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O Protectorado Saudita do Bahrein
Joules Burn
A pequena nação-arquipélago do Bahrein parece não poder ficar fora dos noticiários quando o
governo prossegue a repressão aos protestos civis, considerados uma ameaça ao seu poder.
A maioria chiita da população (60-70%) assistiu aos casos de mudança de regime noutros
locais do Médio Oriente e manifestou-se publicamente contra o modo como é tratada sob a
monarquia sunita. Os militares do Bahrein aumentaram a repressão armada destas
manifestações e a Arábia Saudita acabou por finalmente enviar tropas mais tarde. O Irão
expressou o seu franco desagrado chamando o seu embaixador na Arábia Saudita. Os EUA,
com presença militar estratégica no Bahrein e interesses petrolíferos estratégicos na Arábia
Saudita, exprimiu o seu desagrado a toda a gente envolvida, excepto aos manifestantes.
O Bahrein não parece que tivesse muito a oferecer, excepto o que aparentemente oferece a
um milhão de pessoas (metade das quais trabalhadores estrangeiros) a viverem numa ilha
desértica. Porque desperta então tanto interesse? Há lá petróleo? Vou falar neste artigo de
alguns acontecimentos recentes entre o Bahrein e os vizinhos no contexto da sua longa
história.
O Bahrein e o Petróleo
Dada a presença de anacrónicas monarquias, caríssimos palácios (ver o pdf), extravagantes
projectos residenciais e a ingerência estrangeira, sabe-se que de uma maneira ou doutra o
petróleo está presente. O Bahrein foi o primeiro local no Médio Oriente onde se “descobriu”
petróleo (no sentido de perfurar com o objectivo de o encontrar e encontrá-lo). Mas, mesmo o
petróleo do Bahrein é complicado e muitos factores diferentes influenciam o papel que o
petróleo desempenha nos actuais acontecimentos. Em primeiro lugar, produz actualmente
relativamente pouco petróleo de forma directa. O único campo, Awali, atingiu o pico há
décadas com 75.000 barris/dia (bpd) e tem estado a produzir cerca de 30.000. A produção
acumulada está pouco acima dos 900 milhões de barris. A IAE (Administração da Informação
Energética, organismo de estatística do Departamento de Energia dos EUA – N.T.) forneceu a
seguinte síntese da produção e consumo do Bahrein:
A produção adicional de líquidos vem possivelmente da produção de gás natural liquefeito (o
Bahrein tem alguns campos de gás não-associados), mas a maior parte da diferença entre a
produção de Awali e do Bahrein são ganhos de refinaria, já que cerca de 250.000 bpd de
petróleo são refinados na refinaria estatal. Segundo a IAE, o consumo é aproximadamente um
terço de gasolina, um terço de combustível para avião e um terço de gasóleo e outros.
O Bahrein está a tentar espremer Awali ao máximo e tem estado a fazer perfurações em
número excessivo para um campo tão pequeno. Segundo o 2009 Annual Review da
companhia petrolífera nacional BAPCO: está em andamento um agressivo programa de
desenvolvimento das perfurações para o período 2009-2011. Prevê-se um total de 104 poços
no programa, incluindo poços direccionais complexos, horizontais e de reentrada, assim como
poços verticais convencionais.
A organização HIS/CERA exprimiu algum cepticismo acerca das perspectivas económicas da
extracção de mais petróleo em Awali, tal como o fez também Michael E. Lynch, embora a este
último tenha escapado alguns aspectos. Primeiro, o que é injectado em Awali é gás e não
água. Depois, também não teve em conta os planos para chegar a depósitos menos profundos
contendo petróleo pesado.
No Bahrein, os ocidentais associaram-se com a BAPCO e a Mubadala para formarem a
Tatweer, que actualmente realiza estudos-piloto sobre os depósitos de petróleo pesado no
campo de Awali. Os depósitos têm carbonatos compactos de baixa permeabilidade (2mD) com
grandes volumes de petróleo pesado, estando em estudo a injecção de vapor sobre o
gradiente de fractura para 2011/2012.
Foram proclamados êxitos recentes, mas não está claro se este petróleo pesado já corre.
O ministro da energia do Bahrein, Abdul Hussain Bin Ali Mirza, diz que o velho campo do seu
país, cujas técnicas de melhoramento fizeram disparar a produção de 29.000 para 40.000
barris/dia no espaço de um ano, terá uma produção recorde de 100.000 barris/dia dentro de
sete anos.
Se tudo correr bem, terão um pouco mais de petróleo (de pior qualidade) para exportar. No
entanto, ao ler os relatórios anuais da BAPCO, notamos que anunciam já uma quantidade
apreciável de petróleo para exportação. É assim porque o Bahrein tem metade da produção do
campo em offshore Abu Safah, operado pela Arábia Saudita. A Aramco saudita administra
todos os aspectos da produção de 300.000 barris/dia de Arab Medium e a BAPCO recebe a
sua parte do dinheiro pago quando o petróleo deixa o porto saudita de Ras Tanura. A Arábia
Saudita é creditada com a produção total de Abu Safah, mas o Bahrein fica com metade do
lucro líquido. O benefício para a tesouraria do Bahrein é bastante substancial e fortalece
certamente os laços com a Arábia Saudita. Como se chegou a isto?
Ilhas ao Sol
A História certamente que desempenha um papel naquilo a que se assiste actualmente, visto
que até tempos relativamente recentes sempre tratou de idas e vindas. A conquista da terra do
Bahrein começou há milhares de anos e entre os candidatos encontraram-se os sumérios, os
assírios, os babilónios e os persas. Os portugueses ocuparam as ilhas em 1522 e depois da
saída forçada em 1602 o Bahrein foi dominado por sucessivas vagas de tribos persas e árabes
do continente durante os 180 anos seguintes. Em 1783, a família sunita Al-Khalifah, um clã da
tribo Atabi residente na península do Qatar, conquistou o Bahrein à Pérsia, originalmente como
vingança da acusação de pirataria.
Nos finais de 1782, os Al-Khalifah tinham atacado o Bahrein, saqueado a cidade principal de
Manama e retirado com uma enorme pilhagem. O xeque Nasir de Bushire foi enviado pelo
príncipe de Shiraz, governador da província persa de Fars, para destruir Zubarah e corrigir os
Al-Khalifah, mas foi derrotado e obrigado a retirar. Animados pelo êxito, os Al-Khalifah
atravessaram para o Bahrein e, com a ajuda dos Al Sabah, seus parentes do Kuwait, venceram
a guarnição persa e tornaram-se donos da ilha.
De The Persian Claim to Bahrain por J. B. Kelly, International Affairs (Royal Institute of
International Affairs 1944-) Vol. 33, No. 1 (Jan., 1957), pp. 51-70:
Os Al Khalifah deram-se bem com o Bahrein, primeiro tirando vantagem da sua localização
estratégica e criando um centro para navios marcantes, e mais tarde com a pesca das pérolas.
Pouco tempo depois, contudo, entraram em luta com novos intervenientes: o ascendente
império religioso-militar dos wahabitas da Arábia continental e o sultanato de Muscat e Oman.
As coisas tornaram-se ainda mais complicadas com a chegada dos britânicos cerca de 1820.
Estes tentavam acabar com a pirataria na região e acabaram por ficar em posição de decidir
quem era o “dono” das ilhas. O Bahrein tornou-se protectorado britânico em 1830, o que
consagrou a posse da família Al Khalifah sobre as ilhas até hoje.
Informação interessante sobre como os britânicos distribuíram o controlo sobre a região do
Golfo pode ser vista aqui.
O britânicos estavam preocupados que os governantes das famílias mais fracas do Golfo
pudessem ceder parte do território sob a pressão de grupos mais poderosos, como os Al Saud
ou os otomanos. Por isso, os tratados assinados entre 1820 e 1916 reconheciam a soberania
destes governantes dentro de determinadas fronteiras, especificando que estas fronteiras não
podiam ser alteradas sem consentimento britânico. Estes acordos ajudaram a converter
determinadas alianças tribais em termos mais concretos de propriedade do território.
Este excerto continua a soar actual ainda hoje:
“Controlar ou possuir a terra tornou-se mais importante com a descoberta do petróleo. Quando
as empresas petrolíferas chegaram para explorar petróleo, procuraram os “proprietários” das
terras. De acordo com os tratados britânicos, dirigiram-se às famílias dominantes e aceitaram
pagar honorários aos chefes dessas famílias. À medida que os rendimentos do petróleo
aumentaram, os chefes das famílias foram ficando ricos. Embora dispendessem muita da sua
nova fortuna com eles próprios, também distribuíam na área que controlavam de acordo com
os métodos tradicionais, que inicialmente consistiam principalmente de ofertas: prendas para
os amigos e comida para quem quer que necessitasse. Com o andar do tempo, as formas de
generosidade tornaram-se mais sofisticadas e incluíam por exemplo a construção de escolas,
hospitais e estradas para ligar as principais cidades às vilas do interior. “
Quando os britânicos decidiram finalmente sair do Golfo, tanto a Arábia Saudita, como o Irão
reclamaram o Bahrein. Houve conversações no sentido de o agrupar num novo estado que
incluiria o Qatar e aquilo que são hoje os Emiratos Árabes Unidos, mas isso não agradou ao
Irão.
Um obstáculo para a criação de um “super-estado” era o estatuto do Bahrein, que tinha sido
várias vezes ocupado pelo Irão. O xá do Irão argumentou que tinha direitos mais fortes sobre a
ilha do que os Al-Khalifah, que apenas tinham chegado ao Bahrein no séc. XVIII. Além disso, o
xá indicava que o Irão não aceitaria uma federação de estados árabes que incluísse o Bahrein.
Finalmente, as Nações Unidas (ONU) consideraram a questão do Bahrein e decidiram rejeitar
a pretensão do Irão à ilha e permitir aos bahreinís formarem um estado independente. Era mais
lógica a independência do Bahrein do que a de outros territórios regidos por xeques, porque a
ilha tinha sido um centro da administração britânica e tinha uma infrastrutura e um sistema
educativo mais desenvolvidos do que os seus vizinhos. Ironicamente, a maior presença
britânica no Bahrein tornou os seus residentes mais ressentidos com tratados que os ligassem
à Grã-Bretanha. O Bahrein foi o único sítio no Golfo onde se deram manifestações contra a
Grã-Bretanha.
A independência do Bahrein foi formalmente reconhecida em 1971.
Exigências Iranianas
Apesar dos anos decorridos, há quem tenha uma versão diferente da história.
O que é evidente é que a zona marítima e costeira do Bahrein formava parte do território
iraniano desde o início do império sassânida até a totalidade do território iraniano ter sido
ocupado por forças islâmicas árabes e se iniciar a migração de beduínos dos desertos da
Arábia para o sul dos territórios iranianos.
Houve várias exigências territoriais da Pérsia no séc. XX, até que foi concedida a
independência ao Bahrein pelos britânicos em 1971. Nesse momento, o xá do Irão reafirmou
todas as pretensões sobre o Bahrein, embora mais tarde as tenha rescindido. Naturalmente
que a revolução iraniana de 1979 alterou o cenário dramaticamente e os religiosos iranianos
usaram ocasionalmente a questão do Bahrein como uma das bandeiras nas manifestações.
Mas o novo governo não fez reclamação oficial de propriedade. Houve uma tentativa falhada
de uma Frente Islâmica para a Libertação do Bahrein para a criação de um estado islâmico,
certamente inspirada pelos acontecimentos no Irão pouco tempo antes. No entanto, não há
evidência que suporte a ideia de envolvimento directo do Irão nos actuais distúrbios. Segundo
a Wikileaks, há ligações mais fortes dos chiita do Bahrein com os do Iraque do que com os do
Irão. Mais recentemente, o rei Hamad bin Isa Al Khalifa acusou o Hamas de estar por trás dos
recentes protestos.
Súmula dos Medos Sauditas
O seguinte mapa ilustra claramente porquê a Arábia Saudita tem grande preocupação com a
agitação no Bahrein:
Localização do Bahrein relativamente à infrastrutura petrolífera da Arábia Saudita. A
linha laranja indica as fronteiras marítimas relevantes
É evidente que o Bahrein se encontra a dois passos da infrastrutura petrolífera crítica da Arábia
Saudita (menos de 25 milhas). No mapa, estão indicados os campos petrolíferos sauditas mais
próximos (Ghawar, Abqaiq, Abu Safah, Qatif e Berri), os terminais de exportação (Ras Tanura,
Al Juaymah), as instalações críticas de processamento do petróleo em Abqaiq, e as igualmente
críticas instalações de tratamento de água de Qurayyah que possibilitam a injecção de água
em muitos dos campos, incluindo Ghawar, Abqaiq, Berri e Khurais. A possibilidade mesmo
mínima de que o Irão pudesse ganhar controlo sobre território tão próximo destas instalações
foi o que esteve na origem de uma surpreendente quantidade de benesses relativamente ao
Bahrein. Começaram com o acordo que confere ao Bahrein metade da produção de Abu Safah
(embora sob tratado), mas não se ficaram por aqui. E enquanto outros factores além da
segurança da infrastrutura petrolífera existam que contribuem igualmente para as benesses, é
provavelmente certo que o Bahrein não existiria como país independente se não fosse por isso.
Um Acordo Petrolífero
Voltemos ao acordo que proporciona ao Bahrein a sua maior fonte única de recursos. Como
antes se viu, o Bahrein foi alvo de múltiplas reclamações de propriedade. As primeiras disputas
foram sobre de quem eram as ilhas e as últimas sobre a propriedade do mar à sua volta (e do
petróleo por baixo). Estas disputas têm ido e vindo ao longo dos anos e faz agora um ano o
Qatar, o Irão e o Bahrein assinaram outro tratado uma vez mais sobre fronteiras territoriais no
Golfo. Contudo, o primeiro acordo assinado pelo Bahrein foi com a Arábia Saudita e foi sobre o
petróleo. Tanto a BAPCO como a Saudi Aramco já em 1949 tinham feito prospecção no fundo
do mar de Abu Saf-ah, águas pouco profundas localizadas 65 milhas a noroeste do Bahrein
mas a apenas 30 milhas ao largo da costa saudita (ver mapa). Em 1958, chegar a um acordo:
a área em litígio estava no lado saudita da fronteira, mas era concedido perpetuamente ao
Bahrein metade do rendimento do petróleo. Que doce negócio…aliás, amargo (jogo de
palavras com “petróleo amargo”, o de pior qualidade por conter enxofre- N.T.).
http://www.jag.navy.mil/organization/documents/mcrm/saudi_arabia.pdf
A área citada e acima referida encontra-se na parte pertencente ao reino da Arábia Saudita de
acordo com a vontade de Sua Alteza o senhor do Bahrein e com o acordo de Sua Majestade o
rei da Arábia Saudita. A exploração dos recursos petrolíferos da área será levada a cabo da
forma escolhida por Sua Majestade na condição de garantir ao governo do Bahrein metade do
rendimento líquido acumulado pelo governo da Arábia Saudita e resultante da respectiva
exploração e no pressuposto de que tal não viola os direitos de soberania do governo da
Arábia Saudita nem o seu direito a administrar a referida área.
Notar a expressão “rendimento líquido”. O quadro cronológico abaixo mostra como funcionou
este acordo ao longo dos anos.
1949-1950
A BAPCO e a Saudi Aramco fazem prospecção no fundo marinho do banco de
Abu Safah
1958
Acordo de fronteiras marítimas confere direitos petrolíferos à Arábia Saudita em
troca da partilha de rendimentos
1963
Descoberta do campo de Abu Safah
1966
Arranque da produção em Abu Safah
1972
Acordo de partilha de rendimento concede 50% ao Bahrein
1986
Suspensão do campo de Abu Safah devido a queda nos preços do petróleo
1987-1992
1992
1996-2004
2004
. A Arábia Saudita dá ao Bahrein 70,000 bpd da sua produção restante
. Rearranque do campo de Abu Safah. O Bahrein recebe 50% do rendimento
. A Arábia Saudita dá ao Bahrein 100% do rendimento de Abu Safah.
Abu Safah volta a produzir juntamente com o campo de Qatif. A produção de
Abu Safah a 300,000 bpd.
2004 -
O Bahrein recebe 50% do rendimento de Abu Safah (150 kbpd do total de 300
kbpd)
Estes desenvolvimentos destacam em particular que:
Nas negociações de fronteiras, o Bahrein deve ter tido determinadas exigências
legítimas relativas ao fundo marinho de Abu Safah para que a Arábia Saudita
concedesse metade da produção.
A Arábia saudita esteve fortemente motivada a manter a saída de dinheiro para o
Bahrein, mesmo quando o campo petrolífero foi suspenso. Preocupação residual com a
revolução iraniana e a subsequente embora revolta falhada no Bahrein?
De novo de 1996 a 2004, os sauditas deram a totalidade do rendimento de Abu Safah
ao Bahrein, apesar da muito maior produção e dos preços mais altos. E sem custos de
produção a cargo do Bahrein. Curiosamente, até que a renovação do campo estivesse
terminada, havia alguma expectativa no Bahrein de que obteriam igualmente 100% do
novo nível de produção. Mas, há limites.
Outra grande fonte de rendimentos para o Bahrein e o seu governo é a refinaria de Al-Bahrain,
que processa à volta de 250.000 bpd de crude e exporta produtos refinados para a Ásia e
outros destinos. Não usa crude de Al-Safah (embora tal tenha sido considerado). Em vez disso,
é importado da Arábia Saudita crude Arabian Light através de oleodutos, para complementar o
que é produzido em Awali. Contudo, conforme outros notaram, o petróleo de Abu Safah é a
parte dominante do rendimento petrolífero global do Bahrein. Mesmo uma margem
sobredimensionada de refinação de 225 kbpd de crude será muito menor em dimensão do que
a totalidade dos 150 kbpd. Este ponto não é tido em conta por muitos analistas, incluído Tom
Friedman, como se verifica aqui. Porém, um ponto-chave é que as principais fontes de
rendimento do Bahrein (e ainda maiores para a monarquia) estão directamente relacionadas
com a produção petrolífera saudita. Portanto, não deve surpreender que quando a Arábia
Saudita envia tanques pela estrada que separa os dois países, o rei do Bahrein lhes dê as
boas-vindas.
Uma importante ligação saudita à economia do Bahrein é o viaduto de ligação com o
continente e os milhões de sauditas que o utilizam para gozarem alguns dias numa sociedade
menos restritiva. O que se passa em Manama fica em Manama. Segundo o Wall Street Journal,
este intercâmbio económico dá conta de um décimo do PIB do Bahrein. É difícil obter números
consistentes sobre as finanças do Bahrein, mas pode-se encontrar um bom resumo aqui. As
exportações para a Arábia Saudita são também importantes e há ainda o grande sector
financeiro em crescimento que beneficia de estar perto desse país. Quanto à importância do
Bahrein para a Arábia Saudita, dado o tamanho relativo desta última, a evidência sugere que
se trata sobretudo da segurança contra ameaças aos seus rendimentos petrolíferos mas com
uma válvula de segurança social presente. Contudo, os recentes acontecimentos de alguma
forma que estragaram a festa.
Reflexões Finais
Há uns dez anos, uma disputa de fronteiras entre o Bahrein e o Qatar envolvendo as ilhas
Hawar (próximas da costa do Qatar) foi dirimida no Tribunal Mundial (World Court). O Bahrein
pretendia as ilhas e o potencial petróleo sob as águas do Golfo próximas e conseguiu-as. O
que parece divertido é que o Qatar também tenha ficado satisfeito, porque a reclamação
original do Bahrein ao tribunal incluía um bocado de terra do noroeste continental qatari
(incluindo a cidade de Zubara, desde há muito abandonada). O argumento era ter sido ali que
viviam os Al Khalifah quando expulsaram os persas do que é agora o Bahrein e nunca terem
renunciado à sua propriedade. O tribunal entendeu unanimemente que a reclamação era
ridícula e o Bahrein por outro lado ainda não encontrou petróleo próximo de Hawar. Mas os Al
Khalifah continuam reinando, enriquecidos pelo petróleo que jaz em mar aberto longe da ilha
tomada pelos seus antepassados há séculos. A propriedade do petróleo tem algo de divertido.
Apêndice: Wikileaks
DESPITE ECONOMIC DIVERSIFICATION, BAHRAIN SHARES OIL-BASED INFLATION
PRESSURES WITH GCC
Bahrain and Iran
Guide to Bahrain's Politics
Bahrain and Iraq
King Hamad and the US
Iran's Nukes
Bahrain Wants US Missles
Saudi and Iran
Fonte: http://www.theoildrum.com/node/7682#more
Tradução: Jorge Vasconcelos