email: verdades, mentiras e boas práticas. Caixa

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email: verdades, mentiras e boas práticas. Caixa
Título:
e­mail: verdades, mentiras e boas práticas.
Caixa de entrada: Você tem 2009 mensagens! No Brasil, 94%*das pessoas que utilizam a Internet diariamente tem uma conta de e­mail. A popularização do correio eletrônico deve­se sobretudo ao aumento das contas gratuitas, provedoras de 80%* dos endereços de e­mails dos internautas brasileiros.
Abro o meu e­mail e percorro rapidamente a lista dos remetentes. Antes de começar a ler o que quer que seja, faço uma selecção do spam (e­mail não solicitado) e ... delete! Direto para o cesto do lixo! Eu faço parte dos 79%* de usuários de e­mail que recebem spam diariamente, apesar de ter um poderoso filtro de lixo eletrônico.
De seguida, vou a procura dos e­mails de trabalho e começo a ler. A pouco e pouco vou perdendo a concentração. Estou pensando em mais alguma coisa. O quê? Ignoro e continuo. E se um daqueles e­mail que eu mandei para o lixo era alguma coisa importante que eu deveria ter aberto? Era isso! Já não há nada a fazer, o melhor é ir ao lixo e ver se não estou prestes a desperdiçar a chance da minha vida! Assim como eu, 62%* dos usuários de e­mail sentem como principal problema do spam o gasto desnecessário do tempo. Mas não é tudo. Para além de problemas como perda de e­mails e arquivos importantes e o transtorno de receber e­mail com conteúdos impróprios ou ofensivos, o mais grave é a propagação de vírus.
Mas vamos por partes. O que pretende uma pessoa quando envia um email não solicitado?
Muitas coisas, começando pelos boatos e correntes, mas também pelas vendas de produtos legais ou ilegais. Existe uma “indústria” completa baseada em spam, que vende artigos tais como medicamentos legais e ilegais, diplomas universitários falsos, software, etc. O método comercial é o da “força bruta”: se existe uma pequena percentagem de “interessados” a quem se consegue vender, basta o número de destinatários ser astronómico para essa pequena percentagem se tornar comercialmente atraente. É este o princípio das vendas por spam.
Mas os email duvidosos não partem apenas de “profisisonais”. Uma das coisas que me motivou escrever este artigo, foi ter recebido recentemente um e­mail de um colega de faculdade. A pessoa em questão foi não só o melhor aluno da turma em todas as matérias como também o melhor aluno finalista de toda a faculdade. Pois bem, essa pessoa que se destacou pela sua inteligência e raciocínio, me enviou um e­mail em cadeia onde aparecia uma foto de uma criança desfigurada. Ainda chocada com a imagem comecei a ler o texto que explicava que a criança em questão tinha uma doença rara e que por cada e­mail que eu enviasse o provedor do e­mail pagaria 10 centavos aos pais da criança. O meu choque aumentou, pois era inacreditável que aquela pessoa tão credível tivesse acreditado que isso fosse possível. Nós próprios enviamos “spam” aos nossos amigos sem percebermos ou sem estarmos mal intencionados, pura e simplesmente porque não paramos para pensar naquilo que acabamos de ver ou ler. Para que fique bem claro: não é possível de forma alguma que alguém receba dinheiro pelo simples fato de você estar a enviar um e­mail. Não é tecnicamente viável porque os e­mails não passam em nenhum ponto central por forma a poderem ser contados, nem teria o mínimo de lógica mesmo que fosse possível. Os boatos e as cartas em cadeia começam essencialmente com intenções de fazer propaganda negativa sobre alguma coisa ou conseguir listas de endereços de e­mail válidos que serão mais tardes vendidas às empresas para envio de publicidade.
O spam não traz uma caveira com o logotipo, muito pelo contrário, algumas mensagens têm o ar mais inofensivo do mundo. Eu já tenho alguma experiência com spam e me considero bem informada. Mas isso não me impediu de abrir um spam. Recebi um e­mail cujo remetente era a Yahoo Cards e o assunto era: Te Amo! Primeiro desconfiei porque já tinha recebido cartões da Yahoo e o remetente era sempre quem enviava os cartões e não a empresa Yahoo. Mas depois pensei: hum, pode ter mudado o sistema. Mentira! Eu pensei: alguém me ama! Quem?!? Quem?!? E zaz! Abri o e­mail. Nada explodiu, apenas encontrei uma mensagem e um link para visualizar o cartão. Cliquei no link e ao invés de abrir uma nova página, apareceu um arquivo para fazer download. Fiquei decepcionada comigo própria por ter feito aquilo. Mas isso é só pra dizer que os spams são extremamente apelativos. Abusam das nossas fragilidades emocionais e contam sempre com o efeito de surpresa ou de curiosidade que as suas frases despertam. Muitas vezes aproveitam também vulnerabilidades nos sistemas informáticos para tomar o controle dos PCs.
O spam é por vezes veículo de fraude directa. São enviados e­mails falsos que aparentam ter origem em instituições ou entidades comerciais conhecidas. Recebi há alguns anos um e­mail falso das Lojas Americanas cujo assunto era: “cobrança de dívida”. Curiosa, abri o e­mail. O corpo do texto trazia o logotipo das Lojas Americanas e tinha um ar tão profissional que não percebi tratar­se de um e­mail falso. Então no texto diziam que eu havia comprado uma máquina fotográfica, que tinha prestações em atraso e para maiores esclarecimentos deveria clicar no link abaixo. Bom, eu que nunca entrei numa Lojas Americanas queria claramente mais informações . Sem demora fui ao link indicado no e­mail e clic! Ao invés de abrir uma nova página, apareceu um arquivo para fazer download. É preciso ser muito cuidadoso com e­mails aparentemente institucionais, sobretudo os bancários. Nunca dê os seus dados pessoais nem informação bancária via e­mail. Fale com o seu banco, pergunte, gaste tempo analisando o e­mail que você recebeu. Pense nisso: se você não dá informações pessoais a um desconhecido que encontra na rua, porque daria a um desconhecido por e­mail? Desconfie também das promoções. Acha realmente que vai ganhar um iPhone da Apple porque você teve a sorte de ser escolhida? Não, não vai. Aquele e­mail que parece ter sido enviado apenas para você, foi na realidade enviado em massa para outras pessoas. Os outros destinatários não aparecem porque o envio é feito em massa de forma automatizada.
Ainda lembram­se dos links que eu cliquei e eram arquivos para fazer download? Já adivinharam o que eram os tais arquivos? Virus! Eles vêm num anexo do e­mail ou num suposto link que na verdade é acesso a um download. Uma foto ou um vídeo não trazem, em princípio, vírus, porque cada um destes é um ficheiro que será lido por um programa que existe no seu computador. Um vírus é um arquivo normalmente em formato executável do Microsoft Windows (exe). Uma vez aberto, esse ficheiro será executado no seu computador e trará com ele muitas dor de cabeça. Prevenir é melhor que remediar? Não tenha a menor dúvida! A melhor arma contra o spam é a informação. Em caso de dúvida nunca abra ou reencaminhe um e­mail. Existem vírus que atacam os computadores e enviam e­mail para a lista de endereços sem que o proprietário saiba. Outros enviam toda a lista de endereços para um servidor dos criadores do vírus. Outros ainda tomam o controle completo do PC. Este problema é uma das razões pela qual está na ordem do dia o uso de sistemas alternativos como Linux ou Mac.
Siga as normas de boas práticas de e­mail e lembre­se que ser inteligente não basta, é preciso estar sempre bem informado.
* Fonte: “Pesquisa Sobre o Uso das tecnologias da informação e da Comunicação no Brasil” (2008), Centro de Estudos Sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação – CETIC, pp 1­38, www.cetic.br [20­04­09].