- Urbanismo
Transcrição
- Urbanismo
Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Orientador da tese: Prof. Doutor Fernando Varanda Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Departamento de Mestrados de Urbanismo Lisboa 2009/2010 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 1 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Tese apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Urbanismo no Curso de Mestrado em Urbanismo conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientador: Prof. Doutor Fernando Varanda Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Departamento de Mestrados de Urbanismo Lisboa 2009/2010 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 2 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Resumo A tese é um exercício de reflexão sobre a Cidade Utópica. Deambula ao sabor da história e da actualidade, formando uma análise crítica sobre as Utopias, Modelos e Movimentos Urbanos que revolucionaram as cidades, culminando na constituição original de uma fórmula para uma cidade Utópica a que dei o nome de Cidade UT. A pesquisa expõe os problemas urbanos contemporâneos mais relevantes, levanta questões basilares sobre a construção das cidades e das nossas comunidades, terminando com possíveis soluções para a resolução dos problemas urbanos, dando origem à fórmula Tríade para a cidade Utópica. A fórmula obtida consiste em três bases estruturais dependentes entre si: a base sóciopolítica; a base psico-energética e a base bio-tecnológica. Finalizo a tese com um modelo desenhado de cidade Utópica baseado na ―Tríade‖ desenvolvida, um esquema urbano representativo para uma comunidade de 600 mil habitantes, capaz de atingir os requisitos ideais de vivência urbana, segundo os objectivos de auto-sustentabilidade sociais e urbanos desenvolvidos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 3 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Legenda de símbolos e significados fonte/autor @ – As figuras com este símbolo foram recolhidas da internet, muitas encontram-se em diversos portais. Quanto não indico o autor é porque a fonte não detinha o autor da figura ou por lapso meu na altura da obtenção da imagem. Na bibliografia exponho alguns portais que considerei relevantes e fiáveis para explicar a origem das imagens recolhidas. fonte/autor T.L. – As figuras com este símbolo são da minha autoria. São desenhos de um modelo experimental para a Tríade Utopia. CPC – Corpo de Protecção da Comunidade – Uso esta sigla durante o II Capítulo para fazer referência ao serviço de salvaguarda do cidadão, formado por elementos capazes de actuarem em todo o tipo de urgências e cuidados cívicos. Este ―Corpo‖ surge da fusão das várias forças de segurança e intervenção militares e civis: polícia, bombeiros, socorristas, entre outros, numa só força pública mais eficiente, capaz de actuar de forma optimizada. ……………………………………………………………………………………………… Índice I Capítulo – Cidade Utópica – Análise Histórica 1 – Introdução …………………………………………………………………………………………………7 2 – Definir Cidade – Designações Históricas ……………………………………………………………...9 3 – Definir Utopia – Ideal Social …………………………………...………………………………………12 T1 – Tópicos a favor da Cidade Utópica …………………………………………………………. …...14 4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade ………………………………………………………...15 5 – A idade de Ouro das Utopias – século XIX ………………………………………………………….20 T2 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………………………………………...………. 29 6 – ―Modernismos‖ e ―Utopismos‖ do século XX …………………………………………..…………….30 7 – A Cidade não é uma Árvore ……………………………………………………………………...……55 T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………….………………………………...……..59 8 – Duas grandes Utopias do início do nosso século ………………………………………...…………60 8.1 - Introdução ……………………..……………………………………………………....…………..60 8.2 - Cidade Utópica Masdar – Norman Foster ………………………………. ……….……….…..61 8.3 - Cidade Utópica Auroville – Sri Aurobindo Ashram ……………………….….……....…...…..66 8.4 - Reflexão sobre duas grandes Utopias do início do nosso século. …………...…......…..….74 9 – Conclusão Final………………………………………………………………………………………….76 10 – Tópicos finais a favor da Cidade Utópica …………………………………………………….…….84 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 4 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Índice II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia 1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia …………………………………………..…………….85 2 – BASE SOCIO-POLÍTICA ………………………………………………………………………………88 2.1 – Introdução …………………….……………………………………………………………………..88 2.2.1 - Análise de Patologias Sócio-económicas do sistema Global ………..………......……..90 2.2.2 - Conclusão sobre o sistema Sócio-político Global …………….………….…….……...…96 2.3 – Sistema Sócio-político PROUT …………………….……………………………………..………97 2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – Teoria da Utilização Progressiva…...………… 97 2.3.2 - Politica Sócio-económica de PROUT …………………….……………….…………..…100 2.3.3 - Politica Económica Salarial de PROUT ……………….…………………………………101 2.3.4 - O sistema Monetário e de Trocas Comerciais de PROUT…………………….……….102 2.3.5 - Sistema Tributário de PROUT …………………………………………………………….103 2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT ………………………………….…………..…….104 2.3.7- Sistema Habitacional de PROUT ……………………………….....………………………108 2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT ……………..…………………..…………….109 2.3.9 - Exemplo - pequena Comunidade construída com os Princípios de PROUT ………..112 2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT ………………….…….……….114 2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT …………………..…………………………….……….114 2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade …………….……………………115 2.5 - Soluções Sócio-Urbanas …………………………….……………………………………………116 2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sociopolítica ………………………….…………………………....140 3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA ……………………………………………..………………………….145 3.1 - Introdução – Forças Psico-Atómicas na Sociedade ………………………………………….. 145 3.2 - Estudos Científicos na área das Psico-Energias …………………….……………………...…147 3.2.1 - O Poder da Mente – Experiencias Quânticas ……………………….…………………..147 3.2.2 - Comentário aos resultados Psico-Energéticos ……………………………….……..…..149 3.2.3 - A ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências ……………………150 3.2.4 - Conclusões das experiencias do Sr. Emoto……………………………………..……….151 3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo …………………..………..………….. 153 3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano …………………………………………….… 156 3.4 - Disposição Psico-Energética da Urbe ……………………………………………….………….157 3.5 - Retrospectiva da Estrutura Pisco-Energética da Cidade …………………………….…….... 171 4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA …………………………….…………………………………………… 178 4.1 – Introdução – Soluções Bio-Tecnológicas ……………………………….……………...………178 4.2 – Políticas Sustentáveis …………………….………………………………………………..…….183 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 5 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Índice II Capítulo – Cidade Utópica – Tríade Utopia 4.3 – Tecnologias Sustentáveis – Exemplos …………………………………………………...…….183 4.3.1 - Desperdícios geram Biogás Reciclado ………………………………….………………….184 4.3.2 - Reciclar a Urina dos Porcos – Bioplástico ………………………………….……………...185 4.3.3 - Reactor nuclear modificado – produzir combustível do ar/água …………….…….…….186 4.3.4 - Lixo electrónico transformado em equipamento urbano ………………….………………187 4.3.5 - Casa auto-sustentável com material reciclavel – energia ―limpa‖ …………….…………188 4.4 – Tecnologias Sustentáveis – Reflexão ……………………….………………………………….190 4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade ………………….…………………………..…………….193 4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes ……………………………….…………………………...193 4.5.2 - Sistema de Transporte Público ……………………………….…………………………..196 4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade ………………………………………….………..…………199 4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais …………………….……………………..……203 4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica ………………...……………………………………...207 5 - Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade ……………………………………………..214 5.1 - Centro / Núcleo Mãe …………………………………………….………...………………………214 5.2 - 1ª Periferia / Zonas Habitacionais …………………………….…………………………………215 5.3 - 1ª Periferia / Núcleos Periféricos ………………….….………………………………………….216 5.4 - 2ª Periferia / Zonas Industriais e Núcleos Académicos ……………….…………………........217 5.5 - 2ª Periferia / Zona de Produção …………………..................................................................218 5.6 - Reserva Bio-Regenerativa Territorial …………………...…………………………...………….219 III Capítulo – Estudo Utópico – Cidade UT e Conclusões Finais 1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT (fig.1 a fig. 14)………………...……………220 2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT - escala 1/25000 (fig.15)……………....….227 3 – Planta do Esquemática do Bairro Nº2 e do Núcleo Periférico correspondente (fig.16)………..228 4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT (fig.17 a fig.37)………………..229 5 – Conclusão Final……………………………………………..…………………………………………240 IV Bibliografia……………………………………………………………………………………...………245 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 6 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima I CAPÍTULO – CIDADE UTÓPICA – ANÁLISE HISTÓRICA 1 – Introdução Os movimentos utópicos e vanguardistas mais relevantes da história da cidade moldaram o mundo em que vivemos das mais variadas formas. Impossibilitado minuciosamente de relatar toda a grande diversidade de Utopias ao longo dos tempos, caso em que estaria a criar uma enciclopédia do «Utopismo», o que só literariamente seria justificável, debruceime sobre o tema a partir de alguns dados que entendi relevantes da história das Torre de Babel – Pintura fonte/autor: Pieter Elder @ Utopias do Urbanismo. Todas as metrópoles e culturas, do Ocidente ao Oriente, tiveram e têm planos utópicos para as suas cidades. A utopia é uma força criadora, responsável por movimentos filosóficos, artísticos, sociais, políticos e, em síntese, pelo desejo em criar, inovar, mudar, melhorar. As lições históricas servem de alavanca para o meu modelo de cidade utópica e elucidam-nos para a significância intemporal do tema, repleto Representação da cidade da Babilónia Mesopotâmia (2000 a.C.) de luta e de procura por um pensamento, fonte/autor @ uma urbe, uma sociedade e um mundo ideal, uma procura sempre incerta e assombrada por uma panóplia de acontecimentos internos e externos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 7 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Durante o percurso histórico formo parte das minhas premissas para a Introdução – Análise Histórica Cidade Utópica, aproveitando a sabedoria e os erros dos «Utopistas», antigos e modernos, criadores de cidades reais e imaginárias e os paradigmas dos desenvolvimentos urbanos ao longo da história. Pretendo convidar o leitor a reflectir neste estudo acompanhando a Historia, descobrindo onde, como e quando a Cidade e a Utopia se tornam inseparáveis e, acima de tudo, que comunidade e que futuro estamos a construir e que futuro Pampusstad - 1964 fonte/autor: Van den Broek en Bakema @ nós, realmente, desejamos. Cidade do Futuro – 1968 fonte/autor: Revista Morden Mecanic @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 8 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2 – Definir a Cidade – Designações Históricas A cidade “é uma casa grande, e viceversa, a casa é uma pequena cidade” (c.1). Esta visão obriga a olhar a cidade como um todo, uma grande família, uma comunidade que se reflecte dentro dos seus núcleos individuais; casas, divisões, sonhos, tudo estruturado segundo as necessidades de quem nela habita, em Legenda bibliográfica das citações: c.1 – LEON BASTISTA ALBERTI (De Re Aedificatoria, Florencia - 1495) c.2 – FRANCESCO DI GIORGIO MARTINI (De Tratatto di Architettura – 1482 c.3 - FRANCISCO MILIZIA (De Principi di Architettura Civile, Bassano - 1813) c.4 - CARLO CATTANEO (De La città considerata come principio ideale delle storie italiane - 1858) cumplicidade com o exterior e com a urbe. Uma cidade é um local de ―…união”, “… rodeado por muralhas” (c.2), onde as pessoas vivem cooperantes. ‖…todas as partes do conjunto se destinam ao encontro, utilidade e comodidade dos habitantes”. (c.2), garantindo melhores condições de vida, protecção contra inimigos e produção de Veneza Antiga bens essenciais. fonte/autor @ A sua estrutura é uma “espécie de ordem dentro do caos”(c.3), propícia a grandes vias, cruzamentos, edifícios, praças e malhas espaços urbanas, verdes, variados e libertinos; a multiplicidade torna a cidade mais bela e majestosa, “propicia à existência de ordem e extravagância, ritmo e variedade”(c.3). A cidade prolonga-se para além dos seus limites urbanos; “A cidade e o território formam um corpo inseparável” (c.4), depende dos recursos e vivências que a circundam. Ela é também um símbolo cultural e a memória espacial do seu Cidade de Bagan fonte/autor @ povo. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 9 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A cidade, do ponto de vista sociológico “é uma unidade demográfica”(c.5), feita “à base de casas extremamente unidas que constituem um aglomerado compacto e tão grande que se perde a noção do todo, do concreto e particular, dos habitantes entre si, característicos de um grupo de vivência” (c.6). Definir Cidade – Designações Históricas Legenda bibliográfica das citações: c.5 - PIERRE GEORGE (De précis de geographie urbaine, Paris - 1961) c.6 – MAX WEBER (De die Stadf, Archiv fur Sozialwissenscharft, XLVII - 1920) c.7 - PIERRE LAVEDAN (De Geographie des Villes, Paris - 1936) A sua escala abrange uma comunidade ampla a “perder de vista”, relativamente compacta e com múltiplas realidades dispersas. Uma cidade tem de ser autónoma: “Falamos de cidade no sentido económico somente nos casos em que a população residente num lugar economicamente cobre relevante uma parte das suas necessidades quotidianas no mercado local, Cidade de Shibam Restaurada – Yemen – prémio Aga khan de arquitectura 2007 fonte/autor @ essencialmente com produtos que a população residente, no lugar e arredores, tenha produzido, ou então, solicitado por meio de venda no mercado. Toda a cidade, neste sentido, é um «lugar de mercado»”; “ (…) é a sede da «economia» e da sua monstruosa potência; … burguesa e política.” (c.6) “A civilização urbana está baseada pois, numa dupla vexação, imposta tanto à natureza como ao indivíduo” (c.7); ela surge do domínio do Homem sobre a Natureza e o território. A Natureza e o Indivíduo ficam sujeitos às decisões impostas pela civilização estando as suas liberdades e o seu desenvolvimento condicionados aos Cidade Medieval – Construção factores de poder pré-estabelecidos na fonte/autor @ cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 10 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A cidade ” (…) é uma imagem sugestiva Definir Cidade – Designações Históricas que estimula o nosso espírito.” (c.8) “ (…) É um feito da natureza, realizado pelo homem, que estimula movimentos artísticos, culturais, Legenda bibliográfica das citações: c.8 - LE CORBUSIER (De Urbanisme, Paris - 1925) ideais. “ (…) Juntamente com o idioma, c.9 - LEWIS MUMFORD (De The Culture of Citie -, 1938) consiste na maior obra de arte do homem.” c.10 - LUDOVICO QUARONI (De La torre di Babele, Pádua - 1967) (c.9)“ (...) É possível assemelhar a cidade a uma grande manufactura, uma obra de engenharia e arquitectura (…) O arquitecto, o urbanista, é co-responsável pelo correcto desenvolvimento da cidade, suas estruturas e manifestações afectam a realidade externa da cidade social, da cidade de todos os cidadãos e de todos os que representam e governam, que são a cabeça das «estruturas», e que constituem a mesma cidade social, que «solicitam» ao arquitecto a cidade e o seu «compromisso»”. (c.10) Concluímos Mercado Medieval fonte/autor @ pelas citações apresentadas, algumas com mais de 500 anos, que Cidade significa um território urbano destinado segurança e ao bem-estar conforto, à social e económico de um grande aglomerado populacional e que o seu domínio abrange todos os recursos territoriais necessários para a comunidade de forma a zelar pela sua sustentabilidade e independência em relação aos vários factores externos. Olhando para as cidades segundo estes aspectos, eu diria que são muito poucas as que realmente atingiram na prática, alguma vez, a totalidade dos Plano urbano Vitruviano – 1383 d.C. fonte/autor: Monge Francisco Eximeniç @ requisitos. As nossas cidades ainda não são ―Cidades‖. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 11 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 3 – Definir Utopia – Ideal Social A analogia entre criação de uma sociedade ideal e o conceito de Utopia é forte, principalmente desde Thomas Morus (1478-1535 d.C.), graças à sua obra ―Utopia‖. Platão (427-347 a.C.) já no seu tempo concentrara-se na Utopia da governação da cidade. Thomas Morus vai mais longe no seu ideal Utópico juntando a realidade sócio-política à construção de uma cidade ideal. As Utopias nascem desde sempre da vontade de criar e inovar a nossa forma de viver na urbe. A Utopia “ (…) Apresenta-se sobre um esquema espacial em uma sociedade impossível enquanto projecta a realidade num universo sem história, no entanto, indica de maneira iluminadora (quando não se trata extravagancia) transformação.” de uma uma Imagem do Livro Utopia fonte/autor: Thomas Morus @ simples direcção de (Gregotti, Vittorio, El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona 1972). Inovar, desenvolver modernizá-la, implica a a cidade, criação de hipóteses, Utopias. As novas estruturas e ideais dos últimos séculos nascem desta procura, sendo o séc. XIX, de que trataremos mais à frente, intitulado pelos Atlântida – Continente Utopia fonte/autor @ historiadores como a idade de ouro das Utopias. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 12 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima “ (…) O horizonte positivo e racional da Definir Utopia – Ideal Social cultura da época, e por outro, os seus aspectos romântico-socialistas; segundo os quais, o projecto utópico é sempre acompanhando de uma visão global e de uma definitiva sistematização de todas as relações. Sua força e significado projectual são uma utopia, além de espacial, politica e social.” (Gregotti, Vittorio, El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 1972). As ideias utópicas surgem como verdadeiras obras urbanas e as suas preocupações atingem todas as áreas da comunidade, sendo cúmplices ao longo da história para com as revoluções filosóficas e políticas, desde a implantação das repúblicas às doutrinas sociais da Igreja, liberalismos, socialismo influenciando também e os marxismo, movimentos Antiga Ilustração da Atlântida fonte/autor @ artísticos e, genericamente, todas as grandes obras e maravilhas criadas pelo Homem. As utopias urbanas que em grande parte não saíram do ―papel‖; serviram também de termo de comparação e de críticas aos sistemas pré-estabelecidos, fruto da necessidade de revolucionar a sociedade, obrigando a comunidade a tomar consciência dos seus defeitos e propondo soluções para o seu Utopia – Nova Atlântida fonte/autor @ melhoramento. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 13 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A utopia pode ser entendida como um Definir Utopia – Ideal Social modelo de cidade na fase de protótipo, ainda não testado que, quando posto finalmente em prática se desprende da sua postura artística e conceptual e caminha para um contexto científico e estético que, se por ventura for aceite na totalidade, se pode vir a tornar num modelo. Muitos modelos de cidade nasceram na verdade fruto de rascunhos utópicos e da vontade de imaginar um ideal urbano construtivo, num aparentemente determinado inatingível espaço-tempo Tecno-Utopia fonte/autor @ no momento passado em que foi gerado, e que, com o passar do tempo, acaba por se tornar realizável, ignorando por vezes a sua origem Utópica. Poder-se-á cientificamente criar um modelo de cidade, mas a fronteira entre a utopia e a realidade consiste na sua eficácia em cumprir os pressupostos pretendidos. Os modelos de cidade cujos Ecocidade Flutuante objectivos se tornem irrealizáveis por fonte/autor @ razões temporais ou incompatibilidades de interesses conexos acabam em utopias. T1 – Tópicos a favor da cidade Utópica: 1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a viverem socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da produção, do conforto e da felicidade pessoal e da comunidade. 2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas de cidades urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é também uma crítica à sociedade actual. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 14 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade Vitrúvio, um arquitecto influente do período romano, mostra no seu tratado de arquitectura «De Architectura Libri Decem», preocupações urbanas, quanto à sua forma, referências ordenada segundo culturais assumidas das sinergias entendimento as e o do ecossistema e dos recursos da natureza, com especial relevância, neste caso, ao vento e ao acesso marítimo. Vitrúvio não demostra grandes preocupações sociais nos seus planos urbanos, no sentido que aceita a ordem de classes e comportamentos sociais préestablecidos sem grande preocupação Cidade Romana – Vista aérea - Planta ortogonal fonte/autor @ pelas classes menos protegidas. Cria, porém, relações espaciais organizadoras da urbe entre os vários sectores públicos e privados seguidas até aos dias de hoje. A estrutura urbana de Vitruvio é no entanto utópica pela implantação da malha octogonal, das oito «portas» da cidade, entre outras soluções, com base em conceitos numerológicos sagrados. Mais tarde, Filarete (1400-1469 d.c), na sua cidade utópica de Sforzinda, irá criar a ligação urbana cidade-campo, seguido de um sonho de uma nova sociedade, mais humanista, preocupada e estudada para satisfazer a todos os seus habitantes, Cidade de Sforzinda fonte/autor: Filarete @ independentemente da sua classe social. A sociedade planeada por Filarete detém uma organização peculiar, revolucionária. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 15 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A estrutura mais irreverente na sua cidade é o edificio da «Casa do Vício e da Virtude» destinada a satisfazer Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade as necessidades físicas e intelectuais do cidadão. Esta mega-estrutura dividida verticalmente por funções temáticas, uma espécie de pirâmide das necessidades, começando nas necessidades básicas e acabando no seu cume na descoberta do espaço cósmico. O cidadão, estudante frequentador desta Universidade da vida, poderia deslocar-se à cave para satisfazer a necessidade sexual onde se localiza o Bordel e de seguida subir uns pisos no edificio para a biblioteca ou para as salas de aulas para estudar um pouco. Sforzinda – Hospital fonte/autor: Filarete @ Porventura mais pela noite, subiria então ao terraço para pesquisar as estrelas no observatório situado no cume do edificio para este efeito. No mínimo, uma ideia arrojada para um edifício público e que sem dúvida ainda nos dias de hoje seria Sforzinda – Representação de uma praça polémico e revolucionário faze-lo. As suas preocupações fonte/autor: Filarete @ urbanas respondem ao padrão já típico de praças rodeadas por edifícios importantes para a cidade, unidos por ruas largas e lineares, um «planeamento multifocal». Sforzinda reforça as suas preocupações urbanas com a implantação de canais de água paralelos, intercalados entre ruas, permitindo ao cidadão comum usufruir dos recursos naturais e ao mesmo Sforzinda – esboço tempo, gerando um microclima urbano fonte/autor: Filarete @ mais ameno e agradável e melhores condições de salubridade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 16 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Vitrúvio, Filarete e Alberti procuram regras geométricas, ritmos, formas e Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade ordens mensuráveis e puras. Filarete e Alberti geraram a relação urbana cidadecampo e deram à forma urbana e arquitectónica o conceito de funcionalidade e simbolismo; os edificios e vias ganham formas com significado. O esquema de cidade circundada por uma via e/ou uma muralha circular está ligado à ideia de universo, do todo, do uno, da Estudo geométrico da perspectiva dos objectos auto-defesa, e por consequência, à ideia de comunidade e o quadrado na (1.400 d.C.) Fonte/autor: Alberti @ edificação ligado à virtude, ao trono, à sabedoria. Encontra-se neles a vontade mística de ligação entre o microcosmos (povoação) e o macrocosmos (universo), que acompanha todas as revoluções da organização estética da cidade, atribuindo um caracter antropormórfico aos modelos e utopias urbanas desses séculos. A cidade ―Antropomórfica‖ ou seja, a cidade desenhada segundo um conceito, sagrado ou conceptual inspirado em características Sforzinda – projecto da cidade de Palmanova humanas, interligando o Homem com as fonte/autor: Filarete @ leis universais da Natureza, teve uma enorme influência na vida das cidades, ainda por entender por completo. Os urbanistas da antiguidade e do Renascimento, defensores do modelo Antropomórfico, detinham uma aura de «semi-deuses» secretos, educadores e orientadores da sociedade. No entanto os seus objectivos últimos fracassaram, pelo menos em parte, na procura de orientar o Sforzinda – cidade de Palmanova fonte/autor: Filarete @ homem para a «luz». Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 17 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A ciência dos dias de hoje conseguiu através de equipamentos de medida Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade visualizar, qualificar e quantificar algumas das leis ocultas da Natureza e sabemos hoje que existe uma ordem factual e matemática para o funcionamento das coisas. Por exemplo, sabemos hoje que as cores são fruto de diferentes comprimentos de onda, e para ter uma cor específica é específica, preciso uma rítmica, ordem comparável subtilmente ao discurso do conceito das leis divinas e matemáticas do Renascimento. Sabemos hoje que as cores influenciam o nosso comportamento, ou seja, compreendemos Monumento Dogon ainda como os comprimentos de onda, fonte/autor @ «frequências» nos afectam, quer sejam visíveis e luminosos, ou invisíveis, e como são usados como ferramentas para as mais variadas funções. Sabemos agora que tudo neste mundo, estruturas naturais ou artificiais, transmitem e reflectem frequências, todas diferentes. Tudo o que existe no universo também produz frequências visíveis e invisíveis, e todas estas frequências têm efeitos no ser humano e podem ser descodificados por aparelhos científicos. Aldeia Dogon – África – Comunidade sustentada sobre o conceito Antropomórfico fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 18 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Utopias e Modelos Urbanos da Portanto, será que uma sociedade sustentada sobre um modelo Antiguidade divino, segundo padrões e ideais de ordem suprema, procurando frequências específicas para o seu sucesso, cósmicas ou simplesmente representativas de fertilidade e harmonia atómica, são uma ―extravagância utópica‖ ou terá esta ideia algum sentido luminoso?! Á luz da ciência actual existe uma verdade oculta em relação às sinergias micro e Aldeia Dogon fonte/autor @ macrocósmicas. A tribo Dogon em África é um exemplo curioso de organiza-se sociedade Antropomórfica; segundo uma estrutura urbana, onde a arquitectura, a sociedade e até os utensílios estão imbuídos de significado sagrado. Cada indivíduo na sua sociedade tem consciência holística dos seus actos e da sua estrutura, unindo a tribo num ideal colectivo, através de valores espirituais e culturais baseados no sistema Antropomórfico Dogon, gerando uma sustentabilidade social sólida. Sagrado é sinónimo de respeito, não confundir com fanatismo que não passa Esquema Antropomórfico “Sirius” de aldeia – tribo Dogon de uma obsessão. A Ciência chegará um fonte/autor: Marcel Griaule and Germaine Dieterlen, dia ao campo do Sagrado e descortinará desenhado por Ogotemmêli. A forma oval representa «Amma», o ovo primodial da vida: suas leis ocultas, aproximando o Homem A: Sirius da verdade das coisas. Nesse futuro B: Pô tolo próximo descobriremos «frequências sagradas» o quanto do as Universo contribuem para a vida do Homem e o que C: Emma ya D: The Nommo E: The Yourougou (homem mítico, destinado a persuadir a sua «alma gémea» feminina) F: A estrela da Mulher, girando em torno da Emma Ya elas são realmente. G: O chamamento da mulher H: Os órgãos reprodutivos da mulher, representado pelo útero (Traduzido de Inglês para Português) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 19 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5 - A Idade de Ouro Das Utopias – século XIX O desenvolvimento industrial derivado das máquinas traz novas preocupações sociais às acelerado. cidades A em crescimento globalização nasce e provoca uma espécie de Big-Bang sócioeconómico e cultural. No percurso da idade de ouro das utopias vislumbra-se o enorme peso que estas tiveram no mundo, apesar dos seus conteúdos e objectivos terem ficado muito aquém do pretendiam. princípio que os seus Sonhadores das criadores vorazes revoluções da Bairro pobre Londres – Dudlei Street Revolução Industrial -1872 fonte/autor: Benévolo 1999 – grav. Gustave Doré @ no época reinventaram e recuperaram até o próprio conceito de urbanismo, passando a olhar a cidade como um todo, cada vez mais virada para as suas realidades sociais, minadas no séc. XIX pelo crescimento urbano desordenado e pela revolução industrial gerando precariedade sócioeconómica e novos tipos de escravatura e Revolução Industrial –séc. XIX fonte/autor @ de dependências. A visão de uma comunidade unida em estruturas urbanas com condições dignas de vida com carácter comunitário e produtivo era uma visão apaixonante. A cidade «visionária» educaria o cidadão através de todos os seus elementos arquitectónicos, juntamente espaciais com e mecanismos estéticos sócio- culturais. Por outro lado a produção industrial faria parte da comunidade como Revolução Industrial – séc. XIX fonte/autor @ forma de sustentabilidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 20 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os arquitectos desta época alimentam A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX nas suas consciências um paternalismo social herdado do Renascimento. A função das estruturas acaba por ser entendida como uma «religião activa». O Arquitecto «purifica» o sistema social. Rousseau, nascido em 1712 d.C. em Genebra, filósofo defensor do ―Homem livre‖, inspirou filosóficos e todos políticos os de movimentos lutas pela liberdade, incluindo o conceito de «moral urbanística». O Arquitecto teria como função educar o homem com a sua arquitectura. Os criadores de cidades apregoam neste período o Pré-urbanismo; o Protorracionalismo e o Antropomorfismo. Esquema Antropomórfico Os Utopistas substituem a exuberância decorativa «arquitectura estruturas ―caractére‖, pelo falante», geométricas por fonte/autor: Cesariano @ pela grandes representativas das funções dos seus espaços e de simbolismos arquitectónicos. Boullée é «arquitectura Demonstra-o um dos visionários falante» deste da tempo. engenhosamente no sarcófago de Newton, pondo a tumba do sábio no centro espacial de uma enorme esfera que representa em seu exterior a terra e em seu interior o universo. No projecto de um farol atribui-lhe uma forma cónica lembrando o tema da torre de Babel, envolto por uma espiral lembrando uma corrente humana. Boullée desenvolve uma arquitectura centrada no homem em seu espaço. Sarcófago de Newton – Boullee fonte/autor: Boulée @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 21 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O homem daria significado aos A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX espaços, convertendo-os em consciência. Esta postura é evidente no sarcófago de Newton: “A tumba do sábio é o centro da gravidade da esfera e representa a mesma posição do homem no cenário da natureza.” (Madec Philippe, Boullée, Akal Arquitectura, Madrid 1977) Boullée desprende-se das regras clássicas, procurando os segredos da arte de construir nos valores e nos princípios Farol da Natureza. fonte/autor: Boullée @ “ (…) Seus estudos partem da observação dos corpos «Cansado da imagem muda e estéril dos corpos irregulares» (Barroco e Rococó), é fiel aos corpos brutos. Alimentado por Platão e Euclides, acredita que as formas puras são as da Natureza. Estas apresentam três vectores: A regularidade, a simetria, e a variedade… Os argumentos de Boullée são Antropomórficos (…) Estas três qualidades são ainda as condicionantes da proporção e da harmonia. (…)” (Madec Philippe, Boullée, Akal Arquitectura, Madrid 1977) O homem comum é valorizado pelos Anfiteatro fonte/autor: Boullée @ Arquitectos Utopistas. As Utopias são inspiradas no «colectivo», nas liberdades sociais e direitos humanos, influenciadas pelos movimentos sociais revolucionários da época. Ledoux comenta: “Se a sociedade se baseia em necessidades mútuas impostas e supostamente recíprocas, porquê não reunir nas casas particulares estas analogias de sentimentos e gostos que honram o homem? O carácter dos monumentos, como também da natureza, servem para promover e depurar os costumes.” (Kruft, Happo- Biblioteca Nacional fonte/autor: Boullée @ Walter, História de Las Teorias de Arquitectura, Vol.II, Alianza Editorial, Madrid) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 22 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Lançam-se questões estruturais de A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX fundo que representam as bases do urbanismo como ciência: planeamento e estudo social, promoção de condições de saúde pública urbana, tendo em conta a insolação, os ventos, os recursos naturais, a salubridade, a ordenação do território e a dignidade humana; soluções viárias, espaciais e arquitectónicas; praças e enquadramentos com edifícios; revalorização do tecido verde da cidade; respeito pelo património; regras Casa do Supervisor – Cidade de Chaux fonte/autor: Ledoux @ urbanísticas de construção; entre outras. Muitas das visões Utópicas não teriam seguimento. Não era prudente, a meu ver, expandir a cidade indefinidamente como no projecto de expansão de Viena pretendido por Wagner ou criar uma arquitectura igual para todos como Owen ou Ledoux entre outros ousaram projectar nas suas cidades utópicas, com habitações pré-definidas sem primeiro confinar as mesmas ao gosto último dos Casa de campo – Arquitectura falante fonte/autor: Ledoux @ indivíduos que as iriam habitar, o que prefigura uma espécie inibição à personalidade de cada um, constituindo um factor a desfavor dos seus moradores. A rigidez vanguardista das propostas da época contradiz-se com as realidades urbanas mutação, e estruturais apesar do em seu constante espírito revolucionário. A passagem das propostas para o plano do desenho e da escala ficaram Projecto para a Cidade ideal de Chaux fonte/autor: Ledoux @ aquém das soluções sociais e espaciais inovadoras desenvolvidas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 23 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Nos suportes de desenho A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX apresentados pelos autores existe ainda uma grande dependência das linhas clássicas e os planos urbanos das cidades pouco diferem das cidades ―Vitruvianas‖. O extravio de muitos dos documentos ao longo da História torna esta análise ainda mais superficial. Somente algumas experiências urbanas ganharam forma e alguns dos documentos dos projectos só foram redescobertos muitos anos depois. Os Utopistas desta época valorizavam a necessidade de cortar com o passado Cidade ideal de Chaux – Arc – et-Senans Parte Construída fonte/autor: Ledoux @ sem ignorar os seus aspectos positivos e procuravam soluções para criar uma sociedade mais humana, aspectos um pouco «adormecidos» em muitos dos «utopistas» actuais. Todos partilhavam uma descrença pela cidade industrial, cada vez mais densa e suja, por conseguinte um lugar impróprio para o ser humano viver condignamente. Por mais majestosas que sejam as Cidade ideal de Chaux – Arc- et-Senans fonte/autor: Ledoux @ estruturas não existe glória numa cidade se os seus habitantes sobreviverem infelizes, no caos, na pobreza e na falta de referências com a natureza. O Utopista Owen sobressai na luta pelos direitos sociais reduzindo a jornada de trabalho para 10,5 horas diárias na fábrica sobre sua totela, um avanço significativo para a época; cria casas para os operários, o primeiro jardim-de-infância e a primeira cooperativa, desenvolvida no Edifício de Entrada – Cidade de Chaux fonte/autor: Ledoux @ seu projecto Utópico para a aldeia de New Lanark, 1816). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 24 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A dicotomia cidade-campo defendida A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX pelos vários Utopistas, desde Boullée a Howard é uma mecanicismo industrialização, contra-resposta ao desumano da ao esquecimento da Natureza pelo Homem. Cerdá teria um papel importante no comportamento e organização urbana e estudo da cidade, mostrando ser possível criar um equilíbrio na vivência urbana através da sua fórmula: ―urbanizar o campo e ruralizar a cidade‖. As suas teorias urbanas reforma e ficaram famosas valorização de na Plano de reabilitação de Siena fonte/autor: C. Sitte @ Barcelona (1867). Sitte quebra com a rigidez das formas urbanas, da sua linearidade e ritmos exagerados e castradores, procurando a comunhão das pré-existências na cidade com as novas imposições urbanísticas. Wagner conjunta o tecido urbano antigo com novo, dentro de uma teia de Expansão de Barcelona - 1859 distritos demarcados por vias zonais, fonte/autor: Cerdá @ propondo soluções pré-urbanas para evitar o crescimento caótico das cidades. Os modelos criados pelo “pré- urbanismo” acabaram por ter um peso insignificante, dando origem a um número muito reduzido de construções urbanas na Europa, aos projectos de Owen em New Lanark e ao “falansterio de Guisa” de Godin. Mesmo nos Estados Unidos, nas «colónias» fundadas pelos discípulos de Owen, de Fourier e de Cabet, todos os Barcelona – plano de Expansão fonte/autor: Cerdá @ modelos utópicos se desmoronaram com bastante rapidez. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 25 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima “ (…) Seu fracasso explica-se pelo carácter coercivo e repressivo da sua organização, e, sobretudo, pela sua ruptura com a realidade sócio-económica contemporânea. Estas experiências pertencem para nós ao terreno das curiosidades sociológicas. Como contrapartida, os modelos do pré-urbanismo apresentam hoje considerável interesse epistemológico. Pela sua origem crítica e sua fé inocente no imaginário, anunciam o mesmo método do urbanismo, cujos planeamentos seguiram um curso parecido ao longo do século XX. São modelos de modelos.” (Choay, Françoise; El Urbanismo: Utopias y realidades pag.32) A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX A conjuntura da época nada ajudou, a meu ver, para o sucesso dos movimentos utópicos, só as elites sabiam do que se passava no mundo, e a sua grande parte, Barcelona – plano de Expansão fonte/autor: Cerdá @ tal como hoje, estava mais preocupada em explorar poder e riquezas do que em perder tempo com projectos utópicos de carácter social, capazes de dar força ao colectivo e ao homem comum de classe baixa. Dos projectos utópicos deste género quase nenhum foi realizado. A primeira guerra mundial e as suas sequelas de carácter económico, social e urbano, fomentaram o nascimento de uma cultura nova na Europa, fundada na funcionalidade, ergonomia, racionalidade, propondo soluções científicas, o mais Aldeiamentos Utópicos para New Lanark, 1816 fonte/autor: Owen @ possível exactas para a resolução dos problemas sócio-urbanos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 26 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A confiança numa sociedade A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX progressiva e num provir melhor, através de uma consciência urbana sólida, transparece no discurso pronunciado na exposição urbanística em Lyon em 1914 pelo Senador Édouard Herriot: “- A administração de uma cidade média deve deixar de ser empírica para transformar-se numa verdadeira ciência. Prever a extensão racional duma aglomeração humana, sistematizar os espaços livres necessários e as reservas de solo, responsabilizar-se pela sua boa manutenção, defendê-la das insídias de todo o tipo que a ameaçam, atender ao transporte dos seus habitantes, provê-los de águas saudáveis, desembaraçá-los dos dejectos, reformar as moradias, escolher o melhor sistema de iluminação, vigiar a alimentação e controlar os elementos básicos, como o leite, erradicar as falsificações e as fraudes, proteger as crianças, modernizar o ensino, generalizar a propriedade, completar o ensino nacional com ensino de iniciativa local, criar condições higiénicas para o trabalho, promover e aperfeiçoar as instituições sociais, organizar a luta contra as enfermidades infecciosas, transformar os nossos hospitais, nossos asilos e nossas prisões, buscar a solução para a verdadeira tarefa de um organismo assistencial, fomentar a cultura física e o desporto indispensável para os cidadãos, fazer florir a cidade em todos os sentidos, apoiar com a instrução da arte este esforço para com a ciência. Não é este um programa digno de reflexão?” (Choay, Françoise; El Urbanismo: Utopias Praça de Siena fonte/autor: Sitte @ Exposição Universal – Paris – Torre Eiffel – 1889 fonte/autor: @ y realidades, pag.32) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 27 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O discurso marca o auge das vontades A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX e experiências das vanguardas artísticas que precedem o século XIX. Nenhuma destas propostas toca nas bases da prática urbanística do momento; nem explica claramente como resolver os graves problemas das cidades e dos territórios; ainda assim alimentam as lutas constitucionais e o debate político. Consequentemente urbanística vive a um vanguarda «status quo» Estação – estruturas de ferro fonte/autor: Viollet Le duc @ privilegiado no meio social. As acções vanguardistas no terreno foram opostamente vagas. Os austríacos Otto, Wagner e seus discípulos, limitamse praticamente à consolidação das periferias urbanas e ao uso de esquemas rígidos, simetrias e hierarquias estruturais. O Estudo de Wagner para a amplificação de Viena – Die Grossstadt, de 1911 – não foge muito ao modelo neoconservador desenvolvido 50 anos antes. Os americanos progressores Expansão de Viena – Distrito 22 – 1911 fonte/autor: Otto Wagner @ do movimento urbano de ―City Beautiful‖, Olmstead, Burnham, McKim, criadores dos mega-modelos grandes cidades compositivos das americanas dos primeiros anos do séc. XX, desenvolvem as suas soluções urbanas com base no esquema clássico, adaptado às novas necessidades de tratamento urbano e saneamento da urbe. Este conformismo Abertura da linha ferroviária, Estações de Viena -1894 fonte/autor: portal gettyimages - Otto Wagner @ estrutural repete-se dos planos elegantes e meditados das novas cidades de Nova Dheli e Canberra. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 28 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Algumas propostas exprimem uma A idade de Ouro das Utopias – séc. XIX subtil mudança em relação à tradição clássica arquitectónica, gerando até uma postura anti-clássica. O discurso de Herriot é perfeitamente actual e demonstra as preocupações urbanas e o dever social de qualquer urbanista. Um pré-aviso aos problemas da cidade a resolver ao jeito de Cerdá. Um concelho sábio entrelaçado numa luta entre os movimentos clássicos já gastos da repetição e dos movimentos reformadores sociais e arquitectónicos, acompanhados pelo enorme crescimento das Metrópoles e do aparecimento das máquinas. Quando Viollet Le-Duc usa a expressão «conhece-te a ti mesmo», toca no princípio fundamental para a construção Publicidade à Garden City –-1894 fonte/autor: Horward @ da urbe; é fundamental entendermos a essência da urbe e do ser humano para não estarmos constantemente a criar estruturas que «adoecem» o Homem. T2 - Tópicos a favor da cidade Utópica: 3- Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu tecido urbano e a sociedade, valorizando todos os elementos de forma intregadora, dando o mesmo valor arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das classes. 4- Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza planetária e cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia frágil entre si e o mundo. 5- Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho urbano de forma coerente e realizável. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 29 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 6 – MODERNISMOS e UTOPISMOS do século XX No século XX os problemas urbanos acumulam-se devido à falta de controlo sobre o crescimento e o desenvolvimento das cidades. As mudanças nascem em catapulta e os arquitectos vanguardistas não vêem no passado soluções; procuram alternativas tentando acompanhar o desenvolvimento tecnológico e científico, com base nos novos materiais e métodos construtivos, mecanicistas e racionais. No pós-guerra só alguns urbanistas e arquitectos pareciam compreender bem o papel do ser humano na sociedade e a importância das suas raízes, apesar do Cidade Futurista -Estação ferroviária – Milão -1914 Fonte/autor: António Sant ´Elia @ nevoeiro instalado pela violência dos acontecimentos (1ª e 2ª Guerra Mundial), obrigar a repensar a cidade de forma urgente, principalmente na segunda metade do século, comandada sobretudo segundo critérios económicos. A nova forma de construir através do aço, do betão armado auxiliados por tecnológicas e do vidro, novas soluções (elevadores, automóvel, electricidade, etc.) e a necessidade de simplificar as estruturas para as tornar mais económicas e fáceis de construir, abriram território aos movimentos cubistas, puristas e minimalistas e a uma arquitectura concentrada construída e dividida em em altura, parcelas verticais, com vias inundadas de carros. Avenida Casa Torre – Paris 1922 fonte/autor: Auguste Perret @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 30 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No início do século Ebenezer Howard Modernismos e Utopismos do séc. XX iria ficar em evidência na história do urbanismo pela sua utopia cidade-campo, diferenciando-se um pouco das ideias utópico-sociais precedentes. A sua ideia de cidade-jardim do seu livro ―Garden Cities of Toworrow‖ em 1898, propõe medidas urbanas ousadas, que nunca chegariam a ser cumpridas na totalidade, como soluções alternativas às cidades Plano Urbano – Garden City fonte/autor: Howard @ industriais superpovoadas. Howard organiza a sua cidade através de um cuidadoso cálculo de custos no momento da época e propõe que a propriedade do terreno passe para as mãos do Estado, no entanto a administração e cultivo em termos gerais devia ser de iniciativa privada. As suas preferências estão do lado do campo, mas em nenhum caso nega as vantagens da cidade. À imagem dos «pólos» da cidade e do campo postula uma possível combinação das vantagens de ambos, que denomina de ―Town-Country‖. Howard descreve Diagrama – Cidade Jardim fonte/autor: Howard @ minuciosamente este modelo de cidades Jardim para uma população aproximada de 32.000 mil habitantes, implantada em superfícies de 6.000 acres, (2.428,2 ha) dos quais calcula uma sexta parte como terreno de colonização para a ―Garden City‖. Estas cidades estão concebidas em forma circular e adaptam-se em cada caso às condições topográficas do terreno. Plano Urbano – Garden City fonte/autor: Howard @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 31 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Howard desenvolve um sistema radial Modernismos e Utopismos do séc. XX e concêntrico de ruas, cujo centro é preenchido com zonas verdes e edifícios públicos. Esta zona de parques interiores estaria rodeada por um «Cristal Palace» edificado de forma concêntrica, com uma galeria com abóbadas de cristal, aberta para o parque através de arcadas e incorpora tendas e lojas de modo a funcionar como uma galeria de passagem. As zonas concêntricas destinadas às moradias estão concebidas sobre a base da cidade, dispondo cada uma de áreas verdes. No centro encontra-se uma ―Grande Avenida‖ que contém, entre outros edifícios, escolas e igrejas. Num círculo implanta as concêntrico fábricas, os exterior, centros comerciais, os mercados, conectados à rede geral mediante uma linha ferroviária circular. Cidade Jardim – Diagrama das cidades fonte/autor: Howard @ Howard conta com a tecnologia moderna e recomenda, por exemplo, a electricidade como fonte de energia de todas as avultado máquinas. programa de Desenvolve um infra-estruturas públicas para acontecimentos culturais. Propõe implantar em torno da cidade de planta centralizada uma «cintura» geométrica de contenção de crescimento urbano ―cluster of cities‖, para controlar o crescimento demográfico, fixando a Proposta para a Garnier City – Cidade Industrial fonte/autor: Howard @ capacidade máxima da cidade em 58.000 habitantes. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 32 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Kruft e Happo-Walter na obra já citada Modernismos e Utopismos do séc. XX ―Historia de las teorias de arquitectura” descrevem a concepção colonizadora de Howard como o seguimento das várias referências Utópicas desde Thomas Morus a Robert Owen. Referem ainda que Howard apresenta um planeamento intelectual e esquemático flexível, capaz de se adaptar ao contexto territorial como ficou demonstrado em Letchworth e Welwyn Garden City, a última das quais foi criada pessoalmente por Howard em 1919. A ideia de cidade-jardim e os planos racionais desenvolvidos foram um importante factor para muitas teorias urbanísticas do séc. XX, as quais inspiraram inclusive os novos movimentos utópicos de cidade, tal como a Lectchworth – 1904 Cidade Jardim Construída fonte/autor: Howard @ ―Broadacre-City‖ de Frank Lloyd Wright, da qual falarei mais adiante. As cidades jardim conquistavam as aspirações urbanísticas, influenciando os arquitectos Moderno; ligados o ao movimento movimento que mais influenciou a construção e a reconstrução urbana do princípio dos anos vinte até aos anos sessenta e que por vezes ainda hoje é imitado. O movimento moderno, no entanto, não segue a mesma política demográfica e arquitectónica de Howard, não só porque não corresponde às novas correntes estéticas como também, a meu ver, por 2ª Cidade Jardim – Welyn – 1920 fonte/autor: Howard @ não corresponder construtivamente às necessidades urbanas das cidades metrópoles devastadas pela guerra. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 33 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O movimento Moderno segue as novas Modernismos e Utopismos do séc.XX tendências construtivas e arquitectónicas de construção em altura, com linhas simples e uniformes e uma estrutura urbana sectorizada, criando mega- estruturas independentes que usam a ideia de cidade-jardim de forma mais espartilhada e cenográfica. O movimento ganharia grande aceitação ao nível mundial pelas vanguardas da arquitectura do princípio do século, dando origem ao C.I.A.M, Congresso Internacional de Arquitectura Moderna, apadrinhado por Le Esquema – Cidade Sectorial fonte/autor: Le Corbusier @ Corbusier. O C.I.A.M. tornou-se no grande palco das vanguardas urbanísticas e arquitectónicas da época, criando vários eventos mundiais nos anos consequentes, influenciando e absorvendo as tendências utópicas e arquitectónicas da época. O C.I.A.M daria origem à famosa carta de Atenas em 1933, o novo tratado ―iluminado‖ do urbanismo que ditaria detalhadamente a forma ―moderna‖ de construir cidades. A urbanística do movimento Moderno baseava-se em edifícios separados das vias e do território, separando, também a circulação pedonal da viária, criando espaços verdes permeáveis entre edifícios de densidade alta, transponíveis na sua base. Estavam ingenuamente crentes quanto á capacidade de transparência e permeabilidade urbana dada pelos edifícios elevados sobre pilares. Arranha-céu 1921 – NY fonte/autor: Mies Van Der Rohe @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 34 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Em ―la Crisis de la Modernidade‖ Rob Modernismos e Utopismos do séc. XX Krier critica o arquitecto Mies Van Der Rohe e o movimento Moderno pela forma como proclamam a transparência do espaço. A transição entre o espaço interior e exterior é difusa e a ideia de transparência aplicada ao espaço urbano, é uma definição estética romântica mas pouco realista. Um edifício sobre pilares, é em parte visualmente transponível, mas só em algumas situações pontuais. Mesmo com fachadas envidraçadas capazes de surpreendentes produzir que Ville Radiouse – Paris fonte/autor: Le Corbusier @ efeitos simulam uma transparência e uma vaga permeabilidade entre espaço interior e exterior; estes efeitos são pouco relevantes no ponto de vista urbanístico, denotando uma desatenção pelo espaço urbano em prol de objectos e problemas isolados. Le Corbusier e Pierre Jeanneret iriam cair no mesmo erro ao projectar o novo centro para Paris, chamado «Plan Voisin» em 1922. Segundo o mesmo autor, a Maqueta – plano urbano Plan Voisin - Paris fonte/autor: Le Corbusier @ visão de Le Corbusier em «Plan Voisin», prevista para três milhões de habitantes, aferia as dimensões do projecto à magnitude e importância de Paris “Paris prend de l´epoque”. O plano urbano implicava ainda uma densidade excessiva no seu núcleo urbano que se contrapunha a uma funcionalidade urbana demasiado espartilhada. Maqueta de um edifício do movimento Moderno fonte/autor: Le Corbusier @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 35 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Existem muitos outros projectos Modernismos e Utopismos do séc. XX urbanos gerados por Le Corbusier e pelo movimento Moderno por toda a Europa, mas todos eles tiveram resultados pouco animadores a longo prazo; simplesmente porque desvirtuavam a vivência urbana, ao separar as funções de cada sector, dificultando as típicas interacções entre as diferentes realidades da vida das pessoas na cidade. O urbanismo sectorial espartilhado do movimento fraccionou as típicas Plano Urbano Modernista – Sectores fonte/autor: Le Corbusier @ interacções urbanas passíveis de serem complementares e a sua arquitectura era muito repetitiva destruindo as referências urbanas. Detrás da segunda guerra mundial ficaram claras as consequências negativas da ideia de um denso centro urbano. Imperava um certo desrespeito pelas estruturas ignorando as antigas, suas tradicionais, referências e enquadramentos em que tanto C. Sitte insistia. O movimento proclama ainda uma arquitectura baseada em princípios de escala inspirados no Homem «perfeito», no «standard» «comum», na e não no Homem «personalidade», Desenho – Áreas residenciais fonte/autor: Le Corbusier @ na «realidade localizada». Existiram melhorias urbanas significativas nos últimos projectos do movimento Moderno, compatibilidades surgindo urbanas entre mais os diferentes sectores e realidades da urbe, no entanto os seus resultados nunca Desenho – Plano Urbano Modernista fonte/autor: Le Corbusier @ foram muito positivos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 36 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O Movimento Moderno procurou Modernismos e Utopismos do séc. XX substituir o velho sistema de construção de edifícios em banda, o qual não evoluíra muito desde os anos vinte, mas sem grande eficácia. “ (…) No séc. XIX a estrutura urbana chegou a uma densidade inigualável. O desenho do séc. XX fora uma reacção compreensível dos projectistas ante este problema, nunca antes conhecido na História. Dividiu-se tudo em unidades funcionais, como por exemplo, viver, reproduzir, trabalhar, etc.; desenvolveramse soluções características para estas unidades e estudou-se as suas posições e as relações entre si. O protótipo abstracto deste programa urbanístico era a “Ville Radieuse” de Le Coubusier do ano de 1930. Três anos mais tarde, a “Carta de Atenas”, converteu-se no seu abecedário. Este modelo realizou-se quase sem rectificações em Chandigarh, nos anos cinquenta (…) “ (La Crisis de la Modernidade; Rob Krier) Leonardo Benévolo comenta Planos para Argel 1931 – maqueta fonte/autor: Le Cobursier @ o sobredimensionamento urbano da época, afirmando que grande parte dos projectos resultaram sobredimensionados frente às necessidades, sobretudo no terceiro mundo, e converteram-se em projectos utópicos. No entanto, também Plano Urbano Argel – 1931 fonte/autor: Le Corbusier @ neste período, a cultura arquitectónica ganha de forma deliberada, uma visão futurista mais além das razões concretas e produz uma série de modelos que se antecipam à realidade, conscientes das consequências qualitativas do sobredimensionamento e do crescimento rápido da urbe. Plano Urbano Argel -perspectiva fonte/autor: Le Cobursier @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 37 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O CIAM viria a ser substituído por outros movimentos de Modernismos e Utopismos do séc. XX vanguarda, abandonado pelos principais dirigentes e com fortes divergências internas relação ao futuro da urbe, realizando a sua última conferência internacional em 1959 em Otterlo. No ano seguinte na World Design Conference de Tóquio 1960, através de um grupo de arquitectos japoneses, entre eles Kikutake, Arata Isozaki e Kisho Kukawa, apresentam uma nova forma de projectar que intitulam ―Metabolismo‖, que a partir de grandes infra-estruturas, apresentadas em três dimensões, permitia uma leitura arquitectónica a grande Edifício Modular – 1934 fonte/autor: Kisho Kukawa @ escala, formando um edifício modular em que cada módulo tinha uma função específica: habitação, trabalho, lazer. Os módulos eram desenhados de acordo com as exigências próprias de cada função, realizados a pequena escala, aplicáveis, desmontáveis e reaplicáveis quando requisitados para o efeito. Kenzo Tange sobressai na Word Design Conference de 1960 em Tóquio, com a exposição dos seus projectos teóricos para Tóquio, o ―Sea City‖ e o ―Marine City‖, realizado com a ajuda de outros ―metabolistas‖. Plano urbano Tóquio -1960 fonte/autor: Kenzo Tange @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 38 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os japoneses são neste momento os Modernismos e Utopismos do séc. XX precursores da arquitectura de vanguarda e durante alguns anos dominaram as propostas urbanas utópicas no mundo. O Metabolismo passou a encher os «mass-media»: revistas, convenções, conferências e debates universitários à escala internacional, influenciando os movimentos de vanguarda na Europa, entre os quais se destacam os projectos de Yona Friedman. Exposição Mundial Montreal – 1967 – Habitat A revista Architecture d´Aujourd’hui no livro de Michel Ragon, (Où vivrons-nous Sustentado fonte/autor: Yona Friedman @ demain? 1963), difunde alguns projectos teóricos de Friedman que põem em consonância os caracteres de mobilidade e ligeireza do novo ambiente urbano, versátil e mutativo. Esta tendência desperta o interesse do mundo universitário, e terá o seu peso na arquitectura embora de maneira um pouco formal. Em Itália destacam-se os projectos apresentados nos primeiros anos sessenta para os centros direccionais de Turin, Bolonha e para os terrenos em «campo-aberto» na lagoa de São Giuliano na ilha de Tronchetto de Veneza. Em Projecto Plug and City Cápsulas Modulares – 1964 fonte/autor: Grupo Archigram @ Inglaterra o grupo Archigram formado por Peter Cook, Ron Herron, Brian Harvey, Warren Chalk e outros, destacam-se também na vanguarda da época. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 39 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O grupo Archigram difunde na sua revista uma série de Modernismos e Utopismos do séc. XX modelos deliberadamente utópicos, que se tornam populares sobretudo graças ao enfoque divertido e irónico delas: Walking City de 1962, Plug-in-City de 1964, Control of Choice de 1967, Oásis de 1968 e o criativo kit de papel dobrado para uma mega estrutura ―do-it-yourself‖, que vinha agregado ao fascículo de 1966 editado pelo grupo. Estes grandes Utopia Walking City – 1964 fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @ artigos iriam projectos influenciar tecnológicos os da década. No próprio programa Apolo da NASA desenvolvido para o desembarque na lua de 1969 aparecem uma série de cápsulas habitáveis do Grupo Archigram. Encontramos a um nível mais imaginário, sem relação alguma com a veracidade técnica, o mesmo estilo gráfico no cenário de Heinz Edelman para o filme de The Beatles, ―O submarino amarelo‖ (the Yellow Submarine), 1968, realizado por George Dunning. Os projectos utópicos desta época não conseguem coordenar a arquitectura com o desenvolvimento fraccionando-se em tecnológico, especializações específicas e não à urbe em concreto, originando tipologias da construção inadequadas e modelos urbanos herdados das fases precedentes do Modernismo. Projecto Plug and City Cápsulas Modulares – 1964 fonte/autor: Archigram @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 40 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na Exposição Universal de 1967 em Modernismos e Utopismos do séc. XX Montreal, nasce a oportunidade para estes movimentos realizarem algumas das suas propostas. O grupo canadiano ARCOP formado por Affleck, Desbarats, Lebensold e Size, realiza dois grandes pavilhões Explorador» temáticos e um «O Homem grande edifício multifuncional no centro da cidade, na Place Bonaventure. Richard Buckminster Fuller constrói uma grande cúpula geodésica que encerra o Pavilhão Norteamericano, assistida por um carril de ferro Cúpula Geodésica – Exp. Montreal 1967 fonte/autor: R.b. Fuller @ sobrelevado que distribui os visitantes pela exposição. Moshe Safdie ficará famoso pela realização de parte do tecido residencial, ―O Habitat‖. As construções referidas experimentam algumas das ideias elaboradas pelas vanguardas do momento, recorrendo à arquitectura com módulos estruturais, como por exemplo os tetraedros radicais, idealizados por Guntis Plesums. O intricado entrelaçar de cápsulas habitáveis formando mega-estruturas e as vias de comunicação separadas do solo revelam-se realizáveis. No entanto os prédios ―metabólicos‖ como os de Nagakin e Watanabe em Tóquio do arquitecto Kurokawa, com base montagem de numa arrojada cápsulas habitáveis separadas, não teriam seguimento. Projecto Habitat 67 – 1967 fonte/autor: Moshe Safdie @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 41 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os edifícios referidos, assim como ―O Modernismos e Utopismos do séc. XX Habitat‖ de Safdie em Montreal, não são adaptáveis ao contexto urbano comum das cidades, a meu ver pelo facto das estruturas não permitirem soluções construtivas económicas e por exigirem percursos espaciais demasiado complexos. As ideias de vanguarda foram aplicadas entusiasticamente em edifícios de grandes dimensões: os centros comerciais de Cumbernauld (H. Wilson e G. Copcutt, 1960-1970) e de Runcorn (R.Harrison, 1967); o centro de comunicações Yamanishu em Tokio (K. Centro Georges Pompidou – Paris 1970 Foto autor: Katsushisa Kida fonte/autor: portal Vitruvius - Renzo Piano @ Tange, 1967); os novos aeroportos norteamericanos de Dallas (1966) e de Boston (1967); o terminal de automóveis na «boca» da ponte George Washington em Nova York; o parque automóvel de Nervi (1966); e o centro Georges Pompidou em Paris (Piano, Rogers e Franchini, 1970). Finalmente surgem as desejadas estruturas metabólicas, uma multiplicidade de elementos montados numa estrutura única, mas a mobilidade dos elementos nunca seria conseguida em concreto, convertendo-os em «esculturas monolíticas». As estruturas obrigam a uma excessiva complexidade dos níveis de circulação, fruto dos modelos teóricos da primeira metade dos anos sessenta, estas ideias são abandonadas mais tarde quando fica patente que a animação dos Eaton Cente de Toronto – 1970 fonte/autor @ espaços na realidade não resulta. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 42 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Nos anos setenta, a funcionalidade estrutural reencontra-se com Modernismos e Utopismos do séc. XX uma concepção arquitectónica mais habitável, reflectida em alguns grandes espaços fechados, iluminados graças às novas técnicas de construção de coberturas envidraçadas, propícias ao clima dos países frios. Os canadianos são os primeiros a tirar partido desta inovação estrutural, usada no Eaton Centre de Toronto, de E.H. Zeidler; no Scarborough Centre, de A. Moriyama, e nas oficinas públicas no centro cívico de A.C. Erickson, Centro Cívico Scarboroughr – Toronto - 1973 fonte/autor: A. Moriyama @ em Vancouver. A presença conjunta de muitos elementos pequenos num ambiente de grandes dimensões, mobilidade volumes dos valorizando peões construídos, em dá a vez dos origem às realidades experimentais praticáveis. As relações e as propostas até agora descritas aumentam um amplo debate de sistematizações e teorias, análises Centro Cívico Markham – Vancouver fonte/autor: A. Erikson @ históricas e questões de escala, que se entrecruzam entre si como causas e como consequências. Intervenções a grande escala revelaram as deficiências dos movimentos precedentes, alimentam as polémicas dos últimos CIAM. As novas soluções urbanas foram experimentadas nos anos sessenta nos projectos subsequentes resultando em construções provisórias, abertas a uma série de correcções sem fim. Projecto Estudo – Rio de Janeiro fonte/autor: Le Cobursier @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 43 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os arquitectos que idealizaram ou Modernismos e Utopismos do séc. XX vieram a realizar os mais importantes projectos urbanos dos anos cinquenta, os ingleses Smithson e Howell, os holandeses Bakena e Van Eyck, Candilis e seus colegas do ATBAT que trabalharam em Marrocos para o Governo Francês, constatam a insuficiência das regras codificadas na Carta de Atenas e intentam formular outras, mais completas e mais adequadas à realidade. Utopias Monumentais góticas – década de 40 – Rússia Os arquitectos do movimento Moderno fonte/autor: portal Obvius – Ykov Chernikhov @ são obrigados lentamente a admitir que a sua arquitectura não responde à complexidade dos problemas urbanos nem detêm soluções tecnológicas que o sustentem. O exercício urbano rompe em duas novas frentes; uma parte foge para a utopia, duvidando e rejeitando o propósito dos movimentos arquitectónicos da época, outra aprende a abandonar as sínteses Canberra – núcleo Governamental apressadas e contenta-se com alguns fonte/autor: portal skyscrapercity – foruns @ resultados parciais, sempre perfeccionáveis. Os debates dentro da cultura arquitectónica moderna giram à volta destes dois factores. Os modelos académicos exemplo, prestigiados, os como planeamentos por urbanos sectorizados e reticulados das novas capitais do primeiro período do século, Canberra, Nova Delli, a ―ville contemporaine‖ de Le Cobursier de 1923 e Brasília de 1957, acabaram por sofrer Vista aérea Brasília fonte/autor: Portal Brasília 50 anos @ duras críticas urbanas mais tarde e deixaram de ser uma referência. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 44 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No entanto os modelos de vanguarda Modernismos e Utopismos do séc. XX que os substituíram ainda de revelaram mais problemáticos. A arquitectura ―moderna‖ tem uma história de apenas quarenta anos, mas a ela se devem os projectos de vários bairros e cidades novas, que embora representem uma minoria das realizações urbanas recentes, se apreciados conjuntamente e constatando a influencia Utopia Walking City – 1964 fonte/autor: Grupo Archigram - Ron Herron @ indirecta na forma contemporânea, de mudaram construir de forma inquestionável a fisionomia dos centros urbanos e das periferias, sem prejuízo das críticas dirigidas aos seus efeitos que têm de ser equacionados medindo-se os ganhos e as perdas, quer em resultado dos projectos quer da sua realização, como acontece em qualquer actividade científica. O problema das cidades ficara longe de estar resolvido. Em 1953 no CIAM de Aixen-Provence, os Smithson mostram as fotografias de Nigel Henderson referentes à vida nas ruas de Londres. Dez anos mais tarde aparece uma ampla literatura sobre a cidade, que parte de uma análise directa da realidade e julga deste ponto de vista os projectos e as tendências: em 1960 é publicado o primeiro livro de Kevin Lynch, ―A imagem da Cidade‖ (The image of the City); em 1961 Gordon Cullen publica o seu ensaio sobre ―Townscape‖ e Jane Jacobs o seu livro sobre as cidades Civilia Utopia - 1961 Townscape – Collage City – fonte/autor: Imagens do Livro – Gordon Cullen @ Norte-americanas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 45 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Em 1963 sai o primeiro ensaio teórico Modernismos e Utopismos do séc. XX de Christopher Alexander, que procura descobrir, de forma funcionamento correcto científica, do organismo urbano. Em 1965 Françoise regista, de forma retrospectiva, tendências do urbanismo o Choay as moderno, comparando-as com os resultados reais. Em 1966, a revista ―Scientific American‖ dedica um número às cidades, levando estes argumentos ao público do mundo inteiro, e Peter Hall publica um afortunado e pequeno livro divulgativo sobre as grandes cidades. Em 1968, Lawrence Halprin propõe um sistema de notificação dos valores dos espaços urbanos, abrindo Modelo de Cidade sectorial fonte/autor: KuroKama @ o caminho de alguns arquitectos ousados, como Eisenman e Graves. Os psicólogos da Escola de Frankfurt criticam «a cidade inabitável» do presente e imputam os seus defeitos ao movimento Moderno dos quarenta anos precedentes. A confiança no futuro do movimento Moderno transformou-se e começa a atenuar-se também no campo da arquitectura, principalmente depois das críticas ao movimento pelas políticas rígidas em 1968. A ideia do ―less is more‖ do movimento Moderno, idêntico ao método de simplificação científica da época para a Funil City Intra Polis – 1960 resolução dos problemas, ao exemplo da fonte/autor: Walter Jonas @ tabela periódica dos átomos; ordenar os contextos urbanos segundo uma forma tripartida básica parecia ser uma solução de génio. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 46 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No entanto, tal como os elementos da Modernismos e Utopismos do séc. XX tabela periódica, a realidade atómica e urbana é muito mais complexa no meio em que se encontra do que em laboratório e a harmonia destes elementos depende de uma variedade complexa de factores. A perda do espaço urbano, desde o meio do século, é um processo de desconstrução provocado não só pelas visões ―Modernistas‖ mas também pela política urbana a favor de uma sociedade democrática, cada vez mais vulnerável à força dos ―Lobbys‖ que tiram proveito deste desenvolvimento. A batalha entre os meios técnicos e económicos cresceu duma forma nunca antes vista na história do ser humano. Pondo este Metrópole Moderna – 1914 fonte/autor: Mário Chiattone @ último parágrafo em evidência, não podemos transformar o CIAM na «ovelha negra» da arquitectura urbana. Os avisos perante as evidências problemáticas da densificação urbana e da desumanização dos espaços são reportadas pelos arquitectos Frank LLoyd Wright, Alvar vanguardistas; Aalto, que entre outros expõem a necessidade de visualizar a cidade de forma mais humana e desafogada. A urbe é um organismo vivo, dinâmico e territorial, experimental, sensível e quadrimensional. Estas noções, só muito Plano Urbano – Centro – Ville Radiouse – 1922 fonte/autor: Le Cobursier @ depois seriam valorizadas e entendidas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 47 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A necessidade de fazer a cidade Modernismos e Utopismos do séc. XX respirar, de nos colocarmos no papel do utilizador, de tirar partido da pluralidade funcional, da complexidade de ligações produzidas, de entender o comportamento humano, da funcionalidade arquitectónica, são os verdadeiros degraus a caminho da cidade ideal, urbanistas legado utópicos pelos grandes dos séculos anteriores. A cidade vista como ―Organismo Vivo‖, a quatro dimensões, (tridimensional + movimento) de Frank LLoyd Wright, é paralela ao evoluir científico do estudo do átomo, da filosofia e da necessidade de Cidade Utópica – Broadacre City 1935 fonte/autor: F. Wright @ adaptação ao meio Darwinista. Na cultura americana vinga a polémica anti-urbana, resultante dos problemas das metrópoles, proclamando que as cidades atingiram o seu limite em 1890. Porém há espaços por explorar e por viver, e novas formas de deslocamento. Wright surge com a ideia do ―urbanismo rural‖ a noção de ―cidade-região‖ como um modelo prevendo a fixação de 1400 famílias e que se deveria organizar fora das instituições oficiais, em auto governo, e promovendo a liberdade de cada indivíduo. O modelo deu origem ao projecto da Broadacre City (1931/1935), exposto em 1934 no Rockefeller Center de Nova Esquema das Vias trânsito – Broadacre City 1935 Iorque e mais tarde em muitas cidades fonte/autor: F. Wright @ americanas e europeias. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 48 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os urbanistas na altura desvalorizaram Modernismos e Utopismos do séc. XX o projecto, apelidando-o de um modelo romântico, oitocentista, ligado a um ideal rural. Só trinta anos mais tarde, no princípio dos anos setenta quando se emitiram os conceitos de cidade-região ou cidade-território, se compreende que Wright tinha sido um dos únicos a prever a degradação e o colapso das concentrações urbanas e a indicar uma alternativa séria, repondo o «urbanismo rural» de Wright como uma alternativa urbana de carácter cívico que não deveria ser ignorada. Desenho da vista de Broadacre City – 1935 fonte/autor: F. Wright @ Hoje apercebemo-nos que o modelo de Wright de cidade também estava demasiado espartilhado, mas as suas propostas urbanas eram sem dúvida mais promissoras do que as do movimento Moderno. Para Wright e para Zevi a Arquitectura Orgânica estava associada à ideologia democrática seguindo a APAO fundada por Zevi, lembrando um pouco o espírito de luta pelo homem livre dos utopistas do século XIX. Maqueta Broadacre City – 1935 fonte/autor: F. Wright @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 49 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O arquitecto Alvar Aalto contribui para a consciência urbana com os Modernismos e Utopismos do séc. XX seus estudos sobre a relação dos espaços com o homem. As funções espaciais físicas e psíquicas podem ser compatíveis de uma forma e incompatíveis de outra, contendo várias naturezas. Em 1940 Aalto escreveu o conhecido artigo ―A Humanização da Arquitectura” cujo subtítulo é funcionalismo, bem ―O revelador: para se tornar verdadeiramente eficaz, deve adoptar um ponto de vista humano”. (…) No campo da Arquitectura, um objecto pode ser funcional de um ponto de vista e não funcional noutro. No decurso do último decénio a Arquitectura Moderna foi funcional sobretudo no ponto de vista técnico, a aposta fez-se sob o aspecto Sanatório de Paimio – 1932 económico da actividade construtiva”… “uma fonte/autor: Alvar Aalto @ arquitectura realmente funcional deve sê-lo principalmente sob o ponto de vista humano.”(Alvar Aalto) Alvar Aalto critica aqui de forma subtil o Movimento Moderno, em especial a orientação dos CIAM de Frankfurt e Bruxelas dominados pelos alemães e suíços mais próximos das teorias de Neue Sachlichkei, defensores da ―Nova Objectividade‖. A visão «produtivista» assente nos métodos industriais não permitia para Alvar Aalto um entendimento global da Arquitectura, o qual exige racionalidade alargada, alternativa tradicionalismo ao Sanatório Paimio – 1932 fonte/autor: Alvar Aalto @ uma verdadeira ou ao modernismo. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 50 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Mais tarde Sigfried Giedion, importante Modernismos e Utopismos do séc. XX figura dos CIAM acabou por reconhecer a visão de Alvar Aalto no seu livro Espaço, Tempo e Arquitectura. Alvar Aalto não procurava criticar as vanguardas do Movimento Moderno, mas continha evidentemente um espírito globalizador ao estilo dos arquitectos do Movimento Orgânico. No seu artigo de 1935 ―O racionalismo e o homem”, considera inadequada a iluminação artificial habitualmente usada Sanatório Paimio – 1932 fonte/autor: Alvar Aalto @ na Arquitectura. Foca sobretudo a luz dos hospitais que deveria ter em atenção as condições particulares dos doentes. Critica também o mobiliário ―moderno‖ sujeito sobretudo aos modos actuais «standard» de fabricação e de produção. Cinco anos mais tarde em ―A humanização da arquitectura”, depois de escrever que ―a finalidade da arquitectura é sempre a de harmonizar o mundo material com a vida humana‖, apresenta o exemplo do sanatório de Paimio (1929-33) Biblioteca de Viipuri -1934 fonte/autor: Alvar Aalto @ e da Biblioteca de Viipuri (1927 – 35). No primeiro salienta as experiências que levou a cabo no campo da relação do doente com o quarto e da protecção do indivíduo contra o grupo e contra a pressão da colectividade. Daqui concluiu, no que toca ao quarto, que se deveria projectá-lo em função da pessoa deitada, já que o doente passaria a maior parte do tempo na cama. Modelo quarto para tuberculosos Sanatório de Paimio fonte/autor: Alvar Aalto @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 51 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Tal constatação levou-o a alterar as Modernismos e Utopismos do séc. XX cores das paredes do tecto, a repensar a localização da iluminação natural e artificial, do aquecimento, das janelas e portas. Tratou afincadamente o melhoramento do conforto auditivo, com a preocupação de insonorizar paredes e de conceber lavabos de modo a minimizar o impacto sonoro no jacto da água, em quartos de duas camas. Quanto à biblioteca de Viipuri, Aalto considerou que beneficiou da experiência Vista aérea Biblioteca de Viipuri 1934 fonte/autor: Alvar Aalto @ de Paimio, onde a necessidade de haver um mobiliário ligeiro, flexível e fácil de limpar, levou a um uso extensível do contraplacado de madeira que permitia, para além da facilidade de produção e utilização, um ―contacto mais agradável, um mobiliário permanência mais longa e adaptado dolorosa à num sanatório, que o material ordinário‖, que nessa altura era habitualmente feito em estrutura de tubo metálico. Este factor de preocupação Ergonómico adapta os espaços arquitectónicos ás necessidades psicológicas do utilizador. As pequenas preocupações arquitectónicas de Aalto reflectem a sua postura construtiva em relação aos espaços, criados a pensar no Homem «comum», personalizado e não no Homem «perfeito», a realização de estruturas «standard», criticadas por mim Biblioteca de Viipuri -1934 no contexto do movimento Moderno. fonte/autor: Alvar Aalto @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 52 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No sanatório de Paimio os vários corpos em diversas articulações Modernismos e Utopismos do séc. XX e posições estão criados sem obedecer intransigentemente às mudanças do programa. Na biblioteca de Viipuri os dois corpos tanto albergam espaços e programas separados, como o contrário. Aqui o famoso tecto ondulado da sala de conferências sobrepõe-se à regularidade Sunila habitações – 1939 ortogonal dos janelões de vidro. fonte/autor: Alvar Aalto @ No plano de urbanização da fábrica e habitações de Sunila (1936-38), Aalto preocupa-se com a preservação e valorização humana em harmonia com as características naturais dos sítios. Realiza para o efeito uma urbanização dispersa em forma de leque, disposição bem adaptável às preocupações urbanas. Repete a mesma atitude nos paços do Concelho Säynätsalo (1948-52), projectado no topo de um largo de planta triangular, mas organizados intimamente em torno de um pátio público de acesso enviesado, completando toda Centro Cívico – Seinajoki – 1951 fonte/autor: Alvar Aalto @ a composição urbana através da sala do concelho. O edifício composto por uma unidade em ―U‖ e outra em barra, alberga para além dos espaços ocupados pela Câmara Municipal, uma biblioteca, habitações, lojas que dão para a rua, e outros serviços, mostrando a vontade expressa por Alvar Aalto de combinar várias actividades urbanas. Alvar Aalto rejeita assim a monofuncionalidade tão cara à ortodoxia Centro Urbano – Seinajoki -1951- Finlândia fonte/autor: Alvar Aalto @ do movimento Moderno. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 53 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na sombra ―modernos‖ dos existiu movimentos sempre Modernismos e Utopismos do séc. XX quem vislumbrasse soluções mais completas tal com Wright e Aalto, deixando os seus contributos de forma singular, hoje justamente valorizados. O ―Modernismo‖ fora uma força catalisadora de novas formas e soluções para a arquitectura da cidade; os seus fracassos abriram portas a novas visões urbanas e a movimentos alternativos e os seus sucessos deram esperança ao exercício académico e ao sonho social da Democracia. Os criadores utópicos que caminharam em direcção ao «fantástico», ao mundo da ficção científica, por ventura ainda contribuíram para o debate de alguns dos Casa da Cascata 1936 desenvolvimentos futuros, adivinhando um fonte/autor: F. Wright @ Homem cada vez mais dependente das máquinas e da indústria. Na segunda metade do século XX, fruto da pesquisa científica e de resultados qualificáveis, surgem novas iniciativas e críticas urbanas, na procura mais exaustiva problemas das para cidades entender os e os como resolver. O século XX chega ao seu fim digerindo os processos tecnológicos, políticos e culturais que transformaram a nossa sociedade, questões urbanas embrenhada cada vez em mais Pavilhão da Finlândia – Exposição Universal em Nova Yorque 1939 fonte/autor: Alvar Aalto @ complexas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 54 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 7 – A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE No artigo escrito e premiado em 1965 com o prémio Kaufmann de Christhopher Alexander “A city is not a tree”, onde o autor critica a estrutura urbana em ramificações hierarquizadas, chama a atenção para a importância dos espaços urbanos no comportamento das vivências socioeconómicas da urbe. As suas observações científicas explicam de forma simples e eficaz a complexidade urbana. Muitas das adaptaram-se cidades às tradicionais novas realidades urbanas ao longo dos tempos, algo que nas cidades artificiais ―modernas‖, Acampamento Militar Romano para Recrutamento Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @ construídas de raiz, se verificou mais difícil, visto a sua rigidez estrutural. Não de admirar portanto que em muitos casos a qualidade de vida e o grau de satisfação dos habitantes das cidades tradicionais seja superior ao das cidades ―novas‖. A realidade complexa dos acontecimentos na urbe funciona com critérios de interacção sensíveis à sua estrutura urbana. Esta variedade de vivencias sociais no tecido urbano não foi concretamente valorizada e entendida nos projectos das novas cidades como já vimos na crítica ao movimento Moderno. Projecto da ilha Palmeira no Dubai Estrutura urbana hierárquica do tipo «árvore» @ Alexander estudou estas estruturas sociais complexas e chegou à conclusão que a estrutura das cidades artificiais estava criada ingenuamente sobre racional, um padrão ramificado segundo uma ―árvore‖. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 55 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Esta postura implica uma hierarquia sectorial rígida, comparável a A Cidade não é uma Arvore um acampamento romano, imprópria para a criação de uma unidade diferenciada, com realidades comportamentais diversas, em parte sobrepostas e em parte dispersas. Nas cidades tradicionais isso acontece porque a cidade foi obrigada ao longo dos tempos a sobrepor estas realidades, por tentativa-erro e por tentativa-sucesso, adaptando a sua urbe ao contexto social, sendo os casos de insucesso fruto da falta de políticas urbanas regenerativas. A estas estruturas sócio-urbanas, ele designa de semi-retículas que, no fundo, contêm na sua forma ramificações em árvore que se sobrepõem em conjunto com outras ligações urbanas. Mapa da Cidade de Brasília As semi-retículas permitem um Esquema urbano em árvore conjunto exponencialmente mais vasto e fonte/autor: C. Alexandrer @ numeroso de ligações possíveis e o entendimento comportamental das interacções das várias realidades urbanas resulta, se a sua estrutura urbana corresponder positivamente. O Urbanismo vive das compatibilidades sociais e da maximização de recursos territoriais. Este estudo a favor da semi-rectícula veio reforçar a necessidade de criar um organismo urbano complexo mas não caótico, saudável, compatível com um padrão de igualdade de tratamento urbano e, ao mesmo tempo, personalizado, Diagrama de uma árvore e uma semi-récticula fonte/autor: C. Alexandrer @ criador de relações sociais pacíficas e inovadoras, aberto à variedade e ao desenvolvimento. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 56 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A sensação, que se vive nas cidades A Cidade não é uma Árvore com soluções pouco semi-reticuladas, é realmente de isolamento. Em Lisboa, deslocamento segundo por exemplo, o viário está ramificado soluções tipo ―arvore‖, hierarquizadas, com pontos de charneira que facilmente coagulam o trânsito em horas de ponta. As alternativas complementares de escoamento viário atravessam zonas também sujeitas a conflitos urbanos que dificultam a marcha. Muitos das soluções viárias dentro da própria cidade que geram grande stress e desconforto ao utilizador diáriamente. Exemplifico com o seguinte trajecto: a ligação do Pólo Universitário da Ajuda até ao Aeroporto de Lisboa ou a Sacavém. Recorrendo aos transportes públicos o Plano de desenvolvimento Londres 1943 Esquema de Cidade em arvore fonte/autor: C. Alexandrer @ táxi é o mais viável, os outros transportes públicos acabam sempre por demorar quase três vezes mais tempo do que um automóvel particular e provocar um grande desgaste físico e emocional, quer se opte por trajectos de autocarro, quer por se use o metro ou o eléctrico, por estarem condicionados pelas ramificações dependentes das centralidades da cidade e por obrigarem o utilizador a mudar pelo menos duas ou três vezes de transporte para cumprir o trajecto. Se acrescentarmos o factor da ―hora de Desenho – “pedafólio” ponta‖, teremos então, como é sabido fonte/autor @ pelos cidadãos Lisboetas, stress garantido para realizar este trajecto. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 57 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O facto de haver locais e percursos da cidade com boas acessibilidades A Cidade não é uma Árvore e transportes públicos eficientes enquanto outras partes da cidade, não menos importantes, têm carências ao nível de acessibilidades e transportes, provoca também mal-estar, além da descriminação social e de outros problemas relacionados. A visão particular de Alexander sobre o ―microcosmos‖ social deixa claro outro aspecto, do ponto de vista funcional e sócio-cultural da cidade: as crianças e os idosos e tantas outras personagens sociais, como os jovens, e até mesmo os animais domésticos, merecem fazer parte integrante deste planeamento de forma mais concreta, mais humana. As cidades não são estruturadas, no todo, a pensar Plano de desenvolvimento Colômbia, Maryland Esquema de Cidade em arvore nestes factores. fonte/autor: C. Alexandrer @ A maior parte dos urbanistas fazem cidades máquinas para pessoas que ―perfeitas‖, trabalham, circulam, procriam e alimentam-se, como na Carta de Atenas, esquecendo que a realidade do ser humano é muito mais complexa que isso. Sabendo agora mais sobre o funcionamento das pessoas na cidade, há que implantar políticas a favor da ―natureza‖ humana. Esquema de uma semi-recticula fonte/autor: C. Alexandrer @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 58 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A frase budista que nos diz, «não A Cidade não é uma Árvore simplificar o que é complicado e não complicar o que é simples», adapta-se a meu ver ao reacertar das realidades urbanas com apreendido as ao estruturas criadas, longo da história no processo de inovação da urbe. Tem de haver um meio-termo e uma adaptação ás diferentes realidades. O planeamento da cidade exige igualmente, algum tempo de análise e de pressupostos orientadores, capazes de dar forma a uma semi-retícula urbana equilibrada, funcional, em que todas as Vista do topo do edifício GE em Nova Yorque fonte/autor: portal Wikipédia @ realidades definidas têm da as melhor suas forma conexões para a sociedade. T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica: 6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as forças modais implantadas na sociedade de forma a responder cientificamente ao seu objectivo e desprender-se dos vários condicionalismos sociais, culturais, económicos, políticos, industriais, entre outros. 7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar reposta às necessidades sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante e só funciona segundo uma estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades existentes e pretendidas na urbe. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 59 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 8 - Duas Grandes UTOPIAS do inicio do nosso Século 8.1 - Introdução As utopias ganham um carácter mais realista no inicio do século XXI, o seu significado passou a ser a criação de algo nunca antes realizado, capaz de desafiar o imaginário da capacidade construtiva do homem, mas com prazos, objectivos, gastos e ganhos bem definidos, com o objectivo de enaltecer e trazer desenvolvimento a uma dada nação. Os exemplos mais flagrantes estão actualmente no Oriente, graças às novas Vista aérea da futura Cidade Masdar potências económicas como a China e o fonte/autor: Norman Foster @ Dubai. Outras Utopias ainda alimentam o espírito revolucionário por uma sociedade nova; outras mais sonhadoras projectam cenários anárquicos, liberais, vidas em outros planetas, o possível aparecimento de novas ordens e extraterrestres, o possível dia em que as máquinas superinteligentes dominarão o homem, a vida humana em outros planetas ou o ressurgimento de uma nova Atlântida. No meio destas disputas Utópicas Masdar City e Auroville foram as escolhidas por serem as mais completas e realistas, isto é, por responderem de Novo Plano de Auroville – Maqueta fonte/autor: Fundação Auroville @ forma urbana aos pressupostos Utópicos para uma cidade, embora com visões e realidades muito diferentes, como veremos mais à frente. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 60 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 8.2 - Cidade Utópica Masdar City no deserto de Abu Dhabi - Norman Foster A cidade «verde» de Norman Foster, é um projecto ousado no meio do deserto de Abu Dhabi, capaz de desafiar as condições agrestes do clima, totalmente auto-sustentável, construído sobre as raízes culturais árabes e apregoando algumas preocupações sociais. Usa a tecnologia de «ponta» para o melhor desempenho energético e ecológico, aproveitando o sol, os ventos e Plano da Cidade Masdar fonte/autor: Norman Foster @ os resíduos para a produção de energia. A sua estrutura urbana foi também pensada de forma a aproveitar a circulação das correntes de ar e de canais de água. A cidade é abastecida por uma central de dessalinização que retira o sal da água do mar, sendo esta também aproveitada para os canais de água urbanos que ajudam a criar um microclima confortável na cidade. O seu lema de zero-carbono, zero-detritos ambientais responde e ainda às políticas permite Vista aérea da futura Cidade Masdar fonte/autor: Norman Foster @ receber benesses monetárias pela sua política ambiental. A cidade contém um tecido urbano com uma área aproximada de 7 km2, amuralhado e rodeado por campos de cultivo, estando assim protegida das tempestades de areia. Terá energias uma universidade renováveis e ligada uma às indústria ligada à investigação e produção de componentes deste tipo. Vista aérea da futura Cidade Masdar fonte/autor: Norman Foster @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 61 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Junto à universidade será instalada a Utopia Masdar City Norman Foster sede da Agência Internacional para as Energias Renováveis, criada em Janeiro de 2009 por cerca de 80 países. O sistema de transporte sobre carris é feito para transporte público, acedido por terminais a menos de 200 metros de cada trajecto pedonal e todos os transportes particulares serão movidos a energias não poluentes. Masdar City – Sede da Cidade Um sistema informático integrado, com fonte/autor: Norman Foster @ painéis informativos inter-activos, permite ao utilizador fazer compras ou praticar outras acções por via informática, sem se deslocar. Os gastos por habitante serão colmatados a longo prazo através do funcionamento sustentável e renovável das suas infraestruturas urbanas, tornando a cidade economicamente pouco dispendiosa. À partida parece-nos finalmente ter surgido um conceito satisfatório utópico para uma cidade. No entanto, alguns críticos dizem que Masdar City não tem escala de cidade, tendo em conta a sua sustentabilidade passar por um número não muito elevado de habitantes; uns 50.000 «Masdarquinos» e 90.000 utilizadores casuais. O desenho excessivamente Masdar Citiy - Rua Microclimática fonte/autor: Norman Foster @ rectangular, lembrando a estrutura tipo «árvore» comentada pelo Alexander. As imagens da cidade onde só circulam figurantes jovens e bonitos são um pouco constrangedoras. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 62 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Onde entram as crianças, os velhos e Utopia Masdar City Norman Foster os deficientes nesta utopia? Na verdade não existem grandes referências sociais para a construção desta cidade. O sonho de Norman Foster de perfeição utópica parece uma versão melhorada do movimento moderno, apoiado nas novas tecnologias e no movimento de eco-cidade, preso a uma malha demasiado uniforme e artificial. Como iniciativa eco-cidade e o sustentabilidade é de conceito também. louvar de No a autoentanto pergunto: Masdar City – Cenário – Táxi público sobre carris Já que o deserto está sujeito a tempestades de acontecimentos areia e climáticos a fonte/autor: Norman Foster @ outros agressivos, como se protegerão estes equipamentos sensíveis? A cidade está protegida por muralhas, mas a zona de produção agrícola na envolvente, como vão protegê-la? Que planos detêm para a manutenção das centrais eólicas e solares visto muitas estarem implantadas desprotegidas no exterior da cidade? Produzirá alimentos e bens essenciais para o ser humano suficientes sustentável? para se Estamos intitular a falar autode necessidades básicas para o ser humano Masdar City - Espaço público fonte/autor: Norman Foster @ que não parecem estar asseguradas no projecto. As explicações no plano de Masdar City para estas questões são vagas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 63 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No entanto é descrito o recurso a Utopia Masdar City Norman Foster estudos e a implantação de técnicas de vanguarda, que procuram salvaguardar todo o ―cenário‖ e os recursos disponíveis, segundo um sistema circular de reaproveitamento, económico e ecológico. A ideia do transporte táxi-público sobre carris é oportuna, sendo os caminhos pedonais separados mas com uma forte relação circunstancial para com o transporte público. A Masdar cidade sem carros não permite grandes velocidades de deslocação, mas como tecido urbano tem uma atmosfera acolhedora e propícia Masdar City Protótipo do Táxi público à vivência no exterior. fonte/autor @ O seu desenho à escala de cidade não convence muito: foram tidos em conta os ventos e outros elementos naturais, mas a sua malha extensivamente reticulada não parece resguardar a cidade o suficiente em caso de alguma tempestade, apesar dos seus criadores afirmarem que a cidade obedece à típica forma árabe de construção das cidades da região. Dito isto, a Masdar City de Norman Foster está mais ou menos ao nível dos tratados urbanos de cidade de Vitrúvio da época do império romano de há 2000 anos atrás, assente sobre uma estrutura Masdar City – Espaço público social e económica já preestabelecida, fonte/autor: Norman Foster @ sem grandes preocupações sociais, em que o poder religioso e imperialista foi substituído pelo poder tecnológico e o pelo movimento ecológico. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 64 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Apesar da crítica há que frisar que este Utopia Masdar City Norman Foster projecto de 22 biliões de dólares só foi possível porque os seus promotores, os Emirados Árabes Unidos (EAU) não procuravam uma nova ordem social mas sim seguir a sua politica de vanguarda ao nível da construção mundial, usando a riqueza conseguida através do petróleo para a criação de oásis e maravilhas urbanas como têm feito no resto do território. Sempre à procura de realizar as maiores e melhores obras do mundo, desde aeroportos, centros comerciais, Masdar City - Espaço público hotéis, arranha-céus, ilhas artificiais, ou fonte/autor: Norman Foster @ qualquer expoente urbano, tudo tem de superar qualquer construção já existente. Tendo em conta que toda a estrutura urbana estar situada no meio de um território praticamente árido e fraco em recursos naturais, é um feito urbano notável uma opção sócio-politica arrojada, estimulando a abertura de novos caminhos a as utopias de vanguarda prestes a serem realidades. Dentro desta limitação política, este Masdar City - Espaço público sonho em vias de realização, demonstra fonte/autor: Norman Foster @ muita maturidade urbanística, que não sendo revolucionária como seria de esperar em movimentos utópicos ao nível social e político revolucionária ao é, nível pelo menos, ecológico e tecnológico. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 65 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 8.3 – Cidade Utópica Auroville – Índia – Sri Aurobindo Ashram Auroville, também conhecida por «Cidade do Amanhecer» é um projecto urbano ousado de cidade na costa sudeste da Índia, uma utopia iniciada em 1968, surgida da visão de Sri Aurobindo Ashram em Pondicherry, juntamente com a mãe de origem francesa, que desde 1920 sonhavam com uma comunidade futurista, holística, tolerante, multicultural, auto-sustentável e humanizante. O projecto foi apresentado à UNESCO em 1966 e ao Governo Indiano os quais têm apoiado a iniciativa desde então até aos dias de hoje. O projecto é comandado Plano Embrionário de Auroville - Maqueta fonte/autor: @ pela Fundação Auroville, com relativa independência sobre os poderes do Estado da Índia. Um dos objectivos da cidade é servir de centro de pesquisa comportamental mundial sobre interacção multicultural, social e auto-sustentável. Pensada inicialmente para 50.000 pessoas, detém actualmente um pouco menos que 2.000 habitantes de 44 nacionalidades diferentes e de várias etnias. Os seus habitantes seguem uma filosofia de vida dedicada ao bem-estar psico-fisico-espiritual e subsistem através de um sistema tolerante de empreendedorismo; os habitantes são Templo do centro e Maqueta do centro de Aurovile ―convidados‖ a contribuir com serviços ou fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ monetariamente e os mais necessitados são apoiados por instituições de ajuda. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 66 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A moeda de pagamento é sobretudo movimentada através de uma Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram conta bancária especialmente criada para cada residente segundo as premissas da Fundação Auroville. Por uma questão de pluralidade cultural não é permitida religião na cidade, no entanto cada cidadão é livre das suas práticas religiosas e existem infra- estruturas na cidade que são usadas para reuniões e colóquios holísticos e onde os seus habitantes são incentivados à prática Novo Plano de Auroville da meditação a favor da paz e da fonte/autor @ humanidade, onde os cidadãos se reúnem de livre vontade para criar ocasionalmente segundo um programa de salvaguarda, ―boas vibrações‖ a favor de causas mundiais, concentrando-se em casos específicos. Seguindo uma filosofia de respeito pela natureza e por uma vida saudável, toda a produção agrícola é biológica e o mais natural possível, tendo sempre como prioridade o uso de energias sustentáveis Centro de Auroville fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria e limpas. Os tribunais são evitados ao máximo, existindo um corpo de intervenção civil apoiado por pessoas ligadas à Fundação Auroville para promover o entendimento pacífico nos conflitos sociais. Também não existe propriamente polícia, sendo as questões de ordem pública resolvidas por pessoas contratadas pelas associações de moradores que por sua vez, em último caso, podem chamar a polícia estatal. Edifício Matrimandir – Pormenor – Centro Auroville fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 67 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Não se negoceia, por norma, com Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram dinheiro. Quem vem a esta cidade é convidado a movimentar o dinheiro criando uma conta segundo o controle da Fundação Auroville, tal como todos os cidadãos da ―cidade‖. No entanto o dinheiro ―vivo‖ é aceite em muitos dos locais de comércio de Auroville. Os habitantes têm acesso a bibliotecas, centros de saúde, escolas entre outros serviços que asseguram as necessidades básicas da população. Ao nível de vias, existem algumas estradas pavimentadas mas a maior parte das estradas são de terra e o melhor Esquema do Parque central Auroviile transporte público é o táxi. Todos os imóveis e terrenos da cidade fonte/autor @ pertencem à AV (Fundação Auroville), não existe portanto, direitos de propriedade, só de superfície. Auroville tem um sistema Intra-net, chamado AV-net, dentro da própria cidade, além da Internet. Apresenta algum turismo baseado na agricultura holísticas biológica de e bem-estar, nas práticas estando as poucas estalagens quase sempre cheias. A política não faz parte do governo da cidade nem os movimentos partidários; a organização interna de Auroville não tem Centro de Auroville – Vista aérea fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ uma postura hierárquica propriamente definida. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 68 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O funcionamento diário da comunidade Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram é feito principalmente por um número de grupos de trabalho abrangendo áreas como a florestação, finanças, agricultura, saúde, educação, turismo, e coordenação geral da comunidade, que operam com considerável assuntos autonomia. para tomar Os grandes decisões da comunidade são habitualmente tomados em reuniões restritas ou feitos em reunião aberta com todos os residentes, onde o modo preferido de decisão é por consenso. A Assembleia de Residentes selecciona um corpo – o comité de trabalho – a partir de seus membros para colaborar e trabalhar com o Conselho Directivo da Fundação AV, e uma segunda instância – o Conselho Executivo – para tratar de assuntos internos. Urbanisticamente falando, Auroville é constituída com um núcleo comunitário dedicado às actividades holísticas Auroville – Harmonia Natural fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ e sociais, uma periferia nascida de uma expansão direccionada para fora ainda um pouco indefinida, com zonas demarcadas para residências, industrias e cultura, e por fim, por um cinturão verde formado por explorações agrícolas e florestais. Satprem Maini Aurovilian um arquitecto francês, o director do Auroville Earth Institute, diz que Auroville representa para a Índia e para a Ásia do Sul um lugar da UNESCO em prol da arquitectura e Reciclagem da água com plantas Naturais – Auroville construção fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ das Culturas e do Desenvolvimento Sustentável. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 69 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Acontece que após 40 anos tendo em conta o seu clima Subtropical e Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram a abundância de água retirada de furos nos canais freáticos, Auroville é auto-suficiente apenas no sector do leite e em algumas frutas sazonais. Ela produz apenas 2% do total das suas necessidades de arroz e grãos, e menos de 50% do total das suas frutas e legumes requisitados. As actividades que dão algum lucro à cidade, são algum turismo e pequenas e médias empresas, que produzem e Mini-Centrais de Biogás - Auroville fonte/autor @ comercializam produtos. Auroville produz papel, bem como outros produtos muito procurados como os paus de incenso, que podem ser comprados na cidade, na própria sede em Pondicherry, e que também são vendidos para o resto da Índia e para o estrangeiro. Um terço da economia de Auroville provém do Governo da Índia, principalmente para a educação e para os projectos abrangidos pelo «Esquema de Casa bioclimática dos arquitectos Agni Jata e Ray Meeker – Auroville fonte/autor @ Desenvolvimento Auroville». Outros dinheiros provêm de ONGs e outras organizações na Índia e no estrangeiro, de doações de particulares e dos lucros conseguidos pelas actividades comerciais e turísticas de Auroville. Casa Ecológica – Aurovile Arq. Maloes e Domingo fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 70 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Portanto, estamos a falar de uma cidade utópica, localizada num Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram local produtivo com espaços verdes e acesso à praia e ao mar, com um projecto social, político, económico e ético revolucionário, com actividades culturais, sociais, entre outras ligadas à vida saudável, preocupações ecológicas e educativas; com dezenas de anos de iniciativas, mas que não passa por fim de uma ―aldeia Centro de Visitas – Auroville sonhadora‖, muito longe do seu objectivo fonte/autor @ de ser auto-sustentável. Provavelmente isso deve-se também ao seu reduzido número de habitantes de pouco menos de 2000, sendo um pouco menos de 500 habitantes menores de idade. Talvez com os 50.000 habitantes pretendidos pela Fundação Auroville e com uma estrutura urbana mais eficaz, Auroville fosse sustentabilidade capaz e de atingir prosperidade a tão desejada pelos seus fundadores. Praia – Arredores Auroville fonte/autor @ Apesar dos salários não serem muito generosos em Auroville, sabendo que 92% da população indiana vive abaixo dos níveis de pobreza, tendo em conta o seu espírito social tão generoso, não é bem claro porque este projecto, apoiado até pela UNESCO, não consegue florescer firme. O território é vasto e muitos dos caminhos são de terra, as estradas ficam enlameadas no Inverno e empoeiradas no Praticas Holísticas Verão, apercebemo-nos que Auroville vive fonte/autor: portal oficial de Auroville @ mais do seu sonho do que da concretização de um plano concreto. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 71 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na verdade o sistema viário pouco difere do resto da Índia, carece de infra- Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram estruturas e de investimentos. Os seus espaços urbanos, pelo que é dado a entender em esquemas, denotam alguma ingenuidade maquetas com um por mostrarem desenho urbano relativamente homogéneo e depois um desenho esquemático sectorial heterogéneo, divididos como ―fatias de um bolo‖, uma para Indústria, outra para residências, outra para cultura, lembrando um pouco o Modernismo. A Fundação Diagrama de Auroville fonte/autor @ Auroville e os seus arquitectos, a meu ver, criaram um esquema exageradamente viável para a urbano sectorizado, cidade e um pouco pouco desfasada das intenções das maquetas apresentadas. É evidente que não conseguiram convencer a comunidade e os investidores das mais valias de Auroville. Na verdade as suas boas práticas de cidadania e os seus esforços para a paz mundial, a sua procura de comunicar com o mundo são desconhecidas e a sua reputação abalada por casos pontuais como a existência de pedófilos em Auroville, tratados com demasiada passividade e tolerância. Auroville vive passivamente crente da sua intemporalidade e de que um dia a humanidade lhe dará o devido valor e que o investimento e os habitantes surgirão em grande escala, cumprindo pelo menos parte da sua utopia. Anfiteatro Matrimónio – centro de Auroville fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 72 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Auroville detém algumas infra- estruturas como o núcleo multifuncional Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram com o seu carácter holístico, bibliotecas, centros de saúde, restauração, turismo, tudo com iniciativas sociais e urbanas inovadoras, como por exemplo, bebedouros de água que brota ao som de musica clássica, ou reuniões de meditação colectiva a favor de uma boa causa mundial ou local. Usufruem da praia, da costa, de um bom clima, zonas férteis, cultura proeminente; recursos invejáveis para uma cidade e passível de melhoramentos. Creio que se Auroville tivesse atraído o Sala do cristal para Meditação fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ número de habitantes pretendidos, com uma organização urbana muito mais «madura», com infra-estruturas que apoiem as suas políticas, seria realmente uma cidade auto-suficiente, ecológica e revolucionária; com grande mediatismo e interesse académico. A sua organização comunitária quase anárquica e cheia de intenções sociais dignas, não é possível de ser avaliada como segura à escala de cidade e de um ponto de vista urbano de forma concreta. Índia é Edifício Matrimandir em construção – Centro Auroville – um país em pleno fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ desenvolvimento e poderá acontecer que no futuro Auroville acompanhe esse desenvolvimento e voltemos a ouvir falar com grande interesse da sua Utopia. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 73 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 8.4 - Reflexão – Duas grandes Utopias do início do nosso século A Masdar de Norman Foster e Auroville de Sri Aurobindo são talvez as duas utopias mais ousadas do séc. XIX e no entanto muito distintas, apesar da sua aceitação internacional por associações paralelas. Masdar está a nascer desafiando o deserto graças ao investimento do principie de Abu Dhabi de 22 biliões de dólares e promete ser um exemplo de cidade auto-sustentável Masdar City – 100 % Energia Renovável do futuro, baseada na tecnologia de fonte/autor: Norman Foster @ ponta, com uma base social e cultural tradicional, de carácter ecológico; enquanto que Auroville tenta nascer há dezenas de anos, num território ecologicamente e culturalmente fértil, com um investimento mais modesto e o apoio da UNESCO, do Estado e de particulares, seguindo sócio-comportamental uma filosofia revolucionária, sem política interna, sem polícia, sem religião, nem dogmas, sem dinheiro vivo nem interesses puramente economicistas. Auroviile – Centro Auroville está aberta a ricos e pobres fonte/autor: portal oficial de Auroville – Galeria @ e a todas as culturas, procurando estar na vanguarda das formas saudáveis de vida em comunidade, mas não consegue atrair os investimentos e a atenção mundial pretendida para completar a sua visão. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 74 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os seus planos urbanos são também opostos, sendo Masdar de malha Duas grandes Utopias do nosso século reticulada e os planos urbanos de Auroville em forma de círculos e de malha centrífuga e ambas com problemas urbanos pouco esclarecidos ao nível do desenho e das vias. As duas utopias misturadas quase que se equilibram para formarem um projecto ousado, no entanto são realidades muito diferentes e os seus objectivos também. Torna-se evidente a necessidade de voltar a sonhar com Utopias sociais; de Sala do Cristal – Centro Auroville – fonte: portal oficial de Auroville – Galeria – autor @ fabricar esquemas de cidade não só apelativos e atraentes do ponto de vista do investimento, mas também do ponto de vista social e revolucionário. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 75 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 9 – CONCLUSÃO FINAL O sentimento revolucionário está bem presente em todos os utopistas e movimentos urbanistas de relevo, ela é a «semente» que leva ao desejo de novas soluções, independentemente do seu sucesso, procurando mudar a cidade para melhor. Os factos demonstram a complexidade do tema cidade, de como as suas cumplicidades sociais e Pintura Revolução fonte/autor @ espaciais são impossíveis de ignorar e de alguns dos erros que teimamos em repetir ao nível do planeamento urbano. A ideia de um trabalho sobre a cidade Utópica nasceu numa viagem de estudo do mestrado de urbanismo a Paris, em 2007, onde me deparei com centenas de exemplos históricos, imperialistas e outros actuais, ligados ao desenvolvimento de utopias, em Paris e nas cidades satélite periféricas. Não expus nenhuma referência em Cidade Utópica – Paris d´en haut fonte/autor: Ingrid Webendoerfer concreto aos estudos e visitas a que tive acesso no coração de França e nem falei das suas cidades-satélite nascidas da revolução do urbanismo, pelo que, ao analisarmos, mais de longe, apercebemo-nos que as razões dos fracassos urbanos descobertos nesses locais, nomeadamente sociais, são idênticos aos problemas detectados em toda a parte do globo segundo as fórmulas usadas pelos criadores de Utopia Moderna – Nordeste – Cidade Satélite Paris fonte/autor @ cidades. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 76 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O maior problema nos esquemas Conclusão Capítulo I utópicos de Paris e das suas cidades «novas» deveu-se, resumidamente, à forma como espartilharam ou juntaram as diversas realidades, espaciais, culturais e sociais, sem ter em conta o tipo de relacionamento mais propício entre esses elementos, desconhecendo até as diferenças e incompatibilidades comportamentais dos moradores com diferentes etnias, classes e hábitos. Sinto-me de certa forma privilegiado graças à sabedoria realizados e pelos aos erros antepassados Plano Utópico Sarkozi – Paris fonte/autor: Cristian Portzampark @ utopistas e urbanistas, evitando assim os ―atentados‖ urbanos praticados nos últimos séculos. Assim novas soluções e ideias surgirão na busca utópica da perfeição, em prol de um sistema mais humano e sustentável. A sustentabilidade é uma palavra relativamente nova, no entanto, desde os primórdios que o homem procura formas viáveis e autónomas de sobreviver em comunidade. Plano Eco-cidade para Paris Reforço a ideia da cidade orgânica, mais humanizante, interactiva, colectiva, fonte/autor @ multifuncional, cooperante, arquitectónicamente libertadora, aberta à mudança e auto-sustentável. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 77 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os padrões relacionados com a escala demográfica, a Conclusão Capítulo I conjuntura bioclimática da cidade, orgânica e inorgânica, a relação espaço-tempo, a relação distância-conforto, civismo, trabalho-lazer, éticahábitos pendulares, elementos geradores de causa-efeito, entre outras coisas, que são cientificamente sólidos e analisáveis, favorecem novos modelos utópicos de cidade mais acertivos. As palavras «utopia» e «cidade» e «urbano» têm um significado primordial aqui já explicado, que não deve ser desvirtuado. Compete-me reflectir sobre como alguns urbanista, dos factores urbanos negativos actuais da cidade de Lisboa, onde nasci e onde vivi grande parte da minha vida. Obra “De Architectura” – séc. I a.C. Simetria – Proporções fonte/autor: Vitrúvio @ Vitrúvio realça a importância da influência das forças da na Natureza na cidade, nomeadamente dos ventos, mas nos dias de hoje, os ensinamentos históricos são constantemente ignorados. A estação do Oriente no Parque das Nações é um exemplo desafortunado disso. As paragens do terminal de autocarros coberto por palas enormes protegem os e elevadas, pouco utilizadores das intempéries e provocam um desconforto enorme no utente, mais agudamente no Gare Oriente – paragem de autocarros fonte/autor @ Inverno, expondo as pessoas às chuvas e correntes de ar dominantes. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 78 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A falta de soluções na marina sul do Conclusão Capítulo I parque das Nações, inactiva por estar inundada de lama, os demais equipamentos espalhados por todo o parque sem grande uso, obriga-nos a concluir que algo vai mal na construção da nossa parâmetro urbe, estético que do privilegia o modelo e olvidando os demais, como o conforto e a funcionalidade, ensinamentos indiferentes dos urbanistas aos de cidades da antiguidade. As praças também têm sofrido também com esta postura urbana. Usar como desculpa a insegurança social, os Parque das Nações - Lisboa fonte/autor @ centros comerciais e a Internet pela falta de vivencia nas praças é, a meu ver, consequência da falta de procura de soluções urbanas. Ao contrário dos espanhóis que convivem mais nas praças, somos um povo que convive mais nas ruas, mas este facto não justifica o seu abandono. Aliás, há alguns anos atrás fazia parte das nossas tradições o convívio nas praças. Porque não criar na praça e na sua envolvente actividades e equipamentos que a complementem, até mesmo os próprios centros comerciais? Ou simplesmente por que não lhe damos Praça do Comercio - Lisboa um significado imprescindível para a fonte/autor @ cidade, sinónimo de liberdades para o cidadão, onde, sem burocracias, as pessoas pudessem expor os seus produtos, as suas reivindicações sociais e as suas artes?! Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 79 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cerdá no séc. XIX alertou para os Conclusão Capítulo I problemas das cidades, das sociedades e das próprias nações. Estes deviam-se à forma «ignorante» como os assuntos urbanos eram tratados, politicamente e academicamente, concretos capazes nem de harmonia sem estudos acções urbanas manter entre a complexa os elementos fundamentais da cidade. A necessidade flagrante de criar e manter uma disciplina científica capaz de resolver a grande lacuna na Brasília – Arquitectura Moderna dos anos 60 fonte/autor: A. Mier, portal de turismo de Brasília @ governação do território vai crescendo com o desenvolvimento urbano. Cerdá apela ao conteúdo dos termos urbanísticos e comenta a origem da "urbs" como sendo a síncope de ―urbum‖ ou arado, instrumento usado pelos romanos para marcar a zona de um povoamento, quando da sua fundação. Implica então que a ―urbe‖ representa tudo compreendido circunscrito aquilo dentro pelo que do sulco está espaço Vista aérea do plano Urbano de Barcelona fonte/autor: Cerda @ perímetral, aberto com o ―urbum‖, com o auxílio dos bois sagrados. É que este acto transforma um território livre numa urbanização. Define ainda o urbanismo como um conjunto de princípios ordenadores de todo um agrupamento de edifícios, que permitam uma vida cómoda aos seus moradores e prestar Eco-cidade – Rioja - Espanha fonte/autor @ entre si serviços recíprocos para o bemestar comum. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 80 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O urbanista será sempre um «educador» do cidadão em direcção ao Conclusão Capítulo I seu sucesso pessoal e colectivo; deve estar próximo e consciente das realidades em que trabalha e de ser um lutador incansável por políticas realmente sociais. As academias iluministas» da dos urbe «semi-deuses da antiguidade, usando o sentido mítico e antropomórfico da cidade, comprometiam-se de «corpo e alma» com o seu papel e eram ouvidos como conselheiros e criadores urbanos Habitat Housing – Expo. Montreal -1967 fonte/autor: Moshe Safdie @ pelos governantes. O exercício do urbanismo coabita actualmente com os interesses políticos e económicos que recambiam o urbanista para segundo plano nas decisões finais a tomar para com a sociedade. Não apregoo o estatuto de «semideuses» aos urbanistas. É fundamental sermos humildes para aprender a reconstruir as nossas cidades, até mesmo para construir cidades novas, e essa humildade tem que ser igualitária em Alegoria – Casas Habitadas fonte/autor @ relação aos mandatários e representantes do povo. Implica contudo mudar todo o padrão pré-instituído da nossa sociedade. Atingimos um nível de transformação do espaço urbano e de desenvolvimento tecnológico, nunca antes visto à face da terra, que já justificava o surgimento de cidades com padrões de vivência urbana realmente satisfatórios, sem stress. Monumento religioso Grego no Monte Olimpo – Arquitectura Antropomórfica fonte/autor: portal nocas.sapo.história @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 81 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os planos urbanos das cidades Conclusão Capítulo I utópicas fracassaram no geral na tentativa de se superiorizarem aos parâmetros de desenvolvimento e qualidade de vida encontrados nas cidades tradicionais e até mesmo em algumas comunidades de escala mais pequena. Ao olharmos bem para o que se passa na nossa sociedade em todo o mundo, e nos nossos problemas intemporais de vivência em comunidade por resolver, apercebemo-nos desenvolver completas, que precisamos Utopias que Urbanas realmente de mais possam Projecto para uma estrutura Metabólica – Exposição Montreal 1967 fonte/autor: Yona Friedman @ melhorar a nossa vivência no planeta, correndo o risco revolucionário do erro, mas sem o qual não evoluiremos para melhor, numa direcção «iluminada». No princípio ficamos surpreendidos pelas maravilhas Utópicas dos grandes idealistas. Pessoalmente achei o século XX realmente inspirador principalmente no que toca às cidades Metabólicas, mas a idealização de mega-estruturas urbanas capazes de implantar uma sociedade numa «floresta suportada urbana» por gigante, «mega-andaimes», «alvéolos» gigantes modulares, ignoraram, e «mega-legos» infelizmente, a relação do homem com o território. Os ―metabolismos‖ urbanos acabam por ter mais sentido como formas de colonização extra-planetária; mas no nosso território Alegoria ao desenvolvimento do Metabolismo Urbano – fonte original: Leader e Leader nº7; ed. Winter – fonte: blog do Luti @ tão rico em recursos, separar o homem da biosfera de forma tão rígida, não é um «divórcio sustentável». Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 82 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O Modernismo e as vanguardistas, rigidamente nesta também análise, complexidade urbana e soluções Conclusão Capítulo I criticadas ignoraram a a harmonia «tradicional» das vivências sociais. Nos últimos tempos os aspectos urbanos foram repensados, graças a críticos como C. Alexander que analisaram a sua estrutura e com a consciencialização da conservação da Biosfera. As Utopias do início do nosso século são muito mais racionais e habitáveis; o futuro promete, embora com menos ousadia projectual e social, bons resultados urbanos. Ficou claro que a urbe depende da A Cidade harmonia social, «semi-reticulada», de fonte/autor @ uma boa gestão dos recursos, da água, da atmosfera, do sol, dos elementos da terra, uma visão de cidade que tanto pode ser mística, segundo os quatro elementos sagrados da «Alquimia», como lógica, já que necessitamos desses recursos para sobreviver, responsáveis pela auto- subsistência e conforto da comunidade. Acrescento, em conformidade com o significado de cidade, que esta depende não só de uma boa gestão a todos os níveis, mas também do factor criativo e cultural. Nesta análise histórica encontro uma série de desenvolvimento indicações, da para minha o Utopia, obrigando-me a criar para o capítulo seguinte uma postura revolucionária e crítica sobre as questões urbanas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 83 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 10 – Tópicos Finais a favor da cidade Utópica 1- Sistema cooperante, economicamente sustentável, incentivando as pessoas a viverem socialmente unidas, ajudando-se mutuamente, em função da defesa, da produção, do conforto e da felicidade pessoal e da comunidade. 2 - A visão utópica é um modelo revolucionário de cidade, alternativo aos sistemas urbanos pré-estabelecidos. A sua visão além de representar uma meta social a atingir é também uma crítica à sociedade actual. 3 – Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu tecido e a sua sociedade, valorizando todos os elementos de forma integradora, dando o mesmo valor arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das classes. 4 - Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza planetária e cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia frágil, entre si e o mundo. 5 - Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho urbano de forma coerente e realizável. 6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as forças modais implantadas na sociedade, de forma a responder cientificamente ao seu objectivo e desprender-se dos vários condicionalismos e dogmas sociais, culturais, económicos, políticos e industriais, entre outros. 7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar resposta às necessidades sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante, a qual só funciona segundo uma estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades existentes e pretendidas na urbe. 8 – As Utopias urbanas convincentes são as que se baseiam em sistemas sustentáveis, bioclimáticos, tecnológicos, capazes de se adaptar às várias realidades e transformações climatéricas, políticas e sociais, entre outras, internas e externas ao meio. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 84 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima II CAPÍTULO – Cidade Utópica – Tríade Utopia 1- Introdução – Cidade Utópica – Tríade Utopia As cidades do nosso século encontram-se numa situação privilegiada na história. Os inúmeros meios ao nosso dispor, energéticos, tecnológicos e serviços, entre outros, fazem cada vez mais da cidade o local preferido da humanidade para viver. Os maiores problemas urbanos do século XXI desordenado são e a o crescimento desumanização. O grande desafio dos utopistas urbanos não mudou muito na verdade ao longo dos tempos tendo em conta este grau de desumanização citadino, mostrando que as nossas soluções contemporâneas Titulo – Bairro Moderno fonte/autor @ continuam a ser insuficientes, apesar de todo o desenvolvimento e transformações dos últimos séculos, nunca antes vistos. Dando seguimento ao capítulo I da tese e sua conclusão final, e dado a urgência actual em encontrar modelos urbanos mais humanizadores, lanço aqui as bases científicas para a estrutura da cidade Utópica, as quais dividirei em três campos, subtilmente ligados entre si: a base Sócio-Política; a base Psico- Desequilíbrios Urbanos – “Paraisopolis” fonte/autor @ Energética e a base Bio-Tecnológica. Passo a explicar as razões para esta triangulação de factores, que considero essencial para a estrutura da urbe. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 85 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A base Sócio-Política é logicamente Introdução II Capítulo Bases Utópicas responsável pela organização e gestão da comunidade, a qual deverá permitir a todos os cidadãos aceder positivamente aos direitos e deveres como seres humanos e criar condições para uma sociedade saudável e desenvolvida. A base Psico-Energética consiste na criação de cientificamente soluções urbanas desenvolvidas segundo padrões psico-energéticos propícios ao bom funcionamento (atómico) da cidade, Revolução 25 Abril Estudantes fonte/autor @ (toda ou qualquer partícula e corrente de pensamento), transmissoras de influências saudáveis para a sociedade e o ecossistema. A base Bio-Tecnológica consiste na implantação de objectivos e de soluções tecnológicas eficientes e auto- sustentáveis, bioclimáticas, inovadoras, economicamente viáveis e compatíveis Amanzin Bean – Design Urbano com a visão pretendida para a cidade, fonte/autor @ englobando todas as áreas de influência urbana, (vias, esgotos, transportes, energia, etc.). Todas estas bases deverão sobreporse de forma harmoniosa formando uma estrutura capaz de semi-reticulada responder aos equilibrada, objectivos propostos. Se alguma destas bases não encaixar nas outras, se falhar nos seus propósitos não respondendo na realidade à visão pretendida, o mais certo é gerarmos um organismo urbano ―doente‖, incapaz de corresponder à sua ideiaconceito em pleno. Arquitectura e Engenharia da Cidade fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 86 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Sem uma estrutura Sócio-Politica justa e humana, independentemente Introdução II Capítulo Bases Utópicas da surgirão, As soluções propostas para as bases poderes da cidade surgem de uma visão pessoal governamentais e todo o tipo de conflitos agregada a alguns pensadores utópicos e sociais. a estudos científicos. O mundo da Utopia estrutura crime, urbana, injustiças descrédito pelos Sem uma estrutura urbana Psico- não se esgota nas soluções propostas, Energética que reflicta bons ideais e acompanhadas por algumas reflexões e ambientes saudáveis na urbe, as pessoas críticas terão dificuldade em encontrar conforto contemporâneas, elas são uma procura sensorial e psíquico nos seus espaços e contínua de perfeição, e por conseguinte estruturas, desvalorizando-os, afastando- os resultados do meu trabalho poderão se, dar origem a muitas outras soluções e revoltando-se, deprimindo-se e acabam por ficar mais vulneráveis aos às cidades e comunidades visões não expostas no decorrer da tese. conflitos, às doenças, aos problemas sociais e económicos. Sem uma estrutura Bio-Tecnológica coerente e sustentável, os cidadãos não farão bom uso dos seus recursos, com danos económicos e sociais evidentes, tanto para a sociedade como para o planeta. Seria interessante formar um quadro de estudo com estes factores em cidades existentes e perceber afinal o que lhes falta para se tornarem uma cidade a caminho da cidade ideal, «do paraíso urbano». Este capítulo não é só como uma forma de gerar directrizes para uma cidade utópica «ideal», mas também como uma crítica aberta às cidades de hoje, convidando as consciências à reflexão, ao debate, à descoberta de novas soluções. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 87 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2 - BASE SÓCIO-POLÍTICA 2.1 - Introdução Qualquer sistema sócio-político para funcionar de forma sustentável e estável comunidade seja democrática, ela «saudável», dentro de monárquica, da natureza ditatorial, imperialista, anárquica ou outra qualquer, passa no meu entender por zelar de forma integra pelos interesses do colectivo e das gerações futuras, mantendo-os acima dos interesses de particulares e acima de qualquer grupo específico, seja ele económico, religioso, político ou cultural. As comunidades que demonstram melhor equilíbrio económico e bem-estar Planeta Terra fonte/autor: Almanaque de praticas Sustentáveis Thomas Enlazanor @ social são as que melhor respondem a esta premissa. A existência de várias forças particulares e grupos de influência pode ser saudável e comum a qualquer povoamento, desde que o interesse do colectivo seja integralmente respeitado. As diferentes ambições de cada ser humano, de cada um para com o colectivo e para consigo próprio, partindo da já famosa pirâmide de Maslow sobre as necessidades do Homem e do estudo e implantação de formas saudáveis de vida, seria até simples, visto existir já muita matéria e intemporais, soluções, sobre algumas como viver quase feliz, Pirâmide de Maslow fonte/Autor: Instituto Akatu Paulo Viera de Casto @ saudável, em grupo, em paz. O que se passa na realidade é que as premissas andam trocadas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 88 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A balança tende muitas vezes para o Introdução base Sócio-Política lado dos interesses particulares que estão mais interessados em explorar com base no lucro do que em respeitar os interesses da comunidade. Existe ainda outra agravante que talvez merecesse ser mais estudada, é o facto da grande parte das pessoas na realidade não saber viver em comunidade, isto é, criam conflitos e comportamentos que destroem a unidade e o bem-estar colectivo. A segunda questão talvez seja mais difícil de contornar do que a primeira por incrível que pareça, depende da cultura e da educação de cada um, um legado intemporal e extremamente influente no Alegoria – Globalização fonte/autor @ colectivo, responsável pela «praxis» da população das cidades, criando assim os «cidadãos do futuro». Os problemas basilares da política sócio-económica actual das nossas comunidades espalharam-se por todo o mundo, ocupação graças à territorial descartando globalização do as planeta. vantagens e à Não da globalização, os seus efeitos negativos são sobejamente preocupantes. A sociedade contemporânea usa como referência a política global comandada subtilmente pelos grupos económicos, através de um sistema político com base na competição, que proclamam as directrizes comunitárias e os padrões construtivos das cidades. Esta política Produção de Lixo fonte/autor: Almanaque de práticas Sustentáveis Thomas Enlazanor @ está longe de ser sustentável. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 89 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.2.1- Análise de Patologias Sócio-Económicas do Sistema Global A primeira patologia encontra-se na organização social, muito dependente do mediatismo, sociedade materialismo, de individualista, consumo, virada para numa competitiva, estímulos externos ao individuo e pouco dada aos estímulos internos, acabando por gerar insatisfação, dando lugar, quanto muito, a um estado de ataraxia em alguns cidadãos e não um estado de felicidade sólido, vindo do interior de cada ser humano. Segundo uma pesquisa do Governo nos EUA, 3 milhões de adolescentes entre Esquema Social fonte/autor @ 14 e 17 anos pensou em se suicidar no ano 2000 e um terço deles de facto tentou. O número de homicídios causados por adolescentes triplicou nas duas últimas décadas e a idade mais comum dos criminosos violentos nos EUA caiu recentemente da faixa dos 26 aos 29 para os 17 anos. Segundo as estatísticas, os jovens do país mais rico do planeta são os mais problemáticos, deprimidos e violentos do mundo. Os recursos humanos são agora mais valorizados, embora mais preocupados com a produtividade. Surgem melhorias sociais para trabalhadores e estudantes, Crianças da Favela – Brasil mas no geral a sociedade vive sob stress; fonte/autor @ num clima de instabilidade gerado pelo modo de vida instalado e alimentado pelas políticas capitalistas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 90 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A segunda patologia vem na sequência da primeira, que resulta da falta de Ética e Patologias Sociais Económicas e Políticas – Sist. Contemporâneo Justiça Social. Uma sociedade sem um bom sentido de ética e justiça criará sempre insatisfação social, revoluções e guerras, sendo historicamente o último estágio reconhecido como o comparar os colapso de todas as civilizações. Facilmente podemos parâmetros éticos, de um povo ou cidade, com os resultados ao nível da criminalidade e da insatisfação pessoal desses povos e reparamos que nas civilizações com forte sentido ético os conflitos sociais são muito menores. Os principais países condutores da sócio-economia mundial, impondo o modelo global neo-liberal, têm alimentado como primeiro objectivo a riqueza e poder, em vez dos valores éticos, fomentando Enfrentar a Sociedade fonte/autor @ desta forma a avaliação da qualidade de vida dos monetários. países segundo valores Estes mesmos países, nomeadamente os Estados Unidos, estão a caminho do último estágio, mergulhados numa crescente insegurança social, cultura cívica e ética frágil, justiça pesada sem respeito pelos direitos fundamentais do ser humano. “A menos que haja uma mudança na mente humana, nenhuma solução permanente para qualquer problema será encontrada. Através de pressões circunstanciais, podemos disciplinar as pessoas imorais, os exploradores e os elementos anti-sociais, mas esta não seria uma solução permanente. Simultaneamente ao esforço colectivo para atingir esses objectivos, teremos que nos esforçar para fazer brotar pensamentos benevolentes na mente humana, de forma que as pessoas sejam encorajadas a seguir o caminho da rectidão, integrando o seu intelecto e o seu espírito de benevolência…, … Ambos os métodos são necessários: um é temporário e o outro permanente” (P.R. Sarkar) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 91 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A terceira patologia deste sistema é visivelmente a equilibrada falta dos de uma recursos da gestão Patologias Sociais Económicas e Políticas – Sist. Contemporâneo terra, problema fomentado pelo facto da maior parte destes recursos estarem nas mãos de particulares latifundiários com grande influência política. Na questão da propriedade, nos EUA por exemplo, menos de 3% da população possui 95% das terras privadas e na GrãBretanha 2% dos ricos possuem 74% da terra. Uma pesquisa da Organização das nações Unidas em 83 países mostrou que menos de 5% dos proprietários rurais controlam 75% da Terra. O uso da terra da grande parte destes particulares Alegoria – A força dos Lobbies fonte/autor @ baseia-se na recursos, sem ecossistema exploração grande nem dos respeito pela seus pelo variedade orgânica, acabando com várias espécies de animais e plantas com propriedades benéficas para a humanidade e para o planeta, espécies irrecuperáveis, muitas que ainda não foram catalogadas e estudadas. Alegoria – Globalização Fonte/autor: Porto IX Cartoon World Festival @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 92 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A quarta patologia habita no sistema industrial capitalista, baseado na utilização de produtos duração, descartáveis com critérios de Patologias Sociais Económicas e Politicas Sist. Contemporâneo curta basicamente lucrativos, criando elos de dependência consumista, pondo o próprio consumidor e o ecossistema em segundo plano. Paul Hawken, um engenheiro de renome, escreveu num dos seus livros, segundo um estudo da Academia Nacional de Engenharia, que na indústria dos Estados Unidos, grande parte dos materiais utilizados na produção se Desperdícios poluentes fonte/autor @ tornam lixo até que o produto final esteja pronto. Dos produtos acabados, após a sua fabricação, 80% tornam-se lixo nos primeiros 6 meses. Resumindo, numa perspectiva ambiental, o sistema é menos 1% eficiente; se fossem incluídas a poluição e as consequências do lixo, talvez esse número fosse negativo. Como solução propõe o chamado «capitalismo natural», capaz de gerar mais produtividade, numa indústria organizada a partir de modelos biológicos com zero de desperdício. A reciclagem vai ganhando terreno nas nossas comunidades tecnologias que e existem permitem o desenvolvimento de soluções ambientais com recurso a energias renováveis e motores amigos do ambiente, capazes de substituir o recurso aos carros, barcos e Consumo Industrial aviões a combustíveis fosseis poluentes, fonte/autor: pintura de Boligan @ tão apadrinhados pela economia capitalista. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 93 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No entanto a política internacional comandada pelas superpotências é no Cidade Utópica – Cidade UT Patologias Sociais Económicas e Políticas - Sist. Contemporâneo mínimo incompreensível, pois as mesmas que defendem e proclamam políticas ambientais e o uso de energias limpas, são as que menos cumprem as políticas proclamadas e é onde estão afiliadas as empresas exploradoras responsáveis pelos atentados à biodiversidade. A quinta patologia está no sistema monetário baseado na inflação e na bolsa de valores. O papel da moeda foi subvertido pela banca mundial, que é a única a lucrar com a instabilidade monetária dos países, obrigando-os ao Alegoria – Poder Multinacional fonte/autor @ pagamento de juros dos empréstimos que a banca ―virtualmente‖ oferece. A moeda de troca fora inventada para proporcionar estabilidade nas trocas comerciais, um valor fixo com o qual as comunidades geriam as suas riquezas. No sistema actual a economia ―empobrece‖ a cada dia que passa, porque o dinheiro tende a desvalorizar, e por mais que circule, alguém acaba por ficar mais pobre. Poderia acrescentar mais patologias, penso porém ter tocado nas principais fraquezas das políticas globais, incidindo mais sobre os Estados Unidos da América por ser uma super-potência de referência ao nível mundial a qual deveria servir de modelo para o resto do Mundo. Democracia Capitalista fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 94 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Vivemos infelizmente dentro de um sistema obscuro demais para conseguir Patologias Sociais Económicas e Políticas – Sist. Contemporâneo analisá-lo afincadamente. Chegamos a um ponto em que muita da informação sobre a realidade actual carece de credibilidade, nem sequer as informações científicas, tal como a política, estão livres do mediatismo, pois os relatórios científicos divergem por vezes de forma contraditória, tornando difícil distinguir a verdadeira realidade em que vivemos daquela que nos querem vender todos os dias. Poder-se-á entender que tanta informação e contra-informação também é Metropolis – 1924 – escravidão social Filme/autor: Fritz Lang @ uma patologia. Foto – Globalização Tecnológica fonte/autor: Jornal de Sun @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 95 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.2.2 - Conclusão sobre o sistema sócio-político global A actual política externa internacional, que tanto desenvolvimento produziu, não trouxe benefícios para muitos, culminando nos dias de hoje numa situação planetária precária sem precedentes, com 2 terços da humanidade a viver abaixo da linha de pobreza, a biodiversidade e os recursos do planeta ameaçados, instabilidade social e por vezes desumana, conflitos entre pessoas e comunidades de várias ordens. O sistema político-económico global, em suma, é declarado, como um grande sucesso, quando o é só para alguns Alegoria – Insustentabilidade fonte/autor @ privilegiados que o promovem e segundo um conceito pouco ético. “Não devemos esquecer-nos, nem por um só momento, de que este mundo, repleto de seres vivos, é uma grande família… Como pode haver qualquer justificativo para a existência de um sistema no qual alguns esbanjam riqueza enquanto outros, desprovidos do alimento mínimo, agonizam e morrem de fome a pouco e pouco?”. (Prabhat Ranjan Sarkar) P. R. Sarkar que foi um dos impulsionadores da consciência pró-activa social neo-humanista e lutador contra o Bairro Pobre eminente descarrilamento deste enorme fonte/autor @ comboio capitalista e seu colapso social, criou em prol de uma sociedade melhor um modelo sócio-politico auto-sustentável ao qual chamou PROUT. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 96 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3- Sistema Sócio-político de PROUT 2.3.1 - Alternativa PROUT ao Capitalismo – teoria da utilização PROUT é um modelo macroeconómico integrado. Um sistema social com base na filosofia neo-humanista ―para o bem-estar e felicidade de todos‖, desenvolvida por Prabhat Ranjan Sarkar e visa a transformação gradual do ser humano através de uma sócio-economia solidária. São estas as razões pelas quais resolvi implantá-lo na base sócio-política com as adaptações necessárias. Prabhat Ranjan Sarkar nasceu em 1921 e morreu em 1990, em Jamalpur, Logótipo – PROUT fonte/autor: portal oficial - Ananda Marga Fundacion @ Índia, numa família respeitável, baseada em profundas tradições, espirituais e de liderança comunitária. Praticante da antiga ciência de meditação tântrica (ciência da vida e da felicidade), filósofo, revolucionário, líder activo de movimentos activistas a favor das igualdades de direitos na Índia, (de forma similar a Ghandi). Em 1959 Utilização (Progressive elaborou Progressiva Utilizacion a Teoria ou de PROUT Theory). Um modelo de reorganização da sociedade e economia, visando o bem-estar de todos. Desenvolvimento socio-económico através da enfatização das qualidades do Recebido pelo povo depois de ser libertado da prisão Filósofo e Líder Activista Prabhat Ranjan Sarkar fonte/autor @ ser humano, tais como o altruísmo, cooperação, solidariedade, tolerância racial e cultural. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 97 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Neo-humanismo, segundo P. R. Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo Sarkar, é uma corrente de pensamento que acredita no desenvolvimento psíquico, físico e espiritual do ser humano, em harmonia com a estrutura atómica e energética do cosmos e da super- inteligência geradora de todas as coisas. O ser humano faz parte consciente desta estrutura e por consequência, é cúmplice desta vasta comunidade de seres e partículas em mútua interacção. O conceito não é novo, o homem sempre desenvolveu uma nostálgica relação com a Natureza e o Universo em Marcha pacifica pelos direitos do povo Indiano todas as culturas e crenças, conceitos que Gandhi – Líder Pacifista agora a ciência redesenha de forma fonte/autor @ lógica. Agora, a ciência tem vindo ao encontro deste conceito universal, mudando a maneira de como vemos o mundo, dando bases para rotular esta corrente de pensamento mais benevolente e realista, o Neo-humanismo. Desde 1920, quando o mundo científico foi revolucionado pelas descobertas de Einstein e seus contemporâneos, surgiu uma convergência de opiniões sobre a realidade entre os físicos que estudavam a física quântica, a relatividade e a mecânica quântica e as Ideias a respeito das conexões misteriosas entre o universo e a sua diversidade cósmica, das quais falarei melhor na segunda parte da tese. Promoção das Igualdades entre Culturas fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 98 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O Neo-humanismo representa o Alternativa PROUT ao Neo-Capitalismo processo de expansão do sentimento de um estado de interesse individual ou territorial, para um sentimento de empatia O Neo-humanista tem consciência da e identificação, cada vez maior, com toda humanidade como um todo, consciente do a humanidade e espaço envolvente. dever e da responsabilidade de utilizar, Partindo da necessidades do das distribuir, de modo justo, os recursos do numa mundo, visando o bem-estar de todos e satisfação ser humano de do ecossistema planetário. O conceito de Maslow, promovendo a auto-realização «herança cósmica» implica repercussões seguida do nível transpessoal. ancoradas na integridade do ser humano, perspectiva idêntica à pirâmide Vivemos num mundo segundo uma filosofia de vida muito egocêntrica, que premeia sentimentos nacionalistas, territoriais e com materiais, ao nível do uso de propriedade e dos recursos de forma sustentável. pouca tolerância às diferenças, quer sejam elas religiosas, culturais ou físicas, na procura externa e não interna pela felicidade. Esta atitude alimenta discrepâncias sociais e de valorização do individuo, gerando uma sociedade instável e pouco sustentável. Portanto, poder-se-á evolução piramidal dizer das que na necessidades humanas para o nível transpessoal a humanidade estagnou, dando origem aos problemas actuais que ela atravessa. A proposta de PROUT está sendo vivenciada, actualmente, sobre uma multidiversidade de formas e nomes, por milhões de pessoas e comunidades no Física Quântica – Estrutura X – Leis Universais mundo inteiro. A sua visão utópica já é fonte/autor @ uma realidade em muitas comunidades, e num número cada vez mais crescente de activistas que vivem preocupados com a resolução dos problemas da humanidade contemporânea. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 99 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 2.3.2 - Politica Sócio-Económica de PROUT - Optimização dos recursos planetários e humanos ao nível físico, psíquico e espiritual segundo uma ética de preservação do ambiente e bem-estar das pessoas. - Consequentemente, educar e desenvolver as potencialidades físicas, psíquicas e espirituais do indivíduo e do colectivo, valorizando-o e criando as condições para uma sociedade saudável. O método deve ser aplicado de forma dinâmica, voluntária e de natureza progressiva, tendo em conta a região e a cultura das pessoas. - Optimização dos sectores essenciais da comunidade através do sistema de cooperativas autónomas, apoiadas pelo governo. - Ser auto-suficiente na medida do possível, favorável a um forte espírito de cooperação sócio-económica. A uma escala maior temos uma unidade sócio-económica estável, subdividida em blocos, sujeitos a uma gestão transparente, comunitária e autónoma, ligados através da cooperação de todos. - A liberdade económica deve ser um direito ―inato‖ de todo o indivíduo. - Na democracia sócio-económica, cabe à população local a tomada de decisões sobre a produção e distribuição de mercadorias, baseadas nas necessidades colectivas. - Os produtos, matérias-primas, a produção agrícola e outros recursos de uma determinada região, devem ser processados e refinados nas proximidades do local de origem, tornando o sistema mais eficaz e eficiente. - Ninguém deve interferir negativamente na economia local. Sendo as propriedades e lucros cedidos a estrangeiros, equacionados e só aceites caso contribuam sustentadamente para a comunidade local. - Os produtos excedentes devem ser armazenados tendo em conta as épocas menos produtivas e possíveis situações de crise. - Os bens essenciais (recursos energéticos inclusive), não devem oscilar de preço, acompanhando favoravelmente o desenvolvimento da economia. - Nenhum produto será considerado ilegal, as pessoas e produtores de produtos e bens deverão responder perante a comunidade por possíveis danos causados e a sua actividade dependerá da aceitação democrática do povo. - Quando toda a comunidade gozar de paridade económica, o comércio e as trocas poderão então ser libertados, caso existam garantias de estabilidade. Este sistema de economia sustentada permite a criação de pequenas cidades rurais, evitando a desertificação do interior, oferecendo um controlo mais rigoroso sobre os recursos do território, melhorando a qualidade de vida das populações e resolvendo o problema do sobrepovoamento no litoral. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 100 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.3 - Politica Económica e Salarial de PROUT - A riqueza excedente deve ser distribuída pelas pessoas segundo o seu Factores de sucesso no trabalho (Esquema exemplificador para os Recursos Humanos – Produtividade) Mark L. Friedman, professor de economia da mérito, na forma de incentivos, melhores universidade do Estado de Minnesota dos EUA, criou uma salários fórmula, identificando oito factores que motivam o trabalhador e benefícios para o seu a ser produtivo. A fórmula vai ao encontro das expectativas desenvolvimento profissional e social. proutistas. - O acesso aos recursos físicos e a acumulação de riqueza não deve Pr = f (H, P, Ed, Ex, At, CF, CS, IM) Pr representa a produtividade: H é Habilidade individual. Friedman pressupõe que prejudicar o colectivo. O colectivo terá existem diferenças entre as habilidades e os talentos inatos de assim permissão para decidir sobre a cada um. acumulação de riqueza e de bens na defesa deste direito. P representa a personalidade, incluindo a capacidade individual, a maturidade, o trabalho ético e a saúde psíquica. Ed significa Educação. - O salário mínimo deve responder a Ex é a experiência no trabalho. At representa o ambiente de trabalho, que inclui muitos todas as pessoa, necessidades incluindo essenciais e uma bens básicas e da componentes. Por exemplo, o trabalho e a organização serviços satisfazem o indivíduo? É um trabalho solitário, que alguns percentagem para aquisição de habitação. salário máximo e a acumulação de para melhor técnicas ou literárias? Objectivos significativos fazem parte do trabalho? O supervisor e os colegas de trabalho são justos e - Deverá existir um tecto máximo para o fortuna, preferem, ou envolve uma interacção social? Utiliza habilidades distribuição da riqueza. Alguns economistas proutistas cooperativos? CF significa crescimento futuro, o potencial percebido pelo trabalhador para crescer e aprender no presente trabalho. Isso aumenta a auto-estima. Aumenta a satisfação no trabalho e a motivação. CS Representa a cultura de ser, o grau em cada trabalho e são da opinião de que o salário máximo o auto-sacrifício são encorajados na cultura. Se o objectivo não deverá exceder 10 vezes o salário organizacional for nobre, a pessoa ficará inspirada a realizar um mínimo. Não existem, no entanto, valores serviço ético, despenderá um esforço maior para alcançar o seu concretos, podendo variar conforme a realidade de cada povo. objectivo, sem expectativas de recompensa pessoal. IM representa o incentivo material Todas as variáveis interagem entre si. Por exemplo, aqueles com habilidades mais desenvolvidas tendem a buscar aprimoramento educacional, mais educação pode aumentar as habilidades. A experiência reforçará os benefícios da educação e aumentará as habilidades. A fórmula assegura que o incentivo material ou salarial do trabalhador é apenas um entre oito importantes factores que motivam o indivíduo a ser produtivo, e que, por conseguinte, ele não deve ser estimado além da sua real capacidade. (Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 101 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 2.3.4 - O Sistema Monetário e de trocas Comerciais de PROUT A troca bilateral de produtos e serviços, ―escambo‖ ou‖permuta‖, é a melhor forma de comércio entre comunidades diferentes, ambas podem trocar os seus excedentes sem estarem dependentes do valor das moedas fortes. PROUT defende a moeda local, baseando-se em acontecimentos históricos e actuais que provam a sua eficácia. O dinheiro facilita a actividade económica de uma comunidade e quanto mais circular maior será o número de pessoas beneficiadas. Exemplo de sucesso com base na história “Cidade de Worgl, Áustria, 1931… A cidade, bem como toda a Europa e a América do Norte, estavam sofrendo com a depressão económica da época. O índice de desemprego era altíssimo, estradas e pontes por reabilitar e cofres públicos vazios porque as pessoas não podiam pagar os impostos. O burgomaster “governante local”, percebendo que o problema era a falta de dinheiro, decidiu emitir “certificados de trabalho”, numerados, apoiados por uma reserva da moeda austríaca do banco local. Quase de imediato a economia da cidade reagiu, em dois anos Worgl tornouse na cidade mais próspera da Áustria. Tão bem sucedido foi o esquema que mais 300 outras cidades começaram a emitir as suas próprias moedas locais. Naquele ponto, o Banco Nacional Austríaco, vendo o monopólio em risco, forçou o governo a prescrever todas as moedas locais. Hoje em dia existem vários sistemas de moeda de troca em forma de crédito, estimulando a economia de muitas comunidades pelo mundo fora, menos expostas à inflação das moedas. Para PROUT, logicamente a moeda deve ter um valor estável, devendo para isso depender simplesmente dos cofres do estado e da economia local, gerando uma inflação controlada, economia estável com benefícios sociais claros”. (Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal) Moeda local – Worgl – 1930/31 fonte/autor @ Moeda local – Worgl – 1930/31 fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 102 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.5 - Sistema tributário de PROUT - Objectivo, atingir um sistema de impostos o mais justo, transparente, simples e racional possível. - A renda das pessoas é um bem adquirido, não justifica ser taxado. - O imposto deve ser recolhido na fase de produção e prestação de serviços. - Os artigos importados deveriam ser taxados no momento da importação cabendo ao importador pagar o imposto. - Logicamente, os artigos de luxo Alegoria – Impostos fonte/autor @ deverão ser tributados com quotas altas. - Os impostos serão cobrados de forma simples, transparente, com publicação dos resultados e organismo de controlados gestão e por um investigação comunitário, evitando gastos burocráticos e sobretaxas complexas, promovendo deste modo a credibilidade governamental. - A taxação deve ser feita sobre o valor dos terrenos em vez de ser feita sobre o edificado. (Hoje em dia o imposto sobre a propriedade urbana aumenta quando um edifício é construído ou reformado, este sistema é um desincentivo às reformas, e facilita a existência de propriedades devolutas). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 103 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.6 - Sistema de Cooperativas de PROUT A Aliança Internacional de Cooperativas define cooperativa como: ―Uma cooperativa é uma associação autónoma de pessoas, unidas voluntariamente em busca de aspirações e necessidades económicas, sociais e culturais comuns, empresa através constituída e de uma controlada conjuntamente e democraticamente‖. As cooperativas apresentam uma grande vantagem sobre as empresas públicas e privadas devido ao interesse pessoal acrescido, dos seus membros, no seu sucesso, já que também Alegoria – Cooperativismo fonte/autor @ são proprietários da mesma. Regras básicas para o sistema de cooperativas: - Apenas quem trabalha numa cooperativa pode ser seu membro. Os trabalhadores associam-se à cooperativa experimentalmente, antes de se tornarem donos. - Cada membro um voto. - O controlo da firma e o direito dos activos e lucros são baseados na contribuição em termos de trabalho e não do valor do capital ou da propriedade de cada um. As cooperativas, segundo uma gestão empresarial cuidada, virada para os interesses do colectivo, elevam o espírito comunitário, o sentido de responsabilidade social, a autoconfiança socio-económica, criam empregos estáveis e contribuem para a riqueza de todos. - O sistema de cooperativas é um ponto fulcral na organização da economia de PROUT. A agricultura, a indústria, o comércio e o sistema bancário serão organizados por meio de cooperativas de produtores e consumidores. Três requisitos para o bom funcionamento: 1º Administradores honestos e de confiança (escolhidos pela comunidade e sujeitos a avaliações). 2º Administração estrita; com uma contabilidade transparente; acessível a todos os membros da cooperativa e ao público. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 104 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Sistema de Cooperativas PROUT 3º Aceitação sincera do sistema cooperativo pelo público, transparente e de implantação voluntária. - PROUT recomenda que os ramos essenciais à sociedade sejam controlados por empresas públicas, administradas por agências autónomas do governo com capacidade ainda para gerir indústrias especializadas, como o desenvolvimento científico, hospitais, maternidades e supervisionar projectos estratégicos como os portos e os aeroportos. - As Cooperativas permitem ainda apoio técnico, material e comercial, em todas as áreas a que se destinam, a produtores e consumidores. - Os serviços públicos são bens que pertencem ao colectivo. - O governo deverá monitorizar o desempenho de todo o sistema e a informação deverá ser pública e transparente, tanto quanto possível. - Qualquer «supervit» obtido pelas indústrias deve servir os interesses do colectivo e dos seus trabalhadores, sendo investido na melhoria das condições; incentivos; investigação e outros factores relevantes. - Os bens essenciais no PROUT, através da aproximação do produtor ao consumidor, cooperativamente permitem criar a prática de preços de baixo custo e/ou gratuitos, dependente da condição social de cada indivíduo: «Os bens essenciais, são todos aqueles que permitem manter um padrão adequado de vida, incluindo água potável e alimentos, vestuário, acesso a cultura e educação e saúde, fontes de energia e alojamento». - Os serviços essenciais devem, sempre que possível, ser gratuitos e/ou de baixo custo, consoante a condição social do individuo e o sistema de taxação. Inclui fornecimento dos bens essenciais, educação, transportes públicos, hospitais e clínicas de tratamento, telecomunicações, equipamentos culturais e desportivos, serviços sociais. - Os bens e serviços úteis excedentes são classificados de semi-essenciais e serão taxados. - Os bens e serviços de Luxo serão considerados não essenciais e serão taxados com valores mais altos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 105 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Exemplos de Cooperativas bem Sucedidas: “O grupo de cooperativas Mondragon está classificado entre as cem mais eficientes instituições financeiras do mundo, considerando a proporção entre o lucro e os activos totais. Este modelo é defendido também por Proutistas. A cooperativa Mondragon conduz os ganhos e perdas no património líquido da cooperativa para as contas dos trabalhadores. A cooperativa restringe a retirada indiscriminada dos seus saldos pelos trabalhadores para os poder utilizar nos activos como reinvestimento na cooperativa. Os saldos das contas de cada membro são pagos num período de tempo determinado, (exp. 5 anos), ou quando o empregado deixa a cooperativa. São ainda apoiadas pelo Banco Cooperativo Caixa Laboral que fornece o investimento necessário para a superação de dificuldades. Inicialmente a Cooperativa de crédito era constituída por trabalhadores voluntários, que alugavam escritórios e registavam manualmente os depósitos num diário. No primeiro dia de operação as pessoas depositaram mais de US$ 25.000. Hoje a cooperativa de crédito conta com mais de 6.000 membros, 14 funcionários contratados e 8 milhões de dólares em activo. Pessoas de todo o país investem agora na Cooperativa de Crédito e cerca de metade dos seus depósitos vem de fora da comunidade. Entre os serviços que a cooperativa de Crédito oferece incluem-se a poupança, conta corrente, empréstimos, cartões de crédito e depósitos a prazo. Pode também prover vários tipos de seguro para os seus associados. Maleny é uma vila com 7000 habitantes, situada no norte de Brisbane, em Sunshine Coast, Austrália, onde 17 cooperativas prósperas de pequena escala participam e dão vida à comunidade. Entre os empreendimentos cooperativos incluem-se um banco, uma cooperativa alimentar, um clube recreativo, uma cooperativa de trabalhadores, uma cooperativa de trocas directas, uma estação de rádio, um clube de cinema, quatro cooperativas de protecção ambiental e diversas comunidades rurais. Cooperativas Financeiras de Maleny. A cooperativa de crédito Maleny teve inicio em 1984, com o objectivo de criar uma instituição financeira ética que desse autonomia financeira regional por meio de empréstimos, concedidos exclusivamente para a população local e projectos locais. Os empréstimos da Cooperativa de crédito geraram mais de 180 novos empregos em novos empreendimentos e o reinvestimento de mais de 25 milhões na comunidade local. A cooperativa de crédito concedeu micro-créditos a pessoas da comunidade que não tinham condições de conseguir empréstimo em grandes bancos. Estes empréstimos contribuíram para a compra de terrenos, construção de casa própria e arranque inicial de negócios. Oitenta por cento dos empréstimos actualmente são para a construção de casa própria. A cooperativa de Crédito é um bom caso de sucesso financeiro. (Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 106 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Cooperativas bem Sucedidas A Cooperativa de Desenvolvimento Empresarial e Económico Local tem seis funcionários e dedica-se ao estudo de novos empreendimentos e empregos no interior de Sunshine Coast. Em parceria com a Cooperativa de crédito de Maleny, organiza pequenos empréstimos, com o objectivo de impulsionar novos negócios, e nos primeiros doze meses, monitora o investimento. Até agora a parceria já concedeu um total de 27 empréstimos para novas empresas, das quais 23 continuam a operar com sucesso. Cooperativa de Alimento. Em 1980, um pequeno grupo de pessoas que queriam alimentos integrais, legumes e verduras cultivados por fazendeiros locais, formaram a Maple Street Food Cooperative. Hoje ela opera um Mercado de alimentos orgânicos e integrais na rua principal de Maleny, aberto todos os dias e com 450 membros activos. Embora funcione como uma cooperativa para associados, vende também para o público. Cooperativas de Trocas directas. O sistema de energia humana local (LETS) é fenómeno de sucesso. Funciona como uma cooperativa de trocas sem uso do dinheiro, envolvendo produtos e serviços, no lugar do dinheiro eles usam uma moeda local, abunya, assim nomeada para lembrar a castanha nativa com esse nome, permitindo às pessoas, mesmo sem dinheiro, participar na economia local. Cooperativas de Lazer e Cultura. O clube de Franqueza oferece um ambiente agradável e caloroso, onde as pessoas se encontram para comer, relaxar e conviver. A comida biológica é barata, o café maravilhoso e os animadores locais podem aqui expor os seus dotes artísticos ao público, funcionando como um pólo cultural da comunidade de Maleny. Cooperativas Ambientais, Em Maleny existem quatro cooperativas ambientais. A Maleny Wastebusters é uma cooperativa comunitária de reciclagem, que acompanha as pessoas na redução, reutilização e reciclagem do seu lixo e já conta com 20 empregados. Barung Landcare é um entre centenas de grupos comunitários australianos e administra um viveiro de plantas, fornece educação ambiental e promove a comercialização sustentável de madeira nativa. Booroobin Bush Magic administra um viveiro na floresta tropical. Enquanto o Green Hills Fund trabalha para reflorestar o interior de Maleny. Cooperativas de Comunidades rurais. Maleny tem 4 cooperativas de comunidades rurais, incluindo a Crystal Permaculture Village, com 85 residentes; e a Cooperativa de Prout gerida por três famílias, responsáveis pela gestão de 25 hectares de terra, onde se encontra também a River Primary School, com mais de 100 alunos. (Após o Capitalismo PROUT, editora Proutista Universal) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 107 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.7 - Sistema Habitacional de PROUT - O direito à habitação é um bem essencial, no PROUT deverá existir um departamento só para a Habitação por região, definindo os padrões mínimos possíveis de habitabilidade, segundo o clima, a cultura, construção os materiais disponíveis, de tecnologias apropriadas, amigas do ambiente e a capacidade de investimento Alojamento Curupira – Económico – Sócio – Ambiental fonte/autor @ governamental. - Os autores de quaisquer construções com características e materiais danosos para a saúde e para o ambiente deverão ser inquiridos, sujeitos a coima e/ou a restaurar as obras para responder aos requisitos de construção. As construções podem ainda ser demolidas e removidas caso se justifique. - O banco cooperativo do estado concederá empréstimos a longo prazo Alojamento Curupira – Interior do módulo com juros baixos. - Existirá também apoio a famílias ou pessoas interessadas colectivamente, formação de em viver proporcionando pequenas fonte/autor @ a comunidades sustentáveis. - O direito a propriedade deverá ser substituído por um direito sobre a superfície, pois na realidade os terrenos são parte de um todo comunitário e de um ecossistema ainda mais vasto. Alojamento Curupira – Exterior do módulo fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 108 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.8 - Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT “O sistema de Cooperativas é o melhor sistema de produção agrícola e industrial (…) … Ele ajudará qualquer país a ser auto-suficiente na produção de alimentos e produtos agrícolas em geral, acabando com a escassez de alimento.” – (P.R. Sarkar) O sector alimentar (nomeadamente a agricultura) e o acesso à água potável são sectores chave da sociedade, pelo que Agricultura Não Ecológica – Monocultura fonte/autor @ toda a comunidade deveria esforçar-se para produzir o alimento necessário para a sua população, salvaguardando as suas necessidades básicas. A agricultura sustentável tem de ser obviamente ―amiga‖ do ambiente. Grande parte da fertilidade, da porosidade e da capacidade de recuperação das terras cultiváveis depende precisamente da sua complexidade biológica. Tentar padronizar a agricultura em monoculturas cria danos à fertilidade do Plantação de Eucalipto – Monocultura Não permite boa biodiversidade fonte/autor @ solo e à diversidade biológica. As práticas de cultivo sustentável incluem agricultura orgânica, agricultura biológica, puericultura, gestão integrada, controle natural de pragas, compostagem, rotação de culturas e sistema de plantio consorciado. A avaliação cuidada de culturas permite dimensionar áreas máximas e mínimas produtivas e aconselhar os produtores sobre as melhores técnicas sustentáveis a aplicar. Agricultura Ecológica – Amiga do Ambiente fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 109 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A Plantação consorciada envolve o Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT plantio de colheitas complementares no mesmo campo, em filas alternadas por exemplo. Esta técnica pode melhorar a utilização do espaço, reduzir a erosão e conservar a água. Também promove relações naturais complementares entre as plantas, enquanto uma planta utiliza nitrogénio outra repõe, por exemplo. No cultivo suplementar, uma plantação secundária pode ser semeada ao redor da plantação principal para utilizar o espaço ocioso, por exemplo a beringela pode ser coccinella-septempunctata plantada debaixo de pessegueiros. Predador natural de parasitas Em culturas temperadas, é proveitoso fonte/autor @ fazer rotação de culturas e o cultivo de plantas complementares, desenvolvido em estações alternadas, de forma que a terra possa ser produtiva por quase todo o ano. A agricultura integrada incorpora todos os tipos de produção agrícola sustentável, incluindo a apicultura, a horticultura, a fruticultura, a floricultura, os lacticínios, criação de animais e a piscicultura. PROUT distribuição plantas, de defende das a colecção e várias sementes de forma a preservar e biodiversidade do nosso planeta. Agricultura Ecológica fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 110 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Fontes de energia renovável podem também ser desenvolvidas Sistema Agrícola e Ambiental de PROUT em cooperativas agrícolas, como o biogás (produção gás em tanques a partir da decomposição de dejectos), a energia hidroeléctrica, a energia solar e a energia eólica. A conservação da água é um aspecto fundamental Reservas de da sustentabilidade. água subterrâneas são cruciais para o equilíbrio ecológico de uma região, dando preferência ao uso da água Campos e Energias Renováveis fonte/autor @ de superfície, em vez da água de poços. O reflorestamento, objectivando aumentar a precipitação da chuva e a construção de vários lagos e pequenos açudes para captar a água pluvial são muito importantes. A conservação de matas ciliares, bem como o plantio de determinadas árvores que retêm a água em suas raízes ao longo dos rios e ao redor de lagos e açudes, ajudará a prevenir a evaporação e a manter o nível da água. Ciclo Ecológico da água fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 111 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.3.9 - Exemplo de uma pequena Comunidade construída com os princípios PROUT O Parque Ecológico ―Visão Futuro‖ nasceu em 1992, segundo uma visão de comunidade baseada nos princípios Proutistas de utilização máxima e entropia mínima. Localizada em Porengaba, em São Paulo, produz nos seus 25 hectares as necessidades básicas para os 22 membros da comunidade. A estrutura do Parque permite o mínimo de perdas possíveis e o mínimo uso de recursos externos, ―completando o ciclo‖ dos Parque Ecológico – Visão Futuro fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @ sistemas naturais e oferecendo vários serviços aos moradores carentes das redondezas. Painéis energia foto-voltaicos solar para a produzem iluminação e aquecedores solares aquecem a água. Bombas de água accionadas por energia eólica e solar fornecem água para uso doméstico e para irrigação. Açudes armazenam a água da chuva, restaurando os ciclos hidrológicos naturais. Árvores plantadas ao redor dos lagos previnem a erosão e reduzem a evaporação da água. O tratamento da água dos esgotos é feito por um sistema biológico, através de raízes de plantas aquáticas, que, além de outros processos, absorvem as impurezas da água usada, nutrindo o solo, sendo a água reutilizada na irrigação. Dessa forma, nem mesmo uma gota de água é Actividades Produtivas fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @ desperdiçada. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 112 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O lixo orgânico compostagem, é reciclado produzindo Parque Ecológico “Visão Futuro” por Porengaba – Brasil fertilizantes para as hortas orgânicas, que abastecem necessidades Esse projecto integrado visa criar um alimentícias da comunidade, incluindo modelo holístico para o desenvolvimento arroz, rural que atenda às necessidades básicas a maior parte feijão, das milho, vegetais, frutas, da vida para todos, por meio do trabalho temperos e chás. estão gratificante e cooperativo. Ao mesmo estabelecidas no parque: Laboratório de tempo, o Parque busca assegurar saúde ervas medicinais, as quais são plantadas física no local e uma padaria que produz pão espiritual a todos os seus membros. Pequenas indústrias e desenvolvimento psíquico e integral, tortas e bolos para a comunidade, Este pequeno exemplo de comunidade moradores dos arredores e visitantes. PROUT, serve de exemplo para o mundo Mulheres que moram na vizinhança do e para futuras comunidades que venham Parque aprendem a fazer roupa para a a surgir. sua família numa cooperativa de costura. Uma creche oferece a 25 crianças da região um rico ambiente de aprendizagem cultural e artístico baseado na educação neo-humanista. Programas informática desportivos, são organizados teatro e para os jovens. Um posto de saúde oferece tratamento dentário a baixo custo e terapias naturais, incluindo Ayurveda (medicina Indiana) e naturopatia. Teatro e informática são organizados para os jovens. No decorrer do ano, são realizados seminários de auto-desenvolvimento, programas e cursos didácticos em suas Parque Ecológico – Visão Futuro fonte/autor: portal oficial Visão Futuro @ instalações – dormitórios, refeitório, teatro, salas de reunião e meditação – que facilitam o desenvolvimento de várias actividades praticadas nesses tipos de eventos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 113 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 2.3.10 - Benefícios Socioeconómicos do sistema de PROUT 1- Redução das disputas comerciais, diminuindo-se a dependência e exportações importantes. 2- Criação de empregos estáveis, em função do crescimento da demanda local. 3- Salvaguarda económica devido à auto-suficiência de alimentos. 4- Libertação da pressão dos órgãos financeiros internacionais, permitindo à população a tomada de decisões com base nas necessidades locais. 5- Menor vulnerabilidade em relação às flutuações económicas internacionais e outros eventos fortuitos, dando maior confiança ao consumo interno. 6- Sistema propício a cidades no meio rural, atraindo moradores urbanos de cidades congestionadas, onde poderão empregar-se em cooperativas agrícolas e agro-indústrias, evitando o êxodo rural, o desemprego e superlotação do litoral. 7- Desenvolvimento económico e florescimento cultural nas áreas rurais, possibilitando a melhoria da qualidade de vida, em contacto com a Natureza e valores neo-humanistas. 8- Estímulo da construção civil na conquista de novos territórios (interior das regiões). 9- Melhoria do meio ambiente e do ecossistema, com agricultura sustentável, gestão dos recursos e redução da poluição industrial e urbana. 10- Melhoria do grau de confiança sobre os órgãos do estado, maior integração do indivíduo na comunidade, redução dos problemas e dos factores divisores sociais. 2.3.11 - O Potencial do modelo PROUT O sistema capitalista global ganhou proporções e políticas pouco viáveis a longo prazo, e o sistema cooperativo de PROUT poderá mesmo um dia revelar-se o sistema socioeconómico do futuro, segundo alguns defensores da sua filosofia: …“ O movimento de PROUT em muitas partes do mundo, encontra-se no mesmo estágio do movimento ecológico à uma geração atrás. É uma força intelectual emergente. Como o movimento ecológico, tornar-se-á uma tendência e consequentemente um movimento que terá de ser aceite pelo meio académico, pela sociedade civil, pelos empresários e pelo governo. Actualmente, em qualquer discussão sobre o futuro da humanidade, a Alternativa Verde é sempre trazida à tona. Num futuro próximo, por meio de artigos, vídeos e livros, PROUT virá a encontrar-se nessa posição (…) (…) Os Proutistas, como os Verdes, ou os socialistas do passado, argumentarão que a sua imagem de mundo do futuro é mais convincente, elegante e viável no mundo real do desemprego, da fome e do sofrimento emocional. Nesse estágio é que será testada a força de PROUT. Poderá PROUT fornecer um novo paradigma que supere o capitalismo ou o socialismo totalitário? Poderá a sua imagem do mundo trazer novos significados para os indivíduos? …” (professor e escritor Dr. Sohail Inayatullah) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 114 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.4 - Introdução do PROUT no Planeamento Urbano da Cidade Alguns sistemas socio-políticos O sistema PROUT exige um organismo concretos praticados por comunidades urbano organizado de forma a proteger a pelo mundo fora têm gerado ―boas‖ sociedade e o ecossistema, abragendo sociedades, vive um território vasto, visando a protecção satisfeita, com um grau elevado de auto- dos recursos e a criação mais natural estima possivel de animais e plantas. É um e onde a ética, resistente, população sem criminalidade dedicada seu sistema que encaixa facilmente no interior desenvolvimento e bom uso dos recursos, do território cada vez mais desertificado, com mas que em zonas de grande densidade uma política ao sólida e auto- sustentável, à base da filosofia Neo- demográfica humanista com contornos idênticos ao complexas. Existe no litoral a vantagem sistema da PROUT. Independente da designação e das semelhanças politicas entre estas comunidades, o certo é que, exigirá ligação ao medidas mar como mais recurso extensível. As estruturas urbanas terão que objectivamente, este tipo de sistema funcionar como um todo «verde», as inovador pode ser usado perfeitamente a soluções construtivas deverão permitir a grande escala numa bio-cidade ou mesmo exploração de culturas de forma urbana numa nação. sobre PROUT tem muitas políticas já actuais e justifique, sob o edificado. podemos Caso mesmo se criar e outras novas e pertinentes. O que torna habitações envoltas por tecido vegetal no este sistema realmente credível é o seu seu exterior. As coberturas verdes são processo transparente de acção, a sua perfeitamente veia já públicos extensos, mas não limitarei a comprovada em pequenas comunidades e criatividade construtiva da cidade utópica a sua capacidade imediata de reduzir as a critérios fixos. Muitas soluções podem diferenças ser aplicadas consoante os casos e os cooperativista sociais, e a humanista fraude e as injustiças. Este aplicáveis em edificios desejos da comunidade em causa. Dizer sistema interliga-se com a ao certo o seu tamanho e forma é cair no estrutura bio-climática pretendida para a mesmo erro quantitativo dos utopistas do cidade e no conceito de semi-retícula, passado, a sua estrutura dependerá das funcionando mais ao nível horizontal nas características relações sociais. dimensão demográfica e socio-cultural, só climáticas, geográficas, mensuráveis sabendo todas as realidades envolvidas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 115 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.5 – Soluções Sócio-Urbanas A sociedade dentro da filosofia PROUT será projectada de forma e maximizar os recursos e a reduzir Eventualmente burocracias. algumas tarefas e profissões serão dispensadas e outras profissões novas surgirão. Do ponto de vista económico é importante criar um conceito monetário Moedas de ouro mais fiável. O conceito de dinheiro está fonte/autor @ «adulterado» na sua essência como moeda de troca, porque a moeda de troca deveria representar sempre o valor pela qual foi trocada. Por exemplo, na época medieval, uma pessoa trocava uma vaca por um quilo de sal e trinta anos mais tarde o mesmo quilo de sal serviria para comprar outra vaca idêntica não perdendo o seu justo valor. Tal facto deixou de acontecer, o dinheiro vai perdendo valor, devido à inflacção, criando instabilidade económica. Obrigando a circular o dinheiro rapidamente por vezes só com Dinheiro «Vivo» pretextos fonte/autor @ economicistas. A qualidade económica de vida deveria ser gerida simplesmente pelo aumento sustentado dos salários. A moeda local poderia actualmente ser representada por um «cartão moeda» do cidadão, que permita receber e dar dinheiro; o sistema facilitaria o pagamento dos produtos segundo um controlo governamental a pessoas desfavorecidas. Cartão do Cidadão fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 116 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O cartão bancário-civil também a gestão cidadão através de dos permitiria impostos do sistema de um Soluções Sócio-Urbanas Economia transmissão de dados bancários directo por linha ou por um controlo mensal de activação do cartão. Estes cartões seriam renovados todos os anos, segundo um controlo de segurança do Estado, permitindo também o melhoramento do equipamento e sua análise e ainda para evitar falsificações. O cidadão não poderá fugir ao seu imposto, pois ele é descontado automáticamente, através de um desconto bancário préestabelecido por operação, da mesma forma que os bancos fazem com os cartões de crédito e débito. Mas o dinheiro Alegoria – Impostos fonte/autor @ neste caso em vez de enriquecer os cofres das instituições bancárias, iria directamente para o Estado, para o governo da cidade, logo o cidadão apenas estaria de forma subtil a dar dinheiro a si mesmo. O sistema dispensa a complicada amálgama de tarefas, burocracias, papeis de impostos, selos, entre outros, serviços que tão caros minimizando a saem fraude à em sociedade, todos os campos. Penso que os gastos na sua implantação seriam muito menores que os seus benefícios. Os dinheiros públicos seriam mais Lucro dos Bancos fonte/autor @ facilmente geríveis e o cidadão poderia ser reembolsado em caso de excedentes monetários. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 117 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O cidadão poderá ainda ser convidado Soluções Sócio-Urbanas Economia a contribuir com algum dinheiro para projectos de desenvolvimento e soliderariedade e terá completo acesso às movimentações e extractos dos dinheiros públicos. Sendo o crédito uma dívida, o próprio sistema cooperativo bancário público poderá, sem recorrer aos subterfúgios da banca, dar créditos «promessa», «dinheiro virtual», tendo alguma garantia em relação à sua amortização no futuro. O Barras de ouro – Depósito Estatal fonte/autor @ procedimento é na realidade muito usado pelas instituições bancárias, visto emprestarem dinheiro recebido de megaempréstimos pedidos aos bancos mundiais, que emprestam em troca de juros. Os bancos governamentais e o FMI (Fundo Internacional da Moeda) destribuem o dinheiro em troca de títulos do tesouro governamentais representativos das barras de ouro dos cofres dos Estados, barras essas que ninguém sabe ao certo o seu valor e a sua quantidade, e que no fundo nunca chegam a ser utilizadas, o que equivale a fazer títulos do tesouro vindos do vazio, uma pura especulação monetária, que ainda cobra juros aos particulares e ao governo. Portanto, o dinheiro tem um valor puramente simbólico nos dias de hoje. Na minha perspectiva, o dinheiro são apenas títulos produzidos pelo governo, atribuídos aos cidadãos de forma justa Alegoria – Sistema Bancário fonte/autor @ através de um processo de doação acreditado e aceite pela comunidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 118 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Soluções Sócio-Urbanas Economia O dinheiro deve, assim, ser doado a quem realize tarefas para a comunidade, valorizáveis, passíveis de recompensa O uso do débito electrónico do cidadão, aos olhos da sociedade, títulos esses apesar do desconto súbtil será sempre trocáveis por géneros e vice-versa. A mais moeda mais utilizadores a preferir o cartão moeda civil. consciente e humana se a encararmos Os cartões ao serem renovados todos será usada de forma proveitoso incentivando os os anos, a sua não activação implica a assim. O governo tem inevitavelmente que negação das regalias do sistema. voltar a mandar na banca e não a banca a Quanto à politica monetária externa, mandar nos governos como acontece hoje defendida pelo «Proutismo», as trocas em dia. comerciais, sempre que possível, serão O dinheiro ―vivo‖ poderia circular na através das trocas directas. No caso de mesma, suponhamos que a moeda em ser necessário uma moeda corrente, a circulação fosse o Euro, mesmo que as banca governamental da cidade pode pessoas fizessem um mercado paralelo recolher o dinheiro dos depósitos feitos com este, como o euro desvaloriza, incute nos bancos da cidade em dinheiro vivo e as pessoas a fazer o depósito do mesmo, em último caso pedir empréstimos à mesmo com alguma taxa, e mesmo que banca mundial. não façam, o cartão de cidadão é um Acaba tudo por passar por um acto de documento multifunções, que dá regalias aceitação de um sistema monetário que aos serviços, na realidade até é mais claro do que o transportes públicos e até em compras, só actual, atendendo à verdadeira natureza possível se o usarem, tornando a fuga ao do dinheiro. cidadãos nos vários seu uso uma desvantagem. Os turistas e Não sendo economista, refiro este visitantes usam o euro ou um cartão sistema monetário como uma referência temporário, os cidadãos também podem utópica, pagar em euros e levantar dinheiro, até especialista porque precisam dele fora da cidade, no projecto. reestruturável na matéria por na qualquer fase de entanto o Euro sairá sempre mais caro do que a moeda local, e sempre que depositado num banco governamental da cidade sofre a sua taxa. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 119 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Criar boas soluções urbanas de Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC carácter social, obriga ao entendimento das necessidades do homem de forma intregal. O sistema Neo-humanista Os «soldados da paz» aprenderiam gradualmente a realizar intervenções proposto implica libertar o ser humano de cívicas no controlo da criminalidade, na dogmas, raciais, defesa, em caso fogos, nas inundações, territoriais e culturais, de forma voluntária nos acidentes e na vigilância, acção em e responsável. caso das divergências Filarete na «casa do vício e da de catástrofes, natureza e recursos, protecção entre da outras virtude», lembra-nos que a arquitectura emergências civis. Os elementos CPC pode poderão mesmo definir compatiblidades registar actos, socorrer sociais, aparelhadas a um determinado acidentes, intervir em crimes, de foma espaço. dinâmica e directamente no local. As ser unidades deverão ter veículos terrestres, criar aéreos e marítimos versáteis, adaptáveis compatiblidades sociais e profissionais aos vários cenários. Alguns dos veículos geradoras de novos modos de vida. seriam adaptáveis para o cenário de Os recursos maximizados humanos e com podem isso Actualmente muitos serviços existem como herança milenar e estão guerra. Os veículos CPC(s) de alguns elementos mais experientes teriam desaproveitados, como é o caso do multifunções, capazes de intervir tanto em exército. O exército, os bombeiros e a caso de acidente como de incêndio, na polícia deveriam unir-se num só corpo, defesa embora com especialidades diferentes. proporcionando uma economia e uma e segurança, entre outros; Portanto, em vez de várias polícias, um melhor eficácia de meios. Por exemplo, só organismo de intervenção não teria um carro de policiamento poderá estar limitações equipado para socorrer sinistrados e territoriais nem legais, pondendo responder de um forma linear doentes, transformando-se em qualquer caso de catástrofe, seja em ambulância de recurso, permitindo uma pequena ou grande escala. Este recurso melhor humano a que passo a chamar Corpo de ocasionais. resposta a numa emergências Protecção da Comunidade ou CPC, seria O próprio polícia, ao ser chamado a um feito por homens e mulheres treinados por local com vítimas, pode socorrer alguém uma academia de Segurança Pública, em risco de vida, dependendo das suas seguindo uma especialização contínua da creditações, mesma forma que um curso Universitário socorrismo ou ainda ajudar a apagar um teórico-prático. fogo. aplicando Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo técnicas de 120 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os serviços e edifícios CPC estarão relacionados com outros Soluções Sócio-Urbanas Serviços CPC serviços, de Por exemplo, um arquitecto fica mais calamidade, uma intervenção eficaz. Os elucidado de como construir uma casa se edifícios CPC deverão estar localizados tiver a oportunidade de vivenciar um portanto em núcleos de serviços sociais pouco a experiência do pedreiro e do complementares, com centros de saúde, canalizador, ou por exemplo, um médico transporte, comércio, escolas, pavilhões melhora o seu desempenho ao estar uns desportivos e espaços verdes. Estes tempos na função de enfermeiro e vice- núcleos versa. permitindo, mesmo nos comunitários casos podem conter depósitos de água no seu cume e Usar compatibilidades das várias áreas miradouros de vigilância, ligações a caves no contexto social, proporciona, a meu e ao ver, uma melhor gestão dos recursos produtos humanos, o fortalecimento dos laços consumíveis dos vários serviços. Esta sociais, parcerias extratégicas e uma logística em parceria com os serviços melhor proximidade entre as diversas CPC permite a adaptação dos espaços, classes sociais. Eis assim uma sociedade serviços mais sistemas subterrâneos armazenamento e ligados dos estacionamentos subterrâneos, para albergar públicos pessoas, semi-reticulada unida por compatiblidades. equipamentos e veículos públicos em caso de catástrofe. Ao atribuir um grau elevado de aprendizagem com ferramentas dinâmicas ao organismo responsavel pela segurança e bem estar civil, estou a criar um bom sistema «imunológico» contra as «doenças» socio-urbanas. A multifuncionalidade e inter-ajuda é o objectivo defendido também para as outras áreas da sociedade, evidentemente que as especializações também são importantes e necessárias, no entanto o Resolução do acidente Os vários corpos de Segurança Pública fonte/autor @ ser humano torna-se mais eficiente ao tirar partido das várias áreas que o rodeiam. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 121 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A educação é outra chave de sucesso Soluções Sócio-Urbanas Educação para a cidade e integração social, será «aberta» e envolverá toda a comunidade. Ela deve ser encarada como uma necessidade primária por ser responsável Educai as crianças e não será necessário castigar os Homens! " (Pitágoras) pelo sucesso do futuro da Praxis. Um aluno fechado na escola, em casa ou na Internet, perde o contacto com muitas realidades sociais, construtivas para a formação da sua personalidade. Esconder o mundo dos nossos aprendizes, mantê-los longe do seu olhar interrogativo, cria uma juventude com Evolução do Homem @ poucas referências de futuro, são as razões pelas quais muitos jovens ficam desmotivados, socialmente revoltados, gerando problemas sociais e profissionais. Por outro lado, o conhecimento lógico e emocional no ser humano é exponencialmente melhor absorvido e aceite através de ensinamentos práticos. O ensino convencional não desenvolve profissionais, são as empresas e o trabalho que os forma. O ensino teórico-prático permite ao ser humano assimilar melhor o conhecimento adquirido e com carácter de utilidade, portanto, os jovens deverão aprender como produzir, para além de adqurirem conhecimentos. O Ensino terá componente teórica, prática e teóricoprática e será adequado a cada pessoa e comunidade. Alegoria - Decisões de Futuro @ Os alunos serão estimulados a interagir educadamente com a realidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 122 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Podem aprender a cozinhar na cantina Soluções Sócio-Urbanas Educação da escola enquanto descobrem a biologia dos alimentos. Uma aula de ciência marinha pode ser feita num barco de pesca, preparado para ensino a bordo. Uma aula de história pode estar ligada ao restauro de um monumento antigo, ou uma visita a um museu. Uma aula de línguas poderá estar ligada à criação de uma peça de teatro ou de um debate. Uma aula de desenho poderá estar ligada ao fabrico de um utensílio, entre outras. O contacto com os recursos territoriais é também importante na aprendizagem dos alunos, sensiblizando as gerações futuras para a preservação e a Aula prática – Horta Orgânica fonte/autor @ sustentablidade. As cooperativas e as empresas terão departamentos educativos, onde os alunos serão ensinados a explorar o seu potencial, desde fazer a própria roupa, a como arranjar uma máquina, cultivar uma planta, cozinhar e até como construir a própria casa. As cooperativas e o Estado também ajudarão qualquer cidadão, no investimento, na produção de produtos e serviços, na venda e na formação dando apoio logístico, parcerias no meios campo de acesso científico e e académico, desde a simples tarefa de CINT Empresa de aprendizagem de ciencia interactiva fonte/autor @ cultivar o quintal à criação de projectos inovadores. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 123 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O ensino será aberto a todas as idades Soluções Sócio-Urbanas Educação e aos alunos das várias classes etárias, e seguirão desde o início, um contacto com as actividades socio-económicas, culturais e políticas, dando-lhes um sentido ético, altruista, evolutivo, empreendedor, alimentando o ser humano com bons níveis de auto-confiança e perspectivas de futuro. Todo o processo deverá ser a titulo de participação voluntária. Poderá dar mais trabalho do que lucro pôr alunos a interagir com as realidades socio-profissionais, terá no entanto lucros indirectos ao preparar o cidadão em todos os sentidos; Ensinamento Teorico-Prático Cooperativa de alimentos fonte/autor @ tornando o indivíduo mais completo e possiblitando alternativas e incentivos à indústria e aos negócios particulares. Hoje em dia, na nossa sociedade individualista, quando as pessoas são despedidas de algum sitio ficam presas à expressão ignorante de ―só sei fazer aquilo‖… são poucas as que se juntam para ter iniciativas, pois a sociedade está dividida. Um homem de meia-idade, desempregado, pode sempre voltar ao ensino como se nada fosse. E os jovens ―desenrascados‖ saberão sobreviver melhor em quaisquer circunstâncias da vida, desde o concertar de uma torneira ao plantar alimentos no quintal. Ensinamento Teorico-Prático Observação da Natureza A estabilidade social é feita, assim, em fonte/autor @ cumplicidade com o sistema educativo, obrigando ao empenho de toda a comunidade na formação do seu futuro. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 124 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No sistema educativo contemporâneo, se perguntarmos a qualquer que aprendeu no provavelmente final os Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe pessoa o dos cursos, resultados não chegarão sequer a 1% daquilo que lhe foi ensinado; a um ensino tão ineficaz pode dizer-se que «o barato sai caro». O educação Neo-humanista e teóricoprática doutrinará subtilmente comportamentos de consciência cívica, ambiental e actividades humanizadoras. A escola pode ser a casa onde a pessoa vive, o bairro onde mora, o museu, a fábrica, o atelier, a oficina, o campo, o Projecto Socio-Ambiental para adolescentes – Exposição movel de Ciências fonte/autor @ mar, o ginásio, o terminal de transportes, o parlamento, enfim, toda a cidade em si. A cidade dinamiza-se com uma juventude viva em interacção com todos os sectores. Os gastos acrescidos transporte público condições académicas sectores, mas insucesso e na em poupariam escolar, seriam no criação de todos os gastos em delinquência, estabilidade social e fariam com que toda a comunidade se visite e se entenda como um todo. Estes pequenos estágios, que poderão prolongar-se de várias formas, darão frutos económicos ao nível da produção, descoberta de talentos e Estimular o bom relacionamento na aprendizagem fonte/autor @ criação de novas ideias e soluções. Por último poder-se-á promover um turismo de aprendizagem para turistas e cidadãos de todas as idades. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 125 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima As escolas para crianças até aos 8-10 Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe anos deverão ser em pequenos centros de serviços dos «bairros» habitacionais. As pequenas unidades de equipamento urbano de apoio aos bairros serão constituídas naturalmente pelos serviços de saude, educação, lazer e comércio básicos, consoante a necessidade de cada zona. Considero importante para as crianças a proximidade das escolas com as zonas de habitação, com percursos acessíveis a pé, permitindo ao estudante estar mais perto do apoio Educação estimulando os talentos dos jovens – fonte/autor: portal Programa CIEP @ familiar facilitando o transporte escolar dentro do bairro. Por outro lado, liberta desta forma os adultos de deslocações pendulares entre as escolas distantes e a morada familiar. As escolas para jovens com idade compreendida entre os 11 e os 17 anos, deverão estar situadas no núcleos de Exemplo utópico para um espaço urbano de apoio às zonas habitacionais apoio, periféricos aos bairros, com fonte/autor @ capacidade para absorver os estudantes dos diferentes bairros, estimulando a relação das pessoas das diferentes zonas. As universidades estarão localizadas temáticamente segundo os seus cursos, interligadas por afinidade aos sectores de produção e investigação que as complementem. Os cursos ocorrerão nas universidades e nas zonas profissionais a que se destinam, abrangendo todos os sectores: industrial, turístico, saúde, Eco Dubai Land – Exemplo utópico de um núcleo periférico de serviços ligado a um bairro fonte/autor @ segurança, governo, entre outros. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 126 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Por exemplo, um aluno de design Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe produzirá peças numa fábrica e assistirá ao processo de criação e de fabrico num contexto académico e profissional, em parceria com a faculdade localizada estrategicamente perto do sector industrial de produção. Um aluno de direito terá disciplinas teórico-práticas numa unidade de escritórios de advogados, assistirá aos processos judiciais com os clientes, à formação dos processos e aos julgamentos em tribunal. Nem todos os Nucleo Académico - Cientifico – Produção Cidade UT sectores são fonte/autor T. L. aparelháveis, no entanto o objectivo é maximizar compatibilidades urbanas. Os próprios serviços poderão dar formação profissional e manter parcerias com os núcleos académicos e de investigação. O Ensino Universitário pretendido permite alguma redução no tamanho e no número de universitários faculdades. estarão Os núcleos equipados Núcleo Académico e Periferia de Produção Cidade UT fonte/autor T. L. com vários serviços de apoio: residência de estudantes, residência de professores, serviços CPC, comércio, equipamentos desportivos, lazer, centro de investigação, sede pública de apoio à Indústria e produção, e todo qualquer equipamento considerado essencial para o bom funcionamento do núcleo. Estes núcleos estarão, como já foi referido, ligados viariamente e por transportes, às zonas de produção com relativa Periferia de Produção e Ensino Académico Cidade UT fonte/autor T. L. proximidade sectorial. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 127 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A autonomia de serviços dos núcleos académicos oferece por Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe conseguinte autonomia aos estudantes, dando-lhes todas as condições de vida, tal não implica que o estudante não possa optar por habitar em zonas fora do núcleo e de fazer uso de outros núcleos de apoio comunitário. Os pólos Universitários têm como objectivo ligar todos os cursos de forma pró-activa, eficazmente, pela panóplia de serviços espalhados pela cidade, o que exigirá um bom sistema de transportes públicos uniforme e versátil. Esquema versátil de circulação urbana > Cidade UT fonte/autor T. L. Um planeamento temático segundo compatibilidades de funções e recursos implica uma rede urbana inteligente e contínua, formando uma rede de corredores sectoriais interligados. Cada ofício terá liberdade para descobrir o seu local estratégico de negócio na cidade, dentro dos bairros residenciais inclusive, caso o serviço seja compatível com os mesmos, sendo as parcerias com os pólos universitários uma iniciativa facultativa. O incentivo para a cooperação das próprias empresas para com as faculdades e sua localização em sectores Nucleo Periférico de Apoio aos bairros (Horizonte o Núcleo Académico e a zona de Produção) > Cidade UT fonte/autor T. L. ligados aos núcleos provirá do governo da cidade através económicas e de compensações estratégicas e das vantagens oferecidas pelas infraestruturas adjacentes. Caberá a cada particular gerir a sua estratégia de negócio. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 128 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima As centralidades da dedicadas ao serviços, respondendo cidade colectivo e serão aos de Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana seus forma humanizante ao desenvolvimento e bem estar comunitário, equipamentos com espaços utilizáveis por e todos, envoltos de uma atmosfera microclimática confortante, incluindo espaços e corredores «verdes». O núcleo central comunitário terá os equipamentos colectivos representativos da cidade harmoniosamente envolto «pulmão e verde» habitacional. A e estará por pela zona mais um Nucleo Mãe e parte da Periferia Residêncial Cidade UT fonte/autor T. L. perifeira habitacional terminará na cintura de contenção de crescimento urbano, formada por uma segunda periferia onde estarão os núcleos universitários, indústrias e seus serviços, incluindo sedes administrativas da cidade e equipamentos de grande porte que por razões estratégicas justifiquem a sua localização neste perímetro. A segunda periferia tem como função zelar pela produção e utilização dos Projecto Holcim – Vietname – Este Exemplo pode ser transformado num núcleo de Ecoturismo e Eco-Controlo e recursos e crescerá para o exterior Produção segundo a necessidade de produção e fonte/autor @ exploração orgânica e inorgânica de alimentos e matéria prima, mesclando-se por fim com a biosfera envolvente, protegida por uma política de preservação da Natureza. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 129 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os núcleos periféricos estarão Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana localizados entre os bairros da cidade e albergarão cada um: um parque público, equipamentos de desporto e cultura, escola dedicada aos jovens, similiar à nossa escola secundária, centro de saúde, centro cívico, cantina comunitária, o CPC, serviços e comércio variado, escritórios, serviços públicos camarários, e qualquer outro equipamente considerado importante para um núcleo comunitário eficiente. Nos vários núcleos Exemplo núcleo – Cairo Expo City fonte/autor @ estarão também as instituições de ajuda ao cidadão que encaminharão e albergarão pessoas desfavorecidas com problemas de várias ordens: pessoas dementes , pobres sem-abrigo, vítimas de conflitos sociais, toxicodependentes, entre outros. Os núcleos ligados aos comunitários bairros num estarão território independente e neutro, promovendo o Exemplo para um núcleo – Cairo Expo City fonte/autor @ relacionamento de pessoas de bairros vizinhos de forma saudável e indescriminada. Estes territórios neutros e comunitários servirão dois ou mais bairros, acessíveis a qualquer cidadão. As fronteiras urbanas dos bairros e dos núcleos serão ditadas pelas vias principais, morfologia do terreno e razões estratégicas de cada cidade. As soluções viárias nunca deverão impedir o atravessamento do tráfego entre os vários territórios urbanos e diferentes Atravessamento Viário de um Núcleo Periférico Cidade UT fonte/autor T. L. sectores. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 130 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na urbanística actual das nossas Soluções Sócio-Urbanas Estrutura Urbana cidades os equipamentos públicos são As projectados separadamente para cada freguesia. cívicos, Muitos por dos equipamentos exemplo: bombeiros, freguesias nesta situação de privilégio acabam por sofrer também consequências ao nível do outros, dimensinamento das vias e na gestão dos acabam por ter uma utilização esporádica, conflitos sociais, para os quais nem funcionando na maior parte do tempo com sempre estão preparadas. pavilhões desportivos, entre baixo rendimento. Existem outros, porém, Portanto, o ideal urbano, a meu ver, que o seu uso é relativamente equilibrado, implica uma estrutura social e de serviços como é o caso de certos centros de semi-recticulada e homogénea por toda a saúde. Algumas freguesias são premiadas cidade, ligando os vários bairros em torno com bons equipamentos em prol da de cidade, valorizadas por parques verdes e equipados, maximizando o uso das suas equipamentos funcionalidades, de grande escala e com núcleos de apoio que comuns deverão bem ser valor urbanistico acrescentado para a adaptáveis as diferentes necessidades e cidade, os quais são usados por todos os as mudanças das realidades urbanas da citadinos e por vezes por pessoas de fora comunidade. da cidade. Do ponto de vista social e As escolas deverão usar económico gera-se um desequilíbrio ao estrategicamente os equipamentos, da nível da utilização e do pagamento de mesma custos na manutenção dos espaços da próprias «freguesia» em questão. eventos públicos e os equipamentos de Os utilizadores que se deslocam ao forma que os cidadãos. As escolas podem servir para desporto deverão ser de uso escolar e de local vindos de fora, atraídos pelos uso particular, recorrendo equipamentos comunitários, tendem a diferentes ou outras soluções. Servindo abandonar os equipamentos das suas mais que uma freguesia-bairro e com a freguesias e a freguesia em causa sofre uma uma sobrelotação de acontecimentos, improvável certamente com algumas vantagens ao equipamentos possa vir a criar indignação nível económico, mas que não são social e críticas urbanas como as que partilhadas de forma homogénea pelo tenho vindo a levantar. logística a horários maximizadora, que algum será destes resto da cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 131 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima As vias crescerão segundo Soluções Sócio-Urbanas Soluções Viárias ramificações semi-recticuladas em forma de «teia de aranha», seguindo o esquema de compatiblidades urbanas já descrito e estarão hierarquizadas segundo as necessidades de escoamento. Parte dos canais de circulação pedonal dos núcleos poderá ser separada da circulação de transportes, sendo a circulação automóvel feita em alguns casos por níveis diferentes, com passagens subterrâneas, minimizando os riscos de atravessamento, criando segurança na deslocação das pessoas e a possibilidade de subterrâneos com estacionamentos acesso directo ou aproximado aos serviços dos núcleos. O Teia de aranha – lembra o esquema de criculação de transportes fonte/autor @ transporte público para ser cómodo ao pedestre, justifica paragens de recolha acessíveis num perímetro de 300 metros ou com auxílio de elementos mecânicos para redução de trajecto, como tapetes e escadas rolantes. Os equipamentos de transportes de grande porte funcionarão na segunda periferia. Os bairros deverão ter soluções viárias com vias de escoamento de trânsito rápidas ramificadas com vias de circulação mais lentas e personalizadas. Todas as vias estarão interligadas no geral, formando uma teia de circulação de Circulação Pedonal – Um bom exemplo de corredor urbano fonte/autor @ forma a permitir percursos alternativos entre bairros, os núcleos e outros sectores urbanos, facilitando o trânsito. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 132 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Soluções Sócio-Urbanas As zonas habitacionais formadas por Bairros Habitacionais bairros serão zonas calmas, propícias ao descanso e à produção de alimentos pouco ruidosa, tais como hortas e alguma Todas as iniciativas vegetação alta (pomares), seguindo a oportunidades política da bio-diversidade e da «boa- respeitar vizinhança», contando para isso com habitantes do núcleo. a de negócio, qualidade de privadas, deverão vida dos barreiras vegetais e com a colocação das As casas serão acessíveis por vias de vias rápidas nos intervalos externos de circulação lenta e os seus caminhos cada bairro. pedonais deverão estar pensados também As zonas habitacionais desenvolver-se- para os idosos e para as crianças, com ão conforme as vontades dos moradores, algumas vias pedonais separadas das respeitando o colectivo e o bom senso vias de trânsito, preparadas com soluções urbano, não tendo um plano promenor de e equipamentos interactivos para crianças raiz concretamente definido no seu todo. e adultos. Os serviços moradores necessários poderão aos instalar-se seus Em qualquer dos casos os moradores em terão sempre a última palavra sobre a cruzamentos e outros locais de fácil estrutura dos seus bairros. acesso. Surgirão naturalmente pequenos núcleos nos bairros contendo farmácias, uma pequena praça, padaria, infantário, parque infantil, lar de idosos, comércio, restauração, entre outros serviços. O princípio lógico é o mesmo dos grandes núcleos, a complementaridade. Os serviços de restauração e de saúde podem apoiar os infantários e o lar de idosos, o parque infantil pode ser usado Dongtan 2010 – Shanghai – ARUP Exemplo – pequena pelas crianças do infantário e em horas zona habitacional extra-escolares pelas crianças em geral, o fonte/autor @ comércio pode proporcionar actividades para os idosos: por exemplo execução e venda de artesanato, ajudando-os social e psicologicamente e poderão surgir situações de interacção saudável entre as crianças do infantário e os idosos do lar. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 133 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na política de habitação, o direito de superfície já falado no PROUT é na Soluções Sócio-Urbanas Politica de habitação verdade o mais sensato. Hoje em dia vivemos sujeitos a uma série de regras urbanas do uso do solo rígidas, portanto, o direito de superfície sobre parcelas, além de ser mais realista em relação aos acontecimentos legais, consciencializa o proprietário para o facto de estar a fazer uso de parte do solo e dos recursos que sustentam toda a sua comunidade. Na vida propriedades estão de uma devolutas, muitas abandonadas burocráticas cidade, e por logísticas, as vezes Exemplo - pequena zona habitacional fonte/autor @ razões quando no sistema de tratamento urbano e uso do solo que proponho, o departamento deverá analisar a cidade e ir aos terrenos com técnicos, reivindicar áreas devolutas em caso de falta de uso e tomar medidas pró-activas. O próprio estado poderá fonte/autor @ comprar, vender e propor permutas. O direito renovado herdeiros de superfície deve ser automáticamente para os dos falecidos, Exemplo de Eco-habitações sem procedimentos burocráticos ou impostos. Todos os direitos de superficie passam para a comunidade caso a pessoa não faça uso da propriedade durante um prazo médio combinado pelo colectivo. Todas as famílias terão o direito de adquirir uma parcela para construir as suas casas independentemente da sua situação financeira. Os preços Exemplo de Eco-habitações reciclando contentores metálicos inactivos fonte/autor: Universidade de Málaga @ dos terrenos serão tabelados pelo governo da cidade com critérios justos e acessíveis. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 134 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Uma família que queira mudar de bairro por razões profissionais, terá acesso Soluções Sócio-Urbanas Política de habitação directo a zonas de superfície idênticas noutros lugares pretendidos, adquiridas pela comunidade, podendo fazer uma permuta, facilitando a gestão imobiliária e a vida das famílias na cidade. No entanto estas mudanças poderão acontecer segundo um prazo de uso específico e uma justificação viável. Caso não seja justificável a sua mudança, terá que recorrer aos processos imobiliários normais. Um departamento de habitação estudará e acompanhará cada cidadão e família, fornecendo recursos e Exemplo de casa bioclimática com recurso a energias renováveis e a vegetação fonte/autor @ acompanhamento social e arquitectónico, aconselhando técnicas-bioclimáticas, auto-sustentáveis. Pessoas e com dificuldades terão incentivos para adquirir uma habitação relativamente idêntica ao resto da comunidade, não existirão bairros sociais mas sim apoio à habitação segundo o acompanhamento de cada caso. Os bairros sociais têm só por si uma conotação bairros descriminatória ditos normais, perante os interferindo negativamente na visão de cidade e Arquitectura Bioclimática fonte/autor @ facilitando a separação de classes. Pessoas que queiram viver em pequenas comunidades são apoiadas e acompanhas pelo mesmo departamento. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 135 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O centro da cidade será o núcleo mãe, numa área central com uma área superior Soluções Sócio-Urbanas Núcleo Mãe da Cidade a 35.000 m2. O centro representa o esforço comunitário, sociedade e terá o ―coração‖ zonas da específicas, praças, lagos, edifícios, espaços verdes, etc, todos eles dedicados ao bem-estar da sociedade. Os equipamentos aglutinadores das massas, de visitantes ou residentes, estão aqui reunidos como uma «grande família» urbana. Os equipamentos de foro espiritual, cultural, recriativo, científico, desportivo, lazer e de consumo, serão partes urbanas com igual destaque nesta unidade. Os vários equipamentos já referidos vão desde museus, parques de diversões, restauração, a qualquer outro equipamento de relevo de carácter comunitário. Um mega-estádio poderá servir os vários clubes da cidade, um megapavilhão e um mega-museu Núcleo Mãe > Cidade UT fonte/autor T. L. poderá proporcionar exposições e espectáculos de qualquer tipo, grandes praças e espaços verdes manifestações desportos apoiarão artísticas radicais e do as cidadão, toda uma multiplicidade de eventos sociais. O hospital da cidade dará variados tipos de assistência na saúde ao núcleo e à cidade, desde receber atletas do sector desportivo pessoas ao encaminhamento falecidas para a de unidade espiritual ao seu lado. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 136 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Segundo uma politica Neo-humanista, Soluções Sócio-Urbanas Política Social todas as actividades, culturas, desportos, religiões, serão aceites nesta comunhão social. Os espaços multi-religiosos promovem a comunhão da comunidade e das culturas, sendo importante, por razões de ordem ética comunitária, não aceitar a instalação de qualquer culto religioso ou qualquer outra actividade que implique o pagamento de taxas pela sua prática de forma duvidosa e que fuja ao conceito de tolerância e igualdade, podendo as suas Religiões – Aceitação das diferenças Culturais fonte/autor @ práticas provocar danos em terceiros, quer sejam pessoas da comunidade ou não, ou mesmo seres vivos ou inanimados. Portanto, caso a sua prática crie efeitos psicológicos ou físicos com efeitos negativos para qualquer ser da comunidade. A água é dos bens mais preciosos e representativos da vida da cidade e unirá todo o contexto fértil e vivo da cidade, através de uma distribuição sustentável Harmonia da Natureza fonte/autor @ através dos espaços e corredores verdes que ligam a urbe à biosfera. Plantas medicinais e decorativas nos espaços verdes poderão ser recolhidas pelas pessoas, segundo indicações expostas. Espaço Verde público fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 137 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os serviços de cumprimento penal e de Soluções Sócio-Urbanas Ordem Pública centros de cura mental serão instalados perto de zonas de produção orgânica, podendo os reclusos, consoante cada caso, trabalhar como qualquer cidadão comum, promovendo assim a integração social. É do conhecimento científico que o contacto com a terra, prestar cuidados a plantas e animais, produz benefícios mentais no ser humano, ajudando à criação de neuro-ligações cerebrais positivas; em certos casos a criação de ocupações úteis para a sociedade e para o indivíduo com valores neo-humanistas é o suficiente para promover o seu equilíbrio e reabilitá-lo. Rebento de uma árvore – Uma das actividades de pessoas a cumprir penas pode ser o reflorestamento do O direito à vida e à reabilitação será um direito adquirido, o recluso ou demente território fonte/autor @ terá acesso a boas práticas de vida que permitam saudável, criar um com equilíbrio mental acompanhamento personalizado; e sempre que possível, prestando serviços cívicos. Portanto, o criminoso que lesou a comunidade em qualquer aspecto deverá pagar a sua pena sempre com serviços que compensem a comunidade pelos seus danos, sempre que possível as penalizações deverão ser pagas com prestação de serviços, excepto casos específicos em que a comunidade foi lesada monetariamente. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 138 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O governo da cidade será a cooperativa gestora, responsável pelas outras coopertativas e pelo Soluções Sócio-Urbanas Governo da Cidade sistema democrático de intervenção pública. Todo o cidadão interessado poderá votar sobre os vários assuntos da comunidade, depois da participação em colóquios sobre o assunto, independentemente de pertencer ou não a algum movimento político. As informações, debates e colóquios são gratuitos e acessíveis a qualquer cidadão e serão de caracter interactivo. Tecnologia Digital – Interacção de Serviços A maior parte dos serviços prestados deixarão de ser burocráticos, funcionando Governamentais e do Cidadão fonte/autor @ como serviços de prestação de cuidados cívicos espalhados localizados nos libertando as pela núcleos cidade, de apoio, preocupações da comunidade de encargos e logística e canalizando as preocupações para o bom desenvolvimento da comunidade. Os mandatários serão eleitos e monitorizados por recursos humanos da mesma forma como qualquer funcionário público, cooperativa ou qualquer empresa, e os resultados serão expostos e avaliados pela comunidade que terá por direito de voto a liberdade de destituir os Concerto a favor da Paz fonte/autor @ próprios mandatários do governo, caso os resultados sejam muito negativos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 139 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 2.6 - Retrospectiva da Estrutura Sócio-Política A semi-retícula de Alexandrer A semi-rectícula que proponho é por nas isso um pouco diferente da visão de C. cumplicidades da urbe, retrata em alguns Alexandrer que não maximiza os recursos pontos a mistura de zonas habitacionais da mesma forma. As realidades urbanas urbanas com equipamentos universitários, não sobrevivem isoladas. No entanto ou ,Alexandrer, há quarenta anos atrás, não multifuncional, C. baseada edificios de espectáculos que afirmaram o seu lugar algures no meio da conhecia cidade. As realidades sobrepostas de autónomos, nem pensou algum dia que os certa forma complementaram-se, o que é centros comerciais esvaziariam os velhos justificável centros de comércio de rua das cidades caso não interfiram negativamente com a qualidade de vida dos moradores. de certos pólos tradicionais. A verdade é que o ser humano é equipamentos comodista por natureza e dirige-se aos encontraram o seu espaço próprio, mas pólos urbanos com os quais se indentifica os mais e dos quais acha que pode tirar mais que moradores consequências das força vezes acontece Muitas a estes sofrem do com seu as sucesso. partido. Analisando a vivência urbana de pessoas que vivam ao lado de um estádio de futebol ou de um centro de eventos reparamos que os conflitos urbanos são desconcertantes, nomeadamente pelo trânsito excessivo, poluição sonora e excessos comportamentais das pessoas na altura dos eventos. Uma actividade de grande concentração de pessoas, religiosa, cultural ou desportiva, provoca acontecimentos urbanos de concentração de massas, poluição sonora, necessidades espaciais e recursos que implicam condições urbanas à primeira vista incompatíveis com o factor residêncial. «É como misturar o azeite com vinagre». Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 140 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Contando todos os museus de Lisboa, Retrospectiva da Base Sócio-Politica o CCB (Centro Cultural de Belém) é sem dúvida o mais visitado e a razão está no facto de ser realidades um culturais polo com diferentes várias que o complementam. Provavelmente teria visitado muitas mais exposições e feito mais uso do CCB, de forma mais cómoda e até selectiva se este pólo absorvesse mais museus e uma bibioteca pública, maximizando os seus recursos culturais já vastos. A cidade antiga adapta-se aos poucos às CCB – Centro Cultural de Belém - Lisboa fonte/autor @ alterações dos tempos modernos. Os espaços antigos não devem, no entanto, ser preservados a todo o custo, com a ilusão de que estamos a desenvolver semi-rectículas saudáveis por manter a estrutura tradicional das cidades, quando na verdade estamos, isso sim, a fragmentar a urbe. Quando se critica a fuga demográfica de habitantes do centro histórico da Baixa de Lisboa – Zona do Rossio fonte/autor @ cidade de Lisboa, não se pode ignorar o facto da cidade não estar a oferecer uma vida urbana equilibrada. Os habitantes saem do seu núcleo antigo porque os afoga num constante frenezim de insegurança, tráfico urbano, poluição a vários níveis, falta de espaços verdes, de equipamentos para crianças e idosos, entre outros poblemas; logo considero até positivo o despovoamento deste centro da cidade, desafogando-a um pouco. Praça do Comercio Baixa de Lisboa – Centro Histórico fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 141 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Em Lisboa, o arranjo urbano do Parque Retrospectiva da Base Sócio-Politica das Nações poderá, de início, parecer uma resposta inovadora aos problemas descritos na alínea anterior, pena os seus equipamentos e os espaços verdes estarem dispersos, desconectados entre si, alguns deles diria mesmo, praticamente devolutos. A frente estrutura rio enquadra-se urbana com longitudinal, a que infelizmente seguiu um esquema urbano em forma de acampamento romano do tipo árvore tão criticado por C. Alexandrer. O que realmente sustenta algum do seu sucesso, atraindo muitos Expo 98 – Perspectiva aérea fonte/autor @ eventos, actividades e pessoas, são alguns dos seus equipamentos únicos de utilidade pública, comercial, lazer e cultura, empresarial, transportes, espaços verdes, faltando essencialmente alguns equipamentos complementares ligados ao desporto. Outro aspecto positivo encontrase na sua relação periférica com zonas residênciais, que tomam partido das suas estruturas, principalmente perto de espaços verdes; valorizando ambas as zonas e a sua horizontalidade morfológica, propícia ao uso de soluções Expo 98 – zona Residêncial Norte – Jardim público fonte/autor @ de locomoção, seja de bicicleta, seja a pé, menos penosa, apesar da sua estrutura urbana dispersa e fragmentada. O Parque das Nações ainda porporciona alguns pontos positivos para a cidade de Lisboa, mas não serve como exemplo urbano de futuro. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 142 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Põe-se a questão se o Parque das Retrospectiva da Base Sócio-Politica Nações poderia funcionar ao nível urbano implantando mais zonas residênciais no seu interior para animar as suas zonas Em caso de eventos comunitários que devolutas. Começando pelos acessos e atraiam a população de toda a cidade, que vias circundantes já por si ineficazes, a compatiblidades vivência residencial dentro da ―Expo98‖ estacionamento, segurança, provocaria um caos viário. Suponhamos Sejam forem que este problema seria resolvido com encontradas, vias alternativas e que multiplicávamos as socialmente descriminatórias, porque se o torres Vasco da Gama, residênciais da núcleo é da comunidade, para todos, não Expo98, por um número considerável de poderá estar dependente das exigências edifícios habitacionais em zonas livres da urbanas dos moradores em particular. de quais seriam tráfego, existirão?! as soluções dispendiosas e Penso que a única forma de um tecido parte interna do Parque das Nações. Esta espécie de selva arquitectónica, destes resultar seria esperar que todo o foi já experimentada em algumas cidades núcleo fosse a própria cidade e isso é satélite demográficamente de Paris nos seus núcleos urbanisticamente urbanos sem grandes resultados. O factor mais desconcertante, além das claustrofóbico e desproporcional em relação ao equipamento proposto. incompatibilidades urbanas é, a meu ver, o factor de ordem social. Quem seriam os habitantes dentro deste núcleo multifunções e quem seriam os habitantes da periferia do núcleo? Residentes de classe alta dentro e de classe média fora? Ou seriam as residências atribuídas às famílias através de valores acessíveis por sorteio ou por mérito de alguma ordem? Que política implantar ao nível de impostos sem descriminar pessoas que contribuem para o núcleo mas não usufruem da mesma forma como outros Expo 98 – Torres Vasco da Gama fonte/autor @ que vivem nele?! Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 143 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Retrospectiva da Base Sócio-Política No núcleo «mãe» que proponho para a cidade utópica, concordo com algum equipamento residêncial mas a título Os ministérios de Espanha em Madrid, comunitário e temporário, como hotéis, juntos numa só unidade edificada são um postos de vigia, residências públicas, bom exemplo deste facto, comparando centros de actividades recriativas e retiros, com os ministérios de Portugual, os quais residências vivem desfazados territorialmente uns dos temporárias para artistas, desportistas, ou outras personalidades outros, provocando mais dificuldades externas ou locais, que sejam uma mais governamentais. Talvez esteja aqui uma valia para a comunidade e precisem de das muitas razões que tornou Espanha alojamento temporário. muito mais desenvolvida que Portugal. uma A minha visão de cidade utópica centros procura formar um organismo integrado, polarizadores das vivências dos vários complexo e humanizante, um corpo com campos da comunidade, com grande pele, órgãos e canais urbanos definidos, afluência de pessoas e de actividades, que dando aos bairros um carácter mais Antropomórfico de forma subjectiva, não residêncial, calmo, propício ao descanso, em relação ao uso de uma unidade de ao dia a dia dos idosos e das crianças, medida, mas mais ao jeito da tribo Dogon independentemente por ser possivel atribuir ao esquema Os núcleos interacção proporcionam social forte, destes também pode usufruirem do resto da cidade e dos seus urbano núcleos. encontrados A estrutura multipolar de cidade em rede proporciona novas vivências sociais, formações educativas promovem comunidade, o integradoras, desenvolvimento transmitindo uma ser avaliado simbolismos na como similares Natureza, dos aos quais falarei na base Psico-Energética. A cidade utópica e formada por uma e primeira camada onde se situa a cidade em comunitária representada pelo Núcleo visão «Mãe»; por uma segunda camada revolucionária para o exterior, atraindo um periférica residêncial premiada entre os turismo ligado ao conceito da própria distritos cidade e fomentando o desenvolvimento escoamento e núcleos periféricos, e por de soluções urbanas novas. uma terceira camada periferica formada A união de áreas complementares, por vias habitacionais de com escoamento, vias de núcleos educativas, profissionais, edificantes, são académico-científicos, zonas industriais, uma forma de unir a sociedade e torná-la campos de produção e investigação e mais forte. equipamentos de grande envergadura para produção e para os transportes. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 144 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA 3.1 - Introdução – Forças Psico-Energéticas Como resultado crescente de influência do do provas aparecimento concretas pensamento sobre da as estruturas atómicas, os cientistas têm vindo a descobrir que a força intencional aplicada de forma consciente ou mesmo inconsciente, influencia os elementos vivos e inanimados. A física quântica vai ainda mais longe ao afirmar que a estabilidade natural das partículas atómicas e suas leis físicas não seriam possíveis sem a existência de uma Átomo Quântico fonte/autor @ espécie de X vibratório, absorvido pelos elementos de forma constante. Algo pega nas partículas atómicas, tal como um malabarista pega nas bolas e as faz girar no ar, as quais não giram sem a intervenção mecânica deste. A este campo magnético atómico eles chamam simplesmente de informação. O que obriga os cientistas a formular o Universo como um conjunto de bits de informação infinito, uma super-consciência cósmica, responsável pelas leis da Natureza. No capítulo I levantei a questão da influência de elementos vibratórios que faço questão resultados das de clarificar com experiências os Natureza do Universo fonte/autor @ psico- energéticas; explicando como os campos electromagnéticos interagem com toda a realidade quântica que nos rodeia. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 145 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A descoberta da informação atómica abriu caminho a todo um novo campo de Introdução Forças Psico-Energéticas estudos sobre a influência das vibrações intencionais emanadas pelo pensamento, mostrando a existência de uma relação subtil entre o pensamento e as partículas atómicas. Os resultados têm vindo a fascinar toda a comunidade científica. A ergonomia, a psicologia, a parapsicologia, a físico-química, têm aos poucos aberto o homem para esta nova tomada de consciência, a qual será importante na construção e sobrevivência das cidades do futuro. As várias ciências estão finalmente a chegar a um Harmonia Psico-Somática com o mundo denominador comum em relação ao a fonte/autor @ este fenómeno psico-energético. Vou expor resumidamente algumas provas concretas apresentadas por estudos científicos destas «forças». O cepticismo humano em relação à força do pensamento a qual podemos designar por força da ―intenção‖ é um erro similar aos primórdios da ciência quando os antigos cépticos achavam que o sol girava à volta da terra. A Praxis implica consciências e vivências saudáveis em comunidade, só possível com processos mentais positivos. Psiquicamente é possível criar campos energéticos de prosperidade, riqueza, saúde e paz social, capazes de produzir acontecimentos positivos na urbe. «Todos colhemos aquilo que semeamos». Evento Colectivo – Brasília fonte/autor @ 3.2 Estudos Científicos na área das Psico-Energias Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 146 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 3.2.1- O Poder da Mente – Experiencias Quânticas Uma das experiências mais conhecidas sobre o efeito da intenção psíquica é o efeito placebo. “Deepak Chopra ficou famoso por um livro que escreveu, chamado Cura Quântica, lançado há 10 anos. Ele começou a revolucionar a Medicina, de certa forma, através de um fenômeno chamado “efeito placebo” para o qual os cientistas não têm explicações concretas. Esse trabalho, que é muito semelhante à minha forma de pensar, e eu tenho lido trabalhos citando a conexão entre as nossas idéias... Mas vejamos as implicações disso. Se, de fato, houver cura quântica, se houver Medicina mental, o efeito da mente sobre a cura, então as pessoas serão de fato ajudadas, não apenas no campo da Psicologia, mas no campo da verdadeira saúde física. A saúde física real importa mais para muitas mais pessoas do que a saúde mental, ainda não estamos esclarecidos o bastante para levar a saúde mental tão a sério.”(Amit Goswami – cientista de Fisica-quântica) Placebo – Comprimido de Farinha fonte/autor @ Experiências mais conclusivas sobre os efeitos em objectos vivos e inanimados através do poder da intenção surgiram em 1993 e 1994, pelo neurofisiologista mexicano Jacobo Greenberg Silberman. Telepatia – Transmissão de dados mentais fonte/autor @ Ele e os seus colaboradores fizeram experiências com dois voluntários, observados a meditar juntos por 20 minutos, com o propósito de produzirem comunicação direta. Comunicação directa que ele definiu do tipo ―não-localidade‖. Sinais não-locais foram detectados, registou-se a existência de comunicação. Fora-lhes pedido que mantivessem o Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 147 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima estado meditativo durante toda a Experiências Quânticas experiência. Um deles é levado para outro recinto para dificultar a comunicação. Eles ficam em câmaras de Faraday, onde não é possível a comunicação electromagnética. Os cérebros deles são monitorizados por aparelhos de medida: “… Uma das pessoas vê uma série de “flashes” brilhantes, o cérebro dele responde com actividade eléctrica, obtém-se um potencial de resposta muito claro, picos muito claros, fases muito claras. O cérebro da outra pessoa mostra actividade, a partir da qual obtém-se um potencial de transferência que é muito semelhante em força e 70% idêntico em fases ao potencial de resposta da primeira pessoa. O mais interessante é que, se você pegar duas outras pessoas, duas pessoas que não meditaram juntas, ou pessoas que não tinham a intenção de se comunicar, para elas, não há potencial de transferência. Mas para pessoas que meditam juntas, invariavelmente, muitas vezes, um em cada quatro casos, obtemos o fenómeno de potencial de transferência. (…) “ (Amit Goswami – Fisica-quântica). Nesta experiência fica evidente um processo de telepatia, que atravessa o Porta isolante da Câmara Faraday fonte/autor @ campo físico e electromagnético e que influência o campo mental de cada um; se transportarmos este facto para a sociedade em geral, todos nós criamos laços mentais interactivos, mais ou menos fortes. Terapia mental – Cura Quântica fonte/autor @ A seguinte experiência denota a capacidade do pensamento em alterar dados: “Helmut Schmidt, um físico que pesquisa parapsicologia, tenta há quase 20 anos, fazer Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 148 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima com que médiuns influenciem os geradores de números aleatórios para gerarem sequências não-aleatórias, mais zeros que uns. E ao longo dos anos ele conseguiu boas evidências de que, até certo ponto, os médiuns conseguem fazer isso. Um resultado com um grande desvio. Isso ainda não tem nada a ver com Física Quântica, mas recentemente, em um trabalho publicado em 1993, Schmidt retratou uma modificação revolucionária desses dados. O que ele fez, recentemente, é que o gerador de números aleatórios, os dados do gerador de números, a sequência, é armazenada num computador, ela é impressa, mas ninguém olha. Os dados impressos são fechados num envelope e enviados para um observador independente. Três meses depois, o observador, sem abrir o envelope, escolhe o que quer ver, mais zeros ou mais uns. Tudo segue um critério. Então ele liga para o pesquisador, o pesquisador diz ao médium para olhar os dados, e pede a ele para mudar os resultados, influenciá-los, se puder. E o médium tenta produzir mais zeros, se esse for o desejo do observador. E então, o observador abre o envelope e verifica se o médium conseguiu. E a incrível conclusão (é um resultado sério, não é fácil contestá-lo) que o médium, em 4 de cada 5 tentativas, consegue mudar os números aleatórios gerados pelo aparelho, mesmo após três meses. Este mito de que o pensamento causa colapso de si mesmo, que o colapso é objetivo, sem que o observador consciente as veja, é apenas um mito. Nada acontece, tudo é uma possibilidade até que o observador consciente veja. Numa experiência controlada, as pessoas intervieram. As pessoas viram, sem contar a ninguém, viram os dados da impressão. Nesses casos, o médium não influenciou os dados. (…) ” (Amit Goswami – cientista de Fisica-quântica) Experiências Quânticas O poder Mediunico da Mente fonte/autor @ 3.2.2 - Comentário aos resultados Psico-Energéticos Fica desde logo evidente a capacidade de certas pessoas em alterar dados, a força do pensamento, além de telepática e de ser capaz de influênciar o campo mental, ela afecta a realidade física também. Eis então a questão: será que tudo tem potencial psico-energético ou só um número certo de pessoas, com capacidade de meditar e de concentração é que consegue dominar esta energia?! Na seguinte experiência iremos perceber que a força da intenção ultrapassa até o próprio indivíduo, e qualquer simbolismo criado transporta carga energética influenciadora da realidade física. 3.2.3 - A Ciência Psico-Energética – Cientista Sr. Emoto – Experiências Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 149 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A ciência psico-energética é uma expansão da actual ciência e pode ser lida com a seguinte equação metafórica: Massa <> energia <> consciência. “A experiência diz-nos que a consciência humana manipula eficazmente todo o tipo de informações (soma de números, linguagem com letras que compõe palavras e frases, puzzles que se agrupam em mapas e imagens, e símbolos que fazem parte de equações) de modo a introduzir ordem na desordem. A partir da nossa pesquisa psicoenergética, que se explica na primeira parte deste artigo, descobrimos um segundo nível distinto de realidade física, muito diferente do patamar eléctrico e normal dos átomos/moléculas. Este novo nível funciona no vácuo físico dentro do espaço «vazio» entre as partículas fundamentais que compõem os átomos e as moléculas e que, por sua vez, é composto por ondas de informação magnética. Observamos que a física deste novo nível pode ser modulada pela mente e intenções humanas, e pela consciência em geral. Há cerca de oito anos, descobrimos um procedimento de repetição fidedigno para substituir o estado de simetria electromagnética de uma sala, ou de uma outra área com dimensões maiores do que o nosso nível normal de átomo/molécula, para um em que as medições instrumentais e comerciais pudessem aceder a estes dois níveis de realidade física. Além do mais, o procedimento permitia-nos sintonizar esse espaço grande de modo a que uma intenção específica se pudesse manifestar nesse nível de vácuo de realidade física. fonte/autor: (As Mensagens Escondidas da Água, editora Estrela Polar / Massaru Emoto) Quadro explicativo da influência psico-energética atómica fonte/autor: Sr. Emoto @ A pesquisa demonstrou-nos que uma propriedade material específica consiste em duas partes: uma ao nível da realidade física do átomo eléctrico/molécula (que é tudo o que o nosso mundo normal consegue medir actualmente) e uma ao nível da informação das ondas magnéticas da realidade física. A magnitude da segunda contribuição, medida instrumentalmente, depende da magnitude de um coeficiente de acoplamento material que interliga os dois níveis. Este coeficiente de acoplamento pode ser de magnitude insignificante, como o nosso nível de realidade física ou, se utilizarmos os procedimentos acima referidos, pode ser significante. Usamo-los para: 1. Alterar substancialmente o pH do mesmo tipo de água em equilíbrio com o ar, uma unidade de pH acima ou abaixo (~100 vezes que a medida de exactidão) 2. Aumentar ~25% (p <0,001) a actividade termodinâmica in vitro de uma enzima específica do fígado humano, a fosfatasse alcalina. 3. Aumentar ~20% (p <0,001) o rácio ao vivo [ATP]/[ADP] das células de larvas da mosca da fruta, para se desenvolverem melhor, em menos tempo (~20% a p <0,001), até à fase adulta de voo, a ATP é a molécula de energia armazenada em todas as células, enquanto a ADP é o seu precursor químico. 3.2.4 - Conclusões das Experiências do Sr. Emoto Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 150 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Além do já exposto, Emoto refere o sistema de meridianos/chacras da acupunctura dos humanos, e talvez de todos os vertebrados, como pertencendo a este mecanismo harmónico de simetria magnética, dando aos seres humanos a capacidade básica de fazer o mesmo que o engenho da intenção, embora não talvez no mesmo grau significativo, a não ser que tenham, provavelmente, um desenvolvimento pessoal prodigioso desta capacidade. O Sr. Emoto tem vindo a desenvolver o engenho produtor de intenções num sistema auto-suficiente para poder ser usado como instrumento Aura – Campo de energia electromagnético do corpo fonte/autor @ de biofeedback individual ou em grupo, para reforçar o auto-desenvolvimento individual ou de grupo, a níveis cada vez mais altos de autogestão. Num sentido figurado, é como se estivessem a desenvolver uma varinha mágica, mas tal como a energia nuclear, no futuro espero que este engenho não se torne numa bomba atómica Fotografia kirtian – Campo electromagnético – mão psico- fonte/autor @ energética. No entanto os trabalhos que realmente tornaram o cientista Sr.Emoto famoso foram as suas experiências com forças intencionais para a formação de cristais de gelo durante a congelação da água, com e sem aplicação da intenção humana. Formação de Cristais de água consoante a intenção impressa, diferença entre – Obrigado <> Desejo Matar Sr.Emoto explica que o biocampo humano desenvolvido pode alterar as propriedades dos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo materiais e o 151 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima funcionamento dos revelando mais níveis instrumentos, profundos da natureza, que não são previsíveis a partir das observações diárias normais. As radiações destes níveis naturais passam através de materiais que são opticamente opacos às radiações electromagnéticas no espectro visível: - As emissões não electromagnéticas dos biocampos dos seres humanos normais, quando moduladas pela atenção e intenção dirigidas, reforçam ou não reforçam as micro-avalanches de electrões num instrumento simples de descarga gasosa, dependendo do foco inicial da intenção do ser humano. - A consciência humana, sob forma de uma intenção específica, pode ser impressa num instrumento electrónico simples e de baixa tecnologia, a partir de um estado de meditação profunda em humanos altamente desenvolvidos. Este instrumento, que agora se chama IIED (instrumento eléctrico de impressão de intenções), actua como substituto eficaz da influência significativa de um alvo único na realidade física. - As quatro experiências analisadas com alvos envolveram: (a) um material inorgânico (água), com alterações de propriedades 100 % superiores do que a medida de exactidão; (b) um material orgânico in vitro com alterações das propriedades de ~20 % a p <0,001 e (c) um material vivo com alterações de propriedades ~20 a p <0,001, ambos os últimos com controlos incorporados. (As Mensagens Escondidas da Água, editora Estrela Polar Massaru Emoto) “…as nossas experiências IIED demonstraram claramente os efeitos significativos da intenção humana em vários processos da realidade física. Alguns desses efeitos piscoenergéticos estão directamente correlacionados com o aumento da livre energia termodinâmica do sistema, quando dois níveis únicos de realidade física, p1 e p2, se acoplam significantemente. Além do mais, demonstrou-se uma medição quantitativa desta alteração, usando uma sonda de iões H+14. Se tal sistema acoplado se gerou nas experiências de Emoto, então a força termodinâmica impulsionadora, AG, seria alterada para cima e para baixo no processo de cristalização da água e poderíamos esperar alterações significativas. (…)” (As Mensagens Escondidas da Água, editora Estrela Polar Massaru Emoto) Campo magnético da água – alinhável pela força psicoenergética Conclusões Experimentais Sr. Emoto fonte/autor @ 3.2.5 - Efeitos Psico-Energéticos nos Cristais de Gelo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 152 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Linguagem atómica da água – Vários investigadores, como o Professor Jacques Benveniste, o Dr. Wolfgang Ludwig, David Schweitzer e Masaru Emoto, têm fornecido claras provas de como a água actua como um receptor líquido, capaz de receber, armazenar e transmitir vibrações electromagnéticas. Como as moléculas de água têm um pólo positivo e outro negativo, elas comportam-se como pequenos magnetes. Acoplam-se às moléculas vizinhas e formam agregados de várias centenas de moléculas. Estes grupos são estruturas muito sensíveis e impressionáveis por influências vibratórias. É isto que confere à água a sua capacidade de armazenar informação. Os padrões do gelo que o Sr. Emoto obteve são observados com ampliações de «100-200 Um». O seu tamanho e simetria são consistentes com o facto de a origem ser um segmento da superfície de um domínio coerente com cerca de «50» Um de diâmetro, o cálculo de dimensão I para a condição de eliminação da memória da água. Estes padrões de gelo são consistentes com a representação de padrões de frequência dentro de um domínio. Em 1989, descobrimos que a água congelada num campo magnético estático mostra padrões de cristais de gelo distintamente orientados em ângulos rectos para o campo magnético. Também havia efeitos dependentes das frequências, resultantes de alterar campos magnéticos. Logo os padrões dos cristais de gelo enucleados por frequências coerentes dentro de um domínio coerente são pelo menos uma possibilidade. Análise fotográfica dos cristais de água – “ …Começamos por colocar uma só gota de água em cada uma das 50 placas de Petri já preparadas. Depois congelamo-las a -25ºC e fotografamos ao microscópio os cristais formados. No laboratório em que trabalhávamos a temperatura era mantida nos -5ºC. Mesmo assim, o tempo necessário de vida de um cristal era de apenas dois minutos por causa da luz necessária, cujo aquecimento derretia o objecto das experiências. Normalmente seleccionamos um em cada 50 fotografias, por ser representativa da forma que surge com maior frequência. (As Mensagens Escondidas da Água, editora Estrela Polar - Massaru Emoto) Com a etiqueta «Alegria» – a formação do cristal resulta num harmonioso elemento. fonte/autor @ Esta agua levou uma etiqueta a dizer «vou-te matar» julgue por si os efeitos causados na água. fonte/autor @ A memória da água – Quando a água congela, as suas moléculas ligam-se de uma forma sistemática, formando os núcleos de um cristal que estabiliza na forma hexagonal. Depois começa a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 153 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima crescer e torna-se visível. Este é o curso natural do procedimento. No entanto se o cristal deparar com uma informação não natural, não consegue alcançar uma forma hexagonal harmoniosa. Uma vez confirmada a hipótese inicial, comecei a investigar a água de diferentes proveniências. As experiências correram bem e tiramos fotografias fidedignas. A questão que nos colocávamos era: Será que os cristais de água têm aspectos diferentes em diferentes circunstâncias? Todas as minhas espectativas foram ultrapassadas. As fotografias demonstraram claramente que, dependendo da sua origem (isto é, vinda da nascente ou de uma torneira da cozinha), a água assumia formas totalmente diferentes. Eram provas visíveis de como a água não é toda igual e reage às «experiencias» por que passa na sua jornada, armazenando essa informação. A água de uma nascente formava hexágonos regulares de uma beleza ímpar ao passo que a água no final do curso de um rio ou barragem dificilmente sequer formava cristais completos. (…) À luz das experiências podemos dizer que a água tem memória. Cada molécula transporta alguma informação e, quando a bebemos, ela torna-se parte do nosso corpo. Olhando para estas fotografias, pergunte a si mesmo «Qual a informação que desejo absorver?». (As Mensagens Escondidas da Água, editora Estrela Polar Maçara Emito) Fig. 1 – Musica – Heavy Metal (não consegue formar um cristal coerente) fonte/autor @ Fig. 2 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky fonte/autor @ A água ouve música?! A Música Heavy Metal ―depressiva‖ (fig.1) não criou uma harmonia cristalina; enquanto o «Lago dos cisnes» de Tchaikovky, formou um cristal com braços delicados que fazem lembrar o pescoço dos cisnes e efeitos harmoniosos; (fig. 2 e 3), mostrando a influência da mensagem Fig. 3 – Musica - Lago dos Cisnes - Tchaikovky fonte/autor @ musical. Cristais de Água Sr. Emito A água é capaz de ler e ver?! Este cristal formou-se depois de a água ver a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 154 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima fotografia dos golfinhos a mergulhar (fig.4). A palavra amor exposta ao cristal gerou uma forma trabalhada, Fig. 4 – Cristal – Golfinhos a saltar no mar «cheia», harmónica e reluzente (fig.5). O Sr.Emoto e outros laboratórios espalhados pelo mundo fora já fizeram milhares de experiencias científicas com este processo e a conclusão é cada vez mais unânime, tudo indica que a água responde à mensagem vibracional que acompanha qualquer objecto, imagem, música, palavra, enfim, qualquer intenção que exista na realidade, seja ela provocada pelo ser humano ou não. Fig. 5 – Cristal – Palavra «Amor» fonte/autor @ Cristais de Água Sr. Emoto 3.3 - Conclusão Científica do ponto de vista Urbano Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 155 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima As últimas experimentações são reveladoras do factor psico-energético, de um elemento informativo-intencional capaz de influenciar toda a realidade orgânica e inorgânica. Conectando estas experiências científicas com que outras observações provam a partilha morfogenética do conhecimento entre os seres vivos, diria mesmo uma telepatia colectiva inconsciente, nomeadamente estudado em macacos, A força invisível da urbe compreendemos que existem forças externas elementares várias fonte/autor @ na vida urbana que constantemente ignoramos. A medicina de vanguarda tem vindo a desenvolver processos de cura usando a psico-energia, mais conhecidos como cura quântica, com resultados promissores. Estamos perante a necessidade intemporal da compreensão das forças da Natureza para a construção da urbe, no qual o campo influencia a mental e sociedade e intencional as suas estruturas atómicas. As intenções de cada cidadão influenciam os espaços e estes influenciam-no segundo o seu carácter e mensagem arquitectónica, espacial, representativa, de mil e uma formas, através das vibrações subtis, sem muitas vezes darmos por isso, é um processo tão A energia do pensamento fonte/autor @ natural como respirar. Uma sociedade próspera e feliz dependerá sempre da vontade das forças intencionais implantadas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 156 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 3.4 – Disposição Psico-Energética da Urbe O poder intencional psico-energético deverá funcionar a favor do colectivo, valorizando os centros representativos da comunidade, partindo da criação de um espaço central público na cidade, e vários espaços estratégicos públicos: praças, miradouros, parques, entre outros, onde as pessoas possam usufruir da cidade positivamente e produzir Grande praça do Amor Núcleo Mãe > Cidade UT fonte/autor T. L. eventos dinâmicos saudáveis. Estes espaços funcionarão melhor, a meu ver, rodeados de vibrações harmónicas relacionadas com fertilidade, bem-estar, desenvolvimento e harmonia, facilmente atingível com espaços verdes, equipamentos sociais e culturais eficazes, estudados ergonomicamente para o efeito. Comportamento das partículas quânticas – probabilidade de acção – centro/periferia Faz todo o sentido existir um «pulmão da fonte/autor @ cidade» no centro, ligado por corredores verdes e vias, ramificadas à periferia. Este espaço de supra-centralidade assumida na cidade ao ser inteiramente público e aberto, onde todos podem sentir-se parte da cidade, expressarem-se e relaxar, proporcionará uma boa vibração mental no cidadão, valorizadores transmitindo e sentimentos consequentemente a cidade será mais valorizada, passando o seu centro e centros intencionais a estarem focados no bem estar da comunidade e não num centro específico Caminho – Monsanto – direcção a cidade Lisboa fonte/autor @ de poder, que desvalorize os outros interesses comunitários. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 157 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A atmosfera rejuvenescedora e Disposição Psico-energética da Urbe saudável do centro emanará sob forma material e energética, através do oxigénio das plantas energéticas, e das vibrações produzindo uma psicoonda vibratória pacificadora por toda a cidade. Será simultaneamente «o coração da cidade», onde os amantes se encontrarão, onde as pessoas virão fazer desporto, obter cultura ou simplesmente meditar positivamente, onde as crianças terão condições para brincar e aprender, onde os jovens poderão praticar suas aventuras e desportos radicais, onde os mais velhos possam dançar, contar histórias aos mais novos, onde os desafortunados se sintam cidadãos e sejam incentivados desde logo Actividades de lazer – Serafina – Parque de Monsanto fonte/autor @ a mudar as suas vidas, onde existam festas e eventos importantes e boas vibrações de prosperidade, enfim, onde uma infinidade de acontecimentos saudáveis para a comunidade aconteçam e sejam estimulados facilmente. A força do centro se espalhará para periferia através dos canais de ligação e dos elementos urbanos, marcos simbólicos, equipamentos, vias, canais, entre outros, criando uma relação forte com todos os pontos da cidade. Ao criarmos elementos urbanos com linguagem e estética relacionável com centro urbano, o cidadão, sem mesmo dar por isso, criará um paralelismo mental Instalação Urbana fonte/autor: Gustafson Porter @ com o centro mãe da cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 158 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O centro deste núcleo, que pode ser Disposição Psico-energética da Urbe em parte formado por um parque e praças públicas, rodeado pelos serviços referidos e pelo «pulmão da cidade», é mega-espaço de essencialmente um contemplação. Calmo por natureza, emanará essa paz para toda a cidade. Portanto, deverá ter mesmo algumas zonas de silêncio profundo, convidando os seus cidadãos à criação de pensamentos e meditações positivas, recebendo e espalhando vibrações saudáveis. Esboço do Núcleo Mãe e sua reflexão urbana Periférica Este silêncio poderá ser quebrado para Cidade UT fonte/autor T. L. eventos comemorativos, feiras, concertos, entre outros, mas sempre com o intuito de promover vibrações positivas para o bemestar de todos. Não é portanto, usando uma expressão comum, um lugar para «conversa de café», com vibrações mentais e ruídos por vezes melindrosos, nem um lugar dado a um fluxo desenfreado, mercantilista, materialista, sem grande ordem de valores humanos. O centro nevrálgico vive em cumplicidade com os equipamentos mais importantes para a sociedade, cabe ao próprio cidadão interagir com os seus espaços «semi-desertos». Em todos os seus espaços estarão escritas palavras de Actividades Humanizantes – Espírito Colectivo fonte/autor @ incentivo e simbologias a quem o visite, com o objectivo de intuir as pessoas a darem os bons pensamentos promovendo e o dias atitudes respeito e a terem saudáveis, mútuo entre cidadão e cidade e o seu sentido de serviço. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 159 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A cidade modelo caracteriza-se Disposição Psico-energética da Urbe portanto por uma zona central geradora de bem-estar social e desenvolvimento do cidadão e do colectivo em harmonia com o planeta e a sociedade, uma 1ª periferia geradora de repouso, aprendizagem, alimento e crescimento do cidadão e família em harmonia com a visão da cidade, e uma segunda periferia dedicada à produção, estudo e investigação, desenvolvimento social e educacional em Perspectiva da Cidade UT fonte/autor T. L. harmonia com a biosfera envolvente. A dita força atómica do centro é amplificável nas periferias através de elementos especialmente pensados para o efeito. Por exemplo, poder-se-á usar elementos escultóricos em rotundas ou outros sítios estratégicos, com linguagem estética e simbólica, transmissora de valores positivos e relacionados com o centro da cidade. As cidades do futuro serão tecnologicamente inteligentes, e um dia, biónicas, capazes alimentarem. Nessa de se fase, se autoo ser humano não tiver criado valores entre si e a cidade continuar com a mesma orgânica urbana contemporânea, o homem passará Torre Biónica – Hong Kong fonte/autor @ a ser mais uma máquina controlada por um super sistema de ordem pública, vivendo num estado de ataraxia social. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 160 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No entanto, a favor da variedade e personificação de cada zona, Disposição Psico-energética da Urbe eles deverão ter também uma «linguagem» própria, representando assim a zona em que se encontram, servindo de marcos orientadores, nunca esquecendo uma simbologia de carácter positivo para o cidadão, criando assim uma dupla dicotomia entre centro e cidade e as suas variantes periféricas. Nas cidades contemporâneas os edifícios crescem em altura conforme a especulação imobiliária avança para os Competição pelas «alturas» – Arranha-céus fonte/autor @ centros da cidade, hoje ditados pelo poder económico das grandes empresas. Esta concorrência entre si pelo ponto mais alto no céu, apoiados competitiva, na afirmando política global o poder seu empresarial através da imponência dos edifícios é sem dúvida uma intenção, uma força atómica e psíquica fomentando a competição e o elitismo. Todas estas cidades vivem segundo uma frequência cinética da maximização do materialismo e do lucro sobre todos os outros factores sociais. Psico-energeticamente é difícil criar uma sociedade justa num ambiente arquitectónico condicionante da vida na cidade, sem capacidade de transmissão de valores humanos, fomentando o Pintura – Ambiente urbano fonte/autor @ carácter individualista e autista. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 161 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Essa energia emanará sobre todo o Disposição Psico-energética da Urbe centro e sobre todo o espaço urbano, disciplinado por vias estranguladas entre arranha-céus, facilitando os problemas actuais das cidades de hoje, baseados sobretudo na falta de ética e valores humanos. O que queremos do centro da cidade é exactamente o oposto, um espaço harmónico de bem-estar comunitário que se propague para o resto da cidade sem barreiras urbanas que o concentrem, com soluções urbanas que amplifiquem a união com a periferia. Os materiais usados, as atmosferas espaciais urbanas, o sistema políticosocial, tudo são linguagens, que se influenciam mutuamente. Os prédios e arranha-céus, numa perspectiva atómica, na realidade são 1% Ambiente clausura – edifícios altos fonte/autor @ matéria e 99% campo não material. Este campo que em física quântica não passa de probabilidades, é influenciável pelas vibrações e é o responsável por dar forma atómica aos 1% que falamos. Ao criarmos campos mentais de clausura, stress e competição em blocos de edifícios, estamos a criar autênticos radiadores de frequências negativas para a cidade. Portanto, no contexto urbanístico não será a meu ver saudável a criação de edifícios muito altos de escritórios, salvo excepções justificadas, em que as suas Perspectiva do bairro Nº2 e núcleo Periférico (pequenamédia densidade) Cidade UT fonte/autor T. L. funções sejam no seu todo benéficas e suas vibrações positivas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 162 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O mesmo deve acontecer em edifícios Disposição Psico-energética da Urbe de pequena altura, pelo que, um edifício ―dominador‖ é sempre mais vibratório. Do ponto de vista do transporte aéreo no futuro, os edifícios altos também não respondem tão bem a esta solução, criando barreiras físicas, formas de elevação e aterragem mais complexas. O edificado deverá ser dinâmico, mutável e bio-climático, como já foi referido, com capacidade de crescer ou diminuir e de mudar tipologias e funções, produzindo soluções, uma em cidade com harmonia mais com o ecossistema que andamos a perder, propícia às relações sociais, com vias bem dimensionadas, melhoramentos capaz diários que de vão ao Utopia – Eco-Urbanismo fonte/autor @ encontro do cidadão. A cidade não está isolada do mundo, convém estar aberta às boas vibrações do exterior. Terá que marcar a diferença, com carácter inovador e promover boas ligações às outras cidades para bons intercâmbios. Dar às suas portas periféricas: aeroportos, estações, portos, auto-estradas equipamentos de ligação, geradores espaços de e uma ambiência promissora e hospitaleira para quem chega ou parte de viagem. Actualmente existem alguns exemplos formais com esta postura urbana, que Vitrina – Mensagens Valorativas fonte/autor @ funciona pondo notas de boas vindas no passeio, praças públicas e zonas de recepção ou qualquer outro sítio pertinente. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 163 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Outra atitude positiva passaria pelo uso Disposição Psico-energética da Urbe de vegetação das várias partes do mundo em espaços internos e externos destas estruturas urbanas, corpos de informação turística com ambiência acolhedora. Por exemplo, um posto de informação turística poderá ter a forma de um planetário com a representação do mundo e da cidade; o turista ao chegar vê o seu país e cidade representados no tecto, o que cria uma espécie de sentimento de que fazem todos parte da mesma comunidade planetária. Os transportes públicos devem ser também elementos dinamizadores e reconfortantes. Um transporte com grande impacto urbano é o teleférico, que transformado num transporte táxi versátil com liberdade de deslocação seria muito útil e o seu impacto visual poderá ser usado como Pintura fachada – Jesus Além “Arte Urbana” fonte/autor @ elemento positivo de «linguagem» e para divulgação de informação na cidade. As pessoas gozariam de um serviço de transporte personalizado e de uma vista panorâmica sobre a cidade; criando uma empatia visual da cidade com o utilizador. Os ideais da cidade e representações de «boa sorte para os viajantes» deverão reflectir-se na arte urbana e na arquitectura dos edifícios. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 164 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os Serviços de Saúde actuais, na Disposição Psico-energética da Urbe maioria, ainda nem sequer denotam a preocupação ergonómica funcional de O gasto acrescido em infra-estruturas Alvar Aalto. Os novos hospitais terão que nesses edifícios é recompensado por ter uma atmosfera de cura e de paz. melhores resultados ao nível da saúde da O stress é responsável pelo insucesso comunidade e uma inteligente caracterizam-se e espelhos de água para arrefecer ou referências aquecer o edifício e plantas e animais ambientais relaxantes, retardando a força para a produção de remédios e até para vibratória dos processos de cura. tornar a água potável. fechados, com edifícios poucas altos soluções, utilização da saúde, e os hospitais hoje em dia por das por usando os No aspecto urbano e arquitectónico dever-se-á ter atenção ao contexto físico criado. Por exemplo, a relação espacial do elemento água, relaciona simbolicamente os espaços com o elemento chave da vida na terra. Arquitectar cursos de água, ou mesmo criar espaços arquitectónica com de inspiração este elemento, proporcionará uma energia vibratória de limpeza e rejuvenescimento molecular. Por exemplo, um doente numa cama num Ambiente – Energia Curativa fonte/autor @ quarto iluminado essencialmente por luz natural controlada e com uma das fachadas virada para um espelho de água com peixes e plantas e um meio verde, vendo plantas medicinais a crescer e a vida a evoluir, acompanhamento juntamente humano com um saudável, obtém um ambiente mais propício à cura, recebendo constantes estímulos vibrações rejuvenescedoras. e Ambiente – Relaxamento – Cura fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 165 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os serviços desportivos, Disposição Psico-energética da Urbe saúde, culturais e espirituais ao deterem bons acessos, transmitem uma boa ligação Estes serviços «nucleares» estarão física com a comunidade caso sejam dispostos de forma a não valorizar em apelativos ao bem-estar social. demasia um serviço em detrimento de Muitos serviços públicos influenciam outro; criando um conceito vibratório de indirectamente a saúde do cidadão, por tolerância, igualdade e aceitação social, isso apelo mais uma vez aos contextos oposta ao praticado actualmente, onde urbanos usados, sempre a favor de uma cada entidade pública ou privada no seu arquitectura território tenta sobressair em relação às e envolvente rejuvenescedora. Estes serviços estarão outras, isolando-se como «força urbana». da O facto de estes serviços estarem no comunidade, levando os utilizadores a centro das atenções da cidade já é usufruir novos lugares, característicos de suficientemente valorizador, cada distrito ou zona, permeando a cidade interacção de como um todo. concentrando os objectivos no bem-estar nos vários núcleos nevrálgicos Apesar da centralidade pretendida para comum, terá seja ele ser a sua pacificadora espiritual, cultural, no desportivo ou lazer, todos contribuem para «centro mãe» da cidade, visitantes e o desenvolvimento do homem e devem cidadãos deverão ser estimulados a visitar ser usados conforme a vontade voluntária diferentes núcleos da cidade, aumentando de cada cidadão. os serviços mais representativos O centro mãe da cidade representa o a vibração atómica de apreço pela cidade, ideal da cidade pela sua intenção de unir preservando-a de certa forma. A maximização pretendida para os a comunidade, vibração reflectida na equipamentos, que podem em muitos ligação harmónica e científica segundo as casos ter multiusos, gerará um fluxo leis da natureza, cósmicas e planetárias. harmónico entre as várias actividades: O artes, convívio, pensamentos positivos dentro daquele cultura, que pode contribuir para um núcleo comunitário contribuem para o sentimento de abertura socio-cultural no desenvolvimento colectivo. actividades deverão ser desenvolvidas exposições, desporto, cidadão saberá da que os cidade. seus As Os serviços culturais, desportivos e com este sentido no espaço central espirituais, estarão distribuídos segundo constantemente, com monitorização de os resultados, o que permitirá no futuro criar seus temas cientificamente e funcionalidades, estudados equilíbrio harmónico entre todos. para o novas iniciativas cada vez mais eficazes para a produção de boas vibrações. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 166 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os Serviços de Governo da cidade são Disposição Psico-energética da Urbe responsáveis pela manutenção, protecção e planeamento da cidade. Poderão estar acoplados ao centro através das vias principais, mas localização num proponho a sua núcleo periférico de serviços; com uma referência urbana visual elevada e visível, tal como um «pai de família que toma conta dos filhos», mostrando-se atentos ao que se passa na comunidade, mas deixando-a crescer por ela própria. Os responsáveis máximos da cidade poderão discutir o futuro dela olhando-a directamente. Os edifícios dos serviços CPC (corpo de protecção da comunidade), também merecem a mesma Exemplo para o edifico de Governo – Wave Tower – Dubai fonte/autor @ conotação urbana, vigiando a cidade dos seus vários perigos, produzindo vibrações de zelo e segurança pela envolvente. Estes edifícios estarão mais expostos portanto, mais aptos a receber as boas vibrações da cidade e a reflectir as mesmas vibrações de volta como uma «antena» urbana. Existe aqui então uma justificação para edifícios altos, que poderão ser também miradouros turísticos e marcar urbanisticamente os núcleos da cidade. Instalar os edifícios governamentais no centro talvez não fosse maligno, já que encaixa estaria em sintonia com os outros de serviços comunitários, existem no Emanação de energia solar – Exposição da terra – Campos Energéticos fonte/autor @ entanto vantagens, para além das já ditas em instalar o governo mais à porta da cidade do que no seu centro. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 167 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Faz todo o sentido que os serviços do Disposição Psico-energética da Urbe Governo da Cidade interajam de forma mais directa com os pólos universitários, os sectores de produção e transporte, não sobrecarregando o centro da cidade com serviços de carácter laboral. O serviço de Justiça pode-se equiparar aos serviços governamentais da cidade. A sua funcionalidade é zelar pelo bem da comunidade, pelos direitos e deveres do cidadão. A sua conotação de «peso» de imagem de ordem cega deve ser evitado urbanisticamente, pelo que pode ser um equipamento que faça parceria urbana com os serviços do estado como os Fachada Inter-activa -Greenpix – Pequim – China fonte/autor @ serviços CPC(s) e governamentais. Um edifício público com estes vários serviços, CPC, tribunal, «loja do cidadão», centro de saúde, entre outros serviços úteis, justifica-se por facilitar o funcionamento da polícia, dos serviços de saúde, de justiça e de cidadania, visto os problemas e as ocorrências nestas áreas estarem muitas vezes interligadas. O seu carácter de alerta pressupõe uma arquitectura e estrutura urbana vigilante e translúcida, com fachadas dinâmicas e iluminadas, que permitam expor informações úteis sobre acontecimentos da cidade. Deverão ter uma ligação viária versátil às zonas públicas com grande afluência de pessoas: parques urbanos, escolas, transportes e outros, o que encaixa perfeitamente com a política Arquitectura com Transparência – Mediateca de Sendai fonte/autor @ desenvolvida para os núcleos da cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 168 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No contexto universitário a socialização de estudantes de várias Disposição Psico-energética da Urbe matérias bom Os pólos universitários produzirão uma desenvolvimento social. As rivalidades relação vibratória com os espaços de entre áreas profissionais mais facilmente trabalho, acontecem por distanciamento ou por uma espacial representativa dos locais de diferenciação de classes. Isto implica a produção para os quais os alunos se criação de poucos pólos universitários, estão maximizando os serviços de apoio. Os elementos com a mesma linguagem, as pólos empresas/cooperativas diferentes é pertinente Universitários estrategicamente periferia da para o usando a uma «linguagem» profissionalizar. de Usando acolhimento deverão estar espalhados pela educativo, podem ainda reforçar essa uma união cidade, formando psico-energética criando triangulação de «saber», tal acto poderá «linguagens espaciais relacionadas com a gerar aprendizagem» e os pólos Universitários. vibrações atómicas de conhecimento, desenvolvendo também a capacidade e maturidade intelectual dos indivíduos da cidade. Do ponto de vista estrutural, será positivo a existência arquitectónicos com de um elementos simbolismo comum a todas as Universidades, mas sem descartar a personalidade própria de cada pólo. Marcos periféricos na cidade, poderão ajudar nesta correlação psicoespacial, promovendo a união e o desenvolvimento do conhecimento em toda a comunidade. arquitectónico comunidade O poderá a exigir criação «linguagem» própria simbolismo que de da uma poderá ser implantada em todos os serviços, locais turísticos, terminais de transporte, edifícios públicos, enfim, em todo o espaço urbano considerado para o efeito. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 169 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Muitas sinergias poderão ser criadas com o intuito de produzir Disposição Psico-energética da Urbe ondas harmónicas de prosperidade e bem-estar por toda a urbe. Os materiais de carácter interactivo podem ser usados em muitas situações e equipamentos públicos. Por exemplo, uma parede «camaleão» que muda consoante o clima, o tema, o toque, estruturas desmontáveis em alturas de bom tempo e moldáveis e protectoras em períodos adversos climáticamente. metamorfoses utilizadores Estas interagem e os mentalmente, com espaços, produzindo os física e estímulos sensoriais no utilizador que o convidam a viver mais os comunicando, espaços, fazendo-nos por vezes sentir que somos parte da urbe e das influências que Parede Interactiva nos rodeiam. Todo o fonte/autor @ conhecimento implica transformação de uma ideia noutra. A vibração da natureza envolvente, corredores verdes, parques verdes e equipamentos bioclimáticos e ecológicos, vias de acesso dentro da mesma filosofia mutativa e de crescimento natural, saudável e harmonioso, é um estímulo importante também para o nosso próprio crescimento saudável como cidadãos. Ambiente acolhedor – DragoFly Bilding fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 170 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 3.5 - Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade Expus algumas propostas possivelmente inovadoras, mas o número de soluções para uma urbe intencionalmente ideal é tão vasto quanto a nossa criatividade permitir. Existe uma grande ligação entre a criatividade, a ciência e o uso da força intencional para o despertar intuitivo. O génio inexplicável gerador de soluções científicas relatadas por Einstein e muitos outros grandes cientistas, nascidas a meio de um sonho, de um flash, de uma certeza de fé, supera Utopia Universos paralelos – física Quântica fonte/autor @ a racionalidade. A psico-energia explica um pouco estes fenómenos. Penso que ela é a descoberta do século XXI, embora já faça parte de algumas filosofias, conceitos e crenças ao longo da história. Sem dúvida se usamos esta ferramenta para o desenvolvimento e a busca da verdade e para o bem da humanidade, de forma séria, juntamente com os conhecimentos de hoje, conseguiremos realizar as melhores cidades Andinos – Rep. - Cidade Maya da Antiguidade fonte/autor @ jamais construídas à face da terra. Ao analisar as cidades e os conflitos entre os povos, sabendo agora a influência vibratória da intencionalidade, seja ela espacial, simbólica ou mental, percebemos facilmente que tipo de desequilíbrios vibratórios desestabilizaram as civilizações centradas mais no poder e na riqueza, por vezes desfavoráveis à comunidade, «secando» os pressupostos Cidade poderosa e Mítica da antiguidade – Babilónia – Soldados Americanos em frente às ruínas reconstruídas fonte/autor @ de sobrevivência em sociedade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 171 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O resultando culminou em tesouros históricos, artísticos e arqueológicos de Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade civilizações promissoras, mas que não tiveram seguimento. O acto simples de pegar numa vareta de madeira com a mão provocando um movimento involuntário para descobrir um curso de água debaixo da terra é um processo psico-energético, não existe nenhuma troca «física-local» para produzir tal vibração, para um céptico não passa de uma coincidência feliz, mas na verdade é um fenómeno de «não-localidade» de Método milenar para encontrar água do subsolo transmissão de dados. A descoberta fonte/autor @ científica da psico- energia acaba por dar alguma veracidade a uma ciência milenar oriental chamada «Feng Shui», os seus fundamentos baseiam-se em parte no efeito impositivo mental, ou seja, acreditar em algo, molda a realidade em causa atomicamente; e num segundo factor, ligado aos efeitos provocados pelas energias elementares da natureza, resultantes das características dos materiais, da forma, da cor, da composição espacial dos elementos. Quem conseguir compreender o verdadeiro funcionamento do «Feng Shui» criado para a arquitectura, independentemente do que já foi escrito sobre o assunto, poderá realmente usá-lo no seu acto criativo para criar estruturas Quadro/Bussola Baguá usado no Feng Shui fonte/autor @ urbanas realmente propícias ao bom desenvolvimento social. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 172 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O principio é simples, é um facto que se criarmos, na sala de espera de um Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade hospital, uma ambiência com imagens positivas e saudáveis e uma disposição ergonómica do espaço favorável ao entendimento entre pessoas, obtemos melhores resultados (atitudes perante a doença, disposição mental, sentimentos de bem estar…) nos doentes que esperam para ser atendidos. Isto, de resto, não é nada de novo no mundo académico e científico. A ciência psico-energética, o poder da intenção, poderão, no futuro, vir a ser até uma disciplina escolar e os seus frutos Estadio e Centro de Natação Nacional – Pequim – Construido segundo conceitos de Feng Shui fonte/autor @ criarão uma nova geração de homens mais conscientes da responsablidade do pensamento e das emoções. As pessoas, alunos e cidadãos comuns, poderiam ser convidados e educados a transmitir boas vibrações psíquicas em lugares propícios para a cidade, como na praça central do núcleo mãe, criada para esse fim. Poderiamos mesmo propôr uma meditação conjunta a favor de bons resultados em áreas específicas, para que flua energia psico-energética que facilite o surgimento de ideias, projectos para a Meditação - Yoga pela Paz - 2007 fonte/autor @ cidade, saúde, prosperidade, entre outros. Este método parece estranho e pouco eficaz, mas a ciência tem vindo a provar o contrário. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 173 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Em Washington, numa experiência repetida diversas vezes pelo FBI, juntaram Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade várias pessoas para meditarem a favor da redução da criminalidade para 30%. A polícia local ridicularisou a experiência dizendo que isso seria impossível. Passados os meses previstos da experiência colectiva a criminalidade caíu mesmo 30% em relação ao que estava previsto! Este tipo de experiências meditativas têm vindo a acontecer pelo mundo fora, motivadas por associações que praticam meditação, empenhadas em provar cientificamente o poder psico-energético FBI Estudo – Meditação para baixar a criminalidade – Washington – (a linha de cima representa a linha prevista e a linha debaixo a que realmente aconteceu, fugindo do colectivo. muito às previsões) Tudo e todos detêm informação psico- fonte/autor @ energética: um jardim acalma-nos, um beco sujo perturba-nos, um sorriso sugere alegria e um grito cria apreensão. Uma cidade Neo-humanista procura o melhor do ser humano, só possível se acreditarmos nela, se cada rua, parque ou estrutura emanar esta vontade e se nós desejarmos e emanarmos no mesmo sentido. No fundo, grande parte dos cidadãos vivem com níveis depressão preocupantes, porque nem a cidade e nem o cidadão emanam forças psicoenergéticas favoráveis à vida em Energias Urbanas fonte/autor: Pintura Perez Ingusta @ comunidade, próspera e feliz. Não basta no entanto acreditar no conceito utópico de cidade «feliz», como é o caso de Auroville na Índia. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 174 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Temos que agir a favor dos pressupostos urbanísticos em todas as direcções para nos realmente como cidade Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade expandirmos ideal. É importante percebermos o factor poderoso da energia psico-energética ou senão corremos o risco desta «ferramenta» ser usada somente para interesses de elites e de particulares. Estas entidades, com objectivos pouco éticos, manipulam o nosso mundo global competitivo, através do marketing e dos «média», para fins Marketing Urbano – Publicidade impositiva políticos, comerciais e de poder. fonte/autor @ Quem quiser reflectir sobre os acontecimentos mundiais inconcebíveis para seres humanos ditos civilizados, percebe como a força da intenção de um punhado de líderes com intenções constrangedoras, tal como Adolf Hitler, minaram e minam a comunidade com medos e ódios, sem sequer por os pés na guerra. Tal seria impossível de acontecer num governo Neo-humanista, numa sociedade Adof Hitler – Campanha pelo poder Nazi fonte/autor @ unida civilizada, crente nas soluções pacíficas e na sua capacidade psicoenergética de entendimento com todos os povos e culturas. Não nos apercebemos, mas o poder da intenção está a ser constantemente usado em todos os campos das nossas vidas, nomeadamente por elites sem grandes interesses explicado, colectivos, como apoiados já foi nalguns departamentos científicos criados para Pirâmide da Gestão Social das elites “imperialistas” fonte/autor @ estudar a melhor forma de nos manipular. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 175 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A intenção psíquica levada a uma potência elevada é capaz até de alterar a Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade própria matéria como foi referido nas experiências científicas. Quando um vidro estilhaça perante uma pessoa extremamente irritada, a razão poderá ser uma corrente de ar húmido ou poderá ser mesmo da vibração psíquica da pessoa em causa. Seguindo numa direcção utópica, esta energia que tanto influencia a realidade e que surge através de símbolos, palavras, números, pensamentos, propriedades dos materiais, cores, sentimentos, capaz de CERN – “Coração” do acelerador Internacional de partículas Quânticas fonte/autor @ ultrapassar e influenciar qualquer átomo ou partícula, será por fim analisada abertamente e posta ao serviço da comunidade e do colectivo. A sua integração urbano-social será feita ao nível arquitectónico nas estruturas e espaços tendo em conta a morfologia dos terrenos e dos recursos, tais como os cursos de água, a biodiversidade, tipos de rocha e de solo, ventos e características climáticas, entre outros elementos da natureza. Será feita também ao nível da educação escolar e cívica, fomentando boas influências psico-energéticas sociais no governo, na cultura, no comércio, na comunicação, enfim, em todas as áreas Ondas de cores segundo padrões energéticos do ser humano, impondo a visão neo- fonte/autor @ humanista pretendida para a cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 176 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Devido às novas descobertas no campo da mente, as quais serão o modelo Retrospectiva da Estrutura Psico-Energética da Cidade de pensamento futuro do ser humano, os cidadãos terão consciência holística dos seus actos, mesmo que não tenham crenças espirituais, perspectiva puramente usando uma científica. Em última instância, poder-se-á dizer que existe um voltar cultural para a vertente socio-cósmica do ser humano, mas desta vez através da lógica e não através da fé. A Espiritualidade tornar-se-á cada vez mais numa disciplina, sujeita a um acompanhamento académico envolvendo as várias ciências. Motivação Colectiva: Auto-estima fonte/autor @ É mesmo justo afirmar que as religiões, tal como as conhecemos hoje, irão desaparecer e reaparecer de forma mais unida, com outros nomes, evitando os erros do passado, com necessidade de serem apoiadas pela ciência para o profundo entendimento das suas forças e simbologias. Várias forças de construção espacial da cidade poder-se-ão desenvolver, com a ajuda dos futuros departamentos urbanos, estes apoiados por um bom grupo de responsáveis criativos, das mais variadas áreas e ciências, para o desenvolvimento melhorado, diário, acertivo e ético da urbe e da sociedade. Quadro – relação entre: Crenças – Conhecimento – Verdade fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 177 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA 4.1 – Introdução A tecnologia desenvolve-se graças a investimentos económicos avolumados vindos de todos nós com o compromisso social de melhorar o nosso modo de vida. A ciência Humanidade. existe O para o que se bem da verifica Dependência Tecnológica – trabalho sectário intensivo fonte/autor @ actualmente neste campo é perverso; o seu uso tem levado à destruição do ecossistema em todo o planeta e grande parte da população vive escrava da tecnologia, cada vez mais dependente dela para subsistir. Teoricamente não deveríamos depender dela mas sim usá-la simplesmente para melhorar as nossas vidas. Põe-se a questão, será possível tal feito? Existem sistemas de habitação e de cidades bioclimáticos que sobreviveram durante milhares de anos sem grandes tecnologias nem grande necessidade de mudanças exemplos estruturais. Os melhores bioclimáticos estão exactamente na antiguidade e não nas tecnologias de hoje. Podemos juntar o melhor destas duas fontes de sabedoria e criar uma cidade realmente sustentável e futurista. Jardins Suspensos - antigo Exipto fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 178 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Na verdade, as tecnologias de hoje Soluções Bio-tecnológicas Urbanas permitem feitos incríveis, impossíveis de ignorar. Aproximamo-nos cada vez mais de uma cidade realmente biónica, em que cada casa poderá produzir a sua própria energia, capaz de auto-manutenção, sem esforço humano. Usar os recursos de outras comunidades torna-nos mais dependentes do exterior. Se bem que é positivo fazer trocas externas, deve-se no entanto não depender delas para garantir a Cosntrução moderna em Adobe – técnica Milenar – matéria prima local fonte/autor @ sustentablidade da cidade. Mesmo hoje em dia, as pessoas vivem enganadas em relação ao conceito de sustentabilidade, na verdade uma casa bioclimática bem construída, em Lisboa, não precisa de ar condicionado nem de paredes cheias de isolamento térmico, basta o recurso a materiais e soluções amigas do ambiente usando basicamente materiais locais. Casa bioclimática construida com barro – materiais locais – uso de técnica milenar Encher as paredes com placas cada fonte/autor @ vez mais grossas de poliestireno, de eficiência temporal a médio prazo e com uma produção e transporte dispendiosos, produz um desgaste energético na fase industrial de produção, com repercursões no ecossistema, apesar de conseguir diminuir o consumo energético das habitações. Uma estrutura bioclimática tem outras vantangens porque, além de conferir a mesma qualidade e conforto habitacional, industrial não nem dispende uma energia manuntenção Casa bioclimática de pedra – materiais locais fonte/autor @ dispendiosa. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 179 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Uma arquitectura que tolere soluções orgânicas permite diminur o Soluções Bio-tecnológicas Urbanas impacto urbano sobre a biosfera. Por exemplo, uma horta pode servir também de tapete orgânico térmico-acústico para o terraço de uma habitação, ou os tanques dos pátios das habitações, além de criarem um microclima agradável nas habitações podem servir para a criação de alimentos. As casas ditas «inteligentes», com um computador para gerir a sua atmosfera de conforto interno, não passam muitas vezes de casas normais auxiliadas por Casa domótica – Casa Inteligente – Sistema climático compturizado @ vários equipamentos dispendiosos que pouco aproveitam as potencialidades do eco-sistema, até, pelo contrário, isolam a casa do eco-sistema. Defendo mais as soluções «inteligentes» para gerir serviços e transportes dependentes dos computadores. Uma casa utópica ideal não precisará de ordens para dar conforto ao seu utilizador, não digo para igonarmos as potencialidades informáticas e Crescimento da estrutura – TreeHouse tecnológicas, mas sim para fugir à visão futurista de que a casa deve ser um robot, sem nada de novo em relação à visão dos movimentos urbanos do século passado, prontos a criar um esteriotipo de casa para ser usada em qualquer parte do mundo. Na verdade, é bom podermos interagir com a nossa casa, carregar num botão e ter a casa limpa, mas as características Moradia - TreeHouse- Eco arquitectura locais e culturais devem ser respeitadas e fonte/autor: Portal inhabitat -Mitchell Joachim, Lara Greden, Javier Arbona @ aproveitadas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 180 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima No futuro existirão materiais Soluções Bio-tecnológicas Urbanas inteligentes, capazes de mudar de forma, micro-estrutruras programadas e células para o vivas que nós entendermos. Hoje em dia a inovação surge em materiais que não se sujam nem se molham com a chuva afastando as gotículas de água, tintas fotovoltaicas que absorvem electricidade como paineis solares, ligas carbónicas mais resistentes que o aço, vidros que alteram a sua pigmentação conforme a intensidade da luz, estruturas de betão com fibras ópticas que deixam passar a luz, coberturas e paredes que armazenam a água das Tecido – Cerâmico fonte/autor @ chuvas e a purificam através dos fotões do sol, enfim, um infindável leque de soluções para os edifícios. Todas as soluções são úteis, desde que sejam organizadas segundo bioclimático o pretendido conformidade com o objectivo e eco-sistema em e características locais. Devemos optar por recursos orgânicos que sejam reproduzíveis e recicláveis. Podemos produzir óleos, vários tipos de fibras, compostos de madeira e resinas, produtos químicos, remédios, borrachas, peles e tecidos passíveis de serem produzidos em qualquer território fértil. Por exemplo, a bananeira, além de dar bananas, a casca da sua árvore fornece uma facilmente fibra, aplicável muito resistente, na indústria Concreto Translúcido com fibra óptica fonte/autor @ automóvel, entre outras. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 181 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Acredito que surgirão materiais Soluções Bio-tecnológicas Urbanas orgânicos capazes de substituir certos minérios, alguns deles com propriedades condutoras de electricidade. Alguns metais, no entanto, não são problema num futuro próximo, graças ao seu nível de reciclagem. O Aço, por exemplo, é 100% reciclável e a sua produção através da reciclagem é muito mais versátil e barata que a sua extracção no estado bruto. A eco-política não descarta a necessidade de análise dos recursos minerais nas zonas de influência da cidade, para minimizar o impacto Recursos Geológicos fonte/autor @ ambiental e conseguir o melhor emprego dos mesmos. A gestão dos recursos deve ser conjunta entre o sector orgânico e mineral. Por exemplo, uma pedreira poderá dar lugar a uma plantação ou a um tanque de criação de peixes. Para minimizar a dependência externa da cidade são necessárias, a meu ver, quatro iniciativas: métodos de construção segundo matérias-primas soluções bioclimáticas locais «amigas» com do Biodiversidade – cadeia alimentar – recurso Natural fonte/autor @ ambiente, criação auto-sustentável de produtos alimentares respeitando as características da fauna e da flora e a reciclagem eco-sustentável. Uma cidade debaixo de água terá soluções radicalmente diferentes de uma cidade no topo da montanha; no entanto as bases para a sustentablidade serão sempre, a meu ver, a maximização dos recursos de bioclimática. forma sustentável e Recurso prioritário – Água fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 182 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 4.2 – Políticas Sustentáveis A carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade, aprovada pelos participantes na Conferência Europeia sobre cidades sustentáveis, realizada em Aalborg, Dinamarca, em 1994, dá-nos o conceito de desenvolvimento sustentável baseado no capital da natureza, com o objectivo de alcançar a justiça social, economias sustentáveis e sustentabilidade ambiental. Resumindo, a sustentabilidade exige um consumo controlado dos recursos renováveis e não renováveis de forma a não exceder a capacidade de reposição e desenvolvimento dos recursos renováveis. A taxa de emissão de poluentes não pode ser superior à capacidade de absorção e transformação, por parte do ar, da água e do solo, tendo em conta a preservação da biodiversidade, da saúde humana e da qualidade do ar, da água e do solo. A política de sustentabilidade passa por investir na conservação do capital natural, na eficiência energética e na equidade social. ―A desigualdade das riquezas está na origem de comportamentos insustentáveis, tornando a evolução mais difícil. Nós pretendemos integrar na protecção ambiental as necessidades sociais básicas das populações, bem como programas de acção sanitária, de emprego e habitação” (…), seguindo a política de desenvolvimento dos Planos Locais da Agenda 21, aprovado na Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro, onde incita à colaboração de todos os parceiros das comunidades – cidadãos, empresários e grupos de interesses. Um esquema reconhecido de sustentabilidade, exprime o paradigma da ecologia, no sentido em que tudo está relacionado entre si, (Barry Commoner, 1917-, EUA, biólogo). Ecosistema é um ciclo de vida em constante renovação: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 183 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.3 – Tecnologias Sustentáveis - Exemplos 4.3.1 - Reactor nuclear modificado – Criar combustível através do ar/água O ar e a água contêm o hidrogénio e o carbono, os constituintes da gasolina. Assim porque não juntá-los de novo para fazer combustível? Um projecto dos cientistas no laboratório nacional de Los Alamos transforma o dióxido reutilizável de carbono usando em um plataformas recurso nucleares. Enquanto o ar entra na torre do reactor refrigerado, é filtrado através de uma solução de carbonato de potássio, que captura 95 por cento do dióxido de carbono dando forma a uma solução do bicarbonato: soda, mais ou Ciclo de produção de Combustível fonte/autor @ menos de ―baking‖. Uma bateria electrolítica transforma o bicarbonato em 100 por cento de CO2. Para a produção de hidrogénio, o reactor nuclear está gerando já a electricidade, e alguma dela serve para gerar a electrólise para separar o hidrogénio da água. Finalmente, os processos catalisadores combinam o hidrogénio e o carbono no combustível do metano, da gasolina ou de gás, tudo sem emissões tóxicas. Os investigadores estimam que um reactor é capaz de produzir 8.600 toneladas do CO2 por dia, bastante para encher 17.000 tanques de gás, num projecto com seis torres refrigeradas juntamente com 90 baterias. Desvantagens – O processo necessita preços de gás economicamente justificáveis, o Combustível Fóssil gás novo custaria à volta de 3€ por galão (3,7 litros). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 184 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.3.2 - Desperdícios geram Biogás Tecnologias Sustentáveis Exemplos Reciclado Warren Weisman, um consultor que dirige a Cooperativa de Oregon Biogás, criou num projecto-piloto o primeiro biogás para os autocarros produzido através do tratamento de águas residuais em Eugene, no estado de Oregon. Weisman acredita, juntando como suplemento a recolha de lixos orgânicos e os desperdícios dos capazes eventualmente de restaurantes, que alimentar são os autocarros públicos de toda a cidade. Não teria a capacidade de biogás para alimentar todos os carros da cidade, mas poderia Formas de produzir Bio-metano fonte/autor @ substituir o gasóleo mais poluente com que se abastece o transporte pesado e, ao contrário do gás natural extraído dos poços profundos, o biogás não produz as emissões de estufa nocivas para atmosfera, porque não liberta o carbono preso nos depósitos fósseis. O biogás é criado por digestão anaeróbica num processo em que as bactérias «fermentam» debaixo do desperdício orgânico na ausência do oxigénio. O sulfito do Central de Produção de Biogás fonte/autor @ hidrogénio e o dióxido de carbono são removidos do biogás, e o gás natural restante (na maior parte metano) é comprimido. Algumas cidades na Suíça, em França, em Espanha e na Islândia estão criando já os seus sistemas de aproveitamento de biogás. Na Suécia, a frota inteira de autocarros funciona com biogás gerados dos materiais orgânicos desperdiçados. Desvantagens – Para ter um rendimento elevado requer uma recolha numerosa e tratada de desperdícios: águas residuais e lixo orgânico. Comboio movido a Biodiesel fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 185 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.3.3 - Reciclar a Urina dos Porcos Tecnologias Sustentáveis Exemplos Bioplástico Jes Thomsen presidente da Agroplast afirma que a urina do porco é um artigo de valor tão justo quanto o petróleo, o carvão e o gás. Um produto químico produzido no fígado do porco, ureia, pode ser reciclado de várias maneiras: pode ser usado em estradas e nos aviões para remover o gelo, na manufactura de bioplásticos, em que a ureia pode substituir o petróleo como agente. A companhia Porco – produtor de urina – plástico fonte/autor @ dinamarquesa começou a colectar 3.000 litros de urina de porco por dia num projecto perto de Copenhaga num esforço para reduzir custos e conservar recursos. Tipicamente, a urina do porco e os dejectos são despejados em reservatórios e levados em tanques de armazenamento que, por vezes, derramam no transporte. Isto pode conduzir a níveis perigosos de poluição do ar e das águas do solo. O sistema de filtração da Agroplast, colecta a urina ao mesmo ritmo que o porco a produz, mantendo as pecuárias limpas e livres de doenças. Ao contrário dos sistemas sépticos convencionais, o desperdício corre através de filtros que limpam o líquido removendo as partículas, a cor e o Laboratório – Análise de Bioplásticos fonte/autor @ odor. No fim do processo, a ureia está pronta para ser reciclada para plástico, sabão, óleo ou cremes. Desvantagens – Uma placa plástica feita de urina do porco deitada num descampado terminará por liberar metano, produzindo gás de estufa. Reciclar os bioplásticos pressupõe um problema, porque a maioria das companhias não estão, ainda, equipadas para separar os bioplásticos do plástico regular e fazer a sua reciclagem. Ford Fusion – Interior feito todo em plástico reciclável fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 186 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.3.4 - Lixo electrónico transformado Tecnologias Sustentáveis Exemplos em equipamento urbano A equipa do Dr. Zhenming Xu, da Universidade de Shangai, desenvolveu um novo método de reciclagem que poderá transformar os computadores de ontem, assim como todo o tipo de aparelho electrónico, em verdadeiros ―bancos digitais‖. Mas um tipo de banco que não lembrará em nada a velocidade que um dia foi a marca registada desses equipamentos, que se tornam obsoletos muito fonte/autor @ rapidamente. Reciclagem Lixo Electrónico – Lixeira das placas de circuito impresso: embora os metais contidos nos circuitos electrónicos, como cobre, alumínio, e até ouro, já sejam reciclados, a maioria dos materiais não-metálicos continua sendo atirada para aterros sanitários. Só as placas de circuito impresso correspondem a cerca de 3% de todo o lixo electrónico, em termos de peso. Os pesquisadores processo industrial desenvolveram para reciclar um esses materiais não-metálicos, criando um material Lixo Electrónico – Placas fonte/autor @ intermédio que pode ser utilizado para a fabricação de bancos para parques e praças, grelhas para esgotos e cercas. O material também pode funcionar como um substituto para a madeira e outros materiais estruturais, já que ele é tão resistente quanto o concreto armado, graças à presença das resinas e outros materiais fibrosos que compõem as placas de circuito impresso. Banco com material reciclado electrónico fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 187 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.3.5 - Casa auto-sustentável com Tecnologias Sustentáveis Exemplos material reciclável – energia «limpa» Uma sala, cozinha, casa de banho e dois quartos. Pode parecer uma casa comum, mas a construção, que tem como endereço um pequeno terreno na UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, está a ser feita com muita pesquisa e trabalho. Praticamente toda construída a partir de material reciclável e funcionando com energia limpa, a Casa Alternativa Energicamente AutoSustentável, quando concluída, pode ser uma opção para habitações populares. As paredes Tijolos reciclados – Construção da casa Auto- são de tijolos feitos de uma mistura de isopor, Sustentável garrafas PET, pó de pneus, gesso e cimento. fonte/autor UFRN @ O resultado é um material que permite um conforto térmico, com uma diferença de temperatura entre a externa e interna de até 10º C e isolamento acústico. Com o tijolo ecológico, 40% mais barato que o convencional, é possível levantar uma parede num curto espaço de tempo, encaixando-os uns nos outros. Ele ainda dispensa o reboco, uma vez que possui uma superfície lisa. A mobília também pode ser feita usando esses tijolos. Do lado de fora da casa, um catavento, construído com tambores plásticos, gera energia eléctrica. E no telhado de brasilite, um aquecedor solar, feito com vidro, espelho e canos de plástico, faz o aquecimento da água. A casa também terá um destilador solar, para purificação da água, fogão e fornos solares, para a preparação de alimentos, e secador solar, para desidratação de frutas. Tudo feito de material reciclável e com um funcionamento simples, transformando Engenheiro Luis Sousa UFRN – Responsavel pela casa Auto-sustentável fonte/autor @ a radiação solar em calor. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 188 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Tecnologias Sustentáveis O projecto resulta de uma pesquisa do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRN, coordenado pelo professor Casa auto-sustentável com material reciclavel – energia «limpa» Luís Guilherme Meira de Souza, e já está a ser desenvolvido há três anos. “Este é um projecto Outro artigo interessante sobre as de tecnologia social. A idéia é que com energias renováveis de baixo custo para materiais recicláveis e baratos as próprias implantar nas casas, já é dado pelo pessoas possam construir suas casas”, explica. Peruano Jocemar Silveira: Além de reduzir infinitamente o custo da construção, a casa ainda dispensa gastos com energia e gás. “Com o catavento e esses equipamentos de energia solar, é possível manter o funcionamento da casa”, garante o professor. Somado ao benefício social, a Casa Alternativa é ecologicamente correcta, já usa energia limpa e materiais que poderiam ter o lixo como único destino. Mesmo com tantas vantagens, o projecto tem enfrentado dificuldades e não conta com financiamento. “Muitas vezes, a gente compra material do próprio bolso e nós mesmos fazemos o trabalho de pedreiro”, relata. Para o professor, a Casa Alternativa poderia ser uma opção para o déficit habitacional. Como o custo do investimento é menor, seria possível abranger mais pessoas. “Seria uma realização grande poder construir “Um exemplo de quem lida bem com o lixo é o pernambucano Jocemar Silveira, de 37 anos. Ele é morador de Diadema (SP) há quase 30 anos. Depois de trabalhar como metalúrgico, ficou desempregado. “Virei captador de material reciclável, não de lixo”, frisa ele. Silveira passou 2 anos nas ruas e na lixeira de São Bernardo do Campo (SP). “Eu observava o lixo pegar fogo. Aquilo aguçou a minha curiosidade e fui investigar”, conta. Mesmo tendo estudado só até à oitava série, aprendeu sobre processo químico, o que, aliado à habilidade metalúrgica, o ajudou a desenvolver a máquina que cria o biogás, utilizado em veículos, na geração de energia eléctrica e como gás de cozinha. “O redigestor usa resíduos orgânicos a partir do esgoto, de restos alimentares e de feiras, de algas da beira de represas e fezes humanas e os converte em metano, fertilizante ou ração animal”, esclarece. Na comunidade onde mora, Cidade Julia, próximo à represa Billings, Silveira montou com carroceiros a cooperativa Pedra Sobre Pedra, que utiliza o equipamento. “Com os resíduos gerados por uma família de cinco pessoas é possível produzir 6 quilos de gás em 72 horas”, diz. Ele já tem pronto um projecto para fazer outra máquina, que beneficiaria 750 pessoas com a produção de 560 metros cúbicos de biogás por dia. “Isso equivale a 50 botijões diários. As residências que derem matéria-prima para a máquina funcionar vão receber grátis gás e energia eléctrica”, explica. Segundo Silveira, que procura investidores, a nova máquina tem custo de R$ 2 milhões e, através da produção, paga o investimento em 1 ano.” um conjunto habitacional”. Um pequeno passo para o desenvolvimento do projeto será dado com a construção de uma casa na Escola Estadual Dom Nivaldo Monte, que será utilizada para o ensino de ciências. Para isso, foram ―liberados‖ 35 mil reais. “Com essa construção, será possível fazer um levantamento mais preciso dos custos da casa”, afirma Luís Guilherme Meira Sousa. Jocemar Silveira e a sua invenção fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 189 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.4 – Tecnologias Sustentáveis - Reflexão O uso inteligente tecnológicas ditará o de soluções sucesso das comunidades. A reciclagem é o ex-libris da sustentabilidade e se usarmos uma visão mais aberta das coisas, apercebemo-nos que tudo é reutilizável. Como vimos nas soluções energéticas apresentadas, a urina, os esgostos, os detritos e até o próprio ar que respiramos é reciclável. Poderia falar do aluminio e de outros materiais recicláveis, mas seria Ciclo da Reciclagem fonte/autor @ alongar demasiado este item. Tendo recursos naturais e reciclagem de resíduos garantida, juntamente com o desenvolvimento tecnológico antigido nos dias de hoje, o que falta mais à comunidade para ser auto-sutentável? Falta simplesmente uma gestão urbana inteligente com base nos interesses do colectivo. No relato da casa alternativa autosutentável URFN não se falou em sistemas inteligentes; mas sim de uma casa que qualquer pessoa pode construir, no entanto cómoda, sustentável e até mais barata do que uma casa comum. Pelo que se poderia acrescentar também de sistemas casa ―inteligentes‖ Casa Eficiente - Amiga do Ambiente fonte/autor @ (domótica), mas não nos iludamos que uma casa inteligente é o futuro. Ao nivel recursos do existem aproveitamento várias dos soluções, é preciso decidir a melhor forma de usá-las. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 190 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Por exemplo, o sistema de destruição Tecnologias Sustentáveis – Reflexão das bactérias por ultra-sons é bom para criar água potável, mas se queremos produzir gás através das bactérias das águas residuais, quando muito, devemos limpá-la posteriormente. Há que desenvolver a interligação dos processos de reciclagem da forma mais eficiente. O conforto térmico pode ser atingido de várias formas, tanto pode ser antigível através do aproveitamento da temperatura constante do solo, usando um sistema de tubagens produzindo um ciclo «limpo» de climatização dos edifícios como através Sistema Climatizado de ar – Central de Comboios Aquece o edifício com o calor humano fonte/autor @ do aproveitamento do calor humano, produzido em zonas internas movimentadas, canalizando-o para zonas que necessitem de ser aquecidas e viceversa. Os edifícios e os campos de culturas poderão ser usados para implementar energia eólica ou solar, de forma multifuncional. O cultivo, como vimos em PROUT, procurará a biodiversidade e a mistura de culturas, a rega gota-a-gota, combate biológico aos parasitas, enfim, todas as soluções a favor da sustentabilidade. No futuro, com tantas inovações ao nível da motorização e produção, a energia fóssil e núclear poderá mesmo deixar de ser economicamente. importante até Soluções Eficientes de Consumo Energético fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 191 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Projectos promissores de motores Tecnologias Sustentáveis – Reflexão cilindricos eléctricos patenteados, mas misteriosamente ignorados, repõem as minhas dúvidas transparência em relação à científica perante a sociedade. Artigos sobre motores de veículos funcionais praticamente biónicos têm vindo construídos a público. num Os sistema motores de vácuo, girando graças à força cinética de ímans magnéticos, absorvem a energia Instalação experimental do motor magnético que substituiu perfeitamente o motor de origem do movimento rotativo do cilindro produzindo energia eléctrica a custo reduzido e são implantaveis em qualquer veículo ou indústria. Por exemplo, o inventor Troy Reed garante que o seu o motor magnético detém uma grande fiabilidade energética, gastando energia apenas no momento da ignição. Devo dizer que pelo menos os Japoneses também já detêm invenções idênticas. A invenção do motor Desenho do motor magnético de Troy Reed magnético bem sucedido, acabaria com o fonte/autor: pure energy Systems Peswiki - directório: monopólio energético à base do petróleo e mesmo à base de outras fontes de energia. A produção de energia eléctrica e a motorização das máquinas mudaria radicalmente. Tendo em conta a multiplicidade infindável de opções tecnológicas que estão constantemente a aparecer, não posso traçar uma solução objectiva, posso simplesmente indicar uma política sustentável, que respeite a biodiversidade, o ecossistema e a sociedade. Os exemplos que apresentei são apenas demonstrativos. Motor Tecnology By Troy Reed US “O motor magnético é dirigido pelas forças de repelimento de ímans fixos e giratórios. Os ímans girando (22, 32) são montados com um espaçamento simétrico sobre o perímetro de um disco (20) que gira com o «volante» do motor. Os ímans estacionários (18, 28) são adjacentes suportando os ímans girando (22, 32). Há quatro pinos no injector (76A, 76B, 76C, 76D), bem como os pinos comuns no injector nas saliências pontuais da esfera, que são ajustadas e liberadas por uma «almofada» do injector (48A, 48B, 48C, 48D) dirigida pelo eixo de «manivela» (14) do motor. O eixo de «manivela» (14) e o volante são dirigidos pelas forças repulsivas criadas pelos ímans fixos e giratórios (22, 32) com os sistemas de pinos do injector (34, 36, 38, 40) operando para movimentar o eixo de «manivela» (14) e o centro excedente do «volante».” Traduzido do Inglês fonte/autor: pure energy Systems Peswiki directório: Motor Tecnology By Troy Reed US @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 192 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.5 - Propostas Estruturais para a Cidade 4.5.1 - Estrutura Viária e Transportes As vias em forma de teia de aranha «semi-recticulada» terão uma hierarquia e um tamanho segundo as velocidades e o fluxo de veículos pretendidos. A sua forma não fugirá muito ao conceito contemporâneo de via, pois o ser humano está limitado pelas suas próprias características humanas e por melhor que seja o veículo e a sua tecnologia, quer ele ande no chão ou voe; os seus reflexos e noção dos espaços serão sempre limitados a um trajecto o mais linear possível. A via é incondicionalmente um Esquema – rede semi-recticulada fonte/autor @ fio condutor, organizador e separador, atribuindo às pessoas uma estrutura urbana dividida por zonas. Mesmo que um dia os veículos aéreos se tornem comuns, as vias não irão perder o seu papel divisor das parcelas e orientador do tráfego, tendo em conta o perigo de queda de veículos em cima de uma habitação ou escola, portanto deve ser estruturalmente uma malha que evita a perda de privacidade do cidadão. As vias rápidas são eficientes pelas suas infraestruturas, acessos com faixas paralelas, faixas de alteração de velocidade da marcha e atravessamentos desnivelados sem semáforos. Carros do Futuro – Decisões Tecnológicas fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 193 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A sua eficácia como via-rápida perdese quando o resto da cidade não escoa o Propostas Estruturais para a Cidade Estrutura Viária e Transportes trânsito devido ao estrangulamento viário, semáforos, cruzamentos, rotundas congestionadas e poucas alternativas de trajecto. Portanto, sou a favor da solução da criação de algumas vias rápidas estratégicas, dentro e fora da cidade, interligadas entre si e de vias secundárias de escoamento, no resto da malha, capazes de proporcionar várias Centro de Brasília – Exemplo de vias de tráfego alternativas viárias de deslocação. As vias secundárias deverão evitar o famoso «arranca-pára» contínuas fonte/autor @ citadino, desgastando o veículo e o utilizador, trazendo hipoteticamente até mais custos e problemas sociais, mesmo que se gaste o dobro do dinheiro na construção de acessos e alternativas. No caso de cruzamentos complexos deve-se proporcionar soluções complexas o quanto baste, com acessos alternados, rotundas, subterrâneas. passagens Vias aéreas e desimpedidas Via Júlia – Passage Picasso – Exemplo – Via contemporânea fonte/autor @ significarão uma cidade mais produtiva e saudável. Os semáforos são consequência da falta de espaço e de soluções económicas para a urbe, por isso devem ser evitados ao máximo, salvo excepções justificáveis. Cruzamento Congestionado – Cidade Antiga fonte/autor: Moholiy Nagy @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 194 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os passeios e vias para transeuntes serão como no sistema «semi-reticulado» tradicional, em correlação com Propostas Estruturais para a Cidade Estrutura Viária e Transportes a envolvente edificada e com as vias de circulação. Em alguns transeuntes casos serão as vias para independentes da envolvente, principalmente em situações de atravessamento ou de ligação a parques e edifícios públicos. As vias de circulação principais serão permeadas por corredores verdes que Parque Monte Laa – exemplo de distribuição pedonal independente dentro de um núcleo urbano fonte/autor @ unirão, através da sua malha em teia, o tecido verde da cidade. As vias periféricas encontrarão nos limites da cidade as autoestradas e os terminais de ligação aos transportes de alta velocidade, aéreos e terrestres. Os custos dimensionais das vias podem ser minimizados com transportes públicos realmente eficazes e apelativos, que a meu ver, imagem dos exemplos de hoje, funcionam independentes melhor das vias quando de Vias de trânsito envolto de biodiversidade vegetal fonte/autor @ são tráfego, permitindo assim projectar as vias de circulação para menos veículos, menos tráfego diário e usar as vias secundárias como alternativa de escoamento em dias de maior movimento. O sistema de transportes públicos poderá também servir para transporte de mercadorias entre os vários sectores, da Transporte público do futuro – Via independente fonte/autor @ mesma forma que transporta pessoas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 195 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.5.2 - Sistema de Transporte Público Propostas Estruturais para a Cidade Quanto mais eficaz for um transporte público menos necessidade haverá da criação de vários transportes públicos alternativos, maximizando todo o orçamento numa só solução. O transporte público que proponho poderá ser instalado ao mesmo ritmo que os loteamentos públicos e privados da cidade, juntamente com as outras infraestruturas urbanas. O transporte em veículos-táxi autónomos é uma solução inovadora. A linha funcionaria num carril principal com duas faixas para os dois sentidos, com paragens em linhas secundárias de Transporte público monotrilho – Exemplo fonte/autor @ acesso e aceleração. O sistema poderá ser teleférico e eléctrico com capacidade máxima para 10 pessoas. Um mecanismo de controlo de distâncias e de sobreposição de trajectos, parecido com o usado actualmente nos metros, controlaria o fluxo nas linhas de circulação. Este esquema é idêntico ao táxi proposto de Norman Foster para a cidade utópica de Masdar. As cápsulas de transporte terão autonomia de trajecto, e seguirão a rota indicada pelo utilizador. O sistema locomotor poderá ser por engrenagem imagética encaixando as cápsulas de transporte em carrilhões ou pólos guias. Transporte público suspenso de uso personalizado – Exemplo fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 196 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A cápsula de transporte acelera e abranda nas linhas secundárias de acesso Propostas Estruturais para a Cidade Sistema de Transporte Público às paragens e ganha uma velocidade constante na linha principal, gerida pelo sistema de tráfego. A cápsula encastra nos espaços vagos da linha principal, segundo uma margem de segurança, mantida pela velocidade constante. O utilizador, ao entrar nas cápsulas de tamanho familiar, tipo teleférico, regista através de um quadro visual e táctil a paragem de destino, e o transporte segue pelo percurso desejado. Um turista pode escolher o trajecto que quiser para ter uma vista panorâmica da cidade. Poderão existir cápsulas Módulo de transporte Público e vias de trânsito maiores, principalmente em núcleos movimentados Cidade UT fonte/autor: T.L. ligados ao ensino e ao turismo. Penso que uma velocidade aceitável seria por volta dos 100 km/h, pelo que, dependerá do desenvolvimento do transporte. Existem vantagens consideráveis neste sistema: ao contrário dos teleféricos, as cápsulas só estarão em movimento quando accionadas ou para preencher paragens vazias e as pessoas são entregues num só trajecto, de forma eficaz e personalizada, desde que o destino tenha uma paragem. Pode, ainda, conter equipamento de vigilância para segurança da cidade e as suas estruturas podem servir para iluminação pública e para conduzir cabos de comunicação e Módulo Táxi PRT – Paragem fonte/autor: Ultra PRT electricidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 197 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Pode ainda ter funções especiais como encaminhar utentes em caso de Propostas Estruturais para a Cidade Sistema de Transporte Público emergência directamente para o hospital ou qualquer outro serviço público. Poderá transitar à superfície e ao nível subterrâneo, conforme o pretendido, ser usado para transporte de mercadorias, com cápsulas contentores de transporte, usando paragens específicas efeito, distribuindo sectores de para o produtos produção, pelos empresas, Esboço do esquema de tráfego de uma zona serviços, comércio, entre outros. Este mega-sistema de transporte residencial> Cidade UT fonte/autor: T.L. acabará com a necessidade de outros sistemas de transporte públicos e opções viárias, transformando os esforços desta área numa só estrutura, salvo excepções de ordem técnica e de crescimento periférico. Permitirá reduzir o tráfego de pessoas e mercadorias, pelo menos em algumas áreas, necessidades diminuindo viárias, tornando as a necessidade de transporte privado e de vias de grande escoamento de tráfego muito menor. Módulo Táxi PRT – Paragem fonte/autor: Ultra PRT Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 198 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Propostas Estruturais para a Cidade 4.5.3 - Estrutura Urbana da Cidade Estrutura Urbana da Cidade A cidade UT crescerá e ramificar-se-á tal como um «fungo» tendo como centro estratégico o núcleo Mãe. O centro implica um terreno de morfologia relativamente plana, propício a uma ligação com a reserva aquática, recurso que tanto pode ser lago, mar ou rio. A morfologia das restantes zonas ditará as manchas periféricas e a posição dos núcleos, devendo os núcleos periféricos estar em zonas de fácil acesso devido ao seu grande fluxo de pessoas e tipo de Edifício – Terraços Verdes – Japão fonte/autor @ equipamentos. As vias rápidas periféricas não deverão criar grandes situações rasgos de urbanos circulação nem adversas, podendo recorrer a túneis e pontes em zonas de terreno acidentado. As vias rápidas são também propícias à instalação de linhas de transporte público, maximizando as ligações. Na primeira periferia da cidade dedicada à habitação, existirá produção de culturas a uma escala mais reduzida e controlada, compatível com a arquitectura bioclimática e com a qualidade urbana, como já foi comentado; podendo existir hortas urbanas de uso local, plantação de árvores de frutos, entre outras soluções, Ecocidade – Coreia do Sul fonte/autor: Atelier MVRDV @ que permitam ao cidadão o contacto com a natureza, criando um microclima favorável à cidade e dando alguma autonomia alimentar aos habitantes. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 199 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima A periferia residencial da cidade deverá ter pequena ou média densidade e com estruturas horizontais, permitindo Propostas Estruturais para a Cidade Estrutura Urbana da Cidade um melhor uso de estruturas ajardinadas propícias a hortas pessoais e públicas. Este sistema de edificação renova o ecossistema de forma mais natural, a maior parte da reciclagem orgânica acontecerá localmente, além de permitir a instalação de várias soluções energéticas, como painéis foto-voltaicos, alimentando as residências e toda a cidade. A vivência social pouco densa permite uma maior privacidade, convívio com a natureza e entre pessoas num espaço mais desafogado e vias com tráfego disperso e com pouco trânsito. Em muitas cidades tem sido evidente o Agricultura interior – Edifício de produção alimentar stress que a alta-densidade provoca na urbano rotina urbana, preenchendo terminais com fonte/autor @ milhares de pessoas que se amontoam para percorrer pequenas distâncias. Continuando a crítica a Lisboa, o seu atravessamento equivalente a em hora fazer 15 de ponta, quilómetros, demora de carro ou transporte público pelo menos 45 minutos, o que dá uma média de 20 km/h, salvo algumas excepções com transportes e trajectos privilegiados. Sem dúvida mais reconfortante que na cidade de Caracas onde à hora de ponta o trânsito é simplesmente caótico e lento; mas muito longe de compensar os Alegoria – Transito Citadino fonte/autor @ problemas causados pela densificação urbana. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 200 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Desde que o homem tenha hábitos pendulares de deslocação constantes, a Propostas Estruturais para a Cidade Estrutura Urbana da Cidade alta densidade será sempre um problema. A forma de povoamento horizontal permite uma maior variedade de soluções urbanas para responder ao crescimento demográfico e estratégico, embora o seu crescimento esteja limitado pela segunda periferia A exploração animal, vegetal e em alguns casos mineral surge ligada à segunda periferia, expandindo-se pelo território consoante as necessidades. As zonas de cultivo regular estarão mais Cidade Rotativa – Dubai Exemplo para a 1º periferia habitacional com núcleos comunitários fonte/autor @ próximas das zonas de produção, dentro da 2ª periferia, com algumas áreas de produção animal e situações casuais e exploração mineral. A exploração do habitat obedece a uma política ecológica e de alimentação saudável, sendo os seus recursos explorados interferência do com homem a mínima na biosfera conforme se avance para o território, renovando todo o seu tecido animal, vegetal e mineral de forma ecológica, procurando ainda melhorar o ecossistema. Eco-parque Exemplo para a 2º periferia de produção e investigação com estruturas de produção orgânica fonte/autor @ Todas as plantas e animais nesta zona viverão em estado selvagem e serão caçados de forma de não perturbe o ecossistema. Será da responsabilidade do Estado através dos seus instrumentos de apoio à produção incentivar e auxiliar os particulares e as empresas na área da produção de produtos ambas as periferias. orgânicos em Biodiversidade preservada como Recurso Natural Exemplo para a envolvente territorial da cidade propicia à Natureza. fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 201 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Os produtos serão confeccionados e transformados nas indústrias da segunda periferia apoiadas académicos e pelos científicos. Propostas Estruturais para a Cidade Estrutura Urbana da Cidade núcleos Perto dos núcleos, em zonas industriais, estarão as centrais de reciclagem, centrais de biogás, tratamento de águas residuais, entre outras, em parceria com o sector industrial, aproveitando os detritos do consumo da cidade e das próprias fábricas para produção de energia e reciclagem de recursos. Os estaleiros de construção, Exemplo para a zona de produção -Parque Empresarial fonte/autor @ laboratórios, centros militares e prisionais, equipamentos de grande escala, como portos, aeródromos, justificam-se na entre periferia outros, exterior da cidade, deixando a zona residencial o mais livre possível de conflitos urbanos. A envolvente natural, em volta da segunda periferia, também fica livre de actividades humanas que impeçam o desenvolvimento equilibrado da Natureza. O ecossistema será vigiado e auxiliado pelo homem através de equipamentos vários, centros de observação e equipamentos para o eco-turismo, de forma a maximizar as suas potencialidades, estimulando a formação de vegetais e animais da forma mais natural possível, passíveis de serem posteriormente consumidos e usados como matéria para serem usados nos vários tipos de indústria na cidade. Parque Empresarial – Produção de Energia – Reciclagem de Esgotos fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 202 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.5.4 - Parâmetros Demográficos e Territoriais Para justificar todas as estruturas propostas para a comunidade capazes de assegurar a sua diversidade de serviços de forma auto-sustentável, proponho para a cidade uma população entre 200.000 a um 1.000.000 de habitantes sensivelmente, sem valores fixos para o seu perímetro de acção. Um número muito superior a um milhão de habitantes exige um prolongamento e acumulação estrutural da urbe, difícil de ajuizar os efeitos; por conseguinte proponho neste caso a criação de cidades gémeas, podendo ser, «trigémeas», «quadrigémeas», ou mais, desde que respeitem o raio de acção de cada uma entre si, contando com políticas similares de preservação da biosfera e de auto- Los Angeles 19 Fachas de Rodagem – Exemplo de uma Concentração demográfica excessiva fonte/autor @ sustentabilidade. Por razões de força maior, uma concentração elevada de população poderá ser resolvida com a adaptação desta utopia a outra utopia sustentável com edifícios mais altos que prove respeitar os compromissos aqui apresentados. O tamanho do Núcleo Mãe da cidade depende da população da cidade, cultura, Vista Central do Núcleo Mãe - Cidade UT fonte/autor: T.L. recursos e morfologia do terreno. Requer provavelmente uma área de acção com mais de um quilómetro de raio e com uma área superior a 500ha, que poderá aumentar exponencialmente pelas razões já comentadas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 203 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O volume demográfico equilibrado para cada bairro residencial, ronda, a meu ver, Propostas Estruturais para a Cidade Parâmetros Demográficos e Territoriais entre 20.000 a 40.000 mil habitantes, numa área média de 500ha (hectares), variando consoante cada caso, de forma que cada núcleo periférico fique a menos de dois quilómetros de qualquer habitação, devendo a distância encurtar consoante o grau de dificuldade de deslocamento. Esta distância permite ao cidadão aceder aos núcleos entre 5 a 15 minutos em transporte velocidade público ou média com de qualquer veículo; ou entre 25 a 40 minutos a pé, caso necessite. O volume proposto não é diferente de muitas cidades tradicionais. Contempla já uma certa concentração populacional, permitindo uma circulação de tráfego e uma vivência urbana desafogada, mas com a vantagem de não Módulo de transporte Público e vias de trânsito Cidade UT fonte/autor: T.L. coexistir com os equipamentos de grande aglutinação social. Os núcleos Periféricos recebem os cidadãos de todos os distritos vizinhos, a sua capacidade de absorção implica uma área superior a 100ha, variando conforme cada caso, tendo em conta o número de cidadãos utentes e das ramificações com os tecidos verdes do resto da cidade. A 2ª periferia é de carácter tão dinâmico e depende de tantos factores, que me concretos, é impossível para tal são dar valores necessários estudos concretos conforme cada cidade, Centro de entretenimento – Cazaquistão – Astana Exemplo para um núcleo periférico fonte/autor: Norman Foster @ cultura, território e ecossistema. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 204 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Do ponto de vista externo é de enorme relevância a existência de pequenas Propostas Estruturais para a Cidade Parâmetros Demográficos e Territoriais comunidades fora das cidades. As vilas e aldeias podem interagir com a cidade também de forma autónoma desde que respeitem as políticas territoriais. Os exemplos de sociedades autónomas são, de facto, pequenas comunidades e não cidades. O que a cidade permite é um potencial de produção, desenvolvimento tecnológico e capacidade de fabrico elevado, em todos os campos, só possível recorrendo a um grande volume de recursos Aldeia de Travassô humanos. Não implica que os cidadãos da cidade utópica sejam mais desenvolvidos Exemplo de Pequena Comunidade Isolada fonte/autor @ do ponto de vista neo-humanista e social do que os habitantes de comunidades mais pequenas. A cidade também pode impor políticas de controlo da biosfera sobre as pequenas comunidades e criar formas de preservar o seu sistema de gestão de recursos. A parceria entre as pequenas comunidades e as cidades é realmente importante e a sua influência deverá encorajar estas pequenas comunidades a desenvolverem políticas socio-urbanas semelhantes. Por razões estratégicas, de preservação da Biosfera envolvente da cidade, convém comunidades, aldeias que rurais, pequenas estejam Eco-habitação – Exemplo para um posto de observação científica, segurança e preservação da Natureza para estruturas de carácter turístico Fonte/autor: Humbnail presentes a uma boa distância da cidade. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 205 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Caso estas comunidades estejam próximas, devem ser encaradas como Propostas Estruturais para a Cidade Parâmetros Demográficos e Territoriais zonas turísticas e científicas; pontos de observação da natureza, produção e escoamento de alimentos ecológicos. A distância relativa das pequenas comunidades ao perímetro interno da 2ª periferia deverá, a meu ver, ser de pelo menos 5 quilómetros de distância para comunidades até 5.000 mil habitantes, com explorações agrícolas limitadas. No caso de cidades «Gémeas» ou localidades mais populosas a distância deverá ser no mínimo de 15 quilómetros entre os limites periféricos, zelando sempre pela auto-sustentabilidade e pelo ecossistema; estes valores Aldeia Ecológica – Comunidade em parceria com a Cidade UT fonte/autor: T.L. variam evidentemente consoante cada caso. A estratégia de despovoamento em certas áreas do território dispersas para o repovoamento em pequenos e grandes pólos comunitários é propícia à recuperação da biodiversidade, reposição da natureza, o que permitirá assim o crescimento dos recursos naturais com poucos custos; torna também as infraestruturas urbanas mais eficientes por não estarem tão ramificadas pelo território; gera por ventura mais união e vivência comunitária por concentrar subtilmente as populações em espaços urbanos mais Espaço Urbano – Serafina – Lisboa Exemplo de Vivência Comunitária saudável fonte/autor @ definidos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 206 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 4.6 - Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica O modelo de cidade ecológica, com critérios de multifuncionalidades soluções acessíveis maximização e compatíveis, com arquitectónicas a todos os bioclimáticas cidadãos, é adaptável e até passível de alterações. O esquema desenvolvido adapta-se tanto a cidades costeiras como a cidades no interior do território; partindo do recurso fundamental para a auto-sustentabilidade Lago – agua – Ecossistema – recurso básico da vida fonte/autor @ que considero ser a água. Uma cidade que seja capaz de gerir bem este recurso consegue o básico para o seu funcionamento. A água permite a produção de alimentos e energia, até mesmo a própria água pode ser fonte de energia e facultar hidrogénio. O seu uso é indispensável cozinhar para a higiene, e, claro, para beber: lazer, é o Central eléctrica de aproveitamento da energia das elemento chave da vida, indispensável ondas para a sobrevivência. Os cursos de água fonte/autor @ e os lagos complementares são elementos inseparáveis dos espaços verdes e contribuem para o microclima, fertilidade e bem-estar da cidade. Os cursos de água também podem conter vida animal, nomeadamente peixes, pescáveis pela população. Podem ainda, em certos casos, dependendo da geografia do terreno, servir como um canal marítimo. Esquema de produção de Energia através das marés fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 207 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Nas cidades costeiras, caso não Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica existam recursos de água suficientes ao nível de nascentes e cursos de água, poderão ser utilizadas centrais dessalinizadoras, bombeando a água para as zonas altas da cidade, depósitos e barragens. O mar poderá fornecer também energia através das ondas do mar; aproveitamento produzir biogás, ou de algas qualquer para outra inovação. Numa cidade no interior do território, longe do mar, a presença deste elemento Esquema básico de Tratamento de Agua para consumo Urbano fonte/autor @ poderá ser solucionada com a criação de um grande lago. No lugar do mar teremos uma grande massa de água sustentada eventualmente por barragens, capaz de albergar vida animal, vegetal e todo o tipo de actividades urbanas a uma escala representativa de pelo menos um quinto do tamanho da própria cidade. As soluções de irrigação da água poderão ser semelhantes, pelo que depende muito das características de cada local. A zona de bio-reserva produtiva na 2ª periferia implica o mínimo intervenções Troço minimizando o impacto na biosfera – Construção impermeabilizantes do solo fértil e o da Auto-estrada Barcelona Paris mínimo de interferências agressivas com fonte/autor @ a biodiversidade, o que levará à execução de auto-estradas de ligação sobrelevadas em muitos locais e outras soluções como atravessamento de montanhas por túneis. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 208 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O processo rural contemporâneo de quintas de produção de monoculturas não Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica contribui para biodiversidade, a existência de comunidades rurais é uma visão típica e apaixonante, permitindo ao ser humano um contacto mais profundo com a natureza; mas só acontece nas zonas que sofreram menos intervenções da parte do ser humano. O homem pré-histórico preservava o seu habitat porque era dele que tirava todas as suas necessidades. A ilusão de que não precisamos do habitat Lagoa aeróbia produção de Biogás de algas através de oxidação para sobreviver coabita com as cidades fonte/autor @ de hoje. O ser urbano extinguiu todas as ameaças naturais, passando a controlar a Natureza, de preferência à distância, pensando estar protegido pelo desenvolvimento urbano. No entanto, o habitat oferece muito mais do que simples locais de caça; o habitat natural e sua biodiversidade produz chuva, retém a água, produz remédios, os quais curam a maior parte das nossas doenças, produz oxigénio e todo o tipo de matérias orgânicas e alimentos. O pormenor mais promissor do habitat natural é o facto de ser auto-subsistente, não precisa grande manutenção e dispensa de a intervenção constante do homem, o que o torna claramente vantajoso. Tal acontece também no mar; onde o Vida tribal – A biosfera como produtora e fornecedora de todos os recursos fonte/autor @ equilíbrio ecológico é feito pelo próprio ecossistema, o qual podemos auxiliar em vez de o destruir ou simplesmente explorar. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 209 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Acredito que esta política é mesmo Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica economicamente vantajosa a longo prazo, através do florestamento com diferentes espécies; replantação de árvores quando executado o corte de árvores adultas; substituição dos animais caçados recorrendo à procriação de animais em cativeiro e libertando-os no seu habitat sempre que possível; não caçar animais em fase de procriação e com crias; proporcionar condições naturais de sobrevivência da vida selvagem, criando Exemplo de uma Cadeia alimentar – Ecossistema fonte/autor @ bebedouros e alimentos selvagens. O domínio do Homem sobre a Natureza pode ser exercido, portanto, de forma amiga, fazendo uso dos seus recursos de forma sustentável. A zona da 2ª periferia próxima da zona industrial produzirá culturas alimentícias, com agricultura cumprindo a necessidades biológica maior primárias industrial, parte de das produção vegetal; transformando-se, conforme se avança para dentro do território periférico, Desflorestamento – Uma Ameaça à Biodiversidade Prática corrente da ocupação do ser humano no território ao longo dos tempos fonte/autor @ em habitat bio-sustentado. Os animais caçados pelos humanos para consumo no território bio-sustentado serão sujeitos a análises de sangue antes de entrarem na distribuição alimentar e deverão responder à maior parte das necessidades de produção animal. O problema da ocupação do território parece assustador seguindo os requisitos propostos de Manutenção Florestal – Bom exemplo de produção de ocupação de baixa e média densidade e Madeira de espaços de reserva natural pouco fonte/autor @ mensuráveis. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 210 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Porém nunca se tentou realmente Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica produzir com um tecido bio-diversificado; um prado de vacas não produzirá só vacas, terá árvores e plantas que crescem com os seus dejectos, coelhos e raposas, avestruzes, enfim, qualquer animal e vegetal adaptável aquele ecossistema, com mecanismos de controlo e de reprodução de espécies. O plano da cidade é um investimento a longo prazo em todos os sentidos, o desenvolvimento dos núcleos e periferias é gradual e acompanhará o evoluir da Esquema de uma Agro-florestal Biodiverseficada fonte/autor @ biosfera envolvente. Tal como a mata de Sintra, que na realidade foi inventada a mando do rei há duzentos anos, também as novas cidades podem promover o reencontro com a Natureza. O princípio da cidade é muito simples, diria mesmo que é pré-histórico, lembra em muito os aldeiamentos tribais. O ajuntamento da comunidade no centro do aldeiamento em redor da fogueira para as actividades comunitárias lembra o grande centro Mãe, a zona circundante de cabanas habitacionais é equiparável à 1ª periferia residencial e as zonas posteriores, com algum cultivo, oficinas artesanais e recursos selvagens é estrategicamente similar à 2ª periferia e à Exemplo de uma comunidade ainda com uma estrutura milenar - Organização da Aldeia Indisna Boé-Bororo sua extensão. Considero esta fonte/autor @ comparação um elogio, a avaliar pelos aspectos sociais, ecológicos, humanos e até políticos destas aldeias, com padrões de sustentabilidade e de ética superiores aos padrões atingidos nas cidades. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 211 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Evidentemente, os resultados deste Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica esquema tribal a grande escala só são possíveis graças às soluções de sustentabilidade que tenho vindo a referir ao longo da tese. A magnitude do plano é que justifica os elementos propostos, os quais deixam de ter sentido a uma escala menor com menos habitantes. Nesse caso o esquema da cidade e equipamentos urbanos seriam diferentes, mas a sua essência utópica é válida para qualquer Eficiência energética – Tecnológica – Permite boa gestão e concentração Urbana fonte/autor @ comunidade. Do ponto de vista tecnológico, todas as iniciativas terão que ter um retorno sustentável. Por exemplo: se optarmos por carros eléctricos temos que confirmar que as baterias usadas são recicláveis e amigas do ambiente e se o recurso é viável pois existem só meia dúzia de países que têm lítio em grande escala Aptera – Carro Eléctrico fonte/autor @ para a produção baterias e que são a Bolívia, o Chile, os Estados Unidos e a China, basicamente. Quem optar por carros eléctricos poderá ficar mais uma vez dependente dos grandes produtores externos. As linhas de alta tensão também deverão, sempre que possível, funcionar enterradas para não produzirem radiações danosas para a saúde. Os corredores verdes de segurança, paralelos às vias de circulação, servem também para instalação subterrânea das infraestruturas da cidade de forma desafogada e eficaz. Barco a energia Solar fonte/autor @ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 212 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima O processo de reciclagem não deve ser Retrospectiva da Base Bio-Tecnológica só um acontecimento para resolver os restos que produzimos; o processo deve começar na origem, através da produção de materiais fáceis de reciclar e «amigos» do ambiente. O próprio processo de reciclagem não deverá gerar poluição, como no caso da incineração de lixos, ou estamos assim a cair num paradoxo ambiental. Vários processos de reciclagem surgem constantemente e com algum esforço científico conseguir-se-á cada vez melhores processos de reciclagem. As energias renováveis podem também gerar problemas ecológicos particulares. Incineradora – Loulé – Para Queima de resíduos – Divisões nas críticas quanto aos resultados Ambientais fonte/autor @ Por exemplo, as centrais hidroeléctricas criam barreiras nos cursos dos rios matando a biodiversidade do ecossistema, portanto, só é solução caso esse infortúnio não aconteça. Concluindo, o organismo da cidade tem de respeitar as melhores soluções para defender a política bio-sustentável pretendida. Todo o seu funcionamento e desenvolvimento tecnológico ao longo do seu crescimento desenvolvimento não dependerá científico nem do das políticas energéticas externas, dependerá sim das suas opções de produção de forma auto-sustentável. Todo o seu potencial permitirá criar parcerias externas Triângulo da Sustentabilidade Mundial fonte/autor @ em vez de dependências, o que por conseguinte é a chave do sucesso de qualquer comunidade desenvolvida. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 213 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5 – Síntese Esquemática das Bases Urbanas da Cidade 5.1 - Centro / Núcleo Mãe Funções >Espaço Comunitário; actividades sociais: Cultura, Educação, Lazer, Saúde, Espiritualidade > Promoção de grandes eventos na cidade que exijam grande concentração de massas > Os espaços que emanem energia psico-energética Equipamentos > Mega-praça central > Equipamentos de saúde: > Homogeneidade urbana e arquitectónica, com equipamentos Hospital Central e clínicas de saúde relacionados entre si segundo as > Equipamentos de protecção suas compatibilidades funcionais. civil: Serviço CPC e Sede CPC > Equipamentos de práticas > Mega-praças com relações visuais e funcionais com os Espirituais: pavilhões, espaços, equipamentos e com ligação ao morgue e cemitério recurso «água»: lago, mar ou rio > Equipamentos desportivos: favorável à prosperidade, bem- campos, pavilhões, marinas, estar, valores éticos; através de estádios, entre outros para todos os condições para eventos desportos positivos, lazer e relações Características > Equipamentos culturais e > Morfologia relativamente plana e de fácil acesso > Envolvida por espaços verdes, com características de floresta, espécies indígenas afectivas, actividades de lazer: biblioteca, ópera, teatro, solidariedade prestando ajuda centro de exposições e ciências, qualquer ponto de grande fluxo a aos mais necessitados, entre outros, para todas as artes uma distância circunstancial de interacção entre a natureza e os > Equipamentos Comerciais: > Acesso a transporte público de menos de 300 metros cidadãos, promovendo o cultivo restauração, mercados, lojas, ocasional de plantas, entre feiras, entre outros, para todo o subterrâneos e de superfície com outras medidas comércio acesso às vias e aos >Objectivo – criar uma energia apaziguadora, que se espalhará por toda a cidade e qualquer estrutura atómica > Pulmão verde ecológico para a cidade e reserva > Equipamentos de apoio: oficinas, gestão, manutenção, > Equipamento urbano de uso > Parques de estacionamento equipamentos > Vias largas de acesso com características de via rápida, com público para todas as idades duas ou mais faixas em cada (bebedouros, caixotes do lixo; sentido e faixas de acesso e Inst.sanitárias; bancos; etc.) escoamento de tráfego, com estratégica de água para > Lagos e Espaços Verdes separadores centrais de pelo períodos quentes > Terminais, paragens de menos 7 metros preenchidos com > Relação com o recurso à água indispensável à cidade através de acessos ao lago, rio, nascentes ou mar transportes públicos > Residências temporárias para participantes em eventos e turismo > Parques de estacionamento > O cemitério em zonas > Vias rápidas de acesso verdes periféricas do núcleo periférico e linhas de transporte reforça a simbologia de respeito público e renovação social da cidade vegetação e elementos urbanos. > Os cemitérios estão situados em lugares calmos e recolhidos no parque envolvente da cidade e têm ligações simbólicas com o centro espiritual Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 214 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5.2 - 1ª Periferia – Zonas Habitacionais – Bairros Funções Equipamentos Características > Espaço Residencial, > Habitações e serviços de >Aceitável qualquer morfologia permanente ou temporário pequena e média densidade de urbanizável propícia a loteamentos e arquitectura bioclimática acessos viários relativamente lentos > Vivência familiar, lazer, prestação dos cuidados e > Creches, infantários, > Existência de cursos de água serviços, salvaguardando as escolas primárias, lares de que podem ser artificiais, necessidades básicas idosos, comércio, restauração, sustentando a biodiversidade, farmácias, consultórios, serviços, principalmente vegetal, calmo, propício ao descanso e entre outros equipamentos urbanisticamente produtiva e eco- ao convívio com a natureza e considerados essenciais para sustentável. com pequenos grupos na cada bairro > Proporcionar um lugar comunidade > Apoio aos idosos e às crianças na sua educação e desenvolvimento > Ambiente familiar e comunitário propício à criação de > Paragens e linhas de transportes públicos > Equipamentos urbanos de manutenção, tratamento público do tecido urbano > Equipamentos urbanos de > O transporte público estará acoplado às vias, podendo ser independente das vias em casos estratégicos > Paragens de transporte público a uma distância de menos 300 metros de raio de qualquer local, ou um elo psico-energético de uso público para todas as idades auxiliado por mecanismos que tolerância e igualdade territorial (bebedouros, caixotes do lixo; encurtem o esforço pedonal. entre os cidadãos em comunhão Inst.sanitárias; bancos; etc.) > Soluções construtivas com diferentes classes, de forma > Indústrias e serviços bioclimáticas fazendo uso de sustentável > Gerar zonas de tráfego pouco congestionado compatível particulares que não prejudiquem a vida do bairro > Hortas urbanas, coberturas materiais e características locais > Vias de circulação de marcha lenta, com bons acessos às com a realidade urbana ajardinadas, exploração de residencial mas que possibilite culturas e espaços verdes, entre alternativas de escoamento na outras soluções bio-produtivas fluxo do bairro e com pontos de cidade ―urbanizáveis‖ cruzamento propícios à instalação > Produzir alguns alimentos, > Equipamentos particulares e nomeadamente vegetais públicos para reciclagem e pertencentes aos moradores, produção de energia; painéis envolvendo a natureza na vida solares; biogás, entre outros quotidiana e dando algum > Vias de circulação lentas habitações e aos serviços > Vias secundárias de gestão do dos equipamentos públicos e privados relevantes > Vias rápidas de escoamento dividindo os bairros de forma discreta, com túneis e pontes para sustento e bem-estar aos seus junto aos lotes de habitação; preservar as características viárias habitantes ligadas a vias secundárias de caso necessário; as vias rápidas circulação média; ligadas por terão duas ou mais faixas para cada recurso a soluções sustentáveis, sua vez a vias rápidas de lado com acessos independentes garantindo a autonomia escoamento periférico >Produzir energia, com energética dos bairros Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 215 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5.3 - 1ª Periferia – Núcleos Periféricos Funções > Espaço Comunitário: Equipamentos > Equipamentos educativos: educativo, cultural, segurança, escolas para jovens e cidadãos saúde, desportivo, social, comuns, institutos de formação, serviços públicos e privados particulares ou públicos > Fornecimento de produtos vários e serviços comunitários > Equipamentos desportivos e Características > Arquitectura bioclimática e sustentável energeticamente > Zonas urbanas de convívio social e eventos locais, com espaços, praças, jardins e culturais em parceria com as equipamentos, todos em sintonia escolas e serviços públicos: espacial e funcional, consoante a jovens e formações a qualquer pavilhões, salas de exposições, compatibilidades. Os cidadão de iniciativa privada ou anfiteatros, entre outros equipamentos são multifuncionais, > Grande comércio, permitindo actividades diferentes, cooperativas de consumo, moldando-se às necessidades da hipermercados; lojas; teatros- comunidade > Prestar serviços educativos pública > Zelar pela saúde e segurança do cidadão > Promover o desporto, cultura, ou qualquer outra actividade saudável > Prestação dos serviços cinemas, entre outros > Parques de merendas e zonas de paragem ocasional >O parque verde absorve os serviços e a sua extensão prolongar-se-á por corredores > Serviços de cuidados sociais: verdes, dividindo de forma subtil os públicos cívicos: no campo CPC: Serviços de urgência, polícia, bairros e criando uma ligação com jurídico, económico, empresarial, bombeiros, centros de saúde, o tecido verde do núcleo central e emprego e formação profissional clínicas particulares, centros de a biosfera fora da cidade > Produzir vibrações psicoenergéticas propícias ao convívio entre pessoas de localidades acolhimento para pessoas necessitadas e cantinas públicas > Serviços cívicos: tribunais, diferentes e locais, para o centro de emprego, banco crescimento saudável e ético dos comunitário e «loja do cidadão». jovens e de toda a sociedade, > Parques de estacionamento, >Os parques de estacionamento estarão ligados aos serviços ou estarão na continuação do parque servindo os bairros > O Núcleo está ligado às vias rápidas de acesso e às vias promovendo comportamentos subterrâneos e de superfície, com secundárias dos bairros sociais e pessoais acertivos ligação aos equipamentos indirectamente, permitindo o seu > Proporcionar eventos culturais, sociais e desportivos à > Terminais, paragens de transportes públicos escala local, desenvolvendo as > Parque verde urbano com personalidades de cada bairro cursos de água e/ou lago e com > Produzir alimentos e energia, recorrendo a lagos e a cursos de água com vida animal e espaços verdes produtivos atravessamento através de túneis ou pontes dando continuidade às vias > Os Transportes públicos espaços e equipamentos de lazer e atravessam o núcleo, ligando-o aos desportivos bairros e aos outros núcleos, > Equipamento urbano geral para todas as idades > Estruturas de produção usando as vias de forma independente > Os serviços públicos energética; instalações solares; comunitários serão os edifícios eólicas; entre outras com altimetria mais elevada, bem detectáveis na urbe Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 216 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5.4 - 2ª Periferia – Zona Industrial e Núcleos Académicos Funções > Espaço Comunitário de Equipamentos > Parques industriais com fábricas Características > A via rápida de produção, confecção e de manufactura e distribuição de circunvalação define a charneira investigação de produtos e todos os bens consumíveis, entre a primeira periferia e a serviços da cidade essenciais e de luxo e serviços do segunda periferia e liga a cidade sector terciário compatíveis como a todo o tecido produtivo e as sector secundário e primário auto-estradas que ligam a cidade > Gerir o governo e sustento da cidade em todas as áreas, segundo a política > Terminais e linhas de transporte ao território exterior. A via Neo-humanista e de público: Porto de Pesca e porto de principal de circunvalação tem Auto-sustentabilidade mercadorias e embarcações, características de auto-estrada > Criar uma cintura de mercados alimentares, estação de com 3 ou mais faixas para cada desenvolvimento periférico comboios público e de mercadorias, sentido, separadas por pelo dinâmico, capaz de mudar aeródromo, terminais e paragens do menos 7 metros e envoltas em ocasionalmente de funções, de táxi público corredores verdes com pelo armazém para armazém ou de > Núcleos Universitários: menos 30 metros de largura fábrica para fábrica caso faculdades, equipamento desportivo, necessário, nunca quebrando anfiteatros, cantina, biblioteca, público acompanham a via rigidamente a produção nem espaços comerciais, serviços distribuindo as pessoas pelos despedindo trabalhadores que estratégicos, CPC, escritórios das vários sectores podem circular entre sectores de cooperativas e empresas, residências produção e investigação públicas, equipamentos de são os essenciais, e estão manutenção, centros de investigação espalhados de forma a permitir o e laboratórios, entre outros funcionamento temático do > Implantar o principal tecido produtivo da cidade de forma acessível, evitando conflitos urbanos dentro da cidade > Envolver psico- > Equipamento urbano geral e espaços verdes públicos > Centrais de reciclagem, > As linhas de transporte > Os núcleos Universitários tecido industrial e cientifico pretendido, em pontos opostos da cidade. Todo o anel urbano energéticamente a urbe e a produção de energia, tratamento e de produção permitirá a ligação comunidade no desenvolvimento transformação de detritos orgânicos e com locais de produção e com tecnológico e produtivo da inorgânicos, depósitos de produtos e as vias secundárias de cidade de forma cooperante, mercadorias exploração do território com departamentos compatíveis > Infraestruturas urbanas de > Os equipamentos de lado a lado, incentivando uma distribuição de energia, água, transporte de grande maior comunhão de esforços e esgotos, comunicações, entre outros; envergadura e linhas ferroviárias dos recursos, maximizando vias rápidas e acessos viários estão ligadas com as auto- beneficamente a economia, a > Hospital periférico, Quartel CPC, estradas de saída da cidade, a educação, a produtividade e a Centros de Correcção social e linha de transporte público fará a sociedade em geral, gerando tratamento mental circunvalação junto à zona de riqueza e sustentabilidade > Edifícios do governo da comunidade e serviços de apoio produção prestando acesso aos serviços Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 217 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5.5 - 2ª Periferia – Zona de Produção Funções > Espaço Comunitário de Equipamentos > Campos de cultivo e Características > Implica a exploração do território exploração, produção e estufas, campos de exploração periférico, consoante as investigação dos recursos de minério, entre outros necessidades e soluções de orgânicos e minerais respeitando a biodiversidade sustentável > Produzir Energia renovável > Equipamentos de produção e investigação de produtos > Equipamentos e produção que permitam à cidade ser auto-suficiente ao nível de produtos essenciais nos campos abertos de infraestruturas de apoio: bombas produção, aproveitando os de irrigação, canais de água, manter a sua fertilidade e campos de cultivo armazéns e estaleiros de propriedades saudáveis respeitando trabalho com serviços a biodiversidade e os ecossistemas; turismo ecológico, educação, essenciais, entre outras desenvolvendo culturas orgânicas, formação, contacto com o meio > Centrais energéticas, campos vida animal e vegetal e exploração de rural e a natureza de painéis solares e eólicos e minerais, de forma sustentável > Fornecer à comunidade: > Reabilitar pessoas com desordens sociais e psíquicas, usando as potencialidades da 2ª outros equipamentos geradores de energia renovável justificáveis > Linhas de comunicação e periferia em contacto com a electricidade aparelhadas às natureza, os campos de Auto-Estradas produção e a prestação de serviços > Promover o equilíbrio psicoenergético ligado ao ciclo de vida > Infraestruturas de abastecimento da cidade de forma sustentável > Equipamentos educativos e > O solo é tratado de forma a > Não existirá monoculturas mas sim culturas ecológicas, seguindo a política ecológica > Acessos viários ao mar ou lago da cidade, com vias simples, com piso se possível permeável de forma a produzir pouco impacto na biosfera > Toda a produção está relacionada com a zona industrial e da produção, fertilidade, turísticos com acesso aos núcleos académicos, situados no harmonia, entre a Natureza e o campos de produção e limite da 2ª periferia Homem, gerando um potencial observação da biodiversidade de produção elevado, com alimentos ricos, saudáveis, libertos de toxinas. Este ciclo > Terminais de transporte público rural > Auto-estradas de > As Auto-estradas de acesso ao tecido urbano da cidade são criadas de forma a minimizar o impacto com a natureza, recorrendo a pontes e cinético beneficiará a sociedade atravessamento da biosfera túneis, podendo em alguns troços, em todos os aspectos envolvente de ligação da cidade por razões funcionais e estratégicas, ao território e vias secundárias estarem junto ao solo > Colmatar algumas necessidades estratégicas de de acesso a equipamentos instalações de equipamentos da estratégicos e aos campos de será de carácter rural, diferente do 2ª periferia que não interfiram na produção transporte público urbano, não biosfera negativamente > Grandes infra-estruturas da > O transporte público de pessoas exigindo infraestruturas 2ª periferia Industrial que façam parte das necessidades produtivas Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 218 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima 5.5 - Reserva Bio-Regenerativa do Território Funções > Espaço Comunitário de Equipamentos > Equipamentos de Características > Implica a exploração de todo o exploração, produção e investigação, optimização e território terrestre dentro da jurisdição investigação dos recursos da exploração da biosfera: mar, da cidade biodiversidade de forma lagos, rio, floresta, campo, sustentável montanha, entre outros > Relacionar, melhorar, zelar > Recursos naturais com condições propícias ao > Equipamentos de desenvolvimento da biodiversidade, pela sustentabilidade do recurso ecoturismo: residências, vida animal e vegetal e reflorestação «água» do território da cidade parte postos de observação, da sua biosfera: Nascentes, lençóis caminhos turísticos, termas, exploração dos recursos sem impacto de água, lagos, mar, represas, rios centros de terapias ambiental: madeira, plantas, animais, > Investigação e exploração do > Zonas de caça e trilhos macrocosmo (espaço), da geologia de manutenção da biosfera e e recursos minerais de turismo > Fornecer à comunidade e ao > Equipamentos de recolha > Capacidade de regeneração e de minerais, entre outros > Fomentação da biodiversidade através de infraestruturas ecológicas: recifes artificiais, estruturas para turismo educação, formação, em e tratamento da água: proliferação de plantas e protecção contacto com a Natureza barragem mar, lagos, rios dos animais, bebedouros selvagens, > Infraestruturas de zonas de separação para animais em comunidades isoladas bio- distribuição de energia e água risco na biosfera, entre outras sustentáveis, vigilantes da biosfera, subterrâneos > Instalação de pequenas prestando troca de serviços com a cidade > Reabilitar pessoas com > Centro científico e > Os seres vivos da biosfera têm acesso a lagos, rios e mar (caso observador geológico e existam) do território sem barreiras astronómico; centro de humanas perturbadoras desordens sociais e psíquicas e exploração de tecnologias físicas usando as potencialidades espaciais > As Auto-estradas de acesso ao tecido urbano da cidade são criadas das actividades lúdicas e > Pequenas comunidades terapêuticas na Natureza bio-sustentáveis; actividades a natureza, recorrendo a pontes e na natureza e nas quintas de túneis; podendo em alguns troços, estabelecido entre a Natureza e o produção; desportos; por razões funcionais e estratégicas, Homem gera uma onda de observação da biodiversidade estarem junto ao solo > O respeito psico-energético aceitação entre ambos os elementos, criando um campo magnético em torno da cidade de paz, vida e respeito. > Relacionar, melhorar, zelar pela sustentabilidade do recurso «água» do território da cidade parte > Auto-estradas de acesso à cidade > Pequenas comunidades de forma a minimizar o impacto com > As vias secundárias de circulação dentro da biosfera Natural e de acesso às comunidades dentro com os serviços essenciais dela terão um piso com algum nível com estruturas rurais de permeabilização com pouco biológicas impacto na biosfera e que permita a > Postos aéreos de circulação nos dois sentidos da sua biosfera: Nascentes, lençóis emergência para deslocação > As possíveis comunidades de água, lagos, mar, represas, rios de pequenos veículos existentes estão equipadas com voadores heliportos e serviços essenciais Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 219 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT III Capítulo – Cidade UT – Estudos 1 – Esboços das Soluções Urbanas para a Cidade UT Fig. 1 - Primeiro Estudo para o núcleo Mãe da Cidade Fig. 2 - Estudo para os bairros residenciais (Núcleo de apoio no horizonte) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 220 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Esboços das Soluções Urbanas Fig. 3 - Estudo para a estrutura viária principal Fig. 4 - Estudo para o carro Policia-Ambulância multifunções CPC Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 221 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Esboços das Soluções Urbanas Fig. 5 - Estudo para a praça do Núcleo Periférico Fig. 6 - Estudo para a 1ª Periferia da Cidade Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 222 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Esboços das Soluções Urbanas Fig. 7 - Estudo para o atravessamento viário nos Núcleos Periféricos Fig. 8 - Estudo viário para o interior de um bairro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 223 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Esboços das Soluções Urbanas Fig. 9 - Estudo urbano para uma zona de grande fluxo da Cidade (Exe. – Núcleos Académicos) Fig. 10 - Estudo urbano para parte da zona costeira periférica da Cidade UT Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 224 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Esboços das Soluções Urbanas Fig. 11 – 1º Estudo esquemático para a Cidade UT – 2ªfase Fig. 12 – 2º Estudo esquemático para a Cidade UT – fase final Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 225 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Esboços das Soluções Urbanas Fig. 13 – Esquema de contenção urbana para a Cidade UT e cidades Gémeas segundo a partilha de recursos Fig. 14 – Representação de uma Cidade UT e a biosfera envolvente Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 226 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 2 – Planta de Sectores e Equipamentos da Cidade UT – escala 1: 25000 - Fig.15 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 227 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 3 – Fig. 16 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 228 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 4 – Representações Virtuais 3D da fórmula Urbana da Cidade UT Fig. 17 – Planta esquemática da Cidade UT Fig. 18 – Perspectiva do centro da Cidade Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 229 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 19 – Perspectiva da Cidade UT Fig. 20 – Perspectiva da Cidade UT Fig. 21 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Marina para o Centro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 230 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 22 – Perspectiva do Núcleo Mãe da Cidade UT Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 231 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 23 – Perspectiva do Núcleo Mãe do Centro para a Costa Fig. 24 – Perspectiva de Parte do “Pulmão Verde” e do cemitério do Núcleo Mãe Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 232 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 25 – Perspectiva do Núcleo Mãe – Avenida Central Fig. 26 – Perspectiva do Núcleo Mãe e parte da 1ª Periferia e Bairro Nº2 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 233 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 27 – Perspectiva do Bairro Nº2 e Núcleo Correspondente Fig. 28 – Perspectiva do Núcleo Periférico e Ligação à 2ª Periferia Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 234 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 29 – Perspectiva de parte do limite urbano entre a 1ª e a 2ª Periferia Fig. 30 – Perspectiva de parte da 2ª Periferia e Núcleo Académico Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 235 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 31 – Vista aérea do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 236 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 32 – Perspectiva do Núcleo – Governamental – Académico – Segurança – Transportes Fig. 33 – Vista do Núcleo Mãe para o Núcleo Governamental Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 237 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 34 – Perspectiva da 1ª para a 2ª Periferia e Biosfera Fig. 35 – Perspectiva de parte da Biosfera e das Periferias da Cidade Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 238 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Representações Virtuais 3D da Urbe da Cidade UT Fig. 36 – Perspectiva do centro de investigação do Microcosmos e da Natureza Fig. 37 – Perspectiva de parte da Biosfera e da Aldeia Ecológica (em segundo plano o sector Macrocósmico e Espacial) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 239 Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Cidade Utópica – Cidade UT 5 - CONCLUSÃO FINAL No curso da História as utopias e as realidades urbanas chocaram-se provocando reacções políticas, sociais e estruturais na cidade e no território. A Utopia é muitas vezes conotada como um exagero, uma extravagância, um ideal impraticável a longo prazo, uma construção insustentável, um projecto irrealizável, sendo por isso um pouco desvalorizada como processo científico e académico. Por ironia do destino, a realidade urbana e o desenvolvimento socio-político da actualidade apresenta uma enorme quantidade de extravagâncias insustentáveis, um ideal impraticável a longo prazo, enquanto que a Utopia desenvolvida na tese é um projecto que procura o meio-termo, a harmonia em todos os sentidos, a contenção, a sustentabilidade, o equilíbrio urbano. Vivemos, cada vez mais, reduzidos a uma comunidade selectiva, comunidade essa onde reina uma ordem surpreendentemente desenvolvida e complexa, mas em que os seus resultados mundiais são em muitos aspectos caóticos. A ordem é organizada segundo uma competição exagerada à base do lucro e do reconhecimento público deixando a biosfera e a sociedade para segundo plano. A Crença na confiança política global a favor da preservação do planeta e da humanidade no seu verdadeiro sentido da palavra é incompatível com as extravagâncias Neo-Capitalistas e «materialistas», uma vida urbana saudável, segura e confortável com o sistema Global é a longo prazo uma utopia improvável. Um autêntico ideal democrático que infelizmente é travado pelas vicissitudes políticas e económicas da actualidade. Dada a situação global das nossas cidades, a solução mais sólida, a meu ver, passa pela alteração estrutural de raiz das bases da cidade pelas bases utópicas já referidas ao longo da tese. Na antiguidade os mecanismos de auto-subsistência eram essenciais. A falta de meios de transporte e de energia assim o exigia. Assim nasceu o relógio de pêndulo há muitos séculos, o qual não precisa de fonte de energia, somente de estar bem afinado. Comparado com os relógios modernos de hoje, o relógio de pêndulo consegue consumir muito menos energia, ser mais autónomo e barulhento! Esta reflexão serve para dar início à segunda conclusão desta pesquisa. A ciência não tem estado ao nosso serviço como pensamos mas sim ao serviço dos interesses económicos e jogos de poder, deixando muitas invenções e descobertas «na gaveta», num mundo aparte, desconhecido do cidadão «comum». O desenvolvimento tecnológico avança sem uma direcção concreta em vez de evoluir em todas as áreas de forma a não danificar e a não explorar o consumidor. Equiparo estes entraves científicos com carácter prepositivo nem sempre a favor da verdade, aos estragos científicos e filosóficos provocados pela destruição da Biblioteca de Alexandria. Muitos dos relatórios científicos apresentados pelos «média» e pelas forças políticas são enganosos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 240 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Conclusão Final Arrisco mesmo a dizer que a humanidade entrou num novo obscurantismo provocado não pela falta, mas sim pelo excesso de informações contraditórias consoante os jogos de interesses, numa luta constante entre a verdade e os poderes «imperialistas» que dominam as «massas». Voltemos ao pêndulo. Um pêndulo gigante, visto ser um mecanismo mecânico, seria capaz de produzir energia eléctrica de forma auto-sustentável?! Nunca saberemos nos dias de hoje, a não ser que alguma força económica-social mais positiva na sociedade nos abra esse caminho. Não descartando as boas políticas que têm sido desenvolvidas nesta área, a Cidade Utópica ideal tem de ser imune à falta de consistência científico-tecnológica global e procurar de forma sintética, transparente, autonomamente e com parcerias viáveis, as melhores soluções tecnológicas, saudáveis e promissoras para a sua sociedade, evitando assim muitos dos problemas de saúde contemporâneos. No desenrolar do desenho da cidade utópica tornou-se evidente, mesmo no seu perfil físico, que a Cidade UT é praticamente um negativo das cidades metrópoles modernas. Enquanto em altimetria as cidades modernas formam uma pirâmide, com edificios cada vez mais altos conforme se avança para o centro da cidade, segundo a especulação imobiliária e os pressupostos elitistas; a Cidade UT lembra no seu perfil uma ondulação que vai aumentando do centro para a periferia altimetricamente. Os edifícios mais altos poderão mesmo ser os edificios de produção de alimentos na 2ª periferia, permitindo assim culturas controladas em áreas menores. A produção animal será realizada principalmente na biosfera biodiversificada, optimizada para o efeito, como já foi falado. O desenho do Modelo Utópico que apresento está longe de ser uma ideia vanguardista ou uma nova descoberta estrutural, é simplesmente uma proposta representativa e formal de uma possível disposição urbana segundo a Cidade UT. O seu tratamento personalizado alude à política visionária das bases Utópicas desenvolvidas e não à forma estética específica. A sua estrutura é variável consoante cada caso, cada cidade e morfologia do terreno. O exercício esquemático demonstra de certa forma as potencialidades das directrizes desenvolvidas e algumas soluções para a disposição da estrutura urbana. Recorro a estruturas urbanas em grande parte já cienficamente provadas como eficazes e não apresento estruturas de bairros pré-definidas, para evitar os erros das utopias do passado, de caracter impositor sobre como os cidadãos deveriam habitar na Urbe. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 241 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Conclusão Final Seguindo as directrizes das bases, cada bairro, comunidade e cidadão defenirá a sua habitação, edifício e artérias secundárias de circulação dentro dos bairros. A «educação» da comunidade implica que esta participe nas soluções urbanas. Quanto mais o cidadão aprender a intervir nas decisões da sua própria vida mais ele ganha auto-estima e desenvolvimento cívico, dando mais valor à urbe que o rodeia. Mais dificilmente uma pessoa vandaliza algo que aceita ou que ajudou a construir. Este processo de participação activa em consciência do individuo, juntamente com a política de habitação da Cidade UT, é mais um cenário bem oposto às políticas imobiliárias e urbanas, onde o morador é cada vez mais impelido a comprar as habitações já feitas, sem grande participação nem consciencialização das estruturas dos seus bairros, sem conhecer a importância da arquitectura bioclimática para a sociedade e de como tirar o melhor partido da sua habitação e das tecnologias. A magnitude dos espaços e das estruturas realça a sua força e caracter; o simbolismo da Cidade UT está reproduzido como força Psico-Energética por toda a área de influnência. Facilmente percebemos o simbolismo ―Ventral‖ do Núcleo Mãe e da disposição harmónica dos equipamentos como parte de um todo. O ―nascimento‖ de boas energias no núcleo e na cidade vive desta harmonia entre o ―verde‖ da natureza, o ―azul‖ da fonte de vida, o ―amarelo e castanho‖ da fertilidade, o encarnado entre outras cores no fogo da comunidade e da animação gerada. O simbolismo chega a ser físico ao recriar símbolos de harmonia ancestrais nos pavimentos e na estrutura das praças temáticas que identifico no Capítulo III. O cemitério descansa os antepassados da cidade nas partes calmas do Pulmão da Cidade. Os canais de água ligam o cemitério ao centro espiritual do Núcleo Mãe de onde podemos conduzir os mortos por via náutica, levando o seu corpo no leito do elemento da vida, para o desconhecido e respeitado mundo dos Mortos. Na verdade, tendo em conta os canais de água que desenvolvi por toda a cidade, esta, numa situação morfológica essencialmente plana, daria para ser percorrível por via náutica por todo o seu tecido urbano. Vias, corredores verdes e cursos de água, coabitam cada um com os seus espaços próprios, sem interferir com as realidades urbanas de cada um deles. Os tópicos finais do primeiro Capítulo apontam fortemente para as bases da Cidade UT, abrindo o horizonte a um novo contexto urbano, longe de estar limitado aos desenhos de estudo da cidade apresentada. Muitos dos pontos da sua estrutura já foram explicados ao longo da tese, portanto é preferivel conduzir a reflexão académica para as questões de fundo, revolucionárias e imperativas à urbe. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 242 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Conclusão Final Continuando nos opostos entre a realidade urbana actual e a Cidade UT, a devastação sistemática da Amazónia é sem dúvida um deles. A promiscuidade do sistema Global permite a destruição dos recursos da floresta com valor incalculável, para «meia-dúzia» de pessoas a curto prazo obterem lucros, enquanto o ―colectivo‖ e o planeta é lesado. A biosfera marítima também tem sofrido agressões ao seu habitat imprescindível, fornecendo fontes de alimento e rendimento à Humanidade. O seu potencial pode ser aumentado, criando por exemplo corais artificiais, tal como o potencial dos lagos e rios pode ser reconquistado com políticas de perservação do eco-sistema e criação de infraestruturas a favor da biodiversidade. A mesma política poderá ser usada na biosfera terrestre, recriando as condições do eco-sistema, de forma controlada, reflorestando o território, criando zonas protegidas para animais de maior consumo humano, lagoas artificiais e vias de acesso preparadas para acções de preservação e exploração dos recursos da Natureza, entre outras medidas. Perguntar se um Eco-sistema Natural seria suficiente para produzir alimentos para a comunidade é uma questão pertinente; a alimentaçao diária da comunidade iria ficar mais diversificada, mais variedade de espécies de alimentos vegetais e animais iriam entrar na nossa dieta e provavelmente teriamos que reduzir o consumo de carne. Como está provado cientificamente que ingerimos carne em demasia e vegetais em minoria na nossa dieta regular, esta medida também pode ser benéfica, acompanhando a mudança radical das políticas utópicas pretendidas. Dentro da reserva da biosfera as pequenas comunidades, aldeias ecológicas, terão um papel importante no controlo dos recursos mas também na reabilitação de individuos com problemas sociais graves. Os centros de reabilitação das aldeias receberão cidadãos com problemas sociais, económicos e psico-fisicos (mendigos, toxicodependentes, entre outros),. que não se tenham adaptado e reabilitado no meio urbano da cidade, encaminhados pelos serviços de ajuda humanitária do Estado e por particulares, tirando-os dos ambientes conturbados, devolvendo-lhes aos poucos uma vida digna. Não se compreende como é que numa sociedade moderna e desenvolvida, assistimos à degradação do ser humano, abandonado pelas famílias, pela sociedade, pelo sistema, sobrevivendo muitas vezes da ajuda de instituições de caridade, muitas delas não governamentais. É constrangedor assistir a pessoas que estendem a mão todos os dias nas ruas nobres da cidade, com problemas de saúde que as impedem de trabalhar obrigando-as a viver de esmolas. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 243 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Conclusão Final Tendo em conta o sistema de pagamento desenvolvido nas bases utópicas, os serviços públicos funcionam com o cartão do cidadão incluindo cantinas, alojamentos sociais, cuidados de saúde, garantindo o encaminhamento das pessoas necessitadas para as instituições mais indicadas para cada caso. As pessoas não dariam esmola porque os próprios serviços salvaguardam o cidadão sem o marginalizar e os serviços CPC ao identificar pessoas debilitadas na rua, têm como obrigação prestar assistência e conduzi-las para serviços de ajuda comunitária. É perfeitamente natural, tendo em conta o regime de escravatura económico e social e as críticas levantadas, que as pessoas vivam sobre grande stress e deprimidas. Juntanto à análise o problema do sobredimensionamento urbano e da má gestão urbana das cidades, já também fortemente criticada neste trabalho, não restam dúvidas quanto à necessidade de mudança para novas Utopias. A psico-energia urbana é um conceito novo e só melhora as nossas vidas se os objectivos sociais o permitirem. A intenção, acompanhada de linguagem urbana e de actividades positivas para o colectivo, elevará as sociedades a outro nivel de consciência onde será difícil o ser humano sentir-se tão deprimido, mesmo quando tem a sua vida assegurada e estável. As cidades terão de mudar uma a uma e quem sabe em muitos casos começar de raíz a sua estrutura urbana; partindo da Tríade Utopia ou de alguma fórmula similar. A mudança poderá ser gradual, poderá ser provocada por movimentos de consciência, por vontade de alguma comunidade insatisfeita ou mesmo provocado por uma crise mundial que ponha em cheque todo o sistema global. Sem dúvida que não devemos perder o espírito ―global‖, a ideia que somos uma grande família, Humanidade e Eco-sistema, mas com a certeza de que dependemos do Ecosistema e de que as nossas políticas garantem realmente a sustentabilidade tão apregoada neste novo século, deixando assim um legado positivo às gerações vindouras e às nossas aspirações sociais e pessoais. Deixo aqui o meu contributo com a esperança de acender o debate sobre o futuro das cidades de forma a ecoar em todos os campos da sociedade a favor de um mundo melhor. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 244 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima IV - Bibliografia C.Promis e C. Saluzzo (1841). (Tradução) De Tratatto di Architettura – 1482 – Edição de Turin, Livro III, prólogo, 191 Ried, Le Monnier (1956). (Tradução) De La città considerata come principio ideale delle storie italiane, 1858. En C. C. Scritti storici, Vol. II pag. 383 - 385. Florença Mireia, Freixa (1982). Fuentes Y documentos para la historia del arte Vol. II, Las Vanguardas del siglo XIX, Editorial Gustavo Gili, Barcelona. (1971). Princípios del urbanismo (La Carta de Atenas), editora Ariel; Barcelona. pag.139 – 140 Gregotti, Vittorio (1972). El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona. Zevi, Bruno (1983). Movimento Orgânico F. Wright - Frank Lloyd Wright; Estúdio Paperpback Editorial Gustavo Gili; Barcelona. Madec, Philippe (1977). Hacia La Arquitectura Moderna; Boullée, editora Akal Arquitectura, Madrid. Patetta Luciano e Hermann Blume (1984). História de la Arquitectura, Antologia Crítica As teorias das estruturas nos Utopistas do séc. XIX; editora Carlo Aymonino; Madrid Salvador Tarrajò (Abril 1980). Catalogo da Exposição Ildefonso Cerdá 1815- 1876; Barcelona Zanichelli (1980). Otto Wagner, Die Grossstadt, Viena, 1912 - tradução italiana em O.W. Architetura moderna e altri scritti, Bolonha, pag. 110 a 115 Kruft, Happo-Walter (1990). História de Las Teorias de Arquitectura, Vol.II, Editora Alianza, Madrid Rob Krier (1992). La Crisis de la Modernidade -Teoria e Prática do Espaço Urbano; pag. 424 a 430 (1998). Alvar Aalto: Between Humanism and Materialism; New York: The Museum of Modern Art catálogo da Exposição, 1998/100 Fleig, Karl (1980). Alvar Aalto. Barcelona: Editorial Gustavo Gili. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 245 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Bibliografia Alexander, Christhopher (1967). ―A city is not a tree‖ – Uma Cidade não é uma Árvore –; Revista Arquitectura 95; edição Janeiro/Fevereiro 1967 – (traduzido para português). Moreno, Júlio (2002) – O futuro das cidades – editora Senac – Brasil Jean-Michel Bezat e Grégoire Allix (2009). Jornal Le Monde, Artigo – Abu Dhabi – 100% Renovável – Masdar City Maheshvaranand, Dada (2009). Após o Capitalismo PROUT; editora Proutista Universal, Belo Horizonte. Ignacy Sachs (2008). Ciências Sociais – Artigo: La troisième rive — à la recherche de l’ècodéveloppement Paris. Emoto, Masaru (2009). As Mensagens Escondidas na água; editora Estrela Polar. Emoto, Masaru (2009). O Poder Curativo da Água; editora Estrela Polar. Tarcher/Putnam (1998) Goswami, Amit with Richard Reed and Maggie Goswami.The Self-Aware Universe: How Consciousness Creates the Material World. Schlitz, Marilyn (2005), PhD, Amorok, Tina, Micozzi, Marc S., MD. Consciousness and Healing: Integral Approaches to Mind-Body Medicine. Elsevier Churchill Livingston. Nadeau, Robert, Kafatos, Menos (2001).The Non-Local Universe: The New Physics and Matters of the Mind, Editora Oxford University Press; New edition Targ, Russell (2004) Limitless Mind: A Guide to Remote Viewing and Transformation of Consciousness. Novato, CA: New World Library Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 246 Cidade Utópica – Cidade UT Telmo Godinho Braga de Menezes Lima Bibliografia Websites da Internet: website: Inhabitat: http://www. Inhabitat.com – Masdar City, Norman Foster – 20/03/2009 website oficial Auroviile:http://www.Auroville.org - Auroville Today, Informações - Galeria website IONS Distant Healing project: http://www.ions.org/research/dh.cfm website Library of Exploratory Science: http://www.c-far.net/litbase/litbase.jsp website Parapsychological Association: http://www.parapsych.org/ website No Minuto: http://www.Nominuto.com – Artigo – casa alternativa mostra futuro da reciclagem Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas: http://www.RededeIntercâmbiodeTecnologias Alternativas.mht Documentários/Filmes: Rabbit Holes (2008) Filme: What the Bleep Do We Know!? Apresentado por The Institute of Noetic Sciences e desenvolvido por Light Industries Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Urbanismo 247