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Guia de Estudos COMITÊ DE POLÍTICAS ESPECIAIS E DESCOLONIZAÇÃO Assistência na Ação Anti-Minas/A situação no Iêmen Juliana Barraviera Giglio Afonso Dorta Santos Gabriela Oliveira da Costa Luana Lüthi Colaboração: Davi Antonino Guimarães Campinas-SP | Brasil | Setembro de 2016 A(FAMUN)/C.4/4/2016 SUMÁRIO CARTA DE APRESENTAÇÃO......................................................................................5 RELATÓRIO DO SECRETÁRIO-GERAL...................................................................... 6 I. Introdução ........................................................................................................................................... 6 II. Atualização dos instrumentos internacionais sobre a ação anti-minas............................... 6 A. Convenção sobre a Proibição do Uso, Estoque, Produção e Transferência de Minas Anti-Pessoais e sua Destruição..................................................................................................... 7 B. Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais, que Podem Ser Consideradas como Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados......................................................................................... 7 C. Convenção sobre Armas de Fragmentação ........................................................................... 7 III. Revisão da estratégia das Nações Unidas para a ação anti-minas 2013-2018..................8 IV. Parcerias .......................................................................................................................................... 11 V. Atualização sobre a situação no Iêmen .....................................................................................13 A. Contexto político-securitário...................................................................................................13 B. Situação da ação anti-minas.................................................................................................... 14 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 16 ANEXOS .................................................................................................................... 20 ANEXO 1 – DESCRIÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES ..................................................................... 20 Membros ......................................................................................................................................... 20 Afeganistão................................................................................................................................20 Angola..........................................................................................................................................20 Arábia Saudita............................................................................................................................20 Austrália.......................................................................................................................................21 Azerbaijão....................................................................................................................................21 Bósnia e Herzegovina..................................................................................................................21 Brasil..............................................................................................................................................21 Bélgica..........................................................................................................................................22 Camboja.......................................................................................................................................22 Canadá.........................................................................................................................................22 Chade............................................................................................................................................22 China.............................................................................................................................................23 Colômbia......................................................................................................................................23 Coreia do Norte............................................................................................................................23 Coreia do Sul................................................................................................................................23 Costa do Marfim.........................................................................................................................24 2 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Croácia.........................................................................................................................................24 Egito..............................................................................................................................................24 Emirados Árabes Unidos............................................................................................................24 Espanha........................................................................................................................................25 Estados Unidos da América........................................................................................................25 Etiópia...........................................................................................................................................25 França...........................................................................................................................................25 Grécia...........................................................................................................................................26 Guatemala...................................................................................................................................26 Honduras......................................................................................................................................26 Hungria.........................................................................................................................................26 Iêmen............................................................................................................................................27 Índia............................ .......................................................................................27 Índia..............................................................................................................................................27 Iraque............................................................................................................................................27 Israel.............................................................................................................................................28 Japão.............................................................................................................................................28 Jordânia........................................................................................................................................28 Laos...............................................................................................................................................28 Líbano...........................................................................................................................................28 Líbia..............................................................................................................................................29 Malásia.........................................................................................................................................29 Mali...............................................................................................................................................29 Mauritânia...................................................................................................................................29 México..........................................................................................................................................30 Mianmar.......................................................................................................................................30 Moçambique................................................................................................................................30 Noruega........................................................................................................................................30 Nova Zelândia..............................................................................................................................31 Paquistão.......................................................................................................................................31 Peru................................................................................................................................................31 3 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Reino Unido...................................................................................................................................31 República Centro Africana.........................................................................................................32 República Democrática do Congo.............................................................................................32 Romênia.......................................................................................................................................32 Rússia...........................................................................................................................................32 Senegal.........................................................................................................................................33 Síria...............................................................................................................................................33 Somália.........................................................................................................................................33 Sudão............................................................................................................................................34 Sudão do Sul................................................................................................................................34 Tailândia......................................................................................................................................34 Tajiquistão...................................................................................................................................34 Tanzânia.......................................................................................................................................35 Turquia.........................................................................................................................................35 Ucrânia.........................................................................................................................................35 Uruguai.........................................................................................................................................35 Venezuela.....................................................................................................................................36 Zimbábue.....................................................................................................................................36 Observadores..................................................................................................................................36 Diretor do YEMAC......................................................................................................................36 Diretora do UNMAS....................................................................................................................36 Diretora da ICBL..........................................................................................................................37 Paquistão......................................................................................................................................37 Subsecretário Geral para as Operações de Manutenção da Paz...........................................37 União Europeia.............................................................................................................................37 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................38 ANEXO 2 – Cronologia ......................................................................................................................43 ANEXO 3 - Glossário/Siglas ............................................................................................................43 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 45 4 A(FAMUN)/C.4/4/2016 CARTA DE APRESENTAÇÃO Prezados (as) delegados (as), sejam muito bem-vindos à quarta edição do FAMUN e ao Comitê de Políticas Especiais e Descolonização (SpecPol)! É com grande alegria que nós, membros da equipe SpecPol, recebemos vocês em nosso evento e em nosso comitê. O presente guia contém informações que, em conjunto com o Guia A, tem como objetivo ajudá-los na compreensão dos temas propostos e ser um ponto de partida na pesquisa para a sua participação no comitê. Estamos ansiosos para iniciar as atividades do SpecPol e nos colocamos à disposição para ajudá-los durante a realização do evento. Esperamos que vocês se divirtam e que tenham um debate frutífero sobre os temas. Gostaríamos, por fim, de agradecer às professoras Patrícia Nogueira Rinaldi e Talita de Mello Pinotti, ao nosso professor orientador, James Onnig Tamdjian, e ao nosso amigo Davi Antonino Guimarães pela ajuda na elaboração do comitê e dos documentos em geral. Atenciosamente, Juliana Barraviera Giglio – Presidente Luana Lüthi – Relatora Afonso Dorta Santos – Secretário Gabriela Oliveira da Costa – Secretária 5 Nações Unidas Assembleia Geral A(FAMUN)/C.4./4/2016 Distr.: Geral 27 Maio 2016 Original: Português Redação: Afonso Dorta Santos; Davi Antonino Guimarães; Juliana Barraviera Giglio; e Luana Lüthi. Quarta sessão Comitê de Políticas Especiais e Descolonização (Quarta Comissão) A assistência na ação anti-minas e a situação no Iêmen RELATÓRIO DO SECRETÁRIO-GERAL I. Introdução 1. O presente relatório é submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) seguindo a resolução 70/80, que solicitava ao Secretário-Geral a apresentação de informações relevantes para o tema analisado. 2. O relatório discorre sobre as mudanças na legislação internacional sobre a ação anti-minas e reporta o status da atual Estratégia das Nações Unidas para a Ação Anti-minas 2013-2018, incluindo seus avanços e dificuldades. Oferece também informações sobre as parcerias da Organização das Nações Unidas (ONU) com organizações nãogovernamentais por meio do Grupo de Coordenação Inter-agências em Ação Anti-Minas (Inter-Agency Coordination Group on Mine Action, em inglês) e informações atualizadas sobre a crise humanitária no Iêmen e sobre a ação anti-minas no país. 3. O último relatório apresentou um progresso na ação anti-minas, no que se refere à diminuição do número de minas terrestres, explosivos remanescentes de guerra (ERWs, em inglês) e bombas de fragmentação, também chamadas de munições cluster. Nota-se que houve, nas duas últimas décadas, uma redução drástica no número de vítimas por minas, além de importantes avanços na universalização das convenções e na coordenação de diferentes ações anti-minas. Ainda assim, existem desafios significativos a serem superados pela ação anti-minas: alguns dos principais serão indicados a seguir (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 7). II. Atualização dos instrumentos internacionais sobre a ação anti-minas 4. Nos últimos anos, houve grandes avanços relacionados ao cumprimento de tratados e convenções relacionados à ação anti-minas. No período reportado, a ONU continuou a A(FAMUN)/C.4/4/2016 apoiar os esforços para a universalização e implementação de tais instrumentos internacionais. A. Convenção sobre a Proibição do Uso, Estoque, Produção e Transferência de Minas Anti-Pessoais e sua Destruição 5. Até o presente momento, 162 países assinaram ou ratificaram a Convenção sobre a Proibição do Uso, Estoque, Produção e Transferência de Minas Anti-Pessoais e sua Destruição (ou Tratado de Ottawa). No entanto, desde o último relatório (A/70/207), não houve novas adesões à Convenção (UNITED NATIONS, 1997). 6. Dos 162 países signatários do Tratado de Ottawa, até outubro de 2015, 156 deixaram de estocar minas anti-pessoais, 90 declararam a destruição total de seus estoques e 65 declararam nunca ter estocado minas, exceto a quantidade permitida para treinamento. Desde o último relatório, somente a Finlândia completou a destruição total de seu estoque (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES - CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. 13). B. Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais, que Podem Ser Consideradas como Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados 7. Até o presente relatório, 123 países assinaram ou ratificaram a Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais, que Podem Ser Consideradas como Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados (Convenção das Nações Unidas sobre Armas Convencionais). Desde o último relatório, 2 países, Bahrein e Costa do Marfim, aderiram à Convenção (UNITED NATIONS, 1980 a). 8. Quanto ao Protocolo II da Convenção, relativo às minas terrestres, houve uma adesão (Costa do Marfim), totalizando 95 Estados-Parte. No entanto, não houve novas adesões ao Protocolo Emendado II desde o último relatório, mantendo o total de 102, de 2014. Desde o último relatório, o Protocolo V, referente a Explosivos Remanescentes, foi aderido por 4 Estados, sendo estes Bahrein, Costa do Marfim, Lesoto e Montenegro, totalizando 91 Estados-Parte (UNITED NATIONS, 1980 b; 1996; 2003). C. Convenção sobre Armas de Fragmentação 9. A Convenção que teve mais adesões desde o último relatório foi a Convenção sobre Armas de Fragmentação, totalizando 100 Estados-Parte até o final de abril de 2016. Os Estados que aderiram ou ratificaram a Convenção no período foram Colômbia, Cuba, Islândia, Ilhas Maurício, Palau, Ruanda e Somália (UNITED NATIONS, 2008). D. Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 7 A(FAMUN)/C.4/4/2016 10. Em um de seus dispositivos, essa Convenção trata das vítimas de minas-terrestes e, portanto, sua assinatura e ratificação também são consideradas parte da ação global antiminas. 11. Desde o último relatório, houve 6 novas adesões à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Antígua e Barbuda, Bahamas, Bielorússia, Brunei, República Democrática do Congo e São Tomé e Príncipe aderiram à Convenção, totalizando 164 Estados-Parte (UNITED NATIONS, 2006). III. Revisão da estratégia das Nações Unidas para a ação anti-minas 2013-2018 12. Em sua estratégia para o período de 2013 à 2018, a ONU se comprometeu a concentrar seus recursos em quatro grandes objetivos: 1) reduzir os riscos individuais e os impactos socioeconômicos provocados pelas minas terrestres em geral; 2) prestar assistência nacional e internacional às vítimas de minas terrestres; 3) transferir para os Estados as respectivas funções anti-minas, prestando a eles o devido suporte; e 4) promover e integrar a ação anti-minas tanto em instrumentos multilaterais como no plano nacional (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, pp. 13-16). 13. Abaixo são apresentados os últimos resultados já alcançados em relação aos objetivos da estratégia da ONU para a ação anti-minas. 1° Objetivo estratégico: reduzir os riscos aos indivíduos e os impactos socioeconômicos de minas e explosivos remanescentes de guerra, incluindo munições de fragmentação1. 14. O primeiro objetivo da estratégia visa a reduzir os riscos para os indivíduos e as consequências de cunho socioeconômico, provocados pelas minas, ERWs, inclusive bombas de fragmentação. Os principais esforços dentro deste objetivo são os de diminuir consideravelmente terrenos afetados e restaurar os projetos socioeconômicos; aumentar o acesso seguro a serviços básicos e infraestruturas necessárias; e promover uma educação da comunidade afetada no tocante ao trato com minas (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 13). 15. Dentre as formas mais efetivas de se evitar acidentes com minas, capazes de causar mortes, lesões e deficiências, está a educação. Educar os habitantes de uma região contaminada sobre os riscos de tal situação, bem como a conduta a ser seguida em tal contexto, é um ponto chave da ação anti-minas. Programas educacionais baseados em tal 1 Tradução nossa do original: “Strategic objective 1: Risks to individuals and the socioeconomic impacts of mines and explosive remnants of war, including cluster munitions, are reduced” (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 6). 8 A(FAMUN)/C.4/4/2016 premissa já foram realizados em cerca de 18 países e territórios pelo mundo, o que resultou em mais de seis milhões de pessoas capacitadas, reduzindo os riscos de morte ou qualquer lesão por parte das minas (SECRETARY-GENERAL OF THE UNITED NATIONS, 2015, p. 6). 16. Em 2015, no programa de Ação Anti-Minas da ONU, aproximadamente 58% dos países afetados foram investigados e 89% das áreas com suspeita ou confirmação de contaminação foram descontaminadas e liberadas para as comunidades. Na ocasião, foram identificados 98 hospitais, 216 instituições educacionais, 519 centros comerciais, 3 centros religiosos e 260 prédios governamentais contaminados. Destes, 73 hospitais (aproximadamente 75%), 190 instituições educacionais (aproximadamente 88%), 363 centros comerciais (aproximadamente 70%), 3 centros religiosos (100%) e 215 prédios governamentais (aproximadamente 83%) foram descontaminados pelo programa da ONU (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 a, pp. 14-15). 2° Objetivo estratégico: assistência global providenciada por atores nacionais e internacionais para vítimas de minas e explosivos remanescentes de guerra, com maior enfoque a lesões e deficiências2. 17. O segundo objetivo dá ênfase ao suporte por parte de atores nacionais e internacionais para as vítimas. Constam atividades específicas por parte da ONU, de cunho assistencial, focando em providenciar auxilio técnico e especializado às vítimas e mobilizar recursos para o financiamento dos projetos. Alguns indicadores apontam para o avanço deste objetivo: por exemplo, devido ao aumento do número de Estados afetados que têm executado políticas de desativação de minas e planos que incluam suporte às vítimas (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 14). 18. A partir das informações de 21 países e territórios, o relatório da 3ª rodada de coleta de dados (2016) apurou que a maior parte da ajuda da ONU nestes países é direcionada ao suporte à inclusão social, seguidos por cuidados médicos, emergenciais e contínuos, apoio à subsistência e reintegração econômica, cuidados de reabilitação física, e suporte psicossocial. Deve-se destacar também a atuação das autoridades nacionais destes territórios para prover assistência às vítimas. Tal suporte, entretanto ainda não apresenta diferenças de abordagem em relação à idade e gênero das vítimas (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 a, p. 16). 2 Tradução nossa do original: “Strategic objective 2: Comprehensive support is provided by national and international actors to mine and explosive remnants of war victims within broader responses to injury and disability” (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 10). 9 A(FAMUN)/C.4/4/2016 3° Objetivo estratégico: acelerar a transferência das funções de ação anti-minas para atores nacionais, com aumento da capacidade nacional para cumprir mas 3 responsabilidades da ação anti-minas . 19. Em terceiro, temos uma transferência para os atores nacionais das funções da ação anti-minas, visando a garantir maior celeridade ao processo. Sob esse objetivo, a ONU oferece suporte aos Estados afetados, auxiliando no desenvolvimento e na implementação de estratégias nacionais que permitam o cumprimento das responsabilidades nacionais para com a comunidade internacional (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 15). 20. A avaliação das capacidades nacionais demonstrou que áreas como mobilização de recursos, assistência às vítimas e obtenção de serviços anti-minas, ainda apresentam lacunas importantes e prejudicam o desempenho dos Estados no cumprimento da ação antiminas. Apesar disso, setores como coordenação dos atores anti-minas e planejamento estratégico apresentaram melhoras: registrou-se também maior engajamento das autoridades nacionais na coleta de dados (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 a, pp. 17-20). 4° Objetivo estratégico: promover uma ação anti-minas integrada nos instrumentos e estruturas multilaterais, bem como nos planos e legislações nacionais4. 21. O último objetivo trata da promoção e da integração da ação anti-minas em fóruns multilaterais, assim como em planos e legislações nacionais. A ONU espera, com esse objetivo, a universalização e implementação das convenções anti-minas – tais como o Tratado de Ottawa, a CCM, CCW, além da Convenção para Pessoas com Deficiência –, promovendo a inclusão da ação anti-minas nas grandes pautas de negociação de foros multilaterais (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 16). 22. No tocante aos instrumentos e convenções multilaterais, comemoramos a ratificação da CCW por mais países, como Argélia e Palestina em 2015. Entretanto, os protocolos II e V da Convenção não seguiram a mesma tendência (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 a, p. 20). 3 Tradução nossa do original: “Strategic objective 3: The transfer of mine action functions to national actors is accelerated, with national capacity to fulfill mine action responsibilities increased” (UNITED NATIONS INTERAGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 12). 4 Tradução nossa do original: “Strategic objective 4: Mine action is promoted and integrated in multilateral instruments and frameworks as well as national plans and legislation” (UNITED NATIONS INTER-AGENCY COORDINATION GROUP ON MINE ACTION, 2015, p. 13). 10 A(FAMUN)/C.4/4/2016 23. Nos preocupa, entretanto, a contínua violação às convenções internacionais por parte de um pequeno grupo de países no tocante ao uso de minas anti-pessoais e o respeito aos prazos de destruição dos arsenais de minas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES - CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 12-14). IV. Parcerias 24. A ONU, em seus esforços na ação anti-minas, faz parcerias com diversas organizações não-governamentais (ONGs) que estão fortemente engajadas na causa antiminas por meio do Serviço de Ação Anti-Minas da ONU (United Nations Mine Action Service, UNMAS, em inglês) (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 c). 25. O trabalho de retirada das minas e educação sobre seu risco é muitas vezes feito pelas ONGs e a ONU entra com auxílio na forma de financiamento. As ONGs servem para aconselhar sobre as melhores práticas, auxiliar na criação e no desenvolvimento de projetos e ajudar na divulgação da causa. A interação entre a ONU e tais organizações é fundamental, uma vez que as ONGs implementam programas principalmente nas áreas de educação de risco, retirada e buscas de minas e assistência as vítimas, muitas vezes se antecipando à própria ONU no atendimento das comunidades. Em alguns casos, as iniciativas de suporte são praticadas a partir da parceria entre duas ou mais ONGs (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2004, p. 14; UNITED NATIONS OFFICE FOR PARTNERSHIPS, 2010). 26. As principais ONGs envolvidas com a ação anti-minas são: Grupo Consultivo de Minas (Mines Advisory Group, MAG, em inglês); Grupo de Desminagem da Dinamarca (Danish Demining Group, DDG, em inglês); Fundação Suíça para a Ação Anti-minas (Swiss Foundation for Mine Action, SFD, em inglês); The Halo Trust; Centro Internacional para a Desminagem Humanitária de Geneva (Geneva International Centre for Humanitarian Demining, GICHD, em inglês), Campanha Internacional para o Banimento das Minas Terrestres (International Campaign to Ban Landmines, ICBL, em inglês) e Coalizão sobre Armas de Fragmentação (Cluster Munition Coalition, CMC, em inglês). Além disso, a ONU tem parceria com as ONGs Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha Internacional. Destas, MAG, DDG, GICHD, Médicos Sem Fronteiras, ICBL e CMC atuam no Iêmen (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 b; UNITED NATIONS OFFICE FOR PARTNERSHIPS, 2010). 27. Cada ONG desempenha uma função diferente na ação anti-minas. A MAG, criada em 1989, promove a retirada de minas, a educação sobre os riscos e também oferece emprego às pessoas da região afetada, atuando em mais de 40 países e tendo beneficiado mais de 16 milhões de pessoas. O DDG, que além do seu trabalho com as minas promove a 11 A(FAMUN)/C.4/4/2016 redução da violência armada em locais que sofrem com alto índice de violência. A SFD e Halo Trust, além da retirada das minas, trabalham na educação sobre o risco das mesmas, na resposta a emergências e na promoção de treinamento das pessoas da região e de monitoramento desses locais. A GICHD ajuda no treinamento para a retirada de minas juntamente com outras ONGs e autoridades (DANISH DEMINING GROUP, 2016 a; 2016 b; MINES ADVISORY GROUP, 2016; GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING, 2016; SWISS FOUNDATION FOR MINE ACTION, 2016; THE HALO TRUST, 2016). 28. A ICBL, por sua vez, divulga a campanha da luta contra as minas, o sofrimento das vítimas e advoga internacionalmente para a proibição do uso de tais artefatos. A CMC, assim como a ICBL advoga mundialmente em prol de mudanças governamentais no uso de armas de fragmentação. O Landmine Monitor, um programa conjunto da ICBL e CMC, tem como objetivo manter uma base de dados analisando sistematicamente informações como a produção de minas, uso, comércio, a retirada dessas minas, dentre outras informações para que as organizações ao redor do mundo possam tomar as devidas providencias acerca da situação no âmbito mundial (CLUSTER MUNITION COALITION, 2016; INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES, 2016). 29. A ONG Médicos sem Fronteiras ajuda no tratamento médico das pessoas que sofrem ferimentos pelas minas. A Cruz Vermelha, por sua vez, trabalha em situações de conflito para promover auxílio e proteção às pessoas inseridas nessas situações ao redor do mundo, desde 1863 (INTERNATIONAL COMMITTEE OF THE RED CROSS, 2016). 30. O trabalho dessas organizações é de extrema importância para as regiões afetadas. A retirada das minas é um processo custoso e que envolve vários cuidados, como equipamentos adequados e demarcação dos locais de retirada. Essas organizações promovem a conscientização daqueles que não estão familiarizados com o assunto e incentivam doações de iniciativas privadas e do público em geral para que possam promover a retirada dessas minas e, por consequência, promover uma melhoria de vida para milhares de pessoas ao alcance desse problema. 31. Um exemplo da cooperação entre as organizações ocorreu em 4 de março de 2012, quando a cidade de Brazzaville, no Congo, sofreu com o acionamento de minas do exército que não foram estocadas de maneira segura. Imediatamente após as explosões, a UNMAS, com o auxílio da MAG, Cruz Vermelha e GICHD, montou um plano de ação e prestou socorro às vítimas (GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING, 2012, p. 4). 12 A(FAMUN)/C.4/4/2016 V. Atualização sobre a situação no Iêmen A. Contexto político-securitário 32. Atualmente, o Iêmen, que já sofre graves problemas econômicos em decorrência de sua elevada dependência do petróleo (cujo preço internacional teve forte depreciação), se vê mergulhado em uma guerra civil. O governo atual, do presidente Abd Rabbu Mansur Hadi que conta com apoio internacional, enfrenta forte oposição de um grupo não-estatal armado, os chamados Houthis, descontentes com a composição política do novo governo. Além disso, o país registra a presença de movimentos separatistas no sul do país e de uma importante célula do grupo Al-Qaeda (RABI, 2014, pp. 122-124). 33. Desde 2015 tem havido uma série de tentativas de negociações de paz, mas elas têm sido constantemente desrespeitadas pelas várias partes envolvidas. No início de agosto, registrou-se um agravamento das tensões e a ruptura do diálogo entre os grupos: estes encontram-se destacados a seguir. 34. O atual presidente iemenita, Abdu Rabbu Mansur al-Haddi, assumiu o governo do Iêmen como interino, em 2011, após a renúncia do então presidente Ali Abdullah Saleh que estava sendo pressionado por movimentos populares desencadeados pela Primavera Árabe. Desde então, o governo de Haddi tem enfrentado grande instabilidade política e a oposição de diversos grupos nacionais. Em janeiro de 2015, com o avanço dos Houthis sobre a capital do Iêmen, Sanaa, Haddi se exilou na Arábia Saudita. O exílio durou até novembro de 2015, quando o presidente interino retornou à seu país: entretanto, Haddi tem conseguido poucos avanços e se mantém isolado no palácio presidencial, em Aden, no sul do país (LAUB, 2016). 35. Os Houthis tem origem no norte do Iêmen e são ligados a uma corrente xiita do Islã: a partir dos anos 2000 passaram a se opor ao governo nacional em defesa dos interesses de sua região. No início de 2015 deram início a uma ofensiva rumo à capital Sanaa e lograram sucesso em ocupá-la: nos meses seguintes avançaram por outras áreas em direção ao sul do Iêmen (HUMAN RIGHTS WATCH, 2015; ONU BRASIL, 2016). 36. A partir de 2007 tomou forma, no sul do Iêmen, um movimento separatista autointitulado “Movimento do Sul Livre” (também chamado de Al-Hirak), em decorrência de um longo processo, denunciado pelos separatistas, de isolamento, discriminação e submissão do Sul às elites tribais do Norte. O movimento prega o retorno à fórmula de dois Estados para o Iêmen, pois considera as duas regiões (Norte e Sul) culturalmente distintas entre si (RABI, 2014, pp. 123-128, 131-134). 37. O sudeste do país, por sua vez, conta com forte presença da “Al-Qaeda da Península Arábica” (AQAP), resultado da união das células do Iêmen e da Arábia Saudita. O maior fator para seu fortalecimento foi a própria fragilidade da manutenção do governo Saleh, 13 A(FAMUN)/C.4/4/2016 incapaz de lidar com seus problemas internos, disputas tribais, a ponto de ter controle apenas nas cidades, deixando o interior do país um largo espaço de refúgio e afloramento dos grupos radicais. Nos últimos meses, entretanto, tem se registrado a registrado a retirada da Al-Qaeda de algumas cidades, como Mukalla e Azzan, devido ao avanço da coalizão saudita (ALMOSAWA;NORLAND, 2016; RABI, 2014, pp. 148-161). 38. Desde o avanço dos Houthis, formou-se entre Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Marrocos, Sudão e países ocidentais, como os Estados Unidos, uma coalização de apoio ao presidente Haddi e contra o grupo do norte iemenita. A coalização realizou ataques importantes aos Iêmen nas últimas semanas, na tentativa de forçar a retração das forças Houthis: no início de agosto os ataques atingiram áreas importantes do país, incluindo a capital (ALMOSAWA;NORLAND, 2016; LAUB, 2016). Figura 1 – Iêmen: áreas com predominância dos grupos políticos Legenda Área cor vinho – dominada pelos Houthis e aliados Área hachurada – sob influência da Al-Qaeda Área marrom – dominada por forças anti-houthis Fonte: LAUB, 2016. B. Situação da ação anti-minas 39. A situação atual da ação anti-minas no Iêmen é preocupante: desde a escalada do conflito interno, registrada em meados de 2014, a instabilidade regional e a falta de recursos têm tido impactos consideráveis sobre a capacidade de ação do Centro Executivo do Iêmen para a Ação Anti-Minas (YEMAC). Nesse contexto, o 14 A(FAMUN)/C.4/4/2016 país tem inclusive sido incapaz de cumprir com alguns compromissos previamente assumidos em relação à tratados internacionais (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 c). 40. Os dados mais recentes, de março de 2014, indicaram que aproximadamente 433 km2 do território iemenita estavam contaminados não só por minas antipessoais, mas também por minas anti-veiculares. Desde então, a coleta e a organização dos dados pelo YEMAC tem sido dificultada e não se tem previsão para a publicação de dados atualizados (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 c). 41. Apesar disso, sabe-se que tem havido uma ampliação das áreas contaminadas por minas desde o agravamento do conflito interno: tanto forças Houthi quanto forças sauditas têm sido acusadas de fazer uso de minas terrestres em suas atividades militares. Até o momento, foi relatada a utilização de tais artefatos nas regiões de Aden, Abyan, Sadaa e Bani Jarmooz. 42. Em 2013, o YEMAC havia recebido um aporte de US$ milhões para o reforço da estratégia anti-minas nacional. Apesar da lacuna no planejamento estratégico, gerado pelo conflito interno, o YEMAC tem buscado manter suas atividades de descontaminação e de suporte às vitimas de minas: apesar de não divulgar dados específicos sobre suas operações, o centro estaria sendo capaz de manter algumas iniciativas do plano original (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 c). 43. Até 2014, 5.864 pessoas tinham sido vítimas de minas no país. Os que sobrevivem sofrem com a falta de cuidados e orientação sobre como lidar com tais artefatos. A maior parte dos atingidos está entre a população rural e de mais baixa renda, o que agrava a situação humanitária do Iêmen (GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING, 2013). 44. Os custos médicos envolvidos são altos e o governo oferece auxílio no tratamento, próteses, comida e moradia. Contudo, muitas vezes tais serviços são de difícil acesso para a população mais pobre. 45. Várias organizações, como os Médicos sem Fronteiras e a Cruz Vermelha, também oferecem assistência aos iemenitas, mas, o auxílio ainda é insuficiente. As mulheres que necessitam de auxílio médico têm um empecilho a mais: por falta de 15 A(FAMUN)/C.4/4/2016 profissionais do sexo feminino na região, elas acabam ficando sem atendimento, a religião do país não permite o atendimento delas pelos homens. O apoio psicológico às vitimas também é escasso. A acessibilidade dos deficientes é quase inexistente e, apesar de seus direitos estarem protegidos pela legislação, eles geralmente não são cumpridos (GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING, 2013). 46. Outra área que precisa de investimento é a educação: o conhecimento sobre esses explosivos é de suma importância para que se evitem novos acidentes: saber identificar sua localização também permite que a população avise às organizações responsáveis pela remoção segura dessas minas. 47. Nesse contexto, a ação anti-minas no Iêmen precisa ser urgentemente revisada para dar conta dos novos desafios e limitações, impostos ao país pelo conflito atual. É essencial que os membros da Assembleia Geral sejam capazes de identificar as principais lacunas do programa e prestar auxílio nas áreas mais sensíveis. REFERÊNCIAS ALMOSAWA, S; NORLAND, R. “Saudi-Led Coalition Resumes Bombing of Yemeni Capital After Talks Collapse”. In: New York Times, 09 de agosto de 2016. 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UNITED NATIONS OFFICE FOR PARTNERSHIPS. “About Us”. In: Website oficial do United Nations Office for Partnerships, 2010. Disponível em:<http://www.un.org/partnerships/about.html>. Acesso em: 27.maio.2016. 19 A(FAMUN)/C.4/4/2016 ANEXOS ANEXO 1 – DESCRIÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES Membros Afeganistão O Afeganistão é Estado Parte da CCM e de Ottawa (embora não tenha até hoje ratificado a CCW). No entanto, o país ainda não adotou uma legislação nacional para a implementação destas, além de não emitir relatórios a respeito do uso de minas anti-pessoais por parte das forças armadas. O país declara que não possui estoques de minas ativas, mesmo para fins de treinamento (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 a; 2016 a). Angola Angola assinou o Tratado de Ottawa em 1997, mas não faz parte da CCW. O país nunca produziu ou exportou minas, e, desde a assinatura do Tratado de Ottawa, não há registro de uso de tais artefatos. Angola ainda mantém cerca de 2500 minas supostamente para treinamento, mas não fornece mais informações sobre o controle de tal arsenal (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 a). Arábia Saudita O país não é parte do Tratado de Ottawa e da CCM, e assinou com reservas a CCW, inclusive possui estoques de minas em seu território. Em dezembro de 2014, a Arábia Saudita fez parte de um grupo de 17 países que se abstiveram na votação da Resolução 93/64 da AGNU, que pedia a universalização e total implementação do Tratado de Ottawa (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 10-12). 20 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Austrália É signatária das três grandes convenções pela proibição de minas terrestres e, desde 2010, forneceu cerca de US$125 milhões em programas bilaterais aos países afetados pelas minas, além de ações anti-minas por parte da Força de Defesa Australiana no Pacífico e do financiamento de iniciativas voltadas ao tema, como a UNMAS (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 10). Azerbaijão O Azerbaijão não assinou o Tratado de Ottawa e, apesar de não produzir ou comercializar minas, mantém estoque herdado da antiga União Soviética. O governo afirma que não utiliza minas desde seu conflito com a Armênia, em 1994, mas em 2011, inaugurou uma fábrica cujo objetivo é produzir armas para a defesa, incluindo minas. A ICBL enviou cartas para esclarecer a situação, mas não obteve resposta (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2012 a). Bósnia e Herzegovina A Bósnia e Herzegovina, um Estado Parte do Tratado de Ottawa e da CCM, por se tratar de uma nação pós-conflito, conta com amplos esforços na limpeza de áreas contaminadas. No entanto, compartilha de problemas similares aos do Iêmen, tal como a carência de recursos financeiros para o custeio das ações anti-minas (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2014, p. 13). Brasil O Brasil aderiu ao tratado de Ottawa e tem reduzido seu arsenal de minas anti-pessoais, tendo destruído aproximadamente 27 mil artefatos. O país produzia e comercializava minas, mas alega ter suspendido a produção desde 2012. Em 2011, entretanto, foi registrado o uso minas de origem brasileira na Líbia: o Brasil condenou o uso dos artefatos e ofereceu ajuda financeira à ação anti-minas líbia (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2013 b). 21 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Bélgica A Bélgica foi um dos protagonistas das negociações que levaram ao Tratado de Ottawa, sendo um Estado-Parte desse e defendendo arduamente sua universalização. O país tem papel central no suporte à ação anti-minas em vários países, por meio de importantes contribuições financeiras tanto aos Estados quanto às ONGs que atuam nesses locais (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016 b). Camboja Tendo ratificado a CCW e o Tratado de Ottawa, o Camboja é um dos cinco maiores recebedores de recursos para ações anti-minas. Até seu último relatório (2014), foram declaradas um total de 2.747 minas anti-pessoais, sendo que esforços para destruição das mesmas vêm sendo empreendidos, mas ainda falta maior transparência por parte do governo (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 2,13-15). Canadá Estado Parte do Tratado de Ottawa, da CCW e da CCM, o Canadá, um antigo país produtor de minas, é hoje um grande defensor e patrocinador das ações antiminas pelo mundo, estando entre os quinze maiores contribuintes individuais para a causa, tendo doado cerca de US$ 69,5 milhões até o ano de 2014. O país ainda mantém um estoque de cerca de 2000 minas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 15-38). Chade O Chade assinou o Tratado de Ottawa em 1998. O país não produz nem exporta minas, assim como não as detém para treinamento. Em 2009, autoridades reportaram o uso de minas anti-veiculares por grupos armados perto das fronteiras do país com o Sudão e com a República Centro Africana (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 b). 22 A(FAMUN)/C.4/4/2016 China A China não assinou o Tratado de Ottawa ou a CCM, embora defenda a importância destes. Ressalta como essencial o estabelecimento da responsabilidade da limpeza das minas por seus usuários nas convenções internacionais. EstadoParte da CCW e dos seus protocolos II e V, a China mantém um pequeno estoque de minas terrestres por motivos securitários e é produtora, exportadora e estoca munições cluster. No entanto, alega não utilizar tais artefatos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016 c). Colômbia A Colômbia assinou o Tratado de Ottawa em 1997 e é visto como exemplar na ação anti-minas, com a criação de programas e campanhas, além de participar de todas as conferências relacionadas. Apesar de ter destruído seus estoques e estrutura produtiva, ainda há registro do uso de minas, principalmente em atividades relacionadas às FARC (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 b). Coreia do Norte A Coreia do Norte não aderiu ao Tratado de Ottawa e defende o uso securitário das minas, em especial devido a situação de instabilidade da península coreana. Recentemente, houve o registro de incidentes envolvendo minas antipessoais na região. Apesar disso, o país compartilha da preocupação humanitária gerada pelo uso não-controlado das minas (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 h). Coreia do Sul A Coreia do Sul, apesar de reconhecer os danos causados pelas minas, não assinou o tratado de Ottawa. O país considera importante o uso de minas para defesa das fronteiras e, por este motivo, sua produção ainda é mantida. Além disso, há armas de fragmentação no território coreano que pertencem aos Estados Unidos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 i). 23 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Costa do Marfim O país é signatário do Tratado de Ottawa, desde 1997, e declara nunca ter produzido minas ou realizado atividades comerciais com as mesmas. As informações submetidas para a comunidade internacional, contudo, são contraditórias: em 2004, o país negou a existência de estoques nacionais, mas, em 2014, revelou ter destruído minas que seriam remanescentes do conflito civil de 2011 (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2014 b). Croácia A Croácia assinou o tratado de Ottawa em 1997 e, apesar de nunca ter produzido minas, herdou parte do arsenal da extinta Iugoslávia. Dez, dos vinte e um, estados croatas registram contaminações que datam da guerra de independência. Em 1998, houve a criação do centro de ação anti-minas da Croácia (CROMAC), que ainda atua na retirada das minas no país (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 d; UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 a). Egito O Egito não é signatário do Tratado de Ottawa, pois classifica o mesmo como desigual. O governo considera as minas de extrema importância para a segurança de suas fronteiras, sendo que, desde janeiro de 2015, há registro de uso de tais artefatos nas proximidades do Monte Sinai. O Egito ainda sofre com contaminações por minas que datam da Segunda Guerra Mundial (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 c). Emirados Árabes Unidos Embora não seja signatário do Tratado de Ottawa e da CCM, o país já declarou seu interesse em assinar tais documentos e permanece preocupado com os danos ambientais, econômicos e sociais provocados pelas minas, especialmente em áreas pós-conflito. Por isso, já se dispôs a contribuir com a assistência antiminas em áreas afetadas, como o Iêmen, e com o financiamento de organismos internacionais (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 11; LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2012 c; 2014 d). 24 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Espanha A Espanha era produtora de minas terrestres, porém, por fazer parte das três grandes convenções, cessou a produção e hoje realiza um processo de destruição de seus estoques, embora não preste maiores explicações sobre o processo aos organismos internacionais. A Espanha alerta para a seriedade da situação em que se encontra o Iêmen e cujas consequências afetarão o futuro das próximas gerações (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 11-14; UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2015, p. 10). Estados Unidos da América Os Estados Unidos não assinaram o Tratado de Ottawa, tampouco a CCM – e aprovaram com ressalvas a CCW –, e são um dos maiores produtores mundiais de minas terrestres. Simultaneamente, são os maiores contribuintes para a ação antiminas (cerca de US$ 627 milhões até 2014). No tocante ao Iêmen, os EUA classificam o cessar-fogo com um importante passo para a paz (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 2; 38; 44; UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2015, pp. 18-20). Etiópia A Etiópia assinou o tratado de Ottawa em 1997, já não produz ou comercializa minas, mas mantém estoque para treinamento. Desde 2000, quando se encerrou a guerra coma Eritreia, não há registro de uso de minas anti-pessoais no país. Contudo, entre 2003 e 2008, foram registrados acidentes na fronteira envolvendo minas anti-veiculares (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 e). França A França é Estado-Parte das três grandes convenções (CCW, CCM e Ottawa), e é árdua defensora da universalização das ações anti-minas. No passado, o país foi produtor, exportador e consumidor de minas terrestres e munições cluster, mas 25 A(FAMUN)/C.4/4/2016 hoje, retém poucas unidades cluster para fins de treinamento e pesquisa (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2012 b; 2015 d). Grécia A Grécia é Estado Parte do Tratado de Ottawa, tendo também ratificado a CCW e a CRPD. No entanto, não é signatário da CCM, bem como violou o artigo 4˚ de Ottawa, uma vez que não cumpriu com o prazo que lhe fora estabelecido para a completa destruição de seu arsenal de minas anti-pessoais (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 e; INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES - CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 13-14). Guatemala A Guatemala é signatária do Tratado de Ottawa e declara nunca ter produzido minas ou empreendido atividades comerciais com as mesmas, mas mantém estoques para treinamento. Em 2011, uma ação anti-minas na capital do país registrou a existência de oito minas terrestres no local. Especula-se que os artefatos tenham vindo do estoque guatemalteco (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 f). Honduras Honduras é Estado-Parte das três principais convenções (CCW, CCM, Ottawa). O país nunca produziu ou comercializou minas anti-pessoais e armas clusters. Concluiu a destruição de seu estoque de minas em 2000 e seu programa de desminagem em 2004. Mantém minas para treinamento e afirma não possuir estoque de clusters e trabalha em conjunto com ONGs na assistência às vítimas de minas (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 g; 2015 f). Hungria A Hungria é signatária da CCW e do Tratado de Ottawa. O mais recente episódio de contaminação ocorreu nos anos 1990: minas eram implantadas na fronteira com países vizinhos em guerra. Atualmente, o governo afirma ter garantido a descontaminação de todo o país, bem como a interrupção da produção, 26 A(FAMUN)/C.4/4/2016 exportação e estocagem das minas (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016 d). Iêmen O Iêmen assinou o tratado de Ottawa em 1997 e alega nunca ter produzido ou exportado minas, mantendo estoque apenas para treinamento. Seu trabalho no controle e retirada destas era exemplar até o início de sua guerra civil, em 2014, quando os Houthis, que são contra o novo governo, e grupos não estatais, como a Al Qaeda reativaram o seu uso. O país e sua população agora sofrem com essa questão e enfrentam dificuldades na sua retirada (LANDMINE MONITOR, 2015 q; 2015 r). Índia O país não assinou o tratado de Ottawa e considera as minas essenciais para a proteção das fronteiras. Produz minas e garante a fiscalização do processo pelo governo. Estima-se que o país tenha um dos maiores estoques mundiais de minas anti-pessoais: o último uso em grande escala (cerca de 2 milhões de minas) foi entre 2001 e 2002, na fronteira com o Paquistão (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2013 b). Iraque O Iraque assinou o tratado de Ottawa em 2007. Todas as fábricas foram destruídas em um bombardeio em 2003 e o país alega que não pretende reconstruílas. O país mantém somente um estoque de minas para treinamento. O governo iraquiano não utiliza mais minas em suas operações, porém grupos não estatais como o Estado Islâmico as utilizam: em 2015, o país solicitou ajuda internacional para a descontaminação (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 g). Israel O Estado de Israel participa apenas da CCW (e com reservas), além de estar incluído no grupo de países com possíveis estoques de minas terrestres, muito embora tenha-se relatado o cessar da produção de minas e a destruição de estoques 27 A(FAMUN)/C.4/4/2016 no país. Ademais, Israel sofre críticas pelo uso de minas nas fronteiras com países vizinhos, em destaque o Líbano e a Palestina (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 30-31; UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, pp. 10-11). Japão O Japão é Estado Parte do Tratado de Ottawa e do CCM, sendo também um dos maiores patrocinadores de programas de ação anti-minas no mundo, tendo doado cerca de US$ 620 milhões para 50 países e regiões na forma de compensação ou fundos de assistência. Desde 2013, o país é o maior contribuinte do chamado fundo voluntário da UNMAS, sendo um grande apoiador das ações anti-minas (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, pp. 8-9). Jordânia Tendo ratificado o Tratado de Ottawa e – com ressalvas – a CCW, a Jordânia possui um estoque declarado de 850 minas anti-pessoais e estima uma extensão abaixo dos 5 km² de áreas contaminadas em seu território. Em 2012, o país havia declarado a retirada total de suas minas, contudo, centenas de artefatos foram encontrados em investigações posteriores, levando a uma extensão do prazo das ações anti-minas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 14-18). Laos O Laos não aderiu ao Tratado de Ottawa, sob a alegação de estar em processo de adequação às exigências do documento. Não existem fábricas de minas no país e não há exportação, seu governo declarou que minas foram utilizadas no passado para a defesa de suas fronteiras e que não as usa a mais de duas décadas (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2013 c). Líbano O Líbano não aderiu ao Tratado de Ottawa, pois ainda utiliza minas para a defesa de suas fronteiras, como é o caso da fronteira com Israel. A fronteira do país 28 A(FAMUN)/C.4/4/2016 com a Síria também possui minas instaladas pelo exército sírio. O país não produz ou exporta minas, mas ainda mantêm algumas para treinamento (LANDMINE MONITOR, 2013 d). Líbia Devido aos conflitos recentes, a Líbia acabou por sofrer uma grave contaminação por minas terrestres, provocando danos humanitários e econômicos, com destaque à privação da população às áreas agrícolas. O país considera de fundamental importância a ajuda internacional para a sua ação anti-minas; porém, esta se daria na forma de assistência à criação de capacidade nacional para tal atividade (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 10). Malásia A Malásia, a despeito de ter ratificado o Tratado de Ottawa, não é signatária da CCM (tampouco da CCW), além de estar entre as 94 nações que não conseguiram cumprir os requisitos do relatório anual de transparência. A Malásia está preocupada com o conflito no Iêmen e os desastres humanitários associados e reitera a necessidade de negociações para se alcançar a paz (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015 p. 16; UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2015, pp. 9-10). Mali O Mali assinou o Tratado de Ottawa em 1997 e nunca produziu ou exportou minas, mantendo pequeno estoque para treinamento. Em 2012, com o início do conflito entre as forças armadas do país e grupos não estatais ligados a Al Qaeda, várias minas foram colocadas em território malinês e já causaram diversos danos a civis (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2014 c). Mauritânia A Mauritânia aderiu ao Tratado de Ottawa e possui problemas com minas no nordeste de seu território. Diante disso, o governo da Mauritânia iniciou um programa nacional, que visa conscientizar a população sobre as minas terrestres, 29 A(FAMUN)/C.4/4/2016 sendo ministrado por pessoas especializadas das forças militares e civis (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2012, pp. 12-14). México Sendo Estado-Parte das Convenções de proibição de minas já promulgadas, o México é um árduo defensor destas no plano internacional. Tem como maior preocupação as vítimas do crescente uso de armas convencionais e de explosivos remanescentes de conflitos. O país defende que a assistência às vítimas englobe além de cuidados médicos, sua reabilitação, o apoio psicológico e sua inclusão social e econômica (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 h; 2015 j; UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 5). Mianmar O país não assinou o tratado de Ottawa e defende o uso de minas para segurança das fronteiras: o exército costuma colocar minas perto da fronteira com Bangladesh, forçando o deslocamento de muitas pessoas. Além do exército nacional, grupos não-estatais que atuam em Mianmar também usam tais artefatos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 k). Moçambique Durante a guerra civil (1977-1992) foram extensos o uso e a importação de minas no país. Desde 1993, o governo, juntamente com ONGs, tem implementado uma ação bem-sucedida de descontaminação das áreas afetadas. Entretanto, algumas minas ainda permanecem no país: estima-se que haja cerca de 5.38 km2 de território contaminado em Moçambique atualmente (THE HALO TRUST, 2016; LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 i). Noruega A Noruega, que já foi um produtor de minas anti-pessoais, hoje é Estado parte de todas as convenções e está entre os cinco maiores contribuintes mundiais das ações anti-minas (US$ 243,5 milhões até 2014). O país escandinavo pauta sua política de ação anti-minas pelo princípio de que armas e seu uso irresponsável 30 A(FAMUN)/C.4/4/2016 geram um sofrimento humano desnecessário e inaceitável (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015 pp. vi, 38; UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2011, pp. 26-28; UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 2). Nova Zelândia Defensora do Tratado de Ottawa e da CCM, a Nova Zelândia condena o emprego de minas terrestres e encoraja a universalização de tais documentos pela comunidade internacional. O país é um grande financiador dos projetos de ação anti-minas (até 2014 contribuiu com US$ 27,2 milhões), tendo doado para a UNMAS cerca de NZ$ 1,5 milhão (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. 38; UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, p. 6). Paquistão O Paquistão não assinou o Tratado de Ottawa, mas faz parte da CCW. O país, contudo, não possui nenhum programa formal de limpeza das minas e defende o uso dos artefatos para a segurança de suas fronteiras. O governo atribui os registros de uso de minas a grupos terroristas que atuam na região (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 l). Peru A República do Peru aderiu ao tratado de Ottawa e à CCM, sendo que o país tem realizado grandes esforços na ação anti-minas, de forma a eliminar de seu território as minas anti-pessoais ainda existentes, e assim, estar de acordo com os termos das convenções. Desde 2007, foram destruídas mais de 9200 minas anti-pessoais e mais de 136 mil m² de seu território foram descontaminados (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, pp. 5-6). Reino Unido Sendo Estado Parte das três convenções e estando entre os quinze maiores contribuintes para as ações anti-minas (cerca de US$ 92,2 milhões até 2014), o 31 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Reino Unido, um produtor de minas no passado, hoje proíbe tal atividade em seu território. Contudo, o país registrou um aumento de minas retidas (cerca de 353 minas), passando a um total de 724 minas, sob uma área minada estimada de 5 a 19 km² (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 11-18). República Centro Africana O país assinou o Tratado de Ottawa em 2002 e declara ter suspendido a produção de minas e atividades comerciais envolvendo tais artefatos. O último registro do uso de minas ocorreu em 2013, contudo, em 2014, fotografias de Mpoko e do Campo Du Roux indicaram a presença de minas terrestres no país (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2014 a). República Democrática do Congo O Congo assinou o tratado de Ottawa em 2002 e, desde então, não houve mais registro do uso de minas pelo governo, nem de produção ou exportação pelo país. No entanto, grupos não estatais, tanto nacionais como estrangeiros, continuam com a utilização de minas anti-pessoais. O governo afirma precisar de apoio internacional para garantir a retirada de tais artefatos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 c). Romênia O país é signatário do Tratado de Ottawa e já votou em favor da universalização desse na Assembleia Geral. O governo romeno já declarou ter suspendido a produção de minas, mas ainda não destruiu todo seu estoque do artefato. Apesar de não fornecer financiamento à ação anti-minas em outros países, a Romênia contribui com serviços e pessoal em diversos casos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016 d). Rússia Estando entre os maiores produtores mundiais de minas terrestres, com o maior arsenal de minas anti-pessoais do mundo (cerca de 69,5 milhões de 32 A(FAMUN)/C.4/4/2016 artefatos), o país não assinou o Tratado de Ottawa e a CCM. A Rússia decretou publicamente, assim como outros grandes produtores, a moratória de exportação de minas terrestres, muito embora minas russas (tipo PMN-4) tenham sido encontradas em países como Ucrânia e Síria (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 3; 10-12; KOCHIN & JENZEN-JONES, 2015). Senegal Durante a guerra civil, o Senegal passou por uma ampla contaminação de seu território. Limpar as áreas contaminadas é um dos principais objetivos do país, sendo um ponto chave para reativar o comércio e melhorar a vida da população, garantindo maior segurança: estima-se que cerca de 478 m2 ainda estejam contaminados. O país assinou o Tratado de Ottawa em 1997 (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 n). Síria A Síria não é Estado Parte de nenhuma das três convenções, possuindo registros de uso de minas anti-pessoais, ou mesmo artefatos explosivos improvisados (IEDs), por parte tanto do governo sírio quanto de grupos nãoestatais, desde 2011. Tal atividade – inclusive ações recentes do Estado Islâmico – se deve ao quadro de guerra civil no qual o país está inserido, provocando a morte de civis e não-civis (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, pp. 1-9). Somália Devido ao histórico de guerras com vizinhos e de conflitos civis, a Somália apresenta considerável contaminação por minas terrestres e outros artefatos explosivos. A ação anti-minas tornou-se um assunto de alta prioridade para o governo do país e o mesmo se prontifica a desenvolver uma ação humanitária e recuperar áreas contaminas para reconstruir o comércio (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 o). 33 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Sudão A República do Sudão aderiu ao Tratado de Ottawa. Por ser afetado pelos problemas das minas terrestres, é a favor da ação anti-minas. Deseja dar suporte para países que possuem tais problemas, através do treinamento de contingentes de apoio nos Estados afetados e da oferta de suporte para voluntários (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2012, p. 4). Sudão do Sul O Sudão do Sul ratificou o Tratado de Ottawa pouco após a sua independência. O país declarou que não usa ou produz minas e armas de fragmentação, bem como não possui capacidade, inclusive intenção de produzi-las no futuro. Desde 2012, foram destruídas mais de 20 mil minas anti-pessoais, usadas até a independência do país pelo então movimento rebelde sul-sudanês Exército/Movimento Popular de Libertação do Sudão (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 p). Tailândia A Tailândia foi um dos primeiros países a assinar o Tratado de Ottawa e está comprometida a alcançar a meta de zero vítimas e terra livre de minas, já tendo descontaminado, ao longo de quinze anos, mais de 2.100 km² de campos minados. O país está empenhado em concluir o processo, com o apoio de doadores como o Japão, Noruega, EUA, além de diversas ONGs (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, pp. 4-5). Tajiquistão O país assinou o tratado de Ottawa em 1999 e declarou nunca ter produzido ou exportado minas, e as que haviam herdado da União Soviética foram destruídas. No entanto, declarou que tem em seu território minas de diversos tipos de origem e pertencentes à Rússia que estão fora do controle e jurisdição do país (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 j). 34 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Tanzânia O país é signatário do Tratado de Ottawa e tem se mostrado bem engajado no esforço anti-minas. O governo já declarou que não produz, utiliza ou exporta minas, mas os dados sobre estoque nacionais são incertos. Em meio à uma região instável e conflituosa, a Tanzânia tem feito algum esforço de assistência à vitimas de minas, tanto nacionais quanto de países vizinhos (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016 e). Turquia A Turquia assinou o tratado de Ottawa em 2003, sendo que já não exportava nem produzia minas. Atualmente, as mantêm para treinamento, tendo o maior estoque entre todos os países signatários do Tratado. O país afirma que não as utiliza, mas dois acidentes ocorreram envolvendo o uso de minas pelo exército turco perto da fronteira com o Iraque (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2013 e). Ucrânia A Ucrânia declara-se um país não-produtor de minas anti-pessoais, tendo já ratificado a CCW e Ottawa, e vem buscando a sua implementação, além de estar aberta para cooperações futuras com parceiros internacionais, disposta a compartilhar seus conhecimentos. No entanto, o país alerta pelos casos de novas contaminações em seu território, devido ao conflito com grupos não-estatais armados separatistas (UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY, 2015, pp. 7-8; LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2014 e). Uruguai O Uruguai aderiu ao tratado de Ottawa e defende que o extermínio e a limpeza das minas terrestres irão restaurar as atividades econômicas das comunidades afetadas. Nunca usou, produziu ou exportou minas anti-pessoais, incluindo para treinamentos. O país é Estado-Parte da CCW e de seus protocolos adicionais (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 k). 35 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Venezuela A Venezuela assinou o Tratado de Ottawa em 1997. O país afirma que nunca produziu ou exportou minas, no entanto foram implantadas minas em seis postos navais (1995-1997) na fronteira com a Colômbia que só começaram a ser retiradas há 10 anos. A ICBL apresentou preocupação de que o país esteja se aproveitando dessas minas para obter vantagem militar e por esse motivo atrasou a sua retirada (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2011 l). Zimbábue Segundo dados de 2014, cerca de 63 km2 do território nacional apresentava minas, sendo a maior parte delas anti-pessoais. Ainda assim, o Zimbábue tem buscado reforçar sua ação anti-minas com a elaboração de um plano estratégico nacional, que conta com o apoio de algumas ONGs. Entretanto, mesmo diante dos esforços o país não tem cumprido a meta de descontaminação proposta pelo Tratado de Ottawa (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 v). Observadores Diretor do YEMAC - Ali Kadri O YEMAC surgiu a partir do Comitê Nacional da ação anti minas do Iêmen e tem como objetivo coordenar todas as ações relacionadas à ação anti minas no país. Suas atividades têm enfrentado obstáculos importantes com a falta de recursos e a ampliação de áreas contaminadas no Iêmen (LANDMINE MONITOR, 2015 q; 2015 r). Diretora da ICBL – Megan Burke O ICBL é uma rede global que trabalha em cerca de 100 países, de forma local, nacional e internacional para erradicar as minas terrestres, tendo sido criada em outubro de 1992. A instituição apresentou experimentos práticos das minas e também consolidou alguns outros interesses como a ação humanitária, o suporte aos direitos das crianças, dentre outros interesses (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. iv). 36 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Diretora do UNMAS - Agnes Marcaillou O UNMAS tem tido feitos pontuais na questão anti-minas, mas, apesar disso, tem sido um agente decisivo nas missões das Nações Unidas. O UNMAS providencia suporte na questão contra as minas, porém um de seus principais objetivos é a ação humanitária (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016 b, pp. 5-9). Palestina O Estado da Palestina não aderiu ao tratado de Ottawa. O país possui minas terrestres em seu território, localizadas em áreas de conflito e em áreas de treinamento militar. O país não possui estratégia contra as minas terrestres, porém, nos últimos 2 anos, o UNMAS tem tentado um acordo entre a Palestina, Israel e a ajuda internacional para providenciar a limpeza do território (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015 m). Subsecretário-Geral para as Operações de Manutenção da Paz - Hervé Ladsous O Subsecretário Hervé Ladsous é o chefe do Departamento de Operações e Manutenção da Paz (DPKO), órgão responsável por fornecer as orientações política e executiva para as operações de paz da ONU em todo o mundo.O DPKO se concentra na integração de esforços entre ONU, Estados e entidades não-estatais no tocante às operações de paz, além de oferecer orientação e apoio em demais questões ligadas à ONU (UNITED NATIONS, 2016). União Europeia A União Europeia tem o objetivo de um mundo livre das minas e se dispõe a cooperar com Estados que necessitam de assistência na ação anti-minas. A União Europeia é o maior doador na assistência anti-minas e em uma conferência na assembleia geral foi apresentado uma resolução para a assistência anti-minas e pediu a todos o auxílio para a sua aprovação por consenso (UNITED NATIONS GENERAL, 2015, p. 4). 37 A(FAMUN)/C.4/4/2016 REFERÊNCIAS INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES - CLUSTER MUNITION COALITION (ICBL – CMC). Landmine Monitor 2015. International Campaign to Ban Landmines, novembro de 2015. Disponível em: <http://www.themonitor.org/media/2152583/Landmine-Monitor-2015_finalpdf.pdf>. Acesso em: 16.mar.2016. KOCHIN, I. K.; JENZEN-JONES, N.R. “Russian PMN-4 anti-personnel landmines in Syria”. In: Website oficial do Armament Research Services, 01 de outubro de 2015. Disponível em: <http://armamentresearch.com/russian-pmn-4-antipersonnel-landmines-in-syria/>. Acesso em: 28.mai.2016. LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR. “Afghanistan - Cluster Munition Ban Policy”. 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Acesso em: 28.abr.2016. 42 A(FAMUN)/C.4/4/2016 ANEXO 2 – Cronologia 1945 Carta das Nações Unidas 1969 Fim do domínio britânico sobre o Iêmen do Sul 1980 Convenção sobre Armas Convencionais (Protocolos I-III)/CCW 1990 Unificação do Iêmen 1994 Guerra Civil – independência do Iêmen do Sul 1997 Reunificação do Iêmen Convenção sobre o Banimento de Minas Anti-Pessoais (Tratado de Ottawa) Criação do Serviço de Ação Anti-Minas da ONU (UNMAS). 1998 Criação do Centro Nacional para a Ação Anti-Minas do Iêmen (NMAC) Iêmen ratifica o Tratado de Ottawa Criação do Centro de Ação Anti-Minas do Iêmen (YEMAC) 1999 2001 2003 Criaçnao do Departamento para Assistência às Vitimas de Minas no Iêmen Protocolo V da CCW 2008 Convenção sobre Armas de Fragmentação (CCM) 2009 Guerra Civil no Iêmen 2011 Renúncia de Abdullah Saleh Iêmen viola o Tratado de Ottawa 2013 Estratégia para a Ação Anti-Minas 2013-2018 2015 Abril 2016 Presidente Haddi volta ao Iêmen depois de meses exilado na Arábia Saudita Cessar-fogo no Iêmen Agosto 2016 Negociações no Iêmen falham ANEXO 3 - Glossário/Siglas Ação Anti-Minas (Mine Action): incluí não só a retirada das minas, como o suporte às vítimas e a orientação da população do sobre como identificar e conviver com territórios contaminados (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016). 43 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Área contaminada: área com minas terrestres, ativas ou inativas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. 55). Armas de fragmentação (Cluster Munitions): artefato projetado para lançar ou dispersar submunições, a partir do solo ou do ar, tendo maior alcance que outras minas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. 54). Assistência humanitária: inclui diversas ações, desde apoio médico, emergencial e contínuo, reabilitação física e psicológica, inserção socioeconômica, entre outros para vitimas de minas (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p. 54). Autoridade Nacional na Ação Anti-Minas: é a entidade governamental, ou uma comissão interministerial, de um país afetado pelas minas, cuja responsabilidade está na regulação, gestão e coordenação de ação anti- minas (GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING, 2016). CCW (Convention on Certain Conventional Weapons): a Convenção da ONU sobre Armas Convencionais visa proibir e restringir o uso de determinadas armas consideradas excessivamente lesivas ou cujos efeitos são indiscriminados (MINE ACTION, 2016). CCM (Convention on Cluster Munitions): a Convenção sobre Munições de Fragmentação aborda a proibição das armas de fragmentação, e as consequências danosas do uso deste tipo de armamento (“CONVENTION…”, 2008). CRPD (Convention on the Rights of People with Disability): a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência busca garantir os direitos das pessoas com deficiência, incluindo entre essas as vítimas de minas (UNITED NATIONS, 2016 a). DPKO (Departamento de Operações de Manutenção da Paz): Departamento responsável pelas Operações de Manutenção da Paz (Peacekeeping Operations) da ONU (UNITED NATIONS, 2016 b). Explosivos improvisados (IEDs): são dispositivos explosivos, ou quimicamente nocivos, fabricados de forma improvisada, podendo ser ativados pelo contato com a vítima ou detonados por comando à distância (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO BAN LANDMINES – CLUSTER MUNITION COALITION, 2015, p.5 4). 44 A(FAMUN)/C.4/4/2016 Explosivos remanescentes da Guerra (ERWs): explosivos que não foram detonados ou que foram abandonados em períodos de conflito, mas permanecem ativos e instalados (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016). Grupos armados não-estatais: são organizações que promovem rebeliões armadas e não pertencem aos Estado (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016). Landmine Monitor: ONG que monitora o progresso na eliminação das minas, objetos de fragmentação e outros explosivos remanescentes de guerra (LANDMINE MONITOR, 2016). Minas anti-pessoais: mina programada para explodir pela presença, proximidade ou o contato de uma pessoa, incapacitando, ferindo ou matando uma ou mais vítimas (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016). Minas anti-veículo: mina programada para explodir pela presença, proximidade ou o contato de um veículo (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2016). UNMAS (United Nations Mine Action Service): órgão central da ONU para a ação anti-minas e advoga por um mundo livre das minas (UNITED NATIONS MINE ACTION SERVICE, 2016). YEMAC: atua no Iêmen e tem como objetivo coordenar todas as ações relacionadas à ação anti-minas no país (LANDMINE AND CLUSTER MUNITION MONITOR, 2015). REFERÊNCIAS “CONVENTION on Cluster Munition”. In: Website oficial da Convention on Cluster Munition, 30 de maio de 2008. Disponível em: <http://www.clusterconvention.org/>. Acesso em: 29.mai.2016. GENEVA INTERNATIONAL CENTRE FOR HUMANITARIAN DEMINING. “IMAS glossary”. 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