em Santa Teresa
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em Santa Teresa
BAIRROS CARIOCAS As ladeiras históricas de Santa Teresa 2 EDITORIAL & SUMÁRIO Muito além da sopa quentinha Delícias para aquecer a alma Arthur Moura 4 Arlanza Crespo 5 Lilibeth Cardozo 8 Iaci Malta 10 Mauro Giorgi 11 Zela 12 Turiba 34 Garimpo Cultural 45 Haron Gamal 46 Oswaldo Miranda 47 Gisela Gold Quase sem praia, noites em casa, e frio. Muito frio. E por que não sentir a temperatura cair de verdade? Suba a serra fluminense e descubra as maravilhas da gastronomia de inverno. SAÚDE & BEM-ESTAR Questões para uma nova idade: sexualidade 06 NA WEB 48 Tamas 49 Alexandre Brandão 18 ARTE & CULTURA Garimpo Cultural: para a melhor idade 34 Curta nossa página /folhacarioca BAIRROS CARIOCAS Santa Teresa: clima de interior 36 www.folhacarioca.com.br • Receitas de caldos para aquecer suas noites de inverno Arthur Moura Estando ou não de regime, o que ninguém pode negar que uma das melhores coisas a se fazer em dias e noites frias é comer, comer, comer! E pra quem gosta, beber um bom vinho ou uma cerveja encorpada. A Folha Carioca neste especial de inverno visitou três paraísos da serra Fluminense, onde a temperatura cai de verdade e ampliou o leque de opções para saciar nossa gula, que nesses dias tendem em direção de comidas calóricas com derivação de sopas, caçarolas, trutas, chocolates, fondue, tortas e outras delícias. Primeiro, no sul do estado, Penedo, a pequena Finlândia brasileira cercada pela Mata Atlântica; no norte, encontramos São Pedro da Serra e Lumiar, onde quedas d’água se transformam em piscinas naturais no meio da mata. São regiões com pessoas de espírito acolhedor, que oferecem hotéis, pousadas e restaurantes para todos os bolsos e gostos. Pra quem não quer, ou não pode, viajar mesmo para aqui pertinho, a nossa seção Bairros Cariocas apresenta uma subidinha até Santa Teresa, bairro muito próximo ao Centro que ainda mantém clima de interior em meio à cidade grande, e que também é repleto de interessantes opções gastronômicas. Completando esta edição temática, além de nossos colunistas consagrados, trouxemos especialistas em bebidas que esquentam. Falando de vinho tinto, León Harte, e de café, Alexandre Martins Alves, eles nos levam no caminho de saber o que bebemos e o que queremos beber neste inverno. COLUNAS & ARTIGOS CAPA: • Galeria de imagens de Penedo, São Pedro da Serra e Lumiar 3 A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM [email protected] “Pra mim, viver aqui é tudo” 44 No Centro Cultural Laurinda Santos Lobo ainda moravam os Pires Ferreira e o meu vizinho era o famoso pintor Leopoldo Gottuzo. Meu tio compôs o Hino a Santa Teresa, gravado na década de 50 pelo Orlando Dias. Em Santa Teresa aprendi a subir em árvore, principalmente nos sapotizeiros carregados que existiam na época. Foi uma infância muito feliz, e por isso que quando encontro alguém que me diz “pra mim, viver aqui é tudo” eu me emociono tanto! E esse alguém é o meu entrevistado Getulio Damado, mineiro de Espera Feliz, três filhos, quatro netos e sete casamentos. “Reclamam que sou muito chato”, ele me disse. “E você é?”, perguntei. “A gente não sabe...”. Conheci Getulio na década de 80, num dos primeiros circuitos culturais Portas Abertas do bairro, e sua arte peculiar me chamou a atenção. Contou-me que veio para o bairro com mulher e dois filhos, mas ela o abandonou e ele se viu de repente sozinho com duas crianças para criar. Estabeleceu então uma banca de consertar panelas. Do ponto onde estava via o bondinho passando e com a sensibilidade que sempre o acompanhou passou a reproduzi-lo em sucata. Aos poucos eles começaram a chamar a atenção e todos queriam comprar. Foi aí que Getulio decidiu se dedicar só ao artesanato. Além dos bondes começou a fazer outros objetos como carros, caminhões, casas e finalmente os famosos bonecos, todos com nomes próprios batizados por ele. A primeira peça que eu comprei dele foi uma boneca alta, magra, charmosa, batizada de Candinha e que quase não coube no meu carro. Levei para morar no meu jardim. Mas a sua obra-prima é o primeiro bonde que fez e que já rejeitou por ela 1.500 reais. Esse ele não vende de jeito nenhum e só mostra em exposição “de peso”. Fred Pacífico Nasci em Santa Teresa, na rua Monte Alegre 314, e o ponto do bonde era na porta da minha casa. Em frente existia a chácara do Dr. Veiga, e foi o leite das suas cabras que salvou a vida da minha irmã. A chácara ainda existe, mas o Veiga virou Viegas. Getulio passa dias sem vender, mas tem dias que vende sem parar. Durante todos esses anos, e já são mais de 30, já perdeu a conta de quantas obras vendeu. Só na pousada “Casa da Gente” a proprietária tem mais de 400 obras dele. Já expôs na Europa, já foi entrevistado em vários programas de televisão, é chamado para palestras e oficinas, e atualmente está com uma exposição no Centro Cultural da Justiça Federal. Hoje ele é uma referência no cenário cultural do bairro, e conseguiu seu lugar pelo próprio mérito. Contando sempre com a ajuda do filho Vitor, Getulio me disse que tem um sonho: ter um espaço para poder guardar todo o seu material de trabalho. Getulio se considera um homem esperançoso e feliz, mas só tem uma coisa que o incomoda: a falta do bonde. “Santa Teresa está esquecida, o bonde é o coração do bairro, é cultural, é romantismo, é tudo”. Quando houve o acidente com o descarrilamento que deixou 5 mortos e 57 feridos foi como se ele tivesse perdido um ente querido. E em homenagem aos mortos ele fez um coração que pintou de preto e escreveu em amarelo: “lembrança e justiça”, 27/8/2011. Para mim, Getulio e sua obra poderiam tranquilamente ser considerados Patrimônio de Santa Teresa. l ilibeth cardozo [email protected] Não dê a mão à solidão Os filhos crescem, o trabalho - aquele de todos os dias, oito horas por dia-, já acabou. A morte se anuncia nas muitas perdas, a solidão muitas vezes enche sua casa, o que fazer? Nossas mãos lizinhas e ágeis dedilham as teclas do computador, redes sociais são um saco sem fim. O dinheiro, que deu por 60 anos, já não paga as viagens, os passeios, as comprinhas por puro prazer. Surge um bode enorme na sua sala, ele corre pela sua cama te convidando para dormir a qualquer hora do dia. As mãos enormes deste bode tapam seus olhos, agarram suas forças, impedem, retraem seus passos. As dores do passado – desde que você era criancinha –, crescem, crescem e crescem. No espelho você vê seu rosto envelhecido, sua juventude gargalhando de suas tristezas O tal bode se chama solidão e é parente próximo da velhice. São irmãos próximos e cúmplices na meta de nos deixar entristecidos. Apertam, e apertam forte, segurando você. Não dê as mãos à solidão! Pegue o telefone e ouça com alegria a voz de algum amigo; olhe na janela e observe o desenho das montanhas banhadas e o mar. Ali, na sua frente, a cidade pulsa forte, faz barulho: solitários e acompanhados enchem as ruas. Lembre-se dos amigos, dos parentes, das companhias de tantos anos de amizade. Pegue o jornal, busque um bom filme, uma exposição de arte, um show que acontece pertinho de você. Andando pelas ruas da cidade, mais especificamente pelo mais expressivo bairro da diversidade de nossa cidade, o retrato não cabe em ne- nhuma câmera. Copacabana é de muitos e muitos cliques! Assim, só olhos atentos conseguem muito mais imagens inusitadas, únicas, espetaculares de tanta gente copacabanando. Imagens que focam o que nos sufoca, moldam nossas mimicas faciais com olhos espantados, sorrisos de entusiasmo ou bocas abertas de perplexidade. E Copacabana, que nunca engana, é a “cidade dos velhinhos”. Eles caminham amparados em suas pernas ligeiras ou já cansados, apoiados em bengalas que podem ser armas de defesa se necessário, apoiados em devotos membros da família, ou zelosos cuidadores, ou em suas cadeiras de rodas que já tem até as motorizadas. É a vida suspirando nesta tal longevidade. Idosos que saem fazendo de suas retinas câmeras que já donos de arquivos de muitas histórias, vivem Copacabana! Moram, compram, frequentam bares e restaurantes, são conhecidos pelas redondezas, passeiam na mais linda praia da orla, namoram, flertam suas histórias de frios e da acidez dos caminhos da morte que ainda podem ter abraços e aconchegos numa única cama antes do derradeiro adormecer. Os senhores galanteiam as moças bonitas, brincam, ficam felizes ou mui- to aborrecidos, e vivem! Os velhos de Copacabana não dão mãos à solidão. Circulo no bairro e é lá que as crônicas cariocas viram livro numa tarde qualquer. Sempre me pergunto: dá pra viver sem leitura do mundo, sem a poesia que enfeita o viver cada dia? E a resposta é esta minha impossibilidade de não saber, como minha poeta preferida, Adélia Prado, dividir com todo mundo a poesia que vejo, sinto cheiro e procuro letras pra escrever meu livro. Toda vez que vejo os anciães em Copacabana minha vida ganha ares de juventude. Penso que já tenho passe livre numa fila especial nos bancos, nas farmácias, nos ônibus, no metrô. Mas quando minhas rugas e meu cansaço fotografarão aqueles velhinhos como da minha turma? Resisto. Mas lembro de que quero é licença para dormir, igualzinho a Adélia que pede também socorro para suas fraquezas, concessão para um rosto de velha mãe cansada, de avó boa. Copacabana é uma alegria só e cheinho de velhinhos que teimam em não dar mão à solidão. Assim eu me quero: acompanhada das flores, expressão festiva da natureza, minha casinha colorida, mãos dadas com minhas irmãs, meus filhos, meus netos e com amigos que quando sorrio ou choro, estão comigo, me dão a mão, sem nenhum dedinho para solidão! Somos meninas e meninos da longevidade! E com crianças e velhos há que se ter ternura, casinha tranquila, poesia, mais silêncio, menos indignação. É fase de acariciar o coração. Para que pressa? Velhos querem rever memórias, curtir a vida e assistir. Crianças, só brincar e crescer! 5 SAÚDE & BEM-ESTAR Questões para uma nova idade: sexualidade MARY SCABORA* 66 O envelhecimento promove uma série de alterações no corpo, no funcionamento do organismo e, consequentemente , na sexualidade. Compreender e aprender a lidar com tais mudanças pode evitar preocupações que muitas vezes levam a quadros ansiosos, que podem comprometer muito mais a qualidade da vida sexual, do que propriamente os problemas orgânicos. É importante entender as limitações e as mudanças para redefinir a relação com a sexualidade e buscar novas formas de prazer condizentes com sua realidade física e psicológica. Alguns homens sentem que sua virilidade e masculinidade está ameaçada diante da dificuldade de manter ereção. Sentem-se constrangidos e as repercussões podem ser danosas para a saúde física e emocional. Muitos, na tentativa de recuperar a mesma ereção da juventude recorrem a infindá- veis tratamentos e obtêm pouco ou nenhum sucesso. Com isso, pode ocorrer uma alteração no quadro de ansiedade, comprometendo o desempenho, e eles correm o risco de serem os maiores responsáveis por sua própria dificuldade sexual. Apesar dos fatores culturais rotularem e tentarem enquadrar pessoas com idade avançada em um padrão de comportamento, a velhice conserva a necessidade psicológica de atividade sexual continuada, a vida sexual não chega ao fim com a velhice. Há a continuidade por pensamentos e desejos sexuais. Questões relativas ao sexo e atividades sexuais começam na mente. A sociedade está envelhecendo e a expectativa de vida aumentou. É natural que ocorram mudanças que lançarão novos olhares para a vida sexual das pessoas que estão envelhecendo. Atividades sexuais não são exclusivas da juventude. É preciso desconstruir o preconceito social que existe em relação aos idosos sexualmente ativos. Esclarecer que o sexo e a intimidade podem continuar a ser praticados, independente de padrões de desempenho e sem culpas. Descobrir que existem outras formas de prazer sexual. Na maturidade, o sexo é cada vez mais afetivo. Existem outras práticas sexuais que também são muito prazerosas. Sexualidade tem a ver com intimidade, com contato e sentimentos ternos entre múltiplas formas de manifestação e não somente no coito. Algumas pessoas continuam bastante ativas mesmo na velhice. Estudos comprovam que a maior parte das pessoas com idade mais avançada é capaz de manter uma atividade sexual satisfatória. Muitas mulheres usufruem de uma vida sexual mais plena na maturidade. Após os 50 anos elas já não têm as mesmas demandas que ocupavam seu tempo e tornavam os dias mais cansativos. Pessoas mais velhas que mantêm uma vida sexual ativa melhoram a qualidade de vida e colaboram para manifestações de sentimentos positivos para a saúde emocional. Assim, sentem-se mais confiantes, o que resulta em entusiasmo e alegria, elevando a autoestima e a segurança, aumentando a capacidade de produzir e criar. E assim viver o envelhecimento encontrando o prazer não só na atividade sexual, mas nas diversas áreas da vida. *Mary Scabora é psicóloga clínica e psicoterapeuta corporal www.scabora.com.br Publieditorial A vitamina da “moda” Muito se tem comentado sobre a vitamina D, considerando-se que existe praticamente uma “epidemia” de pessoas com baixos níveis no sangue desta vitamina. Estudos têm demonstrado que cerca de 20% a 60% da população em geral têm carência desta vitamina, dependendo do país e faixa etária. Idosos, gestantes, crianças, obesos, pessoas que não se expõem a luz solar e pacientes em uso de diversas medicações constituem grupo de maior risco. Mas por que tantas pessoas com essa deficiência? Isso pode levar a algum problema de saúde? Como posso saber se estou com deficiência de vitamina D. Tem algum sintoma? Existe efeito colateral da reposição de vitamina D? Essas são algumas perguntas frequentes no consultório. A vitamina D tornou-se um sucesso décadas atrás quando foi comprovada sua importância na saúde óssea. Crianças com deficiência de vitamina D apresentavam “amolecimento” dos ossos (osteomalácia), deformidades ósseas e até raquitismo. Nos adultos, a carência de vitamina D pode levar a osteoporose, dor e fraqueza muscular, além de aumentar o risco de quedas. Estudos epidemiológicos vêm demonstrando outros papéis da vitamina D, estando baixos níveis sanguíneos associados a um aumento de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, câncer, infecções, além de esclerose múltipla. A vitamina D é um hormônio que está presente em escassas fontes alimentares, como óleo de fígado de bacalhau, salmão, atum e alguns outros peixes, sendo fundamentalmen- Dr. Edno Wallace, médico cardiologista da Clínica São Vicente e especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. te produzida na pele em resposta a exposição aos raios solares ultravioletas tipo B. Mudanças culturais ocorridas nas últimas décadas, como a adoção de hábitos essencialmente urbanos, com pouca ou nenhuma exposição solar, uso cada vez maior de filtros solares potentes, devido a preocupação com câncer de pele e foto envelhecimento estão contribuindo para esta deficiência. Em junho de 2014, pesquisadores da Universidade da Califórnia, publicaram um trabalho de meta-análise no “American Journal of Public Health”, resumindo 32 estudos de 14 países que envolveram 566.583 participantes e examinaram o nível de vitamina D e a taxa de mortalidade. O resultado foi impactante: um risco de morte duas vezes maior no grupo com níveis de vitamina EMERGÊNCIA GERAL Tel.: 2529-4505 Tel.: 2529-4422 D abaixo de 30 ng/ml. Por outro lado, já foi demonstrado que a reposição indevida ou com doses inadequadas pode causar elevação dos níveis de cálcio no sangue, propiciando a formação de cálculos renais. Existe um exame laboratorial, feito através de uma amostra de sangue, que mede seu nível de vitamina D. Dependendo do resultado, seu médico pode orientar o uso de algum suplemento. Grandes investimentos em pesquisa estão sendo concentrados nesta área da medicina, sendo que estudos científicos robustos já estão em andamento para responder a principal pergunta: será que a reposição de vitamina D pode evitar o surgimento de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, câncer e doenças imunológicas? Qual seria a dose preventiva? Até termos acessos a esses resultados, devemos nos lembrar de tomar aquele tradicional banho de sol durante cinco a 20 minutos, antes das 10h ou após às 16 horas, três vezes por semana. 7 I acI malta [email protected] A ‘c hupa-classe... média’ Queixo caído, boca aberta, olhos arregalados expressão congelada! Essa foi minha reação ao assistir o show da Dra. Marilena Chauí, eminente professora titular da maior universidade pública brasileira, a Universidade de São Paulo. Para quem ainda não viu o vídeo, é só buscar no YouTube. 88 Ou seja, fiquei estupefata frente à enxurrada de impropérios com que a eminente filósofa se referiu à classe média. Entendo que políticos frequentemente façam discursos demagógicos e até apelem para impropérios, principalmente devido à falta de argumentos para defenderem seus pontos de vista. Mas, confesso que esperava da Dra. Marilena Chauí um discurso mais compatível com toda sua sabedoria de doutora em Filosofia, eu esperaria que ela apresentasse argumentos que provocassem nossa reflexão sobre o tema do seu discurso. Assistir esse vídeo me remeteu a um velho dito popular que diz que “a paixão anula a razão”, pois considero que esse é o caso: a Dra. Marilena Chauí deixou que sua paixão pelo PT sobrepujasse totalmente sua razão. A classe média é conservadora, mas também cria e educa os transgressores. De onde vieram os líderes da Revolução Francesa? De onde vieram Gandhi, Marx, Lenin, Trotsky, Fidel Castro, e até mesmo Mao Tsé Tung? Não incluí “Che” Guevara porque ele é oriundo da classe alta argentina, mas acredito que seu lado transgressor foi desenvolvido na convivência com a classe média. Ah, também posso perguntar de onde veio a Dra. Marilena Chauí e a maioria dos líderes do movimento com o qual ela se identifica... Contar uma experiência específica que sensibiliza a todos e, genericamente, responsabilizar uma classe pela injustiça ou agressão ocorrida, é tipicamente uma forma primária de manipulação política, e, principalmente, uma forma perigosa de geração de ódio indiscriminado. É uma das formas de construção de preconceitos contra grupos. Isto é, a generalização de certas características de alguns (ou mesmo muitos) elementos do grupo passa a determinar todos os seus elementos, não se vê mais o indivíduo. E o perigo? É evidente, pois o ódio indiscriminado pode levar a uma conclusão extremamente perigosa: se algo é nefasto, abominável, deve ser eliminado! E, sendo a classe média um conceito, o que pode ser eliminado são os indivíduos que, supostamente, a ela pertencem. Imagine um grupo Black Bloc Chupa-Classe-média que, motivado pela fala irresponsável da Dra. Marilena Chauí, decida sair atacando pessoas identificadas pelo grupo como membros dessa nefasta classe, com o objetivo de exterminar a abominável classe média. Vocês se lembram da Ku-Klux-Kan? Sei que estou “pegando pesado”, mas acredito que é olhando as formas extremas de um fenômeno que podemos ter ideia de suas formas mais moderadas de manifestação. É claro que a pessoa Marilena Chauí tem todo o direito de detestar a classe média, tem todo o direito de atribuir a essa classe social o que quer que lhe venha à cabeça. Mas, como figura pública que é, principalmente considerando seus graus acadêmicos que tendem a dar um maior peso às suas opiniões, a Dra. Marilena Chauí tem a obrigação cívica de refletir seriamente sobre as consequências de seus discursos, não tem o direito de, publicamente, ser movida pela sua raiva em detrimento da razão. http://bit.ly/VrfGyG 9 m AURO GIORGI [email protected] Há vida 10 10 após o verão O calor vai embora, as noites ficam mais agradáveis, com temperaturas ótimas para garantir um sono pacífico. As amendoeiras ficam despidas, enquanto os habitantes da cidade consideram a hipótese de substituir o uniforme de camiseta, bermuda e sandália havaiana e vestir, quem sabe, uma calça comprida. O calendário avisa que o inverno chegou e o carioca começa a viver uma espécie de muda, o lento processo de desapegar do verão e de suas delícias. Não é nada fácil. A cada ano, repete-se a mesma relutância. Enquanto vivem o verão escaldante, os habitantes da cidade não param de fazer comentários sobre os rigores da estação e de sonhar com temperaturas mais amenas. Quando elas finalmente chegam, a alegria é apenas momentânea, seguida por uma espécie de melancolia. A praia esvazia um pouco, o espaço dos surfistas aumenta. Há menos barracas na areia e, em alguns casos, pode até acontecer uma pequena queda no preço da água de coco. Muda o astral da cidade. Programas como shows ao ar livre, reuniões para ver o pôr do sol, pedaladas ao anoitecer dão lugar a atividades mais internas. Definitivamente, essa não é a do carioca. Claro que ainda dá para fazer churrasco na laje, mas ninguém precisa colocar a cerveja no isopor desde as sete da manhã; a partir das onze horas já está bom. Mas a cidade é democrática. É hora daquele pequeno grupo que prefere o clima mais frio esperar por aquela semana glacial em que termômetros ficam entre 17º e 20º no Alto da Boa Vista para mostrar os casacos novos comprados na Argentina. As moças tiram as botas do armário, algumas brancas, pois nem todo mundo vive a mesma vibe. Outros, mais modestos, recorrem às malhas da rua Teresa, em Petrópolis. E os marrentos continuam só com a mão no bolso da calça jeans. Nessa semana de frio, que nunca sabemos quando vai ser, os supermercados farão aquelas promoções imperdíveis de queijos, vinhos e fondues, e enquanto você faz suas compras oferecerão chocolate quente de graça, reforçando o ambiente alpino. Realmente, a cidade não comporta estações como o outono e o inverno, mesmo que elas existam só no nome. Fica uma tristeza no ar, aquele desânimo diante de dois dias chuvosos seguidos, um suceder de tosses e espirros nos ônibus e no metrô. O carioca é moldado para o verão e mesmo que reclame todos os dias do calor, garantindo que este ano é o pior da história da humanidade, fica num mau humor profundo quando não dá para ver o sol brilhando. Mas esse ano com mais turistas por causa da Copa do Mundo, e para quem vem de fora o maior programa será ir à praia, pode ser até que a gente se anime a pisar na areia, mesmo sentindo um pouco de frio. Ainda de bermuda, mas com moletom. Como sempre, pode ser que no meio do inverno pintem dias mais quentes, para delírios dos gringos e nosso. Mas a gente sabe que não deve facilitar, certo? Não dá para ficar na areia até às seis da tarde e correr o risco de pegar sereno! L Uis TUriba [email protected] Arrá..urrú...o Maraca é nosso O Maracanã é uma feijoada completa: carne seca, pé de porco, linguiça, farofa, couve, arroz, laranja e muito molho de pimenta. Cheira à beça seu tempero, produz barulhos, mexe com os nervos da galera e o bicho pega. Ver jogo em estádio é totalmente diferente da televisão. Você não é só um assistente confortável sentado no sofá, mas um partícipe ativo em um espetáculo que envolve milhares e milhõe$. Você não chuta, é verdade; mas empurra o chute e o time. Nada vem digerido, tudo é pura dialética. A disputa acontece em torno da Brazuca, na força atlética do aqui e agora. A dimensão geo-física-espacial é outra. A bola é mais redonda, os passes são mais precisos, os dribles têm mais magia. Aos 64 anos o Maracanã está enxutaço. Nasci com ele, por isso falo com certidão de nascimento debaixo do braço. Sei que custou caro e fez a vida de muita gente. No embalo da corrupção, o “maior do mundo” passou por reformas profundas e estéticas. Implantou cabelos, fez lipo, ponte de safena, prótese ereta. Fui lá testar. Tudo a contento. Cercado de grades e polícias para os jogos da Copa. É muita gente trabalhando pra te receber, te orientar, te acolher. Voluntários de megafones nas mãos falando em vários idiomas. Até na hora do clássico xixi, tem um cara ali te orientando. Ah... e os banheiros novos. Exalam perfume. Foi lá que ouvi a frase do jogo: “Pô, que banheiro cheiroso, perfumado! Deixa a torcida do Flamengo vim aqui. Vão roubar tudo isso”. Que maldade, gente!? Ah-rrá..uh-rrú...O Maraca é nosso! Voltar ao velho e bom Maraca numa Copa do Mundo no Brasil é demais prum pobre torcedor. Me coube no latifúndio da FIFA o jogo França x Equador. E lá vou eu todo-todo vestido de equatoriano. Como “eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro do banco”, vesti minha camisa amarela e sai por aí. Ora, se o Hino Nacional cantado juntinho emociona, imagina La Marseillaise. Milhares de franceses no Rio para ver a “Le bleu”. Pensem na cena: o Maraca lotado e vibrante: quando se entoaram as primeiras notas do clássico hino francês, a torcida veio junto. A Marseillaise é um hino universal, forte e libertador. Como um ingrato torcedor do Equador, não resisti e cantei junto a plenos pulmões. Me senti o próprio “partisan” da Resistência francesa caminhando pelas montanhas para combater soldados nazistas, com minha espingarda caseira em punho. Allons enfants de la Patrie/ Le jour de gloire est arrivé/ Contre nous de la tyrannie/ L’étendard sanglant est levé Foi um grande momento da Copa: a França foi o país que mais jogou no Maraca. Teve outros: brochada dos campeões espanhóis; fracasso do metrossexual Cristiano Ronaldo; mordida do vampiro Suárez; recordes de gols; invasão de argentinos; o lindo gol-voo do holandês Persie; greve de 6 milhões de dólares dos jogadores de Gana; passeatas dos “não-vai-ter-Copa” em plena Copa; vaias da elite branca à presidente Dilma; bundalelês em Copacabana e gringos para todos os lados. Posso garantir que o Maraca está pronto para voltar a ser o maior do mundo. Chega-se rápido e tranquilo de metrô. A saída também foi maneira. Lá dentro, cadeiras confortáveis, lanches merrecas e baratos, cerveja gelada. O burburinho do estádio e o clássico huuuuummmm quando a bola passa raspando a trave. Nós, brasileiros, somos realmente o melhor do Brasil na Copa- incluindo aqueles que torcem contra e jogam pedras. Mas, pena, presenciei mijões atuando atrás das pilastras (fora dos banheiros) no anel superior do Maracanã. O tão carioca “Imagina na Copa” é hoje uma canção planetária. O Rio ganhou a Copa. Todo mundo curtindo e o bicho pegando. Acontece como um clipe cibernético de vitórias e alegrias; dramas e derrotas; angustias e explosões; choros e surpresas. Gols de placa e gols contra. A bandeira nacional pintada na bunda daquela rechonchuda morena, no cangote de um gringo na FanFest de Copacabana. De um lado, a ordem. Do outro, o progresso. Chegou a hora dessa gente bronqueada mostrar seu valor Campeão? Torçamos pelo Brasil, mas se não... o Maracana é nosso. Ah-rrá! Uh-rrú!! 11 11 Z ELA BRUM O que você vai ser quando crescer? O que você vai ser quando crescer? Veterinária, física ou cineasta era a minha resposta. Mocinha excêntrica? Não! Alguém em busca do seu caminho. No fim, estudei Nutrição, profissão que me levou a descobrir minha verdadeira vocação: cozinhar! 12 É a vida. Atualmente os anseios são outros. As pessoas não parecem mais guiadas pelo talento natural, mas por modas. A bola da vez é ser chef. Vejam bem, eu disse chef e não cozinheiro. Ser chef está na moda, mas viver nos bastidores de uma cozinha trabalhando insanamente num calor descomunal e amar estar ali não é para qualquer um. Conseguir domar uma equipe nem sempre amigável, preparar inúmeros pratos, criar receitas e ensiná-las, dominar administração e logística, aprender a lidar com as críticas. Você está preparado? Minha introdução no mundo da cozinha profissional começou como nutricionista de controle de qualidade. Após 15 anos fui promovida a lava-pratos num restaurante localizado em uma pequena Comune Italiana chamada Onè di Fonte, na província de Treviso. Meu chef era uma versão italiana do Gordon Ramsay, com 1,90 m de pura histeria e uma vasta coleção de xingamentos bem ao estilo italiano de ser. Ele se chama Davide Cervaro. Meu primeiro dia de trabalho começou com uma montanha de pratos e panelas para lavar, quando o chef me chamou para limpar quilos de camarão. Fiz do jeito que achava certo e levei minha primeira bronca por não saber limpar camarão. Engoli o choro, aprendi a técnica do chef e terminei o dia limpando o chão. Assim foi durante 1 ano até ser chamada para o fogão. Me queimei muito, errei ponto de cocção e mais broncas no meu caminho. Após 4 anos me tornei cozinheira. Minha escola foi o Ristorante Sale Grosso e Davide, meu mentor. Voltei ao Brasil e comecei a trabalhar. Aos poucos fui mostrando quem era a cozinheira Zela Brum. Alguns anos depois fiz especialização em pâtisserie na escola de Alain Ducasse, em Paris. A técnica francesa é imbatível e enriqueceu minhas criações. Hoje sou cozinheira e conquistei o posto de chef após 25 anos de muito trabalho, dedicação, amor ao meu ofício, estudo constante e vocação. Para quem tem o sonho de ser cozinheiro vai lá! Coragem! Bota a mão na massa, taca fogo nessa vaidade, desce para a cozinha e arrasa! Zela Brum - chef e nutricionista na empresa Cozinha da Zela COMES & BEBES cafezinho nosso de cada dia Por trás do Segundo as estatísticas da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), em 95% dos lares brasileiros se consome café. Este número impressiona, quando visto impressiona, permitindo-se concluir que: quase todos em nosso imenso país fazem uso desta saborosa e delicada infusão. Cada um tem uma forma, um jeito, diferente ou peculiar de preparar e até mesmo degustar o café. Pode ser coado, filtrado, expresso, moka , na prensa, turco ou mesmo o da vovó. Todos têm a mesma origem: a fazenda, o cafeeiro, em suma o grão do Café. TEXTO_ALEXANDRE MARTINS ALVES* Refletindo sobre o dado da ABIC acredito poder dizer que a grande maioria dos brasileiros é apreciadora de café. Já que podemos encontrá-lo em pó, em grãos, no supermercado, na padaria, no bar, no restaurante, na cafeteria ... Assim a maior parte (para não dizer todos) dos estabelecimentos que trabalham com venda de alimentos oferecem café aos seus clientes hoje. E se há oferta é porque tem demanda. Como disse antes, o brasileiro é um apreciador da bebida em questão. Então vamos ao ponto. Qual café bebemos? Ele é bom ou ruim? Tem boa procedência? De qual região do país ele vem? Forte, fraco ou extra forte? Será que quando escolhemos a marca do nosso café e vamos ao supermercado, já temos respostas para essas perguntas? Acredito que grande parte dos consumidores não. Porém essas são algumas das respostas importantes para nos qualificar realmente como bons apreciadores. Sem querer tornar o texto formal, preciso falar de alguns pontos técnicos e desta forma contribuir para formação das pes- soas que lêem este artigo e bebem café. Mesmo não bebendo é bom saberem para ajudar na difusão desta informação. O café quando qualificado pela bebida ( e me refiro à avaliação sensorial na xícara, do paladar, dos aromas) e não a aspectos físicos do grão. Desta forma ele pode ser: Rio Zona, Rio, Riado, Duro, Mole e Estritamente Mole. Comentarei rapidamente cada um destes aspectos, para ajudar a elucidar a qualidade do café que entra em nossas casa, escritórios etc. O Rio Zona é um café com sabor e aroma muito acentuados que se assemelha a iodofórmio e mofo, um sabor muito ruim; o Rio tem sabor acentuado de iodofórmio; o Riado tem leve sabor de iodofórmio; o Duro é um café adstringente e áspero; o Mole tem aroma e sabor agradáveis, brandos e adocicados; E o Estritamente Mole: um café que apresenta todos os requisitos do Mole, porém muito mais acentuado. Considerando o vultoso número de brasileiros que bebem café, posso dizer que a maior parte do café ingerido por nós é de baixa qualidade. Os cafés que são oferecidos nas gôndolas do supermercado em sua esmagadora maioria está classificado entre Rio zona, Rio e Riado ( Riado quando o café é muito bom).Os cafés das outras classificações Duro, Mole e Estritamente Mole são destinados ao mercado de café expresso e às exportações, visto que têm alto valor comercial, e isto dificulta a entrada no grande mercado do consumo residencial. Os cafés produzidos com grãos de características sensoriais Mole e estritamente Mole recebem o título de Gourmet ou Especiais. Estes são vendidos para cafeterias, restaurantes e consumidores dispostos a pagar um pouco mais caro para ter qualidade em casa. Não digo que todo o grão destinado ao nicho do café expresso é de boa qualidade. Dentro deste mercado temos cafés que apresentam características sensoriais indesejadas e com valores comerciais muito baixos. Assim o consumidor deve solicitar informações sobre a bebida servida , e o produto que ele leva para casa, obrigando as torrefações a elevar a qualidade do produto que oferecem no mercado. O grande desafio do mercado de cafés especiais é informar aqueles que consomem o café. Este caminho já foi percorrido pelo vinho e hoje temos consumidores de vinhos muito conscientes. E que sabem o que bebem e o que querem beber. Hoje cada brasileiro aprecia o café da forma que lhe foi transmitida e ensinada. E o amadurecimento do consumidor de café nos conduzirá ao caminho onde saberemos o que bebemos e o que queremos beber. *Produtor Cultural Atua no mercado de café especial há 12 anos 13 4 G ASTRONOMIA | vINhOS “ O tinto nas tEXtO_LEóN HArtE 14 É verdade que vinhos brancos e espumantes caíram nas graças do consumidor brasileiro, mas, mesmo nas estações mais quentes, o tinto ainda é o mais consumido. E, durante o inverno, se destaca ainda mais. Se a região litorânea é a mais procurada no verão, é no inverno que a região serrana ganha destaque. E a companhia de um bom tinto é essencial... O clima frio também costuma despertar o interesse por pratos com sabores mais condimentados e marcantes. Ai, também, o vinho tinto tem papel importantíssimo. Mesmo quando escolhemos pratos com frutos do alturas ” mar, é fácil encontrar tintos que surpreendem na harmonização. O chileno Loma Larga Pinot Noir é um belo exemplo. Proveniente do Vale de Casablanca, é leve com sabor marcante. Aos que preferem cordeiro ou carnes mais ricas em gordura, sugiro um tinto da uva syrah. O Quintay Clava, produzido na mesma região, impressiona por ser encorpado e robusto, sem ser agressivo ao paladar. Portanto, fica a dica: Neste inverno, com frutos do mar ou carnes, até mesmo sem acompanhamento algum, um bom vinho tinto é sempre a melhor companhia. Até a próxima! Buffet sofisticado Localizado em um dos pontos turísticos mais bonitos da cidade, o restaurante Zozô oferece de domingo à domingo um Buffet sofisticado com pratos saborosos e variados para todos os tipos de paladar. O cliente pode optar pelo Buffet livre ou pelo sistema de Kilo. Entre os pratos que mais encantam aqueles que frequentam o espaço, estão o ceviche de linguado com moussline de manga e alcachofras recheadas de tomates secos, a tradicional feijoada e a mousse de chocolate belga. Av. Pasteur, 520 – Praia Vermelha – Urca – RJ. Tel.: (21) 2542-9665 / 2295-5659 * León Harte - Sommelier Consultor Wine Consulting Group [email protected] A TRONO IA CARIOCA 15 A TRONO IA CARIOCA 16 BOA PEDIDA Culinária árabe em iguarias milenares no Stambul A culinária árabe tem raízes no berço da civilização e das primeiras tradições culinárias. Os árabes nos trouxeram uma mistura requintada e exótica de carnes e verduras, feitas com temperos fortes e raros. O carneiro é o principal animal consumido. Sua carne é assada ou guisada, normalmente recheada e ricamente temperada. A carne de cabrito também chega às panelas, assim como a galinha e o peru. Muito populares são os quibes e as esfihas que ganham um sabor especial no Stambul. Para os vegetarianos, ganham destaque os grãos como o trigo, a lentilha, a ervilha, o grão-de-bico e o arroz. Largamente apreciados também são as verduras e os legumes recheados e em conserva, as frutas secas e a coalhada. Seguir à risca o tempero e o manuseio das receitas é um dos pontos mais respeitados na cultura árabe. No cardápio do Stambul, você encontra aquele prato especial e pode pedir antes de sair de casa. Tel.: 3435-1792 / 34351797 Boteco Stambul Barra Rua Érico Veríssimo, 970 lj. A Tel.: 21 3647-0098 / 36470089 Rest. Stambul Copacabana Rua Domingos Ferreira 221 B Tel.: 21 2235-1886 / 22561992 Boteco Stambul Ipanema 17 Rua Gomes Carneiro, 112 lj. B Restaurante Nova Capela O mais tradicional da Lapa O tradicional restaurante Nova Capela, que muito antes da revitalização já atraía gente de toda a cidade, continua sendo um convite aos prazeres da mesa. O delicioso cabrito com arroz de brócolis e batatas coradas é a principal atração, mas o cardápio traz também outras carnes e frutos do mar variados e petiscos consagrados, como o bolinho de bacalhau. Tudo acompanhado de um dos mais bem tirados chopes da cidade. Reduto de artistas, jornalistas e intelectuais, o Nova Capela é, sem dúvida, uma referência da Lapa Boêmia. Restaurante Nova Capela Av. Mém de Sá, 96 – Lapa Rio de Janeiro Tel.: 21 2252-6228 CAPA ESPECIAL SERRA Delícias para aquecer a alma Paraísos da Serra Fluminense como Penedo, Lumiar e São Pedro da Serra, têm opções gastronômicas para satisfazer a todos os gostos TEXTO_JULIANA ALVES FOTOS_ARTHUR MOURA | BRUNO DIAS 18 18 Especial de estação tem mesmo o seu charme, ainda mais a de inverno, época em que os hábitos dos cariocas são bastante alterados. Quase sem praia, noites em casa, e frio. muito frio. E por que não sentir a temperatura cair de verdade? Seguindo esta tendência, que para tantos é quase um ritual, a Folha Carioca subiu a serra e, desta vez, para explorar aquela vontade deliciosa de variar o menu e encontrar a combinação perfeita para esse clima gostoso. Primeiro, 170 quilômetros ao sul do estado: Penedo, um distrito do município de Itatiaia cercado pela Mata Atlântica, com cachoeiras e ar revigorantes, e belíssima vista para a cordilheira da Serra da Mantiqueira. Ao norte, encontramos São Pedro da Serra e Lumiar, dois distritos de Nova Friburgo, aproximadamente a 160 quilômetros do Rio, com trilhas e quedas d’agua, que se transformam em piscinas naturais envolvidas também pela nossa floresta tropical. São três maravilhosas regiões, com pessoas de espírito acolhedor que oferecem hoteis e pousadas para todos os bolsos e gostos, artesanatos e, é claro, farta gastronomia, com especialidades típicas da estação que agradam em cheio o paladar de cariocas, a fim de fugir do convencional e se deliciar com fondues, trutas, chocolates e outras delícias. Com gostinho de Clima de montanha na Pequena Finlândia: é assim que Penedo também é conhecida devido à sua fundação, colonização e povoamento feitos por esse povo A arquitetura finlandesa está principalmente nas construções do shopping Pequena Finlândia, onde fica a residência de Verão do Papai Noel, uma verdadeira atração turística. Taísa Cristine Tavares, professora, e Gabriel Caian de Aquino, marítimo, programaram-se para passear quatro dias pela cidade e se encantaram com o lugar: “Viemos de Cabo Frio e até agora gostamos de tudo (entrevista feita no primeiro dia de viagem). A arquitetura é linda e o clima gostoso de serra era justamente o que estávamos procurando”, diz Taísa. E Gabriel já tinha algumas ideias sobre o que fazer: “Gostaria de comer comidas finlandesas, e também pratos portugueses e mexicanos”; “E os chocolates”, completa Taísa. Sim, é possível encontrar todas essas opções por lá. Guacamole, tacos, buritos, fajitas e bebidas típicas como a tequila e a fantástica marguerita são servidos no Mexicalli, restaurante mexicano que não deixou de lado nem mesmo as caveiras no ambiente. No México, “las calaveritas” fazem parte da decoração do Dia dos Mortos, uma das festas mais animadas do País. Os sombreros também estão lá, assim como a Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira desta região. Se você tiver dúvidas para escolher seu prato, pode Penedo pedir o rodízio mexicano, e a pimenta estará sempre ao seu lado, separadamente. Quem abriu as portas para a culinária portuguesa na avenida principal foi a Pousada do Sol. A Taberna Portuguesa caprichou nas antiguidades lusitanas, desde o mobiliário até os lindos pratos desenhados expostos nas Taísa Cristine Tavares e Gabriel Caian de Aquino, marinheiros de primeira viagem 19 capa penedo Escultor Martti Vartia e algumas das obras de sua exposição permanente 20 paredes. Nas mesas, para acompanhar o delicioso cardápio, com vinhos devidamente recomendados pelo maitre da casa, azeites de pequena produção e muito gourmet. No ambiente ao lado, está o Armazém Sabor, com os melhores petiscos da linha “comida di buteco”. E a Finlândia está no Koskenkorva. Martti Vartia é escultor e seu dom é dar vida às madeiras mortas. Na verdade, este é só um deles: impressionante como sabe fazer qualquer visitante sentir-se em casa. “Estou em Penedo há mais de 30 anos e meu lugar preferido é aqui”. Abaixo do agradável restaurante especializado na cozinha finlandesa, que lembra uma sofisticada cabana em meio à floresta, está também a sua exposição permanente, cujo som ambiente é o correr do Rio Palmital bem ali no seu “quintal”. Rio acima Outra boa música para os ouvidos é a do poderoso Rio das Pedras, que nasce no Pico das Agulhas Negras e desagua no Rio Paraíba do Sul cortando todo o Vale de Penedo. Durante a subida do morro, a tranquilidade toma conta em todos os sentidos, e hospedar-se por ali é uma excelente pedida. “O nome veio do filme Horizonte Perdido, que apresentava um lugar lindo, cheio de verde, onde não havia doença, não existia morte, eram todos felizes. Meu ex-marido apaixonou-se pela ideia e disse querer um lugar assim”, explica Ana Amélia, proprietária da pousada Shangrillá. Todo o ambiente compõe a mais positiva energia sentida até pelos menos sensíveis. Um pouco mais acima, está também a Quintal das Pedras, onde as acomodações se espalham pelo jardim, bastante convidativo às crianças. Imagine provar uma deliciosa massa caseira e fresca em meio a essa magia? Quem pensou nisso foi Marisa, proprietária do Giardino di Napoli: “Minha avó era italiana e passei minha Shopping Pequena Finlândia, atração turística de Penedo infância vendo sua produção na cozinha. O nome Giardino (jardim) é em referência a este lugar, e Napoli, uma homenagem à cidade de sua origem. A receita da massa é dela, e os molhos são meus”, diz a idealizadora. Na linda área verde do restaurante passa o Rio dos Eucaliptos, mais uma canção de extremo bom gosto da natureza. O peixe da casa As águas frias, puras e cristalinas desses rios de montanhas são propícias à criação de trutas, por isso é o peixe mais encontrado na serra. O Rei da Truta, no centro de Penedo, dedica-se a esta especialidade há quase 30 anos, oferecendo 35 versões com um tempero guardado a sete chaves; é preciso provar. “Nosso diferencial é a qualidade. Mantemos o mesmo fornecedor desde o começo, assim como todos os outros produtos, para que o cliente sempre sinta um único sabor em qualquer visita ao nosso estabelecimento”, afirma Airton, gerente do restaurante. Praticamente todos trabalham com o famoso da região. A Mineirinha de Penedo, por exemplo, além do seu buffet self service cheio de delícias mineiras, como feijão tropeiro, linguicinha e torresmo, que aos fins de semana ganha a companhia de churrasco e música ao vivo, prepara uma truta especial para atender o pedido do cliente. Mas se preferir os outros animais marinhos, o Pintado e Cia está a sua disposição: badejo, linguado, salmão, bacalhau, truta (sim, lá também tem!) e, é claro, o que nomeia o restaurante. “Nosso pintado tem um tempero especial, e todos são assados e gratinados com queijo. Depois desse processo, acrescentamos os acompanhamentos”, diz Douglas, dono do local. E ainda servem o rodízio de camarão. Tudo é tão saboroso, que é difícil sair de lá sem antes programar a próxima visita! Outros sabores Que tal sentir outras emoções vindas da Alemanha? Eisbein (joelho), chucrut garnier, bratwurst (salsichão branco), salsicha Frankfurt e outras especialidades da culinária alemã estão na Casa do Fritz, cujo cardápio também conta com massas, carnes e trutas. Ter uma cerveja própria é típico de casa alemã, e lá não é diferente. A artesanal do local é produzida com as águas puras das montanhas das Agulhas Negras, e já participou de um concurso, onde os resultados mostraram que estão no caminho certo, obtendo medalhas de ouro e prata como a Amber e a Red Ale, respectivamente. No Querência, o sabor marcante está na picanha importada, servida na pedra e na brasa, em um ambiente amplo e familiar. O charmoso Bella Cittá apresenta a culinária regional e a cozinha italiana com massas frescas de fabricação própria, além de saladas incríveis, excelentes para iniciar sua refeição. Quem também produz a própria massa, todos os dias, é o Aglio e Olio, e todos os pratos levam produtos frescos para harmonizar completamente cada conjunto. Penedo tem todas as preciosidades da sua imaginação. Artesanatos, aromatizantes, lembrancinhas da cidade e lindos móveis de demolição estão na perfumada Artes da Vovó, parada obrigatória para quem quer materializar um pouquinho da sua viagem. Re- centemente, até o “transporte do futuro” (título da matéria de capa da nossa última edição) está à disposição dos visitantes no Armazém da Bike, no shopping Roda d’Água, com bicicletas lindas capazes de levá-lo (a) a épocas passadas de diferentes lugares do mundo. E sinta-se à vontade para deixar os problemas de trânsito e de estacionamento da cidade grande de lado e alugar uma magrela. Afinal, pedalar é bom em qualquer lugar. 21 G ASTRONOMIA NA SERRA | PENEDO Rei das Trutas A maior variedade de trutas da região 22 Não é por acaso que são chamados de Rei! Há 29 anos, este tradicional restaurante de Penedo oferece 35 tipos de truta: frescas com amêndoas, gratinada com mostarda, salmonada ao molho bélle mouniére com camarão e outras tantas variedades quase indescritíveis. Sem contar aperitivos como a casquinha e o bolinho do peixe da região; tudo sempre com a mesma qualidade. A tilápia e o badejo estão incluídas nas demais opções, assim como o filé à Oswaldo Aranha, para quem prefere uma boa carne em um ambiente familiar e amistoso. Os saborosos vinhos e espumantes nacionais e importados também fazem parte do cardápio e podem acompanhar a sua refeição; é só escolher! Avenida das Mangueiras, 69 – Colônia Finlandesa de Penedo – Itatiaia – RJ. ww.reidastrutas.com.br Tel.: (24) 3351-1387 Massas, fondues e cerveja artesanal no centro de Penedo O restaurante e choperia Bella Cittá é um mix de culinária regional com delícias da cozinha italiana. Suas massas fresquíssimas – fabricadas pelo próprio restaurante –, seus requintados fondues e diversos tipos de cervejas e chopes artesanais, são marcas inesquecíveis. Lá você vai saborear o melhor chope da região: o chope da Casa do Fritz. É difícil escolher um prato na variedade de sabores que é o cardápio do Bella Cittá. O Salmão à Bella Cittá, gratinado com molho de açafrão e purê de batatas, é uma ótima pedida. De origem italiana, é tradicional na região. Sua localização privilegiada, bem no centro de Penedo – pertinho da Casa de Papai Noel, somada a um ambiente muito agradável e atendimento personalizado fazem a diferença e atraem os turistas. Bella Cittá Restaurante e Chopperia Terça a quinta-feira a partir das 18:00 h Sexta, sábado, domingo e feriados a partir das 12:00 h Cartões: Redercard, Visa e American Express. Av. das Mangueiras, 1.763, V. da Gula – Penedo – Itatiaia – RJ Tel.: (24) 3351-1926 Aglio e Olio Massa caseira, feita diariamente com carinho No Aglio e Olio, você encontra opções variadas preparadas na hora com produtos frescos para valorizar o sabor original de cada prato. Nossas massas são feitas diariamente, procedimento raro até mesmo na Itália. Penne com molho de gorgonzola, steak au proive com tagliatelle na manteiga, fusilli diamantina (receita de família) iscas de filet, carnes, peixes (com destaque para as trutas típicas da região), e prateen (infantil) são algumas das especialidades do cardápio. Rua das Velas, 220 – Penedo De segunda a sexta, das 12h às 23h – Sábado, das 12h à 0h, domingo, das 12h às 18h. Tel.: (24) 3351-2292 Um jardim de delícias Dentro do salão ou no jardim, desfrute de um delicioso cardápio com massas de fabricação própria ao som mágico dos pássaros e do Rio, que contorna o jardim com suas águas cristalinas. Ravióli de bacalhau, ravióli de carne seca com catupiry, fetuccines, pene, farfale, além de peixes e carne, como o filé à moda di Napoli, recheado com queijo tipo bursim e molho madeira, e muito mais. Os jantares são servido à luz de velas, com música ambiente e lareira acessa, em dias frios. Um lugar agradável para passar momento especial com seu amor, amigos e família. O Restaurante Giardino di Napoli fica no alto Penedo a 500mts da cachoeira de Deus. Funciona de quinta a domingo e feriados das 12h as 23h restaurante.giardinodinapoli@ gmail.com Tel.: (24) 3351-3675 23 Comida alemã harmonizada com cerveja de fabricação própria Prove o melhor da gastronomia alemã em Penedo. Fleischkasse (bolo de carne suíça), bratwurst (salsichão branco), salsicha Frankfurt, eisbein (joelho), chucrute garnie (prato completo com carrés, chucrute, batatas, joelho) e também iguarias da região e outras mais, todas servidas em um ambiente amplo com um atendimento diferenciado. Como entrada, patês de pasta de alho, truta e fígado são algumas opções que podem completar aperitivos como tábuas de frios com diferentes tipos de queijo, carpaccio e linguiça defumada. Para beber, a Casa do Fritz oferece a própria cerveja, um rótulo que possui oito sabores com teores alcoólicos, cores, aromas e mistura de grãos variados, uma para cada especialidade. Avenida das Mangueiras, 518 Vila da Gula – Penedo – Telefone – De segunda a quinta, das 12h às 00h. Sexta, sábado e feriados, das 12h à 1h. Tel.: (24) 3351-1751 G ASTRONOMIA NA SERRA | PENEDO Com ou sem pimenta Que tal ir ao México sem sair da Pequena Finlândia? É assim que você se sente no Mexicalli, o único restaurante da região que oferece os mais saborosos pratos do antigo coração do Império Asteca. Fajitas (para duas pessoas com feijão vermelho e arroz mexicano), burritos e muitos outros, até mesmo o guacamole: todos servidos sem pimenta, que é posta à mesa separadamente para a sua degustação. E não deixe de provar o taco de carne moída: dentre as opções de recheio, esta é, sem dúvida, a inesquecível. Avenida das Mangueiras, 1746 – Penedo – De segunda a sexta, das 18h30 às 23h – Sábado, das 12h à 01h, domingo, das 12h às 16h. Tel.: (24) 3351-2164 O melhor dos peixes O restaurante oferece, em seu ambiente aconchegante, uma grande variedade de peixes: badejo, bacalhau, linguado, traíra, truta, salmão e, é claro, o pintado, que é assado e gratinado com queijo; uma verdadeira delícia. Além disso, carnes, frangos, rodízio de fondue e também de camarão, deixando os amantes deste ma- 24 24 ravilhoso crustáceo aproveitá-lo à vontade. Para acompanhar, vinhos nacionais e importados climatizados ou em temperatura ambiente. Rua das Velas, 154 Penedo – Esta cionamento próprio – Terça, das 18h às 23h; quarta a domingo, das 12h às 23h. w w w. p i n t a d o e c i a . c o m . b r Tel.: (24) 3351-1783 Da picanha ao fondue O Restaurante Querência investe sempre em qualidade, com excelente critério na seleção dos melhores ingredientes, bom gosto no preparo e atendimento diferenciado. Venha provar a nossa picanha importada, além de outras carnes, peixes e saladas. E programe sua noite para deliciar-se com um especial rodízio de fondue(na pedra) de carne, queijo e chocolate, diariamente das 18h às 23h. Av. das Mangueiras, 2510 – Penedo – Aberto diariamente, de 11h30 até o último cliente – Estacionamento próprio. Tel.: (24) 3351-3528 Sinta-se na Finlândia no Koskenkorva A salada de arenque (peixe do Mar Báltico) e o frango à moda finlandesa, como o juusto herkkusieni kana (filé de frango com catupiry e champignon, batata e arroz) são algumas das mais de 60 opções, todas acompanhadas com o excelente atendimento de Martti Vartia, o dono da casa. Estrada Três Cachoeiras, 3955 – Penedo – De segunda a quinta, das 12h às 16h e das 19h às 23h. Sexta e sábado, das 12h às 23h, domingo, das 12h às 18h. Tel.: (24) 3351-2532 Farto buffet com sotaque mineiro, uai! Aproveite o clima da serra no único mineiro da Pequena Finlândia. Costelinha, feijão tropeiro, linguicinha, e outras 44 delícias mineiras estão no buffet do Mineirinha de Penedo, servido como self-service ou no estilo “coma à vontade”, que inclui a sobremesa. Aos fins de semana, aproveite também o especial churrasco ao som de boa música ao vivo (anos 80 e 90) em um espaço amplo e confortável. A truta, especialidade da região, pode ser pedida separadamente, e a cachaça mineira é a cortesia da casa. Av. das Mangueiras, 800 – Penedo – de quarta a domingo, das 11h30 às 16h Tel.: (24) 3351-2463 | 98152-9811 Um pedacinho de Portugal É assim que você se sente ao entrar na Taberna Portuguesa, um restaurante delicadamente decorado com lindas peças lusitanas onde até o aroma é “além-mar”. Bacalhau na brasa, desfiado ou grelhado são algumas das opções que sempre levam a recomendação do excelente maitre da casa sobre qual dos maravilhosos vinhos da adega melhor acompanha a sua refeição. No ambiente ao lado, Comida di Buteco, uma autêntica culinária brasileira. Av. das Mangueiras, 1905, Penedo – Aberto diaria mente, de 11h até o último cliente. www.pousadadosoldepenedo. com.br Tel.: (24) 3351-1284 | 3221-4888 25 CAPA SÃO PEDRO DA SERRA 26 arte gastronomia Calor humano, e São Pedro une a paz do interior com intensa vida cultural e cardápios variados Seguindo a estrada na direção contrária, no Centro-norte fluminense, a majestosa serra, um aperitivo para os nossos olhos, leva a Nova Friburgo São Pedro da Serra e Lumiar são dois expoentes do turismo neste que é o mais importante município desta região. Muitos músicos, artistas e artesãos, entre outros profissionais, deixaram as metrópoles em busca de qualidade de vida e hoje fazem parte da população destes vilarejos. Nativos ou não, todos têm uma energia leve e positiva, quase um abraço de boas vindas. E como são hospitaleiros esses moradores. Na pousada Canto Nosso, o atendimento, o carinho e o cuidado dedicados aos clientes transformam o lugar em uma segunda casa, aquela de cam- po dos nossos sonhos, bem simples, com todos os móveis de madeira, pintura e jardins preservados e um café da manhã delicioso que transmite o verdadeiro clima de fazenda. Eles nunca irão desampará-lo. A família do restaurante Tutu e Torresmo também é exemplo de simpatia e hospitalidade. No menu, como boa casa mineira, costelinha, polentinha frita à moda, tutu e torresmo, é claro, e em agosto, churrasco para acompanhar o self service. Quando o assunto é pizza, a atenção é a mesma tanto no farto recheio quanto na leveza da massa de aipim; saudade “daquele” sabor! Tempero especial Em cada lugar, uma surpresa, um abraço, gente compro- metida e trabalhadora que não se cansa de ser feliz. “ A cozinha sempre foi minha paixão desde os 12 anos e precisamos priorizar aquilo que gostamos.’Faça aquilo que ama e não trabalhará um dia sequer na sua vida‘”, diz Márcia, esposa do Anibal, donos do Restaurante Du Dudu. Não, ele não é o Dudu. Este é o filho do casal que esteve pela primeira vez em São Pedro em agosto de 2012, alugou uma casa no mesmo dia, passou a visitar o lugar todos os fins de semana durante um ano até surgir a oportunidade de abrir o estabelecimento e mudar-se de vez para a cidade. As receitas são muitas, e todas sempre com tempero natural. E eu disse: “cebola, alho e...”, “amor”, completa a chef. Confesso que estava pronta para dizer coentro, mas amor é mesmo um ingrediente fundamental. O vilarejo inteiro explica, ensina e inspira. Lá havia uma tradição, transformada até em concurso, em que a maioria dos comerciantes tinha uma cabra enfeitada em frente a sua loja, com uma cestinha de pão, na padaria, uma roupinha, na loja de roupas etc., e a mais bonita era premiada. “É uma pena não existir mais isso, mas sempre gostei da ideia, e encontrei a minha”, lembra o senhor Robinson, dono da Cacau na Serra. E que perfume de chocolate! Licores, goiabadas, cervejas artesanais, o melhor choconhaque da Terra e um pão de mel parecido com um sonho. “Queria fazer uma massa da qual eu gostasse; não poderia ser seca”, e a Lúcia conseguiu. Cacau, chá de cravo, recheio e outros diferenciais que você precisa descobrir. O brownie também é feito por ela, ali mesmo, e tudo através de pura inspiração. Após o expediente, eles gostam de saborear as delícias produzidas pelos vizinhos, como o caldo de abóbora com gorgonzola, do Paiol, Márcia e Anibal, donos do restaurante Du Dudu uma recomen- dação de quem entende do assunto. Neste restaurante, o delicioso fondue, moquecas, trutas e bons vinhos também ajudam a aquecer a noite. Tudo acontece na Rua Rodrigues Alves, e não deixe de subir por ela até o Largo do Estrela, ponto cultural nomeado assim devido ao Estrela do Mar Futebol Clube, onde Cássia Eller fazia shows a preços populares, já depois da fama. Ali está o Zuhause, uma casa centenária onde muitas pessoas da vila nasceram através do trabalho da parteira, e não há muitos anos. Todos os fins de semana, o espaço se abre para música ao vivo, com batata röusti , panelinha de camarão, raclete, um maravilhoso escondidinho de carne seca e, entre outras opções, o fondue de carne cozida no vinho com especiarias, exclusivo do lugar. Para beber, chope Ranz, cervejas artesanais e importadas, ou ainda a cachaça orgânica produzida pelo Mestre Feijão, produtor e guia de caminhadas da região. Túnel do tempo Em meio ao lindo mobiliário trazido da antiga Lidador, da Rua da Assembléia, Centro do Rio, e a objetos musicais antigos que decoram o restaurante como verdadeiras obras de arte, surpreenda-se com os sabores do Truta da Pedra. Um dos destaques é o fondue que leva o nome do restaurante, e vem acompanhado dos molhos de alcaparra, amêndoas, teriaki e maracujá. As salsichas alemãs fazem parte do menu, feito com capa de discos antigos, e podem estar ao lado do chope ou da cerveja Barão, a artesanal de Friburgo. 27 CAPA SÃO PEDRO DA SERRA A atualidade também está no Beer Pub Brazil, recém chegado em São Pedro, com estilo intimista, uma boa feijoada na cumbuca, nas tardes de sábado, e música ao vivo durante a noite deste mesmo dia até o último cliente. O projeto e a decoração foram feitos pelo arquiteto Daniel Santanna e pela artista plástica Alessandra Vaz, e sempre há uma programação especial, que pode ser conferida no facebook da casa (facebook.com/ beerpubbrazil). E a tradição fica por conta da famosa Pizzaria Girassol, que há 22 anos serve sua pizza com massa de aipim, uma receita de família. Difícil escolher? Uff... Ainda estamos na serra! Igreja de São Pedro da Serra 28 No Espaço Bistrô, entradas especiais, peixes, carnes, tudo em um ambiente rústico e descontraído proporcinam uma agradável noite de inverno. Na entrada deste charmoso distrito, próximo ao Coreto, está a Ecoarte, uma loja em sintonia com o lugar repleta de artesanatos, CDs raros, livros especiais, xales, blusas e Patchwork, arte produzida com pedaços de tecidos coloridos, lisos ou estampados. E o que há de mais moderno está em Coisas Nossas, uma loja com artigos para a sua casa e para você, como calçados e roupas masculinas e femininas para crianças e adultos, com destaque para a especial coleção Outono/ Inverno. Cacau da Serra Os prazeres de São Pedro da Serra Rua Rodrigues Alves, 395 – loja 7 São Pedro da Serra Em frente a Escola Estadual O clima serrano pede os deliciosos sabores da Cacau da Serra. Como o verdadeiro choconhaque, servido com um cremoso chocolate quente coberto com chantilly, ou até mesmo um expresso caprichado. Você pode se entregar ao sorvete de queijo com calda quente de goiabada, ou ao brownie completo, que mais parece uma obra de arte. Licores, pães de mel, geleias... Entre, respire e inspire-se. Amor como ingrediente principal A verdadeira comida caseira está aqui. Em um ambiente cordial e familiar, desfrute do tempero inigualável acrescentado em todas as especialidades: caldos, trutas, petiscos, dobradinha à moda do forno e a tão esperada rabada com agrião, servida somente aos sábados. Rua Rodrigues Alves, 85 – São Pedro da Serra – NF. Tel.: (22) 2542-3636 | (22) 99612-6201 G ASTRONOMIA NA SERRA | SÃO PEDRO Beer Pub Brazil Nova opção do circuito gastronômico de São Pedro da Serra Em ambientes aconchegantes, que proporcionam um clima intimista e acolhedor, até mesmo no salão de jogos com mesa de bilhar e alvo de dardos para a diversão dos seus clientes. Assim o Beer Pub Brazil recebe você para aproveitar um delicioso cardápio com carnes, saborosos caldos, como o verde, o de batata baroa com carne seca, abóbora com gorgonzola ou com carne seca e o feijão amigo; e bolinhos de bacalhau, croquetes de carne, camarão empanado com molho de maracujá e a tradicional salsicha alemã, alguns itens da nossa linha dos petiscos. Além da especial carta de cervejas de diferentes marcas e nacionalidades, como a irlandesa Guinness, a Kwak belga e a Brooklyn americana, o Pub oferece cartas de vinhos, caipirinhas, licores e drinques.E é a única casa da região que traz a premiada cerveja Noi. Aos sábados, a truta com legumes e batata sauté e o penne aos molhos branco com brócolis ou à bolonhesa são excelentes opções. O Beer Pub Brazil promoverá exposições de fotografia e obras de artistas, dentre outros eventos culturais. Rua Rodrigues Alves 509 – Shopping Casino Serrano, 1º Piso – São Pedro da Serra – RJ. – Confira a programação na nossa página: www.facebook.com/beerpubbrazil Tel.: (22) 2542-3120 / (21) 99674-0066 Pizzaria Girassol A verdadeira pizza com massa de aipim Uma receita de família que se transformou em Pizzaria Girassol. Há 22 anos, o restaurante oferece a legítima pizza feita com massa de aipim, sempre mantendo como prioridade a qualidade dos seus produtos. Cambotá, Carioca (mussarela, molho, palmito, calabresa e orégano), Da Serra (carne seca, manjericão e champgnon), à Portuguesa, Napolitana e tantos outros sabores tradicionais e exclusivos, como a Girassol (mussarela, molho, palmito e bacon), são feitas com tomates frescos batidos no liquidificador; nada industrializado. No cardápio,os caldos e as sopas também aquecem a sua noite e, aos fins de semana e feriados, aproveite a linha de pratos executivos, servidos durante o horário de almoço, preparados com ingredientes cuidadosamente selecionados. Sinta-se à vontade em um ambiente especial no centro deste charmoso distrito. Rua Rodrigues Alves, 113 – São Pedro da Serra – RJ. Quinta e sexta de 17h até o último cliente. Sáb, dom e feriados de 12h até o último cliente – Tel.: (22) 2542-4426 29 G ASTRONOMIA NA SERRA | SÃO PEDRO Culinária internacional com toque brasileiro 30 30 O Espaço Bistrô realiza um amplo trabalho de pesquisa e experimentações para trazer até você o encontro de receitas tradicionais com novos sabores. O cardápio é composto por pratos típicos da culinária internacional, preparados com ingredientes nobres, temperos exóticos e verduras orgânicas, preferencialmente cultivadas por produtores locais, com boas opções também para vegetarianos; esobremesas criativas e divertidas. Na carta de bebidas é possível encontrar uma seleção de importados e cervejas artesanais, que harmonizam ainda mais o paladar. Além da gastronomia saudável e saborosa, o Espaço Bistrô também realiza exposições e shows eventuais, que tornam o ambiente ainda mais agradável e acolhedor. Rua Rodrigues Alves, 179 – São Pedro da Serra – RJ. Carla - Tel.: (22) 2533-5863 | (22) 99999-7306 [email protected] Facebook/espacobistro A boa diferença Truta na Pedra fica no coração de São Pedro da Serra em um ambiente aconchegante e musical, com pratos finamente elaborados servidos em pedras quentes, ideiais para o friozinho da serra. O destaque é para a truta na pedra com batatas e aipim corados ao alecrim, acompanhados de quatro molhos, exelente pedida para duas pessoas. O bar, cujo objetivo é oferecer excelentes momentos de entretenimento em meio à natureza, é um retrato legítimo da identidade deste charmoso distrito. Comida mineira no fogão a lenha O Restaurante e Pizzaria Tutu e Torresmo recebe você em um clima aconchegante com decoração típica de uma casa interiorana. São 18 tipos de salada que acompanham o delicioso cardápio mineiro preparado pelo famoso senhor Antônio. E de sexta a domingo, a partir das 18h30, aproveite para provar a deliciosa pizza de aipim. Sábado, domingo e feriado: buffet mineiro das 11h30 até 18h30 Rua Rodrigues Alves, 74 – área A – São Pedro da Serra – RJ. (22) 2542-3354 / (22) 99752-1423 E-mail: [email protected] Há 14 anos, cozinha com alma O ambiente mais charmoso da serra convida você para saborear filés, trutas, frango Paiol, uma opção light acompanhada de legumes cozidos, e bons Avenida Rodrigues Alves, 165 – Centro – São Pedro da Serra – RJ. (22) 99744-2223 Reservas: [email protected] vinhos. Aproveite o delicioso fondue, uma das delícias da casa. Rua Rodrigues Alves, 40 – São Pedro da Serra – RJ. (22) 2542-3354 CAPA LUMIAR LUMIAR No caminho das águas Lumiar mudou bastante nos últimos 20 anos, mas não perdeu as suas características de vilarejo do interior Assim é Lumiar: cinema, teatro, comércio variado, opções de lazer com boa infraestrutura, como o Poço Feio, e culinária vasta e especializada, sempre destacada no Festival da Truta, concurso que envolve restaurantes e pousadas de Nova Friburgo e seus distritos (oitava edição em outubro). “Participo há cinco anos, dois por uma pousada e três pela Oficina da Gastronomia, e criei um prato diferente em todas as ocasiões”, disse o chef Helton Souza Almeida, dono do restaurante. Além do peixe da região, ele também oferece diversos pratos com camarão, uma de suas especialidades. A carta de cervejas especiais e artesanais mostra boas sugestões para acompanhar a refeição. E sabe o sabor daquela cerveja ainda preparada na panela, com toda técnica, amor e requinte de um bom cervejeiro, 31 que você nunca bebeu ou já o fez e tem saudades? Este está na Onurb, cujo nome é Bruno ao Flora e Helton Souza, da Oficina da Gastronomia É neste cantinho especial que você encontra produtos esotéricos e de decoração: budas, luminárias, arranjos para vela e lindas peças artesanais. E prove no Canto Místico Gourmet as delícias feitas com puro carinho, como caldos e pizzas, tudo em um espaço aconchegante e agradável, em frente a praça Carlos Maria Marchon. http://cantomisticogourmet.blogspot.com.br (22) 99875-0909 | (22) 99788-2100 | [email protected] Aceitamos Débito automático capa lumiar contrário em homenagem ao filho do senhor Levi, dono do Armazém da Serra, no Casarão de Lumiar. “Fiz porque gosto de cerveja e acho interessante ter a própria. Já produzo há dois anos, mas comecei a comercializar faz uns três meses”; certamente um feito histórico para a felicidade dos bons bebedores! No cardápio, carnes, salmão, petiscos e a prata da casa: truta ao molho de camarão ou com gorgonzola, as preferidas dos clientes. A diferença está aqui 32 Abrir um restaurante é projeto que demanda pesquisa, cuidados e planejamento; foi assim que O Sótão nasceu. Depois de seis meses de avaliações, Phillipe conseguiu encontrar a essência ideal para seu estabelecimento, cuja chef é dona Diná, sua mãe: “Sou arquiteta e sempre gostei de criar e inventar. Na cozinha é a mesma coisa; não sigo receita, sigo a minha inspiração”. Carnes de caças, burgers destas iguarias, salmão, tudo em um ambiente preparado para sentir-se em casa, no 1º andar do Casarão. Em frente à praça Carlos Maria Marchon, as boas energias estão no Canto Místico. Há sete anos, a artesã Luiza Baptista, que antes trabalhava nas feiras de Ipanema e Tijuca, abriu um espaço especial com peças decorativas com significados espiritualistas de diferentes países, artesanatos de profissionais da região, e roupas estampadas para todas as religiões. Ao lado, o Canto Místico Gourmet, um charmoso anexo onde são servidas delícias preparadas com amor e satisfação. Quem também faz a diferença é Irene Klein, de família pioneira em Nanda Bessa, cantora e compositora, frequenta a região há 25 anos para curtir a natureza e a gastronomia hospedagem na região. A pousada Klein, próxima ao centro de Lumiar, oferece boas acomodações para solteiros, casais e famílias de até cinco pessoas confortavelmente. No café da manhã, pães, bolos, frutas e um delicioso aipim cozido. Um paraíso natural Parte da APA de Macaé de Cima, uma grande área de preservação da Mata Atlântica, a região é um convite para a vida ao ar livre e a prática de esportes de aventura para todos os níveis, de trilhas leves, a escaladas e canoagem. O Rio Macaé é responsável pela formação de grande parte das cachoeiras conhecidas da região com destaque para o Encontro dos Rios, onde o Macaé recebe as águas do rio bonito. Nanda Bessa, cantora e compositora, moradora de Santa Teresa, frequenta o distrito há 25 anos e declara: “Gosto da culinária daqui, das trutas com molhos de amêndoas. E o que mais gosto é essa natureza; é realmente o que busco”. O restaurante Casa Velha aproveitou um pouquinho de tudo isso e se instalou em uma agradável área verde, onde é possível provar, entre outros pratos, a deliciosa feijoada às sextas e aos fins de semana servida em um buffet self service. A gastronomia, o ar puro, frio, o céu estrelado como se estivéssemos em uma viagem ao espaço, as casas de campo, a vida simples de pessoas adoravelmente simples, empreendedoras, comprometidas e lutadoras, assim é a serra. Separe suas roupas de inverno, faça as malas e presenteie-se com essas maravilhas do nosso estado. G ASTRONOMIA NA SERRA | LUMIAR Cozinha de um especialista O camarão é um dos destaques, presente em aperitivos, caldinhos, massas e escondidinho. Esta e outras iguarias são preparadas com carinho pelo Chef Helton Almeida. A carta de cervejas especiais e artesanais é uma verdadeira volta ao mundo. Praça Carlos Maria Marchon, s/nº – Lumiar – RJ. Sua casa em Lumiar Entre, sinta-se em casa e saboreie delícias diferentes do seu dia a dia e exclusivas da região serrana. Hot Filadélfia e tekkamaki como entrada, costelinha barbecue, cebola recheada com gorgonzola, fondue de mignon com seis molhos acompanhados com batata gratinada, carnes de caça, além de burgers de capivara, de salmão e de javali, Tel.: (22) 99959-3287 que são únicos. Tudo preparado artesanalmente e exposto em um cardápio de pano fixado em jogos americanos, cartão de visitas tão original quanto a cozinha e o lugar. Praça Carlos Maria Marchon, 2º andar do Casarão – Lumiar – RJ. www.facebook.com/OSotao Tel.: (22) 2542-4052 33 GASTRONOMIA ARTE E CULTURA Petiscos, salmão, picanha, filé mignon e as mais procuradas trutas, com gorgonzola e ao molho de camarão. Ambiente charmoso e familiar, combinação perfeita com o atendimento diferenciado. E prove a Onurb, a deliciosa cerveja da casa. Encantos do Casarão Praça Carlos Maria Marchon, 01 – Casarão – Lumiar – RJ. Tel.: (22) 2542-4081 Restaurante Casa Velha Com o sabor da serra Em um lugar agradável com ambiente familiar, que tem a natureza como vizinhança, está a linda Casa Velha, um restaurante de comida caseira reconhecido como melhor de Lumiar mais de uma vez. O buffet é self service; o fogão, a lenha; e a feijoada servida às sextas e aos fins de semana... De dar água na boca. Além disso, abóbora, purê de batata, costelinha, ensopados e sobremesas caseiras; e todos os legumes e as verduras são de produtores da região, cujo trabalho é sem agrotóxico. Praça Levy Ayres Brust, s/nº – Lumiar – RJ. Tel.: (22) 99882-7870 ARTE & CULTURA Foto: Divulgação GARIMPO CULTURAL Teatro para a melhor idade Atores formados no teatro O Tablado criam oficina de interpretação voltada para a terceira idade. Utilizando técnicas e exercícios de experimentação cênica e jogos lúdicos, os participantes têm a oportunidade de despertar a criatividade, aumentar a concentração, ativar a memória, aprofundar o autoconhecimento e trabalhar em grupo, além de exercitar a escuta e a disponibilidade para o diálogo através de atividades que trazem prazer e motivação. Tudo para melhorar ainda mais a aptidão física e a disposição para as demais tarefas do dia a dia. Uma atividade artística como o teatro, quando inserida no cotidiano, possibilita ao idoso a reciclagem de tudo aquilo que ele considera obsoleto. A oficina teve início em maio e se estenderá até novembro, quando será realizado um espetáculo de conclusão de curso. Adriano Martins (esquerda) e Andre Pellegrino (direita) Teatro para a melhor idade 34 TLocal: Olympico Club Rua Pompeu Loureiro, 116 – Copacabana Aulas às quartas-feiras, das 09h às 11h Valor: R$ 180,00 Mais informações: Adriano - 99354-2409 ([email protected]), André - 97993-0150 ([email protected]) Victor Meyniel leva ao palco o humor dos seus personagens de sucesso postados na Internet, que agradam em cheio a garotada. Com apenas 16 anos, o adolescente é um fenômeno nas redes sociais possuindo mais de meio milhão de seguidores e trabalhos vistos por milhares de pessoas. Em apenas seis meses, Victor tornou-se muito conhecido por postar vídeos curtos, do dia a dia, em vários aplicativos, como Vine, Facebook, Instagram, Twitter e Youtube. No FB, por exemplo, ele tem mais de 500 mil visualizações; no Youtube, a soma ultrapassa 100 mil. Em média, são 10 mil visualizações por vídeo no Vine, e este resultado faz dele o maior “viner” do Rio de Janeiro e o segundo maior do Brasil. Meu queridooo Local: Teatro do Leblon Rua Conde de Bernadotte, 26 – Leblon Sala Fernanda Montenegro Sábado, às 19h. Domingo, às 18h Até 07 de setembro – Censura: 12 anos Ingresso: R$ 60,00 Duração: 50 minutos Mais informações: (21) 2529-7700 Foto: Divulgação Stand up teen Teatro no friozinho da serra O friozinho do inverno anima os cariocas a subir a Serra para curtir Nova Friburgo. O melhor é que podem levar as crianças, pois a Múltipla preparou várias atrações para elas – e uma comédia impagável para adultos, tudo no Teatro Municipal Laercio Ventura, na Praça do Suspiro, Centro. As poltronas são numeradas, e vale a pena comprar os ingressos com antecedência, no Friburgo Shopping, no Cadima Que Palhaçada é essa? Em uma adaptação livre, os atores mostram a importância da obediência e de não falar com estranhos, já que a menina Chapeuzinho, por ter desobedecido a sua mãe, se mete numa enrascada com o Lobo Mau. 16 de Agoso – Sábado, 17h cional R$20 mais um pacote de fraldas descartáveis ou uma roupa de bebê, que serão doadas a instituições locais que cuidam de crianças; e meia entrada a R$ 15 para estudantes e maiores de 60 anos. No Gogó do Paulinho Com a divertida participação da Galinha Pintadinha, a Cia Rindo à Toa Espetáculos Infantis apresenta várias histórias da vida no Circo, com os palhaços Cascatinha, Cocada e Pipoquinha. 02 de Agosto – Sábado – 17h Chapeuzinho Vermelho Shopping ou na Globo Presentes do Centro e de Olaria. Os ingressos podem ser comprados também da Bilheteria do Teatro, a partir das 13h, no dia do espetáculo. Preços: inteira, R$30; promo- Paulinho Gogó, o aplaudido personagem de A Praça é Nossa, do SBT, criação do humorista Mauricio Manfrini, representa o autêntico malandro carioca da Baixada. Muita risada à vista. 15 e 16 de agosto – sexta e sábado – 21h 15 e 16 agosto sexta e sábado 21h PAULINHO GOGÓ no Show NO GOGÓ DO PAULINHO 2 agosto sábado 17h QUE PALHAÇADA É ESSA? Participação da Galinha Pintadinha Teatro Municipal Laercio Ventura Chiquititas, as Musicais Praça do Suspiro, Centro, Nova Friburgo, 22 2523-4568 Personagem de sucesso da Praça é Nossa do SBT do humorista MAURICIO MANFRINI Um dos maiores sucessos da temporada teatral carioca Teatro Municipal Laercio Ventura Praça do Suspiro, Centro, Nova Friburgo, 22 2523-4568 Classificação Etária: Livre | Para crianças de todas as idades | Duração: 70 minutos Estacionamento Farto e Gratuito O malandro carioca da baixada que conquistou o Brasil!!! Classificação Etária: 14 anos | Duração: 70 minutos Uma versão divertida das histórias do Orfanato Raio de Luz, onde vivem as meninas cantoras, e o elenco de atores canta e dança fazendo a alegria da criançada. 17 de Agosto – Domingo – 17h Meu Malvado Favorito Estacionamento Farto e Gratuito 17 agosto domingo 17h CHIQUITITAS, AS MUSICAIS 16 agosto domingo 17h CHAPEUZINHO VERMELHO A criançada vai se surpreender com o maior vilão, Gru, ajudado pelos atrapalhados e fofinhos Minions. Uma comédia que conta a história do sequestro e resgate da sua amiguinha Margo, no aniversário de outra amiguinha, Agnes. 3 de Agosto – Domingo – 17h Classificação Etária: Livre | Para crianças de todas as idades Um dos maiores clássicos do teatro infantil Classificação Etária: Livre | Para crianças de todas as idades | Duração: 50 minutos Apresentando os maiores sucessos musicais da famosa novela infantil Teatro Municipal Laercio Ventura Teatro Municipal Laercio Ventura Praça do Suspiro, Centro, Nova Friburgo, 22 2523-4568 Praça do Suspiro, Centro, Nova Friburgo, 22 2523-4568 Estacionamento Farto e Gratuito Estacionamento Farto e Gratuito 3 agosto domingo 17h MEU MALVADO FAVORITO, A FESTA DE AGNES O vilão malvado mais querido da garotada! Teatro Municipal Laercio Ventura Praça do Suspiro, Centro, Nova Friburgo, 22 2523-4568 Classificação Etária: Livre | Para crianças de todas as idades | Duração: 60 minutos Estacionamento Farto e Gratuito 35 B AIRROS CARIOCAS Uma subidinha até 36 Santa Teresa Bairro próximo ao Centro ainda mantém clima de interior em meio à cidade grande É fácil perceber porque o Rio de Janeiro ostenta o título de Cidade Maravilhosa: em todos os cantos existem preciosidades capazes de encantar e mudar a vida de qualquer pessoa. Assim é Santa Teresa, bairro da região central do Rio, que não poderia existir em outro lugar senão aqui. TEXTO_JULIANA ALVES FOTOS_FRED PACÍFICO Uma simples caminhada por suas ruas de pedras, arborizadas e cercadas de construções do século XIX, transporta o visitante para um Rio antigo, onde passava a aristocracia carioca, que elegera a região como sua. Cercada pelo Catete, Glória, Laranjeiras, Cosme Velho, Alto da Boa Vista, Rio Comprido, Catumbi, Lapa e Bairro de Fátima, possui três grandes favelas, Prazeres, Coroa e Fallet, e tantas outras que se unem às regiões vizinhas. Seu grande marco é mesmo o velho bondinho, uma verdadeira atração turística com a estrutura de madeira tombada pelo Governo Estadual em 1983, que iniciava o percurso em um terminal no Centro e seguia para Paula Matos e Dois Irmãos, dois destinos no alto do morro. O ramal do bonde de Santa Teresa foi inaugurado em 1896, pela Companhia Ferro-carril de Santa Teresa que, no início da sua operação, tinha quase 40 veículos transportando moradores e turistas durante todos os dias da semana. Em agosto de 2011, um acidente envolvendo o bondinho matou seis pessoas e feriu mais de 40 e, desde então, o serviço foi totalmente interrompido e toda a estrutura passa por obras com previsões pouco animadoras e nada precisas. Mirantes por todos os lados Próximo ao Largo dos Guimarães, existe um terminal atualmente desativado, que antes também era o Museu do Bonde. “O museu saiu desta Estação do Bondinho e foi para o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo. Desde então, ninguém pode Largo das Neves entrar nessas dependências”, explica Marcos Paulo Souza, 18, auxiliar de logística. Não foi ele quem escolheu o bairro, e sim o contrário: “Minha mãe, uma das cobradoras da antiga CTC, mora nesta casa há mais de 50 anos onde fui criado. Aqui é muito bom, mas acho que ainda falta segurança. O que mais gosto é o ambiente natural e o visual. Muitas construções são tombadas, e não podem ser alteradas nem mesmo para a restauração”, completa. De fato, as casas, os prédios e até os castelos, junto com o verde esplendoroso de parte da floresta da Tijuca, maior floresta urbana do mundo formada pela Mata Atlântica, formam pinturas que qualquer artista plástico gostaria de assinar. O mais formoso é o Castelo Valentim, de 1879, que hoje recebe hóspedes em seus quartos com uma vista privilegiada da cidade. E como 37 existem pontos de vistas lindos do nosso Rio de Janeiro... Por isso é sempre bom subir com um tempinho extra para “perdê-lo” parando aqui, ali, em qualquer lugar. Não tão no alto E não precisa subir muito: o Convento de Santa Teresa, no começo da Ladeira de Santa Teresa, nº52, no final da Escadaria Selarón (sim, também pode ser ótima maneira de iniciar seu passeio), tem uma vista incrível dos prédios do Centro do Rio até o mar além da Ponte Rio-Niterói. A Ermida de Nossa Senhora do Desterro foi erguida por Antônio Gomes do Desterro, em 1629, e em 1750 começaram a construir o Convento, cujo nome foi substituído de Nossa Senhora do Desterro por Santa Teresa, devido ao cumprimento “das regras” desta Santa. Depois surgiu o Convento de Carmelitas Castelo Valentin Descalças, ocupado inicialmente pelas irmãs Jacinta e Francisca, com freiras que abdicaram do mundo exterior até hoje. A Ermida está aberta ao público de segunda a sexta, das 07h até 17h, e das 7h às 16h aos fins de semana. As missas são realizadas às 07h, de segunda a sábado, e às 8h, aos domingos. Em poucos minutos de subida, outro “ponto de vista” que merece, quase exige, bastante tempo de visitação é o Centro Cultural Parque das Ruínas (Rua Murtinho Nobre, 169). Ferro, vidro e tijolos: as ruínas, de mais de 70 anos, ganharam novas formas, mas ainda é possível ver e sentir o passado do lugar. Subindo as escadarias internas (não há acessibilidade no local), há um lindo mirante de onde é possível ver desde a Igreja da Penha até a B airros cariocas Campanha mostra a indignação da população com o acidente e a paralização do bonde 38 Urca, com toda a Baía de Guanabara a frente, que se completa com os costões das montanhas e o verde da floresta; sem dúvida, a paisagem é de tirar o fôlego. Seu vizinho é o Museu Chácara do Céu, antiga residência do colecionador de artes Castro Maya, que abriga excelente coleção de arte moderna brasileira. Para todas as idades “Gosto dos museus e dos mirantes, como a Chácara do Céu e o Parque das Ruínas, paixão da minha netinha”, disse Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Cordel (Rua Leopoldo Fróes, 37), um lugar muito especial tanto pelo acervo quanto pelo maravilhoso casal que nos recebe. Dona Mena, Maria do Livramento, também está sempre lá com o seu violão para tocar, cantar e acalentar nossos corações. “Pitágoras, Sócrates, Platão, todos passaram pela fase de folheto e rapidamente se transformaram em livros, assim como microbiologia, economia, matemática, naturalismo, a lenda do Saci-Pererê em português e em espanhol, e temos até livro que faz parte da grade do Ensino Fundamental”, apresenta Gonçalo. A Academia Brasileira de Cordel foi fundada em 07 de setembro de 1988 e funciona dentro dos mesmos padrões das Academias de Letras do Brasil e do restante do mundo, com colegiado de 40 acadêmicos, plenárias mensais, atividades próprias, encontros com poetas populares e rodas de cantorias. “Antigamente as plenárias aconteciam na nossa sede; agora são realizadas no prédio do IHGB. É possível perceber que as pessoas não estão totalmente familiarizadas com a literatura de Cordel, que foi o meio de alfabetização de muita gente”, explica o presidente. Os dois moram no bairro há 26 anos: “A vida nos trouxe até Santa Teresa e gostamos muito, mas o transporte público deveria ser melhor”, diz Gonçalo. “Aqui é calmo e tranquilo. Mas sinto falta de uma farmácia grande com preços mais acessíveis”, completa dona Mena. O transporte é mesmo um problema. Depois da interrupção do serviço do bondinho, só restaram os micro-ônibus, e muitos táxis se opõem a subir o morro alegando correr riscos de rasgar o pneu nos trilhos, fato totalmente desconsiderado por moradores e visitantes que trafegam de carro por ali sem o menor problema. É um dos pontos turísticos dentro da cidade, que muitas vezes se vê isolado diante deste comportamento. Mas lá é mesmo uma parada obrigatória em qualquer época do ano. No Carnaval, o Badalo de Santa Teresa, o folclórico Céu na Terra e as tradicionais freirinhas do Carmelitas, além de outros blocos, agitam tanto aquelas ladeiras, que a organização até já mudou horários de desfiles para evitar as multidões; foi só uma tentativa! Gonçalo e Dona Mena na Academia Brasileira de Literatura de Cordel O artista Getúlio Damado e detalhes de seu ateliê Onde os artistas se reúnem Como é bom enfeitar-se e subir este charmoso bairro durante os quatro dias de folia, e muitos outros antes e depois também fazem parte da programação. Getúlio Damado, artista plástico, adora a festa e sempre desfila puxando o seu pequeno bondinho cheio de crianças. Sua identificação com o grande marco do bairro é tão intensa, que fez seu ateliê, o Chamego Bonzolândia, em um bonde. “Moro aqui há 29 anos e gosto daqui como um todo, principalmente o bonde. Acho que estão nos matando do coração. Temos problemas como em qualquer lugar do Rio de Janeiro. Mesmo assim, o lugar é muito bom, tranquilo e bem localizado”, afirma Getúlio. As melhorias no transporte e a necessidade de comércios variados também foram suas sugestões de mudança em Santa. No mais, tudo ali é pura inspiração para o seu trabalho, já divulgado em mais de 150 exposições pelos museus, universidades e centros culturais da cidade. Santa Teresa exporta mesmo muita cultura e arte, e também as apresenta para brasileiros e estrangeiros de uma maneira bem especial, como no Arte de Portas Abertas, um evento realizado geralmente entre os meses de agosto e setembro organizado pela Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa, Chave Mestra. “São cerca de 60 pontos entre residências, que se transfor- Carlos Antunes e duas de suas obras mam em ateliês, e museus e centros culturais como Museu Casa de Benjamin Constant, Laurinda Santos Lobo e Parque 39 B AIRROS CARIOCAS das Ruínas, aqui na região, e o Centro de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça XI”, explica Carlos Antunes, artista plástico. Formado pela Belas Artes da UFRJ, Carlos guarda um incrível acervo produzido com objetos coletados nas ruas do Rio, como a instalação Fundo do Mar, composta por animais marinhos construídos com sucatas automotivas. Sua trajetória lá em cima começou há 20 anos, e sente- “Já conhecia o Brasil e muitas pessoas deste bairro. Decidi deixar a Argentina, junto com meu filho ainda pequeno, em 1985 e, desde então, estou em Santa Teresa. A tranquilidade, o espírito acolhedor, o clima de “cidade do interior”, a paz, tudo me atrai”. E quando perguntada sobre o que mudaria, se pudesse fazê-lo: “O mar. Acho que se o mar fosse um pouco mais próximo, seria perfeito”, brinca Mavi. -se bastante atraído pela tranquilidade das ruas, a arquitetura antiga e o ambiente arborizado. Porém, o pouco patrulhamento da polícia e a lentidão das obras do bonde também o incomodam: “Isso mostra a falta de cuidados com o nosso patrimônio”, desabafa. Pontualmente, isso também entristece Maria Vitoria, a Mavi da La Vereda, uma linda loja com grande variedade de artesanato em perfeita comunhão com o lugar. Comendo bem em Santa Teresa 40 E tem muito além de cultura, arte, cinema e cursos de fotografia, música e pintura oferecidos nos centros culturais da região. Esse bairro carioca oferece um excelente polo gastronômico, que atende paladares da culinária internacional e de especialidades brasileiras. A pitadinha do tempero nordestino, por exemplo, está no tradicional Sobrenatural, um restaurante cheio de delícias do fundo do mar, como a moqueca de peixe ou o delicioso pastel de camarão, e peça a pimenta para acompanhar o seu pedido. No charmoso Cafecito, sanduíches, porções, doces e sobremesas, como brownies com geleia artesanal, sorvete ou mesmo o simples, com castanha, podem acompanhar um verdadeiro café expresso tirado por baristas profissionais. Em Santa também tem comida japonesa: no Sansushi, além das sugestões à la carte, a casa oferece um farto rodízio em um ambiente bem agradável. E que tal provar as delícias vindas do fogão a lenha do Rústico em meio a tanta beleza natural propícia também para renovar a energia? Dá até para matar a saudade do sabor daquela pizza feita como antigamente. A famosa feijoada do Bar do Mineiro merece todos os aplausos que recebe, e os minipastéis de feijão, marca registrada da casa, combinam com as diversas opções de cervejas, sempre geladas. Em 1919, era uma mercearia; hoje, o Armazém São Thiago, Bar do Gomez para os íntimos. Em 2003, o local foi restaurado mantendo intacto o estilo antigo, ideal para conferir os deliciosos bolinhos de abóbora com carne seca e mais de 160 tipos de cachaça, além do chope muito bem tirado. Frikadellen (bolinho de carne frito), goulash com spätzle (ragu de carne ao molho de páprica), kassler (carré defumado) Wenderson Machado, o Canetinha do Bar do Gomez e muitas outras maravilhas da Alemanha estão no Mike’sHaus, o verdadeiro alemão da região. E o Esquina de Santa, excelente ponto de conveniência, ainda tem pizzas, calzones, sanduíches e uma carta de vinhos especial. Tudo isso é só um pouco do que Santa Teresa tem para você. Faça sua “escala” gastronômica e bom apetite. BOA PEDIDA Armazém São Thiago Um lugar para conhecer sem pressa Típico botequim dos anos 20, o Armazém São Thiago, mais conhecido como Bar do Gomez, é uma preciosidade carioca muito concorrida em um dos bairros mais bucólicos da cidade do Rio de Janeiro. Durante um bom tempo, após ser comprado pelo avô do Ricardo Pose Garcia (atual proprietário) em 1919, o espaço foi um “Secos e Molhados” (como eram denominadas as mercearias na época) e, a partir da década de 80, começou a ser um “Pé Sujo”. O Armazém São Thiago integra a lista dos 12 estabelecimentos do gênero tombados pelo patrimônio cultural carioca, e todos que passam por Santa Teresa também visitam o lugar. A grande variedade de petiscos, sanduíches e porções generosas de frios, com destaque para o taco de bacalhau e os bolinhos de abóbora com carne seca, completam as saborosas opções do cardápio, sempre acompanhadas de chopes super bem tirados, uma cerveja Serra Malte ou Original, servida sob a temperatura ideal, e uma carta de cachaças com mais de 160 rótulos de diferentes lugares do Brasil. Tudo isso faz do Armazém São Thiago um dos bares mais tradicionais e freqüentados da cidade. Armazém São Thiago Rua Áurea, 26 – Santa Teresa – RJ. – Segunda à sábado – 12h até 01h – Domingo: 12h até 22h. www.armazemsaothiago.com.br Tel.: (21) 2232-0822 41 BOA PEDIDA Sansushi Restaurante Sobrenatural Cozinha japonesa tradicional Especialista em frutos do mar O cardápio é variado e oferece rodízio com sushi, sashimi, enrolados, yakisoba e shiitake. Há também sugestões à la carte. Destaque para o teppan e para a berinjela grelhada ao molho de pasta de missô. O Sobrenatural Restaurante é um dos mais populares do bairro Santa Teresa e famoso pelas receitas de frutos do mar com tempero nordestino. Todos os pratos são feitos com produtos de primeiríssima qualidade, pois não passam Rua Almirante Alexandrino, 382 – Santa Teresa – Largo dos Guimarães – De terça à sexta, a partir de 18h – Sába dos e domingos a partir de12h. Delivery Tel.: (21) 2252-0581 por congelamento. Porções generosas, com diversos tipos de camarão, casquinha de siri, torta de caranguejo gratinado e bolinho de bacalhau. Rua Almirante Alexandrino, 432 – Santa Teresa – Largo dos Guimarães. Tel.: (21) 2221-9465 42 Esquina de Santa Cafeteria - Pizzaria - Loja de conveniência - Locadora Numa charmosa casa na esquina das ruas Monte Alegre e Áurea, o Esquina de Santa tem um ambiente agradável com uma decoração alto astral e mesas dispostas na varanda ao ar livre. No cardápio, pizzas, focaccias, bruschettas, uma boa variedade de sanduíches no pão ciabatta e calzones doces e salgados, como o Calzone Peruza, com tomate, mussarela, presunto, champignon e molho de tomate Pelati. Para acompanhar, as sugestões estão na excelente carta de vinhos, ou entre as mais de 180 marcas de cervejas nacionais ou importadas que compõem a adega. As pizzas de massa fina e crocante (em tamanho único de 30 centímetros) levam ingredientes de excelente qualidade, muitos deles importados da Itália, como a farinha de trigo Caputo, a mesma usada pela Bráz Pizzaria. O Esquina de Santa é também o único estabe- lecimento do bairro com acesso para cadeirantes. Esquina de Santa Rua Monte Alegre, 348 – Santa Teresa - Segunda à Domingo – 09:00 às 23:00 [email protected] Tel.: (21) 2508-7112 Contemporâneo e sofisticado no “meio da mata” em Santa Teresa Localizado em um casarão centenário, o Rústico contrasta com a paisagem dos bares locais, com decoração rústica e mesas em um ambiente totalmente arborizado capaz de fazê-lo sentir-se praticamente “no meio da mata” de Santa Teresa. O próprio nome também traduz a culinária, cujo segredo é a mistura inusitada de ingredientes “rústicos” e alguns pratos cozidos em fogão a lenha. Frango ao Mole Poblano, coxa e sobrecoxa de frango com molho tradicional mexicano, feito com chocolate meio amargo e especiarias, acompanhado de arroz branco com gergelim e salada refrescante com abacate, é só uma das maravilhas do apetitoso cardápio da casa, que também tem pizzas preparadas no fogão a lenha. A carta de vinhos é bem diversificada e você ainda encontra boa variedade de cervejas da Serra Fluminense, cachaças artesanais e coquetéis. Rústico Rua Paschoal Carlos Magno, 121 – Santra Teresa - RJ. De quinta a terça, das 12h às 01h – fechado às quartas. wi-fi grátis para clientes. Espaço para eventos. facebook.com/rusticosantateresa Tel.: (21) 3497-3580 43 Café bar no coração de Santa Teresa Há cinco anos, no coração de Santa Teresa, próximo ao Largo do Guimarães, o Cafecito faz as delícias de turistas, moradores e cariocas. No cardápio, os premiados sanduí- ches no pão ciabatta encantam qualquer paladar, como o Wood & Stok, cogumelos paris, gouda e alface; e o famoso Miguelito, copa, gruyere e rúcula, bem quentinho servido com molho chimichurri. Até às 13h, são servidas cinco opções de cafés da manhã, com bebidas quentes, sucos, geleias caseiras. Truta defumada, mini tranças de mussarela defumada com orégano estão entre as porções, sempre acompanhadas de pão fresco. As sobremesas seguem o mesmo padrão, como por exemplo brownie com sorvete gourmet de banana com canela. Seja pelo atendimento calo roso e informal ou pelo clima de serenidade do lugar, quem conhece vira frequentador do Cafecito. Cafecito Rua Paschoal Carlos Magno, 121 – Santra Teresa - RJ. De quinta a terça, das 9h às 22h – fechado às quartas. www.cafecito.com.br Tel.: (21) 2221-9439 BOA PEDIDA Um ícone dos botecos em Santa Teresa 44 Para quem sobe as ladeiras de Santa Teresa para um passeio diurno por seus museus e centros culturais, ou para curtir uma noitada na agitação do bairro, o Bar do Mineiro é uma parada obrigatória. O mais tradicional boteco do bairro, frequentado por turistas de todo o mundo, é o point perfeito para tomar uma cerveja gelada (a ser escolhida entre uma grande variedade de rótulos), comer um petisco tipicamente carioca, ou uma refeição, que vai da famosa feijoada ao frango com quiabo, passando pela carne seca com abóbora e outras delícias com sotaque mineiro. Os sabores de minas também estão em outros pratos como o Leitão à Pururuca e Feijão Tropeiro com Pernil e Tutu com carré e couve. Entre os petiscos, destaque para os mini-pastéis de feijão e porção de linguicinha mineira, sempre bem acebolada. Já as sobremesas são bem caseiras, como Romeu e Julieta e outra opções de doce com queijo, como os de banana, de leite, ou de abóbora. A decoração é uma viagem entre Minas e Rio, com aquela alma de boteco e muitas fotos de artistas, além dos sempre admirados fantoches de cantores populares. A grande variedade de cachaças também é um atrativo para quem curte uma purinha de qualidade. Tudo isso com o atendimento simples e atencioso que faz você se sentir em casa. Quem já foi a Santa Teresa, conhece e aprova. Se você ainda não veio, está na hora de conhecer esse bairro encantador e seu melhor bar e restaurante! Bar do Mineiro Rua Paschoal Carlos Magno, 99 – Santa Tereza – Rio de Janeiro Tel.: 21 2221-9227 / 2508-8580 h aron gamal [email protected] “Talvez a gente só escreva sobre o que nunca existiu ” Livro de Verônica Stigger discute o caráter sempre em trânsito da cultura brasileira “Opisanie Swiata” (Cosac Naify, 157 páginas), que em polonês significa descrição do mundo, é quase um livro de viagens. Mas, ao acabar a leitura, percebemos que a volta ao Brasil empreendida pelo protagonista para uma breve visita ao filho, que ele não conhecia, é praticamente definitiva. Se há possibilidade de retorno à Polônia, ela é bastante remota. Começara a Segunda Guerra Mundial. O romance se inicia com uma carta de Natanael ao pai. Dentro do envelope vai também a passagem. O filho vive na Amazônia. Na carta, Natanael insiste para que o pai venha, pois deseja conhecê-lo. Revela que está doente, que não demore, não sabe se viverá até o dia de seu regresso. A medicina ainda não encontrou os meios de detectar a sua doença. Ainda dita ao pai algumas recomendações que deve observar durante a viagem, e diz que o espera ansiosamente. Daí em diante, podemos perceber as questões que o romance apresenta. A primeira delas é a saudade. Pois Opaka, o polonês, deixa sua cidade para trás, e o leitor começa a desconfiar de que ele dificilmente a verá de novo. Em segundo: por causa da guerra – e sem saber dela –, ele está prestes a se tornar um emigrante, um dos elementos fundadores da cultura brasileira. Em terceiro, ainda há outros sentimentos, como o amor e uma espécie de nostalgia, mas agora pelo filho que ele não conhece e pela precariedade da saúde dele. Para completar, num dos primeiros momentos da viagem, enquanto aguarda o trem que o levará ao porto, Opaka se depara com um personagem inusitado, homem divertido e atrapalhado, cheio de malas e bugigangas, alguém que vive viajando pelo mundo. Trata-se de Bopp, um brasileiro. Quando descobre que Opaka fala português e toma conhecimento do motivo de sua viagem, abre-se em sorrisos, faz mais um amigo e deseja acompanhá-lo no seu retorno ao Brasil, mais propriamente à Amazônia, onde Bopp diz já ter vivido. A narrativa, ao abordar esses dois personagens, apresenta tipos que a princípio seriam antagônicos, mas depois se percebe que um é quase o complemento do outro. Enquanto Opaka viaja a partir da Polônia, o brasileiro apresenta-se como alguém em constante trânsito, conhece ambas as Américas, a Ásia, e acaba de chegar de Vladivostok, na Rússia. O polonês deseja sossego para ler o jornal. Bopp fala constantemente e o atrapalha na leitura. Opaka já havia estado no região norte do Brasil nos primeiros anos do século XX. Bopp nessa época mal havia nascido. No final do romance, o leitor perceberá que a influência de Bopp perdurará sobre o seu taciturno e recente amigo polonês. Tanto na viagem de trem, como na de navio, ocorrem fatos que flertam com o fantástico. Isto talvez revele o objetivo da autora em reiterar que tudo é literatura. Tais momentos se concretizam com a chegada da italiana Priscila e o desaparecimento de sua aranha Maria Antonieta; depois, no navio, com o sádico batismo executado pelo comandante àqueles que ainda não haviam cruzado à linha do Equador; e no momento em que todos a bordo acenam a outro transatlântico, El Durazno, que navega continuamente proporcionando a seus passageiros uma vida fora do mundo, liberada de todos os preceitos e preconceitos morais (é a época da guerra, há de se 45 convir), é para ele que fogem as irmãs andaluzas Olivinhas. Na chegada à Amazônia, Opaka se vê diante de uma situação pungente. E sempre incentivado pelo amigo, resolve escrever “opisanie swiata”, isto é, a sua descrição do mundo. Na verdade é o brasileiro que revela a ele: “– Tome – disse Bopp, estendendo-lhe um caderninho preto. – É um presente. Serve para fazer anotações. Para que o senhor escreva o que passou. Ajuda a superar. E a não esquecer. A gente escreve para não esquecer. Ou para fingir que não esqueceu. Bopp se calou e, depois de um tempo, acrescentou: – Ou para inventar o que esqueceu. Talvez a gente só escreva sobre o que nunca existiu.” O swaldO miranda [email protected] Getúlio(s) 46 46 Fui ver o filme. Tony Ramos perfeito. Só trata do atentado da rua Tonelero. Eu estava lá, pois era da Última Hora, jornal criado por Samuel Wainer para servir a Getúlio, com dinheiro do Banco do Brasil, presidente Ricardo Jafet. Lacerda denunciou e partiu para violenta campanha que levou ao atentado com a morte do major Rubens Vaz, da sua entourage, em 5 de agosto de 1954, e em 24, ao suicídio de Getúlio. Moacir Werneck de Sá um dia escreveu que o Banco do Brasil foi ressarcido. Faltou a frase do presidente: “- Não sabia que aqui por baixo havia um mar de lama”. O tenente Gregório, seu serviçal, mais um tal de Climério e sua gang, fizeram o atentado. Tudo é mais do que sabido. Getúlio morto. Velório. A multidão saia do Palácio do Catete e se estendia pela Glória, Praça Paris, Flamengo... a perder-se de vista, seguindo e aumentando madrugada-manhã a dentro pela Av. Beira-Mar até o Santos Dumont. Eu e dois auxiliares num dos jipes, vendendo Última Hora, com a carta testamento. Todos queriam o jornal. Pagavam sem troco. Outro jipe levava o dinheiro para a Praça Onze e um terceiro ia para o T.Janer, que só fornecia as bobinas de papel com o dinheiro vivo. O jornal não tinha mais crédito. O Schmidt, chefe da rotativa, disse que a tiragem tinha passado de 900.000! O Guiness registraria isso como um recorde mundial? Passeios pelas ruas de Petró- polis nos verões, aplaudido pelo povo para o qual acenava. Às vezes eu o acompanhava no outro lado da calçada. Um dia a amiga Lalá o abordou pedindo emprego para seu marido, o Silvino Martins, irmão do Frank, que serviu na Secretaria de Comunicação Social num desses governos mais recentes. Outra vez, choveu. Uma família o convidou a ficar na varanda. De repente, um presidente da República em sua casa... Museu Imperial, a foto do momento em que ele assinava criando-o. Lá estão o autor do projeto, Alcino Sodré, meu professor no Liceu Fluminense, o prefeito Magalhães Bastos, eu, repórter atrás do Getúlio, e outras pessoas da cidade. Creio que sou o único vivo... Soldado do 1° B.C., dei guarda no Palácio Rio Negro, fosse lá no alto, na guarita do Morro do Cruzeiro, no portão principal. Aí, meu bem ensaiado e vigoroso ‘apresentar armas’, recebia o gentil cumprimento, com breve tirar do chapéu. Getúlio em reverência a mim, não... ao sentinela... Deposição em 20 de outubro de 1945. Eu dirigia a Tribuna de Petrópolis. Com Carneiro Malta e Oceano Menezes nos telefones, pude juntar os elementos para montar uma primeira página com todas as informações. Saia Getúlio e assumia José Linhares, presidente do STF. Na porta do jornal uma multidão tomando conhecimento do fato, o Amin Salomão vendendo Tribuna adoi- dado. Pedi ao Fragoso que rodasse mais depressa a máquina plana. Impossível, a bicha não tinha como acelerar o seu toc toc toc... Mas que foi recorde de tiragem, lá isso foi. Campanha eleitoral de 1950. Getúlio fez a base no Hotel das Paineiras. A reportagem ia todas as manhãs, campanha. Saídas pelos bairros, baixada, cidades vizinhas. A convivência com o tenente Gregório era um saco, cara metido a besta, autoritário, dono do presidente. Eu pela Vanguarda. Audiência no Palácio do Catete. Sindicato dos Jornalistas apresentando projeto pela casa própria da classe. Eu no grupo para engrossar. O presidente era Luiz Guimarães, e o do IAPC, Henrique de La Rocque. Getúlio aprovou. Jamais teria casa própria. É onde moro desde 1956, no Leblon, hoje o bairro mais valorizado da cidade. Já no nome do meu grande filho, José Luiz. 3 de abril de 1933, Getúlio a caminho do verão em Petrópolis, na serra, altura do 3° viaduto, em meio a vasto temporal, pedra de algumas toneladas rola da montanha, caindo exatamente sobre o carro, matando o ajudante de ordens e fraturando as pernas do presidente e de sua esposa, Dona Darcy. Socorridos, foram levados para o Hospital São José para o devido atendimento médico. O incrível acidente, claro, ganhou intensa repercussão, mas o próprio Getúlio escreveria um bilhete, no hospital, dirimindo as dúvidas sobre atentado, e afirmando ter sido apenas um acidente. Duas ou três vezes estive nos jardins do São José, em meio à intensa movimentação fazendo anotações para o semanário Pequena Ilustração. No programa Flávio Cavalcanti, fiz um Repórter da História, com o ator Armando Nascimento no personagem Getúlio. No Show sem limite, de J. Silvestre, tudo na TV Tupi, preparei um garoto, o José Pinagé, com apostilas para responder sobre ele. Gratidão. Mais espaço houvesse, mais poderia contar sobre estas minhas passagens pela vida do nosso maior estadista, Getúlio Vargas. Saí do cinema inspirado em contar um pouco mais sobre o que vi no filme. É o que está aqui, nesta modesta relembrança... G ISELA GOLD [email protected] Sem cheiro COPA – Ancelmo Gois: “O gol peixinho-voador do holandês, Van Persie contra a Espanha merece uma pintura de Rembrandt van Rijn.” Sim, para ser eternizado, como a obra do famoso pintor, seu compatriota. Futebol também não é arte? COPA – Datena, na Band: “- Se o Brasil for campeão eu sairei na rua de cueca.” Sunga ou samba-canção, querido? COPA – Hinos. Jogadores. Uns cantam, outros fingem, outros não cantam. Bósnia e Herzegovina achou a solução. Seu hino não tem letra, é só música. Ninguém precisa ficar fazendo careta diante da câmera. É isso... COPA – André Luiz, no jornal Hoje, em Lisboa, ao lado de uma torcida entusiasmada, pouco antes do jogo com a Alemanha. Mostrando a manchete de um jornal: “Este ano vai ser o ano de Portugal...” COPA - Galvão Bueno em Brasil x Camarões: “- Daqui a pouco, Pé na cova...” SBT – Jornal – Enchentes arrasando Paraná e Santa Catarina. Desolação total. Imagens de casas com água pelo telhado, carros atolados nas ruas, gente se safando em barcos! Mas um tatu-bola, quase se afogando nas ondas das águas em fúria, lutou, lutou e conseguiu se salvar, agarrado em pedaços de madeira. Ponto para o Fuleco, símbolo esquecido da Copa! COPA – Barriga! Colunista dos melhores do país – O Globo e Folha de S.Paulo, Mário Sérgio Conti, sentou-se no avião ao lado de alguém que ele julgou ser o Felipão, quando era apenas um sósia do técnico, o aposentado Wladimir Palomo. Conversaram. Conti chegou a convidá-lo para seu programa na Globo News. Fez um texto que ficou no site do s jornais por uma hora, sendo logo retirado, face à impossibilidade do fato ter ocorrido, já que Felipão estava em Fortaleza. Veio a gozação, claro. Fosse um Joca... Mais: o onbusdman da Folha sentou o pau no jornalão. Prefiro o velho: ‘Errar é humano....’ COPA – Pelé: - Eu arriscaria o Chile... COPA - 1ª página do Globo com imensa foto: o obelisco da 9 de Julio, no centro de Buenos Aires, todo iluminado verde e amarelo. Bela homenagem dos hermanos! Josué já não acordou com o cheiro de alho frito. Dona Feliciana começava a lavar feijão cedo. Comida tem o tempo dela pra pegar no tempero. Esses truques de quinze minutos nem pra sanduiche de mortadela. Toda sexta podia. Josué era vizinho de porta de Dona Feliciana faz mais de ano. O feijão ela fazia com adianto e quantidade. Deixava uns potinhos pro moço, depois que avistou sua geladeira. Homem solteiro é carma na sua vida. Em todo andar que morou, tinha um solitário para lhe dar bom dia. Quando fazia feira também trazia alguma coisa pra ele. Mas hoje o cheiro de alho frito não veio. O de couve puxando na cebola muito menos. Quiçá o pão de ló que estalava do forno de três décadas da vizinha. Logo ele que contava tintin por tintin de sua vida pelos cheiros. Mar era infância nunca adormecida. Bem diferente da secretária do setor que fedia a maresia. Esquecia de comprar açúcar, mas o sabonete com cheiro de madeira não podia faltar. Coisa de vó que conservou o frescor e a beleza até o último adeus. Apostava na bolsa há anos e sempre na hora da dúvida, usava o faro. Sem contar na alma. Mantinha no bolso da calça caderno com anotações das mulheres inesquecíveis pelo cheiro. Nome? Depois. Primeiro o que as vestia no pulso, na nuca, no vento. De onde tirou esse jeito não sabia. Mas o que faria sem o faro? Era como andar descalço, vendado. Nunca tentou conhecer o mundo pelos olhos, gosto, tato, voz. Sem nada entender, desceu para começar o dia. Passou na padaria e não sentiu cheiro de pão fresco que começava na esquina. Seu Nésio, mendigo das antigas do quarteirão, que ele costumava evitar pela insuportável murrinha, não lhe atrapalhava mais. Olhou com bons olhos, olhos novos e até pagou um sanduiche de queijo. Ao entrar na sala de reunião, notou o traje de Estela, a até então temida maresia na pele de secretária. Estela sempre usara vestidos muito interessantes, mas o faro nunca o deixara notar o jardim. Pra não dizer que não falei de flores, o perfume de rosas de Eduarda já não mais o movia. Eduarda não dava bolero, mas deixou Josué a ver navios durante bons cinco anos. Afogou as mágoas em outras fragrâncias, mas o olfato não o deixava escapar da jovem senhora do perfume de flores a quem os floreios no máximo lhe deram reconhecimento de gentileza. Não mais se perderia nas rosas. A desmedida obsessão abriu espaço para finalmente notar os coqueiros que sempre enfeitaram sua alameda. Um vazio no peito. Uma falta de jeito conhecido 47 T AMAS [email protected] Instante fugaz Pensamentos pró fundos Poeta convidado Quando a lua brilha o céu clareia o lobo uiva o mar prateia. – Derramei o pensar sobre o querer e fiquei querendo não pensar. Neide Barros Quando a lua brilha o desejo urge a estrela some o amor ressurge. Quando a lua brilha a palavra trava o poeta para o coração dispara. Enquanto a lua brilha o rancor dos idiotas rabisca os céus. – Semente vira fruto, fruto vira semente. O mundo vira voltas, redondo não tem frente. Pé de goiaba As três goiabeiras de cheiro tão bom esticam seus galhos são dedos da mão! Subimos que rimos nos galhos, que finos pingando de outono goiabas ao chão. – Meu monstro é meu. Meu anjo sou eu. – Contra-ir. – Vi uma luz no início do túnel. Era uma estrela guia. 48 48 Que gordos recheios partimos ao meio as brancas, que tantas vermelhas então! As bocas se abrindo... Tem bicho? Tem não? São três goiabeiras na palma da mão. Publieditorial Seminário aberto ao público alerta sobre riscos do fracking ao meio ambiente Será aberto à participação de todos os interessados o Seminário Territórios Fraturados: a expansão do fracking e do “gás de xisto” na América Latina. O evento acontece na terça-feira, 29 de julho, às 18h30, no auditório do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ). Endereço: Avenida Passos, 34 (auditório), próximo à praça Tiradentes, no Rio. Iniciativas como essa tem por objetivo informar à população sobre os prejuízos irreversíveis do fracking ao meio ambiente e compartilhar experiências entre ativistas que já têm algum acúmulo nesse debate. A realização é da Campanha Por um Brasil Livre de Fracking (Ascema Nacional e Asibama/RJ), Fórum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica das Cercanias da Baía de Guanabara (Fapp-BG), Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e Observatorio Petroleo Sur (Argentina). Estão confirmados como debatedores Antônio Terra (Campanha por Um Brasil Livre de Fracking – ASIBAMA/RJ); Diana López (Observatorio Petroleo Sur); Bianca Diele (FAPP- -BG) e um representante da Campanha Todo o Petróleo Tem que Ser Nosso. O “gás de xisto” na América Latina”. a lexandre brandão | no osso [email protected] O ônibus O ônibus está associado a algumas mazelas da cidade: o caos no trânsito, em parte por conta da indisciplina de motoristas, que têm de cumprir metas estabelecidas por seus patrões; o desconforto, evidente quando se sabe que a frota é quase toda sem ar-condicionado, numa cidade-inferno como a que vivemos; a suposta relação escusa entre os empresários que desfrutam da concessão de um serviço público e as autoridades. Apesar dos pesares, nem tudo é contratempo na vida dos que fazem uso das não sei quantas linhas que servem ao Rio e às cidades adjacentes. Logo de manhã, com o ônibus em movimento, algumas moças tiram da bolsa o batom, o lápis e o espelhinho e, com eles, terminam de se arrumar. Acordaram tarde, ou perderam tempo com o jornal ou com o filho ou com as orientações passadas à diarista, à babá, quem sabe à pessoa com quem dividem a vida e que pode dormir até mais tarde. Seja por que motivo for, fazem do banco duro do ônibus uma extensão da própria casa e expõem, leves e soltas, um dedo de sua intimidade. Não é só a habilidade de passarem, enquanto o ônibus avança, nem sempre vagarosamente, o lápis no contorno dos olhos que chama a atenção, mas também o fato de adivinharem os solavancos — a freada brusca, a mudança repentina de faixa, qualquer outro — e, de, com isso, manterem longe dos olhos o lápis cuja ponta pode até cegar. No trajeto de ida e volta entre a Baixada e Botafogo, há pelo menos vinte e cinco anos, e sempre de ônibus, Solange gasta, no barato, um quarto do seu dia — isso apesar do mais ou menos recente bilhete único, um avanço para o passageiro ao reduzir o custo e, em menor grau, o tempo de viagem. Quando há algum acidente, uma chuva daquelas, uma batida policial nas favelas (sempre nas favelas) que estão no caminho — e são muitas —, as três horas para chegar a Botafogo e as outras três para voltar à Baixada podem se transformar em quatro, em cinco, em horas sem fim. Tudo isso, vale registrar, num ônibus sem ar-condicionado e, na maioria das vezes, cheio ou mesmo lotado. Mesmo ultrajada, a turma que viaja rotineiramente no mesmo horário (madrugada ainda quando saem da Baixada) promove festas dentro do ônibus: o amigo oculto no Natal, um bolo no dia do amigo, salgadinhos nos aniversários. Nos últimos anos, houve uma pequena renovação na frota do Rio de Janeiro. Os mais novos – minoritários — são rebaixados, ou seja, é mais fácil entrar neles, um alívio principalmente para os mais velhos. Mas, sabemos todos, a cidade responde sempre do mesmo jeito a qualquer chuvisco mais encorpado: as ruas ficam repletas de poças d’água, quando não inundadas. E o que acontece com os novos ônibus? Seus corredores, tomados pela água que adentra pela porta, viram uma piscina indesejada. Certa vez, não sei o que havia de (mais) errado naquele ônibus específico em que eu andava, a água da chuva esguichou nos passageiros próximos ao trocador. Muitos saímos molhados dos pés à cabeça. Tanto em trajetos pequenos (toleráveis) quanto em grandes (insuportáveis), os ônibus desrespeitam seus usuários. Se o prefeito, corretamente, quer que as pessoas deixem seus carros em casa e se movimentem pela cidade de ônibus (falar em metrô é brincadeira, dado o alcance limitado das linhas cariocas; e falar de trem é pisar em ovos mais frágeis ainda), ele que trate de promover mudanças rápidas, caso contrário, vai ficar querendo, e o trânsito no Rio se tornará cada dia mais um caos. Um caos violento. Pensei que a luta pelo não aumento de vinte centavos fosse o início das transformações necessárias e urgentes nas condições da frota e, em consequência, no trânsito do Rio e em seu entorno. Qual nada. Mudanças na estrutura viária da cidade têm causado um transtorno terrível — que, se espera, não se prolongará por muito tempo. Os ônibus não mudaram nada, nadinha. E as passagens subiram vinte e cinco centavos. 49 D ISTRIBUIÇÃO www.folhacarioca.com.br Fundadora Regina Luz Conselho Editorial Paulo Wagner Lilibeth Cardozo Vlad Calado Arquimedes Celestino Fred Pacífico (MTbE-26424/RJ) Reportagem Fred Pacífico e Juliana Alves Design e Criação www.Ideiatrip.com.br Projeto gráfico Vlad Calado Capa Fotos de Arthur Moura e Bruno Dias Diagramação e Ilustração Carlos Pereira, Luiz Perdomo, Yuri Bigio Fotografia Arthur Moura, Bruno Dias e Fred Pacífico 50 Revisão Marilza Bigio e Carmen Pimentel Colaboradores Arlanza Crespo, Lilibeth Cardozo, Iaci Malta, Mauro Giorgi, Zela, Turiba, Garimpo Cultural, Haron Gamal, Oswaldo Miranda, Gisela Gold, Tamas, Alexandre Brandão Mídias Sociais Juliana Alves DISTRIBUIÇÃO GRATUITA E ESTRATÉGICA • Condomínios residenciais: diretamente na mão de moradores em prédios da Gávea, Leblon, Ipanema e Copacabana. • Pontos fixos: displays em centros culturais, teatros, cafés, galerias, shoppings, comércio etc. Distribuição Gratuita e estratégica Publicidade Verônica Lima e Solange Santos (21) 2253-3879 [email protected] Uma publicação: • Ações: distribuição em espaços públicos com equipe de promotores uniformizados, sempre em locais estratégicos (praias, feiras, eventos). • Mailing: formadores de opinião, entidades governamentais e da sociedade civil, empresários, agências e órgãos de imprensa. 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