conservação ex situ de espécies ameaçadas: o exemplo da família

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conservação ex situ de espécies ameaçadas: o exemplo da família
64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
CONSERVAÇÃO EX SITU DE ESPÉCIES AMEAÇADAS: O EXEMPLO DA
FAMÍLIA AMARYLLIDACEAE NO JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM
Antonio Campos-Rocha1,2*, José A.V. Monteiro1*, Harri Lorenzi1
1
Jardim Botânico Plantarum; 2 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); *[email protected]
Introdução
A perda da biodiversidade está ocorrendo em um ritmo
sem precedentes. Segundo a Lista Vermelha da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN),
em 2013 de 70.294 espécies avaliadas, 20.934 foram
consideradas ameaçadas de extinção [1]. Em 2004 eram
8.321 em tal condição. Estima-se que mais de oitocentas
espécies tenham sido extintas nos últimos quinhentos
anos [2], e com estatísticas sugerindo taxas de extinção
cem a mil vezes superiores às taxas de referência [3],
esse número deve aumentar drasticamente no futuro.
Os jardins botânicos têm um longo histórico de
contribuição com a pesquisa e preservação de espécies
ameaçadas da flora, colocando-se hoje como instituições
estratégicas nos processos de conservação ex situ.
O Plano de Ação para os Jardins Botânicos Brasileiros
estabeleceu como meta a inclusão de, no mínimo, 50%
das espécies criticamente ameaçadas em acervos vivos
até 2014 [4]. Já a Estratégia Global para a Conservação de
Plantas, cujas diretrizes são parte da Convenção sobre
Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário,
apresenta uma meta mais audaciosa; ao menos 75% das
espécies ameaçadas em coleções ex situ até 2020 [5].
Frutos e sementes
de Worsleya rayneri
Hippeastrum
brasilianum
Metodologia
As Amaryllidaceae são ervas bulbosas, de ampla distribuição,
ocorrendo sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais. A família
reúne cerca de 80 gêneros e 1.600 espécies [6]. No Brasil, é representada
por 139 espécies distribuídas em 13 gêneros, sendo cinco endêmicos
[7].
O Jardim Botânico Plantarum (JBP) possui em sua coleção viva
mais de 3.600 espécies pertencentes a 185 famílias – as Amaryllidaceae
nativas correspondem a 11 gêneros e mais de cinquenta espécies.
O cultivo destas ocorre em casas de vegetação, com temperatura,
umidade e luminosidade controladas. As principais técnicas de
propagação empregadas são a multiplicação por sementes, através
de polinização manual das flores, e a separação de bulbilhos.
Griffinia liboniana
Resultados e Discussão
Para que as metas expostas sejam atingidas, serão necessárias em conservação
ex situ no país ao menos 236 espécies até 2014 e 355 até 2020 – considerando-se
aqui apenas o Anexo I da Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas
de Extinção [8]. Neste momento, no entanto, o número é de somente 106 [9].
Com relação às Amaryllidaceae, todas as espécies presentes no Anexo I – Griffinia
liboniana, Hippeastrum brasilianum e Worsleya rayneri – estão em cultivo pelo
JBP. Tratam-se, à exceção de H. brasilianum, cultivado pelo Jardim Botânico
São Leopoldo, dos únicos registros no país. O JBP conta ainda com outras 49
espécies ameaçadas de extinção em sua coleção viva [9].
As Amaryllidaceae encontram-se bem adaptadas, completando ciclos
fenológicos com regularidade e demonstrando baixa suscetibilidade a doenças
e pragas. Todos os acessos estão adequadamente identificados e dispõem de
informações como procedência e cultivo, organizadas em banco de dados.
Conclusões
A conservação ex situ está entre os mais atuais e
relevantes objetivos dos jardins botânicos, sendo assim,
a documentação de suas coleções revela-se de essencial
importância, permitindo a pesquisadores o conhecimento
sobre sua existência e condição, além de fornecer subsídios
à elaboração de políticas conservacionistas.
Agradecemos aos pesquisadores J. Dutilh e M. Peixoto
pelo auxílio no conhecimento das espécies.
Worsleya rayneri
Referências Bibliográficas
[5] Convention on Biological Diversity - CBD. 2012. Global Strategy for Plant Conservation: 2011-2020. Richmond, Botanic Gardens Conservation International.
[6] Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2012. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no
[1] International Union for Conservation of Nature - IUCN. 2013. The IUCN Red List of threatened species. http://www.iucnredlist.org (acesBrasil. Nova Odessa, Instituto Plantarum.
so em 03/07/2013).
[7] Dutilh, J.H.A. & Oliveira, R.S. Amaryllidaceae. 2013. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://
[2] Bailey, J.E.M., Hilton-Taylor, C. & Stuart, S.N. (eds.). 2004. 2004 IUCN Red List of threatened species: a global species assessment. Gland,
floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB43 (acesso em 13/07/2013).
IUCN Publications Services Unit.
[3] Pimm, S.L.; Russell, G.J.; Gittleman, J.L. & Brooks, T.M. 1995. The future of biodiversity. Science 269(5222): 347-350.
[8] Ministério do Meio Ambiente - MMA. 2008. Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008. Brasília, MMA.
[9] Rede Brasileira de Jardins Botânicos. 2013. Sistema nacional de conservação ex situ da flora: cadastro de espécies ameaçadas de extin[4] Pereira, T.S.; Costa, M.L.M.N.; Jackson, P.W. 2004. Plano de Ação para os Jardins Botânicos Brasileiros. Rio de Janeiro, Rede Brasileira de
ção cultivadas em jardins botânicos. Rede Brasileira de Jardins Botânicos. http://www.inhotim.org.br/exsitu/ (acesso 29/07/2013).
Jardins Botânicos.