Cooperação entre

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Cooperação entre
ANO 1 - Nº 11 • Edição Mensal - Março/2014 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Cooperação entre
gente que se entende
•
Distribuição gratuita. Venda Proibida.
Tentei resolver
amigavelmente
Dra. Júlia Cavalazzi,
Promotora da
Vara da Infância
e Adolescência,
em entrevista
esclarecedora
Pág. 3
Patrimônio:
Conheça o nosso 3R90
Colunas de comunidade:
Descubra o “borrachudo”
do Rio do Meio
Homenagem a Jean Yves Griot, pela contribuição
dele ao surgimento da Acolhida e da Agreco Pág. 6
Esporte Total:
Retomada
Pág. 12
Pág. 26
Pág. 27
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Reportagem ESPECIAL
Mariza Vandresen
Um conselho, muitas advertências
O Conselho Tutelar de Santa Rosa de Lima é o principal órgão encarregado pela sociedade brasileira de zelar pelo cumprimento
dos direitos da criança e do adolescente em nosso município.
Só em 2013, foram mais de quarenta os casos em que o órgão foi acionado. Espanta, para a realidade aparentemente tranquila
do município, uma dezena de denúncias de casos de violência sexual. “E pode haver mais”, afirmam alguns conselheiros.
Desde julho do ano passado, esse órgão esteve no centro de diversas tratativas administrativas, políticas e legais. Elas giraram
em torno das limitações de infraestrutura, da falta de valorização profissional dos conselheiros e, também, da falsa ideia que administradores municipais, pais, professores e pessoas em geral têm sobre o Conselho Tutelar (leia página 4).
Como é fundamental que não exista qualquer impedimento objetivo para que esse importante órgão da sociedade efetive um
atendimento adequado à população infanto-juvenil santarosalimense, o Canal SRL procurou apurar os fatos e as versões existentes
no município, sempre procurando informar com qualidade e profundidade e, com isso, esclarecer seus leitores.
Um conselho sem tutela
Antes de 1990, a sociedade brasileira
era mera espectadora passiva da solução
dos problemas relacionados à violação de
direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Os “Juízes de Menores” centralizavam totalmente esse tipo de decisão.
A partir da Constituição de 1988 e da
Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), a sociedade passou a assumir um papel decisivo na solução desses
problemas. Esse novo marco legal exigiu a
instalação, em todos os municípios brasileiros, de ao menos um Conselho Tutelar,
sempre como um órgão permanente e
autônomo.
A lei federal determina também que
exista entre o Conselho Tutelar e a administração pública municipal mera vinculação administrativa, na medida em
que o município está obrigado a destinar
recursos orçamentários suficientes para
garantir o adequado funcionamento desse órgão. Tal garantia não pode significar
quebra da autonomia e/ou da independência do Conselho Tutelar.
O caso recente da prisão do prefeito,
de secretários e de funcionários da prefeitura de Coari, no Amazonas, por envolvimento em uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, que era
comandada pelo próprio chefe do executivo municipal, ilustra como a autonomia
funcional e a independência são indispensáveis para que o Conselho Tutelar possa
cumprir sua função.
É bom que os munícipes e os dirigentes municipais compreendam que essas
condições se estendem aos conselheiros
tutelares, que não podem ser considerados ou tratados como simples ocupantes
de um “cargo público” qualquer. Antes de
tudo, porém, os próprios conselheiros
escolhidos pela sociedade necessitam entender isso muito bem.
O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa muito claro que os conselheiros
tutelares não “ganham” seus cargos e que
condições de trabalho adequadas não são
“favor” de nenhum ocupante do executivo.
Por isso, não tem sentido algum agradecer por melhorias nessas condições. Da
mesma forma, a atuação dos conselheiros tutelares não pode ser comprometida
pela aceitação de pressões de políticos ou
por sentimentos de dívida ou de subordinação em relação a prefeituras ou a seus
ocupantes temporários.
A sede
O Conselho Tutelar de Santa Rosa de
Lima ocupa parte de uma antiga casa residencial localizada “na praça”. Na outra parte, funciona a Biblioteca Municipal. Para os
atuais conselheiros tutelares, essa divisão
do espaço não atrapalha a privacidade
nos atendimentos. Da mesma forma, o
fato de o imóvel ter apenas um banheiro
não é considerado por eles prejudicial ao
rendimento dos trabalhos. A localização
agrada a todos: fica próximo à Unidade de
Saúde, ao Centro de Assistência Social, à
Delegacia, às escolas, ao correio.
Conselheiros reivindicaram, sim, que
a sede tivesse pelo menos um banheiro
masculino e outro feminino, assim como
um aparelho de ar condicionado. No momento, contudo, constatam e valorizam
outras melhorias.
“Carências de todas as ordens”
Depois de frequentes reivindicações à
prefeitura e de muita “enrolação”, que resultou, inclusive, em uma intervenção da
Promotoria de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (leia a entrevista com
a Promotora Júlia Vendhausen Cavalazzi),
finalmente os pedidos relativos às condições de trabalho começaram a ser atendidos.
A promotora da Infância e Adolescência relata que eram carências de todas as
ordens: de mobiliário, computador e outros equimentos de informática (inclusive
problemas de acesso à internet), carro e,
até, um simples arquivo com chave ou um
aparelho celular. A falta deste último equipamento gerou preocupação no Ministério Público: “[Os conselheiros] não tinham
um aparelho celular para utilizar no sistema de plantão. No caso de emergência,
eles estavam usando seus próprios aparelhos. Isso, além de comprometer a segurança deles, vincula a função à pessoa, o
que não é recomendado”.
Kit federal
Na sala do Conselho Tutelar pode-se
ver que, mesmo não sendo completas, as
mudanças são consideráveis. Em um canto, estão cinco computadores novinhos e
encaixotados, uma impressora, um bebedouro e uma geladeira. Todos fazem parte de um Kit recentemente encaminhado
pela Secretaria dos Direitos Humanos da
Presidência da República do Governo Federal. Trata-se de um esforço do governo
Dilma Rousseff para a devida estruturação
Coselheiros concedem entrevista ao Canal SRL na sede do CT.
dos conselhos tutelares em todo o país.
Além dos equipamentos citados, há também um carro zero quilometro para uso
exclusivo neste tipo de ação.
Complementos
A prefeitura municipal, através da Secretaria de Saúde e Assistência Social,
buscou complementar o que faltava para
atender às condições mínimas para o bom
funcionamento e que eram exigidas pela
Promotoria de Justiça. Adquiriu cadeiras,
mesas, um arquivo com chave e um aparelho celular para o plantão. Na primeira
quinzena de fevereiro, a administração
equipou a sede do Conselho Tutelar com
antena própria e sinal 24 horas para internet. Os conselheiros tutelares afirmam
que ainda falta uma máquina fotográfica.
Esse aparelho não teria sido comprado
pela prefeitura porque ela esperava que
fizesse parte do Kit recebido do Governo
Federal.
Um é pouco, dois é bom...
Perguntados se um aparelho celular
supria as necessidades, os conselheiros
se consideraram relativamente atendidos:
“Um telefone foi uma grande conquista.
Mas como a gente fica em sobreaviso em
dois [conselheiros], com dois [celulares]
seria melhor. Cinco, então, o paraíso”.
Computadores, só falta ligar
Dos cinco computadores que chegaram apenas dois serão usados pelo Conselho Tutelar. Para os restantes, está sendo
buscado o procedimento adequado para
um termo de empréstimo ou doação. Não
há, entretanto, uma previsão clara para a
instalação de todos os equipamentos. “A
secretária de assistência social esteve aqui
e disse que por enquanto não é pra gente instalar nada. Eles [da administração]
estão aguardando a chegada do carro,
quando deve ter uma entrega oficial. A
partir daí, estará liberado para instalar”.
Na rede
Outro problema que vinha se arrastando há tempos era o da ligação à Internet.
Para que o Conselho Tutelar tivesse acesso à rede era necessário ligar um aparelho
no Centro Educacional (Núcleo). Nos períodos das férias e recessos escolares, o
acesso ficava muito difícil, pois dependia
de um funcionário da educação passar no
Núcleo e ativar a conexão. Um conselheiro
descreve: “Nas férias escolares passadas,
ficamos quase o período inteiro sem internet. Nas deste ano, foi mais tranquilo.
O Loreni [diretor do Centro Educacional]
sempre ligava pra gente. Com algumas exceções...”.
Limpeza
Outro compromisso do poder público municipal é disponibilizar uma pessoa
para a realização da limpeza no espaço
ocupado pelo Conselho Tutelar. “No ano
passado, uma pessoa vinha todas as segundas. Neste ano, ainda não sabemos
como vai ficar a escala. Só depois das férias. Mas a gente tem [quem limpe]”.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Os carros
Especificamente em relação ao carro
que era utilizado pelo Conselho Tutelar e
que foi leiloado pela prefeitura, a Promotora Júlia Cavalazzi fez questão de esclarecer que, juridicamente falando, o veículo
pertencia ao município. Mesmo doado via
Fundo da Infância e do Adolescente, ele
foi registrado no nome da municipalidade e não no do CMDCA. “Então, o que o
município fez foi leiloar aquele carro, mas
disponibilizou outro que, aparentemente,
não reunia as melhores condições. Mas,
satisfazia uma necessidade temporária”.
Depoimentos de conselheiros dão
conta de que, quando chegou, o carro
substituto “não estava em boas condições”: “Se fossem viagens longas, a orientação era para a gente agendar outro
carro, que alguém da secretaria de saúde
nos levaria”. Questionados se isso implicou em deixar de prestar algum atendimento, percebeu-se uma contradição
entre conselheiros. Enquanto um foi taxativo: “Não! Não deixamos de atender”. Outro interrompeu para considerar: “Como o
veículo estava naquela situação, algumas
visitas foram, sim, agendadas para outra
semana.
Ninguém queria sair com aquele carro.
Não deixamos de atender, mas as visitas
foram adiadas. Depois, o carro foi levado
pra arrumar e o trouxeram de volta”.
No que se refere à ação do Ministério
Público, como as exigências apresentadas
por ele foram consideradas parcialmente
atendidas e como o município comprovou que a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos do Governo Federal já havia
feito a aquisição do automóvel e a entrega
estava prevista para o início deste ano, a
Promotora decidiu arquivar o “procedimento”.
Entrevista
Novo carro para o CT está exposto próximo a prefeitura.
Escapou de multa
A comprovação e a garantia da chegada do Kit do Governo Federal e a aquisição de complementos pela municipalidade salvaram os cofres públicos de Santa
Rosa de Lima de uma multa diária de R$
500,00.
No compasso de espera
A principal responsável pelo cumprimento do que determinam as leis federais em relação
ao Conselho Tutelar de Santa Rosa de Lima é a Dra. Júlia Vendhausen Cavalazzi, Promotora
da Vara da Infância e Adolescência da Comarca de Braço do Norte. No dia 20 de fevereiro,
atendendo a um pedido da reportagem, a defensora pública falou ao Canal SRL.
Canal SRL: Qual a atuação da Promotoria da Justiça
nas questões que envolvem
o Conselho Tutelar e o município de Santa Rosa de Lima?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Nós tínhamos aqui na Promotoria dois procedimentos distintos. Um ponto era
justamente para adequar a
legislação municipal às novas disposições do Estatuto
da Criança e do Adolescente. Trata-se de alterar a lei
que versa sobre a política
de atendimento da criança
e do adolescente no ponto
em que trata da eleição e da
remuneração dos conselheiros.
O segundo ponto foi que
recebemos uma denúncia
pela própria presidente do
Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA) de Santa Rosa de Lima da falta de
estrutura, de infraestrutura,
para os conselheiros trabalhar. No ofício, ela noticiou
– e comprovou – as inúmeras vezes em que ela tinha
provocado a administração
pública municipal para que
providenciasse as melhorias.
Canal SRL: Quando foi
isso?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Isso foi em julho de 2013.
Diante da notícia, nós instauramos um procedimento
e oficiamos a administração
pública municipal para que
prestasse informações a respeito [da denúncia].
A primeira resposta que
nós recebemos foi de que
estava tudo sendo providenciado. O próprio ofício
da presidente do CMDCA
dizia que, de fato, ela estava
acompanhando, fiscalizando
e as providências estavam
sendo tomadas.
Dra. Júlia, Promotora da Vara da Infância e Adolescência dá detalhes sobre o caso do CT.
Canal SRL: E como o MP
acompanhou o cumprimento das solicitações? Elas foram atendidas?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Passados mais alguns meses, oficiamos novamente e
algumas coisas tinham sido
resolvidas. O Conselho Tutelar não tinha uma pessoa
para fazer a limpeza da sede
e isso havia sido providenciado. Assim como algumas
outras coisas. Mas faltavam
alguns mobiliários importantes para que eles trabalhassem. Eles não tinham, por
exemplo, um arquivo com
chave, para guardar os relatórios dos casos que eles
atendem e têm obrigação,
por dever de oficio, de manter em segredo. Se ficassem
relatórios como esse à disposição de quem passasse
por ali, quem poderia ser
responsabilizado eram os
próprios conselheiros.
Canal SRL: E como chegaram à solução destes problemas?
Dra. Júlia Cavalazzi: A
gente tentou resolver tudo
isso amigavelmente. Diante
da impossibilidade, no início
deste ano, eu fui procurada
pelo conselho para renovar
estes pleitos. Aí, nós realizamos uma primeira reunião
com a prefeita, com o procurador do município, os
conselheiros, a presidente
do CMDCA e também com a
secretária municipal de Saúde e Assistência Social. Lá,
houve um compromisso: dali
a duas semanas, nós firmaríamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Esse termo funciona como
um acordo firmado entre o
Ministério Público e a administração [municipal], para
que num prazo razoável todas as providências sejam
tomadas.
Canal SRL: E duas semanas depois?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Marquei a reunião para, salvo engano, dia 10 de fevereiro. No dia nove, na véspera,
o município me comprovou a
aquisição de vários daqueles
itens faltantes. Mas faltavam
outros, que não tinham sido
providenciados. Em especial,
o arquivo.
Canal SRL: Foi trabalhoso conseguir que eles cumprissem todos os requisitos.
Qual foi a posição do Ministério Público diante de tanta
falta de cuidado?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Marcamos mais uma reunião. Desta vez, também
com a presença do presidente da Câmara de Vereadores.
Lá eu disse: se isso não for
resolvido até o dia 17 [de fevereiro], eu vou entrar com
uma ação. Causa-me espanto eu ter que entrar com
uma ação para aquisição
de um arquivo que, segundo eles próprios noticiaram,
custa 280 reais. Chega a ser
jocoso fazer isso. Movimentar a máquina da justiça seria
mais caro do que o próprio
arquivo, o que é um contrassenso.
Canal SRL: E no final?
Dra. Júlia Cavalazzi:
Então, tudo foi providenciado e a parte da estrutura
do Conselho Tutelar, dentro
daquilo que os conselheiros
noticiaram que havia falta, foi
resolvido.
Canal SRL: E o primeiro
ponto? Sobre a adequação
na legislação que trata da
política da criança e do adolescente, o que precisa ser
feito?
segue
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Executivo e Legislativo estadual e federal.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
segue
Reportagem ESPECIAL
Dra. Júlia Cavalazzi: O Estatuto
da Criança e do Adolescente estabeleceu que os conselheiros tutelares são
servidores públicos municipais e devem
ter os mesmos direitos que os servidores públicos municipais de carreira. Não
estavam previstos também [na lei municipal] a totalidade dos direitos. Isso nós
queremos garantir: que a lei municipal
esteja adequada àquilo que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Canal SRL: O projeto de lei estava na
Câmara desde o dia quatro de fevereiro.
Foi para as comissões. Foi retirado das
comissões...
Dra. Júlia Cavalazzi: O ponto de
discórdia entre o Ministério Público e a
administração pública municipal foi justamente a remuneração dos conselheiros. O que o Ministério Público pretende
é que a remuneração dos conselheiros
seja equiparada à remuneração do servidor público municipal que tem o mesmo
nível de escolaridade. Se para ser conselheiro é preciso ter nível médio completo,
nada mais justo que sua remuneração
seja a de nível médio completo atribuída
ao servidor público municipal. E o que a
administração fez foi equipará-la àquela
de nível fundamental.
Canal SRL: Por isso ele foi retirado
das comissões?
Dra. Júlia Cavalazzi: Diante da verificação de que o projeto tinha esta incongruência, eu expedi uma recomendação,
tanto ao presidente da Câmara, quanto
à prefeita para que retirassem o projeto
de lei de pauta e revissem este ponto.
No dia 18, com a cópia do protocolo, eles
me comprovaram que isso foi feito e que
o projeto de lei voltou para a chefia do
executivo para adequar esta situação. E
agora nós estamos no aguardo.
Canal SRL: Mas existia um prazo
para o cumprimento destas exigências,
que era o dia dezessete de fevereiro.
Dra. Júlia Cavalazzi: Eu estendi o
prazo. Porque eu recomendei a retirada. A partir da comprovação da retirada,
eu dei dez dias para que eles reformulassem o projeto e o reapresentassem.
Muito embora eu tenha determinado
que eles digam, formalmente, se acataram ou não a minha recomendação, o
município não fez isso. Ele se omitiu. Ele
não disse nem que acatou, nem que não
acatou. Como eu tive comprovado que,
no dia 18, o projeto foi retirado de pauta,
justamente para a adequação, eu entendo que a argumentação foi acatada. E,
agora, estamos no compasso de espera.
O término do novo prazo é 28 de março.
Na Câmara
O vereador Salésio Wiemes (PT) comentou o projeto de lei na sessão do dia
17 de fevereiro. Ele advertiu ao presidente da casa, Ivo Vandresen (PMDB) que,
seguindo o regimento, como o projeto
está sob análise das comissões, depois da
retirada deve retornar para as comissões
onde estava. E completou: “Nós assumimos o compromisso de que na próxima
semana nós o entregaremos com os pareceres, mas o tramite legal deve ser esse.
O projeto vem em regime de urgência,
mas ele deve voltar às comissões”. O presidente confirmou, então, que o projeto
voltaria para as comissões, mas pediu os
pareceres antes da sessão seguinte. “Pelo
prazo que nós temos da Promotoria. Acho
que já é do conhecimento de vocês. Se
nós não o protocolarmos, vamos pagar
uma multa de 500 reais por dia. Então,
é por isso. Porque ele vai vir com ordem
da justiça”, discursou Vandresen. Em seguida, o vereador Salésio usou a tribuna
para relembrar quando o projeto entrou
pela primeira vez naquela casa legislativa:
“Em 2012, bem no final do ano, veio uma
solicitação do Ministério Público, que, inclusive, estipulava um prazo para que a
Câmara tomasse providências para atender a nova legislação nacional e também
algumas solicitações regulamentando o
funcionamento do Conselho Tutelar. Naquela mesma época, chegaram projetos
muito polêmicos à Câmara e o presidente
solicitou ao Ministério Público um novo
prazo. No início de 2013, essa documentação ficou comigo e eu a protocolei aqui na
casa. Deixei-a com o presidente da época.
Só que, durante todo o ano, não foi feita
nenhuma discussão, não entrou na pauta.
E, agora, tem que ser feito tudo meio às
pressas. A gente poderia ter um tempo a
mais para discussão com os próprios conselheiros, com o CMDCA, porque interessa muito a eles também”. O presidente da
Câmara preferiu encerrar o assunto: “Só
esse ano, já foram duas audiências com a
promotora, justamente sobre o conselho
[tutelar]. E chegou num prazo em que ela
não abriu mais mão. Chegou uma hora
em que tem que dar um basta!”.
Conselho tutelar e educadores;
uma indispensável aproximação
A convite do CT, Dra. Júlia fez palestra para cerca de 60 profissionais da educação.
Uma das maiores dificuldades apontadas pelo Conselho
Tutelar para efetivar o zelo às
crianças e aos adolescentes
de Santa Rosa de Lima é a falta
de conhecimento que as pessoas têm sobre o verdadeiro
papel deste órgão. Segundo
os conselheiros, este cenário
se estende aos profissionais
que atuam nas redes públicas
de ensino municipal e estadual. Para atenuar esta dificuldade, no dia seis de fevereiro, a
convite do Conselho Tutelar, a
Promotora da Vara da Infância
e Adolescência do Ministério
Público – Comarca de Braço
do Norte, Dra. Júlia Vendhausen Cavalazzi, proferiu uma palestra para cerca de sessenta
professores e profissionais que
atuam na educação no município.
Medo do suposto bicho de
sete cabeças
A conselheira Cleimar Schmidt, em nome dos colegas de
trabalho, resumiu as origens
das dificuldades para a realização de um trabalho conjunto
com as escolas e da ideia da
palestra: “O pessoal tem muito medo do conselho tutelar.
Existe uma barreira. Eles veem
o conselho como um bicho de
sete cabeças. Levamos estas
questões para a promotora e
ela se disponibilizou a vir aqui
e falar sobre isso. Sobre como
trabalhar escola e conselho. Explicar em que situações os educadores devem nos procurar.
Deixar claro que eles podem
e devem fazer uma denúncia
anônima. Que é um dever e
que eles não irão se comprometer. E esse era um medo dos
educadores: de se envolver, de
se comprometer com os pais,
com o Ministério Público”.
“Alguém de fora, que tenha
proximidade com a criança
e que consiga ver”
Para a Promotora Júlia Cavalazzi, sua vinda a Santa Rosa
de Lima foi muito produtiva.
Ela destaca a importância de
falar para os profissionais que
trabalham com a educação: “É
preciso incentivar os professores a acionarem mais o conselho tutelar. Os conselheiros
me relataram que esta ponte
entre professores e o conselho tutelar não estava acontecendo aqui em Santa Rosa de
Lima. Várias vezes, a situação
de risco que uma criança ou
adolescente se encontra pode
ser vista mais de perto pelo
professor. É ele que vê a criança chegando com marcas de
agressão, que identifica se a
criança está sendo objeto de
negligência pelos pais, se tem
um machucado, tem mal cheiro. Ele pode diagnosticar mudanças de comportamento em
uma criança que está sendo
vítima de abuso sexual. É o profissional que mais pode fazer
isso. Cerca de 80% dos casos
de abuso sexual ocorrem dentro do ambiente familiar. Então,
tem que ter alguém de fora,
que tenha proximidade com a
criança e que consiga ver. Também queremos que as pessoas
entendam que o Conselho Tutelar não é um bicho papão. Na
verdade, é um aliado na defesa dos direitos da criança e do
adolescente”.
Mais segura
A visão que a professora
Salete Stuepp Westphal tinha
em relação ao conselho tutelar
mudou bastante, depois das
explanações da promotora.
Ela passou a perceber que já
vivenciou atitudes e comportamentos em sala de aula e que
por falta de conhecimento não
tomou decisões. “Eu tinha pouco esclarecimento. Faltava interpretar os direitos e deveres,
tanto da criança e adolescente,
como de professores em sala
de aula. Foi um esclarecimento
muito bom. Isso dá mais segurança em relação ao trabalho
do professor. Depois desta
palestra me sinto bem mais
segura, caso eu precise tomar
alguma atitude”.
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
COOPERAÇÃO
Santa Rosa de Lima demonstra seu
reconhecimento a Jean Yves Griot
Agricultores, dirigentes e técnicos do Centro de Formação em Agroecologia das Encostas da Serra Geral fizeram um ato público. A solenidade foi para afirmar a gratidão pela contribuição desse agricultor francês e militante
internacional pelo desenvolvimento da agricultura sustentável, que teve um papel fundamental nos trabalhos
que deram origem às associações Acolhida na Colônia e Agreco. Jean Yves Griot perdeu a vida no ano passado, em um acidente, enquanto trabalhava em sua propriedade rural, em Mayenne, na França.
Ato concorrido e emocionante: uma parte do público, que esteve todo atento às homenagens.
Ato concorrido
A cerimônia, que contou com o apoio
da editora O Ronco do Bugio, reuniu
cerca de uma centena de pessoas, entre prefeitos ou seus representantes,
vereadores, assessores parlamentares,
lideranças religiosas, agricultores, dirigentes de órgãos municipais, estaduais
e federais ligados à agricultura familiar
e orgânica. Vieram da França, especialmente para o evento, a viúva de Jean
Yves, a médica Elisabeth Griot, e o casal
de agricultores Didier e Aline Boursier,
ele representando a Confederação Camponesa e a Rede Sustentabilidade, ela, a
Accueil Paysan. Essas são organizações
não governamentais nas quais Jean Yves
militou e que têm ligações com os ideais
e as iniciativas do projeto de desenvolvimento das Encostas da Serra Geral.
Homenagem
O Centro de Formação, a partir de
agora, passa a ser denominado Centro
de Formação em Agroecologia Jean Yves
Griot. O coordenador do Centro, Luiz
(Loi) Schmidt, afirma que a organização
que agora dirige sempre teve seus princípios e práticas em sintonia com aqueles
defendidos pelo militante francês. Para
Loi, “o reconhecimento tem o objetivo
de reforçar os valores que constroem a
identidade do município com a agricultura familiar”. Ele disse ainda que é importante que isso tenha acontecido em
um momento de renovação e reestruturação da sede: “Nosso Casarão passou
por reparos e pinturas e estaremos, a
partir de agora, mais uma vez, de portas
abertas, para reforçar sempre mais que
defendemos os princípios da sustentabilidade e da solidariedade”.
“Sem ele, nada teria acontecido”
Para explicar a razão da homenagem, João Augusto de Oliveira (Joca) foi
convidado a relembrar a cooperação
França-Brasil que oportunizou a criação
da Acolhida na Colônia. “A colaboração
começou por volta de 1998 e foi impulsionada por uma organização não governamental que teve Jean Yves como
esteio. Ele foi essencial”. Joca destacou
que a cooperação abrangeu diversos
temas: produção orgânica; agroturismo;
cooperativismo de crédito; agroindústria familiar; agricultura de grupo. E, da
mesma forma, que houve um intenso
intercâmbio de lideranças e autoridades
locais. Prefeitos, vereadores e mesmo
secretários de Estado participaram das
“missões” Brasil-França. Lembrou, por
fim, que Jean Yves dizia que “era uma cooperação entre gente que se entende” e
que “por ser feita por pessoas que tem
um propósito comum, custou cem vezes
menos do que custaria um projeto de
cooperação que envolvesse estruturas
oficiais e muita gente”.
“É mais que justa a homenagem”
Thaise Guzzati, co-fundadora da Acolhida na Colônia, também apresentou
seu testemunho do empenho de Jean
Yves neste processo. “Eu tive a honra e o
privilégio de conhecê-lo em 1997. Eu era
estudante de agronomia e buscava uma
atividade que contribuísse para mudar
a vida dos agricultores e, especialmente
das agricultoras. Encontrei o Joca, que
me falou que poderia ser o turismo e
que na França ele era muito desenvolvido no meio rural. Fui pra França, dentro
do estágio da cooperação. Cheguei lá e
fui acolhida por Jean Yves e Elisabeth, na
casa deles. Eles me ensinaram francês e
me apresentaram ao agroturismo. Jean
me ajudou a encontrar a Accueil Paysan
e foi dela que nasceu a Acolhida na Colônia. E tudo foi possível porque ele não
media esforços. Era uma pessoa muito
doce e disponível. Ele me fez ver que
não adiantava só buscar uma alternativa
econômica para um ou outro agricultor.
Que era preciso uma ‘saída’ que fosse
coletiva, associativa, e que respeitasse o
meio ambiente. Foram estes princípios,
que vieram muito desse tempo de convivência com ele, que nós conseguimos
trazer para cá e que hoje fazem parte da
Acolhida na Colônia.
Uma placa e muita emoção
Para marcar o reconhecimento dos
esforços de Jean Yves na luta por uma
agricultura familiar sustentável e pelo
empenho e dedicação ao projeto de desenvolvimento sustentável das Encostas
da Serra Geral, houve o descerramento
de uma placa de vidro, impressa com
uma homenagem a Jean Yves. O momento em que Luiz (Loi) Schmidt e Elisabeth
Griot descobriram a placa, retirando a
bandeira da França, comoveu a muitos.
Descerramento da placa em memória de Jean Yves Griot.
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
“Recebemos cem vezes mais do que
demos”
Convidado a falar em nome da Confederação Camponesa [Confédération Paysanne], Didier Boursier fez a leitura de uma
carta enviada por aquela reconhecida organização sindical. Falou, em seguida, da
importância da homenagem a Jean Yves
Griot e agradeceu “aos militantes brasileiros que lutam pela agricultura familiar” por
tê-la feito. Emocionado, ele contou: “a gente
compartilhou as mesmas ideias, o mesmo
combate, a mesma visão de humanidade.
Como não evocar sua generosidade, discrição, modéstia, paciência e, também, determinação. Sobretudo, sua preocupação e
seu cuidado com os mais fracos. Acolher
estrangeiros sem documentos ou ajudar e
defender agricultores em dificuldade eram,
para ele, coisas óbvias. Naturalmente, ele
logo se engajou nas ações de solidariedade internacional, particularmente com o
Brasil. Era um homem de convicção e entre
elas havia o senso de coletivo. Confrontado a novos problemas e a novas questões,
Jean Yves sempre tinha vontade de compartilhar as experiências, de estabelecer ligações para impulsionar novas dinâmicas.
Foi dessa forma que a Acolhida na Colônia,
a cooperativa de crédito e a Ecocert chegaram aqui”.
Por fim, o agricultor francês fez um balanço da cooperação e um agradecimento:
“nós recolhemos desta experiência humana cem vezes mais do que nós demos. Então, por isso, em nome da Rede Agricultura
Sustentável e da Confederação Camponesa, à qual eu creio poder associar a Accueil
Paysan, quero exprimir a minha imensa
gratidão aos amigos militantes brasileiros.
E a Jean Yves, por tudo aquilo que nós devemos a ele”.
“Compartilhamos os mesmos combates”
Para encerrar as homenagens, Elisabeth Griot, viúva de Jean Yves, fez seus agradecimentos.
“Meu marido é descrito como um sábio, humanista, tolerante, pensador... Alguns dizem que ele preparava o chão para
o possível. Ele lutava por um mundo mais
justo, mais respeitoso a cada ser humano
e à natureza. Originário de uma família de
pequenos agricultores familiares de uma
região de montanha, ele queria um outro
modelo de desenvolvimento para a agricultura. E sempre encontrou ‘companheiros’
que compartilhavam os mesmos ideais. Estar aqui é uma emoção muito grande para
mim. Um oceano nos separa e, no entanto,
eu vejo que vocês são ‘companheiros’ que
compartilham as mesmas lutas. Sinto-me
realmente tocada pelo dinamismo e o forte
potencial humano existente em Santa Rosa
de Lima. Esta escolha que vocês fizeram de
dar o nome de Jean Yves a este Centro me
aquece muito o coração. Isso me mostra
que todas as lutas e combates que ele conduziu têm sentido. Jean Yves era discreto,
nunca se colocava à frente. O que contava
para ele é que as causas que ele defendia
avançassem. Ele estaria muito contente se
pudesse ver tudo o que vocês realizaram
aqui. Obrigado a todos por serem quem
vocês são. Obrigada por continuarem as
suas lutas.
7
O que nos marcou
Elisabeth Griot, esposa de Jean
Yves Griot
Eu estou muito admirada. Quando eu penso nas pequenas propriedades que eu vi, julgo que as
pessoas chegaram a um bom nível
de vida. As casas são novas e muito
limpas. As pessoas mostram muito
bom gosto e há flores por tudo. Outra coisa que me tocou muito foi o
dinamismo, as ideias, a capacidade
que as pessoas têm de criar, inventar e lutar. A competência das agricultoras também é impressionante.
Elas sabem fazer tudo: comida, decoração, geleias, conservas, agricultura, criação... Então, a gente percebe que eles trabalham bastante,
mas também sente que eles estão
chegando lá.
Eu visitei o Brasil há quinze anos
e senti agora uma grande mudança. Eu compreendi que o atual governo brasileiro deu meios para
permitir que as pessoas adquiram
casa e terra.
No caso de Santa Rosa de Lima,
o que me deu muito prazer, em
relação ao que defendia meu marido, é pensar que há sentido em ter
pessoas aqui e lá [França] que defendem os mesmos valores. Isso dá
sentido ao que se faz aqui e ao que
se faz lá. Com o que eu vi aqui, eu
tenho confiança no futuro, porque
há uma proliferação de ideias que
vão no bom sentido. Outra coisa
importante é que as pessoas daqui
estão assumindo a responsabilidade de produzir uma comida mais
sã, mais sadia, para a humanidade.
Não podemos continuar alimentando homens, mulheres e, sobretudo,
nossas crianças com essas porcarias que a grande agricultura e a
grande indústria produzem.
Em Santa Rosa de Lima há uma
defesa dos produtos locais e uma
luta para continuar vivendo nessa
região de montanha. Foi muito interessante encontrar jovens que
saem para estudar em Florianópolis, mas que nos dão o sentimento
que querem voltar e viver aqui. Eles
adquiriram uma identidade, vendo
seus pais, vivendo os valores deles:
um mundo mais justo, mais solidário, que não destrói a natureza; um
mundo que vai permitir às nossas
crianças de continuar a viver. Eu
sinto que esses jovens de Santa
Rosa de Lima não se deixarão deslumbrar pela cidade, que eles voltarão e que esse município vai continuar vivo.
Eu fiquei impressionada com
as histórias das pessoas com
as quais eu estive. Elas tiveram
muita coragem e energia para
enfrentar as dificuldades. Não se
desesperaram... se agarraram à
proposta, ao projeto. Porque eles
têm valores. Porque há eles aqui
e nós lá, isso nos dá uma nova
esperança: que um dia a gente
consiga fazer que esse mundo faça
outras escolhas para que cada um
ache o seu lugar, e que possamos
viver sem ir para a destruição
do nosso planeta. Por isso, o
intercâmbio é tão importante. Fezme muito bem saber que vocês
existem aqui. E eu penso que, para
vocês, é bom saber que não estão
isolados. Muitas pessoas lutam o
mesmo combate por um mundo
melhor e, para mim, é muito
importante que avancemos juntos.
Didier Boursier, agricultor no
Oeste da França, Membro do
Comitê Nacional da Confédération Paysanne (Confederação
Camponesa) e representante
da Rede Agricultura Sustentável.
Nós vimos aqui um projeto que
eu considero bastante atípico. Um
projeto inovador. Nós sentimos um
dinamismo muito forte. Muito forte
para uma região como essa, onde
não é fácil fazer agricultura. Chega
a ser surpreendente ver essas pequenas propriedades, essas pessoas que se sentem ligadas ao lugar,
que querem viver aqui, que voltam
para viver aqui. Surpreendente,
também, ver turistas que vêm aqui.
Nós os vimos e isso mostra que
funciona. Não são pousadas que
foram feitas para nada. Ou seja, há
um dinamismo real. Há uma efervescência aqui. Eu estou escrevendo um artigo para publicar na revista de minha organização na França,
no qual eu digo que Santa Rosa de
Lima é um laboratório para a agricultura sustentável do Brasil. Não é
só um laboratório onde se faz experiência e depois se envia para outro
lugar para que seja realizada, mas
é também um laboratório onde as
coisas são feitas, acontecem. Porque há uma vontade de inovar, de
achar soluções, de experimentar
coisas.
Aline Boursier – proprietária
de uma pousada e membro da
Accueil Paysan (Acolhida na
Colônia) da região de Vendée,
no Oeste da França.
Eu achei a Acolhida na Colônia
muito dinâmica. Eu conheci, aqui,
pessoas interessantes em seus
lugares magníficos, com uma acolhida calorosa, com produções
interessantes... Eles nos mostraram suas lavouras, suas criações.
É muito vivo e com a participação
de jovens, o que já é muito difícil na
França. Ou seja, aqui parece mais
dinâmico que na França. As pousadas ficam em lugares muito bonitos, agradáveis, verdes... Elas são
muito limpas, bem decoradas, com
bastante bom gosto. Por exemplo,
eu achei muito lindas as réstias de
cebola penduradas em uma pousada. As construções em madeira,
com bastante luz natural, são belas. E eles sabem tirar partido de
praticamente tudo o que eles têm
na propriedade deles. Isso é muito
interessante. Viver sobriamente,
mas tirar partido de toda a riqueza possível que eles têm: verduras,
peixes, frutas, abelhinhas, lavouras,
orquídeas, galinhas e ovos, madeira, ovelhas, cascatas, paisagens etc.
etc. E eles demonstram ter prazer
em receber as pessoas e em realizar trocas com essas pessoas.
8
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
INOVAÇÃO
Óleos essênciais orgânicos:
uma nova alternativa de
desenvolvimento
Também no dia 27 de fevereiro, foi oficialmente lançado o projeto de desenvolvimento de uma cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos nas Encostas da
Serra Geral. Financiada pela Agência Brasileira de Inovação (Finep), a ação de pesquisa e desenvolvimento é executada pelo Centro de Formação em Agroecologia e
pela Universidade Federal de Santa Catarina. A cerimônia aconteceu no “Casarão”,
na comunidade de Águas Mornas, onde está sediado o escritório central da iniciativa. São intervenientes neste processo, a Epagri, a CooperAgreco e a Prefeitura
Municipal de Santa Rosa de Lima.
A pesquisa e os agricultores-pesquisadores
O projeto envolve, inicialmente, sessenta famílias, selecionadas em quatro
municípios da região das Encostas da
Serra Geral. Remunerados, os produtores
cultivarão em pequenos espaços, de 200
a 400 metros quadrados, seis espécies
vegetais aromáticas. João Augusto de Oliveira (Joca), um dos idealizadores da proposta, explica que se trata de uma experimentação. “Tudo será controlado pelos
próprios agricultores, que irão anotar, dia
a dia, o que fizeram e o que aconteceu: se
irrigaram, se morreram plantas, se surgiram doenças, se insetos têm surgido no
canteiro. Ao final de dois anos tudo será
submetido a uma análise aprofundada
junto com todos os envolvidos, especialmente com professores da Universidade
Federal. Disso tudo resultará uma cartilha
de produção para cada uma das espécies”.
Mais uma vez: pioneirismo
João Augusto esclarece que a escolha
das plantas experimentadas decorre de
uma análise sobre o mercado mundial e
brasileiro para óleos essenciais orgânicos.
E destaca: “é um mercado que está subindo como uma flecha, principalmente pela
aplicação mais intensa na medicina e na
cosmética”. Mas o mesmo Joca alerta: “não
é fácil implantar uma cadeia de produção
nova numa região. Quando ela já existe,
os agricultores têm com quem conversar
para resolver os pepinos que aparecem. E
os insumos necessários estão por ali. Aqui
estamos começando do zero. Então, tudo
tem que ser construído devagar. Nos próximos meses, vamos observar, opinar... E
quem puder ajudar que ajude, pois é um
projeto da comunidade”.
Lá na frente...
Para José Luiz Schueroff, presidente
da CooperAgreco e também agricultor
experimentador do projeto, é fundamental que o produtor seja remunerado pelo
estudo que está realizando. “Quem ousa
fazer parte deste experimento, recebe
gratuitamente as mudas. E vai receber
para plantar, para capinar, para irrigar.
Em contrapartida, ele vai ter que anotar
o passo a passo de todo o processo”. Zé
Luiz considera que os agricultores devem
se empenhar bastante: “É uma nova cadeia. Lá na frente pode trazer muita renda
para nossas famílias que estão passando
por momentos difíceis na agricultura”. Em
nome da CooperAgreco ele assinalou o
compromisso da cooperativa na busca de
recursos para a construção de uma usina
de extração de óleos e na comercialização
desta futura produção.
Poder público e sociedade
O prefeito de Anitápolis, Marco Antônio
Medeiros Junior, falou da importância des-
te tipo de ação: “Quando parte da comunidade, quando vem de baixo pra cima, aí
tem uma grande chance de dar certo. Nós
tivemos exemplos aqui em Santa Rosa de
Lima, como a Agreco, a CooperAgreco, a
Cresol, a Acolhida na Colônia. Foram entidades que surgiram da participação popular e que vieram de baixo pra cima”. Por
acreditar na ideia e no processo Marcos
colocou a municipalidade de Anitápolis
“à disposição do projeto”. “Vejo uma nova
cadeia produtiva surgir e ela possibilitará
novas fontes de renda para nossa comunidade. Se for preciso, nosso município
coloca à disposição um terreno, bem situado e com toda a infraestrutura, para a
instalação da unidade de extração”.
José Luiz presidente da CooperAgreco ressalta a importância e o apoio ao projeto.
Depoimentos
Adelir e Dauri Floriano
Casal de Agricultores familiares orgânicos
“A gente faz parte deste projeto porque já estamos no
ramo da verdura. Entramos para a associação para ir pra
frente. Não pensamos que é pra ficar rico. Se é pra associação ir pra frente, todos têm que colaborar. Quando começamos com a verdura, a gente achava que não ia dar certo.
Agora, vemos que está dando muito certo para o nosso município. É outro começo de ramo. O povo vai se adaptar. Vai
começar a conhecer como se trabalha com estas plantas. Se
a gente chegar a conseguir montar uma fábrica para extrair
os óleos, vai ser uma boa fonte de renda. Esse é um bom
caminho.”
Cláudia de Paula
Coordenadora na área de projetos no departamento de geração
de renda e agregação de valor da Secretaria Nacional de Agricultura Familiar
“A Agreco já é uma entidade parceira do MDA em várias ações
estratégicas, pois é uma instituição extremamente representativa na produção orgânica. Eu fiquei muito feliz que eles estão à
frente também desta nova empreitada com os óleos essenciais.
E acho que o projeto vai ser um sucesso. Tem dois anos para se
desenvolver e tenho certeza que os resultados serão extremamente positivos, trazendo um bom retorno para os agricultores
que estão se aventurando nesta nova cadeia produtiva. Desejo
muito sucesso.”
Romeu Assing
Agricultor familiar orgânico
“Se caprichar bem pode dar certo.
É mais uma fonte de renda. Não é pra
se fazer muito dinheiro, mas é mais
uma coisa que se tem pra fazer, junto,
dentro da propriedade. O cultivo é fácil, todo agricultor consegue fazer isso.
E em uma área pequena pode dar um
resultado muito bom. Estamos contentes em participar. Em tentar mais uma
fonte de renda.”
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Exatamente
aqui
Por: Ayrton Kanitz (Tunico)
Santa Rosa de Lima tem 2.065 habitantes e pequenas lavouras encravadas entre montanhas silenciosas,
pássaros ariscos e límpidos riachos
borbulhantes. Estamos a 700 km da
maior cidade brasileira, a 1.400 km de
Capital Federal e a 10 mil km de Paris.
Pois quem poderia imaginar que
exatamente aqui, nesta região em que
as matas ainda guardam o aroma primitivo e bíblico da Criação, cheia de
ar puro nos pulmões, que nasceria e
se desenvolveria um foco de resistência contra a barbárie ecológica promovida pelo Homem?
Sim, porque sabemos que agroecologia vai muito, mas muito além de
ser apenas nicho de mercado. Muito
mais além de uma mudança de matriz
produtiva.
Agroecologia e Sustentabilidade
não significam nada menos do que
parte da salvação dos nossos filhos e
do Planeta – o que vem a ser rigorosamente a mesma coisa.
Não há terceira via.
Temos que mudar já se não queremos nos extinguir como espécie,
disse Sebastião Salgado, que há 30
anos cruza mares e desertos fotografando a Terra e é um dos mais importantes testemunhas internacionais de
sua sistemática destruição.
Pois é aqui, na minúscula Santa
Rosa de Lima, que a nova consciência se agiganta.
É aqui que correm os óleos essenciais que vão aromatizar e lubrificar
uma nova sociedade.
É aqui que ronca o bugio.
Sou muito grato por participar desta
maravilhosa experiência.
9
10
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
COMUNIDADE
RIO DOS ÍNDIOS
Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra
Agito na colônia
Aqueles que pensam que os finais de semana de quem
mora no interior são só de paz, silêncio e tranquilidade
podem estar enganados. Neste mês, nossa coluna mostra
que, sim, a vida no colônia também tem seus agitos. A grande vibração por aqui se deu por conta da comemoração do
aniversário de Dona Hilda Becker Dutra. Ela completou seus
80 anos com muito vigor e vivacidade e o aniversário foi festejado com muita alegria, dança e comemoração. A família
de Dona Hilda preparou uma linda homenagem para ela.
Aos convidados foi servido um jantar colonial, seguido de
um baile super animado que avançou noite adentro.
Parabéns Dona Hilda
Essa coluna – em nome de muita gente – deseja muitas
felicidades para a querida Dona Hilda. Que Deus ilumine
sua caminhada e que a guarde com muita saúde. Acreditamos que com sua vitalidade e saúde muitos anos de vida
ainda estão reservados para a Senhora. Os colunistas, além
de parabenizá-la, se desculpam se alguma vez a decepcionaram ou a deixaram triste.
Nosso Canal SRL,
o Jornal de Santa
Rosa de Lima,
vai completar 1 ano
no dia 10 de maio.
A festa será com
muito Gemüse e
Chope.
Dona Hilda (ao centro) com seus irmãos.
Bem-vindo Padre José
Alegramos-nos com a vinda de um novo sacerdote
para a nossa paróquia. Padre José já conhece um pouco da
nossa comunidade e também algumas famílias e pessoas
que vivem aqui no Rio dos Índios. Eu, Ivonete, tive a grande
oportunidade de conhecê-lo. Senti que ele é uma pessoa
muito legal. Seja bem-vindo Padre José. Nossas famílias o
esperam de braços abertos.
Carnaval, tempo de diversão
O carnaval é a grande paixão que move os brasileiros
nesta época do ano. E gostar dessa festa começa desde
que somos muito pequenos. Por aqui, ele foi muito esperado e bem comentado. Na escola, as criancinhas e também
os maiorzinhos brincaram o Carnaval.
Que bom seria se todos tivessem esse espírito de diversão, se brincassem e se divertissem sempre, sem passar
por cima da opinião dos outros, com respeito e dignidade.
Vamos viver assim, felizes, o ano todo. Como se estivéssemos em pleno Carnaval.
Canal SRL e Gemüse Fest
tem tudo a ver!
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
11
Z E L A R (A pedido)
Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de SRL
COMUNIDADE
RIO SANTO ANTÔNIO
Agradecimentos
Os membros do Conselho Tutelar, agradecem a administração pública municipal
por aceitação e realização dos pedidos realizados pelo Conselho Tutelar.
O Conselho Tutelar, por meio da Secretaria da Saúde e Assistência Social e Prefeitura Municipal, adquiriu novos equipamentos para a realização do trabalho dos
Conselheiros.
Foi adquirido cadeiras, mesas, arquivo,
internet 24 horas e um celular para plantão.
Ainda adquiriram-se cinco computadores com impressora, um bebedouro e uma
geladeira por meio da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República.
Ressaltamos aqui, que esses materiais
facilitam o trabalho do Conselho Tutelar,
que procura atender o município com trabalho de qualidade.
Mariza Vandresen,
Vimos por meio deste, esclarecê-la que a informação referente
ao Conselho Tutelar publicada na edição anterior, na coluna do
Coice do Macau do Jornal Canal SRL, não procede.
O Conselho Tutelar ficou alguns períodos sem internet, e o responsável pela mesma, nunca se negou a ligá-la durante as férias
escolares.
Quanto ao veículo de uso do Conselho Tutelar, ressaltamos
aqui que não ficamos a pé. O que ocorreu foi que o carro do Conselho Tutelar foi a leilão, no entanto, foi cedido um carro da Secretaria de Saúde para o Conselho Tutelar até a chegada do carro
adquirido por meio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Em momento algum o Conselho Tutelar sofreu maus tratos.
Sendo o que se apresenta para o momento, desde já agradecemos e aguardamos publicação.
Atenciosamente,
Conselho Tutelar
OBITUÁRIO
Felipe Willemann
“O tempo passa a morte vem,
feliz daquele que fez o bem!”
Sentimos a tua ausência, mas temos a
certeza que tens a alma em paz, e nós,
o amor no coração. O que tinhas para
realizar aqui o fizestes plenamente,
por isso Deus te quiz. Agradecemos
pela convivência que tivemos
contigo. Tenha certeza que sempre te
amaremos e jamais te esqueceremos.
Saudades da família e dos amigos.
¶ 13/08/1940 V 18/02/2014
Mariléia Torquato | Carol Rodrigues
Uma exótica que parece “da casa”
O eucalipto é uma planta de origem australiana. Por
isso, é reconhecido como uma espécie exótica. Foi trazido ao Brasil na metade do século dezenove, para ser
utilizado na produção de madeira para a fabricação de
dormentes de linhas férreas. A planta se adaptou muito bem no país e em nossa região. Comenta-se aqui na
comunidade que o eucalipto foi introduzido em Santa
Rosa de Lima por volta dos anos 1960.
Trabalho e renda
Aqui, no Santo Antônio, o cultivo desta espécie é muito intensivo e para muitas famílias se transformou em
uma das principais opções de renda. O manejo exige
muito trabalho, tempo e dedicação. É preciso adquirir
as mudas, o adubo e ter muito cuidado com formigas
e outras pragas que podem atacá-lo. Tem também o
desbaste e as roçagens que aumentam os cuidados necessários. Como é preciso esperar anos para que haja o
corte e a cultura gere lucratividade, as famílias precisam
ter outras fontes de renda para suprir as necessidades
do dia a dia.
Efeitos colaterais
O problema é que o eucalipto praticamente invadiu
a comunidade de Rio Santo Antônio e, de forma mais
ampla, todo o município e região. Muita mata nativa foi
suprimida para dar lugar ao cultivo desta espécie. Como
consequência, os danos causados ao meio ambiente
são bastante visíveis. Por exemplo, a supressão da mata
ciliar, que protege rios, córregos e nascentes, fez com
que a população de peixes diminuísse significativamente. E, com isso, houve a proliferação do borrachudo, o
que diminui nossa qualidade de vida. Por isso, é preciso
muito cuidado. É indispensável respeitar as áreas corretas para o plantio, evitando encostas, topos de morro
e áreas próximas às águas. O ideal seria plantar fora de
um raio de 50 metros ao redor de nascentes e 30 metros afastados dos cursos de água.
Sem agregar valor
Em nossa comunidade, é preciso notar que se a área
com eucalipto é grande, só há uma pequena serra-fita
por aqui. A maioria da madeira não é beneficiada. Isto
quer dizer, é vendida “verde”, sem qualquer agregação
de valor. Acreditamos que faltam incentivos das políticas públicas para melhorar esta cadeia produtiva. Talvez
faltem, também, mais organização e união dos empresários do setor madeireiro do município. Uma mudança
nesse quadro poderia gerar mais empregos, o que faria
com que mais pessoas permanecessem no campo.
E viva nossas mulheres
Queremos parabenizar todas as mulheres de nossa
comunidade: agricultoras, guerreiras, mães, esposas,
amigas, donas de casa. Todas que, apesar de muito trabalho, continuam com um lindo sorriso no rosto. São
mulheres incansáveis, que enfrentam sol e chuva e muitas dificuldades para ajudar no sustento de suas famílias.
O nosso agradecimento especial às idosas de nossa
comunidade, precursoras de nossas lutas. Podemos dizer, sim, que sofremos por sermos do campo. Mas, não é
por isso que vamos abaixar a cabeça. Ao contrário, pois
sabemos que foi sempre com muita determinação que
conquistamos direitos e nosso espaço na sociedade.
12
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
Memórias carregam
a história: as lembranças
de “Renato” Vandresen
Todos sabem que o jogador de futebol Ronaldo Fenômeno se identificava por R9. Pois bem, nosso entrevistado
desse mês foi capaz de ter três nomes. O de batismo é Renaldo. Quando veio morar na Varginha, vivendo entre os
“brasileiros”, passou a ser chamado de Reinoldo. E quando se mudou para Santa Rosa de Lima, virou Renato. Como
em breve será nonagenário, passou a ser o nosso 3R 90.
Sem pressa, à beira do fogão a lenha
Chegamos à propriedade do Seu “Renato” Vandresen em uma daquelas tardes
calorentas deste último mês de fevereiro.
De calção, sem camisas e com chinelos de
dedo, ele nos aguarda sob uma jabuticabeira. Apesar de uma recente cirurgia de
catarata no olho direito, está disposto e,com energia, levanta o seu corpo magro
para o cumprimento.
Avançando para os noventa anos, nosso entrevistado tem oito filhos, dezenove
netos e onze bisnetos. Diz que seus planos para o futuro são apenas esperar que
São Pedro o chame, mas, também, que
não tem nenhuma pressa para que isso
ocorra. Concorda com a filha: o objetivo
maior dele, agora, é comemorar o nonagésimo aniversário. E conta, com um sorriso, que neste último ano limpou todo o
pasto e cortou e empilhou lenha para dois
anos. Ainda mais, que cuida do quintal,
das frutas e do aipim, além das “criaçãozinhas”. Gosta muito do seu cantinho do fogão à lenha, aonde toma seu chimarrão. E
adora, como fazia na juventude, jogar cartas. Diz que seus velhos e fiéis parceiros
de canastra “ou foram chamados por São
Pedro, ou não jogam mais”. Agora, o carteado é com os filhos e netos no domingo,
ou com seus companheiros do grupo de
idosos nas quintas à tarde.
Seu Renato (no colo) com seus pais Maria
e Henrique e sua irmã.
Família
Filho de Henrique Vandresen e Maria
Buss, Renaldo nasceu em 1924, em São
Bonifácio. Segundo ele, o avô de seu pai
foi o primeiro morador daquele município.
Doou, inclusive, os terrenos onde hoje estão a igreja, a prefeitura, o salão.
Dos pais, ele conta: “Da minha mãe, eu
não lembro muito, porque eu tinha onze
anos quando ela faleceu. Do meu pai, eu
lembro que ele estava sempre muito doente. Sofria muito com bronquite e morreu com 65 anos. Ele era bom. Nunca apanhei dele. Ele tinha posses. Herdou do pai
dele e tocou a vida.
Escola
Quando morava em São Bonifácio, foi
na escola por dois anos. Um ano, em Rio
Fortuna, quando morou na casa de um
tio (pai do Marcos Vandresen) e outro,
na Vargem do Cedro, quando parou em
outro tio. Depois, em casa, foi aluno do
Schaden [Francisco, que é considerado o
primeiro professor de São Bonifácio, um
imigrante alemão autodidata, que educou
muitas crianças, inclusive o filho, o antropólogo reconhecido mundialmente Egon
Schaden]. Mas só foi a essa escola três ou
quatro meses. Depois, a mãe faleceu e ele
não foi mais. Faz questão de ressaltar que
só foi em aula em alemão.
Mudança
Depois que a mãe morreu (em 1935),
como os parentes moravam quase todos
por aqui, o pai resolveu vir pra cá. O avô
(pai do pai), Guilherme Fernando Vandresen, também foi um dos primeiros a vir
para Santa Rosa. Ele tinha a casa onde
hoje é a igreja matriz.
Henrique Vandresen comprou o terreno, com casa, do Aluísio Feliciano, “que era
alemão e foi embora para a Alemanha”, na
Varginha (“hoje esse terreno é do Frido”).
Seu Renato lembra com orgulho que, com
quinze anos, veio seis semanas antes da
família vir de muda, para cuidar das criações. De lá, “foram de muda pro morro
onde hoje moram os Wiggers”. Lá, ele “se
criou”.
Nessa propriedade, faziam roça, criavam e engordavam porco, tinham vaca
pra leite, plantavam cana e faziam açúcar
grosso; cultivavam mandioca e faziam farinha, plantavam milho e moíam na atafona
do vizinho; plantavam arroz, feijão, tudo...
pro gasto. Ele relembra: “Naquele tempo,
não se comprava nada. Só o querosene, o
café e o sal”. Perguntado sobre as tarefas
dele, responde: “Eu ajudava o pai, limpava
pasto e fazia roça. Quem fazia roça tinha
serviço o ano todo. Se acabava uma, já tinha na outra”.
Lazer
Divertimento era só sábado e domingo, quando tinha festa, baile ou domingueira. “Domingo era pra igreja, não tinha
choro. Parelho, tinha que ir. Depois ia embora pra casa, almoçava e de tarde se juntava. Às vezes jogava um baralho, às vezes,
uma bolinha. Ali na Varginha já tinha time
de futebol naquela época. Eu não jogava
no time, não era craque. Sábado de tarde
ou de noite, se juntavam uns amigos, jogavam “cabeça de carneiro” (Schafkopf) ou
“sessenta e seis”. esses eram os jogos que
tinha. Domingo de tarde, se fazia uma domingueira em qualquer casa e se divertia.
Dava uma gorjeta pro gaiteiro. Naquele
tempo tinha muitos. Mas era sem acompanhamento, sem nada.
Schafkopf
É um jogo de cartas típico de
Baviera, Alemanha. A tradução literal do nome é “cabeça de carneiro”.
É um jogo complexo com regras
diferentes em função das circunstâncias da partida, que se costuma
jogar entre quatro pessoas, no que
é comparável à canasta ou bridge
inglês.
Sessenta e seis
A forma de disputa desse jogo
não permite que mais do que duas
pessoas possam jogar. Utiliza-se
apenas um baralho comum, retirando-se os curingas e todas as
cartas de 2 a 8, de todos os naipes.
Ou seja, restam apenas 24 cartas
a serem distribuídas. Cada partida
é composta de sete mãos e vence
quem primeiro conseguir somar
os Sessenta e Seis pontos. O jogo
é complexo porque as cartas e as
combinações delas têm valores determinados (por exemplo, um casamento anunciado de Rei e Dama
do mesmo naipe vale 40 pontos; de
naipas diferentes, 20; um Às comprado na mesa vale 11 pontos).
Casamento
Conheceu Olinda Schmidt no casamento de uma prima. “Nós nos gostamos
[risos] e continuamos até que casamos.
Ela morava no Rio dos Índios – onde, hoje,
mora o André Becker. Eu vinha da Varginha a pé ou a cavalo, de duas em duas
semanas, pra namorar. Daí o José [Schmidt] – irmão da Olinda – queria casar e os
pais deles [Antônio e Joana] queriam que
se fizesse o casamento num dia só. Aí nós
casamos juntos, no dia 13 de setembro de
1947”.
Ele lembra que a festa aconteceu num
dia de chuva, “chuva mesmo”. Foi na casa
dos pais da noiva e “alguns ficaram farreando a noite toda lá” [risos]. Diz que não
há fotos, “porque não tinha quem fizesse”.
No dia seguinte, já foram pra Varginha,
morar no terreno que o pai dele vendeu
pra ele. “Nós trabalhávamos na roça, engordávamos porco, tínhamos umas criações, plantávamos pro gasto... Éramos
colonos. E aí começaram a vir os filhos. Os
seis mais velhos nasceram lá: Laíde, Salésio, Terezinha, Valneide, Dailson e Maria
de Lourdes. Era mais ou menos dois anos
entre um e outro”.
Santa Rosa de Lima
Depois de morar por catorze ou quinze anos na Varginha, mais ou menos em
1962, vieram para a área onde estão até
hoje. No primeiro ano, trabalharam “a
meia” com os pais da Olinda. “Depois, nós
compramos e eles ficaram morando aqui
e nós ficamos cuidando deles. Tinha noventa e poucos hectares e já tinha a casa
que existe até hoje. Seu Renato relembra:
“Quando eu cheguei em Santa Rosa, a igreja era onde é o Núcleo. E tinha só duas ou
três casas. Aqui nasceram os filhos mais
novos: o Edson, em 1963, e a Eliana, em
1966”. Ouvindo a entrevista, Eliana afirma
sorrindo que nunca fez uma mudança:
“nasci nesta casa e aqui fiquei”.
Perguntado sobre como era a vida,
Seu Renato relembra com um ar nostálgico: “Tocava a vida aqui como era costume de todo mundo. Trabalhava durante
a semana. No final de semana, às vezes,
recebia visita. Se era pro meio dia, fazia o
almoço... De noite, fazia janta. Conversava.
As crianças brincavam...Às vezes ia passear, ia fazer uma visita a um vizinho, a um
parente que morava mais longe. Aos filhos
que se espalharam. Naquele tempo era difícil, porque era a cavalo ou a pé. Para ir a
Rio Fortuna, tinha que ir num dia e voltar
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
no outro, senão não dava. Agora, vai numa
meia hora.
Dificuldades e saída temporária
“Como era a crise sempre e estava
muito ruim, era escasso de arrumar dinheiro pra pagar o terreno, em 1973-74,
fui trabalhar com o Paulino Schmidt, em
Concórdia, em uma fabriqueta de tubo
pra construção da BR 116”.
Fumo
“Fiquei lá um ano e, quando voltei, nós
começamos a plantar fumo de galpão
(mais ou menos em 1976). Trabalhamos
dez anos com fumo de galpão, daí como
a maior parte dos filhos já tinha saído, resolvemos botar estufa, mas com arrendeiros”.
Afirma que com o fumo melhorou,
“porque sempre fazia uma safra boa e
dava dinheiro”. Relembra que decidiu
plantar fumo “porque tinha um instrutor
que queria que nós plantássemos fumo
de rancho [galpão] e era uma coisa que
tinha venda mais garantida”. Seu Renato
conta, ainda: “O instrutor disse que dava
dinheiro. E já tinha o Tino Schmidt, o Jacó
Nack, o Daniel Roecker que plantavam e
faziam uma safra boa. Aí resolvi plantar.
Foi um tempo bom. Dava trabalho, mas
tudo é serviço. Plantamos dez anos. Depois, como o Dedé foi trabalhar de pedreiro, ele inventou de nós botarmos uma
estufa. Aí nós botamos e arrendamos. Os
arrendeiros trabalharam dez anos também”.
Aposentadoria
“Daí nós nos aposentamos e ficamos
assim...Só fazendo umas rocinhas pro
gasto. E dividimos o terreno. Demos sete
hectares para cada filho. E uma parte foi
vendida. De passar isso tudo que passamos, ficamos velhos”. [risos]
Mutirões
“No Salão Velho, tudo foi feito a mão. O
concreto era mexido de enxada, não tinha
betoneira, nem nada. O trabalho era parelho. Eram os sócios todos... a comunidade.
Tinha seis turmas. A mesma coisa que foi
feito para a igreja. Vinha uma turma por
dia de semana. O pedreiro era pago e
nós tudo trabalhávamos de servente, de
graça. Tirava areia do rio e puxava de caminhão. Para a igreja, os alicerces foram
feitos com pedra rachada e puxada a boi.
Cada turma tinha dez pessoas. Nós estávamos em sessenta sócios. Ia de manhã e
voltava de noite. Cada um levava sua comida. Os que eram de mais longe levavam
uma trouxa com a comida. Era ovo cozido,
carne frita... o que podia levar. E os de per-
13
to, alguns iam em casa ou alguém trazia
para eles. Para botar energia, fincar postes, puxar fios, fazer a rede, também foi de
mutirão. O Núcleo [hoje Centro Educacional], também. Eu gostava de tudo. A gente
se ajudava. Conversava. Dizia besteira. Era
divertido. Hoje, é bem diferente!”
Brigas
“Aqui, o pior eram aqueles da Varginha
que vinham e provocavam. Eles diziam
desaforo. Chamavam de alemão batata...
– eram os brasileiros – e aí já se achavam
no pau [risos]. Ô! Era briga de acabar com
a festa. Um dia, deram uma paulada num
lá, que acharam mesmo que não vivia
mais. Eu nunca entrava na briga, saía fora.
Porque nós morávamos na Varginha e vínhamos às festas aqui. Minha mulher era
daqui”.
Participação cívica
Foi da Caep, presidente do colégio,
presidente do sindicato rural...
“No sindicato, o que era pra fazer a
gente acompanhava. A sede é a mesma,
onde está a Agreco hoje. Começou com
o Gregório Heidemann, o Aluízio Heidemann e eu. Eu conhecia o Marco Vandresen que era meu primo duas vezes [os
pais eram irmãos e as mães eram irmãs].
Ele era forte na Federação [de Agricultura
de Santa Catarina]. O Aluízio era presidente e eu vice. Aí, ele saiu pra prefeito e eu
tive que assumir. Tinha médico, dentista,
como agora é o posto de saúde. Não dava
muita ‘dor de cabeça’, não. Naquele tempo, escassinho se arrumava um médico
ou um dentista. Vinha um dia, um meio dia
por semana, era mais difícil. Atendia con-
Bodas de ferro – 65 anos de casados: “A Olinda estava doente, mas naquele dia queria
conversar. Olhou pra mim. Olhou para o lado e reconheceu o Zé [Schmidt]”.
sulta para os sócios do sindicato e se ia”.
Política
“Muito pouco. Eu não gostava muito
de política. E já tinha o sogro, o José, o
Paulino, o Tino, já tinha o que chega com
os Schmidt [risos]. E na política, quem se
mete tem que prometer muito e fazer
pouco.” [risos]
Educação
Afirma que sempre se preocupou em
mandar os filhos para a escola. “Os mais
velhos, até a quarta série. Os outros já iam
para Rio Fortuna, à noite, de Kombi com
o Seu Helmuth, pra fazer até a oitava. Os
dois últimos já puderam estudar em Santa
Rosa mesmo”.
Os segredos da Sopa
da Tia Olinda
A receita de base é a de
sopa de galinha caipira. Mas
a da “Tia Olinda” era especial.
Procurou-se saber se ela tinha deixado alguns de seus
segredos. O que se apurou
é que ela dizia que, primeiro,
era preciso escolher uma galinha caipira, bonita e nova. Se
com ovinho, melhor. Galinha
de granja, nem pensar. Galo,
muito menos. Isso não dá
sopa boa. Os temperos especiais parecem ser o “alho de
sopa” (ou alho porro ou poró)
e a salsinha. E há alguns truques: bater bem o ovo com
um pouquinho de trigo; o arroz só entra na hora em que a
carne está bem cozida, uma
meia hora antes de servir.
Com quase 90 anos, muitas atividades. A rocinha de aipim é uma delas.
Contando causos
Choveu pedra
Uma vez, na Varginha, deu uma trovoada de pedra num dia 22 de
dezembro. Não sobrou uma folha numa árvore. Aquela foi feia. E nós
fomos obrigados a se enfiar debaixo da mesa da cozinha. Porque a casa
encheu de pedra. No outro dia, os morros ainda estavam brancos. Destruiu tudo. Feijão maduro na roça não sobrou nenhum. Baraço, não
ficou nada. Nenhuma rama também. A Olinda teve que esperar o rio
baixar, pra pegar água, lavar todas as roupas e fazer a faxina tudo de
novo para o Natal.
Tatú
Um dia estávamos vindo da
roça, estava escurecendo e a
Olinda vinha na minha frente.
Tinha um tatú na estrada, pulou
o barranco, ela grudou na cola,
bateu no chão e pegou o tatú.
Foi ela, eu só vi [risos]. Medo ela
não tinha...
Carteado
Lembram do Fata [Antônio Schmidt] jogando Solo a
noite toda. Às vezes, de manhã eles iam no culto e voltavam para jogar. Era ele, o Henrique Heidemann, O Henrique Siebert, o Zé Heidemann, o Alberto Becker, o Paulo
Wiggers, o João Herdt e o Huberto Dircksen, este de Rio
Fortuna. O jogo era à luz de querosene e de manhã os homens estavam com o rosto preto. De vez em quando, toda
a família acordava com as fortes batidas na mesa.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
EDUCAÇÃO
Rede municipal de educação inicia
reestruturação pedagógica e administrativa
A Secretaria municipal de educação e desporto
(SMED), cumprindo o seu programa de volta às aulas,
realizou, no dia seis de fevereiro, a exposição de uma
proposta de trabalho para os próximos anos letivos.
Participaram do encontro gestores, professores, merendeiras, motoristas e outros profissionais e membros
da comunidade escolar.
Para ter objetivo comum
Segundo a SMED, em 2014 foram cerca de 280 matriculas na rede municipal, o
que resulta em uma média de 13,4 alunos
por turma. Ao mesmo tempo, são 72 os
funcionários. O secretário Rudinei Pacheco afirmou em seu pronunciamento: “Todos devem ter um objetivo comum, para
uma melhor qualidade da educação de
nossas crianças. Por isso é preciso haver
uma restruturação pedagógica e administrativa na educação de Santa Rosa de
Lima”.
Mudanças: corte e controle
Em seguida, Pacheco apresentou as
mudanças que julga serem cruciais para
o bom andamento da gestão municipal.
Segundo ele, uma delas está relacionada
às folgas semanais dos profissionais que
atuam em regime de quarenta horas. “A
folga não tem nenhum amparo legal, foi
um acordo verbal feito em outras gestões
para resolver o problema das faltas. Mas
isso não resolveu o problema das faltas.
Daqui a pouco o Tribunal de Contas pode
questionar. Se o professor ganha por isso,
porque não trabalha? Este ano vamos repensar isso”. Com relação ao sistema de
controle, o secretário também foi enfático,
“vamos fazer um sistema de controle com
o ponto digital, vai ter fiscalização”.
Um Norte
Para dar “um rumo” à educação na
rede municipal de ensino, a SMED contratou a empresa de consultoria organizacional Humanity, que tem sede em Navegantes e atua no setor público, na área
educacional e administrativa. Com tal contratação, que custará aos cofres públicos
cerca de trinta e cinco mil reais, a SMED
pretende conseguir uma melhoria do ensino, a valorização do bom profissional da
educação e a consequente geração de riquezas culturais e socioeconômicas para
o município. São previstas ações como a
elaboração do Plano Municipal de Educa-
Anote aí
Profissionais ligados à educação em palestra com o professor Marcos Meurer.
ção; a reestruturação da Lei Municipal de
Ensino; a reestruturação da Lei de Planos
de Cargos e Salários do Magistério e a criação das Diretrizes Curriculares Municipais.
Palestra e perguntas
Uma palestra com o professor Marcos
Meurer, sócio da empresa Humanity, abriu
as discussões sobre a reestruturação da
rede de ensino. O consultor enfatizou que
o investimento nas pessoas, na educação
delas, é o que mais apresenta resultados
para uma sociedade mais igualitária. Uma
questão do palestrante chamou a atenção dos educadores: “Vocês sabem o que
é um Plano Municipal de Educação?” No
ar, ficaram outras perguntas. Será que o
consultor não sabe – porque não foi informado – que os educadores de Santa Rosa
de Lima já construíram coletivamente dois
planos decenais de educação? Ele desconhece que esses planos foram elaborados
de forma coletiva, durante muito tempo e
com trabalho e participação da comunidade escolar? Essas dúvidas são uma possível explicação para o relativo insucesso
de Meurer nas sucessivas tentativas de
motivar o público e de provocar sorrisos.
E para a apatia frente à pergunta final do
consultor: “Todos aqui acreditam que Santa Rosa de Lima poder ser um município
referência em educação?”
!
Orgânico é conteúdo de formação
O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) realiza inscrições para
o curso Agricultor Orgânico. O objetivo
é desenvolver a produção de orgânicos
com base na legislação vigente.
Realizado através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (PRONATEC) e desenvolvido
pelo SENAR, o curso tem duração de
160 horas, com aulas teóricas e práticas. A cada aluno será ofertado um vale
transporte e alimentação, no valor de
R$ 2,50 a hora aula.
Conteúdos abordados
História da agricultura; Introdução à agricultura orgânica; Princípios da agricultura orgânica; Aplicação das técnicas; Mercado; Certificação orgânica; Medidas de segurança no
trabalho, meio ambiente, novas exigências profissionais e cidadania; e Empreender no Campo
Inscrições com vagas limitadas e perfil
Até o dia 15 de março, no CRAS. As vagas são
para pessoas que podem ser inseridas no Cadastro Único para Programas Sociais. Por isso,
para a inscrição é preciso trazer documentos
pessoais de todos os membros da família (CPF,
RG, conta de luz e comprovante de renda).
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
ANO 1 - Nº 9 • Edição Mensal - Março/2014 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima
•
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Distribuição gratuita. Venda Proibida.
QUERIDA LEITORA, QUERIDO LEITOR,
NESTA EDIÇÃO, O CRIANÇA SRL CONTINUA A PUBLICAÇÃO DAS
CARTILHAS DA SÉRIE “NOSSO AMBIENTE”.
O TEXTO E AS ILUSTRAÇÕES SÃO DO TALENTOSO ALEXANDRE BECK E A
EDIÇÃO É FEITA PELA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DE SANTA CATARINA.
DECIDIMOS PUBLICAR JUNTAS DUAS CARTILHAS: “MATA ATLÂNTICA” E
“ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE”.
VOCÊ VAI VER QUE ELAS TÊM TUDO A VER UMA COM A OUTRA.
E TUDO A VER COM A VIDA QUE VOCÊ LEVA AQUI EM SANTA ROSA DE
LIMA E NAS ENCOSTAS DA SERRA GERAL.
NOSSO MUNICÍPIO FICA EM PLENA MATA ATLÂNTICA E TEM
ÁREAS ONDE ELA CONTINUA PRESERVADA.
É ISSO QUE OS TÉCNICOS CHAMAM DE “REMANESCENTES”.
O QUE QUER DIZER “O QUE SOBRA”.
OU SEJA, A MATA ATLÂNTICA VEM SENDO TÃO DESTRUÍDA, QUE
SOBRA POUCA COISA.
HOJE, ELA É MENOS DE UM DÉCIMO DO QUE ERA.
SIGNIFICA QUE NOVE DE CADA DEZ ÁREAS DELA FORAM
DESTRUÍDAS.
POR ISSO, OS ANIMAIS QUE VIVEM NA MATA ATLÂNTICA PEDEM
SOCORRO.
COM A LEITURA DAS PAGINAS SEGUINTES VOCÊ VAI
SABER COMO A MATA ATLÂNTICA É IMPORTANTE PARA
NÓS, PARA NOSSA VIDA E PARA O NOSSO FUTURO. E
SABER COMO É POSSÍVEL AJUDAR A PRESERVÁ-LA.
CONVERSE SOBRE ISSO COM SEUS COLEGAS.
PEÇA A SEUS PROFESSORES PARA FALAR DA MATA
ATLÂNTICA EM NOSSO MUNICÍPIO.
QUEM SABE A ESCOLA ORGANIZA UMA
VISITA A UMA ÁREA DE MATA NATIVA PARA
QUE TODOS POSSAM APRENDER MAIS.
BOA LEITURA!
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COMUNIDADE
NOVA FÁTIMA
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Meine Meinung Minha Opinião
Wilson Feijão Schmidt
Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber
Cantinho encantador
A temporada de verão, casada com as férias escolares, fez com que muitos turistas e visitantes passassem aqui por nossa comunidade. Em especial, no
Cantinho da Família, de propriedade do casal Ângela
e Ney Feldhaus. Em um destes ensolarados finais de
semana, nossos colunistas estiveram por lá para conversar com hóspedes e conhecer as impressões deles
sobre o lugar.
Do litoral para o interior
O casal Ana Maria e Antônio Luiz, de Imaruí, se encantou com o local. Eles contam que em novembro
do ano passado conheceram o espaço. Passaram lá
rapidamente, a convite do casal de amigos Leonir e
Maria Alice. “Na época, a gente veio passar um final de
semana na casa de sítio destes nossos amigos, que
moram na nossa cidade. Alice tem raízes aqui – nasceu em Nova Fátima – e eles vêm de vez em quando
aqui. Daquela vez nos convidaram e foi um passeio
muito bom”.
Retorno certo
Na volta para Imaruí já tínhamos uma certeza:
voltaríamos com mais tempo. Agora, nas férias, resolveram presentear os filhos com uma estadia de final
de semana. Além dos filhos, convidaram mais alguns
amigos. “Encantamos-nos com o Cantinho, com a paisagem, a tranquilidade, a segurança e as belezas naturais. Foi muito divertido”.
Impressões
Uma das amigas convidada, Maria de Fátima, falou a nossa coluna: “É tudo muito bem cuidado, muito
limpo e organizado. Tem um bom atendimento. A comida é muito boa. As camas são confortáveis e muito
bem arrumadas. E é tudo cheirosinho. Gostei demais”.
Eles também afirmam ter adorado os amplos espaços de lazer, “por ter todas as características interioranas combinadas com muita beleza”. E completa
a visitante Maria de Fátima: “É um lugar para o qual,
com certeza, queremos voltar. Além disso, vamos recomendar para outras pessoas. Ficamos com a boa
sensação de que quando a gente compra a estadia,
vem incluído um atendimento super especial. E isso é
muito gratificante”.
Esta não é uma coluna literária. Contudo, acabei de ler um dos romances mais importantes do grande escritor Mario Vargas Llosa: “A
Festa do Bode”. Esse livro foi considerado “um retrato implacável do
poder absoluto”. “Bode” era o apelido do ditador Trujillo, que governou
com tirania, por trinta e um anos, a República Dominicana. A leitura
desta obra literária torna impossível não se lembrar de certos “Chefes”
de municípios espalhados pelo Brasil.
Semelhanças
Afinal, o romance retrata gente com “um talento infinito para a
intriga e a conversa fiada”. Descreve homens que diante do Chefe
veem sumir sua valentia e seu sentido de honra. E deles se apoderar
“uma espécie de paralisia da razão
e dos músculos, uma docilidade e
reverência servis”. E, então, esses
mesmos homens se perguntam
(pelo menos esses se perguntam)
“por que a presença do Chefe os
aniquila moralmente”.
Parecença
Apresenta o Chefe como um
“mestre e manipulador de ingênuos, bobos e babacas”, um “astuto
aproveitador da vaidade, da ambição e da estupidez dos homens”.
Que se diverte ao perceber que
seus subordinados e pessoas que
querem ficar ao redor dele fazem
“manobras sutis”, dão “cutucadas
sigilosas”, promovem “intrigas um
contra o outro”, tudo “para tirar o
companheiro da jogada, tomar a
dianteira, estar mais perto e merecer maior atenção, ouvidos e brincadeiras do Chefe”.
Passagem marcante...
Uma frase do livro chama a
atenção e pede uma parada e reflexão: “O Chefe extirpara de to-
dos os homens o atributo sagrado
concedido por Deus: o livre-arbítrio”.
Marcante porque essa expressão é usada para significar a vontade livre de escolha, as decisões
livres. É o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações,
que caminho quer seguir.
Para os Católicos, é o poder
que Deus dá aos seus fiéis de serem livres e fazerem o que bem
entenderem, arcando sempre
com suas escolhas. Segundo a
Bíblia, Deus nos dignifica por nos
dar livre-arbítrio, a capacidade de
tomarmos decisões por conta própria.
Para os filósofos, é a faculdade
própria do homem que, pela capacidade de ser racional, é capaz de
escolher entre várias possibilidades. Livre-arbítrio é, assim, o poder de agir de determinada forma,
ou deixar de agir, sem nenhuma
razão para tal escolha a não ser
a sua própria vontade, sem qualquer constrangimento ou pressão.
Presume, portanto, que o indivíduo age de certa maneira porque
assim quer e sente-se responsável
pelo ato praticado. Para que o livre-arbítrio seja exercido em sua
plenitude não deve haver impedimentos externos ao movimento.
Isso vale tanto para a liberdade de
palavra, quanto para a de ação ou
de crença.
... Para refletir
Imagino que isso faça pensar
sobre o servilismo a nossa volta;
sobre pessoas que só tem opinião depois de escutar aquela do
Chefe; de gente que reproduz e
amplifica as mentiras criadas pelo
Chefe; de indivíduos que gostam e
detestam as pessoas que o Chefe
diz para eles gostarem ou detestarem; de servidores públicos que
têm medo do que o Chefe vai pensar ou fazer se eles reconhecerem
os problemas ou pontos de melhoria de um serviço.
A diferença pode estar apenas no apelido
Não se sabe se “Bode” é a melhor alcunha para os Chefes que
temos por aqui. Para alguns seria melhor “Hiena”. Para outros, o
nome de certos peixes. Para outros, ainda, “Pinguim manco”.
Lições
O que o livro mostra é que os
chefes passam e o país ou município fica. E que, com o tempo e condições para pensar, toda a população acaba reconhecendo os males
que o “Chefe” causou para todos.
Espaço d’Acolhida
Solange Wiemes Heidemann
e Robson Meyer
Sítio EcoSol e Estância
Frio da Serra
Com uma paisagem deslumbrante e uma magnífica vista para o paredão da Serra Geral, nossa
propriedade recebe turistas para visitação e gente
que busca a aventura de uma cavalgada. Estamos
localizados na comunidade de Mata Verde, a 3 km
do centro de Santa Rosa de Lima. Fazemos parte
da Acolhida na Colônia desde a fundação da associação.
Edificando sonhos
Nós começamos a construir
nossos sonhos em meados de
2008. Eu, Solange, acabara de
me formar no curso técnico de
Turismo e Hospitalidade, ofertado pela Universidade do Sul de
Santa Catarina (Unisul). Havia
sido premiada, pelos meus êxitos escolares, com uma viagem
para Itália e Portugal e dela retornava. Após viver esta experiência, recebi várias propostas para
atuar no setor hoteleiro urbano.
Esta ideia, porém, não me animava. Nesta época, Robson, que já
havia trabalhado em supermercados na grande Florianópolis,
retornava à sua terra natal, Anitápolis, e trabalhava na padaria da
família. Foi aí que veio a vontade
de empreender. Fomos atraídos
pela Acolhida na Colônia, pelo
agroturismo e pelas práticas de
agroecologia que minha família
já tanto conhecia e participava. O
pedaço de terra onde nos instalamos pertencia aos meus pais,
que me deram como herança.
Sem arrependimentos
Com apenas cinco anos de
trabalho, eu e Robson acreditamos que construímos uma bela
propriedade, com uma estrutura considerável. Nossa situação
atual e nossa qualidade de vida
seriam inimagináveis no cenário
de trabalho assalariado urbano
que nos provocava.
As oportunidades de crédito
Pronaf e o apoio de outros programas viabilizados por nossas
entidades tornaram possível
que nós, ainda jovens, nos estabelecêssemos,
projetássemos
nossos sonhos no meio rural e,
fundamentalmente, descobríssemos que é possível realizá-los.
Acreditamos que outros jovens
de Santa Rosa devem pensar
sobre essa “janela de oportunidades”.
Para vir, ver e viver
A propriedade possui atividades diversificadas: produção
de biscoitos caseiros, criação de
porcos soltos na natureza e uma
pequena granja de frangos orgânicos. E conta com paisagens
exuberantes e muitos pássaros
silvestres.
Além disso, temos um empreendimento inovador que chamamos de Estância Frio da Serra.
Trata-se de uma baia para hospedagem de cavalos e uma cancha de laço, com um galpão para
eventos campeiros, que reúne
amigos, e turistas para momentos muito agradáveis.
Futuro
Estamos nos preparando
para, em breve, trabalhar também a hospedagem. Investimos
na construção de um chalé, priorizando o aconchego e a vista
privilegiada. Pretendemos, ainda,
complementar o sítio com outros
atrativos, como lago para pesca,
trilhas ecológicas e espaço para
camping.
Estância Frio da Serra, reúne cavaleiros, amigos e turistas.
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
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PELO MUNDO
“A sorte do encontro com
Santa Rosa de Lima”
Final da tarde de 25 de fevereiro. Na frente do Hotel do Vilmar, como
sempre faz, o Ambrósio parou no meio da rua o micro da ZTL que faz a
linha para a capital. Aqueles que estão no bar, tomando umazinha, notam
que desceu gente que não é daqui. Parecem formar uma família. O casal
é composto por uma bela mulher e um homem muito alto com cabelos
desgrenhados e espetados para cima. E há três meninas. Duas iguaizinhas
aparentam ter doze ou treze anos. A menorzinha, três ou quatro. Eles não
falam quase nada de português. Dizem que a língua deles é o francês, que
dominam o inglês e “arranham” o espanhol. Ficaram as perguntas: Quem
são eles? O que fazem esses viajantes na pequena Santa Rosa de Lima?
A família e o sonho da “volta ao mundo”
Jérômine Derigny, 42 anos, é uma jornalista fotográfica independente (freelancer) que mora em Paris e se diz “uma típica parisiense”. É casada com Aladin Jouini,
um tunisiano, também de 42 anos, que ela
define como autodidata e capaz de “fazer
de tudo” (música, informática, sites na internet, filmes em 3D etc.).
Desde sua infância e adolescência,
Jérômine acalantava o sonho de fazer “a
volta ao mundo” com a família que constituísse. Em 2010, quase chegando aos
quarenta anos e curtindo o nascimento
de Vênus, a terceira filha, conversou com
o marido. Era o momento de fixarem uma
data para a viagem, para terem certeza de
que o sonho de partir para a aventura e
a busca de encontros seria mesmo realizado. Concordaram que era preciso esperar que a pequena crescesse um pouco.
Mas que deveriam cuidar para que não se
passasse tempo demais e Indira e Athéna,
as duas primeiras filhas, que são gêmeas e estavam com nove anos, estivessem
“grandes demais”. Decidiram, então, que
quando Vênus completasse três anos eles
“fariam as mochilas” e partiriam.
Preparativos
Em agosto de 2012, criaram um blog
(www.duglobeaublog.com), “para se motivar e para informar todo mundo”. E começaram a fazer os preparativos para uma
viagem de um ano de duração – entre
12 de agosto de 2013 e 14 de agosto de
2014. No planejamento, os grandes deslocamentos seriam feitos de avião e em
cada país usariam os transportes locais:
especialmente ônibus e trem. Procurariam se hospedar sempre em pousadas,
especialmente de agricultores familiares.
O roteiro foi definido: dois meses na Índia,
um mês na Tailândia, um mês no Camboja, um mês na Indonésia, quinze dias na
Austrália, cinco meses na América do Sul
(Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Peru e
Bolívia), um mês no México.
Foi preciso pensar em como dar conta
do orçamento de uma viagem desse tipo.
Para uma família de cinco pessoas, mesmo que com “mochila nas costas”, calcularam que seria preciso pensar em “por de
lado” 50 mil euros (160 mil reais). Doze mil
(39 mil reais) para as passagens de avião
e três mil (9,7 mil reais) por mês, para as
outras despesas. A parceria com revistas e
sites, para os quais eles devem enviar textos, fotos e filmes ajudaram a completar
as economias de muito tempo.
O projeto
Como jornalista e fotógrafa, Jérômine
Derigny trabalha em torno do desenvolvimento sustentável e das agriculturas familiar, local e urbana. “Como nesta volta ao
mundo eu iria visitar muitos países, pensei
que seria a ocasião de fazer fotos e perfis
de agricultores familiares em cada país.
Vênus e uma de suas irmãs gêmeas degustam a comida da Dida, que a família
avaliou como “ótima e orgânica”.
Família Jouini em fotomontagem do blog em que publicam sua viagem
pelo mundo.
Porque 2014 é o ano da agricultura familiar. Minha ideia é publicar artigos e fotos
em revistas e jornais europeus”. Ela afirma
que o importante é acumular informações
sobre as diferentes situações dos agricultores familiares pelo mundo, e descreve:
“Entre os que eu conheci na Índia e os
daqui há semelhanças, mas há condições
diferentes. Por isso, não pretendo fazer
artigos sobre cada um deles, mas, tendo
posto as mesmas questões, eu poderei fazer comparações”.
Mas por que a Acolhida e por que
Santa Rosa de Lima?
Quando pisaram nos pavers da Germano Hermesmeyer os cinco membros
da família Jouini já tinham passado pela
Índia, Tailândia, Laos, Camboja, Indonésia,
Austrália, Chile, Argentina e Uruguai. Os
planos deles na América Latina eram bem
abertos. As passagens de avião foram de
chegada em Santiago do Chile no dia 30
de janeiro e serão de partida, no dia 15
de julho, de Cidade do México. “A gente não sabia muito bem aonde iria e não
sabe aonde vai. Em que sentido vamos e
o tempo que passaremos”. Ela conta com
um sorriso aberto que a ideia de passar
em Santa Rosa de Lima nasceu em Montevidéu. Os planos eram de rumar para São
Paulo, para passar o Carnaval. Consultando o guia internacional da Accueil Paysan
(que é a Acolhida na Colônia francesa),
decidiram que era importante passar três
dias com agricultores da Acolhida na Colônia. Temendo dificuldades de comunicação, pediram a um amigo, também francês
e que mora em São Paulo, que telefonasse
e fizesse uma reserva na Pousada Vitória.
Em seguida, pegaram um ônibus para Porto Alegre. De lá, outro para Florianópolis,
onde, por cinco minutos, perderam o ZTL
da segunda. Persistentes, aguardaram até
a terça e mantiveram a ideia vir a Santa
Rosa de Lima. E, assim, aqui chegaram e
permaneceram por quase três dias.
Balanço
Na noite de quinta-feira, anterior à
partida dos Jouini (eles pegaram o ZTL
das 5:45 horas de sexta), pouco antes do
jantar, a reportagem do Canal SRL pediu a
Jérômine que fizesse uma avaliação de sua
estadia na Capital da Agroecologia. “Consideramos um grande prazer estar aqui. É
uma felicidade ter esse ‘porto de paz e de
tranquilidade’, com uma comida que é ótima e orgânica... Desde o Chile, passamos
por tantas cidades grandes e comemos
mal em pequenos restaurantes de estrada. Foi maravilhoso chegar aqui e sermos
tão bem acolhidos e servidos com essas
refeições de ótima qualidade. Na verdade,
em um lugar como esse, nosso desejo seria de passar uns dez dias. Mas tínhamos
combinado de ir para São Paulo”.
Tudo se combina
A jornalista francesa prosseguiu dizendo que em toda a viagem pelo mundo,
a experiência de Santa Rosa de Lima é a
“mais bem acabada” que ela encontrou, no
que se refere à combinação de agricultura familiar e turismo. Para ela, “aqui, tudo
se combina”: “Há a força de um projeto de
agroturismo que resultou numa qualidade
de hospedagem que julgo especial e que
pode atrair turistas estrangeiros e do Brasil. Isto se junta a um projeto de desenvolvimento que ajuda a tornar conhecida
a região. E há, também, a força de se poder conviver com o saber fazer dos agricultores e agricultoras, os produtos locais,
o tipo de construção das pousadas... Isso
nós não encontramos nas outras pousadas em que nós estivemos até agora, pelo
mundo. É até difícil acreditar que esse é
um processo que começou há apenas
quinze anos”.
Relacionamento com o turista
Estranho foi constatar a grosseria do motorista da ZTL no momento de embarque dos viajantes
pelo mundo, para o retorno deles
a Florianópolis. Não podendo entender qualquer tentativa de explicação, exigia que materiais frágeis
fossem colocados no bagageiro ou
que uma mochila pagasse passagem, mesmo com o ônibus completamente vazio. Ao final, pulava e
sapateava, gritando: “No país deles,
eles podem mandar. Mas no meu
ônibus mando eu”. Definitivamente, isso não combina com um lugar
que é destino de referência em turismo rural.
18
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA –
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO
N.
01/2014.
MODALIDADE: CONVITE
I – DO OBJETO Aquisição de um lote de 66.000 (sessenta
e seis mil) mudas de plantas aromáticas com as seguintes características: Óregano (Origanum vulgare): 11.000 (onze mil)
mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Tomilho
(Thymus vulgaris): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de
reposição até máximo de 30 %. Camomila (Matricaria chamomilla L): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até
máximo de 30 %.Sálvia (Salvia officinalis L.): 11.000 (onze
mil) mudas mais mudas de reposição até máximo de 30 %.
Alecrim (Rosmarinus officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas
mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Vetiver (Chrysopogon zizanioides): 11.000 (onze mil), com a finalidade de
atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no Convênio
nº 01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP.
PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – Florestal Rio Verde
Ltda - ME; Jane Schuelter Schmoeller Dela Giustina, ME e
Metalúrgica Dako Ltda - EPP.
VENCEDOR DA LICITAÇÃO – FLORESTAL RIO VERDE LTDA
VALOR PROPOSTO: R$ 32.600,00 ( trinta e dois mil e seiscentos reais)
Santa Rosa de Lima, em 13 de fevereiro de 2014.
Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA –
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO
N.
02/2014.
MODALIDADE: CONVITE
I – DO OBJETO Um veiculo MARCA FIAT MODELO
STRADA WORKING SIMPLES 1.4 FLEX 2012014, pelo
valor de R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais), um
veiculo Zero KM, tipo camionete, combustível flex, cabine
simples 02 lugares, duas portas, fabricação nacional, ano 2014,
CV potencia 75 CV-5 marchas e uma ré, caoacidade da caçamba 1220 litros, vidros elétricos, cor predominantemente branca,
Ar condicionado, direção hidráulica, volante com regulagem
de altura e travas elétricas e travamento automático das portas a
20 m/h air bag duplo, (motorista e passageiro) ABS com EBD,
com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho
previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-130189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do
Processo Licitatorio n. Nº 02/2014.
PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – Unita Veiculos Ltda,
Kolina Araranguaense Veiculos Ltda e Napoly Comercial de
Veiculos Ltda.
VENCEDOR DA LICITAÇÃO – UNITA VEICULOS
LTDA
VALOR PROPOSTO: R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais)
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA –
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO
N.
03/2014.
MODALIDADE: CONVITE
I – DO OBJETO Aquisição de 5.500 litros de gasolina comum, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº
01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas
do Processo Licitatorio n. Nº 03/2014.
PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – J.ELLER & CIA
LTDA, VANDRESEN & HERMESMEYER LTDA E AUTO
POSTO SANTA ALBERTINA LTDA.
VENCEDOR DA LICITAÇÃO – J.ELLER & CIA LTDA
VALOR PROPOSTO: R$ 16.775,00 ( dezesseis mil setecentos
e setenta e cinco reais)
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
PUBLICAÇÃO LEGAL
Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA –
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
RESULTADO DO PROCESSO LICITATORIO
N.
04/2014.
MODALIDADE: CONVITE
I – DO OBJETO Aquisição de 02 Notebook, NB ACER V5431-Intel Sistema Operacional Windows em Portugues, Memória RAM 4 GB, Disco Rigido 500 GB, Tela Led 14 a 15
polegadas, Wireless, processador Intel core, software Incluso
01 impressora HP Leserjet color pro 200 mult M 276NW, Multifuncional ( Scaner e Cópia) Bivolt, Software, 01 Pojetor Multimidia Epson/Powerlite 518/3000 Lúmens, Adaptador Lan
Wireless/Preto/ Resolução ( 1024x768),
01 Antena Internet Airgrid M2 27 DBI UBIQUITI, 01 Antena Base Direcional 20 DBI 90 GF-1020 c/CABO, 01 Interface
Celular ITC 4000 Intelbras, 03 Telefones s/f intelbras TS-40
Preto, 01 Central Telefonica Intelbras Conecta 2 linhas/8 Ramais, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº
01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas
do Processo Licitatorio n. Nº 04/2014.
PARTICIPANTE DA LICITAÇÃO – SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA, MARCELO BOEING
LTDA E TM SCHLICKMANN & CIA LTDA – ME.
VENCEDOR DA LICITAÇÃO – SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA
VALOR PROPOSTO: R$ 7.925,14 ( sete mil novecentos e
vinte e cinco reais e quatorze centavos)
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
Luiz Schmidt – Diretor Presidente do CFAE
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
EXTRATO DO CONTRATO Nº 01/2014
OBJETO: Aquisição de um lote de 66.000 (sessenta e seis mil)
mudas de plantas aromáticas com as seguintes características:
Óregano (Origanum vulgare): 11.000 (onze mil) mudas mais
mudas de reposição até máximo de 30 %. Tomilho (Thymus
vulgaris): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição
até máximo de 30 %. Camomila (Matricaria chamomilla L):
11.000 (onze mil) mudas mais mudas de reposição até máximo
de 30 %.Sálvia (Salvia officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas
mais mudas de reposição até máximo de 30 %. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.): 11.000 (onze mil) mudas mais mudas de
reposição até máximo de 30 %. Vetiver (Chrysopogon zizanioides): 11.000 (onze mil), com a finalidade de atender ao disposto
no Plano de Trabalho previsto no Convênio nº 01-13-0189-00
celebrado entre o CFAE e a FINEP.
CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE.
CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40,
CONTRATADO: FLORESTAL RIO VERDE LTDA
CNPJ/MF 08.209.234/0001-55,
VALOR DO CONTRATO: R$ 32.600,00 (trinta e dois mil e
seiscentos reais).
VIGENCIA: 13/02/2014 à 31/12/2014
REAJUSTE: Sem reajuste.
ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen
Santa Rosa de Lima, em 13 de fevereiro de 2014.
LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE
FLORESTAL RIO VERDE LTDA - Contratada
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
EXTRATO DO CONTRATO Nº 02/2014
OBJETO: Um veiculo MARCA FIAT MODELO STRADA
WORKING SIMPLES 1.4 FLEX 2012014, pelo valor de R$
40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais), um veiculo Zero
KM, tipo camionete, combustível flex, cabine simples 02 lugares, duas portas, fabricação nacional, ano 2014, CV potencia
75 CV-5 marchas e uma ré, caoacidade da caçamba 1220 litros,
vidros elétricos, cor predominantemente branca, Ar condicionado, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e
travas elétricas e travamento automático das portas a 20 m/h
air bag duplo,(motorista e passageiro)ABS com EBD, com a
finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto
no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00
celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo
Licitatorio n. Nº 02/2011.
CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE.
CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40,
CONTRATADO: UNITA VEICULOS LTDA
CNPJ/MF 01.956.015/0001-90,
VALOR DO CONTRATO: R$ 40.800,00 ( quarenta mil e oitocentos reais).
VIGENCIA: 28/02/2014 à 31/03/2014
REAJUSTE: Sem reajuste.
ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE
UNITA VEICULOS LTDA - Contratada
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
EXTRATO DO CONTRATO Nº 03/2014
OBJETO: Aquisição de 5.500 litros de gasoline comum para
o veiculo do Centro de Formação em Agroecologia com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto
no plano de trabalho Previsto no Convenio nº 01-13-0189-00
celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas do Processo
Licitatorio n. Nº 03/2011.
CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE.
CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40,
CONTRATADO: J.ELLER & CIA LTDA
CNPJ/MF 01.827.995/0001-21,
VALOR DO CONTRATO: R$ 16.775,00 ( dezesseis mil setecentos e setenta e cinco reais).
VIGENCIA: 28/02/2014 à 31/12/2015
REAJUSTE: conforme autorizado pelo Governo Federal.
ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE
J. ELLER & CIA LTDA - Contratada
CENTRO DE FORMAÇÃO EM AGROECOLOGIA
CFAE
SANTA ROSA DE LIMA – ESTADO DE SANTA CATARINA
EXTRATO DO CONTRATO Nº 04/2014
OBJETO: Aquisição de 02 Notebook, NB ACER V5-431-Intel Sistema Operacional Windows em Portugues, Memória
RAM 4 GB, Disco Rigido 500 GB, Tela Led 14 a 15 polegadas,
Wireless, processador Intel core, software Incluso
01 impressora HP Leserjet color pro 200 mult M 276NW, Multifuncional ( Scaner e Cópia) Bivolt, Software, 01 Pojetor Multimidia Epson/Powerlite 518/3000 Lúmens, Adaptador Lan
Wireless/Preto/ Resolução ( 1024x768),
01 Antena Internet Airgrid M2 27 DBI UBIQUITI, 01 Antena Base Direcional 20 DBI 90 GF-1020 c/CABO, 01 Interface
Celular ITC 4000 Intelbras, 03 Telefones s/f intelbras TS-40
Preto, 01 Central Telefonica Intelbras Conecta 2 linhas/8 Ramais, com a finalidade de atender ao disposto no Plano de Trabalho previsto no plano de trabalho Previsto no Convenio nº
01-13-0189-00 celebrado entre o CFAE e a FINEP. Nas formas
do Processo Licitatorio n. Nº 04/2014.
CONTRATANTE: Centro de Formação em Agroecologia CFAE.
CNPJ/MF: 08.673.981/0001-40,
CONTRATADO: SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA
CNPJ/MF 09.399.126/0001-55
VALOR DO CONTRATO: R$ 7.925,14 ( Sete Mil Novecentos e vinte e cinco reais e quatorze centavos).
VIGENCIA: 28/02/2014 à 30/04/2014
REAJUSTE: Sem Reajsute.
ADVOGADO: Dr.Benicio Vandresen
Santa Rosa de Lima, em 28 de fevereiro de 2014.
LUIZ SCHMIDT – Diretor Presidente do CFAE
SERRA GERAL SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA Contratada
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Família SRL
Adolfo Wiemes
A busca de um
verdadeiro sentido
Com minhas vistas cansadas de oitenta e cinco anos de tanto enxergar,
percebo, ao olhar para o mundo atual, uma constante luta para descobrir o
sentido de tudo o que está “por aí”.
O que vejo é só uma realidade dura e sem nexo. Os valores parecem desacreditados; os papéis da família estão invertidos; as ideologias são muitas
e os ídolos, diversos. A grande pergunta é: hoje, as pessoas fazem as coisas
por amor ou por imposição do mundo?
Desesperança e falta de
rumo
Na sociedade deparo-me
com inúmeras realidades totalmente distantes dos valores que
podem nos levar à verdadeira felicidade. Você percebe isso também? Muitas vezes é preciso respirar fundo diante dos olhares
sem esperança que nos rodeiam.
Parece que muitos perderam o
sentido da vida, uma vez que os
ideais valorizados pela sociedade
são o poder, o ter e o prazer. E
tudo isso, custe o que custar.
Insaciáveis
Se fazemos uma faculdade,
queremos um mestrado. Se conhecemos um grande amor, ele
precisa ser perfeito. Se temos
um carro, queremos dois. Se
possuímos um celular, desejamos sempre o mais moderno.
Enfim, o “mundo” corre e achamos que não podemos ficar para
trás. Não é assim? Mas surgem
as perguntas: “Aonde realmente
quero chegar?” “Porque tenho
tudo e não tenho nada?” Nesses
momentos de questionamento,
parece que as coisas perdem o
seu valor, seu real sentido. Seguimos, contudo, a tendência de
“deixar a vida nos levar”. O resultado: nossos sonhos escapam
por entre os dedos; o essencial
sempre fica bem longe.
“É o amor!”
Com minha experiência, me
dou o direito de questionar aos
meus queridos leitores: Em, um
mundo tão superficial, tão cheio
de “perfis”, o que é realmente essencial? O que, de fato, nos fará
ter uma vida com sentido?
Para mim, uma vida com sentido é uma vida com amor. É fazer tudo por amor. E com amor.
Amor até o último suspiro. Já tentou Imaginar que linda será nossa aventura de viver se fizermos
dela um constante ato de amor?
Tudo muda
Somos desafiados a assumir
o sentido em nossa vida. Somos
desafiados a amar!
Um amigo meu me ajuda
muito nessa aventura. Uma frase
dele diz: “Viver sem uma fé, sem
um patrimônio para defender,
sem sustentar a verdade numa
luta contínua, não é viver, mas
fingir que se vive”.
Viver de verdade, viver diferente
Por isso, devemos afirmar
frente ao mundo do nosso tempo: Não quero fingir viver, quero
viver de verdade! Não quero minha vida igual a tudo que se vê!
Que tal buscarmos uma vida
com sentido, uma vida com
amor?
Caros leitores, se vocês estão
na busca de um verdadeiro sentido de vida, construam no dia a
dia uma família baseada no verdadeiro amor, na compreensão,
no perdão, no diálogo e na ajuda
mútua. Isso, sim, é o que trará
felicidade para vocês e para seus
filhos.
19
COMUNIDADE
RIO BRAVO
Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde
Inauguração
Aconteceu no último dia 23 de fevereiro a inauguração
da piscina no Sítio Águas Mornas, da Dona Tabita. Apesar
de o dia ter sido de chuva, atrapalhando o uso da principal
atração, muitas pessoas prestigiaram a inauguração. Durante todo o dia foram oferecidos serviços de bar e cozinha.
O churrasco estava especial e a cerveja gelada “no ponto”.
Quem participou, aprovou. É um bom ambiente e mais uma
opção para aquele encontro com os amigos. Estará aberto
aos finais de semana e também mediante reservas. Parabéns à Dona Tabita e ao Nilson (Néia) pelo empreendimento.
Mutirão
Quem passou nos últimos dias na estrada de Águas Mornas percebeu que o Centro de Formação em Agroecologia
(Casarão) foi restaurado. O prédio histórico recebeu pintura
nova e está muito bonito. Agora, ele vai abrigar o escritório
do projeto de óleos essenciais orgânicos. (veja matéria nesta
edição). Vale destacar que boa parte dos serviços foi feita
em forma de mutirão. Pessoas ligadas aos projetos de desenvolvimento sustentável fizeram um grande esforço para
ajudar neste trabalho. Ficou bonito e saiu barato. O mutirão,
além de ser eficiente para realizar certas atividades, resgata
um hábito antigo. Nós todos sabemos que essa ajuda mútua
era muito comum nos tempos de nossos pais e avós. Infelizmente, ela vai ficando no esquecimento. Parece que cooperação e o voluntariado passaram a ser vistos até como algo
negativo. Por isso, foi muito bom ver, em nossa comunidade,
pessoas exercitando a solidariedade e fazendo um mutirão
em prol do bem comum.
Visita honrosa
A propriedade “Encanto Verde”, de Rosângela e Sebastião
Vanderlinde, teve a honra de receber o trio de franceses que
vieram para a homenagem a Jean Yves Griot e para o lançamento do projeto de óleos essenciais orgânicos. No primeiro
dia deste mês de março, Elizabeth Griot e o casal Didier e
Aline Boursier, acompanhados pelo João Augusto (Joca), que
“trabalhou” como tradutor, conheceram a propriedade. Fizeram questão de dizer que ficaram muito bem impressionados com a beleza do local e que admiraram muito a bela vista
para o paredão da Serra Geral. Segundo Didier e Aline, que
têm uma pousada rural no Oeste da França, o potencial da
propriedade para o agroturismo é muito bom.
Rede AGRECO
Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi
Agroindústrias orgânicas em rede
Empreender em iniciativas que respeitam o ambiente e promovem a vida
em todos os aspectos é sustentar a existência do planeta. É preciso defender esta ideia.
Só teimosos, para buscar saídas
Plantar e colher desafios,
esse foi o grande objetivo da
Agreco nos anos noventa. Para
quem não lembra, vivíamos, em
Santa Rosa de Lima, a crise da
terra e da fumicultura. Nossos
terrenos estavam desgastados,
os agricultores, desanimados. A
agroecologia apareceu no cenário como uma esperança. Era
possível produzir de acordo com
as condições naturais, de forma
sustentável e agregando valor.
As críticas pela baixa remuneração do fumo, do leite e de
outras produções e culturas
eram muito frequentes. Beneficiar produtos dentro de casa, em
garagens ou varandas de paióis
era impossibilitado pela vigilância
sanitária. Só “teimosos” poderiam reverter uma situação como
aquela. Mais ainda, diante da
fragilidade de políticas públicas,
da falta de crédito e de outras
dificuldades. Naquele quadro,
surgiram iniciativas ousadas. Entre elas, a construção de agroin-
dústrias modulares em rede no
espaço rural. Todas de pequeno
porte e geridas pelos próprios
componentes das famílias de
agricultores.
Mobilização e seus resultados
Em 1999, aconteceu a grande
mobilização de lideranças e agricultores no município e se montou o projeto da construção, no
município, de catorze agroindústrias em diversas cadeias produtivas orgânicas. Foram constru-
ídas seis unidades de hortaliças
minimamente processadas, uma
de abate de suínos, duas de fabricação de conservas, uma de
beneficiamento de mel, uma de
embalamento de ovos caipiras,
uma queijaria e duas de processamento de derivados de canade-açúcar. Tudo foi construídos
com financiamento do Pronaf
Agroindústria. Hoje, apenas três
delas não estão funcionando e
algumas se readaptaram. Também houve condomínios, ou
grupos de famílias, que se desligaram do processo.
Os frutos do pioneirismo
É inegável a grande movimentação que a Rede Agreco promoveu em nossa Santa Rosa de
Lima. Além de dar novas oportunidades de renda para as famílias
envolvidas, gerou muitos empregos indiretos, o que resultou em
uma considerável movimentação
econômica no município. Não sabemos se os santarosalimenses
fazem o exercício de pensar o
que estariam fazendo as pessoas
ligadas às agroindústrias da Rede
Agreco se esse processo não tivesse acontecido. É claro que ele
foi marcado por crises. Essa é a
norma para os pioneiros. E foram
elas que permitiram que a rede
esteja consolidada hoje. Foram
os pioneiros que abriram o caminho para que novos empreendedores e oportunidades surgissem. Atualmente, vemos mais
agroindústrias em construção,
além de projetos que aguardam
recursos financeiros para promover significativas ampliações.
20
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
SRL: Eu conheço e Valorizo!
COMUNIDADE
NOVA ESPERANÇA
Yolanda Flores e Silva é docente e pesquisadora da
Universidade do Vale do Itajaí. Atua no Doutorado e no
Mestrado em Turismo e Hotelaria, assim como no Mestrado Profissional em Saúde.
Jaqueline Tonn
Esquenta miolo
Santa Rosa de Lima
em minha vida
Longe do meu lugar, até que...
Há 30 anos, cheguei a Santa Catarina. Confesso que nos primeiros cinco
anos vivi contando os meses para que
as férias chegassem e eu pudesse correr para o Nordeste. Para mim, a vida
aqui significava estar longe da família
e do que eu conhecia como sendo o
meu lugar neste país. Foram anos difíceis estes primeiros que passei em
Florianópolis, no bairro da Trindade.
A universidade e os amigos que eu tinha na capital não conseguiam tirar do
meu pensamento a ideia de que o melhor lugar do mundo ficava no Nordeste e mais especificamente em Fortaleza. Tudo isto até a chegada dos anos
90, quando conheci Wilson Schmidt e a
proposta de cooperação que hoje conhecemos como Agreco.
Um encontro emocionante e
transformador
Recordo da primeira viagem a Santa Rosa de Lima como se fosse hoje.
Eu com Wilson e família, num carro
Gol, por uma estrada de terra e barro ladeada por uma encosta de um
lado e um precipício com rio e pedras
do outro. Não estava frio, o tempo
ensolarado deixava a paisagem mais
viva e brilhante. Nunca em toda a minha vida eu tinha me deparado com
tanta água e mata exuberante, tudo
tão verde e florido, tão belo, que me
emocionei. No ar um cheiro de mato
molhado pela relva da noite e morros
altos, muito altos, algo absolutamente
diferente de tudo que eu havia vivido
em minha terra. Vejam, há lugares de
minha terra parecidos com Santa Rosa
de Lima, contudo, onde nasci o lugar é
caracterizado pela seca, vegetação de
litoral ou de caatinga e falta de água.
Portanto, estar nessa região foi como
encontrar o paraíso perdido, algo que
me faltava... E muito mais do que isto,
encontrei nas reuniões de agricultores que participei naquela época, uma
consciência política, ambiental e social,
que transformaram minha vida pessoal e profissional.
Nascimentos e um exemplo
Posso dizer que tudo que sou hoje,
considerando minhas escolhas alimentares, meus cuidados de saúde, minha
participação nos caminhos de discussão do que desejo de melhor para mim
e meu país começaram em Santa Rosa
de Lima. Neste município, nasceu a
Yolanda antropóloga, docente e pesquisadora. Aqui também nasceram o
meu amor pelo meio rural, terra, água,
animais e pessoas. Creio que me tornei
uma pessoa melhor porque tive o privilégio de conhecer esta terra e sua gente. Sobre as pessoas, há nomes que
guardarei em meu coração enquanto
viver e não posso deixar de nesta coluna ressaltar que meu maior exemplo
de amizade, amor à vida, ética e honestidade eu conheci em Santa Rosa de
Lima. Estou falando de um homem maravilhoso, um professor com um dom
especial que eu, com todos os meus
estudos e diplomas, jamais poderei
igualar. Porque ele era único! Odair
Baumann, meu querido e gentil amigo
foi uma pessoa tão íntegra, cheia de
sonhos e de planos que sempre incluíam sua terra querida: Santa Rosa de
Lima. Este grande professor é minha
grande inspiração ainda hoje quando
cito Santa Rosa de Lima em minhas
aulas no doutorado e no mestrado em
Turismo e Hotelaria da Univali.
Um lugar que pode ensinar mais
coisas
O que posso ainda falar desta terra mágica que faz parte das Encostas
da Serra Geral Catarinense? Acho que
é um município com muitas possibili-
21
dades e um futuro fantástico se seus
moradores puderem se unir em uma
grande ‘campanha’ pela confiança, pela
solidariedade, pelo trabalho coletivo
no interesse das pessoas, das famílias e da comunidade como um todo.
Como em vários lugares deste planeta,
muitas vezes as pessoas pensam muito mais em seus interesses individuais
do que nos interesses de todos. E, à
medida que o progresso e o desenvolvimento chegam, as separações e as
diferenças parecem aumentar. Numa
dimensão tão grande que se não houver o cuidado solidário e respeitoso entre as pessoas, ocorrerá a destruição
do maior bem de uma coletividade: a
solidariedade e a amizade respeitosa
entre seus habitantes. Penso, contudo, que Santa Rosa de Lima pode e vai
superar muitas dos seus problemas.
Sinto que este lugar pequeno e lindo
ainda vai ensinar muito mais coisas a
outros municípios de Santa Catarina,
assim como a outros lugares do Brasil
e, porque não dizer, do mundo!
Orgulho, amor e gratidão
Este ano, enquanto estudava e
pesquisava na Europa, falei muito de
Santa Rosa de Lima, de seus ideais,
de seus agricultores, de sua agricultura orgânica, de seu turismo rural de
base comunitária que aqui chamamos
de agroturismo. Falei do orgulho que
sinto de fazer parte da sua história e
do meu amor por esta terra. Por isto,
mesmo com as grandes mudanças dos
últimos anos, eu continuo voltando
sempre que posso. É a forma que eu
encontro para energizar meu corpo e
minha alma! Em função de todo este
contexto, a única frase que posso encontrar para encerrar este texto é: Te
amo Santa Rosa de Lima. Obrigada por
me ajudar a ser uma pessoa melhor e
mais consciente neste Planeta Terra!
Fevereiro veio com tudo. Aqui na
Nova Esperança, foi sol escaldante e
calor quase insuportável. A maioria dos
agricultores optou por trabalhar apenas
meio período. Como dizem por aqui:
“O restante do dia, não tem como. Pois
é de esquentar os miolos da cabeça”.
Sombra, protetor e água fresca
Há anos não se via um verão tão calorento aqui
em nossa comunidade e em toda a região. Os rios
e piscinas foram grandes alternativas para nos refrescarmos. E haja água para isso!
E não nos esqueçamos, nunca, da total importância do protetor solar. E não apenas no verão.
Fala-se muito que esse produto é indispensável
para quem está curtindo uma praia ou uma piscina. Ele é, contudo, indispensável para nossos
agricultores. Afinal, aqui temos a pele mais alva e
trabalhamos muito expostos ao sol.
A hidratação do corpo também é fundamental.
Por isso, devemos, literalmente, abusar da ingestão de líquidos. Principalmente de água.
A chuva chegou...
Com essa onda de calor intenso, as plantações
sofreram consideravelmente. As altas temperaturas combinadas com a falta de chuva estavam
preocupando muitos os nossos agricultores familiares. Felizmente, enfim, a chuva caiu. E São Pedro
não economizou. A água veio com bastante intensidade e foi recebida com muita alegria, uma vez
que ela é essencial para que tenhamos um bom
cultivo.
Quedas
Além de muito incômodas, as constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica têm
causado atrasos e prejuízos em nossa comunidade. Esse problema afeta a vida de muitos moradores, agricultores e empreendedores da Nova
Esperança. A coluna recebeu relatos das dificuldades sentidas por quem trabalha na fabricação
de tijolos ou no processamento em agroindústrias
de verduras e hortaliças. Hoje, a energia elétrica
é insumo indispensável ou condição mínima para
o funcionamento destes empreendimentos. Da
mesma forma, as quedas de energia causam prejuízos na ordenha, no trato dos animais, no armazenamento de produtos refrigerados, entre outras
coisas. Uma das reclamações mais frequentes sobre estas quedas e “religamentos” bruscos é que
muitos aparelhos eletrônicos que usamos no nosso dia a dia acabam “queimando”. E dá-lhe mais
prejuízos e incômodos.
Em resumo: é muita gente sofrendo com a baixa qualidade do fornecimento de energia elétrica.
Minha opinião
Hoje, o povo necessita de luz elétrica para produzir, trabalhar, ter lazer. O problema é que nos
períodos em que mais precisamos dela é, justamente, quando ela falta. Aí, são horas de espera
para podermos seguir em frente com nossos trabalhos. Ou ficamos privados de muitas atividades.
Na hora de uma votação, quem precisa do seu
voto sabe correr atrás. E nós? O que fazemos para
exigir que a concessionária melhore a qualidade da energia que fornece? Precisamos lutar por
aquilo que temos direito. Vivemos em um paraíso
e isso deve fazer com que busquemos, a cada dia,
melhorar nossa qualidade de vida.
22
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
EDUCAÇÃO
COMUNIDADE
SANTA BÁRBARA
Professor
Wilson Schmidt
lança livro na
comunidade de
Santa Catarina
Rodinei Beckhauser
E dá-lhe bocha
Depois da prática do futebol, acredito ser a bocha a competição esportiva que mais atrai adeptos
em nosso município. Aqui na Santa Bárbara é tradição há anos. E para perpetuar esta modalidade
sempre organizamos campeonatos e torneios de
bocha. O último deles aconteceu nos dias 25 e 26 de
janeiro. Nesses dias, como é costume, nossa comunidade recebeu, com muita cerveja gelada, amigos,
competidores e torcedores. No sábado, primeiro dia
da competição, combinada com um suculento churrasco. O domingo, respeitando nossa religiosidade,
iniciou com um culto para pedir a proteção de nossa Santa Bárbara. Em seguida, a cancha foi tomada
pela maioria dos presentes. Todos queriam assistir
as partidas finais do torneio. Depois da competição,
ao meio dia, foi servido um almoço típico colonial.
Considerações e agradecimentos
Avaliamos que, como entretenimento, a competição foi muito boa. E, em termos financeiros, superou as expectativas dos organizadores. Queremos,
por isso, agradecer a todos que comparecerem e
prestigiaram nossa comunidade. Ao mesmo tempo,
nos desculpamos por qualquer fato indesejado que
tenha acontecido. Reafirmamos que, nestes casos,
prevalece nosso “modo antigo” de resolver as coisas.
Queremos reforçar o convite para que voltem sempre e venham passar agradáveis momentos entre
amigos. Muito Obrigado!
Baixando o nível de estresse
No segundo dia de fevereiro, um grupo de amigos partiu da sede de nossa comunidade em direção ao pé da Serra Geral. Foi um domingo diferente,
desfrutando das belezas naturais e de um delicioso
churrasco. A presença das mulheres e das crianças
deu um clima bem familiar a esta aventura. A diversão e as risadas foram garantidas com a brincadeira
de “moto na lama”. Agradecemos ao Valério Boeger
pela boa receptividade em seu rancho, onde todos
ficaram muito bem instalados. Logo, logo, tem mais.
Visita ilustre
Santa Bárbara já vive a expectativa de receber a
visita da imagem do padroeiro de nossa paróquia,
São Marcos. A imagem deve chegar aqui no dia 25
de março, trazida pela comunidade de Rio Santo Antônio. No dia 27, nós a acompanharemos até à vizinha Rio dos Índios Alto.
O “Nono” de parabéns
Exemplo de vida e de ser humano, o senhor Remi
Bonetti recebe o reconhecimento e os parabéns dos
membros de nossa comunidade. No dia 27 fevereiro
mais uma velinha foi acrescentada no bolo desse patriarca da família Bonetti. Ele recebeu amigos e familiares para comemorar seus 86 anos de vida. E todos
nós queremos lhe desejar muita saúde, felicidade e
tudo de bom nesta data especial.
Nono, és um homem forte e temente a Deus. Todos os domingos, independentemente de qualquer
coisa, estás na igreja para rezar e pedir a benção de
Deus. Parabéns pelo exemplo que és para todos nós.
Seu Remi, “o nono”.
A obra do professor santarosalimense é sobre educação e a dedicatória já deixa claro como o autor valoriza essa atividade humana e como reconhece quem
a garante: “Aos meus pais, Tino e Ida, e à minha irmã Salete que, trabalhando
a terra, asseguraram a mim e aos meus outros seis irmãos o acesso ao Ensino
Médio quando o Estado só oferecia a educação primária”.
O livro é o resultado da tese de
doutorado que o professor defendeu
na Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP), em 2000. O foco
da obra é a defesa da implantação de
uma escola pública em tempo integral. A escolha do lugar e da data do
lançamento foi cuidadosa. Em Santa
Rosa de Lima e na Comunidade de
Santa Catarina, para valorizar o interior de um pequeno município rural;
oito de março para homenagear as
mulheres, para ele, as maiores inspiradoras do Universo.
Para compreender melhor a defesa veemente que o professor faz,
no livro, do acesso a uma educação
pública e de qualidade, é preciso
conhecer um pouco da trajetória de
formação e atuação desse filho do
Seu Tino e da Dona Ida.
As primeiras letras
No ano de 1960, Wilson, com sete
anos completos, ingressou na escola
primária. Estudava no Rio do Meio,
“de paiol em paiol, de professora em
professora”, como ele conta. As professoras foram suas tias Mina e Rosa,
além de Dona Nelza, mulheres pelas
quais ele nutre um carinho muito especial.
Para o seminário
Finalizado o primário, o que fazer
para prosseguir os estudos? Afinal
era um tempo em que pouca gente
do interior ficava na escola mais de
quatro anos. A opção para os meninos eram os distantes seminários.
Para as meninas, os longínquos conventos. Assim, aos onze anos, Wilson
foi para o Seminário da Congregação
do Divino Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, em Salete,
próximo à cabeceira do Rio Itajaí. E
foi lá que cursou todo o “ginasial”. Ele
destaca: “O seminário era uma es-
cola de formação integral. Além das
aulas, oferecia educação física – com
campo, pista olímpica e ginásio de
esportes – e música. Tinha também
uma fazenda de produção de uva e
de vinho. Por isso, para aquela época, era um lugar privilegiado para os
estudos”.
Padre ou professor?
Foi a própria congregação responsável pelo seminário que enviou
Wilson Schmidt para cursar Filosofia
com os padres Jesuítas, em São Paulo. Nesse período, foi atraído pela
política e começou a fazer militância
estudantil, tendo ajudado a constituir
o diretório acadêmico da faculdade.
Depois da formação superior, em
1976, veio uma oferta de trabalho:
lecionar em uma escola pública em
Porto Walter, na cabeceira do Rio
Juruá, no Acre. “Foi o que apareceu
na minha frente. E as oportunidades
é que fazem a gente. Acredito que
um projeto de vida é construído por
uma parte que é quase determinada,
mas por outra, muito significativa,
que é aberta. O importante é o que
fazemos com a que é aberta, com
aquilo que podemos assumir”.
Quem ensina, aprende
A opção por seguir a profissão de
mestre foi marcada por seus primeiros alunos: “Eram filhos de seringueiros, uma mistura de nortistas e índios.
As crianças vinham do meio do mato.
Elas andavam duas horas por dentro
da floresta, chegavam num córrego,
se banhavam, botavam o uniforme
trazido dentro de uma sacolinha de
plástico e vinham para a escola. Então, num contexto como aquele, eu
passei a ser chamado de professor,
eu passei a criar condições para ser
professor, eu virei professor”. E ele
relembra sorrindo: “Eu me virei bem,
mas meu colega de trabalho era da
área de Letras e motivava aquela
criançada bem mais do que eu. O incrível é que, depois que voltamos, eu
virei professor de carreira, enquanto
aquele meu colega virou padre”.
Princípios
Nos dois anos seguintes, foi professor em Cruzeiro do Sul, uma das
maiores cidades acreanas. Em seguida, foi convidado para lecionar na
Universidade Federal do Acre e teve
a oportunidade de trabalhar com expoentes da Teologia da libertação e
com líderes seringueiros como Chico
Mendes. “Existia uma militância muito mais firme a partir da teologia da
libertação e eu aprendi muito com a
ação política realizada por eles. Com
o Chico Mendes, aprendi um princípio fantástico: “a mata de pé dá mais
dinheiro do que a mata derrubada”.
De volta às Encostas
Tempos depois, uma bolsa de
estudo possibilitou que Wilson
retornasse a São Paulo, então para
fazer um mestrado em educação na
PUC-SP. Como naquela época muitos
exilados políticos voltavam ao Brasil,
teve o privilégio de ter mestres do
gabarito de Florestan Fernandes,
Demerval Saviani e Paulo Freire, que
foi seu orientador. Nesse período,
tomou uma grande decisão: “voltar
para as Encostas da Serra Geral”.
Aqui, em um tempo que julga “de
muita agitação”, encontrou espaço
para dar aulas na Unisul e entrou
para a militância política. Filiou-se
ao PMDB e se candidatou a prefeito
de Santa Rosa de Lima. Mas não se
elegeu.
Às voltas com a Educação
Em 1982, foi convidado a realizar
um projeto educacional em Tubarão.
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
rural. É o abandono e o esvaziamento do campo feito pelo Estado.
A finalidade do Estado democrático
deve ser de incluir toda a população. Transporte escolar gratuito,
sim. Mas mantendo as escolas no
campo”.
“O
Wilson entrega livro à Maria Vitória e se questiona: Como podemos
oferecer uma escola integral pra ela?
Sua participação foi crucial para a
criação da Secretaria de Educação
daquele município, que, em seguida, ele próprio assumiu. “Foi uma
vivência maravilhosa, porque tínhamos uma equipe muito boa e muita
determinação”. Em 1986, diversas
organizações indicaram e apoiaram
sua candidatura a Deputado Federal Constituinte. Hoje, ele avalia:
“como ainda ocorre atualmente, a
sociedade não tinha como enfrentar os candidatos que tinham o
poder financeiro e, infelizmente, o
dinheiro acabou sendo determinante”.
Estadual e federal
A convite do governador Pedro Ivo Campo (PMDB), assumiu
o cargo de secretário-adjunto da
educação e participou diretamente dos esforços para a implantar o
transporte escolar gratuito em toda
Santa Catarina, nos anos de 1987 e
1988. “Obviamente, eu conhecia a
realidade daqui. E constatei que
era igual em todos os municípios
pequenos: a maioria dos jovens só
podia estudar até a quarta série
primária. Com o transporte escolar gratuito, houve uma inclusão
enorme por este estado afora, de
crianças que puderam continuar a
estudar, cursar até a oitava série”.
Depois deste período, Wilson
Schmidt tornou-se professor na
Universidade Federal da Santa Catarina. Em 2000, defendeu tese de
doutorado, também na PUC-SP,
trabalho acadêmico que deu origem ao livro lançado no dia 8 de
março.
A obra
O livro defende a implantação
de uma escola pública em tempo
integral e ideal. “Apresento elementos para construir essa possibilidade junto com a população. Agora é
hora de dizer que queremos uma
escola de tempo integral, na qual
possamos deixar com tranquilidade nossos filhos. É hora de falarmos que exigimos que aqueles que
educam nossas crianças tenham
estudado, sejam muito bem preparados e sejam bem pagos”.
Wilson deixa claro que não quer
fazer críticas a este ou aquele prefeito da época, mesmo que eles
sejam nomeados no livro. Para o
autor, a questão é política, que é
induzida pelo Estado. “Se o Estado
é democrático, ele deve atender
todo mundo de forma igual. E esse
é o desafio atual: temos que pagar
essa dívida histórica”.
“A
estupidez humana caminha junto com
o processo civilizatório.
O ser humano pode escolher fazer o pior. Pode
ou não pode?”
Transporte e esvaziamento
O livro relata um problema vivenciado aqui em Santa Rosa de
Lima com a “municipalização”, que
significou fechar as escolas no nosso interior e transportar as crianças para o perímetro urbano: “Isso
é uma omissão enorme, porque o
Estado acabava fomentando o esvaziamento do interior, prejudicava
a identidade da população do meio
Estado foi omisso e permitiu que o
campo se esvaziasse
e se descaracterizasse
ainda mais. Tanto que
aqui tem muita gente
que ainda pensa que
morar na praça dá uma
distinção superior a
morar no interior. Vem
da política pública. Se
viesse do mercado, da
propaganda na TV...
Mas, não, vem da política pública!”
A voz tem que ser do povo
Wilson diz que nós, enquanto
sociedade, temos que pensar no
que podemos oferecer para as futuras crianças. “Eu olho pra Maria
Vitória [referindo-se a netinha do
saudoso Odair Baumann] e me
pergunto: como podemos oferecer
uma escola integral pra ela? As respostas devem ser apontadas pelos
santarosalimenses, pela população.”
Mudança e educação
Wilson Schmidt se considera
um otimista. Acredita muito em
uma mudança e crê na transformação da educação pública brasileira. Segundo ele, “existe uma luta
social travada permanentemente
entre aqueles que ainda têm os
privilégios e aqueles que lutam por
uma mudança social”. E afirma que
aqueles que serão beneficiados
pela mudança a “apoiam de forma
frouxa”, enquanto que aqueles que
serão atingidos por ela “reagem
rangendo os dentes”. “Olhem para
Santa Rosa de Lima. Quem range
os dentes? Quem apoia de forma
frouxa? Eu diria que a maioria apoia
a mudança de forma frouxa. Eu entendo que a educação pode ajudar
muito a criar as soluções. As pessoas precisam de informação e necessitam entender o que é melhor
pra elas. Nós todos estamos diante
de alternativas que estão sendo
construídas e eu não me vejo no
papel de dar as respostas. Eu também estou aprendendo. Apenas
duas coisas são certas. A primeira:
a escola em tempo integral tem
que ser construída nas paredes e
com as pessoas. A segunda: com a
escola as pessoas se humanizam”.
23
COMUNIDADE
MATA VERDE
Kátia Vandresen | Ronaldo Michels
A Secretaria de Obras do município empreende todos os seus esforços para que as estradas municipais
fiquem em boas condições de trafegabilidade. Aqui na
Mata Verde, pode-se dizer que, apesar da temporada
de chuvas, até que os leitos delas estão em boas condições. Mas é preciso fazer uma ressalva: as pontes também fazem parte da via e precisam estar seguras e em
condições de trafegabilidade. O descuido com estas importantes “obras de arte” viárias está dando o que falar.
É conversa certa nas rodas e nas redes sociais, além de
ser assunto muito discutido na Câmara de Vereadores.
Pontes, peneiras ou camas de prego?
Quem vem a Mata Verde pela ponte que nos liga com
a rodovia SC 108 pode perceber esta falta de cuidado.
Várias pranchas estão soltas e quebradas e muitos pregos expostos, fato que já ocasionou diversos incidentes
com pneus cortados e furados. A ponte que dá acesso
à propriedade do Senhor Silvio Becker não é diferente e
apresenta vários buracos resultantes de pranchas quebradas.
Riscos
Os prejuízos financeiros decorrentes de algum incidente são reparáveis e são um mal menor. O problema é
que a cada dia se agravam as condições para que aconteçam acidentes, que podem ser leves, mas também fatais. Principalmente nos dias de chuva, quando a pista
da ponte fica muito escorregadia. Por isso, fazemos um
alerta: atenção motociclistas, motoristas, ciclistas e pedestres, tenham muito cuidado quando transitarem por
estas vias.
Pontes necessitam de reparos urgentes.
Reivindicação conjunta
No ano passado, o vereador Alberto Becker já havia
levantado esse problema na Câmara. Infelizmente, nada
foi feito. Nesse mês, o vereador Robson Siebert protocolou mais um ofício na casa legislativa municipal, reforçando a mesma solicitação. Destaque-se que, nos dois
casos, os pedidos foram apoiados por todos os demais
edis. Agora, esses colunistas se juntam a esse esforço, já
que foram procurados por muitos moradores, que solicitaram que este espaço servisse como uma espécie de
porta voz deste pleito junto à Secretaria de Obras.
Nossos representantes
Com o retorno das atividades normais da Câmara de
Vereadores, no último dia quatro de fevereiro, gostaríamos de ressaltar a importância da representação das comunidades rurais no poder legislativo. Se a Câmara é de
fato a casa do povo, lá devem ser discutidas e decididas
as matérias mais importantes para o desenvolvimento
do município. Nossa comunidade, apesar de ser uma
das menores do município, tem o privilégio de ter dois
nobres representantes: os vereadores Robson Siebert
(Chaveta), do PP, e Alberto Henrique Becker (Beto), do
PMDB. Eles estão lá para buscar atender aos interesses
da nossa comunidade, mas também do município como
um todo. Desejamos a eles um ano de muito trabalho
e realizações. E pedimos que busquem sempre estar
atentos aos interesses coletivos. Ou seja, que o bem
comum esteja muito acima de controvérsias partidárias.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Maratcha
Edésio Willemann
M&M
Mentira
Edson Baumann
A beleza de tocar um
instrumento
Como amantes da boa música e por acreditarmos nos talentos musicais de
Santa Rosa de Lima, estamos muito felizes com uma iniciativa da Secretaria de Juventude, Turismo e Cultura de Santa Rosa de Lima. A partir deste mês de março,
teremos novamente aqui no município aulas de violão, viola, contrabaixo, teclado, acordeom (gaita) e bateria. Os interessados, independentemente da idade,
devem procurar a referida secretaria, na sede da prefeitura. Para as inscrições, é
preciso apresentar comprovante de residência, documento de identidade e CPF.
João Batista Willeman, irmão do Maratcha aqui de cima e fiel entregador do
nosso jornal, festejou, no dia 20 de fevereiro, mais um ano de vida. “Parabéns
pelo aniversário meu irmão. Desejo-lhe
agradáveis surpresas e felizes acontecimentos. Que este dia e tantos outros
possam lhe trazer muitas aventuras e
alegrias”. Toda a sua família, a equipe do
Canal SRL e seus tantos amigos apresentam sinceros votos de felicidades.
Maria Vitória, seja bem vinda a esse
nosso mundo louco. Congratulações ao
casal Gilberto e Ana Paula, pela chegada
de uma menina tão linda. Esses colunistas podem atestar que o pai está mais
faceiro que mosca em tampa de geleia. E
enviam um abraço especial para mãezona Paulinha que, no dia 26 de fevereiro,
comemorou seu aniversário em clima de
intimidade familiar. Além da filha amada,
estavam o maridão Gilberto e a Dida,
mãe e, agora, avó.
Um abraço especial para a turma que se reúne todas as sextas feiras no mais famoso
bar do Rio do Meio, o Bar do Jundiá. No final do mês de janeiro eles convidaram mais
amigos para uma peixada deliciosa, com caldo e peixe frito. Muitas pessoas compareceram e se deleitaram.
Parabéns ao menino Richard Heidemann que, no dia 28 de fevereiro, comemorou mais um ano de vida. Homenagem de seus pais Wilson e Adriana.
Alencar Ribeiro, que este ano seja
cheio de bênçãos. No ano que passou,
você venceu uma grande batalha. O Tio
Maratcha e seus familiares e amigos desejam muita saúde e paz.
A gatinha Camili Torquato da Silva completou seus 10 aninhos no dia 4 de março. “Desejamos muitas felicidades, saúde,
sucesso e que você continue sendo esta
menina amiga, companheira, e estudiosa.
Um presente de Deus em nossas vidas”.
Essas palavras são de sua mãe Mariléia,
de seus avós e de toda a sua família. Ah! E
também de suas amigas, Ana Clara e Ana
Carolina.
Emma Vandresen Magalhães festejou
seus cinco aninhos com muita alegria, no
dia 21 de fevereiro. A mamãe Mariza é
toda prosa! Felicidades Emminha!
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Felicitações ao casal Luiz e Olinda. Que Deus abençoe esses 52
anos de união, completados no dia 17 de fevereiro. Os familiares e
amigos desejam muitas felicidades e que vocês continuem tendo
uma vida repleta de conquistas.
Rafael Israel completou mais um ano
de vida no dia 28 de fevereiro. Seus pais,
Isoleide e Mauricio lhe desejam muitas
felicidades.
Rodinei Michels completou seus 27
anos no dia 18 de fevereiro. O parabéns
especial é de sua esposa Cátia Heidemann, de sua afilhada Franciny e dos
nossos colegas colunistas do Canal SRL:
Ronaldo e Kátia.
25
Verônica e a vovó Zita comemoraram juntas seus aniversário nos dia 05 de março de 2014. O registro é feito
por Tininha, leitora assídua do Canal SRL lá em São Paulo.
Felicidades à família.
Bela iniciativa de um grupo de mamães que organizou um alegre Carnaval para a criançada. A festa teve muita música,
confetes e quitutes. As crianças adoraram!
O Carnaval de Santa Rosa de Lima, tradicionalmente realizado no salão comunitário, acontecia nas “terças feiras
gordas”, antes das cinzas da quarta. Este ano ele foi antecipado para a sexta. A Banda Musicamp tocou para um público considerado diminuto. De qualquer forma, o que não faltou foi animação. Principalmente do Bloco da Mata
Verde, que compareceu em peso.
Seu Maneca, comemorou mais um ano de
vida no dia 28 de fevereiro. Homenagens
de seus familiares e amigos.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
Promoção da SAÚDE
COMUNIDADE
Flora Bazzo – Interina
RIO DO MEIO
Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel
Se liga! Moradores precisaram fazer o que a prefeitura não fez
No começo do mês de fevereiro, aqui na sede da comunidade do Rio do Meio, bem próximo à lombada, um
enorme buraco se formou. Começou pequeno, mas com o
fluxo de caminhões pesados e de outros veículos, a terra foi
amolecendo e ele aumentando. Logo ganhou um apelido:
era o “borrachudo”.
Sinalização, informação e promessas
Como o buracaço estava muito perigoso e podia causar
acidentes graves, os próprios moradores colocaram sinalização de alerta. Uma moradora da comunidade informou
a prefeitura sobre o problema. Ela conta que, numa sexta-feira, levou o caso ao secretário da Agricultura, Rogério
Schotten. A resposta que a moradora recebeu foi que nada
poderia ser feito naquele dia, mas que na segunda feira seguinte, uma equipe estaria lá para concertar o estrago. Da
mesma forma, a informação também foi levada, por outro
morador, ao presidente da Câmara, Ivo Vandresen, que
prometeu tomar providências.
Chegada a segunda feira, o vice-prefeito, Mario Benedett, e o secretário da agricultura foram, de fato, até o local.
Mas apenas para ver o buracaço e para prometer o concerto para dois dias depois. Infelizmente, a quarta feira chegou
e absolutamente nada foi feito.
Já que quem deveria fazer não faz...
Passadas cerca de duas semanas desde que o “borrachudo” tinha se formado, os moradores se deram conta
que não poderiam esperar mais nada do poder público e,
preocupados com os riscos de acidente, resolveram colocar a “mão na massa”. Sem dispor de máquinas apropriadas, usaram enxadas e pás. Foram necessários muito esforço e muita areia para tapar o “borrachudo”. O que poderia
ter sido feito em uma hora ou pouco mais, exigiu um dia
inteiro de trabalho a braço.
Força e responsabilidade da comunidade
Queremos registrar nesta coluna os agradecimentos
de todos aos voluntários sempre dispostos: Adolfo, Geraldo Lino, Alfonso, Alberto, Valentin, Diego e Silverio. Foram
eles que suaram, mesmo debaixo de chuva, para pôr fim
ao “borrachudo”. No apoio, as cozinheiras, Vitória, Valdete
e Valdira, prepararam a alimentação e garantiram a energia
para os trabalhadores. Isso nos orgulha, pois podemos ver
que por aqui ainda existe a união de algumas pessoas em
prol do bem estar de todos.
Depoimentos de moradores à coluna
“O buraco estava horrível. As pessoas que passavam na
comunidade estavam correndo risco. A prefeitura está muito devagar, não está atendendo nem mesmo aos pedidos
de urgência”.
“É a segunda vez que pedi a máquina. A primeira, que
era para uma estrada, foi negada pelo vice-prefeito. E agora, mais uma vez, deixaram de fazer”.
Ficaram dúvidas
A prefeitura não realizou o concerto do estrago no leito
da estrada municipal por falta de máquinas? Por falta de
pessoas? Por falta de verbas? Por falta de gestão? Ou será
que pensou que estaria punindo outro “lado” político-partidário? Essas são as perguntas de “todos” que correram
riscos com o “buraco público”.
Comunidade realiza multirão para tapar buraco
Amamentação: mulheres de peito
também precisam de colo
Peço licença para, neste mês, rechear a coluna de Promoção da Saúde com
palavras femininas, fundadas mais na vivência do que no saber técnico da Medicina de Família.
Os leitores devem ter percebido uma pequena virada neste espaço, desde
a chegada de nosso filho ao mundo, dois meses atrás. Estamos imersos na
experiência da maternidade/paternidade e da maternagem/paternagem, o que
se reflete em todos os aspectos da vida. A coluna do mês de fevereiro tocou,
sob o olhar paterno, processos vividos na gestação e no parto. Quero falar neste mês do processo que é, para mim, o mais intenso do pós-parto, e no qual
a natureza continua nos revelando sua força: nosso filho cresce a olhos vistos,
alimentado exclusivamente pelo leite que, pouco depois do parto, meu corpo
passou a produzir.
Melhor opção
A amamentação exclusiva é
recomendada pelo Ministério
da Saúde como a melhor opção alimentar para a saúde física dos bebês de até seis meses,
por conter, além dos nutrientes
necessários para o desenvolvimento saudável, anticorpos que
os protegem de doenças. Amamentar contribui também para
a saúde psíquica, por constituir
momentos de vínculo, em que
a dupla mãe-bebê alimenta-se
também de afetos; em que os
pequeninos podem sentir o calor, os sons e o cheiro do corpo
que os carregou por tantas semanas.
Não penso estar trazendo,
com isso, grandes novidades aos
leitores desta coluna: os cartazes
e as propagandas televisivas realizadas pelas entidades de saúde
enfatizam os benefícios da amamentação, mostrando lindas cenas de bebezinhos grudados nos
seios de sua mãe. Introduzido o
assunto, quero falar, justamente, da parte que as propagandas
não mostram: o lado que eu só
conheci sendo mãe – apesar de
ter também registradas lindas
cenas do Rodrigo grudado no
meu seio.
Apoio é indispensável
Se a amamentação depende
dos processos naturais desempenhados por uma nova dinâmica dos hormônios no corpo da
mulher, me parece inegável que
depende também de uma parte
social – que é, na minha opinião,
a responsável pelo número de
bebês alimentados com fórmulas infantis. Dados da Pesquisa Nacional Sobre Demografia
e Saúde indicam que nove em
cada dez crianças são amamentadas no início da vida, mas que
a amamentação diminui muito
rapidamente: aos dois meses,
apenas seis de cada dez crianças
se alimentavam exclusivamente
de leite materno; aos seis meses,
apenas metade dos bebês eram
amamentados (o Ministério da
Saúde recomenda a amamentação complementada com alimentos sólidos até os dois anos
de idade). Para a maioria dos
bebês, o leite materno era complementado ou substituído por
fórmulas infantis.
Parece-me ser possível dizer
que falta às mães apoio para que
sigam amamentando. Apoio para
que possam ter disponibilidade
e a tranquilidade que seu corpo
e seu envolvimento com o bebê
requerem para a amamentação.
Apoio do companheiro, da família, dos profissionais de saúde,
da comunidade como um todo.
A ciência indica que a ansiedade e outros desconfortos
emocionais dificultam – ou mesmo impossibilitam – a “dança”
dos hormônios necessária à
amamentação. Um estudo realizado na Universidade Penn State, nos Estados Unidos, acompanhou 1.100 mulheres nos seis
meses que se seguiram ao parto,
e constatou que 17% apresentaram sinais de ansiedade, em níveis variados. É fato que as primeiras semanas com um bebê
requerem uma série de ajustes,
e que certa dose de ansiedade é
comum. E é aí que entra o apoio,
para superá-la.
O que é apoiar?
Apoiar a mulher nesse mo-
mento começa, no meu ponto
de vista, por ouvi-la em suas angústias e necessidades, e buscar
fazer isso com empatia e sem
julgamento. Por reconhecer que
há desafios. Por ajudar a mulher
a se sentir capaz, a saber que
seu corpo produz exatamente
aquilo de que seu bebê precisa
naquele momento. Apoiar pode
ser dividir suas experiências,
compreendendo, porém, que
as escolhas em relação à amamentação podem ser múltiplas,
e que as recomendações dos
profissionais da saúde se alteram com o passar do tempo –
eu, por exemplo, optei por oferecer o peito em livre demanda,
sempre que meu bebê desejar,
fugindo do esquema de oferecer de três em três horas; e para
mim (e muitas outras mulheres)
tem sido a melhor opção. Apoiar
pode ser fazer para a mãe uma
comida gostosa (cuidando para
evitar os alimentos que possam
provocar cólica no bebê), pois é
fundamental que esteja bem alimentada para amamentar. Pode
ser se oferecer para cuidar do
bebê um pouquinho para que a
mãe durma, pois é fundamental
que esteja descansada para o
leite descer. É descobrir o que a
ajuda a relaxar, pois é disso que
ela precisa para que a natureza
possa agir com toda sua sabedoria no corpo. Podem ser coisas
simples: lá em casa o leite abundou depois que me acarinharam
com chazinho de capim limão e
massagem no ombro. Apoiar é
encontrar, enfim, formas de oferecer colo. Permitir que as mães
também se cuidem e sejam cuidadas. Mulheres de peito também precisam de colo.
Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
27
Esporte Total
Ana Maria Vandresen
Retomada
Dizem que no Brasil o ano só começa
depois do carnaval. No esporte não é diferente. Ainda mais com o calorão que andou fazendo por aqui.
Experientes
A Equipe do Veterano já tem definidos os jogos para o mês de
março. Serão partidas “pegadas”. Esperamos que a pré-temporada
tenha deixado o time “voando”.
DATA
EQUIPES
LOCAL
08/03/2014
Bragantino X Santa Rosa
Rio Fortuna
22/03/2014
Santa Rosa X Atlas
Santa Rosa
29/03/2014
Rio Bonito X Santa Rosa
Braço do Norte
A cada edição de nossa coluna, divulgaremos os jogos previstos para o mês, para que as torcidas organizadas possam seguir a
equipe.
Rio do Meio, equipe vencedora do Campeonato Meio Rural 2013.
Campeonatos
No dia 9 de março, a Comissão Municipal de Esportes de Santa
Rosa de Lima, juntamente com a Secretaria da Educação, dá inicio
às competições “internas”. O primeiro torneio organizado é Campeonato do Meio Rural. Ele ocorrerá em paralelo com o da Praça, que
está com suas inscrições abertas até o dia 10 de março.
Sete equipes disputarão o Campeonato Meio Rural: Santa Bárbara, Rio dos Índios, Mata Verde, Nova Fátima, Águas Mornas, Rio
do Meio e Rio Bravo Alto. Os primeiros confrontos já estão marcados.
HORÁRIO
JOGOS em 9 de março (Domingo)
18:00 h
Rios dos Índios
X
Nova Fátima
19:00 h
Águas Mornas
X
Mata Verde
20:00 h
Rio do Meio
X
Santa Bárbara
Folga: Rio Bravo Alto
HORÁRIO
JOGOS em 16 de março (Domingo)
18:00 h
Aguas Mornas
X
Rio Bravo Alto
19:00 h
Santa Barbara
X
Rio dos Índios
20:00 h
Mata Verde
X
Rio do Meio
Folga: Nova Fátima
No próximo Esporte Total você terá uma cobertura completa das
rodadas.
Time do Bambi em 1985. De pé: Sérgio, Siuzete, Ado, Rubens e Irene. Agachados: Odair, Dilnei
e Lúcio. As crianças: Suzi e Renata.
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Santa Rosa de Lima, Março/2014, Canal SRL
tos? Não discutem os assuntos polêmicos? Existem somente para cumprir formalidades?
Ler é conhecer
Corria a sessão da Câmara de Vereadores. Em discussão o projeto de lei
complementar Nº 03/2014, que trata
da política de atendimento à criança e
ao adolescente de Santa Rosa de Lima.
Depois de dar entrada na casa, o projeto foi para as comissões e depois veio a
plenário para votação. Da mesa surgiu a
pergunta: “tem que ler todo o projeto?”.
Ficou claro que nem todos os vereadores
tinham conhecimento do teor do projeto. A justificativa: “o projeto é extenso,
tem umas 20 páginas”... Senhores vereadores, como votar (bem) um projeto sem
ao menos fazer uma boa e cuidadosa leitura dele?
Pra dar parecer ou para parecer que
existe?
Ao projeto Nº 03/2014, cinco vereadores apresentaram uma emenda modificativa, alterando o artigo 23. A emenda
foi lida e a discussão iniciada. De repente, alguém tira da cartola que ela seria
inconstitucional. De pronto, o assessor
jurídico produziu argumentos a favor da
suposta inconstitucionalidade e sugeriu
ao presidente que não aceitasse a emenda. Não houve qualquer questionamento
às comissões permanentes da casa. No
ar, ficam muitas perguntas: Para que as
comissões? Elas não analisam os proje-
Matemágica
Na hora da votação, os vereadores
que haviam apresentado a emenda e
haviam sido “atropelados” se abstiveram
de votar. Sendo assim, o projeto teve 4
votos favoráveis e 5 abstenções. Podese considerar que a votação foi normal.
Ocorre que, em projetos de lei complementar, como era o caso, a lei orgânica
municipal determina que a aprovação se
dá por maioria absoluta. Entrou em cena,
mais uma vez, a assessoria jurídica para
emitir sua opinião e conselho. Segundo
o jurisconsulto, 4 votos favoráveis de um
total de 9 significariam maioria absoluta.
Seriam suficientes, portanto, para a aprovação do projeto. Será?
É absoluta!
Pelo que se sabe, maioria absoluta
é um número fixo. Ela corresponde a
mais da metade do total de membros
de determinada assembleia. Recebe
este nome justamente porque não varia.
Isto é, independentemente de quantos
membros estejam presentes no dia da
votação, a maioria absoluta será sempre
a mesma, pois leva em consideração o
total de integrantes e não o número de
presentes. Este Macau nunca pode estudar direito nem é bom de contas, mas
pergunta: se a Câmara é composta por
9 membros, a maioria absoluta não tem
que ser de 5 votos? Salvo Melhor Juízo...
Mas melhor mesmo!
Vesguice
Na última edição, este porco bem
criado abordou reconhecidas dificuldades do Conselho tutelar. E foi surpreendido com uma reação exagerada de
alguns conselheiros. Foi o velho “não é
bem assim”. Por que será? Macaus não
esperam gratidão, mas estranham quando se agradece a quem só resolveu o
problema porque se sentiu pressionado
e obrigado.
Mais do mesmo
A prefeita esteve presente na sessão
de 25 de fevereiro da Câmara de Vereadores. Uma visita importante. A chefa do
Executivo assistiu a todos os trabalhos e,
ao final, usou por dez minutos a tribuna.
Fez um relato de projetos e recursos que
devem beneficiar o município ainda este
ano. É um grande volume de recursos
vindos dos governos federal e estadual.
Do governo Dilma, muitas verbas do PAC
2 e de emendas parlamentares. Do governo Colombo, verbas do FUNDAM. De
uma forma republicana, independente
do partido do prefeito, todos os municípios catarinenses serão beneficiados. A
atual gestão de nosso município vai optar, mais uma vez, por investir em máquinas e obras. Faltam projetos inovadores
na agricultura, na geração de oportunidades de trabalho e renda, especialmente para os jovens. Vamos ver quem fica
para usar as estradas.
Laudo...
A obra do CAT – Centro de Atendimento ao Turista, próxima à prefeitura,
está parada há bom tempo. Na sua oitava edição (dezembro de 2013), o Canal
SRL já abordou este assunto. E, agora, o
assunto volta ao centro das polêmicas.
Na última sessão da Câmara de Vereadores, o vereador Leonício Laurindo e
a prefeita afirmaram que aguardam um
laudo técnico que “deverá condenar a
obra”. Estranho é que o tal laudo ainda
não saiu, mas eles já apontam o resultado. Segundo eles, a obra terá que ser
demolida e recomeçada. De onde viria
tanta certeza?
... (In)conclusivo
Ao que se sabe, o projeto do CAT tem
pendências que precisam ser ajustadas
junto à Caixa Econômica Federal. Com
isso, a obra poderia ter sequência. O que
foi apurado em dezembro não aponta
para um comprometimento da segurança da obra. Os senhores vereadores e os
empreendedores devem ficar atentos,
afinal essa obra é importante. E o que
está acontecendo poderia ser apenas
mais uma cortina de fumaça para esconder problemas reais e conhecidos de todos.
Terreno
Desde a gestão anterior a municipalidade vem buscando recursos junto ao
governo federal para construir uma escola nova. Ao que parece, agora surgiu
uma nova possibilidade. Como acontece
nestes projetos o município tem que ser
o proprietário do terreno. Informações
extraoficiais dão conta de que o secretário de obras já estaria comprando tal
terreno. Se for confirmada a novidade,
não precisa ser porco banha para estranhar que esse tipo de decisão seja
tomada por um único mandatário. Não
seria mais prudente ouvir a sociedade e
estabelecer uma ampla discussão sobre
o assunto? É preciso atenção.
O que os santarosalimenses pagam
Você já sabe que para acompanhar
a aplicação dos recursos públicos vale a
pena acessar o portal da transparência:
http://e-gov.betha.com.br/transparencia.
Depois é só selecionar Santa Catarina e
Santa Rosa de Lima. Depois vá até o item
gastos por favorecido no ano de 2013. E
escolha jornal. Você vai se surpreender.

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