador de gravuras, e de Francisco
Bartolozzi. Já em Roma, fundou uma
escola de gravura e escreveu, em 1786, o
livro Princípios do desenho, que contém 36
pranchas gravadas de antigas estátuas.
Essas pranchas foram gravadas por ele e
por Raphael Morghen, um de seus hábeis
discípulos. Em Roma, gravou segundo os
mais importantes artistas italianos, entre
os quais Raphael, Michelangelo, Paulo
Cagliari, dito O Veronense, Leonardo
da Vinci, Guercino e Tintoretto. Suas
gravuras abertas em Roma são numerosas
e podem se dividir em duas espécies: não
coloridas e coloridas à aquarela.
procedência não identificada
francesco bartolozzi
Youth, 1795
procedência não identificada
Daniel Propheta, s/d
[desenho de Stephanus Tofanelli,
segundo Michelangelo]
água-forte, 73,0 x 48,4 cm
col. oliveira barboza
— 28 . 29
e
Israel van Meckenem [c.1440/1445–1503]
Albrecht Dürer [1471–1528]
Hans Sebald Beham [1500–1550]
e
e
e
Martin Schongauer [c.1450–1491]
Lucas Cranach, Sênior [1472–1553]
Martin Treu [ativo em 1540–1543]
Heinrich Aldegrever [c.1501–c.1561]
Harmony, 1795
[segundo John Francis Rigaud]
pontilhado e água-forte
16,6 x 13,5 cm
Youth, 1795
[segundo John Francis Rigaud]
pontilhado e água-forte
16,4 x 13,2 cm
Coleção Alemã
e
e
Georg Pencz [c.1500–1550]
Virgil Solis [1514–1562]
Albrecht Dürer
[1471–1528]
Gravador, desenhista e pintor, nasceu
em Nuremberg, maior centro de
produção gráfica da Alemanha, em 21
de maio de 1471. Terceiro dos 18 filhos
de um ourives, demonstrou desde cedo
habilidade para o desenho e o manuseio
do buril. Fez experiências com a
água-forte e a ponta-seca, tornando-se
aprendiz do pintor Michael Wolgemut
com apenas 13 anos de idade. Estudou
gravura no ateliê do importante
impressor alemão Anton Koberger. Já
na adolescência, demonstrou grande
interesse pelas gravuras de Martin
Schongauer. Foi um artista erudito,
apaixonado pelo Renascimento. Possuía
profundo conhecimento da matemática
e da literatura clássica greco-romana,
tendo se interessado também pela
filosofia e a arqueologia. Após
completar sua formação, iniciou um
perío­do de viagens. Visitou Florença,
Bolonha e Veneza (1494), onde viveu
durante um ano e meio (1505), tendo
tido contato com a rica produção
de gravuras italianas. Viajou também
para os Países Baixos (1520–1), quando
estudou profundamente teorias sobre
a proporção humana, a geometria e as
fortificações, e escreveu poesia e sobre
a teoria da arte. Grande humanista,
foi empregado pelo imperador
Maximiliano i. Tinha profunda
curiosidade pela natureza e pelos
animais, retratando-os em diversas
gravuras. Numa de suas viagens,
contraiu malária, falecendo em sua
cidade natal no dia 6 de abril de 1528,
aos 57 anos.
Sua obra inclui sessenta telas, mais
de cem gravuras em metal, cerca de
— 32 . 33
250 xilogravuras e mil desenhos, além
de três livros impressos. Dois deles
foram publicados em vida: Instrução
para medições à régua e ao compasso, de
1525, e Tratado sobre fortificações, de 1527.
O livro Sobre a proporção do corpo humano
saiu logo após sua morte, em 1528.
Entre as mais célebres obras produzidas
por Dürer, destaca-se O apocalipse,
série de 15 xilogravuras dramáticas,
consideradas uma das maiores criações
da arte alemã. Tal obra trouxe ao artista
de 27 anos de idade riqueza e fama em
toda a Europa, tendo sido publicada
em latim e alemão em Nuremberg em
1498.
A publicação se mostrou
inovadora, já que até então as
gravuras em livros ilustrados eram
pequenas e apareciam no meio dos
textos. Dürer subverteu a ordem de
importância das informações, tendo
o trabalho do artista passado a
preponderar sobre o texto, impresso
no verso das gravuras. As imagens
gravadas por ele para essa obra,
identificadas por seu monograma,
baseiam-se em antigas representações
do Apocalipse presentes nas versões
correntes das bíblias impressas
nessa época.
Entre as mais completas gravuras
realizadas por Dürer a buril, encontra-se Adão e Eva (1504), obra em que
ele, fazendo uso da medida áurea
e utilizando a régua e o compasso
na constituição das figuras segundo
o estilo utilizado na Antiguidade
clássica, traduz seu profundo interesse
pelo estudo das proporções humanas.
Adão e Eva foram inspirados nas
esculturas de Apolo de Belvedere e
Vênus, tendo sido entalhados em
seus contornos com linhas delicadas,
para depois serem detalhadamente
preenchidos. A gravura exibe variedade
de tons e texturas, além de sutis
gradações de sombra e de luz.
Embora seu foco esteja nas figuras,
a autêntica arte para Dürer está
contida na natureza representada com
maestria em seus mínimos detalhes.
A inclusão de símbolos adicionais cria
interesse visual por toda a gravura, a
exemplo da serpente, personificação
da desobediência e da provocação a
Deus; do galho na mão de Adão, que
representa a árvore da vida; e de vários
animais, como o papagaio, a cabra
no topo do penhasco, o rato, o gato,
o coelho etc., sugerindo forte carga
simbólica.
As ofertas do amor, c. 1495
buril, 14,4 x 13,2 cm
col. oliveira barboza
Os quatro anjos vingadores, 1496
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Adoração do cordeiro divino, c. 1496
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Babilônia, a grande meretriz, c. 1496–7
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
O anjo que tem a chave do abismo, c. 1496–7
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Combate de São Miguel contra
o dragão, 1497
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
albrecht dürer
Adão e Eva, 1504
albrecht dürer
Adoração do cordeiro divino, c. 1496
albrecht dürer
Os quatro anjos vingadores, 1496
As quatro feiticeiras, 1497
buril, 19,2 x 12,7 cm
col. oliveira barboza
A mulher revestida de sol, c. 1497
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
A abertura do quinto e sexto selos, c. 1497–8
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Os quatro cavaleiros, c. 1497–8
[da série O Apocalipse]
— 32 . 33
albrecht dürer
Babilônia, a grande meretriz, c. 1496–7
albrecht dürer
O anjo que tem a chave do abismo, c. 1496–7
albrecht dürer
São João engolindo o livro que o anjo lhe apresenta, c. 1498
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Quatro anjos retendo os ventos, c. 1497–8
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
A virgem com o macaco, c. 1498
buril, 17,6 x 11,6 cm
col. oliveira barboza
O monstro marinho
ou O rapto de Amimone, c. 1498
buril, 25,4 x 19,3 cm
procedência não identificada
São João engolindo o livro
que o anjo lhe apresenta, c. 1498
[da série O Apocalipse]
xilogravura, 39 x 27 cm
procedência não identificada
Santo Eustáquio, c. 1501
buril, 35,7 x 26,5 cm
procedência não identificada
Adão e Eva, 1504
buril, 25 x 19,2 cm
real biblioteca
albrecht dürer
Os quatro cavaleiros, c. 1497–8
albrecht dürer
A mulher revestida de sol, c. 1497
albrecht dürer
Combate de São Miguel contra o dragão, 1497
albrecht dürer
As quatro feiticeiras, 1497
albrecht dürer
A virgem com o macaco, c. 1497
albrecht dürer
As ofertas do amor, c. 1495
— 34 . 35
israel van meckenem
Santa Bárbara, s/d
Israel van Meckenem
[c.1440/1445–1503]
Gravador e ourives, era filho de Israel
van Meckenem, o Velho, também
ourives, que se estabeleceu em Bocholt.
Nasceu aproximadamente em 1440 e
faleceu em 1503 em Bochott. Estudou
com o Mestre E. S. no sul da Alemanha
e produziu mais de 600 chapas, cuja
maioria é constituída de cópias de
outros artistas, como Dürer e Martin
Schongauer. Seus primeiros trabalhos
foram bastante crus, mas na década
de 1480 desenvolveu um estilo pessoal
eficaz e fez obras cada vez maiores e
mais bem acabadas.
Martin Schongauer
[c.1450–1491]
Lucas Cranach, Sênior
[1472–1553]
Ourives, pintor e gravador a buril,
descendente de uma família de origem
nobre de Augsburgo. Nasceu em
Colmar por volta de 1450 e faleceu em
1491, tendo sido o mais importante
gravador alemão antes de Albrecht
Dürer. Estabeleceu na sua cidade
natal uma escola muito importante
de gravura, na qual floresceram uma
nova geração de “Pequenos Mestres”
e um grande grupo de artistas de
Nuremberg. Produziu grande número
de gravuras, que foram amplamente
vendidas não só na Alemanha,
mas também na Itália e mesmo
na Inglaterra e na Espanha. Vasari
afirmou que Michelangelo copiou
uma de suas gravuras: Julgamento de
Santo Antônio. Seu estilo demonstra,
em vez de uma influência italiana, um
estilo gótico muito claro e organizado.
Estabeleceu um sistema de criar
volume, por meio de linhas cruzadas
em duas direções, que lhe foi ensinado
pelo Mestre das iniciais E. S. e que
seria desenvolvida ao máximo por
Dürer. Foi o primeiro gravador a usar
linhas curvas paralelas, provavelmente
girando a placa contra um buril
estável. Desenvolveu ainda uma técnica
a buril que produzia linhas mais
profundas sobre a placa, permitindo
que fossem feitas mais impressões
antes de esta desgastar-se.
Pintor renascentista de retratos de
príncipes alemães e dos líderes da
Reforma protestante, cuja causa abraçou
com entusiasmo, tornando-se amigo
próximo de Lutero. Pintou também
temas religiosos, em primeiro lugar na
tradição católica e, depois, em busca
de novas maneiras de transmissão
das preocupações religiosas luteranas.
Nascido em 1472, serviu por mais de
60 anos como pintor da Corte dos
duques de Saxônia, tendo sido também
gravador. Suas pinturas e xilogravuras
são numerosas e contrastam com o
número reduzido de gravuras em cobre.
A cor, a luz e a sombra não eram
especialidades suas. Em vez de utilizar o
chiaroscuro, sempre contornava as formas
em negro. Suas xilogravuras, baseadas
em desenhos seus, eram abertas por
outros artistas. Dedicou-se ainda ao
comércio, tendo possuído uma loja de
livros e papéis, e uma farmácia. Faleceu
em Weimar em 1553, aos 81 anos de
idade.
A morte da virgem, s/d
buril, 25,7 x 17 cm
doação de luiza de queiroz
Santa Bárbara, s/d
buril, 16,3 x 10,9 cm
coutinho mattoso perdigão
procedência não identificada
— 36 . 37
Cristo na cruz (A crucificação), s/d
[da série A paixão de Jesus Cristo]
xilogravura, 25,9 x 18 cm
col. oliveira barboza
Jesus Cristo perante Caifas, s/d
[da série A paixão de Jesus Cristo]
xilogravura, 24,9 x 16,9 cm
real biblioteca
São Jorge a cavalo vencendo o dragão, s/d
xilogravura, 17,2 x 13,8 cm
col. oliveira barboza
martin schongauer
A morte da virgem, s/d
lucas cranach , sênior
Cristo na cruz (A crucificação), s/d
Hans Sebald Beham
[1500–1550]
Georg Pencz [c.1500–1550]
Pintor e gravador nascido em
Nuremberg por volta de 1500 e
falecido em Breslau em 1550. Depois
de aprender pintura e gravura com
Albrecht Dürer, seguiu para a Itália,
a fim de estudar a obra de Raphael.
Gravou muitas estampas sob a
direção de Raimondi, cuja maneira
de trabalhar soube imitar com suma
fidelidade.
Pintor e gravador a buril e em
madeira, nasceu em Nuremberg em
1500 e morreu em 1550. Aprendeu
gravura e pintura com Dürer, tendo
integrado a plêiade dos famosos
“Pequenos Mestres” da Alemanha.
Suas gravuras são espirituosas e
abertas com um buril cheio de
expressão e nitidez. No fim da
vida, abandonou a profissão para
estabelecer-se como comerciante de
bebidas.
A soberba, s/d
[da série Os sete pecados mortais]
buril, 8,2 x 5,2 cm
procedência não identificada
[Mulher acompanhada da morte], s/d
buril, 7,6 x 5,1 cm
Marcus Curius, s/d
buril, 12,1 x 8,3 cm
procedência não identificada
real biblioteca
Martin Treu
[ativo em 1540–1543]
O bom samaritano, s/d
buril, 7,7 x 11,4 cm
Gravador a buril, de cuja vida nada
se sabe, exceto ter trabalhado entre
1540 e 1543. Pertence ao grupo dos
“Pequenos Mestres” da escola Alemã,
tendo vivido provavelmente em
Nuremberg. Ao que parece, estudou
o estilo de Lucas van Leyden.
Virgínea, s/d
buril, 11, 9 x 7,5 cm
A história do filho pródigo, 1541
buril, 7,2 x 8,4 cm
Ourives, pintor e gravador nascido
em Paderborn por volta de 1501.
Não se sabe ao certo a data de seu
falecimento, ocorrido em torno de
1561. Estudou pintura e gravura da
escola de Albrecht Dürer. Foi outro
dos “Pequenos Mestres” do grupo de
artistas alemães e se tornou luterano.
Como pintor, imitou a maneira do
mestre. Nos últimos anos de vida,
dedicou-se inteiramente à gravura.
Produziu cerca de 290 imagens, em
real biblioteca
procedência não identificada
Heinrich Aldegrever
[c.1501–c.1561]
real biblioteca
hans sebald beham
[Mulher acompanhada da morte], s/d
— 38 . 39
martin treu
A história do filho pródigo, 1541
georg pencz
O bom samaritano, s/d
sua maioria criações próprias.
As diminutas, de desenho um tanto
gótico, foram gravadas com um buril
preciso e delicado. Realizou diversas
gravuras ornamentais, tendo seu estilo
se aproximado tanto do de Albrecht
Dürer, que foi chamado algumas vezes
de Albert de Westphalia.
Um casal de dançarinos, 1538
[prancha 7 da série Os grandes
festejadores em bodas]
buril, 11,9 x 8,1 cm
col. oliveira barboza
O mestre de cerimônias, 1538
[prancha 1, da série Os grandes
festejadores em bodas]
buril, 11,9 x 8,1 cm
real biblioteca
Virgil Solis
[1514–1562]
Nascido em Nuremberg em 1514,
foi desenhista, iluminador, pintor e
gravador a buril e à água-forte. Fez parte
do grupo dos “Pequenos Mestres”
da Alemanha. Sua maneira correta
e delicada se aproxima da maneira
de Hans Sebald Beham, e tanto suas
estampas segundo Raphael, Lucas
van Leyden e Aldegrever quanto suas
criações próprias são hoje muito raras.
Faleceu em sua cidade natal em 1562.
heinrich aldegrever
heinrich aldegrever
O mestre de cerimônias, 1538
Um casal de dançarinos, 1538
O triunfo da música, s/d
buril, 5,8 x 23,2 cm
real biblioteca
georg pencz
Virgínea, s/d
virgil solis
O triunfo da música, s/d
— 40 . 41
Lucas van Leyden
[c.1494–1533]
Coleção Holandesa
e
Lucas van Leyden [c.1494–1533]
e
Zacharias Dolendo [1561–c.1600]
Jan Muller [1571–1628]
e
Cornelis Cort [c.1533/1536–1578]
e
Jan Saenredam [c.1565–1607]
Jacob Matham [1571–1631]
Nicolas Ennes Visscher [ativo em 1580]
e
e
Willem Jacobsz Delff [1580–1638]
Hendrik Goltzius [1558–1617]
Rembrandt Harmenszoon van Rijn [1606–1669]
Nascido em Leiden em torno de 1494,
foi pintor sobre vidro, a têmpera e a
óleo, bem como gravador a buril e à
água-forte. Já gravava aos nove anos
de idade, tendo aprendido a manejar
o buril com um ourives e a gravura à
água-forte com um armeiro. Abria suas
chapas com um talho fino e delicado, que,
assim, não resistiam a muitas tiragens.
Esmerado e perfeccionista, Lucas van
Leyden inutilizava todas as chapas que
apresentassem o mínimo defeito ou
mancha, razão pela qual suas estampas são
raríssimas. Gozava de grande reputação
e Giorgio Vasari o considerava acima de
Albrecht Dürer. Hoje, é considerado,
universalmente, uma das maiores figuras
da história das artes gráficas. Suas gravuras
nos fornecem importantes registros dos
hábitos e costumes dos Países Baixos,
como se pode atestar em O dentista e
Os músicos. Ainda em vida, suas obras
alcançaram preços elevados, tornando-se,
com o passar do tempo, cada vez mais
caras. Nas xilogravuras, as chapas de
madeira eram desenhadas pelo artista, mas
abertas por um hábil gravador. Morreu
em 1533 em sua cidade natal.
[Retrato de um moço], 1519
buril, 18,4 x 12,2 cm
real biblioteca
[A flagelação], 1521
buril, 12,2 x 8,4 cm
col. oliveira barboza
[Jesus Cristo ultrajado no pretório], 1521
buril, 12 x 8,4 cm
real biblioteca
[São Jerônimo], 1521
buril, 10,1 x 14,5 cm
col. oliveira barboza
— 44 . 45
lucas van leyden
[O dentista], 1523
[O dentista], 1523
buril, 12,9 x 8,6 cm
col. oliveira barboza
[Os músicos], 1524
buril, 10,6 x 7,5 cm
real biblioteca
Cornelis Cort
[c.1533/1536–1578]
Desenhista e gravador a buril,
nasceu em Horn por volta de
1533. Já era tido como um grande
gravador quando, em Veneza,
conheceu Ticiano, de quem gravou
as mais belas obras. Viveu em
Roma, onde abriu uma escola de
gravuras, à qual pertenceu o célebre
Agostino Carracci. Suas gravuras
desenvolvidas em Roma são muito
apreciadas pela correção do desenho,
a maneira espirituosa e o bom gosto
com que foram abertas. Faleceu em
Roma em 1578.
[A fuga para o Egito], 1566
buril, 28 x 19,9 cm
jan saenredam
procedência não identificada
lucas van leyden
[Retrato de um moço], 1519
Zacharias Dolendo
[1561–c.1600]
Jan Saenredam
[c.1565–1607]
Desenhista e gravador a buril nascido
em Leiden em 1561. Foi discípulo de
Jacob de Gheyn, cuja maneira imitou,
burilando suas chapas com firmeza e
propriedade de execução.
Natural de Leiden, tornou-se
desenhista, pintor e gravador a buril.
Aprendeu pintura com Jacob de
Gheyn e a arte de gravar com Hendrik
Goltzius, a quem tomou como
modelo e imitou com tal perfeição,
que algumas de suas gravuras chegam
a ser confundidas com as de seu
mestre. Gravou com buril firme,
fácil e largo. Em suas composições,
[A virgem com Jesus, coroada por dois
anjos], s/d
[segundo Jacob de Gheyn]
buril, 16,5 x 12 cm
real biblioteca
— 44 . 45
cornelis cort
[Plutão e Proserpina], 1594
[A fuga para o Egito], 1566
o desenho é mais correto e menos
amaneirado do que naquelas que abriu
segundo Goltzius e outros mestres.
[Plutão e Proserpina], 1594
buril, 32,4 x 21,5 cm
real biblioteca
Jan Muller
[1571–1628]
Gravador a buril, nasceu, segundo
alguns, em Amsterdã. Pouco se
sabe sobre a sua vida. Foi discípulo
de Goltzius e, segundo Levêque, o
gravador de maior destreza no manejo
do buril e quem empregou o menor
número de talhos para representar
objetos. Com imensa habilidade,
obriga o mesmo talho a servir-lhe de
primeiro e de segundo para compor
uma figura inteira. Raramente, faz um
terceiro talho, e todos os seus planos,
apesar da economia que revelam, são
artisticamente variados no trabalho e
no tom. Segundo Sprangers, era um
willem jacobsz delff
[Retrato de João Maurício, conde de Nassau], s/d
exímio desenhista, porém amaneirado
nas extremidades. Realizou 88 gravuras.
[O repouso no Egito], 1593
buril, 23 x 20,2 cm
real biblioteca
tornando-o um hábil artista. Passou
alguns anos na Itália, abrindo
muitas estampas de grandes pintores
italianos. Manejava o buril com
grande desembaraço. Faleceu em sua
cidade natal em 1631.
[As estações do ano, Primavera], 1589
buril, 25,5 cm (diâmetro)
Jacob Matham
[1571–1631]
procedência não identificada
Desenhista e gravador a buril,
nasceu em Haarlem em 1571.
Hendrik Goltzius, seu padrasto,
ensinou-lhe o desenho e a gravura,
— 46 . 47
nicolas ennes visscher
[Um rapaz tirando passarinho de um ninho], s/d
[As estações do ano Verão], s/d
buril, 25,9 cm (diâmetro)
procedência não identificada
Willem Jacobsz Delff
[1580–1638]
Pintor e gravador a buril nascido
em 1580 em Delft, onde faleceu em
1638. Aprendeu a pintar com seu pai
Jacob Willemsz Delff, o Velho. Suas
gravuras são desenhadas com correção
e abertas com um buril fácil, nítido e
expressivo.
[Retrato de João Maurício,
conde de Nassau], s/d
buril, 43,5 x 30,5 cm
col. salvador de mendonça
jan muller
[O repouso no Egito], 1593
zacharias dolendo
[A virgem com Jesus, coroada por dois anjos], s/d
jacob matham
[As estações do ano, Primavera], 1589
[As estações do ano Verão], s/d
— 48 . 49
Nicolas Ennes Visscher
[ativo em 1580]
Hendrik Goltzius
[1558–1617]
Desenhista, gravador à água-forte,
editor e mercador de estampas,
viveu em Amsterdã por volta de
1580. Produziu e executou, de forma
magistral, várias águas-fortes de
figuras, animais e vistas, bem como
diversos retratos.
Pintor, desenhista e gravador a buril,
nasceu em Mulbrecht, no ducado
de Juliers, em 1558, falecendo em
Haarlem em 1617. Suas gravuras são
corretamente desenhadas e gravadas
a buril ora largo (em que os traços
se recortam, formando ângulos), ora
fino (em que o artista trabalha com
traços delgados e paralelos), à maneira
de Dürer e de Lucas van Leyden.
Levou a técnica do buril à perfeição,
tendo formado discípulos notáveis,
[Um rapaz tirando passarinhos
de um ninho], s/d
buril, 20,1 x 14,4 cm
real biblioteca
hendrik goltzius
[A Sagrada Família], 1580
como Jacob Matham, Jan Muller,
Jan Saenredam e Swanevelt, que se
inspiraram em sua maneira de gravar.
[A Sagrada Família], 1580
[segundo Bartolomeu Spranger]
buril, 28,2 x 21 cm
real biblioteca
Rembrandt Harmenszoon van Rijn
[1606–1669]
Nasceu em 15 de julho de 1606 em
Leiden. Filho de um moleiro, é
considerado o maior artista holandês,
distinguindo-se não apenas na
pintura, como também no desenho
e nas gravuras em água-forte. Foi
como retratista que consolidou sua
fama e enriqueceu. Quando menino,
frequentou a Escola Latina, tendo
sido matriculado na Universidade
de Leiden aos 14 anos de idade.
Tornou-se aprendiz do pintor Jacob
van Swanenburgh, com quem passou
três anos. Depois de breve, mas
importante aprendizado de seis meses
em Amsterdã com Pieter Lastman,
famoso pintor com quem aprendeu
a técnica do claro-escuro, abriu, com
o colega Jan Lievens, estúdio em
Leiden em 1624 ou 1625. Em 1627,
passou a aceitar alunos. Mudou-se
para Amsterdã em 1631, casando-se
três anos depois com Saskia van
Uylenburgh, prima de um próspero
negociante de arte.
Em contraste com sua bem-sucedida carreira pública, a vida
familiar de Rembrandt foi marcada
pelo infortúnio. Entre 1635 e
1641, Saskia deu à luz a quatro
filhos, mas apenas o último, Titus,
sobreviveu. Saskia faleceu em 1642
aos trinta anos. Hendrickje Stoffels,
contratada como empregada
da casa, se tornaria esposa do
artista e modelo para muitos dos
seus quadros. Apesar do sucesso
financeiro como artista, professor e
comerciante de arte, a propensão de
Rembrandt para a vida ostentatória
forçou-o a declarar falência em 1656.
— 52 . 53
Sua vida pessoal continuou a ser
marcada pela tristeza. Hendrickje
morreu em 1663 e seu filho Titus
em 1668, com apenas 27 anos de
idade. Onze meses depois, no dia
4 de outubro de 1669, Rembrandt
faleceu em Amsterdã, deixando uma
tela inacabada e o modesto quarto
onde vivia, composto de uma cama
simples, uma cadeira, um espelho e
uma mesa.
Rembrandt é considerado um
dos grandes gênios da pintura do
Barroco e um dos mais importantes
gravadores de todos os tempos.
Realizou aproximadamente 290
gravuras, em que se destacam o
domínio técnico da água-forte, a
originalidade, o experimentalismo
e a expressividade. Nelas, evidencia-se
um estilo espontâneo e livre, no
qual se observa a utilização de
traços fluidos em seus motivos,
assemelhados a esboços. É o grande
mestre do chiaroscuro, tendo criado
em muitas de suas gravuras efeitos
dramáticos de luz e sombra. Em
seu experimentalismo, vê-se que
modificou e retrabalhou as matrizes
para obter a riqueza de efeitos que
desejava.
[Mãe de Rembrandt: busto, de
três quartos para a direita], 1628
água-forte e ponta-seca, 6,5 x 6,3 cm
[Autorretrato com boina e cachecol], 1633
água-forte, 13,7 x 10,7 cm
col. oliveira barboza
[O ministro Jan Cornelis Sylvius], 1633
água-forte, 15,5 x 14,2 cm
procedência não identificada
[A anunciação aos pastores], 1634
água-forte, ponta-seca e buril
26,1 x 22 cm
col. oliveira barboza
[A leitora], 1634
água-forte, 13,1 x 10,9 cm
col. oliveira barboza
[Autorretrato com Saskia], 1636
água-forte, 10,5 x 9 cm
real biblioteca
[Três cabeças de mulheres,
uma dormindo], 1637
água-forte, 16 x 11 cm
col. oliveira barboza
[O triunfo de Mardoqueu], c. 1641
água-forte e ponta-seca, 17,5 x 21,5 cm
col. oliveira barboza
[Autorretrato desenhando
junto à janela], 1648
água-forte, ponta-seca e buril
16,5 x 13,1 cm
procedência não identificada
[O camponês e sua família], c.1652
água-forte, 10,8 x 9,2 cm
procedência não identificada
col. oliveira barboza
[Homem velho com barba longa e
manga da camisa branca], 1628–33
água-forte, 7,5 x 6,4 cm
col. oliveira barboza
[Autorretrato com boné puxado
para a frente], 1629–33
água-forte, 5 x 5 cm
col. oliveira barboza
rembrandt hermenszoon van rijn
[A anunciação aos pastores], 1634
rembrandt hermenszoon van rijn
[O ministro Jan Cornelis Sylvius], 1633
rembrandt hermenszoon van rijn
[Autorretrato desenhando junto à janela], 1648
À direita, em sentido horário
rembrandt hermenszoon van rijn
[Autorretrato com Saskia], 1636
[Autorretrato com boné puxado para a frente], 1629–33
[Três cabeças de mulheres, uma dormindo], 1637
[Autorretrato com boina e cachecol], 1633
— 52 . 53
Coleção Flamenga
e
Jacob Bos [1549–1580]
Ioan Sadeler [1550–1600]
e
Raphael Sadeler, o Velho [1560/1561–1628/1632]
Raphael Sadeler, o Jovem [1584–1632]
Paulus Pontius [1603–1658]
e
e
e
Cornelius Galle, Sênior [1576–1650]
Antoon Van Dyck [1599–1641]
Peter de Jode, Junior [1606–1674]
jacob bos
[La vecchia rimbambita mvove riso alla fancivletta], s/d
Jacob Bos
[1549–1580]
Desenhista e gravador a buril,
pouco se conhece sobre a sua vida.
Sabe-se que trabalhou basicamente
para Lafréri e outros editores em
Roma, tendo aprendido a gravar
provavelmente com algum aluno de
Raimondi.
— 56 . 57
[La vecchia rimbambita mvove riso
alla fancivletta], s/d
[segundo Sofonisba Anguissola]
buril, 33,7 x 42,2 cm
real biblioteca
Ioan Sadeler (ou Johann,
ou Jean, Jans ou Hans)
[1550–1600]
Nascido em Bruxelas numa célebre
família de gravadores, morreu,
provavelmente em Veneza, em 1600.
Desenhista e gravador a buril desde
os 20 anos de idade, percorreu muitas
cidades da Europa para aprimorar a
Honor, 1591
[da série As quatro idades do homem]
buril, 22,2 x 25,5 cm
sua arte. Sua maneira de gravar não foi
sempre a mesma, tendo passado a usar
um buril mais largo depois de viagem
à Itália. Interessava-se por temas
históricos, retratos e paisagens.
procedência não identificada
Labor, 1591
[da série As quatro idades do homem]
buril, 22,4 x 25,5 cm
[O opulento guloso à mesa e
o mendigo Lázaro], c. 1598,
[da série As cenas de cozinha]
[segundo Jacob da Ponte,
dito Bassano, O Velho]
buril, 23,3 x 30 cm
procedência não identificada
Cornelius Galle, Sênior ou
Elder [c.1576–1650]
real biblioteca
[A adoração dos pastores], 1599
[segundo Jacob da Ponte,
dito Bassano, O Velho]
buril, 21,9 x 29,7 cm
real biblioteca
Raphael Sadeler, o Velho ou Sênior
[1560/1561–1628/1632]
raphael sadeler , o velho ou sênior
Honor, 1591
raphael sadeler , o velho ou sênior
Amor, 1591
Desenhista e gravador a buril, nasceu
por volta de 1560 em Bruxelas e
morreu entre 1628 e 1632. Teve como
mestre e colaborador seu irmão Ioan
Sadeler. Representava muito bem o
corpo humano, cujas extremidades
figurava com muito cuidado e
precisão. Suas boas gravuras são
buriladas com nitidez e sem dureza.
Gravou muito segundo pinturas dos
mestres alemães.
S. Philippi Nerii vera effigies, 1591-1650
[segundo Peter Paul Rubens]
buril, 48,1 x 36,6 cm
procedência não identificada
[Obt] [emut] ecce Jesulus, formosus ille
Jesulus, Diléctus ille Jesulus, compescito
labellula [Sagrada Família descansando
e João Batista], 1630-1650
[segundo Peter Paul Rubens]
buril, 32,8 x 42,9 cm
[Jesus Cristo na casa das irmãs
Martha e Maria], 1584
[segundo Martin de Vos]
buril, 23,1 x 31 cm
procedência não identificada
real biblioteca
Amor, 1591
[da série As quatro idades do homem]
buril, 26,4 x 32,6 cm
procedência não identificada
— 56 . 57
Desenhista, gravador a buril e
mercador de estampas, nasceu
na Antuérpia por volta de 1576,
morrendo na mesma cidade em
1650. Após aprender a gravar com
seu pai, Philippe Galle, aprimorou
seus conhecimentos em Roma,
acarretando mudanças em seu estilo.
Até então, havia certa dureza em seu
modo de gravar; depois, o desenho
se tornou correto e o buril passou a
ser manejado com liberdade e bom
gosto.
ioan sadeler
[O opulento guloso à mesa e o mendigo Lázaro], c. 1598
ioan sadeler
[A adoração dos pastores], 1599
cornelius galle , sênior ou elder
[Obt] [emut] ecce Jesulus, formosus ille Jesulus,
Diléctus ille Jesulus, compescito labellula,
[Sagrada Família descansando e João Batista], 1630-1650
Raphael Sadeler, o Jovem
[1584–1632]
Nasceu na Antuérpia em 1584. Filho
de Raphael Sadeler, Sênior, foi
treinado por este como gravador.
Trabalharam juntos em Munique entre
1604 e 1632, quando veio a falecer.
[O julgamento de Páris], 1589
[segundo Hans von Aachen]
buril, 32 x 41,5 cm
real biblioteca
Antoon Van Dyck
[1599–1641]
Pintor e gravador a buril e à água-forte, nascido na Antuérpia em 1599.
Aos 11 anos de idade, foi enviado
para a escola do pintor Henrique van
Balen. Em 1615, entrou para a oficina
de Rubens, na qual trabalhou por três
anos, ajudando-o a terminar suas obras
— 58 . 59
raphael sadeler , o jovem
[O julgamento de Páris], 1589
e realizando cópias de seus quadros.
Foi reconhecido mestre da confraria
de S. Lucas. Em 1626, seguiu para a
Itália, onde visitou Veneza, Gênova,
Roma, Florença e Palermo. Estudou as
obras de Giorgione, Paulo Veronense
e Ticiano. Em todas as cidades onde
esteve, pintou quadros e retratos. Viveu
e trabalhou predominantemente na
Antuérpia, onde concebeu o projeto de
pintar retratos de personagens ilustres
de seu tempo. Doze chapas dessa
coleção, dita Cem retratos, foram abertas
pelo artista e as demais pelos mais
célebres gravadores flamengos de então.
Em 1632, mudou-se para a Inglaterra,
onde pintou diversos retratos do rei,
da Família Real e de membros da
Corte. Faleceu em Blackfrias em 1641.
Nenhum artista o excedeu no gênero
do retrato.
[Ticiano e sua amante], s/d
água-forte e buril, 30 x 22,6 cm
real biblioteca
peter de jode , junior
Henricvs Liberti: Groeningensis Cathed. Organista
[Retrato de Henrique Liberti], 1640–1650
Paulus Pontius
[1603–1658]
cornelius galle , sênior ou elder
S. Philippi Nerii vera effigies, 1591-1650
Desenhista e gravador a buril, nasceu na
Antuérpia em 1603. Rubens dedicava-lhe
particular amizade e comprazia-se em
dirigir-lhe o buril, fazendo-o gravar sob
sua inspeção. O desenho e a expressão
de suas figuras e caracteres são corretos,
sua execução do claro-escuro, bela, e
seu buril, perfeito. Seus retratos são
admirados pela expressão que soube
empregar nas cabeças. Faleceu em 1658.
paulus pontius
Aubertus Miraeus Bruxellensis...
[Retrato de Alberto Miraeus], 1630–1640
Aubertus Miraeus Bruxellensis...
[Retrato de Alberto Miraeus], 1630–1640
[segundo Antoon Van Dyck]
buril, 24,1 X 16,7 cm
real biblioteca
Peter de Jode, Junior
[1606–1674]
As gravuras que realizou para a coleção
Cem retratos, de Antoon Van Dyck, são
irrepreensíveis. Faleceu em 1674.
Henricvs Liberti: Groeningensis Cathed.
Organista [Retrato de Henrique
Liberti], 1640–1650
[segundo Antoon Van Dyck]
buril, 26,5 x 19,7 cm
real biblioteca
Nascido na Antuérpia em 1606,
aprendeu a gravar com seu pai.
Em muitas de suas estampas, igualou-se
aos melhores gravadores de seu tempo.
Coleção Francesa
e
Nöel Garnier
[c.1470/1475–post.1544] e
François Perrier [1594–1649]
e
Claude Mellan [1598–1688]
Etienne Picart [1631–1721]
e
Gérard Edelinck [1640–1707]
Charles Dupuis [1685–1742]
antoon van dyck
[Ticiano e sua amante], s/d
— 62 . 63
Jacques Callot [1592–1635]
e
e
Egidio Rousselet [1614–1686]
Gérard Audran [1640–1703]
e
Petrus Drevet [1663–1738]
Henri Simon Thomassin [1687–1741]
Jacques Callot
[1592–1635]
françois perrier
[Minerva: cena de batalha], 1645
nöel garnier
Apolo dançando com as musas, s/d
À direita
jacques callot
Les misères et les mal-heures
de la guerre, 1633
[frontispício]
Nöel Garnier
[c.1470/1475–post.1544]
Ourives e gravador viveu do fim do
século xv (c. 1470–5) até meados do
século xvi (1544). É considerado um
dos mais antigos gravadores franceses.
Suas gravuras, executadas em estilo
arcaico, são raríssimas.
Diana, s/d
[As divindades dos 7 planetas]
buril, 8,4 x 5 cm
real biblioteca
Júpiter, s/d
[As divindades dos 7 planetas]
buril, 8,4 x 5 cm
real biblioteca
Vênus, s/d
[As divindades dos 7 planetas]
buril, 8,4 x 5 cm
real biblioteca
Apolo dançando com as musas, s/d
buril, 5,4 x 16 cm
real biblioteca
François Perrier [1594–1649]
Pintor e gravador à água-forte, filho de
ourives, nasceu em Macon em 1594.
Sua obra gravada compreende 95
estampas executadas com ponta
espirituosa e ligeira, ao gosto
de Michel Dorigny. Foi um dos
fundadores e professor da Academia
de Pintura e Escultura de Paris, bem
como mestre do célebre Charles Le
Brun. Faleceu em Paris em 1649.
[Minerva: cena de batalha], 1645
[In: Icones et segmenta illustrium e
marmore tabularum quae Romae...],
[segundo Sofonisba Anguissola]
água-forte, 25,3 x 38 cm
real biblioteca
— 62 . 63
Desenhista e gravador a buril e águaforte, nasceu em 1592 e morreu em
1635 em Nancy, região da Lorena,
hoje França. Filho de um mestre de
cerimônias da Corte do duque, fugiu
duas vezes para a Itália, aos 12 anos de
idade, para estudar desenho. Seus pais,
vendo que não teriam como segurá-lo,
permitiram que fosse estudar gravura
em Roma com Philippe Thomassin,
com quem aprendeu a gravar com
o buril. Também estudou com
Antonio Tempesta, que lhe ensinou
a técnica da água-forte em Florença,
onde viveu de 1612 a 1621. Tornou-se
mestre independente e trabalhou
para a Corte dos Médici. Voltou
para Nancy, onde viveu o resto de
sua vida, visitando apenas Paris e a
Holanda. São conhecidos mais de 2
mil desenhos e estudos preparatórios
para suas impressões. Suas gravuras,
sempre em pequenos formatos e
grandes composições, chegam a
1.405 peças atribuídas por Le Blanc e
foram amplamente distribuídas pela
Europa. Rembrandt era um de seus
colecionadores.
As 18 águas-fortes numeradas
da série Les misères et les mal-heures de
la guerre, realizadas em 1633, são um
exemplo das inovações técnicas que
realizou no universo das impressões.
Callot desenvolveu um instrumento
conhecido como échopper, ferramenta
com uma ponta de agulha em seção
oval inclinada, que o permitia criar
linhas mais variadas e espessas,
conforme os vários ângulos em que
a utilizava. Além disso, descobriu
um verniz mais duro que a fórmula
à base de cera, ampliando o uso
da água-forte. Com esse verniz,
as linhas puderam ser mordidas
mais profundamente pelos ácidos,
prolongando a vida da chapa na
impressão. O verniz mais duro
evitava também o risco de os ácidos
escorrerem pela chapa, marcando-a
indevidamente para além do desenho
a ser impresso. Depois disso, os
água-fortistas começaram a realizar
trabalhos mais minuciosos e delicados,
cuja execução era mais demorada, sem
medo de perdê-los.
Callot usou também, extensiva
e sofisticadamente, múltiplos
“stoppings-out”, técnica em que se
deixa o ácido morder levemente toda
a chapa, interrompendo-se sua ação
nas partes em que se deseja manter luz
e sombra, cobertas com terra antes
de a placa ser novamente banhada.
Por meio de um cuidadoso controle
desse processo, Callot alcançou um
inédito grau de sutileza na variedade
de tons da linha, criando efeitos
atmosféricos de distância, luz e
sombra. Para acentuar a profundidade
de suas gravuras, os elementos
que estão em primeiro plano são
executados com linhas mais espessas
e, consequentemente, a impressão das
mesmas se torna mais escura; à medida
que os elementos se distanciam,
diminuem de escala e a linha se torna
mais leve e luminosa.
Les misères et les mal-heures de la guerre, 1633
Frontispício
O alistamento da tropa [prancha 2]
A batalha [prancha 3]
O saque [prancha 5]
Saque e incêndio de uma aldeia [prancha 7]
O suplício da polé [prancha 10]
O suplício da forca [prancha 11]
A fogueira [prancha 13]
O suplício da roda [prancha 14]
A distribuição da roda [prancha 18]
água-forte, 10 x 20 cm
real biblioteca
jacques callot
Les misères et les mal-heures de la guerre, 1633 [O alistamento da tropa, prancha 2]
jacques callot
Les misères et les mal-heures de la guerre, 1633 [O saque, prancha 5]
— 64 . 65
jacques callot
Les misères et les mal-heures de la guerre, 1633 [O suplício da roda, prancha 14]
jacques callot
Les misères et les mal-heures de la guerre, 1633 [A distribuição da roda, prancha 18]
Claude Mellan
[1598–1688]
Desenhista, pintor e gravador a buril e
à água-forte, nascido em Abbeville em
1598. Os contornos de suas gravuras
são puros e seu traço, fluente.
Em suas primeiras gravuras, como
todo gravador, usava o talho cruzado;
depois, veio a empregar talhos ora
largos, ora finos, dependendo do tom
que desejava dar aos motivos que
gravava. Luís xiv lhe concedeu pensão
e alojamento no Louvre. Suas gravuras
chegam a 336. Faleceu em Paris
em 1688.
A Santa Verônica de Jesus Cristo, 1649
buril, 43 x 31,4 cm
real biblioteca
Egidio Rousselet
[1614–1686]
Desenhista e gravador a buril, nasceu
em Paris em 1614 e morreu, cego,
na mesma cidade em 1686. Sua obra
como gravador é composta de 334
gravuras, e sua maneira de gravar se
assemelha à de Cornélio Bloemaert,
porém seus traços são mais largos e
variados, e sua execução possui maior
calor.
gérard audran
Aenée sauvant son pére de lémbrazement de Troye, s/d
Gérard Audran [1640–1703]
Sainct Michel Victorieux du Demon, s/d
[segundo Raphael Sanzio]
buril, 46,6 x 25,5 cm
real biblioteca
claude mellan
A Santa Verônica de Jesus Cristo, 1649
— 66 . 67
A célebre família Audran contou
em seu seio com numerosos artistas,
principalmente gravadores que
floresceram nos séculos xvii e xviii.
Gérard, o mais importante deles, foi
desenhista, gravador a buril e à águaforte, bem como editor de estampas.
Nasceu em Lyon em 1640. Seu talento
e sua assiduidade no estudo da gravura,
étienne picard
Ste. Cecile chantant les Loüanges de Dieu, s/d
principalmente com Charles Le Brun,
fizeram com que se tornasse um
desenhista corretíssimo e o mais notável
gravador da história da escola francesa.
Os processos que empregou diferem dos
usados até então; suas imagens, à exceção
de poucas gravadas apenas com buril,
são trabalhadas à água-forte e a buril,
servindo-lhe esta ferramenta apenas para
aperfeiçoar o que a ponta não conseguia
exprimir com nitidez.
La Vertu Heroïque victorieuse des vices
accompagnée des autres Vertus..., 1672
[segundo Le Corrège], buril, 53 x 39,4 cm
procedência não identificada
Aenée sauvant son pére de lémbrazement
de Troye, s/d [segundo Domingos
Zampieri, dito O Domenichino]
buril, 53 x 39 cm
procedência não identificada
Etienne Picart,
dito O Romano [1631–1721]
Desenhista e gravador à água-forte e
a buril, nascido em Paris em 1631, foi
gravador do Rei. Em 1664, ingressou
como professor na Real Academia de
Pintura, Escultura e Gravura de Paris.
Gravou para a coleção Le Cabinet du
Roi, bem como pinturas de muitos
mestres italianos e franceses, e retratos
segundo desenhos próprios.
Ste. Cecile chantant les Loüanges de Dieu, s/d
[segundo Domingos Zampieri, dito
O Domenichino]
água-forte e buril, 46,5 x 29 cm
real biblioteca
Gérard Edelinck
[1640–1707]
Desenhista e gravador a buril, foi
o mais importante artista de uma
família de gravadores de origem
flamenga. Nasceu na Antuérpia em
1640 e faleceu em Paris em 1707.
Discípulo de Cornelius Galle, em 1665
se mudou, a convite de Colbert, para
Paris, onde viveu o restante de sua
vida. Membro da Academia Real de
Pintura, Escultura e Gravura de Paris,
realizou 339 gravuras. Seu trabalho é
desembaraçado e precioso, com um
buril apurado. Há calor em todas as
suas obras.
gérard edelinck
Albert Dürer Gur, s/d
Martinus Vanden Baugart..., s/d
[segundo Hyacinthe Rigaud]
buril, 62 x 45,2 cm
procedência não identificada
Albert Dürer Gur, s/d
buril, 31,2 x 20 cm
Petrus Drevet [1663–1738]
real biblioteca
Gravador a buril e editor de estampas,
nasceu em Loire em 1663, falecendo
em Paris em 1738. Aprendeu o ofício
e trabalhou na oficina de Gérard
Audran. Membro da Academia Real
Titien, s/d
buril, 31,3 x 20,5 cm
egidio rousselet
Sainct Michel Victorieux du Demon, s/d
real biblioteca
— 68 . 69
petrus drevet
Hyacinthus Rigaud Eques in Regis..., 1701
de Pintura, Escultura e Gravura de
Paris, foi nomeado gravador do Rei
em 1696. Valendo-se de sua relação
direta com o grande pintor retratista
Hyacinthe Rigaud, dedicou-se
preferencialmente à gravura de
retratos, sendo o retrato desse artista
considerado uma de suas grandes
obras. Drevet tinha profunda ciência
do desenho e se notabilizou pela
pureza no uso do buril, a energia do
traço, a perfeição dos mais minuciosos
pormenores e a harmoniosa gradação
de tons, que substituem de algum
modo a cor, a ponto de suas
interpretações de pinturas serem
praticamente inigualáveis. Conhecem-se
125 gravuras de sua autoria.
Hyacinthus Rigaud Eques in Regis..., 1701
[segundo Hyacinthe Rigaud]
água-forte, 62,1 x 45,5 cm
procedência não identificada
Charles Dupuis
[1685–1742]
Desenhista e gravador à água-forte
e a buril, nasceu em Paris em 1685.
A maioria de suas gravuras foi
realizada à água-forte e acabada a
buril. Profundo conhecedor da arte,
gravou com muito gosto à sua maneira
larga. Seu toque é magistral. Membro
da Academia Real de Pintura, Escultura
e Gravura de Paris, faleceu em 1742.
Leçon d’Amour – Amoris Documentum, 1734
[segundo Antonio Watteau]
água-forte, 44,4 x 60,5 cm
Coleção Inglesa
e
procedência não identificada
Henri Simon Thomassin
[1687–1741]
Nasceu em Paris em 1688 e faleceu na
mesma cidade em 1741. Desenhista
e gravador à água-forte e a buril, foi
gravador do Rei e teve alojamento no
Louvre. Pertenceu à Academia Real
de Pintura, Escultura e Gravura de
Paris. Sua maneira de gravar era livre e
pitoresca.
[Coquettes...], s/d
[segundo Antonio Watteau]
buril e água-forte, 23 x 24 cm
real biblioteca
henri simon thomassin
[Coquettes...], s/d
Acima
charles dupuis
Leçon d’Amour – Amoris Documentum, 1734
— 70 . 71
William Hogarth [1697–1764]
Benjamin Smith [1754–1833]
e
e
Samuel Middiman [1750–1831]
John Ogborne [1755–1837]
Peter Simon [c.1764–1810]
e
e
Robert Thew [1758–1802]
Charles Gauthier Playter [c.1786–1809]
William Hogarth
[1697–1764]
Desenhista, pintor e gravador a buril
e à água-forte, nasceu em Londres em
1697. Aprendeu o ofício de ourives
e logo entrou para a Academia de
St. Martin’s Lane, a fim de estudar
desenho ao natural. No início de
sua carreira, ganhava o estritamente
necessário para viver, abrindo em metal
brasões e endereços para as chapas das
portas dos negociantes, bem como
desenhando e gravando cartuchos e
rótulos. Depois, passou a gravar para
livreiros, segundo desenhos próprios.
Frequentou a oficina de pintura de
Jacob Thornill, pintor do Rei, a
quem criticava pela maneira de pintar.
Acabou por casar-se clandestinamente
com a filha de seu mestre em 1730.
A esse tempo, dedicava-se à pintura
de retratos. Reproduzia na tela os
seus modelos com absoluto rigor, sem
omitir, nem corrigir nenhum detalhe
do aspecto de seus retratados, o que o
fez perder clientela. Em suas próprias
palavras: “Estou resolvido a compor
comédias na tela, a pintar não assuntos
clássicos, mas retratos burgueses;
não pintarei mais heróis imaginários.
Serei útil”. Em nenhum outro país,
a caricatura teve tanta liberdade, e
Hogarth é tipicamente inglês na
natureza didática de suas sátiras.
Dedicou-se a retratar os defeitos e
vícios do seu tempo. Tudo o que lhe
parecia ridículo ou repreensível foi
assunto de suas composições. Realizou
260 gravuras, algumas inteiramente
gravadas por ele e outras trabalhadas
com outros artistas sob sua direção.
Faleceu aos 67 anos na vila de
Chiswick, perto de Londres.
— 74 . 75
william hogarth
[Southwark Fair], 1733
Mesmo sem ter sido um exímio
técnico na arte de gravar, Hogarth
permanece único e especial no que
concerne ao grande espírito crítico
de suas sátiras de cunho político-social e de censura de costumes,
como se pode observar na gravura à
água-forte e a buril The Bench: quatro
figuras caricaturadas e burlescas, a
meio-corpo, sentadas, com as clássicas
cabeleiras dos juízes ingleses, vestidas
de toga de magistrado e presidindo
a sessão do tribunal, à qual, como
se vê, não prestam a menor atenção.
São eles: sir John Willes, lord Chief
Justice; Hon. Wn. Noel; Hon. Mr.
Bathurst; e sir Edward Clive. Já na
gravura a buril Southwark Fair, Hogarth
mostra os tipos de entretenimento
que eram oferecidos para “pessoas de
todas as distinções e ambos os sexos”.
[Southwark Fair], 1733
buril, 44 x 54,5 cm
procedência não identificada
The Bench, 1758
água-forte e buril
30,3 x 20,9 cm
real biblioteca
william hogarth
The Bench, 1758
Samuel Middiman [1750–1831]
John Ogborne [1755–1837]
Nasceu em Londres em 1750 e faleceu
na mesma cidade em 1831. Gravador
altamente considerado, estudou
técnica de gravura com William Byrne,
finalizando seus estudos com Bartolozzi
e William Wollett. Gravou segundo
Joseph Wright, Gainsborough, Hearne,
Berchem e Smirke, entre outros. Foi
muito admirado também por suas
gravuras com temas topográficos,
publicadas em Select Views in Great Britain
(1784–1792) e em Picturesque Views and
Antiquities of Great Britain (1807–1811).
Suas obras foram expostas com
frequência nos Spring Gardens e na Free
Society and the Royal Academy.
Nasceu em Chelmsford 1755 e faleceu em
Londres 1837, sendo considerado um dos
maiores gravadores a pontilhado do século
xviii na Inglaterra. Aluno de Bartolozzi,
gravou principalmente segundo desenhos
de Richard Westall, Kauffmann Angelica,
Smirke Robert e Stothard Thomas.
Participou da The Shakespeare Gallery e
do The Milton Set. No início do século
xix, voltou-se com sucesso para a
gravura à água-forte de pontos de vista
topográficos. Em algumas gravuras, era
ajudado por sua esposa Mary Ogborne.
First Part of King Henry the Fourth, act II,
scene II, 1797 [segundo Joseph Farington],
The Shakespeare Gallery [J. Boydell]
água-forte e buril, 44,1 x 60 cm
procedência não identificada
Third Part of King Henry the Sixth, act ii,
scene v, 1794 [segundo Josiah Boydell]
The Shakespeare Gallery [J. Boydell]
pontilhado, 49,5 x 63,1 cm
procedência não identificada
samuel middiman
First Part of King Henry the Fourth, act II, scene II, 1797
john ogborne
Third Part of King Henry the Sixth, act ii, scene v, 1794
Nasceu em Londres por volta de 1764
e faleceu na mesma cidade em 1810.
Estudou a técnica de pontilhado com
Francesco Bartolozzi. Em 1790, foi
considerado um dos maiores gravadores
da Inglaterra. Gravou segundo
Gainsborough, Reynolds, Fuseli e
Wheatley, tendo tido grande capacidade
de capturar fortes valores tonais e
contrastes. John Boydell, uma das mais
notáveis personalidades do século xviii
na Inglaterra, encarregou-o de produzir
gravuras para The Shakespeare Gallery e
para a série de poemas de John Milton
conhecida como The Milton Set.
Benjamin Smith [1754–1833]
Nascido em 1754, foi um grande
gravador do século xviii e do início
do século xix. Estudou a técnica do
pontilhado, que permite a gradação
de tons pelo adensamento de pontos,
com Francesco Bartolozzi em Londres.
Durante sua carreira, gravou muitas
estampas segundo Hogarth, Beechey e
Rommey. John Boydell convidou-o
para realizar diversas gravuras para a
The Shakespeare Gallery e para The Milton Set.
Faleceu em Londres em 1833.
The Infant Shakespeare Attended by
Nature and the Passions, 1799
[segundo George Romney], The
Shakespeare Gallery [J. Boydell]
pontilhado, 50,7 x 64,6 cm
procedência não identificada
— 74 . 75
Peter Simon [c.1764–1810]
benjamin smith
The Infant Shakespeare Attended by Nature and the Passions, 1799
peter simon
Tempest, act I, scene II, 1797
Tempest, act I, scene II, 1797
[segundo Henry Fuseli]
The Shakespeare Gallery [J. Boydell]
pontilhado, 50,7 x 63 cm
procedência não identificada
Robert Thew
[1758–1802]
Nascido em Partington em 1758
e falecido em Stevenage, 1802, foi
um dos melhores gravadores a
pontilhado do final do século xviii.
Soldado, serviu ao exército até 1783.
Quase completamente autodidata,
gravou retratos de muitos estadistas
importantes, como o rei George iii e
a rainha Charlotte. Também ocupou
o importante cargo de gravador do
príncipe de Gales, tendo gravado 17
imagens para The Shakespeare Gallery, de
Boydell, entre as quais a famosa cena
das bruxas de Macbeth e a cena do
fantasma de Hamlet.
King Henry the Eighth, act IV, scene II, 1798
[segundo Richard Westall]
The Shakespeare Gallery [J. Boydell]
pontilhado, 44,2 x 59,5 cm
procedência não identificada
Charles Gauthier Playter
[c.1786–1809]
robert thew
King Henry the Eighth, act IV, scene II, 1798
Gravador a buril e pontilhado,
nasceu por volta de 1786 na
Inglaterra e faleceu em Lewisham
em 1809. Foi contratado para realizar
vários projetos segundo artistas
contemporâneos, como Rigaud e
Hamilton, tendo trabalhado também
em diversas pranchas para The
Shakespeare Gallery, de John Boydell.
Third Part of King Henry the Sixth, act i,
scene iii, 1796 [segundo James Northcote]
The Shakespeare Gallery [J. Boydell]
pontilhado e água-forte, 57,4 x 40,8 cm
procedência não identificada
— 78 . 79
charles gauthier playter
Third Part of King Henry the Sixth, act i, scene iii, 1796
José de Ribera, dito
El Españoleto [1591–1652]
Coleção Espanhola
e
José de Ribera [1591–1652]
e
Manoel Salvador Carmona [1734–1820]
Joaquín Ballester [1740–1800]
e
Francisco Muntaner [1743–1805]
Francisco José Goya y Lucientes [1746–1828]
Joaquim Fabregat [1748–1807]
e
Fernando Selma [1752–1810]
Famoso pintor e gravador à água-forte,
nasceu em Xativa, Valencia, em 1591
e morreu em Nápoles em 1652. Foi
discípulo de Francisco Ribalta. Viajou
para a Itália, onde passou a maior
parte de sua vida. Estudou na escola
de Miguel Angelo Amerighi, dito
Caravaggio, e depois com Correggio.
Em Nápoles, foi nomeado pintor da
Corte e agraciado pelo papa com o
hábito de Cristo em 1644. Membro da
Academia de S. Lucas de Roma, gravou
apenas 18 imagens. Suas águas-fortes
manifestam ponta fácil e cheia de bom
gosto, trabalho variado, adaptado com
inteligência aos diferentes objetos e tão
pouco burilado, que se chega a duvidar
da presença nelas de talhos de buril.
[São Jerônimo], s/d
água-forte, 31 x 23,2 cm
real biblioteca
Manoel Salvador Carmona
[1734–1820]
Desenhista e gravador nascido em
Nava del Rey, Valladolid, em 1734 e
falecido em Madri em 1820. Discípulo
de Dupuis, gravou segundo vários
artistas, como Velázquez, Van Dyck
e Anton Raphael Mengs. Estudou
desenho e escultura na Academia de
São Fernando, pela qual seguiu para
Paris, a fim de aprimorar seus estudos
de gravura com Nicolas Gabriel
Dupuis. Membro da Real Academia
de Pintura e Escultura de Paris, viveu
nessa cidade até 1762, triunfando
como gravador intérprete ou de
— 80 . 81
josé de ribera
[São Jerônimo], s/d
reprodução. Em 1783, recebeu o título
de gravador do Rei. Nos últimos anos
de sua vida, foi nomeado acadêmico
de mérito pela Real Academia das
Nobres e Belas-Artes de São Luis de
Zaragoza. Carmona é um dos exemplos
mais representativos do gravador
ilustrado, tendo alcançado grande
maestria no manejo do buril. Excelente
desenhista, formou um nutrido grupo
de gravadores, como Juan Antonio
Carmona, Fernando Selma, José
Gómez Navia, Manuel Alegre, Luis
Fernández Noseret e Blas Ametller.
Ilustrou 30 livros. Em sua obra,
destacam-se os retratos, em especial o
famoso retrato de seus pais, de 1780, e o
de seu sogro, Anton Raphael Mengs.
Sancta Virgo, 1757
água-forte, 47,1 x 31,3 cm
procedência não identificada
Retrato de Miguel de Cervantes Saavedra
em El Ingenioso hidalgo Don Quixote de la
Mancha, 1757 [fronstispício]
[segundo Joseph del Castillo]
água-forte e buril, 21,1 x 14,5 cm
procedência não identificada
Francisco José Goya y Lucientes
[1746–1828]
Considerado o maior pintor espanhol
do século xviii, Goya nasceu em
Fuendetodos, Aragão, Espanha, em
1746. Filho de um artesão, mudou-se
aos 14 anos para Saragoça, capital
do Reino de Aragão, onde se tornou
aprendiz do pintor José Luzán.
De 1763 a 1766, fez várias tentativas
frustradas para entrar na Academia
de Belas Artes de Madri. Em 1770,
seguiu para a Itália, obtendo menção
honrosa num concurso de pintura em
Parma. De volta à Espanha no ano
seguinte, foi chamado, em 1774, para
trabalhar na Manufatura Real de Santa
Barbara, sob ordens de Anton Raphael
Mengs e, depois, Francisco Bayeu.
Goya realizou cartões pintados a óleo
(canvas) para confecção de tapeçarias
e, ao longo de cinco anos, desenhou
cerca de 42 padrões, muitos dos quais
usados ​​para decorar as paredes de
pedra do El Escorial e do Palácio Real
del Pardo, residência dos monarcas
espanhóis, então recém-construída
perto de Madri. Com isso, seu talento
chegou ao conhecimento dos monarcas
espanhóis, que lhe deram acesso à
Corte real, quando estava aos 30 anos
de idade. Pintou uma tela para o altar
da Igreja de San Francisco El Grande,
em Madri, o que levou a ser nomeado
membro da Real Academia de Belas
Artes. Cinco anos depois, pintou o
retrato da duquesa de Osunã. Em 1789,
tornou-se um dos pintores da câmara
do Rei. A partir de então, desenvolveu
retratos dos reis e da aristocracia
em composições marcadas por certa
crueza e liberdade da imaginação. Goya
considerava Velázquez, Rembrandt e
— 82 . 83
a natureza seus três únicos mestres.
Em 1789, foi nomeado pintor da
corte de Carlos iv. Três anos depois,
contraiu uma enfermidade decorrente
do envenenamento por chumbo em
razão do uso excessivo da tinta branca.
Essa doença o levou a uma paralisia
temporária, à cegueira parcial e à surdez
permanente, que acentuaram-lhe a
sensibilidade à dor e ao sofrimento
humanos, e o fizeram voltar-se para
temas sombrios, sinistros e pessimistas.
Goya retirou-se da vida pública em
1815, passando a trabalhar quase
exclusivamente para si e para um
restrito círculo de amizades. Morreu
em Bordeaux em 1828, aos 82 anos de
idade. As investidas de Goya no lado
sombrio da natureza humana aparecem
em suas gravuras. Desenhou e gravou
cerca de 300 durante a sua vida. Tinha
mais de 50 anos, quando, em 1799,
realizou Os caprichos, sua primeira série
de critica social que mistura a sátira
aos costumes da época, às instituições
e às supertisções e bruxarias; Desastres
da guerra, em que deixa seu testemunho
sobre a brutalidade e as atrocidades
cometidas na Guerra Civil durante
a ocupação francesa na Espanha;
Tauromaquia, série sobre touradas; e
Os provérbios, em que utiliza de forma
magistral a água-tinta e a água-forte para mostrar vários aspectos
da sociedade e da loucura humana.
Essa série é conhecida também como
Disparates, que significa algo absurdo e
irracional. Em qualquer tentativa de
encontrar significados para as gravuras
dessa série, deve-se ter em mente a
terrível depressão em que Goya se
encontrava e sua inquietação com o
absurdo da vida, as forças do mal e o
triunfo da velhice, da dor e da morte.
Série Os provérbios, 1815 e 1823
Disparate feminino [prancha 2 ]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca e brunidor, 32,2 x 49,9 cm
Disparate de miedo [prancha 3]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca e brunidor, 32,2 x 49,9 cm
Disparate ridículo [prancha 4]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
Babalicón [prancha 5]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
Disparate volante [prancha 6]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
Disparate matrimonial [prancha 8]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
Disparate general [prancha 10]
água-tinta e água-forte com retoques de
brunidor, 32,2 x 49,9 cm
Trois majos et trois majas dansant [prancha 11]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
Modo de volar [prancha 12]
água-tinta e água-forte com retoques de
ponta-seca, 32,2 x 49,9 cm
col. thereza christina maria
francisco josé goya y lucientes
Disparate feminino [prancha 2 da série Os provérbios], 1815 e 1823
francisco josé goya y lucientes
Disparate de miedo [prancha 3 da série Os provérbios], 1815 e 1823
francisco josé goya y lucientes
Disparate ridículo [prancha 4 da série Os provérbios], 1815 e 1823
— 82 . 83
francisco josé goya y lucientes
Babalicón [prancha 5 da série Os provérbios], 1815 e 1823
francisco josé goya y lucientes
Trois majos et trois majas dansant [prancha 11 da série Os provérbios], 1815 e 1823
Joaquín Ballester
[1740–1800]
Nasceu em 1740 e morreu em 1800.
Retratista e gravador a buril e à água-forte, Ballester se tornou diretor da Real
Academia de Belas Artes de Valencia em
1778. Era excelente retratista.
Retrato de Miguel de Cervantes Saavedra
em El Ingenioso hidalgo Don Quixote de
la Mancha [lâmina 24], s/d
[segundo Antonio Carnicero]
água-forte e buril, 21,2 x 14,5 cm
procedência não identificada
Francisco Muntaner
[1743–1805]
Nasceu na Espanha em 1743 e faleceu em
1805. Foi gravador a buril e à água-forte,
bem como pintor de temas religiosos.
Retrato de Miguel de Cervantes Saavedra
em El Ingenioso hidalgo Don Quixote de
la Mancha [lâmina 22], 1777
[segundo Antonio Carnicero]
água-forte e buril, 20,5 x 14,2 cm
procedência não identificada
Joaquim Fabregat
(ou José Joaquín Fabregat)
[1748–1807]
joaquim fabregat
Miguel de Cervantes Saavedra em El Ingenioso hidalgo
Don Quixote de la Mancha [lâmina 30], s/d
Nasceu em Torreblanca em 1748 e faleceu
em Madri em 1807. Foi aluno da Real
Academia de Belas Artes de São Carlos
em Valencia, tendo gravado diversas
gravuras segundo Luca Giordano.
Miguel de Cervantes Saavedra em
El Ingenioso hidalgo Don Quixote de
la Mancha [lâmina 30], s/d
[segundo Antonio Carnicero]
água-forte e buril, 20,9 x 14,3 cm
procedência não identificada
— 84 . 85
fernando selma
Miguel de Cervantes Saavedra em El Ingenioso hidalgo
Don Quixote de la Mancha [lâmina 10], 1780
Fernando Selma
[1752–1810]
Gravador a buril, nasceu em 1752 em
Valencia, morrendo na mesma cidade
em 1810. Discípulo de Manoel Salvador
Carmona, foi um dos mais habilidosos
gravadores espanhóis. Professor da
Academia de S. Fernando de Madri,
cultivou, além das artes, a matemática
e a poesia. Sua maneira de gravar se
assemelha à de seu mestre Carmona
e, logo, à de Edelinck. Abriu retratos
e temas históricos, e em geral as
suas gravuras fazem parte de séries e
coleções, das quais a mais notável é
Collección de las estampas grabadas a buril de
los cuadros pertenecientes al Rey de España,
realizada em colaboração com outros
gravadores.
Herodias, 1774
[segundo Guido Reni]
buril, 30 x 21,6 cm
real biblioteca
francisco muntaner
Retrato de Miguel de Cervantes Saavedra em El Ingenioso hidalgo
Don Quixote de la Mancha [lâmina 22], 1777
Miguel de Cervantes Saavedra em El
Ingenioso hidalgo Don Quixote de la
Mancha [lâmina 32], 1779
[segundo Antonio Carnicero]
água-forte e buril, 21 x 14,2 cm
procedência não identificada
Miguel de Cervantes Saavedra em El
Ingenioso hidalgo Don Quixote de la
Mancha [lâmina 10], 1780
[segundo Antonio Carnicero]
água-forte e buril, 20,5 x 14,2 cm
procedência não identificada
joaquín ballester
Retrato de Miguel de Cervantes Saavedra em El Ingenioso
hidalgo Don Quixote de la Mancha [lâmina 24], s/d
joaquim fabregat
Miguel de Cervantes Saavedra em El Ingenioso hidalgo
Don Quixote de la Mancha [lâmina 30], s/d
fernando selma
Herodias, 1774
— 86 . 87
Francisco Vieira de Matos,
dito Vieira Lusitano [1699–1783]
Nasceu em Lisboa em 1699. Pintor
e gravador, foi discípulo de Lutti
e Trevisani em Roma, bem como
membro da Academia de S. Lucas em
Roma, cavaleiro professor da Ordem
de Santiago da Espada, pintor histórico
da Casa Real Portuguesa e ilustrador
de múltiplas obras. Depois de ter
estudado em Roma e de complexa
história amorosa, acabou por falecer
no Convento do Beato Antônio, em
Lisboa, em 1783. Joaquim Manuel da
Rocha e Antonio Joaquim Padrão, entre
outros, foram discípulos seus.
Coleção Portuguesa
e
Francisco Vieira de Matos [1699–1783]
Antonio Joaquim Padrão [1731–1771]
e
e
Joaquim Manuel da Rocha [1727–1786]
[Alegoria ao escudo português], 1728
água-forte e buril, 28,2 x 19,6 cm
procedência não identificada
Manuel da Silva Godinho [1751–c.1809]
Gregório Francisco de Queiroz [1768–1845]
e
Hecuba a Graecis (Troia exusta) rapitur, s/d
[segundo Antonio Tempesta]
buril, 10,4 x 11,6 cm
João Caetano Rivara [c.1770–1824]
procedência não identificada
Hyppolitum Dianae impulsu ad vitam
revocat Aesculapius et Virbius vocatur, s/d
[segundo Antonio Tempesta]
buril, 10,5 x 11,6 cm
procedência não identificada
francisco vieira de matos
[Alegoria ao escudo português], 1728
— 90 . 91
Joaquim Manuel da Rocha
[1727–1786]
Pintor e gravador à água-forte,
nasceu em Lisboa em 1727, falecendo
na mesma cidade em 1786. Foi
aluno de Vieira Lusitano, de quem
copiou vários desenhos. Entrou para
irmandade de São Lucas em 1752. Seu
ponto forte na arte de gravar era o
claro-escuro.
[Estampa representando Santo Antonio
ajoelhado, tendo uma visão do menino
Jesus cercado de cabeças de anjos], s/d
buril, 35,4 x 20,5 cm
procedência não identificada
Manuel da Silva Godinho
[1751–c.1809]
Antonio Joaquim Padrão
[1731–1771]
Gravador à água-forte, nasceu em Lisboa
em 1751. Foi um prolífero gravador do
final do século xviii estimado por seus
temas religiosos. A maioria de suas
gravuras possui bom desenho. Faleceu
em aproximadamente 1809.
Pintor e gravador à agua-forte,
nascido em Lisboa em 1731, fez os
esboços que, após seguirem para
França, serviram de base para o
grande retrato do marquês de Pombal
expulsando os jesuítas. Abria muito
bem à água-forte. Faleceu em Lisboa
em 1771.
Verdadeiro retrato do servo
de Deos Bento Joze Labre, s/d
água-forte
31,1 x 21,5 cm
procedência não identificada
[Diploma da Ordem Terceira da
Penitência], 1754
buril, 19,5 x 26,4 cm
col. oliveira barboza
antonio joaquim padrão
[Aparição de Jeová a Moisés], s/d
buril, 27,7 x 9,6 cm
[Aparição de Jeová a Moisés], s/d
col. oliveira barboza
manuel da silva godinho
Verdadeiro retrato do servo
de Deos Bento Joze Labre, s/d
Acima
joaquim manuel da rocha
[Estampa representando Santo Antonio ajoelhado, tendo
uma visão do meninoJesus cercado de cabeças de anjos], s/d
— 90 . 91
[Vista perspectiva da Cidade do Porto,
tirada da margem sul do Douro,
abrangendo desde o Convento da Serra
até a Torre da Marca], s/d
[Vista perspectiva da Cidade do Porto,
tirada da margem sul do Douro,
abrangendo desde o Convento da Serra
até a Torre da Marca], s/d
água-forte, 29,8 x 44 cm
real biblioteca
Gregório Francisco de Queiroz
[1768–1845]
Nascido em Lisboa em 1768, foi
enviado pelo governo português para
Londres, onde estudou com Francesco
Bartolozzi, de quem se tornaria
ajudante após a reativação da Aula de
Gravura em Lisboa. Sua obra gravada é
vasta e diversificada, destacando-se nela
as notáveis gravuras que abriu a partir
dos quadros de Domingos Sequeira.
Faleceu em Lisboa em 1845.
[Retrato de d. João vi numa oval
sobre peanha em ato de ser coroado
pela figura da Fama], 1792
buril, 17,1 x 10,5 cm
procedência não identificada
[Estampa representando N. Senhora,
tendo ao colo o menino Jesus com
três anjos à volta e, ao lado, S. José], 1800
buril, 27,9 x 22,6 cm
col. oliveira barboza
joão caetano rivara
[Maria I Port. & Alg. Regina Fidelissima...], 1800
gregório francisco de queiroz
[Estampa representando N. Senhora, tendo ao colo
o menino Jesus com três anjos à volta e, ao lado, S. José], 1800
João Caetano Rivara
[c.1770–1824]
Gravador a buril e a pontilhado.
Nasceu por volta de 1770 em Portugal.
Mudou-se para Roma em 1788,
pensionado pela Intendência, onde
foi aluno de Labruzzi e, depois, de
Volpato na escola de Pedro Vitali.
Em Londres, estudou com Bartolozzi.
— 92 . 93
Regressou a Lisboa em 1803,
tornando-se professor de gravura do
Jardim Botânico. Diz-se que trabalhou
na Imprensa Régia no Rio de Janeiro.
Morreu em 1824.
[Nossa Senhora:] À Sereníssima Senhora
D. Carlota Ioaquina Princesa do Brasil, s/d
[segundo Andre Del Sarto]
buril, 46,2 x 34,5 cm
col. oliveira barboza
joão caetano rivara
[Iohannes Brasiliae Princeps Port. Regens], 1800
[Maria I Port. & Alg. Regina Fidelissima...], 1800
buril e pontilhado, 23,5 x 15,5 cm
doação do barão homem de mello
[Iohannes Brasiliae Princeps Port. Regens], 1800
buril e pontilhado, 23,5 x 16 cm
procedência não identificada
presidenta da república
Dilma Rousseff
ministra de estado da cultura
Marta Suplicy
fundação biblioteca nacional
Presidente – Renato Lessa
Diretora Executiva – Myriam Lewin
centro de referência e difusão
Diretora – Mônica Rizzo
coordenadoria de acervo especial
Coordenadora – Maria José Fernandes
Divisão de Iconografia
Chefe – Léia Pereira da Cruz
Equipe – Deivid Grassini, Diana dos Santos Ramos,
Eliana Bispo de Santana, Francisca Helena Martins Araujo,
Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, Juliana Uenojo,
Késiah Pinheiro Viana, Luciana Muniz,
Marcos Paulo Cardozo Campos, Mônica Carneiro Alves,
Sônia Alice Monteiro Caldas, Tatiane Paiva Cova
centro de processos técnicos
Diretora – Liana Gomes Amadeo
coordenadoria de preservação
Coordenador – Jayme Spinelli
Centro de Conservação e Encadernação – cce
Chefe – Gilvânia Lima
Equipe – Isabella Oliveira, Jandira Flaeschen,
Juliana Bride e Rebeca Rodrigues (courier)
Laboratório de Restauração – lr
Chefe – Fernando Amaro,
Tatiana Ribeiro Christo (courier)
Equipe – Adriana Ferreira da Silva Amaro,
Thaís Helena de Almeida Slaibi
EX POSI Ç ÃO
C ATÁL OG O
curadoria
texto
coordenação geral
coordenação geral
Fernanda Terra
e produção executiva
Roberto Padilla
Fernanda Terra
Roberto Padilla
projeto gráfico
projeto expositivo
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Contra Capa
fotografias das obras
programação visual
Contra Capa
Photo Síntese
impressão
assistentes de produção
Antonio Roberto Vilete de Oliveira
Mariana Cardoso Oscar
Patrick de Oliveira Correa
assistente de pesquisa
Priscila Martins Serejo
fotografia
Photo Síntese
molduras
Metara
legendas
Profisinal
assessoria de imprensa
Seven Star
transporte
Atlantis Art
seguro
Corretora Pro-Affinité/ACE Seguradora
agradecimentos
Equipe da Fundação Biblioteca Nacional
Equipe do Palácio das Artes/ Fundação Clóvis Salgado
Equipe do Museu de Arte da Bahia
Sermograf
A exposição teve apresentações anteriores
no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro,
de 28 de julho a 18 de setembro de 2011,
e no Museu Nacional dos Correios, em Brasília,
de 26 de janeiro a 22 de abril de 2012,
com o patrocínio dos Correios.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Mestres da Gravura: Coleção Fundação Biblioteca Nacional :
catálogo da exposição / [Curadoria Fernanda Terra]. – Rio de
Janeiro: Artepadilla, 2014.
96 p. : il., color.
Palácio das Artes / Fundação Clóvis Salgado
30 de abril a 22 de junho de 2014
Museu de Arte da Bahia
9 de julho a 31 de agosto de 2014
1. Gravura – Exposições I. Terra, Fernanda II. Biblioteca Nacional
(Brasil)
14-0225
CDD 769
Índices para catálogo sistemático:
1. Gravura - Exposições
Palácio das Artes / Fundação Clóvis Salgado
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro – Belo Horizonte – mg
tel 31 3236.7400
Museu de Arte da Bahia
Rua Sete de Setembro, 2340 – Corredor da Vitória – Salvador – ba
tel 71 3117.6900
patrocínio

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