Cinemateq Picture Optimizer Plus II SDI

Transcrição

Cinemateq Picture Optimizer Plus II SDI
VÍDEO
Jorge Gonçalves
Cinemateq Picture
Optimizer Plus II SDI
Pois é, apenas por uma questão de
curiosidade, gostaria que os leitores
habituais da Audio & Cinema em
Casa emitissem a sua opinião, apenas
a primeira que lhes venha à ideia, em
relação ao possível uso que, no seu
sistema actual, um dispositivo deste
tipo teria.
a melhor imagem
ao seu alcance
E isto tem fundamentalmente a ver
com uma concepção errada que a
maioria dos detentores de um sistema de cinema em casa têm, ou
seja, que o fabricante do seu equipamento de apresentação de imagem
ou leitor DVD fizeram o máximo possível para que ele se sinta como dono
do mundo em sua casa sempre que
liga o sistema. Pois é, para começar,
nem o fabricante do leitor DVD nem
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o do dispositivo de apresentação de
imagem estão preocupados um com
o outro, conheçam-se ou não entre
si. Isto porque cada um apenas tem
em conta os argumentos de marketing, articulados com as propostas de
tecnologia adequadas, que vão ao
encontro do possível comprador
desse equipamento quando visto de
uma perspectiva isolada. Isso não
implica que eu tenha algo a obstar
em relação a esta realidade (o contrário seria totalmente impensável,
dada a quase infinita possibilidade de
combinações possíveis), mas pretendo apenas demonstrar que
gostaria muito de ter tido durante o
Audioshow uma sala com o dobro do
espaço disponível do Auditório B203,
pois este, com a capacidade de cerca
de 180 pessoas, não foi suficiente
para albergar todos os entusiastas
que quiseram ouvir Udo Ratai, da
Cinemateq, explicar porque é que um
equipamento deste tipo é (quase)
fundamental quando se pretende
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optimizar as capacidades de cada um
dos elementos de apresentação de
imagem de um sistema de cinema em
casa. Porquê? Pois apenas porque só
depois de ver demonstrados os ganhos possíveis na qualidade final da
imagem é possível ficar convencido
em relação a que pode valer a pena
adquirir um equipamento, nunca
acessório, que possibilitará a optimização até níveis difíceis de imaginar da qualidade final da imagem do
seu sistema. Estamos perante uma
situação claramente ilustrativa da
máxima «ver para crer como S.
Tomé», e isso, infelizmente, só acaba
por contribuir para o elevar da
fasquia em relação àquilo que é
esperado de mim em termos dos
meus dotes de convicção, para tornar
claro perante os meus leitores que
estamos perante um equipamento
que faz todo o sentido num contexto
da obtenção da melhor qualidade de
imagem possível num equipamento
de apresentação de imagem.
De facto, se em relação a um sistema
de áudio e durante uns tempos,
todos considerariam como normal,
pretendessem ou não enveredar por
essa via, que um conversor D/A poderia ser um acréscimo com uma evidente mais-valia em relação à utilização de um leitor CD isolado, poucos
desses indefectíveis adeptos do
upgrade considerariam como normal,
independentemente do preço final,
que a adição de um processador de
vídeo pudesse provocar ganhos de
nível equivalente em termos de
imagem. Talvez a «cega» litania em
termos do áudio tenha ajudado a
esta situação, pois para alguns até
parece que a procura da melhor qualidade de imagem em vídeo é um
pecado mortal (será que na Bíblia se
esqueceram de discriminar este na
lista de pecados mortais/capitais?).
Em minha opinião, o último
Audioshow provou em definitivo,
como se tal fosse necessário, como
eu venho advogando há anos e anos,
que o áudio de dois canais e o vídeo
não têm necessariamente que estar
em zonas opostas da barricada. Pois
se foi evidente que tanto tínhamos
bichas bem marcadas de visitantes
nas salas com áudio de dois canais
como tínhamos montes de visitantes
embasbacados com as qualidades de
imagem do SIM2 C3X, como é que se
podem definir predomínios de um
em relação a outro?
Já agora e en passant, referindo o
termo «bicha», um destes dias pode
ser que alguém me consiga explicar
porque é que durante centenas de
anos utilizámos este termo para designar um conjunto ordenado de pes-
Um
equipamento
destes é (quase)
fundamental
para optimizar o
sistema de vídeo.
soas que espera pela sua vez para
atingir determinado objectivo e de
um momento para o outro somos
«proibidos» de utilizar esta palavra
apenas porque no Brasil o termo tem
uma conotação negativa. E então
porque é que não deixamos de utilizar rapariga? Parece que as razões
não são muito diferentes! Como
somos flexíveis, ao contrário do que
alguns dizem, na aceitação dos argumentos de outros em termos do que
pode e não pode ser utilizado no diaa-dia! Alguém alguma vez perguntou
a outros povos da CPLP se estão dispostos a não utilizar determinados
termos porque em português «correcto» eles são pura e simplesmente
sem sentido? Como estamos sempre
dispostos, e esse é um sintoma típico
de complexo de inferioridade, a
aceitar tudo o que os outros apresentem como argumentos, mas somos
tão servis na (não) defesa das nossas
razões! Este sempre foi e continuará
a ser por toda a vida, em meu entender, o problema de Portugal. Temos
sempre uma grande dificuldade em
assumir perante os outros, sem complexos, aquilo que somos. Parecemos
sempre um réu envergonhado, de
cabeça baixa, assim bem podemos
esperar que um dia alguém nos
reconheça capacidades. Que diabo,
todos fazemos coisas melhores e
coisas menos boas, agora nada como
assumirmos os aspectos melhores e
piores do nosso desempenho como
pessoas ou como povos, sem complexos. Só assim somos pessoas, só
assim somos gente, sem vergonha de
dizermos o que pensamos, não vão
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os «outros» pensar mal. Ninguém
consegue estar de bem com todo o
mundo, agora só os que têm coragem de defender as suas ideias
ficam para a posteridade. Quantos
portugueses se podem arrogar esse
título?
Bom, mas deixemos de lado estes
aspectos que se inserem mais num
contexto sócio-político, e passemos
ao tema principal do teste. Pois mais
para a frente espero convencer
alguns dos meus leitores de que
estou apresentando algo que só
poderá contribuir para melhorar a
sua fruição de um bom filme num
sistema AV, mas também não quero
convencer ninguém em absoluto,
como disse por várias vezes durante
as sessões de áudio e vídeo organizadas recentemente pela FNAC, e
para as quais fui convidado como
orador. Já há muito tempo que concluí que é errado tentar convencer
alguém forçando-o a acreditar naquilo de que se fala. A minha única
função é explicar o melhor possível as
vantagens e desvantagens de um
equipamento ou tecnologia. A partir
daí, quem achar que os meus argumentos são convincentes poderá
aceitá-los ou não e aí termina o meu
papel.
No caso deste Cinemateq Picture
Optimizer Plus II SDI, fiquei completamente convencido das suas potencialidades, isto depois de passar por
vários equipamentos de processamento de vídeo, tais como os produtos da Silicon Image, dois processadores da Faroudja, várias versões
do processador separado da SIM2,
um comutador/processador da Barco,
etc. Tudo o que possa completar esta
afirmação ou ajudar os meus leitores
a aceitar esta minha argumentação
será apresentado mais à frente.
Descrição técnica
Afinal o que é um processador de
vídeo ou, no entender da Cinemateq,
um optimizador de imagem? Pois
não é mais que um equipamento que
aceita na entrada um sinal de vídeo e
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vai, depois de um elaborado processamento interno, transferi-lo para um
dispositivo de apresentação de
imagem nas melhores condições possíveis, ou seja, de um modo tal que
possibilite a optimização das
condições nativas de apresentação de
imagem
desse
equipamento.
Significa isso que, depois de receber
um sinal analógico numa das suas
entradas, quer seja sob a forma de
componentes, S-Video, RGB ou
mesmo vídeo composto, o Picture
Optmizer converte-o para o formato
digital, analisa-o em termos de
processamento progressivo ou melhoria global da sua qualidade, e
apresenta-o depois na saída, quer no
formato digital quer na forma de
componentes analógicas de vídeo.
Como complemento não desprezável, estamos ainda na presença de
um comutador de vídeo que pode
transferir para a saída, ou seja, para
um dispositivo de apresentação de
imagem, seja este um ecrã plano ou
um projector, um dos dez sinais de
entrada disponíveis. Cada uma destas
entradas pode ser parametrizada em
termos dos ajustes de optimização de
imagem, tais como os diversos
parâmetros convencionais de brilho e
luminosidade ou outras propriedades
complementares.
É difícil ser mais versátil que o Picture
Optimizer Plus no que se refere a
entradas de vídeo: duas entradas
SCART, duas entradas SDI por fichas
BNC, duas entradas S-Video, dois
conjuntos de fichas RCA programáveis para componentes ou
RGB, e ainda duas entradas HDTV
com possibilidades de bypass (transferência directa, sem interferência do
processador de vídeo), já que a re-
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Os equipamentos
Cinemateq são
construídos em Portugal,
usando a mais avançada
tecnologia de produção.
ma da tecnologia de vídeo mais sofisticada de todo o
mundo.
solução base de um sinal HDTV não ganha muito em ser
reprocessada dentro do Picture Optimizer. E, se isto não
bastasse, toda esta versatilidade se transfere para a saída,
uma vez que o conjunto de cinco fichas BNC ou três RCA
pode ser programado para fazer transferir sinais sob a
forma de RGBHV, RGBs, RGsB ou YUV, ou VGA. Para além
disso temos ainda a saída DVI, em que o sinal de vídeo é
transferido para a saída ainda sob a forma digital e em
conformidade com a norma HDCP de protecção de conteúdos digitais.
Internamente temos um desentrelaçador (de-interlacer)
high-end, que converte o sinal de entrelaçado para progressivo a partir dos formatos 2:2 e 3:2; um multiplicador
de linhas flexível, que pode multiplicar o sinal de modo a
ser apresentado na saída com um número de linhas até
quatro vezes superior ao de entrada; e um processador de
movimento, que utiliza um algoritmo altamente avançado
com correcção de base de tempo e processamento de 10
bit. As funções básicas incluem uma resolução de saída
definida pelo utilizador, conversão do formato de saída de
4:3 para 16:9, conversão de componentes para RGB e
vice-versa, ajuste de overscan, configuração de parâmetros entrada a entrada, em termos de brilho, contraste, saturação de cor, graduação de cor (hue), correcção gamma,
atraso de crominância, posicionamento horizontal e vertical, redução de ruído, enfim, uma quase infinidade de
ajustes. Como se isso não bastasse, o firmware do Picture
Optimizer Plus II SDI pode ser actualizado pelo seu comprador através de uma entrada RS-232 (um destes dias
espero ver esta entrada banida para sempre, já que hoje
em dia a maioria dos computadores já nem a possui, substituindo-a pela USB).
Muito daquilo que está no Picture Optimizer Plus II SDI
tem a ver com Portugal. Senão vejamos: o seu projectista
principal, de origem alemão, vive em Portugal desde há
uns anos, e os equipamentos são construídos em
Portugal, mais exactamente em Vila Nova de Poiares, na
HFA. Assim sendo, razões não faltam para que apreciemos este equipamento, que inclui no seu interior algu-
A sobriedade do painel frontal, com apenas um
mostrador e um led indicador da situação de ligado ou
standby é acompanhada no interior por uma austeridade
quase germânica... Dos dois circuitos impressos, colocados lado a lado junto às traseiras do equipamento, um
contém os circuitos de estabilização de tensão, por conta
dos circuitos integrados LM25955 e LM25965, dois CI’s
estabilizadores da National, que funcionam no regime
comutado, o circuito principal processador de vídeo (um
★★★★★
WHAT HI-FI
Conjunto AV ELS 5.1
Janeiro de 2005
Quando testou este conjunto 5.1 a What Hi-Fi
teceu-lhe grandes elogios, destacando, entre outras
coisas, o seu «timing prodigioso» e a sua
«avassaladora capacidade de produzir cinema».
O sistema da Epos foi o vencedor do grupo
contra uma concorrência muito aguerrida.
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AUDIO&CINEMA EM CASA 61
VIDEO Cinemateq Picture Optimizer Plus
gate array com a referência apagada
e onde está contida muita da
«inteligência» do Picture Optimizer),
bem como o conversor D/A de vídeo
da Analog Devices, o ADV7123, um
DAC triplo com funcionamento a 10
bit e 330 MHz. O transformador de
alimentação é exterior ao equipamento, sendo como que um alimentador convencional que se liga direc-
do europeu) a Cinemateq lançou
recentemente um leitor DVD de alta
qualidade equipado com este tipo de
saída, o qual formará obviamente
uma parelha quase perfeita com este
Picture Optimizer. A velocidade de
transmissão de dados mais usual
neste formato, que necessita apenas
de um cabo coaxial de 75 Ohm e
uma ficha BNC, em vez dos conec-
tamente na tomada, fornecendo 12
V alternados através de um jack traseiro.
tores e cabos bem mais complexos do
DVI e do HDMI, é de 270 Mbit/s,
embora possa ir até 540 Mb/s (recentemente foi aprovada a norma SDI
para televisão HD que permite velocidades cerca de três vezes superiores a
esta – 1,485 Gbit/s! Os dados em
série são transmitidos em blocos
(palavras) de 8 ou 10 bit, utilizandose o código de Hamming para recuperar os dados no receptor. Um facto
muito interessante, embora pouco
divulgado, é que na interface SDI é
possível, tal como no HDMI, transmitir dados de áudio, neste caso até
quatro canais independentes. Na
maioria dos caos, porém, os profissionais de vídeo dedicam-se quase
exclusivamente à transmissão e
recepção de sinais de vídeo através
de SDI.
Um outro circuito impresso contém
todo o processamento de vídeo correspondente às entradas SDI. Apenas
como um pequeno aparte, posso
apenas mencionar de passagem que
o formato SDI (Serial Digital Interface)
é um formato que transporta dados
em série a alta velocidade, sendo utilizado desde há muitos anos pelos
profissionais de vídeo. Como os
dados que saem do DVD (disco óptico) estão igualmente neste formato,
é mais que evidente que, desde que o
leitor DVD tenha uma saída SDI (o
que acontece em muito poucos
casos), então temos uma transferência ideal de dados entre o disco e o
processador de vídeo. Para colmatar
esta falha (a não existência de leitores
com saída SDI, pelo menos no merca62 AUDIO&CINEMA EM CASA
Um controlo remoto muito eficiente e
de dimensões reduzidas permite o
acesso aos menus e à selecção de
entradas do Picture Optimizer.
O Picture Optimizer na prática
Pois embora este seja um equipamento, que à primeira vista, não
apela a todos os amantes do cinema
em casa, só posso dizer que quem
porventura se atemorize perante a
complexidade
de
ajustes
do
Cinemateq não sabe o que perde. De
facto, os ajustes não são tão complicados assim e, por outro lado, não
conheço qualquer outro equipamento que, por um investimento de cerca
de 1500 euros, garanta (tomem esta
minha palavra como totalmente à
letra) uma tal melhoria de imagem na
cadeia de vídeo de um sistema de
cinema em casa. Mesmo sem entrar
pelos menus que permitem uma optimização absoluta dos resultados
finais, a inserção deste equipamento
entre fonte de sinal e o equipamento
de apresentação de vídeo, seja ele
um ecrã plano ou um projector, produz uma melhoria tão evidente do
sinal que só a compra de equipamentos (fonte ou de apresentação de
imagem) de preço bem mais elevado
permite uma aproximação (mas não
mais que isso) a essa melhoria de
qualidade.
Aliás, as potencialidades do Picture
Optimzer Plus são tantas que, mesmo
após ter estado a conviver com ele
durante diversos meses, vou
enveredar por um teste de âmbito
diferente do que é normal na Audio
& Cinema em Casa. Isto significa que,
para além das experiências e resultados de que vou falar neste número,
reservo para uma segunda oportunidade, a publicar mais tarde, a divulgação das experiências com outros
equipamentos, nomeadamente o
SIM2 C3X (o projector de 3 chip da
SIM2) e um ecrã de plasma de alta
definição. Como era costume dizer
numa série que o meu filho via nos
velhos tempos na televisão, «não percam as cenas dos próximos episódios,
que eu também não».
O Picture Optimizer é o equipamento
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perfeito para implementar aquilo que
eu considero ser o modo ideal de apresentar a imagem num sistema de cinema em casa de alta qualidade.
Significa isto que o sinal deve sair o
mais perfeito possível, embora sem
qualquer tipo de processamento, do
leitor DVD, passar por um bom
processador de vídeo (como é caso
vertente) e depois entrar no projector
ou ecrã plano, aproveitando ao máximo a resolução nativa deste e, novamente, sempre que possível, sem qualquer tipo de processamento. Pena é
que, como irei explicar um pouco mais
adiante, muitos dispositivos de apresentação de imagem, nomeadamente
projectores, não permitam desligar o
processamento interno de vídeo, o
que implica que os circuitos de scaling
e/ou desentrelaçamento de vídeo estejam sempre no caminho do sinal.
Nalguns casos o equipamento de
imagem reconhece automaticamente
que está a receber um sinal progressivo na entrada e desliga o seu proces-
samento interno, mas o ideal é que
seja possível fazer o bypass total a
estes circuitos para uma optimização
da qualidade final de imagem.
Nos ensaios com o Picture Optimizer
utilizei como dispositivos de apresentação de imagem o projector CL410
da Runco e o meu Sony VPLVW11HT. Como já expliquei acima,
num segundo artigo irei comentar o
comportamento do Picture Optimizer
com o projector de 3 chips SIM2 C3X,
que acaba de chegar para teste e que
tanto furor fez no último Audioshow,
e ainda com um ecrã de plasma que
deverá ser entregue na Audio muito
em breve.
Mas vamos aos «finalmente».
Comecei por ligar, embora num
ensaio relativamente breve, o Picture
Optimizer ao Runco CL410, que
entretanto estava a ser sujeito a teste
na Audio. E para começar só tenho
que louvar os excelentes manuais que
acompanham o equipamento e permitem a quem saiba o mínimo sobre
sinais de vídeo e respectivas resoluções, colocar o Picture Optimizer
em funcionamento ao fim de poucos
minutos. De facto, o principal é saber
aquilo a que se chama a resolução
nativa, embora isso não seja fundamental nas primeiras operações, pois,
depois de ligar a fonte na entrada
adequada e o projector/ecrã plano na
saída, basta ligar o processador de
vídeo, seleccionar a entrada em uso
e, antes mesmo de entrar em quaisquer menus, seleccionar através do
controlo remoto uma resolução que
seja aceite pelo projector/ecrã plano,
ou seja, que seja apresentada no
ecrã, sem qualquer problema de sincronismo ou imagem dupla (o que
significa que a frequência de varrimento é o dobro daquela que o outro
equipamento aceita). Caso tenha dificuldades em obter imagem no ecrã
então pode aceder ao menu do sinal
de saída e verificar se o formato deste
VIDEO Cinemateq Picture Optimizer Plus
(ficha DVI ou saída analógica) está na
forma que é aceite pela entrada do
projector/ecrã plano a ele ligado.
Novamente aqui o Picture Optimizer
mostra que está preparado para tudo
pois, desde as diversas variantes de
RGB, com ou sem sincronismo incorporado no sinal de vídeo, ao sinal por
componentes, é só escolher no menu
o que pretende. Do mesmo modo, as
fichas SCART de entrada podem
aceitar sinais RGB ou de vídeo composto, sendo esta a razão porque não
existe uma entrada separada de vídeo
composto. Claro que quase todos os
amantes do vídeo sabem que este é o
tipo de sinal de vídeo que tem a pior
qualidade possível, mas é também o
único formato em que podemos
aplicar um sinal de TV ao Picture
Optimizer, por isso pode-se tornar
conveniente utilizá-lo.
O número de resoluções de saída prédefinido no Picture Optimizer é tal
que deverá satisfazer praticamente
toda e qualquer necessidade: nada
menos de 24 resoluções base,
incluindo duas que podem ser ajus-
O plasma CT-50 e o leitor DVD Studio Player fazem uma excelente combinação com o Picture Optimizer.
tadas pelo utilizador (Custom 1 e
Custom 2), e as quais possibilitam
que o sinal de saída do Picture
Optimizer possa atingir um máximo
de 1080 linhas progressivas por 1920
pixel por linha, ou seja, aquilo que
hoje se designa por 1080p, embora
apenas através da saída analógica.
Um aspecto importante da utilização
do Picture Optimizer tem a ver com o
facto de só ser possível usufruir do
máximo das suas capacidades depois
de ter optimizado o seu modo de
funcionamento com os restantes elementos da cadeia de vídeo: fonte –
leitor DVD, sintonizador de TV, receptor de satélite; elemento de apresentação de imagem – ecrã plano, projector. Para isso, embora uma parte
dos ajustes possa ser efectuada com
o auxílio do bem conhecido DVD
Video Essentials, o ideal é conseguir
uma cópia de uma fabulosa ferramenta de trabalho que a partir de
agora não vai mais sair do top da
minha lista de instrumentos de trabalho permanente. Trata-se do DVD
desenvolvido por Peter Finzel (para
não variar mais um técnico alemão),
cujo título é exactamente Peter Finzel
Test Disc, e de que tenho o privilégio
de ter um exemplar oferecido por
Udo Ratai, o responsável pelo desen-
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volvimento
de
produtos
na
Cinemateq. Este é um DVD extremamente completo, com sinais de teste
de elevada complexidade e que permitirá aos tecnicamente mais dotados (como são muitos dos leitores da
Audio & Cinema em Casa) elevar até
ao limite máximo a performance da
cadeia de vídeo do seu sistema. Com
este disco podem ajustar-se com precisão quer o brilho, luminosidade,
saturação de cor e nitidez, quer ainda
aspectos menos abordados, tais
como a resolução final do conjunto,
quer em termos globais quer nos
planos vertical e horizontal, incluindo
aqui a resolução do leitor DVD, a performance das diversas tecnologias de
desentrelaçamento, o rendimento de
cada um dos canais de cor, etc. É um
nunca acabar de capacidades, pena é
que o manual esteja integralmente
escrito em alemão e que Peter Finzel,
como muitos alemães, ache que a
língua que ele utiliza é universal e
que, portanto, qualquer um a compreende. Felizmente Udo forneceume igualmente uma versão curta em
inglês do citado manual e, além
disso, o meu contacto de há uns anos
com os países do centro da Europa
ajudou-me a juntar uma pequena
percentagem de alemão às outras
cinco línguas em que consigo exprim-
Dezembro 2005 n.° 184
ir-me com alguma facilidade. Os mais interessados e corajosos
podem visitar o site http://www.peterfinzel.de/, todo ele com conteúdos em alemão.
Calibrado em definitivo o meu sistema de vídeo, com quatro fontes
fundamentais (TV analógica, TV digital por satélite em resolução
standard e HDTV e DVD), fase em que pude verificar que o Sony VPLVW11HT, embora não possa de modo nenhum produzir níveis de
negro altamente convincentes, se porta muito bem em termos da
reprodução cromática e de conseguir acompanhar os testes mais
demolidores do DVD de Peter Finzel com uma naturalidade que me
surpreendeu, pude então passar aos ensaios finais. E, meus senhores,
antes sequer de ensaiar o Cinemateq com um projector de topo
como o 3 chips da SIM2 (espero deixar aqui ainda uma pequena nota
sobre as primeiras experiências dos dois equipamentos em conjunto),
devo pedir-lhes que, mesmo que seja apenas por uma vez, aceitem
«cegamente» a minha entusiástica recomendação deste produto. As
melhorias de imagem são tão imediatas e evidentes, mesmo quando
por comparação com o processador de vídeo integrado no Tag
McLaren AV192R, de nível muito elevado e baseado no SIL 504, ou
ainda com o comutador de vídeo Barco VSE60 que reside há algum
tempo no nosso sistema de referência, que quase posso dizer que
qualquer sistema de vídeo baseado num ecrã plano ou num projector será alvo de ganhos de qualidade tais que, para serem minimamente aproximados, implicariam o dispêndio de quantias monetárias
muitas vezes superiores aos cerca de 1500 euros (caso não necessite
de entrada SDI) que este equipamento custa. E em que é que esses
ganhos se traduzem? Pois em praticamente todos os aspectos convencionais de apreciação da imagem, desde o recorte ao ajuste preciso da temperatura de cor e do valor de gamma, à naturalidade dos
movimentos no ecrã, aos negros muito mais completos (em termos
de graduações), às cores muito mais naturais, às transmissões
desportivas que assumem uma vida tolamente diferente no ecrã,
enfim, as palavras faltam-me, como poucas vezes na vida, para
destacar o que se pode ganhar quando, por paradoxal que isso
pareça, se insere mais um elemento no meio da cadeia de vídeo.
Pude colocar lado a lado, apenas como exemplo, uma saída de vídeo
composto e outra em RGB de um sintonizador por satélite para TV
digital e, embora já tivesse informação mais que óbvia sobre o resultado final, não deixei de ficar uma vez mais abismado quando, depois
de optimizar a saída de vídeo composto a níveis que até pareciam
aceitáveis quando observados isoladamente, comutei a entrada do
Picture Optimizer para a outra ficha SCART, onde estava disponível a
mesma programação, mas agora através de um sinal RGB. É de nos
deixar positivamente de queixo caído! Novamente tenho que gabar
o facto de o DRC do VPL-VW11HT reconhecer de modo imediato o
sinal progressivo aplicado na entrada (neste caso no formato YUV) e
desligar imediatamente o processamento interno, entregando todo o
controlo ao Picture Optimizer. Pena que não se possa dizer o mesmo
em termos do scaling interno do mesmo projector, para se conseguir
um endereçamento pixel a pixel dos 1368 por 768 pixel disponíveis
nos painéis LCD, e que tenha acabado pode ter de me contentar com
um endereçamento a 1440 x 576p. Nada mal, mas podia ser melhor.
Isto porque os modos prefixados na memória ROM do processador
DRC não podem ser todos excitados senão para determinados formatos de entrada, ou seja, a resolução endereçável no projector tem
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VIDEO Cinemateq Picture Optimizer Plus
a ver com o facto de o sinal de entrada vir no formato RGB ou em YUV.
Um dos filmes que pude visionar na
altura foi o filme de origem italiana A
Melhor Juventude, que me foi
recomendado aqui há uns tempos,
depois de eu ter manifestado a minha
apreciação por outro grande clássico
do cinema italiano: Cinema Paraíso.
Pois o filme tem uma duração de seis
horas (três por DVD), o que implica
um nível de compressão bem razoável, e olhem que assisti às duas
sessões de três horas em dois dias
seguidos sem que alguma vez tivesse
sentido cansaço ou enfado pelas imagens. É uma história forte e intensa,
que atravessa a sociedade italiana
entre os anos 60 e 90, servindo-se do
retrato traçado de uma família italiana
e de quatro amigos, dois deles irmãos.
Forte, intenso, dramático, com muitas
cenas nocturnas, este foi o filme ideal
apara provar à saciedade que uma
boa qualidade de imagem faz maravilhas em termos de quase eliminar o
cansaço visual. Parafraseando um
anúncio conhecido, eu poderia dizer:
venha ver o que o Cinemateq Picture
Optimizer pode fazer por si!
Muito mais falta ainda dizer, tal como
ajustar a imagem para um endereçamento pixel a pixel, ajustar o overscan para não perder partes da
imagem (pixel cropping) e muito
mais. Mas, em face do número de
páginas que este texto já está a ocupar, penso que poderemos (deveremos!) ficar por aqui e deixar esses
pormenores para o prometido segundo texto. Até lá nada impede que
quem quiser e puder se «divirta» com
esta fabulosa máquina.
Conclusão
Que mais posso dizer para já? Depois
de ver as maravilhas que o Picture
Optimizer consegue fazer por um
plasma que tinha pouco mais que
800 x 600 de resolução ou por um
projector que já não se pode considerar nada moderno, como é o caso
do Sony VPL-VW11HT, o mínimo que
posso aqui deixar expresso é que,
como já disse atrás, estamos perante
o melhor complemento que pode
comprar para melhorar a imagem do
seu sistema de cinema em casa, isto
para um preço que me atrevo a considerar poder ir até 5000 euros!
Recuso-me a considerar o Picture
Optimizer como um acessório, embora também não seja uma fonte ou um
dispositivo de apresentação de
imagem. Pois é o que é, sem complexos, definindo por si próprio uma
categoria com todos os argumentos
que justificam a sua existência e as
mais-valias que se obtêm com o seu
uso. Recomendado sem reservas, até
porque é à prova de obsolescência,
em face das permanentes possibilidades de upgrade de firmware
disponíveis no site da Cinemateq.
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